Análise Preliminar Dos Pedidos de Supressão Arbórea No Município de Três Lagoas, Mato Grosso Do...

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Análise preliminar dos pedidos de supressão arbórea no Município de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Vinícius Martins Brito (1) ; Maria José Alencar Vilela (2) ; Bárbara Patrícia Grou (1) ; Rodrigo Martins dos Santos (1) ; (1) Graduando do Curso de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Três Lagoas, Av. Ranulpho Marques Leal, 3220, Distrito Industrial - Fone (67) 3509-3700, [email protected]; (2) Professora Drª, UFMS/Campus Três Lagoas, Av. Ranulpho Marques Leal, 3220, Distrito Industrial - Fone (67) 3509-3700, [email protected]; INTRODUÇÃO Dentre os elementos que compõem a área verde urbana, as árvores, nascidas naturalmente ou plantadas, representam os componentes mais importantes, agindo como elos de integração entre os diversos componentes naturais e construídos típicos das áreas urbanas (Laera, 2006). Além de propiciarem abrigo a um grande número de espécies, as árvores também protegem o solo contra erosão, facilitam o reabastecimento das reservas hídricas subterrâneas, exercem proteção contra o vento e atuam como amenizadores climáticos, através do sombreamento e da evapotranspiração; não é por acaso que as áreas urbanas mais verdes normalmente são também aquelas mais valorizadas do ponto de vista econômico, em razão da valorização estética e paisagística (Silva e Gomes, 2013). A maior uniformidade na composição em espécies, normalmente verificada em áreas urbanas, predispõe as plantas à maior incidência de doenças e pragas. Segundo Miranda e Carvalho (2009), priorizar espécies nativas da região na arborização urbana é uma medida muito positiva, que favorece a manutenção de outras espécies regionais, principalmente aves e insetos, além de já estarem adaptadas às condições climáticas locais. A escolha da espécie a ser usada deve levar em consideração o porte da planta e o local onde será plantada, de modo a se prevenir problemas relacionados ao trânsito de veículos e transeuntes, rachaduras em construções provocadas pelas raízes e danos à fiação elétrica e/ou

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- VIII ENCONTRO DE CINCIAS DA VIDA - 2014 -- Resumo Expandido -

Anlise preliminar dos pedidos de supresso arbrea no Municpio de Trs Lagoas, Mato Grosso do Sul.Vincius Martins Brito(1); Maria Jos Alencar Vilela(2); Brbara Patrcia Grou(1); Rodrigo Martins dos Santos(1); (1) Graduando do Curso de Cincias Biolgicas Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Trs Lagoas, Av. Ranulpho Marques Leal, 3220, Distrito Industrial - Fone (67) 3509-3700, [email protected]; (2) Professora Dr, UFMS/Campus Trs Lagoas, Av. Ranulpho Marques Leal, 3220, Distrito Industrial - Fone (67) 3509-3700, [email protected];Introduo

Dentre os elementos que compem a rea verde urbana, as rvores, nascidas naturalmente ou plantadas, representam os componentes mais importantes, agindo como elos de integrao entre os diversos componentes naturais e construdos tpicos das reas urbanas (Laera, 2006).

Alm de propiciarem abrigo a um grande nmero de espcies, as rvores tambm protegem o solo contra eroso, facilitam o reabastecimento das reservas hdricas subterrneas, exercem proteo contra o vento e atuam como amenizadores climticos, atravs do sombreamento e da evapotranspirao; no por acaso que as reas urbanas mais verdes normalmente so tambm aquelas mais valorizadas do ponto de vista econmico, em razo da valorizao esttica e paisagstica (Silva e Gomes, 2013).

A maior uniformidade na composio em espcies, normalmente verificada em reas urbanas, predispe as plantas maior incidncia de doenas e pragas. Segundo Miranda e Carvalho (2009), priorizar espcies nativas da regio na arborizao urbana uma medida muito positiva, que favorece a manuteno de outras espcies regionais, principalmente aves e insetos, alm de j estarem adaptadas s condies climticas locais.A escolha da espcie a ser usada deve levar em considerao o porte da planta e o local onde ser plantada, de modo a se prevenir problemas relacionados ao trnsito de veculos e transeuntes, rachaduras em construes provocadas pelas razes e danos fiao eltrica e/ou telefnica, motivos comumente alegados nos pedidos de supresso de exemplares arbreos. Conforme Gonalves, Stringheta e Coelho (2010), alguns motivos so bastante compreensveis e justificveis; outros, porm, podem ser considerados fteis, muitas vezes decorrentes da falta de informao das pessoas sobre a importncia dos indivduos arbreos. De modo geral, os problemas crescem na mesma proporo do crescimento urbano e industrial. Segundo Musetti (2007), o tema da supresso de exemplares arbreos to importante, que tem sido cada vez de maior interesse de profissionais ligados a cidades, como arquitetos, paisagistas, ambientalistas e engenheiros.A fim de se obter melhores resultados em relao arborizao urbana, fundamental que a mesma seja planejada; para tanto, indispensvel que se realize um diagnstico preliminar da condio arbrea da cidade. Com base nas solicitaes de supresso arbrea da cidade de Trs Lagoas, cadastradas junto Secretaria Municipal de Meio Ambiente durante o ano de 2013, foram analisados, neste trabalho, a composio em espcies e os motivos de tais pedidos, buscando conhecer um pouco da problemtica referente arborizao urbana, o que poder servir como norteador de futuras polticas relacionadas ao assunto no municpio.Material e MtodosPara o desenvolvimento do trabalho foram utilizados os dados oficiais de requerimento de supresso arbrea feitos no perodo de janeiro a dezembro de 2013 no municpio de Trs Lagoas, Mato Grosso do Sul, disponibilizados dos arquivos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Cultura. A partir destes dados foram levantadas as seguintes informaes: nmero de indivduos cujo corte foi solicitado; quais espcies foram mais solicitadas e quais os motivos alegados pelo requerente.Para elencar as espcies com maior grau de solicitaes, o nmero de solicitaes foi dividido por 12 (meses do ano), selecionando-se, para este primeiro estudo, apenas aquelas com mdia igual ou superior a um pedido/ms. Os motivos alegados foram reunidos em dez categorias.

Resultados e discussOForam registrados 255 requerimentos de supresso arbrea, nos quais houve a solicitao de corte de 765 indivduos, distribudos em 71 espcies, das quais apenas doze tiveram solicitao de corte igual ou superior a uma por ms (Tabela 1 e Figura 1). Na categoria Outras esto agrupados indivduos de outras 59 espcies, que tiveram solicitao de corte inferior a uma/ms e que no foram detalhadas nesta primeira anlise.Tabela 1. Caracterizao taxonmica das principais espcies de rvores solicitadas para corte.

Nome cientficoNome popular

Moquilea tomentosaOiti

Mangifera indicaMangueira

Albizia hassleriiFarinha-seca

Albizia sp.Albizia

Terminalia catappaSete-copas

Leucaena sp.Leucena

Platypodium elegansAmendoim-bravo

Acrocomia aculeata Macaba

Tabebuia sp.Ip

Cocos nuciferaCoco

Ficus sp.Fcus

Anacardium occidentaleCaju

No identificadas-

Outras 59 espcies

Figura 1. Nmero de indivduos cujo corte foi solicitado em 2013, conforme a espcie.

Foram identificados dez motivos apresentados pelos requerentes para a supresso de rvores, sendo eles (Figura 2): construo de imvel ou de algum benefcio no mesmo, como muro, fossa ou calada; dano ao patrimnio privado, provocado por razes e/ou frutos e folhas; risco de queda, principalmente aps temporais e chuvas fortes; rvore doente, com cupim ou outras pragas; obstruo de garagem; conflito com a rede eltrica; rvore morta; proximidade ao imvel do requerente; rvore impedindo a visualizao de fachada, principalmente em imvel comercial; sujeira em frente ao imvel, por queda de folhas.

Figura 2. Nmero de requerimentos de corte de rvores, conforme os motivos alegados pelos proprietrios.

Pode-se perceber que a construo, seja de imveis em terrenos vazios ou de melhorias em imveis j existentes, foi o motivo predominante, o que pode ser relacionado com o grande aumento populacional e de poder econmico da populao nos ltimos anos. Segundo dados do IBGE (2011; 2013), a populao do municpio passou de 101.791 habitantes em 2010 para 109.633, em 2013, em razo do intenso crescimento movido pela atividade industrial, com cerca de trs mil empresas instaladas na cidade e 54 indstrias de mdio e grande porte (Prefeitura Municipal de Trs Lagoas, 2014).

Neste levantamento pode-se perceber que todas as espcies mais requeridas supresso apresentam grande porte, como oiti, mangueira e farinha-seca, o que pode levar a outros problemas frequentemente relatados nos requerimentos, como Danos ao patrimnio privado e Conflito com a rede eltrica. Ambos os motivos tm a poda como alternativa, mas se esta no for feita de maneira adequada, ou se for iniciada num estgio de desenvolvimento j avanado, no ser eficaz e poder, por sua vez, levar a outros trs problemas citados: Risco de queda, rvore doente e rvore morta. Muitas vezes a rvore apresenta risco de queda por ter sua estrutura enfraquecida devido s podas radicais, quando tambm pode ficar mais predisposta a infeces por patgenos e pragas, podendo at morrer, em decorrncia das leses abertas, que muitas vezes superam a capacidade de cicatrizao do indivduo. Esta prtica, inclusive, considerada criminosa de acordo com a Lei Municipal N 2.418, Captulo V, Sesso IV, Artigos 66 e 67, onde se l no inciso IV: poda excessiva ou drstica: aquela efetuada para remoo do volume da copa das rvores, utilizada para rebaixamento da mesma e que pode afetar significativamente o desenvolvimento natural da copa, atravs de corte de mais de 50% do total da massa verde ou corte de somente um lado da copa, ocasionando o desequilbrio estrutural da rvore e vedada a poda excessiva ou drstica de arborizao pblica ou de rvores em propriedade particular, sendo que tal interveno s ser autorizada nos casos extremos, de graves injrias mecnicas e de doenas, nos quais a copa esteja frgil, oferecendo risco s pessoas que transitam no local ou, ainda, riscos de danificar equipamentos.

Motivos como Fluxo de garagem, Proximidade ao imvel e Impedimento de fachada comercial tambm surgiram entre as justificativas e geralmente refletem a falta de planejamento prvio, no momento da implantao, quando aspectos como espao fsico disponvel e caractersticas da espcie, em especial o seu porte, no foram considerados. Podem tambm decorrer de mudanas posteriores no desenho do imvel (nova entrada para garagem, por ex.) ou de novos usos, no previstos na poca em que a rvore foi plantada.

A Sujeira do imvel pode ser includa dentre os chamados motivos fteis. Esse tipo de problema pode ser evitado, em um planejamento de futuros plantios, atravs da seleo de espcies no decduas.CONCLUSESA avaliao permitiu o conhecimento preliminar dos aspectos ligados supresso arbrea na rea urbana de Trs Lagoas, com a identificao das principais espcies e dos motivos mais frequentemente alegados pelos moradores.

A ampliao de uma anlise similar para o conjunto de dados disponvel na Secretaria de Meio Ambiente pode ser til para orientar futuros plantios arbreos na rea urbana, atravs de medidas de recomendao aos proprietrios quanto seleo de espcies mais adequadas, que evitem o surgimento futuro de problemas e, em consequncia, resultem em novas demandas de supresso.

RefernciaSGONALVES, W.; STRINGHETA, A.C.O; COELHO, L.L. Anlise de rvores urbanas para fins de supresso.Revsbau, Piracicaba, v. 4, n. 2, p.1-19, 15 out. 2010.

IBGE.Mato Grosso do Sul / Trs Lagoas.Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2014.LAERA, L.H.N.Valorao econmica da arborizao - A valorao dos servios ambientais para a eficincia e manuteno do recurso ambiental urbano.2006. 132 f. Dissertao (Mestrado) - Curso de Ps-graduao em Cincia Ambiental, Universidade Federal Fluminense, Niteri, 2006.

MIRANDA, T.O.; CARVALHO, S.M. Levantamento quantitativo e qualitativo de indivduos arbreos presentes nas vias do bairro da ronda em Ponta Grossa-PR. Revsbau, Piracicaba SP, v.4, n.3, p.143 157, 2009

MUSETTI, R.A. O corte de rvores isoladas nativas no Estado de So Paulo.2007. Disponvel em: . Acesso em: 13 abr. 2014.

PREFEITURA MUNICIPAL DE TRS LAGOAS. Disponvel em: http://www.treslagoas.ms.gov.br/cidadao/industria-e-comercio/6/. Acesso em 10/04/2014.

SILVA, R.N.; GOMES, M.A. S. Comparao quali-quantitativa da arborizao em espaos pblicos da cidade de Arapiraca-AL.Revsbau,Piracicaba, v. 8, n. 2, p.104-117, 01 out. 2013.4