Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014...

140
Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 0

Transcript of Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014...

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 0

  • Mônica Maria Tassigny, UNIFOR

  • EDITORIAL

    É com grande satisfação que a ANIMA traz em sua 27ª. edição os melhores trabalhados apresentados ao VI Seminário de Pesquisa da Estácio e II Jornada de Iniciação Científica da Universidade Estácio de SÁ, evento que tem como objetivo promover a visibilidade e a interdisciplinaridade do conhecimento científico.

    O evento além de proporcionar à comunidade acadêmica um espaço para a apresentação e discussão de trabalhos científicos das diversas áreas de conhecimento, proporciona também a interação entre alunos e professores da graduação e pós-graduação.

    Foram selecionados os 40 melhores resumos para publicação em formato - Artigo Completo. A escolha dos trabalhos se deu mediante processo avaliativo apoiado por docentes das diversas áreas de conhecimento na Estácio.

    Nesta edição publicamos 20 (vinte) estudos desenvolvidos nas áreas de saúde, educação, comunicação, turismo e jurídico. Na próxima edição os demais artigos serão apresentados.

    Assim na área de saúde são apresentados oito estudos, quais sejam: Biodegradabilidade do Antineoplásico Ciclofosfamida por Processo Anaeróbio de Barreto e Soares; Células Tronco e Terapias Regenerativas de Carvalho et al; Uncaria Tomentosa na Cistite Hemorrágica Causada pela Quimioterapia do Câncer de Benevides; Percentual de Positividade Sorológica para HIV 1 e 2 em Amostras de Banco de Sangue de Soares e Souza; Utilização do Cânhamo como fonte de Energia Renovável de Souza et al; Cinética de Cristalização Não-Isotérmica de Resíduos de Polietileno de Alta Densidade (HDPE) de Ramos e Costa; Caracterização por Microscopia Eletrônica de Varredura, Difração de Raios-X e Bet para Hidroxiapatita Produzida pelo Método de Precipitação de Di Lello e Campos e Metodologia de Processamento de Imagens para Avaliação Termográfica das Mãos de Monteiro et al.

  • Na área de Educação são apresentados os estudos Capacitações Online: Um Estudo Sobre Processos de Formação de Servidores Públicos (Lopes e Vilarinho); Dificuldades de Alunos do 1º Ano de um Curso de Licenciatura em Matemática na Disciplina de Construções Geométricas (Campos e Bittar); Educação Superior A Distância: Que Critério de Qualidade É Esse? (Marins e Bohadana); Escola Tia Ciata: Representações Sociais de uma Pedagogia Diferenciada por ex-Meninos em Situação de Rua (Mota e Castro); O Letramento Literário: Leitura de Textos Literários fora dos seus Suportes Originais (Rodrigues) e Representações Sociais do Bilinguismo Construídas por Professores em Escolas da Fronteira Brasil-Guiana Inglesa (Souza e Lima).

    Na área de Comunicação são quatro estudos (À Caça de Troféus: Considerações sobre os Critérios de Excelência Profissional a Partir dos Prêmios de Jornalismo; Blogredesjf como Mecanismo de Aprendizagem e Interação com Alunos; O Fotógrafo Carlos Moskovics e o Rio de Janeiro dos Anos 1940 e Um Alerta Sobre o Silenciamento do Rádio no Pós-64).

    As áreas de Turismo e Jurídica contribuem com este valioso conhecimento apresentando o estudo de Rodrigues e Ricco denominado Patrimônio Histórico Remanescente da Companhia de Jesus no Espírito Santo e sua inserção na atividade turística e o estudo de Cruz, denominado Justiça de Transição no Brasil: a análise crítica da imprescindibilidade da persecução penal dos agentes do regime de 1964-1985.

    Desejamos a todos uma leitura proveitosa.

  • 11 BIODEGRADABILIDADE DO ANTINEOPLÁSICO CICLOFOSFAMIDA POR PROCESSO ANAERÓBIO - BARRETO, Patrícia Sobierajski; SOARES, Sebastião Roberto

    17 CÉLULAS TRONCO E TERAPIAS REGENERATIVAS – CARVALHO - Husten da Silva; SOUZA, Luciana Borges Oliveira; LUZ, Flávia Cristina Oliveira; XAVIER, Eveliney Vicente de Alencar; SANTOS, João Paulo Bello; MAXIMIANO, Elisabeth; MATTOS, Adriana

    27 UNCARIA TOMENTOSA NA CISTITE HEMORRÁGICA CAUSADA PELA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER – BENEVIDES, Fernanda Teixeira

    33 PERCENTUAL DE POSITIVIDADE SOROLÓGICA PARA HIV 1 E 2 EM AMOSTRAS DE BANCO DE SANGUE - SOARES, Heline Costa; SOUZA, Meiriane de Freitas

    41 UTILIZAÇÃO DO CÂNHAMO COMO FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL - SOUZA, Isadora Alves; SMARRA, André Luis Soares; Vera de Fátima Maciel Lopes; Cesar Augusto Lotufo

    47 CINÉTICA DE CRISTALIZAÇÃO NÃO-ISOTÉRMICA DE RESÍDUOS DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (HDPE) – RAMOS, Valéria Dutra; COSTA, Helson Moreira

    53 CARACTERIZAÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA, DIFRAÇÃO DE RAIOS-X E BET PARA HIDROXIAPATITA PRODUZIDA PELO MÉTODO DE PRECIPITAÇÃO - B. C. Di Lello, M. S. Aguilar, J. B. Campos

    59 METODOLOGIA DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS PARA AVALIAÇÃO TERMOGRÁFICA DAS MÃOS – MONTEIRO, Anna Cláudia; SILVA, Sabrina Guimarães; TAIAR, Redha; MACHADO, Christiano Bittencourt

    67 À CAÇA DE TROFÉUS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA PROFISSIONAL A PARTIR DOS PRÊMIOS DE JORNALISMO - FERREIRA, Soraya Venegas

    75 BLOGREDESJF COMO MECANISMO DE APRENDIZAGEM E INTERAÇÃO COM ALUNOS - VIEIRA, Anderson Luiz Nogueira; CASTRO, Thiago Andrade

    79 O FOTÓGRAFO CARLOS MOSKOVICS E O RIO DE JANEIRO DOS ANOS 1940 - RIBEIRO, Paula; SANTIAGO, Aline; FIGUEIREDO, Douglas

    85 UM ALERTA SOBRE O SILENCIAMENTO DO RÁDIO NO PÓS-64 - THOMÈ, Cláudia; REIS, Marco Aurélio

    91 CAPACITAÇÕES ONLINE: UM ESTUDO SOBRE PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS - LOPES, Laurinda Maia; VILARINHO, Lúcia Regina Goulart

    97 DIFICULDADES DE ALUNOS DO 1º ANO DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NA DISCIPLINA DE CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS - CAMPOS, Edileni G. J.; BITTAR, Marilena

    103 EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA: QUE CRITÉRIO DE QUALIDADE É ESSE? - MARINS, Leila de Souza; BOHADANA, Estrella

    Sumário

  • 109 ESCOLA TIA CIATA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE UMA PEDAGOGIA DIFERENCIADA POR EX-MENINOS EM SITUAÇÃO DE RUA - MOTA, Ana Paula Simões; CASTRO, Monica Rabello

    115 O LETRAMENTO LITERÁRIO: LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS FORA DOS SEUS SUPORTES ORIGINAIS - RODRIGUES, Paula Cristina de Almeida

    123 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO BILINGUISMO CONSTRUÍDAS POR PROFESSORES EM ESCOLAS DA FRONTEIRA BRASIL-GUIANA INGLESA – SOUZA, Janaína Moreira Pacheco; LIMA, Rita de Cássia Pereira

    129 PATRIMÔNIO HISTÓRICO REMANESCENTE DA COMPANHIA DE JESUS NO ESPÍRITO SANTO E SUA INSERÇÃO NA ATIVIDADE TURÍSTICA - RODRIGUES, Patrícia Roseli; RICCO, Adriana Sartório

    135 JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL: A ANÁLISE CRÍTICA DA IMPRESCINDIBILIDADE DA PERSECUÇÃO PENAL DOS AGENTES DO REGIME DE 1964-1985 - Da CRUZ, Eugeniusz Costa Lopes

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 11

    BIODEGRADABILIDADE DO ANTINEOPLÁSICO CICLOFOSFAMIDA

    POR PROCESSO ANAERÓBIO

    BIODEGRADABILITY OF ANTINEOPLASIC CYCLOPHOSPHAMIDE THROUGH ANAEROBIC PROCESS

    Patrícia Sobierajski Barreto Sebastião Roberto Soares

    RESUMO: A ciclofosfamida (CF) é um antineoplásico, utilizada no tratamento de câncer. Esse fármaco é incorporado ao meio ambiente, principalmente por excreção urinária de pacientes em tratamento. A CF apresenta uma baixa biodegradabilidade em estações de tratamento de esgoto que operam com sistema aeróbio, indicando que a mesma pode retornar aos corpos d’água. Este trabalho tem como objetivo estabelecer o grau de biodegradabilidade desse fármaco, verificando também a sua interferência sobre o processo anaeróbio. O teste de biodegradabilidade foi realizado em escala laboratorial. A efetividade do processo de biodegradação da CF foi avaliada através de medição de biogás, análises cromatográficas e toxicológicas utilizando amostras dos efluentes antes e após o tratamento. Os resultados obtidos mostraram que a taxa de remoção de CF variou entre 75,00 a 98,17 %, não sendo detectados metabólitos da degradação da CF. A produção de biogás entre as amostras ocorreu de forma análoga, indicando que a CF não interferiu negativamente na atividade dos microrganismos anaeróbios, essenciais para o sistema. Já, nos ensaios toxicológicos, as amostras de após o tratamento apresentaram uma redução da toxicidade de até 77,5 % em relação às amostras antes do tratamento. No entanto, os valores de CE50 48h encontrados nas amostras indicam que elas ainda possuem uma alta toxicidade, mesmo após o de tratamento anaeróbio.

    ABSTRACT: The cyclophosphamide (CF) is an antineoplasic, used invarious type of cancer treatment. This drug is integrated into the environment mainly through the urifrom patients under cancer treatment. It presents a low biodegradability in wastewater treatment plants operated through aerobic system. The CF was selected for the achievement of this study due to its extended use in the cancer health establishments. The objective of this work is to assess its biodegradability degree as well as to verify its possible interference on the anaerobic process. The biodegradability test was performed on a laboratorial scale. The CF biodegradation efficiency was determined by measuring the produced biogas and through chromatographic and toxicology analysis on effluent samples before and after the treatment. The obtained results showed that the CF removal rate, for different samples, varied between75,00 and 98.17%, sub products of CF degradation were not detected. The biogas production between tested samples occurred in a similar form, indicating that the CF does not interfere with the activity of the anaerobic microorganisms, essentials for the system. On the other hand in the toxicological tests, the samples after the treatment exhibited a toxicity decrease of 77.5% related to the samples of before the treatment, however, the obtained values of CE50 48h in the effluents still prove its high toxicity of all the samples, even after the anaerobic treatment.

    Palavras-Chave: Antineoplásico, Ciclofosfamida, Biodegradação, Tratamento anaeróbio, Biogás Keywords: Cyclophosphamide, Biodegradation, Anaerobic treatment, Antineoplasic, Biogás.

    __________________________________________________________________________ 1- Centro Universitário Estácio de Santa Catarina – FESSC. [email protected] 2- Laboratório de Resíduos Sólidos (LARESO), Programa de Pós Graduação em Engenharia de Ambiental da

    Universidade Federal de Santa Catarina – ENS/UFSC. [email protected]

    No Brasil, o número de casos de câncer cresceu

    consideravelmente ao longo das últimas décadas,

    acompanhando o aumento da melhora da qualidade

    e da expectativa de vida (Disponível em

    http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?

    ID=5, acesso em 25/11/2012). A tendência de

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014

    crescimento de câncer é inquestionável, e ocasiona

    a utilização de fármacos antineoplásicos, entre eles

    a ciclofosfamida (CF), como um dos recursos

    terapêuticos, tanto em ambientes hospitalares,

    como em consultórios médicos e residências. No

    entanto, ela como a maioria do antineoplásicos, é

    dotada de ação carcinogênica ou mutagênica. A

    utilização destes fármacos pode acarretar

    alterações no meio ambiente, a médio e longo

    prazo, constituindo-se um grande desafio, a

    minimização dos resíduos de tais substâncias que,

    indiretamente, podem levar a outros graves

    problemas de saúde pública (ZAMPIERI, 2013). A

    partir desse uso intenso, as estações de tratamento

    de efluentes (ETEs) vêm recebendo efluentes com

    características potencialmente perigosas ao meio

    ambiente. A resolução da ANVISA RDC nº.

    306/2004, que regulamenta a gestão de resíduos de

    serviços de saúde, estabelece que os efluentes

    gerados por hospitais podem ser encaminhados

    para as ETEs. Na ausência dessas, a resolução da

    ANVISA RDC nº. 307/2002, que dispõe sobre o

    Regulamento Técnico para Projetos Físicos de

    Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, adota

    como tratamento prévio e disposição final dos

    efluentes líquidos, o sistema de tanques sépticos

    normatizados pela NBR 13.969 da ABNT de 1997.

    No entanto, a presença de resíduos químicos pode

    comprometer a taxa de digestão anaeróbia nos

    tanques sépticos. No ambiente anaeróbio, a

    degradação microbiana é geralmente lenta e nem

    sempre resulta na mineralização completa das

    substâncias químicas. Em certos casos, a

    biodegradação pode ser um processo tão lento que

    leva a bioacumulação dos xenobióticos, que podem

    interferir negativamente na atividade dos micro-

    organismos anaeróbios (AZEVEDO e CHASIN,

    2003). A importância de avaliar a biodegradação

    da ciclofosfamida por processo anaeróbio está no

    fato de que as estações de tratamento de esgoto

    (ETEs), em sua maioria por processos aeróbios,

    não têm sido eficientes para a remoção de

    compostos químicos presentes em diversos

    efluentes lançados. Esta pesquisa elaborou um

    procedimento metodológico contendo um conjunto

    de ensaios para avaliar a capacidade de uma

    biomassa anaeróbia ativa de degradar o

    antineoplásico CF em diferentes concentrações. A

    CF foi selecionada para realização deste estudo por

    ser amplamente utilizada nos estabelecimentos

    pesquisados (BARRETO et. al 2004). Vale

    ressaltar que, além da avaliação da

    biodegradabilidade por medição de biogás, as

    amostras do efluente (antes e após o tratamento)

    foram avaliadas por análises cromatográficas, com

    intuito de quantificar a concentração de CF

    biodegradada. Bem como, foram realizadas

    análises toxicológicas para determinar o grau de

    toxicidade das amostras.

    A biomassa utilizada como inoculo para os frascos

    reatores foi proveniente de um reator anaeróbio de

    fluxo ascendente (UASB) industrial, utilizado no

    tratamento de efluentes oriundo da fabricação de

    cerveja, por se tratar de um lodo potencialmente

    ativo, a caraterização físico química do lodo seguiu

    os padrões estabelecidos pelo Standard Methods

    (AWWA-APHA-WPCI, 2002). A ciclofosfamida

    (Asta Medica Oncology) utilizada como

  • Patrícia Sobierajski Barreto e Sebastião Roberto Soares

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014

    substância-teste neste estudo, foi preparada a partir

    de um frasco ampola de 200,0 mg (pó), diluído em

    10,0 mL de solução de cloreto de sódio (NaCl)

    0,9%, perfazendo uma concentração final de 20,0

    mg.mL-1

    .

    Avaliação da biodegradabilidade da CF: A

    metodologia utilizada foi baseada no protocolo

    desenvolvido por SOARES e HIRATA (1997). O

    lodo previamente estabilizado e caracterizado pelo

    teste de AME, mais os nutrientes e substratos

    foram colocados nos frascos-reatores juntamente

    com diferentes concentrações de ciclofosfamida

    (2,0; 20,0; 200,0 mg.L-1

    ) ocupando 80% do volume

    do mesmo. O ensaio foi realizado em triplicata, ao

    todo foram montados quinze (15) frascos-reatores,

    subdivididos em cinco (5) grupos denominados:

    amostra 1 (Branco - controle), amostra 2 (ácidos

    orgânicos - controle), amostra 3 (CF 2,0 mg.L-1

    ),

    amostra 4 (CF 20,0 mg.L-1

    ) e amostra 5 (CF 200,0

    mg.L-1

    ). A TAB. 1 apresenta a composição dos

    frascos- reatores para cada grupo. Uma vez

    adicionadas todas as soluções necessárias, lacrados

    os frascos e realizado a troca atmosférica por

    nitrogênio gasoso, os frascos foram levados ao

    banho-maria (35°C) e iniciou-se a contagem do

    tempo. A avaliação do processo se deu através do

    volume de biogás produzido. As leituras de volume

    de gás foram feitas após 15 minutos do início do

    teste. Nos primeiros dois dias foram feitas medidas

    do volume de biogás três vezes ao dia. Após esse

    período as medidas foram tomadas uma vez ao dia,

    durante trinta dias. FIG.1: Sistema utilizado para

    nos teste de Biodegradabilidade.

    TABELA 1: Composição dos frascos-reatores (FRASCO I)

    Composição Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

    Inóculo (lodo) 15,8 g 15,8 g 15,8 g 15,8 g 15,8 g

    Macronutrientes 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL 2,4 mL

    Micronutrientes 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL 0,4 mL

    Meio redutor 2 gotas 2 gotas 2 gotas 2 gotas 2 gotas

    Ac. Orgânicos -- 7,3 mL 7,3 mL 7,3 mL 7,3 mL

    Ciclofosfamida -- -- 2,0 mg.L-1 20,0 mg.L

    -1 200,0 mg.L

    -1

    Sol. Tampão * -- 20,0 mL 20,0 mL 20,0 mL 20,0 mL

    Água destilada q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L q.s.p 0,18L

    *: quando necessário

    FIG.1: Sistema utilizado nos teste de Biodegradabilidade

    Avaliação Cromatográfica: A metodologia de

    HANSEL (1997) foi adotada para identificar e

    quantificar por HPLC-UV a concentração de CF

    em amostras do efluente antes e após o tratamento

    anaeróbio em escala laboratorial.

    Teste de Toxicidade: A metodologia de teste

    agudo com o organismo-teste Daphnia magna

    seguiu o descrito na NBR 12.713 (ABNT, 2003).

    As amostras coletadas do efluente (antes e após o

    tratamento) foram testadas baseando-se na

    exposição de neonatos de Daphnia magna, de 2 a

    26 horas de idade, em diluições das amostras, por

    um período de 48 horas. Para o teste foram

    utilizadas nove concentrações (100; 50; 25; 12,5;

    8,33; 6,25; 4,16; 3,25 e 2,09 %) e um controle,

    sendo feitas a partir da amostra (100%) de cada

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014

    frasco reator, proveniente do Teste do de

    Biodegradabilidade.

    Avaliação da Biodegradabilidade da CF: O

    ensaio aqui apresentado teve a duração de 30 dias,

    onde foram realizados os registros dos volumes de

    biogás acumulados durante o processo de

    tratamento anaeróbio para cada grupo: amostra 1

    (Branco): 198,67 ± 13,31 mL, amostra 2 (ácidos

    orgânicos): 376,00 ± 7,54 mL, amostra 3 (CF 2,0

    mg.L-1

    ): 397,66 ± 5,50 mL, amostra 4 (CF 20,0

    mg.L-1

    ): 401,00 ± 9,53 mL e amostra 5 (CF 200,0

    mg.L-1

    ): 403,00 ± 12,76 mL. Estão apresentadas no

    GRAF.1, as curvas de produção de biogás

    acumulado. Nas primeiras 12 horas, a produção de

    gás foi muito pequena para todos os grupos. O

    grupo amostra 1 (Branco), praticamente teve a sua

    produção cessada após 25 dias de experimento, ao

    passo que nos demais grupos se estenderam até 28

    dias, esta produção ocorreu em função da atividade

    metanogênica endógena. Não foram observadas

    diferenças significativas no volume de biogás

    acumulado entre os grupos que receberam adição

    de CF (amostra 3, 4 e 5) e nem em relação ao

    grupo amostra 2 (ac. orgânicos), esta fato sugere

    que a CF presente, nas concentrações utilizadas,

    não foi capaz de inibir a atividade das bactérias

    anaeróbias.

    GRÁFICO 1: Produção acumulada de biogás nos

    reatores em função do tempo do teste (dias)

    Avaliação Cromatográfica (HPLC-UV): O

    limite mínimo de quantificação da CF foi

    estipulado em 0,5 mg.L-1

    , esse valor representa a

    concentração mínima necessária do composto para

    produzir um pico com razão sinal-ruído 3:1

    (MAGDIC et al, 1996). Na realização da Etapa

    Biodegradabilidade foi adicionada CF em

    diferentes concentrações ao efluente dos reatores

    dos grupos: amostra 3 (CF 2,0 mg.L-1

    ); amostra 4

    (CF 20,0 mg.L-1

    ) e amostra 5 (200,0 CF mg.L-1

    ).

    Na TAB. 2 são apresentados os valores de CF

    esperados, bem como aqueles quantificados através

    da análise cromatográfica (HPLC-UV) para cada

    amostra antes e após o tratamento anaeróbio. A

    CF foi quantificada nas amostras de efluente dos

    grupos amostras 3, 4, 5 (antes do tratamento), em

    concentrações semelhantes àquelas estabelecidas

    para cada grupo. A metodologia adotada permitiu

    detectar e quantificar a CF nos efluentes dos

    grupos amostra 5. Não foi possível quantificar a

    CF nos grupos amostra 3 e 4 (após o tratamento)

    pois os valores encontrados estavam abaixo do

    limite de quantificação pré-estabelecido (0,5 mg.L-

    1). Como já era esperado, a CF não foi detectada

    nas amostras antes e após-tratamento dos grupos

    amostra 1 (branco) e amostra 2 (ác. orgânicos),

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    0 6 14 22 30

    Tempo (dias)

    Vo

    l. d

    e b

    iog

    ás

    ac

    um

    ula

    do

    (m

    L)

    branco

    ác. Org

    CF 2,0

    CF 20,0

    CF 200,0

  • Patrícia Sobierajski Barreto e Sebastião Roberto Soares

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014

    pois não houve adição de CF nos reatores. Esses

    grupos são os grupos de controle negativo e

    positivo do processo de tratamento anaeróbio.

    TABELA 2: Concentração de CF (mg.L-1) das amostra

    dos reatores, antes e após-tratamento anaeróbio.

    Reator [CF]

    esperada

    *

    Antes-

    tratamento

    **

    Após-

    tratamento

    ***

    %

    Remoção

    CF

    Amostra 1 -- < 0,5 < 0,5 0% Amostra 2 -- < 0,5 < 0,5 0% Amostra 3 2,0 1,7 < 0,5 nc Amostra 4 20,0 27,6 < 0,5 nc Amostra 5 200,0 198,6 12,9 93,50%

    * : Concentração de CF teórica adicionada em cada reator

    **: Concentração de CF quantificada por HPLC-UV antes do tratamento anaeróbio

    ***: Concentração de CF quantificada por HPLC-UV após o tratamento anaeróbio

    nc: não calculado – valor abaixo do limite de quantificação.

    O GRAF. 2 mostra os valores de CF quantificados

    para cada grupo (antes e após o tratamento),

    indicando que ocorreu uma redução da

    concentração da CF no efluente pelo tratamento

    anaeróbio. A partir da quantificação realizada, se

    observo que taxa de remoção da CF para cada

    grupo foi elevada. A porcentagem de

    biodegradação da CF no grupo amostra 5, foi de

    93,5%.

    GRÁFICO 1: Concentração de CF quantificada (mg.L-1

    ) nos

    reatores antes e após o tratamento anaeróbio.

    Teste de Toxicidade: Os resultados do teste de

    toxicidade aguda com D. magna apresentados no

    GRAF. 3 mostram a efetividade do teste em

    diferenciar a toxicidade do efluente antes do após-

    tratamento. Dentre os efluentes avaliados, as

    amostras de antes-tratamento, apresentaram maior

    toxicidade. Quando comparados os valores de CE50

    48h, nos efluentes gerados após o tratamento

    anaeróbio (GRAF. 3) foi possível constatar

    diferenças significativas com relação à redução de

    toxicidade entre os grupos amostra 2; 3; 4 e 5 (ac

    orgânicos e CF) e o reator amostra 1 (Branco).

    GRÁFICO 3: CE50 48h dos reatores para o teste de

    toxicidade aguda (antes e após-tratamento)

    Não foram constatadas alterações significativas no

    volume de biogás produzido pelos reatores

    adicionados com CF quando comparados ao

    volume de biogás produzido pelo controle positivo

    (amostra 2 - ac, orgânicos), indicando que as

    concentrações de CF utilizadas neste estudo (2,0-

    200,0 mg.L-1

    ), não interferiram negativamente na

    atividade dos micro-organismos anaeróbios,

    considerados essenciais para o sistema. A

    efetividade do processo anaeróbio foi avaliada pela

    quantificação da concentração de ciclofosfamida

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    Branco Ác. Org CF 2,0 CF 20,0 CF 200,0 CF 500,0

    Reatores

    Co

    ncen

    tração

    de C

    F (

    mg

    .L-1)

    antes do trat. após o trat.

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    Branco Ác. Org. CF 2,0 CF 20,0 CF 200,0

    Reatores

    CE

    50 (

    48 h

    s)

    antes do trat.

    após o trat.

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014

    por HPLC em amostras do efluente antes e após o

    tratamento e a avaliação da toxicidade aguda das

    amostras de efluente antes e após o tratamento

    anaeróbio, utilizando D. magna, permitiu

    diferenciar a toxicidade entre os grupos analisados.

    O resultado do teste nas amostras dos reatores

    antes do tratamento indicou toxicidade. Contudo,

    após trinta dias de tratamento anaeróbio, conseguiu

    se reverter em parte essa toxicidade, quando

    comparado ao seu efluente antes do tratamento

    correspondente. No entanto, todos os grupos

    apresentaram uma toxicidade aguda elevada

    (valores baixos de CE50 48h) para as D. magna. Os

    reatores estão compostos por lodo e uma solução

    de ácidos orgânicos. A permanência da toxicidade

    no efluente após-tratamento, não está

    aparentemente atribuída à presença de CF no

    efluente, uma vez que foi constatada por análise

    cromatográfica (HPLC) a biodegradação do

    composto após o tratamento anaeróbio. Conclui-se

    que as várias ferramentas de análise utilizadas

    neste trabalho permitiram verificar a eficiência do

    tratamento anaeróbio na remoção da CF presente

    nas amostras avaliadas. Nas condições ambientais

    testadas, a CF (2,0 - 200 mg.L-1

    ) não interfere na

    capacidade das bactérias em degradar o material

    orgânico presente no inoculo.

    ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância

    Sanitária, Resolução Diretoria Colegiada (RDC)

    n. 307/2002 de 25 de fevereiro de 2002.

    ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância

    Sanitária, Resolução Diretoria Colegiada (RDC)

    n. 306/2004 de 15 de dezembro de 2004.

    AZEVEDO, F.A. e CHASIN, A.M. As bases

    toxicológicas da ecotoxicologia. São Paulo.

    Editora Intertox, 2003.

    INCA – Instituto Nacional de Câncer - Disponível

    em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp? ID=5>, acesso em 25/11/2012.

    SOARES, H.M. e HIRATA, T.S., Práticas De

    Laboratório. In: Curso de Tratamento

    Biológico de Resíduos, Florianópolis: CBAB,

    MCT/CNPq, CPGEQ/UFSC, CDB, 1997

    ZAMPIERI, Denise Aparecida. Avaliação da

    presença da antineoplásico em água

    residuáriade um hospital oncológico e do

    sistema de esgotamento sanitário municipal.

    2013. 53 f. Dissertação (mestrado) - Universidade

    Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho,

    Faculdade de Medicina de Botucatu, 2013.

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 17

    CÉLULAS TRONCO E TERAPIAS REGENERATIVAS

    STEM CELLS AND THERAPY REGENERATIVE

    Husten da Silva Carvalho, Luciana Borges Oliveira de Souza, Flávia Cristina Oliveira da Luz, Eveliney Vicente de Alencar Xavier, João Paulo Bello dos Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    RESUMO: Há mais de uma década inúmeros grupos de pesquisa têm se dedicado ao estudo das células tronco e de seus potenciais usos no estabelecimento de terapias celulares. Apesar das controvérsias éticas, os riscos de formação de tumores e de rejeição imunológica, os meios de comunicação tendem a exacerbar a expectativa de eficácia terapêutica em pacientes cujas terapias convencionais não funcionam. Isto somado à existência de regras flexíveis para o uso de células tronco em países como a China, Índia e Alemanha, tem provocado a proliferação de instituições que oferecem terapias celulares, mesmo que não tenham sido testadas suficientemente quanto a seus riscos e eficácia. Com base nos últimos avanços científicos sobre a biologia das células tronco, propomos uma revisão que introduza esse assunto através de uma discussão sobre sua definição, origem e classificação, bem como suas aplicações atuais na medicina regenerativa.

    ABSTRACT: For over a decade several research groups have been dedicated to the study of stem cells biology and the establishment of possible novel therapeutic uses for these cells. Besides ethical issues, risk of tumor development and immunologic rejections, media have the tendency to exaggerate therapeutic efficacy in patients which conventional treatments have failed. Beside, that, flexible regulations about stem cells used in several countries, such as Chine, India and Germany, could be blamed for the growth of institutions offering cellular therapies even though these strategies have not yet been tested for safety and efficacy of the methods. Based on the last advances about stem cells biology, we propose a review to discuss definitions, origin and classification as well as current applications of these cells in regenerative medicine.

    Palavras-Chave: Células tronco. Terapia regenerativa. Ensaios clínicos. Ética. Medicina regenerativa Key-words Stem cell. Regenerative Therapies. Clinical trials. Ethics. Regenerative medicine

    _____________________________________________________________ 1- Professor adjunto-UNESA - [email protected] 2- Iniciação Científica UNESA 3- Iniciação Científica UNESA 4- Iniciação Científica UNESA 5- Iniciação Científica UNESA 6- Professora Colaboradora UNESA - [email protected] 7- Professora Colaboradora UFRJ

    A terapia celular é um conjunto de alternativas

    terapêuticas que visa a utilização de células

    indiferenciadas, com capacidade de auto-

    renovação, na recuperação de tecidos com danos

    (Daley, 2010). Há mais de uma década vários

    grupos de pesquisa vêm se dedicando à descoberta

    do potencial de células tronco e ao estabelecimento

    de terapias celulares. No entanto, os diversos

    meios de comunicação têm atribuído poderes

    terapêuticos exagerados às células tronco que,

    associados à regras flexíveis para o uso de tais

    células em alguns países, como a China, a Índia e a

    Alemanha, além da falta de esperança por parte de

    pacientes, tem estimulado a proliferação de

  • Husten Carvalho, Luciana Souza, Flávia Luz, Eveliney Xavier, João Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 18

    instituições que oferecem terapias celulares à

    pacientes, mesmo que não tenham sido testadas

    suficientemente quanto a seus riscos e eficácia

    (DALEY, 2012). Por outro lado, quando

    devidamente utilizadas, suas contribuições na

    medicina moderna tem sido de grande importância,

    tanto por sua ampla utilização na pesquisa básica,

    quanto pelo desenvolvimento de novas opções

    terapêuticas na prática clínica (DALEY, 2010).

    Suas características as tornam capazes de ser

    empregadas em vários campos dentro das ciências

    biológicas e médicas (CHIEN, 2008). Tendo como

    base os últimos avanços sobre a biologia das

    células tronco, propomos uma revisão que

    introduza esse assunto através de uma discussão

    sobre a aplicação mais atual dos diferentes tipos de

    células-tronco na medicina regenerativa.

    Procuraremos estabelecer um quadro sobre as

    diferentes terapias sendo aplicadas em modelos

    experimentais e ensaios clínicos para as doenças

    consideradas de alta prevalência e/ou com

    limitadas alternativas de tratamento. Para tanto

    uutilizamos a base de dados da área de saúde para

    obtenção de artigos, tais como: MEDLINE,

    LILACS e Scielo, DeCS (Descritores em Ciências

    da Saúde), Portal CAPES e Portal de Revistas

    Científicas da BVS.

    Há muitos relatos sobre o potencial de

    diferenciação das células tronco embrionárias

    humanas (CTEH), mas apesar de muito progresso e

    conhecimento acumulados, seu uso clínico ainda

    está em estágio inicial (LI et al., 2010). Este atraso

    aconteceu em grande parte por preocupações

    éticas, religiosas ou jurídicas, e também pela

    publicação de estudos que associaram seu uso ao

    aparecimento de teratomas (MORENO, 2010).

    Diferenciação de progenitores neurais da linhagem

    ectodérmica a partir de CTEH foi relatada em

    estudo que mostrou eficácia na reparação tecidual

    em casos de acidente vascular cerebral (DAADI et

    al., 2008) e de lesão da medula espinal (SHARP et

    al., 2010). Estudo com modelos de lesão da medula

    espinhal in vivo mostrou que CTEH diferenciam-se

    em oligodendrócitos, causando reconstrução das

    bainhas de mielina (HU et al., 2009). Neurônios

    dopaminérgicos foram gerados a partir do

    tratamento com CTEH, em modelo animal

    (FRILING et al., 2009) e em modelo ex vivo

    (BISSONNETTE et al., 2011), mostrando forte

    potencial terapêutico. A terapia com CTEH, em

    modelo animal também tem sido bem sucedida na

    geração de novos neurônios motores da medula

    espinal, cujo funcionamento precário causa a

    esclerose lateral amiotrófica (LI et al., 2007). O

    primeiro ensaio clínico usando CTEH aprovado

    pela Food and Drug Administration (FDA), nos

    EUA, foi para o tratamento de pacientes com lesão

    medular. Neste estudo, células progenitoras de

    oligodendrócitos geradas a partir de CTEH e

    diferenciadas estão sendo usadas para promover o

    crescimento de nervos e reparar as bainhas de

    mielina (STRAUSS, 2010). Outra aplicação de

    CTEH sobre o sistema nervoso é o tratamento de

    distrofia macular de Stargardt. Idelson e

    colaboradores, em 2010, demonstraram que CTEH

    diferenciam-se em células do epitélio pigmentado

    da retina e podem substituir células danificadas no

    paciente, recuperando a visão (IDELSON et al.,

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 19

    2009). Ensaios clínicos para doenças cardíacas

    envolvendo uso de CTEH, ainda não foram

    iniciados, no entanto, cardiomiócitos derivados de

    CTEH podem ser utilizados em modelos in vitro

    para testes de drogas ou na indústria farmacêutica

    (DICK et al., 2010). Para diabetes tipos I e II, a

    substituição de células β seria a melhor solução, no

    entanto a escassez de dadores é muito grande.

    Infelizmente, semelhante ao que acontece com

    hepatócitos, a diferenciação de células-β a partir de

    CTEH é difícil e ineficiente (NOGUCHI et al.,

    2010). CTEH podem diferenciar-se em

    progenitores com marcadores de células tronco

    mesenquimais (CTM) que, por sua vez, são

    capazes de diferenciar para osteogênese,

    adipogênese e condrogênese (OLIVIER et al.,

    2006). Condrócitos foram gerados de CTEH,

    podendo ser utilizados na reparação de lesão da

    cartilagem, assim como adipócitos, para ser

    empregados em investigações sobre o metabolismo

    lipídico e obesidade (HANNAN &

    WOLVETANG, 2009). Além disto, verificou-se

    que CTM derivadas de CTEH tem fortes efeitos

    imunomoduladores (YEN et. al., 2009).

    As CTEI são consideradas ferramentas úteis para o

    desenvolvimento de drogas e modelos de doenças,

    no entanto, vetores retrovirais usados para

    introduzir elementos de reprogramação gênica,

    como o oncogene c-Myc, limita o uso em estudo

    clínico, uma vez que podem induzir ao câncer

    (EBBEN et. al., 2011).

    Células tronco adultas são facilmente obtidas e

    permite o transplante autólogo, evitando

    complicações relacionadas à rejeição imunológica.

    Outra vantagem é a redução dos riscos de

    formação neoplásica. Embora tenham potencial de

    diferenciação mais limitado, um estudo in vitro

    demonstrou que são capazes de se diferenciar em

    tipos celulares independentes de sua origem

    germinativa (MOODLEY et al., 2010). Vários

    estudos relataram que o transplante de células

    tronco adultas causa reparação de órgãos

    danificados in vivo, como a reparação do tecido

    ósseo e revascularização do tecido isquêmico

    cardíaco (MENASCHE et al., 2008;

    CHIMUTENGWENDE-GORDON & KHAN,

    2012). Sabe-se que a capacidade de renovação e

    reparação em tecidos ou órgãos é extremamente

    dependente de células tronco residentes que geram

    células específicas (PASSIER & MUMMERY,

    2003). O estado de repouso ou senescência não é

    bem compreendido, mas é fundamental para

    manter uma população de células que não exerçam

    qualquer outra função, senão a de gerar tecidos

    específicos durante regeneração (SNIPPERT &

    CLEVERS, 2011).

    Transplantes de células tronco hematopoiéticas

    (CTHs) são indicados em doenças hematológicas

    malignas e não malignas. A maioria dos

    transplantes realizados é autólogo, em diferentes

    tipos de câncer, sendo o mieloma múltiplo a

    indicação mais comum. No entanto, o

  • Husten Carvalho, Luciana Souza, Flávia Luz, Eveliney Xavier, João Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 20

    desenvolvimento de procedimentos igualmente

    eficientes e menos tóxicos, estão diminuindo a

    utilização deste tipo de transplante. Ultimamente

    as CTHs vêm sendo utilizadas no tratamento de

    tumores, quando induzidas a diferenciar em células

    natural killer (NK) e em células dendríticas que

    atacam células tumorais (LJUNGMAN et. al.,

    2009). No entanto, como a geração destas células

    exige manipulação genética, seu uso terapêutico

    continua a ser investigado. Resultados promissores

    de ensaios pré-clínicos já foram descritos para

    várias doenças, tais como diabetes mellitus

    (TRIVEDI et. al., 2008), cirrose (PAI et al., 2008),

    doença de Crohn (CASSINOTTI et al., 2008)[61]

    e distúrbios do sistema nervoso (BURT et. al.,

    2009).

    Devine e colaboradores, em 2003, sugeriram que

    CTM de primatas podem ser direcionadas para

    vários órgãos não-hematopoiéticos e proliferar no

    interior de tecidos (DEVINE et al., 2003). Com

    este trabalho, tornou-se possível considerar que

    uma distribuição sistêmica de CTM seria uma

    interessante estratégia para tratamentos. Após

    divulgação de numerosos relatórios que mostraram

    efeitos benéficos de terapias com uso de CTM, em

    modelos experimentais de autoimunidade e lesão

    aguda (VAN et al., 2008; MORIGE et al., 2010;

    JUREWICZ et al., 2010), ensaios clínicos com

    base nessas mesmas células foram iniciados. Um

    estudo clínico envolvendo 15 pacientes afetados

    por esclerose múltipla e 19 pacientes com

    esclerose amiotrófica lateral, tratados com infusão

    de CTM, demonstrou aumento na proporção de

    células T regulatórias CD4+ CD25+ em sangue

    periférico (KARUSSIS et al., 2010) e o

    procedimento mostrou-se seguro. Pacientes com 10

    dias após o infarto agudo do miocárdio receberam

    CTM por infusão intravenosa e experimentaram

    melhora (HARE et. al., 2009). No entanto,

    pacientes tratados com estas mesmas células por

    via intracoronária, após infarto agudo do

    miocárdio, não apresentaram melhora (MEYER et

    al., 2006). Kharaziha e colaboradores, em 2009,

    divulgaram dados obtidos de ensaios clínicos em

    fase I-II, onde oito pacientes em estágio final de

    cirrose no fígado após tratamento com injeção de

    CTM, demonstraram melhora nas condições

    clínicas (KHARAZIHA et. al., 2009). Em 2007,

    Mohamadnejad e colaboradores obtiveram

    resultados semelhantes e ainda demonstraram que

    as CTM são melhores que CTH no tratamento de

    cirrose hepática (MOHAMADNEJAD et al.,

    2007). Ensaios clínicos também demonstraram que

    CTM autólogas, derivadas de tecido adiposo,

    foram capazes de tratar fístula perianal de origem

    criptoglandular ou associada a doença de Crohn

    (GARCÍA-OLMO et al., 2005). Ensaio clínico

    com uso combinado de CTE e CTM também

    promoveu produção de insulina (TRIVEDI et al.,

    2008). Recentemente, pacientes afetados por lúpus

    eritematoso sistêmico refratário, tratados com

    CTM, demonstraram melhora (BERNARDO &

    FIBBE, 2012).

    Células progenitoras endoteliais (CPE) derivadas

    de humanos têm sido isoladas de populações

    CD34+/lin- ou CD34 +/VEGFR2+ e, ao serem

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 21

    administradas em camundongos, diferenciam-se

    em células endoteliais que expressam o marcador

    endotelial PCAM (Platelet endothelial cell

    adhesion molecule) ou o fator de von Willebrand

    (RAFII & LYDEN, 2003). A habilidade das CPE

    em promover revascularização de tecidos lesados

    ou isquêmicos tem sido adotada em ensaios com

    humanos para tratamento da isquemia (SEEGER et

    al., 2005).

    A fração de células mononucleares de medula

    óssea

    Ainda não está claro qual a fração celular, CTH ou

    CTM, que apresenta maior plasticidade (HOWS,

    2005). Por esta razão, autores propuseram que a

    utilização de um conjunto de células que possam

    dar suporte à proliferação e à manutenção das

    células tronco, como a fração de células

    mononucleares (FCM) da medula óssea, é melhor

    do que o uso de um único tipo celular (VILAS-

    BOAS et al., 2004). Estudos em seres humanos

    indicaram a possibilidade de regeneração de

    cardiomiócitos (ASSMUS et al, 2010;

    MIETTINEN et al., 2010). Estudo envolvendo

    meta análises, em pacientes com doença

    coronariana que receberam injeção

    intracoronariana de FCM, também apresentaram

    melhora (HENNING, 2012). Em um estudo

    semelhante, com administração de FCM por via

    intracoronária, não se observou grande benefício

    (TRAVERSE et al., 2011). Em 2012, uma revisão

    com incorporação de mais 20 estudos clínicos,

    sugeriu que a terapia com FCM, pode melhorar

    moderadamente a função do coração a longo prazo,

    no entanto, os dados ainda eram insuficientes para

    chegar a conclusões mais seguras (CLIFFORD et

    al., 2011). Atualmente, a European Society of

    Cardiology for Stem Cells and Cardiac Repair,

    recebeu financiamento do European Union

    Seventh Framework Programme for Research and

    Innovation (EU FP7-BAMI) para realização de um

    estudo em larga escala que, utilizando os

    procedimentos de tratamento padronizados, tentará

    determinar se a terapia com FCM é realmente

    eficaz no tratamento de enfarte do miocárdio

    (CLIFFORD et al., 2011). Quanto à doença arterial

    periférica, um estudo de revisão, no qual apenas 2

    dos 37 artigos publicados preencheram os critérios

    de inclusão, concluiu que os efeitos de injeções

    intramusculares de FCM em pacientes com

    isquemia de membros inferiores, é capaz de

    favorecer o Índice Tornozelo-Braquial e diminuir

    o número de amputações (MOAZZAMI et al.,

    2011). Subsequentemente, um estudo que associa a

    aplicação de injeções subcutâneas do fator

    estimulador de colónias de granulócitos (G-CSF),

    antes da injeção com FCM intramuscular,

    conseguiu resultados com melhora e menor

    proporção de amputações (RANDALL, 2012).

    Cobellis e colaboradores, em 2008, demonstraram

    melhora do fluxo sanguíneo e aumento da

    densidade de capilares à longo prazo (12 meses)

    após duas infusões de células autólogas da medula

    óssea em artéria femural de pacientes com doença

    arterial periférica grave (PAD) e isquemia de

    membros (COBELLIS et al., 2008). Apesar dos

    avanços, estratégias terapêuticas atuais para doença

    arterial periférica, permanecem muito limitadas.

    Um estudo com 118 pacientes portadores de

    diabetes tipo II, submetidos à implantação autóloga

    da FCM, no próprio pâncreas, através de um

  • Husten Carvalho, Luciana Souza, Flávia Luz, Eveliney Xavier, João Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 22

    cateter, demonstrou segurança e eficácia (HU et

    al., 2012). Pesquisas em modelo animal relataram

    que a infusão de FCM, no fígado, amenizou a

    fibrose através da expressão da metaloproteinase-9

    (MMP-9), melhorando as funções do fígado e

    aumentando a taxa de sobrevivência de pacientes

    com doença hepática (TAKAMI et al., 2012).

    Com base nestes resultados, foi iniciado um ensaio

    clínico com infusão de células autólogas de medula

    óssea em pacientes cirróticos e que demonstrou

    segurança do procedimento e eficácia (TERAI et

    al., 2006). Por outro lado, o transplante autólogo da

    FCM na artéria hepática de 58 pacientes com

    doença hepática alcoólica, todos com cirrose, não

    resultou em melhoria da função hepática (SPAHR

    et al., 2013). Estudos clínicos emergentes

    relacionados ao tratamento de lesão no cérebro e

    na medula espinal têm estimulado inúmeros grupos

    de pesquisa. Um estudo clínico incluindo 60

    pacientes com hemorragia intracerebral

    demonstrou que o implante autólogo da FCM

    reduz o comprometimento neurológico e melhora a

    atividade neurológica da vida diária dos pacientes

    (RAHEJA et al., 2012). Um estudo clínico de

    comparação entre as formas de administração da

    FCM intra-arterial ou intravenosa, em pacientes

    com lesão na medula espinhal na fase sub-aguda e

    na fase crônica, demonstrou que todos os pacientes

    na fase sub-aguda, tratados por via intra-arterial,

    apresentaram melhora parcial, e um em cada

    quatro pacientes subagudos, tiveram melhora após

    administração via intravenosa. Melhora também

    foi encontrada em um paciente crônico que

    recebeu células por via intra-arterial (SYKOVÁ et

    al., 2006). Outro estudo, em modelo animal,

    demonstrou que tratamento com FCM é capaz de

    favorecer a regeneração nervosa periférica,

    dependendo da quantidade de células

    administradas (RAHEJA et al., 2012). Quanto à

    neuropatia diabética, estudo recente demonstrou

    que FCM exerce efeitos terapêuticos, favorecendo

    neovascularização e neuroproteção (Kim et al.,

    2012). Foi demonstrado, em modelo animal, que

    tratamento com FCM promoveu a regeneração

    óssea e neovascularização em coelhos (ZHANG et

    al., 2009) [96]. Li e colaboradores, em 2012,

    demonstraram que pacientes portadores de

    osteoporose idiopática, após tratamento com FCM

    passaram a apresentar aumento significativo nos

    níveis do fator IGF-1, o que favoreceu ganho de

    densidade mineral óssea (Li et al., 2012)[97].

    Estudos envolvendo a aplicação de células-tronco

    em modelos biológicos têm sido capazes de

    elucidar os efeitos de agentes farmacológicos;

    contribuído para o esclarecerecimento de

    mecanismos patofisiológicos específicos e

    permitido melhor compreensão sobre os processos

    envolvidos na formação e plasticidade de órgãos.

    No entanto, o potencial mais importante destas

    células é o de ser capaz de substituir tecidos com

    lesão. Nos últimos anos, um grande número de

    resultados tem sido publicado a partir de

    protocolos de pesquisa, estudos pré-clinicos e

    seleção clínica, no entanto, as terapias ainda

    apresentam riscos e obstáculos a serem vencidos.

    Novos estudos com variáveis controladas e

    padronizadas são necessários para que a eficiência

    e a capacidade de regeneração de tecidos sejam

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 23

    constatadas. Estudos têm demonstrado que o

    tratamento com células-tronco adultas,

    principalmente aquelas da FCM da medula óssea,

    apresenta grande vantagem e um modo geral, seja

    pela obtenção mais fácil de células, seja pelos

    resultados na regeneração de tecidos em diferentes

    órgãos. Embora falhas em estudos clínicos e em

    práticas terapêuticas tenham sido identificadas,

    pesquisas com a FCM continuam em andamento e

    os resultados sobre os efeitos de novas terapias

    com FCM têm nos dado grande otimismo quanto à

    segurança e eficácia.

    ASSMUS, B. ET AL. Clinical outcome 2 years

    after intracoronary administration of bone marrow-

    derived progenitor cells in acute myocardial

    infarction. Circ Heart Fail. v. 3, p. 89–96, jan.

    2010.

    BISSONNETTE, C. J. ET AL. The controlled

    generation of functional Basal forebrain

    cholinergic neurons from human embryonic stem

    cells. Stem Cells. v. 29, n. 5, p. 802–811, maio.

    2011.

    BERNARDO, M. E.; FIBBE, W. E. Safety and

    efficacy of mesenchymal stromal cell therapy in

    autoimmune disorders. Ann N Y Acad Sci. v.

    1266, p. 107-117, ago. 2012.

    BURT, R. K. ET AL. Autologous

    nonmyeloablative haemopoietic stem cell

    transplantation in relapsing-remitting multiple

    sclerosis: a phase I/II study. Lancet Neurol.v. 8, p.

    244–253, abr. 2009.

    CASSINOTTI, A. ET AL. Autologous

    haematopoietic stem cell transplantation without

    CD34+ cell selection in refractory Crohn’s disease.

    Gut. v. 57, p. 211–217, fev. 2008.

    CHIEN, K. R. Regenerative medicine and human

    models of human disease. Nature. v. 453, p. 302–

    305, maio. 2008.

    CHIMUTENGWENDE-GORDON, M.; KHAN,

    W. S. Advances in the use of stem cells and tissue

    engineering applications in bone repair. Curr Stem

    Cell Res Ther. v. 7, p. 122–126, mar. 2012.

    CLIFFORD, D. M. ET AL. Stem cell treatment

    for acute myocardial infarction. Cochrane

    Database Syst Rev.v 2, CD006536, fev. 2012 .

    COBELLIS, G. ET AL. Long-term effects of

    repeated autologous transplantation of bone

    marrow cells in patients affected by peripheral

    arterial disease. Bone Marrow Transplant. v. 42, n.

    10, p. 667-672, nov. 2008.

    DAADI, M. M.; MAAG, A. L.; STEINBERG, G.

    K. Adherent self-renewable human embryonic

    stem cell-derived neural stem cell line: Functional

    engraftment in experimental stroke model. PLoS

    One. v. 3, n. 2, p. e1644, fev. 2008.

    DALEY, G. Q. Stem cells: roadmap to the clinic. J

    Clin Invest.v. 120, p. 8–10, jan. 2010.

    DALEY, G. Q. The promise and perils of stem cell

    therapeutics. Cell Stem Cell. v. 10, p. 740–749,

    jun. 2012.

    DEVINE, S. M.; COBBS, C.; JENNINGS, M.;

    BARTHOLOMEW, A.; HOFFMAN, R.

    Mesenchymal stem cells distribute to a wide range

    of tissues following systemic infusion into

    nonhuman primates. Blood. v. 101, p. 2999 –

    3001,abr. 2003.

    DICK, E.; RAJAMOHAN, D.; RONKSLEY, J.;

    DENNING, C. Evaluating the utility of

    cardiomyocytes from human pluripotent stem cells

    for drug screening. Biochem. Soc. Trans. v. 38, n.

    4, p. 1037–1045, ago. 2010.

    EBBEN, J. D.; ZORNIAK, M.; CLARK, P. A.;

    KUO, J. S. Introduction to induced pluripotent

    stem cells: advancing the potential for personalized

    medicine. World Neurosurg. v. 76, p. 270–275,

    out. 2011.

    FRILING, S. ET AL. Efficient production of

    mesencephalic dopamine neurons by Lmx1a

    expression in embryonic stem cells. Proc. Natl.

    Acad. Sci. USA. v. 106, n. 18, p. 7613–7618,

    maio. 2009.

    GARCÍA-OLMO, D. et al. A phase I clinical trial

    of the treatment of Crohn’s fistula by adipose

  • Husten Carvalho, Luciana Souza, Flávia Luz, Eveliney Xavier, João Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 24

    mesenchymal stem cell transplantation. Dis Colon

    Rectum. v. 48, p. 1416–1423, jul. 2005

    HANNAN, N. R.; WOLVETANG, E. J. Adipocyte

    differentiation in human embryonic stem cells

    transduced with Oct4 shRNA lentivirus. Stem

    Cells Dev. v. 18, n. 4, p. 653–660, maio. 2009.

    HARE, J. M. et al. A randomized, double-blind,

    placebo-controlled, dose-escalation study of

    intravenous adult human mesenchymal stem cells

    (prochymal) after acute myocardial infarction. J

    Am Coll Cardiol. v. 54, n. 24, p. 2277-2286, dez.

    2009.

    HENNING, R. J. Stem cells in cardiac repair:

    problems and possibilities. Future Cardiol. v. 7, n.

    1, p. 99-117, jan. 2013.

    HOWS, J. Adult stem cell therapy beyond

    haemopoietic stem cell transplantation? An update.

    Transpl Immunol. v. 14, p. 221-223, ago. 2005.

    HU, B. Y.; DU, Z. W.; ZHANG, S. C.

    Differentiation of human oligodendrocytes from

    pluripotent stem cells. Nat. Protoc. v. 4, n. 11, p.

    1614–1622, out. 2009.

    HU, J.; LI, C.; WANG, L.; ZHANG, X.; ZHANG,

    M.; GAO, H.; YU, X.; WANG, F.; ZHAO, W.;

    YAN, S.; WANG, Y. Long term effects of the

    implantation of autologous bone marrow

    mononuclear cells for type 2 diabetes mellitus.

    Endocr J. v. 59, n. 11, p. 1031-1039, jul. 2012.

    IDELSON, M. ET AL. Directed differentiation of

    human embryonic stem cells into functional retinal

    pigment epithelium cells. Cell Stem Cell. v. 4, p.

    396–408, out. 2009.

    JUREWICZ, M. ET AL. Congenic mesenchymal

    stem cell therapy reverses hyperglycemia in

    experimental type 1 diabetes. Diabetes. v. 59, n.

    12, p. 3139-3147, dez. 2010.

    KARUSSIS, D. ET AL. Safety and immunological

    effects of mesenchymal stem cell transplantation in

    patients with multiple sclerosis and amyotrophic

    lateral sclerosis. Arch Neuro. v. l67, n. 10, p. 1187-

    1194, out. 2010.

    KHARAZIHA, P. et al. Improvement of liver

    function in liver cirrhosis patients after autologous

    mesenchymal stem cell injection: a phase I-II

    clinical trial. Eur J Gastroenterol Hepatol. v. 21, n.

    10, p. 1199-1205, out. 2009.

    KIM, H.; KIM, J. J.; YOON, Y. S. Emerging

    therapy for diabetic neroupathy: cell therapy

    targeting vessels and nerves. Endocr Matab Disor

    Drug Targets. v. 12, n. 2, p. 168-178, jun. 2012.

    LI, J.; SUN, C. R.; ZHANG, H.; TSANG, K. S.;

    LI, J. H.; ZHANG, S. D.; AN, Y. H. Induction of

    functional recovery by co-transplantation of neural

    stem cells and Schwann cells in a rat spinal cord

    contusion injury model. Biomed Environ Sci. v.

    20, n. 3, p.242-249, jun. 2007.

    LI, Z.; LEUNG, M.; HOPPER, R.;

    ELLENBOGEN, R.; ZHANG, M. Feeder-free self-

    renewal of human embryonic stem cells in 3D

    porous natural polymer scaffolds. Biomaterials. v.

    31, n. 3, p. 404–412, jan. 2010.

    LI, Z.; LIAO, W.; ZHAO, Q.; LIU, M.; XIA, W.;

    YANG, Y.; SHAO, N. Angiogenesis and bone

    regeneration by allogenic mesenchymal stem cell

    intravenous transplantation in rabbit model of

    avascular necrotic femoral head. J. Surg Res. v.

    183, n. 1, p. 193-203, jul. 2012.

    LJUNGMAN, P. et al. Allogeneic and autologous

    transplantation for haematological diseases, solid

    tumours and immune disorders: current practice in

    Europe 2009. Bone Marrow Transplantation . v.

    42, n. 2, p. 219–234, jul. 2009.

    MENASCHE, P. et al. The Myoblast Autologous

    Grafting in Ischemic Cardiomyopathy (MAGIC)

    trial: first randomized placebo-controlled study of

    myoblast transplantation. Circulation. v. 117, p.

    1189–1200, mar. 2008.

    MIETTINEN, J. A. et al. Determinants of

    functional recovery after myocardial infarction of

    patients treated with bone marrow-derived stem

    cells after thrombolytic therapy. Heart.v. 96, p.

    362–367, mar. 2010.

    MOAZZAMI, K. et al. Local intramuscular

    transplantation of autologous mononuclear cells

    for critical lower limb ischaemia. Cochrane

    Database Syst Rev.v. 12: CD008347, dez. 2011.

    MOODLEY, Y. et al. Human amnion epithelial

    cell transplantation abrogates lung fibrosis and

    augments repair. Am J Respir Crit Care Med. v.

    182, n. 5, p. 643-651, set. 2010.

    MOHAMADNEJAD, M. et al. Phase 1 human

    trial of autologous bone marrow-hematopoietic

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 25

    stem cell transplantation in patients with

    decompensated cirrhosis. World J Gastroenterol.v.

    13, n. 24, p. 3359-3363, jun. 2007.

    MORENO, J. D. Long shadow of the stem cell

    ruling. Nature. v. 467, n. 7319, p. 1031–1033, out.

    2010.

    MORIGI, M. et al. Life-sparing effect of human

    cord blood-mesenchymal stem cells in

    experimental acute kidney injury. Stem Cells.v. 28,

    n. 3, p. 513-522, mar. 2010.

    MEYER, G. P.; WOLLERT, K. C.; DREXLER, H.

    Stem cell therapy: a new perspective in the

    treatment of patients with acute myocardial

    infarction. Eur J Med Res. v. 11, n. 10, p. 439-446,

    out. 2006.

    NOGUCHI, H. Production of pancreatic beta-cells

    from stem cells. Curr Diabetes Rev. v. 6, n. 3, p.

    184–190, maio. 2010.

    OLIVIER, E. N. et al. Differentiation of human

    embryonic stem cells into bipotent mesenchymal

    stem cells. Stem Cells. v. 24, n. 8, p. 1914–1922,

    ago. 2006.

    PAI, M. et al. Autologous infusion of expanded

    mobilized adult bone marrow-derived CD34+ cells

    into patients with alcoholic liver cirrhosis. Am J

    Gastroenterol. v. 103, p. 1952–1958, ago. 2008.

    PASSIER, R.; MUMMERY, C. Origin and use of

    embryonic and adult stem cells in differentiation

    and tissue repair. Cardiovasc Res. v. 58, p. 324–

    335, maio. 2003.

    RAFII, S.; LYDEN, D. Therapeutic stem and

    progenitor cell transplantation for organ

    vascularization and regeneration. Nat Med.v. 9, n.

    6, p. 702-712, jun. 2003.

    RAHEJA, A. et al. Dose-dependent facilitation of

    peripheral nerve regeneration by bone marrow-

    derived mononuclear cells: a randomized

    controlled study: laboratory investigation. J

    Neurosurg. v. 117, n. 6, p. 1170-1181, dez. 2012.

    RANDALL, T. D. Stromal cells put the brakes on

    T-cell responses. Immunol Cell Biol. v. 90, n. 5, p.

    469-470, maio. 2012.

    SEEGER, F. H. et al. p38 mitogen-activated

    protein kinase downregulates endothelial

    progenitor cells. Circulation.v. 111, n. 9, p. 1184-

    1191, mar. 2005.

    SPAHR, L. et al. Autologous bone marrow

    mononuclear cell transplantation in patients with

    decompensated alcoholic liver disease: a

    randomized controlled trial. PLoS One. v. 8, n. 1,

    p. e53719, jan. 2013.

    SHARP, J. et al. Human embryonic stem cell-

    derived oligodendrocyte progenitor cell transplants

    improve recovery after cervical spinal cord injury.

    Stem Cells. v. 28, n. 1, p. 152–163, jan. 2010.

    SNIPPERT H,. J.; CLEVERS, H. Tracking adult

    stem cells. EMBO Rep. v. 12, p. 113–122, fev.

    2011.

    STRAUSS, S. Geron trial resumes, but standards

    for stem cell trials remain elusive. Nat. Biotechnol.

    v. 8, n. 10, p. 989–990, out. 2010.

    SYKOVÁ, E. et al. Autologous bone marrow

    transplantation in patients with subacute and

    chronic spinal cord injury. Cell Transplant.v. 15, n.

    8-9, p. 675-687, ago. 2006.

    TAKAMI, T.; TERAI, S.; SAKAIDA, I. Advanced

    therapies using autologous bone marrow cells for

    chronic liver disease. Discov Med. v. 14, n. 74, p.

    7-12, jul. 2012.

    TERAI, S. et al. Improved liver function in

    patients with liver cirrhosis after autologous bone

    marrow cell infusion therapy. Stem Cells. v. 24, n.

    10, p. 2292-2298, out. 2006.

    TRAVERSE, J. H.; HENRY, T. D.; MOYE, L. A.

    Is the measurement of left ventricular ejection

    fraction the proper end point for cell therapy trials?

    An analysis of the effect of bone marrow

    mononuclear stem cell administration on left

    ventricular ejection fraction after ST-segment

    elevation myocardial infarction when evaluated by

    cardiac magnetic resonance imaging. Am Heart J.

    v. 162, n. 4, p. 671-677, out. 2011.

    TRIVEDI, H. L. et al. Human adipose tissue-

    derived mesenchymal stem cells combined with

    hematopoietic stem cell transplantation synthesize

    insulin. Transplant Proc. v. 40, p. 1135–1139,

    maio. 2008.

    VAN POLL, D.; PAREKKADAN, B.; CHO, C.

    H.; BERTHIAUME, F.; NAHMIAS, Y.; TILLES,

    A. W.; YARMUSH, M. L. Mesenchymal stem

  • Husten Carvalho, Luciana Souza, Flávia Luz, Eveliney Xavier, João Santos, Elisabeth Maximiano, Adriana Mattos

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 26

    cell-derived molecules directly modulate

    hepatocellular death and regeneration in vitro and

    in vivo. Hepatology. v. 47, n. 5, p. 1634-1643,

    maio. 2008.

    VILAS-BOAS, F.; FEITOSA, G. S.; SOARES, M.

    B.; PINHO-FILHO, J. A.; MOTA, A.; ALMEIDA,

    A. J.; ANDRADE, M. V.; CARVALHO, H. G.;

    DOURADO-OLIVEIRA, A.; RIBEIRO-DOS-

    SANTOS, R. Bone marrow cell transplantation to

    the myocardium of a patient with heart failure due

    to Chagas' disease. Arq Bras Cardiol. v. 82, n. 2, p.

    185-187, ago. 2004.

    YEN, B. L.; CHANG, C. J.; LIU, K. J.; CHEN, Y.

    C.; HU, H. I.; BAI, C. H.; YEN, M. L. Brief

    report—human embryonic stem cell-derived

    mesenchymal progenitors possess strong

    immunosuppressive effects toward natural killer

    cells as well as T lymphocytes. Stem Cells. v. 27,

    n. 2, p. 451–456, fev. 2009.

    ZHANG, G.; SHENG, H.; HE, Y. X.; XIE, X. H.;

    WANG, Y. X.; LEE, K. M.; YEUNG, K. W.; LI,

    Z. R.; HE, W.; GRIFFITH, J. F.; LEUNG, K. S.;

    QIN, L. Continuous occurrence of both insufficient

    neovascularization and elevated vascular

    permeability in rabbit proximal femur during

    inadequate repair of steroid-associated

    osteonecrotic lesions. Arthritis Rheum. v. 60, n.

    10, p. 2966-2977, out. 2009.

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 27

    UNCARIA TOMENTOSA NA CISTITE HEMORRÁGICA CAUSADA PELA QUIMIOTERAPIA DO CÂNCER

    UNCARIA TOMENTOSA IN HEMORRHAGIC CYSTITIS CAUSED BY CANCER CHEMOTHERAPY

    Fernanda Teixeira Benevides

    Resumo: Campo de Estudo: Nutrição experimental. Objetivo: Investigar o efeito do chá de Uncaria tomentosa (UT) na cistite hemorrágica (CH) causada pelo quimioterápico ciclofosfamida (CFS). Para indução da CH, camundongos Swiss fêmeas receberam 400mg/kg de CFS i.p. 12h antes do sacrifício. O grupo tratado com UT recebeu o chá 2% ad libitum durante 9 dias, e no décimo dia 200mg/kg v.o. de UT 1h antes, 3, 6 e 9h após a administração de CFS. O grupo controle recebeu apenas o veículo aquoso, via oral (v.o). Após o sacrifício, as bexigas dos animais foram pesadas para determinação do seu peso úmido vesical (PUV) e avaliadas macroscopicamente segundo os critérios de Gray para edema. O UT foi capaz de reduzir significativamente (p

  • Fernanda Teixeira Benevides

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 28

    eliminação renal de metabólitos tóxicos da

    ciclofosfamida e da ifosfamida. Dentre os

    metabólitos tóxicos das oxazafosforinas, destaca-se

    a acroleína como principal responsável pelo dano

    urotelial. A incidência deste efeito colateral no

    curso da terapia prolongada com CFS, em baixas

    doses, varia de 2 a 40% (COGGINS et al., 1960, p

    1254-1260), e pode ser tão elevada quanto 75% em

    pacientes em uso de altas doses intravenosas de

    CFS (COX, 1979, p 2045–2049).

    O extrato de Uncaria tomentosa apresentou uma

    eficiente atividade antiinflamatória nos modelos de

    edema de pata induzidos por carragenina

    (AQUINO, 1991, p 453-459).

    Baseado nas propriedades biológicas do extrato de

    Uncaria tomentosa, principalmente relacionados a

    processos inflamatórios (GONÇALVES, 2005, p

    89-98). A população vem utilizando

    indiscriminadamente o chá da Uncaria tomentosa

    no tratamento de diversos sintomas relacionados à

    inflamação. Faz-se necessário verificar se as doses

    ingeridas realmente podem reduzir os efeitos do

    processo inflamatório, e se o consumo excessivo

    pode acarretar em efeitos indesejáveis.

    O presente estudo tem como objetivo principal

    investigar o efeito do chá da Uncaria tomentosa

    (unha de gato) sobre os eventos inflamatórios no

    modelo de cistite hemorrágica induzida por

    ciclofosfamida, sendo capaz de reduzir o peso

    úmido vesical (PUV) e o edema macroscópico nas

    bexigas.

    Investigar o efeito do extrato de Uncaria

    tomentosa no processo inflamatório do modelo

    experimental de cistite hemorrágica (CH) induzida

    por ciclofosfamida.

    - Coleta da planta Uncaria tomentosa

    A amostra da casca de Uncaria tomentosa foi

    adquirida em lojas de produtos naturais

    estabelecidas na cidade de Fortaleza-Ce / Brasil. O

    processo de extração do princípio ativo da planta

    Uncaria tomentosa foi realizado por decocção a

    2% (20g/L), durante 30 minutos.

    - Animais

    Foram utilizados camundongos Swiss albinos (Mus

    musculus) fêmeas, pesando entre 20 e 30 gramas,

    provenientes do Biotério do Centro Universitário

    Estácio do Ceará. Os experimentos foram

    conduzidos de acordo com as normas estabelecidas

    pela comissão de ética com animais de

    experimentação, com aprovação do Comitê de

    Ética para o Uso de Animais da Universidade

    Estadual do Ceará, registrado sob o número

    10724196-0/04.

    - Indução da cistite hemorrágica por

    Ciclofosfamida

    Camundongos Swiss fêmeas (20-30 g) receberam

    Ciclofosfamida (Genuxal-Asta Médica, Brasil)

    400mg/kg, via intraperitoneal (i.p.). Os animais

    foram tratados durante dez dias. Foram

    administrados aos animais durante nove dias o chá

    de Uncaria tomentosa 2% ad libitum em vez de

    água e no décimo dia o extrato de Uncaria

    tomentosa foi administrado na dose de 200mg/Kg

    (10mL/Kg) por gavagem (v.o.) 1 hora antes e 3, 6

    e 9 horas após a administração da CFS. Após 12 h

    da administração da CFS, os animais foram

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 29

    sacrificados por deslocamento cervical e através de

    uma incisão abdominal mediana foi realizada uma

    cuidadosa dissecção vesical para retirada das

    bexigas junto ao colo vesical. As bexigas foram

    seccionadas e seus conteúdos desprezados. Foram

    colocadas em contato com papel absorvente para

    retirada do excesso de líquidos. Em seguida, foram

    pesadas e o resultado do peso úmido vesical (PUV)

    foi expresso como Média ± EPM de mg de

    bexiga/20g de peso corporal, visando à correção da

    variação das massas corpóreas dos animais.

    Os grupos controles experimentais tiveram água ad

    libitum durante os 9 dias do experimento e no

    décimo dia, a água foi administrada por gavagem

    (10 mL/Kg) nos mesmos horários do grupo em

    tratamento com Uncaria tomentosa.

    - Quantificação da cistite

    Edema vesical

    A determinação do edema foi realizada através da

    determinação do peso úmido vesical, expresso em

    mg/20 g de peso corporal.

    Análise macroscópica

    As bexigas foram examinadas à inspeção visual,

    quanto à presença de edema. Edema foi avaliado

    de acordo com os critérios de Gray que se seguem:

    Severo (3+), quando fluido é visto externa e

    internamente na parede da bexiga; Moderado (2+),

    quando o edema é confinado à mucosa interna;

    Intermediário (1+), aspecto entre normal e

    moderado; e Ausente (0), aspecto normal (GRAY,

    1986, p 497-500).

    Análise Estatística

    Os resultados da variação do Peso Úmido Vesical

    foram expressos como média ± Erro Padrão da

    Média (EPM). Para a verificação das diferenças

    estatísticas entre os grupos, foi realizada Análise

    de Variância (ANOVA) e teste de Bonferroni.

    Os dados não paramétricos resultantes da análise

    macroscópica foram reportados como medianas,

    sendo aplicados os testes estatísticos de Kruskal-

    Wallis.Para todas as análises foi considerado

    significativo p < 0,05.

    A figura 1 mostra o efeito do extrato de

    Uncaria tomentosa sobre o edema vesical,

    avaliado a partir da quantificação do Peso

    Úmido Vesical (PUV). A injeção

    intraperitoneal de ciclofosfamida (400 mg/kg,

    i.p.) induziu um aumento significativo no peso

    úmido vesical 12 horas após a sua

    administração (33,18 ± 3,087 g/20g, um

    aumento de 130,1%, p < 0,05) quando

    comparado ao grupo controle (14,42 ± 0,325

    g/20g).

    Peso úmido vesical das bexigas Fonte: Software GraphPad Prism

    Figura 1 – Peso Úmido Vesical (PUV) das bexigas de

    camundongos tratados com ciclofosfamida (CFS) e/ou chá de

    Uncaria tomentosa 2% (20g/L) (UT).

  • Fernanda Teixeira Benevides

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 30

    Os resultados da variação do PUV foram

    expressos como média ± EPM. Para a

    verificação das diferenças estatísticas entre os

    grupos, foi realizada Análise de Variância

    (ANOVA) e teste de Bonferroni. Diferença

    significante (p < 0,05) do PUV comparado ao

    controle (*) e ao grupo CFS (#).

    O tratamento com chá de Uncaria tomentosa

    preveniu significativamente o aumento no peso

    úmido vesical causado por ciclofosfamida em

    torno de 30,5% (23,06 ± 1,547, p < 0,05). A tabela

    1 apresenta a análise macroscópica das bexigas

    avaliada segundo os critérios de Gray para edema.

    Bexigas de animais tratados somente com CFS

    desenvolveram significante edema (mediana = 1, p

    < 0,05) quando comparado com o grupo controle

    (mediana = 0). UT protegeu significativamente do

    edema induzido por ciclofosfamida (mediana = 0,

    p < 0,05).

    Título: Alterações macroscópicas das bexigas

    Fonte: Software GraphPad Prism

    Tabela 1 – Alterações macroscópicas avaliadas

    segundo os critérios de Gray das bexigas de

    camundongos tratados com ciclofosfamida (CFS)

    e/ou chá de Uncaria tomentosa 2% (20g/L) (UT).

    Os dados da avaliação macroscópica foram

    reportados como medianas, sendo aplicados os

    testes estatísticos de Kruskal-Wallis. Diferença

    significante (p < 0,05) comparado ao controle (*) e

    ao grupo CFS (#).

    Os resultados do presente estudo apontam para um

    possível efeito no sentido de reduzir o edema

    produzido pela cistite hemorrágica induzida por

    ciclofosfamida. Esse efeito foi estudado através da

    medição do peso úmido vesical e da avaliação

    macroscópica das bexigas. O peso úmido vesical

    (PUV) mede o peso da bexiga em relação a 20g do

    peso do camundongo. Quanto maior o PUV, maior

    o edema produzido. No nosso estudo, observamos

    a redução significativa do PUV dos animais

    tratados com o chá de Uncaria tomentosa (UT) em

    relação aos animais que não receberam tratamento

    com UT.

    Os critérios de Gray classificam os diferentes graus

    de edema pela atribuição de escores através da

    análise macroscópica. Os resultados obtidos da

    análise macroscópica do edema corroboraram com

    a suposição de que o chá de Uncaria tomentosa é

    capaz de reduzir o edema produzido pela indução

    de cistite hemorrágica em camundongos.

    O chá de Uncaria tomentosa apresentou um

    eficiente efeito anti-inflamatório sobre os eventos

    inflamatórios no modelo de cistite hemorragia

    induzida por ciclofosfamida. O chá de UT foi

    capaz de reduzir o peso úmido vesical das bexigas

    e, na avaliação macroscópica, foi observada

    significativa redução do edema. Novas abordagens

    estão sendo tomadas para elucidar os possíveis

    mecanismos de ação envolvidos.

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 31

    AQUINO, R.; DE FEO, V.; DE SIMONE, F.;

    PIZZA, C.; CIRINO, G. Plant metabolites: new

    compounds and anti-inflammatory activity of

    Uncaria tomentosa. Journal of Natural Products,

    54(2): 453-9, 1991.

    AYHANCI, A.; YAMAN, S.; SAHINTURK, V.;

    UYAR, R.; BAYRAMOGLU, G.; SENTURK, H.;

    ALTUNER, Y.; APPAK, S.; GUNES, S.

    Protective Effect of Seleno-L-Methionine on

    Cyclophosphamide-Induced Urinary Bladder

    Toxicity in Rats.Biol Trace Elem Res (2010)

    134:98–108.

    COGGINS, P.R.; RAVDIN, G. R.; EISMAN, S. H.

    Clinical evaluation of a new alkylant agent:

    cytoxan (cyclophosphamide). Cancer. 13: 1254-

    60. 1960.

    COX PJ. Cyclophosphamide cystitis-identification

    of acrolein as the causative agent. Biochem

    Pharmacol. 1979; 28: 2045–2049.

    GONÇALVES C, DINIS T, BATISTA MT.

    Antioxidant properties of proanthocyanidins of

    Uncaria tomentosa bark decoction: a mechanism

    for anti-inflammatory activity. Phytochemistry.

    2005 Jan; 66 (1):89-98.

    GRAY KJ, ENGELMANN UH, JOHNSON EH,

    FISHMAN IJ. Evaluation of misoprostol

    cytoprotection of the bladder with

    cyclophosphamide Cytoxan) therapy. J Urol 1986;

    136: 497-500.

    HUNTER H.L.; HARRISON E.F. The anticancer

    spectrum of ifosfamide. Semin Oncol. 1982 Dec;

    9 (4 Suppl 1):96-100.

  • Fernanda Teixeira Benevides

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 32

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 33

    PERCENTUAL DE POSITIVIDADE SOROLÓGICA PARA HIV 1 E 2

    EM AMOSTRAS DE BANCO DE SANGUE

    POSITIVE PERCENTAGE OF SOROLOGICAL HIV 1 AND 2 IN THE SAMPLE OF BLOOD BANK

    Heline Costa Soares Meiriane de Freitas de Souza

    RESUMO: O conhecimento sobre doenças transmissíveis pelo sangue e o desenvolvimento de metodologias mais sensíveis e específicas para detectar o estado de infecção são importantes para a qualidade do produto em bancos de sangue. O objetivo deste estudo foi estabelecer o percentual de confirmação de sorologia reativa para HIV em amostras oriundas de doadores de sangue que apresentaram sorologia indeterminada ou reativa para HIV nos testes de triagem sorológica. Trata-se de um estudo retrospectivo, quantitativo de caráter descritivo, para o qual se utilizou o banco de dados informatizado do IEHE / HEMORIO. No período de janeiro/ 2001 a dezembro/2008 foram realizadas 756.705 doações de sangue, deste total, 3144 bolsas com sorologia reativa ou indeterminada para HIV foram descartadas e solicitada nova amostra ao doador. Esta foi encaminhada para ser analisada no Laboratório de Imunologia obtendo-se: 1691 (54%) com resultado não reativo e 1453 (46%) das amostras com resultado positivo ou indeterminado, sendo destas últimas, 494 (34%) apresentaram resultado negativo, 245 (17%) indeterminado e 714 (49%) positivo nos testes confirmatórios (Western Blot). Conclui-se que selecionar um teste de triagem com alta especificidade é capaz de minimizar o número de doadores com reações falso-positivas, reduzindo o tempo de detecção do vírus HIV e minimizando o viés da janela imunológica.

    ABSTRACT: Knowledge about blood viral infections and the development of more sensitive and specific methodologies for detecting infection are important for the quality of final product in blood donation banks. The aim of this study was establish the percentage of positive serology confirmation for HIV in samples from blood donors with positive or indeterminate results in serological screening. This is a retrospective study, quantitative and descriptive, to which was used computerized database of IEHE/ HEMORIO. In the period of January 2001 to December 2008 756,705 blood donations were realized, and 3,144 blood bags with positive or indeterminate serology for HIV were discarded, and a new sample was asked for the donors. This new sample was analyzed in Immunology Laboratory with 1,691 (54%) non-reactive results and 1,453 (46%) positive or indeterminate results, from the last ones, 494 (34%) had negative results, 245 (17%) indeterminate and 714 (49%) positive results in confirmatory Western Blot tests. In conclusion, select high specific and sensible trial test can minimize the number of false positive donors and reduce HIV detection time, minimizing immunology window period bias.

    Palavras-chave: Sorologia HIV, doação de sangue, triagem, teste confirmatório, Western Blot

    Keywords: HIV Serology, blood donation, screening, confirmatory test, Western Blot.

    ____________________________________________________________ 1- Professora titular do Curso de Farmácia da Universidade Estácio de Sá 2- Aluna egressa do Curso de Farmácia da Universidade Estácio de Sá

    Os Serviços de Hemoterapia no Brasil tem se

    empenhado na constante introdução de novas

    tecnologias visando, assim, diminuir os riscos

    transfusionais, especialmente quanto à prevenção

    da propagação de agentes infecciosos

    (CARRAZONE; BRITO; GOMES, 2006).

    A segurança transfusional sanguínea depende de

    inúmeros parâmetros que visam proporcionar a

    melhor qualidade do sangue e dos

    hemocomponentes a serem utilizados. Dentre esses

    fatores, os mais importantes são: a seleção da

    população de doadores, a triagem clínica, a

    realização dos testes imunohematológicos e a

    triagem sorológica (CARRAZONE, et al.2002).

  • Heline Costa Soares e Meiriane de Freitas de Souza

    Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 34

    A primeira Portaria que tornou obrigatória a

    realização de um teste para verificação de HIV em

    amostras de doadores de sangue foi a nº 71 de

    09/08/1989. Somente com a Portaria nº488 de

    17/06/1998 fizeram-se obrigatória a realização de

    dois testes de HIV nos serviços de hemoterapia,

    aumentando a eficácia da triagem sorológica

    (BRASIL, 1989; BRASIL, 1998).

    A triagem sorológica tem um significado

    estratégico especial, pois a partir de um

    determinado momento é o único procedimento que

    vai viabilizar, ou não, a utilização do hemo-

    componente. A crescente evolução do

    conhecimento sobre doenças transmissíveis pelo

    sangue e o maior desenvolvimento de

    metodologias mais sensíveis e específicas para

    detectar o estado de infecção faz com que a

    sorologia em bancos de sangue se torne um tema

    de vital importância para a qualidade do produto

    final (SALLES, 2003).

    A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 153 da

    Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    (ANVISA) de 14/06/04, que normatiza no Brasil as

    atividades de hemoterapia, estabelece que para

    aumentar a segurança do receptor de sangue e

    hemoderivados, exige-se que os testes utilizados na

    triagem sejam de alta sensibilidade visando em

    primeiro momento, à segurança do receptor

    (BRASIL, 2004).

    Uma metodologia que possibilita ganho na

    sensibilidade e especificidade do diagnóstico e

    redução do período de janela imunológica no

    diagnóstico do HIV dentre outros, é a técnica de

    amplificação de ácido nucléico (NAT do inglês

    nucleic acid test) que é constituída de testes in

    vitro qualitativa para detecção de RNA do vírus.

    Embora apresente um custo elevado, o NAT é um

    teste molecular realizado em um pool de bolsas,

    que agiliza a triagem e reduz o custo de testagem

    individual, que é realizado hoje como

    confirmatório das amostras indeterminadas, sendo

    um teste altamente eficaz (STRAMER et al.,

    2004).

    A grande maioria dos testes utilizados na triagem

    sorológica para HIV eram métodos

    imnunoenzimáticos (EIA) que pesquisam

    anticorpos (Ac) e/ou antígenos (Ag), são bem

    padronizados, fornecem o resultado final por

    leitura em aparelhos de forma objetiva e rápida e

    permitem que os procedimentos sejam

    automatizados (MACHADO; COSTA , 1999).

    No Laboratório de Imunologia do Instituto

    Estadual de Hematologia Arthur Siqueira

    Cavalcanti (IEHE / HEMORIO), até 2013, em

    conformidade com a Portaria Nº 59/2003 do

    Ministério da Saúde, que define e normatiza o

    diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em

    indivíduos com idade acima de 02 (dois) anos

    realiza-se um teste imunoenzimático (MEIA) de

    terceira geração, que detecta a presença de

    anticorpos, e um teste imunoenzimático de quarta

    geração que pesquisa, além dos Ac anti-HIV, a

    presença do antígeno p24, que é uma proteína do

    núcleo capsídeo do vírus, e o primeiro marcador

    sorológico a ser detectado (BRASIL, 2003).

    Em conformidade com o Ministério da Saúde, as

    amostras dos indivíduos/doadores com resultado

    definido como positivo na primeira amostra devem

  • Anima, Fortaleza, ano 14, no. 27, p.11-139, jul./ set. 2014 35

    submeter-se a coleta de uma segunda amostra para

    repetir a etapa de triagem sorológica. Por esse

    motivo torna-se necessário que os resultados

    positivos e/ou indeterminados sejam confirmados

    no setor de Imunologia da Instituição, para ter

    certeza de quais doadores realmente está nesta

    situação, afim de que se possa informá-los e

    direcioná-los aos serviços especializados para dar-

    lhes aconselhamento e tratamento. Todavia, até a

    confirmação do diagnóstico, o doador convive

    com uma doença muitas vezes inexistente,

    ocasionando grande tensão, além de perdas

    financeiras para o SUS em decorrência do descarte

    de bolsas de sangue frequentemente não infectadas

    (GARCIA, 2008).

    O objetivo geral do presente estudo foi estabelecer

    o percentual de confirmação de sorologia reativa

    para HIV em amostras oriundas de doadores de

    sangue que apresentaram sorologia indeterminada

    ou reativa para HIV nos testes de triagem

    sorológica. E estabelecer uma comparação dos

    testes imunológicos em relação aos moleculares.

    Trata-se de um estudo retrospectivo, quantitativo

    de caráter descritivo, para o qual se utilizou o

    banco de dados informatizado do IEHE/

    HEMORIO onde foram revisados todos 3.144

    amostras de doadores com pedido de sorologia

    para HIV no laboratório de Imunologia, oriundos

    do ambulatório de Inaptos no período de janeiro de

    2001 a dezembro de 2008, pelo fato de terem

    apresentado sorologia indeterminada ou reativa

    para HIV na triagem sorológica realizado no

    Laboratório de Sorologia da Coordenação Técnica

    de Hemoterapia.