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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Anine Cristina Detomi Santos Investigação do efeito da incorporação de resíduos de PET em compósitos cimentícios São João Del Rei, 2012

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Anine Cristina Detomi Santos

Investigação do efeito da incorporação

de resíduos de PET em compósitos cimentícios

São João Del Rei, 2012

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Anine Cristina Detomi Santos

Investigação do efeito da incorporação de resíduos de PET em compósitos

cimentícios

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Área de Concentração: Materiais e processos de Fabricação Orientador: Marco Antônio Schiavon Co-orientador: Túlio Hallak Panzera

São João Del Rei, 2012

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Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Divisão de Biblioteca da UFSJ

Detomi, Anine Cristina D482i Investigação do efeito da incorporação de resíduos de PET em compósitos cimentícios [manuscrito] / Anine Cristina Detomi Santos . – 2012. 97f. ; il. Orientador: Marco Antônio Schiavon. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia Mecânica. Referências: f. 98-103. 1. Indústria de reciclagem – Teses 2. Planejamento experimental – Teses 3. Cimento – Teses 4. Engenharia mecânica – Teses I. Santos, Anine Cristina Detomi ver Detomi, Anine Cristina II. Schiavon, Marco Antônio (orientador) III. Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia Mecânica IV. Título

CDU: 628.477

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Dedico com todo amor e carinho,

à minha maior conquista, DAVI.

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Agradecimentos

À Deus, agradeço por tudo, principalmente por ter me dado forças e iluminado

meu caminho para vencer mais esta etapa da minha vida.

Ao meu pai, Dalmo, que além de um superpai, sempre foi um grande amigo, me

incentivando e apoiando em todas minhas decisões. Agradeço pelo amor, cuidado,

conselhos e pela confiança.

À minha amada mãe, Sandra, pelo amor e dedicação que sempre teve comigo.

Ao meu maravilhoso filho, Davi, minha benção, por ter somado tantas coisas boas

em minha vida e por simplesmente ser a razão de minha busca por vitórias, conquistas

e realizações.

Agradeço aos meus irmãos, Diego e Rafael, e aos meus avós, Romilda e Antônio,

por todo carinho e por sempre torcerem e rezarem por mim.

À minha querida madrasta, Rosângela, por todo incentivo, força, cuidado, carinho

e pela “hospitalidade” durante a realização deste trabalho.

Á toda minha família pelo constante apoio, compreensão, amor e incentivo.

Ao Luis Sérgio, Dalmo, Rosângela, Daniela e Darlene pelo incentivo de ingressar

na vida acadêmica.

À Angélica, Maria, Jordana, Rosângela, Dalmo e Rafael pelo carinho dedicado ao

meu filho durante a minha ausência. Dedicação esta que me proporcionou tranquilidade

e paz para conquistar meu objetivo.

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Aos meus sogros, Maria de Lourdes e Sérgio, que compreenderam a minha

ausência e do Davi.

Ao Professor Doutor Marco Antônio Schiavon pela orientação, apoio e confiança

prestados ao longo deste trabalho.

Ao Professor Doutor Túlio Hallak Panzera, por ter aceitado ser o co-orientador

deste trabalho, pela dedicação, orientação segura em todos os momentos importantes,

competência, comprometimento, incentivo e amizade.

Ao Professor Doutor Paulo Henrique Ribeiro Borges do corpo docente do

departamento de Engenharia Civil do CEFET / MG, pelo interesse, observações e por

fazer parte da banca examinadora desta dissertação de mestrado.

Ao Professor Doutor Valdir Mano do corpo docente do Departamento de Ciências

Naturais da Universidade Federal de São João Del Rei por fazer parte da banca

examinadora desta dissertação de mestrado.

À Professora Doutora Vânia Regina Velloso Silva, pela amizade, dedicação e por

acompanhar meus passos desde a graduação.

Aos bolsistas de iniciação científica, Arthur Melo, Túlio Pimenta, Sergio Ribeiro,

Robert Muniz e Plinio dos Santos, pela colaboração indispensável que prestaram

durante a fase experimental.

Aos técnicos, Francisco Marcelino da Silva, Emílio Dias e Camilo dos Santos, pela

valiosa colaboração nos ensaios mecânicos preliminares e definitivos dos compósitos.

À Professora Doutora Maria Teresa Paulino Aguilar do corpo docente do

departamento de Engenharia de Materiais e Construção da Universidade Federal de

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Minas Gerais, por permitir a realização de ensaios mecânicos no Laboratório de

Materiais da UFMG.

Ao aluno do curso de graduação em Engenharia Civil da UFMG, Ramon Tadeu, e

ao técnico, Dedé, pela contribuição no ensaio mecânico realizado na UFMG.

À CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior,

pela concessão da bolsa de estudos.

À toda equipe do CITeC, especialmente Fábio, Reniene, Carol, Luciano, Júlio,

Zélia, Caio, Rubinho e Prof. André, pela convivência acadêmica, amizade, incentivo e

momentos de descontração.

À empresa Moinhos Gerais Ltda, especialmente ao Sr. Ogmar Casteli Panzera,

pelo fornecimento do quartzo.

À empresa MinasPet Indústria e Comércio de Embalagens e Serviços Ltda,

especialmente ao Eng. Luiz Gustavo Guimarães, pelo fornecimento do PET moído.

Ao Professor Doutor Frederico Ozanan Neves e à secretária Mônica Jaques pelo

apoio administrativo prestado neste trabalho.

À todos que direta ou indiretamente, colaboraram na execução deste trabalho.

Finalmente, mas não por último, gostaria de registrar meus agradecimentos, em

especial, ao meu amado marido Luís Sérgio, minha vida e companheiro, que

compreendeu minha ausência, meu nervosismo e todo meu stress em vários momentos

durante o desenvolvimento de meu trabalho. Muito obrigada pelo amor, confiança,

incentivo, apoio, paciência, companheirismo, respeito, amizade, carinho........ e obrigada

pelo nosso maior tesouro: Davi!!!!!

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"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com

mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do

momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar, e só

descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens,

empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a

própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o de

rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro

pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de

um grande sofrimento ... Pelo menos é o que diz a lenda.”

(Colleen McCullough )

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DETOMI, A. C. Investigação do efeito da incorporação de resíduos de PET em compósitos cimentícios. 2012. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São João Del Rei, MG.

Resumo

A quantidade de embalagens e produtos descartáveis de PET aumentou

significativamente nas últimas décadas. Os plásticos usados em embalagens

industriais, principalmente em garrafas e sacolas, apresentam risco ao meio ambiente

devido a seu longo período de biodegradabilidade. A adição de rejeitos poliméricos de

PET em diferentes classes de materiais tem sido o foco de inúmeras pesquisas

realizadas, tornando esta uma alternativa sustentável para reciclagem destes resíduos.

Este trabalho investiga o efeito da substituição de partículas de quartzo por PET no

comportamento mecânico de argamassas. O planejamento fatorial completo adotado

permitiu identificar os efeitos dos fatores experimentais relação água/cimento (0,45 e

0,55) e granulometria das partículas de substituição do agregado (G – 4 a 20 US Tyler /

M – 20 a 50 US Tyler / F – 50 a 200 US Tyler / GM – 4 a 50 US Tyler / MF – 20 a 200

US Tyler) sobre as variáveis-respostas: densidade aparente, porosidade aparente,

absorção de água, permeabilidade, resistência a compressão e módulo de elasticidade.

Os resultados mostraram uma redução das propriedades mecânicas com a substituição

de agregado natural por PET. Com base nas condições de referência fabricadas com

100% de quartzo, o compósito C6 (A/C 0,55 e “G”) exibiu propriedades aceitáveis,

sendo este o mais recomendado para o reuso de partículas de PET. Finalmente, este

trabalho permitiu identificar e quantificar o efeito da substituição de agregado natural

quartzo por partículas de PET nos compósitos cimenticios, vislumbrando seu uso em

aplicações não estruturais para construção civil.

Palavras Chave: reciclagem, compósitos cimentícios, partículas de PET, planejamento

estatístico de experimento.

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DETOMI, A. C. The effect of PET waste additions on cementitious c omposites. 2012. Masters Dissertation, Federal University of São João Del Rei, MG.

Abstract

The amount of polymeric packages and disposable products has increased significantly

in the last decades. The plastics from the industrial packaging, particularly bottles and

bags, are very aggressive to the environment due to their long period of biodegradability.

The addition of PET wastes as dispersive phase into composite materials has been the

focus of much research, making this a sustainable alternative for the reuse of such

residues. This work investigates the effect of silica particle replacement by PET particles

on the mechanical behaviour of cementitious composites. A full factorial design was

conducted to identify the effect of the following factors water / cement ratio (0.45 and

0.55) and particle size ranges of silica replacement (G - 4 to 20 US- Tyler / M - 20 to 50

US- Tyler / F - 50 to 200 US- Tyler / GM - 4 to 50 US- Tyler / MF - 20 to 200 US- Tyler)

on the following responses: density, porosity, water absorption, permeability,

compressive strength and modulus of elasticity. The results revealed a reduction of the

mechanical properties based on the quartz aggregate replacement by PET. Based on

the reference condition (100% of quartz) properties, the C6 composite (A / C 0.55 and

"G") presented acceptable properties, being a good alternative for PET recycling.

Finally, this work was able to identify and quantify the effect of quartz/PET particle

replacement in the mechanical behaviour of cementitious composites, making these

composites suitable for non-structural applications of civil engineering.

Key Words : recycling, cementitious composites, PET particles, full factorial design.

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Lista de Figuras

Figura 2.1 As fases de um compósito (DANIEL E ISHAI, 1994)........................ 26

Figura 2.2 Diagrama esquemático da classificação dos materiais compósitos,

segundo Daniel e Ishai (1994)...........................................................

28

Figura 2.3 O empilhamento de camadas sucessivas reforçadas com fibras

orientadas em um compósito laminado. (CALLISTER, 2011)...........

29

Figura 2.4 Micrografia eletrônica de varredura (MEHTA E MONTEIRO,

2006)..................................................................................................

34

Figura 2.5 Microestrutura da pasta de cimento (DIAMOND, 2004).................... 36

Figura 2.6 Representação esquemática de duas pastas de cimento, uma

contendo uma relação água/cimento 0,65 e a outra 0,25 (AITCIN,

2000)..................................................................................................

38

Figura 2.7 Efeito da quantidade e do tamanho das partículas na eficiência de

empacotamento (OLIVEIRA et al. 2000)...........................................

39

Figura 2.8 Representação esquemática das formas de poros que podem

ocorrer nas partículas (OLIVEIRA et al. 2000)..................................

41

Figura 2.9 Modelos esquemáticos que apresentam duas formas de

empacotamento por uma mesma distribuição granulométrica

(OLIVEIRA et al. 2000)......................................................................

42

Figura 2.10 Exemplo fornecido pelo Minitab[TM] do gráfico “quatro em um” dos

resíduos.............................................................................................

59

Figura 3.1 Agregado natural: (a) fino, (b) médio, (c) grosso............................... 62

Figura 3.2 Peneirador mecânico com peneiras ABNT........................................ 62

Figura 3.3 PET fornecido pela MinasPet............................................................ 63

Figura 3.4 Partículas de PET após granulação e peneiramento: (a) fino, (b)

médio, (c) grosso...............................................................................

63

Figura 3.5 Moinho de rotor e peneiras................................................................ 63

Figura 3.6 Moldes cilíndricos de PVC................................................................. 67

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Figura 3.7 Gabarito capeador de enxofre........................................................... 69

Figura 3.8 Corpos-de-prova capeados com enxofre.......................................... 69

Figura 3.9 Câmara de vácuo para ensaio de densidade aparente..................... 71

Figura 3.10 Permeâmetro para medição de permeabilidade................................ 73

Figura 3.11 Sistema de vedação de gás e acoplamento da amostra no

permeâmetro.....................................................................................

73

Figura 3.12 Equipamento de ensaio de compressão........................................... 74

Figura 4.1 Gráficos de resíduos para a densidade aparente dos compósitos.... 77

Figura 4.2 Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a

média da densidade aparente dos compósitos................................. 78

Figura 4.3 Gráficos de resíduos para a porosidade aparente dos compósitos.. 79

Figura 4.4 Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da porosidade

aparente dos compósitos................................................................... 80

Figura 4.5 Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a

média da porosidade aparente dos compósitos.................................... 81

Figura 4.6 Gráficos de resíduos para a absorção de água dos compósitos....... 82

Figura 4.7 Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da absorção de

água dos compósitos......................................................................... 83

Figura 4.8 Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a

média da absorção de água dos compósitos.................................... 83

Figura 4.9 Gráficos de resíduos para a permeabilidade dos compósitos........... 84

Figura 4.10 Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da

permeabilidade dos compósitos........................................................ 85

Figura 4.11 Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a

média da permeabilidade dos compósitos............................................. 85

Figura 4.12 Gráficos de resíduos para a resistência à compressão dos

compósitos......................................................................................... 86

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Figura 4.13 Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a

média da resistência à compressão........................................................ 87

Figura 4.14 Gráficos de resíduos para a resistência à compressão dos

compósitos......................................................................................... 88

Figura 4.15 Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a

média do módulo de elasticidade............................................................ 89

Figura 4.16 Imagem de elétrons retro espalhados com uma amplificação de

100X, (a) C1: A/C 0,45; Granulometria de substituição “G”;

(b) C6: A/C 0,55; Granulometria de substituição “G”........................ 90

Figura 4.17 Imagem de elétrons retro espalhados com uma amplificação de

100X, (C10: A/C 0,55; Granulometria de substituição “MF”)............. 91

Figura 4.18 Imagem de elétrons retro espalhados com uma amplificação de

50X (a, b) condição de referência REF 3 (100% quartzo, A/C 0,55)

(b, c) condição de referência REF4 (100% PET, A/C

0,55)................................................................................................... 92

Figura 4.19 Módulo de elasticidade e resistência à compressão......................... 93

Figura 4.20 Porosidade e densidade aparentes................................................... 94

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 Classificações dos Planejamentos Experimentais (Adaptação de

Juran, J.M. (1988)).......................................................................... 54

Tabela 2.2 Matriz de planejamento experimental............................................. 57

Tabela 3.1 Fatores e níveis do experimento..................................................... 65

Tabela 3.2 Planejamento fatorial completo....................................................... 66

Tabela 3.3 Condições de referência.................................................................. 66

Tabela 3.4 Densidade de empacotamento dos materiais................................. 68

Tabela 3.5 Planilha para preparação de cada amostra..................................... 68

Tabela 4.1 Análise de Variância (ANOVA)........................................................ 76

Tabela 4.2 Densidade aparente das condições de referência.......................... 78

Tabela 4.3 Porosidade aparente das condições de referência......................... 80

Tabela 4.4 Absorção de água das condições de referência............................. 82

Tabela 4.5 Resistência à compressão das condições de referência................ 88

Tabela 4.6 Módulo de elasticidade das condições de referência...................... 89

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Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras Latinas

A – área de superfície [m2]

Ab – Absorção de água [%]

Ac – área da superfície de carregamento [mm2]

dq / dt – taxa de fluxo de fluido [m3/s]

E – módulo de elasticidade ou módulo de Young [MPa]

F – partículas finas [US Tyler]

G – partículas grossas [US Tyler]

L – espessura do sólido [m]

Ke - coeficiente de permeabilidade [m2]

M – partículas médias [US Tyler]

m1 – massa do corpo de prova seco [g]

m2 – massa da amostra saturada com água [g]

m3 – massa da amostra totalmente submersa na água [g]

P – carga máxima de ruptura [N]

Pa – porosidade aparente [%]

Rc – resistência à compressão [MPa]

Vi - volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água [cm3]

...................................................

Letras Gregas

∆H – gradiente de pressão [N/m2]

ε – deformação do corpo de prova [mm/mm]

µ - viscosidade do fluido [N.s/m2]

ρa - densidade aparente do material [g / cm3]

σ - tensão aplicada [MPa]

...................................................

Abreviações

ABIPET – Associação Brasileira da Industria do PET

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ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

ANOVA – Análise de variância

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem

CMC – Compósitos de matriz cerâmica

CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CMM – Compósitos de matriz metálica

CMP – Compósitos de matriz polimérica

DOE – Design of experiments

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

ONU – Organização das Nações Unidas

PET – Poli(tereftalato de etileno)

PVC – Poli(cloreto de vinila)

...................................................

Siglas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

Al 2O3 – Alumina

ASTM – American Society of Testing Materials

CaO – Óxido de cálcio

C2S – Belita

C3A – Aluminato tricálcico

C3S – Alita

C4AF – Brownmilerita

Fe2O3 – Óxido de ferro

MgO – Magnésia

SiO2 – Sílica

SO3 – Anidrido sulfúrico

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

NBR – Norma Brasileira

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

UFSJ – Universidade Federal de São João del Rei

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO............................. ..................................................... 20

1.1 Justificativa...................................................................................................... 20

1.2 Objetivos do trabalho....................................................................................... 23

CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA.................. .......................................... 24

2.1 Materiais compósitos....................................................................................... 24

2.1.1 Definição dos materiais compósitos.................................................. 24

2.1.2 Classificação dos materiais compósitos............................................ 27

2.2 Cimento Portland............................................................................................. 29

2.3 Fatores que influenciam compósitos cimentícios............................................ 36

2.3.1 Partículas ultrafinas........................................................................... 37

2.3.2 Relação água e cimento.................................................................... 37

2.3.3 Tamanho de partícula........................................................................ 38

2.3.4 Geometria da partícula...................................................................... 40

2.3.5 Técnica de compactação................................................................... 41

2.4 Compósitos com PET...................................................................................... 42

2.4.1 Poli(tereftalato de etileno) (PET)....................................................... 42

2.4.2 Reciclagem........................................................................................ 45

2.4.3 Estudos realizados: compósitos com PET........................................ 47

2.5 Planejamento experimental............................................................................. 51

2.5.1 Terminologia básica........................................................................... 52

2.5.2 Procedimento experimental............................................................... 52

2.5.3 Planejamento fatorial......................................................................... 56

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CAPÍTULO 3: METODOLOGIA EXPERIMENTAL............... ................................... 61

3.1 Materiais Empregados.................................................................................... 61

3.1.1 Fase matriz: cimento Portland........................................................... 61

3.1.2 Fase dispersa: partículas de quartzo................................................. 61

3.1.3 Fase dispersa: partículas de PET...................................................... 62

3.2 Escolha dos fatores e níveis experimentais................................................... 64

3.3 Fabricação dos corpos de prova.................................................................... 66

3.4 Seleção das variáveis respostas.................................................................... 69

3.4.1 Densidade aparente.......................................................................... 70

3.4.2 Porosidade aparente......................................................................... 71

3.4.3 Absorção de água.............................................................................. 72

3.4.4 Permeabilidade.................................................................................. 72

3.4.5 Resistência à compressão e módulo de elasticidade estático.......... 74

3.5 Análise estatística........................................................................................... 75

3.6 Análise microestrutural................................................................................... 75

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÕES................ ..................................... 76

4.1 Densidade aparente....................................................................................... 77

4.2 Porosidade aparente...................................................................................... 79

4.3 Absorção de água.......................................................................................... 81

4.4 Permeabilidade............................................................................................... 84

4.5 Resistência à compressão............................................................................. 86

4.6 Módulo de elasticidade................................................................................... 88

4.7 Análise Microestrutural................................................................................... 90

4.8 Análise das condições experimentais e de referência................................... 93

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CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES............................. .................................................... 95

CAPÍTULO 6: SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....... ........................ 97

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 98

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

O consumo crescente de produtos industrializados tem resultado em um

aumento descontrolado de resíduos sólidos. Segundo o panorama de resíduos

sólidos no Brasil, divulgado pela ABRELPE (Associação Brasileira de

Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), a produção de lixo no

país em 2010 cresceu seis vezes mais do que a população. A produção média

de resíduos sólidos urbanos está na ordem de 1,213 kg/hab.dia. Desta forma,

são descartadas diariamente 195.090 toneladas de resíduos no país. Deste

total, 42,4% acabam em lixões e aterros controlados, que pouco se diferenciam

dos lixões, uma vez que ambos não possuem o conjunto de sistema e medidas

para proteção do meio ambiente contra danos e degradações.

É evidente a necessidade de intervenção no processo de geração e

destinação dos resíduos sólidos como forma de garantir a estabilidade

ecológica no meio ambiente, por meio de um desenvolvimento sustentável. A

busca por um consumo responsável e sustentável tem fundamento no relatório

Brundtland, intitulado Nosso Futuro Comum, elaborado pela Comissão Mundial

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das

Nações Unidas (ONU), publicado em 1987.

Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades [...] como

tal requer a promoção de valores que encorajam padrões de

consumo que estejam dentro dos limites do ecologicamente possível

e para o qual todos poderiam aspirar razoavelmente (CMMAD, 1991).

A crescente conscientização sobre o meio ambiente contribui para as

discussões relacionadas com a eliminação e reuso dos resíduos gerados. A

gestão de resíduos sólidos é uma das principais preocupações ambientais do

mundo. Com a escassez de espaço para deposição em aterros e, devido ao

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21

seu custo cada vez maior, a utilização de resíduos tem se tornado uma

alternativa atraente para sua disposição (SIDDIQUE et. al., 2008).

A rentabilidade do mercado de reciclagem das embalagens plásticas no

Brasil, assim como em outros países desenvolvidos, mostra aspectos atraentes

para iniciativas empresariais do setor, com reflexos sócio-econômicos

diretamente relacionados com a melhoria da qualidade de vida da população,

geração de renda, economia de recursos naturais e atenuação de problemas

ambientais (FORLIN e FARIA, 2002).

No Brasil a prática da reciclagem ainda apresenta-se de forma incipiente,

mas o cenário indica sinais de melhora. A pesquisa Ciclosoft 2010, realizada

pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), apresenta a

participação dos plásticos na composição dos materiais recicláveis resgatados

pelos programas de coleta seletiva no Brasil correspondente a média de 19,5%

do lixo. Destes percentuais, o poli(tereftalato de etileno) (PET) representa

27,1%. O Brasil consumiu 505 mil toneladas do polímero PET na fabricação de

embalagens em 2010; 56% das embalagens pós-consumo foram recicladas,

totalizando 282 mil toneladas. Em 2010 o Brasil alcançou novamente o

segundo lugar na reciclagem do PET, perdendo apenas para o Japão que

reciclou 72,1%. Atualmente, o maior mercado para o PET pós-consumo no

Brasil é a produção de fibra de poliéster para indústria têxtil (multifilamento),

onde será aplicada na fabricação de fios de costura, forrações, tapetes e

carpetes, mantas de TNT (tecido não tecido), entre outras. Outra utilização

muito frequente é na fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas

(monofilamento). Outra parte é destinada à produção de filmes e chapas para

boxes de banheiro, termo-formadores, formadores a vácuo, placas de trânsito e

sinalização em geral. Também é crescente o uso das embalagens pós-

consumo recicladas na fabricação de novas garrafas para produtos não

alimentícios. É possível utilizar os flocos da garrafa na fabricação de resinas

alquídicas, usadas na produção de tintas e também resinas insaturadas, para

produção de adesivos e resinas poliéster. As aplicações mais recentes estão

na extrusão de tubos para esgotamento predial, cabos de vassouras e na

injeção para fabricação de torneiras (CEMPRE, 2012).

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Novas alternativas para reutilização destas embalagens devem ser

propostas, de modo a evitar o descarte em aterros sanitários e no meio

ambiente. A decomposição do PET ocorre em aproximadamente 400 anos,

acarretando problemas de ordem operacional nos aterros sanitários,

dificultando a compactação da parte orgânica, além da significativa perda

econômica e social, uma vez que a indústria da reciclagem gera empregos e

usa mão de obra de baixa qualificação (CANELLAS, 2005).

A adição de fibras sintéticas em diferentes classes de materiais como

cerâmicos e polímeros surge como uma boa opção para o processo de

reciclagem dos resíduos minerais e industriais (SATAPATHY e NANDO, 2008).

A utilização do PET como fase reforçadora em materiais compósitos

poliméricos tem sido investigada nos últimos anos (SATAPATHY e NANDO,

2008; ARAUJO et. al., 2007). Outros pesquisadores têm utilizado o PET como

fase matriz de compósitos laminados (PEREIRA DE OLIVEIRA e CASTRO

GOMES, 2011) ou particulados (ALBANO et. al., 2009). A literatura relata

aplicações para resíduos plásticos em argamassa e concreto (SILVA et. al.,

2005; BATAYNEH e MARIE, 2007; KIM et. al., 2010), tornando este, um

material alternativo e ecológico para a construção civil. A maioria das

pesquisas trata da aplicação de resíduos plásticos em concreto.

Este projeto de pesquisa visa o desenvolvimento de argamassa

sustentável, sendo um material compósito particulado constituído de uma fase

de partículas de quartzo / PET e uma matriz cimentícia. O efeito da substituição

de partículas de quartzo por PET no comportamento mecânico de compósitos

cimentícios foi investigado neste trabalho. O planejamento estatístico de

experimento adotado, Design of Experiment (DOE), permitiu identificar os

efeitos dos fatores experimentais relação água/cimento e faixa granulométrica

do agregado sobre as variáveis-respostas absorção de água, densidade e

porosidade aparentes, permeabilidade, resistência à compressão e módulo de

elasticidade.

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23

É neste contexto tecnológico e social que este projeto de pesquisa visa

contribuir para novas demandas da sociedade, por meio do desenvolvimento

de materiais sustentáveis para a construção civil.

1.2 Objetivos do trabalho

Este trabalho tem como objetivo estudar o efeito da substituição de

partículas de quartzo por PET nas propriedades de compósitos cimentícios,

visando à obtenção de um material compósito sustentável com propriedades

físico-mecânicas adequadas para construção civil.

Dentre os objetivos mais amplos estão:

- promover a reutilização de rejeitos poliméricos;

- agregar valor aos materiais reciclados;

- incentivar a coleta seletiva.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo foi divido em cinco partes distintas. Na primeira parte será feita

uma descrição do que é um compósito, apresentando as definições que são dadas

ao material, seguidas dos diversos tipos de compósitos e suas classificações. A

segunda parte trará uma descrição do cimento Portland, de seus componentes e

hidratação. Os fatores que mais influenciam os compósitos cimentícios serão

apresentados na terceira parte. A quarta parte desta revisão trará uma breve

abordagem histórica do Poli (tereftalato de etileno) (PET) e suas formas de

reciclagem, além de uma revisão sobre os estudos realizados em compósitos

reforçados com PET. Finalmente, uma breve explicação sobre a metodologia

experimental baseada no planejamento estatístico de experimentos com sua

terminologia básica, procedimento e planejamento fatorial serão apresentados.

2.1 Materiais compósitos

O avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento de novos materiais capazes

de atender exigências específicas de projeto que os materiais convencionais não

conseguem atender com o mesmo desempenho. A combinação química e estrutural

de diferentes materiais permitiu o desenvolvimento de uma nova classe de materiais

para a engenharia: os materiais compósitos. Os materiais compósitos são projetados

de modo a conjugar as características das fases individuais.

2.1.1 Definição dos materiais compósitos

Os materiais compósitos não possuem uma definição universalmente aceita. A

palavra compósito deriva de composto, ou seja, qualquer coisa formada por partes

(ou constituintes) diferentes. Na escala microestrutural, diversos materiais podem ser

considerados compósitos, uma vez que são formados por agrupamentos atômicos

diferentes. Já na escala macroestrutural, onde os constituintes são diferentes e

podem ser identificados a olho nu, há também uma diversidade de materiais

considerados compósitos. As dificuldades em se estabelecer uma definição para

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material compósito residem nas limitações dimensionais impostas aos constituintes

que formam o material, de acordo com Smith (1998). Para dar uma descrição

razoável para o material compósito, o referido autor o define da seguinte forma: “[...]

um material compósito é formado por uma mistura ou combinação de dois ou mais

microconstitutintes ou macroconstituintes que diferem na forma e na composição

química e que, na sua essência, são insolúveis uns nos outros”.

Segundo a norma ASTM D3878-07, compósito é uma substância consistindo

de dois ou mais materiais, insolúveis entre si, que são combinados para formar um

material de engenharia útil exibindo certas propriedades que não se encontram nos

materiais isoladamente.

Callister (2011), de uma forma bem generalizada, considera materiais

compósitos como sendo “[...] qualquer material multifásico que exibe uma proporção

significativa das propriedades de ambas as fases que o constituem, de modo tal que

é obtida uma melhor combinação de propriedades”.

Segundo Daniel e Ishai (1994), um compósito estruturado pode ser definido

como sendo um sistema de materiais composto de duas ou mais fases numa escala

macroscópica, cujo desempenho mecânico e propriedades são projetados para

serem superiores àqueles dos constituintes atuando independentemente, onde uma

das fases é geralmente descontínua, mais forte e resistente, sendo denominada

“dispersa” ou reforçadora, enquanto que a fase menos resistente é contínua e

denominada “matriz”.

A zona de transição ou interface surge entre a fase dispersa e a matriz. A

qualidade da interface exerce um papel fundamental no desempenho de um

compósito, isto porque a interface é a principal responsável pela eficiente

transferência dos esforços da matriz para o reforço (DANIEL e ISHAI, 1994).

Algumas vezes, devido a interações químicas ou efeitos de outros processos, uma

fase adicional pode ocorrer na zona de transição denominada por interfase, que

exibe propriedades distintas das fases dispersa e matriz.

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A Figura 2.1 representa as fases de um compósito segundo a definição de

Daniel e Ishai (1994).

Figura 2.1 - As fases de um compósito (DANIEL E ISHAI, 1994).

Segundo Daniel e Ishai (1994), é necessário satisfazer três critérios antes que

o material possa ser classificado como um compósito:

1. Ambos os constituintes devem estar presentes em proporções maiores que

5%;

2. As fases constituintes devem ter propriedades diferentes;

3. As propriedades do compósito devem ser notoriamente diferentes daquelas

dos materiais constituintes atuando independentemente.

Dessa forma, um compósito consiste em um material multifásico feito

artificialmente, em contraste com um material que ocorre ou se forma naturalmente.

Além disso, as fases constituintes devem ser quimicamente diferentes e devem estar

separadas por uma interface distinta. Assim, a maioria das ligas metálicas e muitos

materiais cerâmicos não se enquadram nessa definição, pois as suas múltiplas fases

são formadas como consequência de fenômenos naturais (CALLISTER, 2011).

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As propriedades dos compósitos são função das propriedades das fases

constituintes, de suas quantidades relativas e da geometria da fase dispersa

(CALLISTER, 2011).

2.1.2 Classificações dos materiais compósitos

Os materiais compósitos podem ser classificados de acordo com o tipo de

matriz, tipo de reforço, processo, entre outros critérios. Classificações quanto à

natureza da fase dispersa e da matriz, no entanto, são as mais encontradas na

literatura.

No que se refere à fase matriz, um compósito pode ser classificado em três

grupos: compósito de matriz metálica (CMM), compósito de matriz cerâmica (CMC) e

compósito de matriz polimérica (CMP).

Com relação à fase dispersa, pode ser classificado em três categorias gerais,

dependendo do tipo, geometria e orientação do reforço: compósitos particulados,

compósitos de fibras descontínuas (whiskers) e compósito de fibras contínuas, como

mostra a Figura 2.2.

• Compósitos particulados: consistem em partículas de vários tamanhos e

formas dispersas aleatoriamente dentro de uma matriz.

• Compósitos de fibras descontínuas (whiskers): contêm pequenas fibras

(whiskers) como reforçadores.

• Compósitos de fibras contínuas: compósitos reforçados por longas fibras

contínuas sendo os mais eficientes sob o ponto de vista de rigidez e

força. As fibras podem ser orientadas paralelamente (unidirecional),

formando ângulos entre si (crossply) ou distribuídas em várias direções

(multidirecional).

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Figura 2.2: Diagrama esquemático da classificação dos materiais compósitos,

segundo Daniel e Ishai (1994).

Os compósitos laminados são aqueles fabricados com camadas de fibras

sobrepostas, sejam unidirecionais ou multidirecionais, dependendo das exigências

de projeto, como mostra a Figura 2.3. De acordo com Callister (2011), um compósito

laminado é composto por lâminas ou painéis bidimensionais que possuem uma

direção preferencial de alta resistência, tal como encontrado nas madeiras e nos

plásticos reforçados com fibras contínuas e alinhadas.

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Os compósitos são denominados híbridos quando são constituídos de

combinações de vários tipos de reforço, combinando fibras e partículas no mesmo

material ou ainda combinando mais de um tipo de fibra ou de partícula no mesmo

material (OLIVEIRA, 2007).

Figura 2.3 - O empilhamento de camadas sucessivas reforçadas com fibras

orientadas em um compósito laminado (CALLISTER, 2011).

Os materiais cimentícios têm sido amplamente utilizados como fase matriz em

diversos compósitos particulados. A grande vantagem é que os mesmos não

necessitam de temperatura elevada para solidificação (sinterização), mas sim de um

processo químico de hidratação responsável pela formação das fases sólidas e

microestrutura. O cimento Portand foi utilizado neste trabalho como fase matriz,

sendo assim será detalhado na seção seguinte.

2.2 Cimento Portland

Segundo Newell (2010), os compósitos particulados contêm um grande número

de partículas aleatoriamente orientadas, denominadas agregados, que ajudam o

compósito suportar cargas compressivas. As propriedades finais dos compósitos

particulados são mais fáceis de predizer, porque eles não têm os problemas de

orientação que ocorrem nos compósitos reforçados por fibras. Em geral, os materiais

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dos agregados são muito mais resistentes do que a fase matriz que os envolve, mas

partículas adjacentes de agregado não podem se ligar umas às outras. O compósito

particulado mais importante comercialmente é o concreto, que é uma mistura de

brita, ou pedrisco (agregado) e cimento Portland (matriz). Tecnicamente, o termo

concreto se refere a qualquer compósito particulado que misture agregados minerais

com uma matriz que os una, mas atualmente o termo, geralmente, é aplicável ao

concreto com cimento Portland.

Concreto é um material compósito consistindo de um agregado de partículas

que estão ligadas umas às outras em um corpo sólido por algum tipo de meio

ligante, isto é, um cimento. Os dois tipos de concretos mais familiares são aqueles

feitos com os cimentos Portland e asfáltico, onde o agregado é a brita e a areia. O

concreto asfáltico é largamente usado, principalmente como um material de

pavimentação, enquanto o concreto de cimento Portland é empregado

extensivamente como um material estrutural na construção civil (CALLISTER, 2011).

Os materiais da construção civil como o concreto, argamassa e outros produtos

que utilizam o cimento Portland como aglomerante podem ser retratados como

materiais compósitos de matrizes cimentícias. Tal abordagem provoca divergências

entre engenheiros civis e de materiais devido às diferenças conceituais, de

terminologia e tipo de análise (PANZERA, 2007). Cabe ressaltar que nesta

dissertação de mestrado, os produtos cimentícios, provenientes ou não da

construção civil, receberão uma análise voltada para a teoria dos materiais

compósitos.

Segundo Petrucci (1978), o concreto é um material de construção constituído

por mistura de um aglomerante com um ou mais materiais inertes e água. Quando

recém misturado, deve oferecer condições tais de plasticidade que facilitem as

operações de manuseio indispensáveis ao lançamento nas formas, adquirindo com

o tempo, pelas reações que então se processarem entre aglomerante e água,

coesão e resistência. Os materiais que o compõem são o cimento, agregados e

água. A dosagem pode ser definida como uma combinação adequada e econômica

dos constituintes do concreto, que possa ser usada para a primeira mistura

experimental com vistas a produzir um concreto que possa estar próximo daquele

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que consiga um bom equilíbrio entre as várias propriedades desejadas ao menor

custo possível. O traço pode ser quantificado em volume ou em peso, muitas vezes

adota-se uma indicação mista: o cimento em peso e os agregados em volume. Seja

qual for a forma, toma-se sempre o cimento como unidade, e relacionam-se as

demais quantidades à quantidade de cimento como referência.

De um modo sintético, as misturas dos elementos constituintes dos concretos

podem ser assim designadas:

PASTA = CIMENTO + ÁGUA;

ARGAMASSA = PASTA + AGREGADO MIÚDO;

CONCRETO = ARGAMASSA + AGREGADO GRAÚDO.

Segundo a NBR 13281, argamassa é a mistura homogênea de agregado(s)

miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou adições,

com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou

em instalação própria (argamassa industrializada).

O cimento usualmente empregado em concretos e argamassas é o cimento

Portland, embora possam ser empregados outros tipos de cimento. Os agregados

são classificados conforme granulometria em agregados graúdos e agregados

miúdos.

A Norma NBR 7211 classifica como agregado graúdo aquelas partículas que

passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidas na peneira

com abertura de malha de 4,75 mm. Agregados miúdos são aqueles que passam

pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidas na peneira de 150

µm.

O agregado miúdo que faz parte dos principais componentes do concreto é a

areia, resultante da desintegração natural e da abrasão de rochas ou processamento

de rochas arenosas friáveis. Já o agregado graúdo é, normalmente, a pedra britada,

que trata-se do produto resultante da britagem industrial de rochas, seixos rolados

ou pedras arredondadas graúdas (MEHTA e MONTEIRO, 2006).

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O cimento Portland é utilizado em grande escala como ingrediente básico na

produção do concreto ou argamassa. As matérias-primas usadas na fabricação do

cimento Portland se constituem, principalmente, de óxido de cálcio (CaO), sílica

(SiO2), alumina (Al2O3), óxido de ferro (Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO)

e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a

calcinação para retardar o tempo de pega do produto. O cimento Portland é

produzido pela moagem e mistura íntima de suas matérias-primas e depois pelo

aquecimento da mistura resultante até uma temperatura de aproximadamente

1400°C em um forno rotativo, quando o material sofr e a sinterização e funde

parcialmente, formando bolas denominadas clínquer. O clínquer é composto de

silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio, sendo:

a) os silicatos de cálcio:

-C3S (Alita -silicato tricálcico 3CaO SiO2)

-C2S (Belita -silicato dicálcico 2CaO SiO2)

b) os aluminatos de cálcio:

-C3A (aluminato tricálcico 3CaO Al2O3)

-C4AF (Brownmilerita - ferroaluminato de cálcio 4CaO Al2O3 Fe2O3).

Segue a descrição de cada componente, segundo Silva, G. J. B. (2005):

• Alita (silicato tricálcico, Ca3SiO5) forma o volume do clínquer (40 – 70% por

massa) com tamanhos de cristais na faixa de 150 µm. A Alita geralmente

apresenta uma seção transversal de um cristal hexagonal e reage rapidamente

com a água, sendo, portanto, responsável pelo desenvolvimento da resistência

mecânica nos primeiros 28 dias;

• Belita (silicato dicálcico, Ca2SiO4) forma 15 a 45% do clínquer, e apresenta

tamanho de cristais variando de 5 a 40 µm. A Belita é menos reativa do que a

alita, mas contribui para as resistências acima de 28 dias. Na hidratação, ambos

alita e belita formam o silicato hidratado de cálcio (C-S-H) e o hidróxido de cálcio

(Ca(OH)2);

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• Aluminato tricálcico , Ca3Al2O6, abrange 1 a 15% do clínquer como pequenos

cristais de 1 a 60 µm, preenchendo a área entre os cristais de ferrita. O aluminato

tricálcico pode ocorrer na forma cúbica ou ortorrômbica, podendo conter 7%

menos de óxidos. É mais reativo com a água;

• Ferrita (ferroaluminato de cálcio , Ca2(Al,Fe)O5), compreende entre 0 e 18% do

clínquer com cristais frequentemente dendríticos, prismáticos e volumosos.

O enrijecimento da pasta é caracterizado inicialmente pela hidratação dos

aluminatos e a evolução da resistência (endurecimento) é realizada pelos silicatos.

(METHA e MONTEIRO, 2006 - NEVILLE, 1997).

a) Hidratação dos Aluminatos.

A reação do C3A com água é imediata e por isto há a necessidade da adição

de sulfato (gipsita CaSO4) para retardar a reação. A hidratação dos aluminatos na

presença de sulfato resulta na etringita (C6AS3H32), que assume forma acicular e

em monossulfatos hidratados (C3A3S3H24), com a forma de placas hexagonais

delgadas. A formação das agulhas de etringita começa minutos após o início da

hidratação, sendo responsável pelo fenômeno da pega e desenvolvimento da

resistência inicial. Após alguns dias, dependendo da proporção alumina-sulfato no

cimento Portland, a etringita pode tornar-se instável e decompor-se para formar o

monossulfato hidratado, que é uma forma mais estável (METHA e MONTEIRO,

2006). A Figura 2.4 mostra micrografia eletrônica de varredura de cristais

hexagonais típicos de monossulfato hidratado e cristais de agulha de etringita.

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Figura 2.4 - Micrografia eletrônica de varredura (METHA E MONTEIRO, 2006).

b) Hidratação dos Silicatos

A hidratação dos silicatos se dá algumas horas após o início da hidratação do

cimento. A hidratação do C3S (Alita) e do C2S (Belita) origina silicatos de cálcio

hidratados que possuem composição química muito variada e são representados

genericamente por C-S-H e hidróxido de cálcio Ca(OH)2, compostos estes que

preenchem o espaço ocupado pela água e pelas partículas do cimento em

dissolução.

A reação de hidratação do C3S resulta em 61% de C3S2H3 e 39% de Ca(OH)2;

a C2S em 82% de C3S2H3 e 18% de Ca(OH)2. O C3S necessita de 24% de água para

hidratar e o C2S apenas 21% (NEVILLE, 1997):

2 C3S + 6H2O → C3S2H3 + 3 Ca(OH)2

2 C2S + 4H2O → C3S2H3 + Ca(OH)2

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Sabendo que o C-S-H contribui mais para a resistência da pasta de cimento

que o Ca(OH)2, observamos que um cimento com maior teor de C3S resultará em

um concreto com maior resistência mecânica.

Segundo Mehta e Monteiro (2006), as quatro principais fases sólidas

encontradas no cimento hidratado são:

- Silicato hidratado de cálcio (C-S-H): o silicato hidratado de cálcio representa

50% a 60% do volume de sólidos da pasta de cimento completamente hidratada.

Estes compostos são os principais responsáveis pela resistência da pasta a esforços

mecânicos. A morfologia das placas varia de fibras pouco cristalinas (estrutura

amorfa) a uma malha reticulada. Geralmente o C-S-H contém pequenas quantidades

de Al, Fe, Mg e outros íons;

- Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2): representa 20% a 25% do volume de sólidos

da pasta. Sua morfologia é bem definida, formando cristais prismáticos, que

aumentam de tamanho à medida que aparecem espaços livres, decorrentes do

aumento da relação água/cimento. O hidróxido de cálcio (portlandita) apresenta

característica alcalina, sendo portanto responsável pela passivação das armaduras,

protegendo-as da corrosão;

- Sulfoaluminatos de cálcio: ocupam de 15% a 20% do volume de sólidos da

pasta hidratada, sendo os principais compostos a etringita e o monossulfato de

cálcio;

- Grãos de clínquer não hidratado: dependendo da distribuição granulométrica

do cimento anidro e do grau de hidratação, alguns grãos de clínquer não hidratado

podem ser encontrados na microestrutura de pastas de cimento hidratado, mesmo

após longo período de hidratação.

Segundo Costa et al. (2009), a microscopia eletrônica de varredura (MEV) é

uma técnica experimental que permite a observação de materiais numa vasta gama

de ampliações e à qual se pode associar análise química. Segundo Diamond (2004),

Figura 2.5, componentes não hidratados no cimento têm altos coeficientes de

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retroespalhamento, e aparecem mais claros nas imagens de microscopia. Os

componentes hidratados têm coeficientes de retroespalhamento menores e

aparecem com mais acinzentados.

Figura 2.5 – Microestrutura da pasta de cimento (DIAMOND, 2004).

No Brasil, o cimento Portland é normalizado com vários tipos no mercado.

Esses tipos se diferenciam de acordo com a proporção de clínquer e sulfatos de

cálcio, material carbonático e de adições, tais como escórias, pozolanas e calcário,

acrescentadas no processo de moagem. Podem diferir também em função de

propriedades intrínsecas, como alta resistência inicial, a cor branca etc.

2.3 Fatores que influenciam compósitos cimentícios

As propriedades mecânicas de concretos são comumente discutidas e

encontradas na literatura para muitos casos práticos, sendo que na maioria das

vezes características como durabilidade e permeabilidade de fato possuem maior

importância. Por outro lado, os compósitos desenvolvidos à base de cimento muitas

vezes apresentam comportamentos diferentes, devido a sua diversidade estrutural

para aplicações específicas. Dentre as principais técnicas para produção de

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compósitos cimentícios de alto desempenho mecânico incluem o uso de partículas

ultrafinas, baixa relação água / cimento, aditivos químicos, prensagem, cura em alta

temperatura, cura em autoclave, adição pozolânica e geometria e tamanho de

partículas otimizados (PANZERA, 2007).

2.3.1 Partículas ultrafinas

Compósitos com distribuições granulométricas muito estreitas apresentam

maior quantidade de poros. Aumentando a faixa granulométrica, as partículas

menores preenchem os poros existentes entre as partículas maiores.

Partículas muito finas podem causar uma dificuldade adicional na obtenção de

altas densidades de empacotamento por possuírem uma maior tendência à

aglomeração. Essa tendência surge em virtude do aumento das forças coesivas

interpartículas, devido a sua maior relação entre a área superficial e o volume

(massa). Esse efeito de aglomeração tende a inibir a coordenação espacial que leva

a maiores densidades de empacotamento. Em virtude disso, ao se buscar um

empacotamento maximizado, que contenha uma fração de partículas finas, sempre

se deve levar em consideração o efeito de aglomeração, sendo, na maioria das

vezes, necessário adicionar à mistura agentes dispersantes que inibam as forças

atrativas entre as partículas (OLIVEIRA et al., 2000).

2.3.2 Relação água e cimento

A relação água/cimento é um dos fatores mais importantes que influencia tanto

a resistência mecânica, como também outras propriedades de compósitos

cimentícios de alto desempenho (MEHTA e MONTEIRO, 2006).

A resistência de um concreto depende fundamentalmente da relação

água/cimento, isto é, quanto menor for esta relação, maior será a resistência do

concreto. Mas, evidentemente, deve-se ter um mínimo de água necessária para

reagir com todo o cimento e dar trabalhabilidade ao concreto. A redução da

resistência mecânica do concreto é causada pelo excesso de água colocado a fim

de facilitar o amassamento. A influência desta relação é representada pela

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quantidade de água não necessária à hidratação do cimento e que irá evaporar,

deixando vazios no interior, os quais serão diretamente responsáveis pela queda da

resistência.

Quando a relação água / cimento da pasta de cimento hidratada é reduzida, as

partículas de cimento ficam mais próximas umas das outras na mistura da pasta

fresca, como mostrado na Figura 2.6. Consequentemente, haverá menor porosidade

e menos espaço para o desenvolvimento de produtos externos de hidratação. Além

disso, como haverá menor quantidade de água, a água do sistema ficará mais

rapidamente saturada com os íons responsáveis pelo desenvolvimento de produtos

da hidratação. Desta forma, os íons de hidratação formam pontes e reagem mais

facilmente. A aproximação das partículas de cimento e a movimentação da água no

sistema favorecem a formação de produtos de hidratação interna (AITCIN, 2000).

Figura 2.6: Representação esquemática de duas pastas de cimento, uma contendo

uma relação água/cimento 0,65 e a outra 0,25 (AITCIN, 2000).

2.3.3 Tamanho da partícula

As partículas apresentam uma distribuição tendencialmente infinita de

tamanhos, sem qualquer imposição de regularidade. Sendo assim, partículas de

menor tamanho podem ocupar os interstícios livres deixados por partículas de

tamanho superior, formando o chamado empacotamento de partículas.

Segundo McGeary (1961), o empacotamento de partículas pode ser definido

como:

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39

“o problema da correta seleção da proporção e do tamanho

adequado dos materiais particulados, de forma que os vazios

maiores sejam preenchidos com partículas menores, cujos

vazios serão novamente preenchidos com partículas ainda

menores e assim sucessivamente”.

A Figura 2.7 exibe o efeito da quantidade e do tamanho das partículas na

eficiência de empacotamento: (a) sistema monodisperso; (b) deficiência de

partículas grandes; (c) máxima densidade de empacotamento teórica; (d)

distribuição inadequada de tamanhos de partículas; (e) deficiência de partículas

pequenas.

Figura 2.7: Efeito da quantidade e do tamanho das partículas na eficiência de

empacotamento (OLIVEIRA et al. 2000).

Segundo Oliveira et al. (2000), o primeiro fator que afeta o empacotamento de

partículas a ser considerado é a existência de diversas distribuições granulométricas

alterando a condição de dispersão inicial. Com isso, pode-se obter sistemas com

(a) (b)

(c) (d)

(e)

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fatores de empacotamento elevados – próximos de 1 – até misturas onde esse fator

se aproxima do nível das monodispersões (partículas de um único tamanho, tanto

esféricas como não esféricas).

A sequência de preenchimento dos vazios entre as partículas, ou melhor, a

distribuição granulométrica do sistema determina o aumento ou não da densidade

de empacotamento da monodispesão. Empacotamentos com menor porosidade

podem ser obtidos se os vazios entre as partículas de uma dispersão forem

preenchidos por partículas menores que os mesmos. Mas, caso sejam introduzidas

partículas maiores que os vazios, essas promoverão o surgimento de novos vazios

pelo deslocamento das partículas maiores de suas posições originais, levando a um

aumento na porosidade e redução da eficiência do empacotamento.

2.3.4 Geometria da partícula

As rugosidades superficiais das partículas de reforço afetam sua adesão à

matriz de cimento, como também influencia a demanda de água da mistura,

especialmente no caso de partículas finas. A rugosidade superficial destas partículas

depende da dureza, do tamanho, das características de porosidade aparente do

material, como também do processo de obtenção do agregado, podendo ser ele de

origem natural ou moído. O formato e a rugosidade superficial da partícula também

influenciam consideravelmente a resistência do concreto. A resistência à flexão é

mais afetada do que a resistência à compressão (NEVILLE, 1997).

A morfologia das partículas pode alterar a sua condição de empacotamento.

Quanto menos esférica for a partícula menor será a densidade de empacotamento

de uma distribuição que a contenha, pois se verifica o atrito entre as partículas a

partir do contato de suas superfícies irregulares. Quanto menor o tamanho das

partículas irregulares maior será esse efeito, devido à maior área superficial

específica (OLIVEIRA et al., 2000).

A porosidade interna das partículas também altera a densidade de um

material. As partículas podem ser totalmente densas, Figura 2.8 (a), com porosidade

interna fechada, Figura 2.8 (b) ou com porosidade aberta, Figura 2.8 (c). Para se

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obter um empacotamento com densidade máxima, considerando uma determinada

distribuição granulométrica, é necessário que se utilizem partículas não porosas,

porém essas partículas não são as mais usuais (OLIVEIRA et al., 2000).

Figura 2.8: Representação esquemática das formas de poros que podem ocorrer

nas partículas (OLIVEIRA et al. 2000).

Para efeito de distribuição granulométrica, as partículas que apresentam

porosidade fechada são semelhantes às densas, porém resultam em misturas com

densidade menor. Já as partículas que apresentam porosidade aberta perturbam o

empacotamento devido ao seu formato irregular e também resultam em misturas

com menores densidades de empacotamento (OLIVEIRA et al., 2000).

2.3.5 Técnica de compactação

Os fatores apresentados que afetam o empacotamento dizem respeito apenas

às características do sistema de partículas, como sua distribuição granulométrica,

morfologia, porosidade, entre outros. No entanto, para que esse sistema consiga

atingir seu máximo empacotamento é necessário considerar como essas partículas

assumem suas devidas posições (PANZERA, 2007).

A Figura 2.9 ilustra esse conceito. Imagina-se um sistema de partículas densas

e esféricas distribuídas em dois recipientes de maneiras distintas: (a) no primeiro, as

partículas dessa distribuição são subdivididas em suas monodispersões, as quais

são depositadas em um recipiente, formando camadas sucessivas de partículas de

um único diâmetro. Nesse caso, a sequência de deposição deve ser iniciada com as

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partículas de menor diâmetro; (b) no segundo, as partículas são depositadas

aleatoriamente e o recipiente é submetido à vibração para que essas partículas

possam se movimentar umas em relação às outras, atingindo assim suas posições

de equilíbrio no empacotamento. A faixa cinza em (b) representa a redução no

espaço ocupado pelas partículas devido ao melhor empacotamento (OLIVEIRA et

al., 2000).

Figura 2.9: Modelos esquemáticos que apresentam duas formas de empacotamento

por uma mesma distribuição granulométrica (OLIVEIRA et al. 2000).

Dependendo da técnica de compactação utilizada, uma mesma distribuição

pode gerar empacotamentos diferentes. Na Figura 2.9-a (empacotamento em

camadas sucessivas) podemos observar que o empacotamento geral é o mesmo da

monodispersão. A mistura de diversos diâmetros não contribui para a ocupação dos

espaços vazios existentes entre as partículas, pois cada camada monodispersa

possui o mesmo fator de empacotamento. Na Figura 2.9-b o empacotamento é

otimizado e a porosidade diminui, as partículas menores ocupam os interstícios

entre as partículas maiores.

2.4 Compósitos com PET

2.4.1 Poli (tereftalato de etileno) (PET)

O Poli(Tereftalato de Etileno), ou, simplesmente PET, é um polímero

termoplástico da família dos poliésteres. Embora seja muito conhecido hoje através

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das garrafas plásticas, o material iniciou sua trajetória na indústria têxtil. A primeira

amostra da resina foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson, em 1941.

Após a Segunda Grande Guerra, o desabastecimento afetou também a Indústria

têxtil da época, ainda baseada em fibras como algodão, linho, lã, entre outras.

Assim, as pesquisas que levaram à produção em larga escala do poliéster

começaram logo após a Segunda Grande Guerra nos EUA e Europa e baseavam-se

nas aplicações têxteis. A idéia era criar alternativas viáveis para as fibras até então

usadas, cujos campos estavam destruídos pela guerra. O poliéster apresentou-se

como um excelente substituto para o algodão – função que cumpre muito bem até

hoje, inclusive a partir das garrafas recicladas. O PET continuou a ser desenvolvido

e novas aplicações foram surgindo. Sua resistência mecânica foi comprovada

quando o poliéster passou a ser utilizado na indústria de pneus, em 1962 (ABIPET,

2012).

As garrafas de PET só começaram a ser fabricadas na década de 1970, após

cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. No começo dos

anos 1980, EUA e Canadá iniciaram a coleta dessas garrafas, reciclando-as

inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Com a melhoria da qualidade do

PET reciclado, surgiram aplicações importantes, como tecidos, lâminas e garrafas

para produtos não alimentícios. Mais tarde, na década de 1990, o governo

americano autorizou o uso deste material reciclado em embalagens de alimentos

(CEMPRE 2012).

O PET chegou ao Brasil em 1988 e seguiu uma trajetória semelhante ao resto

do mundo, sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil. Apenas a partir de 1993

passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, notadamente para os

refrigerantes (ABIPET, 2012).

Os processos usados para a síntese do PET são normalmente divididos em

três etapas: a pré-polimerização, a policondensação e a polimerização no estado

sólido. Nessas etapas, é importante controlar de forma apropriada as principais

variáveis do processo, como o perfil dinâmico de temperaturas e o tipo e

concentração do catalisador. O controle adequado dessas variáveis é de

fundamental importância para determinar a estrutura do polímero e,

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consequentemente, as propriedades e usos finais da resina. Particularmente

importante é a minimização da ocorrência de reações laterais, que podem

comprometer a estrutura molecular e as propriedades finais do produto (ODIAN,

2004).

A transformação da resina PET em garrafas, frascos ou potes ocorre em sete

etapas distintas: secagem, alimentação, plastificação, injeção, condicionamento,

sopro e ejeção do produto.

As características físicas e mecânicas de produtos PET dependem de uma

combinação de variáveis que inclui as características do material, sua composição,

cristalinidade, orientação molecular decorrente do processo e tensões internas

geradas durante a fabricação. Como um polímero cristalizável, o PET apresenta

uma grande dependência de suas propriedades com as condições de

processamento. Embora a regularidade e a polaridade da molécula favoreçam a

estruturação cristalina, os grupos aromáticos são volumosos e, com baixa

mobilidade, tornando lento o processo de cristalização. Em outras palavras, embora

o PET seja um polímero inerentemente cristalizável, possui baixa velocidade de

cristalização. Assim, de acordo com as condições de resfriamento a partir do estado

fundido durante o processamento, o produto pode ser obtido no estado amorfo (com

pouca ou nenhuma cristalinidade) ou no estado semicristalino. Ambas as formas são

desejáveis na indústria, dependendo da aplicação a que se destina. O PET

semicristalino pode ser obtido submetendo o polímero, a partir do estado fundido, a

um processo de resfriamento lento, para que as cadeias tenham tempo de se

rearranjar de forma organizada. Para obter o PET no estado amorfo, é necessário

submeter o polímero, a partir do estado fundido, a um processo de resfriamento

rápido (quenching), para que as cadeias não tenham tempo de se organizar

(RABELLO et al., 2008).

O PET proporciona alta resistência mecânica (impacto) e química, suportando

o contato com agentes agressivos. Possui excelente barreira para gases e odores,

sendo capaz de conter os mais diversos produtos com total higiene e segurança

para o produto e para o consumidor. A embalagem de PET tem mostrado ser o

material ideal para recipientes na indústria de bebidas em todo o mundo, reduzindo

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custos de transporte e produção, evitando desperdícios em todas as fases de

fabricação e distribuição (ABIPET, 2012).

2.4.2 Reciclagem

Segundo CEMPRE, o Brasil consumiu 505 mil toneladas de resina PET na

fabricação de embalagens em 2010. Com uma produção sempre crescente, a

presença de embalagens PET no meio ambiente é cada vez maior, resultando em

um aumento dos resíduos sólidos. A elevada resistência à biodegradação se torna

um problema muito grande quando esses resíduos acabam em lixões e aterros que

não possuem o conjunto de sistemas e medidas para proteção do meio ambiente

contra danos e degradações.

Atualmente, muito pouco deste resíduo é aproveitado. Dentre as várias formas

de processamento e destinação final do lixo, a reciclagem, defendida por entidades

ambientalistas, vem obtendo crescente aceitação em todo mundo. A reciclagem,

como todo processo, também pode gerar resíduo e, muitas vezes, exige grandes

investimentos. Porém, mesmo com estas restrições, apresenta-se como a melhor

solução. Materiais descartados, de alta qualidade, despertam cada vez mais

interesse para a reciclagem. Os resíduos plásticos de embalagens alimentícias,

assim como peças descartadas de grandes dimensões, provenientes da indústria

automotiva, são exemplos desses materiais (MARTINS et al. , 1999).

A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os

resíduos ou detritos e reutilizá-los em seus respectivos ciclos de produção que por

alguma razão foram rejeitados. Reciclagem de plásticos significa recuperar e voltar a

transformar plástico pós-consumo para posterior utilização em novas aplicações

(SANTOS et al., 1999).

No Brasil, 56% das embalagens pós-consumo foram efetivamente recicladas

em 2010, totalizando 282 mil toneladas. O país alcançou o segundo lugar na

reciclagem do PET, perdendo apenas para o Japão que reciclou 72,1% (CEMPRE,

2012).

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O PET pode ser reciclado de três maneiras diferentes:

• Reciclagem química: utilizada também para outros plásticos, separa os

componentes do PET, fornecendo matéria-prima para solventes e resinas, entre

outros produtos.

•Reciclagem energética: o calor gerado com a queima do produto pode ser

aproveitado na geração de energia elétrica (usinas termelétricas), alimentação de

caldeiras e altosfornos. O PET é altamente combustível, com valor de cerca de

20.000 BTUs/kilo, e libera gases residuais como monóxido e dióxido de carbono,

acetaldeído, benzoato de vinila e ácido benzóico. Por outro lado, devido ao alto valor

da sucata, a incineração do material não é recomendada, mesmo com recuperação

de energia.

• Reciclagem mecânica: praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa

pelo processo mecânico, que pode ser dividido em:

RECUPERAÇÃO: nesta fase, as embalagens que seriam destinadas ao lixo

comum ganham o status de matéria-prima. As embalagens recuperadas serão

separadas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária para que os

produtos que resultarão do processo tenham uniformidade de cor, facilitando, assim

sua aplicação no mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para que o

transporte das embalagens seja viabilizado; devido à leveza do material, os fardos

são montados de modo a garantir a maior quantidade em um menor volume.

REVALORIZAÇÃO: as garrafas são moídas, ganhando valor no mercado. O

produto que resulta desta fase é o floco da garrafa. Pode ser produzido de maneiras

diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser utilizados diretamente como

matéria-prima para a fabricação dos diversos produtos que o PET reciclado dá

origem na etapa de transformação. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda

mais o produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta forma o produto fica

muito mais condensado, otimizando o transporte e o desempenho na transformação.

TRANSFORMAÇÃO: fase em que os flocos, ou o granulado será transformado

num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado para

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fabricação de diversos produtos, inclusive novas garrafas para produtos não

alimentícios (CANELLAS, 2005).

A crescente conscientização sobre o meio ambiente tem contribuído para as

preocupações relacionadas com a eliminação e reuso dos resíduos gerados. A

gestão de resíduos sólidos é uma das principais preocupações ambientais do

mundo. Com a escassez de espaço para deposição em aterros e, devido ao seu

custo cada vez maior, a utilização de resíduos tem se tornado uma alternativa

atraente para sua disposição (SIDDIQUE, 2008).

Novas alternativas para reutilização destas embalagens pós-consumo devem

ser investigadas, de modo a evitar o descarte em aterros sanitários e no meio

ambiente onde, por não serem de rápida decomposição, acarretam problemas de

ordem operacional nos aterros sanitários, dificultando a compactação da parte

orgânica, além da significativa perda econômica e social, uma vez que a indústria da

reciclagem gera empregos e usa mão de obra de baixa qualificação. O

conhecimento das características tecnológicas dos resíduos aumenta a possibilidade

de utilização dos produtos confeccionados com estes materiais, além da redução da

geração de resíduos mais danosos que os originais, uma vez que todo

processamento gera resíduo (CANELLAS, 2005).

2.4.3 Estudos realizados: compósitos com PET

Estudos para utilização de resíduos de PET como matéria-prima vêm sendo

desenvolvidos como solução para os problemas da escassez de agregados naturais

e destino dos resíduos não biodegradáveis em muitos países. Isso se mostra

através de publicações como de Soncim et al. (2004), sobre o emprego do resíduo

da reciclagem de garrafas PET como agregado em reforço de subleitos de rodovias.

Após correção granulométrica de solos não recomendados para tais obras e

acréscimo de 30% em peso de partículas de PET, a classificação dos solos

estudados foi recomendada para a execução de subleitos rodoviários, de acordo

com o HRB, instituto que regulamenta e classifica características de solos para

obras rodoviárias. A construção civil tem se constituído, nos últimos anos, como o

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mais importante mercado dentre todos os atendidos pela indústria plástica.

(RODRIGUES et al., 2008).

Ochi et al. (2007) relataram o desenvolvimento de um método para a produção

de concreto reforçado com fibras de PET produzidas a partir de garrafas PET. A

principal característica da fibra de PET é a facilidade de manusear. A preocupação

no desenvolvimento de fibra de PET é sua resistência alcalina, no entanto, não foi

encontrado nenhum problema quando se utiliza a fibra em concreto. Durante o teste

de combustão das fibras não foi gerado nenhum gás tóxico. Aplicações futuras

incluem não só túneis, mas também estruturas subterrâneas que estão localizados

em ambientes agressivos, tais como perto da costa ou no fundo do mar. Além disso,

seu uso como pavimento em estradas pode ser considerado.

Considerando as possíveis vantagens na utilização de agregados plásticos

reciclados, Rodrigues et al. (2008) pesquisaram a viabilidade de utilização dos

resíduos de PET em forma de flocos (flakes) como material alternativo, em

substituição de matéria-prima não renovável na natureza (areia de sílica),

minimizando os impactos ambientais. Os valores de resistência à compressão com

adição de partículas de PET em substituição ao agregado exibiriam valores

aceitáveis para aplicações de engenharia. Desta forma, o aproveitamento desse

resíduo sólido representa uma alternativa econômica e ecológica, diminuindo o risco

à saúde pública e ao meio ambiente. Um material que outrora fora considerado

como lixo e que, mediante pesquisa, pode se tornar um grande aliado na confecção

de outros produtos, é de fundamental importância para o desenvolvimento

sustentável dos setores industriais.

Modro et al. (2009) verificaram a influência da adição de resíduos de poli

(tereftalato de etileno) - PET - sobre a resistência mecânica em concreto de cimento

Portland. O PET foi utilizado no formato encontrado na indústria de reciclagem de

embalagens. Os resíduos foram utilizados como substitutos de parte dos agregados

do concreto. Pode-se notar uma tendência de redução da resistência mecânica com

o aumento da fração volumétrica de agregados de PET. Este comportamento foi

relacionado à menor interação química entre o polímero e a matriz cimentícia e a

porosidade residual gerada e, principalmente, devido à menor resistência mecânica

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intrínseca dos polímeros com respeito aos agregados minerais que são muito mais

resistentes mecanicamente. Do ponto de vista de aplicação e considerando os

resultados obtidos, a substituição de agregados minerais por resíduos de PET pode

ser usada na Indústria da Construção Civil para a fabricação de artefatos não

estruturais, isto é, não limitados por normas específicas, sobretudo referentes à

resistência mecânica. Neste caso, exemplos potenciais de utilização são: alvenaria

interna de fechamento, capas para lajes nervuradas, capas para lajes pré-moldadas,

material de enchimento (em escadas, rebaixos de nível, base de enchimento para

pisos térreos de edificações).

Albano et al. (2009) investigaram a influência do teor (10 e 20%) e tamanho de

partículas (0,26 e 1,14 cm) de resíduos de garrafas PET no comportamento de

concreto em dois teores de água/cimento (0,50 e 0,60). Os resultados revelaram que

quanto maior o volume e o tamanho de partículas de PET, menor a resistência à

compressão, tração, módulo de elasticidade e velocidade de pulso ultra-sônico,

porém, a absorção de água aumenta. Entretanto, concluiu-se que, mesmo que a

substituição do agregado miúdo (areia) pelo PET promova uma diminuição das

propriedades mecânicas, o polímero pode ser usado para encapsular resíduos de

outras indústrias e para produzir concretos ecologicamente corretos, bem como sub-

bases de pavimentos rodoviários e outras estruturas de transporte onde a alta

resistência não é de primordial importância. Devido ao aumento da absorção de

água, uma possível aplicação seria o uso do concreto em quadras esportivas e

passeios que necessitem de boa drenagem de água.

Choi et al. (2009) estudaram as características de argamassa e concreto

contendo agregado fino fabricado de resíduos de garrafas PET. As propriedades

físicas do agregado de PET foram comparadas com as propriedades do agregado

normal. Testes de qualidade da argamassa e concreto com agregado PET foram

realizados. Os resultados mostraram que o agregado PET obteve densidade de

1390 kg/m3, absorção de água de 0% e densidade aparente de 844 kg/m3. O módulo

de finura (FM) das partículas de PET, no entanto, foi de 4,11, que é maior do que o

FM de areia. A resistência à compressão da argamassa com agregado de PET

diminuiu proporcionalmente à adição de PET. O concreto contendo 25%, 50% e 75%

de agregado PET diminui a resistência à compressão em 5%, 15% e 30% . Para

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uma relação água / cimento (W / C) de 0,49, a eficiência estrutural (resistência /

densidade) do concreto contendo 25% de agregado PET foi maior do que para o

concreto sem PET.

Kim et al. (2010) investigaram a adição de resíduos de PET no concreto

estrutural. O trabalho comparou o desempenho do concreto reforçado com fibras de

PET e com fibras de polipropileno (PP) em frações de volume de fibra de 0,5%,

0,75% e 1,0%. Testes foram realizados para medição das seguintes propriedades:

resistência à compressão e à flexão, módulo de elasticidade, deformação devido à

retração de secagem e tenacidade. Em relação ao desempenho do elemento

estrutural, a resistência máxima e a tenacidade relativa de vigas de concreto

reforçado com fibras de PET foram significamente maiores do que o concreto sem

reforço de fibra.

Foti (2011) propôs o uso de garrafas PET para a obtenção de fibras de reforço

para aumentar a ductilidade do concreto. O estudo está em fase preliminar, apenas

com uma pesquisa cujo objetivo é verificar o comportamento do concreto reforçado

com fibras de PET. Resultados iniciais demonstraram um aumento da tenacidade do

concreto reforçado com fibra de PET. As fibras utilizadas foram obtidas através de

cortes simples a partir de garrafas de PET, sem qualquer processamento, de uma

forma simples, reduzindo os custos de produção. Os testes mostraram que as fibras

de PET em uma mistura de concreto promovem o aumento da ductilidade do

concreto. Mais testes são esperados com diferentes proporções de fibra de concreto

para determinar o efeito sobre a ductilidade do concreto.

Reis et al. (2011) utilizaram um agregado plástico feito de resíduos de garrafas

PET em substituição parcial dos agregados nas argamassas. Diferentes frações em

peso de areia (5%, 10%, 15% e 20%) tiveram o mesmo peso de plástico. O estudo

investigou as propriedades de fratura dos compósitos obtidos. A redução do peso

específico das argamassas poliméricas e uma melhoria significativa do seu

comportamento pós-pico de flexão foram observados. Os resultados foram bastante

animadores e abriu novo caminho para a reciclagem de resíduos de PET em

argamassas poliméricas.

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Pereira de Oliveira e Castro-Gomes (2011) investigaram a utilização de PET

reciclado como fibras de reforço em argamassa. A investigação foi realizada em

amostras com diferentes volumes de fibras (0%, 0,5%, 1,0% e 1,5%). Foram

medidas as propriedades mecânicas como flexão, resistência à compressão e

tenacidade. Os resultados indicaram que a incorporação de fibras de PET melhorou

significativamente a resistência à flexão. O volume máximo de fibra de PET para

uma trabalhabilidade desejada foi de 1,5%. Concluiu-se que a densidade da

argamassa endurecida não é significativamente alterada pela incorporação de fibras

de PET nos volumes e tamanhos estudados. A incorporação de fibras de PET não

alterou significativamente a magnitude da resistência à compressão. A incorporação

de fibra de PET na argamassa (1:1:6) aumentou a resistência à flexão de cerca de

100% em sete dias, 30% em 28 dias e da ordem de 50% em 63 dias. O volume de

fibras de PET de 1,5% é o volume ideal para o melhor desempenho da argamassa.

Estes resultados são indicativos do bom desempenho das fibras e promove, em

parte, a reciclagem de embalagens PET.

2.5 Planejamento Experimental

O planejamento de experimentos, do inglês Design of Experiments (DOE),

representa um conjunto de ferramentas estatísticas que permite determinar a

influência de diversas variáveis nos resultados de um dado sistema ou processo.

Button (2005) destaca alguns benefícios da utilização das técnicas estatísticas

de planejamento experimental:

• redução do número de ensaios sem prejuízo da qualidade da informação;

• estudo simultâneo de diversas variáveis, separando seus efeitos;

• determinação da confiabilidade dos resultados;

• realização da pesquisa em etapas;

• seleção das variáveis que influem num processo com número reduzido de

ensaios;

• representação do processo estudado através de expressões matemáticas;

• elaboração de conclusões a partir de resultados qualitativos.

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52

A seguir, uma terminologia básica utilizada em planejamento de experimentos,

antes de prosseguirmos para os principais conceitos.

2.5.1 Terminologia básica

� Variável resposta: o resultado de interesse registrado após a realização de um

ensaio;

� Unidade experimental: é a unidade básica para a qual será feita a medida da

resposta;

� Variáveis de processo: são aquelas controláveis pelo pesquisador e que

supostamente têm grande efeito na resposta. Podem ser divididas em duas

categorias:

- Fatores: variáveis que serão investigadas no experimento;

- Variáveis fixas: variáveis que terão valores fixos no experimento;

� Variáveis de ruído: são aquelas que podem afetar a resposta, mas não são

controláveis, quer seja por impossibilidade técnica, inviabilidade econômica ou

pelo grau de perturbação na variável resposta;

� Níveis de um fator: cada um dos diferentes modos de presença de um fator no

estudo;

� Tratamento: são as combinações específicas dos níveis de diferentes fatores;

� Ensaio: cada realização do experimento em uma determinada condição de

interesse;

� Aleatorização: é um método de alocação do material experimental às diversas

condições experimentais e ordenação dos ensaios de maneira aleatória. Seu

propósito é obter estimativa não tendenciosas dos efeitos dos fatores e respostas

independentes;

� Replicação ou réplica: é a repetição do experimento sob as mesmas condições.

É capaz de estimar o erro experimental envolvido na diferença entre os

tratamentos.

2.5.2 Procedimento experimental

Um experimento é um procedimento no qual alterações propositais são feitas

nas variáveis de entrada de um processo ou sistema, de modo que se possa avaliar

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as possíveis alterações sofridas pela variável resposta, como também as razões

destas alterações (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

Experimentos são realizados por pesquisadores em praticamente todos os

campos de investigação, geralmente para descobrir algo sobre um processo

particular ou sistema. Mais formalmente, podemos definir um experimento como um

teste ou uma série de testes em que mudanças intencionais são feitas nos fatores

de entrada para que possamos observar e identificar as razões para as mudanças

que podem ser observadas na variável resposta (MONTGOMERY, 2001).

Os experimentos planejados são extremamente úteis na descoberta dos

principais fatores que influenciam os itens de controle de um processo. Uma vez que

os fatores tenham sido identificados é geralmente necessário modelar a relação

existente entre estes fatores e as características da qualidade do produto do

processo (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

Segundo Montgomery (2001) os objetivos de um experimento são:

a. determinar quais variáveis são mais influentes nos resultados;

b. atribuir valores às variáveis influentes de modo a otimizar os resultados;

c. atribuir valores às variáveis influentes de modo a minimizar a variabilidade

dos resultados e;

d. atribuir valores às variáveis influentes de modo a minimizar a influência de

variáveis incontroláveis.

Werkema e Aguiar (1996) apresentam um roteiro que pode ser seguido na

elaboração de um dado experimento:

1) Identificação dos objetivos do experimento

2) Seleção da variável resposta

3) Escolha dos fatores e seus níveis

4) Planejamento do procedimento experimental

5) Realização do experimento

6) Análise de dados

7) Interpretação dos resultados

8) Elaboração do relatório.

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54

Segundo Juran (1988) Apud Werkema e Aguiar (1996), podemos classificar os

planejamentos experimentais de acordo com os seguintes critérios:

� Pelo número de fatores a serem estudados (por exemplo, um único fator ou

vários fatores);

� Pela estrutura do planejamento experimental (por exemplo, planejamentos

em blocos, fatoriais, hierárquicos ou para superfícies de resposta);

� Pelo tipo de informação que o experimento pode fornecer (por exemplo,

estimativa dos efeitos, estimativa da variância ou mapeamento empírico da

resposta).

Tabela 2.1 – Classificações dos Planejamentos Experimentais (Adaptação de Juran,

J.M. (1988))

Planejamento Tipo de Aplicação Estrutura Informações fornecidas

Completamente

Aleatorizado

com um único

fator

Apropriado quando somente

um fator experimental está

sendo estudado.

Base: o efeito do fator é estudado por

meio da alocação ao acaso das unidades

experimentais aos tratamentos (níveis do

fator). Os ensaios são realizados em

ordem aleatória.

Blocos: ausentes.

1 - Estimativas e comparações

dos efeitos dos tratamentos.

2 - Estimativas da variância.

Fatorial Apropriado quando vários

fatores devem ser estudados

em dois ou mais níveis e as

interações entre os fatores

podem ser importantes.

Base: Em cada repetição completa do

experimento todas as combinações

possíveis dos níveis dos fatores

(tratamentos) são estudadas. A alocação

das unidades experimentais aos

tratamentos e a ordem de realização dos

ensaios são feitas de modo aleatório.

Blocos: ausentes.

1 - Estimativas e comparações,

dos efeitos dos fatores.

2 - Estimativa dos possíveis

efeitos de interações.

3 - Estimativa da variância.

Fatorial 2k em

blocos

Apropriado quando o

número de ensaios

necessários para o

planejamento em k fatores

em 2 níveis é muito grande

para que sejam realizados

sob condições homogêneas.

Base: O conjuto completo de tratamentos

é divido em subconjuntos de modo que

as interações de ordem mais alta são

confundidas com os blocos. São tomadas

observações em todos os blocos.

Blocos: Os blocos geralmente surgem

como conseqüência de restrições de

tempo, homogeneidade de materiais, etc.

1 - Fornece as mesmas

estimativas do planejamento

fatorial, exceto algumas

interações de ordem mais alta

que não podem ser estimadas

porque estão confundidas com

os blocos.

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55

Fatorial 2k

fracionado

Apropriado quando existem

muitos fatores (k muito

grande) e não é possível

coletar observações em

todos os tratamentos.

Base: Vários fatores são estudados em

dois níveis, mas somente um subconjunto

do fatorial completo é executado.

Blocos: A formação dos blocos algumas

vezes é possível.

1 - Estimativas e comparações

dos efeitos de vários fatores.

2 - Estimativa de certos efeitos

de interação (alguns efeitos

podem não ser estimáveis).

3 - Certos planejamentos

fatoriais fracionários (quando k é

pequeno) não fornecem

informações suficientes para

estimar a variância.

Blocos

aleatorizados

Apropriado quando o efeito

de um fator está sendo

estudado e é necessário

controlar a variabilidade

provocada por fatores

pertubadores conhecidos.

Estes fatores pertubadores

(material, tempo, pessoas,

etc.) são divididos em blocos

ou grupos homogêneos.

Base: São tomadas observações

correspondentes a todos os tratamentos

(níveis do fator) em cada bloco.

Blocos: Usualmente formados em relação

a um único fator pertubador.

1 - Estimativas e comparações

dos efeitos dos tratamentos

livres dos efeitos do bloco.

2 - Estimativas dos efeitos do

bloco.

3 - Estimativa da variância.

Blocos

Incompletos

Balanceados

Apropriado quando todos os

tratamentos não podem ser

acomodados em um bloco.

Base: Os tratamentos testados em cada

bloco são selecionados de forma

balanceada: dois tratamentos quaisquer

aparecem juntos em um mesmo bloco o

mesmo número de vezes que qualqer

outro par de tratamentos.

Idêntico ao planejamento em

blocos aleatorizados. Os efeitos

de todos os tratamentos são

estimados com igual precisão.

Blocos

Incompletos

Parcialmente

Balanceados

Apropriado quando um

planejamento em blocos

incompletops balanceados

necessita de um número de

blocos excessivamente

grandes.

Alguns pares de tratamentos aparecem

juntos n1 vezes, outros pares aparecem

juntos n2 vezes,..., e os pares restantes

aparecem juntos m vezes.

Idêntico ao planejamento em

blocos aleatorizados, mas os

efeitos dos tratamentos são

estimados com diferentes

precisões.

Quadrados

Latinos

Apropriado quando um fator

de interesse está sendo

estudado e os resultados

podem ser afetados por

duas outras variáveis

experimentais ou por duas

fontes de heterogeneidade.

É suposta a ausência de

interações.

O quadrado latino é um arranjo para

permitir dois grupos de restrições de

bloco. Os tratamentos são distribuídos

em correspondência à s colunas e linhas

de um quadrado. Cada tratamento

aparece uma vez em cada linha e uma

vez em cada coluna. O número de

tratamentos dever ser igual ao número

de linhas e colunas do quadrado.

Blocos: formados em relação a duas

variáveis pertubadoras, as quais

correspondem à s colunas e linhas do

quadrado.

1 - Estimativas e comparações

dos efeitos dos tratamentos

livres dos efeitos das duas

variáveis bloco.

2 - Estimativas e comaprações

dos efeitos das duas variáveis de

bloco.

3 - Estivativa da variância.

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56

Quadrados de

Youden

Similares aos quadrados

latinos, mas o número de

linhas, colunas e

tratamentos não precisam

ser iguais.

Base: Cada tratamento ocorre uma vez

em cada linha. O número de tratamentos

deve ser igual ao número de colunas.

Blocos: formados em relação a duas

variáveis pertubadoras.

Idêntico ao planejamento em

quadrados latinos.

Hierárquico Experimentos com vários

fatores em que os níveis de

um fator (B) são similares

mas não idênticos para

diferentes níveis de outro

fator (A).

Base: Os níveis do fator B estão

aninhados abaixo dos níneis do fator A.

1 - Estimativas e comparações

dos efeitos dos fatores.

2 - Estimativa da variância.

Superfícies de

resposta

O objetivo consiste em

fornecer mapas empíricos ou

gráficos de contorno, os

quais ilustram a forma pela

qual os fatores, que podem

ser controlados, influenciam

a variável resposta.

Os níveis dos fatores são vistos como

pontos no espaço de fatores (muitas

vezes multidimensional) no qual a

resposta será registrada.

Mapas que ilustram a natureza e

a forma da superfície de

resposta.

2.5.3 Planejamento fatorial

Um planejamento fatorial é indicado quando deseja-se estudar os efeitos de

dois ou mais fatores, no qual, para cada réplica completa do experimento, todas as

possíveis combinações dos níveis dos fatores são pesquisadas e a existência de

interações entre os fatores pode ser identificada. (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

Devido ao pequeno número de ensaios utilizado no planejamento fatorial, esse

planejamento é indicado para o início do procedimento experimental quando há

necessidade de definirem-se as variáveis de influência e estudar seus efeitos sobre

a variável de resposta escolhida. O planejamento fatorial é um modelo de efeitos

fixos, assim os resultados de sua análise não podem ser transferidos para outros

níveis que não os analisados no planejamento (BUTTON, 2005).

O planejamento fatorial mais comum é o planejamento composto por 2k

combinações experimentais distintas, sendo avaliados k fatores em apenas dois

níveis, nível alto (+) e nível baixo (-). Assim, se “n” representa o número de réplicas

em cada condição experimental, o número de ensaios é dado por n x 2k. Como há

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57

somente dois níveis para análise de cada fator, assume-se que a variável de

resposta apresente comportamento linear entre esses níveis (BUTTON, 2005).

O planejamento fatorial adequado a este trabalho é do tipo 2151, que fornece

um resultado matemático de 10, o qual representa o número total de combinações

distintas neste experimento, mostradas na matriz de planejamento abaixo (Tabela

2.2). O planejamento envolve dois fatores (A e B), um fator em dois níveis (+/-) e o

outro em cinco níveis (0/1/2/3/4).

Em cada combinação experimental podem ser realizadas “n” repetições ou

réplicas. A réplica é importante para estimar o erro experimental de uma resposta

individual, cuja extensão permite a decisão da existência ou não de efeitos

significativos que possam ser atribuídos à ação dos fatores (SILVA, 2011).

Tabela 2.2 - Matriz de planejamento experimental

Planejamento fatorial – 2 151

Condições Fatores

A B

1 - 0

2 - 1

3 - 2

4 - 3

5 - 4

6 + 0

7 + 1

8 + 2

9 + 3

10 + 4

O programa computacional estatístico, Minitab[TM] versão 14 é um recurso

muito utilizado para a manipulação de dados e análise de resultados, devido a

complexidade dos cálculos envolvidos em planejamento fatorial. Análise de

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58

Variância (ANOVA – Analysis of Variance) é uma técnica estatística utilizada para

análise de dados que possibilita avaliar a influência exercida por dois ou mais fatores

sobre a variável de interesse e permite que seja avaliada a interação significativa

entre eles. A hipótese nula é que todas as médias são iguais, enquanto a hipótese

alternativa considera que pelo menos uma média é diferente.

Os resultados da ANOVA são mostrados em uma tabela contendo os principais

parâmetros envolvidos no calculo de “P-valor” que indica a possibilidade de cada

fator não afetar a variável resposta, ou seja, o “P-valor” aponta quais fatores

apresentam efeito estatisticamente significante. Quando o “P-valor” for menor ou

igual ao valor da significância (0,05), que indica 95% de probabilidade do efeito ser

significativo, pode-se concluir que o fator analisado exerce influência significativa no

processo ou propriedade avaliada para o material (SILVA, 2011).

Os efeitos significativos são mostrados em gráficos de “efeitos principais” e de

“interações”. Os primeiros são usados para comparar as variações no nível da

média, investigando quais fatores possuem efeito significativo sobre a variável-

resposta. Quando diferentes níveis do fator afetam a resposta diferentemente, diz-se

que um efeito principal está presente. A “interação” existe quando a variação da

média da resposta depende do nível de um segundo fator. A visualização do efeito

de interação de dois ou mais fatores experimentais sobre a variável resposta é feita

pelos gráficos de interações, permitindo, ainda, comparar a significância relativa

entre os efeitos (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

Outro parâmetro informado na Análise de Variância é o R2, medindo a

proporção da variabilidade presente nas observações da variável resposta y

explicada pelas variáveis preditoras presentes na equação de regressão (SILVA,

2011). Segundo Montgomery (2001), quanto mais próximo de 1 (100%) for o valor

de R2, melhor é a qualidade da equação ajustada aos dados.

Segundo Werkema e Aguiar (1996), para a utilização da Análise de Variância,

faz-se a suposição de independência, distribuição normal com média zero e

variância constante. Estes parâmetros podem ser verificados pelos gráficos de

resíduos “quatro em um”, exibido pelo Minitab (Figura A.1), verificando a adequação

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59

do modelo utilizado sobre as condições da Análise de Variância, e tornando, assim,

válidas as conclusões estabelecidas no experimento.

Ainda segundo Werkema e Aguiar (1996) os gráficos de resíduos incluem:

� O gráfico de probabilidade normal: tem o objetivo de avaliar a suposição de

normalidade. Nesse gráfico os pontos devem estar localizados,

aproximadamente, ao longo de uma linha reta. É importante notar a existência de

“outliers”, que são os pontos distantes da reta, podendo representar uma fonte de

erro na coleta dos dados.

� O gráfico de resíduos versus valores ajustados: é útil para detectar se a variância

do erro é constante e presença de valores extremos (outliers). Nesse gráfico, os

pontos devem apresentar um padrão aleatório, sem pontos discrepantes em

relação ao conjunto de dados.

� O histograma: é utilizado para avaliar a suposição de normalidade e, nesse caso,

espera-se que o gráfico apresente um comportamento, aproximadamente,

simétrico com média zero.

� O gráfico de resíduos versus ordem dos dados: avalia a suposição de

independência dos resíduos.

Resíduos

Pe

rce

ntua

l

1,00,50,0-0,5-1,0

99

90

50

10

1

Valore ajustado

Re

sídu

os

6,05,55,04,5

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

Residual

Fre

quê

ncia

0,60,40,20,0-0,2-0,4-0,6

6,0

4,5

3,0

1,5

0,0

Ordem da observ ação

Res

íduo

s

24222018161412108642

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

Gráfico de probabilidade normal para os resíduos Res íduos versus valores ajustados

Histograma de resíduos Resíduos versus ordem de dado s

Resíduos para Resistência

Figura 2.10 - Exemplo fornecido pelo Minitab[TM] do gráfico “quatro em um” dos resíduos.

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60

Diversos estudos relatam a aplicação de planejamento de experimentos para

otimizar o processo e as propriedades de compósitos. Kumar et al. (2011), Suresha

e Sridhara (2010) e Onal e Adanur (2005) empregaram com sucesso a técnica DOE

(Design of Experiments) para determinar as melhores propriedades e processos dos

compósitos estudados.

Strecker et al. (2010) utilizaram um planejamento fatorial completo para

investigar o efeito da incorporação de resíduos de esteatito nas propriedades

mecânicas efetivas de compósitos de matriz cerâmica argilosa.

Um planejamento fatorial foi utilizado por Silva et al. (2010) no estudo do

comportamento mecânico de compósitos fabricados com matriz de resina epóxi

reforçados com fibras unidirecionais de bananeira para investigar o efeito da adição

de micro partículas de sílica e anidrido maléico e o efeito da fração volumétrica de

fibras nas propriedades mecânicas dos compósitos.

DETOMI et al. (2011) utilizaram o planejamento fatorial de experimentos para

investigar o efeito da incorporação de partículas de PET nas propriedades físico-

mecânicas de compósitos cimentícios.

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Neste capitulo será apresentado o processo de fabricação dos compósitos,

bem como a metodologia experimental utilizada e os procedimentos de cada ensaio.

3.1 Materiais Empregados

Os compósitos particulados de matriz cerâmica em estudo são constituídos de

uma fase matriz cimentícia (cimento Portland) e uma fase dispersa constituída de

partículas de quartzo e/ou de PET. Nas seções seguintes, as matérias-primas serão

detalhadas.

3.1.1 Fase matriz: cimento Portland

Neste trabalho foi utilizado o cimento Portland ARI PLUS tipo V da marca

CAUË (ASTM Tipo III) para desempenhar a função de fase matriz. O tipo de cimento

foi selecionado devido ao menor teor de adições. O cimento Portland utilizado na

fabricação dos corpos de prova em ambas as réplicas foi coletado do mesmo lote,

visando com isso eliminar variações físico-químicas as quais poderiam afetar na

homogeneidade dos compósitos.

3.1.2 Fase dispersa: partículas de quartzo

O agregado natural utilizado na dosagem da argamassa foi fornecido pela

empresa Moinhos Gerais Ltda, localizada na cidade de Ribeirão Vermelho, Minas

Gerais. As partículas de quartzo foram fornecidas em faixas granulométricas

comumente industrializadas, sendo exigida uma segunda etapa de classificação por

peneiramento para obtenção das faixas investigadas neste trabalho: grossa (4,75

mm – 850 µm) / média (850 µm – 300 µm) / fina (300 µm – 75 µm), conforme

apresentado na Figura 3.1.

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62

Figura 3.1 – Agregado natural: (a) fino, (b) médio, (c) grosso.

Um peneirador mecânico e a sequência de peneiras (Figura 3.2) 4, 20, 50 e

200 US-Tyler foram utilizadas. Cabe ressaltar que as faixas granulométricas

utilizadas foram escolhidas para preparação de argamassa conforme descrito na

norma ASTM C144.

Figura 3.2 – Peneirador mecânico com peneiras ABNT.

3.1.3 Fase dispersa: partículas de PET

As partículas de PET (Figura 3.3) utilizadas para substituir o agregado natural

na argamassa foram fornecidas pela empresa MinasPet Indústria e Comércio de

Embalagens e Serviços Ltda, localizada na cidade de Contagem, Minas Gerais.

(a) (b) (c)

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63

Figura 3.3 – PET fornecido pela MinasPet.

As partículas fornecidas foram moídas para obtenção das faixas

granulométricas adequadas para substituição do agregado natural dos compósitos

cimentícios com traço de argamassa (Figura 3.4). Na operação de granulação foi

utilizado um moinho de rotor tipo ciclone, modelo TE-651/2 (Figura 3.5).

Figura 3.4 – Partículas de PET após granulação e peneiramento: (a) fino, (b) médio,

(c) grosso.

Figura 3.5 – Moinho de rotor e peneiras.

(a) (b) (c)

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64

3.2 Escolha dos fatores e níveis experimentais

Dentre os fatores de maior relevância e possíveis de serem controlados,

escolheram-se dois: relação água / cimento e substituição em massa da fase

dispersa (agregado natural) por partículas de PET. Os fatores mantidos constantes

no experimento foram: tempo de mistura (5min) e temperatura de fabricação

(~22ºC).

As faixas granulométricas investigadas neste trabalho foram selecionadas

conforme norma ASTM C144:

• Grossa (G): partículas passantes na peneira de 4,75 mm de abertura (4

US-Tyler) e retidas na peneira de abertura de 850 µm (20 US-Tyler);

• Média (M): partículas passantes na peneira de 850 µm de abertura (20

US-Tyler) e retidas na peneira de abertura de 300 µm (50 US-Tyler);

• Fina (F): partículas passantes na peneira de 300 µm de abertura (50

US-Tyler) e retidas na peneira de abertura de 75 µm (200 US-Tyler);

• Grossa / Média (GM): partículas passantes na peneira de 4,75 mm de

abertura (4 US-Tyler) e retidas na peneira de abertura de 300 µm (50

US-Tyler);

• Média / Fina (MF): partículas passantes na peneira de 850 µm de

abertura (20 US-Tyler) e retidas na peneira de abertura de 75 µm (200

US-Tyler).

A norma ASTM C144 recomenda uma distribuição granulométrica para uso em

argamassa da seguinte maneira:

• Partículas Grossa (G): 30%,

• Partículas Média (M): 50%;

• Partículas Fina (F): 20%.

Consequentemente teremos as condições de GM com 80% e MF com 70% das

partículas.

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Todos os ensaios foram realizados em corpos de prova constituídos de todas

as faixas granulométricas conforme descrito anteriormente, entretanto as partículas

de quartzo foram substituídas por faixas granulométricas (G, M, F, GM e MF),

conforme Tabela 3.1, a fim de identificar o efeito das partículas de PET no

desempenho físico-mecânico dos compósitos cimentícios. Cabe ressaltar que

compósitos de referência fabricados com 100% de agregado natural e 100% de

agregado PET foram investigados permitindo a comparação das propriedades. A

relação água/cimento foi investigada em dois níveis (0,45 e 0,55) a fim de verificar o

efeito de hidratação nas propriedades físico-mecânicas dos compósitos,

principalmente quando adicionadas as partículas de PET. Os níveis da relação

água/cimento investigados são valores reduzidos devido ao fato do PET ser

hidrofóbico, não absorver água do sistema. A água do sistema é absorvida pelas

partículas de quartzo e utilizada na hidratação do sistema. A Tabela 3.1 exibe os

fatores e os níveis experimentais investigados no experimento.

Tabela 3.1 - Fatores e níveis do experimento.

Fatores do experimento Níveis Relação água / cimento (A/C) 0,45

0,55

Substituição do agregado

G M F GM MF

Granulometria da partícula do agregado: G (grossa) / M (média) / Fina (fina)

O planejamento fatorial completo foi adotado neste trabalho, que quer dizer em

realizar experimentos em todas as possíveis combinações dos níveis dos fatores. O

planejamento fatorial gerado a partir dos fatores e níveis apresentados na Tabela 3.1

é o tipo 2151 que fornece um resultado matemático de 10, o qual representa o

número total de combinações distintas neste experimento. As Tabelas 3.2 e 3.3

apresentam as condições experimentais e referências investigadas no experimento.

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Tabela 3.2 - Planejamento fatorial completo.

Planejamento fatorial – 2 151

Condições Fatores

A/C Substituição do agregado

1 0,45 G 2 0,45 M 3 0,45 F 4 0,45 GM 5 0,45 MF 6 0,55 G 7 0,55 M 8 0,55 F 9 0,55 GM

10 0,55 MF

Tabela 3.3 – Condições de referência.

Condições Fatores

A/C Agregado

100%

Ref 1 0,45 Quartzo Ref 2 0,45 PET Ref 3 0,55 Quartzo Ref 4 0,55 PET

3.3 Fabricação dos corpos de prova

Os corpos de prova foram fabricados misturando-se manualmente cimento,

quartzo, PET e água, por um período de 5 minutos, nas condições e proporções pré-

estabelecidas. Utilizou-se o traço de 1:3 no fator cimento e agregado, conforme

recomendações da norma NBR 7215. Substituiu-se o agregado de quartzo por

agregado de PET e variou-se a relação A/C, gradativamente, seguindo o

planejamento conforme demonstra a Tabela 3.2. Testes preliminares foram

realizados para determinação dos níveis inferiores e superiores da relação A/C.

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As misturas foram vazadas em moldes cilíndricos de PVC fixados em uma

base de vidro, apresentados na Figura 3.6 e vibradas durante 5 minutos.

Figura 3.6 – Moldes cilíndricos de PVC.

Após o período de 20 dias, os corpos de prova foram sacados, cortados e

identificados.

Os corpos de prova (CP’s) para realização do ensaio de compressão mecânica

foram cortados conforme recomendações da norma NBR 7215, obedecendo a

proporção de 1:2 da secção cilíndrica.

Quatro corpos de prova com dimensões de 100mm de altura e 50mm de

diâmetro foram fabricados para realização do ensaio de compressão para cada

condição experimental e réplica. Quatro corpos de prova com dimensões de 50mm

de altura e 50mm de diâmetro foram fabricados para a realização dos ensaios não

destrutivos para cada condição experimental e réplica. Na totalidade, 224 corpos de

prova foram fabricados.

O cálculo da massa de cada material necessária para a confecção dos CP’s

utilizou as densidades apresentadas na Tabela 3.4, definidas conforme

recomendação da norma NBR NM 45. A massa necessária para cada amostra é

apresentada na Tabela 3.5.

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Tabela 3.4 – Densidade de empacotamento dos materiais.

QUARTZO [g/cm³] PET [g/cm³] ÁGUA

[g/cm³] CIMENTO PORTLAND

CP5 [g/cm³]

GROSSO 1,46 GROSSO 0,45

1 0,92 MÉDIO 1,33 MÉDIO 0,32

FINO 1,22 FINO 0,29

Tabela 3.5 - Planilha para preparação de cada amostra.

CONDIÇÃO

AGREGADOS (g)

CIMENTO (g)

AGUA (g)

QUARTZO PET RAZÃO A/C

G M F G M F 0,45 0,55

REF 1 98,55 149,63 54,90 - - - 69,00 31,05 -

REF 2 - - - 30,38 36,00 13,05 69,00 31,05 -

REF 3 98,55 149,63 54,90 - - - 69,00 - 37,95

REF 4 - - - 30,38 36,00 13,05 69,00 - 37,95

C1 - 149,63 54,90 30,38 - - 69,00 31,05 -

C2 98,55 - 54,90 - 36,00 - 69,00 31,05 -

C3 98,55 149,63 - - - 13,05 69,00 31,05 -

C4 - - 54,90 30,38 36,00 - 69,00 31,05 -

C5 98,55 - - - 36,00 13,05 69,00 31,05 -

C6 - 149,63 54,90 30,38 - - 69,00 - 37,95

C7 98,55 - 54,90 - 36,00 - 69,00 - 37,95

C8 98,55 149,63 - - - 13,05 69,00 - 37,95

C9 - - 54,90 30,38 36,00 - 69,00 - 37,95

C10 98,55 - - - 36,00 13,05 69,00 - 37,95

Cabe ressaltar que os corpos de prova utilizados no ensaio de compressão

foram capeados com enxofre a fim de garantir o paralelismo exigido dos CPs e evitar

o efeito do atrito causado pela superfície dos CPs com as placas da máquina. Os

ensaios foram realizados aos 28 dias de cura, conforme determinação da NBR 7215.

No capeamento com enxofre foi utilizado enxofre em pó fundido em fogareiro

de bancada. Depois de fundido, o enxofre em estado líquido foi vertido em disco

metálico do gabarito capeador (Figura 3.7), que garante ângulo reto no capeamento

dos corpos de prova (Figura 3.8).

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69

Figura 3.7 - Gabarito capeador de enxofre.

Figura 3.8 – Corpos de prova capeados com enxofre.

3.4 Seleção das variáveis respostas

As variáveis respostas de interesse selecionadas para este trabalho foram:

densidade volumétrica, densidade aparente, porosidade aparente, absorção de água

e resistência à compressão. Será apresentada nos subitens seguintes uma

descrição da metodologia experimental destas variáveis.

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70

3.4.1 Densidade aparente

Os valores de densidade aparente são maiores que os de densidade

volumétrica. Isso ocorre devido ao fato de o valor do volume utilizado para o cálculo

de densidade aparente ser inferior ao volume utilizado para densidade volumétrica,

pois a densidade aparente considera os poros abertos da amostra.

A densidade aparente (ρa) foi determinada pela norma Britânica BS 10545-3,

utilizando-se a Equação 3.1.

Vi

ma

1=ρ (3.1)

Em que:

ρa é a densidade aparente (g/m3);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

Vi é o volume do corpo de prova (m3).

O volume Vi pode ser determinado pela Equação 3.2, considerando a

densidade da água sendo 1000 kg/m3.

331

/1000 mkg

mmVi

−= (3.2)

Sendo:

Vi é o volume determinado pelo deslocamento de água (m3);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

A Figura 3.9 mostra a montagem do vazo de pressão juntamente com o

manômetro e a bomba de vácuo que foram utilizados para saturação de água das

amostras. As amostras foram saturadas por 1 hora e depois mantidas por 11 horas

sob pressão.

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71

Figura 3.9 - Câmara de vácuo para ensaio de densidade, porosidade aparente e

absorção de água.

3.4.2 Porosidade aparente

A porosidade aparente, assim como a densidade aparente, foi determinada por

meio do princípio de Arquimedes, baseado na norma Britânica BS 10545-3. A

porosidade aparente é definida como a relação entre o volume de poros abertos e o

volume externo do corpo de prova.

A Equação 3.3 estabelece a porosidade aparente em função da medição das

massas do corpo de prova seco, saturado e submerso em água. A porosidade

aparente é a razão entre o volume de poros abertos e o volume da porção

impermeável da amostra.

10032

12 ×−−

=mm

mmPa (3.3)

Em que:

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

m2 é a massa da amostra saturada com água (g);

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

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72

3.4.3 Absorção de água

A absorção de água de um material é dada pelo percentual de água absorvida

por um corpo de prova após a imersão em água sobre pressão negativa constante,

conforme descrito para a determinação da densidade e da porosidade aparentes. A

Equação 3.4 foi utilizada para o cálculo desta variável resposta.

1001

12 ×−

=m

mmAb (3.4)

Sendo:

Ab é a absorção de água (%);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

m2 é a massa do corpo de prova saturado (g).

3.4.4 Permeabilidade

A permeabilidade é definida como a propriedade que governa a taxa de fluxo

de um fluido para o interior de um sólido poroso, expressa pela unidade de medida

m2. Para fluxo contínuo, o coeficiente de permeabilidade (Ke) é determinado

indiretamente pela expressão de Darcy:

µ⋅⋅∆⋅=

L

AHK

dt

dqe (3.5)

Em que:

dq/dt é a taxa de fluxo de fluido (m3/s);

µ é a viscosidade do fluido (N.s/m2);

∆H é o gradiente de pressão (N/m2);

A é a área de superfície (m2);

L é a espessura do sólido (m).

O coeficiente de permeabilidade foi determinado usando o sistema de

permeâmetro desenvolvido por Cabrera e Lynsdale (1988) na University of Leeds. O

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73

sistema de permeâmetro foi reproduzido na UFSJ (ver Figura 3.10), o qual permite a

medição do coeficiente de permeabilidade pela técnica de diferencial da pressão de

um gás. A repetibilidade e reprodutibilidade dos resultados, como também a

descrição do funcionamento do sistema, são relatados em Cabrera e Lynsdale

(1988).

Figura 3.10: Permeâmetro para medição de permeabilidade.

A amostra é encaixada em uma camisa de silicone e depois é inserida na

câmara de aço, evitando qualquer vazamento de gás que possa interferir nas

medições realizadas (Figura 3.11).

Figura 3.11: Sistema de vedação de gás e acoplamento da amostra no

permeâmetro.

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74

3.4.5 Resistência à compressão e módulo de elastici dade estático

Os corpos de prova cilíndricos foram capeados com enxofre e submetidos ao

ensaio de resistência à compressão seguindo as recomendações da norma NBR

7215. O ensaio mecânico foi realizado em uma máquina de ensaios da marca

Instron com capacidade para 100 kN. Este equipamento, Figura 3.12, fornece a

força máxima de ruptura e a curva tensão-deformação, os quais foram utilizados

para calcular a resistência mecânica e o módulo de elasticidade estático,

respectivamente.

Figura 3.12 – Equipamento de ensaio de compressão.

A resistência à compressão foi calculada individualmente para cada CP

(dividindo-se a carga de ruptura pela área da secção transversal do CP), sendo que

a resistência média será obtida pela média aritmética das resistências individuais de

quatro CP’s com a mesma idade.

cc A

PR = (3.6)

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75

Em que:

Rc é resistência à compressão (MPa);

P é carga máxima de ruptura(N);

Ac é área da superfície de carregamento (mm2).

O Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young (E) é um parâmetro que

proporciona uma medida da rigidez do material sólido, e é determinado pela razão

entre a tensão aplicada e a deformação resultante. O módulo pode ser determinado

pelo gráfico tensão-deformação, obtido em ensaio mecânico de compressão, por

meio da inclinação da secante da curva obtida no regime elástico.

εσ

∆∆=E (3.7)

Sendo:

E é módulo de elasticidade ou módulo de Young (MPa);

σ é a tensão aplicada (MPa);

ε é a deformação do corpo de prova (adimensional).

3.5 Análise estatística

O software estatístico Minitab® (versão 14) foi utilizado para efetuar a análise

estatística dos resultados obtidos para os compósitos em estudo. As ferramentas

DOE (Design of experiments) e ANOVA (Análise de variância) foram utilizadas para

a análise das médias de cada réplica. Gráficos de efeitos principais e de interações

foram obtidos para os fatores estatisticamente significativos, assim como os gráficos

de resíduos para as variáveis respostas analisadas.

3.6 Análise Microestrutural

Uma análise microestrutural foi realizada utilizando-se o microscópio de

varredura de bancada, da marca Hitachi modelo TM3000, com detector de

retroespalhamento de elétrons e com uma tensão de aceleração de 15 kV. As

imagens de elétrons retroespalhados permitiram a identificação de poros, tamanho

de poros e indicação das fases de hidratação do cimento.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados experimentais das

propriedades dos compósitos cimentícios, com suas respectivas análises.

A Tabela 4.1 apresenta os resultados da Análise de Variância (ANOVA)

realizada no software Minitab para as médias das variáveis respostas investigadas

para os compósitos.

Tabela 4.1 - Análise de Variância (ANOVA).

ANOVA P-valor ≤ 0,05

Fatores Experimentais Densidade AP.

Porosidade Ap. Ab. Água Permeabilidade Resist.

Compressão Mód. Elast.

Fat

ores

Prin

cipa

is A/C 0,001 0,000 0,001 0,000 0,000 0,000

Granulometria

da substituição 0,000 0,011 0,003 0,036 0,000 0,000

Inte

raçã

o de

Fat

ores

A/C *

Granulometria

da substituição 0,002 0,191 0,103 0,051 0,020 0,013

R2 (ajustado) 99,21% 77,40% 76,06% 74,40% 92,29% 95,60%

Segundo Werkema e Aguiar (1996), os fatores relacionados a P-valor menor ou

igual a 0,05 (95% de confiabilidade) são considerados significativos, sendo seus

efeitos mostrados nos gráficos de “efeitos principais” e de “interações”. Quando uma

interação de ordem superior é significativa, os efeitos principais não são avaliados

individualmente.

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77

4.1 Densidade aparente

Os valores de densidade aparente para os compósitos variaram de 1,63 g/cm3

a 2,18 g/cm3. Os fatores principais relação A/C, Granulometria da Substituição

exerceram efeito significativo sobre a densidade aparente, conforme pode ser

observado pelos valores do P-valor, exibido na Tabela 4.1, inferiores a 0,05. A

interação A/C*Granulometria da Substituição foi também significativa.

Os pontos distribuídos ao longo da reta no gráfico de resíduos da Figura 4.1a e

o valor de 99,21% obtido para o R2 exibido na Tabela 4.1 garantem,

respectivamente, as condições de normalidade e ajuste adequado de dados para a

variável-resposta densidade aparente dos compósitos. Pode-se notar nos gráficos

das Figuras 4.1a e 4.1c uma distribuição normal dos resíduos com média próxima de

zero. A variância constante e independência dos resultados podem ser observadas

nos gráficos das Figuras 4.1b e 4.1d, respectivamente.

Residuos

Porcentagem

0,0300,0150,000-0,015-0,030

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

2,22,01,81,6

0,02

0,01

0,00

-0,01

-0,02

Residuos

Frequencia

0,020,010,00-0,01-0,02

4

3

2

1

0

Ordem de observação

Residuos

2018161412108642

0,02

0,01

0,00

-0,01

-0,02

Grafico de probabilidade normal de residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma de residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.1 - Gráficos de resíduos para a densidade aparente dos compósitos.

A Figura 4.2 exibe o gráfico do efeito da interação entre os fatores A/C e

Granulometria da Substituição sobre a densidade aparente dos compósitos. A

condição (C3) que apresentou maior densidade foi fabricada com a granulometria de

substituição “F” e relação A/C de 0,45. Isso pode ser justificado pelo fato dessa

(a) (b)

(c) (d)

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78

condição apresentar o menor percentual de PET (0,20) em relação às outras

condições e a menor relação água/cimento.

Granulometria da Substituição

Média da densidade aparente (g/cm^3)

MFGMFMG

2,2

2,1

2,0

1,9

1,8

1,7

1,6

A/C

0,45

0,55

Figura 4.2 - Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a média

da densidade aparente dos compósitos.

A Tabela 4.2 apresenta os resultados de densidade aparente para as

condições de referência. A condição Referência 1 (A/C 0,45 e 100% quartzo), maior

densidade aparente, sofreu redução percentual média de 10,33% quando as

partículas finas de quartzo foram substituídas por PET, condição C3 (A/C 0,45 e “F”).

A condição C3 apresentou a maior densidade aparente das condições

experimentais.

Tabela 4.2 – Densidade aparente das condições de referência.

Condições Média da densidade aparente (g/cm3) Desvi o Padrão

Ref 1 (0,45 / quartzo) 2,42 0,05

Ref 2 (0,45 / PET) 1,51 0,01

Ref 3 (0,55 / quartzo) 2,34 0,18

Ref 4 (0,55 / PET) 1,48 0,00

C6

C7

C8

C9

C10

C1

C2

C3

C4

C5

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79

4.2 Porosidade aparente

A porosidade aparente média dos compósitos cimentícios variou entre 10,57%

e 33,33%. Os fatores principais apresentaram efeito significativo sobre a porosidade

aparente dos compósitos, exibindo ambos P-valores inferiores a 0,05 (ver Tabela

4.1), entretanto, a interação A/C*Granulometria da Substituição não foi significativa

(P-valor = 0,191).

O valor de R2 exibido na Tabela 4.1 para a porosidade aparente revela um

adequado ajuste dos dados obtidos. O comportamento dos resíduos (ver Figura 4.3)

mostra-se adequado às condições de normalidade do experimento para a

porosidade aparente, exibindo uma distribuição normal com média próxima de zero

(Figuras 4.3a e 4.3c), variância constante (Figura 4.3b) e independência dos

resultados (Figura 4.3d).

Residuos

Porcentagem

5,02,50,0-2,5-5,0

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

3025201510

4

2

0

-2

-4

Residuos

Frequencia

420-2-4

6,0

4,5

3,0

1,5

0,0

Ordem de observação

Residuos

2018161412108642

4

2

0

-2

-4

Grafico de probabilidade normal dos residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma dos residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.3 - Gráficos de resíduos para a porosidade aparente dos compósitos.

A Figura 4.4 mostra o gráfico de efeito principal do fator A/C . A diminuição da

porosidade aparente ocorreu com o aumento da relação A/C. Uma redução

percentual média de 39,01% pode ser observada entre os níveis 0,45 e 0,55 de A/C.

(a) (b)

(c) (d)

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80

A/C

Média da Porosidade aparente (%)

0,550,45

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

Figura 4.4 - Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da porosidade

aparente dos compósitos.

Quando a relação água/cimento é reduzida, as partículas de cimento ficam

mais próximas umas das outras, consequentemente haverá menor porosidade, o

que é desejado. Entretanto, uma quantidade mínima de água é necessária para

garantir a reologia do sistema e promover a adequada hidratação do cimento. Neste

experimento, a menor relação A/C (0,45) aumentou a porosidade. Comportamento

similar da porosidade verificou-se nas condições de referência (ver Tabela 4.3), ou

seja, a menor relação A/C (0,45) promoveu maior porosidade para o mesmo tipo de

material (quartzo ou PET).

Tabela 4.3 – Porosidade aparente das condições de referência.

Condições Média da porosidade aparente (%) Desvio P adrão

Ref 1 (0,45 / quartzo) 14,25 4,80

Ref 2 (0,45 / PET) 28,05 7,57

Ref 3 (0,55 / quartzo) 5,84 4,54

Ref 4 (0,55 / PET) 23,49 6,19

O efeito principal do fator Granulometria da Substituição é exibido na Figura

4.5. Um aumento percentual médio de 71,04% foi observado entre as condições de

39,01%

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81

menor e maior porosidade nos níveis G e GM, respectivamente. Podemos observar

que a substituição da partícula “F” (condição de 20% de PET) gerou maior

porosidade do que a substituição da partícula “G” (condição de 30% de PET).

Possivelmente, as partículas “F” de PET não preencheram os poros existentes entre

as partículas maiores, devido a uma maior tendência à aglomeração do que as

partículas de quartzo.

Granulometria da Substituição

Média da Porosidade aparente (%)

MFGMFMG

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

Figura 4.5 - Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a média da

porosidade aparente dos compósitos.

4.3 Absorção de água

Os compósitos estudados apresentaram valores de absorção de água variando

entre 5,57% e 27,56%. Os fatores experimentais principais, A/C e Granulometria da

Substituição, apresentaram efeito significativo sobre a absorção de água dos

compósitos, exibindo P-valores iguais a 0,001 e 0,003, respectivamente. A interação

A/C*Granulometria da Substituição não foi significativa (P-valor = 0,103).

A Figura 4.6 exibe o gráfico 4 em 1 dos resíduos obtidos na ANOVA para a

absorção de água, demonstrando adequadas condições de distribuição normal

(Figuras 4.6a e 4.6c), variância constante (Figura 4.6b) e independência dos

resíduos (Figura 4.6d). O valor de R2 (76,06%) reportado na Tabela 4.1 demonstra

que o ajuste do modelo foi satisfatório para esta variável-resposta.

71,04%

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82

Residuos

Porcentagem

5,02,50,0-2,5-5,0

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

252015105

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Residuos

Frequencia

420-2-4

8

6

4

2

0

Ordem de observaçãoResiduos

2018161412108642

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Grafico de probabilidade normal de residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma de residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.6 - Gráficos de resíduos para a absorção de água dos compósitos.

A Tabela 4.4 exibe os valores de absorção de água para as condições de

referência. A Figura 4.7 revela o efeito do fator principal relação A/C sobre a

absorção de água. Assim como observado para a porosidade, o aumento da relação

A/C promoveu uma diminuição da média da absorção de água. Uma redução de

aproximadamente 43,16% foi verificado entre os níveis de relação A/C (ver Figura

4.7).

Tabela 4.4 – Absorção de água das condições de referência.

Condições Média da absorção de água (%) Desvio Padr ão

Ref 1 (0,45 / quartzo) 9,79 1,51

Ref 2 (0,45 / PET) 28,07 7,61

Ref 3 (0,55 / quartzo) 5,84 4,54

Ref 4 (0,55 / PET) 23,49 6,19

(a) (b)

(c) (d)

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83

A/C

Média de absorção de água (%)

0,550,45

17

16

15

14

13

12

11

10

9

Figura 4.7 - Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da absorção de

água dos compósitos.

A Figura 4.8 exibe o gráfico do fator principal Granulometria da Substituição

sobre a média da absorção de água dos compósitos. Assim como observado para a

porosidade aparente, os maiores valores de absorção de água foram obtidos para a

faixa granulométrica “GM” e os menores valores para a faixa granulométrica “G”,

exibindo uma variação percentual média de 57,67%.

Granulometria da Substituição

Média da absorção de água

MFGMFMG

20

18

16

14

12

10

8

Figura 4.8 - Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a

média da absorção de água dos compósitos.

57,67%

43,16%

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84

4.4 Permeabilidade

Os valores de permeabilidade para os compósitos variaram de 0,02x10-16 m2 a

0,18x10-16 m2. Os fatores principais A/C, Granulometria da Substituição exerceram

efeito significativo sobre a permeabilidade, conforme pode ser observado na Tabela

4.1, P-valor inferior a 0,05. A interação A/C*Granulometria da Substituição não foi

significativa.

Os pontos distribuídos ao longo da reta no gráfico de resíduos da Figura 4.9 e

o valor de R2 exibido na Tabela 4.1 garantem, respectivamente, as condições de

normalidade e ajuste adequado de dados para a variável-resposta permeabilidade.

Pode-se notar nos gráficos das Figuras 4.9a e 4.9c a distribuição normal dos

resíduos com média próxima de zero. A variância constante e independência dos

resultados podem ser observadas nos gráficos das Figuras 4.9b e 4.9d,

respectivamente.

Residuos

Porcentagem

0,0500,0250,000-0,025-0,050

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

0,150,100,05

0,02

0,01

0,00

-0,01

-0,02

Residuos

Frequencia

0,030,020,010,00-0,01-0,02-0,03

4

3

2

1

0

Ordem de observação

Residuos

2018161412108642

0,02

0,01

0,00

-0,01

-0,02

Grafico de probabilidade normal de residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma dos residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.9 - Gráficos de resíduos para a permeabilidade dos compósitos.

A Figura 4.10 exibe o gráfico de efeito principal do fator A/C sobre a

permeabilidade dos compósitos. O nível inferior da relação A/C 0,45 promoveu o

aumento da permeabilidade dos compósitos.

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85

A/C

Média da Perm

eabilidade ((x 10^-16) m^2)

0,550,45

0,15

0,14

0,13

0,12

0,11

0,10

0,09

0,08

Figura 4.10 - Efeito do fator principal relação A/C sobre a média da permeabilidade

dos compósitos.

A Figura 4.11 exibe um comportamento similar ao comportamento da

porosidade. Um aumento de aproximadamente 59,09%, entre o menor e o maior

valor de permeabilidade pode ser observado no gráfico de efeito principal.

Granulometria da Substituição

Média da Perm

eabilidade ((x 10^-16) m^2)

MFGMFMG

0,14

0,13

0,12

0,11

0,10

0,09

Figura 4.11 - Efeito do fator principal Granulometria da Substituição sobre a média

da permeabilidade dos compósitos.

59,09%

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86

4.5 Resistência à compressão

Os valores de resistência à compressão variaram de 1,43 MPa e 14,88 MPa. O

P-valor de 0,020, sublinhado na Tabela 4.1, corresponde à interação significativa

dos fatores A/C * Granulometria da Substituição.

Os gráficos de resíduos para média da resistência à compressão exibidos na

Figura 4.12, apresentaram um comportamento que atende as condições de

normalidade exigidas para validação do modelo de análise de variância:

� Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.12(a) e (c));

� Variância constante (Figura 4.12 (b));

� Independência (Figura 4.12 (d)).

Residuos

Porcentagem

210-1-2

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

151050

1

0

-1

Residuos

Frequencia

1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5

6,0

4,5

3,0

1,5

0,0

Ordem de observação

Residuos

2018161412108642

1

0

-1

Grafico de probabilidade normal de residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma de residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.12 - Gráficos de resíduos para a resistência à compressão dos compósitos.

A Figura 4.13 exibe o gráfico de interação dos fatores A/C e Granulometria da

Substituição sobre a resistência à compressão dos compósitos. A relação A/C de

0,55 promoveu maior resistência à compressão para todas as granulometrias de

substituição investigadas.

(a) (b)

(c) (d)

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87

Granulometria da Substituição

Média da resistência à compressão

MFGMFMG

14

12

10

8

6

4

2

0

A/C

0,45

0,55

Figura 4.13 - Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a média

da resistência à compressão.

A resistência mecânica de materiais cimentícios depende fundamentalmente do

fator água/cimento, o qual está relacionado diretamente com a formação de poros e

produtos de hidratação. A busca da mínima quantidade de água a fim de garantir

adequada trabalhabilidade, hidratação do cimento e menor formação de poros é o

desafio na obtenção de produtos cimentícios de elevada resistência. Neste

experimento, a maior relação A/C (0,55) exibiu uma resistência à compressão

superior em todas as faixas granulométricas de substituição, inclusive nas condições

de referência (ver Tabela 4.5). Este comportamento indica que o nível inferior da

relação A/C não deve ter sido capaz de hidratar a pasta cimentícia,

consequentemente, aumentando a porosidade e reduzindo a resistência mecânica.

Uma diferença percentual média de 88,45% foi constatada entre a faixa

granulométrica G (0,55) e MF (0,45). A condição C6 (G – 0,55), apresentou alta

resistência à compressão, elevada densidade, baixa porosidade, absorção de água

e permeabilidade em relação à outras condições.

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88

Tabela 4.5 – Resistência à compressão das condições de referência.

Condições Média da Resistência à compressão (MPa) Desvio Padrão

Ref 1 (0,45 / quartzo) 16,70 7,81

Ref 2 (0,45 / PET) 0,89 0,03

Ref 3 (0,55 / quartzo) 30,27 3,66

Ref 4 (0,55 / PET) 1,97 0,23

4.6 Módulo de elasticidade

Os valores do módulo de elasticidade dos compósitos variaram de 0,28GPa a

2,85GPa. Os fatores principais relação A/C, Granulometria da Substituição

exerceram efeito significativo sobre o módulo de elasticidade, conforme pode ser

observado pelos valores de P-valor (ver Tabela 4.1) inferiores a 0,05. A interação

A/C * Granulometria da Substituição também foi significativa para esta variável

resposta (P-valor = 0,013).

A Figura 4.14 exibe o gráfico 4 em 1 dos resíduos obtidos na ANOVA para a

módulo de elasticidade, demonstrando adequadas condições de distribuição normal

(Figuras 4.14a e 4.14c), variância constante (Figura 4.14b) e independência dos

resíduos (Figura 4.14d). O valor de R2 (95,60%) reportado na Tabela 4.1 demonstra

que o ajuste do modelo foi satisfatório para esta variável-resposta.

Residuos

Porcentagem

0,300,150,00-0,15-0,30

99

90

50

10

1

Valores ajustados

Residuos

2,52,01,51,00,5

0,30

0,15

0,00

-0,15

-0,30

Residuos

Frequencia

0,30,20,10,0-0,1-0,2-0,3

6,0

4,5

3,0

1,5

0,0

Ordem de observação

Residuos

2018161412108642

0,30

0,15

0,00

-0,15

-0,30

Grafico de probabilidade normal dos residuos Residuos x Valores ajustados

Histograma dos residuos Residuos x Ordem dos valores

Figura 4.14 - Gráficos de resíduos para a resistência à compressão dos compósitos.

(a) (b)

(c) (d)

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89

Quando interações de ordem mais elevada são significativas, a interpretação

dos efeitos principais não é considerada (WERKEMA e AGUIAR, 1996). Desse

modo, a interação “A/C*Granulometria da Substituição” será exibida na Figura 4.15.

Verifica-se que os módulos de elasticidade foram superiores quando foi utilizada a

relação A/C de 0,55, indicando a perda de rigidez dos compósitos com a redução

dos produtos hidratados da pasta cimenticia. Comportamento similar foi observado

para as condições de referência (ver Tabela 4.6).

Granulometria da Substituição

Média do módulo de elasticidade

MFGMFMG

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

A/C

0,45

0,55

Figura 4.15 - Efeito da interação A/C * Granulometria da Substituição sobre a média

do módulo de elasticidade.

Tabela 4.6 – Módulo de elasticidade das condições de referência.

Condições Média do módulo de elasticidade (MPa) Des vio Padrão

Ref 1 (0,45 / quartzo) 2,78 0,89

Ref 2 (0,45 / PET) 0,16 0,04

Ref 3 (0,55 / quartzo) 3,64 0,47

Ref 4 (0,55 / PET) 0,35 0,02

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90

4.7 Análise Microestrutural

As imagens de elétrons secundários obtidas pelo microscópio eletrônico de

varredura foram utilizadas na investigação dos compósitos cimentícios. Segundo

Diamond (2004), componentes não hidratados no cimento têm altos coeficientes de

retroespalhamento, e aparecem mais claros nas imagens de retroespalhamento. Os

componentes hidratados têm coeficientes de retroespalhamento menores e

aparecem mais acinzentados. E, por sua vez, os poros são representados pelas

imagens mais escuras e/ou pretas.

A Figura 4.16 apresenta as imagens dos compósitos C1 (a) e C6 (b) utilizando

uma ampliação de 100X. Os compósitos C1 e C6 foram fabricados substituindo a

maior faixa granulométrica (G) de partículas de quartzo, com as relações de água

0,45 e 0,55, respectivamente. O cimento Portland exibido na Figura 4.16a exibe

regiões esbranquiçadas, indicando a existência de produtos não hidratados. O

cimento Portland exibido na Figura 4.16b exibe uma pasta mais hidratada com uma

tonalidade cinza mais homogênea, demonstrando que a maior relação A/C de 0,55

foi mesmo responsável pelo aumento de resistência, redução de porosidade e

permeabilidade dos compósitos investigados neste experimento.

(a) (b)

Figura 4.16 – Imagem de elétrons retroespalhados com uma amplificação de 100X,

(a) C1: A/C 0,45; Granulometria de substituição “G”;

(b) C6: A/C 0,55; Granulometria de substituição “G”.

Produtos não hidratados

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91

A Figura 4.17 apresenta a imagem do compósito C10 em uma ampliação de

100X. Este compósito foi fabricado pela substituição de partículas de quartzo de

tamanho “MF” com 0,55 A/C. A presença de macroporos, indicada pelas setas na

imagem, justifica a elevada porosidade, absorção e permeabilidade, promovendo

redução da resistência à compressão e do módulo de elasticidade dos compósitos.

Figura 4.17 – Imagem de elétrons retroespalhados com uma amplificação de 100X,

(C10: A/C 0,55; Granulometria de substituição “MF”).

A Figura 4.18 exibe as imagens de microscopia eletrônica das condições de

referência 3 e 4 que correspondem aos compósitos fabricados com partículas de

quartzo (a, b) e partículas de PET (c, d). Nota-se que as partículas de quartzo

(Figura 4.18(a, b)) exibem uma tonalidade de cinza mais clara que as partículas de

PET (Figura 4.18(c, d)), revelando a diferença da densidade destas partículas. É fato

que o uso de partículas mais densas, como as partículas de quartzo, irão promover

um aumento da resistência e rigidez dos compósitos em comparação às partículas

poliméricas de resíduos de PET. Observou-se que as partículas de quartzo (Figura

4.18a) exibiram uma distribuição mais homogênea dentro da matriz cimentícia

comparado às partículas de PET (Figura 4.18c), o que pode ser atribuído a uma

geometria mais irregular exibida pelas partículas de PET. Por outro lado, as

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92

partículas de PET podem ser consideradas impermeáveis em comparação às

partículas de quartzo, por consequência as partículas de quartzo tendem a absorver

uma maior quantidade de água do sistema, promovendo assim uma menor

hidratação do cimento. Observando-se as Figuras 4.18b e 4.18d é possível verificar,

para uma mesma relação A/C (0,55), uma matriz cimentícia com tonalidade de cinza

mais clara (Figura 4.18b) menos hidratada que o cimento Portland presente nos

compósitos fabricados com partículas de PET (Figura 4.18d).

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.18 – Imagem de elétrons retro espalhados com uma amplificação de 50X e

100X (a, b) condição de referência Ref 3 (100% quartzo, A/C 0,55)

(c, d) condição de referência Ref 4 (100% PET, A/C 0,55).

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93

4.8 Análise das condições experimentais e de referê ncia

Os resultados experimentais foram agrupados a fim de permitir uma

comparação entre as propriedades das condições experimentais e de referência. A

Figura 4.19 mostra a relação entre as propriedades módulo de elasticidade (GPa) e

resistência à compressão (MPa). A condição C6 (A/C 0,55 e “G”) exibe módulo de

elasticidade inferior aos resultados apresentados pelas condições de referência de

agregado de quartzo (Ref 1 e Ref 3), com uma diferença percentual de

aproximadamente 7,55% em relação à Ref 1 e 29,40% em relação à Ref 3.

Conforme discutido anteriormente, o maior valor de resistência mecânica das

condições experimentais foi alcançado pelo compósito C6 (A/C 0,55 e “G”), exibindo

este uma diferença percentual de aproximadamente 16,53% e 53,95% em relação

às Ref 1 e Ref 3, repectivamente.

As condições C4 (A/C 0,45 e “GM”) e C10 (A/C 0,55 e “MF”) apresentaram os

menores resultados de módulo de elasticidade e resistência à compressão entre as

condições experimentais, resultados estes, próximos às condições de referência

fabricadas com 100% de agregado de PET, Ref 2 (0,16 GPa e 0,89 MPa) e Ref 4

(0,35 GPa e 1,97 MPa).

Figura 4.19 – Módulo de elasticidade e resistência à compressão.

A Figura 4.20 exibe o gráfico das propriedades porosidade aparente (%) e

densidade aparente (g/cm3). É possível observar pela variação da porosidade que

os compósitos fabricados com 100% de quartzo (Ref 1 e Ref 3) e 100% de PET (Ref

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94

2 e Ref 4) exibem os menores e maiores valores de porosidade, respectivamente. A

substituição total de quartzo por PET representou uma redução percentual de

37,60% na densidade entre as referências fabricadas com A/C 0,45 (Ref 1 e Ref 2) e

uma redução percentual de 36,75% entre as referências fabricadas com A/C 0,55

(Ref 4 e Ref 3). Na porosidade, a referência fabricada com A/C 0,45 (Ref 1)

aumentou 96,84% com a substituição de quartzo por PET (Ref 2) e a referência

fabricada com A/C 0,55 (Ref 3) aumentou 302,23% com a substituição de quartzo

por PET (Ref 4). A condição C6 apresentou uma diferença percentual de 11,97% em

relação à Ref 3, na densidade, e 39,17% na porosidade. Em relação à Ref 1,

condição fabricada com 100% de quartzo (C6) apresentou uma porosidade 18,67%

menor e uma diferença de 14,88% no resultado da densidade.

Figura 4.20 – Porosidade e densidade aparentes.

Os resultados apresentados pela condição C6 são promissores para a

substituição do agregado natural por agregado de PET. A condição C6 apresentou

as menores diferenças em relação às condições fabricadas com 100% de agregado

natural, tendo essas diferenças valores que permitem vislumbrar a utilização desse

compósito em aplicações não estruturais.

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Resíduos de poli (tereftalado de etileno) foram utilizados como substitutos

de agregados naturais em compósitos cimentícios, tipo argamassa. Os

resultados obtidos revelam que a utilização de partículas de PET em

substituição de quartzo em argamassa é possível, contribuindo para redução

da utilização de matéria prima de fontes naturais não renováveis e promovendo

a reciclagem de resíduos poliméricos, reduzindo assim, o impacto ambiental

por eles causado. Dentre as principais conclusões estão:

(i) o nível inferior da relação A/C (0,45) promoveu uma trabalhabilidade

adequada da pasta, entretanto, esta quantidade de água não foi suficiente para

hidratar todo o cimento tanto para as condições de substituição do agregado,

quanto para as condições de referência. Portanto, os compósitos fabricados

com relação A/C 0,45 apresentaram maior porosidade, maior absorção de água

e permeabilidade, diminuição da resistência à compressão e do módulo de

elasticidade;

(ii) os fatores principais relação A/C e substituição da partícula

quartzo/PET apresentaram efeito significativo sobre a porosidade aparente.

Maior porosidade foi alcançada quando foi utilizada a relação A/C de 0,45,

revelando menor hidratação do cimento Portland. A substituição da partícula

“F” (condição de 20% de PET) gerou maior porosidade do que a substituição

da partícula “G” (condição de 30% de PET) e a substituição da partícula “M”

(condição de 50% de PET), tornando a substituição “G” bastante promissora;

(iii) os resultados de absorção de água, porosidade e permeabilidade

exibiram comportamentos similares, mostrando maiores valores quando a

relação A/C é de 0,45, e menores valores para a faixa granulométrica de

substituição “G”;

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96

(iv) a redução da resistência à compressão e do módulo de elasticidade

está relacionada à interação da relação A/C e faixa granulométrica de

substituição. A condição C6 (A/C 0,55 e “G”) apresentou baixa porosidade,

baixa absorção de água e permeabilidade, elevada resistência à compressão e

alto módulo de elasticidade, podendo ser considerada a melhor condição para

reuso de partículas de PET em compósitos cimentícios tipo argamassa;

(v) a análise microestrutural do material revelou que a relação A/C 0,45

promoveu menor hidratação da fase matriz cimentícia em comparação ao nível

superior da relação A/C 0,55. As partículas de quartzo exibem uma melhor

distribuição dentro da matriz. As partículas de PET podem ser consideradas

impermeáveis em comparação às partículas de quartzo, por consequência as

partículas de quartzo tendem a absorver uma maior quantidade de água do

sistema, promovendo assim uma menor hidratação do cimento;

(vi) a condição C6, pode ser considerada a melhor condição para reuso

de partículas de PET em compósitos cimentícios tipo argamassa devido às

diferenças apresentadas em relação às condições de referência fabricadas

com 100% de quartzo. Na resistência à compressão, C6 apresentou uma

diferença percentual de aproximadamente 16,53% em relação à Ref 1 e uma

diferença percentual de aproximadamente 53,95% em relação à Ref 3,

condição de referência que exibiu melhor resultado. C6 exibiu módulo de

elasticidade com uma diferença percentual de aproximadamente 7,55% em

relação à Ref 1 e 29,40% em relação a Ref 3. Em relação à Ref 1, apresentou

uma porosidade 18,67% menor e uma diferença de 14,88% no resultado da

densidade. A condição C6 apresentou uma diferença percentual de 11,97% em

relação à Ref 3, na densidade, e 39,17% na porosidade.

As propriedades físicas e mecânicas reveladas permitem utilizar o

compósito C6 em aplicações não estruturais para construção civil, promovendo

a reciclagem de produtos de PET.

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CAPÍTULO 6

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho abriu novos horizontes de estudos na área de agregados para

argamassa, em especial na substituição de agregados naturais por agregados

artificiais produzidos a partir de resíduos de PET. Com base no estudo realizado

vislumbraram-se novas ideias e demandas de pesquisa. Seguem abaixo algumas

sugestões para trabalhos futuros:

� Realizar ensaios de caracterização dos componentes individualmente do

compósito cimentício tipo argamassa e fazer uma análise micromecânica a fim de

avaliar as condições de interface partícula fase matriz;

� Realizar ensaios de resistência à compressão em corpos de prova com

idades avançadas (> 28 dias) para a verificação de ocorrência ou não de perdas de

resistência provocadas por eventual deterioração do PET provocada pela

argamassa. Além disso, realizar ensaios mecânicos após o desgaste em condições

severas a fim de verificar a durabilidade dos compósitos;

� Estudar o efeito de aditivos químicos nos compósitos cimentícios com

substituição do agregado natural por PET;

� Determinar a viabilidade operacional e econômica da utilização dos resíduos

de PET como substitutos de agregados naturais;

� Confeccionar e caracterizar artefatos para verificar se os mesmos cumprem

ou não as exigências das normas vigentes. Realizar ensaios de caracterização

mecânica dos artefatos, bem como de outras propriedades que se julguem

interessantes, tais como: isolamento térmico, isolamento acústico, combustão, e

toxicidade;

� Investigar compósitos com a relação A/C mais elevada.

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