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Universidade Federal do Rio de Janeiro ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DE PROJETOS PARA CAMPANHAS DE MANUTENÇÃO EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO OFFSHORE Igor Quintanilha Camillo 2017

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DE PROJETOS

PARA CAMPANHAS DE MANUTENÇÃO EM

PLATAFORMAS DE PETRÓLEO OFFSHORE

Igor Quintanilha Camillo

2017

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ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DE PROJETOS

PARA CAMPANHAS DE MANUTENÇÃO EM

PLATAFORMAS DE PETRÓLEO OFFSHORE

Igor Quintanilha Camillo

Rio de Janeiro

Janeiro de 2017

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Francisco José de Castro Moura

Duarte

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Camillo, Igor Quintanilha

Análise do processo de gestão de projetos para campanhas de

manutenção em plataformas de petróleo offshore / Igor Quintanilha

Camillo. - Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2017.

XIII, 81 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Francisco José de Castro Moura Duarte.

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de

Produção, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 79.

1. Gestão de projetos. 2. Campanhas de manutenção. 3.

Plataformas offshore.

I. Duarte, Francisco José de Castro Moura. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção.

III. Análise do processo de gestão de projetos para campanhas de

manutenção em plataformas de petróleo offshore.

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Agradecimentos

Demonstro imensa gratidão a todos meus familiares, amigos e professores, que

estiveram comigo durante toda essa jornada. Aqueles que para mim significaram apoio,

exemplo, amizade e incentivo, cada um de sua própria maneira.

Cada momento de aprendizado ou descontração compartilhado com vocês será

lembrado por mim por todos os caminhos que eu vier a percorrer.

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“It's a dangerous business going out your door.

You step onto the road, and if you don't keep your feet,

there's no knowing where you might be swept off to.”

J. R. R. Tolkien

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DE PROJETOS

PARA CAMPANHAS DE MANUTENÇÃO EM

PLATAFORMAS DE PETRÓLEO OFFSHORE

Igor Quintanilha Camillo

Janeiro/2017

Orientador: Francisco José de Castro Moura Duarte

Curso: Engenharia do Produção

Esse trabalho analisou seis campanhas de manutenção realizadas em plataformas de

petróleo offshore de uma empresa brasileira.

Inicia-se com uma pesquisa na literatura sobre o que se encontrava nela sobre gestão

de projetos em geral e em campanhas de manutenção. Depois é descrito o estudo de

caso, onde foram acompanhados os projetos nas plataformas mencionadas,

descrevendo os principais eventos ocorridos.

Então é feita uma confrontação do que aconteceu no caso real com o que estava

prescrito na literatura, para entender o desenvolvimento do projeto. E por fim, foram

feitas recomendações com base no que foi estudado e observado para realizar

melhorias no processo de projeto da empresa.

Palavras-chave: Gestão de projetos, campanhas de manutenção, plataformas

offshore.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

ANALISYS OF THE PROJECT MANAGEMENT FOR A

TURNAROUND MAINTENANCE IN A OFFSHORE OIL

RIG

Igor Quintanilha Camillo

January/2017

Advisor: Francisco José de Castro Moura Duarte

Course: Industrial Engineering

This study analyzed the turnaround maintenance projects realized on six offshore oil rigs

from a Brazilian company.

It began with a literature research of what could be found about project management in

general and in the turnaround maintenance in specific. After that, it describes the case

study where the projects were accompanied on the mentioned oil rigs, and their most

relevant events.

Then, it shows a crossover analysis from what happened on the real case and what was

found on the literature, to understand how the project was developed. At last, there were

made some recommendations, about what was observed and studied, to make

improvements on the company’s project process.

Keywords: Project management, turnaround maintenance, offshore oil rig.

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Sumário 1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Objetivos ...................................................................................................................... 2

1.2. Delimitações ................................................................................................................ 3

1.3. Estrutura do documento ............................................................................................ 3

2. Metodologia de pesquisa .................................................................................................. 5

2.1. Revisão da literatura .................................................................................................. 5

2.2. O acompanhamento do caso.................................................................................... 5

2.3. Análise sobre o projeto .............................................................................................. 6

3. Base conceitual ................................................................................................................... 8

3.1. Definição de gestão de projetos ............................................................................. 10

3.2. Estrutura do projeto .................................................................................................. 12

3.2.1. Organização do projeto ................................................................................... 12

3.2.2. Gerente do projeto ............................................................................................ 15

3.3. Seleção do projeto (Estratégias de projeto) ......................................................... 16

3.3.1. Definição dos critérios ...................................................................................... 17

3.3.2. Avaliação das propostas ................................................................................. 19

3.4. Escopo do projeto ..................................................................................................... 21

3.5. Planejamento do projeto.......................................................................................... 22

3.5.2. Cronograma do projeto .................................................................................... 25

3.5.3. Controle do projeto ........................................................................................... 27

3.6. Execução ................................................................................................................... 28

3.7. Término do projeto ................................................................................................... 30

3.8. Plano de segurança ................................................................................................. 32

4. Estudo de caso ................................................................................................................. 35

4.1. Estrutura e metodologia do projeto ........................................................................ 35

4.2. Organização e cronograma .................................................................................... 38

4.3. Etapa de início .......................................................................................................... 40

4.4. Etapa de planejamento ............................................................................................ 41

4.5. Etapa de execução ................................................................................................... 44

4.6. Etapa de encerramento ........................................................................................... 47

5. Confrontação com a literatura ........................................................................................ 49

5.1. Sobre a estrutura do projeto ................................................................................... 49

5.2. Sobre a seleção do projeto ..................................................................................... 50

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5.3. Sobre o escopo do projeto ...................................................................................... 51

5.4. Sobre o planejamento do projeto ........................................................................... 53

5.5. Sobre a execução ..................................................................................................... 56

5.6. Sobre o término do projeto ...................................................................................... 58

5.7. Sobre o plano de segurança ................................................................................... 59

6. Recomendações e considerações finais ...................................................................... 61

6.1. Recomendações acerca dos principais problemas encontrados...................... 61

6.1.1. Recomendações sobre a estrutura do projeto ............................................. 61

6.1.2. Recomendações sobre a seleção do projeto ............................................... 63

6.1.3. Recomendações sobre o escopo do projeto ................................................ 64

6.1.4. Recomendações sobre o planejamento do projeto ..................................... 68

6.1.5. Recomendações sobre a execução .............................................................. 72

6.1.6. Recomendações sobre o término do projeto ............................................... 75

6.1.7. Recomendações sobre o plano de segurança ............................................ 76

6.2. Conclusão .................................................................................................................. 77

7. Referências ....................................................................................................................... 79

8. Anexos ............................................................................................................................... 80

Anexo A – Curva S para o acompanhamento de serviços ............................................ 80

Anexo B – Grupos de processos de gerenciamento de projetos ................................. 81

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Lista de figuras

Figura 1 – Pirâmide dos parâmetros do projeto .................................................................. 11

Figura 2 – Exemplo de organização matricial ...................................................................... 12

Figura 3 - Exemplo de organização com setor de projetos ............................................... 13

Figura 4 - Exemplo de empresa organizada por projetos .................................................. 13

Figura 5 – Fatores de avaliação do projeto .......................................................................... 18

Figura 6 – Análise ponderada de projetos ............................................................................ 19

Figura 7 – Curva de custos e riscos x tempo de projeto .................................................... 21

Figura 8 – Plano de um desenho simples ............................................................................ 25

Figura 9 – Plano de um empreendimento industrial ........................................................... 25

Figura 10 – Exemplo de PERT ............................................................................................... 26

Figura 11 – Exemplo de diagrama de Gantt ........................................................................ 27

Figura 12 – Evolução da experiência x custo de mudanças no projeto .......................... 32

Figura 13 – Estrutura do projeto ............................................................................................ 35

Figura 14 – Nível de interação entre processos .................................................................. 36

Figura 15 – Mudança na estrutura da equipe de projetos ................................................. 38

Figura 16 - Organograma do grupo de projeto (GPEP) ..................................................... 39

Figura 17 – Macrocronograma do projeto ............................................................................ 39

Figura 18 – Estrutura organizacional da execução ............................................................. 45

Figura 19 – EAP referente a campanha de manutenção ................................................... 54

Figura 20 - EAP referente a parada programada ............................................................... 55

Figura 21 – Equipe mínima no início do projeto .................................................................. 62

Figura 22 – Centralidade do papel do encarregado ........................................................... 74

Figura 23 – Curva S utilizada para acompanhamento do andamento dos serviços ..... 80

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Mapeamento dos tópicos da literatura ................................................................ 9

Tabela 2 – Matriz de responsabilidade de segurança ........................................................ 33

Tabela 3 - Duração real das etapas de início e de planejamento em casa unidade ..... 40

Tabela 4 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos segundo o PMBOK .. 81

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Lista de anexos

Anexo A – Curva S para o acompanhamento de serviços ................................................ 80

Anexo B – Grupos de processos de gerenciamento de projetos ..................................... 81

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1. Introdução

O objeto a ser estudado neste projeto de pesquisa é o projeto de planejamento da

manutenção da integridade de um grupo de plataformas de produção de óleo e gás de

uma empresa brasileira de petróleo. As unidades de produção mencionadas são

consideradas indústrias de processo contínuo, onde a produção não é interrompida. A

realização de grandes obras, como a campanha de manutenção, necessita quase

sempre em uma interrupção das atividades, ainda que parcialmente para viabilizar sua

execução.

Para as plataformas analisadas é importante ressaltar suas características particulares

que interferem na realização das campanhas. As unidades se encontram normalmente

a mais de 100 km da costa, em alto mar, com o acesso sendo feito por meio de

helicóptero, para o transporte de pessoas, e por barco, para o transporte de

equipamentos e materiais. Dificultando e encarecendo as operações logísticas da

planta.

Quanto à disposição de trabalhadores nas unidades, quase todos os leitos disponíveis

já se encontram ocupados apenas para manter a operação da unidade, não sobrando

um número considerável para a alocação de funcionários extras visando um aumento

da capacidade de produção para execução das obras de integridade. E do ponto de

vista econômico, uma parada de produção da unidade, por períodos prolongados, é

altamente custosa e impactante na curva de produção da empresa.

Porém, nos últimos 5 anos, a empresa passou a ver a campanha de manutenção como

uma questão estratégica, para garantir a sua produtividade por períodos prolongados e

buscou alternativas para a solução das dificuldades encontradas para a manutenção.

Assim, se optou por realizar grandes campanhas de manutenção periódicas em suas

unidades enquanto produziam, evitando uma longa permanência em estaleiros, e

apenas para a produção em períodos curtos para obras em certos equipamentos. Para

contornar os problemas de logística e limitação de espaço e pessoal a bordo foram

contratadas UMS1 capazes de aumentar a capacidade de execução de serviços de

manutenção.

1 Unidade de manutenção e segurança – São hotéis flutuantes capazes de se acoplar a plataforma, aumentando assim o número de leitos disponíveis e a área de convés.

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Desse jeito as campanhas passariam a ocorrer simultaneamente com a produção, com

uma certa periodicidade para cada plataforma. Devido ao alto custo das campanhas e

o tempo disponível limitado de permanência da UMS para cada unidade, alinhado ao

tamanho e importância da mesma, sua execução é realizada como um projeto de larga

escada. Com o suporte em terra de uma equipe de planejamento, responsável por tocar

todas as fases do projeto até a execução, através de um longo e elaborado

planejamento em avanço, para mitigar o surgimento de problemas a bordo durante a

execução.

Esse planejamento envolve diversas etapas, responsáveis por tarefas como

levantamento de escopo, aquisição de material, alocação de mão-de-obra, entre outras,

essenciais para o bom andamento da campanha. Porém, como os projetos desse porte

na empresa não existiam previamente, foi-se estruturando uma maneira sobre como

realizar o planejamento e a execução da obra. Como é comum nesse tipo de obra, foi

contratado uma empresa terceirizada para a etapa de execução, e também para outros

setores do projeto.

Ainda assim, não se encontrava estruturada uma maneira de se fazer o andamento

desse projeto, que devia ser padronizada para que desse suporte as diferentes equipes,

de diferentes empresas e diferentes unidades presentes no ambiente da companhia.

Para isso foi utilizada, como é encontrado na literatura, uma metodologia adaptada do

PMBOK com o uso de da metodologia FEL2, para o controle da maturidade dos projetos.

E por fim, a aplicação de uma metodologia pré-estabelecida para projetos é sempre alvo

de muitas críticas, uma vez que cada projeto é um projeto diferente, com demandas

distintas, e incontáveis variáveis que influenciam em cada demanda ou etapa. Portanto

a metodologia usada inicialmente sofreu, e continuar sofrendo, com ajustes a cada

projeto. Buscando sempre uma maior aderência as necessidades específicas do projeto

e uma maior produtividade da campanha de manutenção.

1.1. Objetivos

Com base no mencionado no tópico inferior, essa pesquisa tem como objetivo

compreender as dificuldades atuais deste projeto na etapa de planejamento e da

execução e construir proposições de melhoria desse processo de projeto. Ou seja, se

2 A descrição da metodologia utilizada será encontrada mais à frente.

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atentar a como é feita a metodologia usada e como se dá a sua evolução, buscando

continuar o avanço na aderência do projeto as suas demandas.

O trabalho é feito de maneira que seu resultado possa ser usado para a restruturação,

mitigando os problemas de projeto encontrados e guiando as equipes durante todas as

etapas de planejamento, execução e encerramento do projeto.

1.2. Delimitações

O objetivo acima busca a análise para projetos específicos de campanhas de

manutenção offshore em indústrias de processos contínuos, e assim, valendo-se conta

da variabilidade entre projetos ele não é necessariamente aderente a outros tipos de

projeto. A tentativa de produzir um material generalizado para gestão de projetos é

entendida justamente como a causa da aderência baixa da gestão prescritiva. Não é

eficiente a generalização dos problemas de projeto, principalmente em vista da

qualidade das informações específicas sobre o mesmo vindas do acompanhamento in

loco do objeto analisado.

Outra delimitação do projeto é a ausência da abordagem prática sobre questões de

orçamento e controle de custos do projeto. Esse ponto é considerado um ponto

estratégico na empresa acompanhada, e de sigilo restrito. Portanto, não foi

disponibilizado durante a observação nenhuma informação sobre os custos e gastos da

companhia. Sendo assim esse ponto não será abordado neste trabalho de pesquisa

devido à falta de dados.

1.3. Estrutura do documento

Este documento é disposto com os seguintes capítulos:

Introdução: onde é apresentado o projeto, uma explicação superficial das suas

especificidades e o objetivo do projeto.

Metodologia da pesquisa: aqui é descrito como o trabalho de pesquisa será feito

para atingir o objetivo proposto.

Base conceitual: nesse capítulo está disposto o que foi encontrado na literatura

sobre a gestão de projetos e como isto se comunica com o que é observado.

Prática: descrição do que foi feito no projeto e a apresentação do estudo de caso

realizado.

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Discussão: a comprovação das necessidades do projeto e dos problemas

encontrados, feita com a comparação do que foi encontrado sobre gestão de

projetos com o caso e as análises realizadas sobre esse ponto.

Conclusão: o produto final do projeto de pesquisa e as recomendações para a

melhoria do processo de projeto.

Referências

Anexos

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2. Metodologia de pesquisa

Este capítulo tem por finalidade detalhar quais serão as etapas e como será feito o

desenvolvimento deste projeto de pesquisa. Sua execução é dada em três etapas: o

mapeamento da literatura, o acompanhamento do caso e as análises sobre o mesmo.

2.1. Revisão da literatura

Para elaboração da primeira etapa conceitual foi buscado nas bases de pesquisa, o que

já foi escrito sobre o tema. Seguindo a lógica da base a seguinte:

Como fazer a gestão projetos de campanha de manutenção em plataforma offshore?

E a partir dela iniciou-se as buscas sobre o tema, com as seguintes palavras chave:

projetos, gestão de projetos, manutenção, campanhas de manutenção e plataforma de

petróleo. Assim, como seus pares em inglês: project, management, project

management, maintenance, turnaround, turnaround management e oil rig. As buscas se

deram nas bases: periódicos capes, base minerva e Google Academics.

Como resultado dessa busca foram selecionados seis artigos e dois livros dentre os

encontrados que possuíam mais aderência ao assunto pesquisado. Também foi

adicionado a bibliografia, por indicação, outros dois livros e um artigo, também

referentes ao tema, um sendo um dos livros acadêmicos mais utilizados e outro um guia

de gestão utilizado para a elaboração do projeto em questão. Os materiais selecionados

estão dispostos nas referências desse documento.

Após a leitura das referências mencionadas, foi estruturado o que é chamado de base

conceitual da gestão de projetos, que será mostrado no capítulo 3. Essa parte é

responsável por consolidar e organizar o que foi lido, expressando o que dizem os

conhecimentos já existentes sobre essa área de pesquisa.

2.2. O acompanhamento do caso

Nesta parte foi feito o estudo do caso real sobre seis campanhas de manutenção em

seis diferentes plataformas de óleo de uma única empresa. O acompanhamento se deu

ao longo de três anos e meio, por diversos pesquisadores. Pessoalmente acompanhei

os projetos durante um ano e meio, e tive acesso as informações coletadas por outros

pesquisadores durante toda a duração dos projetos.

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A maneira com que o acompanhamento foi feito é a abordagem etnográfica, onde o

pesquisador se insere no meio que está analisando para fazer suas observações.

Assim, estive presente em todas as etapas de planejamento, execução e encerramento

do projeto. Participando das reuniões de projetos nestas etapas, das reuniões de

acompanhamento da execução da obra (tanto a bordo quanto por videoconferência) e

realizando entrevistas com os principais atores dos projetos para aprimorar o

entendimento do mesmo.

Também tive acesso aos documentos referentes a gestão dos projetos, as unidades

onde eles ocorreram e sobre a gestão da empresa responsável. Todos esses

documentos serviram, também, como base para elaboração da pesquisa.

Com as informações coletadas com essa abordagem, foi possível entender como é feito

um projeto dessa maneira na empresa analisada, qual metodologia que foi utilizada

como base para iniciar a gestão de projetos, como sua gestão evoluiu entre cada projeto

consecutivo ao longo dos três anos e meio, entender as dificuldades e necessidades

encontradas pelas equipes participantes ao longo das etapas e fazer uma análise sobre

a possibilidade de melhorias para o projeto. Esta etapa está detalhada no capítulo 4.

2.3. Análise sobre o projeto

Esta parte da parte pesquisa se divide em duas partes, o cruzamento dos conceitos

encontrados na literatura sobre gestão de projetos com os utilizados pelas equipes no

estudo de caso e a apresentação das análises realizadas sobre os problemas e desvios

encontrados com as recomendações indicadas melhoria do processo de projeto.

A primeira parte é feita de maneira teórica, onde o que foi levantado e descrito como

base conceitual é comparado com a estrutura real utilizada em cada projeto. Assim,

identificando o que pôde ser aproveitado pelas equipes na organização do projeto e o

que foi descartado. Também foram procuradas as lacunas na gestão, onde são

buscadas as demandas que são essenciais ao projeto e não foram mencionadas na

literatura, pois são específicas deste tipo de projeto ou por outro motivo qualquer. No

capítulo 5 se encontra o detalhamento desta etapa.

E por fim, a pesquisa se propõe a elaborar as recomendações para melhoria da

estrutura de projeto. Feita sobre os problemas e demandas encontrados nas etapas

anteriores e os conhecimentos encontrados na literatura bem como os conhecimentos

apresentados e adquiridos por mim durante a estadia no curso de engenharia de

produção. Ressalto também que toda a análise sobre as melhorias propostas foi

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apresentada aos principais colaboradores dos projetos acompanhados para validação

das informações e das ideias apresentadas. Esta etapa se encontra no capítulo 6.

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3. Base conceitual

Como dito na metodologia, aqui foi feito a revisão da literatura, e onde foram

selecionados os textos relevantes para o entendimento dos conceitos presentes sobre

gestão de projetos. Os livros selecionados para formação da base conceitual foram:

Turnaround Management –Tom Lenahan (1999)

Maintenance Planning and Scheduling Handbook – Richard Palmer (2006)

Administração de Projetos – Meredith e Mantel (2000)

Guia PMBOK (5ª edição) – Diversos autores (2013)

Com base nesses quatro livros foi possível identificar e consolidar os conhecimentos

encontrados na literatura sobre a gestão de projetos, e mais especificamente, a gestão

de campanhas de manutenção. A primeira observação importante sobre esse

levantamento é que o que foi encontrado está disposto apenas de maneira descritiva,

ou seja, trata a gestão generalizadamente, não apresentando um caso específico ao

qual a estruturação proposta é realizada. Os casos apresentados nos livros são apenas

pequenos resumos sobre experiências dos autores para explicar algum tópico da

narrativa, não há uma consistência de um único caso a ser apresentado para todos os

tópicos elaborados pelo autor. Esta pesquisa se organiza de maneira diferente, onde

todos os tópicos da gestão proposta serão feitos a partir do caso real.

A consolidação feita sobre esses documentos identificou também que todos eles

dividem os projetos em macroetapas, buscando separar as necessidades do projeto em

tópicos a serem desenvolvidos em cada etapa, apesar da definição das macroetapas

de diferenciarem entre eles. A tabela abaixo demonstra os principais tópicos

encontrados em comum entre as obras analisadas.

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Tabela 1 – Mapeamento dos tópicos da literatura

(Fonte: elaboração própria)

A partir destes tópicos será construída a consolidação da base conceitual do tema, que

apenas irá focar nos pontos em comum e mais importantes destacados na leitura

realizada na pesquisa que sejam são mais relevantes para o caso real acompanhado,

para aprofundamento da análise3. Serão eles:

3.1 – Definição de projeto

3.2 – Estrutura de projeto

Organização do projeto

Gerente de projeto

3.3 – Seleção do projeto

3.4 – Escopo do projeto

3.5 – Planejamento do projeto

Cronograma do projeto

Controle do projeto

Programação

3 Alguns assuntos foram agrupados pois se tratam de assuntos muito próximos e interdependentes.

Macroetapa Tópico Meredith PMBOK Palmer Lenahan Qnt

Iniciação Seleção do projeto (Estratégia do projeto) x x x x 4

Iniciação Planejamento do projeto x x x x 4

Iniciação Gerente de projeto x x x 3

Implementação Cronograma do projeto x x x 3

Implementação Controle do projeto x x x 3

Iniciação Organização do projeto x x x 3

Implementação Orçamento e estimativa de custos x x x 3

Término Término do projeto x x x 3

Iniciação Escopo do projeto x x 2

Implementação Execução da obra x x 2

Implementação Plano de segurança x x 2

Iniciação Iniciando o projeto x x 2

Implementação Pacote de comunicações x x 2

Implementação Alocação de recursos x x 2

Implementação Plano de qualidade x x 2

Implementação Execução da obra x x 2

Iniciação Conflito de negociação x 1

Implementação Monitoração x 1

Término Auditoria do projeto x 1

Implementação Riscos do projeto x 1

Iniciação Pré-intervenção x 1

Implementação Logística x 1

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3.6 – Execução do projeto

3.7 – Término do projeto

3.8 – Plano de segurança

3.1. Definição de gestão de projetos

O primeiro ponto apresentado em todos os documentos analisados era justamente a

definição do objeto de estudo. Tanto o termo projeto quanto a expressão gestão de

projetos ainda geram muitas dúvidas na hora de entender suas características. O projeto

é comumente destacado como um esforço de uma companhia ou um grupo de

colaboradores para atingir um objetivo em comum, possuindo um ciclo de vida definido,

pois o projeto tem características cíclicas com início, meio e fim (Maximiano, 2002).

Porém, no ambiente de uma empresa ela tem uma série de peculiaridades que devem

ser definidas para que se possam atingir o sucesso esperado.

Assim surge o termo gestão de projetos, usado para agrupar todas as características,

conhecimentos e todos os outros pontos referentes ao projeto. Sua definição foi

encontrada como uma maneira de lidar com muitas disciplinas diferentes que trabalham

em conjunto para atingir um objetivo em comum, sua motivação vem de uma demanda

nova (atividades não rotineiras) que necessita um esforço coletivo para ser atingido. Ou

seja, vem da necessidade de ser organizar para realizar uma tarefa diferente das

ordinárias já presentes no ambiente da empresa (Meredith e Mantel, 2000).

A gestão envolve o uso de pessoal e recursos, disponíveis ou não, da companhia de

maneira a atingir um objetivo pré-selecionado. Possui seus pilares em três pontos,

prazo, custo e desempenho, controlar o projeto significa equilibrar esses três pilares de

maneira a chegar mais perto de uma meta definida, uma vez que é impossível maximizar

todos simultaneamente, como mostrado na Figura 1 (Meredith e Mantel, 2000). A meta

é um conjunto de expectativas sobre as partes que permitem a aproximação desejada

ao objetivo geral (PMBOK, 2013).

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Figura 1 – Pirâmide dos parâmetros do projeto

(Fonte: Meredith e Mantel, 2000)

Expectativa essa que vem do que é chamado de desejo do “cliente”. Diferente do uso

comum da palavra o cliente pode ser tanto externo quanto interno, uma área da

empresa, a diretoria e etc. É o demandante do projeto, e quem definir o que deve ser

atingindo ao seu término (Meredith e Mantel, 2000). E a partir dessa definição são

elaboradas as especificações inicias do projeto, como tempo, orçamento, escopo,

pessoal necessário, entre outras.

Enfim, o projeto se inicia, fazendo a gestão desses pontos mencionados ao longo de

sua duração. Administrando as mudanças, os conflitos e toda sorte de problemas que

se apresentar, sempre negociando com as diversas partes interessadas para que

nenhum de seus pilares (pontos mais importantes) saia do eixo, e o projeto falhe. O que

não significa que as especificações iniciais devem ser sempre mantidas, ou que o

objetivo seja estático, o projeto nunca é ordeiro e racional, uma vez que sempre está

lidando com algo novo na companhia e com diversas equipes com objetivos próprios,

mas é preciso de alguma definição do que o projeto quer atingir para que as

especificações (o como atingir) possam ser flexibilizadas na medida dos limites

possíveis e ainda assim o projeto ser encerrado com sucesso (PMBOK, 2013).

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3.2. Estrutura do projeto

O termo estrutura do projeto se refere a maneira como que ele se organiza para que

todas as partes envolvidas possam participar satisfatoriamente do seu andamento.

Também faz menção a como a área de projetos se encontra disposta na estrutura da

empresa, e principalmente, a onde a figura do gerente de projetos se encaixa na mesma.

3.2.1. Organização do projeto

Todas as empresas já possuem algum tipo de orientação organizacional,

independentemente da existência de projetos ou não. A organização do projeto enfoca

muito em como é feita a interface entre o projeto e a organização principal da empresa,

se ela é uma organização funcional até mesmo se é organizada por projetos (Meredith

e Mantel, 2000).

Falar de organização do projeto é entender onde essa interface deve se encaixar.

Opções são a entrada de uma área de projetos como uma nova área da divisão funcional

da empresa, pode ser também uma nova área dedicada a projetos independente das

outras ou pode até usar da estrutura já presente e apenas nomear colaboradores

responsáveis pelo projeto numa organização matriz, que acaba sendo um misto entre

as duas primeiras opções (PMBOK, 2013). Como nas figuras 2, 3 e 4.

Figura 2 – Exemplo de organização matricial

(Fonte: PMBOK, 2013)

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Figura 3 - Exemplo de organização com setor de projetos

(Fonte: PMBOK, 2013)

Figura 4 - Exemplo de empresa organizada por projetos

(Fonte: PMBOK, 2013)

3.2.1.1. Equipes de projeto

Montar uma equipe de projeto envolve escolher os indivíduos que irão participar full-

time4 e part-time5 das tarefas. Aqui é falado também do conceito do escritório de projeto,

4 Dedicados exclusivamente ao projeto. 5 Funcionário com dedicação parcial as atividades do projeto ou atividades de suporte.

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um local físico para centralização do pessoal, da tomada de decisões e das atividades

em geral do projeto (Meredith e Mantel, 2000).

A criação da equipe depende muito do quadro de funcionários disponível na empresa e

de como é sua estrutura organizacional principal, bem como depende das necessidades

das atividades do projeto e de seu tamanho (Lenahan, 1999). Isto é o que vai definir o

número de pessoas que serão responsáveis pelo projeto exclusivamente, respondendo

ao gerente de projetos. Os funcionários de dedicação parcial normalmente prestam

assistência, como ponte entre o projeto e as suas áreas, e são regulados pela demanda

dos serviços referente a ela.

Essa definição de qual serão as necessidades do projeto, que vão gerar a equipe, deriva

do WBS. Onde pode-se ver qual o tamanho e a natureza das tarefas envolvidas para

completar o projeto, e partir daí, qual o tamanho da demanda referente a cada área.

Essa avaliação permite traçar o que deverá ser a equipe baseada na força de trabalho

estipulada pelo gerente do projeto em acordo com os gerentes de área (PMBOK, 2013).

A formação da equipe também não é algo sólido. No andar no projeto podem ocorrer

modificações, refletindo na inclusão de novas áreas ou alteração no nível de dedicação

de algumas já presentes, ou de alguns funcionários específicos. Isto ocorre pois as

demandas de projeto se alteram em cada etapa, consequentemente o trabalho das

equipes também irá se alterar.

Essa coordenação também é responsável por integrar as áreas dos projetos entre si.

Funciona como o canal de comunicação, onde podem ser debatidos e discutidos os

pontos que interessam a mais de um setor, intermediados pelo gerente de projetos. Isto

normalmente significa uma quantidade extensa de reuniões periódicas para o

alinhamento das informações entre as partes e depende de uma dedicação de atenção

importante dos gerentes de área, principalmente em equipes de atuam com dedicação

parcial ao projeto (Meredith e Mantel, 2000).

Também é importante atentar-se na gestão das equipes os fatores humanos envolvidos.

A sensibilidade política no envolvimento de cada área afeta no desempenho da mesma

no projeto. A resolução de conflitos quando mal feita prejudica a contribuição daquela

parte ao todo, e isso não depende só do gerente de projetos (Lenahan, 1999). Portanto,

o perfil e a capacidade de influência dos colaboradores de áreas funcionais são um

requisito a ser levado na escolha dos representantes específicos a serem enviados ao

projeto.

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3.2.2. Gerente do projeto

Outro ponto bastante mencionado sobre a gestão de projetos é a figura do gerente de

projeto. Todo projeto precisa de uma liderança para que seu andamento seja fluído. Por

envolver diferentes áreas e equipes, a tomada de decisões nunca é uma tarefa trivial e

a sua dispersão quase sempre leva o projeto ao fracasso. Portanto a centralização

dessas decisões, bem como a gestão dos conflitos entre as equipes, costuma a ser

delegada para esta figura.

3.2.2.1. Alocação de um gerente ao projeto

A maioria das empresas ou organizações não possui um cargo de gerente de projetos,

apesar de o cenário estar mudando. Algumas até não definem essa posição mesmo

durante o andamento de um projeto. Porém, o destaque dessa posição deve ser desde

o início do projeto, quando ainda estão sendo definidas as especificações do projeto. O

gerente é um simplificador nessa situação, uma pessoa que possa tomar a decisão

observando as necessidades de todas as áreas, por isso ele se tornar importante

quando se está definindo o projeto (Meredith e Mantel, 2000).

A ausência de um profissional desse tipo, mesmo que nas fases iniciais do projeto, é

muito prejudicial. Ela implica em tomadas de decisões parciais, feitas por um número de

equipes diferentes, com objetivos diferentes, o que gera um conflito de interesses

mesmo em definições mais simples (Palmer, 1999). Uma tomada de decisões

prejudicada gera problemas para o andamento do projeto, ainda que só detectados em

fases mais avançadas, o que se torna mais crítico, pois a capacidade de ação sobre

alterações nos planos do projeto é reduzida conforme sua implementação avança, o

custo e o esforço para realizar as alterações é maior enquanto o tempo para pô-las em

prática é menor, o que justifica o uso do gerente de projeto já nas etapas iniciais

(PMBOK, 2013).

Porém, o contraponto disso, é que as organizações por muitas vezes não possuírem

esse cargo no seu organizacional, assim não tendo uma pessoa para indicar logo nas

primeiras etapas, ou não quererem dispor do deslocamento de um recurso humano de

outra área para o projeto antes que ele tenha atingido um certo nível de maturidade.

Quando ocorre esse segundo caso, do deslocamento de um funcionário de outra área

para gerência de projetos, existe um ponto de destaque. Gerentes de área costumam a

ser o que é chamado de gerente funcional, que possui uma visão analítica sobre os

problemas e tende a quebra-los em partes menores para resolve-los. Esse tipo de

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funcionário não é indicado para ser o líder em projetos, sua visão parcial da situação

não beneficia o tipo de trabalho que será realizado.

Portanto, quando for alocar alguém para o cargo de gerente de projeto, é preciso atentar

para as características da visão de sistemas, que se contrapõe a visão funcional. Essa

visão se beneficia da habilidade de analisar o macro de um conjunto de componentes a

serem inter-relacionados resolução dos problemas. Em suma o gerente de projetos,

sendo um cargo definido ou alocado de outra área, deve ter um perfil de habilidades

distinto para exercer essa função (Meredith e Mantel, 2000).

3.2.2.2. Características e funções do gerente de projeto

Muito se fala das características e habilidades de um gerente de projetos, o que esse

profissional deve ter de diferente dos outros encontrados na empresa. O grande

diferencial é a capacidade de lidar com todas as partes interessadas no projeto,

resolvendo os conflitos que aparecem. Sendo assim um simplificador para o projeto, um

ponto focal onde as equipes deverão levar os problemas para que as decisões de

solução sejam tomadas (Meredith e Mantel, 2000).

Além disso esse funcionário é importante para a motivação do pessoal, controle do

orçamento e do prazo. É ele quem fará com que as equipes trabalhem em sintonia para

atingir o objetivo e para isso deve ser uma pessoa com uma boa habilidade interpessoal

e política, capaz de gerir os conflitos, até mesmo com a alta diretoria, de maneira que

seja o intermediador nas negociações entre as partes interessadas no projeto.

A formação de um bom gerente de projetos, para gestão de grandes projetos

principalmente, costuma a ser uma dificuldade. Além das habilidades mencionadas um

fator que define esse profissional é a experiência. Lidar com gestão de projetos não é

algo ordeiro e racional, é confuso e sempre se trabalha com em ambientes novos para

a companhia (Meredith e Mantel, 2000). E para ter experiência nisto costuma-se

trabalhar primeiro em projetos pequenos, em participações parciais em outros projetos

e treinamentos específicos para adquirir conhecimento sobre as possíveis ocasiões

encontradas em projetos (Palmer, 2006).

3.3. Seleção do projeto (Estratégias de projeto)

Seguindo a lógica cronológica, o primeiro passo para a implementação de um projeto é

a seleção do mesmo. A definição do que se pretende obter com ele, e assim, encontrar

a melhor maneira de desenvolve-lo baseado nas especificações desejadas e na melhor

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maneira de aproveitar os recursos disponíveis e limitações presentes no ambiente onde

o projeto será realizado.

3.3.1. Definição dos critérios

A maneira usual de fazer este desenvolvimento do projeto é definir uma metodologia

com o uso de modelos de auxílio a decisão, como gráficos, diagramas, fluxogramas,

organogramas, modelos em rede, entre outros6. Uma metodologia é processo a seguir

que dá maior controle sobre os recursos que serão usados no projeto. Controlando

melhor o processo a equipe será mais eficiente pois terá mais precisão na entrega de

prazos e custos. O bom uso da metodologia é importante para reprodução de práticas

que levam ao sucesso do projeto (Meredith e Mantel, 2000).

E a seleção de projetos está diretamente ligada a isso. A escolha da metodologia a ser

utilizada é o que define qual será o tipo de desenvolvimento que o projeto terá. Ela deve

ser tomada levando em conta alguns critérios presentes no ambiente do projeto, como:

as exigências do mercado em que a empresa atua, o alinhamento com os objetivos do

negócio, o tipo de mão-de-obra disponível para o projeto, a cultura organizacional da

companhia, os recursos disponíveis para o projeto, as limitações técnicas e

6 Técnicas como a construção de uma EAP, gráfico de Gantt, PERT, Canvas, PDCA, 5W2H, KPI, rede de

atividades e modelagem de sistemas estão bem difundidas na literatura e são comumente utilizadas para

a gestão de todos os tipos de projeto.

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operacionais, o risco do projeto, entre outros fatores (Meredith e Mantel, 2000). A Figura

5 apresenta um detalhamento dos diversos fatores que influenciam essa decisão.

Figura 5 – Fatores de avaliação do projeto

(Fonte: Meredith e Mantel, 2000)

Isto tudo deve ainda ser alinhado com o desejo do cliente, seja ele interno ou externo,

mencionado no capítulo anterior. A metodologia deve ser usada como suporte para

atingir o objetivo proposto, uma falha ser selecionar o método adequado no início do

projeto pode distanciar as equipes desse objetivo. Portanto é de grande importância que

o objetivo seja claramente definido, para que assim possam ser definidos também os

principais critérios que o projeto deve ter e a quais deles irão ser atribuídos pesos

maiores na avaliação da seleção (Lenahan, 1999).

A partir daí começam a ser desenvolvidas as propostas de projetos, combinando as

diferentes técnicas existentes para elaboração das metodologias, com base nos critérios

definidos. A elaboração de múltiplas propostas é feita para que se esgotem as distintas

opções de desenvolvimento do projeto e a liderança possa decidir pela opção mais

aderente com as necessidades da demanda que motivou o projeto. Neste ponto é muito

utilizada a experiência dos participantes em projetos anteriores e em atividades da

empresa para elaboração das propostas, sem essa experiência a metodologia faz uso

de muitas estimativas, aumentando a incerteza e consequentemente o risco da proposta

(Meredith e Mantel, 2000). Ao fim dessa etapa se inicia a avaliação das propostas.

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3.3.2. Avaliação das propostas

Quando todas as propostas estiverem finalizadas enviadas, se inicia o processo de

avaliação para a definição de um modelo final que melhor condiz com os objetivos. Para

elaboração dos critérios de avaliação estão descritas na literatura um gama de métodos,

entre conceituais e numéricos, que permitem que seja feita a diferenciação das

propostas.

Estes métodos são utilizados em conjunto com os critérios para que sirva de suporte a

escolha da liderança. Entre os modelos encontrados os mais comuns são:

Necessidade operacional

Necessidade competitiva

Expansão de capacidade

Riscos reduzidos

Análise de lucro e lucratividade

Análise de Payback

Combinação de métodos

Ainda que não sejam usados nenhum desses métodos, as propostas serão

posteriormente avaliadas em uma matriz de avaliação. A equipe da uma nota para casa

proposta apresentada com base nos critérios definidos e os classifica por seu

desempenho, podendo assim ter uma visão maior sobre qual proposta está mais

alinhada com o seu objetivo (Meredith e Mantel, 2000). Assim é possível ter uma análise

ponderada entre os critérios, apesar de que os fatores operacionais e financeiros

costumam a prevalecer nas avaliações, como demonstrado na Figura 6.

Figura 6 – Análise ponderada de projetos

(Fonte: adaptado de www.euax.com.br)

Esse tipo de análise consegue refletir os múltiplos objetivos que são uma característica

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padrão de projetos, e servem também para “traduzir” posteriormente para as diferentes

equipes do projeto quais são as preferências em termos de desempenho do projeto que

elas devem tomar como base para suas decisões.

Ao fim, teremos um ranking das propostas, que reflete a visão da liderança em termos

de critérios e objetivos, para que se possa ser feita a escolha com segurança evitando

problemas de compatibilidade. E então, elaboração da proposta final, que será

apresentada a toda a empresa como um plano de implementação, para que se possa

dar início as atividades de projeto. O plano de implementação costuma a ser uma

síntese das estimativas do projeto (em termos de prazo, custo e desempenho), os

materiais, equipamentos e pessoal necessário para execução e todas as outras técnicas

mencionadas que possam já ser desenvolvidas ainda em que seja uma versão

preliminar (como gráfico de Gantt, cronograma, PERT, caminhos críticos e etc).

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3.4. Escopo do projeto

O escopo é um assunto importante para o sucesso do projeto desde seu início. Um

conjunto de objetivos bem definido é necessário, caso todas as partes do processo de

planejamento não tenham um claro entendimento de precisamente o que se espera que

o projeto ofereça, o planejamento certamente será inadequado (Lenahan, 1999).

O processo do escopo do projeto é feito para assegurar que ele incluiu todo o trabalho

necessário, e apenas o necessário, para sua conclusão. Em um projeto ele é divido em

duas partes, o escopo do produto, que define o resultado esperado, e o escopo do

projeto, que define o meio a se alcança-lo (PMBOK, 2013).

Dito isso, definir o resultado é o primeiro passo do projeto. A partir dele que se começa

a pensar qual o trabalho que deverá ser feito. Estar bem definido para as equipes

participantes é um ponto importante, pois como todo as tarefas posteriores são gerados

dessa definição, e mudanças nesse ponto causam um retrabalho ao projeto que se torna

maior a cada momento decorrido do início (PMBOK, 2013). A seguir uma típica curva

de custos x tempo em um projeto (Figura 7).

Figura 7 – Curva de custos e riscos x tempo de projeto

(Fonte: PMBOK, 2013)

Uma vez que a definição do escopo do produto é feita pela liderança. Com base na

estratégia da empresa, necessidades operacionais ou pesquisas de mercado (como

descrito no capítulo de seleção de projeto) o escopo é feito a partir do escopo do

produto. Sua elaboração deriva muito das técnicas mencionadas anteriormente como o

WBS e é influenciado diretamente pelo envolvimento das partes interessadas na

descoberta e decomposição das necessidades em requisitos, e pelo cuidado tomado na

determinação, documentação e gerenciamento dos requisitos do produto, serviço ou

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resultado do projeto. Os requisitos incluem condições ou capacidades que devem ser

atendidas pelo projeto ou estar presentes no produto, serviço ou resultado para cumprir

um acordo ou outra especificação formalmente imposta. Estes requisitos precisam ser

obtidos, analisados e registrados com detalhes suficientes para serem incluídos na linha

de base do escopo e medidos uma vez que a execução do projeto se inicie. Requisitos

se transformam na fundamentação da EAP no escopo do projeto. O planejamento do

custo, cronograma e da qualidade e às vezes as aquisições são todos construídos com

base nestes requisitos (PMBOK, 2013).

Sobre essa determinação de requisitos também deve ser mantido uma contingência,

pois o projeto no seu início ainda é dotado de incertezas e quase sempre surgirão

imprevistos que podem alterar essas definições tomadas. Portanto o modelo do escopo

ainda que preciso, deve manter um certo grau de adaptabilidade e se mostrar flexível

para que possa ser feita a gestão do mesmo frente as mudanças de maneira menos

custosa ao projeto.

Essa adaptabilidade vem do gerenciamento do escopo, o controle efetivo sobre a real

necessidade e o impacto dessas mudanças apresentadas para que inclusões ou

modificações sejam rigidamente analisadas e não prejudiquem o que as equipes de

planejamento possuem de capacidade de execução. Uma mudança inserida ou alterada

em fases avançadas de maneira incorreta ou precipitada pode modificar todos os planos

já feitos, o que caracteriza o retrabalho (PMBOK, 2013).

Por último, o gerenciamento do escopo deve se atentar ao trabalho desnecessário.

Principalmente quando trata de projeto de manutenção onde a planta ainda está

operando durante o as etapas de planejamento, pois a tendência da demanda é

aumentar ao longo das ocorrências diárias na unidade (Lenahan, 1999).

Assim, deve-se considerar margens de segurança para a quantidade de trabalhando,

visando o aumento do escopo devido a esses problemas. E também é útil determinar

um tempo limite para as alterações na lista de tarefas do projeto, para que sempre haja

tempo hábil pra o planejamento tratar as mudanças.

3.5. Planejamento do projeto

O planejamento é encontrado muitas vezes como a parte mais importante do projeto.

Um planejamento cuidadoso está associado ao sucesso do empreendimento, ele é

também um processo iterativo e sistemático do desenvolvimento do projeto. Seu

propósito é estabelecer um conjunto de direções para serem transmitidas as equipes

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sobre o que precisa ser feito, quando precisa ser feito e com que recursos precisa ser

feito cada passo do projeto (PMBOK, 2013).

Uma definição mais simples é de que o planejamento é a tradução das expectativas do

projeto para a execução. A representação, por meio de uma gama de ferramentas, que

exprimem o que foi pensado em tarefas, suavizando o caminho da ideia até a realização

(Meredith e Mantel, 2000). São muitas as definições sobre planejamento, pois a

literatura sobre esse tópico específico é extensa.

Ele se inicia com o mapeamento detalhado de tudo que se precisa fazer no projeto,

porém ainda simples o suficiente para que as equipes não se percam na precisão

minuciosa das informações, uma sensibilidade excessiva no detalhamento pode

atrapalhar a execução.

Normalmente ele consiste de um plano mestre, que costuma a ser divido, devido a

quantidade de colaboradores e informações presentes, em planos específicos para

cada área ou compartilhados entre algumas. Um plano mestre usualmente é grande e

contém uma quantidade grande de informações, é preciso uma maneira mais simples e

rápida de transferir o conhecimento no projeto. Alguns exemplos dos planos mais vitais

são o orçamento e o cronograma, mas eles não se limitam a isso e podem atingir uma

elevada quantidade dependendo do tamanho projeto (Meredith e Mantel, 2000).

Esses planos podem tomar muitas formas, e nem sempre há um padrão de como deve

ser feito. Seu principal objetivo é guiar as equipes durante o projeto e servir como

consulta as diferentes partes interessadas para que possa ocorrer a integração das

tarefas multidisciplinares (Lenahan, 1999).

Um dos planos mestres mais comuns é o WBS – Work Breakdown Structure (em

português EAP – Estrutura Analítica do Projeto), que é um modo de destrinchar o que

precisa ser feito para atingir o objetivo em tarefas mais específicas, que possam ser

delegadas a pessoas ou equipes (Meredith e Mantel, 2000). Também são ferramentas

para construção de planos outras técnicas como a tabela de responsabilidade e o plano

de ação.

Durante o gerenciamento do projeto é crucial que todos os planos sejam claros e

estejam em sintonia com a missão de concluir o que foi proposto no objetivo. Para que

isso aconteça é imprescindível que a liderança do projeto mantenha uma coordenação

sobre o que está sendo feito nos planos. Isso se faz com um controle do gerente de

projeto sobre os mesmos, garantindo que todos estejam sendo elaborados com o

conhecimento claro do escopo do projeto e as expectativas sobre o resultado de cada

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área. E com o acompanhamento do desenvolvimento dos planos ao longo da duração

do projeto. Como um projeto toda parte em um período estabelecido de tempo com

diferentes etapas, é esperado um nível de maturidade diferente dos planos em cada

momento (Palmer, 2006). Verificando assim se eles contêm o que é necessário para

concluir os seus objetivos parciais e finais a cada etapa, e se o trabalho da equipe

referente não está se distanciando do objetivo principal.

3.5.1. Elementos do plano

Para que um plano esteja em um nível de maturidade satisfatório para o início da

próxima fase ele deve abordar uma série de tópicos, que podem variar devido as

necessidades do projeto, para que a gestão principal e as outras partes interessadas

possam utiliza-lo (Meredith e Mantel, 2000). Alguns dos principais pontos que devem

ser abordados estão:

Visão geral: Um pequeno resumo dos objetivos e escopo do projeto.

Objetivos: Descrição detalhada das metas gerais do projeto.

Cronogramas: Lista temporalmente as atividades e eventos que deverão ocorrer.

Recursos: Detalha o uso de recursos necessário referentes ao plano em questão

(orçamento, materiais, equipamentos, etc.).

Pessoal: Requisitos de capital humano necessários, incluindo o perfil e

habilidades especiais dos indivíduos.

Métodos de avaliação: Padrões e métodos estipulados para monitoramento das

atividades do plano.

Riscos: Incertezas e possíveis problemas que possam ser apresentados ao

decorrer das atividades.

O acompanhamento dos planos em uma gestão de projetos deve ser feito de maneira

ordenada. Realizar processo de planejamento significa organizar os planos em um

sequenciamento de atividades o que dará a “cara” do projeto. Normalmente feito em

forma de gráfico, fluxograma ou tabela, a partir dele deve ser possível até que alguém

externo ao projeto endenta com clareza como ele irá se desenvolver. Quanto maior o

projeto mais complexo será esse processo de planejamento. Assim como podemos

planejar um desenho simples (Figura 8), podemos também planejar a construção de

uma fábrica (Figura 9).

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Figura 8 – Plano de um desenho simples

(Fonte: adaptado de http://comodesenhar10.com)

Figura 9 – Plano de um empreendimento industrial

(Fonte: adaptado de italonaweb.com.br)

O uso desse tipo de estrutura é o que demonstra o projeto indo da maturidade básica a

avançada e até a conclusão. Auxilia a gestão a controlar as expectativas do projeto e

de cada equipe e auxilia as equipes a entender a parte do seu trabalho dentro do todo

e a executar o trabalho que se é esperado com mais aderência.

3.5.2. Cronograma do projeto

O cronograma é um dos planos mais importantes do planejamento, juntamente com o

plano mestre e o orçamento. Sua função é localizar as atividades e os eventos

relacionados ao projeto em uma sequência localizada do espaço temporal, que servirá

de guiar para as equipes ao longo da duração do projeto, bem como servir de parâmetro

de controle para a maturidade do mesmo. São feitos usualmente com técnicas bem

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difundidas como diagrama de Gantt, PERT7 ou CPM8, possuindo uma séria de conceitos

básicos para sua elaboração (Meredith e Mantel, 2000).

O cronograma pode ser composto de uma visão macro do projeto ou até mesmo ter um

detalhamento temporal preciso das tarefas. Inclusive, um projeto costuma a ter mais de

um cronograma, ou subdivisões do principal, com base no que tipo de trabalho que é

preciso ser feito pelas equipes nas diferentes etapas (Lenahan, 1999).

O detalhamento dele, aliás, é um ponto de atenção. Um erro comum quando ao uso do

cronograma é o excesso de precisão. As variabilidades, assim com as incertezas, do

projeto em um planejamento temporal muito restrito quanto as atividades pode

prejudicar o andamento da execução das tarefas.

A seguir uma explicação das técnicas de elaboração de um cronograma:

PERT/CPM: São duas técnicas muito parecidas que consistem em elaborar um

gráfico de sequenciamento das atividades com as estimativas mais assertivas

de cada, organizada em uma rede de dependências temporais, onde deve-se

respeitar os pré-requisitos de uma atividade para que ela ocorra. A diferença

entre ambas é que a técnica PERT utiliza a média ponderada de três durações

possíveis de uma atividade (otimista, mais provável e pessimista), como na

Figura 10, já a CPM é um método de apuração do caminho crítico dada uma

sequência de atividades, isto é, quais atividades de uma sequência não podem

sofrer alteração de duração sem que isso reflita na duração total de um projeto.

Figura 10 – Exemplo de PERT

(Fonte: http://www.scielo.br)

Diagrama de Gantt: é um gráfico usado para ilustrar o avanço das diferentes

etapas de um projeto. Os intervalos de tempo representando o início e fim de

cada fase aparecem como barras coloridas sobre o eixo horizontal do gráfico.

7 Program Evaluation and Review Technique 8 Critical Path Method (Método do caminho crítico)

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Associado a esta ideia, está o fato de esta forma de representação gráfica, das

atividades de um projeto, permitir, ainda, avaliar os seus custos, resultante do

consumo de recursos necessários à conclusão de cada uma de suas tarefas.

Figura 11 – Exemplo de diagrama de Gantt

(Fonte: http://slideplayer.com.br)

3.5.3. Controle do projeto

Fazer o controle do projeto, uma parte do ciclo de planejamento e posteriormente

execução, é coletar a informação sobre o desempenho do sistema aplicado e compara-

la com o nível desejado (ou planejado) e, se a diferença for considerada inaceitável

entra os desempenhos real e esperado, o gerenciamento do projeto deve intervir com

uma ação no sentido de reduzir essa diferença.

O controle é focado nos três elementos básico de projeto, tempo, custo e desempenho,

ainda assim é bem comum que se perca de vista esses alvos fundamentais,

especialmente em grandes projetos com uma riqueza de detalhes e grande número de

pessoas e áreas envolvidas. As estimativas sempre irão sofrer com mudanças a partir

das incertezas, problemas técnicos podem atrapalhar o desempenho, o orçamento pode

aumentar junto com o escopo, dificuldades técnicas podem prejudicar o andamento do

cronograma, entre muitos outros motivos (Meredith e Mantel, 2000).

Infinitos tipos de deslizes podem alterar a reta do projeto, principalmente quando se está

mexendo com algo novo e não-familiar as equipes participantes. Estar a par de tudo é

a melhor resposta que se pode ter quando se deseja manter todas as variáveis

controladas. E fazer esse controle se baseia em inspecionar todo o trabalho que está

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sendo feio periodicamente através de KPI9s, que muito auxiliam a liderança a ter visão

sobre o todo, e no uso de uma curva-S, representada no Anexo A, para que se possam

identificar os desvios e atuar sobre eles para que voltem aos eixos desejados (Palmer,

2006). O ponto importante do controle de projeto é estar tão atento em resolver os

problemas, quanto a identificar os problemas. Isso requer um bom fluxo de informação

e uma estrutura de organização do projeto que favoreça esse fluxo (Meredith e Mantel,

2000).

3.6. Execução

A execução de um projeto pode ser vista de maneiras muito diferentes dependendo do

tipo de projeto que se analisa. Se tratando do foco da pesquisa, projetos de manutenção,

essa etapa é referente a execução das obras necessárias para atingir o objetivo, uma

etapa localizada logo após o planejamento.

Neste momento é que um número grande de atividades previamente planejadas toma

conta da planta, estando ela parada ou não. Esse evento possui uma séria de processos

e rotinas que caracterizam o que é chamado de gestão da execução (Lenahan, 1999)

Essa gestão se inicia com a mobilização da unidade para o recebimento dos esforços

de projeto. Tanto se a produção continuando paralelamente a manutenção, ou se é feita

a parada da planta, é necessário acomodar neste mesmo local uma série de

trabalhadores, materiais e equipamentos da manutenção, e para isso, é comum o uso

de obras prévias, ou manobras na planta, para reorganização o espaço e o fluxo do

local e viabilizar capacidade de execução para as equipes do projeto. Essas equipes

durante a mobilização serão responsáveis por preparar as áreas e os equipamentos

para execução, bem como posicionar o material e as ferramentas de acordo com as

necessidades da manutenção e da produção, caso a unidade não esteja parada.

Esse período de mobilização comtempla também a desmobilização, ainda que parciais

em menor grau, das equipes de produção, de modo ordenado pois é preciso um sistema

de troca de responsabilidades entre as equipes para que o projeto esteja preparado

para tomar conta da unidade, sendo capaz de controlar suas atividades e gerir seus

recursos para a obra (Lenahan, 1999).

9 Key Performance Indicators – Indicadores de performance

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29

Após o fim da entrega a manutenção, se inicia a gestão da execução na planta. Esse

controle é basicamente dividido em duas partes: gestão da rotina e controle de

imprevistos (Lenahan, 1999).

A gestão da rotina é supervisionar todo o trabalho que foi planejado, programado e

preparado e, quando necessário, conceder as previsões de contingência esperadas. A

essência desta parte é tomar conta do que foi planejado, para que ele ocorra da maneira

mais próxima ao esperado, e que as estimativas de tempo, custo e desempenho se

cumpram, acompanhando o dia-a-dia das obras de manutenção.

O controle do inesperado é a parte mais complexa da execução. São os problemas que

não foram previstos, nem na elaboração dos riscos do projeto, e não entraram nas

expectativas de contingência. A causa desses problemas podem vir dos mais diversos

meios, sendo a identificação de novas demandas e os desvios e acidentes os mais

comuns (PMBOK, 2013). O objetivo desse controle é estar preparado para reagir com

agilidade e eficiência a estas situações e minimizar o impacto negativo ao escopo. Um

incidente de rotina que não tenha sido controlado rapidamente ou corretamente pode

evoluir em um problema grande e até se tornar uma catástrofe levando o projeto ao

fracasso caso não seja resolvido.

Quando chega neste momento do projeto, as equipes já terão gerado um número

enorme de documentos. Essa gestão também é responsável pelo monitoramento do

trabalho que está sendo feito, para que ele esteja de acordo com o que foi elaborando

durante o planejamento, e quando ocorrerem divergências, fazer a negociação de

conflitos com os que planejaram para realizar os ajustes necessários. Para essa

atividade de monitoramento normalmente se faz uso de equipes de inspeção com certos

métodos de atuação. Os mais comuns são: a realização de reuniões periódicas (diárias

se possível, mas no mínimo semanais) para o acompanhamento dos serviços

realizados, onde é passado para a liderança e as partes interessadas tudo o que

aconteceu na unidade neste período. Outro método é a visita a campo da equipe para

o levantamento dessas informações caso seja necessária uma gestão mais precisa, e

o uso de uma ou mais curvas-S pelo planejamento, o que ajuda a visualizar o andamento

dos serviços e entender se o trabalho está fluindo da maneira correta ou se precisa ser

reforçado para atingir as expectativas.

O crucial para o sucesso em todos esses métodos de acompanhamento é a acuidade

das informações levantadas. Muitas vezes é difícil se entender dentro de um volume

grande de trabalho, porém a precisão é refletida em uma melhor resposta na tomada de

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30

decisões e na elaboração de planos de ação para controle de acontecimentos da

execução.

Também é controlado durante a execução, ou durante a pré-execução, a logística do

evento. Um detalhe sobre isso é que esse controle normalmente é feito por equipes de

suporte que irão lidar com uma carga de trabalho do projeto muito diferente, e

possivelmente muito maior, do que o do dia-a-dia. Isso acaba exigindo um planejamento

minucioso dessas ações e um método de controle especifico para as demandas do

projeto e/ou um reforço nas equipes de apoio (Lenahan, 1999).

3.7. Término do projeto

Na literatura, o término do projeto aborda não somente o encerramento propriamente

dito das atividades de projeto, mas também o momento “perto do término”. Esse

momento tem a ver com a desmobilização do projeto, equipes e organizacional, e a

entrega da unidade de volta as equipes de produção, no caso de projeto de manutenção

(Meredith e Mantel, 2000).

Também é encontrado nessa etapa a avaliação do projeto e a gestão do conhecimento

sobre o evento que aconteceu, ambos muito importantes para o aumento do nível de

experiência das equipes para projetos futuros.

O propósito da avaliação do projeto é medir o seu nível de “sucesso”, porém com uma

ressalva. Essa palavra sucesso tem um significado relativo em projetos, ele pode ser

significar que o projeto atingiu o seu objetivo e satisfez o cliente (ainda que tenha falhado

em se manter ao planejamento inicial de recursos), bem como ele pode ter o sentido de

eficiência. Um resultado próximo do esperado que tenha sido alcançado abaixo das

metas de tempo e custo ainda pode vir a ser considerado um sucesso. Outro meio de

avaliar o projeto é pensar no potencial futuro, estipular metas apenas como motivação

e por mais que o projeto tenha falhado em alcança-las, o desempenho em uma atividade

nova a empresa pode ser muito proveitoso para empreitadas futuras, nesse caso o

aprendizado e a expertise adquirida foram os fatores determinantes da avaliação

(Meredith e Mantel, 2000).

Portanto é importante a liderança da empresa ser clara com seus colaboradores sobre

as expectativas e critérios de avaliação, evitando assim o mal-estar e a desmotivação

após o término do projeto (Lenahan, 1999).

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31

De um modo quantitativo essa avaliação deve ser feita com o uso de indicadores.

Medidos e acompanhados ao longo de sua duração, eles já devem ter sido definidos

desde o começo para que as equipes saibam em que pontos eles devem focar seu

empenho, ou seja, para onde tende a tomada de decisões na resolução de conflitos.

Um erro nesse quesito é a falta de foco da liderança quanto a expectativa, desejar o

desempenho máximo em todos ou quase todos os possíveis indicadores de avaliação.

A gestão de um projeto é baseada em tradeoffs entre as áreas e equipes. Caso isso

aconteça a gestão do projeto ficará sem apoio para saber quais critérios são mais

importantes para a liderança da empresa e acabar fazendo uma tomada de decisão que

distancie o projeto dos desejos do “cliente” (Lenahan, 1999).

Sobre o fim das atividades do projeto em si, ao término da execução, tenha ela sido

terminada pelo fim dos serviços, ou por alguma limitação (de tempo ou custo, por

exemplo), é realizada a desmobilização do projeto. Ela pode ter um caráter físico, nos

projetos de manutenção, ou organizacional, em geral, como o retorno dos colaboradores

as áreas que eles pertenciam e a desestruturação do que havia sido organizado para o

desenvolvimento do projeto. Essa situação pode ocorrer de forma abrupta,

simplesmente fechando as ações de projeto sem um tempo para reorganizar seu fim.

Ou pose ser de maneira gradual, onde as equipes aos poucos vão retornando as suas

atribuições originais, quando o seu trabalho passa a não ser mais necessário.

Ocorrendo também uma integração das equipes de projeto com o cliente ou usuário

após a entrega. Isso ameniza a adaptação e permite uma iteração do usuário no produto

ou até mesmo uma passagem de serviço, onde as atividades não concluídas durante a

duração do projeto são retransmitidas para que possam ser incluídas na rotina pós-

projeto e recebam um término apropriado (Lenahan, 1999).

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O último ponto sobre o término do projeto é justamente a gestão do conhecimento do

mesmo, como se faz para preservar o conhecimento gerado. Uma atividade comum aqui

é refazer todo o histórico do projeto para entender quais foram os erros e acertos da

equipe ao longo de sua duração. Assim, podendo analisar o trabalho realizado e gerar

conhecimento sobre isso e servir de auxílio para que as equipes de projetos futuros

possam ter um melhor desempenho e evitar problemas repetidos.

Figura 12 – Evolução da experiência x custo de mudanças no projeto

(Fonte: Elaboração própria)

3.8. Plano de segurança

Um projeto de campanha de manutenção, especificamente, é um evento repleto de

periculosidade. Ele agrupa uma grande quantidade de trabalhadores, em um espaço

limitado, realizando um volume elevado de serviços, que não são habituais as equipes,

e ainda com um agravante de pressão temporal.

Esse cenário é propício para causar muitos desvios e incidentes no trabalho. Para que

a meta padrão de que nenhum acidente ocorra é preciso que o sistema de trabalho

esteja prontamente comprometido com a segurança. Cabe a organização do projeto

tomar o controle desses eventos e de suas ocorrências para que ele não evolua em

grau de impacto (Lenahan, 1999).

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33

Para isso existem alguns princípios de segurança padrão que podem ser seguidos pelas

equipes de projeto, além da orientação básica de utilizar os equipamentos de segurança

e seguir as instruções de operação dos equipamentos. O primeiro é a definição da

cadeia de segurança, que é uma matriz de responsabilidade entre os atores da obra

definindo qual o papel de cada um para garantia da segurança do serviço (Lenahan,

1999). Um exemplo está demonstrado na Tabela 2:

Tabela 2 – Matriz de responsabilidade de segurança

Função Responsabilidade

Gerente

Prover uma rotina de segurança e um ambiente propício para a

realização do trabalho. Assegurar que todos estejam cientes das regras

de segurança.

Engenheiro

Acompanhar as áreas de trabalho em geral e verificar as tarefas que

estão sendo feitas. Eliminar os desvios encontrados ou resguardar os

riscos aos trabalhadores. Desenvolver os métodos padrão de trabalho.

Supervisor

Supervisionar o local de trabalho o tempo todo paga garantir que esteja

segura, verificando se as ferramentas e os equipamentos estão em

boas condições e os métodos utilizados estão de acordo com o

previsto. Fazer o controle das permissões de trabalho liberadas.

Operário

Seguir as instruções de segurança e não realizar nenhum tipo de

trabalho em condições que representam perigo. Reportar todos os

desvios encontrados ao supervisor e engenheiro para que possa ser

tratado.

(Elaboração própria)

A partir da matriz de responsabilidade outras medidas devem ser tomadas sobre essa

questão, a formação da rotina de segurança. Ela consiste na análise de todos os pontos

referentes ao trabalho, por um técnico ou engenheiro de segurança, para garantir a

execução segura do serviço. Está contido na rotina de segurança: a análise do ambiente

de trabalho, a vistoria dos equipamentos, a especificação do método de trabalho e a

elaboração da permissão de trabalho.

A permissão de trabalho é um documento que contém todas as informações sobre as

análises e as vistorias feitas. Esse documento é essencial para controlar a segurança

do serviço e o volume de serviços que está sendo feito. Quanto maior o número de

serviços simultâneos, menor é a atenção que a equipe de segurança poderá ter sobre

o trabalho, e consequentemente, maior o número de acidentes.

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A terceira medida a ser tomada sobre segurança são as inspeções sobre os incidentes

e desvios. Qualquer evento percebido fora da rotina que possa ser danoso ao trabalho

ou colaborador deve ser comunicado assim que possível para o responsável da matriz.

E ele deve então realizar uma investigação sobre o evento, para identificar o motivo dele

ter ocorrido e como é possível prevenir que ele ocorra novamente. Comunicando

também a todos os atores da obra as ocorrências percebidas e os pontos de atenção

que eles devem ter durante a execução de seu serviço (Palmer, 2006).

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4. Estudo de caso

Nessa seção estará disposto o estudo de caso sobre o projeto acompanhado. Como o

projeto selecionado é de grande porte, envolve um número grande de colaboradores e

é realizado em diversas unidades simultaneamente, foi desenvolvido pela empresa um

processo padrão para guiar as equipes durante todas as etapas, esta estrutura padrão

será detalhada neste capítulo. Além dessa estrutura também será apresentado aqui as

ocorrências observadas ao longo da duração dos projetos em cada etapa, descrevendo

a situação real encontrada nos projetos.

4.1. Estrutura e metodologia do projeto

O primeiro ponto na formação desse projeto é a definição de sua estrutura, a divisão

de suas etapas e o que será feito em cada uma. A estrutura padrão para os projetos

analisados está na Figura 13.

Figura 13 – Estrutura do projeto

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

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Esta estrutura divide o projeto em quatro macroetapas: iniciação, planejamento,

execução e encerramento, cada fase sendo um conjunto de atividades que são

relacionadas em uma lógica que culmina na conclusão de uma ou mais entregas. E,

essas entregas, sendo o define o que deverá ser feito a cada etapa para que o projeto

possa avançar para as etapas posteriores. Esse controle do que deve ser feito utiliza de

uma metodologia de entregáveis, que são os documentos referentes às necessidades

do projeto. Sobre que é que se é feito o gerenciamento do projeto e o acompanhamento

da evolução do projeto. A metodologia de portões também pode ser vista na estrutura,

com os losangos amarelos, representando os portões de avaliação da maturidade, e os

azuis, representando as avaliações decisórias.

Essas etapas apesar de serem definidas por processos sequenciais, possuem uma

interação entre os processos, onde acabam ocorrendo simultaneamente e se

comunicando ainda que entre etapas (Figura 14). Assim formando uma concepção

contínua dos documentos, o que caracteriza o andamento do projeto. Ou seja, um

entregável que é feito durante mais de uma etapa do projeto irá possuir versões parciais

a cada etapa e também entregáveis das etapas anteriores servem como base para os

de etapas mais avançadas.

Figura 14 – Nível de interação entre processos

(Fonte: PMBOK, 2013)

Essa metodologia de projeto observada tem como base o Guia PMBOK de projetos, que

atenta para o controle do gerenciamento por grupos de processos a cada etapa dos

projetos, no Anexo B está demonstrada a tabela do grupo de processos de

gerenciamento de projetos do PMBOK. Essa metodologia é utilizada em conjunto com

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uma metodologia FEL (Front End Loading), conhecida também como metodologia dos

portões para o monitoramento e controle dos projetos. Neste tipo de monitoramento os

projetos são avaliados em “portões” ao final de cada fase, onde cada portão é uma

apresentação da qualidade e da maturidade dos entregáveis de cada etapa, e assim, a

alta gerência pode definir pela continuidade ou não do projeto, ou pelo aumento ou

redução do esforço no projeto.

Uma particularidade nos projetos acompanhados é que eles foram definidos como uma

necessidade da operação para que as unidades pudessem continuar a operar, portanto

nos portões não houveram projetos cancelados, apenas adiados ou reforçados para que

pudessem atingir o nível de maturidade desejado.

Outra particularidade do projeto, que pode ser vista na Figura 13, é que nessa única

estrutura se encontram unificados 2 projetos, que apesar de possuírem demandas

distintas durante o processo, buscam o mesmo objetivo. O primeiro é definido como a

campanha de manutenção (UMS), realizada em quase todas as áreas da unidade,

representada principalmente pela recuperação da integridade da pintura e caldeiraria

das áreas da plataforma. Ocorre em paralelo a produção, não havendo necessidade de

parada da unidade, nem de grandes esforços de engenharia pois é considerada uma

manutenção de simples execução.

O segundo projeto encontrado nessa estrutura é chamado de parada programada,

caracterizado pela manutenção nos grandes equipamentos e linhas de produção.

Devido a sua complexidade e atuação em ponto-chaves é necessária a parada de

produção para sua realização. Para esses serviços que ocorrem durante essa parada,

que leva cerca de 15 dias, são necessários alguns outros entregáveis de projeto devido

a sua importância e também ao fato da necessidade de interrupção da retirada de óleo10.

Apesar dessa diferença entre os projetos eles são geridos com a mesma metodologia e

com a mesma equipe, funcionando de maneira que a parada programada esteja inserida

dentro da campanha de manutenção. Essa é uma decisão estratégica da empresa para

que os recursos, tanto de planejamento quanto de execução, possam ser aproveitados

para ambos os projetos.

10 Para que a unidade pare de produzir é necessário que seja feito todo o planejamento da parada, incluindo impacto econômico da parada e planos referentes as manobras necessárias para realizar a interrupção da produção de unidade, bem como seu retorno as atividades.

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4.2. Organização e cronograma

Para realização de um projeto desse porte a empresa precisou ajustar sua estrutura

organizacional. Inicialmente ela possuía uma organização matricial fraca, onde o projeto

era coordenado por integrantes das diferentes equipes, ainda que com uma certa

centralização, mas sem a presença de uma área especifica para projetos. Com a

necessidade e o avanço dos projetos, começou-se a se desenvolver uma organização

matricial forte para dar o suporte necessários aos projetos (Figura 15).

Figura 15 – Mudança na estrutura da equipe de projetos

(Fonte: adaptado de PMBOK, 2013)

O projeto conta também com um organograma padrão para equipes de projeto (Figura

16). Esse organograma contém a equipe que centraliza as atividades de projeto, porém

ainda o suporte de todas as outras partes interessadas. Dessa maneira é formado o

GPEP (Grupo de Planejamento e Execução de Parada Programada e Campanha de

UMS), este grupo reflete todas as áreas que participam do projeto. Como as equipes de

diferentes áreas costumam a trabalhar em paralelo são realizadas periodicamente

reuniões de alinhamento, chamadas de reuniões do GPEP. Nela são tratados todos os

assuntos que interessam a mais de uma equipe, bem como a gestão de conflitos e a

tomada de decisões sobre a moderação do gerente de projetos. Essa reunião também

possui um organograma definido, que demonstra a organização da disposição de

equipes do projeto (Figura 16). Neste modelo organizacional se encontram tanto as

equipes que possuem dedicação exclusiva ao projeto quanto as que possuem

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dedicação parcial. Na imagem abaixo, cada cédula é uma função que compõe

designada a um ou mais colaborado, dependendo da demanda.

Figura 16 - Organograma do grupo de projeto (GPEP)

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

Quanto ao cronograma do projeto, também há um modelo padrão a ser seguido,

demonstrado pela Figura 17. Esse modelo contempla um projeto cíclico, realizado de 3

em 3 anos (36 meses) em cada unidade. Sendo 0,4 mês de iniciação, 19 meses de

planejamento (dividido em 3 partes de acordo com a maturidade do projeto), 6 de

execução (com a presença da UMS) e 2 de encerramento.

Figura 17 – Macrocronograma do projeto

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

Apesar disso, esse modelo não foi seguido à risca por nenhum dos projetos

acompanhados. As necessidades especificas de cada projeto, as avaliações dos da

diretoria através dos portões e alterações no calendário por decisão estratégica da

empresa foram fatores de atraso e mudanças no cronograma planejado do projeto.

I.

UMS

Parada

Planejamento EncerramentoExecução18 19 20 21 22 23 24 25 269 10 11 12 13 14 15 16 171 2 3 4 5 6 7 8

P0 P1

P2 P3'

P4 P5

P4'

P3

P6Concei

tual

Básico Detalhado UMS

Detalhado Parada

Campanha da UMS

PréParada

Pós

Par.EncerramentoP2

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Tabela 3 - Duração real das etapas de início e de planejamento em casa unidade11

Fases/Projetos Prescrito Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5

Início 0,5 10,5 2,5 2 0,5 3,5

Conceitual 2 2 7,5 7 2 2

Básico 4,5 7 12 4,5 4,5 8,5

Detalhado 12 7 0,5 10 18 21,5

Total 19 26,5 22 23,5 25 35,5

(Fonte: Relatório 8 – Comparativo de campanhas de PP&UMS, 2016)

Nos próximos capítulos estarão descritas as atividades planejadas prescritas a serem

realizadas a cada etapa do projeto estão. Como o acompanhamento dos seis projetos

se deu em um longo período de tempo, ocorreram algumas mudanças no padrão

utilizado como base, além de alterações no desenvolvimento do projeto feitas pelas

próprias equipes devido a demandas que foram percebidas durante o andamento

específico de cada projeto. Portanto, alguns pontos abordados podem ter ocorrido de

maneira diferente entre os projetos.

4.3. Etapa de início

Para a primeira e mais simples etapa do projeto é o início, nela estão previstos apenas

os documentos básicos do projeto, como o macrocronograma, a EAP do projeto e o

termo de abertura, que serve para dar o kickstart do projeto e comunicar a todas as

partes sobre as expectativas do projeto e o seu escopo motivador. Também está

contemplado nisso a formação da equipe de projeto, porém devido a maturidade do

projeto nessa etapa isso não aconteceu normalmente nas campanhas. As equipes só

conseguiram se estabilizar e serem formadas propriamente nas fases conceitual e

básico da etapa de planejamento. Sua duração prescrita é de duas semanas e ao seu

fim o projeto passa pelo portão 0 (zero), que apesar de não ser um portão decisório, faz

parte da análise de maturidade do projeto e define se será necessária alguma

intervenção para melhorar o seu andamento.

11 Um dos projetos sofreu complicações durante a sua execução e foi paralisado, portanto não entrou na análise dos tempos.

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4.4. Etapa de planejamento

A etapa de planejamento é a mais trabalhosa e onde ocorre a maior parte dos esforços

de projeto, sendo também a mais duradoura, com o tempo prescrito de 18,5 meses.

Nesta etapa é onde se faz todo o levantamento das necessidades específicas do projeto

e a preparação para que a execução ocorra da melhor maneira possível. Como é uma

etapa muito extensa o projeto se encontra em níveis de demanda diferentes durante sua

duração, portanto ela é dividida em três fases sequenciais, de acordo com a maturidade

do planejamento do projeto em cada momento. São elas:

4.4.1. Fase conceitual

Fase conceitual é a primeira parte do planejamento de uma campanha de manutenção,

onde ele começa a tomar corpo. Nessa fase começam a ser elaborados os principais

documentos do projeto, ainda que apenas com poucas informações, e a ser formada a

equipe do projeto. Nessa etapa a equipe dedicada as demandas de projeto em si já

devem estar definidas e o apoio das outras partes interessadas se dá de maneira

pontual de acordo com a demanda que aparece referente a cada área, assim também

começam a ocorrer as reuniões do GPEP, com a finalidade de dar início ao tratamento

dos conflitos e incentivando o fluxo de informações entre as equipes.

Quanto aos entregáveis prescritos na fase conceitual são eles:

Plano de gerenciamento do projeto: Esse plano faz referência a quais serão

os principais pontos a serem abordados pelos outros planos do projeto como

escopo, custos, recursos humanos, comunicação, qualidade, comunicação,

riscos e aquisições.

LUPA (Lista Única de Parada Programada e Campanha de UMS): Esse

entregável é uma lista que contém todas as tarefas previstas no escopo e

todas as informações necessárias sobre elas (sistema, status, prazo,

responsável, etc.).

Cronograma: Entregável com o planejamento sequencial das atividades e

eventos do planejamento do projeto.

Requisições de Bens e Serviços: Pedidos do materiais, equipamentos e

contratações que devem ser realizadas. Esse entregável já é necessário

nessa etapa pois existem alguns desses pontos que possuem um tempo de

entrega alto, e necessitam já estar com pedido de compra nas primeiras

etapas.

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O término dessa etapa se dá após dois meses do início da elaboração desses

documentos, neste momento eles ainda se encontram de forma prematura, feito

principalmente por estimativas, e necessitarão um maior detalhamento nas próximas

etapas. Porém, ainda assim, ao final da etapa o projeto passa pelo portão P1, o primeiro

portão decisório de avaliação da continuidade do projeto.

4.4.2. Fase básico

A fase básico segue o trabalho da fase conceitual, porém neste momento as atividades

de projeto começam a ficar mais intensas, o fluxo de informação entre as partes

envolvidas aumenta e os entregáveis exigem um nível maior de detalhamento. A partir

desse ponto as informações passam a ser coletadas com maior precisão com as

equipes de campo. Outros documentos importantes são elaborados aqui, como:

Memorial descritivo dos serviços: É uma descrição detalhada dos serviços,

com informações sobre todas suas necessidades, recursos envolvidos e

métodos de realização.

Planejamento executivo das tarefas: Nesse entregável é feito o controle

sobre o delineamento dos serviços feitos a bordo. O delineamento é a

análise a bordo, por parte da empresa executante, do que é necessário ser

feito para cumprir uma ordem de manutenção aberta.

Estratégia de parada: É um resumo do que será feito no projeto da parada

programada. Possuindo um próprio escopo, cronograma e entre outros

planos.

Plano de SMS: Plano referente as questões de segurança do projeto, possui

instruções sobre atividades que devem ser tomadas, em qualquer etapa,

para garantir a segurança das equipes a bordo.

Análise de risco do projeto: Um documento elaborado pela equipe com todos

os pontos de atenção de devem ser tomados durante as atividades de

planejamento e execução. E uma previsão de contingência para as

ocorrências.

Orçamento: Estimativa de custos, com a linha base de gastos e o

acompanhamento do controle de custos.

Além disso os documentos já produzido na fase conceitual recebem mais insumos e

passam a um novo nível de maturidade.

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Essa etapa tem duração prevista de 4,5 meses e ao final da etapa é feito o portão P2,

que assim como o P0 não é um portão decisório, mas sim um de avaliação da

maturidade dos entregáveis do projeto.

4.4.3. Fase detalhado

Após o fim do básico vem a fase detalhado que compõe a parte mais importante e com

o maior volume de trabalho do planejamento. Aqui todos os entregáveis precisam atingir

o último nível de detalhamento, o objetivo dessa etapa é deixar tudo pronto para que a

execução possa ocorrer. Esse trabalho foca muito na continuação do que foi feito no

básico, porém com um maior destaque para a resolução de problemas e conflitos que

apareçam nesse momento.

Fazer isso significa levar o desdobramento do WBS do projeto ao último nível de

precisão. Nessa etapa a comunicação entra as equipes é intensa para que todos os

planos estejam alinhados e o trabalho passe a ser mobilizado. Além de todos os planos

já elaborados, também é necessário estar pronto mais uma sorte de documentos, em

sua maioria referentes ao trabalho que irá ocorrer e como ele será feito, o que requer

uma quantidade de informação e detalhes maior do que nas outras etapas, sendo eles:

Planejamento executivo integrado: Uma análise da simultaneidade dos

serviços e uso da estrutura de suporte entre a atividades de todas as áreas

e empresas atuando durante um mesmo momento.

Histograma: Entregável responsável por definir o efetivo de pessoal durante

a campanha. Descrevendo a quantidade necessária de cada especialidade

de profissional deve estar a bordo em cada momento da execução.

Plano de infraestrutura: Layout da unidade com o posicionamento de todos

os equipamentos e estruturas de suporte a serem utilizados na campanha e

na parada.

Plano de parada e partida dos poços: Sequenciamento do fechamento dos

poços na hora da parada de produção e da reabertura.

Plano de liberação e retorno operacional: Especificação das manobras

necessárias para parar os sistemas da unidade, incluso a ordem de

sequenciamento dos eventos.

Todos esses documentos são necessários para o portão P3, que acontece a 4 meses

antes da parada. Esse é um portão decisório, porém como esse tipo de projeto é

considerado estratégico pela empresa e uma necessidade da operação, ele não tem a

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intenção de ser cancelado. Caso as equipes não apresentem o necessário para esse

ponto do projeto a alternativa tomada pela empresa é o adiamento do período de

execução, aumentando assim o tempo de planejamento das equipes para que elas se

preparem melhor para o início da execução.

Quando a equipe é avaliada como pronta para próxima etapa nesse portão,

posteriormente e a um mês antes da execução, se inicia uma pré-etapa da execução,

chamada de pré-campanha. Essa etapa ocorre pois a UMS, responsável por viabilizar

a presença de mão-de-obra e equipamentos para a obra, possui um tempo limitado na

unidade. Portanto o projeto prevê o adiantamento de algumas partes da mobilização da

campanha, principalmente a montagem de andaimes para viabilização de serviços em

altura. A pré-campanha prescreve o uso de vagas da unidade que devem ser liberadas

pela operação (equipes do dia-a-dia da plataforma), porém nos casos analisados essa

liberação era difícil e as tarefas preparadas para essa etapa não conseguiam ser

concluídas. Ao fim dessa etapa é realizado o portão P4, para confirmar que a unidade

está pronta para a chegada da UMS e ao início da execução.

4.5. Etapa de execução

A etapa de execução é onde tudo o que foi planejado toma corpo. Se inicia com a

chegada a UMS a unidade, com estadia estipulada em cerca de seis meses, mas esse

tempo pode variar de acordo com a necessidade da planta e com a disponibilidade da

UMS. Em algum momento durante a intervenção também fica localizada a parada

programada, onde durante cerca de 15 dias a produção da unidade é completamente

interrompida para realização dos serviços em alguns equipamentos específicos. Porém,

a maior parte dos serviços realizados na campanha não necessita da parada total, pode

ser feito ao longo da permanência da UMS, sem impacto a produção ou apenas com a

parada parcial de algum sistema.

No início da parada são necessários os entregáveis de mobilização da equipe, de

materiais e de equipamentos. Documentos referentes a especificação dos padrões,

procedimentos e atividades necessárias para envio de recursos a bordo. Também

contém o sequenciamento do envio de materiais e equipamentos a cada embarcação.

Esses documentos também contemplam as informações de desmobilização desses

recursos, que serão necessárias ao fim da campanha.

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45

Essa etapa possui uma estrutura de trabalho própria, principalmente porque as obras

são realizadas por uma empresa terceirizada. A organização é feita por frentes de

trabalho, com um número variável de operários e um encarregado responsável pela

frente. Acima deles está a supervisão de uma das áreas de atuação (como por exemplo

pintura, caldeiraria, etc.), por último vem a programação dos serviços de campanha e a

gerência da contratada. E essas equipes são apoiadas por outras equipes de inspeção

e segurança, e também, fiscalizadas pela empresa principal para garantia da execução

adequada dos serviços. Essa estrutura organizacional, bem como o fluxo e

comunicação entre as equipes, pode ser vista com mais clareza na Figura 18.

Figura 18 – Estrutura organizacional da execução

(Fonte: Relatório 8 – Comparativo de campanhas de PP&UMS, 2016)

A intervenção pode ser dividia em três momentos, a pré-parada, a parada programada

e a pós-parada/desmobilização. A primeira parte é a pré-parada, que começa com os

serviços de mobilização da campanha. Nesse momento ainda não estão instalados

todos os equipamentos nas áreas de atuação, e a rotina da manutenção vai sendo

transmitida aos poucos para o dia-a-dia da plataforma. A partir daí a quantidade de

serviços que está acontecendo vai aumentando gradativamente.

O andamento do serviço durante a campanha é dado por ondas de serviço. O que

significa que não há um cronograma detalhado do que ocorrerá a cada dia, mas sim um

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pacote de serviços, que já estejam com material, equipamentos e pessoal disponível

para serem executados, para que as equipes a bordo façam a programação do que será

feito semanalmente. Isso ocorre pois o projeto possui muitas variáveis, muitas empresas

diferentes atuam em várias áreas, simultaneamente ou não, e ainda com a limitação da

liberação de serviço pelas equipes de segurança. Então é necessária uma flexibilidade

para que seja feito mais próximo da execução essa reprogramação, tendo em vista a

situação a cada momento. O acompanhamento do que está sendo efetivamente feito é

realizado diariamente em uma reunião de projeto específica da execução, onde

participam representantes de todas as áreas da execução e do planejamento.

A cerca de um mês do período estipulado para a parada, os esforços de mobilização

são aumentados, e quase toda a dedicação das equipes de projeto (com exceção de

algumas frentes de serviços como pintura) passam a ser destinados a preparação dos

serviços de parada. Isso ocorre porque o volume de serviços durante os quinze dias de

parada é muito maior, se utiliza de todo um maquinário para dar suporte as equipes, e

a necessidade de posicionamento alocação de material é muito maior. Também durante

essa mobilização é feita a troca do efetivo presente na unidade, pois os serviços de

parada costumam a se diferenciar dos de campanha e precisão de um quadro distinto

de funcionário. Nesse momento é que ocorre o portão P5, um portão decisório referente

a parada, ele avalia se a preparação já foi concluída, ou se já está próxima da conclusão

e se as equipes já têm capacidade de executar todos os serviços planejados. Caso a

avaliação seja negativa, a data da parada é adiada para que a mobilização continue.

A segunda parte da intervenção é a parada programada. A localização temporal desse

evento durante a campanha não é definida, podendo ocorrer no início, meio ou fim,

sendo balizada principalmente por questões estratégicas da empresa. Nesse momento

toda a planta para de produzir e os serviços da campanha de manutenção também

cessam. Os poços de óleo vão sendo fechados gradualmente e os sistemas da

plataforma vão sendo liberadas para realização dos serviços. Os serviços de parada

são caracterizados por serem intervenções nos equipamentos críticos, grandes vasos,

tanques, dutos de produção e outras áreas importantes para a operação que não podem

receber a manutenção ou serem trocadas enquanto produzem.

Diferente da campanha, a parada possui uma atenção muito mais meticulosa. O

cronograma da parada é altamente detalhado, todos os serviços são extensivamente

pensados durante o planejamento para que não ocorram interferências. O

acompanhamento da compra de materiais e logística da parada também são

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diferenciados, e tratados em todas as reuniões de projetos durante a pré-parada para

que não ocorram problemas quando a esses pontos.

Portanto, na parada o acompanhamento dos serviços é muito mais preciso. Na reunião

diária do projeto são passados todos os serviços previstos para serem realizado, todos

os que foram realizados, os sistemas que foram desligados, e inclusive é destrinchado

em etapas a execução dos serviços grandes (que demoram vários dias para serem

finalizados) e como está o seu andamento.

Ao fim da parada, quando todos os serviços essenciais foram feitos é iniciado o

procedimento de retomada da produção e voltam a unidade as equipes da campanha

de manutenção para continuarem os serviços do projeto. Então é iniciada a próxima

parte da execução o pós-parada/desmobilização.

A terceira parte não tem um tempo definido, ela ocorre desde o momento em que a

parada acaba até a saída da UMS da unidade. Como a permanência dela não é fixa, e

é estipulada por questões estratégicas da empresa, esse tempo pode variar bastante

de projeto para projeto, e não costuma a aguardar com que todos os serviços planejados

terminem de ser realizados. Aqui ocorre a continuação dos serviços que aconteciam na

primeira parte, com a mesma estrutura e acompanhamento por parte das equipes de

projeto.

O diferencial dessa parte está na desmobilização. Pelo padrão está definido que a um

mês antes da saída da UMS as equipes devem começar a parar suas frentes de trabalho

e ir removendo os materiais e equipamentos utilizados e as sucatas geradas. Isso

significa ir gradualmente reduzindo os esforços de campanha e limpando a unidade para

ser entregue de volta a operação. Quando é chegada a data de saída da UMS a

execução chega ao fim, ainda que não tenham sido terminados os serviços previsto e

que não tenha sido feita a desmobilização propriamente da campanha. Caso tenha

ficado equipamentos, materiais e sucatas na unidade depois disso, vira

responsabilidade do dia-a-dia da unidade remover o que sobrou.

4.6. Etapa de encerramento

O encerramento é a última etapa do processo de projeto da empresa. Suas atividades

focam principalmente em encerrar os contratos ativos e as atividades de projeto e fazer

o levantamento do que foi feito nesse período. Também fica contido aqui a

responsabilidade de fazer a lista das pendências que foram deixadas para trás para que

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possam ser transferidas para a operação da unidade conclui-las ou para entrar no

escopo da próxima campanha na unidade, chamado de lista de pendências.

Os principais documentos gerados nessa etapa são o relatório final do projeto, contendo

todas as informações do que aconteceu para que possa ser apresentado a alta gerência

da empresa, e as lições aprendidas, que é como é chamado o processo de gestão de

conhecimento do projeto.

Esse processo consiste em fazer o levantamento do histórico de tudo que aconteceu no

projeto, e cada equipe destaca os principais acontecimentos de sua área, entre boas

práticas, erros aprendidos e outros alertas, para que eles sejam tratados e comunicados

a todas as outras equipes, inclusive de outros projetos, visando melhorar a curva de

conhecimento dos projetos da empresa em geral.

Por fim, o projeto passa pelo portão P6, onde é analisado pela diretoria o relatório final

do projeto e formalizado o seu fim. Após isso as equipes de projeto se desfazem e

aguardam o início do próximo ciclo de projeto onde retomarão suas atividades.

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5. Confrontação com a literatura

A proposta dessa parte da pesquisa é fazer uma análise sobre o caso, confrontando o

que foi observado no real com o que está prescrito na literatura de projetos, percebendo

assim qual a aderência do prescrito ao real. Aqui também estará disposto outros

problemas e desvios encontrados no acompanhamento, que tenham sido considerados

relevantes, ainda que não se relacionem diretamente com o que foi destacado na base

teórica.

5.1. Sobre a estrutura do projeto

Esse tópico se refere a estrutura organizacional do projeto, e como ele se encaixa no

organizacional da empresa. Também é tratado aqui a formação da equipe de projeto,

definição do gerente de projeto, as funções necessárias para o andamento das

atividades e os canais de informação entre os participantes.

A estrutura da empresa analisada possui uma gerência específica para projetos, com

funcionários da empresa e terceirizados, que eram alocados nos projetos de acordo com

as necessidades, vindo a integrar suas equipes.

Essa formação também foi um problema em todos os casos observados. O projeto

nunca começava com a equipe completa, faltando a participação de diversas gerências,

e em geral só se dava por completa na fase detalhada do planejamento. Isso acarreta

em uma série de pendências dessas áreas nos documentos elaborados até tal

momento. Isso acontece normalmente porque a demanda de certas equipes no início é

baixa, e não justifica a participação ativa de um colaborador. Mas ainda assim surgem

problemas, pois algumas equipes com muitas demandas acabam não participando, e

mesmo as com poucas não dão suporte nenhum ao projeto.

O destaque aqui fica pela participação das equipes de operação da unidade (os usuários

da plataforma) nas fases iniciais do planejamento. Essas equipes são muito importantes

para o projeto, pois são o cliente final e são quem detém o maior conhecimento sobre a

unidade e as questões de bordo. Porém, por serem colaboradores que trabalham

embarcados, existe uma dificuldade para traze-los a terra durante o planejamento. O

planejamento de algumas campanhas não recebeu o suporte de bordo nas primeiras

fases, o que acarretou em uma série de decisões e definições erradas ou não

condizentes com a necessidade da plataforma. Quando essa participação era tardia,

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muito pontos já não podiam mais ser modificados ou a modificação foi muito custosa,

prejudicando assim a qualidade do planejamento.

Quanto ao gerente de projeto existe uma definição prescrita de que ele deve ser o

gerente de operações da unidade12, porém devido este funcionário já possui uma

elevada carga de trabalho, com as tarefas do dia-a-dia, e normalmente essa função é

delegada. E assim, nem sempre a escolha de um colaborador para o papel atende todas

as características e habilidades exigidas para o cargo. Alguns projetos, principalmente

nas primeiras fases sofreram com a falta de definições, ou uma tomada de decisão

equivocada, pois não havia na liderança do projeto um gerente que tivesse os

conhecimentos da unidade ou alguém com poder alto de influência, capaz de tomar as

decisões necessárias.

5.2. Sobre a seleção do projeto

A seleção do projeto na literatura aborda principalmente os critérios para a definição de

projeto. Ou seja, quais pontos devem ser respeitados na escolha de um projeto e quais

terão são mais relevantes para a decisão.

As equipes da empresa buscavam uma estratégia para que se pudesse realizara

manutenção propriamente dita das unidades e até então não haviam chegado ao

consenso de uma alternativa viável que cumprisse todos os critérios vistos como

essenciais pela liderança da empresa.

Esses critérios têm como seus principais pontos:

Reforma da integridade da unidade, deve fazer a manutenção de forma

satisfatória, sendo capaz de dar baixa em todos os serviços do backlog13 da

unidade, ou em boa parte dele;

Não interromper a produção da unidade por um período prolongado, impedindo

assim que a curva da produção da empresa se reduzisse. Excluindo também a

possibilidade de docagem da unidade (o tempo e o custo para fazer as manobras

para docagem são pontos que inviabilizariam o projeto).

O projeto deve ser capaz de aumentar a capacidade de execução da unidade,

se atentando as limitações de pessoal, espaço e equipamento na plataforma.

Estar dentro do plano orçamentário da companhia.

12 Gerente da unidade que atua em terra responsável pelo suporte as equipes plataforma. 13 Passivo de ordens de serviços de manutenção da unidade que ainda não foram realizados.

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Esses foram os principais motivadores observados na escolha por fazer campanhas de

manutenção com o apoio de UMS. As unidades de suporte permitem a empresa a

aumentar o efetivo a bordo, bem com a área disponível, sem ter que retirar nada relativo

a produção da unidade e sem necessitar o deslocamento da mesma. A maioria de

serviços da campanha pode ser realiza sem prejuízos a operação, com apenas alguns

dias de parada para intervenção nos equipamentos críticos. Para a realização das obras

também optou-se por terceirizar o serviço, pois não há na empresa um quadro com essa

especialidade disponível ainda mais para projetos simultâneos.

Durante o acompanhamento não foi registrado o momento de seleção, portanto não

tenho informações sobre outras estratégias de projeto consideradas, nem sobre o meio

de avaliação das mesmas.

5.3. Sobre o escopo do projeto

O escopo do projeto fala sobre quais atividades serão necessárias para que se atinja o

objetivo esperado. Também se refere a gestão do escopo, que lida com as modificações

ao longo do projeto, oriundas normalmente das incertezas do projeto e acontecimento

de eventos inesperados.

Essa é uma das partes mais delicadas e problemáticas do projeto analisado, tanto o

escopo do projeto, quanto o escopo do produto. Quanto ao escopo do projeto, por ser

uma situação nova na empresa e envolve um número muito grande de pessoal e

terceirizadas, as atividades de projeto pensadas no primeiro projeto realizado foram

sofrendo muitas mudanças de acordo com as necessidades que iam aparecendo a cada

projeto.

Isso fez com que o processo de projeto se torna-se iterativo, e sendo melhorado

constantemente com o aprendizado do que se deveria ter feito, construindo assim o

escopo do projeto. No momento do planejamento também a uma dificuldade na

construção desse escopo. Para elaborar o que deve ser feito em cada serviço, primeiro

são levantadas todas as notas de manutenção da unidade, depois elas são analisadas

e tratadas pelas equipes de planejamento. Porém, o planejamento é feito por equipes

contratadas, que não possuem experiência de bordo e nem de manutenção, ficando

muito difícil para que eles definam o que deve ser feito no serviço para sanar cada nota

aberta. Inclusive, como o passivo de notas de uma unidade foi feito por muito

colaboradores, levantando problema a muitos anos, essas notas não seguem um

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padrão de preenchimento, fazendo com que seja muito difícil identificar o qual o serviço

a ser feito e até se um serviço já foi cadastrado mais de uma vez.

Todos esses problemas em conjunto fazem com que o escopo seja modificado

constantemente. As equipes têm dificuldade em fechar a LUPA (lista de todos os

serviços a serem realizados na execução) e em delinear os serviços, pois a deficiência

no fluxo de informação, na experiência do planejamento e a dificuldade logística de ir a

bordo, impendem com que haja precisão no escopo. Assim, tem todos os momentos do

planejamento são realizadas SMPs (Solicitações de mudança no projeto) que são

documentos que podem alterar os serviços já planejados, inclusive adicionar ou remover

itens do escopo.

Isso prejudica todo o planejamento, pois alterações em momentos tardios modificam

todos os entregáveis já elaborados como orçamento, cronograma, requisições de bens,

etc. E quanto mais tardio a SMP é apresentada, mais difícil é para o planejamento

conseguir aprovação para as alterações.

Esse problema perdura até a execução, onde no momento da realização do serviço é

descoberto problemas no seu delineamento, falta de equipamentos, materiais ou até

mesmo mão-de-obra para concluí-lo. Isso termina no adiamento dos diversos serviços

e até mesmo no cancelamento, sendo o principal motivo para um baixo desempenho de

uma campanha de manutenção na empresa.

Um ponto em especial quanto ao escopo é a definição do escopo de pintura. Os esforços

dos serviços de pintura representam cerca de 70% do efetivo presente na UMS. A

elaboração do seu escopo é feita com base em levantamentos na unidade das áreas

que precisam ser pintadas e depois definidos quais áreas são mais importantes e devem

ser pintadas durante a campanha. Entretanto existem divergências sobre essas áreas

entre as equipes de planejamento, operação e execução (contratada). As equipes de

operação escolhem todas as áreas que são importantes para a integridade da planta,

as equipes de planejamento adaptam isso para um escopo executável considerando a

quantidade de HH14 disponível, visando atingir um valor no indicador de porcentagem

de pintura concluída15. Já a contratada busca um escopo onde ela possa pintar a maior

área possível (área com alta produtividade), pois o pagamento é variável dependendo

da área total pintada. O uso dessas diferentes visões gera um conflito grande na

14 Homem-hora. 15 Um dos indicadores importantes na avaliação das equipes de planejamento é a porcentagem do escopo de pintura previsto que foi concluído. O valor total não é parâmetro de comparação, pois cada plataforma tem suas especificidades quanto a necessidade de pintura.

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formação do escopo, que nas campanhas observadas não foi satisfatoriamente

resolvido, apresentando divergências ainda durante a execução onde áreas eram

incluídas ou excluídas do plano de pintura em todas as etapas.

5.4. Sobre o planejamento do projeto

No planejamento encontram-se informações sobre a elaboração dos diversos planos e

suas características, que irão servir como base para executar as ações do projeto.

Também se trata do controle feito sobre os planos ao longo da duração do projeto.

O planejamento do projeto na empresa analisada possui um padrão para ser elaborado.

Alguns planos básicos vistos na literatura como WBS (chamando pela sigla em

português – EAP16), cronograma e organograma estão previstos para serem elaborados

nas primeiras etapas do projeto. O organograma e o cronograma estão dispostos nas

seções 4.1 e 4.2, Figura 16 e Figura 17, respectivamente.

A EAP do projeto é dividida, considerando as atividades relacionadas a campanha de

manutenção (Figura 19) e a parada programada (Figura 20), cada um com suas

necessidades específicas. Como descrito na literatura, a partir desses documentos que

as equipes foram definindo o que deve ser feito para atingir o objetivo e quais os planos

que devem ser elaborados para o projeto, aqui chamado de entregáveis.

16 Estrutura analítica de projetos.

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Figura 19 – EAP referente a campanha de manutenção

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

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Figura 20 - EAP referente a parada programada

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

Outro diferencial da parada é a elaboração do seu cronograma específico. Apesar da

campanha ser feita em formas de ondas de serviços, a parada programada não é feita

dessa maneira. Devido a importância dos serviços e o fator de perda de produção nesse

momento, é feito um cronograma detalhado para esse momento, na forma de um

diagrama de Gantt, com o auxílio do MS Project. Esse cronograma é extensivamente

revisado com todos os atores, equipes e empresas participantes, para atingir o maior

nível possível de acuidade, facilitando assim o controle sobre as ações na execução

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desses serviços e reduzindo a possibilidade de haver adiamentos nos mesmos, evitando

assim uma maior perda de produção.

Na campanha de manutenção devido à ausência dessa precisão os serviços são

constantemente reprogramados a bordo, gerando a necessidade de um pessoal

destinado a isso e complicando a liberação de serviços.

Quanto ao controle do projeto, tanto na parada quanto na execução é feito pelo

acompanhamento dos indicadores durante as reuniões de projeto em todas as etapas.

Considerando um grande número de equipes envolvidas e uma série de etapas, isso

gera uma alta quantidade de indicadores a serem monitorados pelas equipes, o que em

alguns momentos gera dificuldade nos acompanhamentos e até ambiguidades. Não há

um padrão de quais indicadores devem ser usados, e nem uma definição de quem

levanta a informação, o que causa muitas vezes mais de uma equipe estar

acompanhando algum ponto com divergência nos indicadores apresentados. A escolha

dos indicadores a serem acompanhados é feita pelas próprias equipes, com base em

suas próprias necessidades a cada momento. Apenas alguns indicadores são cobrados

pela alta gestão nos portões de projeto.

5.5. Sobre a execução

Esse ponto é encontrado de maneira mais específica para projetos de campanhas de

manutenção. Referente as obras realizadas, onde todo o planejamento é posto em

prática, mencionando também a gestão da rotina durante as etapas de execução, a

preparação da unidade para receber as equipes de projeto e a logística do evento.

O primeiro problema identificado quando a execução já se encontra na etapa de pré-

campanha, que segundo a metodologia do projeto ainda está contemplada no

planejamento. A pré-campanha, que consiste basicamente na montagem de andaime e

outras obras para receber a UMS, é estimulada em um mês antes da chegada da

execução e se utilizada das vagas do dia-a-dia da unidade. Porém, essa liberação de

vagas é difícil e muitas vezes os serviços previstos não são concluídos.

Quando a UMS chega ela espera que a planta esteja pronta para o início das atividades

rapidamente, mas quando não houve uma boa pré-campanha, as primeiras semanas

da execução não apresentam avanços pois aguardam a conclusão dos serviços. O fato

ainda pode ser agravado quando a especialidade da mão-de-obra na UMS não é capaz

de realizar esses serviços, causando uma enorme perda de HH inativo porque a

mobilização da campanha ainda está em andamento.

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No início da execução também são recorrentes problemas quanto a disponibilidade de

serviços a serem feito, principalmente por atrasos no planejamento. Onde materiais

ainda não foram enviados a bordo ou ainda estão no processo de compra. Problemas

logísticos como a falta de espaço de convés e dificuldade na programação dos barcos

de envio de materiais contribuem para essa situação.

Os serviços também sofreram prejuízos devido a falhas no seu delineamento. O

problema de qualidade do delineamento, quando no momento da execução, fez com

que fossem identificadas divergências entre o serviço planejado e o que realmente

precisava ser feito. Em muitos casos a diferença envolvia montagem de estruturas de

suporte que não estavam presentes, materiais que não haviam sido comprados ou até

mesmo necessidade de outro tipo de mão-de-obra especializada. Todas essas

situações exigiam atitudes rápidas do planejamento para serem contornadas, e caso

não fosse possível culminavam na conclusão parcial do serviço ou no seu

cancelamento.

Ainda sobre a execução, foi identificado em todas as campanhas, problemas na gestão

da obra. Os funcionários de fiscalização reclamaram sempre da baixa produtividade das

equipes da empresa contratada. Que por sua vez se defendia, alegando que o trabalho

executado não recebia todo o suporte que necessitava, se referente aos problemas de

logística no envio de materiais, nas falhas de estruturas de suporte (como fornecimento

de água para obra, energia, quebra de máquinas, andaimes e etc.) e na dificuldade do

trabalho realizado, que não era habitual a algumas de suas equipes.

A mobilização das equipes a bordo nas campanhas é outro ponto que se tornou um

gargalo para a execução e um dos motivos da baixa produtividade apresentada. O

efetivo a bordo quase sempre nas campanhas estava abaixo da capacidade da UMS.

Isso aconteceu principalmente por duas causas, a primeira foi a dificuldade da empresa

contratada em formar (contratar e capacitar) suas equipes, uma vez que ela era

responsável por diversas campanhas simultâneas não havia efetivo o suficiente para

suportar todas ao mesmo tempo. A segunda foi a ineficiência do planejamento em definir

o cronograma da campanha e consequentemente o histograma que seria necessário

para cada etapa. Assim, só se sabia quais as especialidades de profissional que seriam

necessárias a bordo com pouca antecedência, o que agravado com as dificuldades de

logística de embarque, fazia com que houvesse um subaproveitamento das vagas da

UMS durante alguns momentos da campanha.

Por fim, a última etapa da execução, a desmobilização nunca ocorreu da maneira como

era esperado nas campanhas. O estipulado é que a um mês da saída da UMS as frentes

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de serviços começassem a cessar dando lugar aos esforços de desmobilização. Mas

com os diversos atrasos e adiamentos nos serviços ao longo da campanha, a execução

sempre se estendeu até o período máximo possível, fazendo com que as frentes

avançassem até o último dia e deixando de lado as atividades de desmobilização. A

consequência disto é que em todos os projetos observados foi a campanha deixou para

trás um passivo grande de sucata, andaimes e outros equipamentos e materiais na

unidade. Isso gera um grande problema para operação, é prejudicada pela presença

desses materiais em sua planta e têm dificuldade de fazer a remoção deles sem a UMS,

devido a seu efetivo ser limitado e já estar comprometido com a operação da plataforma.

Assim, a sucata deixada pra trás costuma a ficar na unidade por um longo período

quando não até a chegada da próxima campanha.

5.6. Sobre o término do projeto

O término do projeto na literatura se refere as atividades de encerramento das atividades

do projeto, desmobilização dos esforços de execução e a avaliação do projeto, bem

como a gestão do conhecimento sobre o evento realizado

Essa etapa no projeto analisado conteve basicamente a avaliação final do projeto, a

passagem de serviço e o processo de lições aprendidas. E os problemas apresentados

aqui são ocorrem principalmente na passagem de serviço. Esse processo que deveria

ser a orientação para as equipes da operação do que foi feito durante a campanha e do

que não foi, apresenta sua primeira dificuldade já no levantamento de informações. Com

os serviços sendo realizados até o último dia, e ainda em correria, ocorre uma demora

no encerramento das notas de manutenção. Esse registro também contém as vezes

informações imprecisas, sobretudo quanto aos serviços realizados parcialmente. Assim,

mesmo após a saída da UMS ainda fica pendente o levantamento completo do que foi

feito.

Unido a isso, também não é encontrado um padrão para guiar as equipes sobre como

deve ser feita a passagem de serviço. Com o agravante de envolver equipes de

diferentes empresas, e que normalmente após o término de uma campanha já são

deslocadas para outro projeto em que a campanha esteja iniciando, o processo se torna

confuso prejudicando o fluxo de informações. Nessa situação a passagem de serviços

termina por ser feita de maneira ineficiente e incompleta, e os serviços pendentes não

são tratados podendo causar prejuízo a operação.

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Quanto ao processo de lições apreendidas, ele sofreu mudanças da primeira campanha

acompanhada até a última. O que antes era uma reunião entre o próprio projeto, sem

muita representatividade, passou a ser um processo estruturado onde o histórico é

levantado por todas as equipes, depois passa por uma reunião de validação e o

problema é tratado para que em um terceiro momento seja apresentado a todos os

outros colaboradores da empresa e das contratadas que desejem participar. A única

questão aqui é sobre o acontecimento de uma gestão do conhecimento apenas no final

do projeto, nesse momento as equipes já estão cansadas e muitas ocorrências já foram

esquecidas ao longo do projeto, diminuindo a efetividade do processo.

5.7. Sobre o plano de segurança

O no plano de segurança se destaca as atividades feitas pelas equipes para redução do

risco de desvios e acidentes e também o controle feito sobre os incidentes que ocorrem

durante a execução do projeto.

Sobre a segurança é feito um plano específico desse ponto, já no planejamento. Ele

prevê o acompanhamento de todas as questões relativas à segurança e todos os

desvios encontrados. Também a parte do projeto, já é incorporado na unidade os

métodos e procedimentos de segurança, bem como na organização da empresa

contratada para a execução. Para o projeto em si, o maior destaque aqui fica para a

elaboração e liberação das PTs (permissões de trabalho).

O processo de emissão de PTs apresentou morosidade em boa parte das campanhas

analisadas. No levantamento das causas diversos motivos foram identificados, como: o

número baixo de funcionários com certificação para análise e liberação de um serviço,

picos de alta demanda na liberação no início dos turnos, efetivo de técnico de segurança

insuficientes para a demanda de serviço na campanha, erros no preenchimento das

atividades do serviço e problemas na infraestrutura de suporte (internet, sistemas de

informação, impressoras e papel).

A maioria desses problemas tem a sua causa raiz na ausência do planejamento de um

suporte adequado para a liberação durante a execução. A campanha lida com um

volume muito maior de serviços do que o dia-a-dia sendo assim necessário um reforço

nessa estrutura para conseguir satisfazer a demanda das equipes de execução. Nas

campanhas mais recentes as equipes de planejamento passaram a dar mais atenção a

esse ponto. Prevendo como seria o volume de serviços a ser realizado e projetando o

suporte que seria necessário, como o aumento do número de operadores, a diluição da

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demanda no período da manhã (com mudança no horário do início dos turnos) e

aquisição de equipamentos de infraestrutura extra.

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6. Recomendações e considerações finais

Esse capítulo contém as análises feitas a partir dos problemas encontrados, com

recomendações sobre possíveis melhorias na gestão de projeto para solucionar ou

mitigar os problemas. Ao final do capítulo também se encontra a conclusão do projeto

de pesquisa, com as considerações finais sobre o que foi observado.

6.1. Recomendações acerca dos principais problemas

encontrados

As recomendações, assim como a estrutura dos capítulos anterior também se dará

dividida tópicos, com os mesmos temas da base teórica. Está feito assim para agrupar

as recomendações sobre temas próximos, ainda assim, havendo um certo grau de

integração entre as recomendações de temas diferentes pois as áreas do projeto em

geral se comunicam. Sobre o tema orçamento e estimativas de custos não haverá

recomendação devido à falta de dados disponibilizado sobre o assunto.

Uma recomendação é uma ideia de modificação no método utilizado, visando solucionar

um problema observado no acompanhamento ou a melhoria da produtividade de algum

ponto do projeto. Essas recomendações foram elaboradas pensando nas dificuldades e

limitações dos projetos na empresa analisada e também foram mostradas aos diversos

atores envolvidos no processo, para validação das ideias e entendimento sobre sua

viabilidade.

6.1.1. Recomendações sobre a estrutura do projeto

Esse tópico se refere a como o projeto se organiza em termos de estrutura

organizacional e equipes de projeto, e para isso foram elaboradas as seguintes

recomendações:

6.1.1.1. Formação da equipe mínima para o começo do projeto:

Com todas as campanhas passando por indefinições na estrutura da sua equipe de

projeto, principalmente nas primeiras etapas, se é necessária uma formulação de uma

equipe que deve estar definida desde o começo. Utilizar o organograma geral do projeto

(apresentado na Figura 16) não se demonstrou eficaz, pois a demanda de muitas áreas

ainda não é grande ou não existe em um primeiro momento, fazendo com que não se

saiba ao certo a dedicação necessária dos funcionários para as atividades de início.

Para isso, foram analisadas especificamente quais eram essas demandas, ou seja, o

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62

quais funcionários possuíam atribuições nas etapas anteriores ao planejamento

detalhado. Assim, se chegou a um organograma referente a equipe mínima, capaz de

suportar a atividades de projeto nas suas primeiras etapas (Figura 21). O organograma

proposto enfoca em resolver o problema de baixa participação das equipes da unidade

nas atividades de projeto nessa etapa.

Figura 21 – Equipe mínima no início do projeto

(Fonte: Relatório 8 – Comparativo de campanhas de PP&UMS, 2016)

Neste organograma estão presentes tanto os funcionários dedicados ao projeto, quanto

os funcionários com dedicação parcial e funcionário da unidade. Com mais detalhes:

Funcionários do projeto (em terra):

Coordenador de execução e coordenador de planejamento: Responsáveis pela

tomada de decisão referente a suas áreas respectivas. Como esses funcionários

fazem parte de mais de uma campanha simultaneamente eles ficam com

dedicação parcial menor as campanhas que ainda estão nas primeiras fazes.

Suporte técnico de execução e planejamento: Funcionários dedicados a

atividade de projeto e elaboração dos entregáveis nessa etapa. Dão suporte ao

seu coordenador respectivo.

Funcionário da equipe de pintura: O escopo de pintura é um ponto muito

importante na campanha, que demora a ser elaborado. Desde o início é

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63

necessário um funcionário para coordenar as atividades relativas ao plano de

pintura da unidade.

Os funcionários da operação são os funcionários que devem ser descolados das tarefas

de operação unidade para realizarem as atividades de projeto. Sua presença é muito

importante pois eles estão acostumados as rotinas e tem as informações sobre o estado

da planta e possuem o conhecimento dos equipamentos e serviços a serem realizados.

Sendo eles:

Coordenador da operação: Funcionário a qual deve ser delegada a função de

gerente do projeto. Deve ser um colaborador de alto escalão da plataforma (um

supervisor ou coordenador) e ter um conhecimento forte da unidade, para que

possa servir de liderança as equipes de projeto e ser responsável pela tomada

de decisão principal e gestão dos conflitos.

Técnico de produção e técnico de manutenção: Responsáveis por dar suporte

aos técnicos de planejamento nas atividades do projeto. São a principal fonte de

conhecimento da unidade nesse momento do projeto, atuando principalmente

no tratamento das notas de manutenção que irão formar o escopo da execução.

Funcionário do MI (Manutenção Integrada): Funcionário da unidade responsável

pelas atividades da campanha de manutenção, sobretudo aquelas que saem do

escopo da rotina da planta.

Ponto focal (Funcionário de nível técnico a bordo): Um funcionário da planta, que

esteja com dedicação parcial ao projeto. Suas demandas se referem

principalmente a coleta e checagem de informações a bordo de acordo com a

necessidade das equipes de projeto.

Com essa estrutura, será possível ter uma equipe capaz de tocar todas as tarefas de

projeto nesse início com conhecimento de bordo suficiente. Evitando assim um

superdimensionamento da equipe nesse momento, que não se mostrava justificável e

acabava fazendo com que as equipes não participassem do projeto. Ou uma deficiência

na equipe, que deixava de fora elementos chave para a elaboração dos planos do

projeto, como as equipes de operação.

Sobre esse ponto é importante ainda mencionar que o deslocamento desses

funcionários de bordo para terra não traz prejuízos a operação, uma vez que eles podem

ser substituídos por funcionário de outros níveis hierárquicos ou por funcionários de

empresas terceirizadas.

6.1.2. Recomendações sobre a seleção do projeto

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64

Um dos motivos da escolha de fazer campanhas de manutenção com UMS é o aumento

de capacidade de execução que a unidade proporciona, permitindo com que o passivo

de manutenção acumulado durante anos de operação fosse reduzido significantemente.

Porém, muitos participantes do projeto possuem muitas críticas quanto a esse modelo

utilizado. Em geral a produtividade da campanha é baixa, a quantidade de serviços

realizados não é tão grande se levado em conta o HH disponível durante o tempo de

campanha. Inclusive alguns coordenadores de operação alegam serem capazes de ter

uma produtividade de m²/HH na pintura com o efetivo do dia-a-dia maior do que é feito

nos projetos. O custo do aluguel da UMS, dos equipamentos e das contratações para

realização dos serviços também é considerado alto por colaboradores da empresa, isto

sem contar nos gastos com o planejamento durante meses antes da campanha.

Apesar de reconhecerem os benefícios do uso da UMS, é questionável a sua real

necessidade uma vez que o grande passivo já foi reduzido. Alguns defendem inclusive

o uso de UMS apenas durante o momento de parada programada, onde o prejuízo a

curva de óleo é grande, assim como o volume de serviços. Deixando assim as atividades

de manutenção com as equipes de rotina da plataforma, caso seja disponibilizado o

suporte necessário.

Portanto, a recomendação aqui é a realização de um estudo específico sobre esse

ponto. Contando os gastos com os projetos, a capacidade de execução das equipes de

rotina e todos os outros pontos, para que possa ser reavaliada a seleção do projeto e

que talvez possam ser encontradas outras alternativas mais viáveis para garantir a

integridade das unidades.

6.1.3. Recomendações sobre o escopo do projeto

O escopo do projeto é um dos pontos mais delicados nas campanhas de manutenção.

Com sua longa duração e com um número elevado de incertezas, as equipes têm uma

grande dificuldade em controlar e definir qual será o escopo da campanha. Para auxiliar

esse processo foram pensadas as seguintes recomendações:

6.1.3.1. Gestão contínua das notas:

O início da elaboração de todo escopo de campanha começa com o levantamento das

notas de manutenção feitas pelos colaboradores do dia-a-dia da planta. Essas notas

são o relato de algum problema encontrado na unidade que precisa de manutenção e

algumas informações sobre o problema. O porto aqui é que são geradas notas por

diferentes operadores ao longo de um período de tempo muito grande e não há um

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65

padrão para que se gere esse documento. Com isso o preenchimento das notas difere

muito de acordo com o operador que a gerou e a qualidade da informação contida nas

notas também varia bastante, sendo considerada ruim em boa parte dos casos.

Inclusive é comum que o mesmo problema tenha sido relatado em momentos diferentes

por dois ou mais colaboradores.

Isso prejudica muito o planejamento posteriormente, quando é necessário o tratamento

dessas notas para identificar o serviço que deverá ser feito, iniciar as compras de

material necessária, entre outras atividades de suporte a execução. Quando a nota

contém poucas informações, os técnicos de planejamento precisam de apoio de

funcionários com experiência de bordo para poder realizar essas tarefas, o que deixa

este processo mais lento. E ser ágil na formação do escopo nesse projeto é crucial para

áreas como a compra de materiais ou a contratação de serviços, que são dois processos

muito demorados na empresa.

Essa situação ainda se agrava caso não haja, no início da elaboração do escopo, um

funcionário da operação. Pois sem o conhecimento técnico, as equipes de planejamento

não conseguem entender o que é preciso ser feito caso não esteja bem preenchida a

nota. Até no caso das notas duplicadas, muitas vezes acaba sendo planejado duas

vezes o mesmo serviço, pois esses funcionários não conseguem identificar que se

tratam do mesmo problema de manutenção. Caso a revisão das notas por um

funcionário com conhecimento técnico só ocorra nas fases mais avançadas do projeto,

é possível que não haja mais tempo hábil para as atividades de planejamento, e o

serviço é cancelado.

Portanto, a recomendação é que seja feita uma gestão contínua dessas notas, já na

unidade. Primeiramente com a definição da responsabilidade do levantamento de notas

para uma equipe da operação, centralizando a atividade. E a capacitação dos mesmos

para manter as notas em um padrão de preenchimento, com informações o suficiente

para que as equipes do projeto sejam capazes de planejar plenamente o serviço.

Evitando assim um volume de trabalho gasto durante o planejamento apenas para tratar

as notas mal preenchidas.

Dentro dessa gestão também deve ser feito periodicamente, ainda na unidade, um

saneamento das notas. Para que possam ser identificadas notas repetidas ou

preenchidas fora do padrão, garantindo que assim elas cheguem para o planejamento

já tratadas. Esse tratamento é muito mais simples e rápido de ser feito pelas equipes da

unidade, o que justificaria incluir a revisão na rotina a bordo.

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66

6.1.3.2. Sistemas de SMPs:

Durante todo o planejamento as equipes da unidade continuam encontrando

ocorrências que necessitam de campanha de manutenção para serem sanadas,

inclusive após o fechamento do escopo. E a maneira que o projeto encontra de adicionar

essas demandas na campanha é utilizando a SMP. Esse documento adiciona, altera ou

remove um serviço do escopo. Nos dois primeiros casos um retrabalho é gerado para

refazer o planejamento dos serviços, e o ultimo caracteriza um desperdício do tempo do

planejador, que trabalhou sobre um serviço que não será feito.

Esse processo é considerado pelas equipes de planejamento inevitável, pois sempre

que for possível um novo serviço será adicionado, ou sempre que necessário removido.

O problema fica por conta da demora no processo de SMPs. Essa solicitação possui

uma séria de requisitos que deve cumprir para que possa ser aprovada, como

disponibilidade de HH para realização do serviço e tempo para a aquisição de materiais,

no caso de inclusão, ou comprovação que o serviço não é realmente necessário, no

caso de exclusão. E então, para que isso seja feito, é requerido uma análise sobre os

pontos em questão e a assinatura dos responsáveis.

Assim, a SMP é enviada aos setores responsáveis, para que seja analisada e aprovada,

ou rejeitada. Essa situação é o que gera a demora mencionada por alguns de motivos.

O primeiro é falta de informações disponíveis para os responsáveis sobre os requisitos

de aprovação. Um funcionário quando recebe a SMP, e tem que checar alguma

informação, muitas vezes não sabe onde consegui-la, mesmo que seja de sua própria

área. Às vezes é necessária a interação com outra área do projeto ou com as equipes

de bordo para que a análise possa ser feita, o que não acontece rapidamente, e gerando

uma demora na aprovação por parte daquela área.

O segundo motivo é a ausência de um sistema de informação que possa fazer esse de

fluxo de aprovação. A coleta da assinatura é feita por papel, que é enviado de mesa a

mesa para que os responsáveis assinem. Isto causa duas complicações, uma que há

uma demora no envio entre uma área e outra, e o papel por vezes fica travado por estar

“esquecido” com algum colaborador. A outra é que uma área não recebe a solicitação

para que possa fazer sua parte da análise antes que ela tenha sido liberada pela área

que a recebeu previamente. Portanto, as aprovações não podem ser simultâneas

aumentando o tempo total do processo.

Por fim, a recomendação aqui é o desenvolvimento, dentro do sistema de informação

da empresa, de um canal específico para a aprovação das SMP. Onde todas as áreas

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67

responsáveis possam acompanhar a situação das SMPs e saber quais as informações

que ainda faltam para que sejam aprovadas, facilitando assim fazer esse levantamento

em conjunto nas reuniões de projeto. Isso permitiria também com que mais de uma área

pudesse estar em processo de aprovação ao mesmo tempo, tirando a dependência do

fluxo de papel entre as áreas para que o processo andasse. Agilizando assim toda a

tramitação necessária e dando mais tempo para as equipes planejarem os serviços,

aumentando a possibilidade de aprovação.

6.1.3.3. Elaboração do grupo de trabalho para o escopo de pintura:

Como descrito no capítulo de confrontação com a literatura, a formação do escopo das

áreas a serem pintadas na plataforma é uma queda de braço entre diversas equipes

que possuem uma lógica diferente quanto a esse ponto. Enquanto a operação da

unidade busca escolher as áreas mais degradadas, visando o aumento da segurança e

as auditorias na planta, as equipes de execução da contratada buscam pintar áreas de

maior produtividade, para que tenha um maior lucro17. E ainda tem a visão do

planejamento, que busca chega a um escopo exequível dentro do que a operação

precisa, para obter um bom resultado no indicador porcentagem do escopo de pintura

concluído, pelo o qual ele é avaliado.

Esse problema se estender durante toda a campanha, onde são recorrentes mudanças

nas áreas de pintura, baixa produtividade das equipes e insatisfação da operação da

unidade. Tudo fruto da incapacidade de se definir um plano de pintura durante o

planejamento.

Para esse caso diversas recomendações foram elaboradas, segundo uma delas a

construção coletiva do plano de pintura. Isso significa remover as discrepâncias entre

as diferentes lógicas do plano. Começando pela reformulação do contrato, o pagamento

por m² pintado, que prejudica a expectativa da operação, e faz com que áreas

necessárias para recuperação da integridade que sejam de baixa produtividade (como

tubos, linhas de produção, equipamentos, etc.) sejam preteridos pela execução.

Uma nova maneira de fazer esse pagamento seria a elaboração de um coeficiente de

produtividade por área. Onde a remuneração por m² das áreas mais complexas de

pintura receberia um multiplicador para equilibra com o seu baixo rendimento e assim

se tornar mais atrativo para a execução. Porém, isto ainda demandaria um estudo mais

aprofundado dos perfis das áreas das unidades, para definir a produtividade média de

17 O contrato firmado entre as empresas paga a contratada por m² pintado, sendo assim, a empresa tem o maior lucro em uma campanha quando pinta as áreas mais fáceis, que possuem um maior rendimento.

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cada parte a ser pintada e assim calcular o seu coeficiente de rendimento de maneira

que não prejudique a empresa nem a contratada para a execução.

Isso já faria com que as expectativas de lucro da empresa pudessem ser alinhadas com

a expectativas da operação quanto as áreas mais corroídas. E, a partir disto, também

será preciso fazer uma priorização das áreas desejadas pela operação caso o escopo

final esteja acima do executável pelo HH de pintura disponível dentro da campanha.

Isso satisfaria a necessidade de planejamento, ainda conseguindo recuperar a

integridade das principais, ou mais degradadas, áreas da plataforma segundo a

operação.

Também é recomendado aqui a criação de um grupo de trabalho para a pintura. Que

além de ficar responsável pela definição desse escopo em conjunto, também se

encarregaria de estabelecer os parâmetros e centralizar a tomada de decisão do plano

de pintura. Como quais partes de cada área devem ser pintadas, questões relativas ao

contrato de pintura, como deve ser feita a gestão das frentes de pintura a bordo e

quaisquer outros pontos para que não haja divergência ou descompasso entre as

equipes envolvidas na execução do plano.

6.1.4. Recomendações sobre o planejamento do projeto

Os maiores problemas quanto ao planejamento da campanha são referentes aos

delineamentos dos serviços, a programação de execução dos serviços e do processo

de compra de materiais. Então as recomendações para cada um desses pontos são:

6.1.4.1. O processo de delineamento dos serviços

Uma das principais atividades do planejamento é o delineamento dos serviços, onde as

demandas são analisadas para que sejam entendidas todas suas características e tudo

que é necessário para sua execução possa ser planejado. Isso envolve entender qual a

mão-de-obra necessária para o serviço, quais equipamentos e materiais serão

envolvidos, qual o tempo de execução, quais medidas de segurança devem ser tomadas

e etc.

O sucesso na realização de um determinado serviço depende diretamente da precisão

com que essas definições foram tomadas. E para isso é preciso uma análise de

qualidade da demanda do serviço em questão. Essa análise começa com a empresa

executante (contratada) indo a bordo para fazer o levantamento das informações do

serviço e, antes de seu desembarque, o delineamento realizado deve passar pelas

equipes da operação para validação. Após isso, ele é mandado para as equipes de

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projeto, que devem aprovar o delineamento e então iniciar as atividades de

planejamento para o serviço.

Porém, esse processo possui alguns problemas e não é tão simples quanto parece.

Primeiro que os projetos sofrem com diversos atrasos nas suas etapas iniciais e tem

dificuldade em fechar o escopo, o que reduz o tempo que a executante tem para realizar

os delineamentos. Por necessitar do embarque de um profissional delineador, nas

poucas vagas disponíveis na plataforma, a elaboração dos delineamentos tende a ser

demorada. A cada embarque o volume de delineamentos feitos a bordo é entregue para

o fiscal da empresa na unidade, para que sejam validados por um profissional com

conhecimento da operação da planta. Mas, com o reduzido tempo para revisão do

material (os delineamentos só são entregues pela executante ao final do embarque) e

com a alta carga de trabalho que o fiscal já possui com as atividades de rotina, essa

validação acaba ficando superficial e prejudica a qualidade do delineamento que é

enviado as equipes de planejamento.

Uma vez que chega no planejamento ele passa pelo processo de aprovação, que

também é responsável por detectar possíveis falhas. Aqui se encontram dois problemas,

o primeiro é que não existe uma estrutura definida que quais funcionários responsáveis

por cada disciplina do delineamento devem ser responsáveis para análise. O material,

assim, é distribuído entre os atores interessados para que analisem os pontos referentes

a suas áreas, o que gera uma morosidade no processo. O segundo problema é a falta

de conhecimento dos participantes do projeto. A maioria deles não possui conhecimento

nenhum das atividades de bordo ou sobre os serviços, pois não são funcionários do dia-

a-dia da unidade. Isso prejudica a capacidade de análise deles e faz com que

delineamentos incompletos sejam aprovados. Quando acontece esse caso, isso só é

percebido durante a execução do serviço, em um momento que é quase impossível

providenciar recursos que não tenham sido previstos inicialmente e culminando

eventualmente em um serviço incompleto ou cancelado.

Essas situações em conjunto contribuem para o baixo rendimento do projeto em geral

e no desperdício de potencial de execução das UMS. Dito isso, a primeira

recomendação quanto a esse ponto é a definição rápida do escopo, o que faz referência

ao que foi mencionado no capítulo anterior, para que haja um tempo maior para as

equipes da contratada realizem todos os delineamentos necessários.

Especificamente sobre os delineamentos, é recomendável que esse processo todo seja

estruturado, começando pela avaliação a bordo. Os delineamentos realizados devem

ser enviados ao fiscal da empresa a bordo assim que forem concluídos pelo delineador,

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70

para que haja tempo hábil que um funcionário com conhecimento das atividades revise

o que foi feito e ainda haja a possibilidade de consertar os desvios encontrados ainda

durante o embarque do delineador.

Posteriormente, também é preciso definir o processo de tramitação dos delineamentos

em terra. O planejamento deve formar um grupo de aprovação com representantes de

todas as áreas envolvidas no delineamento, para que se tenha um caminho definido por

onde o delineamento deve passar, assim evitando com que ele fique sem a análise de

alguma disciplina e que venha a impedir a execução do serviço lá na frente.

Por último, também é importante que se faça uma análise sobre a possibilidade de

simplificação desse documento. Um delineamento costuma a concentrar uma

quantidade enorme de informações, que demoram para ser levantadas, e não são

possíveis de serem acompanhadas minunciosamente pelos revisores. Portanto, seria

interessante um estudo, em conjunto com os delineadores, fiscais e representantes da

equipe de planejamento, para entender quais informações são de fato relevantes para

o planejamento da atividade e quais podem ser retiradas do delineamento, para que

possa ser reduzido o seu tempo de elaboração.

6.1.4.2. Cronograma de execução da campanha

Durante o planejamento dos serviços, as equipes são responsáveis por elaborar o

cronograma de execução, onde programam quando serão feitas as tarefas do escopo.

Só que, devido a constantes mudanças nas datas e premissas do projeto, e com os

problemas na aquisição de materiais e logística de envio a bordo, fica impraticável de

definir um cronograma preciso que possa ser seguido pela execução.

Para solucionar esse problema, o planejamento usou uma metodologia de ondas de

serviço, onde são dispostas, mês a mês, todos os serviços que já se encontram prontos

para execução, ou seja, que já possuem material, mão-de-obra, infraestrutura e outros

requisitos disponíveis. Para que assim, as equipes de execução da campanha, possam

fazer a bordo a reprogramação do serviço, alinhado com a empresa contratada

responsável pela tarefa, escolhendo dentre os disponíveis quais serão realizados

naquela semana. Isso reduz o impacto das incertezas durante as tarefas, mas ainda

não é o método considerado ideal. Sem a programação com uma certa antecedência, a

operação da unidade possui uma dificuldade em liberar as áreas para execução, nos

momentos de campanha, quando a produção corre em paralelo com a manutenção.

Para essa liberação são necessárias algumas atividades e manobras para desmobilizar

parcialmente aquela parte da planta. Sem a definição prévia do cronograma, as equipes

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de operação possuem um tempo reduzido entre a reprogramação e o início do serviço

para realizarem essas manobras, e em alguns casos o serviço é cancelado ou adiado

porque não houve tempo hábil para liberação do local.

Além disso, outro problema quanto a esse método de cronograma é que ele acaba

sendo reprogramado sem a revisão da operação. Isso faz com que sejam programados

simultaneamente muitos serviços em diversos sistemas da planta, o que gera a

necessidade de liberação em vários locais simultâneos, e também, a liberação de um

mesmo sistema mais de uma vez em momentos diferentes. Tudo isso prejudica as

atividades da operação e dificulta a liberação das áreas. Portanto, a recomendação aqui

seria a mudança na metodologia do cronograma, que ao invés de ser elaborada de

acordo com as ondas de materiais disponíveis, fosse elaborada por pacotes de serviços

de um sistema. O que facilitaria a liberação e execução de todos os serviços de uma

área, sem prejudicar as atividades da operação.

O problema quanto a esse método, é que ele deve ainda ser alinhado com a situação

atual dos materiais disponíveis, pois se não ele não poderá ser seguido pela execução.

Então, é preciso que os funcionários da operação presentes no planejamento priorizem

os sistemas no cronograma de acordo com os materiais que já estejam disponíveis,

fazendo assim com que a maior parte dos serviços de um sistema possa ser feito em

um único pacote. Deixando os sistemas com serviços importantes, que ainda não estão

prontos para execução, para momentos posteriores na campanha.

6.1.4.3. Gestão dos materiais

A aquisição de materiais é um dos grandes gargalos do projeto analisados. O processo

de compra na empresa é feito por licitação e demorar um longo tempo para garantir o

fornecimento.

Alinhado a isso ainda existem outros problemas quanto aos materiais. As equipes

responsáveis pelas compras, assim como as equipes de planejamento, não possuem

conhecimento das questões de bordo, o que dificuldade na análise técnica quanto as

especificações na hora de fazer os pedidos de compra. Ocasionando no recebimento

de diversos materiais com a especificação errada.

Também não há uma base unificada de materiais entre os projetos e os estoques da

empresa, o que dificuldade a busca por materiais principalmente a troca entre materiais

de projetos em etapas distintas. Um outro problema quanto aos materiais é o envio a

bordo. Nesse processo muitos materiais acabam sendo enviados parcialmente, sendo

perdidos a bordo ou recebidos e utilizados para outro serviço diferente do que havia sido

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planejado. Nessa situação muitos serviços são cancelados na execução por falta de

material, ainda que ele tenha sido adquirido pelo planejamento.

Quanto a este ponto a recomendação é que se estruture um processo de gestão de

materiais. Com uma equipe técnica responsável por revisar as solicitações de compra

e auxiliar o planejamento na compra. Nessa gestão também deve se organizar o

material para o envio em kits de materiais completos, para que não ocorra situações de

apenas parte do material do serviço estar disponível ou parte dele ser utilizado para

outra tarefa.

Também é recomendado que essa gestão possua, a bordo, um funcionário responsável

pelo recebimento e alocação do material. Com o alto volume de material recebido,

diferentes almoxarifados e outros responsáveis por material a bordo, o sistema de

recebimento fica muito confuso e a alocação do material acaba não sendo precisa,

dificultando as atividades da execução que as vezes não consegue localizar os materiais

para realização de um serviço. Portanto esse processo de recebimento deve ser

centralizado em uma única equipe, que possa tomar conta do recebimento, identificação

do material e mapeamento da alocação, para que seja simples de encontra-lo

posteriormente.

6.1.5. Recomendações sobre a execução

A execução da campanha no projeto observado compreende além da realização dos

serviços outras atividades como a preparação para o evento, o controle de pessoal e a

desmobilização da campanha, para esses pontos foram feitas as seguintes

recomendações:

6.1.5.1. Controle do histograma da campanha

No macrocronograma do projeto está encontra-se especificado um período de um mês,

exatamente antes da chegada da UMS, para a realização da pré-campanha. Que é um

conjunto de atividades para preparar a planta para receber a campanha realizado com

um número de vagas da plataforma liberadas pela operação, sendo que a maioria das

tarefas dessa etapa consiste na montagem de andaimes para dar apoio aos serviços.

Assim, quando as UMS atracam nas unidades já é esperado que as atividades de pré-

campanha já tenham acabado e a campanha possa iniciar sua mobilização e alguns

serviços imediatamente. Porém, como as vagas sem UMS são um recurso muito

limitado, as campanhas costumam a não liberar um número suficiente para completar

essas tarefas e a execução se inicia com pendências quanto a estes serviços.

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73

Essas pendências impedem que diversas frentes de serviço possam ser iniciadas,

mantendo um efetivo inativo na UMS. Isso ainda é agravado com a deficiência do efetivo

de montadores de andaimes nesse momento, pois segundo a programação a demanda

por esse profissional nesse momento não deveria ser alta, o que faz com que a

conclusão dos serviços pendentes da pré-campanha seja demorada, atrasando o

andamento da campanha por dias ou até mesmo semanas.

A recomendação sobre esse ponto é analisar as pendencias de pré-campanha antes da

chegada da unidade, para que possa ser refeito o histograma da UMS. Podendo assim

reduzir o efetivo ocioso no início da execução e aumentar o número de montadores de

andaime, e outras equipes de mobilização, para que as essas atividades possam ser

encerradas o mais rápido possível e a campanha possa iniciar propriamente.

Outros problemas sobre o histograma são a baixa ocupação na unidade em alguns

momentos, ociosidade devido à falta de serviços para alguns funcionários e a ausência

de outras especialidades para execução de serviços. Todos esses problemas se

referem a deficiência do planejamento em planejar o histograma necessário para as

atividades do cronograma. Ainda que seja uma tarefa complexa, a recomendação

quanto a isto é realizar a integração entre esses documentos, para que seja definido

antecipadamente quais serão os tipos de profissionais demandados em cada momento

e as equipes de planejamento tenham apenas que fazer pequenos ajustes no

histograma devido as mudanças no cronograma, ou invés de fazer todo o planejamento

do histograma durante a reprogramação da execução.

6.1.5.2. Análise do ajuste de trabalho nas frentes de serviço:

A produtividade nas frentes de trabalho da contratada são objeto de discussões

recorrentes entre os participantes do projeto nas campanhas de manutenção. A

dificuldade em tocar as equipes a bordo com todas as particularidades dessa atividade

faz com que o resultado dos projetos na maioria das vezes fique aquém do esperado.

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74

Durante o acompanhamento a bordo as análises focar em entender como se dá a

divisão do trabalho em cada frente e a gestão das atividades da execução, chegado ao

seguinte esquema:

Figura 22 – Centralidade do papel do encarregado

(Fonte: Relatório 8 – Comparativo de campanhas de PP&UMS, 2016)

Nessa imagem pode-se ver a cadeira de gestão da execução, e os fluxos de

informações entre os participantes dela. Percebe-se também que há uma centralidade

no papel do encarregado, que fica responsável por definir o quantitativo do efetivo das

frentes e fazer a ponte entre a quem planeja o serviço e toma as decisões. A liderança

desse funcionário então de torna um ponto chave para o dimensionamento das equipes

e o andamento do serviço. Assim, a estrutura organizacional da execução depende do

preparo deste funcionário para essa atividade para atingir seus objetivos.

Portanto, a recomendação é que seja feita uma análise mais profunda do trabalho das

frentes e da cadeia de gestão, para que possa ser feito um ajuste das equipes e de suas

qualificações, principalmente quanto ao papel do encarregado. Podendo assim, evitar

uma estrutura que contenha gargalos e sobrecargas de trabalho em funcionários chave.

6.1.5.3. Estruturação da equipe de desmobilização:

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75

Como dito no capítulo de confrontação, a desmobilização é uma etapa preterida pelas

equipes da execução em prol do aumento da quantidade de serviço executados. Apesar

prever um tempo destinado a essa etapa não é eficaz, uma vez que a medição do

sucesso das equipes não leva em conta a quantidade de sucata ou materiais deixados

para trás, mas sim a quantidade de serviços realizada.

A recomendação para isso é criar uma equipe de desmobilização, com indicadores de

medição diferenciados do resto das equipes de execução. A equipes seria avaliada por

indicadores como quantidade de andaimes da unidade, porcentagem da sucata retirada,

entre outros referentes a mobilização, para que assim essa equipe não deixe de lado

essas atividades. Essa equipe também não precisa ser muito grande, a ponto de ocupar

vagas de outras equipes, precisa apenas ser denominado um supervisor ou um

coordenador, que seja avaliado pela desmobilização, e fazer uso dos operários que já

estão na unidade para tocar essas atividades.

Lembrando que não desmobilizar propriamente a companha causa uma séria de

problemas como complicações na operação da unidade durante a rotina, gastos

elevados com aluguel de equipamentos que não estão sendo utilizados e possíveis

multas e sanções em vistorias realizadas a plataforma.

6.1.6. Recomendações sobre o término do projeto

O momento de encerramento do projeto, na empresa analisada, acontece em um

momento onde as equipes de projeto já estão se desfazendo e não estão mais

engajadas nas atividades do projeto. Uma etapa que é prescrita para acontecer em

pouco tempo muitas vezes se arrastou devido à falta de atenção as atividades do

período, como a passagem de serviço e as lições aprendidas.

6.1.6.1. Padronização da passagem de serviço

A passagem de serviço ao final do projeto costuma a ser um problema por alguns

motivos, um porque devidos as constantes mudanças ao longo do projeto e a alta

quantidade de serviços envolvida, as equipes têm dificuldade de fazer um levantamento

do que foi feito e, principalmente, do que foi parcialmente realizado ou ficou pendente.

A distância entre as equipes do projeto e a operação da unidade após o projeto também

dificultam essa comunicação. E por fim, os colaboradores da equipe de planejamento

se queixam de não haver um método padrão para realização dessa passagem, o que

acaba com que ela seja feita de maneira desorganizada e incompleta nos casos

observados.

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Para solucionar esses problemas as recomendações elaboradas são: a manutenção da

equipe de operação atuando no projeto durante essa fase enquanto é feito o

levantamento do resultado do projeto, ao invés de retornar imediatamente após a

execução para as atividades de bordo. Isso reduz a barreira espacial para a passagem

e permite que a operação participe do levantamento, já fazendo parte da se inteirando

sobre as atividades que ficaram pendentes. Também é uma recomendação o estudo

para elaboração, com as equipes do planejamento e da operação, de um padrão para

essa tarefa. Que seja capaz de auxiliar futuramente os projetos para que esse evento

não fique incompleto, prejudicando a continuidade dos serviços da campanha.

6.1.6.2. Lições aprendidas ao longo do projeto

O processo de gestão do conhecimento no projeto foi um dos que apresentou grande

evolução das primeiras campanhas observadas até as últimas. O processo foi se

estruturando para cumprir melhor seu objetivo de aumentar a experiência das equipes

de projeto. Porém, ainda existem dois pontos que podem ser melhorados nesse

tópico.

O primeiro é ir fazendo o levantamento dos itens de conhecimento ao longo do projeto

e não apenas no seu encerramento, como acontece agora. Depois de todas as

atividades e acontecimentos durante um projeto desse tamanho, muita coisa acaba

sendo esquecida durante o caminho. Muitos desvios e soluções encontradas que ainda

podem vir a acontecer em outras campanhas acabam ficando fora desse processo

simplesmente porque aconteceu em uma das etapas mais distantes do projeto e as

equipes, na durante a gestão do conhecimento, estão focadas nos problemas mais

recentes.

O segundo é adicionar, no início da etapa do planejamento, um evento de revisão das

lições aprendidas de outros projetos. Com a rotatividade das equipes, muitos

colaboradores de um novo projeto não participaram de nenhuma atividade de projeto

anteriormente, e nem do processo de lições apreendidas de outros. Ou mesmo estando

presentes em algum projeto, não foram capazes de participar ou não se recordam

precisamente das lições aprendidas. Portanto é importante que ao iniciar um novo

projeto, os principais atores do mesmo, revejam toda a documentação que já foi gerada

na empresa sobre gestão do conhecimento para evitar a recorrência de situações já

resolvidas anteriormente.

6.1.7. Recomendações sobre o plano de segurança

Os maiores problemas sobre segurança durante a campanha são relativos as

permissões de trabalho. O processo de liberar serviços para execução foi um grande

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gargalo em quase todos os projetos acompanhados e é o foco das recomendações

sobre esse tópico.

A emissão de PTs, necessárias para se iniciar as atividades em qualquer frente de

trabalho todos os dias, sofreu diversos problemas como a falta de funcionários para

liberação do serviço, picos de demanda, erros no preenchimentos e deficiência na

infraestrutura de suporte.

A causa raiz da maioria desses problemas é vem da alta demanda de serviços durante

a campanha, se comparado as atividades de rotina, sem ter sido planejado um aumento

na capacidade do que se refere ao apoio a liberação dos serviços.

A recomendação sobre esse ponto é prever já no planejamento, a demanda de serviço

diária na execução, para assim poder planejar um aumento na capacidade mencionada.

As equipes de segurança em alguns momentos da campanha podem precisar de

operadores e técnicos de segurança extras para acompanhar o aumento no volume de

serviços. Também deve ser previsto a aquisição de infraestrutura de suporte a liberação,

como impressoras, papel, aumento de bandam, entre outros, pois esses recursos

presentes na unidade estão dimensionados para uma demanda normal da plataforma e

em alguns casos foram insuficientes para suportar a campanha.

Outra recomendação sobre o processo de emissão de PTs é reorganizar

estruturalmente a atividade. Como todos os serviços estão programados para se iniciar

pela manhã, quase simultaneamente, neste período há um pico de demanda. O que

gera um gargalo no processo e faz com que diversas equipes se mantenham ociosas

esperando a liberação para seus serviços, enquanto os funcionários preenchem as

permissões. Reorganizar isso significa balancear o horário do início das atividades nas

frentes de trabalho, para que elas não coincidam no mesmo momento e os operadores

tenham tempo de liberar gradualmente os serviços. Também pode ser feito o

preenchimento parcial das fichas de liberação nos momentos de menor demanda, como

pela noite, para que durante os picos o volume de informação a ser inserida na

permissão seja menor e o processo flua com mais agilidade.

6.2. Conclusão

Inicialmente, pode se perceber que o projeto segue bastante do que é encontrado na

literatura. A maioria dos tópicos encontrados na revisão da literatura puderam ser

encontrados no caso real, ainda que com algumas modificações ou em grau menor de

importância. Considerando que todo projeto é um projeto diferente, adaptações foram e

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sempre serão necessárias para construção de um novo projeto no ambiente da

empresa.

Também é percebido que o processo de projeto não é algo estático, mas sim um evento

que evoluiu e depende muito da experiência de seus participantes. Os primeiros projetos

acompanhados apresentaram desempenhos baixos quanto ao esperado, as equipes

constantemente se viram enfrentando surpresas em todas as etapas e o

dimensionamento das demandas e estimativas por muitas vezes se mostrava

equivocado.

Boa parte dos problemas pode ser traçado até a falta de experiência, o que foi mudando

ao longo do tempo e os projetos mais recentes possuíram uma avaliação mais positiva

em comparação com os antigos. Mas ainda assim, são recorrentes erros que já haviam

sido apresentados no passado e ainda não foram resolvidos pelas equipes,

principalmente sobre a definição do escopo, que quando não bem trabalhado impacta

em quase todos os outros tópicos do projeto, se mostrando como o ponto mais

importante a ser trabalhado daqui para frente.

Por fim, é percebível que iniciar um esforço de projeto não é uma coisa simples, mesmo

em empresas de grande porte. É necessária também uma estrutura de suporte

adequada para que o projeto possa prosperar, que deve ser bem pensada e estruturada

previamente, para que possa ser reduzido o número de incertezas e dificuldades que o

projeto irá passar até que se ajuste a um modelo ideal.

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7. Referências

BALGOBIN, R, PANDIT N.. Stages in the Turnaround Process. European Management Journal Vol. 19, No. 3, pp. 301–316, 2001. BOMFIN D. et al. Gerenciamento De Projetos Segundo O Guia Pmbok: Desafios

Para Os Gestores. Revista de Gestão e Projetos - GeP, São Paulo, v. 3, n. 3, p 58-

87, set./dez, 2012.

BUCKNER, E.. Optimizing Turnaround Projects. Disponível em

<www.HydrocarbonProcessing.com/RS>. Acesso em 20 de dezembro de 2016.

CHRISTOPHER C. Obiajunwa, 2012, A framework for the evaluation of turnaround maintenance projects, Journal of Quality in Maintenance Engineering, Vol. 18 Iss 4 pp. 368 – 383.

CHRISTOPHER C. Obiajunwa, 2013, Skills for the management of turnaround maintenance projects, Journal of Quality in Maintenance Engineering, Vol. 19 Iss 1 pp. 61 – 73. FELDMANN, R., RHODES, F.. How To Implement A Successful Lost gas

Turnaround Project. Pipeline & Gas Journal, October, 2002.

LENAHAN, Tom. Turnaround Management, 1999.

MAXIMIANO, A.. Administração de projetos. São Paulo, 2002.

MEREDITH, J., MANTEL, S.. Administração de Projetos – Uma Abordagem

Gerencial, 4ª edição, 2000.

MOBLEY, R.. Maintenance Engineering Handbook, 7th edition, 2008.

NONAKA, I., TAKEUCHI, H.. The Knowledge-creating Company: How Japanese

Companies Create the Dynamics of Innovation, 1991.

PALMER, R.. Maintenace Planning and Scheduling Handbook, Second Edition. 2006. RUTKOWSKI, E.. Front-End Loading – Aplicação do Processo FEL no Gerenciamento de Projetos. Disponível em <http://www.techoje.com.br/sita/techoje/categoria/impressao_artigo/682>. Acesso em 27 de dezembro de 2016. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK®,

2013, Quinta Edição. Project Management Institute - PMI®.

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8. Anexos

Anexo A – Curva S para o acompanhamento de serviços

Figura 23 – Curva S utilizada para acompanhamento do andamento dos serviços

(Fonte: adaptado de documento fornecido pela empresa)

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Anexo B – Grupos de processos de gerenciamento de projetos

Tabela 4 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos segundo o PMBOK

(Fonte: PMBOK, 2013)