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ANATOMIA E FISIOLOGIA DE GRANDES ANIMAIS Maria Carolina Villani Miguel Médica Veterinária São Carlos, 2007

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ANATOMIA E FISIOLOGIA DE GRANDES ANIMAIS

Maria Carolina Villani Miguel

Médica Veterinária

São Carlos, 2007

Anatomia e Fisiologia de Grandes Animais – Maria Carolina Villani Miguel 2

ÍNDICE PARTE I. PRINCÍPIOS GERAIS DE ANATOMIA......................................... 4 1. Termos Topográficos......................................................................................... 4 2. Osteologia Geral................................................................................................. 5 3. Aparelho Digestório Geral................................................................................ 6 4. Sistema Respiratório Geral............................................................................... 7 5. Aparelho Urogenital Geral................................................................................ 8 5.1. Órgãos Urinários Geral................................................................................ 8 5.2. Órgãos Genitais............................................................................................. 8 5.2.1. Órgãos Genitais Masculinos.................................................................... 8 5.2.2. Órgãos Genitais Femininos..................................................................... 8 6. Sistema Cardiovascular..................................................................................... 9 7. Generalidades sobre o Sistema Nervoso.......................................................... 9 8. Generalidades sobre Órgãos Sensoriais e Tegumento Comum..................... 9 8.1. Órgão da Visão.............................................................................................. 9 8.2. Órgão da Audição......................................................................................... 10 8.3. Órgão da Olfação.......................................................................................... 10 8.4. Órgão do Gosto.............................................................................................. 10 8.5 Tegumento Comum........................................................................................ 10 PARTE II. PARTICULARIDADES ANATÔMICAS DAS ESPÉCIES EQÜINA E BOVINA.............................................................................................

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1. Particularidades Anatômicas da Espécie Eqüina........................................... 11 1.1.Osteologia........................................................................................................ 11 1.2. Sistema Digestivo........................................................................................... 11 1.3. Aparelho Urogenital..................................................................................... 12 1.4. Tegumento Comum....................................................................................... 12 2. Particularidades Anatômicas da Espécie Bovina............................................ 12 2.1. Osteologia....................................................................................................... 12 2.2. Sistema Digestivo........................................................................................... 13 2.3. Aparelho Urogenital..................................................................................... 13 2.4. Tegumento Comum....................................................................................... 13 PARTE III. FISIOLOGIA DAS ESPÉCIES EQÜINA E BOVINA................. 14 FISIOLOGIA GASTRINTESTINAL.................................................................. 14 1. Movimentos do Trato Gastrintestinal.............................................................. 14 1.1. A Motilidade Coordenada dos Lábios, da Língua, da Boca e da Faringe Apreende o Alimento e o Empurra para Baixo no Trato Gastintestinal..........................................................................................................

14 1.2. A Função do Estômago é Processar o Alimento, dando-lhe Consistência Líquida e Liberando-o no Intestino a uma Taxa Controlada.....

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1.3. A Motilidade do Intestino Delgado.............................................................. 15 2. Secreções do Trato Digestivo............................................................................ 15 2.1. Glândulas Salivares....................................................................................... 15 2.2. Secreção Gástrica.......................................................................................... 15 2.3. O Pâncreas..................................................................................................... 15 2.4. O Fígado......................................................................................................... 15 3. Digestão e Absorção: Os Processos Não Fermentativos................................. 15 3.1. Digestão no Neonato...................................................................................... 16 4. Digestão e Absorção: Os Processos Fermentativos......................................... 16 4.1. Motilidade Ruminorreticular e Manutenção do Ambiente Ruminal....... 16

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4.2. Desenvolvimento do Rumem e Função da Goteira Esofágica................... 17 4.3. A Goteira Esofágica desvia o Fluxo de Leite ingerido diretamente para o Abomaso sem passar pelos Pré-Estômagos......................................................

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4.4. Função do Intestino Grosso dos Eqüinos.................................................... 17 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA.......................................................................... 18 FISIOLOGIA RENAL.......................................................................................... 18 FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO..................................................................... 19 FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DE FÊMEAS............................................. 19 1. Conceitos Iniciais................................................................................................ 19 1.1. Estro ou Cio................................................................................................... 19 1.2. Fases Reprodutivas....................................................................................... 19 2. Relações Anatômicas e Funções Reprodutivas................................................ 20 2.1. Ovário............................................................................................................. 20 2.2. Tubas Uterinas.............................................................................................. 20 2.3. Útero............................................................................................................... 20 2.4. Cérvix Uterino............................................................................................... 20 2.5. Vagina............................................................................................................ 20 2.6. Genitália Externa (vulva e clitóris) .............................................................. 20 3. Fases do Ciclo Estral.......................................................................................... 20 4. Gestação e Parto................................................................................................. 21 5. Glândula Mamária e Lactação......................................................................... 21 FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DE MACHOS.......................................... 22 1. Relações Anatômicas e Funções Reprodutivas................................................ 22 1.1. Testículos........................................................................................................ 22 1.2. Epidídimo....................................................................................................... 22 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR.................................................................. 22 1. Introdução ao Sistema Cardiovascular............................................................ 22 2. O Coração como uma Bomba........................................................................... 23 3. Circulação Pulmonar e Sistêmica..................................................................... 23 4. Capilares e Troca de Líquidos.......................................................................... 23 NEUROFISIOLOGIA........................................................................................... 24 1. Introdução ao Sistema Nervoso........................................................................ 24 2. Fisiologia do Músculo........................................................................................ 24 3. Controle da Postura e Locomoção pelo Cérebro............................................ 24 4. Sistema Visual.................................................................................................... 25 5. Audição............................................................................................................... 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 26

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PARTE I. PRINCÍPIOS GERAIS DE ANATOMIA

De acordo com Versalius (1543), a anatomia “deve ser corretemente considerada como a base sólida de toda a arte da medicina e como a sua introdução é essencial”.

Etimologicamente a palavra anatomia significa separação ou desassociação de

partes do corpo. Assim, a anatomia é o ramo da biologia que lida com a forma e a estrutura dos organismos. Está, portanto, em íntima relação com a fisiologia, que é o estudo das funções normais do corpo – o estudo das várias moléculas do corpo, células e sistemas orgânicos, e das relações que mantêm entre si.

1. Termos Topográficos Para que a posição e a direção das partes do corpo sejam indicadas precisamente, empregam-se certos termos descritivos. Assumimos na explicação destes termos, que sejam aplicados a um quadrúpede na posição ereta normal. A superfície orientada em direção ao plano de apoio (solo) é denominada ventral e a superfície oposta, dorsal. O plano mediano longitudinal divide o corpo em metades similares. Uma estrutura ou superfície que está mais próxima do plano mediano do que outra é chamada medial (ou interna) a ele, e um objeto ou superfície que está mais distante do plano medial do que um outro é chamado lateral (ou externo) a ele. Planos transversos cortam o eixo mais longo do corpo perpendicularmente ao plano mediano, ou um órgão ou membro em ângulos retos ao seu eixo mais longo. O lado do corpo mais próximo à cabeça é denominado cranial e o mais próximo à cauda, caudal.

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2. Osteologia Geral O termo esqueleto é aplicado para a armação de estruturas duras que suporta e protege os tecidos moles dos animais. O esqueleto pode ser dividido inicialmente em três partes:

Esqueleto Axial compreende a coluna vertebral, costelas, esterno e crânio. Esqueleto Apendicular inclui os ossos dos membros. Esqueleto Esplânico ou Visceral consiste de certos ossos desenvolvidos na

substância de alguma das vísceras ou órgãos moles, como exemplo, o osso do pênis do cão e o osso do coração do boi e do carneiro.

O número dos ossos do esqueleto de um animal varia com a idade, dependendo

da fusão, durante o crescimento, de elementos esqueléticos que estão separados no feto ou no indivíduo jovem. Em adultos da mesma espécie, ocorrem variações numéricas constantes.

O osso é uma substância viva com vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos.

Ele cresce, e está sujeito à doença e quando fraturado cicatriza. Os ossos funcionam como uma armação do corpo e como alavancas para os

músculos e inserções de músculos, proporcionam proteção para algumas vísceras (como coração, pulmões, encéfalo e medula espinhal), contêm a medula óssea que está relacionada com a formação de células sangüíneas e reserva de minerais (como cálcio e fósforo).

O esqueleto pode ser dividido em torácico e pélvico. O esqueleto torácico pode ser dividido em:

COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é formada por uma série de ossos chamados vértebras. Ela

consiste de uma cadeia mediana, ímpar, de ossos irregulares que se estendem do crânio a extremidade da cauda e é subdividida para descrição em cinco regiões: cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais ou coccígeas.

COSTELAS

As costelas são ossos alongados, encurvados, que formam o esqueleto das paredes laterais do tórax. Elas estão dispostas em série aos pares que correspondem em número às vértebras torácicas.

ESTERNO

O esterno ou osso do peito é um osso segmentado mediano que completa o esqueleto do tórax ventralmente.

OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO

O membro torácico consiste de quatro segmentos principais: • cíngulo escapular formado pela escápula; • braço que tem um único osso longo, o úmero; • antebraço que possui dois ossos, o rádio e a ulna;

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• mão que consiste de três subdivisões o carpo, metacarpo e os dedos.

O esqueleto pélvico é composto pelos:

OSSOS DO MEMBRO PÉLVICO O membro pélvico, como o torácico, consiste de quatro segmentos, como se

segue: • cíngulo pélvico formado pelo osso do quadril ou osso coxal que consiste

de três partes, íleo, ísquio e púbis; • coxa composta pelo fêmur e patela; • perna que compreende dois ossos, a tíbia e a fíbula; • pé que consiste em três subdivisões o tarso, metatarso e dedos.

O crânio constitui um meio de proteção para o encéfalo, os órgãos dos sentidos

especiais (visão, olfato, audição, equilíbrio e gustação), as aberturas para as passagens de ar e alimentos e os maxilares e mandíbulas incluindo os dentes para mastigação.

3. Aparelho Digestório Geral O aparelho digestório consiste dos órgãos diretamente relacionados na recepção e digestão dos alimentos, sua passagem através do corpo e a expulsão da parte não absorvida. O aparelho digestório estende-se dos lábios até ao ânus e apresenta as seguintes divisões: boca, faringe, canal alimentar e órgãos acessórios (dentes, língua, glândulas salivares, fígado e pâncreas).

BOCA A boca é a primeira parte do aparelho digestório. A entrada para a boca é

fechada pelos lábios.

LÍNGUA A língua está situada no assoalho da boca. Ela é muito móvel. Suas funções são

múltiplas: para o ingresso de alimentos sólidos e líquidos (lamber e sugar); como um importante órgão táctil; e como portador dos órgãos do sabor; para apreender, separar e saborear o alimento. Ela toma uma parte definitiva no ato da mastigação e deglutição e pode ser utilizada para a limpeza da pele e da camada de pêlos.

FARINGE

A faringe pertence em comum aos tratos digestório e respiratório. O ar e os alimentos passam através da cavidade faríngea e é tarefa da faringe direcionar adequadamente o ar e os alimentos para evitar o engasgamento durante a passagem dos alimentos através deste espaço.

CANAL ALIMENTAR O canal alimentar é um tubo que se estende da faringe até o ânus. Ele consiste dos seguintes segmentos consecutivos: esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.

ESÔFAGO O esôfago é um tubo que se estende da faringe até o estômago.

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ESTÔMAGO O estômago armazena alimentos temporariamente e os digere quimicamente. A

estrutura do estômago é determinada pelo meio de vida e pela alimentação das várias espécies; assim, os estômagos dos eqüinos, suínos e os carnívoros possuem um estômago simples e os ruminantes um estômago complexo.

INTESTINO DELGADO

O intestino delgado é um tubo que liga o estômago ao intestino grosso. A primeira parte é o duodeno, seguida do jejuno (maior segmento do intestino delgado) e o íleo. O duodeno está ligado ao fígado pelo ducto biliar e ao pâncreas pelo ducto pancreático. INTESTINO GROSSO O intestino grosso estende-se da terminação do íleo até ao ânus. É dividido em céco, cólon e reto.

ÂNUS O ânus é a parte terminal do canal alimentar.

PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula digestiva que forma enzimas que decompõem as gorduras, os carboidratos e as proteínas.

FÍGADO O fígado é a maior glândula do corpo. Sua função mais aparente é a secreção da bile, embora esta seja apenas uma das numerosas tarefas deste órgão. 4. Sistema Respiratório Geral

A respiração foi definida como o processo ou processos químico e osmótico pelos quais uma planta ou um animal absorve oxigênio e elimina os produtos (especialmente dióxido de carbono) formados pelas atividades dos tecidos.

O sistema respiratório consiste em: nariz, cavidade nasal, faringe, laringe,

traquéia e pulmões.

CAVIDADE NASAL A cavidade nasal possui a função da olfação. Os animais dependem do sentido do olfato em extensão bem maior do que o homem, e alguns animais são mais dependentes de seu sentido de olfato para a sobrevivência do que outros. Duas outras funções da cavidade nasal são o preparo do ar inspirado para a respiração e a filtração do ar inspirado.

LARINGE A laringe é o órgão que liga a faringe com a traquéia. Ela serve como uma valva para impedir que materiais estranhos penetrem na traquéia durante a deglutição. Também é utilizada como um mecanismo para a fonação (som específico emitido por cada animal).

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TRAQUÉIA A traquéia é um tubo flexível que se estende da faringe até os pulmões.

PULMÕES

Os pulmões direito e esquerdo são órgãos da respiração em que o sangue é oxigenado e deles são removidos os produtos gasosos do metabolismo tecidual, essencialmente o dióxido de carbono (troca gasosa). Os pulmões estão localizados na cavidade torácica.

5. Aparelho Urogenital Geral O aparelho urogenital inclui dois grupos de órgãos, o urinário e o genital que estão intimamente ligados. Os órgãos urinários elaboram e removem o principal fluido de eliminação das toxinas do organismo, a excreção da urina. Os órgãos genitais servem para a formação, o desenvolvimento e a expulsão dos produtos das glândulas reprodutivas. 5.1. Órgãos Urinários Geral

Os órgãos urinários são os rins, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra.

RINS Os rins são as glândulas que excretam a urina.

URETERES Os ureteres começam na pelve renal (rim) e terminam na bexiga urinária.

URETRA

A uretra expele a urina do corpo.

5.2. Órgãos Genitais

5.2.1. Órgãos Genitais Masculinos

Os órgãos genitais masculinos são: - os dois testículos: que são as duas glândulas reprodutivas essenciais; - o epidídimo: que acumula e transporta os espermatozóides; - o ducto deferente: que é o ducto dos testículos; - as glândulas seminais; - a próstata; - a uretra masculina: que é um canal que transmite as secreções reprodutivas e urinárias; - o pênis: o órgão copulatório masculino.

5.2.2. Órgãos Genitais Femininos

Os órgãos genitais femininos são: - os dois ovários: que são as glândulas reprodutivas essenciais, nas quais os óvulos são produzidos;

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- as tubas uterinas: que conduzem os óvulos para o útero e nas quais ocorre a fertilização; - o útero: no qual o embrião se desenvolve; - a vagina: que é o órgão copulatório feminino, também sendo a passagem dilatável através da qual o feto é expelido do útero; - o vestíbulo vaginal; - a vulva; - o clitóris; - as glândulas mamárias: que são glândulas da pele, mas que estão intimamente associadas funcionalmente com os órgãos reprodutivos. Elas são em par e ocorrem na região peitoral, torácica ou inguinal, ou em todas as três. A gata, a cadela, e a porca possuem diversos pares de glândulas, numa fileira que se estende do peito inferior até a virilha. No ruminante e na égua as glândulas dos dois lados estão parcialmente fundidas, na região púbica, para formar o úbere. A maioria dos animais domésticos possui glândulas múltiplas, correspondendo ao número de suas crias. 6. Sistema Cardiovascular

O sistema vascular consiste em: coração, artérias que conduzem o sangue do coração para os tecidos, capilares que são tubos microscópicos nos tecidos que permitem as trocas necessárias entre o sangue e os tecidos e veias que conduzem o sangue de volta para o coração.

O coração é o órgão central muscular oco que funciona como uma bomba de

sucção e pressão: as diferenças de pressão causadas pela sua contração e relaxamento, principalmente, determinam a circulação do sangue.

7. Generalidades sobre o Sistema Nervoso

Por um dever de consciência e, por conveniência própria, o sistema nervoso pode ser dividido em um número de segmentos ou porções, os quais não são distintos nem anatômica, nem fisiologicamente. Entretanto, para comodidade de descrição, as seguintes definições são propostas, o sistema nervoso pode ser dividido em: - sistema nervoso central que é constituído pelo cérebro (está situado na cavidade cranial) e pela medula espinhal (está contida no canal vertebral); - sistema nervoso periférico que inclui os nervos e gânglios que são conectados com o sistema nervoso central. 8. Generalidades sobre Órgãos Sensoriais e Tegumento Comum

8.1. Órgão da Visão

O órgão da visão compreende algumas estruturas: o bulbo ocular, o nervo óptico, as pálpebras, glândulas, o tecido que preenche a órbita e os ossos que formam a órbita, todos devem ser considerados, bem como as estruturas que partem do olho para o sistema nervoso central.

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8.2. Órgão da Audição

O ouvido é o órgão da audição e equilíbrio. Ele consiste de três divisões naturais: ouvido externo, ouvido médio (cavidade timpânica) e ouvido interno.

8.3. Órgão da Olfação

As terminações sensoriais para a olfação estão localizadas no nariz e sua maior função é de passagem para o ar.

8.4. Órgão do Gosto

Os órgãos da gustação estão no botão gustativo que estão distribuídos sobre a língua e ocasionalmente em partes adjacentes.

8.5 Tegumento Comum

O tegumento comum é a cobertura protetora do corpo, e é contínuo nas aberturas naturais com as membranas mucosas dos tratos digestivo, respiratório e urogenital. Ele consiste em pele, juntamente com certos apêndices ou modificações destes, como cabelo, chifres e penas. A pele, maior órgão em termos de volume e não de área, possui o principal fator da regulação da temperatura corporal, e por intermédio de suas glândulas desempenham um importante papel na secreção e excreção. Algumas modificações dos chifres ou apêndices são usadas como órgãos de preensão ou armas. A espessura da pele varia nas diferentes espécies, em diferentes partes do corpo de alguns animais e também com a procriação, sexo e idade. A cor também varia muito, porém isto é mascarado na maioria dos lugares pela cobertura dos pelos ou lã. A pele é, em geral, altamente elástica e resistente.

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PARTE II. PARTICULARIDADES ANATÔMICAS DAS ESPÉCIES EQÜINA E BOVINA 1. Particularidades Anatômicas da Espécie Eqüina

1.1. Osteologia As costelas estão dispostas seriadamente aos pares, que correspondem em

número aos das vértebras torácicas. Existem normalmente 18 pares de costela no cavalo, mas uma décima nona costela de um lado ou de ambos é comum.

O rádio, osso do antebraço, é o osso mais longo do antebraço do eqüino. Estende-se numa direção vertical desde o cotovelo, onde se articula com o úmero até o carpo. O cavalo apresenta um único dedo, o terceiro e o esqueleto de cada dedo consiste de três falanges.

1.2. Sistema Digestivo

Os eqüinos possuem o estômago simples. Ele é a grande dilatação do canal alimentar. É um saco com formato de J fortemente encurvado.

O intestino grosso tem cerca de 7,5 a 8m de comprimento. É dividido em ceco, colon e reto. O ceco possui posição e formato extraordinários no eqüino. O cólon é dividido em cólon maior, cólon menor e cólon transverso.

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1.3. Aparelho Urogenital No eqüino os rins possuem formato de coração. Os ovários da égua têm formato de feijão. Na égua as mamas são em número de duas e estão colocadas a cada lado do plano mediano, na região pré-púbica. 1.4. Tegumento Comum A espessura da pele do eqüino varia de 1 a 5mm em diferentes regiões, sendo maior na inserção da crina e na superfície dorsal da cauda. As glândulas são numerosas e maiores do que aquelas de outros animais domésticos. As glândulas sudoríparas ocorrem em quase toda a parte da pele, porém são maiores e mais numerosas na lateral da narina, flanco, glândulas mamárias e no pênis. 2. Particularidades Anatômicas da Espécie Bovina

2.1. Osteologia Treze pares de costelas estão presentes normalmente. Elas são em geral mais longas, mais largas, mais aplanadas, menos encurvadas e menos regulares na forma do que no cavalo. Quatro dedos estão presentes no boi. Destes, dois – o terceiro e o quarto – estão completamente desenvolvidos, e cada um tem três falanges. O segundo e quinto são vestígios e têm situação palmar ao boleto como “paradígitos”; cada um possui um ou dois pequenos ossos que não se articulam com o resto do esqueleto.

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2.2. Sistema Digestivo O estômago dos ruminantes ocupa quase três quartos da cavidade abdominal.

Ele consiste de quatro compartimentos: o rumem, o retículo o omaso e o abomaso. As três primeiras partes compreendem o pré-estômago e o abomaso é o estômago verdadeiro e é contínuo com o intestino delgado.

2.3. Aparelho Urogenital

No bovino os rins são lobulados. Os ovários da vaca são bem menores do que os da égua. Possuem formato oval. As mamas, normalmente em número de quatro, são popularmente denominadas de úbere. São muito maiores do que na égua e também estão localizadas na região pré-pubica.

2.4. Tegumento Comum A espessura da pele do bovino é maior do que a de qualquer outro dos demais

animais domésticos; em geral ela tem de 3 a 4mm de espessura. As glândulas cutâneas são de menor número e menos desenvolvidas do que no eqüino. Exceto nas narinas, jarrete e boleto.

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PARTE III. FISIOLOGIA DAS ESPÉCIES EQÜINA E BOVINA

FISIOLOGIA GASTRINTESTINAL

1. Movimentos do Trato Gastrintestinal

As paredes do trato gastrintestinal (GI), em todos os níveis, são musculares e capazes de movimentar-se. Os movimentos dos músculos GI têm ações diretas sobre a ingesta no interior intestinal. Os movimentos GI exercem várias funções:

- movimentam a ingesta de um lado para outro;

- retêm a ingesta em determinado local, para que ocorram digestão, absorção ou armazenamento;

- quebram fisicamente o material alimentar e o misturam com as secreções digestivas;

- fazem a ingesta circular de tal maneira que todas as porções ficam em contato com as superfícies de absorção.

O movimento da parede intestinal é conhecido como motilidade, que pode ser de natureza propulsiva, retentora ou misturadora. O tempo decorrido para que o material passe de uma parte do intestino para outra é designado tempo de trânsito.

1.1. A Motilidade Coordenada dos Lábios, da Língua, da Boca e da Faringe Apreende o Alimento e o Empurra para Baixo no Trato Gastintestinal

Antes que a digestão possa começar, o alimento deve ser direcionado para o trato GI. Ao ingerir alimentos, os quadrúpedes primeiro têm de agarrá-los com os lábios, os dentes ou línguas.

O método exato de preensão do alimento varia muitíssimo entre as diferentes espécies. Por exemplo, os eqüinos usam bastante os lábios, enquanto os bovinos em geral usam a língua, para levar o alimento à boca.

A mastigação envolve as ações das mandíbulas, da língua e da bochecha, constituindo o primeiro ato da digestão. Ela serve não apenas para quebrar partículas alimentares em um tamanho que passe pelo esôfago como também umedece e lubrifica o alimento ao misturá-lo bem com a saliva.

A deglutição ocorre após o alimento ter sido mastigado.

A motilidade do estômago empurra o alimento da faringe para o estômago.

1.2. A Função do Estômago é Processar o Alimento, dando-lhe Consistência Líquida e Liberando-o no Intestino a uma Taxa Controlada

A função do estômago é passar o alimento para o intestino delgado. Essa função tem dois aspectos importantes: a taxa (velocidade) de liberação e a consistência do material. O estômago atua como recipiente de armazenamento que controla a taxa de liberação de alimento para o intestino delgado e como moedor ou triturador e peneira que reduz o tamanho das partículas de alimento, liberando-as apenas quando estão

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fracionadas em consistência compatível com a digestão que se processa no intestino delgado.

A velocidade de esvaziamento gástrico (do estômago) deve combinar-se com a de digestão e absorção do intestino delgado.

1.3. A Motilidade do Intestino Delgado

A motilidade do intestino delgado ocorre da seguinte forma: algumas partes contraem e relaxam-se e novas áreas se contraem. Tal ação tende a “espremer” o conteúdo intestinal para trás e para frente dentro do intestino delgado, misturando-o com os sucos digestivos e fazendo com que ele circule sobre as superfícies mucosas de absorção.

2. Secreções do Trato Digestivo

A digestão e absorção só podem ocorrer no meio aquoso das secreções digestivas. A síntese e a secreção desses líquidos consistem em um processo bem controlado, regulado por eventos hormonais bem como neurológicos.

2.1. Glândulas Salivares

A saliva umedece, lubrifica e digere parcialmente o alimento.

2.2. Secreção Gástrica

Dependendo da espécie pode haver dois tipos gerais de mucosa gástrica: glandular e não-glandular.

As glândulas gástricas liberam ácido clorídrico (HCl).

2.3. O Pâncreas

As secreções pancreáticas são indispensáveis para a digestão dos nutrientes complexos: proteína, amido e um tipo de açúcar.

2.4. O Fígado

Uma das várias funções do fígado é a de uma glândula secretora do sistema digestivo. Sua secreção, a bile, tem papel importante na digestão de gorduras.

A secreção de bile é iniciada pela presença de alimento, principalmente aqueles que contem gordura, no duodeno.

A vesícula biliar armazena e concentra bile durante os períodos entre as refeições. Nas espécies que não possuem vesícula biliar, como eqüinos, a bile é secretada no intestino durante todas as fases do ciclo digestivo.

3. Digestão e Absorção: Os Processos Não Fermentativos

A digestão e a absorção são processos separados, porém relacionados. A digestão é o processo de decomposição de nutrientes complexos em moléculas mais simples. Por outro lado, a absorção é o processo de transporte dessas moléculas simples

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através do epitélio intestinal. Os dois processos são necessários para a assimilação de nutrientes no organismo.

O processo da digestão é a quebra física e química de partículas alimentares e moléculas em subunidades viáveis para a absorção. A redução física do tamanho da partícula alimentar tem início com a mastigação, mas é completada pela ação trituradora da parte distal do estômago, onde a ação física de trituração é auxiliada pelas ações químicas das secreções gástricas como o ácido clorídrico.

O processo da absorção refere-se ao movimento dos produtos da digestão através da mucosa intestinal e para dentro do sistema vascular a fim de serem distribuídos.

A taxa de absorção de nutrientes no intestino não é constante, ao contrário, ela flutua amplamente com o alimento ingerido. As refeições são digeridas a uma velocidade que depende de sua composição química do alimento, independentemente das necessidades nutricionais do animal.

3.1. Digestão no Neonato

Na maioria das espécies de animais pecuários, incluindo eqüinos, bovinos, ovinos e suínos, essencialmente nenhum anticorpo (célula de defesa do sangue contra infecções) passa da mãe para o feto através da placenta, ao contrário de alguns outros animais como os primatas. Portanto, os jovens animais pecuários nascem sem a proteção dos anticorpos maternos. Nestas espécies, os anticorpos maternos (que são proteínas) devem ser adquiridos através da ingestão de colostro, a secreção mamária especial presente na época do nascimento. Ao nascimento destes animais, o trato digestivo é alterado em relação ao estado adulto para absorver proteínas anticorpos intactas, em vez de digeri-las.

4. Digestão e Absorção: Os Processos Fermentativos

Fermentação é a atividade metabólica de bactérias.

A digestão fermentativa ocorre em compartimentos especializados que estão posicionados antes do estômago e do intestino delgado. Os compartimentos fermentativos posicionados antes do estômago são chamados pré-estômagos e são mais amplamente desenvolvidos nos ruminantes. Os compartimentos de fermentação posicionados distalmente ao intestino delgado são o ceco e o cólon, chamados coletivamente de intestino grosso.

Na digestão fermentativa, os substratos são degradados por ação de bactérias e outros microrganismos, como os fungos e protozoários.

4.1. Motilidade Ruminorreticular e Manutenção do Ambiente Ruminal

A fermentação ruminal é mantida ativamente pela retenção seletiva do material que deve sofrer fermentação enquanto permite a passagem de resíduos não fermentáveis para o abomaso.

A digestibilidade e as características físicas dos alimentos exercem importantes influências no ritmo de passagem de partículas pelo rumem e na taxa de ingestão dos alimentos. Os alimentos não deixam o rumem até que sejam degradados em pequenas

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partículas. A ação microbiana e a ruminação são os principais responsáveis pela redução do tamanho das partículas do rumem.

4.2. Desenvolvimento do Rumem e Função da Goteira Esofágica

Ao nascer, os pré-estômagos têm, em conjunto, tamanho quase igual ao tamanho do abomaso tanto em ovinos como em bovinos. Isto contrasta totalmente com as proporções normais dos adultos, nos quais os pré-estômagos somam mais de 90% da capacidade gástrica total. O aumento do volume dos pré-estômagos ocorre rapidamente após o nascimento, mas a velocidade depende muito do tipo da dieta. Quando os ruminantes jovens têm acesso total aos alimentos sólidos logo após o nascimento, a taxa de crescimento dos pré-estômagos é máxima. Em bovinos, o período de desenvolvimento dos pré-estômagos está arbitrariamente dividido em uma fase não-ruminante, do nascimento a três semanas, e uma fase transitória que varia das três a oito semanas. A distribuição que se aproxima da proporção dos adultos é atingida geralmente por volta das oito semanas, desde que os bezerros tenham acesso a alimentos sólidos.

Ao nascimento, os pré-estômagos são estéreis (sem a presença de microrganismos), mas são rapidamente colonizados por microrganismos ambientais.

4.3. A Goteira Esofágica desvia o Fluxo de Leite ingerido diretamente para o Abomaso sem passar pelos Pré-Estômagos

Para que haja desenvolvimento apropriado do rumem no animal lactente, é importante que o leite seja desviado do rumem nesta fase. Isto é obtido pelas ações da goteira esofágica. Esta estrutura se assemelha a uma calha que forma um canal ou um tubo quase completo da entrada dos pré-estômagos até o canal omasal. Assim, o leite ingerido cai diretamente no omaso, atravessando rapidamente por ele e penetrando no abomaso (estômago verdadeiro).

A posição do bezerro ou cordeiro quando estão mamando não parece ter grande influência sobre o funcionamento da goteira, mas a ingestão rápida de líquido em um balde, em contraste coma sucção de um bico como de mamadeira ou da teta da mãe, frequentemente resulta em função inadequada da goteira, e o leite pode atingir o rúmem em maior quantidade. A presença de leite no rumem resulta em padrões de fermentação inadequados.

4.4. Função do Intestino Grosso dos Eqüinos

O intestino grosso dos eqüinos possui grande capacidade de realizar fermentação.

Uma função geral do ceco e do cólon é recuperar o líquido e os nutrientes das ingestas que deixam o íleo. Em muitas espécies herbívoras, esta função foi expandida para incluir a digestão fermentativa. As funções de absorção e fermentação se complementam no cólon de herbívoros não-ruminantes. Isto resulta num sistema harmonicamente interativo de fermentação e absorção.

O tipo de substrato e os padrões de fermentação são essencialmente idênticos nos pré-estômagos e no intestino grosso.

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As funções de motilidade do ceco e do cólon proporcionam retenção de material para fermentação e para separação de partículas com base no seu tamanho. As funções do intestino grosso na manutenção da fermentação são semelhantes às do rumem: condições favoráveis devem ser mantidas para garantir a fermentação ideal.

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

O principal músculo inspiratório é o diafragma que separa a cavidade torácica da

cavidade abdominal. A respiração favorece a homeostase orgânica. Mantendo a homeostase obtem-se

a máxima produção do animal. A função primária do sistema respiratório é o transporte de oxigênio (O2) e

dióxido de carbono (CO2) entre o ambiente e o organismo. O sistema respiratório fornece oxigênio para sustentar o metabolismo tecidual e

remove o dióxido de carbono. As exigências de troca gasosa variam com o metabolismo e são feitas com

pequeno custo energético.

Nos mamíferos os pulmões realizam: - a ventilação: que é o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões; - as trocas gasosas: que ocorrem no alvéolo (unidade funcional do pulmão). Os processos envolvidos na troca gasosa são: - Distribuição de gás no pulmão; - Transporte de oxigênio no sangue dos pulmões para os capilares teciduais; - Transporte de dióxido de carbono dos capilares teciduais para os pulmões; - Troca de gases entre o sangue e os tecidos.

FISIOLOGIA RENAL

O sistema urinário é constituído pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. O rim é um órgão notável, com um conjunto diversificado de responsabilidades para manter o equilíbrio corpóreo. As funções do rim são: - Regular o conteúdo de água; - Controlar e regular o equilíbrio eletrolítico do organismo;

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- Conservação dos nutrientes; - Excreção de substâncias metabólicas; - Regular a pressão arterial do organismo.

O rim filtra o sangue do organismo para recuperar as substâncias filtradas requeridas pelo organismo, incluindo proteínas, água e uma série de eletrólitos e excretar os resíduos metabólicos pela urina que é um subproduto da filtração sangüínea. A unidade funcional do rim é o néfron, onde o sangue é filtrado.

No rim dos mamíferos, a evolução criou um sistema engenhoso para permitir a excreção da urina concentrada ou diluída. A vantagem desse sistema é que todos os fatores necessários para a concentração e a diluição da urina operam em qualquer tempo.

FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO

FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DE FÊMEAS

1. Conceitos Iniciais

1.1. Estro ou Cio: conjunto de eventos biológicos, modulados de forma hormonal, que resultam em uma manifestação clínica da fêmea, representando o período de receptividade sexual (aceitação da cópula).

1.2. Fases Reprodutivas:

- Fase pré-natal: Nesta fase firma-se o desenvolvimento embriológico das gônadas, ou seja, a determinação do sexo biológico do animal. - Fase pré-pubere (nascimento até a puberdade): Durante o desenvolvimento fetal, as células produtoras dos óvulos e dos espermatozóides multiplicam-se. Ao nascimento, essas divisões cessam-se, permanecendo num “estágio de dormência” e somente na puberdade elas reiniciam. - Fase da Puberdade: Essa fase inicia-se a capacidade de produção de gametas viáveis, marcando o início da atividade sexual ou vida reprodutiva. Nas fêmeas a atividade sexual é cíclica e nos machos é contínua.

Fêmea Início puberdade Vaca 7 a 12 meses (depende da raça) Égua 12 a 18 meses (ou na estação de monta

seguinte ao nascimento) - Fase de declínio: Finaliza a fase reprodutiva do animal, verificada mais pronunciadamente na mulher com a menopausa.

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2. Relações Anatômicas e Funções Reprodutivas

2.1. Ovário

O ovário é a gônada feminina e desempenha as funções de liberação dos óvulos e liberação de hormônios, o estradiol e a progesterona.

2.2. Tubas Uterinas

Essa estrutura é especializada no transporte do espermatozóide e óvulo para ocorrer à fecundação e do zigoto para movimentar em direção ao útero.

2.3. Útero

Nas espécies domésticas é composto por dois cornos uterinos. Quanto à sua função, é responsável pela implantação e desenvolvimento do concepto até o final do período gestacional.

2.4. Cérvix Uterino

Estrutura que se localiza caudalmente a vagina. Quanto às suas funções, facilita o transporte espermático através do muco cervical para o interior do útero; atua como reservatório de espermatozóides, bem como um meio de seleção de espermatozóides viáveis. Durante a gestação existe um muco (tampão) que fecha o canal cervical agindo como uma barreira eficiente contra o trânsito espermático e invasão bacteriana no útero. No momento do parto, o tampão cervical se desfaz e o cérvix dilata-se para permitir a saída do feto e anexos.

2.5. Vagina

Dentre suas funções é o órgão copulatório, que recebe os espermatozóides e os transporta; ducto excretor das secreções cervicais e uterinas e via natal durante o parto. 2.6. Genitália Externa (vulva e clitóris) No cio, a vulva (por ação de hormônios) apresenta-se edemaciada, úmida e hiperêmica. 3. Fases do Ciclo Estral - Proestro: Fase imediatamente anterior ao estro (cio); - Estro (cio): Período de aceitação ao macho. A ovulação ocorre durante a fase do estro na maioria das espécies, com exceção da vaca que ovula 12 horas após o final do cio; - Metaestro: Fase imediatamente após o estro; - Diestro; - Anestro: período prolongado de pausa/repouso sexual.

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4. Gestação e Parto

Após a fertilização do óvulo com o espermatozóide, o embrião segue para o útero. Para que a gestação se estabeleça, a presença do embrião no útero deve ser reconhecida na fêmea e alguns hormônios são liberados para a manutenção desta gestação. A este processo de interação entre embrião e organismo materno para manutenção da gestação denominamos reconhecimento materno-fetal ou reconhecimento materno da gestação.

Duração da Gestação

Fêmea Média (dias) Vaca 282 Égua 336

O parto é o processo fisiológico pelo qual o útero gestante libera o feto e seus

anexos do organismo materno. Ocorre no momento do desenvolvimento em que o feto já é capaz de viver fora do ambiente uterino e quando a prenhez por tempo maior poderia trazer riscos à saúde fetal e materna. Assim, o parto resulta de uma complexa interação de fatores maternos e fetais.

O trabalho de parto é dividido em três estágios: - Estágio I ou fase preparatória: apresentação do feto na abertura interna da cérvix (dilatação cervical); - Estágio II: expulsão fetal; - Estágio III: expulsão das membranas fetais. 5. Glândula Mamária e Lactação As glândulas mamárias apresentam-se sob diferentes formas, tamanhos e localizações, mas em qualquer espécie tem a mesma função primordial: produzir e secretar leite para suas crias. O desenvolvimento da glândula mamária na vida pós-fetal em geral começa junto com a puberdade, mas ela permanece relativamente subdesenvolvida até a ocorrência da prenhez. O desenvolvimento do úbere em geral se evidencia no meio da gestação. A secreção de leite costuma-se iniciar no final da gestação. As células secretoras de leite da glândula mamária desenvolvem-se através da proliferação do epitélio dentro de estruturas ocas chamadas alvéolos. A maior parte do leite que se acumula antes da mamada ou ordenha é armazenada nos alvéolos. A secreção de leite antes do parto (sem remoção) resulta na formação do colostro. A ingestão do colostro pelo recém-nascido é importante por causa da imunidade passiva que ele confere pela presença de altas concentrações de imunoglobulinas (anticorpos, células de defesa).

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O pico máximo da produção do leite ocorre 1 mês após o parto em vacas leiteiras, seguido de um declínio lento. A produção de leite normalmente cessa aos 305 dias de lactação, para que o animal possa preparar a glândula mamária para a próxima lactação.

FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DE MACHOS

O sistema reprodutivo masculino consiste em muitos órgãos individuais que atuam em conjunto para produzir espermatozóides e libera-los no sistema reprodutivo da fêmea. A puberdade no macho compreende o momento em que ele se torna capaz, pela primeira vez, de produzir números suficientes de espermatozóides para emprenhar uma fêmea e capacidade de completar eventos de comportamento sexual (coito ou monta). A idade a puberdade é influenciada por nutrição, manejo, estação reprodutiva, genética, raça, etc. Lembrar sempre, que a puberdade não é sinônimo de maturidade sexual, sendo esta, a capacidade máxima de reprodução. 1. Relações Anatômicas e Funções Reprodutivas

1.1.Testículos Os testículos estão situados na região pré-púbica, dentro de uma bolsa do abdômen denominada bolsa escrotal. Suas funções são: - produzir células germinativas (gametas) denominadas espermatozóides que transmitem a informação genética do macho para o filhote; - produzir o hormônio testosterona que permite ao macho as características que incluem o impulso e os meios para liberar as células germinais para a fêmea.

1.2.Epidídimo

Apresenta-se constituído por um túbulo único, longo e intensamente enovelado sobre si mesmo, cujo epitélio determina condições favoráveis para a maturação dos espermatozóides. O espermatozóide é constituído por 3 regiões distintas: cabeça, corpo e cauda.

FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

1. Introdução ao Sistema Cardiovascular A fisiologia cardiovascular consiste no estudo das funções do coração, dos vasos sangüíneos e do sangue. A função primária do sistema cardiovascular pode ser resumida em uma única palavra – transporte. A corrente sangüínea transporta numerosas substâncias que são essenciais à vida à saúde, incluindo o oxigênio e nutrientes (glicose,

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aminoácidos, ácidos graxos e vários lipídeos) necessários para cada célula do organismo. O sangue também remove dióxido de carbono e outros produtos resultantes do metabolismo de cada célula do organismo e os envia ao pulmão, ao rim ou ao fígado, onde serão eliminados. O sistema cardiovascular também transporta mensageiros químicos vitais, os hormônios e água e eletrólitos, incluindo sódio, potássio, cálcio, hidrogênio, bicarbonato e íons cloreto. Para se compreender que o transporte cardiovascular é essencial a vida e a saúde, deve-se considerar o que aconteceria se o coração parasse completamente e a circulação cessasse – estado de inconsciência em aproximadamente 30 segundos e danos irreversíveis ao cérebro e a outros órgãos sensíveis do organismo ocorrem em poucos minutos. Certamente, a circulação não precisa parar completamente para que ocorram disfunções significativas. Por exemplo, a perda de apenas 10% do volume sangüíneo pode dificultar o desempenho em atividades físicas. Em cada tecido do corpo, a função normal depende do aporte de quantidade adequada de fluxo sangüíneo. Quanto maior a taxa do metabolismo num tecido, maior a necessidade de sangue. 2. O Coração como uma Bomba O coração é uma bomba muscular que propaga sangue através dos vasos sangüíneos por relaxamento e contração alternados. Na verdade, o coração são duas bombas (dois ventrículos – o direito e o esquerdo) que trabalham juntas lado a lado. Cada bomba ventricular trabalha num ciclo, primeiro enchendo-se com sangue e depois esvaziando. Em cada ciclo cardíaco (batimento do coração) o ventrículo esquerdo recebe sangue proveniente do pulmão e o ejeta para o corpo (sistemas). E o ventrículo direito recebe sangue do corpo (sistemas) e o ejeta para o pulmão.

3. Circulação Pulmonar e Sistêmica

A circulação pulmonar é composta pelo sangue que sai do coração, vai para o pulmão para sofrer a oxigenação, volta para o coração e é ejetado para o corpo levando oxigênio e nutrientes.

A circulação sistêmica é composta pelo sangue que sai do coração, vai para todo o corpo retirar das células o dióxido de carbono e metabólitos, volta para o coração e é ejetado para o pulmão para fazer as trocas gasosas e eliminar os metabolitos.

4. Capilares e Troca de Líquidos

Os capilares, os menores vasos sangüíneos, são os locais para a troca de água e nutrientes entre a corrente sangüínea e os líquido intersticial de cada órgão ou tecido.

Em virtude do seu pequeno tamanho, os capilares às vezes são denominados microcirculação. Eles também são chamados vasos de troca, por fazerem as trocas entre a corrente sangüínea e o líquido intersticial. Cada tipo de vaso sangüíneo no corpo está adaptado estruturalmente para exercer sua função primária, e as paredes dos capilares são especialmente bem adaptadas à sua função de troca.

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NEUROFISIOLOGIA

1. Introdução ao Sistema Nervoso O sistema nervoso é um dos principais sistemas coordenadores do corpo. A principal unidade funcional é o neurônio ou célula nervosa. Quase todos os neurônios possuem uma área da membrana celular para receber as informações. O sistema nervoso dos mamíferos está dividido em duas partes: o Sistema Nervoso Central que está dividido em encéfalo (córtex cerebral, cerebelo e tronco cerebral) e medula espinhal e o Sistema Nervoso Periférico (constituído por nervos e gânglios). 2. Fisiologia do Músculo Há três tipos de músculo no corpo: músculo esquelético, cardíaco e liso. A musculatura esquelética corresponde a cerca de 40% do corpo e as musculaturas lisa e cardíaca a aproximadamente 10% mais. O músculo esquelético é constituído de uma parte muscular contrátil e dois tendões (um para cada extremidade do músculo). O músculo e seus tendões dispõem-se de tal modo no organismo que se originam em um osso e se inserem num osso diferente ao mesmo tempo em que se estendem sobre uma articulação. Assim, todo movimento do corpo é o resultado de contração de músculo esquelético através de uma articulação móvel. O músculo cardíaco possui uma parte muscular contrátil, mas suas células musculares são menores que as células musculares esqueléticas. E a musculatura lisa possui células muito menores e mais curtas que as células musculares esqueléticas. O movimento, característica de todos os animais é o produto final da contração da musculatura esquelética, e é iniciado e coordenado pelo Sistema Nervoso Central mediante seu controle da unidade motora. 3. Controle da Postura e Locomoção pelo Cérebro A fisiologia da locomoção e da postura está relacionada com a função dos neurônios motores, sendo a via final comum por meio da qual o sistema nervoso central pode iniciar e controlar o movimento mediante a contração dos músculos esqueléticos. O cerebelo, expressão latina para “pequeno cérebro” é um dos órgãos do sistema nervoso central. Ele não é necessário para a sensação de movimento. Mas desempenha papel importante na coordenação do movimento iniciado por outras partes do cérebro. As funções do cerebelo são: - Equilíbrio; - Coordenação Motora; - Postura; - Supervisiona e regula todos os movimentos voluntários;

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- Determina a extensão dos movimentos; - Supervisiona e influencia os movimentos involuntários necessários para a manutenção do equilíbrio (tônus muscular). 4. Sistema Visual O sistema visual é a modalidade sensorial mais importante para o animal. Os olhos são órgãos sensitivos complexos e basicamente uma extensão do cérebro. Cada olho possui uma camada de receptores, uma lente para focalizar uma imagem sobre esses receptores e um sistema de células (axônios) para transmitir potenciais de ação ao cérebro. 5. Audição A audição é uma importante modalidade sensorial. Muitas espécies de mamíferos têm o sentido de audição particularmente agudo. As ondas sonoras são vibrações longitudinais de moléculas no ambiente externo caracterizadas por fases alternadas de aumento e diminuição de pressão. O ouvido externo e o conduto auditivo convergem às ondas sonoras para a membrana timpânica (tímpano) proporcionando a sensação do som. A percepção consciente do som e a percepção de sua localização de origem o correm no córtex cerebral (parte do encéfalo).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNNIGHAM, J.G. Tratado de Fisiologia Veterinária, 2.ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1999. GETTY,R. Anatomia dos Animais Domésticos, 5.ed., Interamericana, Rio de Janeiro, 1981. HAFEZ, E.S.E.; HAFEZ, B. Reprodução Animal, 7.ed., Manole, São Paulo, 2004. SWENSON, M.J. Dukes - Fisiologia dos Animais Domésticos, 11.ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996. TONIOLLO, G.H.; VICENTE, W.R.R. Manual de Obstetrícia Veterinária, 1.ed., reimpressão, Varela, São Paulo, 1995.