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Ano 1 | Número 3 | Dezembro de 2015 QUEM FAZ Conheça mais sobre o trabalho da Valquíria, a salvadora dos alunos - e entidades - no Insper. ENGENHARIA Após o primeiro ano do curso em nossa faculdade, saiba o que Alexandre Lima, estudante de Engenharia Mecatrônica, tem a dizer. DEBATE Paulo Kogos e Marcus Vinicius debatem sobre o tema Imposto sobre Herança Chega de Juliana de Faria da ONG Think Olga vem ao Insper no primeiro evento realizado pelo Coletivo Marianne Ferber Fiu Fiu

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Ano 1 | Número 3 | Dezembro de 2015

QUEM FAZ

Conheça mais sobre o trabalho da Valquíria, a salvadora dos alunos - e entidades - no Insper.

ENGENHARIA

Após o primeiro ano do curso em nossa faculdade, saiba o que Alexandre Lima, estudante de Engenharia Mecatrônica, tem a dizer.

DEBATE

Paulo Kogos e Marcus Vinicius debatem sobre o tema Imposto sobre Herança

Chega deJuliana de Faria da ONG Think Olga vem ao Insper no primeiro evento

realizado pelo Coletivo Marianne Ferber

Fiu Fiu

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2 | Dezembro 2015

ÍND

ICE

EQUIPEHenrique Itimura HayamaPresidente

León BernardiVice-Presidente

Paulo KogosDiretor de Redação

Sarah VendrameDiretora de Redação

Eduardo Moraes Marciano AgápitoDiretor de Imagem

Pedro Henrique Mariano BritoDiretor de Imagem

Henrique Leone AlexandreDiretor Financeiro

Carlos Henrique Cataldo de ToledoColaborador

Daniel dos Anjos RodriguesColaborador

Daniel Ferreira de CamargoColaborador

Deborah KangColaboradora

Luciana Borri WoloskerColaboradora

Vitor CavalcanteColaborador

PDesign ComunicaçãoDireção de Arte e Editoração Eletrônica

Insper Instituto de Ensino e PesquisaRua Quatá, 300 - Vila Olimpia, São Paulo - SP, 04546-042 - (11) 4504-2400

A revista Insper Post é uma publicação dos alunos do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa.

Ano 1 | Número 3 | Dezembro de 2015

4 EntidadesInsper Jr. revela o que

devemos esperar para 2016

14 ArtigoComo enxergar o cenário

político brasileiro?

16 Insper AconteceChega de Fiu FiuUma cantada é inofensiva?6 Entidades

Conheça o novo projeto do

Bem Gasto: Bem Gasto para

crianças

8 CulturaVai passar as férias em São

Paulo? Saiba como aproveitar

seu tempo da melhor maneira

possível.

15CrônicaO que uma conversa com seu

pai pode te ensinar sobre o

mundo moderno

10 DebateImposto sobre Herança:

saiba o que Paulo Kogos

tem a dizer contra

12 DebateImposto sobre Herança:

saiba o que faz Marcus

Vinícius ser a favor

20 Insper Acontece Bernardo Guimaraes lança

seu livro e promove um

debate na faculdade

EngenhariaSaiba como foi o primeiro

ano no 4º andar e no famoso

FabLab24Quem FazConheça o trabalho da Val,

do MultiInsper 26

22 Insper AconteceMinistro do STF, Marco Aurélio Mello,

visita o Insper para debater o tema

liberdade de expressão

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3 | Dezembro 2015

RetratoOnde colocaram?

O tempo poupado para o deleite natural da contemplação da verdade.

Perdido com a lucidez da construção do esqueleto que nos guia.

Guia que mal conhecemos e, os que o fazem, o contornam.

Os malabarismos de palavras me mostram verdades tão facilmente aceitas

Quanto refutadas pelos ares.

Dúbio, como a maioria dos olhares, é o justo.

Talvez pelo excesso do elemento que nos diferencia dos animais,

Que nos move,

Ao ápice do prazer com o mínimo custoso sofrimento.

Sabemos, todavia, da impossibilidade do sossego.

Podemos, contudo (e só com todos), atenuar essa mania

E fugir

Do fazer,

Devagar,

Sem querer, nem pensar.

Face à individualidade, é perceptível em um, o todo.

O reflexo, sei, é imutável.

Mas por que ao confrontá-lo parece um erro?

Imagine, você, toda a sociedade olhando para o ...

Incompleto parece diante de tudo que sabemos.

O futuro presente nos sonhos e pesadelos,

que acordados,

vivemos.

Vitor Cavalcante

Poema

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4 | Dezembro 2015

Quanto mais os dias passam, mais próximo está o final de 2015 e com ele as dúvidas sobre qual será o desempenho econômico do Brasil

em 2016. Esse desempenho, apesar de já ter previ-sões para diferentes indicadores macroeconômicos, ainda é incerto, dado o contexto cada vez mais instá-vel que vivemos atualmente, com manifestações nas ruas e o meio político esbarrando em possíveis medi-das do governo federal favoráveis a um ajuste fiscal, sendo este importante para uma possível retomada do crescimento econômico.

Cada vez mais vemos notícias referentes à operação Lava Jato, possíveis influências em um processo de impeachment da presidente Dilma, medidas do go-verno para reduzir o déficit fiscal, além de ações toma-das por partidos de oposição. Cada acontecimento novo tem seus reflexos evidenciados nas oscilações do Ibovespa, nas flutuações cambiais e entre outros indicadores. Acompanhados desses efeitos é natural que venham diferentes expectativas com relação ao desempenho econômico do Brasil em 2016 e, conse-quentemente, previsões mais ou menos pessimistas. Em certa medida, as previsões serão impactadas por esse humor do mercado, mas os resultados finais se darão como consequência da capacidade (ainda in-certa) do governo federal em lidar com a crise.

Mesmo com esse contexto de incerteza, o mercado não deixa de tentar prever o que ocorrerá com a eco-nomia e com indicadores macroeconômicos no ano de 2016. O último boletim Focus, publicado pelo Banco Central no dia 16 de novembro, apresentou um contexto não muito diferente do que vivemos atualmente, com apenas algumas mudanças em in-dicadores. A taxa Selic para o final do período deve ficar em 13,25%, não muito abaixo dos 14,25% apre-sentados hoje. Isto indica que o ciclo de alta na taxa de juros não deve se encerrar, pelo menos no curto prazo, talvez por possíveis esforços do governo em combater a inflação e atrair investimentos. Quanto às taxas de câmbio, o real deve permanecer em um pa-tamar bem desvalorizado em relação ao dólar, mas sem grandes aumentos esperados, permanecendo

em um patamar de R$ 4,20 para o final de 2016, com uma média anual de R$ 4,08. As tentativas de com-bater um processo inflacionário por meio dos juros seguem incertas e em certa medida ineficientes, com previsões do IPCA de 6,50% (que deve continuar sen-do revisada para cima, conforme vem ocorrendo ao longo das últimas 15 semanas). Por fim, é esperada uma retração do PIB em -2,00% em 2016, frente à retração de -3,10% esperada para 2015 (de acordo com previsões apresentadas no Boletim Focus do dia 16 de novembro).

Como já citado, as previsões variam entre as diver-sas instituições financeiras, algumas com valores mais pessimistas e outras mais otimistas. De maneira geral, espera-se que os resultados econômicos no ano de 2016 sejam “menos piores” do que aqueles que 2015 apresentará. No entanto, fica o questionamento acer-ca do tempo de duração dessa crise: se os piores mo-

Brasil 2016: O que esperar?

Entidades

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5 | Dezembro 2015

mentos ocorrerão em 2015 ou se os próximos anos serão como uma “batida de carro em câmera lenta” (conforme citado por Luis Stuhlberger no evento “Pai-nel Econômico” realizado pela Insper Jr).

Para entendermos quais os rumos do Brasil nos próximos anos e o atual momento que vivemos, é extremamente im-portante que anali-semos o passado, de forma a compreen-der como chegamos na atual conjuntura. Nos últimos anos, os gastos do governo aumentaram a uma taxa maior do que o crescimento do PIB; o problema é que tal ritmo de crescimen-to não é sustentável. O Gráfico a seguir apresenta a trajetória ascendente da dívida bruta do setor público frente à trajetória decrescente da gera-ção de riquezas representada pelo PIB.

Isso acontece principalmente como consequên-cia da forma de operar que o estado assumiu, sem revisões acerca dos gastos públicos (programa de previdência, salário mínimo e etc.) e os custos da própria máquina pública (com aumento de cargos, ministérios e privilégios de maneira desenfreada), juntamente com programas sociais cada vez mais ambiciosos (que para ocorrerem devem estar de

acordo com as possibilidades orçamentárias do go-verno, levando em consideração ajustes necessários para que eles ocorram).

A questão é que cada vez fica mais clara a falta de planejamento nas diretrizes de atuação do governo federal, cada vez mais priorizando o cunho popular

de suas medidas em detrimento da res-ponsabilidade fiscal. Dessa forma, os indi-cadores acabam por não trazer a capaci-dade de previsão, tal qual tantas pessoas esperam, e isso acon-tece pelo simples fato de que nesse momento o mais im-portante é repensar o modo de funcio-namento e atuação

do governo, juntamente com questões fundamen-tais como a magnitude dos gastos do governo. Não se pode crer que simples medidas como a volta da CPMF irão tirar o Brasil da crise e muito menos fazê-lo prosperar no longo prazo, enquanto não se pensar em formas de crescimento econômico responsável. Assim, enquanto o funcionamento do estado não for repensado e medidas de reforma no âmbito político, econômico e social não forem realizadas, não será possível saber sobre o futuro da economia Brasileira.

16 de Novembro de 2015 – Arthur Martins (Consultor da Insper Jr Consulting)

Esse semestre, o GAS trouxe de volta o antigo “Adote um Bixo” como “Adote uma Raposa”. O novo projeto reestruturado contou com a adesão

de cerca de 168 bixos e 120 veteranos, sendo que a meta era de 150 bixos e 70 veteranos.

O intuito do projeto é fazer com que ve-teranos “adotem” bixos, ou seja, ambos se inscrevem por formulários e, como em aplicativos de relacionamento, é feito um match com os perfis. Cada veterano recebe de dois a três bixos – apesar de, no futuro, a meta ser de um veterano para cada bixo – e ensina para suas raposas tudo que um calouro precisa saber sobre nossa faculdade.

Depois de um semestre inativo, o “Adote uma Rapo-sa” se estruturou com uma base sólida para os próxi-mos anos. Com o apoio da diretoria do Insper e com

o primeiro feedback positivo, sua proposta é deixar nossa faculdade mais atrativa para os futuros insperianos e a relação entre bixo e veterano menos impessoal.

Para 2016, o projeto vem com uma cara ain-da mais nova: durar não só as semanas ini-ciais, mas o semestre todo, além de contar com parcerias com o D.A. e a Atlética, de modo a promover jogos e gincanas.

Não perca tempo e adote uma raposa em 2016! Acompanhe o GAS nas redes sociais para ficar por dentro dos prazos de inscrição.

Adote uma RAPOSA

Versão PB negativa | Retículas de cinza

Versão sobre fundo vermelho

Versão PB positiva | Retículas de cinzaSiga os valores cromáticos descritos abaixo para a correta aplicação da marca.Quando do uso da marca sobre o fundo com cor, utilizar as cores da marca como ao lado.

PANTONE

Pantone Process Black C

Pantone 200 C

CMYK

C-0 M-0 Y-0 K-100

C-0 M-100 Y-65 K-15

APLICAÇÕES DA MARCA

Versão principal horizontalna redução mínima

10mm

Versão verticalna redução mínima

10mm

RGB

R-0 G-0 B-0

R-207 G-20 B-50

C-0 M-0 Y-0 K-50 R-153 G-153 B-153

PB

k-50

k-100

Organizações Estudantis - GAS - Grupo de Ação Social

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6 | Dezembro 2015

A saúde financeira na vida dos indivíduos e fa-

mílias brasileiras é um assunto que nem sempre

recebe a importância que lhe é merecida. O valor

da conta de luz, a prestação do carro que vai ven-

cer, a taxa de inflação que aumentou e o salário

que diminuiu são um dos muitos assun-

tos que acabam sendo encarados

como um tabu nas mesas de

jantar de tais famílias.

Contudo, o que pouca

gente sabe, é que a saú-

de financeira de indiví-

duos e famílias não se

trata apenas da diferen-

ça entre receitas e des-

pesas, consumo de bens

materiais ou quantidade

de dinheiro obtida. Uma

vida financeiramente saudável

se inicia com hábitos financeiros

saudáveis, e isso está diretamente rela-

cionado com as atitudes e sentimentos que cada

indivíduo tem em relação ao seu dinheiro.

Uma vez que tal assunto se torna um tabu, a

possibilidade de se aprender e adquirir hábitos

saudáveis em relação às finanças fica bastante

comprometida. Os hábitos financeiros danosos

tendem, portanto, a se perpetuar na vida das

pessoas desde a mais tenra idade. Afinal, se falar

de dinheiro entre adultos já é algo problemático,

imagina tratar desse assunto com crianças.

Mas, aceitando o fato de que são os hábitos que

conduzem o indivíduo à uma vida financeira sau-

dável, faz sentido inferir que quanto

mais cedo esses hábitos forem in-

troduzidos na vida das pessoas,

maior será a probabilidade

de estes terem algum efeito

benéfico. Cachorro velho

não aprende truque novo,

já diria o velho ditado. A

capacidade de aprendiza-

do de uma criança é mui-

to maior de que a de um

adulto, e que ensinar um

hábito novo para estas pro-

duz um impacto muito maior no

longo prazo.

Infelizmente, poucos são os pais que perce-

bem a importância da educação financeira de

seus filhos. Ainda, pouquíssimos são aqueles que

dão o mérito necessário à formação de hábitos fi-

nanceiramente saudáveis de seus descendentes.

Quanto mais cedo o indivíduo aprender a admi-

nistrar o dinheiro que tem, mais cedo irá aprender

o valor devido desse dinheiro, compreendendo

Entidades

Pai rico, filho nobre, neto pobre.A importância da educação financeira desde cedo.

“A felicidade não está em possuir mais dinheiro, mas na alegria de con-seguir o almejado, na excitação do esforço criativo.”

Franklin D. Roosevelt discurso de posse (4 de Março de 1933)

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7 | Dezembro 2015

não apenas que para se possuir uma vida finan-

ceira saudável é preciso se gastar com cautela,

mas que também é preciso trabalhar, se esforçar

e planejar para se atingir determinado objetivo.

O dinheiro deve ser tra-

tado, portanto, como

algo natural na vida das

crianças, uma vez que a

relação delas com o di-

nheiro irá se estender

por toda sua vida. Foi

pensando nisso que o

Bem Gasto desenvolveu

um curso especialmente

voltado para os peque-

nos: o BG Kids, ainda em fase de testes, já teve

sua primeira aula – com filhos dos funcionários da

nossa faculdade - que ocorreu no dia 19/09 no

Insper.

O curso tem como objetivo introduzir os concei-

tos mais básicos de finanças pessoais, além de fo-

mentar as ideias de solidariedade, desejo versus

necessidade e a conquista de sonhos. No final,

é feita uma atividade na qual os alunos recebem

um cofrinho e dinheiro de mentira para poder

personaliza-lo.

“Pai rico, filho nobre,

neto pobre”. É um dos

mais famosos adágios

conhecidos na língua

portuguesa. Denota a

incapacidade dos pais

de transmitir o conheci-

mento necessário para

os filhos a fim de perpe-

tuar a riqueza e bem-es-

tar de suas famílias. Embora seja apenas um dita-

do, representa em boa medida aquilo que acaba

por acontecer com inúmeros cidadãos brasileiros

ao longo do tempo. Uma das formas para se aca-

bar com esse ciclo destrutivo é por meio da edu-

cação financeira: a melhor herança que pode ser

passada de pai para filho.

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8 | Dezembro 2015

O que fazer nas férias?

Cultura

Para você que vai ficar na capital paulista durante as fé-rias insperianas, o Insper Post vai dar uma dica: Aproveite para conhecer mais a cidade, vasculhar as ruas e vielas, conheça os bairros mais distantes, os parques e, é claro, não perca o circuito cultural de São Paulo. Pensando em

ajudar o aluno do Insper que, obviamente, não teve tem-po de se atualizar ainda com o mundo externo às finais, nós selecionamos uma megaexposição que acontecerá a partir do dia 6 de fevereiro de 2016, no MIS (Museu da Imagem e do Som): “O Mundo de Tim Burton”.

Para você, fã que já conhece o grande diretor cinemato-gráfico, será uma chance única de ver de perto pedaços das obras do cineasta e, para você que não conhece, vai ter uma grande oportunidade de conhecer o trabalho de um dos maiores e mais premiados diretores pelo Oscar.

Talvez você não conheça Big Fish (2003) ou Mars Atta-cks! (1996), mas há grande chances de você conhecer fil-mes como Edward Scissorhands (1990) e The Nightmare Before Christmas (1993), entre outras grades produções mais modernas como Alice in Wonderland (2010). Re-sumindo, segundo o Serginho, a PROBABILIDADE, não chance, de você já ter visto um filme dirigido por Tim Burton, beira os 100%.

Tim Burton tem um estilo meio obscuro de produzir seus filmes, já que é obcecado por livros de terror. Ganhou

por Daniel Rodrigues

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9 | Dezembro 2015

da Disney uma bolsa para estudar animação no Instituto das Artes da California, em Valencia. Seu primeiro traba-lho foi colaboração na equipe técnica da produção de O Cão e a Raposa. Estreou seu primeiro longa, As Grandes Aventuras de Pee-wee (1985). Todavia Tim Burton só veio estourar três anos de-pois com Beetlejuice (1988), uma mistura de terror e comédia que conta a história de um casal que, em um trágico aciden-te de carro, morre e, como fantasmas, são condenados a viver em sua própria casa durante milhares de anos para pagar sua penitência. Todavia uma nova família compra a casa e estraga o sossego do casal fantasma, o que os leva a invocar Beetlejuice, um “demônio” que pode ser contratado por fantasmas para expulsar vivos. Foi anunciado em 2015 que o diretor já pode estar filmando a continuação do sucesso.

Ao fim deste grande filme, temos um clássico, e uma di-retor que chamou a atenção de

Hollywood. Logo depois foi convocado para dirigir Bat-man (1989). Apesar de ser um trabalho que não tinha

muito a cara de Tim Burton, se consagrou e abriu es-paço para que ele pudesse produzir um projeto de seu maior interesse: Edward Mãos de Tesoura (1990), um fil-

me que trata da vida de Edward (Johnny Depp), um animatro-nic construído pelo cientista Vincent Prin-ce. O cientista morre antes de conseguir ensinar Edward os caminhos da vida, como se comportar e como se expres-sar, deixando-o so-zinho, enlouquecen-do com tesouras no lugar de suas mãos. Edward, com o pas-sar do tempo acaba se apaixonando, e o filme conta toda a história de como

uma sociedade se abre a uma “aberração” de labora-tório. Edward foi um dos grandes e primeiros papeis de Johnny Depp, um dos filmes que o lançaram para o mundo do cinema.

Estes e outros grandes motivos como o remake de O Planeta dos Macacos (2001) te prepararão e te arrasta-rão para a exposição durante as férias. Então não perca a dica, vá prestigiar essa megaexposição e conhecer mais segredos sobre o mundo do diretor, lembrando que ás terças a entrada é franca!

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10 | Dezembro 2015

IMPOSTO SOBRE HERANÇA: O PIOR TIPO DE TRIBUTO POSSÍVEL

Debate

A propriedade privada um direito natural do ser humano, sendo a titularidade das possessões um corolário da Lei Natural. Esta, como observou São

Tomás de Aquino [2], é complementada por esses títulos de posse advindos da razão humana.

O exercício do direito à propriedade não se limita à li-berdade do proprietário de usufruir um bem como ele desejar (contanto que não viole direito de outrem), mas também de transferi-lo livremente a quem ele quiser. Seja em vida ou após a morte, conforme manifesto em testamento.

Tributar a herança é, portanto, uma violação do direito à propriedade privada.

Todo imposto é criminoso e consiste em uma forma sis-temática de assalto a mão armada [2]. Mas o imposto sobre herança é o pior deles, tanto moralmente quanto pelas suas consequências nefandas.

Trata-se de um imposto sobre a virtude. Uma punição àquele que se abstém do consumo para que, na sua au-sência, seus entes queridos possam ter uma vida melhor.

O economista Joseph Schumpeter salientou que o moti-vo familiar impulsiona o capitalista a acumular riqueza e investir a longo prazo. No processo, ele provê à civiliza-ção os bens de capital necessários ao aumento da pro-dutividade. Esta é a responsável pela melhora do padrão de vida das massas.

Sem a motivação familiar, o horizonte temporal do em-preendedor é encurtado. [3]. Se o estado abocanhar parte daquilo que os pais legam aos filhos, haverá um desestímulo à providência intergeracional.

As famílias tenderão a consumir patrimônio em detri-mento da poupança e do reinvestimento em meios de produção. Como consequência, haverá uma diminuição da formação bruta de capital fixo, reduzindo a produtivi-dade marginal da mão-de-obra. O resultado é o aumen-to do desemprego e a diminuição dos salários e do pa-drão de vida de toda a população. O economista Murray Rothbard sintetiza:

“A demanda por qualquer fator de produção, inclusive trabalho, é constituída pela produtividade deste fator

(…). Quanto mais produtiva a fábrica, maior a demanda dos empregadores (por trabalhadores) e maiores os sa-lários.” [4]

As máquinas, veículos, instalações, laboratórios, ferra-mentas e linhas sustentáveis de crédito são viabilizadas pelo capital acumulado pelas gerações anteriores e ad-ministrado pelos herdeiros que visam expandir o patri-mônio para seus descendentes.

Se este capital é confiscado pelo estado ele perde sua função econômica. Burocratas do governo não possuem incentivo para investir estes recursos com zelo e sim para gastá-lo segundo critérios de demagogia política visan-do a concentração de poder.

A burocracia estatal não poderia agir de forma econo-micamente racional nem se quisesse, pois não possui as informações tácitas específicas das quais dispunham os proprietários legítimos. Tampouco há um sistema de preços fidedigno para racionalizar a alocação destes re-cursos escassos, pois o governo não está sujeito aos me-canismos de lucro e prejuízo do mercado.

O imposto sobre herança, portanto, queima capital. Isto é especialmente prejudicial ao pobre. O crescimento de pequenos negócios é inviabilizado à medida que a es-cassez de capital eleva as taxas de juros. Esta é também soerguida pela distorção do mercado de capitais causa-da por esta modalidade de tributação.

Para diminuir o montante pago pelos seus herdeiros, o ca-pitalista deixa de investir em ações ou nas próprias ope-rações e passa a manter seus recursos em conta corrente.

O capital de risco é desviado para o capital disponível para empréstimo. Conforme explica o economista Lu-dwig von Mises, tal sistema tributário, “ao aumentar a parcela de capital de empréstimo em relação à parcela investida diretamente no capital das empresas, tornaria as operações de empréstimo mais inseguras.” [5]. Some-se a isso o maior risco empresarial causado pelos efeitos recessivos dos impostos e temos um aumento descomu-nal da taxa bruta de juros.

A análise econômica refuta o argumento da esquerda progressista de que o imposto sobre herança traria justi-

por Paulo Kogos

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11 | Dezembro 2015

ça social, afinal a redução do fluxo de poupança elevaria consideravelmente a taxa de retorno do capital dos atu-ais grandes detentores de riqueza. A mobilidade social, entretanto, é diminuída. Com menos herança há menos enriquecimento intergeracional.

Pessoas ricas em imobilizados mas com pouco caixa dis-ponível prevalecem em setores como a indústria manu-fatureira e o agribusiness, principalmente os pequenos produtores. Sem dinheiro para pagar os impostos sobre herança, os herdeiros desses negócios são obrigados a se desfazer de terra e maquinário, encarecendo a produ-ção industrial e agrícola.

Outros efeitos econômicos malignos desse tributo in-cluem

• Maior concetração de mercado: negócios familiares serão engolidos por grandes corporações cuja troca de gestão não configura herança.

• Custo de oportunidade dos meios de compliance e de defesa: tanto o aparato de enforcement deste tribu-to quanto os advogados e contadores contratados para reduzir os danos às famílias consomem recursos escas-sos que poderiam ser empregados de forma verdadei-ramente produtiva.

• Menos recursos disponível aos filhos para cuidar dos pais idosos e dependentes.

• Inflação: a conversão de bens de capital em ativos ilí-quidos combinada à maior propensão ao consumo terá forte efeito inflacionário.

A decorrência mais perversa desse imposto é a destrui-ção do tecido familiar.

Os pais trabalham e poupam para dar aos filhos uma vida melhor do que a que eles tiveram. Os filhos retri-buem cuidando do casal ancião e fazendo análogo sacri-fício em prol dos netos destes. O pleno direito à herança, portanto, fortalece os laços familiares.

Mas se a sanha espoliatória do estado relativizar este direito, os pais preferirão dar presentes imediatos aos filhos, que desaprenderão o valor do pensamento de longo prazo, que pressupõe sacrifício, frugalidade e en-genho. A perda destes valores destrói a coesão da famí-lia, que agora se vê desprovida tanto de recursos mate-riais quanto de força institucional.

A capacidade de prosperar na ausência da herança dimi-nui. Segundo o economista Timothy Terrell, essa disrup-ção familiar diminui a propensão dos pais de transferir capital intelectual às crianças [6]. Complemento: o te-mor de um empreendedor é que os filhos se acomodem diante da expectativa de herdar fortunas e não sejam ca-pazes de mantê-la. O imposto simplesmente remove o suspense e as responsabilidades.

É fácil perceber que o imposto sobre herança reduz os incentivos para ter filhos. Haverá, portanto, outra conse-quência desastrosa: a redução da população. Teremos menos capital humano, inversão da pirâmide etária e, considerando a conjuntura de certos países europeus, até mesmo implicações estratégico-militares.

No campo político o cenário é aterrador.

A transferência de capital privado para o estado expan-de seu poder de repressão. Este efeito é reforçado pelo aumento da vigilância do governo sobre transações fa-miliares e mercado imobiliário. Em última instância, a propriedade privada é substituída pelo coletivismo e pelo planejamento central.

De fato, esta é a origem ideológica da supressão total ou parcial dos direitos de herança. Karl Marx defendeu a limitação do direito de herança em favor do estado como forma de destruir a propriedade privada [7]. Frie-drich Engels defendeu o confisco dos bens herdáveis para transformá-la em propriedade coletiva dos meios de produção [8].

Foi isto que Lenin fez em 1918, ao abolir direitos de he-rança. Stalin os retomou, mas de forma suficientemente parcial e relativa para continuar os confiscos durante a cri-se da Nova Política Econômica. E é isto que aconteceria no Brasil. O pensador georgista Frank Chodorov acertou ao dizer que “enquanto o confisco de propriedade for ins-titucionalizado, a sociedade não está imune ao advento do expoente máximo do socialismo: o comunismo” [9].

O imposto sobre herança destrói o legado das famílias, e portanto de toda a sociedade. O Primeiro Livro dos Reis, da Bíblia da Sagrada, relata a história de Nabote, que se recusou a entregar ao Rei Acabe uma vinha que ele herdou de seus pais. Acabe mandou matá-lo. É exata-mente isso que o governo e seus impostos representam. Façamos como o homem bom, de Provérbios 13:22, que deixa sua herança para os filhos de seus filhos.

[1] AQUINO, São Tomás de. Summa Theologica. 1274. Benziger Bros 1947. Página 1969.[2] Para uma discussão ética e moral mais profunda sobre impostos verKOGOS, Paulo. Imposto é Roubo, Estado é Quadrilha e Outras Considerações. Disponível em: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1748[3] SCHUMPETER, Joseph. Capitalism, Socialism & Democracy. 1943 Routledge 2003. Páginas 160 e 161.[4] ROTHBARD, Murray. Making Economic Sense. Ludwig von Mises Institute 2007. Página 360.[5] MISES, Ludwig von. Ação Humana. 1949. Instituto Ludwig von Mises Brasil 2010. Página 916.[6] TERRELL, Timothy. The Family-Wrecking Tax. Disponível em: https://mises.org/library/family-wrecking-tax-0[7] MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto of the Communist Party. 1848. Marxists Internet Archive 2010. Páginas 26 e 49.[8] ENGELS, Friedrich. The Origin of the Family, Private Property and the State. 1884. Resistance Books 2004. Página 81.[9] CHODOROV, Frank. The Income Tax: Root of all evil. Ludwig von Mises Institute 2002. Página 13.

Biografia:

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12 | Dezembro 2015

O IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES – ITCMD.

Debate

A existência de um tributo que incide sobre a herança remonta às priscas eras...Na Roma Antiga já existia (na forma de vigésima), no Egito também...Hoje o temos praticamente em todo o mun-

do. Todavia existe um dado interessante: segundo levantamento da Ernst Young (EY), publicado no jornal Folha de São Paulo (24/08/2015), considerando a alíquota máxima no Brasil de 8% (média de 3,9%), temos as menores alíquotas do mundo. Vejamos:

por Marcus Vinicius Bertoucci

Quando comparados aos EUA (média de 40%), França (60%), Alemanha (até 50%), Japão (55%), Chile (25%), apenas para citar alguns exemplos, a diferença se acentua. Alguns, como Canadá e No-ruega, não tributam a sucessão hereditária, todavia o fazem fortemente na acumulação por renda e proventos ao longo da vida. Vejamos:

Imposto sobre Imposto sobre Herança Doação

Brasil - UF

Médio Máximo Médio Máximo

Acre 4,00% 4,00% 2,00% 2,00%

Alagoas 3,00% 4,00% 3,00% 4,00%

Amapá 4,00% 4,00% 3,00% 3,00%

Amazonas 2,00% 2,00% 2,00% 2,00%

Bahia 6,00% 8,00% 2,00% 2,00%

Ceará 5,00% 8,00% 3,00% 4,00%

Distrito Fed. 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Esp. Santo 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Goiás 3,00% 4,00% 3,00% 4,00%

Maranhão 4,00% 4,00% 2,00% 2,00%

Mato Grosso 3,00% 4,00% 3,00% 4,00%

Mato Grosso Sul 4,00% 4,00% 2,00% 2,00%

Minas Gerais 5,00% 5,00% 5,00% 5,00%

Imposto sobre Imposto sobre Herança Doação

Brasil - UF

Médio Máximo Médio Máximo

Pará 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Paraíba 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Paraná 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Pernambuco 5,00% 5,00% 2,00% 2,00%

Piauí 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Rio de Janeiro 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Rio G. Norte 1,50% 1,50% 1,50% 1,50%

Rio G. Sul 4,00% 4,00% 3,00% 3,00%

Rondônia 3,00% 4,00% 3,00% 4,00%

Roraima 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Sta. Catarina 4,50% 8,00% 4,50% 8,00%

São Paulo 3,25% 4,00% 3,25% 4,00%

Sergipe 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Tocantins 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

BRASIL 3,86% 8,00% 3,23% 8,00%

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13 | Dezembro 2015

No Brasil, o atual contorno do tributo foi dado pela Constituição de 1988 mas, logo após a che-gada família real ao Brasil, não por acaso, numa importante mudança no sistema tributário, criou-se a décima de heranças e legados, a sisa dos bens de raiz e a meia sisa dos escravos (5% sobre o valor do escravo doado ou herdado). Nesse sentido, a expressão SISA, até bem pouco tempo, ainda era usada para se fazer referência ao atual tributo sobre a transmissão imobiliária onerosa, o ITBI.

Entretanto, a discussão que envolve neste mo-mento o tema é seu o possível aumento de alí-quota para 20%. O Confaz aprovou o encami-nhamento de minuta de resolução ao Senado Federal com proposta de elevação da alíquota máxima do ITCMD de 8% para 20%. Sem aden-trar no debate da forma jurídica adequada para majoração da alíquota, o que cabe aqui discu-tir é a justiça do tributo que tem uma incidência como esta. Não parece coerente que tenhamos uma tributação incidente sobre consumo que al-cança patamares elevadíssimos durante toda a vida do contribuinte e, no momento da sua mor-te, a tributação seja modesta. Na morte, ninguém precisa de nada, não se carrega nada, tudo fica aqui. Mais justo seria que a tributação fosse me-nor sobre o consumo, de forma a tornar mais ba-rata a vida das pessoas e permitir que pudessem acumular mais riqueza, posto que não gastariam

seu dinheiro com tributos escondidos nas coisas que são necessárias no dia-a-dia.

Nações desenvolvidas, onde impera a liberda-de e a livre iniciativa buscam tornar seus siste-mas tributários mais justos. Procuram combater a tributação indireta, que termina por tratar igualmente os desiguais. Num mundo de justiça tributária, a escolha melhor é a tributação que alcança o acúmulo de riqueza, não de forma a impedi-la mas de maneira a reparti-la. No caso do ITCMD, justo com a sociedade que se reparta a riqueza acumulada, exatamente no momento em que não se precisa mais dessa riqueza. Per-mitir a transmissão intocada dessa riqueza, por gerações, seria condenar todas essas gerações de herdeiros à uma existência sem grandes de-safios. Em alguns países, como a Alemanha in-clusive, as alíquotas do tributo sobre herança variam conforme o valor da herança e o grau de parentesco. Parentes mais distantes pagam mais e patrimônio pequeno paga pouco ou até não paga.

Assim, sem que seja de forma confiscatória, ne-cessário que a sucessão seja tributada para que se reparta a riqueza acumulada no seio da so-ciedade, divisão esta que só o tributo justo con-segue fazer. Numa sociedade verdadeiramente justa, não pode o destino ser senhor da sorte das pessoas e sim seus méritos, sem preconcei-tos e em igualdade de oportunidades.

Imposto sobre Imposto sobre Herança Doação

Brasil - UF

Médio Máximo Médio Máximo

BRASIL 3,86% 8,00% 3,23% 8,00%

EUA 29,00% 40,00% 29,00% 40,00%

Alemanha 28,50% 50,00% 28,50% 50,00%

Austrália 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Canadá 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Chile 13,00% 25,00% 18,20% 35,00%

China 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

França 32,50% 60,00% 25,00% 45,00%

Índia 0,00% 0,00% 15,00% 30,00%

Imposto sobre Imposto sobre Herança Doação

Brasil - UF

Médio Máximo Médio Máximo

Inglaterra 40,00% 40,00% 30,00% 40,00%

Itália 6,00% 8,00% 6,00% 8,00%

Japão 30,00% 50,00% 30,00% 50,00%

Luxemburgo 24,00% 48,00% 8,10% 14,40%

México 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Noruega 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Rússia 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Suécia 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Suíça 25,00% 50,00% 25,00% 50,00%

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14 | Dezembro 2015

O “NOVO PT” E O “NOVO PSDB” SERÃO A NOVA ESPERANÇA?

Artigo

Em meio a todo o caos econômico em que o país vive nos últimos tempos, aprovou-se mais dois partidos políticos para a sopa de letrinhas elei-

toral nacional. Há algumas semanas, o TSE concedeu o registro à Rede Sustentabilidade e ao Partido Novo. Em meio a um descontentamento generalizado com a política e com o rumo que o país tomou de alguns anos para cá, a inserção de ambos partidos pode fazer com que, no futuro, possam se tornar respectivamente o novo PT e o novo PSDB, protagonizando uma nova polarização no espectro político.

Há evidências do descontentamento tanto de eleitores petistas como de tucanos. Tal fato é evidente devido à esquerda demostrar claramente insatisfação com o modo que o PT tem agido em meio a atual crise e se distanciado dos movimentos sociais. Já pelo lado tu-cano, a frouxidão como oposição é um fator mais claro de desapontamento. Além disso, o PSDB não é, nunca foi e provavelmente nunca será um partido de direita.

É sabido também que muitos dos votos que os tuca-nos têm recebido nas últimas eleições foi de grande parte da população que não compactua com o ideal petista. Enxergam o PSDB apenas como a principal arma para vencê-los, uma opção menos ruim. Com a aprovação do Partido Novo isso pode mudar, afinal suas propostas baseiam-se em ideais liberais como redução do estado, menos impostos, garantia da liber-dade individual, livre mercado, dentre outros.

Um dado curioso é que em 2014, meses antes das elei-ções, mesmo o Partido Novo não tendo seu registro reconhecido, era o partido que tinha mais seguidores no Facebook. Tal feito mostra que seus ideais estão em linha com grande parte da população engajada, ao menos das que estão conectadas. O Novo tem então a chance de unificar os votos de uma direita órfã de par-tidos que traga algo diferente das ideologias dos par-tidos atuantes e, quem sabe, tornar-se o “novo PSDB”.

Já a Rede traz como sua bandeira principal a “promo-ção do desenvolvimento justo e sustentável” e pode seduzir a juventude política com seu discurso menos

extremo que a esquerda radical. Para angariar votos, o partido também já conta com nomes importantes da política como o Senador Randolfe Rodrigues (Ex PSOL) e Heloísa Helena (Ex PSOL), além de Marina Sil-va. O partido tem nas mãos uma excelente oportuni-dade de canalizar uma esquerda que atualmente pa-rece perdida e sobretudo insatisfeita, para crescer e se tornar, quem sabe, um “novo PT”.

O que ambos partidos trazem em comum, aparente-mente, é o desejo de resgatar a ética na política e não a tratar como profissão. Marina Silva tem declarado em diversas oportunidades que seu partido está aberto a pessoas de bem, independentemente do partido do qual faz parte, pois acredita que há bons políticos em diversos deles e deseja juntá-los. Já o Novo pretende implantar um método de gestão que acompanhe as metas prometidas garanta alinhamento com os ideais e valores do partido.

Sendo assim, embora em tempos de crise, será que podemos esperar no futuro políticos e partidos mais aptos a fazer o que deve ser feito, sem se preocupar apenas com o poder? Será que tais partidos manterão por um bom tempo a aparência de que poderão fazer algo diferente e trazer algo de novo para o cenário po-lítico atual? As respostas virão com o tempo, mas es-pera-se que finalmente os eleitores possam votar em partidos ou candidatos que realmente acreditam, que o debate seja feito de forma justa e que seja embasa-do em ideias e propostas, não apenas opiniões e ba-te-boca que não nos levarão a lugar algum. Fica então a expectativa que ambos novos partidos tragam luz a um túnel que parecia destinado a permanecer eterna-mente na escuridão com os atores atuais.

por Eduardo Henrique Mesquita

Com a aprovação da Rede Sustentabilidade e do Partido Novo, a dúvida que fica é: Uma esquerda descontente e uma direita outrora sem opções continuarão com as mesmas bases do passado? Ou nasceu “um novo PT” e um “novo PSDB” para ocupar o protagonismo no campo político?

Autor: Eduardo Henrique Mesquita - Fã de New Metal e Post-grunge, está em um rela-cionamento sério com mercado financeiro, é apaixonado por educação financeira, tem um caso com a política e está no primeiro semestre de economia no Insper.

Tags: política; crise; sociedade; partido novo; rede sustentabilidade; pt; psdb.

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15 | Dezembro 2015

Daniel Rodrigues, 20Aluno do 3º semestrede Economia

O consumismo e o imperialismo americano modificam nosso dia a dia. Essa frase é, de certa forma, impactante, porém mais que

necessária em nosso cotidiano, já que vivemos sob o capitalismo e, ao contrário do que se pensa, as regras já estão muito bem definidas para o sucesso de uma nação.

Não podemos obrigar nações a mudarem sua cul-tura, sua sociedade a fim de moldarem-se em um formato “padrão”, principalmente quando essa di-ferença representa a vantagem comparativa desta nação para com o mercado global. Todavia as re-gras básicas do jogo estão dispostas e, mais do que isso, as trilhas para um sucesso financeiro estão dis-poníveis para quem quiser implementá-las. Então por que alguns países têm dificuldade de abrir sua economia? Entrar nos padrões globais?

Sempre ouvi de meu pai que economia é uma ci-ência completamente humana, que em economia o certo e errado não existem, e isso me gerou uma noção meio equivocada da realidade. Economia não se trata somente de ajustes na parte social da sociedade, mas também na parte financeira. É essencial para o desenvolvimento social o desen-volvimento econômico e neste ponto é que meu pai me “enganou” - ou se enganou. Ao pensar que economia não tem padrão ou “rota” a ser seguido para um sucesso a longo prazo, não estamos sendo razoáveis com a realidade.

É fácil acreditar que cada país vai produzir sua van-tagem comparativa, vendê-la, lucrar, reinvestir, cres-cer, gerar desenvolvimento social, e que tudo vai dar certo do seu próprio jeito, porém, no momento em que definimos essa “rota”, já estamos estabe-lecendo um padrão que, se somado a instituições (regras do jogo) desenvolvidas para o bom funcio-namento do mercado, aumenta as chances de, no longo prazo, seu Estado estar na lista dos maiores IDH’s do mundo.

Não entendo como um gestor vê o caminho, sabe como o caminho deve ser trilhado - pelo menos o grosso do caminho - não o faz, não o implementa e, pior, como uma população pode deixar - indepen-dentemente de seu sistema político - esta pessoa ser o gestor do Estado. Não quero dizer que todos

os países são obrigados a entrar no mundo capita-lista e se tornar EUA, longe disso, mas quem não quer aproveitar os luxos do mundo? Aproveitar-se dos avanços tecnológicos da medicina e da enge-nharia? Todos querem a “boa vida”, mas nem todos estão dispostos a pagar por ela e, além de não se disporem a pagar o preço do desenvolvimento, querem reclamar das medidas de austeridade de-finidas pelo FMI.

Me considero uma pessoa aberta a discussões, a analisar pontos de vistas e a aprender com falhas, porém não vejo necessidade em permanecer no erro, como alguns governantes que, mesmo tendo acesso ao passado - a ver o que já aconteceu na história - insistem em permanecer no erro, insistem em não usar o conhecimento à disposição. Óbvio que as condições hoje são outras, que o mundo está mais evoluído do que na época da Revolução Industrial, já temos leis trabalhistas bem estrutura-das. Todavia, com os problemas da modernidade, temos que revê-las de tempos em tempos. O que eu não entendo são pessoas que sabem a impor-tância da indústria para o crescimento da economia e taxam até o último centavo do setor, inviabilizan-do seu crescimento.

Problemas existem. Mas alguns países estão dispos-tos a resolvê-los hoje, outros os postergam, logo, uns verão os resultados antes que outros. A diferen-ça maior se vê em como o país vai consertar seus problemas: se vai combater a falta de educação e tecnologia com abertura de mais universidades ou abrindo portas para estrangeiros; se vai resolver o problema da fome aumentando tributos e distribuin-do renda ou diminuindo tributos e gerando empre-gos. Todos os caminhos são viáveis, foi isso que meu pai quis me ensinar. Entretanto, o que aprendi nos meus poucos anos de faculdade é que existem ca-minhos emergenciais e, outros, duradouros, um com preços menores e ação mais imediata, outro com investimento prolongado e ação mais duradoura. E óbvio que vários culpam o governo pelas más de-cisões, mas o governo sapo existe porque votamos nele, porque a maioria achou, ou acha, que a ideia e o modo como o governo vai gerir nossa expansão, nosso caminho, foi o melhor, o que mais representa os interesses da nossa sociedade.

Crônica

Capitalismo de pai para filho

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16 | Dezembro 2015

Chega deFiu Fiu Juliana de Faria no Insper

No dia 23 de outubro, tivemos no Insper o pri-meiro evento promovido pelo recém-criado Coletivo Marianne Ferber, um coletivo femi-

nista que visa inserir a ideia do feminismo na facul-dade e, como disse uma de suas idealizadoras, Giu-lia Stelzer, fazer as pessoas entenderem o lado da mulher. Recebemos Juliana de Faria, fundadora da campanha Chega de Fiu Fiu.

Juliana é jornalista, ativista, feminista e fundadora da ONG Think Olga, além da campanha Chega de Fiu Fiu. Eleita uma das 8 mulheres mais inspiradoras do mundo pela Clin-ton Foundation e uma das 24 pesso-as mais influentes da internet brasi-leira em 2014.

A jornalista ini-ciou sua palestra com o depoimen-to de uma menina que sofreu assé-dio. Era a história de uma menina que, ao rejeitar um homem no carnaval, não apenas foi agredida verbalmente como fisicamente e não teve o menor socorro por parte da polícia. É uma história forte, triste, porém recorrente na vida das mulheres. Como a própria Juliana disse, nessa história podemos ver todos os passos do assédio sexual: a cantada, a violência após a rejeição e o abandono e descaso por parte das autoridades.

Este foi o primeiro depoimento de uma série que a campanha viria a receber através de seu mapa. O mapa colaborativo é feito a partir de denún-cias: a pessoa que sofreu ou presenciou algum tipo de abuso ou assédio marca no mapa o local

e conta o que aconteceu. Hoje, já conta com mais de 2000 denúncias.

Antes de dar continuidade aos assédios no Brasil, Juliana dividiu sua história. Logo aos onze anos, seu corpo já havia se desenvolvido como uma mulher, mas ainda era a mesma criança que, um ano antes, brincava de com seu Sansão. Foi a partir de então, a partir dessa puberdade precoce que o mundo mu-dou para Juliana. Na escola os colegas de sala per-guntavam se seus seios eram verdadeiros ou se havia

colocado sili-cone, se estava grávida, batiam em sua bunda; os amigos dos pais faziam co-mentários so-bre seu corpo, sobre sua futura vida sexual. Aos onze anos, teve sua primeira ex-periência com o conceito de que o corpo da mulher é públi-co e, logo em seguida, seu primeiro assé-

dio verbal na rua. Após ouvir uma “cantada” na rua, ficou abalada e, ao ser vista chorando, explicou para uma senhora o ocorrido, a qual respondeu: “Deixa de bobagem, menina, isso é um elogio! ”. Aprendeu, também, nesse dia, que deveria aceitar como algo normal e positivo aquilo que a ferisse.

Aos treze anos sofreu praticamente uma tentativa de estupro: um homem no Metrô Saúde, quando estava voltando da escola, puxou-a pelo braço, em-purrou-a contra a parede e disse que queria “comê-la”. Sentia que toda essa angústia em relação ao que sofria por ser mulher deveria ser reprimida, mas aos 27 anos tudo mudou. No lançamento de seu li-

Sarah Vendrame

Insper Acontece

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17 | Dezembro 2015

vro, Gerald Thomas simplesmen-te enfiou sua mão por debaixo do vestido de uma panicat pelo simples fato de ela ser uma mu-lher, apresentadora e estar com um vestido curto. Ao verem essa cena e verem Nicole Bahls tentar, a todo custo, tirar a mão do escri-tor do seu vestido, ninguém fez nada, apenas continuaram a gra-var. Revoltada com essa naturali-zação da violência contra a mu-lher, ainda presenciou homens, amigos, pessoas que ela admira-va, defender a atitude de Gerald Thomas. Foi então que percebeu que criminosos, estupradores, as-sediadores e vio-lentadores não são homens sem rosto. São pessoas próxi-mas, do seu círcu-lo de amigos, que têm famílias. Tudo está muito mais perto do que se imagina. E graças a essa proximida-de, podemos fazer algo a respeito. E foi assim que Julia-na decidiu criar a campanha Chega de Fiu Fiu.

A campanha começou com ilus-trações informativas que, de for-ma didática, não violenta e até humorística, explicam que assé-dio sexual é crime. E essas ilustra-ções foram compartilhadas por inúmeras mulheres que, como a fundadora, haviam reprimido a vida toda que não gostavam do assédio.

Após o boom da Chega de Fiu Fiu, inúmeras mulheres começaram a compartilhar suas histórias de assé-dio e a Think Olga - ONG que visa o empoderamento da mulher através da informação – pu-blicou-as. “Quando falamos de cultura do estupro, as pessoas reclamam ‘Ah, não

sei do que você está falando’. Mas quando você diz que fulana foi as-sediada às duas horas na Santo Amaro por três homens e sentiu medo de sofrer um estupro co-letivo, faz toda a diferença, porque a gente começa a trazer isso para a nossa realidade. Está perto, está aqui e pode acontecer com qualquer uma de nós”.

Em meio a essa repercussão, a Think Olga começou a receber diversos e-mails de pessoas con-tra a campanha que afirmavam que mulher gostava de cantada. Devido a isso, realizaram uma pesquisa online com várias per-guntas e em menos de duas se-manas receberam respostas de cerca de 8000 mulheres. Os da-dos obtidos revelam que cerca de 83% das mulheres não gos-tam de cantadas, 85% já sofreram com ‘mão boba’, 81% já deixaram de fazer algo por medo de assé-

dio e 90% já trocou de roupa por medo de assédio. “Eu vivo em São Paulo, mesma cidade que meu ir-mão, meu pai, meu marido, mas pa-rece que não é a

mesma cidade. Eu deixo de fazer as coisas por medo

de assédio, eu pego o caminho mais longo para não passar na frente

de um bar. Eu troco de roupa três vezes para ter certeza de que ninguém vai me incomodar quando eu estiver no ônibus – como se isso importas-

se. Perguntem aos homens da sua vida se alguma vez eles já tiveram que trocar de roupa por medo de sofrer

algum assédio se-xual” – dividiu Ju-liana.

Após essa pesqui-sa e o impacto da campanha, as ati-vistas responsáveis por ela começa-ram a receber di-versos e-mails con-tendo ameaça de estupro e, até mes-mo, de morte. “Em uma semana, rece-bi mais de dois mil e-mails contendo

ameaças. Eu não conseguia co-mer, não conseguia dormir, pas-sei essa semana inteira embaixo do edredom estática. Chorei um pouco, mas, na maior parte das vezes, eu estava chocada. É um dado da ONU que uma em cada 5 mulheres no mundo sofrerá estupro ou tentativa de estupro, então quando alguém te manda um e-mail dizendo que vai te es-tuprar, você acredita” – contou.

O próximo passo foi criar o mapa colaborativo. Usando a platafor-ma do Google Maps, qualquer pessoa pode entrar no mapa e compartilhar algo que sofreu ou presenciou. Para exemplificar, Ju-liana leu uma denúncia de assé-dio ocorrido nas proximidades do Insper. “O mapa não é somente para vocês denunciarem. Entrem e vejam o que está acontecendo ao redor de vocês. Vocês podem fazer pequenas mudanças. ”

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18 | Dezembro 2015

Juntamente com a Defensoria Pública, a Think Olga elaborou uma cartilha que explica o que é assédio, porque é nocivo e o que as mulheres po-dem fazer a partir daí. A cartilha está disponível na Defensoria Pública em seu site.

Também foi ela-borado um docu-mentário sobre assédio sexual que, por falta de patrocínios, arre-cadaram verba pelo Catarse – um site de financia-mento coletivo. Como ferramenta usada para expor o assédio sexual que mulheres sofrem, para o do-cumentário, mulheres usarão óculos com uma mi-crocâmera embutida e, ao sofrerem algum tipo de assédio, conversarão com o homem para perguntar o motivo de ele fazer isso e explicar o lado da mu-lher. O documentário está previsto para o final de 2016.

Juliana ainda contou o papel da Think Olga no caso da Valentina do Master Chef Jr. Valentina é uma me-nina de 12 anos participante do programa. Após o primeiro episódio, as redes sociais – principalmente Twitter – bombaram com comentários sobre a apa-rência da menina. Comentários incitando não ape-nas a pedofilia, mas também o estupro.

Em resposta a es-ses tweets, a Think Olga lançou a hash-tag #PrimeiroAssédio para que as mulheres contassem sobre a primeira vez em que sofreram assédio na vida. “Hoje eu vejo que, ter sofrido assé-dio pela primeira vez aos onze anos, tive ‘sorte’. Entre os mais de 29 mil tweets que recebemos com a hashtag, vi-mos casos de meninas que foram assediadas com cinco anos de idade” – contou Juliana. Dentre os mais diversos casos relatados, foi possível provar que o assédio é um problema de consentimento.

“A campanha não é pra falar que a gente não pode mais namorar, paquerar – pelo amor de Deus! O que a gente fala é que a palavra-chave é consen-timento. Se tiver consentimento, ótimo, vai fundo! Tudo é permitido. Mas se não tiver consentimento, é assédio, é abuso e é crime. É muito simples. Eu

acho que não é demais a gente pedir consentimen-to. É isso que está acontecendo com as mulheres, estão sendo tragadas, sem consentimento, de for-ma violenta, bárbara, para essa vida sexual. Foi tira-do das nossas mãos a escolha de quando começar, de quando desenvolver uma vida sexual. É muito

grave isso. Mui-ta gente me fala ‘Ah, mas nem um linda, nem um gostosa? ’. Como eu falei, uma em cada cinco mulhe-res vai sofrer es-tupro ou tentativa de estupro então, para a gente, esse

medo é real” – explicou.

A ativista contou o caso que um homem escre-veu para ela, contando como entendeu o medo que as mulheres sentem. Ele disse que estava de carro voltando para casa e viu sua esposa andan-do na rua. Buzinou para que ela entrasse no carro, mas ela apertou o passo. Buzinou novamente e ela apertou mais o passo. Buzinou outra vez e ela saiu correndo. Ele, então, estacionou de qualquer jeito, saiu do carro e foi atrás dela e, quando conseguiu abraça-la, ela começou a chorar desesperadamen-te. Foi uma situação que não teve nem uma pala-vra, foi uma interação apenas com uma buzinada e,

mesmo assim, ela já sabia o que poderia acontecer.

Levando em conta todos os relatos re-cebidos no mapa e todos os tweets com #PrimeiroAsse-dio, surge a dúvida: de quem é a culpa? As mulheres são as mais diferentes possível em idade, roupa, os relatos di-ferem em horário, local e lotação. Se

há apenas um fator comum entre todas essas histó-rias, que é o assediador, não podemos mais culpar as vítimas.

Ao abrir para perguntas, um aluno comentou “O ‘fiu fiu’, o ‘linda’, não é violência, não é assédio. É um discurso, ás vezes inconveniente, mal-educado, mas que, na minha visão, não configura um crime. Crime é colocar a mão”, a que Juliana respondeu: “Entendo sua visão, mas já é um crime. Na nossa cartilha com a Defensoria Pública, um ‘fiu fiu’, um

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‘linda’, se ofende a vítima, pode sim ser visto como um crime. Um assédio verbal, mesmo sem usar palavras de baixo calão, pode se encaixar como importunação ofensiva ao pudor, então é crime. Como eu falei, é consentimento. Se você está falando pra alguém que quer se engajar com você, tudo bem, mas, se não, ela pode se ofender. Eu não estou falan-do para você nunca mais abrir a boca pra mulher nenhuma, não

é isso. O que eu es-tou pedindo muito gentilmente, é para que vocês escutem as mulheres. Vá atrás desse consentimen-to antes”.

Houveram várias perguntas sobre o papel do homem na campanha e como ele pode ajudar. As respostas conver-giram para o pon-to de conscientizar. Não só argumen-tar e, como Juliana disse, bater n a mesma t e c l a

até convencer por exaustão, como conversar com outras mu-lheres e aprender a conscientizar os homens, além de interferir em casos de violência contra a mulher, como foi o caso da Valentina e da campanha #PrimeiroAs-sédio, em que alguns homens

mostraram apoio e, outros, zom-baram.

Um estudante de psicologia per-guntou: “Você acredita que os as-sédios que sofridos pelas mulhe-res se refletem nas relações que elas travam ou irão travar ao longo da vida? “. Juliana respondeu que com certeza. “O que as mulheres sofrem ao longo da vida moldam, não apenas sua ida sentimen-tal e sexual, mas também como elas se colocam no mundo, com medo, fragilizadas. E também afe-tam suas vidas, não só por terem sofrido assédio, mas por como a sociedade reagiu, culpando a víti-ma, as roupas, mas nunca o asse-

diador ou estuprador. ”

O evento se encer-rou despertando o interesse de muitas mulheres

pelo Coletivo Ma-rianne Ferber, de muitos homens pelo

movimento feminista e de todos pela conscientiza-

ção que Juliana de Faria dei-xou tão claro em seu discurso

de que é necessária.

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Insper Acontece

No dia 6 de novembro o Insper abriu as por-tas para o evento de lançamento do livro A riqueza da nação no século XXI, de Bernar-do Guimarães, e do site www.porque.com.

br. Promoveu assim, mais uma vez, o debate sobre a atual crise brasileira. A heterogênea plateia, forma-

da por estudantes de diversas facul-dades, economis-tas, jornalistas e profissionais do mundo dos ne-gócios, contava também com as ilustres presenças de Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco e Cláudio Haddad, ícone em nossa instituição.

O conturbado ce-nário econômico brasileiro coloca

em pauta na sociedade diver-sos temas conhecidos no meio acadêmico, mas que a grande maioria da população, infelizmente, ainda

não está familiarizada. Com a intenção de dissemi-nar esse conhecimento surge o projeto Por que?, da BEI Editora, que iniciou as apresentações da ma-nhã. A plataforma digital interativa para estudantes abrange blog, dicionário de conceitos econômicos, podcasts, videoaulas e animações. Sob o jargão “economês em bom português” o site oferece o de-bate dos acontecimentos mais recentes do Brasil e do mundo com clareza e didática. “Nossa missão é criar uma cultura econômica que auxilie os cidadãos na tomada de decisões, tanto em termos pessoais como coletivos, mostrando que o entendimento da economia é fundamental para o exercício responsá-vel da cidadania”.

Para expor as barreiras do crescimento brasilei-ro foi convidado José Alexandre Scheinkman, da Universidade de Columbia, que apontou a baixa produtividade como um dos grandes problemas do país. O PTF (Produtividade total dos fatores), instrumento econômico que mede a quantidade de produto que se obtêm com uma unidade pon-derada de todos os fatores de produção, indica que o Brasil está cada vez mais longe, em termos de produtividade, dos países desenvolvidos. Para realizar o catching up, Scheinkman sugere três políticas complementares entre si: maior integra-ção com o mundo, mercados mais competitivos e maiores investimentos em pesquisa e desenvol-vimento (P&D).

por Vitor Cavalcante

Crise Brasileiraem Pauta

Bernardo Guimaraes lança seu livro e promove um debate na faculdade

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A integração com a ecno-mia global gera ganhos aos consumidores e produtores, que teriam acesso a uma maior variedade de pro-dutos e insumos a preços menores, e para a economia como um todo, que desenvol-veria vantagem comparativa em determinados setores para com-petir no mercado internacional. O excesso de proteção e buro-cracia nos mercados diminui a atratividade para investimento e reduz os incentivos do desen-volvimento tecnológico. Merca-dos mais competitivos, portan-to, tornariam o ambiente mais propício ao o aumento da pro-dutividade. Além disso, estudos indicam que investimentos em P&D geram externalidades po-sitivas, sendo assim necessário estimulá-los de modo a tornar o país mais produtivo.

Para acalorar o debate, Ana Cla-ra Abrão, secretária da fazenda do governo de Goiás, se juntou a José Alexandre para traçar um painel econômico brasilei-ro. Apontando a dificuldade de seguir a agenda proposta dian-te do déficit fiscal e a urgência para combate-lo, a secretária in-daga o professor de que modo o Brasil pode começar a realizar tais mudanças, notando porém o fato de que o país propõe po-líticas econômicas que não mi-nimizam as falhas de mercado: “A CPMF é um imposto ruim, por exemplo. Poderíamos fa-zer impostos melhores”. Outro

problema le-vantado foi

a baixa efi-ciência do

setor pú-b l i c o .

Os privilégios concedidos aos funcionários públicos não in-centivam o trabalhador a ser mais produtivo.

Seguindo nessa linha de ra-ciocínio, são chamados para a conversa os professores Ri-cardo Paes de Barros (PB), do Insper, e Mauro Rodrigues, da Universidade de São Paulo. Os economistas atentam ao fato de que o governo deve agir com cautela para decidir os ti-pos de serviço que serão pro-vidos pelo estado, de modo a evitar aqueles que possuem intensiva mão-de-obra, pois estes possuem custos crescen-tes mesmo nos momentos de crescimento econômico. PB apresenta estudos empíricos de que a educação, por exem-plo, poderia ser pública, sem a necessidade de ser estatizada, gerando ganhos de eficiência. Outra distorção analisada foi o grau de desigualdade salarial nos setores públicos, maior em relação ao setor privado.

Por fim, para apresentar o livro A riqueza da nação no século XXI, Bernardo Guimarães, au-tor da publicação e doutor em Economia pela Universidade de

Yale, abordou, junto com o atual presidente do Insper Marcos Lis-boa, os temas tratados na obra. O texto traz para uma linguagem clara e objetiva os conceitos de macroeconomia e suas políticas, além de um diagnóstico sobre as

ferramentas utilizadas pelo Bra-sil e seus resultados desde o

primeiro mandato de Lula até os dias mais recentes de Dilma.

Bernardo lamenta o aban-dono da agenda econô-mica criada em 2002 e os gastos públicos terem cres-cido, desde 2011, a uma

taxa maior que o crescimento do PIB, prejudicando as contas

da união. “Há 10 anos atrás não imaginávamos que estaríamos passando por uma crise fiscal”. O escritor coloca como principal motivação para sua publicação o fato de a falta de conhecimen-to econômico da população ser prejudicial na hora da escolha das melhores propostas de políticas públicas. Dessa forma, seu livro tenta aproximar as teorias econô-micas do público geral. Marcos destaca a importância de produ-ções como a do jovem econo-mista para ampliar o debate em nossa sociedade, “os problemas sempre existiram, mas agora, com a crise, debatemos”.

Notamos, portanto, que a cons-trução de um Brasil com uma economia mais saudável passa tanto por reformas estruturais, buscando um mercado com me-nos distorções, quanto por re-formas sociais, com a instrução dos cidadãos de modo que eles possam conhecer e exigir políti-cas públicas de melhor qualida-de. Nesse sentido, o evento foi enriquecedor, difundindo conhe-cimento com os lançamentos do livro e da plataforma, e agregan-do ao debate com as opiniões de algumas das principais vozes da economia brasileira.

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Liberdade de expressão e direitos individuaiscomo valores centraisda democracia brasileira

Insper Acontece

O Consilium Insper, entidade de políticas públicas, em parceria com o Instituto Palavra Aberta convidou o ministro do

Superior Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, para discursar em nossa faculdade sobre “Liberdade de expressão e direitos individuais como valores centrais da democracia brasileira”. Na abertura Marcos Lisboa, presidente do Insper, ressaltou a importância de trazer opiniões, ideias e o contraditório para o debate de questões fun-damentais para a sociedade brasileira.

Pouco tempo após ser chamado ao palco, o ma-gistrado já havia ganhado a atenção do público com uma oratória que faz jus ao seu ofício. O mi-nistro lamentou a atual crise política brasileira. Segundo ele, atravessamos um momento de per-da de valores, representada pela corrupção, com uma ausência de entendimento entre os poderes. Também atentou ao fato de o país atravessar uma crise econômica que precisa ser superada, de modo que possamos criar oportunidades para jo-

vens se inserirem no mercado de trabalho. “Hoje não temos governo, portanto, não se consegue tomar medidas econômicas e financeiras. Os in-teresses políticos precisam ser deixados de lado para superarmos os problemas econômicos”. O juiz aponta o elevado crescimento demográfico entre a década de 70 e os dias de hoje como uma complicação para a provisão de saúde, seguran-ça, transporte e educação pelo Estado. Com po-lêmicas opiniões acerca do governo, Marco Auré-lio diz que a correção dos rumos brasileiros não está na criação de bolsas assistencialistas, que re-produzem uma “casta de acomodados” em nossa sociedade.

Apesar do conturbado momento político, o mi-nistro se diz otimista, pois a Polícia Federal, o Ministério Público e o STF, têm conseguido com-bater a corrupção, utilizando o julgamento do Mensalão e a Operação Lava-Jato, como exem-plos do fortalecimento dessas instituições, que “despertam para a busca de correção de rumos”.

por Vitor Cavalcante

Ministro do STF, Marco Aurélio Mello, visita o Insper para deba-ter o tema liberdade de expressão

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Sobre a Liberdade de expres-são, o servidor público aponta a Constituição Federal de 1988 como um marco na conquista dos direitos individuais para a prática da democracia no Bra-sil. O documento que define as leis que nos rege, declara como um direito dos cidadãos a livre manifestação do pensa-mento, da atividade intelectual, artística e científica nos meios de comunicação, independen-te de censura.

O ministro enaltece o caráter in-formativo e investigativo da im-prensa, e aponta a mesma como fundamental para o combate a corrupção dos que sobrepõe o interesse privado ante ao públi-co, quando no exercício de um serviço público. Porém, alerta que a imprensa não é justiça e deve ter responsabilidade, pois “coloca peso na cabeça da opi-nião pública”.

Para fazer indagações ao juiz, fo-ram chamados Fernando Schüler,

titular da Cátedra Insper e Palavra Aberta e professor da instituição, e Mônica Waldvogel, jornalista da Globo News e conselheira no Instituto Palavra Aberta. Schüler questiona se o sigilo da fonte na imprensa é bem estabelecido ou se ainda “paira uma sombra ameaçando a liberdade de ex-pressão”, ao passo que Mônica recorda quando o jornal Estado de São Paulo foi censurado pela justiça brasileira por publicar in-formações referentes a Opera-ção Boi Barrica, que investigava Fernando Sarney por fazer caixa dois na campanha de Roseana Sarney na corrida eleitoral de 2006 pelo governo do Maranhão. Marco Aurélio admite que “há um hiato entre o formal e a realida-de” e que a pior censura é a que parte do judiciário, pois este tem formações técnicas e humanísti-cas para o julgamento.

A jornalista coloca diversas si-tuações em que o STF teve de intervir para legislar, preen-

chendo lacunas deixadas pelo congresso, como no caso da união homoafetiva, e pergunta se as falhas do legislativo não fazem com que o poder judi-ciário vá além do seu papel de fato. O magistrado afirma que o supremo é o “guarda maior da constituição federal”, mas que deve ter uma “autocontenção” para não exceder os limites da sua responsabilidade como instituição. Após uma hora de evento, com simpatia, Marco Aurélio Mello agradeceu o con-vite e se despediu da plateia.

Novamente, o Auditório Steffi e Max Perlman pôde recepcionar um evento que traz debate de aspectos indispensáveis para a construção de uma socieda-de com seus direitos humanos resguardados, como a liberda-de de expressão. Eventos como este, mostram o empenho da comunidade Insper em utilizar a instituição para pensar e cons-truir um Brasil melhor.

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PioneirismoInsper

Engenharia

Escolher algo para realizar durante cinco anos não é fácil. É necessário estar ciente das dificuldades que podem aparecer no

decorrer desse período e ter a convicção de que de fato deseja realizá-lo. Estou no segundo se-mestre de Engenharia Mecatrônica e passei por essa reflexão no momento de escolher o curso. No meu caso havia uma fator de dúvida adicion-

al: queria estar num lugar nunca antes ocupado, e por isso optei por fazer parte da primeira turma de Engenharia Insper.

Sempre fui apaixonado pela faculdade devido à sua infraestrutura e excelente renome, e essa paixão aumentou quando estava em época de vestibular e o MEC confirmou os cursos de Engenharia. Fui aprovado com bolsa integral. Muitos familiares me perguntavam se eu estava convicto de renunciar ao ingresso nas federais

onde eu havia passado, que já possuíam cursos notórios, para ingressar em uma particular com um curso incipiente. Havia grandes expectati-vas da minha parte perante a proposta inova-dora do Insper e não me arrependo da escolha feita. O curso está se aprimorando a cada dia e existe uma série de fatores que me encantam cada vez mais.

Mantendo o padrão da faculdade, o andar da En-genharia possui uma infraestrutura excepcional, que não se encontra em outras universidades. É algo parecido com os escritórios da Google e Facebook .Os laboratórios e o Fab Lab (o pri-meiro brasileiro numa escola de Engenharia) reafirmam a proposta do curso - os alunos não terão apenas a formação técnica, mas também sairão com as habilidades necessárias para saber colocar em prática o que aprenderam nos livros. A estrutura das salas de aula surpreende, fazen-

por Alexandre Lima

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do que com que o aluno consiga interagir com os colegas, tornando as aulas ainda mais ricas e possibilitando o desenvolvimento da interpes-soalidade - característica mitificada quando o assunto são engenheiros.

Um curso de excelência não é feito apenas de estrutura física. Juntamente com isto há uma es-trutura de curso totalmente vanguardista. Con-stantemente temos que validar a teoria com projetos, uma maneira de avaliar a aprendiza-gem que provoca o anseio de adquirir conhec-imento e torna a experiência mais orgânica. No decorrer do semestre, as atividades possuem uma autonomia crescente: Nos primeiros proje-tos os professores limitam as opções e no último o tema fica por escolha do aluno. Dessa forma, a capacidade analítica e o conceito do learning to learn são ainda mais desenvolvidos. O resulta-do é excepcional, porque um mesmo conteúdo ensinado para todos gera uma série de projetos com diferentes vertentes.

No primeiro semestre, mostrando que não é só de cálculo que vive o engenheiro, tivemos uma matéria que aguçava nossa habilidade de análise

social através de estudo e elaboração de artigos. A importância desse tipo de conteúdo é inques-tionável, pois muitas vezes o profissional visa ape-nas a solução técnica e esquece que o usuário é uma ser humano que pode estar inserido num contexto diferente. A Engenharia Insper possui uma proposta de potencializar temas que extrap-olam o que é ensinado nas universidades tradicio-nais. Temos conceitos como empreendedorismo, design e business – pilares que me fizeram preferir o Insper a qualquer outra instituição.

Os graduandos de Administração e Economia foram bastante acolhedores e não senti re-sistência por parte deles. Pelo contrário, notei que estavam tão empolgados quanto nós para contribuir com a construção deste novo curso. Tive uma interação muito grande com os out-ros cursos, pois entrei para o time de basquete e para o Bem Gasto. Isso é importantíssimo no momento que o curso se encontra, pois, no fi-nal, somos todos Insper e queremos o melhor para a faculdade.

Durante este ano tive muito contato com em-preendedorismo, me interessei bastante pelo tema e quis me aprofundar no assunto. Aproveitei a oportunidade que o CEMPI ofereceu, com uma série de estágios de férias em startups, e passei um mês trabalhando na Avante, um dos maiores negócios de venture capital do mundo. No está-gio apliquei muito daquilo que aprendi durante o semestre e tive um feedback bem positivo do CEO - isso mostrou o quanto o curso está prepara-do para atender às demandas do mercado.

Como a tecnologia, nosso curso está em con-stante metamorfose e, por sermos os pro-

tagonistas, a faculdade nos está oferecendo liberdade para modelá-lo. O acompanham-ento dos professores está sendo fundamental nesse processo. Quando falamos com cada um deles, é fácil notar o brilho nos seus ol-hos. São profissionais que estão apaixonados pela proposta e, assim como eu, querem vol-tar daqui há 20 anos e ver o quão grandioso o curso ficou. Sabemos que é possível e todos os esforços estão sendo feitos para que isso ocorra.

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Quem Faz

Quem FazNa sessão Quem Faz apresentamos ao público os

homens e mulheres responsáveis pelo funcio-namento do Insper. São os guerreiros dos bas-

tidores, que permitem que tudo isso funcione. A cada edição traremos uma entrevista com funcionários do Insper ou das empresas terceirizadas.

Para esta sessão escolhemos alguém que nos faz es-quecer por um breve momento que o mundo é um lugar selvagem e nos ajuda com qualquer problema possível, imaginável ou até ini-maginável que possamos ter. Al-guém que sente um carinho tão sincero pelos alunos que des-perta uma saudade antecipada dela à medida que os semestres passam. Com vocês, Valquiria Gonçalves de Ataíde Silva, a Val, do Multi Insper.

INSPER POST: Qual a sua fun-ção no Insper?

VALQUIRIA SILVA: O título é Analista Jr. Multi Insper.

Eu os ajudo com as informa-ções acadêmicas, como horas de atividades complementares, horas de estágio, as regras de DP e DP’, ou seja, todas as infor-mações que os alunos não leem nos manual do aluno e no ma-nual de procedimentos (risos).

Ajudo os alunos com informações de intercâmbio e programa de bolsas também. Tudo o que está ligado à graduação.

É algo muito discreto. A partir do momento em que o aluno atravessa aquela porta, ele pode ficar tranquilo que aqui é totalmente confidencial. Se quiser chorar pode chorar, se quiser pedir ajuda

O Multi Insper interage com toda a escola e procura ajudar os alunos de todas as formas.

Cuido também das organizações estudantis. Se eles estiverem com uma cadeira quebrada, por exemplo,

eu abro o chamado junto ao apoio operacional.

Se um aluno estiver passando mal, com problemas de saúde, eu tento ajudar a Ana Cristina nesse sentido.

É nossa função também cuidar dos eventos da gradu-ação e do regime disciplinar.

Eu cuido da parte operacional. Recebo tarefas da Ana Cristina, dou continuidade ou as redireciono a ela

E ajudo o aluno que tiver al-gum problema pessoal ou difi-culdade.

É algo muito discreto. A partir do momento em que o alu-no atravessa aquela porta, ele pode ficar tranquilo que aqui é totalmente confidencial. Se quiser chorar pode chorar, se quiser pedir ajuda

O Multi Insper interage com toda a escola e procura ajudar os alunos de todas as formas.

IP: Como são feitos esses traba-lhos?

VS: A porta do Multi Insper fica sempre aberta. É um “Seja bem-vindo ao Multi Insper”.

Se o aluno quiser falar sobre algum assunto acadêmico, eu mostro à ele passo a passo,

mostro o mapa do site do Insper, os regulamentos, todos os detalhes.

Em alguns casos o aluno está agitado ou nervoso, ou ele sem querer começa a chorar. Eu pergunto como ele está, como ele se sente. Muitas vezes o aluno con-ta seus problemas ou alguma situação difícil que ele esteja enfrentando.

Eu faço um filtro usando meu feeling. Percebo um algo a mais. E então direciono pra Ana Cristina.

Uma das funções do Multi Insper é a orientação de estudo. Se um aluno estiver com dificuldade de adap-

Por Paulo Kogos

VALQUIRIA SILVA: O título é Analista Jr. Multi Insper.

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tação ou não estiver indo bem nas provas, sem saber o que fazer quanto a isso, eu marco um horário pra ele conversar com a Ana.

Outra coisa que eu faço é ajudar os alunos das organi-zações estudantis. Eu os ajudo com os eventos, evito que as datas coincidam e que eles entrem em conflito. Se houver, por exemplo, um evento do Insper Post e do Sementes Culturais na mesma data e horário, vol-tado para o mesmo público, eu converso com eles, tento conciliá-los e fazer com que conversem entre si.

IP: É difícil concatenar tudo isso?

VS: Não é difícil, mas tentamos ter jogo de cintura. Não gostamos de falar “Não! Essa é a regra e pronto!” Tentamos mostrar a vocês como as coisas funcionam e tentar conciliar da melhor forma possível. Deve ha-ver flexibilidade. Vou te mostrar. (Val mostrou na prá-tica como funciona uma marcação de evento, e são muitos, de vários tipos!)

Tem gente que me acha chata e burocrática, mas o que queremos é que uma organização prestigie a ou-tra. Algumas vezes elas discutem e eu digo:

- não briguem com seus colegas, seus irmãozinhos! Somos todos Insper! (risos)

IP: Como funciona a criação de novas entidades?

SV: Se um aluno quer criar uma entidade nova, eu peço pra ele escrever os objetivos, descrever os de-talhes, especificar o projeto e me mandar tudo por email. Eu direciono pra Ana Cristina e ela avalia, junto com a Carol, a possibilidade de criar essa nova entida-de ou de encaixá-la dentro de outra já existente.

IP: E quanto à parte disciplinar? Acontece muita alte-ração disciplinar?

VS: Acontece sim. É algo que levamos muito a sério. Acontecem casos de desonestidade intelectual, cola, plágio. Nós orientamos os alunos a ir à biblioteca, onde os bibliotecários vão ajudá-lo sobre indicações de autores e informações necessárias para que o tra-balho não seja considerado plágio. A escola tem seus valores e não podemos passar por cima disso.

Eu chamo os alunos, mas a conversa é feita com a Ana Cristina.

IP: Qual a sua formação?

VS: Sou formada em administração.

IP: Mas aqui você faz muito o serviço de psicóloga (risos).

VS: Ah, preciso comer muito arroz e feijão pra virar psicóloga. Deixo essa parte pra Ana. Mas eu gosto muito de trabalhar com vocês. Gosto muito do que faço, de lidar com gente. As pessoas me chamam de Val e isso me encanta.

Às vezes chega um aluno com uma cara assustada:

- Você que é a Val?

Eu abro um sorriso e falo:

- Sou eu, pode sentar, fique à vontade.

E o aluno se acalma.

No caso dos intercâmbios, os alunos perguntam se as vagas fecharam e eu os acalmo. Depois que saem os resultados eu vejo alguns chorando e fico triste por eles. Eu fico ansiosa, fico torcendo por eles e acabo sofrendo junto.

IP: Você é sentimental?

VS: Sim! Faz parte! Eu sinto carinho pelas pessoas e elas por mim. Elas passam aqui pra tomar um café vir-tual (já que não tem cafeteira na sala dela) (risos). Ou passa aqui pra falar “Oi Val!”

Quando elas ficam tristes eu procuro consolá-las. Eu falo:

- Não deu certo dessa vez mas na próxima vai dar cer-to! Não podemos desistir nunca!

IP: Há quanto tempo você trabalha aqui?

VS: Vai fazer 3 anos em janeiro.

IP: Do que você mais gosta aqui?

VS: Gosto de trabalhar com as pessoas. Gosto do tra-balho com as organizações. Eu gosto tanto daqui… (risos). Não sou aluna Insper mas eu tenho orgulho de ser Insper!

Aqui vejo respeito, educação por parte de todos. Os valores são valorizados! Estranha essa frase mas é o que eu sinto.

IP: Frase poética! E tem algo que você não gosta?

VS: (pausa longa pensando)… Não me ocorre nada. Parei pra pensar mas não consegui pensar em nada que eu não goste (risos)

IP: Você gosta muito do que faz! É o segredo pra fa-zer bem feito.

Gosto muito! Me divirto muito com vocês. Trabalho muito mas me divirto. Tem quem conte piadas, tem quem faça coraçãozinho, quem venha me dar um abraço…

Tem um aluno que passa e fala:

- Val, quer casar comigo? (risos)

Eu falo que não posso, pois já sou casada.

IP: Val fazendo sucesso!!! Você tem sonhos para o fu-turo?

VS: Pretendo ficar no Insper por muito tempo, posso me aposentar aqui. Imagine eu aqui velhinha (risos).

Sonhos… talvez eu sonhe demais e não me ocorra ne-nhum de imediato. Acho que são muitos sonhos.

O Insper Post agredece à Val a agradável e divertida entrevista e deseja que ela realize todos esses sonhos.

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InsperPost @insperpost

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