Análise das demonstrações contábeis: Estudo de caso de …
Transcript of Análise das demonstrações contábeis: Estudo de caso de …
Análise das demonstrações contábeis:
Estudo de caso de uma concessionária de veículos no estado da Bahia
nos exercícios de 2014 a 2016
Carla Fabiane Brentano1
Sara Alexsandra Gusmão Franca Lucena2
RESUMO
A análise das demonstrações contábeis é uma ferramenta utilizada por gestores para gerenciar
e conhecer a saúde financeira da organização em um determinado período, dessa maneira é
possível tomar decisões cruciais em relação ao negócio, tornando possível seu crescimento
econômico e financeiro. Em vista disso, o presente estudo tratou da Análise das
Demonstrações Contábeis, e realizou um levantamento das informações financeiras em uma
rede de concessionárias localizadas no Estado na Bahia em cinco localidades diferentes,
abrangendo os anos de 2015 e 2016 utilizando o ano de 2014 como base para comparação de
dados. Nessa concepção, objetivou-se analisar seus resultados econômicos e financeiros no
período de recessão da economia nos anos acima citados, tendo como objetivos específicos,
verificar através da análise de Balanços a capacidade econômica e financeira nesse espaço de
tempo, comparando-os com o ano anterior; identificar o poder de pagamento e solvência da
empresa analisada durante os anos de 2015 e 2016 e apresentar através dos Demonstrativos de
Balanço e DRE os aspectos positivos e negativos do período explorado. Em termos
metodológicos, esta pesquisa se classifica quanto aos objetivos como exploratória, quanto a
sua abordagem qualificou-se como quantitativa e também consistirá em uma pesquisa
bibliográfica e documental. Mesmo diante do cenário econômico que abrangeu o Brasil em
2014 a 2016 e que afetou muitas organizações, a empresa analisada apresentou bons
resultados de solvência, apesar de reduzir consideravelmente seu lucro em 2016, manteve-se
ativa no mercado de automóveis.
Palavras-chave: Análise; Demonstrações contábeis; Resultados econômicos; Balanço; DRE.
ABSTRACT
The analysis of the financial statements is a tool used by managers to manage and to know the
financial health of the organization in a determined period, in this way it is possible to make
crucial decisions related to the business, making possible its economic and financial growth.
In view of this, the present study dealt with the Analysis of Financial Statements and carried
out a survey of the financial information in a network of concessionaires located in the State
of Bahia in five different locations, covering the years of 2015 and 2016 using the year 2014
as a base for data comparison. The objective of this study was to analyze the economic and
1 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade São Francisco de Barreiras-FASB.
E-mail: [email protected] 2 Professora Especialista do Curso de Ciências Contábeis, Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB,
Barreiras/BA. E-mail: [email protected]
2
financial results of a network of vehicle concessionaires in the state of Bahia during a
recession period of the economy in the years 2015 and 2016, with the specific objectives to
verify the economic capacity and financial information in 2015 and 2016, comparing with
2014, to identify the payment and solvency power of the company analyzed during the years
2015 and 2016 and to present the positive and negative aspects of the period under review
through the Balance Sheet and DRE. In methodological terms, this research is classified as
exploratory, as its approach was qualified as quantitative and will consist of a bibliographical
and documentary research. Even considering the economic scenario that covered Brazil from
2014 to 2016 and affected many organizations, the company analyzed presented good
solvency results, although it considerably reduced its profit in 2016, it remained active in the
automobile market.
Keywords: Analysis. Accounting statements. Economic results. Balance. DRE.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade é uma ciência social que permite aos gestores a tomada de decisões a
partir da identificação, estudo, registro e análise de seu objeto de estudo: o patrimônio. Com a
contabilidade, vem a análise das demonstrações contábeis que tem por objetivo estudar os
demonstrativos financeiros das empresas em um determinado período com propósito de
avaliar sua capacidade financeira e econômica, ou seja, se houve evolução no seu patrimônio
e em qual situação ela se encontra.
Recentemente, o País passou por uma forte recessão econômica que afligiu a todos,
desde grandes empresas e com consequência a seus colaboradores. O fato tem início em
meados de 2014 com queda considerável no PIB (Produto Interno Bruto) e perdurou por dois
anos consecutivos, tendo como ponto de partida diversos aspectos, entre eles a ineficiente
gestão do Governo com um déficit nos cofres públicos. O Brasil já registrou outras crises,
desde a época de D. Pedro I em 1822, quando houve baixa nas exportações de açúcar, o
Governo foi obrigado a contrair empréstimos com a Inglaterra para saldar sua dívida com
Portugal, a solução apresenta-se quando os fazendeiros começaram a exportar o café,
voltando a movimentar a economia no País.
Em 1929 com a queda da Bolsa de Valores de New York, o Brasil sofreu as
consequências, pois os principais compradores de café deixaram de adquirir o produto,
impactando a economia. O Presidente da época, Getúlio Vargas inovou ao propor o
desenvolvimento da Indústria no Brasil e alguns anos depois se deu início ao processo de
industrialização. Em 1980 o Brasil enfrentou a mais longa crise, que se manteve durante toda
a década, devido a vários empréstimos concedidos pelo governo dos Estados Unidos ao
3
Brasil, a dívida aumentou em consequência aos altos juros exigidos pelo governo americano.
Logo em seguida, no mandato de Fernando Collor de Mello, foi adotado o Plano Collor, que
tinha como objetivo controlar a inflação do País, porém a crise se agravou e só se estabilizou
com a criação do Plano Real em 1994 no Governo de Itamar Franco, sucessor de Collor.
Diante do cenário que permeou o Brasil entre 2014 a 2016, houve cautela por parte das
empresas e população em geral, aguardando melhores momentos para a tomada de decisão.
Neste contexto, realizou-se o presente estudo tendo como fulcro a análise das demonstrações
contábeis de uma empresa no ramo de concessionária de veículos, desta forma obteve-se uma
perspectiva do que ocorreu nos anos de recessão econômica, abrangendo o tema Análise das
Demonstrações Contábeis: estudo de caso de uma rede de concessionárias de veículos no
Estado da Bahia nos anos de 2015 e 2016.
Assim, a partir dessa temática elaborou-se a seguinte problemática: Como a recessão
econômica que assolou o país nos últimos dois anos interferiu nos resultados econômicos e
financeiros em uma rede de concessionárias de veículos no Estado da Bahia?
O principal objetivo deste artigo foi analisar os resultados econômicos e financeiros de
uma rede de concessionárias de veículos no Estado da Bahia no período de recessão da
economia nos anos de 2014 a 2016. Onde buscou verificar através da análise de Balanços a
capacidade econômica e financeira nos anos de 2015 e 2016 comparando com o ano de 2014,
identificando o poder de pagamento e solvência da empresa analisada durante os anos de 2015
e 2016 e apresentando através dos demonstrativos de Balanço e DRE os aspectos positivos e
negativos do período explorado.
Como justificativa, uma boa análise pode revelar os pontos positivos e negativos do
empreendimento, ficando evidente quando é necessário e permitido investir em novos
negócios ou adiar grandes investimentos, em períodos de recessão. Por essa razão, optou-se
por realizar o estudo, para analisar o que de fato aconteceu nas finanças de determinadas
concessionárias de veículos nos anos em que a economia brasileira esteve em retrocesso.
A vista disso, é possível apresentar aos gestores desta empresa através de relatórios,
os resultados da pesquisa podendo evidenciar o que foi alcançado e como isso contribuiu para
o resultado em cada ano, proporcionando identificação dos pontos relevantes que
influenciaram no resultado liquido desta concessionária, contribuindo para a tomada de
decisão. Quanto a metodologia, esta pesquisa se classificou quanto aos objetivos como
exploratória, quanto a sua abordagem qualificou-se como quantitativa e consistiu em uma
pesquisa bibliográfica e documental.
4
Inicialmente o artigo aborda os conceitos de contabilidade e de suas respectivas
demonstrações contábeis, assim como apresenta as fórmulas essenciais para o inicio do
estudo, logo após, apresenta-se a análise de dados com a interpretação dos resultados obtidos.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 CONCEITOS E OBJETIVO DA CONTABILIDADE
A contabilidade tem como objeto estudar as variações quantitativas e qualitativas que
acontecem no patrimônio, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.
Segundo Padoveze (2016, p.17) “Patrimônio é o conjunto de riquezas de uma entidade.
Entidade é a individualização de algo; a existência independente, separada ou autônoma de
alguma coisa(...)”. Portanto, a contabilidade é um processo que tem como objetivo identificar,
classificar, registrar e mensurar todas as transações, se tornando dessa maneira uma
ferramenta essencial para a tomada de decisão.
De acordo com Hilário Franco (apud Dantas 2015, p. 2):
A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio, objetivando
representa-lo graficamente, evidenciar suas variações, estabelecer normas para sua
interpretação, analise e auditagem e servir como instrumento básico para a tomada
de decisões de todos os setores direta ou indiretamente envolvidos com a empresa.
Em suma, o objetivo da contabilidade é fornecer informações econômicas e
financeiras através da análise de resultados, sendo possível mensurar os resultados das
empresas e avaliar o desempenho dos negócios, dando diretrizes para as tomadas de
decisões.
2.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A análise das demonstrações contábeis é uma técnica que realiza o estudo, comparação
e interpretação dos demonstrativos financeiros da empresa visando extrair informações para
obter um diagnóstico sobre a situação econômica e financeira da mesma em determinado
tempo.
Desta forma, Assaf Neto (2010, p.36) enfatiza que “a análise de balanços permite que
se extraia, dos demonstrativos contábeis apurados e divulgados por uma empresa,
informações úteis sobre o seu desempenho econômico-financeiro”, podendo evidenciar a
5
evolução ou declínio do seu patrimônio, tornando-se possível projetar a sua situação futura,
sendo uma ferramenta de avaliação muito importante e utilizada para a tomada de decisões.
Para tal análise, são mais utilizados os Balanços Patrimoniais (BP) e Demonstrações do
Resultado do Exercício (DRE).
É importante salientar que a qualidade da análise esta totalmente ligada a qualidade
das informações, ou seja, da veracidade dos valores registrados, rigor nos lançamentos e
princípios contábeis adotados.
2.2.1 Balanço Patrimonial e Demonstração Do Resultado Do Exercício (DRE)
Através da análise de balanços é possível extrair informações quanto a sua
capacidade financeira, seu poder de pagamento a curto e longo prazo, assim como sua
dependência financeira em relação a utilização do capital de terceiros. De acordo com Blatt
(2001, p. 8) o “balanço patrimonial é o saldo acumulado, em uma determinada data, das
movimentações econômicas e financeiras havidas em uma empresa, desde sua constituição.”
O Balanço Patrimonial é constituído pelo ativo, passivo e patrimônio liquido, onde o
passivo representa a origem dos recursos de uma empresa, e o ativo demonstra a aplicação
desses mesmos recursos. Braga (2009) enfatiza que as contas do ativo são dispostas em ordem
decrescente de realização ou grau de liquidez e as contas do passivo e patrimônio líquido em
ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, no ativo são apresentadas de acordo a rapidez
que podem ser convertidas em dinheiro e no passivo são dispostas de acordo com a sua
liquidação.
A DRE é uma demonstração muito utilizada em conjunto com o balanço patrimonial,
esta é composta por receitas e despesas decorrentes em um período, podendo ser anual,
semestral, trimestral ou mensal. Iudicíbus (1998, p. 48) diz que:
A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas
e despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentada de forma
dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida,
indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).
A DRE é uma importante ferramenta para avaliar se houve lucro ou prejuízo no
período de atividade de uma organização, assim como demonstra todas as transações
realizadas pela empresa, valores provenientes das vendas de mercadorias e/ou serviços, assim
como os valores de custos e despesas.
6
Valor da AH= (Valor original / Valor do ano-base)x100
2.3 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
A utilização da análise horizontal e vertical permiti avaliar os grupos de contas das
demonstrações contábeis de maneira dinâmica e simples, comparando as contas em diferentes
períodos e entre si, desta maneira é possível avaliar cada conta isoladamente.
Na opinião de Martins et a.l (2014, p.103) a “análise horizontal é um processo de
análise temporal que permite verificar a evolução das contas individuais e também dos grupos
de contas por meio de números-índices.”, dessa maneira é possível avaliar a evolução dos
grupos de contas em relação a uma demonstração anterior (ano a ano) em um determinado
intervalo de tempo.
Quadro 1- Análise Horizontal
Fonte: Bruni (2010)
Quadro 2 – Análise Vertical
Valor da AV= (Valor original / Valor total do ano analisado)x100
Fonte: Bruni (2010)
Martins et al. (2014, p.109) argumenta que “a análise vertical é realizada mediante
extração de relacionamentos percentuais entre itens pertencentes à demonstração financeira de
um mesmo período.”. Esses percentuais são comparados entre si no decorrer do tempo
informado.
2.4 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Esses indicadores buscam apontar a condição de pagamento das dívidas da empresa e
de sua estrutura de endividamento. Desta forma, Marion (2007, p.83) considera que “os
Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento, isto é, constituem
uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos”.
Os índices de liquidez apontam a situação financeira de uma empresa em relação aos
seus compromissos de curto e longo prazo, isto é, demonstra sua capacidade de assumir suas
dívidas, o que de fato demonstra sua predisposição de continuidade.
7
2.4.1 Liquidez Corrente
Este indicador denota a capacidade financeira da empresa de honrar com seus
compromissos a curto prazo, é apresentado por Assaf Neto (2010) da seguinte forma.
Liquidez Corrente = _ Ativo Circulante
Passivo Circulante
Quanto maior a liquidez corrente, melhor a capacidade da empresa em financiar suas
necessidades de capital de giro. Se o índice de liquidez corrente representar maior que 1,
significa que o capital circulante liquido da empresa é positivo.
2.4.2 Liquidez Seca
A liquidez seca avalia a capacidade financeira da entidade, através de uma fórmula
que exclui do ativo circulante a conta estoque e despesas antecipadas para se obter o valor
disponível, dessa forma Assaf Neto (2010) menciona a fórmula:
Liquidez Seca = __ Ativo Circulante – Estoque – Desp antecipadas__
Passivo circulante
A liquidez seca, segundo Silva (2006, p.314) “indica quanto a empresa possui em
disponibilidades, aplicações financeiras a curto prazo e duplicatas a receber, para fazer face a
seu passivo circulante”, ou seja, mostra quanto a empresa possui de ativos líquidos para cada
real de dívida de curto prazo. Seguindo o mesmo raciocínio do índice de liquidez corrente,
quanto maior o índice melhor seu poder de pagamento.
2.4.3 Liquidez Geral
O índice de liquidez geral revela a liquidez de longo prazo da empresa, segundo Blatt
(2001) é representada através da fórmula:
Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizavel a Longo Prazo__
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Sua análise denota quanto a empresa possui de recursos de curto e longo prazo, Assaf
Neto (2007, p.120) salienta que "este índice serve para detectar a saúde financeira a curto e
8
longo prazo da empresa, indicando quanto a empresa possui de Ativo Circulante e Realizável
em Longo Prazo para cada R$ 1,00 de dívida total". A liquidez geral tem como objetivo
verificar a capacidade de pagamento da empresa, analisando as condições totais de saldo a
receber e a realizar contra os valores a pagar.
2.5 ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO
Este índice evidencia indicações sobre o grau de endividamento da empresa, ou seja,
se o ativo está sendo financiado com recursos de terceiros ou próprios e em qual proporção.
2.5.1 Participação Capital de Terceiros
Este índice indica quanto do Capital de Terceiros representa sobre o capital próprio
investido no negócio. Para se obter o coeficiente, Bruni (2010) coloca da seguinte forma:
PCT = Exigivel Total x100
Patrimônio Liquido
O coeficiente aponta o grau de dependência da empresa quanto a utilização do capital
de terceiros para aplicação no empreendimento. Matarazzo (1998, p.160) destaca que “sempre
que se aborda o índice de Participação de Capitais de Terceiros, está-se fazendo uma análise
exclusivamente do ponto de vista financeiro, ou seja, do risco de insolvência e não relação ao
lucro ou prejuízo”. O resultado obtido demonstra quanto de terceiros a empresa captou para
cada R$ 1,00 investido pelos sócios.
2.5.2 Composição da Dívida
Este índice mostra a relação entre passivo de curto prazo e passivo total da entidade,
ou seja, qual o percentual de passivo de curto prazo é usado no financiamento de terceiros. É
calculado através da fórmula apresentada por Bruni (2010):
CD= Passivo Circulante x100
Capital de Terceiros
É essencial que as empresas mantenham suas dívidas a longo prazo, para assim
poderem se planejar financeiramente caso houver alguma situação inesperada, Marion (2007,
9
p. 106) enfatiza que “se a composição do endividamento apresentar significativa concentração
no Passivo Circulante (curto Prazo), a empresa poderá ter reais dificuldades num momento de
reversão de mercado[...]”.
Deve-se atentar ao resultado do índice, pois quanto maior o valor obtido, maiores são
os compromissos da empresa concentrados no curto prazo, ou seja, os vencimentos ocorrerão
em um período de tempo muito curto. O ideal é que este índice denote o menor resultado,
indicando que sua dívida está concentrada a longo prazo.
2.5.3 Imobilização de Recursos não Circulantes
Com este indicador, é possível visualizar o quanto de recursos a longo prazo estão
alocados no imobilizado. Bruni (2010) aponta a seguinte fórmula:
IRNC= (Investimento + Imobilizado + Intangível) x100
Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Liquido
O índice demonstra qual o percentual de Recursos não Correntes a empresa aplicou no
grupo de ativos de menor liquidez (imobilizados, investimentos e intangível). De acordo com
Assaf Neto (2010) os índices de imobilização de recursos não correntes superiores a 1,0
sugere que a entidade está imobilizando uma parte do Ativo permanente com recursos de
curto prazo (passivo circulante), o que é considerado um desequilíbrio financeiro.
2.5.4 Dependência Financeira
Aponta a dependência financeira da empresa com relação as suas dívidas totais, ou
seja, dos valores investidos no ativo, quanto representa o investimento de terceiros. Para se
obter tal índice, Assaf Neto (2010) apresenta da seguinte forma:
DF= Passivo Total x 100
Ativo Total
Este quociente indica o percentual de capital de terceiros em relação aos recursos
totais, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos. Blatt (2001, p.
68) acredita que “este coeficiente representa o percentual do Ativo que é financiado por
capitais de terceiros. Quanto menor esse percentual, menor será a dependência de recursos de
10
terceiros.”, sendo assim, este indicador também demonstra que quanto maior o índice, mais
elevada é a dependência financeira da empresa pela utilização do capital de terceiros.
2.6 ÍNDICE DE ATIVIDADE OU ROTATIVIDADE
Estes indicadores procuram evidenciar aspectos operacionais das atividades
econômicas de uma empresa, apontando a rapidez com que uma empresa cobra os seus
créditos de clientes, regulariza as suas dívidas para com os fornecedores e faz girar o seu
estoque. Blatt (2001, p. 88) entende que os “índices de atividade medem quão eficientemente
a empresa gerencia seus ativos.”, o supracitado ainda enfatiza que quanto mais agilidade no
processo de recebimento das vendas e renovação do estoque, melhor é, entretanto, é preferível
que o prazo para pagamento das obrigações seja maior.
2.6.1 Prazo Médio de Renovação do Estoque
Este índice aponta em média a quantidade de dias que o produto mantém-se no
estoque da entidade antes de ser vendido, ou seja, o número de dias que o produto permanece
parado no estoque. Em sua obra Blatt (2001) expõe a fórmula:
PMRE= 360 x Estoque
CMV
Desta maneira, quanto maior o período em que os produtos permanecem estocados,
há maior necessidade de recursos da empresa.
2.6.2 Prazo Médio de Recebimento de Vendas
A partir deste indicador é possível mensurar em dias, quanto tempo a empresa leva
para receber de seus clientes que compraram a prazo. Baseando-se nisso, Blatt (2001) indica a
seguinte equação:
PMRV= 360 x Duplicatas receber
Vendas liquidas
Quanto menor o prazo de recebimento, melhor será seu capital de giro.
11
2.6.3 Prazo Médio de Pagamento de Compras
Através desse indicador, é possível ter conhecimento dos prazos de pagamento a
fornecedores. Blatt (2001) aponta a seguinte regra para se obter um quociente:
PMPC= 360 x Fornecedor
Compras
É possível destacar em dias, qual prazo a empresa tem para pagar suas obrigações.
Blatt (2001, p.90) relata que “O PMPC indica a qualidade das contas a pagar da empresa. Ele
testa quão rapidamente, ou lentamente, a empresa esta pagando seus fornecedores para
compras a prazo.”, o ideal que se tenha o máximo de prazo possível para quitação das suas
obrigações, sempre respeitando o vencimento proposto pelo fornecedor, evitando atrasos.
2.6.4 Posição de Atividade
Este indicador aponta o prazo médio que a entidade leva para vender, receber e pagar
seu fornecedor. De acordo com Blatt (2001), se obtém o índice através da equação:
PA= PMRE + PMRV
PMPC
O ideal para este índice é que permaneça até 1(um), pois acima disso já se torna uma
situação desfavorável para a empresa, assim como Blatt (2001, p.91) diz que:
O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a somado Prazo
Médio de Renovação de Estoque (PMRE) com o Prazo Médio de Recebimento de
Vendas (PMRV) fosse igual ou inferior ao Prazo Médio de Pagamento de Compras
(PMPC). Situação ideal: Relação entre ciclo Operacional e PMPC=PMRE+PMRV ≤ 1
PMPC
Dessa maneira, a empresa teria um tempo para vender e receber a mercadoria, para
depois poder pagar junto ao fornecedor.
2.7 TERMÔMETRO DE KANITZ
Termômetro de Kanitz, também conhecido como fator de insolvência é um método
utilizado para medir a solvência das empresas, ou seja, se há possibilidades de falência do
empreendimento.
12
Quadro 3-Termômetro de Insolvência
Termômetro de Insolvência de Kanitz
-7 -3
0 7
Estado de Insolvência Estado de Penumbra Estado de Solvência
Autor: Stephen C. Kanitz
De acordo com a ilustração apresentada, os valores positivos de 0 a 7 indicam que a
empresa está em uma situação boa ou “solvente”. Se for menor do que -3 a empresa se
encontra em uma situação ruim ou “insolvente” e que poderá leva - lá a falência. O intervalo
intermediário, de Zero a -3, chamada de “penumbra” representam uma área em que o fator de
insolvência não é suficiente para analisar o estado da empresa, mas inspira cuidados.
2.8 MERCADO AUTOMOBILÍSTICO
De acordo com a FENABRAVE- Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores (2018), o mercado de automóveis no Brasil esta representado por 51 associações
de marcas de veículos e em média 7,4 mil distribuidores de carros nacionais e importados.
As concessionárias de veículos são o intermédio entre a indústria e o consumidor final,
e para isso devem seguir os padrões exigidos pelas montadoras, assim como preços sugeridos,
padrões das marcas e sobre tudo alta qualidade no atendimento ao consumidor. Porém,
somente isso não garante o sucesso desse empreendimento, o mercado de automóveis tem
sofrido variações em relação as vendas.
O comércio de veículos no Brasil sofreu oscilações de 2007 aos dias atuais, onde
segundo uma matéria no site G1 Globo (2018), em 2012 atingiu um recorde em vendas na
casa dos 3,8 milhões de unidades vendidas e em 2016 vendeu somente 2,05 milhões, como
impacto, a Fenabrave menciona que foram fechadas 1.890 concessionárias no País, e a
retomada das vendas ocorre somente em 2017 com uma distribuição total de 2.239.403
unidades de automóveis. A economia para o mercado de automóveis no Brasil começa a
melhorar somente agora em 2018 depois de 4 anos com quedas representativas nas vendas.
13
3 METODOLOGIA
A metodologia cientifica é utilizada para conduzir uma pesquisa, submetendo-se a
métodos para se chegar a um propósito, de acordo com Costa (2015, p. 14) “o método
cientifico é o procedimento ou conjunto de procedimentos utilizados para gerar
conhecimentos”, é através da metodologia que se planeja o trajeto da pesquisa.
O estudo ocorreu em uma empresa de médio porte que opera como concessionária e
prestadora de serviços para veículos, fundou-se na cidade de Barreiras-Ba e possui mais 4
filiais no estado da Bahia, contendo em seu quadro de colaboradores aproximadamente 100
profissionais. A população da pesquisa seria constituída pela contadora do grupo, assim
como a mesma responderia a um formulário composto por perguntas inerentes ao período de
2014 a 2016, contudo ate o fechamento desta pesquisa não houve a devolução do material
enviado a mesma. E como instrumento da pesquisa, foi constituído de Balanço Patrimonial e
da Demonstração do Resultado do Exercício dos anos de 2014, 2015 e 2016.
No decorrer deste estudo, utilizou-se da pesquisa bibliográfica em livros específicos
voltados para a análise de balanços, assim como livros de metodologia cientifica com o
objetivo de esclarecer ideias e auxiliar no desenrolar da pesquisa, tanto quanto pesquisas em
sites para aprofundar conhecimento sobre a crise econômica que afligiu o País entre 2014 a
2016.
Para a análise de dados, foi necessário utilizar-se de pesquisa documental, o qual foi
disponibilizado pela empresa, o Balanço e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
dos anos de 2014 a 2016. Quanto ao objetivo, a pesquisa se classificou como exploratória, e
quanto método se classificou como pesquisa quantitativa, pois utilizou-se de dados numéricos
para se extrair informações cruciais sobre a saúde financeira da empresa. Com a finalização
da análise foi possível comparar e verificar a evolução das contas patrimoniais, assim como
medir através dos índices econômicos e financeiros o seu poder de pagamento.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
A presente pesquisa foi realizada em uma empresa de médio porte, sendo representada
por uma matriz e quatro filiais, atua no ramo de concessionária e prestadora de serviços para
14
automóveis. Sua principal atividade é a venda de veículos novos e presta serviços de
manutenção periódica e venda de peças. Esta atuante no mercado de automóveis na cidade de
Barreiras-Ba desde 2006, em 2007 expandiu-se para a cidade de Luís Eduardo Magalhães. A
marca solidificou-se e dessa maneira em 2012 foram instaladas duas novas lojas, uma em
Teixeira de Freitas-Ba e na cidade de Eunápolis-Ba, posteriormente instalou-se na cidade de
Irecê-Ba.
4.2 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL DO BALANÇO E DRE
O Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) utilizados
neste artigo, abrangem os anos de 2014, 2015 e 2016.
Com base nos dados extraidos nos balanços, é possivel verificar que o ativo circulante
representa 77% do total do ativo em 2014, enquanto seu ativo não circulante esta representado
por 23% do total do ativo. Para os anos de 2015 e 2016 esta participação do Ativo circulante
vem caindo gradativamente, já o ativo não circulante vem aumentando sua participaçao pouco
a pouco, o que denota que mesmo em períodos de recessão a empresa capitalizou recursos
para imobilização, onde a conta de imobilizado apresentou crescimento de 99% em 2015.
Quadro 04. Balanço Patrimonial
Fonte: Própria Empresa (2018).
15
A conta Estoques também tem uma forte participação de 40% no Ativo em 2014, no
entanto este número cai para 31% em 2016, o que enfatiza que possivelmente suas vendas
tenham sofrido uma redução, o que pode ser atestado se analisarmos o DRE, onde a receita
liquida neste periodo regrediu 31% em relação a 2014, o que de fato constata os problemas
ocasionados pela crise economica que deu inicio em meados de 2014 e perdurou até
2016/2017.
Em análise ao passivo circulante, o mesmo reforça a ideia de ter havido um declinio
em sua atividade operacional, sua exigibilidade caiu aproximadamente 30% em 2016. Sua
maior conta credora do passivo circulante é Fornecedores representando 45% em 2014 e em
2015 e 2016 essa participação caiu para 41% e 33% respectivamente.
Quadro 05. Balanço Patrimonial
Fonte: Própria Empresa (2018).
Já no Passivo não circulante, houve uma captação de recursos a longo prazo que
possivelmente foram aplicados no Ativo não circurlante para a imobilização, entretanto este
valor obtido de terceiros não influencia o passivo, pois representa apenas 5% da sua
exigibilidade. Mesmo diante de todas as circustâncias econômicas que estiveram presentes no
País, o Patrimônio Liquido desta empresa manteve-se em ascensão, o que aponta uma certa
liberdade financeira em relação ao capital de terceiros.
16
Em análise ao DRE, os custos das vendas referente ao ano de 2015 se mostrou
relativamente igual a sua receita, que ao invés de evoluir, regrediu 17,8%. Porém mesmo
com a alta participação dos custos da mercadoria e serviços e a queda da sua receita, este fato
não influenciou no resultado liquido, que cresceu 3% em 2015.
No ano de 2016 ocorreu o mesmo episódio, o custo de vendas se manteve
aproximadamente igual a sua receita liquida, porém, as despesas operacionais e as despesas
financeiras evoluiram de forma significativa, ocasionando uma redução de 83,20% no lucro
liquido desta entidade.
Quadro 06. Demonstração do Resultado do Exercício
Fonte: Própria Empresa (2018).
A despesa operacional com pessoal apresentou queda no decorrer dos anos de 2014 a
2016, que de acordo com as notas explicativas na DRE, houve uma diminuição no seu quadro
de funcionários, onde ao final de 2014 a empresa contava com 138 colaboradores e em 2016
17
encerrou o ano com 95 colaboradores em um total de 5 lojas. Este fato pode estar
correlacionado com o colapso financeiro que ocasionou no declinio das vendas desta
concessonária.
Essa situação vivenciada pela empresa é decorrencia da retração da economia que
apresentou um aumento nas taxas de juros e como consequencia houve queda generalizada
nas vendas em todos os setores, assim como provocou o fechamento de varios postos de
trabalho, afetando a economia do País.
4.3 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Através do gráfico, o índice de liquidez corrente aponta um crescimento no decorrer
dos anos de 2014 a 2016, demonstrando desta forma que para cada um real de dívidas no
curto prazo há uma folga de R$ 0,33, R$ 0,42 e R$ 0,54 respectivamente.
Gráfico 01. Índices de Liquidez
Fonte: O autor com dados extraídos da pesquisa (2018).
Partindo para análise da liquidez seca, observa-se que em todos os anos analisados o
índice esta abaixo de 1 (um), o que significa que excluindo o estoque, a empresa consegue
saldar seus compromissos a curto prazo apenas em R$ 0,64, 0,68 e 0,84 centavos, não sendo
possivel neste caso ter uma folga financeira. Contudo nota-se que o índice em 2016 cresceu
em relação aos anos anteriores o que reforça a ideia de ter diminuido suas compras, o ideal é
que o coeficiente estivesse igual ou superior a 1.
Na leitura dos índices de liquidez geral, a situação da entidade esta favorável, pois
para cada um R$ 1,00 de dividas totais a empresa possui R$ 1,32 , R$ 1,30 e R$ 1,40
2014 2015 2016
Corrente 1,33 1,42 1,54
Seca 0,64 0,68 0,84
Geral 1,32 1,30 1,40
0,000,200,400,600,801,001,201,401,601,80
ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Corrente
Seca
Geral
18
respectivamente, conseguindo uma folga financeira razoavel. Mesmo sofrendo com o reflexo
da economia em seu resultado, este fato não influenciou o poder de pagamento da empresa,
que manteve seu equilibrio financeiro.
4.4 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
A análise do capital de terceiros denota que para cada R$ 100,00 aplicados pelos
sócios no PL, há uma participação de terceiros de R$ 139,52 em 2014 e para 2015 e 2016 este
número chega a 127,29 e 100,63 respectivamente. É notável que esta participação está
diminuindo no decorrer dos anos o que é significativo, todavia ainda está sendo financiado em
100% por capital de terceiros, o que aponta uma alta dependência financeira. Apesar disso, se
o seu ganho com o empreendimento for superior aos juros pagos por este capital financiado,
se torna vantajoso a obtenção desses recursos.
Gráfico 02. Índices de Endividamento
Fonte: O autor com dados extraídos da pesquisa (2018).
No índice de composição da dívida, os coeficientes obtidos estão relativamente altos, o
que aponta que do total de suas obrigações em 2014, 99,46% vencem no curto prazo, porém
nos anos de 2015 e 2016 estes índices caíram para 91,38% e 89,51%. Apesar de ser uma
situação aparentemente desfavorável que pode prejudicar sua liquidez, o índice de liquidez
corrente mostrou que consegue saldar seus compromissos a curto prazo tranquilamente.
Na Imobilização de recursos não circulantes, os quocientes obtidos apontam que para
cada R$ 100,00 de recursos não correntes (ELP+PL) a empresa tem aplicado no Ativo
2014 2015 2016
Part. Capital Terceiros 139,52 127,29 100,63
Composição da Dívida 99,46 91,38 89,51
Imob. de Recursos não circ. 54,48 56,05 54,18
Dependencia Financeira 58,25 56,00 50,16
0,0020,0040,0060,0080,00
100,00120,00140,00160,00
ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
Part. CapitalTerceiros
Composição daDívida
Imob. deRecursos nãocirc.
DependenciaFinanceira
19
Permanente 54,48%, 56,05% e 54,18% de acordo com os anos de 2014 a 2016, o que
expressa que do capital de longo prazo, em média 54% estão apropriados no ativo
permanente.
Na análise da Dependência financeira, o valor encontrado para os três anos é
relativamente bom, pois demonstra que sua dependência financeira em relação aos recursos de
terceiros diminuiu passando de 58% em 2014 para 50% em 2016, o que denota uma
estabilidade financeira da empresa avaliada.
Com isso, é perceptível que mesmo com a estagnação da economia, não houve
influência significativa na atividade operacional da entidade.
4.5 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE ATIVIDADE
Analisando individualmente cada índice de atividade, nota-se que o prazo de giro do
seu estoque aumentou no decorrer do período analisado, passou de 38 dias em 2014 para
quase 53 dias em 2016, ou seja, ao invés de vender suas mercadorias em média de 38 dias
passou a vende-las com média de 53 dias.
Gráfico 03. Índices de Atividade
Fonte: O autor com dados extraídos da pesquisa (2018).
Em análise do PMRV, o prazo de recebimento das vendas é considerado muito bom,
pois seu prazo de recebimento gira em torno de 13,5 dias em 2014 e passa para 15,75 dias em
2016, porem é importante salientar que a empresa trabalha com vendas de peças e serviços,
que basicamente são parcelados no cartão de crédito em ate 6x, entretanto, como sua principal
2014 2015 2016
Prazo med. renovação de estoque 38,63 51,52 52,93
Prazo med. recebimento vendas 13,53 15,17 15,75
Prazo med. de pagamento decompras
43,94 57,17 59,22
Posição de atividade 1,19 1,17 1,16
0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,00
ÍNDICES DE ATIVIDADE Prazo med.renovação deestoque
Prazo med.recebimentovendas
Prazo med.depagamentode comprasPosição deatividade
20
atividade é venda de veículos novos, seu prazo de recebimento de vendas acaba se tornando
um prazo curto pois os valores de veículos normalmente são financiados ou pagos a vista,
ambas as modalidades disponibilizam os valores em conta corrente da empresa de imediato, o
que diminui o seu prazo de recebimento em geral.
Em análise do prazo médio de pagamento de compras, o índice avaliado demonstra
que a empresa possui um prazo de aproximadamente 44 dias em 2014, 57 dias em 2015 e 59
dias em 2016 para pagamento de suas compras, se analisado individualmente é considerado
um prazo razoável, no entanto, analisando a posição de atividade, que denota sua capacidade
de comprar, vender e pagar fornecedores, os índices encontrados são superiores a 1, o que de
fato não é favorável, pois ao somar o PMRE e PMRV e dividir por PMPC, seria ideal que o
índice fosse igual ou menor a 1.
Os índices encontrados apontam que a empresa demora em média para vender e
receber suas vendas em um prazo de 66 dias, ou seja, seu ciclo operacional é de dois meses,
em contrapartida, paga suas compras com um prazo em média de 57 dias, isto é,
primeiramente ela paga seu fornecedor para somente depois receber do seu cliente, havendo
dessa forma uma diferença de quase 10 dias no seu ciclo financeiro.
4.6 ANÁLISE DO GRAU DE SOLVÊNCIA OU TERMÔMETRO DE KANITZ
Partindo para a análise de solvência, de maneira geral os quocientes obtidos apontam
para um bom resultado de solvibilidade, os anos de 2014 e 2015 ficaram equiparados e em
2016 o índice chegou a 3,33 o que demonstra que a empresa consegue honrar com todos os
seus compromissos financeiros.
Quadro 07. Grau de Solvência
Ano/Empresa Grau de Solvência
2014 2,58
2015 2,63
2016 3,33 Fonte: O autor com dados extraídos da pesquisa (2018).
Mesmo para o ramo automotivo que em 2016 registrou um dos piores momentos
relacionados com a recessão da economia brasileira, a empresa analisada conseguiu manter-se
sólida no mercado.
Segundo reportagens do site G1 Globo (2016), o ano de 2015 e 2016 registrou um dos
piores momentos econômicos do país dos últimos anos, nesta fase houve declínio da produção
21
de veículos, queda considerável nas vendas, e como consequência mais de 1.047
concessionárias de veículos foram fechadas, dessa maneira houve um grande número de
desligamentos de funcionários nas fábricas e nas revendas de veículos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das demonstrações contábeis é uma ferramenta utilizada por gestores para
gerenciar e conhecer a saúde financeira da organização em um determinado período. Dessa
maneira é possível tomar decisões cruciais em relação ao negócio, tornando possível seu
crescimento econômico e financeiro. Levando-se em consideração esses aspectos, este artigo
buscou nas análises dos balanços e DRE, com os índices de liquidez, endividamento,
atividade, analise horizontal e vertical, a resposta em relação de como a recessão econômica
interferiu nos resultados econômicos e financeiros de um grupo de concessionárias de
veículos no Estado da Bahia.
Em relação a análise horizontal e vertical dos balanços e DRE da referida
concessionária, pode-se observar que em 2016 houve redução de 83,20% no seu lucro
operacional, decorrente do reflexo na queda da receita de vendas, aumento das despesas
operacionais e financeiras, estando correlacionado com a crise econômica enfrentada no
Brasil.
Os índices de liquidez apontaram de uma maneira geral uma situação de pagamento
favorável da empresa, uma vez que os índices de liquidez corrente e geral apresentaram
resultados superiores a 1, o que denota o poder de pagamento da empresa em honrar seu
compromisso de curto e longo prazo. Contudo o resultado obtido do índice de liquidez seca
aponta um alto estoque, porém como a atividade da empresa analisada esta voltada para
vendas de veículos e peças, esse índice não compromete o poder de pagamento desta
entidade, uma vez que o alto valor monetário dos veículos agrega no montante do estoque.
Nos índices de endividamento foi possível constatar que a empresa possui uma alta
dependência financeira, e que parte da composição da sua dívida esta no curto prazo, porém
em comparação com os índices de liquidez corrente e geral, nota-se que este fato não
influenciou o poder de pagamento da empresa, visto que os índices obtidos revelam que a
organização consegue honrar com os seus compromissos financeiros. No entanto seria ideal
que o estabelecimento avaliasse a possibilidade de pagamento a longo prazo, no entanto se o
22
retorno deste capital investido no curto prazo for compensatório e trouxer benefícios para a
empresa o investimento se tornará satisfatório.
Em análise aos índices de atividade, notou-se que o giro do estoque sofreu um
aumento no número de dias, isto é, a renovação do estoque está demorando mais para
acontecer. Este fato pode estar correlacionado com a queda nas vendas, assim como
constatado durante a análise horizontal da DRE, onde as vendas caíram 30,9% entre 2014 e
2016.
Analisando individualmente o prazo de recebimento de vendas obteve-se um bom
índice, onde aponta que as vendas a prazo são recebidas em média de 15 dias. Contudo a
posição de atividade denota que o ciclo operacional é maior que o ciclo financeiro, ou seja, o
prazo entre comprar, vender e receber do seu cliente é maior que pagar suas obrigações junto
aos fornecedores. Entretanto, o ciclo financeiro da empresa não ultrapassa a dez dias, o que
significa que não impacta muito no seu capital de giro.
Quanto ao termômetro de Kanitz, os resultados foram satisfatórios e confirmaram as
análises anteriores, a empresa em questão tem uma boa solvência, o que enfatiza que não á
possibilidade de falência deste empreendimento, e mesmo com um cenário preocupante na
economia brasileira, houve um aumento no seu grau de solvência.
Dessa forma, pode-se observar que a recessão econômica teve impacto negativo nos
resultados econômicos e financeiros da concessionária. De fato, houve redução no seu quadro
laboral, assim como houve declínio nas vendas e por consequência queda na receita líquida,
apesar disso a empresa apresentou através dos índices econômicos e financeiros, capacidade
de honrar seus compromissos de curto e longo prazo com os agentes externos. E mesmo com
o decréscimo no lucro líquido, a entidade apresentou uma melhora no índice de solvência, o
que caracteriza baixa probabilidade de falência.
Essa pesquisa contribui gradativamente para os gestores desta empresa, em razão de
proporcionar através de relatórios, esclarecimento e identificação dos pontos relevantes no
balanço contábil e DRE que influenciaram os resultados obtidos do período analisado,
podendo contribuir diretamente para a elaboração de estratégias apontando quais são os
pontos que devem ser melhorados e quais oportunidades podem ser intensificadas.
Para os colegas discentes, o estudo pode conduzir novas pesquisas, assim como
evidenciar novas oportunidades no que tange a análise de balanços. Bem como trouxe ao
pesquisador, a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido durante o percurso
acadêmico, além de proporcionar buscar novas fontes de conhecimento.
23
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico e
financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
______. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
______. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico e financeiro. 9. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
BAZZI, Samir. Análise das demonstrações contábeis – São Paulo : Pearson Education do
Brasil, 2016.
BLATT, Adriano. Análise de balanço: estruturação e avaliação das demonstrações
financeiras e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001.
BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações contábeis: estrutura, analise e interpretação. 6. Ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira: serie desvendando as finanças. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
COSTA, Marco Antônio F da. Projeto de Pesquisa: entenda e faça. 6. Ed.- Petrópolis, RJ:
Vozes, 2015.
DANTAS, Inácio. Contabilidade : introdução e intermediaria – Rio de Janeiro : Freitas
Bastos, 2015
DIEHL, Astor Antônio. Pesquisa em ciências sociais aplicadas método e técnicas / Astor
Antônio Diehl e Denise Carvalho Tatim.- São Paulo: Prentice Hall, 2004.
FENABRAVE. Institucional: índices e números. Fenabrave.org, 2018. Disponível em
<http://www3.fenabrave.org.br:8082/plus/modulos/conteudo/index.php?tac=introducao&layo
ut=institucional > Acesso em 16 maio 2018.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas para o Trabalho Cientifico: Explicitação das Normas
da ABNT e VANCOUVER. -18. Ed.- Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2016.
G1.GLOBO.Venda de veículos novos sobe 9% no Brasil em 2017, após 4 anos seguidos
de quedas.G1.globo.com.2018. Disponível em
<https://g1.globo.com/google/amp/carros/noticia/venda-de-veiculos-novos-sobe-9-no-brasil-
em-2017-apos-4-anos-seguidos-de-quedas.ghtml> Acesso em 16 de maio de 2018.
G1.GLOBO. Baixa nas vendas fechou 1.047 concessionárias em 2015. G1.globo.com.2016.
Disponível em <http://g1.globo.com/carros/noticia/2016/01/baixa-nas-vendas-fechou-1047-
concessionarias-em-2015.html> Acesso em 16 de maio de 2018.
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa / Antônio Carlos Gil. –5.
Ed. –São Paulo : Atlas, 2017.
24
IMPERATONE, Simone Loureiro Brum. Fundamentos da contabilidade: livro eletrônico –
Curitiba: Intersaberes, 2017.
IUDÍCIBUS, Sérgio de -Análise de balanços / Sérgio de Ludícibus. –7. Ed. –São Paulo :
Atlas, 1998.
JORNAL CONTABIL, Conheça a origem e a história da contabilidade. Disponivel em
<https://www.jornalcontabil.com.br/conheca-origem-e-historia-da-contabilidade/> Acesso em
08 de maio 2018.
KANITZ, Stephen Charles. Como prever falências de empresas. Revista Negócios em
Exame, 1974. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/61123852/EXAME-
ComoPreverFalenciaEmpresa-Kanitz>. Acesso em 08 de Maio 2018.
KOCHE, José Carlos- Fundamentos de metodologia científica : teoria da ciência e
iniciação à pesquisa / José Carlos Koche.—Petropolis, RJ : Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica / Marina de Andrade
Marconi, Eva Maria Lakatos. – 7. Ed.—São Paulo : Atlas, 2010.
MANUAL DIGITAL. Pesquisa acadêmica cientifica. Disponível em
<http://lennondesign.esy.es/manualdigital/revisao-da-literatura/como-fazer-citacao/> acesso
em 29 de março de 2018.
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis : contabilidade empresarial. 2.
Ed. – São Paulo : Atlas, 2002.
______. Análise das demonstrações contábeis : contabilidade empresarial. 3. Ed. – São
Paulo : Atlas, 2007.
MARTINS, Eliseu. Análise didática das demonstrações contábeis / Eliseu Martins,
Gilberto José Miranda, Josedilton Alves Diniz. - São Paulo : Atlas, 2014.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços. 5. Ed. – São Paulo: Atlas,
1998.
______. Análise financeira de balanços : abordagem gerencial. 7. Ed. – São Paulo: Atlas,
2010.
MELO, Moises Moura de. Demonstrações contábeis. Rio de Janeiro : Maria Augusta
Delgado, 2018.
PADOVEZE, Clovis Luís. Contabilidade geral : livro eletrônico. Curitiba : Intersaberes,
2016.
PORTAL CONTABIL. NBC T 8 – Das Demonstrações Contábeis Consolidadas.
Disponivel em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t8.htm> acesso em 05 de abril
de 2018.
25
PORTAL DE CONTABILIDADE. História da Contabilidade. Disponível em
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm> Acesso em 29 de março de
2018.
SILVA, José Pereira da. Análise financeiras das empresas. 8. Ed.- São Paulo: Atlas, 2006.
TODA MATÉRIA. Plano Collor. Disponível em < https://www.todamateria.com.br/plano-
collor/> Acesso em 28 de Março de 2018.