Análise do conto “A dança dos ossos” Bernardo...
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Análise do conto “A dança dos ossos” Bernardo Guimarães
“O caráter nacional das narrativas de Bernardo
Guimarães e o tom brasileiro de sua linguagem
foram logo reconhecidos pela crítica. [..] Menos que
um romancista, Bernardo teria sido um contador de
casos” ( Ivan Marques )
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................... 2
Biografia ............................................................................................................ 3
Enredo ............................................................................................................... 5
Personagens ..................................................................................................... 6
Tempo ............................................................................................................... 6
Espaço .............................................................................................................. 6
Narrador ............................................................................................................ 7
Características Românticas .............................................................................. 7
Características Realistas ................................................................................... 9
Considerações finais ........................................................................................ 11
Referências Bibliográficas ................................................................................ 12
Anexo (Imagens Ilustrativas) ........................................................................... 13
Introdução
O conto, como gênero literário, sempre apresenta complicações para ser
analisado e definido.
Mesmo sendo um dos estilos literários preferidos de muitos autores
clássicos e contendo uma narrativa mais curta, geralmente com mais precisão
e objetividade em suas histórias, o conto sempre é carregado de grandes
quantidades e possibilidades para sua definição, dificultando assim uma
análise e definição mais precisa.
Este trabalho visa analisar o conto “A dança dos Ossos“, sua estrutura,
personagens e características.
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Biografia do autor
Bernardo Guimarães (1825-1884) nasceu no dia 15 de agosto, na cidade
de Ouro Preto, em Minas Gerais. Filho de João Joaquim da Silva Guimarães e
Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Estudou no seminário e aos 22 anos
ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. Foi amigo de Álvares de
Azevedo e de Aureliano Lessa.
Bernardo Guimarães (1825-1884) foi romancista e poeta brasileiro. "A
Escrava Isaura" foi o seu romance mais popular. Estudou Direito em São
Paulo. Foi juiz municipal na cidade de Catalão em Goiás. Foi jornalista,
professor de latim, francês, retórica e poética. Estreou como poeta com
"Cantos da Solidão", mas foi como romancista que seu nome ganhou
destaque. Foi considerado o criador do romance sertanejo e regional,
ambientado em Minas Gerais e Goiás. De todos os seus romances "O
Seminarista" é considerado sua melhor obra.
É Patrono da cadeira nº5 da Academia Brasileira de Letras e Patrono da
cadeira nº15 da Academia Mineira de Letras.
Seu primeiro livro publicado foi "Cantos da Solidão", obra poética
identificada com sua fama de boêmio e satírico, ainda na faculdade.
Bernardo Guimarães publica em 1872, seu romance "O Seminarista",
onde expõe sua crítica ao celibato religioso. É considerada sua melhor obra.
Em 1873 leciona latim e francês na cidade de Queluz em Minas Gerais.
Seu romance mais popular foi "A Escrava Isaura", publicado em 1875,
foi reproduzido para a televisão, com grande sucesso e levado para mais de
150 países.
O conto “A Dança dos Ossos" foi escrito por Bernardo Guimarães e
publicada no livro "Lendas e Romances", em 1871.
Como um dos livros menos conhecidos do autor, narra de forma bem
diferenciada três aventuras: "Uma História de Quilombolas" (descreve um
reduto de escravos fugidos), "A Garganta do Inferno" (toca nas fantasias da
mineração) e "A Dança dos Ossos" (caso de assombração).
O escritor é conhecido na nossa literatura como o contador de “casos”,
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já que a característica mais importante de seus romances é o tom coloquial que
imprime à narrativa. Reconhecemos neles a influência do ambiente e costumes
sertanejos, onde as histórias são contadas “à soleira de um rancho ou ao redor
de uma fogueira, para passar o tempo”. Com relação ao “conteúdo dos casos”,
os fatos são dispostos de maneira tão surpreendente que se tornam dignos de
serem narrados e interessantes de serem ouvidos, de maneira que o leitor se
sente “preso” à narrativa.
A Segunda Geração, ultra- Romântica, de 1840 a 1860 tem como
principal ator, dentre outros, Bernardo Guimarães.
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães faleceu no dia 10 de março de
1884, em Ouro Preto, Minas gerais.
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ENREDO
A história supersticiosa é contada ao narrador, um viajante, nas margens do
rio Parnaíba.
Cirino, barqueiro, conta que numa sexta-feira resolveu visitar seu compadre e
no caminho da mata encontra um monte de ossinhos que começam a dançar na
sua frente. Lembrou-se da história de Joaquim Paulista, um cabo do
destacamento, que se envolveu amorosamente com Carolina e foi assassinado por
Timóteo e um ajudante. Primeiro o amarraram numa árvore e o cercaram de
cobras que o atacaram, porém não o matou. Joaquim foi salvo por um velho
benzedor que viu tudo o que fizeram com o jovem cabo e depois que os homens
foram embora o salvou. Mas Joaquim foi visto quando tentava voltar para casa e
agora Timóteo e seu ajudante enfiaram-lhe a faca no coração e enterram ali
mesmo na mata. Mas o enterram muito mal, pois o comandante do destacamento
desconfiado do caso havia mandado prender os assassinos e saiu à procura do
corpo que já havia sido descoberto pelos urubus.
Cirino relata ainda que enquanto todos os ossos de Joaquim não forem
juntados e enterrados dignamente ninguém escapará da dança assustadora que
ocorre na mata nas sextas-feiras.
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ELEMENTOS DA NARRATIVA
PERSONAGENS
O narrador → viajante.
Cirino → barqueiro supersticioso que encontra ossos dançando no meio
da mata.
Joaquim Paulista → cabo que se apaixona por Carolina e é assassinado.
Carolina → amor de Joaquim.
Timóteo → amigo de Joaquim até que se interessa por Carolina,
tramando e executando a morte de Joaquim.
O ajudante do Timóteo → mandingueiro e curador de cobre que morre
do próprio veneno.
O velho merizenheiro →mestre e benzedor.
TEMPO
Cronológico (século XVIII)
“O conto “A Dança dos Ossos" foi escrito por Bernardo Guimarães e publicada no livro "Lendas e Romances", em 1871”(http://www.e- biografia)
ESPAÇO
A divisa das províncias de Minas e Goiás, nas margens do rio Parnaíba, mais precisamente na mata.
“A noite, límpida e calma, tinha sucedido a uma tarde de pavorosa tormenta, nas profundas e vastas florestas que bordam as margens do Parnaíba, nos limites entre as províncias de Minas e de Goiás”. (A dança dos ossos)
6 NARRADOR
Narrado em 1ª pessoa, o próprio narrador nos passa a história contada por Cirino.
“Eu viajava por esses lugares, e acabava de
chegar ao porto, ou recebedoria, que há
entre as duas províncias. Antes de entrar
na mata, a tempestade tinha-me
surpreendido nas vastas e risonhas
campinas, que se estendem até a pequena
cidade de Catalão, donde eu havia partido”
(A dança dos ossos)
Características Românticas
Bernardo Guimarães pertence ao movimento romântico e é um dos
principais representantes da linha regionalista, cuja preocupação principal era
fixar os tipos humanos e os costumes do nosso sertão.
O conto trabalha com a superstição e o jeito de contar histórias no sertão
onde se acende uma fogueira e reúne os viajantes.
Neste conto, ao abordar casos populares, o autor funde aqui algumas
tendências do Romantismo:
O caráter macabro:
“Eu bem queria fugir, mas não podia; meu corpo
estava como estátua, meus olhos estavam pregados
naquela dança dos ossos, como sapo quando enxerga
cobra; meu cabelo, enroscado [...] Daí a pouco os
ossinhos mais miúdos, dançando, dançando sempre
e batendo uns nos outros, foram-se ajuntando e
formando dois pés de defunto” (A dança dos ossos)
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O regionalismo:
O autor trabalha para que a história se passe em locais afastados da
capital, do centro urbano, ou seja, histórias que acontecem em lugares
tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura
europeia.
“A alguns passos de nós se desdobrava o largo
veio do rio, refletindo em uma chispa torcida,
como uma serpente de fogo, o clarão
avermelhado da fogueira. Por trás de nós
estavam os cercados e as casinhas dos poucos
habitantes desse lugar, e, por trás dessas
casinhas, estendiam-se as florestas sem fim” (A dança dos ossos)
O gosto pelo fantástico
Outra característica marcante do Romantismo, se faz presente no conto
em questão. A história se passa em ambientes noturnos e, sua narração, é
feita à beira do fogo, no silêncio da noite sertaneja.
Nas mãos do autor Bernardo Guimarães, a narrativa oral se torna ainda
mais fantasiosa.
“Seriam nove a dez horas da noite; junto a um fogo aceso de fronte da porta da pequena casa da recebedoria, estava eu, com mais algumas pessoas, aquecendo os membros resfriados pelo terrível banho que a meu pesar tomara.” (A dança
dos ossos)
Eu ia viajando sozinho - por onde não importa - de noite, por um caminho estreito, em cerradão fechado, e vejo ir, andando a alguma distância diante de mim, qualquer coisa, que na escuridão não pude distinguir. Aperto um pouco o passo para reconhecer o que era, e vi clara e perfeitamente dois pretos carregando um defunto dentro de uma rede” (A dança dos ossos)
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Sentimentalismo Exacerbado
O autor trabalha o sentimento exagerado, exacerbado em relação ao amor que o morto sentia por Carolina. O sentimento de vingança é tão forte, que Cirino relata que enquanto todos os ossos de Joaquim não forem juntados e enterrados dignamente ninguém escapará da dança assustadora que ocorre na mata nas sextas-feiras.
“Outros dizem que, enquanto os matadores de
Joaquim Paulista estivessem vivos neste
mundo, a sua sepultura havia de andar sempre
aberta, nunca os seus ossos teriam sossego, e
haviam de andar sempre assombrando os
viventes cá neste mundo” (A Dança dos
Ossos)
Características Realistas
Fugere urbem (fugir da cidade)
Tendo em vista as ideias preconizadas por Rousseau, somadas ao
crescimento desordenado das cidades, desencadeou-se o bucolismo –
manifestado por uma evocação nostálgica do campo e da natureza. Dessa
forma, o anunciador (emissor) integra-se à vida campesina, abnegando-se dos
valores citadinos.
Bernardo, no trecho abaixo, incita que a felicidade está no campo, longe
da cidade:
“Vai um dia, não sei que diabo
de dúvida tiveram os dois, que a Carolina se
desapartou do Timóteo e
fugiu para a casa, de uma amiga, aqui no campo
Joaquim Paulista, que
há muito tempo bebia os ares por ela, [...] (A dança
dos ossos)
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Locus amoenus (lugar ameno)
Segundo a visão dos representantes árcades, a natureza era vista como
um lugar ameno, aprazível, que lhes proporcionava equilíbrio e paz interior.
“De bom grado eu o compararia a Caronte, barqueiro
do Averno, se as ondas turbulentas e ruidosas do
Parnaíba, que vão quebrando o silêncio dessas
risonhas solidões cobertas da mais vigorosa e
luxuriante vegetação, pudessem ser comparadas às
águas silenciosas e letárgicas do Aqueronte” (A
dança dos ossos)
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Levando em consideração o medo que os personagens sentem quando
se deparam com o sobrenatural, podemos interpretar isso como uma
característica realista, já que isso pode representar uma análise sobre o ser
humano e suas atitudes.
“Dessa feita acabei de acreditar que ninguém morre de
medo; se morresse, eu lá estaria até
hoje fazendo companhia ao Joaquim Paulista. Cruz!...Ave
Maria!...Aqui o velho fincou os cotovelos nos nós joelhos,
escondeu a cabeça entre as mãos e pareceu-me que
resmungou uma Ave-Maria” (A dança dos ossos)
“Como tu mesmo disseste, entraste na mata com bastante
medo, e, portanto, disposto a transformar em coisas do
outro mundo tudo quanto confusamente vias no meio de
uma floresta frouxamente alumiada por um luar escasso”
(A dança dos ossos)
“Esse não era o meu medo: o que eu temia, era que
aqueles negros acabassem ali comigo,
e, em vez de um, carregassem na mesma rede dois
defuntos para a mesma cova!” (A dança dos ossos)
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Considerações finais
Diante do exposto, o conto romântico em questão retrata características
realistas quanto à forma de retratar o costume e a linguagem das personagens,
as paisagens e o caráter exótico e grandioso da natureza brasileira, deixando
clara a necessidade do autor em documentar uma realidade.
Nesse pano de fundo, decorrem os enredos marcados por amores,
aventuras e peripécias como mandava o figurino da literatura romântica.
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Referência bibliográficas
www.superdownloads.com.br/download/165/danca-ossos-bernardo-
guimaraes/#ixzz2B6eFRxcz
www.e-biografias.net/bernardo_guimaraes/
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7086/000539118.pdf?sequence=1
tede.uefs.br/tedesimplificado/tde_arquivos/1/TDE-2006-07-20T172918Z-
5/Publico/Joao%20Evangelista%20N%20Neto.pdf
www.nead.unama.br file:///C:/Users/INFONA~1/AppData/Local/Temp/Rar$EX00.088/A%20dan%C3
reocities.com/Athens/olympus/3583/spaulo.htm
educacao.uol.com.br/literatura/regionalismo-literatura-das-peculiaridades-do-
brasil.jhtm
file:///C:/Users/INFONA~1/AppData/Local/Temp/Rar$EX00.088/A%20dança%2
0dos%20ossos%20.htm
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Anexo
Bernardo Guimarães estudou na Faculdade de São Francisco, que aparece acima formando um conjunto
com a Ordem terceira e com o convento de São Francisco de Assis.
(Igreja dos Remédios (em reprodução do século XVIII), perto da qual
ficava a casa onde Bernardo Guimarães morou em São Paulo.
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