ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE...

85
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA – NA INDÚSTRIA TÊXTIL João Pessoa – PB 2006

Transcript of ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE...

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

AUDITIVA – PCA – NA INDÚSTRIA TÊXTIL

João Pessoa – PB

2006

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

AUDITIVA – PCA – NA INDÚSTRIA TÊXTIL

João Pessoa – PB 2007

ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

AUDITIVA – PCA, NA INDÚSTRIA TÊXTIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues

João Pessoa – PB 2007

G111a Gazillo, Ângela Márcia Montenegro Avaliação do programa de conservação auditiva – PCA, na indústria têxtil / Ângela Márcia Montenegro Gazillo – João Pessoa, 2006.

76f. il Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de

Pós–Graduação em Engenharia de Produção / UFPB.

1. Ruído 2. Perda auditiva 3. Indústria têxtil 4. Qualidade 5. Produtividade I. Título

CDU: 614.8:658.56 (043)

ÂNGELA MÁRCIA MONTENEGRO GAZILLO

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

AUDITIVA – PCA, NA INDÚSTRIA TÊXTIL

Dissertação julgada e aprovada em ____ de _____de _______ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues

Universidade Federal da Paraíba Orientador

___________________________________________________ Prof. Dr. Antonio Souto Coutinho Universidade Federal da Paraíba

Examinador

_____________________________________________________ Prof. Dr. Virgilio Mendonça da Costa e Silva

Universidade Federal da Paraíba Examinador

A meus pais, José Newton Montenegro e Ieda Silva Montenegro, por ensinar-me a dar valor aos estudos;

A meu querido esposo, Anderson, que, direta ou indiretamente, contribuiu para a realização desta

pesquisa; A meu filho, Anderson Montenegro, que sempre foi a

minha principal fonte de motivação.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor doutor Celso Luis Pereira Rodrigues, pela sua

valiosa orientação e incentivo constantes.

Ao Professor doutor Paulo César de Almeida, por sua contribuição na

metodologia desta investigação.

Em especial, ao meu esposo, Anderson Gazillo, e a meu filho Anderson

Montenegro Gazillo, que tanto me incentivaram para a conclusão deste trabalho.

A Deus, que sempre me iluminou com o seu espírito de sabedoria e a Nossa

Senhora de Fátima, minha mãe e protetora.

RESUMO

Este trabalho surgiu a partir de um estudo realizado no Programa de Conservação Auditiva (PCA) de uma indústria têxtil localizada no Estado do Ceará, referente ao período de janeiro a dezembro de 2005. Esta pesquisa teve por objetivo geral, avaliar a eficiência do PCA e por objetivos específicos: verificar se a audição dos trabalhadores está sendo conservada; e se os efeitos extra-auditivos estão interferindo na qualidade de vida. Dessa forma, foram levantados dados estatísticos do monitoramento audiométrico e avaliaram-se os fatores extra-auditivos (sociais e emocionais) da PAIR, por meio da aplicação do questionário Hearing Handicap Inventory for Adults – HHIA (NEWMAN et al., 1990). Na análise dos dados, verificou-se que as medidas administrativas adotadas para o controle do ruído foram insuficientes para eliminar ou neutralizar os efeitos nocivos do agente físico atuante. Notou-se que, apesar do PCA realizar acompanhamento individual dos exames audiormétricos, foi ineficiente no monitoramento dos casos de PAIR. A partir dos resultados obtidos foi possível identificar 164 casos de PAIR sensorioneural; em determinados setores, medições de NPS acima de 90dB(A), sem medida de engenharia, somente existindo o uso de EPI (protetor auricular); o laudo do médico especialista, reconhecendo apenas os casos de perdas sensorioneurais do tipo severo, estando 7 casos de perda profunda, sem emissão de CAT ao INSS; à média de 62% dos trabalhadores com PAIR severo com conseqüência extra-auditiva e em 72.7% dos casos, os trabalhadores preferem ficar sozinhos, não havendo interesse para a troca de experiências e a busca de melhorias. Concluímos que às conseqüências extra-auditivas da perda, foram influenciadas por fatores psicossociais e ambientais. Palavras-chave: Programa de Conservação Auditiva. Perda Auditiva Induzida por Ruído. Efeitos Extra-Auditivos.Qualidade de Vida.

ABSTRACT

This work resulted from a study carried out in the Hearing Conservation Program (HCP) of a textile industry situated in the state of Ceará, referring to the period from January to December 2005. This research had as the general objective to evaluate the efficiency of the HCP and for specific objectives to check if the workers' hearing was being preserved and if the extra-auditive effects were interfering with their quality of life. This way, statistic data of the audiometric monitoring was raised and extra-auditive factors (social and emotional) of the PAIR were evaluated by the utilization of the questionnaire "Hearing Handicap Inventory for Adults" - HHIA (NEWMAN et al., 1990). Analysing the data, it was noticed that the administrative measures adopted to control the noise weren`t sufficient to eliminate or neutralize the harmful effects of the physical agent. It could be observed that in spite of the HCP carrying out individual accompanyment of the audiometric exams, it was inneficient in the monitoring of the cases of the PAIR. From the obtained results it was possible to identify 164 cases of the PAIR sensorineural ; in certain sectors, measurement of NPS above 90dB(A), without engineering measurement, only existing the use of EPI (auricular protector); the doctor´s report recognizes only the cases of sensorineural losses of the severe type, being seven cases of deep loss without the emission of CAT to the INSS; the average of 62% of workers with severe PAIR with extra-auditive consequence and in 72% of the cases, the workers prefer to stay alone. They have no interest in the exchange of experiences and search for improvement. We conclude that the extra-auditive consequences of the loss were influenced by psychological and environmental factors. Keywords: Program of auditory conservation; Auditory loss induced by noise; Effects extraauditivos; Life quality. .

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Organograma das vigilâncias sanitária e epidemiológica no PCA ................ 38

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Fluxograma do processo de fiação. 44

Gráfico 2: Resultados dos exames audiométricos segundo os padrões de

normalidade ................................................................................................ 48

Gráfico 3: Classificação das alterações audiológicas segundo o tipo de perda ........... 49

Gráfico 4: Classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o grau de

perda ........................................................................................................... 50

Gráfico 5: Classificação das PAIR, segundo a faixa etária ......................................... 50

Gráfico 6: Classificação das PAIR com CAT, segundo o setor produtivo .................. 51

Gráfico 7: Classificação das PAIR, segundo a função ................................................ 52

Gráfico 8: Classificação das PAIR, segundo o tempo de função ................................ 53

Gráfico 9: Classificação das PAIR, segundo o tempo de exposição ........................... 53

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Questionário HHIA .................................................................................... 55

Quadro 2: Fatores sociais ............................................................................................ 56

Quadro 3: Fatores emocionais ..................................................................................... 57

Quadro 4: Média de anos em função da idade, tempo de função e tempo de

exposição .................................................................................................... 57

Quadro 5: Média dos fatores sociais ........................................................................... 58

Quadro 6: Média dos fatores emocionais .................................................................... 58

Quadro 7: Correlações dos fatores sociais em relação à idade, ao tempo de função e

ao tempo de exposição ............................................................................... 59

Quadro 8: Correlações dos fatores emocionais em relação à idade, ao tempo de

função e ao tempo de exposição ................................................................. 60

Quadro 9: Handicap ..................................................................................................... 60

Quadro 10: Média de Handicap ..................................................................................... 60

Quadro 11: Ciclo PDCA ................................................................................................ 64

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização dos 11 casos de PAIR com CAT no ano 2005 na Indústria

têxtil ............................................................................................................... 48

Tabela 2: Resultados dos exames audiométricos segundo os padrões de normalidade 48

Tabela 3: Classificação das alterações audiológicas segundo o tipo de perda .............. 49

Tabela 4: Classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o grau de

perda .............................................................................................................. 49

Tabela 5: Classificação das PAIR, segundo a faixa etária ............................................ 50

Tabela 6: Classificação das PAIR com CAT, segundo o setor produtivo ..................... 51

Tabela 7: Classificação das PAIR, segundo a função ................................................... 52

Tabela 8: Classificação das PAIR, segundo o tempo de função ................................... 52

Tabela 9: Classificação das PAIR, segundo o tempo de exposição .............................. 53

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CAT Comunicado de Acidente do Trabalho

CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

CRFa Conselho Regional de Fonoaudiologia

EPI Equipamento de Proteção Individual

HHIA Hearing Handicap Inventory for Adults

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

LEM Laudo de Exame Médico

LEQ Ruído Médio Equivalente

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NIOSH Ocupational Noise Exposure

NPS Níveis de Pressão Sonora

NR Norma Regulamentadora

NRR Número Único de Redução de Ruído

OSHA Occupational, Health and Safety Management Systems

PAIR Perda Auditiva Induzida pelo Ruído

PCA Programa de Conservação Auditiva

PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

REAT Real Ear Attenuation at Threshold

SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidente do Trabalho

SSST Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho

TQM Total Quality Management

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 Objetivos ................................................................................................................ 16

1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 16

1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 16

1.2 Justificativa ............................................................................................................ 16

1.3 Estrutura da dissertação ....................................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 18

2.1 Definição de som .................................................................................................... 18

2.1.1 Particularidades do som ....................................................................................... 18

2.1.2 O som como fenômeno físico ............................................................................... 19

2.1.3 Propagação do som ............................................................................................... 19

2.2 Definição de ruído ................................................................................................. 20

2.2.1 Atenuação do ruído com a distância .................................................................... 20

2.2.2 Tipos de ruído ....................................................................................................... 20

2.2.3 Susceptibilidade individual .................................................................................. 21

2.2.4 Espectro audível e o decibel (Db) ........................................................................ 21

2.2.5 Efeitos do ruído .................................................................................................... 22

2.3 Ruído industrial ..................................................................................................... 23

2.3.1 Redução de ruído .................................................................................................. 24

2.3.2 Medidas de Proteção Individual ........................................................................... 24 2.3.2.1 Reconhecimento de fala com protetores auditivos em presença de ruído de

fundo ................................................................................................................. 27 2.3.3 Medidas de Proteção Coletiva .............................................................................. 28

2.3.4 Medidas de controle na indústria ......................................................................... 29

2.3.5 Ambiente de trabalho ........................................................................................... 30

2.3.6 Efeitos não auditivos do ruído industrial .............................................................. 30

2.3.7 Aspectos psicossociais ......................................................................................... 32

2.4 Perda auditiva ........................................................................................................ 32

2.4.1 Tipos de perdas auditivas ..................................................................................... 34

2.4.2 Classificação das perdas auditivas ....................................................................... 35

2.4.3 Conseqüências e características das perdas auditivas .......................................... 35

2.5 Programa de Conservação Auditiva – PCA ....................................................... 36

2.5.1 Implementação do controle da conservação auditiva ........................................... 37

2.5.2 Avaliação da eficácia e eficiência do PCA .......................................................... 39

2.5.3 Emissão e Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT .................................. 40

2.6 Panorama do crescimento da indústria têxtil no Brasil ..................................... 41

2.6.1 A indústria têxtil no Ceará ................................................................................... 42

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 43

3.1 Classificação da pesquisa ...................................................................................... 43

3.2 Caracterização da pesquisa .................................................................................. 43

3.2.1 Descrição do processo produtivo ......................................................................... 44

3.2.2 Fluxograma do processo de fiação ....................................................................... 44

3.3 Material e método .................................................................................................. 46

3.3.1 Equipamentos utilizados ...................................................................................... 47

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................. 48

4.1 Monitoramento audiométrico .............................................................................. 48

4.2 Questionário ........................................................................................................... 54 4.3 Considerações finais sobre os resultados obtidos do monitoramento

audiométrico e do questionário ............................................................................ 55 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 62

5.1 Conclusões ............................................................................................................. 62

5.2 Recomendações ...................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 65

ANEXOS ......................................................................................................................... 71

14

1 INTRODUÇÃO

O período atual de abertura de mercado e tendência à livre concorrência faz com que as

organizações entrem em transformação buscando a sobrevivência. Muitas vezes o despreparo

da alta administração destas organizações provoca a sua morte prematura. Outras vezes, a alta

administração acorda para a “verdadeira qualidade” e além de manter a organização estável

ainda atinge o autocontrole das atividades internas (resultado da satisfação do homem) e

alcança o estágio de crescimento (ÁVILA FILHO, 1995).

Para Frankenfeld (1990), os conceitos de produção e de produtividade são diferentes,

enquanto a produção refere-se a determinada quantidade de produto, obtida em certo intervalo

de tempo, a produtividade está associada a rendimento e qualidade de se produzir. Dentre os

diversos fatores que identificam a produtividade, a organização se apresenta como o mais

importante, pois è através dela que se obtém a otimização dos recursos materiais disponíveis,

fator fundamental para que a empresa consiga elevar sua eficiência e aprimorar sua eficácia.

Frankfeld relata que alguns aspectos são relevantes à elevação da produtividade, entre eles:

treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, política salarial da empresa, política de acesso

profissional, relacionamento chefia/empregado, relacionamento empregado / empregado,

condição de conforto e áreas de lazer.

A melhoria da produção deve ser tratada de forma completa, o que requer balanceamento e

integração dos sistemas técnicos e sociais. Isso conduz à necessidade de atuação em diferentes

áreas e à consideração de aspectos como habilidades e motivação (HARRISON, 2000): o que

também pode ser confirmado nos trabalhos de Brannen et al. (1998) e Harrison e Storey

(1996).

Limongi e Rodrigues (1996) ressaltam que os valores sobre a saúde e a doença são

construídos na empresa sob o foco da produtividade, sob os princípios que se adotam de

responsabilidade social e o valor que se dá à preservação das pessoas, das histórias de

acidentes de trabalho e da própria cultura organizacional.

Ainda Limongi e Rodrigues, relatam que para o empregador, doença implica queda de

produtividade, comprometimento nos resultados da empresa, necessidades de rever condições,

15

processos de trabalho, problemas com sindicatos e pressão da fiscalização, além do

comprometimento da imagem da empresa junto à comunidade e opinião pública.

O INSS publicou a OS 608/98, Norma Técnica sobre Perda Auditiva Neurossensorial por

Exposição Continuada a Níveis Elevados de Pressão Sonora de Origem Ocupacional ou

simplesmente Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional (PAIRO). Esta norma

apresenta os aspectos técnicos para identificar a PAIRO, bem como as regras para a emissão

da Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT) de modo a garantir o direito a auxílio-

acidente (Araújo, 2004).

O Programa de Conservação Auditiva (PCA) refere-se a um conjunto de ações com o objetivo

de minimizar os riscos, evitando, assim, o desencadeamento e/ou agravamento de perdas

auditivas relacionadas ao trabalho. No Brasil, o PCA está previsto tanto na Norma

Regulamentadora 9 (Programa de Preservação de Riscos Ambientais – DOU dez/94) quanto

na Portaria 19 (abril/98) do Ministério do Trabalho (FIORINI, s.d.).

Uma abordagem da avaliação do PCA é verificar se existe completo cumprimento das

necessidades legais. A dificuldade dessa estimativa está em julgar a qualidade do programa,

pois algumas medidas que atendam à legislação podem ter sido adotadas, mas não serem

eficientes. Uma técnica de avaliação que pode ser útil é o acompanhamento individual da

audição do trabalhador, realizada por meio do monitoramento audiométrico. Cada audiograma

é um marcador da eficácia dos esforços em prevenir o desenvolvimento da perda auditiva ou

de um agravamento da mesma, para o trabalhador (KWITKO, 2003).

Segundo Araújo (2004), o controle audiométrico tem como objetivo prevenir a perda auditiva

neurossensorial devido à exposição ao ruído ocupacional; minimizar a possibilidade de

reclamações legais por perda aditiva; reduzir o absenteísmo; elevar a auto-estima e minimizar

os efeitos extra-auditivos, fisiológicos e psicológicos relacionados com a exposição ao ruído.

Paladini (1994) tratando do tema qualidade total no que toca ao envolvimento dos recursos

humanos, comenta sobre as necessidades do elemento humano para produzir qualidade. Saber

o que fazer, ter com o que fazer, ter uma área de trabalho adequada, querer saber e saber fazer

constituem, no seu enfoque, a base para se produzir qualidade.

16

Segundo Gil (1996), é cada vez mais freqüente pesquisas nas ciências humanas, sobretudo na

Psicologia Social (exemplo: estudo do comportamento de pequenos grupos) e na Sociologia

do Trabalho (exemplo: influência de fatores sociais na produtividade).

1.1 Objetivos

Os objetivos estabelecidos para esta pesquisa foram:

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar a eficiência do Programa de Conservação Auditiva (PCA) – 2005 de uma indústria

têxtil localizada no Estado do Ceará.

1.1.2 Objetivos específicos

Verificar se a audição dos trabalhadores está sendo conservada e se os efeitos extra-auditivos

estão interferindo na qualidade de vida.

1.2 Justificativa

Proporcionar aos trabalhadores da indústria têxtil, melhoria na comunicação verbal, em

ambientes com NPS elevados;

Dar ênfase à cultura de qualidade, produtividade e segurança da empresa, levando ao

aprimoramento contínuo de todos os processos de produção.

1.3 Estrutura da dissertação

A partir das considerações iniciais e dos objetivos neste capítulo, a dissertação está

estruturada da seguinte forma:

a) No Capítulo 2, a Fundamentação Teórica fornece uma base teórica a respeito de:

– Definição do som;

– Definição do ruído;

– Ruído industrial;

– Programa de Conservação Auditiva (PCA);

– O panorama de crescimento da indústria têxtil no Brasil.

17

b) No Capítulo 3, o Procedimento Metodológico aplicado na dissertação descreve:

– Classificação da pesquisa;

– Caracterização da pesquisa com o fluxograma do processo de fiação;

– Material e método.

c) No Capítulo 4, Análise e Discussão dos Resultados, são abordados aspectos relacionados

ao:

– Monitoramento audiométrico;

– Questionário HHIA (NEWMAN et al, 1990);

– Considerações finais sobre os resultados da pesquisa.

d) O último capítulo, o Capítulo 5, conclui o trabalho apresentando uma análise dos resultados

e contribuições produzidas ao longo da discussão e as perspectivas e sugestões para

trabalhos futuros.

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo trata da fundamentação teórica da pesquisa que se compõe de seis partes:

Definição de som; Definição de ruído; Ruído industrial; Perda auditiva, Programa de

conservação auditiva; Panorama do crescimento da indústria têxtil no Brasil; que serviram de

orientação para a definição de variáveis identificadoras do problema da dissertação

apresentada.

2.1 Definição de som

O som pode ser definido como qualquer vibração ou onda mecânica em um meio elástico,

dentro da faixa de áudio-freqüência. Simplificadamente, o som é entendido como qualquer

variação de pressão (na água, no ar ou em outro meio qualquer) que o ouvido humano possa

detectar (GERGES, 1992).

2.1.1 Particularidades do som

O som se caracteriza por flutuações de pressão em meio compressível. No entanto, não são

todas as flutuações de pressão que produzem a sensação de audição quando atingem o ouvido

humano. A sensação de som só ocorrerá quando a amplitude destas flutuações e a freqüência

com que elas se repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores.

As vibrações do ar que conseguem estimular o aparelho auditivo são chamadas de vibrações

sonoras. São descritas através das variações de pressão em função do tempo e em relação a

um valor médio de pressão. Para que as vibrações do ar sejam sonoras (isto é, possam

constituir o som), é necessário que apresentem as seguintes características: a vibração deve ter

valores específicos (faixa de áudio-freqüência); a amplitude de oscilação deve encontrar-se

dentro do limiar de audibilidade.

A freqüência é o que caracteriza o número de vibrações por unidade de tempo. A unidade de

freqüência é o Hertz (Hz) que, por definição, é igual a um ciclo por segundo. As freqüências

de sons audíveis estão no intervalo de 20 a 20.000 Hz. Abaixo de 20 Hz temos os infra-sons, e

acima de 20.000 Hz os ultra-sons, que, apesar de não serem audíveis, influem sobre o ser

19

humano. No intervalo dos sons audíveis, chamamos de graves aos sons de intervalo de 20 a

200 Hz, médios de 200 Hz a 2.000 Hz e agudos de 2.000 Hz a 20.000 Hz.

Não só a freqüência como a amplitude do som são levados em consideração na determinação

da audibilidade humana. A amplitude deve ser entendida como a diferença instantânea entre a

pressão atmosférica na presença do som e a pressão atmosférica na ausência do som, no

mesmo ponto (GERGES, 1992).

2.1.2 O som como fenômeno físico

Na prática, a geração do ruído é causada pela variação da pressão ou da velocidade das

moléculas do meio. O som é uma forma de energia que é transmitida pela colisão das

moléculas do meio, umas contra as outras, sucessivamente. Portanto, o som pode ser

representado por uma série de compressões e rarefações do meio em que se propaga, a partir

da fonte sonora. É importante ficar claro, no entanto, que não há deslocamento permanente de

moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia (com exceção, por

exemplo, em pontos nas proximidades de grandes explosões). Um grito de uma pessoa

promove um alto ruído, contudo a energia envolvida não ultrapassa 1/1000 de Watt

(GERGES, 1992).

2.1.3 Propagação do som

Teoricamente o som se propaga em forma de ondas esféricas a partir de uma fonte pontual.

Duas situações podem dificultar este modelo simples: a presença de obstáculos na trajetória

de propagação e, em campo aberto, a não uniformidade do meio, causada por ventos e ou

gradientes de temperatura.

Se uma onda sonora encontra um obstáculo com dimensões menores do que o seu

comprimento de onda, o efeito não é perceptível, ocorrendo o oposto se a dimensão do

obstáculo for comparável ao comprimento de onda do som. Portanto, para impedir a passagem

de som, barreiras devem ser colocadas perto da fonte ou do receptor, e suas dimensões devem

ser três a cinco vezes o comprimento de onda do som envolvido (GERGES, 1992).

20

2.2 Definição de ruído

O ruído é caracterizado como um conjunto de sons indesejáveis ou que provoquem uma

sensação desagradável. Um ruído pode consistir de um simples tom puro, duas ou mais

componentes tonais. Geralmente percebido como conjunto complexo de várias freqüências.

Segundo o conceito que é predominante em textos de normas, nacionais e internacionais, o

ruído é todo som que cause moléstias, interfira no sono, no descanso, ou que lesione ou

danifique física ou psicologicamente o indivíduo, a flora, a fauna e os bens de nação ou

particulares. Em outras palavras, o ruído é uma forma de contaminação da atmosfera, só que

na forma de energia (GERGES, 1992).

Ruído e Som, sob o ponto de vista físico, não têm qualquer distinção, o fato é que um é

agradável e outro não. A maneira de distinguirmos ambos é através da sensação de

conforto/desconforto. Os parâmetros físicos tais como freqüência e intensidade sob o ponto de

vista mensurável não são suficientes para ajudar a descrever o que vem a ser som ou ruído. O

som é um fenômeno físico, o ruído é o fenômeno subjetivo derivado daquele (GERGES,

1992).

2.2.1 Atenuação do ruído com a distância

A atenuação do nível de pressão sonora com a distância depende da distribuição das fontes de

ruído. Tem-se 6 dB de caimento do nível de pressão sonora para cada duplicação da distância

para fontes pontuais simples (GERGES, 1992).

2.2.2 Tipos de ruído

O ruído contínuo é o que permanece estável com variações máximas de 3 a 5dB por um longo

período. Exemplo: máquina trabalhando – furadeira ou britadeira em operação, o trânsito na

cidade (GABAS, 2004).

21

O ruído intermitente é um ruído com variações, maiores ou menores de intensidade em

períodos muito curtos. Exemplo: o alarme do rádio-relógio ou alarme de carros (GABAS,

2004).

O ruído de impacto apresenta picos com duração menor de 1 segundo, a intervalos superiores

a 1 segundo. Exemplo: o disparo de armas de fogo ou explosões em pedreiras (GABAS,

2004).

2.2.3 Susceptibilidade individual

O ruído está aumentando no trabalho nas atividades de lazer e também no meio ambiente. Por

isso o diagnóstico da PAIR não é, conforme Morata, Lemasters (2001), tarefa simples. Na

exposição ocupacional pode estar associada uma série de fatores de risco para a surdez, entre

eles, agentes ototóxicos, idade, diabete. A PAIR está relacionada à exposição a NPS elevados

por um período de tempo prolongado. As autoras acima citam que esta perda auditiva é

irreversível, bilateral, sensorioneural. Acrescentam que existe diferença de susceptibilidade

entre os indivíduos expostos. Sendo inicialmente predominante no tipo coclear, desenvolvem-

se a partir da exposição a níveis de ruído acima de 85 dB(A), por 8h/dias. Afirmam que o

desenvolvimento desta perda auditiva, acontece num período de 6 a 10 anos de exposição,

iniciando nas altas freqüências (DIDONÉ, 2004).

Cada indivíduo possui uma sensibilidade diferente do outro no que se refere á audição. Isto

significa que cada pessoa percebe os sons de formas diferentes. A sensibilidade geralmente

varia com a idade, sexo, etnia, exposições anteriores. Pessoas jovens geralmente escutam

bem, enquanto que pessoas mais idosas, têm diminuição de limiar de audição (GABAS,

2004).

2.2.4 Espectro audível e o decibel (dB)

O alcance da audição humana se estende de aproximadamente 20Hz até 20.000Hz de

freqüência e de aproximadamente 0dB até 120dB de intensidade, para um ouvido jovem e

saudável. Dentro do espectro audível, o ser humano não escuta de maneira linear em todas as

22

freqüências. Existem freqüências que o sistema auditivo do humano faz menos “esforço” para

atender os estímulos e em outras, esta percepção torna-se um pouco mais “difícil”. O som

mais fraco que o ouvido humano saudável pode detectar é de 20 microPascais (ou 20�Pa). O

máximo que o ouvido humano pode suportar é 200 Pa de pressão, ou seja, pressões um

milhão de vezes mais alta. Devido a essa grande diferença de escala de pressão, outra foi

criada – o decibel (dB). Pode-se dizer que 0 db (limiar da audição) corresponde aos 20�Pa ou

pressão de referência. Da mesma maneira que 140 dB (limiar da dor) corresponde aos 200Pa.

O nível de pressão sonora (NPS) em dB é o parâmetro empregado em instrumentos de

medição (GABAS, 2004).

2.2.5 Efeitos do ruído

O ruído é um fator de risco presente em várias atividades humanas, fazendo parte do cotidiano

da comunidade, no ambiente doméstico e também na maioria dos processos de trabalho. A

perda auditiva ou diminuição da acuidade auditiva é a conseqüência mais imediata causada

pela exposição excessiva ao ruído e este risco da lesão auditiva aumenta com o nível de

pressão sonora e com a duração da exposição, mas depende também das características do

ruído e da suscetibilidade individual (GABAS, 2004).

Rocha (sd) comenta os efeitos do ruído que, além da perda auditiva permanente, podem

causar vários distúrbios, como alterar significativamente o humor e a capacidade de

concentração nas ações humanas (DIDONÉ, 2004).

Saliba (2001) relata alguns efeitos extra-auditivos do ruído que são evidenciados dentro do

próprio local de trabalho: dificuldade de concentração, maior índice de absenteísmo, maior

número de acidentes de trabalho, diminuição da produtividade geral, aumento do número de

ocorrência de erros no trabalho.

Gabas (2004) considera que a exposição em excesso ao ruído pode acarretar outros problemas

à saúde ou piorá-las, além de impactos na qualidade de vida do indivíduo exposto. Por

exemplo, aumento da pressão sanguínea, ansiedade, perturbação da comunicação, irritação,

fadiga, diminuição do rendimento do trabalho, etc. Entre os dados no aparelho auditivo que a

exposição a níveis excessivos de ruído pode causar, cita-se a Perda Auditiva Induzida pelo

Ruído (PAIR).

23

2.3 Ruído industrial

É significativo o número de pessoas que apresentam problemas auditivos devido ao ruído de

máquinas em ambientes de trabalho, inclusive em países do primeiro mundo. A Comunidade

Européia dedicou grande esforço no projeto de normalização sobre o assunto (JACQUES et

al, 2000).

As técnicas de controle de ruído foram sendo desenvolvidas ao longo dos anos, embora ainda

sejam, em geral, específicas de cada caso. Isso se deve às particularidades de diversas

características como as instalações industriais, a localização e o tipo de máquinas ruidosas e

as condições sócio-econômicas e do meio ambiente (SOUZA, 2003).

Em parte por essa especificidade, mas também pelo descaso com as questões da saúde dos

trabalhadores, atingiu-se uma situação crítica. Essa situação tem provocado manifestações e

ações de cientistas e instituições (SOUZA, 2003).

Roth (1999) afirma que este é o momento para agir no controle de ruído industrial.

Adquirir máquinas e processos silenciosos, tanto em novas fábricas como na substituição ou

ampliação de instalações existentes, garante um ambiente industrial com nível de ruído

adequado (PUTNAM, 2000). Na prática, no entanto, nem sempre isso é possível, mesmo em

países desenvolvidos, como pode ser visto, por exemplo, pela situação do ruído na indústria

de papel da Holanda, mostrada em trabalho recentemente publicado (VANWEERT, 2001).

Muitas vezes, há dificuldade em se adquirir equipamentos que geram baixo nível de ruído,

devido à falta de tecnologia do fabricante para projetar máquinas e processos silenciosos.

Além disso, o ruído gerado pelas máquinas industriais depende, muitas vezes, das suas

condições específicas de instalação e de operação. O comprador pode também ter dificuldades

para analisar o produto entregue pelo fabricante, devido à falta de equipamento para medir o

ruído ou de conhecimento para fazer a avaliação em uma situação não tão simples, por

exemplo, na presença de outras máquinas ruidosas. Assim, quando o controle não é feito no

projeto, há que se partir para a adoção de medidas corretivas de redução do ruído (SOUZA,

2003).

24

2.3.1 Redução de ruído

Costuma-se dividir as medidas de controle de ruído industrial em dois grupos: Medidas de

Proteção Individual e Medidas de Proteção Coletiva (SOUZA, 2003).

2.3.2 Medidas de Proteção Individual

As medidas de proteção individual reduzem a exposição do trabalhador ao ruído sem alterar o

nível sonoro do ambiente industrial. São medidas como o uso de protetores auditivos, a

permanência em cabines para descanso auditivo e o deslocamento do posto de trabalho

(SOUZA, 2003).

As medidas de proteção individual têm limitações conforme cada situação específica. São

medidas administrativas que devem ser auxiliadas tecnicamente por profissionais da

engenharia e da medicina do trabalho (SOUZA, 2003).

A medida de controle de ruído mais simples e mais econômica, aparentemente, é o uso de

protetores auditivos (SOUZA, 2003).

Gerges (2000) define protetores auditivos como equipamentos individuais de proteção

auditiva que devem reduzir a dose de ruído para os usuários. Afirma que os protetores

auditivos funcionam como uma barreira acústica. Desta maneira, a onda sonora que chega no

pavilhão auricular sofre uma modificação, pois parte será absorvida, outra refletida e uma

quantidade transmitida, assim chega à orelha interna com uma intensidade menor.

Na Legislação Brasileira, conforme a Portaria 3214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego,

no tocante ao equipamento de proteção individual, é obrigação da empresa fornecer aos

empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em

perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção aos riscos, acidentes e danos à saúde dos empregados (SOUZA,

2003).

A NR-6, conforme ANEXO 2, regulamenta os equipamentos de proteção individual. Nesta

norma encontram-se todas as situações em que se faz necessário o uso de protetores auditivos,

bem como as obrigações do empregador e do empregado. Recomenda o uso do equipamento

25

de proteção individual enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo

implantadas. A norma orienta o empregador para adquirir o tipo adequado de protetor

auditivo necessário à atividade do empregado. A norma refere que o trabalhador deve ser

treinado sobre o uso correto e adequado do protetor auditivo (DIDONÉ, 2004).

Para Behar (1998) os protetores auditivos são o meio mais comum empregado para controlar

a exposição a níveis elevados de ruído. Refere que duas características são importantes em um

protetor: a atenuação e o conforto; a primeira é normatizada e a segunda também é muito

importante, mas ainda não existe uma preocupação oficial.

O autor questiona os dados referentes à atenuação, com relação à sua validez na vida real; e o

uso dos resultados que assegurem que o trabalhador esteja realmente protegido dos níveis

perigosos de ruído (DIDONÉ, 2004).

Santos (1996) ressalta a importância da indicação do protetor, a qual deve ser precisa. Sugere

que a avaliação dos níveis de ruído seja realizada por bandas de freqüências, o que auxiliará

nas indicações do protetor.

O ruído de alta freqüência pode ser refletido por superfícies duras. Este tipo de ruído,

conforme Santos (1996), não contorna obstáculo, portanto materiais rijos são eficazes para

proteção contra ruídos de alta freqüência, os mais prejudiciais, que causam maiores danos

para a saúde do trabalhador. Enquanto o ruído de baixa freqüência é irradiado

aproximadamente num mesmo nível em todas as direções, ele contorna obstáculos e passa

através de orifícios sem perder intensidade e continua seu deslocamento em todas as direções.

Didoné (1999) refere à importância dos protetores auditivos como solução não definitiva; a

autora esclarece a necessidade de medidas que atenuem o ruído na fonte, mas enquanto estas

estejam sendo tomadas, os protetores são medidas viáveis, embora tenham características

intrínsecas como pouco conforto, dificuldade de comunicação e outras.

No Brasil, a atenuação de ruído por meio de protetores deve ser medida em laboratório

credenciado pelo INMETRO e MTE. O método internacional mais usado para medição é

baseado nas normas da ISO 4869-1/90 e da ANSI S 12.6/97, é o REAT – Real Ear

Attenuation at Threshold (Atenuação real do ouvido). A mensuração, que é realizada em

câmara acústica qualificada, é baseada na determinação do limiar auditivo de 10 indivíduos

otologicamente normais, nas freqüências de 125, 250, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 6000, e

26

8000 Hz, com e sem protetor auditivo, repetindo a avaliação três vezes; a diferença entre as

medidas é a atenuação do protetor (DIDONÉ, 2004).

O Número Único de Redução de Ruído (NRR) é obtido através de ensaios em laboratório,

usando o método REAT, fornecido pelo fabricante. A diferença nos resultados de laboratório

e de campo deve ser levada em consideração, sendo recomendado reduzir os valores de NRR,

conforme NIOSH (Ocupational Noise Exposure – 1998), para os diferentes tipos de

protetores, multiplicando o NRR fornecido pelo fabricante para os tipos concha por 0,75; para

os tipos plugue de espuma expandida, multiplicar o NRR por 0,50; e para outros protetores

tipo plugue multiplicar por 0,30 (DIDONÉ, 2004).

Gerges (2003) sugere que, quando for o protetor a única solução, na seleção dele deve-se

considerar todos os fatores relacionados, que incluem desde as técnicas de sua utilização

como o conforto, aceitação do usuário, custo, durabilidade, estabilidade química,

comunicação, segurança e higiene. Gerges (1998) concluiu que os protetores auditivos não

fornecem a proteção adequada devido ao desconforto oferecido por este. Justifica que em

função disto, o trabalhador não usa o protetor o tempo todo, tirando-o para conversar, para

aliviar o aperto, para coçar os ouvidos, etc. Apontou a falta de conhecimento na colocação do

protetor, principalmente o tipo plugue. O autor explica que se um trabalhador usar protetor

auditivo com NRR-20 dB por 5 horas, caso trabalhe em um ambiente de 100 dB(C), retirando

as outras 3 horas para aliviar o aperto, coçar a orelha, etc., a atenuação cairá para 4,2 dB e o

trabalhador ficará exposto a 95,8 dB, sendo ineficiente esta proteção.

Behar (1998) comenta que, provavelmente o problema mais sério derivado do uso do protetor

auditivo é a falta de conforto. Relatando que não inventaram nenhum teste para conforto, que

seja universal para ser incluído em uma norma. Ainda salienta que a única recomendação que

se pode fazer neste sentido, é que sejam oferecidos diferentes protetores auditivos, para que os

usuários depois de experimentá-los façam a sua escolha.

Gerges (2000) concorda e refere que nas situações industriais, o conforto e durabilidade são

os fatores mais importantes, considerando que a atenuação é razoável. A falta do

cumprimento das leis com relação ao uso do protetor se deve, conforme Alves (1998) ao

desconforto e ao incômodo provocado por este. Conforme resultado da pesquisa deste autor,

estes fatores são apontados por 46,44% dos engenheiros do trabalho.

27

Gerges (2003) pontua alguns problemas encontrados no uso de protetores auditivos e afirma

que a falta de higiene pode provocar irritações e até infecções na orelha externa. Tampões

devem ser sempre guardados limpos, colocados com a mão limpa. Outro efeito negativo é na

compreensão da fala, que depende do nível de pressão sonora no ambiente. Em ambientes

com NPS em torno de 95dB(A) a atenuação dos protetores não interfere, podendo até

melhorar a inteligibilidade da comunicação, beneficiando-se da competição vocal com o ruído

ambiente. Os sinais de alarme sonoros podem não ser percebido pelo trabalhador, em função

do ruído e da proteção; é preciso modificar, adaptar para sinalização colorida e luminosa

(DIDONÉ, 2004).

2.3.2.1 Reconhecimento de fala com protetores auditivos em presença de ruído de fundo

Gierke e Eldred (1997) discutem o efeito do ruído no homem, abordando a interferência na

comunicação verbal, o que pode ser uma fonte de incômodo, pois cria indesejável ambiente

para se viver. O principal efeito de intrusão de ruído na voz não é mascarar o som da palavra e

assim diminuir a inteligibilidade. Obter-se-á inteligibilidade da palavra se o ruído não

mascarar os sons da fala e seu espectro não coincidir com o da fala. Outros fatores podem

diminuir a compreensão, como a acústica do ambiente e a audição do ouvinte.

Para realização dos testes de inteligibilidade da fala Schochat (1996) apresenta os

monossílabos sem sentido como o melhor indicador para inferir no desempenho auditivo em

situações naturais de comunicação, tanto na presença de ruído de fundo como no silêncio.

As respostas ao teste de inteligibilidade de fala na presença de ruído podem ser diferentes

dependendo do tipo de perda auditiva. Bauman et al. (1986) testaram a discriminação de

palavras, com e sem protetores e com presença de ruído. A amostra foi composta por sujeitos

que apresentavam audição normal e perda auditiva neurossensorial em alta freqüência. Os

resultados dos testes foram melhores para os de audição normal tanto com, como sem o uso

do protetor auditivo. Sendo que o número de acertos caiu significativamente com o uso do

protetor auditivo.

Berger (2002) afirma que a discriminação de fala com e sem protetores auditivos está

relacionada com a intensidade do ruído, isto é, quanto mais fraco o ruído maior a dificuldade

e quanto mais forte (acima de 85 dB (A)) mais facilitada é a compreensão dos sons da fala,

28

principalmente em indivíduos que apresentam audição normal. O autor também concluiu que

quanto maior a atenuação do protetor, maior a dificuldade da discriminação da fala em baixos

níveis de som.

Behar (1998) explica que nestes ambientes o comunicador eleva a voz, beneficiando quem

está com o protetor auditivo. Também concluiu que a inteligibilidade de fala em ouvintes

normais, usuários de protetor auditivo, aumenta em ambientes ruidosos.

Assim como a inteligibilidade de fala é necessária no ambiente de trabalho a percepção dos

sons de alerta em algumas profissões podem ser tanto quanto ou mais importante para o

desempenho de atividades e tomada de decisão. Wilkins et al. (1995) com esta preocupação

analisaram a percepção destes sons de alerta com e sem o uso de diferentes tipos de protetores

auditivos, em presença de ruído, entre eles o plugue. Utilizaram diversos sons de alerta e

concluíram que o uso do protetor não tem efeito negativo na compreensão destes em qualquer

condição de ruído. A audibilidade melhora quando o ruído é mais forte (DIDONÉ, 2004).

2.3.3 Medidas de Proteção Coletiva

As medidas de proteção coletiva reduzem, efetivamente, os níveis de ruído do ambiente.

Embora sempre desejável, a adoção de medidas de proteção coletiva envolve, muitas vezes,

complexas questões tecnológicas e econômicas (SOUZA, 2003).

As alterações na fonte de ruído, o enclausuramento total ou parcial de máquinas e processos, a

instalação de silenciadores em dutos e aberturas e a redução da reverberação do ambiente são

medidas de proteção coletiva (SOUZA, 2003).

Tradicionalmente se utilizam medidas de proteção coletiva baseadas no controle de ruído

passivo. Nos últimos anos, pesquisou-se também o controle de ruído ativo, que ainda se

mostra inviável comercialmente para a grande maioria dos problemas, devido às dificuldades

tecnológicas e econômicas, bem mais difíceis de serem resolvidas do que as encontradas no

controle passivo (SOUZA, 2003).

Parece lógico, e a própria norma ISO 11690-1 recomenda, que as fontes sonoras sejam

identificadas e o ruído produzido por elas seja cuidadosamente avaliado, como primeiro passo

para a adoção de medidas de controle de ruído (SOUZA, 2003).

29

Dessa forma, a seleção das medidas a serem adotadas e a confecção dos respectivos projetos

podem ser feitas com otimização técnica e econômica. As estratégias de controle de ruído

colocam-se dentro de um assunto abrangente e muitas vezes complexo. Este é o assunto de

que trata efetivamente a engenharia de controle de ruído (GOELZER et al., 2000).

No ambiente de trabalho, o aumento de ruído de fundo caracteriza o aumento do limiar de

audibilidade do empregado. Casali (1996) afirma que com isso poderá ouvir somente ou

talvez nenhum dos sons necessários para uma inteligibilidade satisfatória. Além disso, altos

níveis de ruído interferem na concentração, podendo causar maiores taxas de erros e

acidentes.

Autores como Santos (1996) e Gerges (1998) sugerem medidas de controle ambiental e

organizacional iniciando pelas medidas de engenharia a fim de reduzir na fonte ou na

transmissão o nível do ruído. Santos (1996) apresenta as possíveis intervenções para controle

do ruído, citando que a primeira medida deve ser através de uma intervenção na fonte

emissora, eliminando máquinas ou substituindo por outras mais silenciosas. Outras

intervenções são redução de concentração de máquinas e modificação do ritmo de

funcionamento da máquina.

O enclausuramento integral ou parcial de máquinas, barreiras, silenciadores, tratamento

fonoabsorvente e suportes anti-vibrantes são citados por Gerges (2000) como outras medidas

de controle ambiental. Os autores são unânimes em afirmar que a última intervenção deve ser

no trabalhador; quando for inevitável, deve ser através de redução do tempo de exposição,

isolamentos em cabinas silenciosas e equipamento de proteção individual (DIDONÉ, 2004).

2.3.4 Medidas de controle na indústria

Os métodos de controle de ruídos podem ser divididos em 3 grupos (KNUTH, 2001):

− Controle sobre a fonte emissora: aumento na distância entre o empregado e

fonte, redução do número de fontes de ruído num mesmo local, substituição

por máquinas mais silenciosas, manutenção preventiva, alteração na fonte.

− Controle na transmissão: pode ser direta (por barreiras, silenciadores e

revestimentos) e indireta (por reflexão).

30

− Controle sobre o empregado: redução do tempo de exposição, uso de

protetores auriculares e controle médico periódico.

2.3.5 Ambiente de trabalho

Frankenfeld (1990) ressalta que os conceitos de produção e produtividade são diferentes.

Enquanto a produção refere-se a determinada quantidade de produto, obtido em certo

intervalo de tempo, a produtividade avalia a eficiência e a eficácia dos fatores de produção

utilizados. A evolução das empresas no campo da ciência administrativa é sempre resultante

da adoção de novos princípios de organização, onde a utilização dos recursos materiais e

humanos disponíveis se desenvolve segundo uma combinação ótima, possibilitando o

incremento da produtividade, que se reflete tanto na quantidade como na qualidade dos

produtos obtidos. Como melhorias na utilização de aspectos técnicos e materiais pode-se

destacar: controle de qualidade, estudo de postos de trabalho, utilização da mão-de-obra,

ambiente físico de trabalho, higiene e segurança do trabalho, entre outros. Como melhorias

decorrentes de aspectos humanos pode-se citar: recrutamento e seleção, treinamento de

pessoal, identidade entre o homem e seu trabalho, as relações humanas, a comunicação

(vertical e horizontal), assistência social, motivação para o trabalho, critérios para definir

salários e incentivos diversos.

2.3.6 Efeitos não auditivos do ruído industrial

A poluição sonora hoje é tratada como uma contaminação atmosférica através da energia (energia

mecânica ou acústica). Tem reflexos em todo o organismo e não apenas no aparelho auditivo.

Ruídos intensos e permanentes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o

humor e a capacidade de concentração nas ações humanas (KNUTH, 2001).

Em casos de estresse crônico (permanente) nos trabalhadores, têm sido constatados efeitos

psicológicos, distúrbios neurovegetativos, náuseas, cefaléias, irritabilidade, instabilidade

emocional, redução da libido, ansiedade, nervosismo, hipertensão, perda de apetite,

sonolência, insônia, aumento de prevalência da ulcera, distúrbios vitais, consumo de

31

tranqüilizantes, perturbações labirínticas, fadiga, redução de produtividade, aumentos dos

números de acidentes, de consultas médicas e do absenteísmo (KNUTH, 2001).

As reações na esfera psíquica dependem das características do agente, do meio, e das

condições emocionais do hospedeiro, no momento da exposição. As reações podem

manifestar-se através de irritabilidade, ansiedade, excitabilidade, desconforto, medo, tensão e

insônia (KNUTH, 2001).

Tem sido observado que em certos tipos de atividades, como as de longa duração e que

requerem contínua e muita atenção, um nível acima de 90dB afeta desfavoravelmente a

produtividade, bem como a qualidade do produto. Calcula-se que um indivíduo normal

precisa gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa, sob efeito de

um ruído perturbador intenso (KNUTH, 2001).

Um dos efeitos do barulho facilmente notados é sua influência sobre a comunicação oral. O

barulho intenso provoca o mascaramento da voz. Este tipo de interferência atrapalha a

execução ou o entendimento de ordens verbais, a emissão de avisos de alerta ou perigo e pode

ser causa indireta de acidentes. Em locais com muito ruído, há muitas vezes, o problema de

interferência com os sinais de alarme, o que pode ocasionar sérios acidentes (KNUTH, 2001).

Segundo Seligman (1993), vários autores têm se referido aos efeitos não-auditivos que o

organismo pode sofrer sob a ação de ruído intenso. No entanto, ressalta que não é fácil isolar

o ruído como único responsável por tais efeitos. Em geral, outros agentes ambientais

concorrem no mesmo sentido e existe quase uma impossibilidade de caracterizar o quadro

clínico como conseqüência de exposição a sons intensos.

Além dos transtornos específicos da audição, como o zumbido, o autor ainda relata alterações

comportamentais e na comunicação. Comportamentais como: mudança da conduta e do

humor, cansaço, falta de atenção e concentração, insônia e inapetência, cefaléia, redução da

potência sexual, ansiedade, depressão e estresse. Na comunicação, a deficiência auditiva

associada ao ruído, proporciona o isolamento social do indivíduo durante o trabalho, com

graves conseqüências em sua natureza interativa.

32

2.3.7 Aspectos psicossociais

Trabalhadores com deteriorização auditiva têm, sabidamente, problemas de comunicação.

Seguramente, esta circunstância interfere, de maneira marcante, nas interações familiares, nas

atividades de lazer, na vida social e, obviamente, no ambiente de trabalho (SELIGMAN,

1993).

A necessidade de grande concentração e esforço para seguir um grupo de conversação torna-

se opressiva, o doente participa menos em grupo, torna-se menos comunicativo e afasta-se das

atividades sociais, podendo mesmo mudar seu estilo de vida (SELIGMAN, 1993).

Estas condições geram stress e ansiedade e não raras vezes o isolamento, a solidão, depressão

e perda da autonomia. O paciente assume uma auto-imagem negativa e este conjunto de

fatores termina por reduzir drasticamente sua qualidade de vida (SELIGMAN, 1993).

2.4 Perda auditiva

Segundo Mello (1999), qualquer redução na sensibilidade auditiva é considerada perda

auditiva, que é definida como uma perda ou diminuição da acuidade auditiva. A perda

auditiva de um indivíduo pode ser causada, isoladamente ou em combinação, por quatro

fatores:

– Presbiacusia – é a inevitável perda auditiva relacionada com a idade;

– Nosoacusias – patologias otológicas ou condições médicas que afetam a

audição;

– Socioacusia – perda que não se limita à provocada pelo trabalho, mas que é

induzida pelo ruído não ocupacional (serviço militar, lazer e esporte);

– Perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional – relacionada ao trabalho, é

uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição

contínua a níveis elevados de pressão sonora.

33

Para o diagnóstico das alterações auditivas decorrentes de exposição a ruído é necessário

considerar os dados de história laboral – o tempo de trabalho em ambiente sadio ou

possivelmente ruidoso, as funções e atividades que o trabalhador desempenhou e/ou

desempenha, os dados da anamnese clínica, presença de zumbidos e dificuldade em

compreender certas palavras, principalmente na presença de ruído de fundo. Com base nestes

dados devem ser solicitados diversos exames complementares que auxiliam na caracterização

do diagnóstico. É necessário lembrar que a realização de exames diagnósticos possui valor

limitado se desvinculados de um programa de conservação auditiva (SANTOS, 1999).

A perda auditiva permanente tem sido conhecida popularmente como “PAIR” (perda auditiva

induzida por ruído); se esse ruído é sabidamente ocupacional, alguns têm então chamado de

“PAIRO” (perda auditiva induzida por ruído ocupacional). O maior impacto da hipoacusia

(diminuição da capacidade de audição) é exatamente sobre a habilidade de comunicação, o

que pode afetar a qualidade de vida do trabalhador. A PAIR ainda não é considerada como

reversível sob nenhum tratamento clínico ou cirúrgico, embora algumas técnicas cirúrgicas

estejam sendo experimentadas (SALIBA, 2001).

A perda auditiva é mensurada determinando-se liminares auditivos em várias freqüências

através do exame conhecido como “audiometria”. Este é também o exame usado em

programas de conservação auditiva para determinar se a proteção contra o ruído está sendo

adequada – entenda-se proteção como sendo o conjunto das ações individuais e coletivas

acerca do ruído (SALIBA, 2001).

Gabas (2004), esclarece que a audiometria funciona como um “guia de detecção e tomada de

ações corretivas” não apenas documentando a perda auditiva, se houver, e sim avaliando e

acompanhando cada caso. É importante lembrar que as audiometrias, somente, não previnem

perda auditiva, mas as análises dos resultados obtidos através das audiometrias podem

prevenir.

De acordo com a Resolução 1795/97, do Conselho Federal de Medicina; Resolução 190, do

Conselho Federal de Fonoaudiologia e Portaria nº.19/98, do Ministério do Trabalho, a

audiometria só poderá ser executada por fonoaudiólogo ou médico, devidamente registrados

em seus conselhos profissionais.

A PAIR pode acarretar ao trabalhador alterações importantes que interferem na sua qualidade

de vida. São elas: a incapacidade auditiva (hearing disability) e a desvantagem (handicap). A

34

incapacidade auditiva refere-se aos problemas auditivos vivenciados pelo indivíduo com

relação à percepção da fala em ambientes ruidosos, televisão, rádio, cinema, teatro, sinais

sonoros de alerta, música e sons ambientais. A desvantagem, por sua vez, relaciona-se às

conseqüências não auditivas da perda, influenciada por fatores psicossociais e ambientais.

Dentre elas destacam-se estresse, ansiedade, isolamento, e auto-imagem pobre, as quais

comprometem as relações do indivíduo na família, no trabalho e na sociedade, prejudicando o

desempenho de suas atividades de vida diária (INSS, OS 608/98).

Hètu et al (1990) relacionam uma série de desvantagens psicossociais a que o trabalhador

portador de PAIR está sujeito, como a de ter repercussão na conversação, a de sofrer no

ambiente social e familiar, pois ocorre isolamento, participação reduzida nas atividades de

lazer, incômodo gerado aos familiares (necessidade de aumento do volume do TV, etc),

satisfação reduzida e qualidade de vida limitada (DIDONÉ, 2004).

Saliba (2001) considera que é sempre relevante mencionar que a capacidade laborativa do

indivíduo submetido ao trabalho em ambiente ruidoso raramente estará comprometida,

mesmo na vigência de PAIR – sua convivência social é que poderá estar sobretudo

prejudicada.

2.4.1 Tipos de perdas auditivas

De acordo com sua etiologia, as perdas auditivas podem ser condutivas, sensorioneurais e

mistas. As perdas condutivas são aquelas que resultam de patologias que atingem a orelha

externa e/ou média, reduzindo, dessa forma, a quantidade de energia sonora a ser transmitida

para a orelha interna. As perdas auditivas sensorioneurais são aquelas que resultam de

distúrbios que comprometem a cóclea ou o nervo coclear. As perdas auditivas mistas são

aquelas em que aparecem componentes condutivos e sensorioneurais em uma mesma orelha

(MELLO, 1999).

A utilização de um critério para classificação das perdas auditivas ocupacionais é desejável,

uma vez que facilita a obtenção de dados para análise epidemiológica da doença,

monitoramento pessoal da situação auditiva, prevenção do aparecimento e evolução das

perdas auditivas, para registro dos casos considerados como doença profissional e avaliação

da eficácia de programas de conservação auditiva (SANTOS, 1999).

35

2.4.2 Classificação das perdas auditivas

Davis e Silvermamm (1978) apud Mello (1999), propuseram uma classificação da perda

auditiva, levando em consideração o grau, como:

0-25dB Audição normal

26-40dB Perda auditiva leve

41-70Db Perda auditiva moderada

71-90dB Perda auditiva severa

Mais de 90 dB Perda auditiva profunda

2.4.3 Conseqüências e características da perda auditiva

Lemes e Simonek (1996) estabeleceram uma relação, apresentada a seguir, de algumas

características e comportamento observáveis nos indivíduos para diferentes graus de perda

auditiva.

– Pessoas com dificuldade de ouvir sons baixos, como sussurro, apresentam

perda auditiva de grau leve.

– Quando há dificuldade de ouvir sons de média intensidade, os indivíduos

geralmente aumentam o volume da tevê ou rádio, falam mais alto que os

demais e frequentemente pedem para repetir o que foi dito; nestes casos, pode

estar presente uma perda da audição de grau moderado.

– Pessoas que têm dificuldade para ouvir sons baixos e médios, que necessitam

de um estímulo médio-alto para captar a mensagem, apresentam uma perda de

audição acentuada; este é o caso do idoso que coloca a mão na orelha

enquanto o falante grita a mensagem.

– Indivíduos que apresentam perda auditiva de grau severo só conseguem ouvir

sons de alta intensidade, como buzina ou uma porta batendo.

– Há pessoas que têm consciência do mundo sonoro, podendo reagir apenas para

sons muito altos, como tiro de revólver ou barulho de um avião; estes

indivíduos são portadores de uma perda auditiva de grau profundo.

36

2.5 Programa de Conservação Auditiva – PCA

A implantação de um PCA é indicada sempre que o trabalhador estiver exposto a um NPS no

ambiente de trabalho igual ou superior a 85dB (NA) por 8 horas. As perdas auditivas

adquiridas em um ambiente de trabalho podem ser causadas pelo NPS elevado e também pela

exposição a determinados produtos químicos (FIORINI, 2001).

Para Glorig (1980), a conservação auditiva consistia em preservar a audição normal ou a

audição residual dos trabalhadores. A implantação do PCA deveria ser precedida do

envolvimento do empregado e do empregador nas questões referentes ao ruído e à saúde.

Segundo Gerges (1992), a área de conservação auditiva tem um sentido amplo por

compreender um meio de se prevenir o dano ao sistema auditivo. Assim um Programa de

Conservação Auditiva, não consiste apenas em disponibilizar equipamentos de proteção

auditiva, mas, sim, em um conjunto de medidas que deveriam ser implementadas, a saber:

mapeamento do ruído, indicação das áreas de riscos de ruído e avisos de alerta, controle de

ruído, proteção da audição, educação, treinamento e programa de testes audiométricos.

Suter (1993) afirmou que a necessidade de um PCA efetivo foi determinada a partir da

constatação de que o ruído ocasiona um dos mais freqüentes problemas ocupacionais, a PAIR.

Os efeitos do ruído no organismo vão além da perda auditiva, mostrando uma razão adicional

para a proteção do trabalhador, indicando a importância da implantação de um PCA.

Azevedo et al. (1994), definiram o PCA como um conjunto de medidas desenvolvidas com o

objetivo de prevenir a instalação ou progressão da PAIR. As fases destes programas vão desde

a avaliação do local de trabalho (mapeamento de ruído), controle ou redução dos níveis

sonoros, avaliação audiológicas com periodicidade predeterminada, até a devolutiva dos

resultados dos exames para os trabalhadores.

Franks Jr et al. (1996), relataram que a perda auditiva ocupacional é um dos mais importantes

problemas de saúde da atualidade. Tal problema poderia ser reduzido, e talvez eliminado, por

meio da implantação de um programa de prevenção de perdas auditivas ocupacionais. Tal

programa consiste em oito etapas básicas: gerenciamento da exposição ao(s) risco(s), controle

administrativo e de engenharia, gerenciamento audiométrico, uso de proteção individual,

educação e motivação, comunicação entre a equipe, evolução das etapas e, finalmente,

auditoria do programa.

37

2.5.1 Implementação do controle da conservação auditiva

No Brasil, o PCA está previsto tanto na Norma Regulamentadora 9 da Portaria nº. 3214,

quanto na Portaria 19 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Isto implica em ações de

vigilâncias tanto sanitária (PPRA – Programa de Prevenção de Risco Ambiental) quanto

epidemiológico (PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional). Dentre

todas as etapas do PCA destaca-se o gerenciamento audiométrico como base fundamental. O

destaque deve-se, primeiramente, ao fato de que a audiometria é o único teste de avaliação

auditiva para todos os trabalhadores expostos ao ruído exigido por lei no país. Além disso, a

caracterização da situação auditiva dos trabalhadores representa tanto o ponto inicial para

determinar-se a necessidade e as estratégias do PCA, quanto um instrumento de avaliação da

eficácia do programa (FIORINI, 2001).

A autora acima esclarece que o PCA implica o estabelecimento de um sistema de

gerenciamento a ser incorporado no sistema geral da empresa. Assim, torna-se fundamental a

definição dos seus objetivos. Quanto ao objetivo geral, tem-se a criação e manutenção do

compromisso de todos os níveis hierárquicos da empresa (setores administrativo, técnico e

produção). Quanto aos específicos, têm-se as etapas, a seguir enumeradas, a serem

padronizadas: designação de responsabilidades; avaliação, gerenciamento e controle dos

riscos; gerenciamento audiométrico. A designação de responsabilidade é a etapa inicial que

garante a atribuição de responsabilidade para cada membro da equipe. Cada empresa possui

características peculiares em seu ambiente de trabalho. Sendo assim, a equipe de higiene

ocupacional e segurança do trabalho é responsável pelas avaliações quantitativa e qualitativa,

estabelecendo quais são os riscos e a magnitude da população exposta. Decorrente disso serão

determinadas as possíveis medidas administrativas e/ou de engenharia, para o controle e

gerenciamento do(s) risco(s). Esta etapa é importante para o reconhecimento e caracterização

da exposição, devendo ser freqüentemente atualizada.

As ações de vigilância sanitária e epidemiológica devem ser simultâneas e correlacionadas

para que alcancem os objetivos do PCA. Apesar do programa compreender etapas básicas, no

decorrer de sua implementação provavelmente surgirá a necessidade de criação de

subprogramas complementares e fundamentais para atingir todas as metas. Tais

subprogramas decorrerão da realidade do cotidiano dos trabalhadores, bem como das

condições específicas do ambiente de trabalho, podendo estar relacionado à educação

38

ambiental (investigação e orientação acerca das exposições extra-ocupacionais a ruído e

outros agentes), ou à proteção individual (ações direcionadas à seleção, indicação, adaptação e

acompanhamento do uso de protetores auditivos).

Figura 1: Organograma das vigilâncias sanitária e epidemiológica no PCA.

Em 1994, Fiorini definiu os seguintes propósitos do gerenciamento audiométrico:

– Estabelecer o audiograma de referência de todos os trabalhadores (este

audiograma servirá como base de comparação para os periódicos);

– Identificar a situação auditiva (audiogramas normais e alterados) de cada

trabalhador, fazendo o acompanhamento periódico;

– Identificar os indivíduos que necessitam de encaminhamento para o médico

otorrinolaringologista, com o objetivo de diagnóstico otológico e conduta;

– Alertar os trabalhadores sobre os efeitos do ruído e de outros agentes, bem

como fornecer os resultado de cada exame;

– Realizar análise da mudança significativa do limiar auditivo nas audiometrias

seqüenciais visando a identificar desencadeamento e/ou agravamento de

perdas auditivas;

– Realizar acompanhamento individual e coletivo dos exames audiométricos;

– Contribuir significativamente para a implantação e eficácia do PCA.

Santos (1999) destaca as medidas de controle ambiental como sendo medidas de engenharia

que, introduzindo modificações ou mudanças nos equipamentos, alterações na emissão de

ruído na fonte ou na transmissão, reduzem o nível de ruído que atinge o ouvido do

Risco � Antecipação � Reconhecimento � Avaliação � Controle

Efeito � Avaliação Auditiva � Gerenciamento

audiométrico � Investigação clínica

Vigilância Sanitária

Vigilância epidemiológica

39

trabalhador. As medidas organizativas são medidas que têm como objetivo alterar o esquema

de trabalho ou das operações, produzindo redução da exposição.

Ainda Santos (1999) relata que os aspectos educativos devem ser considerados tendo como

objetivo o conhecimento pelo trabalhador dos riscos à exposição e das medidas de controle

ambiental, organizativas e de pessoal. O conhecimento e o envolvimento na implantação das

medidas são essenciais para o sucesso da prevenção da exposição e seus efeitos.

2.5.2 Avaliação da eficácia e eficiência do PCA

Santos (1999) relata que para se alcançar os objetivos do PCA é necessário que sua eficácia

seja avaliada sistemática e periodicamente. Deve-se avaliar os aspectos básicos: avaliação da

perfeição e qualidade dos componentes do programa; avaliação dos dados do exame

audiológico e opinião dos trabalhadores.

Segundo o mesmo autor, para cada um desses três itens devem ser desenvolvidos e

especificados tantos aspectos quanto se desejar para atingir o objetivo desejado, qual seja, o

de avaliar a eficácia e eficiência do PCA.

Santos (1996) aborda os aspectos educativos nos programas de conservação auditiva,

orientando que estes devem objetivar o conhecimento pela gerência e pelos trabalhadores dos

riscos da exposição a níveis elevados de pressão sonora e das medidas do controle, ambiental,

organizacional e de pessoal.

Casali (1996) afirma que para implantar esse item do programa, que para os estadunidenses é

considerado o mais importante e trabalhado exaustivamente, é necessário desenvolver

atividades tanto junto ao setor administrativo como junto aos operários. É preciso esclarecer

que o sucesso do programa depende do envolvimento de todos, mostrando para a

administração, que é necessário cumprir todas as etapas de um programa, que o PCA não é

despesa e sim investimento, e que só fazer audiometrias e entregar EPIs não é o suficiente.

Kwitko (1998) afirma que é necessário demonstrar que existe retorno em aumento de

produtividade, qualidade com menor desperdício, pois diminuirão os riscos com

reclamatórias, e com isso o cumprimento da legislação se fará adequadamente.

40

O objetivo final de um programa de conservação auditiva é reduzir o número de perdas

auditivas causadas por níveis de pressão sonora elevados, e evitar a progressão das já

existentes. Para isso, Kwitko (1996) refere que, em um programa de conservação auditiva, os

resultados só serão confiáveis, depois de 2 a 3 anos da implantação, isto porque as perdas

auditivas ocorrem lentamente.

O programa também tem como objetivo prevenir os efeitos extra-auditivos, aspectos também

causados pelo ruído como estresse, gastrite, insônia, etc., porém ao contrário da perda

auditiva, tem sua melhora avaliada em dias (ROYSTER, 1992).

Ibañez (1997) recomenda um coordenador no PCA a fim de que este seja avaliado sistemática

e periodicamente, através de reuniões com os diferentes grupos, desde os diretores,

administradores, encarregados aos operários.

Santos (1996) recomenda que a avaliação deve consistir de exame da perfeição e qualidade

dos componentes do programa; bem como dos dados do exame audiológico e opinião dos

trabalhadores.

Conforme o autor, uma cuidadosa avaliação da efetividade do PCA é necessária, para saber o

que está realmente acontecendo. Essa avaliação não deve restringir-se em cumprir a lei e

normas, mas verificar se a audição está sendo conservada e se os efeitos extra-auditivos estão

diminuindo ou desaparecendo. Porque mesmo com todos os cuidados e boas intenções,

cumprindo todas as fases do programa, pode-se não alcançar os objetivos propostos. A ênfase

na cultura de qualidade, produtividade e segurança da empresa levam ao aprimoramento

contínuo de todos os processos de produção (DIDONÉ, 2004).

2.5.3 Emissão e Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT

Todos os casos de diagnóstico de perda auditiva sensorioneural por exposição continuada a

níveis elevados de pressão sonora ocupacional devem ser objeto de emissão de CAT pelo

empregador, com o devido preenchimento do Laudo de Exame Médico (LEM) ou relatório

médico equivalente, assinado pelo médico do trabalho da empresa, médico assistente (serviço

de saúde público ou privado), isto é, o médico que firmou o diagnóstico com descrição da

atividade para fundamentar o nexo técnico, o exame audiométrico, o estado clínico e a

sugestão da necessidade ou não de afastamento. A perda auditiva sensorioneural na exposição

41

continuada a níveis elevados de pressão sonora, na grande maioria dos casos, não acarreta

incapacidade para o trabalho. O trabalhador deve ter sua PAIRO notificada para fins de

registro e vigilância e não necessariamente do afastamento de suas funções laborativas. O

ambiente de trabalho e o tempo de exposição em nível de pressão sonora elevado devem ser

controlados de modo que o trabalhador possa dar continuidade às suas funções sem prejuízo

adicional à sua saúde (INSS, OS 608/98).

2.6 Panorama do crescimento da indústria têxtil no Brasil

As indústrias têxteis brasileiras vêm passando por várias transformações na produção, no que

se refere à modernização tecnológica do seu parque industrial, na busca de novas matérias-

primas, na melhoria da qualidade, na racionalização de energias, no desenvolvimento de

produtos pioneiros para o mercado e na excelência de sua mão-de-obra direta e

administrativa. Todos estes esforços têm um único objetivo: reduzir custos para ganhar

competitividade no mercado mundial. Segundo o presidente da ABIT (Associação Brasileira

das Indústrias Têxteis), Paulo Skaf, nesses últimos seis anos foram investidos US$ 6 bilhões

na automação da cadeia têxtil brasileira. Graças a estes investimentos, tem-se hoje um grau de

automação, de tecnologia e de modernidade comparável a muitas fábricas no exterior, mas

pelo tamanho do setor no Brasil, ainda há muito o que fazer. Paulo Skaf, afirma que, 95% dos

tecidos que circulam no mercado já são fabricados com máquinas modernas. Entretanto, o

setor de confecção foi o que menos investiu. A fiação, tecelagem e malharia, são setores em

que estão atualizados; já o beneficiamento e a confecção são duas áreas em que os

investimentos devem ser priorizados (KNUTH, 2001).

A estrutura da gestão na indústria têxtil tem mudado muito nos últimos anos tendo em vista

que os problemas conjunturais no Brasil ainda não terminaram e que o Custo Brasil continua

onerando o produtor, como por exemplo, as altas taxas de juros, dificuldades de crédito, etc.

A indústria têxtil, independente destes problemas, e, apesar das dificuldades, procurou reagir.

A realidade é que hoje tem-se um programa de exportação. Durante os quatros anos do Plano

Real, contra uma inflação de 60%, o câmbio ficou praticamente estável, tirando a

competitividade da indústria nacional. Outra diferença é que hoje a cadeia produtiva está

unida e organizada (talvez naquela época não estivesse). Existe uma voz afinada junto ao

governo. A verdade é que a somatória dessa união, das certificações de qualidade, qualidade

42

ambiental e dos programas de investimentos, a uma nova realidade cambial e ao bom trabalho

que as alfândegas vêm fazendo, fizeram com que a indústria têxtil desse a volta por cima. Em

1998, 35% das exportações brasileiras de têxteis foram para o Mercosul. Em compensação,

para o Mercosul, o mercado brasileiro representa 70%. Ainda segundo Paulo Skaf, com

relação à ALCA, muitos setores ainda têm receio da concorrência norte-americana, mas a

balança comercial do setor têxtil, com os EUA, tem demonstrado que o Brasil compra mais

matéria-prima daquele país e vende produtos manufaturados. Isto demonstra que, se não se

tiver alíquotas, a venda de produtos acabados brasileiros para os EUA será ainda mais

facilitada (KNUTH, 2001).

2.6.1 A indústria têxtil no Ceará

O Ceará nos últimos 16 anos vem atraindo empreendimentos empresariais de grande porte,

com oferta de energia elétrica, eólica e de gás natural, além de rodovias em bom estado de

tráfego e abastecimento de água. No que se refere à sua localização geográfica, e

considerando os continentes norte-americano e europeu, está próximo dos principais

mercados, o que favorece os negócios internacionais. A mão-de-obra é qualificada e semi-

qualificada, e o Estado oferece incentivos fiscais adequados a empresas que desejem investir

no desenvolvimento econômico e social.

É reconhecida a vocação industrial do povo cearense. Setores tradicionais como a indústria

têxtil e de alimentos fazem parte da história da sua economia. Existe um esforço do governo

do Estado para firmar parcerias com o setor produtivo. Vive-se hoje, numa sociedade do

conhecimento, na qual as relações em rede e as ações conjuntas são o alicerce de novas

realizações. Neste tocante, as parcerias público-privadas têm sido muito bem conduzidas. No

Ceará, dos investimentos previstos para o quadriênio 2003-2006, 61,5% são de natureza

privada, sendo o restante dos governos federal, estadual e municipal (ALCÂNTARA, 2004).

43

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo descreve como o estudo foi conduzido, de tal modo que permita ao leitor

compreender e interpretar os resultados, assim como reprodução do estudo e/ou a utilização

do método por outros pesquisadores.

Para Minayo (1993, p. 23), a pesquisa é uma atividade básica das ciências na sua indagação e

descoberta da realidade, constituindo-se em uma atitude e prática teórica de constante busca

que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. “É uma atividade de

aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular

entre teoria e dados”.

3.1 Classificação da pesquisa

As classificações de pesquisa em sociologia e psicologia baseiam-se, principalmente, em

métodos de pesquisa que incluem diferentes abordagens lógicas para o projeto de

investigações, assim como a escolha de uma variedade de técnicas, tais como a construção de

questionários e escalas de avaliação (SCHIAVINI, 1997).

3.2 Caracterização da pesquisa

O estudo de caso foi realizado em uma indústria têxtil que está consolidada no Ceará há mais

de vinte anos. Sua produção é destinada ao mercado nacional e internacional. Possui um

Sistema Integrado de Qualidade, Meio-Ambiente e Segurança, Saúde Ocupacional. O número

de funcionários em 2005, no período da pesquisa, era de 924 e o seu grau de risco 3 (segundo

a Classificação Nacional de Atividades Econômicas: escala de risco de 01 a 04).

44

3.2.1 Descrição do processo produtivo

A empresa do ramo têxtil localizada em Fortaleza, produz fios a partir da matéria-prima do

algodão ou sintéticas, onde o processo produtivo se inicia na área de abertura dos fardos,

sendo concluído na área de acabamento (conicaleiras e retorcedeiras). Na unidade produtiva

existe, ainda, o setor de retorção do fio.

3.2.2 Fluxograma do processo de fiação

Gráfico 1: Fluxograma do processo de fiação.

Fonte: ABIT/2007.

a) INÍCIO DO PROCESSO – DMP – Este setor é responsável pelo

recebimento, análise e armazenamento dos fardos de algodão. Os fardos são

descarregados e colocados no galpão, logo em seguida são recolhidas as

amostras de cada fardo para análise no H.V.I. Essa análise compreenderá a

verificação de algumas propriedades físicas do algodão como: resistência,

INÍCIO DO

DEPÓSITO DE MATÉRIA-PRIMA

DMP

ABERTURA MANUAL

ABERTURA AUTOMÁTICA

CARDAS

PASSADORES MAÇAROQUEIRAS FILATÓRIOS CONICALEIRAS

EMBALAGEM DEP. DE PRODUTOS ACABADOS EXPEDIÇÃO

FINAL DE PROCESSO

45

uniformidade, comprimento, tipo. Após a análise, os fardos são distribuídos às

salas de abertura.

b) SALA DE ABERTURA – O processo fabril inicia-se pelo recebimento da

matéria-prima (algodão e fibras sintéticas) para ser encaminhado ao processo

de abertura de fardos. Em seguida, as fibras são transportadas por tubulações

para as máquinas de cardagem, onde as fibras são transformadas em pavios de

algodão. Todo o sistema é automático, da sala de abertura até às cardas.

c) SALA DE FILTROS (ENSACADORES) – O processo fabril gera resíduos

decorrentes da limpeza dos flocos de algodão. Do processo de abertura de

fardos, esses resíduos são, automaticamente transportados por tubulações para

as máquinas de separação dos resíduos mais leves dos pesados. Os resíduos

mais pesados podem ser reaproveitados no processo ou retirados para descarte.

Os resíduos leves são prensados automaticamente e descartados.

d) SALA DE CARDAS – Os flocos de algodão ao passar pelo FBK é

transformado numa manta, esta manta é transformada em um véu na máquina

carda, onde ele é condensado através de um funil e transformado em fita que

será condicionada em latões, que posteriormente alimentarão os passadores.

e) SALA DE PASSADORES – A máquina Passador tem a função de estirar,

paralelizar, homogeneizar e uniformizar as fitas de cardas. Os passadores

compreendem os de primeira e segunda passagem, passam em média seis fitas

de carda por cada passagem para se obter uma tifa regular. A fita é

transportada em latões para as máquinas maçaroqueiras que reduzem a

espessura da fita para uma fita mais fina em processo de alta rotação.

f) SALA DE MAÇAROQUEIRA – A sala de maçaroqueiras compreende a

preparação final da matéria-prima na fiação convencional. Esta máquina

recebe a fita do passador, estira a mesma afinando-se. Através da estiragem e

torção a fita de segunda passagem é transformada em pavio, sendo

acondicionado em embalagem tubular denominada tubete, dando origem à

formação de maçaroca. O material processado vai para o processo seguinte:

Filatórios.

g) SALA DE FILATÓRIOS – Neste processo os pavios vindos das máquinas

maçaroqueiras são transformados pelo Filatório em fios que saem em forma de

espulas.

46

h) SALA DE CONICALEIRAS – Esta máquina tem por finalidade mudar a

embalagem do fio, para facilitar o transporte e as manipulações futuras, e

retirar todos os defeitos que possam ser inconvenientes ao fio de primeira

qualidade. São alimentados com espulas de Filatórios, sendo o fio enrolado em

forma de cone ou bobina de tamanho grande, as quais conterão, no final, fios

de diversas espulas.

i) FINAL – Os fios contidos nos conicais (rolos cônicos) são encaminhados ao

depósito de produto acabado e, depois, para a expedição de fios.

3.3 Material e método

Realizou-se, através do PCA, o levantamento estatístico dos 11 (onze) casos de PAIR

bilateral, informados ao INSS pela emissão de CATs. Os dados foram apresentados através de

tabelas, gráficos. A análise desses resultados também foi feita de acordo com as médias e as

variáveis sexo, idade, setor produtivo, tempo de função e tempo de exposição.

De acordo com o monitoramento dos exames audiométricos tem-se:

a) Resultados dos exames audiométricos segundo os padrões de normalidade;

b) classificação das alterações audiológicas segundo o tipo de perda;

c) classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o grau de perda;

d) classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o lado acometido

dos casos confirmados de PAIR através de emissão de CAT

e) classificação dos 11casos de PAIR severo/CAT segundo: o lado acometido; o

sexo; a faixa etária; o setor produtivo; a função; o tempo de função; e o tempo

de exposição.

Levantamento porcentual das respostas apresentadas ao Questionário HHIA. (NEWMAN

et al., 1990)

Foi feito um levantamento porcentual das respostas apresentadas ao questionário, conforme as

variáveis indicadas para os fatores sociais e emocionais. Esses dados foram, então,

correlacionados. Para analisar as associações e correlações entre os fatores, utilizaram-se os

47

testes estatísticos do Qui-quadrado de Friedman (χ2) e o coeficiente de correlação de Kendall.

Para todos eles fixou-se o nível de significância de 0,05.

3.3.1 Equipamentos utilizados

O monitoramento dos níveis de pressão sonora foi realizado pelo SESMT da indústria têxtil e

encaminhado para o setor de fonoaudiologia para ser anexado ao PCA. Portanto, nenhum

equipamento foi utilizado nessa pesquisa.

48

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Monitoramento audiométrico

Resultados dos exames audiométricos realizados no ano 2005.

Tabela 1: Caracterização dos 11 casos de PAIR com CAT no ano 2005 na Indústria Têxtil.

Nome do colaborador Setor NPS

(dB) Função Idade Tempo função

Tempo exposição

Data adm

Data perda

CAT / PAIR

1. JOSÉ C. DA SILVA CONIC. III 93 Op. Prod. 60 22 anos 24 anos 30/05/81 20/07/98 SIM

2. JOÃO Z. DA SILVA FILAT. III 97 Op. Prod. 63 22 anos 24 anos 22/11/82 19/09/90 SIM

3. LEONCIO P; DOS SANTOS RETORÇÃO 94 Op. Prod. 47 22 anos 29 anos 10/02/84 14/02/95 SIM

4. RICARDO A. RODRIGUES RETORÇÃO 94 Op. Prod. 56 22 anos 25 anos 24/04/84 01/12/93 SIM

5. JOÃO B. S. RODRIGUES

MAN. MEC CONIC. 93 Mecânico 42 22 anos 25 anos 24/08/84 06/08/97 SIM

6. ANT. G. BARBOSA ABERT. III 87 Op. Prod. 52 19 anos 18 anos 10/07/87 29/11/99 SIM

7. JOÃO B. DA SILVA FILAT. III 97 Op. Prod. 51 17 anos 30 anos 29/02/88 08/09/98 SIM

8. FCO. A. J. DE LIMA

MAN. MEC. MAÇAROQ. 94 Supervisor 46 11 anos 29 anos 04/09/95 18/12/96 SIM

9. FCO. A. F. LEITÃO FILAT. III 97 Supervisor 49 10 anos 25 anos 20/07/96 05/08/98 SIM

10. JOSÉ E. DE A. SALES FILAT. III 97 Op. Prod. 41 6 anos 11 anos 09/06/00 28/02/05 SIM

11. LUIZ C. LOPES FILAT. III 97 Supervisor 49 15 anos 28 anos 19/12/91 16/12/91 SIM

Tabela 2: Resultados dos exames audiométricos segundo os padrões de normalidade.

Resultado Nº % Normal 704 76 Alterado 220 24

Total 924 100

Gráfico 2: Resultados dos exames audiométricos segundo os padrões de normalidade.

76%

24%

NormalAlterado

49

De acordo com o Gráfico 2, os resultados dos exames audiométricos identificaram que dos

924 investigados, 704 (76%) estavam dentro dos padrões de normalidade e 220 (24%) tiveram

seus resultados fora dos padrões de normalidade (alterado).

Tabela 3: Classificação das alterações audiológicas segundo o tipo de perda.

Tipo de perda Nº % Sensorioneural 164 74

Condutiva/Mista 22 10 Rebaixamento em 6 e 8 KHZ 34 16

Total 220 100

Gráfico 3: Classificação das alterações audiológicas segundo o tipo de perda.

Dos 220 investigados, 164 (74%) apresentaram perda do tipo sensorioneural, 22

(10%) perda do tipo condutiva / mista, e 34 (16%) apresentaram perda do tipo rebaixamento

em 6 e 8 khz.

Tabela 4: Classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o grau de perda.

Grau da perda N.º % Leve 86 52

Moderado 60 37 Severo 11 7

Profundo 7 4 Total 164 100

74%

10%16%

Sensorioneural

Condutiva / Mista

Rebaixamento em 6 e 8 KHz

50

Gráfico 4: Classificação das perdas auditivas sensorioneurais segundo o grau de perda.

De acordo com o exposto no gráfico, 86 avaliados (52%) apresentaram perdas auditivas

consideradas leve; 60 (37%) tiveram perdas auditivas consideradas moderadas; 11 (7%)

apresentaram perdas auditivas severas; 7 (4%) tiveram perdas auditivas avaliadas como

profundas.

Tabela 5: Classificação das PAIR, segundo a faixa etária.

FAIXA ETÁRIA N.º % 40 – 49 05 45 50 – 59 04 37 60 – 69 02 18 Total 11 100

Gráfico 5: Classificação das PAIR, segundo a faixa etária.

52%37%

7% 4%

LeveModeradoSeveroProfundo

45%

37%

18%

40-49 anos50-59 anos60-69 anos

51

Entre os 11 casos PAIR, 45% têm entre 40 e 49 anos; 37% estão na faixa etária entre 50 e 59

anos de idade; 18% declararam ter entre 60 e 69 anos de idade.

Tabela 6: Classificação das PAIR com CAT, segundo o setor produtivo.

SETOR N.º % Filatório 4 37 Retorção 2 18

Conicaleira 1 9 Manutenção Mecânica 1 9

Abertura 1 9 Fiação 1 9

Maçaroqueira 1 9 Total 11 100

Gráfico 6: Classificação das PAIR com CAT, segundo o setor produtivo

De acordo com Gráfico 6, a maioria dos entrevistados (37%) pertence ao FILATÓRIO; 18%

estão lotados na RETORÇÃO; 9% pertencem ao CONICALEIRA; outros 9% são

provenientes da MANUTENÇÃO MECÂNICA; 9% são da MAÇAROQUEIRA; 9% estão

trabalhando na ABERTURA; 9% são da FIAÇÃO.

37%

18%9%9%

9%

9%9%

FilatórioRetorçãoConicaleiraManutenção MecânicaAberturaFiaçãoMaçaroqueira

52

Tabela 7: Classificação das PAIR, segundo a função.

FUNÇÃO N.º % Op. Produção 08 73

Supervisor 02 18 Mecânico 01 9

Total 11 100

Gráfico 7: Classificação das PAIR, segundo a função.

Segundo o Gráfico 7, a maioria dos casos de PAIR (73%) são operadores de

produção; 18% são supervisores; 9% são mecânicos.

Tabela 8: Classificação das PAIR, segundo o tempo de função.

TEMPO DE FUNÇÃO (ANO) N.º % 0 – 9 01 9

10 – 19 05 45 20 – 29 05 46 Total 11 100

73%

18%

9%

Op. ProduçãoSupervisorMecânico

53

Gráfico 8: Classificação das PAIR, segundo o tempo de função.

Conforme os dados apresentados pelo Gráfico 8, 46% dos casos avaliados têm entre 20 e 29

anos de trabalho na função; 45% têm entre 10 e 19 anos; 9% têm até 9 anos.

Tabela 9: Classificação das PAIR, segundo o tempo de exposição.

TEMPO DE EXPOSIÇÃO (ANO) N.º % 10 – 19 02 18 20 – 29 08 73 30 – 39 01 9 Total 11 100

Gráfico 9: Classificação das PAIR, segundo o tempo de exposição.

9%

45%

46%

0 - 910 - 1920 - 29

18%

73%

9%

10 - 19 anos20 - 29 anos30 - 39 anos

54

Quanto ao tempo de exposição ao ruído, 73% dos casos têm entre 20 e 29 anos; 18% têm

entre 10 e 19 anos e 9% têm entre 30 e 39 anos.

4.2 Questionário

NOME: ___________________________________________ DATA: ____/___/____

QUESTIONÁRIO HHIA (NEWMAN et al., 1990)

INSTRUÇÕES: O questionário a seguir contém 25 perguntas. Você deverá escolher apenas

uma resposta para cada pergunta, colocando um (X) naquela que julgar adequada. Algumas

perguntas são parecidas, mas na realidade têm pequenas diferenças que permitem uma melhor

avaliação das respostas. Não há resposta certa ou errada. Você deverá marcar aquela que você

julgar ser a mais adequada ao seu caso ou situação. Obrigada pela sua participação!

QUESTÕES SIM ÀS VEZES NÃO

S-1. A dificuldade em ouvir faz você usar o telefone menos vezes do que gostaria?

E-2. A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou sem jeito quando é apresentado a pessoas desconhecidas?

S-3. A dificuldade em ouvir faz você evitar grupos de pessoas?

E-4. A dificuldade em ouvir faz você ficar irritado?

E-5. A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ou insatisfeito quando conversa com pessoas da sua família?

S-6. A diminuição da audição causa dificuldades quando você vai a uma festa ou reunião?

E-7. A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ao conversar com os colegas de trabalho?

S-8. Você sente dificuldade em ouvir quando vai ao cinema ou teatro?

E-9. Você se sente prejudicado ou diminuído devido a sua dificuldade em ouvir?

S-10. A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando visita amigos, parentes ou vizinhos?

S-11. A dificuldade em ouvir faz com que você tenha problemas para ouvir/entender os colegas de trabalho?

E-12. A dificuldade em ouvir faz você ficar nervoso?

S-13. A dificuldade em ouvir faz você visitar amigos, parentes ou vizinhos menos vezes do que gostaria?

E-14. A dificuldade em ouvir faz você ter discussões ou brigas com a sua família?

S-15. A diminuição da audição lhe causa dificuldades para assistir TV ou ouvir rádio?

S-16. A dificuldade em ouvir faz com que você saia para fazer compras menos vezes do que você gostaria?

55

(continuação)

QUESTÕES SIM ÀS VEZES NÃO

S-17. A dificuldade em ouvir deixa você de alguma maneira chateado ou aborrecido?

E-18. A dificuldade em ouvir faz você preferir ficar sozinho?

S-19. A dificuldade em ouvir faz você querer conversar menos com as pessoas da família?

E-20. Você acha que a dificuldade em ouvir diminui ou limita de alguma forma sua vida pessoal ou social?

S-21. A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando você está em um restaurante com familiares ou amigos?

E-22. A dificuldade em ouvir faz você se sentir triste/deprimido?

S-23. A dificuldade em ouvir faz você assistir TV ou ouvir rádio menos vezes do que gostaria?

E-24. A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou menos à vontade quando conversa com amigos?

E-25. A dificuldade em ouvir faz você se sentir isolado ou “deixado de lado” num grupo de pessoas?

Quadro 1: Questionário HHIA E – emocional S – social PONTUAÇÃO:

SIM: 4 pontos

ÀS VEZES: 2 pontos

NÃO: 0 PONTO

CLASSIFICAÇÃO:

0 A 16 – não percepção de handicap

18 a 42 – percepção leve / moderada de handicap

Acima de 42 – percepção severa / significativa de handicap

OBS: As perguntas podem ser substituídas por outras do mesmo sentido (emocional ou

social) de acordo com a realidade do pesquisado.

4.3 Considerações finais sobre os resultados obtidos pelo monitoramento audiométrico e pelo questionário

Os resultados encontrados neste trabalho são embasados nos dados do monitoramento

audiométrico e nos questionários HMIA (NEWMAN et al., 1990).

De acordo com os resultados do monitoramento audiométrico dos 924 trabalhadores da indústria

têxtil estudada, 164 (74%) possuem perda auditiva sensorioneural, tem-se 11 casos com emissão de

56

CAT. Os casos de PAIRO são 100% bilateral (os ouvidos direito e esquerdo com perdas similares).

A média de idade dos 11 trabalhadores portadores de PAIRO é de 51 anos, o tempo médio de

função é de 17 anos e o tempo médio de exposição ao agente físico ruído é de 24 anos. Pode-se

confirmar com os dados apresentados que sempre a perda auditiva é sensorioneural e quase sempre

bilateral. A literatura diz que para a perda auditiva atingir o nível máximo nas freqüências mais

altas, deve-se ter uma exposição estável de 10 a 15 anos. Podemos constatar, com o estudo, que o

tempo médio de exposição está acima do previsto na OS 608 / 98 (INSS, 1998). O Quadro 4 nos

traz as informações citadas. Verificou-se que 11 (100%) trabalhadores com PAIR são do sexo

masculino. Do setor produtivo, a maioria, 4 (37%), é do filatório e 8 (73%) são operadores de

produção (Tabela 6 e 7). O Quadro 2 nos informa que dos fatores sociais questionados, existe uma

diferença significativa entre as porcentagens de sim, às vezes e de não. Os fatores 11 (a dificuldade

em ouvir faz que você tenha problemas para ouvir / entender os colegas de trabalho?); 15 (a

diminuição da audição lhe causa dificuldade para assistir TV ou ouvir rádio?); 17 (a dificuldade em

ouvir deixa você de alguma maneira chateado ou aborrecido?); 19 (a dificuldade em ouvir faz você

querer conversar menos com as pessoas da família?) apresentam as maiores diferenças de

porcentagem entre o “sim” e o “não”. Portanto, quando o p foi < 0,05, existiu diferença entre as

proporções. O Qui-quadrado de Friedman (χ2) = 21,55; p = 0,043 confirma que houve diferença

entre as porcentagens de sim, às vezes e de não. Portanto, 70% dos trabalhadores portadores de

PAIR responderam não às perguntas sobre os fatores sociais, do questionário.

SIM AVZ NÃO FATORES

No. % No. % No. % 1 2 18,2 4 36,4 5 45,5 3 5 45,5 2 18,2 4 36,4 6 3 27,3 3 27,3 5 45,5 8 5 45,5 1 9,1 5 45,5

10 7 63,6 – – 4 36,4 11 3 27,3 1 9,1 7 63,6 13 6 54,5 1 9,1 4 36,4 15 3 27,3 1 9,1 7 63,6 16 7 63,6 2 18,2 2 18,2 17 2 18,2 1 9,1 8 72,7 19 3 17,3 1 9,1 7 63,6 21 3 27,3 2 18,2 6 54,5 23 4 36,4 1 9,1 6 54,5

Quadro 2: Fatores sociais

57

SIM AVZ NÃO FATORES No. % No. % No. %

2 3 27,3 – – 8 72,7 4 2 18,2 2 18,2 7 63,6 5 4 36,4 1 9,1 6 54,5 7 5 45,5 1 9,1 5 45,5 9 6 54,5 1 9,1 4 36,4

12 3 27,3 4 36,4 4 36,4 14 3 27,3 3 27,3 5 45,5 18 3 27,3 – – 8 72,7 20 5 45,5 2 18,2 4 36,4 22 5 45,5 1 9,1 5 45,5 24 4 36,4 1 9,1 6 54,5 25 5 45,5 – – 6 54,5

Quadro 3: Fatores emocionais .

Fator Média (anos) Idade 51,55

T. função 17,27 T. exposição 24,36

Quadro 4: Média de anos em função da idade, tempo de função e tempo de exposição

No Quadro 3 verificou-se que, para os fatores emocionais, houve equilíbrio entre

as porcentagens de sim e não, porque o Qui-quadrado de Friedman (χ2) = 11,34; p = 0,415.

Os Quadros 5 e 6 apresentam as médias dos fatores sociais e emocionais. O Quadro 7 nos

mostra a matriz de correlação entre idade, tempo de função e tempo de exposição para os

fatores sociais. O coeficiente de correlação diz se as variáveis estão correlacionadas. Assim,

se p < 0,05, esta afirmação é verdadeira. Verificou-se que, para a matriz de correlação entre os

fatores sociais, não houve a correlação entre a idade, tempo de função e tempo de exposição,

isto pode ser explicado pelo pequeno tamanho da amostra (onze casos de trabalhadores

portadores de PAIR).

58

Questões Média (p) S1 – A dificuldade em ouvir faz você usar o telefone menos vezes do que gostaria? 2,55 S3 – A dificuldade em ouvir faz você evitar grupos de pessoas? 1,82 S6 – A diminuição da audição causa dificuldades quando você vai a uma festa ou reunião? 2,36

S8 – Você sente dificuldade em ouvir quando vai ao cinema ou teatro? 2,00 S10 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando visita amigos, parentes ou vizinhos? 1,45

S11 – A dificuldade em ouvir faz com que você tenha problemas para ouvir/entender os colegas de trabalho? 2,73

S13 – A dificuldade em ouvir faz você visitar amigos, parentes ou vizinhos menos vezes do que gostaria? 1,64

S15 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades para assistir TV ou ouvir rádio? 2,73

S16 – A dificuldade em ouvir faz com que você saia para fazer compras menos vezes do que você gostaria? 1,09

S17 – A dificuldade em ouvir deixa você de alguma maneira chateado ou aborrecido? 3,09

S19 – A dificuldade em ouvir faz você querer conversar menos com as pessoas da família? 2,73

S21 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando você está em um restaurante com familiares ou amigos? 2,55

S23 – A dificuldade em ouvir faz você assistir TV ou ouvir rádio menos vezes do que gostaria? 2,36

Quadro 5: Média dos fatores sociais

Questões Média (p) E2 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou sem jeito quando é apresentado a pessoas desconhecidas? 2,91

E4 – A dificuldade em ouvir faz você ficar irritado? 2,91 E5 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ou insatisfeito quando conversa com pessoas da sua família? 2,36

E7 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ao conversar com os colegas de trabalho? 2,00

E9 – Você se sente prejudicado ou diminuído devido a sua dificuldade em ouvir? 1,64

E12 – A dificuldade em ouvir faz você ficar nervoso? 2,18

E14 – A dificuldade em ouvir faz você ter discussões ou brigas com a sua família? 2,36

E18 – A dificuldade em ouvir faz você preferir ficar sozinho? 2,91 E20 – Você acha que a dificuldade em ouvir diminui ou limita de alguma forma sua vida pessoal ou social? 1,82

E22 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir triste/deprimido? 2,00 E24 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou menos à vontade quando conversa com amigos? 2,36

E25 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir isolado ou “deixado de lado” num grupo de pessoas? 2,18

Quadro 6: Média dos fatores emocionais

59

Questão Idade (p)

T. função (p)

T. exposição (p)

S1 – A dificuldade em ouvir faz você usar o telefone menos vezes do que gostaria? 0,496 1,000 0,070

S3- A dificuldade em ouvir faz você evitar grupos de pessoas? 0,670 0,858 0,085 S6 – A diminuição da audição causa dificuldades quando você vai a uma festa ou reunião? 0,866 0,791 0,442

S8 – Você sente dificuldade em ouvir quando vai ao cinema ou teatro? 0,793 0,784 0,111

S10 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando visita amigos, parentes ou vizinhos? 0,155 0,843 0,848

S11 – A dificuldade em ouvir faz com que você tenha problemas para ouvir/entender os colegas de trabalho? 0,354 0,923 0,778

S13 – A dificuldade em ouvir faz você visitar amigos, parentes ou vizinhos menos vezes do que gostaria? 0,063 0,853 1,000

S15 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades para assistir TV ou ouvir rádio? 0,115 0,437 0,453

S16 – A dificuldade em ouvir faz com que você saia para fazer compras menos vezes do que você gostaria? 0,782 0,563 0,852

S17 – A dificuldade em ouvir deixa você de alguma maneira chateado ou aborrecido? 0,106 0,526 0,041

S19 – A dificuldade em ouvir faz você querer conversar menos com as pessoas da família? 0,517 1,000 0,111

S21 – A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando você está em um restaurante com familiares ou amigos? 0,861 0,361 0,112

S23 – A dificuldade em ouvir faz você assistir TV ou ouvir rádio menos vezes do que gostaria? 0,156 0,781 0,420

Quadro 7: Correlações dos fatores sociais em relação à idade, ao tempo de função e ao tempo de exposição

No que diz respeito aos fatores emocionais, o Quadro 8 mostra que apenas o fator

9 (você se sente prejudicado ou diminuído devido a sua dificuldade em ouvir?) e o 25 (a

dificuldade em ouvir faz você se sentir isolado ou “deixado de lado” num grupo de pessoas?)

correlacionam-se com a idade. O Quadro 9 traz o resultado das porcentagens de classificação

de handicap (leve, moderado e severo). Verificou-se que 8 (72,7%) dos trabalhadores

portadores de PAIR estão com a percepção severa, significativa de handicap (conseqüências

não-auditivas da perda da audição, influenciada pelos fatores sociais e emocionais). O Quadro

10, entretanto, apresenta a média de 62% handicap, isto significa que, 62% dos trabalhadores

com PAIR estão com a comunicação verbal comprometida.

60

Questão Idade (p)

T. função (p)

T. exposição (p)

E2 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou sem jeito quando é apresentado a pessoas desconhecidas? 0,357 0,830 0,679

E4 – A dificuldade em ouvir faz você ficar irritado? 0,141 0,441 0,264 E5 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ou insatisfeito quando conversa com pessoas da sua família? 0,478 0,194 0,530

E7 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ao conversar com os colegas de trabalho? 0,116 0,234 1,000

E9 – Você se sente prejudicado ou diminuído devido a sua dificuldade em ouvir? 0,010 0,353 0,929

E12 – A dificuldade em ouvir faz você ficar nervoso? 0,802 0,793 0,866 E14 – A dificuldade em ouvir faz você ter discussões ou brigas com a sua família? 0,272 0,426 0,932

E18 – A dificuldade em ouvir faz você preferir ficar sozinho? 0,539 0,669 0,836

E20 – Você acha que a dificuldade em ouvir diminui ou limita de alguma forma sua vida pessoal ou social? 0,932 0,061 0,730

E22 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir triste/deprimido? 0,055 0,170 0,724

E24 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou menos à vontade quando conversa com amigos?

0,535 0,853 0,324

E25 – A dificuldade em ouvir faz você se sentir isolado ou “deixado de lado” num grupo de pessoas? 0,044 0,126 0,195

Quadro 8: Correlações dos fatores emocionais em relação à idade, ao tempo de função e ao tempo de exposição

Pontuação N.º % Valid. 18 a 42 (leve / moderada) 3 27,3

> 42 (severa) 8 72,7 Total 11 100,0

Quadro 9: Handicap Fator N.º %

Handicap 11 62 Quadro 10: Média de Handicap

A partir do estudo realizado, torna-se relevante refletir sobre a qualidade de vida dos

trabalhadores da indústria têxtil, portadores da doença ocupacional PAIR. Pode-se constatar

que o comportamento humano é determinado através da inter-relação do indivíduo com o

grupo do qual faz parte.

61

Diante dos dados estatísticos obtidos no estudo, notou-se que 72,7% dos

trabalhadores com PAIR preferem ficar sozinhos, não havendo o interesse para a troca de

experiências e a busca de melhorias.

62

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

A pesquisa teve como objeto de estudo uma empresa do ramo têxtil, localizada no Estado do

Ceará, na cidade de Fortaleza. Com a literatura resgatada para o estudo, bem como os

resultados obtidos a partir de dados estatísticos e questionário, aplicado aos trabalhadores

portadores de PAIR, permitem apresentar as conclusões a seguir.

Conclui-se que o objetivo geral do trabalho foi atingido, pois, foi possível avaliar o PCA e

perceber que ele não é eficiente devido apresentar:

a) 164 casos de PAIR sensorioneural;

b) em determinados setores, medições de NPS acima de 90dB(A), sem medida

de engenharia, somente existindo o uso de EPI (protetor auricular);

c) O laudo do médico especialista, reconhecendo apenas os casos de perdas

sensorioneurais do tipo severo, estando 7 casos de perda profunda, sem

emissão de CAT ao INSS;

d) 62% dos funcionários com PAIR severo estão com conseqüência extra-

auditiva e 72.7% preferem ficar sozinhos;

e) devido ao resultado do questionário HHIA, deveria ter apenas 8 casos PAIR

severo e não 11(PCA 2005).

À luz deste quadro, acredita-se ter atingido os objetivos específicos propostos. Os resultados

obtidos na pesquisa, revelam que os trabalhadores com PAIR não desenvolvem e utilizam

todas as suas potencialidades. Assim, verificou-se que a produtividade do sistema depende da

ação humana. Devido aos fatores extra-auditivos, os trabalhadores não produzem

satisfatoriamente.

Notou-se queda de produtividade, conseqüência da auto-estima diminuída, o trabalho não é

percebido como importante ou interessante.

63

A indústria têxtil tem um importante papel na economia do Estado do Ceará. Entretanto,

apenas investir um alto capital em equipamentos não representa a solução ideal para o perfeito

funcionamento deste setor da indústria.

Por estes motivos e com os resultados desta pesquisa, sugere-se que na implementação do

PCA seja criado um subprograma complementar referente aos processos psicológicos e

sociais. Estes estudos devem beneficiar a todos os trabalhadores da indústria têxtil. Acredita-

se que a Psicologia do Trabalho (disciplina científica que estuda a interação do homem com o

seu trabalho) deve ser utilizada para prevenção dos acidentes do trabalho e das doenças

ocupacionais. Acredita-se contribuir com essa adesão, para um estudo mais completo e

racional entre o PAIR e as alterações não auditivas.

A responsabilidade do empregador não deve se limitar apenas a remunerar o empregado pelo

seu trabalho e assegurar-lhe os direitos conferidos por lei. É importante que a empresa lhe

preste toda a assistência e cooperação para torná-lo um elemento consciente, mais útil à

sociedade e mais eficiente no seu trabalho.

Sugere-se, ainda, a intensificação de rodízios ou revezamentos dos turnos de trabalho, para a

redução do tempo de exposição a níveis elevados de pressão sonora.

Para trabalhos futuros, recomendamos que a pesquisa seja estendida a outras indústrias têxteis

localizadas nas regiões norte e sul do Ceará. Com uma amostra maior, obtêm-se dados

estatísticos mais significativos, relevantes para o estudo da melhoria da qualidade de vida dos

trabalhadores portadores de PAIR.

5.2 Recomendações

Em linhas gerais, foi possível estabelecer as respostas para os assuntos investigados no

transcorrer deste trabalho, confirmando os objetivos específicos relacionados na introdução.

Contudo, como recomendações para futuros trabalhos, sugere-se:

a) A reavaliação do PCA com a incorporação do ciclo PDCA (Plan, Do, Check,

Act) que pode ser aplicado a todos os processos.

64

Planejamento (Plan) Estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as políticas da organização

Fazer (Do) Implementar os processos.

Checar (Check) Monitorar e medir processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os resultados.

Agir (Act) Executar ações para promover continuamente a melhoria do desempenho do processo.

Quadro 11: Ciclo PDCA Fonte: NBR ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. p. 2.

b) A criação de um subprograma complementar ao PCA, referente aos processos

psicológicos e sociais, para beneficiar a todos os trabalhadores.

c) A revisão do questionário HHIA (NEWMAN et al, 1990). Melhorar as

perguntas, pois existem algumas contraditórias.

d) Intensificar os rodízios ou revezamentos dos turnos de trabalho, para redução

do tempo de exposição a níveis de pressão sonora elevados.

Vale lembrar a importância da revisão do questionário HHIA, visto que existem perguntas,

citações contraditórias que podem deixar o trabalhador na dúvida quando questionado, como:

a diminuição da audição lhe causa dificuldades para assistir TV ou ouvir rádio? Qual o tipo de

programação? Noticiário ou música?

A abrangência e relevância do tema permitem várias outras recomendações para trabalhos

futuros, portanto deve-se estender essa pesquisa a mais indústrias têxteis localizadas nas

regiões norte e sul do Ceará.

Com uma amostra maior, obtêm-se dados estatísticos mais significativos, importantes para o

estudo da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores portadores de PAIR.

65

REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: sistemas de gestão da qualidade: especificação e diretrizes para o uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.

ALVES, S.; VALE, A. Pesquisa traça o perfil do engenheiro de segurança do trabalho. CIPA: Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes. São Paulo, a. xix, 1998. p. 60-78.

ANDRADE, D. R.; FINKLER, C.; CLOSS, M. et al. Efeitos do ruído industrial no organismo. Pro-Fono. Rev. Atual. Cientif., n. 10, v. 1, p. 17-20, 1998.

ARAÚJO, G. M. de. Normas regulamentadoras comentadas. 4. ed. v. I e II. Rio de Janeiro: [s.n.], 2004.

ÁVILA FILHO, Salvador. A organização em transformação. [S.l.: s.n.], 1995. AZEVEDO, A. P.; MORATA, O.; SANTOS, U. P. Ruído: um problema de saúde pública: outros agentes físicos. In: BUSCHINELLI, J. T. P.; ROCHA, L. E.; RIGOTTO, R. M. (orgs.). Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil. São Paulo: Vozes, 1994.

BAUMAN, K.; MARSTON, L. Effects of hearing protection on speech intelligibility in noise. Sound & Vibration, USA, 1986. p. 12-14.

BEHAR, A. Protetores auditivos: que hay de nuevo. I Congresso Ibero Americano de Acústica. Anais. Florianópolis, 1998.

BERGER, E. H. The effects of hearing protectors on auditory communications. Aero Company-EAR, p. 1-4, Disponível em: <http://www.e_a_r.com>. Acesso em: abr. 2002.

BRANNEN, M. Y.; LIKER, J. K.; FRUIN, W. M. Recontextualisation and factory –factory knowledge transfer from Japan to the US: the case of NSK. In: LIKER, J. K.; FRUIN, W. M.; ADLER, P. (eds.). Remade in America: transplanting and transforming Japanese management systems. New York: Oxford Press, 1998.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n. 555, Tbn, n. 19, de 9 de abril de 1998. Estabelece diretrizes e parâmetros mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em

66

trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados. Diário Oficial da União, São Paulo, 22 abr. 1998.

CARDOSO, M. de S. Como a psicologia pode contribuir na prevenção de erro humano e acidentes do trabalho. Rev. Proteção, n. 176, p. 66-78, 2006.

CASALI, J. G. Curso internacional de proteção auditiva. São Paulo: [s.n.], 1996.

CASALI, J. G.; BERGER. Curso internacional de proteção auditiva. Material impresso. São Paulo: [s.n.], 1996. p. 30-39.

DEMING, W. E. Quality, productivity and competitive position. [S.l.]: MIT, 1982.

DIDONÉ, J. A. Perda auditiva dos motoristas de ônibus por exposição ao ruído: medição, análise e proposta de prevenção. 2004. 173 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

DIDONÉ, J. A. Conforto Oferecido por Diferentes Protetores Auditivos. 1999. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 1999.

FIORINI, A. C. Programa de prevenção de perdas auditivas. In: NUDELMANN, A. A.; COSTA, E. A. Da; SELIGMAN, J.; IBAÑEZ, R. N. Perda auditiva induzida pelo ruído. v. 1. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

______. A importância do monitoramento audiométrico no programa de conservação auditiva, Acust. Vibr., n. 13, p. 95-102, 1994.

FIORINI, A. C.; NASCIMENTO, P. E. S. Programa de prevenção de perdas auditivas. In: PAIR: perda auditiva induzida pelo ruído, 2. ed. Porto Alegre: Bagagem Comunicação Ltda, 2001. 1-16p. p. 51-61.

FRANKENFELD, N. Produtividade. Manuais – CNI, Departamento de Assistência à Média e Pequena Indústria, Rio de Janeiro, 1990.

FRANKS JR., S. Mr.; MERRY, C. J. (eds.). Preventing occupational hearing loss: a pratical guide. US: NIOSH, 1996.

67

GABAS, G. C. Programa de conservação auditiva. Guia prático 3M. São Paulo, 2004. GERGES, S. N. Y. Ruído: fundamentos e controle. Florianópolis: Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial / UFSC, 1992.

______. Ruído: fundamentos e controle. 2. ed. Florianópolis: UFSC, NR Editora, 2000. 696p.

______. Ruído: Fundamentos e Controle. [S.l.]: NR Editora, 2000.

______. Protetores auditivos. Florianópolis: NR Editora SC Brasil, 2003. 138p.

______. Porque os Protetores Auditivos não oferecem a Proteção Adequada? Revista CIPA – Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes. São Paulo: CIPA Publicações e Serviços, 1998. p. 36.

GIERKE, V. H.; ELDRED, K. Efeitos do ruído no homem. Revista da Sociedade Brasileira de Acústica, [S.l.], SOBRAC, Acústica & Vibrações, jul. 19:2 -29.1997.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GLORIG, A. Noise: past, present and future. Ear Hear, v. 1, n. 1, p. 4-18, 1980.

GOELZER, B.; HANSEN, C.; SEHRNDT, G. Occupational exposure to noise: evaluation, prevention and control. [S.l.], World Health Organization, 2000.

GOLEMAN, D. Inteligência emocional. [S.l.: s.n.], 1995.

HARRISON, A. Continuous improvement: the trade off between self-management and discipline. Integrated Manufacturing System, v. 11, n. 3, p. 180-187, 2000.

HARRISON, A.; STOREY, J. New wave manufacturing strategies: operational, organizational and human dimensions. International Journal of Operations and Production Management, v. 16, n. 2, p. 63-76, 1996.

HEÈTU, R; QUOC, H. T; DUGUAY, P. The Likelihood of detecting z significzat. Hezring thresdd shiff z mong noise – exposed. Workers subject to z nnuzl zudiometric testing. Ann occup. Hyg. 34: 361-370, 1990.

68

HOMEM, F. C. B.; SAENZ, F. M. A audição no ambiente de trabalho: prejuízos auditivos e extra-auditivos à saúde do trabalhador. Disponível em: <www.gaivota. org.ruido.htm>. Acesso em: 16 ago. 2006.

IBAÑES, R. N. Programa de conservação auditiva. In: NUDELMANN, A. A.; COSTA, E. A.; SELIGMAN, J; IBAÑES R. N. Perda auditiva induzida pelo ruído. v. l. São Paulo: Bagagem, 1997. p. 255-260.

ISHIKAWA, K. TQC Total Quality Control: estratégia e administração da qualidade. São Paulo: IMC, 1986.

ISO 1999: 1990. Acoustics determination of occupational noise exposure and estimation of noise-induced hearing impairment. [s.d.t].

JACQUES, J.; HIGGINSON, R.; KURTZ, P. Noise control and the machinery safety standardisation programme of CEN (European Standardisation Committee). In: Noise-con, Proceedings... [S.l.], 2000.

JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Juran’s quality control handbook. [S.l.: s.n.], 1988.

KNUTH, K. R. Gestão ambiental: um estudo de caso para o setor têxtil – S.C. 2001. 231 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

KWITKO, A. Auditoria do PCA: utilização da ANSI S12.13 TR 2002, Rev.Proteção, n. 289, p. 84, 2003.

______. Motoristas de transporte coletivo urbano estão sujeitos a diversas doenças ocupacionais. Revista CIPA, [S.l.], 2001. p. 62-65

______. Conheça a portaria 19. Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes. Revista CIPA, São Paulo: Publicações e Serviços, a. xix, 1998. p. 82-85.

LACERDA, A. P. Audiologia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1976.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

69

LEMES, V. A. M. P.; LEMES, V. A. M. P.; SIMONEK, M. C. Surdez na infância: diagnóstico e terapia. Soluções Gráficas Designer Studio, Rio de Janeiro, p. 197, 1996.

LIMONGI, F. A. C.; RODRIGUES, A. L. Stress e trabalho. São Paulo: Atlas, 1997.

MARANHÃO, M. ISO 9000: manual de implementação. São Paulo: Qualitymark, 2001.

MELLO, Â. de. Alerta ao ruído ocupacional. Monografia (Especialização em Audiologia Clínica) – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, Porto Alegre, 1999.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec, 1993.

MORATA; LEMASTERS. Considerações epidemiológicas para o estudo das perdas auditivas ocupacionais. p.1-16. In: NUDELMANN, A. A.; COSTA, E. A.; SELIGMAN, J; IBAÑES, R. N. PAIR: perda auditiva induzida pelo ruído. 2. ed. São Paulo: Parma, 2001.

MOREIRA, D. A. Introdução da produção e operações. São Paulo: Pioneira, [s.d.].

NEWMAN, C. W.; WEINSTEN, B. E.; JACOBSON, G. P.; HUY, G. A. Ted-retest reliability of the hearing handicap inventory for adults. Ear Hearing, n. 12, p. 355-357, 1991.

O’NEIL, W. M. Introducción al método en psicología. Buenos Aires: Eudeba, 1968.

PALADINI, E. P. Qualidade total na prática. São Paulo: Atlas, 1994.

PUTNAM, R. Noise control engineering challenges in designing: plants to meet noise limits. In: Noise-con, Proceedings... [S.l.], 2000.

ROCHA, A; PEREIRA (sd) Ruído de freqüência grave: cancerígeno. Portugal. Reportagem retirada da Internet. Saúde htp. Disponível em: <http://www.omnicom. com.br/ocanal/saude.htm>. Acesso em: 24 jul. 2001.

ROTH, S. Industrial noise control: its time is now. Noise/News – President’s Column, [S.l.], dec. 1999.

ROYSTER, J; AND, L. Hearing conservation. A Guide to Developing and Maintaining an Effective Hearing Conservation Program. dez. 1992. 76 p.

70

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 1982.

SALIBA, T. M. Manual prático de avaliação e controle do ruído: PPRA. 2. ed. São Paulo: LTR, 2001.

SANTOS, U. P; MORATA, T. C. Efeitos do ruído na audição. In: SANTOS, U. P. et al. Ruído: riscos e prevenção. 2. ed. [S.l.]: Hucitec, 1996. p. 43-53.

SANTOS, V. de P. Ruídos: riscos e prevenção. 3. ed. São Paulo: HUCITEC, 1999.

SCHIAVINI, R. Análise ergonômica do posto de trabalho de CAD no setor de modelagem da indústria calçadista. Dissertação (Mestrado). Santa Maria, 1997.

SCHOCHAT, E. Processamento auditivo. São Paulo: Lovise, 1996. 142 p.

SELIGMAN, J. Efeitos não-auditivos e aspectos psicossociais no indivíduo submetido a ruído intenso. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 59, n. 4, out./dez. 1993. p. 257-259.

SLAK, N.; CHAMBERES, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1999.

SOUZA, M. C. R. de. Determinação da potência sonora em ambientes industriais por intensimetria acústica. 2003. 120 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

SUTER, A. H. Hearing conservation manual. 3. ed. Milwaukee, US: CAOHC, 1993.

TEIXEIRA, G. do N. Produtividade industrial. Rio de Janeiro: Manuais CNI, 1980.

VANWEERT. Harmful noise in the workplace of the Dutch paper, cardboard and corrugated cardboard industry: an inventory of the current situation and the options to reduce noise. In: Internoise, Proceedings... [S.l.], 2001.

WILKINS, P. A; MARTIN, A. M. The effects of hearing protection on the perception of warning sounds. Personal hearing protection In Industrial, New York, 1995. p. 339-369.

71

ANEXOS

72

ANEXO I – PCA DA INDÚSTRIA TÊXTIL

INDÚSTRIA TÊXTIL PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

AUDITIVA PCA

CEARÁ

1. APRESENTAÇÃO

O Programa de Conservação Auditiva constitui um conjunto de

procedimentos inter-relacionados que visam à prevenção da perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, a conservação da saúde auditiva dos colaboradores e, conseqüentemente, da qualidade de vida.

A Portaria 19, de 09.04.98, DOU de 22.04.98 – Quadro II, Anexo I da NR 7/SSST-MTE, estabelece diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e acompanhamento da audição dos colaboradores que exercem suas atividades profissionais em ambientes cujos níveis de pressão sonora ultrapassam os limites de tolerância estabelecidos nos Anexos I e II da NR 15 da Portaria 3214 do MTE, independente do uso de protetor auricular.

A elaboração e implementação do PCA nesta empresa são de responsabilidade dos profissionais das áreas de medicina do trabalho (fonoaudiólogas, médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho e auxiliares de enfermagem do trabalho) e de higiene e segurança do trabalho (engenheiro de segurança e técnicos de segurança)

2. OBJETIVO GERAL Desenvolver ações de monitoramento e controle do ruído ocupacional,

conscientizando as pessoas envolvidas no processo fabril da necessidade permanente de melhorar as condições de trabalho, principalmente no que se refere ao ruído ocupacional, estabelecendo diretrizes para preservar a saúde auditiva dos colaboradores expostos a níveis elevados de pressão sonora, através da prevenção detecção e controle da perda auditiva induzida por ruído – PAIR, pois de longe é o risco físico de maior predominância de expostos na empresa.

Minimizar os riscos através da identificação e controle das intensidades dos ruídos utilizando a avaliação ambiental de ruído nas diversas áreas de trabalho, identificadas previamente pelo mapeamento de risco e posteriormente pelas medições, com o objetivo de determinar a que intensidade de ruído estão expostos os colaboradores em suas atividades. Estabelecer diretrizes para o controle efetivo dos danos provocados pelo ruído a partir de 80 decibéis.

Prevenir o desencadeamento de novas perdas auditivas e controlar o agravamento das preexistentes nos trabalhadores expostos a riscos ocupacionais potencialmente nocivos à audição (ruído, vibrações, químicos industriais, pressões anormais, calor e radiações), que ocorrendo no ambiente de trabalho de forma isolada ou associada, podem produzir perda auditiva ocupacional, na maioria das vezes irreversível, causando prejuízos os mais variados ao trabalhador, à empresa, à sociedade e ao estado.

73

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos a serem alcançados referem-se às atividades direcionadas aos aspectos de controle de ação e desenvolvimento do programa, as quais são:

− Avaliar e identificar os níveis de pressão sonora de todos os setores do ambiente fabril através do mapeamento de risco e medições, a fim de detectar intensidades consideradas insalubres;

− Promover medidas de engenharia e administrativas para minimizar e controlar os riscos ocupacionais nocivos à audição proveniente da exposição contínua a níveis de pressão sonora elevados;

− Monitorar a capacidade auditiva dos colaboradores que exercem atividades em áreas onde existe a incidência de níveis de pressão sonora elevados ou ruído em nível de ação, prevenindo o desencadeamento de alterações auditivas e o agravamento das existentes;

− Instituir o uso obrigatório de equipamentos de proteção auditiva com índices de atenuação adequados aos níveis de pressão sonora encontrados;

− Fornecer informações aos colaboradores sobre os males causados pelos níveis de pressão sonora elevados através de ações administrativas que gerem motivação e conseqüentemente colaborem com a implementação do PCA;

− Efetuar o controle da documentação de todas as atividades para histórico do programa.

4. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

− MONITORAMENTO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA: Dosímetro marca INSTRUTHERM, modelo Simpson 897.

− MONITORAMENTO AUDIOMÉTRICO: Audiômetro marca INTERACOUSTIC modelo AD 229, com datas de calibração em 07/01/04 e 20/01/05

− CABINA ACÚSTICA: Conforme OSHA 81, apêndice D calibrado em 02/07/04 e 04/07/05

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 5.1. Monitoramento dos níveis de pressão sonora realizado pelos técnicos de

segurança nos diversos setores do ambiente fabril O Ruído Equivalente (LEQ) foi medido com o uso de um medidor integrador

“de uso pessoal” (Áudiodosímetro Simpson modelo 897) ou “portado pelo avaliador” ajustado para atender os seguintes parâmetros normalizados pela legislação brasileira em vigor para cálculo e projeção de dose e nível de pressão sonora (NPS), dotado de:

I - Circuito de ponderação – “A”; II - Circuito de resposta – “lenta – slow”; III - Critério de referência – 85 dB (A) – Dose de 100% para uma exposição

de 8 horas; IV - Nível linear de detecção – 80 dB (A);

74

V - Faixa de medição – 80 a 115 dB (A); VI - Incremento de duplicação de dose – q = 5; VII - Indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB (A). Para assegurar a exatidão dos dados, o áudiodosímetro foi calibrado de

acordo com as recomendações do fabricante, antes e após cada medição. O equipamento utilizado na calibração do medidor de nível de pressão sonora, da marca Simpson modelo Sound Level Calibrator 887-2, atendem ás especificações da Norma ANSIS1.40-1984 ou IEC-942-1988 e sendo da mesma marca que o medidor, permite o adequado acoplamento entre o microfone e o calibrador diretamente.

Foram avaliadas as etapa / locais do trabalho em que o nível de ruído é mais significativo e o tempo de duração estimado de cada atividade por dia. O microfone do dosímetro foi colocado a 10 cm do pavilhão auditivo do indivíduo monitorado, preso na gola do uniforme.

O dosímetro foi utilizado na fiação, retorção e setores de apoio por função exercida.

5.2. Monitoramento audiológico

Realização de exame audiométrico acompanhado de anamnese clínico-

ocupacional (Anexo III). Todos os procedimentos audiológicos de avaliação, acompanhamento e interpretação dos resultados seguiram rigorosamente os parâmetros determinados pela Portaria 19 – Quadro II, Anexo I, da NR7/SSST-MTE. Quando à periodicidade dos exames audiométricos, ficou determinada sua realização semestral e anualmente, em presença de alteração progressiva no resultado.

O diagnóstico conclusivo, diagnóstico diferencial e a definição da aptidão para o trabalho, na suspeita de PAIR, ficam a cargo do médico coordenador do PCMSO e/ou médico otorrinolaringologista.

Os colaboradores que apresentaram alterações e/ou perda auditiva do tipo mista ou condutiva, e os que referiram problemas de otalgia, zumbido, tontura, prurido, bem como outros sintomas relacionados ao aparelho auditivo, foram encaminhados ao médico do trabalho para investigação clínica e avaliação da necessidade de encaminhamento ao especialista.

5.3. Palestras de integração

No sentido de educar, motivar e treinar os colaboradores para que se

protejam contra alterações auditivas, realizamos palestras de integração com os recém-admitidos informando sobre a necessidade dos exames audiométricos e sua periodicidade, o funcionamento do processo auditivo, a PAIR e suas características, problemas de saúde que podem vir associados devido à exposição a níveis elevados de pressão sonora, formas de prevenção da perda auditiva, além da necessidade do uso de conservação do EPI auricular (Anexo IV).

Realização de palestras do Programa de Olho no Ouvido no período de 02/05/05 a 03/05/05 com os colaboradores do setor Retorção, tendo o objetivo de mostrar a importância da utilização e conservação dos protetores auriculares, bem como a implantação da dupla proteção por este setor (opcional)

Realização do Programa de Conservação Auditiva (PCA) entre os dias 29/06/05 e 30/06/05 onde foi lançado um concurso de estória em quadrinhos,

75

apresentação de teatro, exposição de material informativo, brincadeiras e a Semana Interna de Proteção contra Acidentes no Trabalho (SIPAT), entre os dias 22/11/05 e 25/11/05 com quiosque, expondo as atividades desenvolvidas no Setor de Fonoaudiologia, brincadeiras e distribuição de material informativo para os colaboradores da empresa.

6. MONITORAMENTO AUDIOMÉTRICO No ano de 2005 foram realizados no total de 1.302 exames audiométricos

(admissionais, periódicos, demissionais, retorno ao trabalho, mudança de função, troca de setor, transferência para uma outra unidade da empresa).

Dos 924 exames periódicos realizados, apresentaram resposta dentro dos padrões de normalidade 704 e 220 alteradas. A distribuição das alterações quanto ao tipo de perda foi a seguintes.

6.1. Resultado dos exames periódicos em 2005

Resultados por tipo Normais 704 Sensórioneurais 164 Condutiva / Mista 22 Rebaix. Freq. Agudas 34 Total de exames 924

6.2. Resultado dos exames audiométricos realizados no ano de 2005

NORMAL SLU SLB SMU SMB SSU SSB SPU SPB Cond/Mista Rebaixamento

Administração 38 3 4 0 5 0 1 0 0 0 3

Manutenção 61 8 5 0 16 0 3 0 1 5 5

Fiação 587 37 26 4 28 0 6 1 5 16 26

Embalagem 18 0 0 0 0 0 11 0 0 1 0

Obs.: SLU – Perda Auditiva Sensorioneural Leve Unilateral SLB – Perda Auditiva Sensorioneural Leve Bilateral SMU – Perda Auditiva Sensorioneural Moderada Unilateral SMB – Perda Auditiva Sensorioneural Moderada Bilateral SSU – Perda Auditiva Sensorioneural Severa Unilateral SSB – Perda Auditiva Sensorioneural Severa Bilateral SPU – Perda Auditiva Sensorioneural Profunda Unilateral SPB – Perda Auditiva Sensorioneural Profunda Bilateral CONDUTIVA – Perda Auditiva Condutiva (em qualquer grau) MISTA – Perda Auditiva Mista (em qualquer grau) REBAIXAMENTO – Freqs. de 6 e 8 KHz

7. METAS PARA O ANO DE 2006

– Dar continuidade aos trabalhos realizados no ano de 2005 (palestras, visitas).

76

– Agendar reunião bimestral entre as Fonoaudiólogas das unidades do grupo Vicunha e semestral entre os profissionais da área médica.

– Permanecer adotando a padronização das técnicas de realização do exame audiométrico, bem como de análise dos resultados para apresentação em relatórios.

– Instituir o Programa de Prevenção de Perdas Auditivas (PPPA), utilizando como instrumento facilitador a ficha de gerenciamento audiométrico .

– Realizar visitas mensais das Fonoaudiólogas aos setores da fábrica em conjunto aos componentes do SESMT, monitorando o uso dos protetores auriculares nas áreas com nível elevado de pressão sonora.

– Realizar a semana de divulgação do PCA. – Realizar um relatório Audiológico para 2007. – Controlar e acompanhar os agravamento de Perdas Auditivas.

Fortaleza, 31 de Janeiro de 2006.

77

ANEXO II – RELAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES

E SEUS DADOS TÉCNICOS TIPO PLUG DE ISERÇÃO – POMP – CA 2271 N.º do CA: 2271 N.º do Processo: 46000.007971/79-32 Data de Emissão: 27/06/2003 Validade: 27/06/2008 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Nacional Descrição do Equipamento: Protetor auditivo, confeccionado em silicone, tamanhos, grau farmacêutico, de alta durabilidade, 3 flanges retas, tamanhos P, M e G (fornecido com cordão de polipropileno ou silicone). Ref.: Modelo POMP SILICONE. TIPO PLUG DE ISERÇÃO – POMP – MILENIUM CA 11882 N.º do CA: 11882 N.º do Processo: 46021.006813/68-36 Data de Emissão: 08/03/2003 Validade: 08/03/2008 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Nacional Descrição do Equipamento: Protetor auditivo, confeccionado em silicone grau farmacêutico, de alta durabilidade, consta de 03 abas curvas, tamanho universal, disponível também nos tamanhos pequeno e grande. Fornecido com cordão de polipropileno ou silicone. Ref.: POMP MILENIUM. TIPO CONCHA – 3M – CA 7442 N.º do CA: 7442 N.º do Processo: 46000.017653/76-18 Data de Emissão: 26/06/2002 Validade: 26/06/2007 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Importado Descrição do Equipamento: Protetor auditivo, circum-auricular, constituído por duas conchas de plástico, revestidas com almofadas de espuma em suas laterais (que entram em contato com a cabeça do usuário) e no interior das conchas. Possui também um arco que serve para manter as conchas firmemente seladas contra a região das orelhas do usuário. Ref.: 3M 1435.

78

PROTETOR TIPO CONCHAS DURÁVEIS – CA 3616 N.º do CA: 3616 N.º do Processo: 46000.007103/71-33 Data de Emissão: 31/05/2004 Validade: 31/05/2009 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Nacional Descrição do Equipamento: Protetor auditivo, tipo circum-auricular (abafador de ruídos, tipo concha) inteiramente em plástico, conchas acústicas, com espuma interna e almofada de conforto em seu perímetro, sem peças metálicas. Ref.: GN-903. PROTETOR CONCHA POMP MUFFLER – CA 14235 N.º do CA: 14235 N.º do Processo: 46000.000868/08-42 Data de Emissão: 18/02/2004 Validade: 18/02/2009 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Nacional Descrição do Equipamento: Protetor auditivo de segurança, em forma de conchas, constituído em material plástico rígido. As bordas são revestidas com almofadas de material plástico preenchido com espuma, unidas através de uma haste de material plástico rígido almofadado. Esta haste é presa em suas extremidades a um suporte metálico que é fixado às conchas. Ref.: POMP MUFFLER – TIPO CONCHA. PROTETOR TIPO CONCHA – 3M – CA 7441 N.º do CA: 7441 N.º do Processo: 46000.017652/76-73 Data de Emissão: 26/06/2002 Validade: 26/06/2007 Tipo do Equipamento: PROTETOR AUDITIVO Natureza: Importado Descrição do Equipamento: Protetor auditivo, circum-auricular, constituído de duas conchas de plástico, revestidas com espuma em suas laterais (que entram em contato com a cabeça do usuário) e no interior das conchas. Possui também um arco que serve para manter as conchas firmemente seladas contra a região das orelhas do usuário. A pressão do arco sobre a cabeça pode ser ajustada por um ajuste deslizante. Ref.: 3M 1440.

79

ANEXO III – AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RUÍDO

I - SETORES PRODUTIVOS – FÁBRICA III

CÓD. LOCAL RUÍDO dB(A) FIII-01 SALA ADM. FIAÇÃO III 71 FIII-02 PRENSAS 87 FIII-03 ÁREA DE COLEPÓ 93 FIII-04 ABERTURA 87 FIII-05 ÁREA DE CARDAS 92 FIII-06 ÁREA DE PASSADORES 90

Reunideira Laminadeira FIII-07 R.L.P. Penteadeira

xxxxx

FIII-08 MAÇAROQUEIRAS 94 FIII-09 FILATÓRIOS 97 FIII-10 CONICALEIRAS 93 FIII-11 CENTRAIS DE AR 92 FIII-12 SUBESTAÇÕES ELÉTRICAS 84 FIII-13 SALA MAN. ELÉTRICA 65 FIII-14 SALA MAN. MECÂNICA 81 FIII-15 SALA LABORATÓRIO FIAÇÃO 62 FIII-16 DMP 55 FIII-17 COTÔNIAS 77

I - SETORES PRODUTIVOS – FÁBRICA IV

CÓD. LOCAL RUÍDO dB(A) FIV-01 SALA ADM. FIAÇÃO III 70

ABERTURA FIV-02

SALA DE FILTRO 91

FIV-03 ÁREA DE CARDAS 92 FIV-04 ÁREA DE PASSADORES 87 FIV-05 MAÇAROQUEIRAS 94 FIV-06 FILATÓRIOS 98 FIV-07 CONICALEIRAS 92

80

II - SETORES PRODUTIVOS – RETORÇÃO II

CÓD. LOCAL RUÍDO dB(A) RET.01 SALA ADM. RETORÇÃO 62 RET.02 RETORCEDEIRAS 94 RET.03 BINADEIRAS 97 RET.04 SALA LAB. RETORÇÃO 72

III - SETORES DOS GRUPOS DE UTILIDADE E APOIO - UTL

UTL 01 – GRUPO FRIGORÍGENO II CÓD. LOCAL RUÍDO dB(A)

GF. II-01 TRANE 92 GF. II-02 BOMBAS 89 GF. II-03 COMPRESSORES DE AR 90 GF. II-04 TORRE DE REFRIGERAÇÃO 86

UTL 02 – SUBESTAÇÃO DE 69 KV UTL 05 SUBESTAÇÃO DE 69 KV 82

IV - SETORES DAS ÁREAS DE APOIO – AAP

CÓD. LOCAL RUÍDO dB(A) AAP-01 ÁREA ADMINISTRATIVA 54 AAP-02 PORTARIA 61 AAP-03 SALA DE TRANSPORTE 53 AAP-04 EMBALAGEM 69 AAP-05 EXPEDIÇÃO 67 AAP-06 ALMOXARIFADO 62 AAP-07 SALA OFICINA ELETRÔNICA 64 AAP-08 SALA SEG. INDUSTRIAL 55 AAP-09 OFICINA MECÂNICA 82 AAP-10 ÁREA MÉDICA 64

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo