Análise do comportamento não verbal

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Análise do comportamento não verbal

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Análise do comportamento

não verbal

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Apresentação da Disciplina

Em quantos momentos de sua vida, em uma situação de comunicação, você já foi levado a ler mais do que somente as palavras que estavam sendo ditas e sim tudo o que estava em seu entorno, de seu grupo e mesmo do seu interlocutor?

Isso porque nosso corpo fala, ou seja, não são apenas as palavras escritas ou faladas que nos comunicam algo, mas também a postura ou expressão corporal que assumimos, nossos gestos e expressões faciais. Todos esses elementos afetam diretamente no resultado de nossas interações sociais ou de comunicação, quer seja para reforçar uma mensagem, quer seja para demonstrar desconexão entre o que está sendo dito e nossas convicções sobre o assunto. Pois bem, essa é exatamente a temática de nossa disciplina. Não tenho dúvidas de que você irá usar bastante todo nosso conteúdo em sua vida, seja naquela entrevista de emprego, na reunião em seu trabalho, na conquista de um(a) namorado(a), etc. Vamos estudar, então!?

Ah, um último ponto: não se esqueça de que somos um time, preciso então que você se esforce, realize todas as atividades, leia com atenção o material e assista às videoaulas. Neste jogo, nós seremos juntos os campeões!

Objetivo de aprendizagem

Ensinar técnicas de observação do comportamento sistemáticas e de estratégias de entrevista para otimizar processos de avaliação psicológica; ensinar metodologias de observação e estratégias de entrevista em diversos contextos de atuação do psicólogo.

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Introdução da Unidade

Você se considera uma pessoa bem articulada, de fácil tratamento, que consegue se comunicar e mesmo se familiarizar rapidamente quando se vê em um espaço estranho – uma reunião de negócios, uma festa top, uma entrevista de emprego naquela empresa que você sempre sonhou – e convivendo com pessoas ou com um grupo de indivíduos que não são de círculo comum de convívio?

Pois bem, se a resposta é não, esta primeira unidade então vai ser muito bacana para você entender como podem ser desenvolvidas habilidades sociais que lhe favoreçam. Isso porque trataremos também dos elementos de aceitação e rejeição social, bem como dos traços característicos do olhar e do sorriso que, para um bom observador, farão toda a diferença a partir de agora em qualquer situação de comunicação. Vamos lá, agora é com você!

Objetivos específicos de aprendizagem

• Definir as habilidades sociais;

• Categorizar as habilidades sociais;

• Apontar métodos de avaliação das habilidades sociais em diferentes con-textos;

• Analisar estudos de aceitação social;

• Conjugar rejeição verbal e comportamento não verbal;

• Enfatizar a aceitação e a rejeição social como produto de conduta social-mente habilidosa;

• Discutir os tipos de olhar;

• Contrastar o olhar à comunicação social;

• Apresentar experimentos típicos da área, considerados básicos do com-portamento social e associados à melhor aceitação e rejeição no grupo;

• Discutir os tipos de sorriso;

• Contrastar o sorriso à comunicação social;

• Apresentar experimentos típicos da área, considerados básicos do com-portamento social e associados à melhor aceitação e rejeição no grupo.

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Unidade 1

Interação Social

A interação social refere-se a ações recíprocas ou não recíprocas entre indivíduos de um grupo, havendo durante tais ações compartilhamento de informações. Para ficar mais claro, pensemos, por exemplo, em um happy hour após o trabalho, no fim de tarde de uma sexta-feira. Na mesa, além da pizza e do chopp gelado, as mais diversas histórias são contadas, o que ocasiona riso, bem-estar e alegria nos presentes. Em outras palavras, trata-se de amigos se influenciando e determinando comportamentos sociais, a partir de uma interação recíproca.

Agora pensemos em um programa mais intimista. O cenário, um sábado à noite. Você decide assistir àquela série do Netflix. Você, paulatinamente, passa a se envolver na trama e vive a dor do personagem, de modo que lhe são percebidas algumas lágrimas a escorrer pelo rosto. Em outras palavras, unilateralmente você foi influenciado, entretanto, houve interação de sua parte para com o canal de streaming, no caso, o Netflix.

Habilidades sociais

Você já deve ter ouvido aquela expressão “Fulano é bem articulado, ele se dá bem com todo mundo” ou ainda “Como que fulana consegue ter tantos seguidores nas redes sociais? Eu fico abismada a cada dia que vejo o número aumentar!”. Pois então, isso é resultado de nossa primeira temática da disciplina: habilidades sociais.

Para começarmos bem, vamos explicar o termo habilidade social, como sendo o agrupamento de comportamentos manifestados por uma pessoa frente às necessidades circunstanciais interpessoais, contribuindo para a qualidade e afetividade das interações dela com as demais, tanto no contexto familiar, social, virtual ou profissional. Em cada situação, por sua vez, os indivíduos tendem a potencializar seus ganhos, abrandando suas perdas. Segundo Caballo (2008, p. 6):

O comportamento socialmente hábil é esse conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal que expressa sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos desse indivíduo de

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modo adequado à situação, respeitando esses comportamentos nos demais, e que geralmente resolve os problemas imediatos da situação enquanto minimiza a probabilidade de futuros problemas.

Mas quais são as implicações do desenvolvimento ou não desenvolvimento das habilidades sociais para um indivíduo? Vamos lá, pessoas com déficits em habilidades sociais têm dificuldades de relacionamento com seus pares, desencadeando, dentre outras complicações, estresse, desconforto, conflitos interpessoais, perda da qualidade de vida, emoções negativas (baixa autoestima, frustração, ira, sensação de rejeição etc.) ou mesmo transtornos psicológicos. Contrariamente, pessoas que desenvolvem a competência social, aquelas ditas como “socialmente hábeis”, cultivam relações profissionais e até mesmo pessoais mais longevas e profícuas, autoestima saudável, além de austeridade, bem-estar físico e qualidade de vida.

E então, já se reconheceu até aqui? Calma, ainda é cedo! Isso porque não podemos simplesmente polarizar e classificar as pessoas como sendo hábeis ou inábeis socialmente. E um outro ponto importante que você precisa considerar: habilidades sociais não dizem respeito a características pessoais de alguém, mas sim a atributos comportamentais. Nesse quesito, aliás, de acordo com os resultados das interações sociais, dois grupos nos são apresentados por Del Prette e Del Prette (2008):

§ Os antissociais:

Aqui figuram os diversos tipos de comportamentos agressivos, quer sejam verbais (ameaças, xingamentos, ironias etc.), quer sejam físicos (tapas, pontapés, socos e o uso de armas ou objetos para ferir), podendo, com alta probabilidade, comprometer a qualidade das relações interpessoais.

§ As habilidades sociais:

Aqui figuram as classes de comportamentos sociais disponíveis no repertório de um indivíduo, os quais contribuem para a qualidade e a efetividade das interações que ele estabelece com seu grupo.

Funcionalmente, portanto, de acordo com Del Prette e Del Prette (2008, p. 02):

As habilidades sociais se definem pela relação entre as instâncias de respostas observáveis em episódios de interação social e os antecedentes

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(demandas ou estímulos discriminativos) e consequentes (observados ou inferidos como prováveis a curto e/ou médio prazo) associados a essas respostas. Além da função, também a forma da resposta é importante para caracterizá-la como habilidade social. A diversidade de combinações entre as características formais e funcionais de determinadas respostas sociais caracteriza um amplo conjunto de classes de comportamento que podem ser classificadas como: habilidades sociais de comunicação, de assertividade, empáticas, de solução de problemas interpessoais, dentre outras. Cada uma dessas classes é geralmente composta por subclasses, como por exemplo, perguntar, responder, concordar, discordar, instruir, questionar.

Esclarecido isso, vamos ao detalhamento de algumas habilidades sociais que facilitam a interação de um indivíduo com seu grupo:

1. Habilidades sociais básicas: você se lembra daquela máxima do Chacrinha: “quem não se comunica se trumbica”? Pois bem, é aqui que entram as habilidades sociais básicas, as primeiras, aliás, que adquirimos, e que nos permitem nos comunicar. Através delas, aprendemos a iniciar, manter e até mesmo finalizar um bate-papo, quer seja real ou virtual. Somos levados a formular perguntas, a responder indagações que nos são feitas e, até mesmo, a nos calar. Para Lapoujade (2014, p. 152), “ora, esse silêncio não é algo fora da linguagem ou uma não linguagem: é como uma contralinguagem. É uma força que contesta a própria linguagem em seu uso social”.

Mas o silêncio é uma forma de comunicar e também uma habilidade social básica? Lembremos: comunicar consiste basicamente em colocar o seu pensamento em comum com o outro. Do latim, communicare se associa à ideia de convivência, relação de grupo, sociedade. E nesse fascinante mundo da comunicação humana, entende-se que a própria ausência de comunicação é comunicação. O silêncio está entre os mais importantes instrumentos da comunicação humana.

Assim, o ditado popular “quem cala, consente” pode ser substituído por outro, mais preciso: “quem cala, comunica-se”. Isso porque o homem é aquilo que consegue comunicar a seu semelhante, na sociedade em que vive. Por conseguinte, o que você pensa de fulano depende do que ele conseguiu comunicar a você sobre si mesmo. Consoante Novaes (2014, p. 20):

Sabemos que o silêncio é a origem de uma ética, da construção dos sentidos e do mundo e, em particular, da construção do pensamento e das linguagens: “o oculto fascina”, escreve Jean Starobinsk. Podemos dizer também, inspirados nele, que o silêncio fascina porque guarda

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uma força estranha que leva o espírito a se voltar para o que não existe. É o silêncio entre as palavras que dá sentido à fala, e o mesmo acontece com o pensamento.

2. Habilidade sociais avançadas: a primeira consideração a ser feita é que as habilidades sociais avançadas só são adquiridas por um sujeito depois de ele ter pleno domínio das habilidades básicas. Trata-se de uma espécie de escala evolutiva, em que não nos é permitido pular degraus, pois o comportamento avançado vai sendo-nos revelado gradativamente. Nesse rol de complexidade estão:

§ Habilidade Assertiva:

Expressão clara e franca de uma opinião sem, entretanto, ferir ou menosprezar a valia dos que estão ao seu redor. O foco do comportamento assertivo é a solução e não o problema, o que confere ao indivíduo uma postura ativa sem, entretanto, ameaças ou violação do direito dos outros.

§ Habilidade em reconhecer e defender direitos próprios ou de um grupo:

Demonstração da consciência e defesa de direitos.

§ Capacidade de pedir desculpas:

Consciência e reconhecimento dos erros cometidos. Isso porque o erro não é a representação do fracasso ou da inaptidão de alguém, mas um fundamento do desenvolvimento de seu aprendizado, do qual ninguém está isento.

3. Habilidades sociais emocionais: trata-se da competência emocional que descreve a capacidade que uma pessoa tem de expressar suas próprias emoções com total liberdade, sendo derivada da inteligência emocional, que, por sua vez, consiste na capacidade de identificar emoções. Assim, competência é o nível de habilidade com o qual alguém interage construtivamente com essas emoções e com as outras pessoas.

Você deve estar se perguntando agora: “uma pessoa pode ter inteligência e não ser competente?”. A resposta é sim! O indivíduo pode ter conhecimento sobre

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determinado assunto, mas não saber como utilizá-lo apropriadamente. Quando se trata das emoções, uma pessoa com inteligência emocional pode não saber como se comportar emocionalmente.

As habilidades sociais emocionais, por sua vez, são baseadas na capacidade que uma pessoa tem de reconhecer emoções individuais e como essas emoções afetam outras pessoas. São baseadas na capacidade de manter o controle das suas próprias reações e de se adaptar. Devemos ter em mente que uma pessoa tem que ser capaz de compreender suas emoções pessoais antes de avaliar as emoções de outras pessoas.

4. Habilidades sociais de negociação: trata-se das habilidades promotoras do gerenciamento de conflitos. Assim, a elas estão associadas a capacidade de análise do indivíduo sobre determinado conflito ou situação, levando em conta além dos elementos objetivos, os sentimentos e necessidades de cada um dos envolvidos, de modo a, definido o problema, serem avaliadas as possibilidades estratégicas de solução. Feito isso, entra em cena a capacidade de negociação do indivíduo, ou seja, como comunicar ou compartilhar aos envolvidos a busca da solução mais plausível e satisfatória para todas as partes, de modo a se chegar a um acordo.

5. Habilidades sociais de organização: você deve se recordar do coelho de "Alice no país das maravilhas" e de seu bordão: “Tô atrasado, tô atrasado!!!”. Pois bem, as habilidades de organização conferem ao indivíduo caminhos distintos dos do nosso amiguinho, pois permitem ao indivíduo o protagonismo de sua vida, evitando aspectos negativos como a ansiedade, o estresse, já que a ele cabe estruturar e definir a ordem de seus compromissos ou tarefas, sejam estes sociais ou pessoais. Ao indivíduo cabe a escolha das alternativas, ou até mesmo das mais adequadas, diante de quaisquer situações que lhe sejam apresentadas.

Atenção

Para facilitar seus estudos, fiz uma pequena lista daquelas habilidades sociais mais relevantes para o desenvolvimento de relações saudáveis e de qualidade. Vamos dar uma olhada?

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Assertividade capacidade de expressão de um posicionamento, pautando-se no respeito e defesa de direitos.

Autocontrole capacidade de compreensão e interpretação de seus próprios sentimentos, controlando a impulsividade.

Comunicação capacidade de se comunicar, que envolve a expressão e escuta em relação a determinadas situações.

Compreensão capacidade de entender o significado de uma situação pessoal ou social.

Escuta ativa trata-se da “escutatória”, ou seja, capacidade de ou-vir detidamente as pessoas.

Empatia capacidade de se colocar no lugar do outro.

Negociação compartilhar a busca de soluções plausíveis para os envolvidos em uma situação ou conflito.

Respeito capacidade de tolerância de opiniões, pensamentos ou ações, ainda que adversos.

QUADRO 1: LISTA DE HABILIDADES SOCIAISFONTE: ELABORADO PELO AUTOR (2021).

Contexto e avaliação das habilidades sociais

A primeira consideração a ser feita em se tratando da avaliação das habilidades sociais é que a evolução de uma situação sempre será proporcional ao nível de habilidade dos sujeitos envolvidos. Logo, nenhuma passagem será igual a outra, já que os atores podem não só serem outros, como também agir ou reagir de forma distinta, seja por terem aprendido algo com outras experiências anteriores ou mesmo por nada terem evoluído. Pensemos em dois exemplos bem simples, mas elucidativos:

1. Pedro resolve vender seu carro, um Celta 2015, básico, branco, porém, em muito bom estado, e já tem um possível comprador, o João. Ambos precisarão negociar o veículo (temos a situação), de forma que saiam be-neficiados. Entretanto, se Pedro e João tiverem carência de habilidades so-ciais, essa não será uma tarefa tão simples. Imaginemos, por exemplo, que Pedro venha a propor um preço acima do que o mercado pratica, dado seu apego emocional ou mesmo esforço quando comprou o seu Celta 2015, e que João não reaja bem a essa proposição, sendo grosseiro e até agressivo com Pedro. O resultado: ao invés de uma relação social profícua, pautada em um ganha-ganha para as partes, há um profundo descontentamento e prejuízo tanto para Pedro quanto para João.

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2. Mário é um adolescente extremamente querido e apegado a animais, ele está no 9º ano. O que aconteceu é que seu cachorro de estimação, o Bob, veio subitamente a passar mal e morreu. Toda essa situação afetou emo-cionalmente o Mário. Entretanto, um colega de classe, o Raul, mostrou-se incapaz de se colocar no lugar de Mário, e fez brincadeiras de mau gosto em sala de aula, ridicularizando os sentimentos do colega. O resultado: o déficit de habilidades sociais de Raul resultou no agravamento do quadro de dor e sofrimento de Mário.

Interação Social – Aceitação e Rejeição Social

Vamos lembrar um pouco seu tempo de escola? Você se recorda dos seus primeiros amigos, da sua primeira “galera”, daquele amigo ou amiga que foi especial? Pois bem, você estava vivenciando a interação social e os fenômenos de aceitação e rejeição sociais. Isso porque é através das relações interpessoais que o indivíduo se constrói. Por conseguinte, o senso de pertença ou identificação com um grupo é demasiadamente importante a todo ser humano, pois desse reconhecimento derivam a personalidade e seus modelos de liderança.

E, nesse processo de relacionamento, para Silva, Bartholomeu e Montiel (2017, p. 02):

O que determina a eleição das pessoas num grupo são critérios pessoais estabelecidos numa dada configuração grupais e que surgem com o desenvolvimento da tele. A tele implica em uma empatia de duas direções, não só a pessoa transmite emoções que facilitam sua aceitação, mas recebe sinais dos demais sobre esse aspecto na interação. Esses critérios podem ser operativos, voltados para a execução de uma dada tarefa, ou afetivos, privilegiando-se o aspecto emocional da escolha, sendo esses critérios os que norteiam as escolhas.

Mas quando um sujeito passa a compreender os indicadores que lhe podem servir para a aceitação ou rejeição? Desde seus primeiros contatos sociais, a partir de sua relação com a mãe, intensificando-se quando do ingresso na escola, momento em que a criança passa então a ter contato com seus primeiros pares e grupos sociais. De acordo com Sisto e Pacheco (2004, p. 16):

Uma grande mudança nas relações sociais se dá quando do ingresso na escola, já que, além de um aumento substancial no grupo de iguais, a criança tem mais possibilidades e liberdade para escolher seus amigos e companheiros. Essas relações grupais com seus pares dão oportunidade para a criança experimentar outros papéis sociais e relações afetivas.

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Naturalmente, a rejeição e a aceitação são vividas de forma distinta por crianças, adolescentes e adultos. Na infância, por exemplo, representam um exercício para uma futura adaptação social na vida adulta, ao passo que o viver de uma rejeição por muito tempo poderá implicar em problemas de ajustamento psicossocial.

Com relação aos indicadores de aceitação, podemos qualificá-los como os atributos que levam alguém a ser aceito em seu grupo, ao passo que os de rejeição conduzem a pessoa à negligência ou rejeição social. Esses indicadores apontam como as pessoas se inserem em comunidades de amigos e encontram a aceitação, ou ainda o estudo de atributos que levam à rejeição social, sejam estes comportamentais (atitudes ou ações que incomodam o grupo), de inabilidade (desprovimento de habilidade cognitiva e/ou motora) ou de estigmatização (traços alvo de possíveis estigmas – a pessoa é muito magra, é muito gorda, é muito baixa ou muito alta, por exemplo).

Importante ressaltar que existe sempre uma vinculação dos indicadores, quer sejam de aceitação ou de rejeição social, ao desenvolvimento da competência social do indivíduo, ou seja, eles interferirão diretamente na capacidade de interação e de adaptação de uma pessoa junto a seus pares. Ao mesmo tempo, a exclusão social dentro de um grupo está intimamente vinculada a processos de preconceito e estigmatização, desencadeando consequências não só individuais, como também coletivas.

Lembremos, por exemplo, do episódio dos “rolezinhos” no Rio de Janeiro. A coletividade que renegou a entrada dos estigmatizados “favelados” em um shopping carioca marcou cada uma das pessoas que com aquele grupo se identificava, além da coletividade em si que, em reação, ao espaço adentrou. O objetivo: celebrar a quebra do estigma, gerando, entretanto, um outro, o dos “burgas” ou burgueses, com a consequente divisão social entre morro e asfalto.

Curiosidades

Estigma: Termo criado pelos gregos para denominar sinais corporais díspares, estando seu emprego associado a atributos depreciativos. A partir da era cristã, entretanto, teve seu emprego em sentido mais generalista, designando qualquer rastro de distúrbio físico. Já na atualidade, designa um tipo especial de relação entre atributo e opinião estabelecida dentro de uma comunidade (estereótipo).

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Mas qual será, então, a mola propulsora da discriminação social? A desinformação que, associada aos pseudopadrões de normalidade estabelecidos pela sociedade, conduzem a um verdadeiro círculo vicioso. Isso porque o preconceito precede o estigma, funcionando este como elemento desqualificador de uma pessoa e promovendo, por consequência, a discriminação e a marginalização social. Nesse sentido, parece-nos claro que a aceitação de um indivíduo em um grupo passa por critérios pessoais, os quais são estabelecidos numa dada ordem social, com o desenvolvimento da empatia em duas direções – ao mesmo tempo em que eu, para ser aceito no grupo, transmito emoções para que minha participação seja facilitada, também recebo sinais de seus membros sobre esse aspecto na interação. Essa ordem pode ser afetiva, quando as informações emocionais são privilegiadas, ou mesmo operativas, estando ligadas à execução, por exemplo, de uma dada atividade. Daí o fato, e você irá concordar comigo, de sempre elegermos pessoas distintas para atividades que temos o desejo de fazer, como, por exemplo, ir ao cinema, jogar futebol, estudar, viajar, ter relações sexuais, frequentar uma balada etc. Seria exagero, então, afirmamos que na comunicação social as habilidades não verbais são mais importantes que as verbais para comunicar nossas emoções? De forma alguma, isso porque as pessoas prestam atenção não só nas palavras que dizemos, mas também na forma como as expressamos. Ou você não se recorda daquele “sim” que seu pai ou sua mãe um dia lhe disse em tom de voz um tanto quanto duvidoso, menos enfático, talvez porque havia pessoas estranhas à família próximas e, na verdade, por você conhecer seus pais, já saberia que a afirmativa se tratava de uma recusa e não de uma confirmação para algo que você desejava fazer. Para Silva, Bartholomeu e Montiel (2017, p. 02):

na comunicação social as habilidades não verbais são, na verdade, mais importantes no sentido de comunicar as emoções do que as habilidades verbais. As pessoas prestam atenção não apenas nas palavras que são ditas, mas também como são expressas.

Ainda acerca das habilidades não verbais, podemos categorizá-las em duas grandes áreas: linguagem corporal e paralinguística.

• Linguagem corporal: você já deve ter ouvido aquela máxima de que o nosso corpo fala. Pois então, na linguagem corporal concentra-se o con-junto de todas as nossas expressões e movimentos (gestos, posturas, ex-pressões faciais etc.).

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Curiosidades

65% de toda comunicação humana é feita através de gestos e comportamentos, segundo os especialistas.

• Paralinguística: trata-se dos aspectos não verbais que acompanham a fala (tom e volume de voz, ritmo de fala, pausas feitas pelo enunciador durante sua exposição etc.).

Ainda com relação às habilidades não verbais, algumas constatações são relevantes: I) boa parte delas não nos são ensinadas na escola, mas desenvolvidas ainda em nossa relação com o grupo familiar, quando somos levados a ler/reconhecer os aspectos emocionais ainda nas primeiras mensagens que recebemos; II) a linguagem não verbal é inerente ao ser humano, entretanto, à medida que envelhecemos, percebemos um domínio da comunicação verbal; III) a comunicação é uma via de mão dupla, logo, o sucesso social de um indivíduo não está associado a apenas ao domínio das habilidades não verbais ou verbais, mas à aceitação e percepção positiva dos membros de seu grupo. Silva, Bartholomeu e Montiel (2017, p. 03) apontam que:

O sucesso social influenciado pela comunicação não verbal pode ser definido como o resultado de um agrupamento de elementos que incluem as características positivas daqueles que o obtém e a aceitação destas por seus pares. Posto de outra forma, para se obter sucesso social, não basta um conjunto de habilidades, mas há que se obter aceitação e percepção positiva dos pares. As características que estão correlacionadas com as habilidades sociais são: a) nível de atividade que aumentada intensifica as relações interpessoais; b) o evitamento que leva a criança a se isolar; c) o limiar sensório-receptivo baixo, mínima solicitação e pouco envolvimentos nas interações sociais; d) a ritmicidade que está relacionada a alta intensidade de interação; e) a intensidade de contato físico; f) a adaptabilidade ou flexibilidade social pessoal.

Olhar e habilidades sociais

Os olhos são temática recorrente na sociedade, quer seja na literatura – lembremos, por exemplo, de Machado de Assis e da caracterização dos olhos

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da personagem Capitu: “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, que viriam a nos revelar ao longo das páginas do romance Dom Casmurro um caráter dúbio, ardil, capaz de justificar a traição de Bentinho com Escobar – ou até mesmo no imaginário popular, de onde foram retiradas expressões que certamente você já ouviu: “olhar de peixe morto”, “olhos esbugalhados”, fulana era capaz de “pecar com os olhos”, etc. Isso porque, sem dúvida, um dos mais importantes meios de estabelecimento de nossas relações interpessoais está em nossas expressões faciais. Na verdade, a partir delas é que nossas emoções são exteriorizadas a nossos grupos. Para Ekman (2003, p. 11):

Cada emoção também gera um padrão único de sensações em nosso corpo. Ao nos familiarizamos com elas, podemos ficar cientes, desde o início, de nossa resposta emocional, a fim de termos alguma chance de escolher se conservamos a emoção ou se interferimos nela. Cada emoção também representa sinais únicos, principalmente na fisionomia e na voz.

Ainda para o autor, as emoções nos seres humanos são tão observáveis como nos demais primatas, muito embora cada emoção não seja um estado único afetivo, mas uma família de estados relacionados. Em outras palavras, cada família de emoções pode ser considerada um tema com variações. O tema, por sua vez, é composto pelas características únicas daquela família, e as variações desse tema são o produto de diferenças individuais e na ocasião específica em que uma emoção ocorre. Os temas consistem, portanto, no produto da evolução, enquanto as variações refletem o aprendizado. Desse modo, Ekman (2003) apresenta-nos uma lista de sete famílias de emoções, as quais podem combinar-se entre si, vindo a dar lugar a outras mais complexas. Vamos a elas.

Alegria

A alegria é contagiante, expande boas energias e eleva a autoestima. Trata-se, segundo Plutchik (1984), de uma emoção expansiva que resulta em aumento de energia. Sua ativação, por sua vez, ocorre por meio de eventos positivos, tendo a função de reproduzir ações que gerem a abertura do indivíduo às pessoas.

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FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há uma mulher (à esquerda), segurando sobre seu rosto a fotografia de um homem sorrindo sobre seu rosto, bem como um homem (à direita), igualmente segurando sobre seu rosto a fotografia de uma mulher sorrindo, encobrindo-lhe o rosto. Ambas as faces dos dois personagens são encobertas propositadamente pelos persona-gens da imagem, mostrando alegria contagiante. A mulher traja roupa social bege, ao passo que o homem veste camisa branca e gravata cinza escura.

Vamos proceder à análise das expressões faciais contidas na imagem, isolando, para tanto, o riso. Isso porque, por si só, o sorriso já é um indicador seguro de alegria, vindo a dispensar os demais sinais. Percebamos, em nossos personagens, que os lábios são puxados para trás e para cima, empurrando as bochechas. As pálpebras, por sua vez, apresentam uma expressão distintiva, já que as inferiores se elevam e aparecem rugas na parte externa dos olhos, feitos pés de galinha. Importante: não existe apreensão na testa.

Medo

Ekman (2003) diz que quando um indivíduo sente algum tipo de medo, quando tem consciência de que está amedrontado, é difícil pensar ou sentir qualquer outra coisa por algum tempo. A mente e a atenção dele ficam concentradas na ameaça, a ponto de, diante da constatação de impossibilidade de se livrar dela, os sentimentos virem a se transformar em pavor. Para Plutchik (1984), o medo consiste em uma emoção de sobrevivência que previne o perigo, permitindo-nos agir com cautela. Sua ativação se dá pela percepção de um estímulo ameaçador, cuja função é orientar para a proteção. No medo, as sobrancelhas se levantam e se aproximam, ao passo que pálpebras inferiores se estendem, acompanhadas das pálpebras superiores erguidas. Os lábios, por sua vez, esticam-se para trás, na direção dos olhos.

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Surpresa

Dentre todas as emoções, sem dúvida é a mais efêmera, tendo duração de alguns poucos segundos. Isso porque ela vai passando, à medida que entendemos o que está acontecendo. Por consequência, a surpresa acaba, na maioria das vezes, por se misturar a outras emoções como o medo, a alegria, a raiva, a aversão etc., dependendo do fator gerado. Por vezes, entretanto, também pode ser seguida de nenhuma emoção. De acordo com Plutchik (1984), a surpresa é uma emoção ativada pelo inesperado ou imprevisto, tendo por função a orientação, pois facilita os processos relacionados à atenção e à exploração.

FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há um rapaz, apenas meio corpo, com uma expressão surpresa diante do que está vendo. Ele traja uma camisa azul-marinho, tem cabelos curtos e uma barba por fazer.

Percebamos que na surpresa as sobrancelhas se levantam, formando rugas horizontais na testa. As pálpebras superiores, por sua vez, sobem, sem qualquer tensão, ao passo que o maxilar relaxa, deixando a boca entreaberta e abaixando.

Tristeza

Ao contrário da surpresa, a tristeza é uma das emoções de longa duração, vindo a negar a alegria. Trata-se de um momento em que a pessoa vive um sentimento

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passivo de sofrimento, revelando sua angústia nas expressões faciais e vocais. Na visão de Plutchik (1984), a tristeza é uma emoção introspectiva que permite a reorganização da pessoa e o enfrentamento das perdas, uma vez que é ativada diante delas. Tem como função a reintegração, o reconhecimento da perda e o conhecimento dos próprios limites.

FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há uma mulher, apenas meio corpo, com a mão esquerda levada à cabeça e a mão direita apoiando seu pescoço. Seus cabelos são loiros e medianos, até os ombros, e ela veste uma blusa marrom-claro. Tem estampado em sua face um ar melancólico.

Na tristeza, os cantos internos das sobrancelhas estão levantados, distintamente do que se verifica no medo, em que há a aproximação e elevação de toda sobrancelha. Na tristeza, por sua vez, apenas os cantos interiores se aproximam. Ademais, as pálpebras superiores estão ligeiramente curvadas, ao passo que os lábios parecem tremer e os cantos da boca estão puxados para baixo.

Raiva

Trata-se de uma emoção bastante perigosa, pois pode apresentar várias facetas, como a ira, um estado agressivo, histeria, revolta, indignação, hostilidade, ciúmes, vingança, cólera, exasperação etc. Seu risco está na agressão, quer seja verbal ou física, contra seu alvo original. De acordo com Plutchik (1984), trata-se da emoção que se conecta com a força, é ativada diante da frustração, do engano ou quando a energia do nosso desejo e objetivo é bloqueada por um

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obstáculo. Por conseguinte, a função da raiva é a mobilização de energia com o objetivo de provocar a mudança de uma situação que nos incomoda, bem como a destruição do perigo.

FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há uma mulher ao centro (meio corpo), com os punhos fechados e na altura de seu abdome. Seus cabelos são longos, ela usa óculos e traja uma blusa com listras finas preto e branca (manga longa). Sua expressão revela indignação ou hostilidade.

Verificamos que na raiva as veias do pescoço e da testa ficam mais salientes, a respiração se altera e o corpo fica mais ereto, com os músculos mais tensos (veja os punhos fechados na imagem). Se olharmos as sobrancelhas, veremos que elas estão abaixadas, bem como as pálpebras inferiores encontram-se tensas e flexionadas, enquanto as superiores estão levantadas. Os olhos, por sua vez, parecem dirigir-se para fora e os lábios, observando-se a boca, estão apertados.

Nojo

Trata-se de uma emoção negativa, associada a coisas sujas, intoleráveis, infecciosas, não comestíveis. Plutchik (1984) define o nojo como sendo uma emoção de sobrevivência que evita o perigo, que é ativada pela percepção de objetos, substâncias ou mesmo entidades que nos ameaçam. Sua função é a de proteção através da geração da rejeição.

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FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há uma mulher ao centro (meio corpo), com a mão esquerda sobre o lado esquerdo do rosto, quase que encobrindo toda sua visão. Na mão direita, um celular, o qual ela olha fixamente, com uma expressão de repulsa. Ela traja uma camisa jeans (manga longa azul) e um blazer cinza-claro, aparentando estar com uma mochila nas costas, dadas as duas alças que são vistas em seu corpo.

Percebamos que no nojo as sobrancelhas se abaixam sem, entretanto, aproximarem-se. Por outro lado, o lábio superior é puxado para cima, empurrando as bochechas na mesma direção. Rugas aparecem em seu nariz, ao passo que o lábio inferior se contrai para fora. Os olhos parecem dirigir-se para fora.

Desprezo

Trata-se de uma emoção vivenciada a respeito de ações ou pessoas, de modo que quando manifesta, desencadeia sentimento de superioridade, em geral moral, de uma pessoa sobre outra.

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FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, há o rosto de um homem calvo, de óculos, com o olhar fixo e um semblante autossuficiente e ignóbil.

Observamos que no desprezo os lábios se comprimem, um contra o outro, e um canto é puxado para cima. O olhar é fixo em um ponto fora do alcance do interlocutor, menosprezando qualquer indício de sua existência.

Sorriso e habilidades sociais

O sorriso, quer seja em bebês, crianças, adolescentes ou em adultos, comumente é associado à expressão de emoções positivas, como prazer e alegria, ainda que em adultos sejam encontradas exibições que fujam a essa regra e que possam ser entendidas até mesmo como dissimulações de outros estados emocionais.

De todo modo, podemos dizer que os sorrisos apresentam intensidades diferentes, podendo ser tipificados em quatro categorias:

§ Neutro ou sem sorriso:

Não há movimentação dos músculos ou alterações fisiológicas em seu conjunto. Os lábios, por sua vez, ficam unidos, não havendo exibição da arcada dentária;

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§ Sorriso fechado:

Há movimentação reduzida dos músculos e não são percebidas alterações fisiológicas significativas no rosto. Os lábios, por sua vez, ficam unidos, não havendo exibição dos dentes;

§ Sorriso superior:

Há movimentação mais intensa dos músculos e são percebidas alterações fisiológicas significativas no rosto, porém, em menor intensidade que no sorriso largo. Os lábios ficam separados e há exposição da arcada dentária superior;

§ Sorriso largo:

Há movimentação intensa dos músculos e alterações fisiológicas significativas no rosto. Os lábios ficam separados e há exposição dos dentes superiores e inferiores.

Mas como, então, distinguir um sorriso verdadeiro de um sorriso falso? No que se refere a um sorriso verdadeiro, também denominado de duchenne smile, estamos diante de uma exibição facial espontânea de alegria. Por conseguinte, trata-se de um sorriso simétrico, provocado por músculos faciais específicos, em intensidade e duração congruentes ao estado de euforia que o motivou. Ademais, é percebida harmonia em seu processamento, ou seja, verifica-se correspondência entre a expressão e o estado emocional, sendo a expressão facial genuína.

Para sermos mais claros, podemos ainda apontar em um sorriso verdadeiro:

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FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, uma moça ao centro, cabelos até a altura dos ombros, vestindo uma camisa (manga longa) xadrez, com um lindo sorriso estampado em seu rosto.

• toda musculatura do rosto é envolvida para a exposição do sorriso;

• a boca assume um formato de “U”, já que o músculo zigomático traciona o canto da boca em direção às orelhas;

• há o surgimento de rugas dinâmicas e estáticas, consequente do movi-mento do conjunto de músculos próximos aos olhos;

• percebe-se simetria entre as partes direita e esquerda da face;

• parte de uma das faces está superior em relação à outra;

• é uma expressão genuína de felicidade, alegria, com duração média de ½ a 4 segundos.

Curiosidades

O sorriso verdadeiro tem a denominação de duchenne, em homenagem ao neurologista francês Guillaume-Benjamin-Amand Duchenne (1806-1875), responsável por grandes investigações sobre a face humana e a expressão facial da emoção.

O sorriso falso, por outro lado, diz respeito àquele que expõe uma simulação facial da alegria, sendo motivado, em geral, por uma reunião social, uma

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formalidade ou etiqueta. Trata-se dos ditos “sorrisos sociais”, “sorriso de circunstância”, “sorriso pan-americano”, cujo apontamento está no cumprimento de sua função reguladora, com vistas a promover a inserção na estrutura psicossocial.

Em outras palavras, é o sorriso produzido para convencer um grupo de que determinada emoção seja positiva, quando na realidade não é. Podem ser, por sua vez, divididos em duas categorias: o sorriso em que não reside qualquer emoção subjacente e sua manifestação se resume a uma tentativa de transmissão de impressão de um sentimento positivo; fruto de uma emoção negativa forte, em que o indivíduo lança mão do sorriso para tentar dissimular e ocultar seus sentimentos negativos.

Em síntese, podemos exemplificar um sorriso falso:

FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

#PraCegoVer: na imagem, uma moça ao centro, sorrindo, com uma escova de cabelo em sua mão direita, cruzando seu braço sobre o esquerdo, que já está amparado no antebraço direito. Ela veste uma blusa branca (manga longa), com um avental preto. Ao fundo, utensílios do salão encerram o cenário.

• nem toda a musculatura do rosto foi envolvida para a exposição do sorriso;

• a boca não assume um formato de “U”, já que o músculo zigomático não traciona o canto da boca em direção às orelhas;

• não há simetria entre as partes direita e esquerda da face;

• a modelo tenta transmitir uma impressão de sentimento positivo na foto.

Ademais, um sorriso falso também corre o risco de transparecer defeitos de intensidade (versão “amortecida” ou “exagerada”), isso porque o indivíduo, em uma simulação, precisa calcular a relação existente entre o seu estado de ânimo, a intensidade e a duração de sua própria expressão.

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Comportamento não verbal

Já sabemos que seu corpo fala, ou seja, não são apenas as palavras escritas ou faladas que comunicam, mas também a postura ou expressão corporal de uma pessoa, seus gestos e até mesmo suas expressões faciais. Todos esses elementos, em suma, podem afetar diretamente no resultado de uma interação social ou comunicação, quer seja para reforçar uma mensagem ou mesmo demonstrar desconexão entre o que está sendo dito e nossas convicções sobre o assunto. Logo, podemos detalhar suscintamente algumas das principais funções de nosso comportamento não verbal:

§ Complementação:

Fica a cargo da linguagem não verbal a complementação do que está sendo anunciado pelas palavras na mensagem;

§ Contradição:

Ainda que a boca esteja enunciando determinada mensagem ou opinião, o corpo diz outra. Nesses casos, em geral, o receptor aceita como verdadeiro o não verbal;

§ Substituição:

a mensagem é transmitida por completo pelo não verbal, substituindo a comunicação verbal;

§ Relação de poder:

Sinaliza a posição de alguém na hierarquia das relações em um ambiente.

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Conclusão

§ Habilidade social:

Conjunto de comportamentos adotados por um indivíduo em suas relações interpessoais, que expressa atitudes, opiniões, sentimentos, desejos ou direitos próprios de modo adequado à situação, respeitando o comportamento dos demais.

§ Indicadores de aceitação e rejeição social:

Apontam como as pessoas se inserem em comunidades de amigos e encontram a aceitação, ou ainda o estudo de atributos que levam à rejeição social, sejam estes comportamentais, de inabilidade ou de estigmatização.

§ Categorização das habilidades não verbais:

I) Linguagem corporal – conjunto de todas as nossas expressões e movimentos (gestos, expressões faciais etc.); II) Paralinguística: aspectos não verbais que acompanham a fala (tom e volume de voz, ritmo de fala, pausas feitas pelo enunciador durante sua exposição etc.).

FONTE: PLATAFORMA DEDUCA (2021).

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Resumo da Unidade

Agora que você concluiu a leitura do conteúdo, assista a seguir a videoaula com o resumo da unidade.

Vídeo

Acesse a câmera do seu celular e aponte para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo "Análise do comportamento não verbal - Unidade1". Disponível em: https://vimeo.com/562806667.

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Referências

CABALLO, V. E. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. São Paulo: Santos, 2008.

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Um sistema de categorias de habilidades sociais educativas. Ribeirão Preto: Paidéia, 2008.

EKMAN, P. Emotions revealed: recognizing faces and feelings to improve communication and emotional life. New York: Copyright, 2003.

LAPOUJADE, D. O inaudível: uma política do silêncio. In: NOVAES, A. Mutações. São Paulo: SESC SP, 2014.

NOVAES, A. Mutações: o silêncio e a prosa no mundo. São Paulo: Ed. SESC SP, 2014.

PLUTCHIK, R. Emoções: uma teoria psicoevolucionária geral. Abordagens para a emoção, 1984, 197-219.

SILVA, A. G.; BARTHOLOMEU, D.; MONTIEL, J. M. Habilidades sociais e comportamento social não verbal: implicações para a aceitação e rejeição na universidade. Estudos de Psicologia. v. 22, n. 1, 2017.

SISTO, F. F.; PACHECO, L. Escala de traços de personalidade para crianças e aceitação social entre pares. Interação em Psicologia. v. 8, n. 1, p.15-24, 2004.