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ANDERSON NOGUEIRA MENDES PAPEL DAS LIPOXIGENASES NA VIA DE SINALIZAÇÃO DA APOPTOSE INDUZIDA POR ATP EXTRACELULAR EM MACRÓFAGOS DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA) Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2006

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ANDERSON NOGUEIRA MENDES

PAPEL DAS LIPOXIGENASES NA VIA DE

SINALIZAÇÃO DA APOPTOSE INDUZIDA POR ATP

EXTRACELULAR EM MACRÓFAGOS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO VISANDO À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA)

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2006

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ANDERSON NOGUEIRA MENDES

PAPEL DAS LIPOXIGENASES NA VIA DE

SINALIZAÇÃO DA APOPTOSE INDUZIDA POR ATP

EXTRACELULAR EM MACRÓFAGOS

Aprovada em, / /2006

Dr. Célio Geraldo Freire de Lima

___________________________________________________________________________ Dra. Ana Lucia Marques Ventura

Dr. Marcelo Einicker Lamas

___________________________________________________________________________ Dra. Ana Paula Cabral de Araújo Lima

(revisora)

Dr. Pedro Muanis Persechini (orientador)

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MENDES, ANDERSON NOGUEIRA

PAPEL DAS LIPOXIGENASES NA VIA DE SINALIZAÇÃO DA

APOPTOSE INDUZIDA POR ATP EXTRACELULAR EM

MACRÓFAGOS

xvii, 106 fls Tese: Mestrado em Ciências (Biofísica) 1. Receptores P2. 2. P2X7. 3. Macrófago. 4. Apoptose. 5. Eicosanoides 1. Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho II. Título

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Toda minha trajetória sempre será dedicada a aqueles que sempre lutam para

que eu tenha força para seguir na vida. Essa homenagem é apenas mais uma que segue como um breve capítulo de muitas outras que dedicarei aos meus pais. Por toda vida sempre guardarei em meu coração o apoio que eles me deram, dão e darão. Afinal, cuidar de um filho é sempre uma grande dificuldade.

Obrigado por terem me apoiado em tantos momentos difíceis e por segurarem todas as aflições e preocupações que tenho. Destacar aqui a admiração que tenho por vocês meus pais seria pouco, perto do valor que vocês possuem em minha vida. Sei que nem sempre traçamos caminhos certos, mas procuro sempre seguir um caminho voltado para honestidade, valorizando todos os ensinamentos que foram passados ao longo dos anos.

Cumpro mais uma etapa de uma vida de batalhas, sabendo que não conseguiria chegar lá se não fosse a persistência e a determinação de vocês. E com grande satisfação que dedico as poucas glórias que tenho a duas pessoas que sempre se sacrificam tanto para que seu filho consiga alcançar sonhos que muitas vezes vocês mesmos não conseguiram.

Aos meus pais, Antônio e Maria Júlia, por sempre me apoiarem e me ajudarem em todas as minhas dificuldades.

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“Oh tell me Lord how could it be, That though our cells make ATP,

It’s not all used for energy, But sometimes is secreted free. It puzzles you, it puzzles me,

While Geoffrey Burnstock smiles with glee At the many roles of ATP.”

(Samuel C. Silverstein, 1989)

Este poema foi escolhido pelo fato de resumir a amplitude dos efeitos do

ATP em nossas vidas...

“O pulso ainda pulsa...” (Titãs)

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Este trabalho foi realizado no Laboratório de Imunobiofísica do Instituto de Biofísica Carlos

Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação do Dr. Pedro

Muanis Persechini, tendo sido financiado pelas seguintes entidades:

- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);

- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

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AGRADECIMENTOS:

- Agradeço ao meu grande chefe, Pedro Muanis Persechini, pela orientação durante

toda minha iniciação científica e pelo meu desenvolvimento no mestrado.

- Ao Robson Coutinho, pelas dicas e questionamentos da minha tese e principalmente,

por não ter pagado a aposta até hoje....

- À Márcia Attias por ter me ajudado e muito ensinando o pouco que sei de

Microscopia Eletrônica e pelos lindos dados que obtive na microscopia!

- Ao grupo da Lúcia Faccioli e Auro Nomizo de Ribeirão Preto, que nos acolheu

durante uma semana para realizarmos ensaios com os KO 5-LO. Obrigado também pelo clima

descontraído e pela discussão produtiva!

- Ao Célio Freire pela discussão e grande apoio no decorrer da minha tese. E pela

grande amizade!

- À Ana Paula, por ter tido paciência em revisar a minha tese.

- Aos meus companheiros de laboratório Cristiane, Hercules, Fernanda, Helio, Julieta,

Flavia Calmon, Nathalia, Camila, Flavia Sarmento, Carolina pelo ambiente descontraído e

principalmente ao Vandir por me ajudar muitas vezes com todo apoio técnico-científico e pela

sinceridade e amizade.

- Ao Helio velho pelo tempo de convívio e principalmente pelos últimos sete meses

em que passamos a trabalhar juntos e produzimos uma boa discussão cientifica.... Gerando a

minha tese e a tese dele. Enfim duas teses, não?!

- À APG (Associação de Pós-graduandos) e a PR2 por tentarmos lutar em conjunto

por melhorias das condições dos alunos de pós-graduação e por terem gostado da idéia da

criação da agenda e do manual de pós-graduandos. Enfim tantas conquistas felizes que pude

participar nessa minha estada como aluno de pós-graduação da UFRJ.

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- À galera 99-2 que tenta manter-se com reuniões esporádicas e um chopinho uma vez

por mês! André Leão- lobo, Murata, Renato Careca, Vanderson, Carlúcio, Vítor Gianechini,

Dada, Cleber Euller, Ricardo Churros, Albert indiano, Rodrigo BA, Brígida, Cristiane e tantos

outros.

- Ao futebol das quintas, altamente necessário para manter a falta de forma que

possuo.

- Aos meus amigos Carlos, Pedro, Afrânio, Cláudio, Pelé, Adriano, Dudão, Vinhaes,

Luke, Fernando... Enfim, à galera Kids, que tem mais de 10 anos de muita história e diversão,

e à Viviane que além de uma grande amiga é minha irmãzinha de consideração.

- À minha querida namorada Renatinha que tem aturado as insanidades do seu

namorado que quase foi à loucura por causa da tese, mas que conseguiu sobreviver. Minha

linda te amo demais! Ah, Deus foi muito bom quando colocou você no meu caminho.....

- Aos meus padrinhos Dina e Valdeli, meus tios e tias, primos e primas pela dedicação

e carinho que têm por mim.

- À tia Aparecida que está do nosso lado sempre disposta a nos ajudar. Com enorme

prazer, eu te chamo de tia.

- Aos esporros da tia Mariza, que sempre cuidou do seu sobrinho quando ia para

Uberlândia. Tia, você sabe que você é uma mãe para mim!

- Aos meus avós maternos (Noé e Zenita) e paternos (Antônio e Maria) pela felicidade

e vontade de viver, principalmente meu vovô Noé. Ainda tenho muito que aprender com os

ensinamentos de vocês, meus queridos avós!

- Às minhas irmãs Elisângela e Julielli que são chatas e pentelhas, mas que eu amo de

paixão.

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- Às minhas lindas e afilhadas-sobrinhas Gabi e Bia. Cada dia que passa, eu aprendo

muito com vocês, minhas lindinhas! A minha felicidade é saber que posso ser criança como

vocês.

- Aos meus pais Antônio e Julia, agradecer é pouco. Vocês me deram tudo que um ser

humano pode querer. Vocês me ensinaram o valor da honestidade, da humildade e da

sinceridade. Vocês, com toda dificuldade, criaram três filhos que os admiram muito.

Sinceramente, eu não tenho palavras para descrever o que sinto por vocês e o quanto eu dou

valor a tudo que me ensinaram. Espero, do fundo do coração, pelo menos honrar o nome de

vocês. Obrigado por serem meus pais!

- À Deus por saber que toda existência e toda ciência é fruto tão somente de sua

presença e existência. Acreditem ou não, só. Ele explica toda a natureza!

- Por fim agradeço à minha tese... Eu não fui ao Big Brother e por causa dela perdi um

milhão de reais. Não pude ir ao show do milhão por causa dos experimentos que fazia na

calada da noite. Deixei de ganhar a mega-sena acumulada várias vezes, porque não tinha

tempo para apostar e para piorar a situação ela quase me levou à insanidade, me deixou

barrigudo, com vários cabelos brancos e seqüelas sem fim... Mas nasceu... Pode não ser

bonitinha, afinal todo recém-nascido tem cara de joelho mesmo! Mas quem sabe depois da

defesa não fica charmosinha?! Bem, finalmente ela está aí e como pai de primeira viagem

escrevi aos trancos e barrancos tentando tratá- la com carinho e cuidado para que ela se torne

alguma referência e quem sabe gere frutos! Acho que é isso!

- Obrigado a todos que de alguma forma sempre estiveram ao meu lado apoiando

todos os meus passos!

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ABREVIATURAS

• J774 Linhagem celular de macrófagos de camundongos

• MDCK Linhagem celular epitelial renal de cachorro (Cocker Spaniel)

• COS-7 Linhagem celular de fibroblastos renais de macaco

• HEK293 Linhagem celular epitelial renal de embriões humanos

• IgE Imunoglobulina do tipo E

• IgG Imunoglobulina do tipo G

• PMSF "Phenylmethane-sulfonyl fluoride"

• SDS Dodecil Sulfato de sódio

• CAPS ácido 3(3-colamidopropil)dimetilamonio)-1-propanosulfônico

• HEPES ácido N-(2-hidroxietil)piperazina-N'-2-etanosulfônico

• NP 40 óxido de octilfenol-etileno

• Triton X-100 t-octilfenolpolietoxietanol

• AMP 5’-monofosfato de adenosina

• ATP 5’ trifosfato de adenosina

• UTP 5’ trifosfato de uridina

• AMPc adenosina monofofato cíclico

• ADP 5`-difosfato de adenosina

• PKC proteína quinase C

• UDP 5`-difosfato de uridina

• UTP 5’-trifosfato de uridina

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• PPADS pirodoxalfosfato-6-azofenil 2’,4’-ácido disulfúrico

• MRS 2179 2`-desoxi-N6-metiadenosina-3`,5`-bifosfato

• Ap4A diadenosina tetrafosfato

• IP3 inositol trifosfato

• BE brometo de etídio

• IL1-β interleucina 1-β

• AR-C67085MX diclorometilenobis (ácido fosfórico)

• BzATP 3`-O-(4-benzoil-)-5`-trifosfato de adenosina

• PBS Tampão salina fosfato

• NDGA Ácido Nordihidroguaiarético

• AA861 2,3,5-trimetil-6-(12-hidroxi-5,10-dodecadinil)-1,4-

benzoquinona

• MK571 Ácido(E)-3-[[[3-[2-(7-Cloro-2-cinolinil)etenil]fenil]-[[3-

dimetilamino)-3-oxopropil]thio]metil]tio]-propanóico

• NS-398 N-(2-Ciclohexiloxi-4-nitrofenil)-Metanosulfonamida

• L-NIL N6-(1-iminoetil)- lisina dihidrocloride

• MK886 Ácido 3-[1-(para-Clorobenzil)-5-(isopropil)-3-t-butiltioindol-2-

il]–2, 2-dimetilpropanóico

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RESUMO

Neste trabalho, procuramos estudar mecanismos de sinalização que estão envolvidos

na morte por apoptose através da ativação do receptor P2X7 por ATP extracelular em

macrófagos peritoneais de camundongos elicitados com tioglicolato. Primeiro,

confirmamos o envolvimento do receptor P2X7 mostrando que a morte celular não é

induzida por ATP em animais deficientes para P2X7 (P2X7- / -) e que o BBG e MgCl2, dois

inibidores do receptor P2X7, bloqueiam a morte induzida por ATP. Procuramos verificar

se as enzimas lipoxigenases ou cicloxigenases participam da via de sinalização ativada por

ATP que induz à morte celular por apoptose. Utilizamos os inibidores de biosíntese de

leucotrienos NDGA, um inibidor de lipoxigenases, MK886, um inibidor de FLAP

(proteína adaptadora de 5-LO), Zileuton e AA861, dois inibidores 5-lipoxigenase (5-LO) e

verificamos que todas estas drogas inibiram a apoptose induzida por ATP, enquanto que o

ácido de acetil-salicílico (AAS) e NS-398, dois inibidores de cicloxigenase, não fizeram

efeito inibitório da morte celular por apoptose. O inibidor do óxido nitritico sintase

(iNOS), L-NIL também não fez efeito inibitório na morte celular por apoptose. A morte

das células aparenta não requerer a sinalização pelos receptores de leucotrieno BLT1 ou

CysLT, pois os antagonistas MK-571 ou CP-10591, não preveniram a morte induzida por

ATP. Entretanto, o ATP foi capaz de induzir apoptose em macrófagos de animais

deficientes para o gene da 5-LO (5-LO-/-). Nossos resultados sugerem o envolvimento de

uma ou mais lipoxigenases na apoptose de macrófagos induzida por ATP dependente do

receptor P2X7.

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ABSTRACT

In this work, we studied signaling mechanisms that are involved in the death by apoptosis

through the activation of the receptor P2X7 for ATP extracellular in thioglycollate-elicited

murine intraperitoneal macrophages. We first confirmed the requirement for P2X7 receptors

by showing that cell death is not induced by ATP in P2X7-deficient (P2X7- / -) mice and that

BBG (brilliant Blue G) and MgCl2, two inhibitors of P2X7 receptors, block ATP-induced cell

death. Next we investigated whether lipoxygenases and cicloxygenases participate in the

signaling pathway involved in ATP-induce cell death. The inhibitors of leukotriene

biosynthesis NDGA, a lipoxygenase inhibitor, MK886, a FLAP inhibitor, Zileuton and

AA861, two 5-lipoxygenase (5-LO) inhibitors inhibited the apoptosis induced by ATP, while

acetyl-salicylic acid (AAS) and NS-398, two cycloxygenase inhibitors, had no effect. The

inhibitor of oxide nitritic sinthase (iNOS), L-NIL, also had not effect. Cell death seems not to

require signaling through neither of the leukotriene receptors BLT1 or CysLT since the

antagonists MK-571 and CP-10591, had no inhibitory effect. ATP also induced apoptosis in

macrophages obtained from 5-LO-gene deficient animals (5-LO-/-). Our results suggest the

involvement of one or more lipoxygenases in the ATP-induced P2X7-dependent apoptosis of

macrophages.

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ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

1.1 Nucleotídeos e nucleosídeos: moléculas de sinalizações extracelulares ............ 1

1.2 Receptores P1 e P2................................................................................................. 5

1.2.1 Receptores P2Y. ..................................................................................................... 6

1.2.2 Receptores P2X. ................................................................................................... 12

1.2.3 Receptores P2X7................................................................................................... 17

1.2.4 Propriedades do poro e canal ativados pelo receptor P2X7 ............................ 20

1.3 Receptores P2 e macrófagos ............................................................................... 25

1.4 ATP e morte celular ............................................................................................ 26

1.5 Eicosanoides e morte celular .............................................................................. 30

1.5.1 Prostaglandinas.................................................................................................... 32

1.5.2 Leucotrienos ......................................................................................................... 32

1.5.3 Regulação da 5-lipoxigenase (5-LO) .................................................................. 36

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 38

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 39

3.1 Reagentes.............................................................................................................. 39

3.2 Células .................................................................................................................. 39

3.3 Indução de morte celular.................................................................................... 40

3.4 Detecção de apoptose por citometria de fluxo: ................................................. 41

3.5 Dosagem de Lactato Desidrogenase: ................................................................. 42

3.6 “Western-blotting” .............................................................................................. 42

3.6.1 Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida 10% (SDS PAGE)........ 43

3.6.2 Tratamento das amostras para utilização no gel desnaturante ...................... 43

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3.6.3 Transferência das proteínas para membrana de Nitrocelulose ...................... 43

3.6.4 Imunodetecção e revelação ................................................................................. 44

3.7 Dosagem de proteína ........................................................................................... 44

3.9 Microscopia Eletrônica de Varredura: ............................................................. 45

3.10 Análise estatística................................................................................................. 45

4 RESULTADOS ........................................................................................................... 46

4.1 ATP induz apoptose em macrófagos.................................................................. 46

4.2 ATP induz apoptose em macrófagos via P2X7.................................................. 48

4.3 Eicosanoides e sua participação na morte via ATP: COX vs LOX................ 52

4.3.1 Efeito dos inibidores das cicloxigenases na indução de apoptose via P2X7.... 52

4.3.2 Efeito dos inibidores das lipoxigenases na indução de apoptose via P2X7. .... 56

4.3.3 Efeito dos inibidores dos receptores de membrana LTB1 e cysLT1 .............. 62

4.3.4 A 5-lipoxigenase é essencial para indução de morte por ATP extracelular? . 64

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 66

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 73

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 75

8 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 78

9 APÊNDICE ................................................................................................................. 91

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – O ATP e seus derivados participam da modulação celular 3

Figura 2 – Topologia das subunidades dos receptores P2Y e P2X na membrana 12

Figura 3 – Participação dos receptores P2X7 na formação do poro 18

Figura 4– Modelo proposto da regulação do poro associado à indução de permeabilização

por ATP extracelular 21

Figura 5 –Topologia do receptor P2X7 na membrana 24

Figura 6 – Ação de PLA2 sobre fosfolipídio de membrana gerando ácido araquidônico

- 30

Figura 7 – Via de biosíntese de Leucotrienos. 34

Figura 8 – ATP induz morte por apoptose: visualização por microscopia de varredura

(MEV). 46

Figura 9 – A apoptose é inibida por antagonistas do receptor P2X7 48

Figura 10 – A apoptose é dependente do receptor P2X7. 50

Figura 11 – A apoptose não é inibida por inibidores da via de cicloxigenases. 53

Figura 12 – A apoptose não é inibida por inibidores de óxido nítrico sintase. 54

Figura 13 – ATP ativa 15-LO e 5-LO de macrófagos peritoneais? 57

Figura 14 – A apoptose é inibida por inibidores da via de lipoxigenases 58-60

Figura 15 – A apoptose não inibida por inibidores dos receptores de CysLTs e LTB4. 62

Figura 16 – A 5-LO não é essencial na via de sinalização da apoptose mediada por ATP

extracelular 64

Figura 17 – Modelo proposto da participação de outras moléculas na cascata de apoptose induzida por ATP extracelular. 76

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Tabela 1- Características dos receptores P2Y. 11

Tabela 2- Características dos receptores P2X. 16

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Nucleotídeos e nucleosídeos: moléculas de sinalizações extracelulares

Nucleotídeos e nucleosídeos servem de fonte de energia, controlando funções enzimáticas e

contribuem como matéria-prima para síntese de DNA e RNA (Gordon, 1986). Entretanto, muitas

evidências indicam que essas moléculas funcionam como mediadores extracelulares, modulando

diferentes respostas em diversos tipos celulares.

As primeiras abordagens para o estudo da ação extracelular destas moléculas foram propostas

por Drury e Szent-Györgyi em 1929, quando foi demonstrado pela primeira vez que a adenosina

e a 5’ monofosfato de adenosina (AMP) eram capazes de induzir a vasodilatação, inibição da

contração intestinal, diminuir a pressão arterial e bloqueio cardíaco ((Drury e Szent-Györgyi,

1929) Apud (Ralevic e Burnstock, 1998)). Poucos anos depois, Gillespie et al. (1934)

verificaram que o 5’ trifosfato de adenosina (ATP) e a adenosina induziam efeitos distintos na

pressão sangüínea de cobaias, evidenciando a presença de diferentes receptores, bem como o

envolvimento destes no processo de sinalização (Zimmermann, 1999) (Ralevic e Burnstock,

1998).

A partir da década de 50, surgiram sucessivos trabalhos propondo a participação de purinas

como neurotransmissores e cotransmissores. Os trabalhos de Holton (1953) e Holton (1959)

(Apud (Ralevic e Burnstock, 1998)) sugerem que o ATP seria liberado no nervo sensorial e teria

um papel na transmissão química. Em 1978, Burnstock propôs a existência de receptores para

ATP.

A liberação de ATP associada à despolarização que ocorria em tecidos eletricamente

excitados foi demonstrada nos anos sessenta (Bodin e Burnstock, 2001). A associação do ATP

como neurotransmissor foi estabelecida em estudos em que se demonstrou que esta molécula era

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sintetizada, estocada e liberada por nervos não-adrenérgicos e não-colinérgicos Apud (Novak,

2003). A identificação de corpos granulares fluorescentes na presença de quinacrina em terminais

neurais, a liberação de ATP e catecolaminas por vesículas secretórias (apesar de não ter sido

descrito se a liberação do nucleotídeo ocorre em vesículas independentes ou associadas aos

neurotransmissores) e a liberação dependente de um estímulo, como despolarização da

membrana, possibilitaram caracterizar o ATP como uma molécula neurotransmissora (Bodin e

Burnstock, 2001).

Em 1966, Keller obteve os primeiros relatos da ação biológica de ATP em células do sistema

imune, ao demonstrar que mastócitos de camundongos liberavam histaminas após a adição de

ATP ((Keller et al., 1966) Apud (Michel et al., 2000)). Somente na década de 80, este fenômeno

foi correlacionado aos receptores para nucleotídeos, pois foi demonstrada a existência de um

receptor capaz de tornar mastócitos permeáveis a solutos grandes, após adição de ATP exógeno

(Cockcroft et al., 1980).

Nos últimos anos, os mecanismos de liberação do ATP para o meio extracelular têm sido

elucidados. Acredita-se que mecanismos como secreção de vesículas ricas em ATP,

transportadores e canais iônicos de membrana plasmática, além da morte e injúria celular estejam

associados ao aumento da concentração de ATP no meio extracelular (Illes et al., 2000).

Além do papel exercido na neurotransmissão, a liberação do ATP para o meio extracelular

pode estar associada à imunoregulação (El-Moatassim e Dubyak, 1993; Stikovsky, 1998;

Burnstock e Knight, 2004). Processos de invasão de microorganismos, corpos estranhos,

inflamação e injúria induzem células do sistema imune a secretar agentes quimiotáticos e

anafilotáticos, recrutando e redirecionando células envolvidas na manutenção e monitoramento da

homeostase do organismo. As plaquetas e células endoteliais, quando ativadas, secretam ATP e

outros nucleotídeos que participam do processo de ativação de monócitos circulantes (Detwiler e

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Feinman, 1973; Milner et al., 1990), além de ter grande importância na diferenciação de células

T, por exemplo, (Stikovsky et al., 1998) (Figura 1).

Figura 1: O ATP e seus derivados participam da modulação celular. Modelo esquemático descrevendo um dos possíveis papéis do ATP extracelular e da adenosina mediando a sinalização na regulação de timócitos para linfócitos T maduros e regulação da expansão de células T periféricas e funções efetoras, como uma pequena abordagem do universo de ação de purinas extracelulares. Adaptado de (Sitkovsky, 1998).

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Eritrócitos, miócitos cardíacos, fibroblastos e células epiteliais, células endoteliais, plaquetas

e mastócitos, liberam purinas para o meio extracelular em condições fisiológicas e

fisiopatológicas (Di Virgilio et al., 2001b). Quando receptores de nucleotídeos são ativados ou há

engajamento do receptor de IgE, mastócitos de ratos secretam ATP durante a degranulação

(Osipchuk e Cahalan, 1992) (Apud (Dubyak, 2000)). Em cultura, células epiteliais e astrocitomas

liberam uridina 5’-trifosfato (UTP) (Apud (Ralevic e Burnstock, 1998)).

Apesar da faixa de concentração de ATP no plasma ser em torno de 1-10 nM (Di Virgilio,

2005), a concentração livre de ATP no citoplasma é de 1 a 10 mM (Gribble et al., 2000; Di

Virgilio, 2005). Além disso, os estoques intravesiculares podem chegar à concentração de 150

mM (Lazarowski et al., 2003).

Traumas mecânicos, hipóxia, acidose, choque osmótico e estresse são fatores que contribuem

para liberação de ATP para o meio extracelular. Em condições de estresse, culturas de células

epiteliais e ciliadas oculares e culturas primárias de células endoteliais secretam ATP (Mitchell et

al., 1998) (Apud (Bodin e Burnstock, 2001)).

Além de receptores de nucleotídeos e nucleosídeos, existe uma família de nucleotidases na

porção externa das membranas das células. Elas estão associadas ao mecanismo de sinalização

celular responsável pela inativação da ação dos nucleotídeos extracelulares. As ectonucleotidases

hidrolisam nucleotídeos gerando nucleosídeos e fosfato livre (Zimmermann, 2000). Desta fo rma,

elas atuariam como um mecanismo de “feedback” negativo, atuando em conjunto com outros

mecanismos, tais como dessensibilização do receptor, efeito de diminuição do nível de expressão

do receptor, dentre outros.

Basicamente, as ectonucleotidases são distribuídas em quatro famílias: ectonucleosídeo

trifosfato difosfohidrolase (E-NTPDases), subdividida em seis membros (E-NTPDases1-6);

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ectonucleotídeo pirofosfatase/fosfodiesterase (E-NPPs), subdividida em três membros (E-NPPs1-

3); fosfatases alcalina e ecto-5’-nucleotidases (Zimmermann, 2001).

As ectonucleotidases são enzimas extrínsecas de membrana responsáveis pela ação catalítica

na hidrólise de ésteres fosfóricos. A atividade destas enzimas é potencializada pela presença de

cátions divalentes tais como, cálcio, magnésio e zinco. As E-NTPDases e E-NPPs são enzimas

que possuem domínios transmembrana; já as fosfatases alcalinas e ecto-5’-nucleotidases são

ligadas por uma âncora hidrofóbica de fosfatidil inositol, na porção extracelular da membrana

plasmática (Zimmermann, 2001).

As funções das ectonucleotidases são bem abrangentes. Elas estão relacionadas com o

término da sinalização gerada por nucleotídeos, adesão celular e associadas a receptores de

membrana, podendo agir isoladamente ou por complexo multienzimático. Algumas isoformas

destas enzimas podem ser encontradas solúveis no meio extracelular, sendo denominadas de

exonucleotidases (Zimmermann, 2000).

1.2 Receptores P1 e P2

As divisões e classificações dos receptores de membrana plasmática para nucleotídeos

surgiram a partir de 1978. Neste ano, Burnstock propôs a existência de duas famílias (receptores

P1 e P2) baseado na afinidade da ligação com os nucleotídeos ATP, ADP, AMP e adenosina. Os

receptores P1 têm como agonista principal a adenosina, enquanto que os receptores P2 ligam-se

aos demais nucleotídeos (Fredholm et al., 1997; Ralevic et al., 1998).

Os receptores P1 e P2 foram encontrados em muitos tipos celulares, ainda que parte dos

estudos tenha enfoque no sistema cardiovascular e sistema nervoso (Communi et. al. 1997; King

et al. 1998; Burnstock, 1998). No sistema imune, todas células estudadas apresentam pelo menos

um subtipo de receptor P2 (Burnstock e Knight, 2004).

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Os receptores P1 são subdivididos em A1, A2a, A2b e A3, de acordo com propriedades

farmacológicas, bioquímicas e informações estruturais como seqüência de aminoácidos,

adquiridos através de clonagem dos genes que os codificam (Fredholm et al. 1997; Ralevic et al.

1998). Quando ativados por nucleosídeos, os receptores P1 geram alterações das concentrações

de AMPc intracelular e têm como antagonistas seletivos os alcalóides metilxantinas como a

teofilina (Ralevic et al. 1998).

O mecanismo de transdução de sinal desses receptores está associado às vias da proteína G

estimulatória (Gs) que, ativadas, aumentam a concentração de AMPc no citoplasma através da

ativação da adenilato ciclase, da proteína G inibitória (Gi), inibindo a ativação da adenilato

ciclase e gerando diminuição de AMPc e da proteína G (Gq) envolvida na ativação de fosfolipase

C e produção de fosfatidil- inusitol-trifosfato (IP3). Os receptores A1 estão associados à proteína

Gi (Van Claker et al., 1978; Londos et. Al., 1980), o receptor A2a à proteína Gs (Palmer et al.,

1995), o receptor A2b às proteínas Gs e Gq (Feoktistov e Biaggioni, 1995) e o receptor A3 às

proteínas Gi e Gq (Palmer et al., 1995) (Apud (Ralevic e Burnstock, 1998)).

Os receptores P2 possuem como agonistas nucleotídeos como ATP, UTP, ADP, UDP e AMP

e são divididos em dois grupos: P2X e P2Y. Os receptores P2X são acoplados a canais iônicos

(ionotrópicos) e os P2Y são associados à ativação de proteína G (metabotrópicos). Em células de

mamíferos, foram caracterizados farmacologicamente e clonados oito receptores P2Y (P2Y1,

P2Y2, P2Y4, P2Y6, P2Y11, P2Y12, P2Y13, P2Y14) e sete P2X (P2X 1-7) (Lazarowski et al., 2003;

Di Virgilio et al., 2001; Burnstock e Knight, 2004).

1.2.1 Receptores P2Y.

Assim como os outros membros da grande família dos GPCRs (receptores acoplados a

proteína G) o domínio aminoterminal dos receptores P2Y encontra-se voltado para o meio

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extracelular e o carboxiterminal está voltado para o citoplasma da célula, associado à proteína G.

Os receptores P2Y são agrupados em subfamílias de receptores ligados a Gq (P2Y1, P2Y2, P2Y4,

P2Y6, P2Y11), que ativam fosfolipase C-β e na subfamília ligada a Gi (P2Y12, P2Y13, P2Y14), que

inibe adenilato ciclase. Os receptores acoplados a proteína Gq ativam a liberação de Ca2+ dos

estoques intracelulares. A transdução de sinal ocorre pela via relacionada à ativação de

fosfolipase C e estimulação/inibição de adenilato ciclase (Apud (Ralevic e Burnstock,1998)). As

famílias de receptores P2Y possuem sete domínios transmembrana e são compostos de 328 a 538

aminoácidos, com peso molecular em torno de 40 a 70KDa após a glicosilação (Kügelgen e

Wetter, 2000).

Um dos fármacos mais utilizados como antagonista para receptores P2Y é a suramina (droga

desenvolvida para o tratamento de tripanossomíases) (Dunn et al., (1988)). Entretanto, ela não atua

de forma seletiva, pois tem efeito inibitório em receptores nicotínicos (de glutamato e GABA)

(Ralevic e Burnstock, 1998). Outros antagonistas utilizados são o pirodoxal fosfato (P5P) e

pirodoxalfosfato-6-azofenil 2’,4’-ácido disulfúrico (PPADS). Entretanto, ambos também atuam

bloqueando receptores P2X (Burnstock e Knight, 2004).

Os receptores P2Y1 são seletivos para nucleotídeos derivados de adenina. Seu principal

agonista é o 2-metiltio-ADP, mas moléculas como ATP, ADP, 2-metiltio-ATP e ATPγS também

são capazes de ativar o receptor P2Y1 em células de mamíferos e em oócitos de Xenopus. Uma

enorme variedade de tecidos, como musculares lisos, endoteliais e neuronal expressam o receptor

P2Y1 (Burnstock e Knight, 2004). O receptor P2Y1 participa da contração e relaxamento da

musculatura lisa, liberação de prostaglandinas e fatores de relaxamento derivados do endotélio

(Ralevic e Burnstock, 1998). O RNAm é expresso no coração, tecido muscular esquelético,

endotélio da aorta, pâncreas, baço, cérebro e espinha dorsal. Relatos na literatura também

favorecem a participação do receptor P2Y1 na agregação plaquetária (Kügelgen e Wetter, 2000).

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Seu principal antagonista é o bifosfato derivado do 2`-desoxi-N6-metiadenosina-3`,5`-bifosfato

(MRS 2179) (Camaioni et al., 1998) e sua via de transdução de sinal envolve fosfolipase C

ativada através de uma proteína Gq com variação dos estoques de Ca2+ intracelular e

envolvimento de PKC (Burnstock e Knight, 2004).

Os receptores P2Y2 foram clonados de células de humanos, ratos e camundongos, sendo que

o primeiro gene de P2Y2 foi clonado de um neuroblatoma NG108-15 de camundongos (Kügelgen

e Wetter, 2000). Os nucleotídeos trifosfatos, incluindo UTP, ATP, diadenosina tetrafosfato

(Ap4A), UTPγS e ATPγS são potentes agonistas para tais receptores. Quando esses nucleotídeos

são degradados a UDP ou ADP não há ativação desses receptores, o que indica a seletividade

para nucleotídeos trifosfatos (Nicholas et al., 1996). Esses receptores possuem distribuição em

diversos tecidos como muscular esquelético, coração, pulmão, baço, rim, fígado e epitélio

(Ralevic e Burnstock, 1998).

Os receptores P2Y4 foram clonados de células da placenta humana (Communi et al., 1996) e

de coração de ratos (Bogdanov et al., 1998) e possuem agonista principais nucleotídeos derivados

da uracila. Esses receptores são ativados por UTP, ATP e Ap4A, em ratos. Os receptores P2Y4

são associados a dois tipos distintos de proteína G: a proteína Gi nos estágios iniciais e Gq/11 em

estágios tardios da sinalização para ativar a fosfolipase C, gerando IP3 (Robaye et al., 1997)

(Apud (Ralevic e Burnstock, 1998)).

Os receptores P2Y6 são ativados por nucleotídeos difosfatados. O UDP é o principal agonista.

Já ADP, ATP e outros derivados do 2-metiltio não são ativadores. Estes receptores estão

envolvidos com proteína Gq na estimulação da fosfolipase C e formação de IP3 (Ralevic e

Burnstock, 1998) e são amplamente encontrados em vários tecidos como: trato digestivo,

placenta, timo, cérebro, baço, aorta, coração e pulmão (Kügelgen e Wetter, 2000).

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Os receptores P2Y11 foram clonados a partir de células da placenta humana (Ralevic e

Burnstock, 1998). Eles são capazes de ativar duas vias: a primeira envolvendo proteína Gq,

fosfolipase C, PKC e variação de Ca2+ intracelular e a da proteína Gs com aumento de AMP

cíclico motivado pela atividade de adenilato ciclase (Lazarowski et al., 2003). O principal

agonista é o ATP, mas podem ser ativados por análogos como ATPγS e o 2-propiltio-β ,γ-

diclorometileno-d-ATP. Os receptores P2Y11 possuem um papel importante na diferenciação de

linfócitos (Communi et al., 1997).

Recentemente clonados, os receptores P2Y12 são acoplados a proteína Gi e possuem papel

importante na agregação plaquetária quando estimulados por ADP e associados ao receptor P2Y1

ligado a Gq (Bordor et al., 2003). A ativação concomitante destes dois receptores resulta em

ativação de um subtipo de PKC e conseqüente agregação plaquetária. Em 2003, Bodor e

colaboradores purificaram um receptor P2Y12 recombinante de bacilovírus em células SF9 de

insetos e reconstituíram em vesículas lipídicas sua funcionalidade, demonstrando que seu

agonista mais potente é o 2MeSADP e que o ATP possui ação inibitória a ação do 2MeSADP.

Sozinho, o ATP não induz resposta (Bordor et al. 2003). O receptor P2Y12 está acoplado a

inativação de adenilato ciclase (Sak e Webb, 2002).

Os receptores P2Y13 possuem alta homologia em sua seqüência com receptores P2Y12

(Marteau et col., 2003). O ADP é o principal ativador dos receptores P2Y13. Quando ativado, eles

associam-se a proteína Gα1, inibindo a atividade de adenilato ciclase (Zhang et al., 2002),

podendo ter como agonista o 2MeSATP (Marteau et col., 2003). Os efeitos estimulatórios do

ADP são inibidos por azul reativo-2, suramina, ácido piridoxal- fosfato-6-azofenil-

2',4'disulfônico, diadenosina tetrafosfato e ácido 2-(propiltio)-5'-adenil, monoanidrido com

diclorometilenobis (ácido fosfórico) (AR-C67085MX), sendo este o mais potente antagonista

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(Marteau et col. 2003). Tais receptores estão relacionados à regulação de canais iônicos e queda

da concentração de AMP cíclico.

O papel funcional dos receptores P2Y14 ainda não está totalmente claro, mas estudos têm

relacionado o possível envolvimento deles com a quimiotaxia de células-tronco de tecido

hematopoiético bem como, a regulação e maturação destes tipos celulares (Lee et al. 2003).

Clonados recentemente, estes receptores possuem estruturas muito similares aos membros da

família de receptores P2Y, mas sua farmacologia parece bem distinta, pois eles são sensíveis a

UDP-glicose (Abbracchio et al. 2003).

A tabela 1 resume algumas características dos receptores P2Y quanto, aos agonistas,

antagonistas.

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1.2.2 Receptores P2X.

Os receptores da família P2X diferem-se da família dos P2Y em sua estrutura molecular e em

suas funções (Figura 2). Esses receptores são compostos por cadeias protéicas de 384 a 595

aminoácidos, dois domínios transmembrana hidrofóbicos, separados por uma região extracelular

com 10 cisteínas e seis sítios de N-glicosilação (Asn-X-Ser/Thr). Estas cisteínas podem estar

envolvidas na formação da estrutura terciária da proteína, permitindo a formação de pontes

disulfeto. As regiões carboxiterminal e amino-terminal estão voltadas para o citoplasma.

Acredita-se que os sítios de glicosilação possuam participação funcional importante em cada

receptor (Di Virgilio et al. 2001).

Além das interações homoméricas, evidências bioquímicas e farmacológicas têm

demonstrado associação heteromérica das subunidades protéicas dos receptores P2X, tais como,

P2X2/P2X3, P2X4/P2X6, P2X1/P2X5 (North, 2002). Estes receptores possuem em comum a

Figura 2: Topologia das subunidades dos receptores P2Y e P2X na membrana. Receptores P2Y (i) são típicos receptores com 7 domínios transmembrana de cadeias polipeptídicas com N- e C- terminais voltados para o meio externo e citoplasmático da membrana, respectivamente. Receptores P2X (ii) são formados de duas subunidades transmembrana com C- e N- terminais voltados para o meio citoplasmático. As subunidades do receptor P2X7 diferem do outros membros da família P2X pela maior cadeia carboxiterminal (iii). (Adaptado de Di Virgilio, 2001)

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13

propriedade da formação de canais seletivos para cátions (Na+, K+, e Ca2+), com abertura em

menos de 10 milisegundos após o estímulo, que levam à despolarização da membrana e ao

aumento na concentração de Ca2+ livre no citosol (Abbracchio e Burnstock, 1998).

O agonista natural principal dos receptores P2X é o ATP (Abbracchio e Burnstock, 1998).

Este nucleotídeo pode ser encontrado, em soluções fisiológicas, tanto sob a estrutura de ATP4-

como ligado aos íons magnésio (MgATP2-), cálcio (CaATP2-) ou hidrogênio (HATP3-) (Albert et

al., 2002).

Os receptores P2X são classificados em sete tipos (P2X1-7) de acordo com suas características

estruturais e informações farmacológicas. Os receptores P2X1 foram inicialmente clonados de

preparações de vasos deferente de ratos, de humanos e da bexiga urinária de camundongos e

possuem 399 aminoácidos (Di Virgilio, 2001). Seus agonistas são o 2-metiltioadenosina trifosfato

tetrasódio (2-MeSATP), ATP, α,β-metileno 5`-trifosfato de adenosina dilítio (α,β-meATP) e

adenosina 5´difosfato (ADP). O principal antagonista é o ácido tetrasódio piridoxal- fosfato-6-

azofenil-2`,4`-disulfônico (PPADS) (Apud (North, 2002)).

Os receptores P2X2 foram clonados a partir de células PC12 de ratos e possuem 41% de

homologia com o receptor P2X1 (Brake et al., 1994; Ralevic e Burnstock, 1998). Eles possuem

dois “splices” variantes de 472 e 401 aminoácidos (Di Virgilio, 2001) e as respectivas proteínas

recombinantes são ativadas pelo agonistas eqüipotentes 2MeSATP e 5-Ò-(3-tiotrifosfato)

tetralítio de adenosina (ATPγS). As respostas a pequenos pulsos de ATP são bloqueadas por íons

de cálcio (IC50 = 5 mM ) (North, 2002).

Os receptores P2X3 foram clonados a partir de gânglio dorsal de ratos e possuem 43% de

homologia com o receptor P2X1 e 47% com o receptor P2X2 (Ralevic e Burnstock, 1998).

Possuem 397 aminoácidos em sua composição e seus principais agonistas são 2MeATP, ATP,

α,β-meATP (North, 2002).

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Os receptores P2X4 foram clonados a partir de células do gânglio superior cervical, cérebro,

hipocampus e células de ilhota pancreática. O DNA complementar foi isolado de humanos,

camundongos, pintos e Xenopus. Sua estrutura é composta de 455 aminoácidos, com dois

“splices” variantes de 388 e 329 aminoácidos e seu principal agonista é o ATP (Di Virgilio,

2001). O receptor P2X5 foi clonado de gânglio celíaco de ratos por Collo et al., (1996). As

correntes de influxo são ativadas pelo 3`-O-(4-benzoil- )-5`-trifosfato de adenosina (BzATP) além

de ATP, 2MeATP e ADP e inibidas por suramina e PPADS (North, 2002).

Os receptores P2X6 foram isolados do gânglio cervical superior de ratos por Collo et al.

(1996) e seus agonistas são o BzATP, ATP, 2MeSATP, ADP e sua estrutura é composta de 379

aminoácidos. As correntes geradas pela ativação do receptor são bloqueadas com a adição de

PPADS ou suramina (Ralevic e Burnstock, 1998; Di Virgilio, 2001; North, 2002).

Os receptores P2X7, por sua vez, foram clonados de cérebro de ratos e são compostos por 595

aminoácidos (Suprenant et al., 1996). Estes receptores apresentam características atribuídas até

então ao receptor P2z e originalmente descritas em macrófagos, mastócitos, fibroblastos,

linfócitos e em outras células do sistema imune. Experimentos de co-imunoprecipitação

demonstraram que os receptores P2X7 são os únicos membros da família dos receptores P2X que

não se associam a outros P2X (Suprenant et al., 1996; Torres et al., 1999).

Além de estarem associados à abertura de um canal catiônico como os demais P2X, os

receptores P2X7 induzem à formação de um poro não seletivo na membrana citoplasmática que

permite a passagem de moléculas até 900Da. Para que haja abertura do poro, são necessárias

concentrações de ATP 10 a 100 vezes maiores que as utilizadas para ativação de outros

receptores (Suprenant et al., 1996; Torres et al., 1999). Entretanto, ainda não foram descobertas

as moléculas que compõem este poro e tampouco as vias de sinalização que induzem a sua

formação.

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15

Os receptores P2X ainda podem ser divididos em dois grupos: aqueles que sofrem rápida

dessensibilização (P2X1, P2X3) e os de dessensibilização lenta ou nula (P2X2, P2X4 P2X5, P2X6,

P2X7) (Ralevic e Burstock, 1998). Os receptores P2X1 e P2X3 sofrem dessensibilização quando a

exposição ao agonista ultrapassa 100 milisegundos. Os receptores P2X4 dessensibilizam após 5 a

10 segundos e os demais receptores não apresentam dessensibilização (North, 2002).

A dessensibilização é o processo no qual a resposta celular decai quando o estímulo prolonga-

se por um determinado tempo. Quando receptores de membrana sofrem a ação contínua de um

agonista, as células podem endocitar ou seqüestrar temporariamente seus receptores para o

citoplasma. As ações prolongadas de agonistas podem resultar na destruição dos receptores em

lisossomos ou na inativação rápida do receptor, a partir de fosforilação de resíduos específicos

após a ativação. A dessensibilização pode também ocorrer através da mudança conformacional da

proteína, pela presença de bloqueadores do sítio ativo das proteínas ou por outros mecanismos

(Alberts et al., 2002).

A tabela 2 resume algumas características dos receptores P2X quanto aos agonistas e

antagonistas.

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17

1.2.3 Receptores P2X7

Os receptores P2X7 estão presentes em diversos tipos celulares de mamíferos, incluindo o

sistema nervoso central, células epiteliais e hematopoiéticas. No sistema imune e hematopoiético,

estão expressos em células dendríticas, monócitos, macrófagos, timócitos, linfócito T e B, células

“natural killer”, neutrófilos e mastócitos (Di Virgilio et al., 2001). Possuem 40-45% de

homologia com os demais P2X, mas em estrutura apresentam uma cadeia carboxiterminal com

100-200 aminoácidos a mais que os demais da sua família (Wilson et al., 2002). Utilizando o

extrato bruto células HEK transfectadas com o P2X7 foram detectadas duas proteínas de 79kDa e

67kDa através da técnica de western-blot em gel denaturante (SDS-PAGE), sendo relacionadas as

possíveis formas glicosilada e não-glicosilada destes receptores (Kim et al., 2001b).

A estrutura dos receptores P2X7 consiste de 13 exons, sendo que os exons 12 e 13 codificam a

cauda carboxi- terminal (Rassendren et al., 1997). Basicamente, os receptores P2X7 diferem dos

outros P2X por possuírem 595 aminoácidos, um domínio C-terminal com 242 resíduos e pela

característica peculiar que consiste na abertura de um poro na membrana plasmática após a

estimulação contínua com ATP, não-seletivo e com tamanho estimado entre 3-5nm (Baraldi et

al., 2003).

A ativação do receptor P2X7 gera um processo de despolarização rápida da membrana da

célula e um influxo de cátions. A contínua ativação do receptor por 1-30 segundos aumenta a

permeabilidade, tanto para o influxo como para efluxo de diversos íons e a moléculas de até

900Da em macrófagos e 200-300Da em linfócitos (Wilson et al. 2002; Ralevic e Burnstock,

1998) (Figura 3A). A ativação de canais catiônicos associados aos receptores P2X7 depende de

concentrações micromolares de ATP extracelular. Somente quando estas concentrações atingem

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doses milimolares há a formação de um poro, que pode ser resultado de um conjunto de

moléculas que se agregam ou da dilatação do canal formado pelo P2X7 (Figura 3B).

Figura 3: Participação dos receptores P2X7 na formação do poro. (A) A estimulação dos receptores P2X7 com ATP causa inicialmente a rápida abertura do canal e concomitante influxo de Ca2+ e Na+ e efluxo de K+. Contudo, a constante estimulação com [ATP]= mM leva à formação de um poro reversível de membrana, permeável para diversas moléculas hidrofílicas com baixo peso molecular, como, Fura-2 ácido livre, Lúcifer yellow (LY), brometo de etídio (BE) e nucleotídeos. (B) O fenômeno de abertura do poro pode ser fruto da agregação de um número desconhecido de subunidades de P2X7 e/ou outras moléculas ainda não identificadas que interagem entre si por uma via desconhecida (Adaptado de Di Virgilio, 2001; Liang e Schwiebert, 2005).

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19

A hipótese de que o poro é um conjunto de moléculas diversas e não o resultado da agregação

do receptor P2X7 nos parece mais consistente. Em 1997, Coutinho-Silva e Persechini

demonstraram, pela primeira vez, a indução de corrente unitária de canais, estimulados por ATP

extracelular em macrófagos e células J774, via receptor P2X7. Através da técnica de pach-clamp

na configuração de “cell-attached”, observaram que a estimulação dos receptores associados a

nucleotídeos com ATP extracelular induzia a abertura de um poro de 400pS na região de

membrana interna à pipeta (Coutinho-Silva e Persechini, 1997). Esses registros permitiram inferir

que o receptor P2X7 ativaria uma cascata de sinalização induzindo a formação de um poro. Até

hoje, a identidade molecular desse poro não foi estabelecida.

A farmacologia dos receptores P2X7 tem sido alvo de muitos estudos. Em 1996, o BzATP foi

identificado como o seu agonista mais potente, seguido por ATP, 2MeSATP, ATPγS e ADP

(Surprenant et al., 1996). Dentre os antagonistas destacam-se o zinco (IC50 = 11 µM), o cobre

(IC50 = 0,5 µM), a suramina (IC50 > 300 µM em ratos) e seu análogo NF279 (IC50 = 10 µM),

PPADS (IC50 = 3 µM, com pré-incubação de 3 minutos em ausência de cálcio) e o azul brilhante

G-250 (IC50 = 10 nM em ratos; 200 nM em humanos). Os derivados de tirosina, como 1-(N,O-bis

(1,5-isoquinolinasulfonil)-N-metil-L-tirosil)-4-fenilpiperasina (KN-62; IC50 = 51nM efeito

antagonista e IC50 = 500nM completa inibição em humanos) e seus análogos, vem sendo

demonstrados como potentes antagonistas para os diversos fenômenos fisiológicos envolvendo o

receptor P2X7, como secreção de citocinas e abertura do poro (Baraldi et al., 2003; Burnstock e

Knight 2004).

O ATP oxidado (2’-3’ Dialdeido derivado do ATP, IC50 = 100µM) foi proposto como

antagonista seletivo para os receptores P2X7 por ser capaz de inibir de forma eficiente o

fenômeno da permeabilização e reagir possivelmente com resíduos de lisina presentes nos

domínios que ligam ATP em diversas proteínas (Murgia et al., 1993). Entretanto, sua forma de

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ação não é bem conhecida. Sua ação requer longo tempo de incubação de 120 minutos, para

completa inibição dos fenômenos de permeabilização envolvendo os receptores P2X7.

Recentemente, demonstrou-se que esse reagente poderia ser endocitado e atuar em alguma via

intracelular de quinases (Di Virgilio, 2003) e que, em tempos tão curtos quanto 5 min poderia

inibir um receptor de ADP, possivelmente o P2Y1 (Cruz et al., 2006).

1.2.4 Propriedades do poro e canal ativados pelo receptor P2X7

A condutância da abertura do canal unitário é de 5-8pS, enquanto que a do poro chega a

400pS (Persechini et al., 1998). Quando os receptores P2X7 são ativados por seus agonistas, as

concentrações intracelulares de Ca2+ livre aumentam. O aumento das concentrações intracelulares

de Ca2+ podem também gerar um grande efluxo de K+ através da ativação de canais de K+

dependentes de Ca2+, levando a hiperpolarização da membrana e fechamento do poro (Persechini

et al., 1998) (Figura 4). Apesar do influxo de Ca2+ estar associado à despolarização da

membrana, a abertura do poro é independente da presença deste íon tanto no meio intra quanto

extracelular (Monteiro-da-Cruz et al., 2006).

Em macrófagos, a abertura de poros é observada em regiões da membrana celular protegidas

pelo selamento da pipeta de registro e que, portanto, não entraram em contato com ATP

(Persechini et al., 1998; Coutinho-Silva et al., 1997). Estes dados sugerem que os mecanismos

que levam à abertura do poro estão associados a segundos mensageiros. Estudos recentes que

usam os receptores P2X7 recombinantes e transfectados em células que não expressam outros

receptores P2 endógenos demonstraram que os receptores P2X7 seriam intermediários para a

ativação da transdução de sinais extracelulares mediados por quinases (Gendron et. al. 2003;

Amstrup et. al. 2003). Mas a relevância de MAPKs (proteínas quinases ativada por mitógenos)

para a indução da permeabilização da membrana ainda permanece incerta. Apesar de Farias, R.

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21

X. et. al. (2004) terem sugerido a participação da via das MAPKs, ERKs e p38 e sinalização de

Ca2+ na formação do poro ativado pelo P2X7, dados de nosso laboratório indicam que nenhuma

dessas vias é essencial para formação de poro, persistindo a questão de quais mecanismos

envolveriam a cascata de sinalização para formação do poro (Monteiro-da-Cruz, C. et. al., 2006).

Figura 4: Modelo proposto da regulação do poro associado à indução de permeabilização por ATP extracelular. A figura mostra uma hipótese para os fenômenos descritos até hoje, sugerindo a participação de uma sinalização intracelular para que ocorra o fenômeno de abertura do poro. (Be = brometo de etídeo e Ly = lucifer yellow). (Adaptado de Persechini et al., 1998)

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22

Em 2001, foram criados camundongos deficientes para o receptor P2X7, férteis e viáveis

(Solle et al., 2001). Macrófagos extraídos destes animais, quando tratados com ATP em doses

milimolares, permaneciam com suas membranas impermeáveis ao corante YO-PRO, indicando a

não abertura de poro (Chulé et al., 2001). Células que não expressam o receptor P2X7 são capazes

de formar poro quando são transfectadas com o receptor e posteriormente estimuladas com ATP

(Barden et al., 2003). Entretanto, células transfectadas com o receptor sem o C-terminal, quando

tratadas com ATP, apresentam formação de canais associados ao receptor, mas se mantêm

impermeáveis aos corantes fluorescentes como o YO-PRO, indicando que o domínio C-terminal é

essencial para induzir as cascatas de sinalização que levam a abertura do poro (Surprenant et al.,

1996).

Com a descoberta de alguns mutantes dos receptores P2X7 na natureza, trabalhos recentes têm

discutido a relação entre a posição de alguns aminoácidos da cadeia polipeptídica do receptor e a

permeabilidade celular. Uma das primeiras mutações identificadas foi decorrente de pacientes

com Leucemia Linfocítica Crônica (CLL), atendidos no Hospital Nepean, de julho de 1999 a

dezembro de 2001 (Wiley et al., 2002). Neles foram encontradas as perdas de função dos

receptores P2X7 em linfócitos B, sendo correlacionados a uma anomalia gerada pela substituição

do ácido glutâmico por alanina, na posição 495 da região C-terminal dos receptores,

inviabilizando a abertura do poro (Gu et al., 2001; Wiley et al., 2002) (Figura 5). Esse tipo de

mutação poderia estar correlacionado à progressão dessa leucemia.

Posteriormente, mutantes para algumas regiões da cadeia polipeptídica do receptor P2X7

foram construídos e testados “in situ”, com o objetivo de determinar quais regiões poderiam estar

envolvidas com sua ativação. Receptores onde a prolina 210 do C-teminal foi substituída por

alanina, permaneceram funcionais (Worthington et al., 2002). Entretanto, aqueles em que as

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lisinas 193 e 311 do C-terminal foram substituídas por alanina, perderam a propriedade de

permitir a entrada do brometo de etídeo para o meio intracelular após estimulação com ATP

(Barden et al., 2003).

Ensaios funcionais demonstraram que na estimulação dos receptores P2X7 ocorre a

defosforilação do aminoácido tirosina da posição 343 da cauda C-terminal ativando a abertura

dos canais iônicos seletivos a cátions (Kim et al., 2001). Outros estudos observaram a interação

do C-terminal dos receptores P2X7 com membro da família de proteínas de membrana epitelial

(EMP-1, EMP-2 e PMP-22) (Wilson et al., 2002).

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Figura 5: Topologia do receptor P2X7 na membrana. Na porção extracelular observa-se o sítio de ligação do ATP ao receptor P2X7. As setas pretas indicam sítios de glicosilação. Na membrana celular observam-se os dois possíveis domínios transmembrana hidrofóbicos do receptor (M1 e M2). Na porção intracelular encontram-se as regiões N-terminal e C-terminal, estando associada a esta uma cadeia de 240 aminoácidos com o ácido glutâmico substituído por alanina na posição 496 (Adaptado de Wiley et al., 2002).

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1.3 Receptores P2 e macrófagos

Os macrófagos têm sido utilizados como modelo de estudo para receptores P2 por duas

décadas. Uma das primeiras descrições do ATP induzindo permeabilização em macrófagos data

de 1987, em que receptores ativados por ATP foram observados na linhagem de macrófagos J774

(Steinberg e Silverstein, 1987). A estimulação induzia o aumento da permeabilidade da

membrana plasmática, podendo resultar na morte da célula. Na mesma época, foi demonstrado

que macrófagos J774 também expressavam receptores da família P2Y, induzindo o influxo de

cálcio intracelular por um processo independente do mecanismo de permeabilização celular (Di

Virgilio et al., 2001).

Alguns trabalhos têm focado na caracterização e descrição dos subtipos de receptores P2X e

P2Y existentes em macrófagos de tecidos de mamíferos. Macrófagos derivados de monócitos

humanos são susceptíveis a permeabilização e expressam os receptores P2X7. Linhagens de

monócitos humanos, como U937 e THP-1, expressam outros receptores: P2Y2, P2Y4 e P2Y6 (Di

Virgilio et al., 2001). Na maturação de monócitos para macrófagos, o RNA mensageiro do P2Y2

decai, enquanto que o RNA mensageiro do P2X7 aumenta (Dubyak et al., 1996).

Em macrófagos alveolares de rato foram identificados os receptores P2X1, P2X4 e P2X7,

P2Y1, P2Y2, P2Y4 e P2Y12, sendo que os receptores P2X2, P2X3, P2X5, P2X6 e P2Y6 não foram

detectados pela técnica de RT-PCR (Bowler et al., 2003). Entretanto, os resultados de

imunohistoquímica apresentaram forte expressão para os receptores P2X4 associados à

membrana, e nenhuma imunoreatividade com receptores P2X1 (Bowler et al., 2003).

Coutinho-Silva e colaboradores (Coutinho-Silva et al 2005), mostram a diversidade dos

receptores P2X e P2Y em outros macrófagos de diversos tecidos de ratos e camundongos. Neste

estudo, foi investigada a expressão de P2X e P2Y em baço de rato, macrófagos de peritônio e

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células J774, através de técnicas como imunofluorescência, citometria de fluxo, “western-blot” e

RT-PCR. Foram utilizadas também as técnicas de eletrofisiologia e medida de cálcio intracelular

para correlacionar a expressão funcional destes receptores com a resposta fisiológica aos

agonistas e aos antagonistas. Foi descrito que os receptores P2X4 e P2X7 são os mais

proeminentes nos macrófagos estudados, enquanto a expressão dos outros membros da família

P2X é variável. Quanto à família dos P2Y, foi demonstrada a presença de RNAm e a proteína de

P2Y1, P2Y2, P2Y4. Para o Somente o receptor P2Y6 somente foi detectado o RNAm. Células da

linhagem J774 possuem os receptores P2X2, P2X4, P2X6, P2X7, P2Y1, P2Y2, P2Y4 enquanto que

os macrófagos de baço de camundongos expressam P2X3, P2X4, P2X5, P2X6, P2X7. Em

macrófagos de peritôneo foi evidenciando a presença de P2X4, P2X6, P2X7 (Coutinho-Silva et al

2005).

Macrófagos de vários tecidos possuem alta expressão e distribuição dos receptores P2X7 na

membrana plasmática. Desta forma, sua utilização como modelo celular de estudo pode permitir a

caracterização do fenômeno de morte celular pelo receptor P2X7, além de possibilitar estudos

sobre a fisiologia pouco conhecida deste receptor em diversos sistemas de regulação da

homeostase celular e tecidual.

1.4 ATP e morte celular

A observação que a presença de ATP no meio extracelular poderia levar à morte celular foi

feita pela primeira vez na década de 80. Apesar de diversos autores terem evidenciado esse

fenômeno em diversos tipos celulares como hepatócitos e linfócitos, não se sabia de fato qual era

o padrão de morte celular (Di Virgilio et al., 1988).

Zanovello e colaboradores (Zanovello et. al, 1990), usando linhagens celulares de origem

linfóide, determinaram que a exposição contínua a doses de 5 mM de ATP pode induzir à morte

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celular tanto por necrose, quanto por apoptose. Posteriormente, Zheng e colaboradores,

demonstraram que timócitos expostos à faixa de concentração de 0,5 a 5 mM de ATP morriam por

apoptose (Zheng et al., 1991). Somente, ao final da década de 90, foi evidenciado o envolvimento

do receptor P2X7 na morte celular pela exposição ao ATP extracelular, com a utilização de

agonistas e antagonistas, anticorpos e a ferramentas de biologia molecular (Humphreys et al.,

2000, Nagy et al., 2000).

Quando as células são estimuladas com ATP em doses milimolares por alguns minutos, há

alteração na sua morfologia como arredondamento, formação de “blebbing” e morte por apoptose

ou necrose. Estudos mostram que o C-terminal do receptor P2X7, associado a outras proteínas,

estaria envolvido na sinalização culminando na formação de “blebbing” na membrana e morte

celular (Wilson et al., 2002).

As proteínas transmembrana podem estar associadas e/ou interagir com diversas proteínas

extracelulares ou intracelulares sendo elas estruturais ou não estruturais. Em 2001, Kim e

colaboradores demonstraram por imunoprecipitação que o receptor P2X7 está associado a um

complexo protéico constituído pelas proteínas de matriz extracelular laminin α3; proteínas do

citoesqueleto α-actinina 4, β-actina e supervilina, uma subunidade de integrina β2; uma proteína

de suporte celular MAGuK; chaperonas, Hsp90, Hsp70, Hsp71 e proteínas de sinalização celular

tirosina fosfatase-β (RPTPβ) e a fosfatidilinositol 4-cinase (PI4K) (Kim et al., 2001).

Em 1999, Ferrari e colaboradores verificaram que a ativação do receptor P2X7 em linhagem

celular de microglia induz a clivagem das pró-caspases 1, 3 e 8 (Ferrari et al., 1999). Além disso,

foi verificado que laminin B e PARP, substratos para a ação das caspases, eram clivados. A

inibição de caspases levava a uma inibição de morte celular por apoptose, mas levava também à

liberação de LDH (Ferrari et al., 1999). Outro dado interessante foi a detecção do aumento da

expressão da proteína p53 após o tratamento de células mesangliais com ATP e outros agonistas

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do receptor P2X7 (Schulze-Lohoff et al., 1998). Entretanto não ficou esclarecido qual o papel da

proteína p53 na indução da apoptose induzida pelo ATP.

A adição de ATP no meio extracelular também leva à ativação de JNK (c-Jun N terminal

Kinase – quinase do N-terminal de c-Jun) (Humphreys et al., 2000). JNK é uma quinase ativada

por estresse oxidativo que pode estar envolvida em diversos processos biológicos que vão da

indução de proliferação celular à apoptose. A ativação da JNK acontece após a ligação do ATP

com o receptor P2X7 e é independente de caspase 1 e 3. Ainda é necessário verificar a ativação da

JNK é um fenômeno paralelo, ou se esta proteína quinase está envolvida na indução de apoptose

pelo receptor P2X7 (Humphreys et al., 2000).

Os receptores P2X7 estão associados à secreção e à maturação de lL-1ß e à indução da morte

celular quando estimulados com ATP em doses milimolares (Di Virgilio, 2001). Em mastócitos,

foi evidenciado que o sinal de indução de apoptose via P2X7 por ATP extracelular possui uma via

que também dispara a expressão de diversas citocinas (IL1β , IL-2, IL-4, IL-6, IL-7, IL-13, IL-15,

IL 18 e TNF-α) estando correlacionado com a fosforilaração de proteínas como as STATs, ERK1

(p44) e ERK2 p42), bem como algumas Jak2 (Bulanova et. al., 2005).

Os efeitos da ativação do receptor P2X7 podem, ainda, serem observados na morte de diversos

parasitas intracelulares. Macrófagos infectados com Mycobacterium bovis conseguem reduzir a

viabilidade do parasita quando são tratados com ATP e BzATP (Molloy et al., 1994; Smith et al.,

2001). Este efeito é bloqueado com a utilização do ATP oxidado e a adição de UTP não altera a

viabilidade da bactéria. Em macrófagos infectados com Mycobacterium tubeculosis, há formação

de fagolisossomos no interior das células tratadas com ATP (Fairbain et al., 2001). O mesmo

acontece com macrófagos infectados com Chlamydia trachomatis, em que o tratamento com ATP

leva à fusão de lisossomos e vacúolos contendo o parasita, ativação de fosfolipase D e à morte do

parasita (Coutinho-Silva et al., 2003).

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Macrófagos ativados por LPS ou por Pseudomonas aeruginosa secretam ATP para o meio

extracelular (Ferrari et al., 1997). Mas, como defesa das bactérias na indução da morte celular, há

liberação de ectonucleotidases (5`nucleotidases), ATPases e outras enzimas que degradam o ATP

em subprodutos, que não possuem atividade nos fenômenos que culminariam na morte via P2X7.

Os receptores para nucleotídeos podem também participar do processo de involução do timo

induzido pela infecção por Trypanossoma cruzi (Mantuano-Barradas et al., 2003). Durante o

processo de infecção, células duplo-positivas CD4+/CD8+ têm aumento de permeabilidade

induzida por ATP, sugerindo a participação do receptor P2X7.

ATP extracelular é capaz de ativar a fosfolipase D via o receptor P2X7 em linhagem celular

de astrócitos (Sun, et al., 1999). A ativação de PLD inibe a atividade infecciosa e leva à morte de

Chlamydia e de Mycobacterium tuberculosis em macrófagos através da cascata de sinalização

intracelular disparada pela ativação do receptor P2X7 (Coutinho-Silva et al., 2003; Kusner e

Adams, 2000).

Algumas isoformas de fosfolipase A2 também podem ser ativadas a partir da sinalização do

P2X7. Apesar dos poucos estudos relacionando essas enzimas com o receptor P2X7, foi descrita a

ativação de duas isoformas citosólicas de fosfolipases A2 por agonistas de receptores para

nucleotídeos em células de glândulas submandibulares de rato, sendo que a secreção de calicreína

está relacionada com a isoforma independente de Ca2+ (Alzola et al., 1998). Dados recentes de

nosso grupo demonstram a participação de fosfolipases do tipo A2 na indução da morte celular

via ativação do receptor P2X7 por ATP. Temos evidências de que a morte por apoptose via P2X7

é inibida por mepacrina, um inibidor genérico de fosfolipases A2 e por bromoenol lactona (BEL),

um inibidor seletivo para fosfolipase citosólica independente de Ca2+ o que nos permitiu levantar

a hipótese de trabalho do envolvimento de eicosanoides, como lipoxigenases e cicloxigenases na

apoptose induzida por ATP via P2X7 em macrófagos.

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1.5 Eicosanoides e morte celular

Em macrófagos peritoneais de camundongos o ATP estimula a síntese de eicosanoides,

(Pfeilschifter et al., 1989). A rota dos eicosanóides inicia-se com a liberação do ácido

araquidônico a partir de fosfo lipídios das membranas celulares, por ação de uma fosfolipase A2.

A superfamília das fosfolipases A2 (PLA2) consiste em um grande grupo de enzimas definidas

por catalisar especificamente a hidrólise da ligação éster liberando ácidos graxos da posição sn-2

de fosfolipídios insaturados (Diaz e Arm, 2003) (figura 6). Como conseqüência são também

gerados lisofosfolipídios. Os ácidos graxos liberados pela ação da PLA2, como o ácido oléico

(AO) e o ácido araquidônico (AA), podem ser importantes reservatórios de energia, porém a

função mais importante exercida pelo AA é sua participação na via de sinalização intracelular e

atuando como precursor de eicosanóides, potentes mediadores inflamatórios e transdutores de

sinal (Gaddi et al., 2004).

Em cada tipo de célula ou tecido existe um conjunto de enzimas, que transforma o ácido

araquidônico em seus metabólitos, os eicosanóides, tais como: prostaglandinas, tromboxanos,

lipoxinas e leucotrienos (Gaddi et al., 2004). Duas famílias de enzimas chaves iniciam essas

rotas: as cicloxigenases para as prostaglandinas e os tromboxanos, e as lipoxigenases, para

leucotrienos e lipoxinas (Taketo e Sonoshita, 2002).

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Figura 6 – Ação de PLA2 sobre fosfolipídio de membrana gerando ácido araquidônico. Na posição (sn-2) do fosfolipídio está ligado o ácido araquidônico (AA) que é liberado pela ação da enzima PLA2 (em azul). O AA é metabolizado por enzimas lipoxigenases e cicloxigenases, gerando leucotrienos, tromboxanas e prostaglandinas.

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1.5.1 Prostaglandinas

O AA é o precursor de uma grande família de compostos denominados eicosanóides, com um

grande potencial biológico para sinalização nos tecidos onde são produzidos. A prostaglandina-

endoperóxido-sintase, ou cicloxigenase (COX) é a enzima responsável pela conversão de AA,

através da adição de oxigênio, formando o composto PGH2, precursor imediato de tromboxanos e

outras prostaglandinas, dos grupos E e F (Cheng et al., 2003). Como ácido graxo livre (ácido 5, 8,

11, 14-eicosatetraenóico), o AA é encontrado em baixas concentrações no citoplasma devido ao

fato da COX ter avidez em metabolizá- lo. Tais classes de sinalizadores contêm um anel de cinco

ou seis átomos e sua via de síntese pode ser chamada de “cíclica”, diferenciando-a da via “linear”

que dá origem aos leucotrienos. Basicamente, duas isoformas tem sido classicamente

identificadas em diversos conjuntos celulares: COX-1 expressa constitutivamente e COX-2 que é

induzida por fatores de crescimento e citocinas (Cheng et al., 2003).

As prostaglandinas são conhecidas por atuar em diversos tecidos como reguladoras da síntese

do mensageiro intracelular 3’, 5’-AMP cíclico (AMPc). Pelo fato de o AMPc regular a ação de

vários hormônios, as prostaglandinas conseguem afetar funções celulares de muitos tecidos, tais

como o fluxo sanguíneo de alguns órgãos e as respostas de tecidos a estes hormônios.

Prostaglandinas podem ainda elevar a temperatura corpórea, produzindo febre, e causar

inflamação local (Alberts et al., 2002).

1.5.2 Leucotrienos

Inicialmente, a síntese de leucotrienos foi descrita em polimorfonucleares e em monócitos. Os

leucotrienos são uma importante parte da família de eicosanoides e potentes mediadores lipídicos

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envolvidos em doenças alérgicas e asma. Eles são produzidos em respostas inflamatórias por

leucócitos polimorfonucleares, macrófagos ativados e mastócitos (Peters-Golden e Brock, 2003).

Durante a resposta imune inata e/ou adaptativa as células dendríticas processam o ácido

araquidônico convertendo-o em leucotrienos pró- inflamatórios (Hedi e Norbert, 2004). Taketo e

Sonoshita demonstraram que os leucotrienos também são capazes de ativar a via de caspases,

induzindo, de maneira intrínseca, à apoptose das células (Taketo e Sonoshita, 2002).

A biosíntese de leucotrienos é iniciada através da conversão de ácido araquidônico em

diversos subprodutos, sendo ativado por vários tipos de estímulos, incluindo antígenos,

micróbios, citocinas, complemento, radicais oxidantes, complexos imunes e toxinas (Peters-

Golden e Brock, 2003). Estes estímulos ativam uma cascata de sinalização que gera a formação

dos produtos enzimáticos ativos da via dos leucotrienos. Além disso, uma vez formados, os

leucotrienos ativam seus respectivos receptores extracelulares (Peters-Golden e Brock, 2005).

As fosfolipase A2 (PLA2), sendo do grupo secretório ou citosólico, inicializa as cascatas de

produção dos mediadores lipídicos por catalizar a hidrólise de fosfolipidios de membrana

liberando o ácido araquidônico (AA). O AA livre é oxidado na posição do carbono 5 e

subseqüentemente desidratado pela ação da enzima 5- lipoxigenase (5-LO) que está acoplada à

membrana nuclear ligada à FLAP (proteína ativadora de 5-LO). A oxidação do ácido

araquidônico leva à formação de um metabólito denominado de hidroperóxido (5-HPETE) que

por ação da 5-LO gera um epóxido intermediário, o LTA4 (leucotrieno A4), através da ligação

covalente de dois oxigênios nos carbonos 5 e 6. A ação da 5-LO requer a ativação de uma

proteína ativadora de 5-LO, FLAP, que se encontra constitutivamente na membrana nuclear, o

que a diferencia dos demais membros do grupo da lipoxigenases (Hedi e Norbert, 2004; Peters-

Golden e Brock, 2003).

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O LTA4 é instável e pode sofrer hidrólise pela LTA4 hidrolase, gerando LTB4 ou conjugar-se

com glutationa reduzida pela LTC4 sintase e gerar o leucotrieno C4 (LTC4). O LTC4 pode ser

modificado extracelularmente e gerar ainda LTD4 ou então LTE4. A retirada enzimática do ácido

glutâmico do LTC4 resulta na formação do LTD4 e a retirada da glicina do LTD4 resulta no

LTE4 (Peters-Golden e Brock, 2003; Peters-Golden et al., 2005).

Os leucotrienos podem ser divididos em duas classes: uma caracterizada pelo grupo CysLTs (

cisteinil leucotrienos) e outra formada pelo LTB4. A classe CysLTs engloba os leucotrienos C4,

D4, E4 (Hedi e Norbert, 2004). A cascata de conversão dos leucotrienos está resumida no quadro

a seguir (figura 7):

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Figura 7: Via de biosíntese de Leucotrienos. O ácido araquidônico é liberado dos fosfolipídeos de membranas pela ação da fosfolipase citosólica A2 (cPLA2) e é apresentado a enzima 5-LO pela FLAP. A enzima 5-LO converte o ácido araquidônico a um ácido instável intermediário, denominado 5-hidroperoxieicosatetraenoico (5-HPETE). Subseqüentemente, o 5-HPETE é desidratado e convertido a epóxido LTA4, um intermediário pivô na biosíntese de mediadores inflamatórios e anafiláticos. A hidrólise enzimática de LTA4 por LTA4 hidrolase resulta na formação de LTB4. Paralelamente, a LTC4 sintase cataliza a junção de LTA4 com glutationa para formar respectivamente LTC4, que pode ser convertido a LTD4 e LTE4 pelas ações das enzimas transferase e peptidase. (Hedi and Norbert, 2004)

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1.5.3 Regulação da 5-lipoxigenase (5-LO)

A 5-LO está presente no núcleo e no citosol de células não ativadas. Após a ativação celular e

liberação de ácido araquidônico, a enzima transloca para membrana nuclear. Assim como todas

as lipoxigenases, a 5-LO contém um átomo de ferro acoplado ao seu sítio catalítico que está

diretamente envolvido na catálise do ácido araquidônico. A oxidação do ferro para forma férrica é

crucial para a atividade da 5-LO, tendo uma relação inversa com os níveis de peróxidos. Há

poucos exemplos de inibidores endógenos da atividade da 5-LO. Entretanto, aparentemente,

espécies de oxigênios reativos podem alterar o estado oxidativo do ferro na 5-LO, afetando sua

atividade (Peters-Golden e Brock, 2003). Tem sido mostrado que o óxido nítrico (NO) pode ser

um potente inibidor da síntese de leucotrienos, inibindo a atividade de 5-LO recombinante através

de ações críticas sobre o átomo de ferro (Coffey et al., 2000). O NO pode interagir com espécies

reativas de peroxi-nitrito que pode também inibir a atividade de 5-LO (Peters-Golden e Brock,

2003).

O cálcio também parece ter importância na atividade da enzima. Na ausência do Ca2+ sua

atividade é mínima. Dados da literatura mostram que a 5-LO pode ser ativada por vias

dependentes de cálcio, através de fosforilação de quinases. A atividade da 5-LO pode ser

modulada por proteína quinase A (PKA) (Flamand et al., 2002), proteína quinase C (PKC)

(Hoffman et al., 1991), proteína tirosina quinase (PTK) (Lepley et al., 1996) e proteínas quinases

ativada por mitógenos (MAPK) (Werz et al., 2000). Alguns trabalhos mostram que ao usar

inibidores de fosforilação de MAPK (Werz et al., 2000) ou PKT (Lepley et al., 1996) há redução

na capacidade da síntese de leucotrienos, sugerindo alterações na expressão e atividade da 5-LO.

Recentemente, descobriu-se que o ATP e outros nucleotídeos poderiam aumentar a atividade

da 5-LO em lisados celulares (Ochi et al., 1983 Apud Peters-Golden e Brock, 2003). Mas o

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aumento da atividade com ATP não envolveria hidrólise de ATP ou formação de fosfato

inorgânico como energia. O ATP poderia se ligar à enzima diretamente, uma vez que 5-LO pode

possuir dois potenciais sítios de ligação. Aparentemente, o aumento da atividade da 5-LO pela

ação de ATP intracelular é dependente da presença de cálcio, mas este mecanismo ainda não foi

esclarecido (Peters-Golden e Brock, 2003). Em contrapartida, a adenosina é um inibidor de

síntese de leucotrienos e seus efeitos supressivos estão correlacionados com o aumento de AMP

cíclico, inibição de fluxo de Ca2+ e da liberação do ácido araquidônico (Flamand et al., 2000).

Os metabólitos dessas vias estão relacionados com diversos processos inflamatórios. A

ativação do receptor P2X7 gera formação e liberação de diversas citocinas, agentes quimiotáticos,

em contextos de inflamação e isquemia (Divilio et al, 2001b). Recentemente, foi demonstrado

que ativando receptores P2X7 em cultura de astrócitos há liberação de cisteinil leucotrienos e

aumento de expressão do RNA mensageiro de FLAP (Ballerini et al., 2005). Paralelamente,

dados de nosso laboratório sugerem o envolvimento de fosfolipases A2 citosólica independente

de Ca+2 e PKCs na morte celular por apoptose induzida por ATP extracelulares macrófagos.

Como ATP extracelular ativa formação e liberação de eicosanoides, resolvemos investigar se

essas vias estariam envolvidas na cascata sinalização de apoptose iniciada com a ativação do

P2X7.

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38

2 OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Ø Neste trabalho procuramos caracterizar a participação da via formadora de eicosanoides

na indução morte celular pela ativação dos receptores P2X7 através de seu agonista

fisiológico: ATP extracelular.

Objetivos Específicos:

Ø Caracterizar fenômenos morfológicos induzidos por ATP extracelular em macrófagos.

Ø Verificar se a indução de apoptose induzida por ATP extracelular em macrófagos é

dependente de P2X7.

Ø Verificar a possível participação eicosanoides na apoptose induzida pela ativação do

receptor P2X7

Ø Verificar se a via de leucotrienos e a de prostaglandinas participam da morte celular pela

ativação do receptor P2X7

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39

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Reagentes

DMEM e RPMI 1640, soro fetal bovino, penicilina e streptomicina foram obtidos de Gibco

BRL (Grand Island, NY, EUA). Brometo de etídeo foi comprado da United States Biochemical

(Cleveland, Ohio, EUA). Adenosina-5-Trifosfato (ATP), Ácido acetil-salicílico, Tioglicolato e

Triton-X 100, EGTA (etilenoglicol-bis (β-aminoetileter)-N, N, N’,N’-ácido tetra acético), foram

obtidos da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA). MK886 (Ácido 3-[1-(para-Chlorobenzyl)-5-

(isopropil)-3-t-butiltioindol-2-il]–2, 2-dimetilpropanóico), NDGA (Ácido Nordihidroguaiarético),

foram obtidos da Calbiochem (San Diego, CA, EUA). MgCl2 foi comprado da Reagen (Rio de

Janeiro, RJ, Brasil), L-NIL (dihydrochloride) e NS-398 foram comprados da Cayman. Brilliant

Blue G (BBG) foi comprado da SIGMA lot B0770-5G. O AA861 (inibidor de 5-LO); MK571

(antagonista do receptor cysLT1); CP105.696 (antagonista do receptor BLT1) são de origem do

Dr. Henry Showell (Pfizer, Groton, CT) e Zileuton (inibidor 5-LO) laboratórios Abbot, foram

doados pelo Dr. Henrique Serezani.

Foram utilizados os anticorpos primários anti-P2X7 (alomone labs. Current lot. AN-01); anti-

5-LO e 15-LO (Cayman lot.160402 e160704 respectivamente). Os anticorpos secundários foram

anti-sheep IgG (Sigma Lot. A3415) e anti-Rabbit IgG (Santa cruz ref. sc2004)

3.2 Células

Como modelos de estudo foram utilizados macrófagos intraperitoniais elicitados com 1mL

de tioglicolato (Difco) de camundongos SWISS-WEBTERS, C57/Bl6 (selvagens e deficientes de

P2X7) e da linhagem sv129 (selvagem e deficiente de 5-LO), pesando entre 20 e 30g com idade

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de 6 a 12 semanas. Após o quarto dia do estímulo, as células foram retiradas em 10mL de meio

DMEM (Dulbecco´s Modifed Eagle Medium) através da lavagem da cavidade peritoneal. As

células foram centrifugadas (500 x g) por 5 min, ressuspendidas em meio DMEM.

A determinação do numero de células presente em cada amostra foi realizada através de

contagem em Câmara de Neubauer, com auxilio de microscópio invertido e utilização de filtro de

contraste de fase. As células foram plaqueadas por 30min em meio DMEM (37oC, na estufa com

5% de CO2) de acordo com cada experimento. Em seguida as placas foram lavadas em meio

estéril por 3 vezes em PBS pH 7,4 estéril e mantidas em meio DMEM com 2 g/L de bicarbonato

de sódio, 5% de SFB, 100 U/mL de penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina em pH 7,4 na

estufa a 37oC com 5%CO2 por 4 dias.

3.3 Indução de morte celular

Os macrófagos, na concentração de 2x105 células por cada amostra experimental, foram pré-

incubados na presença ou ausência das drogas por 60 minutos a temperatura de 37ºC em DMEM.

Em seguida, as células foram incubadas na presença ou ausência de 5 mM de ATP por 20

minutos a 37ºC em DMEM. Após o período de incubação, os macrófagos foram lavados e

incubados por 6 horas na ausência de ATP e das drogas, em DMEM suplementado com 10% de

soro fetal bovino. Por fim, as células foram centrifugadas a 5585 x g por 60 segundos, o

sobrenadante foi recolhido para dosagem de lactato desidrogenase liberada e o pellet tratado com

200µL de tampão de lise e corante (50µg/mL de brometo de etídeo; 0.1% de citrato de sódio;

0.1% Triton-X 100).

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41

3.4 Detecção de apoptose por citometria de fluxo:

Uma das formas de detectarmos a ocorrência de apoptose é através da verificação do

conteúdo de DNA presente nas células. Em citometria de fluxo, este processo pode ser

evidenciado através do emprego de tampões contendo detergentes que permeabilizam a

membrana plasmática, bem como corantes que fluorescem ao se ligarem ao DNA, nos permitindo

avaliar o conteúdo de DNA da célula. Assim, ao analisarmos células somáticas normais por esta

técnica, poderemos detectar o conteúdo de DNA entre 2n e 4n, dependendo da fase do ciclo

celular em que ela se encontre, ou ainda núcleos hipodiplóides apresentando conteúdo de DNA

inferior a 2n: características de células permeabilizadas em processo de apoptose.

As células tratadas com o tampão de lise e corante foram utilizadas para determinação da

porcentagem de núcleos hipodiplóides caracterizando a morte apoptótica. Cinco mil eventos, por

amostra, foram contados usando o citômetro de fluxo FACSCalibur (Becton-Dickinson). Fazendo

a avaliação do espalhamento de luz frontal (foward scatter), pelo espalhamento de luz lateral

(side scatter), teremos a determinação do tamanho e a homogeneidade nuclear. A emissão de

fluorescência à 575nm na escala logarítmica (FL2) e à 633nm na escala linear (FL3), além da

área sobre a curva de fluorescência à 633nm (FL3 área) também foram parâmetros de análise.

Avaliando a relação entre FL-3, na abscissa, e FL-3 área, na ordenada, foi possível excluir os

eventos não encontrados dentro do espalhamento diagonal, local onde encontramos os

macrófagos que utilizamos. Os eventos dentro desse espalhamento obedecem a uma relação

direta entre tamanho e quantidade de material genético que será analisado. Assim, qualquer

evento fora dessa região não será avaliado, por corresponder a núcleos grumados, tamanho

pequeno e/ou muito material genético. O gráfico formado pela detecção em FL-2 nos dará um

perfil dos núcleos intactos e daqueles fragmentados.

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3.5 Dosagem de Lactato Desidrogenase:

Com a perda da integridade da membrana citoplasmática que ocorre na morte celular diversas

moléculas encontradas somente no interior da célula passam a ser observadas no meio

extracelular. Assim sendo, podemos utilizar a detecção destas moléculas no meio extracelular

como parâmetro para determinar o grau de morte celular. Dentre as diversas moléculas que

passam a serem encontradas no meio extracelular, uma que se destaca é a enzima lactato

desidrogenase (LDH). A utilização de LDH para determinar lesão membranar tem várias

vantagens: é expressa constitutivamente por todas as células já estudadas; está presente em altas

concentrações; é bastante estável.

Os sobrenadantes recolhidos da centrifugação na última etapa da indução de morte foram

comparados com um controle celular tratado com 0.1% Triton-X 100, representando este a

liberação máxima de LDH obtida. Adicionando-se 100µL da solução de substrato enzimático e

alúmen férrico aos 50µL do sobrenadante colhido, incubando por 3 minutos à temperatura

ambiente e em seguida, adicionando 100µL de NAD e incubando por mais 9 minutos à

temperatura de 37ºC (adaptado de Doles Ltda.) obteremos um valor para a densidade ótica (DO)

após análise por espectrofotometria ajustada para a leitura em ? 490nm. O percentual de

citotoxicidade poderá ser determinado a partir da seguinte fórmula:

3.6 “Western-blotting”

A utilização de tal procedimento permite identificar, de maneira específica, as proteínas

estudadas em nosso trabalho, através de anticorpos específicos. As diversas etapas estão relatadas a

Citotoxicidade = D.O.amostra - D.O.controle negativo (liberação min)

D.O.controle positivo (liberação max) - D.O.controle negativo (liberação min)

) (

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43

seguir:

3.6.1 Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida 10% (SDS PAGE)

Toda formulação do gel foi realizada em temperatura ambiente obedecendo ao tempo de

polimerização de 30 a 40 minutos em média, sendo feito primeiro o gel de separação (running

gel) e depois o gel de empacotamento de proteínas (stacking gel).

Para o gel de separação utilizou-se: Tris-base 1,5M pH 8,8; 10% poliacrilamida; SDS 1%,

0,05% de persulfato de amônio e 0,01% de TEMED. Para o gel de empacotamento utilizou-se:

Tris-base 1M pH 6,8; 3,9% de poliacrilamida; 1%SDS, 0,05% de persulfato de amônio e 0,01%

de TEMED.

3.6.2 Tratamento das amostras para utilização no gel desnaturante

Em cada amostra, adicionou-se tampão de amostra (40% β-mercaptoetanol, 4% dodecilsulfato

de sódio (SDS), 24% sacarose, 100mM Na2CO3, 4 mg/mL azul de bromofenol, 10% glicerol),

aquecendo a 98oC por 5 minutos em banho-maria.

A montagem do gel na cuba de eletroforese foi realizada segundo os critérios do fabricante

(Bio-Rad), utilizando-se géis com espessura de 0,5 mM. Em cada poço foram adicionadas 80µg

proteínas de cada amostra, correndo o gel por 3horas a 20mA. Em todo gel correu-se no primeiro

poço um padrão de peso molecular pré-corado.

3.6.3 Transferência das proteínas para membrana de Nitrocelulose

Após o término da corrida, os géis foram mantidos em tampão de transferência CAPS (10mM

CAPS, 10% metanol, pH 11). Concomitamente, a membrana de Nitrocelulose (Millipore) era

submetida ao tampão de transferência 5 minutos. Utilizou-se uma cuba de transferência da Bio-

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rad, seguindo os critérios do fabricante, mantendo a transferência por 1:15hr, 90V, em

temperatura próxima a 4oC, utilizando um agitador magnético no interior da cuba, a fim de

manter a tampão de transferência homogeneizado.

Com o fim da transferência, a membrana de Nitrocelulose era bloqueada com leite desnatado

5% (Molico) em tampão TBS-T (Tris-borato 0,1% Tween-20 - Sigma) por 1hr e 30 min sob

agitação.

3.6.4 Imunodetecção e revelação

A membrana bloqueada foi incubada com anticorpos primários em tampão TBS-T 0,1%

contendo leite 5% (Molico) por 1 hora a temperatura ambiente. Em seguida, ela foi lavada 3

vezes por 5 minutos com TBS-T 0,1% e incubada com anticorpo secundário anti-IgG-coelho por

1 hora em constante agitação.

Através do kit de quimioluminescência ECL-plus (Amersham Life Science) foi realizada a

imunodetecção, utilizando o aparelho Storm (Amersham Life Science).

3.7 Dosagem de proteína

Para determinar a quantidade de proteínas presente em cada amostra, utilizou-se o método de

Bradford modificado pela Bio-Rad (Bio-Rad Protein Assay). Em uma placa de 96 poços

adicionaram-se 10µL de cada amostra e depois 200µL do reagente previamente diluído 5 vezes.

Simultaneamente, fez-se uma curva padrão de albumina nas concentrações de 1mg/mL até

0,125mg/mL. A reação final foi medida em espectrofotômetro à 595nm. Os valores finais de

proteína de cada amostra foram determinados através da equação obtida pela regressão linear da

curva padrão aplicada aos valores de absorbância das amostras, admitindo-se um coeficiente de

regressão maior que 0.99.

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3.9 Microscopia Eletrônica de Varredura:

As células foram lavadas 3 vezes em tampão 0,1 M CACO (tampão cacodilato de sódio pH

7,2 ) a 37oC, fixadas 2horas temperatura ambiente com tampão 0,2 M Cacodilato de sódio pH 7,2

glutaraldeído + 4% de paraformoldeído, deixando-as overnight a 4oC. No dia seguinte, foram

lavadas 2 vezes em tampão 0,1 M CACO por 10 minutos e adicionou-se o pós-fixador com

tetróxido de ósmio 2%, em tampão 0,2M Cacodilato de sódio pH 7,2, com 1,6% ferrocianeto de

potássio e 10 mM de CaCl2, durante aproxidamente 1hora no escuro. Após, lavou-se por 3 vezes

em tampão 0,1 M CACO 10minutos, sendo feita posteriormente à desidratação gradativa em

álcool (15%, 30%, 50%, 70%, 90%, 100%) por 10 minutos cada. Em seguida, foram realizados o

ponto crítico e metalização em ouro. A observação foi realizada no microscópio de Varredura

Jeol 5310, 20KV, no laboratório de Ultraestrutura Herta Mayer sob supervisão da Macia Attias.

3.10 Análise estatística

Utilizou-se o programa Prisma versão 3.0 (GraphPad Software Incorporated). A análise

estatística determinada foi analisada segundo o teste de t-student, admitindo-se *** P < 0,001; **

P < 0,01 * P < 0,05.

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4 RESULTADOS

4.1 ATP induz apoptose em macrófagos.

Como descrito na introdução deste trabalho, o ATP induz morte celular tanto por apoptose,

quanto por necrose. Entretanto, a indução destes fenômenos depende do protocolo utilizado para

indução de morte celular por ATP extracelular (Bissagio et al., 1999).

Em nosso estudo, procuramos descrever situações relacionadas somente à apoptose causada

pelo ATP extracelular. Alguns autores têm descrito que um dos efeitos do ATP extracelular é a

formação de bolhas na membrana de células, observados por microscopia óptica. Procurou-se

investigar esse aspecto avaliando a morfologia do macrófago tratado com ATP, através da

microscopia eletrônica de Varredura (MEV).

Como podemos perceber, os macrófagos não tratados estão bem preservados com filipódios,

corpos alongados íntegros (Figuras 8 A-C). Após o tratamento com 5 mM de ATP por 20

minutos, (Figuras 8 D-F) percebemos que nos macrófagos há uma retração dos pseudópodos, a

formação de bolhas na membrana e o arredondamento celular. Estas observações corroboram

fenômenos descritos na literatura que mostram perturbações na membrana celular, destacando a

formação de regiões com bolhas, induzidas pela adição de ATP no meio extracelular (Wilson et

al., 2002).

Ao fazermos uma análise das figuras 8 (G-I), percebemos que em G, os macrófagos

apresentam aspectos arredondados com várias bolhas na superfície celular, sugerindo o fenômeno

de apoptose. Em maior aumento, percebemos que os macrófagos perderam a estrutura da

membrana uma vez que esta se apresenta com aspectos amorfos, cheio de bolhas e sem a

formação de pseudópodos.

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Figura 8: ATP induz morte por apoptose: visualização por microscopia de varredura (MEV). A figura mostra a superfície celular de macrófagos intraperitoniais de camundongos plaqueados por 4 dias e submetidos ao tratamento com 5mM de ATP em tempos de 0 minuto (A-C), 20 minutos com 5mM ATP (D-F) e 20 minutos com 5mM ATP + 6 horas de cultivo sem ATP (G-I). Registramos em diferentes aumentos a visualização da superfície celular dos macrófagos na MEV, sendo as figuras A,D, G com aumento de 1500 X; figuras B, E, H 3500 X; figuras C, I aumento de 7500 X; figura F 5000 X

A

B

C

D

E

F

G

H

I

Controle ATP 5mM (20min)

ATP 5mM (20min)

6 horas de cultivo sem ATP

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4.2 ATP induz apoptose em macrófagos via P2X7.

Sabemos que o receptor P2X7 participa da ativação da via de apoptose induzida por ATP

extracelular e que 5 mM de ATP induz até 50% de morte em macrófagos peritoneais. Os gráficos

foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e

100% de morte os macrófagos tratados com 5 mM de ATP em que se verificaram os efeitos das

drogas na inibição da apoptose. Procuramos confirmar a importância do receptor P2X7 como

molécula que inicia a apoptose, utilizando dois inibidores bastante conhecidos, o cloreto de

magnésio (MgCl2) e o brilliant blue G (BBG) (Dai et al, 2001; Jiang et al., 2001).

O BBG vem sendo descrito na literatura como um antagonista seletivo de receptor P2X7. Ao

utilizar diferentes concentrações do BBG, pré-tratando as células, percebemos uma inibição

significativa da apoptose (p<0,001). A análise do gráfico 9A nos permite inferir que a apoptose

ativada por ATP via P2X7 foi inibida, chegando à reversão total do fenômeno quando usamos

50µM de BBG.

O íon Mg2+ reduz a carga tetravalente do ATP (ATP4-), tornando divalente e formando um

complexo MgATP2-. Esse complexo inibe a ação do ATP , pois a somente a forma tetravalente

liga-se ao receptor P2X7 (Dai et al, 2001). Como podemos perceber (Figura 9B), a adição de

MgCl2 no meio, concomitante com o ATP, inibiu significativamente a indução de apoptose. O

gráfico 9B demonstra que a concentração de 10mM de MgCl2 reduziu a 20% de apoptose. Mas

diferente do BBG, não observamos a inibição total, o que pode ser conseqüência de um ATP

residual não quelado pelo cloreto de magnésio.

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Figura 9: A apoptose é inibida por antagonistas do receptor P2X7. A: Macrófagos pré-tratados com BBG em diferentes concentrações e tratados com 5mM de ATP por 20 minutos e 6 horas de tempo de recuperação sem ATP, em meio completo. Em doses menores do BBG, como a de 10µM e 5µM chegamos a inibir 50% e 25% da apoptose conseguindo a inibição total somente com 50µM. B: Macrófagos pré-tratado com MgCl2 em diferentes concentrações e tratados com 5mM de ATP por 20 minutos e 6 horas de tempo de recuperação sem ATP, em meio completo. A dose de 1mM de MgCl2 inibiu 25% da apoptose e a dose de 10mM inibiu 75%. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, *** P < 0,001; * P < 0,05. Os gráficos foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

ATP 5m

M

ATP +

BBG 5µM

ATP +

BBG 10µM

ATP +

BBG 50µM

BBG 50µM

-25

0

25

50

75

100

125

**

***

% A

popto

se (n

orm

alizad

o)

n = 3

5 mM ATP

5mM ATP

+ 1m

M MgC

l2

5mM ATP

+ 10

mM MgC

l2

0

25

50

75

100

125

***

*

% A

popto

se (N

orm

aliz

ado)

n = 3

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Para melhor caracterizar o envolvimento dos receptores P2X7 na apoptose, realizamos

experimentos com camundongos deficientes neste receptor (P2X7-/-) (Figura 10). Conforme

podemos ver na figura 10, a presença do receptor P2X7 é essencial para o fenômeno de morte

celular induzido por ATP. Quando tratamos os macrófagos de animais P2X7-/- com ATP em doses

milimolares não somos capazes de detectar a apoptose (Figura 10B), enquanto que os macrófagos

de animais selvagens sofreram a apoptose após exposição à dose de 5 mM de ATP (Figura 10A).

Nesta etapa podemos definir que a deflagração da apoptose induzida por ATP ocorre se o

receptor P2X7 estiver presente na membrana celular, uma vez que nossos animais P2X7-/- não

possuem tal proteína como confirmado na figura 11C.

Dados do nosso laboratório demonstram que a morte celular por ATP ativa fosfolipases A2

citosólicas independentes de cálcio (iPLA2). Esta proposta é baseada em dados experimentais nos

quais são utilizados inibidores farmacológicos de diversas fosfolipases. Procuramos estudar as

vias de sinalização que metabolizam os ácidos graxos liberados pela ação de PLA2 em

fosfolipídeos de membrana. Verificamos se as enzimas formadoras de eicosanoides,

cicloxigenase e lipoxigenase poderiam participar da via de apoptose induzida por ATP.

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Figura 10: A apoptose é dependente do receptor P2X7. A: Macrófagos de camundongos C57/Bl6 normais (controle) tratados com diferentes concentrações de ATP por 20 minutos e 6 horas de tempo de recuperação sem ATP, em meio completo. Como podemos perceber somente a dose de 5mM de ATP induziu a morte por apoptose (quase 50% de apoptose) B: Macrófagos de camundongos transgênicos C57/Bl6 (P2X7

-/-) seguindo o mesmo protocolo. Podemos perceber que nem a dose de 5mM de ATP foi capaz de induzir a apoptose nos macrófagos. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, *** P < 0,001. C: Western-blot anti-P2X7 onde a linha 1 representa o padrão de banda característico do P2X7 (foram utilizados 90µg de proteínas totais) em macrófagos peritoneais de animais Suiwss Webster. As linhas 2 e 3 são proteínas retiradas da medula de C57/Bl6 como controle para mostrar que o animal controle C57/Bl6 possui a proteína P2X7 (linha 2) e enquanto que os animais transgênicos para P2X7 não possuem realmente o receptor (linha 3) (Para os C57/Bl6 usamos 70µg de proteína). Gráfico não normalizado.

n = 3

0mM 0,1mM 1mM 5mM0

10

20

30

40

50

60

***

[ATP]

% A

popt

ose

A

n = 3

0mM 0,1mM 1mM 5mM0

10

20

30

40

50

60

[ATP]

% A

popt

ose

B

C

Selvagens

P2X7-/-

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4.3 Eicosanoides e sua participação na morte via ATP: COX vs LOX

Os mediadores lipídicos como leucotrienos, prostaglandinas, tromboxanas e lipoxinas são

gerados após a ativação de fosfolipases intracelulares que processam fosfolipídios de membrana,

levando a liberação de ácido araquidônico e de outros ácidos graxos. Concentraremos nossos

estudos em duas vias que fazem parte do metabolismo do ácido araquidônico. As vias mediadas

pelas lipoxigenases (LOX) e cicloxigenases (COX).

4.3.1 Efeito dos inibidores das cicloxigenases na indução de apoptose via P2X7.

As cicloxigenases são enzimas que participam do processo de biosíntese de prostaglandinas, ao

metabolizar o ácido araquidônico. Basicamente, duas isoformas têm sido classicamente identificadas

em diversos conjuntos celulares: COX-1 expressa constitutivamente e COX-2 que é induzida por

fatores de crescimento e citocinas (Cheng et al., 2003). Para evidenciar se algumas dessas enzimas

estariam envolvidas no processo de apoptose por ATP extracelular utilizamos inibidores como o

ácido acetil salicílico (AAS) e NS-398 (figura 11).

Em todos os experimentos com estes inibidores, procuramos verificar se doses crescentes de

cada droga inibiriam a ação de 5 mM de ATP na indução de morte. A ação do AAS dá-se pelo

bloqueio irreversível das cicloxigenases, impedindo a formação de tromboxanas e protaglandinas. O

AAS não foi capaz de inibir a apoptose induzida por ATP em todas as concentrações testadas (FIG.

11A). Procuramos fazer uma curva do efeito do NS-398 de forma que conseguíssemos bloquear a

atividade preferencialmente de COX-2 (IC50=1,77µM) (Barnett, et al. 1994 Apud Cheng et al.,

2003). A utilização do inibidor NS-398 reforçou os dados obtidos com o AAS uma vez não houve

alteração da morte induzida por ATP extracelular (FIG. 11B). Esses dados sugerem que as

cicloxigenases não participariam da via de apoptose.

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A seguir, verificamos se o óxido nítrico (NO) poderia participar desta via. Sabemos que ATP

extracelular induz formação e liberação de NO que, em conjunto com as prostaglandinas, está

envolvido em diversos processos inflamatórios. Grande quantidade de NO e prostaglandinas são

formadas durante o processo inflamatório. Diversos estudos indicam que as vias de iNOS e COX-2

são co-induzidas em diferentes modelos de inflamação “in vivo” (Lin et al., 2004). O NO estimula a

atividade de COX-2 com componente do heme em células RAW 264.7, além de regular a expressão

de COX-2 em macrófagos peritoneais de ratos (Pang et al., 1996 Apud Lin et al., 2004). O óxido

nítrico endógeno aumenta a produção de prostaglandinas em modelos de inflamação renal “in vivo”

(Paya et al., 1997 Apud Lin et al., 2004).

Utilizamos um outro inibidor que atua na via de formação de óxido nítrico sintase, o L-NIL

(dihydrochloride). Como podemos verificar (figura 12), o L-NIL não foi capaz de impedir a ação do

ATP na indução de apoptose. Esses dados reforçam a idéia de que a via das cicloxigenases não

participa da cascata de sinalização de morte via P2X7 e sugerem que não há participação do óxido

nítrico sintase.

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54

0µM

1µM

10µM

50µM

100µ

M

100µ

M (s/ A

TP)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

[AAS]

n = 3

% A

po

pto

se (

no

rmal

izad

o)

A

0µM

0.01µ

M0.1

µM 1µM

10µM

100µM

100µ

M (s/ ATP

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

[NS-398]

n = 3

% a

po

pto

se (

no

rmal

izad

o)

B

Figura 11. A apoptose não é inibida por inibidores da via de cicloxigenases. Fig. A: Podemos perceber que a adição de AAS em doses crescentes não altera a apoptose induzida por ATP e adição de 100µM AAS (sem ATP) não induz apoptose. Fig. B: Podemos perceber que a adição de NS-398 em doses crescentes não altera a apoptose induzida por ATP e adição de 100µM NS-398 (sem ATP) não induz apoptose. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student. Os gráficos foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

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55

0µM

0.01µ

M0.1

µM 1µM

10µM

100µ

M

100µ

M (s/ A

TP)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

[L-NIL]

n = 3

% A

popt

ose

(nor

mal

izad

o)

Figura 12. A apoptose não é inibida por inibidores de óxido nítrico sintase. Podemos perceber que a adição de L-NIL em doses crescentes não altera a apoptose induzida por ATP e adição de 100µM L-NIL (sem ATP) não induz apoptose. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student. O gráfico foi normalizado considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

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56

4.3.2 Efeito dos inibidores das lipoxigenases na indução de apoptose via P2X7.

A via de lipoxigenases compreende moléculas que estão relacionadas com quimiotaxia,

diferenciação celular, recrutamento e ativação de diversos tipos celulares do sistema imune.

Utilizamos um inibidor genérico do grupo das lipoxigenases, o NDGA (figura 13A) e verificamos

uma redução na apoptose mediada pelo ATP extracelular.

O grupo das lipoxigenases é formado por três enzimas a 5- lipoxigenases (5-LO), 15-

lipoxigenase (15-LO) e 12-lipoxigenases (12-LO). A expressão da 15-LO e 5-LO foi evidenciada

por western-blot de amostras totais de macrófagos (Figura 13). Macrófagos não tratados não

apresentavam a 5-LO e 15-LO, mas após o tratamento com ATP nos 20 minutos iniciais, as duas

proteínas eram expressas, mostrando que o ATP é capaz de induzir a expressão de 5-LO e 15-LO

(Figura 13).

As vias ativadas por ATP extracelular e a via de formadora de leucotrienos, que possui

envolvimento da 5-LO, participam do processo pró- inflamatório. Quando há ativação do P2X7, há

liberação de IL-4 (Bulanova et al., 2005; Lin e Boyle, 2005) e de outras citocinas como IL-2, IL-

5, IL-6, IL-10 de mastócitos (Bulanova et al., 2005; Hedi e Norbert, 2004). A ativação do

receptor P2X7 em cultura de astrócitos de cérebros de ratos leva à biosíntese de cisteinil

leucotrienos e do aumento na expressão de RNA mensageiro de FLAP, a proteína ancoradora da

5-LO (Ballerini et al., 2005).

Como o NDGA não é específico para lipoxigenases, utilizamos outros de inibidores de 5-LO,

para assim tentar dar suporte a nossa hipótese. Utilizamos também o MK886, que atua na

proteína ancoradora da 5-LO, a FLAP (proteína facilitadora de da atividade da 5-LO) e o Zileuton

e o AA861 que agem diretamente no sitio catalítico da enzima, como inibidores mais seletivos. O

tratamento com o MK886 levou à inibição da apoptose em 90% (figura 14B) reiterando a

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57

participação da 5-LO na apoptose. Além disso, o Zileuton e o AA886 inibiram 50% da apoptose

(Figura 14C e D). Em todos casos podemos perceber que as drogas na ausência de ATP não

apresentam toxicidade para as células nas condições em que foram usadas.

Paralelamente aos ensaios de apoptose, o sobrenadante de cada grupo de células foi separado.

A partir deste sobrenadante avaliamos a liberação da enzima LDH, no caso de perda de

integridade da membrana, como marcador de necrose. Segundo a literatura, o ATP é capaz de

induzir a necrose em doses de 1 mM, de maneira dose dependente (Bissagio et al., 1999). Tal

enzima pode ser liberada em caso de ocorrência de uma necrose secundária. A necrose secundária

é um processo em que as células que sofreram apoptose e não são fagocitadas começam a perder

a integridade da membrana plasmática, liberando as moléculas do conteúdo citoplasmático para o

meio extracelular.

Ao analisamos os gráficos (figuras 14E e F), os inibidores de 5-LO não foram capazes de

controlar a morte por necrose induzida por 5 mM ATP. Como o ATP é capaz de induzir necrose,

estes dados indicam que a via que induz necrose é diferente da via que induz apoptose. Estes

ensaios nos permitiram inferir que os inibidores de 5-LO (NDGA, MK886, AA861 e Zileuton)

são capazes de inibir a apoptose via P2X7, mas não são capazes de evitar a morte da célula por

necrose. Esses dados sugerem que as vias que sinalizam para indução de necrose e apoptose são

diferentes ou quando inibimos a apoptose podemos direcionar a célula para necrose.

Seguindo a proposta de mapeamento da via de sinalização da apoptose que é ativada pelo

receptor P2X7, fizemos duas perguntas: Os receptores de leucotrienos estariam envolvidos na

apoptose via P2X7? A 5-LO é essencial nessa via?

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58

Figura 13: ATP ativa 15-LO e 5-LO de macrófagos peritoneais? A figura 14 mostra que ao tratarmos com 5mM de ATP os macrófagos, fomos capazes de visualizar o aumento das proteínas 15-LO e 5-LO. Os macrófagos em repouso, aparentemente, não possuem a proteína na membrana que surge após os 20minutos com 5mM de ATP, mantendo-se constante após a retirada do ATP do meio, nos tempos de 2, 4, 6 e 8 horas (tempo de recuperação). Em nosso estudo, a dose de 5mM de ATP induz apoptose com 6 horas. O (*) representa o controle positivo em que usamos pré-tratamos macrófagos plaqueados por 4 dias com 500ng/mL de LPS por 18 horas. Em cada linha foi adicionado 80µg de proteína.

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59

0µM

10µM

50

µM

50µM

(s/ A

TP)

0

20

40

60

80

100

[NDGA]

**

*

% A

po

pto

se (n

orm

aliz

ado

) A

0µM

0,1µM 1µ

M

1µM (s

/ ATP

)

0102030405060708090

100110120

***

[MK886]

n = 3

% A

po

pto

se(n

orm

aliz

ado

)

B

Figura 14. A apoptose é inibida por inibidores da via de lipoxigenases. A adição do NDGA (A) teve percentual de inibição até 50%, MK886 90% de inibição (B) na apoptose induzida por 5mM de ATP dos macrófagos.Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, *** P < 0,001; ** P < 0,01, * P < 0,05. Os gráficos foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

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60

0µM

1µM

10µM

1µM (s

/ ATP

)

10µM

(s/ ATP

)

0

20

40

60

80

100

***

******

**

[AA861]

% A

po

pto

se (

no

rmal

izad

o)

D

0µM

1µM

10µM

1µM (s

/ ATP

)

10µM

(s/ A

TP)

0

20

40

60

80

100

[Zileuton]

*** ***

*** ***

% A

po

pto

se (

no

rmal

izad

o)

C

Figura 14. A apoptose é inibida por inibidores da via de lipoxigenases. A adição do Zileuton teve percentual de inibição até 50% (C), AA861 50% de inibição (D) na apoptose induzida por 5mM de ATP dos macrófagos. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, *** P < 0,001; ** P < 0,01, * P < 0,05. Os gráficos foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

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61

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

5mM ATP1µM Zilleuton10µM Zilleuton1µM AA86110µM AA861

+

++

+

++

+

++

+

+++

-

-

- -

----

---

-

---

---

---

---

--

--

--

--

% L

iber

ação

de

LD

H

F

Figura 14. A apoptose é inibida por inibidores da via de lipoxigenases. As figuras E e F são ensaios de necrose medidos por LDH e como podemos perceber apesar do zilleuton aparentemente inibir a necrose parcialmente, as outras drogas não foram capazes do mesmo. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, *** P < 0,001; ** P < 0,01, * P < 0,05.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

+ +5mM ATP10µM NDGA50µM NDGA0.1µM MK8861µM MK886

++

++ +

++

++

--

-

--

--

----

-

---- -

-

--

-- -

-

% li

ber

ação

de

LD

H

E

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62

4.3.3 Efeito dos inibidores dos receptores de membrana LTB1 e cysLT1

A sinalização celular induzida pela ação dos leucotrienos ocorre através de seus receptores de

membrana. Existem quatro tipos de receptores celulares para esses mediadores. Os receptores dos

cisteinil leucotrienos (LTC4, LTD4, LTE4) são chamados de CysLT1 e CysLT2, já para o

leucotrieno B4 há dois tipos, BLT1 e BLT2. O BLT1 é descrito como receptor de alta afinidade

para LTB4 e o BLT2 de baixa afinidade (Hedi e Norbert, 2004). No caso dos CysLTs, o CysLT1

possui maior afinidade do que o CysLT2 aos cisteinil leucotrienos.

Como aparentemente a via de leucotrienos está correlacionada com a apoptose induzida por

ATP extracelular, procuramos verificar se algum desses receptores estaria envolvido na

sinalização para morte celular via P2X7, através da utilização de antagonistas para BLTs e

CysLTs. É possível que a 5-LO ativada produza algum tipo de leucotrieno, que liberado para o

meio extracelular, atue por uma via autócrina, ativando algum receptor para leucotrieno, dando

continuidade à cascata de morte por apoptose.

Testamos a hipótese através de dois inibidores farmacológicos de receptores de membrana de

leucotrienos, o MK571 (potente antagonista do receptor CysLT1) e o CP10596 (antagonista de

BLT1). Tais drogas não inibiram a morte celular, tanto apoptose, quanto necrose (Figura 15).

Nossos dados sugerem que os receptores de membrana de leucotrienos não estão envolvidos na

morte celular por ATP.

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020406080

100120140160180

5mM ATP1µM CP1059610µM CP105961µM MK57110µM MK571

+ + + ++----

---

---

---

---

----+

++

++

+--

-

--

--

--

--

++

-

liber

ação

de

LD

H (

%)

n = 3

B

Figura 15. A apoptose não inibida por inibidores dos reptores de CysLTs e LTB4. Os macrófagos foram pré- incubados com as drogas, CP10596 e MK571. Em A podemos perceber as drogas não inibem a apoptose induzida por ATP, pois as doses de 1µM e 10µM de ambas drogas não inibiram a apoptose. A necrose também não foi inibida em nosso estudo. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student. Os gráficos foram normalizados considerando como 0% de morte os macrófagos sem tratamento com ATP e 100% de morte os macrófagos tratados com 5mM de ATP.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

5mM ATP1µM CP1059610µM CP105961µM MK57110µM MK571

+ + + ++----

---

---

---

---

----+

++

++

+--

-

--

--

--

-

-

++

-

% A

po

pto

se (

no

rmal

izad

o)

A

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64

4.3.4 A 5-lipoxigenase é essencial para indução de morte por ATP extracelular?

Outra questão foi gerada em cima da enzima 5-LO como participante da via de sinalização de

morte pela ativação do receptor P2X7, uma vez que nenhum dado da literatura correlaciona tal

enzima com fenômenos de morte celular. Devido a este fato inovador e original, tentamos

responder se indução de morte por ATP extracelular ocorreria na ausência de 5-LO.

Como mostrado neste trabalho, o receptor P2X7 é importante para o fenômeno de morte, fato

verificado com a utilização de animais P2X7-/-. Seguindo a mesma linha de raciocínio procuramos

trabalhar com animais que não possuem a enzima 5-LO (5-LO-/-) e realizamos o mesmo

procedimento de indução de morte com ATP nos macrófagos coletados do peritônio destes

animais e seus controles.

Ao realizarmos uma curva dose resposta de ATP, percebemos que as células dos animais 5-

LO-/- sofrem menos apoptose do que o controle (Figura 16A). A dose de 1 mM de ATP é capaz

de induzir apoptose somente no controle e não no 5-LO-/-. No entanto, nas concentrações 5 mM

de ATP, ambos os tipos celulares morrem por apoptose. O perfil de liberação de LDH (necrose)

(figura 16B) se mantém semelhante. Estes resultados mostram que a cascata de sinalização para

indução de morte via P2X7 ocorre na ausência da 5-LO. Mesmo assim, devemos avaliar as

informações obtidas com esses animais, pois o efeito citotóxico com 1 mM de ATP foi

significativamente maior nos animais controles. Mas ainda não fomos capazes de esclarecer

porque há um sugestivo desvio da curva dose efeito da ação citotóxica do ATP nessa linhagem de

animais.

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65

contr

ole

ATP 0.1

mM

ATP 1m

M

ATP 5

mM

0

10

20

30

40

Animais 129 Normais

Animais 129 5-LO-/-

*

n = 5

Apo

ptos

e (%

)

A

contr

ole

ATP 0.1

mM

ATP 1m

M

ATP 5

mM

0

10

20

30

40

50

60

70

80n = 5

Animais 129 normais

Animais 129 5-LO-/-

liber

ação

de

LD

H (%

)

B

Figura 16. A 5-LO não é essencial na via de sinalização da apoptose mediada por ATP extracelular. Foram utilizados macrófagos de animais selvagens e transgênicos sem a enzima 5LO (5-LO-/-). Em A, destacamos a apoptose de macrófagos peritoneais de ambos animais. Como podemos perceber apesar de termos uma certa inibição da apoptose com 1mM de ATP, ao usarmos a concentração de 5mM de ATP, não verificamos redução total da apoptose no macrófagos dos animais transgênicos. Paralelamente, executamos o ensaio de LDH (necrose) e verificamos que o ATP em concentrações milimolares foi capaz de induzir liberação de LDH em ambos conjuntos celulares, o que indica o perfil de indução de necrose. Experimento feito em triplicata e análise estatística t-student onde, * P < 0,05.

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66

5 DISCUSSÃO

A morte celular é vital para manutenção da estrutura dos tecidos no desenvolvimento e na

seleção do repertório celular. A deleção de células na atenuação da resposta imune e eliminação

de células que têm funções inapropriadas, incluindo as infectadas por vírus e transformadas,

dependem de uma indução seletiva que a conduza à morte. É possível que o ATP extracelular

faça parte desses mecanismos, principalmente durante o processo inflamatório.

Muitos trabalhos vêm discutindo o papel fisiológico do ATP extracelular e quais seriam as

possíveis fontes deste nucleotídeo. Vários conjuntos celulares podem liberar ATP que atua em

receptores P2X e P2Y gerando respostas diversas, como, por exemplo, a morte celular.

Procuramos focar no estudo da ação do ATP extracelular que vem sendo descrito como molécula

sinalizadora para morte celular, avaliando seu efeito citotóxico em macrófagos intraperitoniais

murinos.

Através da microscopia eletrônica de varredura, mostramos que o ATP induz alterações

morfológicas típicas de apoptose (Figura 8). Esta observação é de grande importância, uma vez

que permitem a visualização da célula em três momentos. No primeiro, observamos a célula em

seu estado normal, com a forma alongada e seus pseudópodos bastante definidos. Ao segundo, o

encolhimento da célula que entra em contato com doses altas de ATP, a retração dos pseudópodos

e surgimento de bolhas na membrana. E por fim, o momento que ela encontra-se apoptótica com

perda da morfologia característica do macrófago e com a superfície cheia de bolhas.

Com o auxílio de ferramentas farmacológicas e o uso de animais deficientes para o receptor

P2X7 (P2X7-/-) (Figuras 9 e 10), inicialmente mostramos que os macrófagos são induzidos à

apoptose quando ativamos o receptor P2X7. O Mg2+ inibiu a apoptose parcialmente, e o BBG

inibiu completamente. Além disso, o ATP não foi capaz de induzir apoptose em macrófagos

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67

derivados de camundongos P2X7-/- comprovando a importância do P2X7 como a proteína que

dispara o inicio da cascata que culmina para a apoptose.

Dando prosseguimento ao estudo, procuramos nos concentrar nas possíveis vias de

sinalização que são deflagradas com a ativação do receptor P2X7. Como dito na seção 1.4, o

receptor P2X7 possui um carboxi- terminal alongado que interage com uma série de proteínas do

meio intracelular.

Em células de ductos acinares de glândulas submandibulares de rato, a ativação do P2X7 já foi

relacionada à ativação de PLA2 (Alzola et al., 1998; Kabré et al., 1999) e implicada na ativação

da caspase-3 (Atsumi et al., 2000). A hipótese de que fosfolipases A2 poderiam estar envolvidas

no processo de apoptose pareceu plausível diante de dados da literatura que correlacionam a

ativação do receptor P2X7 e fosfolipases (Alzola et al., 1998; Kabré et al., 1999; Atsumi et al.,

2000). Esta possibilidade foi comprovada através de estudos com inibidores de fosfolipases A2

(PLA2) e vem sendo discutida na tese de doutorado de Costa-Junior e no artigo em fase de

redação. Suspeitando da participação de uma PLA2 no sistema de sinalização, procuramos

investigar se duas vias que metabolizam um dos produtos principais da ação de PLA2, o ácido

araquidônico, estariam também envolvidas na indução de apoptose por ATP em macrófagos.

Sendo assim, procuramos verificar a participação das vias de cicloxigenases e lipoxigenases.

Inibidores das cicloxigenases e da sintase de óxido nítrico não provocaram alterações na

apoptose ativada ATP (Figuras 11 e 12) sugerindo que não há envolvimento da ação de

prostanoides ou tromboxanos ou possível envolvimento da iNOS.

Ao utilizarmos quatro inibidores que atuam em diversos sítios das enzimas lipoxigenases

(particularmente a 5-LO), verificamos que todos eles induziram inibição significativa na apoptose

induzida por ATP (Figura 14). Nossos dados evidenciaram de forma inédita que a 5- lipoxigenase

pertence ao eixo de sinalização que culmina na apoptose de macrófagos. Com a utilização dos

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inibidores de 5-LO, conseguimos reduzir significantemente a apoptose entre 50-90%. Entretanto,

a necrose celular não foi inibida mostrando que a via de necrose ativada por ATP não é a mesma

que a da apoptose, que existe “um ponto” de sinalização acima das lipoxigenases que pode levar à

morte por necrose.

Partindo do princípio de que a 5-LO estaria envolvida no fenômeno, procuramos checar a

participação de receptores para leucotrienos (Figura 14). Entretanto, observamos que os

inibidores destes receptores não tiveram efeito significativo, sugerindo o não envolvimento de

uma via autócrina.

Mesmo diante deste dado, podemos ainda supor o envolvimento de leucotrienos, pois existe a

possibilidade de que estes mediadores lipídicos atuem através de receptores nucleares para

leucotrieno B4 (Yokomiso et. al., 2001). Um desses possíveis receptores, os PPARs (“peroxime

proliferator-activated receptor”), que são membros de uma superfamília de receptores nucleares

de hormônios que produzem uma variedade de sinais envolvidos em eventos inflamatórios, pode

ligar-se com LTB4 produzido no meio intracelular, ativando alguns fatores pró- inflamatórios

(Yokomiso et. al., 2001; Daynes e Jones, 2002).

Diversos tipos de ácidos graxos podem ativar as três isoformas de PPAR (PPARα, PPAR

β/δ e PPARγ). Alguns eicosanóides derivados do metabolismo de ácido araquidônico, incluindo

leucotrienos e prostaglandinas e HETEs são potentes ativadores de PPARs (Daynes e Jones,

2002). Macrófagos, células dendríticas e células T e B possuem PPARα e PPARγ. Esta família de

moléculas está envolvida com sinais que culminam em regulação da composição da membrana

lipídica, proliferação celular, alguns fatores envolvidos na resposta imune e sensibilidade à

apoptose (Daynes e Jones, 2002). PPARs são conhecidos ligantes de promotores de diversas

enzimas metabolizadoras de lipídios. Estas informações são relevantes à via de sinalização que

estudamos, pois recentemente foi demonstrado que o inibidor MK886, usado como bloqueador de

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FLAP, também bloqueia PPARs alfa (Yokoyama et al., 2003). Esta informação pode justificar o

fato do MK886 ser mais potente que as outras drogas que bloqueiam lipoxigenases. No momento

não podemos descartar a possibilidade do MK886 estar inibindo PPARα e lipoxigenases.

Recentemente, utilizamos um antagonista para PPAR gama (o GW9662) e observamos que este

inibe a apoptose induzida por ATP em macrófagos (dados não mostrados). Yokoyama e

colaboradores mostraram que inibidores de PPAR gama (BADGE e GW9662) inibem a atividade

pró-apoptótica e a atividade de caspase-3 em células U937 tratadas com mono( 2-etilhexil)ftalato

(MEHP) (Yokoyama el. al., 2003). Essas informações indicam a possibilidade de PPARs

poderem estar envolvidos na apoptose de macrófagos tratados com ATP e abrem novas

perspectivas para projetos futuros que visem entender como lipoxigenases, PLA2 e P2X7 se

comunicam para indução de apoptose.

Apesar dos dados sugerirem que a 5-LO participa das vias que levam à apoptose, macrófagos

obtidos de animais 5-LO-/- entram em apoptose quando tratados com ATP (figura 15). Podemos

então levantar a hipótese de que há outras vias de sinalização que uma vez desencadeadas, levam

os macrófagos à morte celular, compensando a falta da 5-LO. Podemos também sugerir que os

inibidores utilizados para 5-LO podem estar agindo em outras lipoxigenases ou até mesmo

inibindo moléculas que não fomos capazes de identificar. Os inibidores utilizados para a via de

lipoxigenases possuem efeito antioxidante e podem estar atuando em vias que não fomos capazes

de correlacionar ou interferindo na via de 12/15 lipoxigenases.

Para testar a importância da 5-LO poderemos, no futuro, medir a produção de leucotrienos e

usar os inibidores de lipoxigenases em macrófagos obtidos de animais 5-LO-/-, verificando se

leucotrienos são produzidos pela ativação de P2X7 e se tais drogas continuam inibindo a ação do

ATP extracelular em macrófagos 5-LO-/-. Outro procedimento interessante seria a reconstituição

com a adição de leucotrienos em células que foram previamente tratadas com inibidores da 5-LO.

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Ensaios mostrando que a 5-LO está realmente ativada, também são de grande relevância. A 5-

LO ativa transloca do citosol para o núcleo. Podemos no futuro verificar essa translocação através

da realização de westerns-blot contra 5-LO de núcleos purificados, procurando identificar se há

um aumento desta proteína na membrana nuclear. A utilização de animais deficientes para 15-LO

e 12-LO e o uso da metodologia de RNA de interferência (iRNA) seriam também de grande

utilidade (Dwarakanath et al., 2004). Demos passos iniciais para o desenvolvimento dessas idéias

com os dados mostrados na figura 14 nos quais mostramos que no extrato bruto de macrófago há

tanto a 5-LO, quanto a 15-LO. Esta figura aparentemente mostra que as duas proteínas aumentam

quando tratamos os macrófagos com ATP. Podemos usar essa ferramenta para ver se a 15-LO

também participa do processo de apoptose.

No grupo das lipoxigenases, há três enzimas bastante estudadas, a 5-Lipoxigenase, a 12-

Lipoxigenase e a 15-Lipoxigenase (Gaddi et al., 2004). Todas são candidatas a cooperar na via de

indução de apoptose. As enzimas 15-LO e 12-LO produzem metabólitos denominados lipoxinas

que estão envolvidos em mecanismos antiinflamatórios (McMahon e Godson, 2003). Estudos

com lipoxina A4 (LXA4) mostram que, quando adicionadas em altas doses no meio extracelular,

induzem ativação de caspase 3 e apoptose em fibroblastos de interstício renal (Wu et al., 2005).

Sheng-Hua Wu e colaboradores (Wu et al., 2005) chegam a especular que LXA4 possui um papel

pró-apoptótico.

A adição de ácido araquidônico em doses crescentes induz macrófagos e células do tecido

muscular liso da vasculatura à apoptose (Takano et al., 2001; Pilane e LaBelle, 2004). O

metabolismo de ácido araquidônico, além de gerar leucotrienos e prostaglandinas, pode gerar

espécies reativas de oxigênio (Cadernas et al., 1983 Apud Curtin et al., 2002). Takano e

colaboradores mostram que lipossomas catiônicos induzem a apoptose em macrófagos, sugerindo

o envolvimento de espécies reativas de oxigênio (ROS) (Takano et al., 2001). ROS incluem

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radicais livres como o ânion superóxido (O2-), radicais hidroxil (OH-), e peróxido de hidrogênio

(H2O2). São espécies transientes que possuem alta reatividade química e podem reagir com DNA,

proteínas, carboidratos e lipídios destruindo-os (Curtin et al., 2002).

Diversos receptores de células do sistema imune, cálcio intracelular, proteínas intracelulares,

vias metabólicas endógenas e exógenas são capazes de gerar ROS no interior das células (Curtin

et al., 2002). Dando suporte aos nossos dados, lipoxigenases poderiam estar envolvidas no

processamento dessas vias, uma vez que utilizando inibidores de lipoxigenases há inibição da

fragmentação do DNA e geração de ROS em macrófagos tratados com lipossomas catiônicos

(Takano et al., 2001).

As mitocôndrias são as maiores geradoras de radicais livres através das NADPH oxidases.

Outras fontes desses radicais incluem enzimas como citocromo P450 no retículo endoplasmático,

lipoxigenases, cicloxigenases e xantina oxidases. A geração ou adição de ROS pode causar morte

celular tanto por necrose como por apoptose, além de ativar caspases. Apesar da dificuldade de

medir a formação de ROS, o papel do estresse oxidativo na apoptose pode ser avaliado com a

utilização de antioxidantes como N-acetilcisteína (NAC) que inibe a apoptose via estresse

oxidativo (Curtin et al., 2002).

Bissagio, em sua tese de doutorado em 2000, mostrou que macrófagos tratados com

inibidores para caspase 3 e 9 apresentam redução significativa da apoptose. Ele também sugeriu a

possibilidade de um receptor P2Y ser ativado após a ativação do P2X7, amplificando a cascata de

sinalização, mas até o presente momento ainda não foi esclarecido qual seria este receptor ou se

mesmo há a necessidade deste na indução de apoptose por ATP em macrófagos. Diante de todo

esse conjunto de informações podemos pontuar que a sinalização via P2X7 desencadeia cascatas

de sinalização que podem se sobrepor ou amplificar o sinal que converge à apoptose.

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Como já salientamos acima, ácidos graxos podem ser metabolizados por citocromo P450, que

é implicado em estresse oxidativo e sistemas de isquemia (Curtin et al., 2002; Gross et al., 2005).

A via relacionada ao citocromo P450 poderia estar relacionada à degradação de ácido

araquidônico por citocromo P450 em EETs (“epoxyeicosatrienoic acid”) e HETEs

(“hydroxyeicosatetraenoic acid”). Apesar de não temos explorado a via do citocromo P450, não

descartamos a hipótese de que ele possa fazer parte dessa cadeia de comunicação gerada através

do contato do ATP com o P2X7.

Nesse trabalho, descrevemos diversos fatores indutores de morte, bem como os mecanismos

de sinalização intracelular que conduz à apoptose ou à necrose. Em nosso estudo, procuramos não

só confirmar a importância do ATP extracelular como um fator que leva a célula à morte, como

também investigar algumas vias de sinalização que conduz a célula ao seu fim. Desta forma

procuramos destacar de forma inédita um possível envolvimento de enzimas lipoxigenases como

integrantes da via de sinalização ativada por ATP extracelular desencadeada via receptor P2X7.

Nossos dados levantaram novas hipóteses propondo a idéia de que a sinalização para apoptose,

uma vez deflagrada, gera cascatas sinalizadoras comuns em vários sistemas biológicos que

atuando em paralelo ou em conjunto e direcionam cada célula ao seu fim, procurando a

manutenção da homeostasia.

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6 CONCLUSÕES

• O tratamento com ATP extracelular induz mudanças morfológicas em macrófagos peritoneais

de camundongos como bolhas na membrana, retração de pseudópodos e arredondamento

celular.

• A indução de morte celular (apoptose) por ATP extracelular depende da presença do receptor

P2X7 em macrófagos peritoneais de camundongos.

• Os inibidores de cicloxigenases e óxido nítrico sintase não reduzem a apoptose induzida por

ATP extracelular e a liberação de LDH

• Os macrófagos peritoneais de camundongos possuem as enzimas 5- lipoxigenases e 15

lipoxigenases.

• Os inibidores de lipoxigenases reduzem a apoptose induzida por ATP extracelular, Esses

dados sugerem a participação de lipoxigenases em na via de sinalização de indução de

apoptose.

• Os inibidores de lipoxigenases não reduzem a liberação de LDH. Esses dados sugerem que

lipoxigenases não participam da via de sinalização de indução de necrose.

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• Os inibidores de receptores de leucotrienos não reduzem a apoptose induzida por ATP

extracelular e a liberação de LDH, sugerindo que os receptores de membrana para

leucotrienos não participam da via de sinalização da apoptose e necrose induzida por ATP.

• O ATP extracelular induz apoptose em macrófagos de peritônio de animais deficientes de 5-

Lipoxigenase (5-LO-/-) e a liberação de LDH, sugerindo a participação de outras vias na

indução de apoptose.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse trabalho foi contribuir para desvendar a cascata de sinalização que envolve a

morte de células que são expostas a ATP extracelular que ativa o receptor P2X7. Em nossas

conclusões, percebemos que o sinal disparado pelo receptor P2X7, além de estar envolvido com

diversos fenômenos fisiológicos (como expressão de moléculas de superfície para adesão,

secreção de citocinas e quimiocinas, diferenciação celular), conduz ao fim da vida da própria

célula. Tal fato remete a questão da dualidade do receptor P2X7 estar envolvido na morte ou vida

da célula.

Apesar desta função contraditória que circunda o P2X7, tal fato pode ser abordado de maneira

consistente se pensarmos que a vida e a morte são apenas fases do ciclo celular. Esta questão tem

sido bastante salientada nos últimos anos por diversos autores. Elena Adinolfi e colaboradores

(Adinolfi et al., 2005) postulam que baixos estímulos de ATP levam a célula a ativar fosfolipase

D, liberação de ATP, fusão celular, proliferação. Já quando há estimulação massiva por ATP, a

célula ativa fatores de transcrição, liberação de citocinas, “shedding” de moléculas de superfície,

morte de parasitas celulares e morte da própria célula. Baseado em nossos dados e no que

encontramos na literatura, enxergamos pontos similares.

Em nosso estudo, fomos capazes de evidenciar a participação de lipoxigenases na sinalização

que culmina na morte da célula. Sabemos que os leucotrienos são potentes ativadores celulares

envolvidos em diversas situações inflamatórias, ativação de fagócitos, na atividade microbicida e

secreção de oxidantes. Mas também podemos entender que a ativação dessa via pelo receptor

P2X7 em células ativadas, como macrófagos, pode significar o desencadeamento de uma cascata

que, após algum tempo, leva também ao fim da célula. Este processo pode nos ajudar a entender

como se comporta o sistema fisiológico da inflamação, em que temos conjuntos celulares que

travam batalhas para controlar uma infecção e devolver a homeostasia ao sistema. Podemos

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pensar em um nicho inflamatório com concentrações bem altas de ATP extracelular, que ativaria

os receptores P2X7 dos macrófagos. Os macrófagos então produziriam as diversas citocinas,

quimiocinas, além de travar as batalhas que são comuns, como a fagocitose de células apoptóticas

e de parasitas. Entretanto, como em todo sistema homeostático, ele seria “inativado” e conduzido

à morte, uma vez terminado todo processo.

Como conclusões de nosso trabalho, percebemos que as lipoxinas estão envolvidas no

processo de apoptose, excluindo as cicloxigenases. Fomos capazes de mostrar o efeito de

inibidores de 5-LO, mas não de COX, sugerindo que a 5-LO está envolvida nesse processo, mas

ela não é essencial para que a cascata de sinalização continue e abrimos novas perspectivas para

investigações futuras, sugerindo a investigação dos papeis do citocromo P450, PPARs, ROS,

lipoxinas, assim como a própria atividade do leucotrieno B4. Essas possibilidades estão

esquematizadas a seguir (figura 17).

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Figura 17: Modelo proposto da participação de outras moléculas na cascata de apoptose induzida por ATP extracelular. Em preto, vias estudadas pelo laboratório, em que admitimos que a ativação do receptor P2X7 leva à ativação da iPLA2 e liberação de algum ácido graxo. Em azul, destacamos a continuidade da via que estudamos nessa tese e propomos que não há participação de cicloxigenases e receptores para leucotrienos, mas há envolvimento de lipoxigenases na indução de morte. Por fim, em marrom, são as vias que ainda não estudamos, mas lançamos como hipóteses futuras relacionando-as como participantes da cascata de apoptose via P2X7.

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9 Apêndice

Artigo I

Com o objetivo de avaliar a expressão de quais receptores P2 os macrófagos possuem em sua

membrana, procuramos avaliar por algumas técnicas como PCR, sinais de cálcio e western-blot,

dados publicados em 2005 (Coutinho-Silva et. al., 2005). Podemos destacar que os macrófagos

possuem uma diversidade de receptores P2X e P2Y. Neste trabalho (ARTIGO I), pudemos

rastrear alguns deles, sendo testado anticorpos contra todos P2X e contra alguns P2Y (P2Y1,

P2Y2, P2Y4 e P2Y6) (Figura 10). Como destacado no artigo e na figura a seguir, percebemos que

macrófagos possuem os receptores P2X1, P2X2, P2X4 e P2X7. Como forma de confirmar a

presença da proteína, usamos peptídeos que ligariam aos anticorpos P2X2, P2X4 e P2X7.

Percebemos que os três peptídeos deslocaram a ligação do anticorpo mostrando que as bandas de

proteína encontradas nos “westerns-blot” são especificas para tais receptores.

Quando utilizamos anticorpos contra os receptores P2Y, não destacamos com clareza os

receptores em questão, uma vez que com os dados que compuseram o artigo não pudemos

afirmar se tais receptores estariam presentes nos macrófagos estudados no trabalho.

Aparentemente, suspeitamos que tanto o receptor P2Y1, P2Y2 e P2Y6 seriam parte do repertório

de receptores P2 dos macrófagos de acordo com os dados que compõe o artigo.

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Macrófagos da linhagem J774. 50µg de proteínas de macrófagos (J774) foram utilizados por poço em gel SDS-PAGE seguido de transferência e cortados em tiras. Cada tira foi incubada com anticorpos P2X e P2Y (Roche – não comerciais). Como podemos perceber pelo western-blot (WB) tivemos reatividade específica para os receptores P2X1, P2X2, P2X4 e P2X7. Os peptídeos para P2X2, P2X4 e P2X7 deslocaram a interação proteína-anticorpo mostrando especificidade para estes. Quanto aos P2Y testados não pudemos fazer considerações avançadas, pois para o WB os dados não foram satisfatórios.

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Multiple P2X and P2Y receptor subtypes in mouse J774,

spleen and peritoneal macrophages

Robson Coutinho-Silvaa,e, David M. Ojciusc, Darek C. Goreckid,Pedro M. Persechinie, Rodrigo C. Bisaggioe, Anderson N. Mendese,

Joanne Marksb, Geoffrey Burnstocka,*, Philip M. Dunna

aAutonomic Neuroscience Institute, Royal Free and University College Medical School, Rowland Hill Street, London NW3 2PF, UKbDepartment of Physiology, Royal Free and University College Medical School, Rowland Hill Street, London NW3 2PF, UK

cDivision of Natural Sciences, University of California, Merced, CA 95344, USAdInstitute of Biomedical and Biomolecular Sciences, School of Pharmacy and Biomedical Sciences,

University of Portsmouth, Portsmouth, UKeInstituto de Biofisica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, Brazil

Received 23 June 2004; accepted 18 November 2004

Abstract

We investigated P2 receptor expression and function in macrophages from mouse, and in the J774 cell line, and revealed a larger

spectrum of P2 receptor subtypes than previously recognised. The nucleotides adenosine triphosphate (ATP), adenosine diphosphate,

uridine triphosphate and uridine diphosphate evoked an increase in intracellular calcium and the activation of a potassium current. The

sensitivity of these responses to the antagonists suramin, PPADS, MRS 2179 and Cibacron blue suggest the presence of at least three

functional P2Y receptor subtypes, most probably P2Y2, P2Y4 and P2Y6. ATP also activated P2X receptors, giving rise to a rapidly

activating cation conductance. This response was insensitive to the antagonists suramin and Cibacron blue, was potentiated by Zn2+ and

inhibited by acidification suggesting involvement of P2X4 receptors. In low divalent cation solution, responses to ATP became larger, and

dibenzoyl-ATP became more potent than ATP, indicating the presence of P2X7 receptors. Immunofluorescence, flow cytometry, Western

blots and RT-PCR show that P2X4 and P2X7 receptors are the most prominent in both macrophage types, while the expression of the other

P2X subunits is variable and sometimes weak or undetectable. These techniques also demonstrated the presence of mRNA for P2Y1,

P2Y2, P2Y4 and P2Y6 receptors along with protein expression for the three subtypes we investigated, namely, P2Y1, P2Y2 and P2Y4.

# 2004 Published by Elsevier Inc.

Keywords: Adenosine triphosphate; Purinergic receptors; Inflammation; Macrophages; Immunohistochemistry; Patch-clamp; Fura-2

1. Introduction

Adenosine 50 triphosphate (ATP) is now recognised as

an important extracellular signalling molecule and evokes

a variety of physiological responses in many different

tissues and cell types [1]. Most of the biological effects

of extracellular ATP are mediated by P2 receptors, of

which, there are two major classes: the nucleotide-gated

ion-channel P2X receptors and G-protein-coupled P2Y

receptors [2]. To date, seven mammalian P2X receptor

subunits (P2X1–P2X7) have been identified, which assem-

ble to form either homomeric or heteromeric receptors.

Eight mammalian P2Y receptor subtypes (P2Y1, P2Y2,

P2Y4, P2Y6, P2Y11, P2Y12 P2Y13, and P2Y14) and a

structurally related but pharmacologically different homo-

logue (at present called P2Y15) have so far been cloned

[3–7]. These receptors have different but overlapping

pharmacological properties, and because many cell types

express multiple P2 receptor subtypes, definitive identifi-

cation of native receptors is often difficult.

Macrophages provide an important defence against

pathogenic infection. Extracellular nucleotides have mul-

www.elsevier.com/locate/biochempharm

Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655

Abbreviations: BSS, balanced salt solution; NHS, normal horse serum;

NGS, normal goat serum; MFI, mean fluorescence intensity

* Corresponding author. Tel.: +44 2078302948; fax: +44 2078302949.

E-mail address: [email protected] (G. Burnstock).

0006-2952/$ – see front matter # 2004 Published by Elsevier Inc.

doi:10.1016/j.bcp.2004.11.012

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tiple effects on these cells, including increasing pino-

cytic vesicle formation [8], superoxide generation [9],

IL-1b release [10,11] and increased killing of infecting

Chlamydia [12]. Early studies of the effects of nucleotides

on mouse J774 macrophages showed that high concentra-

tions of ATP caused a cation flux and permeablization due

to the activation of the P2Z/P2X7 receptor [13], while

lower concentrations of ATP and UTP elevated intracel-

lular calcium through the activation of a P2Y receptor,

thought to be P2Y2 [14]. However, a later study [15] could

only detect mRNA for the P2Y6 receptor in J774 macro-

phage cells. Studies on the effects of nucleotides on

immune and inflammatory cells have concentrated on

these two receptors [16]. However, there is increasing

evidence that P2X7 receptors are expressed in cell types

outside the immune system [17–21], and that other P2

receptors may be expressed with P2X7 and P2Y2 on cells

of the immune system, including B lymphocytes [22],

thymocytes [23], macrophages and human dendritic cells

[24,25].

Although the mRNA for various P2X and P2Y receptors

has been identified in human blood-derived macrophages

[24], the identity of the receptors responsible for functional

responses has not been determined. More recently, a study

of a rat alveolar macrophage cell line has indicated the

involvement of P2X4, P2Y1 and P2Y2 receptors [26].

However, the presence of different P2X and P2Y receptor

subtypes in murine macrophages has not previously been

explored. In this study, we investigated the expression of

P2X and P2Y receptor subtype mRNA and protein in

mouse spleen, and peritoneal macrophages and J774 cells

using immunofluorescence, flow cytometry, and RT-PCR.

We have followed this by looking for functional expression

of these receptors using electrophysiology and measure-

ment of intracellular Ca2+. The significance of P2 receptor

expression and correlations with macrophage physiology

are discussed.

2. Materials and methods

2.1. Culture of J774 cells

Cultures of the J774 murine macrophage cells were grown

in 25 ml tissue culture flasks at 37 8C in a 5% CO2

humidified atmosphere. The culture medium comprised

RPMI-1640 medium (Gibco BRL, Paisley Scotland) sup-

plemented with 5% heat-inactivated FCS, 2 g l�1 sodium

bicarbonate, 100 U ml�1 penicillin, and 100 mg ml�1 strep-

tomycin. Cells were passaged (1:6) when they reached

80–90% confluency.

2.2. Membrane preparation

J774 cells were grown to confluence and harvested

using a rubber cell scraper. Cells were suspended in

PBS and centrifuged at 3000 rpm for 2 min. This

process was repeated a further two times to remove

any trace of growth medium. The resulting cell pellet

was suspended in buffer, containing 10 mM Hepes, 1 mM

EDTA, 0.5 mM phenylmethylsulfonyl fluoride (PMSF)

and 6.25 � 103 IU/l Aprotinin (pH 7.4) and homogenised

using an Ultra Turrax homogenizer (Janke & Kunkel,

FRG) at half speed for 60 s. Homogenates were centri-

fuged for 10 min at 3000 rpm and the supernatant re-

centrifuged at 13,000 rpm for 30 min. The pellet was

resuspended in the same buffer and high-speed centrifu-

gation repeated. The resulting pellet was resuspended to

give a final protein concentration of 2–3 mg ml�1, deter-

mined using the Bradford method [27]. All steps were

performed at 4 8C.

2.3. Preparation of macrophages from spleen and

peritoneum

Breeding, maintenance and killing of the mice used in

this study followed the principles of good laboratory

animal care and experimentation and complied with British

Home Office and local ethical committee regulations. Mice

were kept at a constant 12 h/12 h light–dark cycle with free

access to food and water. This study was carried out with

adult male Balb/c mice at 20 weeks. Mice were killed by

exposure to an increasing dose of carbon dioxide. Death

was confirmed by cervical dislocation.

Mouse peritoneal macrophages were obtained by lavage

of the intraperitoneal cavity with cold balanced salt solu-

tion (BSS). For splenic macrophages, spleens were col-

lected from mice, cells gently removed by mechanical

dissociation and re-suspended in BSS. The erythrocytes

were removed and mononuclear cells enriched by centri-

fugation on a Ficoll density gradient Histopaque 1083

(Sigma St. Louis, MO, USA). Cell viability following this

procedure was over 95% in all cases, as measured by

Trypan blue exclusion. The enriched mononuclear cells

were adjusted to 5 � 106 cells ml�1 in culture medium (see

above) and plated in 35 mm petri dishes. After 1 h of

incubation at 37 8C in a 5% CO2 humidified atmosphere,

non-adherent cells were removed by vigorous washing and

the adherent cells (approximately 10% of the original

plated suspension) were maintained in culture for 24–

48 h until use.

For flow cytometry experiments, fresh enriched mono-

nuclear populations were used directly prior to the adhe-

sion step.

2.4. Immunofluorescence

Spleen macrophages were prepared as described above

and plated in 8-well LAB-TEC slides (Nalge Nunc Inter,

Naperville, UK) or 12 well plates (Corning USA) for 24–

48 h before immunostaining. Cells were fixed for 10 min at

room temperature in 4% paraformaldehyde (BDH Labora-

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655642

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tory Supply, UK) prepared in PBS. Blocking of non-

specific binding sites was achieved by preincubation with

normal horse serum (NHS; Harlan Sera-Lab, UK) in PBS,

containing 0.05% Merthiolate (Sigma) at room tempera-

ture for 20 min, as described in detail by Llewellyn-Smith

[28].

An indirect immunofluorescence method with three

layer amplification was used. Antibodies against P2X1–

7, P2Y1, P2Y2, and P2Y4 receptors raised in rabbit were

allowed to react with biotinylated donkey anti-rabbit IgG

secondary antibody (Jackson Immunoresearch, PA, USA)

and detected with either Oregon green- or Texas Red-

coupled avidin (Sigma). The P2X antibodies were

obtained from Roche Bioscience (Palo Alto, CA,

USA). P2X subtype-selective antibodies were each raised

in rabbits against a specific 15 amino acid residue at the

carboxy-terminus of each P2X receptor molecule [29].

The P2Y1, P2Y2, and P2Y4 antibodies were obtained from

Alomone (Alomone Labs. Ltd. Jerusalem, Israel). Briefly,

the sections were incubated overnight with primary anti-

bodies diluted to 5 and 2.5 mg ml�1 (determined as opti-

mal by previous titration) with 10% Normal Horse Serum

(NHS) in PBS, containing 0.05% Merthiolate and 0.1%

saponin. Subsequently, the sections were incubated with

biotinylated donkey anti-rabbit IgG (Jackson Immunore-

search, PA, USA) diluted 1:500 in 1% NHS in PBS,

containing 0.05% Merthiolate and 0.1% saponin for

30 min, followed by a 1 h incubation with ExtrAvidin–

Oregon green or Texas Red (Sigma), both at a concentra-

tion of 1:100. In some experiments, a directly labelled,

donkey anti-rabbit IgG Cy3 (Jackson Immunoresearch,

PA, USA) secondary antibody was applied at a concen-

tration of 1:100 for 1 h. All incubations were carried out at

room temperature and separated by three 5 min washes in

PBS. Control experiments were performed using an

excess of the appropriate homologue peptide antigen to

absorb the primary antibodies, and thus, confirm specific

immunoreaction. The slides were visualised using a Zeiss

Axioplan microscope (Zeiss, Germany), and an Edge

True-View 3D fluorescence microscope (Edge Scientific

Instruments, Santa Monica, CA, USA). Images were

prepared with Zeiss Axioplan microscopes coupled with

a Leica DC 200 image acquisition system (Leica, Cam-

bridge, UK). The figures were prepared using the Adobe

Photoshop 5.0 program.

2.5. Flow cytometry assays

Spleen cells were adjusted to 106 cells/sample, washed

twice with BSS and incubated with BSS, containing 5%

normal goat serum (NGS), on ice, for 20 min. Mouse cells

were then incubated with FITC-conjugated rat anti-mouse

CD3 (1:100; Serotec, UK), FITC-conjugated rat anti-

mouse B220 (1:100; Serotec, UK) or FITC-conjugated

rat anti-mouse F4/80 (10 ml antibody/106 cells; Serotec,

UK) to stain T lymphocytes, B lymphocytes and macro-

phages, respectively, for 30 min. Samples were then

washed and fixed in fresh 4% paraformaldayde (Sigma)

for 10 min on ice and then extensively washed in cold BSS.

The rabbit anti-rat P2X1–7 antibodies (Roche Bioscience,

Palo Alto, CA, USA) and P2Y1, P2Y2, and P2Y4 antibodies

(Alomone Labs. Ltd. Jerusalem, Israel) were diluted in

BSS, 0.1% saponin medium and applied to the samples at a

concentration of 0.1 mg/1 � 106 cells overnight at 4 8C.

The samples were then washed 3 times in BSS and

incubated with PE-goat anti-rabbit monoclonal antibody

(Caltag Lab. Burlingame, CA, USA) at a concentration of

1 mg/106 cells for 30 min. The cells were then washed

three times in BSS, re-suspended in PBS and analyzed on a

Becton Dickinson FACSCalibur flow cytometer (San Jose,

CA, USA). Negative control experiments were performed

by preabsorbing the P2X and P2Y receptor antibodies with

their appropriate homologue peptide antigens and/or by

omission of the primary P2X or P2Yantibodies. Cells were

initially gated by forward and side scatter and then by cell

type-specific antibodies for macrophages (CD11b+)/(F4/

80) or lymphocytes (CD3+) (B220+).

2.6. Western blot analysis

J774 cell membrane preparations (15 mg protein) were

subjected to a variety of denaturing or reducing conditions.

Samples were solubilized in Laemmli sample buffer, con-

taining 2% (w/v) sodium dodecyl sulphate (SDS) and

heated for 5 min at 95 8C or in sample buffer with the

addition of 3% (w/v) DTT or 5% (v/v) mercaptoethanol,

both with and without heating for 5 min at 95 8C. Samples

were then electrophoresed on a 10% SDS polyacrylamide

gel using 25 mM Tris, 192 mM glycine and 0.1% (w/v)

SDS running buffer (pH 8.3) (Biorad, Hertfordshire, UK)

at 20 mAmps per gel. The proteins were transferred to

nitrocellulose membranes by electrophoretic blotting for

1 h at a constant current of 1 mA/cm2 (trans-blot semi-dry

transfer cell, Biorad, Hertfordshire, UK) using transfer

buffer, containing 10% (v/v) methanol, 25 mM Tris,

192 mM glycine and 0.1% (w/v) SDS (pH 8.2–8.4).

Non-specific protein-binding sites were blocked with

PBS-T (phosphate buffered saline (pH7.4), containing

0.1% Tween 20) and 6% (w/v) fat-free milk powder for

1 h at room temperature. The membranes were incubated

with a variety of P2X (Roche Biosciences, Palo Atto, CA)

or P2Y (Alomone Lab. Ltd, Jerusalem, Israel) antibodies

using a 1:1000 dilution in PBS-T for 16 h at 4 8C. The

membranes were then washed (2 min � 15 min) with PBS

and incubated with a swine anti-rabbit IgG antibody con-

jugated to horseradish peroxidase (1:2000 dilution) (Amer-

sham Pharmacia Biotech UK Limited, Bucks, UK) for 1 h

at room temperature and finally washed again with PBS-T

(2 min � 15 min). Bound antibodies were detected using a

Visualiser Western Blot Detection Kit (Upstate Cell Sig-

nalling Solutions, NY) and a Fluor-S MultiImager System

(Biorad, Hertfordshire, UK).

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 643

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2.7. RT-PCR analysis

Total cellular RNA was extracted from cells using Total

RNA Isolation System (Promega, Southampton UK)

according to the manufacturer’s instructions. Three micro-

grams of RNA sample were digested with 3 U of ampli-

fication grade deoxyribonuclease I (Life Technologies,

Paisley, UK) for 20 min at room temperature to eliminate

contaminating DNA. Half of each resulting RNA sample

was reverse transcribed at 42 8C using 200 ng of random

primers, 400 U of Superscript II reverse transcriptase (Life

Technologies, Paisley, UK) with 40 U of ribonuclease

inhibitor (Rnasin; Promega, Southampton UK) in a final

volume of 50 ml reaction buffer. The remaining RNA was

used to prepare a control sample where reverse transcrip-

tase was omitted. One 2 ml aliquot of each sample was used

for RT-PCR analysis in a 50 ml reaction volume, containing

200–500 nM primers, 1.5 mM MgCl2, 200 mM of each

dNTP and 2.5 U of Taq polymerase (Qiagen, Crawley,

UK).

Cycling conditions were: 94 8C for 4 min, followed by

35 cycles of 94 8C for 60 s, 58 to 63 8C for 60 s (depending

on the primer set), 72 8C for 60–90 s with a final extension

step of 72 8C for 7 min.

Primer sets were designed based on the available rat and

mouse sequences and published data [30–32]. The

sequences were as follows:

PCR products were resolved by electrophoresis in 2%

agarose gels and visualised by ethidium bromide stain-

ing. The specificity of PCR products was confirmed

by digestion with specific restriction enzymes and/or

sequencing.

2.8. Intracellular calcium measurements

Cells plated on glass cover slips were loaded with 6 mM

Fura-2-AM (Molecular Probes) for 1 h at room tempera-

ture in culture medium. The coverslips were then washed

and mounted in a three-compartment superfusion chamber

whose base was formed by a coverslip, containing the cells.

The central chamber, containing the cells had a volume of

200 ml, and was perfused with PBS supplemented with

1 mM CaCl2 at a rate of 1 ml min�1. Intracellular calcium

concentrations of groups of 20–40 cells were monitored

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655644

Receptors Primer sequence Primer position

(relative to rat

sequence)

P2X1 Fwd 50-TGGGTGGGTGTTTGTCTATG-30 344–363

Rev 50-TGAAGTTGAAGCCTGGAGAC-30 1064–1083

P2X2 Fwd 50-TCCATCATCACCAAAGTCAA-30 265–284

Rev 50-TTGGGGTAGTGGATGCTGTT-30 637–656

P2X3 Fwd 50-CTCCTGCCTAACCTCACCGACAAGGACATAAAGAAGTGCCGCTTC-30 571–616

Rev 50-CTAGTGACCAATAGAATAGGCCCCTGAGTCTGTAGACTGCTTCTC-30 1150–1195

P2X4 Fwd 50-ATCCTCCCCAACATCACCACGTCCTACCTCAAATCGTGCATTTACAAT-30 612–657

Rev 50-TCACTCGTTCATCTCCCCCGAAAGACCCTGCTCGTAGTCTTCCAC-30 1122–1167

P2X5 Fwd 50-GTCACTTCAGCTCCACCAATCTCT-30 843–866

Rev 50-CCTCTCCAGTGTCTTGTCCTCTGC-30 1372–1396

P2X6 Fwd 50-GCCTTAGATACCTGGGACAACACCTATTTCAAGTACTGTCTCTAC-30 621–666

Rev 50-TGCACTGTTGGTAGTTGCCTTTGGGGCTCTTGCCTCTTCATACTT-30 1092–1137

P2X7 Fwd 50-ATGCCGGCTTGCTGCAGCTGGAACGATGTCTTTCAGTATGAGACA-30 1–45

Rev 50-CCAAGTCTTGTGAAAGGTACAAGAGATGTTCATACCTGGTAAGAT-30 621–666

P2Y1 Fwd 50-ACGTCAGATGAGTACCTGCG-30 1235–1254

Rev 50-CCCTGTCGTTGAAATCACAC-30 1504–1523

P2Y2 Fwd 50-CTGGTCCGCTTTGCCCGAGATG-30 1417–1438

Rev 50-TATCCTGAGTCCCTGCCAAATGAGA-30 1703–1727

P2Y4 Fwd 50-TGTTCCACCTGGCATTGTCAG-30 1566–1586

Rev 50-AAAGATTGGGCACGAGGCAG-30 1840–1859

P2Y6 Fwd 50-TGCTTGGGTGGTATGTGGAGTC-30 868–889

Rev 50-TGGAAAGGCAGGAAGCTGATAAC-30 1206–1184

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continuously at room temperature with the use of a fluor-

escence photometer (Photon Technology, Princeton, NJ).

Fura-2 was excited alternately at 340 and 380 nm, and the

emission at 510 nm was measured. The ratio measurement,

which is proportional to the intracellular calcium concen-

tration, was determined every 100 ms. The drug applica-

tion was via a bolus of nucleotides by introducing 50 mM

of the perfusion saline, containing five times the desired

final concentration of the drug into the pre-chamber [33].

The rapid delivery of drugs as a bolus minimizes the effects

of desensitization mechanisms [34]. The intervals between

drug applications were a minimum of 10 min for increas-

ing concentrations of the same drug and between fifteen to

30 min between different drugs.

2.9. Electrophysiology

Cells were plated at low density in 35 mm plastic culture

dishes (Falcon) and maintained in culture for 2–7 days.

Cultures were visualised using phase contrast at 600�magnification using an inverted microscope (Diaphot,

Nikon). Culture dishes were perfused with ‘extracellular

solution’ at room temperature, at a rate of 0.5 ml min�1,

while solution was applied locally to the cell of interest

using a microperfusion device [35]. Recordings were

carried out using the conventional whole cell patch-clamp

technique [36], or the perforated patch technique [37].

Patch electrodes were fabricated from thin wall borosili-

cate glass capillaries (Clark Electromedical, GC 150TF)

and had a resistance of 2–4 MV when filled with ‘intra-

cellular solution’. Membrane currents were recorded using

an Axopatch 200B amplifier (Axon Instruments), dis-

played on a chart recorder (Gould TA240) and stored on

digital audiotape using a DTR-1204 (Biologic, Claix,

France) recorder for subsequent line analysis. Ramp cur-

rent voltage relationships were recorded on a personal

computer, using pClamp software and a Digidata 1200

interface (Axon Instruments).

Traces were acquired using Fetchex (pClamp software,

Axon Instruments) and plotted using Origin (version 4.0).

2.10. Drugs and solutions

Except where modified as indicated, the extracellular

solution contained (mM): NaCl, 154; KCl, 4.7; HEPES,

10; D-glucose, 5.6; CaCl2 and MgCl2, 1.2, adjusted to pH

7.4 with NaOH. In experiments investigating P2X-

mediated responses, the intracellular (pipette) solution

contained (mM): citric acid, 56; MgCl2, 3; CsCl, 20;

HEPES, 40; EGTA, 0.1; TEA Cl, 10, adjusted to pH 7.2

with CsOH (total Cs+ concentration, 170 mM). To inves-

tigate P2Y-mediated responses, the intracellular solution

contained (mM): tri-potassium citrate, 56; KCl, 25; NaCl,

10; HEPES, 35; K EGTA, 0.1. For perforated patch

recordings, amphotericin B (240 mg ml�1) was added to

the pipette solution.

2.11. Statistical analyses

All data are presented as mean � S.E.M. Statistical

comparisons were made using two-tailed Student’s t-tests

for paired and unpaired samples and ANOVA (Tukey’s

Multiple Comparison Test) as appropriate. Statistical sig-

nificance was taken as P < 0.05.

3. Results

3.1. Nucleotides trigger Ca2+ changes in macrophages

3.1.1. Mouse peritoneal macrophages

We used micro-fluorimetry to investigate nucleotide

receptors on native macrophages. ATP, ADP, UTP and

UDP induced a rapid and concentration-dependent intra-

cellular Ca2+ response in mouse macrophages, with a sharp

increase of basal calcium (Fig. 1a–d). The cells were more

sensitive to UDP treatment, with a response to doses as low

as 100 nM (Fig. 1d). ATP at concentrations 1–100 mM

induced calcium changes with a single peak (Fig. 1a),

while at high concentrations (10–100 mM), UTP and UDP

evoked a biphasic response with a fast peak followed by a

slower second phase (Fig. 1c and d). The least effective

nucleotide tested was ADP, with cells responding only at

100 mM (Fig. 1b). AMP and UMP did not induce any

responses.

3.1.2. J774 macrophage cell line

We also examined the Ca2+ changes induced by nucleo-

tides in the J774 macrophage cell line. We observed that

ATP, ADP, 2Me-S-ATP, UTP, and UDP all elicit Ca2+

response at a concentration of 100 mM. In one of three

experiments the J774 macrophages responded at two con-

centrations of a P2X1 and P2X3 agonist a, b-meATP but

stopped responding when a higher concentration was tested

(Fig. 2a). Concentration-response curves were constructed

for different P2 agonists on the J774 macrophage cell line.

However, in some experiments, the concentration depen-

dence was very steep giving rise to ‘‘all or none’’ type

responses, similar to those observed in rat alveolar macro-

phages [26]. Thus, combining data from different experi-

ments gave rise to either steep concentration-response

curves, or large error bars. The J774 macrophages responded

consistently to a P2Y2 agonist UTP (EC50 = 0.9 mM)

(Fig. 2b), P2Y6 agonist UDP (EC50 = 25 mM) (Fig. 2c),

and P2Y1 agonists ADP (EC50 = 11.5 mM) and 2Me-S-ADP

(EC50 = 3.9 mM) (Fig. 2d and e), respectively.

3.2. Patch-clamp studies in J774 cells

We used whole cell patch-clamp recording to further

characterize the P2 receptors present on J774 cells. This

has the advantage of readily discriminating between

responses mediated by P2X or P2Y receptors. It also

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 645

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permits the use of antagonists, such as PPADS and Ciba-

cron blue, which because of their colour, interfere with

fluorimetric measurements.

3.2.1. P2Y receptors

Most cells (24/28) voltage clamped at�45 mV, with a K+

based internal solution, responded to ATP with a slowly

developing outward current (Fig. 3a). When recorded with

the conventional whole cell recording technique, the

response exhibited pronounced run-down, such that only

one or two responses could be obtained from each cell. In

contrast, when the perforated patch technique was

employed, reproducible responses could be obtained.

The reversal potential obtained for this current was

Erev = �78 � 0.35 mV (n = 4) and is compatible with the

activation of a Ca2+-dependent K+ conductance that has

already been described by our group in peritoneal mono-

nuclear and polykaryon macrophages [38]. These outward

currents were little changed by the selective SK1–3 channel

blocker UCL 1648 (100 nM), but were abolished by the

SK4/IK1 channel blocker clotrimazole (1 mM; Fig. 3b and

c). UTP and UDP induced the activation of the same

outward current in concentrations of 1–10 mM (Fig. 3a),

but higher concentrations of ADP (30–100 mM) were

required to evoke consistent responses. We investigated

the concentration-dependence of the activation of this out-

ward current by ATP, ADP, UTP and UDP. For some cells,

the concentration dependence was very steep giving rise to

‘‘all or none’’ type responses. This resulted in large error

bars, and steep curves for the pooled data (Fig. 4). Never-

theless, we have obtained EC50 values of 1.3, 0.9, 10.3 and

33.2 mM for UTP, UDP, ATP and ADP, respectively. We

further characterized the receptors mediating this response

by examining the effect of four different antagonists, which

have varying degrees of selectivity between different P2Y

receptor subtypes. Cibacron blue (10 mM) produced a

reversible inhibition of the response to UDP, UTP and

ADP (Fig. 5a), while suramin (100 mM) blocked the

response to ADP but did not affect the response to UTP

(Fig. 5b). PPADS (30 mM) produced a slowly reversible

block of the response to ADP, and although the response to

UTP was also reduced, the effect was less pronounced than

the effect against ADP (Fig. 5c). The P2Y1 selective

antagonist MRS 2179 at a concentration of 3 mM failed

to alter the response to either ADP or UTP (Fig. 5d).

3.2.2. P2X receptors

In cells voltage, clamped at �60 mV, with a Cs+ based

internal solution (to block K+ currents), ATP (100 mM)

evoked a small (�100 pA), rapidly activating inward cur-

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655646

Fig. 1. Effect of extracellular nucleotides on intracellular calcium concentration in mouse peritoneal macrophages. Murine macrophages were loaded with

Fura-2, and nucleotides at a final concentration of 10 nM, 100 nM, 1 mM, 10 mM or 100 mM were added rapidly (arrows). (a) ATP response. (b) ADP response.

(c) UTP response. (d) UDP response. The reagent concentration in the chamber decreased to zero within 1 min due to continuous perfusion of the extracellular

medium. Fluorescence is proportional to the intracellular calcium concentration and was measured as described in Section 2. Representative data of a single

experiment are shown. The experiments were repeated at least three times with similar results.

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rent, which declined during the course of a 2 s application

(Fig. 6a). In contrast, the P2X1- and P2X3- selective

agonist a, b-meATP (30 mM) failed to evoke any inward

current, even when cells had been pre-incubated with

apyrase (4 U ml�1) for more than 2 h, to prevent receptor

desensitisation by any endogenously released ATP (data

not shown).

Di-benzoyl-ATP is more potent than ATP on the P2X7

receptor (24). In ‘‘normal’’ divalent cation-containing solu-

tion, this agonist produced a much smaller response than

ATP (Fig. 6a center trace), but when the divalent cation

concentration was reduced (to 0.5 mM Ca2+, 0 mM Mg2+),

the response to BzATP was much greater than that to the

same concentration of ATP (Fig. 6a lower right trace and 6b).

The response to ATP, recorded in normal divalent cation

solution, was concentration-dependent, and fitting the Hill

equation to the data gave an EC50 of 11 mM (Fig. 7a).

The response to 10 mM ATP, recorded in normal divalent

cation solution was potentiated in the presence of 10 mM

Zn2+, but was attenuated when the pH was lowered from

7.4 to 6.8 (Fig. 7b and c).

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 647

Fig. 2. Concentration-dependent elevation of intracellular Ca2+ by nucleo-

tides in J774 macrophages. (a) Calcium mobilization in response to

increasing concentration of a, b-meATP (arrows represent 0.1 mM,

1 mM and 10 mM). Subsequent application of higher concentrations of

agonist failed to evoke responses (not shown). (b–e) Show concentration-

response curves for Ca2+ mobilization in response to the increasing con-

centrations of UTP, UDP, ADP and 2Me-S-ADP respectively. Concentra-

tion-response curves were generated by combining data from at least three

independent experiments.

Fig. 3. Nucleotide activation of outward currents in J774 cells under

voltage clamp. (a) Outward currents evoked by UTP, ATP, ADP and

UDP in the same cell, under voltage clamp at �45 mV, using the perforated

patch technique with a K+ based filling solution. (b) The selective SK

channel blocker UCL 1684 has little effect on the outward current. (c)

recordings from another cell, in which, the response was reversibly abol-

ished by the IK channel blocker clotrimazole (CLOT).

Fig. 4. Concentration-dependence for activation of outward currents in

J774 cells under voltage clamp. Graphs show the concentration-response

curves for UTP, UDP, ATP and ADP. Responses were normalized with

respect to that produced by 3 mM (UDP) or 100 mM (UTP, ATP, ADP)

agonist in the same cell. The Hill equation was then fitted to the pooled

data to determine an EC50 value. Points represent the mean from 4 to 8

cells.

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The P2 antagonists suramin (100 mM) and Cibacron

blue (30 mM) failed to antagonise the response to ATP

in normal divalent cation solution (Fig. 7d). In fact,

suramin appeared to produce a small though not statisti-

cally significant potentiation of the response.

3.3. Immunostaining for P2X receptors in the J774

macrophage cell line

We investigated the expression of all seven P2X receptor

subunits in J774 cells using immunofluorescence. Positive

immunostaining was observed for all P2X receptors with

different intensities of staining (Fig. 8a–h). In most experi-

ments, P2X7, P2X4 and P2X3 receptor immunostaining

was stronger than for other P2X receptor subtypes, with

staining intensity varying from weak to strong for all P2X

subtypes. The majority of cells were weakly labelled with

the anti-P2X1 and -P2X2 receptor antibodies (Fig. 8a and

b). The intensity of immunostaining was similar for P2X4,

P2X3 and P2X7 receptors, with the majority of cells

strongly labelled and some with moderate staining inten-

sity (Fig. 1c, d and h). P2X5 and P2X6 immunostaining was

also variable; less than half the cell population examined

showed strong staining, while the majority of cells were

moderate to weakly stained (Fig. 8e and f). The negative

controls (pre-absorption with cognate peptide, or omission

of the primary antibodies) gave no staining for any of the

P2X receptors studied. The negative control for P2X6 is

shown in Fig. 8g. In general, we observed the following

order of staining intensity: P2X4 � P2X7 � P2X3 >P2X6 � P2X5 � P2X2 > P2X1.

3.4. Western blot analysis

Western blotting was performed on membrane samples

subjected to a variety of denaturing or reducing conditions

(Section 2) using antibodies raised against P2X1–7 recep-

tors. J774 cells were found to express P2X4, which was

detectable when the sample was treated with DTT or

mercaptoethanol and P2X7, which was only detectable

following reduction with DTT (Fig. 9). In both instances,

further denaturing of the protein by heating at 95 8Cabolished the ability of the antibody to detect the protein.

These proteins were detected at 60 and 70 kDa for P2X4

and P2X7, respectively, which corresponds to the known

molecular weight of these proteins. No protein for P2X1,

P2X3 P2X5 or P2X6 could be detected, while a weak band

at 70 kD was detected for P2X2. Staining for P2X2, P2X4

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655648

Fig. 5. Antagonist sensitivity of nucleotide activated outward currents

under voltage clamp. (a) Comparison of responses to near maximal agonist

concentrations of UDP, UTP and ADP before, during and after application

of Cibacron blue. (b) Comparison of responses to near maximal concentra-

tions of ADP and UTP before, during and after application of 100 mM

suramin. (c) Comparison of responses to ADP and UTP before, during and

after application of 30 mM PPADS. (d) Failure of the P2Y1 selective

antagonist MRS 2179 (3 mM) to affect responses to ADP and UTP.

Responses amplitudes were normalized with respect to the control response

in each cell. Columns represent the mean from six cells.

Fig. 6. Agonist activated inward currents in voltage clamped J774 cells. (a)

Rapid application of ATP evokes an inward current in cells voltage clamped

at �60 mV with a Cs+ based internal solution. In contrast, BzATP evoked a

much smaller response, and no response was evoked by a, b-meATP. When

the divalent cation concentrations in the bathing solution were reduced, the

response to BzATP was greatly increased. (b) Comparison of the amplitude

of the inward current produced by ATP, BzATP and a, b-meATP in normal

bathing solution, and by ATP and BzATP in low divalent cation-containing

solution (0 mM Mg2+, 0.5 mM Ca2+). Columns represent the mean

� S.E.M. from eight cells.

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and P2X7 was abolished by pre-absorption with the cog-

nate peptide (not shown).

3.5. Immunostaining for P2Y receptors in the J774

macrophage cell line

We studied the expression of P2Y1, P2Y2 and P2Y4

receptors by immunofluorescence. The J774 macrophages

were positively-immunostained for all of these receptors

(Fig. 10a–d). Immunolabeling was strongest for P2Y1

receptors followed by P2Y2 and P2Y4. The majority of

J774 cells were strongly stained with anti-P2Y1 antibodies

but some cells presented a moderate intensity of labeling

(Fig. 10a). The anti-P2Y2 receptor antibody labeled

approximately half of the J774 macrophage population,

with moderate to strong staining intensity (Fig. 10c). The

majority of cells were moderately stained for P2Y4, with

some strong staining observed (Fig. 10d). In some experi-

ments, P2Y1 receptor immunostaining was more concen-

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 649

Fig. 7. Pharmacological properties of the ATP-activated current (in normal

divalent cation solution) in voltage clamped J774 macrophages. (a) con-

centration-response curve for activation of the inward current by ATP.

Points represent the mean � S.E.M. from four cells. Fitting the Hill

equation to the data gave an EC50 of 11 mM. (b) Inward currents recorded

from the same cell in response to 10 mM ATP alone, in the presence of

10 mM Zn2+, or in solution at pH 6.8 compared with a response to 100 mM

ATP. (c) Comparison of the effects of Zn2+ and low pH on the response to

ATP. Columns represent the mean � S.E.M. from eight cells. (d) Compar-

ison of the effects of suramin (SUR 100 mM) and Cibacron blue (CB

30 mM) on the response to 10 mM ATP. Columns represent the mean

� S.E.M. from four cells.

Fig. 8. Immunolabelling of P2X receptors on J774 macrophages. Immuno-

fluorescent staining of: (a) P2X1 (b) P2X2 (c) P2X3 (d) P2X4 (e) P2X5 (f)

P2X6 (g) pre-absorption of P2X6 antibody with peptide control. (h) P2X7

immunofluorescence. Note that there is less intense immunoreactivity for

P2X1 and P2X2 than for other receptors. (a–h) 200�.

Fig. 9. Detection of P2X4 and P2X7 in J774 membrane preparations by

western blotting. Samples were treated with Laemmli buffer, containing (a)

3% DTT, (b) 3% DTT with heating at 95 8C (c) 5% mercaptoethanol and (d)

5% mercaptoethanol with heating at 95 8C. Proteins of 60 and 70 kDa were

detected for P2X4 and P2X7, respectively.

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trated on the plasma membrane than that observed for other

P2Y receptors. The negative controls gave no staining for

any of the P2Y receptors studied.

3.6. P2X receptor expression in mouse spleen

macrophages

Using flow cytometry, we assessed the expression of

P2X receptors in mouse spleen macrophages. No signifi-

cant immunoreactivity for P2X1 or P2X2 was observed. A

weak signal for P2X3 was apparent, while strong immu-

noreactivity for the other four subunits was detected

(Fig. 11; Table 1). All P2X receptor subtypes were identi-

fied in spleen macrophages but the mean fluorescence

intensity (MFI: an index of receptor number per cell)

sometimes showed weaker expression of P2X1 and

P2X2 receptor subtypes (Table 1).

3.7. P2Y receptor expression in mouse spleen

macrophages

Using flow cytometry, we assessed the expression of

P2Y1, P2Y2 and P2Y4 receptors in mouse spleen macro-

phages. All three P2Y receptor subtypes were identified

with little difference in the mean fluorescence intensity

between the subtypes (Table 1). For the established macro-

phage cell line J774, we used conventional immunostain-

ing.

3.8. Molecular analyses of P2X and P2Y receptors

We used RT-PCR to identify mRNA expression corre-

sponding to specific receptors found in mouse spleen

macrophages and in the J774 macrophage cell line. Ampli-

fications were performed with the oligonucleotide primer

pairs specific for cloned P2X and P2Y receptors. Primers

were complementary to regions showing maximal

sequence identity within mouse and rat transcripts (where

both sequences were available). The results are sum-

marised in Fig. 12 and Tables 1 and 2.

Single, specific PCR fragments were detected for P2X4

and P2X7 in spleen and peritoneal macrophages as well as

in J774 cells. In mouse macrophages, two fragments were

amplified for P2X6; a fragment of the expected size and a

smaller, less abundant one. Sub-cloning and sequence

analysis of this smaller product indicated that it arises

from alternative splicing of the mouse P2X6 transcript.

Amplification of P2X3 mRNA resulted in two frag-

ments, one of the expected size and a second smaller band

of higher intensity. However, sequence analysis revealed

that the smaller fragment is a non-specific product of PCR

amplification.

Amplification with primer sets specific for P2X1 and

P2X5 gave specific products of low abundance in isolated

macrophages but were largely undetectable in J774 cells.

P2X2 amplification produced a single band of a much

larger size (800 bp) than expected (392 bp). This fragment

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655650

Fig. 10. Immunolabelling of P2Y receptors on J774 macrophages. (a) P2Y1 immunofluorescence staining. (b) Pre-absorption of P2Y1 antibody with peptide

control. (c) P2Y2 immunoreactivity. (d) P2Y4 immunoreactivity. Note: In (a), the presence of a subpopulation of cells that label strongly for P2Y1 receptors. (a–

d) 200�.

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corresponded to the published sequence of the genomic

DNA. However, this amplicon was not detected in control

amplifications with mock first strands where reverse tran-

scriptase was omitted, thus excluding genomic DNA con-

tamination. Therefore, we have amplified the unspliced,

primary transcript of the P2X2 receptor, retaining introns

between exon 2 and exon 6. Furthermore, we did not

observe the amplification product of the mature, spliced

mRNA, which indicates that the P2X2 transcript in macro-

phages is alternatively spliced in the region(s) where the

amplification primer(s) anneal. Sequence analysis revealed

that exon 6 (to which our reverse primer should anneal)

undergoes extensive splicing in different tissues. Amplifi-

cation with primer sets specific for P2Y1, P2Y2, P2Y4 and

P2Y6 transcripts resulted in single amplification products

of the expected sizes in isolated macrophages and in the

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 651

Fig. 11. P2X receptor subtype protein expression in spleen macrophages using flow cytometry. Fluorescence histograms of P2X receptors obtained by flow

cytometry. (a) Cells were initially selected for analysis on the basis of the characteristic forward (x-axis) and side (y-axis) scatter profiles; cells in region R3 were

gated to represent the macrophage population (R2 consisted mainly of lymphocytes). These cells were confirmed to be CD11b-positive (a marker for

macrophages). (b) P2X1 (c) P2X2 (d) P2X3 (e) P2X4 (f) P2X5 (g) P2X6 (h) P2X7. Solid line, control; shaded line, P2X subtype antibodies. Traces shown are from

a single experiment but are representative of five independent experiments.

Table 1

Summary of P2X receptor subtypes identified in macrophages by RT-PCR and immunocytochemistry

P2X1 P2X2 P2X3 P2X4 P2X5 P2X6 P2X7

P IS WB P IS WB P IS WB P IS WB P IS WB P IS WB P IS WB

J774 cell line – � – + + + ++ – + +++ ++ � + – + + – + +++ ++

Mouse spleen macrophages NE ++ (var) NE NE ++ (var) NE + ++ NE + +++ NE + + NE + ++ NE + ++ NE

P, RT-PCR; IS, Immunostaining (immunofluorescence or flow cytometry data); WB, Western blot; (–) not detected; (+) staining present; (++) strong staining;

(+++) very strong staining; (var), variable; NE not examined.

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J774 cell line. PCR using control first strands (prepared

without reverse transcriptase) invariably gave no amplifi-

cation products.

4. Discussion

In earlier studies, it was thought that P2X7 and P2Y2

were the main P2 receptors expressed by immune cells

([16,38,39]). Subsequent studies, using RT-PCR and

immunohistochemistry, have now identified various other

P2X and P2Y subtypes in immune cells [39], including

lymphocytes [22], dendritic cells [25], eosinophils [40] and

human blood-derived macrophages [24]. In this study, we

demonstrate that mouse macrophages express a number of

functional P2 receptors. Using RT-PCR and immunohis-

tochemical techniques (immunofluorescence and Western

blot for J774 cells, or flow cytometry for native macro-

phages), we show for the first time, both at the mRNA and

protein level, that murine macrophages express both the

mRNA and protein for multiple P2X receptor subunits and

four P2Y receptor subtypes. Furthermore, the presence of a

variety of P2X and P2Y receptor subtypes is confirmed by

our functional studies.

4.1. P2X receptors on J774 cells

Previous studies measuring [Ca2+]i support the view that

P2X and P2Y receptors are present on J774 macrophage

cells [13,14]. Our patch-clamp and RT-PCR experiments

revealed the presence of several P2X receptor subtypes on

J774 macrophage cells. Our results in ‘‘normal’’ divalent

cation-containing solution, revealed BzATP to be a less

potent agonist than ATP, and responses were insensitive to

the antagonists suramin and Cibacron blue. In addition,

although responses were potentiated by micromolar con-

centrations of Zn2+, they were attenuated by acidification.

These findings are consistent with the involvement of P2X4

receptors, which have been identified in a rat alveolar

macrophage cell line [26]. In low divalent cation solution,

BzATP became more potent than ATP indicating the

presence of P2X7 receptors. Our electrophysiological

and pharmacological findings are supported by the strong

immunostaining for P2X4 and P2X7 receptor protein in

these cells, detection of the protein by Western blot, and the

identification of mRNA for these subunits by RT-PCR.

The presence of P2X1 receptor expression in immune

cells is contentious. P2X1 receptor mRNA and positive

immunostaining were first described in thymocytes

[23,41,42], and P2X1 receptor mRNA has been identified

in human blood-derived macrophages and macrophage-

derived dendritic cells as well as in the HL60 promyelocyte

cell line [43,44]. However, these findings are in contrast to

a study where expression of the P2X1 receptor was identi-

fied in human platelets but not in monocytes, neutrophils or

blood lymphocytes [45]. We failed to detect P2X1 mRNA,

in J774 cells, and although low levels of P2X1 immunor-

eactivity were detected, this was not confirmed by Western

blot, so we cannot completely rule out the possibility that

this was non-specific. Although no immunoreactivity was

detected in our negative controls, because of the high levels

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655652

Fig. 12. RT-PCR determination of purinergic receptor mRNA expression in mouse macrophages. The figure shows examples of agarose gel analysis (negative

image of the ethidium bromide staining) of 10 ml of amplification products obtained with specific primer sets. J774—mouse macrophage cell line; SM—100 bp

size marker (control; Gibco-BRL). The initial identification of the PCR products was based on the correct predicted size and confirmed by restriction digestion

and/or sequencing. The single, expected size amplification products were obtained for all P2Y receptors studied and for P2X4 and P2X7. Amplification of P2X6

gave an additional smaller band (arrow) proven to be the result of alternative splicing. A larger band in P2X3 (arrowhead) was a non-specific product. The size of

P2X2 amplicon corresponded to the amplification of an unspliced, primary transcript. Although no amplification product for P2X1 and P2X5 could be detected

form J774 cells, amplification of products from mouse brain RNA (M.BR) served as a positive control.

Table 2

Summary of P2Y receptor subtypes identified in macrophages by RT-PCR

and immunocytochemistry

P2Y1 P2Y2 P2Y4 P2Y6

P IS P IS P IS P IS

J774 Cell Line + +++ + ++ + + + NE

Mouse spleen

macrophages

NE + NE + NE + NE NE

P, RT-PCR; IS, immunostaining (immunofluorescence or flow cytometry

data); (–) not detected; (+) staining present; (++) strong staining; (+++) very

strong staining; NE, not examined.

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of Fc receptors on macrophages, some non-specific bind-

ing of the primary antibody might still occur. Absence of

P2X1 receptors is also supported by the lack of response to

a, b-meATP in our patch-clamp experiments.

Although we detected low levels of P2X2 receptor

immunoreactivity in J774 cells by immunostaining and

Western blot, our PCR experiments gave ambiguous

results, possibly because of alternative splicing of the

mRNA in the region to which our primers were directed.

Furthermore, in our patch-clamp experiments, ATP

responses were not potentiated by lowering pH, which is

a characteristic of the P2X2 receptor.

The detection of P2X3 mRNA and protein in J774 cells

was an unexpected finding as previous studies have

reported selective expression of P2X3 receptors largely

on sensory neurones of dorsal root, trigeminal and nodose

ganglia [46,47], although more recently P2X3 receptors

have also been identified in endothelial and epithelial cells

[18,23]. Although immunostaining indicated the presence

of P2X3 protein, this was not confirmed by Western blot.

Furthermore, our electrophysiological experiments failed

to reveal the presence of functional P2X3 receptors. It is

possible that the receptor may not be transported to the

surface membrane, as happens with the P2X6 receptor

when expressed in HEK293 cells [48]. Alternatively,

because the P2X3 receptor desensitizes very rapidly, the

lack of electrophysiological response could be due to

endogenous ATP release causing receptor inactivation

prior to experimentation. However, in experiments using

apyrase to degrade any released ATP, we were still unable

to observe responses to a, b-meATP, making this explana-

tion unlikely. Interestingly, we did occasionally see

responses to a, b-meATP in our micro-fluorimetry experi-

ments. Furthermore, human blood-derived macrophages

respond to ATP and a, b-meATP, and this response has a

rapidly desensitizing component, consistent with the invol-

vement of P2X1 or P2X3 receptors [49]. Thus, it may be

that functional P2X3 receptors are only present in macro-

phages under particular conditions.

Although low levels of P2X5 and P2X6 receptor immu-

noreactivity were detected in J774 cells, mRNA for the

P2X5 subunit was not convincingly detected, while for the

P2X6 receptor both the expected size fragment and a

smaller splice variant were observed. However, P2X6 sub-

units may only form functional receptors if appropriately

glycosylated [50] or in combination with other subunits as

part of a heteromeric receptor [51]. Although our functional

studies provide no support for the presence of either of these

receptors, we cannot rule out their existence in J774 cells.

4.2. P2Y receptors on J774 cells

In agreement with previous studies [14], we demon-

strated that nucleotides can cause an elevation of intracel-

lular Ca2+ in J774 cells through the activation of P2Y

receptors, and this in turn leads to the activation of a

calcium-sensitive potassium conductance. Interestingly,

the potassium channels involved appear to be of the IK/

(SK4) rather than the apamin sensitive (SK1–3) subtype.

Our RT-PCR and immunohistochemical experiments

indicate that P2Y1, P2Y2, P2Y4 and P2Y6 receptors are

all present in J774 cells. This conflicts with the observa-

tions of Chen and Lin [15] who detected only P2Y6 mRNA

in J774 cells, and a more recent study of rat alveolar

macrophages, which detected P2Y1, P2Y2, P2Y4 and

P2Y12 but no P2Y6 mRNA [26]. The presence of multiple

P2Y receptors with different levels of receptor reserve, and

the all or none nature of the Ca2+ increase in most J774

cells makes pharmacological identification of the receptor

subtype(s) involved difficult. In addition, pharmacological

characterization of recombinant mouse P2Y receptors is

less complete than for the rat and human orthologues.

Because, it is at present, unclear whether there is much

interspecies variation in the properties of these receptors,

interpretation of our data based on the characteristics of rat

and human P2Y receptors must be treated with caution.

Our functional experiments (electrophysiology and

micro-fluorimetry) show that ADP, ATP, UTP and UDP

are all effective agonists. The rank order of potency

differed in the two sets of experiments. Whether this is

because the cell selection criteria for the two techniques

resulted in an unavoidable bias is not clear.

The low potency of ADP, and the lack of antagonism by

MRS 2179 would suggest that the P2Y1 receptor is not

important for the functional responses. The ability of

suramin and PPADS to abolish responses to ADP, while

leaving the response to UTP unaffected by suramin, or

slightly reduced by PPADS, combined with the resistance

of the response to UTP to both suramin and PPADS, might

suggest the involvement of three P2Y receptor subtypes,

perhaps P2Y2, P2Y4 and P2Y6. Clearly, a more detailed

investigation, using an assay more closely coupled to

receptor activation (e.g. IP3 generation) will be required

to confirm this and to rule out any possible contribution of a

lower expression level of P2Y1 receptors.

4.3. Native macrophages

We examined the expression of P2 receptor mRNA and

protein in mouse spleen macrophages using RT-PCR and

flow cytometry. Although there may be problems in extra-

polating from mRNA to protein, and from protein expres-

sion to functional receptors, our data suggests that purinergic

signalling in native macrophages could involve at least as

many receptor subtypes as we have identified in J774 cells.

4.4. Physiological role

The expression of a variety of different P2 receptors will

enable a cell to respond to a variety of purine and pyrimidine

di- and tri-phosphates over an extended concentration range.

The extent to which the expression of these receptors

R. Coutinho-Silva et al. / Biochemical Pharmacology 69 (2005) 641–655 653

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changes during the lifetime of a macrophage has yet to be

investigated. Thus, it may be that some of these receptors

have an important role in the development and differentia-

tion of stem cells in bone marrow, while others are important

for activation of mature macrophages. Further studies will

be required to investigate this possibility.

In conclusion, we have demonstrated the presence of at

least two P2X and three P2Y receptor subtypes in mouse

macrophages. This suggests that the mechanisms by which

nucleotides act on macrophages are more complex than

first described and a re-evaluation of previous data may be

necessary in light of our new findings. Clearly, the devel-

opment of new P2X and P2Y specific antagonist/blocking

drugs and new studies are required to establish fully the

functions of different nucleotides on macrophages and the

role of these receptors in macrophage physiology.

Acknowledgments

The authors are grateful to Dave Blundell and Vandir da

Costa for their excellent technical support and to Dr.

Chrystalla Orphanides for editorial assistance with the

manuscript. This work was partially supported by funds

from the Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienti-

fico e Technologico do Brasil (CNPq), Programa de

Nucleos de Excelencia (Pronex), Fundacao de Amparo a

Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), and the

Wellcome Trust. Dr. Coutinho-Silva was a Wellcome Trust

fellow, number 062754/Z00Z.

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