Angola'in - Edição nº 11

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Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades ano iii · revista nº11 · 2010 700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros ISSN 1647-3574

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Numa edição voltada para o Futuro, não pode perder as últimas inovações que vão mudar o Mundo! Surpreenda-se com o 'impossível' e questione o modus vivendi moderno. Em contraposição, a análise realista de um Prémio Nobel, que explica a importância das economias de escala na era da globalização. Tudo isto e muito mais no novo número da Angola'in, repleto de bons motivos para dedicar o seu tempo à leitura.

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Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

ano iii · revista nº11 · 2010

700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros

ISSN 1647-3574

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3 IN LOCO · ANGOLA’IN |

A Direcção

in loco

Nesta edição, a Angola’in presenteia os seus

leitores com uma visão vanguardista das déca-

das que se aproximam. Imagine-se em 2050.

Como será a sua vida nessa altura? O futuro

e dia-a-dia que vê nos fi lmes de fi cção cientí-

fi ca estão mais próximos da realidade actual

do que imagina. Habitue-se à ideia de condu-

zir carros híbridos, de mudar a sua alimenta-

ção ou simplesmente de conviver com as mais

diversas máquinas, que prometem simplifi car

os hábitos de cada indivíduo. Estamos cons-

cientes de que o universo está em constante

mutação. A evolução tecnológica dos últimos

anos é exemplo da predisposição humana pa-

ra a inovação. A Angola’in apresenta-lhe em

primeira mão alguns dos projectos mais ousa-

dos, antevendo o perfi l e o quotidiano do ser

humano nas próximas décadas.

Futuro é expressão recorrente nos últimos

tempos. A palavra está na ordem do dia no

que toca à agenda política nacional. A 21 de

Janeiro, a Nova Constituição foi aprovada por

unanimidade. O momento marca uma mu-

dança em diversos sectores da sociedade.

Nesta edição, descubra as mudanças que a

Carta Magna vai implementar e quais as prin-

cipais novidades do documento.

A secção de Economia confere-lhe acesso aos

ensinamentos de Paul Krugman. O Prémio

Nobel da Economia de 2008 tem procurado

explicar os efeitos práticos da globalização e

das economias de escala. A Angola’in dá a co-

nhecer as teorias daquele que estudou o im-

pacto da transformação do New Trade e deu

O FUTURO HOJE!uma nova interpretação ao conceito de co-

mércio internacional.

Economia representa mais do que a sua de-

fi nição no sentido lato. Analisando o pano-

rama da poupança social, a nossa publicação

ensina-o a “jogar” na Bolsa de Valores Social.

O projecto existe em apenas dois países e An-

gola pode ser a próxima a acolher um plano,

que tem como fi nalidade o fi nanciamento de

programas de luta contra a pobreza.

Aliás, os projectos não param de nascer. Exem-

plo disso é a recente parceria estabelecida en-

tre a AIP-CE e a FIL de Luanda, que deverá

dinamizar o mercado e a produção nacional,

catapultando-a no estrangeiro. A Angola’in en-

trevistou o presidente da Associação Industrial

de Portugal (AIP) e revela em exclusivo quais

os intentos da confederação para o país.

No plano cultural, damos voz a um jovem

talento, que dispõe de todas as armas para

triunfar no mundo do cinema, dentro e fora de

portas. Mário Bastos prepara-se para estrear

mais uma curta-metragem. Desta vez, Angola

surge como pano de fundo da acção e a pro-

dução é inteiramente nacional. Descubra os

bastidores de uma história que promete emo-

cionar o país. O realizador angolano é o rosto

do sucesso das novas gerações. Os seus êxi-

tos auguram um futuro atractivo e, à seme-

lhança do passado, recheado de importantes

conquistas.

COMUNICARE - PortugalJ&D - Consultores em Comunicação, Lda.

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Delegação Angola’inRepresentante: Lisete Pote

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revista bimestral nº11 - 2010

http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain

Direcção Executiva Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares

Direcção Editorial Manuela Bártolo - [email protected]

Redacção Patrícia Alves Tavares - [email protected]é Sibi - [email protected] Vieira - [email protected]

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Departamento FinanceiroSílvia Coelho

Departamento Jurídico Nicolau Vieira

Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráfi cas, SA

DistribuiçãoMN Distribuidora

Tiragem7.500 exemplares—ISSN 1647-3574

DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,

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6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO

IN LOCO

EDITORIAL

INSIDE

MUNDO

império dos sentidosNesta edição, encontra tudo o que precisa saber acer-ca da evolução da moda nacional. Conversamos com a estilista Lisete Pote e traçamos os principais desa-fi os que o sector enfrenta. A dinamização da activi-dade é evidente. Porém, a criação de uma indústria têxtil competitiva e efi caz é urgente. Já, o talento dos jovens profi ssionais é a principal ‘arma’ para singrar no mercado. Conheça os rostos do sucesso

velocidade em alta Os motores estão em destaque na secção de Desporto. Ao longo de seis páginas, compreenda a fi losofi a de uma modalidade que reúne um número crescente de adeptos. As difi culdades são o principal entrave à evo-lução destas actividades. Ricardo Teixeira, José Car-los Madaleno e Sandro Carvalho contam à Angola’in como conseguiram alcançar vitórias nos palcos in-ternacionais. A receita para o triunfo é simples

ANGOLA IN PRESENTE

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10 948016 52

CULTURA & LAZER DESPORTO

112 76

SOCIEDADE

nova constituiçãoA Carta Magna já entrou em vigor. Aprovado em Janeiro, o documento, que reuniu o consenso dos deputados, marca um novo ciclo governamental que culminará com as eleições gerais, marcadas para 2012. O cargo de Primeiro-Ministro foi extinto e o Presidente da República passa a ser eleito directamente. O combate à corrupção, a protecção do consumidor e a clarifi cação dos direitos e deveres dos cidadãos constituem as principais mudanças. A Angola’in revela-lhe todos os pormenores

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IN FOCO

FOTOREPORTAGEM

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

LUXOS

ESTILOS

LIVING

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7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |

ECONOMIA & NEGÓCIOS

mercados em potênciaNão perca os ensinamentos do Prémio Nobel da Economia. Paul

Krugman procurou explicar os efeitos práticos da globalização,

estabelecendo uma nova interpretação do comércio internacio-

nal. O especialista estudou o impacto da transformação do con-

ceito do New Trade na actividade económica e defende que os

mercados nem sempre funcionam. Porém, o seu fracasso está

relacionado com a falta de economia de escala. Descubra como

pode aplicar estas teorias para dinamizar o seu negócio

SOCIEDADE

as duas faces da moeda Já pensou em ‘investir’ na Bolsa? Na hora de decidir, escolha

também a de valores sociais. O modo de funcionamento é

idêntico ao modelo tradicional. Neste caso, as acções são doa-

ções para empresas com projectos sociais à escolha. O lucro é

para a comunidade. O conceito inédito existe em dois países e

pode ser aplicado em Angola. Compreenda as vantagens deste

projecto e como pode ‘jogar’ a favor da sociedade

SOCIEDADE

fuga de cérebrosO problema afecta as sociedades em geral. Enquanto as econo-

mias europeias se deparam com a questão pela primeira vez,

os africanos enfrentam esta situação há vários anos. A maioria

das famílias emigra ou envia os jovens dotados para o exterior,

onde desenvolvem a sua formação académica. Revelamos as

razões do êxodo

TURISMO

‘carimbos’ obrigatóriosA Angola’in sugere 25 cidades que não pode deixar de visitar no

decorrer deste ano. Localizadas nos cinco continentes, as su-

gestões destacam-se pela diversidade e por albergar eventos

imperdíveis. Opções não faltam, mesmo que não tenha opor-

tunidade de visitar todos os destinos. Aproveite os próximos

doze meses para explorar novas culturas, paisagens e experi-

mente vivências únicas. Comece já a planear as suas férias

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

cidades com personalidadeAs cidades do futuro estão em destaque nesta edição vanguar-

dista. A arquitectura moderna, que recorre às mais recentes

tecnologias, está presente na maioria dos trabalhos de recons-

trução, que começam a dar atenção ao ordenamento do terri-

tório e à usabilidade dos edifícios. Descubra as tecnologias que

podem melhorar o seu bem-estar

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58

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114

GRANDE ENTREVISTA

investimento prioritárioRocha de Matos, presidente da AIP-CE, é o novo parceiro da Feira Internacional de Luanda. Após a assinatura do protocolo de cooperação, o responsável da Associação das Indústrias Portuguesas revelou os projectos que tem em curso em Angola e quais as vantagens de trabalhar conjuntamente com a FIL. Em entrevista exclusiva, o empresário luso promete novidades para 2010 e faz um balanço positivo da economia nacional

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VINHOS & COMPANHIA

gourmet Café del Mar (Angola), Le Quartier Français (África do Sul) e Mo-

zaic (Indonésia) são as sugestões para esta rubrica. As particu-

laridades destes espaços, nomeadamente no que concerne ao

ambiente, atendimento personalizado e riquezas gastronómi-

cas são qualidades destes três restaurantes. As iguarias dos

chefs de cozinha são imperdíveis

CULTURA & LAZER

jovem talento‘Alambamento’ é o título da recente produção do promissor re-

alizador Mário Bastos. A curta-metragem estreia esta Prima-

vera nas salas de cinema nacionais e o seu mentor revelou à

Angola’in os segredos da película que tem todos os ingredien-

tes para emocionar os angolanos. Numa entrevista intimista, o

jovem talento fala da sua evolução profi ssional e das expecta-

tivas em relação ao mercado cinematográfi co

PERSONALIDADES

antónio oleReconhecido internacionalmente pela versatilidade das suas

produções, António Ole já fez um pouco de tudo. Artista plás-

tico, fotógrafo e realizador, evidencia-se na pintura. Encante-

se com o longo espólio desta personalidade, reconhecida pelos

trabalhos individuais e pela participação nas principais mostras

internacionais

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10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL

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editorial

o insurgenteO homem que estudou e procurou explicar os efeitos

práticos da globalização e das economias de esca-

la inspirou um dos temas de destaque desta edição.

Paul Krugman é norte-americano, crítico feroz da po-

lítica ministrada na era de George W. Bush e vencedor

do Prémio Nobel de Economia. No momento de cri-

se fi nanceira que afecta a economia globalizada, não

podia estar mais certo ao defender que os mercados

nem sempre funcionam, mas o fracasso dos mesmos

prende-se, muitas vezes, com a falta de economia de

escala. As suas conclusões revolucionaram a teoria do

comércio internacional que vigorava na década de 70

e que se baseava na máxima de que os mercados fun-

cionavam bem de forma independente. O professor

da Universidade de Princeton foi escolhido pela Real

Academia Sueca das Ciências por ter relacionado geo-

grafi a económica e comércio internacional, explicando

que alguns produtos e serviços podem ser produzi-

dos mais baratos em série, o conceito de economia de

escala. A teoria do “New Trade”, explica porque é que

progressivamente se foi substituindo a produção de

pequena escala em economias locais, pelas produções

em escala, dominadas por grandes empresas globa-

lizadas. Krugman estudou o impacto desta transfor-

mação nos padrões de comércio e na localização da

actividade económica e deu um nova interpretação ao

comércio internacional. Segundo a sua opinião sobre

a solução para a crise fi nanceira actual, o Governo bri-

tânico está certo. A nacionalização parcial das entida-

des bancárias é apoiada pelo economista que elogia,

também, os países da Zona Euro (UE). “Parece que os

governos da Zona Euro deram conta do recado, adop-

tando mais ou menos o plano britânico (...). Deveria

ter encorajado mais este Governo, que excedeu larga-

mente as expectativas e efectivamente mostrou ao

mundo o caminho a seguir”, escreveu Paul Krugman,

em 2008. Natural de um país onde os cuidados de

saúde são (ainda) uma benesse de quem tem segu-

ros, o economista defende o sistema de segurança so-

cial. Este é um dos pontos que o também colunista do

“New York Times”, criticava ferozmente na governa-

ção Bush. Apesar das opiniões políticas consideradas

de “esquerda”, o Nobel foi conselheiro para os assun-

tos económicos de Ronald Reagan, na década de 80,

em plena guerra fria. Actualmente, lecciona Economia

e Assuntos Internacionais e o seu trabalho de pesqui-

sa tem-se centrado nas crises económica e monetá-

ria. Carismático, explica que ganhou o honroso prémio

porque, quando criança, lia romances de fi cção cien-

tífi ca. “Nos primeiros romances de Asimov, os cien-

tistas sociais salvavam civilizações”, refere. “Gostava

disso e queria fazer o mesmo. Obviamente constatei

que a salvação muitas vezes não funciona tão bem na

prática quanto nos romances”, salienta. Um IN FOCO

muito especial para ler, pensar e adaptar às reais ne-

cessidades da nossa economia, sem esquecer o cres-

cimento das novas redes sociais que agora irrompem

um pouco por todo o território. De salientar que para o

sucesso pretendido importa não esquecer premissas

como a distância, os custos de transporte, a “dimen-

são espacial” de qualquer actividade económica e os

retornos crescentes para justifi car a desigual distri-

buição, nacional e global da actividade económica. As-

pectos a que Angola se deve familiarizar quando der

início a verdadeiros clusters (aglomerados) económi-

cos em sectores-chave para o país.

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11 EDITORIAL · ANGOLA’IN |

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SEGUNDO MAIOR FORNECEDOR DA CHINANos primeiros dez meses de 2009, Angola foi o segundo maior fornecedor de petróleo à Chi-

na. A notícia é avançada pelo jornal ‘China Daily’, que refere que a primeira posição é ocupada

pela Arábia Saudita, ao assegurar cerca de 15 por cento das importações daquele país. O país

asiático começou a importar petróleo em 1993 e no ano passado atingiu um nível de depen-

dência externa considerado “alarmante”. Entre Janeiro e Outubro de 2009, a Arábia Saudita

vendeu à China 32,8 milhões de toneladas de petróleo e Angola 25,6 milhões de toneladas. O

Irão fi gura em terceiro lugar, com 20,2 milhões de toneladas. A China importou 204 milhões

de toneladas de petróleo em 2009, correspondendo a 52 por cento do seu consumo e a uma

subida de três pontos percentuais em relação a 2008. Analistas do sector prevêem que o nível

de “dependência externa” da China aumente para 65 por cento até 2020 e devendo subir este

ano para 54 por cento.

| patrícia alves tavares

12 | ANGOLA’IN · INSIDE

PROCURARINVESTIMENTOSAngola participará na Expo Xangai 2010 (Chi-

na) com um propósito claro: atrair investimen-

tos estrangeiros. Quem o diz é a comissária

para a exposição, Albina Assis, que destaca o

facto de o evento constituir uma oportunida-

de para o país reafi rmar o seu posicionamen-

to regional e internacional, revelando todo o

desenvolvimento dos últimos anos. A respon-

sável defendeu que a Grande Exposição se

apresenta como o cenário ideal para discus-

sões de políticas e acções à volta do tema da

sustentabilidade das grandes capitais mun-

diais. “O nosso objectivo é mostrar as nossas

potencialidades, apoiando-se no maior e mais

importante recurso que é a diversidade do ca-

pital humano que possuímos”, reiterou. Ango-

la participa na feira com um pavilhão de 1000

m2, que vai representar os antepassados em

contraposição com os núcleos modernos ur-

banos. A Expo Xangai decorre entre 1 de Maio

e 31 de Outubro e tem como slogan “Melhor

Cidade, Vida Melhor”.

HOTEL DE CINCO ESTRELASO primeiro empreendimento hoteleiro nacio-

nal com a categoria de cinco estrelas nasceu

no Talatona, em Luanda. Tem cinco pisos e 201

quartos, onde é possível visualizar a panorâ-

mica de toda a zona sul da capital. O espaço

está integrado no Centro de Convenções mul-

tiusos com o mesmo nome e é rodeado por

dezenas de chalés de luxo. O Hotel de Con-

venções de Talatona apresenta uma fachada

principal composta por uma moldura de vidro

com uma combinação de cores parecida com

o arco-íris. O edifício dispõe de 201 quartos,

dos quais 21 suites, subdivididas em 17 sui-

tes juniores, três de luxo e uma presidencial,

com tratamento VIP diário e rede de internet

gratuita. Pertencente à empresa Sonangol,

o primeiro hotel cinco estrelas é composto

por três restaurantes e 12 salas de reuniões.

O funcionamento dos serviços é assegurado

por 400 pessoas. O custo de uma suite oscila

entre os 600 e os 1500 dólares.

INSIDE

RESERVAS EM RISCO

A Empresa Nacional de Diamantes de Angola

(ENDIAMA) manifestou-se preocupada com

o facto de as reservas de diamantes começa-

rem a escassear. A situação tem-se agravado

no país ao longo dos últimos anos, nomea-

damente devido à intensa actividade regis-

tada nas regiões tradicionais de exploração

diamantíferas, praticada na maioria dos ca-

sos por cidadãos da República Democrática

do Congo. A situação já levou o presiden-

te da ENDIAMA, António Carlos Sumbula, a

apelar às autoridades angolanas e congole-

sas para que resolvam o problema. A provín-

cia da Lunda Norte é a região com o maior

índice de garimpo e imigração ilegal. Devido

ao descontrolo da actividade, o Estado per-

de anualmente cerca de USD 300 milhões. O

problema já conduziu o Governo a desenvol-

ver acções para evitar a ocupação anárquica

das reservas do Estado, através do contro-

lo do uso dos recursos, criação de emprego

e protecção dos recursos naturais. Aliás, o

Executivo aprovou no primeiro semestre de

2009 o regulamento de exploração para sal-

vaguardar esses recursos, conferindo aos ci-

dadãos nacionais exclusividade no que toca

à actividade artesanal de extracção de dia-

mantes, durante um período mínimo de dez

anos. As primeiras licenças serão emitidas no

primeiro trimestre deste ano.

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13 INSIDE · ANGOLA’IN |

LABORATÓRIO DE REFERÊNCIAAs associações de defesa de consumidores defendem a criação de um

laboratório de referência que garanta uma maior segurança alimen-

tar. Domingos da Conceição, secretário-geral da Federação das Asso-

ciações de Defesa dos Consumidores de Angola (FAAC), sugere que

o Governo desenvolva urgentemente organismos que correspondam

aos padrões internacionais, de modo a garantir a qualidade dos pro-

dutos que chegam ao território nacional. Em declarações ao jornal ‘O

País’, o responsável alega que parte dos alimentos possui os requisitos

necessários para consumo quando importados, mas perdem a qua-

lidade devido à má conservação e transportação. “O país está numa

fase de crescimento acentuado, sendo que o consumo aumenta em

paralelo diariamente, no qual são precisos instrumentos técnicos pa-

ra auferir a qualidade dos alimentos que consumimos”, esclarece. Na

opinião do representante da FAAC, os laboratórios de referência são

extremamente importantes, pois reforçam a capacidade de actuação

das associações, que encaram este aspecto como uma das medidas

para que todos tenham acesso a uma alimentação segura, sufi ciente

e nutritiva.

UNICER TERÁ FÁBRICAO projecto remonta a 2003, mas só agora

foram assinados os contratos com os três

parceiros nacionais. A empresa portuguesa

Unicer pode arrancar com a construção da

fábrica de cerveja, que está orçada em 120

milhões de dólares. A entidade assume a de-

signação de Única e será detida em 49 por

cento pela Unicer. Os restantes 51 por cento

serão repartidos pela Giasope, Emprominas e

Imosil. A fábrica, que já tem a autorização do

Governo, fi cará a cerca de 30 quilómetros de

Luanda e vai criar mais de mil postos de tra-

balho directos e 10 mil indirectos. A sociedade

vai dar início à procura de terrenos e concreti-

zação física do projecto. A unidade deverá es-

tar a funcionar em 2012.

UNESCO APOIA FORMAÇÃOA Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (Unesco) vai colaborar em projectos do Ministério da Cultura angolano, no

que respeita à formação de quadros em diferentes áreas. Damir Dijakovic, representante da entidade, garantiu que está “empenhado em ver con-

cretizado o projecto angolano, tendo em conta que contém uma perspectiva futurista e virada para a formação de quadros que poderão ajudar na

preservação e divulgação da cultura angolana”. O responsável defende a preservação do património cultural angolano como símbolo da identida-

de do povo. O vice-ministro da Cultura, Cornélio Calei, lembrou, por sua vez, que a fraca herança das instituições e a falta de quadros aliados ao

confl ito armado contribuíram para o atraso na criação das condições necessárias para a área da cultura. O facto de a nação ser um país de expres-

são portuguesa também contribuiu negativamente para essa formação de quadros, pelo que o ministério decidiu formar os seus colaboradores

nas línguas inglesa e francesa. Quanto ao reconhecimento de Mbanza Congo, Xitundu Hulu e da Bacia do Kwanza como património mundial da

humanidade, Dijakovic referiu que o processo está a ser avaliado.

UNITEL AUMENTA COBERTURA DE REDEA maior empresa de telecomunicações móveis em Angola expandiu a sua cober-

tura a mais onze municípios do país, através da instalação de novas estações de

rede em diferentes províncias. “Os municípios de Cuvango, Chipindo e Quilengues

(província de Huíla), Ebo e Quilenda (Kwanza Sul), Ekunha, Tchinjenje e Longonjo

(Huambo), Chongoroi (Benguela), Bungo e Mucaba (Uíge) dispõem agora das in-

fra-estruturas necessárias para que os clientes da Unitel tenham acesso ao sinal

de rede”, anunciou a operadora. Com liderança consolidada no mercado das te-

lecomunicações móveis nacionais, a empresa alcançou recentemente os 5,5 mi-

lhões de clientes. Em Angola existem duas redes, a estatal Angola Telecom e a

privada Unitel, que iniciou as suas operações em 2001 e tem actualmente uma

quota de mercado superior a 60 por cento.

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INSIDE

14 | ANGOLA’IN · INSIDE

E-GOVERNO APROVADOO Executivo de José Eduardo dos Santos apro-

vou o projecto da rede privada “e-Governo”. A

decisão foi divulgada pelo presidente da As-

sembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias

dos Santos e visa aperfeiçoar a transparência

governativa. O responsável argumentou que

o sistema de governo electrónico é um meio

que permitirá estreitar a relação do Estado

com os órgãos dependentes, com a população

e com os diversos sectores privados. O dirigen-

te aproveitou a ocasião para recordar que está

em curso a criação do primeiro Centro de Da-

dos Certifi cados de nível três, que foi lançado

no último ano e vai salvaguardar o domínio Top

da Internet no país, bem como possibilitar a

centralização das bases de dados do Governo.

A companhia indiana de Petróleo e Gás assinou um

memorando de entendimento com a Sonangol. O

documento tem como fi nalidade o desenvolvimento

de actividades de exploração de petróleo, baseado

numa actuação conjunta, reforçando assim a coo-

peração bilateral entre as duas entidades. O acordo

foi alcançado durante a visita a Luanda do ministro

indiano dos Petróleos e Gás Natural, Murli Deora. A

agência Bloomberg noticia que o presidente da Oil &

Natural Corporation of Índia, R. S. Sharma, declarou

que o memorando “abre oportunidades para as duas

empresas trabalharem juntas em todas as áreas do

negócio do petróleo”.

ELEIÇÕES EM 2012José Eduardo dos Santos confi rmou que as

eleições gerais vão decorrer em 2012, coinci-

dindo com o término da actual legislatura.

Após a recente aprovação e entrada em vigor

da Constituição, o Presidente da República

explicou que “o Estado deverá criar as condi-

ções para a realização” do sufrágio, agendado

para a data em “que fi nda o mandato resul-

tante das legislativas de Setembro de 2008”.

O responsável afi rmou ainda, em resposta

às críticas da Unita, “é fruto de um prolon-

gado debate aberto, livre e democrático com

todas as forças vivas da Nação”. Recorde-se

que com as alterações impostas pelo Tribu-

nal Constitucional, o presidente da República

é eleito como cabeça-de-lista do partido ou da

coligação mais votada, sendo feita a sua iden-

tifi cação no boletim de voto, ao contrário do

inicialmente previsto. Já o cargo de primeiro-

ministro deixa de existir.

HOLANDESES APOSTAM NA AGRICULTURAO grupo Tahal, controlado pela empresa holandesa Kardan NV, pretende desenvolver um sistema

de abastecimento e recolha de águas residuais e de irrigação para o colonato rural de Quiminha.

O contrato de 143 milhões de euros foi rubricado pelo Ministério das Obras Públicas e permitirá

criar um projecto integrado de desenvolvimento agrícola e regional. O espaço que vai albergar o

mecanismo conta com 310 explorações agrícolas e está a 70 quilómetros a sudeste da capital. O

futuro sistema tem como objectivo o aproveitamento dos terrenos férteis, de forma a aumentar

a produção local de produtos agrícolas. O projecto deverá arrancar durante o primeiro semestre

de 2010 e fi cará concluída num prazo de três anos. O grupo Tahal é uma organização mundial, se-

deada em Amesterdão, especializada em sistemas de abastecimento de água, recolha de águas

residuais, energia hidroeléctrica, gestão de resíduos sólidos, entre outros.

ONI AVANÇA COM DUAS EMPRESAS A ONI vai criar duas instituições em Angola na primeira metade deste ano: uma su-

cursal da operadora e outra com sócios locais. O presidente executivo da ONI, Xavier

Rodriguez-Martín, adiantou à agência portuguesa Lusa que pretende “criar duas em-

presas, uma subsidiária e outra com os parceiros locais”. O presidente executivo da ONI

frisou recentemente numa conferência de imprensa que a operação em Angola “vai

materializar-se na primeira metade do ano”, admitindo que se trata de “um mercado

interessante”, já que “há um espaço para a especialização no mercado empresarial”. O

responsável destacou que depois de uma primeira onda de investimento efectuado por

operadores móveis, existe actualmente mercado para uma “segunda onda de investi-

mento focalizada nos serviços”, onde a ONI pretende dar cartas naquele país. A interna-

cionalização é “uma aposta fi rme” da empresa que pretende também no fi nal de 2012

gerar um terço das suas receitas nos mercados internacionais, num valor que se situará

entre 70 e 80 milhões de euros.

SONANGOL PARCEIRO DE FIRMA INDIANA

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16 | ANGOLA’IN · MUNDO

| patrícia alves tavares

peru

25 anos para FujimoriO Supremo Tribunal do Peru confi rmou por

unanimidade a condenação a 25 anos de pri-

são de Alberto Fulimori. O ex-presidente foi

punido pelos crimes de violação dos direitos do

Homem. A decisão surge na sequência de um

recurso interposto pelo antigo chefe de Esta-

do peruano, que já tinha sido condenado em

Abril pela responsabilidade em massacres de

civis em 1991 e 1992, durante a repressão das

guerrilhas de extrema-esquerda. Fujimori foi

ainda condenado em 2007 e 2009 – em proces-

sos distintos – com penas de seis a nove anos

pelos crimes de corrupção e abusos de poder.

Como no Peru as sentenças não acumulam, o

ex-presidente deverá cumprir a mais longa (25

anos), o que para os seus apoiantes signifi ca

“uma condenação à morte”.

MUNDO

cuba

Eleições parciais em AbrilO Conselho de Estado cubano convocou eleições parciais, que se destinam à escolha dos delegados das assembleias municipais (vereadores)

do Poder Popular. A ida às urnas está agendada para 25 de Abril e caso nenhum dos candidatos obtenha mais de 50 por cento dos votos, terão

que ir à segunda volta, marcada para 2 de Maio. Recorde-se que as eleições municipais decorrem a cada dois anos, pelo que os cubanos com

mais de 16 anos votaram pela última vez em Outubro de 2007, quando elegeram mais de 15 mil representantes dos 169 municípios do país,

escolhendo os 614 deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento) e os delegados das Assembleias Provinciais. As eleições

antecederam as de Janeiro de 2008.

dubai

Maior torre do mundoTem mais de 800 metros de altura e 200 an-

dares. O arranha-céus Burj Dubai foi inaugu-

rado no início do ano e é o edifício mais alto do

mundo. A torre simboliza a ambição do Du-

bai, que pretende tornar-se numa das maio-

res potências económicas mundiais, apesar

da crise que o país enfrentou recentemente.

A obra arrancou em 2004 e custou cerca de

1,5 mil milhões de dólares. A sua construção

levou 22 milhões de horas e fi cou ao encargo

da companhia imobiliária Emaar. O empreen-

dimento pesa 500 mil toneladas e ultrapassa

os 500 metros da torre Taipei 101, em Taiwan

(até então a mais alta do planeta). No 124º

andar existe um posto de observação, que

possibilita a visualização de todo o emira-

do de Dubai. No entanto, segundo a agência

Reuters, das duas centenas de pisos apenas

35 poderão ser habitados, pelo que a maioria

dos espaços de luxo já se encontra vendida.

Com 57 elevadores e três mil vagas de esta-

cionamento, a nova torre acolhe o requintado

hotel da Armani.

cop15

Europa quer energia verdeNove países europeus estudam a criação de uma rede de abas-

tecimento ultramoderna com recurso exclusivo a energias re-

nováveis. O projecto está orçado em 30 mil milhões de euros e

surge como resposta ao fracasso da Cimeira de Copenhaga. O jor-

nal alemão Sueddetusche Zeitung avançou a notícia, adiantando

que a ideia se destina a equilibrar o abastecimento com energia

eólica, hídrica e solar. O plano inclui uma rede que agrupará 65

centrais energéticas da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França,

Holanda, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Reino Unido. Para con-

cretizar o projecto, serão desenvolvidos nos próximos dez anos

milhares de quilómetros de cabos submarinos de alta tensão

diante das costas alemã e britânica, para transmitir a energia re-

colhida nestes países. Os custos fi cam ao encargo de empresas

privadas. Segundo o Ministério da Economia alemão, a iniciativa

arranca em Janeiro, estando agendado para o primeiro trimestre

uma reunião de representantes ao mais alto nível. O projecto da

nova rede energético-ambiental surgiu em Dezembro, após uma

reunião na Irlanda entre as nações participantes. Até Outubro, os

respectivos governantes pretendem ainda assinar uma declara-

ção de intenções e um calendário de implementação do projecto.

Page 17: Angola'in - Edição nº 11

17 MUNDO · ANGOLA’IN |

clima

Austrália vive década mais quenteO Instituto de Meteorologia australiano divulgou que o país viveu a década mais quente da

história, devido às alterações climáticas, que originaram vagas de calor, secas, tempestades

de areia e incêndios. No último ano, a temperatura média subiu cerca de um grau, tendo sido

a mais quente desde 1910. Dean Collins, climatólogo, destaca que nos termómetros se regis-

taram 22,3ºC, ou seja, 0,48ºC acima dos valores observados entre 1961 e 1990, pelo que alerta

para este tipo de fenómeno que “não surge por acaso”. “Refl ecte o que se passa à escala mun-

dial”, alerta o especialista. Em 2009, a Austrália foi atingida por três vagas de calor históricas,

situação que leva Dean Collins a prever condições semelhantes para os primeiros três meses do

novo ano, durante o Verão Austral.

eua

Segurança apertada gera polémicaO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou novas me-

didas de segurança nos aeroportos com vista a evitar novos ataques

terroristas. Assim, as 550 mil pessoas que constam da ‘watch list’

de suspeitos encontram-se proibidas de voar para os EUA. Por outro

lado, as regras nas vistorias dos passageiros foram apertadas. A par-

tir de Janeiro, todos os indivíduos oriundos de uma lista de 14 países

– cujos nomes não foram divulgados – e que tenham como destino

cidades americanas são obrigados a passar por revistas corporais. O

mesmo se aplica a todas as pessoas que façam escala nas referidas

regiões, verifi cando-se ainda um acréscimo dos controlos aleatórios

de todos os viajantes. A questão das revistas corporais está a gerar

alguma polémica, uma vez que se levantam preocupações em rela-

ção à privacidade dos indivíduos, já que as imagens mostram detalhes

médicos como próteses ou implantes. Apesar da lista de países inter-

ditos não ter sido revelada, os jornais americanos revelam tratar-se

de Cuba, Irão, Sudão, Síria, Afeganistão, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia,

Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iémen. Entretanto, na

Europa, o Reino Unido anunciou que vai adoptar esta tecnologia “logo

que possível” e a Alemanha admite testá-la em breve.

ciência

Cinco planetas fora do sistema solarA Sociedade americana de Astronomia, em Washington (EUA),

revelou que o telescópio espacial Kepler (enviado para o espaço

a 6 de Março de 2009) encontrou os primeiros cinco planetas

fora do sistema solar. Estes juntam-se aos 415 exo-planetas

detectados desde 1995, com recurso a outros telescópios. As

novas descobertas apresentam dimensões que variam entre

o tamanho de Neptuno e um maior que Júpiter. Após cerca de

seis semanas de recolha de dados, os cientistas concluíram que

os planetas, chamados Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b, são dema-

siado quentes para albergar vida, já que as temperaturas osci-

lam entre os 1200 e os 1648 graus Célsius. “Estas observações

ajudam-nos a compreender melhor como se formam e evoluem

os sistemas planetários”, sustentou William Borucki, do centro

de investigações Ames da NASA e responsável principal pela

equipa científi ca do Kepler. O investigador acredita que o teles-

cópio norte-americano poderá encontrar planetas mais peque-

nos com órbitas mais longas, “aproximando-se da descoberta

do primeiro planeta análogo à Terra”.

Page 18: Angola'in - Edição nº 11

18 | ANGOLA’IN · MUNDO

frança

Sarkozy quer taxar carbonoO presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a criação

de um imposto ecológico para reduzir as emissões de car-

bono. O país francófono prepara-se para aplicar a medida

a nível interno no segundo semestre de 2010. No entan-

to, o responsável afi rma estar disposto a lutar “para que

a Europa adopte um imposto sobre o carbono”, situação

que colocaria em pé de igualdade as empresas europeias.

O chefe de Estado anunciou que o ministro da Ecologia,

Jean-Louis Borloo vai apresentar um novo projecto sobre

o imposto do carbono que ultrapasse os obstáculos apon-

tados inicialmente pelo Conselho Constitucional. Sarko-

zy revelou que “Copenhaga é muito melhor que Quioto”,

comparando o acordo conseguido nas duas cimeiras, re-

lembrando que em 1997 apenas 35 países rectifi caram o

Protocolo de Quioto, quando na capital dinamarquesa o

documento fi nal foi assinado por 192 Estados.

MUNDO

economia

EUA em baixaAs previsões para o crescimento do Produto

Interno Bruto nos Estados Unidos, em 2010,

é de 1,5 por cento, enquanto o desenvolvi-

mento esperado para o produto global é de

3,7 por cento. Desta forma, os especialistas

acreditam que as locomotivas do crescimen-

to global são e serão cada vez mais os países

emergentes, cujo crescimento previsto para

este novo ano é de 5,5 por cento.

irão

Autoridades proíbem cooperação com 60 paísesUma lista de 60 organizações internacionais foi divulgada pelas autoridades iranianas, que proi-

biram os seus cidadãos de cooperar com as referidas instituições. Entre elas encontram-se várias

ONG, grupos defensores dos direitos humanos, sites ligados à oposição e meios de comunicação

social internacionais. Em causa está a acusação, por parte do ministério da Informação, de estes

organismos terem estado envolvidos em manifestações antigovernamentais, que se seguiram à

reeleição, em Junho, do presidente Mahmoud Ahmadinejad. A “lista negra” inclui entidades como

a Human Rights Watch, as fundações Ford e Rockfeller e órgãos de informação como a BBC e a

Voice of America. O vice-ministro da Informação apelou ainda aos iranianos para que não tenham

“contactos fora do normal com cidadãos estrangeiros, embaixadas e organizações que lhes este-

jam ligadas”. Já o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ramin Mehmanpa-

rast, afi rmou em conferência de imprensa que serão igualmente tomadas medidas contra aqueles

que se encontram detidos, caso se descubra que lideram o que chamou de “guerra psicológica”

contra o Governo. Os responsáveis iranianos anunciaram ainda o adiamento da visita de um grupo

de eurodeputados, que planeava encontrar-se com membros do Parlamento e da oposição, que

estava marcada para o início de Janeiro.

somália

Pior do mundo em 2010Os analistas do Economist Intelligence Unit

(EIU) prevêem um ano de grandes difi culda-

des para a Somália, que se vê afectado pela

guerra civil, pobreza opressiva e pirataria, em

que as instituições políticas não funcionam e

o Estado tem pouca infl uência fora da capi-

tal, Mogadíscio. A maioria do território é con-

trolado por dois grupos armados, o que leva

os especialistas a afi rmar que “o mais preo-

cupante é a situação dos jovens somalis que

aderem ao ideal radical, havendo pouca espe-

rança na estabilização da situação política”.

Ainda de acordo com o EIU, as agências in-

ternacionais prometem ajudas, mas não pos-

suem as condições de segurança necessárias

para as canalizar, pelo que as forças de paz a

trabalhar no terreno são bastante reduzidas.

Com o agravamento das condições sociais, os

analistas acreditam que o país pode tornar-se

num grande problema para o mundo. A EIU

admite que a nação apenas chega à imprensa

internacional devido à pirataria. Já segundo o

World Food Programme da ONE, mais de 40

por cento da população precisa de ajuda ali-

mentar para sobreviver e uma em cada cinco

crianças é gravemente desnutrida.

Page 19: Angola'in - Edição nº 11

19 MUNDO · ANGOLA’IN |

Page 20: Angola'in - Edição nº 11

IN FOCO

20 | ANGOLA’IN · IN FOCO

| manuela bártolo

Um renovado interesse

na geografi a económi-

ca está a nascer. A revo-

lução que assentou nos

rendimentos crescen-

tes/concorrência im-

perfeita - fundamento

dos modelos de cresci-

mento endógeno, que

transformaram a teo-

ria económica das duas

últimas décadas - vive hoje novos desafi os.

Findos as três primeiras fases desta revo-

lução, marcada, primeiro, pela nova organi-

zação industrial que criou um conjunto de

modelos de concorrência imperfeitos, segun-

do, pela nova teoria comercial, que utilizou tal

conjunto para construir modelos de comércio

internacional na presença de rendimentos

crescentes e, por último, pela teoria do cres-

cimento que aplicou todo este instrumental

à mudança tecnológica e ao desenvolvimento

económico, é tempo de entender a geografi a

económica, segundo Paul Krugman, Prémio

Nobel de Economia (2008). Para o mesmo,

este termo entende a localização da produ-

ção no espaço, ou seja, é o ramo da econo-

mia que se preocupa com “onde” ocorrem

os negócios e se localizam as empresas. No

sentido adoptado por Krugman, a maior par-

te da economia regional e algumas questões

da economia urbana constituem a geografi a

económica. A teoria do comércio internacio-

nal, segundo ele, é um caso especial da ge-

ografi a económica, onde as fronteiras e as

acções dos governos desempenham um rele-

vante papel na determinação da localização

e distribuição espacial das actividades pro-

dutivas. Este investigador considera que as

teorias do comércio, o crescimento e os ciclos

económicos da década de 80 oferecem uma

visão mundial da economia bastante distin-

ta da que derivava do corpo teórico antece-

dente: concorrência perfeita, crescimento

equilibrado e convergência da produtividade

entre países. “Rendimentos crescentes de

escala que se mantêm de forma permanente

e concorrência imperfeita; equilíbrios múlti-

plos em todas as partes, e um papel cada vez

mais decisivo para a história, os ‘acidentes’

[...]: essas são as ideias que se estão a tornar

populares [...]”, referia Krugman já em 1992.

A clara dependência da história, que carac-

teriza a localização da produção em todas as

partes do mundo, é, para o Prémio Nobel, a

prova de que a economia está mais próxima

de um mundo dinâmico guiado por processos

acumulativos, do que do modelo típico de

rendimentos constantes de escala. Krugman

tem procurado incessantemente demonstrar

duas coisas: que os rendimentos crescentes

têm, de facto, uma infl uência permanente

na economia e que, quando se estuda a dis-

tribuição geográfi ca da produção nas econo-

mias reais, se percebe

que os acontecimentos

históricos desempenha-

ram um papel decisivo

na sua concretização. A

sua posição sobre a in-

fl uência dos aconteci-

mentos ou “acidentes”

históricos na concentra-

ção de empresas, tem

como antecedente o

“facto histórico fortuito” de Myrdal, indica-

do por este autor como a origem do poder de

atracção de um centro económico.

Os rendimentos crescentes, conforme Krug-

man, afectam a geografi a económica em

vários âmbitos. No nível mais reduzido, a loca-

lização de sectores específi cos refl ecte algu-

mas vantagens transitórias; num nível maior,

a própria existência de cidades constitui um

fenómeno visível da existência de rendimen-

tos crescentes de escala; no nível superior, o

desenvolvimento desigual entre regiões po-

de ser consequência de processos cumulati-

vos enraizados nos rendimentos crescentes.

No modelo de Krugman, a interacção entre a

procura, os rendimentos crescentes e os cus-

tos de transporte são a força motriz desses

processos cumulativos que acentuam as de-

sigualdades regionais. No início do século XX,

explica, os geógrafos deram-se conta de qua

a maior parte da indústria dos Estados Uni-

dos estava concentrada numa parte relativa-

mente pequena da região Noroeste e da parte

central do Meio Oeste, que se tornou conhe-

nova geografi a económica

“A concentração geográfi ca nasce, basicamente, da interacção entre os rendimentos crescentes, os custos de transporte e a procura”

Page 21: Angola'in - Edição nº 11

21 IN FOCO · ANGOLA’IN |

cida como “Cinturão Industrial”, termo que,

segundo Krugman, parece ter sido usado pela

primeira vez por DeGeer (The american manu-

facturing belt, 1927). Durante a fase de apogeu

do Cinturão, a maior parte da indústria que se

concentrava no seu exterior, conforme explica,

correspondia ao processamento de matérias-

-primas ou à produção destinada ao merca-

do local. Isto é, o Cinturão Industrial continha

praticamente todas as indústrias “soltas”, ou

seja, que não estavam ligadas a uma determi-

nada localização nem pela necessidade de es-

tar muito próximas do consumidor fi nal, nem

pela necessidade de utilizar os recursos na-

turais situando-se muito perto da sua fonte.

Este facto tornava ainda mais expressiva a di-

mensão da concentração de empresas dentro

e no entorno do Cinturão, salienta. Em mea-

dos do século XX, a maior parte das matérias-

primas utilizadas pelas indústrias situadas na

área do Cinturão era importada de outras re-

giões. Krugman questiona-se sobre o porquê

de, mesmo diante dessa situação, uma parte

tão considerável da indústria dos Estados Uni-

dos ter permanecido localizada nesta peque-

na área de território do país. A resposta, para

ele óbvia, era devido às vantagens proporcio-

nadas por se estar próximo das demais fábri-

cas instaladas no Cinturão, ou seja, uma vez

estabelecido o Cinturão, nenhum fabricante

individual teria interesse em se distanciar do

mesmo. O economista atribui a uma questão

central referenciada aos detalhes da história,

a razão de se ter originado uma concentração

geográfi ca dessa natureza. Nota-se na análi-

se efectuada, fortes traços de similaridade à

análise sobre a origem e existência dos clus-

ters nos Estados Unidos e em outros países.

Segundo este, as forças que incitam os empre-

sários industriais a se agruparem residem nas

externalidades da procura. No seu modelo, “a

concentração geográfi ca nasce, basicamente,

da interacção entre os rendimentos crescen-

tes, os custos de transporte e a procura [...]”.

Se as economias de escala são sufi cientemen-

te grandes, cada fabricante prefere abastecer

o mercado nacional a partir de um único local.

Para minimizar os custos de transporte, elege

uma posição espacial que permita contar com

uma procura local grande. Mas a procura lo-

cal será grande, precisamente na área onde a

maioria dos fabricantes elege situar-se. Deste

modo, existe um argumento circular que ten-

de a manter a existência do Cinturão Industrial

[ou do cluster], uma vez que este tenha sido

criado, explica. Krugman considera importante

salientar que o aparecimento do Cinturão In-

dustrial remonta a meados do século XIX. Ele

utiliza este facto para contrapor os argumen-

tos de que as economias externas e os pro-

cessos cumulativos tenham assumido maior

relevância nas décadas recentes por força da

crescente importância da tecnologia. A con-

centração geográfi ca da indústria nos Estados

Unidos, pontua Krugman, existiu muito antes

do advento da era da informação. Com isso,

ele conclui que não só não é certo que a eco-

nomia na actualidade não se ajuste ao mode-

lo convencional dos rendimentos constantes

de escala, mas também que nunca cumpriu

tal função. Reportando-se especifi camente

à análise económica da localização industrial,

enumera três razões que identifi ca como favo-

ráveis à concentração de uma actividade num

determinado local.

Graças à concentração de um elevado núme-

ro de empresas de um ramo no mesmo local,

um centro industrial cria um mercado conjunto

para trabalhadores qualifi cados, que benefi cia

tanto os trabalhadores, como as empresas;

Um centro industrial permite a provisão, em

maior variedade e a um menor custo, de fac-

tores concretos necessários ao sector, que não

são objecto de comércio.

Devido ao facto da informação fl uir com mais

facilidade num âmbito mais restrito, que ao

longo de grandes distâncias, um centro indus-

trial gera o que se pode chamar, nas palavras

de Krugman, de osmose tecnológica (techno-

logical spillovers).

No que se refere à disponibilidade de factores

e serviços específi cos de uma indústria, Krug-

man levanta duas questões referentes aos

factores intermediários, a primeira é que a sua

oferta dependerá da existência de economias

de escala, pois, apenas a presença de rendi-

mentos crescentes permitirá a um grande

centro de produção dispor de fornecedores

mais efi cientes e mais diversifi cados, do

que um centro pequeno. A segunda é que

essa oferta não dependerá de nenhuma as-

simetria dos custos de transporte entre os

bens intermediários e os bens fi nais. Tra-

tando dos efeitos externos mais ou menos

puros que se produzem como resultado da

osmose de conhecimentos entre empresas

próximas, o especialista ressalta que o ên-

fase dado à alta tecnologia em grande par-

te das discussões políticas contribuiu para

converter as externalidades tecnológicas

nos determinantes mais óbvios da con-

centração. Declara-se, por is-

so, “seguro de que verdadeiros

processos de osmose tecnoló-

gica desempenham um impor-

tante papel na concentração

de alguns sectores, mas nem por isso há que

se supor que esta seja a razão principal – nem

mesmo para a própria indústria de alta tecno-

logia [...]”. Levantando um outro importante

ponto do seu modelo teórico, Krugman dife-

rencia região de país, sugerindo a conveniência

de eliminar as nações da descrição do comércio

inter-regional, entre países, no âmbito inter-

nacional. Para ele uma nação não é uma região

ou uma localização. No caso das grandes ten-

dências de aglomeração que aparecem no mo-

delo centro-periferia, Krugman afi rma que a

natureza das externalidades provêm dos efei-

tos do tamanho do mercado frente aos custos

de transporte, ou seja, da existência de elos

para frente e para trás, que estimulam os pro-

dutores a concentrarem-se nas proximidades

dos grandes mercados, além de propiciarem

aos mercados importantes que estes se con-

centrem junto dos produtores, não existindo

nenhuma razão para se pensar que as frontei-

ras nacionais irão defi nir as regiões relevantes.

As transacções no espaço exigem alguns cus-

tos; existem economias de escala na produção.

Os empresários têm um incentivo à concentra-

ção da produção de cada bem ou serviço num

número limitado de lugares, isto porque a re-

alização de transacções no espaço comporta

alguns custos. Os lugares preferidos por ca-

da empresa individual são aqueles nos quais

a procura é grande ou a oferta de factores é

particularmente conveniente, o que, em geral,

são os lugares que outras empresas também

irão eleger. Por este motivo, a concentração da

indústria, uma vez criada, tende a autosusten-

tar-se; esta realidade cumpre-se tanto no que

se refere à concentração de sectores individu-

ais, como no que cria aglomerações de [gran-

de] magnitude”, salienta.

Page 22: Angola'in - Edição nº 11

22 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

A entrada de empresas estrangeiras numa

economia está associada a um aumento de

bem-estar nas populações devido, por exem-

plo, ao aumento de empregos em quantida-

de e qualidade, isto é, normalmente melhor

remunerados pelas multinacionais estran-

geiras, que pelas empresas locais. Por outro

lado, o investimento directo no estrangeiro

de empresas nacionais, quando não de subs-

tituição dos investimentos existentes “intra-

muros”, fortalecem o tecido empresarial, por

exemplo, pela experiência e crescimento a

que normalmente estão associadas.

O investimento das empresas estrangeiras con-

segue-se atrair quando se revelam um conjunto

de determinantes na economia onde se realiza

o investimento, nomeadamente: a dimensão

(ou crescimento) e oportunidades comerciais do

mercado, a redução de barreiras alfandegárias,

o acesso a capital, a política agressiva na atrac-

ção de investimento estrangeiro, etc.

Angola vive a fase do Investment Development Path (IDP). A seguinte surgirá quando o valor do Net Outward Investment (NOI) for positivo, isto é, quando as saídas de investimento superarem as entradas

Por outro lado, o investimento directo no es-

trangeiro quando realizado de raiz (deixa-se de

fora as parcerias e as aquisições) é conseguido

depois de ultrapassar algumas barreiras, mor-

mente as difi culdades em assegurar canais de

fornecimento de matérias-primas, no recruta-

mento de mão-de-obra adequada, entre outros,

e suportados num conjunto de determinantes

que se subdivide em 3 grupos: determinantes

do país de destino ou forças centrífugas, do pa-

ís de origem ou forças centrípetas e da própria

empresa ou forças internas.

A economia angolana após um período em que

precisou de atrair investimento para se desen-

volver, entrou numa fase em que para além de

atrair investimento também tem empresas

nacionais a realizar investimentos no estran-

geiro, nomeadamente por aquisição e parce-

ria. Esta nova fase é conhecida como segunda

fase do Investment Development Path (IDP).

A terceira fase surgirá quando o valor do Net

Outward Investment (NOI) for positivo, isto é,

quando as saídas de investimento superarem

as entradas.

Recorrendo à análise gráfi ca, é interessante ve-

rifi car que quando o NOI começa a ter um valor

mais baixo, isto é um diferencial maior entre

volume de saída e de entrada do investimento,

o GDP (Produto Interno Bruto) e GDP per capita

(PIB per capita), que é um indicador da qualida-

de de vida, começa a subir de forma consisten-

te, isto é, quando as populações começam a ver

aumentada a sua qualidade de vida.

Como o envolvimento internacional de uma eco-

nomia é feito, cada vez mais, nos ombros das

empresas que a compõem, sendo em econo-

mias modernas a intervenção estatal cada vez

mais reduzida. Contudo, agora que se está no

caminho do desenvolvimento sustentado, cum-

pre ao governo assumir a responsabilidade de

criar políticas que fomentem o apoio às empre-

sas estrangeiras em território angolano e apoiar

as empresas nacionais que decidem realizar in-

vestimentos no estrangeiro de modo a criar uma

dinâmica cada vez maior dentro da economia.

miguel matos torres

prof. da universidade de aveiro (degei), portugal

mercadosem potência

IN FOCO

Fonte: United Nations Conference on Trade and Development

(Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) - Unctad (2008) (Milhões de dólares)

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NOI GDP GDP PER CAPITA

ARTIGO DE OPINIÃO

Page 23: Angola'in - Edição nº 11

23 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

Page 24: Angola'in - Edição nº 11

24 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS2424 || ANGANGOLAOLA’ININ · ECOECONOMNOMIAIA && NE NEGÓCGÓÓCIOSIOSS

ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo

revoluçãocapitalista

Numa das grandes ironias da história, o continente africano pode muito bem emergir da recessão global actual como a única região do mundo que permanece comprometida para com o capitalismo global

Enquanto que as nações industrializadas e

cansadas do Ocidente estão a nacionalizar

os seus bancos e envolvidas em várias for-

mas de proteccionismo, África permanece

aberta aos negócios promovendo o comér-

cio, o investimento directo externo e o em-

preendedorismo nacional. Os analistas

dos países industrializados temem

que a ajuda externa ao continente

caia por causa da recessão, mas

os próprios africanos estão

muito mais preocupados

com o aumento de obstá-

culos às suas exportações

e à diminuição do investi-

mento privado vindo do es-

trangeiro, o que pode impedir

a continuação do impressio-

nante progresso económico

que os mesmos fi zeram ao longo da

última década. É um segredo bem guarda-

do o facto de África estar no meio de uma

profunda transformação económica. Desde

2004 que o crescimento económico aumen-

tou a um nível médio de 6% ao ano, a par da

América Latina. Esta percentagem irá sem

dúvida descer como resultado da crise eco-

nómica global, mas o Fundo Monetário Inter-

nacional (FMI) ainda prevê um crescimento

de cerca de 4% para este ano, um número

relativamente saudável segundo os padrões

deprimentes de hoje. O comércio internacio-

nal é agora responsável por cerca de 60% do

PIB de África (bem acima do nível da América

Latina) e o investimento directo externo no

continente mais do que duplicou desde 1998,

para mais de 10 mil milhões de euros por ano.

Em geral, o investimento do sector privado

constitui mais de 20% do PIB. Além disso,

desde 1990 que o número de países com bol-

sas de valores na África Subsariana tripli-

cou e a capitalização dessas bolsas subiu de

praticamente nada para 172 mil milhões de

euros (excepto na África do Sul, país que há

Page 25: Angola'in - Edição nº 11

25 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

muito tem um bolsa de valores activa). Estes

mercados “fronteiriços” deram, até há pou-

co tempo, aos investidores enormes retornos

em comparação com os de outros economias

emergentes.

Mas estas tendências positivas podem não

durar muito. Os maus governos de África

(muitas vezes de orientação tribal, com o

Quénia a ser um grande exemplo) há mui-

to que recompensam os amigos e que estão

envolvidos numa corrupção generalizada,

e muitas vezes no roubo de recursos nacio-

nais. Nesses regimes, os ofi ciais militares e

ditadores monopolizaram de forma geral a

actividade económica fornecendo poucos, ou

nenhuns, incentivos para os empreendedores

legítimos fazerem negócio. Não surpreende

assim que, sob estas circunstâncias, África

sofra de taxas de crescimento baixas e níveis

altos de pobreza. As alterações políticas de

grande envergadura desde 1990 tiveram con-

tudo um papel crucial na revolução capita-

lista do continente. Com a trágica excepção

do Zimbabué, é possível encontrar progresso

generalizado juntamente com a transforma-

ção económica. Em Janeiro de 2009, o Gana

teve uma eleição presidencial crucial que le-

vou à segunda transição de poder pacífi ca

numa década, um evento que foi muito cele-

brado no continente. Até nos locais onde as

democracias permanecem frágeis, como no

Quénia, os líderes compreendem que man-

ter as antigas atitudes patrimoniais de fazer

negócio é algo que se está a tornar mais dis-

pendioso. As comissões anti-corrupção com

vários graus de efi cácia estão a surgir em

vários países, com os Camarões a serem um

exemplo. Os cidadãos também estão a exi-

gir líderes mais competentes, que sejam ca-

pazes de governar as sociedades modernas

integradas numa economia global. Por exem-

plo, após ter sido democraticamente eleito

em 2006, o presidente do Benin, Thomas

Yayi Boni, enfatizou que o seu gabinete con-

sistiria em “tecnocratas”, recrutados de uni-

versidades e de bancos de desenvolvimento.

E na Libéria, uma antiga representante do

Banco Mundial, Ellen Johnson-Sirleaf, tornou-

se presidente em 2006. Mas tendo em conta

os muitos problemas crónicos do continen-

te, estas alterações não são necessariamen-

te duráveis e podem facilmente ser invertidas

pela crise actual e pelo aumento do proteccio-

nismo no Ocidente. Se África não fi zer algo

mais para encorajar o empreendedorismo, e

se a enorme recessão actual levar a uma redu-

ção signifi cativa nos fl uxos de capital externo

e no aumento das barreiras comerciais nos Es-

tados Unidos e na Europa Ocidental, então a

nascente revolução capitalista da região pode

chegar a uma extinção prematura.

O FIM “AFRO-PESSIMISMO”Durante os anos 90, quando África estava a

defi nir as bases para o seu crescimento ac-

tual, muitos peritos e políticos ocidentais

estavam ocupados a subestimar o futuro

do continente. Mas a falha geral para pre-

ver a revolução capitalista africana não de-

veria ser uma surpresa para ninguém. O fi nal

da Guerra Fria signifi cou que África deixara

de ser um ponto importante para a guerra

EUA/URSS e o continente perdeu a impor-

tância estratégica que tivera anteriormente.

O preço do petróleo estava baixo e as econo-

mias da região pareciam não ter esperança.

Estavam dependentes das matérias-primas

e da ajuda externa numa altura em que as

receitas dessas fontes estavam em queda e

fi caram enterrados em milhares de milhões

de euros de dívidas aos governos ocidentais

e aos bancos. A comunidade de ajuda exter-

na foi a única que se preocupou com África.

Os doadores e as organizações humanitárias,

impulsionadas em parte pelo desejo de as-

segurar um fl uxo contínuo de ajuda externa,

pintaram uma imagem implacavelmente ne-

gra de uma região assolada pela fome, pelas

doenças, pelos violentos confl itos civis, pelas

enormes dívidas e por governos corruptos e

disfuncionais. Mas por detrás desta fachada,

o potencial económico africano estava em

movimento. Em casa, África estava a urba-

nizar-se e a democratizar-se e, internacio-

nalmente, o continente estava a abrir-se ao

comércio global, forçando as suas economias

a tornarem-se mais competitivas. Juntas, es-

tas alterações proporcionaram as condições

para a revolução capitalista da região.

A urbanização é uma tendência que os eco-

nomistas de desenvolvimento parecem igno-

rar quando fazem as suas previsões. O que é

surpreendente, porque mais de 30% de to-

dos os africanos vivem agora em cidades (em

1965 a percentagem era de 15%), um número

que deve chegar quase aos 50% da popula-

ção nos próximos 20 a 30 anos (uma percen-

tagem comparável com a da Ásia, uma região

que a maioria das pessoas considera excep-

cionalmente urbanizada). A mudança da vida

rural para a urbana é crucial para estimular o

desenvolvimento económico porque as cida-

des juntam pessoas com bens e ideais com as

que têm capital. Esta interacção é a fundação

de uma economia de mercado. Mas o cami-

nho para o mercado exige um passo adicional

para lá das meras redes. O comércio também

exige algo incrivelmente arriscado: o envol-

vimento em trocas com pessoas que não

sejam membros da famílias ou amigos pes-

soais. Nos mercados, as pessoas concordam

em fazer comércio com quem não conhecem,

o que exige uma enorme fé. Em África, uma

das grandes virtudes da urbanização é que

forçou membros de diferentes tribos a inte-

ragirem regularmente de formas que perma-

necem pouco habituais em ambientes mais

rurais. Estas interacções contínuas, quer se-

jam em lojas pequenas, em autocarros ou no

local de trabalho, são absolutamente cruciais

Page 26: Angola'in - Edição nº 11

ECONOMIA & NEGÓCIOS

26 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

para o desenvolvimento de economias de

mercado e de instituições democráticas por-

que ajudam a decompor as relações de trocas

patrimoniais onde os chefes locais basica-

mente dominam uma economia de coman-

do. À medida que as economias se tornam

mais complexas graças à urbanização, novas

capacidades (como as fi nanceiras) tornam-

se valiosas; a possessão destas capacidades

torna-se mais importante do que a etnia no

que se refere à sobrevivência. Estas áreas ur-

banas são também grandes centros de acti-

vidade económica e os seus cidadãos tentam

naturalmente manterem-se informados so-

bre o que se passa à sua volta. Os telemóveis

e a internet tornaram o mundo exterior ca-

da vez mais acessível para os africanos, com

consequências de grande alcance para a vida

política e económica. Desde 2000, que o cres-

cimento na utilização de telemóveis foi maior

em África do que em qualquer outra parte do

mundo: aumentou dez vezes, para cerca de

80 milhões de subscritores. O crescimento da

internet foi ainda mais impressionante: o nú-

mero de pessoas que acedem quadruplicou

desde 2000. Mesmo assim, apenas uma pe-

quena fracção da população africana tem ho-

je acesso aos telemóveis ou à internet. Mas

esta “falha digital” está a fechar rapidamen-

te e os efeitos económicos em termos de

oportunidades estão já a sentir-se por todos

os que desejam ser ou são empreendedo-

res. O Banco Mundial mostrou, por exemplo,

como os telemóveis ajudaram os agriculto-

res a ganharem um acesso mais rápido aos

preços dos mercados, fazendo com que ven-

dam as suas colheitas com lucros maiores.

O aumento da comunicação entre África e

o mundo teve também implicações para os

governos. Durante muita da era pós-colonial,

os governos ditatoriais africanos implemen-

taram políticas proteccionistas de comér-

cio e investimento extremamente severas,

uma prática que foi ajudada e instigada pe-

lo proteccionismo no mundo industrializado.

O sector empresarial africano estava privado

da tecnologia de ponta em casa e não tinha

acesso ao capital externo e aos mercados es-

trangeiros. Como resultado, o continente foi

abalado por várias crises económicas durante

os anos 80. Todavia, nos últimos anos, África

conseguiu colher muitos dos benefícios co-

merciais da globalização sem pagar os custos

fi nanceiros porque o seu sector bancário tem

estado relativamente protegido dos merca-

dos fi nanceiros internacionais. É claro que,

à medida que o continente se envolve mais

na economia mundial, será menos capaz de

se isolar de futuros choques fi nanceiros. Ao

longo dos anos 90, à medida que África se ur-

banizava e adoptava as tecnologias moder-

nas de comunicação, os custos associados a

essas políticas antigas tornaram-se cada vez

mais evidentes. Os empreendedores africa-

nos (e existiam alguns) compreenderam que

não podiam simplesmente desenvolver ne-

gócios nos mercados pequenos e primitivos

dos seus países; como Adam Smith ensinou,

o crescimento sustentável exige a expansão

do mercado. Durante os anos 90, a “aber-

tura” tornou-se uma palavra de ordem para

este pequeno grupo empresarial: signifi cava

a liberalização e privatização de actividades

domésticas que antigamente eram fi rme-

mente controladas pelos governos, junta-

mente com a globalização do mercado.

Mas a abertura também signifi cava mudan-

ças políticas, em particular, forçou os gover-

nos a verem a democratização com outros

olhos. Poucas pessoas hoje optariam por viver

no Zimbabué em detrimento do Gana. Na ver-

dade, a maioria dos africanos que ainda vivem

em países autoritários esperam provavelmen-

te por um futuro democrático, mesmo que a

concretização desse sonho esteja a décadas

de distancia. Como as sociedades africanas

estão normalmente divididas em tribos e a

tribo dominante tende a monopolizar a rique-

‘Um crescimento sustentável exige a expansão do mercado’

Page 27: Angola'in - Edição nº 11

27 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

za dos recursos, o pluralismo na política afri-

cana (juntamente com um sistema efi caz de

equilíbrio do poder) é essencial para o cres-

cimento sustentado. Em contraste com os

países da Ásia Oriental, que se deram relati-

vamente bem sob regimes autoritários, Áfri-

ca tem tido maus resultados e os seus líderes

que não foram eleitos têm agora pouca cre-

dibilidade para a maioria dos habitantes dos

seus países. Isto acontece porque os autocra-

tas de África são na sua maioria líderes tribais

preocupados apenas com a melhoria das con-

dições das pessoas das suas tribos. A recente

eleição do Gana, que marcou uma das poucas

vezes na história africana em que a transição

de poder foi feita pacifi camente, pode ser vis-

ta como o ponto de viragem decisivo, quando

a democracia fi nalmente criou raízes fi rmes

nesse país. Claro que o continente já passou

por muitas falsas partidas no que se refere a

reformas políticas, mas as pressões (domésti-

cas e internacionais) a favor de uma maior de-

mocracia estão a aumentar. Fontes adicionais

de mudanças de fora do continente surgiram

como resultado de uma maior abertura à eco-

nomia mundial. Por isso, os africanos aguar-

dam com ansiedade a resposta do mundo

ocidental à crise fi nanceira.

A GLOBALIZAÇÃO AFRICANAO interesse externo pelo continente tem cres-

cido. Graças aos investidores mundiais, a capi-

talização das bolsas de valores africanas subiu

para 60% do PIB em 2007, depois de ter esta-

do nos 20% apenas no ano anterior. O inves-

timento directo externo também aumentou

e agora é responsável por quase 5% do PIB

Subsariano. Existem várias razões por que os

estrangeiros investiram em África. Primeiro,

os bancos africanos estão entre as empre-

sas fi nanceiras mais saudáveis do mundo, já

que estão relativamente protegidas dos bens

tóxicos que agora são problemáticos para as

instituições fi nanceiras norte-americanas e

europeias. (Os rácios capitais/bens, por exem-

plo, estão actualmente bem mais altos para

os bens africanos do que para os bancos nor-

te-americanos). À medida que as poupanças

africanas aumentam e as oportunidades de

investimento se expandem no continente, es-

tes bancos vão ter um papel muito maior nas

economias locais do que o tiveram no passa-

do. Segundo, o crescimento económico ro-

busto e a subida do investimento doméstico

(o que signifi ca a existência de mais bancos

e empresas grandes) apresentam aos inves-

tidores oportunidades mais sérias. Terceiro, a

ascensão de um verdadeiro grupo de empre-

endedores africanos, composto por executivos

que muitas vezes recebem formação nos paí-

ses ocidentais, deu aos investidores externos

mais confi ança na gestão local. Quarto, muitos

países africanos fi zeram enormes progressos

em relação à estabilidade macroeconómica; na

verdade, graças aos bancos centrais indepen-

dentes liderados cada vez mais por tecnocra-

tas, o continente obteve um registo invejável

no controlo da infl ação (com o Zimbabué a

ser a excepção), registo esse que envergonha

a América Latina. Por fi m, os investidores fo-

ram encorajados pela democratização no con-

tinente e pela ênfase cada vez maior numa

boa governação. Os investidores externos nem

sempre foram bem-vindos em África. Depois

da independência dos poderes coloniais, os pa-

íses africanos (com os seus governos recente-

mente estabelecidos), muitas vezes levaram a

cabo políticas industriais autónomas, por ra-

zões puramente ideológicas e económicas. Os

nacionalistas culparam os investidores exter-

nos por muitos dos problemas da região e os

burocratas do governo não gostaram de ver os

dividendos a saírem das suas nações pobres

em dinheiro.

ABERTURA DOS MERCADOSO futuro do desenvolvimento de África de-

pende se o continente consegue completar a

sua revolução capitalista ou se o tsunami de

problemas criado pela crise económica global

vai afogar as esperanças dos empreendedo-

res da região. Um estudo recente do Center

for Global Development (Centro de Desenvol-

vimento Global) demonstrou que o sector pri-

vado africano muitas vezes era atrasado por

más infra-estruturas, mercados pequenos

e maus governos. O relatório também mos-

trou que a fragmentação étnica permanece

um factor decisivo na vida económica e poli-

tica em África. Contudo, como mencionámos

em cima, o continente está a passar por uma

tendência para a urbanização, o que poderia

ajudar a ultrapassar este obstáculo ao cres-

cimento. Mas até as divisões étnicas serem

ultrapassadas, África não deverá ver um au-

mento da produtividade inerente a um cresci-

mento dos rendimentos. Apesar de algumas

histórias de sucesso recentes, a democracia

também continua a lutar no continente. As

democracias mais jovens têm tido uma ta-

xa de insucesso maior do que as das regiões

em desenvolvimento, com quase 30% de to-

dos os casos de democratização entre 1960 e

2004 a acabarem no colapso. Todavia, ainda

há alguma esperança, já que as democracias

bem sucedidas em África se tornaram cada

vez mais estáveis, graças em parte à ajuda

externa dirigida às instituições democráti-

cas nascentes, as quais estão a ganhar for-

ça. Esta ajuda desenvolveu a capacidade do

poder judiciário e dos parlamentos e fortale-

ceu os partidos políticos, as universidades e

uma imprensa livre. Mesmo com instituições

democráticas fortalecidas, os países africa-

nos podem não ser capazes de aguentar a

pressão económica externa tendo em conta

a dependência cada vez maior de África pelo

capital e comércio externo. Por todo o lado,

os países estão a começar a fechar as suas

fronteiras económicas, afastando as suas

economias do comércio externo através de

várias medidas politicas insidiosas. As polí-

ticas proteccionistas que actualmente impe-

dem os agricultores africanos de exportarem

colheitas geneticamente modifi cadas para a

União Europeia provavelmente vão endurecer

nos próximos meses à medida que os líde-

res da UE tentam agradar o seu sector agrí-

cola nacional. O comércio é importante para

o crescimento económico de África porque os

rendimentos dos africanos não podem su-

bir se os seus países não conseguem expor-

tar bens e serviços para regiões mais ricas. É

claro que os países africanos também têm de

fazer mais para criarem zonas de comércio li-

vre e para promoverem o comércio com ou-

tras nações em desenvolvimento.

Fonte: Center for Global Development (Centro de Desenvolvi-

mento Global), sedeado em Washington D.C., Estados Unidos,

e Ethan B. Kapstein, docente de Economia Política no INSEAD,

em Fontainebleu, França e co-autor do livro The Fate of Young

Democracies (O Destino das Jovens Democracias).

O crescimento económico robusto e a subida do investimento doméstico apresentam aos investidores oportunidades mais sérias

Page 28: Angola'in - Edição nº 11

28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

UM NOME,UMA MARCA

Nem só de estratégias de promoção vive

uma marca. Um dos primeiros passos na

estruturação da identidade de um produto,

serviço ou mesmo da essência de uma mar-

ca é defi nir o seu nome. O que não é tarefa

fácil! Razão pela qual, normalmente se con-

trata especialistas em naming, uma área

que abrange o processo criativo assente

na necessidade de encontrar um nome que

atenda às estratégias da marca, sem esque-

cer questões importantes como a sonorida-

de e a disponibilidade jurídica. “A marca é

uma palavra que o consumidor vai lembrar

quando pensar em algo”, referem os peritos,

sendo por isso importante não esquecer o

lado prático da mesma, alcançado sobretu-

do através do nome, que é a sua expressão

mais concreta. O planeamento estratégico

do nome é um dos grandes diferenciais no

mercado, pelo que, antes de tudo, é fulcral

pensar no que a criação signifi ca dentro do

todo para depois passar ao brainstorming,

análise jurídica e apresentação das opções

ao cliente. Imagine: se as pessoas já se pre-

ocupam com os nomes que dão aos fi lhos,

as grandes empresas dedicam ainda mais

tempo e dinheiro na procura dessa solução.

O naming é, por isso, uma especialização em

branding e carece de profi ssionais especia-

lizados, uma vez que sugestões estão ao

alcance de qualquer pessoa, mas somente

quem tem conhecimento da área é capaz de

entender um acto aparentemente tão sim-

ples. Os bons profi ssionais têm familiarida-

de com questões de identidade e também

sabem lidar com a transposição do verbar

para o não-verbal, visto que um bom nome

precisa de ser sonoro e ao mesmo tempo vi-

sualmente apelativo. O especialista desta

area deve ser multidisciplinar. Conhecimen-

tos em linguística, semiótica, antropologia e

até aspectos técnicos e jurídicos podem es-

tar envolvidos no marketing. Um processo

de naming não acontece sozinho. Na maio-

ria das vezes é seguido pelo design. As téc-

nicas podem ser muitas, mas geralmente

depende da estratégia dos negócios. O co-

nhecimento da língua é essencial, apesar do

nome ideal não estar preso a uma única lín-

gua. Em inglês, por exemplo, palavras com

i não costumam ser utilizadas, pois a vogal

pode ter diferentes sons dependendo da pa-

lavra. Uma das técnicas utilizadas é o sense,

ou seja, as pessoas são convidades a pensar

na história do objecto nomeado, nas pesso-

as que o usariam, situações que elas passa-

riam e até coisas de que falariam. A partir

daí surgem inúmeras questões.

NOMES DE SUCESSOO melhor caminho para alcançar um bom

resultado é entender qual é a essência da

marca, o seu núcleo de signifi cado e a sua es-

tratégia de futuro. Já imaginou se o seu nome

fosse uma marca? A pergunta surge com na-

turalidade, pois é comum observarmos mar-

cas no mercado com o nome ou sobrenome

dos seus proprietários. Exemplo disso a que

lhe apresentamos esta edição: Giorgio Arma-

ni. Personalidade e reputação são essenciais

para defi nir um nome e ele detectou-o cedo.

Antes de expressar o nome de uma marca

para a sua empresa é fundamental descobrir

o que o mercado irá pensar da assinatura. A

perspectiva da marca como pessoa sugere

uma identidade mais rica e interessante do

que aquela baseada nos atributos do produ-

to. Tal como uma pessoa, uma marca pode

A perspectiva da marca como pessoa sugere uma identidade mais rica e interessante do que aquela baseada nos atributos do produto

IN(TO) BUSINESS | manuela bártolo ECONOMIA & NEGÓCIOS

Page 29: Angola'in - Edição nº 11

29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

ser percebida como superior, competente,

marcante, confi ável, divertida, activa, hu-

morística, casual, formal, jovem ou intelec-

tual. O que conta na verdade são os efeitos

que esse nome é capaz de gerar dentro do

processo de comunicação; ele é o elemen-

to mais central de todos os elementos que

constituem a marca, talvez pela difi culdade

de ser escolhido e expectativa de não ter de

trocá-lo com o tempo. Os desenhos das em-

balagens podem ser actualizados, slogans

ou campanhas publicitárias alteradas, mes-

mo a composição do bem ou os processos de

um serviço podem ser modifi cados, porém o

nome permanecerá o mesmo. Este desem-

penha vários papéis, tais como: identifi car a

marca, transmitir mensagens ao consumidor

e ser uma parte do património legalmente

protegido do seu proprietário.

GIORGIO ARMANIFatos bem cortados, simples e versáteis,

em que a camisa, algumas vezes, é opcio-

nal. Alfaiataria de alta qualidade, confortável

e elegante, tanto para homens, como para

mulheres. Cores básicas como preto, cinza,

bege, branco e variações de tons off-white.

Vestidos de noite cheios de glamour, que

abusam da silhueta “sereia” e do brilho.

é importante diferenciar dois conceitos muito confundidos no mercado: o de naming e identidade verbal.

naming - é um processo criativo interdisciplinar de desenvolvimento de nomes para mar-

cas e requer habilidades em diversos conhecimentos como linguística, marketing, design e

legislação da marca. A sua função é encontrar um nome que tenha as qualidades desejáveis

de ter associações positivas, ser memorável, sonoro e “visualmente” interessante, além de se

poder proteger legalmente, o que actualmente é o maior desafi o para quem trabalha nesta

área. O mais importante é criar meios que incentivem uma dinâmica criativa com todos os

envolvidos no processo. É preciso compreender a essência em torno da marca e como o no-

me poderá contribuir na construção da sua personalidade.

identidade verbal – trata dos elementos de expressão verbais da marca, como o seu nome,

o seu sistema de nomenclatura (no caso de marcas que trabalham com extensões de linha);

o seu tom de voz, o seu slogan, etc. A identidade de uma marca é a combinação de diversos

elementos de expressão, o seu logotipo/símbolo e elementos gráfi cos padronizados, como a

cor, o formato, o site, a sua abordagem de atendimento, a arquitectura da sede e dos pontos

de venda, ou seja toda e qualquer experiência de contacto dos públicos que interagem com a

empresa. Assim sendo, o seu nome é uma das fontes mais fortes de construção de identidade.

Tanto que quando temos algum problema sério associado à imagem da marca é comum a

necessidade de mudança do nome

origem: Itáliafundação: 1975fundador: Giorgio Armanie Sergio Galeottisede mundial: Milão, Itáliapropietário da marca:

Giorgio Armani S.p.A.capital aberto: Nãopresidente e ceo:

Giorgio Armaniceo: Bridget Ryan Berman(Estados Unidos)

estilista: Giorgio Armanifacturação: US$ 3.5 biliões(estimado)

lucro: US$ 600 milhões(estimado)

valor da marca:

US$ 3.303 biliões (2009)

lojas: 384fábricas: 13presença global: + 100 paísesfuncionários: 4.900segmento: Roupase acessóriosprincipais produtos: Roupas, calçados, acessórios,perfumesícones: Giorgio Armaniwebsite:

www.giorgioarmani.com

Page 30: Angola'in - Edição nº 11

30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

IN(TO) BUSINESS

Clientes famosos que desfi lam as suas cria-

ções não somente nas invejadas passagens

da moda, como nos ecrãs de cinema de ver-

dadeiros sucessos de Hollywood. Esta é uma

breve descrição da marca Giorgio Armani, co-

mandada com maestria pelo estilista italia-

no com o mesmo nome. Conhecido como o

Imperador de Milão, a sua paixão pela moda

não se manifestou cedo e o jovem italiano

chegou a frequentar dois anos de medici-

na, antes de aceitar o trabalho de vitrinista

na renomada loja de departamentos La Ri-

nascente, em Milão, aos 20 anos. A sua irmã

mais nova, Rosanna Armani, que trabalhava

como modelo, foi que o introduziu no restrito

círculo da moda italiana da época e, a partir

daí, o seu currículo ganhou conteúdo gra-

ças aos trabalhos como assistente, por nove

anos, de Nino Cerruti. Em 1970, iniciou a sua

carreira como free-lancer no mundo da mo-

da, encorajado pelo seu grande amigo Ser-

gio Galeotti, desenhando e costurando para

inúmeras grifes, inclusive Emanuel UNGARO.

Alguns anos se passaram até que o estilis-

ta lançasse a sua própria marca. Em Julho de

1975, a sua primeira colecção era lançada com

roupas femininas e masculinas e o seu esti-

lo logo se tornou símbolo de elegância, com

uma alfaiataria de excelência, altas doses de

androgenia, vestidos de noite cheios de gla-

mour, sobriedade nas cores e nenhuma infl u-

ência das tendências da época, constituindo

roupas e acessórios atemporais. Ficou conhe-

cido como “The King of Jackets” depois de lan-

çar a sua colecção masculina, onde apresentou

fatos e blazers com cortes sóbrios e exclusi-

vos. Em 1978, foi lançada a marca GIORGIO

ARMANI LE COLLEZIONI, composta por rou-

pas femininas e masculinas para o mercado

americano e canadense. Era o começo da ex-

pansão internacional da marca. Rapidamente,

o estilista se transformou num dos designers

mais infl uentes dos anos 80, começando com

a inauguração da sua primeira loja na cidade

de Milão. Ainda nesta década a marca come-

çou a sua expansão com o lançamento das su-

as primeiras fragrâncias, acessórios, roupas

íntimas, roupas para crianças, além da inau-

guração da sua loja âncora na cidade de Nova

Iorque e a entrada no mercado japonês. Des-

de 2002, a Ásia tem sido foco de uma estra-

tégia de expansão do grupo Armani, iniciada

com a inauguração de uma loja de mais de 3

mil metros quadrados em Hong Kong – o in-

vestimento refl ecte-se nos números de hoje,

já que a região é um dos grandes mercados de

prosperidade da marca. No início de 2009, a

marca italiana inaugurou uma mega loja, com

quase 4 mil metros quadrados, que abrigam

três colecções, um restaurante e uma loja de

chocolates, na esquina da Quinta Avenida com

a Rua 56 (Nova Iorque). A loja fi ca perto de ou-

tras casas de moda como Gucci, Prada, Versa-

ce, Fendi e Bottega Veneta. A ideia foi levar

um pouco do caos de Nova Iorque para den-

tro da loja, que possui uma fachada de vidro

e uma escada escultural no seu interior. A no-

va loja representa a interpretação de Armani

sobre a tendência actual de misturar estilos e

sobrepor produtos com preços variados. A loja

não utiliza divisão de espaços para evitar que

barreiras psicológicas sejam criadas.

ECONOMIA & NEGÓCIOS

O GÉNIO POR DETRÁS DA MARCAGiorgio Armani é conhecido por ser um vicia-

do em trabalho e várias vezes arrogante ou

rude em situações delicadas. Os seus con-

fl itos com outros estilistas italianos são, por

isso, bastante conhecidos.. O estilista sabe o

valor da auto-indulgência que os seus produ-

tos de luxo proporcionam, mas nem por isso

goza apenas aos prazeres da vida. Ele é, aliás,

conhecido pelo seu compromisso com inúme-

ras causas humanitárias, incluindo até uma

recente parceria com o vocalista da banda ir-

landesa U2, Bono. Entre os seus projectos de

maior reconhecimento, estão a Casa Armani,

um lar de reabilitação infantil na Tailândia,

criado em 1999 e, mais recentemente, uma

campanha de Natal para fi nanciar uma fun-

dação de apoio a portadores de Síndrome de

Down – iniciativa que teve como inspiração a

pequena Antonella, com a qual o estilista po-

sou para um calendário.

o valor Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca Giorgio Armani está avaliada em US$ 3.303 biliões, ocupando a posição de número 89 no ranking das marcas mais valiosas do mundo

Page 31: Angola'in - Edição nº 11

31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

sabia que...

A marca Giorgio Armani é uma das

mais desejada pelos brasileiros, se-

gundo uma pesquisa global realizada

pela empresa britânica Nielsen. A pes-

quisa indicou que 37% dos brasileiros

entrevistados preferiam comprar pro-

dutos da marca, caso o dinheiro não

fosse um impedimento;

A fi lial da Armani no Brasil é a úni-

ca no mundo em que o cliente pode

dividir as suas compras até dez vezes

no cartão de crédito, independente-

mente do valor envolvido

Fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site ofi cial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes,

Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (infor-

mações devidamente verifi cadas) e sites fi nanceiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

A MARCA NO MUNDOA Giorgio Armani é uma das poucas marcas

que sobreviveu aos conglomerados de luxo

e continua no total comando das suas ope-

rações, que inclui colecções de roupa e aces-

sórios sob as marcas Giorgio Armani (a mais

luxuosa, com 71 lojas), a Armani Colezzione

(linha de difusão dos seus produtos mais so-

fi sticados, com 12 lojas), a Emporio Armani

(uma versão jovem e ousada da elegância do

estilista, que opera na frequência do luxo in-

termediário, com 124 lojas), a AX Armani Ex-

change (de alta difusão, com perfi l jovem e

urbano, com 97 lojas), além da Armani Jeans

(17 lojas), Armani Junior (linha para crianças,

com 6 lojas), Armani Accessori (1 loja), Armani

Casa (20 lojas) e vários produtos licenciados

que vão de perfumes e cosméticos, a ócu-

los e relógios. São quase 5 mil funcionários

a trabalhar em 13 fábricas; 384 lojas próprias

e 1.300 pontos-de-venda distribuídos por 40

países, o que culmina em vendas superiores

a US$ 3.5 biliões. Os Estados Unidos são res-

ponsáveis por 25% do seu volume mundial.

A Giorgio Armani (€870 milhões) e a Emporio

Armani (€647 milhões) geram a maior parte

das receitas do grupo. Enquanto isso, a mar-

ca mais acessível AX Armani Exchange (€201

milhões) e as marcas Armani Junior (que in-

clui as colecções Armani Teen e Armani Ba-

by, representam €35 milhões) e Armani Casa

(€38 milhões), registram crescimentos im-

pressionantes.

OS HOTÉISDe olho na tendência das grandes marcas de

moda que começaram a investir em hotelaria,

Giorgio Armani não perdeu tempo e, em 2005,

assinou com o proprietário de uma das maiores

empresas hoteleiras do mundo - a árabe Ema-

ar Hotel & Resorts -, de Mohamed Ali Alabbar,

para a construção, nos próximos dez anos, de

uma rede de luxo com o nome da sua marca,

incluindo pelo menos sete hotéis e três resorts

paradisíacos. A empresa árabe entraria com os

investimentos, acima de US$ 1 bilião, para a

construção e a gestão dos hotéis, enquanto Ar-

mani supervisionaria o design e o estilo. O pri-

meiro hotel da rede decorado pelo estilista está

localizado no Dubai, um dos sete Emirados Ára-

bes, na península arábica. O Armani Dubai Ho-

tel, que ocupa os andares de 9 a 16 da torre Burj

Dubai, a construção mais alta do mundo, tem

175 quartos (decorados com móveis e artigos

desenhados por Armani especialmente para o

hotel), restaurantes e um centro de bem-estar,

numa uma área que perfaz os 40 mil metros

quadrados. As próximas cidades a terem hotéis

com a assinatura do estilista italiano serão Mi-

lão, Londres e Nova Iorque.

GLAMOUR NOS ECÃSO sucesso do estilista nos ecrãs de cinema co-

meçou em 1980, com os elegantes fatos ves-

tidos pelo actor Richard Gere no fi lme Gigolo

Americano, de Paul Schrader. De acordo, com

a crítica de moda norte-americana Teri Agins,

no seu livro The end of fashion (“O fi m da mo-

da”), Giorgio Armani foi o primeiro estilista a

desenvolver contactos com uma interminável

lista de celebridades, principalmente as cine-

matográfi cas, fazendo disso uma estratégia

de marketing certeira e duradoura. Dezenas

de fi lmes depois deste contam com fi gurinos

assinados por Giorgio Armani, entre eles Os

Bons Companheiros, de 1990 (dirigido por Mar-

tin Scorsese) e Vanilla Sky, de 2001, no qual o

então casal Tom Cruise e Penelope Cruz, desfi -

lou trajes exclusivos do estilista. Além do seu

nome nos créditos de tantas produções, Gior-

gio Armani tem em Hollywood uma clientela

fi el e um círculo de amizades de fazer inveja.

Ricky Martin, Beyoncé, Matt Damon e Michelle

Pfeiffer são alguns dos seus principais admira-

dores e clientes – essa última, inclusive, já em-

prestou a sua beleza clássica e marcante para

as campanhas de roupas e óculos do estilista.

Page 32: Angola'in - Edição nº 11

SOCIEDADE

ESPECIAL BOLSA DE VALORES SOCIAL

As duas faces da moeda

32 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

esse investimento na forma de lucro social. A

fórmula do sucesso é simples: a entidade ga-

rante que os cidadãos/ empresas encontrem

a transparência e profi ssionalismo por parte

das organizações não governamentais e ins-

tituições sem fi ns lucrativos, ou seja, quan-

do apoiam boas causas sabem à partida qual

o impacto que a sua doação terá na comuni-

dade e qual o seu efeito. Ao estabelecer par-

ceria com este organismo adquire o selo de

“Investidora Social na BVS”, que pode ser exi-

bido nos materiais de divulgação da empre-

sa. Por outro lado, terá assessoria garantida

nas campanhas especiais de mobilização in-

terna, de voluntariado, de marketing social e

de todas as áreas que pretenda explorar para

sensibilizar os colaboradores. Os particulares

também podem ‘jogar’ nesta bolsa.

| patrícia alves tavares

O conceito é inédito e visa fi nanciar projectos de luta contra a pobreza. Apesar de existir em apenas dois países, a Bolsa de Valores Sociais é um caso de sucesso, nomeadamente no Brasil, onde tem ajudado a colmatar inúmeras situações de carência social. É um método inovador e rentável para quem se preocupa com a responsabilidade social do seu negócio. Angola pode ser a próxima a acolher este organismo. A Angola’in apresenta ao longo das próximas páginas as vantagens do sistema e os seus benefícios para as economias africanas.

Desengane-se quem associa este projecto

a caridade ou fi lantropia. A fi losofi a diverge

do conceito, defi nindo-se, no entanto, co-

mo um modelo de solidariedade. Neste ca-

so, existe uma grande diferença: o doador

conhece o destino do seu dinheiro antes de

o disponibilizar e acompanha a evolução do

programa que decidiu auxiliar. A Bolsa de Va-

lores Sociais (BVS) é a alternativa efi caz para

empresas de todas as dimensões e sectores

que pretendam aplicar com a máxima segu-

rança as verbas de Responsabilidade Social

e de apoio solidário em Organizações da So-

ciedade Civil, que sejam capazes de devolver

Page 33: Angola'in - Edição nº 11

‘A única diferença [em relação à Bolsa de Valores] está no retorno: ao invés do fi nanceiro, o lucro é para a comunidade’

PROPOSTA ATRAENTEA ideia de desenvolver um projecto em tudo

idêntico ao de uma Bolsa de Valores tradi-

cional surgiu da necessidade de tornar a so-

ciedade mais justa e promissora, através da

criação de um modelo de troca e encontro en-

tre as organizações com programas concretos

e relevantes para o desenvolvimento de de-

terminado segmento da sociedade e os do-

adores, que na maioria das vezes se sentem

perdidos na hora de legar os seus fundos, aca-

bando inevitavelmente por perder o ‘rasto’ da

iniciativa que apoiaram. O objectivo da BVS

ultrapassa largamente a fi nalidade da carida-

de, visto que nestes casos os investimentos,

tal como acontece nas Bolsas de Valores, ge-

ram lucros. Aliás, a fi losofi a é idêntica. Aqui

circulam acções, há lugar para investidores e

apostas. A única diferença está no retorno: ao

invés do fi nanceiro, o lucro é para a comunida-

de. O conceito pode e deve ser adaptado pelo

países mais pobres, nomeadamente aqueles

que estão em desenvolvimento. Actualmen-

te, a Campanha do Milénio para erradicar a

pobreza até 2015 tem desenvolvido uma série

de actividades nas diversas áreas criticas da

sociedade, pelo que este mecanismo pode ser

um importante instrumento de auxilio à im-

plementação de projectos. Afi nal, o continen-

te africano dispõe de um incalculável número

de organizações não governamentais a actu-

ar no terreno, que necessitam urgentemen-

te de investidores interessados em apoiar e

acompanhar as propostas sociais. A Angola’in

apresenta-lhe uma iniciativa com futuro, que

possui todos os ingredientes para ‘vingar’ no

contexto africano. No fi nal de contas, todos

ganham com um investimento seguro.

‘A transparência e a prestação de valores são os princípios de conduta do mecanismo’

PIONEIRA E INOVADORAA primeira BVS nasceu no Brasil. O programa

foi criado pela Bovespa ( www.bovespa.com.

br), em 2003. Desde a sua fundação até Feve-

reiro de 2009, as correctoras arrecadaram R$

4,7 milhões, possibilitando a implementação

de 36 programas educacionais de ONGs bra-

sileiras, que actuavam ao nível das condições

sociais de crianças, adolescentes e jovens

adultos das várias regiões. As organizações

da sociedade civil que pretendem ser cota-

das na bolsa devem apresentar um projecto,

que posteriormente será analisado, de acor-

do com a sua viabilidade, capacidade de ino-

vação e impacto na sociedade. O organismo

brasileiro conta com o apoio ofi cial da Orga-

nização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura (Unesco), tendo inclusi-

ve sido reconhecido pela ONU, em 2005, co-

mo ‘case study’ (caso de estudo) e modelo a

ser aplicado por outras bolsas de valores. Em

2006, serviu de inspiração para a formação

da South African Social Investment Exchan-

ge (Bolsa de Investimentos Sociais da Áfri-

ca do Sul), que contou com o auxilio da Bolsa

de Johannesburgo. Em 2007, a BSV brasileira

passou a incluir projectos na área ambiental,

dadas as preocupações com as alterações cli-

33 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

máticas. Recentemente, a entidade formou

o segundo espaço do género e o primeiro na

Europa. Portugal foi o país escolhido para al-

bergar a iniciativa.

“Não é possível gerar apenas capital fi nanceiro, é necessário cuidar do capital social”

O CASO PORTUGUÊSInaugurada em Novembro de 2009, a Bolsa de

Valores Sociais de Portugal negociou em ape-

nas um mês cerca de 17 mil euros em acções,

valores considerados “positivos” pelos seus

responsáveis. No fi nal do ano, a entidade lu-

sa contava com 210 investidores sociais (en-

tretanto juntaram-se mais três instituições),

que contribuíram com um milhão de euros

para fi nanciar dez novos projectos, atingindo

os 57 mil euros de acções no fi nal do primei-

ro trimestre de actividade. No balanço de Ja-

neiro, a BVS divulgou ainda que dispunha de

72 candidaturas em análise que deram lugar

à dezena de projectos cotados. A meta é ter

24. A BSV lusa é a primeira na Europa e conta

com o apoio da Euronext Lisboa e das Fun-

à lupa

A BVS nasceu no Brasil e foi recentemente introduzida em Portugal, que se transfor-

mou no primeiro país europeu a acolher a iniciativa.

O seu funcionamento é bastante simples:

› Os projectos são criteriosamente escolhidos, tendo em conta os problemas sociais

mais urgentes e a sua capacidade em obter resultados concretos;

› Identifi cam e apoiam programas que interrompam um ciclo de pobreza e elimi-

nem uma situação de vulnerabilidade social;

› O investimento é integralmente transferido para o plano seleccionado;

› O doador tem a possibilidade de acompanhar os relatórios de impacto social do

programa onde está a investir

Page 34: Angola'in - Edição nº 11

SOCIEDADE

34 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

dações Gulbenkian e EDP. As áreas de actu-

ação são multidisciplinares. É o caso da PAR,

uma das organizações escolhidas que promo-

ve os objectivos do Milénio da ONU, através

da actuação junto dos universitários, um dos

grupos com capacidade para exterminar a po-

breza. Já o plano da Etnia consiste em valori-

zar a diversidade cultural em escolas onde 25

por cento dos alunos são fi lhos de imigrantes

com problemas de exclusão. Na mira estão

oito estabelecimentos do Chiado, em Lisboa.

Os projectos a carecer de apoio são apresen-

tados no site da BVS ( www.bvs.org.pt) e cada

empresa ou cidadão pode seleccionar a enti-

dade a quem deseja doar acções. Cada acção

vale 1€ e é obrigatório adquirir no mínimo

dez. Ao registar-se, o investidor vai acompa-

nhando o desenvolvimento do organismo que

apoia. O funcionamento desta bolsa é sim-

ples. Miguel Atahyde Marques, presidente da

Euronext Lisbon, explicou a um jornal diário

português que os princípios da BVS são iguais

aos da Bolsa de Valores, ou seja, “pôr em con-

tacto fundos para investir e instituições que

em que o mais preponderante é a sua capa-

cidade de gerar lucros para a sociedade, pro-

piciando o desenvolvimento da África do Sul.

As propostas são colocadas no site ( HYPER-

LINK “http://www.sasix.co.za” http://www.

sasix.co.za), onde surge em detalhe o risco

do plano, o investimento mínimo requerido

e o tempo esperado para se obter resulta-

dos. O investidor pode escolher um projec-

to ou criar um portfolio com várias acções a

apoiar. Neste caso, é estabelecido um elo en-

tre as organizações não-governamentais que

necessitam de fundos para desenvolver um

determinado projecto (que possa contribuir

para a erradicação da pobreza) e os investi-

dores. Duas semanas após o seu lançamento,

em Junho de 2006, tinham sido movimen-

tadas mais de duas mil acções em projectos

sociais, gerando cerca de R$100,000 em fun-

dos. Estes projectos revelam sinais de forte

empreendedorismo por parte dos africanos.

Celso Grecco, director da BVS está ciente de

que o continente “não pode, nem quer depen-

der mais da caridade alheia”. “Tenho a certeza

de que o povo africano quer investimento so-

cial”, assegura o responsável, em declarações

à Angola’in.

“A mais-valia da BVS para Angola seria ajudar o país a perceber que Organizações Sociais fazem um trabalho que realmente promove o desenvolvimento económico das comunidades pobres”

ANGOLA, POTENCIAL CANDIDATACelso Grecco explicou numa entrevista con-

cedida à revista portuguesa Gingko que o

modelo pode ser replicado em qualquer parte

do mundo. “Todos os países têm bolsas de

valores, todos têm problemas sociais”, es-

clareceu. Aliás, o criador do conceito arrisca

apontar Angola como o próximo país a ade-

rir a esta ferramenta. A escolha é encarada

como “um processo natural, a partir da ex-

periência em Portugal”. De facto, o boom

económico pode potenciar a instalação da

organização ou de entidades sociais, à se-

melhança do que acontece na África do Sul.

Celso Grecco admitiu à Angola’in que está

convicto de que “será possível encontrar em

Angola empresas e cidadãos bem estabeleci-

precisam de fundos para desenvolver projec-

tos”. A transparência e a prestação de valores

são os princípios de conduta do mecanismo.

“É um ponto de encontro entre dadores e ins-

tituições que precisam de fundos para desen-

volver os seus projectos de responsabilidade

social”, esclarece.

MAIS-VALIA AFRICANAA BSV brasileira inspirou outros mercados,

que implementaram projectos semelhantes,

recorrendo à iniciativa local. África do Sul, Ín-

dia, China e Estados Unidos desenvolveram

projectos de investimentos sociais, que se

dedicam a uma distribuição mais equitativa

do capital pelas comunidades mais pobres. O

programa é semelhante ao da Bovespa (Bra-

sil), mas dinamizado por organizações sociais.

O mecanismo tem um funcionamento similar

ao da entidade brasileira. Os projectos são ri-

gorosamente seleccionados e apresentados

ao público como oportunidades de investi-

mento com retornos sociais. Os planos can-

didatos são submetidos a múltiplos critérios,

O que é a Bolsa de Valores Sociais?O seu funcionamento é idêntico ao de uma Bolsa de Valores convencional. Porém, neste caso, as acções destinam-se a causas sociais. O projecto nasceu no Brasil e consiste numa réplica do ambiente da Bolsa de Valores, onde os doadores investem em projectos da sociedade civil, tendo como fi nalidade o lucro social, através do impacto na comunidade

Page 35: Angola'in - Edição nº 11

35 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

dos, dispostos a ajudar a gerar este novo tipo

de capital – o capital social – e, com isso, di-

minuir a distância entre pobres e ricos”. Ali-

ás, o responsável aponta a exterminação da

miséria como o único caminho a seguir pa-

ra acabar com esse fosso. Angola pode ser o

próximo destino, visto que partilha a heran-

ça cultural de solidariedade, característica in-

trínseca das antigas colónias portuguesas.

“É natural que os países africanos de língua

ofi cial portuguesa sejam os próximos e, nes-

se sentido, vejo Angola como um potencial

mercado, inclusive pelo seu desenvolvimento

económico”, assegura Celso Grecco. Questio-

nado pela Angola’in quanto aos benefícios da

inclusão da BSV na nação angolana, o cérebro

deste organismo lembra que o país “enfrenta

tremendos desafi os sociais”, pelo que “uma

Bolsa de Valores Sociais pode ser parte da

resposta”, já que “a grande pátria luso-bra-

sileira-africana tem o espaço e as condições

para a sua criação”. “A mais-valia da BVS pa-

ra Angola seria ajudar o país a perceber que

Organizações Sociais fazem um trabalho que

realmente promove o desenvolvimento eco-

nómico das comunidades pobres, comba-

tendo a pobreza e criando mecanismos de

educação que efectivamente promovam a in-

clusão social”, sustenta. Contudo, uma ques-

tão sobressai quando se fala do contexto

nacional. O país está preparado para acolher

este projecto? Celso Grecco acredita que sim.

“Os Governos, muitas vezes por falta de pes-

soas de visão estratégica, preocupam-se em

gerar riquezas para depois dividi-las. O foco

está na atracção de capital internacional e na

estabilidade dos mercados fi nanceiros”, refe-

re. Mas como aplicar essa lógica no contexto

das necessidades das comunidades? Para o

responsável são temas indissociáveis. “Não é

possível gerar apenas capital fi nanceiro, é ne-

cessário cuidar do capital social”, argumenta.

“Este último é aquele que é gerado pelas or-

ganizações sociais, pelas cooperativas, pelas

pequenas empresas sociais e micro-empre-

endedores”, reitera, defendendo que o di-

nheiro pode ser simultaneamente promotor

de riqueza e de bem-estar para a sociedade.

Celso Grecco acredita que este é o caminho

para o desenvolvimento sustentável das so-

ciedades. O mercado africano está por explo-

rar. No entanto, o sucesso da BVS no Brasil e

em Portugal é um auguro da viabilidade des-

te projecto ao nível das comunidades mais

desprotegidas. Para o responsável brasileiro,

estão reunidas todas as condições para a sua

implementação. Resta aguardar pelas inicia-

tivas das organizações civis e estatais.

celso grecco, director da bsv em entrevista à angola’in

Como surgiu a ideia de criar uma Bolsa de Valores Sociais? Em 2003, a Bovespa (Bolsa de Valores do Brasil) pediu-me que recomendasse um programa de

Responsabilidade Social à altura da importância daquela que era a mais importante Bolsa de

Valores da América Latina. A inspiração de criar a BVS veio da mesma lógica do mecanismo

de fi nanciamento da actividade de uma empresa, através da Bolsa de Valores. Se uma entidade

precisa de capital para expandir as suas actividades ou fi nanciar novos projectos, pode deslo-

car-se a um banco, vender parte do capital a um novo sócio ou recorrer ao mercado de capitais.

E, em qualquer lugar do mundo, as Bolsas de Valores são o ambiente que promove o encontro

entre estas Empresas e os seus accionistas – pequenos sócios –, estabelecendo as regras e zelan-

do pela relação entre eles. Claro que as organizações sociais não podem pedir empréstimos a

juros nos bancos, nem vão encontrar sócios/investidores para o seu “negócio”. Mas as organi-

zações sociais são por natureza entidades públicas que para operar assumiram compromissos

de transparência e, tal como as empresas, também precisam de capital para expandir ou forta-

lecer as suas actividades.

Qual o balanço da actividade em Portugal?Muito positivo. Portugal é o segundo país do mundo e o primeiro da Europa a ter uma Bolsa de

Valores Sociais. E tal como no caso do Brasil, esta BVS funciona dentro da Euronext Lisbon (a

Bolsa de Valores de Portugal). O país acolheu com muita expectativa a entidade e nos primeiros

90 dias foram transaccionados quase 100 mil euros em acções sociais das organizações sociais

cotadas. Confesso que sinto no ar o sentimento de urgência e uma vontade enorme de mudan-

ça. Isso é notável num país que é, por natureza, muito solidário. Muito mais que o brasileiro!

Estou confi ante que a BVS tem uma enorme missão pela frente e que temos que estar à altura

dessa expectativa e dessa missão.

De que forma a BVS pode contribuir para o crescimento das sociedades, em particular do continente africano?Costumo dizer que “não se traçam novas rotas em cima de velhos mapas”. A Bolsa de Valores So-

ciais não é apenas uma nova rota, mas sim um novo mapa em direcção a novas formas de fi nan-

ciamento do Empreendedorismo Social em África. O continente não pode nem quer depender

mais da caridade alheia. Tenho a certeza de que o povo africano quer investimento – e não cari-

dade. A caridade envergonha, escraviza, vicia. O investimento social educa, promove e liberta.

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36 | ANGOLA’IN ·

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37 · ANGOLA’IN |

Page 38: Angola'in - Edição nº 11

A emigração de jovens com habilitações aca-

démicas acima da média para nações, onde

dispõem de saídas profi ssionais ou da pos-

sibilidade de prosseguir as suas especiali-

zações, está a afectar crescentemente uma

série de países da União Europeia, tendência

agravada pela crise económica. O continen-

te africano debate-se com o fenómeno há

vários anos. Devastada pela guerra e pelas

difi culdades económico-sociais, África assis-

te há algumas décadas à chamada ‘fuga de

cérebros’. O custo é superior a quatro bilhões

de dólares, quantia que teria de ser gasta

para possibilitar o regresso dos 300 mil tra-

balhadores expatriados. Segundo a Unesco,

estima-se que todos os anos cerca de 20 mil

profi ssionais qualifi cados abandonam o con-

tinente à procura de melhores condições de

trabalho nos Estados Unidos, Europa e Aus-

trália. O êxodo académico dispara quando se

fala de indivíduos habilitados, cientistas ou

investigadores. A situação assume contornos

preocupantes. Os mercados não são capazes

de competir com os atraentes salários e com

o leque de oportunidades dos países ricos,

não deixando, por outro lado, de depender em

grande escala de cientistas e técnicos quali-

“Temos que encontrar uma maneira de reduzir a fuga de cérebros. Essa é uma ferida aberta que está a infectar toda a nação”Abdelaziz Boutefl ika, presidente da Argélia

fi cados nacionais para progredir. A Angola’in

apresenta-lhe nesta edição os rostos da emi-

gração do século XXI.

GANA, O MAIOR EXPORTADORO Banco Mundial divulga que a taxa de migra-

ção qualifi cada excede frequentemente em

50 por cento a desqualifi cada. O Gana possui

47 por cento dos seus quadros diplomados

a trabalhar no exterior. No que toca a países

com mais de cinco milhões de habitantes, os

moçambicanos assumem a segunda posição

com 45 por cento. Angola e Somália surgem

em quarto lugar com 33 por cento. O PNUD

(Programa das Nações Unidas para o Desen-

volvimento) indica ainda que a “Etiópia per-

deu 75 por cento da sua mão-de-obra entre

1980 e 1991”, difi cultando a capacidade de de-

senvolvimento do país.

BRAIN GAIN INICIATIVEParte dos quadros qualifi cados regressa ao

respectivo continente. São indivíduos bem

sucedidos no Ocidente que abandonam car-

gos de destaque para trabalhar directamente

nos governos dos seus países. É o caso do mi-

nistro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-

Iweala e do ministro das Finanças do Malawi,

Goodal Gondwe, que abdicaram das suas fun-

ções no Banco Mundial. Todavia, as acções de-

senvolvidas pelos Estados africanos também

começam a ter efeitos positivos. O recente co-

projecto Unesco/ HP, o ‘Brain Gain Iniciative’

desenvolveu uma mega rede electrónica que

permite que a população que saiu de África e

do Médio Oriente à procura de melhores saí-

das profi ssionais possa partilhar conhecimen-

tos e investigações científi cas com quem está

no país de origem. Tal possibilita o regresso

“virtual” dos cérebros. O programa está a ser

implementado no triénio 2009-2011 e abran-

ge 15 universidades (as melhores) de Burki-

na Faso, Camarões, Costa do Marfi m, Etiópia,

Quénia, Kuwait, Líbano, Marrocos, Senegal,

Tunísia e Uganda. O BGI foi implementado na

Europa, em 2003, com a intenção de retrair a

38 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE | patrícia alves tavares

Êxododas mentesbrilhantes

mos que encontr

ola’in

emi-

igra-

e em

ossui

Page 39: Angola'in - Edição nº 11

39 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

fuga de cérebros que sofreu um incremento a

partir da década de 90, através da disponibi-

lização de fontes fi nanceiras e tecnológicas

para que os jovens cientistas se mantivessem

na região. O projecto, que conta com a cola-

boração das Nações Unidas, é uma extensão

do plano apresentado em 2006 pelas mesmas

entidades “Piloting Solutions for Reversing

Brain into Brain Gain for África, 2006-2009”,

que incidiu na Argélia, Gana, Nigéria, Senegal

e Zimbabué. Num período em que se estima

que em 2001 a população mundial atinja os

sete biliões e que 97 por cento dos nascimen-

tos ocorram nos países em desenvolvimento,

a Unesco e a HP querem alargar o projecto até

100 universidades em 20 países das regiões

que integram o BGI.

ANGOLA SOFRE COM ‘BRAIN DRAIN’As estatísticas do Banco Mundial apontam

Cabo Verde, Moçambique e Angola como

países onde a maior parte dos seus quadros

estão a trabalhar fora. A organização alerta

para a falta de políticas que incentivem os

profi ssionais qualifi cados a permanecerem

no seu país. Verifi ca-se uma ausência de vi-

são acerca do aproveitamento do potencial

humano. Em muitos casos, além dos baixos

rendimentos, os detentores de formação su-

perior deparam-se com um sistema pesado,

onde não há espaço para a criação e inovação,

sendo colocados em funções diferentes da

sua especialização e experiência. As guerras

na Etiópia, Sudão, Angola e Zaire são a princi-

pal causa do fenómeno nestes países. Espe-

cialistas alertam que o chamado ‘brain drain’

(fuga de cérebros) impede a criação de uma

classe média (suporte do desenvolvimento

sustentado) formada por médicos, engenhei-

ros e outros profi ssionais, conduzindo a uma

morte lenta do continente. “O crescimen-

to constrói-se com base no conhecimento”.

Quem o diz é o nigeriano formado em com-

putação Philip Emeagwali (conhecido por ‘Bill

Gates de áfrica’), em entrevista recente ao

‘Jornal de África’.

MCT ATENTO Preocupado com o impacto económico e so-

cial, o Governo nacional está a desenvolver

políticas que colmatem a migração dos qua-

dros, lançando medidas de incentivo para que

os profi ssionais qualifi cados regressem ou

se mantenham no país. A implementação da

paz tem sido um factor positivo no desenca-

dear do processo. O Ministério da Ciência e

Tecnologia (MCT) é um dos organismos mais

intervenientes. Em Agosto de 2009, a enti-

dade criou um mecanismo de coordenação

entre as instituições de investigação cientí-

fi ca, que se destina a reforçar o sistema de

educação e formação profi ssional. O projecto

tem como objectivo desenvolver um sistema

de investigação científi ca e inovação integra-

da, dinâmico e de qualidade. Por outro lado,

permite desenvolver um mecanismo de dis-

seminação do conhecimento. “Neste âmbito,

para dar maior valor à actividade científi ca vai

desenvolver-se a capacidade inovadora, tra-

çando sinergias e elaborando um plano de

coordenação para poder aproveitar o proces-

so de reconstrução nacional”, referiu na oca-

sião Domingos Silva Neto, director nacional.

O ministério pretende combater o processo

de ‘fuga de cérebros’ angolanos, fi nanciando

as suas criações. O projecto é intersectorial,

contando com a colaboração da Secretaria de

Estado para o Ensino Superior, a Universidade

Agostinho Neto e o Ministério da Agricultu-

ra. O programa Chevening é igualmente um

óptimo exemplo das medidas de retenção de

quadros. Conta já com 25 anos de existência e

atribui bolsas de estudo aos jovens que dese-

jem desenvolver a sua formação no exterior. O

programa cria conexões interculturais, permi-

tindo aos futuros profi ssionais adquirir uma

visão cultural abrangente, de modo a que re-

gressem ao seu país com as competências

necessárias para ingressar no mundo laboral.

O protocolo com instituições inglesas contri-

buiu para que estes frequentem as melhores

universidades do Reino Unido. A experiência

tem contribuído para o desenvolvimento de

programas de “academic coaching” (partilha

de experiências dos Chevenings com os es-

tudantes angolanos) e para a cooperação de

instituições académicas e da sociedade civil,

ao nível de pesquisas, feiras e workshops.

Parecer do Comité Económico e Social Europeu sobre “Política comu-nitária de imigração e cooperação com os países de origem a fi m de fa-vorecer o desenvolvimento” (2008/C 44/21)

- “Parte dos migrantes são trabalhadores qualifi cados ou altamente qualifi cados, pelo

que um dos efeitos mais perniciosos das migrações para os países em desenvolvimento

é a perda de “cérebros”. Nem todos os países de origem sofrem da mesma forma os efei-

tos nefastos da chamada fuga de cérebros, mas para alguns trata-se de um verdadeiro

desastre. Como assinala o relatório SOPEMI “entre 33 % e 55 % das pessoas muito ins-

truídas de Angola, Burundi, Gana, Quénia, Maurícia, Moçambique, Serra Leoa, Tanzânia

e Uganda vivem em países da OCDE” [30]. Em África, o sector da saúde, tal como o da

educação, é um dos que mais sofre com essa situação.”

- “É preciso adoptar, no quadro das políticas europeias de cooperação para o desenvol-

vimento, programas para evitar a fuga de cérebros, facilitar o retorno voluntário dos

trabalhadores qualifi cados e investir nos países de origem nos sectores e actividades de

elevada qualifi cação.”

fuga de cérebr

partir da décad

lização de fon

para que os jov

na região. O p

boração das N

do plano apres

entidades “Pil

Brain into Brai

que incidiu na

e Zimbabué. N

que em 2001

sete biliões e q

tos ocorram no

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40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

Este é um assunto que daria milhares de

páginas, mas simplesmente irei fazer uma

abordagem resumida à “ fuga de cérebros

generalizada”. Para tudo na nossa existên-

cia subsiste uma razão e é bom sabermos a

origem de determinadas realidades, assim

sendo vamos entrar na essência, até às pro-

fundezas, daquelas que são as verdadeiras

causas da saída dos jovens angolanos licen-

ciados do país. Começo por dizer que a ins-

tabilidade social contribui em muito para a

evidência dos defeitos e as suas consequên-

cias. Com condições socioeconómicas e polí-

ticas instáveis, é difícil a integração social e

conjuntural (realização pessoal e estrutural), o

que causa um grande abalo na máquina dina-

mizadora de um país. A procura de melhores

condições sociais, nomeadamente remune-

rações equitativas e prestação de serviços

de qualidade na área do conhecimento, que

possam proporcionar um maior crescimento

humano e estrutural, são algumas das razões

que originam o subterfúgio dos jovens para

outros países. Caso essas condições sociais

sejam satisfeitas e objectivadas no exterior,

as hipóteses de regresso ao país de origem

tornam-se ínfi mas. Aliada a essa satisfação,

acresce a adaptação a outra cultura. Embora

muito difícil em vários aspectos no início, com

o tempo a tendência é para a conciliação. Os

jovens estão mais sujeitos a criar dependên-

cias, uma vez que têm a necessidade de for-

mar uma família, por vezes com uma mulher

estrangeira, com uma carreira profi ssional es-

tável, o que inevitavelmente proporciona um

novo patamar de acesso a nível pessoal, em

que poderão surgir os fi lhos e, por conseguin-

te, a necessidade de um meio social e eco-

nómico, nomeadamente no que concerne às

escolas, com boas condições. Depois de mui-

to tempo fora, a família torna-se numa das

causas principais pelas quais um bom profi s-

sional não deixa uma vida estável e de quali-

dade para regressar a uma nação que poucas

garantias lhe dá.

O crescimento mundial é liderado pelo conhecimento

SOCIALMENTEA “fuga de cérebros” torna difícil criar uma

classe média composta por gestores, médi-

cos, engenheiros e outros profi ssionais, razão

pela qual cresce a subclasse maciça que é na

sua maioria composta por desempregados e

pessoas necessitadas. Só para se ter noção,

quando uma larga percentagem da comu-

nidade médica emigra, um grande número

populacional mais carenciado tende obriga-

toriamente a procurar tratamento médico

alternativo, enquanto outras pessoas com

maior poder económico procuram médicos no

exterior do país. O problema é que, mais do

que perder estes profi ssionais, está-se a de-

bilitar o próprio sistema nacional de saúde. A

meu ver, um país que adopta a proibição de

consultas médicas externas ao seu território,

obriga à recontratação dos médicos que emi-

graram para a Europa e outros estados.

ECONOMICAMENTE Os melhores e mais brilhantes emigram. Res-

tam, os recursos humanos mais fragilizados,

o que pode representar uma morte lenta do

dinamismo do país. Não se alcança um cres-

cimento económico a longo prazo com a ex-

portação de recursos naturais. Hoje em dia, o

crescimento mundial é liderado pelo conheci-

mento. Quando se fala de pobreza, ninguém

melhor que as pessoas com conhecimento

e talentos para colmatar esse problema. Os

profi ssionais que migram são os que têm ex-

periência técnica com inclinações empreen-

dedoras e de gestão. Esta ausência aumenta

a decomposição estrutural de um país e tor-

na-se mais fácil lutar para destruir um gover-

no democrático.

COMO FAZER UM PROFISSIONAL REGRESSAR A CASAProporcionar incentivos para recrutamento,

tais como, cobrir os custos de mudança de re-

sidência de um país para outro, propor plano

de fi nanciamento habitacional no país de ori-

gem ou facilitar complementos salariais para

os primeiros anos. Uma solução mais perma-

nente seria pagar salários mais competitivos.

Assim sendo, muitos profi ssionais poderão

ponderar o seu regresso a casa. Penso que

podemos contornar a “fuga de cérebros ”

com maior investimento na educação, apoio

à mulher e ao desenvolvimento da juventu-

de. É importante proporcionar um trabalho

à medida das aspirações pessoais de cada

um, sem os visados terem que mudar de ca-

sa, localidade e inclusive de país, tornando as

oportunidades acessíveis a todos aqueles que

detêm formação superior. Os investigadores

têm a vida mais complicada, visto todos sa-

berem que os Estados Unidos da América são

um oásis para aqueles que sonham desenvol-

ver actividade na área da investigação, quer

básica ou aplicada.

pétio juarez penela de barros

SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO

Fugadecérebros

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41 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

Angola é conhecida por ser um dos países mais

ricos do continente africano e do mundo, so-

bretudo pela sua diversidade, abundância e

qualidade ao nível dos recursos naturais. Com

uma economia em franco desenvolvimento, o

país tem, segundo o Banco Mundial, a retoma

económica garantida para este ano, o que re-

presenta um crescimento na ordem dos 7,5

por cento. Esta previsão surge após um ano

de forte abrandamento, que colocou o cresci-

mento em menos de um por cento em 2009.

De acordo com a mesma instituição, o mau

desempenho da economia angolana no ano

passado deveu-se à queda brusca do preço do

barril de petróleo, o que “provocou a perda de

30 por cento das reservas monetárias e uma

desvalorização do kwanza de 25 por cento em

relação ao dólar”. No entanto, o país dispu-

ta com a Nigéria o primeiro lugar de produtor

de petróleo em África e é o principal fornece-

dor dos EUA e da China, o que faz com que os

seus quadros sejam, de entre todas as suas ri-

quezas, o bem mais precioso de que dispõe; o

capital mais importante e determinante para

um verdadeiro progresso económico e social,

susceptível de colocar Angola a par ou supe-

rar países do continente africano com índices

Angolae os JovensQuadros

de desenvolvimento bem mais elevados. Du-

rante décadas, os jovens angolanos escolhe-

ram ou foram obrigados a estudar no exterior,

devido à situação de confl ito existente no pa-

ís. Calcula-se que milhares de jovens todos os

anos escolhem países como Portugal, Inglater-

ra, Bélgica, Estados Unidos, Cuba ou mesmo a

Rússia para ingressarem nas universidades.

Em muitos dos casos permanecendo após o

curso no exterior, optando por não regressar

por falta de condições. Após o ano 2002, exis-

tiu um crescimento do número de jovens qua-

dros a regressar Angola para desenvolver a sua

carreira e ajudar na reconstrução do país. Du-

rante mais de vinte anos a percentagem de

licenciados era muito baixa, só se vindo a al-

terar esta tendência apartir dos anos 90. Hoje,

os jovens quadros angolanos querem voltar ao

seu país, por vocação, pela falta de oportuni-

dades ou pela crise que está a abalar o mundo.

O Governo de Angola tem vindo a promover o

regresso ao país desses recém-licenciados es-

palhados pelo mundo, procedendo à denomi-

nada “angolonização dos quadros”, composta

essencialmente por jovens, em que a maioria

deles possui formação das melhores escolas.

O poder político encarregou-se de elaborar pla-

nos e medidas de apoio para o regresso e in-

serção no mercado de trabalho, o que é a meu

ver de louvar. Como todos os países emer-

gentes, Angola tem uma enorme escassez

de quadros. A maioria das grandes empresas

socorrem-se de “expatriados “ para colmatar

este défi cite de mão-de-obra especializada e

com formação superior. Contudo, os expatria-

dos têm uma “validade” até 3 anos, pelo que

a solução é recrutar quadros jovens nacionais

para serem formados e colocados em funções

chave da economia, a médio prazo. Nos últi-

mos anos surgiram várias universidades e cen-

tros de formação por todas as províncias de

Angola, o que tem contribuído para o apare-

cimento de uma bolsa de jovens quadros for-

mados nacionalmente. Estas escolas irão ser o

embrião de uma elite de quadros intermédios

e superiores, que serão os quadros de referên-

cia no futuro do país. O recrutamento de nacio-

nais, jovens quadros angolanos, tem inúmeras

vantagens a médio e longo prazos, por ques-

tões culturais, económicas e políticas. Desta

forma iremos cimentar com fundações sólidas

o mercado empresarial e social angolano.

joão carlos costa

partner da jobfair global search & associates, portugal

SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO

Page 42: Angola'in - Edição nº 11

42 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE42 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

A Lei Magna põe um ponto fi nal ao período

transitório que o país vivia desde 1991. Foi

ratifi cada na Assembleia Nacional com 186

votos a favor (do MPLA, do PRS e da Nova

Democracia), duas abstenções (da FNLA) e

nenhum voto contra. A ausência do maior

partido da oposição - a UNITA - fez correr

muita tinta. Os 16 deputados não compare-

ceram por considerarem que o novo texto foi

aprovado de forma ilegal, devido às condicio-

nantes existentes na anterior Lei Fundamen-

tal. Em resposta, o Chefe de Estado defendeu

que o documento “é fruto de um prolongado

debate aberto, livre e democrático com to-

das as forças vivas da Nação”. De facto, este

foi elaborado após um longo período de con-

versas e incluiu propostas extraídas dos três

projectos constitucionais: presidencialista

(A), semi-presidencialista (B) e presidencia-

lista-parlamentar (C). Para o Presidente da

República, José Eduardo dos Santos, a Cons-

tituição constitui a base de todo o trabalho,

acompanhando os políticos na promoção das

“reformas na administração central e local

do Estado, na administração do sistema de

justiça fi scal, como meios para reforçar a ca-

pacidade institucional do país”. A pensar no

desenvolvimento sustentado da economia

nacional, onde prevaleça o “equilíbrio regional

e a integração internacional”, o chefe de Esta-

do destacou no seu discurso de promulgação

CARTA MAGNA

A 21 de Janeiro virou-se uma página importante na política nacional. A homologação da nova Constituição marca o início de um novo ciclo governamental. A extinção do Primeiro-Ministro e a eleição directa do Presidente da República são algumas das mudanças

do documento fi nal que “as políticas públicas

e os instrumentos a adoptar para a sua viabi-

lização devem proporcionar a toda a socieda-

de estabilidade política” e “macroeconómica”,

bem como “as infra-estruturas básicas de

apoio”, o “respeito e protecção da proprieda-

de privada”, o “reconhecimento da titularida-

de da terra” e a “celeridade da justiça”, entre

outras questões.

SUFRÁGIO EM 2012“O Estado deverá criar as condições para que

sejam realizadas as eleições gerais em 2012,

ano em que fi nda o mandato resultante das

eleições legislativas de Setembro de 2008”,

anunciou José Eduardo dos Santos. O novo

documento, composto por 244 artigos, re-

força os poderes do presidente, determinan-

do que o Chefe de Estado é o cabeça de lista

do partido que vencer as legislativas. A Carta

Fundamental da República estabelece ainda

como órgãos de soberania a Assembleia Na-

cional (AN), os tribunais e o Presidente da Re-

pública (PR). A AN e o PR são escolhidos por

sufrágio universal, secreto, directo e periódi-

co. As eleições gerais são convocadas até 90

dias antes do fi m do mandato e decorrem 30

dias antes do seu término. O processo legisla-

tivo é organizado por entidades independen-

tes. O Tribunal Constitucional (TC) exigiu, na

altura, rectifi cações ao documento, nomea-

damente em relação à eleição do PR, que a

partir de agora surge identifi cado no boletim

de voto. O TC defi niu que o vice-presidente é

eleito na condição de segundo nome no bole-

tim de voto. José Eduardo dos Santos assu-

me funções de Chefe de Estado, de titular do

poder executivo e de Comandante em Chefe

das Forças Armadas. Acaba a diferença entre

a presidência e o Governo. O actual líder es-

tá à frente dos destinos nacionais desde Se-

tembro de 1979.

EM DESTAQUEÀ semelhança do que ocorre na maioria das

nações, a recente Constituição proíbe a pe-

na de morte, assim como a tortura e os tra-

tamentos degradantes. Além das garantias

dos Direitos e Liberdades Fundamentais bá-

sicas, o texto decreta que todos os cidadãos

(em condições de igualdade e liberdade) po-

dem aceder aos cargos públicos. Estas são

algumas das garantias que a Lei Mãe defi ne

ofi cialmente. Os direitos e liberdades fun-

damentais consagrados são defi nidos como

invioláveis. José Eduardo dos Santos revelou

que o texto ofi cial deve “consolidar o quadro

jurídico e institucional, que permita a urba-

nização das reservas fundiárias do Estado,

onde, de forma segura, tanto famílias organi-

zadas para a auto-construção, como socieda-

des de construção, cooperativas de habitação

SOCIEDADE | patrícia alves tavares

Page 43: Angola'in - Edição nº 11

43 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

e outras instituições possam implantar pro-

jectos mobiliários”. Em relação à imprensa, o

PR sublinhou que “vai continuar a criar condi-

ções para que a imprensa seja cada vez mais

forte, plural e isenta, responsável e indepen-

dente”. Já o artigo 213º consagra o princípio da

descentralização política, que compreende a

existência de formas organizativas do poder

local, pelo que os recursos fi nanceiros “de-

vem ser proporcionais às atribuições previs-

tas pela Constituição ou por Lei” (art. 215º).

“TOLERÂNCIA ZERO”O combate à corrupção é a principal bandei-

ra do novo Executivo. O PR reafi rma a sua

aposta na “tolerância zero” aos actos ilíci-

tos na Administração Pública. A Lei da Pro-

bidade Administrativa é o novo instrumento

para evitar o enriquecimento ilícito, apresen-

tado durante a primeira reunião do Conse-

lho de Ministros. O recém-eleito presidente

da AN, Paulo Kassoma, corroborou as pala-

vras de José Eduardo dos Santos, anuncian-

do uma maior fi scalização das acções. “Está

em causa a gestão efi caz e transparente dos

recursos públicos em benefício do interes-

se comum”, esclareceu. O reajustamento do

Programa Nacional de Habitação Social, a ins-

pecção da execução do Plano Nacional e o Or-

çamento Geral de Estado também constam

das prioridades para o novo Executivo.

INOVAÇÃOA inclusão da protecção do consumidor na

Lei Magna é das principais novidades. Para

a directora do Instituto Nacional de Defesa

do Consumidor (Inadec), Elsa Bárber, é um

marco histórico, lembrando que é a primeira

vez que uma constituição angolana prevê de

forma expressa a salvaguarda deste item co-

mo princípio fundamental. Em declarações à

Angop, mostrou-se optimista quanto ao au-

mento das responsabilidades dos agentes

económicos em relação à saúde dos consu-

midores. Também os portadores de defi ciên-

cia encontram os seus direitos consagrados

na Lei. O artigo 83º acautela esta população,

adoptando políticas de reabilitação, integra-

ção e sensibilização da sociedade.

CARAS NOVASApós a publicação da Constituição em Diário

da República, José Eduardo dos Santos anun-

ciou o novo Executivo, que se pauta por várias

mudanças, com a entrada de novas fi guras.

Para o novo cargo de vice-presidente foi no-

meado Fernando Piedade Dias dos Santos.

Já Paulo Kassoma, detentor da extinta pasta

de Primeiro-Ministro, assume a liderança da

AN. O novo Governo, composto por 31 minis-

tros, vice-ministros, secretários de Estado e

do Conselho de Ministros, traz algumas no-

vidades. Kundy Pahiama, antigo ministro da

defesa, foi substituído por Cândido Van-Dú-

nem. José Eduardo dos Santos afastou ainda

Higino Carneiro, das Obras Públicas, Salomão

Xirimbibi, das Pescas, António Burity (subs-

tituído por Pinda Simão), da Educação, Vir-

gílio Fontes Pereira (substituído por Bornito

de Sousa), da Administração do Território e

Manuel Rabelais (substituído por Carolina

Cerqueira), da Comunicação Social. Com a re-

modelação surgem três ministros de Esta-

do: Manuel Júnior (Coordenação Económica),

Hélder Vieira Dias (Casa Militar) e Carlos Feijó

(Casa Civil).

fonte: constituição

“Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, de-fi ciência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou fi losófi cas, grau de instrução, condição económica ou social ou profi ssão.” art. 23º, 1

“A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus di-reitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insufi ciência dos meios económicos” art. 29º, 1

“Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodu-ção de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi xar.” art. 42º, 2

“O Estado garante a coexistência dos sectores público, privado e cooperativo, as-segurando a todos tratamento e protecção, nos termos da lei.” art. 92º, 1

“O Banco Nacional de Angola, como banco central e emissor, assegura a preser-vação do valor da moeda nacional e participa na defi nição das políticas monetá-ria, fi nanceira e cambial.” art. 100º, 1

“O sistema fi scal visa satisfazer as necessidades fi nanceiras do Estado e outras entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do Es-tado e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional.” art. 101º

pontos quentes:

Page 44: Angola'in - Edição nº 11

44 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

Vitóriada cidadaniaUm dos aspectos que mais me satisfaz nas

Constituições é o da igualdade perante a lei.

A Lei Magna angolana corresponde às mi-

nhas expectativas, pelo menos no cômputo

geral. O documento fi nal pauta-se pela qua-

lidade técnica, onde evidencio com agrado a

clara e abrangente consagração dos Direitos,

Liberdades e garantias Fundamentais. De re-

ferir ainda a organização económica, fi nancei-

ra e fi scal, que no meu ponto de vista, vai de

encontro às necessidades das sociedades ac-

tuais. Aliás, acredito piamente que uma estru-

tura social, baseada num Estado Democrático

de Direito (Artigo 2º), de jure e de facto, é o ca-

minho para erguer uma sociedade livre. Todos

nós, cidadãos angolanos, merecemos a reali-

zação plena, após os longos anos de agruras.

44 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE | patrícia alves tavares

Porém, há que fazer advertências. É evidente

que quanto à Organização do Poder de Esta-

do (Título IV) emergiram pontos de vista diver-

gentes, em função dos interesses políticos - no

meu entender legítimos, imediatos ou estra-

tégicos -, o que é perfeitamente natural e salu-

tar. Considero que este processo contribui para

a maturidade democrática e idoneidade cívica

dos actores políticos e dos técnicos. Obvia-

mente, não existem Constituições perfeitas!

Uma ou outra imprecisão serão encontradas

no processo da sua efectivação. É previsível.

Mas acredito que se procederá a ajustamentos

no domínio da legislação ordinária.

‘A efectivação da Lei Supre-ma depende, em última ins-tância, do cidadão’

Quando folheei a Lei Mãe, admito que fi quei

surpreendido com a originalidade do sistema.

A minha escolha recai invariavelmente no ar-

tigo 109º, respeitante à eleição para o cargo

de Presidente da República. O assunto tem

suscitado debates políticos, académicos e na

sociedade em geral. Humildemente reconhe-

ço as minhas limitações para, de forma se-

gura, opinar sobre esta forma de eleição do

PR. No entanto, impõe-se-me o dever/direi-

to de sugerir a continuação da discussão/cla-

rifi cação do seu “modus faciendi” e as suas

implicações no plano dos procedimentos ju-

rídico-eleitorais. Por uma questão de princí-

pio, reitero que neste ponto continuo a nutrir

simpatias com o sistema anterior e, no limi-

te, não me repugnaria a consagração de um

processo de eleição do PR pelos deputa-

dos eleitos – forma indirecta, que não

é seguramente antidemocrático.

Recordo que nos países, onde

o tal sistema funciona,

existem múltiplos

mecanismos para garantir a efectivação do

princípio da separação de poderes e para evi-

tar e/ou sancionar os excessos, bem como a

actuação contrária a lei e a ética dos titulares

do cargos públicos. A opinião pública, as or-

ganizações sócio-profi ssionais e os meios de

comunicação jogaram e ainda jogam um pa-

pel importante, até mesmo determinante. De

modo convincente, há que esclarecer a inova-

ção - um direito do cidadão eleitor! Se bem

fundamentada, com base na legítima protec-

ção dos mais altos interesses da Nação, po-

derei ou deverei mudar de opinião, pois já lá

vão os tempos em que, nestas lides, tinha po-

sições sectárias e dogmáticas. Louvo os que

directa ou indirectamente estiveram envolvi-

dos no processo, desde o início. Para quem viu

as legítimas expectativas goradas, nomeada-

mente no que concerne às Garantias e Contro-

lo da Constitucionalidade, lembro que podem

ser “atenuadas” dentro do próprio quadro

constitucional. O essencial é que a organiza-

ção social (sobretudo o Poder do Estado) cum-

pra estritamente a sua função, assegurando

os interesses dos destinatários. A efectivação

da Lei Suprema depende, em última instância,

do cidadão. Se existem ganhos signifi cativos

para a vida do angolano no novo documento,

é indubitavelmente no domínio dos Direitos,

Liberdades e Garantias. A Lei anterior consa-

grava-os de forma sintética. Houve uma evo-

lução, uma maior abrangência. É de aplaudir.

Mas… na prática, temos muito a trabalhar, em

termos de efi cácia! Há que mudar atitudes,

aperfeiçoar mecanismos, corrigir erros, criar

pedagogias e sanções efi cazes.

Nota fi nal: a justiça, a advocacia, o cidadão

como destinatário fi nal ganharam no plano

jurídico-constitucional. Estou certo de que

venceu a Nação.

inglês pinto bastonário da ordem dos advogados de angola

ARTIGO DE OPINIÃO

Page 45: Angola'in - Edição nº 11

45 SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 45 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | fábrica de vidros do kikoloestrada n’gola kilwange · kikolo, luanda - angola · tel 222 391 711 · fax 222 392 499v

VIDRO... É FVK FÁBRICA DE VIDRO DO KIKOLO

Page 46: Angola'in - Edição nº 11

| patrícia alves tavares GRANDE ENTREVISTA

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA46

Jorge Rocha de Matos é presidente da Associação Industrial Portuguesa – Confederação Empresarial (AIP-CE). Nasceu em Lisboa, em 1943, e ocupa o cargo desde 1981. Com uma série de acções consolidadas em Portugal, o grupo tem as atenções voltadas para Angola, o principal mercado africano dos lusos. A 23 de Fevereiro, a AIP-CE assinou um protocolo de cooperação com a Feira Internacional de Luanda (FIL), tendo em vista a organização de quatro feiras conjuntas. O empresário fala à Angola’in deste acordo e dos objectivos referentes à dinamização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em entrevista exclusiva à nossa publicação, o empresário levanta o véu das actividades para 2010.

AIP EM ANGOLAQuais os desafi os que a economia angolana enfrenta?Actualmente, confronta-se com o importan-

te desafi o de criar uma base económica sóli-

da e sustentada e de reforçar a sua inserção

na economia internacional. Indica que Angola,

para além de dispor de uma dotação de fac-

tores naturais muito signifi cativa, designa-

damente relacionados com matérias-primas,

onde o petróleo tem uma importância capital,

tem necessidade de reforçar, alargar e enri-

quecer a sua base económica com produtos

e serviços de valor acrescentado, o que obriga

também a diversifi car a sua base produtiva.

Há todo um caminho que o país está a trilhar

que obriga necessariamente a um investi-

mento expressivo nas infra-estruturas de su-

porte, físicas e digitais, de forma a valorizar

competitivamente o território e, consequen-

temente, reforçar a atractividade num con-

junto de indústrias e serviços para satisfazer

o mercado interno e a procura internacional.

Isso exige uma mobilização de energias e de

esforços internos e boas parcerias internacio-

nais. Penso que Angola está a dar passos mui-

to signifi cativos neste sentido.

Os ministérios mostram-se disponí-veis para colaborar com as empre-sas lusas?As empresas portuguesas têm, de uma forma

geral, uma boa relação com os ministérios e

instituições angolanas. Naturalmente que po-

derão existir difi culdades pontuais em deter-

minadas circunstâncias, como aliás é próprio

da vida empresarial. Mas, a forte proximidade

cultural e linguística existente entre os dois

países permite ultrapassá-las. Existe à parti-

da uma boa base colaborativa.

Possuem acordos com o Governo e com as entidades privadas?Há um bom clima relacional entre os Gover-

nos português e angolano, bem como entre

instituições e associações empresariais dos

dois países, de que a AIP-CE é um pilar impor-

tante e que constituem importantes veículos

de facilitação da vida empresarial. A AIP-CE

tem no quadro bilateral e no contexto da Con-

federação Empresarial da CPLP relações privi-

legiadas quer com a Associação Industrial de

Angola, quer com a Câmara de Comércio de

Angola. Por outro lado, é de realçar o estupen-

do entendimento entre os governos, o que fa-

cilita o relacionamento empresarial. Existem

também alguns instrumentos fi nanceiros da

parte do Estado português, nomeadamente

linhas de crédito que dão expressão a essa re-

lação.

Quais os planos que a AIP-CE pre-tende implementar durante este ano?O plano de acção da AIP-CE para 2010 coloca

Angola no topo das suas prioridades em rela-

ção aos investimentos e mercados externos.

Saliento a realização de quatro missões em-

presariais de âmbito multisectorial a Luanda,

Benguela, Huíla e Cabinda. Paralelamente,

destaco também a concretização de quatro

estudos de mercado sobre as quatro provín-

Jorge Rocha de Matos

“ANGOLA É UM INVESTIMENTO PRIORITÁRIO”

Page 47: Angola'in - Edição nº 11

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 47

cias angolanas, dando assim sequência a um

trabalho de informação, análise e prospecção

que a AIP-CE sempre desenvolveu em relação

ao país e que reputo da maior importância, co-

mo guia para os investidores. Naturalmente

que estaremos envolvidos também em múl-

tiplos fora e seminários, onde o mercado e a

problemática da economia angolana vão ser

relevados. No quadro do relacionamento as-

sociativo existem diferentes áreas de coope-

ração, quer referentes a Feiras e Congressos,

quer no relacionado com Projectos de Forma-

ção e I&DT.

Para Abril está agendada uma visi-ta empresarial a Luanda-Benguela-Huambo. Porquê a escolha das três províncias? Existe uma preocupação de diversifi cação de

alvos em termos de mercado angolano. Sen-

do certo que Luanda se tem revelado a mais

aprazível, existem no entanto outras pro-

víncias que começam a ganhar atractivida-

de, refl ectida no interesse dos investidores

lusos, nomeadamente Benguela e Huambo.

A AIP-CE quer dar esse sinal, pois é interes-

sante para os empresários portugueses, mas

igualmente bom para Angola dentro daquilo

que são os objectivos de coesão económica e

territorial.

Como tem decorrido a cooperação com a Associação Industrial Ango-lana? Há todo um trabalho que vem de longe entre

a AIP-CE e a Associação Industrial de Angola

(AIA), que se tem traduzido ao longo dos anos

em formas de cooperação diversas, desde a

formação profi ssional, estudos, feiras, apoio

a missões empresariais, entre outras. Mesmo

nos tempos mais difíceis, a nível empresarial e

particularmente entre as associações empre-

sariais nunca deixou de existir um bom quadro

relacional, tendo-se a AIA afi rmado como um

dos parceiros privilegiados desta relação por

parte de Angola.

Como encara o trabalho desenvolvi-do em conjunto com a CCIA (Câmara

do Comércio Indústria em Angola)?Há um trabalho normal e profícuo de troca de

informação, de pontos de vista e de sinaliza-

ção de prioridades aos mais diversos níveis

nas relações bilaterais entre as comunidades

empresariais portuguesa e angolana, que de-

senvolvemos conjuntamente.

Neste momento, existe algum pro-jecto no âmbito dessa cooperação?No trabalho regular que envolve as duas co-

munidades associativas empresariais, a CCIA

e a AIA são também dois dos parceiros an-

golanos que contamos para aquele que con-

sideramos ser um projecto de grande alcance

associativo e geoeconómico que, aliás, já está

em marcha para o quadro da lusofonia, que é

a Confederação Empresarial da CPLP.

“Temos programado um projecto de mobilização de PME portuguesas, tendo em vista a criação de uma rede de PME por todo o território angolano”

A AIP tem desempenhado um papel importante na reconstrução do pa-ís?Como já referi anteriormente, para a AIP-CE,

Angola sempre constituiu uma prioridade do

seu relacionamento externo. Tanto ao nível da

capacitação institucional, como da formação,

estudos diversos sobre a economia e mercado

angolanos, missões empresariais, seminários,

a AIP-CE sempre protagonizou um conjunto

de actividades e projectos visando a recons-

trução do país e a modernização da econo-

mia angolana. Aliás, temos programado um

projecto de mobilização de PME portuguesas

para serem parceiras de empresas ou emer-

gentes empresários nacionais, tendo em vista

a criação de uma rede de PME por todo o ter-

ritório angolano.

Quais as áreas onde as empresas portuguesas mais investem?Estão em quase todos os sectores da econo-

mia angolana, embora sejam mais relevantes

nos petróleos, construção civil, banca, ho-

telaria, agro-industrial e alimentar, TIC, en-

genharia, serviços às empresas, formação,

consultoria, entre outros.

ESTRATÉGIA PARA 2010 Recentemente a AIP-CE assinou um protocolo de cooperação com a FIL. Em que consiste o memorando?Este acordo, traduzido num contrato de parce-

ria, tem por objectivo a dinamização por parte

da AIP-CE/FIL da participação de empresas e

entidades internacionais em exposições sec-

toriais, organizadas pela FIL, a realizar em

Angola com o nosso apoio, através da venda

internacional em regime de exclusividade no

mercado português e enquanto parceiro pri-

vilegiado para a Europa. Devo dizer que a co-

mercialização abrangida por esta parceria se

aplica aos seguintes sectores: alimentação,

bebidas, equipamentos e canal Horeca – a

Alimentícia; material, equipamentos, máqui-

nas e serviços para a construção civil e obras

públicas – a Constrói; protecção e segurança

“Existem outras províncias que começam a ganhar atractividade, refl ectida no interesse dos investidores lusos, nomeadamente Benguela e Huambo”

fotografi as santos almeida

Page 48: Angola'in - Edição nº 11

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA48

GRANDE ENTREVISTA

– Exposegura Angola; imobiliário e domótica

– Salão Imobiliário de Angola.

Em 2010 vão organizar em conjunto quatro feiras. Quais as vossas ex-pectativas em relação a esses even-tos? Depositamos nas quatro feiras expectativas

muito ambiciosas em termos de expositores e

visitantes. Todo o envolvimento que isso im-

plica traduzir-se-á num reforço das relações

bilaterais, sobretudo entre as duas comuni-

dades empresariais e seguramente com uma

participação acrescida das PME, o que para

nós também é muito relevante. Estas reali-

zações não só reforçam as relações entre os

dois países como contribuem para uma maior

visibilidade e importância das duas comuni-

dades empresariais no contexto internacional

ao protagonizarem feiras atractivas. A coope-

ração é fundamental para ambos reforçarem

esse papel.

Pretendem recorrer à rede inter-nacional BUSINESSEUROPE para aproximar os europeus dos PALOP. Quais as mais-valias para o contex-to africano?Integrar a BUSINESSEUROPE signifi ca que a

AIP-CE tem a possibilidade de conferir uma

dimensão europeia e internacional a determi-

nadas realizações que suscitam um interesse

geoeconómico e empresarial para outras co-

munidades empresariais. Angola é hoje um

país e um mercado que suscita a atenção de

várias comunidades empresariais europeias e

acredito que as feiras que vamos realizar ao

abrigo deste acordo são bastante atractivas e

ambiciosas em relação aos objectivos.

No fi nal do último ano, impulsiona-ram a criação da Confederação Em-presarial da CPLP. Em que aspectos esta organização poderá ser útil?

A criação da Confederação Empresarial da

CPLP, a partir do Conselho Empresarial da Co-

munidade dos Países de Língua Portuguesa,

constituíu uma iniciativa com grande alcance

estratégico. Ao darmos este passo estamos

também a construir um importante dispositi-

vo de inteligência de negócios, ou seja, uma

mais-valia para todos os países que utilizam

a língua portuguesa. Neste sentido, estamos

a estabelecer formas de cooperação que tam-

bém permitirão explorar sinergias que poten-

ciam estratégias empresariais conjuntas nos

espaços regionais e geoeconómicos em que

cada um se situa. É minha convicção que a

maior densidade relacional e de cruzamento

de interesses subjacente à Confederação Em-

presarial da CPLP tornará possível aproveitar o

enorme potencial e as oportunidades que este

espaço de língua universal que é o português

corporiza no contexto da globalização.

A confederação será um dinamiza-dor determinante das economias da CPLP?A Confederação Empresarial da CPLP não só

constitui um instrumento de dinamização das

economias da CPLP como se afi gura um factor

de projecção internacional para a abordagem

de outros mercados regionais de interesse

conjunto.

Têm iniciativas programadas?A Confederação tem uma agenda de realiza-

ções. A este propósito refi ro que o país vai ad-

quirir um protagonismo da maior importância

num momento decisivo para a sua afi rmação.

Em Julho, Angola assume a presidência rota-

tiva da CPLP e, como tal, cabe-lhe neste con-

texto dinamizar um conjunto de iniciativas em

relação à afi rmação desta Confederação que

serão marcantes para uma organização que

está a dar os seus primeiros passos, mas que

se quer pujante e com grande alcance estra-

tégico.

PORTUGAL – ANGOLAQual o peso de Angola nas exporta-ções lusas?Actualmente, ocupa o primeiro lugar nas ex-

portações portuguesas para fora da Europa, o

que é um bom testemunho deste relaciona-

mento bilateral.

Qual o volume de trocas comerciais, em 2009?Os dados estatísticos fornecidos pelo Instituto

Nacional de Estatística (INE) revelam que en-

tre Janeiro e Setembro de 2009 as exportações

“Em Julho, Angola assume a presidência rotativa da CPLP e, como tal, cabe-lhe neste contexto dinamizar um conjunto de iniciativas em relação à afi rmação desta Confederação”

Page 49: Angola'in - Edição nº 11

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 49

lusas para Angola foram superiores a 1672 mi-

lhões de euros, enquanto as importações foram

na ordem dos 51 milhões de euros, refl ectindo

uma quebra muito signifi cativa em relação ao

ano anterior, porventura devido à baixa dos

preços do petróleo nos mercados internacio-

nais com os consequentes refl exos também

nas exportações angolanas para Portugal.

“Entre Janeiro e Setembro de 2009 as exportações lusas para Angola foram superiores a 1672 milhões de euros”

Durante o último ano, registou-se um acréscimo de empresas portu-guesas a investir no país?O aumento do número de empresas a inves-

tir nos últimos anos é uma realidade que nos

apraz registar. Isso é simultaneamente bom

para Portugal e para Angola. Queremos que es-

te relacionamento constitua uma parceria de

sucesso e que funcione cada vez mais nos dois

sentidos, como aliás se começa a verifi car.

Quais os sectores da economia lusa que mais exportam para Angola?A nível sectorial destacam-se em matéria de

exportação os materiais e equipamentos de

construção, bebidas, veículos automóveis e

outros meios de transporte, máquinas, pro-

dutos alimentares, materiais eléctricos, medi-

camentos, máquinas e aparelhos mecânicos,

máquinas automáticas para processamento

de dados, entre outros.

Os PALOP são os principais clientes de Portugal?No plano das relações comerciais, os nos-

sos principais clientes situam-se na Europa e

muito particularmente em Espanha, Inglater-

ra, França e Alemanha. A Europa tem um pe-

so excessivo, que corresponde a cerca de 73%

dos mercados de destino das exportações por-

tuguesas, mas que tem vindo a diminuir, pois

há cerca de meia dúzia de anos aproximava-se

dos 80%. É justamente o mercado angolano

o que mais tem contribuído para esta diver-

sifi cação fora da Europa, facto que começou

a verifi car-se sobretudo a partir de 2005. Ali-

ás, devo dizer que a AIP-CE tem pugnado por

essa diversifi cação de mercados traduzida em

vários documentos de estratégia, muito parti-

cularmente a Carta Magna da Competitivida-

de apresentada publicamente em 2003, a qual

releva uma visão euro-atlântica para o nosso

desenvolvimento, onde o relacionamento com

os países da CPLP ocupa uma posição central.

“É justamente o mercado angolano o que mais tem contribuído para esta diversifi cação fora da Europa, facto que começou a verifi car-se sobretudo a partir de 2005”

Quais as áreas onde é rentável in-vestir e que têm sido desvaloriza-das pelos empresários lusos?Dado que Angola está a iniciar um ciclo de

crescimento – que acreditamos que vai

ser longo –, subjacente à reconstrução

da sua economia, de uma forma geral

os investimentos a montante e a ju-

sante dessa reconstrução são ren-

táveis. As áreas relacionadas com

as infra-estruturas, a construção,

as tecnologias da informação e

da comunicação, as telecomu-

nicações, a banca, os serviços

avançados às empresas e a enge-

nharia são alguns dos sectores que

neste momento se afi guram mais

atractivos.

“A Carta Magna da Competitividade releva uma visão euro-atlântica para o nosso desenvolvimento, onde o relacionamento com os países da CPLP ocupa uma posição central”

A marca “Portugal” vende bem em Angola?A marca “Portugal” é, do nosso ponto de vista,

atractiva, devido a um quadro relacional e de

afectividade entre ambos os países decorren-

te de uma história partilhada. Mas, temos a

plena consciência que esta marca tem que ser

permanentemente alimentada e que os em-

presários têm um papel central. O seu valor

simbólico traduz uma multiplicidade de fac-

tores que para ela concorrem: qualidade dos

produtos e dos serviços prestados, excelência

das relações políticas e económicas, relações

afectivas que se estabelecem entre pessoas

de duas comunidades que falam a mesma lín-

gua e com grande proximidade cultural, entre

outros. A sua valorização faz-se densifi cando

e reforçando este quadro relacional num am-

biente de parceria e igualdade.

Quais os produtos mais procurados pelo consumidor africano/ angola-no?Há um conjunto de bens agro-alimentares,

mas regista-se também um peso crescente

de produtos industriais, desde máquinas e

equipamentos diversos a um conjunto abran-

gente de bens tecnológicos associados à re-

construção da economia angolana e ao seu

ciclo de crescimento.

ANGOLA – PORTUGALSabe-se que Angola tem sido dos principais destinos da internacio-nalização das empresas lusas. Co-mo avalia esse relacionamento?Como já tive ocasião de dizer, Angola consti-

tui o principal mercado de internacionalização

das empresas portuguesas para fora da Eu-

ropa. Signifi ca que os empresários lusos, que

têm um conhecimento que vem de longe da

economia angolana, confi am na sua estabili-

dade, dinamismo e crescimento. Existe a per-

Page 50: Angola'in - Edição nº 11

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA50

GRANDE ENTREVISTA

cepção de que o país tem todas as condições

para trilhar um ciclo de crescimento longo. Es-

tou convicto de que as autoridades angolanas

e a sua comunidade empresarial saberão, con-

juntamente, criar os factores de atractividade

do investimento internacional, actualmente

um factor essencial no contexto da globaliza-

ção. Podem para isso contar com a AIP-CE e

com a comunidade empresarial portuguesa.

Angola já exporta para Portugal? Existem alguns bens exportados para Portu-

gal, para além dos produtos petrolíferos, que

constituem o principal. É sobretudo no campo

do investimento, em grande parte através da

participação em grande empresas lusas, que

as entidades angolanas estão a afi rmar-se.

Aliás, permitam-me que diga que é desejável

o reforço das posições angolanas em Portugal

tanto a nível comercial como do investimento.

É esse o sentido de uma parceria, como aliás

o entendemos na AIP-CE. Por isso, considera-

mos muito positivo o incremento dessas rela-

ções comerciais e o nível do investimento que

se têm verifi cado nos últimos anos.

Quais os sectores económicos mais procurados pelos investidores an-golanos?A banca e a energia têm sido os mais procura-

dos, mas tem-se vindo a assistir a uma diver-

sifi cação de interesses nos últimos anos.

Considera que o país africano será cada vez mais um mercado apetecí-vel para os empresários estrangei-ros?Angola tem todas as condições para trilhar

um ciclo longo de crescimento e, como tal,

afi rmar-se como uma economia bastante

atractiva para o investimento estrangeiro.

Quais os sectores angolanos que detêm mais força e potencialidades para se internacionalizarem?O sector petrolífero e a banca são os que têm

apresentado maior visibilidade em matéria

de internacionalização dirigida a Portugal e,

mais recentemente, também o imobiliário e

os media. É evidente que Angola tem um ele-

vado potencial de internacionalização da sua

economia, à medida que for industrializando

muitas das suas riquezas naturais e desenvol-

vendo outros sectores, bem como por via da

captação do investimento directo estrangeiro

(IDE) no sector da agricultura, agro-pecuária e

indústria que também se vai traduzir em ex-

portações.

INDÚSTRIA NACIONALQual o perfi l do empresário ango-lano? Há uma nova geração de empresários angolanos

que se começa a afi rmar e a fazer o seu percur-

so, demonstrando visão, capacidade pró-activa

e bom conhecimento das exigências impostas à

vida empresarial num mundo hiper competitivo.

No último Salão Internacional de Vinho, Pescado e Agro-alimentar “SISAB”, as águas de mesa angola-nas foram elogiadas, devido à sua qualidade. A produção interna tem tendência para concorrer com os produtos importados?As águas angolanas são de grande qualidade.

Este é um tipo de produto que tem condições

para ganhar quota de mercado muito rapida-

mente e concorrer com outros produtos simi-

lares importados.

Em que medida os empresários eu-ropeus podem preparar-se para o crescimento da concorrência?Isso é uma realidade da economia global, pe-

lo que os empresários de qualquer proveniên-

cia têm que estar preparados para lidar com

ela. A sobrevivência e a afi rmação fazem-se

inexoravelmente num mundo cada vez mais

concorrencial. Em relação a Angola, o aumen-

to dessa concorrência é uma inevitabilidade

inerente ao reforço da sua atractividade.

A criação de uma indústria interna, activa e de qualidade pode dinami-zar o mercado angolano?Sem dúvida que o crescimento sustentado da

economia angolana passa pela criação de uma

indústria interna, de qualidade e competiti-

va. O consumidor angolano será o primeiro a

benefi ciar, mas isso é igualmente importan-

te em termos macroeconómicos. Ter uma in-

dústria competitiva é um factor fundamental

para a economia nacional se expor e se afi r-

mar no contexto da globalização, alargando e

enriquecendo a sua carteira de actividades e

produtos que constituem a sua oferta no mer-

cado interno e externo.

Como avalia o crescimento da eco-nomia nacional? Irá manter os mes-mos níveis de desenvolvimento ou a tendência será para que, em 2010, se verifi que uma desaceleração gra-dual?Apesar do crescimento da economia mundial

se perspectivar em 2010 ainda relativamen-

te diminuto no contexto da actual crise eco-

nómica e fi nanceira internacional que se tem

vivido, onde os factores de risco e de imprevi-

sibilidade ainda são elevados, uma economia

como a angolana tem, mesmo assim, boas

possibilidades de crescer com ritmos muito

mais interessantes do que as ditas economias

maduras, como a europeia.

Page 51: Angola'in - Edição nº 11

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 51

olhar clínico

Mais de vinte angolanos entre empresários e

jornalistas participaram recentemente na Fei-

ra Internacional de Bebidas e Agro-alimenta-

res SISAB 2010, em Lisboa, Portugal. O evento

que vai na XV edição reuniu cerca de 430 em-

presas portuguesas do sector alimentar e be-

bidas, colocando sobre o mesmo tecto homens

e mulheres de negócios de vários estratos so-

ciais provenientes de diferentes continentes.

Segundo a organização, cada empresário fez-

se acompanhar de um cheque avaliado em

mais de USD 50 mil, tendo como principais

objectivos fazer compras e estabelecer novas

parcerias de negócio para importação de pro-

dutos portugueses. Esta oportunidade permi-

tiu aos empresários angolanos traçarem, por

exemplo, novos rumos no mundo dos negó-

cios, designadamente ao nível do sector agro-

alimentar e bebidas de origem portuguesa,

numa altura em que as importações angola-

nas neste mercado somam cifras avaliadas

em 23 por cento das importações com destino

a Angola, referiu o Secretário de Estado da Flo-

restas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro.

Este volume de exportações lusas para o mer-

cado nacional, representa um indicador ani-

mador se tivermos em conta que Angola está

a trilhar novos caminhos nas relações econó-

micas com vários países, cuja meta está ainda

longe destes números. De acordo com Carlos

Morais, director da SISAB, os produtores por-

tugueses ali representados, produzem e fabri-

cam alguns dos melhores produtos, com uma

longa tradição na produção de agro-alimen-

tares e bebidas em Portugal. Em declarações

à Angola’in Ana Maria, empresária angolana

proveniente da província da Huíla, uma das

participantes no evento, disse que “os angola-

nos preferem importar no mercado português

porque este apresenta múltiplas vantagens,

que vão desde a facilidade de leitura do rótu-

lo, à originalidade dos produtos e à facilidade

de receber a partir das suas representantes lo-

cais, para além dos laços fraternais que unem

os dois países há décadas”. “Durante os três

dias da feira, foi possível comprar vários pro-

dutos e estabelecer parcerias comerciais que

me irão ajudar a importar maior volume de

produtos portugueses para abastecer a minha

unidade comercial na Huíla”.

Precisamos de gestores-estrategas capazes de mobilizar os investidores de outros países e promover as nossas marcas além-fronteiras

Para além das trocas comerciais entre an-

golanos e portugueses, a bolsa de produtos

alimentares e bebidas permitiu estabelecer

novas parcerias com empresários oriundos

de vários pontos do mundo, como é caso de

Cabo-Verde, São Tomé, Guiné Bissau, Brasil,

Espanha, Estados Unidos da América, Rússia

e China, no total de 80 países que levaram a

Portugal cerca de 1200 empresários. Segun-

do as declarações feitas pelos participantes,

pode-se concluir que esta iniciativa do sector

privado português é uma verdadeira mola im-

pulsionadora da expansão dos seus produtos

no estrangeiro. Numa altura em que o mundo

está a acordar de uma devastadora crise eco-

nómica, cujos efeitos não pouparam as maio-

res economias, investir perto de USD 4 milhões

para trazer homens de negócios a um evento a

custo zero, (transporte, alojamento, alimenta-

ção, deslocações hotel-feira, feira-hotel) não é

tarefa fácil. Só se traduz num verdadeiro olhar

clínico sobre o mundo dos negócios, onde não

é qualquer um que consegue visualizar facil-

mente os benefícios deste investimento e dos

resultados que poderá proporcionar a médio e

longo prazos. O mundo dos negócios exige dos

investidores esta visão sobre o futuro, o que

consequentemente se traduz numa aposta de

marketing para “formatar a marca na consci-

ência do consumidor”. Se partimos do pressu-

posto de que o mundo se tornou uma aldeia

global e que a concorrência é cada vez mais

evidente, então precisamos de gestores-es-

trategas capazes de mobilizar os investidores

de outros países e promover as nossas mar-

cas além-fronteiras. De salientar, que todos os

empresários que participaram neste evento,

antes e durante os primeiros dias de importa-

ção de qualquer produto para a sua empresa,

pensa em primeiro lugar no mercado portu-

guês, o que se traduz numa mais-valia para o

país. Neste negócio, ganha a organização do

evento, os produtores locais através do au-

mento das exportações, o que se traduz num

aumento de postos de trabalho para os nacio-

nais. Uma acção que permite ao país arreca-

dar mais rendimentos resultantes das receitas

aduaneiras das exportações destes produtos.

Em suma, todos ganham. Isso só é possível,

se as organizações, país, iniciativas privadas,

público-privadas, associações juvenis e tantos

outros aglomerados humanos tiverem pesso-

as inovadoras, com um olhar clínico voltado

para o mundo dos negócios e bem-estar de

todos sem secar a fonte.

andré sibi

ARTIGO DE OPINIÃO

Page 52: Angola'in - Edição nº 11

52 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

Ritual de circuncisão masculina

Em Angola a circuncisão é uma prática muito comum. Nos meios rurais a mesma ainda se pratica em concordância com tradições e raízes muito profundas. Obedecendo a diferentes fases do processo, os rapazes, em idade pré-adulta, praticam o ritual de ablação do prepúcio. Posteriormente, há uma fase de isolamento no recinto da própria circuncisão. Por fi m, apresentam-se à comunidade. Celebram-no dançando com máscaras que simbolizam a ruptura com a infância e o ingresso na vida adulta. O jovem será agora considerado apto a procriar e a desempenhar todas as funções de um homem.

As imagens que se seguem foram realizadas no Kuvango e ilustram a última fase do ritual. Ao ritmo de várias percurssões tocadas por elementos da comunidade, os rapazes apresentam-se todos juntos, e cada um, a seu turno avança para a frente e dança freneticamente. As máscaras e as vestes de corda conferem-lhes total anonimato e uma aparência algo assustadora. Ao longo da celebração comenta-se o carácter sagrado das vestimentas para afastar os maus espíritos. As mulheres, respeitando a tradição, são convidadas a manter uma considerável distância. Caso contrario poderá recair sobre elas uma maldição.

É uma celebração de homens com homens e para homens!

DE HOMENS PARA HOMENS

| ana rita rodrigues

Page 53: Angola'in - Edição nº 11

53 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

Page 54: Angola'in - Edição nº 11

54 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

Page 55: Angola'in - Edição nº 11

55 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

Page 56: Angola'in - Edição nº 11

56 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

Page 57: Angola'in - Edição nº 11

57 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

Page 58: Angola'in - Edição nº 11

58 | ANGOLA’IN · TURISMO

| patrícia alves tavares

LAS VEGAS, ‘THE ENTERTAINMENT CAPITAL OF THE WORLD’A cidade do jogo tem um novo atractivo para descobrir neste novo ano:

o City Center. Inaugurado a tempo da passagem de ano 2009/ 2010, é

o novo local para descobrir em Las Vegas, enquanto aprecia e desfruta

do melhor que a vida tem para oferecer nos diversos hotéis desenha-

dos pelos melhores arquitectos, como Daniel Libeskind. Diversão é coi-

sa que não falta aqui, ou não fosse conhecida pela capital mundial do

entretenimento. A região, conhecida pelos imponentes casinos e hotéis

temáticos, atrai mais de 30 milhões de visitantes por ano, facto que

levou a que alguns dos maiores resorts dos Estados Unidos se instalas-

sem na principal avenida de Las Vegas, Strip. Esses empreendimentos

albergam os maiores casinos do mundo. Site sugerido: www.citycenter.com

MÉXICO, PARAÍSO DE CONTRASTESDestino eclético que conjuga praias fantásticas e paisagens deslumbran-

tes com culturas e tradições milenares, o México celebra os 200 anos da

Independência. Assim, durante 2010, a região promove uma ambiciosa

campanha para captar a atenção dos turistas. Com muitos incentivos. A

capital, Cidade do México, é o destino perfeito para quem procura conhe-

cer a rica história do país, encontrando nesta localidade a 2.250 metros

acima do nível do mar a Catedral Metropolitana, símbolo da colonização

espanhola. Chapultepec é o parque mais procurado, pois além de contar

com um Zoológico é composto pelas grandes extensões verdes. Cancún

e Acapulco são os destinos mais requisitados pelas praias, banhadas pe-

las águas quentes do Pacífi co e pelos areais brancos.Site sugerido: www.visitmexico.com

NOVA IORQUE, A ‘BIG APPLE’Berço de muitos movimentos culturais, Nova Iorque é a área mais po-

pulosa dos EUA, sendo considerada uma cidade global alfa ++. O cen-

tro da moda, cultura e entretenimento é imperdível em qualquer altura

do ano. Lar do Empire State Building e da famosa Estátua da Liberda-

de, Nova Iorque é a mais densamente povoada, com mais de 8,3 mi-

lhões de habitantes (estimativa de 2007). Local muito procurado para

compras, as suas paisagens são habitualmente publicitadas nos fi lmes

americanos, que recorrem inúmeras vezes ao Central Park para gravar

alguma cena. Os shows da Broadway são igualmente ponto obrigatório.

No entanto, o que torna este destino imperdível em 2010 são as come-

morações do ano de Picasso, que se assinala em Manhattan, com duas

grandes exposições: no MoMa (28 de Março a 6 de Setembro) e no Me-

tropolitan (27 de Abril a 1 de Agosto).Site sugerido: www.moma.org

VANCOUVER, A ‘CIDADE-JARDIM’A cidade canadiana é, segundo a revista ‘The Economist’, uma das me-

lhores do mundo para se viver (considerada a melhor, em 2005). Eis um

válido motivo para incluir Vancouver no seu roteiro de férias para 2010.

O outro diz respeito aos Jogos Olímpicos de Inverno, que de 12 a 28 de

Fevereiro vão atrair atletas e visitantes dos quatro cantos do planeta. O

programa cultural estende-se de 22 de Janeiro a 21 de Março, período em

que as excelentes temperaturas convidam os turistas a desfrutar dos di-

versos parques, praias e locais de diversão. A sexta cidade mais populosa

do planeta convida os visitantes a nadar com as focas no White Cliff Pa-

rk, a conhecer a torre de observação The Lookout, a descobrir a arte na-

tiva canadense do Museu de Antropologia e a deslocar-se às cidades de

Victoria e Tofi na para ver as baleias, entre outras hipóteses. Site sugerido: www.vancouver2010.com

carimbos obrigatóriosno passaporteAno novo signifi ca novos países e recantos a explorar ao longo dos próximos doze meses. A Angola’in revela-lhe, em exclusivo, quais as 25 cidades que não pode deixar de visitar. Deixe-se levar pela diversidade de culturas e planeie as suas férias inspirando-se na fusão de climas, tradições e interesses. Opções não faltam, mesmo que não tenha hipótese de viajar para todas as sugestões! Os locais escolhidos destacam-se especialmente pelos eventos que vão acolher no ano de viragem da década, que fi cará marcado pelos acontecimentos mais diversos e que prometem fazer ‘história’

TURISMO

américa do norte

Page 59: Angola'in - Edição nº 11

américa do sul

ILHA DE PÁSCOA, ‘RAPA NUI’Inserida no meio do oceano Pacífi co, a mais de três mil quilómetros da

costa chilena, a Ilha de Páscoa guarda mistérios que ainda hoje intrigam

os arqueólogos. Interessado? Então aproveite a data de 11 de Julho e vi-

site a região. Nesse dia, aguarda-o um invulgar eclipse total do sol, algo

irrepetível, que será acompanhado de um festival de música. Um lugar

sempre especial em qualquer altura do ano, onde descobrirá templos an-

tigos, moais (gigantescas fi guras de pedra), vulcões, a lenda do homem

pássaro e muito mais.Site sugerido: www.honueclipse.org

LIMA, PATRIMÓNIO CULTURAL DA HUMANIDADELima surpreende os turistas que passam pelo Peru apenas com o ob-

jectivo de conhecer Cusco e a região do Vale Sagrado. O melhor da cida-

de, rodeada pelo Pacífi co e pelas montanhas rochosas, está nos bairros

fl oridos típicos, como Mirafl ores e San Isidro. A isto acrescente o pôr-

do-sol no Parque del Amor e nos artigos baratos que se encontram nos

mercados de artesanato. O berço inca é conhecido enquanto capital sul-

americana da gastronomia. Para Setembro de 2010 está agendada a

reabertura do Museu Larco, após cinco anos de recuperação, com a mais

importante colecção de arte pré-colombiana do Peru.Site sugerido: www.museolarco.org

BRASÍLIA, ‘CIDADE-CÉU’A capital do Brasil celebra 50 anos em 2010. A festa, que dura o ano to-

do, tem como ponto alto as comemorações da efeméride a 21 de Abril.

Declarada pela UNESCO como ‘Património da Humanidade’, Brasília é

conhecida pela modernidade da sua arquitectura e pelo traçado urba-

nístico em forma de avião. A terra do Carnaval mais animado do mundo

dispõe de diversos locais de interesse como a Catedral Metropolitana de

Nossa Senhora Aparecida, o Teatro Nacional, o Parque Nacional de Bra-

sília, o Museu de Gemas, entre outros. A não perder!Site sugerido: www.brasil50anos.com.br

africa

ÁFRICA DO SUL, CAPITAL DO FUTEBOLMesmo que seja só pela TV, o mundo vai viajar para lá, de 11 de Junho

a 11 de Julho, para ver o mundial de futebol. Ao vivo será inesquecível.

África do Sul é um dos países mais ricos e desenvolvidos do conti-

nente africano. Aqui encontra locais que atendem os vários tipos de

turistas conforme os seus gostos. Os museus, parques naturais, mo-

numentos, aquários, prédios históricos e galerias de arte fazem parte

da agenda de qualquer visitante.Site sugerido: www.sa2010.gov.za

MALAWI, CORAÇÃO AFRICANOFamosa pelas águas cristalinas do Lago Malawi, que é rodeado por

praias de areias douradas e bonitas baías, a região é uma opção in-

teressante para os amantes dos safaris. Rodeado de altos cumes e

montanhas escarpadas, o país transporta-o para outro tempo, outro

lugar e outro deslumbramento. Localizado no coração quente de Áfri-

ca, o Malawi entra em 2010 numa onda de grande dinamismo do tu-

rismo local, com a abertura de novos lodges nas reservas Nkhotakota,

Mjete, Mwabvi e Kaya Mawa. Às paisagens inesquecíveis junte a re-

cepção calorosa dos habitantes e terá umas férias perfeitas.Site sugerido: www.malawitourism.com

ZANZIBAR, PARAÍSO NA TERRAEste arquipélago, inserido em pleno Oceano Índico, tem um clima propí-

cio a férias de praia durante quase todo o ano (excepto Abril e Maio, es-

tações das chuvas). O aroma a especiarias, que envolve todo o ambiente

deste paraíso, acentua a sensação de estar num lugar mágico. As praias

de areia branca, o mar azul-turquesa, a vegetação frondosa e as cidades,

que misturam tradições africanas, árabes, europeias e hindus são razões

válidas para visitar este paraíso. O povo recebê-lo-á da melhor forma, fa-

zendo-o participar nas suas tradições, como é o caso do Festival Sauti Za

Busara, de 11 a 16 de Fevereiro, que é o grande acontecimento na Cidade

de Pedra, dedicado à música Swahili.Site sugerido: www.busaramusic.com

59 TURISMO · ANGOLA’IN |

Page 60: Angola'in - Edição nº 11

TURISMO

europa

SANTIAGO DE COMPOSTELA, ‘CIDADE SANTA’Este é o ano de Xacobeo (o próximo será só em 2021) e, portanto, de

grandes celebrações na Galiza, em que todos os caminhos vão dar a

Santiago de Compostela, em Espanha. O seu centro histórico faz des-

ta região uma das mais belas cidades da Europa. A “Cidade Santa” es-

tá longe de ser um museu de pedra. Aliás, é uma das localidades mais

animadas em vários planos: religioso, cultural e lúdico.Site sugerido: www.blog.xacobeo.es

PARIS, ‘CIDADE LUZ’Cidade da Luz e do romantismo, plena de história e locais a visitar, Paris é o

ícone da moda e viagem obrigatória para quem deseja passar férias na Eu-

ropa. No ano dedicado à Rússia em França, o Museu do Louvre abre uma

exposição monumental sobre a Santa Rússia, de Kiev a Pedro, o Grande (5

de Março a 24 de Maio). Encante-se pela beleza da sua arquitectura, das

suas imensas avenidas e jardins encantadores. Não deixe de visitar a Torre

Eiffel, o Arco do Triunfo, os Champs Elysées e o Sacré-Coeur.Site sugerido: www.louvre.fr

METZ, GLAMOUR FRANCÊSA cidade francesa destaca-se pelo seu encanto sensual, pelos teatros

animados num cenário ancestral e contemporâneo. Seduz pela sua luz

e elegância conjugadas com a visão do futuro ultramoderno. Em Maio,

é inaugurada a extensão do Centro Pompidou nesta cidade francesa,

dedicada à arte moderna. Uma maravilha arquitectónica, que se junta

ao Bairro Imperial, uma autêntica enciclopédia de estilos históricos,

candidata a património mundial da Unesco. Site sugerido: www.centrepompidou-metz.fr

LONDRES, POR TERRAS DE ‘SUA MAJESTADE’Não perca uma das maiores exposições de sempre das obras de Van Go-

gh. De 23 de Janeiro a 18 de Abril, na Royal Academy. Ao visitar as terras

de Sua Majestade não se esqueça de vislumbrar o famoso Big Ben, o Bu-

ckingham Palace e o British Museum. Lembre-se que Londres atrai os

turistas pelos seus inúmeros museus. Aproveite a estadia para ir às com-

pras (o célebre Harrods é ponto obrigatório) e relaxar à beira do Tamisa.Site sugerido: www.royalacademy.org.uk

60 | ANGOLA’IN · TURISMO

BRUXELAS, BERÇO DA UNIÃO EUROPEIABoa comida, boa bebida e moda de vanguarda são apenas algumas das

atracções da cidade da Bélgica. De dois em dois anos, um tapete de

fl ores ilumina a Grand-Place, uma praça espectacular, rodeada de edi-

fícios de grande valor arquitectónico. Em 2010, a capital belga volta a

fl orir, de 13 a 15 de Agosto. Perto da localidade encontra o Manneken

Pis, onde está a famosa estátua de um menino a urinar que nenhum

turista quer perder. O Atomium é o cartão-de-visita da cidade e oferece

uma excelente panorâmica de Bruxelas.Site sugerido: www.fl owercarpet.be

ESSEN, REGIÃO RENASCIDAA região da bacia de Ruhr, na Alemanha, com os seus monumentos in-

dustriais, vai estar em festa o ano inteiro, como Capital Europeia da Cul-

tura. A cidade vibrante possui uma grande variedade de lojas comerciais,

bares, restaurantes e bonitos hotéis. A localidade aposta nos desportos,

oferecendo oportunidades diversas para todos os gostos. Historicamen-

te, Essen tem a fi gura da Virgem Maria mais antiga do mundo, que pode

ser apreciada na catedral da cidade. Site sugerido: http://www.essen-fuer-das-ruhrgebiet.ruhr2010.de/en/home.html

VARSÓVIA, BERÇO DE CHOPINOs 200 anos do nascimento do compositor Frederic Chopin vão trans-

formar a localidade polaca numa enorme sala de espectáculos ao lon-

go do ano. Cada bairro de Varsóvia tem a sua história, que oscila entre

acontecimentos trágicos e actos heróicos. Devastada pela Segunda

Guerra Mundial, a cidade serviu de cenário a Roman Polanski para gra-

var algumas cenas do fi lme ‘O Pianista’. Parte dos edifícios foram re-

construídos durante o período comunista e o centro histórico (Rynek) é

Património Histórico Cultural da Humanidade (Unesco).Site sugerido: www.e-warsaw.pl/2/index.php

ISTAMBUL, ‘CIDADE DOS SETE MONTES’A quinta maior cidade do mundo é Capital Europeia da Cultura. A re-

gião turca promete uma revolução: monumentos restaurados, inten-

Page 61: Angola'in - Edição nº 11

so programa artístico, a reabertura do mítico Hotel Pera Palas ( www.

perapalas.com) e até o maior concerto da digressão mundial dos U2 (6

de Setembro). São motivos mais que sufi cientes para visitar Istambul,

que tem a particularidade de ser dividida por um estreito (Bósforos)

que separa o lado asiático do europeu.Site sugerido: www.istambul2010.org

asia

ABU DHABI, ALBERGUE DA FERRARIA cidade mais rica e capital dos Emirados Árabes Unidos é a única

qualifi cada como “Estado do Petróleo”. Assim, a localidade alberga os

principais motores políticos e económicos do país. A sua maior particu-

laridade está relacionada com a atenção dedicada ao desporto automó-

vel. Para este ano, está agendada a abertura do maior parque temático

dedicado à Ferrari, com a montanha-russa mais rápida do mundo, que

promete impressionar os amantes das corridas de Fórmula 1. Site sugerido: www.ferrariworlddabudhabi.com

DUBAI, ‘CIDADE DO OURO’Converteu-se recentemente no pólo turístico mais vistoso e futurista da an-

cestral cultura islâmica. O maior edifício do mundo, actualmente com 800

metros, Burj Dubai, foi inaugurado nos primeiros dias de 2010, juntando-se

aos outros gigantes recordistas do Emirado, como é o caso do maior shopping

do tórrido Médio Oriente, que abriga até uma pista de esqui. Apelidada de Me-

ca do consumo, a cidade atrai pelos formatos grandiosos dos hotéis e centros

comerciais, numa colagem de estilos e atracções voltadas para o lazer.Site sugerido: www.burjdubai.com

SINGAPURA, EXEMPLO DE CIVISMOUm ano movimentado na cidade-estado, com os primeiros Jogos Olím-

picos da Juventude (14 a 26 de Agosto) e a abertura do primeiro par-

que da Universal Studios, na Primavera. Além destas novidades, conta

ainda com as habituais atracções, onde se destaca o safari nocturno.

Aproveitando o facto de possuírem os melhores jardins zoológicos do

planeta e uma vegetação incrível, os visitantes podem visitar o espaço

desde o anoitecer até à meia-noite. Site sugerido: www.visitsingapore.com

HANÓI, MULTIPLICIDADE ÉTNICAA capital do Vietname celebra, em 2010, os seus mil anos e inaugura

um parque, com 1500 hectares, para homenagear os 54 grupos étni-

cos do país. Aliás, Hanói conserva toda a sua riqueza e arquitectura

colonial, bem presente em locais como o Mausoléu de Ho Chi Minh e a

prisão de Hoa Lo. Os lagos, parques, boulevards sombrios e os mais de

600 templos conferem um toque de charme a esta cidade.Site sugerido: www.hanoi2010.org

HONG KONG, CENTRO FINANCEIROA festa do Ano Novo chinês é a 14 de Fevereiro, pelo que se espera

grande animação para celebrar o ano do Tigre, aqui e em toda a China.

A fascinante metrópole cosmopolita combina a cultura oriental com a

ocidental. Portanto, prepare-se para despender alguns dólares, uma

vez que Hong Kong é das cidades mais caras do mundo, assumindo-se

como o principal centro comercial da China.Site sugerido: www.discoverhongkong.com/login.html

XANGAI, EMBAIXADORA DA EXPO 2010A Exposição Universal, de 1 de Maio a 31 de Outubro, promete voltar

as atenções do mundo para a China. Esperam-se 70 milhões de visi-

tantes e mais de duas centenas de países participantes. Aproveite o

evento e aprecie a Torre Jinmao, um dos mais espectaculares arranha-

céus, com 82 andares e 420,5 metros de altura. Passeie ainda nos tri-

ciclos, meios de transporte típicos da China.Site sugerido: www.expo2010.cn

NAO SHIMA, FILOSOFIA BUDISTAA hora e meia de Tóquio, surge a região do zen absoluto. Esta pequena ilha

é um extraordinário museu de arte moderna, único no mundo. A casa Be-

nesse mistura elementos tradicionais japoneses com o melhor da arte con-

temporânea, que transmite um ambiente de tranquilidade contemplativa.

De 19 de Julho a 31 de Outubro, o Festival de Arte justifi ca uma visita.Site sugerido: www.naoshima-is.co.jp/index.html

Page 62: Angola'in - Edição nº 11

Porto

cidade das sete pontes

62 | ANGOLA’IN · TURISMO

| patrícia alves tavares

da na paisagem peculiar, conferem-lhe uma

rara beleza. Assista a uma fusão entre o lado

conservador e extremamente hospitaleiro e a

criatividade da vida contemporânea, marcada

em cada rua, museu, espaço de lazer ou zo-

nas comerciais. Conhecido pela ‘Cidade das

Pontes’, quando visitar o centro urbano pode

deslocar-se à zona ribeirinha e fazer o trajecto

das sete pontes, num dos tradicionais barcos.

‘A cidade que foi eleita Património Mundial da Humanidade, pela Unesco, em 1996’

A NÃO PERDERAs atracções são diversas e necessitará de

alguns dias para descobrir todos os encan-

tos do Porto. Os monumentos, as Igrejas, os

Museus, as Pontes, os Mercados, as Feiras, os

Parques Naturais, as Festas e Romarias são

óptimos motivos para eleger este destino. A

Sé do Porto é imperdível. O edifício dos sécu-

los XII e XIII sofreu grandes remodelações no

período barroco, mas conserva ainda os traços

da estrutura romântica (movimento cultural

que se viveu na Europa). Para os apreciadores

da história e cultura de cada país, os locais a

conhecer são inúmeros. Apenas na zona his-

tórica da cidade descubra as particularidades

da Muralha Fernandina, da Torre dos Clérigos,

do requintado Palácio da Bolsa, do Mercado

Ferreira Borges e da agradável margem ribei-

rinha, com enfoque para a praça e cais da Ri-

beira. Para quem não dispensa um programa

cultural, deixe-se perder pelos Jardins de Ser-

ralves e pelas habituais exposições de arte ou

descubra as produções nacionais, através das

peças, em cena no Teatro Nacional de S. João,

que é em simultâneo uma verdadeira obra ar-

quitectónica. A Casa da Música representa o

outro lado da cidade: a modernidade. Constru-

ído no âmbito do Porto 2001 - Capital Europeia

da Cultura, o espaço alberga espectáculos de

áreas diversas, indo de encontro aos gostos

mais ecléticos. Para as famílias, a Angola’in

aconselha uma visita ao Sea Life Porto (oce-

anário) ou ao Planetário – Centro de Ciência

Viva, locais onde os seus fi lhos podem desco-

brir algo mais acerca da ciência e da vida ma-

rítima. Em termos gastronómicos, sugestões

não faltam. Inspirado na dieta mediterrânea, o

território português é considerado por muitos

turistas como um dos países com os melhores

menus. Para fazer compras, é indispensável

passar pela baixa portuense, onde encontra

uma fusão entre o comércio tradicional e as

grandes superfícies.

O Porto é a sugestão da Angola’in para a viagem do mês. Conhecida por Invicta, esta cidade portuguesa tem uma longa história, que se mantém viva em cada tradição e espaço portuense. Inserido na mítica região do Douro e apreciado além fronteiras pelo vinho do Porto, esta região atrai múltiplos visitantes em qualquer altura do ano. É um dos destinos turísticos mais antigos da Europa.

Motivos não faltam para visitar o Norte de

Portugal. A riqueza do património, os mo-

numentos e espaços culturais, as famosas

Caves do Vinho do Porto e as áreas de lazer

são razões mais que válidas para se render

aos encantos da cidade que foi eleita Patri-

mónio Mundial da Humanidade, pela Unes-

co, em 1996. Banhado pelo rio Douro, o Porto

mantém os traços da Idade Média em alguns

dos edifícios mais emblemáticos. Partindo da

imagem da ribeira e das trocas comerciais,

nomeadamente vinícolas, a cidade é uma das

mais antigas do continente. A harmonia das

construções e da estrutura urbana, enquadra-

TURISMO

Page 63: Angola'in - Edição nº 11

63 TURISMO · ANGOLA’IN |

ANGOLA’IN SUGERENesta edição, a nossa equipa aconselha os nos-

sos leitores a visitar um dos locais mais requin-

tados da cidade portuense. Recomendamos

um espaço a não perder e o sítio eleito pela

Angola’in para pernoitar durante a sua esta-

dia na Invicta ou para simplesmente degustar

uma refeição divinal. A sua revista volta a ino-

var e excepcionalmente recomenda um ponto

importante do Porto. O Hotel Infante Sagres é

a sugestão para este mês. A inauguração ofi -

cial do Hotel Infante Sagres, em 1951, marcou

a história da cidade, que passou a albergar a

primeira unidade de luxo, construída de raiz em

Portugal, no século XX. A gerência orgulha-se

de já ter acolhido a família real inglesa e a es-

panhola. Paulo Teixeira de Carvalho, gerente do

hotel, confi denciou à Angola’in que o edifício

emblemático “continua a ser uma referência

icónica da cidade do Porto e até mesmo do

próprio país”. “A carga histórica que encerra, o

seu acervo em obras de arte contemporâneas

ou antigas, móveis, lustres, espalhados aqui e

além de forma quase displicente, a sua localiza-

ção, a patine que o tempo traz e que não pode

ser reproduzida senão pelo passar dos anos,

torna esta unidade hoteleira uma referência

única e incontornável”, afi rma o responsável,

assegurando que quem visitar este hotel vai

viver uma experiência única e não terá motivos

para se arrepender. A unidade foi recentemente

renovada, numa mistura do “estilo neo-barroco

com os elementos da decoração dos anos 50 e

total abertura à cidade”. Aliás, segundo Paulo

Teixeira de Carvalho “a conjugação de todos es-

tes factores cria uma referência incontornável

e que torna a simples visita ou estadia numa

experiência inolvidável”.

‘O Hotel Infante Sagres é a primeira unidade de luxo, construída de raiz em Portugal, no século XX’

Sem desvalorizar o património histórico e tra-

dicional do espaço, o recinto está perfeitamen-

te adaptado às exigências do século XXI. A In-

ternet wireless em todas as áreas, os colchões

ultra-modernos e outras adaptações conferem

um conforto acima da média. Outra particula-

ridade que conquista os turistas é o SPA do

Hotel Infante Sagres, que é o mais pequeno do

mundo. “O Angkor Wat é uma quase exigên-

cia do mundo em que vivemos, mas apoiada

numa fi losofi a e ciência milenares que tornam

as experiências neste espaço reservadíssimo

únicas e viciantes pelo prazer e bem-estar que

proporcionam”, assegura o responsável. Para

quem visita o Porto a negócios encontra neste

local o “ambiente mais adequado ao trabalho

em causa”, num ambiente “elegante e inunda-

do de luz natural”.

‘O seu produto mais típico, o vinho do Porto, atrai turistas do mundo inteiro’

ELEITO PELOS VIP’S“São uma miríade de pequenos pormenores de

bom gosto e de uma época em que tudo era

possível comprar e que nos acolhem e espan-

tam em cada recanto”, descreve Paulo Teixeira

de Carvalho, enquanto explica que os clientes

fi cam deslumbrados com o ambiente familiar,

acolhedor e discreto. Os VIP’s são presença as-

sídua, pois são “tratados como tal”, em que o

“serviço é cuidado, caloroso, personalizado ao

limite, sem ser opressivo ou inconveniente”. A

fi losofi a dos responsáveis pelo espaço é abran-

gente. “O VIP pode ser um simples aniversa-

riante ou um ilustre desconhecido que quer algo

em particular”.

‘Outra particularidade que conquista os turistasé o SPA do Hotel Infante Sagres, que é o mais pequeno do mundo’

Quando passear pela Invicta, é provável que

encontre algumas novidades. O Hotel Infante

Sagres pretende inaugurar um restaurante de

“qualidade, mas despretensioso com porta para

a rua”, numa iniciativa que visa abrir o espaço à

cidade. “Para além do projecto do restaurante

que se encontra sempre sob a vigilância do Chef

Albano Lourenço (uma estrela Michelin) prevê-

se a instalação de uma esplanada, em plena

Praça D. Filipa de Lencastre [entrada principal

do hotel]”, esclarece. Para 2010, o hotel tem na

calha a organização de múltiplos eventos de ca-

riz social e acções relacionadas com o SPA An-

gkor Wat (concertos Meditativos e actividades

de carácter holístico e ligadas ao sobrenatural).

O Porto é a segunda maior cidade de Portugal,

com uma vida cultural e nocturna tão badalada

quanto a de HYPERLINK “http://dreamguides.

edreams.pt/portugal/lisboa” \o “Lisboa” Lis-

boa. O cartão postal da região é a Ponte Maria

Pia, projectada por Gustavo Eiffel, com os barcos

rabelos ao fundo, típicos da região. O seu produ-

to mais típico, o vinho do Porto, atrai turistas do

mundo inteiro. O clima temperado e húmido faz

da Invicta um bom sítio para visitar na altura do

Verão, ao contrário do que acontece no Inverno,

quando as temperaturas podem atingir valores

negativos.

e

63TURISMO · ANGOLA’IN |

em particular . g

Page 64: Angola'in - Edição nº 11

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares

diais. A Angola’in mostra o que se está a fa-

zer de mais inovador ao nível das estruturas

arquitectónicas e dá-lhe a conhecer as tecno-

logias que estão a revolucionar este sector,

tanto a nacional como internacional.

‘Painéis solares, espaços reservados para combustão, reciclagem e electrodomésticos que economizam energia estão já ao alcance dos angolanos’

CIDADES ADAPTADASA primeira conferência sobre urbanismo e

habitação mostra que os Estados estão em-

penhados em cumprir os pressupostos da ar-

quitectura moderna. A sustentabilidade e a

usabilidade dos centros urbanos são preocu-

pações evidentes. O evento, que decorreu no

Huambo sob o lema “Planeando o nosso fu-

turo sustentável”, serviu de mote para a dis-

cussão do programa relativo à matéria e para

a regulação das reservas fundiárias. De facto,

os planos de reconstrução nacional têm con-

tribuído para o reordenamento do território e

implementação das mais recentes novidades

arquitectónicas. Aliás, a nova Constituição de-

fi ne as bases gerais do ordenamento do es-

paço e do urbanismo, revelando um crescente

interesse por este sector. As novas cidades,

além de contemplarem a gestão dos resí-

duos e serviços urbanos (uma preocupação

constante com a protecção do meio ambiente

e dos recursos naturais), promovem a criação

de espaços complementares, que tornam os

espaços mais agradáveis, atendendo aos cri-

térios de usabilidade e de necessidade públi-

ca. A questão dos portadores de defi ciência

tem sido crescentemente salvaguardada na

concepção dos recintos e meio envolvente. Os

ESPECIAL ARQUITECTURA CONTEMPORÂNEA

Imaginação semlimites

64 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

“A arquitectura é responsável pelo bem-estar e pela beleza da cidade. É ela que se encarrega da sua criação ou melhoria e está incumbida da escolha e da distribuição dos diferentes elementos, cuja proporção feliz constituirá uma obra harmo-niosa e duradoura. A arquitectura é a chave de tudo”

A Carta de Atenas. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1993

O Ministério do Urbanismo e Habitação en-

contra-se empenhado em alterar as condi-

ções de vida da população, aproveitando a

fase de reconstrução que se vive para criar

habitação condigna, com acesso às infra-es-

truturas e equipamentos públicos, de acordo

com os critérios defi nidos pelas Nações Uni-

das. Contudo, a chamada ‘arquitectura mo-

derna’ abrange uma panóplia de tecnologias,

que estão ao alcance de apenas algumas ‘bol-

sas’. Actualmente, o ordenamento de terri-

tório e das cidades contempla uma série de

regalias que prometem facilitar o dia-a-dia

dos cidadãos e aproximar o país dos centros

urbanos internacionais. É o caso do sanea-

mento básico, que começa a ser incluído nos

novos edifícios, revelando que o país está a

recuperar a grande velocidade dos anos de

atraso em relação às grandes cidades mun-

| patrícia alves tavares

Page 65: Angola'in - Edição nº 11

65 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |

novos edifícios contemplam a criação de aces-

sibilidades e inserção de dispositivos electró-

nicos, que contornem as difi culdades dos que

têm algum tipo de defi ciência motora, visual

ou auditiva. Cabinda é exemplo da nova orga-

nização arquitectónica que, ao nível dos es-

paços exteriores e organização do território,

foca a preocupação com a ordenação e equi-

líbrio com o meio ambiente. A sede da pro-

víncia apela a todos os sentidos, onde o verde

sobressai. A arquitectura colonial funde-se

com as novas construções e empreendimen-

tos desportivos e de lazer. A reconstrução de-

senvolvida no âmbito do CAN contribuiu para

que Cabinda se aproximasse do novo modelo

das cidades modernas.

‘Reconhecimento de entrada, câmara que envia MMS, alarme de intrusão, fumo, queda e pânico, estores inteligentes e vidros irradiadores são algumas das tecnologias de ponta que têm sido colocadas ao serviço da construção civil’

KASA DO FUTUROA evolução da arquitectura contemporânea

é decididamente mais visível na concepção

de edifícios, nomeadamente das habitações.

Neste caso, é possível encontrar projectos de

vanguarda em que a criatividade não tem li-

mites. Reconhecimento de entrada, câma-

ra de vídeo porteiro, câmara que envia MMS,

alarme de intrusão, fumo, queda e pânico, ar

condicionado e estores inteligentes, vidros

irradiadores são algumas das tecnologias de

ponta que têm sido colocadas ao serviço da

construção civil. Actualmente, as inovações

científi cas permitem conceber projectos ar-

quitectónicos adaptados às necessidades

individuais e de menor impacto ambiental,

tornando as casas cada vez mais interacti-

vas. A Kasa do Futuro, em Portugal, reúne

uma série de conceitos e conteúdos tecno-

lógicos de ponto, que permitem a criação de

um ambiente seguro, moderno e confortável.

Inaugurada em 2003, a “Casa do Futuro Inclu-

siva” agrega mecanismos de automação do-

méstica aliadas à humanização da habitação,

que inclui soluções para os problemas que

advêm da velhice e da defi ciência. O modelo

levou cerca de três anos para fi car concluído

e ocupa uma área de seis mil metros quadra-

dos (600 m2 de construção). Inteligência é a

melhor defi nição para este modelo de arqui-

tectura habitacional, que promove segurança

e sobretudo maior economia. A mais recen-

te tecnologia domótica tem tudo para vingar

no mercado, visto que este sistema contribui

para uma redução do consumo energético na

ordem dos 20/ 30 por cento, sem descuidar

o conforto. A casa mais inteligente de Portu-

gal possui um sistema solar e de energia eóli-

ca, um circuito fechado de águas (para evitar

desperdícios) e uma ETAR ecológica, respon-

sável pelo tratamento de lamas e aproveita-

mento de resíduos. Em termos tecnológicos,

esta moradia de luxo é única: 47 km de ca-

bos, 1.200 pontos de controlo, 18 painéis de

controlo, 17 televisões, 31 câmaras do circuito

CCTV, 27 zonas de rega, 12 Tbytes de storage,

entre outros. O sistema iDom permite contro-

lar e aceder à casa a partir de qualquer lugar/

hora a partir de um telemóvel. O equipamento

pode ser instalado num simples T0 ou em ca-

sas do futuro, de acordo com as necessidades

de cada cliente. Assim, através do telemóvel

é possível ligar as luzes, abrir o portão da ga-

ragem ou simplesmente preparar um café. A

realidade nacional está ainda aquém destas

inovações. Não por falta de recursos naturais,

mas pela ausência das infra-estruturas bási-

cas, que foram destruídas durante o perío-

cadeia ‘exemplar’A cadeia do Bengo representa a huma-nização da arquitectura moderna. Pen-sada para melhorar as condições de vida dos presos, o espaço foi dotado de meios e infra-estruturas tecnológicas inovadoras para dar aos detidos a opor-tunidade de se reabilitarem enquanto cidadãos. O objectivo é que, após cum-prida a pena, estes indivíduos possam contribuir para o desenvolvimento do país. O espaço tem capacidade para albergar 1.062 indivíduos (462 reclu-sos e área de emergência para mais de 600) e foi incorporado com sistemas de videovigilância, de captação de água e energia eléctrica. Possui ainda 84 hec-tares reservados para a prática da agri-cultura. A cadeia-modelo, que custou 15 milhões de dólares, levou dois anos a ser erguida e é a primeira do país que dispõe de um sistema de videovigilân-cia por controlo electrónico

Sabia que...

A Expo 2010 vai ter como tema “Melhores Cidades – Maior qualidade

de vida”, numa alusão à sustentabilidade dos espaços urbanos e

à necessidade de aliar as inovações tecnológicas ao bem-estar dos

habitantes

Page 66: Angola'in - Edição nº 11

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

66 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

do da guerra. Contudo, a Kasa do Futuro tem

todos os ingredientes para ser aplicada às

construções angolanas. Após a conclusão das

redes de saneamento, reabilitação das vias

de comunicação e das infra-estruturas, o país

dispõe de recursos naturais, como as energias

renováveis, que podem e devem ser incluídas

nas habitações, de forma a reduzir o impacto

ambiental e a fomentar a sustentabilidade e a

poupança (económica e energética).

SONHO ANGOLANOA AIMMP - Associação de Indústrias de Ma-

deira e Imobiliário (Portugal) apresentou no fi -

nal do último ano na sétima edição da Constrói

Angola o protótipo das habitações do futuro.

Acompanhando as tendências do mercado

internacional, a construtora Modular System

está a promover a “Casa de Sonho”, projecto

que aproveita as potencialidades naturais do

país e adapta os edifícios ao meio ambien-

te, tornando-os mais sustentáveis e efi cien-

tes energeticamente. Tendo em conta a meta

governamental de criar residências condignas

para todos e a evolução do sector, esta tipo-

logia de pré-fabricados pode estar ao dispor

da maioria das famílias a curto prazo. Painéis

solares, espaços reservados para combustão,

reciclagem e elec-

trodomésticos

que economizam

energia estão já

ao alcance dos

angolanos. Eco-

efi ciente e auto-

sustentável, a

“Casa de Sonho”

é parcialmente

montada em Por-

tugal, por especialistas que têm o cuidado de

reduzir o impacto ambiental, através da uti-

lização de materiais naturais e recicláveis. A

arquitectura contemporânea visa o incremen-

to da durabilidade dos produtos, por via da re-

dução da intensidade energética dos serviços

e bens, na diminuição da dispersão tóxica, na

‘‘A mais recente tecnologia domótica tem tudo para vingar no mercado, visto que este sistema contribui para uma redução do consumo energético na ordem dos 30%, sem descuidar o conforto’

reciclabilidade dos materiais e maximização

do uso sustentável dos recursos naturais. As

suas funcionalidades e equipamentos são dis-

pendiosos, mas a sua efi ciência permite uma

poupança a médio e longo prazo. Tal como a

Angola’in noticiou anteriormente, o protóti-

po de apresentação foi montado especifi ca-

mente para a Constrói, num espaço de 800

m2. Interessados em adquirir os modelos do

futuro não faltaram. Quatro suites, cinco ca-

sas de banho, duas salas de estar e uma de

jantar, piscina, “jacuzzi” e jardim foram os

argumentos que conquistaram o público na-

cional, que está cada vez mais sensibilizado

para as vantagens das tecnologias de ponta

e para o quanto podem economizar se insta-

larem equipamentos de poupança energética.

Construídas em madeira de pinho e com dura-

ção ilimitada, estas tipologias vanguardistas

são ainda uma solução de luxo. Os protótipos

apresentados no certame oscilam entre os 45

mil dólares (T3 com 54 metros) e os 150 mil

dólares (T4 de luxo). Os próximos anos prome-

tem mais novidades tecnológicas que, conju-

gadas com as novas técnicas arquitectónicas,

vão revolucionar o mercado habitacional, que

se espera que fi que mais humanizado, confor-

tável, seguro e amigo do ambiente.

explorar os sentidos

As mais recentes tecnologias de ponta aliadas às construções contemporâneas transformam as habitações em verdadeiros centros interactivos. Eis algumas das últimas inovações:

Painéis de comando que integram tecnologias de várias empresas, como a HP,Microsoft e QUiiQ, que controlam e monitorizam todo o espaço;

Mordomo virtual bastante efi ciente, capaz de ditar receitas de acordo com osprodutos que existem na dispensa, enviar a lista de compras para o telemóvelou tirar um café (activação por comando de voz);

Paredes RGB, controladas directamente pelo sistema iDom,que dão a possibilidade de escolha do ambiente mais ajustado ao momento.Possuem uma resolução de 30 bits de cor;

Iluminação, abertura/ cobertura automática da piscina e aondulação da água pode ser controlada pelo sistema iDom;

Sistema de regra pode possuir até 27 diferentes zonas, controladas com base nainformação da central meteorológica;

Possibilidade de aceder à casa através do telemóvel a partir de qualquer lugar ouhora, controlando à distância funções como a iluminação ou a abertura do portão da garagem

Page 67: Angola'in - Edição nº 11
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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

68 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

| manuela bártolo| manuela bártolo

2010 é portador de novas esperanças para a

área de Inovação & Desenvolvimento (I&D). A

legião de novos sectores dignos de progresso

que serão alvo de transformações é, cada vez

mais, extensa. Dir-se-á cruciais, se represen-

tam a base da luta contra as doenças, a me-

lhoria dos transportes e a gestão efi ciente da

energia; lúdicos e culturais caso ampliem os

nossos objectos de lazer e incrementem as no-

vas tecnologias. A Angola’in seleccionou para

si as descobertas que vão marcar os próximos

anos, isto porque a tecnologia faz parte da

nossa vida e vai mudando as nossas necessi-

dades à medida que também vai evoluindo. A

lista das inovações com potencial de mudan-

ça sobre a forma como as pessoas trabalharão

e viverão e jogarão é hoje inimaginável. Para

começar, as tecnologias de poupança de ener-

gia solar serão utilizadas no asfalto, nas tintas

e até nas janelas. No próximos cinco anos, a

energia solar será uma opção acessível para si

e para os seus vizinhos, de acordo com o ter-

ceiro relatório anual «IBM Next Five in Five».

Actualmente, os materiais e os processos para

produzir células solares conversíveis em ener-

gia solar são demasiado caros e não permitem

uma adopção generalizada. Com a criação de

células solares «thin-fi lm» a situação vai in-

verter-se, na medida em que estas células são

cem vezes mais fi nas que as células de silicone

e podem ser produzidas a preços mais baixos.

TRANSPORTE ECOLÓGICOVeículos eléctricos. Esta é a grande aposta do

sector automóvel. Uma tendência confi rma-

da pelas grandes marcas. A PSA Peugeot-Ci-

troen irá lançar, ainda este ano, o seu iOn; a

BMW deverá seguir-lhe o exemplo e testar o

seu Mini E em França, enquanto a Renault já

anunciou o lançamento de quatro novos mo-

delos entre 2011 e 2012. Informações que des-

poletaram o interesse do mercado por este

tipo de viaturas, considerado até ao momen-

to como incerto, pelo menos a médio prazo.

Apesar da previsão de forte investimento,

crê-se que os carros eléctricos não ultrapas-

sem os 3 a 5% no total de vendas a nível

mundial até 2020-2025. Carlos Ghosn, CEO

da Renault, mostra-se mais confi ante, acre-

ditando que estas viaturas poderão represen-

tar 10% da escolha de compra relativa a novos

veículos nos próximos dez anos. Indiscutivel-

mente, o motor eléctrico permite um melhor

rendimento energético e não emite nenhum

gás poluente. Mas subsistem muitas dúvi-

das quanto à sua autonomia, uma vez que

as existentes são insufi cientes e, igualmen-

te importante, demoram muito tempo a car-

regar, não existindo ainda infra-estruturas

adaptadas para o recarregamento necessá-

rio. Nesse sentido, é evidente que o problema

reside na duração da bateria. Se todos con-

cordamos com o facto da bateria tipo lítio-ião

ser a que oferece maior autonomia, logo me-

lhor perfomance, também sabemos que para

que este tipo de veículos se imponha como

uma boa escolha de compra, estas devem ser

práticas, de fácil carregamento e maior dura-

ção. Actualmente, as mesmas custam entre

12 mil e 15 mil euros, o que faz aumentar e

elevar consideravelmente o preço de um sim-

ples automóvel ligeiro, equiparando-o mui-

tas vezes ao nível dos melhores veículos de

marca a gasolina. No Japão, por exemplo, o i-

Miev da Mitsubishi é vendido a 30 mil euros!

No entanto, vários construtores europeus

garantem que será vendidos a preços mais

baixos. Espera-se que os primeiros modelos

saiam para o mercado já em Abril. Resta ou-

tra pergunta pertinente, os carros eléctricos

irão possibilitar uma utilização mais barata?

Sim, respondem as marcas, pois enquanto o

preço do barril de petróleo aumenta, o das ba-

terias baixa. As estimativas são, por isso, op-

timistas. Calcula-se que, até 2020, o custo de

utilização de um veículo eléctrico seja 24% in-

ferior ao de um automóvel normal. Mais uma

vez, se coloca a questão de poder recarregar

mais e melhor a bateria. Uma das alternativas

mais viáveis para combater este problema é

possibilitar a troca de baterias nas estações

de serviço das auto-estradas. Está previsto o

aumento de locais onde o utente poderá re-

carregar e trocar as mesmas, com facilidade

INOVAÇÕES QUE VÃO MUDAR O MUNDO

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69 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

de acesso. Razão pela qual, a sociedade Bet-

ter Place, associada da Renault, espera co-

mercializar 100 mil Fluence ZE eléctricos, em

Israel e na Dinamarca, a partir de 2011. Contu-

do, para que estas infra-estruturas avancem

será necessário bastante dinheiro. Uma esta-

ção de recarregamento rápido custa, segundo

a Renault, cerca de 10 mil euros e uma esta-

ção de troca de baterias é em média 40 a 50

vezes mais cara.

MAPA GENÉTICO Poderá surpreênde-lo, mas ao que tudo indica

terá, nos próximos anos, uma “bola de cristal”

para saber o estado da sua saúde. Dentro de

cinco anos, o seu médico será capaz de forne-

cer um mapa genético que lhe dirá que riscos

de saúde enfrentará e quais poderá evitar du-

rante a vida, baseando-se no seu DNA. E tu-

do isto por menos de 200 dólares (cerca de

155 euros). Desde que os cientistas descobri-

ram como mapear o genoma humano, novas

portas se abriram no sentido de desvendar os

segredos dos nossos genes e, assim, prever

tratamentos de saúde. Os médicos, por um

lado, poderão utilizar esta informação para re-

comendar mudanças nos estilos de vida e de

comportamentos. As empresas farmacêuti-

cas, por seu lado, poderão desenvolver novos

e efi cientes medicamentos personalizados, à

medida das necessidades de cada paciente.

Neste contexto, o mapa genético transforma-

rá radicalmente a saúde e ajudá-lo-á a tomar

melhor conta de si.

NOVAS TECNOLOGIASOutra inovação será o poder falar para a In-

ternet e esta responder-lhe. A forma de ace-

der vai alterar-se radicalmente nos próximos

anos. No futuro, será capaz de surfar num

modo mãos-livres, recorrendo apenas à voz

e deixando de ser necessário o teclado, por

exemplo. As novas tecnologias mudarão a

forma como as pessoas criam, constroem e

interagem com os sites de informação e co-

mércio electrónico, na medida em que a voz

substituirá o texto. Imagine enviar e respon-

der a emails e mensagens instantâneas sem

escrever. Terá a capacidade de procurar verbal-

mente na Internet a informação e recebê-la

de volta, como se estivesse a ter uma conver-

sa com a rede. Poderá ter as suas próprias as-

sistentes digitais de compras. Já alguma vez

lhe aconteceu estar numa loja com dúvidas e

não encontrar ninguém que o ajuda a procu-

rar o que precisa? E os amigos já lhe disseram

que determinada roupa fi ca-lhe mesmo bem?

Dentro em breve os consumidores confi arão

muito em si mesmos e nas opiniões dos seus

pares para tomar decisões relativamente às

compras que fazem, não esperando pela ajuda

dos assistentes de loja. Uma combinação de

novas tecnologias e da nova geração de apa-

relhos móveis trará progressos signifi cativos à

experiência de comprar. Por fi m, mas não me-

nos importante: esquecer-se tornar-se-á uma

memória distante. O excesso de informação

não o deixa dormir? Esqueça-a. Nos próximos

cinco anos será muito mais fácil lembrar-se do

que comprou na mercearia ou que tarefas têm

de ser feitas, com quem falou numa confe-

rência, quando e onde combinou encontrar-se

A perda de memória deixará de ser um problema porque os detalhes da vida do dia-a-dia serão gravados, guardados, analisados e disponibilizados por aplicações inteligentes portáteis e estáticas, no momento e lugar apropriados

esso. Razão pela qual, a socieddadddddee BeBeBBeBeet-ttt

lace, associada da Renault, espera co-

rrrararararammm m cococooocomomomomo mmmaapappppapeeaeaeeaeaarr rr oo oo gegeg nonooma humano, novas

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70 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

com um amigo ou que produto viu publicitado

no aeroporto. Tudo isso será possível porque

os detalhes da vida do dia-a-dia serão grava-

dos, guardados, analisados e disponibilizados

por aplicações inteligentes portáteis e estáti-

cas, no momento e lugar apropriados.

IN & OUTEm 2050 seremos nove biliões de seres hu-

manos no planeta. Mas, quando chegarmos à

metade do século XXI, que incríveis inventos

terão surgido e farão parte do nosso dia-a-

dia? Quais as coisas a que já estamos habitu-

ados e que terão deixado de existir? O escritor

Richard Watson, autor do livro “Future Files:

A History of the Next 50 Years”, tem alguns

previsões. Prevê, por exemplo, que a próxima

década será agitada. Morrem as bibliotecas, o

email, o DVD... Por outro lado, começaremos a

conviver com cirurgias robóticas, olhos artifi -

ciais e ossos de plástico... Apresentamos, por

isso, algumas das suas sugestões. Ele próprio

pede para que não se leve tudo tão a sério -

até porque, como se sabe, o futuro é incerto.

Watson estuda o impacto das tendências tec-

nológicas na elaboração de estratégias a longo

prazo. A sua publicação mais recente intitula-

se “2008+ Ten Trends: Predictions & Provoca-

tions”, com dez tendências emergentes que

terão impacto nas nossas vidas num tempo

próximo. As visões futuristas sobre o que irá

surgir e o que desaparecerá apresentam duas

propostas na linha do tempo, sugerindo quais

tecnologias irão nascer e quais as que desapa-

recerão até 2050. Eis a sua versão para o “Tú-

nel do Tempo”. Divirta-se a imaginar!

INOVAÇÕES2008-1010 - Computadores ‘vestíveis’, cosmé-

ticos inteligentes

2011-2020 - Cirurgia robótica, computador

DNA, espelhos digitais, internet sensorial, jor-

nais em e-paper, máquinas de sonho, olhos

artifi ciais, ossos de plástico, pen-drive de 150

GB, sensores de verdade, sistema de reserva

para auto-estradas, telefones descartáveis,

via lunar

2021-2030 - Bactérias sintéticas, carros au-

to-dirigidos, escadaria espacial, escolarização

acelerada, estações de abastecimento de hi-

drogénio, férias virtuais, nanobebidas, nano-

pílulas, portas com reconhecimento facial,

prisões offshore, reforço de memória para hu-

manos, robô-babysitter, tubo gravitacional

2031-2040 - Créditos individuais de poluição,

desintegrador, dietas à base de genes, drogas

intensifi cadoras de realidade virtual, fábricas

espaciais, fax 3D, impressoras tridimensionais,

moeda única global, países-prisões, papel de

parede em vídeo, pastas de dentes nanobóti-

cas, vias de circulação auto-reparadoras

2041-2050 - Cartão de identifi cação global,

cérebro artifi cial, comércio de reputações, do-

wnload de memória humana, eleições globais,

homem em Marte, identifi cação biométrica

compulsória, insectos robóticos, manto de

invisibilidade, marchas virtuais de protesto,

mineração espacial, misturador de DNA, rebo-

cador espacial, residências que se limpam por

si, roupa de controlo de stress, sistema glo-

bal de imposto único, spray de invisibilidade,

substituto para o sono, transplante de cére-

bro, trocas de bebés, cidades silenciosas

EXTINÇÕES2001-2010 - Brinquedos de madeira, cartões

perfurados, clima normal, máquinas fotográ-

fi cas polaroid, soberania nacional

2011-2020 - Agências de correio, reforma,

atendimento ao cliente, bibliotecas, Blackber-

ry, pesquisa baseada em texto, catálogos de

lista telefónica, cinzeiros, DVD, email, inter-

net com teclado, linhas de telefone fi xo con-

vencional, lojas de aluguer de vídeo e DVD,

marketing directo, perder-se, publicidade em

outdoors estática, recepcionistas, televisores

de tubo de raios catódicos

2021-2030 - Artesãos, computadores desktop,

Copyright, auto-estradas gratuitas, rugas,

sindicatos

2031-2040 - Chaves, classe-média, moedas,

parto natural, petróleo, veículos movidos a

petróleo

2041-2050 - Cegueira, emissões de carbono,

espaços públicos gratuitos, moedas nacionais,

papel-moeda, surdez, tarefas domésticas

2051-2060 - Cirurgia plástica cosmética, dor

física, estados nacionais, morte

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71 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

século xxi: um mundo desconhecido

Que futuro nos reserva este século? Quais as descobertas científi cas que vão proporcionar

desenvolvimento em matéria de saúde, transportes, tecnologia ou comunicação?

A resposta a estas e outras perguntas surge no livro de Eric de Riedmatten, que

desvenda algumas das mais fabulosas invenções que deverão despontar até 2100.

2015: o primeiro carro que obedece à voz humana é lançado no mercado.

2031: é encontrada a solução para vencer a doença de Alzheimer.

2045: um túnel liga fi nalmente a Europa à África.

2054: a fusão nuclear é controlada.

2070: o cidadão comum poderá escolher o clima que deseja.

2088: o cérebro artifi cial pensa e raciocina como os seres humanos...

utopia ou realidade?

Eric de Riedmatten é o autor de um exercício arriscado: a previsão científi ca. Poderia

muito bem ter escrito um romance de fi cção científi ca, inventar ideias esquisitas ou até

mesmo imaginar um mundo virtual. Mas não: estas invenções têm forte probabilidade de

se concretizarem um dia, num futuro mais ou menos distante. Soube, por isso, cercar-se

de cientistas eminentes, que corroboram a maioria dos seus capítulos, entre eles Etienne-

Emile Baulieu e Axel Kahn na área da saúde e medicina, Hubert Reeves ao nível do espaço…

De qualquer maneira, Eric de Riedmatten sabe do que fala, uma vez que é o actual director

de comunicação da Siemens França, a empresa que apresenta a maioria das patentes por

ano neste país. Razão pela qual, encontramos, naturalmente, no seu livro um bom pacote de

ideais retiradas directamente do departamento de investigação da Siemens. Ao longo do livro

podemos perceber que, obviamente, quanto mais avançamos no tempo mais as invenções

se tornam rebuscadas e complexas. Dessa forma, em 2084, segundo o autor, todos seremos

vegetarianos. As escadas rolantes podem na prática substituir os carros nas cidades. Ao

passo que a partir de 2094, as senhoras poderão apreciar um ramo de rosas vindo directa e

especialmente de uma base em Marte, enquanto o seu marido se fascina com o Campeonato de

Fórmula 1 virtual. De facto, o principal mérito deste livro é apresentar-nos um futuro de forma

positiva, cheio de pequenas e grandes descobertas que irão mudar as nossas vidas. Embora,

muitas vezes, a tendência seja para falar de futuras catástrofes globais (aquecimento climático,

guerras nucleares, doenças emergentes), neste caso o objectivo é mesmo aumentar-nos a moral.

NANOTECNOLOGIA: SABE O QUE É?As principais empresas e investigadores de

todo o mundo participam com sucesso de

todas as indústrias-chave, facto que não os

permite fi car indiferentes à nanotecnologia,

considerada a verdadeira tecnologia do futu-

ro, pois possibilita armazenar, cada vez mais,

informações em discos rígidos, cada vez me-

nores, que são aplicados, por exemplo, em ja-

nelas fotovoltaicas, em materiais utilizados

pela indústria automóvel na fabricação de

motores e carrocerias ultraleves ou em articu-

lações artifi ciais, com um tratamento especial

da superfície que as tornam menos agressi-

vas ao corpo humano. Estima-se que, gros-

so modo, um mesmo número de empresas

dos EUA e da Europa se ocupa com estudos

nesta área. Também no sector diversifi cado

da biotecnologia já actuam mais de 600 em-

presas. Trata-se do desenvolvimento de no-

vos métodos e processos na biotecnologia e

na biomédica, na pesquisa de biomateriais,

na indústria alimentar, no combate às pragas

ou de pesquisas inovadoras nas indústrias

farmacêutica e química. A nanotecnologia

permite-nos caracterizar e estruturar novos

materiais com uma precisão de nível atómico,

levando a materiais tão superiores aos exis-

tentes no passado, como o aço foi superior ao

ferro e o ferro superior ao bronze. Materiais

nanoestruturados prometem ser mais fortes

e mais leves que os materiais convencionais.

O que trará inumeráveis impactos benéfi cos,

de carros e aviões mais seguros e mais efi -

cientes no uso do combustível, a malas que

suportem a manipulação das bagagens nos

aeroportos! Mas a resistência é apenas uma

propriedade entre outras. Desenhar materiais

com precisão atómica permitirá um controlo

nunca antes obtido sobre as suas proprieda-

des eletrónicas, magnéticas, ópticas e térmi-

cas - de facto, quaisquer propriedades que

desejemos intensifi car. Esteja atento!

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72 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

A Sistec impera no mercado angolano das tele-

comunicações, particularmente na implemen-

tação de soluções por satélite. Especializada

no desenvolvimento dos conhecidos Sistemas

“chave na mão”, a empresa começou a escrever

a sua história em Julho de 1991. O rápido e sólido

crescimento tornou-a líder na sua área de actu-

ação, possuindo actualmente mais de dez mil

clientes e oito fi liais distribuídas por todo o país.

Parceira das organizações mais dinamizadoras

da economia, assume-se como pioneira ao ní-

vel de concepção de soluções para os diversos

sectores da sociedade, actuando nas seguintes

áreas: Lar e Escritório, Indústria, Sistemas, Tec-

nologia, Telecomunicações, Obras, Administra-

ção, Filiais, Finanças e Informática.

NA VANGUARDAA Sistec pertence actualmente à UNGM (Uni-

ted Nations Global Marketplace). No entanto,

foi necessário um longo percurso até à con-

solidação. O organismo nasceu da divisão da

Protécnica, uma empresa de alta tecnologia,

fundada no período pós-independência e que

se evidenciou não só pelo facto de ser uma das

primeiras entidades privadas, mas especial-

mente pelo lançamento dos inovadores “main-

frame” (sistemas micro-informáticos). Assim,

a Sistec foi criada com o intuito de rentabilizar

os recursos humanos, aproximando clientes

e fornecedores. Herdeira do know-how infor-

mático da empresa-mãe, a líder das teleco-

municações destacou-se imediatamente pelo

fabrico do primeiro computador a ser produzi-

do a nível interno. A actividade foi evoluindo e a

empresa responsabilizou-se pela manutenção

dos equipamentos e especializou-se nas áreas

da informática e dos equipamentos de escritó-

rios. O sucesso alcançado contribuiu para a sua

rápida expansão, ramifi cando-se na área das

telecomunicações e apresentando soluções e

produtos tecnológicos para utilizadores parti-

culares. Pouco depois, lançaram-se numa das

áreas que mais tem evoluído na última década,

a indústria. A aposta visou a metalo-mecânica,

onde se evidenciaram no fabrico de cofres, mo-

biliário metálico e carteiras escolares.

ADAPTADA À MODERNIDADEO mais recente desafi o abraçado pela Sistec

diz respeito ao desenvolvimento de soluções,

baseadas nas comunicações por satélite. Li-

derou o consórcio Nexus e obteve a licença de

Operador Fixo de Telecomunicações, servindo

de exemplo para outros operadores que estu-

davam a entrada no mercado. De acordo com

responsáveis da empresa, a vitória de cada eta-

pa está directamente relacionada com o profi s-

sionalismo e competitividade da equipa, com

o compromisso em prestar um serviço acima

da média e a com inteligência em estabelecer

uma ponte entre o futuro e as actuais exigên-

cias dos clientes. Estes factores têm contribuí-

do para a criação de parcerias, que resultam da

longa experiência das áreas de marketing e do

reconhecimento dos analistas internacionais,

que têm testado no terreno a evolução e im-

plementação dos produtos. A oferta da Sistec

baseia-se em estudos de mercado, cuja procura

SISTEC

SOLUÇÕES PARA TODOSDomina o mercado das tecnologias. Em 2009, a Sistec atingiu a maioridade e o balanço não podia ser melhor. Sempre na vanguar-da, a empresa de distribuição de material informático conta com um crescimento efectivo, que se tem traduzido no alargamento das ofertas e no desenvolvimento de novas competências, median-te o estabelecimento de parcerias estratégicas. O entendimento das necessidades do mercado tem permitido corresponder às exi-gências de cada cliente.

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO PUBLIREPORTAGEM

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73 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

de infra-estruturas de informação e de novas

tecnologias é crescente.

VALORES DO SUCESSOEstima-se que cerca de 25 por cento do mer-

cado informático nacional é comandado pela

Sistec. Os 650 trabalhadores são responsáveis

pelo sucesso da empresa, que tem sede em

Luanda e cerca de centena e meia de funcio-

nários que asseguram a actividade das fi liais

em Cabinda, Sumbe, Gabela, Lobito, Benguela,

Huambo, Lubango e Namibe. Aliás, um dos se-

gredos do êxito está na valorização das capa-

cidades dos angolanos. A aposta em quadros

nacionais tem contribuído para o progresso do

país, ao escoar a mão-de-obra interna. De fac-

to, o número de estrangeiros a laborar na em-

presa não alcança a dezena. Uma equipa jovem

e dinâmica é outra das características. A maio-

ria dos trabalhadores tem menos de 30 anos

(49 por cento) e cerca de 28 por cento tem me-

nos de 40 anos. Os profi ssionais são maiorita-

riamente homens (76 por cento), detentores

de formação média (58 por cento) ou superior

(9 por cento). A empresa partilha valores sóli-

dos que, segundo os responsáveis, são a base

de todos os projectos. O empenho de técnicos

qualifi cados e experientes tem sido decisivo na

prestação de serviços, que garantem a qualida-

de e a satisfação do cliente. Por outro lado, a

integridade, o respeito pela ética e o profi ssio-

nalismo contribuem para uma boa resposta fa-

ce às necessidades. A motivação das equipas é

uma mais-valia para o espírito de grupo e para

o fomento da competitividade dos quadros.

CLIENTES SATISFEITOSA diversifi cada gama de produtos tem con-

quistado clientes nas mais variadas áreas. O

seu público-alvo são todos aqueles que pro-

curam constantemente soluções inovadoras

para os seus negócios ou simplesmente para

o uso doméstico. Recorrendo a tecnologias de

ponta, os profi ssionais têm desenvolvido, des-

de a fundação da Sistec, projectos especializa-

dos para os segmentos dos mais importantes

sectores da sociedade (área administrativa,

comercial, industrial, planeamento e fi nancei-

ro). O resultado são os ganhos reais na produ-

tividade e a fi delização dos clientes. O lema da

empresa consiste na conjugação entre a expe-

riência e o conhecimento, aliando teoria e prá-

tica. A Sistec possui cerca de 10.000 clientes,

entre individuais e empresários. Contudo, a fi -

losofi a mantém-se: cada cliente é único! Ape-

nas nos sistemas de informação para a área

do retalho, a Sistec possui 30.000 clientes. Há

que acrescentar as 1500 entidades corpora-

tivas que dependem destas tecnologias e os

12.000 organismos que recorrem à assistência

técnica desta empresa. Angola Telecom, Ban-

co Africano de Investimentos, Banco Nacional

de Angola, Angop, Banco BAI, Chevron, Coca-

Cola, Inatel, TPA, Sonangol e Soares da Cos-

ta são exemplos do vasto leque de clientes.

Prova do sucesso é o recente prémio atribuído

pela direcção da conceituada marca de com-

putadores IBM (International Business Ma-

chines). A empresa americana elegeu a Sistec

como o melhor parceiro de negócios a nível da

região da África Austral (SADC).

serviços

concepção de hardware

- Desenho e implementação de redes Vsat

- Instalação de terminais remotos Vsat de diferentes tecnologias

- Concepção e instalação de redes de rádio

- Instalação de Redes estruturadas na categoria 5 e em fi bra óptica

- Instalação de Redes seguras para Internet com encriptação e VPN

- Instalação de equipamento activo tipo Hub e Switch

- Instalação e confi guração de Servidores IBM MidRange

- Assistência técnica e pós-venda por contrato ou ad-hoc

- Venda directa de fi tas, tinteiros, papel e acessórios

- Instalação de periféricos (impressoras, scanners, etc)

- Retoma de equipamentos usados e troca por novos

criação de software

- Preparação de Servidores com Windows NT/ 2000/ 2003, Novell Netware, Linux, AIX e As400

- Confi guração Router, Proxy, Firewall, Mail Server e QL Server

- Confi guração de Protocolos de rede TCP/IP, IPX/SPX e NetBUI

- Gestão de recursos IBM Tivoli

- Fornecimento de Estações de Trabalho e desenho por computador

- Desenho de aplicações Clientee-Servidor para SQL Windows 32 bits

- Sistemas para Internet/ Intranet

- Software house de aplicações de gestão (contabilidade, facturação, etc)

- Desenho de aplicações através de software IBM WebSphere

- Sistema de gestão de ISP’s e IPOPISP

- Formação ao nível do utilizador e on-job

- Assistência técnica

consultoria e serviços em sistemas de informação e telecomunicações

- Levantamento das necessidades

- Desenho de redes de telecomunicações adequadas às necessidades dos clientes

- Planeamento e análise de Sistemas de Informação

- Auditoria informática

- Gestão de Projectos

- Outsourcing

- Leasing

crescimento consolidado1992 32 trabalhadores

400 equipamentos

24 m2

“O rápido e sólido crescimento tornou-a líder na sua área de actuação, possuindo actualmente mais de dez mil clientes e oito fi liais distribuídas por todo o país”

2000 348 funcionários

4.568 equipamentos

357 m2

2009

637 trabalhadores

48.442 equipamentos

5.324 m2

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74 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO | patrícia alves tavares

As motas, uma das paixões dos angolanos,

têm vindo a conquistar terreno para os des-

portos tradicionais. No país, existe um grupo

composto por cerca de 30 atletas, sendo que

alguns têm vindo a assumir-se como adver-

sários temíveis nos principais circuitos eu-

ropeus. Recorde-se que o motociclismo de

competição nasceu em Inglaterra, numa pro-

va intitulada ‘Motorcycle Scrambles’, em 1987.

A vertente que reúne maior número de afi -

cionados é sem dúvida o motocross, desporto

que recorre a máquinas com geometria e sus-

pensões especiais para resistir às imperfei-

ções do terreno. As provas de Enduro são as

mais procuradas. O Karting é outra categoria,

que se apresenta como rampa de lançamento

para muitos pilotos profi ssionais. A base do

automobilismo ganha destaque por atrair os

amantes da modalidade, contando com cerca

de vinte praticantes, oriundos das províncias

de Luanda, Benguela, Namibe, Huambo e Hu-

íla. A Associação dos Desportos Motorizados

(ADM) tem sido a impulsionadora desta prá-

Velocidade em altaO desporto motorizado esteve adormecido por muito tempo. Porém, nos últimos anos, com a implementação da paz, as diversas modalidades têm conquistado múltiplos adeptos, assistindo-se ao aparecimento de uma geração de jovens talentos que, apesar das difi culdades, começam a destacar-se nas competições internacionais. O automobilismo e motociclismo são as áreas que atraem pequenos e graúdos, cujo interesse desperta a cada triunfo europeu.

tica desportiva, organizando várias provas em

Benguela, Huambo, Namibe e Cunene, com o

intuito de promover a massifi cação do des-

porto nas províncias, como é o caso do Gran-

de Prémio em Karting. O automobilismo é o

símbolo do desporto motorizado. A Fórmu-

la 1 tem contribuído em larga medida para a

divulgação desta área, que se subdivide nu-

ma série de modalidades menos conhecidas,

como o GP2, o Nascar e as provas de Dakar.

Os pilotos são em número reduzido mas, de-

vido a uma série de iniciativas que serão im-

plementadas no terreno, espera-se que haja

uma proliferação de provas e de equipas.

AUTOMOBILISMO RENASCEQuando se fala da modalidade em Angola,

todos são unânimes: esta necessita ainda de

percorrer um longo caminho. O automobilismo

nacional divide-se em cinco fases. A primeira,

a dos Grandes Prémios, é marcada pelo nas-

cimento tardio do desporto e terminou com

o último GPA, em 1965. Após esse período,

surgiu a emancipação das cidades provinciais,

que organizavam circuitos e lançaram os pri-

meiros pilotos. Posteriormente a 1969, apare-

ceram a BMW e a Alfa Romeo, cujos atletas

António Peixinho e Nicha Cabral se torna-

ram nas grandes fi guras, contribuindo para

a afi rmação das seis horas Internacionais de

Huambo. A quarta etapa fi cou marcada pela

criação dos dois autódromos e pela afi rmação

de uma nova geração de pilotos. A última fa-

se, que dura até hoje, assume-se como a da

resistência da modalidade, graças ao esforço

de alguns atletas que vão lutando para que

o automobilismo não caia no esquecimento,

tentando recuperar as tradições. Nomes co-

mo José Carlos Madaleno, Luís Sá Silva e Ri-

cardo Teixeira são casos de sucesso, que têm

conduzido a bandeira de Angola às principais

pistas internacionais. Todos concordam que a

modalidade está a evoluir, que o número de

adeptos e atletas tem tendência para crescer

e que é urgente reabilitar as infra-estruturas.

José Madaleno, em declarações à Angola’in,

acredita que o sector “está em total desenvol-

vimento, quer em termos de máquinas, quer

em termos de modalidades”. “O desporto au-

tomóvel está ainda muito embrionário, como

estava em Inglaterra há 30 anos”, corrobora

Ricardo Teixeira. O jovem promissor, que cons-

ta entre os 300 melhores da FIA (Federação

Page 75: Angola'in - Edição nº 11

75 DESPORTO · ANGOLA’IN |

Internacional de Automobilismo), conseguiu

elevar o nome de Angola para a 40ª posição

no ranking de países. Em entrevista exclusiva

à Angola’in, refere que há uma “vontade mui-

to grande” de evoluir, pois “todos gostam do

desporto automóvel”. “Há corridas de 15 em

15 dias, apesar de ainda não existirem muitas

condições”, lembra. O experiente José Madale-

no acredita que a modalidade está a renascer.

Afi nal, em 2009 foi possível ter “nos Turismos

grelhas de partida de 22 carros”. “Para quem

em 2005 chegou a correr com cinco carros em

pista, a diferença é enorme”, reitera. Questio-

nado pela Angola’in, admite que há melhorias,

mas ainda “muito longe de estarmos bem”.

Como exemplo aponta o autódromo de Luan-

da, que “está uma miséria e que é o único ain-

da a funcionar”.

FEDERAÇÃO É URGENTEA luta pela criação de uma federação, que de-

senvolva e represente a modalidade, é antiga

e tem vindo a ganhar terreno à medida que

o desporto renasce e surgem atletas que re-

presentam as cores angolanas nas pistas in-

ternacionais. “A grande falha é a ausência da

Federação, pois não existindo uma entidade

reguladora, tudo se torna mais difícil. Sempre

que representamos o nosso país, estamos a

fazê-lo com Licenças Desportivas de Portugal,

França, Macau, nunca com a de Angola e isso

entristece-me muito”, atira. O mesmo se apli-

ca no plano material. “A criação da Federação

é muito importante pois, apesar do desporto

motorizado ser muito acarinhado pelo público,

não o é pelas empresas e a falta de patrocínios

é crucial. Mais apoio por parte Estatal não fa-

zia mal a ninguém. É preciso olhar para os car-

ros e para as motas, como se olha para uma

bola de futebol”, prossegue, evocando que é

urgente relembrar o passado, pois “quem vi-

veu esses anos, sabe que Angola era a melhor

escola de pilotos”. Ricardo Teixeira argumenta

que “vontade está lá”, mas é “preciso uma fe-

deração internacional, que esteja na FIA”.

“Sempre que representamos o nosso país, estamos a fazê-lo com Licenças Desportivas de Portugal, França, Macau, nunca com a de Angola e isso entristece-me muito”, José Carlos Madaleno

dicionário

automobilismo:

A Fórmula 1 é a modalidade mais popular

desta categoria, que inclui ainda segmentos

como o GP2, os Rallys e o Nascar.

karts:

Categoria mais elementar do automobilismo,

já que as viaturas são preparadas a baixo

custo, especifi camente para as corridas.

motociclismo:

Conjunto de modalidades que envolvem as diversas

formas competitivas com recurso a motos.

moto gp:

Principal prova do Grande Prémio de Motociclismo.

resistência:

Nesta prova ganha a melhor equipa, pois cada

moto é conduzida por três pilotos em alternado.

motocross:

Divide-se nas categorias de

Arenacross, Trial e Enduro.

provas de enduro:

Prova mais conhecida, onde é valorizada

a velocidade e habilidade do piloto.

FORMAR É ESSENCIALHRicardo Teixeira defende que o próximo pas-

so que se impõe é a aposta na formação, já

que “eles estão interessados”. “Só precisam

de uma ajudinha, por isso a ideia da Williams

é a criação de uma entidade que desenvol-

va uma federação, que aposte na segurança,

porque a vontade das pessoas está lá”, reite-

ra. José Carlos Madaleno partilha a opinião. A

formação nas diversas áreas é o segredo para

o sucesso das equipas, em que a performance

do atleta é apenas uma parte em todo o pro-

cesso de desenvolvimento de um grupo cam-

peão. Porém, o piloto está seguro de “que a

formação também já começou”, pois existe

“uma escola de Karting em Luanda”, algo que

permanecia apenas na Huíla. O automobilista

conta a sua experiência, relatando que criou

“uma estrutura de equipa, composta por três

carros e duas motas, onde estavam envolvi-

das cerca de 20 pessoas extra pilotos, com um

camião de assistência e material, como nunca

tinha existido em Angola, pelo menos após a

independência”.

Page 76: Angola'in - Edição nº 11

76 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares

PATROCÍNIO É ‘LOTARIA’ Questionado acerca das reais possibilidades

que um piloto tem para viver apenas da com-

petição, José Madaleno é peremptório. “Es-

tamos muito longe disso”, argumenta. “Só

para conseguir apoios para corrermos é difícil,

quanto mais para vivermos dele. Antes pelo

contrário, se não fosse o dinheiro que todos

nós temos investido, ele já tinha parado”, ex-

plica. Ricardo Teixeira também se mostra pre-

ocupado com a situação. Enquanto recorda os

tempos difíceis em que investiu do próprio

bolso para poder desenvolver as suas capaci-

dades e participar nas corridas, admite que o

patrocínio lhe abriu muitas portas, permitin-

do-lhe alcançar o tão desejado contrato com

a Williams. O importante é nunca desistir. “A

maioria das pessoas acha que algumas coisas

são difíceis de conseguir, que a Fórmula 1 é

um mundo inacessível, mas nada é impossí-

vel. Há obstáculos muito grandes e barreiras

que têm que ser quebradas. É esse exemplo

que eu espero que esteja a passar para Ango-

la”, confi dencia.

“Saí sempre vitorioso”José Carlos Madaleno, em entrevista à Angola’inComo ingressou no desporto automóvel?

Comecei em 1993, a convite de um amigo. Fui o seu Co-Piloto no Campeonato de TT em Portu-

gal, com um UMM. Depois de 1995, como as questões fi nanceiras começaram a ser complicadas,

passei para o Karting, onde fi z o Troféu de Baltar 100cc Livres. Em 1998 e 1999, voltei para o TT,

mas desta vez para as Moto 4, onde disputei o Campeonato Nacional em Portugal. Em 2000, re-

gressei a Angola e estive parado durante cerca de cinco anos, mas o “bichinho” não me largava e

como a única competição que havia cá era a Velocidade, tive de optar por ela. Desde 2005, tenho

feito o Troféu Nacional de Velocidade em Angola, na Categoria de Turismos, tendo-o vencido nos

últimos quatro anos. Em 2006, fi z o Lisboa-Dakar, como Co-Piloto, sendo até hoje o único an-

golano a tê-lo feito e terminado (57º lugar da geral e 10º lugar dos estreantes). 2008 foi um ano

ingrato e ao mesmo tempo fenomenal, pois começou com o cancelamento do Lisboa-Dakar, mas

depois fi z o Rally Transorientale, considerado o Rally Raid mais longo do mundo. Fiquei em 13º

lugar da geral e participei nas 24 horas de Fronteira, onde tive o prazer de ter levado outro colega

angolano, o Reis Cunha e termos estado integrados numa equipa Luso-Angolana. Em 2009, de-

cidi participar no Circuito da Boavista, com dois carros angolanos e convidei o João Carvalho para

participarmos no PTCC. O percurso não tem sido fácil, mas muito fértil, além de ter conseguido

levar a bandeira angolana a várias provas Internacionais, com muito sentido de responsabilidade

e sempre ter saído vitorioso. Nem sempre fi car em primeiro lugar signifi ca vencer.

Quais são as suas expectativas para 2010?

Estes anos maravilhosos de variadas competições também provocam coisas negativas e eu levei

um cartão amarelo do médico (risos), pois estou com uma lesão na C4 e vai-me obrigar a parar

pelo menos seis meses. Não gostaria de terminar a minha carreira desportiva sem participar nas

24 Horas de Le Mans. Seria acabar com chave de ouro, pois acima disso só a Formula 1 e para isso

temos dois jovens melhores do que eu: o Luís e o Ricardo.

INICIATIVAS DE FUTUROO projecto da Fundação da reputada marca

desportiva Williams é um dos mais promisso-

res, no que toca ao fomento da modalidade. A

poucas horas de embarcar para Luanda para,

ao lado de Gordon Day, um dos representan-

tes da escudeira americana, lançar a Fundação

Williams em Angola, o padrinho deste orga-

nismo relatou à nossa equipa que a iniciativa

conta com a parceria do Fundo de Solidarieda-

de Lwini. A principal fi nalidade é a promoção

de múltiplos projectos sociais. “Vamos tentar

auxiliar nas infra-estruturas, trabalhar com a

polícia para ajudar na segurança rodoviária,

melhorar o ensino, ajudar os jovens a terem

outras oportunidades, a motivá-los para outro

tipo de realidade e tentar desenvolver o des-

porto automóvel para que haja mais seguido-

res e, quem sabe, haver em Angola um grande

prémio da Fórmula 1”, relata Ricardo Teixeira,

que foi nomeado embaixador da fundação. A

meta consiste em desenvolver o ensino em

áreas multidisciplinares. “Uma equipa precisa

de 600 pessoas para fazer dois carros por ano”,

adverte. A Williams não quer formar apenas

pilotos, pois de “50 só um ou dois vão conse-

DESPORTO

Page 77: Angola'in - Edição nº 11

77 DESPORTO · ANGOLA’IN |

Piloto de desenvolvimento da WilliamsRicardo Teixeira, em entrevista à Angola’inComo descreveria o seu percurso no mundo da alta competição?

Foi com bastantes obstáculos, pois em termos fi nanceiros nunca tive muito apoio no início. Passei

por vários campeonatos. Fui bastante novo para Itália para fazer uma corrida de Karts, mas depois

tive de parar. Quando fui viver para Inglaterra, como não tinha dinheiro para correr, fui contactar

várias equipas e houve uma que me deixou fi car. Trabalhava nas ofi cinas e eles deixavam-me fa-

zer algumas corridas. Tive bons resultados, fi z quatro pódios em seis corridas e foi o que me abriu

as portas. Depois de um ano sem correr, surgiu a Sonangol e deu-me uma ajuda para continuar.

Como surgiu a parceria com a Sonangol?

Aparece quando achava que já não ia conseguir continuar. Depois desses resultados, a

Sonangol apareceu porque achou que era bom para promover o país. Na altura, estávamos

com uma má imagem em Inglaterra, estavam a sair notícias negativas e pensaram que era

uma boa forma de mostrar o outro lado. Só que eles não podiam dar um patrocínio muito

forte. Deram uma ajuda e fui fazendo metade do campeonato num ano, metade no outro

e fi z GP2 no ano passado. Entrei no programa deles para bolseiros e depois decidiram dar-

me uma ajuda na parte profi ssional, pois acreditavam que se chegasse longe como estou a

consegui-lo agora fazia boa publicidade ao país.

O último ano foi especial?

2009 foi um ano excelente. Fiz uma época completa, nunca tinha acabado um campeonato

inteiro. Isso é óptimo. Depois a GP2 é um patamar abaixo da Fórmula 1, os carros são

exactamente iguais. E se consegui conduzir um GP2 senti que já estava apto para guiar na

Fórmula 1. E foi isso que me permitiu assinar um contrato com a Williams como piloto de

desenvolvimento, o que atraiu mais publicidade, pois o GP2 é transmitido em directo para

todos os países. Consegui divulgar o país, aprendi bastante, explodi em termos de imagem

por causa da Williams, o que deu exposição a Angola.

Projectos para 2010?

Tenho sempre de correr dois anos antes de ingressar na Fórmula 1. Quero continuar como piloto

de desenvolvimento da Williams, pois estão a ajudar-me a desenvolver, preparam-me física e

mentalmente e desejo entrar noutros projectos da marca, ao nível da sua fundação em Inglaterra.

guir chegar à GP2”. “Queremos mostrar aos jo-

vens que têm outras oportunidades, desde a

engenharia ao marketing, psicologia, nutricio-

nismo…há muitas oportunidades de carreira”.

Este será o primeiro passo para a criação de

uma equipa completa em território nacional.

Em termos internacionais, o representante da

Williams admite que existe apenas um atleta

“que correu na China e vai começar a correr na

Europa, está a dar os primeiros passos e acre-

dito que vai conseguir”. Apesar de lamentar o

facto de existirem poucos pilotos promisso-

res, que se evidenciem nas provas internacio-

nais, José Madaleno adverte que o país está

a partir do “zero”, devido à guerra que asso-

lou o território, pelo que desafi a os mais no-

vos a lutarem pelos seus sonhos. “Os jovens

que têm aparecido neste mundo têm provado

que, apesar de não terem escola nem infra-

estruturas, conseguem alcançar resultados

brilhantes”, reconhece.

‘A Associação Provincial do Motociclismo de Luanda é uma das mais activas, possuindo uma escola de formação dos futuros atletas’

MOTOCICLISMO ATRAI MULTIDÕESÉ a modalidade que agita a vida desportiva das

províncias. Os pilotos colocam em evidência as

suas perícias nos campeonatos provinciais,

preparados pelas organizações de motocross.

A Associação Provincial de Luanda é uma das

mais activas, possuindo uma escola de for-

mação dos futuros atletas. Porém, este caso

é apenas um pequeno passo na massifi cação

e especialização deste desporto motorizado.

Os períodos de interregno das provas não fa-

vorecem o desempenho dos pilotos, a falta de

equipamentos é uma realidade e as infra-es-

truturas necessitam de obras. Estes são um

dos principais handicaps da modalidade. “Não

evolui mais por falta pistas e de um autódro-

mo melhor, moderno, com as condições ide-

ais para a prática do motociclismo”, assegura

Sandro Carvalho, um dos poucos pilotos que

conseguiu construir uma carreira além-fron-

teiras. No entanto, o atleta destaca o “interes-

se dos praticantes em evoluírem”. A Sonangol

tem dado algum apoio, assumindo-se como o

maior impulsionador da modalidade na capital.

Também nesta vertente a constituição de uma

federação é urgente. “Não há o envolvimento

das marcas, nem existe uma federação”, afi an-

ça Sandro Carvalho, que acredita que esta po-

deria dar um contributo para a aprendizagem

dos atletas e para mostrar as potencialidades

do motociclismo. Estima-se que cerca de 30

atletas se dedicam à prática do motociclismo

de velocidade, que correm numa única cate-

goria – a de 600cc. Além de Sandro Carvalho,

destacam-se nomes como Hélder Coelho e Da-

vid Rebelo. O primeiro é o mais activo no pla-

no internacional. O piloto tem vindo a ganhar

terreno nas competições portuguesas e as

expectativas quanto ao percurso de Sandro

Carvalho são altas.

Page 78: Angola'in - Edição nº 11

78 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO

O PILOTOComo e quando iniciou a sua paixão pe-las motos?Tudo começou por infl uência dos meus pri-

mos. Eles andavam de mota e como era o

mais novo também fi quei fascinado. Aos oi-

to anos ensinaram-me a conduzi-la.

De que forma surgiu a oportunidade de ingressar na competição de motos? Tem sido um percurso complicado?Essa oportunidade surgiu em 2001 com o

troféu ‘Honda cbr600’. Tem sido um percurso

difícil, pois os patrocínios não são fáceis de

obter e as empresas em Angola só há pouco

tempo começaram a dar importância à publi-

cidade.

Compete sozinho e em parceria com o Luís Carreira. Onde se sente mais à von-tade?Quando estou sozinho, porque a afi nação da

mota é feita para o meu tipo de condução.

Nas provas de resistência temos a pressão

de não falhar, pois podemos comprometer a

prova para o nosso colega e para a equipa.

Tem-se centrado apenas nas provas de Resistência. Pensa experimentar outras categorias?Tenho participado em provas de sprint no

‘Troféu Promomoto1000’. Em 2010, quero

voltar a participar nessa categoria, gostava

de passar para as Stocksport1000 e de parti-

cipar numa prova do Campeonato do Mundo

de Resistência.

Em Portugal, tem-se evidenciado nas cate-gorias de Promo de 1000cc e 180 cavalos de

potência. A dupla com o Luís Carreira tem sido gratifi cante para si? É para continuar?Sim. Tem sido bom, pois o Luís é um pilo-

to muito experiente. Tenho aprendido muito

com ele, que é o actual campeão português de

velocidade e participa nas Stocksport 1000. A

parceria é para continuar, até porque somos

pilotos da Benimoto Racing.

“A falta de apoios difi culta sem dúvida a evolução tanto da equipa, como do piloto”

O desporto motorizado tem custos. Co-mo é que a TeamAngola tem sobrevivido, conseguindo inclusive entrar nos circui-tos internacionais? A falta de apoios tem sido um obstáculo à evolução profi ssio-nal dos pilotos?Este primeiro ano foi para ganhar experi-

ência. Tivemos poucos patrocínios, por isso

não fi zemos o campeonato todo. A falta de

apoios difi culta sem dúvida a evolução tanto

da equipa, como do piloto porque se não ti-

vermos ajudas que nos permitam treinar nos

circuitos difi cilmente evoluímos.

Participa com frequência nas provas por-tuguesas. Há muitas diferenças entre o campeonato português e o angolano?Sem dúvida! Podemos começar pelas pistas,

já que em Angola são sobretudo circuitos ci-

tadinos e em Portugal existem dois circuitos

de nível internacional. As motas no campe-

onato angolano são de 600cc com cerca de

130 cavalos, enquanto em Portugal corro com

uma de 1000cc com 180 cavalos. Além de tu-

do isto, existem bastantes diferenças.

As competições internacionais são mais rigorosas? Há uma maior aprendizagem em cada etapa?Sim, essas provas são mais exigentes, o que

nos obriga a inovar constantemente no as-

pecto da condução, da afi nação da mota, do

funcionamento da equipa, entre outros as-

pectos. O que nos faz estar a actualizar sem-

pre a nossa abordagem nas provas.

Como é que se prepara para as provas de Resistência? Tem uma preparação física especial?Sim, faço corrida a pé, bicicleta e natação,

actividades que complemento com algumas

idas ao ginásio. A alimentação também tem

de ser cuidada.

“Estamos próximos do objectivo que é participar numa prova do Mundial de Resistência”

Recentemente referiu que este ano signi-fi ca o arranque de uma nova etapa. O que signifi ca esse novo ciclo?Representa estar integrado numa equipa que

está a evoluir bastante e que quer vencer. Em

conjunto, ganhámos experiência e estamos

prontos para os desafi os que estão para vir.

Quais são as suas metas para a tempora-da de 2010?Vencer algumas provas no ‘Troféu Promomo-

Aprendizagem, vontade de vencer e evolução constante são os adjectivos que melhor descrevem o percurso profi ssio-

nal de Sandro Carvalho. O piloto, que sonha subir ao topo da competição internacional, brilha dentro e fora das pistas

nacionais. Após uma temporada exigente, em que alcançou resultados promissores nas provas portuguesas, o mo-

tociclista levantou a ponta do véu dos seus projectos para 2010, em entrevista exclusiva à Angola’in. Em Portugal, ao

lado do companheiro de equipa, o luso Luís Carreira, o atleta nacional elevou o nome de Angola ao conquistar duas

pole position. Apaixonado pelas motos desde tenra idade, Sandro Carvalho promete progredir ainda mais e já sonha

com o Campeonato do Mundo de Resistência.

Um caminho de resistência

Page 79: Angola'in - Edição nº 11

79 DESPORTO · ANGOLA’IN | 79 DESPORTO · ANGOLA’IN |

to’ e, se possível, vencer o campeonato e os

‘500km Vodafone’.

Um dos seus sonhos consiste em parti-cipar em todas as provas do Mundial de Resistência ou de Superbikes. Considera que ainda tem um longo caminho para alcançar esse desejo?Estamos próximos do objectivo que é partici-

par numa prova do Mundial de Resistência. A

equipa tem competência para isso, pois já es-

teve presente em algumas competições inter-

nacionais, inclusive numa prova do mundial

de Superbikes no autódromo de Portimão.

Eu tenho treinado bastante para estar pron-

to, caso exista um patrocínio que nos ajude a

atingir esse objectivo. Quanto às Superbikes

é mais difícil, pois os valores envolvidos são

maiores, mas continuamos a sonhar.

MOTOCICLISMOQue análise faz do desporto motorizado em Angola? A modalidade tem crescido?Sim, principalmente nos dois últimos anos.

Não evolui mais por falta de pistas ou de um

autódromo melhor, moderno, com condições

ideais para a prática do motociclismo. Se as-

sim fosse haveria mais interesse por parte

das empresas no apoio ao desporto.

Sente que o desempenho dos pilotos nos palcos internacionais tem atraído mais adeptos para esta modalidade?Sim, tenho sentido isso, assim como o in-

teresse dos praticantes em evoluírem a sua

condução. Já ajudei pilotos angolanos a par-

ticiparem em provas fora do país, para assim

aperfeiçoarem as suas técnicas.

A modalidade tem tido os apoios necessá-rios para crescer?Não, porque não há o envolvimento das mar-

cas, nem existe ainda uma federação.

O que pode ser desenvolvido e melhora-do nesse âmbito?A nossa associação provincial pode fazer um

trabalho no sentido de mostrar que o motoci-

clismo é um desporto que atrai as massas. O

seu público são sobretudo pessoas jovens. O

motociclismo tem tradição no nosso país, ten-

do condições para ser um excelente veículo de

comunicação na publicidade.

Em termos de formação, as organizações têm desenvolvido um bom trabalho ao nível da aprendizagem dos atletas que estão a iniciar-se na competição? Há téc-nicos especializados e infra-estruturas adequadas?Ainda não existe formação de pilotos. Esse é

um dos meus objectivos. Ao nível da velocida-

de, os técnicos que temos no nosso país pre-

cisam de acompanhar o que está a mudar a

nível internacional. As actuais infra-estruturas

estão muito degradadas, temos dois autódro-

mos: o de Benguela está desactivado e o de

Luanda precisa de uma intervenção urgente.

O país começa a organizar algumas pro-vas nesta modalidade. Existem condições para organizar campeonatos internacio-nais em Angola?Sim, com uma intervenção no autódromo de

Luanda consegue-se obter homologação para

provas internacionais, pois existem condições

materiais e fi nanceiras para tal.

lapela recheada de ‘medalhas’

2004 › Após ter vivido alguns anos em

Portugal, Sandro Carvalho instala

-se defi nitivamente em Luanda para

participar no “G.P. da Polícia”

2006 › Foi campeão nacional do troféu angolano

2007 › Sagrou-se vice-campeão do troféu nacional

› Alcança a quarta posição nos “500km

Vodafone” com a Yamaha R6 na

categoria de 600 c.c. e o segundo lugar

com uma Honda, também de 600 c.c.

2008 › Foi 12º nos “500 km Vodafone”,

após a queda do seu companheiro

de equipa, Tito Domingos

2009 › Foi segundo classifi cado no campeonato

de Braga e quarto na prova do Estoril

› Arrecadou ainda um segundo lugar na

geral dos “500 km Vodafone” no Estoril

“As actuais infra-estruturas estão bastante degradadas, temos dois autódromos: o de Benguela está desactivado e o de Luanda precisa de uma intervenção urgente”

“Ainda não existe formação de pilotos. Esse é um dos meus objectivos.”

Page 80: Angola'in - Edição nº 11

LUXOS | patrícia alves tavares

80 | ANGOLA’IN · LUXOSNGOLA’IN · LUXOS

É o primeiro Lamborghini Gallardo a ultrapassar a marca dos 320 km/h. Para além da maior potência (motor V10 com 570 cavalos), esta versão sobressai pelo menor peso (graças à fi bra de carbono e alumínio), pela suspensão dianteira reformulada e pelo sistema de travagem em cerâmica.

Page 81: Angola'in - Edição nº 11

81 LUXOS · ANGOLA’IN |

É a versão mais ponderosa do novo Mustang. Equipado com um motor V8 de apenas 547 cavalos, o novo modelo possui mais 40 cavalos que o GT500 anterior. Perfeito para os amantes da velocidade.

O design com contornos mais agressivos e o emblema da Shelby Automobiles (desenho de um serpente na frente do carro) são as principais novidades da mais recente novidade da marca.

Page 82: Angola'in - Edição nº 11

LUXOS | patrícia alves tavares

O renovado Classe GL surge com novos elementos na carroçaria, um interior remodelado e tecnologias BlueEFFICIENCY e Blue-

TEC, que melhoraram a efi ciência dos motores. Todas as versões são equipadas com volante multifunções, revestido a pele e

com apoios de cabeça de crash activo NECK PRO. Os novos pára-choques, a redesenhada protecção inferior em cromado à frente

e atrás e a traseira em LED são algumas das novidades.

82 | ANGOLA’IN · LUXOS

Page 83: Angola'in - Edição nº 11

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V2 e 292 kg de peso.

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Page 84: Angola'in - Edição nº 11

84 | ANGOLA’IN · LUXOS

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Page 85: Angola'in - Edição nº 11

85 LUXOS · ANGOLA’IN |

Edifi er IF500

Design inovador e arrojado, este

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usar com o iPod/ iPhone.

Ultrasone edition 8A qualidade do som nestes headphones merece destaque, bem

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Cristal cablearabesqueEstas colunas destacam-se pelo seu aspecto, uma vez que

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envia um sinal via Wi-Fi para

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resistente ao choque e

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12,1 megapixels é ideal

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desportos radicais.

Page 86: Angola'in - Edição nº 11

86 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS | patrícia alves tavares

FRANCKMULLER

Chronograph, Perpetual Calendar

Produzido em 1997, este relógio de Franck

Muller é uma peça única e rara, composta

por diamantes no mostrador. Está ao

alcance de poucos compradores. A principal

particularidade está no calendário, que

representa o desejo de disponibilizar a

leitura do tempo com a maior precisão

possível, através de ajustes automáticos.

ROLEX OYSTERSSPECCIAL EDITTTIONA pulseira leopardo e os marcadores de 8 horas em

diamante fazem desta peça um artigo especial, cujo

mostrador é composto por ouro amarelo de 18k e 48

diamantes. Óptima escolha para coleccionadores e

apreciadores de relógios invulgares.

CHOPARDMILLE MIGLIA

GT XLA pulseira de borracha tem o desenho de um pneu

de corrida da Dunlop da década de 60. O relógio é

revestido por um material chamado DLC (Diamond

Like Carbon), que resiste a riscos, choques e outros

danos. Ideal para desportistas.

URWERK103

Este modelo é uma autêntica peça de arte. O design

da marca é inspirado nas tarântulas, em que o

elemento central é uma cruz orbital em titânio. A

bracelete é em couro de jacaré preto e esta edição

está limitada a apenas 10 peças. Imperdível para

quem procura um relógio diferente.

Page 87: Angola'in - Edição nº 11
Page 88: Angola'in - Edição nº 11

ESTILOS

88 | ANGOLA’IN · ESTILOS

| lisete pote · midan campal (fotografi a)

Ginga Neto, de nacionalidade angolana, é fi lha de estilista e como já diz o ditado fi lha de peixe sabe nadar! Exercendo a profi ssão como hooby há sete anos, de-cidiu criar a sua própria marca e abrir uma loja na rua Rainha Ginga denomi-nada “Mahinda – Prestige”.

Tendo já conseguido consagrar a sua marca na nossa praça, nesta edição su-giro alguns dos modelos da sua criacao (e não só), que se encontram à venda neste espaço.

JOVENS CHEIOS DE ESTILO!

Page 89: Angola'in - Edição nº 11

89 ESTILOS · ANGOLA’IN |

Page 90: Angola'in - Edição nº 11

90 | ANGOLA’IN · ESTILOS

A estilista assina uma linha de jeans dedicada em exclusivo aos jovens an-golanos, sendo por isso a ganga o te-cido mais dominante, uma vez que segundo a mesma se “adapta à cultu-ra africana”, sobretudo num período de “crise fi nanceira” em que as pesso-as procuram aliar a durabilidade da roupa a um quadrante mais estético.

Esta criação que agora apresentamos teve como inspiração os povos da Lunda, que utilizavam símbolos pa-ra escrever na areia e através deles chamar a atenção para vários aspec-tos concernentes à sociedade em que se inseriam.

ESTILOS

Page 91: Angola'in - Edição nº 11

91 ESTILOS · ANGOLA’IN |

A mensagem que Ginga Neto preten-de transmitir com esta colecção é de união entre os jovens, alertando para a importância do fomento da criati-vidade e da valorização pelas raízes culturais angolanas.

Razão pela qual, as cores escolhidas para esta colecção são os vários tons de azul, o branco e o preto e alguns tons de vermelho em tecidos de algo-dão e denim, que apelam o sentimen-to à terra-mãe.

A sua vasta experiência no mundo da moda, tornaram evidente a sua cres-cente notoriedade, sendo hoje uma presença assídua em diferentes even-tos tanto a nível nacional, como in-ternacional. A não perder!

Page 92: Angola'in - Edição nº 11

ESTILOS

92 | ANGOLA’IN · ESTILOS

| patrícia alves tavares

giorgio Armani

Acqua di Giodesenvolvido a pensar no homem livre,

sexy e poderoso, o acqua di gio possui notas

de jasmim, âmbar, sândalo e almíscar. a

inconfundível fragrância atrai elogios de

todas as mulheres.

dolce & gabbana

Light Blue A pensar nos homens destemidos,

que vivem intensamente o dia-a-dia, a

D&G criou esta fragrância de aromas

modernos, cujas notas oscilam entre

o musgo do carvalho e o incenso.

dior

Eau Sauvage as suas essências raras

fazem desta fragrância um

produto formidável que

deixa o aroma por onde

passa. com notas de limão,

vetiver, alecrim, âmbar e

almíscar, é o perfume ideal

para homens elegantes, com

estilo próprio.

hugo boss

Platinum é o perfume mais cobiçado pelo público

masculino. possui notas de maça, baunilha,

canela e cravo-da-índia, essências que criam

uma nova alquimia de sensações, numa

edição de coleccionador.

yves saint laurent

La Nuit L’Homme o aroma refrescante e misterioso toca

os sentidos. é a escolha ideal para os

sedutores, que revelam uma beleza e

charme irresistíveis. as notas a bergamota

e a cardamomo provocam uma explosão de

frescura, combinada com a lavanda e os

aromas orientais.

ferrari

Ferrari Blackodor marcante, aromático e forte. este perfume,

com aromas de citrinos e amadeirados, tem uma

presença forte. é uma óptima escolha para usar

durante a noite.

Page 93: Angola'in - Edição nº 11

93 LUXOS · ANGOLA’IN |

ESTILOS

Page 94: Angola'in - Edição nº 11

LIVING

94 | ANGOLA’IN · LIVING

Para que uma casa, que tem de ser totalmente renovada, se adapte ao estilo

de vida da família que lá vive, todo o processo de criação tem de ser meticu-

losamente gerido. Desde as horas a que a casa é mais vivida, à rotina diária

aí institucionalizada, tudo faz parte da resposta a que, como profi ssionais,

temos que dar aos clientes junto com a resposta criativa. Aqui, o projecto te-

ve de ser abordado de forma a que a chegada a casa fosse todos os dias uma

experiência diferente. Numa casa vivida sobretudo ao fi m do dia e fi m-de-

-semana e para uma família cidadã do mundo, houve uma escolha de cor

neutra de base - Taupe - que vai contrastar-se com cores fortes e ser a linha

condutora de todo o projecto. As várias texturas trazem conforto e comple-

tam os espaços. Ao abordar este projecto foi claro desde início que esta casa,

para se moldar ao estilo de vida dos seus novos habitantes, teria de ser to-

talmente repensada. Uma família de profi ssionais ocupados e exigentes, que

gosta de ter em casa o conforto, a qualidade , e o luxo do detalhe - esta foi a

base para este conceito. Pormenores como peças únicas, revestimentos mu-

rais luxuosos como a chinoiserie em seda pintada na sala de jantar ou uma ou

outra antiguidade, deram ao espaço a singularidade intransmissível da iden-

tidade dos seus habitantes. Com a preocupação de que os espaços se interli-

gassem para que o projecto fosse fl uído, organizaram-se as diferentes zonas

de maneira a que mobiliário pudesse variar para não se tornar repetitivo e se

pudessem integrar algumas das peças já existentes, sendo que ao ser recolo-

cadas se valorizassem. Um look clássico/contemporâneo e sobretudo actual.

Onde um projecto de Arquitectura de Interiores e Decoração veio organizar os

espaços de forma a optimizar o estilo de vida dos nossos clientes.

Gracinha ViterboGracinha Viterbo

| gracinha viterbo

Conceito Duplex em Lisboa

1

Page 95: Angola'in - Edição nº 11

95 LIVING · ANGOLA’IN |

1O vermelhão que no resto da casa se

encontra como apontamentos de cor, no

escritório culmina com toda a sua força.

Secretária e maple art déco encontrados

de propósito para este escritório. Madeira

de pavimento inglês envelhecido.

Escritório lacado com tinta Barbot

assinada Graça Viterbo. Baú asiático com

seda bordada à mão.

2Quarto da fi lha monocromático com

apontamentos dourados e verdes.

Candeeiros Fambuena e Axolight.

3Casa de banho fresca e contemporânea.

Lavatório em resina. Revestimentos

Silestone brancos, mosaico veneziano

trend.2 3

Page 96: Angola'in - Edição nº 11

LIVING

65

Page 97: Angola'in - Edição nº 11

97 LIVING · ANGOLA’IN |

4Hall de entrada principal onde o impacto transparece no

jogo entre o branco e o dourado. Reaproveitamento de peças

existentes que foram pintadas a folha de ouro e folha de prata.

Vaso com incrustações de madre pérola. Papel de parede

dourado vinilico com impressões de amendoeiras brancas.

5Lavabo visitas clássico/ contemporâneo. Pedra beije

serpengrante e painéis de pele bordada Taupe. Espelho com

moldura a folha de ouro, lavatório Reggia e torneira Zuchetti.

6Nas circulações as texturas dão vida ao Taupe. Painéis

ondulados lacados e nas paredes Stucco italiano, intercalado

com painéis ondulados. Uma zona de estar nas circulações

prolonga a sala de estar. Guarda de escada personalizada com

gradeamento que toma novas proporções noutras zonas da

casa. Candeeiro Verpan e antiguidade francesa do séc. XIX.

7Na cozinha um recanto para um café. Pavimento mosaico

cerâmico Copper da Revigrés. Cadeiras tipo bérgères

francesas e mesa forrada a pele marroquina.

4

7

Page 98: Angola'in - Edição nº 11

98 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

| patrícia alves tavares

Quinta do Vale Meão Este vinho apresenta-se perfeitamente equilibrado

e afi nado. É óptimo para guardar na garrafeira, pois

quanto mais velho, melhor. Rico e complexo, é um

néctar poderoso, mas sem excessos na prova de

boca. A frescura dos seus frutos possui um toque

fl oral e fumados elegantes.

TAPADA DE COELHEIROSO aroma a frutos vermelhos, pimentão verde, baunilha e compota conferem a este produto uma cor rubi intenso. De boa estrutura e equilibrado, o Tapada de Coelheiros tem um fi nal frutado e persistente, acompanhando preferencialmente carnes assadas ou grelhadas e queijos.

Vina Maipo-Devoción

Fresco e com boa acidez, este

produto de cor vermelha (quase

roxa) possui uma excelente

estrutura. Intenso e brilhante, o

Vina Maipo-Dovoción proporciona

um fi nal longo e agradável.

VINHOS & CA.

Page 99: Angola'in - Edição nº 11

Porca de Murça Este vinho de cor violeta acompanha

pastas italianas (com molhos de tomate)

e carnes brancas. Servido entre os 16ºC

e 18ºC, apresenta-se muito macio, com

aromas de especiarias e frutos maduros.

Gatão Fresco e frutado, este vinho verde

límpido é macio e delicado no

sabor. Serve-se entre os 6ºC e

8ºC e é uma boa sugestão para

refeições de peixe ou marisco e

para aperitivos ligeiros.

99 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VIP CHAMPIONSPerfeito para acompanhar pastas e pratos

de carne, este néctar de cor rubi apresenta uma excelente intensidade gustativa. Elegante e com uma boa estrutura de

taninos macia, apresenta-se com um aroma complexo em frutos vermelhos e especiarias, com destaque para a ameixa e cereja. Serve-se a uma temperatura entre os 16ºC e 18ºC.

PorEste v

pastas

e carn

e 18ºC

aroma

F f t d t

taninocomplexcom dese a um

Page 100: Angola'in - Edição nº 11

VINHOS & CA.

FASHIONSuave, fresco e límpido, este espumante distingue-se dos

demais pelo requinte da sua doçura. Serve-se gelado (entre os 6ºC e 8ºC) e é uma boa sugestão para acompanhar sobremesas. Pode ser servido como aperitivo. É considerado pelos especialistas como um Sparkling de eleição para brindar a momentos únicos e em ocasiões muito especiais.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.100

GATO NEGROIdeal para refeições de carne

condimentadas. Servido entre os

15ºC e 17ºC, este vinho intenso de

cor vermelha tem um aroma de

frutos vermelhos maduros, com

notas de violeta, conjugadas com

baunilha, fumado e café.

Aemisa.

etãmae

rknmp

FASuaveespum

demaidoçuraos 6ºC sugestsobremcomo pelos Sparbrine emesp

CulemborgO intenso aroma de

especiarias e amora

madura faz deste néctar a

opção ideal para pratos de

carne, massas e queijos.

Encorpado e envolvente,

possui um fi nal agradável

e atractivo.

Page 101: Angola'in - Edição nº 11

101 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

PINOTDi Pinot Rosé

Espumante Rosé com bolha fi na, suave e

persistente. Límpido, este produto aromático

com frutas frescas e fl ores de acácia serve-se

entre os 8ºC e 10ºC. Um aperitivo imperdível

para acompanhar entradas, refeições leves e

iguarias da cozinha mediterrânica.

GANCIAGancia AstiSirva bem gelado

e como aperitivo.

Se preferir pode

acompanhar este

aroma frutado e fl oral

com uma sobremesa

requintada. Possui

notas de fl or de

laranjeira e de mel e

uma envolvente doçura.

GanciaVermouth

RossoVermelho ruby, rico e

elegante. Este Gancia é um aperitivo clássico, que

se destaca pelo aroma extremamente agradável. É perfeito se servir com

dois cubos de gelo e uma rodela de laranja, apresentando-se como uma bebida excelente para cocktails. Deve

ser degustado bem gelado.

Page 102: Angola'in - Edição nº 11

VINHOS & CA.

O luxuoso restaurante do imponente hotel Le

Quartier Français, em Franschhoek, tem duas

particularidades que o tornam único e no mais

procurado por quem visita a região. A primei-

ra deve-se à sua classifi cação na lista dos 100

melhores restaurantes do mundo, pela revis-

ta ‘The San Pellegrino’. O 38º lugar (em 2009)

confere-lhe a designação de ‘o melhor’ do con-

tinente sul-africano. A outra razão chama-se

Margot Janse, a chef que há 12 anos presenteia

os seus clientes com especialidades divinais,

informações úteisMorada: 16 Huguenot

Road, Franschhoek, 7690

Telefone: +021 876 2151

Site: www.lequartier.co.za

Horário: Jantar apenas de

Segunda a Sexta-feira

Reservas: Obrigatório,

através do email

[email protected]

Outros: Ar condicionado,

carta de vinhos, opção de

alimentação vegetariana

e estacionamento

GOURMET

le quartier français, áfrica do sul Toque feminino à mesa africana

102 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

prémiosThe World’s Best Restaurants

2005, 2006, 2007, 2008 e 2009,

pelo ‘Restaurant Magazine UK’

levando muitos a apelidá-la de ‘Alex Atala de

saias da África do Sul’. A estrela deste magní-

fi co espaço degustativo oferece aos visitantes

experiências de quatro, seis ou oito pratos de

um menu que se baseia em ingredientes sa-

zonais frescos. Para uma refeição mais ligeira

e relaxada ou para um simples café encontra

na área ‘Ici’ (‘aqui’ em francês) um local des-

contraído, repleto de cores vivas, conjugadas

com o inconfundível toque de classe e requin-

te francês.

| patrícia alves tavares

Page 103: Angola'in - Edição nº 11

103 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

mozaic, bali, indonésia

É o único restaurante no Sudeste Asiático que conseguiu al-

cançar a prestigiante lista do ‘Le Grande Tables du Monde’.

O Mozaic oferece o que a Indonésia tem de melhor. O jardim

tropical, imagem idílica daquele país, recria um ambiente si-

multaneamente elegante e casual, em que o visitante se dei-

xa envolver pela harmoniosa paisagem enquanto desfruta de

uma refeição de qualidade suprema. O interior divide-se en-

tre a sala de degustação e a sala de refeições, cuja decoração

é inspirada no charme asiático. Os menus são autênticas mis-

turas de sabores oriundos da França, Ásia e da comida asiá-

tica. As criações resultam de várias horas de trabalho de uma

equipa de cozinheiros liderada pelo chef Chris Salons. Um

jantar no luxuoso Mozaic constitui uma autêntica aventura

degustativa e uma experiência única. No Bali, não há rival que

consiga aproximar-se da sinfonia das refeições, cujo colorido

dos menus se enquadra na perfeição no cenário envolvente.

Aqui espere sempre pelo imprevisível!

reconhecimento mundial

Les Grandes Tables du Monde 2009

Wine Spectator – Award of Excellence 2009

Miele Guide – Nº 6 Asia’s Finest Restaurants 2009/ 2010

The San Pellegrino World’s 50 Best Restaurants 2009

Hapa nº1 Most Innovative Western Cuisine Restaurant

anote

Morada: Jl. Raya Sanggingan, Ubud,

Gianyar – Bali 80571 – Indonésia

Contacto: +62 361 975768

Site: www.mozaic-bali.com

Email: [email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

Reservas: Entre as 17.45h e as 21.45h (hora local),

via online ou para [email protected]

Horários: Terça-feira a Domingo, a partir das 18h

menus

O Mozaic Restaurant oferece uma autêntica experiência

degustativa, dispondo de seis menus ecléticos: Menu

Descoberta, Menu Surpresa, A escolha do Chef,

Menu Vegetariano e os famosos Menus de Tapas e

o Lounge Menu, ideal para um fi nal de tarde

Page 104: Angola'in - Edição nº 11

104 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

VINHOS & CA.

café del mar, angola

No ano em que comemora dez anos de exis-

tência, o Café del Mar prova que é um dos lo-

cais mais apetecíveis para uma refeição leve

ou uma saída à noite. Pertencente ao mes-

mo proprietário do Coconuts, é o bar indicado

para os apreciadores de sandwiches ligerias e

pequenos-almoços junto à praia. Este Snack-

Bar/ Lounge benefi cia da magnífi ca vista pa-

ra o mar, convidando o cliente a desfrutar de

um excelente jantar enquanto escuta o bater

das ondas da ilha do Cabo (Luanda). O ambien-

te é jovem e informal, onde a música Chill Out

(sempre num volume aceitável) permite viver

momentos descontraídos. O seu público habi-

tual, com idades compreendidas entre os 25

e 40 anos, procura as especialidades da casa,

como as Tapas, os Hamburgers, as Pizzas e as

Sandwich. O espaço é marcado pela elegância

da decoração e de quem o visita (clientes de es-

trato social elevado), pelo que é muito procu-

rado ao fi nal do dia para apreciar um cocktail

e assistir ao pôr-do-sol após uma longa jorna-

da de trabalho. O serviço personalizado é uma

mais-valia. Contudo, é aos Domingos que o Ca-

fé del Mar tem maior afl uência. Entre as 10h e

as 13h, o serviço de Brunch Buffet atrai muitos

clientes que procuram um relaxante almoço à

beira-mar. À Terça-Feira à noite apresenta Ja-

zz ao vivo.

informações úteisMMorada: Av. Murtala Mohamed – Ilha do Cabo

Teelefone: 912205777

Emmail: [email protected] | [email protected]

Hoorário: Segunda a Quinta-Feira das 17h às 24h, Sexta-Feira

até às 2h, Sábado das 10h às 2h e Domingo das 10h às 24h

Reeservas: Não é necessário efectuar reserva

MMais informmações: Possui área reservada para fumadores.

O espaço dispõe de multicaixa e aceita pagamentos com cartão Visa

GOURMET

Page 105: Angola'in - Edição nº 11

LUXOS · ANGOLA’IN | 105 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

Page 106: Angola'in - Edição nº 11

VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares

Aposta na formação nacionalA ViniPortugal encontra-se empenhada na formação vínica da população angolana, em particular

os jornalistas. Após a promoção de um workshop em Portugal, que deu a conhecer a cerca de 10

profi ssionais as principais adegas e produtores lusos, a entidade prepara-se para distribuir duran-

te este ano revistas portuguesas de referência, especializadas em vinho. Cinco redacções rece-

berão de forma gratuita a Revista WINE e a Revista de Vinhos. A iniciativa, em parceria com as

respectivas publicações, tem como “principal objectivo fazer chegar notícias actuais e especializa-

das sobre os Vinhos de Portugal”, destacou a area manager para Angola, Sónia Fernandes. Para

Julho, está ainda agendada a Prova Anual de Vinhos Portugueses em Angola, que será aberta ao

público em geral. A proliferação de eventos em território angolano está relacionada com o facto

deste se assumir como o principal mercado dos vinhos lusos em termos de valor de vendas. De

acordo com o Instituto da Vinha e do Vinho, em 2009, as exportações para o país africano cresce-

ram 19 por cento face a igual período de 2008.

Produção interna em 2014

Paraíso dos vinhos do AlentejoAngola assume-se como o principal mercado

dos vinhos oriundos do Alentejo, Portugal. O

país é o maior importador dos produtos da re-

ferida região, registando-se um aumento de

21,8% comparativamente a 2008. A Comissão

Vitivinícola da Região do Alentejo (CVRA) reve-

la que o volume de importações está avaliado

em 3.482 mil litros de vinho. Assim, de acordo

com os dados de 2009, o país surge na lideran-

ça das exportações do néctar alentejano, se-

guindo-se o Brasil, EUA e Suíça.

106 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

O centro e sul do país podem dar início à pro-

dução de vinhos dentro de quatro anos. A

opinião é do enólogo português Mário Lou-

ro que acredita que estão reunidas todas as

condições para o cultivo das uvas, uma vez

que o solo e o clima são propícios. O especia-

lista defende que a partir de 2014 será possí-

vel arrancar com o fabrico que se destinará a

abastecer o mercado interno com um produto

nacional, gerando novos postos de trabalho

e competindo com as marcas internacionais.

O especialista está convicto de que as inicia-

tivas das empresas público-privadas ao nível

do desenvolvimento da cadeia do vinho e da

disponibilidade de Portugal para apoiar os

investidores poderão culminar na assinatura

de protocolos entre os agentes nacionais e

lusos, com vista a analisar o índice de acidez

dos solos e a alteração das temperaturas.

Mário Louro destaca as províncias do centro

e sul, nomeadamente a do Huambo, como as

que reúnem melhores condições para cultivo

das vinhas. Sugere igualmente a produção

de vinhos brancos, visto que se trata de um

país quente, existindo uma forte tendência

para a criação de produtos tendencialmente

frescos. “Os vinhos brancos como os rosés,

por serem essencialmente mais suaves, dó-

ceis e com pouco álcool são adequados para

iniciantes no consumo de vinho e são mui-

to bons para acompanhar comidas africanas,

chinesas e italianas”, esclareceu, salientando

que a produção pode abrir o mercado a novos

consumidores.

Tesouro do Vinho do Porto A Enoteca Histórica do Instituto dos Vinhos

do Douro e Porto (IVDP), no Peso da Régua,

Portugal, guarda um verdadeiro tesouro, de

valor inestimável. São cerca de 1500 garra-

fas de vinhos do Porto, com várias décadas

e, na maioria dos casos, exemplares únicos.

Estas autênticas ‘jóias’ vínicas podem ser

apreciadas na Enoteca Histórica, um es-

paço que surgiu há cinco anos e agrega os

principais exemplares do ex-líbris da região

duriense. Ponto de visita obrigatório pa-

ra gourmets e apreciadores do néctar do

Porto, o mostruário apresenta, segundo

os gestores do equipamento, “os melhores

exemplares num espaço nobre que as pes-

soas podem visitar”. Os néctares, alguns

com mais de 70 anos, podem já não estar

em condições de serem consumidos. Contu-

do, esse não é o objectivo. O acervo histórico

é riquíssimo, incluindo rótulos que “marca-

ram uma época e já não existem”.

Page 107: Angola'in - Edição nº 11

Sabores da horta

Olá meus amigos!

Para esta edição inspirei-me nos sabores italianos e preparei uma deliciosa receita rica em

baixas calorias. O risoto de salsichas de soja, tortulho e beringela é óptimo para os dias

quentes, assumindo-se como uma boa sugestão para uma refeição leve e rápida. O meu

conselho é para que sirvam este fantástico preparado com salada de rúcula, tomate cher-

ry, cenoura ralada e queijo feta. Dá um toque de requinte e confere ao prato o colori-

do das verduras, essenciais para uma alimentação saudável e equilibrada.

Para os apaixonados dos sabores nacionais, deixo uma dica importante: o

tortulho é idêntico aos cogumelos angolanos. Não se esqueça que para

prepará-los deve ferve-los em água e trocar a água no mínimo três ve-

zes consecutivas. Quando estiverem bem cozidos, pode reservá-los e

utilizá-los na preparação de qualquer refeição. Se preferir, pode tro-

car o tortulho pelos cogumelos e caso não seja apreciador das be-

ringelas pode substitui-las por brócolos. A minha indicação é que

experimentem das duas formas, criando assim duas refeições

semelhantes, mas com sabores distintos.

Contem-me como correu e qual o preparado que preferem.

Bom Apetite!

Wilson Aguiar sugere:

INGREDIENTES

Arroz italiano arbóreo

Tortulho fresco q.b.

1a embalagem de salsicha de tofu

1/2 alho francês picado

1/2 cebola média picada

Molho de soja

Beringela q.b.

Azeite

Pimenta branca

(moída no momento)

risoto de

salsichas

de soja,

tortulho e

beringela

CONFECÇÃO

Comece por cozer a beringela a vapor (ou em água se preferir). De seguida,

deverá fazer um refogado com a cebola e o alho francês. Assim que

estiverem translúcidos, junte o tortulho, o molho de soja (mais ou menos

três ou quatro colheres de sopa), tape o tacho e deixe estufar. Quando estes

reduzirem para metade do tamanho, deve acrescentar as salsichas partidas

em rodelas e adicionar mais molho de soja, na quantidade que desejar.

Tempere com pimenta e reserve.

Entretanto, numa panela, aloure a cebola em azeite e junte o risoto. Deixe

cozinhar durante dois minutos e vá acrescentando água aos poucos até

este cozer. Tempere com sal. Quando o arroz estiver cozido, junte ao

preparado anterior a beringela cozida e misture tudo muito bem.

107 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VINHOS & CA. | wilson aguiar

Page 108: Angola'in - Edição nº 11

MUNDO DIFÍCILA Angola’in conversou com a prestigiada es-

tilista Lisete Pote, que considera que “a in-

dústria da moda em Angola tem que evoluir

bastante”. A análise da especialista não dei-

xa dúvidas. “Nota-se evolução nos criadores,

pois muitos jovens estão a tentar abraçar esta

carreira, mas têm que adquirir o material fo-

ra do país”, adverte. A estilista coloca o dedo

na ferida. A ausência de produção interna na

área dos têxteis é a principal causa do cresci-

mento tímido da área, embora exista vontade

efectiva, algo que se verifi ca no aumento do

número de jovens interessados em criar rou-

pas e em desfi lar. Apesar de se tratarem de

áreas distintas, estas complementam-se e

não vivem isoladamente. O período da guer-

ra destruiu a maioria das fábricas, pelo que a

recuperação das infra-estruturas é demasia-

do recente para que se verifi quem resultados

imediatos. Lisete Pote é taxativa, asseguran-

do que “além da falta de material, o país pre-

cisa de apostar mais” nesta vertente. “Existe

boa vontade e força de trabalho, o que nos

falta nesta altura é uma indústria têxtil forte

e capaz de nos fornecer o material sufi ciente

para mostrarmos ao mun-

do que também sabemos

fazer coisas lindas”, escla-

receu, em declarações à

TPA. A formação é outro

dos factores apontados

pela criadora, que consi-

dera que ainda não têm

capacidade para exportar,

A promoção de eventos de moda indica que cresce o número de

interessados em criar uma indústria competitiva. Contudo, nem tudo vai

bem neste universo que desperta para os palcos africanos. Lisete Pote

aponta a ausência de uma indústria têxtil e de um instituto de moda

como as razões da fraca projecção de Angola no panorama internacional

CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares

108 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER

A apresentação das novas tendências de ves-

tuário agitou novamente a capital. A Moda

Luanda, que vai na 13ª edição, contou com a

presença dos criadores Tekassala, Ginga Neto,

Lucrécia Moreira e Elisabeth Santos. O even-

to movimenta cerca de 30 manequins femi-

ninos e 15 masculinos. Porém, apesar das

iniciativas, o sector está aquém das principais

capitais da moda, como Paris ou Milão. Num

momento em que as atenções estão voltadas

para as colecções da próxima estação, os es-

tilistas fazem o balanço da actividade. Os de-

safi os são muitos e a implementação de uma

indústria têxtil será decisiva para colocar os

criadores nacionais nas principais passerelles

europeias. Lucrécia Moreira é um desses ca-

sos de sucesso. A criadora tem brilhado no es-

trangeiro, vendo reconhecido o seu trabalho

que se caracteriza pelas linhas sofi sticadas e

pelos tecidos nobres, adaptados às particula-

ridades do continente. Recentemente, esteve

no Rio de Janeiro, no Brasil, para participar no

Fashion Business, o maior evento de moda e

acessórios daquele país. A estilista apresen-

tou a sua “Colecção Inverno Plural 2010”, que

integrou o projecto “África Universal”.

moda

Império dos Sentidos

“Infelizmente, ainda não existe uma escola de moda em nenhum sector” Lisete Pote

Page 109: Angola'in - Edição nº 11

109 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |

assistindo-se apenas à comercialização de

“uma ou outra coisa” para o estrangeiro. Essa

será a última etapa de um longo caminho de

amadurecimento. Aliás, a criação de escolas e

de cursos profi ssionais será uma mais-valia

para ensinar os futuros criadores, que ainda

não dispõem de “muita formação”. Isso con-

duz a que se assista a “choques, pois muitas

das vezes ter a percepção das coisas não sig-

nifi ca ‘saber’”, admite. “Infelizmente, ainda

não existe uma escola de moda em nenhum

sector”, confi dencia, lembrando que esta acti-

vidade gera lucros, mas não muito altos. “To-

dos os criadores têm pequenos ateliers, pelo

que não existe muita capacidade de confec-

ção”, contrapõe.

“Já existem províncias que fazem desfi les anuais, como o Lubango, Cabinda e agora o Huambo”, salienta Lisete Pote

PRODUÇÃO NACIONALA falta de matéria-prima é de facto o proble-

ma que carece de solução urgente. Além de ca-

ros, os tecidos têm pouca qualidade, situação

que fi caria minimizada com a criação de fábri-

cas especializadas, algo que permitiria uma

maior abertura do mercado. É o passo que

falta para que o país dê o salto quantitativo

e qualitativo. Apesar das difi culdades, o sec-

tor fervilha de eventos. “Já existem províncias

que fazem desfi les anuais, como o Lubango,

Cabinda e agora o Huambo”, revela Lisete Po-

te, em declarações à Angola’in. Mas, tal como

a capital se depara com as difi culdades de in-

fra-estruturas, o mesmo se passa com as pro-

víncias, que como “são meios mais pequenos,

sentem mais que em Luanda”. Em relação a

jovens criadores com potencialidades, a íco-

ne da moda admite que existem alguns, mas

ainda em número reduzido face às dimensões

do país. Quanto a destacar alguém escolheria

um criativo que “se tem empenhado”, o Me

Sente (Avelino do Nascimento). “É um novo

talento, uma vez que é muito jovem”, reitera.

Já a estilista Elisabeth Santos é mais optimis-

ta. Nas últimas declarações à imprensa refe-

riu acreditar que os novos profi ssionais terão

mais oportunidades, visto que a tendência é

para que o sector cresça, enquanto afi rma que

recebe no atelier muitos iniciantes que se re-

velam bastante criativos e inovadores. A cria-

dora, que entrou no ramo com apenas 17 anos,

é considerada uma das referências nacionais

pelo seu talento para confeccionar trajes afro-

ocidentais. As peças resultam de pesquisas

sobre os hábitos e tecidos tradicionais afri-

canos, estando representadas no Museu de

Ovar, em Portugal.

‘A ausência de produção interna na área dos têxteis é a principal causa do crescimento tímido da área’

‘BOOM’ DOS MANEQUINSA formação de modelos é actualmente uma

das áreas que tem sofrido maiores reestrutu-

rações, verifi cando-se uma crescente profi s-

sionalização da classe. A promotora do curso

de moda que decorreu nas vésperas do Moda

Luanda, Cláudia Mittler, mostra-se confi an-

te quanto ao envolvimento dos jovens talen-

tos nesta área. “Temos um novo projecto de

educação para modelos e para isso convida-

mos alguns manequins internacionais para

ministrarem todos os conhecimentos da área

da moda”, anunciou, em entrevista à Angop,

onde salienta que a formação contará com a

colaboração da portuguesa Erika Oliveira e da

brasileira Jucicleide Freire. O objectivo deste

seminário consiste num intercâmbio de in-

formações com os profi ssionais estrangeiros,

para que seja possível criar a curto prazo uma

academia de moda. Por seu lado, Lisete Pote

destaca Karina Silva e Sharam, como as reve-

lações do momento que, segundo a estilista,

têm possibilidade de crescer no mundo da mo-

da nacional e internacional. Aliás, a angolana

Sharam foi a vencedora da última edição do

concurso ‘Supermodel of the World Portugal’,

ultrapassando as 29 concorrentes. A modelo

de 18 anos obteve o prémio Manequim Reve-

lação 2008 e o de Melhor Manequim Feminino

2009. Após várias participações nos principais

eventos nacionais, a jovem disputou este ano

a fi nal do ‘Supermodel of the World’. A pen-

sar na diversifi cação do mercado e na criação

de nichos especializados, a agência Agepango

Models tem vindo a dedicar-se ao desenvol-

vimento e internacionalização da moda mas-

culina. No último ano, a entidade organizou o

seu quarto casting, que contou com uma forte

adesão dos candidatos. Esta área tem muitas

potencialidades, uma vez que está por explo-

rar e se tem constatado um crescente interes-

se dos homens pelas tendências da moda.

APELO AO INVESTIMENTOA Agepango Models é um

dos principais intervenientes

no despertar de consciên-

cias, defendendo exaustiva-

mente a necessidade de se

apostar mais neste ramo,

nomeadamente as empre-

sas públicas, que devem ter

uma responsabilidade social

corporativa. A empresa de

consultoria cultural, moda e

eventos defende uma maior

interacção e intercâmbio

entre os múltiplos agentes

da moda. “É necessária uma

política e prática de concorrência leal e profi s-

sional, bem como de promoção de projectos

de interesse comum, em prol do desenvolvi-

mento, profi ssionalismo e internacionalização

da moda angolana”, cita um documento di-

vulgado pelo organismo. Já os estilistas quei-

xam-se do pouco crédito que as agências dão

aos criadores. “A moda está a ser dominada

pelos donos das agências de modelos que ao

invés de engrandecerem o estilista, promo-

vem eventos para simples promoção das suas

agências e dos seus manequins”, citou Lise-

te Pote, numa entrevista publicada pelo se-

manário ‘O País’. A ‘senhora’ da moda deixa

igualmente o apelo para que haja um maior

investimento, quer por parte do sector púbico,

quer dos privados, de modo a garantir a afi r-

mação da produção nacional.

Page 110: Angola'in - Edição nº 11

CULTURA & LAZER | manuela bártolo

110 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER

PROGRESSO Que análise faz do cinema angolano?O cinema angolano, como a maior parte do ci-

nema africano no início, era muito ligado à lu-

ta de libertação do seu país. Depois passou por

uma fase onde a guerra civil era uma persona-

gem principal ou secundária como em fi lmes

“O Herói” e “Na Cidade Vazia”. Actualmente,

numa sociedade onde não existe investimen-

to na área do cinema e onde os factores so-

ciais urbanos começam a ser tema principal,

vemos jovens a fazerem produções de vídeo

amador que, apesar da sua baixa qualidade

técnica, enchem as poucas salas de cinema

do país. Este crescimento do vídeo amador é

muitas vezes comparado com o cinema nige-

riano, que tem a terceira maior indústria de

cinema do mundo - Nollywood. Devemos ter

muito cuidado com este fenómeno porque,

apesar de ser uma indústria grande, o cinema

nigeriano é essencialmente consumido pela

Nigéria, com cerca de 150 milhões de habitan-

tes. É um cinema que não tem espaço no cir-

cuito internacional. Como realizador angolano,

quero que os meus fi lmes e o nosso cinema

cresça não só cá dentro, mas também lá fora.

As prioridades devem ser a lei do cinema e do mecenato, pois é uma indústria que pode trazer grandes avanços socioeconómicos

Quais as prioridades e desafi os que a área enfrenta?Acredito que as prioridades devem ser a lei do

cinema e do mecenato. Se isto for criado po-

derá abrir portas e ajudar a colmatar um dos

maiores problemas do cinema em Angola - a

falta de investimento. Precisa-se investimento

não só para os fi lmes, mas principalmente pa-

ra a formação de quadros e meios para realiza-

ção de produções. A sociedade precisa perceber

que o cinema é uma indústria que pode trazer

grandes avanços socioeconómicos. Aproveito,

por isso, a oportunidade para agradecer o apoio

do Banco Africano de Investimentos (BAI), pa-

trocinador ofi cial do fi lme. Este banco tem vin-

do a fazer fortes investimentos na cultura do

país e abriu as suas portas à sétima arte pe-

la primeira vez, com o nosso fi lme, Alamba-

mento. Olhem para o Brasil e a Petrobras. A

Petrobras apostou fortemente na cultura e no

cinema no Brasil, hoje o cinema brasileiro não

só tem forte presença a nível do seu país, como

ajudou a projectar a imagem do mesmo a nível

internacional.

O FIC Luanda é um bom exemplo do caminho a seguir para impulsionar a produção cinematográfi ca?O FIC Luanda é sem dúvida uma boa iniciativa,

contudo acaba por ser meio inconsequente se

não estiver alicerçado em outras actividades. É

importante que se comece a investir primeiro

na formação dos tantos jovens com vontade e

talento de se entregarem de corpo e alma ao

cinema, para daqui a alguns anos começarmos

a recolher os frutos desse investimento. O FIC

Luanda de momento só ganha no aspecto de

incentivar as pessoas a irem ao cinema duran-

te o período em que decorre o festival e para

isso não há necessidade de haver um festival.

Ao nível dos produtores, realizado-res, actores e argumentistas existem talentos e indivíduos com qualidade para dinamizar esta actividade?Talentos com qualidade para dinamizar es-

ta actividade existem, mas à maioria faltam

noções básicas do sector. Nós temos muitos

actores de teatro com uma boa formação e

que dariam excelentes actores para o cine-

ma e televisão. Ao nível de produtores, acre-

dito que podemos encontrar mais facilmente

quadros de outras áreas das artes, que não

teriam difi culdades em transitar para o ci-

nema. A nossa maior carência está ao nível

dos realizadores. Para esta posição é preciso

ter conhecimentos de tudo um pouco dentro

das mais diversas áreas do ramo.

Quanto à formação, existem espaços sufi cientes e com as infra-estrutu-ras necessárias para a aprendiza-gem dos jovens? Espaços existem, agora têm que ser cria-

das as infra-estruturas necessárias. Temos

poucas formações, a maioria em formato de

workshops dada principalmente por estran-

geiros e de forma pouco sequencial. Esta si-

Com apenas 23 anos, Mário Bastos é a jovem promessa

do cinema nacional. Luandense de raça, continua a senda

de retratar a cidade que o viu nascer, depois de já ter

conquistado um dos mais cobiçados prémios de arte do país

– o FicLuanda 2008 (Prémio Cidade de Luanda), com o fi lme

Kiari. Em entrevista à Angola’in revela os segredos do seu

mais recente projecto – a curta-metragem Alambamento.

“O talento éestimulado, não inato”fotografi as de produção massalo araújo

Page 111: Angola'in - Edição nº 11

111 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |

tuação é compreensível numa primeira fase,

mas tendencialmente temos que começar a

ganhar independência em termos de quadros.

De momento, no estrangeiro podemos encon-

trar melhor formação, mas acredito que aqui

há muito mais possibilidades e oportunidades

de crescer na área, pois tudo ainda está muito

por explorar. Mas somos capazes de criar na-

cionalmente com qualidade, aproveito para

elogiar o trabalho do Horizonte Njinga Mban-

de que tem sido incansável na promoção do

teatro e cinema nacional. Quem entrar no ra-

mo agora, vai crescer com ele, pois o cinema

está a renascer em Angola.

Há muito talento por explorar?Sou daqueles que defende que o talento é

algo estimulado, não inato. O percurso pes-

soal tem um grande impacto no processo

criativo. O facto de em Angola termos esta-

do recentemente expostos às mais diversas

adversidades, rápida mudança e a múltiplas

infl uências, obrigou-nos a utilizar a criativi-

dade e a fl exibilidade como meio de sobrevi-

vência. Todas estas experiências e emoções

podem oferecer muito ao mundo do cinema.

Agora é preciso que o Governo e as grandes

instituicões privadas invistam na formação

desdes talentos para que eles tenham as ba-

ses e ferramentas necessárias para melhor

desenvolverem as suas áreas de trabalho.

O cinema é um espelho da sociedade que inspira a mudança

O cinema atravessa fronteiras?O cinema não só tem essa qualidade trans-

versal, como também é intemporal. Um fi lme

como “Tempos Modernos,” de Charles Chaplin

teve a capacidade de mostrar ao mundo a si-

tuação do operário na sociedade americana

industrializada dos anos 30. Este fi lme visto

agora não só nos mostra um período da histó-

ria, mas também faz com que olhemos para a

nossa sociedade actual de forma mais crítica,

onde as máquinas ou os computadores assu-

mem um papel principal e onde o homem se

torna cada vez mais um mero espectador. O

cinema é um espelho da sociedade que inspira

a mudança.

O mundo precisa de conhecer as his-tórias africanas. O cinema é o veí-culo ideal?

Acredito que se os nosso fi lmes forem in-

corporados com os dois melhores veículos

de informação do nosso século - a internet

e a televisão - podemos ter uma ferramenta

muito forte para dar a conhecer ao mundo

as nossas histórias. Infelizmente as histó-

rias que saem deste continente são conta-

das muitas vezes por estrangeiros e apenas

retratam cenários de guerra e tragédia. Pre-

cisamos também de mostrar ao mundo os

nossos romances, as nossas comédias, os

nossos mitos e lendas. Precisamos de cine-

ma africano feito por africanos.

O REALIZADOR Quando descobriu a paixão pelo ci-nema?Em Angola, cresci com a cultura do vídeo clu-

be e fi lmes piratas, pois as salas de cinema

não estavam em funcionamento e quan-

do estavam era para dar concertos e galas.

Vi clássicos como Indiana Jones e a trilogia

do Rambo em VHS e no pequeno televisor

da sala dos meus pais. O cinema foi aquela

“pessoa” que sempre tive do meu lado des-

de criança, mas que só compreendi quão im-

portante era para mim quando tinha 16 anos.

Desde então, tenho como rotina ver pe-

lo menos um fi lme por dia. Desde os fi lmes

mais comerciais aos fi lmes independentes,

passando até pelos bonecos animados, ve-

jo tudo, porque aprendo, viajo, distrai-me e

porque é a minha profi ssão.

As adversidades, a rápida mudança e as múltiplas infl uências, obrigou-nos a utilizar a criatividade e a fl exibilidade como meio de sobrevivência

Page 112: Angola'in - Edição nº 11

CULTURA & LAZER

112 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER

Como tem sido o seu percurso pro-fi ssional? Foi necessário muito tra-balho e determinação para alcançar o sucesso ainda tão jovem?A minha dedicação é inquestionável, contu-

do não sinto que tenha sido um martírio, pois

quando me levanto às 3 ou 4 da manhã para ir

trabalhar durante 16 horas numa produção no

meio do Inverno sinto-me vivo. Sinto que es-

tou a fazer aquilo que gosto e não me custa.

Tive sim, e isso é imprescindível, um suporte

incondicional da minha família e amigos. Acre-

dito que até agora tenho tido um percurso pro-

fi ssional muito bom e com muita sorte. Um

realizador de cinema começa a ser reconheci-

do como tal e a estabelecer-se normalmente a

partir dos 30 anos, eu só tenho 23. No entanto,

acho um pouco prematuro assumir que alcan-

cei o sucesso. É um facto que já tenho traba-

lhos reconhecidos, mas o caminho ainda é

longo até os meus fi lmes chegarem a qualquer

sala de cinema no mundo, vídeo clubes ou até

mesmo no mercado pirata, do qual já fui um

grande consumidor.

A paixão pela fotografi a é outra das suas facetas. São áreas que se in-terligam?Costumo dizer que a minha paixão é a foto-

grafi a e o meu amor o cinema. São defi niti-

vamente áreas que se interligam. Comecei na

fotografi a, tal como no cinema de forma es-

pontânea. O meu professor e mentor foi Vi-

torio Henriques, um dos pioneiros do cinema

angolano. Com ele aprendi que o cinema não

existe sem a fotografi a e difi cilmente posso

existir sem os dois.

Gostaria de conciliar as duas artes? Sente-se mais fotógrafo ou mais ci-neasta?Neste momento sou cineasta como profi ssão

e faço fotografi a como hobby. Acho que este

é o melhor equilíbrio que encontrei. Preciso do

caos do cinema, mas a fotografi a é a minha

maneira de voltar à essência do cinema e bus-

car uma paz de espírito que às vezes fi ca difícil

na confusão de uma produção. Na fotografi a

sou eu sem stress e sem dependências a con-

tar uma história num só clique, enquanto no

cinema existe um grupo de pessoas que de-

pendem umas das outras e onde uma história

é contada em vários cliques.

O que é que o infl uencia nas suas produções?Tudo. Sou infl uenciado por tudo o que vivo,

pelos sítios onde passo, pelas pessoas com

quem me cruzo, livros que leio, música, co-

mida, fi lmes que vi e até sonhos que já tive.

Todas as minhas personagens para além de

terem um pouco de mim têm um pouco das

pessoas que me rodeiam. Levo sempre comi-

go pequenos blocos de notas onde aponto e

colo tudo o que me desperta atenção, já pas-

sei por muitas cidades com eles, mas Luanda

é defi nitivamente a mina de ouro quando se

trata de inspiração.

Kiari foi a sua terceira curta-me-tragem e a que arrecadou inúmeros prémios. Que balanço faz desse pro-jecto? Foi o reconhecer da sua dedi-cação?Kiari foi a minha primeira produção a sério,

com uma equipa completa, um plano de pro-

dução com todas as fases bem delineadas e

um orçamento sólido. Estas condições permi-

tiram que a produção no fi m entregasse um

trabalho com qualidade técnica e artística pa-

ra passar em festivais internacionais. Os pré-

mios trouxeram sem dúvida muita confi ança

para mim e para o resto da equipa. Foi a partir

deste fi lme que comecei a ser visto e tratado

como realizador.

Já participou em diversos festivais, mas sente sempre necessidade de mostrar as suas produções na sua terra natal. É importante para si mostrar o seu trabalho ao país?É extremamente importante passar os meus

fi lmes em Angola. Sou um realizador angola-

no. É uma questão de respeito pelos actores,

colaboradores e público que acredita no meu

trabalho. Infelizmente, muitas vezes temos

de ser reconhecidos lá fora primeiro, antes de

sermos respeitados aqui dentro. Aconteceu

assim com outros cineastas angolanos e res-

pectivos projectos, também não foi diferente

comigo e a curta Kiari. Espero que no futuro

esta situação mude. E para além de passar-

mos os fi lmes aqui, vamos produzir os fi lmes

e com o maior número de angolanos possível.

Só a produzir cinema nacional e a passá-lo em

Angola é que a nossa indústria de cinema po-

derá aparecer.

Luanda é defi nitivamente a mina de ouro quando se trata de inspiração

Page 113: Angola'in - Edição nº 11

113 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |

Considera-se um pioneiro do cinema independente de Angola? Primeiro, acredito que em Angola só há ci-

nema independente. Ainda não temos uma

indústria ou nada que se assemelhe para con-

siderar as famosas guerras entre cinema co-

mercial e independente. Não me considero

um pioneiro, pois os pioneiros do nosso cine-

ma apareceram na década de 70. Considero-

me parte de uma nova geração com vontade e

capacidade de trazer a cultura do cinema na-

cional para as nossas salas de cinema.

Projectos para o futuro? A sua car-reira passa por Angola? A minha carreira não só passa por Angola, co-

mo é aqui que pretendo que se estabeleça.

Fui para fora com o objectivo específi co de me

formar e fazer contactos na área, mas estive

sempre muito ligado à terra e com o regres-

so em mente. É uma honra e inspira-me tra-

balhar para o desenvolvimento do cinema do

meu país. Estou neste momento, a desenvol-

ver o guião para a minha primeira longa-me-

tragem que vai ser realizada cá.

ALAMBAMENTO Brevemente estreará o fi lme Alam-bamento. Como está a decorrer a produção?A produção do fi lme está decorrer de acordo

com os prazos estipulados e dentro de duas

semanas vamos entrar em estúdio para mon-

tarmos o som do fi lme. A pós- produção está

a ser feita em San Francico, EUA.

Em que se inspirou para este fi lme?Este fi lme nasceu da necessidade de que-

rer fazer uma produção de fi cção em Luanda

antes de me mudar para cá de vez. Queria ter

uma noção do que é realmente fazer um fi lme

em Luanda. Foi em pesquisas nos rabiscos dos

meus blocos de notas que encontrei um apon-

tamento antigo que retratava o pânico de um

conhecido desesperado ao saber que tinha na

sua longa lista de Alambamento um gerador.

Confesso que ao relembrar a cólera e indigna-

ção do rapaz sorri e apercebi-me que estava

perante uma situação digna de um fi lme. A is-

to juntei outras experiências por mim vividas e

assim nasceu a ideia do “Alambamento”.

Alambamento é um retrato de An-gola?Não acredito que seja um retrato de Angola,

mas pode-se considerar um dos muitos retra-

tos da cidade de Luanda. A cidade é um per-

sonagem de grande importância neste fi lme.

Nele podemos ver questões do quotidiano que

se manifestam numa cidade e sociedade que

cresce ao segundo e de forma desregrada.

Quais são as suas expectativas pa-ra este trabalho? Este fi lme será como um cartão de visita do

trabalho que posso desenvolver em Angola.

Por se tratar de uma curta-metragem terá

como principal público os festivais de cinema

nacionais e internacionais. Eu, tal como o res-

to da produção, acreditamos desde o princípio

na qualidade técnica e potencial do projec-

to e consideramos que respeita os requisitos

de qualidade de um bom fi lme, contudo é um

pouco premeditado falar em sucesso. Esta-

mos expectantes em relação à reacção do pú-

blico, é normal.

O processo de criação é diferente da abordagem que se tem quando se produz uma curta-metragem fora de Angola? É mais complexo?É na parte técnica e de pré-produção que acre-

dito que a abordagem muda muito em rela-

ção a uma produção no exterior. Se é certo que

imprevistos sempre acontecem, produzir ci-

nema em Angola exige necessariamente mui-

to maior jogo de cintura e planos alternativos,

pois existem mais factores que não contro-

lamos, fora os orçamentos que são franca-

mente mais caros. Mas no fi m a força dada

por algumas pessoas e instituições acaba por

compensar e equilibrar uma pouco a balança.

Acredita que a população se encon-tra preparada para apreciar e ade-rir ao cinema nacional e aos novos formatos que podem surgir?Apesar da maior parte dos fi lmes que se con-

somem aqui virem de Hollywood, acredito que

sim. Os angolanos estão mais do que prontos

para verem e ouvirem histórias com sabor da

terra. O público tem a necessidade e gosta de

ver a sua cidade, o seu bairro, ouvir a sua lín-

gua no grande ecrã. Conseguir que a pessoa

que esteja a ver o fi lme se relacione ou identi-

fi que com a que está ver é fundamental para

o sucesso de um fi lme.

Page 114: Angola'in - Edição nº 11

antónio ole

Criador de inspiração inesgotável

114 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES

PERSONALIDADES | patrícia alves tavares

Artista plástico, fotógrafo e realizador ango-

lano, António Ole é reconhecido internacio-

nalmente pela criatividade e versatilidade das

suas produções. Descendente de família por-

tuguesa e angolana, o pintor nasceu em Luan-

da, em 1951. Detentor de uma obra complexa,

em que à panóplia diversifi cada de meios se

junta o cruzamento de diversas infl uências, é

uma das principais fi guras da arte contempo-

rânea africana.

É em Luanda, cidade onde vive e trabalha, que

António Ole encontra os estímulos para o seu

processo criativo, embora a vertente cosmopo-

lita seja uma constante na sua produção. Sen-

do na pintura que o artista mais se evidencia.

Com mais de quatro décadas de carreira, ex-

pôs pela primeira vez em 1967. Possui no seu

espólio inúmeras exposições individuais e tem

integrado ao longo do seu percurso uma série

de importantes mostras internacionais, como

‘Afrika Remix’, ‘Transferts’, ‘The Short Century’,

‘Mens Momentanea’, ‘Die Anderen Modernen’,

‘Rencontres de la Photographie Africaine de

Bamako’, bem como as bienais de Dakar, Joa-

nesburgo, Havana e Veneza.

TALENTO MULTIDISCIPLINARO percurso de António Ole é marcado, desde o

início, pela sua apetência para diversas artes.

Este ícone nacional possui trabalhos de dese-

nho, pintura, escultura, colagem, fotografi a,

vídeo e cinema. Por outro lado, o artista des-

taca-se pela abordagem de diferentes con-

textos culturais, que vão desde as referências

ocidentais à visão da terra natal (Angola con-

temporânea e as tradições africanas). A sua

inesgotável inspiração conduziu-o à equipa do

“Contrato Popular”, um programa radiofónico

de 1974, tendo participado na cobertura das ce-

lebrações do 11 de Novembro, em 1975, na Te-

levisão Popular de Angola. O criador conduziu

ainda vários documentários e vídeos, como foi

o caso de “Os Ferroviários”, “Aprender”, “Car-

naval da Vitória” e do fi lme “Ngola Ritmos”,

produzido nos anos 50, mas apenas exibido 11

anos depois.

As infl uências da sua obra são igualmente

resultado do percurso académico. Diploma-

do pelo Center for Advanced Film Studies do

American Film Institute (Los Angeles), Antó-

nio Ole estudou cultura afro-americana e ci-

“O meu trabalho (no fundo, eu próprio) resulta do encontro de duas culturas - a cultura africana e a cultura europeia. Isso é uma evidência de que não posso, de maneira alguma, abstrair-me e que não posso negar. Não, eu sou produto desse encontro de culturas”, António Ole

nema na UCLA (Universidade da Califórnia). A

paixão pela aprendizagem é uma constante na

evolução profi ssional do artista, que conquis-

tou diversas bolsas: em 1983/84 foi bolseiro da

Gulf Foundation nos EUA, em 1995/96 esteve

no Centro Nacional de Cultura em Lisboa (Por-

tugal) e frequentou ainda a DAAD (Berlin) e o

Prince Claus Fund (The Hague). Aliás, a sua pri-

meira apresentação internacional aconteceu

em 1984, no Museum of African Art, em Los

Angeles. Desde então, Ole nunca mais parou e

já mostrou o seu trabalho nos espaços de arte

mais importantes do mundo.

Esteve recentemente em Portugal, onde inau-

gurou uma exposição que circulou por vários

continentes e cidades e que completa um ciclo

de trabalho iniciado na década de setenta. A

mostra, intitulada ‘Na pele da Cidade’, e que es-

teve em exibição até fi nais de Janeiro, foi visio-

nada por mais de dois milhões de visitantes em

todo o mundo. Além das fotografi as sobre as

construções dos musseques, aquele que é con-

siderado o artista plástico da actualidade expôs

uma das obras da série ‘Township Walls’, que foi

desenvolvida em Dusseldorf (Alemanha), em

Julho de 2004. Durante o certame, Ole apresen-

tou ainda outro projecto multidisciplinar, desig-

nado ‘Margem da Zona Limite’, que se baseia

em fotografi as das ruínas das zonas marginais

de Luanda e que estiveram na origem das su-

as colagens de cascas de paredes, (re)trabalha-

das pelo criativo. Esta exposição representou o

fi m de um ciclo criativo, pelo que os admirado-

res da vasta obra deste angolano multifacetado

aguardam mais novidades para este ano.

Page 115: Angola'in - Edição nº 11
Page 116: Angola'in - Edição nº 11

Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

ano iii · revista nº11 · 2010

700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros

ISSN 1647-3574

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Nº11

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