Ângulo Crânio-Cervical

download Ângulo Crânio-Cervical

of 27

Transcript of Ângulo Crânio-Cervical

Alexandra Emlia An Pires

ngulo Crnio-Cervical

Universidade Fernando Pessoa Porto, 2012

Alexandra Emlia An Pires

ngulo Crnio-Cervical

Universidade Fernando Pessoa Porto, 2012

ngulo Crnio-Cervical

ndice Geral

I. Introduo ................................................................................................................. 3 II. Desenvolvimento ...................................................................................................... 41 2 3 ngulo Crnio-Cervical ................................................................................................... 4 Anlise de Solow e Tallgren ............................................................................................. 8 Metodologia para obteno de cefalogramas estandartizados ................................... 13

III. Concluso ................................................................................................................ 15 Bibliografia .................................................................................................................... 16Anexos................................................................................................................................. 21

1

ngulo Crnio-Cervical

ndice de Imagens Figura 1: MGP: Plano de McGregor (adaptado de Gale et al, 2001) ............................ 21 Figura 2: Posio anterior da cabea. O ngulo formado pela interseco da linha do tragus com a linha horizontal que interseta com C7 no plano sagital, descreve a posio da cabea em relao ao tronco. (adaptado de Neiva et al, 2009) ............. 21 Figura 3: O ngulo crnio-vertebral resulta da interseco entre o plano de McGregor e o plano odontide OP, como postulado na anlise de Rocabado em 1983 (adaptado de Chaves et al, 2010) ............................................................................ 22 Figura 4: Pontos de referncia cefalomtricos e linhas de acordo com Solow & Tallgren (1976). (adaptado de Sonnesen & Kjaer et al, 2008) ............................... 22 Figura 5: Traados para avaliao da postura crnio-cervical propostos por Solow & Tallgren em 1976. (adaptado de Chaves et al, 2010) .............................................. 23 Figura 6: a) ngulos crnio-cervicais; b) ngulos crnio-horizontais; c) ngulos crnioverticais. (adaptado de Solow & Sandham, 2002) .................................................. 23 Figura 7: Pontos de referncia e traados. (adaptado de Pach et al, 2009) .................. 24 Figura 8: Anlise Cefalomtrica para avaliao postural da cabea. (adaptado de Vlez et al, 2007) .............................................................................................................. 24

2

ngulo Crnio-Cervical

I.

Introduo

A coluna vertebral, o sistema estomatogntico e a morfologia do viscerocrnio so parmetros que apresentam uma ntima ligao, sobretudo no que concerne a existncia de evidncia cientfica que apoia a relao entre a morfologia cervical e suas patologias com desordens temporo-mandibulares, malocluso e desordens respiratrias, alteraes estas que podem induzir modificaes ao nvel dos tecidos moles, mais concretamente na musculatura, no s oral e perio-oral como toda a musculatura facial.

A interaco existente entre a morfologia facial e consequente postura corporal tem sido alvo de diversos estudos, sobretudo a partir dos anos 80 e, principalmente, por grupos de estudiosos escandinavos e germnicos.

Actualmente, tem-se diversificado esta temtica um pouco por toda a comunidade cientfica mundial e vrios estudos, hipteses e anlises tm sido propostos, afim de identificar normas passveis de estabelecer o mecanismo pelo qual interagem a morfologia facial e a estrutura vertebral.

O presente trabalho (paper), realizado no mbito da disciplina de Clnica Integrada de Adultos, aborda, num modo geral e sinttico a anlise de Solow & Tallgren proposta em 1976, baseada na medio do ngulo crnio-cervical e na sua capacidade de prever o subsequente desenvolvimento facial, e que, ao longo dos anos e do desenvolvimento cientfico nesta rea, tem sofrido vrias alteraes.

A pesquisa bibliogrfica foi manual, na Biblioteca da Faculdade de Cincias da Sade da Universidade Fernando Pessoa, e informtica nos motores de busca Cochrane, Pubmed, Science Direct, B-On, Google Scholar e Elsevier, durante os meses de Maio de 2011 e Abril de 2012, dando principal nfase aos artigos publicados entre 2002 e 2012, nos idiomas Portugus, Espanhol, Ingls, Italiano e Alemo. Aps a leitura do resumo, seleccionaram-se os artigos de acordo com ndice de mxima evidncia cientfica que os mesmos apresentavam, sendo de salientar a correspondncia a zero artigos na base de dados Cochrane.3

ngulo Crnio-Cervical

II.

Desenvolvimento 1 ngulo Crnio-Cervical

A coluna vertebral cervical, que suporta o crnio, compreende sete vrtebras, sendo que a primeira vrtebra (C1) ou atlas e a segunda vrtebra (C2) ou xis formam o segmento suboccipital que permite a conexo da coluna ao occipital por meio de uma complexa rede de ligamentos e articulaes. Os msculos suboccipitais ligados a esta regio determinam a postura da cabea e controlam os movimentos de flexo e extenso, bem como os movimentos de flexo lateral e rotao.

A juno crnio-vertebral compreende o osso occipital, a atlas, a xis bem como as suas articulaes e ligamentos e englobam a juno cervico-medular e os quatro nervos cranianos inferiores, tornando esta regio nobre. Anormalidades nesta rea podem provocar mielopatias motoras, anormalidades sensoriais, disfuno no tronco cerebral, disfunes nos nervos cranianos inferiores e compromissos vasculares. (Smoker & Khanna, 2008)

A coluna cervical superior funciona como um mediador entre a cabea e o tronco, passando por ela importantes ductos, nomeadamente o canal vertebral com a espinal medula, o esfago, as vias areas e artrias e veias transportadoras de sangue de e para a cabea. (Korbmacher et al, 2004)

Seja por aspectos anatmicos ou funcionais, o aparelho estomatogntico e a coluna cervical esto intimamente interligados. A complexidade neuromuscular e proprioceptiva destes dois sistemas tornam indelvel a relao entre as reas de ortopedia e ortodontia.

Em 1947, foi reunido um comit para discusso da postura corporal, Comit Americano da Academia de Cirurgia Ortopdica, tendo este definido postura como um estado de equilbrio esqueltico e muscular que protege as estruturas corporais contra danos e deformidade progressiva derivada de aces, nas quais estas estruturas podem estar em4

ngulo Crnio-Cervical

aco ou em descanso. Como tal, uma postura cervical errada pode ser ineficiente no que concerne o aumento de aco anti-gravitacional nas vrtebras cervicais, no intuito de obter maior equilbrio, produzindo processos fisiolgicos disfuncionais, e, portanto, originando dor.(Grimmer-Somers et al, 2008)

Ortopedicamente, a postura definida como sendo a posio inicial para movimentos activos, podendo ser influenciada por interaces externas do sistema locomotor, pela personalidade e pela psique, contudo pode ser alterada durante o processo de crescimento. Etiologicamente, a m postura pode ser reversvel caso seja funcional, ou fixa/irreversvel caso seja estrutural. Pode, ainda, ser adquirida, congnita ou idioptica. (Korbmacher et al., 2004)

Em 1926, Schwarz publicou um artigo onde era apresentada uma correlao entre a postura da cabea e a posio mandibular, referindo a possibilidade da postura da cabea afectar a respirao, mesmo durante o sono e a sua influncia na patognese de anomalias dentrias.

Treuenfels (1984) mencionou a existncia de correlao radiolgica entre a posio da atlas, malocluso e postura da cabea, verificando uma posio mais superior da atlas em pacientes com classe III e uma tendncia ntero-inferior da posio da atlas na classe II, diviso 1, verificando resultados similares em pacientes com mordida aberta anterior e Watanabe et al (2010), citando sbek, refere, tambm, esta relao entre a dimenso da atlas com a postura crnio-cervical, pois existe evidncia cientfica quanto ao facto da postura cervical estar associada com o comprimento mandibular, sobretudo no que concerne mandbulas longas com colunas cervicais mais inclinadas quanto horizontal verdadeira. Por sua vez, Festa et al (2003) corrobora esta hiptese, indicando a existncia de uma correlao directa entre o comprimento mandibular e um ngulo lordtico reduzido da coluna cervical.

Huggare & Houghton (1996), baseados numa investigao macroscpica e radiolgica de crnios pr-histricos polinsios e tailandeses, provaram que a configurao da atlas e da base craniana apresentam relaes anatmicas, isto , que existe uma relao entre

5

ngulo Crnio-Cervical

as dimenses do arco posterior da atlas com o comprimento mandibular, a dimenso do ramo e do ngulo gnico.

Como referido, a dimenso e conformao da atlas e restantes vrtebras cervicais e a sua relao com o crnio e viscerocrnio tm sido alvo de vrios estudos nas reas de Ortopedia, Otorrinolaringologia e Ortodontia por estar associada morfologia craniofacial (Sonnesen & Kjaer, 2007), por alteraes na presso efectuadas pelos tecidos (Huggare, 1998; Solow & Tallgren, 1976), ocluso dentria, mais concretamente malocluses e apinhamento dentrio (Solow & Sonnesen, 1998; Sonnesen & Kjaer, 2007; Pach et al, 2009), visto a ocluso dentria demonstrar impacto na posio da cabea, no alinhamento da coluna cervical e nos msculos mastigatrios, responsveis pelo controlo postural e pela modulao da funo cardaca pelo sistema trigeminal (Korbmacher et al, 2004), a desordens temporo-mandibulares (Sonnesen, 2001) e ao espao areo superior, determinando a existncia de desordens respiratrias, como so exemplo a asma, respirao bucal por obstruo das vias areas superiores (Solow & Greve, 1980; Oosterkamp et al, 2007 ) e a apneia obstrutiva do sono (Solow, 1984; Muto, 2002; Chaves et al, 2010; Vieira et al, 2011).

A associao entre o desenvolvimento anormal das vrtebras cervicais e a maxila e mandbula, num levantamento de literatura realizado por Sonnesen & Kjaer (2007), pode ser explicado por um erro no desenvolvimento mesenquimatoso, dado estas estruturas serem dependentes das mesmas ou de semelhantes mesodermes para-axiais. Contudo, a anatomia e posio cervical no espao tem sido relacionada com diferentes factores, nomeadamente a origem tnica, o gnero, a idade, a estatura e a morfologia craniofacial. (Tecco & Festa, 2007)

Num estudo realizado por Sonnesen e Kjaer et al em 2007, conferiu-se que a inclinao cervical, era superior no gnero feminino, no se verificando qualquer correlao com a idade, e que o ngulo cervical (OPT/CVT), bem como a inclinao cervical (OPT/HOR) e o ngulo basocraniano (NSB) apresentavam correlao positiva com a fuso das vrtebras cervicais, com significativo aumento dos valores angulares em relao ao grupo controlo. Tambm num estudo longitudinal realizado por Kollias & Krogstad (1999) se corrobou a hiptese da postura da cabea se modificar no tempo, tanto no6

ngulo Crnio-Cervical

gnero feminino, como no masculino, bem como a continuao de crescimento crniofacial para alm da terceira dcada de vida. Verificaram, igualmente, que o fechamento/estreitamento da parede farngea, dado pelas variveis CVT/HOR (aumento), OPT/CVT (diminuio) e NSL/CVT (diminuio), ocorreu de igual modo no gnero feminino e masculino. Registado apenas no gnero feminino foi o aumento do plano mandibular.

Segundo Muto et al (2007), a postura da cabea definida como sendo a angulao crnio-cervical verificada na parte mais superior da coluna cervical, determinada pela interseco dos planos OPT/NSL, cuja norma corresponde a 103.2 +/- 9.8 mm. ArmijoOlivo et al (2006) define o ngulo crnio-cervical como sendo o ngulo pstero-inferior que resulta da interseco do plano odontide (plano obtido pela unio do ponto mais antero-inferior da apfise odontide com o pice do mesmo) com o plano de McGregor, plano que compreende a unio do ponto espinha nasal posterior com a base do occipital, permitindo a mensurao da posio da cabea em relao coluna cervical, cujo valor normal de 101 +/- 5. (Figura 1)

Grimmer-Sommers et al (2008), refere que o ngulo cervical mais mencionado na literatura cientfica o ngulo crnio-vertebral (CVA), primeiramente descrito por Wickens & Kipputh em 1937, sendo um ngulo formado pela interseco de uma linha horizontal e uma linha formada pela unio do tragus do ouvido com a apfise espinhosa da vrtebra C7, o que permite a medio da posio da cabea em relao ao tronco. Como tal, estes autores postularam que quanto menor a angulao do CVA, maior a probabilidade dos indivduos sofrerem de algias cervicais e cefaleias. (Figura 2)

Outro ngulo referido na literatura o ngulo de Cobb (Armijo-Olivo et al, 2006, citando Rocabado, 1983), que permite avaliar a lordose cervical, resultando da interseco de duas linhas perpendiculares: uma perpendicular placa motora da vrtebra C6 e outra perpendicular placa motora da C2, com valor mdio de 36. De acordo com Rocabado, outras variveis igualmente importantes na avaliao cervical so a distncia entre o occipital e a atlas (C0-C1), variando entre 4 e 9mm; a distncia entre a atlas e xis (C1-C2), que tambm varia entre 4 e 9mm e a altura do tringulo

7

ngulo Crnio-Cervical

hiideu, que permite medir a posio do osso hiide (snfise mentoniana hiide vrtebra C3), cujo valor varia entre 4 +/-0,6mm. (Figura 3)

2 Anlise de Solow e TallgrenDesde o incio dos anos 70, Solow focou-se em avaliar possveis correlaes entre a postura e a morfologia crnio-facial, mostrando num estudo longitudinal que a postura da cabea um cofactor que influencia o crescimento e que a postura crnio-cervical e o desenvolvimento facial parecem ser impulsionados por um mecanismo: um ngulo crnio-cervical largo relaciona-se com a tendncia de rotao posterior da mandbula. Assim, pacientes com um ngulo crnio-cervical diminudo apresentam uma altura facial mais reduzida. Os resultados do estudo prospectivo mostraram que um ngulo crnio-cervical pronunciado dois a quatro anos antes do surto de crescimento pubertrio pode ser indicador de futuro crescimento facial no plano vertical. Um ngulo crniocervical superior a 113 sinnimo de desenvolvimento facial primrio e, um ngulo inferior a 79 caracterstico de um padro de crescimento horizontal. (Korbmacher, 2004)

Em 1976, Solow & Tallgren desenvolveram uma anlise cefalomtrica que permitia estabelecer a relao entre a postura da cabea e a morfologia crnio-facial. Esta anlise preconizava a realizao de uma telerradiografia crnio-facial de perfil segundo a tcnica de Posio Natural da Cabea, igualmente descrita por estes autores em 1971.

Os pontos de referncia cefalomtricos para anlise da morfologia craniofacial de acordo com Solow & Talgren, so (Sonnesen & Kjaer, 2007):

1. ML: linha mandibular. Tangente ao bordo inferior da mandbula atravs de gn 2. NSL: linha selo-nasal. Linha de n a s 3. Gn: Gntion. Ponto mais inferior da snfise mentoniana 4. Sp: ponto espinhal. pice da espinha nasal anterior 5. Pm: Pterigomaxilar. Interseco entre o cho nasal e o contorno posterior da maxila 6. N: Nsion. Ponto mais anterior da sutura fronto-nasal8

ngulo Crnio-Cervical

7. S: sela. Centro da sela turca. 8. Ba: Bsion. Ponto mais pstero-inferior do clivo 9. Ss: sub-espinhal. Ponto mais posterior do contorno anterior do arco alveolar superior. 10. Sm: Supramentoniano. Ponto mais posterior do contorno anterior do arco alveolar inferior 11. Pg: Pognion. Ponto mais anterior da snfise mandibular (Figura 4)

Os traados desta anlise so:

1. NL/OPT: indica a inclinao da maxila em relao atlas (linha formada pelos pontos pstero-superior e pstero-inferior de C2); 2. NL/CVT: indica a inclinao da maxila em relao s vrtebras C2 a C4; 3. NSL/CVT: indica a inclinao da base do crnio em relao s vrtebras C2 a C4; 4. NSL/OPT: inclinao da base do crnio em relao vrtebra C2; 5. CVT/Hor: inclinao da coluna cervical inferior quanto ao plano horizontal; 6. NL/Hor: inclinao do plano maxilar em relao ao plano horizontal; 7. OPT/Hor: inclinao da coluna cervical superior em relao ao plano horizontal; 8. OPT/CTV: inclinao da coluna cervical superior em relao coluna cervical inferior. (Figura 5)

De acordo com Solow & Sandham (2002), existem trs variveis posturais, cuja anlise permite avaliar a relao existente entre a postura cervical e o mecanismo de crescimento e desenvolvimento craniofacial. Estes autores, referem, igualmente, a necessidade de realizao de telerradiografias craniofaciais de perfil utilizando um mtodo de estandartizao, a posio natural da cabea ou mirror position. Assim, as trs variveis para anlise so os ngulos Crnio-Cervicais (NSL/OPT e NSL/CVT) que relacionam a postura da cabea com a coluna cervical; os ngulos CrnioHorizontais (OPT/HOR e CTV/HOR) que expressam a inclinao cervical em relao horizontal verdadeira, determinada pelo ambiente; e os ngulos Crnio-Verticais (NSL/VER e NL/VER) que relacionam a postura da cabea com a vertical verdadeira, determinada pelo ambiente. (Figura 6)9

ngulo Crnio-Cervical

Attlio et al (2005), menciona quatro pontos da regio cervical, referenciando Solow & Tallgren (1976) e Hellsing et al (1987):

1. Cv2tg: Ponto tangente linha OPT na apfise odontide da C2 2. Cv2ip: Ponto mais inferior do corpo da C2 3. Cv4ip: ponto mais pstero-inferior do corpo da C4 4. Cv6ip: ponto mais pstero-inferior do corpo da C6

E trs linhas na anlise cefalomtrica da regio cervical:

1. CVT (Tangente da Vrtebra Cervical): tangente da apfise odontide (Cv2tg) por Cv4ip (Solow e Tallgren, 1976) 2. EVT: linha entre Cv4ip e Cv6ip. (Hellsing et al, 1987) 3. OPT (Tangente da Apfise Odontide): tangente da apfise odontide por Cv2ip (Solow & Tallgren, 1976)

Quanto a variveis, este autor sugere:

I.

Base Maxilar 1. ngulo SNA (sela nsion - ponto A): indica prognatismo da base apical maxilar quanto base craniana

II.

Base Mandibular 1. ngulo SNB (sela nsion - ponto B): indica prognatismo da base apical da mandbula quanto base craniana

III.

Classe Esqueltica 1. ngulo ANB (ponto A nsion - ponto B): indica o padro esqueltico; relaciona a base apical no sentido ntero-posterior

IV.

Postura Cervical 1. ngulo CVT/EVT: indica ngulo da lordose cervical 2. ngulo OPT/VER: indica o ngulo odontide 3. ngulo CVT/VER: indica a postura cervical superior 4. ngulo EVT/VER: indica a postura cervical inferior

10

ngulo Crnio-Cervical

V.

Postura Crnio-Facial 1. ngulo SN/VER: indica a inclinao anterior da base craniana 2. ngulo pns-ans/VER: indica a inclinao palatina 3. ngulo ML/VER: indica a inclinao da linha mandibular 4. ngulo RL/VER: indica a inclinao da linha do ramo

VI.

Angulao Crnio-Cervical 1. ngulo SN/OPT: indicador da postura crnio-cervical 2. ngulo SN/CVT 3. ngulo pns-ans/OPT: indica a inclinao da base maxilar em relao coluna cervical superior 4. ngulo pns-ans/CVT

Assim, a partir destas variveis, em que I, II e III foram selecionadas de Solow (1966) e Miralles et al (2002) e as restantes de Solow & Tallgren (1976) e Helsing et al (1987), torna-se, segundo o autor, possvel avaliar a relao entre a postura cervical, as classes esquelticas e a morfologia crnio-facial no plano sagital e vertical.

Quintero et al (2009), citando Vlez et al (2007), refere que as normas cefalomtricas relevantes para a avaliao da postura da cabea consistem na medio do:

1. ngulo formado pela tangente (CTV) vrtebra cervical (cv4ip) e VV. Quanto maior o ngulo, maior a relevncia da cifose da coluna cervical. 2. ngulo entre CTV e HOR. Quanto mais reduzido o ngulo, mais significante a inclinao da cabea. 3. ngulo entre a tangente (OPT) s apfises odontides (cv2ip) e VV. Quanto maior o ngulo, maior a relevncia da cifose da coluna cervical. 4. ngulo entre OPT e HOR. Quanto mais reduzido, maior a inclinao da cabea. (Figura 7) Por outro lado, segundo Pach et al (2009), os pontos de referncia cefalomtricos relevantes para a anlise postural so: 1. S (sela turca): ponto mdio da sela turca;11

ngulo Crnio-Cervical

2. N (nsion): interseco entre a sutura nasal e a sutura fronto-nasal no plano sagital; 3. Ans (espinha nasal anterior): ponta da espinha nasal anterior visvel radiograficamente na norma lateral; 4. Pns (espinha nasal posterior): ponta da espinha nasal posterior sita no osso palatino; 5. Cv2tg: ponto tangente da linha OPT na apfise odontide da xis (C2); 6. Cv2ip: ponto mais pstero-inferior do corpo de C2; 7. Cv4ip: ponto mais pstero-inferior do corpo da C4;

Tambm de acordo com Pach et al (2009), as linhas de referncia cefalomtricas so:

1. Ver ou VV (linha vertical verdadeira): vertical verdadeira projectada na radiografia; 2. Hor (linha horizontal verdadeira): horizontal verdadeira projectada na radiografia; 3. NSL (base do crnio): linha entre a sela e o nsion; 4. NL (plano palatino): linha entre a espinha nasal anterior e posterior; 5. CVT (tangente da vrtebra cervical): tangente posterior da apfise odontide pela Cv4ip; 6. OPT (tangente da apfise odontide): tangente posterior da apfise odontide por CV2ip. (Figura 8)

Como j mencionado, pode referir-se que a anlise postural cefalomtrica constituda por variveis, podendo estas serem agrupadas consoante o objecto que avaliam, ou seja, para avaliao da postura crnio-facial procede-se medio dos ngulos crnioverticais:

1. NSL/Ver, que permite identificar a inclinao anterior da base do crnio; 2. NL/Ver, indicador da inclinao palatina.

As angulaes crnio-cervicais so dadas pelas variveis:

12

ngulo Crnio-Cervical

1. NSL/OPT, indicador da postura crnio-cervical; 2. NSL/CVT; NL/OPT, indicador da inclinao da base maxilar em relao coluna cervical; 3. NL/CVT.

A postura cervical obtida pelas variveis:

1. CVT/Hor indica o ngulo crnio-horizontal; 2. OPT/Hor.

3 Metodologia para obteno de cefalogramas estandartizadosTodos os autores mencionados anteriormente que se propuseram a realizar estudos cefalomtricos considerando a coluna cervical, fizeram-no recorrendo uma tcnica de estandartizao de registo da postura cervical e da cabea cefalomtrico, que assegura a posio natural da cabea e tambm da coluna cervical, considerando a capacidade de ajuste vertical do equipamento de cefalometria. (Solow & Sandham, 2002) Todavia estes autores, sugerem que a terminologia correcta seja postura erecta estandartizada, ao invs de posio natural da cabea, pois o termo natural indica uma posio da cabea do paciente determinada por este e dependente da sua condio clnica, sendo que o termo estandartizado simplesmente implica a capacidade de reproduo da posio postural.

Deste modo, Solow & Sandham (2002), defendem que o controlo postural da cabea, pode ser obtido atravs de dois mecanismos distintos: um sem referncia externa, dado pela propriocepo proveniente do sistema muscular, tendinoso e articular e pelo equilbrio obtido pelo meato acstico interno (Self-balance position); e com referncia externa, por meio da estimulao visual (Mirror position).

Silva, em 2005, descreveu um mtodo de obteno da PNC, segundo os procedimentos bsicos de posicionamento referidos por Moorrees & Kean em 1958, que consistem em:

13

ngulo Crnio-Cervical

1. Paciente posicionado no cefalostato, com o olhar reflectido num espelho; 2. Operador em posio lateral, verificando se a pupila est localizada no meio do globo ocular; 3. Olivas colocadas, apenas tocando a pele no orifcio auditivo, estando o paciente confortvel, relaxado, com os braos pendentes ao longo do corpo e com os ps ligeiramente divergentes; 4. Eliminar rotaes e inclinaes da cabea; 5. Observar o paciente de frente, confirmar a correco da posio da cabea e colocar levemente o apoio frontal em frente ao nsion; 6. ltima verificao e efectuar a radiografia; 7. Procedimentos efectuados de 1 a 3 minutos.

Este protocolo, permite uma reproduo bastante aproximada da PNC, todavia, os apoios auriculares e frontais podem prejudicar a noo proprioceptiva de equilbrio e em muitas radiografias, estes procedimentos podem no ter sido realizados da forma correcta ou efectuados por terceiros, podendo colocar em dvida a legitimidade da PNC, devido ao seu maior grau de dificuldade na execuo. Como tal, o autor recomenda a verificao da legitimidade da PNC reproduzida atravs de uma fotografia de perfil do paciente, igualmente em PNC, que inclua uma vertical verdadeira, que passe pelo ponto subnasal e se estenda desde a glabela cutnea at parte inferior dos tecidos moles do mento, por meio de um fio metlico. Recomenda-se a sua realizao em espaos amplos, naturais e sem a exigncia de tanta formalidade protocolar. Estas fotografias so realizadas para confirmar ou at corrigir a orientao da PNC na radiografia, antes de se iniciar o traado cefalomtrico (Silva, 2005).

14

ngulo Crnio-Cervical

III. ConclusoA ntima relao entre as vrtebras cervicais e o viscerocrnio prende-se com a origem destas estruturas ao nvel embrionrio, ou seja, estas provm das mesma mesoderme para-axial. Esta interrelao permite, em parte, explicar determinadas patologias, todavia necessrio distinguir as diferenas anatmicas e posio das vrtebras cervicais consoante a afinidade populacional, gnero e idade.

A postura, ortopedicamente, corresponde posio inicial para movimentos activos, sendo passvel de ser alterada pelo sistema locomotor, personalidade e crescimento. J a postura da cabea corresponde ao ngulo crnio-cervical da coluna cervical superior, medido pela interseco dos planos OPT/NSL, plano correspondente inclinao da base do crnio quanto vrtebra C2. Quanto maior o ngulo entre OPT e VER, maior a cifose da coluna cervical. Por outro lado, quanto maior o ngulo entre OPT e HOR, menor a inclinao da cabea.

A anlise cefalomtrica postural engloba a avaliao de trs variveis, sendo elas os ngulos crnio-cervicais, que relacionam a postura da cabea com a coluna cervical superior e inferior, os ngulos crnio-horizontais, que expressam a inclinao cervical no sentido horizontal e os ngulos crnio-verticais, que relacionam a postura da cabea no sentido vertical.

A par de outras anlises cefalomtricas, a anlise cefalomtrica postural, tambm preconiza a avaliao de outras variveis crnio-faciais, na sua maioria estipuladas nas anlises clssicas de avaliao crnio-facial, permite no s identificar e avaliar distrbios dento-faciais, como tambm determinar a influncia postural nessas anomalias. De salientar a necessidade de realizao de telerradiografias crnio-faciais de perfil segundo um mtodo de posio natural da cabea, no s para aumentar a capacidade de reproduo da posio postural, mas sobretudo para obter a posio postural real, aniquilando, deste modo, erros sistemticos capazes de diminuir a fiabilidade documental e, como tal, permitindo um melhor e mais correcto diagnstico e subsequente tratamento.

15

ngulo Crnio-Cervical

BibliografiaArmijo-Olivo, S. et al. (2006). A comparison of the head and cervical posture between the self-balanced position and the Frankfurt method. Journal of oral rehabilitation, 33(3), pp.194-201.

Chaves, T.C. et al. (2010). Craniocervical posture and hyoid bone position in children with mild and moderate asthma and mouth breathing. International journal of pediatric otorhinolaryngology, 74(9), pp.1021-7.

DAttilio, M. et al. (2005). Evaluation of cervical posture of children in skeletal class I, II, and III. Cranio: the journal of craniomandibular practice, 23(3), pp.219-28.

Festa, F. et al. (2003). Relationship between cervical lordosis and facial morphology in Caucasian women with a skeletal class II malocclusion: a cross-sectional study. Cranio: the journal of craniomandibular practice, 21(2), pp.121-9.

Gale, A., Kilpelinen, P.V.J. & Laine-alava, M.T. (2001). Hyoid bone position after surgical mandibular advancement. European Journal Of Orthodontics, 23, pp.695701.

Grimmer-Somers, K., Milanese, S. & Louw, Q. (2008). Measurement of cervical posture in the sagittal plane. Journal of manipulative and physiological therapeutics, 31(7), pp.509-17.

Hellsing, E. et al. (1987). The relationship between craniofacial morphology, head posture and spinal curvature in 8, 11 and 15-year-old children. European journal of orthodontics, 9(4), pp.254-64.

Huggare, J. (1998). Postural disorders and dentofacial morphology. Acta odontologica Scandinavica, 56(6), pp.383-6.

16

ngulo Crnio-Cervical

Huggare, J. & Houghton, P. (1996). Associations between atlantoaxial and craniomandibular anatomy. Growth, development, and aging: GDA, 60(1), pp.2130.

Kollias, I. & Krogstad, O. (1999). Adult craniocervical and pharyngeal changes--a longitudinal cephalometric study between 22 and 42 years of age. Part I: Morphological craniocervical and hyoid bone changes. European journal of orthodontics, 21(4), pp.333-44.

Korbmacher, H. et al. (2004). Correlations between dentition anomalies and diseases of the of the postural and movement apparatus--a literature review. Journal of orofacial orthopedics = Fortschritte der Kieferorthopdie: Organ/official journal Deutsche Gesellschaft fr Kieferorthopdie, 65(3), pp.190-203.

Miralles, R. et al. (2002). Vertical dimension. Part 2: the changes in electrical activity of the cervical muscles upon varying the vertical dimension. Cranio: the journal of craniomandibular practice, 20(1), pp.39-47.

Muto, T. et al. (2002). The effect of head posture on the pharyngeal airway space (PAS). International journal of oral and maxillofacial surgery, 31(6), pp.579-83. Muto, T., Yamazaki, a & Takeda, S. (2008). A cephalometric evaluation of the pharyngeal airway space in patients with mandibular retrognathia and prognathia, and normal subjects. International journal of oral and maxillofacial surgery, 37(3), pp.228-31.

Neiva, P.D., Kirkwood, R.N. & Godinho, R. (2009). Orientation and position of head posture, scapula and thoracic spine in mouth-breathing children. International journal of pediatric otorhinolaryngology, 73(2), pp.227-36.

Oosterkamp, B.C.M. et al. (2007). Craniofacial, craniocervical, and pharyngeal morphology in bilateral cleft lip and palate and obstructive sleep apnea patients.

17

ngulo Crnio-Cervical

The Cleft palate-craniofacial journal: official publication of the American Cleft Palate-Craniofacial Association, 44(1), pp.1-7.

Pach, F., Turl, R. & Checchi, A.P. (2009). Head posture and lower arch dental crowding. The Angle orthodontist, 79(5), pp.873-9.

Quintero, Y. et al. (2009). Effect of awareness through movement on the head posture of bruxist children. Journal of oral rehabilitation, 36(1), pp.18-25.

Schwarz AM. (1926) Kopfhaltung und Kiefer. Z Stomatol 24, pp669744.

Silva, C. (2005). Anlise cefalomtrica.1 Edio. Porto, Fcies.

Smoker, W.R.K. & Khanna, G. (2008). Imaging the craniocervical junction. Childs nervous system: ChNS: official journal of the International Society for Pediatric Neurosurgery, 24(10), pp.1123-45.

Solow, B. & Greve, E. (1980). Rhinomanometric recording in children. Rhinology, 18(1), pp.31-42.

Solow, B. & Sandham, A. (2002). Cranio-cervical posture: a factor in the development and function of the dentofacial structures. The European Journal of Orthodontics, 24(5), pp.447-456.

Solow, B. & Sonnesen, L. (1998). Head posture and malocclusions. European journal of orthodontics, 20(6), pp.685-93.

Solow, B. & Tallgren, A. (1971). Natural head position in standing subjects. Acta Odontologica, 29(5), pp.591-607.

Solow, B. & Tallgren, A. (1976). Head posture and craniofacial morphology. American Journal of Physical Anthropology, 44(3), pp.417-435.18

ngulo Crnio-Cervical

Sonnesen, L. & Kjaer, I. (2007). Cervical column morphology in patients with skeletal Class III malocclusion and mandibular overjet. American journal of orthodontics and dentofacial orthopedics: official publication of the American Association of Orthodontists, its constituent societies, and the American Board of Orthodontics, 132(4), pp.427.e7-12.

Sonnesen, L., Bakke, M. & Solow, B. (2001). Temporomandibular disorders in relation to craniofacial dimensions, head posture and bite force in children selected for orthodontic treatment. European journal of orthodontics, 23(2), pp.179-92.

Tallgren, A. & Solow, B. (1984). Long-term changes in hyoid bone position and craniocervical posture in complete denture wearers. Acta odontologica Scandinavica, 42(5), pp.257-67.

Tecco, S., Caputi, S. & Festa, F. (2007). Evaluation of cervical posture following palatal expansion: a 12-month follow-up controlled study. European journal of orthodontics, 29(1), pp.45-51.

Treuenfels, H. (1984). Kopfhaltung , Atlasposition und Atemfunktion beim offenen BiB. , 45(2).

Vlez, a L. et al. (2007). Head posture and dental wear evaluation of bruxist children with primary teeth. Journal of oral rehabilitation, 34(9), pp.663-70.

Vieira, B.B. et al. (2011). Cephalometric evaluation of facial pattern and hyoid bone position in children with obstructive sleep apnea syndrome. International journal of pediatric otorhinolaryngology, 75(3), pp.383-6.

Watanabe, M., Yamaguchi, T. & Maki, K. (2010). Cervical vertebra morphology in different skeletal classes. A three-dimensional computed tomography evaluation. The Angle orthodontist, 80(4), pp.531-6.

19

ngulo Crnio-Cervical

Wickens, OW Kipputh, (1937). Body mechanic analysis of Yale University freshmen. Research Quarterly, 8:37-48.

20

ngulo Crnio-Cervical

Anexos

Figura 1: MGP: Plano de McGregor (adaptado de Gale et al, 2001)

Figura 2: Posio anterior da cabea. O ngulo formado pela interseco da linha do tragus com a linha horizontal que interseta com C7 no plano sagital, descreve a posio da cabea em relao ao tronco. (adaptado de Neiva et al, 2009)

21

ngulo Crnio-Cervical

Figura 3: O ngulo crnio-vertebral resulta da interseco entre o plano de McGregor e o plano odontide OP, como postulado na anlise de Rocabado em 1983 (adaptado de Chaves et al, 2010)

Figura 4: Pontos de referncia cefalomtricos e linhas de acordo com Solow & Tallgren (1976). (adaptado de Sonnesen & Kjaer et al, 2008)

22

ngulo Crnio-Cervical

Figura 5: Traados para avaliao da postura crnio-cervical propostos por Solow & Tallgren em 1976. (adaptado de Chaves et al, 2010)

Figura 6: a) ngulos crnio-cervicais; b) ngulos crnio-horizontais; c) ngulos crnio-verticais. (adaptado de Solow & Sandham, 2002)23

ngulo Crnio-Cervical

Figura 8: Anlise Cefalomtrica para avaliao postural da cabea. (adaptado de Vlez et al, 2007)

Figura 7: Pontos de referncia e traados. (adaptado de Pach et al, 2009)

24