Andebol

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António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Curso de Treinadores de Nível IV – 2º Grau: Caracterização dos níveis de Aptidão Física agremiada à Performance Motora Específica do Andebol e Geral, em Andebolistas do sexo masculino dos 6 aos 10 anos de idade, na Região Autónoma da Madeira. 2 RESUMO O objectivo fulcral deste estudo é caracterizar os índices de Aptidão Física agremiados à Performance Motora Especifica ao Andebol e Geral de crianças, do sexo masculino, dos 6 aos 10 anos, praticantes de andebol na Região Autónoma da Madeira (R. A. M.) nas épocas 2004/2005 e 2005/2006. A Aptidão Física agremiada à Performance Motora específica ao Andebol avaliou- se através dos seguintes exercícios: 1) Passe com Ressalto na Parede; 2) Remate em Precisão à Baliza; 3) Drible; 4) Saltos Laterais; e 5) “Roubo” de Bola. A Aptidão Física agremiada à Performance Motora Geral foi avaliada através das provas: 1) Corrida das 50 Jardas, 2) Corrida Vai-Vém (9 metros) e 3) Impulsão Horizontal. O programa estatístico utilizado para analisar os dados foi o SPSS 13.0. O controlo de qualidade da informação realizou-se através da análise exploratória, do diagrama de dispersão e do estudo de fiabilidade nos testes: Passe com Ressalto na Parede (ICC= 0,992); Drible (ICC= 0,996); Saltos Laterais (ICC= 0,996); Remate em Precisão à Baliza (ICC= 0,858); “Roubo” de Bola (ICC= 0,989), Corrida de 50 Jardas (ICC=0,992); Corrida Vai-Vém (ICC=0,957); Impulsão horizontal (ICC= 0,990). Em todos as avaliações efectuou-se a avaliação normativa caracterizando os avaliados no seio do grupo, sem lhe adjudicar um qualquer nível ou categorização (Maia e Lopes, 2003). Ainda são apresentadas as medidas descritivas que incluem a média, o desvio padrão, os mínimos e máximos e os percentis. A relação entre as variáveis e a idade efectuou-se através da análise de variância (ANOVA), bem como recorremos às comparações múltiplas (Tukey, n=30 em todos os coortes), confirmando que existem diferenças de desempenho nas diversas faixas etárias. Os resultados dos testes aplicados foram estandardizados de forma a permitir a comparação de valores obtidos em escalas de mensuração diferentes. Foi construído o nível de aptidão andebolística uma vez que os resultados obtidos apresentaram um elevado nível de consistência (Alpha de Cronbach=0,732), quando agrupados para medir a aptidão específica do andebol. Assim os testes assumem-se como importantes para todos os implicados no treino de andebolistas, de sexo masculino, entre os 6 e 10 anos de idade. Apenas o teste remate em precisão à baliza deve sofrer algumas alterações quanto ao registo da intenção do atleta em finalizar o objectivo. No que concerne aos níveis de aptidão física agremiados à performance motora geral são positivos, sendo também a idade relevante no desempenho dos andebolistas em cada prova aplicada. Assim, no conjunto das três provas notamos maior dispersão e pior desempenho nas crianças dos 6 e 7 anos. A partir dos 8 anos os valores médios convergem para melhores resultados. Contudo é de referir que no coorte de 10, os atletas apresentam, em média, valores inferiores aos das crianças de 9 anos de idade. Os dados recolhidos demonstram a maior pertinência quando analisamos os andebolistas como crianças no seu global. Infelizmente, nem sempre os níveis de prontidão desportivo-motora elevados, específicos ao andebol, são constantes nos diversos testes agremiados à performance desportiva geral. Assim, crianças com bons níveis andebolísticos podem não apresentar bons níveis de aptidão em todos os testes agremiados à performance geral (Corrida Vai-Vém; Corrida 50 Jardas e Impulsão Horizontal). O nível de significância é de p <0,005 (intervalo de confiança de 95%). Palavras-Chave: Aptidão Física, Performance Motora, Andebol, Crianças, Aptidão Andebolística

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António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Curso de Treinadores de Nível IV – 2º Grau: Caracterização dos níveis de Aptidão Física agremiada à Performance Motora Específica do Andebol e Geral, em Andebolistas do sexo masculino dos 6 aos 10 anos de idade, na Região Autónoma da Madeira.

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RESUMO O objectivo fulcral deste estudo é caracterizar os índices de Aptidão Física

agremiados à Performance Motora Especifica ao Andebol e Geral de crianças, do sexo masculino, dos 6 aos 10 anos, praticantes de andebol na Região Autónoma da Madeira (R. A. M.) nas épocas 2004/2005 e 2005/2006.

A Aptidão Física agremiada à Performance Motora específica ao Andebol avaliou-se através dos seguintes exercícios: 1) Passe com Ressalto na Parede; 2) Remate em Precisão à Baliza; 3) Drible; 4) Saltos Laterais; e 5) “Roubo” de Bola. A Aptidão Física agremiada à Performance Motora Geral foi avaliada através das provas: 1) Corrida das 50 Jardas, 2) Corrida Vai-Vém (9 metros) e 3) Impulsão Horizontal.

O programa estatístico utilizado para analisar os dados foi o SPSS 13.0. O controlo de qualidade da informação realizou-se através da análise exploratória, do diagrama de dispersão e do estudo de fiabilidade nos testes: Passe com Ressalto na Parede (ICC= 0,992); Drible (ICC= 0,996); Saltos Laterais (ICC= 0,996); Remate em Precisão à Baliza (ICC= 0,858); “Roubo” de Bola (ICC= 0,989), Corrida de 50 Jardas (ICC=0,992); Corrida Vai-Vém (ICC=0,957); Impulsão horizontal (ICC= 0,990). Em todos as avaliações efectuou-se a avaliação normativa caracterizando os avaliados no seio do grupo, sem lhe adjudicar um qualquer nível ou categorização (Maia e Lopes, 2003). Ainda são apresentadas as medidas descritivas que incluem a média, o desvio padrão, os mínimos e máximos e os percentis. A relação entre as variáveis e a idade efectuou-se através da análise de variância (ANOVA), bem como recorremos às comparações múltiplas (Tukey, n=30 em todos os coortes), confirmando que existem diferenças de desempenho nas diversas faixas etárias.

Os resultados dos testes aplicados foram estandardizados de forma a permitir a comparação de valores obtidos em escalas de mensuração diferentes. Foi construído o nível de aptidão andebolística uma vez que os resultados obtidos apresentaram um elevado nível de consistência (Alpha de Cronbach=0,732), quando agrupados para medir a aptidão específica do andebol. Assim os testes assumem-se como importantes para todos os implicados no treino de andebolistas, de sexo masculino, entre os 6 e 10 anos de idade. Apenas o teste remate em precisão à baliza deve sofrer algumas alterações quanto ao registo da intenção do atleta em finalizar o objectivo.

No que concerne aos níveis de aptidão física agremiados à performance motora geral são positivos, sendo também a idade relevante no desempenho dos andebolistas em cada prova aplicada. Assim, no conjunto das três provas notamos maior dispersão e pior desempenho nas crianças dos 6 e 7 anos. A partir dos 8 anos os valores médios convergem para melhores resultados. Contudo é de referir que no coorte de 10, os atletas apresentam, em média, valores inferiores aos das crianças de 9 anos de idade.

Os dados recolhidos demonstram a maior pertinência quando analisamos os andebolistas como crianças no seu global. Infelizmente, nem sempre os níveis de prontidão desportivo-motora elevados, específicos ao andebol, são constantes nos diversos testes agremiados à performance desportiva geral. Assim, crianças com bons níveis andebolísticos podem não apresentar bons níveis de aptidão em todos os testes agremiados à performance geral (Corrida Vai-Vém; Corrida 50 Jardas e Impulsão Horizontal).

O nível de significância é de p <0,005 (intervalo de confiança de 95%). Palavras-Chave: Aptidão Física, Performance Motora, Andebol, Crianças, Aptidão

Andebolística

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António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Curso de Treinadores de Nível IV – 2º Grau: Caracterização dos níveis de Aptidão Física agremiada à Performance Motora Específica do Andebol e Geral, em Andebolistas do sexo masculino dos 6 aos 10 anos de idade, na Região Autónoma da Madeira.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo visa, cimentar a pertinência da avaliação da Aptidão Física

agremiada à Performance Motora Específica ao Andebol e Geral, nas crianças

praticantes de andebol, do sexo masculino, dos 6 aos 10 anos de idades, bem como a sua

relevância para a temática em estudo.

Nestas faixas etárias é de conhecimento generalizado a importância da Expressão

e Educação Físico-Motora, bem como dos níveis elevados de Actividade Física, mas na

realidade pouco se tem construído para o seu desenvolvimento.

Assim, pretende-se caracterizar os níveis de Aptidão Física agremiados à

Performance Motora, encontrando um padrão motor básico que caracterize os atletas do

sexo masculino, praticantes de andebol, dos 6 aos 10 anos de idade, da Região

Autónoma da Madeira.

A interpretação e análise dos dados são de grande relevo no sentido de averiguar

quais os níveis de prontidão desportivo-motora dos andebolistas nas primeiras idades,

para que no futuro seja possível aos implicados no treino orientarem-no com maior

qualidade e precisão.

JUSTIFICAÇÃO E PERTINÊNCIA DO ESTUDO

O andebol, em versão de mini-andebol, é uma forma de grande valia na formação

completa e inicial das crianças, sendo mesmo uma realidade em toda a Europa

(Tenroler, 2004). Em Portugal verifica-se a mesma tendência, ao ponto de Ribeiro

(2002) afirmar que a criação do “Andebol de 5” corresponde uma nova forma de se

iniciar o andebol, sendo fulcral para a complementação da Educação Física escolar.

O valor irrefutável desta modalidade deve-se ao facto de contemplar diversos

elementos motores, o espírito de equipa, a coordenação e a socialização (Tenroler,

2004). Ribeiro e Volossovitch (2004) complementam a caracterização da modalidade

como “uma grande complexidade de acções, que passam pela colaboração com

parceiros e oposição aos adversários, realizadas em condições variáveis e sob a pressão

temporal”. Assim, o andebol possui uma importância formativa e educativa inerente ao

jogo imprescindível na formação da personalidade multilateral de cada criança (Pereira

e Fernandes, 2001).

No entanto, Oliveira (1995) alerta para a flexibilidade do processo e para

interferência de cada treinador e/ou clube, bem como das adaptações necessárias a cada

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equipa, de forma a tornar o processo harmonioso.

Os estudos no âmbito da aptidão física têm requerido uma vergonhosa

consideração por parte dos investigadores, professores de Educação Física, treinadores,

entidades governamentais e público em geral (Maia, 1996). Sensatamente, o sistema

desportivo e a escola não se podem desviar de dúbias afinidades que, muitas vezes,

escondem uma realidade evidente. Em continuando esta ideia, na maior parte do país, a

oferta desportiva para crianças e jovens está totalmente na dependência da intervenção

das escolas, ou por outro lado, são os clubes que asseguram a parte mais significativa da

experiência desportiva destes (Sobral, 2002). Para o mesmo autor, em ambos os casos, a

superioridade dos números não é garantia de uma prática ou de uma organização de

qualidade satisfatória.

Infelizmente, no andebol a realidade em nada difere das constatações atrás

referenciadas. Facilmente nos apercebemos deste problema procurando baterias de

testes que avaliem a aptidão física de crianças andebolistas que trabalham “arduamente”

semana a semana pela alegria de aprender e jogar a modalidade com os amigos. Como

afirma Sobral (2000) citado por Araújo (2000) a “preparação desportiva impõe desde

idades muito baixas, grandes intensidades de trabalho, disciplina, mobilização de

vontade”. Contudo, toda esta energia, maioritariamente, não se vê acompanhada de

fundamentos teóricos, pedagógicos,..., por parte de quem orienta e gere todo o processo

de aprendizagem, não existindo orientações e caracterizações de níveis de aptidão física

para andebolistas entre a faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade.

Böhme (2003) concebe a Aptidão física agremiada à Performance Motora como a

capacidade do indivíduo apresentar um desempenho físico adequado, nas suas

actividades diárias, adiando o surgimento precoce do cansaço durante a realização de

actividades físicas. Para Maia (1996), existe um conjunto de relações lógicas e

consistentes entre a definição operacional de aptidão física e a sua avaliação concreta. A

avaliação da aptidão física pretende estabelecer o estado actual dos sujeitos observados

(Maia e Lopes, 2002), pois a aptidão física é resultado da actividade física (Böhme,

2003).

Dada a inexistência de testes validados para a avaliação da aptidão física no

andebol, optámos pela utilização de diversos exercícios que visam avaliar a aptidão

agremiada à performance desportiva específica ao andebol e geral. Desta forma, a

avaliação da aptidão física agremiada à performance de andebolistas dos 6 aos 10 anos

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de idade ocorreu em duas vertentes.

Por um lado, aplicámos exercícios específicos à modalidade. A escolha dos testes

recaiu num estudo efectuado por Vítor Lopes (1997), no qual aplicou uma bateria, com

exercícios adaptados do futebol, com três itens: Passe com ressalto na parede; Remate à

baliza; e Drible; objectivando-se avaliar a habilidade de execução do passe, a

velocidade do drible em progressão e a precisão de remate a uma distância relacionada

com a modalidade. Não considerando suficiente os testes atrás descritos, adoptou-se o

teste de saltos laterais da bateria KTK (Köperkoordination Test für Kinder) (Schilling,

1974). A escolha deste exercício e da avaliação de duas variantes, só com o pé direito e

só com o pé esquerdo recai na importância da coordenação do salto nas diversas acções

motoras implícitas no andebol. Oliveira (1995) refere a suspensão, em diversas etapas

de aprendizagem, no remate, na recepção da bola, na simulação, bem como em idades

mais elevadas do bloco ao remate. Considerámos, também, pertinente analisar a

capacidade de intercepção, em movimento, do drible. Sendo a intercepção do drible do

adversário um dos objectivos gerais da formação de um jogador de andebol (Ribeiro,

2002), tentámos criar um exercício que contemple a avaliação desta capacidade

utilizada no jogo constantemente. Ribeiro (2002) refere mesmo que um dos feedback´s

importantes a transmitir a um defesa em formação é estar sempre em movimento,

tentando desarmar o portador da bola em drible.

Por um lado, avaliou-se a performance geral através dos testes de impulsão

horizontal, da corrida vai-vém de 9 metros e da corrida das 50 jardas, os quais já se

encontram validados em Portugal através de diversos estudos, como por exemplo, o

estudo dos Açores de José Maia e Vítor Lopes em 2002, 2003 e 2004.

Para concluir os objectivos gerais da presente investigação, são: 1) Adquirir um

retrato cronológico dos níveis de aptidão física agremiados à performance específica ao

andebol e geral dos andebolistas, do sexo masculino, nas primeiras idades da Região

Autónoma da Madeira; 2) Validar um conjunto de testes que possibilitem a análise

global da aptidão física agremiada à performance específica ao andebol; 3) Identificar o

comportamento de desempenho motor, em diversos domínios inerentes à modalidade,

bem como à performance geral, em função da idade.

CORPO DO TRABALHO

Amostra e delineamento do estudo: Este estudo, de natureza transversal, tem

como meta avaliar e caracterizar 150 atletas do sexo masculino, compreendidos entre os

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21 Atletas

129 Atletas

6 e os 10 anos de idade. Estes encontram-se subdivididos em 5 coortes, isto é: Coorte 6:

30 Andebolistas de 6 anos; Coorte 7: 30 Atletas de 7 anos; Coorte 8: 30 Andebolistas de

8 anos; Coorte 9: 30 Praticantes de andebol de 9 anos;

e Coorte 10: 30 Atletas de andebol de 10 anos.

Para a definição de cada grupo etário

considerou-se a idade, em anos cronológicos,

completa até ao momento da avaliação. A figura

elucida a constituição da amostra: esta é constituída por 129 elementos do concelho do

Funchal e 21 atletas do concelho de Santa Cruz. A selecção da amostra recaiu

principalmente no concelho do Funchal uma vez que este é a zona onde o

desenvolvimento desta modalidade se encontra mais evoluída e Santa Cruz com níveis

urbanos elevados e com um número já considerável de andebolistas na R. A. M.

Procedimentos estatísticos

O tratamento estatístico e controlo de qualidade realizaram-se através da análise

exploratória, do diagrama de dispersão e o estudo de fiabilidade com o cálculo do

coeficiente de correlação intra-classe (R) (Zar, Jerroold H, 1999). Assim, para a aptidão

física agremiada à performance motora especifica ao andebol e geral realizou-se uma

avaliação normativa. Ainda são apresentadas as medidas descritivas que incluem a

média, o desvio padrão, os mínimos e máximos e os percentis. A relação entre as

variáveis e a idade efectuou-se através da análise de variância (ANOVA). Os resultados

dos testes aplicados foram estandardizados de forma a permitir a comparação de valores

obtidos construindo-se o nível de aptidão andebolística após avaliar a consistência

interna com Alpha de Cronbach. Posteriormente foram confrontados os valores da

aptidão andebolística com os de cada teste agremiado à performance geral. O nível de

significância – padrão utilizado foi de 0,05, isto é, utilizámos um intervalo de confiança

de 95%. O programa estatístico utilizado foi o SPSS 13.0.

TESTES E REGULAMENTOS

Uma vez a carência de uma bateria de testes para a avaliação de capacidades

coordenativas e condicionais, bem como de habilidades motoras, específicas para

andebolistas nestas faixas etárias, recorremos a testes adaptados de diversas baterias e

exercícios específicos do andebol.

Aptidão física agremiada à performance específica ao andebol

- “Roubo de Bola” após deslocamento: O objectivo é avaliar o número de

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desarmes, após uma pequena corrida. Assim, marca-se um círculo com 100 cm de

diâmetro e uma linha no chão, afastados, entre si, 3 metros. O avaliador coloca-se

dentro do círculo executando o drible de

forma regular e constante sem que a bola o

transponha (esquema 1). O atleta coloca-se

atrás da linha. Ao sinal o atleta desloca-se

em corrida até ao avaliador e numa única tentativa tenta-o desarmar, sem poder parar o

movimento de corrida. Em caso de sucesso ou insucesso deve correr rapidamente até à

linha de partida para voltar a realizar outra tentativa e assim sucessivamente até

completar 5 tentativas. O avaliado deve ser incentivado a realizar o exercício à máxima

velocidade e realizar 5 ensaios com 5 tentativas cada, onde cada “roubo” de bola sem

falta (só contacto com a bola) vale um ponto. O resultado final é a soma de todos os

pontos em cada ensaio.

- Saltos Laterais: adaptado da bateria Köperkoordination Test für Kinder

(Schilling, 1974). Além do exercício descrito na bateria, avaliaram-se duas variantes,

isto é, saltos só com o pé direito e só com o pé esquerdo.

- Drible (Lopes, 1997): o objectivo é avaliar o controlo na condução da bola em

drible. O atleta começa a driblar a bola, contornando os cones de sinalização desde a

linha de partida até ao último cone, voltando a fazê-lo no sentido inverso até passar a

linha de partida (esquema 2) o

examinando deve terminar com a

bola em perfeito controlo. O

avaliador cronometra o tempo que o

executante demora a percorrer o percurso. Não é permitido nenhum ensaio de treino. O

teste é constituído por três ensaios. O resultado final é obtido no melhor ensaio, com

aproximação às décimas de segundo.

- Remate em precisão à baliza (Lopes, 1997): o objectivo é avaliar a precisão no

remate à baliza. Para tal, desenhar uma linha restritiva paralela à baliza a uma distância

de 6 m desta. A baliza é dividida em 6 espaços alvo,

colocando três cordas, elásticos ou linhas desenhadas da

seguinte forma: duas colocadas na vertical e uma na

horizontal a 50 cm dos vértices da baliza. O atleta coloca-

se atrás da linha restritiva e remata procurando obter o

A 3 m 100 cm T

Esquema 1

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máximo de pontos com 5 remates, da seguinte forma: Cantos superiores: 5 pontos;

Centro superior: 2 pontos; Cantos inferiores: 3 pontos; Centro inferior: 1 ponto; Cada

bola falhada: 0 pontos. O resultado final é constituído pelos pontos obtidos nos 5

remates.

- Passe com ressalto na parede (Lopes, 1997): o objectivo é avaliar o grau de

execução do passe. Assim, é marcada uma área com 3,65 m de largura por 4,23 m de

comprimento em frente do alvo (2,44 metros de comprimento, por 0,78 metros de

altura, a 1,22 metros do solo) a uma distância de 1,83 m deste. O avaliado coloca-se na

linha paralela ao alvo que lhe fica mais próxima, pronto a começar. O examinando lança

a bola continuamente contra alvo, o máximo de vezes possível, com qualquer uma das

mãos. Cada atleta tem 3 ensaios de 20 segundos cada. O resultado de cada ensaio é

determinado pelo número de vezes, dentro do limite do tempo, que com sucesso rebateu

a bola sobre o alvo. O executante deverá permanecer dentro da área em frente ao alvo

durante todo o ensaio. Se o praticante lançar a bola fora do alvo não é contado. O

resultado final é a melhor pontuação obtida nos três ensaios.

Aptidão física agremiada à performance geral – Este domínio foi avaliado

através dos seguintes testes: Impulsão Horizontal da bateria de testes Eurofit (1998);

Corrida das: 50 Jardas (Maia e Lopes, 2003); e Corrida Vai-Vém (Maia e Lopes,

2003).

APRESENTAÇÃO / DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Fiabilidade – Ao conjunto de testes utilizados, foram feitos retestes (7 atletas em

cada coorte) que permitissem decidir sobre a sua fiabilidade na amostra em estudo. Em

todos os testes realizados, com excepção do Remate em precisão à baliza, o valor Alpha

de Cronbach foi superior a 0,9 pelo que os dados são consistentes, por outro lado os

coeficientes de correlação intraclasse foram superiores a 0,8 que permite concluir que os

testes são fiáveis. No remate em precisão à baliza o intervalo de confiança do ICC varia

entre 0,72 e 0,928, valores razoáveis, no entanto o mesmo intervalo para o ICC

individual apresenta o limite inferior de 0,563 o que indica existirem diferenças

acentuadas entre as crianças quando vistas como caso, podendo considerar-se possíveis

alterações quanto à intenção de remate dos atletas.

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Aptidão Física Agremiada à Performance Específica ao Andebol: através da

ANOVA e da análise de variância determinou-se que a idade exerce um efeito

significativo nos resultados da Aptidão Física agremiada à Performance Desportiva

Motora Específica ao Andebol.

6 Anos ≠≠≠≠ 7 Anos ≠≠≠≠ 8 Anos ≠≠≠≠ 9 Anos ≠≠≠≠ 10 Anos ≠≠≠≠ ANOVA F Sig.

7 8 9 10 6 8 9 10 6 7 9 10 6 7 8 10 6 7 8 9 PASSE 131,697 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X X X X DRIBLE 36,959 ,000 X X X X X X X X X X X X

REMATE 20,703 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X

ROUBO 108,451 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X SALTOS Dir 6,528 ,000 X X X X X X X X X X X X X SALTOS Esq 7,958 ,000 X X X X X X X X X X X X X SALTOS Amb 12,246 ,000 X X X X X X X X X X X X X

Antes de se iniciar a análise estatística descritiva

vamos analisar o teste de Saltos Laterais afim de

perceber até que ponto diferem os valores das duas

variantes avaliadas (pé direito e pé esquerdo). No

gráfico é visível que quando um andebolista consegue

bons ou maus níveis de performance no salto lateral direito também consegue um

resultado semelhante no salto lateral esquerdo e com ambos os pés, a relação entre estas

variantes vem confirmada pelos elevados coeficientes de correlação de Pearson que

foram encontrados foram> 0,884. Assim, não é objectivo primordial, os andebolistas

desta faixa etária, desenvolverem sequências e ou cadências de passada, uma vez que a

qualidade está na coordenação geral do salto.

Na tabela seguinte estão indicados os resultados obtidos na amostra em cada

coorte, através dos valores médios e desvio padrão.

PASSE DRIBLE REMATE ROUBO SALTOS Ambos

Mean 6,33 25,84 5,70 5,47 42,73 6

Standard Deviation 2,96 4,44 2,55 2,13 12,06 Mean 8,53 20,62 7,57 8,63 49,80

7 Standard Deviation 2,10 3,36 2,40 2,50 13,29

Mean 14,60 18,01 9,57 14,33 58,13 8

Standard Deviation 3,02 3,80 2,82 3,47 13,94

Mean 16,70 17,12 10,50 16,57 62,90 9

Standard Deviation 1,78 3,17 3,72 3,24 13,81 Mean 17,43 15,86 13,27 19,10 61,87

Coorte

10 Standard Deviation 1,72 2,84 5,11 3,27 14,21

Passe: O número médio de passes conseguidos aumenta

progressivamente ao longo da idade, distinguindo dois grupos, os

andebolistas com 6 e 7 anos que em média conseguiram 6 e 9

passes, as restantes faixas etárias apresentam rendimentos

superiores e semelhantes entre si, que vão dos 15 aos 17 passes.

19

93Saltos Laterais Ambos

20 40 60 80Saltos Laterais Direito

20

40

60

80

Saltos Laterais Esquerdo

AA

AA

A

AA

A

AA

AAA

A

A

A

A

AAA

A

A

A

A

A

A

AA

AA

AA

A

A

AA

A

A

A

A

A

A

AA

A

A

A

A A

AA

A

A

AA

A

A

A

AA

A

AA

A

A

A

AA

A

AA

A

A

A

A

A

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

AA

A

A

AA

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

A

AA

A

A

A

A

AA

A

A

AA

A

A

A

AA

A

AAA

AA

AA

A

A

A

A

A

AA

AA

A

A

A

A

A

A

A

A

A

A

AA

A

5 10 15 20Passe com Ressalto na Parede

6

7

8

9

10

Coorte

Page 9: Andebol

António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Curso de Treinadores de Nível IV – 2º Grau: Caracterização dos níveis de Aptidão Física agremiada à Performance Motora Específica do Andebol e Geral, em Andebolistas do sexo masculino dos 6 aos 10 anos de idade, na Região Autónoma da Madeira.

10

20 40 60 80Saltos Laterais - Ambos

6

7

8

9

10

Coorte

Drible em progressão: As médias do tempo utilizado para concluírem a prova de

dribles diminuem progressivamente com a idade, o que significa

que os níveis de desempenho desta capacidade vão melhorando

com a evolução de cada coorte. Além disto, verificamos menor

dispersão (do coorte 6 para o coorte 10, o desvio padrão diminui de

4,44 a 2,84, respectivamente) à medida que a idade aumenta.

Remate em precisão à baliza: Nos andebolistas mais novos, o

número de pontos é menor que nos restantes avaliados, verificamos

que este número aumenta com a idade. Estes valores poderão induzir

à conclusão que o treino de andebol ao longo do tempo vai

melhorando a prontidão motora dos treinados. Contudo, temos que

ter em atenção ao valor da dispersão nos coortes 9 e 10 (desvios padrão 5,11 e 3,72) que

são elevados quando comparados com os das outras faixas etárias.

Roubo de bola após deslocamento: A pontuação média obtida aumenta com a

idade, no entanto é no coorte do 8 anos que ocorre um salto a nível

da performance. As crianças com 6 e 7 anos conseguiram em média

5 e 9 pontos respectivamente, enquanto que os de 8 anos passaram

para uma média de 14 sendo importante referir que este grupo

apresenta dispersão muito elevada relativamente aos grupos que lhe

antecedem e precedem (min=7 e max=21).

Saltos laterais: O número de saltos laterais conseguidos evoluiu lentamente com

a idade, estabilizando nos grupos de 9 e 10 anos, pois o número

médio de saltos laterais conseguidos foi de 63 e 62 respectivamente.

No estudo na Região Autónoma dos Açores, realizado por Maia e

Lopes (2002) os valores médios obtidos foram inferiores em todos

os coortes, mas apresentando dispersão menor. Assim, estes dados

podem depender do treino, bem como das características maturacionais de cada atleta.

Comparação dos resultados que avaliam a Aptidão Física Agremiada à

Performance Motora específica ao Andebol

Para o conjunto de testes que pretendem avaliar os diferentes níveis de aptidão

procedemos à estandardização e à construção de um indicador que medisse performance

específica a esta modalidade. Através das variáveis já estandardizadas procedemos ao

10,00 20,00 30,00Drible

6

7

8

9

10

Coorte

5 10 15 20Remate em Precisão à Baliza

6

7

8

9

10

Coorte

5 10 15 20Roubode Bola após Deslocamento

6

7

8

9

10

Coorte

AA

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António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Curso de Treinadores de Nível IV – 2º Grau: Caracterização dos níveis de Aptidão Física agremiada à Performance Motora Específica do Andebol e Geral, em Andebolistas do sexo masculino dos 6 aos 10 anos de idade, na Região Autónoma da Madeira.

11

cálculo do Alpha de Cronbach, que permite avaliar a consistência interna do conceito

Aptidão Andebolística. Dado o coeficiente ser 0,732 é considerado Bom para a

construção da medida em causa (Maia, 2004).

No gráfico ao lado estão os resultados

estandardizados para o conjunto de testes que

avaliam a performance específica do andebol.

Nota-se que o conjunto de testes tem

comportamento semelhante em cada coorte

com excepção do drible que mede o tempo que cada andebolista utiliza para realizar um

percurso em drible, assim os scores máximos indicam menores performance nos

sedimentos e vice-versa.

Dada a consistência do indicador criado,

consideramos o “Nível de Aptidão Motora

Andebolística” um bom conceito para a análise das

performances dos andebolistas destas idades. Este

construiu-se através da média dos scores das provas

específicas, resultando na seguinte distribuição por

idades.

O gráfico ao lado mostra que os andebolistas possuem capacidades específicas

mais elevadas ao longo da idade. Ainda podemos definir dois grupos, através da

performance: 1) constituído pelos 6 e 7 anos e 2) constituído pelos 8, 9 e 10 anos.

Aptidão Física Agremiada à Performance Geral: a idade tem um papel

importante no desempenho dos andebolistas em cada prova aplicada. As comparações

múltiplas (teste de Tukey, n=30 para cada coorte) fornecem-nos as diferenças de uma

faixa etária quando comparada com as restantes.

6 Anos ≠≠≠≠ 7 Anos ≠≠≠≠ 8 Anos ≠≠≠≠ 9 Anos ≠≠≠≠ 10 Anos ≠≠≠≠ ANOVA F Sig.

7 8 9 10 6 8 9 10 6 7 9 10 6 7 8 10 6 7 8 9

Corrida VAI-VÉM 61,470 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X X

Corrida 50 JARDAS

68,246 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X

IMP.HORIZONTAL 39,710 ,000 X X X X X X X X X X X X X X X X

Na tabela seguinte estão indicados os resultados obtidos na amostra em cada

coorte, através dos valores médios e desvio padrão.

A Zscore(Passe)A Zscore(Drible)A Zscore(Remate)A Zscore(Roubo de Bola)A Zscore (Saltos Laterais - Ambos)

Dot/Lines show Means

6 7 8 9 10Coorte

-1,00000

-0,50000

0,00000

0,50000

1,00000

Value

e

e

e

e

e

e

e

e

e

ee

e

e

e

e

e

e

e

e

e

e

e

e

ee

6 7 8 9 10

Coorte

-1,00

-0,50

0,00

0,50

1,00

ZScore(Aptidão andebolistica)

WW

WW

W

Page 11: Andebol

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CORRIDA VAI-VÉM CORRIDA 50 JARDAS IMPULSÃO HORIZONTAL Mean 13,61 11,52 0,97

6 Standard Deviation 0,90 1,08 0,16

Mean 12,07 11,60 1,09 7

Standard Deviation 0,81 0,89 ,14 Mean 12,17 9,79 1,25

8 Standard Deviation 0,77 0,74 0,21

Mean 10,83 9,05 1,44 9

Standard Deviation 0,55 0,50 0,15 Mean 11,14 9,39 1,38

Coorte

10 Standard Deviation 0,71 0,65 0,18

Corrida Vai-Vém: O tempo que os andebolistas

demoraram a executar esta prova diminui com a idade, este

comportamento é de esperar pois o maior sucesso nesta prova

está associado ao crescimento e desenvolvimento motor. Desta

forma, podemos considerar três grupos distintos quanto aos resultados deste teste. Os

atletas com 6 anos que se distinguem dos atletas com 7 e 8 anos e os grupos de 9 e 10

anos são semelhantes entre si e distintos dos restantes.

Corrida 50 Jardas: Os desempenhos na corrida de 50 Jardas

evoluem com a idade, no sentido que quanto maior a idade da

criança menor o tempo necessário para concluir a mesma. Os

praticantes de andebol com 6 e 7 anos são muito semelhantes, os de

8 representam uma transição para o grupo constituído pelos 9 e 10

anos. Curioso foi notar que os desempenhos dos atletas com 10 anos ficaram abaixo dos

atletas de 9, sendo um factor negativo para os andebolistas mais velhos desta amostra.

Impulsão Horizontal: aumenta com a idade, se bem que esse aumento não é

linear pois no coorte dos 10 anos há crianças com resultados

inferiores aos do coorte dos 9 anos. É importante também referir

que nas faixas etárias dos 6 e 7 anos, os valores médios são

próximos, mas significativamente diferentes (t58=-2,998,

sig=0,004). Num estudo realizado por Freitas (2002) a escolares na

RAM, relativamente às crianças de 8 anos, os valores médio são semelhantes. Na faixa

etária dos 9 anos a média obtida no estudo de Freitas foi inferior à nossa amostra (1,36

< 1,44) de forma significativa (sig=0,02) o que poderá ser um indicador positivo da

influência do treino de andebol.

10,00 12,00 14,00Corrida 50 Jardas

6

7

8

9

10

Coorte

A

AA

0,75 1,00 1,25 1,50Impulsão Horizontal

6

7

8

9

10

Coorte

A

A

10,00 12,00 14,00 16,00Corrida Vai-Vém

6

7

8

9

10

Coorte

A

Page 12: Andebol

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Análise global da aptidão física agremiada à performance geral: no conjunto

das três provas notamos maior dispersão e pior desempenho nas crianças dos coortes 6 e

7. A partir dos 8 anos a dispersão começa a diminuir e os valores médios convergem

para melhores resultados. Contudo é de referir que no coorte de 10, os atletas

apresentam, em média, valores inferiores aos das crianças de 9 anos de idade em todos

os testes. Agravando estes dados, a dispersão nos resultados do coorte 10 é sempre

superior à dos alunos de 9 anos. Assim, fica um alerta para os envolvidos no processo

aprendizagem, para que este cenário seja diferente no futuro.

Comparação do Nível de Aptidão Andebolística com a Aptidão Física

Agremiada à Performance Motora Geral

Na Corrida Vai-vém e 50 Jardas:

aptidão andebolística está associada de

forma positiva aos desempenhos

apresentados nestas provas, sendo que

atletas com níveis elevados de

performance específica também apresentam bons desempenhos nestas provas.

Na impulsão horizontal, esta díade reconhece uma relação positiva nos coortes 6 e

7 anos, contudo nos restantes coortes, mesmo sabendo que as crianças melhoram as

performances ao longo da idade, estas vão perdendo significado como uma evolução

positiva ao comparar-se com a evolução da aptidão andebolística.

CONCLUSÕES GERAIS

A actual investigação tinha definido como orientações um conjunto de objectivos

que foram, em grande parte atingidos. Os resultados obtidos demonstram a maior

pertinência quando analisamos os andebolistas como crianças no seu global, de forma a

percebermos quais os níveis de prontidão desportivo-motora que os caracterizam.

Na caracterização geral do grupo, apercebemo-nos que, para as diversas idades,

nem sempre níveis de desempenho elevado são constantes nos diversos testes e

consequentemente nas diversas áreas (performance especifica ao andebol e geral).

Foi possível a validação de um conjunto de testes que possibilitam a análise global

da aptidão física agremiada à performance específica ao andebol, pois os resultados

obtidos, no agrupar dos vários testes, apresentaram um elevado nível de consistência

(Alpha de Cronbach=0,732). No entanto o teste remate em precisão deve sofrer algumas

Category

6 7 8 9 10coorte

-1,00000

-0,50000

0,00000

0,50000

1,00000

Value

l

ll

l

l

BB

B

B

B

W

W

W

W W

A

A

A

A

A

A Zscore(Corrida Vai-Vém)A Zscore(Corrida 50 Jardas)A Zscore(Impulsão Horizontal)A ZScore(Aptidão andebolistica)

Category

Dot/Lines show Means

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alterações (ICC varia entre 0,72 e 0,928) quanto ao registo da intenção do atleta em

finalizar o objectivo.

Após a análise dos dados ficámos a perceber que, em grande parte, a idade é

fulcral na análise dos testes aplicados, bem como na interpretação das performances

obtidas pelos testados. Assim, confirma-se a ideia de Maia e Lopes (2003) onde a

performance depende grandemente do “relógio biológico” de cada criança.

Também é nítido que a aptidão andebolística aumenta com a idade especialmente

a partir do 8 anos. Relativamente aos saltos laterais estes apresentaram resultados

bastante fiáveis e consistentes, levando-nos a considerar apenas os saltos laterais com

ambos os pés.

Quando associamos o nível da aptidão andebolístico, à aptidão física agremiada à

performance geral, em ambos os níveis vão aumentando ao longo da idade. Contudo é

de referir que a evolução no teste da Impulsão Horizontal não tem o mesmo relevo

positivo a partir dos 7 anos, uma vez que os níveis de aptidão física estandardizados

diminuem, sofrendo uma progressão mais suave quando relacionados com a aptidão

andebolística.

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António Manuel Antunes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

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BIBLIOGRAFIA

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