ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DE CICLOS RANKINE …
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica
Luiz Fernando Moreira
ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DE CICLOS RANKINE ORGÂNICOS PARA
COGERAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CIMENTO
Belo Horizonte
2018
Luiz Fernando Moreira
ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DE CICLOS RANKINE ORGÂNICOS PARA
COGERAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CIMENTO
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Felipe Raúl Ponce Arrieta, D.Sc.
Área de concentração: Sistemas Térmicos e Fluidos
Belo Horizonte
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Moreira, Luiz Fernando
M838a Análise técnico-econômica de ciclos rankine orgânicos para cogeração na
indústria de cimento / Luiz Fernando Moreira. Belo Horizonte, 2018.
174 f.: il.
Orientador: Felipe Raúl Ponce Arrieta
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica
1. Energia elétrica e calor - Cogeração. 2. Exergia. 3. Cimento - Indústria. 4.
Algorítmos genéticos. 5. Calor - Transmissão - Modelos matemáticos. I. Arrieta,
Felipe Raúl Ponce. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. III. Título.
CDU: 621.362
Ficha catalográfica elaborada por Fernanda Paim Brito– CRB 6/2999
Luiz Fernando Moreira
ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DE CICLOS RANKINE ORGÂNICOS PARA
COGERAÇÃO NA INDÚSTRIA DO CIMENTO
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Mecânica.
Área de concentração: Sistemas Térmicos e Fluidos
____________________________________________________________
Prof. Felipe Raúl Ponce Arrieta, D.Sc. - PUC Minas (Orientador)
____________________________________________________________
Profª. Cristiana Brasil Maia, D.Sc. - PUC Minas (Examinadora Interna)
____________________________________________________________
Prof. Matheus Pereira Porto, D.Sc. - UFMG (Examinador Externo)
Belo Horizonte, 29 de junho de 2018
A Deus,
pois nele vivemos, nos movemos e existimos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por seu infinito amor, sua inesgotável misericórdia,
sua paz que excede todo entendimento e sua maravilhosa graça salvadora manifesta a todos.
Também por ser minha inspiração, fonte de forças e esperança.
Aos meus pais, Luiz e Sônia, a minha irmã, Tatiane, e a minha tia, Maria da
Consolação, por todo amor, apoio, compreensão e paciência.
Ao meu professor orientador Felipe Arrieta por ter acreditado em mim, compartilhado
comigo seus conhecimentos, por ter me apoiado e me orientado neste trabalho.
A todos os professores e funcionários Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica da PUC Minas por todas as experiências, conhecimentos transmitidos e convivência
ao longo desta jornada.
Aos colegas de mestrado e demais amigos por todo suporte e companheirismo.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudos.
A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para tornar este sonho realidade.
"A mente que se abre a uma nova idéia jamais
voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein)
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo estudar a cogeração de energia através do ciclo Rankine
orgânico (CRO) para recuperação de calor residual na indústria de cimento. Duas
configurações de CRO, uma simples e a outra regenerativa, operando nas condições subcrítica
e subcrítica com superaquecimento foram definidas e modeladas termodinâmica e
economicamente para trabalharem com fluidos orgânicos previamente selecionados. Além
disso, foi modelado também um CRO simples ideal. Após modelar os ciclos, alguns
parâmetros de operação dos CROs foram otimizados tendo a maximização da potência líquida
como função objetivo. Logo depois, outros parâmetros de operação dos ciclos também foram
otimizados. Por fim, a otimização dos CROs foi realizada novamente alterando-se os dados de
entrada dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento. Os modelos foram
calculados utilizando-se o software Engineering Equation Solver (EES) e as otimizações,
efetuadas no mesmo programa, empregaram o método de algoritmo genético. Os resultados
do CRO ideal mostraram que existe uma faixa de temperaturas na entrada da turbina e uma
pressão ótima de operação onde é possível se obter o máximo desempenho do sistema. Já nos
resultados das otimizações, verificou-se que a superioridade média do ciclo regenerativo em
relação ao ciclo simples na condição subcrítica em termos de potência líquida, eficiências
térmica e exergética foram de 12,72%, 11,55% e 11,54%, nesta ordem. Na comparação entre
estas mesmas configurações na condição de operação subcrítica com superaquecimento, foi
observado um incremento médio de 9,38%, 8,88% e 8,82% nesses indicadores. Sob o prisma
econômico, o maior custo para produção de energia elétrica dentre os CROs estudados foi
inferior ao preço de venda de eletricidade praticado pela concessionária de energia local em
73,02%. Outras constatações importantes foram que a otimização de um parâmetro
influenciou os resultados dos demais e as vazões mássicas dos gases de exaustão do processo
de produção de cimento foram determinantes na performance dos ciclos.
Palavras-chave: Ciclo Rankine orgânico. Cogeração. Indústria de cimento. Algoritmo
genético.
ABSTRACT
This work aimed to study the energy cogeneration system through the organic Rankine cycle
(ORC) for waste heat recovery in cement industry. Two ORC configurations, a simple and a
regenerative one, under subcritical and subcritical with superheating operating conditions
were defined. The ORC configurations were thermodynamic and economically designed to
work with the organic fluids earlier selected. Moreover, an ideal ORC was also designed.
Right after modeling the cycles, some operating parameters of the ORCs were optimized
using the net power output maximization as the objective function. Afterwards, other
operating parameters of the cycles were also optimized. Finally, the ORCs were optimized
again, but the exhaust gases from the cement production process input data were changed.
The modeling was carried out using the Engineering Equation Solver (EES) software and the
optimizations, performed in the same software, employed the genetic algorithm method. The
ideal ORC results showed that there is a temperature range at the turbine inlet and an
optimum operating pressure where it is possible to achieve the maximum system
performance. In the optimization results, it was noticed that the average superiority of the
regenerative cycle over the simple one under subcritical condition in terms of net power
output, thermal and exergy efficiencies were 12.72%, 11.55% and 11.54%, respectively. In
the comparison between these same configurations under subcritical with superheating
operating condition, there was an average increase of 9.38%, 8.88% and 8.82% in these
indicators. From the economical perspective, the highest cost to produce electricity among the
studied ORCs was 73.02% lower than the electric energy retail price used by the local electric
power company. Other important observations were that the optimization of one indicator
influenced the results of the other ones and the mass flow rates of the exhaust gases from
manufacturing process of cement were determinant in the performance of the cycles.
Keywords: Organic Rankine cycle. Cogeneration system. Cement industry. Genetic
algorithm.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Produção de cimento no Brasil ............................................................................ 41
FIGURA 2 - Processo de fabricação de cimento por via seca ................................................. 42
FIGURA 3 - Quantidade de instalações para recuperação de calor residual na indústria de
cimento até 2013 ....................................................................................................................... 43
FIGURA 4 - Consumo de energia primária na indústria de cimento em 2015 ........................ 45
FIGURA 5 - Diferentes configurações de CRO ....................................................................... 58
FIGURA 6 - Sistema de cogeração ciclo de fundo .................................................................. 65
FIGURA 7 - Classificação dos fluidos orgânicos de acordo com a curva de saturação .......... 67
FIGURA 8 - Comparação entre as curvas de saturação de alguns fluidos de trabalho orgânicos
e da água no diagrama T-s ........................................................................................................ 67
FIGURA 9 - CRO simples e sua representação no diagrama T-s ............................................ 68
FIGURA 10 - Condições operacionais do CRO no diagrama T-s ........................................... 69
FIGURA 11 - Diagrama de wheel de um ciclo Rankine simples ............................................. 74
FIGURA 12 - Redução das irreversibilidades no condensador com pressão sub atmosférica . 77
FIGURA 13 - Exemplo de fluxo de caixa ................................................................................ 82
FIGURA 14 - Funcionamento básico do método de algoritmo genético ................................. 83
FIGURA 15 - Critérios adotados para eliminação dos fluidos de trabalho inadequados ......... 85
FIGURA 16 - Comportamento da curva de saturação de alguns fluidos de trabalho .............. 89
FIGURA 17 - CRO simples ..................................................................................................... 91
FIGURA 18 - CRO regenerativo .............................................................................................. 92
FIGURA 19 - CRO simples com configuração alternativa ...................................................... 99
FIGURA 20 - Potência líquida específica produzida pelo ciclo ideal com variação da
temperatura na entrada da turbina para diversos fluidos de trabalho ..................................... 106
FIGURA 21 - Eficiência térmica do ciclo ideal com variação da temperatura na entrada da
turbina para diversos fluidos de trabalho ................................................................................ 106
FIGURA 22 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO simples subcrítico 111
FIGURA 23 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO regenerativo
subcrítico ................................................................................................................................ 114
FIGURA 24 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO simples subcrítico
com superaquecimento ........................................................................................................... 116
FIGURA 25 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO regenerativo
subcrítico com superaquecimento .......................................................................................... 118
FIGURA 26 - Comparação da potência líquida produzida pelos CROs simples e regenerativos
operando com diversos fluidos orgânicos .............................................................................. 121
FIGURA 27 - Comparação da eficiência térmica dos CROs simples e regenerativos operando
com diversos fluidos orgânicos .............................................................................................. 121
FIGURA 28 - Comparação da eficiência exergética dos CROs simples e regenerativos
operando com diversos fluidos orgânicos .............................................................................. 122
FIGURA 29 - Comparativo dos diagramas T-s para o fluido R141b ..................................... 124
FIGURA 30 - Comparação dos valores do custo total do investimento para os ciclos simples e
regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento ......................... 125
FIGURA 31 - Áreas superficiais de transferência de calor dos trocadores dos CROs simples e
regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento ......................... 126
FIGURA 32 - Comparação dos valores do custo específico do investimento para os CROs
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento ......... 127
FIGURA 33 - Comparação do custo específico para geração de eletricidade dos CROs
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento ......... 128
FIGURA 34 - Comparação dos resultados do VPL para o CRO simples subcrítico (a) e
subcrítico com superaquecimento (b) ..................................................................................... 130
FIGURA 35 - Comparação dos resultados do VPL do ciclo regenerativo subcrítico (a) e ciclo
regenerativo subcrítico com superaquecimento (b) ................................................................ 130
FIGURA 36 - Comparação do TR para os CROs simples e regenerativo nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento ....................................................................... 131
FIGURA 37 - Comparação da TIR para os ciclos simples e regenerativo nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento ....................................................................... 132
FIGURA 38 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R141b ...................................... 135
FIGURA 39 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R11 .......................................... 136
FIGURA 40 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R123 ........................................ 137
FIGURA 41 - Potência líquida produzida pelos CROs simples e regenerativos com diferentes
dados de entrada dos gases de exaustão ................................................................................. 140
FIGURA 42 - Eficiência exergética dos CROs simples e regenerativos com diferentes dados
de entrada dos gases de exaustão ............................................................................................ 141
FIGURA 43 - Custo específico de investimento dos CROs simples e regenerativos com
diferentes dados de entrada dos gases de exaustão................................................................. 142
FIGURA 44 - Custo específico para geração de eletricidade dos CROs simples e
regenerativos com diferentes dados de entrada dos gases de exaustão .................................. 142
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Oportunidades de mercado para implantação de sistemas de recuperação de
calor residual na indústria de cimento ...................................................................................... 44
TABELA 2 - Principais características das fontes de calor...................................................... 48
TABELA 3 - Fluidos puros e misturas zeotrópicas com composições molares otimizadas .... 52
TABELA 4 - Fluidos de trabalho identificados para utilização no CRO ................................. 54
TABELA 5 - Classificação dos fluidos de trabalho para cinco aplicações de CRO ................ 55
TABELA 6 - Custo específico do investimento das tecnologias de recuperação de calor ...... 61
TABELA 7 - Estado da arte do CRO ....................................................................................... 64
TABELA 8 - Características ambientais e aspectos tecnológicos dos fluidos de trabalho
orgânicos disponíveis na base de dados do EES ...................................................................... 86
TABELA 9 - Propriedades termodinâmicas dos fluidos de trabalho ....................................... 88
TABELA 10 - Classificação dos fluidos orgânicos de acordo com a variação do título na saída
da turbina .................................................................................................................................. 89
TABELA 11 - Fluidos de trabalho selecionados para modelagem do CRO ............................ 90
TABELA 12 - Modelagem termodinâmica da turbina simples ................................................ 93
TABELA 13 - Modelagem termodinâmica da turbina de três seções ...................................... 94
TABELA 14 - Modelagem termodinâmica das bombas centrífugas ....................................... 94
TABELA 15 - Modelagem termodinâmica do aquecedor de alimentação aberto ................... 94
TABELA 16 - Modelagem termodinâmica do condensador do CRO simples ........................ 95
TABELA 17 - Modelagem termodinâmica do condensador do CRO regenerativo................. 95
TABELA 18 - Modelagem termodinâmica do purgador ......................................................... 95
TABELA 19 - Modelagem termodinâmica do aquecedor de alimentação fechado,
economizador, evaporadores e superaquecedor ....................................................................... 96
TABELA 20 - Coeficientes globais de transferência de calor por tipo de interação ............... 96
TABELA 21 - Dados dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento ..................... 97
TABELA 22 - Eficiências isentrópicas dos equipamentos e demais dados de entrada ........... 97
TABELA 23 - Principais informações dos gases de exaustão do processo produtivo de
cimento e produção diária de clínquer apresentadas por outros autores .................................. 98
TABELA 24 - Dados de entrada do modelo de CRO simples com configuração alternativa . 99
TABELA 25 - Dados de entrada utilizados na modelagem econômica ................................. 101
TABELA 26 - Faixas de variação dos parâmetros otimizados na condição subcrítica .......... 103
TABELA 27 - Faixas de variação dos parâmetros otimizados na condição subcrítica com
superaquecimento ................................................................................................................... 103
TABELA 28 - Parâmetros das otimizações por algoritmo genético e restrições utilizadas ... 104
TABELA 29 - Resultados da simulação do CRO ideal ......................................................... 107
TABELA 30 - Resultados dos estados termodinâmicos do CRO alternativo ........................ 108
TABELA 31 - Resultados dos estados termodinâmicos do CRO simples subcrítico
proposto .................................................................................................................................. 108
TABELA 32 - Minimização de desvios dos resultados do CRO simples proposto ............... 109
TABELA 33 - Principais resultados da otimização do CRO simples subcrítico ................... 110
TABELA 34 - Principais resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico............ 112
TABELA 35 - Principais resultados da otimização do CRO simples subcrítico com
superaquecimento ................................................................................................................... 114
TABELA 36 - Principais resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico com
superaquecimento ................................................................................................................... 117
TABELA 37 - Ganho de potência líquida produzida pelos ciclos nas otimizações ............... 123
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAA Aquecedor de Alimentação Aberto
AAF Aquecedor de Alimentação Fechado
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Standards Institute
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
BB 01 Bomba Centrífuga 01
BB 02 Bomba Centrífuga 02
BCB Banco Central do Brasil
Bits Binary digits
BOE Board Of Equalization
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais S.A.
CFC Clorofluorocarboneto
COND Condensador
CRO Ciclo Rankine Orgânico
CRV Ciclo Rankine a Vapor
DGSE Departamento de Gestão do Setor Elétrico
ECO Economizador
ECRA European Cement Research Academy
EES Engineering Equation Solver
EPE Empresa de Pesquisa Energética
EVP 01 Evaporador 01
EVP 02 Evaporador 02
FC Fluxo de Caixa
FINEP Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa
GER Gerador de Energia Elétrica
GWP Global Warming Potential
HC Hidrocarboneto
HCFC Hidroclorofluorocarbono
HFC Hidrofluorocarboneto
HFO Hidrofluoreto
IFC International Finance Corporation
MLDT Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura
MMA Ministério do Meio Ambiente
MUST Montante de Uso do Sistema de Transmissão
ODP Ozone Depletion Potential
Otm. Otimizações
PFC Perfluorcarboneto
PURG Purgador
RAM Random Access Memory
SAQ Superaquecedor
SEE Subestação de Energia Elétrica
SNIC Sindicato Nacional da Indústria de Cimento
Sim. Simulações
Superaq. Superaquecimento
TIR Taxa Interna de Retorno
TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo
TR Tempo de Retorno de Capital
TURB Turbina
UM Unidade de Medida
UNEP United Nations Environment Programme
VPL Valor Presente Líquido
LISTA DE SÍMBOLOS
Letras latinas
A Área superficial de transferência de calor do trocador [m²]
AF Fator de amortização [ano-1
]
C Custo específico para geração de energia elétrica [R$/kWh]
CAB Custos com instalações auxiliares [R$]
CBM Custos diretos e indiretos [R$]
CC Custos com despesas eventuais [R$]
CF Custos com taxas [R$]
CO&M Custo específico de operação e manutenção [R$/kWh]
COS Custos com instalações externas à planta de cogeração [R$]
CP Preço de compra [R$]
CSD Custos com desenvolvimento da planta de cogeração [R$]
𝑑𝐸
𝑑𝑡 Taxa de variação de energia em um instante “t” [kW]
𝑑𝐸𝑥
𝑑𝑡 Taxa de variação de exergia em um instante “t” [kW]
𝑑𝑚
𝑑𝑡 Taxa de variação de massa em um instante “t” [kg/s]
𝑑𝑆
𝑑𝑡 Taxa de variação de entropia em um instante “t” [kJ/kg-K]
𝑑𝑉
𝑑𝑡 Taxa de variação de volume em um instante “t” [m³]
�̇�𝑑 Taxa de destruição de exergia [kW]
ex Exergia específica [kJ/kg]
F Fator de correção adimensional do trocador de calor [-]
�̇� Taxa de insumo exergético [kW]
FC Valor líquido do fluxo de caixa [R$]
g Aceleração da gravidade [m/s²]
h Entalpia específica [kJ/kg]
HO Quantidade anual de horas de operação do ciclo [h/ano]
I Custo específico do investimento [R$/kW]
𝐼 ̇ Taxa de irreversibilidade [kW]
IF Fator de indexação adimensional [-]
IT Custo total do investimento [R$]
j Taxa de juros [%]
k Consumo exergético unitário [kW/kW]
M Massa Molar [kg/kmol]
�̇� Vazão mássica [kg/s]
MLDT Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura [-]
n Vida útil [anos]
P Pressão total do fluido [MPa]
�̇� Taxa de produto exergético [kW]
�̇� Taxa de transferência de calor [kW]
�̅� Constante universal dos gases [kJ/kmol-K]
s Entropia específica [kJ/kg-K]
T Temperatura [°C]
�̅� Temperatura média [°C]
TEE Tarifa média de fornecimento de energia elétrica [R$/kWh]
TIR Taxa Interna de Retorno [%]
TR Tempo de Retorno de Capital [anos]
U Coeficiente global de transferência de calor [W/m²-K]
V Velocidade [m/s]
VPL Valor Presente Líquido [R$]
�̇� Potência útil [kW]
x Concentração molar na mistura de gases [%]
X Título [-]
y Fração do escoamento total extraído na seção da turbina [-]
z Altura em relação a uma dada referência [m]
Letras gregas
𝛼 Dado de entrada para cálculo do fator de correção do
trocador de calor [-]
𝛽 Dado de entrada para cálculo do fator de correção do
trocador de calor [-]
∆ Variação
Eficiência [%]
Massa específica [kg/m³]
∑ Somatório
σ̇ Taxa de geração de entropia [kW/K]
Subscritos
0 Relativo ao estado de referência (ambiente)
1, 2, 3 ... Número do estado no fluxo do arranjo
100 Referente ao índice de GWP calculado para cem anos
adm calor Referente à temperatura termodinâmica média no processo de admissão de calor
atm Referente à condição atmosférica
BB Bomba
c Referente à potência líquida produzida pelo ciclo
CC Referente à trocadores de calor de único passe com escoamento contracorrente
CF Referente à trocadores de calor de múltiplos passes trabalhando com escoamento
paralelo, contracorrente ou fluxo cruzado
COND Condensador
cr Referente ao ponto crítico
e Referente ao fluxo de entrada
EVP 01 Evaporador 01
EVP 02 Evaporador 02
ex Referente à eficiência exergética (2a lei da termodinâmica)
f Referente ao fluxo de menor temperatura (frio)
gases Referente à propriedade dos gases de exaustão
ger Referente à entropia gerada
i Contador de componente
ideal Referente ao trabalho isentrópico
k Ano de referência para cálculo do fator de indexação adimensional
lm Referente à média das diferenças de temperaturas
n Vida útil
otm Referente à pressão ótima de operação
PL Referente à trocadores de calor de único passe com escoamento paralelo
q Referente ao fluxo de maior temperatura (quente)
r Ano de referência para cálculo do fator de indexação adimensional
real Referente ao trabalho real
s Referente ao fluxo de saída
sai COND Referente à temperatura na saída do condensador
sat Referente à pressão de saturação do fluido
ss Referente ao estado isentrópico
sub resf Referente à temperatura de sub resfriamento no economizador
th Referente à eficiência térmica (1a lei da termodinâmica)
TURB Turbina
TURB 01 Referente à primeira seção da turbina com extração de vapor
TURB 02 Referente à segunda seção da turbina com extração de vapor
TURB 03 Referente à terceira seção da turbina com extração de vapor
v Referente a alguma capacidade do componente
vc Volume de Controle
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 41
1.1 Processo de fabricação de cimento ................................................................................. 42
1.2 Recuperação de calor residual na indústria de cimento .............................................. 43
1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 44
1.4 Objetivos ........................................................................................................................... 45
1.5 Estruturação .................................................................................................................... 46
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 47
2.1 Características do CRO e suas fontes térmicas ............................................................ 47
2.2 Fluidos de trabalho orgânicos ........................................................................................ 49 2.2.1 Classificação ................................................................................................................... 49
2.2.2 Composição ..................................................................................................................... 51
2.2.3 Seleção ............................................................................................................................ 53
2.3 Condições de operação do CRO ..................................................................................... 56
2.4 Configurações do CRO ................................................................................................... 57
2.5 O CRO da perspectiva econômica ................................................................................. 59
2.6 Aplicações do CRO .......................................................................................................... 61 2.6.1 Recuperação de calor residual na indústria de cimento ................................................ 61
2.6.2 Recuperação de calor de outras fontes térmicas ............................................................ 62
2.7 Estado da arte .................................................................................................................. 63
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 65
3.1 Cogeração ......................................................................................................................... 65
3.2 Conceituação dos fluidos orgânicos ............................................................................... 66
3.3 Funcionamento do CRO ................................................................................................. 68
3.4 Balanço de massa e análise energética ........................................................................... 69
3.5 Análise exergética ............................................................................................................ 73
3.6 Melhoria no desempenho do CRO ................................................................................. 76
3.7 Estimativa de custos ........................................................................................................ 78
3.8 Indicadores econômicos .................................................................................................. 81
3.9 Algoritmo genético .......................................................................................................... 82
4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 85
4.1 Análise e seleção dos fluidos de trabalho orgânicos ..................................................... 85 4.1.1 1° Critério: Disponibilidade do fluido na base de dados do EES .................................. 85
4.1.2 2° Critério: Fluidos orgânicos inflamáveis e/ou tóxicos ................................................ 86
4.1.3 3° Critério: Fluidos com tempo de vida na atmosfera superior a 100 anos .................. 87
4.1.4 4° Critério: Análise dos estados termodinâmicos dos fluidos em um CRO ideal ........... 87
4.1.5 5° Critério: Fluidos com título na saída da turbina inferior a 85% no CRO ideal ........ 88
4.2 Modelagem termodinâmica ............................................................................................ 90
4.3 Validação da modelagem do CRO simples subcrítico ................................................. 98
4.4 Modelagem econômica .................................................................................................. 100
4.5 Otimização dos resultados ............................................................................................ 101
5. RESULTADOS ................................................................................................................ 105
5.1 CRO ideal ....................................................................................................................... 105
5.2 Validação do CRO simples subcrítico ......................................................................... 107
5.3 Resultados obtidos com 𝑾𝒄 otimizado ........................................................................ 110 5.3.1 Resultados termodinâmicos do CRO simples subcrítico .............................................. 110
5.3.2 Resultados termodinâmicos do CRO regenerativo subcrítico ...................................... 112
5.3.3 Resultados termodinâmicos do CRO simples subcrítico com superaquecimento ........ 114
5.3.4 Resultados termodinâmicos do CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento 116
5.3.5 Análise comparativa dos resultados termodinâmicos................................................... 120
5.3.5.1 Comparação de 𝑾𝒄 dos ciclos otimizados e simulados ......................................... 122
5.3.6 Resultados da modelagem econômica .......................................................................... 124
5.3.6.1 Estimativa de custos ................................................................................................ 124
5.3.6.2 Indicadores econômicos .......................................................................................... 129
5.4 Resultados obtidos com outros parâmetros de operação otimizados ....................... 133
5.5 Resultados obtidos com diferentes dados de entrada dos gases de exaustão ........... 139
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 145
6.1 Recomendações para trabalhos futuros ...................................................................... 147
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 149
APÊNDICE A - Fluidos refrigerantes puros elegíveis para operação no CRO ......... 157
APÊNDICE B - Comportamento das curvas de saturação dos fluidos orgânicos ..... 159
APÊNDICE C - Resultados dos parâmetros operacionais com 𝑾𝒄 maximizado ...... 163
APÊNDICE D - Comparativo dos diagramas T-s quanto à potência líquida ............ 165
APÊNDICE E - Resultados da estimativa de custos ..................................................... 169
APÊNDICE F - Resultados dos indicadores econômicos ............................................. 171
APÊNDICE G - Resultados obtidos com outros dados dos gases de exaustão .......... 173
41
1. INTRODUÇÃO
O final do século XIX marcou o início da produção de cimento no Brasil. A primeira
fábrica de cimento do país foi instalada em 1897 no estado de São Paulo e a partir de então,
outras empresas entraram neste segmento, porém sem muito sucesso devido a problemas com
a infraestrutura viária do país e questões tributárias. Somente a partir de 1920 este segmento
da indústria começou a se fortalecer e após os anos 1930, a instalação de novas fábricas
possibilitou o aumento significativo da produção nacional de cimento. Na década de 1970 a
indústria brasileira de cimento foi impulsionada pelo chamado “milagre econômico” e dobrou
sua produção neste período em razão da elevada demanda da época. Entre os anos de 1980 e a
metade dos anos 1990 ocorreram aumentos pontuais na produção e consumo de cimento em
alguns períodos, entretanto nada muito expressivo em decorrência dos percalços na economia
brasileira (SANTOS, 2011). Finalmente, após 1995 a produção de cimento no país cresceu
ano após ano e atingiu seu ápice em 2014. A Figura 1 ilustra a quantidade de cimento
produzida no Brasil entre os anos de 1950 e 2015.
Figura 1 - Produção de cimento no Brasil
Fonte: Adaptado de SNIC (2013, 2014, 2015).
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), atualmente o
Brasil conta com 88 plantas cimenteiras com capacidade produtiva total de 72 milhões de
toneladas por ano, aproximadamente. Diante desta conjuntura, o país tornou-se o quinto maior
produtor e quarto maior consumidor de cimento do mundo (SNIC, 2013).
42
1.1 Processo de fabricação de cimento
O processo de fabricação de cimento por via seca usado no Brasil nos dias de hoje está
exibido na Figura 2. Este processo é descrito pela Associação Brasileira de Cimento Portland
(ABCP) como: após sua extração da mina, a rocha calcárea é britada, moída e misturada com
argila triturada. Esta mistura passa por um forno giratório com temperatura de até 1450°C.
Então, um novo material em forma de pelotas, denominado clínquer, é obtido em virtude do
acentuado calor do forno. Na saída do forno, o clínquer é abruptamente resfriado e
transformado em um pó fino através de um processo de moagem. Algumas matérias primas
como gesso, escórias de alto forno, materiais pozolânicos e carbonáticos são adicionados ao
clínquer na fase de moagem para a fabricação de diversos tipos de cimento (ABCP, 2002).
Figura 2 - Processo de fabricação de cimento por via seca
Fonte: Adaptado de ABCP (2012).
Neste processo de produção de cimento, as fontes térmicas passíveis de recuperação
de calor residual são o gás de exaustão do pré-aquecedor de suspensão e o ar quente de
descarga do resfriador de clínquer, como indicado na Figura 2. Além do mais, Paula (2009)
explica que no processo de produção por via seca não se utiliza água na moagem e a matéria
prima é fornecida ao forno em forma de pó fino. Fazendo com que este seja, segundo
Maringolo (2001), o processo produtivo de cimento mais eficiente energeticamente quando
contrastado com outros processos existentes.
43
1.2 Recuperação de calor residual na indústria de cimento
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor cimenteiro no Brasil
é o oitavo maior consumidor de energia elétrica de todo o segmento industrial do país (EPE,
2016). Wang, Dai e Gao (2009) e Varma e Srinivas (2015) ressaltam que existem
oportunidades de se gerar eletricidade em cimenteiras a um custo atrativo utilizando fontes de
calor residual originadas no processo de produção de cimento.
Conforme relatado pelo International Finance Corporation (IFC), a recuperação de
calor residual na indústria de cimento teve início na década de 1980, sendo implantada
majoritariamente em empresas asiáticas. Na atualidade, as tecnologias mais conhecidas para
este fim vão desde instalações de ciclos Rankine a vapor (CRV) clássicas a ciclos Rankine
orgânicos (CRO) e ciclos Kalina. Ainda, existem mais de 850 sistemas para recuperação de
calor residual instalados no mundo atualmente, sendo que a grande maioria está localizada na
China conforme mostrado na Figura 3 (IFC, 2014).
Figura 3 - Quantidade de instalações para recuperação de calor residual na indústria de
cimento até 2013
Fonte: Adaptado de IFC (2014).
IFC (2014) também destaca que as despesas com energia elétrica correspondem, em
média, a até 25% de todos os custos operacionais de uma fábrica de cimento. Deste modo,
através do emprego de tecnologias para recuperação de calor residual como a cogeração, por
exemplo, seria possível fornecer aquecimento de baixa temperatura ou suprir até 30% das
necessidades globais de eletricidade de uma planta cimenteira.
44
O potencial para implantação de tecnologias para recuperação de calor residual na
indústria de cimento de onze países emergentes é apresentado na Tabela 1. Também é exibido
um resumo das principais características de mercado desses países.
Tabela 1 - Oportunidades de mercado para implantação de sistemas de recuperação de
calor residual na indústria de cimento
País
Potencial de
recuperação de
calor residual
[MW]a
Crescimento do
mercado de
cimento
[2012 - 2014]
Preço da
eletricidade
industrial
[US$/MWh]
Capacidade
existente
instalada
Índia 500 - 900 12,40% 80 >200 MW
Brasil 190 - 340 4,70% 120 - 170 6 MWb
Egito 175 - 300 2,60% 50 - 70 Nenhum
México 170 - 300 1,70% 117 Nenhum
Vietnã 165 - 310 5,80% 60 - 70 >11 MW
Turquia 150 - 280 17,50% 100 - 150 >80 MW
Nigéria 70 - 130 21,10% 50 - 100 Nenhum
Filipinas 60 - 110 13,60% 80 - 145 >18 MW
África do Sul 55 - 100 9,50% 80 - 150 Nenhum
Paquistão 50 - 100 -0,40% 130 - 170 >100 MW
Tailândia 30 - 60 14,40% 50 - 100 >172 MW Fonte: Adaptado de IFC (2014); Cimento Apodi (2015).
a Potencial referente ao uso das duas fontes térmicas disponíveis no processo produtivo de cimento.
b Planta de cogeração instalada em Cimento Apodi (Quixeré, CE). Inicio de operação em 04/2015.
De acordo com as informações expostas na Tabela 1, verifica-se que o Brasil possui o
segundo maior potencial para recuperação de calor residual no processo produtivo de cimento
dentre os países avaliados, variando entre 190 e 340 MW. Diante desta oportunidade, o
presente estudo realiza uma análise técnico-econômica de um sistema de cogeração de energia
com dois arranjos distintos de CRO para recuperação de calor residual de baixa-média
temperatura (80 à 400ºC) em uma fábrica de cimento.
1.3 Justificativa
Segundo EPE (2016), o consumo de energia no setor de cimento brasileiro em 2015
foi, em sua maioria, proveniente de combustíveis fósseis e não renováveis. Conforme
demonstrado na Figura 4, observa-se que os principais insumos energéticos usados foram o
coque de petróleo e a eletricidade, representando parcelas de 78,1% e 14,3%,
respectivamente. Analisando essas informações, percebe-se um cenário favorável para o
estudo de tecnologias que visam o melhor aproveitamento da energia neste tipo de indústria.
45
Figura 4 - Consumo de energia primária na indústria de cimento em 2015
Fonte: Adaptado de EPE (2016).
A cogeração de energia possibilitada pelo CRO revela-se então como uma opção
extremamente atrativa da perspectiva de ganho energético para a indústria de cimento. Este
fato é justificado por esta tecnologia viabilizar o aproveitamento da energia térmica
proveniente das duas principais fontes de calor residual presentes em uma planta cimenteira: o
gás de exaustão do pré-aquecedor de suspensão e o ar quente de descarga do resfriador de
clínquer, gases estes que possuem baixa-média temperatura e que são lançados na atmosfera.
Os fluidos de trabalho do CRO são orgânicos e possuem comportamento molhado,
seco ou isentrópico. Para este estudo, os fluidos com classificação seca e isentrópica são os
mais adequados, pois evitam erosão nos componentes internos da turbina e,
consequentemente, preservam a vida útil do equipamento. Os fluidos orgânicos devem ser
corretamente selecionados para que não causem danos à saúde humana ou ao meio ambiente,
apresentem bom rendimento na produção de potência do ciclo e custo atrativo.
Os benefícios de se investir na tecnologia de cogeração de energia no setor cimenteiro
de modo geral contemplam, além da diminuição dos custos de produção, o decréscimo no
consumo de energia elétrica oriunda de usinas hidrelétricas ou nucleares e redução das taxas
de emissões de CO2. Isto resulta em ganhos tanto para o meio ambiente quanto para a
sociedade.
1.4 Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é estudar a cogeração de energia dos pontos de vista
técnico e econômico através do CRO para recuperação de calor residual na indústria de
cimento. Em decorrência do objetivo geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos:
46
a) Selecionar, através da disponibilidade no banco de dados do software utilizado neste
estudo e fatores ambientais, tecnológicos e termodinâmicos, os fluidos de trabalho
orgânicos mais adequados para aplicação neste trabalho;
b) Simular o funcionamento de um CRO simples ideal com os fluidos de trabalho
escolhidos e determinar a pressão ótima de operação para cada fluido;
c) Modelar termodinamicamente e simular duas composições de CRO reais, uma simples
e outra regenerativa, trabalhando nas condições operacionais subcrítica e subcrítica
com superaquecimento;
d) Modelar economicamente os arranjos de CRO propostos através de estimativa de
custos e indicadores econômicos;
e) Validar a modelagem de uma das configurações propostas (CRO simples subcrítico)
empregando os mesmos dados de entrada de um ciclo semelhante encontrado na
bibliografia analisada;
f) Otimizar parâmetros operacionais dos ciclos modelados nas condições de operação
definidas tendo como função objetivo maximizar a potência líquida gerada pelos
mesmos e comparar os resultados das otimizações com os resultados das simulações;
g) Otimizar outros parâmetros de operação dos ciclos de forma a investigar a influência
de tais parâmetros sobre os resultados dos demais;
h) Realizar novamente este procedimento de otimização dos parâmetros operacionais dos
ciclos alterando os dados de entrada dos gases de exaustão do processo de fabricação
de cimento com o propósito de verificar a influência dessas variáveis no desempenho
dos CROs.
1.5 Estruturação
Este trabalho foi dividido em cinco capítulos, além do capítulo 1. O capítulo 2 exibe
estudos atuais sobre o CRO em termos técnicos e econômicos. No capítulo 3 é demonstrado o
conhecimento teórico aplicado na elaboração deste estudo. O capítulo 4 expõe as etapas de
desenvolvimento deste trabalho para atingir os objetivos estipulados. No capítulo 5 são
apresentados e discutidos os resultados do ciclo ideal, da validação do CRO simples
subcrítico, das simulações e das diversas otimizações dos ciclos reais modelados
termodinâmica e economicamente. O capítulo 6 finaliza o estudo com as conclusões obtidas a
partir da análise dos resultados e oferece sugestões para futuros trabalhos acerca do tema.
47
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo são apresentadas publicações de diferentes autores sobre as
características do CRO e de seus fluidos de trabalho orgânicos. Também são exibidas
pesquisas relacionadas aos tipos de configuração, condições operacionais e aplicações do
CRO para recuperação de calor residual tanto em uma fábrica de cimento quanto a partir de
outras fontes térmicas.
2.1 Características do CRO e suas fontes térmicas
O CRO é um ciclo termodinâmico que permite converter calor residual proveniente de
fontes de baixa-média temperatura (80 a 400ºC) em potência mecânica. Este ciclo é uma
modificação do CRV e emprega compostos orgânicos de baixo ponto de ebulição
(refrigerantes, hidrocarbonetos, etc.) como fluidos de trabalho ao invés de água em um
circuito fechado. Lemmens (2016) enfatiza que o conceito de se utilizar fluidos orgânicos em
vez de água para geração de potência é datado de pouco tempo após a invenção do ciclo
Rankine em 1859, mas somente após a década de 1970 é que esta tecnologia veio sendo mais
estudada, difundida e aprimorada.
Para Chacartegui e outros (2015), o CRO é uma das tecnologias para recuperação de
calor residual mais indicadas quando a temperatura da fonte é baixa ou média, pois nesta
situação não é possível alcançar uma eficiência satisfatória com o CRV. Esta afirmativa é
salientada também por Sarkar e Bhattacharyya (2015) que, além disso, afirmam que os custos
de se operar um CRV em fontes com baixa disponibilidade térmica são bastante elevados.
Outras desvantagens da utilização de água para recuperação de calor residual de fontes
de baixa ou média temperatura são: (i) elevado volume específico da água à baixa pressão e
temperatura, requisitando instalações de grande porte; (ii) remoção obrigatória de ar do
sistema com uso de desaerador, aumentando os custos de instalação e manutenção do ciclo; e
(iii) eficiência limitada da turbina a vapor devido à formação de gotículas de água em seu
interior (PEI et al. 2011).
Já as principais vantagens do CRO comparado ao CRV são descritas por Tchanche e
outros (2011) como sendo:
a) O calor latente de vaporização do fluido de trabalho orgânico é menor que o da água,
fazendo com que o mesmo exija menor montante de energia térmica para evaporação;
48
b) Para fluidos secos e isentrópicos, o processo de expansão termina na região de vapor,
fazendo com que estes não requeiram superaquecimento como ocorre com a água;
c) Devido à diferença entre a temperatura de evaporação e a temperatura de condensação
do fluido, é possível empregar uma turbina de simples estágio no sistema já que a
queda de pressão durante a variação de entalpia na turbina pode ser pequena.
Adicionalmente a estes, outros benefícios do CRO citados por vários autores são: (i)
construção mais simples que a de outros ciclos com a mesma finalidade; (ii) boa
adaptabilidade a diversas fontes de calor (energia solar e geotérmica, biomassa, calor residual
de processos industriais, motores de combustão interna, etc.); (iii) boa performance; (iv) baixo
custo de operação e manutenção; (v) instalação compacta; e (vi) boa disponibilidade
comercial (EYIDOGAN et al. 2014; LECOMPTE et al. 2015a; LI, 2016; TCHANCHE;
PÉTRISSANS; PAPADAKIS, 2014; WANG, X. et al. 2015).
No contexto ambiental, Nemati e outros (2017) argumentam que alguns problemas de
preocupação mundial como aquecimento global e destruição da camada de ozônio poderiam
ser minimizados com uma maior utilização do CRO em diferentes setores industriais. Os
autores explicam que o aproveitamento do calor residual de baixa-média temperatura como
fonte de energia propiciaria a redução do consumo de combustíveis fósseis em tais segmentos.
Juntamente com as vantagens mencionadas anteriormente, um dos aspectos mais
relevantes a serem avaliados na instalação do CRO é sua fonte de calor. Zhai e outros (2016)
classificaram as principais fontes térmicas usadas na cogeração de energia com o CRO em
dois grupos: (i) fontes de calor fechadas, nas quais emprega-se um fluido intermediário para
para absorver a energia térmica da fonte e transferi-la ao sistema; e (ii) fontes de calor abertas,
nas quais o calor é transferido da fonte térmica diretamente para o ciclo. As características
mais importantes das fontes térmicas investigadas pelos autores estão resumidas na Tabela 2.
Tabela 2 - Principais características das fontes de calor
Fonte térmica Tipo Temperatura
[°C]
Capacidade de geração
de energia elétrica
Calor residual de processos industriais em geral Aberta 80 - 500 125 kW - 10 MW
Calor residual de motores de combustão interna Aberta 80 - 100 95 kW - 6,5 MW
Calor residual de turbinas a gás Aberta 400 - 900 50 kW - 6,5 MW
Energia geotérmica Aberta 250 - 550 0,6 - 27 MW
Energia solar Fechada < 300 < 30 MW
Biomassa Fechada ~ 300 100 - 1.500 kW Fonte: Adaptado de Zhai e outros (2016).
49
2.2 Fluidos de trabalho orgânicos
O fluido de trabalho exerce um papel fundamental no âmbito operacional do CRO,
pois está diretamente associado ao rendimento do sistema. A seguir, os fluidos orgânicos são
conceituados quanto a sua classificação, composição e critérios de seleção para uso no CRO.
2.2.1 Classificação
Os fluidos orgânicos podem ser categorizados como molhados, secos ou isentrópicos,
dependendo do formato de suas curvas de saturação. Para se trabalhar com fluidos molhados é
necessário superaquecê-los antes de sua entrada na turbina a fim de evitar a presença de
líquido durante o processo de expansão que pode causar erosão nas paletas da mesma,
elevando assim, os custos do projeto. Contudo, fluidos secos e isentrópicos sofrem pouca ou
nenhuma condensação durante o processo de expansão na turbina e a fração de título mínima
aceitável na saída do equipamento neste caso, em geral, é de 85%. Usualmente, estes dois
tipos de fluidos fornecem maior eficiência térmica que a dos fluidos molhados, além de não
requisitarem gastos com superaquecimento (DESAI; BANDYOPADHYAY, 2009;
SARKAR; BHATTACHARYYA, 2015; LI, 2016).
Fu, Lee e Hsieh (2015) modelaram um CRO simples com capacidade de produção de
trabalho de 250 kW e compararam os resultados do modelo com os resultados experimentais
utilizando energia térmica a uma temperatura de 133,9°C originada em uma caldeira
industrial. Os autores trabalharam com o fluido seco R245fa na condição subcrítica e usaram
o software REFPROP para obtenção de suas propriedades termodinâmicas. De acordo com os
resultados, a eficiência térmica e a potência líquida da simulação foram superiores aos do
experimento prático em 19,65% e 8,00%, nesta ordem. Além do mais, os autores constataram
um crescimento de 0,94% na eficiência térmica do sistema a cada 10°C de acréscimo na
temperatura da fonte de calor do ciclo experimental. Foi concluído que a potência líquida
gerada aumentou linearmente ao se elevar a temperatura da fonte térmica.
Long e outros (2014) investigaram o impacto das propriedades dos fluidos de trabalho
no desempenho exergético de um CRO simples. Foram empregados somente fluidos secos (n-
Pentano, R601a, Butano, R245ca e R245fa) e isentrópicos (R142b, Isobuteno, R600a, R141b,
R123) na modelagem. Os autores efetuaram as simulações na condição de operação
subcrítica, variaram a temperatura na entrada da turbina de 90 à 150ºC e fixaram a
temperatura da fonte de calor em 120ºC. Os valores das propriedades termodinâmicas dos
50
fluidos foram calculados no software REFPROP e o modelo foi validado comparando os
resultados das simulações com os resultados das equações desenvolvidas em função das taxas
de calor sensível e latente de evaporação e temperaturas de evaporação e condensação dos
fluidos. Após otimização pelo método de algoritmo genético, os resultados demonstraram que
os maiores valores globais de eficiência exergética foram obtidos pelos fluidos com menores
temperaturas críticas e maiores temperaturas de evaporação (R600a, R245fa, Butano, R245ca,
R123 e R141b). Foi comprovado pelos autores que tais propriedades dos fluidos de trabalho
orgânicos têm influência direta na eficiência exergética do ciclo.
Em seu estudo, Li, X. e outros (2014) compararam a potência líquida produzida por 17
fluidos orgânicos de classificação seca e molhada operando em um CRO simples. Os autores
avaliaram a performance do sistema alterando a temperatura dos fluidos de trabalho na
entrada da turbina de 60 a 170ºC, adotando como limite a temperatura crítica de cada fluido.
Foram utilizados os softwares REFPROP e Matlab para cálculo das propriedades
termodinâmicas dos fluidos e modelagem do ciclo, respectivamente. Segundo os resultados
encontrados, os fluidos que mais se destacaram na geração de potência líquida e suas faixas
de temperatura foram: R32 (96,6 a 117,8ºC), R1234yf (111,6 a 125,5ºC), R227ea (118,8 a
130,5ºC) e R152a (135,4 a 154,3ºC). Por último, a conclusão mais relevante frisada pelos
autores é que para cada fluido existe um intervalo de temperaturas abaixo do ponto crítico, no
qual é possível produzir o máximo de potência líquida. Todavia, existe também um ponto de
reversão em que a potência líquida tende a diminuir para temperaturas próximas à crítica.
Com o objetivo de contrastar a potência líquida gerada por vários fluidos orgânicos na
condição subcrítica, He e outros (2012) desenvolveram uma fórmula teórica para calcular o
ponto de evaporação otimizado para fluidos secos, molhados e isentrópicos e confrontaram os
resultados com os de uma simulação numérica realizada no software Engineering Equation
Solver (EES). Empregou-se na análise um CRO simples com temperatura da fonte de calor
igual a 150ºC e as principais variáveis estudadas foram a potência líquida produzida e a
capacidade total de transferência de calor dos fluidos. Os desvios dos resultados calculados
pela fórmula teórica ficaram entre -0,86% e 2,30% em relação à simulação. Dentre os 22
fluidos de trabalho avaliados, sendo 3 molhados, 9 secos e 10 isentrópicos, os fluidos que
mostraram os melhores resultados sob a ótica de potência líquida gerada foram os fluidos
R142b (9,58 kW, isentrópico), R600a (9,54 kW, isentrópico), R245fa (9,52 kW, seco) e R600
(9,43 kW, isentrópico), nesta ordem. Baseando-se nos resultados colhidos, os autores
concluíram que os fluidos que exibiram maiores níveis de potência líquida produzida foram os
que possuíam temperatura crítica mais próxima à temperatura da fonte de calor.
51
2.2.2 Composição
Muito se tem estudado sobre quais as melhores composições dos fluidos de trabalho
orgânicos para o CRO. Grande parte dos pesquisadores deste assunto aderem ao uso de
fluidos puros em seus trabalhos devido à sua boa estabilidade química e propriedades
termofísicas mais acessíveis (GUO et al. 2015).
No entanto, Dong e outros (2014) explicam que a principal limitação ao se utilizar
fluidos puros são suas características isotérmicas durante o processo de condensação e
evaporação. Esta restrição se dá em razão da possibilidade de incompatibilidade entre os
perfis de temperatura do fluido orgânico e da fonte de calor, ocasionando grande geração de
entropia nos estados em que há mudança de fase.
Uma das principais alternativas investigadas por alguns autores para a solução deste
problema é a utilização de fluidos zeotrópicos no CRO, ou seja, uma mistura de substâncias
puras como fluido de trabalho. Conforme Guo e outros (2015), as misturas zeotrópicas
possuem temperatura variável durante a mudança de fase, isto é, durante os processos de
evaporação e condensação, proporcionando maiores chances de compatibilidade entre o perfil
de temperatura da fonte térmica e o perfil de temperatura do fluido. Desta forma, este tipo de
fluido pode possibilitar um crescimento no rendimento do ciclo. Em contrapartida, fatores
como probabilidade de separação dos componentes da mistura no processo de evaporação,
propriedades térmicas desconhecidas e uma infinidade de possíveis combinações diferentes,
fazem com que os fluidos zeotrópicos não sejam adotados por um número maior de
pesquisadores em seus trabalhos.
Em seu estudo experimental, Pu e outros (2016) compararam a potência líquida gerada
por um fluido puro seco (R245fa) com o de um fluido zeotrópico (HFE7100) em um CRO
simples de pequena escala com capacidade máxima de produção de eletricidade de 5 kW e
fonte de calor residual com temperatura de 100ºC. Variando parâmetros de operação como
pressão de evaporação do fluido, pressão na turbina e vazão mássica, os resultados revelaram
que o fluido puro R245fa foi capaz de gerar mais potência líquida que o fluido zeotrópico
HFE7100 com valores de 1,979 kW e 1,027 kW, respectivamente. A partir dos resultados, os
autores concluíram que o fluido HFE7100 não é a alternativa mais apropriada para se operar
em fontes térmicas com temperaturas até 100ºC e também que o aumento da diferença de
pressão na turbina possibilita elevar o patamar de potência líquida produzida pelo sistema.
52
Prasad e outros (2015) analisaram combinações de fluidos simples trabalhando em um
CRO regenerativo com temperatura da fonte de calor igual a 100ºC visando encontrar a
máxima eficiência exergética do ciclo. Os autores otimizaram as concentrações dos
componentes das misturas através do método de programação sequencial quadrática no
software Aspen Plus, além de contrastarem a eficiência exergética e potência líquida
volumétrica gerada pelos fluidos puros com as misturas zeotrópicas otimizadas. A Tabela 3
mostra os fluidos orgânicos puros e as misturas zeotrópicas com suas composições molares
otimizadas que foram empregados na simulação.
Tabela 3 - Fluidos puros e misturas zeotrópicas com composições molares otimizadas
Fluidos puros Fluidos zeotrópicos
Ciclohexano Isopentano (4,6%), Ciclopentano (64,7%), Ciclohexano (30,7%).
Hexano Isobutano (3,7%), Pentano (48,1%), Isopentano (40,3%), Ciclohexano (6,9%).
Isohexano Isobutano (10,3%), Ciclobutano (3,9%), Isopentano (87,3%), Ciclohexano (2,1%).
Ciclopentano Butano (36,1%), Isobutano (3,2%), Pentano (18,0%), Isopentano (42,7%).
Pentano Butano (38,1%), Isobutano (2,7%), Pentano (18,2%), Isopentano (41,0%).
Isopentano Isobutano (24,0%), R236ea (39,6%), Isopentano (36,1%), Ciclohexano (0,3%).
Ciclobutano Propano (35,1%), Butano (37,7%), Isobutano (27,2%).
R245fa Butano (29,4%), Isobutano (50,3%), Pentano (15,8%), Isopentano (4,5%).
R236ea Isobutano (56,6%), R236ea (33,1%), Isopentano (8,4%), Ciclohexano (1,9%).
Butano Propano (5,5%), Butano (26,9%), Isobutano (21,6%), Pentano (25,4%), Isopentano
(19,5%), Ciclohexano (2,1%). Isobutano
Fonte: Adaptado de Prasad e outros (2015).
Com base nos resultados, evidenciou-se que todos os fluidos zeotrópicos estudados
demonstraram valores de eficiência exergética e potência líquida volumétrica superiores aos
dos fluidos puros quando parâmetros de operação como pressão na saída da turbina e da
bomba, vazão mássica e relação de pressões na turbina foram variados. Prasad e outros (2015)
chegaram à conclusão de que alta eficiência exergética e elevadas quantidades de potência
líquida volumétrica podem ser atingidas com o uso de misturas zeotrópicas. Ademais, os
autores também verificaram que operar o sistema com fluidos zeotrópicos viabiliza o
decréscimo nas dimensões da turbina e, portanto, este fato contribui para minimizar os custos
relacionados ao CRO.
53
Wu, Zhu e Yu (2016) avaliaram as eficiências térmica e exergética, bem como a
potência líquida produzida por um CRO simples trabalhando com misturas zeotrópicas
(R227ea/R245fa, Butano/R245fa e RC318/R245fa). A modelagem foi executada utilizando-se
uma interface que combinava os softwares REFPROP e Matlab. O ciclo operou na condição
subcrítica com a temperatura da fonte de calor residual igual a 120°C e os parâmetros de
performance foram analisados com base na concentração do fluido R245fa em cada mistura.
Os resultados mostraram que as maiores eficiências térmica e exergética do sistema
ocorreram na concentração de 10% do primeiro componente nas misturas R227ea/R245fa e
Butano/R245fa. Ainda, a mistura zeotrópica R227ea/R245fa produziu o maior montante de
potência líquida com 5,059 kW na concentração de 80% de R227ea e 20% de R245fa.
Através dos resultados, os autores concluíram que: (i) a temperatura do fluido de trabalho
durante a mudança de fase tem impacto direto na eficiência térmica do ciclo; (ii) as melhorias
nas eficiências térmica e exergética do sistema obtidas com o emprego de misturas
zeotrópicas são justificadas pela menor destruição de exergia no condensador; e (iii) embora o
CRO tenha mostrado melhores indicadores de rendimento trabalhando com fluidos
zeotrópicos, os resultados econômicos podem ser inferiores aos de fluidos puros.
2.2.3 Seleção
Mesmo o fluido orgânico sendo de vital importância para o CRO, é consenso em
estudos acadêmicos de que não existe um único fluido que seja ideal para atender todas as
variações deste ciclo ao mesmo tempo. Por esta razão, a seleção de fluidos de trabalho
fundamenta-se no tipo de aplicação, composição e particularidades de cada sistema. Outros
critérios para a escolha dos fluidos orgânicos como suas propriedades termodinâmicas e
físicas, estabilidade química, disponibilidade comercial e custos também devem ser
considerados. Javanshir e Sarunac (2017) complementam que outros aspectos cruciais, estes
relacionados à segurança de operação e meio ambiente, também devem ser cuidadosamente
observados. Alguns exemplos são: toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, Potencial de
Aquecimento Global (em inglês, Global Warming Potential ou GWP) e Potencial de
Destruição da Camada de Ozônio (em inglês, Ozone Depletion Potential ou ODP).
Em seu estudo, Bao e Zhao (2013) examinaram e descreveram importantes
propriedades termodinâmicas e físicas nas quais a seleção dos fluidos de trabalho orgânicos
deve ser embasada. Os autores também investigaram as características de diversas categorias
de fluidos.
54
Ao todo, 77 fluidos de trabalho puros com potencial para serem usados no CRO foram
identificados por Bao e Zhao (2013). A Tabela 4 fornece os fluidos especificados e as
características mais relevantes de cada categoria.
Tabela 4 - Fluidos de trabalho identificados para utilização no CRO
Categoria Fluidos Características
Hidrocarboneto
(HC)
Benzeno, Ciclohexano, Etilbenzeno,
HC270, Isobuteno, Isohexano,
Butilbenzeno, Decano, Dodecano,
Neopentano, Heptano, Hexano,
Nonano, Octano, Propilbenzeno,
Propino, p-Xileno, R1270, R170, R290,
R600, R600a, R601, R601a, Tolueno.
- Boas propriedades
termodinâmicas;
- Problemas com
inflamabilidade.
Perfluorcarboneto
(PFC)
PF5050, R116, R14, R218, R3-1-10,
R4-1-12.
- Extremamente inertes e
estáveis;
- Grande complexidade
molecular;
- Propriedades termodinâmicas
indesejáveis.
Clorofluorocarboneto
(CFC) R11, R12, R113, R114, R115.
- Oferece boa capacidade para
produção de trabalho.
Hidrofluorocarboneto
(HFC)
R125, R134a, R143a, R152a, R227ea,
R23, R236ea, R236fa, R245ca, R245fa,
R32, R338mccq, R365mfc, R41,
RC318.
- Idênticas às dos CFCs.
Hidrofluoreto
(HFO) HFO1234yf. - Idênticas às dos CFCs.
Hidroclorofluorocarbono
(HCFC) R123, R124, R141b, R142b, R21, R22. - Idênticas às dos CFCs.
Siloxano D4, D5, D6, MD2M, MD3M, MDM,
MM.
- Baixa inflamabilidade e
toxicidade;
- Mais comumente disponíveis
em forma de misturas;
- Evaporação não isotérmica.
Álcoois Etanol, Metanol.
- Problemas com
inflamabilidade;
- Solúveis em água;
- Propriedades termodinâmicas
indesejáveis.
Éter Fluorado RE125, RE134, RE245, RE245mc,
RE347mcc.
- Problemas com toxicidade e
inflamabilidade;
- Propriedades termodinâmicas
indesejáveis.
Éter R610, RE170. - Idênticas às do Éter Fluorado.
Fonte: Adaptado de Bao e Zhao (2013).
55
Com o intuito de avaliar uma grande quantidade de fluidos orgânicos e determinar
quais seriam os fluidos ideais para diferentes tipos de aplicação, Brown, Brignoli e Quine
(2015) empregaram a metodologia usada em um de seus estudos anteriores que se baseava na
equação de estado de Peng-Robinson para estimar os parâmetros termodinâmicos destes
fluidos. Os autores alteraram tais parâmetros para obter a eficiência térmica de um CRO
regenerativo para gerar 1,0 MW de potência líquida. Além disso, os autores também
desenvolveram uma correlação empírica para calcular a densidade crítica do fluido em função
do calor específico crítico do gás ideal. Os resultados colhidos no estudo estão demonstrados
na Tabela 5 por ordem crescente de eficiência exibida pelos fluidos de trabalho, bem como as
temperaturas das fontes de calor consideradas na análise.
Tabela 5 - Classificação dos fluidos de trabalho para cinco aplicações de CRO
Fonte de calor
Temperatura
da fonte
[°C]
Fluidos de trabalho
Energia geotérmica 90
R170, R717, R1270, R227ea, R290, Ciclopropano, R134a,
R236fa, R245fa, R600, R601, R123, Hexano,
Ciclopentano, Ciclohexano.
Energia solar de
baixa temperatura 120
R170, R717, R227ea, R1270, R290, R134a, R236fa,
Ciclopropano, R245fa, R600, R601, R123, Ciclopentano,
Hexano, Ciclohexano, MM.
Energia solar de alta
temperatura e
Biomassa
280
R227ea, R1270, R290, R134a, R236fa, Ciclopropano,
R600, R245fa, R601, R123, R717, Hexano, Ciclopentano,
MM, Ciclohexano, Tolueno.
Calor residual de
baixa temperatura 170
R170, R227ea, R1270, R290, R134a, R236fa,
Ciclopropano, R600, R245fa, R601, R123, Ciclopentano,
Hexano, Ciclohexano, MM, Tolueno.
Calor residual de
alta temperatura 250
R227ea, R1270, R290, R134a, R236fa, Ciclopropano,
R600, R245fa, R601, R717, R123, Hexano, Ciclopentano,
MM, Ciclohexano, Tolueno.
Fonte: Adaptado de Brown, Brignoli e Quine (2015).
Brown, Brignoli e Quine (2015) concluíram que hidrocarbonetos simples como
Propano, Butano, Pentano e Ciclopentano, além de possuírem boas propriedades ambientais,
baixa toxicidade e custo atrativo, também fornecem bom desempenho para aplicações em
CROs que operam com fontes de calor de baixas temperaturas. Apesar disso, sua maior
desvantagem é seu considerável nível de inflamabilidade. Já os fluidos orgânicos mais
eficientes para utilização em CROs que trabalham com fontes de calor de altas temperaturas
são os hidrocarbonetos complexos, ou siloxanos, como MM, Ciclohexano e Tolueno.
56
2.3 Condições de operação do CRO
É possível caracterizar as condições operacionais do CRO de acordo com a região de
trabalho do fluido orgânico no diagrama temperatura-entropia (T-s) em: subcrítica, subcrítica
com superaquecimento e supercrítica ou transcrítica. Basicamente, esta divisão é feita
considerando o estado do fluido de trabalho na saída da unidade de evaporação.
Sarkar (2015) ressalta que a condição de operação supercrítica pode ser mais vantajosa
em comparação com a condição subcrítica para alguns fluidos. Este fato, segundo os autores,
se dá em virtude do fluido de trabalho não atravessar a região de mistura nesta circunstância,
o que propicia maior compatibilidade térmica entre o fluido e a fonte de calor. Como
resultado, há menor destruição de exergia durante as etapas de evaporação e simplificação do
processo de injeção de calor no ciclo. Os fluidos orgânicos mais indicados para esta condição
operacional são os que possuem baixas temperatura e pressão críticas, pois podem ser
comprimidos e aquecidos acima de seu ponto crítico com certa facilidade antes de sua
expansão na turbina.
Gao e outros (2014) calcularam experimentalmente a eficiência térmica de um CRO
simples tendo energia solar a uma temperatura de 380°C como fonte de calor e capacidade de
produção de trabalho de 100 kW. Foram testados nove fluidos orgânicos de classificação seca,
molhada e isentrópica nas condições de operação subcrítica e subcrítica com
superaquecimento. Alterando os valores de temperatura e pressão na entrada da turbina no
ciclo subcrítico, os fluidos que demonstraram as maiores eficiências térmica e exergética e
suas respectivas temperaturas na entrada do equipamento foram MM com 18,80% a 235°C,
MDM com 17,27% a 285°C e D4 com 16,08% a 310°C. Já na condição operacional subcrítica
com superaquecimento, o MM foi o fluido que alcançou a eficiência térmica mais alta com
22,36% a 300°C, seguido por R236fa com 20,54% a 380°C e MDM com 18,09% a 300°C. De
acordo com os resultados encontrados, Gao e outros (2014) concluíram que a eficiência
térmica do ciclo subcrítico com superaquecimento é superior a do CRO subcrítico para todos
os fluidos investigados. Observou-se também que o valor de eficiência térmica do sistema se
expande com o incremento da temperatura do fluido de trabalho na entrada da turbina.
Javanshir e Sarunac (2017) estudaram a relação entre três condições de operação
(subcrítica, subcrítica com superaquecimento e supercrítica) de um CRO simples e sua
eficiência térmica operando com 23 fluidos de trabalho de categoria seca, molhada e
isentrópica. O software usado para a execução da modelagem foi o Ebsilon Professional e as
propriedades termodinâmicas dos fluidos foram obtidas através da base de dados GESTIS. Os
57
autores assumiram uma diferença de temperatura de 10°C entre a temperatura da fonte de
calor e a temperatura do fluido na entrada da turbina que variou entre 50 e 250°C. Além disso,
variou-se também a pressão do fluido na entrada deste equipamento. A eficiência térmica para
cada situação foi calculada em função da relação de calores sensível e latente de cada fluido,
eficiência isentrópica da turbina e relação de temperaturas de evaporação e condensação. Os
resultados evidenciaram que a eficiência térmica do ciclo subcrítico é uma função quadrática
da relação de calores, enquanto que para a condição subcrítica com superaquecimento, esta
relação é linear. O mesmo comportamento foi verificado na condição operacional supercrítica
em que foi feita uma correlação com uma grandeza adimensional de temperatura.
Foi concluído por Javanshir e Sarunac (2017) que a eficiência térmica do sistema
amplia-se na medida em que a pressão na entrada da turbina é incrementada. Por outro lado,
para pressões maiores que a pressão crítica, a eficiência térmica torna-se independente deste
parâmetro. Os autores também destacam que a eficiência térmica do CRO cresce com a
elevação da temperatura na entrada da turbina para fluidos molhados. Este comportamento
revelou-se contrário para fluidos secos e isentrópicos, pois a eficiência térmica do ciclo foi
relativamente independente da temperatura na entrada da turbina quando o sistema trabalhou
com tais fluidos.
2.4 Configurações do CRO
De acordo com Lecompte e outros (2015b), a performance do CRO pode ser
expandida com modificações em seu arranjo. Dentre as alterações mais utilizadas estão:
adição de recuperadores de calor ou regeneradores, extração de vapor na turbina,
implementação de reaquecedores e adoção de injetores de vapor.
No estudo realizado por Mago e outros (2008), um CRO de composição simples e um
CRO regenerativo que contava com uma extração na turbina e um aquecedor de alimentação
aberto foram examinados com o propósito de confrontar as eficiências térmica e exergética
apresentadas pelos ciclos operando com fluidos refrigerantes secos (R113, R123, R245ca e
Isobutano). Inicialmente, os autores simularam os sistemas variando a pressão na entrada da
turbina até a pressão crítica de cada fluido e trabalharam na condição subcrítica em ambas as
configurações. Os resultados colhidos demonstraram que houve incremento na eficiência
térmica devido ao aumento da pressão na entrada da turbina nos dois ciclos e os fluidos R113
e Isobutano atingiram o melhor e o pior resultado, nesta ordem. Porém, foi evidenciado que a
eficiência exergética sofreu uma redução com o crescimento da pressão na entrada da turbina,
58
sendo que o arranjo regenerativo foi mais eficiente térmica e exergéticamente que a
composição simples. Subsequentemente, em outra simulação realizada, a pressão na entrada
da turbina foi mantida em 2,0 MPa e os ciclos trabalharam na condição de operação subcrítica
com superaquecimento com alteração das temperaturas dos fluidos entre a temperatura na
linha de saturação e a temperatura crítica. A configuração regenerativa novamente mostrou
superioridade em termos das eficiências térmica e exergética. Os autores concluíram que o
CRO regenerativo, além de ser mais eficaz sob o prisma das eficiências térmica e exergética,
proporciona também diminuição na parcela de exergia destruída quando contrastado com o
arranjo simples.
Meinel, Wieland e Spliethoff (2014) simularam e compararam os resultados
termodinâmicos e indicadores econômicos de três composições de CRO distintas para
recuperação de calor residual de gases de exaustão industriais. O software empregado nas
simulações foi o Aspen Plus e as configurações estudadas foram: CRO simples (Figura 5a),
CRO regenerativo (Figura 5b) e CRO com saturador e simples extração de vapor na turbina
de dois estágios (Figura 5c).
Figura 5 - Diferentes configurações de CRO
Fonte: Adaptado de Meinel, Wieland e Spliethoff (2014).
Duas simulações foram efetuadas para cada arranjo. Na primeira simulação,
considerou-se uma temperatura de 180ºC para a fonte térmica. Na segunda simulação, um
Pinch Point de 10K foi fixado entre o gás quente na entrada do evaporador e o fluido de
trabalho na saída do mesmo. Os autores variaram a pressão de evaporação do fluido até a
pressão crítica e os fluidos orgânicos usados na modelagem foram R143, R245fa, Trans-2-
Buteno, Difluorometil-metil-éter e Bis-difluorometil-éter.
59
Meinel, Wieland e Spliethoff (2014) constataram que o fluido seco (R245fa) foi o que
mais se beneficiou da composição regenerativa, enquanto que os fluidos molhados (R143 e
Difluorometil-metil-éter) exibiram melhor rendimento na configuração com saturador e
simples extração de vapor na turbina de dois estágios. Já os fluidos isentrópicos (Trans-2-
Buteno e Bis-difluorometil-éter) demonstraram desempenho similar nos três arranjos.
Contrastando a eficiência térmica dos ciclos nas duas abordagens, a terceira composição
revelou-se superior às duas primeiras. Ademais, o fluido que alcançou melhor performance
termodinâmica e menores custos em todos os contextos foi o R143. Por fim, foi concluído que
o CRO com saturador e simples extração de vapor na turbina de dois estágios é mais eficiente
termodinâmica e economicamente, pois promove um melhor aproveitamento da energia
térmica da fonte de calor.
Desai e Bandyopadhyay (2009) confrontaram as eficiências térmicas de quatro
configurações de CRO diferentes: (i) CRO simples; (ii) CRO com regenerador; (iii) CRO com
extração na turbina e aquecedor de contato direto; e (iv) CRO com extração na turbina,
aquecedor de contato direto e regenerador. Ao todo, 16 fluidos de trabalho com
comportamento seco e isentrópico foram avaliados e tiveram suas propriedades
termodinâmicas calculadas no software REFPROP. Ainda, as simulações foram executadas na
condição operacional subcrítica utilizando-se o programa EES. Foi considerada uma fonte
térmica com temperatura de 120°C e os ciclos trabalharam com pressões inferiores a pressão
crítica dos fluidos na entrada da turbina e com temperaturas de saturação condizentes com
cada condição de operação analisada. Baseado nos resultados obtidos, os autores
comprovaram que o arranjo de CRO com extração na turbina, aquecedor de contato direto e
regenerador foi superior as outras três composições investigadas da perspectiva de eficiência
térmica e que os fluidos orgânicos Benzeno e Tolueno foram os que mais se sobressaíram do
ponto de vista de resultados. Entretanto, a pressão de condensação do Benzeno e Tolueno
(0,02 MPa e 0,01 MPa, respectivamente) estiveram abaixo da pressão atmosférica, resultando
em uma tendência de infiltração do ar ambiente no sistema.
2.5 O CRO da perspectiva econômica
Dentre os vários fatores a serem ponderados na implantação do CRO, a parte de custos
é uma das que mais se destacam em razão de sua relevância decisiva. Hung (2001) enfatiza
que os custos envolvidos na instalação e operação do CRO estão substancialmente
concatenados à potência gerada pelo ciclo e à temperatura da fonte de calor.
60
Com o objetivo de identificar e comparar o ponto de maior eficiência térmica e
menores custos de três configurações de CRO distintas, Imran e outros (2014) modelaram os
ciclos operando na condição subcrítica com superaquecimento e otimizaram seus parâmetros
termodinâmicos através do método de algoritmo genético. As composições otimizadas foram:
(i) CRO simples; (ii) CRO com um saturador e simples extração na turbina de dois estágios; e
(iii) CRO com dois saturadores e dupla extração na turbina de três estágios. Os autores
trabalharam com três fluidos isentrópicos (R123, R11 e R141b), um fluido seco (R245fa), um
fluido molhado (R134a) e realizaram as simulações no software Matlab com auxílio do
programa REFPROP para obtenção das propriedades termodinâmicas dos fluidos de trabalho.
Após otimização do Pinch Point no evaporador e condensador, pressão de evaporação do
fluido e vazão mássica nos saturadores, Imran e outros (2014) verificaram que, em média, o
acréscimo na eficiência térmica do ciclo com um saturador e simples extração na turbina de
dois estágios comparado a configuração simples foi de 1,01% com expansão de 187 $/kW no
custo específico para produção de energia elétrica. Enquanto que, no arranjo com dois
saturadores e dupla extração na turbina de três estágios, o incremento na eficiência térmica foi
de 1,45% e o aumento no custo específico para geração de eletricidade correspondeu a 297
$/kW. Ao final, foi concluído que elevar a temperatura na entrada da turbina ou o Pinch Point
do evaporador e condensador contribui para ampliar a eficiência térmica do CRO. Contudo,
isto favorece o crescimento significativo do custo específico para produção de energia elétrica
do sistema.
Li, Y. e outros (2014) empregaram o software EES para estudar economicamente e
otimizar parâmetros termodinâmicos (Pinch Point no evaporador e condensador, temperatura
de evaporação e condensação) de um CRO simples na condição operacional subcrítica tendo
como fonte de calor gases quentes oriundos de uma caldeira industrial. Os autores variaram a
temperatura da fonte térmica entre 150 e 200°C, além de avaliarem nove fluidos orgânicos de
conceituação seca e isentrópica com temperaturas críticas entre 124 e 235°C. Os resultados
revelaram que os fluidos de trabalho R123, n-Pentano, R11 e R141b apresentaram os menores
custos específicos para geração de eletricidade (0,07 $/kWh), enquanto que o fluido com o
custo específico mais acentuado foi o R236fa (0,09 $/kWh). Já do contexto de potência
líquida produzida, os fluidos com melhor e pior rendimento neste sentido foram R245fa
(112,6 kW) e R236fa (92,3 kW), respectivamente. Os autores concluíram que quanto maior
for a temperatura da fonte de calor, melhores serão os resultados econômicos do CRO e os
fluidos de trabalho mais adequados para recuperação de calor residual de gases industriais
para o intervalo de temperatura analisado foram R123, n-Pentano, R11 e R141b.
61
2.6 Aplicações do CRO
Atualmente, diversos estudos pertinentes à aplicação do CRO para cogeração de
energia vêm sendo desenvolvidos. A seguir, são exibidos trabalhos recentes acerca desta
tecnologia para recuperação de calor residual na indústria de cimento e outras fontes térmicas.
2.6.1 Recuperação de calor residual na indústria de cimento
Varma e Srinivas (2015) afirmam que o consumo energético total para produção de
cimento em uma planta média é de aproximadamente 5 GJ/ton, sendo que 35% deste
montante é perdido sob forma de calor residual, aproximadamente. Os autores ainda reforçam
a importância de se reaproveitar esta quantidade expressiva de energia desperdiçada.
Seguindo esta linha, Amiri e Vaseghi (2015) contrastaram a factibilidade econômica
de tecnologias para cogeração de energia na indústria de cimenteira. Os autores afirmam que
nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 90 MJ/ano de calor residual originado no setor
cimenteiro não é aproveitado e estimam que um montante de 280.000 MW de energia elétrica
poderia ser produzido utilizando tais fontes de calor residual. A economia gerada a partir da
reutilização desta energia desperdiçada seria de 70 a 150 bilhões de dólares por ano. A Tabela
6 confronta o custo específico do investimento de cada tecnologia investigada e expõe que o
CRO é mais vantajoso para recuperação de energia de fontes de baixa-média temperatura.
Tabela 6 - Custo específico do investimento das tecnologias de recuperação de calor
Tecnologia Faixas de temperatura
das fontes de calor
Custo específico
[US$/kW]
Ciclo Rankine a vapor Média-alta 1.250
Ciclo Rankine orgânico Baixa-média 1.300
Ciclo Kalina Baixa-média 2.500
Ciclo CO2 supercrítico Baixa 1.200 Fonte: Adaptado de Amiri e Vasegui (2015).
Em seu estudo experimental, Wang, H. e outros (2015) avaliaram indicadores
ambientais, econômicos e parâmetros de desempenho de um CRO simples baseando seu
funcionamento em uma fábrica de cimento com capacidade de produção de clínquer de 4.000
ton/dia. Usou-se o gás de exaustão do forno a 220°C como fonte de calor residual. Os fluidos
de trabalho (Hexano, Isohexano, R601, R123 e R245fa) foram escolhidos de acordo com suas
propriedades termodinâmicas e o ciclo trabalhou na condição de operação subcrítica.
62
A partir dos resultados obtidos, Wang, H. e outros (2015) constataram que o CRO
simples operando com o fluido R601 atingiu os maiores valores de eficiência térmica (19,1%)
e potência líquida produzida (1.090 kW) dentre os fluidos verificados. O fluido R601 também
mostrou superioridade quanto aos resultados econômicos e ambientais em relação aos demais
fluidos. Além do mais, os resultados permitiram aos autores concluírem que para as condições
de produção de cimento estudadas, o CRO em questão poderia gerar de 6.785 a 8.121 MW de
eletricidade por ano, o que seria equivalente a uma economia de 2.035 a 2.436 toneladas de
carvão combustível e um decremento entre 7.743 e 9.268 toneladas nas emissões de CO2.
Fergani, Touil e Morosuk (2016) modelaram e efetuaram uma análise comparativa de
fatores exergoeconômicos, exergoambientais e exergéticos de um CRO simples trabalhando
com três fluidos orgânicos (Ciclohexano, Benzeno e Tolueno) para recuperação de calor
residual a uma temperatura de 350°C na indústria cimenteira. Foram variadas temperatura e
pressão na entrada da turbina, além de outros parâmetros de Pinch Point no condensador e
evaporador. A simulação foi executada no software Matlab e as propriedades termodinâmicas
dos fluidos foram calculadas no programa REFPROP. Os resultados evidenciaram que o
Ciclohexano foi o fluido que obteve a maior performance sob a ótica de eficiência exergética,
sendo 5,50% superior ao Benzeno e 33,45% ao Tolueno. Este mesmo comportamento ocorreu
na avaliação exergoeconômica em que o Ciclohexano demonstrou os melhores resultados em
comparação com Benzeno e Tolueno. Todavia, o Benzeno revelou-se mais eficiente em
termos ambientais, alcançando superioridade quando comparado ao Ciclohexano em 2,70% e
Tolueno em 10,67%. Através dos resultados, os autores concluíram que: (i) existe um valor
ótimo de pressão na entrada da turbina onde a eficiência exergética é máxima e o custo por
unidade de exergia é mínimo; e (ii) o Ciclohexano portou-se como o melhor fluido sob o
prisma exergético e exergoeconômico, já o Benzeno foi melhor exergoambientalmente.
2.6.2 Recuperação de calor de outras fontes térmicas
Taljan e outros (2012) simularam o funcionamento de um CRO regenerativo para
recuperação de energia térmica de uma planta que dispunha de biomassa como insumo
energético e contava com armazenamento de calor. Além disso, os autores propuseram uma
metodologia de análise econômica para otimizar as dimensões desta planta de cogeração.
Com base nos resultados encontrados, os autores concluíram que o armazenamento de calor
para a composição proposta os e parâmetros de operação assumidos eram economicamente
inviáveis.
63
Visando investigar o rendimento de um CRO com evaporação em dois estágios em
série e mensurar os parâmetros dos dois evaporadores que influenciam a eficiência térmica do
ciclo, Li e outros (2015) modelaram um CRO para recuperação de energia geotérmica e
atribuíram faixas distintas de temperatura para cada um dos evaporadores. Utilizando R245fa
como fluido de trabalho, os autores ainda compararam o desempenho do CRO examinado
com o de um CRO simples nas mesmas condições e comprovaram que o ciclo proposto foi
mais eficiente termicamente em virtude dos menores patamares de irreversibilidades presentes
no sistema, especialmente no evaporador. Os autores também concluíram que os intervalos de
temperatura em cada evaporador, juntamente com a temperatura de evaporação do fluido
orgânico, exerceram um papel determinante nos resultados.
Desai e Bandyopadhyay (2016) contrastaram indicadores termodinâmicos e
econômicos de um CRV com os de um CRO tendo como fonte de calor energia solar
proveniente de coletores solares de foco concentrado em linha. Os autores também
estabeleceram uma metodologia para seleção de fluidos de trabalho orgânicos para este tipo
de utilização. Após a análise dos resultados, os autores concluíram que para o CRV ser
lucrativo é necessário que a fonte de calor ofereça altas temperaturas e que a planta de
cogeração possua grande capacidade de geração de energia. Os autores mencionam também
que fluidos secos apresentam maiores eficiências em plantas de pequena e média escala com
temperatura da fonte térmica até 400°C. Finalmente, dentre os 12 fluidos de trabalho
estudados, o fluido R113 obteve o menor custo específico para produção de energia elétrica
(0,344 $/kWh) e o Tolueno atingiu a maior eficiência térmica (31,20%).
Uusitalo e outros (2016) investigaram o potencial de redução nas emissões de gases de
efeito estufa empregando um CRO regenerativo operando com Tolueno como fluido de
trabalho para recuperação de calor residual em uma planta de motores à biogás na Europa. De
acordo com os resultados, concluiu-se que o CRO simulado possui potencial para diminuir as
emissões de CO2 entre 280 e 820 toneladas por ano.
2.7 Estado da arte
Com base na bibliografia analisada, a Tabela 7 apresenta o resumo da discussão
realizada até este ponto ao modo de estado da arte. Esta compilação contempla os principais
temas abordados na atualidade acerca do estudo de cogeração através do CRO para geração
de potência. Estão também expostas as considerações mais relevantes elaboradas pelos
autores em suas publicações.
64
Tabela 7 - Estado da arte do CRO
Tema Principais considerações Referências
Flu
ido
s d
e tr
abal
ho
org
ânic
os
- A potência líquida produzida pelo CRO aumenta com a elevação da temperatura
da fonte de calor.
Fu, Lee e Hsieh
(2015)
- As propriedades termodinâmicas dos fluidos orgânicos têm impacto direto no
desempenho exergético do CRO.
Long e outros
(2014)
- Para cada fluido de trabalho existe uma faixa de temperaturas abaixo do ponto
crítico em que é possível se extrair a máxima potência líquida do CRO.
- Há um ponto de reversão em que a potência líquida tende a decrescer para
temperaturas próximas à temperatura crítica do fluido.
Li, X. e outros
(2014)
- Fluidos com maiores valores de potência líquida produzida são os que possuem
temperatura crítica mais próxima à temperatura da fonte de calor.
He e outros
(2012)
- É possível alcançar maiores níveis de eficiência exergética e potência líquida no
CRO com a utilização de misturas zeotrópicas.
Prasad e outros
(2015)
- A ampliação da variação de pressão entre a entrada e saída da turbina possibilita
incrementar a quantidade de potência líquida gerada pelo CRO.
Pu e outros
(2016)
- A temperatura do fluido orgânico durante a mudança de fase exerce influência
direta sobre a eficiência térmica do CRO.
- Fluidos zeotrópicos promovem menor destruição de exergia no condensador e
melhoria nas eficiências térmica e exergética do ciclo.
Wu, Zhu e Yu
(2016)
- Hidrocarbonetos simples são mais apropriados para se trabalhar em CROs que
possuem fontes de calor de baixa temperatura.
- Hidrocarbonetos complexos (siloxanos) são mais indicados para se operar em
CROs que contam com fontes de calor de alta temperatura.
Brown, Brignoli
e Quine
(2015)
Co
nd
içõ
es d
e
op
eraç
ão - A eficiência térmica do CRO subcrítico com superaquecimento é superior a do
mesmo ciclo na condição operacional subcrítica.
Gao e outros
(2014)
- A eficiência térmica do CRO cresce conforme a pressão do fluido na entrada da
turbina aumenta. No entanto, para pressões maiores que a pressão crítica do fluido,
a eficiência térmica torna-se independente deste parâmetro.
Javanshir e
Sarunac
(2017)
Co
nfi
gu
raçõ
es
- O CRO regenerativo é mais eficiente térmica e exergéticamente que o CRO
simples e propicia menor destruição de exergia nos componentes do sistema.
Mago e outros
(2008)
- O CRO com saturador e simples extração de vapor na turbina de dois estágios é
mais eficiente termodinâmica e economicamente quando contrastado com os ciclos
simples e ciclos com regenerador.
Meinel, Wieland
e Spliethoff
(2014)
- Modificações na configuração do CRO como extração na turbina, adição de
aquecedor de contato direto e regenerador viabilizam elevar a performance do
sistema.
Desai e
Bandyopadhyay
(2009)
Per
spec
tiv
a
eco
nô
mic
a
- Incrementar a temperatura na entrada da turbina ou Pinch Point do evaporador e
condensador colaboram para expandir a eficiência térmica do CRO. Em
contrapartida, isto coopera para um acréscimo considerável no custo específico
para produção de eletricidade do ciclo.
Imran e outros
(2014)
- Quanto maior for a temperatura da fonte de calor, melhor será o rendimento
econômico do CRO.
Li, Y. e outros
(2014)
Ap
lica
ções
do
CR
O
- O consumo energético total para produção de cimento é de aproximadamente 5
GJ/ton, sendo que cerca de 35% deste montante é perdido sob forma de calor
residual, aproximadamente.
Varma e Srinivas
(2015)
- O CRO é mais vantajoso para recuperação de energia de fontes de baixa-média
temperatura.
Amiri e Vaseghi
(2015)
- Sob determinadas condições, o CRO pode gerar de 6.785 a 8.121 MW de energia
elétrica por ano, o que seria o equivalente a uma economia de 2.035 a 2.436
toneladas de carvão combustível e redução nas emissões de CO2 entre 7.743 e
9.268 toneladas.
Wang, H. e
outros
(2015)
- Existe um valor ótimo de pressão na entrada da turbina onde a eficiência
exergética é maximizada e o custo por unidade de exergia é mínimo.
Fergani, Touil e
Morosuk
(2016)
Fonte: Elaborado pelo autor.
65
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo é realizada uma conceituação acerca do funcionamento do CRO e de
seus fluidos de trabalho orgânicos. São apresentados ainda os fundamentos teóricos
empregados na modelagem termodinâmica e econômica dos arranjos de CRO propostos no
capítulo subsequente. Também são abordados os principais métodos aplicados para aprimorar
o desempenho do sistema e mostrada a metodologia de otimização utilizada neste trabalho.
3.1 Cogeração
Moran e outros (2013) definem cogeração como sendo um sistema integrado capaz de
fornecer simultaneamente dois produtos de valor, calor útil e eletricidade, a partir da queima
de um único combustível de entrada. Em sua resolução 235/2006, a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) considera cogeração um processo com objetivo de produzir calor e
energia mecânica, esta convertida parcial ou totalmente em energia elétrica, com operação em
uma instalação específica e tendo uma fonte primária como fonte de energia (ANEEL, 2006).
Ferrão e Weber (2001) justificam que dependendo da sequência de utilização da
energia proveniente da fonte térmica, o sistema de cogeração pode ser dividido em dois
grandes grupos: ciclos de topo e ciclos de fundo. Nos ciclos de topo, ou topping cycle em
inglês, a energia térmica dos gases quentes primeiramente é utilizada para produção de
energia elétrica através de um expansor e em seguida os gases de combustão são fornecidos
ao processo industrial. Já no ciclo de fundo (Figura 6), ou bottoming cycle em inglês, o calor
residual dos gases quentes do processo industrial é aproveitado para geração de eletricidade
como no caso deste trabalho.
Figura 6 - Sistema de cogeração ciclo de fundo
Fonte: Adaptado de Zhu, Deng e Qu (2013).
66
3.2 Conceituação dos fluidos orgânicos
Os fluidos de trabalho orgânicos podem ser classificados a partir de suas principais
características ambientais (ODP e GWP) e aspectos tecnológicos (toxicidade e
inflamabilidade). De acordo com a Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento,
Refrigeração e Ar-condicionado (em inglês, American Society of Heating, Refrigerating and
Air-Conditioning Engineers ou ASHRAE), o ODP mede a capacidade que uma substância
possui de esgotar a camada de ozônio e o GWP é o índice relativo de contribuição para o
aquecimento global de um gás de efeito estufa em relação ao CO2 que é o gás de referência.
Usualmente este índice é calculado para cem anos (GWP100). Fluidos de trabalho adequados
da perspectiva ambiental são os que possuem baixo ou nenhum ODP, curto tempo de vida na
atmosfera e baixo GWP100 (ASHRAE, 2009).
Já os aspectos tecnológicos, conforme explicado por ASHRAE (2009), envolvem
segurança de operação do ciclo e são categorizados com base na norma ANSI/ASHRAE-
34/2007 como:
a) Toxicidade:
i. Classe A - Não identificada toxicidade;
ii. Classe B - Identificada existência de toxicidade.
b) Inflamabilidade:
i. Classe 1 - Sem propagação de chamas no ar a 21ºC e 101 kPa;
ii. Classe 2 - Baixa inflamabilidade no ar a 21ºC e 101 kPa;
iii. Classe 3 - Alta inflamabilidade no ar a 21ºC e 101 kPa.
Logo, é indispensável observar tais classificações de modo a ampliar o nível de
segurança operacional das plantas de cogeração. Além do mais, a avaliação deste quesito tem
o intuito de resguardar a integridade física das pessoas envolvidas na condução dos processos.
Os fluidos orgânicos também podem ser caracterizados de acordo com o
comportamento termodinâmico de suas curvas de saturação no diagrama T-s em três grupos
(Figura 7): (i) fluidos secos, que exibem inclinação positiva da curva após o ponto crítico (Pcr)
(Figura 7a); (ii) fluidos molhados, com inclinação negativa da curva após Pcr (Figura 7b); e
(iii) fluidos isentrópicos, que possuem inclinação infinita da curva, ou próxima a de uma reta
vertical, após Pcr (Figura 7c) (LI; WANG, 2016).
67
Figura 7 - Classificação dos fluidos orgânicos de acordo com a curva de saturação
Fonte: Adaptado de Desai e Bandyopadhyay (2009).
Conforme evidenciado na bibliografia analisada, o CRO revela-se como a tecnologia
de cogeração de energia mais apropriada para produção de potência a partir de fontes de
baixa-média disponibilidade térmica tanto do ponto de vista econômico, quanto do contexto
de aproveitamento energético. Este fato é explicado pelos valores de calor latente de
vaporização dos fluidos orgânicos serem inferiores ao da água. O que faz com que estes
fluidos exijam menor aporte de calor para evaporação. Esta característica está ilustrada na
Figura 8 que confronta o comportamento das curvas de saturação de alguns fluidos de
trabalho orgânicos com o da água no digrama T-s.
Figura 8 - Comparação entre as curvas de saturação de alguns fluidos de trabalho
orgânicos e da água no diagrama T-s
Fonte: Adaptado de Tchanche e outros (2011).
68
3.3 Funcionamento do CRO
A conversão de energia térmica em potência mecânica através de um CRO simples
está representada na Figura 9. O funcionamento do CRO (Figura 9a) é descrito por Li, Fu e
Zhu (2014) como sendo: (i) o fluido de trabalho orgânico vaporizado segue para a turbina
onde é expandido. Sua variação de entalpia é convertida em energia mecânica gerando
trabalho através do eixo da turbina; (ii) o vapor de baixa pressão deixa a turbina e se desloca
para o condensador onde é resfriado e volta ao estado líquido; (iii) após deixar o condensador,
o fluido de trabalho é pressurizado pela bomba e volta ao evaporador; e (iv) energia sob forma
de calor é transferida da fonte térmica para o fluido orgânico no evaporador para iniciar um
novo ciclo.
A Figura 9b ilustra esta sequência no diagrama T-s para um CRO ideal onde no
processo 1-2 ocorre a expansão isentrópica do fluido de trabalho na turbina desde a linha de
vapor saturado até a região de vapor superaquecido; no processo 2-3 há transferência de calor
do fluido de trabalho para a água de resfriamento no condensador à pressão constante,
fazendo com que o fluido alcance a condição de líquido saturado ao final do processo; no
processo 3-4 ocorre compressão isentrópica do fluido orgânico até a região de líquido
comprimido; e por fim, no processo 4-1 há transferência de energia térmica da fonte de calor
para o fluido de trabalho à pressão constante, fazendo com que o mesmo atinja a condição de
vapor saturado na saída do evaporador e inicie novamente o ciclo.
Figura 9 - CRO simples e sua representação no diagrama T-s
Fonte: Adaptado de Javanshir e Sarunac (2017); Moran e outros (2013).
69
O funcionamento do CRO pode ser conceituado a partir de sua condição de operação
(Figura 10), que pode ser definida como: (i) subcrítica, em que o fluido de trabalho sofre
mudança de fase à pressão constante no evaporador, atravessando a região bifásica a uma
temperatura menor que a temperatura do ponto crítico (Figura 10a); (ii) subcrítica com
superaquecimento, que é semelhante à condição subcrítica, porém o fluido orgânico é
superaquecido antes de sua entrada na turbina (Figura 10b); e (iii) supercrítica ou transcrítica,
na qual o fluido de trabalho orgânico é aquecido a uma temperatura acima de sua temperatura
crítica no evaporador e não atravessa a região bifásica, passando diretamente do estado
líquido para o estado de vapor superaquecido antes de sua entrada na turbina (Figura 10c).
Figura 10 - Condições operacionais do CRO no diagrama T-s
Fonte: Adaptado de Javanshir e Sarunac (2017).
3.4 Balanço de massa e análise energética
A lei de conservação da massa, também conhecida como equação da continuidade,
pode ser aplicada a um volume de controle conforme explicitado na equação (1):
𝑑𝑚𝑣𝑐
𝑑𝑡= ∑�̇�𝑒
𝑒
− ∑�̇�𝑠
𝑠
(1)
Onde:
𝑑𝑚𝑣𝑐
𝑑𝑡 - Taxa de variação da massa no volume de controle em um instante “t” [kg/s];
�̇�𝑒 e �̇�𝑠 - Vazões mássicas instantâneas na entrada e saída do volume de controle,
nesta ordem [kg/s].
70
A primeira lei da termodinâmica, ou lei de conservação da energia, estabelece que a
energia se conserva e pode ser empregada a um volume de controle pela equação (2):
𝑑𝐸𝑣𝑐
𝑑𝑡= �̇�𝑣𝑐 − �̇�𝑣𝑐 + ∑�̇�𝑒 (ℎ𝑒 +
1
2𝑉𝑒
2 + 𝑔𝑧𝑒)
𝑒
− ∑�̇�𝑠 (ℎ𝑠 +1
2𝑉𝑠
2 + 𝑔𝑧𝑠)
𝑠
(2)
Na qual:
𝑑𝐸𝑣𝑐
𝑑𝑡 - Taxa de variação de energia no volume de controle em um instante “t” [kW];
�̇�𝑣𝑐 - Taxa de energia transferida sob forma de calor da vizinhança para o volume de
controle [kW];
�̇�𝑣𝑐 - Taxa de energia transferida sob forma de trabalho do volume de controle para a
vizinhança [kW];
ℎ𝑒 e ℎ𝑠 - Entalpia específica de entrada e saída do fluxo, respectivamente [kJ/kg];
1
2𝑉𝑒
2 e 1
2𝑉𝑠
2 - Energia cinética específica de entrada e saída do fluxo no volume de
controle, nesta ordem [kJ/kg];
𝑔𝑧𝑒 e 𝑔𝑧𝑠 - Energia potencial específica de entrada e saída do fluxo no volume de
controle, respectivamente [kJ/kg].
A eficiência térmica do ciclo, ou eficiência de primeira lei, é dada pela equação (3):
𝜂𝑡ℎ = (�̇�𝑐
�̇�𝑒
) ∙ 100 (3)
Onde:
𝜂𝑡ℎ - Eficiência térmica do CRO [%];
�̇�𝑐 - Potência líquida produzida pelo ciclo [kW];
�̇�𝑒 - Taxa de energia sob forma de calor fornecida ao ciclo [kW].
A segunda lei da termodinâmica, ou variação de entropia, que quantifica as
irreversibilidades inerentes aos processos termodinâmicos está demonstrada na equação (4):
𝑑𝑆𝑣𝑐
𝑑𝑡= ∑
�̇�𝑖
𝑇𝑖𝑖
+ ∑�̇�𝑒𝑠𝑒
𝑒
− ∑�̇�𝑠𝑠𝑠
𝑠
+ �̇�𝑔𝑒𝑟 (4)
71
Na qual:
𝑑𝑆𝑣𝑐
𝑑𝑡 - Taxa de variação da entropia no volume de controle no instante “t” [kJ/kg-K];
∑�̇�𝑖
𝑇𝑖𝑖 - Taxa de transferência de entropia associada à transferência de calor [kW/K];
𝑠𝑒 e 𝑠𝑠 - Entropia específica de entrada e saída do fluxo, nesta ordem [kJ/kg-K];
�̇�𝑔𝑒𝑟 - Taxa de geração de entropia no interior do volume de controle [kW/K].
As eficiências isentrópicas da turbina e bomba são fornecidas pelas equações (5) e (6),
respectivamente:
𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 = (�̇�𝑟𝑒𝑎𝑙
�̇�𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
) ∙ 100 = [(ℎ𝑒 − ℎ𝑠)
(ℎ𝑒 − ℎ𝑠𝑠)] ∙ 100 (5)
𝜂𝐵𝐵 = (�̇�𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
�̇�𝑟𝑒𝑎𝑙
) ∙ 100 = [(ℎ𝑠𝑠 − ℎ𝑒)
(ℎ𝑠 − ℎ𝑒)] ∙ 100 (6)
Onde:
𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 e 𝜂𝐵𝐵 - Eficiências isentrópicas da turbina e bomba, nesta ordem [%];
�̇�𝑟𝑒𝑎𝑙 e �̇�𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 - Potência real e potência isentrópica, respectivamente [kW];
ℎ𝑒 e ℎ𝑠 - Entalpia específica de entrada e saída do fluxo, nesta ordem [kJ/kg];
ℎ𝑠𝑠 - Entalpia específica isentrópica de saída do fluxo [kJ/kg].
Partindo também da equação de conservação da energia, agora aplicada aos trocadores
de calor, a área superficial de transferência de calor dos trocadores pode ser obtida através da
equação (7):
�̇� = 𝑈𝐴∆𝑇𝑙𝑚 (7)
Na qual:
�̇� - Taxa total de transferência de calor [kW];
𝑈 - Coeficiente global de transferência de calor [W/m²-K];
𝐴 - Área superficial de transferência de calor do trocador [m²];
∆𝑇𝑙𝑚 - Média das diferenças de temperaturas entre os fluidos na entrada e saída do
trocador de calor [K].
72
O método de Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura (MLDT) elucidado
por Incropera e DeWitt (1996) foi adotado para cálculo da área superficial de transferência de
calor dos trocadores. Deste modo, para trocadores de calor de único passe com escoamento
paralelo ∆𝑇𝑙𝑚 = 𝑀𝐿𝐷𝑇𝑃𝐿, que neste caso pode ser calculada pela equação (8):
𝑀𝐿𝐷𝑇𝑃𝐿 =
[ (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒) − (𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠)
𝑙𝑛 (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒
𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠)
]
(8)
Onde:
𝑇𝑞,𝑒 e 𝑇𝑞,𝑠 - Temperaturas de entrada e saída do fluido quente no trocador de calor,
respectivamente [K];
𝑇𝑓,𝑒 e 𝑇𝑓,𝑠 - Temperaturas de entrada e saída do fluido frio no trocador de calor, nesta
ordem [K].
Já no caso de trocadores de calor de único passe com escoamento contracorrente,
∆𝑇𝑙𝑚 = 𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐶 e a mesma é dada pela equação (9):
𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐶 =
[ (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑠) − (𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒)
𝑙𝑛 (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑠
𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒)
]
(9)
Por último, no caso de trocadores de calor de múltiplos passes trabalhando com algum
dos tipos de escoamento anteriores ou com escoamento de fluxo cruzado, utiliza-se a 𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐶
ajustada por um fator de correção. Então, neste caso ∆𝑇𝑙𝑚 = 𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐹 que, por sua vez, é
fornecida pela equação (10):
𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐹 = 𝐹(𝑀𝐿𝐷𝑇𝐶𝐶) (10)
Na qual:
𝐹 - Fator de correção adimensional associado à configuração do trocador de calor e às
temperaturas de entrada e saída dos fluidos no equipamento [-].
Sendo que o fator de correção 𝐹 é calculado em função das variáveis adimensionais 𝛼
e 𝛽 conforme exibido nas equações (11) e (12), respectivamente:
73
𝛼 =(𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒)
(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒) (11)
𝛽 =(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠)
(𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒) (12)
3.5 Análise exergética
A exergia, uma propriedade intensiva, é definida como o máximo trabalho teórico
possível de ser obtido de um sistema global, formado por um sistema e o ambiente, à medida
que este atinge o estado morto, ou seja, entra em equilíbrio termodinâmico com o ambiente
(MORAN et al. 2013). O balanço da taxa de exergia para volumes de controle está indicado
na equação (13):
𝑑𝐸𝑥𝑣𝑐
𝑑𝑡= ∑(1 −
𝑇0
𝑇𝑖) �̇�𝑖
𝑖
− (�̇�𝑣𝑐 − 𝑃0
𝑑𝑉𝑣𝑐
𝑑𝑡) + ∑�̇�𝑒𝑒𝑥𝑒
𝑒
− ∑�̇�𝑠𝑒𝑥𝑠
𝑠
+ �̇�𝑑 (13)
Onde:
𝑑𝐸𝑥𝑣𝑐
𝑑𝑡 - Taxa de variação de exergia no volume de controle em um instante “t” [kW];
∑ (1 −𝑇0
𝑇𝑖) �̇�𝑖𝑖 - Taxa de exergia transferida associada à transferência de calor [kW];
�̇�𝑣𝑐 - Taxa de transferência de exergia por trabalho [kW];
𝑃0𝑑𝑉𝑣𝑐
𝑑𝑡 - Taxa de variação do volume do sistema em um instante “t” [kW];
𝑒𝑥𝑒 e 𝑒𝑥𝑠 - Exergia específica de entrada e saída do fluxo, nesta ordem [kJ/kg];
�̇�𝑑 - Taxa de destruição de exergia [kW].
Desprezando as parcelas de exergia cinética, potencial e química, a exergia específica
do fluxo, com suas parcelas térmica e mecânica, pode ser obtida pela equação (14):
𝑒𝑥 = (ℎ − ℎ0) − 𝑇0(𝑠 − 𝑠0) (14)
Na qual:
𝑒𝑥 - Exergia específica do fluxo [kJ/kg];
ℎ0 - Entalpia específica na pressão e temperatura do estado morto (P0 e T0) [kJ/kg];
𝑠0 - Entropia específica na pressão e temperatura do estado morto (P0 e T0) [kJ/kg-K].
74
A taxa de destruição de exergia em decorrência da ação de irreversibilidades presentes
nos equipamentos do sistema e em todo o CRO pode ser calculada através da equação (15):
�̇�𝑑 = 𝑇0�̇�𝑣𝑐 (15)
A análise do fluxo de exergia em cada componente do ciclo é efetuada levando-se em
consideração a exergia de entrada ou taxa de insumo (�̇�), a exergia de saída ou taxa de
produto (�̇�) e as perdas ou taxa de irreversibilidades (𝐼)̇. Da quantidade total de exergia
fornecida a um ciclo Rankine simples, parcelas desta exergia são destruídas no interior dos
equipamentos do sistema devido às perdas por geração de irreversibilidades. Ademais, parte
da potência gerada pelo ciclo é usada para alimentar a bomba centrífuga. Em consequência
disso, o nível de exergia ao final do processo é inferior ao montante de exergia fornecido
inicialmente ao sistema. A Figura 11 evidencia o fluxo de exergia em um ciclo Rankine
simples e a distribuição da destruição de exergia causada pela ação de irreversibilidades em
cada componente. A destruição de exergia está destacada pelas regiões pontilhadas.
Figura 11 - Diagrama de wheel de um ciclo Rankine simples
Fonte: Adaptado de Bejan (2006).
Assim sendo, as irreversibilidades em um volume de controle são calculadas pela
diferença entre as taxas de insumo e produto exergéticos conforme mostrado na equação (16):
𝐼̇ = �̇� − �̇� (16)
Onde:
𝐼 ̇- Taxa de irreversibilidade [kW];
�̇� e �̇� - Taxas de insumo e produto exergéticos, respectivamente [kW];
75
Desta forma, a eficiência exergética, também conhecida como eficiência de segunda
lei, pode ser obtida pela equação (17):
𝜂𝑒𝑥 = (�̇�
�̇�) ∙ 100 (17)
Na qual:
𝜂𝑒𝑥 - Eficiência exergética de qualquer componente de sistema, inclusive do ciclo [%].
O consumo exergético unitário dos equipamentos e do CRO, que é a relação entre a
quantidade de insumo exergético consumido e o montante de produto exergético obtido, pode
ser calculado através do inverso da eficiência exergética conforme mostrado na equação (18):
𝑘 =1
𝜂𝑒𝑥=
�̇�
�̇� (18)
Por fim, as variáveis de estado para uma mistura de gases podem ser calculadas
considerando a composição, pressão e temperatura dos componentes na mistura com base no
modelo de gás ideal através das equações (19), (20), (21) e (22):
ℎ𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = ∑(𝑥𝑖𝑀𝑖
𝑀𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠)ℎ𝑖
𝑖
(19)
𝑠𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = ∑[(𝑥𝑖𝑀𝑖
𝑀𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠
) 𝑠𝑖 −�̅�
𝑀𝑖𝑙𝑛 (
𝑃𝑖
𝑃𝑎𝑡𝑚)]
𝑖
(20)
𝜌𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = ∑(𝑥𝑖𝑀𝑖
𝑀𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠)𝜌𝑖
𝑖
(21)
𝑒𝑥𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = ∑𝑥𝑖[(ℎ𝑖 − ℎ0) − 𝑇0(𝑠𝑖 − 𝑠0)]
𝑖
(22)
Onde:
𝑒𝑥𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 - Exergia específica de fluxo da mistura de gases [kJ/kg];
ℎ𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 - Entalpia específica da mistura de gases [kJ/kg];
ℎ𝑖 - Entalpia específica do componente “i” na mistura de gases [kJ/kg];
𝑀𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 - Massa molar total da mistura de gases [kg/kmol];
76
𝑀𝑖 - Massa molar do componente “i” na mistura de gases [kg/kmol];
𝑃𝑎𝑡𝑚 - Pressão atmosférica [MPa];
𝑃𝑖 - Pressão absoluta do componente “i” na mistura de gases [MPa];
�̅� - Constante universal dos gases [kJ/kmol-K];
𝑠𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 - Entropia específica da mistura de gases [kJ/kg-K];
𝑠𝑖 - Entropia específica do componente “i” na mistura de gases [kJ/kg-K];
𝑥𝑖 - Concentração molar do componente “i” na mistura de gases [%];
𝜌𝑖 - Massa específica do componente “i” na mistura de gases [kg/m³];
𝜌𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 - Massa específica da mistura de gases [kg/m³].
3.6 Melhoria no desempenho do CRO
Existem modificações que podem ser implementadas ao CRO de forma a aperfeiçoar
sua performance. Bejan (2006) argumenta que a primeira estratégia para incrementar o
aproveitamento energético de ciclos de potência é minimizar a destruição de exergia nos
componentes do sistema, ou seja, diminuir as irreversibilidades internas e externas ao ciclo. O
decremento das irreversibilidades internas depende de parâmetros construtivos dos
equipamentos do CRO que influenciam na perda de carga e eficiência isentrópica dos
mesmos. Já as irreversibilidades externas podem ser reduzidas alterando-se o arranjo do ciclo
através da inclusão de outros componentes.
Bejan (2006) também ressalta que é possível minimizar as irreversibilidades presentes
no sistema e expandir suas eficiências térmica e exergética através do emprego de
superaquecedores e/ou da divisão do processo de expansão entre uma turbina de alta e outra
de baixa pressão com reaquecimento entre os dois estágios. A melhoria no rendimento do
CRO, neste caso, é justificada pelo acréscimo no valor da temperatura termodinâmica média
do fluido no processo de admissão de calor promovido pelos equipamentos mencionados.
Outro método usado para aumentar a temperatura termodinâmica média do fluido no
processo de admissão de calor e diminuir a destruição de exergia no ciclo Rankine é através
da adição de regeneradores ao ciclo conforme explicado por Bejan (2006). Este componente
permite que haja transferência de calor entre o vapor após o processo de expansão na turbina
e/ou extrações na mesma e o líquido comprimido antes de sua entrada no evaporador,
possibilitando a elevação da temperatura do fluido de trabalho antes do mesmo adentrar aos
estágios de evaporação.
77
Moran e outros (2013) complementam que a regeneração em um ciclo Rankine
também pode ser feita por meio de um aquecedor de alimentação aberto. Este equipamento
consiste em um trocador de calor de contato direto onde os fluxos do fluido de trabalho a
diferentes temperaturas são misturados de modo a formar um fluxo único com temperatura
intermediária na saída do componente. A implantação deste equipamento proporciona um
decréscimo no aporte de energia térmica necessária para evaporação do fluido de trabalho.
Isto se dá em razão do incremento na temperatura do fluido na entrada do evaporador, o que
reduz a produção de entropia neste componente e eleva o desempenho do ciclo.
Outra forma de regeneração aplicada ao CRO é citada por Moran e outros (2013)
como sendo a utilização de aquecedores de alimentação fechados. Estes equipamentos
consistem em trocadores de calor do tipo casco e tubos nos quais a temperatura do fluido de
alimentação aumenta à medida que a extração de vapor se condensa no exterior dos tubos que
transportam o fluido de alimentação. Estes dois fluxos podem apresentar diferentes pressões,
já que eles não se misturam. Este método de regeneração requer o emprego de um purgador
para a remoção do vapor condensado para uma linha de pressão mais baixa ou o uso de uma
bomba para pressurizar o condensado e enviá-lo a uma linha de pressão mais alta.
Para Bejan (2006), outra maneira de minimizar a destruição de exergia e aperfeiçoar a
performance do ciclo é trabalhar com pressões de condensação sub atmosféricas no
condensador. Isto viabiliza uma diminuição na temperatura termodinâmica média no processo
de rejeição de calor e as irreversibilidades no condensador decrescem proporcionalmente com
a diferença de temperatura entre o fluido condensado e o ambiente. Esta melhoria é indicada
na Figura 12, que compara a área de destruição de exergia no condensador de um ciclo
Rankine simples operando com uma pressão maior que a pressão ambiente (Figura 12a) e
com uma pressão de condensação sub atmosférica (Figura 12b), na qual esta área é menor.
Figura 12 - Redução das irreversibilidades no condensador com pressão sub atmosférica
Fonte: Adaptado de Bejan (2006).
78
Bejan (2006) também reforça que a realização de modificações de qualquer natureza
no ciclo influenciam diretamente os custos do projeto. Pode-se citar, por exemplo, alterações
nos parâmetros operacionais do sistema como pressão e temperatura que podem requisitar
componentes com materiais construtivos mais aprimorados, inclusão de novos equipamentos
ao CRO e outras medidas que podem tornar o projeto mais oneroso.
3.7 Estimativa de custos
Em um projeto de cogeração, a análise econômica pode ser efetuada levando-se em
consideração o custo total do projeto ou a economia gerada a partir da diminuição de gastos
com os insumos energéticos para suprimento dos processos produtivos da planta industrial.
Com o propósito de obter uma ordem de grandeza quanto às despesas pertinentes a um projeto
de cogeração de energia, os princípios para estimativa de custos propostos por Ulrich e
Vasudevan (2004) foram aplicados a este trabalho. Esta abordagem correlaciona, através de
gráficos, os gastos gerados pelos componentes do ciclo com seus principais parâmetros
operacionais como potência produzida pela turbina, área superficial de transferência de calor
dos trocadores, potência consumida por bombas, dentre outros. Ainda, estes fundamentos
também permitem ajustar os custos de acordo com as características construtivas e pressão de
trabalho dos equipamentos analisados.
O custo específico do investimento, que é a relação entre o custo total do investimento
e a potência líquida gerada pelo CRO, pode ser calculado através da equação (23):
𝐼 =𝐼𝑇
�̇�𝑐
(23)
Na qual:
𝐼 - Custo específico do investimento [R$/kW];
𝐼𝑇 - Custo total do investimento [R$].
Sendo que o custo total do investimento, o qual engloba despesas com instalação,
operação e manutenção dos componentes do sistema, está indicado na equação (24):
𝐼𝑇 = ∑𝐶𝐵𝑀𝑖
𝑖
+ 𝐶𝐶 + 𝐶𝐹 + 𝐶𝑆𝐷 + 𝐶𝐴𝐵 + 𝐶𝑂𝑆 (24)
79
Onde:
𝐶𝐵𝑀𝑖 - Custos diretos e indiretos com o componente “i” [R$];
𝐶𝐶 - Custos com despesas eventuais [R$];
𝐶𝐹 - Custos com taxas [R$];
𝐶𝑆𝐷 - Custos com desenvolvimento da planta de cogeração [R$];
𝐶𝐴𝐵 - Custos com instalações auxiliares [R$];
𝐶𝑂𝑆 - Custos com instalações externas à planta de cogeração [R$].
Nos custos diretos, além do preço de compra do equipamento, também estão
envolvidos os gastos com materiais e mão de obra direta para instalação do mesmo. Já os
custos indiretos compreendem despesas com transporte, seguro, construções e equipe de
engenharia. Dependendo da complexidade do empreendimento, os custos diretos e indiretos
são calculados utilizando-se fatores de conversão de acordo com os materiais construtivos e
condições operacionais de cada componente. De modo geral, os custos diretos e indiretos
podem ser obtidos pela equação (25):
𝐶𝐵𝑀𝑖 = 𝐹𝐵𝑀𝑖 𝐶𝑃𝑖 (25)
Na qual:
𝐹𝐵𝑀𝑖 - Fator de instalação do componente “i” [-];
𝐶𝑃𝑖 - Preço de compra do componente “i” [R$].
Tanto o fator de instalação, quanto o preço de compra de cada equipamento foram
fornecidos por Ulrich e Vasudevan (2004). Porém, tais preços referem-se a valores do ano de
2004. Por esta razão, os preços de compra dos componentes foram corrigidos pelo índice de
inflação do período conforme a equação (26), que também foi fornecida pelos autores:
𝐶𝑃𝑣,𝑘 = 𝐶𝑃𝑣,𝑟 (𝐼𝐹𝑘
𝐼𝐹𝑟) (26)
Onde:
𝐶𝑃𝑣,𝑘 e 𝐶𝑃𝑣,𝑟 - Preços do componente com capacidade “v” nos anos “k” e “r”,
respectivamente [R$];
𝐼𝐹𝑘 e 𝐼𝐹𝑟 - Fatores de indexação adimensionais nos anos “k” e “r”, nesta ordem [-].
80
Além do mais, os custos referentes às despesas eventuais, taxas, desenvolvimento da
planta de cogeração, instalações auxiliares e instalações externas ao sistema de cogeração de
energia são calculados em função dos gastos diretos e indiretos com os equipamentos. Os
referidos custos estão explicitados nas equações (27), (28), (29), (30) e (31), respectivamente:
𝐶𝐶 = 0,15 𝐶𝐵𝑀 (27)
𝐶𝐹 = 0,03 𝐶𝐵𝑀 (28)
𝐶𝑆𝐷 = 0,059 𝐶𝐵𝑀 (29)
𝐶𝐴𝐵 = 0,0472 𝐶𝐵𝑀 (30)
𝐶𝑂𝑆 = 0,2478 𝐶𝐵𝑀 (31)
Já a equação (32) permite obter o custo específico para geração de energia elétrica
através do CRO levando-se em consideração as parcelas correspondentes aos custos com
investimento, operação e manutenção do sistema:
𝐶 = 𝐼 (𝐴𝐹
𝐻𝑂) + 𝐶𝑂&𝑀 (32)
Na qual:
𝐶 - Custo específico para produção de eletricidade [R$/kWh];
𝐴𝐹 - Fator de amortização [ano-1
];
𝐻𝑂 - Quantidade anual de horas de operação do ciclo [h/ano];
𝐶𝑂&𝑀 - Custo específico de operação e manutenção do CRO [R$/kWh].
Sendo que o fator de amortização está demonstrado na equação (33):
𝐴𝐹 =𝑗(1 + 𝑗)𝑛
(1 + 𝑗)𝑛 − 1 (33)
Onde:
𝑗 - Taxa de juros [%];
𝑛 - Vida útil [anos].
81
3.8 Indicadores econômicos
Para se determinar a viabilidade econômica de um projeto de cogeração de energia,
faz-se necessária a avaliação de indicadores econômicos que mensurem a rentabilidade do
capital investido. Dentre tais indicadores, os principais são: Valor Presente Líquido (VPL),
Taxa Interna de Retorno (TIR) e Tempo de Retorno de Capital (TR), ou payback em inglês.
Segundo Müller e Antonik (2012), o VPL pode ser entendido como o somatório dos valores
líquidos atualizados de um Fluxo de Caixa (FC) a uma taxa de juros conhecida. A TIR
representa a taxa que equaliza os valores dos investimentos com os valores dos retornos do
projeto. Por último, o TR determina o período de tempo necessário para que se tenha retorno
sobre o investimento realizado. Estes três indicadores podem ser calculados pelas equações
(34), (35) e (36), nesta ordem:
𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑛
(1 + 𝑗)𝑛
𝑛
𝑛=0
(34)
∑𝐹𝐶𝑛
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛
𝑛
𝑛=0
= 0 (35)
𝑇𝑅 =𝐼𝑇
𝐹𝐶𝑛 (36)
Na qual:
𝐹𝐶𝑛 - Valores líquidos dos fluxos de caixa para uma vida útil “n” [R$];
𝑉𝑃𝐿 - Valor presente líquido [R$];
𝑇𝐼𝑅 - Taxa interna de retorno [%];
𝑇𝑅 - Tempo de retorno de capital [anos].
De posse dos resultados dos indicadores econômicos do projeto, é possível executar
uma padronização do problema real através de um fluxo de caixa de forma a determinar a
lucratividade do empreendimento. O fluxo de caixa é uma forma de representação das receitas
e despesas de um projeto em um horizonte de tempo. A Figura 13 apresenta um fluxo de caixa
ao longo do tempo onde, no instante zero, o investimento “I” foi realizado, o retorno “R” são
as receitas durante o período de vida útil “n” do projeto e “VF” é o valor deste investimento
em uma data futura.
82
Figura 13 - Exemplo de fluxo de caixa
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.9 Algoritmo genético
Conforme Rao (2009), a metodologia de algoritmo genético é a mais indicada para a
resolução de problemas complexos que envolvem várias variáveis e funções não lineares ou
discretas. O funcionamento deste método baseia-se em princípios de elementos de genética e
seleção natural segundo a teoria da evolução formulada por Charles Darwin (1809-1882).
Rao (2009) também explica que a solução de um problema de otimização por
algoritmo genético tem como ponto de partida uma população fixa de conjuntos de soluções
criados aleatoriamente, denominada população inicial. Cada conjunto de soluções é verificado
pelo algoritmo genético a fim de que sejam encontrados os valores com maior potencial para
resolução do problema estudado. Estes agrupamentos de possíveis soluções são submetidos a
três operadores: (i) reprodução ou seleção; (ii) cruzamento; e (iii) mutação.
O primeiro operador, reprodução ou seleção, elege as melhores soluções presentes
dentre as aglomerações de soluções anteriormente examinadas de modo a formar uma
população de “pais” da geração. As soluções nesta etapa são selecionadas com base na
probabilidade proporcional da adaptabilidade de cada solução na população.
O segundo operador, cruzamento, tem o objetivo de conceber novas soluções
realizando a troca de informações entre todas as soluções escolhidas na fase anterior de forma
randômica. As soluções “filhas” geradas neste estágio com valores mais precisos contribuem
para acelerar o aprimoramento do valor de adaptabilidade médio da nova população criada. Já
as soluções discrepantes são descartadas e não alcançam o próximo passo do processo. Este é
o principal operador desta metodologia, pois é nele que são criadas novas soluções com
melhor adaptabilidade.
O terceiro e último operador, mutação, é responsável por modificar as variáveis locais
de cada solução da etapa anterior para produzir novas soluções viáveis em torno da solução
em análise. Este operador também é incumbido de manter a diversidade da população.
83
Após passar pelos três operadores, a população final é avaliada e testada para verificar
a convergência do processo. Este ciclo é denominado geração. Caso os critérios de
convergência não tenham sido atendidos, esta população é substituída por uma nova e os
ciclos são calculados iterativamente até que sejam atingidos os critérios de convergência
estabelecidos e concluído o processo (RAO, 2009). A Figura 14 ilustra o funcionamento do
método de algoritmo genético descrito nesta seção.
Figura 14 - Funcionamento básico do método de algoritmo genético
Fonte: Adaptado de Barbosa Júnior (2017).
Por outro lado, Kar (2016) destaca que a principal limitação da metodologia de
algoritmo genético é que a mesma pode não ser a mais adequada para resolução de alguns
problemas multidimensionais onde a análise da função objetivo se torna computacionalmente
muito complexa devido a grande quantidade de iterações. Em virtude disso, o tempo de
processamento das iterações torna-se substancialmente extenso e a precisão dos resultados
pode ser comprometida sob tais circunstâncias.
85
4. METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentadas as etapas estabelecidas para o desenvolvimento deste
estudo. Estas etapas contemplam a seleção dos fluidos de trabalho orgânicos, modelagem
termodinâmica e econômica das composições de CRO propostas, validação de uma das
configurações concebidas e procedimentos adotados nas otimizações dos ciclos.
4.1 Análise e seleção dos fluidos de trabalho orgânicos
Antes de efetuar as modelagens dos arranjos de CRO definidos, desejou-se determinar
quais seriam os fluidos orgânicos mais apropriados para aplicação neste trabalho. Para isso,
foram estipulados cinco critérios visando eliminar os fluidos de trabalho que não seriam aptos
para utilização neste estudo. Os critérios de exclusão estabelecidos são mostrados na Figura
15 e explicados de forma detalhada nos tópicos subsequentes.
Figura 15 - Critérios adotados para eliminação dos fluidos de trabalho inadequados
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.1.1 1° Critério: Indisponibilidade do fluido na base de dados do EES
De acordo com a bibliografia consultada, dentre todos os fluidos orgânicos elegíveis
para operação no CRO, os fluidos refrigerantes são, em geral, ambientalmente mais indicados.
Partindo deste princípio, foram considerados 42 fluidos refrigerantes puros fornecidos por
ASHRAE (2009), vide Tabela A.1 no Apêndice A, e averiguado a disponibilidade de cada um
destes fluidos na base de dados do EES, que foi o software disponível na instituição de ensino
para a execução deste trabalho. Com base neste critério, 17 fluidos orgânicos cujas
propriedades termodinâmicas não constam no banco de dados do programa foram
desconsiderados. A Tabela 8 exibe os fluidos remanescentes após este primeiro filtro com
suas respectivas características ambientais e aspectos tecnológicos.
86
Tabela 8 - Características ambientais e aspectos tecnológicos dos fluidos de trabalho
orgânicos disponíveis na base de dados do EES
Fluido Grupo de
segurança ODP GWP100
Tempo de vida na
atmosfera [anos]
R11 A1 1,000 4.750 45
R12 A1 1,000 10.900 100
R13 A1 1,000 14.400 640
R22 A1 0,055 1.810 12
R23 A1 0,000 14.800 270
R32 A2 0,000 675 4,9
R113 A1 0,800 6.130 85
R114 A1 1,000 10.000 300
R116 A1 0,000 12.200 10.000
R123 B1 0,020 77 1,3
R124 A1 0,022 609 5,8
R125 A1 0,000 3.500 29
R134a A1 0,000 1.430 14
R141b - 0,110 725 9,3
R142b A2 0,065 2.310 17,9
R143a A2 0,000 4.470 52
R152a A2 0,000 124 1,4
R218 A1 0,000 8.830 2.600
R227ea A1 0,000 3.220 34,2
R236fa A1 0,000 9.810 240
R245fa B1 0,000 1.030 7,6
RC318 A1 0,000 10.300 3.200
R290 A3 0,000 ~20 0,41
R600 A3 0,000 ~20 0,018
R600a A3 0,000 ~20 0,019 Fonte: Adaptado de ASHRAE (2009).
4.1.2 2° Critério: Fluidos orgânicos inflamáveis e/ou tóxicos
Na segunda fase da seleção dos fluidos de trabalho, os fluidos orgânicos foram
investigados quanto aos seus aspectos tecnológicos. Em outras palavras, foram observados os
fatores que englobam segurança de operação do sistema, do meio ambiente e das pessoas
envolvidas na condução dos processos. Deste modo, almejou-se trabalhar somente com
fluidos que possuíam baixa ou nenhuma toxicidade e inflamabilidade, isto é, fluidos
pertencentes aos grupos de segurança A1, A2 e B1. Entretanto, Embraco (1996) afirma que os
fluidos R290, R600 e R600a que compõem o grupo de fluidos não tóxicos, mas altamente
inflamáveis (A3) são aptos a ser utilizados. Os autores justificam que em decorrência da
elevada velocidade de dispersão no ar apresentada por estes fluidos, os mesmos não oferecem
risco de explosão, o que resulta em uma concentração pouco significativa destes gases no
ambiente para que ocorra combustão. Consequentemente, nenhum fluido foi descartado neste
estágio.
87
4.1.3 3° Critério: Fluidos com tempo de vida na atmosfera superior a 100 anos
Nesta terceira etapa, os fluidos orgânicos foram examinados a partir de suas
características ambientais. Conforme estabelecido pelo Protocolo de Montreal em 1987, os
países participantes deste acordo comprometeram-se a reduzir progressivamente e eliminar
totalmente a produção e consumo de substâncias químicas que destroem a camada de ozônio
em razão de seus acentuados níveis de ODP. O prazo definido para a completa abolição do
uso dessas substâncias foi até o ano de 1996 para países desenvolvidos e 2010 para países em
desenvolvimento. Dentre as famílias de substâncias controladas por este tratado internacional
estão CFCs, como os fluidos R11, R12, R113 e R114 (UNEP, 1987).
As substâncias empregadas como alternativas viáveis para substituir os CFCs foram os
HCFCs R22, R123, R124, R141b e R142b. Contudo, pesquisas realizadas ao longo dos anos
revelaram que, embora estas substâncias não agridam tanto a camada de ozônio como as
utilizadas previamente, os HCFCs contribuem com o aquecimento global devido ao seu índice
de GWP. Por este motivo, todas as partes participantes do Protocolo de Montreal se reuniram
em 2007 e firmaram um acordo para cumprir um cronograma de erradicação do uso dos
HCFCs. O prazo estipulado para banimento da utilização dessas substâncias vai até o ano de
2030 para países desenvolvidos e 2040 para países em desenvolvimento (MMA, 2011;
TRANE, 2011). Além disso, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) complementa que
alguns fluidos puros (R134a, R290, R600a) e misturas zeotrópicas (R404a, R407c, R410a,
R417a) vêm sendo aplicadas como alternativas aos HCFCs (MMA, 2011).
Diante deste cenário e com o propósito didático de avaliar o comportamento dos
fluidos orgânicos que são empregados atualmente ou que estão desuso completo ou gradativo,
nesta fase da seleção de fluidos o tempo de vida na atmosfera dos mesmos foi assumido como
critério de exclusão para não restringir a quantidade de fluidos de trabalho a um número
ínfimo. Logo, os fluidos que apresentam permanência na atmosfera superior a 100 anos foram
desconsiderados, ou seja, os fluidos R13, R23, R114, R116, R218, R236fa e RC318.
4.1.4 4° Critério: Análise dos estados termodinâmicos dos fluidos em um CRO ideal
No quarto estágio da seleção, os fluidos orgânicos escolhidos nos passos anteriores
foram analisados de acordo com suas propriedades e estados termodinâmicos exibidos durante
sua aplicação em um CRO simples ideal. A Tabela 9 mostra as principais propriedades
termodinâmicas que serviram de fundamento para a seleção dos fluidos nesta etapa.
88
Tabela 9 - Propriedades termodinâmicas dos fluidos de trabalho
Fluido Tcr
[°C]
Pcr
[MPa]
Psat a 35°C
[MPa]
R11 198,00 4,410 0,130
R12 112,02 4,110 0,780
R22 96,13 4,990 1,260
R32 78,11 5,780 2,030
R113 214,06 3,390 0,060
R123 183,68 3,670 0,120
R124 122,28 3,620 0,470
R125 66,02 3,620 1,650
R134a 101,03 4,060 0,820
R141b 204,20 4,250 0,101
R142b 137,11 4,060 0,420
R143a 72,70 3,760 1,510
R152a 113,26 4,520 0,730
R227ea 102,80 3,000 0,560
R245fa 154,01 3,650 0,190
R290 96,68 4,250 1,130
R600 151,98 3,800 0,300
R600a 134,67 3,640 0,430 Fonte: Elaborado pelo autor.
Para averiguar os aspectos termodinâmicos dos fluidos, considerou-se uma variação de
temperatura de 5°C entre a entrada e a saída da água de resfriamento no condensador (ΔTsai
COND), isto é, a água entrava neste componente à temperatura ambiente de 22°C e saía a 27°C.
Em seguida, adotou-se uma diferença de 8°C entre a temperatura de saída da água de
resfriamento e a temperatura do fluido de trabalho na saída do condensador (ΔTCOND). Em
outras palavras, o fluido orgânico saía do condensador a uma temperatura de 35°C. Após este
procedimento, evidenciou-se que a pressão de saturação (Psat) a 35°C na saída do condensador
demonstrada pelo fluido R113 era inferior a pressão atmosférica de 0,101 MPa. Por esta
razão, este fluido foi eliminado das fases de seleção posteriores de modo a evitar que
houvesse infiltração de ar atmosférico no condensador e contaminação do fluido.
4.1.5 5° Critério: Fluidos com título na saída da turbina inferior a 85% no CRO ideal
Na quinta e última etapa, cada fluido escolhido até este estágio foi avaliado conforme
seu título na saída da turbina (X2) do CRO simples ideal com o intuito de identificar o
comportamento das curvas de saturação. Considerando que o ciclo contava com processo de
expansão isentrópico, foram calculados vinte pontos de temperatura na entrada da turbina (T1)
ao longo da linha de vapor saturado de cada fluido de trabalho orgânico no diagrama T-s no
intervalo entre a temperatura na saída do condensador e a temperatura no ponto crítico (Tcr).
89
Uma amostra desta fase da seleção de fluidos pode ser observada na Figura 16 que
contrasta as curvas de saturação de fluidos com classificação molhada (Figura 16a), seca
(Figura 16b) e isentrópica (Figura 16c). Os diagramas T-s de todos os fluidos investigados
nesta seção estão disponíveis na Figura B.1 do Apêndice B.
Figura 16 - Comportamento da curva de saturação de alguns fluidos de trabalho
Fonte: Elaborado pelo autor.
Após apreciação dos resultados de título mínimo e máximo exibidos pelos fluidos de
trabalho na saída da turbina do CRO simples ideal, foi possível conceituar o comportamento
de suas curvas de saturação. A Tabela 10 fornece a categorização dos fluidos orgânicos com
base no formato de suas curvas de saturação e as faixas de variação de título obtidas na saída
da turbina.
Tabela 10 - Classificação dos fluidos orgânicos de acordo com a variação do título na
saída da turbina
Fluido X2
min - máx [-] Classificação
R11 0,852 - 0,989 Isentrópico
R12 0,745 - 0,970 Molhado
R22 0,627 - 0,922 Molhado
R32 0,535 - 0,885 Molhado
R123 0,984 - 1,000 Seco
R124 0,959 - 1,000 Isentrópico
R125 0,680 - 0,962 Molhado
R134a 0,732 - 0,972 Molhado
R141b 0,962 - 1,000 Isentrópico
R142b 0,929 - 0,999 Isentrópico
R143a 0,648 - 0,947 Molhado
R152a 0,689 - 0,946 Molhado
R227ea 0,986 - 1,000 Seco
R245fa 0,977 - 1,000 Seco
R290 0,731 - 0,972 Molhado
R600 0,951 - 1,000 Isentrópico
R600a 0,926 - 1,000 Isentrópico Fonte: Elaborado pelo autor.
90
Com o propósito de prevenir que houvesse erosão nos componentes internos da
turbina nos ciclos reais modelados posteriormente, foram descartados os fluidos de trabalho
que apresentaram título na saída da turbina inferior a 0,850, ou 85%. Em outras palavras, os
fluidos com curvas de saturação de categoria molhada (R12, R22, R32, R125, R134a, R143a,
R152a e R290) foram desconsiderados neste estágio. O fluido seco R227ea também foi
excluído nesta etapa por ser considerado um fluido “frio”, ou seja, sua temperatura crítica é
próxima a 100°C. Isto fez com que a operação do sistema com este fluido exigisse altíssimas
pressão e temperatura na entrada da turbina, tornando-o inviável para este tipo de aplicação.
Por fim, a Tabela 11 apresenta os fluidos orgânicos que, dentre os inicialmente considerados,
foram os mais adequados para utilização neste estudo.
Tabela 11 - Fluidos de trabalho selecionados para modelagem do CRO
Fluido X2
min - máx [-] Classificação
R11 0,852 - 0,989
Isentrópico
R124 0,959 - 1,000
R141b 0,962 - 1,000
R142b 0,929 - 0,999
R600 0,951 - 1,000
R600a 0,926 - 1,000
R123 0,984 - 1,000 Seco
R245fa 0,977 - 1,000 Fonte: Elaborado pelo autor.
Após a escolha dos fluidos para uso neste trabalho, os parâmetros de operação do
CRO simples ideal foram avaliados. Buscando alinhar as otimizações efetuadas a posteriori
com a seleção dos fluidos orgânicos desta seção, durante a variação das temperaturas dos
fluidos na entrada da turbina no CRO ideal, identificou-se para cada fluido a pressão na qual o
maior montante de potência líquida específica (�̇�𝑐 �̇�1⁄ ) foi gerado. Assim sendo, estas
pressões na entrada da turbina, chamadas de pressões ótimas de operação (P1,otm), foram
empregadas como dados de entrada nas otimizações dos CROs reais deste estudo.
4.2 Modelagem termodinâmica
Em conformidade com o que foi mencionado na seção 1.3, as duas principais fontes de
calor residual presentes em uma fábrica de cimento são o gás de exaustão do pré-aquecedor de
suspensão e o ar quente de descarga do resfriador de clínquer. Estas fontes térmicas possuem
diferentes temperaturas e podem ser usadas separadamente ou combinadas para produção de
91
energia através de sistemas de cogeração (WANG; DAI; GAO, 2009). Partindo desta
premissa, os ciclos neste trabalho foram concebidos de forma a aproveitar simultaneamente a
energia térmica dessas duas fontes de calor.
De acordo com os trabalhos consultados no capítulo 2, a composição mais explorada
do CRO é o arranjo simples que é composto por uma turbina simples (TURB), condensador
(COND), bomba centrífuga (BB 01) e unidade de evaporação que neste estudo foi subdividida
em economizador (ECO), evaporador 01 (EVP 01), evaporador 02 (EVP 02) e
superaquecedor (SAQ). Também foram incorporados ao ciclo um gerador de energia elétrica
(GER) e uma subestação de energia elétrica (SEE) que é responsável por alimentar o processo
produtivo de cimento e o motor elétrico da bomba (M). A configuração proposta do CRO
simples é apresentada na Figura 17.
Figura 17 - CRO simples
Fonte: Elaborado pelo autor.
O funcionamento do CRO simples é similar ao do ciclo ideal explanado na seção 3.3.
Todavia, por se tratar de um ciclo real, foi considerado na modelagem o aumento de entropia
do fluido de trabalho nos processos de expansão na turbina (1-2) e compressão na bomba (3-
4), além das perdas no gerador de energia elétrica e motor elétrico da bomba. Ademais, optou-
se por separar o escoamento do fluido orgânico em dois fluxos após o economizador e uni-los
novamente após a passagem dos mesmos pelos evaporadores a fim de tirar o máximo proveito
da energia térmica das duas fontes de calor do processo produtivo de cimento conforme a
abordagem empregada por Mirolli (2006) em seu estudo.
92
Aplicando os conceitos sobre o aperfeiçoamento do rendimento do ciclo Rankine
verificados na literatura estudada, foi modelada também uma composição regenerativa de
CRO. Como pode ser percebido na Figura 18, houve adição de quatro novos componentes ao
ciclo: (i) aquecedor de alimentação fechado (AAF); (ii) purgador (PURG); (iii) aquecedor de
alimentação aberto (AAA); e (iv) mais uma bomba centrífuga (BB 02). Ainda, a turbina
simples foi substituída por uma turbina com três seções e duas extrações de vapor para
alimentação do AAA e AAF. Esta modificação no esquema térmico do ciclo teve por objetivo
incrementar seu desempenho de modo a elevar as temperaturas termodinâmicas médias dos
fluidos de trabalho no processo de admissão de calor. Além do mais, o funcionamento do
ciclo regenerativo é, até certo ponto, semelhante ao do CRO simples, com a diferença de que
até o término da expansão do fluido orgânico na turbina (processo 1-4), ocorrem extrações de
vapor na primeira e segunda seções do equipamento (processos 1-2 e 1-3, nesta ordem).
Figura 18 - CRO regenerativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Após entrada do fluido de trabalho na turbina, a primeira extração de vapor segue para
o aquecedor de alimentação aberto (processo 1-2), enquanto que a segunda extração é enviada
ao aquecedor de alimentação fechado e logo após passar pelo purgador, o fluido condensado é
enviado ao condensador, onde se mistura à parcela de fluido que passou por todo o processo
de expansão na turbina (processo 3-16-17). Após ser totalmente expandida na turbina
(processo 1-4), esta porção do fluido orgânico passa pelo condensador (processo 4-5), é
93
bombeada até o aquecedor de alimentação fechado (processo 5-6), onde troca calor com a
segunda extração de vapor da turbina (processo 6-7), e segue para o aquecedor de alimentação
aberto, onde é misturada com a primeira extração de vapor. O restante do funcionamento
desta configuração é idêntico ao do arranjo simples.
As duas composições de CRO foram modeladas nas condições subcrítica e subcrítica
com superaquecimento a partir da aplicação da primeira e segunda leis da termodinâmica nos
componentes dos ciclos visando quantificar as interações energéticas e exergéticas. Em face
disso, cada equipamento foi analisado como um volume de controle, tendo suas fronteiras
delimitadas pelos pontos de transferência de massa. Também foi estabelecido que:
a) As variações de energia cinética e energia potencial dos fluxos nas fronteiras do
volume de controle eram desprezíveis;
b) As taxas de variação de energia, entropia e exergia dentro do volume de controle eram
nulas, isto é, considerou-se o volume de controle em regime permanente;
c) Os processos eram adiabáticos, pois não ocorreu transferência de calor para a
vizinhança;
d) Os gases de exaustão do processo produtivo de cimento comportaram-se como gases
ideais.
As Tabelas 12 a 19 demonstram os balanços de massa, energia, entropia e exergia
empregados aos componentes dos ciclos.
Tabela 12 - Modelagem termodinâmica da turbina simples
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 = �̇�2 = �̇�12
Balanço de energia: �̇�𝑇𝑈𝑅𝐵 = �̇�12(ℎ1 − ℎ2)
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�12(𝑠2 − 𝑠1)
Eficiência isentrópica: 𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 = (ℎ1 − ℎ2) (ℎ1 − ℎ2𝑠𝑠)⁄
Insumo exergético: �̇� = �̇�12(𝑒𝑥1 − 𝑒𝑥2)
Produto exergético: �̇� = �̇�12(ℎ1 − ℎ2) = �̇�𝑇𝑈𝑅𝐵
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
94
Tabela 13 - Modelagem termodinâmica da turbina de três seções
Ilustração Equação
Balanço de massa:
�̇�1 = �̇�2 + �̇�3 + �̇�4
�̇�2 = �̇�1𝑦2
�̇�3 = �̇�1𝑦3
�̇�4 = �̇�1(1 − 𝑦2 − 𝑦3)
Balanço de energia: �̇�𝑇𝑈𝑅𝐵 = �̇�1ℎ1 − (�̇�2ℎ2 + �̇�3ℎ3 + �̇�4ℎ4)
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = (�̇�2𝑠2 + �̇�3𝑠3 + �̇�4𝑠4) − �̇�1𝑠1
Eficiências isentrópicas das
seções:
𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 01 = (ℎ1 − ℎ2) (ℎ1 − ℎ2𝑠𝑠)⁄
𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 02 = (ℎ2 − ℎ3) (ℎ2 − ℎ3𝑠𝑠)⁄
𝜂𝑇𝑈𝑅𝐵 03 = (ℎ3 − ℎ4) (ℎ3 − ℎ4𝑠𝑠)⁄
Insumo exergético: �̇� = �̇�1𝑒𝑥1 − (�̇�2𝑒𝑥2 + �̇�3𝑒𝑥3 + �̇�4𝑒𝑥4)
Produto exergético: �̇� = �̇�1ℎ1 − (�̇�2ℎ2 + �̇�3ℎ3 + �̇�4ℎ4)
= �̇�𝑇𝑈𝑅𝐵
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 14 - Modelagem termodinâmica das bombas centrífugas
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 = �̇�2 = �̇�12
Balanço de energia: �̇�𝐵𝐵 = �̇�12(ℎ2 − ℎ1)
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�12(𝑠2 − 𝑠1)
Eficiência isentrópica: 𝜂𝐵𝐵 = (ℎ2𝑠𝑠 − ℎ1) (ℎ2 − ℎ1)⁄
Insumo exergético: �̇� = �̇�12(ℎ2 − ℎ1) = �̇�𝐵𝐵
Produto exergético: �̇� = �̇�12(𝑒𝑥2 − 𝑒𝑥1)
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 15 - Modelagem termodinâmica do aquecedor de alimentação aberto
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 + �̇�2 = �̇�3
Balanço de energia: �̇�1ℎ1 + �̇�2ℎ2 = �̇�3ℎ3
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�3𝑠3 − �̇�2𝑠2 − �̇�1𝑠1
Insumo exergético: �̇� = �̇�1(𝑒𝑥1 − 𝑒𝑥3)
Produto exergético: �̇� = �̇�2(𝑒𝑥3 − 𝑒𝑥2)
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
95
Tabela 16 - Modelagem termodinâmica do condensador do CRO simples
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 = �̇�2 = �̇�12; �̇�𝑎 = �̇�𝑏 = �̇�𝑎𝑏
(�̇�1 − �̇�2) + (�̇�𝑎 − �̇�𝑏) = 0
Balanço de energia: �̇�12(ℎ1 − ℎ2) + �̇�𝑎𝑏(ℎ𝑎 − ℎ𝑏) = 0
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�12(𝑠2 − 𝑠1) + �̇�𝑎𝑏(𝑠𝑏 − 𝑠𝑎) = 0
Insumo exergético: �̇� = �̇�12(𝑒𝑥1 − 𝑒𝑥2)
Produto exergético: �̇� = �̇�𝑎𝑏(𝑒𝑥𝑏 − 𝑒𝑥𝑎)
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 17 - Modelagem termodinâmica do condensador do CRO regenerativo
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 + �̇�2 = �̇�3; �̇�𝑎 = �̇�𝑏 = �̇�𝑎𝑏
(�̇�1 + �̇�2) − �̇�3 + (�̇�𝑎 − �̇�𝑏) = 0
Balanço de energia: (�̇�1ℎ1 + �̇�2ℎ2) − �̇�3ℎ3 + �̇�𝑎𝑏(ℎ𝑎 − ℎ𝑏)
= 0
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = (�̇�3𝑠3 − �̇�2𝑠2 − �̇�1𝑠1)
+�̇�𝑎𝑏(𝑠𝑏 − 𝑠𝑎) = 0
Insumo exergético: �̇� = (�̇�1𝑒𝑥1 + �̇�2𝑒𝑥2) − �̇�3𝑒𝑥3
Produto exergético: �̇� = �̇�𝑎𝑏(𝑒𝑥𝑏 − 𝑒𝑥𝑎)
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 18 - Modelagem termodinâmica do purgador
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 = �̇�2
Balanço de energia: �̇�1ℎ1 = �̇�2ℎ2
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�2𝑠2 − �̇�1𝑠1
Insumo exergético: �̇� = �̇�1𝑒𝑥1
Produto exergético: �̇� = �̇�2𝑒𝑥2
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
96
Tabela 19 - Modelagem termodinâmica do aquecedor de alimentação fechado,
economizador, evaporadores e superaquecedor
Ilustração Equação
Balanço de massa: �̇�1 = �̇�2 = �̇�12; �̇�𝑎 = �̇�𝑏 = �̇�𝑎𝑏
(�̇�1 − �̇�2) + (�̇�𝑎 − �̇�𝑏) = 0
Balanço de energia: �̇�12(ℎ1 − ℎ2) + �̇�𝑎𝑏(ℎ𝑎 − ℎ𝑏) = 0
Balanço de entropia: �̇�𝑔𝑒𝑟 = �̇�12(𝑠2 − 𝑠1) + �̇�𝑎𝑏(𝑠𝑏 − 𝑠𝑎) = 0
Insumo exergético: �̇� = �̇�12(𝑒𝑥1 − 𝑒𝑥2)
Produto exergético: �̇� = �̇�𝑎𝑏(𝑒𝑥𝑏 − 𝑒𝑥𝑎)
Eficiência exergética: 𝜂𝑒𝑥 = �̇� �̇�⁄
Irreversibilidade: 𝐼̇ = �̇� − �̇� = 𝑇0�̇�𝑔𝑒𝑟
Consumo exergético unitário: 𝑘 = 1 𝜂𝑒𝑥⁄
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na modelagem dos trocadores de calor, definiu-se o condensador como sendo um
trocador do tipo casco e tubos de único passe com escoamento contracorrente, ao passo que a
configuração de fluxo cruzado não aletado foi adotada para os demais trocadores de calor em
ambos os arranjos de CRO investigados. O fator de correção 𝐹 apresentado na seção 3.4 foi
calculado empregando-se funções internas do EES tendo como dados de entrada as variáveis
adimensionais 𝛼 e 𝛽 exibidas nas equações (11) e (12), respectivamente. Além disso, os
coeficientes globais de transferência de calor fornecidos por Ulrich e Vasudevan (2004) em
função dos tipos de fluidos e da interação entre os estados físicos dos mesmos foram
aplicados na modelagem dos trocadores e são mostrados na Tabela 20.
Tabela 20 - Coeficientes globais de transferência de calor por tipo de interação
Equipamento Tipo de interação U (W/m²-K)
Condensador Líquido/Gás - Líquido 350,00
Aquecedor de alimentação fechado Líquido/Gás - Líquido 400,00
Economizador e Evaporadores 01/02 Líquido - Gás 80,00
Superaquecedor Gás - Gás 90,00 Fonte: Adaptado de Ulrich e Vasudevan (2004).
Os dados de entrada referentes aos gases de exaustão do processo de produção de
cimento foram extraídos de Cimento Apodi (2015), uma unidade fabril de cimento localizada
na cidade de Quixeré no estado do Ceará com capacidade produtiva de 3.500 toneladas de
clínquer por dia. Outros dados de entrada como as eficiências isentrópicas da bomba e turbina
foram fornecidas por Wang, Dai e Gao (2009). As demais informações iniciais assumidas na
modelagem, comumente usadas por vários autores neste tipo de pesquisa, foram obtidas a
97
partir das publicações estudadas. As Tabelas 21 e 22 expõem, nesta ordem, um resumo dos
dados de entrada dos gases do processo produtivo de cimento e eficiências dos equipamentos,
bem como outros dados iniciais.
Tabela 21 - Dados dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento
Variável UM Valor
Dados do ar quente de descarga do resfriador de clínquer:
Composição molar: N2 % 79,00
O2 % 21,00
Temperatura de entrada / saída na unidade de evaporação ºC 440,00 / 114,00
Vazão mássica kg/s 48,15
Dados do gás de exaustão do pré-aquecedor de suspensão:
Composição molar: CO2 % 26,30
N2 % 64,58
O2 % 4,94
H2O % 4,18
Temperatura de entrada / saída na unidade de evaporação ºC 310,00 / 228,00
Vazão mássica kg/s 88,03 Fonte: Adaptado de Cimento Apodi (2015).
Tabela 22 - Eficiências isentrópicas dos equipamentos e demais dados de entrada
Variável UM Valor
Eficiência isentrópica das bombas % 70,00
Eficiência isentrópica das turbinas e suas seções % 85,00
Eficiência do gerador de energia elétrica % 98,50
Eficiência do motor elétrico da bomba % 99,00
Pressão dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento MPa 0,101
Pressão ambiente MPa 0,101
Temperatura ambiente ºC 22,00
Diferença de temperatura entre o fluido orgânico e a água de resfriamento ºC 8,00 Fonte: Elaborado pelo autor.
Ademais, decidiu-se modelar as configurações de CRO propostas com a utilização de
diferentes dados de entrada relativos às características dos gases de exaustão do processo de
produção de cimento. Tais informações foram extraídas da literatura analisada e contavam
com temperaturas distintas dos gases de exaustão na entrada da unidade de evaporação, além
de variados patamares de produção de clínquer. Visto que na maioria dos trabalhos
averiguados não havia informações sobre as temperaturas dos gases de exaustão na saída da
unidade de evaporação ou a composição química destes gases, aderiu-se como padrão para
estes dados as mesmas informações fornecidas por Cimento Apodi (2015). A Tabela 23 exibe
as principais informações destes gases obtidas a partir dos estudos de diferentes autores.
98
Tabela 23 - Principais informações dos gases de exaustão do processo produtivo de
cimento e produção diária de clínquer apresentadas por outros autores
Autor
Produção
de clínquer
[ton/dia]
Ar quente de descarga
do resfriador de clínquer
Gás de exaustão do pré-
aquecedor de suspensão
Te
[°C]
�̇�
[kg/s]
Te
[°C]
�̇�
[kg/s]
ECRA (2009) 3.000 280,00 57,53 375,00 76,71
Mirolli (2006) 3.000 360,00 33,16 385,00 76,50
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 320,00 86,20 340,00 126,56
Kalex (2010) 6.300a 300,00 126,10 340,00 159,00
Fonte: Elaborado pelo autor.
a Estimado a partir da capacidade das fontes com menor produção diária de clínquer.
A ferramenta computacional usada na modelagem foi o software EES Professional
V.10.092 que executa cálculos baseados em funções e propriedades termodinâmicas presentes
em sua biblioteca, além de oferecer soluções para sistemas de equações não lineares. O
computador utilizado nas simulações possuía sistema operacional Windows® 7 64 Bits com
processador Intel® Core i7, clock de 2,7 GHz e memória RAM de 8 GB. De posse do
conjunto de dados de entrada, equações apresentadas no capítulo 3 e software para elaboração
dos modelos, foi possível calcular os valores das propriedades termodinâmicas em cada
estado, bem como os parâmetros de operação das duas composições de CRO nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento definidas neste estudo. Os resultados obtidos
são mostrados e discutidos adiante no capítulo 5.
4.3 Validação da modelagem do CRO simples subcrítico
Considerando a grande importância de se verificar a confiabilidade da modelagem
termodinâmica realizada, julgou-se necessário comparar os principais resultados obtidos aos
de modelos com configurações similares presentes na literatura consultada tendo como fator
comum os mesmos dados de entrada. Dentre a bibliografia avaliada, não foram encontradas
aplicações de CROs regenerativos em condições semelhantes às deste trabalho. Já no caso do
CRO simples, observou-se que a pesquisa desenvolvida por Wang, Dai e Gao (2009) foi a
única que contou com circunstâncias similares às deste estudo para este ciclo. Os autores
analisaram um arranjo de CRO simples subcrítico para recuperação de calor residual na
indústria de cimento a partir dos gases de exaustão do processo produtivo. As temperaturas
desses gases na entrada da unidade de evaporação e vazões mássicas fornecidas na Tabela 23
foram empregadas como dados de entrada, além das eficiências isentrópicas da bomba e
turbina demonstradas na Tabela 22. As demais informações estão resumidas na Tabela 24.
99
Tabela 24 - Dados de entrada do modelo de CRO simples com configuração alternativa
Variável UM Valor
Temperatura de saída do gás de exaustão do pré-aquecedor de suspensão ºC 210,00
Temperatura de saída do ar quente de descarga do resfriador de clínquer ºC 75,00
Temperatura do fluido de trabalho na entrada da turbina ºC 318,62
Pressão do fluido de trabalho na entrada da turbina MPa 3,00 Fonte: Adaptado de Wang, Dai e Gao (2009).
Na composição estudada por Wang, Dai e Gao (2009), o CRO simples subcrítico
apresentava trocadores de calor dispostos em duas unidades de evaporação. A Figura 19
evidencia a configuração do sistema examinada pelos autores.
Figura 19 - CRO simples com configuração alternativa
Fonte: Adaptado de Wang, Dai e Gao (2009).
Confrontando o arranjo de CRO simples subcrítico desenvolvido neste trabalho
(Figura 17) com a composição estudada por Wang, Dai e Gao (2009), verifica-se que a
diferença mais perceptível está na quantidade de unidades de evaporação, duas neste caso, as
quais foram compostas por um economizador, um evaporador e um superaquecedor. O
funcionamento do ciclo proposto pelos autores resume-se em: (i) após pressurização pela
bomba (processo 6-5), o escoamento do fluido de trabalho é separado em dois fluxos
(processos 5-2 e 5-4); (ii) as correntes de fluido são aquecidas, vaporizadas e superaquecidas
em cada unidade de evaporação (processos 2-1 e 4-3); (iii) os fluxos são misturados antes da
entrada na turbina e o fluido é expandido na mesma para geração de potência (processo 8-7);
e (iv) após o processo de expansão na turbina, o fluido orgânico é condensado e retorna à
bomba para iniciar um novo ciclo (processo 7-6).
100
Ainda, alguns estados do CRO investigado por Wang, Dai e Gao (2009) podem ser
relacionados aos do ciclo simples subcrítico proposto neste estudo. Desta forma, o estado 8 é
equivalente ao 1, o estado 7 corresponde ao 2, o 6 ao 3 e o 5 ao 4, respectivamente. Partindo
deste princípio, o CRO simples subcrítico concebido neste trabalho foi simulado com os
mesmos dados de entrada fornecidos pelos autores, vide Tabelas 22, 23 e 24. Considerou-se
também na simulação as composições molares dos gases de exaustão do processo de produção
de cimento apresentadas na Tabela 21. Os resultados colhidos foram contrastados aos
encontrados por Wang, Dai e Gao (2009) no capítulo subsequente.
4.4 Modelagem econômica
Durante a modelagem econômica dos ciclos mostrada nas seções 3.7 e 3.8, adotou-se
parâmetros conforme os usados nas publicações avaliadas pertinentes ao assunto.
Primeiramente, foram estipulados parâmetros gerais que foram empregados tanto na
estimativa de custos, quanto no cálculo dos indicadores econômicos. Em seguida, foram
determinados os aspectos específicos para cada análise.
No tocante aos parâmetros gerais, foi assumido que o gás de exaustão do pré-
aquecedor de suspensão e o ar quente de descarga do resfriador de clínquer estavam
disponíveis a custo zero. Também foram desconsiderados os gastos com aquisição do fluido
de trabalho, em razão de não terem sido obtidas informações construtivas do projeto
suficientes, como comprimento e diâmetro das tubulações, quantidade e tipos de acessórios
nas redes, etc., que possibilitassem estimar o volume de fluido necessário e seu custo. Além
do mais, todos os custos foram calculados em dólar americano convertido em moeda
brasileira a uma taxa de câmbio fornecida pelo Banco Central do Brasil (BCB) de 3,2585
R$/US$ referente à data de 31/12/2016 (BCB, 2016).
Em relação à estimativa de custos, optou-se por seguir a recomendação de Whittaker
(2009) e foi estabelecido que o aço inoxidável fosse o material construtivo dos componentes
do sistema. Os fatores de indexação foram extraídos de BOE (2017), enquanto que o custo
específico para operação e manutenção do CRO foi obtido de Elson, Tidball e Hampson
(2015). O período de tempo usado nesta análise indica o tempo estimado de vida útil de uma
planta de cogeração de energia utilizado por diversos autores nos trabalhos examinados e a
quantidade de horas de operação do ciclo também segue esta vertente. A taxa de juros adotada
foi baseada na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) vigente no Brasil no início do ano de
2016 (FINEP, 2016). Estas informações e seus respectivos valores são exibidos na Tabela 25.
101
Tabela 25 - Dados de entrada utilizados na modelagem econômica
Variável UM Valor
Fator de indexação para o ano de 2004 - 124
Fator de indexação para o ano de 2016 - 100
Custo específico de operação e manutenção do sistema R$/kWh 0,02
Vida útil anos 20
Quantidade de horas de operação do ciclo h/ano 8.030
Taxa de juros % a.a. 7,00 Fonte: Elaborado pelo autor.
No que se refere aos indicadores econômicos, os fluxos de caixa desenvolvidos neste
estudo seguiram uma estrutura simples conforme mostrado na equação (37). Este indicador
foi calculado a partir dos resultados de potência líquida produzida pelos ciclos durante as
otimizações multiplicado pela quantidade de horas de operação do CRO e pela tarifa média de
fornecimento de energia elétrica para a classe industrial praticada pela Companhia Energética
de Minas Gerais S. A. (CEMIG) no ano de 2016 com o valor de 0,4307 R$/kWh (DGSE,
2016). Deste modo, os resultados obtidos para o fluxo de caixa após o investimento inicial
permitiram mensurar a economia gerada através das receitas advindas da descontinuação na
aquisição de eletricidade da referida concessionária de energia elétrica.
𝐹𝐶𝑛 = ∑ �̇�𝑐
𝑛
𝑛=0
∙ 𝐻𝑂 ∙ 𝑇𝐸𝐸 (37)
Onde:
𝑇𝐸𝐸 - Tarifa média de fornecimento de energia elétrica pela concessionária [R$/kWh].
4.5 Otimização dos resultados
A princípio, a otimização dos parâmetros operacionais dos ciclos averiguados teve o
intuito de encontrar o máximo valor de potência líquida produzida pelos mesmos com os
fluidos de trabalho orgânicos escolhidos na seção 4.1. Assim sendo, a maximização da
potência líquida gerada pelos CROs foi definida como função objetivo na primeira etapa de
otimizações. Este parâmetro também foi estabelecido como o principal critério comparativo
neste trabalho. Além disso, os resultados de outros parâmetros termodinâmicos vinculados à
produção de potência dos ciclos como calor fornecido ao sistema, vazão mássica na entrada
da turbina, exergia destruída no CRO e eficiências térmica e exergética também foram
analisados. Em um segundo momento, os resultados de potência líquida encontrados nas
102
otimizações foram comparados aos resultados colhidos durante as simulações dos ciclos de
forma a evidenciar o efeito benéfico de se trabalhar com parâmetros operacionais otimizados.
Este primeiro estágio de otimizações foi finalizado com a apreciação dos resultados da
modelagem econômica.
Posteriormente, outros parâmetros operacionais também foram otimizados com a
finalidade de se verificar o impacto dos mesmos sobre a performance do CRO e resultados
uns dos outros. Por este motivo, a maximização da eficiência exergética e minimização dos
custos específicos do investimento e para geração de energia elétrica foram também definidos
como função objetivo na segunda fase de otimizações. A razão pela qual a maximização da
eficiência exergética foi eleita como função objetivo nesta etapa das otimizações é justificada
pelo fato de que este parâmetro e a potência líquida produzida pelos ciclos são os que melhor
representam o desempenho termodinâmico dos CROs por contemplarem tanto a potência
fornecida para consumo final, quanto o rendimento do sistema considerando as perdas por
ação de irreversibilidades. Já a minimização dos custos específicos do investimento e para
geração de eletricidade também foram escolhidos como função objetivo por melhor retratarem
a modelagem econômica efetuada em virtude de englobarem parâmetros deveras importantes
como potência líquida produzida pelos ciclos, custo total do investimento e demais custos
relevantes que são aplicados na prática.
No último estágio de otimizações, foram variadas as características dos gases de
exaustão do processo produtivo de cimento. Os dados foram extraídos dos estudos realizados
por diferentes autores conforme exposto na Tabela 23 da seção 4.2. Nesta etapa, tanto a
maximização da potência líquida gerada e eficiência exergética dos CROs e a minimização
dos custos específicos do investimento e para produção de energia elétrica foram novamente
estabelecidos como função objetivo e os resultados foram investigados.
No que tange aos parâmetros operacionais, os ciclos simples e regenerativos foram
otimizados na condição operacional subcrítica modificando-se a diferença de temperaturas
entre a entrada do fluido orgânico no evaporador 02 e a saída dos gases de exaustão no
equipamento. Outro parâmetro otimizado foi a temperatura de sub-resfriamento no
economizador. Em seguida, os ciclos foram otimizados na condição de operação subcrítica
com superaquecimento usando o mesmo procedimento empregado na condição subcrítica. No
entanto, também foi variada a diferença de temperaturas entre a saída do fluido de trabalho
orgânico e a entrada dos gases de exaustão no evaporador 01, bem como a temperatura na
entrada da turbina desde a temperatura na pressão ótima de operação determinada na
simulação do CRO ideal até uma temperatura 10°C inferior à temperatura do ar quente de
103
descarga do resfriador de clínquer na entrada do superaquecedor. Esta lógica foi adotada na
otimização da potência líquida e demais parâmetros de operação. Logo, todas as otimizações
contaram com os mesmos intervalos de variação dos parâmetros de operação e restrições
aplicadas aos CROs, alterando somente a função objetivo dependendo do foco da análise.
Deve-se salientar que as faixas de temperaturas estudadas foram estipuladas a fim de
proporcionar a convergência dos cálculos durante as otimizações dos ciclos e assegurar que as
temperaturas dos gases de exaustão nas saídas dos evaporadores 01 e 02 fossem superiores
aos limites mínimos extraídos de Cimento Apodi (2015) na Tabela 21. Ainda, as razões de
pressão nas extrações da turbina nos ciclos regenerativos foram mantidas constantes em
valores especificados conforme o fluido em análise de modo a viabilizar o correto
funcionamento desta configuração em ambas as condições operacionais examinadas. As
Tabelas 26 e 27 mostram os intervalos de variação dos parâmetros operacionais para os ciclos
subcríticos e subcríticos com superaquecimento, nesta ordem, assim como as razões de
pressão especificadas para cada fluido no arranjo regenerativo.
Tabela 26 - Faixas de variação dos parâmetros otimizados na condição subcrítica
Fluido
Ambos os ciclos CRO Simples CRO Regenerativo
ΔTEVP 02
min - máx
[°C]
ΔTsub resf
min - máx
[°C]
ΔTsub resf
min - máx
[°C]
P2/P1 P3/P1
R11
100 - 200
71 - 139 31 - 66 0,25 0,10
R123 111 - 130 44 - 67 0,25 0,15
R124 74 - 78 41 - 61 0,20 0,15
R141b 97 - 139 45 - 67 0,25 0,10
R142b 84 - 91 36 - 66 0,20 0,15
R245fa 96 - 103 52 - 66 0,20 0,10
R600 91 - 100 62 - 71 0,20 0,15
R600a 77 - 83 49 - 65 0,20 0,15 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 27 - Faixas de variação dos parâmetros otimizados na condição subcrítica com
superaquecimento
Fluido
Ambos os ciclos CRO Simples CRO Regenerativo
ΔTEVP 02
min - máx
[°C]
ΔTEVP 01
min - máx
[°C]
T1
min - máx
[°C]
ΔTsub resf
min - máx
[°C]
ΔTsub resf
min - máx
[°C]
P2/P1 P3/P1
R11
100 - 200 100 - 200
T1 em
P1,otm
até 430
71 - 139 31 - 66 0,25 0,10
R123 111 - 130 44 - 67 0,25 0,15
R124 74 - 78 41 - 61 0,20 0,15
R141b 97 - 139 45 - 67 0,25 0,10
R142b 84 - 91 36 - 66 0,20 0,15
R245fa 96 - 103 52 - 66 0,20 0,10
R600 91 - 100 62 - 71 0,20 0,15
R600a 77 - 83 49 - 65 0,20 0,15 Fonte: Elaborado pelo autor.
104
Finalmente, a Tabela 28 resume as informações sobre os parâmetros considerados
durante a execução das otimizações por algoritmo genético e as restrições aplicadas aos
ciclos. O método de algoritmo genético presente na biblioteca do EES, o qual é derivado do
programa Pikaia (V.1.02, 2002) de domínio público escrito por Paul Charbonneau e Barry
Knapp, foi utilizado na otimização das variáveis mencionadas.
Tabela 28 - Parâmetros das otimizações por algoritmo genético e restrições utilizadas
Variável UM Valor
Parâmetros das otimizações por algoritmo genético:
Número de gerações - 64
Número de indivíduos - 32
Taxa de mutação - 0,2625
Restrições aos ciclos modelados:
Consumo exergético unitário - ≥ 1
Geração de entropia em cada componente do ciclo kW ≥ 0
Irreversibilidade gerada em cada equipamento do ciclo kW ≥ 0
Temperatura de saída do ciclo do ar quente do resfriador de clínquer °C ≥ 114,00
Temperatura de saída do ciclo do gás de exaustão do pré-aquecedor °C ≥ 228,00 Fonte: Elaborado pelo autor.
105
5. RESULTADOS
Neste capítulo, os resultados encontrados no desenvolvimento deste estudo são
apresentados e discutidos. Inicialmente, são avaliados os resultados da modelagem do CRO
ideal. Logo depois, é exposta a validação do modelo de CRO simples subcrítico concebido
neste trabalho. Subsequentemente, os resultados termodinâmicos e econômicos colhidos na
otimização dos ciclos propostos tendo a maximização da potência líquida como função
objetivo são mostrados e confrontados. Já os resultados atingidos na otimização dos ciclos
com outros parâmetros de operação são exibidos mais adiante. Por último, são apresentados e
contrastados os resultados dos CROs trabalhando com diferentes dados dos gases de exaustão
do processo de produção de cimento fornecidos por autores da literatura analisada.
5.1 CRO ideal
Após variar a temperatura dos fluidos de trabalho selecionados na entrada na turbina
conforme elucidado na seção 4.1.5, os resultados revelaram que o sistema foi capaz de gerar
os maiores patamares de potência líquida específica com os fluidos isentrópicos R600, R600a
e R141b e o fluido seco R123. A superioridade destes fluidos neste caso é atribuída à maior
diferença de entalpia entre entrada e a saída da turbina demonstrada pelos mesmos em relação
aos demais fluidos. Além do mais, percebeu-se que existe uma faixa de temperaturas para os
fluidos estudados em que a potência líquida específica produzida pelo CRO se amplia com o
crescimento da temperatura dos mesmos na entrada da turbina. Em contrapartida, houve uma
reversão desse comportamento na medida em que esta temperatura se aproximou da
temperatura crítica do fluido orgânico. Este resultado, exposto na Figura 20, está em
conformidade com as constatações obtidas por Li, X. e outros (2014) em sua pesquisa.
Sob a ótica de eficiência térmica, o CRO ideal foi mais eficiente operando com fluidos
que trabalharam com temperaturas mais altas na entrada da turbina. Observou-se ainda que o
comportamento da eficiência térmica do ciclo ao se variar a temperatura na entrada da turbina
mostrou-se semelhante ao que foi evidenciado nos resultados de potência líquida específica.
Em outras palavras, houve acréscimo na eficiência térmica do sistema com o incremento da
temperatura do fluido na entrada da turbina. Apesar disso, este parâmetro sofreu decrementos
quando a temperatura do fluido foi se aproximando de sua temperatura crítica como exibido
na Figura 21. O fluido seco R123 alcançou a eficiência térmica mais elevada dentre os fluidos
avaliados, seguido pelos fluidos isentrópicos R141b e R11.
106
Figura 20 - Potência líquida específica produzida pelo ciclo ideal com variação da
temperatura na entrada da turbina para diversos fluidos de trabalho
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 21 - Eficiência térmica do ciclo ideal com variação da temperatura na entrada da
turbina para diversos fluidos de trabalho
Fonte: Elaborado pelo autor.
107
De forma oposta ao que ocorreu nos resultados referentes à potência líquida específica
gerada pelo CRO ideal, os fluidos isentrópicos R600 e R600a não atingiram os melhores
resultados em termos de eficiência térmica. Este fato justifica-se por estes fluidos terem
requerido maior aporte de calor da fonte térmica durante o processo de evaporação, já que
suas temperaturas críticas são mais baixas que as dos fluidos orgânicos mais eficientes sob o
prisma de eficiência térmica.
Os resultados mais importantes encontrados na simulação do ciclo ideal no ponto de
máxima produção de potência líquida específica e eficiência térmica como a pressão ótima de
operação e temperatura na entrada da turbina, variação da entalpia do fluido na mesma e calor
específico cedido ao sistema estão demonstrados na Tabela 29. Após determinar a pressão
ótima de operação para cada fluido de trabalho no CRO ideal, a mesma foi empregada como
dado de entrada durante as otimizações dos CROs reais propostos neste estudo.
Tabela 29 - Resultados da simulação do CRO ideal
Fluido Classificação P1,otm
[MPa]
T1
[°C]
ΔhTURB
[kJ/kg]
(�̇�𝒆 �̇�𝟏⁄ )
[kJ/kg]
(�̇�𝒄 �̇�𝟏⁄ )
[kJ/kg]
ηth
[%]
R11
Isentrópico
3,674 185,36 57,27 222,16 53,19 23,94
R124 3,181 115,27 27,45 164,24 25,42 15,48
R141b 2,996 181,82 80,03 300,54 76,42 25,43
R142b 3,494 128,58 43,18 226,65 39,83 17,57
R600 2,974 137,23 112,88 467,29 108,17 23,15
R600a 2,859 120,44 84,20 405,80 79,72 19,65
R123 Seco
2,799 166,90 64,85 233,23 63,00 27,01
R245fa 2,813 139,96 58,44 245,52 56,46 23,00 Fonte: Elaborado pelo autor.
5.2 Validação do CRO simples subcrítico
Conforme explanado na seção 4.3, o ciclo simples subcrítico foi validado com base no
estudo realizado por Wang, Dai e Gao (2009). Para o cálculo das propriedades
termodinâmicas de cada estado, os autores assumiram uma diferença de 10ºC entre as
temperaturas de entrada dos gases de exaustão e de saída do fluido orgânico nas unidades de
evaporação, variação de 5ºC entre a temperatura ambiente e a temperatura do fluido na saída
do condensador, além das informações exibidas nas Tabelas 22, 23 e 24. A temperatura de
referência adotada por Wang, Dai e Gao (2009) foi de 15ºC e o fluido de trabalho usado foi o
fluido R123 de classificação isentrópica. A Tabela 30 expõe os valores dos estados
termodinâmicos obtidos pelos autores, enquanto que a Tabela 31 mostra os valores da
simulação do CRO simples subcrítico a partir dos mesmos dados de entrada.
108
Tabela 30 - Resultados dos estados termodinâmicos do CRO alternativo
Estado T
[°C]
P
[MPa]
X
[-]
h
[kJ/kg]
s
[kJ/kg-K]
�̇�
[kg/s]
1 330,00 3,000 1,000 634,20 2,026 45,15
2 21,81 3,000 0,000 222,90 1,074 45,15
3 310,00 3,000 1,000 614,30 1,993 59,68
4 21,81 3,000 0,000 222,90 1,074 59,68
5 21,81 3,000 0,000 222,90 1,074 104,83
6 20,00 0,076 0,000 220,10 1,071 104,83
7 206,38 0,076 1,000 537,60 2,039 104,83
8 318,62 3,000 1,000 622,90 2,007 104,83 Fonte: Adaptado de Wang, Dai e Gao (2009).
Tabela 31 - Resultados dos estados termodinâmicos do CRO simples subcrítico proposto
Estado T
[°C]
P
[MPa]
X
[-]
h
[kJ/kg]
s
[kJ/kg-K]
�̇� [kg/s]
1 318,62 3,000 - 642,15 2,042 94,62
2 216,37 0,076 - 553,95 2,074 94,62
3 20,00 0,076 0,000 221,01 1,074 94,62
4 21,79 3,000 - 223,84 1,077 94,62
5 93,16 3,000 - 300,76 1,309 94,62
6 93,16 3,000 - 300,76 1,309 87,05
7 93,16 3,000 - 300,76 1,309 7,57
8 171,16 3,000 1,000 468,14 1,706 7,57
9 171,16 3,000 1,000 468,14 1,706 87,05
10 171,16 3,000 1,000 468,14 1,706 94,62 Fonte: Elaborado pelo autor.
Confrontando os resultados dos dois modelos, contatou-se uma clara divergência na
grande maioria dos valores obtidos. Utilizando os resultados de entalpia como exemplo dessa
discrepância, verificou-se que a diferença de entalpia na turbina, condensador e bomba foram
de 85,30 kJ/kg, 317,50 kJ/kg e 2,80 kJ/kg no modelo de Wang, Dai e Gao (2009),
respectivamente. Já no modelo concebido neste trabalho, as variações de entalpia nestes
mesmos componentes foram de 88,20 kJ/kg, 332,94 kJ/kg e 2,83 kJ/kg.
Esta disparidade nos resultados é explicada pelo uso das composições distintas para o
processo de evaporação do fluido orgânico em ambos os ciclos. Outro fator que também pode
ter contribuído para esta divergência, porém em menor proporção, foram os softwares
empregados pelos autores para obtenção das propriedades termodinâmicas dos estados
(REFROP 6.01) e simulação dos ciclos (programa de autoria própria). Deste modo, apesar dos
ciclos contarem com os mesmos dados de entrada, os principais resultados do CRO simples
subcrítico proposto como potência gerada pela turbina, potência consumida pela bomba, calor
fornecido ao sistema, potência líquida e eficiência térmica revelaram-se inferiores aos
resultados colhidos por Wang, Dai e Gao (2009) em 6,74%, 9,46%, 5,62%, 6,65% e 0,92%,
nesta ordem.
109
Com o objetivo de minimizar os desvios encontrados na validação, alguns dados de
entrada foram modificados visando aproximar a vazão mássica e diferenças de entalpia do
CRO simples subcrítico concebido com os valores extraídos da publicação de Wang, Dai e
Gao (2009). Para isto, tanto a temperatura do fluido de trabalho na entrada na turbina, quanto
as temperaturas dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento na saída da unidade
de evaporação foram ajustadas até que o valor da entalpia na entrada da turbina e a vazão
mássica do fluido orgânico alcançassem valores próximos aos calculados no trabalho de
Wang, Dai e Gao (2009). Os decréscimos nos desvios encontrados através do ajuste nos dados
de entrada do modelo proposto estão demonstrados na Tabela 32.
Tabela 32 - Minimização de desvios dos resultados do CRO simples proposto
CRO simples
subcrítico
Wang, Dai e
Gao (2009)
Desvio
[%]
Dados de entrada:
Temperatura de entrada / saída no ciclo do gás de
exaustão do pré-aquecedor de suspensão [ºC] 340,00 / 210,97 340,00 / 210,00 0,00 / -0,46
Temperatura de entrada / saída no ciclo do ar
quente de descarga do resfriador de clínquer [ºC] 320,00 / 45,39 320,00 / 75,00 0,00 / 39,48
Temperatura do fluido na entrada da turbina [ºC] 304,30 318,62 4,49
Pressão do fluido na entrada da turbina [MPa] 3,000 3,000 0,00
Eficiência isentrópica da bomba [%] 70,00 70,00 0,00
Eficiência isentrópica da turbina [%] 85,00 85,00 0,00
Resultados da simulação:
Potência produzida pela turbina [kW] 8.915 8.948 0,37
Potência consumida pela bomba [kW] 295 296 0,34
Calor fornecido ao ciclo [kW] 42.033 41.936 -0,23
Potência líquida gerada pelo ciclo [kW] 8.619 8.652 0,38
Eficiência Térmica do ciclo [%] 20,51 20,60 0,44 Fonte: Elaborado pelo autor.
Após ajustar os dados de entrada e conduzir os desvios dos principais resultados do
CRO simples subcrítico concebido para níveis aceitáveis, observou-se que o modelo produziu
menor parcela de potência líquida e requisitou maior montante de energia térmica da fonte de
calor. Entretanto, o CRO simples subcrítico alcançou uma eficiência térmica próxima à do
ciclo analisado por Wang, Dai e Gao (2009). Isso é atribuído ao fato de que a disposição dos
trocadores de calor, que é diferente nos dois casos, influenciou diretamente os resultados de
performance do sistema. Contudo, foi possível constatar que o modelo de CRO simples
subcrítico investigado possui boa confiabilidade, pois a despeito de suas particularidades, o
mesmo foi capaz de alcançar resultados próximos aos encontrados para este caso na
bibliografia averiguada.
110
5.3 Resultados obtidos com �̇�𝒄 otimizado
Nesta seção, as configurações de CRO mostradas no tópico 4.2 foram modeladas e
otimizadas tendo por função objetivo maximizar a potência líquida gerada pelos ciclos
conforme descrito na seção 4.5 deste estudo. Os resultados das otimizações dos parâmetros de
operação estão disponíveis nas Tabelas C.1 a C.4 do Apêndice C e os principais resultados
termodinâmicos dos ciclos são exibidos e analisados a seguir.
5.3.1 Resultados termodinâmicos do CRO simples subcrítico
Partindo dos balanços de energia e entropia, equação da continuidade e dados de
entrada, a princípio otimizou-se o CRO simples operando na condição subcrítica. A Tabela 33
fornece os principais resultados termodinâmicos obtidos.
Tabela 33 - Principais resultados da otimização do CRO simples subcrítico
Fluido Classificação �̇�𝒆
[kW]
�̇�𝟏 [kg/s]
�̇�𝒄 [kW]
ηth
[%]
ηex
[%] �̇�𝒅
[kW]
R11
Isentrópico
24.261 111,39 4.538 18,70 41,51 6.391
R124 24.261 151,70 2.876 11,85 26,31 8.054
R141b 24.262 82,11 4.565 18,81 41,75 6.366
R142b 24.261 109,56 3.303 13,62 30,23 7.626
R600 24.261 52,99 3.552 14,64 32,50 7.377
R600a 24.261 61,20 3.107 12,81 28,43 7.822
R123 Seco
24.272 105,86 4.318 17,79 39,49 6.622
R245fa 24.261 100,82 3.605 14,86 32,99 7.324 Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo os resultados, os fluidos que demonstraram os melhores rendimentos da
perspectiva de potência líquida, eficiências térmica e exergética foram os fluidos isentrópicos
R141b e R11 e o fluido seco R123, nesta ordem. A superioridade no desempenho do sistema
com estes três fluidos de trabalho é atribuída ao acentuado produto entre suas respectivas
vazões mássicas e a variação de entalpia dos mesmos entre a entrada e a saída da turbina em
comparação com os demais fluidos orgânicos.
Por outro lado, contradizendo os resultados encontrados no CRO ideal apresentados na
seção 5.1, os fluidos R600 e R600a não foram os que produziram os mais altos valores de
potência líquida no CRO simples subcrítico, apesar de terem atingido diferenças de entalpia
na turbina superiores às dos outros fluidos. Este fato é explicado pelas vazões mássicas pouco
expressivas dos fluidos R600 e R600a graças à sua natureza de possuírem baixas massas
111
específicas quando contrastados com os demais fluidos. Portanto, a grande variação de
entalpia entre a entrada e a saída da turbina propiciada por estes fluidos foi neutralizada pela
baixa porção de massa por unidade de tempo que cruzava a entrada da turbina comparada às
dos fluidos que geraram mais potência líquida. Já o fluido R124, de maneira inversa, exibiu a
maior vazão mássica para este ciclo, porém esta foi neutralizada pela modesta diferença de
entalpia na turbina apresentada por este fluido em virtude de sua menor temperatura na
entrada do equipamento em relação aos outros fluidos de trabalho orgânicos.
Outro aspecto que colaborou com os resultados colhidos foi a variação de entalpia do
fluido de trabalho na unidade de evaporação. Esta grandeza está atrelada à temperatura do
fluido durante as fases de evaporação à pressão constante. Assim sendo, os fluidos que
demonstraram as mais elevadas temperaturas durante este processo foram justamente os
fluidos com os melhores resultados (R141b, R11 e R123) devido à sua grande disponibilidade
energética e vazão mássica para produção de trabalho na turbina na etapa seguinte. Além
disso, por estes fluidos terem mostrado perfis de temperatura mais próximos ao perfil de
temperatura médio dos gases de exaustão na unidade de evaporação, os mesmos atingiram os
menores valores de destruição de exergia neste componente. Percebeu-se também que estes
fluidos fizeram com que os patamares de exergia destruída em todo o sistema fossem mais
baixos em comparação com demais fluidos orgânicos. A Figura 22 fornece uma comparação
entre os comportamentos exibidos pelos fluidos de trabalho nas etapas de evaporação.
Figura 22 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO simples subcrítico
Fonte: Elaborado pelo autor.
112
Na Figura 22 o perfil de temperatura médio dos gases de exaustão na unidade de
evaporação segue a direção descendente da esquerda para a direita, enquanto que os perfis de
temperatura dos fluidos de trabalho avançam na direção contrária, ascendendo da direita para
a esquerda. O intervalo entre o perfil de temperatura médio dos gases de exaustão e o perfil de
temperatura de cada fluido orgânico está relacionado à destruição de exergia durante os
estágios de evaporação em decorrência da ação de irreversibilidades ao longo do processo.
5.3.2 Resultados termodinâmicos do CRO regenerativo subcrítico
De forma análoga àquela efetuada para otimizar o arranjo simples subcrítico, o mesmo
procedimento foi aplicado na otimização da composição regenerativa subcrítica. Os resultados
termodinâmicos mais importantes estão resumidos na Tabela 34.
Tabela 34 - Principais resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico
Fluido Classificação �̇�𝒆
[kW]
�̇�𝟏 [kg/s]
�̇�𝒄 [kW]
ηth
[%]
ηex
[%] �̇�𝒅
[kW]
R11
Isentrópico
24.255 158,65 5.535 21,72 48,22 5.658
R124 24.259 171,99 3.186 13,10 29,08 7.750
R141b 24.168 118,08 5.541 22,40 49,70 5.478
R142b 24.259 127,49 3.703 15,03 33,35 7.283
R600 24.258 63,33 4.001 16,32 36,23 6.969
R600a 24.253 69,18 3.434 14,01 31,09 7.529
R123 Seco
24.257 151,28 4.964 20,46 45,41 5.964
R245fa 24.261 127,90 4.090 16,82 37,34 6.848 Fonte: Elaborado pelo autor.
Com base nos resultados, apurou-se que o CRO regenerativo subcrítico demonstrou
maior geração de potência líquida, bem como eficiências térmica e exergética mais altas para
todos os fluidos de trabalho quando contrastado com ciclo simples. Assim como na
configuração anterior, os fluidos orgânicos que mais tiraram proveito do arranjo regenerativo
sob o ponto de vista de performance geral foram os fluidos isentrópicos R141b e R11 e o
fluido seco R123, respectivamente. Este resultado é justificado pelo produto entre suas vazões
mássicas e a diferença de entalpia na turbina de cada um desses fluidos terem sido superiores
aos dos demais, assim como suas acentuadas temperaturas na entrada da unidade de
evaporação. Outro fato verificado é que mesmo possuindo grandes vazões mássicas quando
comparados aos fluidos de melhor rendimento, a produção de potência líquida e eficiências
térmica e exergética dos fluidos R124, R142 e R245fa foram suprimidas por suas baixas
variações de entalpia na turbina. Este fato foi ocasionado pelas temperaturas pouco
expressivas desses fluidos na entrada do equipamento.
113
Uma apreciação mais criteriosa dos resultados revelou que, embora as temperaturas de
todos os fluidos de trabalho na entrada da turbina tenham permanecido nos mesmos níveis
que no CRO simples subcrítico, observou-se uma redução média de 9,74% na diferença de
entalpia entre a entrada e a saída da turbina para todos os fluidos. Todavia, este decremento
foi compensado por um acréscimo médio de 20,65% na vazão mássica dos fluidos orgânicos,
possibilitando que um montante maior de fluido cruzasse a entrada da turbina e o sistema
elevasse sua geração de potência líquida.
Ainda, os componentes regenerativos desta composição desempenharam um papel
fundamental nos resultados relacionados às eficiências térmica e exergética do ciclo, pois os
mesmos promoveram a diminuição na diferença de temperatura do fluido de trabalho
orgânico entre a entrada da turbina e a entrada da unidade de evaporação. Em outras palavras,
os fluidos orgânicos trabalharam com temperaturas mais altas nesta configuração. Como
resultado, houve crescimento nas temperaturas termodinâmicas médias dos fluidos de trabalho
no processo de admissão de calor e isto fez com que um menor aporte de energia térmica
fosse exigido para a evaporação dos mesmos. Logo, a maior produção de potência na turbina
aliada ao decréscimo de calor fornecido ao CRO regenerativo viabilizou o aumento da
eficiência térmica do sistema.
Outra consequência provocada pela redução na diferença de temperatura do fluido de
trabalho entre a entrada da turbina e a entrada da unidade de evaporação foi a minimização
dos níveis de destruição de exergia nos equipamentos do ciclo em razão da redução na
quantidade de irreversibilidades geradas nos mesmos. Esta diminuição nas perdas por ação de
irreversibilidades é justificada pelo acréscimo nas temperaturas e vazões mássicas dos fluidos
orgânicos. Deste modo, a combinação da elevação na produção de potência líquida com o
decréscimo na destruição de exergia nos componentes do CRO regenerativo proporcionou o
crescimento da eficiência exergética do sistema para todos os fluidos averiguados.
Na avaliação do comportamento dos fluidos de trabalho durante as fases de
evaporação, foi evidenciado que os incrementos nos pontos de temperatura dos fluidos na
entrada da unidade de evaporação propiciaram a redução da área que representa a distância
entre os perfis de temperatura dos fluidos e o perfil de temperatura médio dos gases de
exaustão. Em consequência da diminuição desta área, as perdas por destruição de exergia na
unidade de evaporação foram inferiores às do ciclo simples na condição de operação
subcrítica. Estas constatações acerca dos perfis de temperatura dos fluidos orgânicos durante
as etapas de evaporação estão demonstradas na Figura 23.
114
Figura 23 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO regenerativo
subcrítico
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.3.3 Resultados termodinâmicos do CRO simples subcrítico com superaquecimento
De forma similar à aplicada na modelagem e otimização do CRO simples subcrítico,
nesta etapa, o arranjo simples operou na condição subcrítica com superaquecimento. A Tabela
35 apresenta os resultados mais relevantes encontrados na otimização.
Tabela 35 - Principais resultados da otimização do CRO simples subcrítico com
superaquecimento
Fluido Classificação �̇�𝒆
[kW]
�̇�𝟏 [kg/s]
�̇�𝒄 [kW]
ηth
[%]
ηex
[%] �̇�𝒅
[kW]
R11
Isentrópico
24.260 79,43 5.043 20,79 46,15 5.888
R124 24.203 98,00 3.085 12,75 28,28 7.824
R141b 24.220 54,79 4.768 19,69 43,68 6.148
R142b 24.166 68,49 3.607 14,93 33,11 7.286
R600 24.198 39,48 3.589 14,83 32,89 7.324
R600a 24.245 41,67 3.135 12,93 28,70 7.789
R123 Seco
24.181 77,37 4.376 18,10 40,12 6.532
R245fa 24.179 75,18 3.656 15,12 33,54 7.243 Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir dos resultados, verificou-se uma discordância com os resultados colhidos
tanto no CRO simples quanto no CRO regenerativo na condição operacional subcrítica. O
fluido orgânico que mais se sobressaiu no contexto de potência líquida gerada e eficiências
115
térmica e exergética, neste caso, foi o fluido isentrópico R11, seguido pelo outro fluido
isentrópico R141b e pelo fluido seco R123. Esta discrepância é atribuída ao fato de que o
fluido R11 atingiu o maior valor de vazão mássica e a segunda maior variação de entalpia na
turbina entre os três fluidos citados. Além do mais, outro aspecto crucial para este resultado
foi que o fluido R11 mostrou o decréscimo mais significativo nos níveis de destruição de
exergia no ciclo (8,54%) em relação ao que foi exibido por este mesmo fluido no CRO
simples subcrítico. Quando efetuado o mesmo confronto sob a ótica exergética para os outros
dois melhores fluidos (R141b e R123), apurou-se que a redução na destruição de exergia no
sistema não foi tão proeminente quanto no caso do fluido R11: 3,55% e 1,38%, nesta ordem.
Além disso, os fluidos R600 e R600a, apesar de terem demonstrado as maiores variações de
entalpia na turbina, tiveram seus resultados de produção de potência líquida afetados por seus
baixos montantes de vazão mássica em comparação com os fluidos de melhor desempenho.
Contrastando os resultados obtidos do CRO simples na condição subcrítica com os
resultados desta mesma composição na condição subcrítica com superaquecimento, observou-
se de forma geral um aumento nos patamares de geração de potência líquida para todos os
fluidos de trabalho estudados. A despeito de ter ocorrido minimização nos valores de vazão
mássica dos fluidos orgânicos graças à elevação da temperatura dos mesmos na unidade de
evaporação, a produção de potência líquida do sistema não foi prejudicada. Pelo contrário,
esta foi compensada pelo crescimento da diferença de entalpia entre a entrada e a saída da
turbina que ocorreu devido à acentuada temperatura do vapor superaquecido na entrada do
equipamento. Este aprimoramento foi promovido pelo emprego do superaquecedor no ciclo.
Outro ponto evidenciado nesta condição de operação foi que houve acréscimo na
diferença de temperatura do fluido entre a entrada da turbina e a entrada da unidade de
evaporação em relação à condição subcrítica, ou seja, o fluido sofreu uma expressiva queda
de temperatura antes de chegar aos estágios de evaporação. Este fato é explicado por a
temperatura na saída do condensador ser fixa para ambas as condições operacionais avaliadas,
já que os dados de entrada adotados na modelagem deste componente eram semelhantes. No
entanto, percebeu-se que em geral houve incrementos discretos nas temperaturas
termodinâmicas médias dos fluidos orgânicos no processo de admissão de calor em razão do
superaquecimento dos mesmos na unidade de evaporação. Então, o aumento da temperatura
do fluido juntamente com a redução em sua vazão mássica fez com que menos energia
térmica fosse necessária para gerar vapor, o que viabilizou um decremento no aporte de calor
cedido ao CRO. Este fato, associado à elevação da produção de potência líquida, justificam o
crescimento da eficiência térmica do sistema em relação ao ciclo subcrítico.
116
Outra vantagem que foi apurada ao superaquecer o fluido de trabalho antes de sua
entrada na turbina foi a diminuição das perdas por irreversibilidades na grande maioria dos
equipamentos do CRO. Consequentemente, a destruição de exergia no sistema foi mais baixa
quando comparada com a do ciclo na condição subcrítica, em termos gerais. Portanto, o
decréscimo na parcela de exergia destruída e o maior montante de potência líquida gerada,
propiciaram ao CRO simples subcrítico com superaquecimento ser mais eficiente em termos
de exergia. Também, a análise dos perfis de temperatura na unidade de evaporação mostrou
que a aproximação das linhas de temperatura dos fluidos de trabalho orgânicos com o perfil
de temperatura médio dos gases de exaustão no processo de superaquecimento promoveu a
redução da área que corresponde às perdas por irreversibilidades durante o processo de
evaporação. Esta constatação pode ser verificada na Figura 24.
Figura 24 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO simples subcrítico
com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.3.4 Resultados termodinâmicos do CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento
Usando um procedimento equivalente ao que foi aplicado na modelagem e otimização
da configuração regenerativa subcrítica, nesta fase, o ciclo regenerativo trabalhou na condição
de operação subcrítica com superaquecimento. Os principais resultados termodinâmicos
colhidos nas otimizações são exibidos na Tabela 36.
117
Tabela 36 - Principais resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico com
superaquecimento
Fluido Classificação �̇�𝒆
[kW]
�̇�𝟏 [kg/s]
�̇�𝒄 [kW]
ηth
[%]
ηex
[%] �̇�𝒅
[kW]
R11
Isentrópico
23.676 112,10 5.614 22,85 50,59 5.284
R124 23.842 122,36 3.289 13,65 30,13 7.545
R141b 24.167 90,34 5.547 22,49 50,19 5.349
R142b 24.097 84,78 3.902 16,01 35,52 7.004
R600 24.076 42,59 3.882 16,12 35,72 6.983
R600a 24.231 39,70 3.290 13,44 29,81 7.667
R123 Seco
24.253 108,56 4.975 20,51 45,52 5.954
R245fa 23.930 97,06 4.191 17,31 38,28 6.681 Fonte: Elaborado pelo autor.
Novamente, nesta condição operacional, o fluido isentrópico R11 superou todos os
outros fluidos de trabalho sob o prisma de potência líquida produzida e eficiências térmica e
exergética. De forma similar ao que ocorreu no CRO simples subcrítico com
superaquecimento, os outros fluidos que também se destacaram neste sentido foram o fluido
isentrópico R141b e o fluido seco R123.
Na comparação dos resultados demonstrados pelo arranjo regenerativo nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento, foi observado que o ciclo subcrítico com
superaquecimento foi capaz de expandir sua geração de potência líquida para todos os fluidos
orgânicos investigados, exceto para os fluidos R600 e R600a. O acréscimo na performance do
sistema neste quesito ocorreu em virtude do incremento na variação de entalpia na turbina,
provocada pela elevada temperatura do vapor superaquecido na entrada deste componente.
Ademais, a minimização da vazão mássica do fluido de trabalho causada pelo aumento da
temperatura do mesmo na condição de operação com superaquecimento não interferiu na
quantidade de potência líquida produzida pelo CRO, já que a variação de entalpia do fluido
orgânico na turbina exerceu maior impacto no resultado deste parâmetro. Assim como no
ciclo examinado previamente na seção 5.3.3, o superaquecedor foi o equipamento que
proporcionou o aperfeiçoamento do rendimento do sistema para quase todos os fluidos.
Semelhantemente ao ocorrido com o CRO simples subcrítico com superaquecimento,
a diferença de temperatura do fluido de trabalho entre a entrada da turbina e a entrada da
unidade de evaporação revelou-se mais elevada no ciclo regenerativo subcrítico com
superaquecimento em comparação com este mesmo ciclo na condição subcrítica. Em outras
palavras, a temperatura do fluido orgânico sofreu um decremento considerável antes de
chegar às fases de evaporação. Este fato se deu em decorrência tanto da fixação da
temperatura na saída do condensador estabelecida como parâmetro inicial na modelagem
118
deste componente, quanto das não tão perceptíveis variações de temperaturas no AAA e AAF
nas duas condições operacionais do CRO regenerativo. Apesar disso, de modo geral, foi
possível evidenciar pequenos crescimentos nas temperaturas termodinâmicas médias dos
fluidos de trabalho no processo de admissão de calor graças ao superaquecimento dos mesmos
na unidade de evaporação. Logo, a redução na vazão mássica do fluido e o acréscimo em sua
temperatura exigiram menor quantidade de calor para a evaporação do mesmo, permitindo
que o montante de energia térmica cedido ao ciclo fosse inferior comparado ao do CRO
regenerativo subcrítico. Este fato e o incremento na geração de potência na turbina
possibilitaram aumentar a eficiência térmica deste ciclo para a maioria dos fluidos analisados.
Avaliando o CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento da perspectiva de
eficiência exergética, percebeu-se que o superaquecimento do fluido orgânico se mostrou
atrativo, pois viabilizou a diminuição das perdas por ação de irreversibilidades na maior parte
dos equipamentos do sistema quando contrastado com o mesmo ciclo na condição subcrítica.
Como resultado, houve menor parcela de exergia destruída quando o CRO operou na
condição subcrítica com superaquecimento para todos os fluidos de trabalho, com exceção
dos fluidos R600 e R600a. Assim sendo, o aumento da produção de potência líquida em
conjunto com a menor destruição de exergia no ciclo propiciaram a melhoria na eficiência
exergética do sistema. A Figura 25 ilustra em parte este aprimoramento através da redução da
área que representa às perdas por irreversibilidades na unidade de evaporação.
Figura 25 - Perfis de temperatura na unidade de evaporação do CRO regenerativo
subcrítico com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
119
Outro fator observado foi o decaimento do desempenho global do CRO regenerativo
trabalhando com os fluidos isentrópicos R600 e R600a nesta condição de operação em relação
ao ciclo regenerativo subcrítico. Enquanto todos os demais fluidos geraram mais potência
líquida e elevaram as eficiências térmica e exergética do sistema, os fluidos R600 e R600a,
ainda que tenham alcançado as maiores diferenças de entalpia entre a entrada e a saída da
turbina do CRO, tiveram seus resultados neutralizados pelas inexpressivas vazões mássicas
apresentadas pelos mesmos em virtude de sua natureza de possuir baixos valores de massa
específica. Tais fluidos também expandiram a produção de entropia nos componentes do
ciclo, o que ocasionou aumento das perdas por irreversibilidades e, como consequência,
declínio na performance exergética do ciclo. Por esta razão, constatou-se que esses fluidos
não são apropriados para operação em CROs regenerativos nesta condição operacional.
Alterando o foco da análise para a condição operacional dos CROs, apurou-se que na
composição regenerativa subcrítica com superaquecimento todos os fluidos orgânicos
geraram mais potência líquida em comparação com o ciclo simples nesta mesma condição de
operação. Tal incremento é justificado pelo fato de que a despeito de o CRO regenerativo
subcrítico com superaquecimento operar com temperaturas mais baixas na entrada da turbina,
o que ocasionou menores variações de entalpia no equipamento, este quadro foi contornado
pelo crescimento substancial das vazões mássicas dos fluidos de trabalho. Isto fez com que o
ciclo regenerativo atingisse melhores resultados no contexto de potência líquida produzida.
Além do mais, foi verificado um decréscimo nas temperaturas dos fluidos orgânicos
entre a entrada da turbina e a entrada da unidade de evaporação promovido pelo emprego dos
componentes regenerativos nesta configuração. Por este motivo, houve elevação nas
temperaturas termodinâmicas médias dos fluidos de trabalho orgânicos no processo de
admissão de calor, minimizando o aporte de calor necessário para a evaporação dos mesmos.
Desta forma, a menor quantidade de energia térmica fornecida ao sistema, aliada à maior
geração de potência na turbina, permitiram ao CRO regenerativo ser mais eficiente
termicamente que o CRO simples na condição subcrítica com superaquecimento.
Ainda, este decremento na diferença de temperatura do fluido de trabalho entre a
entrada da turbina e a entrada da unidade de evaporação, também proporcionou menor
destruição de exergia nos equipamentos do sistema. Este fato é explicado pela redução na
produção de irreversibilidades no ciclo, já que os fluidos trabalharam mais aquecidos e com
vazões mássicas mais altas. Portanto, o decaimento na destruição de exergia e o acréscimo na
geração de potência líquida no arranjo regenerativo, ampliaram a eficiência exergética do
sistema comparado à composição simples na condição subcrítica com superaquecimento.
120
5.3.5 Análise comparativa dos resultados termodinâmicos
Contrastando os resultados das duas configurações subcríticas propostas, em média, a
potência líquida produzida, eficiências térmica e exergética do arranjo regenerativo foram
superiores aos da composição simples em 12,72%, 11,55% e 11,54%, respectivamente. Ao
confrontar o CRO simples com o CRO regenerativo na condição operacional subcrítica com
superaquecimento, foram observados incrementos médios de 9,38% no valor de potência
líquida gerada, 8,88% na eficiência térmica e 8,82% na eficiência exergética do ciclo
regenerativo.
Em contrapartida, se por um lado a comparação entre configurações de CROs distintas
trabalhando na mesma condição de operação oferece resultados satisfatórios, este cenário
tornou-se mais modesto ao se contrastar o mesmo arranjo trabalhando em condições
operacionais diferentes. Os resultados demonstraram que a composição simples operando na
condição subcrítica com superaquecimento exibiu, com exceção do fluido R11, um aumento
médio mais discreto na produção de potência líquida (4,26%) e eficiências térmica (4,50%) e
exergética (4,43%) quando contrastado com seu rendimento na condição de operação
subcrítica. Do mesmo modo, o CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento alcançou
elevações sutis na potência líquida gerada (2,06%) e eficiências térmica (3,10%) e exergética
(2,99%) em relação ao mesmo ciclo na condição subcrítica, desconsiderando o declínio no
desempenho do sistema com os fluidos R600 e R600a. Então, a avaliação dos resultados sob
este ponto de vista demonstrou que usar as configurações dos CROs como parâmetro
comparativo ao invés de suas condições operacionais, propicia uma apreciação dos resultados
não tão interessante neste sentido, pois as melhorias encontradas foram relativamente pouco
vantajosas. Por esta razão, determinou-se a condição de operação dos ciclos como o principal
parâmetro de comparação dos resultados termodinâmicos.
Além disso, a superioridade do arranjo regenerativo em comparação com o simples
nas condições operacionais subcrítica e subcrítica com superaquecimento sob a ótica de
performance global do sistema já era esperada. De modo geral, esta prevalência é atribuída a
aspectos vinculados às temperaturas e vazões mássicas dos fluidos orgânicos na entrada da
turbina, variações de temperaturas dos fluidos de trabalho entre a entrada da turbina e a
entrada da unidade de evaporação e temperaturas termodinâmicas médias dos fluidos no
processo de admissão de calor. Aspectos estes que foram aperfeiçoados através da utilização
dos componentes regenerativos no sistema, bem como o superaquecimento dos fluidos de
trabalho orgânicos antes de sua entrada na turbina.
121
Um comparativo dos resultados termodinâmicos pode ser visualizado nas figuras a
seguir. A Figura 26 confronta a produção de potência líquida dos ciclos, já a Figura 27
compara o rendimento térmico dos mesmos e a Figura 28 contrasta o desempenho exergético
dos CROs com os fluidos orgânicos analisados.
Figura 26 - Comparação da potência líquida produzida pelos CROs simples e
regenerativos operando com diversos fluidos orgânicos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 27 - Comparação da eficiência térmica dos CROs simples e regenerativos
operando com diversos fluidos orgânicos
Fonte: Elaborado pelo autor.
122
Figura 28 - Comparação da eficiência exergética dos CROs simples e regenerativos
operando com diversos fluidos orgânicos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Todos os resultados termodinâmicos colhidos nesta seção de otimizações mostraram-
se consonantes com as explanações de Bejan (2006) e Moran e outros (2013). Estes resultados
também corroboram com as constatações obtidas por Desai e Bandyopadhyay (2009), Gao e
outros (2014) e Mago e outros (2008).
Complementando esta análise de resultados termodinâmicos, ao se empregar a planta
cimenteira Cimento Apodi como referencial, da qual os principais dados de entrada dos gases
de exaustão do processo de produção de cimento foram extraídos, percebeu-se que seria
possível suprir parte de sua demanda de energia elétrica com base nos resultados de potência
líquida encontrados até então. Tomando como referência o Montante de Uso do Sistema de
Transmissão (MUST), que é o montante de potência contratada por Cimento Apodi (2015) de
30 MW, foi evidenciado que seria teoricamente viável prover de 9,59% a 18,71% da demanda
de eletricidade contratada por esta unidade fabril através dos CROs investigados. Estes
percentuais são compatíveis com a argumentação de IFC (2014) apresentada na seção 1.2.
5.3.5.1 Comparação de �̇�𝒄 dos ciclos otimizados e simulados
Com o intuito de comprovar o efeito positivo na performance do CRO possibilitado
pelas otimizações, os ciclos modelados foram simulados considerando os valores médios das
faixas de variação dos parâmetros operacionais dos fluido de trabalho expostos nas Tabelas 26
123
e 27 da seção 4.5. Visto que a potência líquida gerada pelos CROs havia sido definida como o
principal parâmetro de comparação neste trabalho, nas simulações foram apreciados somente
os resultados deste indicador. A Tabela 37 mostra os resultados obtidos nas simulações em
termos de potência líquida produzida e os confronta com os resultados deste mesmo
parâmetro encontrados nas otimizações.
Tabela 37 - Ganho de potência líquida produzida pelos ciclos nas otimizações
Fluido
CRO Simples CRO Regenerativo
Subcrítico Subcrítico com
superaquecimento Subcrítico
Subcrítico com
superaquecimento
�̇�𝒄
Sim.
[kW]
�̇�𝒄
Otm.
[kW]
∆
[%]
�̇�𝒄
Sim.
[kW]
�̇�𝒄
Otm.
[kW]
∆
[%]
�̇�𝒄
Sim.
[kW]
�̇�𝒄
Otm.
[kW]
∆
[%]
�̇�𝒄
Sim.
[kW]
�̇�𝒄
Otm.
[kW]
∆
[%]
R11 4.534 4.538 0,09 4.553 5.043 9,72 5.295 5.535 4,34 5.348 5.614 4,74
R124 2.792 2.876 2,92 2.880 3.085 6,65 3.039 3.186 4,61 3.183 3.289 3,22
R141b 4.416 4.565 3,26 4.420 4.768 7,30 5.250 5.541 5,25 5.335 5.547 3,82
R142b 3.229 3.303 2,24 3.375 3.607 6,43 3.578 3.703 3,38 3.854 3.902 1,23
R600 3.451 3.552 2,84 3.477 3.589 3,12 3.889 4.001 2,80 3.671 3.882 5,44
R600a 3.022 3.107 2,74 3.083 3.135 1,66 3.273 3.434 4,69 3.216 3.290 2,25
R123 4.196 4.318 2,83 4.300 4.376 1,74 4.725 4.964 4,81 4.767 4.975 4,18
R245fa 3.508 3.605 2,69 3.571 3.656 2,32 3.946 4.090 3,52 4.070 4.191 2,89 Fonte: Elaborado pelo autor.
Com base nos resultados da Tabela 37, apurou-se que os ciclos otimizados
demonstraram vantagem sobre os simulados para todos os fluidos orgânicos em todas as
circunstâncias examinadas como esperado. A superioridade dos resultados otimizados
comparados aos das simulações foram, em média, de 2,45%, 4,87%, 4,18% e 3,47% para o
CRO simples nas condições operacionais subcrítica e subcrítica com superaquecimento e para
o ciclo regenerativo subcrítico e subcrítico com superaquecimento, nesta ordem. Os fluidos
que mais tiraram proveito das otimizações por exibirem ganhos mais significativos quanto a
geração de potência líquida foram os fluidos R141b no CRO simples subcrítico (3,26%), R11
no CRO simples subcrítico com superaquecimento (9,72%), R141b no CRO regenerativo
subcrítico (5,25%) e R600 no CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento (5,44%).
Por fim, de forma a ilustrar os acréscimos nos resultados de potência líquida produzida
graças às otimizações, a Figura 29 fornece uma comparação dos diagramas T-s para o fluido
isentrópico R141b operando no ciclo simples nas condições subcrítica (Figura 29a) e
subcrítica com superaquecimento (Figura 29b) e no CRO regenerativo subcrítico (Figura 29c)
e subcrítico com superaquecimento (Figura 29d). Os diagramas T-s dos demais fluidos de
trabalho orgânicos estão disponíveis nas Figuras D.1 a D.4 do Apêndice D.
124
Figura 29 - Comparativo dos diagramas T-s para o fluido R141b
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.3.6 Resultados da modelagem econômica
Após a otimização dos ciclos propostos, os mesmos foram averiguados
economicamente conforme descrito na seção 4.4. A seguir, os resultados obtidos são
analisados. Devido ao grande volume de resultados colhidos, optou-se por direcionar o foco
do estudo econômico para os três fluidos que atingiram os melhores resultados
termodinâmicos no decorrer das otimizações, isto é, os fluidos R141b, R11 e R123.
5.3.6.1 Estimativa de custos
Através dos resultados obtidos, foi verificado que quando contrastadas as
configurações, tanto o CRO simples, quanto o regenerativo alcançaram custos totais de
investimento mais baixos operando na condição subcrítica com superaquecimento como
mostrado na Figura 30. A diminuição média neste parâmetro obtida pelos ciclos na condição
de operação subcrítica com superaquecimento correspondeu a 3,73% para os arranjos simples
e 3,27% para as composições regenerativas em relação à condição subcrítica.
125
Figura 30 - Comparação dos valores do custo total do investimento para os ciclos
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os decréscimos nos custos totais de investimento obtidos pelos ciclos trabalhando na
condição operacional subcrítica com superaquecimento ocorreram principalmente em razão
do uso do superaquecedor, o que em tese deveria expandir os custos deste parâmetro já que
neste caso havia um equipamento adicional. Entretanto, o superaquecedor fez com que os
CROs subcríticos com superaquecimento operassem com áreas superficiais de transferência
de calor dos trocadores inferiores as dos ciclos subcríticos, reduzindo os custos do sistema.
Uma avaliação mais minuciosa da situação permitiu compreender que apesar dos
CROs subcríticos com superaquecimento mostrarem superioridade na geração de potência
líquida, o montante de vapor produzido revelou-se menor que o gerado pelos ciclos na
condição de operação subcrítica em virtude dos decrementos nas vazões mássicas dos fluidos
de trabalho. Contudo, os fluidos orgânicos trabalharam com temperaturas mais acentuadas por
estarem superaquecidos. Este fato viabilizou o crescimento das temperaturas termodinâmicas
médias dos fluidos de trabalho no processo de admissão de calor, requisitando menor
quantidade de energia térmica para a evaporação dos mesmos. Assim, foi possível diminuir as
áreas superficiais de transferência de calor dos demais trocadores. Como resultado, a condição
operacional subcrítica com superaquecimento levou os ciclos a operarem com trocadores de
calor com dimensões reduzidas e de custos mais baixos, o que influenciou positivamente os
custos totais do investimento dos CROs de forma global. A Figura 31 contrasta a área
superficial de transferência de calor dos trocadores dos ciclos estudados.
126
Figura 31 - Áreas superficiais de transferência de calor dos trocadores dos CROs
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Além do mais, foi constatado que o fluido seco R123 demonstrou-se mais atrativo sob
o prisma econômico na configuração simples subcrítica e subcrítica com superaquecimento,
pois trabalhando com este fluido o CRO exigiu menor aporte financeiro em comparação com
os outros dois fluidos investigados nesta mesma conjuntura. Já no confronto entre os arranjos
regenerativos, o sistema operando com o fluido isentrópico R141b se sobressaiu com custos
totais de investimento menos onerosos em ambas as condições de operação.
Todavia, quando a condição operacional dos ciclos é assumida como fator
comparativo ao invés de sua composição, verificou-se que houve incrementos médios nos
custos totais de investimento de 14,84% na configuração regenerativa quando contrastada
com o arranjo simples na condição subcrítica e 15,24% no CRO regenerativo comparado ao
ciclo simples na condição de operação subcrítica com superaquecimento. Este aumento nos
custos presente na composição regenerativa é naturalmente concebível por se tratar de uma
configuração que, além de contar com todos os componentes presentes no CRO simples,
também engloba outros equipamentos como os aquecedores de alimentação aberto e fechado,
purgador, além de mais uma bomba centrífuga. Deste modo, de forma oposta ao que foi
observado na análise comparativa dos resultados termodinâmicos exibida na seção 5.3.5, a
apreciação dos resultados da perspectiva econômica revelou-se mais indicada quando o
arranjo do sistema é considerado como parâmetro para comparação. Assim sendo, o tipo de
avaliação de resultados pode variar de acordo com o enfoque do estudo.
127
Quando o objeto da investigação foi o custo específico do investimento (Figura 32), o
padrão de comportamento de custos encontrado na Figura 30 se manteve, visto que este
indicador está concatenado tanto ao custo total do investimento, quanto à geração de potência
líquida pelos ciclos. Então, com exceção do fluido R11 no ciclo simples subcrítico que atingiu
os maiores custos em decorrência de sua grande área superficial de transferência de calor, o
CRO simples alcançou patamares de custo específico inferiores aos da composição
regenerativa em ambas as condições operacionais. Novamente, o fluido R123 apresentou os
resultados mais interessantes do ponto de vista econômico em relação aos outros dois fluidos
orgânicos no ciclo simples. Já no CRO regenerativo, foi possível produzir mais potência
líquida consumindo menos recursos financeiros com o fluido R141b.
Figura 32 - Comparação dos valores do custo específico do investimento para os CROs
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Comparando os resultados do CRO simples nas duas condições de operação,
percebeu-se uma diminuição média de 342 R$/kW (8,33%) no custo específico do
investimento da condição subcrítica com superaquecimento em comparação com a condição
subcrítica. Enquanto que, para a configuração regenerativa este decréscimo médio foi de 147
R$/kW (3,46%). Já quando contrastado a mesma condição operacional, o arranjo regenerativo
subcrítico mostrou-se mais dispendioso que a composição simples subcrítica, em média, 245
R$/kW (5,97%). Também, o ciclo regenerativo demonstrou ser, em média, 441 R$/kW
(10,88%) mais custoso que o CRO simples na condição subcrítica com superaquecimento.
128
No contexto do custo específico para geração de eletricidade, os resultados deste
parâmetro revelaram-se em conformidade com os demais resultados da estimativa de custos.
De acordo com as informações fornecidas na Figura 33, o fluido de trabalho que exibiu o
custo mais baixo para produção de energia elétrica dentre os fluidos examinados foi o fluido
seco R123 trabalhando no CRO simples subcrítico com superaquecimento.
Figura 33 - Comparação do custo específico para geração de eletricidade dos CROs
simples e regenerativos nas condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ainda conforme a Figura 33, foram evidenciados decaimentos médios nos custos para
se gerar eletricidade de 3,52% e 1,31% na condição de operação subcrítica com
superaquecimento comparado à condição subcrítica para as configurações simples e
regenerativa, respectivamente. No entanto, ao contrastar os CROs simples e regenerativo,
ambos na condição operacional subcrítica, apurou-se uma elevação média de 2,33% no custo
para produção de energia elétrica no arranjo regenerativo. Já quando a comparação foi
realizada entre as mesmas composições na condição de operação subcrítica com
superaquecimento, este acréscimo médio no custo para geração de eletricidade saltou para
4,55%.
Em termos gerais, os resultados encontrados para o custo específico para produção de
energia elétrica se situaram em níveis extremamente competitivos, pois se apresentaram
consideravelmente inferiores aos preços de venda de eletricidade praticados pelas
concessionárias do setor elétrico brasileiro. Para efeito de comparação, enquanto o maior
129
custo calculado até este ponto correspondeu a 0,1162 R$/kWh no ciclo simples subcrítico
operando com o fluido R11, a tarifa média de fornecimento de energia elétrica para a classe
industrial adotada pela CEMIG no ano de 2016 foi de 0,4307 R$/kWh segundo o
Departamento de Gestão do Setor Elétrico (DGSE) (DGSE, 2016).
Desta forma, o custo estimado para geração de eletricidade para recuperação de calor
residual na indústria de cimento através do CRO nesta análise relativamente simples, mostrou
um potencial de abatimento no preço de aquisição de energia elétrica de no mínimo 0,3145
R$/kWh considerando o ano de 2016 como referência. Em outras palavras, caso a eletricidade
produzida pelos ciclos propostos tivesse sido comercializada no ano em questão, haveria a
possibilidade negociá-la a um valor 73,02% menor em relação ao valor da tarifa de energia
elétrica praticado pela CEMIG para este tipo de consumidor. Esta diferença expressiva no
custo para geração de eletricidade é justificada pelo fato de o insumo energético do CRO
possuir custo zero, que neste caso são os gases de exaustão do processo produtivo de cimento
lançados na atmosfera. Finalmente, os resultados detalhados da estimativa de custos estão
dispostos nas Tabelas E.1 a E.4 do Apêndice E.
5.3.6.2 Indicadores econômicos
Fundamentados nos resultados da estimativa de custos, os indicadores econômicos
foram calculados tendo em vista o tempo de vida útil apresentado na Tabela 25 da seção 4.4.
Todos os resultados destes indicadores estão disponíveis nas Tabelas F.1 a F.6 do Apêndice F.
De acordo com os resultados de VPL para o CRO simples subcrítico (Figura 34a),
constatou-se que além dos valores terem atingido cifras entre 130 e pouco mais de 140
milhões de reais, o fluido orgânico que exibiu o melhor rendimento termodinâmico nesta
configuração e condição operacional (R141b), também foi superior aos outros dois fluidos de
trabalho no que diz respeito ao VPL. Aliás, o fluido isentrópico R141b alcançou o resultado
mais elevado para este indicador no período estudado, tendo excedido os valores do fluido
isentrópico R11 em 2,36% e do fluido seco R123 em 5,32%. Por outro lado, foi verificada
uma disparidade neste resultado quando o CRO simples trabalhou na condição subcrítica com
superaquecimento (Figura 34b). Neste caso, o fluido isentrópico R11 demonstrou
superioridade sobre os fluidos R141b e R123 em 5,17% e 12,83%, nesta ordem. Além disso, o
arranjo simples na condição de operação subcrítica com superaquecimento experimentou um
acréscimo médio de 6,42% no VPL em comparação com a composição simples subcrítica,
além de ter obtido montantes entre 135 e 160 milhões de reais.
130
Figura 34 - Comparação dos resultados do VPL para o CRO simples subcrítico (a) e
subcrítico com superaquecimento (b)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Já no CRO regenerativo subcrítico (Figura 35a) foi observado um padrão de resultados
similar ao que foi apresentado pelo ciclo simples subcrítico, porém com cifras no intervalo
entre 150 e pouco mais de 170 milhões de reais. Novamente, o fluido isentrópico R141b
totalizou o maior resultado de VPL dentre os fluidos analisados, sendo levemente superior ao
do fluido R11 em 0,40% e substancialmente mais elevado que o do fluido R123 em 11,60%.
Em contrapartida, esta estrutura de resultados sofreu modificações no caso do CRO
regenerativo subcrítico com superaquecimento (Figura 35b).
Figura 35 - Comparação dos resultados do VPL do ciclo regenerativo subcrítico (a) e
ciclo regenerativo subcrítico com superaquecimento (b)
Fonte: Elaborado pelo autor.
131
No cenário representado na Figura 35b, a disposição dos resultados seguiu a mesma
ordem evidenciada no âmbito do ciclo simples subcrítico com superaquecimento. Ou seja, o
fluido isentrópico R11 revelou-se mais vantajoso que os fluidos R141b e R123, oferecendo
resultados superiores em 1,03% e 12,66%, respectivamente. Ademais, a configuração
regenerativa nesta condição operacional ampliou o VPL em uma média de 1,04% comparado
ao CRO regenerativo subcrítico e manteve-se na mesma faixa de valores para este indicador.
Avaliando de forma mais detalhada os resultados de VPL encontrados, percebeu-se
que os valores deste indicador estão diretamente atrelados à produção de potência líquida dos
ciclos. Conforme os resultados de VPL mostrados até este ponto, os fluidos orgânicos que
atingiram o melhor desempenho termodinâmico em cada condição de operação foram também
os que exibiram os montantes de VPL mais altos, isto é, o fluido R141b nos arranjos
subcríticos e o fluido R11 nas composições subcríticas com superaquecimento. Este fato
ocorreu graças ao somatório dos valores líquidos do fluxo de caixa empregado no cálculo do
VPL considerar a potência líquida gerada pelo CRO como principal fator de cálculo.
Outro resultado que deve ser enfatizado foram os relativamente curtos TR dos ciclos,
representados pelo ponto de interseção entre a curva de VPL e o eixo das abcissas a partir da
origem nas Figuras 34 e 35. Em todas as configurações e condições estudadas, o período de
tempo necessário para que se tenha retorno sobre o investimento inicial realizado foi inferior
um ano e meio como exibido na Figura 36.
Figura 36 - Comparação do TR para os CROs simples e regenerativo nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
132
Os resultados também evidenciaram que a condição operacional subcrítica com
superaquecimento demonstrou ser a mais atrativa no tocante a este indicador em todos os
ciclos investigados, alcançando reduções médias no TR de 9,93% para os arranjos simples e
3,90% para as composições regenerativas quando contrastados com os mesmos ciclos
trabalhando na condição subcrítica. Ainda, o CRO regenerativo trabalhando com o fluido
isentrópico R141b e o CRO simples funcionando com o fluido seco R123, ambos na condição
de operação subcrítica com superaquecimento, atingiram os valores mais baixos do TR, sendo
de 1,02 anos nos dois casos.
Por último, na apreciação da atratividade econômica por intermédio da TIR,
constatou-se que os ciclos para cogeração de energia desenvolvidos neste trabalho se
mostraram bastante interessantes economicamente operando com todos os fluidos de trabalho
orgânicos examinados, pois os resultados portaram-se, sem exceções, significativamente
acima da TJLP. Além do mais, apurou-se que o fluido R123 apresentou o patamar mais
elevado da TIR com 98,37% trabalhando na configuração simples subcrítica com
superaquecimento. Por outro lado, o fluido R11 operando no arranjo simples na condição
operacional subcrítica exibiu o resultado menos favorável em relação aos fluidos das demais
composições e condições de operação (79,69%), embora ainda com um nível de TIR deveras
expressivo. Os resultados da TIR estão expostos na Figura 37.
Figura 37 - Comparação da TIR para os ciclos simples e regenerativo nas condições
subcrítica e subcrítica com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
133
5.4 Resultados obtidos com outros parâmetros de operação otimizados
Após as otimizações dos CROs tendo como propósito maximizar a potência líquida
produzida pelos mesmos, neste estágio a função objetivo dos processos de otimização foi
alterada. Por este motivo, outros parâmetros operacionais dos ciclos como eficiência
exergética, custo específico do investimento e custo específico para geração de energia
elétrica foram otimizados de acordo com o procedimento abordado na seção 4.5.
Todos os resultados são apresentados e confrontados nos gráficos de alvo das Figuras
38, 39 e 40 ao longo desta seção. Os valores colhidos nas otimizações da potência líquida
estão representados por círculos (●), os resultados otimizados da eficiência exergética estão
simbolizados por cruzes (✚), os valores das otimizações do custo específico do investimento
estão caracterizados por quadrados (■) e os resultados otimizados do custo específico para
produção de eletricidade estão indicados por triângulos (▲). As letras (a), (b), (c) e (d)
correspondem à disposição dos ciclos simples subcrítico, simples subcrítico com
superaquecimento, regenerativo subcrítico e regenerativo subcrítico com superaquecimento,
nesta ordem.
Para uma melhor interpretação dos gráficos de alvo, os eixos devem ser analisados no
sentido horário da seguinte forma: (i) no eixo vertical superior estão demonstrados os
resultados pertinentes à potência líquida gerada; (ii) no eixo intermediário direito tem-se os
valores de eficiência exergética; (iii) no eixo vertical inferior são apresentados os resultados
de custo específico do investimento e; (iv) no eixo intermediário esquerdo são fornecidos os
valores de custo específico para produção de energia elétrica. Ademais, o ponto de interseção
dos quatro eixos equivale ao valor mínimo de cada escala e as mesmas estão em ordem
crescente partindo deste ponto até as extremidades dos círculos.
Primeiramente, ao averiguar minuciosamente os resultados obtidos, verificou-se que a
otimização de um parâmetro exerceu influência direta sobre os resultados dos demais.
Aplicando como fator comparativo os resultados encontrados nas otimizações de potência
líquida apresentados na seção 5.3, foi observado que a maximização da eficiência exergética
promoveu o aumento deste indicador tanto nos CROs simples subcríticos e subcríticos com
superaquecimento, quanto nos CROs regenerativos nestas mesmas condições operacionais em
uma média de 0,02%, 0,21%, 0,90% e 1,32%, respectivamente. Estes incrementos nos valores
de eficiência exergética são atribuídos principalmente ao declínio da parcela de insumo
exergético cedida aos ciclos durante as etapas de evaporação do fluido de trabalho. Esta
diminuição, por sua vez, ocorreu devido à elevação dos valores de fluxo de exergia dos gases
134
de exaustão na saída da unidade de evaporação. Isto proporcionou menor variação do fluxo
exergético dos gases do processo de produção de cimento neste componente e menor aporte
de insumo exergético consumido pelo sistema. Também, o decréscimo na destruição de
exergia nos equipamentos dos ciclos em razão da redução das perdas por ação de
irreversibilidades nos mesmos foi outro fator que cooperou para este resultado.
Entretanto, foi observado que o crescimento da eficiência exergética dos CROs
provocou decrementos médios na produção de potência líquida dos mesmos de 0,03%, 0,72%,
1,01% e 0,27% nas configurações simples subcríticas e subcríticas com superaquecimento,
bem como nos arranjos regenerativos subcríticos e subcríticos com superaquecimento, nesta
ordem. Este fato é justificado pela diminuição no valor do produto entre a vazão mássica do
fluido orgânico que foi minimizada e a diferença de entalpia na turbina que se manteve
estagnada. Contudo, apesar da geração de potência líquida dos ciclos ter decaído, o declínio
na quantidade de insumo exergético provida aos sistemas foi o fator decisivo que possibilitou
o acréscimo em sua eficiência exergética.
Ademais, durante a otimização da eficiência exergética dos CROs percebeu-se
também que os indicadores relacionados aos custos experimentaram incrementos. Os custos
específicos do investimento tanto das composições simples nas condições subcrítica e
subcrítica com superaquecimento, quanto dos ciclos regenerativos subcríticos e subcríticos
com superaquecimento alcançaram aumentos médios de 0,18%, 0,24%, 0,25% e 0,31%,
respectivamente. Sob a ótica do custo para produção de eletricidade, estas elevações médias
foram de 0,09%, 0,25%, 0,14% e 0,13% para os respectivos CROs e condições de operação
citados. Embora a expansão nos custos dos sistemas estudados não tenha atingido uma ordem
de grandeza demasiadamente significativa, tais acréscimos ocorreram em virtude da
diminuição na temperatura média no processo de admissão de calor nos estágios de
evaporação dos fluidos de trabalho juntamente com o decréscimo da vazão mássica dos
mesmos, o que requisitou dos trocadores uma maior área superficial de transferência de calor.
Como consequência, houve crescimento dos custos com estes componentes, já que os mesmos
contavam com dimensões maiores.
Portanto, a otimização da eficiência exergética dos CROs propostos revelou que é
possível obter ganhos discretos acerca este parâmetro em detrimento da potência líquida
gerada pelo ciclo e da ampliação dos custos relacionados ao mesmo. Por esta razão, deve-se
avaliar cautelosamente, com base no tipo de aplicação, se a modesta melhoria na eficiência
exergética do sistema compensaria a redução no nível de potência líquida produzida e a piora
nos indicadores financeiros do CRO, ainda que em pequenas proporções.
135
Figura 38 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas
condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R141b
Fonte: Elaborado pelo autor.
Sob o prisma econômico, evidenciou-se que ao minimizar ambos os indicadores
referentes aos custos, a potência líquida gerada pelos ciclos também sofreu decremento. Isto é
explicado pelo fato de que além da variação de entalpia na turbina ter experimentado redução,
a vazão mássica do fluido orgânico na entrada do equipamento também sofreu declínio.
Ainda, foi apurado também que houve decaimento na eficiência exergética dos ciclos durante
as otimizações. Este fato se deu em decorrência de que, apesar de ter havido incremento nos
níveis de fluxo de exergia dos gases de exaustão na saída da unidade de evaporação, o que
diminuiu o montante de insumo exergético fornecido aos CROs, esta condição foi suprimida
pelo decréscimo na produção de potência líquida como mencionado. Isto fez com que os
ciclos fossem menos eficientes da perspectiva de eficiência exergética.
136
Figura 39 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas
condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R11
Fonte: Elaborado pelo autor.
Outra constatação no contexto dos indicadores econômicos é a de que o menor valor
de vazão mássica do fluido de trabalho no sistema viabilizado pela otimização dos custos
específicos do investimento e para geração de energia elétrica propiciou aos ciclos um
funcionamento com componentes menos robustos e onerosos, produzindo um impacto
positivo nos resultados pertinentes aos custos dos CROs. Um exemplo elucidativo deste fato
foi observado nos custos dos trocadores de calor, os quais são os mais acentuados dos ciclos.
As reduções nas temperaturas termodinâmicas médias dos fluidos orgânicos no processo de
admissão de calor graças à menor porção de vapor gerado promoveu uma minimização na
área superficial de transferência de calor necessária para a evaporação dos mesmos e,
consequentemente, as despesas com estes equipamentos foram mais baixas.
137
Figura 40 - Comparação das otimizações dos CROs simples e regenerativos nas
condições subcrítica e subcrítica com superaquecimento para o fluido R123
Fonte: Elaborado pelo autor.
Deste modo, os decrementos médios no custo específico do investimento dos CROs
simples subcríticos e subcríticos com superaquecimento e regenerativos nestas mesmas
condições operacionais equivaleram a 0,67%, 3,31%, 1,35% e 1,36%, nesta ordem. Todavia, a
otimização deste parâmetro ocasionou uma diminuição nos patamares de potência líquida
produzida em comparação com os resultados colhidos na otimização dessa mesma grandeza
na seção 5.3, em média, de 0,18%, 4,34%, 2,95% e 0,98% nas configurações simples
subcríticas e subcríticas com superaquecimento, bem como nos arranjos regenerativos
subcríticos e subcríticos com superaquecimento, respectivamente. Também, o decremento
médio na eficiência exergética para as composições mencionadas foram de 0,06%, 1,55%,
1,22% e 1,11%, nesta ordem. Além do mais, os resultados do custo específico para geração de
138
eletricidade também acompanharam o padrão de comportamento dos demais parâmetros. As
reduções neste indicador foram, em média, de 0,24% para o ciclo simples subcrítico, 1,11%
para o CRO simples subcrítico com superaquecimento, 0,20% para o arranjo regenerativo
subcrítico e 0,50% para a configuração regenerativa subcrítica com superaquecimento.
Já a busca por valores ótimos no que se refere ao custo específico para produção de
energia elétrica proporcionou aos ciclos um declínio médio nos resultados deste parâmetro de
0,33%, 1,20%, 0,32% e 0,59% nas composições simples subcríticas e subcríticas com
superaquecimento e também nos ciclos regenerativos subcríticos e subcríticos com
superaquecimento, respectivamente. No entanto, a otimização deste indicador gerou um
decaimento médio no valor de potência líquida produzida de 0,21% no CRO simples, 3,88%
no CRO simples subcrítico com superaquecimento, 2,36% na configuração regenerativa
subcrítica e 1,34% no arranjo regenerativo subcrítico com superaquecimento. Além disso, as
diminuições médias na eficiência exergética para as composições citadas foram iguais a
0,04%, 1,30%, 1,15% e 1,11%, nesta ordem. Também foram verificados decréscimos médios
de 0,65%, 3,16%, 0,72% e 1,16% nos valores do custo específico do investimento para os
respectivos ciclos mencionados.
Outro aspecto observado durante as otimizações dos indicadores econômicos dos
ciclos concebidos foi a proximidade entre os resultados obtidos nas minimizações do custo
específico do investimento e custo para geração de eletricidade. Esta distância relativamente
pequena entre os resultados de cada indicador é atribuída à correlação existente entre estes
dois parâmetros. Assim sendo, quando algum destes indicadores é modificado, o outro
também experimenta alterações na mesma ordem de grandeza, porém de forma indireta.
Ademais, os fluidos de trabalho que se destacaram do ponto de vista financeiro com
valores mais baixos relativos ao custo específico do investimento e custo específico para
produção de energia elétrica foram os fluidos R141b e R11, respectivamente, ambos no CRO
simples subcrítico com superaquecimento. No primeiro caso, quando a redução do custo
específico do investimento foi determinada como função objetivo, o fluido isentrópico R141b
alcançou um resultado 11,82% inferior ao valor médio encontrado nas outras otimizações
deste parâmetro. Também, este resultado revelou-se menor em 0,73% quando contrastado ao
valor médio dos demais fluidos trabalhando nesta configuração e condição de operação.
Já no segundo caso, onde a otimização foi executada para obter o menor valor possível
de custo específico para geração de eletricidade, o fluido isentrópico R11 atingiu um resultado
4,80% abaixo do patamar médio das outras otimizações para este indicador. Este montante
também se mostrou 0,38% menor comparado ao valor médio dos demais fluidos nas mesmas
139
circunstâncias de otimização. Desta forma, percebeu-se que os resultados dos indicadores
econômicos estão associados ao decremento nos valores relativos à potência líquida produzida
pelos ciclos e ao custo total do investimento, este que por sua vez, sofreu redução em seu
valor devido à diminuição dos custos conforme estabelecido na função objetivo do algoritmo
genético.
5.5 Resultados obtidos com diferentes dados de entrada dos gases de exaustão
Após estudar o comportamento dos CROs operando com as informações iniciais dos
gases de exaustão fornecidas por Cimento Apodi (2015), os ciclos modelados foram
analisados com os diferentes dados de entrada dos gases de exaustão exibidos na Tabela 23 da
seção 4.2 e seguiram a metodologia descrita na seção 4.5. Para um melhor direcionamento do
foco das análises nesta fase de otimizações, somente os fluidos orgânicos que demonstraram
os melhores rendimentos em cada ciclo com as informações iniciais de Cimento Apodi (2015)
foram otimizados. Isto é, o fluido isentrópico R141b nos arranjos simples e regenerativo
subcríticos e o outro fluido isentrópico R11 nas composições simples e regenerativa
subcríticas com superaquecimento. Todos os resultados das otimizações realizadas nesta
seção estão disponíveis nas Tabelas G.1 a G.4 do Apêndice G.
Ponderando os resultados da otimização de potência líquida gerada pelos CROs nesta
etapa, evidenciou-se que o padrão de resultados dos ciclos apresentou relativa semelhança ao
que foi encontrado utilizando as informações de Cimento Apodi (2015). Ainda, de modo geral
as temperaturas de entrada dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento nos CROs
não exerceram um impacto considerável sobre a quantidade de potência líquida produzida
pelos mesmos, mas sim as vazões mássicas destes gases, as quais se elevaram na medida em
que a capacidade do processo de fabricação de cimento foi expandida. Este fato ocorreu em
razão da grande influência da vazão mássica dos gases de exaustão sobre o montante total de
energia cedido ao fluido de trabalho durante o processo de evaporação. Por este motivo,
mesmo os gases de exaustão contando com temperaturas mais baixas e, consequentemente,
proporcionando menor diferença de entalpia na unidade de evaporação, suas altas vazões
mássicas foram capazes de superar este percalço e ainda disponibilizar mais energia ao CRO.
Além do mais, os elevados valores de vazão mássica dos gases de exaustão permitiram
aumentar o aporte de calor fornecido aos ciclos. Como resultado, apurou-se que houve maior
disponibilidade de energia térmica para evaporação dos fluidos orgânicos, além da elevação
das vazões mássicas desses fluidos dentro do sistema, possibilitando obter acréscimos na
140
potência líquida gerada pelos CROs. Portanto, todos os ciclos alcançaram um desempenho
mais atrativo sob a ótica de potência líquida produzida operando com os dados de entrada
extraídos de Kalex (2010) e Wang, Dai e Gao (2009), os quais dispunham de vazões mássicas
dos gases de exaustão mais elevadas. Trabalhando com as informações iniciais destes autores,
os resultados dos CROs subcríticos e subcríticos com superaquecimento foram superiores aos
encontrados com os dados de Cimento Apodi (2015), em média, 30,40% e 27,43%, nesta
ordem. Além disso, o fluido R141b operando na composição regenerativa subcrítica usando
as informações de Kalex (2010) gerou a maior quantidade de potência líquida dentre todos os
resultados obtidos (8.789 kW). A Figura 41 contrasta graficamente os resultados de potência
líquida produzida pelos ciclos trabalhando com os diversos dados de entrada pertinentes aos
gases de exaustão do processo de produção de cimento.
Figura 41 - Potência líquida produzida pelos CROs simples e regenerativos com
diferentes dados de entrada dos gases de exaustão
Fonte: Elaborado pelo autor.
No que tange aos resultados da otimização da eficiência exergética dos CROs, todos
os valores se mantiveram no intervalo entre 41% e 53% conforme evidenciado na Figura 42.
As configurações simples atingiram seus maiores patamares de eficiência exergética operando
com as informações fornecidas por Kalex (2010), enquanto que os arranjos regenerativos
revelaram-se mais eficientes trabalhando com os dados de Cimento Apodi (2015). Em uma
apreciação mais criteriosa dos resultados deste parâmetro, foi evidenciado que os ciclos não
sofreram grande impacto diante da alteração das temperaturas e vazões mássicas dos gases de
141
exaustão. Este fato é justificado por ambos os fluidos de trabalho investigados neste estágio
terem mostrado um rendimento similar nas condições estudadas quanto a sua eficiência
exergética, além da variação de exergia dos fluxos na entrada nos CROs terem sido
proporcionais aos valores de potência líquida gerada por cada um deles.
Figura 42 - Eficiência exergética dos CROs simples e regenerativos com diferentes dados
de entrada dos gases de exaustão
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em relação aos custos específicos de investimento, mais uma vez, verificou-se que os
resultados otimizados deste parâmetro foram mais favoráveis para as composições que
empregaram informações iniciais cujas vazões mássicas dos gases de exaustão eram mais
acentuadas, ou seja, os dados de entrada obtidos de Kalex (2010) e Wang, Dai e Gao (2009).
A razão para este comportamento está fundamentada no fato de que as maiores vazões
mássicas dos gases de exaustão viabilizaram o crescimento da carga térmica dos ciclos que
operaram com as informações fornecidas por estes autores. Isto resultou no aumento da área
superficial de transferência de calor dos trocadores em relação à dos CROs que trabalharam
com vazões mássicas dos gases de exaustão inferiores. Em contrapartida, visto que todos os
ciclos exibiram um custo total do investimento relativamente alto, somente os sistemas que
usufruíram de grande quantidade de vazão mássica dos gases de exaustão conseguiram
produzir expressivos montantes de potência líquida. Por esta razão, em virtude de sua elevada
geração de potência líquida, os CROs que operaram com os dados extraídos de Kalex (2010)
e Wang, Dai e Gao (2009) demonstraram custos específicos do investimento menos onerosos.
Estes resultados são confrontados na Figura 43.
142
Figura 43 - Custo específico de investimento dos CROs simples e regenerativos com
diferentes dados de entrada dos gases de exaustão
Fonte: Elaborado pelo autor.
Já os resultados otimizados dos custos específicos para produção de energia elétrica
seguiram o mesmo padrão daquele observado nos custos específicos do investimento. Isto é,
os ciclos mostraram-se mais vantajosos economicamente operando com as informações
obtidas de Kalex (2010) e Wang, Dai e Gao (2009) como ilustrado na Figura 44.
Figura 44 - Custo específico para geração de eletricidade dos CROs simples e
regenerativos com diferentes dados de entrada dos gases de exaustão
Fonte: Elaborado pelo autor.
143
Após avaliação dos resultados colhidos, percebeu-se que a mesma justificativa
apresentada nos resultados dos custos específicos do investimento é válida para este
indicador. Logo, os grandes aportes de recursos financeiros requeridos pelos CROs foram
compensados pela quantidade substancial de potência líquida gerada pelos ciclos graças às
altas vazões mássicas dos gases de exaustão do processo produtivo de cimento fornecidas por
Kalex (2010) e Wang, Dai e Gao (2009). Outra constatação relevante é que o fluido R11
trabalhando na configuração simples subcrítica com superaquecimento com os dados de
Kalex (2010) alcançou o melhor resultado em termos de custo específico para produção de
eletricidade. Contrastando os resultados encontrados nas otimizações de custo específico para
geração de energia elétrica do fluido R11 operando no arranjo simples subcrítico com
superaquecimento usando as informações iniciais extraídas de Kalex (2010) com as de
Cimento Apodi (2015), foi verificado que o CRO trabalhando com os dados de entrada de
Kalex (2010) foi superior em 38,49% na produção de potência líquida e exibiu um custo para
geração de eletricidade 17,28% menor em comparação com seu desempenho utilizando as
informações de Cimento Apodi (2015).
145
6. CONCLUSÕES
A análise técnico-econômica de ciclos Rankine orgânicos para cogeração na indústria
de cimento permitiu conceber as seguintes conclusões:
a) Os aspectos tecnológicos e características ambientais dos fluidos orgânicos são fatores
importantes a serem considerados na determinação de sua viabilidade para operação
no CRO;
b) O modelo de CRO simples subcrítico proposto mostrou-se confiável, pois atingiu
resultados próximos aos encontrados para este caso na literatura;
c) A inclusão de componentes regenerativos ao sistema e o superaquecimento do fluido
de trabalho antes de sua entrada na turbina propiciam incrementos no rendimento do
CRO sob o prisma de potência líquida produzida e eficiências térmica e exergética;
d) Os critérios de avaliação dos resultados termodinâmicos dos CROs acerca de suas
composições e condições de operação devem ser estipulados de acordo com o enfoque
do estudo;
e) Através dos CROs investigados neste trabalho, seria teoricamente possível fornecer
entre 9,59% e 18,71% da demanda de energia elétrica contratada pela planta
cimenteira Cimento Apodi;
f) A configuração regenerativa demonstrou superioridade quando contrastada com o
arranjo simples na condição subcrítica da perspectiva de potência líquida gerada e
eficiências térmica e exergética de, em média, 12,72%, 11,55% e 11,54%,
respectivamente;
g) A composição regenerativa subcrítica com superaquecimento obteve acréscimos
médios de 9,38% no valor de potência líquida produzida, além de 8,88% e 8,82% nas
eficiências térmica e exergética, nesta ordem, comparado ao ciclo simples nesta
mesma condição operacional;
h) Um fluido orgânico pode apresentar resultados termodinâmicos distintos dependendo
da configuração do CRO e de sua condição de operação;
i) Os ciclos simples e regenerativos subcríticos foram, respectivamente, mais eficientes
do ponto de vista de potência líquida (4.565 kW e 5.541 kW), e eficiências térmica
(18,81% e 22,40%) e exergética (41,75% e 49,70%) operando com o fluido R141b;
146
j) Os CROs simples e regenerativos subcríticos com superaquecimento, atingiram o
melhor desempenho no contexto de potência líquida gerada com 5.043 kW e 5.614
kW, eficiência térmica de 20,79% e 22,85% e eficiência exergética de 46,15% e
50,59%, nesta ordem, trabalhando com o fluido R11;
k) Os fluidos R600 e R600a revelaram-se inapropriados para se trabalhar em CROs
regenerativos na condição operacional subcrítica com superaquecimento em
decorrência de sua baixa performance termodinâmica;
l) O emprego do superaquecedor no CRO promove um decréscimo na área superficial de
transferência de calor dos trocadores, o que resulta na redução dos custos do sistema.
Por esta razão, evidenciou-se um decremento médio nos custos totais do investimento
de 3,73% nas composições simples e de 3,27% nos ciclos regenerativos subcríticos
com superaquecimento em relação aos mesmos CROs na condição subcrítica;
m) A superioridade média dos resultados otimizados sobre os resultados das simulações
foram de 2,45% e 4,87% para as configurações simples subcríticas e subcríticas com
superaquecimento e de 4,18% e 3,47% para os arranjos regenerativos subcríticos e
subcríticos com superaquecimento, respectivamente;
n) A composição simples subcrítica trabalhando com o fluido R123 alcançou os
resultados mais atrativos sob a ótica de custo total do investimento (R$ 16.077.607) e
custos específicos do investimento (3.723 R$/kW) e para geração de energia elétrica
(0,1089 R$/kWh);
o) O ciclo simples subcrítico com superaquecimento operando com o fluido R123 exibiu
os resultados menos onerosos de custo total do investimento, custo específico do
investimento e custo específico para produção de eletricidade de R$ 15.386.958, 3.516
R$/kW e 0,1065 R$/kWh, nesta ordem. Estes, que por sua vez, foram os menores
custos obtidos para estes indicadores na modelagem econômica;
p) A configuração regenerativa na condição subcrítica trabalhando com o fluido
isentrópico R141b demonstrou os melhores resultados em termos de custo total do
investimento (R$ 20.517.483) e custos específicos do investimento (4.060 R$/kW) e
para geração de energia elétrica (0,1128 R$/kWh);
q) O arranjo regenerativo subcrítico com superaquecimento operando com o fluido
R141b apresentou superioridade sob o prisma econômico com os menores custos
totais do investimento e custos específicos do investimento e para produção de
eletricidade de R$ 19.633.601, 3.925 R$/kW e 0,1113 R$/kWh, respectivamente;
147
r) Com base nos resultados da estimativa de custos, caso a eletricidade gerada pelos
CROs propostos tivesse sido comercializada no ano de 2016, haveria a possibilidade
de negociá-la a um valor 73,02% inferior ao valor da tarifa de energia elétrica
praticado pela CEMIG para o consumidor de classe industrial daquele ano;
s) O VPL está diretamente relacionado à produção de potência líquida dos ciclos, pois os
fluidos de trabalho com performance termodinâmica mais elevada foram também os
que alcançaram os montantes mais significativos para este indicador econômico;
t) Os valores de VPL calculados para os todos os fluidos orgânicos estudados estiveram
compreendidos entre 130 e pouco mais de 140 milhões de reais e 135 e 160 milhões de
reais para as composições simples subcríticas e subcríticas com superaquecimento,
nesta ordem. Já no ciclo regenerativo, este indicador atingiu cifras entre 150 e pouco
mais de 170 milhões de reais em ambas as condições de operação examinadas;
u) Os valores mais baixos do TR obtidos neste estudo (1,02 anos) foram exibidos pelo
CRO regenerativo trabalhando com o fluido R141b e pelo ciclo simples operando com
o fluido R123, ambos na condição subcrítica com superaquecimento;
v) Todas as configurações analisadas se mostraram extremamente interessantes da
perspectiva da TIR, já que as mesmas demonstraram valores bem superiores à TJLP
adotada neste trabalho. Ademais, o arranjo simples subcrítico com superaquecimento
alcançou o maior patamar da TIR deste estudo operando com o fluido R123 (98,37%);
w) Durante a otimização de outros parâmetros de operação dos CROs, foi observado que
ao se otimizar um parâmetro, o mesmo influencia diretamente os resultados dos
demais;
x) As vazões mássicas dos gases de exaustão do processo de produção de cimento
desempenham um papel fundamental sobre o montante de potência líquida gerada pelo
CRO e sobre os parâmetros relativos aos custos do sistema.
6.1 Recomendações para trabalhos futuros
Diante da complexidade do tema e da vasta gama de contextos distintos em que o
CRO pode ser utilizado, algumas sugestões para futuros trabalhos acerca deste assunto são:
a) Desenvolver estudos nesta mesma linha empregando outros fluidos de trabalho
orgânicos e misturas zeotrópicas;
148
b) Realizar estudos para recuperação de calor residual através do CRO com dados de
outras plantas cimenteiras reais;
c) Estudar o CRO na condição operacional supercrítica para recuperação de calor
residual na indústria de cimento;
d) Confrontar os resultados da modelagem econômica apresentados neste estudo com os
custos de plantas cimenteiras em operação atualmente de modo a aferir o modelo de
custos desenvolvido;
e) Aperfeiçoar a modelagem dos trocadores de calor com a finalidade de calcular o
coeficiente global de transferência de calor de forma mais precisa para este e outros
tipos de aplicação.
149
REFERÊNCIAS
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novembro de 2006. Estabelece os requisitos para a qualificação de centrais termelétricas
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ANSI/ASHRAE 34-2007: Designation and Safety Classification of Refrigerants. Atlanta:
ASHRAE, 2007.
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157
APÊNDICE A - Fluidos refrigerantes puros elegíveis para operação no CRO
Tabela A.1 - Categorização dos fluidos refrigerantes elegíveis para operação no CRO
Classe Código Nomenclatura química Fórmula química
Metano
R11 Triclorofluorometano CCl3F
R12 Diclorodifluorometano CCl2F2
R12B1 Bromoclorodifluorometano CBrClF2
R13 Clorotrifluorometano CClF3
R14 Tetrafluorometano CF4
R21 Diclorofluorometano CHCl2F
R22 Clorodifluorometano CHClF2
R23 Trifluorometano CHF3
R30 Diclorometano CH2Cl2
R31 Clorofluorometano CH2ClF
R32 Difluorometano CH2F2
R40 Clorometano CH3Cl
R41 Fluorometano CH3F
R50 Metano CH4
Etano
R113 1,1,2-tricloro-1,2,2-trifluoroetano CCl2FCClF2
R114 1,2-dicloro-1,1,2,2-tetrafluoroetano CClF2CClF2
R115 Cloropentafluoroetano CClF2CF3
R116 Hexafluoroetano CF3CF3
R123 2,2-dicloro-1,1,1-trifluoroetano CHCl2CF3
R124 2-cloro-1,1,1,2-tetrafluoroetano CHClFCF3
R125 Pentafluoroetano CHF2CF3
R134a 1,1,1,2-tetrafluoroetano CH2FCF3
R141b 1,1-dicloro-1-fluoroetano CH3CCl2F
R142b 1-cloro-1,1-difluoroetano CH3CClF2
R143a 1,1,1-trifluoroetano CH3CF3
R152a 1,1-difluoroetano CH3CHF2
R170 Etano CH3CH3
Éter RE170 Dimetil éter CH3OCH3
Propano
R218 Octafluoropropano CF3CF2CF3
R227ea 1,1,1,2,3,3,3-heptafluoropropano CF3CHFCF3
R236fa 1,1,1,3,3,3-hexafluoropropano CF3CH2CF3
R245fa 1,1,1,3,3-pentafluoropropano CF3CH2CHF2
R290 Propano CH3CH2CH3
Cíclico RC318 Octafluorociclobutano (CF2)4
Hidrocarboneto
R600 Butano CH3CH2CH2CH3
R600a Isobutano CH(CH3)2CH3
R601 Pentano CH3(CH2)3CH3
R601a Isopentano (CH3)2CHCH2CH3
Oxigênio R610 Etil éter CH3CH2OCH2CH3
R611 Metanoato de metila HCOOCH3
Nitrogênio R630 Metilamina CH3NH2
R631 Etilamina CH3CH2(NH2) Fonte: Adaptado de ASHRAE (2009).
159
APÊNDICE B - Comportamento das curvas de saturação dos fluidos orgânicos
Figura B.1 - Diagramas T-s dos fluidos de trabalho orgânicos (continua)
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,000
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R11
0,00 0,20 0,40 0,60 0,800
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]T
[°C
]
R12
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R22
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,20
20
40
60
80
100
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R32
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R113
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R123
160
Figura B.1 - Diagramas T-s dos fluidos de trabalho orgânicos (continuação)
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
20
40
60
80
100
120
140
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R124
1,00 1,20 1,40 1,600
20
40
60
80
s [kJ/kg-K]T
[°C
]
R125
0,20 0,40 0,60 0,80 1,000
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R134a
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,200
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R141b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
20
40
60
80
100
120
140
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R142b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
20
40
60
80
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R143a
161
Figura B.1 - Diagramas T-s dos fluidos de trabalho orgânicos (conclusão)
Fonte: Elaborado pelo autor.
1 1 1 2 2 2 2 20
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R152a
0,00 0,20 0,40 0,60 0,800
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R227ea
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R245fa
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
20
40
60
80
100
120
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R290
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
20
40
60
80
100
120
140
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600a
163
APÊNDICE C - Resultados dos parâmetros operacionais com �̇�𝒄 maximizado
Tabela C.1 - Resultados da otimização do CRO simples subcrítico
Fluido ΔTsub resf
[°C]
ΔTEVP 01
[°C]
ΔTEVP 02
[°C]
�̅�adm calor
[°C]
T1
[°C]
ΔhTURB
[kJ/kg]
R11 185,36 - 190,41 124,64 185,36 47,28
R123 166,90 - 194,20 109,70 166,90 44,11
R124 115,27 - 194,30 78,27 115,27 22,16
R141b 181,82 - 192,90 124,52 181,82 61,66
R142b 128,58 - 191,90 84,80 128,58 34,66
R245fa 139,96 - 191,80 88,76 139,96 39,18
R600 137,23 - 194,30 91,28 137,23 74,86
R600a 120,44 - 194,90 81,92 120,44 57,99 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela C.2 - Resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico
Fluido ΔTsub resf
[°C]
ΔTEVP 01
[°C]
ΔTEVP 02
[°C]
�̅�adm calor
[°C]
T1
[°C]
ΔhTURB
[kJ/kg]
R11 37,01 - 144,24 166,86 185,36 39,39
R123 49,63 - 144,30 142,09 166,90 36,27
R124 53,07 - 185,30 88,74 115,27 21,79
R141b 45,81 - 140,00 158,92 181,82 51,60
R142b 49,85 - 185,30 104,22 128,58 33,22
R245fa 55,90 - 165,10 112,01 139,96 35,39
R600 66,46 - 165,60 104,00 137,23 70,55
R600a 63,47 - 174,90 88,71 120,44 56,50 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela C.3 - Resultados da otimização do CRO simples subcrítico com superaq.
Fluido ΔTsub resf
[°C]
ΔTEVP 01
[°C]
ΔTEVP 02
[°C]
�̅�adm calor
[°C]
T1
[°C]
ΔhTURB
[kJ/kg]
R11 81,02 119,70 173,50 144,85 274,23 70,38
R123 122,30 148,40 190,30 105,75 234,50 60,11
R124 74,00 158,80 192,00 78,27 180,76 34,88
R141b 114,10 102,10 182,40 124,77 291,85 93,58
R142b 85,94 136,30 191,30 86,17 215,48 57,51
R245fa 96,66 182,20 192,60 91,63 191,29 52,23
R600 93,07 184,30 191,40 90,70 185,69 99,11
R600a 78,28 169,50 191,60 81,30 181,93 82,82 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela C.4 - Resultados da otimização do CRO regenerativo subcrítico com superaq.
Fluido ΔTsub resf
[°C]
ΔTEVP 01
[°C]
ΔTEVP 02
[°C]
�̅�adm calor
[°C]
T1
[°C]
ΔhTURB
[kJ/kg]
R11 35,49 128,00 131,54 167,62 239,30 57,91
R123 46,76 140,30 136,00 143,52 216,22 49,50
R124 58,91 197,20 178,10 85,82 150,96 30,01
R141b 59,51 148,20 124,60 152,07 225,47 67,47
R142b 45,07 156,70 176,60 106,61 186,16 50,41
R245fa 55,50 193,30 161,80 112,21 173,80 46,40
R600 62,05 152,00 165,20 106,21 195,34 99,74
R600a 57,98 118,20 173,90 91,45 209,26 89,95 Fonte: Elaborado pelo autor.
165
APÊNDICE D - Comparativo dos diagramas T-s quanto à potência líquida
Figura D.1 - Diagramas T-s do CRO simples subcrítico
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,000
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R11
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R123
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80
20
40
60
80
100
120
140
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R124
0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,200
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R141b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
20
40
60
80
100
120
140
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R142b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R245fa
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
40
80
120
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600a
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
166
Fonte: Elaborado pelo autor. Figura D.2 - Diagramas T-s do CRO regenerativo subcrítico
Fonte: Elaborado pelo autor.
0,20 0,40 0,60 0,80 1,000
40
80
120
160
200
240R11
T [
°C]
s [kJ/kg-K]1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
40
80
120
160
200
240R123
T [
°C]
s [kJ/kg-K]
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
20
40
60
80
100
120
140
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R124
0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,200
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R141b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
20
40
60
80
100
120
140
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R142b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R245fa
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600
1,00 1,40 1,80 2,20 2,600
40
80
120
160
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600a
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
167
Figura D.3 - Diagramas T-s do CRO simples subcrítico com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,200
40
80
120
160
200
240
280
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R11
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R123
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R124
0,00 0,40 0,80 1,20 1,600
60
120
180
240
300
360
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R141b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,200
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R142b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,200
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R245fa
1,00 1,40 1,80 2,20 2,60 3,000
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600
1,00 1,40 1,80 2,20 2,60 3,000
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600a
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
168
Figura D.4 - Diagramas T-s do CRO regenerativo subcrítico com superaquecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
0,20 0,40 0,60 0,80 1,000
40
80
120
160
200
240
280R11
T [
°C]
s [kJ/kg-K]
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,000
40
80
120
160
200
240R123
T [
°C]
s [kJ/kg-K]
1,00 1,20 1,40 1,60 1,800
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R124
0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,400
40
80
120
160
200
240R141b
T [
°C]
s [kJ/kg-K]
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,200
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R142b
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,200
40
80
120
160
200
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R245fa
1,00 1,40 1,80 2,20 2,60 3,00 3,400
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600
1,00 1,40 1,80 2,20 2,60 3,00 3,400
40
80
120
160
200
240
s [kJ/kg-K]
T [
°C]
R600a
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após otimização
�̇�𝑐 sem otimização
�̇�𝑐 ganho após
otimização
169
APÊNDICE E - Resultados da estimativa de custos
Tabela E.1 - Resultados da estimativa de custos para o CRO simples subcrítico
Fluido IT
[R$]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
A
[m²]
R141b 17.145.064 3.756 0,1093 5.857
R11 19.695.405 4.340 0,1162 6.641
R123 16.077.607 3.723 0,1089 5.352 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela E.2 - Resultados da estimativa de custos para o CRO regenerativo subcrítico
Fluido IT
[R$]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
A
[m²]
R141b 20.517.483 4.060 0,1128 8.542
R11 21.029.130 4.352 0,1157 8.095
R123 20.546.209 4.143 0,1138 7.279 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela E.3 - Resultados da estimativa de custos para o CRO simples subcrítico com
superaquecimento
Fluido IT
[R$]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
A
[m²]
R141b 17.011.028 3.609 0,1076 4.635
R11 18.493.638 3.667 0,1083 5.645
R123 15.386.958 3.516 0,1065 3.922 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela E.4 - Resultados da estimativa de custos para o CRO regenerativo subcrítico com
superaquecimento
Fluido IT
[R$]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
A
[m²]
R141b 19.633.601 3.925 0,1113 6.834
R11 20.174.745 4.082 0,1131 5.753
R123 20.252.793 4.108 0,1134 6.939 Fonte: Elaborado pelo autor.
171
APÊNDICE F - Resultados dos indicadores econômicos
Tabela F.1 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R141b trabalhando na
condição operacional subcrítica
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -17.145.064 -17.145.064
92,09 1,09
-20.517.483 -20.517.483
93,41 1,07
1 15.789.615 -2.232.163 19.165.445 -2.435.376
2 15.789.615 10.656.866 19.165.445 13.209.336
3 15.789.615 22.702.687 19.165.445 27.830.562
4 15.789.615 33.960.464 19.165.445 41.495.259
5 15.789.615 44.481.751 19.165.445 54.266.004
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 15.789.615 140.308.728 19.165.445 170.580.851 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela F.2 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R141b trabalhando na
condição operacional subcrítica com superaquecimento
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -17.011.028 -17.011.028
96,95 1,03
-19.633.601 -19.633.601
97,72 1,02
1 16.491.760 -1.493.615 19.186.198 -1.591.192
2 16.491.760 11.968.573 19.186.198 14.070.461
3 16.491.760 24.550.057 19.186.198 28.707.519
4 16.491.760 36.308.454 19.186.198 42.387.013
5 16.491.760 47.297.610 19.186.198 55.171.586
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 16.491.760 147.385.896 19.186.198 171.612.384 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela F.3 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R11 trabalhando na
condição operacional subcrítica
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -19.695.405 -19.695.405
79,69 1,25
-21.029.130 -21.029.130
91,04 1,10
1 15.696.226 -4.697.229 19.144.692 -2.931.677
2 15.696.226 8.115.567 19.144.692 12.696.094
3 15.696.226 20.090.143 19.144.692 27.301.487
4 15.696.226 31.281.335 19.144.692 40.951.388
5 15.696.226 41.740.393 19.144.692 53.708.304
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 15.696.226 137.000.594 19.144.692 169.897.201 Fonte: Elaborado pelo autor.
172
Tabela F.4 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R11 trabalhando na
condição operacional subcrítica com superaquecimento
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -18.493.638 -18.493.638
94,32 1,06
-20.174.745 -20.174.745
96,25 1,04
1 17.442.941 -2.048.433 19.417.940 -1.894.521
2 17.442.941 12.190.202 19.417.940 13.956.302
3 17.442.941 25.497.339 19.417.940 28.770.156
4 17.442.941 37.933.915 19.417.940 42.614.879
5 17.442.941 49.556.883 19.417.940 55.553.872
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 17.442.941 155.417.878 19.417.940 173.401.111 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela F.5 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R123 trabalhando na
condição operacional subcrítica
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -16.077.607 -16.077.607
92,89 1,08
-20.546.209 -20.546.209
83,57 1,20
1 14.935.281 -1.980.748 17.169.693 -4.205.390
2 14.935.281 10.210.889 17.169.693 9.810.194
3 14.935.281 21.604.944 17.169.693 22.908.870
4 14.935.281 32.253.592 17.169.693 35.150.624
5 14.935.281 42.205.600 17.169.693 46.591.515
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 14.935.281 132.847.634 17.169.693 150.794.168 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela F.6 - Resultados dos indicadores econômicos para o fluido R123 trabalhando na
condição operacional subcrítica com superaquecimento
Ano
CRO Simples CRO Regenerativo
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
FC
[R$]
VPL
[R$]
TIR
[%]
TR
[anos]
0 -15.386.958 -15.386.958
98,37 1,02
-20.252.793 -20.252.793
84,96 1,18
1 15.135.893 -1.160.059 17.207.740 -3.897.937
2 15.135.893 11.195.339 17.207.740 10.148.704
3 15.135.893 22.742.439 17.207.740 23.276.407
4 15.135.893 33.534.122 17.207.740 35.545.287
5 15.135.893 43.619.807 17.207.740 47.011.531
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
20 15.135.893 135.479.358 17.207.740 151.445.093 Fonte: Elaborado pelo autor.
173
APÊNDICE G - Resultados obtidos com outros dados dos gases de exaustão
Tabela G.1 - Resultados da otimização dos parâmetros operacionais com dados de
outros autores para o fluido R141b no CRO simples subcrítico
Função
objetivo Autor
Produção
[ton/dia] �̇�𝒄
[kW]
ηex
[%]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
Max
imiz
ar
𝑾𝒄
ECRA (2009) 3.000 4.164 43,62 3.687 0,1085
Mirolli (2006) 3.000 4.060 41,11 3.568 0,1071
Cimento Apodi (2015) 3.500 4.565 41,75 3.756 0,1093 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.182 44,44 3.421 0,1054
Kalex (2010) 6.300 8.193 45,00 3.284 0,1038
Max
imiz
ar
ηex
ECRA (2009) 3.000 3.383 43,63 3.874 0,1107
Mirolli (2006) 3.000 2.069 42,06 4.610 0,1194 Cimento Apodi (2015) 3.500 4.564 41,76 3.756 0,1093
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 5.109 44,45 3.563 0,1071
Kalex (2010) 6.300 6.991 45,27 3.415 0,1053
Min
imiz
ar
I
ECRA (2009) 3.000 4.163 43,62 3.652 0,1081
Mirolli (2006) 3.000 4.059 41,11 3.563 0,1071
Cimento Apodi (2015) 3.500 4.552 41,72 3.727 0,1090
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.181 44,44 3.097 0,1052 Kalex (2010) 6.300 8.190 45,00 2.277 0,1037
Min
imiz
ar
C
ECRA (2009) 3.000 4.163 43,62 3.653 0,1080
Mirolli (2006) 3.000 4.059 41,11 3.564 0,1070 Cimento Apodi (2015) 3.500 4.553 41,73 3.728 0,1089
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.180 44,44 3.405 0,0951
Kalex (2010) 6.300 8.192 45,01 3.278 0,0936 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela G.2 - Resultados da otimização dos parâmetros operacionais com dados de
outros autores para o fluido R141b no CRO regenerativo subcrítico
Função
objetivo Autor
Produção
[ton/dia] �̇�𝒄
[kW]
ηex
[%]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
Max
imiz
ar
𝑾𝒄
ECRA (2009) 3.000 4.189 47,74 5.328 0,1278
Mirolli (2006) 3.000 4.809 46,84 4.994 0,1239 Cimento Apodi (2015) 3.500 5.541 49,70 4.060 0,1128
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.458 48,70 3.392 0,1133
Kalex (2010) 6.300 8.789 47,15 2.633 0,1061
Max
imiz
ar
ηex
ECRA (2009) 3.000 3.951 49,76 5.502 0,1298 Mirolli (2006) 3.000 4.703 49,89 4.744 0,1290
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.403 50,87 4.068 0,1130
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.448 50,56 4.570 0,1189 Kalex (2010) 6.300 6.187 48,32 3.614 0,1077
Min
imiz
ar
I
ECRA (2009) 3.000 3.335 45,92 4.295 0,1276
Mirolli (2006) 3.000 3.859 44,96 4.087 0,1226
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.248 48,07 4.030 0,1127 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 3.991 46,81 3.337 0,1026
Kalex (2010) 6.300 6.006 46,90 2.327 0,0965
Min
imiz
ar
C
ECRA (2009) 3.000 3.381 46,38 5.298 0,1173 Mirolli (2006) 3.000 3.833 44,76 4.886 0,1123
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.259 48,18 4.036 0,1126
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 5.073 48,18 4.509 0,1014
Kalex (2010) 6.300 5.427 46,50 2.797 0,0963
Fonte: Elaborado pelo autor.
174
Tabela G.3 - Resultados da otimização dos parâmetros operacionais com dados de
outros autores para o fluido R11 no CRO simples subcrítico com superaquecimento
Função
objetivo Autor
Produção
[ton/dia] �̇�𝒄
[kW]
ηex
[%]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
Max
imiz
ar
𝑾𝒄
ECRA (2009) 3.000 4.146 46,29 3.295 0,1039 Mirolli (2006) 3.000 4.401 45,22 3.161 0,1025
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.043 46,15 3.667 0,1083
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.333 47,65 3.065 0,1012 Kalex (2010) 6.300 8.199 47,69 2.972 0,1001
Max
imiz
ar
ηex
ECRA (2009) 3.000 2.796 47,03 3.748 0,1092
Mirolli (2006) 3.000 4.337 45,72 3.215 0,1030
Cimento Apodi (2015) 3.500 4.960 46,32 3.673 0,1083 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.278 47,74 3.111 0,1017
Kalex (2010) 6.300 6.568 48,14 2.342 0,0927
Min
imiz
ar
I
ECRA (2009) 3.000 4.092 46,81 3.260 0,1035 Mirolli (2006) 3.000 4.275 45,22 3.160 0,1024
Cimento Apodi (2015) 3.500 4.727 45,08 3.469 0,1060
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.286 47,32 3.052 0,1011
Kalex (2010) 6.300 7.468 46,90 2.151 0,0905
Min
imiz
ar
C
ECRA (2009) 3.000 4.098 46,81 3.267 0,1034
Mirolli (2006) 3.000 4.360 45,40 3.166 0,1023
Cimento Apodi (2015) 3.500 4.742 45,24 3.477 0,1059 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.287 47,29 3.053 0,1010
Kalex (2010) 6.300 7.470 46,70 2.154 0,0903 Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela G.4 - Resultados da otimização dos parâmetros operacionais com dados de
outros autores para o fluido R11 no CRO regenerativo subcrítico com superaq.
Função
objetivo Autor
Produção
[ton/dia] �̇�𝒄
[kW]
ηex
[%]
I
[R$/kW]
C
[R$/kWh]
Max
imiz
ar
𝑾𝒄
ECRA (2009) 3.000 4.241 51,95 4.233 0,1150
Mirolli (2006) 3.000 5.135 52,68 3.928 0,1135
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.614 50,59 4.082 0,1131 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.878 52,78 4.136 0,1138
Kalex (2010) 6.300 8.314 51,69 2.976 0,1050
Max
imiz
ar
ηex
ECRA (2009) 3.000 4.182 51,95 4.247 0,1151 Mirolli (2006) 3.000 5.028 51,69 3.957 0,1117
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.586 51,96 4.044 0,1127
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.854 51,79 3.536 0,1067
Kalex (2010) 6.300 8.028 51,93 2.547 0,1051
Min
imiz
ar
I
ECRA (2009) 3.000 4.190 51,75 4.223 0,1152
Mirolli (2006) 3.000 5.001 52,47 3.924 0,1118
Cimento Apodi (2015) 3.500 5.488 49,50 3.956 0,1118 Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.509 52,56 3.132 0,1021
Kalex (2010) 6.300 7.218 49,85 2.129 0,1069
Min
imiz
ar
C
ECRA (2009) 3.000 4.194 51,79 4.241 0,1149
Mirolli (2006) 3.000 5.114 52,45 3.932 0,1111 Cimento Apodi (2015) 3.500 5.439 49,86 3.958 0,1117
Wang, Dai e Gao (2009) 5.000 6.701 52,08 3.154 0,1061
Kalex (2010) 6.300 8.002 51,54 2.312 0,1006 Fonte: Elaborado pelo autor.