Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6...

47
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS Relatório de Conclusão de Curso Análises Microbiológicas de Produtos Lácteos Deborah Murowaniecki Otero Pelotas, 2008

Transcript of Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6...

Page 1: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS

Relatório de Conclusão de Curso

Análises Microbiológicas de Produtos Lácteos

Deborah Murowaniecki Otero

Pelotas, 2008

Page 2: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

2

DEBORAH MUROWANIECKI OTERO

Análises Microbiológicas de Produtos Lácteos

Relatório final apresentado ao Curso

de Bacharelado em Química de

Alimentos da Universidade Federal

de Pelotas, sob orientação da Profª.

Mírian Ribeiro Galvão Machado,

como requisito da Disciplina de

Estágio Supervisionado.

Orientador: Drª. Mírian Ribeiro Galvão Machado

Pelotas, 2008

Page 3: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

3

Banca examinadora:

Drª Mírian Ribeiro Galvão Machado – UFPel – Orientadora

MSc. Andréa Miranda Teixeira – UERGS

___________________________________________________________________

Denise da Fontoura Prates – Bel. Química de Alimentos

Page 4: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

4

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de estar na terra

progredindo e aprendendo.

Aos meus pais, que não se contentaram em presentear-me somente com a

vida, revestiram minha existência de amor, carinho e dedicação. Agradeço de

abrirem as portas do meu futuro, iluminando meu caminho com a luz mais brilhante

que puderam encontrar: o estudo. Obrigado pelo sonho que realizo, e, sobretudo,

pela lição de amor que me ensinaram durante a vida.

Ao meu irmão, pela paciência, nas inúmeras vezes em que me auxiliou com

os problemas imensos que o computador criava e pelas palavras de apoio e carinho

que sempre me dedicou.

Ao meu namorado, companheiro e amigo pela paciência, acalento, pelo

constante incentivo, por compreender minha falta de tempo, o mau humor e as

inúmeras vezes que deixei de estar em sua companhia por causa dos estudos.

As minhas amigas e integrantes do Quarteto Fantástico (Fabiane Cavalheiro,

Flávia Paiva e Ravena Lima) pelo maravilhoso tempo de convívio, pelos sorrisos

lançados, pelas lágrimas derramadas, pelo aprendizado e por serem as “melhores

amigas do mundo”.

A “P da Greici”, por tornar o período de graduação muito mais agradável,

fácil e divertido.

A minha orientadora profª. Mírian Ribeiro Galvão Machado pela dedicação,

apoio e consideração.

E a todos aqueles que passaram pela minha vida nesses quatro anos de

faculdade e que, mesmo sem saber, contribuíram muito para minha formação.

Page 5: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

5

Aluno

Deborah Murowaniecki Otero

[email protected]

Concedente

Razão Social: Universidad de la República

Caracterização Jurídica: Instituição de Ensino

Unidade onde foi realizado o estágio: Faculdade de Veterinária

Setor de realização do estágio: Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite

Endereço: Alberto Las Places 1550

Telefone: (598 2) 6222411

Web- site: www.universidad.edu.uy

Nome e cargo do supervisor: Silvana Carro, Coordenadora do Departamento de

Ciência e Tecnologia de Leite

Estágio

Área de atuação: Microbiologia de Lácteos

Período do termo de compromisso: 21/07 a 17/10/2008.

Número de horas do relatório: 520 horas

Nome do Professor Orientador: Mírian Ribeiro Galvão Machado

Semestre em que o relatório foi apresentado: 2008/2

Page 6: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

6

Resumo

OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f.

Relatório de estágio – Curso de Química de Alimentos, Faculdade de Ciências

Domésticas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas no estágio curricular previsto na disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS.O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Microbiología de Lácteos, do Departamento de Ciência e Tecnología de Leche, da Universidad de la República.O objetivo foi aplicar e aprimorar os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, bem como desenvolver aptidão em técnicas de laboratório, os quais foram desempenhados na área de microbiologia de alimentos.Foram realizadas avaliações microbiológicas de queijos artesanais com a finalidade de avaliar se são aptos para o consumo humano. O relatório descreve as etapas do estudo realizado para as avaliações da qualidade das amostras de queijo e leite coletados de pequenos produtores artesanais na zona de “Nueva Helvecia”, Colônia,Uruguai. O estágio enriqueceu em grande parte os conhecimentos técnicos-profissionais e formação pessoal, como também permitiu reconhecer a importante função que o Químico de Alimentos cumpre no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento de produtos dentro de uma organização.

Palavras-chave: microbiologia de alimentos, leite, queijo.

Page 7: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

7

Lista de Figuras

Figura 1 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto.............19

Figura 2 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro.........19

Figura 3 Porcentagem de amostras de leite que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro............20

Figura 4 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto..............25

Figura 5 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro.........25

Figura 6 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro............26

Figura 7 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de agosto.............27

Figura 8 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de setembro........28

Figura 9 Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos

limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de outubro...........28

Page 8: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

8

Lista de Tabelas

Tabela 1 Condições para o crescimento de Staphylococcus coagulase

positiva e produção de toxina.............................................................17

Tabela 2 Exigências microbiológicas para leite cru...........................................18

Tabela 3 Limites estabelecidos para cada microrganismo pela legislação

uruguaia para queijos de média umidade...........................................24

Tabela 4 Limites de microrganismos presente em queijos de média

umidade estabelecidos pela legislação brasileira...............................27

Page 9: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

9

Sumário

Resumo........................................................................................................................6

Lista de Figuras............................................................................................................7

Lista de Tabelas...........................................................................................................8

1 Caracterização da empresa..... .............................................................................. 11

1.1 Universidad de la República ............................................................................... 11

1.2 Faculdade de Veterinária ................................................................................... 11

2 Objetivos ................................................................................................................ 13

2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................. 13

2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 13

3 Atividades desenvolvidas ...................................................................................... 14

3.1 Coleta das amostras ........................................................................................... 14

3.2 Análises microbiológicas .................................................................................... 15

3.2.1 Análises das amostras de leite ........................................................................ 15

3.2.1.1 Resultados das análises microbiológicas de leite ......................................... 19

3.2.2 Análises das amostras de queijo ..................................................................... 20

3.2.2.1 Resultados das análises microbiológicas de queijo ...................................... 25

4 Sugestões .............................................................................................................. 30

4.1 Sugestões para o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite ................... 30

4.2 Sugestões para o Curso de Química de Alimentos ............................................ 30

5 Conclusão .............................................................................................................. 31

6 Referências ........................................................................................................... 32

Anexos .......................................................................................................................37

ANEXO A - Seqüência das análises realizadas nas amostras ........... .......................38

Page 10: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

10

ANEXO B – Composição e característica dos meios de cultura utilizados...............39

ANEXO C – Modelo de carta entregue aos produtores............................................47

Page 11: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

11

1 Caracterização da empresa

1.1 Universidad de la República

A Universidad de la República (UdelaR) é a principal instituição de educação

superior e de investigação do Uruguai. Em colaboração com uma ampla gama de

instituições sociais, realiza também múltiplas atividades orientadas ao uso

socialmente valioso de conhecimento e a difusão da cultura. É uma instituição

pública, autônoma co-governada por seus docentes, estudantes e egressados. A

UdelaR oferece vinte e três cursos de graduação, sendo que três deles são

ofertados no interior do país e os demais estão localizados em Montevidéu

(CASAUX; KELLY; CAZZULI; PÉREZ, 2003).

O acesso aos estudos terciários na UdelaR é gratuito e aberto àqueles que

tenham completado os estudos requeridos de nível médio. Segundo dados de maio

deste ano, a UR conta com quase 80 mil inscritos em seus diversos cursos de

graduação, o que constitui mais de 80% da matrícula terciária total do país. No ano

de 2006 obtiveram título terciário na UR 4.254 pessoas. A UR é também a principal

instituição educativa do país em nível de pós graduação. Uma média de 500

pessoas completam a cada ano formação desse nível (Universidad de la República,

2008).

1.2 Faculdade de Veterinária

A Faculdade de Veterinária foi fundada em 1903 e conta, atualmente, com

oito Institutos, destacando-se o Instituto de Ciência e Tecnologia dos Alimentos onde

está inserido o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite.

Page 12: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

12

O Departamento é constituído por três docentes, uma ajudante honorária,

dois colaboradores e um ajudante preparador. No momento está em fase de

expansão, e está envolvido em um projeto de investigação juntamente com o

Instituto de Investigações Biológicas Clemente Estable intitulado: “Aislamiento de

bactérias lácticas con propriedades bacteriocinogénicas y antitumorales presentes

em alimentos fermentados (quesos) de elaboración artesanal en la zona de Colonia

Uruguay”.

O laboratório de análises microbiológicas foi construído há um ano, ficando

localizado no próprio departamento, o seu financiamento foi feito através da

colaboração recebida para o projeto de investigação. O laboratório tem finalidades

investigativas e de pesquisa, onde atuam estagiários, alunos no final da graduação

e eventualmente alguns alunos, em atividade extraclasse juntamente com os

estagiários ou docentes, não sendo destinado à docência.

Em virtude de seu caráter recente, e pequena área física, o laboratório conta

ainda com poucos equipamentos como estufa bacteriológica, fluxo, homegeinizador

de amostras (Stomacher), banho-maria, autoclave, entre outros.Encontra-se ainda

em fase de aprimoramento e acabamento, no momento estão sendo providenciadas

compras de novos equipamentos (estufas e autoclaves), materiais de consumo

diversos (meios de cultura, vidrarias, etc), material didático entre outros.

Page 13: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

13

2 Objetivos

2.1 Objetivos Gerais

Relacionar o conhecimento teórico com a vivência prática dentro do âmbito

de um laboratório de análises microbiológicas, visando o aprimoramento de

conhecimentos e experiências adquiridas durante o Curso de Graduação.

2.2 Objetivos Específicos

- Avaliar a qualidade microbiológica de queijos artesanais e condições de

consumo, bem como a matéria – prima utilizada para sua elaboração;

- Vivenciar a rotina de um laboratório de análises microbiológicas de

alimentos;

- Desenvolver aptidão em técnicas de laboratório e procedimentos rotineiros

em laboratório de microbiologia de alimentos;

- Aplicar o conhecimento adquirido ao longo da graduação.

Page 14: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

14

3 Atividades desenvolvidas

As atividades realizadas durante o período de estágio no Laboratório de

Microbiologia, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite estão vinculadas

ao projeto “Aislamiento de bactérias lácticas con propriedades bacteriocinogénicas y

antitumorales presentes em alimentos fermentados (quesos) de elaboración

artesanal en la zona de Colonia Uruguay ”, sendo executadas diferentes ações no

decorrer do mesmo, as quais encontram-se elencadas a seguir.

3.1 Coleta das amostras

As coletas de queijo e leite foram feitas no município de Nueva Helvecia no

estado de Colônia, Uruguai, como parte inicial do projeto desenvolvido pelo

laboratório. Foram coletadas amostras de nove propriedades de pequenos

produtores. A cada visita estes recebem códigos com letras e números, de acordo

com a ordem em que foram visitados; esses códigos são seguidos do número de

vezes que as amostragens foram feitas, seguidos de uma letra que corresponde ao

tipo de material coletado.A seqüência de números e letras, a seguir, exemplifica um

modelo de código:” 01/13/L”, onde “ 01” é o número do produtor, “13” é o número de

vezes em que foram feitas as coletas e “L” significa leite.

As amostras foram coletadas em embalagens estéreis, evitando-se desta

forma contaminação cruzada. As amostras foram colocadas em caixas térmicas com

gelo afim de não comprometer a qualidade e as características iniciais das mesmas,

sendo transportadas desta maneira ao laboratório, para análise.

Page 15: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

15

3.2 Análises microbiológicas

As análises foram realizadas com base no regulamento vigente do país

(Uruguai) que estipula valores máximos de Coliformes totais e Staphylococcus aureus

coagulase positiva em amostras de leite cru; Coliformes totais e termotolerantes,

Staphylococcus aureus coagulase positiva, Listeria spp e Salmonella spp. em amostras de

queijos artesanais fabricados a partir de leite cru.

Estas análises foram realizadas na etapa inicial do projeto desenvolvido pelo

laboratório de leite com a finalidade de comprovar as características microbiológicas

dos queijos artesanais elaborados por pequenos produtores bem como averiguar o

nível de segurança alimentar dos mesmos e com isso agregar valor ao produto e

garantir uma melhor qualidade ao consumidor final.

As análises microbiológicas foram realizadas segundo metodologia descrita

pela American Public Health Association - APHA (2002).

3.2.1 Análises microbiológicas de leite

O leite não possui mais do que uma débil e efêmera proteção natural. Seu

uso para o consumo direto ou para as transformações industriais exige medidas de

defesa contra a invasão de microrganismos e contra a atividade enzimática. O leite

se constitui em um excelente substrato para o desenvolvimento de microrganismos,

devido ao seu conteúdo de nutrientes, sendo portanto, de fundamental importância a

determinação da sua microbiota e qualidade higiênico-sanitária (ALAIS,1997;

EUTHIER; TRIGUEIRO; RIVERA, 1998).

Os microrganismos não patogênicos por si só não deterioram a qualidade do

leite, porém apresentam exigências nutricionais. Os nutrientes necessários a estes

microrganismos são obtidos pela produção de enzimas que hidrolisam a lactose,

proteínas, gordura ou outras substâncias do leite, liberando assim compostos

necessário para seu crescimento. Numerosos microrganismos podem proliferar-se

nele, em especial aqueles que degradam a lactose com produção de ácido,

Page 16: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

16

ocasionando como conseqüência, a floculação de uma parte das proteínas. Estas

transformações podem gerar no leite flavor estranho que alteram sua qualidade e

podem diminuir sua aptidão para o processamento e vendas (VARNAM,1994).

Um dos maiores problemas no tratamento e processamento do leite é a

quantidade de microrganismos que ele contém. Alguns deles estão presentes no

momento em que ele é ordenhado, outros são incorporados pelo ordenhador,

utensílios mal higienizados e mesmo pelo ambiente (MENDONÇA, 2008).

Um dos microrganismos que se encontram estreitamente ligados à produção

e beneficiamento leiteiro é o Staphylococcus aureus coagulase positivo. Sua importância

está nas mudanças que provoca no leite e as substâncias que produz, as quais

causam doenças no homem e nos animais dos quais provém o leite (MENDONÇA,

2008).

É uma bactéria esférica (coco), Gram positiva, anaeróbia facultativa,

provocam uma fermentação acidificante da glicose com um decréscimo do pH (4,3-

4,5) e produzem acetoína, catalase positivo, distinguindo-se dos demais através de

três testes: o teste de coagulase positivo (coagulação do plasma sanguíneo), o teste

de DNAse termoestável positivo(nuclease resistente ao calor) e teste de redução de

telurito, também positivo (FORSYTHE, 2005; SILVA, 2007).

A presença de números elevados de S.aureus coagulase positiva é uma indicação

de perigo potencial á saúde publica devido à enterotoxina estafilocócica, bem como

a sanificação questionável, principalmente quando o processamento envolve

manipulação do alimento. A doença é classificada pela International Commission on

Microbiological Specifications for Foods (ICMSF, 2002) no grupo de risco III.

(FRANCO, 2005; SILVA, 2007).

Page 17: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

17

As características do crescimento de Staphylococcus aureus coagulase positiva e

da produção de toxinas são mostradas na tabela abaixo:

Tabela 1 - Condições para o crescimento de Staphylococcus aures coagulase positiva

e produção de toxina Parâmetro Crescimento Produção de toxina

Temperatura (°C) 7 – 48 10 – 48

pH 4 – 10 4,5 – 9,6

Atividade de água (Aw) 0,83 – 0,99 0,87 – 0,99

Fonte: Forsythe, 2005.

No leite podem ser encontrados também microrganismos do grupo dos

Coliformes que compreendem aqueles classificados nos gêneros Escherichia,

Enterobacter, Klebsiella, etc. A principal fonte desses microrganismos é o trato intestinal

dos animais, embora sejam considerados como indicadores de contaminação fecal.

São bactérias Gram negativas, anaeróbias facultativas em forma de bastonetes, em

geral o crescimento ocorre na faixa de -2° a 50°C, em alimentos o crescimento é

pobre ou muito lento a 5°C, embora vários pesquisadores tenham demonstrado seu

crescimento em temperaturas de 3° a 6°C, são capazes de crescer em presença de

sais biliares e o pH de multiplicação é entre 4,4 e 9,0 (JAY, 2005; FORSYTHE,

2005).

Os critérios utilizados para identificação são a produção de gás proveniente

da glicose e outros açúcares e a fermentação da lactose até a produção de gás e

ácido em um período de 48 horas a 35°C, sendo esta a única característica

suficiente para determinações presuntivas (JAY, 2005).

Os Coliformes são utilizados como microrganismos indicadores para servir

como uma medida de contaminação fecal e, assim, medir a presença potencial de

patógenos entéricos (FORSYTHE, 2005).

Números elevados de coliformes no leite cru indicam falta de higiene na

ordenha, limpeza inadequada de equipamentos de ordenha ou de utensílios que

entram em contato com o leite e água contaminada. (Tipos de microrganismos,

2008). Devido ao fato de os Coliformes serem destruídos com certa facilidade pelo

Page 18: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

18

calor, sua contagem pode ser útil em testes de contaminação pós–processamento

(FORSYTHE, 2005)

A legislação uruguaia prevê algumas especificações quanto às quantidades

máximas de microrganismos em leite cru, as quais são apresentadas na tabela 2, a

seguir:

Tabela 2 - Exigências microbiológicas para leite cru

Microrganismo Limite máximo permitido

Coliformes Totais 104 mL -1

Staphylococcus coagulase positiva 103 UFC mL-1

Fonte: Uruguay, 1994

Com base nas especificações vigentes do país foram realizadas análises de

Staphylococcus aureus coagulase positiva e Coliformes Totais nas amostras de leite.

Durante o período do estágio foram realizadas três coletas de amostras de

leite, em intervalos de trinta dias, nos meses de Agosto, Setembro e Outubro. O leite

coletado é utilizado como matéria-prima na elaboração dos queijos artesanais.

Page 19: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

19

3.2.1.1 Resultados das análises microbiologias de leite

As amostras de leite coletadas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro

foram analisadas e observou-se os seguintes resultados:

Figura 1 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Agosto. Fonte: Autor

Figura 2 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Setembro. Fonte: Autor

Page 20: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

20

Figura 3 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de Outubro. Fonte: Autor

A partir dos resultados obtidos pode observar que a maior parte das

amostras analisadas apresentaram níveis de microrganismos dentro dos parâmetros

exigidos pela legislação uruguaia, onde apenas um das amostras coletada no mês

de setembro apresentou níveis elevados de Coliformes Totais.

3.2.2 Análises das amostras de queijo

Dentre os produtos artesanais mais apreciados está o queijo, cuja fabricação,

como a de outros alimentos, necessita seguir normas rigorosas de higiene. Além

disso, a matéria-prima deve originar-se de animais em condições sanitárias

adequadas. Falhas no controle de qualidade tanto da matéria prima, quanto no seu

beneficiamento e estocagem, podem resultar em um produto de má qualidade e em

risco de infecções e intoxicações nos consumidores. Esses produtos artesanais

podem conter microrganismos de origens diversas (animal, ambiente, homem), que

podem causar doenças, provocar alterações físico-químicas no produto, influenciar

na eficiência dos processos utilizados no seu beneficiamento e nas suas

características sensoriais. A maioria dos microrganismos presentes na matéria-prima

Page 21: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

21

podem ser eliminados através da pasteurização que, em condições artesanais, pode

não ser efetiva (ZAFFAR; MELO; COSTA, 2007).

O queijo é considerado um veículo freqüente de patógenos de origem

alimentar e, em especial, os queijos frescos artesanais por serem, na maioria das

vezes, elaborados a partir de leite cru e não sofrerem processo de maturação. A

contaminação microbiana desses produtos assume destacada relevância tanto para

a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública, pelo risco de

causar doenças transmitidas por alimentos (FEITOSA et al., 2003).

A elaboração artesanal traz consigo o risco da manipulação direta a qual é

submetida à matéria-prima, tal fato favorece a disseminação e o desenvolvimento de

microrganismos contaminantes e alteradores dos alimentos (REVILLA, 1985).

Pesquisas realizadas sobre a microbiota do leite e seus derivados, mostram

que esta apresenta uma grande diversificação, dependendo portanto, da flora

bacteriana presente na matéria-prima, fato este relacionado com as condições

higiênico-sanitárias da ordenha, conservação do leite, tipo de processamento, tempo

e temperatura do armazenamento, qualidade microbiológica da água, dentre outros

fatores. Dentre os principais microrganismos encontrados destacam-se a Salmonella,

Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus coagulase positiva, Coliformes, entre

outros. (EUTHIER;TRIGUEIRO; RIVERA, 1998)

A Salmonella é o principal agente de doenças de origem alimentar em várias

partes do mundo e também no Brasil, é um gênero da família Enterobacteriaceae, são

Gram-negativas, oxidase negativo, anaeróbias facultativas não formam esporos e

tem forma de bastonetes curtos, a maioria é móvel, com flagelos peritríquios. A

Salmonella fermenta a glicose produzindo ácido e gás, porém é incapaz de

metabolizar a lactose e a sacarose. A temperatura de crescimento é entre 5 e 46°C ,

com ótima aproximadamente entre 35 e 43°C, o pH de crescimento varia entre 3,8 e

9,5 com ótimo entre 7,0 e 7,5 e sua atividade de água mínima para o crescimento é

de 0,94 .Como não formam esporos são relativamente termossensíveis podendo ser

destruídas a 60°C durante 15 a 20 minutos (FORSYTHE, 2005; SILVA, 2007).

Esta bactéria mantém-se viável em queijo contaminado por longo período de

tempo, o que ressalta a importância do controle de qualidade microbiológica do

Page 22: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

22

produto, visto que a Legislação tanto Brasileira quanto Uruguaia estabelecem

ausência desta bactéria em alimentos (FEITOSA, 2003).

Listeria sp é uma bactéria Gram-positiva, tem forma de pequenos bastonetes,

não-esporulada, não-produtora de ácidos, catalase positivo, é móvel por meio de

flagelos, cresce entre 0 e 42°C, embora sua faixa ótima de crescimento seja entre

30° e 37°C, são considerados psicrotolerantes, tolera pH extremos de 5 a 9, baixa

atividade da água e concentrações de NaCl de 10%, oxidase negativas, anaeróbias

facultativas, fermentam açúcares com produção de ácido mas sem produção de gás

e hidrolisam a esculina e o hipurato de sódio (CATÃO;CEBALLOS, 2001; SILVA,

2007).

O gênero é dividido em oito espécies sendo que a Listeria monocytogenes é a

que causa mais preocupações no que concerne a enfermidades causadas por

alimentos. Este conjunto de características faz com que a mesma, seja um patógeno

emergente de grande interesse na área de alimentos,destacando-se o leite e o

queijo. O destaque que estes microrganismos vêm ocupando nos últimos anos no

controle de qualidade na indústria de alimentos, visto as dificuldades de sua

eliminação, assim como, a possibilidade de causar doenças graves aos

consumidores (CATÃO;CEBALLOS, 2001; FORSYTHE, 2005).

Acredita-se que a dose infecciosa de L. monocytogenes é de, pelo menos, 102

células viáveis no caso dos grupos de risco, e que esta cifra aumenta até 104 no

caso da população sã, porém estes valores dependem da cepa, da dose e da

susceptibilidade do indivíduo atingido (LOPÉZ; SUAREZ; CEBALLO, 2006; SILVA,

2007).

Em geral, pode-se esperar a presença de Staphylococcus, mesmo que em

pequenas quantidades, em quase todos os alimentos de origem animal ou

diretamente manipulados (JAY, 2005).

A doença é uma intoxicação, provocada pela ingestão de toxinas formadas

no alimento, quando ocorre a multiplicação das células. As toxinas são proteínas de

baixo peso molecular, resistente a cocção e as enzimas proteolíticas. A ingestão de

uma dose menor que 1µg pode provocar sintomas de intoxicação. Além disso,

concentrações superiores a 105 células.g-1 podem propiciar a produção de

Page 23: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

23

enterotoxinas, tornando esse alimento um risco potencial à saúde do consumidor

(SILVA, 2007; FEITOSA et al., 2003).

S.aureus coagulase positiva não é resistente ao calor sendo facilmente

destruído na pasteurização do alimento. As toxinas, ao contrário, são altamente

resistentes, suportando tratamentos térmicos tão severos como a esterilização

(SILVA, 2007).

A prevalência desse microrganismo como agente etiológico da mastite

bovina, sua ubiqüidade na natureza e o baixo nível sócio-econômico dos

ordenhadores, muitas vezes portadores assintomáticos e possuidores de maus

hábitos higiênicos são fatores que favorecem a contaminação dos queijos (FEITOSA

et al., 2003).

A presença do grupo coliformes em queijos é empregada para avaliar a

segurança alimentar, a sanificação empregada e más condições higiênicas do

produto, indica também, a possibilidade de transferência de patógenos pertencentes

aos grupos: Escherichia Coli Enteropatogênica (EPEC), Escherichia Coli

Enterotoxigênica (ETEC), Escherichia Coli Enteroinvasiva (EIEC), Escherichia Coli

Enteroagregativa (EAEC) e Escherichia Coli Enterohemorrágica (EHEC) (JAY, 2005;

PEREIRA et al., 1999).

Os microrganismos indicadores, quando presentes em alimentos, fornecem

informações sobre prováveis contaminações de origem fecal, presença de

patógenos ou ainda sobre o potencial de deterioração do produto, além de indicarem

se as condições sanitárias foram inadequadas durante o processamento, produção

ou armazenamento de um alimento. Os Coliformes são indicadores de falha de

processo ou de contaminação pós processo em alimentos pasteurizados, uma vez

que são facilmente destruídos pelo calor e não resistem a tratamento térmico

(MOURA et al., 2007; SILVA, 2007).

A enumeração de Coliformes totais e termotolerantes como indicadores da

qualidade higiênico-sanitária é amplamente utilizada. A contaminação de origem

fecal por sua vez, é relacionada à presença de Escherichia coli, principal representante

dos coliformes termotolerantes (fermentam a lactose com produção de gás a uma

Page 24: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

24

temperatura de 44,5°C, enquanto que os totais são capazes de fermentar a lactose

com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35°C). Essa bactéria é considerada pelo

Ministério da Saúde como a indicadora mais especifica de contaminação fecal

recente e da eventual presença de organismos patogênicos (MOURA, 2007; SILVA,

2007).

Segundo o Regulamento Bromatológico Nacional do Uruguai, cita-se o

Artigo: 16.4.16, este menciona que “os queijos produzidos de forma artesanal,

elaborados a partir de leite cru, devem obedecer alguns requisitos microbiológicos(

tabela 3) para que se assegure a segurança alimentar do consumidor:

Tabela 3 - Limites estabelecidos para cada microrganismo pela legislação uruguaia para queijos de média umidade Microrganismos Critérios de aceitação

n C m M E.coli 5 2 1000 100000 Staphylococcus Coagulase Positiva

5 2 1000 10000

Salmonella /25g

5 0 - Ausência

Listeria monocytogenes /25g

5 0 - Ausência

Fonte: Republica Oriental del Uruguay, 1994.

Na tabela as letras “n”, “c”, “m e “”M” significam respectivamente,número de

amostras coletadas, número de amostras com resultado positivo,limite mínimo e

limite máximo.

Com base nessas exigências, as amostras de queijos foram analisadas

quanto a Staphylococcus aureus, Salmonella ssp, Listeria monocytogenes e também quanto a

presença de coliformes totais e fecais. Embora a legislação não exija valores

máximos para coliformes totais nesse tipo de amostra, a análise foi feita para

determinar as condições higiênico-sanitárias das instalações produtoras de queijos.

Durante o período do estágio foram realizadas três amostragens de queijo

durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro.

Page 25: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

25

3.2.2.1 Resultados das análises microbiologias de queijo

As amostras coletadas, nos diferentes períodos, foram submetidas as

análises previstas na legislação e observou-se os seguintes resultados(vide figuras

4,5 e 6):

Figura 4 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de agosto. Fonte: Autor

Figura 5 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de setembro. Fonte: Autor

Page 26: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

26

Figura 6 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação uruguaia, no mês de outubro. Fonte: Autor

Com base nos resultados obtidos para queijos de média umidade, observa-

se que nos meses de agosto e setembro as amostras não apresentaram níveis

satisfatórios, uma vez que o número de Staphylococcus aureus coagulase positiva foi

elevado nessas amostras; já no mês de outubro as amostras apresentarem-se todas

dentro dos parâmetros exigidos pela legislação uruguaia.

Page 27: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

27

Considerando os mesmos parâmetros analisados, observa-se a existência

de algumas diferenças nos resultados segundo a legislação vigente do Brasil (tabela

4).

Tabela 4 - Limites de microrganismos presente em queijos de média umidade estabelecidos pela legislação brasileira Microrganismos Critérios de aceitação

N C m M Coliformes/g (45°C)

5 2 500 1000

Staphylococcus Coagulase Positiva

5 2 100 1000

Salmonella /25g

5 0 - Ausência

Listeria monocytogenes /25g

5 0 - Ausência

Fonte:Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2001

Segundo a RCD 12/2001(Brasil, 2001) os resultados seriam os apresentados

nas figuras 7, 8 e 9.

Figura 7 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de agosto. Fonte: Autor

Page 28: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

28

Figura 8 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de setembro. Fonte: Autor

Figura 9 - Porcentagem de amostras de queijo que estavam dentro dos limites exigidos pela legislação brasileira, no mês de outubro. Fonte: Autor

Page 29: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

29

Se as amostras fossem regulamentadas pela legislação vigente do Brasil, um

maior número de amostras estaria fora do limite estabelecido tanto para

Staphylococcus aureus coagulase positivo e Coliformes termotolerantes nos meses de

agosto e setembro enquanto que no mês de outubro apenas Staphylococcus aureus

coagulase positivo superou os limites em metade das amostras analisadas.

Os resultados do controle de qualidade das amostras de leite e queijos são

entregues aos produtores no formato de uma carta explicativa na qual contém a data

da amostragem bem como os resultados obtidos, além disso, um membro da equipe

explica pessoalmente os valores obtidos para cada amostra e aponta as possíveis

falhas e suas medidas corretivas. Este trabalho tem a finalidade de melhorar as

características do produto, informar o produtor e implantar nos mesmos conceitos de

Boas Práticas de Fabricação(BPF) e a importância dos cuidados microbiológicos

para o produto final.

Page 30: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

30

4Sugestões

4.1 Sugestões para o Departamento de Ciência e Tecnologia de Leite

Durante o período em que realizei o estágio percebi, em vários momentos, a

dificuldade de dividir tarefas de forma igualmente, uma vez que existem poucos

docentes e estagiários no Departamento. Sugiro então a contratação de pessoal e a

oportunização a um maior número de colaboradores e ajudantes para que o

funcionamento do mesmo progrida.

Outro fator a ser melhorado é a ampliação dos projetos de investigação, visto

que no momento existe apenas um projeto em andamento e o mesmo é

desenvolvido quase em sua totalidade por laboratórios terceirizados.

Em virtude do acima citado, sugiro a inclusão de novos estagiários e também

de novos Departamentos para que haja maior integração dos mesmos e a inclusão

de novas pesquisas, com isso haveria maior diversidade de temas abrangidos nos

projetos de pesquisa e logo maior qualidade de pesquisa.

4.2 Sugestões para o Curso de Química de Alimentos

Ao curso de Química de Alimentos sugiro que incentivem mais seus alunos a

realizarem estágios extracurriculares, para que, além de adquirirem experiências

também tenham maior contato com o ambiente de trabalho.

Sugiro a inclusão de pelo menos uma matéria que abranja temas referentes a

técnicas de relacionamento em equipe, ambiente de trabalho, dinâmicas em grupo,

Page 31: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

31

entre outras, uma vez que os alunos durante a realização do estágio, no ambiente

de trabalho se deparam com situações as quais não sabe como conduzir.

Page 32: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

32

Page 33: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

33

5 Conclusão

O estágio realizado no laboratório de Microbiologia de Lácteos representou

uma significativa experiência profissional, onde tive a oportunidade de conviver no

ambiente de trabalho e perceber as dificuldades encontradas na rotina de um

laboratório, as formas mais adequadas de solucionar alguns problemas

profissionais, além de ter uma ótima oportunidade de colocar em prática os

conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação.

O papel do Químico de Alimentos na área de pesquisas é de suma

importância uma vez que o mesmo adquire amplos conhecimentos técnicos ao longo

de sua formação, permitindo sua atuação em várias áreas investigativas e uma

ampla diversidade de linhas de pesquisa.

Foi com grande satisfação que realizei meu estágio de conclusão de curso no

laboratório de Microbiologia de Lácteos localizado no Departamento de Ciência e

Tecnologia de Leite, Universidad de la República, no qual tive a oportunidade de

aliar o conhecimento adquirido ao longo da Graduação com uma área em que me

identifico e considero interessante.

Page 34: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

34

6 Referências Bibliográficas

APHA, American Public Health Association. Compendium of Methods for Microbiological Examination of Foods. 4th ed., Washington DC, 2002. ALAIS, Charles. Ciência de la leche. México: Continental, 1997. BRASIL. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. D.O.U. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, 10 de janeiro de 2001. CATÃO, Raïssa; CEBALLOS, Beatriz. Listeria spp. Coliformes totais e fecais e E.coli no leite cru e pasteurizado de uma indústria de laticínios, no Estado da Paraíba (Brasil). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 21, n.3, 281-287p. set./ dez. 2001. CASAUX, Gastón;KELLY, Lucia; CAZZULI, Elena; PÉREZ, Ana. 100 años de estudios de Veterinária en el Uruguay. Montevidéu: Publicações da Faculdade de Agronomia, 2003.

EUTHIER, S.; TRIGUEIRO, I.; RIVERA, F. Condições higiênico-sanitárias do queijo de leite de cabra "tipo coalho", artesanal elaborado no curimataú paraibano. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, vol. 18, n. 2,76-178p, Maio /Jul. 1998. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Tipos de Microrganismo. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br. Acesso em: 31 de out. 2008.

FEITOSA, T. et al. Pesquisa de Salmonella sp., Listeria sp. e microrganismos indicadores higiênico-sanitários em queijos produzidos no estado do Rio Grande do Norte. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, vol. 23,162-165 p , dez. 2003. FORSYTHE, Stephen J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Page 35: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

35

FRANCO, Bernadette. Microbiologia de Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2005.

JAY, James. Microbiologia de Alimentos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

López, V.; SUÁREZ, M.; CALERO, I. Listeria monocytogenes en alimentos: ¿son todos los aislamientos igual de virulentos? Rev. Argent. Microbiol, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, v. 38, n. 4, 224-234p,out./dez. 2006.

MENDONÇA, Alexandre Tourino et al. Um microrganismo contaminante de grande importância para o leite e produtos lácteos. Boletim de Extensão da Universidade Federal de Lavras. Lavras. Disponível em: http://www.editora.ufla.br/BolExtensao/pdfBE/bol_59.pdf. Acesso em: 3 de nov. 2008. MOSSEL, Moreno Garcia.; STRUIJK, Corry B. Microbiologia de los alimentos. 2. ed. Zaragoza: Acribia, 2006. MOURA, L. et al. Enumeração e pesquisa de Vibrio spp. e Coliformes totais e termotolerantes em sashimis de atum e vegetais comercializados na região metropolitana do Recife. Acta Scientiarum Technology, Maringá, v. 29, n. 1.85-90 p , 2007. PARADELA, A. L.; HUSSAR, G.J.;ALMEIDA, R.M.; ROMÂO, A.P.; GONÇALVES, R.H.;MIYAMOTO, L. Ação de compostos na descontaminação de beterrabas com bactérias do grupo coliformes.Engenharia Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v.3, n.1, 42-51p, jan/jun 2006.

PEREIRA, M. L. et al. Enumeração de coliformes fecais e presença de Salmonella sp. em queijo Minas. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec, Belo Horizonte, v. 51, n. 5, 427-431.Out. 1999.

Pesquisa de Salmonella.Disponível em: http://www.lif.coppe.ufrj.br. Acesso em 10 de dez.2008.

Pesquisa de Staphylococcus aureus.Disponível em: http://www.lif.coppe.ufrj.br. Acesso em 10 de dez.2008.

REPUBLICA ORIENTAL DEL URUGUAY. Reglamento Bromatologico Nacional. Decreto nº 315/994, 2. ed. Uruguai: IMPO,1994. REVILLA, A. Tecnología de la leche: procesamiento, manufactura y analisis. San José, Costa Rica: IICA, 1985.

Page 36: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

36

SILVA, N. Manual de Métodos de Análises Microbiológica de Alimentos. 3. ed. São Paulo: Varela, 2007. UNIVERSIDAD DE LA REPÚBLICA URUGUAY. Presentación de la Universidad. Disponível em: http://www.universidad.edu.uy. Acesso em: 29 de out. 2008. VARNAM, Alan.; SUTHERLAND, Jane. Leche y productos lácteos: tecnología, química y microbiologia. Zaragoza: Acribia, 1994. Violet Red Bile Agar.Disponível em: http://www.biotec.com. Acesso em: 10 de dez.2008.

ZAFFARI, Cristina; MELLO, Jozi; COSTA, Marisa. Qualidade bacteriológica de queijos artesanais comercializados em estradas do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Cienc. Rural, Santa Maria, v. 37, n. 3,862-867p, Jun. 2007.

Page 37: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

37

Anexos

Page 38: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

38

ANEXO A - Seqüência das análises realizadas nas amostras

Leite:

Contagem de:

· Staphylococcus aureus: Contagem feita em placas de Baird Parker (BP)

· Coliformes: Contagem feita em placas de Violet Red Bile Agar (VRBA)

Queijo:

Contagem de:

· Staphylococcus aureus: Contagem feita em placas de Baird Parker (BP)

· Coliformes totais e termotolerantes: Técnica do Numero Mais Provável (NMP)

feita em:

1° Tubos com Caldo Lauril Sulfato Triptose (CLS)

2° Caldo Lactosado Verde Bile Brilhante (CLBVB).

· Salmonella ssp:

1º Caldo tamponado peptonado (APT)

2º Meios _______ Selenito Cistina (SC)

_______ Caldo Rappaport Vasiliadis (RV)

3º Placas com_______Salmonella- Shigella(SS)

________Xylose Lysine Desoxycholate Agar (XLDA)

4º tubos com ________Triple Sugar Iron Agar (TSIA)

________ Lisina Iron Agar (LIA)

· Listeria monocytogenes:

1º- Caldo LEB (Listeria Enrichement Broth)

2º- Caldo Fraser

3º-Placas de Oxford ou Palcam

4º-Tubos com ágar TSA (Triple Soya Agar)

Page 39: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

39

ANEXO B – Composição e característica dos meios de cultura utilizados

· Baird Parker:

Composição: Mistura de peptonas 13,0 g/L; extrato de carne 1,0 g/L; extrato de

levedura 2,0 g/L; glicina12,0 g/L; piruvato de sódio 10,0 g/L; cloreto de lítio 5,0 g/L;

ágar 20,0 g/L.

Características: A composição do Baird Parker evidencia a habilidade do

Staphylococcus aureus de crescer na presença de 0,01 a 0,05% de telurito de

potássio em combinação com 0,2 ou 0,5% de cloreto de lítio e 0,12 a 1,26% de

glicina.

Ele reduz anaeróbia e aerobiamente o telurito produzindo colônias negras. O ágar,

enriquecido com emulsão de gema de ovo, possibilita que as atividades proteolítica

e lipolítica do Staphylococcus aureus sejam evidenciadas, respectivamente, por um

halo de precipitação e um de clarificação ao redor da colônia. (PESQUISA DE

Staphylococcus aureus,2008)

· Violet Red Bile Agar:

Composição: Digestão pancreática de gelatina: 7.00 g/L, Extrato de levedura: 3.00

g/L;· Cloreto de sódio: 5.00 g/L; Sais biliares: 1.50 g/L; Glicose Monoidratada: 10.00

g/L; Lactose Monoidratada: 10.00 g/L; Vermelho neutro: 0.03 g/L;·Cristal violeta:

0.002 g/L; ágar: 15.00 g/L.

Características: É um meio para enumeração dos organismos coliformes em

gêneros alimentícios e produtos lácteos. A seletividade do meio é devido à presença

de sais biliares e cristal violeta. Fermentadores de lactose produzem colônias

vermelhas / lilás muitas vezes rodeadas por um halo da mesma cor. A seletividade

pode ser aumentada pela incubação a 42-44 º C.(Violet Red Bile Agar, 2008)

Page 40: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

40

· Caldo Lauril Sulfato Tripstose:

Composição:triptona 20g/L; lactose 5g/L; cloreto de sódio 5 g/L; lauril sulfato de

sódio 0,1 g/L;fosfato dibásico de potássio 2,75 g/L; fosfato monobásico de potássio

2,75 g/L.

Características: Os nutrientes presentes no meio e o tampão fostato permitem o

rápido crescimento e produção de gás dos microrganismos que fermentam a

lactose,mesmo aqueles que fermentam lentamente.O Lauril Sulfato apresenta ação

seletiva, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis. (PARADELA et al,

2006)

· Caldo Lactosado Bile Verde Brilhante (2%):

Composição:peptona 10 g/L; lactose10,0 g/L; bile de boi desidratada 20 g/L; verde

brilhante 0,01 g/L.

Características: A presença de verde brilhante e bile inibem o crescimento de

microrganismos indesejáveis. Os nutrientes presentes no meio permitem o

crescimento de microrganismos que fermentam a lactose e produzem gás. Este

meio é utilizado para identificação de coliformes totais que podem ser de origens

fecais ou não.(PARADELA et al, 2006)

· Caldo peptonado tamponado:

Composição:Caseína Enzimatica Hidrolisada: 10.00g/L; Cloreto de Sódio: 5.00

g/L; Fosfato Hidrogênio Dissódico: 9.00 g/L; Fosfato Hidrogênio Monopotássico:

1.50 g/L.

Características: Este procedimento visa minimizar os efeitos do processo

tecnológico capaz de promover injúria celular fisiológica, sem inativá-la

Page 41: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

41

biologicamente. Quando é utilizada água peptonada tamponada, o tampão utilizado

favorece a manutenção do pH evitando que as bactérias acompanhantes

acidifiquem o meio interferindo a recuperação das células de Salmonella. (Pesquisa

de Salmonella, 2008)

· Selenito Cistina:

Composição: Caseína Enzimática Hidrolisada: 5.00g/L; Lactose: 4.00 g/L; Fosfato

Dissódico: 10.00 g/L; L-Cistina:0.01 g/L; Selenite Sódico de Hidrogênio: 4.00 g/L.

Características: O Meio Fluído Cistina Selenite é usado como um meio de

enriquecimento para isolamento de Salmonellae de alimentos, lacticínios, materiais

de importância sanitária e espécimes clínicos. A fórmula corresponde a

recomendada pela AOAC para a detecção de Salmonellae em gênero alimentícios,

particularmente produtos com ovos. Este meio é incluído pela APHA e USP.

Recentemente este meio foi também recomendado pelo Comitê ISO para a

detecção de Salmonellae. O Caldo Selenito Cistina é útil para detectar Salmonella

nos estados iniciais da doença quando os organismos ocorrem nas fezes em

números baixos e para estudos epidemiológicos para aumentar a detecção do

número baixo de organismos de pacientes covalescentes ou assintomáticos.

· Rapapport Vasiliadis:

Composição: Tryptose: 4.59g/L; Acid Casein Peptone: 4.59 g/L; Sodium

chloride:7.34 g/L; Monopotassium Phosphate: 1.47 g/L; Magnesium Chloride

(anhydrous): 10.93 g/L; Malachite Green Oxalate: 0.037 g/L; Bacteriological Agar:

2.7 g/L.

Características: O enriquecimento seletivo de Salmonella se faz em caldo

Rappaport Vassiliadis no qual a presença de verde malaquita e de cloreto de

magnésio atuam como agentes seletivos da flora acompanhante, enquanto a

Page 42: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

42

presença de peptona de farinha de soja estimula o crescimento de

Salmonella.(Pesquisa de Salmonella, 2008)

· Salmonella- Shigella:

Composição: Peptona bacteriológica 5,0 g/L;Hidrolisado enzimático de caseína

10,0 g/L;Extrato nutritivo 2,0 g/L;Extrato de levedura 3,5 g/L;Lactose 10,0

g/L;Tiosulfato de sódio 10,0 g/L;Citrato de sódio tribásico 2,5 g/L;Citrato férrico

amoniacal 1,5 g/L;Sais biliares 1,42 g/L; Vermelho neutro 0,025 g/L;Verde brilhante

0,00033 g/L;Agar 12,0 g/L

Características: É um meio de cultura diferencial e seletivo empregado em

bacteriologia para isolar Salmonella e Shigella a partir de fezes, urina e alimentos

frescos ou enlatados. A inibição dos coliformes induz a formação de colônias

pequenas que variam de rosa a vermelho. A formação de sulfetos origina colônias

transparentes com centro negro.

· Xylose Lysine Desoxycholate Agar:

Composição:extrato de levedura 3g/L; L- lisina 5 g/L; xilose 3,75 g/L;lactose 7,5g/L;

sacarose 7,5g/L; tiosulfato de sódio 6,8g/L; deoxicolato de sódio 1g/L;cloreto de

sódio de sódio 5g/L;citrato férrico 0.8g/L;fenol vermelho 0,08g/L; Agar 12,5g/L

Características: É um meio seletivo e diferencial para a recuperação das espécies

de Salmonella e Shigella, ele é baixo em nutriente e contém sódio. A maior parte

desses microrganismos entéricos fermentam a xilose e produzem ácido.

Page 43: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

43

· Triple Sugar Iron Agar:

Composição:Digestão péptica de tecido animal: 10.00g/L;· Caseína enzimática

hidrolisada: 10.00 g/L;Extrato de levedura: 3.00 g/L;Extrato de bife: 3.00 g/L;Lactose:

10.00 g/L; Sucrose: 10.00 g/L; Dextrose: 1.00 g/L;Cloreto de sódio: 5.00 g/L;Sulfato

ferroso: 0.20 g/L; Tiosulfato de sódio: 0.30 g/L; Vermelho fenol: 0.024 g/L; Agar:

12.00 g/L

Características: Meio composto para a diferenciação de Enterobacteriaceae através

da fermentação de três açúcares e produção de sulfeto de hidrogênio, O meio Triple

Sugar Iron Agar é usado para identificação de enterobactérias pela detecção rápida

de fermentação da lactose, glucose (com ou sem produção de gás) e sacarose

assim como produção de sulfureto de hidrogénio.

· Lisina Iron Agar:

Composição:Digestão Peptíca de Tecido Animal: 5.00g/L;Extrato de Levedura: 3.00

g/L; Dextrose:1.00g/L;L-Lisina:10.00g/L;Citrato Férrico de Amônio: 0.50

g/L;Tiosulfato de Sódio: 0.04 g/L; Púrpura Bromocresol: 0.02 g/L;Agar: 15.00 g/L

Características: O Agar Lisina Ferro é recomendado para a diferenciação de

organismos entéricos especialmente Salmonella sorotipo arizona, baseado na sua

capacidade de descarboxilar ou desaminar lisina e para formar o sulfito de

hidrogênio (H2S). O Agar Lisina Ferro foi desenvolvido por Edwards Fife para

detectar Salmonellae fermentadores de lactose. Este meio é um meio sensível para

a detecção de espécies de Salmonella fermentadoras e não fermentadoras de

lactose.

Page 44: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

44

· Listeria Enrichement Broth:

Composição: Caseína Enzimática Hidrolisada: 10.00g/L; Digestão Peptica de

Tecido Animal: 10.00 g/L;Dextrose:1.00g/L;Cloreto de Sódio: 5.00 g/L;Dicloreto de

Tiaminio: 0.005 g/L; Hidrocloreto de Acriflavina (Tripaflavina): 0.01 g/L; Tiocianato de

Potássio: 37.50 g/L

Características: O Caldo de Enriquecimento Listeria é usado para cultivo e

isolamento seletivo de espécies Listeria de espécimens clínicas. Caldo de

Enriquecimento de Listeria, modificado é usado para enriquecimento seletivo de

espécies de Listeria do leite, laticínios e outros alimentos. Este meio contém

Triptose, extrato de levedura e extrato de carne provenientes de nutrientes

essenciais como o carbono e componentes nitrogenados incluído vitaminas e

aminoácidos. Fosfatos provém de ações tamponadas para meios com cloreto de

sódio mantendo o equilíbrio osmótico. Ácido Nalidixíco e Acriflavina inibem o

crescimento de organismos gram-negativo e gram-positivo respectivamente exceto

espécies de Listeria.

· Fraser:

Composição:Digestão péptica de tecido animal: 5.00g/L; Caseína enzimática

hidrolisada: 5.00 g/L; Extrato de levedura: 5.00 g/L;Extrato de carne: 5.00 g/L;Cloreto

de sódio: 20.00 g/L; Fosfato dissódico hidrogênio:12.00g/L;Fosfato de potássio

dihidrogênio: 1.35 g/L;Esculina: 1.00 g/L; Cloreto de lítio: 3.00 g/L.

Características: este suplemento é usado com o meio Fraser-Broth como primeiro

enriquecimento para detecção de Listeria monocytogenes em produtos alimentares.

Este suplemento contém uma mistura inibitória composta por dois agentes

antimicrobianos (nalidixic acid e acriflavine) e ainda o citrato de ferro amónio. Esta

mistura permite inibir parte da microflora contaminante, favorecendo o

desenvolvimento de Listeria.

Page 45: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

45

· Oxford:

Composição:Peptona Especial: 23.00g/L,Cloreto de Lítio: 15.00 g/L, Cloreto de

Sódio: 5.00 g/L, Amido de Milho: 1.00 g/L,Esculina: 1.00 g/L,Citrato Férrico de

Amônia: 0.50 g/L, Agar: 10.00 g/L.

Características: O Meio Oxford Listeria com suplementos é recomendado para o

isolamento das espécies de Listéria de espécimens patológicos. Suplemento usado

com o meio Oxford Agar (base) para deteção e enumeração de Listeria. Este

suplemento contém uma mistura inibitória composta por 3 antibióticos (colistin,

cefotetan e fosfomycin), um agente antifúngico (cycloheximide) e um antiséptico

(acriflavine). Esta mistura permite a inibição da maior parte da microflora

contaminante das amostras testadas, favorecendo deste modo o crescimento de

Listeria monocytogenes.

· Palcam:

Composição:Digestão Péptica do Tecido Animal: 23.00g/L;Amido: 1.00 g/L; Cloreto

de Sódio: 5.00 g/L;Manitol:10.00 g/L;Citrato Férrico de Amônia: 0.50 g/L;Esculina:

0.80 g/L;Dextrose: 0.50 g/L;Cloreto de Lítio: 15.00 g/L;Vermelho Fenol: 0.08 g/L;

Agar: 13.00 g/L.

Características: Agar Identificação Listeria (PALCAM) com suplemento adicionado

é recomendado para o isolamento seletivo e identificação de espécies de Listeria.

Agar Identificação Listeria também é conhecido como Agar Polimixina Acriflavina

Cloreto de Lítio Ceftazidime Esculina Manitol (PALCAM) foi formulado por Van

Netten et al e é recomendado para isolamento de Listeria monocytogenes de

alimentos. Meio PALCAM é altamente seletivo devido presença do Cloreto de lítio,

Ceftazidime, Polimixina B e Hidrocloreto de Acriflavina. A Listeria tem a capacidade

de hidrolisar a esculina formando esculitina, esta se liga ao ferro e forma um

composto de coloração escura no meio, indicando resultado positivo para Listeria.

Page 46: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

46

· Triple Soya Agar:

Composição:Caseína enzimática hidrolisada: 15.00g/L; Digestão papaica de farinha

de soja: 5.00 g/L;Cloreto de sódio: 5.00 g/L; Agar: 15.00 g/L.

Características: O Agar Triptona de soja é utilizado para o cultivo de uma grande

variedade de microorganismos. O Agar Triptona de Soja está de acordo com a USP

é usado para testes de limite microbiano e testes de efetividade de conservantes

antimicrobianos.

Este meio pode ser usado para tipagem de faogs, tipagem de colicina e para testar a

necessidade de fator X e V de espécies de Haemophilus. Gunn et al utilizou este

meio para o estudo de reações hemolíticas após a adição de solução 5% de sangue.

Page 47: Análises microbiológicas de produtos lácteos-Deborah Otero · PDF file6 Resumo OTERO, Deborah M. Análises microbiológicas de produtos lácteos. 2008.40f. Relatório de estágio

47

ANEXO C –Modelo de carta entregue aos produtores

UNIVERSIDAD DE LA REPUBLICA

FACULTAD DE VETERINARIA

Montevideo, xxxxxxxxx 2008

Sr. xxxxxxxx

De nossa maior consideração:

Pela presente enviamos os resultados das análises microbiológicas das amostras de

queijo e leite correspondentes a data: xx/xx/08.

Estamos a sua disposição para qualquer aclaração a respeito, assim como para

proporcionar lhe as recomendações devidas neste caso em particular, na próxima

oportunidade que os visitemos.

Resultado das análises microbiológicas da amostra de leite:

Coliformes Totais (UFC/ml) Staphylococcus aureus ( UFC/ml)

Xxx Xxx

Resultado das análieis microbiológicas da amostra de queijo:

Coliformes totais

( NMP/gr)

Staphylococcus

aureus ( UFC/gr)

Listeria

(ausência / presença)

Salmonella

(ausência / presença)

Xxx Xxx Xxx Xxx

Agradecendo sua colaboração, receba saudações cordeais:

Drª : xxxxx