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Boletim Técnico da FATEC-SP - BT/ 26 – pág. 5 a 10 – Maio / 2009 5 ANÁLISE DE ASPECTOS SOCIAIS ENVOLVIDOS NO USO DA INTERNET POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO Prisila Mion 1 , Darlan Marcelo Delgado 2 1 Tecnóloga do curso Informática – Gestão de Negócios da FATEC-Mococa. 2 Prof. Me. do curso Informática – Gestão de Negócios da FATEC-Mococa. 2 Doutorando em Educação – FCL/Ar – UNESP. [email protected] , [email protected] Resumo O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de campo realizada com o escopo de conhecer os principais usos da Internet por estudantes do Ensino Médio no município de Mococa e as possíveis formas de sociabilidade que emergem das ações sociais dos jovens através desta TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação). Foi investigada a interação social na Internet abordando, particularmente, as comunidades virtuais e o comércio eletrônico, com o objetivo de compreender os comportamentos de consumo, de entretenimento e de relacionamento interpessoal. Entre os principais resultados estão a correlação entre rendimento e média de horas de acesso (além dos próprios hábitos de consumo através da Internet) e a evidência de que a Internet é utilizada, principalmente, para a formação de laços de amizade ou manutenção daqueles já existentes, independente de localização geográfica, e freqüentemente baseados em afinidades ou interesses comuns. Palavras-chave: Internet / Tecnologia / Sociabilidade. 1. Introdução A Internet é a rede mundial de computadores, uma das mais importantes Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A sua arquitetura permite que a rede seja descentralizada e pública, na qual diversos tipos de dados fluem livremente. Segundo Castells [1], a origem da Internet ocorreu através da Arpanet, uma rede interativa de computadores desenvolvida pela Advanced Research Projects Agency (ARPA), montada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 1958, com o intuito de desenvolver tecnologia militar superior à da União Soviética. Através da Internet é possível ter acesso instantâneo a diversos serviços, a informações do mundo todo e se comunicar, independente de localização geográfica, de forma síncrona ou assíncrona com grande interatividade entre os usuários. Análise esclarecedora destas possibilidades proporcionadas pela Internet é apresentada por Bianchetti [2] (p. 33), ao afirmar que “[c]om a digitalização do sistema teleinformático chegou-se a tal grau de desenvolvimento tecnológico que um computador plugado a um telefone, tendo um modem como intermediário, simplesmente dinamita e pulveriza as distâncias espaço-temporais.” Assim, a Internet quebra a barreira da distância, sendo utilizada no meio acadêmico, nos negócios, no comércio, no entretenimento e, agindo como meio de comunicação, possibilita a expansão da sociabilidade entre os usuários da rede. Com o avanço tecnológico na computação e nas telecomunicações é notável o aumento do uso da Internet nos últimos anos, cujo acesso apresenta constante crescimento no Brasil. Segundo pesquisa publicada em março de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) [3], em dezembro de 2006 o internauta domiciliar brasileiro navegou vinte e uma horas e trinta minutos na Internet, ocupando assim o primeiro lugar no ranking mundial. Em maio de 2007, o número de internautas domiciliares ativos atingiu 17,9 milhões, número 13,1% maior que no mês anterior, segundo o IBOPE [4]. Caracterizada por Castells [1] como “o tecido de nossas vidas”, a Internet está cada vez mais presente nas ações sociais do cotidiano das pessoas e no mundo dos negócios. Além da maior facilidade em comprar um computador e das políticas de inclusão digital, esse crescimento também se deve ao fato de diversas atividades estarem disponíveis na Internet, motivando as pessoas a transferirem a realização das mesmas para o computador (pessoal, do trabalho). Utilizada também como meio de comunicação, a Internet oferece suporte para a interação social do internauta, cuja vida é afetada por essa nova tecnologia. Assim, é possível que estejam emergindo novos padrões de sociabilidade através do uso da Internet. O interesse dos jovens pelo ciberespaço se destaca entre os demais usuários. Segundo o IBOPE [5], 82% dos jovens entre 16 e 24 anos possuem acesso à Internet. Motivado por esse índice de acesso entre os jovens, o trabalho de pesquisa ora apresentado investigou os padrões de uso e de sociabilidade na Internet entre os estudantes do Ensino Médio de uma escola pública e de uma escola privada do município de Mococa. 2. Metodologia A princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a evolução histórica da Internet no mundo e no Brasil e como a sociedade e a sociabilidade podem ser afetadas por essa tecnologia. Posteriormente, realizou-se uma pesquisa de campo, tendo como amostra estudantes de duas escolas de Ensino Médio do município de

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ANÁLISE DE ASPECTOS SOCIAIS ENVOLVIDOS NO USO DA INTERNET POR ESTUDANTES DO ENSINO

MÉDIO

Prisila Mion1, Darlan Marcelo Delgado2

1 Tecnóloga do curso Informática – Gestão de Negócios da FATEC-Mococa. 2 Prof. Me. do curso Informática – Gestão de Negócios da FATEC-Mococa.

2 Doutorando em Educação – FCL/Ar – UNESP. [email protected], [email protected]

Resumo

O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de campo realizada com o escopo de conhecer os principais usos da Internet por estudantes do Ensino Médio no município de Mococa e as possíveis formas de sociabilidade que emergem das ações sociais dos jovens através desta TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação). Foi investigada a interação social na Internet abordando, particularmente, as comunidades virtuais e o comércio eletrônico, com o objetivo de compreender os comportamentos de consumo, de entretenimento e de relacionamento interpessoal. Entre os principais resultados estão a correlação entre rendimento e média de horas de acesso (além dos próprios hábitos de consumo através da Internet) e a evidência de que a Internet é utilizada, principalmente, para a formação de laços de amizade ou manutenção daqueles já existentes, independente de localização geográfica, e freqüentemente baseados em afinidades ou interesses comuns. Palavras-chave: Internet / Tecnologia / Sociabilidade.

1. Introdução

A Internet é a rede mundial de computadores, uma das mais importantes Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A sua arquitetura permite que a rede seja descentralizada e pública, na qual diversos tipos de dados fluem livremente. Segundo Castells [1], a origem da Internet ocorreu através da Arpanet, uma rede interativa de computadores desenvolvida pela Advanced Research Projects Agency (ARPA), montada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 1958, com o intuito de desenvolver tecnologia militar superior à da União Soviética.

Através da Internet é possível ter acesso instantâneo a diversos serviços, a informações do mundo todo e se comunicar, independente de localização geográfica, de forma síncrona ou assíncrona com grande interatividade entre os usuários. Análise esclarecedora destas possibilidades proporcionadas pela Internet é apresentada por Bianchetti [2] (p. 33), ao afirmar que “[c]om a digitalização do sistema teleinformático chegou-se a tal grau de desenvolvimento tecnológico que um computador plugado a um telefone, tendo um modem como intermediário, simplesmente dinamita e pulveriza as distâncias espaço-temporais.” Assim, a

Internet quebra a barreira da distância, sendo utilizada no meio acadêmico, nos negócios, no comércio, no entretenimento e, agindo como meio de comunicação, possibilita a expansão da sociabilidade entre os usuários da rede.

Com o avanço tecnológico na computação e nas telecomunicações é notável o aumento do uso da Internet nos últimos anos, cujo acesso apresenta constante crescimento no Brasil. Segundo pesquisa publicada em março de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) [3], em dezembro de 2006 o internauta domiciliar brasileiro navegou vinte e uma horas e trinta minutos na Internet, ocupando assim o primeiro lugar no ranking mundial. Em maio de 2007, o número de internautas domiciliares ativos atingiu 17,9 milhões, número 13,1% maior que no mês anterior, segundo o IBOPE [4]. Caracterizada por Castells [1] como “o tecido de nossas vidas”, a Internet está cada vez mais presente nas ações sociais do cotidiano das pessoas e no mundo dos negócios.

Além da maior facilidade em comprar um computador e das políticas de inclusão digital, esse crescimento também se deve ao fato de diversas atividades estarem disponíveis na Internet, motivando as pessoas a transferirem a realização das mesmas para o computador (pessoal, do trabalho).

Utilizada também como meio de comunicação, a Internet oferece suporte para a interação social do internauta, cuja vida é afetada por essa nova tecnologia. Assim, é possível que estejam emergindo novos padrões de sociabilidade através do uso da Internet. O interesse dos jovens pelo ciberespaço se destaca entre os demais usuários. Segundo o IBOPE [5], 82% dos jovens entre 16 e 24 anos possuem acesso à Internet. Motivado por esse índice de acesso entre os jovens, o trabalho de pesquisa ora apresentado investigou os padrões de uso e de sociabilidade na Internet entre os estudantes do Ensino Médio de uma escola pública e de uma escola privada do município de Mococa.

2. Metodologia

A princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica

sobre a evolução histórica da Internet no mundo e no Brasil e como a sociedade e a sociabilidade podem ser afetadas por essa tecnologia. Posteriormente, realizou-se uma pesquisa de campo, tendo como amostra estudantes de duas escolas de Ensino Médio do município de

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Mococa, sendo uma estadual – E.E. Oscar Villares – e outra particular – Escola da Fundação Municipal de Ensino de Mococa, doravante Escola da Fundação. Utilizou-se, como método de coleta de dados, um questionário contendo 25 (vinte e cinco) questões abertas, fechadas e de múltipla escolha. Em cada escola responderam às questões alunos do primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Médio, sendo que a amostra é de uma classe de cada série por escola. Obtiveram-se 150 (cento e cinqüenta) questionários respondidos válidos, dos quais 50% de cada uma das escolas selecionadas.

Com a análise dos dados coletados através da pesquisa, e posteriormente tabulados, foi possível conhecer a finalidade e as formas do acesso à Internet entre os estudantes, como se configura sua ação social no ciberespaço, além de confrontar os dados empíricos coletados à luz do escopo teórico abordado, conforme regras metodológicas pesquisadas. A metodologia empregada foi desenvolvida de acordo com Marconi e Lakatos [6] e Gil [7].

3. Sociabilidade Online

Assim como as grandes invenções tecnológicas de

comunicação, como a máquina impressora, o telefone e a televisão afetaram a sociedade, a Internet, também muito utilizada como um meio de comunicação, está modificando a sociedade atual. Segundo Castells [1] (p. 10), “a comunicação consciente (linguagem humana) é o que faz a especificação biológica da espécie humana. Como nossa prática é baseada na comunicação, e a Internet transforma o modo como nos comunicamos, nossas vidas estão profundamente afetadas por essa nova tecnologia da comunicação. Por outro lado, ao usá-la de muitas maneiras, nós transformamos a própria Internet. Um novo padrão sociotécnico emerge dessa interação”. De forma semelhante, Lima [8] aponta a ruptura paradigmática em termos de comunicação promovida pela Internet, enquanto Castells [9] ao se apropriar do conceito de paradigma de Kuhn [10] e baseando-se em autores da área da Inovação (Christopher Freeman e Giovanni Dosi) afirma que a Internet promove uma ruptura paradigmática em direção à construção de um “paradigma da tecnologia da informação”, no qual reside a centralidade dos insumos de informação derivados do avanço tecnológico de base microeletrônica e de telecomunicações.

Como através da Internet é possível se comunicar e ter acesso a diversos recursos, muito se discute sobre o seu impacto na vida social das pessoas. Daí a justificativa de se abordar sociologicamente a Internet e adotar o termo sociabilidade, aquilo que Weber [11] define como “relação social”, ou seja, “[...] o comportamento reciprocamente referido quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referência.” (p.16). Por sua vez, o conceito de relação social está assentado na definição de ação social construída por Weber [11], uma ação que quanto ao seu sentido visado pelo indivíduo (ou grupos de indivíduos) se refere ao comportamento dos outros,

orientado-se por este em seu curso. Esta ação do indivíduo pode ser determinada de modo racional referente a fins específicos, de modo racional referente a valores e crenças, de modo afetivo ou emocional e, por último, de modo tradicional, por costume, desde que leve em consideração a ação das outras pessoas envolvidas direta ou indiretamente.

Um ponto de discussão sobre a Internet é justamente a representação de papéis e a construção de identidade nos relacionamentos online, levando em consideração a ação dos outros envolvidos. Castells [1] defende que essa prática representa uma pequena parcela da sociabilidade na rede e ainda completa que esse modelo de representação parece estar ligado aos jovens, pois os mesmos estão na fase de descobertas sobre sua identidade. Assim, a Internet não seria um ambiente somente de fantasias, pois “é uma extensão da vida como ela é, em todas as suas dimensões e sob todas as suas modalidades.” [1] (p. 100). Contudo, em relação às ações de relacionamento afetivo (amizade, flerte/namoro) e de hábitos de consumo (pesquisa sobre produtos, marcas, preços, reclamações de outros consumidores) há formas de sociabilidade que podem emergir a partir da nova base informacional e de comunicação proporcionadas pela Internet.

4. Comunidades Virtuais

A Comunicação Mediada por Computador (CMC) possibilitou a formação de agrupamentos de pessoas no ciberespaço, que foram caracterizados como comunidades virtuais. As comunidades virtuais pioneiras foram criadas pelos primeiros usuários que tinham acesso às redes e, segundo Castells [1] (p. 46), “[...] essas comunidades foram fontes de valores que moldaram comportamento e organização social”.

Através das comunidades virtuais internautas do mundo inteiro podem estabelecer relações entre si de acordo com interesses em comum. De acordo com Castells [1] (p. 106), “[...] as pessoas não formam seus laços significativos em sociedades locais, não por não terem raízes espaciais, mas por selecionarem suas relações com base em afinidades. Além disso, padrões espaciais não tendem a ter um efeito importante sobre a sociabilidade.”. Portanto, a CMC permite que pessoas mantenham uma sociabilidade seletiva independente de onde estejam. Assim, pode-se dizer que a tecnologia da CMC permitiu o surgimento de um novo padrão de interação social baseado em afinidades e interesses mútuos. Como afirma Castells [1] (p. 109), “[...] o papel mais importante da Internet na estruturação de relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseado no individualismo.”

O padrão social baseado no individualismo não significa necessariamente isolamento das pessoas. Na verdade, elas constroem suas redes, na Internet ou fora dela, baseadas em valores, interesses, desejos e afinidades em comum. Castells [1] observa que em nossas sociedades está sendo desenvolvida uma comunicação híbrida, agrupando lugar físico e lugar

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virtual, atuando assim como suporte material para o individualismo em rede.

A Internet também é muito utilizada pelos internautas para manter contato com familiares através de e-mail, salas de bate-papo, softwares para troca de mensagens instantâneas e outros recursos. Muitos também utilizam a rede para reencontrar um parente desaparecido. Como é fácil conhecer pessoas novas na Internet, e manter o contato, muitos acabam inserindo pessoas conhecidas através da Internet em seu cotidiano. “Assim, a prática do individualismo em rede pode estar redefinindo as fronteiras e o significado de instituições tradicionais de sociabilidade como a família.” [1] (p. 100).

Pela facilidade em fazer parte de uma comunidade virtual, os usuários podem participar de várias delas em função do interesse que cada uma desperte. Segundo Castells [1], como resultado disso, por um lado a expressão da sociabilidade torna-se flexível e por outro lado as formas de apoio social podem ser frágeis, devido ao pouco compromisso.

As pessoas procuram fazer parte de comunidades virtuais com o intuito de conhecer novas pessoas ou manter contatos com outras já conhecidas. Esses são os objetivos do site Orkut, que agrupa internautas de muitos países conectados por uma rede de amigos que podem trocar recados, fotos e vídeos e ainda se reunirem em comunidades com diversos temas. No Brasil o site tornou-se bastante popular, segundo os dados de audiência domiciliar do IBOPE [12], em janeiro de 2007, 9,3 milhões de internautas brasileiros visitaram o Orkut.

Além da interação entre os membros, as comunidades virtuais também oferecem uma forma alternativa de filtrar informações na rede. Como em geral os membros das comunidades possuem afinidades e interesses em comum é eficiente encontrar conteúdos relacionados com o tema central da comunidade. Na busca por informações ocorre a interação social entre os internautas ou, ao contrário, se relacionando com os membros é possível encontrar conteúdos significativos.

Como afirma Costa [13], comunidades virtuais também podem ser formadas através de blogs ou flogs pelo fato desses modelos de sites pessoais serem caracterizados por uma estrutura flexível, a qual permite aos autores colocar links que levarão aos outros sites, formando uma verdadeira comunidade entre eles.

Nesses dois modelos de sites, após toda publicação colocada, existe um espaço no qual os visitantes podem comentar as publicações, que são interpretadas e avaliadas pelos leitores. Pelo fato de se tratar de várias pessoas com interesses e opiniões diferentes, muitas vezes acontecem debates ou discussões entre os donos dos comentários sobre o assunto em questão. “O que ocorre, então, é uma espécie de construção coletiva de intimidade.” [13] (p. 80).

5. Comércio Eletrônico

Através da Internet foi proporcionada às empresas uma forma alternativa de se relacionarem com seus clientes, fornecedores, empregados e processo produtivo. “Os usos adequados da Internet tornaram-se uma fonte decisiva de produtividade e competitividade para negócios de todo tipo.” [1] (p. 56).

De acordo com Cardoso [14], o comércio na Internet não se limita apenas na forma de uma nova mídia na qual são expostos produtos para os consumidores online. Além disso, representa qualquer transação comercial efetuada através da rede.

Além da realização da compra, os internautas acessam os sites para pesquisarem preços e colherem informações sobre os produtos oferecidos. Em 2006, 16% dos brasileiros que acessaram a Internet compraram pelo menos uma vez algum produto (exceto alimentos e bebidas) através da rede, segundo Target Group Index do IBOPE Media Information [3].

De acordo com pesquisa realizada em 2005 pela e-bit1 , compilada e disponibilizada pela eCommerceOrg [15], os produtos mais vendidos no varejo online foram CD’s e DVD’s (21%) seguidos por livros e revistas (18%). Segundo dados da pesquisa da e-bit [15], a escolaridade e a faixa etária dos internautas são fatores que influenciam o número de transações realizadas na rede. Os internautas que possuem curso superior completo ou incompleto são os que mais realizam transações na rede e os internautas que possuem de 25 a 49 anos efetivam compras em maior quantidade do que internautas de outras faixas etárias.

Segundo Maya e Otero [16], se uma das partes de uma negociação possui acesso à informação, esta possuirá melhor posição estratégica na transação do que a outra parte. Assim, por possuírem acesso à informação, durante muito tempo os fornecedores levaram vantagem no comércio. À medida que a Internet possibilitou, independente de tempo e localização geográfica, a integração de pessoas em comunidades virtuais, a situação entre cliente e fornecedor começou a mudar. Isso significa que a Internet é um instrumento ou meio capaz de reduzir os efeitos do problema de informação assimétrica.

Agrupados em uma comunidade virtual, os consumidores podem se mobilizar para comprar o mesmo produto ou serviço e, quanto maior o número de compradores, menor será o preço que cada um pagará pela compra. Assim, os consumidores online passam a se beneficiar adquirindo também poder de negociação.

Mesmo não participando ativamente de comunidades virtuais muitos internautas buscam informações em fóruns de discussão, segundo Costa [13]. Isso porque os comentários deixados por outros membros são úteis para orientar as compras. Esse é mais

1 Empresa de pesquisa e marketing online que auxilia as empresas a atrair, manter e rentabilizar seus clientes, motivando a utilização da Internet como um poderoso canal de relacionamento.

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um indício de que as comunidades virtuais, além de proporcionar integração entre os membros através de uma sociabilidade seletiva, também são usadas como filtros de informação auxiliando na pesquisa dentro do enorme acervo disponibilizado na rede mundial de computadores.

6. Análises da utilização da Internet pelos estudantes do Ensino Médio de Mococa e os

aspectos sociais envolvidos

Para conhecer os padrões de uso e de sociabilidade na Internet dos estudantes do Ensino Médio do município de Mococa foi realizada uma pesquisa de campo como descrito no item 2 (Metodologia). Nas duas escolas onde foram aplicados os questionários, o índice de acesso à Internet só não foi de 100% pois na E.E. Oscar Villares três alunos responderam não possuir acesso, representando 2% do total de alunos que responderam o questionário. A média de horas dos alunos da Escola da Fundação que possuem acesso residencial (52h29min) e a média de todos os alunos da mesma escola (49h20min), inclusive os sem acesso residencial, são aproximadas. Isso porque a maioria (93,3%) dos alunos dessa escola possui acesso domiciliar, fazendo com que as médias sejam quase do mesmo valor.

Na E.E. Oscar Villares, por sua vez, a média de horas navegadas por mês dos alunos que possuem acesso residencial (85h52min) é quase o dobro da média de todos os alunos que navegam na Internet nesta escola, considerando todos os locais de acesso (43h55min). Isso ocorre, pois apenas 37% dos alunos possuem acesso residencial e os alunos que não possuem acesso à Internet em domicílio passam menos tempo conectados, provavelmente pelo fato de utilizarem locais alternativos para navegar na Internet, como a lan house2, a casa de amigos ou parentes ou outros locais (as outras opções de resposta no questionário), o que pode dificultar e/ou aumentar os custos de acessos prolongados.

O fato de na escola particular existirem mais alunos com acesso residencial à Internet provavelmente está associado à diferença da renda familiar média dos alunos entre os dois tipos de escolas. Enquanto na Escola da Fundação a renda familiar dos estudantes se concentra acima de cinco salários mínimos (68,8%), na E.E. Oscar Villares se concentra na faixa de dois até três salários mínimos (50%).

Dos alunos da Escola da Fundação que acessam a Internet em domicílio, 80% possuem banda larga e 20% possuem acesso discado. Já na E.E. Oscar Villares, dos alunos que possuem acesso residencial, 39,3% navegam através de banda larga e 60,7% utilizam o acesso discado. Novamente, esta diferença entre o perfil dos alunos das duas escolas está associada à diferença de

2 Lan: Local Área Network. Lan house é um estabelecimento que oferece o uso de computadores e o acesso à Internet por determinado valor cobrado em função do tempo de uso.

renda familiar. Nas duas escolas o índice de acesso à Internet através de banda larga está correlacionado ao nível de renda familiar dos alunos, conforme ilustrado pela figura 1 e pela figura 2.

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até 1 de 2 até 3 de 4 até 5 acima de 5

Salários Mínimos

Internet Discada Internet Banda Larga Figura 2 - Tipo do acesso residencial – Escola da

Fundação Muito se polemiza sobre a representação de papéis

na Internet, ou seja, quando o internauta cria personagens diferentes de sua verdadeira identidade, para se relacionar na rede. Esse modelo de representação é visto como algo ruim atribuindo à Internet a característica de um meio de interação social virtual no qual se distancia da realidade das pessoas. Porém, Castells [1] aponta que essa prática representa uma pequena parcela da sociabilidade na Internet e que pode ser explicada pelo fato de os jovens estarem descobrindo sua identidade. Os estudantes que participaram da pesquisa foram questionados se costumavam criar personagens diferentes de sua verdadeira identidade enquanto interagem com outras pessoas na Internet. As respostas confirmam aquilo apontado por Castells [1], ou seja, uma pequena parcela dos estudantes assim procede, sendo respondido afirmativamente por apenas 11% da Escola da Fundação e 28% da E.E. Oscar Villares.

Uma das perguntas do questionário pede para que os alunos escrevam em ordem de preferência e/ou regularidade as atividades mais realizadas na Internet. A comunicação na rede obteve destaque nas duas escolas. Entre as atividades mais citadas pelos alunos das duas escolas o “bate-papo” através do software MSN, a visita ao Orkut e a realização de pesquisas são as mais praticadas. Entre os alunos do sexo masculino também existe o interesse pela visita a sites de pornografia, tanto

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na escola pública como na escola privada. A procura por vídeos e músicas também é muito realizada pelos alunos, assim como a busca por informações e notícias.

A maioria dos alunos de ambas as escolas participa do site de relacionamento Orkut, que se tornou muito popular no Brasil. Na E.E. Oscar Villares, 78% dos alunos do sexo feminino participam do Orkut e entre os alunos do sexo masculino o índice é maior, 87%. Na Escola da Fundação a parcela dos alunos que faz parte do Orkut é ainda maior, sendo que todos os alunos do sexo feminino (100%) participam do site e 88% dos alunos do sexo masculino participam. Para a maioria dos estudantes o interesse no Orkut é manter ou fazer novas amizades. Interesses em namoro e contatos profissionais também foram citados entre os estudantes. Alguns escreveram que através do site mantêm contato com amigos ou parentes distantes, evidenciando a característica da Internet de romper a barreira da distância, permitindo a continuidade de relacionamentos.

Fazer compras online também é uma atividade realizada entre os estudantes das duas escolas pesquisadas. Na Escola da Fundação a quantidade de alunos que faz compras na Internet (53,3%) é superior à quantidade de alunos (17,3%) da escola E.E. Oscar Villares que assim procedem. Novamente, essa diferença pode estar associada aos diferenciais de rendimentos entre as famílias dos alunos da escola privada e da escola pública. No levantamento da empresa e-bit [11] sobre a participação da venda por produtos no comércio eletrônico foi apresentado que CD´s, DVD´s, livros, revistas e produtos eletrônicos eram os produtos mais comprados pelo público em geral através da Internet em 2005. Através dos dados coletados nas duas escolas através da pesquisa de campo é possível afirmar que esses também estão entre os produtos mais comprados de maneira online pelos estudantes do ensino médio de Mococa. Considerando as duas escolas, o motivo declarado que leva a comprar na Internet mais citado entre os estudantes é o preço atrativo (32,1%) e o que menos importa na compra é a rapidez na entrega dos produtos (9,2%). A falta de produtos no comércio local (23,9%), a variedade de produtos (21,0%) e a comodidade (13,8%) também são justificativas para a compra online citadas entre os estudantes, conforme ilustrado pela figura 3.

Figura 3 – Motivação das compras online – E.E.

Oscar Villares e Escola da Fundação.

Mesmo que não seja a intenção comprar em lojas virtuais, o consumidor pode obter diversas informações sobre produtos através delas para, no momento em que for adquirir o produto em uma loja real, economizar tempo e evitar se confundir no momento da compra diante das múltiplas opções de produtos. Essa possibilidade de pesquisa oferecida pela Internet mostrou ser utilizada pelos estudantes das duas escolas. Na E.E. Oscar Villares, 41,3% dos alunos que não compram no comércio eletrônico pesquisam preços ou características de produtos, índice próximo ao da Escola da Fundação, sendo que 42,7% de seus alunos pesquisam sobre produtos na Internet, porém não efetivam a compra online.

A última pergunta do questionário aplicado é aberta e pede para que o estudante escreva o que a Internet possibilita de novo ou de especial em sua vida. Muitas respostas interessantes foram escritas pelos alunos de ambas as escolas, mostrando o interesse e a opinião que a Internet desperta nesses jovens internautas.

Poucos alunos, apesar de serem usuários freqüentes da Internet, responderam a essa pergunta simplesmente “nada”. Um dos alunos ainda completou com a afirmação: “a Internet é o ópio do povo. Só faz com que eu interaja com um mundo irreal e esqueça o estado presencial com os que me cercam”. Ao declarar que a Internet faz com que interaja com um mundo virtual, o estudante transmite sua percepção de que na Internet tudo é irreal e, além disso, o acesso a ela leva ao distanciamento da realidade, uma forma de alienação social.

Alguns alunos responderam que a Internet possibilita “tudo” de novo ou especial em suas vidas. Porém, as respostas mais freqüentes estão relacionadas com entretenimento, busca por informações e notícias e comunicação, principalmente para manter ou construir novos laços de amizades. Inclusive, mais da metade (60,7%) do total de alunos alegou já ter conhecido pessoalmente alguém com quem teve contato pela Internet. Grande parcela (73%) desses estudantes conheceu pessoalmente o contato com o intuito de fazer amizade. Com o objetivo de paquerar ou namorar, 22% dos estudantes se encontraram com seu contato virtual.

O acesso à Internet permite que inúmeras atividades como a comunicação, o acesso à informação e o entretenimento sejam realizadas de forma rápida e interativa, independente de onde se esteja. Assim, a Internet pode ser descrita de forma simples como fez uma aluna de 15 anos: “é o mundo na tela do meu computador”.

7. Conclusões

Com a difusão da Internet observada nos últimos anos e o crescente uso de seus recursos na vida pessoal e profissional é notável o interesse por esse ciberespaço, que disponibiliza serviços, aplicações e um grande acervo de informações aos usuários.

Na pesquisa realizada nas escolas do Ensino Médio de Mococa a renda familiar dos estudantes mostrou-se relevante para compreender e inferir hábitos de acesso e

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de consumo na e pela Internet. Os índices de acesso à Internet em domicílio, de conexão com banda larga e de consumo online estão diretamente correlacionadas ao nível de renda familiar dos alunos.

No contexto cotidiano dos jovens estudantes destacam-se as interações interpessoais, o estudo e a busca por diversão. Para a maioria dos alunos abordados, essas são as principais atividades realizadas online. Assim, pode-se dizer que a Internet é utilizada pelos alunos como meio ou instrumento alternativo para o desenvolvimento e ampliação de sua sociabilidade.

A interação social dos estudantes na Internet gira em torno de suas relações com os amigos. Inclusive, para muitos, a manutenção de laços de amizade ou a criação de outros novos é o que a Internet possibilita de especial em suas vidas. A busca por relacionamentos amorosos também ocorre online, porém em menor freqüência do que as relações de amizade, como verificado empiricamente por esta pesquisa em Mococa.

Como para se relacionar na Internet a localização geográfica na qual o internauta se encontra é indiferente, a característica predominante da sociabilidade é a seleção por afinidades ou interesses em comum entre os usuários. Assim, a Internet fornece suporte para um padrão de relação social no qual as pessoas constroem sua rede de relacionamentos baseada em afinidades, valores, crenças ou interesses em comum, confirmando a possibilidade de emprego dos conceitos sociológicos abordados. Poder-se-ia inferir que esta forma de sociabilidade seletiva por significados partilhados é o que confere o nível de adesão dos jovens ao Orkut. Isso porque no site os integrantes se agrupam em grandes comunidades dos mais diversos temas com uma dinâmica que permite navegar pelas comunidades e pelo perfil de cada integrante em busca de relacionamentos ou mesmo de informações.

A Internet, por ser flexível, oferecendo diversas possibilidades, permite que seu acesso tenha os mais diversos objetivos ou sentidos visados e cabe ao internauta a escolha do que ser e do que fazer em seu “estado online”.

Agradecimentos

Às diretorias da Escola da Fundação Municipal de Ensino de Mococa e da E.E. Oscar Villares por permitirem que a pesquisa fosse realizada e a todos os alunos que, ao responderem o questionário, contribuíram para a realização da pesquisa. Agradecemos aos pareceristas anônimos do Boletim Técnico da Fatec de São Paulo por suas considerações oportunas e sugestões valiosas.

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