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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS ANALÍTICOS DE
CONTAGEM DE MATERIAL PARTICULADO EM MEDICAMENTOS
INJETÁVEIS
Marina Miyuki Ishihara
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo.
Orientador(a):
Prof.(a). Dr(a) Vladi Olga Consigliere
de Matta
Co-orientador(a): Felipe Rebello
Lourenço
São Paulo
2018
SUMÁRIO
Pág.
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... 3
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... 4
LISTA DE QUADROS ............................................................................................. 5
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 6
RESUMO................................................................................................................. 8
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9
1.1 Material particulado ....................................................................................... 9
1.2 Obscurecimento da Luz ............................................................................... 10
1.3 Microscopia .................................................................................................. 11
1.4 Amostragem e especificações farmacopeicas. ............................................ 12
1.5 Justificativa .................................................................................................. 13
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 15
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 16
3.1. Amostras ..................................................................................................... 16
3.2 Métodos ....................................................................................................... 16
3.2.1. Obscurecimento da Luz ....................................................................... 16
3.2.2. Microscopia .......................................................................................... 18
3.3. Análise estatística ....................................................................................... 22
4. RESULTADOS .................................................................................................. 24
4.1 Ácido Zoledrônico (4 mg) ............................................................................. 24
4.2 Oxaliplatina 50 mg ....................................................................................... 25
4.3 Oxaliplatina 100 mg ..................................................................................... 26
4.4 Análise estatística ........................................................................................ 28
5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 34
6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 39
7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 40
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
EPI Equipamento de Proteção Individual
FDA Food and Drug Administration
USP United States Pharmacopeia
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Princípio do funcionamento de um contador de partículas baseado no
Obscurecimento da Luz. .................................................................................. 11
Figura 2 - Seringa do contador de partículas. .................................................. 17
Figura 3 - Material de filtração para análise de material particulado pela técnica
de Microscopia. ................................................................................................ 19
Figura 4 - Placas de Petri com membranas filtrantes após a etapa de filtração
das amostras analisadas pelo Método de Microscopia. ................................... 20
Figura 5 - Partícula retida na membrana filtrante na análise de água
ultrapurificada, sem luz proveniente do iluminador lateral. ............................... 21
Figura 6 - Partícula retida na membrana filtrante na análise de água
ultrapurificada, com luz proveniente do iluminador lateral. ............................... 22
Figura 7 - Partículas de tamanho maior que 10 µm e menor que 25 µm na parte
superior e maior que 25 µm na parte inferior, encontradas na análise de
oxaliplatina 100 mg pela técnica de Microscopia. ............................................ 28
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Número máximo de partículas ≥10 e 25 µm permitido pelo Método 1
(Obscurecimento da Luz), conforme o volume declarado no recipiente. .......... 12
Quadro 2 - Número máximo de partículas ≥10 e 25 µm permitido pelo Método 2
(Microscopia), conforme o volume declarado no recipiente. ............................ 12
Quadro 3 - Medicamentos analisados com suas respectivas embalagens, formas
farmacêuticas e número de análises realizadas pelas técnicas de
Obscurecimento da Luz e Microscopia. ........................................................... 16
Quadro 4 - Comparação entre os métodos de contagem de material particulado,
mostrando suas vantagens e desvantagens. ................................................... 35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 1).............................................................................. 24
Tabela 2 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 1). ................................................................................... 24
Tabela 3 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 2).............................................................................. 24
Tabela 4 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 2). ................................................................................... 25
Tabela 5 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise1)............................................................................... 25
Tabela 6 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 1). ................................................................................... 25
Tabela 7 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 2).............................................................................. 25
Tabela 8 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 2). ................................................................................... 26
Tabela 9 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 1).............................................................................. 26
Tabela 10 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 1). ................................................................................... 27
Tabela 11 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 2).............................................................................. 27
Tabela 12 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 2). ................................................................................... 27
Tabela 13 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz (Análise 3).............................................................................. 27
Tabela 14 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de
Microscopia (Análise 3). ................................................................................... 27
Tabela 15 - Média do número de partículas ≥10 µm encontradas pelas técnicas
Obscurecimento da Luz e Microscopia e a diferença entre elas. ..................... 29
Tabela 16 - Resultados da média e desvio padrão entre as diferenças (descritas
na Tabela 15), em número de partículas. ......................................................... 29
Tabela 17 - Média do número de partículas ≥25 µm encontradas pelas técnicas
Obscurecimento da Luz e Microscopia e a diferença entre elas. ..................... 30
Tabela 18 - Resultados da média e desvio padrão entre as diferenças (descritas
na Tabela 17). .................................................................................................. 30
Tabela 19 - Intervalos de confiança 95% calculados para as partículas ≥ 10 e 25
µm. ................................................................................................................... 32
Tabela 20 - Intervalos calculados a partir das especificações de cada método
conforme a Farmacopeia Americana (2017). ................................................... 33
Tabela 21 - Comparação entre os resultados da análise de material particulado
de ácido zoledrônico referentes ao medicamento referência e melhor formulação
citados no trabalho de Prasanthi, 2017 e às análises do presente trabalho. ... 37
RESUMO
ISHIHARA, M. M. Análise comparativa entre métodos analíticos de contagem de material particulado em medicamentos injetáveis. 2018. 41. f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Palavras-chave: Material particulado, Obscurecimento da Luz, Microscopia.
A análise de material particulado em medicamentos injetáveis é de grande importância, visto que pode oferecer diversos tipos de danos à saúde do paciente. A presença de material particulado em formulações injetáveis e parenterais tem sido uma das principais causas para recalls. De acordo com a Farmacopeia Americana, United States Pharmacopeia (U.S. Pharmacopeia, 2017), o ensaio de material particulado pode ser realizado por duas técnicas dependendo das características físico-químicas do medicamento. Uma delas, conhecida como Obscurecimento da Luz, é aplicada preferencialmente para a análise de partículas subvisíveis em injeções e preparações parenterais que apresentam baixa viscosidade e a outra técnica, definida como Microscopia, é atribuída a amostras de baixa limpidez e alta viscosidade. O presente trabalho teve como objetivo aplicar os métodos Obscurecimento da Luz e Microscopia para contagem de partículas ≥10 e 25 µm em medicamentos injetáveis e comparar os resultados das análises, considerando a forma farmacêutica, aplicabilidade dos métodos, especificações farmacopeicas e informações encontradas na literatura. Para isso, o número de partículas ≥10 e 25 µm foi contabilizado pelos métodos de Obscurecimento da Luz e Microscopia em três medicamentos injetáveis diferentes, sendo eles, ácido zoledrônico 4 mg, oxaliplatina de 50 e 100 mg. A partir da quantidade de amostras disponíveis para realizar os testes, foi possível realizar duas análises de ácido zoledrônico 4 mg, duas análises de oxaliplatina de 50 mg e três análises de oxaliplatina 100 mg, pelos métodos de Obscurecimento da Luz e Microscopia. Uma análise estatística foi realizada a partir da definição de intervalos de equivalência para as partículas de tamanho ≥10 e 25 µm. Todos os medicamentos analisados apresentaram resultados satisfatórios, conforme a especificação de cada método de análise na Farmacopeia Americana. A análise de partículas ≥10 µm pelo método de Obscurecimento da Luz apresentou resultados 100 vezes maior em relação ao número de partículas do mesmo tamanho obtido pela Microscopia. Os métodos de contagem de material particulado apresentaram resultados diferentes, tendo em vista os diferentes princípios de contagem de partículas. No entanto, através da análise estatística realizada, conclui-se que, para os medicamentos analisados nesse trabalho, os métodos de contagem de material particulado por Obscurecimento de Luz e Microscopia podem ser considerados equivalentes no momento de aprovar ou reprovar um produto farmacêutico para esse parâmetro e o método por Obscurecimento de Luz apresentou-se mais vantajoso que a Microscopia, levando em consideração a maior facilidade e agilidade na execução da análise, rastreabilidade de dados e aproveitamento das amostras para realização de outros testes.
9
1. INTRODUÇÃO
1.1 Material particulado
O material particulado em medicamentos injetáveis é definido como sendo
partículas estranhas, móveis, não dissolvidas, além de bolhas de gás, não
intencionalmente presentes no produto final (U.S. PHARMACOPEIA, 2017).
Existem diversas fontes de material particulado, como o meio ambiente,
materiais de embalagem, componentes da formulação, interações entre o
produto e o material de embalagem e partículas formadas durante o processo
(LANGILLE, 2013).
O material particulado pode ser classificado conforme sua fonte ou
tamanho da partícula. Em relação à origem do material particulado, a
Farmacopeia Americana (2012) aborda em seu Capítulo <1788> Methods for the
Determination of Particulate Matter in Injections and Ophthalmic Solutions, que,
as partículas podem ser de origem extrínseca ou intrínseca. As partículas de
fonte extrínseca são definidas como partículas estranhas, que não fazem parte
da formulação, embalagem ou processo de fabricação. Já as partículas de
origem intrínseca são associadas à embalagem, formulação, processo de
fabricação ou à instabilidade apresentada pelo medicamento ao longo do tempo,
como a presença de sais de fármacos insolúveis ou a degradação da
embalagem. A Farmacopeia Americana ainda caracteriza partículas inerentes
ao produto, como partículas de proteínas ou componentes da formulação.
Em relação ao tamanho das partículas, o material particulado pode ser
classificado em dois tipos: partículas visíveis, com tamanhos entre 50 e 200 µm
e as subvisíveis, com tamanho a partir de 10 µm (NARHI et al., 2009).
Em função do risco envolvido para a saúde do paciente, as agências
reguladoras determinam análise e quantificação das partículas visíveis em todo
o lote produzido de injetável que pode ser automatizada ou manual. Na análise
manual, cada unidade (ampola, por exemplo) é examinada contra fundos escuro
e claro, sob determinada intensidade luminosa e padronizada distância do olho
humano. A análise da quantidade de partículas visíveis também pode ser
automatizada, desde que o método não seja destrutivo e podem ser usadas as
seguintes técnicas: a interação com a luz refletida pela partícula é capturada em
10
imagens digitais com iluminação diferente e, alternativamente, a iluminação
direta pode ser imposta para criar uma sombra. Existem especificações bem
definidas nas farmacopeias sobre a quantidade de unidades contaminadas e o
número de partículas por unidade (NARHI et al., 2009).
Em relação às partículas subvisíveis, a Farmacopeia Americana (2017),
estabelece limites para a quantidade dessas partículas, harmonizados com a
Farmacopeia Europeia e a Farmacopeia Japonesa, descritos no Capítulo <788>
Particulate Matter in Injections. O capítulo apresenta dois testes para a
quantificação de partículas: contagem de partículas pelo Método 1 (conhecido
como Obscurecimento ou Bloqueio de Luz) e pelo Método 2 (Microscopia). Para
a análise de partículas subvisíveis, o Método 1 é preferencialmente aplicado. No
entanto, em alguns casos pode ser necessário realizar o teste pela técnica de
Obscurecimento da Luz, seguida pela Microscopia, com o objetivo de confirmar
a adequabilidade de aplicação do método ao medicamento em análise.
1.2 Obscurecimento da Luz
O Método 1 consiste no uso de um contador de partículas eletrônico,
composto por um feixe de luz que é projetado através da amostra. Caso a
partícula obstrua esse feixe, essa obstrução resulta em um pulso, permitindo
uma determinação automática do tamanho da partícula, assim como a
quantidade, de acordo com o tamanho (MAHLER et al., 2008; NARHI et al.,
2009). A Figura 1 ilustra esse processo, no qual, as partículas passam pela célula
de fluxo sobre uma região de luminosidade intensa, proveniente de uma fonte de
luz, que se propaga através de uma lente. À medida que as partículas vão
passando, uma certa quantidade de luz é bloqueada, formando sombras, que
são relacionadas ao tamanho delas. O detector então identifica esse decréscimo
de luz e cria um pulso elétrico correspondente, proporcional ao tamanho da
partícula. Os pulsos são então contados e categorizados por faixa de tamanho e
convertidos em contagem de partículas (BORCHERT et al., 1986).
11
Figura 1 - Princípio do funcionamento de um contador de partículas baseado no Obscurecimento da Luz.
Fonte: Huang (2008).
1.3 Microscopia
O Método 2 baseia-se na contagem de partículas através de um
microscópio binocular, ajustado para 100 ampliações, no qual a amostra líquida
passa primeiramente por um filtro para reter o material particulado e as partículas
capturadas com tamanho igual ou maior que 10 e 25 µm são contadas (U.S.
Pharmacopeia, 2017). De acordo com Farmacopeia Americana, nem todas as
preparações parenterais podem ser analisadas por um ou ambos os métodos.
Quando o Método 1 não é aplicável, no caso de medicamentos que apresentam
baixa limpidez e alta viscosidade, como emulsões, coloides e preparações
lipossomais, a contagem de partículas deve ser realizada pelo Método 2. Da
mesma forma, para produtos que produzem bolhas de ar ao serem arrastados
para o sensor do contador de partículas, a contagem por Microscopia pode ser
exigida. Caso a viscosidade do produto seja tão alta de modo a inviabilizar a
análise por qualquer um dos métodos, uma diluição quantitativa com diluente
apropriado é realizada, a fim de reduzir a viscosidade, possibilitando a execução
do teste.
12
1.4 Amostragem e especificações farmacopeicas.
De acordo com a Farmacopeia Americana (2017), é recomendado que
para amostras com volume rotulado maior que 100 mL ou amostras de volume
maior ou igual a 25mL, 10 unidades individuais sejam testadas. Para amostras
com volume rotulado menor que 25 mL, o conteúdo de 10 ou mais frascos devem
ser reunidos, para que seja obtido no mínimo 25 mL.
Os Quadros 1 e 2 apresentam as especificações de acordo com o volume
declarado no recipiente, dos métodos 1 e 2, respectivamente.
Quadro 1 - Número máximo de partículas ≥10 e 25 µm permitido pelo Método 1 (Obscurecimento da Luz), conforme o volume declarado no recipiente.
Tamanho da partícula Recipiente com volume
maior que 100 mL
Recipiente com volume
menor ou igual a 100 mL
≥10 µm 25 partículas/mL 6000
partículas/recipiente
≥25 µm 3 partículas/mL 600 partículas/recipiente
Fonte: U.S.Pharmacopeia, 2017.
Quadro 2 - Número máximo de partículas ≥10 e 25 µm permitido pelo Método 2 (Microscopia), conforme o volume declarado no recipiente.
Tamanho da partícula Recipiente com volume
maior que 100mL
Recipiente com volume
menor ou igual a 100 mL
≥10 µm 12 partículas/mL 3000
partículas/recipiente
≥25 µm 2 partículas/mL 300 partículas/recipiente
Fonte: U.S.Pharmacopeia, 2017.
Conforme descrito anteriormente, esses limites sobre a quantidade de
partículas preconizados pela Farmacopeia Americana, estão harmonizados com
a Farmacopeia Europeia e a Farmacopeia Japonesa. Em relação à Farmacopeia
Brasileira (5ª edição, 2010), os testes de material particulado em medicamentos
injetáveis são abordados no item “5.1.7.1. PARTÍCULAS SUB-VISÍVEIS”. Em
comparação à Farmacopeia Americana, a Farmacopeia Brasileira descreve os
13
mesmos métodos de análise de material particulado. No entanto, a Farmacopeia
Brasileira além de estabelecer limites para soluções injetáveis em recipientes
com volume maior que 100 mL e menor ou igual a 100 mL, também apresenta
uma especificação para “Pós para injetáveis em recipientes, com volume
declarado, igual ou menor que 100 mL” para o método por Obscurecimento da
Luz, no qual a amostra reconstituída cumpre o teste se a média do número de
partículas ≥10 µm não for superior a 10000 partículas/recipiente e a média do
número de partículas ≥25 µm não for superior a 1000 partículas/recipiente.
1.5 Justificativa
A presença de partículas estranhas visíveis ou subvisíveis em
formulações injetáveis ou parenterais tem sido uma das principais razões para
recalls (TAWDE, 2015). No período de 2008-2012, a Food and Drug
Administration (FDA) relatou 22% dos recalls para medicamentos injetáveis
estéreis devido à presença de partículas visíveis (TAWDE, 2015). De acordo com
a FDA, alguns dos motivos para o recall desses produtos foi a presença de aço
inoxidável, cabelo humano, partículas de vidro e material particulado
provenientes de fibras de celulose, vidro e PVC.
O material particulado pode ser extremamente prejudicial quando
introduzido na corrente sanguínea, podendo causar reações adversas ao
paciente como embolia pulmonar, granuloma pulmonar, disfunção do sistema
imune, infarto e até a morte (LANGILLE, 2013; NARHI et al., 2009).
O risco do paciente associado aos medicamentos injetáveis contendo material
particulado depende de vários fatores, como a via de administração utilizada, o
tamanho, forma e composição das partículas, o número de partículas injetadas,
e a população de pacientes (LANGILLE, 2013).
Em relação à via de administração do medicamento, a via intravenosa
apresenta um maior volume de distribuição de fluidos, tornando possível a
deposição de partículas em todo o corpo. Como o tamanho das veias aumenta
na direção do fluxo sanguíneo, a maioria das partículas injetadas pela via
intravenosa percorrem os pulmões através da artéria pulmonar e chega no
coração através do sistema venoso. Considerando que o diâmetro dos capilares
é de aproximadamente 6 - 8 µm, grande parte das partículas maiores que esse
intervalo de tamanho permanece nos capilares pulmonares, com partículas
14
menores passando pelos pulmões e depositando-se em órgãos como o fígado e
o baço, onde são processadas por células fagocitárias do sistema
reticuloendotelial (ILLUM et al., 1982).
Em um estudo realizado com coelhos, partículas de poliestireno
radiomarcadas de diferentes tamanhos foram injetadas e mostraram deposição
rápida de partículas de 15,8 µm nos pulmões, enquanto partículas de 1,27 µm
foram depositadas principalmente no fígado (ILLUM et al., 1982).
Tendo em vista os diversos efeitos adversos que o material particulado
presente em medicamentos injetáveis pode causar nos pacientes, é de grande
importância a correta determinação da quantidade de partículas subvisíveis nos
produtos farmacêuticos com objetivo de garantir a qualidade, segurança e
eficácia do medicamento.
15
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Aplicar os métodos Obscurecimento da Luz e Microscopia para contagem
de partículas ≥ 10 e 25 µm em medicamentos injetáveis e comparar os resultados
das análises, considerando a forma farmacêutica, aplicabilidade dos métodos,
especificações farmacopeicas e informações encontradas na literatura.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Realizar a contagem de partículas ≥ 10 e 25 µm em ácido zoledrônico 4 mg,
oxaliplatina de 50 e 100 mg em contador de partículas baseado no princípio de
Bloqueio de Luz e em microscópio óptico;
- Realizar análise estatística para comparação dos resultados, estabelecendo
um intervalo de equivalência entre os dois métodos de análise para as partículas
≥ 10 e 25 µm;
- Identificar as vantagens e desvantagens de cada método de análise durante as
execuções dos testes.
16
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Amostras
Foram analisados três medicamentos injetáveis diferentes, sendo eles,
ácido zoledrônico 4 mg, oxaliplatina de 50 e 100 mg.
Os três medicamentos citados foram analisados pelas técnicas de
Obscurecimento da Luz e Microscopia (Quadro 3), conforme a quantidade de
amostras disponíveis para as análises e de acordo com os métodos descritos no
Capítulo <788> “Particulate Matter in Injections” da Farmacopeia Americana
(2017).
Todas as amostras analisadas pelas duas técnicas, pertenciam a um
mesmo lote de fabricação, de acordo com cada medicamento.
Quadro 3 - Medicamentos analisados com suas respectivas embalagens, formas farmacêuticas e número de análises realizadas pelas técnicas de Obscurecimento da Luz e Microscopia.
Medicamento
Apresentação
Obscurecimento
da Luz
Microscopia
Ácido Zoledrônico
4 mg
Frasco-ampola contendo 5
mL de solução injetável 2 2
Oxaliplatina
50 mg
Frasco-ampola com 50 mg
de pó liofilizado 2 2
Oxaliplatina
100 mg
Frasco-ampola com 100
mg de pó liofilizado 3 3
Fonte: Próprio autor.
3.2 Métodos
3.2.1. Obscurecimento da Luz
As análises feitas por essa técnica foram realizadas no contador de
partículas (marca Hach, modelo HIAC 9705), munido de um amostrador de
seringa de 25 mL (Figura 2), com funcionamento baseado no princípio de
17
bloqueio de luz, devidamente calibrado com partículas esféricas de tamanhos
conhecidos entre 10 e 25 μm, dispersas em água livre de partículas.
Figura 2 - Seringa do contador de partículas.
Fonte: Próprio autor.
Antes de realizar o preparo das amostras para contagem das partículas,
todo material utilizado, como os frascos de vidro onde seria colocado o conjunto
das amostras, seringa e agulha para reconstituir as amostras de oxaliplatina,
foram lavados com água ultrapurificada. Assim, em uma sala exclusiva para
análise de medicamentos oncológicos, utilizando os devidos EPI´s (luvas,
máscara, óculos e macacão de segurança e propés), foram realizados os
preparos das amostras em uma cabine de segurança biológica (marca Grupo
Veco, modelo Biosafe B2), conforme o seguinte método:
- Ácido Zoledrônico 4 mg: o conteúdo de 10 frascos, com 5 mL cada, foi reunido
em um recipiente, com volume final de 50 mL de amostra.
18
- Oxaliplatina 50 mg: cada frasco com 50 mg de pó liofilizado foi reconstituído
com 10 mL de água ultrapurificada e o conteúdo de 10 frascos foi reunido em
um recipiente, com volume final de 100 mL de amostra reconstituída.
- Oxaliplatina 100 mg: cada frasco com 100 mg de pó liofilizado foi reconstituído
com 20 mL de água ultrapurificada e o conteúdo de 10 frascos foi reunido em
um recipiente, com volume final de 200 mL de amostra reconstituída.
Todos os frascos foram homogeneizados por meio de 20 inversões
consecutivas lentas e suaves antes de serem abertos. O conteúdo de todos os
frascos reunidos em um recipiente foi deixado em repouso por aproximadamente
dois minutos para eliminação de bolhas de ar.
Com o contador de partículas ligado, antes de realizar a leitura das
amostras, foi necessário realizar primeiramente a leitura de cinco amostras de 5
mL de água livre de partículas, com o objetivo de verificar a adequabilidade do
ambiente, da vidraria e da água utilizada. Caso o número de partículas maiores
que 10 μm excedesse a 25, para o volume total de 25 mL, o ambiente não
apresentaria condições para o teste.
Depois da leitura da água ultrapurificada e visto que não havia mais de
uma partícula maior que 25 μm por mL, as amostras dos medicamentos foram
analisadas.
Com o recipiente contendo as amostras no equipamento, foram feitas
quatro corridas com 5 mL de amostra, sendo que a primeira corrida foi
descartada e o resultado do teste foi dado pela média do número de partículas
obtidas nas três corridas seguintes.
3.2.2. Microscopia
As análises feitas por essa técnica foram realizadas utilizando o
microscópio óptico (marca Olympus, modelo DX51), com luminária lateral.
O material de filtração era composto por um frasco para filtração de 500
mL, funil, base, rolha, garra, mangueira e bomba de vácuo.
Antes de iniciar o preparo das amostras, todo material utilizado foi
devidamente lavado com água ultrapurificada, garantindo que nenhuma partícula
proveniente dos materiais ou do ambiente interferisse na contagem de partículas
no microscópio.
19
Após a lavagem de todos os componentes, o material de filtração foi
montado, dentro de uma cabine de segurança biológica. Assim, primeiramente
o frasco de filtração foi conectado à bomba de vácuo através da mangueira, a
rolha foi encaixada no frasco e um filtro foi colocado sobre a base. A membrana
filtrante (cinza, quadriculada com poros de 0,45 µm) teve seus dois lados lavados
com água ultrapurificada antes de ser colocada sobre o filtro, com o auxílio de
uma pinça, também devidamente lavada. Em seguida, o funil foi encaixado e
fixado através da garra, como o apresentado pela Figura 3.
Figura 3 - Material de filtração para análise de material particulado pela técnica de
Microscopia.
Fonte: Próprio autor.
Com o material de filtração montado e a bomba de vácuo ligada, o funil
foi enxaguado com a água ultrapurificada, da parte superior para a inferior,
interna e externamente.
Para verificar a adequabilidade do ambiente, da vidraria e da água
utilizada, 50 mL da água ultrapurificada foi passada pela membrana filtrante. Se
partículas de tamanho igual ou maior que 25 μm ultrapassassem o número de
cinco, o ambiente não apresentaria condições para realizar o teste. Como a
20
contagem de partículas igual ou maior que 25 μm nessa membrana não foi mais
que 5 em nenhuma das análises, o ambiente estava adequado para realizar os
testes com as amostras dos medicamentos.
Após a verificação do ambiente e de todo material utilizado, as amostras
foram preparadas, com a utilização dos devidos EPI´s, seguindo o mesmo
método de preparo que aquele empregado para a técnica por Bloqueio de Luz.
Após serem homogeneizadas e passadas pelas 20 inversões
consecutivas, as amostras estavam prontas para serem filtradas. Assim, os
frascos foram abertos e todo o conteúdo foi passado pelo material de filtração,
através da aplicação do vácuo, fazendo com que as partículas ficassem retidas
na membrana filtrante. Após a filtração do conteúdo de 10 frascos de cada
medicamento, a parede interna do funil foi lavada com água ultrapurificada. O
vácuo foi mantido até que a superfície da membrana filtrante ficasse isenta de
líquido. Com a bomba de vácuo desligada, a membrana filtrante foi, então,
retirada e inserida em uma placa de Petri, com o auxílio de uma pinça, conforme
ilustrado pela Figura 4. A membrana foi seca, deixando a placa ligeiramente
aberta dentro da cabine.
Figura 4 - Placas de Petri com membranas filtrantes após a etapa de filtração das amostras analisadas pelo Método de Microscopia.
Fonte: Próprio autor.
21
A membrana seca foi levada ao microscópio para contagem das
partículas. Assim, foi feita uma varredura de toda a membrana filtrante sobre a
luz refletida do iluminador lateral, contando o número de partículas de tamanho
superior ou igual a 10 μm e o número de partículas de tamanho superior ou igual
a 25 μm que formavam uma “sombra” através da luz proveniente do iluminador
lateral. As Figuras 5 e 6 ilustram esse processo.
Figura 5 - Partícula retida na membrana filtrante na análise de água ultrapurificada, sem luz proveniente do iluminador lateral.
Fonte: Próprio autor.
22
Figura 6 - Partícula retida na membrana filtrante na análise de água ultrapurificada, com luz proveniente do iluminador lateral.
Fonte: Próprio autor.
Após a contagem de todas as partículas de tamanho igual ou maior que
10 e 25 μm retidas em uma membrana, o número encontrado foi dividido por 10,
obtendo-se o resultado da análise em número de partículas por recipiente,
conforme a especificação da Farmacopeia Americana (2017).
3.3. Análise estatística
Para avaliação dos resultados das análises foram utilizados os programas
Minitab® (versão 17) e Excel® (versão 2016). Com o objetivo de avaliar a
diferença entre os dois métodos de análise, uma média das diferenças de
resultados entre os dois métodos foi calculada para as partículas de tamanho ≥
10 e 25 µm (Tabelas 16 e 18).
Assim, primeiramente as médias do número de partículas de tamanho ≥
10 e 25 μm, obtidas pelo método de Bloqueio de Luz foram pareadas com o
número de partículas de tamanho ≥10 e 25 μm obtidos pelo método de
Microscopia.
Após o pareamento dos dados das análises obtidos pelos dois métodos,
foi calculada a diferença entre eles (Tabelas 15 e 17). Depois dessa etapa, foram
23
calculados a média e o desvio padrão dos resultados do cálculo da diferença e
foi verificado se esses resultados apresentavam distribuição normal.
Com os dados da média e desvio padrão, foi possível calcular um intervalo
de confiança de 95% para os dois métodos, a fim de avaliar se ambos são
equivalentes para aprovar ou reprovar um produto.
Para avaliação dos intervalos de confiança, foi definido um intervalo com
base nos valores da especificação de cada teste, conforme descrito na
Farmacopeia Americana, 2017. Assim, para avaliação do número de partículas
maiores ou iguais a 10 μm, foi calculada a diferença entre a máxima quantidade
dessas partículas que pode ser encontrada pela técnica de Bloqueio de Luz e
pela técnica de Microscopia, obtendo-se: 6000 – 3000 = 3000. Considerando,
portanto, a diferença de especificação entre as técnicas Obscurecimento de Luz
e Microscopia, foi determinado um intervalo de equivalência entre as técnicas (-
1500 a 1500 partículas/recipiente). Ou seja, as técnicas podem ser consideradas
equivalentes se as diferenças entre as respostas estiverem compreendidas
dentro do intervalo de equivalência.
Para avaliação do número de partículas de maiores ou iguais a 25 μm, o
mesmo método foi aplicado, apresentando um intervalo entre -150 e 150.
24
4. RESULTADOS
As análises das amostras de ácido zoledrônico 4 mg e de oxaliplatina de
50 e 100 mg foram realizadas conforme os métodos descritos nos itens 3.1.1. e
3.1.2. Os resultados das análises estão apresentados nos itens 4.1, 4.2 e 4.3, de
acordo com cada medicamento analisado, em número de partículas por
recipiente.
4.1 Ácido Zoledrônico (4 mg)
Foram realizadas duas análises de contagem de material particulado para
cada técnica. Em cada análise, foi utilizado o conteúdo de 10 frascos, totalizando
40 frascos analisados. Todos os frascos pertenciam a um mesmo lote de
fabricação.
Tabela 1 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 28 6 2ª Corrida 22 3 3ª Corrida 20 1 Média 23,33 3,33
Fonte: Próprio autor.
Tabela 2 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
7,6 2,9 Fonte: Próprio autor.
Tabela 3 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 24 1 2ª Corrida 39 3 3ª Corrida 36 0 Média 33 1,33
Fonte: Próprio autor.
25
Tabela 4 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
5,4 5,1 Fonte: Próprio autor.
Com base nestes resultados, é possível observar que o número de
partículas ≥10 µm encontrados pelo método de Bloqueio de Luz foi bem inferior
em relação à máxima quantidade preconizada pela Farmacopeia Americana
(2017), que é de 6000 partículas por recipiente. Além disso, os números de
partículas ≥25 µm encontrados pelas duas técnicas foram próximos.
4.2 Oxaliplatina 50 mg
Assim como na análise de ácido zoledrônico 4 mg, foram realizadas duas
análises de contagem de material particulado por técnica. Em cada análise, foi
utilizado o conteúdo de 10 frascos, totalizando 40 frascos analisados. Todos os
frascos pertenciam a um mesmo lote de fabricação.
Tabela 5 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 412 10 2ª Corrida 408 2 3ª Corrida 402 4 Média 407,33 5,33
Fonte: Próprio autor.
Tabela 6 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
7,4 4,2 Fonte: Próprio autor.
Tabela 7 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 220 4 2ª Corrida 254 0 3ª Corrida 264 4 Média 246 2,67
Fonte: Próprio autor.
26
Tabela 8 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
7,5 1,4 Fonte: Próprio autor.
Com base nesses resultados, é possível observar que, assim como na
análise de ácido zoledrônico 4 mg, os números de partículas ≥25 µm
encontrados pelas duas técnicas foram próximos.
Também é possível verificar que, diferentemente da análise de ácido
zoledrônico 4 mg, os números de partículas ≥10 µm encontradas pela técnica de
Bloqueio de Luz apresentaram uma maior variação entre elas. Enquanto a
análise de ácido zoledrônico 4 mg apresentou uma diferença de
aproximadamente 10 unidades para partículas ≥10 µm, a análise de oxaliplatina
50 mg apresentou uma diferença de aproximadamente 160 partículas.
4.3 Oxaliplatina 100 mg
Foram realizadas três análises de contagem de material particulado por
técnica. Em cada análise, foi utilizado o conteúdo de 10 frascos, totalizando 60
frascos analisados. Todos os frascos pertenciam a um mesmo lote de
fabricação.
Na Figura 7 podem ser observadas partículas de tamanho maior que 10
µm e menor 25 µm na parte superior e maior que 25 µm na parte inferior,
encontradas na análise de oxaliplatina 100 mg pela técnica de Microscopia.
Tabela 9 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 1504 12 2ª Corrida 1408 24 3ª Corrida 1448 8 Média 1453,33 14,67
Fonte: Próprio autor.
27
Tabela 10 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 1).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
6,5 4,2 Fonte: Próprio autor.
Tabela 11 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 484 4 2ª Corrida 444 0 3ª Corrida 544 0 Média 490,67 1,33
Fonte: Próprio autor.
Tabela 12 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 2).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
7,9 5,6 Fonte: Próprio autor.
Tabela 13 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Bloqueio de Luz (Análise 3).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
1ª Corrida 876 12 2ª Corrida 996 16 3ª Corrida 1044 12 Média 972 13,33
Fonte: Próprio autor.
Tabela 14 - Número de partículas ≥10 e 25 µm encontradas pela técnica de Microscopia (Análise 3).
Partículas ≥10 µm Partículas ≥25 µm
7,5 6,1 Fonte: Próprio autor.
28
Figura 7 - Partículas de tamanho maior que 10 µm e menor que 25 µm na parte superior e maior que 25 µm na parte inferior, encontradas na análise de oxaliplatina
100 mg pela técnica de Microscopia.
Fonte: Próprio autor.
A partir dos resultados das análises desse medicamento, podemos
observar que houve uma grande variação entre os números de partículas
encontradas, principalmente em relação às partículas ≥10 µm pelo método de
Bloqueio de Luz. Com base no menor e maior número de partículas encontradas
nesse caso, podemos notar a diferença de aproximadamente 960 partículas.
Além disso, pode-se afirmar que esse medicamento foi o que apresentou as
maiores quantidades de partículas encontradas pelo método de Bloqueio de Luz,
tanto para as partículas ≥10 µm quanto para as partículas ≥25 µm.
4.4 Análise estatística
Na Tabela 15 estão calculadas as médias de número de partícula ≥10
µm encontradas pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia e o
resultado da diferença entre elas. Na Tabela 16 estão os resultados de média e
desvio padrão da diferença entre as médias de partículas ≥10 µm encontradas
pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia.
29
Tabela 15 - Média do número de partículas ≥10 µm encontradas pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia e a diferença entre elas.
Medicamentos Obscurecimento da Luz
Microscopia Diferença entre Médias
Ácido zoledrônico 1 23,33 7,6 -15,73
Ácido zoledrônico 2 33 5,4 -27,6
Oxaliplatina 50 mg 1 407,33 7,4 -399,93
Oxaliplatina 50 mg 2 246 7,5 -238,5
Oxaliplatina 100 mg 1 1453,33 6,5 -1446,83
Oxaliplatina 100 mg 2 490,67 7,9 -482,77
Oxaliplatina 100 mg 3 972 7,5 -964,5
Fonte: Próprio autor. Os números 1, 2 e 3, referem-se à cada réplica (Análise 1, 2 ou 3)
Tabela 16 - Resultados da média e desvio padrão entre as diferenças (descritas na Tabela 15), em número de partículas.
Média Desvio padrão
-510,84 524,05 Fonte: Próprio autor. Os números 1, 2 e 3, referem-se à cada réplica (Análise 1, 2 ou 3)
Na Tabela 17 estão calculadas as médias de número de partícula ≥25
µm encontradas pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia e o
resultado da diferença entre elas. Na Tabela 18 estão os resultados de média e
desvio padrão da diferença entre as médias de partículas ≥25 µm encontradas
pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia.
30
Tabela 17 - Média do número de partículas ≥25 µm encontradas pelas técnicas Obscurecimento da Luz e Microscopia e a diferença entre elas.
Medicamentos Obscurecimento da Luz
Microscopia Diferença entre Médias
Ácido zoledrônico 1 5,33 4,2 -1,13
Ácido zoledrônico 2 2,67 1,4 -1,27
Oxaliplatina 50 mg 1 14,67 4,2 -10,47
Oxaliplatina 50 mg 2 1,33 5,6 4,27
Oxaliplatina 100 mg 1 13,33 6,1 -7,23
Oxaliplatina 100 mg 2 3,33 2,9 -0,43
Oxaliplatina 100 mg 3 1,33 5,1 3,77
Fonte: Próprio autor. Os números 1, 2 e 3, referem-se à cada réplica (Análise 1, 2 ou 3)
Tabela 18 - Resultados da média e desvio padrão entre as diferenças (descritas na Tabela 17).
Média Desvio padrão
-1,78 5,40 Fonte: Próprio autor.
Nos Gráficos 1 e 2, estão ilustrados os resultados dos testes de
normalidade da distribuição das respostas das análises realizadas nas amostras
pelos dois métodos aplicados.
31
Gráfico 1 - Gráfico de probabilidade dos resultados do cálculo da diferença entre o número de partículas ≥10 µm, obtidos pelos métodos de Bloqueio de Luz e Microscopia.
Fonte: Minitab (versão 17).
Gráfico 2 - Gráfico de probabilidade dos resultados do cálculo da diferença entre o número de partículas ≥25µm, obtidos pelos métodos de Bloqueio de Luz e Microscopia.
Fonte: Minitab (versão 17).
32
A partir dos resultados de p-valor apresentados nos Gráficos 1 e 2,
podemos afirmar que os valores da diferença entre as médias do número de
partículas ≥ 10 e 25 µm, obtidos pelos métodos de Bloqueio de Luz e Microscopia
apresentam uma distribuição normal. Ou seja, como em ambos os casos o p-
valor foi maior que 0,05, os resultados apresentam uma distribuição normal.
Confirmada a distribuição normal dos dados, foi possível calcular os
intervalos de confiança de 95% (IC95%) para os dois métodos, com emprego do
programa Excel® que aplicou a seguinte equação:
𝐼𝐶 = 𝑋 ± 𝑡 ×𝑆
√𝑛
Na qual:
- 𝐼𝐶 = Intervalo de confiança;
- 𝑋 = Média entre as diferenças;
- n = Quantidade de valores do cálculo de diferença entre as médias. Neste caso
igual a 7;
- t foi calculado através da função INVT (probabilidade,graus_liberdade), com
probabilidade de 0,1 associada à distribuição t de Student bicaudal e graus de
liberdade igual a 6, referente a n – 1;
- S = Desvio padrão entre as médias das diferenças.
Os limites estabelecidos pelo intervalo de confiança calculado para as
partículas ≥ 10 e 25 µm encontram-se a seguir, nas Tabelas de 19 e 20.
Tabela 19 - Intervalos de confiança 95% calculados para as partículas ≥ 10 e 25 µm.
Partículas ≥ 10 µm Partículas ≥ 25 µm
(-895,73 ; -125,94) (-5,75 ; 2,18)
Fonte: Próprio autor.
33
Tabela 20 - Intervalos calculados a partir das especificações de cada método conforme a Farmacopeia Americana (2017).
Partículas ≥ 10 µm Partículas ≥ 25 µm
(-1500 ; 1500) (-150 ; 150)
Fonte: Próprio autor.
A partir dos IC95% calculados para as partículas ≥ 10 e 25 µm, pode-se
observar que ambos se encontram dentro dos seus respectivos limites
calculados a partir das especificações preconizadas pela Farmacopeia
Americana (2017). Logo, é possível afirmar que os métodos de Bloqueio de Luz
e Microscopia não apresentam diferença em relação à aprovação ou reprovação
do teste contagem de material particulado.
34
5. DISCUSSÃO
Tendo em vista que o princípio de contagem de partículas é totalmente
diferente pelos métodos de Obscurecimento da Luz e Microscopia, os resultados
obtidos pelas duas técnicas para contagem de partículas foram diferentes,
principalmente para as partículas ≥10 µm. A partir dos dados apresentados,
pode-se observar que o número de partículas encontradas por recipiente pela
técnica de Microscopia não foi maior que 10 (o máximo encontrado foi de 7,9
partículas ≥10 µm na amostra de oxaliplatina 100 mg), enquanto que pela técnica
de Obscurecimento da Luz, o número máximo de partículas ≥10 µm encontrado
foi de 1453 (também na amostra de oxaliplatina 100mg). Esses resultados já
eram esperados uma vez que as especificações da Farmacopeia Americana são
também bastante distintas. Para partículas ≥10 µm o número de partículas
presentes não pode ser superior a 6000 pelo Bloqueio de Luz e 3000 pela
Microscopia. Já para as partículas ≥25 µm, a quantidade de partículas não deve
exceder a 600 pelo Bloqueio de Luz e 300 pela Microscopia.
Assim, os resultados observados estão concordantes com o descrito por
Narhi e colaboradores (2009), que avaliam que os resultados de contagem
obtidos por Microscopia são muitas vezes de ordens de grandeza inferiores aos
relatados pelo método de Obscurecimento da Luz. No presente trabalho foi
obesrevada uma diferença maior que 100 vezes entre o número de partículas
≥10 µm encontrado pelas duas técnicas.
Com base na análise estatística realizada podemos verificar que, apesar
dos métodos de análise apresentarem resultados diferentes, eles podem ser
considerados equivalentes no momento de aprovar ou reprovar uma análise. Ou
seja, caso o resultado do método de Bloqueio de Luz seja reprovado, a
Microscopia também apresentará um resultado fora da especificação
estabelecida pelo método farmacopeico. Logo, se um produto farmacêutico for
reprovado pelo método de Bloqueio de Luz, o uso do método da Microscopia não
será uma alternativa para que o mesmo medicamento seja aprovado. Vale
ressaltar que isso é válido para os produtos que não apresentam alta viscosidade
ou não formam bolhas durante a leitura pelo método de Bloqueio de Luz, como
os medicamentos analisados nesse trabalho. Além disso, a equivalência entre
os métodos durante a aprovação ou reprovação de um produto não deve ser
aplicada no caso de injetáveis de proteína com ação terapêutica, visto que, para
35
esses medicamentos, o Capítulo <787> “Subvisible Particulate Matter in
Therapeutic Protein Injections”, da Farmacopeia Americana (2017) ressalta que,
devido à interferência de algumas partículas de proteínas e suas características
físicas (frágeis ou translúcidas), os resultados obtidos pela Microscopia não são
equivalentes àqueles obtidos pelo Obscurecimento da Luz e, nesses casos, os
dois métodos não podem ser considerados intercambiáveis.
Em relação às vantagens e desvantagens de cada método de análise, foi
elaborado um quadro a seguir (Quadro 4), citando as principais características
observadas durante as execuções das análises.
Quadro 4 - Comparação entre os métodos de contagem de material particulado, mostrando suas vantagens e desvantagens.
(Continua)
Obscurecimento da Luz Microscopia
- Menor tempo de execução da
análise. É realizada em apenas
alguns minutos;
- Análise automatizada, o
equipamento que realiza todo o
processo de contagem de partículas,
tornando a técnica muito mais fácil;
- Maior rastreabilidade de dados
referentes à análise. Os resultados da
análise, a data e a hora na qual foi
realizada podem ser armazenados
pelo software do equipamento;
- Menor quantidade de materiais
necessários para realizar a análise. É
necessário apenas o equipamento
contador de partículas;
- Maior tempo de execução da
análise. É realizada em
aproximadamente 2 horas;
- Análise mais sujeita ao erro, visto
que é a própria pessoa que conta
manualmente cada partícula;
- Menor rastreabilidade de dados. Os
resultados da análise podem ser
facilmente alterados, visto que é um
processo manual e não há garantia
sobre o armazenamento dos
resultados da análise;
- Maior quantidade de materiais
necessários para realizar a análise.
Além do microscópio, são necessários
o material para filtração, membrana e
placa de Petri;
36
(Conclusão)
Obscurecimento da Luz Microscopia
- O restante da amostra pode ser
utilizado para realizar outros testes,
uma vez que a Farmacopeia
Americana exige a análise de no
mínimo 10 recipientes (para aqueles
que apresentam volume menor ou
igual a 25 mL), mas apenas 25 mL são
utilizados para realizar o teste;
- Método não indicado para análise de
medicamentos viscosos, pois há
grande chance de formação de
bolhas, que podem ser contadas
como partículas, gerando resultados
falso positivos;
- Método capaz apenas de contar e
fornecer o tamanho das partículas.
- Análise destrutiva, visto que todo
material a ser analisado passa pela
membrana filtrante e não pode ser
aproveitado para realizar outros
testes;
- Método capaz de analisar
medicamentos viscosos, uma vez que
passam normalmente pela membrana
filtrante através da aplicação do
vácuo;
- Método capaz de identificar o
formato, tamanho, cor e possível
composição (vidro, fibra, metal) da
partícula (REYNOLDS;
LUNCEFORD, 2009).
Fonte: Próprio autor.
Apesar da Microscopia apresentar diversas desvantagens em relação ao
Obscurecimento da Luz conforme as informações citadas no Quadro 4, de
acordo com Narhi e colaboradores (2009), a Microscopia apresenta a vantagem
de ser um método direto, com 100% da amostra sendo analisada e todas as
partículas retidas no filtro sendo contadas. No entanto, isso depende se todas as
partículas serão realmente retidas e facilmente visualizadas no microscópio.
Com base nas análises realizadas por esse método, pode-se afirmar que
ele é capaz de identificar exatamente uma partícula, sendo possível também
observar seu formato, cor e fonte, conforme descrito no Quadro 4. Assim, a
Microscopia é um método que pode apresentar uma importante aplicabilidade
em análises investigativas relacionadas às partículas presentes em um produto
farmacêutico. Por exemplo, caso uma análise de material particulado seja
reprovada pelo método de Bloqueio de Luz para determinado produto, este pode
ser analisado no microscópio, verificando quais são as características das
37
partículas presentes e a partir delas investigar se houve algum tipo de
contaminação por materiais como vidro, fibra ou metal.
Em relação à análise de ácido zoledrônico, Prasanthi e colaboradores
(2017), realizaram um trabalho com o objetivo de avaliar a formulação de ácido
zoledrônico, pó liofilizado, para reconstituição com água para injetáveis e
apresentaram o teste de material particulado (realizado em contador de
partículas pelo método de Bloqueio de Luz) como parte dos ensaios de controle
de qualidade. Com o objetivo de comparar os resultados encontrados na
literatura com os resultados obtidos no presente trabalho, o quadro a seguir
apresenta o número de partículas encontradas em cada estudo, sendo o ácido
zoledrônico (4 mg) representado pela média das duas análises realizados por
Bloqueio de Luz (Tabelas 1 e 3) no presente estudo.
Tabela 21 - Comparação entre os resultados da análise de material particulado de ácido zoledrônico referentes ao medicamento referência e melhor formulação citados no trabalho de Prasanthi (2017) e às análises do presente trabalho.
Tamanho de
partículas
Zoldonat
(medicamento
referência)
Melhor formulação
(Prasanthi, 2017)
Ácido
zoledrônico
(4mg)
≥10 µm 3595 781 28,2
≥25 µm 91.8 10.8 2,3
Fonte: Prasanthi, 2017.
Com base nas informações descritas na Tabela 21, pode-se afirmar que
os números de partículas encontrados no trabalho citado foram maiores em
relação àqueles obtidos no presente trabalho, principalmente para partículas de
tamanho ≥10 µm. Isso talvez pode ser justificado pelas diferentes formas
farmacêuticas do ácido zoledrônico. Tendo em vista que, o medicamento
referência e o citado no artigo são apresentados como pó liofilizado para
reconstituição e o produto analisado neste estudo é uma solução injetável, pode-
se dizer que a forma em pó liofilizado apresenta resultados de partículas
subvisíveis maiores daqueles de uma solução injetável. Isso também pode ser
observado a partir dos dados do presente trabalho, no qual a oxaliplatina de 50
38
e 100 mg que apresentam como forma farmacêutica pó liofilizado para solução
injetável, mostraram resultados superiores ao ácido zoledrônico.
39
6. CONCLUSÕES
- Os métodos de contagem de material particulado por Bloqueio de Luz e
Microscopia podem ser considerados equivalentes no momento de aprovar ou
reprovar uma análise para os medicamentos analisados nesse trabalho;
- A análise de partículas ≥10 µm pelo método de Bloqueio de Luz apresentou
resultados maior que 100 vezes em relação ao número de partículas do mesmo
tamanho obtidos pela Microscopia;
- Medicamentos que apresentam pó liofilizado como forma farmacêutica
apresentam maior quantidade de partículas ≥ 10 µm, obtidas pelo método de
Bloqueio de Luz, em relação a soluções injetáveis;
- O método de contagem de material particulado por Bloqueio de Luz apresentou-
se mais vantajoso que a Microscopia, levando em consideração a maior
facilidade e agilidade na execução da análise, rastreabilidade dados e
aproveitamento das amostras para realização de outros testes.
40
7. BIBLIOGRAFIA
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41
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____________________________ ____________________________
Data e assinatura do aluno(a) Data e assinatura do orientador(a)
26/04/2018 26/04/2018