ANÁLISE DE PACIENTES EXAMINADOS COM BAROPODÔMETRO...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO ANÁLISE DE PACIENTES EXAMINADOS COM BAROPODÔMETRO DIGITAL, RELACIONANDO: IDADE, SEXO, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC), TIPO DE PÉ E QUEIXAS DE DOR, DE AGOSTO DE 2006 A DEZEMBRO DE 2009 THIAGO MINELI OLIVEIRA Caratinga - MG 2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

ANÁLISE DE PACIENTES EXAMINADOS COM BAROPODÔMETRO DIGITAL, RELACIONANDO: IDADE,

SEXO, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC), TIPO DE PÉ E QUEIXAS DE DOR, DE AGOSTO DE 2006 A DEZEMBRO DE

2009

THIAGO MINELI OLIVEIRA

Caratinga - MG

2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

ANÁLISE DE PACIENTES EXAMINADOS COM BAROPODÔMETRO DIGITAL, RELACIONANDO: IDADE, SEXO, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC), TIPO DE

PÉ E QUEIXAS DE DOR, DE AGOSTO DE 2006 A DEZEMBRO DE 2009

THIAGO MINELI OLIVEIRA

Orientador: Prof. Dr. MARCUS VINÍCIUS DE MELLO PINTO

Caratinga – MG

2010

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte do programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, para obtenção do título de Mestre

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THIAGO MINELI OLIVEIRA

ANÁLISE DE PACIENTES EXAMINADOS COM BAROPODÔMETRO DIGITAL, RELACIONANDO: IDADE,

SEXO, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC), TIPO DE PÉ E QUEIXAS DE DOR, DE AGOSTO DE 2006 A DEZEMBRO DE

2009

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, para obtenção do título de Mestre.

___________________________________ _______________________________ Prof. Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto Prof. Dr. Amédis Germano dos Santos (Orientador)

_____________________________________ Prof. Dr. Mário Baraúna.

Examinada a Dissertação em: _____/_____/______

Parecer da Banca:________________________________

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Resumo

É sabido que existem várias fatores que podem interferir no sistema postural. Estes são potencialmente danosos e alguns apresentam alta incidência. As alterações dos pés se enquadram nestes aspectos, e não se tem muita informação sobre seus mecanismos de interferência. No presente trabalho algumas variantes foram selecionadas para serem estudadas: idade, sexo, imc (índice de massa corporal), tipo de pé, e ao mesmo tempo relacioná-las com as queixas de dores dos pacientes, e mais ainda, comparar estas queixas entre grupos etários bem distintos. O objetivo deste trabalho, portanto, foi analisar o perfil cinético-funcional dos indivíduos de diferentes faixas etárias, e, comparar as queixas de dores com variáveis pré-determinadas. O estudo é uma revisão de atendimentos realizados de, Agosto de 2006 a Dezembro de 2009, com 150 indivíduos divididos em 3 grupos de diferentes faixas etárias (10-15; 30-35; 60-65 anos). A coleta de dados contou com um protocolo de avaliação denominado CNT, com um Baropodômetro Digital modelo Footwork, com mais de 2950 sensores do tipo Piezoelétricos, uma balança Digital e uma fita métrica. Nos resultados foi possível observar que a massa corporal sozinha não foi determinante para causar dor, bem como uma ocorrência de 42% de pés Cavos na população estudada, e ainda, que os pés foram causa de queixas de 47 indivíduos ou 60% de todas as queixas de dor. As queixas de dores em pé, joelho e coluna foram estatisticamente significativas quando relacionados às alterações dos pés (p: 0.023, 0.025 e 0.012 respectivamente).

Palavras chaves: Dor. Baropodômetro digital. Postura, pé chato. Deformidades do pé.

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Abstract

It is known there are several factors can interfect in the postural system. Those are potentially harmfull and some have high incidence. The feet disorders are in these respects, and there is not much information about their mechanisms of interference. In the present study some variables were selected for study: age, sex, bmi (body mass index), foot type, and at the same time relating with patients pain complaints, and further compare these complaints among distinct age groups. The objective of this study was to analyze the kinetic functional profile for individuals of different ages, and to compare complaints of pain with predetermined variables. The study is a review of evaluations , form August 2006 to December 2009, with 150 patients, divided into three groups of different age (10-15; 30-35; 60-65 years). Data collection relied on an assessment protocol called CNT, with a Digital Baropodometer model Footwork, with over than 2950 Piezoeletric sensors, a digital scale and a metric tape. In the results, was possible to observe that BMI alone it is not determinant to cause pain, as well as an occurrence of 42% of Cavo type feet in study population, and also that the feet were the cause of complaints from 47 individuals or 60% of all complaints of pain. Complaints of feet, knee and spine pains were statistically considerable when relating types of the feet (p: 0.023, 0.025 and 0.012 respectively).

Keywords: Pain. Digital Baropodometer. Posture. Flat Foot. Foot Deformities.

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Agradecimentos

Agradeço a minha família, pai e mãe principalmente, por serem os grandes

responsáveis por mais uma etapa concluída na minha vida. A minha irmã, que ao seu jeito

sempre torce e vibra com o meu sucesso. A minha noiva Thamara Dal Lago que me dá apoio

incondicional em todos os meus projetos. Aos colaboradores da pesquisa um agradecimento

especial pelas correções, paciência, e até pela coragem de se doarem por uma idéia minha!

Ao Prof. Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto um obrigado especial pelo enorme apoio

neste trabalho e, por abrir as portas do seu consultório e da sua casa, primeiro como professor,

mais tarde como colega de profissão, e sempre como amigo!

Glicério e Rúbia, amigos há 10 anos, companheiros de graduação, pós graduação em

acupuntura, mestrado, afilhados de casamento e amigos com quem posso contar a qualquer

hora, e vice-versa.

Ao Alessandro Máximo, que conheci como paciente, se tornou amigo e companheiro

de classe e hoje grande amigo.

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Lista de Abreviaturas/Termos

IMC: Índice de Massa Corporal. Dado obtido através da razão entre a Massa (kg) e altura ao

quadrado(m2). Resultado expresso em kg/m2.

IMCmédio: Média do IMC dos indivíduos analisados (com e sem dor)

IMCdor: Média do IMC obtido somente em pacientes com queixas de dor.

Antepé: Porção anterior do pé composta pelos ossos do tarso, metatarsos e falanges.

Médiopé: Porção média do pé, composta pelos ossos: cuneiformes, cubóide, navicular.

Retropé: Porção posterior do pé composta pelos ossos: tálus e calcâneo

Protocolo CNT: Protocolo de avaliação onde são analisados:

- Comprimento dos MMSS,

- Nivelamento das Cristas Ilíacas

- Teste dos Polegares Ascendentes.

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Sumário

Resumo............................................................................................................................

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Abstract............................................................................................................................

V

Agradecimentos...............................................................................................................

Vi

Lista de Abreviações.......................................................................................................

vii

Apresentação...................................................................................................................

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Introdução........................................................................................................................

10

Objetivo...........................................................................................................................

12

Justificativa......................................................................................................................

13

Metodologia.....................................................................................................................

14

O Exame..........................................................................................................................

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Considerações Éticas.......................................................................................................

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Resultados........................................................................................................................

19

Discussão.........................................................................................................................

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Conclusão........................................................................................................................

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Referências...................................................................................................................... 25

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Apresentação

Desde o momento em que nascemos o nosso corpo sofre mudanças. Algumas mais

marcantes e por isso chamam mais atenção.

O desenvolvimento postural é uma destas evoluções que não são notadas no dia a dia,

mas sua importância é notória já que um sistema postural harmonioso é condição sine qua

non para uma vida adulta saudável e sem dores.

A Posturologia nos ensina que o pé, além de ser a base de sustentação do corpo, é um

“instrumento” proprioceptivo capaz de influenciar a orientação corporal e influenciar em

estruturas anexas ou a distância, e, da mesma forma pode ser influenciado e sofrer doenças

por problema que modifiquem a sua forma de contato com o solo.

A Posturologia surgiu da Podologia1, que constatou que calosidades nos pés podiam,

em algumas pessoas, causar modificações na forma de pisar e/ou dores em regiões distantes

como joelho e coluna. Com o interesse de pesquisadores que agregaram técnicas de avaliação,

manipulações e tratamentos, surgiu uma área de atuação denominada Posturologia.

Mesmo com toda esta importância e conhecimento o Brasileiro não tem uma cultura

de cuidados nos pés, e menos ainda, instrução sobre as influências que as alterações no pé

podem gerar corpo.

Este trabalho se baseia nos conhecimentos da Posturologia e relaciona as alterações do

tipo de pé com queixas de dores no sistema postural em grupos de diferentes faixas etárias e

usa a Baropodometria como instrumento de avaliação dos pés.

1Podologia na França é um curso superior da área da saúde, onde os alunos têm conhecimento de anatomia e fisiologia. No Brasil a Podologia era um curso técnico mas há alguns anos se tornou também curso superior em algumas universidades

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Introdução

Para Bricot (2004), a postura é equilibrada, quando a lordose é harmoniosa, as

articulações posteriores relacionam-se harmoniosamente; não existe qualquer força anormal,

os istmos articulares estão livres e a mobilidade é normal. Assim pode ser definida a estática

normal: somente 10% da população parece corresponder a estes critérios, estes indivíduos

quase nunca apresentam dores.

A postura corporal envolve conceito de equilíbrio, coordenação neuromuscular e

adaptação que representa um determinado movimento corporal, e as respostas posturais

automáticas são dependentes do contexto, ou seja, elas são ajustadas para ir de encontro às

necessidades de interação entre os sistemas de organização postural (equilíbrio,

neuromuscular e adaptação) e o meio ambiente (BANKOFF, 1996).

Quando estudamos postura corporal, automaticamente estamos estudando o sistema de

equilíbrio corporal postural, porque entendemos existir uma relação de dependência entre

ambos (BANKOFF, 1996).

Uma postura normal = ausência de forças contrárias, relações harmoniosas =

inexistência de dor (BRICOT, 2004).

Na manutenção do equilíbrio corporal, os sistemas: vestibular, óptico e proprioceptivo

precisam estar funcionalmente entrosados. A manutenção do equilíbrio geral é realizada pelo

sistema vestibular. Esse sistema detecta as sensações de equilíbrio, sendo composto de um

sistema de tubos ósseos e câmaras na porção petrosa do osso temporal chamado de labirinto

ósseo e dentro dele um sistema de tubos membranosos e câmaras chamado de labirinto

membranoso (ou membranáceo), que é a parte funcional do sistema vestibular (GUYTON,

1986).

A manutenção de uma postura inadequada propicia determinadas adaptações

estruturais. A propriocepção e as informações sensoriais da superfície cutânea plantar são

importantes fontes de sistemas sensoriais para manutenção do controle postural em condições

normais (ALFIERI, 2006).

Os captores que intervêm prioritariamente no ajustamento postural estático e dinâmico

são principalmente, o pé e o olho (BRICOT, 2004).

Informações necessárias para a coordenação e regulação da postura dinâmica e estática

são decorrentes da planta dos pés. O tônus muscular reage aos estímulos que são efetuados na

região plantar (GAGEY; WEBER, 2000).

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Os músculos trabalham em conjunto tanto para sua estática como para sua dinâmica,

pois, o sistema nervoso central não atende o trabalho de um músculo isolado ou em um único

plano, mas sim, de forma tridimensional. Portanto, qualquer alteração postural causará a

retração de suas cadeias musculares posturais e vice-versa, e qualquer agressão nestas cadeias

causará uma alteração de desalinhamento ósseo (LEITE, CAVALCANTI NETO, 2006).

A manutenção de uma postura inadequada propicia determinadas adaptações

estruturais do tecido muscular estriado esquelético com conseqüente perda da flexibilidade

corporal, acarretando em limitação da mobilidade articular, predisposição a lesões

musculares, dores da coluna vertebral e desenvolvimento de processos degenerativos por

aplicação de forças irregulares levando à incapacidade funcional temporária ou permanente

(BIANCHI et al, 2005).

A planta do pé é extremamente rica em elementos exteroceptores; os fusos

neuromusculares são abundantes no nível dos músculos do pé; os receptores articulares

numerosos notadamente nos tornozelos. Todos estes elementos fazem do pé um elemento

fundamental do sistema postural: é ao mesmo tempo um receptor sensitivo externo e um

receptor sensitivo interno (BRICOT, 2004).

O que de mais natural no bípede do que suas informações virem do pé? O homem em

pé é um pêndulo invertido que se equilibra sobre um triângulo de sustentação harmonioso

formado lateralmente por duas peças normalmente simétricas: os pés. Uma deformação ou

assimetria qualquer se repercutirá sempre mais acima e necessitará de uma adaptação do

sistema postural (BRICOT, 2004).

Com o avanço da idade a propriocepção diminui, havendo declínio na percepção da

posição articular e do movimento articular, o que pode ser agravado pelas alterações

morfológicas na cartilagem articular (ALFIERI, 2008).

Essas modificações decorrentes do processo de envelhecimento fazem com que os

idosos se tornem menos sensíveis à vibração, à pressão tátil, à dor e à temperatura cutânea.

Considerando esses fatores, Mold et al; Perry et al.; Speers et al. Shumway-Cook e

Woollacott; afirmam que a distribuição da pressão plantar na população idosa pode estar

alterada, o que favorece o aparecimento de calosidades e áreas dolorosas, afetando o controle

postural e predispondo a quedas (apud em ALFIERI, 2008).

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1. Objetivos:

1.1. Geral:

Analisar estatisticamente o perfil cinético-funcional dos pacientes de diferentes faixas

etárias em relação às variantes pré-determinadas e comparar os resultados entre os grupos.

1.2. Específicos:

Comparar o tipo de pé e as queixas de dor entre o grupo de crianças, adultos e idosos,

e, verificar a interferência do sexo e do IMC nestes achados.

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2. Justificativa

Os pés são a base de sustentação do corpo e apresentam uma grande influência sobre o

sistema postural. As alterações dos pés podem ser causa de grande parte das dores e

desconfortos de coluna, joelhos e dos próprios pés, e, não se encontra uma literatura que

confirme ou descarte esta teoria. Portanto, o presente estudo se justifica devido ao grande

número de indivíduos acometidos por alterações dos pés e queixas de dores no sistema

postural, mais ainda, devida a escassa literatura relacionando a dor com as variáveis

selecionadas para a pesquisa. Existem estudos usando a Baropodometria na avaliação do

sistema postural, dentre eles podem ser citados: Antônia Bankoff que usa o aparelho para

elucidar questões sobre equilíbrio, Afonso Salgado que estuda as relações do apoio plantar e

suas variações antes e após intervenções fisioterapêuticas, Wilson Przysiezny que foca seus

trabalhos no estudo do equilíbrio, usando a estabilometria como método de análise, entre

outros.

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3. Metodologia

3.1. Desenho de estudo:

Estudo Descritivo Transversal

3.2. Critérios de inclusão:

Pacientes cadastrados no banco de dados do Programa Footwork de avaliação em

Baropodometria, avaliados no período 01 de Agosto de 2006 a de 31 de Dezembro de 20092,

com idade entre 10-15anos, 30-35anos e 60-65anos, que não apresentavam problemas

cardiovasculares, déficit de atenção, doenças músculo-esqueléticas, labirintites e indivíduos

com restrições em cumprir o teste.

3.3. Critérios de Exclusão:

3.3.1. Indivíduos com dados incorretos e/ou incompletos no banco de dados (nome,

peso, altura, etc).

3.3.2. Indivíduos avaliados fora das datas pré-determinadas pelo cronograma.

3.3.3. Indivíduos que não se enquadram nas faixas etárias e critérios pré-determinados.

3.3.4. Indivíduos com pés do tipo misto3

3.4. Identificação do estudo

Foram analisados 853 indivíduos através da Baropodometria Computadorizada com

sistema Footwork, com um total de 3435 exames. Deste total selecionou-se 150 indivíduos

aleatoriamente pertencentes a 3 diferentes grupos etários, num total de 50 indivíduos em cada

grupo. Os grupos foram divididos por faixas etárias para representar as diferentes fases de

desenvolvimento: 50 indivíduos de 10-15 anos que representam o grupo de

2 Os exames com Baropodometria iniciaram antes do início das classes do Mestrado por se tratar da especialidade do autor. O pensamento de se estudar os dados do banco de dados do programa Footwork surgiu como sugestão do orientador. 3 Tipo de alteração onde cada pé apresenta uma característica. Ex: Lado Direito Cavo e Lado Esquerdo Normal

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crianças/adolescentes; 50 indivíduos de 30-35 anos que representa a fase adulta e um grupo de

50 indivíduos na faixa de 60-65 anos para representar uma população idosa.

Estes indivíduos foram avaliados período de agosto de 2006 a dezembro de 2009

usando o sistema de Baropodometria Digital Footwork.

3.5. Desfechos principais

3.5.1. Variantes Pré Determinadas:

Foram selecionadas como variantes para o estudo: Idade, Sexo, IMC, Tipo de Pé. As

Queixas de dores dos pacientes foram usadas como um dado qualitativo para comparação

entre os grupos.

O sexo pode ser um modificador da postura no sexo feminino na idade do crescimento

das mamas. As meninas adotam uma postura de rotação interna de ombros e

conseqüentemente aumentam a cifose torácica. A postura do sexo feminino pode, ainda, ser

influenciado devido ao uso do salto alto, muito comum nesta população.

Para as relações do IMC usou-se a tabela da Organização Mundial de Saúde, na

população adulta, e a Tabela de Marcondes para as crianças/adolescentes.

Obesidade pode predispor a desordens músculo-esqueléticas, freqüentemente

envolvendo joelhos e pés. O excesso de peso facilita lesões tanto na marcha quanto subindo

escadas. Dor e instabilidade articular no quadril, joelhos e pés não são incomuns. A

obesidade gera um aumento da sobrecarga em joelhos e pés; e pode levar a modificações na

organização da postura corporal. (FABRIS et al, 2006).

Os tipos de pés foram classificados em: normal, plano e cavo (figs. 1, 2,3 e 4). Os

tipos de pés foram classificados através da Baropodometria Computadorizada, usando a

relação do antepé x mediopé. quando o médio pé possui 1/3 do antepé classifica-se como pé

normal, o aumento do mediopé em relação ao antepé caracteriza um pé plano; e por sua vez,

um mediopé menor em centímetros que o 1/3 do antepé caracteriza um pé cavo.

As classificações dos tipos de pé em Graus não foram levadas em conta em nenhuma

das duas alterações. Se o indivíduo apresentasse um pé do tipo misto, ou seja, em que cada pé

apresenta uma característica, este seria excluído para pesquisa.

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3.5.2. Classificação dos Tipos de Pé

3.5.3. Imagem Ilustrativa

Tipos de Pé

Fig.1 – (Avaliação Fisioterapêutica do Tornozelo e Pé - Profa. Dra. Sílvia Maria Amado João)

3.5.4. Imagem Através da Baropodometria (Banco de Dados Próprio)

Baropodometria Pé Normal

Pé Normal (fig.2)

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Baropodometria Pé Plano Baropodometria Pé Cavo

Pé Plano (fig.3)

Pé Cavo (fig.4)

Os pacientes foram livres para relatar as dores/desconfortos no corpo ou postura e os

relatos foram classificados em: dores nos pés, joelhos, pernas, quadril ou coluna, para uma

padronização das queixas e facilidade de se relacionar os resultados com os outros grupos.

3.5.5. Instrumentos:

As avaliações foram realizadas em consultórios, clínicas e em programas de avaliação

em escolas realizados nas cidades de: Belo Horizonte, Governador Valadares, Caratinga e

Coronel Fabriciano, do dia 01 de Agosto de 2006 até o dia 31 de Dezembro de 2009. Os

exames seguiam uma rotina de aferição de altura e peso, anamnese, uma avaliação postural

seguindo um protocolo chamado CNT e por fim o exame de Baropodometria, que seguia um

protocolo definido para este trabalho.

O Baropodômetro Digital Footwork, portátil – Ist Infortmatique, com formato

retangular e dimensões: 50 cm de comprimento por 50 cm de largura e 20 mm de espessura, e

um computador para armazenar dados. Este aparelho foi calibrado diariamente sempre no

início das avaliações.

A altura foi aferida através de uma fita métrica afixada na parede a uma altura de 1

metro do solo.

Para aferição do peso foi utilizada uma balança digital portátil Balança Digital de

Vidro Temperado Modelo BAL-150PA, com capacidade para até 150 Kg, com visor em LED,

e erro máximo e 100gramas. A calibração foi realizada antes do início dos exames com um

Halter de 1kg.

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3.6. O Exame:

Inicialmente realizou-se a aferição da altura em intrumento descrito anteriormente com

indivíduo encostado de costas e com calcanhares na parede olhando em direção ao horizonte

com os pés unidos.

Para aferição do peso utilizou-se instrumento citado anteriormente. Os indivíduos

foram instruídos a subir no aparelho com os pés abertos confortavelmente com olhar no

horizonte.

O exame de baropodometria foi realizado com os indivíduos em posição ortostática

olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. Os indivíduos foram estimulado a manter

uma postura de conforto com os pés ligeiramente abertos(simulando a postura adotada no

cotidiano). Os exames constaram de análise estática com tempo de coleta de 30 segundos.

Estas análises foram salvas no banco de dados do programa Footwork para posterior análise e

classificação do tipo de juntamente com as outras variáveis pré-determinadas: Sexo, IMC,

Idade.

3.7. Variáveis independentes

3.7.1. Idade: Os pacientes foram classificados através da data de nascimento no momento da

análise dos dados e agrupados seguindo o critério das faixas etárias nos 3 grupos. Na análise,

foi estudada como variável contínua e dicotômica.

3.7.2. Sexo: determinado pelas categorias: masculino e feminino. Variável independente e

nominal.

3.7.3 Índice de massa corporal (IMC): determinado pela razão entre o peso (em quilos) e o

quadrado da altura (em metros) aferido em instrumento calibrado.

3.7.4. Tipo de Pé: Os pés foram classificados como: Normal, Plano ou Cavo, usando a relação

entre o Antepé X Mediopé, através da Baropodometria Computadorizada. Os graus de

acometimento foram desprezados.

3.8. Padronização dos instrumentos de coleta dos dados

Todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo profissional ao longo de 40 meses

de trabalho garantindo a homogeneidade dos dados.

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3.9. Considerações Éticas:

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa indicado, para a devida

aprovação por parte dos seus integrantes ou autoridades. O estudo incorpora os aspectos

éticos recomendados pelas Resoluções: 196/96; 257 e 357 (CNS) sobre Ética em Pesquisa

com Seres Humanos e não apresenta atividades que possam levar danos às dimensões físicas,

psíquicas, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais dos participantes.

A pesquisa não apresentou riscos para os voluntários. O programa é simples e não

envolveu uso de qualquer medicação ou agressão aos mesmos.

3.10. Análise dos dados

Os dados foram analisados estatisticamente em computador, usando ANOVA a partir

da utilização do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 13.0 para

MS-Windows. Foi realizado um estudo descritivo da população em estudo, através da análise

das medidas de tendência central, e de dispersão e distribuição de freqüência para as variáveis

dependentes e independentes.

4. Resultados

Foram analisados 150 indivíduos, destes 87 eram do sexo feminino e 63 do sexo

masculino, do total 79 indivíduos apresentaram algum tipo de dor no sistema postural. As

queixas foram significativas para Pé e Coluna quando relacionadas ao sexo. (Tabela1).

Relação entre Local da Dor X Gênero

Tabela 1

Local da DOR Homens 63

Mulheres 87

P < 0.05

Pé 30,1% 32,18% 0,023*

Joelho 4,7% 2,29% 0,120

Coluna 12,69% 21,8% 0,03*

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O grupo de 30-35 anos foi o que apresentou o maior número de indivíduos com dor

(34), enquanto o grupo de 60-65 anos apresentou o maior numero de queixas, 37.

Pés e coluna somaram 45% das queixas de dores e foram estatisticamente significantes

quando relacionados com o tipo de pé (Tabela 2).

Local da Dor X Tipo de Pé

Tabela 2

Apenas 48 indivíduos (32%) apresentaram o pé com curvatura normal.

O grupo de crianças e adultos o achado mais comum foi o pé tipo cavo (54% e 44%

respectivamente), já na população idosa o pé do tipo Cavo foi o menos comum, 26%, ante a

38% de ocorrência de pés com curvatura Normal e 36% Plano. (Gráfico 1).

Tipo de Pé X Ocorrência

Gráfico 1

O grupo de 10-15 anos apresentou a maior alteração em relação ao tipo de pé, 54%.

Sendo que as mulheres apresentaram mais alterações que os homens (64% e 42%

respectivamente).

Local da DOR Cavos 62

Planos 43

Normais 45

P < 0.05

Pé 8% 25,5% 48,8% 0,023*

Joelho 0 6,9% 2,2% 0,025*

Coluna 1,61% 11,6% 2,2% 0,012*

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As variáveis intervenientes estudadas mostraram que pertencer ao sexo feminino

influenciou de forma mais intensa no aumento da pressão plantar. A partir de uma avaliação

do pé, obtiveram como características da amostra, que mais da metade (52%) apresentavam

no mínimo uma calosidade plantar com maior incidência no grupo feminino. (CHIAPPIN et

al, 2008).

O grupo de 60-65 anos foi o que apresentou o maior numero de queixas, 37. O pé

(60%) e a coluna (19%) foram as duas maiores causas de desconforto.

Segundo estudo realizado por Menz et al. (2001), 87% dos idosos de sua amostra

apresentavam no mínimo um problema do pé, sendo a patologia mais comum o desvio em

hálux valgo. (Apud in CHIAPPIN et al, 2008).

O IMCmédio se apresentou menor na população com dor do que na população sem

queixas em todas as faixas etárias, exceto na população idosa, onde o IMCmédio foi maior

nos pacientes queixosos, mas apenas 1,4% maior (28,1kg/cm2 X 28,5kg/cm2); na população

idosa foi encontrado também a IMCmédio mais alto dos 3 grupos avaliados: (28,1kg/cm2).

Em um estudo, Chiappin et al (2008), observou que o peso dos idosos foi maior que o

dos jovens (68,1 ± 11,2; 61,7 ± 7,8; p=0,014). A maioria dos participantes de ambos os

grupos praticavam alguma atividade física no mínimo duas vezes por semana.

O sexo feminino apresentou mais queixas em todas as estruturas anatômicas citados na

pesquisa, com exceção de dor na perna que foi citada por 3 homens. A dor de coluna foi

queixa de 19 mulheres, contra 8 indivíduos do sexo masculino. (Tabela 3).

Local da Dor X Gênero

Tabela 3

As queixas de dores nos pés representaram 47 ocorrências. Destas ocorrências 47% se

relacionavam a pés do tipo Cavo (19 ocorrências), 34% pés planos (16 ocorrências) e 25% pés

com curvatura Normal (12 ocorrências). Resultado completo no Gráfico 2.

Homens Local da Dor Mulheres

19 Pés 28

1 Joelho 6

3 Perna 2

0 Quadril 1

8 Coluna 19

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Quanto ao tipo de arco plantar, não houve diferença significativa entre os grupos. Mas

os idosos apresentaram maior número de pés cavos (44,8%) e de pés planos (34,5%).

Tipo de Pé X Local da Dor

Gráfico 2

Em um estudo de 2008, encontrou-se: no grupo dos jovens o pé do tipo normal

apresentou maior prevalência (41,4%). O comprimento, a largura e perímetro dos pés também

foram maiores nos indivíduos idosos, mas sem apresentar diferença significativa. (CHIAPPIN

et al, 2008).

Entre os pacientes com pé tipo Cavo, 70% apresentavam dores nos pés, enquanto das

27 queixas de dores na coluna 48% foram de indivíduos com pés Planos.

A população idosa apresentou apenas 18% de queixas para dor de coluna, enquanto na

população adulta as queixas somaram 32%.

O grupo de obesos mostrou uma tendência a pés, e nos dois grupos: obesos e com

sobrepeso, a área de contato e os picos de pressão foram estatisticamente maiores do que nos

indivíduos de peso normal (FABRIS et al 2006).

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5. Discussão

Bricot (2004,) citou que 70% da população apresenta alguma alteração nos pés, dado

comprovado no presente estudo onde se encontrou pés com curvatura normal em somente

32% dos indivíduos, cita também que mais de 90% dos indivíduos apresentam um

desequilíbrio postural. No presente estudo o desequilíbrio postural não foi investigado, mas

do total dos avaliados 53% relatam dores em alguma estrutura do sistema postural, com ou

sem instabilidade.

O grupo de adultos (30-35 anos) apresentou 68% dos indivíduos com queixas de dores

no sistema postural, este achado pode estar relacionado com o trabalho já que esta população

difere das outras por se encontrar na faixa da população economicamente ativa.

A obesidade é sabidamente uma doença capaz de modificar o sistema postural e

através destas modificações predispõem o aparecimento de lesões e/ou dores, porém neste

estudo não foi realizado um grupo somente com obesos e os indivíduos com IMC mais alto

apresentaram menos queixas de dores, exceto na população idosa.

Chiappin et al (2008) relataram que 87% dos idosos apresentavam no mínimo um

problema nos pés. Este trabalho vai de acordo com esta afirmação quando constatamos que na

população de idoso avaliados as queixas de dores nos pés foram de 60%, contra 19% de dores

na coluna, este estudo ainda concluiu que pertencer ao sexo feminino aumentava

consideravelmente as queixas de dores. Em um estudo de Chacur et al (2008), relatou uma

prevalência aumentada de dor da osteoartrose e correlacionada com um aumento do IMC.

Este trabalho vai de acordo com estas afirmações onde se constatou que as mulheres

apresentaram maior número de queixas em todas as estruturas.

No presente estudo encontrou-se uma incidência quase 3 vezes maior de dor de

colunas em indivíduos com pés Planos do que os que apresentam pés do tipo Normal (Gráfico

2); provavelmente devido as adaptações da postura corporal que cursa com hiperlordose.

(Imagem1).

Compensações Posturais do Pé Plano e Pronado

Imagem 1- Crédito: PODOPOSTUROLOGIA, 2004, PG. 41

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Neste estudo também pudemos observar que a diminuição da área de contato e o

aumento da rigidez do arco plantar causados pelos pés do tipo Cavo, aumentaram em 58% a

incidência de dores nos pés, quando comparados a indivíduos com o arco do pé do tipo

Normal.

6. Conclusão

Os dados obtidos nesta revisão permitem concluir que o sexo e o tipo de pé foram

capazes de interferir no sistema postural (pé, joelho e coluna), e por este motivo causar dores

e/ou desconforto, embora os mecanismos de interferências não tenham sido totalmente

elucidados. Neste estudo não foi encontrada relação significativa entre o IMC e as queixas

de dores no do sistema postural.

Existe uma alta incidência de alterações no tipo de pé: Pé Cavo e Pé Plano (68%).

Sugere-se uma pesquisa randomizada com duplo cego afim de elucidar a questão da

interferência da pisada na postura, bem como quantificar a ocorrência de dor em pacientes

com diferentes tipos de pisada/pés para que se cause o impacto necessário a promover

mudanças de conceitos a fabricação dos calçados , mudanças de hábitos de uso de salto e para

que seja dada uma maior atenção ao desenvolvimento postural de crianças evitando que

estas sejam adultos ou idosos com alterações biomecânicas no sistema postural e mais ainda,

para que estes adultos tenham uma maior qualidade de vida.

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