“ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS …

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“ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS – HPAs – EM SEDIMENTOS DO RIBEIRÃO DO FUNIL NA REGIÃO DE OURO PRETO – MG” WESLEY ROBERT DE SOUZA Ouro Preto, MG 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Transcript of “ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS …

“ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS

AROMÁTICOS – HPAs – EM SEDIMENTOS DO RIBEIRÃO DO

FUNIL NA REGIÃO DE OURO PRETO – MG”

WESLEY ROBERT DE SOUZA

Ouro Preto, MG 2007

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

II

Catalogação: [email protected]

S729a Souza, Wesley Robert de.

Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – HPAs – em sedimentos do Ribeirão do Funil na região de Ouro Preto – MG [manuscrito] / Wesley Robert de Souza – 2007. xiv, 79 f. : il. color., graf., tabs., mapas. Orientador: Prof. Dr. Robson José de Cássia Franco Afonso. Co-orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Programa de Mestrado em Engenharia Ambiental. Área de concentração: Recursos hídricos.

1. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - Teses. 2. Sedimentos fluviais - Ouro Preto (MG) - Teses. 3. Metais - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. CDU: 547.53(815.1)

III

WESLEY ROBERT DE SOUZA

“ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS –

HPAs – EM SEDIMENTOS DO RIBEIRÃO DO FUNIL NA REGIÃO DE OURO

PRETO – MG”

Ouro Preto, MG

2007

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Recursos Hídricos, Universidade Federal de Ouro

Preto, como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do título: “Mestre em Engenharia Ambiental –

Área de Concentração: Recursos Hídricos”

ORIENTADOR: Prof. Dr. Robson José de Cássia Franco Afonso

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho

IV

V

"O único homem que está isento de erros, é aquele que não arrisca acertar"

(Einstein)

VI

Dedicatória

Aos meus pais, Valdir e Lourdes,

sempre presentes em tudo: Obrigado! Ao tio

Pedro pelas grandes lições de vida deixadas a todos.

VII

Agradecimentos

A Deus, pelo grande presente: a vida.

Ao Prof. Dr. Robson J.C.F. Afonso, pela orientação.

Ao Prof. Dr. Cornélio de F. Carvalho, pela co-orientação e pelo seu grande empenho

como coordenador do curso de mestrado.

Aos Professores Doutores: Jorge C. de Lena, Kátia M. Novack, Jorge L. Humberto,

Vagner R. Botaro, Cláudio G. dos Santos, Laurent F. Gil pelo apoio.

Ao Prof. Dr. Maurício Xavier Coutrim pelas orientações e colaborações.

Aos colegas do Laboratório de Análise de Águas, em especial ao Carlúcio e a Su pelo

apoio nos dias de coleta.

Aos professores responsáveis, técnicos e alunos dos seguintes laboratórios da UFOP:

LBCM, LGqA, LPM, LAMP e LABQOC, pelos equipamentos, análises, reagentes e

vidrarias disponibilizados para execução deste trabalho.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram na luta pelos meus sonhos, meu porto seguro.

Aos meus irmãos, sobrinhos e toda família, por me acompanhar ao longo desta

trajetória.

À minha “boneca” Ana Luíza, que na graça de sua ingenuidade me proporciona

momentos de muita alegria e gosto pela vida. Papai te ama!

À minha “Linda Pequenina” pelo companheirismo, amor, carinho, amizade, dedicação,

compreensão, cumplicidade, paciência e pelos momentos felizes juntos. Amo Você!

Ao meu grande amigo Tio Pedro, que pelos inexplicáveis acontecimentos da vida nos

deixou e não vai poder estar presente neste momento. Saudades eternas!

Ao amigo-irmão Msc. Fausto Junior, pelos anos de convivência e eterna amizade.

Ao inesquecível amigo Leandro Martins “menino do mal”, que me apoiou bastante

neste trabalho e pela sua sincera amizade. Valeu mesmo! “Eu quero!”

À família Saideirana, que mais uma vez me acolheu com muito carinho.

Aos amigos: Fernanda Fernandes, Aniel Lima, Prof. Fred, Prof.ª Beth, Dani,

Hassegawa, Liana, “Feroz”, Ivan e Luciano pela amizade e momentos de descontração.

A CAPES pelos meses de bolsa de estudo e a todos que de alguma forma colaboraram

para a concretização deste sonho.

Muitíssimo obrigado!

VIII

Resumo

As águas de rios, córregos e lagos da região de Ouro Preto têm sido alvo de vários

estudos por diversos pesquisadores. O sistema hídrico desta região está sujeito à

contaminação por atividades mineradoras, industriais e outras formas antrópicas. Além

disso, sabe-se que ainda não se encontra na cidade um sistema eficiente de tratamento

da água antes de torná-la disponível ao consumo humano.

Neste trabalho, foram determinados e quantificados 11 Hidrocarbonetos Policíclicos

Aromáticos (HPAs) em amostras de sedimentos e foi feita uma avaliação dos

parâmetros físico-químicos nas amostras aquosas do Ribeirão do Funil. Foram definidos

4 pontos de amostragem sendo dois deles (pontos 1 e 2) à montante e dois ( pontos 3 e

4) à jusante de uma fábrica de alumínio localizada na cidade de Ouro Preto. Foram

realizadas 3 campanhas de amostragem durante o estudo sendo duas em época de seca e

uma em período chuvoso.

As amostras de sedimento foram submetidas à extração soxhlet e os extratos obtidos

concentrados em um sistema Kuderna-Danish (US-EPA METHOD 3540C).

Previamente à análise, foi feito o “clean-up” das amostras em uma coluna de sílica gel

ativada, conforme (US-EPA METHOD 3630 C). As amostras foram analisadas por

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – CLAE, com uma coluna C-18 de fase

reversa e detector de fluorescência. Nas amostras aquosas, foi feito um estudo da

qualidade das águas do ribeirão através da avaliação físico-química e metais.

Foram quantificados 11 HPAs, sendo que a maior concentração nas 3 coletas foi de

benzo(b)fluoranteno (3679,05 ng/g). Em algumas amostras encontrou-se benzo(a)pireno

em concentrações de até 712 ng/g de sedimento e sabe-se que este HPA apresenta alto

potencial carcinogênico. O ponto 3 foi o mais crítico na contaminação por HPAs e os

elevados teores destes contaminantes podem estar relacionados com a proximidade da

fábrica de alumínio, pois algum material contaminado com HPAs pode estar sendo

lançado nas águas do ribeirão por arraste das águas da chuva na lavagem do pátio e dos

telhados da fábrica ou até mesmo por lançamento de efluentes contaminados, que

posteriormente vão contaminar os sedimentos. Os resultados do estudo físico-químico

apontaram a baixa qualidade das águas quando comparados com os limites

estabelecidos pela CONAMA 357 (Março 2005) para águas de classe 1 e identificou-se

IX

a contaminação por metais de alta toxicidade, como arsênio em concentrações de até

39,08 µg/L e chumbo (160,6 µg/L).

A avaliação de HPAs em sedimentos desta região é inédita e pode ser considerada

de grande importância, pois estes contaminantes são conhecidos por serem

carcinogênicos e a presença do benzo(a)pireno em algumas amostras confere sérios

riscos de toxicidade que comprometem a qualidade ambiental da área estudada.

X

Abstract

The waters from rivers, streams and lakes from Ouro Preto region had been studied

by various researches. The hydric system of this region is subjected to contamination

from mining activities, industries and other anthropic sources. In spite of this, Ouro

Preto thus not have a proper water treatment plant.

In this work, were determined and quantified eleven Polycyclic Aromatic

Hydrocarbons (PAHs) in sediment samples and were evaluated the physico-chemical

proprieties of aqueous samples from the Ribeirão do Funil. The sampling points were

defined in four places along the stream. Two of them, were located upstream to the

aluminum smelting plant and two downstream to it. Those last two points are also

located after the urban center of Ouro Preto. The samples were collect in three different

sampling campaigns.

The sediment samples were subjected to soxhlet extraction and the extracted

produced was concentrated using Kuderna_Danish (US-EPA METHOD 3540C). The

extracts were clean-uped trough an activated silica gel column in accordance to the US-

EPA METHOD 3630 C. The samples were analyzed by High Performance Liquid

Chromatography (HPLC), using a C-18 reverse phase column and detected by

fluorescence emission spectrometry. For the aqueous samples were evaluated their

quality trough the physico-chemical parameters and metal contents.

For the quantified 11 PAHs, the highest concentration for the three campaigns

were found for the benzo(b)fluoranthene. In some samples was found benzo(a)pyrene,

knew for the high carcinogenic power. The sampling point just below the aluminum

smelting plant presented the highest total PAHs content, indicating the possible source

of contamination, since these kind of industries rely on fossil fuels in their process. The

physico-chemical analyses showed the pour quality for the aqueous samples which

presented high content of toxic metals such as arsenic and lead.

The evaluation of PAHs contents into sediments of this region is unknown, and

the results obtained should be considered for its importance, since these compounds are

well know for their high carcinogenesis. The presence of benzo(a)pyrene in some

samples indicate the risk for the human health exposed to this environment.

XI

Índice

RESUMO............................................................................................................... VIII

ABSTRACT................................................................................................................X

LISTA DE FIGURAS............................................................................................ XIII

LISTA DE TABELAS.............................................................................................XV

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ..................................... XVI

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................1

2. OBJETIVOS ......................................................................................................3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................4

3.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos...........................................................4 3.1.1 – Técnicas de Extração dos HPAs .................................................................................................. 9 3.1.2 – Extração Soxhlet .........................................................................................................................12

3.2 - Avaliação Química das Águas...........................................................................12 3.2.1 – Parâmetros Físico-Químicos .......................................................................................................12 3.2.2 – Coleta das Amostras ...................................................................................................................12 3.2.3 – Metais .........................................................................................................................................13

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...........................................14

5. PARTE EXPERIMENTAL.............................................................................16

5.1 – Avaliação dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos em Sedimentos.......16 5.1.1– HPAs Analisados .........................................................................................................................16 5.1.2 – Coleta das Amostras de Sedimento.............................................................................................17 5.1.3 – Secagem das Amostras de Sedimento.........................................................................................17 5.1.4 – Preparo das Amostras para Extração...........................................................................................18 5.1.5 – Extração Soxhlet .........................................................................................................................20 5.1.6 – Concentração no Kuderna-Danish (KD) .....................................................................................21 5.1.7 – Purificação dos extratos - Clean-up ............................................................................................22 5.1.8 – Condições Cromatográficas ........................................................................................................24 5.1.9 – Preparo da Solução-Padrão de HPAs..........................................................................................27 5.1.10 – Curvas Analíticas ......................................................................................................................27 5.1.11 - Cálculo do Índice de Recuperação.............................................................................................29

5.2 – Avaliação dos Parâmetros Físico-Químicos da Àgua......................................31 5.2.1 – Preparo dos Frascos de Coleta ....................................................................................................31 5.2.2 – Coleta das Amostras de Água .....................................................................................................31

XII

5.2.3 – Parâmetros Analisados................................................................................................................31 5.2.4 – Medidas de Vazão.......................................................................................................................32

5.3 – Avaliação dos Metais e Outros Elementos Químicos em Água.......................34 5.3.1 – Preparo dos Frascos de Coleta ....................................................................................................34 5.3.2 – Coleta das Amostras de Água .....................................................................................................34

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................36

6.1 – Amostras Aquosas ............................................................................................36 6.1.1- Análises Físico-Químicas .............................................................................................................36 6.1.2- Análises de Metais e Outros Elementos Químicos .......................................................................38

6.2 – Avaliação dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos ................................41 6.2.1 – Curvas Analíticas ........................................................................................................................41 6.2.2 – Cálculo do Índice de Recuperação..............................................................................................45 6.2.3 – HPAs nas Amostras Ambientais .................................................................................................48

7. CONCLUSÕES................................................................................................65

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS:..........................................67

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................69

10. ANEXOS ...........................................................................................................77

XIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura dos 16 HPAs incluídos na lista de poluentes prioritários da EPA ....8

Figura 2 - Imagem de satélite mostrando a localização dos 4 pontos de Coleta no

Ribeirão do Funil .................................................................................................15

Figura 3 - Secagem dos sedimentos em capela fechada com aquecimento por lâmpadas

de infravermelho 250 watts ...................................................................................18

Figura 4 - Sedimento seco (4 pontos de coleta) ............................................................19

Figura 5 - Sedimento triturado e peneirado (4 pontos de coleta)...................................19

Figura 6 - Sedimento Quarteado (pronto para extração soxhlet) ...................................20

Figura 7 - (1) Esquema de um aparelho de soxhlet convencional e (2) experimento

realizado nas amostras de sedimento .....................................................................21

Figura 8 - Aparelho de Concentração das Amostras (KD)............................................22

Figura 9 - Fluxograma das etapas de preparação das amostras .....................................24

Figura 10 - Diagrama da Programação da Fase Móvel .................................................26

Figura 11 - Cálculo da Vazão (flutuador).....................................................................34

Figura 12 - Identificação dos 11 Padrões e tempos de retenção dos HPAs....................43

Figura 13 - Curvas Analíticas: Acenafteno+fluoreno, Fenantreno, Fluoranteno e

Benzo(a)pireno .....................................................................................................43

Figura 14 - Curvas Analíticas: Antraceno, Naftaleno e Benzo(b)fluoranteno ...............44

Figura 15 - Curvas Analíticas: Pireno e Criseno...........................................................44

Figura 16 - Curva Analítica do Benzo(k)fluoranteno ...................................................45

Figura 17 - Concentração dos HPAs na primeira coleta ...............................................52

Figura 18 - Concentração dos HPAs na segunda coleta................................................53

Figura 19 – Concentração dos HPAs na terceira coleta ................................................54

Figura 20 - Cromatograma de uma amostra de sedimento da 2º coleta (Ponto 2)

analisada por CLAE, detector de fluorescência......................................................55

Figura 21 - Concentração total dos HPAs nos pontos amostrados ................................59

Figura 22 - Concentração total dos HPAs nas 3 coletas................................................60

Figura 23 – Perfil da variação de concentração dos HPAs nos 4 pontos de coleta ........61

Figura 24 - Valores da razão BMM/AMM para HPAs nos sedimentos do Ribeirão do

Funil .....................................................................................................................63

XIV

Figura 26 - Cromatograma de uma amostra do ponto 2 (2º Coleta) ..............................77

Figura 27 - Cromatograma da mistura de Padrões HPAs para Curvas Analíticas..........77

Figura 28 – Cromatograma de uma amostra de sedimento do ponto 2 (1º Coleta) ........78

XV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos 4 pontos de coleta .............................................................15

Tabela 2 - Características dos 11 HPAs estudados .......................................................16

Tabela 3 - Dados das 3 Coletas de Sedimentos ............................................................17

Tabela 4 - Parâmetros das Análises Cromatográficas ...................................................25

Tabela 5 - Comprimentos de onda de excitação e emissão para os 11 compostos

avaliados...............................................................................................................26

Tabela 6 - Concentração, em µg/mL, dos HPAs nas doze soluções preparadas para as

curvas analíticas....................................................................................................28

Tabela 7 - Parâmetros, tempos de análise, preservação e quantidades das amostras .....32

Tabela 8 - Parâmetros das análises por ICP-OES .........................................................35

Tabela 9 - Resultados das análises físico-químicas de água..........................................37

Tabela 10 - Concentração dos Metais nas Amostras Aquosas do Ribeirão do Funil .....40

Tabela 11 - Concentrações dos HPAs na solução inicial ..............................................41

Tabela 12 - Coeficientes gerados nas curvas de calibração...........................................42

Tabela 13 - Concentração dos padrões de HPAs adicionados ao sedimento nas duas

contaminações ......................................................................................................46

Tabela 14 - Recuperação das extrações soxhlet para o spike 1 .....................................46

Tabela 15 - Recuperação das extrações soxhlet para o spike 2 .....................................47

Tabela 16 - Resultados da primeira coleta....................................................................49

Tabela 17 - Resultados das replicatas para a segunda coleta.........................................50

Tabela 18 - Resultados das replicatas para a terceira coleta..........................................51

Tabela 19 - Principais HPAs emitidos por algumas fontes . .........................................56

Tabela 20 - Concentrações totais dos 11 HPAs ............................................................58

Tabela 21 - Concentração total (ng/g) dos HPAs isolados............................................59

Tabela 22- Valores das concentrações (ng/g) dos HPAs para relação BMM/AMM......62

Tabela 23 - Valores das razões entre fenantreno/antraceno e fluoranteno/pireno ..........63

Tabela 24 - Concentrações das replicatas para o branco (teste de validação) ................78

Tabela 25 - Concentrações das replicatas para o Spike 1 ..............................................79

Tabela 26 - Concentrações das replicatas para o Spike 2 ..............................................79

XVI

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ACN – Acetonitrila

AMM - Alta Massa Molecular

BMM - Baixa Massa Molecular

CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

Em – emissão

Ex – excitação

HPAs – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

ICP-OES – Inductively Coupled Plasma - Optical Emission Spectrometric

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

KD – Kuderna-Danish

ld – limite de detecção

ng/g – nanograma por grama

NTU – Unidade Nefelométrica de Turbidez

OD – oxigênio dissolvido

PCBs – Bifenilas policloradas

PET – poli-tereftalato de etileno

ppb – partes por bilhão

ppm – partes por milhão

US-EPA – United States Environmental Protection Agency

UV – Ultravioleta

λ – comprimento de onda

1

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho foram desenvolvidos e utilizados métodos analíticos para

avaliação de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos - HPAs - em amostras de

sedimentos do Ribeirão do Funil, pertencente ao sistema hídrico da região de Ouro

Preto – MG. As metodologias envolveram extração soxhlet, concentração no Kuderna-

Danish, clean-up com sílica gel, identificação e quantificação destes compostos por

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – CLAE, com coluna C-18 de fase reversa e

detecção por fluorescência. Foi feita ainda uma avaliação da qualidade das águas do

ribeirão, através de um estudo físico-químico das amostras aquosas.

A água, devido às suas propriedades de solvente e à sua capacidade de

transportar partículas, incorpora a si diversas impurezas, as quais definem a sua

qualidade.

A qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da atuação do homem.

A interferência do homem quer de uma forma concentrada, como na geração de

despejos domésticos ou industriais, quer de uma forma dispersa, como na aplicação de

defensivos agrícolas no solo, contribui na introdução de compostos na água, afetando

sua qualidade.

A água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva: no homem,

mais de 60% do seu peso é constituído por água, em certos animais aquáticos esta

porcentagem chega a 98%. A água é fundamental para a manutenção da vida.

No planeta, a água se distribui da seguinte forma: 97% água do mar, 2,2%

geleiras e 0,8% água doce. Desses 0,8%, 97% da água doce se encontra subterrânea e

apenas 3% superficial, ou seja, disponível para uso imediato e que pode ser mais

facilmente utilizada no abastecimento publico, pois sua extração é mais fácil. Daí, a

grande importância de se preservar os recursos hídricos na Terra (VON SPERLING,

1996). A qualidade da água requer a satisfação de diversos critérios para garantir a

preservação da saúde dos seres que a consome.

O propósito primário para a exigência de qualidade da água é a proteção à saúde

pública. Quase invariavelmente, o melhor método de assegurar água adequada para

consumo consiste em formas de proteção, evitando-se contaminações de dejetos animais

2

e humanos, os quais podem conter grande variedade de bactérias, vírus, protozoários e

helmintos (d’AGUILA et al., 2000).

A maior parte da água utilizada nos mais diversos processos retorna ao corpo de

água com algum tipo de poluente incorporado, quando não se faz um tratamento antes

do seu lançamento. Essa descarga de água contaminada altera todas as características de

qualidade do corpo receptor após receber o efluente. Os poluentes são responsáveis

diretos pela alteração na qualidade química, física e biológica do meio.

A contaminação que vem ocorrendo ao longo dos anos causada pelo

desenvolvimento industrial, crescimento demográfico e ocupação do solo de forma

intensa e acelerada tem provocado o comprometimento dos recursos hídricos

disponíveis para o consumo humano, aumentando consideravelmente o risco de doenças

de transmissão ou de origem hídrica (NEVES, 2003).

Os ecossistemas aquáticos acabam, de uma forma ou de outra, servindo como

reservatórios temporários ou finais de uma grande variedade e quantidade de poluentes

lançados no ar, no solo ou diretamente nos corpos de água. Desta forma, a poluição do

ambiente aquático, provocada pelo homem, de uma forma direta ou indireta, através da

introdução de substâncias inorgânicas ou orgânicas, produz efeitos deletérios tais como:

I) prejuízo aos seres vivos, II) perigo à saúde humana, III) efeitos negativos às

atividades aquáticas e IV) prejuízo à qualidade da água com respeito ao uso na

agricultura, indústria e outras atividade econômicas. A qualidade do ambiente aquático

pode ser determinada através de medidas quantitativas, como determinações físicas e

químicas ou através de medidas semiquantitativas e qualitativas, realizadas no campo ou

no laboratório e produzem vários tipos de informações, fornecendo diferentes

interpretações técnicas (RODRÍGUEZ, 2001).

Atualmente, grandes volumes de água estão sendo utilizados pelas indústrias,

pelo poder público e para irrigação de culturas. O resultado final destas atividades é um

impacto na estrutura física, química e biológica dos rios, lagos e represas, reduzindo o

potencial desses sistemas em oferecer condições para usos múltiplos. No Brasil, os rios

ainda são um sinônimo de degradação. Esse quadro de degradação teve inicio a partir

dos anos 50, com a intensificação do crescimento econômico, vinculado à

industrialização rápida e irrestrita, não levando em consideração os desequilíbrios de

ordem social, econômica e ambiental (SILVA, 2002).

3

Avaliação da presença de contaminantes orgânicos e inorgânicos em sedimentos

depositados em corpos d´água, juntamente com a avaliação de parâmetros físico

químicos da qualidade da água propicia informações importantes sobre o nível, bem

como a origem desta de contaminação.

2. OBJETIVOS

– Objetivo Geral:

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a presença de hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos em sedimentos, em quatro pontos de coleta, do Ribeirão do

Funil, na cidade de Ouro Preto – MG e identificar possíveis fontes de contaminação

destes compostos.

– Objetivos Específicos:

� Desenvolver uma metodologia analítica para extração, concentração,

identificação e quantificação de HPAs em amostras de sedimentos;

� Avaliar a qualidade das águas do Ribeirão do Funil, através da avaliação de

alguns parâmetros físico-químicos como: alcalinidade, cloreto, condutividade,

cor, dureza, nitrato, nitrito, resíduos sedimentáveis, sulfato, amônia, turbidez,

OD e pH sendo feita também a análise de metais;

� Desenvolvimento de uma metodologia para as análises cromatográficas, capaz

de quantificar os compostos de interesse (HPAs) através da cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE);

� Buscar identificar possíveis fontes de contaminação por HPAs no Ribeirão do

Funil.

4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 - Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são uma classe complexa de

compostos orgânicos contendo dois ou mais anéis aromáticos juntos e contendo apenas

carbono e hidrogênio como constituintes. As propriedades físicas e químicas dos HPAs

são determinadas pelo seu sistemas de elétrons Π, os quais dependem do número de

anéis aromáticos e da massa molar. Dentre eles, os naftalenos são os compostos de

menor massa molar contendo apenas dois anéis e são encontrados na atmosfera

normalmente na fase vapor.

Os HPAs são contaminantes difundidos no ambiente que surgem principalmente

de fontes antropogênicas como a combustão de produtos fósseis e liberação direta de

óleos e produtos oleosos. A difusão ambiental destes contaminantes tem sido

intensivamente estudada devido as suas propriedades mutagênicas e carcinogênicas

(BAUMARD etal, 1998). Eles são liberados na atmosfera como uma mistura complexa

de compostos durante a combustão incompleta de matérias orgânicas. Eles podem ser

emitidos pela queima de madeiras em fogões e lareiras, fotocopiadoras, queima de

carvão, fuligem de chaminé, exaustão de incineração de plantas e rejeitos, queima de

rejeitos na agricultura, descarga de veículos automotores, fumaça de cigarro, aplicações

de asfalto, etc. (POPPI, 2000; RIBEIRO, 2001) . Os HPAs são poluentes comuns

conhecidos por promover a formação de moléculas carcinogênicas em organismos

vivos, e se bioacumulam na cadeia alimentar. São formados quando materiais contendo

carbono são queimados incompletamente, na produção de derivados de alcatrão do

carvão, e também entram no ambiente como resultado do derramamento de óleos de

tanques, refinarias e de abertura de sítios de exploração de óleos. Estão presentes em

todos os meios: atmosfera, solos e água (CAPELO et al, 2005)

Embora no ambiente existam centenas de HPAs a US-EPA recomenda a

determinação e quantificação de 16 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, sendo

prioritários e devem ser rotineiramente monitorados (SUN et al., 1998, AZEVEDO et

al., 2004). O benzo(a)pireno, um HPA de cinco anéis, foi identificado como sendo

altamente carcinogênico (COMPENDIUM METHOD TO-13A, 1999). Apesar de

5

existirem centenas de HPAs identificados em materiais particulados na atmosfera, estão

disponíveis apenas os dados sobre toxidade a exposição de cerca de 33 compostos.

Os HPAs são os carcinógenos químicos mais potentes e os mais estudados.

Todos são cancerígenos indiretos dependendo da ativação pelo sistema enzimático.

Provocam tumores variados, conforme o local de introdução e as células presentes. Os

hidrocarbonetos aromáticos derivam dos núcleos do antraceno e do fenantreno.

Dependendo do tipo e local das modificações químicas das moléculas, a potência do

produto resultante é diferente. Um mecanismo de ação mutagênica desse grupo de

compostos cíclicos pode ser explicado por suas propriedades hidrofóbicas e planar,

através da qual se intercalam entre as bases do DNA; distorções provocadas na estrutura

dupla hélice do DNA facilitam a ocorrência de inserções/deleções no momento da

replicação (BOGLIOLO, 1998).

Substâncias químicas não seguras ou presumivelmente cancerígenas encontram-

se amplamente distribuídas na natureza e compreendem desde alimentos naturais até

compostos altamente modificados pelo homem. Muitos carcinógenos químicos têm

interesse apenas na carcinogênese experimental, outros são causa importante de

cânceres humanos. Eles são divididos em carcinógenos diretos e indiretos. Os diretos

são agentes alquilantes que possuem atividade eletrofilica intrínseca, podendo provocar

câncer diretamente. A maioria das substâncias cancerígenas precisa sofrer modificações

químicas no organismo para se tornarem eletrofilicas e ativas, que é o caso dos

carcinógenos indiretos. Os carcinógenos químicos diretos ou indiretos se ligam ao DNA

e causam mutações. O principal mecanismo de ação é a formação de compostos

covalentes com o DNA, que aumentam a probabilidade de ocorrerem erros durante a

replicação. Como o organismo dispõe de sistemas eficazes de reparação do DNA, nem

sempre uma mutação leva a formação de tumores. Existe grande variação entre os

indivíduos e entre os diferentes tecidos na reparação do DNA. Alguns cancerígenos

químicos (certos aldeídos, agentes alquilantes), além de sua ação mutagênica, podem

inibir a atividade de enzimas reparadoras. Então, pode-se dizer que substâncias

químicas provocam tumores na dependência de vários fatores do indivíduo e do

ambiente.

O processo de mutagênese está intimamente relacionado com a carcinogênese.

Quando uma substância química interage com o material genético, aparecem as

6

mutações, ou seja, alterações transmissíveis no material genético. A carcinogênese é

mais complexa e envolve duas etapas principais: a iniciação e a promoção. A iniciação

caracteriza-se pela ocorrência de uma mutação e a promoção pelo crescimento celular

intenso e desordenado das células iniciadas ou mutantes originando focos de

proliferação dos quais alguns se desenvolvem em tumores. A atividade carcinogênica de

um composto particular é dependente de vários fatores estruturais da molécula, como

modelo (forma), tamanho e fatores estéricos, e pode estar relacionada com o potencial

de ionização. A carcinogenicidade dos HPAs tem sido observada principalmente nos

compostos tri-, tetra-, penta- e hexacíclicos (POPPI, 2000). Além das propriedades

mutagênicas e carcinogênicas, os HPAs apresentam elevada hidrofobicidade e

resistência a biodegradação (BUSSETI et al., 2005).

A contaminação humana se dá geralmente através da contaminação ambiental,

pela inalação ou absorção pela pele, ou ingestão de alimentos contaminados tanto pelo

processo de cozimento, que pode gerar HPAs, quanto pela deposição atmosférica. Os

compostos aderidos às partículas são parcialmente dissolvidos e metabolizados nos

pulmões. Os metabólitos podem atuar sobre as células, ou entrar na corrente sangüínea e

chegar ao fígado, ou pode ser excretado sem passar por qualquer modificação, pela bílis.

Apenas uma pequena parte dos compostos é eliminada com a urina na forma

metabolizada ou na forma original. Os efeitos carcinogênicos dos HPAs são muito

conhecidos, principalmente na pele e pulmão, e têm sido observados em pessoas

expostas às inúmeras fontes emissoras existentes. O mecanismo de ação carcinogênica

dos HPAs é complexo, e envolve uma série de enzimas que catalisam reações de

oxidação, redução e hidrólise, pois a substância em si não é ativa e sim seus metabólitos

finais (RIBEIRO, 2001).

Os HPAs encontram-se muito difundidos no ambiente e sua importância prática

como causa de câncer é grande. Hoje eles apresentam o risco elevado devido à

multiplicidade das fontes de produção desses compostos, o consumo crescente de

alimentos industrializados e a generalização do hábito de fumar, um número cada vez

maior de indivíduos fica exposto a esse tipo de substância (BOGLIOLO, 1998).

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos ocorrem largamente no meio

ambiente e podem ser formados durante a defumação de alguns alimentos. Substâncias

orgânicas apresentam aspecto cumulativo na cadeia alimentar e as aromáticas

7

complexas possuem baixa taxa de excreção corporal. Os HPAs são agentes

carcinogênicos humanos muito potentes. Eles ocorrem no solo, na água e nos alimentos,

naturais ou cozidos. Inicialmente foram encontrados no carvão e no óleo de xisto. Os

mais conhecidos são benzo(a)pireno, benzo(a)antraceno, benzo(b)fluoranteno e o

benzo(k)fluoranteno. O benzo(a)pireno ocorre em vegetais frescos, óleo de coco, chá,

presunto defumado, carnes cozidas em carvão, bifes e costelas de churrasco, em

concentrações superiores a 3,0 ppb (MONTORO & NOGUEIRA, 1983).

As maiores fontes de emissão de HPAs são: geradores de calor e energia,

incineradores, produção de coque, produção de carvão vegetal, motores de veículos e

incêndios de matas. Os HPAs podem ser encontrados na fase vapor e/ou partícula cuja

distribuição depende da pressão de vapor do HPA e da temperatura ambiente. Em

termos de estrutura, a 25 ºC, HPAs com 2 e 3 anéis condensados encontram-se na fase

vapor, com 4 e 5 anéis em ambas as fases e 6 ou mais praticamente na fase partícula. O

longo tempo de residência das partículas possibilita o transporte do material particulado

à longa distância juntamente com compostos químicos associados (POPPI, 2000).

No ambiente aquático, os HPAs podem contaminar tanto a água quanto o

sedimento, dependendo da sua hidrofobicidade, isto é, de sua afinidade com compostos

polares ou apolares. Os HPAs mais hidrofóbicos tendem a aderir nas partículas do

sedimento, ou nos tecidos biológicos, enquanto aqueles menos hidrofóbicos tendem a

ficar menos retidos. A contaminação do solo por esta classe de compostos se dá

principalmente por deposição atmosférica e despejo de águas e sedimentos

contaminados, e o transporte ocorre por difusão. Portanto, a permanência no solo está

intimamente relacionada à solubilidade de cada composto em água. De um modo geral,

os compostos contendo um número de anéis maior que 4 têm maior relevância do ponto

de vista ambiental, pois a maioria deles apresenta propriedades carcinogênicas e são

extremamente resistentes à degradação enzimática. Os HPAs maiores e mais

hidrofóbicos tendem a ser mais carcinogênicos, enquanto os HPAs menores (2 e 3

anéis) não são carcinogênicos. Apesar disto, estudos mostram que sob o efeito da luz

alguns deles podem se tornar extremamente tóxicos (RIBEIRO, 2001).

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA - recomenda a

determinação e quantificação de 16 HPAs como poluentes prioritários (POPPI, 2000), e

são eles: acenafteno, acenaftileno, antraceno, benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno,

8

benzo(b)fluoranteno, benzo(ghi)perileno, benzo(k)fluoranteno, criseno,

dibenzo(a,h)antraceno, fluoranteno, fluoreno, indeno(1,2,3-cd)pireno, naftaleno,

fenantreno e pireno. Estes compostos encontram-se listados no método 8310 US-EPA

(cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por UV ou fluorescência),

enquanto que o método 8100 sugere o uso da cromatografia gasosa com detecção no

espectrômetro de massas (CAPELO et al., 2005). Os HPAs atingem as águas

superficiais através da deposição direta da atmosfera ou a partir de efluentes municipais

e industriais, poeira atmosférica, precipitação de cinzas do ar, enxurradas, lixiviação de

solos contaminados, etc. Por causa da sua baixa solubilidade em água os HPA´s são

sorvidos pelo material particulado, indo para as águas naturais e acumulando no

sedimento do fundo em altas concentrações.

A seguir, são mostradas as fórmulas estruturais dos 16 HPAs recomendados

como poluentes prioritários pela EPA:

A presença de alguns desses HPAs é indicativo de suas origens, como por

exemplo, o criseno e benzo(k)fluoranteno podem ser indicadores de emissões pela

Naftaleno Acenafteno Acenaftileno Fuoreno

Fenantreno Antraceno Fluoranteno Pireno

Benzo[a]Antraceno Criseno

Benzo[g,h,i]Perileno Dibenzo[a,h]Antraceno Indeno[1,2,3-cd]Pireno

Benzo[b]Fluoranteno Benzo[k]Fluoranteno

Benzo[a]Pireno

Figura 1 - Estrutura dos 16 HPAs incluídos na lista de poluentes prioritários da EPA

9

combustão de carvão mineral. Da mesma forma, benzo(g,h,i)perileno, coroneno e

fenantreno são indicadores de emissões por veículos a combustão; fenantreno,

fluoranteno e pireno são indicadores de material particulado de estradas; pireno e

fluoranteno estão associados com a incineração; fluoreno, fluoranteno e pireno estão

associados com a combustão de óleos. Sabe-se que próximo ao centro urbano de Ouro

Preto está sediada uma grande indústria de alumínio, e é sabido que as indústrias de

alumínio são importantes fontes de emissão de HPAs (KHALILI et al., 1995).

As amostras contendo policíclicos aromáticos são de difícil armazenagem, sua

preparação é demorada, sendo o procedimento de extração, a maior fonte de erro

durante o ciclo de análise. É necessário o maior cuidado possível nas etapas de extração

e purificação para se obter resultados quantitativos precisos. Recentemente, o

procedimento clássico de extração por Soxhlet para HPA´s em amostras sólidas como

solos e sedimentos, que incluam um ou mais ciclos de extração, tem sido substituído por

procedimentos mais rápidos, que utilizem menos ou nenhum solvente orgânico e que

possam ser automatizados (SUN et al., 1998, GFRERER et al., 2002, HUBERT et al.,

2000 e LUNDSTEDT et al., 2000).

3.1.1 – Técnicas de Extração dos HPAs

Os sedimentos constituem um fator muito importante do sistema aquático, por

sua participação no equilíbrio dos poluentes solúveis/insolúveis e por sua maior

permanência no corpo de água, sendo, em geral, integradores das cargas poluentes

recebidas pelas águas. Entende-se por sedimentos os materiais insolúveis que se

depositam no fundo dos corpos de água. Pode ser considerado também o material

insolúvel suspenso na água (AGUDO, 1987). A utilização dos sedimentos para estudos

de caracterização ambiental apresenta algumas vantagens com relação ao meio hídrico

circulante. Os sedimentos correspondem a um dos segmentos ambientais mais estáveis

em termos físico e químico. Eles podem apresentar um importante papel na fixação de

substâncias, atuando como depósitos de elementos e substâncias contaminantes

(BAISCH et al.)

A literatura atual reúne uma vasta coleção de dados acerca das técnicas de

extração de compostos orgânicos em matrizes sólidas. Alguns desses procedimentos

10

são extração por ultrasom (SUN et al, 1998), extração por líquidos pressurizados (PLE)

(BAVEL et al, 2000) , extração em fluido supercrítico (SFE) (SAIM, 1997; MAZEAS,

1997; BRUCE, 1998), extração assistida por microondas (MAE) (LOPEZ, 1996;

MARTENS, 1997; TOMANIOVA, 1998), extração em leito fluidizado (FBE)

(GFRERER et al, 2002), extração por solvente acelerada (ASE) (HUBERT et al, 2000).

Outra alternativa é a extração subcrítica usando água quente (KUBÁTOVÁ, 2002;

RAMOSA, 2002; HAWTHORNE, 2000; PÉREZ, 2000) como solvente de HPAs em

amostras sólidas, os extratos produzidos desta forma podem ser concentrados por

extração em fase sólida (SPE) (TREMBLEY, 2000; YANG, 1999). A literatura mostra

que as análises por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) usando detectores

de fluorescência ou ultravioleta-visível, e cromatografia gasosa (CG) com detectores

por espectrometria de massas ou ionização em chama (DIC) são os métodos mais

comuns para a separação, identificação e quantificação dos hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos em extratos de amostras ambientais (GORSHKOV et al., 2003,

HAWTHORNE et al., 2000 e AZEVEDO et al., 2004).

Recentemente tem sido desenvolvidas técnicas de extração para reduzir tempo e

uso de solventes orgânicos. Algumas técnicas propostas são: extração em líquido

pressurizado (PLE), extração em fluido supercrítico (SFE) e extração assistida por

microondas (MAE) (HAWTHORNE et al., 2000, TOMANIOVÁ et al. 1998 e BRUCE

et al., 1998). Mais recentemente foi desenvolvida a extração subcrítica com água

(SWE), onde é empregada a água quente sobre pressão para manter o estado líquido. É

usada para extrair uma variedade de componentes orgânicos polares e apolares de

amostras ambientais, baseado no fato de que a solubilidade de compostos orgânicos

aumenta bastante com o aumento da temperatura da água mantida no estado líquido

(KUBATOVÁ et al., 2002, YANG et al., 1999). O desenvolvimento de métodos

simplificados proporciona redução de tempo e de resíduos. A SWE seguida de

microextração em fase sólida (SPME) é usada para determinar HPAs e PCBs

(HAWTHORNE et al., 2000). A SPME apresenta vantagens como por exemplo a não

utilização de solventes e a reutilização das fibras (NETO et al., 2005). Geralmente são

métodos simples de desenvolver e requerem pouco ou nenhum solvente orgânico, e

também necessitam aparatos de baixo custo. Discos de extração (SDB-XC) estireno-

divinilbenzeno são utilizados para extração de HPAs (HAWTHORNE, et al., 2000)

11

Segundo Yang (1999), a extração subcrítica com água tem sido usada com

sucesso em extrações ambientais de muitas classes de compostos orgânicos. O princípio

da extração subcrítica é que a alteração da constante dielétrica, tensão superficial e

viscosidade da água são obtidos com o controle da pressão mantendo a água no estado

liquido a altas temperaturas. Como exemplo, a constante dielétrica da água é diminuída

de 80 para aproximadamente 30 numa temperatura de 250ºC. Os valores de tensão

superficial, viscosidade e constante dielétrica da água a 250ºC são similares ao etanol,

metanol ou acetonitrila em temperatura ambiente. Estudos recentes mostram que a água

a elevadas temperaturas e pressão é um excelente fluido de extração para muitos

compostos orgânicos de matrizes sólidas.

Compostos orgânicos apolares como HPAs e PCBs requerem temperatura da

água acima de 250ºC para uma melhor eficiência na extração. A extração de orgânicos

apolares e moderadamente polares é baseada na redução da polaridade, tensão

superficial e viscosidade da água a altas temperaturas (acima de 250ºC). Sob essas

condições , compostos orgânicos geralmente considerados insolúveis em água mostram

consideráveis aumentos de solubilidade. A troca das propriedades da água tem sido

usada para extrair uma variedade de poluentes orgânicos de sorbentes, solos

contaminados, lodos, material particulado e outras amostras ambientais. A eficiência da

extração subcrítica com água depende da temperatura e pressão suficiente para manter o

seu estado líquido (GRABANSKI, et al., 1998).

De acordo com SAIM, (1997), a escolha da técnica de extração é feita com base

no capital disponível, custos de operação, simplicidade de operação, quantidade de

solvente orgânico requerida e preparação da amostra. O artigo compara as técnicas de

extração de HPAs de solos altamente contaminados. As técnicas investigadas foram

extração soxhlet, assistida por microondas (MAE), extração em fluido supercrítico

(SFE) e extração acelerada por solvente (ASE). A extração soxhlet requer uma etapa de

clean-up (“limpeza”) antes da análise. Comparando os tempos de extração, temos a SFE

na faixa de 36 a 50 minutos, enquanto que a soxhlet temos de 2 a 24 horas. Se

compararmos os volumes de solvente orgânico gastos temos para a SFE (10 mL),

soxhlet (entre 60 e 500 mL).

12

3.1.2 – Extração Soxhlet

A técnica de extração soxhlet é usada para extrair compostos não-voláteis e

semivoláteis de matrizes sólidas como solos, lodos e resíduos. Neste processo garante-

se que a amostra mantém o contato permanente com o solvente de extração (SOXHLET

EXTRACTION, METHOD 3540C US-EPA). A extração por soxhlet apresenta uma

alta eficiência de extração e por muitos anos foi um método padrão para extração de

HPAs em matrizes sólidas, entretanto pode levar longos tempos de extração, cerca de 16

horas ou mais (SUN, et al, 1998).

3.2 - Avaliação Química das Águas

3.2.1 – Parâmetros Físico-Químicos

A água é essencial para a existência e o bem-estar do ser humano, devendo estar

disponível em quantidade suficiente e apresentar boa qualidade como garantia da

manutenção da vida. A água sendo um excelente solvente, através do seu ciclo

hidrológico permanece em contato com os constituintes do meio ambiente (ar e solo),

dissolvendo muitos elementos e carreando outros em suspensão. A qualidade da água é

vulnerável as condições ambientais a qual está exposta e, portanto, na maioria das

vezes, é necessário um tratamento para torná-la potável. O controle físico-químico das

águas tem uma importância fundamental na sua utilização (FREITAS et al., 2002).

3.2.2 – Coleta das Amostras

Uma grande parte do sucesso das análises de laboratório em estudos ambientais

depende da adoção de procedimentos adequados durante a etapa de coleta. Um erro

amostral repercutirá inevitavelmente sobre a qualidade dos resultados, mesmo que se

disponha de um avançado aparato analítico. As técnicas de coleta são determinadas em

função dos objetivos do estudo e das características do sistema ambiental.

A coleta de amostras é, provavelmente, o passo mais importante para a

caracterização de microconstituintes nas águas e é essencial que a coleta seja realizada

13

com precauções para evitar todas as fontes possíveis de contaminação e perdas. É

necessário obter uma amostra representativa e estabilizada do corpo de água amostrado

e das condições locais que podem interferir, tanto na interpretação dos dados quanto nas

próprias determinações laboratoriais (AGUDO, 1987).

3.2.3 – Metais

Os metais pesados atingem o ambiente através de efluentes industriais, podendo

contaminar a água e os alimentos, assim expondo o homem e animais à intoxicação

crônica. Também são contaminantes comuns em ambientes industriais e de trabalho de

alguns profissionais especializados, tendo grande importância em saúde ocupacional.

Dos metais pesados de interesse na contaminação ambiental e na saúde ocupacional, os

mais importantes são chumbo, mercúrio, cádmio e o arsênio (BOGLIOLO, 1998).

Metal pesado não implica necessariamente em “metal tóxico”. Muitos deles são

considerados nutrientes indispensáveis às plantas e seres vivos, desde que em baixas

concentrações. Vários íons metálicos são essenciais ao bom funcionamento dos

organismos vivos, e outros como sódio, cálcio, potássio, manganês, ferro, cobalto,

molibdênio, cobre e zinco têm relevante importância para o homem. Os metais são

essenciais aos organismos em pequenas quantidades, mas, quando em

excesso,desencadeiam diversos problemas. Uma vez que atingem o corpo d’água, esses

metais depositam nos sedimentos e sofrem processos complexos de adsorção, que ainda

são desconhecidos, especialmente em ambientes tropicais. O termo metal pesado é

amplamente utilizado para um grupo de metais que estão associados à poluição e

toxicidade, tais como chumbo, cádmio, mercúrio, arsênio e urânio. São também

incluídos cobalto, cobre, manganês, selênio e zinco, considerados biologicamente

essenciais em baixas concentrações (SILVA, 2002).

Os metais exercem um papel importante na manutenção da vida em nosso

planeta. Alguns elementos podem ser altamente tóxicos a várias formas de vida, outros

são considerados essenciais, mas podem ser tóxicos em doses mais elevadas

(TEMPLETON et al, 2000).

O Plasma Indutivamente Acoplado (ICP) é usado para determinar elementos

traços, incluindo metais, em solução (METHOD 6010 B EPA). O ICP acoplado ao

14

espectrômetro de massas (ICP-MS) é usado na determinação de concentrações

inferiores a µg/L de vários elementos em amostras aquosas. O ICP-MS pode ser

aplicado na determinação de cerca de 60 elementos em várias matrizes (METHOD 6020

EPA).

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área de estudo localiza-se próxima ao perímetro urbano da cidade de Ouro

Preto – MG, e têm seus quatro pontos de coleta distribuídos ao longo do Ribeirão do

Funil, que parte do seu percurso passa dentro de uma fábrica de alumínio seguindo pela

cidade onde tem trechos de contato com algumas residências.

A cidade de Ouro Preto está localizada na porção central do Estado, ocupa uma

área de 1246,23 Km2 tendo altitude máxima na divisa com o município de Santa

Bárbara (1891 m) e altitude mínima de 989 m, na foz do Rio Maracujá. O Ponto central

da cidade tem 1160 m de altitude. O índice pluviométrico anual é de cerca de 1600 mm,

e seu relevo é em maior parte montanhoso (55%), ondulado (40%) e plano (5%). A

temperatura média anual é de 18,5 ºC. Os principais rios são: Rio das Velhas e Ribeirão

do Funil (INDI, 2007).

O Ribeirão do Funil se destaca na região. Sua nascente está na proximidade de

Venda Nova-MG. Depois de tomar, sucessivamente, as denominações de Ribeirão do

Carmo e Rio do Carmo, deságua no Rio Piranga e divide a serra de Ouro Preto das

montanhas em que se destaca o Pico de Itacolomi. O sistema de drenagem é denso, e

fortemente declivoso, conseqüência do relevo movimentado da região.

A cidade de Ouro Preto localiza-se entre a meia encosta e o sopé da serra do

Veloso ao nível dos mananciais, onde nascem ou se juntam às primeiras linhas de água

que formam os dois canais que drenam para o Ribeirão do Funil (GUERREIRO, 2000).

Ao longo deste estudo foram coletadas amostras de águas e sedimentos em 3

épocas diferentes e em 4 pontos distintos do Ribeirão do Funil. As amostras de ambas

as matrizes foram coletadas nos mesmos pontos e mesmas datas para as 3 coletas. Os

pontos de coleta das amostras de água e sedimentos foram distribuídos da seguinte

forma, tendo como referência a fábrica de alumínio citada:

15

Tabela 1 - Distribuição dos 4 pontos de coleta

Pontos de

Coleta Localização Legenda/Coordenadas

1º ponto Localizado à montante da fábrica, distante cerca

de 1000 m desta

P1 Lat: 20°23'48.94"S

Long: 43°31'55.99"O

2º ponto Localizado também à montante da fábrica, bem

próximo desta, cerca de 50 m

P2 Lat: 20°24'2.77"S

Long: 43°31'37.67"O

3º ponto Localizado à jusante da fábrica, aproximadamente

100 m

P3 Lat: 20°23'40.00"S Long: 43°31'3.42"O

4º ponto

Localizado à jusante, próximo a algumas

residências, distante uns 3000 m da fábrica,

sentido cidade de Mariana – MG

P4 Lat: 20°23'31.78"S Long: 43°30'0.59"O

Figura 2 - Imagem de satélite mostrando a localização dos 4 pontos de Coleta no Ribeirão do Funil (Fonte: Google Earth)

16

5. PARTE EXPERIMENTAL

Os procedimentos adotados nas etapas de preparo das amostras, procedimento de

extração e limpeza dos extratos foram baseados em procedimentos adotados pela US-

EPA: (SOXHLET EXTRACTION, METHOD 3540C; SILICA GEL CLEAN-UP,

METHOD 3630 C). Na série de métodos de extração soxhlet também se encontra

disponível o procedimento para concentração das amostras usando o Kuderna-Danish.

5.1 – Avaliação dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos em Sedimentos

5.1.1– HPAs Analisados

Foram avaliados 11 HPAs sendo: naftaleno (Naph), acenafteno (Ace), fluoreno

(Fluo), fenantreno (Phe), antraceno (Anth), fluoranteno (Flu), pireno (Pyr), criseno

(Chr), benzo(b)fluoranteno (BbFl), benzo(k)fluoranteno (BkFl) e benzo(a)pireno

(BaPy). Nos últimos anos os HPAs têm recebido uma maior atenção em vários estudos

devido ao conhecimento de sua alta capacidade carcinogênica e mutagênica.

A tabela 2 traz um resumo das principais características dos onze

hidrocarbonetos estudados:

Tabela 2 - Características dos 11 HPAs estudados

HPA Fórmula Molecular

Massa Molecular (g/mol)

Ponto de Fusão ºC

Ponto de Ebulição ºC

Naftaleno C10H8 128,18 80,2 218

Acenafteno C12H10 154,20 90-96 278-279

Fluoreno C13H10 166,23 116-118 293-295

Fenantreno C14H10 178,24 96-100 339 - 340

Antraceno C14H10 178,24 216-219 340

Fluoranteno C16H10 202,26 107-111 375 - 393

Pireno C16H10 202,26 150-156 360 - 404

Criseno C18H12 228,30 252-256 441 - 448

Benzo(b)fluoranteno C20H12 252,32 167-168 481

Benzo(k)fluoranteno C20H12 252,32 198-217 471 - 480

Benzo(a)pireno C20H12 252,32 177-179 493 - 496

Fonte: COMPENDIUM METHOD TO-13A (1999)

17

5.1.2 – Coleta das Amostras de Sedimento

O Ribeirão do Funil apresenta, na maior parte do seu percurso, um leito

predominante de águas rasas, com trechos de sedimentação acumulada em alguns

pontos. Para cada um dos quatro pontos e nas 3 coletas realizadas, aproximadamente

500 g de sedimento foram retirados das margens do ribeirão com auxílio de espátulas de

polipropileno limpas. Os sedimentos coletados foram transferidos para sacos plásticos

limpos, levados ao laboratório até ser enviado para secagem. Cada saco plástico foi

vedado e etiquetado, identificando cada ponto de coleta.

Na tabela 3 são mostrados os dados das três coletas de sedimento realizadas ao

longo deste estudo:

Tabela 3 - Dados das 3 Coletas de Sedimentos

Coleta Data Quantidade de Amostras Características Climáticas

1a 30/03/2005 4 amostras (~ 500g cada) Seca

2a 18/11/2005 4 amostras (~ 500g cada) Chuva

3a 08/06/2006 4 amostras (~ 500g cada) Seca

5.1.3 – Secagem das Amostras de Sedimento

As amostras de sedimento foram secas em capelas fechadas com aquecimento

por lâmpadas de infravermelho (250 watts). A temperatura medida neste ambiente foi

na faixa de 30ºC a 40ºC. Em cada uma das 3 coletas, as massas (~ 500g) dos sedimentos

dos quatro pontos das foram acondicionadas em bandejas plásticas e colocadas na

capela. As amostras ficaram na capela até que fosse observada a completa secagem do

material e o tempo desta etapa foi de aproximadamente três semanas. Na figura 3

melhor se visualiza a etapa de secagem descrita.

18

Figura 3 - Secagem dos sedimentos em capela fechada com aquecimento por lâmpadas

de infravermelho 250 watts 5.1.4 – Preparo das Amostras para Extração

Os sedimentos secos foram colocados em tabuleiros de alumínio e triturados

com auxílio de um pistilo de porcelana. O sedimento desfragmentado foi peneirado

(peneira 8 mesh) eliminando folhas, paus e pedras. Em seguida, os sedimentos

peneirados passaram pelo processo de quarteamento e foram obtidas as amostras para

extração soxhlet Para a extração soxhlet foram separadas cerca de 50 g de amostra de

sedimento quarteado para cada ponto de coleta e nas 3 coletas realizadas. Na figura 4 é

mostrado o sedimento que já se encontrava completamente seco depois de

aproximadamente 20 dias de exposição ao calor de lâmpadas em capela.

19

Figura 4 - Sedimento seco (4 pontos de coleta)

Na figura 5 são mostrados, para uma das 3 coletas, os sedimentos dos 4 pontos

de coleta após secagem e peneiramento. A figura 6 mostra os sedimentos quarteados dos

4 pontos (~ 50 g cada) e prontos para a separação das amostras para extração soxhlet

Figura 5 - Sedimento triturado e peneirado (4 pontos de coleta)

20

Figura 6 - Sedimento Quarteado (pronto para extração soxhlet)

5.1.5 – Extração Soxhlet

A técnica de extração via soxhlet apresenta algumas desvantagens, como o uso

de grande quantidade de solvente e tempo prolongado, no entanto foi a técnica escolhida

por ser a que mais se adequou à estrutura disponível para realização deste estudo e por

ser considerado um procedimento de referência. O procedimento soxhlet é descrito no

método 3540C da US-EPA (SOXHLET EXTRACTION, METHOD 3540C).

Para cada ponto de coleta e nas 3 coletas realizadas, foi feita a extração em

triplicata. A massa pesada foi de 10 g de sedimento para cada extração. O solvente de

extração foi o diclorometano e o período de extração foi de 24 horas para cada

seqüência. A temperatura da manta aquecedora foi ajustada para que o sistema sifonasse

a cada 15 minutos.

21

5.1.6 – Concentração no Kuderna-Danish (KD)

Os extratos foram concentrados em um concentrador do tipo Kuderna-Danish

segundo metodologia proposta em um dos tópicos do procedimento de extração soxhlet

(SOXHLET EXTRACTION, METHOD 3540C). Toda a aparelhagem foi acoplada a

um sistema de destilação para recuperação do diclorometano. O sistema foi aquecido

por banho de água quente (banho-maria) com um aquecedor/agitador com controle de

temperatura baseado na evaporação do diclorometano. A temperatura de ebulição do

diclorometano está entre 39 – 40 ºC. A temperatura utilizada foi ligeiramente maior para

o processo de concentração. Nesta etapa o volume do extrato que era de

aproximadamente 150 mL foi reduzido para 10 mL (TABLE 1, SOXHLET

EXTRACTION, METHOD 3540C).

(1)

(2)

Figura 7 - (1) Esquema de um aparelho de soxhlet convencional e (2) experimento

realizado nas amostras de sedimento

22

Figura 8 - Aparelho de Concentração das Amostras (KD)

O extrato concentrado (10,0 mL) foi passado primeiramente por uma coluna de

sulfato de sódio anidro (Na2SO4 anidro), previamente purificado (eliminação de

orgânicos) em uma mufla (T=400ºC) por um período de 4 horas. Depois do tratamento

térmico o sulfato de sódio anidro foi mantido em estufa ou dessecador durante sua

utilização. Em uma coluna de vidro de 50 cm e diâmetro interno de 1 cm colocou-se

um chumaço de lã de vidro na extremidade inferior e adicionou-se o Na2SO4 até que a

altura deste dentro da coluna fosse de aproximadamente 10 cm. Adicionou-se os extrato

concentrado para a retirada da umidade, seguida da adição de 20 ml de diclorometano.

O eluído foi reservado para a etapa de purificação (clean-up).

5.1.7 – Purificação dos extratos - Clean-up

A limpeza ou “clean-up” dos extratos, com intuito de eliminar interferentes

orgânicos da etapa cromatográfica, foi realizado usando coluna com sílica (SiO2) gel

ativada (Sílica Gel 60/ 0,063-0,200 mm, para cromatografia em coluna/ VETEC)

(SILICA GEL CLEANUP, 1996). Foi preparada uma solução de 10 g de sílica em

diclorometano e transferida para a coluna cromatográfica (10 mm diâmetro interno e 50

23

cm de comprimento). Adicionou-se 1 a 2 cm de Na2SO4 anidro ao topo da coluna de

sílica para eliminar umidade na hora de transferir os extratos. A ativação da sílica foi

feita sob aquecimento em estufa (130ºC) por 16 horas. Antes do clean-up com sílica, o

solvente de extração foi trocado por cicloexano. A troca foi realizada adicionando 4 mL

de cicloexano seguindo a redução do extrato para 1-2 mL usando o Kuderna-Danish. Se

o volume do extrato for reduzido para menos de 1 mL, analitos semivoláteis podem ser

perdidos. Se o extrato secar, a extração deve ser repetida. Primeiramente, pré-eluiu a

coluna com 40 mL de pentano. O fluxo de todas a eluições foi de 2 mL/min. Descartou-

se o eluato e, antes do Na2SO4 entrar em contato com o ar, transferiu-se 2 mL de

cicloexano junto com o extrato na coluna usando 2 mL de cicloexano para completar a

transferência. Antes do Na2SO4 entrar em contato com o ar, adicionou-se 25 mL de

pentano e continuou a eluição na coluna. Descartou-se o eluato com pentano. Na

próxima etapa, eluiu-se a coluna com 25 mL de diclorometano/pentano 2:3 v/v para um

frasco de concentração. Concentrou-se a fração coletada para o volume recomendado

(1-10 mL) (SILICA GEL CLEANUP, METHOD 3630 C). No caso as amostras foram

concentradas para 1,0 mL. Esta amostra concentrada foi utilizada nas análises

cromatográficas.

24

Figura 9 - Fluxograma das etapas de preparação das amostras

Coleta das

amostras

Secagem dos sedimentos em

estufa

Peneiramento, pulverização e quarteamento dos

sedimentos

Extração Soxhlet

Concentração no Kuderna-Danish (KD)

Secagem dos extratos Coluna Na2SO4

Clean-up das amostras Coluna SiO2

Reconcentração no KD

Análise das Amostras CLAE

25

5.1.8 – Condições Cromatográficas

A técnica empregada para o estudo dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

foi a cromatografia líquida de alta eficiência, em um cromatógrafo da marca Shimadzu.

Os modelos dos componentes do cromatógrafo estão descritos a seguir: unidade de

controle (SCL-10AVP), bombas (LC-10ADVP), degaseificador (DGU-12A), forno

(CTO-10AVP) e detector de fluorescência (RF-10AXL). As condições cromatográficas

foram baseadas no artigo de (BARONCELLI et al., 1999). Na tabela 4 encontram-se

resumidas as condições cromatográficas estabelecidas para o estudo dos HPAs de

interesse,

Tabela 4 - Parâmetros das Análises Cromatográficas

Parâmetro Característica

Coluna Lichrospher 100 RP-18 (Merck )

250 mm x 4,6 mm, 5µm

Fase Móvel Acetonitrila(ACN)/água

Fluxo 1,0 mL/min

Temperatura do Forno 35 ºC

Detector Fluorescência com comprimentos de onda

de excitação e emissão variáveis

Volume Injetado - Loop 20 µ L

Tempo de Corrida 40 minutos

Na figura 10 é apresentada a programação do gradiente da fase móvel utilizado

para as análises cromatográficas:

26

Foi feita ainda uma programação dos comprimentos de onda de excitação (λex) e

de emissão (λem) para o detector de fluorescência de acordo com a especificidade de

cada composto avaliado, para uma melhor sensibilidade dos compostos. Os valores dos

comprimentos de onda de excitação e emissão para cada HPA e suas respectivas faixas

de tempos de eluição são dados na tabela 5: (JOSEPH e CAPELO et al., 2005):

Tabela 5 - Comprimentos de onda de excitação e emissão para os 11 compostos avaliados

HPAs Faixas de eluição

(min) λ excitação específico

λ emissão específico

Naftaleno 19,60-22,00 280 330

Acenafteno 22,00-23,60 230 320

Fluoreno 22,00-23,60 230 320

Fenantreno 23,60-24,30 252 264

Antraceno 24,30-25,00 252 400

Fluoranteno 25,00-26,50 238 420

Pireno 26,50-29,00 280 389

Criseno 29,00-32,00 260 380

Benzo(b)fluoranteno 32,00-40,00 238 398

Benzo(k)fluoranteno 32,00-40,00 238 398

Benzo(a)pireno 32,00-40,00 238 398

Gradiente da Fase Móvel ACN:Água

30 30

77 77

100 100

30

0

20

40

60

80

100

0 5 20 25 30 35 40

tempo de corrida(min)

%A

CN

Figura 10 - Diagrama da Programação da Fase Móvel

27

A especificidade pode ser confirmada pelo estabelecimento dos tempos de

retenção e espectros de fluorescência excitação e emissão máxima, através da injeção

individual dos 11 HPAs padrões.

5.1.9 – Preparo da Solução-Padrão de HPAs

Uma solução estoque contendo os 11 padrões de HPAs foi preparada de acordo

com concentrações conhecidas de cada analito estabelecidas em um catálogo que

mostrava suas concentrações em uma mistura dos 16 HPAs prioritários da EPA e a

partir dela foram feitas todas as diluições necessárias para o estabelecimento das curvas

analíticas. As concentrações dos 11 padrões na solução estoque foram (em µg/mL):

Naftaleno (498,0), Acenafteno (218,0), Fluoreno (102,0), Fenantreno (50,0), Antraceno

(25,0), Fluoranteno (49,4), Pireno (111,4), Benzo(b)fluoranteno (26,0),

Benzo(k)fluoranteno (23,0), Benzo(a)pireno (56,8) e Criseno (51,4). Foram preparados

50,0 mL da solução estoque diluindo-se os padrões em uma mistura de

acetonitrila/metanol (90:10). Desta solução foram preparadas soluções para as curvas

analíticas.

5.1.10 – Curvas Analíticas

Depois de estabelecidas as condições cromatográficas de análise, com a

separação de sete dos onze padrões de HPAs, identificou-se cada hidrocarboneto

policíclico aromático nos cromatogramas da mistura de padrões de acordo com

BARONCELLI (1999). As curvas de analíticas foram estabelecidas pela regressão

linear de no mínimo 6 pontos para diferentes concentrações dos analitos e as respectivas

respostas em área dos picos cromatográficos. As concentrações utilizadas são descritas

na tabela 6. Foram preparadas 12 diluições no total, sendo as curvas analíticas ajustadas

de acordo com os pontos que garantiram melhor linearidade.

28

Tabela 6 - Concentração, em µg/mL, dos HPAs nas doze soluções preparadas para as curvas analíticas

HPAs C i CC1 CC2 CC3 CC4 CC5 CC6 CC7 CC8 CC9 CC10 CC11 CC12

Naftaleno 498,00 0,40 0,49 0,62 0,79 0,99 1,24 1,99 2,49 4,98 9,96 19,92 24,90

Acenafteno 218,00 0,17 0,21 0,27 0,35 0,44 0,54 0,87 1,09 2,18 4,36 8,72 10,90

Fluoreno 102,00 0,08 0,10 0,13 0,16 0,20 0,25 0,41 0,51 1,02 2,04 4,08 5,10

Fenantreno 50,00 0,04 0,05 0,06 0,08 0,10 0,12 0,20 0,25 0,50 1,00 2,00 2,50

Antraceno 25,00 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,10 0,12 0,25 0,50 1,00 1,25

Fluoranteno 49,40 0,04 0,05 0,06 0,07 0,01 0,12 0,20 0,25 0,49 0,99 1,98 2,50

Pireno 111,40 0,09 0,11 0,14 0,18 0,22 0,28 0,45 0,56 1,11 2,23 4,46 5,57

Criseno 51,40 0,04 0,05 0,06 0,08 0,10 0,13 0,21 0,26 0,51 1,03 2,06 2,57

BbF 26,00 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,10 0,13 0,26 0,52 1,04 1,30

BkF 23,00 0,01 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,09 0,11 0,23 0,46 0,92 1,15

BaP 56,80 0,04 0,06 0,07 0,09 0,11 0,14 0,23 0,28 0,57 1,14 2,27 2,84

Ci – Concentração inicial dos HPAs na solução estoque (Baseado em Standard Mix 16 PAHs - SUPELCO)

CC – Concentrações na Curva (diluídas a partir da solução estoque para estabelecimento das curvas analíticas)

29

As equações das regressões lineares produzidas foram utilizadas para a

determinação das concentrações nos extratos e cálculos da concentração nas

amostras.

5.1.11 - Cálculo do Índice de Recuperação

A exatidão de um método é definida pelo INMETRO como sendo a

concordância entre o resultado de um ensaio e o valor de referência aceito como

convencionalmente verdadeiro. A exatidão, quando aplicada a uma série de

resultados de ensaio, implica numa combinação de componentes de erros aleatórios e

sistemáticos (tendência). A determinação da tendência total com relação aos valores

de referência apropriados é importante no estabelecimento da rastreabilidade aos

padrões reconhecidos. A tendência pode ser expressa como recuperação analítica

(valor observado / valor esperado). A tendência deve ser corrigida ou demonstrada

ser desprezível, mas em ambos os casos, a incerteza associada com a determinação

da tendência permanece como um componente essencial da incerteza global. Os

processos normalmente utilizados para avaliar a exatidão de um método são, entre

outros: uso de materiais de referência, participação em comparações

interlaboratoriais e realização de ensaios de recuperação (INMETRO, 2003).

A necessidade de se mostrar a exatidão de medições químicas, através de sua

comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade, está sendo cada vez mais

reconhecida e exigida. A validação de um método analítico deve garantir, através de

estudos experimentais, que o método atenda às exigências das aplicações analíticas,

assegurando a confiabilidade dos resultados. É essencial que os estudos de validação

sejam representativos e conduzidos de modo que a variação da faixa de concentração

e os tipos de amostras sejam adequados (COLLINS et al., 2004).

Não estava disponível um material de referência certificado que se

assemelhasse às condições das amostras de sedimentos usadas neste trabalho.

Portanto, para o estabelecimento da exatidão do método fez-se necessário o estudo

para determinação dos índices de recuperação dos analitos. Segundo o INMETRO

(2003) a recuperação do analito pode ser estimada pela análise de amostras

adicionadas com quantidades conhecidas do mesmo (spike ou surrogate). As

amostras podem ser adicionadas com o analito em pelo menos três diferentes

30

concentrações, por exemplo, próximo ao limite de detecção, próximo à concentração

máxima permissível e em uma concentração próxima à média da faixa de uso do

método. A limitação deste procedimento é a de que o analito adicionado não está

necessariamente na mesma forma que a presente na amostra. A presença de analitos

adicionados em uma forma mais facilmente detectável pode ocasionar avaliações

excessivamente otimistas da recuperação.

Neste trabalho utilizou-se a técnica de adição de uma quantidade conhecida

dos analitos (spike) em duas concentrações nas amostras de sedimento seco coletadas

no ponto 4 da segunda coleta, que apresentou melhores resultados para as

concentrações no sedimento não contaminado (branco). Os índices de recuperação

deveriam ser estabelecidos pelas diferenças entre as concentrações nas amostras

puras e o percentual de recuperação dos valores adicionados.

Antes do preparo das duas soluções de contaminação, fez-se uma estimativa

dos valores de concentração esperados no sedimento sem adição dos padrões de

HPAs. Através dos resultados encontrados, calculou-se as razões que deveriam ser

adicionadas. Sendo uma com adição de cerca de 50% (spike 1) e 75% (spike 2) em

relação às concentrações estimadas do sedimento sem contaminação.

Preparou-se duas soluções (50 mL cada) em acetonitrila com concentrações

conhecidas dos HPAs. Devido à falta de quantidade suficiente do padrão do criseno

este não foi avaliado. Estas soluções foram adicionadas a 40g da amostra de

sedimento preparada em Beckers de 250 ml. As amostras foram homogeneizadas e o

de solvente evaporado em uma estufa à temperatura constante de 40ºC e por 12 horas

aproximadamente. Nestas condições houve a completa evaporação da acetonitrila.

Após a secagem, o material foi homogeneizado com o auxilio de um pistilo

de vidro e deste foram separadas quatro alíquotas, sendo que três delas foram

utilizadas no procedimento de extração.

Realizou-se as extrações soxhlet do sedimento preparado, do sedimento

preparado adicionado com a solução dos padrões 1 (spike 1) e do sedimento

preparado adicionado com a solução dos padrões 2 (spike 2).

31

5.2 – Avaliação dos Parâmetros Físico-Químicos da Àgua 5.2.1 – Preparo dos Frascos de Coleta

Os frascos utilizados para coleta das amostras de água foram as garrafas de

plástico tipo PET com capacidade volumétrica de 2000 mL. Os recipientes tiveram

seus rótulos retirados, foi feita escovação com detergente e enxágüe dos mesmos em

água corrente até retirar todo o excesso de detergente. Posteriormente realizou-se a

lavagem com água destilada repetindo o processo por 5 vezes.

5.2.2 – Coleta das Amostras de Água

As amostras de água foram coletadas nos mesmos pontos e dias das coletas de

sedimento. A coleta foi realizada através da imersão do frasco coletor na parte

central do leito do ribeirão e em seguida transferidas para os frascos de coleta,

através de um funil de plástico. O volume coletado das amostras de água em cada

ponto e coleta foi de 2L, armazenados em frascos PET deste volume.

A água foi recolhida da superfície do fluxo, em contra corrente. Antes de

recolher a amostra para análise, o frasco coletor foi homogeneizado com água do

ribeirão por três vezes. O frasco receptor da amostra (PET 2L) também foi

enxaguado por três vezes antes da coleta definitiva. Durante a coleta, os frascos

foram mantidos refrigerados pelo acondicionamento em caixas de isopor contendo

gelo para a preservação das amostras para a avaliação de vários parâmetros. No

laboratório, foram mantidas sob refrigeração em geladeira, dentro do prazo de

validade dos ensaios, antes de serem submetidas às análises.

5.2.3 – Parâmetros Analisados

A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros,

que traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Foram

avaliados os seguintes parâmetros: alcalinidade, cloreto, condutividade, cor, dureza,

metais, nitrato, nitrito, resíduos sedimentáveis, sulfato, amônia, turbidez, OD e pH.

32

Através das análises físico-químicas foi possível levantar um diagnóstico da

qualidade das águas nos pontos estudados.

As metodologias para análise de cada parâmetro foram baseadas na American

Public Health Association (APHA, 1998). A ordem de execução das análises foi

seguida tendo como referência o tempo máximo para que cada uma seja realizada. A

tabela 6 a seguir mostra os dados para cada parâmetro a ser analisado.

Tabela 7 - Parâmetros, tempos de análise, preservação e quantidades das amostras

(AGUDO et al., 1987; GREEBERG et al, 1992)

Parâmetro Tempo p/ análise

Preservação Volume amostra (mL)

Alcalinidade 24 h Refrigeração 200 Cloreto 14 dias Não há 200

Condutividade no local - - Cor 24 h Refrigeração 200

Dureza 7 dias Refrigeração 200 Metais 180 dias HNO3, pH<2* 1000

Nitrato 24 h Refrigeração, pH<2

(H2SO4)* 200

Nitrito 48 h Refrigeração 200 Resíduos

Sedimentáveis 7 dias Refrigeração 1000

Sulfato 7 dias Refrigeração 200

Amônia 7 dias Refrigeração, pH<2

(H2SO4)* 500

Turbidez 24 h/48 h Refrigeração - OD no local - - pH no local - -

* A faixa de pH<2 foi obtida adicionando-se 1 mL de ácido para cada litro de

amostra.

5.2.4 – Medidas de Vazão

O procedimento adotado para a determinação da vazão foi o método do

flutuador (LACERDA, 2004), como descrito a seguir.

I – Esticam-se duas cordas atravessadas com distância conhecida entre elas e

amarradas em estacas cravadas nas margens e em posição perpendicular ao eixo da

vala ou do córrego (ver figura 11). Por baixo das cordas mede-se a profundidade do

33

rio em dez locais diferentes (cinco em baixo de cada corda) e calcula-se a

profundidade média.

II – Mede-se a largura do rio em metros (m).

III – Calcula-se a área (A) da seção do rio:

LhA ×=

Onde:

A = área média da seção transversal do rio, em metros quadrados (m²)

h = profundidade média do rio, em metros (m)

L = largura do rio, em metros (m)

VI – Mede-se a velocidade média (V ) do rio.

Para isto, utiliza-se um flutuador (por exemplo, uma garrafa com água pela

metade). Joga-se o flutuador no rio antes da primeira corda e mede-se o tempo (em

segundos) gasto para o flutuador percorrer a distância entre as duas cordas esticadas.

A velocidade do flutuador é convertida em velocidade média do rio usando-se um

coeficiente de redução, que comumente é 0,85 para flutuador superficial.

tCVFlutuador = FlutuadorRio VV ×= 85,0

Onde:

FlutuadorV = velocidade do flutuador, em m/s

C = distância entre as cordas, em metros (de 4 a 5 vezes a largura do rio)

t = tempo gasto pelo flutuador para ir de uma corda a outra, em segundos (s)

RioV = velocidade média do rio, em m/s

V – Calcula-se a vazão (Q) em m³/s pela fórmula:

RioVAQ ×=

34

Figura 11 - Cálculo da Vazão (flutuador)

5.3 – Avaliação dos Metais e Outros Elementos Químicos em Água 5.3.1 – Preparo dos Frascos de Coleta

A limpeza dos frascos de vidro foi realizada utilizando água e detergente. Os

frascos, as tampas e os batoques foram colocados em um recipiente de grande

volume, mergulhados numa solução água+detergente e deixados de “molho” por

cerca de três semanas. Foi feita a troca periódica da solução durante o tempo de

limpeza. Posteriormente, os frascos foram esvaziados e enxaguados em água de

torneira até eliminar todos os resíduos de detergente. Em seguida, foram enxaguados

com água destilada para garantir a completa descontaminação.

Para avaliação de metais, os frascos coletores receberam tratamento

diferenciado. Após a lavagem com água e detergente, colocou-se ácido clorídrico 1:1

até a metade do frasco, tampou-se e agitou-se energicamente; esvaziou-se o frasco e

enxaguou-se cinco vezes com água destilada. Procedeu-se da mesma maneira com as

tampas (AGUDO, 1987).

5.3.2 – Coleta das Amostras de Água

Para cada um dos quatro pontos amostrados, foram coletados 1000 mL de

água para análise de metais nos mesmos pontos e dias das coletas de sedimento. A

coleta foi realizada como descrito em (5.2.2) para as análises físico-químicas. Com o

auxílio do funil, transferiram-se as amostras de água para os frascos âmbar de 1000

mL. Os frascos foram estocados em caixas de isopor contendo gelo até a chegada ao

laboratório, assegurando a preservação das propriedades físico e químicas das

35

amostras. As amostras aquosas para avaliação de metais foram filtradas, acidificadas

com ácido nítrico (HNO3) até um pH<2, que foi atingido adicionando-se 1 mL do

ácido para cada litro de água. Em seguida foram transferidas para frascos (PET) 50

mL que foram estocados em freezer até a análise via ICP-OES. As amostras foram

analisadas em um aparelho da marca Spectro (Spectro Ciros CCD Radial). Na tabela

7 abaixo são apresentados os comprimentos de onda e os limites de quantificação

para cada elemento:

Tabela 8 - Parâmetros das análises por ICP-OES

Elemento λ (nm) L.Q (µg/mL) Al 396.152 10.80 As 193.759 150.5 Ba 455.404 0.3907 Be 234.861 0.3637 Ca 422.673 0.00981 Cd 226.502 4.914 Co 228.615 25.23 Cr 267.716 8.503 Cu 324.754 4.716 Fe 259.940 7.681 K 766.490 0.1030 Li 670.784 0.7409

Mg 285.213 0.00155 Mn 257.610 1.754 Mo 202.030 32.25 Na 589.592 0.01687 Ni 41.476 38.06 P 213.618 0.1351 S 180.731 0.01352 Sc 361.384 0.4477 Si 251.612 0.00644 Sn 189.991 95.28 Sr 407.771 0.1037 Ti 334.941 10.35 V 292.402 7.591 Y 360.073 1.855 Zn 213.856 3.980

36

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 – Amostras Aquosas

6.1.1- Análises Físico-Químicas

Na tabela 9, são apresentados os dados obtidos e os limites máximos

permitidos para cada parâmetro de acordo com a Resolução CONAMA 357, de 17 de

Março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para seu enquadramento. Foram considerados os limites estabelecidos por

esta resolução para as águas doces de Classe 1. De acordo com os dados obtidos

pode-se afirmar que, de um modo geral, os parâmetros físico-químicos se

encontraram dentro dos limites estabelecidos por esta resolução.

Para alguns casos específicos, verificou-se o não atendimento aos limites do

CONAMA, como foi o caso do oxigênio dissolvido. Para os pontos 1 (2º coleta) e

para os pontos 3 e 4 (3º coleta) os valores encontrados para OD estão fora dos

padrões estabelecidos para estas amostras. O maior consumo de oxigênio nos pontos

citados pode estar relacionado com o despejo de algum efluente de alto teor de

matéria orgânica que esteja contaminando as águas. Foram encontrados valores de

turbidez acima do limite para as amostras da segunda coleta, fato que pode estar

relacionado com o período de chuvas. Também foram verificadas amostras com

elevados valores no parâmetro cor e uma maior vazão do leito do rio para a segunda

coleta. Apesar de estarem dentro do limite da resolução 357, os teores de nitrito e

nitrato aumentaram no sentido a jusante do rio, pontos 3 e 4, confirmando a

contribuição dos lançamentos de esgotos nas águas do ribeirão. Elevados valores de

alcalinidade foram encontrados nas amostras da terceira coleta, principalmente nos

pontos 1 e 2. Os valores de cloreto são altos, em geral, nos dois primeiros pontos

amostrados. A dureza apresentou valores altos principalmente para os dois primeiros

pontos na segunda coleta. Os valores de sulfato variaram na primeira e terceira

coletas em um patamar mais elevado que na segunda. Os maiores valores foram

identificados nos pontos 1 e 2 na primeira campanha de amostragem. O

comportamento do pH foi de ligeiramente ácido, passando pela neutralidade e a

tendência ao pH alcalino nas 3 coletas.

37

Tabela 9 - Resultados das análises físico-químicas de água

N.C – Parâmetros que não constam na Resolução CONAMA 357; N.A - Parâmetro não avaliado ou não possível de se medir; *

1 - microsimens/centímetro; *2 - Não foi medida a vazão na primeira coleta.

1º Coleta 2º Coleta 3º Coleta Parâmetro Unidade CONAMA

357 Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

pH - 6,0-9,0 6,81 6,62 6,52 6,62 7,55 7,40 7,41 7,28 8,86 8,92 8,89 8,19 OD mg/L ≥6,0 N.A N.A N.A N.A 5,9 7,9 7,2 6,1 6,9 7,5 5,8 5,2

Condutividade µs/cm*1 N.C 186 184 153 158 1480 1660 670 650 995 970 592 4480

Turbidez NTU ≤40,0 13 39 23 43 33 153 189 101 18 11 11 27 Cor Hazen ≤ 75 31 16 15 23 20 28 50 42 34 32 28 37

Alcalinidade mg/L de CaCO3

N.C 32,23 29,00 38,67 41,33 95,50 81,00 65,50 69,50 272,50 253,00 161,00 124,50

Nitrito ppb em

N 1000 1,255 0,136 0,384 6,976 12,80 27,60 39,40 124,9 10,30 9,50 43,00 196,3

Nitrato ppm em

N 10,0 1,308 0,059 0,083 0,230 0,130 0,460 0,760 2,040 0,250 0,240 1,030 4,210

Sólidos Sedimentáveis

mL/Lxh N.C 0,01 0,10 0,20 0,02 0,01 0,40 1,20 0,40 0,00 0,00 0,00 0,05

Dureza CaCO3 N.C 30 28 36 36 180 166 112 92 62 42 47 57 Cloreto mg Cl-/L 250 mg/L N.A N.A N.A N.A 13,0 13,0 3,75 4,25 10,7 9,75 5,00 5,50 Amônia mg/L N.C N.A N.A N.A N.A 0,58 0,37 0,44 0,41 0,42 0,45 0,52 0,45 Sulfato ppm 250 mg/L 36,7 37,0 24,3 20,9 5,49 4,68 2,64 3,14 8,77 25,3 28,8 19,2 Vazão m3/s - *2 0,99 0,53

38

6.1.2- Análises de Metais e Outros Elementos Químicos

Os valores de concentração dos metais analisados por ICP-OES são

apresentados na Tabela 9. Os limites máximos permitidos, segundo a Resolução

CONAMA nº. 357 de 17 de Março de 2005, para a concentração de metais em águas

doces de Classe 1, foram comparados com os resultados encontrados para o presente

trabalho.

Teores elevados de Alumínio foram observados na maioria dos pontos

amostrados e em todas as campanhas de coleta, sendo que no ponto 3 da 2º coleta o

valor encontrado foi superior em cerca de 10 vezes o valor máximo permitido para este

metal. Estes valores podem ser explicados pela concentração natural de alumínio em

minerais da região, como a bauxita ou pela presença da fábrica de alumínio.

Arsênio foi encontrado acima do limite estabelecido para os pontos 2 e 4 da 1º

coleta sendo que neste último ponto o valor estava cerca de 4 vezes acima do máximo

estabelecido pela resolução no 357. Estes valores são preocupantes, porém podem ser

explicados pela formação geológica da região, com presença de arseno-piritas dentre

outros minerais.

As concentrações de cobre foram elevadas para todos os pontos da 1º coleta e

para o ponto 2 da 2º coleta que pode estar relacionado com lançamento de efluentes

contendo metais nas águas do ribeirão.

Algumas amostras apresentaram concentrações elevadas no teor de ferro. Para

todos os pontos amostrados e em todas as coletas, os níveis de manganês presentes nas

amostras foram superiores aos limites estabelecidos pelo órgão ambiental. Estes valores

podem ser explicados pela formação de complexos minerais ferríferos presentes na

região de Ouro Preto.

Os valores de concentração de fósforo aumentam nos pontos 3 e 4 o que

confirma a presença de esgotos lançados no ribeirão. Estes pontos se encontram a

jusante das várias emissões de esgoto na cidade de Ouro Preto.

Foi avaliada a presença de chumbo nas amostras aquosas apenas na primeira

coleta. Os valores encontrados indicam valores bastante superiores aos limites do

CONAMA. Isto pode indicar que o Ribeirão do Funil vem sendo contaminado por

efluentes que contêm metais tóxicos.

39

A presença de alguns metais e outros elementos químicos nas amostras

analisadas em concentrações superiores aos máximos estabelecidos pela resolução

CONAMA 357 confirma a baixa qualidade das águas do ribeirão no trecho avaliado e

indica fontes que contribuem para a degradação ambiental desta região.

40

Tabela 10 - Concentração dos Metais nas Amostras Aquosas do Ribeirão do Funil 1º Coleta 2º Coleta 3º Coleta Metal Unidade CONAMA

357 P1 P 2 P3 P4 P1 P2 P3 P 4 P1 P 2 P 3 P 4

Al µg/L 100 53 158 40 117 216 339 1053 529 254 260 374 211 As µg/L 10 7,42 12,93 <3,89 39,08 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ Ba µg/L 700 18,64 22,83 29,59 42,01 13,37 18,60 36,92 38,69 14,00 14,10 30,80 26,70 Be µg/L 40 0,1142 0,0704 0,0829 0,0871 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ Ca mg/L NE 6,32 6,75 6,98 8,48 54,40 50,50 26,73 24,72 10,60 10,10 10,00 9,71 Cd µg/L 1 3,473 <1,466 <1,466 <1,466 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ Co µg/L 50 <5,39 <5,39 <5,39 <5,39 <LQ <LQ 10,70 7,57 <LQ <LQ <LQ <LQ Cr µg/L 50 <1,85 6,34 <1,85 3,99 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ Cu µg/L 9 26,47 16,73 10,08 24,98 7,49 26,20 4,54 5,24 6,04 7,64 5,09 6,84 Fe µg/L 300 116,50 72,30 81,90 166,70 145 261 448 387 166 175 164 305 K mg/L NE 1,17 0,88 1,25 1,69 5,76 5,43 3,14 3,40 3,86 3,50 2,59 2,45 Li µg/L 2500 1,57 1,44 1,33 1,76 1,58 1,33 1,33 1,79 1,55 1,43 1,51 1,96

Mg mg/L NE 2,71 2,68 2,82 3,03 2,28 2,21 2,95 2,67 2,78 2,72 3,25 3,05 Mn µg/L 100 451 699 476 583 376 468 703 710 280 287 347 363 Mo µg/L NE 11,49 7,80 10,53 14,45 31,85 29,42 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ Na mg/L NE 25,16 24,20 17,38 15,72 303 285 117 108 215 195 104 69,70 Ni µg/L 25 1,09 1,88 <0,74 4,73 9,08 9,69 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ P mg/L 0,02 <0,0014 <0,0014 0,017 0,1331 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a

Pb µg/L 10 88,6 160,6 76,9 132,2 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a S mg/L NE 15,57 15,91 8,58 6,86 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a Si mg/L NE 1,11 1,80 1,16 1,22 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a Sn µg/L NE 61,10 <2,06 44,40 50,20 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a Sr µg/L NE 14,85 17,21 18,70 25,60 218 201 100 94 34,62 33,38 28,67 28,11 Ti µg/L NE <2,59 <2,59 <2,59 <2,59 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a V µg/L 100 0,94 0,43 <0,37 <0,37 <LQ <LQ <LQ <LQ 12,72 11,54 <LQ <LQ Zn µg/L 180 82,10 22,78 18,77 27,39 43,03 18,29 18,16 22,43 20,80 25,70 34,70 62,90

<LQ – Valores de Concentração menores que o limite de quantificação do método n.a – Metais não analisados

NE – Limites máximos não estabelecidos pela Resolução CONAMA 357.

41

6.2 – Avaliação dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

6.2.1 – Curvas Analíticas

As concentrações de cada HPA na solução estoque usada no preparo das curvas

analíticas são mostradas na tabela 11. Posteriormente, fizeram-se as devidas diluições

para obtenção dos pontos das curvas analíticas para cada hidrocarboneto policíclico

aromático.

Tabela 11 - Concentrações dos HPAs na solução inicial

Padrão de HPA Concentração (µg/mL)

Naftaleno 498,0

Acenafteno 218,0

Fluoreno 102,0

Fenantreno 50,0

Antraceno 25,0

Fluoranteno 49,4

Pireno 111,4

Criseno 51,4

Benzo(b)fluoranteno 26,0

Benzo(k)fluoranteno 23,0

Benzo(a)pireno 56,8

Os coeficientes angular (a) e linear (b) obtidos para as diversas curvas analíticas

são mostrados na tabela 12. A linearidade das curvas analíticas foi verificada através

dos coeficientes de correlação (R2) que indicam a relação de resposta para cada

concentração do padrão na curva. Com exceção dos compostos que não puderam ser

completamente separados na cromatografia os coeficientes de correlação (R2) foram

superiores a 0,99.

42

Tabela 12 - Coeficientes gerados nas curvas de calibração

Padrão de HPA coeficiente angular (a)

coeficiente linear (b)

coeficiente de correlação (R2)

Naftaleno 6770335,36 1630533,35 1,0000 Acenafteno+fluoreno 8908945,63 1549526,61 0,9783

Fenantreno 4513270,86 182831,61 0,9984 Antraceno 23779470,09 119645,81 0,9967

Fluoranteno 1069026,73 27641,77 0,9992 Pireno 8441503,86 642012,50 0,9923

Criseno 10635307,82 308117,29 0,9990 Benzo(b)fluoranteno 954039,61 2871,84 0,9954 Benzo(k)fluoranteno 9541635,43 40916,46 0,9970

Benzo(a)pireno 3810215,43 - 5923,97 0,9980

Através dos valores obtidos para os coeficientes pode-se dizer que as curvas

analíticas para os padrões de HPAs apresentaram uma boa linearidade. Para os padrões

de acenafteno e fluoreno, que coeluiram na coluna cromatográfica, o valor de

linearidade foi 0,97. Isto é justificado pela má resolução dos picos. Apesar da má

resolução nos picos correspondentes aos compostos benzo(b)fluoranteno e

benzo(k)fluoranteno nas condições cromatográficas usadas, suas concentrações foram

calculadas através da integração dos picos com o ajuste da linha de base.

A identificação dos picos correspondentes e ordem de eluição dos padrões no

cromatograma, conforme descrito na parte experimental, foi estabelecida de acordo com

(BARONCELLI et al., 1999) e confirmada pela injeção dos padrões individuais. Na

figura 12 é mostrado o cromatograma de uma mistura de padrões em uma das

concentrações da curva. Nesta figura são observados os onze compostos estudados, a

ordem de eluição deles e os seus tempos de retenção. Conforme descrito por (WISE

etal., 1993) e confirmado por (BARONCELLI et al., 1999) a coluna nas condições

utilizadas não separa os compostos Acenafteno+Fluoreno e não resolve completamente

os compostos Benzo(b)fluoranteno+Benzo(k)fluoranteno.

43

Figura 12 - Identificação dos 11 Padrões e tempos de retenção dos HPAs

A seguir são mostradas as curvas analíticas para os onze compostos estudados

no presente trabalho. Nelas são dadas também as equações de regressão linear para cada

HPA avaliado:

y = 8908945,6313x + 1549526,6112R2 = 0,9783

y = 5E+06x + 182832

R2 = 0,9984

y = 1069026,73x + 27641,77R2 = 1,00

y = 3810215,43x - 5923,97R2 = 1,00

-3000000

2000000

7000000

12000000

17000000

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Concentração (µg/mL)

Áre

as

ACE+FLUO PADRÃO

FENANTRENOPADRÃO

FLUORANTENOPADRÃO

BAP PADRÃO

Figura 13 - Curvas Analíticas: Acenafteno+fluoreno, Fenantreno, Fluoranteno e Benzo(a)pireno

44

y = 23779470,0926x + 119645,8129R2 = 0,9967

y = 6770335,36x + 1630533,35R2 = 1,00

y = 954040x + 2871,8R2 = 0,9954

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

30000000

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Concentração (µg/mL)

Áre

as

ANTRACENO PADRÃO

NAFTALENO PADRÃO

BBF PADRÃO

Figura 14 - Curvas Analíticas: Antraceno, Naftaleno e

Benzo(b)fluoranteno

y = 8441503,8648x + 642012,5005R2 = 0,9923

y = 10635307,82x + 308117,29

R2 = 1,00

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

30000000

0 1 2 3 4

Concentração (µg/mL)

Áre

as

PIRENO PADRÃO

CRISENO PADRÃO

Figura 15 - Curvas Analíticas: Pireno e Criseno

45

As curvas analíticas foram utilizadas para todas as amostras. Como as análises

foram realizadas em dias diferentes estas tiveram que ser corrigidas pelas áreas dos

picos dos padrões em dois pontos da curva. Esta correção diária foi realizada injetando-

se triplicatas de duas concentrações da mistura de HPAs e foram obtidos os fatores de

correção diários. Os resultados obtidos foram ajustados com base nos fatores de

correção do dia da análise.

6.2.2 – Cálculo do Índice de Recuperação

Conforme descrito na parte experimental, foram definidas duas faixas de

concentração conhecidas (spikes 1 e 2 ) para se estimar os valores de recuperação de

cada HPA pelo método de extração soxhlet Na tabela 13 são mostrados os valores das

concentrações (ng/g) das soluções de contaminação adicionadas ao sedimento.

BkF Padrão

y = 9541635,4312x + 40916,4583

R2 = 0,9970

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

12000000

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Concentração (µg/mL)

Áre

as

Figura 16 - Curva Analítica do Benzo(k)fluoranteno

46

Tabela 13 - Concentração dos padrões de HPAs adicionados ao sedimento nas duas

contaminações

Padrão Spike 1 (ng/g) Spike 2 (ng/g) Naftaleno 434,00 694,4

Acenafteno 61,60 123,2 Fluoreno 63,36 101,38

Fenantreno 324,00 518,4

Antraceno 14,78 36,96 Fluoranteno 604,00 966,4

Pireno 384,00 614,4 BbF 1018,00 1628,8 BkF 400,00 640 BaP 312,00 499,2

Nota-se que as concentrações dos padrões de acenafteno e fluoreno foram dadas

isoladamente, mas elas se encontram avaliadas de forma simultânea no cromatograma

devido a sua co-eluicão. Para os cálculos, considerou-se como sendo o sinal

representativo da área dado pela soma de suas concentrações.

Todos os experimentos foram realizados em triplicatas, tanto para as duas

concentrações dos spikes quanto para o sedimento sem contaminação.

A tabela 14 mostra os valores dos percentuais de recuperação do método soxhlet

para cada composto:

Tabela 14 - Recuperação das extrações soxhlet para o spike 1

HPA C

branco(ng/g) m

adic.S1(ng/g)

C spike1(esp)

ng/g

C spike1(enc.)

ng/g % rec

Naftaleno <ld 434,00 434,00 <ld - Ace+fluo <ld 124,96 124,96 30,34 24,28

Fenantreno 211,92 324,00 535,92 252,31 47,08 Antraceno 23,84 14,78 38,62 19,83 51,35

Fluoranteno 334,26 604,00 938,26 622,55 66,35 Pireno 59,45 384,00 443,45 56,91 12,83 BbF 523,56 1018,00 1541,56 1278,81 82,96 BkF 121,16 400,00 521,16 616,21 118,24 BaP 4,78 312,00 316,78 573,88 181,16

C branco: Concentração do sedimento bruto sem contaminação por HPAs

m adic. : massa de cada HPA na solução de contaminação adicionada ao sedimento

47

esp : concentração esperada para um rendimento de 100%

enc : concentração real encontrada

% rec: percentual de recuperação do método soxhlet

Tabela 15 - Recuperação das extrações soxhlet para o spike 2

HPA C branco m adic.S2(ng/g) C spike2(esp) C spike2(enc.) % rec Naftaleno <ld 694,40 694,40 <ld - Ace+fluo <ld 224,58 186,56 <ld -

Fenantreno 211,92 518,40 730,32 395,02 54,09 Antraceno 23,84 36,96 60,80 29,36 48,28

Fluoranteno 334,26 966,40 1300,66 784,01 60,28 Pireno 59,45 614,40 673,85 119,40 17,72 BbF 523,56 1628,80 2152,36 1793,41 83,32 BkF 121,16 640,00 761,16 723,11 95,00 BaP 4,78 499,20 503,98 467,44 92,75

Os resultados obtidos dos índices de recuperação foram bastante discrepantes em

relação aos compostos e também em relação às triplicatas. Por se tratar de um método

de referência, esta discrepância não era esperada para o procedimento de extração por

sohxlet Estes resultados, no entanto, não invalidam a precisão dos resultados. A

explicação para a variação nos resultados das triplicatas pode estar na própria

composição da amostra. Os sedimentos analisados são matrizes muito complexas e

provavelmente pela hidrofobicidade dos HPAs estes estavam dispersos de maneira não

uniforme nas amostras. Esta hipótese pode ser corroborada pela variação nos valores

das concentrações das triplicatas da amostra sem adição de padrões, usada nos testes de

recuperação, que apesar da passar pelo procedimento de homogeneização física

(moagem, homogeneização e quarteamento) apresentaram valores de concentração

variando entre 12,72 a 135,08 ng/g para o pireno por exemplo. Os valores das triplicatas

das amostras das três campanhas também apresentam variações significativas.

Considerando-se ainda a variação nos dados do teste de recuperação, observa-se

que a variação dos resultados nas amostras adicionadas (spikes 1 e 2) foram menores.

Estes dados também corroboram a hipótese da não homogeneidade química das

amostras. Como nas amostras adicionadas (spike 1 e 2) foi adicionado, a 40 gramas de

amostra, uma solução 50 mL de acetonitrila, o solvente agiu na dissolução dos HPAs na

amostra. Pode-se afirmar que, neste caso, a adição da solução de HPAs e o processo de

48

homogeneização em fase líquida garantiram amostras com maior homogeneidade e

portanto, maior repetibilidade de resultados.

Baixos índices de recuperação eram esperados em compostos mais voláteis, de

menor número de anéis aromáticos, como o naftaleno. As várias etapas necessárias ao

preparo dos extratos: secagem da amostra; extração soxhlet; concentração e evaporação

de solventes; e “clean up” podem levar a perdas significativas dos compostos com

maior pressão de vapor.

Por outro lado, os dados obtidos na etapa de cromatografia (CLAE) foram

bastante repetitivos, em termos de variabilidade para as áreas dos picos, mesmo quando

realizados em dias diferentes. Isto pode ser observado nos dados das curvas analíticas,

que apresentam boa linearidade e dados repetitivos nos valores de áreas dos padrões de

ajuste das curvas em diferentes dias.

Diante do apresentado acima, os resultados analíticos para as amostras das três

campanhas devem ser considerados como a média das determinações, pois mesmo após

as etapas de homogeneização física, não foi possível garantir a homogeneidade química.

A amostragem, neste caso, deve ser considerada como amostragem composta e

os teores de HPAs nas amostras dados pelas médias das determinações.

6.2.3 – HPAs nas Amostras Ambientais

Através dos cromatogramas dos padrões com os tempos de retenção de cada

composto, foi possível identificar cada HPA presente na amostra e os valores das suas

respectivas áreas foram usados como dados para sua quantificação. Nas tabelas 16, 17 e

18, são mostradas as concentrações dos HPAs nas três coletas. Não foi realizada

triplicata para a extração soxhlet das amostras na primeira coleta. Não foram analisados

os HPAs nos pontos 3 e 4 por perdas nas amostras antes da etapa final de preparação.

49

Tabela 16 - Resultados da primeira coleta

HPAs Analisados Pontos

Conc.

ng/g Naph Ace+Fluo Phe Anth Flu Pyr Chr BbFl BkFl BaPy

C1 <ld <ld 32,49 447,71 40,89 <ld 36,94 66,83 12,26 <ld P 1

Cmédia <ld <ld 32,49 447,71 40,89 <ld 36,94 66,83 12,26 <ld

C1 <ld <ld <ld <ld <ld <ld 121,64 269,36 70,95 <ld P 2

Cmédia <ld <ld <ld <ld <ld <ld 121,64 269,36 70,95 <ld

50

Tabela 17 - Resultados das replicatas para a segunda coleta

HPAs Analisados Pontos Conc. ng/g Naph Ace+Fluo Phe Anth Flu Pyr Chr BbFl BkFl BaPy C1 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a C2 220,79 13,50 166,92 43,70 134,41 59,76 96,73 143,70 23,65 6,60 C3 <ld <ld 38,42 27,73 22,30 <ld 7,69 37,34 37,34 <ld

P 1

Cmédia 220,79 13,50 102,67 35,71 78,36 59,76 52,21 90,52 30,49 6,60 C1 <ld <ld 245,18 61,21 391,80 173,50 163,94 428,77 87,22 122,60 C2 <ld <ld 163,56 68,61 196,63 120,52 139,10 259,34 57,18 58,87 C3 <ld <ld 15,88 19,45 46,42 19,10 32,19 49,59 11,28 12,17

P 2

Cmédia <ld <ld 141,54 49,76 211,62 104,38 111,75 245,90 51,90 64,54 C1 <ld <ld 107,43 25,64 358,42 180,30 384,85 1152,55 166,29 159,75 C2 <ld <ld 743,36 189,33 1873,69 1125,80 3866,44 2397,53 899,44 379,88 C3 <ld <ld 1104,03 369,49 3625,33 1428,42 1931,23 3564,37 1959,52 712,16

P3

Cmédia <ld <ld 651,61 194,82 1952,48 911,50 2060,84 2371,48 1008,42 417,26 C1 224,29 224,29 <ld 17,07 86,56 38,05 102,73 149,60 318,42 143,42 C2 254,71 94,89 <ld 31,92 102,17 62,85 136,84 145,43 292,55 41,74 C3 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a

P4

Cmédia 239,50 159,59 <ld 24,49 94,37 50,45 119,78 147,52 305,49 92,58

51

Tabela 18 - Resultados das replicatas para a terceira coleta

HPAs Analisados Ponto

Conc. ng/g Naph Ace+Fluo Phe Anth Flu Pyr Chr BbFl BkFl BaPy

C1 <ld <ld 62,06 49,36 24,34 <ld 20,51 154,33 11,33 <ld

C2 <ld <ld 11,26 21,38 10,22 <ld 15,62 34,14 6,82 <ld P 1

Cmédia <ld <ld 36,66 35,37 17,28 <ld 18,07 94,23 9,08 <ld

C1 <ld <ld 17,17 51,62 10,75 <ld 14,08 47,18 11,01 <ld

C2 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a P 2

Cmédia <ld <ld 17,17 51,62 10,75 <ld 14,08 47,18 11,01 <ld

C1 <ld <ld <ld <ld 11,44 4,21 <ld 11,27 20,09 3,38

C2 <ld <ld <ld <ld 5,35 <ld <ld 9,01 21,15 5,12 P3

Cmédia <ld <ld <ld <ld 8,39 4,21 <ld 10,14 20,62 4,25

C1 <ld <ld <ld <ld <ld <ld <ld 90,81 166,50 30,79

C2 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a P4

Cmédia <ld <ld <ld <ld <ld <ld <ld 90,81 166,50 30,79

52

Nas figuras abaixo são mostradas as variações de concentração para os HPAs ao

longo dos pontos amostrados nas três coletas. Na figura 17 são mostradas as variações

de concentração para os HPAs encontrados nos pontos amostrados para a primeira

coleta. Houve perda de algumas amostras da primeira campanha e não foi possível

realizar os estudos para o terceiro e quarto pontos amostrados. Para o ponto 1, o HPA

encontrado em maior concentração foi o antraceno, sendo detectados também

fenantreno, fluoranteno, criseno, benzo(b)fluoranteno e benzo(k)fluoranteno. Para o

ponto 2, encontrou-se quantidades significativas de criseno, benzo(b)fluoranteno e

benzo(k)fluoranteno sendo este segundo encontrado em maior quantidade. A direção

preferencial dos ventos na região, no sentido leste-oeste, pode ser indicador da presença

destes HPAs em regiões afastadas da fábrica e a montante dela pois este tipo de

contaminante pode ser arrastado por longas distâncias das fontes poluidoras.

Naf

tale

no

Ace+f

luo

Fenan

treno

Antra

ceno

Fluor

ante

no

Pireno

Cris

eno

BbF

BkF

BaP

Ponto 1

Ponto 2

0

100

200

300

400

500

Co

nce

ntr

ação

(n

g/g

)

HPAs analisados

1º Coleta 30/03/05

Ponto 1

Ponto 2

Figura 17 - Concentração dos HPAs na primeira coleta

53

Para a segunda coleta, nota-se um aumento na concentração dos HPAs para o

terceiro ponto de coleta. Através da figura 18 nota-se que para este ponto praticamente

todos os HPAs foram encontrados em elevadas quantidades. Este aumento pode indicar

uma possível contaminação pela fábrica de alumínio, já que o referido ponto de coleta

encontra-se bem próximo a ela e a jusante. Algum material contaminado com os

compostos citados deve estar sendo lançado no corpo d’água e se concentrando no

sedimento. Foi encontrado em maior concentração o benzo(b)fluoranteno. Vale ressaltar

a presença do benzo(a)pireno nestas amostras. O benzo(a)pireno é indicador de fontes

de combustão pois geralmente é formado nos processos de pirólise (QIAO et al., 2006).

Para os demais pontos o que se notou foi uma uniformidade na distribuição dos HPAs

encontrados, porém em menor concentração com relação ao terceiro ponto.

Naf

tale

no

Ace+f

luo

fena

ntreno

antra

ceno

fluor

anten

o

pire

no

crisen

obb

fbk

f

bap

0

500

1000

1500

2000

Co

nce

ntr

ação

(n

g/g

)

HPAs analisados

2º Coleta (Novembro 2005)

Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4

Figura 18 - Concentração dos HPAs na segunda coleta

Para a terceira coleta observou-se uma distribuição mais regular dos HPAs ao

longo dos pontos amostrados e não ficou clara a maior contribuição de um ponto

específico. De acordo com a figura 19, o que se notou foi a maior concentração para

benzo(b)fluoranteno com valores elevados em todos os pontos amostrados. De uma

54

forma geral os valores para os HPAs encontrados na terceira coleta foram bem menores

do que na segunda coleta.

Naf

taleno

Ace

+fluo

fena

ntre

no

antra

ceno

fluor

ante

no

pire

no

crisen

obb

f

bkf

bap

0,00

50,00

100,00

150,00C

on

ce

ntr

ão

(n

g/g

)

HPAs analisados

3º Coleta (Junho 2006)

Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4

Figura 19 – Concentração dos HPAs na terceira coleta

A seguir é mostrado um cromatograma de uma amostra do ponto 2, na segunda

coleta. Nele foi possível identificar todos os 11 compostos estudados.

55

Conforme já foi citado anteriormente, não se consegue separar, nas condições de

trabalho estabelecidas, os HPAs acenafteno e fluoreno. Considerou-se para fins de

cálculos que o pico relativo à mistura destes dois padrões corresponde à soma das

massas dos dois adicionadas à solução-padrão. Nos resultados para as amostras,

também se considera essa hipótese da soma das massas. Tal afirmativa pode estar

errônea. Se analisarmos o pico como sendo uma contribuição da massa dos dois HPAs

em porcentagens iguais, 50% de cada um, estaríamos afirmando que a intensidade de

fluorescência dos dois são iguais. Isto pode não ser uma afirmativa verdadeira. Foi

realizado um experimento para verificação da intensidade dos dois compostos em

questão. Pegaram-se padrões isolados das duas substâncias e analisou-se dentro das

condições estabelecidas para as amostras. Com os resultados gerados pode-se afirmar

que, como já se esperava, os dois co-eluiram no tempo de retenção estimado. Os

cálculos da intensidade de fluorescência indicam que o acenafteno apresenta uma maior

contribuição para o sinal cromatográfico, o que indica que a soma da massa dos dois

pode ser uma decisão equivocada, já que eles contribuem de forma diferente para a

intensidade do pico cromatográfico.

Figura 20 - Cromatograma de uma amostra de sedimento da 2º coleta (Ponto 2) analisada por CLAE, detector de fluorescência. Fase móvel: Acetonitrila/Água. Volume injetado:20 µL. (1)Naftaleno (2)Acenafteno+Fluoreno (3)Fenantreno (4)Antraceno (5)Fluoranteno (6)Pireno (7)Criseno (8)Benzo(b)fluoranteno (9)Benzo(k)fluoranteno e (10)Benzo(a)pireno

56

A presença de alguns HPAs é indicativo de suas origens. A tabela 19 mostra

algumas fontes emissoras de HPAs e os principais compostos emitidos em cada tipo de

fonte

Tabela 19 - Principais HPAs emitidos por algumas fontes (KHALILI etal., 1995 e

MARTENS etal., 1997).

Fontes Emissoras Principais HPAs emitidos

Combustão Diesel fluoreno, naftaleno, acenaftileno, fenantreno e antraceno

Combustão Gasolina naftaleno, fluoreno, benzo(e)pireno, acenaftileno, pireno e acenafteno

Fornos de Coque Naftaleno, acenaftileno, fenantreno, fluoreno, antraceno e fluoranteno

Queima da Madeira Acenaftileno, naftaleno, antraceno, fenantreno, benzo(a)pireno e

benzo(e)pireno

Combustão de Carvão

Mineral criseno e benzo(k)fluoranteno

Veículos a Combustão benzo(g,h,i)perileno, coroneno e fenantreno

Incineração pireno e fluoranteno

Material Particulado

de Estradas fenantreno, fluoranteno e pireno

Combustão de Óleos fluoreno,fluoranteno e pireno

Os HPAs pireno, criseno e benzo(a)pireno são típicos de origem pirogênica,

derivados de combustão incompleta (QIAO et al., 2006).

Comparando algumas fontes emissoras, SU et al., (1998) determinou os HPAs

mais abundantes nos sedimentos de uma bacia da região dos grandes lagos (EUA) que

foram os seguintes compostos: benzo(a)pireno, benzo(b)fluoranteno,

benzo(k)fluoranteno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno e benzo(g,h,i)perileno. Um estudo

da região portuária da França e Espanha apontou altas concentrações de HPAs nos

sedimentos coletados, numa faixa de 1700-8400 ng/g de sedimento. Tal fato deve-se à

intensa atividade de transporte na região avaliada (BAUMARD etal, 1998). Avaliando

os sedimentos de superfície em um rio da China, BIXIAN etal.(2001) determinaram

níveis de concentração total de HPAs na faixa de 4837-7302 ng/g para determinada área

de amostragem. Encontrou-se ainda uma faixa menor para outros locais (1460-2789

57

ng/g) o que foi atribuído à biodegradação e desorção de HPAs de baixa massa

molecular.

A concentração total dos 11 HPAs analisados nas três coletas ao longo dos

quatro pontos de coleta é mostrada na figura 21. Para cada ponto, somaram-se as

concentrações encontradas para os onze compostos nas três campanhas de coleta e

assim foi distribuído para cada ponto de coleta. Nota-se que a concentração variou numa

escala regular para os pontos 1,2 e 4. O ponto três obteve um maior valor para o

somatório das concentrações. O intervalo variou entre o mínimo 1363,12 (ponto 4) até o

máximo de 9616,03 ng/g para o ponto 3. Os maiores valores totais para a soma dos 11

HPAs foram verificadas para os pontos 2 e 3, sendo extremamente elevada neste último

ponto. Uma explicação para tais valores mais elevados, em destaque para o ponto 3, foi

provavelmente devido a contribuição da fábrica de alumínio próxima a este pontos. O

ponto 3 talvez esteja recebendo, além da contribuição por deposição atmosférica, uma

carga de contaminantes levada ao córrego pelos efluentes contaminados e se

depositando sedimentos do ribeirão. No seu trabalho, YAMADA (2006), encontrou

valores variando entre 79,76 ng/g e 219,94 ng/g de HPAs totais nos sedimentos da

represa de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os valores determinados

no presente trabalho para o Ribeirão do Funil, na região estudada, são bem mais

elevados do que os encontrados naquela represa.

Um estudo realizado nos sedimento da baía de Todos os Santos, localizada no

Recôncavo Baiano, apontou níveis bastante elevados nas concentrações de HPAs para

regiões portuárias variando entre 0,9 ng/g a 408629,1 ng/g. Em outros sítios do mesmo

estudo os níveis de concentração foram bastante reduzidos, sendo que nas áreas de

referência os valores de concentração dos HPAs foram de 10,2 ng/g. Os níveis de

poluição são apontados como produtos da pirólise do petróleo na região estudada,

devido as atividades da Petrobrás. Fontes antropogênicas como atividades marinhas

relacionadas à recreação também contribuem para o lançamento de HPAs no ambiente

avaliado (CELINO & QUEIROZ, 2006). As regiões portuárias são conhecidas por

apresentarem níveis extremamente altos na concentração de HPAs (>>100 000 ng/g) e a

fusão do alumínio pode afetar algumas regiões. Um estudo global das concentrações de

HPAs sugere que rios, lagos, estuários, portos e regiões costeiras apresentam diferentes

58

níveis de concentração de HPAs, que variam na faixa de 1 a 760 000 ng/g com

concentração média de 1000-10000 ng/g (YIM etal, 2007)

Os valores encontrados para o Ribeirão do Funil estão bem abaixo das

concentrações encontradas para a região portuária da baía de Todos os Santos, mesmo o

ponto 3 que sugere uma concentração bastante elevada para este estudo não se compara

com aquela região, encontrando-se razoavelmente inferior. Na tabela 20, são dados os

valores correspondentes à soma das médias das concentrações dos 11 HPAs analisados

nos quatro pontos de coleta.

Tabela 20 - Concentrações totais dos 11 HPAs

Concentrações totais dos 11 HPAs analisados (ng/g) Coletas

P1 P2 P3 P4

Coleta 1 637,13 461,95 - -

Coleta 2 690,61 1000,43 9568,41 1040,77

Coleta 3 210,69 151,81 47,62 322,36

Totais (ng/g) 1538,43 1614,19 9616,03 1363,12

59

Os dados da tabela anterior são mostrados graficamente abaixo:

0

2500

5000

7500

10000

Co

nce

ntr

ação

(n

g/g

)

P1

P2

P3

P4

Pontos de Coleta

HPAs totais nas 3 coletas

Figura 21 - Concentração total dos HPAs nos pontos amostrados

Na tabela 21 são mostrados os totais das concentrações de cada HPA nas três

coletas realizadas:

Tabela 21 - Concentração total (ng/g) dos HPAs isolados

HPAs P1 P2 P3 P4 Σ

Naftaleno 220,79 7,639960499 <ld 159,5889 388,02

Ace+fluo 13,50 <ld <ld <ld 13,50

Fenantreno 171,82 160,5198164 651,6064 24,74749 1008,69

Antraceno 518,80 101,3822674 203,2138 94,36922 917,76

Fluoranteno 136,53 231,0367902 1956,689 84,45787 2408,71

Pireno 59,76 104,375812 911,5043 119,7825 1195,42

Criseno 107,22 247,4618857 2070,979 238,3244 2663,99

BbF 251,59 563,3757664 2392,106 471,9824 3679,05

BkF 51,83 133,8525177 1012,67 123,368 1321,72

BaP 6,60 64,54403905 417,2643 46,50194 534,91

60

As concentrações totais dos HPAs nas três coletas realizadas podem ser

visualizadas na figura 22 abaixo. O perfil mostra a variação de concentração entre os

compostos estudados. Com base nos resultados, pode-se afirmar que os HPAs

encontrados em maior quantidade foram: benzo(b)fluoranteno, criseno, fluoranteno,

pireno e benzo(k)fluoranteno sendo que o benzo(b)fluoranteno o de maior concentração

entre eles. A relação entre estas concentrações mais elevadas pode estar correlacionada

com as fontes emissoras destes HPAs na região estudada.

HPAs totais nas 3 Coletas

0

1000

2000

3000

4000

Na

fta

len

o

Ace

+flu

o

Fe

na

ntr

en

o

An

tra

ce

no

Flu

ora

nte

no

Pir

en

o

Cri

se

no

Bb

F

BkF

Ba

P

Co

nc

en

tra

çã

o(n

g/g

)

Figura 22 - Concentração total dos HPAs nas 3 coletas

Outra forma de comparar os resultados obtidos neste trabalho é mostrada na

figura 23. Nela são mostradas as variações de concentração dos HPAs ao longo dos 4

pontos amostrados. Para os pontos 1,2 e 4 percebe-se que houve um comportamento

semelhante entre eles e mais regular com relação à distribuição dos HPAs. Fica

destacado o ponto 3 que mostra as maiores concentrações para os compostos estudados.

Nota-se claramente a elevação na concentração de alguns HPAs como o fenantreno,

fluoranteno, pireno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(k)fluoranteno e

benzo(a)pireno. É importante destacar que o ponto 3 foi o primeiro ponto de coleta à

jusante da fábrica de alumínio, bem próximo desta, que pode estar contribuindo para

este aumento significativo na concentração dos HPAs analisados.

61

As distribuições dos compostos aromáticos diferem de acordo com as fontes de

produção, composição química e temperatura de combustão da matéria orgânica. A

identificação de HPAs de origem pirolítica ou petrogênica podem ser usadas para

diferenciar suas possíveis fontes de acordo com os índices baseados na razão de

concentração de alguns HPAs selecionados. As fontes pirolíticas resultam da combustão

incompleta de combustíveis fósseis e entram no ambiente sorvidos ao material

particulado. As fontes petrogênicas de hidrocarbonetos representam o petróleo e todos

os seus derivados (THORSEN et al., 2004). Uma dificuldade em identificar as origens

dos HPAs é uma possível coexistência de muitas fontes de contaminação e os processos

de transformação que estes compostos podem ser submetidos antes da deposição nos

sedimentos analisados. A escolha da origem é baseada no fato de que a contaminação

petrogênica se deve aos HPAs de baixa massa molecular enquanto que os de alta massa

molecular dominam a distribuição pirolítica de contaminação por HPAs (SOCLO etal,

2000).

Diversos autores utilizam a razão entre os HPAs de baixa massa molecular

(BMM) e alta massa molecular (AMM) na determinação das fontes de origem destes

compostos. Os valores da razão BMM/AMM menores que 1 indicam hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos de origem pirogênica e os valores maiores que 1 indicam origem

petrogênica (SOCLO et al., 2000). Consideraram-se os hidrocarbonetos policíclicos

Distribuição dos HPAs totais nos 4 pontos amostrados

0

600

1200

1800

2400

Na

fta

len

o

Ace

+flu

o

Fe

na

ntr

en

o

An

tra

ce

no

Flu

ora

nte

no

Pir

en

o

Cri

se

no

Bb

F

BkF

Ba

P

Co

nce

ntr

ação

(n

g/g

)

P1

P2

P3

P4

Figura 23 – Perfil da variação de concentração dos HPAs nos 4 pontos de coleta

62

aromáticos de baixa massa molecular aqueles com massa molecular menor que 200

g/mol. Acima deste valor, foram considerados de alta massa molecular. Na tabela 22 são

mostradas as razões entre estes compostos.

Tabela 22- Valores das concentrações (ng/g) dos HPAs para relação BMM/AMM

HPAs P1 P2 P3 P4

Naftaleno 220,79 7,64 <ld 159,59

Ace+fluo 13,50 <ld <ld <ld

Fenantreno 171,82 160,52 651,61 24,75

Antraceno 518,80 101,38 203,21 94,37

Fluoranteno 136,53 231,04 1956,69 84,46

Pireno 59,76 104,38 911,50 119,78

Criseno 107,22 247,46 2070,98 238,32

BbF 251,59 563,38 2392,11 471,98

BkF 51,83 133,85 1012,67 123,37

ΣBMM 924,91 269,54 854,82 278,71

ΣAMM 613,52 1344,65 8761,21 1084,42

BMM/AMM 1,51 0,20 0,10 0,26

A figura 24 mostra os valores desta razão para as amostras de sedimentos

estudadas neste trabalho:

63

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

P1 P2 P3 P4

Pontos de Amostragem

BM

M/A

MM

Figura 24 - Valores da razão BMM/AMM para HPAs nos sedimentos do Ribeirão do Funil

A análise da figura 24 nos indica que houve uma predominância de fontes

pirogênicas na emissão de HPAs no trecho avaliado. Somente no ponto 1 foi possível

verificar a contribuição de fontes petrogênicas no lançamento de HPAs, confirmado

pela figura anterior. Os materiais usados na fabricação do alumínio podem contribuir

tanto como fontes pirolítica quanto petrogênicas.

Vários estudos apontam as razões entre fenantreno/antraceno (Phe/Anth) e

fluoranteno/pireno (Flu/Pyr) como referência na determinação das fontes de emissão de

HPAs. Na tabela 22 foram dados estes valores para as amostras de sedimento do

Ribeirão do Funil:

Tabela 23 - Valores das razões entre fenantreno/antraceno e fluoranteno/pireno

Razão P1 P2 P3 P4

Phe/Anth 0,331186 1,583313 3,206507 0,262241

Flu/Pyr 2,284689 2,213509 2,146659 0,705094

Os valores da razão Phe/Anth menores que 10 indicam predominância de fontes

pirogênicas de emissão de HPAs em um determinado trecho avaliado. Quando a razão

64

entre Flu/Pyr é maior que 1 indica que ocorrem predominância de fontes de origens

pirogênicas (YAMADA, 2006). De acordo com a tabela 22 nota-se que praticamente na

totalidade dos pontos amostrados predominam as origens pirogênicas de emissão de

HPAs na região estudada. Ocorreu uma exceção no ponto 4 onde a razão Flu/Pyr não

apresentou valor superior a 1 indicando que neste caso não se pode atribuir as fontes

pirogênicas. Uma outra forma de visualização foi plotando-se os dados da tabela 22 e

verificou-se graficamente a distribuição citada de acordo com a figura 25 abaixo:

Observa-se de acordo com a figura 25 que para a maioria das amostras de

sedimentos do Ribeirão do Funil no trecho avaliado houve predominantemente a

contaminação por HPAs de origem pirogênica. Notou-se um ponto fora da zona

pirogênica, que foi o ponto 4 sugerindo a contribuição por outro tipo de fonte no caso a

petrogênica.

Neste trabalho não foram feitos testes para se determinar os limites de detecção e

quantificação do método cromatográfico.

0

2,5

5

7,5

10

0 1 2 3 4

Flu/Pyr

Phe/Anth

Figura 25 – Razão entre fenantreno/antraceno e fluoranteno/pireno para a distribuição das fontes de HPAs

65

7. CONCLUSÕES As avaliações dos diversos parâmetros físico-químicos mostraram a baixa qualidade das

águas analisadas.

Elevados valores de alcalinidade foram encontrados nas amostras da terceira coleta,

principalmente nos pontos 1 e 2.

Os valores de cloreto são altos, em geral, nos dois primeiros pontos amostrados.

A cor das águas do Ribeirão do Funil apresentou, quase na totalidade das amostras,

valores baixos, com exceção dos pontos 3 e 4 na segunda coleta.

Outro parâmetro que apresentou valores altos foi a dureza, principalmente para os dois

primeiros pontos na segunda coleta. Isto atribui a característica de águas duras do

ribeirão estudado.

Os teores de nitrato e nitrito foram elevados nos pontos 3 e 4, o que confirma a presença

de esgotos nos locais amostrados, o que também é indicado pelo alto teor de fósforo

nestes pontos.

Os valores de sulfato variaram na primeira e terceira coletas em um patamar mais

elevado que na segunda. Os maiores valores foram identificados nos pontos 1 e 2 na

primeira campanha de amostragem.

A turbidez apresentou valores elevados para a segunda amostragem, o que pode ser

atribuído ao período chuvoso no dia de coleta.

O comportamento do pH foi de ligeiramente ácido, passando pela neutralidade e a

tendência ao pH alcalino nas 3 coletas.

66

Para análise de metais foram encontrados elevados teores para: alumínio, arsênio, ferro,

chumbo, manganês, cálcio, sódio e estrôncio. A presença de metais pesados como:

arsênio, cádmio e chumbo nas amostras evidenciam a toxicidade das águas e sua baixa

qualidade, bem como a influência das fontes poluidoras na região.

Os HPAs encontrados nas diversas amostras de sedimentos do Ribeirão do Funil sugere

que ocorrem variadas fontes de contaminação. Os onze compostos analisados

encontraram-se distribuídos em concentrações variadas nas campanhas de amostragem e

nos 4 pontos coletados. Os resultados apontam para uma heterogeneidade de fontes de

emissão podendo haver contribuição de: combustão do carvão mineral, emissões por

veículos a combustão, material particulado de estrada, já que alguns pontos se localizam

próximo a uma das rodovias que ligam Ouro Preto a Belo Horizonte, combustão de

óleos, combustão de diesel, combustão de gasolina, fornos de coque, queima de madeira

entre outras.

A soma dos HPAs totais sugere um elevado valor para o terceiro ponto de amostragem.

Este ponto se localiza a jusante da fábrica de alumínio e bem próximo a ela o que pode

nos indicar uma suposta contaminação por algumas fontes especificas de emissão de

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos por este tipo de indústria. Nessa fábrica ocorre

tanto a queima de materiais oleosos quanto despejos de resíduos contendo HPAs no seu

ambiente. Os produtos podem estar sendo lançados via atmosférica através da queima e

posterior deposição nas águas do Ribeirão ou por processos de limpeza, carregados pela

chuva ou até mesmo descartados na região onde ocorre uma maior concentração dos

compostos avaliados.

A presença do benzo(a)pireno em algumas amostras de sedimentos sugere uma

preocupação com a contaminação por HPAs no trecho avaliado pois este hidrocarboneto

é conhecido por ter propriedades altamente mutagênicas e carcinogênicas e serve de

alerta com relação aos sérios riscos de degradação ambiental do Ribeirão do Funil.

A avaliação da razão entre HPAs de baixa e alta massa molecular (BMM/AMM), entre

fenantreno e antraceno (Phe/Anth) e a razão entre fluoranteno e pireno(Flu/Pyr),

67

apontaram que a contaminação dos sedimentos para a área estudada se deve

principalmente e na grande maioria por fontes de origem pirogênicas.

Sendo Ouro preto uma cidade de destaque nacional e patrimônio da humanidade, uma

política de melhoria da qualidade de suas águas é indispensável para a manutenção da

qualidade de vida de seus habitantes e da preservação de sua imagem no cenário

turístico que é tão importante para sua economia.

Este primeiro estudo envolvendo HPAs pode contribuir para a avaliação da qualidade

ambiental na região e indicar as fontes de poluição mais significativas, que promovem a

degradação do sistema hídrico estudado afetando a qualidade de suas águas e podendo

comprometer a saúde da população.

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS:

⇒ Propor o desenvolvimento de um método que resulte em melhores rendimentos

dos índices de recuperação, com ensaios de validação mais confiáveis;

⇒ Desenvolver e até mesmo comparar métodos de homogeneização das amostras

que atendam melhor com relação aos resultados esperados;

⇒ Realizar as análises dos HPAs com uma coluna especifica para estes compostos

melhorando a resolução dos picos cromatográficos principalmente para os

isômeros que não se separam e analisar outros HPAs além dos onze estudados;

⇒ Aprofundar a investigação sobre as possíveis fontes de HPAs na região (ar,

água, sedimentos) podendo relacionar as contaminações de uma forma mais

especifica;

68

⇒ Testar outros métodos e solventes de extração de HPAs nas matrizes e até

mesmo compara-los com o método soxhlet, através dos rendimentos de cada

um;

⇒ Analisar os HPAs por outro método cromatográfico como, por exemplo, o

CG/MS.

69

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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77

10. ANEXOS

Anexo I - Cromatogramas

Figura 26 - Cromatograma de uma amostra do ponto 2 (2º Coleta)

Figura 27 - Cromatograma da mistura de Padrões HPAs para Curvas Analíticas. CLAE, detecção por

fluorescência. Lichrospher 100 RP-18 (Merck). Gradiente Acetonitrila:Água.Vinjetado=20 µL. Conc.

(µg/mL): Naph (2,0), Ace (0,9), Fluo (0,4), Phe (0,2), Anth (0,1), Flu (0,2), Pyr (0,4), Chr (0,2),

BbFl (0,1), BkFl (0,1) e BaPy (0,2).

78

Anexo II – Replicatas do teste de validação

Tabela 24 - Concentrações das replicatas para o branco (teste de validação)

Concentrações (ng/g)de sedimento Branco 1 Branco 2 Branco 3 Média

Naftaleno <ld <ld 101,28 101,28 Ace+fluo <ld <ld <ld <ld

Fenantreno 201,57 251,87 182,32 211,92 Antraceno 1,14 0,38 70,01 23,84

Fluoranteno 288,23 443,43 271,11 334,26 Pireno 135,08 30,55 12,72 59,45 BbF 493,24 502,13 575,32 523,57 BkF 129,61 29,13 112,72 121,16 BaP <ld 4,78 <ld 4,78

Figura 28 – Cromatograma de uma amostra de sedimento do ponto 2 (1º Coleta)

79

Tabela 25 - Concentrações das replicatas para o Spike 1

Concentrações (ng/g)de sedimento Spike 1A Spike 1B Spike 1C Média

Naftaleno <ld <ld <ld <ld Ace+fluo <ld <ld 30,34 30,34

Fenantreno 284,05 26,70 220,56 252,31 Antraceno 19,41 <ld 20,25 19,83

Fluoranteno 552,60 87,34 692,50 622,55 Pireno 51,53 57,53 61,68 56,91 BbF 1786,67 320,07 1729,68 1278,81 BkF 868,11 107,84 872,69 616,21 BaP 841,35 55,04 825,24 573,88

Tabela 26 - Concentrações das replicatas para o Spike 2

Concentrações (ng/g)de sedimento

Spike 2A Spike 2B Spike 2C Média Naftaleno <ld <ld <ld <ld Ace+fluo <ld <ld <ld <ld

Fenantreno 335,32 454,72 64,00 395,02 Antraceno 31,11 27,61 4,05 29,36

Fluoranteno 512,59 1055,44 179,74 784,01 Pireno 101,92 140,94 115,33 119,40 BbF 1132,66 2454,16 613,72 1793,41 BkF 605,24 1368,56 195,54 723,11 BaP 277,37 1017,91 107,05 467,44