Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

114

description

volumes da Revista de Antropogagia, de Oswald de Andrade.

Transcript of Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Page 1: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia
Page 2: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Introdu~ao de " \u1-!usto de C~lIllpOS

I ccsp

B ib ioleca

S ... r~lo M III. t

Page 3: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

'v

Esta edi~io fae-similar da "Revista de Antropotagia" e uma eontribiJi~io das empresas Editora Abril Ltda. e da Metal Leve SI A. - assinalando os seus 25 anos de atividades para melhQr eOI)heeimento . de uma das mais importantes fases da eultura literaria brasileira. Sio Paulo, 1975

Jmpresso na Abril SI ~ Cultural e Industrial.

Page 4: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

REVISTAS RE-VISThS: OS ANTROPOFAGOS

"Cette brallche trap

negligee de /'a1l/hropophagie lie se

meurt poi lit, I'mltlzropopJtagie lI 'est poillt mort.e." (Alfred larry, "Amhropophagie", 1-3-1902 ) "Para comer meus

prOp nos semelhallt.es His-me sentado Ii mesa." (Augusto dos Alljos, Eu, 1912)

A UGUSTO DE CAMPOS

I Das revistas ligadas ao Modernismo, as mais caracteristicas e repre­sentativas foram KLAXO e a REVISTA DE ANTROPOFACIA, ambas publicadas ern Sao Paulo. Tivemos ern 1972 a reedic;ao de KLAXON, reproduzindo fascsimilar­mente, corn capas e cores, os nove numeros originais, que apareceram entre maio de 1922 e janeiro de 1923. Da REVISTA DE ANTROPOFAGIA, ate aqui a mais desconhecida, e sem duvida a mais revolucionaria do nosso Modernismo, nao havia esperanc;a de republicac;ao. Jose Luis Caraldi - garimpador dessas raridades - descobriu uma colec;ao quase completa da revista, que fora de Tarsila, agora pertencen te a Oswaldo Estanislau do Amaral Filho, sobrinho da grande pintora . Faltava apenas uma pagina do "Diario de Sao Paulo", que a sorte fez cair nas maDs de Garaldi e com a qual foi completada a coletanea. Dai nasceu a ideia de repor em circulac;ao esses documen tos explosivos da nossa hist6ria Ii teraria ( viva ), reproduzindo-os , tal como se fez corn KLAXON, ern sua sabo­rosa fisionomia original. E 0 que 0 lei tor tern agora em maos. Pediram-me que escrevesse uma introduc;ao ao volume. Acabou saindo mais longa do que eu imaginava, e mais apaixonada. Sinal, quando menos, de que os nossos "antrop6fagos" continuam a interessar, e de que a "antropofagia" realmente nao esta morta .

Page 5: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 A

. . f' KLAXON Graficamente a mais bela das revistas do pnmelra 01 · , d Modernismo, com seus tipos decorativos, sua numera~ao"g~~u a ~ 0

choque visual de suas capas e contracapas: 0 enormc A vertIcal

vertebralizando as palavras. Espantosamente fnigil , in genua, amadoristica . Urn primeiro toque-de-

reunir modernista, no ambiente hostil da epoca, apos a bravura da Semana. Mas tambem urn salve-se-quem-puder modernoso, on de a

maior parte naufraga em ondas subfuturistas ou pos-impressionistas

_ ressaca internacional de arte moderna . Os melhores poemas de KLAXON estao na quarta-capa : os anuncios espaciais Coma Lacta, Guarana Espumante e os criativos pseudo-an un­

cios de Pantosopho, Panteromnium & Cia , proprietarios da Grande Fabrica Internacional de Sonetos, Madrigais , Baladas e Quadrinhas .

. Dentro, ha os poemas prometedores de Luis Aranha. Os de Mario de Andrade, ainda incipientes, cheios de tiques, retoricos. De Oswald,

nem ha colabora~ao poetica. Urn trecho de A Estrela de Absinto e

algumas notas, "Escolas & Ideias", esbo~o ainda imaturo da linguagem

dos manifestos posteriores. 0 resto - que fazer ? - era 0 resto. Gui­lherme. Menotti. Serge Milliet. Colabora~ao internacional do 2.° ou 3.0 time europeu: Nicolas Bauduin , Guillermo de T orre, Antonio

Ferro e uns franceses , belgas e italianos que ninguem sabe mais quem sao. Escassez de materia-prima num terreno movedi~o onde, entre

outras ervas, ate poema de Plinio Salgado dava. Ruim , e claro.

Confusao teorica. 0 "Balan~o de Fim de Seculo" de Rubens Borba de Moraes ( no n.o 4 ) mistura , numa mesma salada , cubistas, dadaistas,

futuristas, unanimistas, bolchevistas e espiritas. Critica impressionista

( e indulgente). De uma resenha de Mario sobre A Mulher que Pecou de Menotti: "Mais urn livro do nosso admiravel colaborador. ( ... ) 0 novo livro de Menotti del Picchi a assim julgamos: Dos me1hores da

literatura brasileira. ( .. . ) A Figura de Nora e uma Figura humana.

Move-se como poucas outras da fic~ao nacional. ( ... ) Como lingua:

virilidade, expressao, beleza . Imagens luxuriantes . Repeti~6es. Adje­

tiva~ao sugestiva. Descri~6es magnificas. Poesia. ( ... ) Menotti del Picchia e urn artista ."

Urn modernismo mitigado, tolerante, nao isento de compromissos com

a linguagem convencional e com os valores da tradi~ao . "Sabe 0 que

e para nos ser futurista ? E ser klaxico", ja ironizava Oswald . 0 mani ­

festo do 1.0 numero prometia. Mas de que adiantava Mario de An­

drade preferir Perola White a Sarah Bernhardt, se ele continuava

perdendo tempo com Guiomar Novaes ("E meu dever explicar porque considero a senhorinha Novaes uma pianista romantica .")?

Claro que os nossos modernistas da primeira hora - considenido 0

contexto desinformado e provinciano - podem ser olhados com maior

brandura. Mas se estou enfatizando, com crueza , aspectos negativos

da produ~ao modernista no primeito e significativo periodico dos mo­

~os da Seman a de 22 , e exatamente para que se possa entender a

posi~ao critica que, em rela~ao aos seus proprios companheiros, assu­

mirao, mais adiante, Oswald e os "antropofagos" mais radicais.

Page 6: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

'j

3 REVISTA DE ANTROPOFAGIA. Duas fases C'denti~oes" ) nitida­mente distintas. A primeira, revista mesmo, em formato de 33 por 24 em, com modestas 8 paginas : 10 numeros, editados mensalmente, de maio de 1928 a fevereiro de 1929, sob a dire~ao de Antonio de Alcantara Machado, gerencia de Raul Bopp. Depois, veio a nova fase (a da 2.a denti~iio, como esclarecia 0 subtitulo) da revista, agora limi­tada a uma pagina do "Dilirio de Sao Paulo", cedida aos "antrop6-fagos" por Rubens do Amaral, que chefiava a reda~ao do jornal na epoca. Foram 16 paginas, publicadas com certa irregularidade, mas quase sempre semanalmente, de 17 de mar~o a 1.0 de agosto de 1929 (a 16.a pagina saiu, por engano, com 0 mesmo numero da anterior). Nos quatro primeiros numeros, alem do subtitulo, a indica~ao: 6rgiio do clube de antropofagia. A partir do 5.°: 6rgiio da antropofagia bra­sileira de letras . Na I.a denti~ao, a revista esta ainda marcada por uma consciencia ingenua nao muito distante da que informou 0 modernismo klaxista, apesar dos seis anos decorridos. Raul Bopp depoe depois ( 1966): "A antropofagia, nessa fase, nao pretendia ensinar nada. Dava apenas li~oes de desrespeito aos canastroes das Letras. Fazia inventario da massa falida de uma poesia bobalhona e sem significado." ~ verdade que la esta, no primeiro numero, 0 genial Manifesto An­trop6fago de Oswald, que junto com 0 Manifesto da Poesia Pau Brasil, publica do dois anos antes, resulta na formula~ao mais consistente que nos deixou 0 Modernismo. Mas Oswald ja estava quase sozinho. Nos 10 numeros da revista, 0 unico texto que se identificava plenamente com as ideias revolucionarias do manifesto, era A "Descida" Antro­p6faga, artigo assinado por Oswaldo Costa, igualmente no n .O 1. Urn "double" de Oswald ( ate no nome ) que diz : "Portugal vestiu 0 selva­gem. Cumpre despi-lo. Para que ele tome urn banho daquela "inocen­cia contente" que perdeu e que b movimento antrop6fago agora lhe restitui. 0 homem (falo do homem europeu, cruz credo! ) andava buscando 0 homem fora do homem. E de lantema na mao : filosofia. ( ... ) N6s queremos 0 homem sem a duvida , sem siquer a presun~ao da existencia da duvida: nu, natural , antrop6fago." E lan~a urn dos "slogans" do movimento : "Quatro seculos de carne de vaca! Que horror!" Comparar as incisivas tomadas de posi~ao dos dois Oswaldos com a "nota insistente" publicada "no rabinho do primeiro numero da Re­vista" e assinada por Alcantara Machado e Raul Bopp :

"Ela ( a "Revista de Antropofagia") esta acima de quaisquer grupos ou tendencias; Ela aceita todos os manifestos mas nao bota manifesto; Ela aceita todas as criticas mas nao faz critica; Ela e antrop6faga como 0 avestruz e comilao; Ela nada tern que ver com os pontos de vista de que por acaso

seja veiculo .. A "Revista de Antropofagia" nao tern orienta~ao ou pensamen­to de especie alguma : s6 tern estomago. "

Page 7: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Estomago resistente. A ponto de abrigar, sem aparente indigestao, de Plinio Salgado a Yan de Almeida Prado. . . Claro que Oswald e os "antrop6fagos" radicais, que, logo mais, na 2.a denti~ao, refugariam a Anta, opondo-lhe a imagem do Tamandua ("Por isso nao queremos anta, queremos tamandua. 0 nosso bicho e 0 tamandua bandeira . Nossa ban de ira e 0 tamandua. Ele en terra a lingua na terra , para chupar 0 tutano da terra. As formigas grudam na lingua dele, mor­dendo, queimando. Ele engole as formigas .") nao iriam se conformar com essa deforma~ao da imagem do antrop6fago - 0 avestruz, ave de apetite onivoro e estomago complacente e, alias, estrangeira . . . Emblematica da politica cultural da. revista, nessa primeira fase, a imagem do avestruz mostra como a Antropofagia - excetuados os casos de Oswald e Oswaldo - era tomada no seu sentido mais super­ficial pela maioria, nao ultrapassando, no mais das vezes, a ideia da "cordial mastiga~ao" dos adversarios ostensivos do Modernismo. E 0

que explica a assimila~ao indiscrirninada de autores que nada tern a ver com os pressupostos da Antropofagia, ' enquanto movimento. 0 que faz, por exemplo, no n.O 5, urn sr. Peryllo Doliveira, da Paraiba, com seu peda~ de poem a "A Voz Triste da Terra" ("Mas agora meu Deus e impassivel voltar!")? 0 que faz Augusto Frederico Schmidt com 0 poema penumbrista "Quando eu Morrer", no n.O lO? Estomago de avestruz! Mas a despeito da indefini~ao te6rica e poetica, a REVISTA DE AN­TROPOFAGIA nao deixou de contribuir, mesmo nessa primeira fase , como veiculo - 0 mais importante da epoca - para a evolu~ao da linguagem do nosso Modernismo. Nao bastasse 0 Manifesto de Os­wald, associ ado ao bico-de-pena de Tarsila ( uma replica do "Abaporu" ou Antrop6fago, urn dos seus mais notaveis quadros), la estao: 0

fragmento inicial de Macunafma ( n .o 2) , 0 radical "No Meio do Caminho" de Drummond (n.o 3), que reaparece, epigramatico, com "Anedota da Bulgaria", no n.o 8; "Sucessao de Sao Pedro", do melhor Ascenso Ferreira ( n.o 4 ) ; "Noturno da Rua da Lapa" de Manuel Bandeira ( n.o 5) ; "Republica", de Murilo Mendes (n.o 7) , entao bern impregnado de "pau brasil" e bastante a vontade numa revisao desabusadamente poetica e crltica da nossa hist6ria , iniciando a serie que ira integrar 0 volume de poemas Hist6ria do Brasil (1932 ), la­mentavelmente excluido da edi~ao Poesias (1922-55), em 1959. E algumas das primeiras produ~oes de Raul Bopp (Jac6 Pim-Pim), Jorge de Lima, Augusto Meyer e outros. Curiosidades: poemas de Josue de Castro e Luis da Camara Cascudo, cronica de Santiago Dantas. o que ha de mais afinado com 0 espirito irreverente da Antropofagia, em sua face mais autentica e agressiva, e a se~ao Brasiliana, que apa­rece em todos os numeros, e onde se reunem, a maneira do "sottisier" de Flaubert, noticias de jornais, trechos de romances, discursos , car­toes de boas festas, anuncios, circulares - textos "ready made" que denunciam a amena polui~ao da imbecilidade atraves da linguagem cotidiana e convencional. Como 0 anuncio compilado no n .o 3, verda­deiro poema-"trouve":

"A CRUZ DA TUA SEPULTURA EN CERRA UM MISTE­RIO - Valsa com letra; foi esc rita junto a uma campa. Ven­de-se a rua do Teatro, 26."

Page 8: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Alcantara Machado tern, na revista, aproximadamente, 0 papel de Mario em KLAXON. Os editoriais e as resenhas de livros ficam a seu cargo. Disso ele se desincumbe com muita agilidade e certa grac;a, mas na base de urn gosto-nao-gosto que, se tern mais acertos do que erros, nem por isso ultrapassa 0 plano da disponibilidade subjetiva, dentro de uma generica defesa do "moderno". Urn Mario de Andrade folclorizante comparece, ainda, com 0 poema "Lundu do Escritor Di­ffcil" e pesquisas mUsico-regionais. Sintoma da progressiva irritac;ao de Oswald - que, no n,o 5, ja pole­miza com Tristao de Ataide em torno do Cristianismo - e a publica­c;ao do seguinte aviso no n.o 7 :

SAl BAM QUANTOS

Certifieo a pedido verbal de pessoa interessada que 0 meu paren­te Mario de Andrade e 0 pior crftico do mundo mas 0 melhor poeta dos Estados Desunidos do Brasil. De que dou esperan9a.

JOAO MIRAMAR A irritac;ao viraria descompostura na 2 .a dentic;ao da revista, que brota com dentes muito mais afiados na pagina dominical do "Diario de Sao Paulo" de 17-3-29, urn mes depois de se extinguir a primeira

serie .

4 2 .a Denti9iio . A fase em que a Antropofagia vai adquirir os seus defi­nitivos contornos como Movimento. Raul Bopp permanece, revezan­do-se na direc;ao corn Jaime Adour da Camara. Geraldo Ferraz e 0

Secretario da Redac;ao ("Ac;ougueiro", na terminologia antropofagica ). Com Oswald de Andrade e Oswaldo Costa a £rente, os "antropofagos" descarregam todas as suas baterias, sob nome proprio ou atraves de urn diluvio de pseudonimos mais ou menos botocudos ou troeadilhes­cos : Cunhambebinho, Odjuavu, Japi-Mirim, Freuderico, Jaboti , Braz Bexiga, JUlio Dante, Cabo Machado, Tamandare, Pinto Calc;udo, Po­ronominare, Guilherme da Torre de Marfim, Cunhambebe, Coroinha, Menelik ( 0 morto sempre vivo) , Marxilar, Piripipi, Tupinamba, Pao de Lo, Le Diderot, Jaco Pum-Pum, Seminarista Voador e outros . Dcs­tes, sabe-se segura mente que Tamandare, que assinava os terriveis Moquens, era Oswaldo Costa. Pinto Calc;udo ( personagem do Sera­fim ), Freuderico ( Freud + Frederico Engels ou Nietzsche? ), Jaco Pum-Pum ( 0 Pim-Pim era Raul Bopp) tern todo 0 jeito de Oswald. Transferindo-se para a pagina de jornal, a REVIST A DE ANTRO­POFAGIA so aparentemente empobreceu . . Ganhou dinamicidade co­municativa. A linguagem simultapea e descontinua dos noticiarios de jornal foi explorada ao maximo. Slogans, anuncios, notas curtas, a-pe­didos, citac;oes e poemas rodeiam um ou outro artigo doutrinario, fazendo de cada pagina, de ponta a ponta, uma caixa de surpresas, on de espoucam granadas verbais de todos os cantos. Urn contrajornal

dentro do jornal. Mas 0 que pretendiam, afinal, os renovados "antropofagos" com 0

terrorismo literario de sua pagina explosiva?

Page 9: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

}

Restabelecer a: linha radical e revoluciomlria do Modernismo, que ja sentiam esmaecer-se na dilui~iio e no afrouxamento. E mais do que isso. Lm~ar as bases de uma nova ideologia, a ultima utopia que Oswald iria acrescentar ao que chamaria mais tarde ,"a marcha das utopias". f: disso que tratam os artigos que atuam como "editoriais" da pagina. Alguns dos principais, sob 0 titulo De Antropofagia, datados uma ou outra vez do Ano 375 da degluti~iio do Bispo Sardinha, a maneira do

- Manifesto Antrop6fago. Os Moquens, de Tamandare COswaldo Cos­ta). E outras interven~oes expHcitas ou implfcitas de Oswald e Oswaldo. A Antropofagia niio quer situar-se apenas no plano literario. Ambi­ciona mais. "A descida antropofagica niio e uma revolu~ao literaria. Nem social. Nem poHtica. Nem religiosa. Ela e tudo isso ao mesmo tempo." CN.o 2 - De Antropofagia). Condenando "a falsa cultura e a falsa moral do ocidente", os "antropofagos" investem contra os espiritualistas, os metafisicos, e os nacionalistas de inspira~ao fascista, mas recusam tambem os extremismos da esqtierda canonica : "Nos somos contra os fascistas de qualquer especie e contra os bolchevistas tambem de qualquer especie. 0 que nessas realidades politicas houver de favoravel ao homem biologico, consideraremos born. f: nosso'" C . .. ) Como a nossa atitude em face do Primado do Espiritual s6 pode ser desrespeitosa, a nossa atitude perante 0 marxismo sectario sera tambem de combate. C ... ) Quanto a Marx, consideramo-Io urn dos melhores "romanticos da Antropofagia". CN.o 1 - De Antropo­fagia). Urn saudavel anarquismo parece animar 0 grupo, enquanto busca a defini~ao de urn novo humanismo, revitalizado pela visiio do homem natural americano. Se niio se preocupam exclusivamente com literatura, nao deixam os "antropofagos" de fazer a crftica interna do Modernismo e 0 corpo de delito de todos quantos, seguidores da primeira hora do movimento, derivaram para uma atitude moderada ou reacionaria. Disso se en­carrega sistematicamente Oswaldo Costa na serie Moqubn , dividida em: I - Aperitivo, II - Hors d'Oeuvre, III - Entradas, IV - So­bremesa, V - Cafezinho. De Hors d'Oeuvre: 0 valor do Modernismo "e puramente historico, documental, igual, num certo sentido, ao do arcadismo, do roman­tismo, do parnasianismo e do simbolismo, entretanto superior a todos eles porque ja representava, de fato, uma tentativa de liberta~ao.

C . .. ) Mas niio compreendeu 0 nosso "caso", niio teve cora gem de enfrentar os nossos gran des problemas, ficou no acidental, no aces­sorio, limitou-se a uma revolu~iio estetica - coisa horrfvel - quando a sua fun~ao era criar no Brasil 0 pensamento novo brasileiro. Se 0

indio dos romanticos era 0 indio filho de Maria, 0 indio dele era 0

indio major da Guarda Nacional, 0 indio irmiio do Santissimo. 0 movimento modernista foi, assim, uma fase de transis:ao, uma simples operas:iio de reconhecimento, e nada mais. Dai a pouca ou nenhuma influencia que ele exerceu sobre os espiritos mais fortes da geras:iio. A confusao que trouxe foi tamanha que a sua sombra puder am se acomodar, numa democracia de bonde da Penha, 0 sr. Sergio Buarque de Hollanda e 0 sr. Ronald de Carvalho, 0 sr. Mario de Andrade e 0

Page 10: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

sr. Gra~a Aranha , e ate 0 sr. Guilherme de Almeida ."

o requisit6 rio de Hors d'Oeuvre prossegue: "ao Modernismo, movi­

mento unicamente artistico, fa ltou exatamente sensibilidade arl is lica ."

( ... ) Mas 0 movimento modernista nao produziu coisa alguma? Pro­duziu . M ACUNAIMA." Rcssalvando Macullaima, "0 nOS50 Iivro d ­

dico, a nossa Odisseia", que "os antrop6fagos rcivindicam para si ",

O swaldo Costa arremete contra a poesia dos modernistas da epoca:

"a nossa poesia se Iibertou dc uns para escorregar noutros preconcei­tos. Ao inves da poesia cssencia l, 0 que temos - l1 a "escola minci ra"

e nos intelectuais do nordestc influenci ados pelo sr. M,\ rio de An­drade, a cxce~ao de Jorgc de Lima e de Ascc nso Ferreira, nos quai s ponho as minhas espe ra n ~as - c pocsia de acidcntes, dc ornalOs, de detalhes, de deitos. Pensa mento novo nao cri amos." De Elltradas: "Que espirito novo trouxeram a nossa poesia, por exem­

plo, Ronald dc Carva lho e Guilherme de Almcida, que 0 sr. Mario de Andrade nao se cansa dc enaltecc r, c, como, quando e porque Antonio de Alcantara Machado reformou a nossa prosa?" As tra nsi­gencias de Mario de Andrade ("mutirao dc sa bc n~a da r. Lopcs C ha­vcs" ) nao sao poupadas: "Foguetes II pocsia bobalhona dc Augusto Frederico Schmidt , peguem na madcira . Corrcspond~n cia amorosa com 0 que ha dc mais mcdiocrc na intelectu alidadc do Bras il inteiro , zumbaias a Alcantara Machado c outras bcx igas cia nossa Barra J.'uncla Iiteraria. ( . .. ) Quem c1 assificou dc fini ssimo 0 ouvido dc poeta do sr. Alberto de Oliveira , no quc, a 1i;1s , accrtou porquc 0 fa rm ac~ utico

e isso mesmo - pl'Je ta de ouvido. Qucm faz di scursos ao sr. Gomes C a rdirn, credo! nao somos n6s, antrop6fagos, que grac;as a Deus lite­

ratos nao somos. E 0 sr. Mari o dc Andradc, 0 ccrebro mais confu so da critica contemporanea." Pergunta fin al: "cm setc anos que resultou para n6s da Semana de Arte Moderna?" E m Cafezinho, ° ultimo arti go da serie de Moquens, rcsumi a-se a carga contra 0 "falso modernismo", comparado ao indio que Oswaldo T eixeira desenhara para 0 centenario dc Alcnca r : "0 indio do sr. T ei­xeira e a fotografi a fi el do falso modernismo brasilciro . Como cle de indio 56 tem a inten~ao do sr. T eixeira , 0 fa lso modcrni smo hrasilciro 56 tern 0 r6tulo." Por tras delc - conclu ia-se - csta a ACA DEMI A. E os modernistas? "Empalhados como passaros dc muscu , vi vcm agora nas es tantes academicas, purgando 0 remorso da Scmana c..I e Arte Mo­dern a." Conselho antrop6fago: "A rapaziada dcvc sc prcvenir contra

a mistifica~ao. Deve reagir a pau ." E o pau comeu, brandido pelos Oswaldos c todos os scus pscuc..l unimos, contra os modernistas academizan tes. Em "Mario dc An c..Irac..l c , Alca n­tara e outras expressoes c..Ia timidez academica ou da modernic..l ac..l c ti ­mida". E m Gra~a Aranha: "0 academico carioca c um homcm con­fuso e sem espirito, cuja inteligencia inutilmente sc csfor~a em atra-

. palhar todas as no~oes conhecidas, todas as no~ocs copiadas ." E m Ald ntara Machado: "0 burgues brilhantc" ... "Ficou scndo 0 nosso

Fran~a JUnior , como ja disse Menotti. Mas para que mais Fran ~a Ju­nior?" . . . "0 que conduziu Ald ntara na estreia foi 0 pre facio dc Pathe-Baby. Por esse caminho, ele ia bem . Traiu-se. Virou importantc. Carioca. Nao nos interessa ." Em Mario de Andrade: " 0 nosso Miss S. Paulo traduzido no masculino" ... "Salva-o 'Macunafma'~" Pro-

Page 11: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

vavel evangelho de que ele se nega a consciencia. Por que?" Em Gui­lherme de Almeida, "Pierre Louis de celuloide". Em Paulo Prado, que cometeu os "absurd os incriveis de atribuir ao ouro e a luxuria todos os nossos excessos infantis." Nos espiritualistas. Em Tristao de Ataide ("Tristinho de Ataude", "Conselheiro Acacio do Modernismo") e seu Primado Espiritual ("Prima do Espiritual") . Em Tasso da Silveira e Festa "revista caracteristicamente provinciana", "vanguarda que mar­cha ~om mil precau~6es para nao estragar os sapatos··. Em August~ Frederico Schmidt, "vate mistico", 0 primeiro prontuariado do "ficha­rio antropofagico". Nos verdeamarelistas. Em l\1enotti del Picchia, "Le Menotti del Piccollo", "a Tosca do nosso analfabetismo litenirio··, " 0 Julio Dantas de Itapira". Em Cassia no Ricardo, "cuja ossada, desco­berta por nos, veio confirmar a existencia do hom em fossil da Lagoa Santa". Em Candido Mota Filho: " 0 candido sr. Motta Filho confunde tudo. Depois acha tudo confuso". Em Plinio Salgado, acusado de pastichar Oswald, e na sua Escola da Anta ("a Anta morreu de indi­gestao retorica") . E noutros mais . Em Ribeiro Couto, "vate consular". Em Drummond, que se solidariza com Mario, dizendo que "toda literatura nao vale uma boa amizade" ... o manifesto do Verdeamarelismo, ou da Escola da Anta , publicado no "Correio Paulistano", em 17 de maio de 1929 , e contestado no n .o 10 da revista (12-6-29 ), no artigo Uma adesao que /l ao II OS in­teressa, com implacavellucidez : "Nao! Nao queremos como os graves meninos do verdeamarelo restaurar coisas que perderam 0 sentido -­a anta e a senhora burguesa , 0 soncto e a academia. " Diante do ma­nifesto desse arremedo de movimento, pretensamente vanguard ista, mas que afirmava: "Aceitamos todas as institui~oes conservadoras, pois e dentro delas mesmo que faremos a inevitavel renovaC;ao do Brasil, como 0 fez , atraves de quatro seculos, a alma de nossa gente, atraves de todas as expressoes historicas", - 0 tacape an tropofago vibrou sem piedade: "0 que lou vamos nesses cinco abnegados dedi­nhos de mao negra conservadora e uma coragem - a de se declararem sustentaculos de urn ciclo social que desmorona por todos os lados e grilos de urn passado intelectual e moral que nem na Italia esta mais em yoga! Pandegos!" ( . . . ) "Os verdeamarelos daqui querem 0 gihao e a escravatura moral, a colonizaC;ao do europeu arrogante e idiota e no meio disso tudo 0 guarani de Alencar danc;:ando valsa. Vma adesao como essa nao nos serve de nada, pois 0 "antrop6fago" nao e indio de rotulo de garrafa. Evitemos essa confusao de uma vez para sempre! Queremos 0 antrop6fago de knicker-bockers e nao 0 indio de opera.' · Descontados os aspectos mais superficiais e panfletarios das investidas da 2.a dentiC;ao, e preciso reconhecer que os antropofagos puseram 0

de do na ferida do Modernismo. Que nascera comprometido, e agora, apenas engatinhando, ja se encaminhava , em rebanho, para as · Aca­demias. Nem 0 "conflito fraterno" entre Oswald e Mario pode ser reduzido - como ja quiseram fazer crer - a questoes pessoais ou de suscetibilidade. Se Mario de Andrade foi talvez mais duramente ata­cado do que os outros e porque, de fato, recuou. Em 1924, no posfacio a Escrava que nao e Isaura, ele ja dizia suspeitamente : "acho que urn poeta modernista e urn parnasiano todos nos equivalemos e equipara­mos". E porque os antrop6fagos sentiam na deser~ao progressiva do

Page 12: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

criador de Macunaima - a epopeia antropofagica que eles admiravam a ponto de querer "confisca-Ia para si" - uma perda bern maior do que as outras . . . Em suma, Oswald e sua tribo de antrop6fagos se insurgiram contra a descaracterizac;ao e a diluic;ao da revoluc;ao mo­dernista . Podem ter-se excedido numa ou noutra tacapada. Mas esta­yam cheios de razao.

A despeito do predominio dos artigos e notas de briga, a REVISTA DE ANTROPOFAGIA, nesta 2 .a fase, nao descuidou da colaborac;ao criativa. Sobressaem os dois poemas de Oswald (Sol, com seus cortes bruscos, e 0 reiterativo e lapidar Medita~iio no Horta) , que nao cons­tam de seus Iivros. Raul Bopp publica trechos de seu poema mais significativo, Cobra Norato . Murilo Mendes aparece com a excelente Can~iio de Exilio e outras composic;5es da serie da H ist6ria do Brasil. o colaborador inte:nacional e Benjamin Peret, que, mesmo nao va­lendo muita coisa como poeta, representava, de qualquer forma, 0

surrealismo, ainda em plena ebulic;ao. f: certo que varios dos poemas publicados ficam numa zona confinante com a do verdeamarelismo. Caso dos poemas regionalistas de Jorge de Lima . Mas foram os ver­deamarelistas que tentaram grilar 0 terreno da "poesia pau brasil". E, alem disso, ha em geral nos antrop6fagos uma nota sempre mais agres­siva, mais debochada e zombeteira, que falta aos subprodutos bem­comportados e ufanistas dos verdeamarelos . Dois poemas, ainda , me chamam a atenc;ao pela radicalidade de suas proposic;6es. Sao assinados por pseudonimos, mas tern a cara de Os­wald. Urn, no n. D 6, e urn "ready made", extraido da sucessao das

palavras no dicionario :

o POEMA DE CANDIDO DE FIGUEIREDO Z, 1457 zabaneira zabele zabra zabucajo zabumba zaburro zaco

Cunhambebe

Outro, urn epigrama contra os verdeamarelistas:

COMBINAGAO DE CORES

Verdamarelo Da azul? Nao. Di azar.

Jac6 Pum-Pum Desenhos (e preproduc;ao de quadros) de Tarsila, Cicero Dias e a rev~lac;ao de Pagu (Patricia Galvao), como desenhista e poeta, com­plementam esse quadro criativo.

Page 13: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Mas a caixa de surpresas da pagina e cheia de notas instigantes. P?r exemplo, a anedota Con/acio e 0 Antrop6/ago (no n.o 1), oque,. ~,oJe, tern certo sabor maoista. As cita~5es e a defesa de Sade ( n. 5) . Por enquanto Sade espera que a fogueira abrase 0 mundo." A discus sao­'manifesto em torno da Gestalt e da Antropofagia, por Oswald ( n.

o 9).

A notfcia sobre 0 lan~amento das bases de urn "Direito Antropofagico" pelo jurisconsulto Pontes de Miranda - "urn direito bio16gico, q~e admite a lei emergindo da terra, a semelhanC(a das plantas." (n.

o 13)

o pen ultimo numero da REVISTA - 19-7-1929 - da noticia da primeira exposi~ao de Tarsila no Brasil, inaugurada no dia anterior no Rio de Janeiro. E anuncia a organiza~ao do Primeiro Congresso Brasileiro de Antropofagia, para 0 estudo de "algumas reformas de nossa legisla~ao civil e penal e na nossa organiza~ao politico-social". Entre essas teses estao: 0 div6rcio, a maternidade consciente, a impu­nidade do homiddio piedoso, a nacionaliza~ao da imprensa, a sup res­sao das academias e sua substitui~ao por laborat6rios de pesquisas. Ilustrando a pagina, "Antropofagia", quadro n.o I do catalogo da exposi~ao de Tarsila. 0 ultimo numero - 1-8-1929 - traz lima ampla reportagem sobre as repercuss6es da mostra. 0 'editorial De Antropofagia e curto e virulento. Entre outras coisas: "Somos pelo ensino leigo. Contra 0 catecismo nas escolas. Qualquer catecismo. Nao e possivel fazer 0 Brasil embarcar na canoa furada da Prima do Espiritual. Reagiremos pois contra toda e qualquer tentativa nesse sentido. Viva Freud e nosso padrinho padre Ckero!"

Conta Raul Bopp que "cresciam, diariamente, as devolu~6es de jornais, em protesto contra as irreverencias antropofagicas". Por causa dessas rea~6es, Rubens do Amaral viu-se compelido a acabar com a pagina. o Congresso de Antropofagia tambem gorou. Raul Bopp : "Despreve­nidamente, a libido entrou, de mansinho, no Paraiso Antropof:igico. Cessou, abruptamente, aquele labor beneditino de trabalho. Deu-se urn "change de dames" geral. Urn tomou a mulher do outr~. Oswaldo desapareceu. Foi viver 0 seu novo romance numa beira de praia, nas imedia~6es de Santos. Tarsila nao ficou mais em casa." Desagregou-se o grupo. Em outubro de 1929 vieram 0 craque da Bolsa e a crise do cafe. Oswald e Pagu se engajaram no Partido Comunista. E 0 criador de Serafim Ponte-Grande, julgando-se curado do "sarampao antro­pofagico", virou "casaca de ferro na Revolu~ao Proletaria". As ideias e concep~6es da Antropofagia foram postas de lado pOl' muito tempo. S6 em 1945 , depois de sua ruptura com os comunistas, e que Oswald, intelectualmente recuperado, se dispos a aprofundar os temas antropofagicos. Eo que fad especialmente em dois estudos: A Crise da Filosofia M essianica (1950) e A M archa das Utopias (1953). Pode-se entao compreender, com maior precisao, a seriedade do pensamento oswaldiano e da tese antropofagica, concebida por ele como "a terapeutica social do mundo 1l10derno". Mas a REVISTA DE ANTROPOFAGIA fica como documento vivo das primeiras refregas, exemplo ate dramatico de uma luta que Oswald travou nas condi~5es as mais difkeis, praticamente ilhado, com alguns poucos, contra a mare da geleia geral que acabou envelopando quase todos os seus companheiros da revolu~ao modernista.

Page 14: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

5 Sabe-se que a REVISTA DE ANTROPOFAGIA e 0 MANIFESTO ANTROPOFAGO tiveram urn precedente na revista CANNIBALE e no MANIFESTE CANNIBALE DADA de Francis Picabia, ambos de 1920. Nao ha nada de espantoso nisso . Com os sucessos arqueo­J6gicos e etnol6gicos e a yoga do primitivismo e da arte african a, no come~o do seculo, era natural que a metafora do canibalismo entrasse para a semantica dos vanguardistas europeus. Mas, dentro de DADA, o "canibal" nao passou de uma fantasia a mais do guarda-roupa espa­ventoso com que 0 movimento procurava assustar as mentes burguesas. Com Oswald foi diferente. Embora citasse expressamente Montaigne e Freud (Totem e Tabu e de 1912 ), e possive! que e!e tenha recebido aJguma sugestao do canibalismo dadaista, entrevisto nas viagens que fez a Europa, entre 1922 e 1925. Mas a ideologia do Movimento AntropOfago s6 muito artificialmente pode ser assimilada ao Caniba­lismo picabiano, que , por sinal, nao tern ideologia definida, nem cons­titui , em si mesmo, movimento algum. CANNIBALE, revista dirigida por Picabia, "com a colabora~ao de todos os dadaistas do mundo", s6 teve dois numeros: 25 de abril e 25 de maio de 1920. Nao ha nada na revista, nenhum texto, em que se leia qualquer plataforma que pudesse identificar urn "movimento canibal". Quanto ao MANI­FESTO CANIBAL DADA, publicado em DADAPHONE (0 7.° e ultimo numero da revista DADA - 7 de mar~o de 1920 ), e urn tipico documento dadaista: " ... dada, s6 e!e, nao cheira a nada, nao e nada, nada, nada. e como vossas esperan~as: nada. como vossos paraisos : nada. como vossos idoles: nada ." Urn niilismo que nada tem a ver com a generosa utopia ideol6gica da nossa Antropofagia. Nao. Nem 0 MANIFESTO ANTROPOFAGO nem a REVISTA DE ANTROPOFAGIA se parecem com os seus antecessores picabianos, por mais que os bandeirinhas da nossa critica judicativa queiram pilhar Oswald em impedimento. Como diz Decio Pignatari: "Toda vez que vern a tona, 0 cadaver de Oswald de Andrade assusta. E sempre apa­rece urn pratico audaz disposto a conjurar 0 cachopo minaz." Mas como observou Benedito Nunes, na lucida serie de artigos 0 Moder­nismo e as Vanguardas (Acerca do Canibalismo Literario), em que pulveriza 0 auto-de-fe de urn dos martins-pecadores da nossa critica literaria, que tentava reduzir mecanicamente as matrizes do "canibal" dada-futurista a "antropofagia" brasileira: "a imagem do canibal estava no ar. Por isso quem se aventure a estabelecer os antecedentes litera­rios privilegiados que ela teve, sera obrigado a recuar de autor, indc­finidamente. " 0 pr6prio Benedito Nunes cita, como exemplo, Alfred Jarrye os Almanaques do Pere Ubu, "urn dos quais registra guloseimas para os amateurs anthropophages". Do mesmo Jarry, eu lembraria um texto talvez ainda mais explicito: 0 artigo Anthiopophagie, que c de 1902, e do qual extrai uma das epigrafes deste estudo. Depois de analisar as dimens6es da Antropofagia na concepc;:ao de Oswald de Andrade, assim conclui Benedito Nunes: "A imagem oswaldiana do antrop6fago e 0 conceito respectivo de assimila~ao subordillam-se, por­tanto, a uma forma de concepc;:iio que os varios eanibalismos literarios

Page 15: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

da epoca reunidos nao podem preencher." Oswald, de resto, clarificando 0 seu pensamento, distinguiu, em A Crise da Filosofia Messianica, a antropofagia ritual do mero caniba­lismo (antropofagia por gula ou fome): "A antropofagia , ritual e assimilada por Homero entre os gregos e segundo a documenta<;ao do escritor argentino Blanco Villalta, foi encontrada na America entre os povos que haviam atingido uma elevada cultura - Asteca, Maias, Incas. Na expressao de Colombo, comian los hombres . Nao 0 faziam porem, por gula ou por fome. Tratava-se de urn rito que, encontrado tambem nas outras partes do globo, da a ideia de exprimir um modo de pensar, uma visao do mundo, que caracterizou certa fase primitiva de toda a humanidade. Considerada assim, como weltanschauung, mal se presta a interpreta<;ao materialista e imoral que del a fizeram os jesuitas e colonizadores. Antes pertence como ate religioso ao rico mundo espiritual do homem primitivo. Contrapoe-se, em seu sentido harmonico e comunial, ao canibalismo que vern a ser a antropofagia por gula e tambem a antropofagia por fome, conhecida atraves da cronica das cidades sitiadas e dos viajantes perdidos. A opera<;iio metafisica que se liga ao rito antropofagico e a da transforma<;ao do tabu em totem. Do valor oposto, ao valor favoravel. A vida e devo­ra<;ao pura. Nesse devorar que amea<;a a cada minuto a existencia humana, cabe ao homem totemizar 0 tabu." Em materia de precursoes, mais intrigante e constatar que a poesia "antropofaga", na base do Indianismo as avessas idealizado por Os­wald ja a praticava, em temas e formas, cinqtienta anos antes, urn outr~ Sousa Andrade - 0 maranhense Sousandrade -, que no Can­to II do Guesa (1874) tern coisas como esta:

CAntrop6fago HUMAUA a grandes brados) - Sonhos, flores e frutos, Chamas do urucaril

Ja se fez cai-a-re,

Jacare! Viva Juruparil CEscuridao. Silencio )

A observa<;ao nao escapou a Edgard Cavalheiro, que intitulou urn seu artigo sobre Sousandrade, de 1957 : 0 Antrop6fago do Roman·­

tismo. 0 que vern confirmar a voca<;ao autonoma da antropofagia brasileira - a sua congenialidade, como diria Antonio Candido -relativamente as concep<;oes europeias. Sousandrade. Eis ai urn autentico precursor. Isso, sem esquecer 0 con­selho de Borges: "No vocabulario critico, a palavra precursor e indis­pensavel, mas teriamos de purifica-la de toda a conota<;ao polemica ou de rivalidade. A verdade e que cada escritor cria os seus precursores. A sua obra modi fica a nossa concep<;ao do passado, como ha-de modi­ficar 0 futuro."

Em A Marcha das Utopias e A Crise da Filosofia Messianica , na decada de 50, Oswald procura dar mais consistencia as suas ideias em torno da Antropofagia , vista como "uma filosofia do primitivo tecnizado". Fundindo observa<;oes colhidas em varios autores , mas principaimente em Montaigne ("De Canibalis"), Nietzsche, Marx e Freud, redimensionados pelas teses de Bachofen sobre 0 Matriarcado, cria a sua pr6pria Utopia de canher social ("No fundo de cada Utopia

Page 16: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

nao ha somente urn so h h ' b ' I . n 0, a tam em urn protesto") magInava 0 poeta que as so . d d .. . .

oferecer dId cle a es pnmltIvas seriam capazes de mo e os e comportamento . I . d

gra - d h SOcia mals a equado a reinte-<;ao 0 omem no pleno gozo d ,. za<;ao tec I ' · P 0 DelO a ser propiciado pela civili-

f d no ogl:a. ara Oswald, 0 6cio a que to do homem teria direito

ora esapropnado pel os od (' . p erosos e se perdera entre 0 sacerd6cio OCI~ sagrado) eo neg6cio ( nega<;ao do ocio). Para recupera-Io pro-

dPud

n a.a . I~corpora<;ao do homem natural, livre das repressoes da ~ocie­

a e clvlhzada.

A formula<;ao essencial do homem como problema e como realidade era capsulada neste esquema dialetico : 1.0 termo : tese _ 0 homem natural; 2.0 termo : antitese - 0 hom em civilizado; 3.0 termo : sintese - 0 home~. natural tecnizado. A humanidade teria estagnado no segundo es taglO, que constitui a nega<;ao do proprio ser humano e no qual fora precipitada pela cultura "messianica". '

Contra a cultura "messianica", repressiva, fundada na autoridade paterna , na yropriedade privada e no Estado, advogava a cultura "antropofagica", correspondente a sociedade matriarcal e sem classes ou sem Estado, que deveria surgir, com 0 progresso tecnologico, par~ a devolu<;ao do homem a liberdade original, numa nova Idade de Ouro. Conota<;ao importante derivada do conceito de "antropofagia" oswal­diano e a ideia da "devora<;ao cultural" das tecnicas e informa<;oes dos paises superdesenvolvidos, para reelabora-las com autonomia, conver­tendo-as em "produto de exporta<;ao" ( da mesma forma que 0 antro­pOfago devorava 0 inimigo para adquirir as suas qualidades ). Atitude critica, posta em pratica por Oswald, que se alimentou da cultura europeia para gerar suas proprias e desconcertantes cria<;oes, contes­tadoras dessa mesma cultura.

Tudo somado, 0 grandepecado de Oswald parece mesmo 0 de ter escrito em portugues. Tivesse ele escrito em ingles ou frances , quem sabe ate em espanhol, e a sua Antropofagia ja teria sido entronizada na constela<;ao de ideias de pens adores tao originais e inortodoxos como McLuhan, Buckminster Fuller (Utopia or Oblivion - a utopia tecnologica - mais uma contribui<;ao para a marcha das utopias? ), John Cage (Diorio: Como melhorar 0 mundo) ou Norman O. Brown, que em Love's Body (1966) ressuscita os temas do canibalismo freu­diano e do matriarcado de Bachofen. Pensadores da America, todos eles, por sinal. A Antropofagia, que - como disse Oswald - "salvou 0 sentido do modernismo", e tam bern a unica filosofia original brasileira e, sob alguns aspectos, 0 mais radical dos movimentos artisticos que produ­zimos. Por isso e da maior importancia que se ilumine 0 "caminho percorrido", no qual a REVISTA DE ANTROPOFAGIA e etapa indis­pensavel. Ilhado pela ignorancia e pela incompreensao, Oswald pare­cia ter perdido a batalha. "Venceu 0 sistema de Babi16nia e 0 gan;ii.o de costeleta", chegou a esc rever. Mas ele ressuscitou, nos ultimos anos, para nutrir 0 impulso das novas gera<;oes. Tabu ate ontem, hoje totem. No necessario banquete totemico nao devemos, porem, comemorar, mas comer a revista . Como ele queria. SOMOS ANTROPOFAGOS.

Sao Paulo, 1975.

Page 17: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANNO I - NUMERO I 500 rs. MAIO - 1928

Revista ~e lintropofagia Dlrec;:iio de ANTONIO DE ALCANTARA MACHADO Gerencia de RAUL BOPP

,

ENOERE~O: 13, RUA BENJAMIN CONSTANT - 3.· PAY. SAlA 7 - CAIXA POSTAL N,· 1.269 SAO PAULO

ABRE-ALAS -+--

Nos eramos xifopagos. Quasi chegamos a ser derodimos. Hoje somos antrop6fagos. E foi assim que chegamos a perfeic;ao.

Cada qt.1al com 0 seu tronco mas ligados pelo figado ( 0 que quer dizer pelo odio) mar­cha vamos numa . so direcc;ao. Depois houve uma revolta. E para fazer essa revolt a nos unimos ainda mais. Entao formamos urn so tronco. De·· pois 0 estouro: cada urn de seu lado. Viramos ca­nibais.

Ai desco brimos que nunca ha viamos sido outra cousa. A gerac;ao actual coc;ou-se: apare­ceu 0 antropofago. 0 antropofago: nosso pai. principio de tudo.

Nao 0 indio. 0 indianismo e para nos urn prato de muita sust~tncia. Como qualquer outra escola ou movimento. De ontem, de hoje e de amanha. Daqui e de fora . 0 antropofago come 0

indio e come 0 chamatlo civilizado: so ele fica lambendo os dedos. Pronto para engulir os ir­maos.

Assim a experiencia moderna (antes: con­tra os outros; depois: contra os outros e contra nos mesmos) acabou despertando em cada con­viva 0 apetite de meter 0 garfa no vizinho. J a comec;ou a cordeal mastigac;ao.

Aqui se processara a mortandade (esse rar­naval). Todas as oposic;6es se enfrentarao. Ate 1923 havia aliados que eram inimigos. Hoje ha inimigos que sao aliados. A diferenc;a e enorme. Milagres do canibalismo.

No fim sobrara um Hans Staden. :Bsse Hans Staden con tara aquillo de que escapou e com os dados dele se fara a arte proxima futura.

E' pois aconselhando as maiores precauc;6es que eu apresento ao genti(') da terra e de tadas as terras a liberrima REVIST A DE ANTRO­POFAGIA.

E arreganho a dentuc;a. Gente: pade ir panda 0 cauim a ferver.

Antonio de Alcantara Machado.

1- MANHA

I \1

o jardim estava em rosa, ao pe do Sol

E 0 ventinho de mate que viera do Jaragua

Deixando por tudo uma presen<;a de agua

Banzava gosado na manha praceana.

Tudo limpo que nem toad a de flauta.

A gente si quizesse beijava 0 chao sem formiga,

A bocca ro<;ava mesmo n~ paisagem de crista!.

Urn silencio nortista, muito claro!

As sombras se agarrando no folhedo das arvores

Talqualmente pregui<;as pesadas.

o Sol sentava nos bartcos, tomando banho-de-luz.

Tinha urn sossego tao antigo no jardim,

Uma fresca tao de mao lavada com limao

Era tao marupiara e descansimte

. Que desejei . . . Mulher nao desejei nao, desejei . ..

Si eu tivesse a meu lade ali passean~o

Suponhamos, Lenine, Carlos Prestes, Gandhi, urn desses !oo.

Na do<;ura da manha quasi acabada

Eu Ihes falava cordialmente :--Se abanquem urn bocadinho

E havia de contar pra eles os nomes dos nossos peixes

Ou descrevia Ouro Preto, a entrada de Vitoria, Maraj6,

Coisa assim que puzesse urn dis farce de festa

No pensamento dessas tempestades de homens.

MARIO DE ANDRADE

"Ali vem a Rossa comi~a pulan~o" (V. Hans Staden - Cap. 28)

Page 18: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Revista de Antropofagia

RESOLANA

o morma'Yo e a fuma'Ya cia macega. Treme 0 longe diluido na quentura. o boi desce a recosta em procura da sombra

mas para logo, abombado. La no alto, voando, voando, bebendo 0 azul,

subindo sempre - urubu. Feliz . .. o calor queima a terra, ferve no ar. (Memoria de marulhos

gosto de espuma limo areia branca) A cabe'Ya do alazao e uma chamma esbelta

cortando 0 campo a trote largo. . Vejo as orelhas agudas que se movem,

sinto 0 corpo fremente do cavallo.

E ha tanta harmonia entre 0 choque dos cascos e 0 meu tronco agitado na vibrac;ao febril , que eu compreendo a gloria. animal da carreira: you!

enrolado na for'Ya do sol.

(Rio Grande do Sui) Do Iivro "Giraluz"

AUGUSTO MEYER

Estao no Prelo '

LARANJA DA CHINA DE

Antonio de Alcantara Machado E

MACUNAIMA DE

Mario de Andrade

A sair brevemente

Martim-Serere VERSOS

DE

Cassiano Ricardo

E

Republica dos E. U. do Brasil POEMAS

DE

MENOTTI DE PICCHIA

Poema --Ella vae sozinha, trope<;ando nas colhei tas. Bate-Ihe 0 sol nos hombros . Ella sente que urn gosto

humane de£1ora-Ihe a bocca e illumina-a de absurdos.

Parece que urn choro quer sorrir. dentro de si. Parece que 0 sangue dentro de SI quer matal-a e jogar-Ihe c1aroes por cima.

Aquillo e 0 universo que se despenha dos seus cabellos.

(Para) ABGUAR BASTOS

UFA J

os films que assombram 0 mundo

REPRESENTANTE

Gustavo Zieglitz

RUA DOS ANDRADAS, 42

sAo PAULO

Vacca Christina 'I

A vacca Christina, de madrugada, Vern de belengue no longo cia rua. Uei, Olha 0 leite da vacca Christina!

No Bango lambido de luzes escassas Estira-se a larga madrugada molle. Amontoa-se a garoa miuda. E la adeante. Roda a carroc;a do lixo da noite. Uei, Quem quer leite da vacca Christina?

E a vacca bohemia, de pata pitoca, Vae toda faceira, enfeitada de fita Vae ver as comadres atraz dos tabiques Dei, Viva as tetas da vacca Christina!

E passa a patrulha noturna da zona. E' a hora em que 0 Bango cansado cochila. Somente enche 0 resto da noite deserta o belengue molango .no longo da rua: Uei, Quem que 0 leite c1a vacca Christina?

Jacob Pim·Pim.

Do livro a sahir: "Ai, seu Me".

Page 19: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

/

Revista de Antropofagia 3

MANIFESTO ANTROPOFAGO S6 a antropofagia nos une. Social­

mente. Economicamente. Philoso­phicamente.

Unica lei do mundo. E~I);'essao mascarada de todos os individual is­mos, de todos os collectivismo. De todas as religioes . De todos os trata­dos de paz.

Tupy, question.

or not tupy that IS

Contra toda as cathecheses. contra a mae dos Gracchos.

the

E

S6 me interessa 0 que nao e meu. Lei do homem. Lei do antropofago.

Estamos fatigados de todos os ma­ridos catho!icos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com 0

enigma mulher e com ontros sustos da psychologia im­pressa.

o que atropelava a verdade era a roupa, 0 impermeavel entre 0 mundo interior e 0 mundo exterior. A reac<;ao contra 0 homem vestido. 0 cinema americano informa­ra ..

Filhos do sol, mae dos viventes. Encontrados e ama-

\

dos ferozmente, com toda a hypocrisia da saudade, pelos im­migrados, pelos tra­ficados e pe10s tou­ristes. No paiz da cobra grande.

-- --,.,-----pobre dec1ara<;ao dos c,1ireitos do homel'n.

A edade de ouro ann unci ada pela America. A edade de ouro. E todas as girls.

Filia<;ao. 0 contacto com 0 Brasil Carahiba. 06 Villeganhon print ter­re. Montaigne. 0 hoinem natural. Rousseau. Da Revolu<;ao Francesa ao Romantismo, a Revolu<;ao Bol­chevista, a Revoluc;ao surrealista e ao barbaro technizado de Keyserl­ing. Caminhamos.

Nunca fomos cathechisados. Vive­mos atravez de urn direito sonam­bulo, Fizemos Christo nascer na Ba­hia. Ou em Belem do Para.

Mas nunca admittimos 0 nasci­mento da logica entre n6s.

S6 podemos attender ao mundo orecular.

Tinhamos a justi<;a codificac;ao da vinganc;a A sciencia codifica<;ao da Magia. Antropofagia. A transfor­mac;ao permanente do Tabu em to­tem.

Contra 0 mundo reversivel e as ideas objectivadas. Cadaverizadas. o stop do pensarnento que e' dyna­mico. 0 individuo victima do syste­rna. Fonte das injusti<;as c1assicas. Das injustic;as romanticas. E 0 es­quecimento das conquistas interio­res.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Ro­teiros. Roteiros. R~teiros . Roteiros.

o instincto Carahiba.

Morte e vida das hypothe­ses . Da equac;ao eu parte do Kosmos ao axiorna Kosmos parte do eu. Subsistencia. Co­nhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetaes. Em communica<;ao com 0 s610.

Nunca fomos cathechisados. Fizemos foi Carnaval. 0 indio vestido de senador do Imperio. Fingindo .de Pitt. Ou figuran­do nas operas de Alencar cheio de bons sentiment os portugue­zes.

J a tinhamos 0

communismo. J a ti­nhamos a lingua surrealista. A eda­de de ouro. Catiti Catiti Imara Notia Notia Imara

Foi porque nun­ca tivemos gram­maticas, nem 'col­lec<;oes de ve1hos

. De um quacn: que figura r3 n~ sua proxima exposi~ao de Junho Desellho de Tarclln 1928 - na galeria P ercier , em Pans.

Ipeju

vegetaes. E nunca soubemos .0. que era urbano, suburbano" frontelrl<;O e continental. Pregui<;osos no mappa mnndi do Brasil.

Uma consciericia participante, uma rythmica religiosa.

Contra todos os importad?res ~e con sci en cia enlatada. A eXIst~c~~ palpavel da vida. E a mental! a hI prelogica para '0 Sr. Levy Bru estudar.

1 - Carahiba. Queremos a revo uc;ao A ¥aior que a revolu<;ao Francesa. f unifica<;ao de todas as revoltas e -ficazes na direc<;ao do homem. Sem n6s a Europa nao teria siquer a sua

Contra 0 Padre Vieira. Autor do nos so primeiro empresti:no' para ganhar commissao. 0 rei analpha­beto dissera-lhe: ponha isso no pape\ mas sem muita labia. Fez-se 0 em­prestimo. Gravo~-se 0 as.suc~r bra­sileiro. Vieira delxou 0 dmh~lro em P ortugal enos trouxe a labIa,

o espirito recusa-se a conceber 0 espiiito sem corpo. 0 antr?pomor­fismo Necessidade da vaccma an­tropofagica. Para ~ ~quilibrio con~ra as religioes de merldlano. E as m­quisic;oes, exteriores.

A magia e a vida. Tinhamos a re­lac;ao e a distribui<;ao dos bens ph~­sicos, dos bens moraes, dos bens dl­gnari-os. E sabiamos transp?: 0 mys­terio ·e a morte com 0 auxlho de al­gumas formas grammaticaes.

Perguntei 'a urn homem 0 que era o Direito. Elle me res?~ndeu que era a garantia do exerClCIO da pos­sibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o

S6 nao ha determinismo - ~nde ha misterio. Mas que temos n05 com iSS0 ?

Continua tia Pagina 7

Page 20: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Revista de Antropofagia

SEIS PQETAS

PEDRO-JUAN VIGNALE - Sen­tinriento de Germana - Bueno. Alre. - 1927.

as veTSOS sao de uma ternura f.or te. e grave . Muito differenle daquete plegUls­mo rimado dos poetas que sussurram no rima do dos poetas que sussurr~m no ouv.idinho da amada. Pedro-Ju~n Vlgnale, maestro e entom61ogo, ama !' moderna. E pacta a moderna . Seus dl!lrambos ;m honra de Germana nao sao declara~oes de )1amocado bisonho : antes de qu e te'~ fe convencida e invencive~ num sen·h· menta mUlto alto mas pal pavel. Nada de duvjd.s crudantes au quelxumcs suspl­rados. Nenhuma alusao a mO'l'te salva­dora.

Atraves da mulher a poeta ama a terra on de e·la nasceu : es ta terra . Selltlr uma

sentir a Dutra.

En tus manos avidas traes los cielos del Brasil

O~:vindo a voz c6.1ida de tr6pico e que ele ve

esa tarde paulista exprimirse sobTe el Tiete hasta inundarlo

o que e positivam e'nte linda.

Esse contracto de poeta, tao profun­damente vlgoroso com a tema lirico Bra­sil ".ind. nos dara (pe nso eu) mll!ta cou­sa 6tima.

JORGE FERNANDES - Livro de poemas - Natal - 1927.

A ·poes.ia de Jorge Fernandes machuca. Deante dda fica-se com vontade de gri­tar como a proprio poeta na Enchente:

La vern cabe~ada . ..

E vem me sma. Poes ia handoleira, vio­lenta, golpeando a sensibilidade da gente que nem a teju brigando com a cob'ra: L~xol Ihol

Ao lade disso uma afei~ao caTnal e selvagem pela terra sertaneja como de­monstra entre outras a explendida Can­~io do invernOi. E feitio .rude de dizer as cousas. Jorge' Fernandes tern a mao dura: tira lascas das paisagens que caem nas unhas dele . Mao de derrubar sem du­vida. Aquella mesma trahalhadeir. e li­rica Mio nordeatina que dil a nome a uma de suas poesias mais caracteristicas.

Outra causa: Jorge Fernandes fala uma lingua que nos do Sui ainda nao com­preendemos tota·lmente -mas sentimos ad­miravel. Eu pelo menos nao percebo tre­chos e brechos de varias poesias suas . No entanto gosto deles . a poema AvoHe. par exemplo (nao sei se par causa da construc~ao particularlssima de certas frazes) espanta como 0 desconhecido. E e bonito que 56 venda.

a autor do Livro de poemes eviden­te~ente esta passando por urn periodo dOldo de auto-critica de que- saira melho­rado COm certeza. ~Ie mesmo reconhece is so e cac;oa de suas re.mJinisc~ncias par ­nasi~na s. Dai uma porc;ao de pequenos defeltos nas vesper as d t comple~o desa­pareeimento. Ou eu muito me engano.

lORGE DE LIMA - Poem ... e Eau negra FuJO - Maceio _ 1927 e 1928.

- J de Lima e tlma A ascensao de orge d I d r' D ~ soneto Acendedor e am-e ICla. Ful6 Su-pelleR ao poema ERRa negra • jeito inteligente como poucos souble lro­curar e achou . Al:!en~oado Manue an-

dei-ra. W B R Dos Poemas eu separa O. . • ,

Gostosura de ·Iirismo vagabundo, al ,gre, levado tlos diabos. Da vontade na gente de repetir a viaj em tendo 0 poe,ma bern guardado na memoria. Se·para esse, ~or ser 0 meu predil e'to. Mas '?aO 0 un~co nota vel. Rio de Sao FrancISCo tambem me agrada bastante. Baia de TodoR OR SantoR, Santa Dica, Floriano~Padre Ci­cero-Lampeio' igualmente ten: cousas que a gente nao esquece-. Princlpahnente o primeiro. E do magnifico ChangO yula um bodum danado, rebenta um "tmo infernal. Inutil querer resistir.

De v·ez em quando uma descaida sen­timental ou pueril, liv,resca, ora tori .. ou conceituosa que desaponta mas 115,0 a~­sombra. Porque nao e ass;m tao {;tcll­mente que se 'rompe com certos cacoetes .literarios. Nao ve . .A cousa e dura como que. Nao tem importancia : Jorge de Li­ma esta ficando cada vez mais eSCo'lado. Por isso duvido muito que em seus livros futuros apare~am versos como Ora~io, Men.!nice, Poem&s dos bons fradinhos, fA voz da igrejinha e 0 Painel de Nuno Oon~alves sobretudo.

Agora Easa negra Ful6. E' das eousas mais manantes que a poe'sia nordes tina nos tem enviado de muj to t empo para ca. Essa n~~a Fulll sim. Bole com a gen­t eo Pinica a ' sensibilidade da gentc. £111-bala 0 sensualismo da gente. Can~a() e historia da €'scravidao sem querer ser. Poesia boa, cheirosa, suarenta, apdito­sa, ·provocadora.

Ora se deu que chegou (isso ja faz muito tempo) no bangue dum meu avo uma negra bonitinha chamada negra Fulo

Essa negra Fulii I Essa negra Fulii!

0' Fulo? 0 ' Fulo? (ETa a fala da Sinha chamando a negra Fulo) Cade meu frasco de chei'ro que teu Sinhii me mandou? - Ah! foi voce que roubou! Ah! foi voce que raubou!

a Sinhii foi a~oitar sosinho a negra Fulo. A negra t·~rou a saia e tirou 0 cabe~ao. de dentro dele pulou nuinha a negra Fulo.

Essa negra Fulo! Essa negra Fulii!

0' Fulii? 0' Fulii? Cade, cade teu Sinhii que Nosso-Senhor me mandou? Ah! foi voce que roubou foi voce, negra Fuli>!

Essa negra Ful ii I .

Essa negra Fulii. Pretinha do infermo. Essa negra FulC>.

A. de A. M.

Henrique de Resende, Rosacio Fus­.co e Ascanio Lopes - Poemaa -

Cataguazes - 1928. E' a gente simpatica da Verde de Ca-

taguazeL . Livro naturahn e'nte des lgual puxando

para tres lados. , . Henrique de Rezende e a malS velho da

tllrma. Engenheiro rodoviario vai anotando nas margcns do cadefllo de medi~iies e de caleulos as aspectos dos caminhos qu e el e' abre

como um cordame de veias no corpo adusto da terra inhospita.

Nao sei se como engenheiro e bam poe ta. Mas sci que como poeta e bom engenheiro. Seus v eTSOS sao solidamente construidos sabre leito bem empedrado. Nem falta a .rolo compreSSOT de uma auto-critica severa. E esses caminhos tern sombras para a gente repousa r a vist·a tonta da luz das paisagens. A ermida par exemplo : tao comoven!e e tao bonita.

Rosario Fusco e um menino. Esta dito tudo: mistura timidez com 3ud a cia, brutalidade co.m ternura, larga a cs ti­lingue paTa choramingar no colo d.~ u rn afecto bom. Tem talento . Quanto a isso nao pode haver duvida. Tem tal ento, von­tade de acertar e uma c1 esen,oltura ot ima na qual a gente nao pode deixar de por a maior das eonfianc;as . Eu gosto muito deste poeminha - Sala de gente pobrc .- do qual tomo a ·Iib erdade de suprimir a ulti­nlO verso:

Urn banco. Uma mesa . Um quadro : Nossa Senhora ..... Outro quadro: Sao. Jose.. ..

Urn lampeao. Nem ambi~ao de mais eoisas.

Os defeitos de R osario Fusco sao de­feitos de quem tem dezese t e anos . Em geral porqu,e ha a lguns rnais graves que podem virar cron·icos se nao forem CUra­dos lo~o : linguagem meio ell mcio la , quedaz~nha ~aTa 0 lugar-com urn , imagem de efelto, fmal arranjadinho. E outros ma.is .. Porem eu ja dis se e repi to qu~ em R osaflO Fusco a ge n te pode ter sem medi> rnuitissima confian~a.

A scanio Lopes tam bern e menin. : me­nino. malicioso, gondor, cheio de suben­tendldos . a principal defe ito dele e a me s­rna de R osar io Fusco: a idade que tem. Dal, . ~pesar dele ser brincalhao, certas puertlldades sel1timentais, 0 desejo crial1 -~a de seT acarinhado e 0 t r ma tristeza soando falso nas poesias dele.

A mata ~ grande demais para 0 fogo pegar caracteriza hem a sua maneira boa :

Na modorra enornle do sertao os empregados trabalhavam nos eitos da

[ro~a can ta ndo cant igas ingenuas. Mas do lado da serra, la longe, come~oU

[a subir fu:na~a e as cha.mas tampaTam as arvures da

. . [mata. a fellor dlsse que era uma queimada que

[saltara 0 acoiro. Ning~em pen sou em apagar 0 fogo . No ceu as gavioes gritavam assustados.

Ascanio Lopes nao deve abandonar esse seu feitio de gozador a seeo.

o pessoal da Verde e porlanlo umA su~presa exceJ.lente e cuja excelencia de h?Je ~m deante nio mais surpreendera nmguem.

A. de A. M.

Page 21: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revista de Antropofagia 5

POESIA ----

(Especial, para a "R.evista de Antropofagia")

FOME

Em jejum, na mesa do "Cafe Guarany",

o poeta antropofago rima e metrifica 0 amorzi­

[nho de sua vida. Elle tern saudades de ti.

Elle quer chamar "ti" de: estranha - voluptuo­

[sa - linda querida.

Elle chama "ti" de : gostosa - quente - boa

[- comida.

Ouilherme de Almeida,

A LINGUA TUPY PLINIO VALGADO

A LI:-lGUA TUPY

A lingua tupy deve ser estudada com urn novo crite: io. A contribui~ao de todos os que escreveram grammaticas '! dic­cionarios do idiom a falado pelos noS 50S selvagens e certamente muito valiosa, e serve-nos hoje de inicio para as nossas procuras curiosas. Mas os que estud(l.rarn o tupy. DOS primeiros sectllos da colo­niza~ao inspiravam-se Dum criteria ~rca­dico, do mesmo modo que, conside r and0 C

indio, tomavam-no sob 0 ponto de "ista da catechese. Periodo d e Anchieta, depois de Montoya, de F ilgueiras. E e preciso Datar 0 caracterl de utilidade pratica im­mediata, uesses estudos, naquella epoca. o jesuita t inh2. necesEidade dl! uniiicar, tanto quanto possive~, as lingtlas, Jlum typo geral que servisse ao i!I1pe:ialis!I1o catechista. E a necessidadc da ccmpre­hensao urgente entre catcchumenos e evangelizadores. Essa preoccupa~ao uti­litarla DaO podia ter sinao uma orien­ta~ao grammatical. E sendo 0 typo hu­mano dos conquistados reduzido peio do­gma a equivalencia intrinseca do con­quistador. passava para urn segundo l='la­no 0 estudo do seu espirito e do :ieu inS­tineto, e da lingua do gentio so se to­mavam as eonc!usOes finaes. fo rmas paci­ficas passivas da traduc~ao. Q~e 0 indio, como valor psychologico e social ~ra to-

mado como identico ao homen europeu, nao resta a menor duvida. Basta ver-se envergando 0 habito de Christo, e com 0

titulo de Dom. que the concede F elippe IV, 0 sr. Antonio Camarao, Poty de nas­cimento . . . A lias , uma bulla papal iii de'­c1arara, apos a descooerta do Novo Mun­do, que todos descendiam de Adao e Eva. Os que estudaram 0 tupy, desd e aquelles tem'pos, nae pediam ter outra OTie!ltac;ao que nao fosse a do seu seculo e a das ne­cessidades prementes.

Muita gente depois veio estudando a lingua de nossos indios, mas com 11m cri­terio pra tico. Sao subsidios curiosos. Abanheenga. quer d izer, lingua de homem, l·ingua de gente. chamavam os tupys a sua lingua . 0 missionario fo i unifieando, systemat izando as pequenas modahdades no nheengat", ou seja ,lingua boa. Donde nasceu 0 tupy -guarany. As outras tribus fica ram fala ndo 0 seu nheengahyba, lin­gua ruim. Ruim porque nao se submettia a reducC;ao classica do nhe-engatu.

o eriter·io scientifico para 0 estudo das linguas american as procede de 11ar­tius e da sua classificac;ao. 0 ramo bra­sileiro, que vern denominado na c1assifl­ca~ao de Frederico Muller U grupo tupy­guarany", e dividido por Martius em nove galhos. PaTece-me que ha, dahi por dian­te, uma curiosidade maior em relac;ao as linguas selvagens . E em .. ela~ao ao indio,

tam bern. Liga-se 0 estudo dos idiomas a propria historia do homem. D epois de Lamarck, G. de Sa int Hilaire, Darwin e Spencer, estes assumptos tornam um ou­t ro aspecto. A ult ima t el1tativa para r edu­zir 0 indio a forma europea, e, talve~ a do nosso chamado indianismo. expressao do Tomantismo em nos sa literatura. Mas eSSa preoccupac;ao lamartinizante dos nossos poetas e romanci stas teve a van­tagem de chamar a !!tten~ao brasileira para 0 bugre, ce rcal -o de uma sympathia atraves da qual pudessemos chegar a elle e pesquizal-o melhor. E como esse mo­v'mento de Gon~alves D ias e Jose de Alencar representa 0 primeiro passo para uma comprehensao melhor do indigena, e justo perdoarmos a esses escriptOt'es os prejuizos inherentes ao seu tempo. E e preciso tambem registrar que, no meio de muitoa phantazia, ha expTessoes fieis da psychologia selvagem em muitos tre­chos da poesia e do romance romanticos.

A opiniao do nosso his toriador Porto Seguro (Varnhagen), tao hostil a pobre rac;a dominada, vern lOgo contrabatida pela sympathia de Couto de Magalhaes, de Barbosa Rodrigues, de Baptista Cae­tano a cuja obra pod.cmos juntar 0 que tern feito Theodoro Sampaio, Candido Rondon, Alarica Silveira, e outros.

Novos aspectos nos interessam hoje na [ingua dos nossos selvagens 0 da ori-

(Continua na pag. aeguiote)

Page 22: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

6 Revista de Antropofagia

A (continUayao)

,be

LINGUA TUPV

gem 0 da sua signifi~a~ao como cxpri- , mindo um estagio humano,. e, sobretudo, a intima communhao cosm;l-ca, .essa esp~­de de intercomprehensao, de Ill ter sens.­bilidade e corrEspondencia dos el",:,entos idiomaticos representativos dos obJectos, (substantivo) das ac~oes (verbos) c .da)s circumstancias, (adiectivos e adverblOs que resumem toda uma syntaxe. ~runl­rtva que p: escindia de prepos.~oes e conj'un~Oes, primeiras mC/letas da. deca­dencia na iunc~ao creadora das IInguas.

A hypotese onamatopaica de H eber, a das intetiec~oes de Horne Tooke, a do poder inherente a natureza . humana, de Max Muller, a materia debaUda por C?n­dillac. Leibnitz. Locke, sao . md.ca~oes curiosas para indaga~oes ma.s remotas, " hoie, pelo menos, nos fazem med.tar . sobre 0 acervo lexico das ra~as que fo­ram de~apparecendo em noSSO con~ment~. A propria origem do "homus amencanus , pensamento que nos perturba d.ante da Lagoo. Santa ou dos S .. mbaquis ~o: Igua­pe; ou na considera~~o phant~s.osa QOS chroni~tas das possivelS m:gra~oes trans­oceanicas precolumbianas; 0 senso das edades a edade da nos sa terra, tuJo .sto se pre~de, de certa forma, 30 estudo do no",o indw e da sua lingua, e 0 as sum­pto 'e hoje muHo mais suggestivo.

Porem, principalmente depois cias h:r­potheses de Freud, da .sua interpreta~ao pela psychanalyse da v.da socIal ~os po­vos primitivos ("Totem et Tabou ); de ­po is do cansa~o das civiliza~oes de que .. Europa presente e uma grande expres­sao' e ao despel'tar de urn seculo em que o se~egalez confraternizou com 0 '" pOilu", e Josephina Backer lan~ou os r equebros yankees do Zanzibar, - e depois de tudo is.to <vie ha. wn no.vo interesse, e, por­tanto deve haver um novo criterio para o est~do da nos sa lingua lupy

A doutrina da eqaivalenda espiritual, denominaC;ao que pod-eremos dar ao pon­to de 'vista catholico do in-icio ria colo­nizac;ao brasileira. assume hoje um nov? aspecto. E' a equivalenc!a das forC;:ls on­ginaes humanas, denominador com mum de todas as rac;as.

A tendencia primitivista das nossas ~rtes modernas, como das formas da ci­vinzac;ao .moderna, 0 proprio primiti'lismo desta era nova" que Keyserling denpmina a era do chauffeur, tudo isto nos Jeva as mais intimas confraternizac;oes com 0

elemento humano em suas expressoe, ini­ciaes. Vem dahi a coml>rehensao mais perfeita que !leremos da lingua dos po­vos lX'imitivos.

A nossa ,nngua tupy, nao a devemos estudar mais com urn senso grammati­cal, philologico, mas com urn senso humano. o idioma, ou os idiomas fa lados pelos povos americanos precolombianos repre­sentam uma verdadeira eucharistia : 0

homem co.mmungando com a natureza.

E' sob este ponto de vista (j:Je dcve­mos tomar os elementos verbaes poly­ryntheticos da lingua dos nossos selva­gens. Vererrios desdobrar-se aos nossos albos atraves de cada i>3lavra, de cada raiz, toda a alma do nos so indio.

Tenho observado - pelos pouquissllnos conhecimentos que tenho do tupy - que a onomatopea e, de facto, a origem rna is remota d~ linguagem dos indios . Nao di­rei preci&a:Jllente onomatopea. segunuo a presumpc;ao de Herder, ou seja a imita­c;ao da natur,eza. Prefiro a onomatopea

. ...

esentatlva de per­nao ~implesm~nte repr como repre.~nta­cep~oes audlt~vas, mas s sentidos e OS ~ao de 1'Cla~oes er;tre. 0 subjectivo. dois mundos! ? obJect.Vo a~i:a~ao d'is si-. Donde se orlgma' a ~ener ampl iando gnifica~oes, a analog.a .que ;ae vocaDulos, a func~ao reprcsentat.va . os obe.lece ou das s~llabas. A,;alog.a qt~ma logica a urn sentldo sensOrial, ou a . sentimental. Isso tudo estabe1.eceu .'~lU~~~ confusao entr~ os que pnmelfo ~- u ram as Iinguas dos . noss.os abongene~ Por'lue nao tinha s.do mtcrpretaco sentido dessas linguas. de homen; p~.­mitivos, "n plena idade da pedra lasca a .

Quando, com Raul Bopp, comecci ~ Ine interessar por estes assumptos, cst,mu­lados ambos pelas nossas convcrsas C~111 Alarico Silveira deitios para fazer van as " de , cobertas" . ' Nao sei ate que ponto podem elias ter valor. Em todo 0 caso, sao camlnhos oa,ra melhores aven­guac;oes.

Por excmplo : on de entram as 'e:<pr~s­soes 't.;/ te, tl, to" tu, qucr dizer que :l cousa e dura de tinir. Ita - pedra, fer­ro; ibitu, - 'montanha, de ibi-terra; ' ~ ~u, coisa dura, tesa; cunhatan-mulhcr Vlf­gem, de cunhi-mulher, e tan-coisa du.ra, tesa ' (os seios, naturalmente); taquara­canna de bambu, de ta-duro, e quata-oco;

' taU-fogo, provavelmente porque e do atricto de coisas duras que sae iog-o, c 0

indio nao conhecia mesmo outro proc<!s­so de faze~ fogo, alias v~lho processo que vinha desde os primeiros sambaqu.s do: Iguape, ou desde: 0 homeq:\ de Lund; .ou de Ameghino, segundo a descoberta lea a pelo incanc;avel Rica,rdo Croner.

Como sabemos, agua e hy, ou Ig. Quem nos dira que pedra, ita, nao vem da cir­cu.ilstancia de estar scmpre a pcdra iiga­da a agua, nas minas, nas gruta s, 110 mar, ou em lucta, ou em paz? Seixos qu.: rolam, . pedrcgulhos, granitos e iJasaltos emoldurando as cachoelras, penedo3 no mar, tocas onde nascem os corregos ...

Espuma c tli. Porque a espuma se ori­gina de choques, de violencias. E. tudo 0 que e forte , ardentc, traz, por analo~i:l, 0 t. Tai, raiz que arde, gengibre ; tainha, den tes; tatarana, insecto que queima; tiqul. ra" aguardente, pinga ; talnha, caro~o, se­mente (anaiogia de dent'e) ; tacunhi, membro sexual do macho (ta, duro; cunha, mulher); tacape, arma d ~ ma­tar, etc.

A consoante t, lembrando tudo 0

que e duro, forte, vlolento, traz sempre idea de atricto, como. se vc em tata, f" go, em tii, espuma. Por is~o , tiquira. Pois tudo (j ' que e qui signif.ica coisa meuda. 'rl ' e violencia que 0 fogo exerce para distil­la r a aguardente , que vae sahlndo aos pingos , qui. E temos tambem Quiriri, ou quirirlm, que quer dizer muitos me{.dos , do mesmo modo que qu'rera. Como se sabe. 0 plural em tupy, entre suas varias formas tem a da repeti~iio de rere, ri-ri.

Isto dito, vejamos Mantiqueira, 0 nome de nossa grande serra. Man quer dizer ve~, enxergar. Tiquera, ou tiquira, quer dizer m eudos, pequen;nos, ra7.urado, pul­verizado. 0 indio, naturalmente , do alto d~ serra. via tudo diluido na dis tancia, v.ia tudo tlquera . ..

E' precis{) notar-se (e chall,lO a atten~ao dos meus Jeitores para este facto) que nem sempre se encontrara a coniirl'1a~ao destas hypothezes na lingua tupy. Por-

ue tamb em, com ccrteza, ~epois de feitas q ex res-soes iniciaes, a lingua selvagem aS ff P metaplasmas a que nenhum so ["leu os I

idioma p6de-se furtar. H.ouve, por ee.rt?, transposiC;oes , e\o:soes , flguras de. dll~ll­Ilul~ao ou de augmento, modlf.'ca~oes

rosocficas sensiveis obe~ .ent:es a I ~ ' S clt­~aterieas, cosmicas e h.stOrlcas, e de tal forma que se eontavam dezenas de ,lIale­ctos na epoca da descobe.rta. Accrescen­te-se a isso a obra umf .cadora dos Je­suitas, as influencias h espanholas, por-

francezas e tapuyas . D e modo tuguezas, h h ue a documenta~ao des ta ypo: e,c se

q tto diffiei l. A hypoth ese e a.)enas torna mUtrar 0 espi rito que possiv-elmente para mos . . presidiu a forma~ao da Itngua tup y.

Pa, pe, pi, po, plI, traz .scmpre idea de superficie, pon ta , cxtremldade, contacto, con torno, reves tlll;ento, IlImt e. Sendo su­perfide, tambem e tudo 0 que se refe re a plano, por exemplo a pequcnez, a cha­teza. q'ue Sf confunde quasI com a. s,:­perficle. Don·de peua, ou peba, que slgm; fica chato, liso . Cachorro pequeno e yagua-peua, ou yagua-peba. Mas e"pn­mindo esta consonancia tan:bem ponta, extremidade. co isas tao rdaclOnadas com superficie (e a logica Intima das mter­correspondencias sensoriaes) 0 ind:o c!la­ma a aza do passaro pepu, as maos do homem, po, ou plI, Pela mesm~ razao, as cousas que :'e \'estem levam eSJa c~nso­nancia. Pelle e pe, ou pi. C,?mo VlmOS, re-re ou riri sao formas do plu ral. Dahi vem ~irit-i, ou perere, muitas pelle;, por-

• que a pelle quando irritada da a idea de que se ml1ltiplica em multas pelkzl!1has. Pelo m enos e a sellsa~ao que s~ lcm, (luando nos sentimos arrepiados. Por­tanto, perer-eca, ou piririca significa:n eS­tremecer . Ligada essa idea ao ar . ao v,en­to, as folhas das arvores, e finalmcntc a outros rumores da natureza, temo.' a s:­gniiica~ao tambem empregada ue IUS­

lwrTu; IUliurrO. Mas pe e, p rincipal­mente, a .expressao do contacto entre os sentidos e os mundos sUbjectivo e obje­ctivo. Donde a significac;ao de super­ficie, ' de con torno, de veo ou pelk Por isso, petuna (pelle ou veo p r eto) quer dizer noite. Mas e a noite que se re;.oousa, que se dorme, portanto. pitu6 e 0 verbo rel>Qusar. E 0 dia em que se descanc;a (domingo ou f·eriado) e par'a 0 indio tam­bem pitu6: Es ta consonancia, _ explime, tambem , por essas intimas analogias 0

reb~ntar 'do superficies. Assim, t f mos pororoca, pip6ca, pereba, puca, (q\1~brar, estalo de onde at.paca, ua-ave ; e puca· qucbrar) . Pelo que vimos, pelle piriricada quer diu': pe le que salta irritada. Tudo o que salta, estrebucha, e perereca. Dc on de vern 0 Sacy-perere, ou per,ereg. Mais forte do que pi:irica, e, porem, tiririca, pdo que j il vimos do valor de t. Por­tanto, "ficar tiririca", expressao q,ue usamos tanto, M, perfeitamente idea do estado do individuo que estremece com violencia, ou da pulos de raiva.

Em outros artigos arranjaremos ('xem­plos int eressantes, nao s6 do ponto de vista das analogias sensoriaes, como ago­ra, mas das sentimentaes, que revelam opcra~oes psychologicas mais di fficeis.

Hoje foi 56 para mostrar que a lin­gua tupy e uma lingua quasi em estado nascente, directamente ligada a natureza, oriunda do contacto immediato ('ntre 0

homem e 0 mundo.

, PUnio Salgado

Page 23: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revi:::ta de Antropofagia

Manifesto Antropofago Contra as historias do homem, que

comec;am no Cabo Finisterra. 0 mun­dn nao datado. Nao rubricado. Sem Napoleao. Sem Cesar.

A fixaC;ao do progresso por meio de catalagos e apparelhos de televi­sao. S6 a maquinaria. E os transfu­sores de sangue.

Contra as sublimac;oes antagoni­cas. Trazidas nas caraveUas.

Contra a verdade dos povos mis­sir narios, definida pela sagacidade de urn antropofago, 0 Visconde de Cayru : - E a mentira muitas vezes rcpetida.

Mas nao foram cruzados que vie­ram. Foram fugitivos de uma civi­lizac;ao que estamos comendo, por­que somos fortes e vingativos como o Jaboty.

Se Deus e a consciencia do Uni­verso Increado, Guaracy e a mae dos viventes . J acy e a mae dos ve­getaes.

Nao tivemos especulaC;ao. Mas ti­nhamos' adivinhac;ao. Tinhamos Po­litica que e a sciencia da distribui­c;ao. E utU system a social planeta­rio.

As migrac;oes. A fuga dos esta­dos tediosos . Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatorios, e 0 tedio especulativo.

De Wil1iam James a Varonoff. A transfigurac;ao do Tabu em totem. Antropofagia.

o pater familias e a creac;ao da Moral da Cegonha: Ignorancia real das coisas+falta de imaginac;ao+sen~ tirnento de authoridade ante a pro­curiosa.

E' preciso partir de urn p~o~lIndo atheismo para se chegar a Idea de Deus. Mas a carahiba nao p recisava. Porque tinha GlIaracy.

o objectivo creado reage con;o ~s Allj OS da Queda. Depois Moyses dl­vaga. Que temos n6s com is so ?

Antes dos portugllezes descobri­rem 0 Brasil, 0 Brasil tinha desco­berto a felicidade.

Contra 0 indio de tocheiro. 0 in­dio filho de Maria, afilhado de Ca­tharina de Medicis e genro de D. Antonio de Mariz.

A alegria e a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memoria fonte do costu­me. A experiencia pessoal renovada.

Somos concretistas. As ideas to­mam conta, reagem, queimam gente nas prac;as publicas. Suprimamos as ideas e as outras paralysias. Pelos roteiros. Acreditar nos signaes, acre-' ditar nos instrumentos e nas estre\­las.

Contra Goethe, a mae dos Grac­chos, e a Corte de D. J oao VI·.

A alegria e a prova dos nove.

A lucta entre 0 que se chamaria Increado e a Creatura-iUustrada pela contradic;ao permanente do homem e 0 seu Tabu. 0 amor quotidiano e o modus-vivendi capitalista. Antro­pofagia. Absorpc;ao do inimig,) sa­cro. Para transformal-o em totem. A humana aventura. A terrena fina-. lidade. Porem, s6 as puras elites conseguiram realisar. a antropofagia carnal, que traz em si 0 mais alto sentido da vida e evita todos os. ma­les identificados por Freud, males cathechistas. 0 que se da nao e uma sublimac;ao do instincto sexual. E' a escala thermometrica do instincto antropofagico. De carnal, e1le se tor­na electivo e cria a amizade. Affe­ctivo, 0 amor. Especulativo, a scien­cia. Desvia-se e transfere-se. Che­gamos ao aviltamento. A baixa an­tropofagia agglomerada nos pecca­dos de cathecismo - a inveja, a usura, a calumnia, 0 assassinato . Peste dos cham ados povos cultos e christianisados, e contra eUa que es­tamos agindo . Antropobgos.

Contra Anchieta cantando 3,$ onze mil virgens do ceo, na terra de Ira­cerna - 0 patriarcha Joao Ramalho fundador de Sao Paulo.

A nossa independencia ainda nao foi proclamada. Frase typica de D. J oao vr.·: - Meu filho, poe essa coroa na tua cabec;a, antes que a.\­gum aventureiro ? fac;~! Expulsa­mos a dynastia. ~ precIso expul~ar o espirito bragantmo, as ordenac;oes e 0 rape de Maria da Fonte.

. Contra a realidade social, vestida e oppressora, cadastrada por Freud _ a realidade sem complexos, sem 101lcura, sem prostituic;oes e sem pe­nitenciarias do matriarcado de Pln­dorama.

OSWALD DE ANDRADE.

Em Piratininga. Anno 374 da Deglutic;ao do 'Bispo Sardinha.

7

BRASILIANA RAC;A

De uma correspond·entia de Sarutaya (Est. de S . Paulo) para 0 Cortelo Paul;'· tano, n. de 15-1-927:

o Sr. Abrahao Jose Pedro offereceu aos seus amigos urn lauto jantar com­memoranda 0 anniversario de seu filhi"­nho Jose e baptizado do pequeno Fuad, que n· .. sa data foi levado a pia bapti;mal.

Foram padrinh'os 0 sr . Rachide Mustafa e sua esposa d. Torgina Mustafa.

o Sr. Paschoalino Verdi prolerlu urn di!curso de sa·uda~ao .

POLITICA Da ~esma correspondencia : o Sr. Rachid Abdalla Mustafa. escrivao

de paz, muito tern trabalhado para au­gmentar 0 numero ' de eleitores .

DEMOCRACIA

Telegrama de Fortaleza (AB): A bordo do "Itassuss;''' passou por

e st c porto com destino ao nor te, S. A. D. P edro de Orleans e Bragan~a , acom­panhado d'e sua esposa e lilho.

S. A. desembarcou, visitando lla Pra~a Caio Prado a es tatua de P , dro II. 0 povo acclamou com enthusiasmo 0 p"incipe. A off:<:ia lidade do 23.· B. C. e :i banda de musica ccrcada de enorme mu\tidao, aguardou a chegada de S . A. naquella pra~a.

Compacta massa, acompanhou os dis­tinctos viajantes ate a pra~a do Ferreira, on de 0 iribuno Quintino Cunha fez uma enthusiastica sauda~ao em nome da po­pula~ao.

N a volta para bordo, urn preto catraeiro, de nome Vicente F onseca, desta ca nuo-se rla mu ' tirlfio abra~ou 0 p~illc i pe dizend o : "Fique sabendo que as opinioes muda­ram mas os corac;5es sao os mesmos".

RELIOIAO

Telegramma de Porto Alegre para a Gueta de S . Paulo n. de 22-3-927:

Vindo de S. Paulo chegou a es t.a ca­pital 0 sr. Sebastiao da Silva, que fez? raide daql)elle (Estado ao no sso, ape, tendo partido dalli em outubro.

o "raidlnan" tomou essa resolu~ao em virtude de uma promessa leita a Virge_m Maria, para que terminasse a rev~lu~ao no Brasil. Quando se achava proxImO a esta CapHal, teve c()nheci~ anto d." IH­mino da lucta, proseguindo &te aqUl; allm de cumprir a sua proniessa ..

Sebastiao Antonio da SIlva conla actualmente 35 annos de edade.

NECROL6ol0 De um discur so do professor Joao .tIl a­

r inho na Academia Nacional de \1cd,c ,na do Rio de Janeiro (Estado de S. Paulo, n. d e 3-8-921): ., I o d r. Daniel de Oliveira Barros e A -meida nasceu num dia e nlorreu en~ outro, de dotn~a de quem trabalha , cora~30 can­~ado antes de tempo.

Entre as eais, correu-lh e a vld::t. SURPRESA

Telegralllma de Curityba para a F~lha da Noite de S. Paulo, n. de 2-1~-927:

Informam de Imbituba que 0 tnd,v,duo Juvenal Manuel do Nascimento,. ex-agen~ te do correia. reunlU em sua e,ba todo os amigos e parente s .ob 0 t',et , xto de fa7.er uma festa . Durante 0 almo~o, Ju­venal mos trou- se alcgre: e, a i

) t e rmIna r a festa foi ao seu quarto, do qual ~rou,,:e urn embrulho contendo uma dynamIte, d,­zenda que la prop.:Jrcioaar a todo'; U!ha

surpresa. d a Todos estavam attentos e esperan 0

surpresa q.uando, cum e 5paatO ge.ral, 0 dono da casa approximou urn . CIgar; ') acceso do embrulho que ·.,..plf.'dJu, 111.'­

tando Jevenal e ierindo grav~ml nte .SLl~ esposa e todas as pessoas que havla l assistido ao cOn\'it~ fata~.

Page 24: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

B Revista de

A "Descida" Antropophaga

A "descida" agora e outra. o Autor

Ha quatro seculos, a "descida" para ~ es.cravi~ao. Hoje, a "descida" para Iibertac;ao. 0 DtluvlO, fOi 0

movimento mais serio que se fez no ~.undo: Deus apa­gou tudo, para comec;ar de novo. FOl mte~hgente, pra­tieo e natural. Mas teve uma fraqueza: d;'xou ~oe. .

o movimento antropophago, - que e 0 mals seno depois db Diluvio - vern para comer Noe. NOE' DEVE SER COMlDO.

Pen so que nao se deve confundir volta ao .es~~do natural (0 que se quer) com volta ao ~st~do p~lmltlVO (0 que nao interessa). 0 que se quer e slm~hC1dade_ e nao urn novo codigo de simplicidade. Naturahdade, nao manuaes de born tom. Contra a belleza canonica, a bel­leza natural - {eia bruta, agreste, barbara, iHogica. Instincto contra 0 ;erniz. 0 selvagem sem as missan­gas da cathechese. 0 selvagem comendo a cathechese.

Os PEROS que ainda existem entre nos hao de sorrir por seus dentes de Duro 0 sorriso civilisado de que, reagindo contra a cultura, estamos dentro da cul­tura. Que besteira. 0 que temos . nao e cultura euro­pea: e experiencia deUa. Experiencia de quatro seculos. Dolorosa e pao. Com Direito Romano, canal de Veneza, julgamento synthetico a priori, Tobias, Nabuco e Ruy. o que {azemos e reagir contra a civilisaC;ao que inven­tau 0 catalogo, 0 exame de consciencia e 0 crime de de­floramento. SOMOS JAPY-ASSU' :

"Ce venerable vieillard Japi Ouassou fut merveil­leusement attentif, comme tous les outres Inuiens la presens aux discours susdicts a quoi il replique ce qui s'ensuit. Je m'esionis extremement 'de vous voir et me manqueray a tout ce ie vous ay promis. Mais ie me es­tonne comme il se peut faire que vous autres P AY ne vouliez pas de femmes. Estes vous descendus du Ciel? Estes nays de Pere et Mere? Quay done! n'estes pas mortels ·comme nous? D'ou vient que non seulement vous ne prenez pas de femmes ainsi que les aut res Fran­c;ois que ant trafique avec nous depuis quelque quarante et tant d'annees; mais ancore que vous les empechez mainteoant de se servir de nos filles : ce que nous esti­mions " grand honeur et grandheur, pouvans en avoir des enfans".

(Claude d' Abbeville-"Histoi­re de la Mission des Peres Capucins en !'Isle de Mara­gnan et terres circonvoici­nes.")

" Contra 0 servili&mo _colonial, 0 tacape ~nheiguara, .gente de g:a.n~e" resol~~ao e valor e totalmente impa­

clente de sUJelc;ao (Vieira), 0 heroismo sem ro~<1.a de C~mmendador dos carahybas, "que se oppuzeram a que I?lOgo de Lepe desembarcasse, investindo contra as ca­ravelas e reduzindo 0 numero de seus tripulantes" (San~ R.ola - "Historia do Rio Amazonas").

Nm~u.e~ se illuda. A paz do homem americano c~m .a c',;lhsaC;ao europea e paz nheengahiba. Esta no Lisboa : aquella apparatosa paz dos nheengahibas nao passava de uma ve,:dadeira impostura, continuando os barbaros no .seu antigo theor da vida 8clvagem, dados a antropophagla como dantes, e baldos inteiramente da luz do evangelho."

. Com? se ve, facillmo ser antropophago. Basta eli­·mmar a Impostura.

. Foram estas as consequencias dos versos ruimzi. ~mhos q~e Anchieta escreveu na areia de Itanhaen: Ordenac;oes .do Reino, grammatica e ceia de Da Vinci

Ana s~la de Jantar. E nao houve ainda quem comesse

nchleta! .

Antropofagia = I em Cum pre despil-o. Para

I stiu 0 se vag . . Portuga ve h d quella "innocencla conten-

um ban 0 a h que elle tome vimento antropop ago agora

d ie que 0 rno te" que per el (f 10 0 homem europeu, cruz . 0 homem, a h E Ihe resutue. d homem fora do omem.

d I) ndava buscan 0 0 cre o. a - 0 • hilosophia. de lanterna na rna . h mem sem a duvida, sem siquer

Nos qu:redmos ~ t ~cia da duvida : nil , natural, an ­a pr.esurnpc;ao a eXIS e

tropophago. I d carne de vacca! Que horror ! Quatro secu os e

(a) OSWALDO COST A.

VISITA DE SAO THOME'

Quando a Bahia nao se chama va _ Bahia, muito antes de Pedro Alvares Cabral, Sao Tho­me foi la um dia.

Nao sei se foi por acaso ou para ver. Mas

viu. . Viu e protestou contra as coisas que VlU.

Fez um discurso cheio de conselhos que os indios escutaram de boccas abertas:

Que era preciso adorar a Deus, fugir do de­monio, nao ter mais que uma mulher. Conselhos bons.

Emquanto falava , fazia nascer da terra a planta da mandioca e a bananeira que ainda hoje da bananas de Sao Thome.

Entao os indios gostaram. Quando Sao Thome, cansado, sentiu que

devia acabar, acabou com estas palavras : -E nao comam nunca mais carne de gente! Entao os in.dios nao gostaram. Avanc;aram. Quizeram comer 0 santo. Felizmente Sao Thome corria mais do que

elles. Chegou na beira da praia, deu um passo de

meia 'Iegua e foi parar numa ilha onde nao tinha selvagens.

(Quem me ensinou isto foi Frei Vicente do Salvador ... )

ALVARO MOREIRA.

NOTA INSISTENTE

Neste rabinho do seu primeiro nurnero a "R . t d A . eVls a ~ ntrop!Jfagia" faz questao de repe-hr 0 que flcou dito la no principio:

- ~lIa esta acima de quaesquer grupos ou tendenclas;

- Ella acceita todos os manifestos mas nao bota manifesto;

· . - Ella acceita todas as criticas mas nao faz cnhca;

· _ - Ella e antropofaga como 0 avestruz e co­mllao;

. - Ella nada tem que ver com os pontos de vista de que por aca~o seja vehiculo.

· A ~Revista de Antropofagia'" nao tern o:lentac;ao ou pensamento de especie alguma: so tern estomago.

A de A. M. R. B.

Page 25: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANNO I - NUMERO 2 2 500 rs. JUNHO 1928

Revista ~e Antropofagia Direc~ao de ANT6NIO DE ALCANTARA MACHADO e

Gerencia etc. de RAUL BOPP

ENOEREGO: 13, RUA BENJAMIN CONSTANT 3,0 PAY, SAlA 7

INCITA<;AO AOS CANIBAIS

o atraente parteiro, professor, academico e orad or doutor Fernando de Magalhaes esteve ha dias em Sao Paulo on de falou sabre 0 feminismo, den uma liC;ao de obstetricia e concedeu uma

entrevist:;t. E essa entrevista que merece ser conhecida.

o douto! Fernando fez nela a apologia entusias­mada da Sociedade Brasileira de Educac;ao. Socie­dade benemerita, sociedade utilissima, sociedade isto, sociedade aquilo. A prova? Aqui esta (pa­lavras textualfssimas): A biblioteca da Associa­(Cio - acentuoH - e 0 que ha de mais perfeito 110 genero, como ordem e como metodo na sua orgalliza(iio. Uma de suas sec(oes, por exemplo,

a biblioteca il/fantil, exigiu ttm trabalho enorme de pacihlcia ; per spicacia. N ecessitoH-se de H,m

illq-uerito entre as cr'ian(as para se saber quais 'os

li'lJros preferidos, chegalldo-se a resttltados esht­pendos. Uma crian(a de I2 an os, por exemplo, a qual perguntolt-se qual 0 livro preferido, res­

pondeu. prontamente: ({Lusiadas" de Camoes. O~a, ora, ora, ora. Que ~rincadeira e ~ssa?

Entao 0 raio do menino com doze an os de ldade ja e assim tao imbecilzinho que prefere Camoes 'a Conan D oyle? E e isso que se chama resultado

estupendo? . 0 dontor Fernando quiz tr~ar com a gen~te.

Nao tern que ver. Menino que chupa C~moe: . I' d bacaxi nao e menmo: e como se fosse plro Ito e a - _

t . t6da uma colec;ao 1110nstro. Mas que mons ro. .

b" guris desse qUllate teratol6gica. E' tam em para h' 1 . . t me 0 (e nao s6 para os peraltas) que eXIS e c

de sola dura. . . fen6-Poe a gente triste venflcar que urn

~ dia deixar de ser bra-meno assim e como nao po . d' 1 a molecada tn Igena

. sileiro. Jand grupo eSCO ar ouve da boca erudita de seuS profesCsore: que 0

. s e amoes e 0 Brasil foi descoberto por aca 0 ta

. ". A molecada cresce cer malOr gemo da ra<;a. . . i 0 mal

CAIXA POSTAL N,o 1.269 SAO PAULO

1111 en so : paIs descoberto por acaso e justo que continue entregue ao acaso dos acontecimentos. Mesmq porque a gente nao tern tempo para per­der com bohagens: Camoes absorve todos os mi­nutos inteligentes.

n.sse antropofago que vern desde 0 nasci­mento desta terra (ha urn testamento de ban­deirante escrito numa folha manuscrita do Os lll siadas) devorando com deltcia as gerac;oes nacionais precisa por sua vez ser deglutido. E urgente par boi ta~ gordo na bOCa da sucuri bra­sileira. E que sirva de aperitivo a Sociedade Brasileira de Educac;ao. Pa~ rebater, a sobre­mesa sera 0 doutor Fernando. que e manjar

dace e fino. Antonio de Alcantara Machado

o ESTRANGEIRO Eu encontrei um homem vennelho Falando uma lingua que eu nao sabia . . . Pelos seus gestos entendi que ele achava Minha terra muito bonita. Apontava p'ra luz do sol muito forte .. . P'ras arvores muito veroes .. . P ' ras aguas ml1ito claras .. . P 'ro ceo muito claro ...

Eu tive vontade que ele entendesse a minha fala P 'ra Ihe dizer:

__ Marinheiro provera Deus que voce fosse Pelos nossOS sertoes .. . v oce via os campos sem fim . . . As serras tirilives todas cheias de matos ... Os rios cheios muito bonitos .. . as rios seco.s muito bonitos . . . Voce l'omia commigo umbuzada gostosa .. . o leite com girimum.. . . Curimatan fresca com melho de pimenta de chelro . . . Voce via como a gente trab~lha sol a. sol Esquecido da fome e esqueci.do das COlsas Ronitas de seus ml1ndos .. . Ver como vaql1eiro rompe mato fechado E se lasca perseguindo a res Por rib a dos lagedos . . CheO'a os cascos federem a chlfre queimado . ... V er '" 0 vaql1ei,ro planta a mao na bassaura da res E ela vira mocot6 ...

_ Marinheiro, se voce soubesse a minha fala Eu havera de levar voce p'ro tneu sertao ...

(Natal) Jo,.ge FC1"ncmdes dessas duas verdades primarclals. Da

"ESPECIE DE AFERRA(;AO MENTAL, QUANDO

ANTROPOFAGIA: SE DA NO HOMEM CIVILISADO". . . IEJ[~A-GHAN DE PICCIONARIO POHTUGUEZ)

(PH. FREI DOMINGOS V

Page 26: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Revista de Antropofag

1a

LI RICA

A ELf:rTO SOAR£S

o men amor, rapazes,

e uma Iindeza de morena bonita das matas de minas gerais!

De dia men 'arnor vai pro servi.;o cantando cantando: e que friume nao me faz por dentro, gente, ve1-a can tar

[assim!

Meu anror e mais alegre que 0 sol! Mais alegre que os .cargos da minha terra! Mais alegre que a passarada da minha terra a c;mtar!

Meu amor disse que gosta muito de mim ... Eu acredito - palavra! - mas desconfio tambem como born mineiro que se preza como en. Porem, a gente nao deve botar a mao no fogo nao. Dizem . . • En b6to! Isto e, eu -t6co iia mao no fogo mas deixo outra de reserva ...

(Catai'uases)

- do "Fructa-de-conde"

Rosario Fusco

Homisio

Nesta baifrca Coberta de sape

Para Raul Bopp

Esteve homisiado 0 Cabure Que rnatou 0 Ze Tuca no valado. Passava a passoca·

E rningau de mandi6ca Potranca sempre pronta' 110 potreiro D.o terreiro. Arisco como unla P paca,

Icava fumo com a faca, Cuava cafe no tripe pra beber no coite.

Urn cabo escondeu no serrado

Co~. urn s~ldado, e com cerrado tiroteio - Iro fOJ e tiro veiu-Derarn cabo Cabo e sold~do Docostado do 'coitado.

Dos CANTOS ~1:UNICIPAIS (Minas)

Fidelis Flor~ncio

IOILIO -odelo de certo jornal paulista, conse-

Unl reporter m . bl· P . I rtagem na cade'la pu Ica. ara III . ensaclOna repo . b I· galU ·s urn meio muito simples; 0 IU com

ontrar recorreu a I . - . lint-ras 'aqueles que usam po amas que "rHos (os :m~US pe, d d " . luvas furadas na ponta os edos) foram brancas e .

nd ele t!remenda surra, seguida de alguns

resulta 0 pa'l'a . dias de cana brava.

Vamos agora dar a palavra ao exfor.;ado recordista

das rcportagens sensacionaes:

.. . e na man sao de dore!'. moraes, talvez mais profttndas do que as dores fiskas, depaTou­se-nos comovedor espetaculo. Formara-se entre as 10brega~· paredes, entre Texas de fefTo e oOl"tas inexoraveis, .. tm1 dOce, e puro idilio. o mais antigo dos presos, que pelo seu com­portamento exemplar gosava de uma! certa liberdade, apaixonara-se pel a mais comportada das detentas. Tinham combil1ado 0 casaam!nto, para quando saissem da prisao, e ja escolhido as testemunhas. Todos na cadeia se referiam com simpatia ao projeto. Ela ai fora ter por­que cometera varios infal1ticidios, triste fruto da epoca de deprava<,;ao moral em que vive­mos e da falta de prote<,;ao em que 0 govemo deixa as jovens incautas que a vida '<las gran­des cidades ·rodeia de i.nsidias. rue matara as duas esposas que sucessivamente tivera, a pri­mei·ra devido a deslizes conjugaes, a segunda por incompatibilidade de genios. Urn dos padrinhos cortara a mae dele (pa'<lrinho) em pedacinhos. Outro era especialista em' assas­~Jnio s de toca1a: mataTa 20 pessoas em 10 dias . ' ate que a policia resolveu tardiamente - como ~empre - coTtar-lhe a voca<,;ao. Etc .. . . etc ....

Conti~uava por ai ,dora 0 exf9r<;ado reporter. N!o resta duvlda que el 1 . . e rev e 'a um caso de consequencias Jnqmctantes l)a['l al ... f

' l11 as st"l1S lvel s, vIsta aparentarem as l1turas solenidades . ~ntropof ' . IlUpC ldes, desfecho possivelmente

aglco.

Y an de Almeida Prado

A

ESTE MESo

LARANJA DA CHINA ~nt6nio

DE

de AlcAntara E

Machado

MACUNAiMA (HIST6RIA)

DE

Mario de Andrade

Page 27: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ENTRADA

No fWldo do mato-v irgem nasceu Ma­cunaima herol da nos sa gente. l!:ra preto retmto e fllho do medo da no ite . Houve um momento elll que 0 sllencio foi tao g rande escutando 0 lIIurmurejo do Urari­coera que . a ~ndia tapanhumas pariu uma c nan~a fela. Essa CTl<III~a e que chama ram de Macunalma.

J ana meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos nao falando. Si 0

incitavam a falar ex­daniava :

- Ai I que pre­gui~a I. ..

Revista de Antropofagia 3

DE "MACU N AlMA" MARIO DE ANDRADE

do rm indo que a mai principiasse 0 traba-' lil o. E nt ao l'cd iu pra e la . que largasse de teccr 0 paneiro de guarullla-membeca e le­va sse t·le nu Illata passear. A m a i nao qui s l'orquc n,io podia largar 0 paneiro nao. E pedi u pn\ nora, companh eira de J iguc que .Ievasse 0 menino. A companheira de J 'g ll c era bern mo~a e chamava Sofara.

( unalma pedi u Ul11 Ileda~o de curaua pro ll li.III O . J!urcm J'g tlc falou que aquilo nao l·~a bnnqueuo de crial1~a. Macunalma prin ­(, IJ)l Oll cli o ranuu outra \'cs c a llai le ficou htlll diii cil de passar lJfa tooos,

)Jo outro dia Jiguc levantou cedo pra faze r armad llha c .cnx e rgando 0 menino tri stinho falou :

- Bom-dia, cora­~iiozinho dos outros.

1'0«: 111 Macunalma fechou-se em copas ca rran cudo.

- Nao quer falar comigo, el

- Estou de mal. - Por causa? E ntao Macunalma

pediu fibra de cura­tla. J igue olhou pra cle COlil odio e men­dou a companheira atranjar fio pro me­nino. A mo~a fez. M acunaima agrade­ceu e foi pedlr pro pai-de-terreiro que tran~asse uma corda pra cle e assoprasse bem nela fuma~a de petum.

E nio dizia mais nada. Ficava no can­to da maloca trepa­do no girau de pa­xiuba espiando 0

traballio dos outros e principaimente os dois manos que ti­nha, Maanape ja ve­Ihinho e J igue na for~a do homem. o divertimento dele era decepar cabe~a de sauva. Vivia dei­tado mas si punha os olbos em dinhei­ro Macuna!ma dan­dllva pra ganhar vintem. E tambem espertava quando a familia ia to mar ba­nho no rio, todos juntos e nus. Pas­aava 0 tempo do banho dando mer­gulho e aa mulheres soltavam gritos go­aados por causa dos guaiamuna diz que habitando a agua­doce por Ii. No mo-

Desenho de MARIA CLEMENCIA - (Buenos, Aires)

Quando tudo es­tava pronto Ma­cunaima pediu pra mAi que deixasse 0

cachiri fermentando e levasse ele no ma­to passear. A velha nlio podia por causa do trabalho mas a companheira de J i­gue mui sonsa falou pril sogra que .. es­tava {IS ordens ". E foi no mato com 0

pia nas costas. Quando 0 botou

nos carurus e 50ro­rocas da serrapi-cambo ai aliuma

cunhati ae aproxi-maya dele pra fazer festinha, Macunaima punha a mao nas gra~as dela, cunhata se afastava. Nos machos guspia na cara· Porem respeitava os velhos e frequentava com aplica~ao a murua a porace 0 tore a cucuicogue, todas essas dans as religiosas da tribu.

Quando era pra dormir trepava no ma­curu pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mai estava por de­baixo do ber~o 0 heroi mijava quente na velha, espantando os mosquitos bern. Enti~ adormecia falando palavras-feias imorah­dades estrambolicas e dava patadas no ar.

N as conversas das mulheres no pino do dia 0 assunto era sempre as peraitagena do heroi. As mulheres se riam, muito sim­patisadas falando que .. espinho que pinica, tie pequeno ja trez ponta" e numa Page­lan~a Rei N ago fez um discurso e aVISOU que Macunaima era muito inteligente.

N em bern teve seis anos deram agua num choocalho pra He e Macunahna prin: cipiou falando como todos. E pedlu pra mal que largasse da mandioca ralando na ce­vadei,.. e levasse He passear no mato. A mai nio quia porque nao podia ~arg~r da mandioca nio. Macunaima cboramlDgou dia inteiro. De-noite continuou cborando. No Gutro dia esperou com 0 61ho e!lquerdo

Foi se aproximando ressabiada porem "desta vez Macunaima ficou muito quieto sem bo­tar a mao na gra~a de ninguem. A mo~a carregou 0 pia nas costas e foi ate 0 po de aninga na beira do rio. A agua parara pra inventar urn ponteio de g6so nas fo­Ihas do javar!. 0 longe esta va bonito com rnuitos biguils e biguatingas avoando na entrada do furo. A mo~a botou M acunaima na praia porem ele principiou choramin­gando, que tinha muita formiga I ... e pediu pra Sofara que 0 levasse ate 0 derrame do morro la dentro do mato. A rno~a fez . M as assim que deitou 0 curumim nas tiriricas e trapoerabas da serrapilheira cle botau corpo num atimo e ficou urn· prin­cipe linda. Andaram por la muito.

Quando volta ram pra maloca a mo~a pa­recia muito fati gada de tanto carregar pia nas costas. Era que 0 heroi tinha brincado muito com ela . . . Nem bern deitou Ma­cunalma na rede Jigu;; ja chegava de pes car de pu~a e a companheira nilo traba lhara nada. Jigue enquisilou e depois de catar os carrapatos deu nela muito. Sofara aguentou a soya sem falar urn isto.

Jigue nilo desconfiou de nada e come~ou tran~ando corda com fibra de curaua. Nilo ve que encontrara rasto fresco de anta e CJucria pegar 0 bicho na armadilha . Ma-

Iheira 0 pequeno foi crescendo e viruo principe. Falou pra So­fara esperar urn bocadinho que ja voltava pra brincarem e foi no bebedouro da anta armar urn la~o . Nem bem voltaram do pas­seio, tardinha, J iguc ja chegava tambem de prender a a rmadi lha no rasto da anta. A companheira nao trabalhara nada. J igu< ficou fulo e a ntes de catar as carrapatos bateu nela muito . . Mas Sofara aguentou a co<;a com paClcnCl3 .

No Dutro dia a arraiada inda estava aca­banda de trepar nas arvores, Macunairna acordou to dos, fazendo urn bue medonho, que fossem I que fo ssem no bebedouro bus­car a bicha Que e le ca~ara I ... Porem nin­g ucm nao acred ito u c todos principiaram a trabalho do dia.

Macunaima ficau muito contrariado e pedi n Ilra Sofari. que desse uma chegada no bebedouro s6 pra ver. A mo~a fez e voltou falando pra todos que de fato estava no l a~o lima anta muito grande jll morta. 'facia a tribu foi buscar a bieha, matu­tando na inteligencia do curumim. Quando J igllc chegou com a co rda de curaua vazia encontro u todos tratando da ca~a. Ajudou. E quando fo i pra repartir n ao deu nem urn peda~o da carne pra Macunaima, 86 tripas. 0 heroi jurou vingan'Wa.

Etc.

Page 28: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Revista de Antropofag ia

UM POETA R

. d MARTIM CERERE - S. Paulo - 1928. Cassiano Icar 0 - .

Marli.". Cuere na~ e livro inteirarnente nnvn. Ha n';le v{<rias poesias do Vamos ca(lIr papaga;os (com urna ou outra rnodi­fica~iio ligeira) e outras cujos ternas ja foram explorados pelo proprio poeta em seus livros anteriores. 0 mesmo acontece rom certas imagens e certos achados verbais.

Isso mostra que Cassiano continua ba­tendo na tecla Brasil. Perrnanece 0 poeta do descol>rimento e da coloniza~ao sobretudo. Poeta oratorio (0 que denuncia sua brasi-

'Iidade) e descritivo. Quando oratorio ou quando descritivo sempre fortemente elo­quente.

o caso de Cassiano Ricardo e urn caso " prte na no,.a litcratura actaal. Cassiano at~ 1925 foi inimigo violento da rea~ao

1ll00lerna. Depois (era fatal) se conver­telt. Houve nisso urn missionario irresis­tivel: 0 Brasil. Se 0 movimento moderno entre nos nao tivesse assumido tambem uma fei~ao nacionalista acredito que Cas­siano continuase inimigo dele. No Martim

C erue a %ente veri fica isso facilmente: do esplrito llloderno que e universal 0 poeta aceita pouca cousa. Mas 0 tema Brasil do modernismo 0 seduz.

Por causa dele chegou a romper com 0

seu proprio passado litera rio. N a lista de suas obras publicadas contante do Iivro de agora nao figuram A irauta de Pan, fardi", das Hesprrides e os outros dois volumes anteriores a 1925. £sse repudio alias nao tem razao de ser. E constitue uma injusti~a: A irauta d~ Pan principal­mente tern versos que sao dos melhores do parnasianismo brasileiro.

Pelo que ja ficou dito Iii. no principio e evidente a imposibilidade de criticar M ar­tim Cuere sem repetir uma a uma as cr1-ticas (elogios e reparos) que jil. merece­ram abundantemente Borroes de verde e oll/orelo e Vam os ca(ar papagaios.

Eu que mesmo nos novos sempre pro­curo 0 novo. 0 que e novo na novidade deles, me contento em reproduzir aqui

este Mimo poeminha chamado Lua cheia

11. I :

B oiao d. leite que a Mite leva COlli tIIaos de l1'eva pra "ao sei qu~m beber.

AI as que e",bora levado ",,,;to de vagarillho vai derratt.ando pillgos broncos pelo caminM ...

Gosto tanto dessa gostozura que ouso pedir a Cassiano que nao se esque~a de molbar seus livros futuros nesse mesmo leite gorduroso e cheiroso. Puro ,lirismo sem agua.

Ma,.tim C~,.eri foi impresso com bas­tante cuidado. Alem disso tem bonitas ilus­tra~oes de Di Cavalcanti. Algumas mais que bonitas ate : a da capa; a da pagina 19 e outra!.

A. DE A. M.

BRAZIL MATINAL A taroe e Um<1 tede vermelh a e mole

E os nervo! da gente estkados como corda, de violao

Vibram no fluido dl! voll1pia que garoa devagarzinho

Das handas meio escuras de onde 0 sol nasce ...

Uma mar~)oza comec;a a enlollquecer.

'Ell ahri a j anella

(de quem sera qlle ell tenho tanta b<>dade.)

Choral' ... Ser homem! Nao, h0111em nao chora, n3.o I

. . . a jabotirabeira se estorce

Ainda nao arranjoll pozic;ao pra dormir ...

(a vida . . . )

Aqllele mato den cstar cheinho de lobizo111e ...

Derepcnte 0 pr.il11eiro apito da coruja!

Imobilidade.

(a gente suspira e penSl no destil1o . . . )

Silencio.

~1isterio ;

Os fantasma~ vcstic\os de Illar c\ansam . ..

N ossa Senhora, qlle medo I

(Parana)

BRASH, PINHI::IRO MACHADO

a respirei fnndamente a frialdade

da 111an!1a .

Soh risa-d-as de sinos,

a ci.dade brim'ava de esconder

dentro cia nevoa .

(Rw DI·: JANF.IRO)

MARQUES REBELLO

Page 29: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revista de AntroPQfagia

MADRUGADA I

Do livro "Colonia Z e outr05 poemas"

A lancha da lenha vern chegando, ainda escuro, rnansa, com a sua t6sse rniuda de gazolina e 0 seu rnotorzinho furnegando na popa.

Vern vindo na volta do rio.

Para traz, os rnatos cochflarn na nevoa da rnadrugada onde escorre a aza negra dos biguas.

Urn silvo claro dernora no ar. Chegou.

A. lenha velO coberta de folhas verdes, palrnas, barnbus, e a lancha parou, em silencio, no rneio do rio, pequenina, esrnagada, como uma forrniga orgulhosa.

(Porto Alegre) RHY Cirne Lima

La glacla del amOl PUlo

Hoy nuestras cabezas estan amparada!

por la sonrisa larga de los ~ores y el misterio de las guitarras

tnimulas en la f ina oraci6n de las mano;,

Tres marineros nos dan la alegria de sus ojos azuks para la victoria audaz de tu arnor y el mio!

La frente de un violinista borracho f>OStiene la inquietud de canciones sofiadas en el cielo de tu alma.

Las copas e esta noche tienen el alto destino de los sueiios!

Que bimpara Ie robare al mar para la gracia del amor nocturno?

Dame, compaiiera mia, la fuerza de tu boca que hace sonar la campana de nUe.5tras esperanzas I

(Montevideo) ,

NICOLAS FUSCO SANSONE

. .

Page 30: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

/

Antropofag ia Revista de

flM DA LlNHA

Cada can e urn Esse arrabalde chora. Bib6-. I d a agua, do ceo. leproso Imp oran 0 . cercas e

immundas ranchmhos com cas , endados a tra­paredes de lata velha, rem Buracos pos, empastados de barro secco

ha 0 con­

_ venti.ladores naturaes. Mas forto primitivo da liberdade. engol

e Ao fun do, 0 morro vermelho

tlldo na guela do barranco. . tal de Gira e vira a hesita~ao sentlmen ar­

um catavento que me faz recordar 0 M celie>. Gama.

Sobre uma cerca a impertinencia ama­reUa dos giras6es dourando tudo. .

Olba 0 negrinho I Estuda a palsagem. Riscou as caneUas finas por causa das motucas.

Cum! paque pi paque. Anda aroda, criolinho. Mulatas lavam roupa semeando no ar­

roio nuvensinbas de sabao. Quando a gente vence a lomba, tola uma

chuva de seixos pela estrada e e1les cahem Ia em baixo na lagoa morta com urn mer­gulh~ nocturno : glu glu glu. .

Longe, nos aramaes, roupa lavada acena. adeua ... adeus .. .

SERENATA -r

lua como urn d soltando a . AIguem an a ilhas frontelras.

d rosa I~ nas I baliio cor e cae ballio I Nao cae. A ua Evem a lua. . 0 Guahyba, oleo so, ae passear no ceo. ba mais para

v ue a lua su escuro, espera q S bre 0 veleiro ador-

. jando. 0 imita-Ia, !nve • Voz encacha-

. m fanal sangra. mecldo, U . nha a nOlte : ~ada arra

• meu triste amo Meu amo, Que jaaaa morreu ...

FI t cavaquinho, violio. Serenata. au a, _

do tremelicando emo,.oes Vern crescen , d bambeando compas-I nas cor as,

tremu as . •• bebendo na f1auta 50S bambos no VIO ... O,

urn gole puro e melodioso. .

da cidade melaneoha Alma dengosa ,

mestic;a, geme

demdom.

na rua a queixa dolente,

A lua eseuta, immovel. Pareee uma lan-

do cordio "Chora na esquina". tema

Do livro .. GAITINHA DIl BOCA ..

Porto Allgft

AUGUSTO · MEVER

BREVEMENTE: EM TODAS AS LlVRARIAS:

REPUBLICA DOS

Martim-Cerere VERSOS

DE

Cassiano Ricardo ESTADOS

UNIDOS DO

BRASIL , ESTA NO PRELO'

:

Antologia de 4 poetas mineiros VERSOS

DE

MENOTTI

DEL PICCHIA

JOAo ALPHONSUS

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE EMILIO MOURA

PEDRO NAVA

BELO=HORIZONTE _ MINAS

Page 31: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revi:::ta de Antropofagia 7

PORQUE AMAMOS OS NOSSOS FILHOS

Ignacinbo veio pedir-me lima victrola romo present.e do sea nr"';__ . . 0 _t..:___ ... ~ 2Dmver-sano. 5 UL"""'" a.contecimentos nao -de mol<k: a justiticar essa pr~ s: men quen~ ~ e COIDJ>anheiro. Presm­~ de anruversano ~ a meninos hem comportados., que nao trocam as anlas pelo futeiJ?1, oem as vigilias do estudo pelas do cmema. Ora Ignadnho tern side justameute 0 ~ desse typo de javen exemplar, que e nnuto commtun no "eo­~. de Edmundo de Amicis e outros livros estrangciros, mas que infelizmente nao parece ter-se dado hem com 0 clima do Brasil Como pais 6Olicitar-me festas)

E dahl Ignacinho nao e m.ais ttma cr~ ~ Membro do consellio fiscal do Cen­tro dos Preparatorianos e collaborador das paginas de annuncio (as unicas que pre$­tam) do "Fonfon" e do ·Para T odos" elle adquiriu ji uma personalidade sociai e literaria que nao se coadtrva com as c:aIl;as curt:u nem com as regalias Confe­ridas aos frangotes de 13 annas. Rapazi_ nho de cal~ comprida nao tern dircito a mimes infanm. Socia do Centro dos Pre­paratorianos tambem nao tern. Poeta on prosador ainda que incipiente, tamhem oao.

Xo men ultimo artigo £aiel, em r~ a lingua tupy, do que poderemos chamar as analogias sensoriaes, que sao todo tun mecanismo ampliador do prcxesso onoma­topaico, que assignala 0 periodo crea.dor da liIiguagem, 0 primeiro commercio entre 05 cinc:o sentidos e os mtmdos obj ectivo e subjectivo.

A forma~ da lingnagem e, na verdade, urn complexo de aetas fixados de posse. Linguagem e apprehensao e determ~ de phenomenos. Na variedade das circums­tancias.

Da synthese interjectiva 0 espirito agndo da ern~ retornon ao exame minucioso dos fadores do conjuncto emocional. A onomatopea CTeo)1 os grandes pontos de referenda, 05 elementos primordiaes das e:xpressOes directas. A intercorrespon­dencia dos sentidos nuanc;ou essas expres­sOes. IrnpressOes auditivas e visuaes, oHa­ctivas, palataes e tactivas, controverteram­se, carnbiaram-st, ajustaram-se na entro­sagern dos instinetos enriquecidos de expe­riencias. E a expressao obiectiva multi­plicou-se, prismando-se de a~.

Virnos, no ultimo artigo, que todas as cousas duras. resistentes, sao expressas pela conwnancia I; e que as cousas eJctre­mas, as pontas e as superficies, tradu­zern-se na Iinguagem nascente dos nossOS indios pela coosonancia p. E , a segnir, desenrotarnos todas as consequencias desse facto. Entre os curiosos resultados do processo fonnador da linguagem, encon­tra.rnos a consonancia p, que significa ponta, extremidade como designativa de baixo, rasteiro. A 'aza do passaro, que attinge as grandes alturas e pep6, e as cousas chatas, que se con fundem com 0 chao, se designam por pe,peua,peba. P orque 0 raciocinio .se­guiu este caminho: Extremidade quer dizer limite · limite determina superficie; super­fide ~ignifica revestimento; revestime!1to e conjuncto de ·planos. Portanto ; p1anlce, cllateza das cousas Que com ella se con­fundem . . .

Vastissimo campo offerece este ass~­pto para estudos curiosos. Estas notas sao apenas uma indicac;ao de rumo . p~r:, a apre­ciac;ao da lingua dos povos ~nmltlvos, quO; temos, tao a mao. no Brasil. .Agora, "I passarmos das analogias das Impr~ss6es para a analogia das erno<;6es, e d.epo~s, ate do raciocinio, indo sempre do mal" SImples para 0 ",.i, COtIIplexo, as obee~ eerio

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE -------:... FlZ ver todas esu c:oisa.s a Ignacinbo.

Sem f~oc:id.a<k, palavra. Minha ~ era feril-o no sea orguIhosinho pabere, de modo que elle renunciasse 03tensin­mente a Yidrola. JlOUP3.nd<rme a dar de recnsal-a. Eu SOIl f eito do mesmo barro de que se iazem todos os paes. e :is vezes m~ cora~ amollece nos momentos mais senos: Em m.inha consciencia achava que Ignacinho nao tinha direito a machiiIa i alante.. Mas e coragem para dizel-o?

Ignacinho, a.chando futeis as minhas ra­Wes, reforc;ou 0 pedido com a promessa de dois bellissimos exames parcellados no Gymna~. ~ra victrola para ta, exames para. ca.. • SI en fech:as~ 0 negocio, elle capnchana nas escnptas e se excederia n~ oraes. Adverti-!he de que 1120 £aria malS do que a sua estrict:a ~, pre$­~~ boos exames das hnmanidades (eIle diz . deshumanidades") que si nao estn.dira, devIa ter estn.dado a fundo.

Mas intimamente, e sem calculo en ji tinha cedido tm1 ponco. '

Ignacinho prometeu mais. Prometen 0Jl.timo. comportamento dnrante as feriu, e mfangavel appli~ durante 0 proximo anna lectivo. Em todos 05 futuros a:nnos

A LINGUA TUPY mais curiosas. Finalmente, transportando­nos desses phenomena. que mais se rete­rem a etymologia, aos da constru~ das phrases, iremos encontrar na syntaxe pri­mitiva dos aborigenes cabedaes interessan­tissimos para a pesqmza da fo~ dos idiomas troncos.

Estes apontamento., quero repetir, nao sao orientados' por nenhum methodo, nem seguem uma ordem rigorosa. Sao regista­dos, apenas, de memoria, sem a presen~ perniciosa dos livros e autores absorven­tes. Tem elles urn caracter exclusivamente pessoa!, de observa¢e5 e conclus5es pro­prias, e si no artigo anterior occorreram alguns nomes, de autores, foram remini­&cencias casuaes de leituras antigas, que de certa forma &e ligam a materia. P or outro lado, estas observ;u;5es devem ser tomadas com as necessarias restri~s, pois sao apenas illustra<;5es para onentar pesquizas talvez mais felizes de gente mais compe­tente.

Vejamos algumas curiosidades. 0 valor das vogaes, por exemplo. Tenho que 0

pho\l.erna a, aberto ou atono.. significa sempre proximidade e claridade. 0 dia e ora.

o phonema u exprime distancia. As cousas distantes sao pretas ou azues, por­tanto, u significa tambern essas cores. Donde temos una. A noite e peluM, ou pech/una, ou pichluna, que quer diur veo, ou pelle preta.

Porque buraco ou cousa Oca e qua? n possive! que pelo seguinte: onde vae a consonancia q, trata-se de cousa meUda, pequena. Qui, e grao, e piolho, e quando leva a desinencia frequentativa re-re, ji se sabe que e cousa meUda, em quanti­dade; quirera Mas, 0 que e um ~uraco, sinao urn espago pequeno, em rela~o aos espa~os em liberdade? Portanto, deveria ser qui. Mas a vogal i significa mais cousa fina, subti!. Urn pao oli pedra per­furados deixam, entretanto, entrar pelo on ficio 0 ar e a luz, donde vem qv6. Porque onde vae 0 a vae a luz.

Perguntaremos: porque ave, passaro, e tambem ara? Ara e 0 dia, 0 conjuncto das cores · ora, os passaros trazem nas suas penn~s, tambem ~odas as ~re~. Por isso o passaro e 0 dla. E 0 dla e 0 grande passaro das sete cOres ... •

o nooso bieho tatu (e uma hypothese apenll!) p6de oer que teah 0 oeu Ua.Ie

lectivos. N a F aculdade de llediciDa, at2 0

6.. anno, seria 0 moddo <los andicbt"" a morticola. E na vida pratica _ Ignaciaho nesse rnommto cbegoa a pensar DOl vida pratica - seN 0 morticoIa mais briIbaDtr ~ sua g~, do sea pai.z. ;do sen COD­

tmente, do nnmdo. E mdo isso par am preo;.o tao pequeno! 0 preo;.o de ama Yi­drOla Detta.. das meoores . . .

_"'-ntes que 0 rapaz me promettesse maio­res absardo5, en, desarmado, fix como Capablanca: entregnei-Ihe 05 poDtos. Mas frisei hem: nao COIrtasse commigo na bon de comprar 05 discos. . 0 ca~ den ama gargaJ:hada e con­ressou, cymco: . , - Nao precisa 1120, papae. Os discos en Ja tenho. MatnU me den. Eu falel rom ella que 0 ST. tinha me dado a victrola

A_ctucia. teimosia e senso c:ommercial ·~ alma infantil! Ignacinho exploroa-me do­p\amente, e certo, pois pelo menos aqui no sertao, quem paga os presentes da muIber e 0 marido. Mas 1120 sao essas pequeninas ooisas que nos fazem amar DC

nossos queridos filbos?

(BeUc H OTiz01<te)

originado da circurnstanciA de entrar no buraco e tapar a entrada da lnz. Como se sabe, a consonancia t e:xprime resistencia, causa dora.

Vimas, no ultimo artigo, que fogo e taM, e a nossa hypothese foi a de que assim se exprime 0 elemento igneo, peIA circumstancia de n.a.scer 0 fogo do atticto das cousas duras. Mas 0 fogo e 1t1Z, dari­dade, por isso a consonancia t liga-se ao phonema a.

No tocante :is analogias psyehologicas, encontramos interesSante material, que de­menstra a intima comunhao cosmica d05 homens primitivos. A Ina, por exemplo, e Jac;,' . E jaey tamhem quer dizer tristeu. E que e a tristeza smao tun luar da alma)

Mas, temos ainda ca.-..ca, que e tarde. Vem, provavelmente, de Clla, matta, e oc, ou UC, morar. 0 ,. e eYidentemente eupho­IDCO. A tarde e, portanto, a q~ ",Ora "" mJJtto. E, na verdade, mesmo quando 0 sol e mais intenso, ha sempre debaixo das cOpas intrancadas da floresta, a sombra que se extende pelas raizes. Qu<.ndo 0 sol se pOe, a wmbra sae devagarinho do matto, e vae se escorregando, extendendo-se do­minando a paiz;lgem. ~ a que mora no matte : earN ca. Algumas hoTas depois, quando bnlham as dtalas (estrellas, maes do fogo) , a carnca se transforma em pe/una que e 0 veo negro da noite.

Aracy e a mae do . dia, on a aurora. n a mae porque do seu ciarlo e que nasa: 0 sol. Neste ponto a mytbologia tupy se con­funde com a mythologia grega.

Entre as palavras mais lindas dos nossos indios, est:i, certamente 0 "hee1lgare. Nhem e fala, falar. Nhe1!gatu, lingua bOa; fIhe1!­gahyba, 'lingua rnim, fala ruim. Gare e correr. Como se ve em igara (i, agua; g(Jre~ correr), que significa canoa, etc. Pois nhettgare quer dizer ' canto, caNtigo, ou seja a fala, a palavra Iioe corre.

Nhengare,iiua e um canto collectivo. Nhe­engassu e uma fala grande, urn discu.rso.

Yuhas outros e...~emplos interessantes poderiam ainda ser aqui lembrados. A ur­gencia de entregar estas laudao impro.Yisa­das a nossa • ReYista de Antropophagia" nao me p~rmittem continuar muito. .E, por i550 mesmo, por sec escnpto a. ultima hora, o artigo perdeu em r=tJ,odo, em CODstcu­cc;ao: mas ccim isso ganhou por ter ficado rnenos preeeneioso .. .

Plblio Salgado

Page 32: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

8

BRASILIANA II

IDEAL De urna entrev i ta da nctr iz Margand.

~1a para 0 Para lodos do Rio. n de _ .. 27 :

· 0 meu ideal ~ ter 0 applauso das fam ili . "

O~1~RCIO

Tele rama de Fortalesa para a Folho da ,Voil, de P.<Jlo. n de I I .. 928 :

.. As padarins que e encon tr:tv, m em g re\'e aca.baram co m essn si tu3~ao . Mas prometteram que se forem multad.s nova­mente. por Qualquer m otivo. mesmo Que soj. fraude no peso do pao, voltarao a fec har os estabelecimentos."

PRESTA<;AO DE CON TAS Decl. rac;ao na secc;ao livre do fontol do

Co ," m, reio de S. Paulo, n. de 16.9.924 : - 0 dia IS de Setembro de 1924, as

9. I 5 horas da manha. encoDtrando-se, na pr.~a Dr. Joao Mendes n. 6, lugar esse onde 0 Snr. Ezequiel Martins trabalhava. sendo ate aquella data vendedo r do Cafe Assemblea.

Encontrou urn senhor que se chama Paulo Morganti que e um dos proprieta­rios, com muita exigencia relativamente a uma pequena quantia em Que se achava atrazado. 0 dito reclamante C e dito por ele atrazado) , 0 Ezequiel quiz Ihe pagar o dinheiro que tinha recebido da respectiva freguezia, nao querendo 0 Sr. Paulo Mor­ganti recebel-a. Ficou por isso muito ner­voso. pegando nos taloes de recibo e jo­g-ando-os ao rosto de Ezequiel Martins. Ezequiet Martins vendo que eram arre­mess ados os taloes na propria cara, faz ver ao commercio em geral que nada f ica de­vendo aos ditos senhores sob pen a da lei.

Eu que 0 fiz e que 0 escrevo, e por falta de tiDta, no lugar on de me acho, pedi para urn amigo, por muito favor, para me deixar reconhecer minha tao digna firma, sendo isto publicado no dig­nissimo "Jom:.l do Commercio". Ca) Eze­quiet Martfns."

FESTA NACIONAL Ci rcular da Sociedade Beneficente " Ami­

gas do Po/ria" de S. Paulo distribuida este ano :

"Desejando fazer as festas nacionaes de 1 J de Maio como nos annos anteriores 'Iue constad.:

A commissao sahin' da sede social as ~ horas da noite com 0 seu estandarte de honra e bandeiras de diversas nacionali­dades aco mpanhadas p.ela banda Musical "S. A. Silex" que percorrera as ruas cen­traes , cumprimentando as autoridades e a imprensa; em seguida ira para 0 salao da Rua Badio de Paranapiacaba N. 4, onde have ra sessao solemne e a conferencia feita por um benemerito ; em seguida ha­"era lei lao de prendas . Terminara com um animado baile que se prolongara ate ao romper da au rora, e cujo baile e por reclido de socias.

Offerece-se urn convite a todos que au­xi lia.rem. - 0 Presidente-Fundador (a) Salvador Lui, de Paula."

ORAT6RTA Convite rara uma conferencia realizada

em S. Paulo : "ENTRADA

Prog ramma a escolher I. " Trabalhar e viver 2." Tmpres~oes da Amazonia J .' Preta casou com branco e vi ce versa .. . ,." Saber faler .. , Saber ama r ... ? Saber

viver . . ? 5." S . Paulo e 0 seu progresso Ii." Os burros tambem fallam ... Di. -.30 Outubro 1927 Salan - Associa .. ;;o r 5 Novembro 22

Horas - 15,16 h. (a) LUlZ LEITE

"ETHER" se ra 0 titulo de lima pro­du~ao litera ria que de futuro tereI de escrever em S. Paulo.

'10$000."

Revista de Antropofagia

BAHIA ASCENSO FERREIRA

Bahia - Vat p:i! Bahia - Carunl ! !b hia - Acac;a I Bahi a - Ox inxin !

_Abara! _ Acarage! ~ Efo! _ Caruru!

Bra"il de bestei ras, Brasil travesti, Brasil camou fie, Te damna Brasil!

T e damna Petit--pois! Te damna Macarrao! Te ,damna pate-de-foie-gras! \ -iva 0 Carun!.!

YOYOI YAYA!

Eu quero e virar bahiano! - E I Eu comi hoje a alma bahiana, na mesa l ~uta da pre~ . Iva . P OI' isso sinto em mim graves ten<ienclas de ora or. Olhern, ou YOU 'ate fa zer urn discurso! La vai tempo:

Meus senhores! R eci fe tern pontes, Recife e bonito, Tern "Bois", tem Reisados, Tem Maracatlis ...

Po rem 0 Recife Nao tern rnais as Evas De chales vistoS05, Vendendo de tarde - Peixe frito, - Agulha frita , - Siry cosinhado. - Pidio oe Arattl!

Emquanto a Bahia Tem tudo e inda mais: Tern 365 Igrej as I - As rnais liooas Igrejas do BTasi l!

E tem - Vatapa ! -Oxinxin! -Efo! - CarUrtl!

Viva a Bahia I - Canudos da tradiGao '00 me\1 Brasil!

( Recife)

s. o. s. A REVISTA DA ANTROPOfAOIA jA tem para publicar em

seus pr6ximos numeros nada mais nada menos do que 37 poesias: nao poSsue urn unico trechinho em prosa.

Eta dirige assim aos novos do Brasil ~ste radlogama des­esper'ldo. :

S. O. S_ SOCORRO. ESTAMOS NAUfRAGANDO NO AMA­ZONAS DA POEStA. MANDEM UROENTE PROSA SALVADORA.

A. DE A. M. R. B.

Page 33: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

03 JU

Revista de Antropofagia , 1 \ It \ \1 \l II \ n

E •• mco : 13, RUA BEIJANII COIISTAIT ~~~~~~~~_~~~~3~.·~P~I~Y .~S:.I:I~7 __ ~C~AIU __ PO_ST_a_L_ •. _· _l~ __ ! ____ S_A_O __ P_A_U __ LO_

CARNI 9 A

l llll:l nfcren 'i'l h:, ) I' Fa ' 'II(lad ' d ' 1 '. " ' ' -'_ II C 1', Il.uda na

. ~ IIclI II a Pau l Bap li h PCI' ' Irn c 'gUlch 1I Uill I) ueo (I ' L 11 ' L . . . ru.:\\" ', ( 1n'1 n, . cl'lliell1l3 p si li\'isl a qu n <;01 u '. d~ h J" "'S I . I . :lIn ,I - , -- n c · e pa l. conclorciro Pod . bob') rre I ' p,rci

':,") ma g n 'l lnda 'e pl'Cocupnr com lal c u. !. Pode parec I' s6: porqu '-1 ', v ' . ' I 11 , c . • \ In -

uem e ta . ~r? \'a i se dar ao Ira lx:l ho d CO I11 -

ba lt:r 0 po III\·!. mo hoj e em din. :'1. S e pr is de I1 ma \'ez por toda liquidar om e 's cada. vel' (I U enterrad~ de de m uilo n:.t Europa roi ex umado POI.' meta duzia de fin.la c trnzido pa ra. 0 Bras Il onde con tin ua m pe lando 0 amblente.

. Quasi toda a toliees iniein i da RepLI­bhea a gen te de\' e ao a us tero namorado po tumo de dona Clotil de. A. im como entre nos l1 jeilo mal eheiro 0 e pa ra lodos 0 efe i· ~os .~i l osofo bas la \'a alguem fa zer parle da IgrcJ Inha Ordem e P rogres 0 para ser consi­derado loao sabio, gen io, armazem de vi r tu ­des, iorre de hon e lidade.

ao digo qu e e coma semelhante ca rn e. E ' r:ousa qu e ja a coz inha refu go u, 0 eaehorro nao fJ uiz, a s corvos nao ace ita r:1 m protes ta n­do " irar vege la ria nos easo in s is tissem. Tam­bern deixa r na di pensa en\'enen<i11 do as var e­je ins nao e passive !.

Da i 0 melhor e pOl' a ea rni c;:a num tanqu e de c,eolina e reca mbia- la pa ra a E uropa. Com es te hi lhe te : Preferimos sardinha. Que mar-ea voces qu er em ? Ami eux, Philip re & Ca naud au ~qu el a de sa ud o a memoria d. P edro Fer · nandes inexpli eavelm ente desapareeida do mercado 'desde 1556 ?

ANT6N IO DE A LCA T ARA MA HADO

NO ME I O DO CAMINHO

o m io do cam inho ti nha urna p dra

tinh:t uma pedra no meio do caminho

tinh:i uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

N unca me esquecerei de e acontecim nto

na vida de minha retinas tao fatigada .

N unca me e quecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no mcio do carninho tinha uma pedra.

(BELO-HORIZONTE)

ARLO DR MMO D DF. Al DRADE

, , "A BARBARIE DURA SECULOS. PARECE

QUE SEJA ELA 0 NOSSO ELEMENTO : A _ A_

RAZAO E 0 BOM - GOSTO NAO FAZEM -SENAO PASSAR "

D'ALEMBERT - Discurso preliminar da ENCICLOPEDIA

Page 34: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 de Ant r 0 p 0 f a 9 i a Rev ista -

:::::

BALCAO

.\ partir deste numero a REVISTA DE ANTROPOFAGIA publicara gra tuitamen te todG e qualquer anuncio de compra e venda de Ji\TOS que the for enYiado.

LIVROS A' VENDA:

~a Livraria Universal (r. 15 de noyem· bro n. 19 - S. Paulo ) :

- S. Leopoldo - Provincia de S. Pedro do Rio Grande do SuI - 2: ed.

~Ionteiro Baena - Compendio - Para.

~ esta redac<;iio:

- Blaise Cendrars - L'Eubage - Com 5 gr.w uras de J. Hecht - I : ed. - ex. n. 698 - 1926 - pre«o: 15$000.

- Jean Cocteau - Le grand ecart -1924 - pre<;o: 5$000.

- Andre Breton - Les pas perdus -1924 - pre«o: 5$000.

LlVROS PROCURADOS:

A Livraria Universal (r. 15 de novernbro n . 19 - S. Paulo ) compra, pagando born pre00 :

- Revista do Instituto Historico Brasi-leiro - tomos ns. 20, 21, 22 e 32.

- Roquette Pinto - Rondonia. - Ruy Barbosa .- Replica. - Oli~1eira Lima - D. Joao VI no Bra-

sil _. 2 vs. Alem disso, adquire bibliothecas. Yan de Almeida Prado (av. Brigadeiro

Lui% Antonio n . 188 - S. Paulo) compra : - Balthasar da Silva Lisbou - Annaes

da P rovincia do Rio de Janeiro - em born estado.

- '\fello Moraes - Chorographia Histo-rica - 5 vs.

Esta redac~ao compra:

-- Simao de Vasconcellos - Vida de Jo­seph de Anchieta.

INDIFFERENCA a Oswald de Andrade

. ?{ova-York - Roma! Pans - " . de casaroes - a r te? Cabare ts - corr efla

. z tern as longos cahellos de Ouro a sol de meu pal _ I

. d meu paiz sao verGt.s As I}I!!meJras a fru tvi amarellos

h midas das banan eir3~ :\ as troneos u vivem curiangos nas fclhas molengas

. tatouranas cabelludas paSSCIam

Quintaes! Am3.rellos

aura sabre verde Yerde e aura sob azul

Sob :1£ palmeiras do meu paiz meu pensamento busc!1 sonhos como passos de namorados nas cal<;adas

a sol do meu paiz tern os longos cabellos de ouro

(BELa-HaRIZO~TE)

ACH ILLES VIVACQl:A

Ja sahiu e custa

6$000

o novo livro de

ANTONIO DE ALCANTARA MACHADO

LARANJA DA CHINA

Pedidos para

CAIXA POSTAL

N. 1.269

Sao Paulo

Page 35: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Rev i s tad e Ant ro p 0 f a 9 i a

CONVITE AOS ANTROPOFAGOS

Y Ot' , n .. i.o cst:io clImprinoo bern 0 ' se lls den' r '$ de antro­pofauo F' YCI',:] d ~. .• 1l~1 e que voce enuuhu nUIl1 a timo 0 or. Fer­nando de ~rag·:t!h~i. es e que 0 nosso querido ~rario , no espa­~o de .uma so manl1<1, deglutiu per:feltamente Gandi , Lenin e LUIs Carlos Prest es (com grande .nojo do Grac;a Aranha, ':Iue nu nesse petit dejeuner canibal uma es­candalosa con­fus50 de valo­res). ~Ias para a sanha de quem \ jet vindo a nos­sa eomida Pll­lando, confesse que e pouea a af erra<;:ao nien­tal dos compa­nheiros.

1clI caro Anto nio d e Alcanlara Machado.

POl' cx mp\o, mctcu- a de­vorar 0 l\Iario, n :10 digeriu revesou aqllelc

o meu amor, rapazes,

que me embrulhou 0 estoma· go dc uma vez. Assim nao se pode comer!

!\fas 0 princIpal assun lo des ta carta \1(10 c nada disso.

- "Alvorada del Gracioso" C 0 "Jeux d 'eau· '. Lamenta­ra eu, entTetanto, que 0

programma ('!-"tive e meo­clado com aquelle produ­ctos de uma inspira~ao en­fezada, nascidos exclu iva­mente do ealculo, sem que por eUes passassem os ef­fluvios do eora~ao, e eujo

val.or .unieo de­pende somente de urn exeeu­tantc de hrilhQ, dotado de uma teehnica eomo a do temido vir­tuose, soh cujos dedos aquellas paginas alcan~a­ram urn colo­rido que ate es­te momento eu desconhecia."

o dr. Imbas­o jovem An­

tonio de San ta Engracia, reda­ctor de sueHos no "Jornal do Brasil", tern ra­zao: os antropo­fagos estao abu­sando da goia­bada. 0 Brasil

DESE HO de ROSARIO FUSCO de CATAGUAZES

sahy e critico musical do "Jor­nal do Brasil". Hit dez anos sc bate pela aspira­<;8:0 de vel' le­vantada a lam­pa dos pianos

corre, neste momento de bra­silidade modernista, 0 risco de degenerar , em Republica de Pesqueira, Ora. eu apesar de pernambucano, nao gosto muito da goiabadn de Pesquei­ra: prefiro a de Campos que tern cascao. Admilo a goiaba­da (como sobr'emesa), mas

exijo 0 cascao. Convem, outrosim, chamar

a atenc;ao para a dispepsia pre­coce de alguns curu.ffiins ao­tropofagos. 0 Rosano F usco,

Eu queria apresentar aos an­tropofagos 0 dr. Arthur Im­bassahy, autor deste rpeda<;o de prosa estamrado no "Jor­nal do Brasil" de 28 de ju­nho:

"Carlo Zecchi e urn pia­nista de tao diamantina tempera que chega a fazer supportar scm cnfado e ate mesmo a se ouvir com cer­to interesse aquellas duas estrava~ancias de Ravel:

nos numeros (Ie acompanha­mento. Tem, como se Ye, in ­conteslavel compctencia em assunlos musicai~. An lropo[a­gos, eu proponl10 a degluli<; <.10 imedia la do dr. Imbassahy!

Verdade que <.1 carne c du­ra. Mas podc-se cn lrcgar 0

pior peda<;o 80 cmpresario Fc­licio ~rasl ran g(, l o . qu' lcm bons den I cs, a r (croz e excc­Icn lc cslomago.

SCll, muito conkalnH.' nle, MANl1~L UANOEIRA.

Page 36: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Rev i s t a de

3 POETAS E 2 PROSADORES

RUY ern :E LL\f.A - Co­lonia Z >! outr05 poemas - Port e> Alegre - 1928.

Acho qu e Ruy Cirlie Lima faz versos como crianca faz barquinhos de pape!. Distrai, nao irrita u inguem e chega mesmo a inter essar a gente. A agua da chuva leva os barqninhos. Pronto : desapareceram. De V(;7. em quando urn del es da vollas div~rlidas, a gente lor­ce - afunda! nao Dfunda! - , val pu­lando qu e e uma boniteza. :\ao sal mal5 da memoria.

Pal sagisla simples da terra gaucha 0 poeta d et e~la violencias e alturas. :\ao se afas ta do quotidi Dnu sossegado, gos­ta qu e se r egala dos quadrinhos in o­centes. :\ao entu ~iasma os leitores. :'lIas os leitores lh c fi cam qu er en do bern .

Madrugada (que cs t... r evisteca dos meus p ecados public oJ u no seu segundo numer o) e excelent e: c melhor cousa do Co lonia Z. :'lIas (J li vr o tem outras cousas b oas: Moleque, Negro velho, Can~ao dos pescadores, Lirismo. Os potmas sao quasi todo~ ass im: A veneziana deixa entrar 0 so l e 0 ve nto cheio de perfumes frescos. As aves acordaram, nu quintalejo. Ha revoadas varando () asu!. Ha marulhos de arroio nas folhaE

verdes. o galo vae ca n tar.

A.~ csti lizac;:oes de Angelo Guido nao me agradaram nem um pouco.

;-';ICOLAS FUSCO SA1\­SONE - La trompeta de las voces alegres ~ Mon­tevideo - 1925.

o li vr o e de tres anos atras. Mas como vern de fora pc'l e ser considera­do novidad e aqui.

o poeta tinh a dezellovc anos quando o escrevcu: diez y nueve trampolinelil de voluntad y de alcgria diz Juan Par­ra del Riego num prdacio em que eu encontro frascs qu e b em poderiam ter sido escritas por Grs.c;:a Aranha. Porem isso nao vern ao casC) o 0 que importa e a maneira desenvolta com que 0 poe­ta solta sua poesia

como una bandera para que jueguen con ella el sol, e l viento y el mar.

o Ii vro tern mocidad e ate dizer che­ga: e exa ltado, agil, contente e baru­Ihenlo. Esta cheio de imagens, de ar­fancos, de odes. Em lodas as suas pa­ginas ha ' mar, h il esl. relas, ha frutas, h it manhas" crianCa') correndo, pass a­ros voando. No mp.io de tudo isso Ni­colas' joga se u coracaa pll.ra que tam­bem pule de vi brante ansiedad nueva hasta encontrar el canto mas sano que renueva e impulsa la sangre y la vida en una carrera audaz.

Naturalmen te esse febre a estas ho­ras jll deve tcr baix:lUo urn tanto. Essa forca ainda incon ti da no La trompeta de lall voces alegres com certeza hoje em dla se poupa mois e tern assim maio res reservas d e clJergia para proe­zas fuluras. Seja como for pacta ,que comeca dilsse modo c certo que conti­nuo sempre

saltando tOdOB 108 oblltacul08 del mnndQ

cual si fuera un travieso cabrito .. ·

A5<im queira Deus. TRO - JCLIO PATER:\O? paulo

Olha 0 cafe! - Sao - 1928. d

. presentan 0 Diz Julio Paternos tlo a d vei: as

seu primeiro livro: Gosto e Tern , . h m mt' apontarem. cousas SO ZID o. s~ , ara quem

bom gosto. E e ol1m.l r egra p - a . . . 1 .. da declarac;:ao

princIpia. :\ as apesa. , I , Ribeiro Couto gente percebe 0 dedo ut.: ou al-mos trando ao aulo~ as cousas

- Olha 0 Cll-gum as cousas que estao no 0 fe' Mostrando 56. St!m descrever. / e­ch·eio 'e mesmo de Juli o Paternos ~o.

E agrada. :\lais ric uma ~' ez. agra :> baslante. Tarde comc<;a asslm. L'ma casa amarella esta parada deixando as janellas pegarem fogo.

Assim acaba Ze Caurao: o 801 vermelho apertava 0 morro que nem 0 len.;o molhado que o Ze Cabrao tinha no pesco.;o .. ,

Im agens e 0 mais do esli lo nii.? fa l­tam no li vro. Paternostro e brasilelro. Depois e mocinho. Com a idade di:-a a~ cousas mais direclamcn te. E delxara esse lugar-com um da nossa poes13 actua l (ja censu rado por ~lario de An­drade): men in ice. E outros lugares-co­'muDS: circo de cavalli nhos, cidadezi­nha do interior, pre to velho, Br.as il dos primeiros anos e a~sim por deante.

Das qualidades eviden tes do poeta destaco es ta: Julio Palernostro e mali­cioso. Vejam Esco la c Bento Manuel Ribeiro. Reproduzo aquela: Hoje h ouve casamento de gam ba com raposa! E foi de tardezinha quando a guryzada sahia da Escola ... E as meninas e os meninos pareciam uma poq;ao de letra8 a-e-i-o-u ... dependuradas dansando nos fiozinhos de ouro do 801. .. Tambem havia urn guarda-chuva era . . . a professora!

Fiozinhos de ouro do sol e horrivel. Mas ha no r es to qualquer cousa que en­che a genie de espei'allc;:a no futuro poetico de Paternostro. De forma que eu acredito que essa e out ras descai­das tenham 0 seu lado Util: trope,cando e que se apr ende a undar (nao reivin­dico para mim a paternidade da frase).

A na turesa-alegre de Paim compensa na capa a feiura do titulo.

DARCY AZAMBUJA - No galpiio - 3.' cd. - Porto Alegre -. 1928.

Obra coroada pela Academia Brasi­leira de Letras. No entanto a gente pode abrir 0 livro sem medo. E' bom. ~uito b0!ll a te .. Seria 6timo se tivesse sido escnto mals. au menos pela epoca do Pedro Barquelro de Afonso Arinos E~ ~odo ' 0 caso nao a tingiu ainda vint~ edlcoes porque nem todos os dias apa­r ece urn Rui Barbosa camarada.

Sao historias PUavas dos pagos do

ado COIU cheiro d e f!ete gaucho altan kio· -de rolo nos domingos sua?o, estr~Pdo cbinaredo cosquillioso, v~di os, ns trabandisl.ls nos gUltas da logr os con fr onteira. ri o fosse menos academico e

S.e 0hes I no se 0 auto r escreyesse m8.lS um a , f I d sabor qu e tem a, a a e suas com 0 s a maneira dele fosse mals personagen , t ' direct a de forma qu.e OdS cObn, os sd81ssem

d ele e nao a oca e urn da

l p edna entre du as mordidas no ma-pa r a or . .

tambr e sangrent o (cc.mo, qduashl s:m-ntece no livro) e am a om es­

pre aco novidade ; 05 assunt os e me-se roals f· d nos adjecti\·os e a!l l? xos en elt an o· os

, d s 1\0 galpa'l por mals de um p en o 0 , Ib t' motivo seria obra d ,' se e Irar 0 cbapeu. . .. k '

:\las ta l como e Ja n13rca a nan ID 0 nome do aut or. D:lrcy :-\.zambuJa t em a faca e 0 queij o na mao. 0 gel~o de cortar c serdr aroda. fammta e que decidira d e sua mod erllldade daqu.1 pa­ra ct ea nt e. E' born 11" ent a l!t o mda­gar primeiro se ele faz qu estao de ser carimbado moderno.

A;\T6;\IO DE ALCA~TA­RA ~lACHADO - Laranja da China _ . Sao Paulo -1928.

Al cantara ganholl fam a (Oll cousa pa recida ) de gozador e de seco desde o Pathe-Baby. Bras, B<:xiga e' Barra Funda nao d eu para d esfazer essa fa­rna (o u cousa c ta l ). Bom. Vam os ver agor a 0 qu e ctirao do Laranja da Chi­na. 1\0 fund o (desconfio muito) Al can­tara nao es ta faz endo qu es tao d e pa­r ecer seco ou m olhado, gozador ou so­fr edor. Alem de ser e p a rece r qua nto pcssivel Alcantara acllo que nada mais o preocupa.

Laranja da China tern urn geito de catalogo bras ileiro. E' uma imitacao­zinha de tipologi a n aciona!. Isso nao qu er diz er que 0 d csembargador La­martine d e Campos Ot' 0 guri Cicero Mel o de Sa Ramos (para s6 citar dois) ',ejam produtos privilegiadamente in­digenas. La fora tambel1l n ascem. Mas acont ece com eles 0 que acon tece com o cafe: tern sabor quando sao daqui.

Dito isso esta dito tudo soore as in­t enc;:6es do autor (s~ c que houve in­tenCoes). Querer d escobrir mais nao adianta nada. Principalmente tratan­do-se de hist6rias qlle podenl ser tudo me,:os p~etenciosas. 0 melhor portan­to e aceltar 0 volume realizado scm procurar saber pOJ·que foi realizado as~im ~ nao assado. Depois quem pu­bhca hbros trata primeiro de passar urn pano n ele para cTixllgar 0 suor que custou. , 0 ponto de vista do autor desapa­

:ece 1l12pressa a obra se est a e de pura IDven9ao. Gosto ou lllio gosto e ainda o !ll?.?o mais certo da gente dar sua OPID180 e~ materia de arte. Eu que acomp'anhel a constrllcao do Laranja da Ch..lDa palavra por palavra nao pos­so eVldent.emente separar 0 resllltado -. ct.o camlll~o. percorrido para chegar a~el ele. Meu .Jl1lZ0 serb fataiment e par­Cla por vanas razoes de ordem afecti­va: quem assistiu ao esforco aprecia 0 Pf roduto sempre em r elaciio a esse es-or90.

Di~ao que essa e justamente uma das funcoes da critica: desmanchar 0 brin­quedo par.a vcr 0 que tem dentro. Pode ser. Eu nao entendo nada de critica.

A. DE A. M.

Page 37: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

o sr. Coelho Netto foi co­roado. Quem fez a bruta fes­lan~a foi a redac<;ao do Ma­Iho. Botaram na cabe<;a delle lIl~a .coroa: Dizem que e de prInCipe. ~mha Jouros e espi­nhos cahmdo pelas costas. Depois, encheram os pes com perfumes. E urn sujeito gros­so lascou uma falac;:ao virgu­lada, que ningllem enlendeu .

Eu tive vontack de pegar no pes coc;:o do Coelho Netto e bolar elle no espeto. Para as­saI', feilo churrasco. E comer. E dar a coroa de principe ao Adelmar Tavares. Pra engor­dar mais 0 bicho.

Infelizmente, 0 Brasil teve urn principe na prosa. Teve. Hoje, feito comida, elle esta abi . E foi voladissimo. Se foi. Aos milhares. Intensamente volado pelos mirins desta ler-

Ravlsta de Antropofagia

COMIDAS

ra de palmeiras. Gosado mes­mo.

An les de comer a comida principesca:

"Meus irmaos. 0 dia de ho­je e dia santo para as tabas. Tem carne de principe. Ve­lha, mas nao importa. Nos te­mos dentes de ac;:o. E 0 fogo cozinhou que e uma boniteza. Po is bern, a gen le comendo 0

Coelho Netto, scm allusao ao quadrupede veloz das malta­rias, tern duas goslosuras: se enche a barriga c se presta urn servic;:ao, deste tamanho, as Jetras nacion;1cs. Ha sujei­tos que tern so urn destino: serem comidos. 0 nosso prin­cipe tinha esse, mas foi demo­rando, demorando, ate que envelheceu. Mnc:, agora, esta ahi, nuzinho, meio tostado, no espeto, quente que nem

5

MARIO G RACIOTTI

um churrasco. Pr<l nao des­agradar a vista, mandei tirar os pelinhos brancos. Assim, a gente tern a impressao de coisa nova. E tudo 0 que e novo, inclusive carne, tern sa­borosa a ttracc;:ao.

Coroado, tornou-se com ple­tamente inoffen~ivo. Comido, esse individuo, que andou fa­zendo muita m<lIandragem em papel innocente, nao tern mais razao de ser. Felizmente, desse estamos livres. Em­quanta fazemos a digestao do sr. Coelho Netto, vamos espe­ra1' que 0 Adelmar engorde mais. Aquillo e outra comida. E das boas. Tem carne e ba­nha que nao acaba mais. E ainda nao tern (;oroas e espi­nhos pel a cabec;:a."

Rapazes, podem trazer os palitos!

A Revisla de Anlropofagia

publicara em seus proxlmos numeros trabalhos de:

Mario de Andrade, A. C. Couto de Barros,

Sergio Milliet, Augusto Meyer, Antonio

Gomide, Henrique de Resende, Plinio

Salgado, Cassiano Ricardo, Jose Ame­

rica de Almeida, Carlos D. de Andrade

e outros.

Page 38: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

o fa 9 i a e Revistad~ ~~~~~~~~~

SANGUE BRASILEIRO

As m:llas espessas eram noiles cseuras de breu com saeis cachilllbando de cocoras.

Os ti<;!oes dos olhos de brllza dns on<;!as pinladas espreitovam POl' traz dos troncos das arvores.

Na beirinha dos rios as lilacs dogua t" ai"oeiras pcntcevam os cabelos verdes molhados.

E bulindo 110 treva um assOlllbralllento enchia de pavor os indios bravios.

Mas os hOlllens de sangue azul salta ram das naus e piz:.ram 0 paiz encantado.

Urn · hom em disse que a terra era boa e que o. solo virgem daria de tudo.

E os· ckscobridores guerreiros de sangue azulado misturaram seu sangue com 0 sangue pre1o, do&, negros r etintos com 0 sangue vermelho dos h om ens vermelhos de bronze.

E do solo virjem da ten 'a brotaram homeos novos possantes oom niusculos de cordilheira e impetos violentos de lul a no sangue ass~nhado de febre.

E e.les deseeram pelas serras e rios dO'\1linando quebrantos domando selvagens brigando com on~as despertando saeis ~ustando maes dagua varanrlo f10restas cheirosas pulando cachoeiras saltos e quedas.

lam jcgando sementes na terra e da soIl:! aspera de seus pes as cidades brotavam.

~s mites dagua fujiram da beira das aguas e acaharam os feiti<;!os e bruxedos da terra e o"'negrume. negrinho das f1ores tas' escuras.

So a mula sem cabe<;!a inda corria os caminhos ...

novos ousados E as horn ens . largos moJengos cruzaram os nOS pedras verdes numa serra encantada e sonharam cO '~riachOS can tanles e COlli ouro nos , no ,mato assomb.rado. e corn maravllhas

, 'rnpeloS violenlos No sangue deles havla Id'lheira ansiavam Julas tremendas

los de cor I . b t e seu, muscU I impeluOzO VI ran l' e 0 ~angue deles .quen e rios encachoeiraaos r epr ezos. eslua va nas arten as com

. uenle dos lropicos E 0 SOl q 'h esse sangue tornOll verme~~~ ~os hom ens heroicos leillperou a a Idanle da terra. na fOl'nalha esca

, . de lutas aven turas encanto~, Alma selvla Je~ borbulhante Has veias. sa ngu\.! se vaJem

, desbravadores da terra verde . da Am~zonia Sangu~ dos I t dores de ruas alinhadas de cafe sangul! dos p an a . . ' nas terras roxas de Plralll1 l11ga " "u " dos cavaleiros dos pampas sa~ou: des cavaleiros heroicos das cavalh~da s sa g - d' vaqueiros das cOl'rerias no sertao enorme sanguc os (: - t ' sa~"ue heran~a dos negros dos boroco os sangue h el'an<;!a dos indios _dos paJe,s ~ C~Hl~ambebe sangu() dos hom ens que .nao POSSUll1 0 en as vieram arrancal-as do selO verde do mar.

Brasilei ro!

Esse e teu sangue que circulol!' nas veias dos domadores de indios e dos bandeil'antes sonhadores valentes e que es tua que ru.ie nos nossos corpos am oren ados pelo

sol vermelho e quente que ha de vibrar nas arlerias de nossos filhos para que eles possam continual' a obra imensa do dominio

da terra - a epopea da ra"a.

(CATAGUAZES)

ASCANIO LOPES

o)~)=<)=<)=<)=<)=<)=()=()=<)=()=()=()=()=()==()=()=()=0=()=()=<O

Brevemente:

MACUNAiMA

(Historia)

de

MARIO DE ANDRADE

e

Antologia de 4 poetas mineiros

JOAO ALPHONSUS

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

EMILIO MOURA

PEDRO NAVA

LEIAM:

MARTI M - CERERE - versos de Cassiano Ricardo

COLONIA Z e outros poemas de Ruy Cirne Lima

CANTO DO BRASILEIRO - (poema) Augusto Frederico Schmidt

NO GALPAO - contos de Darcy Azambuja

POEMAS CRONOLOGICOS de Henrique de Rezende Rosario Fusco E'

Ascanio Lopes

Page 39: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Rev i s t a de ~ t r 0 p 0 f a 9 i a 7

os TRES SARGENTOS (Episodio da reyolu~ao de 1924 em S. Paulo)

Em S. Paulo, na primcil'a semnn a de Julho de 1924, as Iw ifes aqu ecid as pOl' prolongad a es tiagem assemelha­val11-se as . da primavera. F avor ecida p ela t emper a tura , acorrera grand e aflu en c ia ao J a rdim da Luz na ultima vez em que a b anda da For<;a Publi­ca tocava antes da r cvolu<;ao. lim re­dol' do lago central cruzavam-se ope­rarios e sold ados cora l11ulhercs de to­da a casta , em que h :;via desd e a me­nin a das visinha n <;as acompa nhada' da famili a a te pretas empr egadas em ca­sas burguezas, que dcpois do trabalh o vinham ali ' buscar am or cs. Outras nc­gras p asseavam fa landn alto, mostran­do aos homens 0 rosio enfa ri.nhado de po d e anoz. Quedav<lm-se sob os r e­verb eros da ilumin o.<;i!() a ntiqu ada, nu­m er 050S soldados Yi j~ , l (), .>.; C!ua rt eis circun,.-. s inhos. Os CjilC parGyam de­b a ixo das a ryor cs 011 scn! avam nos b ancos, e r am os ye ter anos fr cquenta­dor es do Jardim, que se cont entaya m em dirigir gr aee jos as mulheres. Os nova tos, p ouco ante~ said os do Corpo E scola, pr eferiam armar a lga zarra pelo caminho da ndo encon troes nas " ti as" a guiza de d iyertimento. Algumas f iam , outras za ngayam-se r ('y idando a of en­sa com pal a\Toes d e bordel gritados em yOZ aguda. Yar iava a int ensidade do melind r e pelo a ~pe t o de Quem 0 causa ya. Si 0 gaia t :> caia na simpa tia da mulb er , d iminuiam os pa la\To es ate se d ilui rem nu m sOrI'iso p rom issor ; en tao. ao se depararpm noyament e no decurso do passeio [, r oda do tanqu e dos c isnes. aparen taya a rapariga um r es to de za nga para dizer " que nao r epe t'iss e mais aquela es tupidez·' . F in­g ia- e a principio a ind a irritada, por fi m abrandando a te ,.eeit ar as propos­tas de passe io ou de b _ bidas que Ihe faz iam.

F ecb aya 0 J ard im dcpo is dos nume­r os da banda. E SCC':1\ a - e a mu ltidao aos pouco pelo porloes do parqu e. ene b endo a ca l,ada, rroximas. Ern 0

mome nt o em qu e logo adean te. na aYc · nida T iradenl es ou el o lario ria ruas da e ta.;ao. iam s c con trar ° qu e ti nham eompromi I) para " depoh rI mu<ica". 0 ,>o lrlad o rra \'a::i (',quin'!. junto de um po te rlt- vond . a ·,prrJ da conqubt qL! e fiz ,'ra .. -\ con qul,t3' da. yinha de bra,o ci:>rln CQm um3 3ml­Ila para mQ5 rar 0 cor.qui arlr,r. loti" a cho na 'f rda a zul f. rn e. Qu~ ndrl o rnili ar pprccbia ,', mu lh n . Uf,l\ I

a unica p.)n ('ada fl., "0 '-'l rll' nl( ;t! . zia in ir , f pora (' rebrilh.lr a h'

C ,d vone ov ~ 1117. d .• , 1"::1IP3.]"

d arco. D P ·d ia ." ch :ur ua al u

Ie raya\'a 0 br ~o d~ que

CAPITULO 1.' :

o JARDIM PUBLICO

junlos seguirem em demanda de al­gUll1a casa de tolerancia siluada em POI'aO ou COI· ti ~O das r edondezas.

o mulherio frequer.t ari o pela solda­desca, moraya em quartos escassa mcn­te mobiliados, com as paredes forra­das de fot ogra fi as d ,- amant es. Eram do lugar, do Rio , ou de nort e e suI do paiz, marujos, soldadas da Brigada Po­licial , soldados do exercit o, pessoal do Loid, sos ou aos par es, muito seri os, na melhor fa rda, no cena rio do pa r­que publico onde um fotogra fo econo­mi co Ih es lirara 0 r etra lo: Algun s eram mais prodigos, tiravarr.. fotografi a num " F otogra fo de verd arie" como dizi am. P ela pa rede h ayia morenos com cabe­los corredios brilhanl (;~. como alealriio a luzir, mulatos degenerados ou r obus­tos ; uns com a face rEchu pada, outros de ros to largo, ambos sensuaes; b ra n­cos loiros, cas tanhos ou ru ivos sa r­dentos, junto da in ex tr icavel ' mixordia de todas as cores e IT;atizes do branco com preto, p reto COill indi o, in dio com mu la to, on de as yeZl s surgia um ti po ati eti co. Tinham tambcm as r apa rigas aman tes pretos qu e da\'am retratos, mas qu e as envergo nh a\'am . Escon di am essas fotogra fi as, emhora foss em me­nos r ebarba ti \'as do Cju e as de muito por tuguez, h espanh o l ou itali ano, des­ageitados no trajo domingueiro qu e Ihes aper ta\'a 0 peSC(l<;c; num a gra\'ata amarro tada, e Ih es c"iJria as maos com as mangus do pa leto.

A mobil ia das mu lheres era preten­eiosa e mi se rayc l. Sl) bre a cama a coleha pe linlra, ehci;l de rend ados e la<;a rotc-s. ocu lta \'a nCHloas. Cobri am as cadeiras manea ". r equifes de c ro­chet semelhant es aos dos sa l6cs , em qu e as r apari gas um .. y z na yid a li­nh um ensa iarl o traba lh a r .

Pelo apo ('n to corri nm ba ratas rl as frestas da parede ao ~oa lh o rli junto e sujo. Os mu ro eaia rl os rl e cMes bcr ­rant e< . le\-a\'am flQfP; comp li ca das Qn ­ri c ha\'ia sina l rI QS esc:!rrl)S dos " frc­tes " . En lap\'am 0 fi r. cia lampa rI a · I ~·

trica r cnrlarI o rI e P"lJc l encf! reriril)s pelf) pr' (' p('las mo,e~'.. 0 qucbra luz rle ,> (· tin ela . (,., l, \'a r ~'gad l) 30 mcio. ri c \'iri r, al) prrJj{' lJi ' IUl' nllnw noil!' d r· brjga () at inpira .

\11I1l ", r);J'> mulh prr-, tinh ,nll \'inrJo a pc rJ o .'\ orrJ r. r·. no mrio rJr· tr~b~ l h a·

dorf' qll ~ ( ti" li n j\';'lm ~j~ rl('rrLJ I J ~l da \

d,. J d ;l<' (·n ~ P:lul'J ( nr, P;'lr3na . ;\ (J

pnnr'ipir) til h In ,In,hd r) (('J (J nlln1(~ r (,

d," II ' tW f dr- r.lnc~ri(J. p.lr '! qUI ()

p':, inrh" ('111 r- dr· Ir.dw "II a "· uir rum j\ 1fT) p.lr.J r, ul f HI J( rn Jd,j

d. d'l II ~u·. dWrI" I ,I ((,mr, r.171"1T

r, h I r n "., r~"cI,f) . Er I <li"'r a ~ I uac; ~ rJ d~~ rlue " inh ,rll (m r'ara \'an' '>

POl' YAN DE ALME IDA PRADO

organizadns POl' gen te, movida pel a ambi <;ao e capitan eada POl' olguem que jiI es ti vera no sui , e ::£ levas lam ent a­veis dos que fugiam da seea e da. fo­me. Os prim eiros tinham um esboco de orga niza<;ao; as mul heres, os hens e as vidas, iam ga rantidos.

As earavanas, que cram enxotadas pelo peri go da morll' , s6 tinham uma norma: 0 dircilo do mais forte. Quem lem maior for<;a ou va lenti a manda. Os fr acos ou coba rcl e~ sao escravisa­dos; as mu lheres pcrt encem ao senhor do ban do. '0 trajCto dll cx tremo norte a te S. Paulo represent~ um r osa rio in­finit o de da res, de sacI' ific ios, de ini­quid ades, abusos e p. ln r tiri o. Aqu ela gentc nada possue, nem bens, nem meios de vir a obk l-os gra<;as a um ofi cio ou conhecimer. to qua lquer. Che­gam a te a nao di spor uos bra~os tal a quantid ade de maze ln, que os mool es­tam. :\fuitos da ca r a v ~ r. a nao sabem 0 qu e e um a casa de tij oJos, utensil io em­bora rudim enta l' de lavo ura, padre, igreja , par de sa pa tos . E nt re cles ha senhores e escravos.

Dc' um a feita 0 dir (; tlJ l ci a hospedaria de Imigra ntes do Bras, perguntou a cer ­to ma tuto . porqu e se dcixava dominar por outro. por qu e rniio eo nscntia cm scr dcspoja do scm P' (j l ~~ t o n(:m vc lei­dade de defeza. A res p(j~ l a fo i simples : "Va nce me gara nte cia faea dele? Si nao ga ra nte prcf iro fid ans im memo".

Atravcz d ificulli adr s scm nomc eles vem a pc desde 0 IUl:;a r ejo na ta l a tt': a Bflia , ond e embarcam em im undas a l­\'arengas qu e os leva,,'-I p r lo S. Fra'ncis­co it Pirapora. ( hega lll '~ q u (; l d i cos de tantas provat;ocs, morrcm pelo eam i­nh o, cnll)u queccm. Pc,ra se man t 'r em, traba lham aqui C Jco li. a troco de ni ­qu cis ou de mi~era\' (' 1 a lim ·n tat;ao. Cau,>a c~p a nto qu e, no luga r p relid o onli e na sce ra m, conl!t' c;:Jm I) nome de S. PaulQ, e qu e no p"rru r ,>o naQ d t\­an im r-m Dnl e tonla rlifi (' ulrJ ~rI('. Chpga­dos r efazcm · \c· (·m P(, IWIJ. f"rtifi ram·se . ci\' ilizam ·s '. A ~'>()m l! ~'''ll p(' la d c' tr '­za com qu P a l!at ·m fJ url's ta,> \' irg('n~

rc ,> i,l('m a turl o. ~ ~ I ,w l (·il~s. {I ~ 'lgua~

~alr, br a~, i, mfl ~ li m (·llt"r;~o. ]fou\'(' I)

ca", rI (' Ulll l1Ialu to 9 ! ('anr) 3pren ri('r d

ler. 3 guiar aull) l1Io \·(·I, (. clpar(' (' r na~ ru ,l'> rle S. Pau ll) no ',fl' n,rr(, ,I!' alu­gu(·1 - quC' p,'go\'a ('n, pf(·,ta<;(;(' \ -doi'> ,In o, d('poi,> rJ(· ('h('gar numa I(' \a d" '1I1'lIr"nt(·, an~l f rlo ,· I IJ\. "'m QU lro lnf'HJ dc· \ Jdc.i df) qUI (,\ br;f('o, J) 'J 0,,0,­mtj mt"tfJ, :JJnd:t mal r"..,'J1m(·n t[O,., (',)_ b(," Lllla quI' ('hqlfJU ( 'Ilt frHn!' (. ('(,m ()'" Pl ',) '~n j:lrf'nl ',\ a IJan-r(· \("\ m('Zf "

dt P(JI' (t)m rrJUJ(1 nt) labl()' " mr'13'

ri P ' '-'d., nl) Jarcllrn !' lIbl,r'r,

( onlinu a)

Page 40: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

e Revista de Antropofapia

BRASILIANA III

ATITUDE

Dc uma correspondcncia de Santos para 0 Diario Na­~ional de S. Pau lo, n. de 2-6-1928:

"Circumstancia curi osa! Mau grado (IS enormeS propor­~oes qu e assumiu a ven tani a, fazendo lern brar um ver~a­dciro s imollm , 0 Monte Serra t permaneccu impassi~e l. Dlr­se-ia qu e; ell c so pretend e eahir numa no ite tranqu Jlla, en­luarada, ch eia de es trell as.

N~o deixa de ser intcrcssa ntc essa a ttitudc fl eugmati-ca, brit&nnica, do Monte Serrat. "

MOSICA Anlll1c io publi cado no Diario Popular de S. Paulo

(1928 ) : .. A CRUZ DA TUA SEPULTURA ENCERRA UM MYS-

TERIO. _ Valsa com letra; foi escripta junto a uma campa. Vend c-s e a rua do Th catro, 26."

CIVISMO Dl! uma eorrespondencia dc Ti ete para 0 Diario Nacio­

nal de S. P aul o, n. de 3-5-1928: "Em d ias da semana passada, uma ea ra\'ana do P. R. P.,

eom pos ta de a lguns membros do directorio e de Antonio Malap,u eta, c idadao lusitano, dirigiu-se com des tin o ao bair-1'0 do Malo Dentro, na doce ilusao dc cncontrarem a lgum Joaquim Sil vcrio.

L:i , 0 sr. Luiz Gervonett i, qu e c membro influente do Partido Democra ti co, r ecebeu-os com a lli vcz c depois de lhes dar <t ]r.: UU1<IS 1i~6es de lea ldade e dc civi smo, offcreceu 0

livro de Affonso Cclso "Porque mc ufano do meu paiz". Sera qu e esscs prctensos imitadores de Pau lo de Tar­

so continu am com as suas ca rava nas?"

FILIAyAO AVISO AO PUBLICO publi ca do na sec~ao livre oa

Folha da Noite de S. Paul o, n. de 6-9-1927: "A fi rma do "Ao, Cafe ' Moka" , de l Moro & Cia., nao

se responsa biliz3 de divid as feitas p~r seu filh o AttiJio Del Me ro. - Subscrevo-me, Nicolau Del Moro."

LITERATURA COMERCIAL

D c um anunci o publi cado no diario A Manh~ do Rio, n . de 1:1-11 -1927:

"Venci . .. OU nac vcnci? Venci, s im , pclo m eu es for lto c peia minha honesti -

dadc. Salve 8 dc novcrnbro! E p'or isso a CASA MATI-HAS fcs lcjou mai s um feliz

an nivcrsario. Ha muita genIc qu e encabu l:) com 0 13. Pois, amigos,

cabuia nao pcga. S6 pcga nos ca bulosos, quc andam m es­mo p C5ados, bufa nd o ao peso da "Zizinha ' · ... 0 dia 8 ' fo i urn grand e di a para 3 glo riosa CASA MATT-rrAS 'que com­pietou 0 seu 13.0 a nnivcrsa ri o . Treze a nnos dc lulas e de bons I, egocios.

Lcmbram -sc Voces, oh! La nfranhudos, Lamb6es e Pa­tegos ca buJosos, l cmbram-se Voces do qnc diziam CII1 1914, qua ndo 0 Mathias , pobre c humild c, veiu abr ir a' sua casa de n (!~oc i o? POI' cerlo qu e sc Icmbram. Entrc cusparaclas es vl!rdcl!das de invcja, aos sa ltos, e CO ITl ri sos de maltczcs, Voces di sscram: - qLlal! Eslc nao va c ia c1as pel'll as ... -Dcnlro dc m czes cs ta ra fallido . . . - Vac dar com os buJ'­ros n 'ilgu3 . .. - P cdira co nco rdat a no fim do mcz ... -Vae dar um " tiro" na pl-a ~a . . .

Ass ill1 fall av3111 os invcjosos c a llrazados. Novas bur­ras d :! Balaiio, qu e ri a m ndivinhar 0 fulur o! Oh! Zizinhas eslra[!ndas ! () Mathias niio morrcu ! T cm os ossos duros!

.\1' ~s, apcs:J1' d c ludo, eu vcnc i. TI'abalh ei, lulei, cs fOl'­cc i-mc e ,g r alt:.\,~ aos mcus mt'lh odos dc comm crc ia r e a rninh a h oncslidad e, fui para a fr ent e, vcnc i lodos os obs ta­c lll os c. para maiol' invcja dos in vcjosos, 0 Mathias tcm h ojc UITl dos rnais fr equ c nlados csti'lbei ccimentos do SCII

gcn cro no Hio, nao devc nada il nin gucll1 e tern .muito c1i­nhciro na LilITH ...

Os invcjosos dcvclll sc estar cOlJlclldo. Comid as , mi­nha genIe !. .. Mas c m elhor dc ixar csse Dcssoal cngulir-sc s6zinho. E' coisa lao J'lIilll!

Pnra comlll Clllora l' essa dala VillllOS offcl'ccc r aos bons :JJ1l'igos ullla novidadc: {, 0 I1ANQUETE SECCO, com tooos os accp ipcs c pert (' nces: Ficam todos it I'oda cia m csa, lias r csp cclivas caueil'3s, mas comidas ... "no hay" I"

FATALIDADE

Sabes, ? Ze' de ChanoCIl casou-se!

Nanoca . de Deus! tao hando1eiro!! o que e, mu1her

E 0 turumdumdum foi feio! .. . Simsinhora ... Ca1a a tua bocca creatura .. , lit vern 0 homem.

Ho-hO. . . que geito!

Mas homem de Deus, como foi isso?!

O~a lit como foi isso .. , tudo tem seu dia .

nem todo cao e sem dono, Ze de Anh! .. . Chanoca ...

Nem todo cao e sem dono!

_ Mas Ze de Chanoca

Conta-me lit como se deu este successo .. .

_ "Eu vou contar m eu casamento como foi:

Amarrado pe10 pe

Inqmrido como urn boi!

A.marrado pe10 pe

Inquirido como urn boi"! ...

(RECIFE)

JAYME GRIZ

A REVISTA DE

ANTROPOFAGIA

PEDE A' GENTE NOVA DAQUI E

DE FORA:

COLABORACAO (PROSA,

POESlA, DESENHO)

ENDERECOS (ESCRlTO­

RES, LlVRARlAS, JOR­

N AlS, REVlST AS, ASSO­

ClACOES LITERARlAS).

Page 41: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANNO I ~MERO 4 SOORS. AGOST O ~ 1 ,~,2a

Revista de Antropofagia Direcc;ao de ANToNIO DE ALCANTARA MACHADO

Endere~o: 13, RUA BENJAM N CONSTANT - 3. 0 Pay. Sala 1

A ENTRADA DOS MAMALUCOS

Pode-se negar poesia a lliada E' impossivel negar a urn anuario demogni.fico.

Ha dias an do mergulhado no paulista de 1924. Produz os tres efeitos do ceu de Cllritlba (na opi­niao da herma Alberto de Oliveira patinada a Ne­grita). E mais urn. Faz cantar, orar, sonhar e ins­true Entre outras cousas a geI) te fiCLl sabendo que japones nao e atropelado l apendicile nao mata negro, raio nao gos ta de m ulher.

En tao a parte dedicada aos casamentos (nu­pcialidade diz 0 anuario) e uma gostosura que s6 vendo. A esta tistica da Capital, Santos, Campinas e Ribeirao P r eto constitue nesse penta urn puro madrigal a morena desta terra de mais homens q ue mulheres.

Vao escutando. Em 1894 houve 456 casamen­tos ·(;ntre brasileiros, 143 entre brasileiros e estran­geiras, 127 entre estrangeiros e brasileiras, 854 en­tre estrangeiros. 0 imigrante ainda andava arisco. Desgrac;ado. A parcela dos casamentos entre a gen t(! de fora batia sozinha as tres restantes so­madns. E 0 brasileiro (engra<;ado) tinha medo que se pelava do juiz de paz.

Agora em 1924 0 neg6cio mudou de uma :e~: 4144 casamentos enlre brasileiros, 627 de brasilel­ros 'i:om estrangeiras, 1311 de estrangeiros com bra­sileiras (estao vendo?), 1629 en tre estrangeiros. 0 pessoal da estranja se atirou feio na praia da

Gerencia etc. d~ RAUL ·SOP.f

CAllA POSTAL N: 1.269 - sAo PAULO

SUCESSAO DE SAO PEDRO

Seu vigario!

esta aqui esta galinha gorda

que eu trouxe pro martir Sao Sebastiao!

Esta fa lando com ele!

Esta fa lando com ele!

casa. Mas ele e que e 0 comido. An tropofagia legi­

tima. E para quando sera 0 coroamento da rainha

dos an tropOf agos ?

(RECIFE)

ANToNIO DE ALCANTARA MACHADO ASCE so FERREIRA

"0 SOL ESTA' NO OCCASO!!!"

LAURINDO RABELLO - o Genio e a Moria

Page 42: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 '

ANTROPOFAGiA 56. NAo. ORNITOFAGjA TAMBEM.

A antropafagia venceu. Niio ha rest,aurante que se prese que nao facta

figurar em seu menu a saborosa carne humana.

o Mntadouro Academia de Letras estli desertO. 0" Rcademicos foram quasi todos devorados. E. para nuo haver falta de comida, arranj emos

urn succedaneo a carne humana.

Que seja. pOl' exemplo. a ornitofagia. E a comida. que vinha pulando. vin, voando. Vamos comer esse sabia que canta nas palmeiras .. .

Vamos comer as pombas do pombal . . . Vamos comer "Alhatroz. Albatroz. aguia do

oceano . . . "

E viva a ornitofagia. Sabin, pomba, jurity. all>atroz e tudo mais, s6 para

comida.

Para voar ha 0 aeroplano ... E para r ei do oceano, cheg~ LindenLerg. ate 0 dia

em que seja devorado tambem.

JO!O DO PRESENTE

JA'SAIRAM:

Macunaima de Mario de Andrade __

7$000 -- pedidos para rua Lopes Chaves

n. 108 -- SAO PAULO

e

Laranja da China de Antonio de Alcantara Machado

6$000 -- pedidos

para Caixa Postal n. 1269 --

SAO PAULO

::::

AOOUGUE

Ii t ra' Ale nil ' ue venho fazer uma proposta R VOCe _ AgO.ra sou : uch'!:re antropp fugo qu e vocc (: - <l a deglu_

nn qU llhda~ e d de todo suj eito qu e falar l'nI bruM ilidade no ti~iio Ime~la~? " ndo mesmo pelos amigos (qu anla comid" Bras il. PrII?CIP1RO ai ern S. Paul o, h ei n 'I) . bOa espe~dl r,;a ~~'n~ao do a~ou gu e 0 p r6pI' io Ma nuel Bandci_

P rll 1Il'uudg da 6tirn a ca rn adu ra Imbassal, carece ser _

apresenta or d ' d ra..., 'do porque ass im per erJ amos um os nossos n~o dl,g~ ~om~1i5es _ pOl'crn rnordid o no cangote, E' uma ~1.lhOI e~ ~o~n nibal : suj eilo rn ol'dido no ca ng61e perde 0

~:~p~~aflll a r da gente dc s~a trjbu . , g t ao sabio professor Laud ellno Frei re, da Re , Pdcrgul~l c a p~rtUgu eBa c com ida aprovcitave! ate, Pu~

vista R Ingu If ' I P ' -\ r ecisa mos gu a~da-Io pra sex a elra, (a alxao, Bota-rem P ele cnfeitlldo de verm clho ?ro, melo da rua, (minas re~<?;) ra rnaior ecitar,;ao dos lIls tllltos devoratJvos ~~lr~l~c t ela abstin encia cnorme da Quar es ma carne de c6-bra t('ma gas to de presunto,

M' s a milhor comid a do rnundo mesrno c a que tc , ,into hOJ'e na pessoa do meu simpat ico Fabio Lu z

apr"se d " ' t' "to b f ' I d Pai. 0 rneu amigo apesar e cn leo " em aCI e SCI'

pego, ' I d Ih Ficha de entrada pros compartl me n os 0 la 0:

_ mai o de 1928, chegada. _ Jdade presumi vel : 70 a nos. P ossivcl: 40 e lan tos, - cor : ? ,_ .. obs. : nao e muito gardo nao, POl'em cam e boa e

mllcia es ta ali. Abaixo, carta de ind'enli dade dele apresentada POl' in­

tcrm edio do Correio do Brasil de sete :.I e maio de mii no­vecentos e vinte oito:

" A revivescencia de m aus ins tin clos jacobinos; a hyper estb esia patri otica; a pretenc;:ao de crear uma Jitera tura bras il eira, inteira rn ente a parle, sem in­f1u cncia es trangeira, scm rcla~6es COil, as lilcraturas de outros paizes: a ta l b ras ilidade, nao passam de yolta ao anti go, rnodificac;:ao do ind ianismo que do­rnin ou 0 r umani srno no Bras il. E' em ludo 0 balbucio lIlfantil , civado de Lodos os p iebcismos em uso nas diversas regi6es do paiz, com todos os erros gramma­ticaes comm ettidos pelas cr ea nc;:as,

" Tirnbrarn os futu r istas - m oder nis las em ser imperfeitos e defecti vos na expressao, imperfei tos c r.ega ti vos nas concepc;:oes, scm pre s impiis tas e mui­to rnenos inleressa nles do qu e os a bsurd os symbo­Ii slas, i,mp,rcssionis tas e illu rn ina, los, pois sao ' sem­pre ma ls lIl fa ntis c nem sequ er p l'clendem dar cor as vogaes.

" J ulgarn sua ar te (?) a maior expressao dos phc-1I 0 1~en os sociaes - e ta lvez a ten ham como fun cr,;ao social. Mas ludo nelles e " passadi srno"; nada inno­var am, nem r eforma ram ".

, ;,Su~ arie s~ c~racte ri z~ ra pelns assurn ptos na­ClOnaes preferidos; POl'e m nao p ela f6rm a barbara ~es t es " poe:nas" (!) balbucia nl cs e pel a prosa eiva­

a ,d ~ SO\ecIsrn os e barba rism os, 0 que vivif ica e 0 csplnto: a lelra mala,"

,';' 0. *~as;1 n ~o p'ode fu gir a~ conlaclo dos povos mals c lvlhzados e n - 6d " I corrente rt ' ao p e r ecusa r a i11f)uencla (as

s I eran as das outras t erras ," Etc.

Daqui a a lguns a ( bater os bras T t ' nos a ntes ~ue a geni c corn ece a COlU-mas chama d~ I~ as ,-:- ch efes dl SSO que nin guem enlende e nao sei quem ,~a~lhdade, ~omo vai fa talmente aco nl ?c~ r nem nm desses /de embrou ,ISSO al e ) , e pl'<'ciso nao eZlsl! r trabalh os maiores m en~ endldos pra r em edio, E pra eyilar gente toda antes pre~ll samos d esd e ja i :- cornendo essa

E ' , qu e e a nos devor e. "spere mals.

Curral cheinho que s6 vendo,

(CATAGUAZES)

ROSARIO FUSCO

Page 43: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R e-v i 8 tad e Ant r 0 pot a g i •

CIDADE DO NATAL DO RIO

35000 pntriotas. Fundada em 1599. Nasceu Cidadc como filho de Rei e principe. Padroeira: Nossa Srn hol'a da

Apresentavao qu e vcio dcntro dum cai­

xote, lento e manso pelo rio . Seculo

XVIII. Tern um rio c t em 0 mar. Cam­

po da Latecoere. T ennis. Cin emas. Au­

tos. Cinco pharmacias. Bispado. Dois

jornaes diarios. As mnlheres votam. 0

Presidente guia automoveis e viaja de

aviao. 0 secr ctario mais velho roda

os quarenta annos. Sa! dc. Macau. AI­godno do S erid6 .

Ihao do Exercilo. Item da Policia. Mu-

sica aos domingos no£ jardins com

aulo-gyros perennes de soldados e

c readas e vice-versn. Sorvele, piroli-

10, folhado. Uma livraria e dUll s casas de Iivros.

- Ja chegou 0 ultimo livro de Ar­del?

- Nao senhora. Temos aqui agora o grande Marden.

Nao ha r evisla nem Academia de

Letras . Cidade pintada de sol com

Cera de carnauba.

Com'os. Assucar de

qualro valles largos

e verdes. Boiadao

histol'ico qu e e m

1799 m andava dese­

seis mil cabec;as p ar a

Pernambuco. Insti­

tuto Historico. Esco­

la Domestica nume-

1'0' urn no Brasil. Ae­

reo - Club - de - Na­

tal COIll dois avi6es e

seis campos no ser­

tao. Grupo-Escolar,

grupo-escolar , grupo­

escolar. Todo sertao

se c.storce no polvo

das I'odovias. 0 pneu

ama~sa 0 chao ver­

m elho dos comboios

lerd0s, langues, lin­dos. Poetas. Poeti­

sas. Ghronis tas ele­

gantes. A v e n ida s

aber las para todos os

ventos. Sem eSC'..llros.

Nem burac6es sor­

nentos de espanta-gu­

ry. Arvor es apara­

dinhas es tylo Nurem-

Desenho de ANTONIO GOMIDE - 1928

berg. Ruas calc;adas, macias no escor~ H • de r ego das descidas. Raros-raros ml

' 1 " Associw'i'es de ca ndade. umesmo a ., I Meia groza dc gruPGs de Foot-Ba l .

Nao h a Rola r y-Club, nem Automovcl­

Club n em Street-Cluh. Radi oma nia, . _ E' 0 quc Ih t rl igo. Pcgll ci os (II s­

cursos de propaganda rio Hoover. _ 0 que esla me clizendo?.. .

Morros, areins, or6s , mangu e'S, Clrys

Pcdrns pe'sca-e nra tll s grudados nas ' . I n en 'ober l a. Tr ts ri a em bole com err.

Ri o Cenlros botes des l es foram no . . I.clatorios. Bata -Opcrarios . Discurso s •

um a a legria de dom ingo. J ornaes do

Rio. Politica. Sympalhias furi osas aos

Pres tes Julio e Luis Carlos. _ Voce va i vcr a suinda de Min ns .. .

_ Nem pelege . . .

Nolicias de trinta horns. via Aza do

Laic. Sabbados monotonos com r i n7.[l Iri ste de nada - faz r. Feij ondns he­

ro i c!l~ . Pcscnria ri c c6 vo. A' noite, pes a de nrnft'l ('Olll fncho. nil s prnins

longes d ' Arein Preta , Caj ll eiros. Co­

qu ciros. MOllg1lbeirns. Ani l 's do i'lntlll ­

Club. "E' favo r en lrrgnr cs ln s brc­

car la na cntrodG ." "Toil ett e prctn" .

3

GRANDE LUIS DA CAMARA CASCUDO

Jan eiro. F es ta dos Santos-Reis. Con­gos com puitas e ganzas toucos e sur­deadores.

" Acorda quem esla dormindo na serena madrugadh venhao vel' 0 Rei de Congos general de nossa Armada"

Dezembro. Lapinhas e Pastoris com musicas de cern annos teimOJtl! e re­cordadores.

" A remigio bale 0 g,"lo soltando a voz mavlOza"

Bois. Bumba-Meu­

Boi pedindo cmco

ded0s para riscar em

pap~1 aquellas toa-

das roaravilhosas.

Novembro. Festa da

Pari . oelra. Irmanda­

de do. Pass os, so­

lemniss ima. Confe­

dera<;ao Catholica.

Escc,la de Commer­

cia . Aiheneu. Colle­

gia Pedro II. Luar

imn:ls&ivelment e 1'0-

manlico. Serenatas.

Violoes gement es as­

sanhando pruridos

nostalgicos.

" :-Id tes nunca hei de

te r C0l110 iii tive na escuridao polar

de leu cabello"

Bli-nito! Gl'Og a frin. ~Iagesti c , Anaxi­

mnn'lro, Cova da On­p . Ris .:os rl e navalha

rorobuda.

- ;-.( cm me fal e l

Pois l slc Jorge nno

escreveu dizendo que dav3 a ccr lidiio do na. C'i mcnl o de Dom Antonio Felippe Cam'l rao POl' cinco mi l pes ric lnranjas da n ahia 7

Avrnida Tavares de Lyra. Cnfes pro-sn cSlirndn :'1 c'lfe mOllh050.

- Coski de seu nrlillO! - QU:l l ? ... - HOl1l cm. frnn C'nlll cnl c ... nqu ell c . ..

CII sc i qu e Ii. ., I1H O l's tOLI bem lem­bl·ado . .. nqu el" . ..

13011 (1." Alll o-()lI lniblis sllbinrl o. Prtl­goes. P:lrn 0(,,1(' 0 lh05 compr irl os nA­Ill ora l1d o po,s il ilicl ncl c. (k chu\'('i S.

POI' c illl rt (I n, CII S:1 ' 7ullzrinm, ronro­na lll e, C 7 0 11 70,. 1l1 0torcs rOl1 cnndo no C' ulIlillh o se lll r(l ~ l os <los oviol' (NATAL)

Page 44: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 . ;

I

. Ant r 0 P 0 f 'a g J Ii Revfsta de ==

HISTORIADOR UM POETA E U,M

Canto do Brasileiro Augus­to Fred·erico Schimidt­Rio de Janeiro - 1928.

No principio parece uma r~a~ao con­tra 0 hosso roinantismo (amda 0 de hoje) :

Nio quero mais 0 amor, Nem 'mais quero cantar a mlnha terra.

Nio . que~o ~als ' 0 B'ra~ii

'Mas no meiu de rCJ)ente rebenta um ritrog com onze pes que ate lembra Gon~alves Dias:

Depois no silencio da noite serena Os homens pensavarn nas lutas e

guerras Nas pescas e ca\:as - que vi da meu

Deus! Mas se tempestades tombavam medo-

nhas E raios riscavam 0 ceo s~mpre azul Que medos som brios! CastJgos medo­

nhos! Que medos tamanhos sentiam entao!

E no fim e a contrj~ao :

Meu Deus olhae paTa mim! Meu Deus sou btasil~iro!

E' brasileiro. Seu lirismo

ESTAO NO PRELO:

e balan-

. Vai E' brasilelrO. . ~ado e pregdui~osode~·iinimo. Ate 0 g~~ se ,en tregan .0 ~o a cabe~a e faz em que endlrelta Depois bate no curso bonito c brav~. novO. Mas ago­peito. Esta entregue e tambem e bra­ra na mao de Deus que

sileiro. , tudo isso. E que E que gostosu,ra e~us t o Frederico I,

cantador born e Au", a Brasileiro: Culpa da cacha~a

Poema bebado.. r °ncia do poet a n:lcional qu e a mte Ige distiiou.

CAMARA CAS-LUIS DA, do Para-CUDO -N~t~je~ 1927. guay - "

C . do quiz tam-L 's da Camara nscu do Ul, nova Guerra

bern inter vIr nes,sa I uem) ora ace-Paraguai (como

d dlsse c~}usiaslas de urn

sa .pelos ex um,a, or.es tinba born cheiro caudilbo que Ja nao luta com muila em vida. E en trou na , Disse 0 I Idade e bastanle dareza . , I ' ea .' E que dlsse es a qu e quena dlzer . u

cerlo. , . d . end euzan-£sse negocIO de an a ~em C ' 1 ente

d Lopez se ex plica mUll? , aCI, m , . E? a eterna historia. 0 sUJ elto e r~lm, nao presta, vive briga ndo com to a r

enle acorda e dorm e Cazendo rna . . ~as ;norre. Pronto. Em volta d~ Cat­~a~ comeQam logo os comentanos:

- tao mau assim, uma noile r e-nao era a casa d ele um cachorro doen­colheu na LImas luvas tao bonitas e as-te usa v "

" or d eante. D epols qu em e que Sl~ t

P. do d e um r en (ainda inCame) nao em , '?

dor ' esponde ~ Jun . q ua n - d ' d ' d ' Em tod o 0 caso mw elxa e In 1-

nar a gente 0 fa c!. :.> , d e ha~e~ .entre g, (empre 0 maJdlto posltlvlSmo) nos s 1 ' d ' ara d efend er ~opez prOCure 1-quem p '0 I ). " Co, ' 'r 0 BrasIl, q!l(, 0 mpt:110 ez mlnUI d 'i b ( . ' ldo a qu eda do ca u 1 a crnno eXlgJI 19

d '''a·o para a paz) agora em 18 con I .,. , I ' h V · I 'ados fiz er am 19ua ZIn o. eJa-se os a I "

a ultimo capitulo cl o Impr~ss l on,a nl,e G 'lherm e II d e EmIl LudWI g, PrInCI-

UI SS I'm ' As cinco partes do mundo pi a a. . ' d h reclamavam 0 afas tam ento , e urn . 0-

mem , Os proprios .gcner,a ls a lemaes (Hind enburg it fr ente) eXlglam a ab, di ca~ao do imperad or por . SC I' essa . a uni ca man eira d e co nseguu' 0 a rml ~-

ti cio, N' ° I E ninguem gritou. m guem se em-

brou d e xinga r a Fran~a ou a 1 ngla­terra ou as cinco part.eb do mundo,

E' preciso notar a mda qu e co ntra Lopez 0 Bras il nao ,rlgHI soz lnho: eram tres a guerrea r 0 bl cho: ,

POl' tud o isso 0 depo lI~c n; o de LUI's da Camal'a Casclld? ~ esse processo postllmo do pa raguaJO e .dos qu e des­a fi am qualqu cl' co nt c ~ t a~ao honcsta,

A, DE A. M.

Empreza Graphica Udal Odilon N egrao - Porace Tingtiiresca (ver­

SOs.) - Curitiba

Octavio de Sa Barreto Festa de nervos

(versos) - Curitiba

Manuelito Ornellas - Rodeio de estrellas

(versos) - Curitiba

ESTA' A' VENDA:

Oswald de Andrade - A estrella de absintho

(romance) - Sao Paulo

Todo e qua lquer servJ(;O concernente

a arte graphica. Trabalho rapido e

artistico. Impressao de livros, taloes,

f evistas, factm'as, prospectos, f'olhe­

·tos, cartoes, etc. Especialidade em

trichromias. PRE<;OS MODICOS.

RDA SANTO ANTONIO, 19 _ Telep. 2-6560

SAO PAU~O

Page 45: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R evist a d e A n t ropo fag i a 5

ROMANCE DO VELUDO

Nao SOli fo lcl o ris ta n ao. Me p a r ecc Ill CS IllO qu c n ao sou n a d a n a qu cs t ao ~os limit ~s ind.i v id ua is, n e m p ac ta. S.Ol~ m as e 1lI11 m d l \'icluo q u e qua ndo Slll ao qua ndo lm agl!13 sobl' c s i mcsmo e r('pa l'a n o ser gosado, m ar ta d c c Ul'i o­s idade POl' tudo a qu e faz m undo. Curios idadc c h e ia d[lq u e la s impatia que a poeta c h amou de " quas i amor". Isso m e per m it e se r m ulti p lo e t enho a te a im pressao que: bam. Agor a que p rinc.i p io e x a mina r ccm a de fic ien te co nh('cimcnto m eu , cr rt os documc ntos fo lclor icos que a rra nj ci, t cnho m esmo

E a ve lv ta d esco n fiad a D c tao inocenl c sa n l inha, Reso lve u il' vaga rosa Su r pl'ccndc- Ia na cozin h a .

Ao c h ega l' hi a \' e lhob Fi cou lod a ad imira.c13:

( Rcfrao)

:\os b r a<;os d o pr imo J oca 'S lava a mo<;a r ecos lada.

( R efr ao)

Colhi es te docu mp'!t o em Ara r aq ua ­ra ca ntado POI' mo<;as . E ra coisa es -

MARIO DE ANDRADE

r a m enle d c fo rma d o e um r e(rao a (ro ­bras il e iro.

o l ex lo e u ma defc. r ma cao d e as­sunl o curope u. A i de i ~ de, se apro­ve il a ndo dos fenomrnos da na tureza a u da vida, iludir na r esp os ta a uma per g unla q ue descorl f i" d os DOSS-OS amorcs se sa l isfazendo, e anligu issima. Sei que vai pe lo m~nos a le a Iaad e ~Ied i a. E sc ('spa lha lan lo que a en ­con l ramos na E sca ndinavia, oa Breta ­n h a, na lI alia, no '>ul da Fra Dt;a, o a Ca la lu n h a .

Em Fran<;a tcmos as admi raveis n!-

$~{\ In, C"\ ! § 1 t q;: ! fh' n \ L"t 7"1 ~ I -t').A..- C .... e"fM-t1. tfo,?~ ~"'- -b.ol.a- 4../.....: ~ c. '--~ ..... -""'~ - -;It;::;.....

C s L! rx t\! DO en r('1t 9 \ fq =t n l ! f.~ ~u..' C'M.# /7~ fvuv ""'--fo~~ ...... e-~-r·'--. - 'h..e ~~ ~ ....... -vr> Q..-

F~ @;; r eLLI?\,· \ En It t\ml[1¥ECllt ~Hnl

qu e af i rmar eslas coisas \" erd~de i ras . :\ao e hu mildad e pro to cola r nao. Sao coisas \" erdadeiras . Pl'lJ\"am m eu , res ­p e ilo pe l a saben<;a alh eia e aflrmam meus dire ilos de h berctade.

Eis a Romance do ," elud o :

_ :\e li nha, que es tas faz e ndo Ca lada a i na cozinha? _ Es to u pa ndo agu R no fogo Pra ca fe , min h a a\"ozi; l11a.

_ E vivo aqui tor.lJ sa r apan tado Como gamba Qu e CR ill no m e l ado . ..

_ :\ et inha, tu des t e llm b eij o Ou u cs tar enganada ? _ Vozinba , e 0 cs ta l da Il'n ha Que est~i n o fogo molhnda.

(Rdriio)

_ l\ c tinha , 111 nao mc n egues: Com quem e t ~is COll ,: er s3 ncto! _ Vozinha, C a c h a l01ra Que ('~ t il no fogo c hi nn d o. _

(Hl'frao)

1\'c li n h o, qUl' m do c. ('5':! H r~ po n de-m e aS5ini br~J(,lnl ~ ' 1

_ Voz inhn. ('u llll' qUCllllCI. . 11 .

l\('~ 1 3 ma ltli la c ha lc ir.l. (I1cfruo)

cu t ada na infancia, cta boca dum pa­Iha ,o pre to qu e its Y(zes por ta \'a ~a cidade. Como c ball1av a a palha,o nao sabiarn. Cresccratn C' nunca 111ais que o \"iram. Dc ce rt o m c. ITl'U.

Falo '"de cer to" porque e muito pos­s i\"el quc Sl' tna te do famo,o palha,o Ve ludo . Si C 0 mesl'~O dc\"ia de c tar \'c lhuseo pe lo menos. quando as mo­,as 0 escutara m n ~s. primciros nno~ des te secu lo. P orquc Illdagando lndr,­ga ndo . S11b e quc b r ill na ~l o narquia andou pe lo cs taclo um palha,o pre to ca nlad o r . equilibrist:l. sa lt ador . lllil

faz- Iudo muito aprec iaclo. se chaman­d o Yc lucl o. Pe lo rn l' Il os e ee rto que es tc con hecia 0 refroio d o R omanc e e o can la \'a no tundtl b ('n l ("pa lhado. d e qu (' falarei no pro~iln o nLlIlIero da Antro pofnga. Ora C0! 11 0 es tc lundu. tra tancl o cia vida do eSC I' :1 \'O, j,i n:io podia inll'rl'ssar lll11it o 0 . fl' cq11 l'n ta ­d o res de circo do '('tulo \·lnt". I11Ul lo po"ivc l qll l' \' eilld o () "'I,lha alJandll ­Ilad o . inlrOlll (' tcnclo 0 r('[rn ll d ele 11 0 11-I r !1 ('~ln ti l.t a .\(' prf' ... t 'lIHl o a b,o.

~I n" do \' e lud o 0 11 <il o lliro p:tIlta'O p rl' to, (l 11 0 111:111 Cl' ('oll l ill ll" 11111 d o­CUl1ll' lll o l i ll' r :U' lo- t1lll,jcu\ int rn' ...... f\ll l e do 11 0 ... ,0 I optllari o. Se !ljlln l nrtlill Ill' lt..' 11111 Il' ,lo Ira<ii eio llal pOr lll !! I1(" inl (' l-1 li en' d l' ,\ ll1rion (II. ~I Li "l'r. "Frnu-

zos iscb e Yo lk s li eder '" ('d. Scbott. n .' 555) principiando as,jm:

Qu'allai "-tu faire .' la fon ta in(" ! COl'b leu. ~I arion!

J'ctais allC' qllhir d e r eau, ~l o n Dil'u. m o n ami!

~I a is qu'cst-Cl' d OI~" qui te parlait ? Corb le11. ~ l ar i o11!

C'<;I~i l la fille :i no l ' \" oi inl'. ~I on Diell. mOil nmi!

(e tc .)

L' m Icx lo ca lal:io «(,; .. 0\,C '5 Dictiona­.. ~.) princil ia assilll:

~Ll .. r nlia . marc 11 i~. Sl'll tO _r~n

ruido. :'\ l' SOil la, "lInbrl"ra, qne saltl'n \"

riulll'll {dc.\

Elll Porlugnl a idl'i~ aparc{'(' a tgu­Ill", fl'i t,IS . :'\ ~ '"n"ll.l .-\ldon,:1'" (Th. tlr:t ~:1. '" HOlll:tllcl'iro rl'l': tl Pl)rlugut's'" :!: <,d . \·u l. I. p~. :l8D) .. Crt:ll1l;'a de peendu l' di'fnr ·"d,l a"II11:

- ,\ i. dill'- Illt'. o IL \ :1 ldinlll". (hll' 1e\ :I> 11 :1 abn dn ca pa','

. \ Inl'l1dl..l:h \ ('nil- ... , l1U' U ti{). Ih " l' ju de 11111U pl' iad:1. «'IL' .)

( 'Ulll . un p. 6)

Page 46: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

• ORAOAO

(PORTO-ALEGRE)

Negrinho do Pastoreio. yenho accender a velinha que palpita em teu louv~r.

A luz da vela me mostre os caminhos do meu amor.

A luz da vela me mostre onde esta Nosso Senbor.

Eu quero ,'er outra luz na luz da vela, Negrinho, clarao santo, clania grande como a verda de e 0 caminho na falagao de Jesus.

Negrinho do Pasioreio, diz que \ oce acha tudo si a aente accender um lume de yelinha em seu louv~r.

Vou leyando esta luzinba tteme-treme, protegida contra 0 vento, contra a noite .. .. E' uma esperanga queimando na palma da minba mao.

Que nao se apague este lume!

AO NEGRINHO DO

ovo clarao. Ha sempre urn ~ 0 caminha Quem espera ac '1_ pela voz do corac;ao.

Negrinha! Eu quero achar-me, d) (Diz que 'oce acha dt~d o.

- I nae per 1 0 .. · Ando tao 0 b ' N rinho: Eu quero achar-me eg a luz da vela me roostre o caminho do roeu aroor.

NeQTinho, Voce que a~hou pel~ n19.0 da sua IVladrlllha os trinta tordilhos negros e varou a noite toda_ de vela accesa na roao, (piava a coruja rou.ca_ no arrepio da escundao, manhazinba, a estrella d'alva na voz do gallo canta:a, mas quando a vela plll~a, a, cada pingo era urn clarao) Negrinho, \ oce que ~chou, me leve a estrada batida que "ae dar no cora<;ao.

(Ah! os caminhos da vida ningu-em sabe ollde e que es!ao.)

PASTOREIO AUGUSTO MEYER

NeQTinho, 'ace que foi am~rrada Dum palanque, rebenqueada a S:lngu~ pe10 rebenque do seu patrao, e depais foi enterradp . na cova de urn fnrmlguelro pra ser camido inteirinho sem a 1uz da extrema-unc«yao, se levan tau saradinha, se levan tou in tei!-inho ! Seu riso ficau m 2.is branco de enxergar K ossa Senhora com seu Filha p ela mao!

Negrinho santo, ~egr:inho, Negrinho do PastorelO, Voce me ensine I) caminh{) pra chegar a deva<;ao, pra sangrar na Cruz bemdita pe10s cravos da Pai-xao.

N egrinho santa, N egrinho, quero aprender a naa ser ! Quero ser como H semente na fala «ya:a de Jesus, semente que so vivia e dava fruta ent~rrada, apodrecendo no chao!

ROMANCE DO VELUDO

A ideia volta no romance do Frei Joao. l\a versao de P edro F . Tomas ("\'elhas Can~oes e Romances Popu­lares", Coimbra, 1913, pg. 51 ) a mu­lher secunda pro amant €: que nao po­de abrir a porta porque tern "0 meni­no ao colo" e 0 "marido a ilharga". Este acorda porem e 0 texto corre:

- Quem e esse, mulher minha, A quem da-las tuas falas? - E' a mo~a a perguntar Si cozia si amassaya. (etc.)

Frei Joao infelizmt-n te veio namo­rar tambem as cunhas do Brasil. A intimidade foi tamanha que elas ate botaram nele 0 diminutiyo dengoso de Frei ' J oanico, numa das versoes que Pereira da Costa da no " FolcJore ppr­narubucano" . (pg. 326).

o mais desagradayeJ pra mim e que mio acho nos meus linos 0 romance portuga donde saiu (\ do \ eludo. Dei­xo isso pra quem tiYer mais livros e mais conhecimentos. l\a certa que existe Iii pois que Engenio de Castro o parafraseou Iindaml'n te do Roman­ce que yem em "Si lya":

- Quem e que anda abrindo portas, Fitha, aqui ao pc d~ mim? - Senhora mai , Ii 0 vento Que abrc as portns ' do jardim. (ctc.)

Entre os clcftas porem (Canti Popo­lari Greci, N. Tommaseo, ed Sand ron, pg. 123) a "Maria", viol enta como ern justa que fosse entre aqueles cansa­cmos, se aproximn bern do nosso ro­mance:

- Maria, ch'ha egll i1 tuo letto che schianta come canna?

- :\iamma, una pulee m'ha morso al capezzolo della zinna.

- Matta, puJce non era, rna gli era un gioYanetto,

Era il giovane che t'ama, il giovane che ti pigliera.

- :\jamma, non immalizire; mamma noi prendere a male ~

Il giovane ch e me am a, e lontano in terra straniera.

Quapto iI musica 0 Romance do Ve­ludo. e . na estrofe. um documento Ius 0-brasllelro com base ritmica e rnelodica na habanera e no refrao e tradicional_ ment~ rec~>nhecido como afrobrasilei_ roo E dehclOsO. E bem familiar pros que . sabem urn bocado a mus.ica bras ilelra do seculo dezenove. ...

A pnmelra frase da estrofe Ii curio­sa. PossU! um salto de qu t . dificil de entoar 0 natural a.r a Justa . . . era a ter-~~ menor pulando pro sol. De f . Urn dos temas espanbois e ato. por E. Lalo na " Sinf . &Pregados (lSi5) principia por ~:: f panhola" exatamente a do nosso R rase que e arabesco melodico. T~~:ce como Im~lal na estrofe do " Balan e"a frase gues, repete sem arsis a c portu­nho. Ambos os docum tmesmo dese­sa it o de ter,a menor en ,os trazem 0

porem 0 ft· qu e as mo~s cantava . ~ 0 e c essa dif;culdade rebm a quart a Justa

. uscada qu -S('I, nem elas, si era do Vel e nao las, apesar do tende . udo OU de­POY.o pro facilitar as ~~la natural do cunosamen te com a n llsa.s, concorda ra das mOdinhas tao ~e odlca brasilei_ ral . 'orturada no ge-

Quanlo a Ilircin. q ul' apllrece no

( Cont. da pag. 5)

12. 0 compasso, Ii reaJisada com urn apressando, caracteristico da musica popular brasileira. 0 tempo fica na realidade diminuldo da s':mico!cheia que de,i:i de estar logicamenle no 1. ' som dele pra que 0 motivo ritmico do tempo anterior se repetisse. Esse apressando Ii urn dos tiques curios as e sistematicos. do nosso populario e ocone ate ern dan~as . E ' uma subtile· za rica da nossa rnusica e proveio na­turalmente do cacople popular que, faci lit ado pela ignorancia, leva os can­ladores a diminuir u yalor dos sons compridos dificeis d" s"olst entar. Sis· tematisado no Brasil em eleillen to ex­pressivo a Correnle oc cerlo foi a cau­sa .das antecipa~oe~ sincopadas nos fi ­nals de frase, coisa vulgarissima (CO­cos, martelos, eillboladas maxix<,s. s:;unbas ) e- tambem occrrent'e nos "Spi­ntuals" e pe~s de jazz afro-ianques. De fato : depois do arressando as IUO­

~s fazlam Ullia paradinha no re we­diat.~, .de maneira que 0 mo,·imento. preJudlcado urn instan te se normali-sava outra vez. '

o Romance do. Yeludo e urn do­cumento curioso da nossa mixordia etnlca. Quer como literatura quer co­mo. musica, dan~m oele portugas. afncanos, espanhois e ja brasileiros. ~er a~lodando com a~ circurnstancias do p aSI!. . Gosto lllUltO de.sses COC1Plls. ~r nuus forte e indigesta que sejll S

mlstura os I 1 f · , e emento~ que entram nt' a a lOal sa I d . g e 0 0 os IrUlllcsruaras e a dr -

sal . bem digerida pel; estomago bra-I en-o acostu d . f . ., d .' < rna 0 com os chIll nn.

nfnhlmenta, do tutu, do dende, ds Cll­co d a e outros palimpsestos que es­sll.~ em a mOleza nossa. Esta imagelll

Completamt'nte prett'nciosa.

Page 47: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

fta"la1a da Anlropof8 !;ia 7

os TRES SARGENTOS (Episodio da revolu~ao de 1924 em S. Paulo)

Algumas da mulher<'s provinham do

Tort e, de P ernambuco, Paraiba, e mais

longe, desd e 0 Ceara ate 0 Maranhao.

De cert o ponto em dcante escasseavam

as negras. As poucas que ai restavam

si viessem as . P aulo encontrariam

os parentes que no fim do Imperio os

cear enses tinharn veadido aos paulis­

tas. Inversamente er8ID numerosas J'la

Baia e Estados vizinhos, onde nao exis-

CAP IT ULO 1:

o JARDIM PUBLICO

II

barcavam com as familias em Porto

Alegr e, Hajal, S . Francisco, Floriano­

polis, Paranagua, <i est inamio-se ao

emprego nas casa~ hllrguezas da ci­

dade. Formavam a ramada superior do

mulherio, em virtudc do seu est ado de

civilis avao mais adeantado e tambem

porque rap.ariga hnmc[l e nova era

titulo de urania para 0 amasio< Havia

algumas que usavam chapeu nos bai-

Y AN DE ALMEiDA PRADO

dos trilhavam 0 m.)' mo caminbo para

o Interior, depois yinham ter de vol­

ta a cidade, sendo "ubstituidos na ro­

~a pelos bras ilei ros !Jil l' chegavarn dos

outros Estados. Era urn vae e vern

continuo, sempre r~pctido, sem parar

sem descan~o.

a J ardirn as quintas e domingos

quando tocava a banda, er a 0 ponto

pr~crido por aquela multidao para te mor'rea e os trav05 rl as ;)~c tinhas les dominicaes do ,lardim de Aclima- espairecer . Ench ia m-se as alamedas

sao delicados. Do Ct>:ll'a havia 0 tipo

branco puro, 0 cabnr;lo de cabe<;a re­

donda e nuca chata, e 0 indio. Nos Es­

t ados imediatos pouco varia va 0 ca l­

deamento das duas r :was, quasi nao

havia int erven~ao de terceira. Mais ao

Norte ricavam os ruesti ~os do indio,

m ais a Leste os do r.egro, em ambos se

juntava 0 branco.

Algumas das raparigas tinham ido a

pe do sertao natal j secte do Es tado,

de onde seguiam par mar ao Rio de

Janeiro e dai eram atr aJ das pelas di­

versas cidades do Estado de S. Paulo

em que 0 subito afluxo de homens de­

terminava ralta de mnlheres. A maior

escaia no percurso era reita na rua da

Cruz Branca, em :;.)guimento da rua

Martim Affonso, em Santos, que tinha

sin ifica~ao de desprdida da marinha­

gem. a adeus por y~zes custava, por­

que vin ha d e longe 0 convivio, d esde

o em barque no Cead, Cabedelo, Reci ­

fe, Macei o, Baja, q lle: insensivelmente

as tinha fam iliarizaci o com os mari ti ­

mos da viagern e d{J~ por tos.

em todas, d po is de es tarem em

S . P aulo, fr cqu entaw.m 0 Jardim Pu­

bli co. Algum as so r a r"rn entc I" iam ,

tra nspondo os pOrt e, 5 qu an do impc­

lidas por cur iosidarlc ou eiu mcs; po­r em s tas ram as Il , ai~ a p ga 105 30\

fusos d sa nfono, vi lao, a hacD e

so ld ados. . I t 'lnh om viorlo As r aporJ gas oro,

d nt ro' 0 U d 8~ a Id cio~ dos gran s ,

d Su i C/0 poi' do Poron i., uropess 0, ~

de S. Catari na , do Hi o Grand . Em-

~ao: eram as que yjn'bam dos gran­

des centros. As out,as, mais modes­

tas, que mal sabi:ll!l portuguez, niio

perdiarn a musica do Jardim Publico ;

cr am as descenden(.~s de polonezes,

alemaes e venetos , que no Sui vi vem

insulad'os entre si como os a ntigos

aborigenes do lugar . Apezar de du­p1ament e privil egiadas, as pnmeiras

prezavam militare~, ~em exep~ao de

nfula tos e negros. Em compensa~iio,

hom ens ruivos, agigantados, com ca­

tinga peor do que a dos pretos, falan­

do Jinguas arrevezaJ r.s, percorriarn 0

Jardim !l tr az de cri oulas. Eram os

maiores rivaes das fn':;c;as de pre, com

que os quarteis vizinllos abas leciam 0

o lugar de ca~ado r es de rnulhcr es.

Na mullidao a paSSl'ur a r od a do

coreto, viam-se amo" ras de todas as

J1 3cionalidades do It\u ndo que em pro­

por ~iio crcseente tin bam afluido a ci­

dade depois da gr&lJde guerra, ale­

macs enxolados pela ocupa~,iio muit ar

do Huhr, imigraotes 1I1enos desejavc is,

russoS do exercit o ur unco de \ Vra n­

gel, apor tados apos . cfr erern lifo na

Crimea, colera em Constao tin opla, fi ­

nalm ot em San to, dOl s guindo pa­

ra No roes t ci o Es tndo onel e Sl'

iam lor nor mo lcito'lIS Tnmbclll rlai

chcEPVDIll aos milh ar , nn e, trira dos

ru~'OS , os Dn l igo~ nrolegirios gcn t ri o,

B(llk a o ~ (' uri jac 0 iu" r Ulll cno COlli

lrajos borrJ9d o~ porf i ' onglJl<'"o', ser­

vio" ron lo" bull!lIro~. !(rcgm, (l rO I11 -p nbndos do, on tiRus opre,sor s. tur

ros, ous lrl oro" d lnllltO\ , uORflro' de ca b C rapoua biRode or illo. To-

com os mor ddores d'Js bairros opera­

rios, letoes, norte-amcricanos, centro­

americanos, plati nos, qu e se acotove­

lavam com 'r a~a s inclefiniveis, Judeus

da Alsacia, Transi lvania, Posnania,

Galicia, Siria, Pales t ina. Havia ra<;us

turbulent as, monta'lllezes albanezes, montenegrinos, bessarabios, persas.

Havia tarnbem raps que ainda es tiio

escravisadas, libanen~ . arrnenios, vil­

nenses, tirolezes, que no parqu e s.e eli­

verli am em definitivo socego. 0 mes­

mo faz iam transfugns do proximo e

longinquo oriente, fugidos, de r egioes

onde ainda existem prias .

Ali 0 bras ileiro nem selTlpre e maio­

ria C 0 pauJisla e raridade.

Entre a genI e de cor Que passeava

havia muitos vindo de longe, prelo

de Barbados, mulat"s perigosos de Ca­

bo Verde, indus dos grandes portos do

In dia Ing lesa, afri"3JlOS qu e viajarn

pelos mares Il as ra n 'oarias dos no­vios.

o qu e linhulll cl-q;ado l or ultimo,

se mi slura v8111 sem se mcsclarclll com

es tra nBciros ac iilll u(/C, '. 0 de toda :I

provincias da It olin, Portu ,11 r do

pa nha. jll confuTld;c!c' com 0 lu or.

ReprO \'ovolll os IllRi~ ull tiR " u "indo do, olltrn~. ~ ntiuIlH,(" C poliocio" e 0

Illo"dco qu todos prrfuzialll sob u~

1lf\'O ri ' , [ltlrt Ilnci Anac' pnrlr exoli-

n, do Jordilll , rdk:h no noite mor­

no tori a 0 tllllbicur, c , bl~3 l' Ill!. ('ria dn Tl'rra.

on tin U8)

Page 48: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

BRASILIANA

IV

C.\TECOMENO

P I II d e 24·(j-28 : 11llI1ciO publit-ndo no Es tado de S. " all 0, .... de P e-

.. ' 1Il S. J OS e d o AIc!(r cll', dis tri c to do MUIlICIPIO . 'I ' G r nes logar aprnzl­drn Brn nC H, Sui d o Es tado d e I" IIIIlS C < ., , I

yel , tendo UIII c lilll\l opt illlO, COlli l' xccll en tc agua p oln\c , bon i lllllllin n~'iio e lec t ri CH, pha rlll Hc ia, casa pa rochial, pov.o c h ' ili sndo cordeiro, prccisa-se d e um parI "'<' I~avcndo pal a esse ~ III ordclIl de' ua Rev('r endiss il1la 0 S:·. Blspo d e Calll-

~Il~ . . . Alcm d e tod as (' sas cOl1lmodidades, 0 padre que deseJ ar

Yir para cssa terra, te l'll uma sub\' cn ~ao 1'(,r parte dos sell s

parochi a nos. , C I As dcma.is i ll fo rl1l a~6es d evclII se r p r didas ao Sr. c .

D('o liudo Da nie l d e Ca rvalho, quc t amb~ 1I1 fa r a tod as. as d es p csa" de viagclTI I' lIl esm o as de r eg ro,so, caso 0 vlga ­rio nolo d escje perma nccc r no loga r ,"

VOCA<;10 HEREDITA.RIA

[) e 11111 artigo da Gazeta dos Tribunaes (\0 Hio de J a­

n eiro, n. d e 5-6-28: " Fi lho d e Illn gra nd~ mcdico, a ningut'Lil surpreh en­

d eu os pc ndores que bl' lll ced o 0 dr. P~dro Paulo r cyclou p e la nobrc profissiio pat erna. Dir -se- in Cjl:C suga ra , a inda no b er ,o, com 0 Icit e . nla lerno, 0 entra nlu.do alllor a esse inc01l1pa r a vel sa crrdocio Clue tunto h a via d e nobi lit ar c cngra ndecc r . "

SOCIOLOGIA

De um discurso do dr . Gra nad eiro Juni or proferido na E scob de C01l1cr c io d e T auba tc (Es t. (i.e S. P a ulo) CIIl

1926 : .: Fa zendo pra~a de fac uldad es aprchenso ras, quc s6 0

es \udo m cti culoso cia l3i o log ia, como cupola d os ~onhcci­

m e nt o)s nos outo rga, nao C scm d csgos to que ass isto ao seu tra ns port e para 0 dominio d as sci c nci a~ transcende n­taes . ;\ ao c sem urn pro tes to que ou ~o a im propricdad e tl a phrase: 0 indi viduo C cc llul a no o rga ni SII1O socia l. Nad a m a is ilu propri o como a lcance; 1.0 ) po rquc 0 individuo, no caso, 6 " Ho ill o sapi ens" e cs te C lll ll agg l ~gado de indivi ­duos que sao as ce llulas; " po r~ao a ut o nolll a d e pro toplas­ilia" ; - 2.') porquc s i a r efe r cn ci a sc fll('sse :i ce llula, a socieua cl e sc ri a ° indi vid uo. AtlllIitt o qu c es tc ja eu em crro, m as, convc nho qu e sou d esasso lllbra ti o c(' nfessa ndo a fei­cao da m inha vis,io , c, ta lvcz por sc I' visao 11111 subs ta ntivo femi ni no, c qu as i cer to se de leitar" CIII a lt er a r 0 visado p a r a , ~ u deniO senti mc nt o: - a contradi c,a o."

ORAOOR 'EM MEDI CINA

'1'1 c ,!to fi na l de unl discurso tl o d r . Abreu Fialho, di­r e ' tor tl a Fa culd ad e d c ~1l- t1 i c in a tl u Hi o ti l' J a neiro, publi­ca do 1/:' f' o th a Aead e mi a <I e I fi - ~-28:

"!'\o Mol gueiro ' lUI' l!t p hn <I,' co ll r ir a qui e ta POusa da pl'ntl urarl'i it IIdll ha I'('Ra~" l( l l1 ti l' rux i,cL'ras sa udud cs C dian tc <In , U:I t llln t.:. p,'direi " I)n" qu e v,. le pda s ua ,; I; lIa cot ·n lH> ("" paz I' !'('; lj uil'!"

'O('J E I)AO E

fl u (;ftZCln d" Strgip {', tI(' 1\ r:II'IIj ll " II . 01 " t2-7-211: " MADAME BH A /l AO - 1l""- III/' hn ld"111 () IJI' IIZl' " d '

'\lW vi \ i l u H (' X llifi. .\1 ; ,, 1:11111 ' Rr:lll1 lao. (, : II' t nlll:tllh'. PI ' { ' \t'I1 II' ~ IIH: llk IH'~ 1 1f (' :'1 ,,1 :11 I") "'H'rC'il ' iu dll \ lI lI pr·of i .... "iio.

)\I'I'H(i<-cr' lIdo " v i~i llJ tla tli , Iill(' tll " ' 11 h01'1I , clt"t'ju-11 10\ - 111 (' f(' l i7, 1I\'I'III llIl ' lI (' i(, I1 C, t:c \'i 11', tUI. "

LIVROS A' VENDA :

Na L/VRARIA UNI VENSAI, ( I' . 15 dc 110VCIll -

1(1 _ S. Paulo): bro n. :J

S Leopolda - Provincia dr' S. Pedro do 'd do Su i - 2." ed .

Hio Gran e . B ,_ COml~e fl(11O - Para _ MonteJl'o aena , .

ARIA GAZEA U (pr~~ tt da Sc 11. ·10 Na L.JVR S. Paulo):

._ Archivo Pillorpsco - 11 vs. cne. Panorama - 17 vs. ene . LlIsiadas - eom ent. pOI' Faria e SO ll sa. Vieira - Sermoes - 16 "s. cne., sendo al-

guns em 1." ed. . ... . _ Innoeencio F. da Stlva - Dl cclOlwrLO BI-

bliographico - 19 vs. ene. _ F. Manoel de Mello - Epanaphoras de Va-

ria Historia - 1660. Fr. B. Brandao MOllarquia Lllsilww.

LlVROS PROCURADOS:

Pela LIVRARIA UNIVERSAL:

Roquette Pinto - Rondoni·a. Ruy Barbosa - R eplica. Oliveira Lima - D. Jono VI n o Brasil

2 "3. R evista do Insiilulo Hisiorico Brasileiro -

tomas ns. 20, 21, 22 e 32.

Por YAN DE ALMEIDA PRADO (ay . brig . Luis Antonio n. 188 - S. Paulo):

- Manoel Calado - Va lerosu Lucideno. .- Duart e de Albuquerque Coclh o M em o-

rias Diarias.

- Alvarenga Peixoto - Obras em 1." cd.

Assinatura anual

da

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

custa

RS. 5$000

PCdidos acompan llados de • ,,<1 Ie posta I

para

Caixa do Concio n. 12&9

SAO PAULO

Page 49: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANNO I -- NUMERO 5 500 RS, SETEMBRO - 1928

Revista de Antropofagia II ADO Ge rcncia Pl c, de R ' L BOPP

EndereCD : 13, RUA BENJAMIN CONSTANT 3: Pay. Sala 7 CAIXA POSTAl M.o 1.269 - sAo PAULO

PACTO DO DJA

n 'H \lOll suv(' 1 p O\' ·'s l \' sl>!lIl' :l IlI ' a nll' pOfago

vl'n ll o hoj o fc l' (,tc r tis q ll c ixa d as culccllm e nas lim a

l'o lllid ll d e u rl'o miJu:

S nll n 0 p u ' 10 d e I( c ll og o m 111 0 111 0 dc hip o­

t l'i si '! ll o l'le-a l1l (' ri ca na!

P ois os s nh o l' s j u v irum im bcc ilid a d e m a i

I' ('vo llu nl c?

H l' UIl CI1l -SC (' Ill gra vc ussc m\)k a os co nh cc idos

hll n (\!' !(' il'os .I n llj tio T uto , Ncco Fuciio, P r aze l' d as

i\\m" n ns e T OI! ') S III'lIl' II. E qu c qu e r esolvem ?

I) (' c1 ul'l !1' () ussnss illi o C 0 I'o llbo fr.ra da Icj, E 0

J1IUll tlO iu lc il'o n pl nud 0 p acIO so l n ,

o UOl'l e- BIll Cl'i co ll o CIllC in\' c nl oll essa o bl'a -

Pl'illl ll d e ci ni s lll O fu lsi d n d c C 0 Illcs lll iss im o nor

IC-Il Ul(' I' il'1I 1l 0 qU l' i lll I' VC Ill n u ;-':i caniguu e au m e n­

III lodos os di us II s lI a fOI'<:H g u c'I' l' l'i"u, E a E ul'opu

q ll(' Il l'SS II o iJl'lI - prilll ll l'o lu iJol'o li e a m e' mi ss illl a

E lIl'o l'n qu (' II' u ci<in chillcses e Uf l' lrIlIlOS e \'i\' e ha Illll i l:) Il' IllP O 11I \, Il IHlo Il sun l'oupa l' llslIn g uc ll lnda

e lll !) ub\i co ,

() Hl' lIsi l foi cOIl\'ida<io para uderir a e5sa POII-

I I I ' 1)(')1' ) ' j ' lI J' Hill IJ.iu DO CIl - \' l' :'go u Il l : , ~ Ill' n n C t l ' , "

plll'ln d ,' VI' p e l'g llllln l' 1I0S p an ti e;! '" s,' so ugonl

tI,'sl''' il''il'all ! qlll' n guerra (, lIllll1 ;lIfumiu , E ~r qllil:" " pnr l iripnr dn pngu tl t' il'a qt: ' Hi Il' Pons

' I I Il! I'lS(' Orn l'Olllrn I.pl les :t~fi ~i ll nl ('s , CO lli III LIllI( .) I " , , '

, I I ' ti n n prcl' lIl1t'<io I' lll"ufl ­~l' lli t ti t' l td ()I (elll (l

,,'tt' 11 , ~

111'1,' , dt'!.dlll idll II P;\l'I tl til' Kl' l! llg, ) lIlIlI I II tI . '

1lIlll'!!II' II111' II p.I\lIhillhu till pUL.

« EST A TERRA E'

NOTURNO DA RUA DA LAPA

A janela estava aberta. Para 0 que, nao

ei, porem 0 que entrava era 0 vento do lu­

pan ares, de mi tura com 0 eeo (lUe e partia

nas curvas eiclodais, e fragmentos do hino da

bandeira.

Nao po 0 atinar no que fazia: se medi­

tava, se morria de espanto, 011 se vinha de

muito longe.

Nesse momento (oh! porque preci amen­

te nesse momento?) e que penetrou no quar­

to 0 bieho que voava, 0 artielllado implaea­

vel, implaeavel!

Compreendi desde logo nao haver po i­

bilidade alguma de evasao. Naseer de novo

tambem nao adeanta\'a. - A bomba de flit!

pensei eomigo. E' urn insecto.

Quando 0 jacto fumigatorio partiu, nada

mudou em mim. 0 ino da redenC;ao eonti­

nuaram em ilencio, nenhuma porta e abriu ,

nem f eehou . l\Ia 0 mon truo 'o animal FI,

o IAI R. enti que elc nao morreria

nlln ea mai , nem airia , eomquanto nao hou­

\'c no apo ento nenhum bu to de Pal a~ ,

nem na minh'alma, 0 Que' pi r, a reco rd a­

~& per- i"tntc de alguma cxtinta Le nora,

\\.\:-' lEI B\ ' OFtR\

NOSSA EMPRESA,

E o M AIS GENTIO DO MUNDO. »

MANOEL DA NOBREGA

Page 50: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2

DESLUMBRAMENTO

lon' llH hntliin Ik Sl'il)~ dL' [ruin IIllyi IIhn q li e (hie . ~1(1"J.n hnilltn

Sl'~Ul'n L'S$n::; [rutns Sq.( lICI qlll' 'IIC U\.

i\1L'u ~ (\ Ih os cohi~'n \ll

dl'li cins nS$im quI' ~1 fOlll C l'hcgou. ~ll'uS (1 1110$ cobi~'n ll\'

E d )idos II CIII "till (lI P slio I Illp o r n ll S.

Mo r ClIll bntutn dc ~L'ios dc frul I

Jl villhn <lUC d c,

(C \TA .l \ ZES)

J ' .. AIR \1\1:

,UlLIlERi.\tlNO ERAH.

Macunaima de Mario d· Andrade -

7" (100 - - pcditios p :1I ':1 rua Ln\lcs Chaves,

11 . 108

Laranja da China d' ntonio d ' Aleantura Mudlltdo

ped id os

POEMA BRASILEIRO N. 2

, I ' , touroS 110 oS quI' VillhullI vindo l'rUIII (Olll.:

I', J IlllL'S \Jus tus sc plIrlldos .

(l 0 '" - uIJOlll<ios

or trcis Jlegros vlIquciros UJlI o llt ud :; ~1Il ,cJhos PlJug llS dcsCIlO'Ol1\,IHlos .

E crnlll dol':c Jlo,ilhns - ju 110 p on tll Jill }lluito tcmpO scpar~ldl1s 1'111 outras I (Ising 'IlS nfusl ndns, 1', tll"oro JlU Fnl':clldu. c llcnrrnJ l1dus.

\' icindns,

Os do7.c touros 110 oS v inhulll vindO, _ COllI ruidosO cs lrcpilo -us palpcbras c!~l d us sohr~ os o!h~s llllllidos , cut lIlTUS bm lOS ' lllugldos \t'lncos, orH nf lllldundo os chifrcs g rossos 1l0:< bar rancos

h lllllidos on) ('rglll~lldo. no ulto, Iluvpns cspessus pcln cs trnd~;

}Jocll tn,

E qllLllldo H parkin'\. do cunnl sc nbl'iIL, C H<ludcs doze louros. IlUIIlH fllrin. 5 ,' cO llfuudil' lllll COlli as doze llovilh ils viciudns. os vnq uciros, 1I1111l illl peto, sc acocorn r a m 110 Ycllto

1'00110 cia FUZC lldu Clll rui llas, prn <'ozar n tcslilll\,H cia hoiudn.

(CATA rASES)

llENlUQlJE DE HEZENDE.

PETROPOLIS

((~ ~(illld(" ' ~lIha do 1lI0111111ll'lIlo dl' Pedro l) 1l11(l l'nrdlll' ,I( ndcSlllhu fcriut'

(' "Frigidaire"

o YCl'l10 nl<,grc 'fresco

C l'llxugn-st' 1\ " IJ llll'1lhn -H' II,) Piahllllllll Cubos 'oralie )~I :~I II~1 rll do, nrvnredo

\ , C (c lOllS VIYOS

nT

QU(ldrudo lIZ\Ll do ceo (\ at'!ta aOl'g" , " , (10:< IlIUdliros

d'nqlli dn

V'II J H~ iiI' cn ri)" , t.) (dl~ I1 CI I" II' II . ( 11\ ~r rlllll\11 I • S l(' lIlt'lI S

" 1I ( OS I) " ' (' !tOI' I(' 11 ' , ( n ~lI tlY OS ~ln~ ...

horl (, ll~il\S

' I hnrll' ll s i 'ls s) l'n('ioSll~ • • .

1'011 (i lllw

Al .. Ulm'I'O I)It i\O I

Page 51: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

SCHEMA

abeni voce qu e pe lo d csc nvol vi­m ent o log ico de millh , pl\Squiza 0 Brasil e um grilo t(e &c is milhoes ' d e

k ilomctros, talhado ('Ill T orde ilha ' .

Pe lo quc ainda 0 ill ~ tin c t o antropofa­

gico cl e nosso p ovo !.c pro lo nga a te a sec!;iio livre d os jo r na('s , fi cando bem

como sy mbo lo de uma conscienciu ju ­ridica nat iva d e um Ind o a lei d us do­

ze ta boas obre u l1la carave ll a e . do outro uma banana. lJa m esm a m aneira

n os todos com 0 p adre Cicero it fr enl e

somos ca tholicos ro:n a nos . f\om a nos

POl' causa do centuri a(l das procissoes . ,,,ao foi in uti I verll! OS d e olbos d e

C;I;ea n c;a a via- Iac tea d as scm& nas an­tas emparecl ad as com (l so ldad o e a le­

giao, atraz da cruz. () Ch ri s tianismo

absorve mol-o. So miu! Tra zia dois gra­ves a rgum e ntos. j es lls filh o do to tem

e cia tnbu. () ma ior lraneo da hi s toria

no pa tri a r cado ! Ch amaI' Sao Jose d e palnarca e ironia. () pa tri a r cado eri­

gido p elo ca to licisnlo com 0 espirito­santo como to tem, a ,; nnun ciac;ao etc. Dona Sebastiana vae p ul aI' d e gana!

~[as 0 fac to e que ha Inmbem a antro­pofagia' tr azida em peSsoa na commu­

noao. 1::sle e 0 m eu corpo, Hoc est corpus meum. 0 Brasi l indIO nao podi a d e lxar d e ad opta r um dl!US filb o so da mae qu e, a Jem disso, s~ t isfazf a pl cna­men te gul as a lav ica·; . Calo licos r Olll a­

nos .

o fa c to d o grilo u; s lo ri co, (dondc

sa nira, r evendo-sc 0 nomadismo a nle­rioI', a verid ica Icgis luC;flo p a l ri a) af­Ilr ma co mo pedra dol dire ilo anlropo­

iag lco 0 segUinle: A rosst: CONTHA A Pli ()PHlt.UAVE. COIllO pro "a. huma­na o e que 1,50 e& ta ("( riO c que nunca h ou ,,!! dU"lcla sobre 11 legi lilll a accla­ma(,:ao d e Ca,ano"a (;, pos e) conlra

~l c n e l a u (:1 proprkd 'lde). l sso nos Es­taclos ' niclos foi s ign ifi cado a inda u l­

tim amen lc p e lu lefczu do Hodolpho

Valentino, prod uzid o pela g ra" idadc d c Men k('n. Tlnha mui~ lII:1is razao de

ganhar c1inh eiro d o qu e os sa bi os qu

v i"elll a na lysan do (",cnrros c lirnnd ho toes d os nar izcs cio, b('iJ 's. " Iu ilo mais! Porqu ' a fin ul (. prcc i,o &c p '­sa l' 0 ondo de gozo r ( I1lnn li co qu e (' II '

d espejou ,obrc os IIl1lho('" d e vida, dr" senhora~ dos aix[I' , . do' IJuro(T[l I"'. Isso qu c· ·· imporl !IIII C.

:'\0 ilnl,i l c lH"~iIlO1"" II III[1r"vi ll l[l d<'

I' Hr 0 ULHE1TO COS'IT,\II"H O A:'\ T I-THAD/C IO:,\AL. j , C/ un"do [I g.·"I·

R llv i s ta d Antropofo!:'la 3

AO TRISTAO DE ATHAYDE

fa la Cju e 0 divo rcio cx iste em P orlu ­ga l Ics cl e l Ul U, r e,pond eli1 : - HCju i ilaO e preciso tmlar dc' . 'as cogitac;oes po rque tem um juiz c·m Piracicapi assll que an ulla tudo quan lo e casamcnlo ruill1. t:' Mi ir la. Ou u, tao, 0 Uruguay! Proll1plO! A 1hls,w ]lode· ler equlpara­(10 a lalllilia na lu ral i, Icga l c. s uppri­

In iti o a bera n"a. :\ oS j!1 Jlzcmos ludo 15.0. Fi lhu d e padre sc lell1 dado sor lc entre nos. I:. quan lo il heranc;a, os I i­IIl 0S poem lII e.IIlO l.ira!

Ura, 0 q uc pa ra 1111111, es tr aga o.Oc­ci(le nte, e a placenld Junolca em que c e nvoIvc 0 hOIll (:1U descle 0 aclo uc

amor que, a lt as, nacla t em qu e Vel' COin a (;oncep,ao . . h lho. do to tem! vo I:.S Pll"ltO ;:,umo! 1SS0 Sl1l1! COl1l0 aqui! \ Iva 0 Bras il !

,\las yun lOS a fa-: to;. Sahiral1l oois Iivros pura ll1ent e aniropol aglco, . _lla­

n o cscreveu a noss.\ Oayssea c creou ({ UllI a la(;upaeta 0 11 croe cyc ltco c por

CllICOe nt a annos ° i(i\(dn a poe llco il a­clOnal. , \111 0 111 0 de Aleuntara ,llacbado li eu uma eOI,a Lao gus lo,a e profund a COIliO a scc.;ao JI\Tc eto I:.s tado .

NOTA -

A sec,ao Ii ne do ESlado e 0 cntn po

o nd c sc dciJatem CO I' I lesoura U . Chi­

quinh a Dell Osso e I). ~jar ia F. Bran­

dao. A Grec ia linha ~" SliUS cscolas de

phil osophi ;I. Nos lelliOS as de co rl e.

B a homcns, me u <"" r o, no Bras il no­vo . Aca bo ti c co nhcccr Edgard San­c hes, lenle d c phil '"ophia do d irci lo n3 Faculdade da Bahia. em hOIllC Ill fc­c und an lc. E cs lupelld(' . Oulros .ao a 1l10cidadc d e ~Iarlincl" e Ou lro. Arru­n ha Ccos. Ductlli ! Ed, urdo Pell egrin i, I au lo ;\"lcnd cs c AllIe ri co Porlug'l!. E

Hmll Bopp"? E' um o lo>.o ! A die d cvo imlllcn o! A rcd c 1(' leg rnphica llIais po,sa nl c dn vcrdude bra,i lcira . Eb UIII

In.cho dc enr la , ua .1 "ropo, iI O tla fun ­

<I ~l~',i() (jU(' o ra klliall"" tI(· IIIl1 Cluh <I,' ,\ lI lropofagia I' <I. ' 1111 1.1 !(rH IHil' f,·, la

(jill' propoll ho para :I " " I)('rn d,' 12 de OululJrll . I, ' 11I1I1I ea rla " .l11I·alHI) I' ,\l IInf .... <lIIII. de CUI II) I", . pllhllrlld.I n ~ ci l' ~t'I(,lIl1)1 0 IIlI (, . IIf' !;, do P UHl. d.dl.

J) ( ' p OI " fit ' «I t'I:IIII;II' "" ;11 ~ III1H ' lll u", dn

1( 1 !I " 1"",,, d" d",' ll o pa" "" (' iI "

qu e dll : " C .01111'1110' (I It''',! O do " \ ' I"lllor!o ,

Oswald de Andrade

Ahi c51il a li ~iio do 110'.'>0 Uircito. De V('1110S no ' pl aslI1ar n(s>u' odg 'n, bh­

toricas.

Hc vi siio da r eJi gi.io. 0 no"o povo tcm LI lli lcm pcram llto &Upcr,tlclO,O,

r c ligio.o. i\ ao con l rari~luo~. \'amo crear a .ulI lora l br:" ilcira: . 'o~sa !:>c­nbor" das Cobras, S:.nlc AnlolliO das :l109"s Tri.tc., tudo bso.. . Admillir a mac ulllba e " m l$,,1 do ga llo. Tudo no funcl e a mCSIll '1 cou,a. 0 in lin­clo ac illl a de tudo. 0 iudio omo e:o..­prcss<io max ima. Ethlca,iio de 'CIV3. Sen,ib tlidade ap r enolcndo com a ter­ra. 0 mor naturai fi,ra da ch 'il i,a­C;30, a pparalosa e polpuda. llldio sim­ples: in ;, linclivo. (::;) com in 0 forte).

E' a cOlllm unb iio :>dop~ada POI' 10-cl as as r eligiiie . 0 UHli(, commungava a C~lr l1 e Vi V ~lJ reaL 0 catiluucislllo in~­tiluio a 111 'sllIa COUSJ, POI"E;1Il ::tcO\'ar­dou-sc, mascarando 0 no ·so symbolo. \ ' cja so qu e \'igo r : -- La 'CII1 a no ,a com ida 11\ti a ndo! E ~ "conl ida" dizia: COIIIC essa carnc porqne vae enlir

ne ll a 0 gos lo do sa ll gLl c dos leus anle­passados.

( '0 comiam os fOI irs). Hans Sladeo sah'ou-se po(que chol ou. 0 club de Anthropophagia qucr ngreg.l r lodo> 0, element os !>c l'i os. Pr ci~nmo r cvC'1" lu­

d o - 0 idioma, 0 dir r il o de propril'· dade, a fam ili a, a becc.sidadc do di­voreio -J t'~crc\"cl' (L.IIH.; c faJa, 111-

ccridade maxima.

(0 l1Iaculrail1la e a lIJ:tior oIJra na­cio na !. Voce preci.:, leL ~lacilllnilllCl

CIlI l's latlo de eLu li,:w. Dello" 1»0 coa-sc. Tomu fc ., l illl 11Io. ler!lllo , COlli

sa ldo a fa\"or ) . \ 'HllIr" fazcl ' 11m Ie,an· lalll (' nlo lopograpbi r.:> d,l II1 0ra l iJr ;l­silcira, a fllnda ~(,x'll-.lIHI:llh.' do n o", , (l

p o vo. \' UIllO,", rt' \ ' r :1 hhh.lri .t. daQul l'

da E uropa. Fl"slejar ,. tlla II dl' \lu ­lubl' . 0 uililllo di ., ,Ja \ 111,' r,,'; \ 11\ r,' . pura , til'''l'o lolllb l,.,t1 I. lllC;tlll.lda \.'

bn r\"ia".

(.)unl1tll no Pettll\ . I.) dl' ' l ' Ih 11 ' ;11'

qUI' " II lI,,,' ro l' :I I"ulola. nff"·I11 .\ I'

1)1'0' .In' t qUl' " Hi ll pnll.IT\" ',\ rt': ti hu IllUIHl l' palrlllHH111 1 Ii " h (lIIH'1ll ;H1 1ro·

1'1If.I II I .. 1I ((, ;dtt'·II. I ,,11, )11 de \. Il,'

1l" ln. H"III ,l nll ~h 1\, ],1 til'" , 1 ,LI

111:l i, PI'II, illll' dn hOTlh'I11 11:1Iul' .1I <jllt 'l1\

('(1111\ en'I ;1I CDI1I J..:,tl,ld !I" qth' (PH III

\ l ' nh' '''111 til- .1il'Olli rh'l JlI'I IH 1111 0, 1 .

"'ll!

Page 52: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4

UM pOETA E UM PROSADOR

M Nl'EI. SlIbstunda t'(l - Inll,

DE BnEl -IH~) de Janl'i

limn das p()csins IJlllli u dnr o , lllul o IW l i\,ro : Art' YO II r e 'HI )"/ P orQul' IIbs­tun cin II 11111 j()!(ll Ill: 1(, lIi s c lll n' 0111 01' t' Itli! 1" , s bo lus Vl' lI l viok lll lllll Clllc, St'lI\ pnnlr, nU11I ba l ~- lllll n d Ull nel o, Neill t ~' IIIP O Illlrn n'~ piri1r II !,/C ll ll' telll ,

T ud i: I\\a is 0 11 lll(ll 05 (U's t , gr il o:

int(. m llIilll ullIa Cidnde

jurdin,s liris mo dn minha r u(n os a cra ll h ll-ce us dll illl sa o l)isc:J1lI nn vin- Ia ctea d aR v idra~as

urrabllldeH d ebu td e!

E to m c l11 bola, l'SS ' r()~u C Ilessc ntTo jo n no () eli ,

fi ci l el es obr il ' ta1l' lIt 0' l' se ns ibil iciflde, A poes il: ci e MR IIII (, 1 d e Ab r u n:io

po 'sue co lor icio hl'll~ i1rir nlgulI \' E' inl rllHcionu l. F uropca la lv('z cja nliti s e(' I' lo, t:ou ' a que h oje em din (' nlrc n 6$ cOJls tilu or ig illa li ciad, }, qucm sa be Qunliel ad,', Porqu uf in ol ci e con las scmpl' C m el h ol' 10 lllnr Ulll ex­PI' sso- inl e rll ac ionu l (!" QU C 0 mi x lo tie .'ao Pcciro d o Ca r iri. L vo o nde se qll ei ra , Inc'lusivc 0 pr oprio Icrra Clll qu e n geni e lIase 'u ,

MAH IO DE AN OnADE -MuclIlIllim,l - Slio Pn ul o -1028,

A's vezt's :1 g~' lIl e "" lil Cl'o lu ra ped e

LEIAM

A ugusto Meyer

b I I ~O , " Ul n livro 01

\I Ikus que IIPI1 I e~fl I ' us tI(l li vros

1)111 '.' 1 I) d el' di zcr nos IlIl 01 , t, ' , ,, ('ces d ev IRUI CI

IIl IlUS: Assi lll c Clue ' '

fel lo, '",. 'f, d ois :,IlI lores: MaclIlI"i1l1u te lll C.,st:, ., , "_

( - . .. ., JII r l'}).l1 ,I

" UIII li v l'o bOIll 1It1 S I I vfa ' , I ' nt:SSIl pa n "

l"lln nil fu r ~'a Cjll ' .1 .1 ' J. nil' , I - ) e c UI -pur l' '(' Ulll liro d ' ca n lao .

'. b ' I op o rtuno pOI -" oporlulI O, b 0 ~ II \I II , V" p OI' 110 seu IHnt o. Cb ci( u nil h o l'l1 , ~ 1lI . ,

d cv id o pc tI fUllligC l'a In br asJhc\nd e 1I II' IIs da Qua l CO IT CJ11 ~uados C cr r ll dos

. . " (, ' c ril o r cs c\ csl e c\ cs (\ c J1lllll Os nnOs 0.. s . ' Bra ' il t :io illlen sO llI as I,io IIr r a lll l ow -

<la , d' Hil que ICIIIPO Madlud o de Ass is ~ -

zia pOI' oulrns pa lav r :-\ ' quC 'sc r CS 1'1 -

to r l) r as il c iro lI :io \ Iii ~ ilnpl c~ n\C'n 'I C can lHr 0 indi o c bo l,lr IItllll H pI\l sagem ip \s l411 fl or. () BI':!':i! n ao isso s6, Ou mc lhor: 0 Brnsi l nau c isso, Qu a l­

qll ci' c~ l rlln g ' iro e C:" jllIZ d e faz I' UIlI l'om nncc 1II1Iil o b elli fcilinl\o om pc r ­sO Il Agc IIS d C$ la t r rl' U 1II 0 vcndo-s lI es t ~l te rra , Agor a 0 r OIH!1 Il Ce do t.c rra so lim brns il eiro poele (~cr 'vcr. E h ,\ d e esc r cvcl' pllssnnclo a lom do visivel e clo ptl lpt\vcl. Nao s' conl cnl nr om lquilo Que a lerra o fl' r rcc e m ete pclo~ llhos cia ge nI c fI d cnln). Mns so fr e r 0

,o fl'itll enl o da terra" gozar 0 gozo do crrn, ri r 0 ri so cia lelT:l, vivcr :l vi cia

da I rrn, S6 es te r cfrao d e l\'l ocuna ima - Ai!

qu e pr(/gui ~'fI I, .. - ,' ulr com o b l'asili ­clad lII a.is cio qu e lodns as rnaz inha s el e fll' l' uhal<l e, lo el os (IS lulI'ls d e fc ij iio, 11I 0 r c nus de chil o e 111 1 qlle ,' l\ ch clII os v I'SOS <l os nossos c urumi ns co nl cllIpo­r:lll cos,

Paul o I r ud o CI1I c: ,n v ' I'SO 'OshIma

'a~'oH r d l'ssa 111<11)1 ,1 <]U ' Illuito noVO (ou pre tc n lknl c a tar) lem d ' grital' cs ulurru n cl o 0 peito: Ell sou ornsi leirol Ell SO li br fls i Ic il'o! Ell 6 qu e sou 0 vel'_ dndci r o uras il e il 'o! HLll'ri cc, IIIO~'O, SO voce C ol'fls ikil'O n i\o prec isa gri tul' qu c c: a gcn t.e vc logo,

l\hll'io d e AlHlr a d e l-. <l os qu c nao gr i, Im n n C1I1 I'nzcm qUl.'s lao dc parCCcr. lo is e lc 'c ai nd a qu c' n ao qucir:l,

lVlaculInim a tCIll l<\a\ 1I m o leza, Ilinia

srnvl' r go nh.i('(', la nl a bas 6 fia belll no~-as e la lvez '<'1 n osSHs q u e d:', \' onl ade

da ge ni c sc e ' l ir a l' Il :l~' p:\g ill as d01e CO IlI O nUlll a r c cl c c IJ p. Jan ~'o vai b,ll an­\ ,0 velll se aba ndo nar (. 5e ('sq u cccr lIa ­

queiH gos losul' a, Hap:6di.a nadOll a l' I r01l1 0 I' belli 1'0,

l a d o) d e Ic n dfls, d e "ncdolas , 'd e chei· 1'0 ' d e ludo, A lin gll " e nl iio c a IlI nis loetien possive l. P:lI'e ~ Un1:l 11I[ISica.

o vio liio scmpr' a 'u ll1panhalld o, E 0 m a is b o nito \ (J Ul' Ma ri o S(' IU OS­

t nl inl e irinho no li vrd (0 quc aconi c-e e lll toelos os qu e p l\bli ca Illi :\s), Pon­

cas VC7,CS Ic n11Q vi ,; lo , Inmanlla [alta

d c I'espcil o hllman u, Ih\ pagill as ('III

.que a ge nie sc co nI III l a r a 11<\0 di s­panlr 'om 0 !l ul Op Sain cia\, c1inbo. Com o elc, 1\\es m o f i>z n o AllI nr, verbo

iutnU\Sitivo, P'rccb e-sc c1arn! I, e nl c que Mnrio

ama 0 h Cl'oi a l a i p o n l" qu e quer SCI' o h croi. Mas e b OIll 411 C :I gen iC 0 des, iluclo, Mari o \ 1Il\1 pC'cinc-i nho d o b eroi,

o h e l'o i so m os n os I cios .iunl os. Al e

(' II , p I'qu e Il!io'l

A, DE A, M,

CAETES

GIRALUZ (versos)

Fsla C o.e um sabio que c lllt i\,;l ('11\ .... Pall-10 a sc ien 'ia a blagll :

. - Pedirei, com devo(:\o ;10 cnhor de Bonfim, SanlO bahiano ql~C rc~,lt z;o ll 0 \llil:l -

Manuel de Abreu -

SUBSTANCIA (versos)

BREVE

Menotti del Pic hia

E. U. DO BRASI L v r~l)s )

F. T. Peixoto (' .uilh rmino caRr -

MEIA - PATACA (v('I'S S

grc ct {' r ' ' nllnca azer lim dlSCllI'SO. que rcs l1sn\C os ac lc,s l)Orqll ' "'SS I'll1 ~ l 's , " , , com o (I cYo raram () t,-

!)o ~n r linha , que conslrllill :1 I1I c,llor:Iyd Igi

r In qu e' ngora s(' que1' (1es l1'l\ ;r ll :l B:llli :I, «('VOI'CI11 0 sr A l ' , " IT(, )15\>0, qu' :\ (lll CI' bot:l\' qh~ll XO., .

Talv'z Os (")('1 \ ' II , ' , . , ' , S - I llm111 ~\(I()s ! - Cll-I1H. I :'l Il\ Sardtnl ' ,,' ' , ,' " ), 1.1 POI I r ' I' g \lld o a S;l1l! ;\ tgt!

,1.1. I l'eV I;\Ill a h ' 'C ,' , tt)' ) .,', I

, , ' 1 SI,\ ,28do :Ulltsltll' , S,I )lOs \' Idcnlc '

S OS 11 0SS0S P:I l'S d e 1:1l1 g:1 !

MhNO''' l'l n RL PH ('Il t

Page 53: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R ~ , I . I ntrOI,o( ag io 5

LUNDU' DO ESCRAVO

Tendo colhirl aq llcl e R o m a n c quc liei nol iciu n 1111 imo nllmc r o d cs la " Anlro p ofuga", como fal c i, s ube da ex is le n cia do p a lh ac;o pre lo Ve ludo . Pelas co in c ic1 e n c ias drle tc r p o rtac1 o mui ta fe il a em Arara ql1 ara, ser pre to e as moc;as g l1arc1are1l 1 0 Homa n cc d a boca rlum p a lbac;o pre te, dc Araraql1a­r a m esmo, ach e i qU I) <.! ce rl o 0 Velu­rio e que ca ntava 0 «ocum enlo.

Sci com firm eza m as e s6 qu c essc pn lhH!;o lirava um IU'ltlu .cm que vinba o r ernio d o R o mance, com varianle mirinl :

" E u fiql1 c i torlo sa r apunt ad o Com o gamba que ca i11 n o m e lado".

~c, . .'~ (1b..1..'f1)

n. r , , ~ ..

~I a i s o ulr a S nhom de Araraquara mais um a es lro fe 1:l1nJJcm. E fo i d a memoria dela qu c Vel\ldo rcn asceu com as macaq ui cc nome o r c tud o.

Fina lmcn lc minha fe li idad e me Ic­vou pra um senh o r , e1huco jil, com mcm6ria d e gcn iparro inde levc l, VO l

mus ica l c b o ndad c ~omo ningu crn . Es lc senh or foi prac uno aq ui d a ·api ta l lo d a a vid a e a li por 1876 vasa va fl .

c n er g ias d e c uru mil,\ fr cqucn lando 0 c irco da compa nhia Cr,sa li qu e para va scmprc mcscs no la r go d c S. Bcnlo, Dcp o is 0 m c nin o loma \' a so r\' e les na confc il aria p er lo . Pois ncssa compa­nhi a c que es tava 0 Anl on inh o Cor­rei a, pa lhac;o bras il c iro d c co r bran-

JI1A HI DE NORA!)E

III (s . P~ 111 )

Qua nd o Illin ~in ho 1\1 (' el ISS".: - Pai Frnnci*'lco, vcnha en; Vn i or t tl Oli\ tua\ unh.:l

u c lu l il para cos,. ,

1': c u fiql1 ci todo o l1l en lnd o Como gnl1\ba q ue . Rill do l o~o. Seu bern m c "i.z in (11' 1' ) Que eu bavia de c3sil!

IV ( ~[ill as, O. Alcxina de M. Pinl o)

Q ua ndo m u sin h a 'ne dissl': _ Pai Francisco, vcuha a;

M.~ 1 -?..:. .;z;;~ ~<..D / ........ Il.... e.£ I

_ -:- ~ 1?M7;).{~ (n".I.(06'

::fr.4. L 7 ~ M. b 22 ---J 't k·j c=;JIt 1~ 1 U \ ~ I,~ r:-@ L~t,~ <Z..... ~ ~ ~~~~~-. <f~ f!.:7~· ~~u-)a".Lt-<thctdo /3C?-J;Q '-' o<f..Whc14ooO'\ -

_ . (1)n.1.ot16)

=tl .. ='=;'. lllF' '., B .. \ ("'I .. i. C H \ fl.. i, ~n " .. l .. 1f r.=t I d..~"':", d'-CL<-~~~~/ L 6'~ f'.N\LZ. ot.._--&f- fMA ~ ......, ~ d'..e.«J ~

Ii , /, l i • t:\

1.\ l ~ chz. ~.,:/

. L .. , .:..., ~ ...R.:.-.."a..-

'---'

Essc lund ll C b e m !Ill 11 0ssa (r acli ~iio pl' lo Ineno~ no Bra< il .c ntr a l;, !~o nH AI ·xina d e .\[ aga lh o", Pinto" ( 'l1~ : :

as d a~ Cr i an~as c flo P ovo ,cd. . B g 82) cl3 UI1\J a n on tc da lllU-Yes, p . f - 11.10 s ica In qu e IOl1\bcl1\ (J rc ro o se -d ifi ca u\\il1\:

.• [(, fi cou lud o e\po nl nrrn clo. Como 11111 pinlinh o (]1l ("a' lI n?nJ~;'~

• I S. P ul o (· 11-(Tomb<:m [ I vrr,no «

I , t Ofl'CfV3 "(H'I. lJitnl , qu(" V("111 fir 11111 t'

pontoroclo"j. 1 11\ " "(" '1I11if(o [) o~ (',Irof('\ cia ([II(· C 10 ' I . ·M Il"-

d (. p["h a~o" don,o /l 1(" x ,nn « ."

Iho(' Pint o dr •. '1°, ll~~'~r " ((IHl' n, junlo ·m (·nhor (~ , I

ou lr ll ("s tr o fe Ill(· 1"l· ~ lftl)(' (',I' U 0

cOf - f[,1 llllli Ilpica re raD ('Ill

en. Sr p in ln\"o de orc In lirnva lam­I (' Ill 0 lunrl u. E ·pu,~c ajun la r 'll :lis lima. ('s trofe (' a v('r.,ao l1lu"ica l ('0111-plcla qllc vai aqui junlo. C011\ m.1i, o ul r" es lro f ' 11\(' darl.' P OI' unw SC!, h O­ro dr S. Paulo, r Clln o llm Lnn<lu <10 Escravo, jil bcm ,at:sfa lor io no 101\13-nh o. Ass im :

(Arnrnqunra )

Ql1ron d o 111 1U ,in lt i) Ill(' <Ii.",, : I' i, ( i ) Fn,nc I'co. \(·nlta d:

Vn I:', nn \nn7n lnriu Z ' l'ui "rn (1"('("0 1111"1") 11' cri 11 r illlt o.

I ~ II f,<t11l ·i 10010 "'I",nlllrlldo , CWIIO f.(rll1lh . , qllt ' (, HIli 110 111,0 . '>('11 IlI'l11 11" 01 '" (1"1) Q11e' l ' U 1""1,. oil' pn~ 1I

II (S I' ,111 0 1

()uundll min ,\ 11111 0 Ill " dl"p' 1'111 J~ , IIllfl \ ( 'O, \f 'nh" ~ i l .

VHI rhllll \. 1 ~ 1I11 fnl f)

111' II. III 1'''' " IIP'"llt '. (1\ r"'.ol

\ ' i\ In\"'1 Ili U z ille Q11 1' 111 I:i Ira 1(' en.,: •.

(Hdr,;,\ )

v ( I"nrnqllorn)

Q11ondo 11l1n , inl,,) 11" 011"(': - P:1j Frall(' j,("o, \ ' I ' n h :1 (' ;1:

\'oi I:i no snnzn lnrill QI1I' 111 I II para ,' n.,lI .

(Herr ,; , )

\' [ ( r it-I'~)

QlIlll1do min "Inho lilt' ~11, ... \·: P HI F" IIl\('I"'rp, \\' nh .\ ('; , .

\" ,11 hU"'C:1 pnp"':' C' 1111111, 1'1'11 \ 0 <, , " ' t' t, ,,,' rt' \ l11h .l.

( 11 ('[r.-" ,)

Com p t · ... t IHl \ ... I\d n. 0 ' p;"', '" prtn

CIJHlJ\ lin \ 1";1 d n "'('I : \ t ) 'l-1l1 HI h l 01", . [ \II '" ' \ 1111111\1 "II<, f, \I\I'lpn>· It" p OI I1Unt ('1,,)111 0 alfn illa ) l'r.llnH n \1 ,

I t r n lht ,\! P ' \'11 0 1lIlh t1-... It \ t Hl h'H'i,lh .lll qlH nli ll f n l 'ld :1 111 " po n 'l ll n.\ ... ;111

1:1111I"1 i\ " .Iflt tl,lI Ul1 tllHnd n u illa h IIlw n lill :1' h n: I' . 1.1' (\ \1 ~l 1U'. ( n rhl" • lInh 1, e ll' '' tl , ,; " OU . { :l ' fl lI ' (' ;,\n U l)f .r

« ,lnt. 1\1\ p , ' ')

Page 54: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

's Antropofag 1

Revista de

Urn peda~o do meu poem a A voz TRISTE DA TERRA

Eu devia ter ficado p f'..r dido nos m eus ten'ores

Kao me deviam ter dito os nomes das coisas bonitas que ')$ barcos trouxeram de longe

, ue eu quero Agora e q a terra me deu

. genua que a alma m . to tudo

f pra gozar IS pra sen lr . juntinbo de mim. isto tildo que veJo

q ue eu devo ir buscar \ olt!ir ! Mas agora

nem n natureza de tudo 0 que eu , ia. Devi<: m ter deixado que eu adivinhasse . . . Eu adivinharia!

a alma forte a alma pura a alma simples de outrora

Deus eu nao posso agon1 meu voltar ~

E nem me ensinaram &. amar as COlf.as tao simples e puras que ell. tinha na terra. E deram-me uma alma

Os rumos sao outros, Nao sei pra que lado fi cou m eu p H:>sado. Jil nem sei como andar,

mais velha e mais triste que a minha ! E eu que era menino

Me perco no tempo. Me p erco no esp a90 .

E soffro es ta angustia sem fim d e f icar ! dei para pensar e envelheci esquecido de mim mesmo. E ha tantos caminhos que fogem chamando I

Agora e que eu vejo que nao vivi Mas 3gora meli Deus e impossivel "oltar I

que es tou entre coisas immensas e hellas que :J. terra desprencie urn aroma f;xc.itante. Agora e que eu vejo que ha vida (PARAHYBA)

em torno de Tl1im. E eu sinlo em desejo f ebril de viv~r.

LUNDU' DO ESCRAVO

-ires es tro fes ' dando l empo pra velbice ch egar. Pois entao d epois duma quar­ta -feira em que geo ll na cab·e.;:a d ele Francisco virou Pai Francisco e 0 do­no 0 a lforri ou. E essa vida os palha­.;:OS eternisavam no ('Irco pra diverti'r filh o de bra nco. ., Fio dim baranco" os P a is Franciscos fnlavam .. .

("Quando i6 tava na minha tera 16 ch amava capitiio, Ch ega na tera dim ba r anco 16 me chama Pai J oao")

("Ca n.;:oes Populares do Brasil", Brilo Mendes.)

Na ver sao mus ical qu e r egistro pa­r ece ter jun.;:ao rl e musica diferentes ou pelo m enos acr escentamento d e parte. Com e feito nem dona Alex ina de Magalha s Pinto Ilem ninguem, a nao ser 0 m enino qu e corn ia sorvete espectacu lo <1cabado, con hecia 0 dis­ti co:

"Seu bem me rlizia Que eu havia de pagd (ou, casa)".

Porem essa parte, f;,J a ndo musieal­m ente mio discrcpa do r es to do I ' -

frao e' pnrece rI origcm a fri 'a na lam-bern. . .

A reuniiio d d [, lIl1H'ntos I1l U ~ I Ca I S distintos e mllito COI1l 111l1 no populario bras il{'iro, Po rl e ~C I ' len ri l'nc ia Il OSSll pra . , . (' Ilf(r 'lllrl cc' l' fl~ _co i ~o\ ._.. Ah, ru pa7.cs ! voc'cs nlln n nao v(' r: lO pnl s n cn bum ta lequaJ 0 nossot. . . EX( 'lnp lo tipieo d esse engra nd efimen lo f(~i no nordes te (Silvio Rom 10) II mH Ill n. dc fio a lisar qua lqu r chcI!9ncu ou l'l' ISU ­do com a rcprcsentac iio ll e Bumba-

meu-Boi, embora discr epando do as­sunto an tl!rior. (0 que alias concor­da com a arquitetura lIa trHogia gre­ga termin a ndo com uma com edia.) No meu proximo "Ensaio sobre Musica Bras il eira" . dou uma versao paulista do "Sapo Cururll" em que 0 t ex to e a musica, vem acrescidos dum r efrao m'lS discr epa nte por c('lllpleto. Nas 1'0-das infa ntis brasileiras e comum esse processo d e encompri'dar a cantiga pela jun.;:ao d e varias r odas.

A form a musical cia Suit~ e positi­vamente lima das preferidas p ela nos­sa geni e. Es ta nos fa nda ngos d e Ca ­nanea, se manifesta no Congado no Ma raca tu " no Samba-do-Matuto,' no BOl-Bumba, no P as toril, e tc, Essa ten­dencia foi em parte, me parece, 0 qu e Imped lU maJor generalisa.;:ao dos do­cumell tos mus ica.is pelo pais. As p c­<;a~ er~m compndas yoI' demais pra se l ~acil a , ~I'a nsmI3s ao o ral d e t ex to e mus lca. SI essas c1 a u<;as POI' serem c1ra.ma tJcas e POl' iss,o com enlrech ma ls ou menos obrigado, fo r.;:ava m ~ qU,e no tex lo ;5e d essc apenas varia n­tes d um modelo 11lIc 1.a l, fi cou h ' b'l cR lltUl'em e lc om n-: I'ls ica no a ~ 0

t I I va, lfi-vr~ a< a no ugar. Lil no nort e o nde prJll clpnlm(,lltc 0 BUl11bl1-meu-Boi 6 r e pl'('scntalio todo nno (llO nOI' c1 I -Nn tnl, na Alllazonia 1)('10 S cJs ~ p)elo

, , . Oao ::t l11US I a llJucln de idndc ])I'H e ida " r llf( 'nho pl'a c l1 genh o ~ t ', ] : cle, de 1 u e, ~ In eerto ugal'('S ('01110 ('lll nelt' llJ co .s Hlllll~J I'1 l' 11 0 il ('c ifl' tOlll , ~1 '0, B O I ~ II I llll ~ I (' 1J lIl11dlJ de 0110 )' dl nea tu

. '/la nno ' I <lUI' llle Il1fofl nlll'[Jnl. Nao ,' ]) 0 s ('jn hCIll 1ll'IIl 111U1 i550 . ~lJ gO qU e o pesson l pr{1 utili sa~'io lilOI CllI h~ \'ou c llloxixes il11pol' t n lio~' (C fox trofes

, 0 que pOlio ucn-

PERYLLO DOLIVEIRA

(Cont. da p . 5)

ch apaI' a inven .;:ao deste povo pregui· .;:a .

Qua nto esp ecialme nte ao d ocumen-10 qu e I'evelo hoj e, 0 principal valor c ritieo d ele es ta n a lib crdade ritmica d a es trofe cantada. Si n ao b olei com· passo pra e la foi pra eal'acterisar mais isso. 0 primeirover so va i b em b alido no ritmo e n o tempo. Os outros Ires vao com uma liberdadc prosodica, l illl

ruba t o d e expressao o r a tori a, impo -s iv~1 da gente r egis tl' ilr com os valo­r es cia grafia mllsical tao d efi cient t'o Me p a r ece que os nossos composi tores d evia m d e es tllda l' m a is essa t enden­ci.a pro recitat ivo d e expr e.ssiio proso­dlca e pro ritmo li.vr e , de muit o do­Clll11enlo popu!a l' br:ls il eiro . P orquc na composi(:iio a rtistil'u, os qne es l<io m:ventando j n d entro ua especie brasl­lelra, p erl11a n ccem p o r d el11ais de11t 1'0 da forma qlladracla. 15so dn pr~t' obra d eles lima essenci a d e p as I ieho muil o! Do meslllO geito qlH" Clos n ossos 1'0-n1H nces tra die io naiS a p oes ia a rti s t ica poude lira r uma libe l'dade OSlrof icH em qu e a gent e fica h em comodo (foi a so lu.;:uo de Ca lulo Cearcnse; vcr lam bcl11 a "Ora~<'io ao Ncgrinho do Pastorcio" d e Augus to l\1eyer, 11 .0 4 ciesla r ev is ta ); do me~ l\ b gcit o os 11 0S-50S ompos it o r cs podcm conceber n 1'-

111as l1\l1it o ca racter is ti a l1len tc brasi­lell'as cl e c ri ar Il1clodia infin ita. Nus l' nlbo l ad <~s n os ocos 11 05 r1 a ' afio.~ . no,s pregocs, 110S aboi o's 110S IU ;ldIIS c a te lias fa nd,ln gos n ~w'nl l' ' co lhe fOI'­ma s <Ie Illl' lro lU u~ka l JiVl'(' l' proc('s ­~o'~. prosodieo~ (' f.l lltasis l as de rl'ri­la tl voS, qu I' s;lo norlll'l i ' POl' ni tu do 1,10. P l\ I~ . Isso os ar t i S l a~ ca r ecelll (lU­sel Va l' l11ais,

Page 55: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R""ista de Antropofar:ia

os TRES SARGENTOS

No pat'que havi a ullns zo nas de UlIl O­res compl cta l11 cn t ' diverSH _ a das m enlll,as da visinha n,a que namoru­"am, e a das mulh er (:r. da vida a cat a de fre tcs para con~egu i rem pagar a dlan,a do borde!. A primeira zona conslstIa nas duas nvenid as que es­quadnnham em angulo reto 0 cor e­to; n segunda era d clineada pelo ca­minho que da volta fll'} ta nqu e, 0 ca­pao d e altus arvores cuja ramaria for­ma to ldo s!?bre a musiea era 0 limite dns duas e a linha d iYisori a ,

Na zona das menil1as os a lmofadi­I1ha5 do b a ino p a r::lYDIl1 na beirada das la rgas ave l1idas, cn qua n to as l1a­moradas t r al1sitavalll dc:nt n delcs e com e les comunicHvan'-,e hiJ ,' ;las POl' meia d e o lhares e ri ,os, Muit o d ife­r e nte c r a 0 trech o I' cse r Yf: do ,h mu­lhe r es d a vida, A cx ig uidad e do PflS­s eio m a l dava para e1as Sf> esguci ra­rcm quando nos dias d muila aflul'n­c ia Os h Ol11 e l1S en chium 0 cami nho, Nessas ocasioes, ao se cnconlrarem dois m agoles - um COlliPOS tO de d es­ordeiros e o utro d e l11ulhe r es faceis - r esult avam correri as que escanda­lisavam os bUl'gueSi's cxtraviados no lugar, 0 habitan te do Int eri o r POI' ali a passeio com a mulhe r e filh os, de r ep ent e percebiam a lruvez lia in expe­ri enc ia , quant o as nJ[)rgel1 S do ta nque e ra m m a l fr equ enta d[1 ~;, Via com pas­m o u a co nfusao proyoeada pelo cho­qu e d e h omens e ntulheres , os apa l­poes dos gaiatos oi:>dga ndo as mula­tas e pre tas a fu gir 110 ll1 e io d c gri ­ta ria e gargalh adas, 0 sertanejo (vin ­do de o nd c a inda e:,rs /e r ecc io li a fur­da), extranha va serClll os m ais baru lh entos entre a 1l101 cc~d3 os so ldados d a poJi c ia, qu e n ao r l'spe ita vunl Il1U ­Ihe r a lgul1l a enco ntl :lda a passea r em r cd o r d o la nqu e , Ao bu rg uez a nli go da cidade (m 6 rm ente .) rauli s la legiLimo , qu e empre ar r en el>(o u mi lit >l r cs), 0 e feito causad o e ra d ifr r ent c, Lcmbr ,,­vam-Ih e os excessos IIa o lcl adesca, os tempos da "G uard a Urbana" , compos­ta d o I'cbo /alh o riD'; tropa s d n ('a nl ­panha cl o Pa ragua i, que pe l;) I nldi ~"lO p o pular , lo rna va perigosa :t vI:l nh ll ll ­o;a dos qu orte is, Ui1. i:t-se Cllla o , qu e 86 'riat uras f ias ', ,' ave nlurOV[l ll1 d e p ro pos il o {I noil " 1I 0~ lu gH r l'S fr etlU en­

ta rl os p e los " u rbano~", m3 mul a tinh a (fl:l de,ga rrlIr:t ~I H'

companh cira s, " le ln ()ri~n d !l pr ill brll ­lulicl a cl c dos ho men', I cfugiolH,(' 11 0

ex t remo do Cflm illh o ('n lr(' 11111 11 1I t"~1I . l eo " rad II d(' 11111 11 po n le,

d o g r a ll1o(" , I

A 'clo r e trailll'lIl o ('I'll II lv('JA( 1I p eZfIl ' I I ' 'd g r oss i res, ObC(' UI (UleS, com pia us

(HO 1M, E)

o JARDIM PUBLICO

U[

co nvit es a tr cv idos, !ent a ndo os Illais , ousados , esbarr6es quc· cia c"itava S lI­

bindo uo ca nt eiro , E nlrelan lo 0 1'_

ceio mio Jbe imped i3 de rnarisca l' na rtlultidao h omem qu ~ a sa ti s fiz esse naquela noite,

o olha r fur t ivo 0 r cpeliC\o COlli que r cpassava so ldados (' p'a isanos, depa­r ou em cer to momcnl(l Ircs s3rgcntos da For(a Publica qll(' cam inhav~ 1ll juntos, Divcrsos n<l tez c na CO I'PU­lencia , regu lav31l1 a Il1CSl1l3 a ltura, 0 prill1eiro r obus to , cas tnnho e c laro, 0

segundo ossudo e morcno, 0 ultim o tambelll tri gue iro, pr(l vido dc amp la ll1uscu latura a mod,'lar a lunica do uniform c, Represen \;lva lll a m escla da milicia do Es lado, o:ldc element os vin­dos de tao longe, " lao diversos , os do 1\'orle rliferindo de; do Su i ale na o r igem da ra "a brdncn ; no Par il ou no Maranhao desce!lcicnles dc a lent e­janos, no Ri o Gra nde dc imigra nl es das lIhlls; co nfundi am-sc entret anl o llum molde ulli co - :1 farda azu l fcr­r ete Jargalllen te li s latla de enca rlla­do,

Ao passa rcm os r apazcs pert o da luulaLinha ' co incicliu chcga r ell1 ta l1lb ell1 as cOll1panh ciras, F Ol'lll ou-se bolo elll vo lt a da rnpa riga, qU t' es timu lnda pela presen(a das outra; di sse alt o pa r a ser ouv ida de Jonge:

- J. . D il a J er a lIItl Ill or eno a&s im qu e m e servia " ,

Mas quem de vi a 1't'(' cIJe r a inclil'c la, uao a ouvi u, Qua nti,) 0 lu nis ossutlo tl os Ircs ad)'or li o-o n rir , jil iam lo n;(e das ll1ulheres qu.c liJi hau l p a rad o no mesmo s itio,

o rapa z qll e rcpano ra ca~'oou com o di s tra ido,

- Gos loi " sor a do CalldidQ, a ntl A la farl o de rapa ri ga qu c j;i nel1l liga para gadi nho Illiudo, do hojc em dian­Ie SO frun eeza,

Pouco an tes qu ~ixHrH-se Candido da falta de mulliercs bonil as uo J a r ­dim, de 50r le qu e ,I r c fl cxiio provo­CO li ga rga lha las,

_ Onele. e QU C' \' u{'~ cs t:, cl1xl' r gll ll ­

do ga do? Olh u nqll"' a \'(', li<l :1 dl' brnn('o,

a l i nn l'''Iq ut.' rd n ) H'I'to dn !l 1'\,Ol't.'

a li hOll1e llt. , , 11110 <,, 1,\ V(, lIrl O! EI" (fu r l" n I ~ LUll ll ('oi~: 1 l 'O ')) Voct .. .

o illlt' rp l' llIc\ o vOit cH' -'(' 1")1/(1 q lll' " ('Olllpll llht'iro fnlo u, " Ih nntlo 1111 dil'l' ­~'5() npan lll III, Illns /l (\ lId(' "p,' IIII' vh-1lIll1lJ r:tr 11 11 1111'1>11 () 1''''' '' ti n 1Il1l 1:t ln qll l' 11l l' P ," ' ('('(' 11 bOll il(1

A ('x(' l u ln n~u() till 11 10\' 11 i,,'o ll (l "' ­

Il'rl''\'\(' dos I ' npnl(,~ fl'It ' n ",o l"l'l"lIlll {', ­perfd -II IIHli~ as oull ~I~ palo do co-

YAN DE ALMEIDA PRADO

r elo, Nao era aconl<'cill1 cn to unico no Jardim - nem tnnlpouco Olll um mulh eres pro vocn r '.!11 1 dc forma lao desc3 rada os hOl1le ll ' qu e Ih es ap t -c iam, Pon)m mesl1lo [1'; l1lais dcsfavo­recidas, as qu e _ t inh>1 11~ nOl.'ao de se­rem as ultim as en II'" II peior neg ra­ri a, s6 duva lll cl e lll on> l l'li~OeS diretas ao homcm quc viam pd:c pril1lcira vez, qualldo fortemente locadas de pinga, Em outra ocas iao :t vaidade fem ini ­na il1lped ia quc e l rt~ sc o ferccessem deanle c1 as (J utr as , SUl1len te a ccr te­za de ex it o podia l-<;\'a l-ns a praticar o co nlra ri o, Ira tancl.)-se a lgum recru ­lu novo, qu e desp rov ido de dinheiro e ch eio de seiva, nce itava (fll a lquer llIulher, 0 mpaz aceilaVA e squ ecia com igual r api dez; era 0 l1l esmo que uma necess id ade a li",ada a traz de um l1luro, 1\'ao fa lt uvam cnl5.o n('11l s iqll er os Iranscunles p~ra sllrpreenderem 0 co it o (no reca nl o d ,) CHninde onde 0 pal' tinha id o depuis do J ard im ), e qu e nao resc nli am d ,) cs pclac ul o mais espec ic do qu e s i [os 'e (I e caes no cio, A ge nt e do ba;r r t\ estava fami­Iiar isada COIll " ~ cena, fr equ en te pelos ter renos r cun os c nlra z das cercas desd c a boca da noile ale 0 a lvo rccer, Todos sa biam ,que qU3nd o a lgucm pa­rava e apl'Qx itllava, nel(J ('ra POl' tro\3 o u POl' curios idnde, (' 1' :, na r ca lidade oulro ll1 acho que vi" hD busca r 0 seu quinh 'lO, Si 0 prim ei"" consenlia ludo s(' pa ssa va sell t IlWi 0 1'1'S novidades, na

mai or CHIl13 radagem, rl o con trario, r -gis lava lll os jo rn ae ' (\ v tIia seguin le Illais lIm caso l oli cia l dt' fcrimenlos Oll Ill u rl e na \'~lr zen

As mulheres quo I ~'-II' pl'rlencial1l :'1 ultima ca legoria - (h, qUl' nem klo pOSSll III parn r ccoH1IT h Olllt'lll - 11:10

ca rec ia lu de sc diri «il' prinwiro pal'a o individu o que as i"lpl'l'»iona\'H , Ern sufic ien lc pis:l r no c,'l11in ho do Innque para sen lirenl -se segu idas d<' m:l t ilhn infinil a, per eg lli ndo-,,, e III propos­la, l' dil os Pl'Mldo, t'OIIlt' pnncad:l' ~u:lndo a iJl'ulntidudp tIo, homl'n, ul ­trapll~Sl l\t n l' l'rl o!) l il1 t itl'~ \ inhn :\ I't.' , ­

po,l" 1111 lu cs lu a fOt'IllH, I ell'!I' dl',dL'n ­ladus t't.' I'\' ialll 11\1111 dihl\ i0 lit.' il\~lI1t\.\"

qlllllldo :t ['rioulll Il,; 1 I'l' llt' tin COlli II

OI'lH:O o~ lnui, :\ Irt'vidlh POI' ou trll, :lO ;a'l' i!nl't.' 11l U I ~ \Il'III, I'hm dl' 1l10lhl lItll'

lJ jl<'r"' (,( ltido r 10(,(1 [,OIllIH'l'lalia, nOll

)l UI' dt':\ntl' t'1t- uiio ' :lr~ : \\ It Illnb tIn

!'\ :'lia <I \ll' n POlil'l' lip l· nc{) ntnlt.' ~ in \ a­rllndo II Illu ll id :IO, r npm :Il l/ulua, \ ",­III' dadll' ,'I \'0 11 11 d ll lallqlll' :lp:tl' l' t'I 'llll lUi niH COll i I rn lo ft.' itl) l' dt"lino l'l' rt(l

par ll (1 l'L" IO dn llOlll' ,

\C n li nua)

Page 56: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Rev i,8 t a de Antropofagia

e

BRASILIANA.

V

EAU - DE - VIE

De uma nota intitulada .Extraordinaria diffusao do alcoolismo na .Russia, publicada pelo Estado de S. Paulo, n. de 6-IX-28:

"0 mesmo jornal publica os resultados de urn inquerito feito em duas escolas, a res­pei to de alcoolismo.

Resultados: ••• • 0 " 0 ' •••••

8p. c. das meninas bebem agua d€ vida; 92 p. c., cerveja e vinho. Somente 11 p. c. dos escolares desconhecem a agua de vida."

NEG6CIO BRASILEIRO

De uma correspondencia de interior do Estado para 0 l)iario Nacional de Sao Paulo, n. de 13-VI-28:

"Na vizinha ddade de Candido Motta, ha dias, appareceu urn iridividuo que se dirigiu a uma fazenda , offerecendo ao fazendeiro uma ~troca esquisita: offerecia 40 contos, que quena trocar pOl' 6, sem outras condi90es . ..

o fazendeiro, desconfiado, eiitabolou ne­gocio) emquanto mandaya a ciditde ayisar 0

-de~egado. 0 ~omem fo i preso, mas, logo de­pOlS, solto, pOlS 0 delegado nao encontrou en­tre os 40 contos nenhum dinheiro falso."

POLiTICA

. Da m~r~ha 0 voto secreto, letra de Sidney AVlla_e mUSlca de Donatilla ~lachado, a venda em Sao Paulo:

"Minas teces te em epopeas DM'um povo h eroico a mais brilhante historia I r ansa e serena . ~ 0 Plroficuo lab~r sempre em nrogresso,

sca as a pyramlde suprema -Sem retrocesso p' .... : ..... . . E hoje mais uma vez S elo dlctame da consciencia recto

empre altaneira e liberal Creas a sabia lei Voto Secreto"

REALIDADE

O P l?e dumRa .cronica de Gastao de Carvalho no ~~z , 0 1.0, n. de 4-IX-28:

E por ISSO que os b . suelli Loreley que alem dons re}Jer~onos pos-

- .' e con ter hnda m . ca, ~resla-se a phanlasmagol:ia do USI ­na~ao que prende e seduz . ~ uma ensce­como hontem 0 f ' . - quan?o executada d

Ol, com scenarios ' . as, exceIJentes jogos de luz " .a~ropna-

culada. s com perfeicao e \"e ~ a',:)ll ' Isoes exe-q I . . roslml 1anca ta t

uan 0 possIvel, aproximada do J ea l.' ; n 0

BALCAo

LIVROS PROCURADOS:

Por YAN DE ALMEIDA PHADO (Av. B. L. Antonio 188, S. Paulo ):

Accioli - "Memorias Historicas da Provincia

cla Bahia." - 6 vols.

Guerreiro, Bartholomeu - "Jornada dos Vas­salas, etc ... " - Lisboa, 1625 .

id. id. "Gloriosa Coroa etc ... " -- Lisboa 1642.

Cunha Mattos. "Memorias da Campanha de D. Pedro ... " - 2 vols. Rio de Janeiro

1833.

Lisboa, Jose da Silva (Cayni). "Historia dos Principaes Successos ... " ~ yols. Rio de Janeiro 1826-1830.

:\'os seus proximo')

numer-os a REVISTA DE ANTROPOFAGIA

publicara em fac-simile dais autografos de

KRISHNAMURTI

e

MAX JACOB

trasidos de Paris par

Oswald de Andrade

A assinatura an ual

da

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

custa

RS. 5$000

P edidos acompanhados de Y:1 le postal

para

Caixa do Correio n. 1 .269

sAo PAULO

Page 57: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANO I -- N U M E RO 6 OUTUBRO - 1928 500 RS .

~'~~.~I~'~~'CARAd~o Antropofagia fldereco : 13, RUA BENJAMIN CONSTANT - 3: Pay. Sala 1 - CAIXA POSTAL N.o 1.269 _ s Ao PA ULO

VACA

Os portugueses do Rio de Janeiro of ere­ceram ao ministro brasileiro das H.elat;:6es Ex­teriores uma vasta placa de bronze. Quize­ram com isso homenagear 0 homem que obri­gou os membros de urn congrc 0 qualquer a ouvirem discursos no grego de Cam6es.

Mais uma vez 0 Bra il defendeu 0 que em Portugal chamam de patrim6nio comum da ra93. Defesa que cabia aos lusitanos. Mas nao tendo mais f6rt;:a nem auloridade para isso arranjaram advogado con\'encendo-o de que tambem tinha interesse na causa. De for­ma que nao pagam hononirios. Contentam­se ern dar urn presentinho de tempos em tem­pos.

Esta tudo errado. A lingua portuguesa nao e patrimonio comum da rac;a. Primeiro porque nao ha ra93 mas ra93s. Segundo por-que nao ha lingua mas linguas.. .

o portugues diz que sim. Prega a Ul1l­

dade e tal. E' a cousa de sempre: quand.o es­tava de cima so gritava eu, agora que es la por baixo faz questao do nos... .

Essa uniao luso-brasiJelra .e que nem aquela de Mutt e Jeff deante do cmema numa caricatura de J. Carlos:

_ \ amos fazer uma va-ca, Jeff? _ _ Vamos: voce entra com dez tosloes e

eu en tro corn voce.

Sem lirar nem por.

Al"'TONIO DE AL ANTARA MACHADO

Ballada triste

Eu estou hoje inhabilavel. ..

~50 ei porque,

levantei com 0 pe e querdo:

meu primeiro cigarro amargou na' minha bocca

co mo uma colherada d e reI.

A tristeza de varios cora~6es bem lristes

vei u, em qu e, nem porque,

ench r m eu cora~iio vazio . .. vazio ...

Eu es toLl hoje inhabitavel. ..

A vida es ta doendo .. . doendo .. .

A vida esta toda atrapalhada .. .

Estou sozinho nLlma es lrada

faz endo a pe urn "raid" impo sive!.

Eu es tou hoje inhabitavel ...

Ah! si u pudesse m e embebcdar

c ca mbal ea r . .. camba lear,

e ahir, e acordar de ta lristeza qu e ~li n guem , ninguc m abe . ..

T odo muncl o va rir destc mcus vcr os . . .

;\I as u jllro por DCLlS, i for pr ciso,

qu e eu es toll hojc inhabitave l.

(BELLO HORISO:\TE)

AUG H RENACLT

"D -dea superior em idea superior, e I - -d "

nos aca-

Por nao ler mals leas · baremos PRUDHO

Page 58: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Revilta de Antropofllg ia

POMO ROIOO

(do Nuvem de Gl\fanhotos)

Assim?I .. . Nao! en nao te quero mais ...

Quando eu parti, deixei-te quasi verde ainda,

Pendente de urn p equenino ramo ignorado.

Ate te confundias com os renovos ...

Mas 0 ramo cresceu,

Vieste espiar a estrada,

E ahi amadureceste, rubra, ao sol de Julho .. .

E, longe,

- Quem via eu me esquecer daquella manguita

quasi verde ainda,

Que eu reservara para a volta?! ...

Nao! eu nao te quero mais.

Ha vestigios de outros dentes na lua polpa . ..

(FORTALESA)

FRANKLIN NASCIMENTO

ESTA REVISTA PUBLICARr\.' NOS PR6-

XIMOS NuMEROS TRABALHOS DE:

A. C. Couto de Barros

Prudente de Moraes, neto

Mario de Andrade

Jorge Fernandes

Sergio Milliet

Jayme Griz

Carlos Drummond de Andrade

A. de Lyrneira Tejo

L. Sousa Costa

R08ario Fusco

Yan de Almeida Prado

LITERA TURA RUY ORNE LIMA

Urn dia, 0 menino pediu uma historia. Estava doente, aborrecido.

Ninguem se resolvia a contar uma histo.

ria. Entao, no seu inconsolavel desconsolo, 0

menino doente come~ou a fazer uma historia nova com peda~os de velhas historias. S6 sa· bia tres: a historia do N egrinho do Pastoreio, a da Bela-Adormecida e a da menina que os porcos comeram.

Os seus olhos amuados se velaram de uma luz, quasi sombra. Por acaso, todo mun. do se calou em volta da cama.

" - Nao ve que 0 encantamento princi­piava no nascer da lua. Todas as luzes do pa· lacio estavam acesas. E ficou urna chama de· finitiva na haste de cada vela.

Ora, 0 Negrinho do Pastoreio, que anda· va pastoreando por ali a sua tropilha de tor­dilhos, de longe, pensou que fosse promessa. E hi se tocou, abrindo picada entre os espi· nheiros, para saber 0 que e que se perdera.

N egrinho criado no mato, sem os costu· mes da gente .. .

Entrou. E viu que ninguem perderll na· da. Toda a gente dormia em pc, no palacio da Bela.

Podia ser milagre de Deus. Podia ser maleficio. Depois, 0 Negrinho, que vive so de noite, nao sabia 0 geito dos homens vive­rem cada dia.

De repente, pen sou que tinha achado .. . Fez I) que achara para fazer, e se foi emborll.

E tinha feito 0 sonho, que e a vida den­tro do sono.

o velho rei, sonhando se via s6 no pa· lacio v'S' C ' , aSIO. o. om a lembran<;a da rainha eo sentimento do mando. (No entanto, 0 Cas­telo da Bela estava cheio de cortezaos de da-mas, de lacaios.) ,

Vai 0 velh . , . 0 reI mandou que entregas-

sem a raI~ha aos porcos como ceia. Infehzmente, era sonho.."

(PORTO ALEGRE)

Page 59: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

3

COMO ME TORNEI ESCRIPTOR BRASILEIRO

Lendo os escriptores es­trangeiros (E note-se que de­testa 0 paradoxo, a ironia e lodas as defornu .,:oes de sen­lido ). Lendo e pensando no Brasil. Lendo e comparando. Era vel' a descri p.,:ao de uma paisagem exotica, vinham-me it ideia as nos<;~~s paisagens. Achava logo a differen~a. Pa-

1'a f ix~r tra~os d ifferenc i ~cs , " rna COlsa nao ha como PUI u

clefronte, da o ~l r,a. ' lum cs, as E ass lm os cos

pa ixocs, e lc, mcsmo rn ,_ Quis adopla r (1 ' 0 "in c-, , ' mas v

thoclo no Cln eOl d, , d' j' E' a

.. \ ' :.II'IC (:Ie e, rna tern pou. C(:I S' C)S lIu a-

cI " ' lores,. U ' 'I arle clus Il CC ,' SCf'vcm d e d n()clurnos ,,_

ro!'. I' f'f' 'l'cnCwC;£IC), , I u , I e (l e ' I pan 0 " u " poucCJ 0 1 -

I ' , pro ' 'ssO '/ : urn lila gente J (:I . 1 POfilUC 1TI1 gina ':I

lem clilo que so faz POl' co­nhecer pa ises estran geiros para fi car amando cacla vez mais 0 seu pa is, Mas cia cer -10, a menos que 0 sujeilo nao lenha senso objeclivo ne­nhum riem dlscernimen lo. Ou seja claquel les que, cui ­ciancio es la l'em pensanclo no Brasil, es lao p(:llsa ndo e na

Grccia a nti ga a ll 11 0 lI1undo cia ILi a,

o mclhodo c, po r cllI, de a p­pl icac;Jo diff:icililll:l, QII~: 1ll ~t' i l clw (,lIl bcl)l( lo ( ' Ill o bI . I -pl 1-

lil a ri a ('s ira llja 11 ;10 te lll Il C-

11",,111:1 VO IlI ,ld c de :tl lernar a it! IcJl~':i(), d essc Illodo, porqll c H:rdc () rio d:t le llL,Ira , pCI'd!'

: , l ellllH) , percle a ll HI:I III :,IIS

C) I' ', SS() sc to rn a r Il:t no st, p .. , ' lI a I is l:1 , , , , ,

E para ~('r e ,~cl'lptor br3s1-

JOSE' AMERICO DF: ALMEIDA

leil'o ai nda me faltava e 'cre­veI' ern brasi leiro.

Ora, eu nasci num tempo em qu e a inda !'. ' falava por­lugues no Brasil.

In ven lei, assim, o ull'o S}:S­

lema: IeI' os clussicos (por­que nao posso deixar de IeI' Bernareles, frel Luis ele Sou-

sa, c l (' , ) pOI' c imil, (,O IllO quelll ('sl;', Il'ad ll Zindll, f'azl'lldo (il­co nt a </1Il' t' t':lslclh:lllO, pro" !'Llr:IIl<lo :1/)(: I1 :1S () M'lliido,

( Lill gll :t peg:l ('Ollto \'isgn ) ,

;\;:'10 sc i St' d ar:'l I'C~l lll ad(),

~1:Js () di:tlJo \., C[lIl', :t ll'nl d:1s p:tI :l\'ras, n :"10 :\I'1It) n :ltb lIOS

ci:tssicos , , ,

( Parah ba del Norte. )

Page 60: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4

AUGUSTO MEYER - GI­RALUZ -'- PORTO ALE­GRE - 1928.

A poesia de Auguslo Meyer lem uma for~a que a genie sente logo de saida e fica r espeilando. A linguagem bate de chapa e nao se esobrracha porque denlro ha um sen tido :\ prova de fogo.

Nada de canto dl~ passarinho. Me­yer quando desenlra va a voz de ba­ritono e para fim eerlo e medido. E ca nla cousas robustfts. Nao e urn ter­no. au melhor: nao e urn piegas. A ternura dele e mascula, Meyer sem­pre domina as paisagcns, os sentimen­tos, as cousas. Vai \1<:10 mundo enro­lado na for 9a do sol mas nao domi­nado.

Ha uma inquieta~ii0 nos seus ver­sos que muilo provavelmenle Daniel Rop's incluiria na que cle clefiniu como moderna. Inquiela9ao que apesar disso tel. as vezes acentos a ntigos como aquele Mae, eu quero 0 s ol! jil grita­clo pelo Osvaldo cle Ibsen. Em toclo 0

caso a tri s teza afw\'ez da qual essa inqui eta9ao por acaso se revela e me­dida como tuclo no poPia.

Voz equilibrada que nunca desafina , capaz cle agud os IrueuJ f·ntos mas inca­paz de soltar um s6 p ara prazel' das galerias, Augusto Mt;yer se afirma no suI brasile~ro um clos valores mais certos da lit era~ura t flO embrulhada deste pais e des te mom ento.

Digo isso apoiado nesle Batuque (e ha muita cousa igual no Giraluz):

Negramina que morreu currupaque pi pique! danp batuque dan~a, e 0 olho claro da lua espia na crista

da serra.

ReTial. d. Antropofagi.

2 POETAS

Ficou tudo geilldo II1'ripiado '" friume lunar.

a caminho branquinho mergulha na boca do mato.

Marulha a saudade gemente da pedra calcarea na fonte,

olho d 'agua glonglona e a cachoeira chora ,- uah !

De noite na estrada as carretas vcm do outro mundo.

Vagalume accende e spaga, pisea-pisca. Corta 0 escuro 0 assobio do gury soli­

to QUI' foi para 0 povo.

E batuque b'atuca: n egramina que dan\;a que dan ~a e que

dan~.

toda a noite - uc!

o gallo can tou Iii na serra, longe .. . h'l .. .

Parecia que tinha uma estrella de or­valho na voz.

Mas batuque nno can~8 e batuca loda a Doite - ue !

Negramina que dan~a que daD~a e que dan!;a toda a Doite - uah!

MENOTTI DEL PICCH IA - REPUBLICA DOS ES­TADOS UNlDOS DO BRA­SIL - S. PAULO - 1928.

o qlle me parece lIlalS curi oso I' mais clogiavel nos livros de Mellotti Del Picchiu e que H I'S uunca sa tis fa­zem a gente. A ob ra de Menotti e uma filu' -em series. Qua ndo vni ci1l'gando no momento gos toso pilru: conlinua no proximo livro. De forma que 0 in­ler esse es ta SClllpre nler ta c insu tis­fei to, pcdindo Illuis.

Sujcilo POl' (\cmui: lnl cnt oso tem u

-manha de um gato : brincR, brines. brincH, agUlTa 0 rato , a genie l o rc~ para que ele cngula, e le VIIi e nao en­gole.

E faz ludo isso scm eanStlr 0 espc­claclor. POl'que 0 jog,) de le lem sempre aspeclos ineditos, 0 jogador e exec. lenl e, 11 gent e senle que u vil6ria lHio Ihe pocle escapnr. Atrni inl'luluve\. ment e portanlo. A as ' istencio (nem se discllle) volt unl para os jogOS seguin­les cada vez m:1is l1illn erosu e int cres­sadu. Fa~Hnha de qne poueos slio ca­pazes.

Assim 0 Republica dos Estndos Uni. dos do Brasil como toclos os li vl'oS desse brig~io cia rea~'lio brusileirll nuo e clefinitivo. Jamnis St· clin'! parll cfei· los de critica que ek e 0 autor de lui poema, rom ance ou con to. Nlio pO de· rlt SCI' julgaclo se mio nlrnvcz de sun obm eo nsidenlda ('Ill co njunt o. Cuda livro e um peclnci nho c UlllU co ntinua­~:lo.

Nes te Republicll a Rcntc (' ncontra 10 ' das os qllaliuudes do :nito r nUlS luio as qllolid,ldcs int c inlS do :tul or. S"I'1\ lllli qninto nnd:1l' POI' l'xclllp io. E s,\ Deus sabe qllnntos ninda yil'lio. Fa ­zenda. Tarde Fazendeirn. II \erceir:1 parte da Torre de Hnbel. Drum". A noite IIfricllnll, Banzo. tHntn l'ousa ,. tanto lil'i s lllO l' llVOIVl' lilc fil'lll nnd " Me­notti ll O lug:tl' qu l' (' k l'o nql li si'lI l 11 ,1 lit eratun1 ll:tc ionul ck ugOI':t l' ,I<-i\.'lll ­do adivinhal' e d l'Sl' j'll' () qUl' "Ie ('<1 11 -quislUI':'1 querl'nLi o nil Lil' 1l111l1nh,i. I ,: o lhclll que 0 hOllll'nl nflO Il' llt lllcdo ck nadn : C pol'la, C I·Olll:lnl'isIH. e jorllH ' li s t a, C 'o ntis ta , e cl'itico, orador. ,I<- ­senhi s tu (us figurinh:ts do H"pub li r" sao dde nll's mo). l' to diabo 0 Liiabo li p Mcn otti .

A. DE A. M.

=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)=C)<=

o HOMEM QUE EU COMI AOS BOCADINHOS

EIle m e amolava ta nto que ell j~l 0 linhu cl e olho para urn churrasco.

Vma vez elle falou CITI "Amor por principio". Eu achei que umn citavuo dcssa m Cl'eeiu ullIa

den lada. E ferrei-Ihe os <.l en tes. Outra vez sahiu-se com "A ol'dem pOl' buse". Eu me indignei tanto que morcli-lh e de flO VO.

D e um a feita, pnssean<.lo com elI e, ouvi cl e s uu boca "0 progresso por fim".

Era demais! R asguei a carne <.10 "ci<.ludao" I, eus ta de dcn­

ladas. Agora ell e and a branquinho POl' cu u~u ci a

brancura do esquele to. E u com i lod a cllrne d' clI e c f.o l11ente <.Ieixc' i

a lingua avermelhando nu ulvuru da eaveira . Eu d eixci a lni gua de p!'oposilo. E quero vcr si ell e t ' l11 co rllg'l11 de 111 ' diz('1'

"Viver para outrem, viver us clul'a ,~" Si ellc di sscr, en tiio motTel'u corno peixe: pdu

boca. a coi tado c posilivi s tu, c tulvez p Ol' i880 CH ill ­

va com a carne mcsmo no pon lo de Me l' cOllliclu . E eu comi.

JOAO DO PRESll:NTII:

A PI!SCA MILAGROSA

(UJ SUlIIbllnl )

D e primciro, e ll ill 1(, pm hiq ui nhu

- uq ucllu hiqllinhu luo bOil clu lIlillhu le'1'I'1I arrUlt1l1VU 0 unzo l nugllu e ficuvu ('S PCl'tlll<iO 0 Pt'ix('.

Aeontcc(>, pore nl,

ljll () lIl'ix (' nUl) vinltu 1IIIIl e • .

Mus, nl eS IlIO tlssim,

lo clo 0 cliu e ll ill pru bilJuinhu,

Jl~ CHIl ' U l:Iu h ' lido «li t' 0 p eix(' lIiio villhn IlIlll t' li . 1>0 III' " Itr' Utili 'llu t'sPt'l'uoc,:u, uc(u ,lI e pruzel' d t' (,Hlll'I'UI' 0 Ilt'ix(' .

(lliO I>E .JANEtno)

AZ.Ii1V III DO 'OIUUi:A "'11.'10

Page 61: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R ' eV18ta de Antropofaria 5

CARTA A ORRIS BARBOSA V A ,

oce e urn sujeito intell ' te e pO ' Igen-" riSSO, vae merecer eu perea alguns illstantes d qu.e

h 'd e mI-n a VI a exgotada mode Ihe di-zer duas palavras Como ta Ii parte que me toea respos-, no seu arhgo sobre a R (;vista de A t pofagia, n ro-

Primeiro que tUdo eu estou de pleno acordo com voce : _ 0

meu poema Bahia e uma jos­sa!. , :.. M~s nao e lima jossa pela questao-nthmic~ que voce julga, erroneamente, mfluenciada por Joao de Deus.

Elle, e uma jossa porque foi u,ma . sImples brincadeira que eu flz so. para meter 0 pao nas ten­dencias oratorias dos bahianos.

Eu passei la c comi aquellas comedorias gostosas que valem mais do que qualquer literatura minha, sua ou seja hl. de quem for" ,

E vi 0 bahiano discursando em vez de comer! P<!!'dendo tempo.

Ora, quando a creada diz a vo­ce: "Seu Orre a janta td na m e­za", estou certo de que voce, nor­destino como eu, e, como eu, fi­Iho de tres ra~as gulosas, das quaes duas antropofagas e uma que fazia pratos pra comer do tamanho da lua cheia no nasce­doro, nao ha de eontinuar com os olhos fitos no papel (caso es­teja produzindo) para deixar a comida ficar fria.

Nao; parece que estou vendo voce avanc;:ar pra cima das bu­xadas, dos mocotos, das feijoa­das com tripa de porco e cabeC;:,a do dito, que e aquella desgraceI­ra!

A menos que voce nao s_eja empalemado, ou s<;>fra de sezoes, ou de espinhela calda, ou do tan-

gol~, Oll do mangolo, Oll da mo­les lJa do ar .. .

M~s, Como ia dizendo : comi as comldas gostosas da Bahia e dei urn berro de entllUsiasmo!

a diabo da literatura, entre­tan.to, ,?e estragou 0 poema, que terIa sldo excellente, como obra de modernidade, se eu tivesse posto em jogo neJle apenas urn sentido: - 0 do paladar. Po~ isso e que cUe e ruim; pela

m etrIca nao. Porque a sua afirmativa de

que e de J oao de Deus a metrica de cinco silabas neUe usada por mim, so serve p,lra comprovar, mais uma vez, quanto essa mania de cultura estraga a mentalida­de do brasileiro.

Ora vejamos: Voce tern ahi cantando no pe do ouvido os versos do Martelo:

"La no meu sertao, Tern muita quixaba, Que e cume de cuba, Tambem de cristao ... Faz massa na milo, Da do de barriga, Tern caba do ac;:o Qui morre e nao l)l<iga!"

e vern falar de Joao de Deus, 0

qual escreveu, realmente, alguns versos de cinco silabas, todos quase, entretanto, ajustados em quintilhas, emquanto a forma do Martelo e sempre de oitavas!

Alem disso voce nao notou que eu vou fazendo ::. \ternativas pa­ra outros metros, continuando,

comtudo, absolulam ente rithmi­co 0 conjunto:

Recife e bonito, - 5 Recife tem pontes, - 5 T em l'bois" tern Beisados, - 5

Tern Mal'acatus .. . - 5 Porem 0 Recife - - 5 Nao tern mais as Evas - 5 De chales vistoso', - 5

Vendendo de taru e - 5 Peixe frito - 3 Agulha frita - 4 Siry cosinhado - 5 Pirao de ara til I - - 5 Emquanto a Bahia tern tudo e

inda mais ! - 11

Essas alternativas, e sobi-etu­do as passagens p()r mim rea li­sadas dos rithmos mais marca­dos para os ri thmos mais disso­lutos, sao 0 que constituem algo de modernidade em meus poe­mas.

Antes de voce ler Joao de Deus, bichao, cuja unica appro­ximac;:ao com minha poetica e ter sido urn cant l1r popular em uma lingua de ontie a nossa lin­gua nasce ll, precisa prestar a t­tenc;:ao ao modo de versejar dos cantadores da zoua da matta e do sertao, e, bern de pressa, se convencera de que, em meio do modernismo brasileiro, eu cons­tituo um caso aparte.

Urn caso ruim, convenhamos, mas, em todo ca~;o, sempre urn caso .. .

Deixe, pois, Jouo de Deus em paz para escutar violas, men bem, depois entre na ca rnifici ­na que a mocidade brasileira es­ta fazendo para b:mquete da ge­rac;:ao de amanha.

Mesmo porque, !"c voce nao en­trar na dan c;:a cnlra na faca! \ amos !

Pega 0 piriio. esm orecido !!!

(RECIFE) ASCENS') FERREIRA

()=()=()=()=()=()=()=()=()=()=()=()=()=() = ()= ()=

= ()=()<:::;;:>()=()=()c=>()=

JA'SAIRAM:

Menotti del Picchia: Republica dos Estados

U nidos do Brasil (versos )

Augusto Meyer: Giraluz (versos)

, d d' Macunaima (hislOl'ia) Mano de An ra e,

Antonio de Alcantara Ma chado : Laranjll

China (con tos)

da

Jose Americo de Almeida

mance)

Bagaceira ( 1'0-

VAO SAIR:

Paulo Prado: Retrato do Brasil i:ensa io sobre

a tristesa brasileira)

Joao Alphonsus, Carlos Drummond de An­

drade, Emilio IVloura e Pedro ~a\'a: Antolo-

gia de 4 poetas mineiros

Guilhermino Ce ar - Meia-pataca ( v r as)

Page 62: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revl.t a all Antropof ll ,la e :

BRASILEIRO ClABO J ORGE DE LIMA

Enxofl'c, lJOlijo , guJlinitu ]>I'e lu, Crcdo elll cruz, cupt'lu , pc de puto,

lemo de cUl:lellliru pru quundo Zcfu m c Ye l' , Cup e la , pc d e pulo, lom e gullinh u prc lu!

Diubo brusilciro, delli e de ouro, bo liju ontle cs lu 'l Cl'edo, cupe lu, pc de pulo I

Copela, p c d e p a lo, d eHlc dc o uro, 'lu c l'o denle de OUru,

cn gol1llll l'l dl), cU llli ~ tI

Diubo ul'us i\e il'o llllc ro tluum' CjuolJdo dit 1\ dczenu do cUl'lI ciro I

(JlIero cupa dc 'LlOl'ruclw , j)unho

En xofre. bolija. gnllillhu prc lu , Credu elll cruz, cape lu , p c de pulo,

henga]Ju cutl la o de OUI'O, cup c lu, pc lom e gullinhu pre tu I

d e pa 10, '

Cupela. delli c de auro, tom e gu llinhu pl'e tu , l[lICI'O dOl'mir com u Zefu I

Qu ero suber suas ,P a l'lctl, tl uas tl ubedo ri utl . quero tl uber mandlllgas, ,

Cupelu, bode pl'e lo, ljUCI'O dormir com u Zcfu I Capel:>, pc d e pato, tom e gulhn,h a pretu, que eu qu ero Cjucbrar bUllqu c lro, 'IU C, c u 'lu crI)

lnal' hulij u, llue e ll nao 'lucro c ll'uhulh a r , que (' \I lumbclll So u

brus i lei)'o I

Capelu, diubo brusilcil'o, s6 lh e dou ~ullillhu preln I Capelli IJll cro CU~jUl' COlli U Zcfu, lluel'o que seo

Vigurio me cllse logo COlli a z eru I

Capeln lome gallinhn pre la I Cape In , lom e gullinha pre tu , que e ll (luero tl uher cmboluda, ljuel'o saber murlello, quer o tle l' mn cu nl u<iol' , cup elu , qu ero dizer u Zcfu. essn quenluru de umo)' ! Cupe lu lom e gnllinhu pretu , (lue <-II (lu ero Cllsu r

Cape tu, di ubo brusileiro, quundo d:i u ce ll lena do macuco ?

com u Zcfu! Quel"-) qll ebrul' hUl](lU eiro, cup c lu dnlllnudo, p c de

palo, denle d e OllI'O, cheiro de cllxofre, IOln e gulliJlh u

pl'c lul Cape t.u, pc dc pulo, CJucro ace rl ul' com ° hi cho. till cro comprul' gruyula, bolinu de bico fino

POI' Deus, qu e e ll lluer o, cupe [u, p c d e p ulo! TOllle gullinhu pl'e tu I

T alvez n iio fo~~e ~ .. ) 0 cupl'i cbo, De­JIIui s, ,~e cO llfc~~uva i1l1\lo l ellle pl'U :1I1U­

li ~a l ' ~c u dl'UIliU illlimo, Dizi u Ul'unw CO II ~ei l! lIl c lII c nl c : uill ­

(i u aCl'ediluvu ([u e 11 Iheu ll'o C u vidu se pl u,jiu vulli IIIUlU I1 I1 )(' lIl e, () ci ll e1l1 U SCl'i u uss irn UlIlU cs pecie de gigolO de umlJos, NUIICU Ihe illll lO l'lul'u quem £os­~e 0 cOl'onet.

A pl'incipi o quiz fazel' SUII vid u, OI'T d enou-II , cu l al ogou-u c pl 'C PUI'OU-SC pl'U I'cu Jisu-l u, Com o tlnh ll ulgulli ludo, bo­l ou I1 U conlu illlpl' c vi ~ los e [lc idcntes, Mus selll pU l'li c ul u l'i ~I II ' ou disCI'i1l1il1uI',

E fo i sc II gucnlundo ulgUll1 l cmpo, o primeil'\) mcz, 0 s('gul1do , " Apcnus Ulna coisa SCIII impol'tnnc iu : UIIIIl <lu e­d o, Algo peri /!os u : f icou CIII cs l udo de ch o(Ju c, J)US~OU llliS di llS de CU lli l l.

Fi cou I'ud iu nl e por((II C comCmOI'Oll 0 uni vcr surio II U dul u j usl u qu c huvi ll rn ur cudo: X de 11 0 velllIJI'O, jJu xu l IIUO houvc 11 '1111UIII CO l1ll'ul(,IIIPO CPOI' c llrnulo d c co il1 c1 <1 en c: iu 0 di u X <I e 11 0 -v{, IniJI'O culu IIUIII U ,~ l'x tu - fe il'u , Tul ­(!uulmclIlc h uvi u J)l'cvisl.o,

Mu s quundo cb cgoll II c ,~ l c pOlli o, PCI'­cebeu UJrlU coi su ,~er jll : 0 11111 01', AII {ls l orJ us us coizus Ihe J) lll'cclu llI SC rlll ,~ 0

I' esp cll u v (' h ; , ill cl u ,~ i vc us 'il'cu nspe­elliS J)l'o(Jl'i om elll c fili us, Pr(Jpl'lUllI clIl.e dltus !Jelo dlcio llul'l o, p el us peSSOllS m uls vclhllS ou livl'!) do rn (l x imu H,

DC'/,'Jo IH, Il ntcH lTI es mo dc CS'l'C VCI' quuiquor l'el(ullllYlCIl to ) Hohl'C u 1I 0 VU dtl8cotJcrtu, p en SOLI (rll e () umol' lI ilo err! umu colzu, mliH 11m j;H'oh I OTlIll, '/l c -

(MA CEIO')

o TRAVO

zolu vc l 'I Nuo Ihc illlpoJ'l.uvu POI' em ­((u olli o ,qllC II lio , Ihe linhu sido pl'O­pos l o, I .. sc ,adlllll'Ou disso ll UO ieI' ~i ­do ,llllldo obJ,el o d c ~ u ns cojilu',:oes,

1' ,lI III,vo OSS JII I "di ,\~ o" com ceri a su-1 )(' l'I o l'~dlld c ,l'~ ll ec illllll l' lIl c COlli os ou ­II'OS, Se d C~ldlu u SC POI' CIII equll ~:oCS e ,S€; SO IUCI?III11' coni I l l'cs l ezlI , /) elJ o i ~ pi 0 qu ' VI CSSC l1pli cnl' in II f onnuh c? nseguidu, SCl'ia , qU ll ndo · IlIlIilo lllll :' SIIIII: les J)I'OVll : I'l'lIl Oil d os no ve,

Nuo uc:cl'lo ll a pl'ill eil) io JI ' ( ' " ,CCOll1C­COU, ,O~II ))llCl enCIII, ('0111 m clodo ul " quc CII rllll se co n vcnc('u (I" I' l .'I 'd C L' ,I • IIU I I a-~ ,c pc () llI en?s nlunl ti llS 11I 1I1elll ll li c' IS lodus clns, Se lll CXCL'lu 'lI' IIIC" ' .. I d ' C II ' ,,111 0 u l u-',011 ( n el , () clllt-ulo dlls )1" ' l"foIdes ell" 'l '" 1 obubl -_ ,. " vel IJIIIOZUS Hc I 'l " , IIUO euclidcun ll,~ dl\ lIi( ',nl o nl~ "f 1t' :I~ l chcws l< y e epigon os, ' , 01.' -

Novil IIdndl'ncuo Fnl l10 ll iiu Cl'li l uo sill j e'l II ' F , ~ n cH~c i o (' ICIICills ex nlils 1\;111 '1,: , XOII hlllUVII dlls , , , VeI' l lit ' -CO lIl l'IlVII 1I IIdllllll li , , C IIUO CII -1I11qucll'S l' ,~ llId u " t,IIJ'lI culli de 11111 01'

,' , " li S IlI'( c C:OIlV('nccl' IlI odes lllllH 'lI l' ' UI ~ IV I1 se (luiz{II'u helll PI'U s i c quo 1111 0 ))es­€l os IIl1I1I CI'OS: ' () I' lIt ' , () J>l'cslljl o

Se <lil' IJ IIl COlli lII'dol' ' hl o l (l /!l c lI ,~ , N pCCSSlIl'lllll1 ,JlI' IiS CICll ci us Vl l.l lll d(' Ih (' e"cl ul en I e cllI s II l l -, " 'ce /' J' I ZII , Niio Sl' ill U(II' III I I qllu qUI'l' co i -M ' 11111( 0 1111 '

UN NC s llll ,~ fllZill pelo ' IIZI nndll , 110 d(' d l's('oIJl'iI' Il ( 1,IIISIIiO LJllolhliu -lJ edol'il! hUIII IIIIII , S:',VII ~ sCllCIIIS tlu SII -1) 11 IJII CI1 I' com escul'ld~~nl c vc IlI' lI I'l flo h l~ l'l(l ~; IIIUlto II', , I 0 SUlls d esco-

, COil I'lll'lo .1 uO pellSlIl'

SEBASTIAO OIAS

d e sell ~ IIl es ll'(!s verifi ('l\vII d e ViHII ha­vel' nl />!o :ill'lIl do~ III II II l'I'OS ,

I ';slucioll ('0111 Urin C: ll mllil us lII atel'ia .' , Se ('squec('u d c Ill el odos (' ca l l1 l o~l)s, So linhu UIlI H Pl' (,ocup :t~' :io, Uilldill (~e u llci eus :'1 vilill e s (' I'('('o lh (' u lI a so­Illudc,

Muil O tempo, Selllpr( ' a IH'lI sal' 11 0

IlWg llO e uni co pl'ohlclll ll. Tinha fllji ­d o ci os h 01l1 'ns III IiS II Itulnunid /l d(' lI :io lit e f~ z 0 IIl es lll o , A LJuda ('Olllpli (,lI dll IIIUIIIlII1I\ I;oei ul l' adlllil1i slrll li v/l (Jil l' C~)lJlH 'el' l' lI nos livl'os PII Z(' 1'1I S('US S(' I" v l(l;>n~s llll ~ UII pi sta,

I' 01 pal'U II pl'izuo, E fiz l 'l'lIl1l - lhc Wr­/>! UI1I ~s , COI lIO hll 1111111 0 It IIO ulili znss,' <1:1 111I/>!Ullj('11I lII' ti euflldll, porqlH ' ('sli ­V('ss(, fo r:I d o Irul o (Jp S('US SCIII (' lh ll ll ­I cs, n uo o~ CO'lIlPI' (' (' lId l'u II CII1 1111'S POlldc 1'('spo l1d 'I' , F ez sinlll ((U L' <'S (' I,(, ­V l',~.~ ('III,

L l'u l'nl uo qll l' Ibl' in((uil'i rull do S(' II

nOlll l ', idlldu c ~l' X O , l Olhou ('O ltl pl'o rund u l'sjl1l 111 0 )!I' ll odos Ill/udes ri els 'uIlIpridoJ'('s €III ki ,

Pi'll ~od o IIqu ch, up el'l il o so k Ill' d( ' 1' (' ­

cep \'11 0 e IlIlldlll)do 0 Sl'llIlJl lI lIte )!I'll lllli ll (' 11 (' 11111 I " ' , I II( 0 1'11 inlellllllilldl' I' IlH -Ilide illdizivd , e~ l'I' ( ' V ~'\ 1 tJ'( 'S Vl'1,('S (01 0 lllllil J " '

N Jonl II lell' li dllr'( c SI' I)II I'/ld/l :

AO ~Et. ' ' , , , 1 ~1I1 SC:I!jllid ll 1111 llI i zur irol'd ioZil SlI jJn­ZI~: UO qll e I -I ' I 111 0 (' lII Ollci cs,' ('11I lodos 11'11-

I Uz II II i II S(' ' - , I' S II

' . rl ~· Uo elll li l'zo ll o II 1011111, o ( ltll' lo ,~,

(lHO)

Page 63: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R evhta d e Antropofarla 7

os TRES SARGENTOS

A timidez da r apar iga . d '1' . • ,aln a mal fa

1111 la nzada Com 0 lug f' -. a I', Izcra com que Ulll Impulso r ep cntino a . el

. lIl V asse com as llla lS r eles fr equ cntadoras do p asseio. Quando a mulher se ofcrecia tanto, 0 h om em invcrsam ente . . se r etra-la . e a aprOXlma~ao pFrciia -se. Naqu ela felta, embor a Com decrescl' lIl0 I t · h ' a mn-a In a obteve m ais exito d . 0 que es-

p erava ap ezar do r ep ente qu e Ihe es-capara; seu asp eto infantil , novidade na zona duvidosa, C31lS0U grand e in­ter ess e no grupo cios sargentos.

Para cer car em 0 ran ch o das mulh e­r es foram os r ap azes a te 0 melhor pon­to de esper a do p en :urso, na encr uzi­Ihada front eira ao coreto. Alinhados p elo cotovelo como 5i es tivessem na r evis ta, fica r am a I'sp reita na beira do caminho onde tinbam subido para enxergar m elhor. Resistiam aos en­contr6es no a nceio de d is tinguir a ra ­pariga e as companhei ras na tu r ba qu e p assava, esfor~o cada vez mais cus ' toso devido a afluen cia cada vez mais densa de gente naqllele momento. A dificuldade do exaille a in da era au­mentada por causa dos colegas espa­[hados p elo parque, p asseando ocio­sos, e que se j untav~m aos sargentos, demorando-se em con ta r ou trocar pi­Iherias antes de seg'Iir na esteira ci e alguma saia . E staVaf!l por ali, como todos , a procura d e [lven turas. A pro­sa com os milita r es Ell contrados pelo caminho nao passava de pretexto para esperar algu em que desejavam desco­brir no r edem oinho.

Nessa altura 0 m udo como urn co­nhecido se abeirava de outro nao va­ria va, er a sempre a lus ivo ao que am­bos vinham fazer n ll pa rqu e. " E ntao p ir a ta, sempre invocando?" " Que e qu e es ta faz endo a i ?" "Esperando a Deu­sa?". Ou, ainda, " Qu e tal h oje, vae ou nao vae?". A qu e 0 in ter rogado r es­pond ia: " F ica firme, banca como eu o Firm iano Pinto."

R avia por esse t empo 0 costume de da r 0 nomp. do prefr. ito da cidade a uma porC;ao de s ignificados de firm~­za , calma, espreita, e pa lavras par ecI­das. A razao nao nrovinh a de qu a l­quer a to ex traordin arin pra ti cado pelo adminis trado r, qu e foi dos apngad05 qu e S. Paulo teve, pfJ r em ta? s6m e~te p elo qu e sugerin a 'J~so n a n CLa de Flr­miano. Dura n te muito tempo 0 "n~ua­ja r paulis ta fez des t!' nome urn adJ tl ­vo q ue se toroou ('orrent e dllrou a l ~m do govern o dallu ele prefeito. .

En tr e os frequ en tqdores ri o ~ a r(lJ m h avia tamb em famili ~ ri sm os mals r es­tritos que giravam incan sa vC'lmen te entre ' a soldad esca of iCOada DO par-

que.

(ROMA NCE)

o JARDIM PUBLICO

IV

o mais conh ecido I're a bistoria da on~a. Circulava pela r apaziada, bran­ca ou mes ti ~a da "Fo r<;a", a grac;a qu e asseverava odi arem as oncas aos pre­tos. Diziam concis ti ;' numa terri vel oger iza, sempre cres(,pnte desde a ho­r a em que uma cangnssu' vira urn pre­to min a. Dai esclanwva 16go 0 solda­do ao vel' a negrada atulhando 0 par­que, " Imagin a uma on~a solta agora nao fica va nem uma ti a pa ra amos~ tra!" , e POl' mais que r cpe tisse a mes­rna cousa, sempre em lorno dele ecoa­vam gargalhadas. Alguns acrescenta­vam modifica~6es ou imaginavam va­rianles, "Qual 0 que, tern cada cara no meio dos joao que s i a on ea enx er­gava era capaz de morrer de susto! " . Decorr en te desta mo<l ifi ca ~ao nascera out ra inventada por urn soldado nor ­tista, fazedor de quadr in has e contos, que percorriam 0 quar tel em qu e ele estava indo ate aos oficiaes . :\a r rava a h is toria do dornari or de circo qu e pretendeu a limental' f l10rme onc;a com as negras do J ardim. Para aqu ele " ar­ti sta" , (denomina~ao que 0 povo da a todos que se exih~m em publico) consegui r seu intento foi preciso tra ­zer a onea perto do tan que, onde sol­ta investiu con~ ra as mulheres que passavam. Nao demur nu muito volt ou o bich o fugi ndo apavorado de uma pre­ta qu e gri tava, " Que on,a linda, meu Deus ! ~fa is bonita do que defunt o Bi­nidito meu mar ido . .. ", ao passo que a perseguida apelava pa ra 0 dono afim de que a protegesse da mulher . A his toria, e semelhan tes, es tava a rina­da a ingenuidade co auditorio, na mai or parte, composlo de horn ens vin­dos da roc;a ou de ~e rt 6es longinquos.

Longe de on~as e de perigos demo­ravam as mulb eres I'll : apa recer. Com o tempo aum~ntou n impacienci a dos r apazes. A desord em on multidao fize­ra com qu e elas th'e~sem rei ado por di Ye rsas yezes 0 gru pa sem serem per­cebidas.

A demora ir ritou 0 ma is magro dos sargen tos que acus01l os outros do desencontro.

_ :\6s de"i a tcr fal ado 16go ("om ela . Voces sao ledo mesmo. sim nao da cer to, quem fal cava<;ao nao dormc.

Do cc nsura par tiram aprecia<;oes ob­cenos feiln por lodo clo grupo acer­en das mulh ere~ em RHal. daqllc los que t?sperovom no momen to.

_ Voe v r que i:i forom embora . _ Paret'!' llIesmo . .. _ Vumos cn llio co p rar a l ', 0 mo-

xixe7 _ E lf nii spero. Ie 0 maxi x

mui ln coisa, vou embora.

Y AN DE ALMEIDA PRADO

- Eu tambem, mas vamos esperar ainda urn pouco,

- Que'speranca, j il passa ram, p rto de nos mais de urn par de vez. Fica r aqui com endo mosc nao e comigo, si voces qu izer ficar fiqu e, eu y OU em­bora.

Era costum e da banda terminar 0

concer to com musica de dan ~a. que no momento esti vesse (-m m6da. ~1u itas

pertenciam ao r egcnte Lor ena, q1l e grangeara fama gru',a.:; a difusao dos seus tr abalhos em rp\'istas de teatros popu lares. Quando os sold ados da po­Ii ci a a ele se re feriam davam-lhe urn " £ ta" admirativo alll e~ do nome, que des te modo entrada no 1'01 das cousas admiraveis da For~a Publica. Tamb m os sargentos pa rtilh :.Ivain da admi rac;ao dos- colegas porem 0 insucesso da es­pera tornara-os mal humorados.

A insistencia de unl deles venceu a r esistencia dos out ros. Dir igiram-se devagar em di rec;ao da saida percor­r endo com a vista II.dos os vultos fc­mininos que alca ncavam.

- Eu conhe~o aqu ele pe soal, e ram peiro, nao va le J. pen a perder tem­po ...

- Ah ! Voce conh fce? I ndaga ram 0 outros in teressados.

- Ja es ti veram d~·ia-h oje POl' aqui. Eu es tive ma rU and'l ela, tLn ha um grupo pronto para en tra r oa con ve l' a, quaodo chegou 0 grude do Colatino que eslragou tudo. Flquei com lima rajya . ..

- Sera entao 0 pe soal do yinte­quatro? A ~I a ri asi nha me di se que e -tava esperando as I :J parigas que e ti­veram no mez passat\o em Campinas.

- :\ao e nao. Eu pas ei hi hontem. E ' outro pessoal, d~s(onfio que foi a mais a lt a que pegou urn fuba no Ze ~1a r i a.

- Qual e dela ? - A vest ida de brnnco com ap. to

preto. - Qua l 0 que , nao l: es a nao, e 0

que voce fala j:i ei C;UPIIl e, e to \'n por aqui me mo, ma linhn uma ola \'er­melha na blusa ...

Todo riram. - Do pira lnria hCI1I rolo to' capa,

nem a blu a \ erml' lh <l d,l Ila! alh­nho qUl' roC\cia 0 1,InQuc e a me ma coisa que molnl1llro qllt' tIra ('<("acha nn run i de Abril.

- Y OIllO, \ ollar? - C~ u(lIdo hOIllC llt. "01110' (,llIbor .

mai corJlul ' III tlo~ Ire 3PQIOU o n\ Ill' .

- ';'\0 \ t"1l ra dl' ri'cnr (l pun 3 n ,' nIl' oflO a "'poru n,l 8ma ...

nlillus l

Page 64: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

8 Re.,'a'a de Allltopofar'a

BRASILIANA \,1

FOLBBTlM Du romaoC"(' 0 .oldado dHtOnheddo (0 h ... roito Itgio­

nario brui1 .. iro)_ dr Zeont o d'Aharnil , PI\. dn CasR Enit -nt VN.'c.hi do Rio de Janeiro, (sse . II. cap. XXII! intitu lndo o rutrrilh .. lro Ab-EI-Akrim, p. 171 :

-0 guerrilbeiro, acostumado no S('u ,!omiu lO nbsolut o . - trilM u a rt'si tencin inesperada daqul'iln joycm e per-

guotou (riaIDt'ote : _ Quem es tu e de onde vens? :-o t'lia, OUill to rn (irru e que surprebendeu II todos os pre­

eotes , 4UIDffiint amentc respoudeu: _ Cham ·rne :\'elia e sou noiva do So ldado Desconbcci­

do: quanto 8 0 lognr de onde vcubo. basla ClUe saibas que fui raplada covardeme.nl e pelo leu banda de Illalfeilores 1

_\qut'lla capliva era a no iva do Soldado Desconbeei-do 1 . • .

Que rnaravilhosa presa I"

CITIsMO

Circular dislribuida pelo Gremio Siha Jaruim de );i­It' ro i (agoslo de 1928) :

"G R&'UO SILVA JARDIM enlidade civica uacional

(Sec~iio do Estado d o Rio) Sede - Rua da Coneei,ao. 2 sob. - Tel. ~I 7i - ); ITHEROY

o GRE~IO SIL \' A HRDnl HO~IEXAGEL\ 0 SET] PATRO:-OO - APOSTOLO DE BRAyeR.-\. CIYICA -Hornenagens no dia de seu nalalieio - - 18 de agoslo.

(:-Oao baven\. discursos: mas, exalta~:ao civiea). SILVA JARDnl nasceu ern Capivary no anno de 1860

e morreu ern I.' de Julbo de 1891. no Vesuvio, 0 vulcao italiano em Napoles.

EM NlTHEROY (A's 10 112 hs.)

- Romaria ao monumenlo da Republica (Prap Pa­dre F eij 6) onde se encon lra a eslalua de Silva Jardim (barca de 9,50 e de 10,10 no caes Pbaroux).

o GREMIO SILVA JARDL\1 preeisa uos brasileil'os (que lem orgulbo des le nome) em lorno no brasi leiro que mais expoz a vida pela Pal ri a, empunbancto esla anna -o seu cjv ismo incomparavel.

NO RIO DE JANEIRO

(De 4 112 ale 5 e 15)

- Sessiio civica na Associa~.ao Brasileira de E duea­cao (Rua Chi le 23, 2.' andar). Devem eomparecer 0 Em­baixador italiano, 0 aviador Ferrarin, 0 jUl'iseonsulto Clo­vis Bevilacqua, condiscipulo do palrono no Gremio e seu unico irmiio sobrevivenle, Gabriel da Silva Jardim. Em plena sessao, ao an ligo escoleiro Armando dn Si lva Maga­lbiies, (que sa lvou 0 aviador Ferrarin) - sera conferido 0

prim eiro 'cPremio EUCLYDES DA CUNHA: va lor bras ilei­ro" , creado pelo G. S. J . no dia euc lydean o. 15 ultimo. ' (Esse premio e urn vo lu me de "OS SERTOES, 0 li vro da rac;a bra. s ileira, (;scr iplo pe lo mais brasileiro dos hras ileiI'OS").

(A's 5 '112 bs.)

- Romaria IJ easa n.' 17, dn rua Silv,l J ardim ( t ' I lB' ) I . . on Iga ~avess a .( a arre lra o~r e eX. ls li ll n Societe FrBn~ai8e de

Gym nas ltque, po nlo Obrtga lono de rClIni iio para posandis tas enlrc e ll es _ SILVA JARDIM. ' os pro·

Trala -sc , apenos , de so lcnnid ode e iviea FOI' SlIP . ' d I " . Prlml 0

qua qu cr caro ctrr f 's llvo ; Is lo COl homc nu N enl D IP " . d" f'I h " a e r et e

- ~e~~;ln,o au . az r' . IS ' 0 ria I 11.1 lin , foll cc ido no BI-osi!. . 'd" :, ' (lf~ 'lshlgnal o 'B' tI ~o .J urdlln lombem (oi - "pere-

.. rlno 8U U : I 0 (0 ros ", foll ccl rl o IH. it oI' . A rpopeio itoJinnn de hojp Icmbl'u (I srn :;~c

brasilcirlf de 1891. Il' usedln Gloria n DEL PRETE - nns ultllrns ! (; Iorlo a S ILVA JAHDnl - 110 Beio dn I " AVEI LAT INI.DADEI Cli O itulinnol

AVE J BRAS IL/ DADEI"

BALCAo

LJVROS A' \'E~D:\ :

~ 3 L/\,RARIA L'Sn-ERSAL (I'. 1- de 1I\)\elll _

oro n. 19 - S. Paulo):

_ S. Leopoldo - Provincia d e Pedro do

Rio Grande do Sui - 2 .. ed. . _ Monteiro Baena - Comp elldlO Para .

~a L/VRAR1A GAZLH.: (pru.; a da '~ 11 . III S . Paulo) :

Archi/Jo pittoresco - 11 \'S. ene. Panorama - 17 YS. ene. Lllsiadas - eom en t. por F;ll'ia e Sl)llS H.

Yieira - S erm oes - 16 YS . enc .. sendo RI -ouns enl I .' ed. " . . " _ Innocenuio F . da Sllya - 111 cCl OTlari o Hi-b/iographico - 19 YS . ene.

_ F. Manoel de 1'le110 - EpaTl(Jphoras d c' rn-ria Hisforia - 1660.

_ Fr. B. Brandao - .U onarqllia Lll .<it!l Tl<l.

LlYROS PROClRADOS :

Pela LH RARIA UNn -ERSAL:

Roquette Pinto - R on d ollia . Ruy Barbosa - R eplica . Oliyeira Lima - D . .10110 ' -I TlO Brasil -

2 VS .

R evisla do Insf ifllia Hislari ,'o Br(lsilciro -tomos ns. 20, 21, 22 e 32.

POI' YAN DE ALMEIDA PRADO lay. ltr i~ Luis An tonio n. 188 - S. Paulo):

- Manoel Cal ado - "aleraso LllCidt' lll O. - Duarte de Albuquerque Coelho - 31011 0-

ri(ls Dim·ias. .- Alvarenga P eixo to - Obms eIll 1.' ct! .

A assinatura an ua~

da

REVISTA DE ANTROPOFAGI A

custa

RS. 5$000

Pedidos acompanhados de Y;l \c postnl

para

Caixa do Correio n. 1 , 26H

SAO PAULO

Page 65: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANa I -- NUMERQ 7

NOVEMBRO - 1928 500 RS .

Revista de Antropofagia EndereCD: 13, RUA BENJAMIN CONSTANT - 3: pay, Slla 1 _ CAIXA POSTal . .. 1.269 _ sAo PAULO

CONCURSO DE LACTANTES

Estao tratando de erguer nao ei on de (mas sempre aqui no Brasil) urn monumen­to a mae preta. Os denodado que para i 0

trabalham querem confe adamente pre tar uma homenagem de gratidao a ama molha­das e secas mas sobretudo molhada da linda cor do urubu. E atravez delas a ra~a escrava.

Eu acho isso muito bonito e como vente porem perigoso. Marmorizada ou bronzeada a preta, as mulatas e as branca protestarao na certa. E sera preciso erguer outros monu. mentos. Urn para cad a cor. Depois urn para cada nacionalidade. A homenagem provocara uma competi~ao de ra~as, de origens, ate de tipos de leite. Por fim os fabrica ntes de lei~e con dens ado tambem reclamarao a sua esta­tua e com toda a ju ti<;a. E havera 0 diabo quando 0 governo holan e eXIgIf uma d- .. para

as vacas suas libdita.

Eu nao estou of end en do. Eu e tou pre­vcnindo.

\ NT6:\, I O DE .\1 . \ :"iT.\I!.\ .\IACII AO

REPUBLICA

Dc 101'0 I do no:" trin lue:

ba le ll a p ria dc D[tO r cdr 2.·.

' eLI Tll1pera 16 de a fo ra

quc nos qu erelllO. la lllar C nla de b hu , j .

~l a nct e vir o ' l1Ju zicos.

o Imperador camarncla r . pa nek

Poi ' IlGl0 meu ' f i lII s n ~io e \ e:-.elll

IlI C cl eixem ca l ar a: chine l;l

podelll en trar a \ on lade.

• '0 pe~'o que n [1 0 mc uulam na. hr;1 cOlllpl L"

la:-. de \ 'j tor lIu .'(.

rHl O ]) E .J .\:\ EIR )

SAIBAM QUANTOS

Certifico a pedido verbal de int r

que 0 meu parente M flO d r

critico do mund m m t

Desunido d r asil. u u r n

JOAO MIRAMAR

Page 66: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Revista de A,ntropofllgia

P'R'O FAN A Q A 0

A cathedral de Ribeiriio Preto no tempo em que

eu era menino

Tinha urn aspecto respeitavel de volume

E uma cor gothica de lijolo

.Que baslava para definir a sua inten<;ao silenciosa

de humildade.

Agora,

Na symetria civilis ada dum jardim

Pintada de vivo

E emmagrecida pela amhi<;ao condoreira de sua

torre

A cathedral de Ribeirao Preto que eu temia em

crian<;a

Tem a elegancia galga e nobre de uma pose.

E no setimo -dia de descanso

Uma alegria mo<;a de religiosidade

Vae

Intimamente

Desafiar as cores de sua igreja

Com a festividade colorida de seils vestidos

(S. PAULO)

A. DE ALMEIDA CAMARGO

LEIAM

Vargas Netto: Gado chucro (versos)

Augusto Meyer: Giraluz (versos)

Mario de Andrade: Macunaima l historia)

Ruy ,Cirne Lima: Colonia Z e outros poema~ (versos )

Menotti del Picchia: Republica dos Estados U nidos do Brasil (versos)

C.assiano Ricardo: Martim Serere (versos)

o NORDESTE DO SR.PALHANO Ha diversos nordestJ:.S. entupindo Iivrarias. Uns, since.

ros: Oulros - e e 0 malOr numero -. exagcrados. PUa mnis ou para menos. Conforme a capacI~ade .de exagerar de cada urn. 0 do snr. Palhano de Je.slls nao ~ Insinccro. E' apenas interessanle. Mesmo ha mUlto de slllceridade em s. s. afirmar nada entender da t ~:ra carrasco e dos seus problemas. Cousa desclllpavel ahas, dado 0 moti vo sim­plesmente burocralico rio seu cargo. E. c p~na . Porque si alguma justi!;a ha de se fazer nes t~ aI'hgo, e reconhecer a sua bela atividade. Gra!;as a . ela fI cam.os con ~1ecedor es da exislencia de todo lim comphca~o SerVI!;O de lIldifercn~a a fome. 0 que ja e mllito para 0 mferno das boas int e n ~6es.

a engenheiro snr. Palhano de J esus. ouviu dizer que havia ,chuvido no Nordeste enh'e F everelro e Mar~o . E 0

engenheiro mezes depois de acurados estudos correu :i illl­prensa para comunicar 0 resultado das suas inves ti gac;6es. E os linotipos e os telegrafos espalharam a boa nova.

" 0 competentissimo snr: inspector da zona nOl'des tilla diz que a seca alual e atenuada,

Choveu no principio do ano. Que saibam todos os ser­tanejos."

Foi um reboli!;o. Houve ate salvas de bomb us reaes. Atenllada!. .. E muita gente come!;ou a respirar satisfeita­mente. Que' beleza!

Si porem 0 snr. inspector houvesse levantado gatlo magro, batido macambira, levado na pele para a terra ca­rioca 0 vergao do sol e a marca das jllremas; tivesse cOllli­do, carne de ceara com rapadura, arm ado a sua rede nos galhos dos umbuzeiros , marchado no h'ote duro de burros estropiados, leguas e mais leguas atraz de pasto, nao teria o afrevimento de tamanha el·esia. Porque, contra todas as suas previsoes, a seca come!;ou depois das chuvas. E' que essas chuvas cairam depois de um 10ngo ano sem pingar. E cairam espa!;adamen'te. Ate entao 0 unico recurso do sertanejo para conseguir tel' de pe os seus allimaes, era queimm' espinhos. Bater macambira. Com as chuvas a ma­cambira enverdeceu. Niio queimou mais. E a ram a que nas­ceu era fraca. a gado come!;ou a cairo Os giraus e os tan­gues foram arm ados 'nos r evesos. E pel as estradas pociren­tas, rlebaixo de um sol de endoidecel' , come!;ou 0 ·sacrificio das re tiradas. Retiradas vagarosas de 311ima,es exaustos c de hom ens abatidos. Tinha levantado 0 tempo, definitiva­menle.

Snr. Palhano, leia is to para quando quizer fazer mais uma gostosa pilheria.

Nao s'aos os a!;udes e as estradas que resolvem as n05-sas elernas questo f.ls. Nao deixa de seI' isso. Mas sao sobrc­tudo meto.dos r egionaes de educa~ao, medidas inteligcnt es de aproveltamento. Para fazel'lnos verdadeiramente obra de constru!;ao, temos que enxergar 0 Nordeste como uma re­gi~o_ a part~. E especialisal' entao pm'a cia educa!;ao, inst i­tI!I <;Q~S . socIaes ,. admillistra<;ao. E isso simples ll1cnt c. LIna SI~lp~I~Idad~ pnmitiva e 0 que cxigcm os problemas tin "Ida pnmIhva, dlZ Chesterton. E nada mais primitivo que a VIda nos nossos sertoes. Querer, POl- cxemplo, a lfabetizar essa ~e!lte antes de educal-a na pratica do trabalho da sua terra. e Incorre~ na eterna Qu estao de come<;ar pelo fim . Porqu e o se~taneJo s6 e pregui!;oso nos sertoes. As fazcndas ri c cafc em . S . PaulQ e os sel'ingaes do Amazonas niio tiverom bra~o maIS forte. Explica-se isso pelo completo desconheciJ11cnt o d?s re.cursos da terra pol' parte deles. A cria!;ao e mais_ IIIH

dIvertunento - e a sua cole!;ao de selos. Criar bois naa .c c.ous!, que cleva SCI' enxergada como fa ctor economico pOS I­h~o no. no~so futuro. As secas nao 0 permitelll . E qu andO n~o. foss ? IS50 a cl'ia<;ao em largll esca la no sui do pHIZ. ~::I ~ntto em bl'eve pa!'a a industria cia carne, Ulll IIlCrC/I-

_ . p ,0, meslllo mlll1dl al. Como faetol' de dcsval o l'l za~.10 nao se pode desejm' mais poderoso. lei ~ 1.10SS0 I'eclll'so fabuloso e 0 algodiio. E imposto pOl'

robl sIstema. da pequena Pl'opl'icdade, tCI' -sc-a at acado 0

P E~~a capItal cia n~ssa cCO nOll1iH . . ._ xergar a~ necessIclades do Nordes te como de cl'I !ldo

res de gado, e malhm' em reno fri o. So acabanclo CO lli . :IS secas. <?s a!;udcs nao 0 conscguil' 'io Sao apc lIlIS IlI cdHta prevenhva. Medida . . <. , n OS d . pm a a agl'lcuitllra. E' verdad c que _ u e~lcampa.do~ . ,:astos dos no sos sertoes, a hlllllidudc clo: c~u~~~: ~~ll1llll .ndo . . a mar.cha dos vent os, for c;a n que~n d !l~ d'ero 0 de!xal a, PO rem, de entrar como infiuCIIC1H po

sa, 0 copncho climatcri co. (RECIFE)

A. DE LlMEYRA TEJO

Page 67: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

A America acaba dr l'eceber urna grande missao: a missao do entusiasmo. Delegou-Ihe a incum­bencia 0 fino poeta Ronald de Carvalho, nurna conferencia so­bre a moderna poesia america­na. Em nome da mandataria aceitaram 0 encargo, agradecen­do a hom'a da escolha imercci­da, S. Exa. 0 sr. embaixador

ReVlsta de Antropofarla

ABRIDEIRA

I'ecebeu 0 Novo Continen te diz l'espeito ~\. actividade espiritual dos seus habilahles. Ora, ncssa materia principalmente, 0 que verdadc para 0 todo, e verd!\de para cada uma de suas partes. Alem do mais, falando em "poe­sia americana" 0 sr. Ronald de Carvalho usava, evidentemente

3

MATEU8 CAVALCANTE

esse individuo se haverlt no des­empenho do mandato.

Imagin emos urn poeta ameri­cano eslaliio. Ele r ecebeu a pa-

' Iavra de ordem : "Enlusiasmo, hein! Multo entusinsmo I" 0 poeta americano c brioso. Nao e preciso insistir. Ele dora conla do recado. Emperligou-se. Res-

Morgan c a selecta assistencia. If~~~~~~~~~~~~~~~~~ Segundo todas as aparencias

pirou - 1. Espirou - 2. Outra vez : 1- 2. Bem. Bateu no pei­to (com for9a) . Fez urn olhar

o que ditou tao sabia decisao foi a necessidade em que se viu aquele poeta mod ernista de definir 0 espirito america­no no que ele tem de original e inconfundivel, para, pesqui­zando as divers as modalida­des desse caracter geral em cada urn dos grupos etnicos deste continente, ast'lignarlar­lhes uma voz a parte no COl'O

das civiliza~oes contempora­neas. Para isso era preciso perscrutar as tendencias inti­mas da America, que devia sentir-se a vontade no seu pa­pel, destinar-lhe uma func~ao compativel com a sua indole: "The right continent in the right place". Reservando-lhe a missao do entusiasmo, 0 es­teta dos "Epigram as", coe­ren Ie, alias, com os seus pre­ceden tes in telectuais, reconhe­ceu "ipso facto" em tal missao o -pro cur ado caracter difere~ ­cial. Para ele a poesia a,m ~l'I ­cana sera a poesia do en tUSlas­mo ou nao sera. Essa Ihe pa­recendo a sua finalidad e ~a­tural, foi disso que e,Ie a ]11-

I· d assim cumbiu, of ida Izan 0

uma situat;:ao de facIo an te-

rio Or. qua-clros vas los difi cult~ 111 s . Nln-cnsao das COISIlS .

a com pre . - I la l &de ler um a vlsaO 0

guem P . _ '8 1u das da Am erica Sln ao na cs_ . _

f' E nuo . 11 carlas geogra Icas. -, dl' fi il r _

. d ' cluan lo c ceSS8l'10 Izer c 86 na r ealidacJ 0 qll .

conheccr e dds I1lI1PUS, se conh ece alraV s . ") I'

. m cm r cl VO. I 0 ainda que seJa . outro lado a incumb ncW CjU

LUNDU' DO ESCRITOR DIFICIL

Eu sou um escritor dificil Que a muita gente enquisila Po rem essa culpa e facil D .. se acabar duma vez: E' s6 tirar a cortina Que entra luz nesta eseurez.

Cortina de brim ~aipora Com teia earanguejeira E enfeite riiim de eaipira, Fale fala brasileira Que voce enxerga bonito Tanta luz nesta eapoeira Tal.e-qual numa gupiara.

Misturo tudo num saeo Mas gaiieho maranhense Que para no Mato Grosso Bate este angii de caro~o Ver sopa de caturii; A vida e mesmo um buraeo, Bobo e quem nao e tatii!

Eu sou um eseritor dificil Porem culpa de quem e! Todo difieii e faeil Abasta a gente saber. Bage piche chue, oh "xavie", De tao faeil virou foss il, o dificil e aprender!

Virtude de urubutinga De enxergar tudo de longe! Nao carece vestir tanga Pra penetrar meu e3Ssnnge! Voce sabe 0 franees Hsinge" Mas nao sa be 0 .que e guariba 1 Pois e macaco, seu m~no, . Que so sabe 0 que e da estran)8.

~1ARJO DE ANDRADE

duma ahstract;:iio, qu c pr ci ­so nl cnd cl'-s no s 1I vcrdad iro 's ·otitl o cl · " po sin dos nll1 cri ea-II OS, d d ' ru da

PlIra

eudu a l11 ri aoo, cO lI si­III eo njun to". ndlhor omprcc lldcl' 0

IIlcon c du IIli ssuo <l rV(' 1I1 S, pOI'­tunt o 'IIU l11iIl U-Iu do ponlo dc vi~ ­to do il1<1ividuo lIllI Cl' ic(1 11 0. J) \ se modo tudo s n'clllz II ubt'J' . 1110

sobranceiro. Pegou no chapeu num ges to agil e elegan te. Saiu seguro de sl , pisando duro.

La vai ele, dominador, alli­vo, com uma chama estranha a perpassar nos olhos deslum­brados.

-Quem e aquele camara­da '!

-E' urn americano, 0 poela.

-Ah ! e um americano ! e o 'Poela I

A muItidao se cu rva a pas­sagem do vale. La vai ele do­minador, aItivo, com uma cha­ma eSlranha a perpassar nos olhos deslumbrados.

- "Alo, poeta I

- Ale-guB. gua gull' Ale-gua gua gua ! hurrah ', hurrah I America I

- E's do campea o ? - NflO. - Qucm c esse en tao, poeta?

Agora reparo lI essa chama e -Pranha a Ie p el'pas ar nos olhos de lumbrados. Que que lu tens hoj c ?

- En tusia 111 0 !

- Viva , PC!~o s l c a c: nl na I E (' r 'v sIr a obra - primo ! All1 as C l'S alllado ! Amor l' Bel'

amado, 0 C[u vcolura I

- N ' i I En tlio'? Fll io. 11'1 (' 11 ~ uro. I\t

digu 0 qu It a ... :\I,io s i Il lio. mii I So orell'.'·

en II i lin I. Il1l'U ni!Ro. li o II (,~St\. ond (' ('~ t nnl

ru dn l' IIf'l'l' lldn .,

qu fo ­ttl a ho·

(AI I E .IA:-'TETR )

Page 68: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Revista de Anlropof&gia -2 POETAS E 1 PROSADOR

VARGAS chucro

1928.

' ETTO - Gado Porto Alegre

o poeta m esmo confessa no fim do volum e: 0 que cantei meu cora~ao mandou. E como e cor avao gaucho ditou versos gauchescos. 0 qu e nao e rigorosamen te logico mas explica a r e­~iona li smo do Gado chucro.

Ali as urn regionalismo que se en­tende, sem abu a d e expr ess6es e a lu­sacs locais.

Vargas l\' ello exalta a paisagem e a vida h eroica e traba lhosa dos pagos. Com a entus iasmo e a forca a que j il nos babitua r.am as poelas d o sut. No a uto r de Joa por em a inspiracao e mais popular, a Irovciro se m a nifesta de JIlodo m a is fl agra nt e. Al em rli sso f! rilmo qu as i scmpl'e e mal'cado, a poes ia vir!} cancao scm qu ercr.

A gcnt e ca ntaro la com gus to cousas assim:

Tropa crioula de gado sem costeio, de pello desigual .. . Tropa de gado que nao viu mangueira neOl la~o jamais ...

Ou entao:

Negrinho do pastoreio, (IUe malvado e teu patrao! Vae te picando miudinho depois te amassa na mao; e te enrolando na palha, com cuidado, de vagar, encosta 0 fogo na ponta, negrinho, pra I.e pitar!

Gosto m enos d a parte denominada Poem a daB Missiies. Nao porque nela tenha sido infeliz 0 cantador, Mas por­qu e acho pau e jil surrado pa r d emais

isso rl e glorificar em vc rso 0 passa do brasileiro. 0 talento d e Vargas Netto nao tem precisao d e bater no bymbo pa tri oti co para mostral' que aqUl nas­ceu.

CHARLES L UCIFER - ey­nismes suivis de Sensualis­mes - Paris - 1928.

Escr evendo em frances a poeta bra­sil eiro que ado tou a pseudon imo d e Charles Lu cifer pegou a gi nas tica poe­tica la d a Fra nca. E com essa gin as ti­ca a desprezo alegre pel a mundo, sua gen tc e sua s cousas. F ala da ta rd e que

.. . finit come une deperhe san s s ignature pour Ie r end ez-vous du couchant,

do di n q ll(' se va i e qu e

... se moque du monde et en prend conge par simple politesse •.

do cr ept'lscul c,

ou hrille I'asterique de Venus rappelant un solei! mis au bas de la

page,

lJaru d epois concluir :

On s'en passe .. .

De moria que a genie d eve conside· I'a-Io como fra nces e nao como brasi­leiro trariuzido. Porque ele pensa e sente cm fran ces. Do contrario Copa­cabana nao Ihe sairia assim:

Le promontoire chirurgical surgit parmi I'ouate des compresses d'u portefenille de ce soir operatoire,

A. DE A. M.

Et sur Ie ventre d e la mer d ' un coup sur et soudain luit Ie bis touri tran chan t du phare en tour de force lapa ratomiq ue,

Dans Ie bas-ventre hori zontal coule sur la concavite d e la plage la plethore blanch e de la leucocytose nebuleu se de lu.

mieres.

Opiniao provincia na ta h 'Cz: a pocsia de Charles Lucifer e um eXl' rcicio.

Opiniao nao provinc ia na ta l\'l'z : a poesin d~ Charles Lucifer e um axo. fa ne.

Est {t claro que niguem (nem eu mc _ m ol e obrigado a adotar uma das dua .

:lW.\' TIE L BALLESTERO. - Mont.evideo y s u cerro _ :lIon tevirieo - 1928.

Sao CQ ntos sincop arios com urn pou­co' d e satirn e urn pou co d e iD \'cn~iio. Pcnsa ndo beIll: mais d e invC'n ~ao do qu e d e qua lqu el' outra causa.

E' a se tim o li vro do autor rl e La Raza. Autor inqui eto I' apressado. P rin ­cipa lmente ri e u m born hUlllor qu e n:io tem fim. P assa goza ndo por todos a assuntos. 0 canto cb amarlo 20 Blasco Ibanez e bern caract eri s ti co d e sua mao nei ra : nem e proprimnC'nte ca nt o nCIll d eixa ric 0 ser.

Ignoro se Monti el Ba ll cs teros c jar· nali sta . Se n ao e d evia SCI' . T C'1l1 quali. dades Mimas d c c ronista. Escre\'c COIll extraordin a ria faci liria dc, pOe logo a negocio em pra tos li mpos, pareee srr um vivido.

Montevideo y su cerro tem cou a. que nos do Bras il nao pod emos enten· d er. 0 qu e nao imperi e que se go Ie do rilmo · ' ._ndid o do H"l'o.

= C>=tl=()=(>=()=Cl=()=()= ()=()<=:>()<=:>()<=:>()<=:>()<=:> ()<=:>()<=:>()<:=>()=( )=()<=:>o=o~

NAMORO

m arsinho frio

fazendo frufr!'1 nn cara da gente

e a genle fazendo ca lenLura

de be ijos na 110ile friorenla

- Til com as maos fri as? meu bern

- Mas lou com 0 cornsiio qu nl ,3morsinhol

(nIO DE J TEIRO)

JOS E' DE ASTRO

rw::M ........... .:::==:~:~:: ............. '::~ T E M PRE ZAG RAP Hie A LID A. : 1 :

~

", , ..

~ ~

'il

:1: RUA ANTO ANTONIO, N. 17 ,

~::~~~~~.~::~ .. ~:::.:~:=:: ..... ~~ ... ~~:~ .~. __ .. .t

Page 69: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

nevl~ll de A ntropofar;ia 5

A TARDINHA EM VIAG-M NO KO. SIERIOO

o . mel.) cnlTO vae roda d ' de n reta barren la d n 0 nas eSlradas venoo 0 verde 10 ou e casca lhos e eu you

. nge e 0 verde ' I d . rema s Junto a estrad pel 0 as Jl1 -a . ..

As caatin gas vao se lorn d fregando os 01110 an 0 escu ras es-

. scorn somno

Na carrei r a do carro apat··e~~ d -um serrate e sopc lao . ' , as vezes com uina pedra fin a c

slsu da aponta ndo 0 ceo 0 I ' . taIhbem' .. u lOS com pcdras

palece noo dedos l1Iuito grandes apO!l. ta n?o: - - O lhem a qu ilo a li - E eu o lh o e veJo so deserlos de senas e um reslinho de

:: :; : F

JOUC!! FF.llI\A . OE '

lu z do sol se ac.a ba ndo na, corrulld:l'" d ' <;

sen'as, vercles . " verdes .. . ' , C?ull'as pedras ; lgrl1pacla~ e enfeilada ... de I achel I'OS \'ao passa ndo 1l :1 I igerezrt cia via . gem ...

. E 0 ca l:ro COl'l'e nil' :1I'VOI'.' ' rr61('<; a le que a boca -cla -noil - eh 'ga a g"ls~tlh a ntl III I~ aee nd ndo os olhos dos bacur/lu- (f 'l~ ra p . ) . ' ", ' ., , ozas, (as lacaras, nn l s que 0 lIIell cnl'r abl:a .Ia lllbelll os s~us olhos nlra palh:HI~1' . do~ I>l chos .qll pI' Clzalll gal1h ~11' 0 sell p ;i :.I

nOl ie, rarcJando nas es lr;lcl<1s . . . '

( ~AT.\ L )

~o ~ .:f..vnl..o ,",,<l. d'Vu£, : - p{JU. ~an-t~o, ~~ u:. / ~ ~~' ~'IOO

qtlt~ f1 lJQjH1n1hd Wt3 1#8]

Por ler saido com incorreccoes no n. 5 re­produzimos 0 "Lundu do Escravo" que lara parle do "Compendio de Historia da Musica." de MARIO DE ANDRADE ja no prelo.

Page 70: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

e Rev I • tad .e Ant r 0 po' a If i a

o POEMA DA ESPERA

MARIO GRACIOTTI

Hontem, eu fiquei na esquina. Paradi­nho. Feito lampeao de bairro pobre. So pra esperar voce. Acho que levei mais de uma hora, eo solzao do meio-dia cantando no meu lombo, que nem cigarra, uma can~ao que ate doia. Mas, eu firme. Nao arredava pe. Voce tinha entrado e tinha que sahir. A' muque. E saboreando voce como se voce fosse coisa boa e goslosa pro meu paladar. a grillo ~a rlla -urn hungaro todo azulado - me dava cada grellada que eu ate estremecia pOl' dentro. Mas, finne. Eu me lembrava, romanticamen ­te (e 0 sol queimando no lombo .. . ) daquelle olhar meio-doce qlle voce mandou quando entrou na rasa .amarella.

Esperei. Ell parecia ate a sombra ima . naria de urn poste que nao existia. Qllan~l­voce rumOll pra ci?ade, ell fui atras. Mas, vo~ tei depressa. ZUnIram nos meus ouvidos a '

"V • - s taes: oce nao enxerga, sell convencidoI" Passei, na volta, lao tonto pela esquina'

que levei uma trombada de automovel. Escal': rapachei-~e no asfalto quent~. Dc bru~os. Com poell'a na_ boca. E 0 gnllo - aquellc mesmo hungarao todo azu]ado - deu lama­nha gargalhada que botou ruas e pra~as nos meus pes . .

Tambem, nunca mais!

(S. PAULO)

PAIZAGEM DE MINHA TERRA BRASIL PINHEIRO MACHADO

Manha de domingo de sol relo. A grande igreja sem estilo De~orada por dentro por urn batismo de . Cristo FeIto por urn pintor ingenuo. Que quiz ser c1assico e foi primitivista.

Missa internacional Com. gentes de todas as ra~as Ouvmdo 0 padre alemao rezar em latim.

Agente nem tern yontade de olh .. Nem de rezar . ar 0 c1'llclflXO dezolado

Porqu~ tern hi d.entro tanta menina b 't Que nao reza tarnbem om a E fica sapeando agen te com '. . melgllIce ...

S6 os polacos de camiza nova Que vieram com as f'amir lor ser domingo Rezam fervorozamente las e carro~a Ill. das colonias Emquan~o nos seus quintaes as chupms malvados e 1 Com em todo 0 cen teio a egres Cantando gJorias pro sol d d .

e ommgo.

(PONTA GROSSA)

Page 71: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

DevlIgar ynha ch egado 0 grupo de sargentos a ave llld a Tiradentes, exa­minando :empre as mulheres qUe vium pelo camlllho. Aind a CI'a possivel to­par com as raparigas que de 1I0ile va., gueavam pel a rua Joao Theodoro ate a beira do Quartel. £ra11l de facil COII ­quista , bas ta ndo poucas pa iav ras para ajustar p asseio Ii Ponte dos Amon's ou coloquio no quarto de lim cOl1lpa~ nhciro camal'ada, siluado nos cor ti r,;os da r edondeza. Pat'aram os rapazes du­rant e alguns momentos na llIl'ga cspla­nada que fo rma a avenida naqll('lc ponto. Do lado tl a es ta r,;iio 0 movimen­to de gente era int enso; do lado opos­to iam n lreando os transellnt es II medi­tla que sc ad ia ntavalll p el :) 7. ona mili ­tar. Antes de trans POI' 0 llll i!llo trech o do caminho e chegal' Ii rua que de­mandavam, con eram os sa rgcntos a vista pelo cspar,;o diant e deles, numa derradeira tenta tiva dc enx ergar a l­guma rapariga faeil.

Ao soldado s6 nao convem mulher eontaminada POl' doen r,;a venerca: a cor, idade ou formosUl'a sao porll1 !'no­res que desaparecem devido a escas­seT. do soldo que tudo r eduz it lima questao. de saude. No entrar para 0 quartel, os recI·uta.s aprendcm, pclo cxemplo quotidiano e pelos commen­tarios que ouvem a todo mom en to, a aproveitar qualquer saia· que Ih es che­gue ao alcance. Procuram as raparigas mais caras e melhores para os dias do recebimento d e soldo, deixando as 0 11-

tras para 0 fim do m ez, quando cstn vazia a a lgibeira. Resulta do cos tume ser fr equente 0 espetaculo de um p ar em que a mulher aparece quasi r cpu­gnante 00 Iudo ti e Ulll jovem soldodo no vir,;o dos vintc anos. EII1 , sem asseio POl'que no bordel elll que 11101'11 ha fa I" tn de ngua (antigament e nos bnirros pobres de S . Paulo as torneiras pl~ra

nada serviam durante quasi 0 an~ II?­teiro). Ele, asseiado pelo banho dlano obrigatorio do qual·tel, de ondc t n.m­bern 0 nao deixom snir com n fm da em desalinho. Apeznr dns difcren~a(s

. 1924 e de condir,;oes, conUnuavmll pOI nno tern lIludado muito) os mn6rcs .en­tre soldudos Iimpos e mulheres nllse­r nveis sem interrupl;ao, sempre na IIl csm~ utravez das levas dc hOIDpcns

, C - EscolR. or Que se sucedinm no orpo . d upn-. lililnnsa 0, vezes, naqucl c melO n I Iher

. - d Ie ta !lIU rccia a infol'lnal;ao e q.'" orcm s6 cstnvn " I)cgando 1Il0lcshu , P d

de provas 0 Ihe davnm credito deante d assim anunciado acidente. N1io sen 0 - d~

informa\;80 supunhulIl dccorrer R IgnrcS no olgum (Iespcito ou rusgo , vu las de­invariavel cireulo (ormado PC

lber da

caidas e ' seus freguezes. A IllU

o JARDIM PUBLICO

v

prar;;a de pre nao sae de cer ta rodn, compost a do primciro soldado que co­Ilheceu, dos amigos deste e de todos os amigos etos amigos deles que veio a conhecer com 0 tempo. Quando a ca­bocla, Illulata ou negra, deixava os bra­cos de um infante era para caito nos de 1lI1l cavalaria, ou bombeiro, chega ndo llIuito raramente ao extremo de se ~l llla­sial' naqucles tempos untcriores a re­volucao com guurdas civicos. Estes cram os "galegos", como Ihes chama­vam na giria, na quasi totalidade por­tUgUfzes bigodudos, antigos mocos da lavoira, grunde apreciadores de mulhe­r es de cor, POl'em aquartelados em ou­Ira zona muito diver sa, nos confins ua varzea do Carmo, longe da sede da For r;;a Publica.

Os tres sargentos parados na avcnida d emonstraVm)l pouca pressa em cum­pl'ir a resolur;;no de se recolhcrem ce­do. Rccome<,:ar am a caminhada de ma vontade, arrastando os pes, esmiur;;an-110 0 exame dus mulheres que passavam ao alcance da vista. Ao vcr de longe duas raparigas que iam em direcr,;ao a rna Hibeiro de Lima, um dos r apnzes con vi dOli os outros para seguil-as.

_ Vamos "';cr si ainda pegamos

aquelas. ... _ Va voce. A estn hora , ja quasI no

alojnmento, sem ter certez.a, nao vale a p ena. Va voce sozinho Sl qUlzer.

Todo soldndo daquela zona conhe~c o desanimo de certos momentos da nOI~ te, depois de muito tempo passado a ca ta de nventu rlls. 0 tempo. vae pns­sando. cnda vez mais ener~aDte e va-

. < edl'da que se aproxllnn a hora Zl O a 11) "

de enlrar para 0 quarte!. . outros 0 trnjecto, Continunram os - Tl

cos it rua J oao ICO-" clll'gllndo nos pou , . ue desceralll lent ament e. A es-

dO\~~ ~n primeira travessa estava ~\l11 qUI de meninas do VIZI-grupo rumoroso b ha-

(it alianinhas como I es c nhanr;;a . . do solaque cnrl'('ga-tnaVanl pOI causa .

ue fala vam e nom alt o. " dO~ ; occ si alelllbra Celes tina , do ca-

. eu teneva? nannho que d I ? ' Me alembro si lll . Que e C.

. dei:«O COlIIcr 0 gato .. . - SI . 'dc ouvir fnlar daquelc 1110-o hnbll.o

s snrgcnlos nchassclII . pedIU quc O. do \III 011 versa das lIIo~"as. ('x trnvnganl e a C . 0 gl'upo . lenll\luenl c pili a

Olharl1ll1. n . bcrn nl es de sRude e dos nlCJllnns. cxu. lipos v('rdadei ra-

1 QUi." hnVIO vid n en. de beleza popuIHI'. . menl c hlldos. . se negocio d e 1II('U1-

Pnl'H 1111111 CS - T nao vale nudn. nns de fonll In

. milll tambero. '. - Pal11 5(,1' bonita COIIIO qUl zel , da - pode pOl' 01 aloll, pas-NSlllo rar

nO meslllo. t ndo em seco COlD Sllr IlS noiles arre II

YAN DE ALMEIDA PRADO

menina que so qller casal', (: coisa que ell passo.

- Nem comprendo COIIIO 0 Tito gas­ta tempo nes.sa bobagem. Ele conta mllita garganta mas eu sei CO l1l0 C a cscritn. Ell tambem ja namorci muito noutro tempo, quando eu era anspes­sada. Sei 0 qlle e essa ca var,;ao, nao se pode sair para long~ porque a lnae nao da licen<;a, nao S\) pode fazer nada POI' cssas ruas pOl'que tem sempre uma amiga 011 conhecida que est ~i" vendo, para dal' Ulll bei jo e a 'mesma coisa que acertar no lIIilhar. S6 mesmo num dia de chllva, escondido na porta aa casa dela", quando nao passa ningu em, mas pertiuhu da familia,' dc relance, e que a gente chegn perto e isso mesmo COlli muito luxo. Nao me serve, nao.

- Tem cas os diferente. UllIa vez nu vila Sa Barbosa ell fui atraz de Ulll 11111-1'0 e dei de cara com dois que estav8m ali de pc. A mo~ quando me- viu deu tamanho p'inote que ate os grampos do cabelo desprenderam eaindo no chao. o rapaz era wn cabo do segllndo que achou ruim. Eu Cui, disse para ell' que nao me ineomodava com a vida alheia, qlle ate si ele qllizesse podia continilar a vontode que eu nem olhuva.

- E continuou? - Qual 0 que, a 1II0<;a corria que

nem doida. Sumiu numa travessa e nunca mais vi ela.

- Entao voce elllpatou 0 cabo ... - Foi mesmo. Mas tambcm quem

mnndou naquele lugar. Ainda ('Ics ti­veram sorte que nao foi 0 Cassiano Clll vez de milil.

- Mas isso acontecia hi para os la­dos da Viln. Aqui COlli esse 1II0vimento e pessoal qlle traz de noite a clldei ra para sen tar 1111 cIII<;ada. nelll Co boni pen,sar nisso.

Continuaram os rapazes a COlllcntar a dificllldade da conquisla de ' IUU Ihe­r es parn quem nao dispiie de fartos rc­eursos. A ceria altura 0 lIIais CIIlwado peJ'gu lllou si nao iam cmborn. 0 outro, que t'slavR npreciando 0 grupo dus mc­ninns npczar de tudo que tinham clito. "insisliu para que esperassclII ainda 11111

pouco. . - Vamos esperar 0 Antolllo : ",10

dcmorn elc {'s in ai. - E' capaz de demorar. _ Qual ! Ele COrl·C. COITt.'. banca 0

palo alraz das gansu t' depots " olta COlli um brlli o c~rii.o! Aquclas "agnbun­dns que cle l's ln persl'guindo in estR­"8111 ' de Irulo com os infllnlaria dn c -quilla.

- Voce Icm eCI·te,a? _ Tenho. Eu lIao SOli ('ego, si ntio

disse para ell' (oi so de mall . (CoQlilula)

CCSP _~~,_'o_a...I..n casl _____ _

Page 72: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

8 Revista de Antr·opofa f i ·a

BRASILIANA

VII

MAE

De um artigo de Manoel Victor na Folfla da Noite de S. Paulo, n. de 28-9-28:

"A qualidade de ser mae nao exige distin\ao de ra~a, de cIasse ou de cor"

GOVERNISMO CEGO

Noticia do Minas Geraes de Bello Horizonle, II. de 8-9-28:

"Realizou-se no Instituto de Cegos Sao Ra­phael, de modo singelo e significativo, um mom~ ll ­to civico em commemora~ao it gloriosa data da 111-

dependencia. Na sala d e palestra, com a presen~a dos func­

ciunarios do ' Instituto, iniciou-se a cerimonia com o Hymno Nacional, cautado pe~us alumno~ e aco?1-panhado ao piano pelos professores Joao Frclre de Castro e Jose Ferreira de Oliveira.

Para melhor conhecimento dos ceguinhos alIi rellnidos, 0 director do Institutu leu no "Minas Ge­raes" 0 muvimento patriotico de Bello Horizonte em commemora<;ao it gloriosa data. "

Depois de terminal' a leitura na parte refc­rente it resenha administrativa du 1." c 2." aBBOS du actual governo do Estado, os ceguinhos, alegres e satisfeitos, proromperam em vivas ao governo.

Ao encerrar 0 momento dvico, foi cantado 0

Hymno it Republica".

PROGRESSO

De luna corrcspondencia para 0 Guarani (Mi­nas Geraes) ·, n. de 1-7-28:

"Acaba de fazer acquisi<;ao de uma excellcnte victrola ortophonica, 0 nosso distinc!o amigo eel. llcrlholdo Garcia Machado.

Gra-;.as Ii divina inspira-;.aQ deste amigo, e ao espirito elevado e culto de Bi~nco Filho; represen­-tan Ie da Empreza Ortophonica, 0 Maripa colloca­se Ii vanguarda do progresso com a chegada da victrola, portadora das produc-;.oes musicaes dos mais afamados maestros.

Muito gratos, somos ao cel. Bertholdo Macha­do, I?elos agradavcis momentos qlle nos tern pro­porclOnado com a sua excellente Ortophonicu."

ABDICA<;AO

Telegrama de Curitiba para a Folha da Noi­Ie de Sao Paulo, 11. de 7-7-28:

"A senhorita Rosinha Pinheiro Lima acaba d dirigir urn officio aos directores da Federa<;iio de Academicos do Parana, renunciando 0 Iugar de "Rainha dos Estud~ntes Paranaenses" que desem~ penhou durante dOlS ·annos.

~'em sido. muito comment.ado, nas rodas es­porhvas e SOCl-aes, essa determll1a<;iio da senhor'! Pinheiro Lima." 1 a

BALeAo

LIVROS A' VENDA:

Na LlVRARIA UN1VERSAL (t' . 15 de novem_ bro n. 19 - S. Paulo):

- S. Leopoldo - Provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sui - 2.' ed .

- MonteirQ Baena - Comp enciio - Para.

Na LlVRARIA GAZEAU (pra<;a da Se n. 40 S . Paulo):

- Archivo Piitoresco - 11 VS. enc. - Panorama - 17 vs . enc. - Lusiadas - comenl. par Faria e Sousa. - Vieira - Sermoes - 16 vs. ene., sendo al-

guns em 1." ed. - Innoceneio F. da Silva - Diccionariu Bi­

bliographico - 19 vs. ene. - F. Manoel de Mello - Epanaphoras de Va­

ria Histor-ia - 1660. - Fr. B. Brandao - Monarquia Lusitana.

LIVROS PROCURADOS:

Pela . L/VItARlA UNIVERSAL:

- Roquette Pin to - Rondonia. - Ruy Barbosa - Replica. - Oliveira Lima - D. Joiio VI no Brasil -

2 vs. - Revista do Institl/to Historiw Brasileiro -

tomos ns. 20, 21, 22 e 32.

Par YAN DE ALMEIDA PRADO (av. brig. Luis Antonio n. 188 - S. Paulo):

- Manoel Cal ado - Valeroso Lucidemo. . -. D~arte de Albuquerque Coelho - Memo·

flas DlUrzas. - Alvarenga Peixoto - Obras em V ed.

A assinatura anual

da

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

custa

RS.5$000

Pedidos acompanhados de vale postal

para

Caixa do Correio n; 1. :269

SAO PAULO

Page 73: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

~NO I -- NUMERO 8 500 RS . DEZEMBRO - 1928

Revista de Direc~i1o de ANT6NIO DB AI.CANTAI'A M . 'ACUADO

Antropofagia _ c

Gcrcncin clc. tie RAUL BOPI' Endere~o: f3, HUA BENJAMIN CONSTANT 3.0 Pay. Sala 1 CAIXA POSTAL N.o 1.269 sAo PAULO

PESCARIA

Hoove~' :en~ a i. Quando elc se cand ida. I'ou ~ presldencJa norLe'~lmc J'i cana 0 Brasil cafeelro velou seu nome. Foi das COllsas mais el1 gra~.adas desla lC!Ta lao engra(,:ada aLem de essencw)mente agrIcola. Agora es150 sendo preparadas manifesLa90es ora l6rias. EsLa cla. ro que esta cerlo.

Hoover vern ai e vcm pescando. a bala. )hao de jornalistas que 0 acompanha rad io· Lelegrafa Lodos os dias conlando os sucessos da pe~caria. Nem ll!barao lem refugado dean · Ie da lsca. E 0 presldente sorri cada vez mais contente da vida.

Hoover vern ai. Vern pescando no mar. E desce de anzol feito bengala. Na lerra con· tinua a pescaria. Daqui a pouco a costa suI· americana do Pacifico esta no papo. E' s6 substituir a minhoca da isca. a pessoa) lodo ja abriu a boca esperando as comidinhas irl'e­sistiveis: panamericanismo, fralernidade con· tinental, a America dos americanos.

Hoover vern ai. Vem a i e vem pescando perguntar que fim levaram as nossas tradi­~6es antropOfagas.

Brasil, meu am or, voce tambfun virou peixe?

ANT6NIO DE ALCANTARA MACHADO

: ;

ANECDOTA DA BULGARIA

Era lima vcz lim kzal' nalurulisla

que ca~ava homcns.

Quando Ihe disscram que lambem

se ca~am borbolelas

e andorinhas,

elle ficou muito espa ntado,

e achou uma barbaridade.

(Belo· Horizon le)

CARLOS DRUMMOND DE AND RADE

:::::: ,,::::: "::'3':::::::::::, , ' :'::,:, ::

"A'S VEZES ASSENTAV A-ME SOBRE UMA PEDRA OU SOBRE ALGUM TRONCO

DE MADEIRA RODEIADO DE TRINTA OU QUARENTA INDIOS. CONTAVA COUSAS

DA EUROPA PROCURANDO EXPLICAR-ME POR MEIO DE IMAGENS. ELLES IMA­

GINAVAM QUE 0 BRASIL FOSSE TODO 0 MUNDO; ADMIRAVAM-SE POlS OUVIN­

DO DIZER QUE ALEM DO GRANDE RIO (OCEANO) EXISTIA A EUROPA DIVIDI­

DA EM MUITOS PAIZES DE LINGUAS DIFFERENTES ETC.; 0 CUMULO DE ADMI­

RAQAO ERA SIGNIFICADO POR SONORA GARGALHADA."

P. Nicolau Badariottl - Explorac;ao no Matto Gorsso - p. 69

Page 74: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Revista d e Antropofllg ia

MANHASINHA

Um homem. Dois homens. Tres homens.

Os parallelepipedos lus lrosos escorriam agua dos a utos banrlhenlos da Prefeilura Municipa l.

Qualro homens. Cinco homens que gaslam 4:. 000 calorias enlraram na Fabricn. No Go" Anda r uma mulher dcbru90u-se na sacncta com 0 corpo quenle amnssndo numn camn de ferro .. . o dia vinhn chulando

OXYGENIO

no rim dn run ... () rhaminc da Fabrica prelo esguio que linha jogado pelecn a l10il e inleirillha com a Iua de couro soltou uma fuma~'a parda.

(Rio de Jnneiro)

JULlQ PATERNOSTRO

",: ;:::':: :: : =::

A

Socledade Capistrano

de Abreu

(-lG. run Capistrano de brell-

Rio de Janeiro )

l'sta publit'ando 0 edital para 0

CON UR 0 DE 1929

com a te c

"0 RIO sAo FRANCISCO

NA

HISTORIA DO BRASIL"

A ANTROPOPHAGIA

CAMPINAS

Dizem os tolos que a a nthropophagia de ap-

de nossa boa telTa brasilica. pareeeu _ Que sarambcs e que saramheloes! Se ha cousa

. lad" '1' a lma bra ilei r a c cs tc pequeno e ill VIlle ll co' _

nocente yicio guloso que levava a velha india COI1-

verlida a pedir ill extremis ao seu confessor lInl dedinho de curumim a eh upar !

Ou~am os povos a veridieissima hisloriu canJ­

pineira que Illes vou con tar . E reflictam: a voz da infuneia c a voz de Deus! e a voz da Deusa que, nn op ini:io dos hOlTipiian tes e felizm ente defun­tos gregos e romanos. habitava 0 fundo dos po~os .

~Assim, lUll infante campineiro. pelas palan a da sua innocencia, trahini es ta preoccupa<;ao ra­cial intellsa dn gen te do I3rasil (com s e com : ): .\ ANTHROPOPH H,lA.

Assassinaram lin tempo lllll coi tado de um cam­pineiro que deixou enorme fiiharada nUllla pinda "disgr ac iadu" ou antes "indisg raziata" como nus ensina 0 nosso grande J mi Bananere. brasileiro " iniustre".

III de seus pequenos foi rccolhitio :1 l'a~a li t' bom e rico parente que deu optima yida ao lal crilu. Tinha elle seus tres annos. Pa sados uns me­ze foi 0 pequeno redamado pOl' um tio paterno que pediu Iho mundassem. pOl' uns dia . afim de que conllecesse os priminhos ...

Poz-se 0 typinho a urrar desesperadamente. no nuge do desespero. "No ultimo !" como se diz 110

Oeste. "N:lo quero ir para a casa de Titio! ~,io quero! Elle l1!10 tem 0 que comer ! Elle Illio tem 0

que comer!"

Ficou 0 prote<:tor abvsmado com a attitude do pe~ueno! - im senhor'! Que guela se preparanl nih ! Que sujeitinho intere seiro e safadinho! Que aguia! Rc olveu pois il1terpellaI-o: . - Que historia e estn? Porque mio quer YOC';

n' pnru a cusu de seu tio, s u diubinbo? . Derretido en} Iugrirnus poz-se 0 menino a ber-

t nr, esperneando como 0 cIa 11.'0 possesso:

- Foi Yo . -ce llleSlllO quen} disse que elle [HiO tem 0 que co . S . • Illel. e cUe nlio tern Q que comer t' capaz de me COn 'E' . I)alO d leI' . CUPHlO de me L'OnU>I ! E l'll-

e llle Comer! Era n YOlO d

do . . os nncestres ! Ern a YOL da yelha C urUnUlll! Ern . .

IhQ Brns'l n ' 02: grnye e ma"est a do YI'-I que resur'" d . , E d' In ' 0 t'i.'honyu em CnmpllHl.S . 19n-se depoi - di~ t .

desnppnr""e d :s 0 que n anUlrOpopl\agHI

'" u 0 Brns.il' - . . 'r t11n llHllliIest :: . que nno e 'l UUlcn le~'1 ]-

E que n::\t,IO d:s tes Brusis hodiernos ! A h ~ es n~\Q hn 1 . . d

lit rQPopho . llgnr, para n R ec'csta II

araras! geo. Tanltln! BUCUYHS ! lramb~;;!

Page 75: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ReVista

3 d e A ntr o pof ag ia

UMA REZOLUC;:Ao HEROICA

En~re 0 chirriar insisteute dos gnlos, 0 coaxar das ras e a segunda soca dos canaviais me situei ha . urn. mez. Xos limites da horta Jardim e a encosta do monte ha tambem 0 barulho do riacho q ue se despeja pela bica no banheiro arruinado.

Como tudo ali ele recorda a epoca de lempos oulros que de­yeriam ter sido m elhores. Ravia nas coizas urn ar abatido r espi­rando melanc6lica r ezignar;ao: so 0 terrar;o alto persistia altiva­men te nobre mau grado os an­drajos de cimento que th e en­chiam as fendas .

A sala ampla que devia ter sido de vizi tas onde eu dormiu com m eu irmao em redes, qlie pela manha enrolavamos e pen­duravamos nos proprios tornoS estava fria na noite humidu.

Fora 0 sereno ia apagando inexoravelnlente uma por uma as luzes dos cassacos.

Algunlas r ecalci travam mas tinham de ceder a forr;a maior da obrigac;ao do trabalho mati­nal.

Diante do candieiro a gaz 0

romance nao conseguia me in­teressar. Levan tei a cabeC;a, tirei os oculos, fechei os olhos e fiz forC;a pr a dizer um sone to de Cruz e Souza. Nao consegll i. Fiz H mesma experiencia iIllprofi~l a

com Oulros poe las . Dezanimado me .

capaz d sen tin do in -

rezo1vi :s~::::; coizas absurdas tema f uma carta cujo

osse urn q . s . ue eu vua num ecr e tano universal "

r en t tr. a urn pa.;

Ie ansVlado aconse1hando-o

vo tar tr ' lh a I ar a senda do bern" Escrevi 29 linhas sem en trar no assunto. Receei bater 0 31 ou a 31. sem conseguir principiar. T en­tel r ecordar todas as primeiras f~azes dos romances que eu ia tmha lido. Comecei pela "Yolta a~o :\Iundo por Dois Garo tos" (-1

"\ ols.). Xao me lembrei. Seoui pras "20 :\Ii1 Leguas Subm:ri-

nas" de Julio Yerne. :\'ada. "D a­vid. Copperfield" de Dick en . "0 Estigma Rubro", romance cine­policial; tambem inutil.

Entao pensei na prinleira palavra de cada lIDI desses e ou­Iros romances. Em V3.o. Compro­vada a minha eslerilidade men­tal naquela noite procurei eon­yersaI': ninguem, fora m eu irmao que estava en tra nao entra no sono e taya acordado.

Antes disso abri a janela. entrou uquela friujem e eu s6 vi no bloco cerrado da noite a lu­zinha da cazu do vijia. Com pOliCO l11ais ele havia de bater COlll a IlUl.<;aneta de ferro no pe­da<;o de trilho pendu1'udo na frente da caza grnnde as horns

SEBASTUO DU8

que 0 relojio fosfor ecente dele marcasse.

P ensei nas cauzas da minha a tual vacuidade de espirito' a auzencia da possibilidade '. proXI-ma. duma aventur a amoroza ~aJs ou menos complicada de­VIa con tribuir mais que a falta de sensa<;oes daquela vida mo­notona.

o candieiro pOI' cauza do pouco querozene aIllea<;ava apa­gar e a noite me enguliria com toda a sala e rna is a caza. A. luz er~ portanto necessaria. Era a umca defeza que eu possuia na­quele instante con tra a aIllea<;a

na minha integraliza~3.o nas treva .

Slin . porque nenhuma yela eu possuia no momento.

P erhaps next season my great delicious dream be alrea­dy dead.

Quanto eu dezejaria tel' es­crito estas pala\'ra ' . em bora meSillO se em yez de perhaps eu puze se uponJlumos -urely. )las foi a Deirdr e que escreyeu. ,) o prazer de tel' uma iluz~'io. DE'­cididamente 0 umeo re11ledio SE'-1'in 0 ono que custaYR. Puz ~ bocR for a da jallelR e recolhi I.')

go tas de oryaillO: elll eauida en­guli-as. dei grn«;ns 11. Deus e ndor­meci profundaDlellte.

(RIO DE JA..'>EIRO

Page 76: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Revista de Antropofag ia

2 ENSAISTAS

PAL LO PHADO - Retrato do Hra~il - S . Pali lo -1!)28.

f::s t .. ensa io subre a tri s teza bras i­le ira niio tem mula de O1 le£(l·e. Tam­bem mio sc pode di zel' que sc ja tris ­te. E' se vero e mais natla.

Se Pau lo Prado tivesse sc co nt entado no seu qll ad ro impressionis t a em de­se nhar 0 grullo tlas qu atro desgrat;as - a lu xllria , a cubi t;a, a tri s teza, 0 1'0-man ti sllIo - 0 Ii vro nao provocaria 0 proll's to dos pa tri ot as. 1\las quiz co n­elllir, tl evia co nclui!'. E a co nclusao amargou na boca tlos Iri stes.

o doente mio tem medo da doen<;a . Telll mcdo do di agnus tieo c pa \'or do tratanH'oto. Voce se qu cixa dis to? E'. Sen te is to? Sinto. Sente mais is to? Tambem si nt o. E nt ao tem isto. Niio, nao tcnho, nao C possivel, nao ('s tou ass im tao ruim que diabo.

Toda a gentc co nfessa qu e 0 pintor foi muito feliz no pegar a boca, os olhos, 0 nariz, a tcs ta, 0 queixo do modelo. Mas 0 roslo nao saiu pareci­do.

A feiura do r etra to cra sabida de todos. Nos jornais e nos congress os nao ha di a em que ela nao sc apre­sente a te deformada para peor . !\las ale agora nao havia aparecitlo int e~ r a l­mente. Urn gritava contra a polltl ca. Outro contra os cos tu mes. 0 lav radol' fa lava das aperturas tl a la voura. 0 educador dos absurdos do ensino. T u­do isso parceladament e e nem sem­pre com conhec im ent o exacto das ca usas.

LEIAM·

Mas s lIrgc Pau lo Prntlo. Ent ao /~ lima int e li gc ncia ac im a ti c toda. c qldla -(IU er s lI spcita (COLIIO ccrt as vlrglll a-

a' clas E 0 ti es) que descobre ns m. z .'. ' em mal illlprcss iona porque 0 medico t ' . inegilvcl 3ut oridade. Nao S? tl'a ta ma~~ dc um anunim o ou dc um Isolad? cOde fin ado ern seu isolame nt o. Porem

• . . . d . . a que sa-um a in cllvJ(1uallda e plOne l r~ is be 0 qu e <liz e sa be como dlz. Depo [\ maravil ha se r epetiu : es tu da.el o c~­mo foi 0 tema fi cou novo. Da l 0 e -cft nd alo. .

o Retrato do Brasil tem para mlln outro gran de va lor : e 0 testemunho ~e qll eni pertencel,l a gera<;iio ~o BrasIl­prim eiro pais do mundo e esse ~es t e­mu nho co ncorda com 0 da gerat;ao do Brasi l - todo clTado. Muita gent e _de min ha idade vai ago ra dizer qu e. nao. 1\las sera fileil provar a incoc:encla. Gerat;iio r evolt ada que tem felt o se­niio des truir , combater, r enovar? Vo­ce na lit era tu ra . Voce no j O.rJ~ ahsmo. Voce na politica. Voce na cntlca. Vo­ce na mllsica. E ass im por deante.

Paulo Prado escreveu um livro ad­mirave l. Se for prcciso gritarei e com ccrtcza r epetirci.

MARlO DE ANDRADE -Ensaio sobre miisica brasi­leira - S. Paulo - 1928.

E Mario de Andrade escr eveu oulro indispensavel. Chego ate 0 super la ti­vo :' notab iliss imo.

Ha li vros ruins como cobra po rem

indispcns3veis. Aquel es_ em que 0 au. to r sabc co lh el' mas nao sabc cumen. ta ... 0 que e dos outros e bom. 0 qUe c dele nao pres ta.

Mill' io dc Andrad e com um rnttodo e uma pac icncia fo ra do COlllurn an. dou p cga ndo na cidade e no mato os moti vos racia is da mus ica bra~ il cira . Sao mais de cem melodi as popularrs, mus ica e ca nto. Trahalhclra ben emt. rit a de fo lcloris ta. Do geit o que fIe fez ninguem entre nos fez ainda. E' um a exposi c;ao (como ell' chama) mui. to ordenada e muit o clara. Tudo ca­tal ogado, fileil de achar e discutido com sabcdoria.

Livro indispensavel portanto e no· tabiliss imo. Notabiliss imo grac;as em gra nele par te a introdut;iio onde ~l ario d iscorrc sobre os probl emas essenciais e aetuais da musica bras il ei ra. E' uma car tilha que d evia ser adotada nos conservat6rios.

Eu d igo cartilha mas de facto e tra· tado. Ha mesmo umas afirmac;oes de Mario que tra nsbordam da materia do livro e mer ecem m eel ita t;ao na lit era· lura e no mais. Infcli zmente 0 espac;o aqui nao chega para a gentc se afll n· dar em certas frases do Ensaio.

Em todo 0 caso eu sempre ljllero dizer que Mario nao faz 56 lit eratura de ac<;ao como ele d iz. Toda a litera­tura dele e de ac<;ao nao tem duvida. Mas nao s6 d e ac<;80. A's vezes 0 ar· ti sta puro aparece sem querer . 0 que em geral e r a ro mas sempre bom.

A. DE A. M.

PAULO PRADO - RETRATO DO BRASIL (ensaio sobre a tris teza brasileira)

MARIO DE A~DRADE - ENSAIO SOBRE MUSICA BRASILEIRA

TR ISTAO DE AT" YDE - ESTUDOS (2 .. scric)

VARGA NETTO - GADO CHUCRO (vcrsos)

A G STO MEYER - GIRALUZ (v> \,sos)

Page 77: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

= R evistn de A nlroporftcin

o JAPONEZ

Dcprchcnd -s d us s tatisticus policia s quc 0 japoncz nao c lu­dnio, nem bcbado con tllm az, nelll ta mpou 0 d sonl iro ou pa­trio ta cm xeesso. Es scr cx­cepeional, pequcno dc cs tut ura, nao offre do cancer . No .lupao, dizern quc cssa doco9u e tI sco­nh ec ida. Deve-se a ttribuil' i so ao eha, ou senao, ao arroz. Esses dois productos sao enorm em ente consumido no .lapao, segundo 0

tes temunho irrefuta vel d o sn r . Aok i, pintoI' de paredes, qu e in­troduziu em S . Paulo a pintura ti esponja, e que pintou as p a r e­des de minha casa ha doze an­nos, quando eu tinha doze annos. Affirmativa lao r e tumbante, gra­vada na m ente em lao tenra ida­ti e, da m ente nao ha cl e mais sa­hir. Nem que m e venham pro­va l' 0 contrario os propagandis­tas do cafe paulista.

Alem de nao ter os def eitos ar­riba apontados, 0 j a pon ez tem qualidades, uma das quaes e de­lieiosa, numa cidade como Sao Paulo, em que ha multidao de grosseiras aves de arriba9ao, qu e guelam a torto e it direita, pi ­sam e cospem sem cerimonia )) OS

t : :: :: : : :

trull S lint !'!> des prl'v nidos . l ' nlU vez (l urO Il nu millilu fl'l'nll' IIIll

nip(ltIO. Fez II' 'S PI 'o fundu s rcvp­r Il cias c p diu St', por fU4'or, ' U

Ih c podia forn ccc r tlll1 ... phos­phoro.

o japotlCZ C 0 uni '0 immigrun­tc qu e sc nacion a lisa enl P O lt ­

cos annos. Os filhos sao brasi­lciros scm cliscussuo na casa pa­terna. Aos poucos vao e tor­na ndo ca tholicos, 0 qu e c essen­cial para a sua integrac;uo na ra­c;a brasileira. As no.ssas tracli­c;oes e fcstas sao toclas ca tholi ­cas. 0 nos 0 passaclo c ea tho­lico e somos ~ tavicament c im­pregnados de ca th olici mo, r ­zas, procissoes, vel as, confrarias, tlia cl e S . .loao, e tc.

Mas os nossos illus trc medi­cos, que nao quizeram recebcr Voronoff, acham que 0 japonez nao e typo "eugenico". 0 italia­no-malari a, 0 espa nhol-tracho­rn a, 0 bessarabiano-torrc-cle-ba­bel e outras miga lhas de r ac;as balcanicas, assi m como os rus­sos cheios de voclha, sao, ao vel' dos nos os sa bi os, r ac;as sas e fort es, que virao form a l' a bella r a9a brasileira de a man ha.

:: :::::: :

A brevemente:

5

L ESTRE M n 00

A no~~a gl'n le cu tla 1 ' 111 lIlllO

("lI tlllrll lamanlla que gl'ru I III en Il' igl1o["a q u ' (J~ 11C)~~0~ 1J1Igrc~ l>ao de ra 'U tlmure/ lu . Il a pur ulli Illuilo IJra~ill'i l'o puro !,ungul', 1,­

gi lil110 c indiSClIliv('1 des ' ' nd n­I ' d ' illdio, o lh o~ ' Ill am'lIdoa, Jl li e o li va, 's lalura haixu, qu ' IHio admit l 0 jupon 'Z, porqu ' s le "iria 'slragar 0 no so pu­

dnio ugenico. :\uo sc n,\ ergu. Eu su dcsejo Illais 'lari"ill(' I1-

cia no ' cac iqucs que mandanl no Bra il.

Que fa alll um::! "iag ' lll u Ig ll a pc, p gllcm num jupun Z '

nulll bllgrc puro anguc COI11-par 111 .

Ora e 0 japoncz c d ra a mais bra il ira qu 0 "bra il i-1'05" dcsccnd nlc de porlugll z, n gro, i la li ano, span hoI , Ie ., porq u rcs lllllngar:i ua en lrada na lerra do guarany? 0 guara­n)' C lim irmao lllais v Iho d II , que e inslallou ern ua t rra 0

Brasi l, quando os bra il ei ro clo litora l ainda c acha\'am em projec to nas e panhas, por lu­gaes, it a li as e b sarabia.

( Al\l PINA )

MAma DE ANDH OE - COMPENDIO DE HISTORIA DA MUSICA

o \VALD DE ANOn. DE - SERAFJM PONTE-GRANDE r IlW Ilee )

1\ T6 fa OE AL T \H \ ~1 \ CI IADO - LIRA PAULISTANA rokr -;io (Il IlIO

dinhas)

H BENS DE ~Jon ES - UMA FAMiLIA ESSENCIALM E NTE A G R iCOLA

(. nl s)

Page 78: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

6 An tropoiagia ttevi sta d e

MENINO TRELOSO ROMANCE DE UM

(Pm·a 0 Jorge de Lim a)

Quando u era menino Vivia faz ndo cra iolas o laboca D ponteiros De barbas de bode Para um gallo d campina Que um dia N um caj ueiro Fui encon trar num ninhol

Ell era menino E elle tambem ... E u porem Gostava de procurar N inhos de passarinho De maLar rolinhas de bodoque De f azer gaiolas Pro meu gallinho de campina! . . .

ENCANTAMENTO

a sacy perere do alto da serra entrou na taba rasteira do page de pelle de cobre, e rouboll a f ilha do velho.

E levou ella para a matta verde para a festa paga das maes-dagua que tavam dansando no limo verde da lagoa parada a dansa tapuya do veo encantado.

E a mo~ come901l a dansar sobre 0 vidro verde da lagoa parada e os olhos vidr ilhos do anhang uera encantaram a mo~a morena.

E a tribu morena perdeu a virgem morena de cabel/os verdes.

E de noile as uyaras verdes ca ntaram na noire cinzenla no limo verde da lagoa puracla dchuixo da sombra verde do jcquitiba.

E mais uma uyara can lou.

(MIN S)

·A MILLO SOARES

L. so SA OSTA

m dia 0 bichinho Passava a larga I v· dormir empapado.. . J:JHl . • apa Oulro jejuava, JeJuava, p lav, 1 va E eu nao ligava ...

"au menino marvado: ' _ Dizia a mae preta­Na Semana Santa E esse treloso . h I" Judiando com os passarm os.

Piu-pill! Piu-piu! Piu-piu! E minha mae dizia: "Menino, vae dar pirao ao gallo de campina!"

(PARAHIBA)

~.o~.~ .. o.¢ .. oooo~oo~ • • ••••• • • •••• • 0 ' • ••••• • .f •• ..•••. . . . .• 0 . 0 . . • ••• •. • .... ._0_. ..0.

Empreza Graphica Udal .: .. : .. :-:-: .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. :-:-:-: .. :-:-:-:-: .. : .. :-:-:-: .. :-:-:-:-:-:-:-:-:-: .. : .. : .. :-: .. : .. : .. :'

Livros, Revistas Edic;6es de luxe

servic;os commerciaes

Rua Sto. Antonio 17 , Teleph. 2-6560

s.PAULO

. :~::~:::::-oo .. o ...... ::~~.. . .'- .. ~.~ ··z···~::··············:

Page 79: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ReVista d e Antropofagia 7 =

Capitulo 2." os

TRES SARGENTOS A PONT(EROMANCEl YAN DE ALMEIDA PRADO

. Os Js.argen los pararall) a es­qUll1~. a es ta vam alguns minu­los a es pera do companheiro quando chegou urn conh ecido per lence~1te ao C~ll'PO d e monilo­re~ da For<;a. Vmha lodo salis­fello aparentando cnvaidecimcn_ to pOl' algum faclo lisongeiro quc Ihe acon.tecera . Cumprimcnlava prazcntell'amente as r elac;6es quc encontrava e, ao deparar os ra­pazes. que es lavam it csquina, ex­p~ndlU-se en~ gran des manifes ta­c;oes de amlzade convida.ndo-os a entl'ar no botequim fronteiro.

- Vamos p essoal, eu pago . Vamos vel' qualqu er coisa, an­da ...

- 0 que . .. voce esta em­bandeirado hoje!

- Talvez. Aconteceu um ca­so qu e depois eu conto para vo­ces. Vamos en trar . . .

- Nos es tamos esperando 0 Antonio.

- Nao faz mal, nao tem im­portancia, d e ali dentro rnesmo nos charnarnos ele quando ele aparecer.

Vencidos pelo argumcn lo, os cavalarias aceitararn 0 convile do ginasta. Entraram todos no bo­lequim. Abancaram-se a roda de uma m esa d e oncle podiam de­vassar a rua. Atraz deles es tava o balcao do portuguez, dono da tasca, e ao lado a inevitavel vi­lrina com doces e pas leis, exis­lente em todos os "botecos" de igual categoria. Na sala atravan­cada era um vae-vem de solda­dos que iam ou voltavam dos quarteis. Anles de enlI'ar de guarda, as pl'ac;as costumavam comer urn bocado ou beber urn lrago, quando nao se abasteciarn com qualquer cousa para comer de rnanha cedinho. Um infanta­ria louro, rnoc;o conhecido dos sargenlos, f ez rncnc;ao de tirar uma cocada da vitrina. 0 gra­duado espanlou 0 rapaz:

- Nao coma essa porcaria, Hugo. Voce morre hoj e!

- Por que? - E' veneno. No outro diu

fiz a bcs tciru d e co m er um cl es­ses troc;os ... I. .. rapaz I Vomi­tci naquela arvorc ali em fren l , qu e ate 0 sargento Aquino p 'n­sou que u cstava. no porre!

- ao diga, sell sa rge nt.o .. : - Esses ... d e porluguels 0

p nsa em ganha!' dinh eiro . cnve: nenundo a humanidude. SI voce so ub sse como isso e f eilo, voce nem olhava para a vitrina.

DOS AMoRES I

o d.ono do bol equim j ulgou que devlU protestul"

-:- Nam sinh o ir~. Os doces dr: ca. sam fei los co m lei te elu mIlhOlre e ovos frescos. t . Qual seu ga lego, va con­al' ~~so ,Para , oulro. Pensa qu e ~u nao VI voce compra r na feinl ovos quebrados porque sac mais barato . . .

. Desa ndaram numa discussao anllstos~ acompanha da de tapas na barnga e empurroes, cujo re­s ultado foi 0 portuga derrubar uma m esa e se espich ar com es­Iron do no chao.

- Mit. raios. " quasi que me parte as cadeiras... Olha, cai p.or~llle nam Ie quiz machucaire, s1l1ao quando leva nluvas da me­sa ell te passava uma rasleira quel~lirava no barracao c1u pi­cadelro . .. - dizia 0 homem ofe­gall Ie, ainda atordoado da que­da.

- Sac dai, sell. On de e que portugueiz sabe dar ras tera! Va conlar garganta para os Irouxa ... Va con tar isso para Ie us palri­cio ...

o oulro foi atender um fr e­guez arras lando a perna. Expli­cava ao clienle com riso um -tan-10 amarelo:

- Isto sao r apaziadas, co­nhec;o 0 sargento Candido desde quc ele apareceu pOI' ca r ecruta. E' muito bom rapaz, e camarada que inte parece porluguez. Pre­firo assim a certos lipos, que que­r em ser Miciaes, que ja arrotam galoes, todos cheios de novhoras, a ban carem os neuras lenicos an­les do tempo!

- Nao leri a aconlecido 0

tombo - dizia 0 Candido si es tivesse . aqui 0 Joaquim.

Pruquc? - Porque qucm caia era

ele ... - E' verdade - indagou 0

oulro sargento, que fim levo u 0 Joaq uim, tc u palricio?

que e feito dele"? - E'. _ Despedi-o pnlquc l1am ti -

nha prescn((a de bal '<1 0. - E im ... _ In ol11 odavu-llIe vcr ao pc

de mil11 uqucle gujo nfczudo, sc­co u 1lI0dos dc tl'ub rcu lo ' 0. Eu quCI'O C Ulll lipo Il'g itil11 o, gC llui­no lu Ia Illinhu tCl'l'a l\lil"Hlldcln. ge llt va Icn t(' de Truz-()~- l\lo lll l's. L III pimpao qll (, ugradc U ' c1 0IlUS.

e si ca lhur sa ibu pUl' lil' U lulu dum heJ l11l1l ·

_ Refor ado Cju II CIll Dudu

o 11Il ado r '! - pergu ntoll a gi­nasta.

- Temos Illuitos milhores. Vou mand aI' vir 0 mano Maneli . Voces vao veri, aquilo c que c 11 0mm, h6mm.

- Va, dcixe de garganlas fu­Illili ares, e tragu mais uma cer­veja - interrompeu Clllldido.

Augmentara a barulheira elll lorn a dos sa rgenlos. Era um troar de chama el os, bulha intensa de chi cara,s e assucareiros, pragas e tro«as, que apezar do alarido pareci am a travessar a custo a at­mosfera espessa do luga r. 0 ho­teq uim enchia-se cada vez mais de mili la res - os graduados nas lnesas, os inferiores em gr upos deantc do baldo ou . da vitrina das comidas. No ambien le lurvo, r euniam-se homens vindos dos quatm a ngulos do paiz, do :\or­te, SuI, Leste e Oes te. - As suas vistas, antes de ver a scena qu e 0

quadro da tasca apresentava, ti­nham pousado sobre a margem de todos os rios, que correm pa­ra 0 m ar Oll para 0 interior, des­de a Am azonia ate 0 fim do Rio Grande. Tinham con templado as m onotonas coxi lhas onde por v('­zes se arredondam capoes eircu­lares de araucarias, ou a caalin­ga r eles, ou a floresla dominada pela Sumauma. Tinham \isto Biribas, Chiriubas, Guaxima , Aningas, Andir6bas, Assacll, Anonas que sofinbream a ventu­ra Goaras vermelhas ou .T aouari­tes - unas, ou sussuaranas co de oca. Tinham visto 0 leq ue e a palma do BuriLi zeiro, Assai, Gua­cumam , Carnauba, Iuri ti, sobre os quaes voejam anha<;os. Tu­canos, Periquilos, Arara verde e encarnada, Piranga azul e ver­m elha, nas azu l 'Iaro e azul rer­r cle, e Ca nindcs amarclns e azul celes le. Tinham vi to de longe 0

cimo verdejallle e III fim da m a ta, em que a ramarias das .i r­vores eli put alll a a ltura para nl­ca n«ar luz e cu lQl' c a bn 'c nfllll­da no crrapi lh ci l'll il11l>clI Inl­v I. Tinhalll vista tnlllucllI n Cn­r oba CIlI flor. 1\ , lIilllllll C a Plli­neirn gignlltcscas. a CUllafislll lu, o [pc ~'o~'\o e ullInr 10. 0 Can lido dc Pilo C tunl '8 Olilros C III que so­be a BOII"nin\'ilin. C ondl' se :tni­nlllllll On ':'i dillnl ' jllnlulIl{'nlc '0 111

cu tl cias EI-Dorado 011 nll\lin Tc­nl'brosll. elida rclinll dllqllek~ h 0 1ll ns 0llllnlul'n \1111 tn'clto <lu slla I c rr:~ c n rl'ullitio de Imln forn\ll\'l\ 0 pail illieiro.

( 'oll tinu:t)

Page 80: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

8 R " j 8 I a de

BRASILIANA

\' II [ t\ \ ' 1'\ .

n" lIn' ,1 II u l" dll l't ·d , ' l'~·ill ' d o Diorio p .. "ulnr d l' S PUlli n, II . til' l i -Il - Il/2 ':

"CU II1 u nlt" III ,) , u lT i, u 01 11 (Jill' " lll'a ,UII '" l'oll,panlw ,· ,'U ' no ,h-i " Ir H UllHl P il l'll " In ''''"i n IIll' lIw rll,,'1 nil' :--' 11111 1, Ikl £'I'I ' lt' d,',pl'dill"l' dt, ludo" no I"il u d, ' d il l' !In C"a !I,. ~i1l1d,'. rllm u il d"'Tlld"irll \ illgl' II l. I'llI'll l , lIl' nelo linhn illl ­l)o rl n llC"I lHll1 ,' 1I 11 pa rtidn " 'l' ,i,'"'' a 11'1', l' rll ('011\ 0 a pro , u m a io I' , [l u i" qlll' lI\ P" rL'O 'Tl'lI u di , lanein l'nOrn,(', Ii· ',md u, " 11\ horn ', :1 Ii nli n no Bl'lhil . 'I" II Irnvt'"in da Vida

i' ~Ior ll', pod l' rin ~lIJll' rllr 0 ~ l ' lI grund,' record."

LIT E R.\T URA

:lIb- lillll de IItllll no lirin plIulicndn pt,ln Gazela d e Ser· g-ipe d e rncllj ", tl . el l' 14 -U- IU2,:

.. Lilldi ~ irna'> " ge hh n," d e' 0 lh 05 d e \'C lIudo negro (' n ­rh l'ni n~ nllca~ d o parqll' "Th eop hil o D~llla " dn gra9n

. 1Impluo a do . "kimo nos" ('5yoa9anl ."

RELIGIt\O

Dc uma noln inlilulndn 0 m eteorito "Sa nta Luzia de Goyaz" puu li nrla pel o Tr iangu lo de Ar agllary 0 lina5 Ge­rnes ) c Irallser il a pel o Diario Nacional de S. P a lll o, II . dc

22- 11 -1928 :

" :\a ponla do "Corwllbit" , 0 So' . 1':cy Vidal, n a ili rali51a do ;-(lI c u Naeional qll c 0 acompan b ava, r cso lYcu lcvar a l'ffeilo 0 bap tismo do mctcori lo - p ara 0 qll c co nvido ll 0 dr.

llIericano d o Brasil, para pa Irinho, c a 5enhorila Esco­lu\ li ea IUueiro, para m::ulrinha. Dcram-Ihe 0 nomc d e " Sa n· In Luzi a de Goyaz". Des,e lidO foi lavrada uma acla."

ECROL6GIO

De llill cii'>clIrso pronllncifldo pelo nr. Anas l:'tc io Viei­r a ~I ach ad o no en lerro do snr. Balini Serafini e publi cad o pelo Machado·Jornal d r- Iacha do (;\Iinas' Gcral's), 1()28 :

"Sr5. .. Bern :lveolurael os os hllmildes, o~ lIlan~os el l' co ra~ao,

porqllC d c' ll es C 0 reino d o~ Cl:lI~", db,c J es li s quando dc, ·cu :J c\le vn ll e d l:Jgr ll tlas,:l que ch nlllalllos IIIl1ndo.

Que podcrei eu di zer, ])l' ll~areis VIis , soure (',Ic hUlllildc 0]/ 'rario, cujos t1 espojo, aqlli IJI" escnks viio, c1 cn ll'O CIIl

pou '0 , serv ir d e pa,lo aos ve rlll cs tl a ler r a?

()ir ·i do 1Il0rio Ilr 'Sl'n l c' qu e fo i la lvcz Ulll frn 0, qu IrO])l',, ()lI :J l llllm:J~ veze" II1l1ilas vczcs OIeSIllO 11 0 c:lm inh o do vi io .. .

Sr~ .: () lIlor lu pfl''>enl(', COII'O di~~e, leve os seus d es-11111", 1It:J \ ,:' · ~t(l hlwn , !I t't'l' r lo, n ~U(l nlma d e~pn:ndida

010' la,:", lin IIwh'ri;o, (",," lr ic la e ,IITe)lt' IIditla , C llrVa-~c aos pt· lIu en·;"lul'. Enlrl'lnlllo, elk foi lalll Ul'1Il UIIl l'o lJ a bo­r ;IIlo, IH' \\I' \'I' rlrllll\' n :I qUl' l'iWIII IIIII", progrl'S\O; illl , lho l­lin" II par tI" ' u;,~ (rnqu 7.0'>. foi llll1 11It nolCJr, l'OnCU 'Tl'U (J ill

II \ 1' 11 IJrnr,IJ, ('''III (I 'llil IIHio ('Idl ll,n pllra lIIuiln\ o lJn, s qU l' "lflli (11' ''111 para 1I11I ', la r \u:, "p(·ro,iducll'. II ;Jju yhlu nqul'l ­

III I" '" IlIlhflllll~ pI'lIro\ qUI' fO""Il1'" fI plnlll(Ol'lll:l III ' 110'>-" 1,\I ,Il;.II' 01. (·,11'1111 .. !II' ft-rro , II \11 111,,\ lI lI ,', ln," Ill"" 0

, .("rn , oIt , \( ' 11 IrlllJ:olIlIJ , por'lllalilo foi 1' 11(, qll l'III, j(1 h ll\­IUIII(' dll( nIl', f ' f)1I t'I~uio ( 'fJlII 0 " ' II pOllldr" til' 1It;'() ( ' n (". 1111"'" tlo oI~ II III'"It' , 11I1"1'I"1I111f' " IIPP," ·,' II I1I' :0 «" 1' 11 1" l'IIll1'­IIII' hll)f" " d,' III' .n,I", «lIf ' I.. fll'lI'" P.II" 11I" IlI' IUIII' 0 ~I' U I II If II I ' III"df 10 I' 1oIl,"o1d,· ole- rl]lfl\l o lo rio ll' .,iJ rolho.

I'HI ,I \1 :1 . dfllH tI

BALCAO

LI \ ' IWS PHOC BA])OS

POI' Ynil d e IIll id a ~racl () (avcn id a bri ga de'i. 1'0 I.lIi s \Ill (')ltio, 1R8 - S. P~ul(»:

_ "Jlo('si(( s" ofc r ~ 'idas as scn horas IJra\i ll'i.

ru s pOI' L1llt Iwiano (1H~O) - 2 ~~'. . J ose da Si lva Ll shoa - fil.sl urw clos W ill.

. . ' ('ce""us" - 2 s. - 182G-18:1O. (' IIJ(I I" ~ S/I .,," . , ,

_ "SI' rnJ{)I' s" d e AnloJllO d e Sa.

C' ) I' a li vros rarOS em ge r a l so hI' () Bra~ il . ,01111 ' .

LlVR OS A' VE OA

Ar lhur F ind eisen (rua gen er a l Osorio, (il _

3." anclar - apar t. 1 - S. Paulo) vencl e :

_ Rllgendas - e d. a lema . _ Principe d f' Neuw ide - e d. a lem a - 2 \'s.

de lexlo e a colecc;:ao comple la d e gravuras . _ F. Denis - ed. alema. - 2 vs . T ern la rnbem a venda g rand e num ero de gra­

vuras soil as de Ruge ndas e r e lratos em rn arfim dos i m peradores brasileiros,

Na LlVRARIA UNIVERSAL - (rua 15 de 1\0-vernbro, HI - S. Paulo):

- S. Leopoldo - "Provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul" - 2." ed.

- Monteiro Baena - "Compendio" - Para .

Na LlVRARIA GAZEAU (prac;a da Se n. 40 -S. Paulo):

- Innocencio F. da Silva - "Diccionario Bi­{J/iographico" - 1H VS, enc.

- F. Manoel de Mello - "Epanaphoras de 1 a­ria Hisloria" - 1660 .

"Lusiadas" - comen tado pOI' Faria e Sou a. Vieira - "Sermoes" - 16 vs. e nc .• sendo

a lguns em La eeL

~ ............................. ..

A assinatura annal

da

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

custa

RS. 5$000

Pcdidos acompanhados de yale postal

para

Caixa do Correio n. 1. 269

SAO PAULO

Page 81: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANO I - NUMERO 9 500 RS. JANEIRO 1929

~'~!6~I~E~~TARA~C~O Antropofagia Gerencia etc. de RA L BOPP

Endereco: 13, RUA BENJAMIN CONSTANT - 3.° Pay. Sal a 7 - C41XA POSTAL . M.o 1.269 sAo PAULO

CHACO o conflito entre a Bolivia e 0 Paragua i

a proposito do Chaco teve ale agora pelo me­nos uma vanlagem: 1l10slrar a inulilidade absoluta da Sociedade das Nac;.oes.

Quando a macrobia Europa soube que doi meninos sul-americanos es tavam se pre­parando para urn sururLI de verda de pensou muito convencida : Eu arranjo a cousa em dois tempos. Briand, 0 cabeludo (como diz Daudet) se incumbiu de redigir e assinar 0

telegrama pacificador. 0 lelegrama partiu . Briand deu entrevistas em que decla rava terminado 0 incidente. Quem tern prestigio e assim . Acabem com essa briga, seus borri ­nhas. Os borrinhas com medo do chinelo abrac;.am-se cordealmen teo

Mas a Bolivia e 0 Paraguai receberam o despacho, leram e conlinuaram a trocar beslicoes: Nem ligaram. Briand encabulou.

Sociedade das Nac;.6es encabulou. A Euro­pa (que soube do negocio ) encabulou.

So depois que 0 pessoal da America e decidiu a intervir e que as cousas tomaram melhor rumo. A' voz da casa os briguenl os cruzaram os brac;.os. E Ludo pareee acaba r

m santa paz. im e La eedo. Com a intromis 'cio tin

Eu ropaslavC.l" errado. Era quasi pre l'cri\'e l faz r a gu rra . 0 de pique.

ANTON IO DE AL T RA MA lIAOO

CORO DOS SATISFEITOS

ACOMPANHADO PELO ZE PEREIRA DO BOM SUCCESSO

(dos Po mas de Bilu' )

Confraria omo nos da Beata Satisfa<;ao. Viva nos e fora vo ! Tudo e: me mo muito bao.

Pois quem foram que dis eram que est a vida e coi a feia ? Quem falaram nao ouberam como e firm e a pan<;a cheia

Fora vos e viva no ! Tudo e bao tudo e bao ! Tudo e me mo muito bao, muito bao bao bao !

Porto .\1 gre

A ' G TO .\lEYEH

= ()= (I= (I = ('= ()= (' o'=('=(,= ()= () = ()=()=()

"Ya SO Pindorama Koti, itamarana pO anhantin, yararama ae rece"

• I para a conquls.a do Brasil) d g uerra do. up (grlto 8

Page 82: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 R evista d Antropof ug ilt

PREFERENCES

!\loise lu as fait co uler l 's ('J ots cJ ' tel l)(]rbe. J n'aime pa ' I , ' lroupcallx d br ~ l ) i s qui

h~pla nl I s hanch s du paysag Car j'ai VlI Goya p inclr la maja

EDUCACAO SENTIMENTAL

a r egal des juifs qui aurai nl lapicl ' I'ad uller .

Mariquita fechou 0 Escrich

Tu aimes comme 111 i, 6 a imc ! la na ceJJ des av ions

e teve vontade dum hct; panhol com 'cu punha)

qui onl appor tc d'un seul coup Ie hou , la brebis, Ie lion '?

para matal-a.

~linas)

(Rio de Janeiro)

CHAHLES L IFEH

A Festa do guarda--chuva

Quando S. ;\1. :\lau Goslo uni­co voila d e uma das viclorio­sas campallhas cm qu e s l an~a

pelo c 'pirilo hum a no afora, Inn Llln bando imm enso d Iro­pheus e pri s ioneiros para mos­Irar a genie ca d a cidad e. Aqui, junlo da Guallabara , on d e cll e collocou a capi lal , sem pre qu e se eele hram sses Iriumphos ;\Iau Goslo 'cnlc eh io d ' pra­ze r , 0 vigor, a sciva com qu ' Ih er sec 0 imp ri o: :\uo fal ­tam llunca as plalcu~ . S. ;\1. qu e nao " mai, s ta claro, uqu ell r e i s -mi-n u' cub ' rio dc ou ros (' arma , v m d - fraqu ' ehap ', u d e palha . 0 '>01, I ' cl ri cisla In

eh f , derrama lodo 0 cCl loruo da., apol 0."" d rUll . )) (,,>fi lam 0., lroph ·' u., . ~iiu a., ·oi.,us pr 'cio­.,a., qu ' ,I I , ubi., 'oilou nu eon­qui.,lu. E n ' lll faHam 0'> m ,Iho­I' '. IH) ' la s . jorna li .,lu,> IJU (' v"m para ju lgar ' upp luudir.

:\0 ultimo Iriurnpho 0(' ;\lulJ C;o to, lIuuv!' mai ('all}r I ' mai'! bri I 1If) q U ' III) uuln)., 10111) ,

, . 'm imaginulTl que Iropheu

d pluma e praia d sp encar am p -las ruas, sa nlo D e us!

Prim ciro leve uma vaia. ;\las vaia no T 'mpo, qu e es lava pas­sa ndo, pra la, pra ca . S6 d epois d e ll e com ec;ava 0 d es fil c, D e ll ­lro duma IJand eja alta off r _ c 'ram os la cs po las m Ih ores jorna li s las d sla piquiri . S. 1\1. :\lau Goslo uni eo, 's lava In 10-

do loga r , s pi ava ludo, fis ca li­Sllva (udos, p'r('cia 0 dr . Wa s­hing lun Lui :,:! Al'inal com eC;o ll a parada.

Xi! Que coisa ... lao bcias CjU

1J , lroux , m LJ O 'us!

- "Aquillo ludo " pr;'j g ni l' IHJr no pc'>coc;o?"

A genl 's lava sc CllllJu .., ia b_ rn an do . Trouxf' pavao d a ango­la, I, OUXC' la Jl I, da I) '1'." ' ,, I _ 0, rOll -xC' n 'gra r ) e,>c ra v() pit· lido III

sl'd ' nllo, E OUlru., clJi.,in lw,> umu~ r ' ".a,>, v(, I'me' lh n'>, a~u . ." '11I1\U '" lu ·'nho'! . '

Canilwl vI' lho aU'II' lla I 1 1 ' ,." I II por

I I' I: " XII cia ., PI' llI a,>, C'h' C' . ' I ulJ IIl 1) I, 1,.,lava ,>a ll ' ._ , aliI }al

, . a Il.tl) .,a lla l ' ln lima c1 aC]UJlII), Inil il) loda vi-

da gosla d e ·(Jlltinh a. SI) d('poi

d e almiranl - c qu /l a O w} a mais.

Hum !. . . A III Jl a ,> moea. e um a ia qu n em v"r jardim s usp e n so, ()U vi u va fi I m dla d e Finados . Anlropopha gia • la­

V ' ace 'sa, isca sa ll a nd o 11 0 fr n­I qu e par c ia manjuba na na, Os p o las m Jh or s • ()'i jorn3-

lislas da t -rra, mareavam Opl' nioc,s 'om um I' pi binho. l 'rn m a nta vcrm 'lha d ' p 'lo '> gran· d s. CaniiJa l n:io poudr. - "Da Ii . ' n ~a ! " Furou 0 po\'o, allou

d ' um pulo JlO Jl1 ' io clu ca lr;oda.

aga 'h a do , l'C)/l1 g ' ilo f (' ro t . 'l UI' la nlO 'a 'on · U. CanilJal O\ an­'ou 1)I'u lima, d ell uma d n ada

go.., I (Ma II 0 'olo\' ,10. H i I" ra­ni ' 0. Tumult!) . Cal 'uda fi cou \ '­

%ia . /', Callilw l rilldo, dunsou

Cal adilll1u <, minl1ll, colr;ad,­nhu ~ Illinhu ,

:-"'uo " dl)., oulro., .

CH iC)

F. de an Tiago Danta

Page 83: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

It." I :: II i 0 3

LAR BRASILEIRO

:'I1e:1 I r i 111 0 J Olio f' li ti Euro pa es tud a l' . \ 'O It Oli fu ll u lI<l o fr a ll ­cez. : u.

F o i cssa U prim il'll (' poe h a ti ll vid a d e ll c.

O ep o is vc io a e p o ' Il a d o d cd o p ta d o. r\ pro p o ito d ' t udo,

do m n or ca so, 0 pri 111 0 J ouo e, pe tll va 0 d e d o e excl ll lll ll vll: " E m P a ri ... na Ol·up a ... " O e­po i li e Cll n c;o u e socegou . Qua n­do a SliSto u es tavH casado COIll a prilll a Yay a . F o i 'sa a ultim a epoc ha da vid a d o m eu prim o. E' irrem diave \. Nu o h a veni O ll ­

tra. r\ vida d e ll e a cabou llhi . Hoj e, e ll e nao co nla Ill uis ca ­

sas d e b igo d e e chap eu coc , pa -a dos em Pari s. Qua nd o co-

m e nta Bra iI, e ll nao e p ta o d edo e conl a co us as d a E uro­pa. Xao compa ra mai a E uro pa

o Bra :;il. Me u primo J oao n ­go rdo u, minh a prim a Yaya e tu ­fa ll . Ha m a is lim casa l f l iz ncs­tu I rra e e nc i a lm e n te agri a la.

o v ez m qua ndo UI11 ul11i go usso mbra do saeod e a ca b c;a: - " 'ra ve j a, 0 .J 050, h in '? Q UCIlI diri a qu e ll h uviu d e d ur ltio bom marido. ' m ho m clll qu c p in l 1I 0 a n co OJ P a ri s . qll l' Kll,> lou lIm u fo rlull u e l11 p n nd l'­gil., ... ("1'11 . .,i lll , s illl '>l' llil ol'. .. ..

En tuo () u l11i go pilil oso pl lO, () h0I11('111 <I t' g r u lld ' 'x pe ri (' 11 ·ill. ~o l ilt () u ph ori'> II H) d l' fin il i \ o :

"(h 111(' 111 01"" rnu l' i d o~ ~ilO qll ·11 · q ll' f01'1I II I Illai~ p Ul1 d l'­

go" ' 111 ... o lt ' 11 0" . I , (I BllllgO qll . 1'011'01'11(1 "1'111

pI I' ' Il(' ' 1' 1'11 " 1I .... Ulllplo ('1.111 UIII

" I : I II Il l(' 111(1

' l ul\('1 II phtl o oplto !t'Il I1 f1 I II 11 0 " II nun (' .,,, pilI (1I11~1I " <t ll ' () 111('11 pI 11 110 '/ 1I . n 'I)rr '~1111

\. "lIgordoll '101111., II" 1,1110 1111 "dll II I p()(' 11I1 dll 11111 1111'1 '111 II ,.

I • .I til Ill, ' \1 11110 plI lillI, 'lin pll (IU \01111 111. 11111111 flC . 111 , l o .lfi

RUBENS DE MORAES

fit'(lll Il l! l' poc hu ll'rcci r I l' II l li ­I11 U d n vid a ddle: U 111 It1h l' l' gor­d uo

x Ell u e go rd a. e ll l' gonlo, d ie ...

S :10 ,Jo rti um enl c rdizes. Ell u (. fe li l. po rqll C l' lk l' fl,lil.. :'Il a" e ll . 0 ra m oso pr iI1l O .lo tio. () h o­m elll <I us u \' cntur us I1l l' lll oru \' l' i", o c lc llul1li ss im o primo .J olio q lle t' sl cv n u Ell ro pa. porqll e l~ e ll e hi t) fe liz'?

E' porqll e ll a sub <lu , pa r a o J oao, ~;a hir SC l11 sobrei ud o 11 11~

l1 0 it e d e 11 ' blil1 ll IHin Il' I1l iJ1l­po ri ll ne iu Ill as su l la r ci a CU Ill :!

sem c llil1 e lo ' e UIIl pirra r «II '

nuo acu ba Illui s. I";' POI'lI U e ll a sa be qu c Ulll qll udr na pa l' d ·' III1l l1lillim Iro nvi eza d o ' I1l UI-10 lIl 11 is g ravc q llc d iXll r es fri .lr a llg UU do ba nll o. ;\ l inh a pri Illtl Yayu d pa is d IOIl gos pa ' iCIl­Ics s I ud os eO lllprcc ncl t' ll q 11(' ;1'> guC rI' US n l1 pOICO lli cLlS C 0 Brl1s il Il o ll a l1d ('1. do co ll l'gio d c Sio n Il tio fuz(' m u fe li 'i d ll d l' 11 0 luI' . :'Ilinh u p ri m u Ynyn ('O l1l pr ' (,Ild,'ll qll c lod u U fl' lici d ll d l ,., 111 l' lll Ill ll cl n r e ll n 11 l(' ~1I 11l 0'> bo ll-I '" da t''' nli ~lI ti ll l11 uri d n nllk... d (' 11 'll il ir 11 0 hllIl h ll . E II II ,1111 ' 11 11 ,' . IIll1 ilo Il lUi ... qUI' o~ tIl'l 111 [1111111 1111'11 1 11~ till ki dl' J) ·11 .... \ II II' ," . q lll' 1.11 11 uprl'nti(' 11 dIl1'l1l11I' IIIl' . " . ' ['111 lirllr ..... ('1111'1'" do 1 1I~1I1"

1 . .1111 d l l ('1111,11' 11,"111 ''', III

"'(' 1111' II lt l qll.· " n ' fi(,11 COllI " (0,1 ,,,, 110 \ ('1110" I 1111 ","111' " II' qlll ' pUIIIIl I ' \1 11·,110 ,,,"I ' lIdll"1 II .10 Ill. I' . (0111 11111 111 ... 11111'111 III t"ll\l ' l. 1' 11 11 ( ' OIH <11 0111 lin 11111111111 I'" III I.. , III I) III I III I' '1111 ..

I 1111 till tI, · 1)11' 1"11111 • III " III I I 11llIrI , II. ' II ~ I I 111 .lId .. , II.

, 1\' lid" .II 11111 I' I I. I \ ,t' "". pll l1ll1t1 l1 • I II. 1111. 1\1111

,. ,,"1 .". 111111 I. 'I. I II II

I, • tt l

go ... I II" I', 1'0111 UIlIIt q~lIr ll ll . .t .

\1; dl ' IlII'Il till Ihl-.tl'l l' ''''pl III COlli II III o ll lllr Pl'1I1·tllllll •. ,' lllI IIqut'l l · qll,· IHio 1,; 111 II/lllo lllJ 1

" Il l' PI'Il"II: " ,\ qlll' ll l' piI,1l'1 1o, tUcl ill ho 1' ... 11\\11 IIt' lll I1llli ... apl'll I()so . 1'1)(,/11 1' till u/l·iIOllti .\ /1'

tlll1U '! .. . Sed <t Ill' l ' U n[io gU'otlJ I

E· .. . l' i~~1 Il1 t'~mo. l'U n;io ~II~ ·

to ... .. c Il w ... liga COIll COIl\ it' '.io

Ell a su lH' qUl' ' Il l' I1:io gO""1 q Ut' Ih ' PlIS,C IH 1\ IlHio Illl-. ell

hl' lln" . E ll a I1 lio ~(' I.tlllgU <tlll1nd" (' Il u Vl'1l1 lod a cnrill ho .. n t· 1·11 1' tI il.: ":'\ :io ulllo ll t· ... .. 1-:1111 hOllla el1 I11 i~ll ~ d t' tI o rm ir l11ui~ 1'lIrll1~

J111 fn II tt' . com IIIllB fl' IHlu d · CO cl ll Indo pn ru die podl' r 1'0(111 u per ll u d i~lru l1 i d o. pl'lI",uJ1do l' lll II cgocios (' J1 HluUll tll d Ie t'lIl1t ,1 t'll ll sns d o ('U~U .

Ell u su ll e q lll' 1('1' a -f.' ira . dill cl l' poc ker ('III (,""'0 du ;\1 0111·t'IJ , E ll a!> fe m hrn dc lodo ... 0 ... IIl1l1i , v.' rMlr io>. (' /1 \ i!oll 0 Illorid,l I"g" dc Il lllll hli c(' do (IIII'll dfLo lI .i ll ' I'

1' ~qU(t't' r d dllr puruh"Ib D" poi .. do jnn lnr qll l1l1l10 \·11, .

~l'lI l lld() Iln rutll' irll cll' 1t ,1I1l1l1'1I. II l·IH)i.. lie fLor 0'" JOI'III1' · ... d .1 Ilr· dl'. CO IIH 'U 11 ll~ .. oviar 11.11\1111 " 1I "~llrill 11111. 111 ;1 111 /

"Fill II n.l (. <11'/ lIJ1" .... 'I " ' hoi IIh'"1 11101'1'1'11 "I III' .11 11 01 I \ I \, .... " . I · ~IIIIIII \IlIII ,' 111, ," 11 11 III

"II, IH' III "J)II 'I'" tOI 1111 ,1110 'I II ' .11,

111111 Il·U'. ." "II-. 1111 01" "' .II'" I 1IJ1 "U, "I

I" .II II II" ... I III .... 111 I P II I 111111' . . IIl II I,,, I" " ,I, 1'1 hI! 'I I" .11 'II .lIh .. .. Il Ii IlI' 1" I "I ll 1'11\1 •• I'" I 111

111111 • \ Itllllll

", I • ,<I :\ lIl1h I

do 11\' f1 01. 10111<· I .• 1/, I,IllIIf II/

Page 84: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

4 Revista de AntropofaJria

1 CRiTICO E 1 POETA TR(STAO DE ATIlA\'OE - ES /lldos - 2." se ri e -Rio de Janeiro - 1!)28.

Tristtio d e \thayd e 0 0 cr \li eo do Brasil novo. Mais m e convc lI · \,0 disso quulldo leio os alaqucs fllriosos que e le recehe a cada instantc dos cr iti cos do Bras il " elh o. POl'que ve as cousas do passado scm a lenl e de aUlllellto do tradicionulismo e do fan a ti s-1110 e ve as cousas do prese nt e COlli olhos desprevenidos, teIII sido xi ngado :'1 vOlltade pe los q ue vivem as avessas. Is to c: nas­cem em 18!)0 e da i a vi n te allos mio es lao eIll 1910, llIas e 1l1 1810 e assim pOl' dean te. Vao r e1l10n­lando velozmen te . Assim se ex­plica 0 fa c to de haver contel11-pOl'Un eos de Apolo entre nos.

Esla serie dos E:; /udos r evel a o 11IeS1110 es ludioso infatigavel da primeira, 0 m esIlla espirito ao corren te de tud o q uan ta se. passa aqui e la fora, 011 tem e oje. Como juiz da lile rtura nova e excelenle pOl'que vive de pc a lras. Nao qu er isso dize r que seja um desconfiado. E' um ho­m em que anda C01l1 0 11Iovimen-10 (as vezes ate na 1're llle do movimen to) mas nao 11 0 movi ­m enlo. D c lempos em Icmpos se volta pura lIl edir 0 ca millho andado.

PossLle aindu u van tagelll dc se r um apaixonado. Estil sut is­f e ito nu sua teITu e na slIa e po­ca. :10 diz frial1lcnl ' pOl'cm sc d ixu em polgar pclo qll e tiiz, ueulllu la urgul1I ' nlos, disc llt e, lu ­la , insisl e. Dcpois mio te lll lII e­

do d af il'lllur . o es lutlo sobrc Pil'ulld e ll o pOI'

exe lllplo l' 6Iill)(), A tlllSCIICiu do

I ,,"' ili'1I10 C hOl1l c lll no lea I 1'0 (0 "I~ c

d cm o ns lnl d a c ana li sada co m inlclige lH.: ia e uma f01' g<l c rili ca invc nc(vel. O ulro c ns{lio e X,ce­l(' nl e e 0 d cdi cu do a S. Francis­

co de Ass is . Ntio c ilo esses dois para d es la-

ca-Ios do res lo do liv1'o . Quando a gc nl e ntio cOllco rda com Tris-1:10 lem vo nl adc d e disclllir. Os sc us pOll los d c vis la lIllllCa d cix Hm 0 l e i lo r indifcrc lll e. AlJrc lll dcLal e. Forgal\l 0 aplall­so o u H contl' aditu.

Os yoillm es dos ES /lldos se l' ~10

ullla histtlria d a lit c l'atul'a act ua l sem a paulificagao das d a las e dos ca rgos pllb licos exerci dos pelos poet us. Nc\cs u aprox im a­«cio nao se l' ,l il1lposta pe la 01'­

de m cronologica, Ill as pela iden­lidude o u l1I esmo dispul'idade de pensa l1l ento ou tendencias.

Acho qu e T ri s ttio esUl se 101'­nando indisp ens <l vel. Nao e pos­s\vcl dizer mais.

HEITOR ALVES - A vida em I/l ouim ell/ o - Passa­Quatro ' - 1927.

No quilome tro -17 da Re de d e Via«ao Su l-Min eirH fi ca ltanhun­till. Em Itnnh a ndu ' tem Lilli ni-

, . ~

1I.as10 c ncsse gilHlsio cns illa fi -~ca. ~, ~Il~ill\ica 1l~1l engen heiro da I o it (ecll ica do RIO, l'haulUdo lle i­lor Alves.

Na 'idudczinha de queijos esse 1110<;0 ne rvoso fUnd OLI " ..

, , u r ev ls tn t l rc /l'I co c eSC l'eveL I ' I 0 1\'1'0 de versos A vida (' Ill .

. IIl OV /m e ll/O DULls (u«lIl1 h 'IS Po' ' I ' " , c . . Ique tant o 0 1\ I () COll lO 1I rcvislu (' .

1,- . • aze nl qncs-.to de gl'l tur se ll I'

Co m os limitados l'eC UI'SOs de lim a lipografia d e PasSa-QU:ltl'o 11citol' Alves d csc lIhou UIII I' :'t io <I e toclas as COI'CS lIU ca pa do li ­vro scparandll as I('tl'[\ s de Sell

1I01ll e c do Ii 11110, le tras [\111<1l' e­la s, ve!'mell ws, verdes, a%Ll CS,

o movinl f' lIto de IH22 levou assim alguns aliOs pura c1lcgal' a It a llh a ll<lu' . ElII e ()l\Ip e nsa ~' ,io

ICyc 11111 deselllba rq lie' d e al'I'OIll _

La. lI ei lor A lves sozinho se ill ­c lllllLill do hin o lIacional , dlls fogllct es, dos arcos de tl'iunfo, do ViV(ll'io, dos disc ursos e do

res to , Tallwnha actividadc ('es­

liva Sl) podia partir de lIlII ('0 11-

ve neido. E 0 a lil or de SOli S alelll d e SC I' UlII scm cllivida a lgllmu te m lIIuit o gci to para l'atequista. Co nvenceu-se primeiro. Qllel' agol'a convencer os oll tros. De forma que C lIluito proYt1ve i IIlIl H

escola i lanhand llan a de poes ia rcvolllciona l'ia d e ntro de pOlleo

te mpo. Assim cssa co usa ai nda illde finida m as j;'1 pulpavel qlle C a lit e ralul'a n ova vai ganhu lldo o Brasil int eiro.

Quc m CO IllO e u publica lI1II jor­nn lcco ~1S v ezes e sllrpl'eendido POl' lIlIl a car ta <l as profllndas dc Goiaz POl' e xc mp.lo l'm que 0 re­metent e disse rta sobre !\lax Ja­('o h c m anda um a poes ia ondc

ao lIl e ll OS vall' U int e n<;:,io. 0 que talvez Il tio seja 11111 Lem (porquc d C'sse gci to a cOllsa virH 1IIoda)

mas SCll1prc pode trazcr L1nlHS r cvclac;oes boas (' a te ()tilllHS. \'e­jam Ca tng u azcs.

1Il0( erll IS III O. __________________ A . DE A. lIf .

---------------------LEIAM: PAULO PRADO - IW1'/{ ,ITO /)0 HUA ,\' 11 , ,. TRISTAO DE ATHAYDE I~',\"J'{I/)()"I' (2C I1SIII0 S()!JI'e a tri s les" )' '1 ' ) MA' RIO , - ",. . e el urnsl ('11':1

DE ANDRADE I~'II/S'\ I () ,\'OI3U/," ~t',l'I e (niticu) . . . AUGUSTO MEYER G/HAU % _ ( 4 lIlUS/{:A I3iVI '111l:-'II~ VAR~AS ~ETTO UtliJO CI/ {ICRO Vl' I'SOS). ' 4 \1-\ (cri ti CII l' folclorr) ,

JOSE AMERICO DE ALME (v('rsos) IDA - it nA(;M:E!R, L\ • _ ,I n I

. c(. - (romunce).

Page 85: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

(Na tal)

Revista de Antropo(a gi a

CANCAO DO RETIRANTE

ENTROU JANEIRO 0 VERAO DAN6S0 SEMPRE AFITIVO PELO ERTAO , , , CACIMBAS SECAS NEM MEREJA V AM , , , o M6QO TRISTE DISPERANQADO FEZ UMA TROUXA DE EUS TEREN

DE MADRUGADA - SEM DESPEDIDA ­FOI PRA SAO PAULO PRAS BANDAS DO

A M6QA TRISTE SE AMURRINHOU FICOU BIQUEIRA VIROU ISPETO - ELA QUE ERA UM MULHERAO _ INTE' QUE UM DIA JA' DERRUBADA DE MADRUGADA FOI PRA SAO PAULO ",

UL " ,

PRA UM SAO PAULO QUE NINGUEM SABE NAO ",,'

JORGE FERNANDES

ASSUMPTO RESOLVIDO FORMACAo

5

e Que muila ge nI e lem a ma-Nao compr eh endo porQu e e uma ins lilui <;ao Ira-

o h omenagea do tinh a int Il igrnria uma va -nia d e esconder Que a a nlrop <;> fagia diciona l en tre os indi os amen ca n os

n'lenda ma l os Que vi-

E' to la e Qu e I'ecom C uma cousa , , b ' Ieiro n ao co mia genI c, 0-vern gritando Que 0 In~lo r as l

mia e muito b ern com ldo" d e Ha ns Slade n c J ea n ' ao bas tassem os ,d e pOlln e?t os, \ c urn im:li cios seguros,

de U'! ry e teriamos a ll1da m a ls ml . 0 dr Ju a n Francisco Outro dia eu convel'sand~ c~n~m do; mais en tc ndid s

Reca ld e, Qu e na mll1ha o iJlnlflo e - ta mons truos icl acle: "que inclianis tas m oclernos, OUVI cl e e do pelo Bras il , Pa raguay no I rrit o ri o ac tu a lm e nte ?ccupa an tropo fagos", e rugu ay, nun ca h o uve 1I,1Ch ~S no Horla Ba rbosa q~l e

Agor a e urn senho r LUIs" u e '0 I'cba ter a a fflr m3<;ao esc r eve 30 " Di a ri o ci a I NO I~~as N:iros a nl Opo fHgos, d que ex is tam selvlco as I " ?

E qu e cx is lam", Que 1,_ m I S~~l~ ins lilu i<;iio e lcva da c A 'aso a an lro p fag la na r ' - 5 '/

pra li ada em quas i lodas 1°15 ( ;~I(fl~a d(' qllando cl issc q ~r :'Iluilo hem and U SW,a f ( C ' Illva II OV[ll'(ludu no p.I O

f ' a lh o l! 1,1110 's· g Ie a :ln lropo agta no " 10 'ur n!: ,do ~nn l -:-c no vin h o - I'c prcsenlanl cs (I ' nccl'i l ll :I onlr pOfOglll co-

, I I ' 'g ra 1111 r n C • I~s la prov3t 0 - I 'B I'Il{' vll lo !'O'lI, h 1110 s' lHlo a oml11 unhuo (a, ' ' <1 e \('u~ inindgo~ 0 11 (' c-

0\ indi os nao IIH,111 a C? I n l' fes com inl ' n<;ao gos l ronOll1 lCO , I'go r IlIl11\)l'lIl 0 vu lor do

Com'm pOrQlIc ,,(On'lIllI I11U\'lIlI \ i lodo' _ , ol1l id o - ami li a, vo lunl nrlo\, I leix(' <ll' (Jul'r ,'!' rou\)u,

P Ol' isso 0 5 " , Hor lu , UftrbIO' ~I O( 0 SC lI nllli or l' '" l' lh or do po brc ' jo lao !:xpo l' fldo II I

, , _ (,11I' lIl' 11 101"0 I , palrllll n,o : or ll l' hU1l1011 bOIll go~ l o d e (,oilier

HINA

s ua mulh e r d e humildad a le m do Illud z dava-Ih

ta c ultura, tanto C]U

m edrosa d e admira<;::io filh os,

Tamb 111 6 li a - a hi h aviu ngun III

u r ro ml11 nda <;flo d ca pri rho : Lisl e d e bOilS h urf's ci lire

E nao di sc utia para nao

Ii dad e ' .

off nd I' • U r ptibi-

Ma ' no mom nt o pI' is -ohiu fullllin a r COlli

m o nos y labos d es truir pruz I' C - , ,

Mai s tOl'd p o r n 'o nqlli luI' IlO\' O:l Ul1llsod (l'1:-

S II n adol" c as \' 7.(,S, de eI(', , i ll u:lr:l\ tl , 0 P~ , ' l ~ Ill U 'O lll 'i l u 0(' (u ll (' ' idus ' Ill luI ()rlllonn~ 'lil n

lifi os. A's v z ' Io nl he lll I'll 11Ill"illlUli.,11I do IlIlI1 pu -

1'0 l' di ziu plll'us' , I;; l in hu l'(J Il\'i r "i)l'S indi/oll'Il:l' :

SOli bru\o, , Oll forll , o ou lro 1)1I ' 1lt10 l'rll Iroll tI ~: lr tlIlIHl - l

All", I S, Puu l o '

. de Imcida amar 0

Page 86: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

e Rcvi s tll de Antropofllg ill

=

OBJECTIVO

(nOS P() Fill : I.)' (,'().\' (,'f.:.v 'J'/(/{,'() S) WALTER BENEVIDES

A silhul'lu do ttu corpo illdu fazi a Illais dislall( c 11 paisagc llI <il-slllaiada .

Emt(u a llio 0 sol se diverlia Illimas lIitilllas val'ia<,:oes d e vel'll1 elllo sobre as nuv e ns,

Voce alii in ert e c ra a c rys lalliza<;ao d e lodos os Ie us cansac;os,

porqu c 0 le u iJrac;o r eel~ssiJl1o

qll e se aeabava 110 gramado e ra a prova maior da lua alegr ia, al eg ri a d e se senlir IlllmU pallsa salu lur do senlim enlo, ul cgria d e se sen IiI' fatigada das mi /lhas pala vras in u le is.

D epois, <[lI'ando as somlJras IOlllal'tlllI conta daquellas arvores folhudas,

e u 1150 ere io <[ue Voce se tivesse retirado, pOI' ca lisa do sereno, lI e lll qu e e u m e tivesse aborrecido d e s6 Ie vel' tlssim immovel; -- IltlS fi ea mos m esmo alli : Voce cmhevecida d e estatuaria, e ll se de ll io d e pesquiza, amlJos pCl'de lldo a ca ntiga dos gr Wos qll C' se esforc;ava l11 a loa.

(Rio d e Jan eiro)

:: =0 :: :: : 0 • = ; :: : := :: :: ::: :: :;:::: : :: :r: =;-=:=

Brevemente: Empreza Graphica Udal .:-: .. :-:-: .. : .. :-:-: .. : .. :-: .. :-:-:-:-:-:-:-:-: .. :-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-: .. :-:.

ALCA:\TAHA \IACII ADO - () hccnileirani e net

i III i 111 i rill rll ' (C's illdo s()iJr l' os invcnl:hios

puuli s las do sCl' ulo 17) ,

\IARIO ])1 ': i\:\, DHADE - (.'()I1lI)(;ndio riP hi:;iul'iet

do tnt/ sic((.

RI ' 111 ·: '\. 'S 1)1': '. I() I' I\I :.S· F. - _ ." ~ ssl' IIf'iI//m l' lIll ' of/rico/a ((,Oll to~) .

i\'\T():\'[O Il E I,<: '\:\, '/"AI\/\ MACIIADO Ur(/

/Jll/tli .~ /l/lIl1 (f 'OJ ·~·uo fi t' 1l1Otiilli1us) .

OS W ALI) D E i\'\J)HAJ)E - ..... ·"ra{im " olli p-Uralldr'

(romance) .

Livros, Revistas Edic;oes de ,Iuxo

serviC;os commerciaes

Rua Sto. Antonio, 17 Teleph. 2-6560

s.PAULO

Page 87: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

R evi I n d A e nlropof Rl:ia 7

os TRES SARCENTOS

Ca pitulo 2,0

Ali e ,18 \'am l o d as a s r 8(,RS Qu e li ­n h a m \'Ind o par a a IC' lT a dll promis­ao, Cad a h o m c m qu c l'n ll' a \' a n a l as­

cn 8ugmen l <l v :-l 0 cOll lra~ l c l'l\I, Il'n l l' e ntr E' os qu e :li nd a r c prt'sl'nlam os pri ­meiros p o voa dorcs d o p a iz , :\l a is ta rd l', n o espa,o de a lg um as ge r a,o es , h a de surgir um tipo llla is unifo rlllC' , Rm o l­d ado pelas l1lCSlll<lS n ccess id Hdes de vida QU ~' t o d o pa rtilhalll e Qu e t raz aos p ou cos um at' d e parc llt eseo aos n a tivos d e uma r egiao Qua lQu e r. Nes­ta , o nd e a fluir am corrc nt es imig r a­to rias de to da a pa l' t e, POI' forc,:a das cousas, 0 eald ea m e nto se r a mais e x­traordina ri o d o Qu e e m o utros paizes do mundo, A mis tura fo i mai s inte nsa Qu ando nao 0 amalgama mais faeil : e, a nt es Qu e a influ c n e ia d o c li ma, cos tumes, vicios o u vi rtudes v e nh a unifo rmisar 0 produto hum a n o d o fu­turo, t e r emos qua n tid a d e d c p equ e n os n(lc leos esp a lhados p e los bairros qu e so poderao SCI' d e pronto dis tin g u i­dos p e la gent e m esm o do luga r. Se­ra como 0 so taqu e d a s u a lin g uagem , F o rma rao a inda um paradig m a mi s ­ter ioso (Quasi oculto d e tao impe r ­ccptive l ) e qu e no e ntanto sc ntil'emos como s i fosse eo n ere ta m e nt e d e lin ea­do, Bastara um certo m o d o d e fa lar, o u co njunto d e tra c,:os no fisico, ou e m ultimo easo manaira d e v e s tir, para a divinharm os a o rigcm d e les,

Em cerlas r eg ioes d o pai z fi ca r a m ins ul adas agl omerac,:oe s humanas, 0 tipo Qu e produziram, qua ndo e h ega a S, Paulo, apr esenta-se t ao int e il'i c,:o n o seu aspe to com o 0 es lra iJ geiro p e rt e nee nte a um a I' ac,:a d e h a mui to fo rmada,

T a l e 0 eea J' e ns e pa r a os pI' im e i­r os, ta l e 0 a le mao para os segun­dos, Ao desembarcar vao se locali­sa ndo ao acaso, o s n ac io n acs p Ol' 10-da a p a rt e , os es t rangeiros de pre fe­r e ncia o nd e e n eonlram p a tl'i e ios . Dai su r gem bairros d e le t - es n o OraI6 Ii~ , d e a u s l riacos e a l e m aes n o Ma ndaQll1, d e unga r os no Buraco Quent e cl 05 Cam p os Esc o las ti ca, portugu czes e e~ p a nho es n o Arin ca nduva e Ca lif o r­nia, ;\Ias as n eeess id ades d a v id a c os dilam es d o se x u a li smo irao nos POll cos a proxima l-os, No CO IllC, O, 0 co nta lo I! nlre e lcs e ra fe ilo sOlllc lll e fo ra d e easa , n o tra b n lh o e n os di vc r ­tim ' n t05, Era !' Ic rno. l\ l a i ~ In rtit.' , rea li ~o u- ~c 1I1a i ~ inlim o p a r a os filh os na cseo lH, n o sc rv ico mi liln r c n o lar, Logo qu ' d sc m bar a, 0 imi g rnn ' te junla-se ao~ QlI e p ;IJ' linri o cia I11(,S­

!TIn provt ni ' n ' in c h ga rntll (In les ri e l " Pa\ \om a 'moral' cm ns inh as, mi\ lurn!lo, <J dull o\ c c rin11 <;[J~ d c qual , qUI' r St'XO c m nllmt'ro ric sl' h , o il o, rl l' 7. 110 mc~mo qua 1' 10, rl cs lin ndo II urn

<1\[1 1 56, Nas f 's l as b eu c 111 n o bur d o ('On terron '0 e d nnC[1111 no soe i(' d o! le n ' I' 'o li va ri a eo lon in s iluf1r1n 11 0 b a lr ­ro, Aos ,{Ih od os 0 11 di n~ ril' j)11f(flllll'll­to, duran l c a Il oi l!' inl r irQ , qu e J11 PrJ '­S[J no ruo o u \,(' 0 Iw qu ' d o' plll" l" qU I' rl nn<;0111 (' que (J CS pll \O~, ('u d l' ll -

iado111cnlc, pul om (' bulelll ('0111 ('\-Irondo os so p olos gro so o bI' 0

(nO~I A!,\ E)

A PONTE DO AMoRE

11

50a lh o, :'\0, inl CI'\' a l(., d a IllU\Il'a, ('a lll ~ 1ll (' Ill tO I' O IIl (' lop('[1' lh p l'ra, !'

1I1 0 1l 0 to n :1" , l' n l1'l' lllci;l(\a, dl' , u r lo, d(: b t' b l'l it-ira I' JlJ qut' di )Jaralll '" 1' ,'­vol\-l'I'(" P,II' ;I 0 ~r, 0 I'U111 0 r da f",l a :J II' <1l' o ulros (' ~l rallgt"lI'O ' , ini111i go~ qU l' Sl' lll o, tl'HIll lanl o lIlais 1'1\, ;lt" qu an to m<li s S(' p :II' l'el'1I1 rO Ill ()!, con­CO ITt'nlt's, T o d os lo uros, granuol'S, abrut al h a d os. P o rl'l lI un ~ ~,io un ga r e­zes (COIllO sao con il eLidos ri o PO\'o) l' o ulros e~ t o n i anos , nao Illeno~ lurbu , Il'n tos , qu e Ill o r:tlll n~ s r eriondl'za, t' ocl c i ~ 1ll :lOS v izinh os . r. om l'~ou a rus, ga P Ol' lun a in signi fi c(lt1cia, n(lHI OrO~ qu I' fo r :1111 cI egt: nl'l'ando e1l1 p r o"oca, 901'5, p a r a Icrmin :1 r ('III p a n cari:t ri a, De d csa"en,a a rieS;)n' n , ll \'ao l'

tornando mais inimigos. A ' bri ga iso­l ad~ s ucede o ul ra bri gn, C111 qu e 10-Illalll p :'lI'l e cI o is o u tr es , e as dcsor­d e n s QU l' eOIllCc;a r llllJ a IlJUrro~, aca­bam n cael'le o u faca. Ha en co nl r os r1 l' g rupo s scguieios ri c encon lros de b a nd os, ~, ao e raro , 11<1 cslrada cI o Orat o ri o, enfrl'n la r e m-se ri e p o is dum a scri e d c co nflil os duns jold :1 co mpos­las d e Qu a rcnla o u St'sse lll a h 01l1l' n s a rma d os , E nqu a nto lan la :1 ca\'a lariH , os adve r sn ri os cli s pal'am a s :lr1l1as qu e a ind a con Sl' I'Vanl ci a g rand e g uc r­rH , p is to l as a ulo lll at ic as, r c\'ci l "l'r('s d e g r a nd e ca li b r e l' a le m osQu etes r1 0s an l igos r cgi mt'n los d l' dragoes, l ancl' iros o u ussa r es ri a Aus tri a, Rus­s ia o u Alc l1l a nh a, Sao 0 p esad e lo cia p o li c ia ,

o nae io n a l vin do d e fo ra , cl e l11uit o lo n ge as "czes, nao se nt c n ccessicla ­cl e se aj unl a r em chus ma s: nao cs t it p:'eso p e lo icli o l1l 11 , n ao cs l ,i iso la cl o, F oge d o co nl ' IT[ln eo r ece nl- h cga d o (que lcigo 0 c h a ma dc prim o) p a r a c il a r :J~ " m o rdidas" . Aflu c para as o andas d a Lu z, Alguns que r1 csga T'J'n ­r am cia le\'a, qu c "l' io d o I\' o r le Oll d o Su i, vo lt a Jll d as fazen();ls d o Jnl l'­r io r c prOcural1l in g r l'sso 11 f\ Forc;n Pllb li c a d o Es lnclo, U I na o IIll e Ira n ­gt' i r os, 0 fi lh os d e inli g r an l c5 sao 1't' la l i\'.(11lll' l1l e esca'> o~ , 0 qu e 1I1 :li s 51' ve ~ ao ca b o(' l o~ , 11 eg1'05 0 11 Ill es l ieos, 'lind a n (')\'o' (' o llt'iro', e lll qu I' pl'e­d Ol1li !HI 111 os ((U " \'i(, J'<111I dt' Oull" )' 1::: s lad o ', :'\t'!; \('s , p Ol' ' U:I ve7., ,obrl' ­S:1 t'J11 , pt' l ~ qll<J1IIid a d ,' , llli11 Cil' o'> t '

11 0 rli , l a~, o rigt'1lI e ('01 11 0 0 i1ldict' d o ;ult':111 I;t111 l' lll o (I ll HII' :1Z0 d n Z0 1l :1 qu t' d ('ixa l':Jl1l. Q UH11 lo III,:t i'> 11 U Il~el:n­'o~ ,ao d c I1Ill IU E/II I', 111:11' ",1(' e 111 -fe li z t' po bl' t' ,

nli gH I1I (' I1I (' , qu all d o pn"II \ ':I :I lra­Vl'Z cia run d o TH IA:-.' ,l ' LO :1 I{tl a r ­dn ri o plIl :'lein ( 11 :1 d"!. ,o 11 d nll' 11110' 1111':17.), u, h OJlIl' II' 111 :11 , t' 11 ('(Jl' p IJ( lo , d o IlJql1l'1l' I'mltl 0' prl'l o" () J'(', lo, ('0 1111'0, 10 d l' ('n iJ o(' lnd n , 1l~ n l' l' IIII'JI, t'l' lI () rl'iHJ! ld hn d ll " '1'0 1'111 h U1I11I1111 qU l' "Ill' I,'r r'1 ~ l' I( III,ti( '" I "1:10 ,It-I,', 0'" 'H '~ rO('''' ( 1111, 1111 \' 1\.l n. 11 nJ(1 \ t'I1Hl' ('0111 (" PI11lI o, 1111111 111 (1'0 d,', I,'ulpn c lIrli ...... ,II 1(l, d t'fh'IU'J'l lrt'll1 ('o ln I IH' II\ t' l ru pld t". D ol-\( H~Ollt n cnn ll il l In n, IIH,lbun', el li I ro lla ,'lin n, h l'l ll1\'o,.

('11 11 '11 " 1"111 fllil1l111 111l 1( ' d" /I"IIl'I" t' ' 11 (' lll 1,,111 IIlI "ollJ iI ~'I I () <i t' , ,11',11111

Y'\ . DE AL~I '. to PR DO

infl' riurid:u ll' dt! 1',1 a prt'IJ 113 ('idn­dl", .\p"/:Jr d, 'I'r 11111101'1.1 11;1,> ,IAlo' 111,'1 :It"'"" urlialla, p,lul,,!. ... , XO <10 p,'"u.d do, (Iro,1 dJl1It" opl'l'aJ'lO ('OIlI(l(1t'11I -W (it- IWI'lib , 11I,tlal<1' L,>­':1' 1IIIdil"1"l" ,';J Il'alll ILl \ 11l.\ (lor­«tI" !( uH, i IWO (':1"1111 u:;o t'<JIl,IJlul'llI 1IIlil·H'''' t'egu l:ll't,,\, "'1"\ l'lll p.lfU a" IlP-

('t,,,i d :ldt" de lodo h"ll1"I11 <lUI' ;J

Pl' I" (' fWt', 1\t'(,('OI'11I d o II :tun'I'untl' t) u d o negro (,OIIJ)lllllht'iro ,I "fili" Jun la-,e {I lUI" 0 :1il" IIi'l llO, " :1mlJn, a, l'OlJ~:1' pl'l'dis)l()('ll1 aqlll'ln orga' ni."'lllO\ , qU l' "helll Ill1iita, "l'l.l'\ UP(t-11:1' Hl ill1 Cl1l:1d lh , ,i l uiJl'rClllu I', :1 dl" g('n('r(',!'n(' ia, ,I Iuul' ura. () tlnlll{o <l ll e l' l nf J'i c<l lI lI, qu ' IJ'ah,tlha", 110 l' il o d "" fazenda" lI :io dt'h ou dt'~ I'n' dl~ lI c i:l. :\iio POdl'IIH" on~i(\('r3r co-1110 5e ll(\ 0 ~t' U 11 (' 10 n ,dJ OJ' lo de,ril'n, Ind o, cOJ'l'oi d o de 11I il 1l 1:17.rla~, tic p(' il o funcl o t, P l'J'JlaS b<l11liJa\, ((UP ,c <l J'J' as la p l' las J'U :lS :t pJ'oclIJ'n de ('m­pJ'ego Ito\'t' qu e Ih" p e l'lc ila ,ali,fazl'I' >I, ~ u as (mica, :llIlbi,(lt": :l dan 't! , n pre la (' " bebid n,

:\ 0 bo leQui111 a)1nJ'l'Ci<lll1 :lIlI(J"n,<; (hi IJ'all,for11la ',io !la , J' H~'a, r,pa lh a' d a, p e lo pa iz, Alg u('l1!. C(J IIl pr;ili ('a d o rt'c ru l a lll en lo ria FOJ',a, podia POI' J' u lul o , illdi can d o :I oJ'igl'm, I'm cad a llIili c ia no qUl' t'l1 IJ'<1\':I 11 :1 In ca, ,\' t'x('t'p,ao do PJ'et o" e J' :I faei l rec t), IlI1(' ce l', POI" ";>.t'm pl o, ° millt'iJ'o d o lI oJ' li s la. L' 111 "'m 11'0,0 gJ':1l1dt", fi , s io ll o mia cn lma , qU:l.,i im(ln" i\' t' l, ali­lud c J' e l ra id ~, 0 ou lro, IJ'a o~ pr!]ll e­n os, 0 naJ'iz, a It' la, a cabt, n, 0 cor­p o, lu d o (' a rr r d Olld ildo. E' m a is IJ'o n­c ud o, Iraz no fb ieo <I me,1 i ngem d o hra n co com 0 indio, qu ninda t mni' :lCU, ndn n .. p OIII (' lo, e no\ o lho , IH" E/ J' O' I' b J' ilh nll le com o jabolicnba< d (' , ' liJ a r ,i , la l n vi\'llciriadr ladilla, ' uJ' io,a o u pe J" cJ' ul arioJ'a qu e d ('morl"

IJ'a111 , ;'\"10 11' 111 COIIIO 0 l11i lWiJ'O, d o, no da ~ jnoo li ca iJ n" n \'l' lha('nrin o('u l­la ,ob a'p l' lo in o f,' n,h (l, t1ninl<1 lJu lh c n lo ri o 1I 0 J'lhln loma-o, n ll l'r­nndaJ1lcnle , :111':1(' 11'" ()u i llci("pi'l \ "I co m o , i fo,,(' Ullll1 'J'inn,n,

o (,:1 J'i oc:1, 1:' lIlb III 111 ll1lL' I'(hi "iJII() l1a FOJ',a, a nlill ri:t-'" IwLI [;11 ,1, :,\ " (ll'o it'I ;'I J'i o d o !li n h,l 11m ' Il IIHIUl " lin ~ U :1g "l l1 I11Cl1nfullrll\' ('1 , I.in ("Irlll(-1',,1 ic:t ql1 an lu n dll (l,HIlt,,,, tI" II" Il'lllzill h u UU !l0 111 III 111"0, Iltll"1ll III filll l :tIlIl' l1ll' Ill;li" :l1ot, .. ld.l\ (,, ) ,I 11l1\'1" \: 1111(', E' :1J 1J,' Ill) I' (':1l1lalll,', oI,w" " :1111:1\(,1 l'n llW a IHI lllJi,I\'j" IIIf.lJllJi " t!,'"oetl!lad n. (fil l' 'l\ "PI q,nll ',I I.UI.l · I (l IlI CIII1Il'II I l' I ll'lo, flltH-' ('I' l ' pr.tI.l' ct-. 11I1ti, lind:t h lll .1, I.' tllIl PI,IUI "tI\t! 0' dl ll'r" .. h"1 ~11' I " (l(,l\ I" 1,1,1 ,1 d ll fllli d ;1 J1 \t 'nid I 1'. 1".,.11'>("" ", \lInl n' ((lit kill ,,,,' ,"(,ltl.1L 11,1 )", r· " ,I PlIiJl u' l fl'('1 111I1 11 11' II," lJlIl , I' ~ I'I 11(1 HI\I. "' , l tI 1,1",1'" dl' I ,I h).'

dl\,'r,n,. (PH' U,ULHU,' t.Hd.l till ."r 1"1 1 .. , 01 ,1 ,l l lIl,ld,l nit d.1 h 1'1/1 ,1< I., mill tltr. .tn lt -" (hI \11\ ' l1l p.tI.1 C' ... h .• 1.,111ctf It" ITfHIIH nltl' da F,\( ~ ...

Page 88: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

BRASILIANA IX

B RA S ILI DAD E

Dl' uma noticia sob re 0 Convl'nio d n [mprensa Nor te Pauli s ta . I't'alizndo <' III no \'elllbro iiltim o na cidade de Tau­batt'. [JublieacIa pelo "Correia Populnt·" de Guaratingueta, n . de 25-11 -928 :

"A's 12 horns. no Ho td Lino, foi sl'n'icIo um nlmovo I'cgionnl nos jOl'nalistns, o ffcrc e ido [ll'los (,XIIIOS. srs. Depu­tarl o Eu c hari o ncbou ~ns <Ie r.nrvnlho l' Alvaro Marcondcs <I e ;\[ a tt os. Vicc-Prl'fcito ria ci<lade.

Em bl'ilhantc discurso. ch l' io <I e profundas co nsidera­~() P - e pcrfcitamentc burilndo, profe'l'irlo com ca lma pOl' qu em e l1l es trc na o r nto rin , 0 Deputado Euchario Rebou­~'as offen'ceu 0 banquete .

Agradl'cl'n<lo usou cia palavI'f1 0 jovcm jornalista, mas taIPnt oso. SI'. Luis Sampnio Pellna.

Durantl' 0 agape' tocou a renomada orches tra do pro­fess or Fego Camargo.

Sao di g nos d e m ensao do is faetos que muito nos agra­d a l'am e av ivarnm 0 nosso amor a terra em qu e nascemos, fazendo-nos lembra r d'''O Bras il e a Ra~a" de Bapt is ta Pereira . Os s rs. deputado Euchario Rebou~as e Jose d e :'IIoura Reze nde em tes tem unho de seu espir ito de bras i­lidade timbrara m em offcrecer-nos banquctes a brasi leira nao permittindo ir a mesa uma 56 iguaria de nome es tran­geiro. La tivemos 0 nosso tutu com torresmo, 0 a r roz , 0

frango assado e outros pra tos genuiname nte nacionaes. Ainda mais, as musi cas eram todas brasi leiras. E pudemos apreciar "0 Guarany" e "Salvador Rosa", de Carlos Go­mes, a lem das muitas outras cuidadosamentc escolhidas p elo maest ro Fego Camargo. Nao p r ecisamos ir busca r inspira~6es na velha Grecia ou na antiga Roma: temos aqui 0 nosso Parahiba do SuI, as serras do Ma r e da Man­tiqueira , as nossas matt as, e as nossas campinas e a nossa igara. Bastam 1"

MESTRE NA aRATORIA De um discurso · profer ido pelo depu tado Euchario Re­

bou~as d e Carvalho num banquet e offerecido ao senador Dino Bueno em Taubate e publicado pelo "Jorn al do Com­mercio" d e S. P au lo, n . de 14-7-926:

Senhor senador Dino Bueno, eu me sinto bem onde estou, porque a inda tenho b em dentro de mim 0 reboa r lo nginquo da voz d e meu pal', Jose R ebou~as de Carva­lho, do meu a vo Barao do Jambeiro, que pl'opugnaram nesta tend a d c Irabalho e foram vossos am igos. Eu a inda te nho nitid as e rutil a nt es as imagens ria minha infanc ia aqui vivida e por isso m esmo sou capaz dc a uscult ar em alto diapasao e transm ittir 0 sentir qllentc e robusto da gratidao deslc povo, que e 0 meu povo e rio qua l eu sou uma legililllH IlIolecula.

Que es ta festa, .entre os eIllba tes d(' "ossa vida, seja UIll murIllllroso. oas~s bemfazeJo, a r efl OI' ir nos app lausos d(' \'ossos concldadaos , co nsagra nd o 0 ace rt o da "ossa di­rectriz po lili ca; que. ell a seja a not a in centivadora das vo~sa~ e nl'I'/:( lns polltl cas, asslgnalando pa ra n6s outros a r 6 ta lumin osa a palmilhnr.

Exmo. se nad or Din o Bucno, Sl' soergu('rdes UIll pouco 0 vo~~o bu~t o por sobre 0 ocea no agora ca lmo, c antes en­ca pl' lIado, do po\'o tauba tl'ano e procurard es divisar 0 porqu c (!a c"lmarla, cncontral -o-c ls PIll alto re levo na VO~~H a tlltude para CO Ill e ll e, na vossn solicitud e, nos vos­~o~ co n ~~' lh o~, no \'o~so connl~so para 0 triumpho decisivo c ('o nsn "d a~ao. da actual PO"tIC~ pro~ rcss i s ta d e Taubatc .

~O l ' 1)('111 , c (' ~~ a III ('S IlI3 ailltu(', c a I l'mbran~a d esses a s"gnal ;,d o~ \('rvlr;us qut' hels pn's lado, quI' d e novo faz('1II M' (' I1(' :'I)(' lI ar ('111 . irn'prilllivl'is ondas gigantesc' 0

qU (', para \' o~ ~a udar . veIl1 qu eb rar-se h pllI junto ri c v6~' na, bran ('a~ " ~ pllllla~ dc s ua gratidiio." ,

B OA S FESTAS Carl lio di,lribuido I'm d ezclI1 lJro d(' 1!128 11 0 Th ca lro

Sant'Allna d e S. Paulo: " (h indi adores do, camurol l's CHISTORAL e Dna . NICO LJ:\,A J)e" 'jalll aos scu~ di s tin c t ()~ e ~ p ec t a " ores 116a, Fcs tas c feliz Anno Novo." .

LIVROS PROCURADOS

Por Y AN DE ALMEIDA PRADO (avenid a bri _

d · Luis Antonio, 188 - S. Paulo) : ga elro _ "Poesias" oferecidas as senhoras bras ilei_

ras pOl' um baiano (1830) - 2 vs. _ Jose da Silva Lisboa - "Hisloria dooS prill_

. SLlccessos" - 2 vs. - 1826-1830. clpaes ' . _ "Sermoes" de An tol1lo de Sa.

_ Manoel Ca lado - "Valproso Lucidenn".

_ Duarte de Albuquerque Coelho - "Memo­

rias Diarias". _ Alvarenga Peixo to - Obras em 1." ed.

Compra livros raros em geral sobre 0 Brasil.

PO I' MANUEL BANDEIRA (rua do Cunel!o,

51 - San ta Teresa - Rio de Janeiro):

Mae-Car thy -- "Viagem na China".

LIVROS A VENDA :

Na LIVRARIA GASEAU (pra-;a da Se n. -10

S. Paulo) :

'A rchivo Pittoresco" - 11 vIs. ene.

"Panoram a" - 17 vIs. ene.

Vieira - "Sermoes" - 16 vIs. en c., sendo

alguns em 1.. ed .

Innoceneio F. da Silva - "Diccionario Bi­

bliographico" - 19 vIs. ene.

A assinatura anual

da

IlEVISTA DE ANTROPOFAGI A

custa

RS. 5$000

Pedidos acompanhados de yale postal

para

Caixa do Correio n. 1 .269

sAo PAULO

Page 89: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

ANNO 1 --- NUMERO 10 500 RS. FEVEREI RO --- 1929

R_evista de Antropofagia Direc~ao de ANToNIO DE ALCANTARA MACHADO

== Endereco: 13, RUA BENJAMIN CONSTANT 3.0 Pay. Sala 7

Ascanio Lopes

Com vinle e dois anos Ascanio Lopes morreu

no dia 10 de janeiro em Ca laguazes. No dia 9

(como Carlos Drummond de Andrade me lem­

brou) eu dizia no Diario da Noile de Sao Paulo

que 0 m enino-poeta linha ful uro garan lido. E li­

nha mesmo· 0 que mais me agradava nele era

a timidez misturada com a malicia. Alravez de

suas car las e de seus versos eu percebia um Asca­

nio bom, muito bom mesmo. Par'em essa bOI1-

dade ele guardava e escondia. De forma que os

de fora a ignoravam. E embora a culpa fosse sua

ou nao fosse de ninguem, Ascanio se vingava com

a malicia. tIe mesmo deixou transparecer isso

comoven temen le numa poesia chamada Ambienle

d e infacia.

o pouquinho que Ascanio escreveu da de sobra

para a gente lastimar 0 que deixou de escreYer·

Foi embora quando ainda es lava no comec;o e a

genie sen Ie saudade daquela esperanr,:a. Acredila­

va na literalura e na lilera lura do Brasil. De vez

em quando se metia a estudar assu ntos graves.

N-' poesia moderna E nunca brincou. ao via na I to para ousadias (como tantos) apenas um pre ex

.' Trabalhava ho-engrar,:adas e mo)lecadas Cll1lCas. . . f' '·a e qucria faz er dl-nestamente. Sabia 0 que aZI

r eilo, fazer sempre melhor.

Oulra co usa que He tambem sabia era sofrer.

I certos periodos nao A doenr,:a que 0 ma ou em lh e deixava tcmpo senao para acompanhar passo

. - I f Ha 11 dias qll e a passo a aproxlmac;ao (0 1m. . ( . me cscrevia e l11 maIO ('SIOll el l' f ebre brouu aSS l111 .

• . 'b'd d ' l eI' escrever, l evall /ar , de 28) c eslou [1101 / 0 e " , I · ' Aflora ml'smo (/ f e-

m ('.T(' I', e /(' . 1:- (/(,I'(,S(' (, II ava. . I I '1 (IU C iu c r csce ndu h/'(, alll1! (, ll/a . Isso co m uma c r c

CO IllO a fcbrc dele.

I . los vc rsos do H osurio Fusco es c r e VCll nil CS ( ,

/ ' /, d (' (1//1 ' /1;11(/1/ (, 1/1 111/11 (' (1 Sf' (' S-' 1'1/ (/ ( (' (' 011 ' : . . . .

r ' . (. chro qu \' quelll (111 /,(' (1 dr' /\ set/II;(j LOllf' s . O IS <

• ' . " 1' nus~ll'i () Fusco· () conh C' ce ll I1 UO pu<i e ru c sqll n . .

VE AI · ANTAnA MACHADO ANTONIO -

Ger«!ncia etc . de RAUL BOPP

CAIXA POSTAL N.o 1.269 sAo PAULO

BANZO

Subiu a toada

dos negros mocambos

Sahiu a mandinga

de pretos retin los

vestidos de ganga.

Quillengue, Loanda,

Basulo e Marvanda

fazendo munganga

ten lando chamego

cantando a Chango.

Escudos de couro,

pandeiros, ingonos,

batuques e danr,:as.

Palhor,:as ponludas

com f en'os nas lanr,:a5.

Terreiros compridos

de barro ba lido .

Can tigas e guerras

com sobas dislanles.

Ca r,:ada ao leao.·.

Caninga de choro

zoada de grillo.

Campina de canna com agua IrunquiJlo . . .

. .. a voz do feitor .

Muconns cufll zns

1ll01e(Ju C's zlll'olllbos. Nn noit c 1'l'lillln

1I l ontiu subia

lios ll l'M I'OS 11l OC Ulllhos ...

(NlIlnl) .

LL \. OA CAMARA CA ' C ~O.

Page 90: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

2 Rev i 8 t II de Antropofal!:ia

DORES DO INDA Y A

ma rua vclhCl e vazia,

uma casa velha e vazia,

uma vida "elha e vaz ia.

A poesia das cousas humildes

morrendo, morrendo ...

(Meu Deus, fazei com que 0 dia de ama nhii

seja differente do dia de hoje!)

morrendo com 0

habito.

(Minas)

EMILIO MOURA.

LEIAM:

RETRATO DO BRASIL

O la l's me admira no Brasil que n

n50 corio Amasonas - 0 maior do mundo !

E n as florestas e as riquezas, • neI

as maiores do mundo !

o que mais me admira no Brasil

e a preguicosa confian<;a Que nos temos

nessas coisas todas - as maiores do mundo ! .. .

(Bello Horizonte).

JOAO DORNAS FILHO.

PAULO PRADO - RETRATO DO BRASIL (ensaio suhr e a tristesa brasileira).

TRISTAo DE ATHAYDE - ESTUDOS - 2.' serie (critica).

MARIO DE ANDRADE - ENSAIO SOBRE MUSleA BRASfLEIRA (critic8 e folclore).

JOSE AMERICO DE ALMEIDA - A BAGACElRA _ 4 d .8 e . - (romance).

GUILHERMINA CESAR C FRANCISCO PEIXOT M 0 - EfA PATACA - (versos)

ROSARIO FUSCO - FRUTA DE CONDE ( - versos).

Page 91: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Como quer ~u~ se julgue a obra do sr. Tnslao de Alhayde e a su~ posJ(;ao inleleclual, nao e posslvel n egar a s ingular im­pOl'lancia que lem na nossa vi­da Ii ler a ria as suas ali ludes e os seus pronunciame nlos. A aulori­dade moral , a culLura e a inle­ligencia do crilico souberam fa­zer-se r esp eilar do publico difi­cil que Ie as cronicas lilerarias dos jornais (aulores, amigos dos autores, inimigos dos aulores e as vezes 0 cidadao ingenuo que procura se pOl' ao par da Ii te­ralura franceza con temporfll1ea" o sr. Bernard Fay deu ao capi­tulo sobre Barres 0 titulo de "Maurice Barr'es ou La littera­lure hausse Ie lon~' . Da mesma forma, quem quizesse tragal' um panorama da nossa literatura nes te primeiro quarto de seculo, poderia dedicar ao S1'. Tristao de Athayde um capitulo intitu­lado "A critica literaria levanta o tom". Efetivamente, si refletir­mos no que era a critica brasi­leira ha pouco mais de dez anos, nao poderemos deixar de reconhecer que 0 biografo de Afonso Arinos realizou uma obra relevante de moderniza<.(ao e de aperfeigoamento. Muito antes dele ja tinhamos, e certo, a lu­cidez admiravel de Joao Ribei­ro. Joao Ribeiro, porem, e dupla­mente filosofo, tanto no sentido proprio da palavra como no po­pular, talvez mais, ate, neste ul­timo : nao liga muito a critica. Si nunca deixou de assinalar os seus lug ares aos ' raros livros bons que de longe em longe apa­recem, teve e ainda tem mmtas vezes condescendencias culposas para os impres taveis e os me­diocres. E' partidario do "lais­ser fair e, laisser passer", ao. m_e­nos em literatura. 0 sr· Tnstao de Athayde, ao cont.rario do ~e­fensor teorico da hngua naclO­nal, ja pode ser justamente qu~­lificado de "hom em sem mall­cia" (1). A sua lende ncia e pa­ra 0 tragico, 0 sombrio, 0 dolo­roso, 0 diffi cil. E' um homem que tim bra em levar tudo pro­fundam ente a serio, a com egar pela sua func«5.o de criti.co. I s~o importa em dizer que ele nao sabe passar sem, ao m enos, u.m

. - fir p equeno ativo de co nvlcl(O~S ~ mes sem um ponlo de vis la de ~poio de ontle se Ihe apr -sentam deformadas as CO ISas, q ue ele J' ulga en Irelan to, pelo , . I li e aspecto parcial, untla tera, q conhece. Para elll prega l: uma

Revillta de A ntropofagia

Urna adesao ~ira em torno do objeto. Limi­t~-~e a obscrva-Io do I ugar ondc es la. A consequencia direla des­~c n.l0(!0 de SC I' e lim a tcndCllcia ll1slinli~a para impor 0 sell pon­to de Vista, pela es tranlteza qu c lh e ca usa 0 que se ve dos ou­tros . Par~ impor, digo mal, mas pa~'a consldera-Io como 0 vcrda­delro, . o. .tJl1icO leg i limo. Oai cer Ia f~lsao evangclizadora da ~ua cn lica e 0 receio que Ih c ll1fundem os que cle considera "~e.rmens d edissolugiio" do es­pinto porue ameac,:am a unidade e a se~uranc;a da conslrucC;ao do seu sls~ema pessoa!. Tais ger­mens de os combate como e possivel, mas improvavel ue Eu­elides comba lesse as geomelrias nao-euclideanas: em legi lima de­~esa: Nao podendo admitir, por Jl1stll1to de conservac;ao, ue ou­tra visao do mundo se imponha em detrimento da sua, imagina que 0 que se p erder ia pOI' amor dessa outra havia de ser 0 mun­do m esmo e nao somente a sua visao.

Todas essas observac;oes nao querem dizer que se trate de um espirito intolerante ou precon­ceituoso. E' simplesmente urn sistematico. Tambem nao seria esato pensar que ele nao muda de opinioes e de filosofia. Tem mudado ate muito. Ja atraves­sou 0 estado de espirilo de umas tres gerac;oes, no mini mo. Mas comporta-se daqueIe modo r ela­tivamente a cada posic;ao. Va­riam os seus pontos de vista, mas cada um e como si fosse o unico· E de cada vez ele deve pensar comsigo : "Agora sim, acertei" .

POI' tudo isso a atividade do sr. Tristao e Alhayde vem .sendo empregada de preferencta ~o ataque aos ditos elemen tos dl~­solvenles. Denlre e les a perspl­cacia do critico logo deslacou o sr. Oswald de Andrade e ~eus companheiros de anlTop~fagla .e pau-brasil , ~0l~10 os, ma~s pen­gosos e lernlvelS. E e pnnclpa~­m enl e a esses que cos luma o~or loda sorte de valor~s, embora infinitamenl.e men~s 1l1leressan­les (a lercelro con en le e oulra do' mesmo gene~o) pOl' s~re~11 m ais es taveis, pOI~ 0 sr. T.nstoo de Alhayde ocred,lI~ na "Irt~de da cs tobi lidodc. I:. e, da. 111 (,S1110

man eira, a esses, que elc \,I\'e pregando 11111 0 acc;ao eons tl:ut.a,ra cer talll cn le u torllur-se conse~ \ o­dol'O e Ih purccc de neccssldu-dc urgen te. o quc JIlais a pI' OCllpuva no

Ie nao imagem caru a Coetcau, e o "Jom.1 do 8r.,11".

(I) Ser\lIO Bu. <Que de Holando, 0r1100 n

3

PEDRO DANTAS

sr. Oswa ld de Andrade era a fal­to de confian <;:a qu ' sle Ih e ins­pirava, aqucla continua impres­sao de Icrreno moved ic;o, qu e perllll'ba e arrasta 00 desequili ­hrio . E elc t:ensurava a terna brin ca ueira em que se compraz o sr. Oswald de Andrade, espl'o­bava-Ih e a lev iandade da s a litu­des, a alegria, 0 hom-humor. Ti­nita saudaues do Oswald prec io­so e te lrico dos "Condenauos". Achava uma pena, um sacrificio inespJicavel que um hom em co-

'mo 0 sr. Oswald de Andrade ca­paz de lag l'imas e desg rac;as, andasse pelo mundo, Iranquilo e sem remorsos, se divertindo . E trac;ava do a ulor de Joao Mi­r amar retratos pessimislas, mos­trando-o frivolo, inconslan te, "blagueur", modernisla snob, cir­culando en Ire os saloes ri cos de S. Paulo e os cafes lilerarios de Paris, loman do a sua "waler­manzinha" para escrever.·. 0 "Retralo de mim pOI' Tristao de Alhayde", em suma. E concluia pelo perigo de vir a mocidade incaula a seguir um homem co­mo esse, que substituira 0 nosso h abi tu al ecesso de lit er~lura pOl' uma infra-literatura e que, a pretesto de corrigir um erro, 0 subslituira pOI' outro, ue sinal con trario.

Agora, porem, escrevendo so­bre 0 "Re lra to do Brasil" do sr. Paulo Prado, 0 sr. Tristao de Athayde, ci tando 0 inquerilo so­hre a civi lisaC;ao americana, a que se procedeu ha alguns 3.nos nos Estados Unidos, concorda com as conclusoes de Harold Stearns, que 0 organizou, e apli­cando-as ao Brasil, diz lestual­menle 0 seguinte : "Penso ape­nas que nao devemos nos aban­donal' ou recorrer com ele (Pau­lo Prado) as solul(oes do dese -pero e sim fazer como esses lrin­ta norte-americanos sinceros e corajosos - rirmos d nos 11I e5-n10s".

!\las nao e preeisamente C5sa a soluc;ao do sr. Oswald d~ An­drade e 0 que ele lem reahzado na ultim a parle da sua obr~s? Si essa tendcncia nao e pltca por si so toda a riqueza huma­na e 0 liri smo intenso do poet~ do Esp lanado, c ntretonto a ~­gnifica~iio mais . imediata. e e \:~­dcnte cl e sellS lI\,ros· Esta. pOI:;. de parabens 0 sr. Oswa l (~ de An­drade. par mais essa \·?1I.0 a ad-suo. Pois p fora de dU\'lda q~~

com aqllclas pola\'ras a r. Tr tao de Athayde entrego ll a pon­tos. ","em 11Ini ' l1e11l 11Ieno .

(Rio d Janei ro) .

Page 92: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

GUILHER IT:-.J'O CESAR E FRANCISCO I. PEIXOTO - Meia-Palaca - Ca lag ua­zes - 1928.

Meia-Palaca C 0 nom e de um riozinho de Calaguazes. lOS tempos antigos tinha ouro. 1-10-j e e agua e mais nada . Mas a agua possue lei. a sua pocsia quc e a de Guilhermino Ccsar e Francisco l. Peixoto.

o primeiro ainda na o se livrou daquella tristesa sem fundamen­to visjvel dos poe las que prome­tem . Tristesa que a gente nao pode levar a serio. Os versos de­le tem sempre uma interroga­t;ao, uma duvida, uma pergunta de deserent;a ou desconsolo. 0 assunto nao difere do comum brasileiro e actual. Po r em 0 que esta dentro e bom anunciado me­lhor. A f ala por exemplo e cla­ra e forte:

Campeiro queimado de sol vai ver 0 trabalho dos seus com-

panheiros nas galerias de ar f rio na noite constante! Mineiro das minas gerais voce nao acorda ? Vai ver 0 trabalh o dos outros

mineiros dos mineiros-mineiros en terra­

dos na mina ouvindo os patroes em fala es­

trangeira !

Sensibilidade aleria, maneira pesllOal ainda nao muito defini­da mas reeonhecivel, desemba­rac;o, proeura, gos to lirieo, tudo isso a gente encontra e chupa que nem uma bala na poesia de Guilhermino Cesar.

Francisco I. Peixolo e mais iTreverente e gozador. 0 que nao impede 0 desejo que lem de um

.. . cora{:ao mais forte Mais resignado. mais cheio de

paciencia Pra poder aturar de cara alegre

lanta amola{:ao E pra agurn lar com 0 peso in­

fam e dos pellsam ellloll f uluros . . .

Mas no gcral 1<.17. pcrgulilus embaruc;osas u J csus, F ernao Dias Paes Lemc e tlS numoru­das. Estn .10 pcriodo de cac;ou­da e tcm m edo dos que virao depois . E' bem dess grupo I1l C­

nino d Cutaguuzcs uindu brin­cando no ('010 do fulul'o . Co-

ReTiats

4 POETAS

. . ilo crian t;u nhccc u a yocslU 1lI~1 la 0 devi­e ninda nao tcm pOI e .~ o

. P cnquanlo sa do r cspcIIO. or . .' La . conseque nela . namoncos scm 10

de vez em quando ~J1n gl e.s A ~ . I nroes l elxa mais c.heio '''''' In e Y d

adivinhar a Jigac;ao bra.v~ f .e - erso vlra el-amanhii. Entao 0 v

10 agarrar a genie. I Rosario Fusco fez um des~n 10

'ho bern wle­na ca pa que eu ae ressan le.

HUMBERTO ZARRILLI -Libro de imagell es - Mon­tevideo - H)28.

Humberlo Zarrilli e co-a~tor de uma serie de 1ivros de I.eltu­ra para crianc;as 9ue conq ulslou o primeiro premlO no concurso organizado faz pouco tempo pe-10 Conselho Nacional de EnSlll? Prima rio e Normal do Urugual. No Libro de imdgenes a gente percebe as vezes 0 escriptor-pr?­fessor inleligente. A's vezes s~. Porque quasi sempre a poeslU adulta fala seus desejos, desejos maduros :

Era mi enorm e pella el no tener ninguna

Recibe. mi trist eza como un hues­ped alegre.

Zurrilla e lerno, ama as cou­sas da rua, sauda contente os quinze anos da vizinha

que es tdll repicalldo pOl' toda la casa.

fica embevecido dea nte de uma cl'iant;a que mama, abent;oa a mulher gravida cujas

. ·.caderas lienen ondular de cuna

fala a cada instante do ceu, das nuvens, do' vento, das estrelas, canta 0 vinho, as mulheres e a sua cidade,

la del rio como mar.

Tern ale repentes de violeiro:

Nube ausente de la tierra. hoy tu deslillo comprendo: EI agua poria qu e vives la das un dia mllriendo:

P?ela amavel a quem a gen te f(~lrJbu e com a mesma simpatia dele pOl' tudo e por lodos dest mundo. C

ROSARIO Fl SCO- PI'llla rO~~nde - Calaguuzes _

o li vro siio oi lo paesins eu-

bendo .e ~n oezo il o pagll1 Us uP!._ n as. Dlrao qLl e ~osnno F usco 0 bas La nt e moc;o a lnda, lelll Inuit Lempo dean Ie dele, lelll llluit(J ta lenlo .d enlro delc, podi a c~p ~ rar mal s um pouco e publi t ar cousa de ouLr~) porle .. :'11 us ('u compreendo ISSO mUlto I) ' Ill Quem progride tcm um a PI' . ~~~ danada de m os lral' 4L1 e esta jlro­gredindo . Nao se co n lem : \'ui logo na rua passca r 0 jaqucliio novO·

Fruta d e conde a prcscnta li e faclo menor num ero dc d cfci l o~ e qualidades bem mai s accnl uu_ das do que a parte do autCjf nos Po·emas cronologicos . A pro­va esta patenLe n itste Poema :

Na tarde clara sem venlil aC;iio eu eslava bem r efes telando a

vista na roc;aria de bom trato . Gente vinda do servit;o gazoa\'a

alegre pelo caminho endomingado e

limpo.

Um cheiro bravo vinha vindo solto d'a aragenzinha e a gente suspirava ele banzando gostoso como que!

Paz de distancias . .. Necessidade de coisas nao era

preciso mio e a gen te percebia que a yiel d.

pensando bem e boa mes lllo. Quasi que eu falei zuretnll' cnle.

EU \ '1 \'0 !

Nao era preciso desejo n cn!>uJ1l naquele I110tl1cnlu .

Porem meu sexo fort e drsrjoll lanlo "oce

que eu senti na larde clara sen: ventihH;aO Il CllhUI1:a

voce encolhida, se enco<;land(l".

Ha ai alguma cousu diferenl r daquele brasileirismo infunlil que e 0 surampo da Ilossa n1('­ninada poetica. Os versos \'(; n~ mais p esados e C0l110 0 IH;sO (' de poesia mais li gciros, ellYol­ventes, simpaticos. ' E ' a idade que vai aumentando, ganhanoo sensac;6es novas, sc aorindo para n<!vos descjos. Rosario Fusel) nao precisa se afobar. 0 passa­ro eslei. voundo sem ollvi<ia. nHlS

o poc la lem na palmu dn nHi o a fI·u I a que ele proem'u.

A. DE A. 1\1.

Page 93: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Re o isl a d. 4nt r o po(oC i . 5

ANTROPOFAGIA?

Ando lidando bas tante COlli

feiti~aria aQui no No rd es te e acho Que es ta communica~iio Qu e seg-ue podc intcrcssa r aos culton's cia antropofag-ia . . . filo sofica paulis ta. S e tra ta do l\lestre ( anto) \ntonio Tirano. Eis a ce na Que se pa ' ·ou entre mim e os do is feiticeiro ' meus informan­tc " g-ente sarada dos catim­b6s de Natal.

Eu escre,-ia na pauta as re­zas Que os dois junto me cantavam e tomava em egui­cia a informa~oes sobre 0

:\Ies tre a que a reza p.erte n­cia. Os do is catimbozeiros ja estavam com a lingua solta, sem cerimonia, depois de va­rias horas de con versa e al­mo~o born no meio. Eu es­crevia.

. .. porque Turuata e tam bern Mestre caboclo (in­digena) frexador malevo Bern pata cegar os outros ... Gosta de trabalha cum cobra. Fura 0 oio da cobra na inten­~ao da pessoa a quem que cega e cega. Chega a cume peda~o de cobra, cru, mais cauim (por aqui, nos catim­bos, qualquer aIeol forte)

c: : : :

MARIO DE ANDRADE

- Ell j ~l s i"plre i IIll1a jara­raCa pr' cle Cq~;l !

- ... foi dist ipo do Kra n­d e malf e ilo ,\ nton io Tirano (' u cscrevc ndo ) qu e para a Kentc tc trabalho d ·l · linha­sc qu e da pr' c lc UIlI filho , luna ... uma pc ·."oa da rami ­Iha ass im ...

Parou. - Ma como i!'! . . . Tinha­

·e Qu e matar essa pc ·sou, C '! Os doi e ·tayam de ' apon­

tadi · imos, rindo amarelo . -Nao abemo nao s inho ... - Esse n CIll t CIll l inkl ( rc-

za cantada) ... Nao se invo­ca nao ..

Voltei a escr ever pra evitar aos do is a ensaC;ao d e exami­nados.

- E ' logico Que voces nao invocam ele, sci bem. Ma podem me contar. Minhas notas sao pra estudo, Que 0

Mestre seja bom ou ruim nao tern importancia nao. Entao ele obrigava 0 mestre a sacri­ficar alguem . ..

- E' .. . exigi a sempre san­gue humano .. .

- Sinao nao trabalhava, heim! que safado!

- Prifiria sangue de crian-

<; a ... ~ I a" nat) , l' in' oca rn ai ! - '1£1 a~ "le. apa rc("c,

nao ? - _\ \; Hiz - E quando apar l'C(, fal

cslrcpolia "! 1'\ova t' , t' lllpr ' rnuita h ', i­

ta <;a u. I{ c~ po nd e u co m llI :l

vontade : Faiz. s irn ,· illh o .. P ed e ." anJ,{u . '! P ede, s im sinho .. _ Pede pra be be r "! ...

Arrancou : - E u num ·c i. nao !-, inh o!

Esse a gente nao in\"oca nao ! Eu escrevcndo tex tualrn e n­

te como esta. 0 outro. rnai ' palavroso, mai - e perto, qu e cursara ate 0 ter ce iro ano do Aten eu , de Natal , e calara . Parei de e crever , in s i ~ ti , per­guntei. Nao foi po s iYeI ti­rar mais nenhuma informa­r;ao util ao m eu amigo Os\"al­do de Andrade. 0 outro mai humilde e mai feiticeiro tam­bem, se f echara em copa meio descon fiado. Voltei a escrever. E sse, 0 mais humil­de, acrescentou refiexiyo:

- E ' uma biografia de­grar;ada ...

(Natal - janeiro 1929) .

Danca de Caboclo

Xu n o il e il o nit a aco rd a lll can li gas

- (Valllos vi: pl a nt e) V:lSSO llr a Illinh a Y ay:'!)

:'.llIl a tos sa r a d os COIll lu ngus p e nac h os .

Mulat os d e ll g oso · e lll IJa mbos r eqll c iJros

a r co n a m ao

- pra cit - pra la

_ (vaSSOli rinll a d.c bo l:i o millha Ya ya)

Co rpos de ll S lI urn CO Ill tungus de p nu

- 1lI11l u ios s lI ud ()s (UD r ed(') d ' SII:l

lIlinhu Yu y:'l) ~W I Ii

AC! I!LU: ' \' !\"Al\i !·A

o lllastro e nfe i!ando d e fita s (·ud t- iam .

o a rea se cuna. I\. fl ec h a faz qu e vae Ill as na o vae n .lo

(Ao r e d u d c ~Cll IJil L-IO III i IIll a Y a~· :\)

pro ca. - plafff

p r a 1;\

l\1I n o it e b o nita <l o rlll e lll cll ntig us

- (Yn

Mlil u los unC;lldus . T Ull g a s d l' p c nn . l\lu s lro d e fit u .

- pl a fff

(lk lo lI ori1.ontl' l

Page 94: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Revista de Antropofag ia

~Q~U~A!!N~D==:O====E~U=M=O R R E R A Alceu Amoroso Lima

Quando cu mOlTer 0 Illundo conlinuara 0 11l csJllo. . as lodas,

A do<;ura das lardes conlin uar:'! a envo lver as CO IS

COIllO cllyolve neste mesmo ins ta nle.

Oven 10 fresco dobrara as anores esgui as

E levan lara as nuvens de poeira das es tradas

AUGUSTO SCHIMIDT

Quando eu morrer as aguas claras

Rolar<'io sempre alvas de espuma.·.

dos rios rolarao a inda ·

de Se acender no lindo ceo nocturno Quando eu morrer as es lrellas nao cessarao . f utas continuarao a ser doces e boas. Enos vergels onde os passaros ca ll tam-as r

Quando eu morrer os homens continuarao sempre os m esmos

E se hao de esquecer do meu caminho silencioso entre elles .

Quando eu m orrer os prantos e as alegrias p er manecerao

Todas as ancias e inquie tudes do mundo nao se modificarao .

Quando eu m orrer a humanidade continuar:'! a m esma

Porque nada sou - nada conto e nada tenho

Porque sou um grao de poeira perdido no infinito.

Sinto porem, agora, que 0 mundo sou eu mesmo

E quc a sombra descer:'! por sobre 0 universo vasio de mim

Quando eu morrer ...

:: : ; : : ::::

Brevemente : Empreza Graphica Udal ALCANTARA MACHADO - 0 bandeirante na

intimidade - (esludo .sabr e os invenlarios paulislas do seculo 17).

MARIO DE AND RADE - Compendio de historia da musica.

R HENS DE MORAES - Essencialm ente agricola - (conlos).

ANTONIO DE ALCANTARA MACHADO

paulistana (cole<;ao de mOdinhas) . - Lira

OSWALD DE ANDRADE - Serafim Ponte-Grande (romance) .

.:-< .. : .. : .. :-: .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. :. .: .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. ; .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. : .. ~

Livros, Revistas Edi90es de luxo

servi90s commerciaes

Rua Sto. Antonio, 17 Teleph. 2-6560

s.PAULO

Page 95: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

7

OS TRES SARCENTOS

Ca p i tul o 2,·

o p o nt o o nd {' IIqul'l a ge n t(' 1' (' _

flil l', I' qllHs i 11 11 l'l' l'tll , () ho tl '­q Ui ll!. \' c iu d e IOllgc u o lld a illli ­gl'u tt ')(' ia, CO lllPHl' tU l' PI'OfUlld ll, n tl' Sl' d cs f HZC I' C SllllIil' 11 0 (lol'­m i ll O, qu c l' () d cs tillo, POI' I' IlI , dC[lu is dc des f eit u, uilldu (,OII SC­gUl' pOl' mil p el'(' UI'SOS, I'ehubul' II ti taSl'll em qu e se v " nd e p tl l'uti ,

E ntr a so ldu d SCtI, qu e I' prc­sC llt a n m a io r cli ent ela d a VC II ­da, d il -se 0 caso d ex istir gc­r orqui a a te n a b ebidas, Qualldo sao I' eru tas OU pra<;as r uza s, cos tum am c ntol'nar' diar' i am ent e a lguns ca li ce!; d e ca ninh a pUI'U,

porfiam em vc r qu m bebe m ai s, A ' m edida qu e se vao g l'a­du and o, ao subir d e co ho ~I sa l' ­gc nt o, ja suhstituelll a pinga pOl' ccrveja , POI' rim , 0 indi ci o d a as­cen<;ao a p os tos sup eri or es, e 0

uso de copos d e l ei te, a noi t , antes de r ecolher ,

D emon stra co m anteceuc nc i a, o pretend ent e aos ga Ines, 0 d e­s jo de seguir as p ega d as dos o f­fi c i aes, qu e ele vi u se tr a nsf 0 [' ­

m ar m d e so ldad os magru os e m altrat ados, em tenentes e ca­pitaes de tez cl ar a 'onid a, apertados' na fard a c inzent a p e­l as banhas d e hurg uez pros per o,

Seguindo 0 cos tum e do m efo, os sa r gentos c1 cava l ari a m a is o g in as ta, b biam cervej a (j ii ti ­nh am as p as do ul'ad as) a eSper a do comp anh eiro, Conver sa vam s m rep arar a cl esord rn do lu­ga r , Es tava m a os turn aclos a co n­f usn o dos bo t quins no com eyo do m {' z, <l ep o i s do p agom nt o, Fi ng i am n iio vc r os so ld ;.I(l os, fl U a s u a J'lr ese n ~' a I' p c lira pn­rn n helcuo do p o rtug uez, cuj u I'll' ~e n <;a er a-Ill es 'ons trong­dora; ohrev i ovo m u c1 em o r a e Ir'Jgo sa lam ,

Qua nd o () r rc rut u r n!ro POrLl () q uo rt r l , nuo tr m nOlll r, nao I11r r ('('r a l r n ':ll), r C' prrsr nl a lip -na'l UIll II U tr'JI11 U 1o, {> 11111 n lllll r r n , i\ 'lr'gu i r, no'! !Hl ueo'!, n il'! int er ­m i nnv(' i '! pn l e<; lrus d o rk io m i ­l i l or, (, q ur dit II SIIiI o ri ge m , 1>001 Oi l p {'rf i do, lt o IH"! l o n u I11 U­lun d ro, C' rO mUl1 irll 11<; n llll !i ' ii('~ rHI dr'ln lento'l q u{' n nni lll llm 0 11 in f r li it Olll , Pon" 1ll (, p r il1 (' ipu l ­I1lf' l1 l r no ho l r qu i lll , il rn d u d u Illf''In flU d rO ll! !' ri o 1111 I ('Ii 0, q ll r f'n dq uire l1 onll' (' p r r 'lo l1 u l i d nd (' , COI11 () d r o r rc' r do tr ill po, r e("('­IIr r1i vi'lo'l, dei~o nd o dr' '11" 1' Ulll nt'I 01C' r o p nr n '1(' lornor 0 ("fl ho f ll l llno 0 11 0 fl nrg nto i(' r ll l1;', Vo l to (I R(' r grnt ', E' 0 con Ju ,uo

(nm f :->(,1-:)

A PONTE DOS AMOHE ' III

do Pl'illl (' il'o eiL'l' 1 d ll F IJ I' ' II I'l l II Ii l'll.

Nnqll (, il' m eS III O ho l (' l lIlilll d ll csquin a, costUlll UVU l1i St' 1' lll'OII ­tl'lIr os tl' es sU l'gc nt os, Iit-sd l ' II

cO lll e,,!) <I tt v id a Illilil u l' lI a Ill i ­liti a, qu ando Cl'a l11 so ld udos l'

I'u ' iam d ll pI' se nr;a <l os superi o­r es, ta l qu al CO IllO ago r a os su ­bordin ados se a f as tava m de[rs,

o ll1 a is cO l'plIl cnt o dos tl'CS, 0

qu e tinlta tez el ar a e ('u lJ elos castanh os, cll a l11 nva -s(' AIII I'))li o, r r a sull'i og l' l1 l1dell se , 0 Ill uis 111 :1 -g l'o e 111 OI'CIl 0, Cass iall o, \'i cr a da I1lclil o r es cavu lcir05 d o I'Cg illl l' Il ' B a ia , e er a tid o CO IllO LIlli (los to, 0 t'tlt i 111 0, CCllldido - f OI':I h a ti zn do Cill lin as pOI' gc nt e d cvo ta so b a ll spi ' i n daqucl e ad ­jc tivo p ar a s I' puro na v id a - c r a d e todos 0 m a is III II 111 (, 1' ­c ngo e f eli z elll nalll o r os,

AnU')ni o Inr ga ra dos ami gos, para PCI'S guir as mlllh r es d a avenid a Tiradcnt cs, CU lidid o fo­r a pro vota do pr la ll1ul a tinh a do Jardim, ' Cass iall o p rc hel' :I 0

Il egac al' lI a r apnl'i ga , C a\' isa ra o tO ll1panh eiro qu n:lo v ira fi ­ta, Justifi cava 0 ha iano, 0 f ur o qu e Ih e a trihui a ll1 111 surpr('c lI ­del' olh a l'cs, cO l1lbin ayo('s, r ('ca­dos, com e<;os d e "s illlpa tia " , e torn ava-se 0 pavor' dos qll e, per ­to del e, t(' nt ova lll "ca vnr,:(leS" , Cos tulll u\,a a tra pa lh ar os Olltros, ac h ond o ell Orll1 C gr a ' 0 qu a lld o es tOl' vava 0 11 es trn gavfI () I1 U Il1 0-

ro d n lg ll c ll1 , o u ent ,io, pro tc­g i n a tl prox inlu <;~o, e <l ep o is s­p a lh ava par ll 111 10 Illundo 0 tll ­so qll e sUl'pr end er u col OC:l nd o nU1l1 elllhrulho da nud!) tI \' itinlll e 0 er 6e , A o su iI' do pnrq ue, elc p er ('r h{' l'u qu e as I11l1lh (' r e5 ~ I II IIvC llid :l e~ t nvn ll1 d(' tn d o f ed o ('0 111 0 g l'L1 po de hOllllJei r os dll escJllilw , J) (' ixor:1 p ro p os it o llll ~ ll ­te A IlI,') l lio ~c a lll' llr II e l :l~, lI fll1l r1 ' "goso r ", ('0 111 0 di l. i n, () II~ P I'­to r1 ('~n ll i lll l ld (l (' d ivcl' l i ri o d o ('(J nlp Jl llli ci l'o q1l 1l 1H11l vO II IlS~(' ri ll i ll f l'l ll i f ('l'u (,1I~' lI d ll ,

E llq ll:l lll o r~p('rl l\' l1l1 l n 1'1111 111 ,

('(J nliIl UII\'n lll Iw li (' llIl o, Cll lidid o ~i l ('n('i(I"Il, r1 i~ l l'ui d n tw i ll !e 111 hl'II 11 'f l ri ll IlIl tl n till li ll !J Il l' Iii I' f i('II\'1I \ i\ll (' irl'i l llll l (' lin 111 (' IlI(',rill, 11110 l ig ll\ II p rl l'n ll" \ i"i II li n" , () gilll1~1 1 1 t i lli1 11 '<I' 1' llIp(' Il li ndo 1' 111 tn ' IIl I' lIdll r1i"( ' II"~ lio r O il! ( ' U~,ill ll n, II prop'l i lo do !JIll' Il llli" pod in rI "~"Il,o h , ' r II

1I111'('lI l n f llrll ri P 1I111 11111111' 111 , () rI '

gi ll l!' d ll ['1l,," l l1ril l 011 " ri ll " I' ll \ i lh iio d (' Ed lll' n~'II () Ph ~ ,kll" ,

y

( hll '" I", '., ,,( '11)( ,11 11 '1 11(', IIpni"oll ll ­\: 11 111 II "" Id arl (',!':!, qlll ' '1l11l! .' Il lt ,in , 1.' \II IJ!n\1I In ' l lll ' lIriu I,u l ll :, n I'( ' ~ p l'ito ti ll ~1 1l )(,l'i())'idlld( ' d(' 1I1ll:l Ul' lllll "ohl'(' ;..., "1I1)'u', .II ' (':1-

v: li ll )'i n ll()" ~(j lll ' ( ' i l, fll l J!( '<" IJilIll ­hl ' il'o' ,ol!l'l' 1IlI'I"il'"" I)(',,()a l till COI'Pll I \c> SUI'Ide hOiJl'(' ()~ ('O ZI­nll (' il' o~, t' v ic!' \'('1',;1 lIt l' 0 infi ­l1il O,

Eu (k Illilil o 111 11 '0 , di7,ia () g il lll~ l :l, I' nl)' (' i P U),II II po l il'iu dl' S(' l'g ipr, "

l ' t' voce fo i p l'a ';1 no ;\"1'­te'! P(' r gll nl o ll C:l~~iano, ndllli -1' :1 <10 d l' v ir a ,;111(' )' ~O lll (' ll l (' Il ll­

qll e\a n o it e 11111 po 1'1 I l(' 11 or d (' pelisoa tIll (,O lllH' l'IU I lu Illintu telll po,

SO li filil o d e Se l'gi lH', _ E l l all rl ci pOl' I ~I , t<IIll\) (,1lI

flli pl' :I ' (I 11 0 ;\0 1'1 " n<l po l ic i a de i\l ugous, Ill as aqllil o (, )' U lim a P"" d e' po l iciu qll (' p ll~~n\'a Ill ezes SC Ill paga l' a gl' n te,

_ Em SC l'g ipc " a IlI ('S lllU co i ­su, Pois COIII O (' II i t! d ize lld o, d e m oc inho sl' llI ci p ra ' U IHI 1),1)­l it i a ontl e linhu 11 111 ti o q uc er a sa r ge nt o, \ 'oe; qU t Hlld ou pOl' 1:1 su iJc 0 qll (, C uqll L' l ns ca ll1lnll u ~ d as, qu alld o a gl' lIt e SHP pOl' al l a f (lI'a elll c\ili gl; lI c iu qu r lI :io ue:l ­h tl Ilwi s, A quil o " S('l a lld al', un­d ur , d l' hnixo do so l , 11 0 f i m [~ g nt C' fi ca co m us pe)'lI l1S q ue ' 5('1 11 (, )' \'0 ,

_ E' III ('S 111 0 , tondrsc nd ' U 0

ha in ll o (]II (' Ill I'upazclh o f ora pri !pri o d r'C' 'o dos, ,_,

_ 1\(: 111 , Artlli , no Pl1v tlh :IlJ, (' H m es ill a CO i SH, ;\('JS IHI gil1 il " l i ­CLI CO lll ~'0 Il1 0S CO lli gi n "I ~1 iell SU N'U, , ,

;\ iio d (' ~c ll \'o l vc 0 ('(lrp!), _ Com o n;'l o ! I () pri l l1(' l l-11

di u q lle \I eil egllPi, (' II 1' '' 111\11 u illd a 1I 111 is 011 nl( ' IIO" IH'O,,11I1l111 -do H nnd (\ 1' Ill ui l o, () pil i r il o 1111

1'0 II IlIli itu \ ' (,/1'<' Il l!' n1l111dll \ 1l )'0 (\1' 11 1' 0 ,i l io, d" l lOi" l in li ll IUI11 -h(' lll Ir llhn il l/ldo d(' (' II"udn III 111'-10 1111 r illr , f il Ill ui l n ('111'1'", ll ilo ( ' ~ I ll \ II d (' I'llrpl) 11 III it' l1 :in, :-'I I~-11 11) lI"illl ri q u('i qlll'hrnrin I.C 'I~O I fl lt' 1I('lI iJ llll n P""") Ill'ph'I'I,lfl () (' 111 ' 01111 do IlIIrrn 'till, l'0I1Ie'I'C'1 11 ,(' 11 -I iI' !'II IH'ci I'll , qll(' fni IlIdo, fill III dp, .. h !'IlOIl ri P IUlI l \' I ~f l l\rt cfll<' 11 110 pod in IIll1i 111(' ''('1'

Si lll , (' I'l l fil II " de (,,,,' I< I. I~I ,\I l' qUl' 1'"fl'l I : 110' ( 117111

I, 1 \ rT chr -IHjll tl Il l odo n ( Ill , CIlC n J,t lll1 dn 11 0 III IIi d llrn, 1'11'11111111<1 'I\{ I;~, 11('111 I III COlllll1l r(l no

Page 96: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

8 A ntropofllg ia

Revista de I

BRASILIANA x

Pl HlTANlSMO T el gra lll a de Sanla i.lI s ia (Goiaz) pa ra ()

(;tobo do Ri o de .Janeiro, n. de 7-1-1U2D: "Ata lla de 'e r cx plIlso do liro de gller.ra de

Sunla Lli ia 0 Sr. Nagibe Salonluo Filho, s)'no na­Illrali sado, pelo lll o livo de ler lid o lima . amal1le all' hn POliCOS Illezes . 0 caso le lll ido ITIlllIO_ CO Ill­Illcnlado, fazendo-s necessaria a inl ervenc;:uo do minislro cia Guerra."

RES PElTO De llllla discri c;:uo do prescpio armad? em ~~­

sa do sr. Josc Maria do Espirilo Santo Filho, fel; la priu MillO:; Gerae:; de Bello Horizonte, n· de 1-1-1929 :

";'\10 presepio, propriamenl e dito, bem clispos-10, ('0111 naluralidade, vc-se sobre palhas 0 eorpo dehil do Menino Deus r ecem nasciclo, tendo a ado­ral-o Maria Sanlissima e S. Josc, bem como os pas tores que haviam acudido a voz do anjo an­DUllciando 0 miraculoso facto ..

Encontram-se alii, como qu e em attitude res­peitosa, como se livesseITI podido comprehender o alcance do que se dava, diversos animaes."

PARABENS Nolicia publicada pelo 0 Gladio de Quipa­

pa (Pernambuco), n. de 7-1-1929:

"MANOEL GOMES RosA - Esse nosso ami­go tem, na data de hoje, um grande regosijo pe­Ia passagem do seu anniversario natilicio. Espiri-10 lucido, illspil'Udo poeta, agil prosador e" um dos mais progressislas industriaes des te municipio, c grande e invejavel 0 conceito que fru e na socieda­de quipapaense. 0 Gladio parabemnisa 0 illustre anniversariante."

CONDOL~NCIAS Nolicia (respei ladas a ortografia e a redac­

C;:30) publicada pela A LibenJade de S. Jose dos Campos (S. Paulo), n. de 24-1-1929:

"JOAOSINHO - Fallecell no dia 18 0 filho do nosso prezado amigo Joao de Oliveira Costa e sua destincla s?nhora, 0 joaosinho como era ge­ralm nte. con ~l ecldo, apezar de pequeno cra um il omem, Infellsmenle apo uma breve infermida­dc, zobando da sciencia fall ece u rodiado dos ~ us, 0 seu sepultullIen 10 deu-se no dia seguin te aCOI~ll?allhado de grande nUl11 ero de amigos d; famIlia , llotal110S enlre oulros 0 Snr. Cel. Curs'

. I I I I)' . IilO p.res .. < e l~ . < 0 _ Il'ecto l"lo Republi ca no, 0 snr. EIi-~11~I"IU ~'lIll11al'~~'s 0fUI['(~S., a morte do Joaosinho

01 lIlullo s nIl( a,. a anllllU ilulada apresenlamos Ih ' as nossu s ' nlldns cOll<lul n 'ia."

C HNAVAL J) Ill11a 'orrespolldl\ lIciu d Mu 'e iu (Ala-

gO[\s) para () fJai z, do I io de Jlll1 eiro, 11. de :10-1- t lJ2H:

"0 ("urllllvu l d('slc allllO prOlll c ll ' urUll I . - t· .. r .., ( e alll-111(1 '(1 0 . I' ()rlliliurillll -isr .1('" «Iv('r~os grupos fUlIliliu _ I"l' ~.' ('II n' c ('s () «os ,oll(lol ell"os, espcciul du . 1I11.11U Alexundr(, Nohre (' do qllul fllz purl " I,n-IH' I() ~()ver llad()r Alvaro Pu 'S (' ul "l11 I 0 III 0-

I I I . ( Illuilus ou rns pessous (r ( s luqu ', qll se r l '.

r 'sidcll ' in do I)r. (;ullla ;\\(' lch 'r, gel" nlrll ~11l ~na bri 'u Prow sso Alugouno." tu l,u-

BALCAO

L1VROS PROCURADOS

POl' VAN DE AL.MErDA ~)RS,A. DO (avcllida . 1 "0 Lui s AntonIO, 188 Paulo) : Bnga( ell .

_ s. L. J. - "Hi s toria d e E l-Rei D . .Joao \'l".

_ Zaluar. E .A. - "Peregrinac;:oes p ela Pro-T " vincia de S. Pau 0 .

._ Ti tara . L. dos San tos - "Memorias do Grande Exercito Alliado",

_ Alvarenga Peixoto - "Obras" - el11 pri ­m eira educ;:ao.

_ Duarte de Albuouerque Coelho - "Memo­rias Diarias"·

_ Josc da Silva Lisbon - "Historia dos prin­cipaes successos". - 2 vols. 1826-1830.

POl' MANOEL BAND,EIRA (rua do Cur vel-10 fl1 - Sta. T ereza - Rio d e Janeiro) :

, '_ Mac-Carthy - "Viagem na China".

POI' RUI NOGUEIRA MARTINS (Caixa Pos­ta l n. 1414):

- J . .T. Machado d'Oliveira da Provincia de S. Paulo".

"Geographia

- J. J. Machado d'Oliveira "Quadro His-torico da Provincia de S. Paulo".

Primeira edic;:ao.

- Simao de Vasconcellos - "Vida de An­chieta" - Em bom' es tado.

- Manoel Monteyro - "Compendio Pan'egy rico do p. Jose de Anchieta" - 1660.

- Massena - "Poesias do Ven eravel P. Jo­se de Anchieta". - Roma - 18G3.

A assinatura anual

da

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

custa

RS. 5$000

Pedidos acomI)anhados de yale postal

para

Caixa do Correi~ n. 1 ,269

sAo PAULO

Page 97: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

A primeira "dcnLi~ao" - aprcsentada em form a de rcvista nccrrou-se com 0 numcro 10, corresponden te a fevcreiro de 1929 .

A segunda "denti~ao", apareceu a partir de 17 .3.1929, nas paginas do jornal "Diario de Sao Paulo". Prolongar-se-ia ate 1.8.1929 .

Page 98: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

Ih.l 'ol1 \ 1\ ba a !\(l I UI IUi

SOL

I : loC voce nndur ;';Ull\l\ hora tie sol dcssas I'l)r Indo.o Brasi l ~(\ <'11I'(\nlr:\ !>ol

IL, ~1:I 1 elll Portu C:lho H" ~11 1 "Ill Ponla-l'orli

'\n 111\11' 11 .\ ,,1\

:'I.' \O,'l' atraH~ssar 0 ma r h r(,r naqudas c.idades da Espanha ' \\;\ "v,lUl de !ool

" pOl' lodu "0 ~Iedilerraneo ha sol

... no Egilo E no descrto U:lqudas terras E~II\ cht'io de loot

so Ik nOlle I~'

Um: nuo 11 11 $01

do manifesto A PEDIDOS '" , .. ," ."~ " .. m~ .n,,,,

CARIDADE CRISTA tleu, nem colleo;iiea de ulbo, .. ,ee­wa. En""" • .oubemCl$ 0 que era urballo. Jluburbano, frontelrlto e con­UnclI'''!, PTesul,GtO' no map,," mllndl

UmJI reJicllo que lrlp\ld.la ItObNl u do Brull.

de antropofagia SANTA R!TA DURA O para Rod B-;'!' fJ I! Oswa!d d! Ilndrade

,\5 lUll" ";lalin g:l . liMn lem burr", Icill'ir:1\ ilue diio leite, nao tt m l'ao-S:lngtll! flue ,'erlC ~:ln'{ul' I\ue 1\(,111 l'aho{'l:I, lo ti" ... *, ltUI\, IIl0 111m JlelllOho~ fie j"rllclIll {I~. niio Ii'ln beijns de ruaracuj&'i·dc-t'slnl". nlio 'em !lnbes

~~~~~I~~~' 1 ~~~~:~~P:~~'~~:~I~i~~I~~ I:!o 8I"n;\:,'i,

p. os 11'11'i f]uinl[J C~ " iio It~ rn IJ1:mlmlo /lum ,':leu llc I lundu, urIlJIl!desaudlllle·rcha "rll 0 tl1tl.'rro dns nmnc't;nhlls 4ue w nlio mUl'rC\M'm, tlUem ,ubi', S"o Opr,;n" - pOI':I'rium lotI' I'Hnguccm, .. do .;nllm ,ll' 1.:OI11 :J",i" c ag')I';I e ""'Ira \iio locr rtnjinhos Ill':. !: ll)rUl \11' I)~'u" aUh:n '

JORGE. DE L!~1fI

~tuceiOt 19 ue (evcreii'"o de 1$ 29.

Schopl!nhauer.

PERET E~lft em S;'jo \'nul .. Hl'njOllllin

Perct, grande n011l1' tI., .. uni ,lhs-1110 jl:lrhiensc.

Naonosc.s(JII~:lm'I".(Il,"fI 'Ll r . rf,aiil!lUO C urn tIo,> II1tlh.)rt, .. IIIU­

,iml.'nt;l$ l)rl: :anl l'l)l'Or:II!'~'.h. A liberutii(l tlo hOIIlt:m \,,1110 hl l, atrn\'el. do ditado do in{'l)flMieJ1IC e de turbulenli.ls mamre .. ta..-flts peSSO:ll!S, foi M'm thl' I(;~I lUll tI')$ mnis tmpolganl e .. e~llI:lanllV' lin· n! qUlllqucr ('Uracio lli: ~lrul)U' f::Jgo CIUC nl.'~h:!> ullim,,'" :Ul'I" Je­nhn arl'lm~:lIlh:l(lo 0 .lcw<;,llcro do Cl\ llh:IUlo.

CL':-;'IIA;\IBERISIIO

" tupy or not tupy, that is the question" __ I Oswald de Andrade,_

' u1luClld.tleli hunUl.nu i! aern d"vldll Urn. (01\II(1e.IICI. participant\!. uma Desenho d e Tarsila :::m rl~:,~~D od:n7:r:;:I~ra~O ~:: rl='m=";".=";,";,~.;;~~==============~:;;;~;:;;~;;;,.~;;,;,"';;;=,========:=,:=,=::=~~~~~=.==~ ..... " "", ,~~" • • ,,~"" ':'M::;;;':;~~:~'7.":.:',~~ CON F U C I 0 E 0 ANT R 0 P 0 FAG 0

Ainda os romanticos d~ ft dne dflluzlr, .Ind. 0 t~n)JIO d.. • :IOmno r d. dO<l~, tJ. Inland .. It dl da antropofagia >e.ltUti' E e nl.1IO 'I"" ell m~ Iplleo' fFlhlnha de Proeoplo Ftrnba em ~eWl na. Pareo:e que II de"oNl tAo do

ncl.toa. Ago". ~ em dd_ <tuse Ce.- fibil quando pratl .. d. no "I,,· to '1l1e 0 reHtendo Guion Vel ... (rl. no I'ul rUlillle 10 homem un'4

djj!:n1dlde e urn MnUmento dll IooKtfo'l .. em dl",ndo utu tM'dul - Tid. nuneaatlnJidOll nlS -.bOIl de DUro POI' 11m Jomal: altas ~Iu da

-Em ernl Q8 mho. .Ie p.re.:~m ~(Iru

_ M IUI pUs nAo 16 tlo) t1&leo mu

tambeJn no mon!". In..nwot(.u1

- .. ,do rceusando ~lIIr~l&.Ilto ou!nul..

a lA pobru. 0!.1.5 de lamlll.." ru,Hlbecl •

.... "" HltI de b6a r~pIII'o;JO eocl.I· •••

.A.,usa~.!

-Nenh"m p~e JeIl."IO e(lIlI,lo'O!)e'

k k nl moral de ~IUI fIIhlllhc. ou n.! IlUnhu jaml',. perlll~ur' qLH elle$ 'to­

" em por .,omp.nh~lr05 h .. hltUloell me"

alfIN rn.D..I tdllo:'lldo! .... Anrmlr,Ge .. ,

Po>.W:O me ImpQru 0 10gerllO dOlI 110·

Page 99: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

o

" tn

(2. & den(i~iio -- 2 . · nu- A mere ) , DE P E R E T

JA

r e v • I

s t a

F o i Li lli;"! h~·fio. 0 od~ll'nh.: 1111 (' no.. 1{'1lI m:,lIlIla do Inula LCli:.;, nlllll. d{''iln 'C1. 11 0~ 1 n\ inti limn C"CClltliO. Pel'c ! Inmxc n mnt;nJ­hen CO "ngclll de UIlIO IIhel·d •• t1e. HlgclI'o:o:ullcnte den lro \1(' cHIn C~ lelkn, de ccrla I"ad i\'ao que 1)(1 dio a le rClllont:lI' n Gllo:oe .. \111"\ "iol£'Il IO, brilh nn le, cl'II(\ilo. I~ dc hr:lIlco.

Em f3 ce dcle. dais ferozes Ini· mi gos dn vida, tin intlcl)CIltIGllUn e do la lcnlo: a (',cullor 1lla~sn· fti~ ta Pinto do Couto c n al'ql1i·

\

leto g rnmalico Dilcio de ~[o nlc~ o sr. PHIlo do Cou iO. de 111 to

n livi:Hlo. pousou dua ... hora~ p,lI .. n c<;l[lIua d3 InCOllljH·4.'lIcnsao. 0 sr. Dacia PCIl !.OU que tudo oq\lI-10 crn sabre Lc Col'I)tlSler e so­brc rcgencio de \'c r bo .... I'<'lIS01l que era COIll c lc. 0 sadico!

Tendo npanhado do<; modcrnl'" las. dL'Cidiu Olio foli ar m:tis n ne­nhumu mllni feslntiio model'lla . l\ndn or" :lIl jando um com' ,le P:I ' rl. 0 a lmOl;O de Piolin. Pagnr:i oS HI$GOO. Pcnsa que o~ modcrnos s6 pcnsnm nc lc! Sndico. Sadicol Sad ico!! Ma-so-chis-Ia!!!

o sr . P into do Couto arrallCOU sctc [[os de barba de od io. I s~o scm COlllp recndcr! Sc ~ouhc~sc () que Per cl d issc ...

Xii!! Viva Perct !

de a n t r 0 pol a 9 i a \M.c.p .. mOI.n .~ .~CA P .". \ ,k'lUb Hlt r"llo f :'lJ:: icll n:io I - Tf}fl.,~ .. " I·C rI Rilje~. :l l n<; nc· I . .

l\ unm r~'\!)ItI~'il.I\ !i l c rrl~·in. N(,I,n 'la~c.iL~;li \,jlhU) .. ·,hl'c a 'it)clc- nlll!l1Ir1 cf.lrl'j~ E, .~o lm · IU { [o , ~1:'~:U::I::hi ~i~~;~~' 1~1~~n~ I~~ ~;~("~'S~""~I~' r~'lC~~: I \ ~or il'(blll ,uh!-l' 0 lIultvi. Illl ll l:. frllir:IIHl . 1lI0 Il'lIlpO. 0:"1 flO homcrn 0 \cn· 11\10. U. n . s, ... Ii lido vCt'datlc ;r'o (1:1 v;dn, cuio A Illn tcmnliul dll mlli,) fIJI "CHI'clio C\I(, - 0 qne 0'> li:lbios nwi s inlcligcnlc PO I (, illt!!, ;, l ~ llor :'lTn - nrl t r nnsrormn~':j() duo ('111 ft!1l, lill .In ~ lci,·d!'lcic do lobi. ('Ill tntI'm. POI' isso 011 Vil;C-\'I'l'S:l. (e')IIIO 'IS ~rwin :u::oII\('lh:1II,.) .. : "nhson-cr scm- lo~o, (' I1 ICTlril'rcrn) r l'UIIIW, Ill" l' \' dircl.llllcn!c 0 labu" . ('(ltl1 0 rcl"imol1i. 1 d l) c'i lilo, 0

hi \ po I)"nlinha. E ou tro his·

. \ hUlll illlidade nUllcn dcixou de ;I;;il' .llI l l'IIpofagit.:'lll1l'ntc . ()mquj , Ia l'\piI'l IUn l ,1 ('n("c lc o Tc D'11It1 licl'OIS tin C;lrlllri­cin :!. \nt t·, do W Ii.l al) de la1{ri . mas, lI1u llo :O;lnguc, J A 0 Cr["lo U.s.!.era : "0 cOllie r n;io faz lin · IIltllldo 0 hOlllcm". tM a tcus, 1:1.20).

o dc~c<;pcro CU I·OPCII . hllas dc c1ns5cs. t\ cxacel'llilciio cris­I:' dll idcn 3nll'o po fagica . Os hOI1I('II" se comcndo cm scr ic.

po~.

o I'cfr;IO (il' I ru illl' _ pao. r :lI l' " bcnl [HI~ - \l ao IlIh III ' !('n· ... 'a. Plio "'1110 .... l. ibcl'Il .• dc tlll('rC IIlO~ . nlio ,I V:IO<:. QIICI'CIII05 hbenladc I);l ,'a Clllllcr a pflZ . COlli pi:io.

"Cc ch icn cs l a mo i, di \ aicn t cc-" p:'U\' \'c~ cnhUlh; c'c,l I:i ma place a u so l ~ d . Voi l;. Ic ('ornrnclIccmrnl cl l'i Jlla~c de rU~u I'Pnl ion :ou,· III IC'TC."

COIllO !Ie 'c, Pascn l niio con­Ics lavll 0 c.llrcilO sobC "nno dn IlOSSC. E ;l Ie I'cconhccin , cmbo· ,'0 com II l11a mnOl'RI:I':I IIcSIO, quc "on a fai l qu'i l sl)i l jusle d'obcil ' {, In rort:e". ;\ I'a, :lI'!I,

\ [lIl lropoLlj:;:in irlt'nlirlt':J 0 (',mrti, I \ c:-;isll'I1!C cn tre 0 Bra. ·.iI C' 'l·nih,1. n'rdndciro . C 0 o U· II quc ~,'I !I':'IZ 0 !lOIilC Porquc no IJ . :l<;iI lIa n dis iinguli' a eli­I t!. ('no 'Pl'a, dr, 1)('1 10, iJl':l" j h:i-1'0 . Fifamo~ COlt! C ... lc, conti·:) l'Hlu<"la Lm rlln ~i:io do lIlamdu . ('0. (10 t'uropCII dCS(;(Hl ICnlc. do h '/l1I [II ""hIC'Clr,) :llhOI'\ Itl n p(,. I .. 'lHho. C ('onlra :I ca ICCIU("C. ("0"11,1 n mCll la llci:ldc ' ·CIIII" • cllll lr :1 a (' IIIIurll ndden ta l, C,)II-

1":1 I) gOI'C"IIM!<W, COnt l'a 0 (',. l·!i, .io, conlra 0 Santo o rlcio. E n'~lIn hllvcrnns de con~ l rl lJ r. no B sd , :I nataO IlI'a~"CII·O .

1'\50 nbs cnS3namo~, m illie. C4.'1Il0S :t" mistiricntii o. Ela Ira:l. um rO lulo: S. J. E oulros 1'0' Ililos

M ilS ja tli·tia 0 110550 :1\'0 Cunhnmb4.' \)c, COlllcndo 8051050 n pCnl;l de urn pO l'l ugucz: J a':II'1I ichl:. Pois dizclllos 111 /11 -hcm nos . scu ~ 'U:t05: !\:'io Il1 nO­Icm. C · lIluilo bom.

JAPY·MII~IM

Ru as escuradas . De c h a o ve ru c .

C o mpadre.

esse lU lU ' escon dido d a uma j urumenha na gente .•

Entio vall10S espiar a fo r t a le za assombra da:

T ocos de ve la n o ca nto de um rancho .

P a i d e mandiga la c ha m ando 0 malo.

Boceja m 08 brazeiro s .

Em c achimbadas largas

a d iam'>a q u e bra a nos t a lg ia do s angue .

Uai ore ·re

que 0 t ai· tai la ahi

A s v6zes se mis tura m em t a mboreadaa seccas:

Z e re t e rn . Z e r e tern, Z e r e t em

miasa do pango de o re· paco d e pagu.

Corra (ro uxo 0 t a fi a

Ah i t a- fi -a

Bir i- bir im Biri-birirro

Bata·co to Bata-coto

Qua ndo tu veio e u tam uc!:

Bata _coto Bat a·coto

Em redor da fogueira murc h a

d ..::i nchieta os classicos da antropofagia

os documentos as n eg ras r e n g ueiam d e pe m o rdid o

antropofagico ~ .-e bo la ndo 0 vent re.

e

a n t r o p o f a 9 • I a

(orf,"iio do c1ube de antropofagia)

expediente

revista de antropof". gia (2.' denti~iio).

a~ougueiro: Geraldo Ferraz

Cc (1.1'011 nou ... dll de ceIL:>. till IJr':"l l , ' IU'lls lie moul'lncn l tJu(" d(' \iulln\c. ,m l'a ll lll ,ue a la ~Cn'lIltt' • t h .Hl(lllillitl· de IcUl' ,W I<' {1~ ·,d" Jr:. ' ·' .Ii tuu tr pfl ...... 101I P(' II"'(' ou 'f! lIJIoII,<1n t. ·l: d ll(' 'JlI ti(' ,phu,.lIl tl' "/:I.lll' .(111' ' lUI Jl,l ~'J IUll k UI I, C "11 II I~ C ." llI1 i l'a l, lc /Oullp lilli t 1'1 ' ,:" fJr,m,'c. !o.flll~ lclll'n ('I .... 111 ... «" . '1,11\ l'OY, ,an~ 1'(' ll l; ion (jlllllllll(tIlC.

P.i\ LAVRA S DE S,\O DO," I" GOS J\ O!-. HER .. ; Jf.:S DE ALIJI

"O'I1'fllltC IlIUltos ano~, e ll \'0,,"

('XOI tel. ll)lll lod ••• 1 Ilol;Ul'il pos· 'nt'! . , .n·;",II11lo. I'c~3ndo C I ho­I. IIHI \. :'II." "Ol1lfl rh l. um P"OICI" 1110 rll IIlIlIh,l 10'1' ,.,1 on de ;Ib('n· I;onr nii ll , :i1(' n ada , l alem 88 Ilan cn ci a .. : ' 0' lc',lIl tl1l'l'1ll0, ('on· 11' .• \v, l'I'IllLI I't·, " t'I'c l,ldo ... qllc aln'.~I" 'O I..l>n l'·[1 c ... ta t('I' r~ n;l~"jc, {' r(· Ullh ... (' """"11' j),llll •• cla ... l,rolllllr:I(' drill) ond ~ ' (1)1',1111

' .i, .1 ci"llIfU , •• h bcn~iio, . "

r ,f ado "or " ell ~. 11 ",0 . rill I niH' rsa l .. ( :lIl1lu] o 12 - () cri"l iaui .. mo (' 11<; cru l. •• d a~.

' 1 ' 1'10 I'''' l"n,11I I '111(' I I

U a i ore·re

que 0 ta i·t a i ta a hi

Esco r re m v ultos lo n gos p e las fossas da fortaleza

d evor a dos na ao mbra .

Entao "! nc he-se a noit e m o le

d e uivos d e carn e mordida, fun gando

Toda a g e n te diz que e a ssombrac;ao de lua nova . ••

. . . M iss& do pan,::u d e o r e.·r ....... o d e p &S{ii

RAUL BOPP (Ppclac'l cia " Cobra Norato")

====-<I, I" I"" f>' 11\ til' 1.1. ~ " II I" I ~l Ii II I • III .. ~ n, 1m ,I< '

I I I'll ~ .I, .... Il, • 1'1 I I , , .! Illl ~ 0 primeiro carnava~ 11,'11" hl"lhl'fl~ 1,."ul"',II" I I IU:\COI.d " ' III11a 'l lJe~. ~: .~ I'; ~I"'\:'''';' ~,I l ~;:·;I: ~/," ~ llr~I,. II", l:," 'U, ,I I II ,I, :\11 11> f'U ;1 I ;:::~~ ~l;:!,',lr~~:~~~~?';,I,,? ~I,~~;! 'II" \ ,1"hulIIlII I ,. " I", ,,1111 qlh .. l' I) " . ... I ' rllU p(l de pra l l Ilt ~:'\ , I' a " hcm qUI t. I ' .. 1" II' II '"" '.IIl' I "~,, \ 1'1 I ,,1:\ \ r .d \.Ic ,. I)~ "'Iml" n-I"' ~ I'''''~ t ( I!~ d 1\ II 1"11 C/ 11,0ul \1 1"1 l'",tolo II Iii r./CI III 1111' q ra\l " ,lie-I It 1 ~th I~'II.' ·It., I1lI'rn".... ~\" d.11 111\.1':10 (J II I. "!J,tm nl IIOllxcrll1l ns

~',':~,~,'I:I,ld:''; :I~:~I> I: I:' '~' ~;'J '/':JII\"' = - I! ;)' ~ C,I~~I,:~"'" ~~~I~' I~)O~!I"I:~~I'I~ 11111,,,,111"" I) ,

10 "111" 'I 'I< "" J t, h,\ II U~ J( II,' 'OlC, C d ill_

... t'lI.I ~ t· 1U II", l! I.H' gl , 11 \1(> C<)III U DEUS; /iA O TE N S.£XO , uncn tc \c~ll\io. Ihe reI. lima ,'.Ir,t (I c~' ,_It, .. lIu du t h3m ,d o.) I \, ' ... \ ~,. !'JU( I I lUll £,11111 lU te

I' Ir, U \.,rl .,ul _ \ 11 ,do fUll I :' I' \;,17 ~~,~,lt,I:1 ~lIIt:(~~C:~"lhl:\ ~~~ , \" 1" '1,,,11' ,1(11 II "~I III ;~s (' h ,~I("; .1'" oll t r.'~ dllos

\ ir.(f"h, /111;)\ 1'.l hc~;,.., j:. ", ~ li­d ,n .. 1 1"'n !Jl':';j Ill:~ pllrl.1 de

:1 I~n'ia, lut/" (I> i a 111, .. 1.., de ,lui .11 Totl" . 1 f(' \1;1 1';l 1I ~0 1l '!I' HId., alc:.:ri.1 no ,,0\'0, !'Jil t· ,'0114 lorHII 1J1I:I~i Imln

I'E n , \0 C \lWI\1

A pe&idos

I \I oJ .. And:"d" ,<tl>:!ltAlliltt '1I1e-

P!',I 11<1 (;'01 <1 ('

P ", r fH" oJ"': ('J' Ih ~ 1","'1'.' r Df'»"':m~nl~ 10 r •

.. 1"1I1"n, 1'1"" .. ! .. ~ '~lU .,' ,ttl. OM ANTROPOFAOO.

outro

F,n)) :\. I ('<,;',II1h('r"ln peld : .. llf'h;l1l Lhlll ,J. Tab.~

Page 100: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

medita~ao no lortodoxia MAYAND£UAI T odas as arvons Nossls florelias Ten ten ten T odas as anDre. Ten ten ten T en ten ten ten Tod .. as anDreS Meno.l A do bem

, , " nn lrnpofaglll como movimen-

10 nAo fuz quesUio de seT lorna­dn n s~rlo. Esse ~rlo que fll% rir nilo nos tOnvClII, deb::unol-o illleiro , ind881l~nO de Trisliio tic. Alhnyde, 1\ cstetica de Mario de Andrade ou ao dcsespcro ado­leS«.nle de Antonio de Alcan­tara Machado (.Ide Con re_jol'Ul d'w" enfant c!.u allde).

Quanto a Graea Afanha, nOSH opinilo ! di rkll. 0 academico cariOCA e urn homem oonfU50 e st.m eSI)irito, eui. Inteligcneia

O'lDold cit Andradt. ~.uJ:!~}et-:::9SseU~~~ ':nh!:: ------------------- t~!c.I~~:nb! :~m ~f!:~i~i~ A::~:~t~~J tOO •• trea~lo do manilesll O::lon;o de Akanl.ra Macha_

;."!.t~ dutNiC1o", - Marui A magia e avid • . Tinhamol a ~~'i~.~ F'k;::ee~.b~~'::~t~e8e1~ rel.cio e a dis l ribuicio dOl bens nio nos dorlamoa 110 lrabalho de

A a.sneira· physicol. dOl bens moraes, dOl 1)61-0 no IUSllr, Ma~ .ac~H~ '" -Pail. des ' I>WPles, pais: des hens dignario~, E sabianH>s tnns· 6s! 6 da~~~nEn~tn~'~~~t~~

races", _ AI1Krt Sarrault. (u. I>or 0 mysleru) e a morle com 0 Arte, Oois erros, Fkou sendo 0

~~:5~r:I:!lr~~16nlas do Gobi :Du:I~~:e:.e algumas fonnas gram· :r= ::nll:~i. JM:!O~~a C:~~H>Ala\: .------------------,1 F~~:It~~~I,o~:rdeu 0 bonde da

canto antropofa(ico dOl tupiniquins 8er1l('io e eslA hanea ndo a de-

I =~i:~::' qu:i~~~ase~e~ie p~~ ~ ('mbacraba che remi':' ramo mile arnboe nd~ hnga ju ... , c'ypoti eu rim~ che y ftnama pepike ki cha leu rend" ('00 che maken serA coaucy.

A Ii succttla, minbll comida, COid rn' Tua ~a oortar quero ja

urlliro ttlt,ralico

f'ia-iantas Mall parnllu 'Vmllar aqui tv estou rua came moqueare.i de certo depois do a&l posto , N4b temol II Olina; elles Ilm

(Venio de Theodoro SampaJo, Extr. de Hanl Siaden, ed. Log1ren) ,

o Poland·Olma. Passou par ahl, na d irtc:('Jo do su i, 0 sr, Augus. to Fr«Jerleo Scbmidt - • l0rdO.

contra 01 txercicios tSpirituae. dt LoyoUa, o. txercicio. fisicos.

o humor: -A vonlade de Oeus pae nio

ull l"al)8$sa, till Ft'tIn(,o, a -t .810 melros de 1I 1111ude, tomad!) do nl· \lei do ma r", - Andr6 Brelo • .

o 101 nao brilha e nao nalce para pelloa alguma - De PeTet.

IDENTlFICAf;AO

NA CIDADE

o camario Ibriu • boca quando viu a Iiga azul da normalists d. Pra~ ••

Syl.io Carol.

udilleram, tntio: e leritimo portuguu,a,ora lamtnta~st t ttm medo da mortt".

Han. Stad,n.

A pedidos da sucursal 0>'80U .0 """ ,0"h.d .. ,"lo (clobe de aotropofagia 00 rio de janeiro)

que 0 sr. arcebi~po dt'Sle Esla· do hlll\lia delibtrltdo proibir que

:t,~~~i:s d:cao:I':~ 3: sr::~: laben~a nacional 101, como era vdha usan<:a, dt'$· de. que me conh~(I por t(f'nle, p,rl!'UU(iOI e:nltro:

=t~J:-r: ~!i:;~nmgAna, (Allh, ~~:~~U~: I:;'a~~~ar naseeu r~iji~l!'d: :~d:lli!, gtnle nlC) vae A na liciA Qut! me trouxcram 1'ontade:

roi muito l'Il8A, Entretanto, a Qucm quer 5tr grande fl llsce vi. lo,iu: (onle de onde I)rocede 6. bUll, e (,osa. NAo ha dois altol lem ume bal· eu a comcnlorci corn a reservA influl!'nda : Jle no mtio, Dft'f'lJS.Il ria nes~es Ca'K)I, 0 sr , r.arllnl!uejo 56 ! 80rdo em mu prt:eontelto : an::ebhpo errou. E erroll Inn~n· que lIio lem R, Nellro em festa de braneo ~ 0

~~~~:~: Id~ ~s;:.n:~:oa~~~ Ca~~m:I~!f:enlerra seu pae como ~;:~tl~~e ~~:,he8. e II delTi'

:';~~I :~: :~~s~~~~u!ir;:s~8e'~ ~~~;(IO : I rdi,ll.: promeua era um dt'riuli\'O, A SO 0 Que bola pobre pra deanle 1I0mtm que alunta djnhf'lro nlo encarna~lio l imholica de urn Silo e lopada. ICln re em dell •• Jolio nUIll "l1lllne:r:mho" au nhm "pel)IDO- , 011 nurn -ba5!iio~mho" R ,. . - b .,. ~a~;.,~!::!:~I:'d\~S i~~~~lIj: e 1 g 1 a 0 r a S I e I r a c6rte celesle, que todo hom crl.s­lio deve anht'l:Ir arnen temente

Dlgo·o por uperlencia pro-pria (hIanlas V!:'1.t:S m!,' ~nll 10· "Millis i1 lglln, sall tos de calim· ~dr05 emprellanl as palll"ras 1:840 de IIra('1l ao alu'o xlIIl"r-lIIc btl lira acal~r: -feitl(,o" e -reihceiro" com sen.

~~a uan~ :e~~~e~~I;t(~e~'lhO q~: ~o~~;U~I~sl~e u:l:r~~:J:o \ma· ~~i:.~t'~~~~a~:~:~d~c:.:I~I~"1~ ~ mmha Illvadelral 1I'!-lOca II: reh· AntOniO Cuboquinho da Ju re- mal), POI' Tobolmlill sO trobaUUi Il liio liy",ra melo m:lI~ pratlco de rna, (cihceiro C pOMao, :"olio roi "nn esquerdo", . fteundo e -rio dar ':I,~a roncrt' tI Sll('ao COIDI1Je la bo ti~ado, c quondo ,Ivo cra abso· Rondo" (four (1 811.). N.iio acre. do diVinO, n"'l11 f'Xl'm l)lo tr:l.lo. lut!unr .• nle .nc:rcll 1-:,p I1;\01l5111 dlln ('111 Ikll" 56 trabolha no es.

deAh~~~I~i~~~1 que oflora \"Cm de :~~q~e:~~s O~ ~~~~eg~~I:rar:= ~~~~~go~~~~Znd~I~~lIy~I~S~e~,~~: ~r lclt:t YOC ('5 lrDgar dehnlti· mcnla. E' oollre do Moto Grosso, isoilldo com urn s.6 compllnhelro, YOlUcntc 0 pltorCllCo dos restan· Ccrlas (eillis I>C cn ruln.'Cc tlln. JOM: Pcreira, tio bronco h ie que tas rcIiA~olias. Alllcaco mcslllo 0 10 nas sessOcs Ilue 0 peuoa l to- nCIII ICIII -linhll" (rt'll canloda, sr. arCdJISI)() COlli 0 ~parl~lio de do (oge, COlli medo dele. Sa en· \.le.\ linnda b l>ecltl lmente a urn 11m padre Clerro v~uhsta , .. M(u:, raivece l)Orque e desconrlado que IionlO, Icgililllam~nle 0 "nomos" nao.! 0 c:lero vauh~ t o" lanlo ~:I.I ncm mine.i ro. f: briguento fJU. e dos srl!'gos). Jost Pereira quan· capllal COIll~ do .Interior do. Bs· nem brnslleiro na I)inga, JA tern do 5uC('ede blli:a:ar lIa 5t'Ssio, grl. tado . t dl.ci ll ilnado. Adm;lIrfl !it batldo com ou lro~ e~pirl!o~, ta: "MAldilo ~Ia Deull Maldilo scm dlSoCussiio as oruens 5UperiO' com 0 PrinCipe dll Jurema, COlli meu I)ai! Mald!IA Iwnlla mAil rea. E lerernOI despojada de um meslre CarlOI e corn a Talmia Trt:\"as! Iruu! Ire..,.sl" . Sei!)m de KU~ mais pitorescos aspetos, CaillUrI, A'I "etes \·ence, Urn .. belll(hias as tre'".,," Quando flU;. a religl" ca lollca que Ie Prill!· leila ma ncrou um meSlre de terlllhzado, JOK Pereira dU-que cava em Si .. Paulo. Mas espe.ro ses.sio. ma lGU pili, mii, I)ad rinho, madri.

~~o~~ne::~~md!a ~i:'l~d:st:~; re~~ ~:!r~~o el:::elllalr~~~, ld~ ~~I~b;~:~a.:s:~~c:sfi~~~:~<r.t~: aanlo rt':rvor, r"f'COnsldere stu lamllnilo dum dedo. Para no Ari· reiro "bolam trave" (reus de 8ealo '.'nentavel. A p.lnra dc puani. Quando se acosta. nal· impeciLho) I)ah .. JOM: Pere.ir. nio a. emlne:ncla ni~ e slquer a pa· BUl..,n, a peuoa tenl raivmhas, apar«er. DeIJla "miU mc6slo" lnra de um re.I , ., POde Yoltor "se trt':pa" tOOa e principia fa- (seou('io de .balimento, males. alrb, e deve-o. ~f'ndo tudo QUlln to nao Ilre51a, tar prolundo ) na. se~,

11K PAE CRISTAO E QUA SI ~nll~'~~~I~d~ ~~ ~n~~\"=~=i~sd~ r;a!':acl~a'M:str:s~~h:':~iti~~: ANTROPOFAGO " Dhlrlo Nacionll l", Gosla de tra· ro, IItulllmente inda "malerlali.

expediente :~~Ia:tn~u: G~eiq~~nU~n~r~ei~~ :?o;i~v~g~;e E;n~~s seJo:C~; -.e ICostOU" nllma mocmhn e InlormllnlcJI me con 1.11 rem onde

da nio houYe remedio, l)Or 1II0is que qut p'ra, Trallalha com cachim.

revilta de antropofa. ~~se;:.mas a ro::~~~s;r:~: ~~~~oE: ~IISS t~o=~, ~~ ;!~~e:lai!s?r!n; cia :~~t~ :~~b~aa , p~:(~t~~e~1 e~:alld~ ~~I;~~~~tr~TrJ~:~:~~,~a~~~ (:!! denlirio) . na posir;io nalural !luln !C1D PM-lllld ll u la yiyo, so trabalha inv~.

T radII, arco e Una na milo. ale· cando tl,Hrltol de Cl811no e t tl ' gl1 a lirar 0 julio da pC"~1I em do como mtntirosa, Ml!llre ZI-

a~ougueiro: Gera1do qU~r:e a~~~~~. que os espirilos ~:ll:m!d~IiUS~I~:I~/'~n~a ~al~~:~vdc~ F lemininos lanto se .coslum nl1ll Quaye de Va""ulo que abrtl to·

erraz mil is COIIIO nos Ilois de terreiro. das as portas tncantadas do cs Oulro mestre 1II0Ie\"010 ~ Til· INI('O.

~rre.pondencia : IMllOga, SlImomen le J)er\"erso. . arlo de ANDRADE"

c.aixa pOllal, 1269 ~i~:i~:iO(Nr:1 ~~:I t~~lr~~:b~~ (Do "TuriJla .pmldil"),

rn 0 lrelno df! (ulebo l. Mas Pio· os do Nario. I~ Julio !'olcrnn lin 6 meUlor. Incoll1j)lIravel. lro lambem. E Lucio LalJ.uo 1111 mente. bern, E Pedru Nayo tnmbcni,

\ I"Iliode se cllornllndo Moyll'l1deual E' loon reua de praia FIlII no rundo de IIrn la~oio tio cUml,rido

1I11l1)rldo que a gcnle att pensa que e urn rio.

l'cdrariliS relumcom ,lOS Iloredes

re~~el:! 3~s~~~d~~~~, S~A~~ ;e~ 0 que .eondu:r:iu ~ Ieantarq no fin iu assim 0 CIl~ de Mario' _ es l r~a 101 0 Jlrefaclo de I)oth!· "Muitaa alunlt!!;, nenhum di.sci. Bilby, ,PQr e.~se cami~ho, ele i. pulol hem: I ro l ~:llt, Vlrou IIllporlonle.

1~~ , Oo~'A~u~~n~~I~e ic~:~~:~~"!inhU;n~:ciro mui lo de danIa p rll inventor a J)regui-;a dOl peis:esl)

Os lelhados lio de IOdo mis lurado com brnas

Salya·. "Mllcunaima" , Prov8Yel C!w10('0 . Nao nos mlercssa. E hn urna cobrll inyish'el em cada uma das portal.

evan8elho de que ele Ie nega a consciencla. Porque7

Os anlropolallos esses niio t!ol de.se.~JH'ro algurn. Filhos do

Ultinlarnenle, Alyaro Moreyra bandldo Tdu!. tern feilo poemas melhores que

~em que nbe dos eaU50S da eidade por nome Mayandeu. '

~ae;n n~u~JeJa nolle qUllndo u ro lhas crean, .. esllo COlli SOIlO, as canot:irol que andam nagua medrou

escutam baNlhos de fesla submdo

(2: denti~io - '>- ' nu· mero).

r e v • I

s t a

d e

a n t r 0

p 0 f a g • I

a (orgao do cIube antropofagia)

de

o vo lo r de urn apart<:illlento. subindo suhindo ~~:~ :aerg~~~:~\!!Ad!~~dro~: I:g~

que a psicologllll $4..1t'ntl(,ca de (Porque Mayandcua l:. umlll c.idade eocanlad. Marl() quit com(.lOr, Yan de AI- que 0 Bicho do Fundo meida Prado croms ta lem UIIl boloo de CAs IIgO na lama do rio!) saborl Que di(erenra de Alcan· OO1'la DE GUSM40. IlI rll! Eduardo Pelles rini Ji a ' · (da sucursal do Rio)

ftn:A~~t~~O~~~~I!:~:o~a~:: Ir---:---:-:-------------'"" conilldor, Yan meteu 0 Franca D~O ha. problewas mais msoluveis do que o. que I ~~ t':n~~~tn!~:,IO ~o~ ~~i~~t Dao tXlstem,

;::'os, ~~~,: I~:~S·CU~~~~:~ Maurict Blondtl (" A ac~o") l>el 1)lIra Pequeroby. '----------------__ _

NAo fazemos po li tica lite ra· urna ptrgunta jornalismo proviuciano

ria. Inlriga, Sim;'REUDER ICO Unir todos 01 encanlos da vi· E' urn ,re801o pllra os crOllls. Pirnlmrng.l _ IIno 375 dll de· I dll sclent lhca, a rllsllClI , voluluo· las l)(I ilcmes Quando matam al.

gluli tiio do bi5prl Sard mha, :: ~lIre~~~~~ :O~~:r S('!~I~nr~ ~:'ne~~~5:1!s,('~~ ~::t:a~~:=;:e .. ~ alldidnde dc um clown a incn::111 II\'OS de honra", E' um nio mais

• d • t . de urn cadllver " pe.rinde at tao aeabn r de «rio vocabullirto an~

o ~ISm:: ~a~a de Almeida ~~~er;~ ~~::!rj)~~S:;a:~~s ~~~~ ~::c~~~-: d'I~~~~~~ .. I~ Prado seria eapu: de produlIr al;rtlndo·S(' no lumullo dllS m· elta . -De.shQnrou", -d~nes· a perfidla quo conW:luiu domm Iriga~ pollilcas, nlio ~n blll 0 lou~, "f'nllo1'lIhoa", m ., I"tc. go pas5nd<. perrcitio e qullSI I lIIntJdade flill bs.a 8('fl le nao ubi! que Frtucl

10 r:eSllOheer~o~~~~: d~I~~. pe~~~1~E 8LON URL _ ("A :~~to. \'", Iho de enslnar 0 OOII~ ~=:ou A:aa~~~~~ o~o:m~~' ~(~i.~·)::.=======:..,,======== ... d. mod,m,d.d, I~;d.. EST I LIS A r A- 0 Yan. cria jUI~o' '..t camara qutm te

rtconhtce! A Camara de Sio Pau lo teye

urn papel historico lonnidavel 1101 secu los da fOnnA{..iio brll5i · lelra " A SUII decodencia iniclodA no SC'CUkl 18 che80u a80ra 110

:~8:s d~iql~r~I:II~~1 SUt~;;~~I~~ CII~:: licol da ell ll ilall 0 payO paga Iml>OSIOS para issol

De faciO, depois da ne. oclala

~~l;~r~ud~~iipD~~,I:t~s~recisa do i

de­se­nho

de

di

ca­val­can­ti.

(PROSA)

0 1 dOllos da leI . .. fuglram llro millo, e sO nos delxaram 01 modos ftriscos. Os OU lrOlI 1,lan laram na belra da prlla a cruz do senhor enos .. nsinaram a fala que ti. nham, Mllis larde cht'8aralll os prelOI escravos, lrou· xerarn rom ell ts baluquel, marumbas e s.am,hal dotenles, Os modos ariscos. a cnn: do scnhor, a IinlUJI dol brancol, al dansas eantadas, ludo isso s.e uniu na alflU; e no corpo da rll(a que \'eiu, Ra('a brasllc,,'a: fll;llllu(io!

AI1'UO MO~YIU. (da 5lICUrui do ~.~

01

Page 101: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia
Page 102: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

D / A I .. / (, I I I • 1 ... ".r"I ..... I

F o R A II revista d e antropof~g·ia III

(espec ia l pra nos ) Olha 0 bol ~ Corre JIIltU sombra 110 lombo do m OI I·O .

lI a pclIu~o~ de \lIZ qllc jn vo lta rnm. a p roposilo do tea tro sem nome - ent revista d e Alva ro Moreyra

Oe rClll' nt l! 0 cltmpunurlo sulln como 11111 dedo de ca l

Tlldo ilwallc a ... isno:

10)1,0 dO:i j!u.:arn l1dlls, .,lrupelo vcnuclho dog tdhaclOS, verde- ~uio 11:1 folhugclII tremul "

QtlC \'cntillho lIlol cquc bulilldo ,la:i i oltras ...

Parccc que 0 Illttl1do nnscclI de 110VO,

Rasco olhor dos Il1Ul1\itos adll1 i rl.tdos e ~ ham' nla muscular do abr'a~O .

f'rcl1Ic na turin do teu corpo u for\ (1 Kn1l1dc da terra .

l'" r hllm ll. 1" " l\I\Lo l:hm~ nl(' (111 11\ 1:: 111111 1I~; n' I) Il\r o ~\I K'" 110"111 11 o'!! 1\ 0il ilOli IIHitO!!) II ... ('~ ' II ' 1111 " " " I (' " C(lhrll (.rund l!

(' lI lI lId (. It ("Il r n t : rRnlh: till

IIrfi lll 'HI ""IlI; u IIUI' ('!> I .l vu l" lrid .l. ~ •• r~ , ~r .. (\' I ,,_I,,' lI ln MI I ' III ... ",

l..rlllhln"" "nl,jn ' \ ~ " '" 1,1'"""montv ",,(r" I)' f"I>L~'.

~tli 1IO Ic I<I"II<o1 II\1rn 1;1I,it(O. chu-

,,,,,,I., ". fll'W'~, :-.{.l ' ''''~,,\(o I ,lII l,' lie IH<rl loJ l' lI e

III''' ' , n"$",II'~ r, ," umn fur!;" lIe ,II'''' ~ ,I, ",r" oj .. I , "~.,,,h. l i'l'), .

\ ( '(.O n (.; r.llll!t I"'e until h ­Ih .1 II n lllCIl I ii .. In l"ICIl 1111 (' r u· 'l UI IH' IHt Enttl n Ih lUll!! arrIlIlJ" " ­!I(' 11 m IHIIVV llr lt "to(II,

Nul" ~" (. In,II" r un.. ~' t"I)l ell. I" I'"'' , Im .. ~tliC,~,"r~ .1" 1}·It' lnllln· "" -.i/' '' I, r I>O('III''"l l1l' t'''''''llllc ... rco· II'''' • I,~r .. r"" 0 " "";" "1\11111.'1"1< 1111 K"lI ,ml,h""~ ,II.' \p;;r" "II"Un

II"" , ,,'\1< 1<" "1("" I> "~t,, {IO '1>11 ,.

Int"I,' :'i ,r« u xool"~I"O 01\,1\' ru l,o tv ' (1(0 n Illbulllrl (l bru .. Utlro

_ \ ,.'u 0 Jab,ltt l ,ra lull1ur IlIlr· II' n n f'-lila. Vl·lu I.! ,. \lIlU IU' UI Ii ' t. ()lU ll IIlr(' (" m(' ll ii .. \ e HI l IOl he m . A I<II ' n I\iio 1, {"I f' vir IHlrlI U" 11-IIlt a InllHC'l!llldn Ill! !>llIlfl l MI

::;(0 ' ~I" f('"III • "Ip mul ti ,,1I1I ",oJOI ... ~ ~~ I~ III .. !! ,III (' r"~t () ·1· ... " ",n~

(",,,It. \ {'rflur. hU HI"1\1I H(Jlelt, um

<(' ''11",(, ,,1 0 I:en~ro~" (III \ Iliu III 'llI ll n"IIlI,I\tI, lo tl.nI. n('''tu el) '" I'> hO-

nltll' I 1. •• [.1",,11111 e"I"I)",,, I" I'llrll (0 mo

",(nl' "'I)I'I-\!

1\ 1 \1~ ql, wilo II f l· .. 11I ... ~. ncnbu li . "

\11 (. , 11 r, ('o ll c onI H:r (,; onh a d f' d \J r ­nur el) m 0 flO l lO l!fin"I" .IlTt d ll

" ' " hilI I n no ,t l' . Elllii n re~Cl I I'('ram m UluJnr lI u l!'

('n l n no , Ie Qu e t'!:111l"1I e scondidll 110 £,wdo do 11",10, d t' ntro d , urn eafO(U d e l u c utltltll.

1_10. ~ gM10!i(o Mil t e:r.etl HI .. ,. 110-IthQ ' lUI' Il(l liele. "'<\ 1.lb\J,o com 11m I)f". prl'g\,lr.o~o QIIP utCH'l tl ormll[(l () Imr[t,1 rlnlrnilnte d~"lro do Kn~mNt

(,."lIr ..

L'n, ,lh\ rt:lI",heu In.e, lt wr ,,~ eltre-IU AII,OI'roU c ~u l !\O "Cflmle r~m-all

I'>~ II>'I I "~ cOll l rntll do~. I l,r l1.0 10;(0 PII'IUrl'" lie ,,11'1,,1110, obedlll ntu brl· Ihlll1[l .. I'aru .. 'UI'I prOI)r la glorlll

Or" I"w t- ~1I1" o\rlllo II oJP8lubrl. f ( .. ~[I"

Au~us to MEYER

OS TRES SARGENTOS ( h ,,'\ A hIH11nrn i\!n('!11If10 {o

{. ' !lo (.ou l mlttl <tIIC nUIll'.1 '0011) eM 111(1 ll (' \ llIi>.Hll (0 1I0~~O 1'01,,, ~Iir) I 'uulll ' 1Ildu7.1I10 t: \ll

I ll'''III I IIII,I.ll1ll l o1 •• II11 :'\ ;':lIl' l rll COIIII:l ,1111'1;.:111 ,,1 ItllIIle S ... I I II I' I I{(, I ' ° 111' , .1 1I111/.lIk l II\lt: 1)1 (-,,11111

o~ dlll' 1111,11(, \101111111'" (Ill IllOtllllll "IIl" ~' I 'lv \ ('IHli, 'C IIII -1ll11lit ,1!11{'~~ 1\1:.1 ' Ilt l.1 ludela 11 :\ \ll l r(I IJ(lf , ,t.:11 .1' '"" ",11.:111:11 1-

ell, I II I U (,1. I" .tI,l~ r d ~a, As CII ' IIl1h.I' ( I ~ IIltll' IM I 1 ( 1I11l,t.:lHl ·

Qult",lo 1011 en~h'an"n "bl " rlf!. da l('~ J.' "io .11 I till 1l 1.1" 1'01110 fl (' 1-"e,,~"" 80 lailo do "lIIecillmo c mIL' , :'\ , 11111 .1111 .. " lI1\:'\';'" " "IIInr ttrlal dll td llc.~t\o r t llglM I< II chel tu- A h r'&~ 0" 111( 11111(,,, (I e MIIlI ~ IHe·

C I ~:lrn M (11'\,;11111 L i lt 1 :'III" I ~(' I ,

que .. I -Il' II I !Hlllf,,,1{ I i\:iv h ilI' I II

" 1 ... . I n , , ~ "It ." ,"Lcict ll 'lI t:' t:'" Hio d e I ,I 1II0do Mlhol d lil ud PI , rl ~lc:j d.1 Il ll lun'zn que tiS c om­Jl~ I u!;('C' fOIHet'l cI :l~ PC!:I .IS !'I('u l. IHrrl 11 -'( ' cng.tn,llfiv l1\1n(',1 elll U[(l1 d "

" I ' :111,,11110 1('11111 " do po" I,I>; , I " 1'11 1 II I' :'I \ IIl uti c r ~ II Il!HIl I' H. I

fO I ~. 1 ·1I111-n .l llll ,11 ti t: 11.'"" lcllCI.1 !t" I cn d(Jlcla~ que as 1I1ulh(T e .. l em /1 1111 11, 1I1 ,II S 11I "IlI I11 CI.ld fl~ que O~ h Ollll l1 ". (' ('~'a ltIJu , I I("t C l:lll ' to 1I1'1~ ( 1 11 11010',1 (l llfl n lO 0' h!)· I\ le1\ " Il~ IUlmH ll lI l\lI l'U('~ (Ie I ' ~ · ,\ I ~ II I I fOI Cf4 ltC ~c,h I Cl;i;cs . e IICjJlII ' .1S I .1~ 11 ~:Ull POI 1 .. 11111 I.:II ~ cedldo .IOS c .. rOl,>Os (IIII' l' l c~ fl 7l'rUIII ]ll r;) IHO,OCiH '

111~ " . 1 ' Ilitil ,". do " ll r l\ ' I,lIo Still t;Mlca. A herlUica m~ntu' do odden,e 1Il\" pod'a .11 II.CO­OlI OIl lIr dcui ro III' ~t e~ ~n"rl~ .10;1\0.10-

«lid"" dR AmHlca iIo

ent l edt" LI lli 'I'll , I d('n l lll h (l~ an " \ lII'ill r('I (,;o /h·\(: SCI fl (,,, .

lI,cno~ {jue ' en h , II CO l l ~e l1l (II;! 1,I( ln pi 11Il1ll~ntc ,I e 11 111.1 III PII - Illh I ('1,ltl.llldull LILli . .. 1'(, ,I' Ilc con"p 1la. HIll I ,'11 C"C I CIIl,Hio d e bhc,, " I"I\CI.:II(I' I'l flllllll( IOIl I, llo".\!(1

o hOUle on 01ll\1I1 , 1I,hll. 8 BUll con- D Vllll !\lUI 1,1 ... III (IUC "C C~ I II\· . 1 '" I fllill Ill , ,Ie M.II" I lI(ln '1' :11 Ie ~ptt'" rellglMa {IMu .1\ (!lldo Cut Ir lt ll .,fO ltH.lIldo I ofcn:)lv ll I1\0cl · r · '{.c"elllo~ J c ('Ii , (llIC , I'C- ,dll.t\ U)\l\'cllll'ulc m leln" I-(, earnl' I,((\ ,.rial. I\I ~ I,I ' ' I udn {Olll 1.,ltl\l(I Nol .1 h ..: ,.;O (JOSS.I S(' ,· 11 111 ao 1t01llt'1ll A II!nutl l d(. M.llqUII. (Ie S'I_

Par'll de 1\0 Ilrm~l plo 8(1 ext,tll, 08. N(\II 7. 1)0 1 .. C' I(\' lin dll ,do 'I'tllh ,II 11(\S h6 ,,, I ~". e p o d le r e- (Ie (: UIWI tl, ,, Obl ,,$ m ' " I' ~ I ' 1 res n il POll lll:'l (,i'iO

111'1"· ~ I)('""I .. S(lI-r'l' Sf.IL'luelml,n· Sllllcmos I IUIe 0 M C:ll lo~ 1)111 -d o o~ 1103 C07. lnhllu(IQ 6. l tr ra Jo_em mond (\e AIHII :tde It'CCIJCII UII I" ITprr.t (,llCa nlAd:l f! brll.do ond~ mo· Cn l ln III.: Siio 1'.t\IIo. \1:1 qu n l Ie.d ­l1\'a II. Cob r!l G rll nde). mcn le ~c ex p 1tln" 1 11"1:. POI Ill'"

b err 0 ( \ I' IW I'()!-; I'IO Iii : UM M(J\, I ME XTO Of: ' 1: .... \ \ S{ ... :q \ 110

\o:Si' IHl I UA l.l s M(J , Nil Il IU ~ I L) . AtoUI It n"ltt ({'I f,'I IU e ~pteh!. l m('nu~ 11\ 0 <I I lll COlllPI cen, ;0 . 0 T Oilleo

Ila,n U " mor C:II !\" (\'(1 (:1 110' I mh ,) ~ 1I10 110 .. 10 )'\;11 htl rll em <'\1.1 ' (I' seltruJ I:rlt ... ,um, :\ In a ' !:! CII I 11 (1 1'1O\ IIIICn lo .In l ,o ­

" m(>t:1I t iro" com , ~ r,.o"hll dll d " nnlr p Of,ISICO COllI 11111110 pl .l lC r. pOl S cOI1\ U nollo €utllo 11 Cobra Grunde fOlnm cnorUWl> C IClcS 1.1" csfo l­\ /1111: ",,1.11 .. de lod o, 0$ &egredOfl / mall- CI'~ pnr,1 fll~d-IJ b OI. '1 1\1 ' $ 0 110 11 ""OOO'f " nOli" ilo fund o d o muto 1 1 ('lncII\~ lnl, (\ Il n lt:1 11 111 , :I .. ln \ I'

'" cu, (I .. Oll/-(lelll AI I ~loC ' 1'1 fllho t~.tl\ 1'111:1011 ~ d, tlln 0110 rdMo dc "1:11111101 . ne l l' I II: IIIO fc"(".

IU,ctll,'glc!'l I \) I"IC' .... de bl l/ol ' ldt 110 IlllpO .. SI' r.tO~H" 0 bo ... ,tl" uUll.!'KattO' terra \'c l I ' , c ftllll fl ('. 11 nil Ill flllltll.1

Mo\lmenlllndo a Id ~n religlotll Oc ntro p a l I g010 d .1 r.l\ I1 I I1 [\. \ 'ute \ III 1.1. "ua gl'l'>l:rut ,,, Dtnlro d. 10 1,,11 quc :lr ll ,.((l Itm lo elc e~C I I:\CU 110'

11111.11' qlle 0 rode".. I Je? t:: .1((ud,1 11"'01' 11 lit, 1311 111 ' NQi'I II vroll mo",,"" 10!;,0 "I,"rO!tf! U .,:cln'l Quc IhlJl 'I~ .tlcl' T ll ie nl o' Ola. e,,~c 11l .... 'lIm n IO 111111('11.1

o ~a:ohD~: ~~~~:Ol a:d:r;~"I~~_ Uc , 1, ,,10 • • 1l'r('(l llltmlo I III (" II'· CHI 11111 ICC"IO IIlh; lcl u o i de \ ,IIIOS eo Hlu 0 C/lItiiO oro~1n d e deMj,lIlJo !>1II1ft' l ll It·u lr,. l, no p adrc An- secu lo". e/ll tlln ,·c l, occs, O.1 I.d ,l-

A eJo>l'ulllilo Un) IIlIj., (001 WIlli. e~IlRda :;~~'~~~I C 1 ;~,,~~I:::~tl (':~KO ~' : I:Il I '11 ~Cll~IS,I: ~\I ' IIII~'l~~,l ll!lr ~"~I~li,'~~ I ~I IlI~" :1 ~.ea.rOllll.A Il cu,,,rtl~Odo (til 10/llllllno,1 Pcvr. ('OI;~I Cn{' " ; \I (11IC ~"Ilt I~I~~:~ II1CIII.II"I ,lde 1l .ICIOIIH I ( I( I I'~C I'~_ ! °f:~~;: ~11 nAo II" (\Ialo 0 hOmelll ~I~::~U:(:I~:I I~n d~1 (~I~I \{Ihr~I I ~'?: ~~~I'.~I:I~'I:ln\~:((/;~~\\')"~I~ ' l;:' :~~O ~:~, I ~!I~I:~I::,j:;:U c!n~~~:~d:e~O:n:~~':~~~ CC I rllll~fOr'Il IIJU " . 1)/'11'11 hr:I ~ ll t:~- (u(', c Il flhclI~ I ~ I :i(l :I('II1 " I lIlcnlc

~~;~:tlO Se~,en: r~":I~m~~': ~;h~er~~:: ~:'i('?on~:~~ - I~ICI /:~~:~I O(_~II'II~ II I~::~~I~~ : 1~'.I~~II~ft:III::::~I;C~~~1 I~" I I I W~Il" CU,

Se:\J:~~~\JOJfI d~t~: e~~I)'::~itlO eom a ~I~~'~:' It,~!C~~'~ III\IC;::I1~ : ~lldl~~ ,~.:'l1a ti c ( I Il?'~l n ~I'I~:I~I,~',n:~~~~~n l'll~d": I:~~:~ lmrftd encl' do! IIIIXOI D c IIl11do IIUl' agO'·.1 luio I (1 11 - 11I11111CIIIC. s;o o~ E~ I :1I 1 (,~ l HI '

Pvr 11110 0 ettlu ... eolneldlu com. l eol e ~11I n»o Il'r orllllll. lllIl ll d c. do~. prol est ,III'e • . 1 Allcll l ltlI IL.I.

Mario P,nto Serua.

I,or" 110 flmor 0' r \(,, ~ sllrf(cn to~ :Irnl ~(" Iltl IIIOh'~ I :t IlI {', a I ll J! l.ll c, rn , IH Oh ,,-"'"l CllI l' (: (. \(1'('('11(1 (ILlIe n~ j.!(l- l ilIll c. (I ,1"]1.;0. "mll s ln c :o1l11T· !HlLmlo

r.~":n'::,l/:: a:~~I;:~, ~UCrr~ul~·~Qh~. ~~I'C ::~~ r·~ ~II';i~:\. ::I~~~rl(I ' ~~'ill~I::~ '_'O_I!_C_"_N~"·A~G_. "_· '_'_IJ~E ANA I.I ·,\lH:·II !-o ' 1O :'10:-; I' \ I Z I'.:-; 1·11111'1 ... · ell""IO, ,,11.0 hoouv(' l'tlnlr,OU 11('1" !lUlII - UIIIII I P r.1 lIluito, u i;, . Pltll 'i' IU' - TANl' '':S I: { · A'I'I"I I .ll ( l:-;

"rontlUn"olOll. {uho M\ ( II\ J)(I I- T ..... ,~.I I Tax,ri. PaiKU I,rotut .. lllu I a~~!:::e _ PallO' ul6 11cOO lI. ... t~ ~'r:~··

canto do prisioneiro qlle vae' de S chopenha uer I' ··s \1111111111:'1 • • - •• I O.O,,'i ser comido ~. (jIH.'II''', tHlltl 1I11,III1'nl(., .... 1· I

I II nao IoIC l ;rrnlillu ()" It I I'ICI ~l (I ])I .tltl· l 'tlth'IIOI "dUI ~1" I~::,I.\II. I •• • - ' 1 ~:~; : t\i'ldIIIOS b / 0" IlJltll1l""C \, ('Oltlptn'lHI1,CIJIll - SUI"II •• •• • - 11.\' ,

, r;r ... o s 1lI0 11ll11 Ill) " rll l i t' II ·1· >' 11I 1.' ~~11[. fl 'UIllUl1tttU" E~((I"'III • •• _. . I I. I,

I~a ll ~Ie sell S ll llrnll::0~ (, 111111 do nllll".I \ <till C\l"("II nu ll O. t(tltl 11l, l n ull n . (1.7',

/';111. ' grande e t>S lIIlI." <:. t:'1 _ ,I II "l'XllIl" ~i'iO " tit. (Jill I (Itl/, - U IIIIIIIIII" '" •• • II .:! ',(

r,1 f) \lIIgllr-lIlC de 1 '-". rut lo." I~:II~:" ' ::~I} IlIdo' • J:~ :,~ (Dos Ttlpill'tlult.I'J (do Iilro " Ouru IIu 1n\l IHlu"). !

I1 ldll . _ ••• • 111 ' 111 11 101 •• _ •• l 'nlll1 l1, tI • • _ • • 1I1',,,d •• • _ •• \h"< l' .• • .. . Lilli I • • _. _ ••

Lilli, . . •• •• t · llI j.; lI " I. I l'llll~ I •

.n,l · I. ,' t.K'I ' ... ,r",' 7 \111 ' ,II ,V '" 1'1'1 ',

.tll:'" ,~ " ,I ',

d .1 n\I!! " V(' .,ntrolwfng,.1 (oq::ill d~ .l nlrOllofUf';IR hr.l !; tl C lrn dl tl'lr:IS)

cllrrl'''llt'lI dI O(,'R I"t r,,' (.EH ALJl{l I EIHtA Z

('ana l II.Istn l , 1 ~69

11' 0.118

MOQU£M

BREVEMENTE sup le m en to da revista d e antropofag;a

A HORDA orgao catoli-comensal

dedicado a d efesa d os inte resse. Anna­t hom ist as

director: T ristinho de Ataude

A pedidos

Page 103: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

o o rn

'" >< l'->~o ~~ ~ :-.!nc ~~·s

MO .QUEM ~vista~e antrOp(j:Cig~a

o s

so~t';e~~~ ~1:~;~~li~~ 1 ~'i~f!~:~~~ I t\~~~11\17:i~ ;1'~t~tl;iJ~aD~n I;~,I;~.O, pa~':lram 0 domm~o pa<..'iado em - Es.,o es de l gr:1I1 .Iunqueiro. ~a'llt')~ num \O('CR,ldo rl'gaho fc don Pic;c!iia ! pa ... ,adi'il!i. Pu<k'ra' Menolti, r"f- - 1'016 {os ~'erd~d, I)Qn rlli <IUi· prlo 1t adenr a Oren 'ii";3 moder · to ' FUI yo (f\IC t~) imbenh! ' na ..... rn 0 <jUe pct(k6a a sua s i- E rKilou "A s ma'o('a r :'l~". tu:lI;ar:t, m 'iu 'i lenfayel com a X3 · - E .. <;o CS rle l g f a n Julio U;. n· foparl:l do "Juca ~I u l a t o". ha la ... , Don Picch ia! mlll lo<; :1005 flue niil) a('hava Ullt - ~o i!s ~~'nl ad , Oo n Chi(IUi-SCIO Inulio onrlc rhorar a SIIr! to ' No e-. veL'dad ! atexanli rlllice ita to-m mClra· VI I- Bagas d c sl10r poctico ctllam l at'~pc".l ('tllII do duo Po i 111113 da ~ d uas ca b~a, :Jurroladas. 0 (''1-' arra r pejrll'am-se {IIi mC5mo, no ·'acs,

_ Que adlfl u .. lcd tie 13 Poe-5ia, IXIO ()lLI!UI IO?

_ E'~ e lcrna, rxm Pkc h ir!' _ Oue :lch a u, I('(1 de eS lo, ter ­

rible, Illod(>mi~ ta,>? _ In!hbi! tuot; (l(! h.l(roso-;' i;nt) ...

dlJ\t)t)lo~, Don Pl('('hi31 Pred~a-

m~ d~aer I~u~ ra y~II~~lm~~ t Du n

(JlIqu lln' _ \I e dl lj:a u\lf'd un \(1O('tijO,

Don " ,('ehi:!'

todas as :'!"n('i r a'> mctrifkalills do va" to lO:Jquilci de ~':l(1rl urn , Oej)Ois trOCli ram C;iL lirlM dis­I"ur"o,>"

_ E aor" Von I' Ll'chi:'!" _ Al} ra \";IIr"tO'l a Ilrocura r

nue .. l r(, crrrr:lno \1 ;Lr lim·Fuen lc' (lara no .. rl'<"il:lrmnno .. (l Ira \(~z! r~'1r:lLl1h:.'

f. lomdCUIo ""I !Jur:!11

(De .. nho de T arsila).

II o INDIO ClARA

Para Mario de Andrade (do Ceari) Yoyo cscanchado oaa pemaa

t..!:l mae preta malracava

Paracatu' Paracatu' Vou pra serra do muru'

comer came com aap'

:.e acaso parava a carretilha olhando 8 cabinda pedia ,"!ue Ihe contasse uma historia

e a preta respondla: £ YOyO eo", n~o me iembro ck> nad:> A genie vae ficando velha E vae ficando lerda

Ma8 aiohozjnho pedia Ie novo e escorria

Pelo rosto crivado de bexigas da a.c:a.a o fio de prata de uma historia:

VOyO 0 indio tiara Pipocou 0 ceu com nexaa

E 0 ceu ficou com mil olb06 ra:soe dagus E a noite ficou cheinha de estretaa

(Uma nexa cravou-se D8 kIa e nascaa (> Iua.

o indio cia ra dan~ndo 0 maracata' Rasgou 0 sol com a uttirna nexa E a terra ficou toda pintada de l6go

E 0 indio dara fugiu Para a Amazonia com 0 cocar De penas de papagaio tingidas de 101

HEJTOR MAR~AL (Fortaleza).

REVISTOFAGIA " LLUSTRACAO PARA­N /\ENSF.", n&. 1 e2, 1!¥l9

O t'\lOI' (Ille \ ", 111 n "cn le d", ( t!l'U o!Urtlll", 'I ) gl:nl c 1:'0 .llfc­.\lIle Ipurqlle M'nl ' ludo nlUlhfU, ludo (u"ou t'\ln, g1l!Io. ;\(\0 WIIIII no come,\!, 1H(l~ 1m heMulo. fil l III;al1 !\o, i\ go ru ! (IUC 0.'\11\ Ileor •

Enliio dle~ou [I \'CZ dn "dc~d­dn un l rtl\>ofaltlcn",

" nlUos Conl<.' r Illdo tic no\'O, Mi\ItX 1LLAtt

A PEDIIJOS Assim Jalou oo;so padrioho

Padre Cicero

ESPIRITO DE SIICRlf IClU ... Emquanlo aq ui ('stivelllos

lomos bCIl1 scrv;dos <II! aves, l o las c iaisol!s, que U:m Ires lilclas lima sobre a oulr3, ~ I..arnc gOStOS3 scmdl~:tntc :\ de perdiz, mas 1113.1$ sad13,

fcrn30 Cardilll '

A com ida que a gente agradtct e a qae eda

na barriga.

Page 104: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

o ;: 2 o

o INDIO ClARA Vara llano de AOOnde (~ Ceari)

VoyG etcanthOOo DIll pemu .", mlie prda matracava

Paracaht Paracatu' You p .... serra do muru'

comer carne com ......

;.e acaao parava a carrttIlha olhando a eabinda pufla 'tile Ihe eontaMe cma hi.rorln

e a preta respond_: e V6)'6eun~mt~ • ...,. A gMlt vse Rando ytlba E vae fieando letda

Ie 00\'0 e eKOrrIa Mu ai~ pedia Pclo roslo crlvodo de: balgaa da __ o flo de praIa de urna hlstoria:

VOyO 0 indio dari Pipocoo 0 ~ com fluu

I:: 0 cet.! ficoo com mil oIboI rttoe ..,. E • nolle flcou ~nh. dc: eetretu

o Indio clara da~ 0 maraart.' Ra gou 0 101 com • uttfm:l nua E a terra flcou tOda pintoda dt: f~

E 0 Indio dati fuglu P3r1ll • Amazonia com 0 cocar De penas de papagnJo tiftgidat de toI

" EI1'OR MARCAL IF ........ ) .

REVISTOPAG I A

Page 105: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

SECAo DE PEOUENoS AN UNCI OS

Breve mente

Nu," IMI:I: cullo ~rio lornadl) l)Or tro~n 0 COnlc-nlnrio pudl­Imlldo tie c.'r loS jornac~ do Rio 1\ l,rollO,i!o do IIhll"TTIA freudiAno do YIKario .\Iacdowcll contra R ,illllJll~ cxlbi~iio em malllal du rw .. ~c.'! fIlldllll:U!S. Que c,sc podrc pllnha pura fora, num pulpil~. IJ"llnIL d" UlIIJlh·rt·~ IIN'lurl)atlas. 0 longo rccalque pslqulco de Sllrl uIJ~lmcnrln, UOlwlldo a lJIuliein till. umtl tYOCIlO;:"10 publica e impil' lie !h: rorlll:r~ fClllinlnus - Ya 1,,1 Ma.!! Oll dir'clorl!5 Ut'ShCS Jomncs

, arJlK'U.'! licvcm IOIllAI' cunitccmlcn to imc(liato do cslado hi:slerLcu ", rl'!J:J!(Irc~ litH.', a IJI'/IIJ<)sltu dll inoccn te c civili'l.luJa "1)rO'lO til)

,!tulllll" 10 .jtle 100Ins 1'1' nAtties "C prt'slarll.lII $Atli:IIT11mlc, 8alll:II" "lIIlcn 'd, ,JlIIl'UnllU rc,'uurllr um /Jrllsil IrcvollO, coloniol e so­'thulo gu,c)untlo i,cr\'crwes e dell'violl .a"arcntcmcnle mones,

n""''''''.,lrccixam l! c.asar, uem que scj:! 011 policla_

7.° numero (2: denti~ao).

correspondencia para: Cera/do F eTTaz (a~ougueiro) caixa postal, 1269

REVISTOF AGIA--

Page 106: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

M o

;;.: 2 o o '" en

o~ "b ba~ ~.!nc ~~5

Q u E M revista -de

tatuagem I tl>'II('t, .. 1 1_·;1 "RO:'\.,I.l

n)

Un c.:lul~ .1 ... ATilrUII"h~1.1 do t~\llIrlln :)"ntu

antropofagia lampeao-antropofago '4 nl o pen.. que " aviso 0 dla de nk .. ewc...tra.

Page 107: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

vista de an -t"opofagia\ ORGAO DA ANTROPOF AGIA BRASILE;IRA DE LETRAS

Director do mez: Jayme Adour da Camara

as ract-as "0 caso-Freud Indic~

bem vivamente como 0 tiro ao alvo

REMELEXO (ESPECIAL SO' PRA NO'S)

pac ~apenga. mata 0 blcho racha a calxa pllxa 0 ponto e a cabrocha se me ielxe pallha a sala sc remexe sae de banda rebojando da de anca.

da de coxa modo encolhe modo agarha modo esplcha escorrega fello pelxe no JequL

EDMUNDO lYS.

TASSO OA .. rLVEIRA

Page 108: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

......... In D 'A R I() D E S PI\I JI 0 _ QlI;lr~a - r cira, 12-0- 19 2 <)

revista ASSAHY o c o rnc<;o do tim -A C01lrH'l"'~la c ~'I ••• 0 1IU ''>O

S:uIII''''''''() I' .e. () 11"1',1 \'111 .\ 1,

'r~?ic~ ' ~~,~~'~' ~:, 1 ~ i'.\·,~ ~:: ,';~: :"d ~ '\ ~~ ,>us c ua canuauc . , of,·~ C ,ol re 1IIlll l o,

!:)lIU, p OI que 'fC n (l1'MdlO .Ios ",no); \·n l,·c ~ I: (1 >!C'IJlClO .las kl~ 11101 :IC~ C r cllf.!IO', I .. {',,,"peaH ­dll pOl' todd pal h.': :1' Sotgr".! as III cscru;ocs tI'l UCt al"gll CUl h 'u L­c.:,'da\ c dari IH~I !<lu~ IJlUXUllflS. IInlllcnlc:. :l 'i>O/)/CIII'I,111 de 11.,10

POl' \1)<1" .. '1'. n·;!. C'IK'i:l:.rhnt:llle :.oLrc (I ()1~'ldcnlt:, 'Juc. rCI,dwu o a rc c a 1II0rai (,I!',~i.jli. (lilt: .J " r­".ullz.lra!!!. '·II,t'l:lf .UII, t·n;.;raurJe u'r,l!u c fdH'II:l!.ulI 1'0/ ''''('ul", IIlIcH·O~. Ild(J /I~Jc, ~clll n.lrf,,·c·

. der, rdwI .'r <I' /':111,;:IIU3 de /J • .Js"

I ~Orl'e C UU/,IO. ,IV I L'r cldacL'/ :)'

.11). c,lr.IIlS',H:Il:U (I M~ " rLl HI'>I.I rcL:lntlO c~jJl!'IIIl:.r till Ak!,\w",

1I',[..rc '~L'U IJJ.I'<J. Ila ... ·'ua, (;.I •• ,I ,a C :.rlunclllad .. pelu jJ:luull) .'UI'U ~

~~~~I~~O, do \'( rd:1uclI.. I:b r"lIa­

I !:Iof!'c e IIIUIIO pOI' .aU '"l til ,,3

/

'UUI:" 'Ac twn F I an~·:lI~c'·. 1I lIC-1IIt::1I a dio,cfl"{lia c ,I ,1t:\ulIl,;(/lcn ­c ia rcrlt;"w':I Il(.o~ \'(.01 :I~I'i C:' llc 1Il{J­mC~Ol> ('CIS {l., III/CI,d:1 1, ,'311\:.1,

Sorre, \Or,·c c :.ul,·c aind:1 t,(l r 11111 u tl lru., lOutll'O:. ...

(f)c um C('CC lllc dllicun;o do arcch ispu do J,lal·anh.iu. O. Olll­vHnlo),

Page 109: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

n l ARIO nr::: s PAlJl 0 _ Ounrfn- fc'r~. I f"I_fi_ 1Q?'l

a proposit@ do en~im) anlropofa~icf revista de o el~sfno antropofagfco se apofa nas rela~oes

dlretaf e necessarias do hontem COIl1 0 seu tnelo fls!co. Por Isso nao reconhecc e "em acefta a vell13 podagogia que plelteava a unlformldade da alll1a humana por lI1elo de urn modelo de alma cn1e-tJva por ela organisado ...

(Especial pra n6s, "indo de Vit6ria)

GARCIA Dc REZENDE

TOR E'

Orgio do. Antropofagia

Brasileira de Le{roa

e nan h:. no 'iCrlaO um illll);lll'im:ulo que niio a~radc .. o a deus a dh' ItlII;lI lc

UnpreS80e& da dansa tipica dO! indios carij6s de ~CIL chico.

Os dols maracas, urn fino e Dutro gro6so, fazem alvoro~o nas maos do Page!

- Tore .. . Tore ...

Bambus enieltados, cumprldos e acos, produzem sons roucos de querequexc!

- Tore . . . Tore ...

La vem a aza·branca, no espa~o voando, vem alto grltando, meu deus 0 que 01

- Tore ... Tor •...

E' 0 earacara que estA na f1oresta, val vcr mlnha bcsta de pau-catolel

- Tore ... Tore ...

Calx'lcla bonita, do passo quebrado, leu bei~o encamado parece um cafel

- Tore ... Ton! ...

A S C ENS 0

Pra Ie ver CabOcl. na mlnha maloc3, flando na roca, torrando plr6ca, eu cotro na toea, nl3to On~a a qulcet

- Tore . .. Tore .

o mocambo e 0 pocta

antropofagia 11.· numero do. 2," denti~ao

a proposito do momento CflO}O Entrevista do escriptor mioeiro Joao Doroas PillIo "'potrola ... ll""'4.' ........ ".u .. n' ","""f" '"1)b"""-. 4' ~o­~I!OIIf_lou.w.t _JIdad-I • • '"1HI. __ ""' ...... _

u.ttnJ ,a' aI.o ........... 0. ,.... ",Iv __ ,.,....uc .... ""P'II~ "'ohpor&ooll"",(DtorlaOd. I-.r

Page 110: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

IniSS Illacu.naixn.a 'lOis l\i'un11l1 aconl~imelltllS no Brali1: a orimeira exooo!cao de Tarsila e " virr~cm [iJ1l­

solica do C10je Kev~erling

orr.H'"II.lO AI.ECRVM

Orgao da A ntropor ..L gia

B:'asi leira ce Lc~ raR 12." n"Umero da 2 ." dcnti~ao

---~---=-:-==-.:.:~------

D3 .-. i'-', 12\19 I W • - Anunciam-sc para jlliho no SYlV'7,~,,~'i;\vo. - I'A· gr"ll1lM~ LI]1 ~Jil!li;O JrHl eXpCSi~aO proximo dlws impn"ilntcs

E"lell. s),mp:disfIlHlo (1:1":1,111 - l','(preSs(jcs do mundo no-

:~: .. I;: ~f)n:.;,~ .~'I;~~ l!I~~~f:~~ rll i; :;:;:rI~:~ I pl"~x~r~:rll::;Ii:;~I I : : I ~~::II~~;~' ':'l';~ ~1~;II~'lU . ,:l:lI~~~~\:~~t-:~;,/~~:l,,,:;~: vo nestas v(,/ha~ terras d~ ~:::I~c: ::ll l~~~t\~~oa ~ll' :: :(·~IlI:;~)(·;I)~. lcstll\. a .1 SI'U ~~I'\'icr) .E.l ' !"II"UIIII (;II~~·J(I~" li;~~~~:;J~::I 11::1' ~;~:l',~~~';~ America. Tar~ila a f(~rmi-,Ic. J"::11 P('ssn:t C 111('11 l:lcsln' . :HT'J~:mtc II:I I ~x "u,,~a ', t' !!U"'~1I 11 nill gucrn ,wrlf), M!nli ' Ilh~ 1'10· dave l rreadora l1a fHn tu-7.('!JIIll'r il",' 111('11 ('nod iciplIlu d('·II,d'.1 cillaul' :~alc~ de 'CI·II. r·~ l' num !lulo e 1'lInI Willi a~illll:.ld,' ... b a ., ., d ' . d (·uriiio. A,'Ill:1d" ti l.! l1e/ralh:Hlo- (I vula 111( \"3(,<1. I' UI t;ma :lpn tc6· qUt' n;il) erl lie '"a ra~': 1 lIIe .\l'- rCI r Sf Clra, CPO IS OS r;] ,II' 1 t1 ~(arc~ {·~tnrn .IS (I . 1"i\'('1 :>C II dll';.lll,/n delc. RUi'IIU "l'Ias mtlllll " IIn'no/cll ":1" uois triumlJnOS s(','uidos nrlll;] '" r('!I(- li \';lol tr'lVl) ,lillI'in-1 Eu subi D CCITU de lal.ltHI S (' Il1C <i('II' A'I minhfl~. I'nmn SC D.' '/1'1" , ~1('IlIC.oJ mC'1t c!ll.ll hn ll·," I~ Sr) \'~- 1 t;OIOI IUci IIU pUlltrt CIII 4'~O: lIIel.l"r f"~\em hUIlIOII:l!!. 1.~~fI 111('. ('.~]lfln que teve ern Paris (/926 II) r!I lul"cm II;] tlllll!!a It"('n l!' 1'11 11 ' Jlllllc,sl.' l.'nr.~za r eSliC 11110 .. ali i' Illu . ~It' , 1'111'1/ '/(' Ilrl"\'p,f).~ . I'u · 1928) . ~i~~:~)~,:~:~i ~~~:~r,!~('~(' qll~e l~~: ~:~~ ~:: ;~:~~n:~t.·az u~::. ~~~/~u (,;:'''l~'~'D ~ r.1~,~~ I r.~~ ; :~, tl:~;~;'-~I;'c;c~f~~nl;~r~,~',n~I/~I. ~ejra v~z ::r.~~~~~~~~~P~; .I ... pois ,Ie lima 1",ltW 1Il :1~li .l( a· :.:ina . Ao latlu dele 11101":.1\' 1.1 0 P,lC/ Fur"'·WIII . ('!It. nnlip;]tin. Ell 1;\,\' .;-iio II ... pn.vt'ntos. ;].hdadoreJ;; (jue j!i (in ha 0 U1St·O I!lIcnh' I' 'I med I. Ot'poi~ fiqll('1 !"'IIfO mlln /'f1 I' Brasi l. Para tSSO fsC"olheu r~l;r~;~~~d~~~I~ l:~)~:I~;~od~n:~~r~~: d~~i r/~~;~IUII~ ~a~~~i~' ;~~'I I~~I~!m;~;~~ ';~i~~ ~:~;:~ ;~in\;!~:I~'c~~,::;:~'t~; 0 Rio de Janeiro. A ~ua .lainhn c'olll llri"a . Or:1dllr{,s (lUI' IUl"a~, ucoIllIJUnha\'a. l '(,111 IIlh:l"cs- (11'-V" II" I1I(' rill mllll·frn. . expos;~.:lo se ahrirfl na ~ ~;~'~~ol~·:~:~ril~ .. nU~m c ~:'!~~:l:lrf: I d~ ~~ ~~,~c~:~~ltWiz::.~l~~~ Al'~::':;~1 " : '~:~;~ '~ 'I!n~~~r{"I~l l,I ,'~\'~r:lI~~~' prin{'jpio~" c oulros m:l~nL1'('l'l ru!> quc ".~r:.r r~!Ie rCII! io rnk; ;I\':! Itada IJU:J!nu{' r ,·nrnhinn.;-.i./I, FJ' terceira SCrTk1 n a do proxi-~~.~. de u~:,dtl V(!! htH' ,l ri:1 nul'it- ~~~l~r~ld.~ ( :: :~i~~~~~,n~.~::~ ~~r~.~IJ~:~ I'S ~·;;·r~or.~~l r~~(,r~~I" f ~t.~ ~~ J~;It'~' ",0 mez, pwvavc/mente

On nrofcssnrD. lo que nf.o Ir~! ;\c.: t!l1c nl o no ma,.!cir:lIltc. E "1lI Jlf" ~llIr. 0 "nilllni n: irnll fl. ·I", no P a lace Holel.

~'~'~i",~"~'~i~r'"';;;:":;:~r" ,~~~~ :~~;,,~:;';;Y:~ ,H:,'i:~:~r.:,,~~:,~,r:,~:,~ ~::'~,;~:,~'~~:;:!~~;:~:~::S:~~7~:: mc~~~r~ t:,;a~i~~:r;r~'~~

~~f!~~~ ii~l!i~ III! ~~i:J~~i~~~~~ IIH~~O "~I~-;i~I!!r;:~,r~I}'E~I~Il~;a I:~ ~rli~~.rl ... j7rn~', ";'11) ral~'llll"', III: ~,~~~~~.~/~;~;~'lrt~O~~I~~~~nr:l~ mezes,

:!)rl~lhl~ ~~~~s~a~.~I~t~\:~lIr~t ~l;~: ' ff~. ' No~ c "~OC "~~i~~'~~n~1' ~k~' ~:{' rio Tarsila ~ a afirmaf;:o 'km 1I:1rt1 d IUll05 os Irabalhns I;ClJI me olhava mats, SI cu nude~. RANNIIlAL ~fACBADO dos caminhos noyos, Key ..

~~I~on~~~~('~~:n~~r~~le ;'I~!;~I~I; ANALFABETISMO LETRADO serling 0 grandioso cJese s-v;]P ~('r fiiarin r n ~(' Il 'I ;"cc lnr. pe ro ocide ntal e a ancia

~~~g ~~::l-l~s O~I~~I~~:~~" :~~~r:: 0 Hr . Marin qe An drade dt'daroo ha tempns que 0 IIr. MellO'. tle reno'lamento d e que

expediente P;ls!ici lIoit e" ml c.i l·!'~ Ir ill~":ln· genialidade da ~~s~Y::~~~:~o:,cJ~:~;·~.\7~;.SL:!~~~I~li~ : 0 pn~l:t ;'.10U 3 Filho ainda eon-

;:ll!~i/;~;;]n~~~':'\~;I" Ir.~~~s . mllvi- ti del I'icehia ~ "n do de veito da i"'noranda nadonal", F.RU rrra 56 a Am e rica natural pos­DO nENATO SO J,I)ON. _ FOR. lto. 0 fl; r. Mt'noui del Piccolo e " Tosea. A Toaca do noHO " naU.· sue a c have.

TA LES.\ hetismo Iit1!rario.

revi!ta de antropofa~ I ~~~,,;:~~~if~IJ~~il~ro~~~;~c~,:~'ccs~~~ tinua fazl'udo um allgu' de uro. I>:>~~~\~~;I;~O \.t:;';.~~ I~:~~(' s~,~~'~ni:~~ nha~.Je pCiX t· (j':l;;ua d'-we. ~nl' ~o de e rudi(jao. ":l'r) So ldon , )1Or", 0:1 "' . ':1 I),

Tud<- 0 que I!'II!' /Catafun}!. ~ pur oovlr dhl!'r. E' Isslm qae a "Para .liler ain,b .~1I(1 nploill f) Fiua cuttura Auricular 8>' t'nrosu lis '!'ezes em afirma~ot'S tl rflt. nr · rnll10 lleve ~r 0 tIlUntlO 1II'l(on'" dem: Max JIC<"lO e SlIrr'Aliilta. Ora .1 ualquf'r ""nem antropnfagicn 1.n.lo, 0 liIo~nria C'hc!-ta ' I.'mrwe ~abe que MaJ: Jacno (0 um do!! C'ac rltorp(II acft.a .. 11 mai8 lIlaudnll. pp- d~u~~n~~~'I:i:, ~~IJ~'tl:l~!J~t~I~~:: los IlUrrealialas. Se for prt'c ifln, P~rt' l qup lU' Ic hlll aqa l e que JIt que a rC;lllfla,le lerminf)1I I', mlt.te­fala portuguez informara M( " n~ li comn IlI.mb~m l o(orm.r~ qae !&- l:lm\!nt(' S,'U Ilrlll' I''\I\O fit' fnrlf)a~

!II eaco/a pariaiense _ dt. que i um IIoa chf'rell _ n50 podia, cnm" ~.i~l" - Hegel I Fllo.\O no ,ro D~

gia (Orgao da arotropo­fagi . ., brasileira de lelras)

12.' numero

(2: denlic;iio).

director do mez: RAVL BOPP corrt!spondencia para: Cera/do Ferra% cai1ta poslal, 1269

he, colao, que 11::1\' ;11 11m paizl:1I Vcja·!IIc nla is (,.!Ilia a mo"t rinh a: .Ire ll10~l'inro 2 15. Aqui n.) <'('ad lIIuilo honito. IIlulh(lcJn de mon la· .. C .... ln n disl!illU lo de Xavier d. li'.'c II !ll oda ric Sf'r 'l inllorh' nlln". de rio~ en ormes. node ao; ~I ait re e de Sao Thomaz. ~ab i ll ~~n~li~afl~u~~~II~~~i;"v;;'~~r~~. '~t;~ ;:~;'~~~('~o~~~~f~\~II~e ~(:~~ r~s 'il.~ que, nesse cllltado de cousas, nil ,I ... .l :lIlei rn de 192!l1 ("om um for. ;'C;:l fr;1o e ..: :>pl'ita\,nm loS hOlncns. qual a " ,' r,l ade Be fu nde ",0 uro. mi ,l:1"ql ... ~(" a l1iI;1I0 1H1l> CO ll ln ' HI!""

o e rro e 'I"'> linha de subsistir, W~;~~~~~';T~:~~~ld~o~;III~''Jl>~ ~~ "u~~~a~l~j~;o tb~!:I~'~r~~ da r a ~~~:~e~o~:m~rr:rr~e l~'lC~~~:C~:o ~~r~~7js~71~I~nrS:JriO : Isso e ilt,·

ou~~: :'~Il~~'~iua!:u a~~~~~o r~li;I~~: d~,~u "Co .... cif) Pau lis l:l.IlO" dl I":!luralmen lc j:\ il vi~;lt"am vn-

::~~q,~~SI:~eri~~~'~ i sl~:~rar~~~t~lon ~:. 23·J·929). ~~:'li'!(ltt~II~I~~~~~~~r!;~:,ri!~ i~~~. 'Inidinha 1,:1 ra l'hcg:1r :I 1;:1h'c:>, ==---=-.=---= ,Ie lir I(rn l", lie 1f' lIras qu(' ,11'«ltt·

,11~~~aos~iOe~~, ' ~~oc ~1~.~~:~ra5 ;:;II~'~~ Si eu fosse um poeta ~il~~' I~~~~r~l:i~~:tn~lI~i~~~~~i~~~ 'Iue "k-I"am da [llallllril du .. A:l· n egro I bn rliri;.drla p elf, 7. \\ nci:xoto~ ,Ie<;, rio .. wil:wam!'\ "U!IKII1XI:S, II:J~ Vou man ,I:u- lIoje a \'OC":5 urn" ":ll)('('\'ir:l~ lIa 1' :l ! a~fJoia. ,10'1 (,00· por PATER "bio. rafio" do 110550 Z~ ,"

q'ler 0 '!'ate it3Io-mint'irn, .. Illir elll mod a f'm Si n Paulo ha qUlI.lrn r~'~"o~)~. ===0= anns pul8 nesaa ~pOCI e qap apa rf'Ct'u I' m Pnri8 e hi cnmn aqui nU llca esteve ~m moda. fllltra roi811 tI ~ <I n,," Mt noUl prfci8n f IIpr .. " dl'r a escrt've r ct'rln 0 nomE' tI .. rlio8/1fo inglez Be rtrnnd IhllllM' lI f o doa perfumista8 fr~nrUC'1Il nnlCer & Gallet - pCI'fumi81a8 multo corr. uns mls IIr:t>ntnrCii da IId mira~iill pro'l'inciana do udorO&i' poet:l ra1:ldst.l. Elle tf ima em chama l·os de "Roget el 8all.t".

Nao ~ .toa ql1t' Guilht'rme J.e Almeida dfnunciou hi tempOf' que 0 Juli n Oantas tlf' Ita'l ir. anda".. "Ianejando comptlr urn. bll '

I·alinh. Re mington. E uma vt':t. t' '!1 _It as .. o:tes. num bar, pl!'diu an g3r~on oue Ihe servis&e "SOI.!a-Wale rlDann nl

FREUDERICO.

A pedidos Borbolela

fin'l rir) nio I"e.'.(ro, da<; It, .... l'l ~ Ell j's l(j\J 'endo a minha vida ,'Alell("a l"

~~~:l~a~~g~~I;~~::'in~:s ~~r~~i~~'~ ;:~ ~~.':~r:;lil~l~o~~IH:idI"O Ol!~:n~ev~l~e~~~~~e~r~:bl~rmu,I,;:' ============~===~~= 1:Jl"r:,(lur dc ('a fe ~:~~I"ja n~a~~~i~s~~:;:II~~o Q~\(''l; ' )~

~:i:'~ ll~~;:l\(tll~ol"~~~~'~~~' i~I~~~~~ '11It' as fl':lwles rlns I1 llim!l" ('I r i· hi,loire loupy d'un jeune homme assoupi

As han;l llas as langerinas 1)5 abiM C'}f'sl 1 1lIa~ina I1U(' tIns 11E'.~'\'·'I- (E8PECIALZIN ao PRA NO'S)

;:~'I;n;ll~r~.~I~t ~ontic c O~ abaca:xi-; ~~~;i~l. :!;{,~'';;i:l° f;;;3I1n,,:ci~1~n~~ I(ritali) limn mcelil]~ agr:H'io ~~ ... : I ~~;I~~ ' f'lr:.

ar ;a~';"r; dl~; J'a poria d •• \emla ~ lIr C('ll eu? Oes('obrir:lm que 0 " Il11IU;In IO ullIa lfl '-!:mf'i a il!nslre (,:lnlor II:! Ir'lceml i: ri ~e 1",II'hn 1"UlIlh'l Iho fie nall l"c. Tinha nl scillo on no s61 f:ru'o on t'm ~l r('rja'l n n van'o

1ucmir~:ll;:IJ:'~n'(1 e dol alegria ! ;':~~~!I i.I II~~~~~rl;' ('~i : ~~CI~~~;:~'lI~' ~:~ \q u i Illdo hill cur \rnl;] ;'Ifll.lrt' Igreja . Quc caip(I

';::~"~ .;:~h .~~·li :li::II:~ICre!1 r i .~nlo nliu e? -\l1ui ludo ri ,"'IIlO os dCllt~s "'l •• nrl e~ .. ... ~ mlOi1:lli mcninas ,\ qui ludo i: :>c rcno c,/mo us olho'l ,I;,,, minh:I'> cr;:,nc ... " \qlli " ;UllUf {> 1(0-,10.'10 -.lIllInd,·nh C 0 11>1111,,"0 t01l1U onm rcdc ,Ie ch ambll'Q i: igu:d :"t r'" il' l'l quc ,'U 10-11110 ,los IU'(lnC08 ' ille IIWX\'11I ('OUl Il WU Iwm 'Iliando pa:>,>:' lIU c!,ll,;u d:J '\qlli n3 lIIinha terftl n ceu e mllilo a%u l I' s6 ha sill nall 1t'1lI III;.l"M jlm~ IJf3nC~ que d e\'cIII ir pra longe "ra h-rl' l\ QU" 56 ICIlI . IIWld:in nl, ceu .. T~IILo r~~~::d~m~go'lran sOlitJdO prompl a ml!' ntl!' aos curnl .

\"oros uU{lul 0 'Ille Ihes mand am por meu infl'rml'lilo 08 !lll lro-

do parana (caritiba) jloru~ :~~oses~~};n~i~~ I O .. :('lh O J:'I pnra ser·.f! fiel .II.oleos r..-ccplor. CAD.TJI. DII 30ilO OlWPF II:1S ondus rcvoludonnriDS que voces eslao Irradlando por t odu~

po~g~:. I~'.nt~:,,~r,,: t:~~~:~d:u: nl': ~':.h\!~~~S i~;elnor pl.lro uns e oo lros que voch ~e cnlcn, '~s~l"" tnf"g.~ llul mA ..... F.~lJlln .. 9 prep,u"J)(kJ ,\treclame nlc com I}:!. nouos enn ibDe~, (!ujo fi:ro Si llllhl,.,,·a n

~~~OJ9~~:~ ~n~~~:'o:nc:rl::lr:9 p~n~ il:~:~~;'~~(' :~II:. sU2;!lI ~(!a no rcd nc~iio d'O PIJUO. a ruu UlinlO d,·

::~l:~I:,:,.~:~O."~::O°I:';:~O;:;;::: I.:: ullro 1'l.!I hrH,;oll soo 0 prelulo de abraca-Ioll mas real·

1"" ~'I~.cl,I.·· 0 U"roll"lIo 8chlmH .16 ml'lJlc P:lrR nuo se r engu lldo. A~TU:\IO SALLES . .e p~a:o' com 0 Poulo Tad". Um

I ~~.~:I·.,.:n~I;:b:~O~~~l;~m !O;~u:~:tlt::, Alngntll~o - Mulo. 929.

·"do'''''·' VM POVCO DE·ESTATISTICA Ii ! ~ -=.= 0 Brasillem 851.118.900 helares. Des- I

OOlUAE A C""'IE COM

drama cristao Os pacs ,10 men inn Inci lil ttrom . ))dxando 0 nnh'o ,'nm do, ali: ks 11 do rtnIte Amh')5 !lo1.inhus no carurnolwhoo,

Umn larue. pdo horll ,10 Jou ta . dt.'U-se 0 oklrntC: Chnrnllllo, clu 1'"llf.'·:"-;I\U IUllo, ludo. A lI"il' h"'C 11111 dllllilue.

~~:'!,I~l'~~~oll~ :: :;;:~~~or1~ do dlstrllo,

o J!u(,!. ('"m 1I1'~ht5 ... ncrltt~'II." nlOflologova .. .., • ..de; _ MARnro t,'m IIIh! ca~or ,

~"u~:'t.~~1 '::,~~ ~:~t~: ~~s vid~~';:SS da OektMIQ 1'1· .. ·e \tll( ;.r n "l' riI1l1l010 E S('{Inulu /lelo 1101 kiD'.

ESIOVQ lIol\'o II h" urll de '(Imino I ,

o poe cun linunll I"nelo 0 "Jumnl elo C:n~I~· ' 1~:l\"1~::

U :c~\~~u \,~I!:~~~O~Il. J7~~~~~:~rm:;' r,~~~~~·,w ,orr""" ,oos-.

JA<'U IJ riM I'ut 11M IIVN! • ~"Ir : "AI . .... .'U ~l jI .. ,.

CEROD ONT

ses somcnle 175.104.675 eslao lendo ap.ro­veiladoa pela a gricullura ou pecuarla . Deslea ultimo a, 168.989.517, f~zem parl:­integranle de grande a proprledadel, f,- I

cando, para as pequenaa, 6.115.158. , I.----a-a-u-v-:d-a-e-n-t-,..=-· .-t,,-c-e-.-E::-e:-· -p-r-eci6o ma-o '\ ?,~;~" 1':,'''i'.~'III;~ltll [I. ",flU do mtll 0 valor' medio, por hetare pertencente I

,,, .. "'''''''. a bras,·leiroo vale 57$000; pertencenle a tar a. ra%o'" de du"ida. -PH. "S. LOURENCO" Pontes de Miranda. Alamada !;JarAo do ]..I m~lra, 88 estrangeiros va le 106$000.

_ _ 8, P~ULO-

Page 111: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

revista de o '"gao du Anll"opo fag ia

i I a

Page 112: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

P nt:: ,A

fARSILA DO AMARAL ABRIRA, NO DIA 20, NO RIO, SUA P;UMEIRA EXPOS!<;AO NO BRASlL -- - --- -- ... - ~ -

OUATRO POErAAS DE MURILLO MENDES ' de antropofagia 'Iistoria em branto do corL core .. ' ( Espedalmente para a reviata de antr opofagia )

CAN<;AO DO EXILlO

Minha lerra lcm macielra, da Caitioflwi olllie can'om ~alliramos de Vcrsai lles 'h pocla, ,13 mlnha lcrra ~ao nrdo~ lItl" \ivCI1l enl torres de amctista 0:-; ~argtnlos do EXNCitO \ao Illonistas cuhl~tas os fIIowfo~ ~ao nolaro' \ ellJcndo a prcsla~ao a !!.entc nan ('\ode donnlr

0'111 os oradores e os pcrnilongos os '-ururus em familia t~11\ nor tc~tcmunha a Gu.>conda 'H 11101 ro sulotado till terra c~trangcira III ~S3S flMes sao mais honitac;

'sgas frutas mais gosto~:1S r.l"S cU~lam cem mil re is a duzia 'Ii qucm me urra xupar 1Ima carambold de verdad r

ou\ ir um :-,;lhift Lom ~l'rthnn cit' idade t Rio, In24.

CART AO POSTAL

DI")lIdn~o no jardim publko p~n:ioativo CJlbcicncias corando ao sol nos banco~ brhcs arqu i\ aliM em carrinhos alcmacs l'~rl'rlJ!l1 pacicntclllcntc 0 dia que poderao ler A

I Escrava Isaura r; ....... am hra,os e scins com U/11 J!:ciUio que 51 Leninc vissc nao fa zia 0 Soviclr marinheiros amcri ca no'; bcbcdos fJ".cm riri na cstatua de Barroso rorlu~l1czl.!g de higodc c corrente ahocanham Illulatas o sol afunda-sc no OCft"O

re\ogJl)

como a cahc\'3. daQuela Illcilina sarcknta na ahnofada de rama!(CIIS bordada par Dona Co­

[CO," P, rl'i ",. Rio, 1924.

VOCAC;AO

l\ao quero 0 amor univcrsol esse amor facil decorativo dos seres alem dus mcus lirnites quero a I'izl nha ao lado do meu qua rio quero g:o~ta r hrutalmente das criaturas que e ... t5.o perlo de mim.

s~ -... ~il'yNfl?{o .. {~ev~~ Ggr~°c:itISI?I't~~Jsue ... ~ ....... g'nstaria Jlor exemplo de trahalha r como rev isor num jorna' ora f.;;u",tl'ntar ai rman tubcrculosa da mlnha pelj lena ( ,,,,,10 que a pcqucna fosse 0 lipo d. bO I)

NOV A CARA DO MUNDO

I) UlIl1t.:la de A'le! vae passar t;)da a cidadc acorda pra vcr 0 comct. (" Ic ~ cnonnc c fahul oso ,l,,"troe cidadcs pcnsamcn los de omern o muneln rmlda a cara qunnrlo ele pa ssa e mcnin"" desmaiam no fundo do sert50 o cOl11ela f'laSf'a e arra "ta um pouco da FiQ uei trif.;;1c tri<:.te, jururu'. Em vao minh;t tla \·:~(frnin. Am<tl1a Monteiro de Barros rrnctc n"" ni::tl1o corn tanlo !'cnlimcnh) a \'alsa Tran~lh('ri 8fl<t. rncu xod6 naqud l:: 1(' IJ 'J

()ual \ <l Isa, QlIal nlldn ! o cnnw1a me t r~z 0 anuncio de outros mundos p de nnOe eu Il;tO dmmo :J t ran~ lh ~cto Nlm 0 rnist('rio das coisas visivci . '\0 rahn il11cn<:.o do cornela na"Stt a IlI l , J"I assa a pocsla, todo 0 l1lundo pass a ,

Rio, 1929.

Jorge de lima T('m r.s 0 prl17.rr d" Inror ml'lr II 00"'05 pn·"," rlos 11"1IroT'('$, (ru "

f) I}O('la il)T'R(' d (' Uma ('s16 em Sito Pall io. n ('~lIu(l rn' de- pO{mn'l q llt' It ~f'ole I~ Ie h:lba odo (~ frO 10. iorgt" de I1ma e slmpAl1 ~', "·."trflllnhigia, l\o.~ d eu Pllr!I publlcar 0 pot'm. ([11 (' "'{'Rile.

DO A(:OPfiL:E

MIGRA~ AO

JORGE DE LIMA

J oao Nordes te acordou cedo. de manhazinha. Chapelio no COCllru to, roupe. d e brim, borzeguim

de vaqueta. Adeus, cac: lorrinho De legado! Adeus, <Jh'a llinho. " Dois Comtigo"l

Adeue Canna I Adeus minha Serra!

Adeus. tudo que nao a prende u a chorarI loao Nordeste leva a sua Ze(a e a s ua viola , loi.o Nordeste vae embarcar para Sao P tt.ulo!

nn~{lI~II;~~I~~~I~~ ~~I ~ ml:17~ ~~ 'I~'" I ~~II:~I~Hr~rc('5~nc l a~ ri nGS flos ('on

h in!> dll ~I :'lt lre r':EC rrja e ell! ' ullu r:'\ , r'd .. 1 110 n " idl·ole. lima ~(I ~osloSIl . ('(l nt rllo, Ih IlIIrdnl ('1 1')­'1l1l' fo"-S" ao nlfnl'S I )Olllll.' l' :t\~1 I'~~ ll ta rot". Pnr ;"'.0 ma laram n~ !>ofi~mfls III;roh~. fI dhl" ir" ltI:>is. para mllo ll mcolo.

!'IP"('rtSia. I:!nplIlos liS fo r",s d l' lih.:f l ~,:,i('. , -it o rios:lJl S{'lIIprc. CnnlrA 0 h OIl1{'1II ar l ·ri<'lll ! -hurro e crt{'ele - 0 h Ol11elll n il IlI r:l l. Con lra 0 !Ul imll! qllt' 'I'

\'e~le , 0 animol q ue se en rcita.

par Joao Calazan, (Do Clul"" rt.. An'I"('I OOragtll do

t:$plnlo SlInlo)

(;11)\ l inll ,. m:il' I IlJ nao linha pac. Se ti nhn . ni n o.!' ll f'm niio 1'0,,11"('in. Nf'lo ell, Forll IIIn moleque (' realin na ','arfirlt!cm ri R~ "4 Ir:dA"'. Ti nhn rt (":'1h('r:l nr"ti"ll:'I e roli~a de lim geri{ruilim. E IIJl !):l I· ..... ~ ti l'" 11\-10, I'r""n fI (' hllrro.

!'; .' Bras il lem bf' iju. I'm:..,:.n·l. 1;:IX; rl. caranstlcijn. p lm"nl a, I.l b(' r((:1I11" df rwnslImenlo.

'Iro,- inC'i mn, 0'" "!lons ~ellliml'n. 't'I ... fl ro rl.I!Hlrn· ... ·' (lilt· Jl :-orn ,1'111; ("'1':1111 nor ('h!l Irlln",phll':-o'I,,, ·,:'10 1i" "~-'1l1 rl'lr("l _ nl'm rOile .. I·'H~ h'r ' _ I\:-or .. ill,nellir II .'(' ''' "n ,1"\<:01' nflt .. : .. r \·, 1 III ·,-jlll", ln

hf'o, ill·irn. Ir11I11f."1Ie. flt'~' I f' n "nlOlI'~O. f'm Inllo", n" n'r.lI\lth

hut I " .. 10:0;'" n'm,,1 ~, .11'l WI " \ rl"llc:aro ('on lr .. , I1wIII'l1i,1 1I1

I t, .. 1 ,I. l.ihcrllncl(, .. ex lI ~' 1. .!nO 1 '~~ill:~~1 i~",~I~u;"~~:~:~~nfln~I!: A Cl'Irll;::em .1(' ml'lrr(' r rOj:l,llll lo

'Il'lt r(Hn (' ~ " r:'1fI .,. (;,11\ :tfrnrolrl\ :'l :I ~1' r{'"i 'lnrle rla~ 'llll ll'!'" ('om n,.,l r·'", no~ ~" I,;,', <:o. F. ,t ... ~ :'1(tIHl'" fl:'1 1:"'011 ''';:'1 com C:ln(\in h rt~ :'Ie Ino" "~ ... (' IH·I.,I,. -I ... ", rloi 'lrt~ IU,' rror"'~ il l} rmj'ulf).

T i"h , n (',,";r1l'l ", '10 fl o~ Ill~ ,,·I " 'I-ii." " n' n:'lr r!lfi\'~'" <I('rrt '" rfO "" .. ... p,'r •. /," \ ,. ..... lil :l\ .. "'1(' 1'1 10'11 .o'lro ~f:lrro .. \, irA<I"t lohi~nmrm. 0 .. 1' p n .. t:-o vi,,", c" "' .... ~ :'1 r 11 ft flRUa da h .. {'in deilfArfa nn lerrc iro pel(. IHlOllo fie ~fari ll Rn"'".

· .... IIlllin l ~ 11/11rl ,B ro ri:l II I ''''I'; ril'l lnnc:o fl .... nr;,,,, 11 III cr .. . i ... inHiln\l I J,\ h rl '111 ,I r .

'1'111 <, flllllt'l'" Thf'\('! nh"'I'r~' 1\'"

nl'l inrlio "(lI'C si ron It·s Irril " II, I.,' fnn l llirrjC:I,It~ 11f' tun 'n ..tln·"';I·o, r l Ie m!'loJl:"r, {'omm" ,I, fnll l h,ur" enn(·ml," . ('rom"

rOlmC I:l_ (' 0I~1 a . Oll Ie md \ .lr·1pr:l j:lA n., ('11111 1)0 rio inimhro. '!l·n .... Il hlurts 10 I)adre Vlelr.1 A JIISti~A do In('al>l' . t' II" inclulj.;('ncia~ dUi rl' i'i IlOr Nt'nhuni I'ecal c<llll('uio. IUI(.I$. _ 0 IIlai , forlt'.

o rno\ im{ n lo Inln,pof 1.!Z it" \ I \'e ill "" hora JII~IA e ( 1)orlllll' '111 nil!' lima \11\8 (0- "ubt 'l I'S R Cll cgnOlo!l ('0111 prazcr l orl 'l~ pirillio l 51' I'lh,l iu\ ',I, :n:ltr(, Ir:l, liS \'i rlud{'s ('rbl,is. Fi('aralll Ilrl 'll ~t;", h rru~ IiLerri.lU>s .liI \ l11e. :0.1'('30 dc oLjt'l;iOS 1)(' l't lld J~. 0" ril',' fie os Iroll" lU I>odcriio ir bus

01 '~mtl {'RimA I" II mf''''lIm "'I'r~' nr.lj(iml)j el)nlnl I ('u lWrll Ill' •• ; 1 'l Ie - 1I{'(r"~('{'nta n ('rlonl'l ;mpUl'II~:io. ('OI,l ra 0 11I1I' lrlllrl

I~. hr'I.':,~ro~;I~fc ~~'~~t~~iS(}IIS ie. ~~~~I~~ I~~'I_~'a(~~('. ~.~id~~~(~.~iu~~1.1t,~~ _ 1 urUI)" 1I ,ltire III' ndhl'J{!io. f)

CIIII1(" (I cri"l:ifl. "",('nh'l 'In 11I'r"l' f"()""nom.n,'lrl' m.1lf,u I 'i". tr'porAJl:i£'n Qu' Iro ~('('u l o<:; fie u, no (';.1.1·,,:1. (.I\nhntllhlbt" t"n

~~;::;~~~~",:!,:",i;:::'~:~'£::,~, 'I g~~'::~/~~:r,~:;: '~';~:'::E. nlAlflp~o snhrllu Ih,o;sn d('rruh.l· tiro bmhn e ~n ... IO"!i. Tmlo 'CI'1 ---:-'1 h, I'(ro C h roJ(, (: 11111 llf:l1{'r "'In "lhl't'illilo r~:I;:lIllGs ('onl r8 II Irn ,pl.!r es<;" Ilr rl, il fIe o il o mi. lIIorrll con v~l1c1/lna l . 0 \·" Ihll 11.'0 Ih-,.", Ill' ki lmn"lfns (IUrlllr:l,I'I" r.1 qlle hnJe ~o mundo IIJI{'lru "'('(11 f'Clml'od .. ttor"",. "t'm ooor(' - ':11'\1110 11:1 !;.uru!"ll rf)nhlll~ 'IU \·o ll's. ~rlll ,l{rrn,h" IIHi{, I'II." pU.fll'tnti - :0.0 r"~lt no hlpn ~{'m porlas rIlJl:r;l'(/lIt·'1 Oll I)int-> ('rhl.) ('oh:'1rf'ie lie mr la tluua (tr ~,., II", la mll:l<:O fit' I', h.n~ III' - h ' , n." llfil('lIrs r '·ra rl S('II IC'm po C'

rulo~. st'1ll 0 l'~rf i\ .In. mlor c "'{"1I ~{'m rfll7"'" Orl 1(,I'rCI Sl:Ilero,,:! tlU," o ,::o\'{'rOlulm' /01('1':1 1 _ ('om 0 in Ih ,'lI d('11 IIgll 'ia lho. ,lin 11(' 111('.1/'1' I'm punhn. e,"'1<'O "n <.!I'n ll' , 1"""'luln I'auim. (11\'0 rml lr" porhnln, lJ r"r~',., rle . ,' (",l:, fl,hunlrv 111,1:1 (·,ht/ lt {'ron\t'f1(,iiro, tic ar(,lIInllrl"v.o. de

Iii .\1 \1/11 III I I '111.A

C' .. 1 ~3J,

JA 0 n os~o principa l Mi/!tll'l dida IJ/lr/l 0 "01:11110: " Nao , I"

ser ve L"'~C fllO llo (Ie \·Ida. \ ' :U1IOJ t:lr~ba r com I~so."

Velu a anlropofagla e acaLou

o eurOlleu sc encolhe de lIIe tlo d(:nn l!! dll "duri rlll" , I~ (o i por Isso qut' 0 ('on tie K eYllerli n'~ ,

II ton ilo corn 0 tS lll"c l:leu lo b:1r~

bal'O da ch iIi5a~:io nova ·1:1 A ;'''rica. se pergunlou. chelo ti t'

nrli"iio ; - MIlS niio se ra isso R " o lta .-. 0

('!'n ihA lislllo? E', CO:-.;'DE.

Cnr~I"rmi,,'lo. t ;a .. , ru, Io lnvn 'UI (':1"(',, ... ,I'· le. E 0 d :l nMIo S4 !l ('n r ,I.,,-, io\ .:: .. I,"."In """, ,. .. ~ ,,: "hll rto ' lrrtiohn.

n .. n, n" Il'PI:) m .. ""h"·'A (II' I ,,, .. , e .sOnrA \'A bolhaJ; d e " cnl., I1l1e ""I,I1f' ... \ ... ·" W' ""r:l do\ mn"'QuIlO<:O.

Co ,I" rill ~:ll i , re : I ".

S'1hi/i n'io r llf· .... '-~ .,,~;~ "':-0,,1.:;";""0 /"'rn r :,mlnr Rli . T i.,hll 1"1",10 ('1-1 c .. r ,,,1"7~ •• 1 I" ,i" ..... Filr.rtwna ,I;~","h 1''' 11 11 r":;" rlf' ~f:1rin n'l~~ 0111\':1. 0 <:0 {'nf";lr'" (III 1':1<111 n nl'll"mH> .,,,,,hr"'lI. flo r 1':111"::1 rtr ,'m la lu (' I .. ,1"rruiJ.nll 11 rerr 'l f.tI o rt .. e illl{'h .. n'l f\(! fir r(\II\'e elll r'f'or"

- li i'fY - ne,;ro d (:'g r:lf;ndt'l - "M dar p('f'i r:l rl:l lin ('11 "' 11 .ie ~ua m;il' .

- Fiall .. E C.'lpinaV3 lop:mlln rnpirlo 0 cllllli nhn eta ('a sa.

Mllnne! "pom'i ro f'nn lnll hldt'l flll" ~Ilhill etc! A~",omhr:or10 . At' riA f'i".,t""11 '1111' rnre 11"'1 no roP rl:l mrllharlin~A Ollf' 010 rN'1I 1'I~n.

r.nrC mn rl"o. Niio linl1:1 ('on'·ersa. Se pnli iA 10RO ( 37.('1' I TlI Il" ' ''''iin ,In "'nrrlirlt'l . .

~ t .. ~ (iibJ niio 3crcdi lou niio c riu ('orrenclo pr:l heira 110 ro lo do t A{l1l prA~.

Co re e"I,\\':1 ('ooten I£' f':ln lnnr-to: r.n ... rio . .. (:no .. reB Olh:l 0 p{o ••• nl:.. pe.

I;ill\ n£'I"lnu lOa" ell' ;U" oao ti {'u eonnr"'rl. Nrm so lloll bnll1a p r-a 0131:or mn~m,iln,

(:ihv tillh:l ra i\ ;! d(·II' . Ern hn ti"r rllnoin hll nll~":1 ('O re \'irll\· I1 ., ~

A Jln tll "'{' hllnhnn IH, n(w i" 111' ":orirl I1 M:I . n O,,;nr:l r{'7. ("1114

Ii",h:! e A mn~rt nr;n ",flr .. r ... Ma~ :Ir,.roi", ('[\ nl :ll1'ln hem r'l'rliol ,o ":I~ 1"1111 :/ /,'1" .. lC frlbrka\;I'" ('lin . mhllS I. r ro 11I'ft ro - core nl­mor ro ot ro~ n"~ f'irlrl.

;-': ;;0 h l'lll \'r I' .. timhlo. ( ;, 111 l'hltrrlll rto Ic\ e pella 10 0 ('\ 1\'0 de ~ l lI ria nO~A .

Core ... e ell"'nu n .. funtln fI(\ ('''rrf'~n man"," ('nm II miir fto ~lI llO·nllln . 1'(' lnln,la do '(·.a'1I mn tnu III IIIIl(' r ,I , ('o{,,,. \ ' ;I'II!anC:rt.

E I'lIr /· ~.c fill nOlI. I;:'nln:l (orn'll In II lro1. 110 Ilc. pr(' lo tlo I1m lr .,·,e :11(> fI'II' l'I·.aOII C tic r:ln ~fIIl 'l {,nrc mnrn·n .. •

Dcnois ",e ('o nhllldi:l (,ill), ('om S:l(, ) ' " Ncri:, E ll' acredl lava :lgora I)ulnncin ~tll\'argonhn ('om um pez'nho sO., .

COMBINA<;AO Verdamarelo

DE CoRES

0 ... azul? Nao: D ... azar.

santo oficio antropofa gico

o SanlO Olicio Anlwpofag:i· co nao fUl1 chlTI ,' nc::. tc I'lIl11crn pur f ~::., <l c cspa,o. El e, po, re m, :lind" n;10 pcrd cu ., p iSI;'!

lios :111:" ~ • do nlhcio. Cl ue, ('Ie "ilf'" pda go ld, \',io f;'! zc r des

1;I:l r ' ' .. s ua Ire ni c sell s 1110·

l '{'III('S "d('scuidos".

Jacob Pum-Pum

\10550 director e ~ Raul Bopp.

~er .. ldo F erraz ;ecretario de red.

-:orresponde-ncia:

':::aixa postal : 2169

Page 113: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

P '-' I-: 1 2

carta do poeta de "Catimb6" telegrammade Il,'clf.·. :! lk ;lIlh " 11\' 1929. .

congratula~oes a antropotagia em marcha!

Bt' t'l'hi ~11.1 (' ;uLl ;11II 1f.:, 1 l ' ;rp n' ,'O-lIIl' ,' Ill r (" tlo nd r l. :t ; U IJ rll~r:lIl11n ; , :l lIlrtJ (lnfaj.:o " n :1 '11:1 or k n I.1\.'io p L'(Jfunda

. ,111,' 11 :1111 i,l;l, (l n" 11 jl l'lls:,r:I!ul1ln j ,i ('~h n\'; l l I 0 cm "C;lli m u,\ " . ,\ 1IIi ll h ,. ,olid Jri"II;1d ~' , I)o h, co m \ on :'>. srri :. f:l l ,1 1 1'111

~i 'l;l d ,1 U1Iidadl' (ii, \>1'11 , :1111\'1\ 10 '. C lll;1 i ~ (Ill e hso : _ d:1 I1l1i. d :.d ,' til' ,,'nlill1 \'III \I,

QlIl"Ill,l . por t ~l ll t lJ, (it"";1 ' 1I Iid ,Hic ILHI\' n:io s('d di ll' r -llll' . a li ", l it' ,' \ ilal' r\Jl I'lr:H;-ik~ , lIllI' :11111('11 ;, Ill i ll ha ;1(\lI1i r;u;-.10 IH' lo a ll ll (', pir il o or it'n L .. lnl' d l'~ 'I' "'loIIUl' ll1 n 1" n:-,o impor Ll elll l o!i I\ ,'rit'l !:ull' 1,11;, \ ,"'111 lod llS 1\ \ PI'lh;tnll'nlm Ill' lIe I'I)nti d'J~

,\ " illl , l'U 1I;i ll \)0",0 11;11' min h ;1 so1ilhrh-,I. t(lc no) l11H' \ ' t)(' \' d i'l. ' ubI',' n " \I ;I('un lima" , ,' h :1Il1:lLHln-tl lie lel\I13S 3mazon i('il s t.ol1i ~i' I:" IHW \ m,)rim I' c:opi, d :t" 1\; \ 'u;:! at lllr:nel li n !(ul~rm p el \) :mllll'

' :It) . ' i:It' lI n;lim:l " , um llI:lr I\ilhr"r) ",.,nh,. III' llI i! c u m:-, Ilo it c~

du Hr.I, IL \ ;I\J ,:,,1 "lllll'nh iI'nl\;!' hr;l,ilrira~ '1 Ilue Yoei- e neon lrn

1I ;, IilIl'1I:" 1J.l;...in:r' "l1t'''lI t JI I 'h~ Plio ,',mlr:lr io' (l ,'''j. inlo nnr,It'~lino P,I\<;OIl 0 p rnsa m l" nlo

d o :1II\.,r IW 11:1Il<l . ,', p,lr ;"" 11 1:I!Hl, \ '0"\'" do Sui, n;10 Irn ha nl po, l ido 111"11, 1ll'clln 1'11-0

Frila\ \'''~' l'IJLhj, lt ::Wi11\ 'llIl' Ill{' liila 0 d{' \' rr d r ser s in· I.'.ero \' IlIlHlli-..11 L1It"1II0, l"lwro Il l'" \' or~' Irrol ,1 leJ\dade d l' p ll· bli l':l I ';I~ II., Illt''Iua, I ;1;.:ill'" ,LI lc\j"la q \lc t;io ~l'nl'rOS:lJ1Ll'nh' me :11'0111111

S('ll ti t) eora\,:m .-t scr\'so FUfR f'1Il 1.

resl}o~~a a Ascenso Ferreira

m a e i t (para a r evis ta de An t ropofR <·:- .

La \'CJ11 rnaroim, la rem ca rap:w.l la \ ' (:111 murissoca sal1l banuo com pi! A terra csta sU<lndo pOC(I ~ dagu;L a lagoa esta dormindo, () caboclo (' til trelllCllcl o, ('$U'j ~a11lh, I'do C{'ill 0 r;~lnL I Minha IIwdras la i\\a leita fOI \ 0('(' 'I" Illl elltl'TI(lU

Quem sabc se foi urn fi go qU l: ( ' dC'lifH b ;i"cou? M anda um rab inho de seen di' 77 111\'1 ~ I,

pfa seccaf l'stas Jagoas, p ra esqucntaf esta lIIal cil a Mas VCIIl correlll.lu um \ 'cllfn ffiIJ I.. III

a agua :;c arrepia

V caboclu esta trcfI1clldo t itA salllbando com 0 pium'

JORGe DI:: LI IltI

RIO , 18 ( Se,.vi~o es peci.lI da R cvista d e Antropofagi a ) _ Tarsila chegou hoje e 3br ira , depois de am a nh a , sua pr i01eira exposi~ao no Brasi l.

Quem quizer ver os quadros della a te 0 dia 30 va no Palace Holel. . -- ---t c: rs:l30 ch egou tocando na mesma

in ubia

a. repe rcussao no r io grande d o luI

"0 cluhc tHl tl'opofnHi('o de Sun I s~ il\ ~ I Hene ia nlo l~jid:l. S.inao r · Pau lo, fl nove l c Yic todo~a :l~S". d.cuJ a dc exa tt;J.,'ao {I tudo qu\l

c.;a~ilo de jovcns t :I I I'nto~os jl:.u - :;~~ ;:II:~ i r~~nJ~~a'r i~'i~~j~~~'i~~';d"t; !Is las, genic 1110\'3 e de \alo l' rcn l 0 <jue e 1l0S.lIO. l', quc, IIUIII g .., lo de J)I~S ' ]'!lIdlld'CI 0 mo"i mcnto VA'; SC :ll a~ t randQ SI,ncer:!, nur,lI~ I'c\'ol ta dc pco lH . e i ll 11110 ern $('/11 tempo", Ilr:-.mo li lgnlfu:adol', p "cl!'ndc fa-ZCI' I'c5urg: ir 11;1:-. Ic tl',IS c 110:-. cos- (Edi loda l do "Tempo", 0 tJia _ tUItlCS, hahitos pura c, H!'nuilla- rio dc maior circulal,:uO da cid~ .. IIlclIle orasilc iros, elillllll::lJldo es- de do Rio Gr .. nde).

cannibale •

\'11 _ Arbi l ram~n lO Indi"i. 4 . .. 1 ~. lod!llJ as que~lurli de di·

o cen'\)rn c 0 pnra ,ilo <1 0 or· """Ie pri .. do. A P E DIDOS

YIII - N"lIdol1aliUl(aU dl\ Im-

1X _ ~"PVr.' ~~:io daiJ acad~­_ iu ~ 8UII Sub;;;tllui(30 por 1:1-II-erale n uf; d~ PC<:qUitlh.

(o.lr /l,l; ll'~~ ",..rio po~l('rlol"_

~t "1t m d uidll") .

· 'Anlropoi agi(\'·, r-iul.ldrlJ"

AIN DA os

Page 114: Andrade Oswald de Revista de Antropofagia

A exposi(;ao de Tarsila d; Amaral, no-" alace-Hotel", dll Ria de Jc ;e~Jo. foi a primeira I!Iande batallia da AntroDota~a - . - --

--~----------------~----~-- ~

docnmentos antropnla@cQS

os llIDIOS no MARANHAO

algumas consideracoes sobre a incorporacao dos s;;lvicolas a socie!lade civilizada