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Mônica Maria Tassigny, UNIFOR
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EDITORIAL
É com grande satisfação que a ANIMA traz em sua 27ª. edição os melhores trabalhados apresentados ao VI Seminário de Pesquisa da Estácio e II Jornada de Iniciação Científica da Universidade Estácio de SÁ, evento que tem como objetivo promover a visibilidade e a interdisciplinaridade do conhecimento científico.
O evento além de proporcionar à comunidade acadêmica um espaço para a apresentação e discussão de trabalhos científicos das diversas áreas de conhecimento, proporciona também a interação entre alunos e professores da graduação e pós-graduação.
Foram selecionados os 40 melhores resumos para publicação em formato - Artigo Completo. A escolha dos trabalhos se deu mediante processo avaliativo apoiado por docentes das diversas áreas de conhecimento na Estácio.
Nesta edição publicamos 20 (vinte) estudos desenvolvidos nas áreas de saúde, educação, comunicação, turismo e jurídico. Na próxima edição os demais artigos serão apresentados.
Assim na área de saúde são apresentados oito estudos, quais sejam: Biodegradabilidade do Antineoplásico Ciclofosfamida por Processo Anaeróbio de Barreto e Soares; Células Tronco e Terapias Regenerativas de Carvalho et al; Uncaria Tomentosa na Cistite Hemorrágica Causada pela Quimioterapia do Câncer de Benevides; Percentual de Positividade Sorológica para HIV 1 e 2 em Amostras de Banco de Sangue de Soares e Souza; Utilização do Cânhamo como fonte de Energia Renovável de Souza et al; Cinética de Cristalização Não-Isotérmica de Resíduos de Polietileno de Alta Densidade (HDPE) de Ramos e Costa; Caracterização por Microscopia Eletrônica de Varredura, Difração de Raios-X e Bet para Hidroxiapatita Produzida pelo Método de Precipitação de Di Lello e Campos e Metodologia de Processamento de Imagens para Avaliação Termográfica das Mãos de Monteiro et al.
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Na área de Educação são apresentados os estudos Capacitações Online: Um Estudo Sobre Processos de Formação de Servidores Públicos (Lopes e Vilarinho); Dificuldades de Alunos do 1º Ano de um Curso de Licenciatura em Matemática na Disciplina de Construções Geométricas (Campos e Bittar); Educação Superior A Distância: Que Critério de Qualidade É Esse? (Marins e Bohadana); Escola Tia Ciata: Representações Sociais de uma Pedagogia Diferenciada por ex-Meninos em Situação de Rua (Mota e Castro); O Letramento Literário: Leitura de Textos Literários fora dos seus Suportes Originais (Rodrigues) e Representações Sociais do Bilinguismo Construídas por Professores em Escolas da Fronteira Brasil-Guiana Inglesa (Souza e Lima).
Na área de Comunicação são quatro estudos (À Caça de Troféus: Considerações sobre os Critérios de Excelência Profissional a Partir dos Prêmios de Jornalismo; Blogredesjf como Mecanismo de Aprendizagem e Interação com Alunos; O Fotógrafo Carlos Moskovics e o Rio de Janeiro dos Anos 1940 e Um Alerta Sobre o Silenciamento do Rádio no Pós-64).
As áreas de Turismo e Jurídica contribuem com este valioso conhecimento apresentando o estudo de Rodrigues e Ricco denominado Patrimônio Histórico Remanescente da Companhia de Jesus no Espírito Santo e sua inserção na atividade turística e o estudo de Cruz, denominado Justiça de Transição no Brasil: a análise crítica da imprescindibilidade da persecução penal dos agentes do regime de 1964-1985.
Desejamos a todos uma leitura proveitosa.
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11 BIODEGRADABILIDADE DO ANTINEOPLÁSICO CICLOFOSFAMIDA POR PROCESSO ANAERÓBIO - BARRETO, Patrícia Sobierajski; SOARES, Sebastião Roberto
17 CÉLULAS TRONCO E TERAPIAS REGENERATIVAS – CARVALHO - Husten da Silva; SOUZA, Luciana Borges Oliveira; LUZ, Flávia Cristina Oliveira; XAVIER, Eveliney Vicente de Alencar; SANTOS, João Paulo Bello; MAXIMIANO, Elisabeth; MATTOS, Adriana
27 UNCARIA TOMENTOSA NA CISTITE HEMORRÁGICA CAUSADA PELA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER – BENEVIDES, Fernanda Teixeira
33 PERCENTUAL DE POSITIVIDADE SOROLÓGICA PARA HIV 1 E 2 EM AMOSTRAS DE BANCO DE SANGUE - SOARES, Heline Costa; SOUZA, Meiriane de Freitas
41 UTILIZAÇÃO DO CÂNHAMO COMO FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL - SOUZA, Isadora Alves; SMARRA, André Luis Soares; Vera de Fátima Maciel Lopes; Cesar Augusto Lotufo
47 CINÉTICA DE CRISTALIZAÇÃO NÃO-ISOTÉRMICA DE RESÍDUOS DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (HDPE) – RAMOS, Valéria Dutra; COSTA, Helson Moreira
53 CARACTERIZAÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA, DIFRAÇÃO DE RAIOS-X E BET PARA HIDROXIAPATITA PRODUZIDA PELO MÉTODO DE PRECIPITAÇÃO - B. C. Di Lello, M. S. Aguilar, J. B. Campos
59 METODOLOGIA DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS PARA AVALIAÇÃO TERMOGRÁFICA DAS MÃOS – MONTEIRO, Anna Cláudia; SILVA, Sabrina Guimarães; TAIAR, Redha; MACHADO, Christiano Bittencourt
67 À CAÇA DE TROFÉUS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA PROFISSIONAL A PARTIR DOS PRÊMIOS DE JORNALISMO - FERREIRA, Soraya Venegas
75 BLOGREDESJF COMO MECANISMO DE APRENDIZAGEM E INTERAÇÃO COM ALUNOS - VIEIRA, Anderson Luiz Nogueira; CASTRO, Thiago Andrade
79 O FOTÓGRAFO CARLOS MOSKOVICS E O RIO DE JANEIRO DOS ANOS 1940 - RIBEIRO, Paula; SANTIAGO, Aline; FIGUEIREDO, Douglas
85 UM ALERTA SOBRE O SILENCIAMENTO DO RÁDIO NO PÓS-64 - THOMÈ, Cláudia; REIS, Marco Aurélio
91 CAPACITAÇÕES ONLINE: UM ESTUDO SOBRE PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS - LOPES, Laurinda Maia; VILARINHO, Lúcia Regina Goulart
97 DIFICULDADES DE ALUNOS DO 1º ANO DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NA DISCIPLINA DE CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS - CAMPOS, Edileni G. J.; BITTAR, Marilena
103 EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA: QUE CRITÉRIO DE QUALIDADE É ESSE? - MARINS, Leila de Souza; BOHADANA, Estrella
Sumário
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109 ESCOLA TIA CIATA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE UMA PEDAGOGIA DIFERENCIADA POR EX-MENINOS EM SITUAÇÃO DE RUA - MOTA, Ana Paula Simões; CASTRO, Monica Rabello
115 O LETRAMENTO LITERÁRIO: LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS FORA DOS SEUS SUPORTES ORIGINAIS - RODRIGUES, Paula Cristina de Almeida
123 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO BILINGUISMO CONSTRUÍDAS POR PROFESSORES EM ESCOLAS DA FRONTEIRA BRASIL-GUIANA INGLESA – SOUZA, Janaína Moreira Pacheco; LIMA, Rita de Cássia Pereira
129 PATRIMÔNIO HISTÓRICO REMANESCENTE DA COMPANHIA DE JESUS NO ESPÍRITO SANTO E SUA INSERÇÃO NA ATIVIDADE TURÍSTICA - RODRIGUES, Patrícia Roseli; RICCO, Adriana Sartório
135 JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL: A ANÁLISE CRÍTICA DA IMPRESCINDIBILIDADE DA PERSECUÇÃO PENAL DOS AGENTES DO REGIME DE 1964-1985 - Da CRUZ, Eugeniusz Costa Lopes
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BIODEGRADABILIDADE DO ANTINEOPLÁSICO CICLOFOSFAMIDA
POR PROCESSO ANAERÓBIO
BIODEGRADABILITY OF ANTINEOPLASIC CYCLOPHOSPHAMIDE THROUGH ANAEROBIC PROCESS
Patrícia Sobierajski Barreto Sebastião Roberto Soares
RESUMO: A ciclofosfamida (CF) é um antineoplásico, utilizada no tratamento de câncer. Esse fármaco é incorporado ao meio ambiente, principalmente por excreção urinária de pacientes em tratamento. A CF apresenta uma baixa biodegradabilidade em estações de tratamento de esgoto que operam com sistema aeróbio, indicando que a mesma pode retornar aos corpos d’água. Este trabalho tem como objetivo estabelecer o grau de biodegradabilidade desse fármaco, verificando também a sua interferência sobre o processo anaeróbio. O teste de biodegradabilidade foi realizado em escala laboratorial. A efetividade do processo de biodegradação da CF foi avaliada através de medição de biogás, análises cromatográficas e toxicológicas utilizando amostras dos efluentes antes e após o tratamento. Os resultados obtidos mostraram que a taxa de remoção de CF variou entre 75,00 a 98,17 %, não sendo detectados metabólitos da degradação da CF. A produção de biogás entre as amostras ocorreu de forma análoga, indicando que a CF não interferiu negativamente na atividade dos microrganismos anaeróbios, essenciais para o sistema. Já, nos ensaios toxicológicos, as amostras de após o tratamento apresentaram uma redução da toxicidade de até 77,5 % em relação às amostras antes do tratamento. No entanto, os valores de CE50 48h encontrados nas amostras indicam que elas ainda possuem uma alta toxicidade, mesmo após o de tratamento anaeróbio.
ABSTRACT: The cyclophosphamide (CF) is an antineoplasic, used invarious type of cancer treatment. This drug is integrated into the environment mainly through the urifrom patients under cancer treatment. It presents a low biodegradability in wastewater treatment plants operated through aerobic system. The CF was selected for the achievement of this study due to its extended use in the cancer health establishments. The objective of this work is to assess its biodegradability degree as well as to verify its possible interference on the anaerobic process. The biodegradability test was performed on a laboratorial scale. The CF biodegradation efficiency was determined by measuring the produced biogas and through chromatographic and toxicology analysis on effluent samples before and after the treatment. The obtained results showed that the CF removal rate, for different samples, varied between75,00 and 98.17%, sub products of CF degradation were not detected. The biogas production between tested samples occurred in a similar form, indicating that the CF does not interfere with the activity of the anaerobic microorganisms, essentials for the system. On the other hand in the toxicological tests, the samples after the treatment exhibited a toxicity decrease of 77.5% related to the samples of before the treatment, however, the obtained values of CE50 48h in the effluents still prove its high toxicity of all the samples, even after the anaerobic treatment.
Palavras-Chave: Antineoplásico, Ciclofosfamida, Biodegradação, Tratamento anaeróbio, Biogás Keywords: Cyclophosphamide, Biodegradation, Anaerobic treatment, Antineoplasic, Biogás.
__________________________________________________________________________ 1- Centro Universitário Estácio de Santa Catarina – FESSC. [email protected] 2- Laboratório de Resíduos Sólidos (LARESO), Programa de Pós Graduação em Engenharia de Ambiental da
Universidade Federal de Santa Catarina – ENS/UFSC. [email protected]
No Brasil, o número de casos de câncer cresceu
consideravelmente ao longo das últimas décadas,
acompanhando o aumento da melhora da qualidade
e da expectativa de vida (Disponível em
http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?
ID=5, acesso em 25/11/2012). A tendência de
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crescimento de câncer é inquestionável, e ocasiona
a utilização de fármacos antineoplásicos, entre eles
a ciclofosfamida (CF), como um dos recursos
terapêuticos, tanto em ambientes hospitalares,
como em consultórios médicos e residências. No
entanto, ela como a maioria do antineoplásicos, é
dotada de ação carcinogênica ou mutagênica. A
utilização destes fármacos pode acarretar
alterações no meio ambiente, a médio e longo
prazo, constituindo-se um grande desafio, a
minimização dos resíduos de tais substâncias que,
indiretamente, podem levar a outros graves
problemas de saúde pública (ZAMPIERI, 2013). A
partir desse uso intenso, as estações de tratamento
de efluentes (ETEs) vêm recebendo efluentes com
características potencialmente perigosas ao meio
ambiente. A resolução da ANVISA RDC nº.
306/2004, que regulamenta a gestão de resíduos de
serviços de saúde, estabelece que os efluentes
gerados por hospitais podem ser encaminhados
para as ETEs. Na ausência dessas, a resolução da
ANVISA RDC nº. 307/2002, que dispõe sobre o
Regulamento Técnico para Projetos Físicos de
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, adota
como tratamento prévio e disposição final dos
efluentes líquidos, o sistema de tanques sépticos
normatizados pela NBR 13.969 da ABNT de 1997.
No entanto, a presença de resíduos químicos pode
comprometer a taxa de digestão anaeróbia nos
tanques sépticos. No ambiente anaeróbio, a
degradação microbiana é geralmente lenta e nem
sempre resulta na mineralização completa das
substâncias químicas. Em certos casos, a
biodegradação pode ser um processo tão lento que
leva a bioacumulação dos xenobióticos, que podem
interferir negativamente na atividade dos micro-
organismos anaeróbios (AZEVEDO e CHASIN,
2003). A importância de avaliar a biodegradação
da ciclofosfamida por processo anaeróbio está no
fato de que as estações de tratamento de esgoto
(ETEs), em sua maioria por processos aeróbios,
não têm sido eficientes para a remoção de
compostos químicos presentes em diversos
efluentes lançados. Esta pesquisa elaborou um
procedimento metodológico contendo um conjunto
de ensaios para avaliar a capacidade de uma
biomassa anaeróbia ativa de degradar o
antineoplásico CF em diferentes concentrações. A
CF foi selecionada para realização deste estudo por
ser amplamente utilizada nos estabelecimentos
pesquisados (BARRETO et. al 2004). Vale
ressaltar que, além da avaliação da
biodegradabilidade por medição de biogás, as
amostras do efluente (antes e após o tratamento)
foram avaliadas por análises cromatográficas, com
intuito de quantificar a concentração de CF
biodegradada. Bem como, foram realizadas
análises toxicológicas para determinar o grau de
toxicidade das amostras.
A biomassa utilizada como inoculo para os frascos
reatores foi proveniente de um reator anaeróbio de
fluxo ascendente (UASB) industrial, utilizado no
tratamento de efluentes oriundo da fabricação de
cerveja, por se tratar de um lodo potencialmente
ativo, a caraterização físico química do lodo seguiu
os padrões estabelecidos pelo Standard Methods
(AWWA-APHA-WPCI, 2002). A ciclofosfamida
(Asta Medica Oncology) utilizada como
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Patrícia Sobierajski Barreto e Sebastião Roberto Soares
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substância-teste neste estudo, foi preparada a partir
de um frasco ampola de 200,0 mg (pó), diluído em
10,0 mL de solução de cloreto de sódio (NaCl)
0,9%, perfazendo uma concentração final de 20,0
mg.mL-1
.
Avaliação da biodegradabilidade da CF: A
metodologia utilizada foi baseada no protocolo
desenvolvido por SOARES e HIRATA (1997). O
lodo previamente estabilizado e caracterizado pelo
teste de AME, mais os nutrientes e substratos
foram colocados nos frascos-reatores juntamente
com diferentes concentrações de ciclofosfamida
(2,0; 20,0; 200,0 mg.L-1
) ocupando 80% do volume
do mesmo. O ensaio foi realizado em triplicata, ao
todo foram montados quinze (15) frascos-reatores,
subdivididos em cinco (5) grupos denominados:
amostra 1 (Branco - controle), amostra 2 (ácidos
orgânicos - controle), amostra 3 (CF 2,0 mg.L-1
),
amostra 4 (CF 20,0 mg.L-1
) e amostra 5 (CF 200,0
mg.L-1
). A TAB. 1 apresenta a composição dos
frascos- reatores para cada grupo. Uma vez
adicionadas todas as soluções necessárias, lacrados
os frascos e realizado a troca atmosférica por
nitrogênio gasoso, os frascos foram levados ao
banho-maria (35°C) e iniciou-se a contagem do
tempo. A avaliação do processo se deu através do
volume de biogás produzido. As leituras de volume
de gás foram feitas após 15 minutos do início do
teste. Nos primeiros dois dias foram feitas medidas
do volume de biogás três vezes ao dia. Após esse
período as medidas foram tomadas uma vez ao dia,
durante trinta dias. FIG.1: Sistema utilizado para
nos teste de Biodegradabilidade.
TABELA 1: Composição dos frascos-reatores (FRASCO I)
Composição Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5
Inóculo (lodo) 15,8 g 15,8 g 15,8 g 15,8 g 15,8 g
Macronutrientes 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL
Micronutrientes 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL
Meio redutor 2 gotas 2 gotas 2 gotas 2 gotas 2 gotas
Ac. Orgânicos -- 7,3 mL 7,3 mL 7,3 mL 7,3 mL
Ciclofosfamida -- -- 2,0 mg.L-1 20,0 mg.L
-1 200,0 mg.L
-1
Sol. Tampão * -- 20,0 mL 20,0 mL 20,0 mL 20,0 mL
Água destilada q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L
*: quando necessário
FIG.1: Sistema utilizado nos teste de Biodegradabilidade
Avaliação Cromatográfica: A metodologia de
HANSEL (1997) foi adotada para identificar e
quantificar por HPLC-UV a concentração de CF
em amostras do efluente antes e após o tratamento
anaeróbio em escala laboratorial.
Teste de Toxicidade: A metodologia de teste
agudo com o organismo-teste Daphnia magna
seguiu o descrito na NBR 12.713 (ABNT, 2003).
As amostras coletadas do efluente (antes e após o
tratamento) foram testadas baseando-se na
exposição de neonatos de Daphnia magna, de 2 a
26 horas de idade, em diluições das amostras, por
um período de 48 horas. Para o teste foram
utilizadas nove concentrações (100; 50; 25; 12,5;
8,33; 6,25; 4,16; 3,25 e 2,09 %) e um controle,
sendo feitas a partir da amostra (100%) de cada
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frasco reator, proveniente do Teste do de
Biodegradabilidade.
Avaliação da Biodegradabilidade da CF: O
ensaio aqui apresentado teve a duração de 30 dias,
onde foram realizados os registros dos volumes de
biogás acumulados durante o processo de
tratamento anaeróbio para cada grupo: amostra 1
(Branco): 198,67 ± 13,31 mL, amostra 2 (ácidos
orgânicos): 376,00 ± 7,54 mL, amostra 3 (CF 2,0
mg.L-1
): 397,66 ± 5,50 mL, amostra 4 (CF 20,0
mg.L-1
): 401,00 ± 9,53 mL e amostra 5 (CF 200,0
mg.L-1
): 403,00 ± 12,76 mL. Estão apresentadas no
GRAF.1, as curvas de produção de biogás
acumulado. Nas primeiras 12 horas, a produção de
gás foi muito pequena para todos os grupos. O
grupo amostra 1 (Branco), praticamente teve a sua
produção cessada após 25 dias de experimento, ao
passo que nos demais grupos se estenderam até 28
dias, esta produção ocorreu em função da atividade
metanogênica endógena. Não foram observadas
diferenças significativas no volume de biogás
acumulado entre os grupos que receberam adição
de CF (amostra 3, 4 e 5) e nem em relação ao
grupo amostra 2 (ac. orgânicos), esta fato sugere
que a CF presente, nas concentrações utilizadas,
não foi capaz de inibir a atividade das bactérias
anaeróbias.
GRÁFICO 1: Produção acumulada de biogás nos
reatores em função do tempo do teste (dias)
Avaliação Cromatográfica (HPLC-UV): O
limite mínimo de quantificação da CF foi
estipulado em 0,5 mg.L-1
, esse valor representa a
concentração mínima necessária do composto para
produzir um pico com razão sinal-ruído 3:1
(MAGDIC et al, 1996). Na realização da Etapa
Biodegradabilidade foi adicionada CF em
diferentes concentrações ao efluente dos reatores
dos grupos: amostra 3 (CF 2,0 mg.L-1
); amostra 4
(CF 20,0 mg.L-1
) e amostra 5 (200,0 CF mg.L-1
).
Na TAB. 2 são apresentados os valores de CF
esperados, bem como aqueles quantificados através
da análise cromatográfica (HPLC-UV) para cada
amostra antes e após o tratamento anaeróbio. A
CF foi quantificada nas amostras de efluente dos
grupos amostras 3, 4, 5 (antes do tratamento), em
concentrações semelhantes àquelas estabelecidas
para cada grupo. A metodologia adotada permitiu
detectar e quantificar a CF nos efluentes dos
grupos amostra 5. Não foi possível quantificar a
CF nos grupos amostra 3 e 4 (após o tratamento)
pois os valores encontrados estavam abaixo do
limite de quantificação pré-estabelecido (0,5 mg.L-
1). Como já era esperado, a CF não foi detectada
nas amostras antes e após-tratamento dos grupos
amostra 1 (branco) e amostra 2 (ác. orgânicos),
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 6 14 22 30
Tempo (dias)
Vo
l. d
e b
iog
ás
ac
um
ula
do
(m
L)
branco
ác. Org
CF 2,0
CF 20,0
CF 200,0
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Patrícia Sobierajski Barreto e Sebastião Roberto Soares
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pois não houve adição de CF nos reatores. Esses
grupos são os grupos de controle negativo e
positivo do processo de tratamento anaeróbio.
TABELA 2: Concentração de CF (mg.L-1) das amostra
dos reatores, antes e após-tratamento anaeróbio.
Reator [CF]
esperada
*
Antes-
tratamento
**
Após-
tratamento
***
%
Remoção
CF
Amostra 1 -- < 0,5 < 0,5 0% Amostra 2 -- < 0,5 < 0,5 0% Amostra 3 2,0 1,7 < 0,5 nc Amostra 4 20,0 27,6 < 0,5 nc Amostra 5 200,0 198,6 12,9 93,50%
* : Concentração de CF teórica adicionada em cada reator
**: Concentração de CF quantificada por HPLC-UV antes do tratamento anaeróbio
***: Concentração de CF quantificada por HPLC-UV após o tratamento anaeróbio
nc: não calculado – valor abaixo do limite de quantificação.
O GRAF. 2 mostra os valores de CF quantificados
para cada grupo (antes e após o tratamento),
indicando que ocorreu uma redução da
concentração da CF no efluente pelo tratamento
anaeróbio. A partir da quantificação realizada, se
observo que taxa de remoção da CF para cada
grupo foi elevada. A porcentagem de
biodegradação da CF no grupo amostra 5, foi de
93,5%.
GRÁFICO 1: Concentração de CF quantificada (mg.L-1
) nos
reatores antes e após o tratamento anaeróbio.
Teste de Toxicidade: Os resultados do teste de
toxicidade aguda com D. magna apresentados no
GRAF. 3 mostram a efetividade do teste em
diferenciar a toxicidade do efluente antes do após-
tratamento. Dentre os efluentes avaliados, as
amostras de antes-tratamento, apresentaram maior
toxicidade. Quando comparados os valores de CE50
48h, nos efluentes gerados após o tratamento
anaeróbio (GRAF. 3) foi possível constatar
diferenças significativas com relação à redução de
toxicidade entre os grupos amostra 2; 3; 4 e 5 (ac
orgânicos e CF) e o reator amostra 1 (Branco).
GRÁFICO 3: CE50 48h dos reatores para o teste de
toxicidade aguda (antes e após-tratamento)
Não foram constatadas alterações significativas no
volume de biogás produzido pelos reatores
adicionados com CF quando comparados ao
volume de biogás produzido pelo controle positivo
(amostra 2 - ac, orgânicos), indicando que as
concentrações de CF utilizadas neste estudo (2,0-
200,0 mg.L-1
), não interferiram negativamente na
atividade dos micro-organismos anaeróbios,
considerados essenciais para o sistema. A
efetividade do processo anaeróbio foi avaliada pela
quantificação da concentração de ciclofosfamida
0
100
200
300
400
500
Branco Ác. Org CF 2,0 CF 20,0 CF 200,0 CF 500,0
Reatores
Co
ncen
tração
de C
F (
mg
.L-1)
antes do trat. após o trat.
0
10
20
30
40
50
Branco Ác. Org. CF 2,0 CF 20,0 CF 200,0
Reatores
CE
50 (
48 h
s)
antes do trat.
após o trat.
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por HPLC em amostras do efluente antes e após o
tratamento e a avaliação da toxicidade aguda das
amostras de efluente antes e após o tratamento
anaeróbio, utilizando D. magna, permitiu
diferenciar a toxicidade entre os grupos analisados.
O resultado do teste nas amostras dos reatores
antes do tratamento indicou toxicidade. Contudo,
após trinta dias de tratamento anaeróbio, conseguiu
se reverter em parte essa toxicidade, quando
comparado ao seu efluente antes do tratamento
correspondente. No entanto, todos os grupos
apresentaram uma toxicidade aguda elevada
(valores baixos de CE50 48h) para as D. magna. Os
reatores estão compostos por lodo e uma solução
de ácidos orgânicos. A permanência da toxicidade
no efluente após-tratamento, não está
aparentemente atribuída à presença de CF no
efluente, uma vez que foi constatada por análise
cromatográfica (HPLC) a biodegradação do
composto após o tratamento anaeróbio. Conclui-se
que as várias ferramentas de análise utilizadas
neste trabalho permitiram verificar a eficiência do
tratamento anaeróbio na remoção da CF presente
nas amostras avaliadas. Nas condições ambientais
testadas, a CF (2,0 - 200 mg.L-1
) não interfere na
capacidade das bactérias em degradar o material
orgânico presente no inoculo.
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária, Resolução Diretoria Colegiada (RDC)
n. 307/2002 de 25 de fevereiro de 2002.
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária, Resolução Diretoria Colegiada (RDC)
n. 306/2004 de 15 de dezembro de 2004.
AZEVEDO, F.A. e CHASIN, A.M. As bases
toxicológicas da ecotoxicologia. São Paulo.
Editora Intertox, 2003.
INCA – Instituto Nacional de Câncer - Disponível
em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp? ID=5>, acesso em 25/11/2012.
SOARES, H.M. e HIRATA, T.S., Práticas De
Laboratório. In: Curso de Tratamento
Biológico de Resíduos, Florianópolis: CBAB,
MCT/CNPq, CPGEQ/UFSC, CDB, 1997
ZAMPIERI, Denise Aparecida. Avaliação da
presença da antineoplásico em água
residuáriade um hospital oncológico e do
sistema de esgotamento sanitário municipal.
2013. 53 f. Dissertação (mestrado) - Universidade
Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho,
Faculdade de Medicina de Botucatu, 2013.
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CÉLULAS TRONCO E TERAPIAS REGENERATIVAS
STEM CELLS AND THERAPY REGENERATIVE
Husten da Silva Carvalho, Luciana Borges Oliveira de Souza, Flávia Cristina Oliveira da Luz, Eveliney Vicente de Alencar Xavier, João Paulo Bello dos Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos
RESUMO: Há mais de uma década inúmeros grupos de pesquisa têm se dedicado ao estudo das células tronco e de seus potenciais usos no estabelecimento de terapias celulares. Apesar das controvérsias éticas, os riscos de formação de tumores e de rejeição imunológica, os meios de comunicação tendem a exacerbar a expectativa de eficácia terapêutica em pacientes cujas terapias convencionais não funcionam. Isto somado à existência de regras flexíveis para o uso de células tronco em países como a China, Índia e Alemanha, tem provocado a proliferação de instituições que oferecem terapias celulares, mesmo que não tenham sido testadas suficientemente quanto a seus riscos e eficácia. Com base nos últimos avanços científicos sobre a biologia das células tronco, propomos uma revisão que introduza esse assunto através de uma discussão sobre sua definição, origem e classificação, bem como suas aplicações atuais na medicina regenerativa.
ABSTRACT: For over a decade several research groups have been dedicated to the study of stem cells biology and the establishment of possible novel therapeutic uses for these cells. Besides ethical issues, risk of tumor development and immunologic rejections, media have the tendency to exaggerate therapeutic efficacy in patients which conventional treatments have failed. Beside, that, flexible regulations about stem cells used in several countries, such as Chine, India and Germany, could be blamed for the growth of institutions offering cellular therapies even though these strategies have not yet been tested for safety and efficacy of the methods. Based on the last advances about stem cells biology, we propose a review to discuss definitions, origin and classification as well as current applications of these cells in regenerative medicine.
Palavras-Chave: Células tronco. Terapia regenerativa. Ensaios clínicos. Ética. Medicina regenerativa Key-words Stem cell. Regenerative Therapies. Clinical trials. Ethics. Regenerative medicine
_____________________________________________________________ 1- Professor adjunto-UNESA - [email protected] 2- Iniciação Científica UNESA 3- Iniciação Científica UNESA 4- Iniciação Científica UNESA 5- Iniciação Científica UNESA 6- Professora Colaboradora UNESA - [email protected] 7- Professora Colaboradora UFRJ
A terapia celular é um conjunto de alternativas
terapêuticas que visa a utilização de células
indiferenciadas, com capacidade de auto-
renovação, na recuperação de tecidos com danos
(Daley, 2010). Há mais de uma década vários
grupos de pesquisa vêm se dedicando à descoberta
do potencial de células tronco e ao estabelecimento
de terapias celulares. No entanto, os diversos
meios de comunicação têm atribuído poderes
terapêuticos exagerados às células tronco que,
associados à regras flexíveis para o uso de tais
células em alguns países, como a China, a Índia e a
Alemanha, além da falta de esperança por parte de
pacientes, tem estimulado a proliferação de
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instituições que oferecem terapias celulares à
pacientes, mesmo que não tenham sido testadas
suficientemente quanto a seus riscos e eficácia
(DALEY, 2012). Por outro lado, quando
devidamente utilizadas, suas contribuições na
medicina moderna tem sido de grande importância,
tanto por sua ampla utilização na pesquisa básica,
quanto pelo desenvolvimento de novas opções
terapêuticas na prática clínica (DALEY, 2010).
Suas características as tornam capazes de ser
empregadas em vários campos dentro das ciências
biológicas e médicas (CHIEN, 2008). Tendo como
base os últimos avanços sobre a biologia das
células tronco, propomos uma revisão que
introduza esse assunto através de uma discussão
sobre a aplicação mais atual dos diferentes tipos de
células-tronco na medicina regenerativa.
Procuraremos estabelecer um quadro sobre as
diferentes terapias sendo aplicadas em modelos
experimentais e ensaios clínicos para as doenças
consideradas de alta prevalência e/ou com
limitadas alternativas de tratamento. Para tanto
uutilizamos a base de dados da área de saúde para
obtenção de artigos, tais como: MEDLINE,
LILACS e Scielo, DeCS (Descritores em Ciências
da Saúde), Portal CAPES e Portal de Revistas
Científicas da BVS.
Há muitos relatos sobre o potencial de
diferenciação das células tronco embrionárias
humanas (CTEH), mas apesar de muito progresso e
conhecimento acumulados, seu uso clínico ainda
está em estágio inicial (LI et al., 2010). Este atraso
aconteceu em grande parte por preocupações
éticas, religiosas ou jurídicas, e também pela
publicação de estudos que associaram seu uso ao
aparecimento de teratomas (MORENO, 2010).
Diferenciação de progenitores neurais da linhagem
ectodérmica a partir de CTEH foi relatada em
estudo que mostrou eficácia na reparação tecidual
em casos de acidente vascular cerebral (DAADI et
al., 2008) e de lesão da medula espinal (SHARP et
al., 2010). Estudo com modelos de lesão da medula
espinhal in vivo mostrou que CTEH diferenciam-se
em oligodendrócitos, causando reconstrução das
bainhas de mielina (HU et al., 2009). Neurônios
dopaminérgicos foram gerados a partir do
tratamento com CTEH, em modelo animal
(FRILING et al., 2009) e em modelo ex vivo
(BISSONNETTE et al., 2011), mostrando forte
potencial terapêutico. A terapia com CTEH, em
modelo animal também tem sido bem sucedida na
geração de novos neurônios motores da medula
espinal, cujo funcionamento precário causa a
esclerose lateral amiotrófica (LI et al., 2007). O
primeiro ensaio clínico usando CTEH aprovado
pela Food and Drug Administration (FDA), nos
EUA, foi para o tratamento de pacientes com lesão
medular. Neste estudo, células progenitoras de
oligodendrócitos geradas a partir de CTEH e
diferenciadas estão sendo usadas para promover o
crescimento de nervos e reparar as bainhas de
mielina (STRAUSS, 2010). Outra aplicação de
CTEH sobre o sistema nervoso é o tratamento de
distrofia macular de Stargardt. Idelson e
colaboradores, em 2010, demonstraram que CTEH
diferenciam-se em células do epitélio pigmentado
da retina e podem substituir células danificadas no
paciente, recuperando a visão (IDELSON et al.,
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2009). Ensaios clínicos para doenças cardíacas
envolvendo uso de CTEH, ainda não foram
iniciados, no entanto, cardiomiócitos derivados de
CTEH podem ser utilizados em modelos in vitro
para testes de drogas ou na indústria farmacêutica
(DICK et al., 2010). Para diabetes tipos I e II, a
substituição de células β seria a melhor solução, no
entanto a escassez de dadores é muito grande.
Infelizmente, semelhante ao que acontece com
hepatócitos, a diferenciação de células-β a partir de
CTEH é difícil e ineficiente (NOGUCHI et al.,
2010). CTEH podem diferenciar-se em
progenitores com marcadores de células tronco
mesenquimais (CTM) que, por sua vez, são
capazes de diferenciar para osteogênese,
adipogênese e condrogênese (OLIVIER et al.,
2006). Condrócitos foram gerados de CTEH,
podendo ser utilizados na reparação de lesão da
cartilagem, assim como adipócitos, para ser
empregados em investigações sobre o metabolismo
lipídico e obesidade (HANNAN &
WOLVETANG, 2009). Além disto, verificou-se
que CTM derivadas de CTEH tem fortes efeitos
imunomoduladores (YEN et. al., 2009).
As CTEI são consideradas ferramentas úteis para o
desenvolvimento de drogas e modelos de doenças,
no entanto, vetores retrovirais usados para
introduzir elementos de reprogramação gênica,
como o oncogene c-Myc, limita o uso em estudo
clínico, uma vez que podem induzir ao câncer
(EBBEN et. al., 2011).
Células tronco adultas são facilmente obtidas e
permite o transplante autólogo, evitando
complicações relacionadas à rejeição imunológica.
Outra vantagem é a redução dos riscos de
formação neoplásica. Embora tenham potencial de
diferenciação mais limitado, um estudo in vitro
demonstrou que são capazes de se diferenciar em
tipos celulares independentes de sua origem
germinativa (MOODLEY et al., 2010). Vários
estudos relataram que o transplante de células
tronco adultas causa reparação de órgãos
danificados in vivo, como a reparação do tecido
ósseo e revascularização do tecido isquêmico
cardíaco (MENASCHE et al., 2008;
CHIMUTENGWENDE-GORDON & KHAN,
2012). Sabe-se que a capacidade de renovação e
reparação em tecidos ou órgãos é extremamente
dependente de células tronco residentes que geram
células específicas (PASSIER & MUMMERY,
2003). O estado de repouso ou senescência não é
bem compreendido, mas é fundamental para
manter uma população de células que não exerçam
qualquer outra função, senão a de gerar tecidos
específicos durante regeneração (SNIPPERT &
CLEVERS, 2011).
Transplantes de células tronco hematopoiéticas
(CTHs) são indicados em doenças hematológicas
malignas e não malignas. A maioria dos
transplantes realizados é autólogo, em diferentes
tipos de câncer, sendo o mieloma múltiplo a
indicação mais comum. No entanto, o
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desenvolvimento de procedimentos igualmente
eficientes e menos tóxicos, estão diminuindo a
utilização deste tipo de transplante. Ultimamente
as CTHs vêm sendo utilizadas no tratamento de
tumores, quando induzidas a diferenciar em células
natural killer (NK) e em células dendríticas que
atacam células tumorais (LJUNGMAN et. al.,
2009). No entanto, como a geração destas células
exige manipulação genética, seu uso terapêutico
continua a ser investigado. Resultados promissores
de ensaios pré-clínicos já foram descritos para
várias doenças, tais como diabetes mellitus
(TRIVEDI et. al., 2008), cirrose (PAI et al., 2008),
doença de Crohn (CASSINOTTI et al., 2008)[61]
e distúrbios do sistema nervoso (BURT et. al.,
2009).
Devine e colaboradores, em 2003, sugeriram que
CTM de primatas podem ser direcionadas para
vários órgãos não-hematopoiéticos e proliferar no
interior de tecidos (DEVINE et al., 2003). Com
este trabalho, tornou-se possível considerar que
uma distribuição sistêmica de CTM seria uma
interessante estratégia para tratamentos. Após
divulgação de numerosos relatórios que mostraram
efeitos benéficos de terapias com uso de CTM, em
modelos experimentais de autoimunidade e lesão
aguda (VAN et al., 2008; MORIGE et al., 2010;
JUREWICZ et al., 2010), ensaios clínicos com
base nessas mesmas células foram iniciados. Um
estudo clínico envolvendo 15 pacientes afetados
por esclerose múltipla e 19 pacientes com
esclerose amiotrófica lateral, tratados com infusão
de CTM, demonstrou aumento na proporção de
células T regulatórias CD4+ CD25+ em sangue
periférico (KARUSSIS et al., 2010) e o
procedimento mostrou-se seguro. Pacientes com 10
dias após o infarto agudo do miocárdio receberam
CTM por infusão intravenosa e experimentaram
melhora (HARE et. al., 2009). No entanto,
pacientes tratados com estas mesmas células por
via intracoronária, após infarto agudo do
miocárdio, não apresentaram melhora (MEYER et
al., 2006). Kharaziha e colaboradores, em 2009,
divulgaram dados obtidos de ensaios clínicos em
fase I-II, onde oito pacientes em estágio final de
cirrose no fígado após tratamento com injeção de
CTM, demonstraram melhora nas condições
clínicas (KHARAZIHA et. al., 2009). Em 2007,
Mohamadnejad e colaboradores obtiveram
resultados semelhantes e ainda demonstraram que
as CTM são melhores que CTH no tratamento de
cirrose hepática (MOHAMADNEJAD et al.,
2007). Ensaios clínicos também demonstraram que
CTM autólogas, derivadas de tecido adiposo,
foram capazes de tratar fístula perianal de origem
criptoglandular ou associada a doença de Crohn
(GARCÍA-OLMO et al., 2005). Ensaio clínico
com uso combinado de CTE e CTM também
promoveu produção de insulina (TRIVEDI et al.,
2008). Recentemente, pacientes afetados por lúpus
eritematoso sistêmico refratário, tratados com
CTM, demonstraram melhora (BERNARDO &
FIBBE, 2012).
Células progenitoras endoteliais (CPE) derivadas
de humanos têm sido isoladas de populações
CD34+/lin- ou CD34 +/VEGFR2+ e, ao serem
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administradas em camundongos, diferenciam-se
em células endoteliais que expressam o marcador
endotelial PCAM (Platelet endothelial cell
adhesion molecule) ou o fator de von Willebrand
(RAFII & LYDEN, 2003). A habilidade das CPE
em promover revascularização de tecidos lesados
ou isquêmicos tem sido adotada em ensaios com
humanos para tratamento da isquemia (SEEGER et
al., 2005).
A fração de células mononucleares de medula
óssea
Ainda não está claro qual a fração celular, CTH ou
CTM, que apresenta maior plasticidade (HOWS,
2005). Por esta razão, autores propuseram que a
utilização de um conjunto de células que possam
dar suporte à proliferação e à manutenção das
células tronco, como a fração de células
mononucleares (FCM) da medula óssea, é melhor
do que o uso de um único tipo celular (VILAS-
BOAS et al., 2004). Estudos em seres humanos
indicaram a possibilidade de regeneração de
cardiomiócitos (ASSMUS et al, 2010;
MIETTINEN et al., 2010). Estudo envolvendo
meta análises, em pacientes com doença
coronariana que receberam injeção
intracoronariana de FCM, também apresentaram
melhora (HENNING, 2012). Em um estudo
semelhante, com administração de FCM por via
intracoronária, não se observou grande benefício
(TRAVERSE et al., 2011). Em 2012, uma revisão
com incorporação de mais 20 estudos clínicos,
sugeriu que a terapia com FCM, pode melhorar
moderadamente a função do coração a longo prazo,
no entanto, os dados ainda eram insuficientes para
chegar a conclusões mais seguras (CLIFFORD et
al., 2011). Atualmente, a European Society of
Cardiology for Stem Cells and Cardiac Repair,
recebeu financiamento do European Union
Seventh Framework Programme for Research and
Innovation (EU FP7-BAMI) para realização de um
estudo em larga escala que, utilizando os
procedimentos de tratamento padronizados, tentará
determinar se a terapia com FCM é realmente
eficaz no tratamento de enfarte do miocárdio
(CLIFFORD et al., 2011). Quanto à doença arterial
periférica, um estudo de revisão, no qual apenas 2
dos 37 artigos publicados preencheram os critérios
de inclusão, concluiu que os efeitos de injeções
intramusculares de FCM em pacientes com
isquemia de membros inferiores, é capaz de
favorecer o Índice Tornozelo-Braquial e diminuir
o número de amputações (MOAZZAMI et al.,
2011). Subsequentemente, um estudo que associa a
aplicação de injeções subcutâneas do fator
estimulador de colónias de granulócitos (G-CSF),
antes da injeção com FCM intramuscular,
conseguiu resultados com melhora e menor
proporção de amputações (RANDALL, 2012).
Cobellis e colaboradores, em 2008, demonstraram
melhora do fluxo sanguíneo e aumento da
densidade de capilares à longo prazo (12 meses)
após duas infusões de células autólogas da medula
óssea em artéria femural de pacientes com doença
arterial periférica grave (PAD) e isquemia de
membros (COBELLIS et al., 2008). Apesar dos
avanços, estratégias terapêuticas atuais para doença
arterial periférica, permanecem muito limitadas.
Um estudo com 118 pacientes portadores de
diabetes tipo II, submetidos à implantação autóloga
da FCM, no próprio pâncreas, através de um
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cateter, demonstrou segurança e eficácia (HU et
al., 2012). Pesquisas em modelo animal relataram
que a infusão de FCM, no fígado, amenizou a
fibrose através da expressão da metaloproteinase-9
(MMP-9), melhorando as funções do fígado e
aumentando a taxa de sobrevivência de pacientes
com doença hepática (TAKAMI et al., 2012).
Com base nestes resultados, foi iniciado um ensaio
clínico com infusão de células autólogas de medula
óssea em pacientes cirróticos e que demonstrou
segurança do procedimento e eficácia (TERAI et
al., 2006). Por outro lado, o transplante autólogo da
FCM na artéria hepática de 58 pacientes com
doença hepática alcoólica, todos com cirrose, não
resultou em melhoria da função hepática (SPAHR
et al., 2013). Estudos clínicos emergentes
relacionados ao tratamento de lesão no cérebro e
na medula espinal têm estimulado inúmeros grupos
de pesquisa. Um estudo clínico incluindo 60
pacientes com hemorragia intracerebral
demonstrou que o implante autólogo da FCM
reduz o comprometimento neurológico e melhora a
atividade neurológica da vida diária dos pacientes
(RAHEJA et al., 2012). Um estudo clínico de
comparação entre as formas de administração da
FCM intra-arterial ou intravenosa, em pacientes
com lesão na medula espinhal na fase sub-aguda e
na fase crônica, demonstrou que todos os pacientes
na fase sub-aguda, tratados por via intra-arterial,
apresentaram melhora parcial, e um em cada
quatro pacientes subagudos, tiveram melhora após
administração via intravenosa. Melhora também
foi encontrada em um paciente crônico que
recebeu células por via intra-arterial (SYKOVÁ et
al., 2006). Outro estudo, em modelo animal,
demonstrou que tratamento com FCM é capaz de
favorecer a regeneração nervosa periférica,
dependendo da quantidade de células
administradas (RAHEJA et al., 2012). Quanto à
neuropatia diabética, estudo recente demonstrou
que FCM exerce efeitos terapêuticos, favorecendo
neovascularização e neuroproteção (Kim et al.,
2012). Foi demonstrado, em modelo animal, que
tratamento com FCM promoveu a regeneração
óssea e neovascularização em coelhos (ZHANG et
al., 2009) [96]. Li e colaboradores, em 2012,
demonstraram que pacientes portadores de
osteoporose idiopática, após tratamento com FCM
passaram a apresentar aumento significativo nos
níveis do fator IGF-1, o que favoreceu ganho de
densidade mineral óssea (Li et al., 2012)[97].
Estudos envolvendo a aplicação de células-tronco
em modelos biológicos têm sido capazes de
elucidar os efeitos de agentes farmacológicos;
contribuído para o esclarecerecimento de
mecanismos patofisiológicos específicos e
permitido melhor compreensão sobre os processos
envolvidos na formação e plasticidade de órgãos.
No entanto, o potencial mais importante destas
células é o de ser capaz de substituir tecidos com
lesão. Nos últimos anos, um grande número de
resultados tem sido publicado a partir de
protocolos de pesquisa, estudos pré-clinicos e
seleção clínica, no entanto, as terapias ainda
apresentam riscos e obstáculos a serem vencidos.
Novos estudos com variáveis controladas e
padronizadas são necessários para que a eficiência
e a capacidade de regeneração de tecidos sejam
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constatadas. Estudos têm demonstrado que o
tratamento com células-tronco adultas,
principalmente aquelas da FCM da medula óssea,
apresenta grande vantagem e um modo geral, seja
pela obtenção mais fácil de células, seja pelos
resultados na regeneração de tecidos em diferentes
órgãos. Embora falhas em estudos clínicos e em
práticas terapêuticas tenham sido identificadas,
pesquisas com a FCM continuam em andamento e
os resultados sobre os efeitos de novas terapias
com FCM têm nos dado grande otimismo quanto à
segurança e eficácia.
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UNCARIA TOMENTOSA NA CISTITE HEMORRÁGICA CAUSADA PELA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER
UNCARIA TOMENTOSA IN HEMORRHAGIC CYSTITIS CAUSED BY CANCER CHEMOTHERAPY
Fernanda Teixeira Benevides
Resumo: Campo de Estudo: Nutrição experimental. Objetivo: Investigar o efeito do chá de Uncaria tomentosa (UT) na cistite hemorrágica (CH) causada pelo quimioterápico ciclofosfamida (CFS). Para indução da CH, camundongos Swiss fêmeas receberam 400mg/kg de CFS i.p. 12h antes do sacrifício. O grupo tratado com UT recebeu o chá 2% ad libitum durante 9 dias, e no décimo dia 200mg/kg v.o. de UT 1h antes, 3, 6 e 9h após a administração de CFS. O grupo controle recebeu apenas o veículo aquoso, via oral (v.o). Após o sacrifício, as bexigas dos animais foram pesadas para determinação do seu peso úmido vesical (PUV) e avaliadas macroscopicamente segundo os critérios de Gray para edema. O UT foi capaz de reduzir significativamente (p
-
Fernanda Teixeira Benevides
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 28
eliminação renal de metabólitos tóxicos da
ciclofosfamida e da ifosfamida. Dentre os
metabólitos tóxicos das oxazafosforinas, destaca-se
a acroleína como principal responsável pelo dano
urotelial. A incidência deste efeito colateral no
curso da terapia prolongada com CFS, em baixas
doses, varia de 2 a 40% (COGGINS et al., 1960, p
1254-1260), e pode ser tão elevada quanto 75% em
pacientes em uso de altas doses intravenosas de
CFS (COX, 1979, p 2045–2049).
O extrato de Uncaria tomentosa apresentou uma
eficiente atividade antiinflamatória nos modelos de
edema de pata induzidos por carragenina
(AQUINO, 1991, p 453-459).
Baseado nas propriedades biológicas do extrato de
Uncaria tomentosa, principalmente relacionados a
processos inflamatórios (GONÇALVES, 2005, p
89-98). A população vem utilizando
indiscriminadamente o chá da Uncaria tomentosa
no tratamento de diversos sintomas relacionados à
inflamação. Faz-se necessário verificar se as doses
ingeridas realmente podem reduzir os efeitos do
processo inflamatório, e se o consumo excessivo
pode acarretar em efeitos indesejáveis.
O presente estudo tem como objetivo principal
investigar o efeito do chá da Uncaria tomentosa
(unha de gato) sobre os eventos inflamatórios no
modelo de cistite hemorrágica induzida por
ciclofosfamida, sendo capaz de reduzir o peso
úmido vesical (PUV) e o edema macroscópico nas
bexigas.
Investigar o efeito do extrato de Uncaria
tomentosa no processo inflamatório do modelo
experimental de cistite hemorrágica (CH) induzida
por ciclofosfamida.
- Coleta da planta Uncaria tomentosa
A amostra da casca de Uncaria tomentosa foi
adquirida em lojas de produtos naturais
estabelecidas na cidade de Fortaleza-Ce / Brasil. O
processo de extração do princípio ativo da planta
Uncaria tomentosa foi realizado por decocção a
2% (20g/L), durante 30 minutos.
- Animais
Foram utilizados camundongos Swiss albinos (Mus
musculus) fêmeas, pesando entre 20 e 30 gramas,
provenientes do Biotério do Centro Universitário
Estácio do Ceará. Os experimentos foram
conduzidos de acordo com as normas estabelecidas
pela comissão de ética com animais de
experimentação, com aprovação do Comitê de
Ética para o Uso de Animais da Universidade
Estadual do Ceará, registrado sob o número
10724196-0/04.
- Indução da cistite hemorrágica por
Ciclofosfamida
Camundongos Swiss fêmeas (20-30 g) receberam
Ciclofosfamida (Genuxal-Asta Médica, Brasil)
400mg/kg, via intraperitoneal (i.p.). Os animais
foram tratados durante dez dias. Foram
administrados aos animais durante nove dias o chá
de Uncaria tomentosa 2% ad libitum em vez de
água e no décimo dia o extrato de Uncaria
tomentosa foi administrado na dose de 200mg/Kg
(10mL/Kg) por gavagem (v.o.) 1 hora antes e 3, 6
e 9 horas após a administração da CFS. Após 12 h
da administração da CFS, os animais foram
-
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 29
sacrificados por deslocamento cervical e através de
uma incisão abdominal mediana foi realizada uma
cuidadosa dissecção vesical para retirada das
bexigas junto ao colo vesical. As bexigas foram
seccionadas e seus conteúdos desprezados. Foram
colocadas em contato com papel absorvente para
retirada do excesso de líquidos. Em seguida, foram
pesadas e o resultado do peso úmido vesical (PUV)
foi expresso como Média ± EPM de mg de
bexiga/20g de peso corporal, visando à correção da
variação das massas corpóreas dos animais.
Os grupos controles experimentais tiveram água ad
libitum durante os 9 dias do experimento e no
décimo dia, a água foi administrada por gavagem
(10 mL/Kg) nos mesmos horários do grupo em
tratamento com Uncaria tomentosa.
- Quantificação da cistite
Edema vesical
A determinação do edema foi realizada através da
determinação do peso úmido vesical, expresso em
mg/20 g de peso corporal.
Análise macroscópica
As bexigas foram examinadas à inspeção visual,
quanto à presença de edema. Edema foi avaliado
de acordo com os critérios de Gray que se seguem:
Severo (3+), quando fluido é visto externa e
internamente na parede da bexiga; Moderado (2+),
quando o edema é confinado à mucosa interna;
Intermediário (1+), aspecto entre normal e
moderado; e Ausente (0), aspecto normal (GRAY,
1986, p 497-500).
Análise Estatística
Os resultados da variação do Peso Úmido Vesical
foram expressos como média ± Erro Padrão da
Média (EPM). Para a verificação das diferenças
estatísticas entre os grupos, foi realizada Análise
de Variância (ANOVA) e teste de Bonferroni.
Os dados não paramétricos resultantes da análise
macroscópica foram reportados como medianas,
sendo aplicados os testes estatísticos de Kruskal-
Wallis.Para todas as análises foi considerado
significativo p < 0,05.
A figura 1 mostra o efeito do extrato de
Uncaria tomentosa sobre o edema vesical,
avaliado a partir da quantificação do Peso
Úmido Vesical (PUV). A injeção
intraperitoneal de ciclofosfamida (400 mg/kg,
i.p.) induziu um aumento significativo no peso
úmido vesical 12 horas após a sua
administração (33,18 ± 3,087 g/20g, um
aumento de 130,1%, p < 0,05) quando
comparado ao grupo controle (14,42 ± 0,325
g/20g).
Peso úmido vesical das bexigas Fonte: Software GraphPad Prism
Figura 1 – Peso Úmido Vesical (PUV) das bexigas de
camundongos tratados com ciclofosfamida (CFS) e/ou chá de
Uncaria tomentosa 2% (20g/L) (UT).
-
Fernanda Teixeira Benevides
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 30
Os resultados da variação do PUV foram
expressos como média ± EPM. Para a
verificação das diferenças estatísticas entre os
grupos, foi realizada Análise de Variância
(ANOVA) e teste de Bonferroni. Diferença
significante (p < 0,05) do PUV comparado ao
controle (*) e ao grupo CFS (#).
O tratamento com chá de Uncaria tomentosa
preveniu significativamente o aumento no peso
úmido vesical causado por ciclofosfamida em
torno de 30,5% (23,06 ± 1,547, p < 0,05). A tabela
1 apresenta a análise macroscópica das bexigas
avaliada segundo os critérios de Gray para edema.
Bexigas de animais tratados somente com CFS
desenvolveram significante edema (mediana = 1, p
< 0,05) quando comparado com o grupo controle
(mediana = 0). UT protegeu significativamente do
edema induzido por ciclofosfamida (mediana = 0,
p < 0,05).
Título: Alterações macroscópicas das bexigas
Fonte: Software GraphPad Prism
Tabela 1 – Alterações macroscópicas avaliadas
segundo os critérios de Gray das bexigas de
camundongos tratados com ciclofosfamida (CFS)
e/ou chá de Uncaria tomentosa 2% (20g/L) (UT).
Os dados da avaliação macroscópica foram
reportados como medianas, sendo aplicados os
testes estatísticos de Kruskal-Wallis. Diferença
significante (p < 0,05) comparado ao controle (*) e
ao grupo CFS (#).
Os resultados do presente estudo apontam para um
possível efeito no sentido de reduzir o edema
produzido pela cistite hemorrágica induzida por
ciclofosfamida. Esse efeito foi estudado através da
medição do peso úmido vesical e da avaliação
macroscópica das bexigas. O peso úmido vesical
(PUV) mede o peso da bexiga em relação a 20g do
peso do camundongo. Quanto maior o PUV, maior
o edema produzido. No nosso estudo, observamos
a redução significativa do PUV dos animais
tratados com o chá de Uncaria tomentosa (UT) em
relação aos animais que não receberam tratamento
com UT.
Os critérios de Gray classificam os diferentes graus
de edema pela atribuição de escores através da
análise macroscópica. Os resultados obtidos da
análise macroscópica do edema corroboraram com
a suposição de que o chá de Uncaria tomentosa é
capaz de reduzir o edema produzido pela indução
de cistite hemorrágica em camundongos.
O chá de Uncaria tomentosa apresentou um
eficiente efeito anti-inflamatório sobre os eventos
inflamatórios no modelo de cistite hemorragia
induzida por ciclofosfamida. O chá de UT foi
capaz de reduzir o peso úmido vesical das bexigas
e, na avaliação macroscópica, foi observada
significativa redução do edema. Novas abordagens
estão sendo tomadas para elucidar os possíveis
mecanismos de ação envolvidos.
-
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 31
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Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 33
PERCENTUAL DE POSITIVIDADE SOROLÓGICA PARA HIV 1 E 2
EM AMOSTRAS DE BANCO DE SANGUE
POSITIVE PERCENTAGE OF SOROLOGICAL HIV 1 AND 2 IN THE SAMPLE OF BLOOD BANK
Heline Costa Soares Meiriane de Freitas de Souza
RESUMO: O conhecimento sobre doenças transmissíveis pelo sangue e o desenvolvimento de metodologias mais sensíveis e específicas para detectar o estado de infecção são importantes para a qualidade do produto em bancos de sangue. O objetivo deste estudo foi estabelecer o percentual de confirmação de sorologia reativa para HIV em amostras oriundas de doadores de sangue que apresentaram sorologia indeterminada ou reativa para HIV nos testes de triagem sorológica. Trata-se de um estudo retrospectivo, quantitativo de caráter descritivo, para o qual se utilizou o banco de dados informatizado do IEHE / HEMORIO. No período de janeiro/ 2001 a dezembro/2008 foram realizadas 756.705 doações de sangue, deste total, 3144 bolsas com sorologia reativa ou indeterminada para HIV foram descartadas e solicitada nova amostra ao doador. Esta foi encaminhada para ser analisada no Laboratório de Imunologia obtendo-se: 1691 (54%) com resultado não reativo e 1453 (46%) das amostras com resultado positivo ou indeterminado, sendo destas últimas, 494 (34%) apresentaram resultado negativo, 245 (17%) indeterminado e 714 (49%) positivo nos testes confirmatórios (Western Blot). Conclui-se que selecionar um teste de triagem com alta especificidade é capaz de minimizar o número de doadores com reações falso-positivas, reduzindo o tempo de detecção do vírus HIV e minimizando o viés da janela imunológica.
ABSTRACT: Knowledge about blood viral infections and the development of more sensitive and specific methodologies for detecting infection are important for the quality of final product in blood donation banks. The aim of this study was establish the percentage of positive serology confirmation for HIV in samples from blood donors with positive or indeterminate results in serological screening. This is a retrospective study, quantitative and descriptive, to which was used computerized database of IEHE/ HEMORIO. In the period of January 2001 to December 2008 756,705 blood donations were realized, and 3,144 blood bags with positive or indeterminate serology for HIV were discarded, and a new sample was asked for the donors. This new sample was analyzed in Immunology Laboratory with 1,691 (54%) non-reactive results and 1,453 (46%) positive or indeterminate results, from the last ones, 494 (34%) had negative results, 245 (17%) indeterminate and 714 (49%) positive results in confirmatory Western Blot tests. In conclusion, select high specific and sensible trial test can minimize the number of false positive donors and reduce HIV detection time, minimizing immunology window period bias.
Palavras-chave: Sorologia HIV, doação de sangue, triagem, teste confirmatório, Western Blot
Keywords: HIV Serology, blood donation, screening, confirmatory test, Western Blot.
____________________________________________________________ 1- Professora titular do Curso de Farmácia da Universidade Estácio de Sá 2- Aluna egressa do Curso de Farmácia da Universidade Estácio de Sá
Os Serviços de Hemoterapia no Brasil tem se
empenhado na constante introdução de novas
tecnologias visando, assim, diminuir os riscos
transfusionais, especialmente quanto à prevenção
da propagação de agentes infecciosos
(CARRAZONE; BRITO; GOMES, 2006).
A segurança transfusional sanguínea depende de
inúmeros parâmetros que visam proporcionar a
melhor qualidade do sangue e dos
hemocomponentes a serem utilizados. Dentre esses
fatores, os mais importantes são: a seleção da
população de doadores, a triagem clínica, a
realização dos testes imunohematológicos e a
triagem sorológica (CARRAZONE, et al.2002).
-
Heline Costa Soares e Meiriane de Freitas de Souza
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 34
A primeira Portaria que tornou obrigatória a
realização de um teste para verificação de HIV em
amostras de doadores de sangue foi a nº 71 de
09/08/1989. Somente com a Portaria nº488 de
17/06/1998 fizeram-se obrigatória a realização de
dois testes de HIV nos serviços de hemoterapia,
aumentando a eficácia da triagem sorológica
(BRASIL, 1989; BRASIL, 1998).
A triagem sorológica tem um significado
estratégico especial, pois a partir de um
determinado momento é o único procedimento que
vai viabilizar, ou não, a utilização do hemo-
componente. A crescente evolução do
conhecimento sobre doenças transmissíveis pelo
sangue e o maior desenvolvimento de
metodologias mais sensíveis e específicas para
detectar o estado de infecção faz com que a
sorologia em bancos de sangue se torne um tema
de vital importância para a qualidade do produto
final (SALLES, 2003).
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 153 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) de 14/06/04, que normatiza no Brasil as
atividades de hemoterapia, estabelece que para
aumentar a segurança do receptor de sangue e
hemoderivados, exige-se que os testes utilizados na
triagem sejam de alta sensibilidade visando em
primeiro momento, à segurança do receptor
(BRASIL, 2004).
Uma metodologia que possibilita ganho na
sensibilidade e especificidade do diagnóstico e
redução do período de janela imunológica no
diagnóstico do HIV dentre outros, é a técnica de
amplificação de ácido nucléico (NAT do inglês
nucleic acid test) que é constituída de testes in
vitro qualitativa para detecção de RNA do vírus.
Embora apresente um custo elevado, o NAT é um
teste molecular realizado em um pool de bolsas,
que agiliza a triagem e reduz o custo de testagem
individual, que é realizado hoje como
confirmatório das amostras indeterminadas, sendo
um teste altamente eficaz (STRAMER et al.,
2004).
A grande maioria dos testes utilizados na triagem
sorológica para HIV eram métodos
imnunoenzimáticos (EIA) que pesquisam
anticorpos (Ac) e/ou antígenos (Ag), são bem
padronizados, fornecem o resultado final por
leitura em aparelhos de forma objetiva e rápida e
permitem que os procedimentos sejam
automatizados (MACHADO; COSTA , 1999).
No Laboratório de Imunologia do Instituto
Estadual de Hematologia Arthur Siqueira
Cavalcanti (IEHE / HEMORIO), até 2013, em
conformidade com a Portaria Nº 59/2003 do
Ministério da Saúde, que define e normatiza o
diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em
indivíduos com idade acima de 02 (dois) anos
realiza-se um teste imunoenzimático (MEIA) de
terceira geração, que detecta a presença de
anticorpos, e um teste imunoenzimático de quarta
geração que pesquisa, além dos Ac anti-HIV, a
presença do antígeno p24, que é uma proteína do
núcleo capsídeo do vírus, e o primeiro marcador
sorológico a ser detectado (BRASIL, 2003).
Em conformidade com o Ministério da Saúde, as
amostras dos indivíduos/doadores com resultado
definido como positivo na primeira amostra devem
-
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 35
submeter-se a coleta de uma segunda amostra para
repetir a etapa de triagem sorológica. Por esse
motivo torna-se necessário que os resultados
positivos e/ou indeterminados sejam confirmados
no setor de Imunologia da Instituição, para ter
certeza de quais doadores realmente está nesta
situação, afim de que se possa informá-los e
direcioná-los aos serviços especializados para dar-
lhes aconselhamento e tratamento. Todavia, até a
confirmação do diagnóstico, o doador convive
com uma doença muitas vezes inexistente,
ocasionando grande tensão, além de perdas
financeiras para o SUS em decorrência do descarte
de bolsas de sangue frequentemente não infectadas
(GARCIA, 2008).
O objetivo geral do presente estudo foi estabelecer
o percentual de confirmação de sorologia reativa
para HIV em amostras oriundas de doadores de
sangue que apresentaram sorologia indeterminada
ou reativa para HIV nos testes de triagem
sorológica. E estabelecer uma comparação dos
testes imunológicos em relação aos moleculares.
Trata-se de um estudo retrospectivo, quantitativo
de caráter descritivo, para o qual se utilizou o
banco de dados informatizado do IEHE/
HEMORIO onde foram revisados todos 3.144
amostras de doadores com pedido de sorologia
para HIV no laboratório de Imunologia, oriundos
do ambulatório de Inaptos no período de janeiro de
2001 a dezembro de 2008, pelo fato de terem
apresentado sorologia indeterminada ou reativa
para HIV na triagem sorológica realizado no
Laboratório de Sorologia da Coordenação Técnica
de Hemoterapia.