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    Viagem a Andara: proposta fantástica e literatura fantasma

    Heloísa Helena Siqueira CORREIA

    Começamos pela diferença entre Viagem à Andara: livro invisível e livros deAndara, livros visíveis, todos frutos do invisível e que para ele apontam. Os livros

    visíveis são !, todos dialo"am #om o outro livro, o invisível. A proposta força a

    mem$ria a voltar a %ierre &enard, seu #at'lo"o de o(ras visíveis e sua o(ra invisível:

    )ui*ote, e +s resenas (or"eanas de livros que não e*istem, mas que tem ist$ria, autor,

     persona"ens, narrador e #ríti#os, #omo -Apro*imação a Almot'sim e o volume /0 da

    En#i#lop1dia que atesta a e*ist2n#ia de 3l4n, 5q(ar, Or(is 3ertius 67OR8ES, 99/. E

    ' ainda os interte*tos e*plí#itos #om E#;art, Cort'>, p.D, e não se define Andara, ela ora se apro*ima, ora

    est' dentro, em n$s, ora 1 nada e lu"ar distante, passado, esque#ido ou em ruínas, ao

    lado da floresta, entre o rio e a floresta, ora 1 a fri#a que est' em n$s, e uma ve< #e"a

    a ser o Andara, persona"em que impFe medo porque #arre"a pessoas para a morte

    69>>, p. 0/. A #ada ve< que se respira ou se sente o sopro do vento na fa#e 1 Andara

    que sur"e, as #oisas que mudam de lu"ar aludem a Andara, lu"ar em que nada fi#a no

    lu"ar 6CECI&, 9>>, p. G. =as palavras do te*to: -ia"em a Andara -O não?livro.

     =ão e*iste, não e*isteJiteratura fantasma=ão foi es#rito.Enquanto te*to, tudo o que

    teremos dele 1 um título. 6CECI&,9>>, p. D.

    Andara 1 o lu"ar onde uma #riança 1 #omprada, e 1 o lu"ar aonde Santa &aria

    do 8rão 6nome anti"o da #idade de 7el1m K' vai avançando para a floresta, #omo

    lemos em Os animais da terra 69>>, p. >9, e nesse sentido 1 um tipo de entrelu"ar, o

    que se #onfirma na e*pli#ação de que, nela, nature

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    aquilo ao mesmo tempo. 3rata?se, al"umas ve>, p.0D.E o emaranado não dei*a de ser tam(1m o #on#eito do todo -6... EAndara 1 mais: Andara 1 o emaranado inteiro 69>>, p.0G.

    Os te*tos são prosa e poesia, #ontam ist$rias, #riam ima"ens e sons e dão + lu<

    aforismos densos, que fa>, p. 0, e: -A fome vem na

    ora ini#ial da vida, quando 1 manã e os olos se a(rem.Est' então di

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    Andara 1 a Ama>, p. G0, ou quando fa<

    equivaler Andara e fri#a 69>>, p.GD, o que a(re um leque imenso de analo"ias.

    A via"em que não se pode definir pre#isamente tem ares de um mist1rio que

    frequentemente 1 tan"en#iado pelas alusFes e adKetivos, e não e*atamente por 

    su(stantivos, e os leitores partilam o sil2n#io desse mist1rio muitas ve, p. /6...

    &ais tarde, virão os esque#imentos, e nas#e um dia na vida do omemsem mem$ria.Arte me#Mni#a e revolta. Isso anun#ia dois finais. Ualsos. %ara es#oler 

    E (em no fin

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    +s ve

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    que não se en"ane: o narrador 1 '(il em dar elementos para o leitor que ele não sa(er'

    onde #olo#ar. Aproveita?se de seu não?sa(er e dos pontos #e"os que #ria para #riar uma

    atmosfera de a#aso, #omo se não estivesse em seu #ontrole as passa"ens la#Pni#as, as

    elipses, os (ran#os, as frases in#on#lusas, o vento e a terra que de repente passam anarrar. E o leitor nisso tudo per#e(e al"o semelante + vida e a#eita, #mpli#e do não?

    sa(er da vida, dos su(entendidos, do não dito, das intuiçFes eloquentes que não usam

     palavras. O te*to, a despeito do que se possa pensar, 1 #eio de eni"mas, eni"mas da

    ordem semMnti#a e lin"uísti#a. L o que se pode per#e(er no tre#o em que ' repetição

    de parte do te*to, repetição e variação, trata?se dos dois finais falsos so(re os quais o

    narrador avisara o leitor o narrador matara sar"ento =a>, p. @9

    O leitor est' intri"ado #om o que vir': a e*ploração do tra(alo dos omens, mas

    se per"unta so(re a fe#undação da muler do opressor, não ', ainda, #ompreensão que

    se possa adiantar, e quem ser' o deus vermeloN 3rata?se de um iní#io de relato que não

    es#lare#e mas atrai por tudo que não e*pli#a.

    Ainda no iní#io, o narrador o(serva que o te*to não deve ser de#ifrado pela

    leitura: =ão serão os te*tos da inquietação, e este quer ser um deles, aqueles queforne#erão f$rmulas. Estes te*tos não são te*tos pr'ti#os, não querem ser isso. Sempre teremos um se"redo. E para ne"ar a farsa das apar2n#ias,sem ne#essariamente se aliar ao mito da profundidade, nada maisdid'ti#o que o espet'#ulo de uma vo< oníri#a devorando a fala prosai#a.Este 1 o sentido do outro te*to #ontido neste te*to 69>>, p. 0.

    O leitor que, por sua ve

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     possui lu"ar #ativo nas frases e do falso a#aso que se intromete na #ondução das açFes e

     palavras.

    Aqui a palavra dada pelo narrador no iní#io do relato se #umpre, mas o leitor 

    est' estupefato por ter per#e(ido #omo a narrativa mes#la a ist$ria da realidade dostra(aladores da plantação, e*plorados por Xias a mando de Som(ra, e a ist$ria de sua

    li(ertação que o#orre na outra ist$ria, a que 1 narrada fe(rilmente pelo doidino,

     persona"em que provo#a a li(ertação pela fe#undação da esposa do opressor, o #e"o

     =unes, de modo que todos os seres vivos seKam os pais da mudança e do novo mundo

    que a#onte#e.

    Em um misto de vo

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    traição, so(re a qual o leitor não en#ontra maiores e*pli#açFes. Est' #laro no te*to que o

    Sar"ento, antes de morrer, fora al"u1m #ruel, que umilava e a"redia a todos. E ainda

    que a mão esquerda do morto seKa uma mão morta, a direita "uarda a #rueldade em toda

    sua força. L ela que a"arra o #a#orro e o solta morto, prestes a se transformar em terraao to#ar no #ão 69>>, p. DD.

    %ela narrativa do sono de duas muleres, sa(e?se que =a>, p.G?G

    O morto #ontinua a #ontar a ist$ria nela, ele mesmo e o outro se en#ontrarão, eele poder' le dar as (oas vindas. Em se"uida o outro ser' mandado em(ora, andar'

     pelas ruas e #ontinuar' sem entender. O Sar"ento p'ra de #ontar essa ist$ria quando #ai

    no sono outra ve

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    al"umas ve

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    A o(ra de i#ente Uran< Ce#im reali