ANÁLISE Saiba porque é quase impossível ver o CDS à frente do … · 2018. 3. 13. · resgate...

6
ANÁLISE Saiba porque é quase impossível ver o CDS à frente do PSD

Transcript of ANÁLISE Saiba porque é quase impossível ver o CDS à frente do … · 2018. 3. 13. · resgate...

  • ANÁLISE

    Saiba porque équase impossívelver o CDS àfrente do PSD

  • CDS à frente do PSDseria uma "mudançabrutal" do sistemaVotos. Politólogos dizem ser muito difícil o partido de Assunção Cristassuplantar o de Rui Rio e ser a principal força de centro -direita

    PAULA SÁ

    EUROPA

    Rui Rio na cimeirado PPE no dia 22> Rui Rio vai participar pelaprimeira vez enquanto líderdo PSD na cimeira do PartidoPopular Europeu (PPE) , a fa-mília política dos sociais-de-mocratas na Europa, que serealiza no dia 22, em Bruxelas.Rio terá a oportunidade dedebater com outros lídereseuropeus as grandes ques-tões que se colocam à UniãoEuropeia e reunir-se comos eurodeputados sociais--democratas, entre os quaisPaulo Rangel, que é vice-pre-sidentedoPPE.

    "É possível, mas não é nada fácil."É assim que Carlos Jalali, especia-lista em sistemas políticos, enqua-dra a ambição de Assunção Cristasem tornar o CDS o principal parti-do de centro -direita em Portugal.Mas a acontecer, diz o politólogo,será uma "mudança brutal" do sis-tema político português.

    E é fácil perceber o porquê doadjetivo "brutal", já que o CDS,mesmo nas suas melhores presta-ções eleitorais, nunca se aproxi-mou do PSD. Só nas primeiras elei-ções legislativas, em 1976, sob aliderança de Freitas do Amaral,fundador do partido, conseguiu oseu melhor resultado e o mais pró-ximo com os sociais-democratas:com 42 deputados, num Parlamen-to então com 263 lugares, dos quais73 foram conseguidos pelo PSD deSá Carneiro {ver gráfico).

    Carlos Jalali sublinha que As-sunção Cristas tem "potencial" aseu favor para fazer reforçar o pesodo CDS, num momento em que oPSD parece não estar a capitalizarnas intenções de voto em relaçãoao PS e, no terreno simbólico, ofacto de ter ficado à frente da can-didata social-democrata, TeresaLeal Coelho, nas eleições autárqui-

    cas em Lisboa serve de referencial:"Nós podemos, o PSD não é imba-tível."

    Mas, adverte o professor da Uni-versidade de Aveiro, há uma "dife-rença abissal das estruturas a nívelnacional entre os dois partidos".O PSD tem uma máquina territorialimplantada em todo o país e, mes-mo apesar das perdas eleitorais,está representado em força nas câ-maras municipais, o que diz "ajuda

    a mobilizar o eleitorado". Aliás, a im-plantação territorial do CDS foisempre um dos problemas do par-tido de Assunção Cristas, que sofreua sua maior erosão durante mais deuma década de liderança cavaquis-ta do PSD e do país. Durante as duasmaiorias absolutas de Cavaco - a de1987 e a de 1991 -, o CDS encolheude tal forma, com quatro deputadose depois cinco, que ficou conhecidocomo o "partido do táxi".

    Nos anos em que concorreramsozinhos para a Assembleia da Re-pública, como acontecerá em 20 19,os centristas nunca conseguiram (àexceção de 1976) sequer chegar àmetade dos lugares conquistadospelos sociais-democratas. As me-lhores eleições foram as de 1983,soba liderança de Lucas Pires, com30 mandatos (PSD conseguiu 75),e os anos de liderança de Paulo Por-tas. Em 2009, o CDS conseguiu 21deputados (81 para o PSD) e24 em2011 (108 para PSD). Com ManuelMonteiro, em 1995, o partido recu-perou do esmagamento da era ca-vaquista e recuperou 15 mandatosno Parlamento.

    Mesmo que os resultados aolongo da história democrática por-tuguesa contrariem a líder centris-ta, ao pedir um CDS como princi-pal força do centro-direita Assun-ção Cristas faz uma aposta sem

  • riscos, na opinião de Carlos Jalali."Os militantes do PSD não lhe vãocobrar se ela não ultrapassar o PSDe tudo o que conseguir é benéficopara o seu partido." Resta-lhe ten-tar convencer os eleitores deste es-pectro político de que o voto útil noCDS é o melhor para uma alterna-tiva ao PS e à esquerda.

    António Costa Pinto consideraque o CDS "tem uma janela deoportunidade " para cativar os "de-siludidos" com a saída de PassosCoelho. Além disso, diz o investiga-dor do Instituto de Ciências Sociais(ICS) , o facto da nova direção do

  • PSD ainda estar relativamente dis-creta e com uma mensagem aindapouco clara para o eleitorado docentro-direita "dá margem ao CDSpara crescer".

    Para o politólogo, AssunçãoCristas também tem a vantagemde ter uma imagem que pode cap-tar um maior segmento de eleito-rado do que o clássico conservador

    que costuma votar no CDS. Acresce

    que este eleitorado de centro-di-reita "dá por adquirida uma alian-ça eleitoral entre PSD e CDS se saí-rem vencedores das eleições", oque, refere Costa Pinto, "dá mar-

    gem de crescimento ao CDS, jáque o voto no partido não prejudicano fundamental essa aliança".

    Mas o professor considera quesó "perante um colapso do PSD se-riapensável que o CDS aumentasse

    muito a sua margem eleitoral .E sublinha: "Há 40 anos que a re-presentação do centro-direita estácongelada nesses dois partidos,com intenções de voto nos 34% e35%; ou seja, têm grande margempara crescer os dois. Se for apenasum a crescer à custa do outro, si-gnifica que vão ambos perder aseleições de 2019."

  • PSD a olhar para olado: CDS está a pôr-se"em bicos dos pés"

    congresso Sociais-democratas dizem que ambição do CDSé irrealista e lembram que autárquicas não são legislativas

    "Irrealista", "em bicos de pés", um"enorme disparate". É assim que oPSD reage à ambição expressa peloCDS, no congresso deste fim de se-mana em Lamego, de se afirmarcomo o primeiro partido no espa-ço do centro -direita. Entre as hos-tes sociais-democratas lembra-sea Assunção Cristas - que em entre-vista ao Expresso disse ver-se comoprimeira-ministra e disse ser "me-lhor do que Rui Rio" - que os resul-tados nas autárquicas não sãotransponíveis para o plano nacio-nal.

    António Bragança Fernandes,presidente da distrital do Porto doPSD, considera que Assunção Cris-tas está a "pôr-se em bicos de pés",confundindo os votos autárquicosque obteve em Lisboa, em outubropassado, com legislativas. "Sãoduas coisas diferentes, as autárqui-cas não têm nada que ver com aseleições legislativas", diz ao DN, su-blinhando que a líder centrista"está a elevar muito a fasquia". Atéporque, defende Bragança Fer-nandes, no escrutínio em Lisboa"estiveram em causa nomes" quan-do "agora é o partido em si" que vaia jogo. Ao CDS "pode sair o tiro pelaculatra", diz o presidente da maiordistrital social-democrata-apoian-te de Pedro Santana Lopes nas elei-

    ções internas -, que rejeita que aestratégia de Rui Rio esteja a abrirespaço ao CDS entre o eleitoradode centro-direita. "Rui Rio está afazer o que é do melhor interessepara o país a longo prazo, está aapostar no futuro", argumenta Bra-

    gança Fernandes. Já Carlos Peixo-to, vice-presidente da bancada e lí-der da distrital da Guarda, diz queas ambições do CDS "são legíti-mas", na medida em que é "legíti-mo sonhar". Mas são igualmente"irrealistas". "Não têm nenhumtipo de adesão à realidade do com-portamento eleitoral dos portu-gueses", destaca o parlamentar la-ranja. E se Cristas bateu o PSD emLisboa, relegando os sociais-de-mocratas para o lugar de terceiraforçapolítica na capital, o vice-pre-sidente do grupo parlamentar dizque "o Dr. Rui Rio não é a Dra. TeresaLeal Coelho" e que não se pode fa-zer comparações entre eleições au-tárquicas e legislativas.

    Outro deputado da bancada,que não apoiou publicamente RuiRio nem Santana Lopes, diz que"quando o CDS quer alargar o elei-torado infligindo golpes no PSD éum enorme disparate". Para estesocial-democrata, "cada partidodeve fazer o seu caminho, elegen-do sempre o PS como alvo. O alar-

    gamento do eleitorado tem de serfeito para fora e não para dentro docentro direita". O deputado enten-de que Assunção Cristas "ainda nãopercebeu qual o papel dela e doCDS. Ao longo dos tantos anos emque Paulo Portas presidiu ao CDS,nunca se viu entrar num congressoa ser anunciado como o próximoprimeiro-ministro de Portugal. Nodiscurso de Assunção está implíci-to que, como agora o PSD anda umpouco atrapalhado, vamos filá-los.É ridículo e na política o ridículomata".

    Críticos "culpam" direçãoMas entre os sociais-democratastambém há quem admita que osdemocratas- cristãos possam vir aganhar terreno, face ao posicio-namento do PSD delineado pelonovo líder. "Quando o PSD desa-parece e não se afirma como alter-nativa, o CDS naturalmente cres-ce", defende um destacado críticoda atual liderança social-demo-crata. Uma tese corroborada poroutra voz crítica, na bancada par-lamentar: "O CDS só pode fazereste discurso porque o PSD permi-tiu que isto acontecesse, por faltade comparência. Alguém ouviu oCDS dizer isto quando Passos Coe-lho era líder?" susete Francisco e

  • Marcelo espera verGrécia entrar"numa outra fase"

    Atenas. Para o Presidente, após "crise pro-funda" Portugal é exemplo de estabilidade

    O mês de agosto ainda vemlonge e,até lá, a Grécia precisa de avançarcom garantias e medidas que tran-quilizem Bruxelas e que permitamao país sair com alguma suavidadedo programa de assistência finan-ceira, mas, em Atenas, no primeirode três dias de uma visita de Estado,Marcelo Rebelo de Sousa, que nãopoupounos elogios àrecuperaçãoportuguesa no período pós-crise,assinalou, desde já, que o futuropara o "povo amigo" da Grécia sópode ser risonho.

    "Devo reconhecer que tam-bém Grécia está num processofeito com o mérito do povo grego,e dos seus responsáveis, bem en-tendido, e que é um processo quese espera que possa vir a culminardentro de meses na passagem aoutra fase", disse o chefe do Esta-do português, durante um en-contro com dezenas de membrosda comunidade portuguesa, refe-rindo-se auma "fase importantepara a economia, para as finançase para a sociedade" helénica.

    Com portugueses e gregos a as-sistir à intervenção que decorreunum hotel junto da Praça Syntag-ma-que, em 2015, setornouopal-co principal das muitas manifesta-ções antiausteridade -, Marcelojustificou o vaticínio e lembrou quetambém Portugal mergulhou econseguiu sair de uma "crise pro-funda", constatando que, se dúvi-das houvesse em relação à recupe-ração portuguesa, hoje o trabalho

    feito é tido como um exemplo foradeportas.

    "Apresenta indicadores finan-ceiros, mas também económicos esociais que são reconhecidos pelaUE, mas por todos aqueles quedentro e fora acompanham a evo-lução portuguesa", afirmou, nãodeixando de defender que o cami-nho para a saída do programa deresgate tem sido um "processo vir-tuoso". Nesse sentido, e num tomque em muito se assemelhou aumamensagem de esperança parao povo grego, Marcelo, sempre par-tindo do exemplo português, con-gratulou- se pelo facto de a visita deEstado - a primeira desde a presi-dência de Jorge Sampaio - aconte-cer num momento de "boas notí-cias" para os dois países, destacan-

    do Portugal como "exemplo deestabilidade política, com um sis-tema político estável, com controlofinanceiro interno e externo, ecomum crescimento económicoacompanhado do crescimento doemprego" que, na Grécia, tambémcontinua a aumentar.

    Durante o encontro com a co-munidade portuguesa- que Mar-celo defendeu ser composta por"empreendedores" -, o Chefe do Es-tado, que na quarta-feira visita umcampo de refugidos, deixou aindaclaro que Portugal "compreende eapoia o exemplo" dado pela Gréciana gestão da crise migratória e noacolhimento de refugiados.JOÃO ALEXANDRE (TSFl.emAtenas

    Marcelo encontrou- se com a comunidade portuguesa em Atenas