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NEM MESMO A CRISE ECONÔMICA ARREFECE OS INVESTIMENTOS EM EMPRESAS INOVADORAS Por que é preciso difundir o microcrédito para o empreendedor Empresa Brasil Ano 13 l Número 126 l Janeiro de 2016

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NEM MESMO A CRISE ECONÔMICA ARREFECE OS INVESTIMENTOS EM EMPRESAS INOVADORAS

Por que épreciso difundir o microcrédito para

o empreendedor

Empresa Bras

il

Ano 13 l Número 126 l Janeiro de 2016

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Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: Adem Araújo da SilvaAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: Kennedy Davidson Pinaud CalheirosRua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: Nonato Altair Marques PereiraRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: Francisco de Assis SilvaQuadra 01, Área Especial 03, Lote 01 – Setor Industrial Bernardo SayãoCidade: Núcleo Bandeirante/DF CEP: 71735-167

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Amarildo Selva LovatoAv. Nossa Senhora dos Navegantes, 955. Ed. Global Tower, sala 713, 7° andar - Bairro: Enseada do Suá - Cidade: Vitória - CEP: 29.050-335

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Ubiratan da Silva LopesRua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Domingos Sousa Silva JúniorRua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis.Bairro: São Francisco - São LuísCEP: 65.076-360

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Jonas Alves de SouzaRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Alfredo Zamlutti JúniorRua Piratininga, 399 – Jardim dos EstadosCidade: Campo Grande CEP: 79021-210

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Emílio César Ribeiro ParoliniAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Olavo Rogério Bastos das NevesAvenida Presidente Vargas, 158 - 2º andar, bloco 203Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Guido BresolinRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Jussara Pereira BarbosaRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Itamar Manso Maciel JúniorAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: Ricardo RussowskyRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Gerçon Szezerbatz ZanattoRua Pio XII, 1061, Pedrinhas, 1º andar, Sl 01 Cidade: Porto Velho CEP: 76801-498

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: João Batista de Melo MêneAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Ernesto João ReckRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Alencar BurtiRua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Wladimir Alves TorresRua José do Prado Franco, 557 - Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Pedro José Ferreira103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às in-formações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBTRIÊNIO 2016/2018

PRESIDENTEGeorge Teixeira Pinheiro (AC)

1º VICE-PRESIDENTEJésus Mendes Costa (RJ)

VICE-PRESIDENTESAlencar Burti (SP)Emílio César Ribeiro Parolini (MG)Ernesto João Reck (SC)Francisco de Assis Silva (DF)Guido Bresolin (PR)Itamar Manso Maciel Júnior (RN)Jussara Pereira Barbosa (PE)Kennedy Davidson Pinaud Calheiros (AL)Olavo Rogério Bastos das Neves (PA)

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISSérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL)

VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO*

VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESALuiz Carlos Furtado Neves (SC)

VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOSRainer Zielasko (PR)

DIRETOR–SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer (TO)

DIRETOR FINANCEIROJonas Alves de Souza (MT)

CONSELHO FISCAL TITULARAmarildo Selva Lovato (ES)Valdemar Pinheiro (AM)Wladimir Alves Torres (SE)

CONSELHO FISCAL SUPLENTEDomingos Sousa Silva Júnior (MA)Ubiratan Silva Lopes (GO)Pedro José (TO)

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIANeiva Kieling (SC)

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOFernando Fagundes Milagre

SUPERINTENDENTE DA CACB Juliana Kampf

GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIROCésar Augusto Silva

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR DA CBMAEEduardo Vieira

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antônio Bortolin

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróes

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli FróesCyntia MenezesErick Arruda

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

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Neste nosso primeiro encontro de 2016, vou alinhar al-guns exemplos do que de bom a CACB vem fazendo em prol da micro e da pequena empresa. Uma das iniciativas mais bem-sucedidas é o incentivo à solução

pacífi ca de confl itos, o que está sendo feito por meio da Rede Câ-mara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE).

No biênio 2014-2015, a CBMAE realizou mais de 35 mil aten-dimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões, con-forme matéria desta edição de Empresa Brasil. O desafi o para o próximo ciclo do programa é aumentar o número de atendimen-tos em pelo menos 50%. A ideia é gerar receita também por meio da consultoria e pelo suporte que é oferecido à Rede.

Além disso, a entidade vem mantendo uma forte presença no estímulo ao empreendedorismo, cujo maior exemplo é o progra-ma Empreender. Hoje, em grande parte dos estados da Federa-ção, essa iniciativa tem se multiplicado, o que sinaliza o ingresso no mercado de microempresas cada vez mais preparadas para enfrentar as difi culdades impostas pelo ambiente econômico.

O Progerecs (Programa de Geração de Receitas e Serviços) da CACB, criado em 2006, foi o responsável pela conquista da enti-dade como Autoridade de Registro.

O projeto AC CACB tem como meta instalar uma Autoridade de Registro (AR) em todos os municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes. Para isto, usará sua rede composta por mais de 2 mil Associações Comerciais no país.

Quando uma entidade vira AR, ela passa a ser protagonista do processo e pode abrir quantos Pontos de Atendimento quiser, em qualquer parte do território nacional. Todos os Certifi cados Digi-tais vendidos a partir de então irão gerar receita para entidades que disponibilizarem o serviço.

Atenta à realidade do mercado, a CACB, ainda neste ano, dará ênfase à educação fi nanceira do empreendedor. Pesquisa do Sebrae mostra que essa é uma das principais difi culdades do microempresário brasileiro e um dos fatores da mortalidade das empresas.

Para encerrar, lembro que o otimismo somente se justifi ca com trabalho e muita dedicação. Feliz 2016!

CACB, uma entidade a favor das boas causas

PALAVRA DO PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro

George Teixeira Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

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4 Empresa Brasil

3 PALAVRA DO PRESIDENTENeste nosso primeiro encontro de 2016, vou alinhar alguns exemplos do que de bom a CACB vem fazendo em prol da micro e da pequena empresa.

5 PELO BRASILCom a proposta de reduzir de cem para, em média, cinco dias o processo de abertura de novas empresas, o governo federal lançou o projeto Rede Nacional de Simplifi cação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios, o RedeSimples.

8 CAPAVocê já ouviu falar em microcrédito? E microcrédito orientado? Se a resposta foi não, então preste atenção, pois esta modalidade de empréstimo pode ser uma oportunidade para os pequenos empresários.

12 MEIO AMBIENTERompimento de barragem da Samarco devasta economia de Mariana (MG).

14 ECONOMIAReal desvalorizado estimula o incremento de exportações das MPEs.

18 TRABALHOEm 2016, o desemprego irá aumentar no país. Estimativa é de que essa taxa alcançará 11% no decorrer do ano.

ÍNDICE

EXPE

DIE

NTE

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróesfróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - [email protected] gráfi co: Vinícius KraskinDiagramação: Kraskin ComunicaçãoFoto da capa: Claudio Fachel/Palácio PiratiniRevisão: Press RevisãoColaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia, Tagli Padilha e Erick Arruda.Execução: Editora Matita Perê Ltda.Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - [email protected] Impressão: Orby Gráfi ca Editora Com. Dist. Ltda.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Abrir uma empresa em cincodias já é realidade no DF

8 CAPA

12 MEIO AMBIENTE

26 INVESTIMENTOS

20 SUSTENTABILIDADEFlorianópolis ganha modelo inédito de parada de ônibus.

22 CBMAENo biênio 2014-2015, a Rede Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) realizou mais de 35 mil atendimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões.

24 RECURSOS HUMANOS Você foi demitido? Dê uma pausa e analise suas potencialidades.

26 INVESTIMENTOS Nem mesmo a crise econômica arrefece o investidor-anjo.

28 NEGÓCIOS Mercado de TI resiste às turbulências do mercado.

30 LIVROSA biografi a, recém-lançada, Benjamin Franklin – Uma vida americana (Cia das Letras), do jornalista norte-americano Walter Isaacson, é um estímulo ao empreendedorismo.

31 ARTIGOMário Lanznaster escreve sobre entre o pessimismo e a ação.

Foto: Andrey Popov/ fotolia.com

Foto: Adam121/ fotolia.com

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Janeiro de 2016 5

PELO BRASIL

Com a proposta de reduzir de cem para, em média, cinco dias o processo de abertura de novas empresas, o governo federal lançou o projeto Rede Nacional de Simplifi cação do Registro e da Legalização de Empresas e Negó-cios, o RedeSimples. Na primeira fase de implantação do sistema, apenas o Distrito Federal terá acesso ao projeto, que deve se estender para outras cida-des do país ao longo de 2016.

Guilherme Afi f Domingos, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), afi rmou ser um grande incô-modo as estatísticas do Banco Mun-dial, que colocam o Brasil em uma posição extremamente desfavorável, no rol das nações mais burocráticas para o empreendedor. Segundo ele, esse foi um dos maiores estímulos para a criação do projeto.

“Vamos enfrentar o desafi o de implantar o primeiro modelo de aber-tura de empresas no Brasil totalmente integrado por sistema digital, incorpo-rando, inclusive, o conceito de confi ar na palavra do cidadão, que é o grande primeiro passo para a desburocratiza-ção do sistema”, disse Afi f.

Para George Pinheiro, presidente da CACB, é de grande importância que o governo acabe com grande parte da burocracia. “Poder, ofi cialmente, abrir uma empresa em tão pouco tempo e ter toda sua papelada em um único local, sem que isso lhe traga aborreci-mentos, é muito bom”, elogiou.

Governo federal lançaprojeto RedeSimples

CACB pode faturar R$ 2,4 milhões com certifi cados de origem em 2016

De agosto de 2012 a novembro de 2015, a CACB faturou mais de R$ 300 mil com emissões de Certifi -cados de Origem (COs). No mesmo período, as Federações e Associações Comerciais tiveram uma receita supe-rior a R$ 3,3 milhões. “Porém, nosso potencial de gerar receita é muito maior. Calculamos que em 2016 podemos chegar a R$ 2,4 milhões”,

afi rma Juliana Kampf, executiva de comércio exterior.

Somente em 2015, estima-se que a CACB venha a faturar R$ 139 mil. Até o fi nal de novembro, foram emitidos cerca de 61 mil COs, supe-rando a meta otimista para o ano. “Nosso faturamento já ultrapassou o de 2014 em mais de 18 mil emis-sões, totalizando quase R$ 126 mil.”

Afi f: “Para desburocratizar, é preciso acreditar na palavra do cidadão”

Juliana Kampf: “Nosso potencial de gerar receita é muito maior”

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6 Empresa Brasil

Na última reunião de diretoria de 2015, os coordenadores de cada pro-jeto da CACB apresentaram um ba-lanço geral do ano e as perspectivas para 2016. O encontro, que ocorreu na sede da entidade, em Brasília, foi promovido para realizar um levanta-mento dos projetos durante os dois mandatos do presidente José Paulo Dornelles Cairoli, que atuou à frente da entidade nos últimos seis anos. Cairoli encerrou sua gestão ao fi nal de dezembro, passando o bastão a George Pinheiro, até então diretor fi nanceiro da CACB.

Em clima de despedida, o presi-dente foi elogiado e aplaudido por

toda a diretoria. “Peço desculpas se algumas vezes fui duro, mas para progredir é preciso cobrar e exigir. Desejo sorte e sucesso ao meu sucessor, o qual tenho certeza de que fará um excelente trabalho.” Pinheiro assumiu a presidência em

janeiro deste ano. A cerimônia de posse ocorrerá em 24 de fevereiro, em evento que mobilizará a Presidência da República, senadores, deputados, ministros, presidentes das Federações e Associações Comerciais, imprensa e parceiros estratégicos, entre outros.

PELO BRASIL

Entidade avança na certifi cação digitalDe 8 a 9 de março de 2016,

será realizado em São Paulo o IV Encontro Nacional dos Presiden-tes, Executivos, Comerciais e Ges-tores de Pontos de Atendimento (PAs) e Autoridades de Registro (ARs) do Sistema CACB de Certifi -cação e Economia Digital. “Esta-mos cada vez mais aprofundando nosso conhecimento em certifi ca-ção digital. Temos avançado muito com a AR CACB. Já temos mais de 30 pontos de atendimento. Nossa intenção é estar presente em todos os estados, mantendo parcerias privadas”, observa Luiz Antônio Bortolin, coordenador do Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs).

De 2009 a 2015, a CACB obteve muitos avanços no campo da certifi cação digital. Em parce-ria com a Certisign, Autoridade Certifi cadora líder na América Latina, a entidade empresarial foi responsável pela emissão de mais de 832 mil certifi cados digitais, 27 ARs foram instaladas, e 32 pontos de atendimento foram criados. “Mas a nossa grande conquista neste campo foi a ho-mologação da CACB como Au-toridade Certifi cadora, o que nos permite gerar receita para todo o sistema. Este é o grande momen-to do nosso projeto”, declara Luiz Antônio Bortolin, coordenador do Progerecs.

Cairoli, que atuou à frente da CACB nos últimos seis anos, foi aplaudido pela diretoria

Cairoli passa o bastão a Pinheiro

Bortolin: “Nossa grande conquista foi a homologação da CACB como Autoridade Certifi cadora”

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Em nota ofi cial divulgada em dezembro, o Sebrae respondeu aos comentários da Receita Federal que tratam dos impactos fi scais das mu-danças do Supersimples. O projeto Crescer Sem Medo (PLC 125/15) foi aprovado no Senado para votação em regime de urgência. O texto eleva de R$ 360 mil para R$ 900 mil o teto da receita bruta anual da microempresa e de R$ 3,6 milhões para R$ 14,4 milhões o da empresa de pequeno porte.

Segundo o Sebrae, o Simples “é o maior gerador de emprego e renda nos últimos anos. A visão da Receita Federal é exclusivamente a da arrecadação e não do desenvol-vimento do país”. A entidade cobra transparência do Fisco, que insiste em não divulgar as bases utiliza-das para o cálculo sobre perdas de arrecadação.

A nota diz ainda que, quando da proposta de criação do Supersim-ples, em 2006, a Receita também fa-zia previsões astronômicas de perdas fi nanceiras, posteriormente desmen-tidas nos números apresentados pelo Simples e nas pesquisas realizadas por entidades reconhecidas, como a Fundação Getúlio Vargas.

Sebrae defende Crescer sem Medo

Senado aprova votação do PLC 125/15 em

regime de urgência

STF divulga balanço de 2015 Em 2015, ingressou no Supre-

mo Tribunal Federal (STF) um total de 86.977 processos, sendo 11.069 originários e 75.908 recursais.

Deste total, foram efetivamen-te distribuídos 73.141 processos, já que alguns foram rejeitados liminarmente, por vícios formais, intempestividade ou ilegitimidade da parte. No ano, o Plenário julgou 2.668 feitos, sendo 32 com reper-cussão geral reconhecida, o que permitiu a liberação, na origem, de 28.411 processos sobrestados.

Já o Plenário Virtual fi nalizou 82 processos, sendo que 39 tiveram reconhecida a repercussão geral, 32 foram rejeitados e, em 11, foi reafi r-mada a jurisprudência do Supremo.

NOVAS SÚMULASEm 2015, foram aprovadas

16 súmulas vinculantes. As duas Turmas do STF analisaram, no total, 14.968 ações. Decisões mo-nocráticas dos ministros somaram 94.750. Já o número de processos baixados à origem ou arquivados

chegou a 90.383 e o de acórdãos publicados, 17.494.

Ficaram pendentes de julgamen-to 38 processos com pedido de vista, que já estão prontos para análise. So-mente oito desses processos foram devolvidos antes de 2015. “Espe-ramos que logo no início de 2016 possamos dar conta desses pedidos de vista”, afi rmou Ricardo Lewando-wski, presidente do STF. O ministro destacou ainda que a Central do Cidadão do Supremo respondeu 58.066 pedidos de informação.

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8 Empresa Brasil

Você já ouviu falar em mi-crocrédito? E microcrédito orientado? Se a resposta foi não, então preste atenção,

pois esta modalidade de empréstimo pode ser uma oportunidade para os pequenos empresários. Muito co-mum em diversos países, as taxas mais atraentes, a proximidade com os operadores e menos exigências fazem com que esta seja uma forma

de turbinar o empreendimento ou colocar as ideias de um novo negócio em ação. No entanto, além de ser um modelo recente no Brasil, a divulga-ção é precária e poucos empreende-dores conhecem o fi nanciamento.

O modelo orientado, por exem-plo, ainda é pouco usado no Brasil, que oferece este fi nanciamento tan-to em bancos públicos e privados quanto em instituições especializadas

no assunto. Conforme dados do Mi-nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), entre 2011 e agosto de 2014 foram realizadas 5,6 milhões de operações de micro-crédito com pessoas inscritas no Ca-dastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

Por outro lado, o professor de Eco-nomia da Universidade de São Paulo Paulo Feldmann defende que o mi-

No Brasil, os empréstimos com menor burocracia, maior prazo e baixa taxa de juros existem de forma tímida e são pouco divulgados

Microcrédito: Oportunidade de crescimento para os pequenos

CAPA

Acesso a capital de giro garante o sucesso das empresas menores

Foto: Andrey Popov/ fotolia.com

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crocrédito ainda não funciona como deveria no Brasil. Segundo ele, há no momento apenas algumas iniciativas pontuais, que oferecem o serviço, mas ainda com taxas de juros altas. “O mi-crocrédito é um empréstimo para pes-soas muito humildes. Com valores de fi nanciamento de algo em torno de R$ 1 mil, com prazos longos de pagamento e sem taxas de juro, ou que varie em cerca de 0,5% ao ano”, explica. Porém, aponta o especialista que o que se vê por aqui são créditos com prazos curtos e taxas que variam de 2,5% a 4% ao mês, e grande parte deles ofertada em bancos. “As agências bancárias visam ao lucro, e a fi nalidade do microcrédito é fomentar o empreendedor de baixa renda, é de cunho social”, argumenta.

INFORMAÇÃO É INSUFICIENTEAlém disso, há pouca informação

sobre o assunto, reforça Feldmann, que acredita que as experiências exis-tentes são muito localizadas. “Aquelas iniciativas que estão no caminho certo, direcionadas aos empreendedores com poucos recursos fi nanceiros, divulgam de maneira precária os serviços. E quem realmente seria benefi ciado aca-ba não tendo conhecimento”, adverte. O professor ainda compara o Brasil a outros países que ofertam o microcré-dito. “Na Índia e em vários países asiá-ticos e africanos, o crédito para peque-nos empreendedores tem prazo longo e taxas muito baixas ou inexistentes. O ideal por aqui é que se ofereça este tipo de fi nanciamento em empresas não ligadas ao sistema bancário e com prazos de, no mínimo, dez anos para pagamento”, diz e acrescenta que “a iniciativa deveria ser do Governo Fede-ral e com ampla divulgação”.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfi nanças (Abcred) e diretor executivo da BluSol, Amadeo Trentini, explica que existem no Brasil dois modelos de microcrédito. Um deles é o crédito individual, quando o empre-endedor busca o fomento para investir no pequeno negócio para capital de giro ou compra de equipamentos, pro-dutos, melhoria de serviços. Este pode ser realizado nas agências bancárias ou nas operadoras de microcrédito. A se-gunda modalidade é, conforme Trenti-ni, o aval solidário. Neste, os pequenos empreendedores que não têm bens para garantia, então, formam grupos de três a cinco pessoas e um garante a operação de crédito do outro.

AS DIFERENÇAS ENTRE OSBANCOS E AS OPERADORAS

A grande diferença, esclarece o exe-cutivo, está entre o que é oferecido pelos bancos e o que as operadoras de micro-crédito apresentam. “Nas operadoras, o agente vai até o empreendimento, faz levantamento socioeconômico e faz a operação, sem burocracia ou grandes exigências. E ainda orienta o pequeno empresário”, justifi ca. Já na maioria dos bancos, o cliente é quem busca o servi-ço. “E, diferentemente do que acontece no primeiro, nas agências bancárias não há empréstimo para quem não tem ba-lanço ou folha de pagamento”, destaca Trentini. O especialista sustenta ainda que os juros das operadoras de micro-crédito também costumam chamar a atenção de quem busca um apoio fi -nanceiro. As taxas variam de 0 a 4% ao mês, fazendo com que seja mais atraen-te procurar o fomento neste modelo do que optar por agências bancárias.

“O ideal é que se ofereça este tipo de fi nanciamento em empresas nãoligadas ao sistemabancário e comprazos de, nomínimo, dez anospara pagamento”Paulo Feldmann

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10 Empresa Brasil

CAPA

A principalexperiência demicrocréditoprodutivoorientado noBrasil é conduzidapelo Banco doNordeste do Brasil(BNB), por meiodo ProgramaCrediamigo,criado em 1997

ASSUNTO AINDA É NOVIDADEApesar do conceito ter surgido no

Brasil na década de 1970, por meio de uma iniciativa da União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações (UNO), foi a partir de 1990 que co-meçaram a surgir entidades de micro-crédito criadas por iniciativa do Poder Público. E, conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a principal experiência de microcrédito produtivo orientado no Brasil é ainda mais recente, sendo conduzida pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio do Programa Crediamigo, criado em 1997. Em nível nacional, apenas oito anos mais tarde o Governo Federal instituiu o Progra-ma Nacional de Microcrédito Produti-vo Orientado (PNMPO), o qual é coor-denado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Já em 2011 foi criado o Programa Crescer, também federal, com a fi nalidade de ampliar o acesso de empreendedores formais ou infor-mais, com faturamento de até R$ 120 mil, ao microcrédito por meio de ban-cos públicos federais.

INCENTIVO FINANCEIRO DE NORTE A SUL

De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), fei-ta no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), três em cada dez brasileiros adultos entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. Em dez anos, a taxa de empreendedorismo no país aumentou substancialmente: de 23%, em 2004, para 34,5% no ano passa-

do. Metade desses empreendedores abriu seus negócios há menos de três anos e meio. E se o número de novos empreendimentos foi ampliado, a pro-cura por crédito também se elevou. Assim, além dos programas nacionais de incentivo ao microcrédito, os go-vernos estaduais e municipais também desenvolveram suas linhas de fi nancia-mento destinado a este público.

No Rio Grande do Sul, o assunto virou um programa que já fi nanciou mais de R$ 354 milhões, benefi cian-do 60 mil pequenos empreendedo-res, em 433 municípios. O Programa Gaúcho de Microcrédito foi criado em 2011 e tem como público-alvo os empreendedores urbanos ou rurais, formais ou informais, individuais ou em grupo solidário, com faturamento máximo de R$120 mil/ano. A ideia é conceder fi nanciamento para atender às necessidades de investimento e ca-pital de giro de atividades produtivas de pequeno porte.

No estado vizinho, Santa Catarina, a Secretaria de Desenvolvimento Eco-nômico Sustentável do Estado criou o Juro Zero, destinado aos Microempre-endedores Individuais formalizados e que já está atuando em todos os 295 municípios. A linha de crédito vai até o limite de R$ 3 mil, e se o empreende-dor pagar todas as parcelas em dia, a última, que é referente às taxas de juro, é quitada pelo Governo do Estado.

A iniciativa do Banco do Empreen-dedor, em Curitiba, no Paraná, tam-bém merece destaque. É uma propos-ta estadual que diminui as taxas de juros à medida que o empreendedor se capacita e expande o negócio.

Na outra ponta do país, em Ma-naus, no Amazonas, o Banco da Gen-

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te também é um programa de crédito fácil ao micro e pequeno empreende-dor e foi criado pela prefeitura, por meio da Secretaria de Projetos Espe-ciais e Gestão Tecnológica (Semtec). O principal objetivo deste fundo é garantir linhas de crédito e fi nancia-mento para compra de máquinas, equipamentos e capital de giro com juros baixos, condições especiais de pagamentos e descontos para quem pagar a dívida em dia.

E, seguindo os bons exemplos, a prefeitura de Fortaleza, no Ceará, incentiva os jovens empreendedores, com idade entre 18 e 29 anos, com crédito de até R$ 15 mil. A ideia é que eles desenvolvam projetos de empre-endimentos produtivos, de serviços ou de comércio.

AJUDA PARA INCREMENTAR AS VENDAS

A venda de lanches rápidos da empreendedora Janaína de Andrade Botelho recebeu um ingrediente es-pecial em 2015: um microcrédito no valor de R$ 9 mil. O montante serviu para a compra de um Food Truck, com o propósito de ampliar os negó-cios. “Não conhecia o sistema de mi-crocrédito. Fiquei sabendo ao acaso, quando estava na Prefeitura regulari-zando o alvará”, conta Janaína.

Ela aproveitou a oportunidade, conseguiu um avalista e, em cerca de 15 dias, estava com o dinheiro na mão. As taxas de juros, segundo Ja-naína, eram menores que as de uma agência bancária e também não teve muita burocracia. “É uma forma de incrementar o negócio e pagar com parcelas suaves, que não comprome-tem o orçamento”, comemora.

Assim como Janaína, muitos outros pequenos empresários estão buscando auxílio fi nanceiro por meio do micro-crédito. Conforme o diretor executivo da PortoSol, Cristiano Mross, somente no último semestre de 2015 foram li-berados cerca de R$ 870 mil mensais em fi nanciamentos, sendo o valor mé-dio de solicitação por empreendedor em torno de R$ 3.350,00. A PortoSol é uma instituição comunitária de cré-dito, que foi criada como uma Organi-zação Não Governamental (ONG) por iniciativa da prefeitura de Porto Alegre, governo do Rio Grande do Sul, Federa-sul e Associação de Jovens Empresários de Porto Alegre.

Mross comenta que os pequenos empreendedores buscam no modelo de fi nanciamento a facilidade, a rapi-dez e baixas taxas de juros. “Notamos que a inadimplência também é pouco signifi cativa. Em 2015, está em 2% ao mês e são provocadas principalmente por baixa nas vendas e serviços pres-tados, endividamento pessoal e outros problemas familiares”, avalia.

A empreendedora Janaína de Andrade Botelho recebeu um

ingrediente especial em 2015: um microcrédito

no valor de R$ 9 mil

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12 Empresa Brasil

Rompimento de barragem da Samarco devasta economia de Mariana (MG)

Além de devastar o distrito de Bento Rodrigues, cau-sando 17 mortes, com três moradores ainda desapare-

cidos, o rompimento da Barragem de Fundão – da Samarco Mineração –, no município mineiro de Mariana, no dia 5 de novembro de 2015, também causou um forte impacto no quadro econômico da cidade.

De acordo com o secretário ad-junto de Indústria e Comércio de Ma-riana, Heliélcio Vieira, estima-se que 80% de toda a riqueza que circula no município tenham origem na minera-ção, quer de maneira direta ou indi-reta. “Uma tragédia deste porte, com

certeza, mexe com a economia da ci-dade. O comércio, a rede de hotelaria e serviços e o mercado imobiliário são impactados diretamente pelo ciclo da economia mineral”, afi rma. Cer-ca de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério e água foram despejados, conforme a Samarco Mi-neração, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP.

“Alguns empreendimentos foram extintos e outros fi caram inviabilizados de continuarem suas atividades”, con-ta o secretário. Segundo ele, o rompi-mento da barragem alterou o cotidia-no de todos os comércios existentes em Mariana. A Prefeitura do municí-

pio acionou o Sebrae/MG, que deve fazer um plano de ação para atender aos distritos atingidos pela tragédia.

Além do Sebrae/MG, a Prefeitura também solicitou à Junta Comercial do Estado de Minas Gerais o forne-cimento gratuito de fotocópias solici-tadas por proprietários de empreen-dimentos que tenham sido atingidos pela lama. Através de uma parceria com o Centro Cape – organização sem fi ns lucrativos que visa dar su-porte ao micro e pequeno empreen-dedor –, um consultor trabalhará em um plano de ação para os artesãos que foram prejudicados pelo rompi-mento da barragem.

MEIO AMBIENTE

Estima-se que 80% de toda a riqueza que circula no município têm origem na mineração

Acidente provocou o derrame de cerca de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos e 7 milhões de metros cúbicos de água

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“O comércio, a rede de hotelaria e serviços e o mercado imobiliário foram impactados diretamente pela tragédia”Heliélcio Vieira, secretário adjunto de Indústria e Comércio de Mariana

FISCALIZAÇÃOO Departamento Nacional de Pro-

dução Mineral (DNPM), que é ligado ao Ministério das Minas e Energia, é o órgão responsável por promover o pla-nejamento e o fomento da exploração mineral e do aproveitamento dos recur-sos minerais e superintender as pesqui-sas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e fi scalizar o exercício das atividades de mineração em todo o Brasil.

Essa fi scalização é feita de forma documental e presencial. Na primeira, as empresas são obrigadas a notifi car o DNPM informando a elaboração dos Planos de Segurança de Barra-gem e de Ação Emergencial; enviar relatórios anuais com informações de suas inspeções; e remeter as declara-ções de estabilidade das barragens. De acordo com o departamento, a Samarco seguiu todas as etapas em 2013, 2014 e 2015.

Na presencial, os fi scais do DNPM vistoriaram o local para atestar o cum-primento da legislação e dos planos de exploração minerária, além de veri-fi car a real existência dos planos de se-gurança e ação emergencial. Também são verifi cadas as normas de seguran-ça do trabalho e a exploração mineral.

Por meio de nota, o DNPM in-formou que a barragem de Fundão foi vistoriada in loco em 2012. De lá para cá, foram monitoradas por fi s-calização documental. Por estar clas-sifi cada como baixo risco, embora de dano potencial alto, o planejamento da fi scalização presencial de barra-gens do DNPM/MG priorizou outras com maiores defi ciências de moni-toramento. Uma nova vistoria estava prevista para 2015.

O departamento esclarece, no en-tanto, que o órgão não é responsável pela fi scalização da construção física, suas alterações ou manutenções das barragens. Esta é uma atribuição dos órgãos ambientais, complementada pelo DNPM.

PLANO DE AÇÃOO diretor-geral interino do DNPM,

Telton Elber Corrêa, fez uma visita ao município de Mariana, no fi m de novembro. Na ocasião, ele destacou que 20 consultores foram encaminha-dos ao local da tragédia para atuar na fi scalização das barragens.

Os consultores, segundo o dire-tor-geral, devem reavaliar o risco das atividades das mineradoras da região e fi scalizar toda a documentação apresentada pelas mineradoras.

Ainda em novembro, o governo federal autorizou o Ministério das Minas e Energia (MME) a destinar R$ 9 milhões adicionais ao DNPM para a adoção de novas medidas emergenciais de fi scalização em Mi-nas Gerais para 2015 e 2016.

O plano apresentado pelo DNPM para utilização da verba prevê a contra-tação de auditoria independente para a classifi cação das barragens cadastradas no órgão; contratação emergencial de especialistas em Geotecnia; assinatura de Termo de Cooperação Técnica com universidades e centros de pesquisa, vi-sando à capacitação de novas equipes em Segurança de Barragens de Mine-ração; e assinatura de convênio com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)/Serviço Geológico do Brasil, a fi m de integrar equipes da instituição, para acompanhamento de desastres naturais.

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14 Empresa Brasil

A variação cambial é um dos fatores que mais tem bene-fi ciado o aumento no nú-mero de micro e pequenos

empresários exportadores, segundo especialistas. Entretanto, a burocracia é uma das principais barreiras enfren-tadas por quem deseja levar seu pro-duto ao mercado externo.

Conforme Alexandre Comin, ge-rente de Acesso a Mercados e Servi-ços Financeiros do Sebrae, até 2012, a constante queda no número de empresas exportadoras esteve dire-tamente associada a fatores como valorização do câmbio, aumento dos salários reais, desaceleração do mer-cado externo e maior concorrência de produtores de menor custo, em especial os asiáticos. “A provável reversão de alguns desses fatores, especialmente a questão da taxa de câmbio, sinaliza para perspectivas mais favoráveis para as exportações das micro e pequenas empresas no futuro próximo”, destaca.

Um estudo desenvolvido pelo Se-brae, em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Ex-terior (Funcex), mostra que o número de pequenos negócios que exportam cresceu 2,7% entre 2013 e 2014.

De acordo com Comin, o merca-do de exportação para micro e pe-quenas empresas segue uma tendên-cia que acompanha o dólar. “Com a desvalorização do real, mais empre-sas exportam seus produtos, e as que já exportam acabam exportando um volume maior. Isso ocorre basicamen-te porque a atividade se torna mais lucrativa para aquelas que se lançam na empreitada”, afi rma.

A falta de maior conhecimento do mercado externo, além da carga

tributária e da burocracia são fatores que ainda prejudicam os potenciais exportadores, diz Fábio Faria, vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Em 2015, vimos um ligeiro aumen-to no número de exportações de empresas de pequeno porte, o que é um bom sinal. Entendemos que o desenvolvimento de ações no ex-terior amplia a competitividade de mercado e agrega valor ao produto e à empresa”, defende.

ECONOMIA

Burocracia e entraves logísticos ainda são obstáculos que impedem muitas empresas de alcançarem o mercado externo

Real desvalorizado estimula o incremento de exportações das MPEs

Comin: “Mercado de exportação para micro e pequenas empresas segue uma tendência que acompanha o dólar”

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COMÉRCIO EXTERIOR AINDA PRECISA MELHORAR

A burocracia necessária para que uma empresa esteja apta a exportar é um grande entrave para o acesso ao mercado internacional, reforça Tiago Augusto Lippi Garbin, especialista em relações internacionais. “Apesar de existirem meios de exportar de manei-ra simplifi cada, as empresas precisam fazer seu credenciamento no sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Adua-neiros (Radar) para utilizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior.”

Além disso, completa Garbin, há todo um processo de gestão da ca-deia do comércio exterior, que vai da emissão de documentos até o rece-bimento do pagamento, despacho aduaneiro e transporte internacional, que demanda alto controle e conhe-cimento técnico, dada a imensa legis-lação aduaneira do Brasil.

Adolfo Sachsida, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), explica que a desvalorização do câmbio leva de seis a nove meses para ter efeito nas exportações. “Mas a questão que mais afeta o comércio do Brasil com ou-tros países é a logística. Por exemplo, no que diz respeito aos transportes, temos estradas ruins, e os custos dos portos são dos mais caros do mundo”, aponta.

“Além disso, empresas exportadoras que precisam importar insumos também acabam prejudicadas, pois, embora ven-dam mais caro, também pagam preços mais altos”, observa o economista.

De acordo com Garbin, a burocra-cia é a mesma, independentemente do porte da empresa. O que muda é a capacidade fi nanceira e técnica da em-presa para gerir seus processos, seja por

meio da contratação de um profi ssional especializado em comércio exterior, seja por meio da terceirização das atividades.

“Claro que mecanismos como o Operador Econômico Autorizado (OEA), que está entrando em vigor e exige das empresas que o adotam altíssimo grau de compliance em seus processos, tende a colocar empresas grandes em um patamar diferencia-do, onde a burocracia quase inexiste; mas isso ainda é algo a ser observa-do”, projeta Garbin.

Em termos operacionais aduanei-ros, muito tem sido feito para automa-tizar os processos, dando maior celeri-dade aos trâmites, afi rma. “Mas ainda há muito em que melhorar, principal-mente nos casos em que se envolve inspeção de mercadorias antes do em-barque (chamados canais de parame-trização); há pontos de fronteira onde, entre a constatação da necessidade de inspeção e a inspeção propriamente dita, corre-se um prazo de até cinco dias para ocorrer a liberação de fato e o embarque para o exterior. Nesse meio-tempo, a carga fi ca parada pa-gando armazenagem, gerando custo e corroendo o lucro da empresa”, critica Garbin. Para ele, uma simplifi cação do processo aduaneiro brasileiro é funda-mental para ajudar o país a reencontrar o rumo do crescimento econômico.

INCENTIVOSFábio Faria aconselha que as em-

presas interessadas em exportar, antes de se lançarem no mercado, façam uma pesquisa, pois existe no Brasil um leque de instrumentos de estímu-los muito acessíveis, e a maioria sem custos para a empresa. É importante também, diz ele, buscar mercados

A falta de maiorconhecimentodo mercadoexterno, além dacarga tributáriae da burocraciasão fatores queainda prejudicamos potenciaisexportadores”Fábio Faria

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16 Empresa Brasil

ECONOMIA

onde o produto tenha mais aceitação, onde não haja restrições técnicas ou culturais, por exemplo. “Uma vez que a empresa chega ao mercado inter-nacional, os benefícios são diversos, como linhas de crédito mais acessí-veis”, exemplifi ca.

O Sebrae, em parceria com o Mi-nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Con-federação Nacional da Indústria (CNI), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre outros parceiros, trabalham para aumentar o número de empresas que vendem seus produtos no mercado internacio-nal através do Plano Nacional da Cul-tura Exportadora (PNCE).

“O Sebrae contribui com a ca-pacitação dos pequenos negócios, com a formação de comitês gestores dentro dos estados e tem o papel preponderante de encontrar oportu-nidades de negócios para as micro e pequenas empresas”, conta Alexan-dre Comin. Segundo ele, os fatores cruciais de sucesso são a qualidade dos produtos, a efi ciência do proces-so produtivo e a efi cácia da gestão, aspectos que estão plenamente ao alcance dessas empresas.

Para Faria, apesar de ser uma boa ideia, as difi culdades legais impedem que as empresas façam uso de con-sórcios para a atividade da exportação. “Trata-se de uma fi gura jurídica que nunca foi bem equacionada, por conta de problemas tributários”, reitera.

BRASIL TRADEBaseado em estudos do Ipea, Tiago

Terra, supervisor de competitividade da

Apex-Brasil, afi rma que empresas que têm participação no mercado externo tendem a ser mais competitivas no in-terno, pois fi cam menos suscetíveis a oscilações cambiais.

Com o objetivo de impulsionar o mercado de exportação dos micro e pe-quenos empresários, a Apex-Brasil vem, desde 2008, tocando o programa Brasil Trade. Partindo da prerrogativa de que muitas MPEs tinham grande potencial para exportar, mas, ao mesmo tem-po, diversas difi culdades em encontrar mercado, trabalhar logística e criar uma área de comércio exterior dentro delas, a agência fez parceria com empresas comerciais exportadoras.

Com o Brasil Trade, as MPEs se preocupam apenas em produzir o pro-duto e as comerciais exportadoras, so-mente em exportar. “Os resultados do projeto têm sido bem interessantes. No ano passado, fechamos cerca de US$ 40 milhões em negócios, através do Brasil Trade. Ainda não é possível mensurar a satisfação dos empresá-rios porque não fi zemos essa pesqui-sa, mas temos observado um número crescente de empresas participantes a cada ano”, destaca Terra.

“Empresas que têm participação no mercado externo tendem a ser mais competitivas no interno, pois fi cam menos suscetíveis a oscilações cambiais”Tiago Terra

PORTE QTDE 2014

US$ FOB2014

QTDE 2013

US$ FOB2013

MICROEMPRESA 4.508 215.345.636 4.106 196.521.652

PEQUENA EMPRESA

5.385 1.746.003.758 5.076 1.569.020.683

MÉDIA EMPRESA 5.926 8.663.853.913 5.546 7.905.567.267

GRANDE EMPRESA

6.087 214.144.391.346 6.680 232.077.872.402

PESSOA FÍSICA 412 331.286.152 401 284.582.998

NÃO DEFINIDO 2 4.026 5 9.718

TOTAL 22.320 225.100.884.831 21.814 242.033.574.720

Fonte: MDIC

Exportações por Porte de Empresa 2014/2013

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QUALIDADE RECONHECIDAAções focadas na valorização dos vinhos brasileiros investem na melhoria da produção, no aperfeiçoamento da gestão e no acesso ao mercado

JANEIRO/2016 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800A O 20 6 S A CO 0800 0 0800JANEIRO/2016 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

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2 EMPREENDER / SEBRAE

Estudo aponta pontos fortes e fracos de 65 destinos turísticosbrasileiros e reconhece ações que podem servir de exemplo

AVALIAÇÃO

ÍNDICE APRESENTA CIDADES TURÍSTICAS MAIS COMPETITIVAS

LUCIANA BARBO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curiti-ba (PR) e Belo Horizonte (MG)

são os destinos mais competitivos do país, de acordo com o Índice de Competitividade do Turismo Nacional 2015, apresentado em dezembro, em Brasília (DF). Desenvolvido pelo Minis-tério do Turismo (MTur), Sebrae e Fun-dação Getúlio Vargas (FGV), o estudo acompanha a evolução do segmento em 27 capitais e 38 municípios. Todos são avaliados em 13 dimensões e 60 variáveis que infl uenciam a atividade turística, como infraestrutura, serviços e políticas públicas, entre outros.

Mais do que um monitoramento, esse estudo é uma ferramenta para destacar iniciativas positivas, que podem servir como incentivo e exemplo para outros destinos, e gargalos que ainda precisam ser sanados. “Não podemos retroceder em relação ao orgulho que o brasileiro tem do país. Uma boa gestão pública para o turismo é fundamental”, afi rma a diretora-técnica do Sebrae, Heloisa Menezes.

Para ela, o Brasil precisa aproveitar a alta do dólar para desenvolver o tu-rismo. “Se nos últimos anos tivemos um câmbio desfavorável, que tirou o turista brasileiro do nosso país e que difi cultou a entrada de estrangeiros, agora temos uma posição inversa e pre-cisamos aproveitar esse momento para garantir ganhos de competitividade ao turismo nacional”, disse a diretora do Sebrae, complementando que agilidade e desburocratização são importantes aliados nesse processo.

O presidente do Instituto Brasi-leiro de Turismo (Embratur), Vinicius Lummertz, afi rmou que o Brasil tem potencial para o desenvolvimento competitivo desse setor. “Não sobrou fronteira para o desenvolvimento, a não ser a competitividade, por isso, a importância desse trabalho”, destaca Lummertz.

O secretário nacional de Políticas de Turismo, Júnior Coimbra, informou que o MTur já concluiu 17 mil obras para o tu-rismo, e mais de 6 mil encontram-se em fase de conclusão, tendo investido um total aproximado de R$ 12 bilhões. E

Foto: André Telles

Turismo no Brasil pode ser benefi ciado pela alta do dólar

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3JANEIRO DE 2016

Em breve, a RedeSimples será implantada em todo o Brasil

EVOLUÇÃO

ABRIR UMA EMPRESA EM CINCO DIAS JÁ É REALIDADE NO DF

DA REDAÇÃO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

Abrir uma empresa em até cinco dias já é uma realidade para os empresários do Distrito Federal,

que já podem criar seus negócios pelo Portal Empresa Simples. E para marcar o início do funcionamento da RedeSimples, o presidente do Sebrae, Guilherme Afi f Domingos, participou, juntamente com o ministro da secretaria de Governo, Ri-cardo Berzoini, de cerimônia no Palácio do Planalto, realizada no início de dezembro.

Para Afi f, a entrega do sistema simpli-fi cado de abertura de empresas signifi ca o cumprimento de um compromisso fi rma-do pela presidente Dilma Rousseff. “Sabía-

mos que o prazo de abertura de empresas

era um desafi o a ser enfrentado. Depois de

um esforço coletivo de governo, estamos

entregando a RedeSimples, que torna rea-

lidade o sonho do balcão único para abrir

empresas. É apenas um primeiro passo

para conseguirmos criar um país menos

burocrático para todos”, afi rmou ele.

RedeSimplesA RedeSimples foi idealizada para inte-

grar União, estados e municípios para

reunir, em um processo único, simplifi -

cado, previsível e uniforme, a abertura,

alterações do cadastro, licenças de funcio-

namento e a baixa de empresas. Ela será

operacionalizada por meio de um sistema

nacional informatizado, o Registro e Li-

cenciamento de Empresas (RLE). Com

ele, os futuros empresários ganham um

sistema com entrada única de dados, e de

resposta integrada entre todos os órgãos.

Um dos diferenciais é que no novo

processo se confi a na palavra do cida-

dão, substituindo a apresentação de

documentos e vistorias prévias por decla-

rações. Ela também desvincula processos

como o Habite-se do ato de abertura e

legalização de empresas consideradas de

baixo risco. Essas inovações permitem

simplifi car e agilizar a etapa de licencia-

mento de atividade, atualmente o maior

gargalo do processo de abertura. E

Foto

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Em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente do Sebrae, Afi f Domingos, apresentou a RedeSimples e entregou licenças a empresários

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4 EMPREENDER / SEBRAE

INOVAÇÃO

Parceria entre Sebrae, Anprotec e ICE foi fi rmada durante evento que premiou instituições inovadoras de todo o país

CONVÊNIO APOIA INVESTIMENTOEM NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL

MÁRCIA LOPES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

Incubadoras e aceleradoras de todo o país serão estimuladas a investir em negócios de impacto social. Convê-

nio de cooperação técnica nesse sentido foi fi rmado em dezembro pelo Sebrae, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Ino-vadores (Anprotec) e pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

A parceria entre as três instituições foi fi rmada durante a entrega do Prê-mio Nacional de Empreendedorismo Inovador, concedido pela Anprotec com apoio do Sebrae. Por meio do convênio, o Sebrae irá oferecer cursos e consultorias para até 50 empreen-dedores em 2016 e até 30 em 2017.

O projeto Incubação e Aceleração de

Impacto reconhece incubadoras, par-

ques tecnológicos e empresas nascen-

tes que mais se destacaram por seus

resultados e inovações durante o ano.

O ministro de Ciência, Tecnologia

e Inovação, Celso Pansera, presente

ao evento, reforçou o compromisso

com o empreendedorismo inovador.

“Buscamos uma relação mais transpa-

rente, mais ágil e clara, que vai valori-

zar aqueles que produzem pesquisa e

inovação e que projetam o Brasil para

ser um país de destaque nas próximas

décadas”, afi rmou.

Crescer sem MedoSegundo a diretora-técnica do Sebrae,

Heloisa Menezes, a melhor maneira

de vencer momentos de adversidade

é agregar competências e recursos. “Por

meio da parceria e do estímulo ao em-

preendedorismo e à inovação, podemos

superar qualquer momento de crise”, fri-

sou. Para ela, o trabalho com empresas

de impacto social é uma aposta inte-

ressante para as incubadoras.

A diretora também mencionou o

projeto de lei que está em tramitação

no Congresso, o Crescer sem Medo,

que, entre outras medidas, deve au-

mentar o teto das pequenas empresas

de R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões.

“Será um desafi o atender às empresas

que têm um potencial de crescimento

muito grande, mas que hoje ultrapas-

sam o limite de faturamento”, disse

Heloisa Menezes. E

Foto

: Cha

rles

Dam

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no

A diretora Heloisa Menezes participa da entrega do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador

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5JANEIRO DE 2016sebrae.com.br facebook.com/sebrae twitter.com/sebrae youtube.com/tvsebrae plus.google.com/sebrae

Iniciativa que inclui o workshop Qualidade na Taça segue pelo país e pretende elevar a venda de bebidas nacionais

INCENTIVO

PROJETO VALORIZAVINHOS BRASILEIROS

DA REDAÇÃO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

Bares e restaurantes de 16 cida-des em 14 estados brasileiros estão participando, desde se-

tembro de 2014, do Qualidade na Ta-ça, projeto desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O objetivo é aumen-tar em 15% até este ano a comerciali-zação dos vinhos, espumantes e sucos de uva brasileiros no mercado interno, por meio da qualifi cação do serviço do vinho no on-trade. A meta é qualifi car mil pequenos empreendimentos.

O gerente de Agronegócios do Se-brae Nacional, Enio Queijada de Sou-za, atesta que a visão do consumidor sobre os produtos nacionais está mudando, por conta da capacitação dos profissionais de restaurantes. “Diferentemente das grandes empre-sas que possuem canais próprios de distribuição, as pequenas vinícolas têm mais difi culdade em chegar a um grande número de estabelecimentos”, afi rma o especialista.

Com apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o curso é gratuito. O primeiro módulo é online e tem oito horas de atividades. O segundo é presencial, com oito horas de aulas teó-ricas e práticas. O programa contempla ainda degustações e dinâmicas de apren-dizado, com material didático elaborado especialmente para o treinamento. As empresas interessadas devem acessar o site www.qualidadenataca.com.br, pre-encher o formulário e aguardar o contato de um consultor via telefone.

De acordo com o gerente de Pro-moção do Ibravin, Diego Bertolini, ao escolher um vinho brasileiro na carta do restaurante ou na prateleira do super-mercado, o consumidor contribui para o desenvolvimento da vitivinicultura do país, que conta com 1,2 mil vinícolas, sendo 90% micro e pequenas. Em 2013, antes da realização do projeto, foram vendidos pouco mais de 13 milhões de litros de vinhos fi nos e espumantes brasileiros no primeiro semestre. Em 2015, com muitos dos profi ssionais já treinados, foram mais de 14 milhões de litros, um aumento de 8,47%. E

Foto: Antônio Pacheco

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6 EMPREENDERINFORME SEBRAEPresidente do Conselho Deliberativo Nacional: Robson Braga de Andrade. Diretor-Presidente: Afi f Domingos.Diretora-Técnica: Heloísa Guimarães de Menezes. Diretor de Administração e Finanças: Luiz Barretto. Gerente de Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo.

Foto: Charles Damasceno DÉBORA CRONEMBERGER AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

A equipe de estudantes do Distri-to Federal é a grande vencedora da edição deste ano do Desafi o

Universitário Empreendedor. Pedro Henrique Dias Ferreira, do curso de Ad-ministração da Universidade Católica de Brasília (UCB); Lucian Lorens Ramos, aluno de Música da Universidade de Brasília (UnB); Angela Silveira Cruz, do curso de Análise de Sistemas do Cen-tro Universitário de Brasília (UniCeub), e Ricardo Castro de Aquino, estudante de Direito do UniCeub, superaram outros 104 universitários fi nalistas com a ideia de negócio de criar um fi ltro automotivo separador de poluentes.

Os vencedores do Desafi o, compe-tição nacional promovida pelo Sebrae para estimular competências empre-endedoras entre universitários, foram anunciados em dezembro, em cerimônia realizada na sede do Sebrae Nacional, em Brasília. Os estudantes do Distrito Federal ganham troféus, tablets e uma

viagem ao Japão, em 2016, para conhe-cer centros de referência em inovação e empreendedorismo.

A equipe de Pernambuco fi cou em segundo lugar, ao propor como ideia de negócio a plantação de hortas no teto de edifícios. Em terceiro lugar, fi cou a equipe do Piauí, com a ideia de uma prótese robótica de baixo custo feita por impres-são 3D. Os segundo e terceiro lugares ganham troféus, tablets e uma viagem nacional, para local a ser defi nido, para conhecer centros de empreendedorismo neste ano.

Lucian Ramos, da equipe do Distrito Federal, disse aos colegas das outras equipes para seguirem acreditando nas ideias apresentadas. “Se vocês não realizarem essa ideia, vão deixar muitas pessoas na mão.”

“Quanto mais cedo os jovens tive-rem contato com as características empreendedoras, como o planeja-mento e a inovação, melhor”, afi rmou a diretora-técnica do Sebrae Nacional, Heloisa Menezes. E

Pernambuco e Piauí fi caram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, na competição promovida pelo Sebrae

ESTUDANTES DO DISTRITO FEDERAL VENCEM O DESAFIO UNIVERSITÁRIO

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

Vencedores comemoram a conquista; em 2016 eles viajarão para conhecer centros de empreendedorismo no Japão

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18 Empresa Brasil

Em 2016, o desempregoirá aumentar no país

Em 2016, o desemprego irá au-mentar. Para este ano, Tiago Cabral Barreira, pesquisador em economia do trabalho do

Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)/FGV, prevê que a taxa de desemprego fi cará próxima de 9%, tendo como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contí-nua, que mensura o mercado de tra-balho em todo o país. Em 2016, essa taxa deve saltar a 11,0%.

No trimestre encerrado em agosto, o desemprego apurado pela pesquisa foi de 8,7%, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012. O contin-gente de desocupados chegou a 8,8 milhões de pessoas, um aumento de

2 milhões – o equivalente à população de Manaus – na comparação com o mesmo período do ano passado.

O desemprego no país alcançou 8,9% no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) de 2015, infor-mou o Instituto Brasileiro de Geo-grafi a e Estatística (IBGE). É a maior taxa da série iniciada em 2012. No tri-mestre anterior (abril, maio e junho), o indicador estava em 8,3%, corres-pondendo a uma população desocu-pada de 9 milhões de pessoas e de 92,1 milhões de pessoas ocupadas. A pesquisa indica, ainda, que cerca de 35,4 milhões de pessoas tinham, no terceiro trimestre, carteira de traba-lho assinada no setor privado.

TRABALHO

Estimativa é de que essa taxa alcançará 11% no decorrer do ano, podendo agravar-se se o governo não encontrar soluções para estancar a crise

TRABALHO

Taxa de desemprego é a maior da série iniciada em 2012 pelo IBGE

Foto: Bartłomiej Szewczyk/ fotolia.com

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Janeiro de 2016 19

“Temos trabalhado para que as micro e pequenas empresas tenham acesso a crédito com juros abaixo do praticado no mercado”Heloísa Menezes,técnica do Sebrae

A Bahia foi o estado que teve a maior taxa de desocupação (12,8%) e Santa Catarina, a menor (4,4%).

MPESA crise econômica também pe-

gou em cheio as MPEs. De acordo com o Sebrae, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram fechadas 49,7 mil vagas com carteira assinada no setor, em outubro do ano passado. O número é maior que o dobro do corte regis-trado em setembro: 23,4 mil.

Conforme o Sebrae, entre as pe-quenas empresas o segmento que mais fechou vagas em outubro foi o da indústria da transformação, com que-da de 19,5 mil empregos. Na constru-ção civil a queda foi de 14 mil postos, 3,4 mil a mais que na agropecuária.

No acumulado do ano, até outu-bro, o comércio foi o setor em que os pequenos negócios registraram maior saldo negativo na geração de empregos: extinção líquida de 121.839 postos de trabalho. A indús-tria de transformação veio logo atrás, com 105.885 vagas extintas.

No setor de serviços e na agro-pecuária, houve geração líquida de empregos. Entre janeiro e outubro de 2015 foram criados, respectivamen-te, 187.845 e 47.049 postos.

Heloísa Menezes, técnica do Se-brae, informou que nos últimos anos os pequenos negócios têm sido os responsáveis pela geração de empre-go no país, o que não foi diferente em 2015. “Apesar da diminuição da geração de empregos em relação aos últimos anos, entre os meses de ja-neiro e outubro do ano passado os pequenos empreendimentos regis-

traram um saldo positivo de aproxi-madamente 66 mil vagas. Já as mé-dias e grandes empresas fecharam mais de 896 mil postos de trabalho.”

CRÉDITOPara Heloísa, o acesso ao crédito é

um importante aliado para ajudar os donos de pequenos negócios a enfren-tar as difi culdades. “Temos trabalhado para que as micro e pequenas empre-sas tenham acesso a crédito com juros abaixo do praticado no mercado. No início de 2015, apresentamos ao Mi-nistério da Fazenda uma proposta para que os bancos liberem 20% do depó-sito compulsório para o capital de giro dos pequenos negócios”, destaca.

Mas o empreendedor também precisa trabalhar com outras frentes para enfrentar a crise. Conforme He-loísa, os donos de pequenos negócios devem melhorar a gestão fi nanceira e inovar para reduzir custos, fi delizar clientes, buscar novos mercados e se diferenciar da concorrência.

CENÁRIOA reversão desse quadro, segun-

do a diretora técnica está atrelada à duração da atual política econômica do governo que, por sua vez, está an-corada na manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados, para combater a infl ação. “O ajuste fi scal, ainda em processo de aprova-ção pelo Congresso Nacional, também tem papel fundamental na retomada do crescimento econômico. Caso seja aprovado e implementado neste ano, e a infl ação dê sinais de arrefecimento, é provável que, no segundo semestre, a economia comece a retomar o seu ritmo de crescimento”, prevê.

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20 Empresa Brasil

Teto verde para amenizar o ca-lor, placas fotovoltaicas para gerar energia própria e até entradas USB para recarregar

celulares são algumas das inovações que um grupo de empresários de-senvolveu para tornar a espera pelo ônibus uma experiência mais agradá-vel. A unidade foi instalada com au-torização da Prefeitura Municipal de Florianópolis (SC), na Agronômica, na Rua Rui Barbosa.

Segundo a coordenadora do Nú-cleo Empresarial da Associação Co-mercial e Industrial de Florianópolis (Acif), Maria Cecília Guinle, o projeto é resultado de vários estudos sobre abrigos de ônibus pelo mundo. “Nós fi zemos visitas técnicas internacionais e reunimos modelos instalados em grandes cidades como Amsterdã, Paris, Boston, Califórnia, Miami e ou-tras aqui do Brasil. Então, decidimos mesclar as coisas mais interessantes de cada uma para montar um lugar em que o usuário tivesse conforto e comodidade enquanto espera pelo transporte. Com todos os itens que comporta, nosso protótipo é o único deste tipo no Brasil.”

O protótipo foi baseado em um projeto da arquiteta Patrícia Carmo-na. A ideia de tornar a espera pelo ônibus algo menos sofrido nasceu quando a dona da PHCarmona ainda

era estudante e usava muito o trans-porte público. “As paradas da cidade são feitas de policarbonato, que é um material facilmente vandalizado e aquece muito no verão. As para-das são caixas quentes. Além disso, os bancos são tubulares, o que gera muito desconforto. Por causa disso, é comum ver os usuários do transpor-te público sentados no encosto do banco, onde é menos desagradável”, explica a arquiteta.

Inicialmente, o projeto seria ape-nas uma maquete. No entanto, após fazer alguns contatos, outros empre-endedores de diferentes partes do estado se interessaram em ajudar. E

foi assim, de forma totalmente cola-borativa, que a maquete passou a ser realidade. “Sem a ajuda e a dedica-ção de todas as pessoas que acredi-taram na ideia, talvez o projeto não passasse de uma maquete mesmo”, observa Carmona.

Quem fez boa parte dos contatos foi Nelson Akimoto, dono da Nord Eletric SA, empresa de soluções em engenharia elétrica que colaborou com o projeto doando as placas fo-tovoltaicas. “As estruturas, lâmpadas, fi ação e o resto do material vieram do oeste do estado. O Nelson entrou em contato com outras empresas, que doaram o material”, relata a arquiteta.

SUSTENTABILIDADE

Florianópolis ganha modelo inédito de parada de ônibusProjeto ecossustentável, desenvolvido por empresários locais, gera energia solar para carregar celulares dos usuários e também armazena água da chuva para irrigar seu telhado verde

A estrutura foi planejada pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif)

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Feito de material reciclável, abrigo possui produção de energia elétrica que dura até três dias

Para a construção do ponto de ônibus, os empresários se preocu-param em selecionar materiais que minimizassem o consumo de recur-sos naturais e potencializassem a sua reutilização. As placas fotovoltaicas geram energia limpa por meio da incidência solar. O sistema permite a iluminação do ambiente durante a noite, com lâmpadas de LED. Além disso, a energia gerada também pode ser utilizada para carregamen-to de celulares via USB. Na ausência do sol, as placas podem armazenar energia para até três dias de uso sem realimentação.

O teto verde, uma cobertura com vegetação, foi feito para diminuir o calor. Aliado a isso, foi desenvolvido um sistema de irrigação autônoma que ocorre por meio da reutilização de água da chuva. A estrutura feita em aço é outro fator que torna o abrigo totalmente reciclável.

O forro da cobertura e os bancos são feitos com chapas de madeira plás-tica. “O material utilizado também é reciclado, produzido no Presídio Agrí-cola de Palhoça”, explica Carmona.

Ainda está prevista a instalação de um bicicletário e de um painel para fornecer informações das linhas de ônibus que passam pela parada. Os idealizadores do projeto esperam também que alguma empresa se in-teresse pela instalação de rede Wi-fi , pois o abrigo já conta com o espaço destinado a isso.

Sander DeMira, presidente da Acif, acredita que, se houver inves-

timentos em transporte coletivo de qualidade, a mobilidade em Floria-nópolis pode melhorar. “Com isso, o usuário percebe que vale a pena dei-xar o carro em casa.”

A iniciativa foi realizada pelo Nú-cleo de Paisagismo da ACIF, mas con-tou com o apoio do Projeto Empre-ender Competitivo 2013-2015, uma parceria entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresa-riais do Brasil (CACB) e o Sebrae.

O Núcleo não soube informar o valor total investido no projeto, pois ainda está em fase de levantamento de dados.

NÚCLEO DE PAISAGISMOO Núcleo de Paisagismo, respon-

sável pelo protótipo do abrigo, é for-mado por sete empresas: PHCarmo-na, Vida no Teto, Eneida Goss Casa e Jardim, Jardinaria Raquel Melilo, Curso de Paisagismo Ecológico, Bio tropica e Ilha Verde. A troca de ex-periências e a colaboração entre os empreendedores do núcleo foram fundamentais para aumentar a com-petitividade no mercado.

“Estou há 5 anos participando do Núcleo e vejo como está crescendo com ações importantes para nossas empresas. Realizamos três Semanas de Paisagismo, o que nos fez conhe-cer muitos profi ssionais da área. É um grupo muito ativo e agora consegui-mos realizar o sonho de doar algo para a cidade”, afi rma Maria Cecília Guinle, dona do Vida no Teto, empre-sa de paisagismo ecológico.

O ponto tem 9,8 m², e quatro nichos para carregamento de celulares e um espaço para defi cientes físicos

SERVIÇO:Os interessados em colaborar e dar sugestões podem curtir a página da Parada de Ônibus Ecossustentável no Facebook (https://www.facebook.com/paradaecossustentavel/?ref=hl) ou encaminhar um email para [email protected].

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22 Empresa Brasil

No biênio 2014-2015, a Rede Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) re-

alizou mais de 35 mil atendimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões. O desafi o para o pró-ximo ciclo do programa é aumentar o número de atendimentos em pelo menos 50%. A Rede congrega câma-ras e Postos Avançados de Conciliação Empresarial (PACEs) em todo o Brasil.

O novo projeto da CBMAE, que se inicia em 2016, prevê a ampliação da participação no mercado. “A ideia é gerar receita também por meio da consultoria e pelo suporte que é ofe-recido à Rede. Em dezembro de 2015, dentre os procedimentos protocola-dos, tivemos um de arbitragem no valor de R$ 200 milhões. Só esse aten-dimento pode nos gerar uma receita de R$ 80 mil, então temos um campo vasto a explorar”, declara Eduardo Vieira, coordenador da CBMAE.

Devido à confi dencialidade, o pro-cesso não pode ser comentado. No entanto, o caso demonstra o caminho traçado para a consolidação da marca CBMAE no mercado. “A arbitragem já está assente no Brasil. Quem nos procura conta com uma lista com-posta por grandes juristas e principais arbitralistas do país”, declara George Teixeira, presidente da Confederação

das Associações Comerciais e Empre-sariais do Brasil, entidade da qual faz parte o programa CBMAE.

Um dos principais objetivos do pro-grama é disseminar a cultura da paci-fi cação e conscientizar empresários e profi ssionais sobre as vantagens no uso

dos métodos extrajudiciais de solução de confl itos. Também são novos ob-jetivos para o projeto conquistar mais mercados e a consolidação da marca. As ações serão pontuais, partindo de três eixos estratégicos: articulação de parcerias, expansão de mercado e ges-

CBMAE

CBMAE devolve à economiamais de R$ 68 milhõesEm 2015, a atuação da Câmara realizou mais de 35 mil atendimentos, o que propiciou a redução de despesas que decorrem de processos na Justiça Comum

Pacto pela não Judicialização de Confl itos Empresariais, realizado em São Paulo

Workshop com especialistas, promovido no 2º Fórum CACB Mil

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tão da Rede CBMAE nas Associações Comerciais e Empresariais (ACEs).

“No que diz respeito à parte ins-titucional, pretendemos realizar mais ações junto ao Estado, como os Tri-bunais e o Ministério da Justiça, a fi m de atender às regras do Novo Código de Processo Civil (NCPC), que está previsto para entrar em vigor em março de 2016”, explica Eduardo.

O NCPC prevê a audiência de conciliação e mediação como regra, sendo dispensada apenas em situa-ções em que ambas as partes mani-festarem desinteresse na conciliação ou quando o direito pleiteado não admita a composição. “Isto abrirá um vasto mercado para as câmaras de conciliação e mediação. É uma opor-tunidade para a CBMAE ganhar mer-cado e se consolidar como prestado-ra de um serviço confi ável”, aposta.

Devido a denúncias contra práti-cas antiéticas de câmaras e cursos de arbitragem, a Comissão Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem do Conselho Federal da OAB (CEM-CA/CFOAB) realizou, em setembro de 2015, uma reunião para discutir o assunto, entre outros temas, em Maceió (AL). Francisco Maia, secretá-rio-geral da CEMCA, alerta que vêm surgindo instituições arbitrais que se valem de práticas não recomendadas e até criminosas. “Essas câmaras es-tão usando expedientes como, por exemplo, nome de tribunal e uso do brasão da República, o que inclusive é crime. Estão fazendo procedimen-

tos não pautados na forma correta de utilizar esses institutos. Há casos até de forçarem pessoas a realizarem ar-bitragem.”

Diante disso, a Comissão decidiu elaborar enunciados e recomenda-ções para orientar a população. “A intenção é enviar isso às assessorias e ao Conselho Federal da OAB para que sirva de subsídio de condutas reprováveis e criminosas”, explica o secretário. Segundo ele, as denúncias são preocupantes.

Versando sobre câmaras inidô-neas, cursos suspeitos, pessoas que se intitulam “juízes arbitrais”, ins-tituições que se denominam “Tri-

bunais Arbitrais”, carteiras de “juiz arbitral” e outras irregularidades, os enunciados passarão por votação da CEMCA e do Colégio de Presidentes das Comissões de Mediação e Arbi-tragem das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil e Entidades Na-cionais (COPREMA).

Para Eduardo Vieira, a falta de ética praticada por algumas instituições di-fama o instituto da arbitragem, preju-dicando pessoas e empresas que não têm conhecimento sobre o tema. “É indicado que as pessoas se informem e pesquisem bem antes de selecionar uma câmara para realizar qualquer procedimento que seja”, aconselha.

Falta de ética fere confi ança em câmaras de arbitragem

• Lançamento do Pacto pela não Judicialização de Confl itos Empresariais: mais de 300 empresários e profi ssionais assinaram o compromisso de buscar os métodos adequados de solução de confl itos, evitan-do as vias judiciais.

• Participação da Semana Nacio-nal de Conciliação realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ): as associações comerciais participantes promoveram cerca de 820 agendamentos, sendo que 90% das audiências realizadas resultaram em acordo, negociando R$ 1.369.987,20.

• Realização do Mutirão de Con-ciliação Empresarial: foram agen-dadas mais de 5.000 audiências, sendo que 80% das realizadas alcançaram acordo, com arreca-dação de R$ 2.723.753,54.

• Treinamento para duas mil pessoas: foram capacitados profi ssionais para atuarem em procedimentos de mediação e arbitragem.

• Desenvolvimento de um modelo próprio de certifi cação de mediadores: a certifi cação garante que haja profi ssionais bem treinados para atender a demandas empresariais.

• Distribuição de cinco edições da Revista Resultado: distribuída em todo o Brasil, a publicação é de conteúdo técnico e colabora com a difusão da cultura da pacifi cação.

• Parceria com o Conselho Federal da OAB na edição do livro Manual de Arbitragem para Advogados: obra orienta profi ssionais sobre os usos e as vantagens do instituto.

• Realização de cinco workshops em encontros empresariais das Federações.

• Realização de dois eventos sobre o tema “Arbitragem na Administração Pública”.

• Ampliação do convênio entre CBMAE, os Tribunais de Justiça de São Paulo e Minas Gerais, além da assinatura de novo convênio com o Tribunal do Maranhão.

• Parceria com a Associação Comercial do Maranhão na realização do 1° Balcão de Ne-gociação de Dívidas do estado: foram recuperados mais de R$ 7 milhões em apenas cinco dias.

• Criação de novas unidades de atendimento: foram inau-guradas 14 câmaras e PACEs, completando 96 pontos de atendimento em todo o país.

Retrospectiva CBMAENo último ciclo do programa (2014-2015), a Rede CBMAE realizou diversas ações importantes, por meio de capacitações, abertura e inauguração de novos postos de atendimento e parcerias com o Poder Público. Entre algumas das metas alcançadas, estão:

Serviço: para saber mais, visite a página http://www.cbmae.org.br/n/.

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24 Empresa Brasil

Em meio ao cenário que proje-ta o crescimento das taxas de desemprego para os próximos períodos, muitos são os pro-

fi ssionais que, ao serem surpreendidos com o desligamento, fi cam totalmen-te sem chão. Geralmente, a demissão chega de repente, sem que o colabo-rador esteja preparado. Certo? Nem sempre. Com o empresário José Luiz Cipolla, 55 anos, foi diferente.

Depois de 27 anos de atuação na Randon, em Caxias do Sul, na serra gaúcha, chegou a hora de mudar a ro-tina e apostar em um novo caminho. Encaminhado pela empresa para uma consultoria de carreiras, Cipolla teve a clareza de que era preciso empreen-der para continuar sendo desafi ado.

Há um ano, ele integra o quadro societário da Empreenda.Vc, empre-

sa que tem a missão de fomentar o empreendedorismo dentro e fora das organizações. Da nova fase, Cipolla diz não abrir mão da autonomia e da

proximidade e contato com o públi-co. “Antes, tinha uma rotina deter-minada”, recorda Cipolla, ao lembrar do principal desafi o que enfrentou na

RECURSOS HUMANOS

Você foi demitido? Dê uma pausa e analise suas potencialidadesAo ser desligado, o profissional deve rever seus talentos em busca de novas oportunidades; a opção por outras funções pode ser válida

Cipolla, depois da demissão: “Tive a clareza de que era preciso empreender para continuar sendo desafi ado”

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antiga empresa. “Fui para Argenti-na para administrar todas as pontas da operação de uma nova unida-de”, conta.

O empresário, que também é maratonista, agora precisa correr para apresentar ao mercado so-luções inovadoras e inteligentes. Para aqueles que estão sendo desligados, ele aconselha uma consultoria empreendedora como caminho. “Além de aconselha-mentos, os fatos levantados e os testes feitos ajudaram a conduzir a minha escolha”, diz.

PARAR E REFLETIRO caminho traçado por Cipolla

é o mesmo sugerido pela coorde-nadora do curso de Analista RH da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), Anna Cherubina. Ela, que também é consultora na área de gestão de pessoas em empresas, é enfática ao dizer que é preciso associar a de-missão a um momento de refl exão. “Não importa se é uma semana,

um mês ou mais. O importante é o profi ssional se dar um tempo para analisar o que aconteceu e reco-nhecer as suas potencialidades e talentos”, recomendou, ao lembrar que é preciso extrair dessa situação o que ela traz de melhor.

O “mergulho em si mesmo” deve ter um signifi cado de renova-ção e oxigenação da carreira. Um aconselhamento com profi ssionais de recursos humanos pode facilitar o processo de recolocação ou até mesmo despertar a aptidão para no-vos caminhos, como aconteceu com Cipolla. Segundo Anna, a escolha por abrir o próprio negócio cresce a cada dia. “O aconselhamento pode ajudar a identifi car essa visão, que é uma tendência de mercado pois as pessoas buscam cada vez mais qua-lidade de vida”, pontua.

Para não perder profi ssionais com grande potencial, as empresas precisam se preparar para um mer-cado mais aberto. Conforme Anna, o empreendedor deve saber que o capital intelectual pertence a cada profi ssional.

Anna enfatiza que a escolha pelo empreendedorismo está asso-ciada às características que o novo líder imprime na rotina de trabalho com autonomia e liberdade. Ela ex-plica que a capacidade e o desem-penho em meio à crise também são requisitos básicos para ser empre-endedor, até porque as “empresas são feitas de crises”.

Anna: “É preciso associara demissão a um momento de refl exão”

Olhar a própria carreira

Depois de maturar e analisar a própria carreira e identifi car o que a demissão gerou, é chegada a hora de olhar para o cenário que se tem pela frente. São diversos os caminhos para iniciar a busca por uma nova oportunidade. O profi ssional pode escolher o apoio de uma consultoria que colabore com a recolocação, mas Anna lembra que, antes de tudo, é necessário apostar no networking, ou seja, no relacionamento cons-truído com outros profi ssionais ao longo dos anos.

Para a ordenação do currículo – cartão de visitas do profi ssional –, é preciso que todas as informações atendam aos requisitos básicos da função, não tenha mais que duas páginas, conste a experiência pro-fi ssional de forma resumida e sem dados e atribuições repetidas.

A tecnologia pode também ajudar nesse processo. O cadas-tro em redes sociais, como o LinkedIn, pode facilitar na sele-ção, canais que estão sendo mui-to explorados pelos recrutadores. “Mas é preciso cuidado com as redes sociais porque, enquanto o LinkedIn funciona na seleção, o Facebook pode excluir pela postura ou exposição excessiva e inadequada”, observa Anna Che-rubina, alertando que “quem está desempregado não deve procurar um emprego e sim uma oportunidade de trabalho”.

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26 Empresa Brasil

INVESTIMENTOS

Apesar das previsões de repetir um PIB negativo, 2016 não será tão ruim, no Brasil, como muita

gente pensa. Ao menos para aque-les empreendedores inovadores que podem crescer mesmo em épocas de crise econômica, desde que tenham criado uma necessidade real de mer-cado. Para esses, não vai faltar di-nheiro, segundo prevê Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil.

“Mesmo com as perspectivas negativas do ponto de vista macro, acreditamos que o valor total de

investimento-anjo em 2016 deverá ainda crescer signifi cativamente, em comparação a 2015”, afi rmou Spina à Empresa Brasil.

Como todo o investidor-anjo, tem consciência de que o retorno de seu investimento não é imediato, mas leva em média entre quatro e cinco anos, o momento é propício para investir, reforça o executivo. “O presente é pouco relevante para esse tipo de investidor que sempre olha para o futuro.”

Outro fator que estimula o inves-tidor-anjo a não arrefecer, mesmo

Nem mesmo a crise econômica arrefece o investidor-anjoA cada ano cresce, no Brasil, o interesse de investidores por startups inovadoras, comprova pesquisa divulgada no final do ano passado. Somente no período de junho de 2014 a junho de 2015, o setor movimentou um total de R$ 784 milhões, diante de R$ 688 milhões de igual período anterior

Foto: Adam121/ fotolia.com

Momento é propício para investir em empresas

inovadoras que tenham criado uma necessidade

real de mercado

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com a incerteza da economia, é de que os investimentos tradicionais, como imóveis e bolsa, perderam atratividade. Nessa linha, o inves-tidor deve migrar para alternativas que podem oferecer risco, mas ace-nam com rentabilidade maior. “As-sim, fi ca fácil entender por que os investimentos-anjo estão crescendo no Brasil e devem continuar a cres-cer em 2016”, complementa.

O otimismo de Spina é sustenta-do por pesquisa realizada pela pró-pria entidade em que atua como diri-gente. De junho de 2014 a junho de 2015, o investimento-anjo no Brasil em empresas iniciantes de base tec-nológica, as chamadas startups, mo-vimentou R$ 784 milhões, o que re-presenta um incremento de 14% em comparação aos R$ 688 milhões in-vestidos no mesmo período anterior.

Para o executivo, esses números mostram que a atividade não foi afe-tada pela crise no período, mas pode ter inibido a entrada de novos apli-cadores, o que é demonstrado pela pesquisa. De acordo com o levanta-mento, o número de investidores- anjo cresceu apenas 3%, passando de 7.060 para 7.260. No período an-terior, o crescimento foi de 9%.

O valor médio investido, conforme a mesma pesquisa, passou de R$ 97,5 mil para R$ 108 mil por investidor, que dispõe de R$ 339 mil, em média, para aplicar em novos negócios.

Esse descompasso entre o to-tal investido e o capital disponível, segundo o presidente da Anjos do Brasil, mostra que ainda faltam bons projetos no país capazes de atrair novos investimentos. “Por isso, re-forçamos a necessidade de o empre-

endedor se preparar melhor. É pre-ciso testar a ideia, torná-la factível, conhecer seus concorrentes”, orien-ta Spina. E completa: “A inovação é o único jeito de ter sucesso”.

Hoje, no Brasil, de acordo com o dirigente, o mercado do investidor- -anjo tem uma disponibilidade de R$ 3 bilhões. “Isso comprova que há dinheiro disponível, desde que seja para bons projetos.”

Spina lembra que o mercado do investimento-anjo tem prosperado até mesmo na Grécia, país quase excluído da União Europeia por in-solvência. Atualmente, os Estados Unidos é o país líder com um total de US$ 24 bilhões de investimentos ao ano, seguido pela Europa, com 5,5 bilhões de euros. “Ainda temos espa-ço para crescer muito no segmento de investimento-anjo. Entretanto, para alcançarmos esse objetivo, é preciso antes resolver a questão re-gulatória e seguir exemplos como da Europa, que conta com incentivos fi scais de estímulo ao investidor.”

O descompassoentre o total

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Divulgação

“O investimento-anjo em 2016

deverá ainda crescer signifi cativamente,

em comparação a 2015”, afi rma

Cássio Spina

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28 Empresa Brasil

Mercado de TI resiste às turbulências da economia

Na contramão da crise econômica que assola diversos segmentos em-presariais, o mercado de

Tecnologia da Informação fecha 2015 com saldo positivo. Mesmo com al-guns tropeços, o setor de serviços apresentou um crescimento de 7,4%, segundo estudo apresentado pela IDC Brasil. Esse índice coloca o Brasil como um dos dez países com maior taxa de crescimento no setor no mun-do, conforme lembra o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES), Jorge Sukarie.

“Este ano foi desafi ador em todas as áreas. Ainda assim, podemos dizer que a Tecnologia da Informação tem o privilégio de, geralmente, sofrer menos oscilações tanto para o bem quanto para o mal”, avalia Sukarie. E explica que isso se deve ao fato de as tecnolo-gias serem um instrumento importante em diferentes situações, ou seja, aju-dando a criar soluções para momentos de turbulências ou direcionando novos projetos e criando oportunidades.

A exemplo das empresas que come-moram o saldo do ano que se encerra, está a Fusion Consultoria, sediada em Porto Alegre, com atuação no Brasil e na América Latina. A parceira para venda de licenças e serviços da SAP re-gistrou crescimento positivo. De acordo com o diretor comercial, Leandro Barbo-sa, o desempenho da empresa foi aci-

ma da curva prevista. “Vamos concluir 2015 com um crescimento estimado em 25%”, contou Barbosa, ao revelar que a meta foi atingida em função das relações consolidadas em 2014. Apesar disso prevê que os próximos 12 meses devem ser mais discretos. Segundo ele, para 2016, a empresa deve acompa-nhar o ritmo de recessão da economia brasileira. A aposta da Fusion é na ex-pansão dos negócios e ampliação da carteira de clientes.

CRESCIMENTO CONTINUA, MAS MODERADO

E se 2015 termina com números po-sitivos, pode-se creditar boa parte disso aos setores de Serviços e de Telecomuni-cações, que tiveram destaque especial. A constatação faz parte do estudo IDC

IT Services Tracker 2015 H1. Conforme o analista sênior de pesquisas da IDC Brasil, Renato Rosa, responsável pelo levantamento, os dados estão de acor-do com a expectativa da consultoria. Ele afi rma, porém, que o crescimento do mercado começou a desacelerar no ano passado. “O desempenho nos primei-ros seis meses de 2015 foi considerado ‘tímido’ ”, diz Rosa. Isso porque o mer-cado tem sentido os impactos gerados pelo baixo desempenho econômico.

“Se analisarmos o cenário do país, a TI teve comportamento proveitoso. No entanto, o Brasil tem potencial para bem mais que isso”, pondera o presidente da ABES, Jorge Sukarie, ao comparar o cres-cimento do segmento antes de 2014, quando atingia marcas de dois dígitos percentuais. Para Sukarie, o progresso

NEGÓCIOS

Setor encerra o ano com saldo positivo e projeta 2016 um pouco mais “tímido”

Dependência das empresas que não

querem se desatuializar blinda setor de TI contra a recessão

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do setor deve continuar em 2016, mas de maneira moderada, tendo em vista a conjuntura econômica e política que o país atravessa. “Acredito que deva ser mais um ano difícil e que a retomada de maior crescimento deve ocorrer apenas a partir de 2017”, projeta.

A análise vai ao encontro do que também acredita o analista sênior da IDC Brasil, Renato Rosa. Para ele, a TI ainda tem muito potencial para crescer. “Nossa expectativa é de que o mercado siga prosperando, porém, com menores taxas nos próximos semestres.” Segundo Renato, parte dos investimentos em TI está sendo migrada de serviços tradicionais para a terceira plataforma, sendo que há uma aceleração do uso de cloud com-puting (computação nas nuvens) por conta de alguns dos seus benefícios, como a agilidade na implementação e modelo fl exível de pagamento.

TOTVS ACREDITA EM OPORTUNIDADES

A Totvs, maior fabricante brasilei-ra de software de gestão empresarial, encerrou o terceiro trimestre de 2015 com lucro líquido de R$ 71,7 milhões, o que representa um crescimento de 5,3% na comparação com igual perí-odo do ano passado. No acumulado dos 12 meses, o lucro líquido somou R$ 272,1 milhões. A receita líquida to-talizou R$ 464,5 milhões, aumento de 4,2%, quando comparada ao mesmo trimestre do ano anterior, e de 2,9% frente ao trimestre anterior. No acumu-lado dos últimos 12 meses, o valor da receita foi de R$ 1,8 bilhão, 4,7% aci-ma do mesmo período de 2014.

De acordo com o presidente da Totvs, Rodrigo Kede, apesar de todo o

cenário econômico e político incerto, a empresa cresceu em receita, lucro líquido. “Continuamos a acreditar que o Brasil é um país com muitas oportu-nidades de negócio. Hoje, somos o sé-timo mercado consumidor do mundo, podendo ser o quinto nos próximos anos”, pontua. O presidente destacou que o país ainda registra uma baixa penetração de tecnologia em relação ao PIB, especialmente se comparado a países desenvolvidos e, principalmen-te, no mercado de pequenas e médias empresas. “Esses são dados que mos-tram o tamanho das oportunidades”, diz Kede. Até o fechamento desta edi-ção, a empresa ainda não possuía os números fi nais de 2015.

QUEDA LIVRE O baixo desempenho da econo-

mia brasileira também foi responsável por levar a venda de computadores a uma queda de 38% em 2015, na comparação com o mesmo perío-do de 2014. Ao todo, foram 1,637 milhão de computadores vendidos, sendo cerca de 600 mil desktops – re-dução de 41% – e 1,037 milhão de notebooks – 37% a menos do que foi registrado no 2º trimestre de 2014. Os dados fazem parte do estudo IDC Brazil PCs Tracker Q2, feito pela IDC Brasil, líder em inteligência de merca-do, serviços de consultoria e conferên-cias com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações. O levantamento mostra ainda que 70% das vendas foram para o consumidor fi nal e 30% para o mercado corporati-vo. Com o resultado, o país caiu da 7ª para a 8ª colocação no mercado mun-dial, atrás de EUA, China, Japão, Índia, Reino Unido, Alemanha e França.

Jorge Sukarie: “Tecnologia da Informação tem o privilégio de, geralmente, sofrer menos oscilações tanto para o bem quanto para o mal”

Renato Rosa: “Nossa expectativa é de que o mercado siga prosperando, porém, com menores taxas nos próximos semestres”

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30 Empresa Brasil

Benjamin Franklin (1706-1790) – o homem que apa-rece na nota de US$ 100 – pode ser considerado o

precursor do empreendorismo nos Es-tados Unidos. Filho de Josiah Franklin, um comerciante de velas, 15º fi lho de 17 crianças nascidas de dois casamen-tos, ainda na infância revelou extrema precocidade. Aprendeu a ler sozinho, muito antes da idade escolar, e logo se tornou um devorador de livros.

Aos 10 anos, foi obrigado a aban-donar os estudos por falta de recur-sos. Como não quis continuar no ne-gócio do pai por achá-lo enfadonho, foi ajudar seu irmão James em sua tipografi a. Além de jornalista, foi di-plomata, escritor, fi lósofo e cientista.

É essa história de vida que trata a biografi a, recentemente lançada, Benjamin Franklin - Uma vida ame-ricana (Cia das Letras), do jornalista norte-americano Walter Isaacson, o mesmo autor do best-seller Steve Jobs, uma biografi a.

Isaacson, ex-editor da revista Time Life e ex-diretor da CNN, reproduz com brilhantismo a carreira extraordi-nária de Franklin que, desafi ado pela pobreza, soube criar um caminho que o levou a conquistar um dos lu-gares mais proeminentes na história da nação norte-americana, ao lado de Jefferson e Lincoln.

Ele tinha apenas 17 anos, muito pouco dinheiro na algibeira e pouca bagagem, quando, por divergências com o irmão, aceitou convite para trabalhar na Filadélia, a 300 milhas

de Boston, onde chegou em um pe-queno barco que quase foi ao fundo.

Em 1729, tornou-se proprietário de uma gráfi ca e iniciou, logo depois, a publicação do jornal The Pennsylva-nia Gazette.

Com o pseudônimo Richard Saun-ders, criou o almanaque Pobre Ricar-do, uma coletânea anual de histórias e pensamentos sobre a vida, o amor, a política e outras atividades humanas, de grande sucesso em todo o país.

Com 47 anos de idade, acumu-lara tamanha fortuna que se retirou dos negócios. Fundou a primeira bi-blioteca circulante dos Estados Uni-dos e uma Academia que, mais tar-de, se transformou na Universidade da Pensilvânia. Organizou um clube de leituras e debates, que deu origem à Sociedade Americana de Filosofi a, e ajudou a fundar o hospital do estado.

As invenções de Franklin inclu-íram o pára-raios, o aquecedor de Franklin, as lentes bifocais e o corpo de bombeiros norte-americano.

Teve ainda uma participação ativa na Independência dos Estados Uni-dos, colaborou na redação da Decla-ração da Independência e da Consti-tuição dos Estados Unidos.

Uma de suas frases preferidas era “cada tostão poupado é um tostão ganho”. Entre os provérbios que mais citava, estava o de Salomão, fre-quentemente repetido pelo seu pai: “Olha para aquele homem diligente no seu trabalho. Ele está destinado a fi car em pé diante de reis, e não entre homens medíocres”.

LIVRO

O primeiro norte-americano que se fez por si próprio

Desafi ado pelapobreza, Benjamin Franklin soube criar um caminho que o levou a conquistar um dos lugares mais proeminentes na história da naçãonorte-americana, ao lado de Jeffersone Lincoln

BENJAMIN FRANKLIN - UMA VIDA AMERICANAAutor: Walter IsaacsonGênero: Biografi aPáginas: 608Formato: 16 x 23 cmEditora: Companhia das LetrasPreço: R$ 69,90

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Mário Lanznaster*

A situação concreta em que vivemos hoje e os fatos e da-dos que marcam a conjun-tura econômica não deixam

dúvidas: 2016 será um ano difícil, mais desafi ador do que 2015. Desanimar? Nem falar. A orientação é enfrentar mais esse período de óbices e obstá-culos com determinação, pois, quando essa terrível fase passar, quem tiver so-brevivido estará em posição de liderar a retomada do crescimento.

Parece fácil falar assim, mas não é. A face mais desumana da crise é o empobrecimento geral da população: todos perdemos poder de compra. Logo, perdemos qualidade de vida. Os estamentos sociais mais vulneráveis da pirâmide social são os que mais sofrem. Por isso, é decepcionante o alheamen-to do Governo e do Congresso que, neste ano, nada fi zeram para enfrentar essa crise ou mitigar seus efeitos.

É evidente que o desemprego e o endividamento das famílias se agravarão logo após o carnaval, agravando ainda mais a situação do mercado interno.

O custo de produção aumentará em todas as cadeias produtivas, em todos os setores e para todos os agentes econô-micos – o que é uma ironia. A economia anda lenta, o consumo baixo, não há escassez de nenhum produto, mas a in-fl ação não cessa e os custos não baixam. A insensatez da gestão macroeconômi-ca e a manutenção artifi cialmente em baixa dos preços administrados (energia, combustíveis, gás, etc.) para fi ns eleito-rais foram determinantes na construção desse quadro de horror. Portanto, nada relacionado com o cenário externo.

Capitais internacionais, tão necessá-rios à nossa economia, não virão mais, nem para especulação nem para inves-timentos. A crise política e o embate entre a presidente da República e o pre-sidente da Câmara agravam o cenário.

A indexação direta ou indireta de matérias-primas e produtos com merca-dos internacionais deixa esses insumos vinculados ao dólar e, portanto, encare-cem a cada semana. É o caso dos grãos necessários ao funcionamento do gi-gantesco parque agroindustrial brasilei-ro – aquele que está salvando a balança comercial do Brasil. O milho e o farelo de soja, itens essenciais na produção de carne, estarão escassos e mais caros. Ha-verá muita demanda e pouca oferta de milho, cuja produção vem caindo, espe-cialmente em Santa Catarina. Isso tem 100% de incidência direta no custo.

Fatalmente, aumentará a inadim-plência de muitos agentes econômi-cos. Poderemos ter uma nova onda de insolvência de pequenas e médias agroindústrias, como aquela que ocorreu em 2012, na crise do super-encarecimento do milho. Temo que

a concentração industrial no setor de alimentos cárneos prosseguirá.

Balizados pelo preço e pela oferta, o consumo de aves aumentará, o de carne bovina cairá e o de carne suína se mante-rá em 2016. As exportações continuarão promissoras neste ano, com a abertura de alguns novos mercados e a consolida-ção de outros. Avançaremos sobre países de língua portuguesa, África do Sul, Ásia, Coreia do Norte.

Por todas essas condicionantes, o ano não será de investimentos. A es-tratégia é manter posição e só avançar com segurança. A infl ação baterá, no-vamente, nos 10%.

A crise e seus efeitos deveriam le-var o Governo, o Congresso e o Judi-ciário a refl etirem sobre mudanças e transformações que a sociedade exi-ge. Precisamos de um Estado efi ciente, controlado por sistemas sociais de ava-liação de desempenho e bom uso do dinheiro público, afastando, julgando e condenando os corruptos.

A Previdência do setor público, com seus elevados proventos e muitos be-nefícios, é um encargo que a sociedade não consegue mais suportar. E deve ser mudada. A legislação trabalhista brasilei-ra, comprovadamente a mais complexa, anacrônica e onerosa do planeta, tornou-se fator nocivo à empregabilidade – afas-tando inclusive capitais fi nanceiros inter-nacionais para projetos produtivos, que têm preferido aportar em outros países.

Enfi m, é necessário ter esperança, mas, também, é necessário vencer o imobilismo.

*Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente

para o agronegócio da FIESC

ARTIGO

Entre o pessimismo e a ação

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