Andrea Palladio

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História da Arquitectura Andrea Palladio

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História da ArquitecturaAndrea Palladio

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História da ArquitecturaAndrea Palladio

UBI - 2011/2012 Arquitectura - Historia da Arquitectura II

Trabalho de grupo:Leandro Pais 27437Martim da Costa 26902Rafael Santos 27611

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Índice

Introdução

Biografia

A Europa no Século XV

Andrea Palladio

Do tratado ao Palladianismo

- A Obra escrita

- El Quattro Libri Dell’Architectura

- Villa Pisani em Montagna

- Palácio Valmara FALTA

Analise Geometrica

- Villa Capra

- Villa Barbaro

- Villa Emo

Conclusão

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Introdução O presente escrito tenta, embora que superficialmente, dar a conhecer e compreender a obra de Andreas Palla-dio enquanto reformulador do pensamento arquitectónico classicista. A necessidade da compreensão da obra supracitada ad-vêm da corrente banalização do conhecimento difundido no ensino académico.

“Nenhum outro arquitecto do século XVI se rendeu tão fervorosa-mente ante a Antiguidade como este grande artista, e nenhum como

ele logrou investigar tão profundamente os monumentos antigos, ainda que ninguem tenha criado com maior liverdade que ele. Foi o

único a não deixar se arrastar para um efeito decorativo particular, ao contrário , sempre organizava suas construcções tão somente segundo

a disposição e o sentido das proporções.”

Jacob BurckHardt, 1888

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A Europa no Século XV

Durante o século XV, Itália era diferente de qualquer outro lugar na Europa. Era dividida em cidades de estado inde-pendentes, cada uma com um respectivo governo inde-pendente.Florença, onde começou o renascimento italiano era uma grande capital bancária e comercial, e depois de Londres e Constantinopla, a terceira maior cidade europeia.

O Florentinos ricos exibiam o seu dinheiro e poder, torna-vam-se mecenas ou simpatizantes de artistas e intelec-tuais. Foi desta forma que a cidade se tornou o centro cultural da Europa Renascientista.Foi através do patrocinio destas elites ricas que os escri-tores e pensadores da época podiam-se dedicar somente à sua “arte”. Em vez de se preocuparem em trabalhar para viver, viajavam pela Itália ,estudando ruinas antigas e re-descobrindo textos Gregos e Romanos. Estas fontes clás-sicas tinham especial ênfase nas realizações do proprio Homem e sua expressão, formando o princio intelectual que rege o Renascimento Italiano, o “humanismo”.

O Humanismo encorajou as pessoas a serem curiosas e a questionarem-se, sobretudo em relação à Igreja Medieval. Tambem encorajou as pessoas a usarem ferramentas como a experimentação e a observação para resolverem os seus problemas terrenos.Como resultado, muitos intelectuais renascientistas con-centraram-se em tentar definir e compreender as leis da natureza.Apesar de tudo, talvez o mais importante desenvolvimento tecnológico não aconteceu na Itália, mas na Alemanha, onde Gutenber inventou a primeira forma de imprensa mecânica móvel.

Andrea Palladio30 de novembro de 1508 a 19 Agosto de 1580

Arquitecto influenciado pela arquitec-tura romana e grega, em particular por Vitruvio, é unamimenente consid-erado um dos arquitectos mais rel-evantes para historia e cultura Ociden-tal

Biografia:Andrea di Pietro della Gondola nasce em 30 de novembro de 1508 em Pádua – Veneza, no seio de uma hu-milde família e lá, desde cedo tem as suas primeiras experiências no ramo da construcção.Aos 16 anos muda-se para Vicenza onde passará parte significativa da sua vida. É em Vicenza que conhece o poeta e erudito humanista Gian Giorgio Tris-sino, figura chave para a sua carreira futura. É Trissino que estimula Palladio à apreciação das artes, das ciências e da literatura clássica, concedendo-lhe tambem a possibilidade de estudar arquitectura antiga, em Roma. Foi tambem Trissino que o apelidou de Palladio, alusão à deusa grega da sabedoria Pallas Athene e a um per-sonagem de uma peça escrita por si mesmo.Em 1554 e após a morte de Trissino, Palladio parte para Veneza onde con-segue o título de Arquitecto-Chefe da Republica de Veneza e é là que atinge o auge da sua carreira.Em 1580 Palladio morre em circun-stancias desconhecidas numa locali-dade perto de Treviso e é sepultado na Igreja de Santa Corona em Vicen-za.

Biografia Apartir do século XIX o seu túmulo passa a localizar-se no Cimitero Maggiore de Vi-cenza.

Tratados:.Ao longo da sua vida, Palladio publica cinco grandes textos, ainda que de diferen-tes proporções e importancias.Os primeiros dois textos surgem após a concretização de três viagens a Roma, a ultima em 1554.Os pequenos livros intitulados: Le Antichitá di Roma raccolta brevemente da gli au-tori antichi e moderni , e Descritione de le Chiese, Stationi, Lindulgenze & Reliquie de Corpi Sancti, che sono in la Cittá di Roma, são no fundo guias arqueológicos da ci-dade de Roma. Contêm algumas descriçoes e aprecia-ções artísticas sobre as ruinas clássicas assim como um rigoroso estudo arquitec-tónico das mesmas. Ao invés de procurar exemplos, Palladio procura “interlocutores para o diálogo” entre a teoria e a prática.Em 1570 publica um pequeno parecer rela-tivos a problemas constructivos do duomo de Milão, juntamente com os Quattro Libri dell´Architecttura.O tratado é organizado de forma bastante clara, onde cada livro aborda um determi-nado tema.

No Livro I, Palladio relaciona e trata dos fundamentos da arquitecura. No Livro II, é abordada a casa privada , villa, onde propõe exemplos e comenta as antigas casas Romanas e Gregas.No Livro III aborda a arquitectura e engen-haria pública e urbana.O Livro IV é referente à arquitectura dos templos antigos , não apenas Italianos, templos estes visitados e desenhados por Palladio nas suas muitas viagens.

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Do tratado ao Palladianismo

Quando no final de 1537 o humanista e tratadista Giangior-gio Trissino procedeu à reforma do castelo Badoer em Cricoli (Pozzo Rosso, Vicenza) para adaptar uma lingua-gem classicista, segundo os últimos modelos experimen-tados, recorreu à oficina de Pedemuro em Vicenza, sobre o alçado de Giovanni Porlezza, com o fim de requisitar os serviços de seus artesãos a realizarem a transformação material, sendo o canteiro Andrea Palladio responsável pela execução.

O trabalho classico-erudito revelou uma libertação formal do estilo gótico que Trissino soube reconhecer artistica-mente o que levou ao sobrenome de Palladio relacionan-do-se semanticamente:-no sentido etimológico, com o representante da cidade-estado grega Atenas, e protectora das ciências e artes;-no sentido histórico, com Palladius clássico autor da De Re Rustica (escritor romano conhecido pelo livro sobre agricultura – Opus Agriculturae, ou, também assim conhe-cido, De Re Rustica);-no sentido simbólico, com a introdução salvadora do clas-sicismo.

Esta tripla interpretação, antecipada, foi enquadrada na classificação estética que ao longo da história se foi tendo de Palladio: por um lado, Palladio autor dos Quattro Libr dell’architettura, cujos textos codificavam as técnicas e incidiam na construção e nas regras que se haviam de seguir na arquitectura enquanto arte; por outro lado, o próprio Palladio, que tinha surgido na oficina de Pedemu-ro, examinado através das suas obras; e finalmente o ideal de Palladio, que haveria a induzir o palladianismo.Dentro do palladianismo são detectáveis vertentes parale-las que têm tendência a confluir: a primeira deriva de uma interpretação eclética no âmbito do reportório conhecido do mundo da arquitectura; a segunda, obtida através da reactivação aplicada sobre os mesmos modelos palladia-nos, utilizandos como ferramenta em teoria de arquitec-tura.

Andrea Palladio

“Nenhum outro arquitecto do século XVI se rendeu tão fervorosamente a Antiguidade como este grande artista, e nenhum como ele logrou investigar tão profundamente os monumentos antigos, ainda que ninguém tenha criado com maior liberdade que ele. Foi o único a não deixar-se arrastar po um efeito decorativo particular, ao contrário, sempre organizava as susas construções tão somente segundo a disposição e o sentido das propor-ções” Jacob Burckhardt, 1888.

Andrea di Pietro della Gondola nasce em 30 de novembro de 1508 em Pádua – Veneza durante um dos maiores periodos criatívos da historia da Europa Ocidental, o Renascimento, no seio de uma humilde família, onde começou bastante cedo a trabalhar no ramo da construção.Em 1524, muda-se para Vicenza, cidade onde deixaria uma marca profunda, primeiro como pedreido e posteriormente através do seu legado arquitectónico. Com cerca de 30 anos torna-se prote-gido de Gian Giorgio Trissino,um es-tudioso influente e poeta que mudará significativamente o rumo da sua carreira.É Trissino que estimula Palladio à apreciação das artes, das ciências e da literatura clássica, concedendo-lhe tambem a possibilidade de estudar arquitectura antiga, em Roma.Foi tambem Trissino que o apelidou de Palladio, alusão à deusa grega da sabedoria Pallas Athene e a um personagem de uma das suas peças épicas.

Em 1554 e após a morte de Trissino, Palladio parte para Veneza onde con-segue o título de Arquitecto-Chefe da Republica de Veneza e é là que atinge o auge da sua carreira.

Em 1580 Palladio morre em circun-stancias desconhecidas numa locali-dade perto de Treviso e é sepultado na Igreja de Santa Corona em Vicen-za.Apartir do século XIX o seu túmulo passa a localizar-se no Cimitero Mag-giore de Vicenza.

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Exemplo: Canaletto quando reconhece os projectos de Andrea para compor a visão ideal da sua Fantasia Palladiana (pintura acima) Galeria de Parma.

A Obra Escrita

Ao longo da sua vida, Palladio publica cinco grandes textos, ainda que de diferentes proporções e importancias.

Os primeiros dois textos surgem após a concretização de três viagens a Roma, a ultima em 1554.

Os pequenos livros intitulados: Le An-tichitá di Roma raccolta brevemente da gli autori antichi e moderni , e Descritione de le Chiese, Stationi, Lin-dulgenze & Reliquie de Corpi Sancti, che sono in la Cittá di Roma, são no fundo guias arqueológicos da cidade de Roma. Contêm algumas descriçoes e apre-ciações artísticas sobre as ruinas clás-sicas assim como um rigoroso estudo arquitectónico das mesmas. Ao invés

de procurar exemplos, Palladio procu-ra “interlocutores para o diálogo” entre a teoria e a prática.

Em 1570 publica um pequeno parecer relativos a problemas constructivos do duomo de Milão, juntamente com os Quattro Libri dell´Architecttura.A influencia de Palladio no ocidente e mais tarde nos Estados Unidos deve-se sobretudo à incrivel capacidade comunicativa dos seus tratados e não propriamente à sua obra edificada.Estes apresentam-se objectivos, uni-formes e até “economicos”, onde os desenhos e o texto são de enorme rigor. Destaca-se também a opção por apresentar nestes tratados projectos de sua propria autoria , como exem-plos de arquitectura.

El Quattro Libri Dell'Architectura

Sem dúvida o tratado mais significa-tivo da carreira de Palladio.Nele, Palladio foi capaz de minimizar longas descrições de texto acom-panhando cada passagem com uma ilustração. Cada desenho foi também apresentado de uma forma uniforme com todos os planos e elevações an-otados com dimensões padrão, neste caso o “Pé Vicentino” (Vicentine foot).Esse mesmo tratado está subdividido em quatro Livros, o I Livro dedica-se aos materiais e regras, o II Livro à hab-itação, o III Livro aos edifícios e lugar-es públicos e finalmente o IV Livro que trata dos monumentos.

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Com isto indicia-se um percurso con-tendo a singularidade do destaque dado à habitação, no que estaria em consonância com os contemporâ-neos e conterrâneos Giangiorgio Tris-sino, e Alvise Cornaro, que à habita-ção, às casas, concediam a primazia na conformação e embelezamento da cidade, além de ser o que mais contri-buia para uma vida sobria.As teorias que tese na sua tratadistica são, portanto de inspiração vitruviana, nomeando-as utilitas, firmitas e venus-tas. Na beleza parece reflectir-se na normatividade de Alberti, a concinni-tas, a par da comensuração ou sym-metria de Vitrúvio:“correspondência de todo com as partes , das partes entre si, e destas com o todo, de maneira que os ed-ifícios pareçam um corpo inteiro e bem acabado, no qual um membro convenha ao outro, e todos eles se-jam necessários para o que se queira realizar”1Palladio define como cinco as ordens, nomeando-as de toscana, dórica, jónica, coríntia e compósita, e a sua ordem, quando sobrepostas:“a dórica se colocará sob a jónica, a jónica sob a coríntia, e a conríntia sob a compósita. A toscana, como é a mais tosca, usa-se raras vezes sobre terra, excepto naquelas construções de um só piso, como nas construções rurais, ou em obras muito grandes como anfiteatros ou similares”1No Livro II, sobre as casas privadas, afirma que o decoro é definido como conveniência em adequar arquitec-tura das casas ao estatuto social dos proprietários. É de urgência também realçar a noção expressa na neces-sidade de adequar-se segundo a circunstância e a situação dos sítios, ou que é necessário acomodar-se aos sítios, porque “nem sempre se con-strói em lugares abertos”2.

Já no Livro III, sobre os edifícios pú-blicos, afirma: “os quais se fazem de maior grandeza e com ornamentos mais raros que os privados, e servem para o uso e a comodidade de todos, os príncipes têm largo campo para fazer conhecer ao mundo a grandeza da sua vontade, e os arquitectos bela ocasião para demonstrar quanto valem nas belas e maravilhosas inven-ções”. Finalmente, no Livro IV, onde fala concretamente sobre os templos, realça “Se em alguma construção se deve pôr esforço e indústria para que seja distribuída com bela medida e proporção esta é, sem dúvida alguma, a dos templos... porque, se os homens ao construir as suas casas põem grandíssimo cuidado em encontrar excelentes e espertos arquitectos e ar-tificies, com maior razão estão obriga-dos a dar maior atenção ao edificar igrejas. E se naquelas principalmente à comodidade, nestas devem consid-erar a dignidade e grandeza de quem há de ser invocado e adorado” 2

1 Palladio, ob, cit, I (1570)1 Palladio, ob, cit, II (1570)

Os desenhos dos projectos de Pal-ladio que estão presentes no tratado, são desenhos que nem sempre cor-respondem à realidade construída (quem sabe pela sua redacção pre-cipitada), outras vezes aparecem projectos bem detalhados. Um dos projectos, como exemplo, é a villa Pisani em Montagna, que se apre-senta como uma reelaboração sobre o executado, tem uma cornija que rodeia a média altura o edifício, acen-tuando a unidade do desenho entre as fachadas, que o caracteriza pela existência de uma intenção inicial de justaposição dos arcos que flanque-iam o núcleo principal.

Villa Pisani em Montagna

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Palácio ValmaraOutras vezes os desenhos apresen-tam-se como desenhos assépticos, recusando as influências do ocidente positivo, como no desenho do palácio Valmarana.Como é facilmente constatável é a obra de Palladio a razão de ser mais profunda do palladianismo, derivada do uso que faz da sintaxe dos elemen-tos arquitectónicos e da procedência heterogénea do seu reportório, e que a assimilação efectuada pelo arqui-tecto se dirige mais à aceitação dos seus elementos que a recepção geral das arquitecturas do que lhe rodeia, de modo ou forma de projectar.Desta contradição, desta antinomia, entre o classicismo narcisista da sua obra, codificada em tratado, e da het-erodoxia da suas obras construídas, é de onde surge a grande paródia do seu maneirismo, pois a causa da autonomia das partes alcança uma facilidade de leitura da sua arquitec-tura que a faz didáctica, e por conse-quência, academizável.No palladianismo chegou-se mesmo afirmar que Palladio é “um puro real-izador do efeito decorativo e cromáti-co”, ou, pelo contrário, que “Palladio é um arquitecto, e apenas um arqui-tecto”., e que utiliza as formulas tradi-cionais sem falsifica-las e sem ocultar as suas contradições.Ambas as posições têm em comum a aceitação da arquitectura de Palla-dio como um conjunto de partes com possibilidades de integração suces-siva nas continuas buscas de novos tipos.O frontão, a ordem, a sala e as quatro colunas, são elementos que, descontextualizados e suprimidos em qualquer significado iconológico, po-dem ser utilizados indistintamente nos edifícios que se deseja.

O frontão passado do templo para a villa e quando é utilizado na sua função primitiva como elemento na fachada das igrejas é preciso redupli-ca-lo para reforçar a ênfase de uma iconografia que para ele estava per-dida ou pelo menos muito deficiente.O átrio de quatro colunas das antigas villas, descrito por Vitrúvio, transfor-ma-se num recurso construtivo para cobrir o salão das vilas ou dos palá-cios, e o que é mais significativo, para organizar o átrio residencial.O mesmo acontece nas ordens, por exemplo a ordem jónica, que é asso-ciada pelo Palladio às villas,.Segundo esta visão de fragmentação e de composição, o problema desta acção podia enquadrar-se dentro do planeamento mais erudito e didáctico: cada elemento assumia uma determi-nada autonomia definida que favore-cia a sua interpretação no abstracto.

PalladianismoA aceitação mais profunda do clas-sicismo, presente nos seus desejos de recuperar o teatro clássico ou a villa suburbana como forma utiliza uma nova cultura, não foi um episódio isolado em Palladio. Em toda a sua obra descobre-se a intenção continua de experimentar com a teoria mais complexa do código vitruviano-rena-scentista.É lógico que quando no Neoclassicis-mo os tratados Palladio foram analisa-dos surja como o arquitecto que mais facilmente aparece em ressonância porque oferece simultaneamente um código de fácil identificação justificáv-el através da erudição historicista.O palladianismo tem como a sua prin-cipal fonte a de referência os quattro libri dell’architettura., publicados por Palladio catorze anos depois da

aparição da tradução de D. Barbaro, precisamente quando já havia experi-mentado com todos aqueles temas do classicismo.O sistema de compor a arquitectura realizada por Palladio abriu um camin-ho metodológico e operativo com o que era possível de resolver complex-as tipologias arquitectónicas.Procedendo a uma continuidade evolutiva lógica, os primeiros ensaios em grande escala necessariamente tiveram de nascer em Vicenza e Veneza porque era nestas regiões que estavam as obras do arquitecto: assim surgem projectos como o de V. Scamozzi para a fachada de S. Niccolo Tolentino ou o de Francesco Comino para San Pantaleone, e isto precisamente quando o Barroco de-senvolvia os seus melhores exemplos. Esta situação que coloca Palladio como gerador de arquetipos é eviden-te sobretudo quando Ottavio Bertotti analisa a basílica vicentina: é refeita planimetricamente como um edifício abstracto que responde à rigorosa simetria referida nos Quattro Libri e não a realidade das irregularidades da planta sobre a que actua o arquitecto a partir de 1546.Paralelamente a esta influência di-recta sobre arquitectos vicentinos, fora da península italiana também começaram a surgir vários exemplos de arquitectura palladiana, especial-mente em Holanda, com obras com as de Pieter Post, Jocob van Campen w Arent van’s Gravesande.Onde o palladianismo fora de Itália teve mais êxito foi na Inglaterra, quem sabe devido à sua tendência saxónica que procura experimentar os actos antes de criar o aparato especulativo.Tendo viajado pela Itália em 1601 e 1613-14, visto as obras de Palladio e contactado com Scamozzi, Inigo Jones projectou um tratado,

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juntamente com o seu discípulo John Webb, à maneira do de Palladio, mas não passaram dos esboços prelimin-ares; na nota de um esboço lê-se:” em arquitectura, os ornamentos devem ser sólidos, de proporções em acordo com regras, masculinas e não afecta-dos”3, esta atitude reflecte-se em toda a obra de Jones, inclusivé nos seus estudos sobre Stonehenge publicados por John Webb, nessas ruínas, a que atribui origem romana, vê a harmo-niosa proporção e sobreposição de quatro triângulos equiláteros corre-spondendo à forma de um teatro an-tigo, como o que desenhara Palladio para a edição do Vitrúvio de Barbaro. Sir Henry Wotton posiciona-se entre o relativismo pragmático e utilitário de Bacon e o esteticismo normativo de Jones, nos seus The Elements of Architecture, a arquitectura é imitação da natureza, destacando a necessi-dade de atender aos condicionamen-tos climáticos, regionais e nacionais; nisto, como na afirmação de que “o lugar de cada parte deve ser determi-nada em função do uso”, aproxima-se de Bacon; acerca-se a Alberti, ao se-cundarizar o ornamento e ao atribuir grande importância na arquitectura à “secreta harmonia nas proporções”; aceita o círculo como forma univer-sal, mas reconhecendo a sua pouca utilidade nas obras privadas; organi-camente, compara o edifício com as funções do corpo humano; rechaça o arco gótico por sua “naturall imbecil-ity”, desejando eliminar o gótico da arquitectura. A especifidade da hab-itação inglesa é o tema da segunda parte da sua obra: a casa é o “teatro da hospitalidade e espécie de princi-pado privado” o melhor ornamento de uma casa é a pintura e a escultura; fala da irregularidade das casas a que se devia opor a irregularidade dos jar-dins; questiona as definições ou

consistências de Vitrúvio, pois o “ordinatio” e a disposito não eram definições mas procedimentos de pro-jecto, o que prefigura o entendimento moderno dessas definições. Define as restantes consistências com fórmulas breves e práticas: assim, “o decoro é a atenção da devida relação entre habitante e a habitação”; no final, e a propósito da decoração, fala de “uma espécie de arquitectura moral”, apontando para um conceito ético da arquitectura que teria futuro em Ingla-terra.

Jones, I, Nota de 20 de janeiro 1615, cit. P/Sumerson, J., Architecture in Britain 1530-1830, Harmondseorth, 1953, 5ª ed. 1970, 118

Com muito atraso, na Inglaterra Im-perialista começaram surgir algumas traduções dos grandes tratados italia-nos, como por exemplo a do Paralléle de Fréart de Chambray, realizado por John Evelyn, anexando-lhe Account of Architects and Archittecture, onde é perceptível várias definições concep-tuais tomadas por Vitrúvio e outros autores, e também posições próprias; embora partidário da redução das consistências vitruvianas, tal como Wotton, define o decoro à maneira vit-ruviana: “Decoro não só é a adequa-ção da habitação ao habitante... mas também que o edifício, e particular-mente os seus ornamentos, se devem conformar conveniente e oportuna-mente, tal como Vitrúvio o demonstra expressamente ao adequar as diver-sas ordens ao seu carácter natural” é dos primeiros a imputar aos mouros e árabes a origem do gótico, que abomina, falando das nossas “frivoli-dades góticas na composição das cinco ordens”, que explicariam os “absurdos nas nossas estruturas mod-ernas”.

Foi a partir do trabalho de um homem – Colen Campbell – e o seu Vitruvius Britannicus” que o palladianismo em Inglaterra ganha força e dinâmica por quase todo o séc. XVIII. A obra é constituída somente por pequenas gravuras e tem como intenção provar que a arquitectura inglesa do tempo em questão deriva da antiga e rena-scentista. Para ele os antigos estavam “out of Question”, e os renascentistas italianos eram o “Nec plus ultra” da arquitectura, embora o séc XVII tives-sem perdido o seu “exquisite Taste of Buildins” e a “Antique Simplicity”, isto é uma clara demarcação do barroco, cujos representantes mais notórios classifica de góticos, dados à “Capri-cious Ornaments”. Acompanhado pelas gravuras, refere-se ainda a Inigo Jones numa pequena nota como o Palladio inglês, considerando insu-perável o projecto para o palácio de Whiteball.O culto de do paladianismo estendeu-se a manuais para uso de artesãos, como Pallladio Londinensis, de Wiliiam Salomon, o ilustra, tendo contribuído para a normalização de portas, janelas, etc, na construção de habitações. O auge do palladianismo inglês chega por meio de Isaac Ware que escreve e pública em 1756 “The com-plete Body of Architecture”. É uma obra que teve bastante recepção, com sucessivas edições, e constitui a mais completa e influente formulação do paladianismo em Inglaterra, pre-tendendo desenvolver “toda a ciência da arquitectura, desde os seus primei-ros rudimentos até à sua última per-feição”, tornando assim desnecessária a literatura anterior, uma vez que aí estaria integrado tudo o que é preciso saber. É uma obra obra comitente ao mestre de obras e ao “pratical builder”

No resto da Europa o paladianismo, normalmente, vai actuando debaixo das influências reguladoras das Aca-demias, mas não porque faltam arqui-tectos como Marie Joseph Peyre, em França, que demonstra umas eviden-tes influências palladianas sobre o rígido fenómeno racionalista francês; como a alemã F. Schinkel em obras do tipo da Schauspielhaus de Berlim, como os polacos P. Aigner, J. Kubicki e A. Corozzi; os representantes do palladianismo russo, introduzido pelo fecundista G. Quarenghi . Em todos eles pode-se descobrir uma constante comum: a tentativa gener-alizada de encontrar um código que funda em si a expressão arquitectóni-ca extraída do passado com a analise racional da obra, onde Palladio só é imitado desde a vertente da hipótese coerente do seu tratado.

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(in)Conclusão Pode-se dizer, que a sua arquitectura é a arte de compromisso com o meio, que da resposta, como bem profissional, às exigências de uma nova implantação da burguesia que queria repre-sentar o que nem sempre podia ser, e ainda im-portante de referir-mos que a sua obra codificou um tipo de arquitectura suburbana (a villa) em que as possibilidades de manipular eram, sobre um ponto de vista de projecto, muito favoráveis: o edifício como objecto isolado, seu significado iconológico associado a situações de coloniza-ção agrícola, e a sua possibilidade de definição total que permitia utilizar a arquitectura como processo completo e complexo, deixando assim portos em aberto para o Neoclássico e a arqui-tectura norte-americana (a partir de 1776, data da sua independência).

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