Análise textual

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ANÁLISE TEMÁTICA

A primeira leitura que o ser humano faz é a leitura do mundo que o rodeia.O homem aprende a interpretar as diversas reações das pessoas, com as

quais convive, e diferencia as receptivas das agressivas, por exemplo. Com odesenvolvimento e aprimoramento, ao longo dos anos, o ser humano chega atéa leitura de textos escritos.

A primeira leitura que se faz de qualquer texto é senso-rial. O leitor, ao tomar em suas mãos uma publicação,trata-a como um objeto em si, observando-a, apalpan-do-a, avaliando seu aspecto físico e a sensação tátil quedesperta. (INFANTE, 1998, p.49).

Se a leitura é algo sensorial e tátil, é preciso que o leitor esteja verdadeira-mente interessado e busque prazer nessa atividade, assim o processo se tornamais fácil e produtivo. Muitas vezes a compreensão de um texto vai além do queestá escrito, é preciso buscar, não só o que o autor disse, mas também a men-sagem que se teve a intenção de passar.

Análise textual

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Um texto, dependendo da sua finalidade, apresenta um tipo de linguagem,que pode ser formal ou informal.

O texto escrito, na maioria das vezes, segue regras mais rígidas, aplicadasespecificamente à escrita, enquanto a linguagem falada é mais flexível e se adap-ta livremente às diversas situações.

Após a leitura de um texto, cabe ao leitor verificar se compreendeu a mensa-gem do autor.

Por exemplo, você terminou de ler um texto importante e deve ser capaz deresponder algumas questões como:

a) Qual é o assunto tratado? O texto trata do quê?b) Que levou o autor a escrever esse texto? Que ele está procurando res-

ponder?c) Qual é o tipo de texto: jornalístico, acadêmico, técnico?d) Qual é a ideia central do texto? Qual é a tese apresentada? Qual é a

resposta do autor à questão abordada no texto?e) Quais são as ideias secundárias ou argumentos que auxiliam a fundamen-

tadas? Os argumentos são convincentes?Respondendo a esses questionamentos, você está fazendo uma análise

temática, que permite elaborar esquemas coerentes e que refletem claramenteas ideias do autor. Os esquemas facilitam a elaboração de resumos que sinteti-zam as ideias do autor.

ANÁLISE INTERPRET ATIVA

Após a análise temática de um texto, faz-se necessário interpretá-lo, ou seja,é preciso formar uma ideia própria sobre o texto lido, ler nas entrelinhas, explo-rar toda riqueza dos argumentos expostos.

Neste momento, o leitor deve refletir criticamente sobre as ideias apresenta-das no texto, posicionando-se frente a ele. Nessa fase, é importante identificarclaramente o pensamento do autor e o comparar com as ideias de outros auto-res que escreveram sobre o mesmo tema.

Para fazer isso, é importante situar o texto no contexto da vida e da obra doautor, bem como no contexto de outros textos.

Também é necessário identificar as teorias, correntes, validade, originalida-

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de, profundidade e amplitude do tema. Para fazer a análise interpretativa de umtexto, o leitor deve ter lido outras obras sobre o mesmo tema em questão.

Uma vez tendo realizado todas as etapas, você como leitor terá condiçõesde produzir conhecimento, fazendo novas proposições.

ANÁLISE TEXTUAL

O objetivo da análise textual é permitir ao leitor fazer um levantamento doselementos do texto, que permitem a sua compreensão, para depois se fazer oseu julgamento crítico.

Existe alguma diferença entre compreender e interpretar um texto?Existe uma grande diferença entre compreender e interpretar um texto. Para

compreender um texto, o leitor deve identificar qual é a regência verbal empre-gada – compreendendo, então, o significado exato das palavras – identificar asreferências históricas, políticas, ou geográficas usadas pelo autor para situar otexto. Por outro lado, interpretar é concluir ou deduzir o que o autor do textoquis transmitir, julgando ou opinando sobre o seu conteúdo.

A grande maioria das pessoas acredita que é muito difícil ler e interpretar umtexto, pois cada um interpreta o que lê, segundo as suas crenças, valores efiltros.

Porém, cabe destacar que isso não é bem verdade, porque o que está dito,está dito e não pode ser modificado.

PARA QUE VOCÊ INTERPRETE ADEQUADAMENTEUM TEXT O, SIGA ALGUMAS REGRAS

P Fazer uma leitura prévia, procurando ter uma visão geral do assunto.P Identificar as palavras desconhecidas e descobrir seu significado no dicio-nário.P Reler o texto várias vezes, procurando compreender o que o autor estátentando transmitir.P Identificar aquilo que não está explícito no texto, as ironias, as sutilezas e

Recapitulando

Como você viu neste capítulo, a intelecção de texto envolve umasérie de aspectos que precisam ser observados.

Para compreender um texto, o leitor deve identificar qual foi a re-gência verbal empregada – compreendendo o significado exato das pa-lavras – e identificar as referências históricas, políticas, ou geográficas,usadas pelo autor para situar o texto. Por outro lado, interpretar é con-cluir ou deduzir o que o autor do texto quis transmitir, julgando ouopinando sobre o seu conteúdo.

O texto não é a soma ou sequência de frases isoladas, é uma mensa-gem construída que forma um todo significativo. Por isso, um textoclaro e conciso contém palavras selecionadas e frases bem construídas,sem ambiguidades, redundâncias, modismos e emprego excessivo davoz passiva. Um texto coerente deve apresentar seu conteúdo de formaordenada e lógica, com início, meio e fim.

A análise temática permite ao leitor elaborar esquemas coerentes eque refletem claramente as ideias do autor. Os esquemas facilitam aelaboração de resumos que sintetizam as ideias do autor.

Após a análise temática de um texto, faz-se necessário interpretá-lo,ou seja, formar uma ideia própria sobre o texto lido, ler nas entrelinhas,explorar toda riqueza dos argumentos expostos.

Para fazer a análise interpretativa de um texto, o leitor já deve terlido outras obras sobre o mesmo tema em questão.

Que numa prova de um concurso ou processo seleti-vo o que deve ser levado em consideração, na horade fazer a intelecção de um texto, é o que o autor dize nada mais!

Vocêsabia?

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eventuais malícias.P Não criticar as ideias do autor.P Ler cada parágrafo separadamente e identificar a ideia central.P Quando o autor apresentar suas ideias, procure fundamentos lógicos.Então, você já tinha utilizado alguma dessas regras? É muito importante aplicá-

las no seu momento de leitura, certamente você terá muitos benefícios.

COERÊNCIA TEXTUAL

O texto não é a soma ou sequência de frases isoladas, é uma mensagemconstruída que forma um todo significativo. “A palavra texto origina-se do ver-bo tecer: trata-se de um particípio – o mesmo que tecido. Assim, um texto é umtecido de palavras.” (CAMPEDELLI e SOUZA, 1999, p. 13).

Um texto claro e conciso contém palavras selecionadas e frases bemconstruídas, sem ambiguidades, redundâncias, modismos e emprego excessivoda voz passiva.

A coerência1 textual ocorre quando há uma relação harmoniosa entre asideias apresentadas no texto.

Um texto coerente deve apresentar seu conteúdo de forma ordenada e lógi-ca, com início, meio e fim. Seus fatos também devem ser apresentados de formacoerente e sem contradições, e a linguagem deve ser adequada ao tipo de texto.

É comum encontrar textos confusos e difíceis de serem entendidos. Issoocorre porque tanto a coerência quanto a coesão2 não estão sendo aplicadas.

Observe a frase a seguir: Fazendo sucesso com seu novo restaurante

que oferece pratos típicos, o Empresário José da Silva, localizado naRua dos Andradas, 265. Quem está localizado? O empresário ou o restauran-te?

A clareza de um texto é resultado do uso adequado de palavras e a constru-ção das ideias de maneira bem elaborada.

“A maneira como são articuladas as ideias por meio daspalavras e das frases é que determina se há uma unida-de de sentido ou apenas um amontoado de frases des-conexas.” (SARMENTO e TUFANO, 2004, p. 371).

Segundo Cegalla (2000, p. 590) um bom texto deve ter:

P Correção gramatical – respeito às normas linguísticas.P Concisão – dizer muito em poucas palavras.P ClarezaP Precisão – empregar o termo adequado e de forma acertada.P Naturalidade – evitar empregar termos rebuscados e desconhecidosao leitor.P Originalidade – evitar a vulgaridade e a imitação.P Nobreza – evitar o uso de termos chulos.P Harmonia – ser colorido e elegante (uso criterioso de figuras de lingua-gem).

COESÃO TEXTUAL

A coesão textual exige que sejam empregados vários elementos de formaadequada:

Há também vários fatores que podem contribuir para que um texto perca asua coesão textual:P regências incorretas;P concordâncias incorretas;P frases inacabadas;P inadequação ou ambiguidade no emprego de pronomes.

A coerência é também resultante da adequaçãodo que se diz ao contexto extraverbal, ou seja,àquilo o que o texto faz referência, que precisaser conhecido pelo receptor.

Vocêsabia?

1 Refere-se à unidade do tema.2 É a conexão entre os elementos ou as partes do texto.

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Para um texto ter unidade textual, faz-se necessário lançar mão de váriosrecursos linguísticos para unir orações e parágrafos.

Os mais conhecidos são:P Conjunção – e, nem, mas, também, porém, entretanto, ou, logo, por-tanto, pois, como, embora, desde que, se, conforme, de modo que etc.P Preposições – a, ante, após, até, com, em, entre, para, perante, segun-do etc.P Pronomes – eu, nós, me, mim, comigo, consigo, te, lhe etc.P Advérbios – sim, certamente, realmente, talvez, muito pouco, abaixo,além, não, agora, hoje, cedo, antes, ora, afinal etc.

Além desses fatores, também deve-se evitar os períodos muito longos, vo-cabulário rebuscado, pontuação inadequada, a ambiguidade e a redundânciapara que o texto tenha coesão e clareza textual.

Se esses recursos forem mal empregados, o texto se tornará ambíguo e in-coerente. Mas como um texto se torna ambíguo e incoerente?

A ambiguidade é causada pelo uso inadequado da pontuação, com o em-prego de palavras de duplo sentido e por problemas de construção das frases.A redundância é o emprego de palavras ou ideias de maneira repetida ou des-necessária.

Lembre-se, você é capaz de construir e reconstruir o significado de um textopor meio da integração das novas informações com os conhecimentos prévios.Portanto, a compreensão textual depende também do conhecimento do mundo.

ESTRUTURA INTERNA E TIPOS DE PARÁGRAFOS

Antes de iniciar o estudo do parágrafo, é necessário que você compreendaalguns termos que costumam causar confusão. Todo o parágrafo é compostopor vários períodos que apresentam uma única ideia.

O período é composto por uma ou mais orações com sentido completo etermina com um sinal de pontuação – ponto final, exclamação ou outro equiva-lente.

VOCÊ SABE QUAL A DIFERENÇA ENTRE FRASE E ORAÇÃO?

A oração é a frase que contém um ou mais verbos. A frase é um enunciadocom sentido completo, que pode ou não conter um verbo.

Podemos considerar o parágrafo como um pequeno texto e que deve ter umtema delimitado (o quê?) e um objetivo claro (para quê?). Como todo o texto,o parágrafo pode ser curto ou longo e deve apresentar introdução, desenvolvi-mento e conclusão.

Como o parágrafo é um microtexto, estes podem ser narrativos, descriti-vos ou dissertativos, pois acompanham o tipo de texto que se está elaboran-do. Confira a seguir características que podem auxiliar você na identificação decada tipo de texto.

NARRAÇÃO

P relato de fatos.P Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo.P Apresentação de um conflito.P USO de verbos de ação.P Geralmente, é mesclada de descrições.P O diálogo direto e o indireto são frequentes.

Não se deve usar parágrafos demasiadamentelongos, pois dificultam a transmissão de umaideia de forma clara e objetiva. Os parágrafoslongos podem confundir ou dispersar a atençãodo leitor.

Vocêsabia?

O parágrafo é unidade de discurso autossuficiente,composto por uma sequência de frases organizadasem um ou mais períodos, que apresentam um pontode vista ou uma ideia básica.

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DESCRIÇÃO

P Relato de pessoas, ambientes, objetos.P Predomínio de atributos.P Uso de verbos de ligação.P Emprego frequente de metáforas, comparações e outras figuras de lingua-gem.P Resulta em uma imagem física ou psicológica.

DISSERTAÇÃO

P Defesa de um argumento:a) Apresentação de uma tese que será defendida.b) Desenvolvimento ou argumentação.c) Fechamento.

P Predomínio da linguagem objetiva.P Prevalece a denotação.

Na narração, o narrador conta uma história vivida por algum personagem,organizada numa determinada sequência de tempo e lugar. Na narração o prin-cipal elemento é a história, que deve ter começo, meio e fim.

Observe que quem conta a história é alguém de fora, que apenas narra osfatos, sem emitir opiniões.

Na descrição, são expostas características de pessoas, objetos, situações,lugares etc. A descrição normalmente ocorre dentro de um texto narrativo oudissertativo, pois auxilia o leitor a imaginar a cena ou o local.

Observe que o texto descritivo não tem um narrador, somente um observa-dor. A descrição é utilizada, principalmente, em relatórios de experimentos quevocê realiza nos laboratórios.

Na dissertação, o autor expõe uma ideia sobre um determinado assunto,que ele defende ou questiona, apresentando argumentos que embasam seu pontode vista.

Observe que na dissertação, o autor tenta convencer o leitor sobre o seuponto de vista.

Seja qual for o tipo de texto, você precisa saber usar o parágrafo correta-mente, para deixar sua ideia clara e objetiva.

UNIDADE INTERNA

Ao elaborar um texto, o autor precisa ter claro qual o tema a ser desenvolvi-do. Como o tema do texto não muda, quando se faz um novo parágrafo não semuda de assunto. O que muda é a abordagem e os argumentos apresentadosem cada parágrafo para explicar, esclarecer ou transmitir as ideias do autor, detal forma que o leitor compreenda o texto.

Os parágrafos devem ter unidade, coerência, concisão e clareza.Passar de um parágrafo carece de uma atenção especial por parte do autor

do texto. Não se deve passar de um parágrafo para o outro de maneira abrupta,pois é necessário fazer um encadeamento lógico e natural deles. Em alguns ca-sos, é necessário acrescentar um parágrafo de transição, para que a sucessãode ideias seja apresentada de maneira harmoniosa.

O texto deve conter parágrafos que apresentem assuntos diferentes sobre otema, para que não se torne repetitivo, redundante e cansativo. Outro aspectoque precisa ser observado na elaboração de um texto, e principalmente dentrodo parágrafo, é a repetição desnecessária de palavras, termos chulos ou rebus-cados.

Normalmente, os parágrafos apresentam uma introdução ou tópico frasal,um desenvolvimento e uma conclusão.

CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRECADA UMA DESSAS ETAPAS

Introdução ou tópico frasal

Apresentar, em uma ou duas frases curtas, a ideia principal do parágrafodeixando claro o seu objetivo.

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Desenvolvimento

Amplia-se o tópico frasal apresentando as ideias que esclarecem ou embasama ideia central do parágrafo.

Conclusão

Retorna-se a ideia central analisando-se os diversos aspectos apresentadosno desenvolvimento, fazendo uma amarração entre todos os tópicos abordadosno parágrafo.

Conceito é aquilo que a mente concebe ou enten-de: uma ideia ou noção, representação geral eabstrata de uma realidade.

Vocêsabia?

A descrição é um tipo de texto onde se relata, enumera e detalha as caracte-rísticas, qualidades ou especificações de seres animados ou inanimados (pesso-as, impressões, coisas, locais, cenários, odores, ruídos ou processos) a partirde um determinado ponto de vista.

A descrição procura desenhar em palavras uma determinada imagem de talforma que o leitor possa visualizar em sua mente, o que o autor está querendotransmitir.

A intenção do autor desse tipo de texto é permitir que o leitor possa visualizarmentalmente a cena descrita, a fim de localizá-la, identificá-la ou qualificá-la,segundo os objetivos do texto.

Diante de duas estantes diferentes, pode-se identificá-las por meio do subs-tantivo: estante. Essa palavra identifica o objeto, mas não o descreve. A estantepode ser pequena, grande, antiga, moderna, quebrada.

O objetivo da descrição é transmitir ao leitor a imagem, percebida pelo autordo texto e, por isso, os adjetivos e atributos são elementos importantes na cons-trução desse tipo de texto.

Um texto descritivo utiliza verbos de ligação. Os verbos de ligação nãoindicam ação, fazem a ligação entre o sujeito (ser de quem se fala) e suas carac-terísticas (predicativos do sujeito).

O texto descritivo também deve ser figurativo, relatando propriedades e as-pectos simultâneos dos elementos não existindo relação de anterioridade eposterioridade entre os enunciados, ou seja, não existe progressão temporal.

Então, o que é preciso para que um texto descritivo tenha qualidade? Paraque um texto descritivo tenha qualidade deve-se:

a) utilizar linguagem clara e direta;b) escrever o texto com riqueza de detalhes;

Descrição

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c) separar os detalhes físicos dos psicológicos.

Todo o texto descritivo apresenta um observador, um tema (objeto,ser ou acesso) e um conjunto de dados pertinentes ao tema.

Segundo Infante (1998) para escrever um texto descritivo é necessário fazerum plano de trabalho respondendo questões como:

a) Quais são os dados que serão usados?b) Como apresentar ao leitor os detalhes do que se está descrevendo?c) Qual a melhor ordem a ser seguida?d) Que tipo de impressão geral deve ser transmitido?e) Qual a finalidade do texto? (informar, convencer, transmitir impressões oucomunicar emoções ao leitor?).Vale lembrar que a seleção dos dados pode ser limitada pela falta de conhe-

cimento do assunto por parte do observador, pelo local onde ele se encontra,bem como, por fatores psicológicos.

Segundo Infante (1998) os textos descritivos normalmente estão incorpora-dos aos narrativos (os personagens e ambiente são caracterizados a partir doponto de vista do narrador) ou ao processo argumentativo (fornecendo dadospara o desenvolvimento da argumentação).

Segundo Cestari (2011) todos os seres existentes no mundo físico, psicoló-gico ou imaginário podem ser descritos.

Para compreender melhor veja alguns exemplos:a) Mundo físico: Kika era uma simpática dash-hound, de olhos castanhos

e pelo brilhante.b) Mundo psicológico: “A bondade era morna e leve, cheirava a carnecrua guardada há muito tempo.” (Clarice Lispector).c) Mundo imaginário: Eu sou a Moça Fantasma que espera na rua doChumbo o carro da madrugada.

Da mesma forma, segundo Cestari (2011) pode-se descrever física e psico-logicamente tanto pessoas quanto personagens.

a) Física: fornece características exteriores como altura, cor dos olhos, ca-belo, forma do rosto, do nariz, da boca, porte, trajes.

Sua pele era muito branca, os olhos azuis, bochechas rosadas. Estaturamediana, magra. Parecia um anjo.

a) Psicológica – apresenta o modo de ser da pessoa ou personagem, seushábitos, atitudes e personalidade, características interiores.

Era sonhadora. Desejava sempre o impossível e recusava-se a ver arealidade.

Os dados descritivos sobre uma realidade qualquer são o resultado de umaseleção de dados feita pelo autor, que se apoia nos seus sentidos físicos (audi-ção, visão, olfato, paladar e tato) e podem sofrer limitações, conforme você viuanteriormente.

P Visuais: A mulher vestia um vestido desbotado de malha surrada eas unhas tinham o esmalte descascado nas pontas encardidas.P Auditivas: Da sala de aula ao lado, a única com luz acesa, vinha umsom abafado de vozes de mulheres reclamando.P Olfativas: As ruas da cidade exalavam um cheiro forte de mofo epodre depois daquela tragédia que se abateu sobre ela.P Táteis: Ficou com nojo ao sentir uma coisa quente, mole e viscosadebaixo de seu pé.P Gustativas: O brigadeiro tem um sabor de morango com um toquede vinho.

Seu estado de espírito, seu ponto de vista sobre otema abordado e os objetivos que se pretende atin-gir, influenciarão na seleção dos dados e na organi-zação do texto. Apenas a descrição técnica tem ob-jetividade absoluta e não pode ser influenciada pelopensamento do autor.

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A descrição pode ser de duas formas. Confira:a) Subjetiva: quando o texto apresenta-se com uma visão pessoal do autor.b) Objetiva: quando o texto apresenta-se de forma concreta, sem juízo devalor. Exemplo: a descrição técnica.

DESCRIÇÃO DE OBJETO, PROCESSO E AMBIENTE

Quer saber qual a diferença entre descrição de objeto, processo e ambiente?Acompanhe atentamente a seguir.

A descrição de objeto, normalmente, é estática e tem a finalidade de identi-ficar. As qualidades fundamentais desse tipo de descrição são:

a) objetividade;b) simplicidade;c) precisão.

Na descrição de objeto podem ser empregadas a linguagem denotativa e aconotativa.

A descrição de processo, normalmente técnica, utiliza a linguagem precisa ecientífica para descrever:P processos;P aparelhos;P experiências;P mecanismos;P relatórios;P receitas culinárias;P fórmulas de remédios.

Nesse tipo de texto, as informações devem ser apresentadas com palavras efrases claras e objetivas, de forma que o leitor compreenda o texto de formainequívoca. Ela também exige que o autor do texto tenha um conhecimentoprofundo do assunto ou da observação feita.

Esse tipo de texto pode vir acompanhado de mapas, desenhos, fotos, dia-gramas ou fluxogramas para auxiliar o leitor a compreender a mensagem doautor.

A descrição do ambiente ou paisagem tem o objetivo de identificar ou lo-calizar o leitor, tanto pela necessidade de precisão informativa, quanto para darverossimilhança1.

Nesse tipo de descrição, as informações fornecidas caracterizam o objetodo texto e não apresentam a opinião do leitor sobre a paisagem.

Conhecendo cada um dos tipos de descrição, você poderá elaborar umtexto de acordo com a necessidade e objetivos. Explore todas as informaçõesdisponíveis até o momento. Lembre-se de que a construção do conhecimentoacontece por diversas formas de aprendizagem.

Ao escrever um texto, você pode usar tanto o signi-ficado real da palavra (denotação), quanto o senti-do figurado (conotação). Quando duas ou mais pa-lavras tem significados diferentes e as grafias idên-ticas, são chamadas de homônimos.

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1 ligação, nexo ou harmonia entre fatos, idéias etc. numa obra literária, ainda que os elemen-tos imaginosos ou fantásticos sejam determinantes no texto; coerência.

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No cotidiano o ser humano é chamado a dar opiniões, tomar decisões eexpor pontos de vista, para isso, utiliza seu poder de persuasão e argumenta-ção.

É a atitude linguística da dissertação que permite fazeruso da linguagem a fim de expor ideias, desenvolverraciocínios, encadear argumentos, atingir conclusões. Ostextos dissertativos são produtos dessa atitude e partici-pam ativamente do nosso cotidiano falado e escrito. (IN-FANTE, 2000, p. 159).

A dissertação é o tipo de texto mais utilizado nos meios acadêmico e empre-sarial, pois exige do autor um posicionamento frente a alguma ideia ou tese.

O texto dissertativo tem como base a argumentação, já que seu objetivo é,por meio da exposição de fatos, ideias e conceitos, exprimir uma ou váriasopiniões e/ou chegar a conclusões.

Segundo Campedelli e Souza (2000, p. 187) um texto dissertativo possui asseguintes características:P É um texto temático:

– tudo nele evolui a partir de um raciocínio.P É um texto que analisa e interpreta.P Aposta para relações lógicas de ideias:

– faz comparações.– mostra correspondências.– analisa consequências.

Uma dissertação se divide em três partes: introdução, desenvolvimento econclusão.

INTRODUÇÃO

P Definir a questão, situando o problema, descrevendo a tese que serádefendida no desenvolvimento.P Indicar o caminho a seguir.

DESENVOLVIMENT O

P Apresentar os argumentos para defender e justificar a tese ou ideiaproposta na introdução, apontando semelhanças de ideias, divergências,comparações e ligações a fim de comprovar a tese.

CONCLUSÃO

P Deve ser breve e marcante.P Retomar a tese.P Recapitular as ideias apresentadas no desenvolvimento, dando um fe-chamento ao texto.

ARGUMENTAÇÃO

O texto dissertativo apresenta argumentos, ou seja, defende uma ideia. Paradefender um ponto de vista é preciso saber argumentar.

Dissertação

Na lógica, um argumento é um conjunto de umaou mais sentenças declarativas, também conhe-cidas como proposições, ou ainda, premissas,acompanhadas de uma outra frase declarativaconhecida como conclusão.

Vocêsabia?

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Segundo Sarmento (2004, p. 412) existem quatro tipos de argumentos:

P Argumentação com base em citação: o autor usa uma frase de al-guém conceituado no assunto para amparar a sua argumentação. Ou seja,cita-se a frase de outro autor para fundamentar a argumentação e darcredibilidade e prestígio ao novo texto que está sendo produzido.P Argumentação com base no senso comum: apoia-se nos conceitosreconhecidos pela sociedade como um todo.P Argumentação com base em evidências: usa-se dados ou estatísti-cas que comprovem a tese a ser desenvolvida, dando credibilidade ao texto.P Argumentação com base no raciocínio lógico: apresenta-se umasequência lógica dos fatos – primeiro as causas e depois os efeitos.

Conforme Serafini (1977) para elaborar um texto, existem algumas regras:

a) TENHA UM PLANO

Distribua adequadamente o tempo estipulado à redação entre as etapas.Identifique as características da redação que são:P destinatário;P objetivo do texto;P gênero do texto (conto, diálogo, poesia, narrativo, descritivo, de opiniãoetc.);P extensão do texto;P critérios de avaliação.

b) ORDENE AS IDEIAS

P Selecione as informações.P Registre os seus pensamentos.P Não se preocupe inicialmente se as ideias não têm ligação entre si.P Faça a associação de ideias.P Organize as ideias em mapas conceituais.P Faça um roteiro.

P Defina a sua tese ou pontos de vista a serem apresentados no texto.

c) ORGANIZE O TEXTO E REDIJA

P O parágrafo é composto por vários períodos, explorando uma única ideiado roteiro.P Faça a conexão dos parágrafos.P Observe a pontuação.P Elabore a introdução e a conclusão.

d) REVISÃO

P Faça a revisão do conteúdo.P Reveja a ortografia e a pontuação.P Redija o texto sem erros e sem rasuras.P Saber argumentar em um texto dissertativo para atingir o objetivo não étarefa fácil.

Que nas dissertações não se deve desenvolver pe-ríodos muito longos e nem muito curtos. Muitomenos utilizar expressões como “eu acho” ou“quem sabe um dia”, porque mostram dúvidassobre seus próprios argumentos.

Vocêsabia?

Esse material é parte integrante de:

SENAI/DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA. Comu-nicação oral e escrita. Brasília: SENAI/DN, 2012.