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REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO - ISSN 2318-9622 2ANO 2, N.1, NOV.2014/FEV.2015

© Copyright EdUnPEditora Universidade Potiguar – EdUnPAV. Senador Salgado Filho, nº1610. Prédio I, 3º andar, Sala 306.Lagoa Nova. Natal/RN. CEP: 59056-000.Tel.: (84) 3215-1222 E-mail: [email protected]

Editora afi liada à: Universidade associada à:

Marcus PeixotoPRESIDENTE

Profª. Sâmela Soraya Gomes de OliveiraREITORA

Profª. Sandra Amaral de AraújoPRÓ-REITORA ACADÊMICA

Profª. Valéria CredidioDIRETORA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

Profª. Catarina de Sena Matos PinheiroDIRETORA DA ESCOLA DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

Prof. Carlos Enrique de M. JeronimoUNIVERSIDADE POTIGUARE-MAIL: [email protected]

Prof. Gilson Garcia da SilvaE-MAIL: [email protected] ADJUNTO

Adriana EvangelistaIsabel Cristine M. de CarvalhoEDITORA UNIVERSIDADE POTIGUAR – EDUnP

Nalva Martins RamosWilka Catarina da Silva SoaresREVISORES

SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS DA UnP - SIB/UnPAPOIO

Firenzze - Making AppsPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

T258 Tecnologia e Informação - Revista Científi ca da Escola de Engenharias e Ciências Exatas / Universidade Potiguar. Escola de Engenharias e Ciências Exatas. – Ano 2, n.1 (nov.2014/fev.2015). – Natal: Edunp, 2015. 81p. : il.

ISSN 2318-9622 Disponível On line

1. Ciências exatas. 2. Engenharia Química. 3. Engenharia Ambiental. 6. En-genharia Mecânica. 7. Engenharia de Petróleo e Gás.

RN/UnP/BCSF CDU 501

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CONSELHO EDITORIAL E CONSULTIVO

AARAO LYRA - Dr. em Engenharia Elétrica (UnP)

ALEXANDRE MARCOS FREIRE DA COSTA E SILVA - Msc. em Engenharia Sanitária (UnP)

ANA CATARINA FERNANDES CORIOLANO - Dra. em Geodinâmica e Geofísica (UnP)

CARLA GRACY RIBEIRO MENESES - Dra. em Engenharia Química (UnP)

CARLOS ENRIQUE DE MEDEIROS JERÔNIMO - Dr. em Engenharia Química (PETROBRAS/UnP)

CLAUDIA PATRÍCIA TORRES CRUZ - Dr. em Física (UnP)

DIANA CARLA SECUNDO DA LUZ - Dr. em Ciência e Engenharia dos Materiais (UnP)

ELCIO CORREIA DE SOUZA TAVARES - Dr. em Física (UnP)

FRANCISCO WENDELL BEZERRA LOPES - Dr. em Eng. Química (UnP)

FRANKLIN SILVA MENDES - Dr. em Química (UnP)

GILBERTO AUGUSTO DE MORAIS - Dr. em Eng. Aeronáutica e Mecânica (UnP)

GILSON GARCIA DA SILVA - Dr. em Eng. Materiais (UnP)

JANUSA SOARES DE ARAÚJO - Dra. em Ciência e Eng. de Petróleo (UnP)

JOSÉ ANTONIO DE MOURA - Dr. em Química (UnP)

LUZIA PATRÍCIA FERNANDES DE CARVALHO GALVÃO - Dra. em Química (UnP)

MICHELLI SILVA DE OLIVEIRA - Dra. em Física (UnP)

PATRÍCIA FREIRE CHAGAS - Dra. em Eng. Civil (UnP)

REGINA CELIA PEREIRA MARQUES - Dra. em Ciências Biológicas (UnP)

SANDRA MARIA CAMPOS ALVES - Dra. em Solos e Nutrição de Plantas (UnP)

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EDITORIAL .............................................................................. 6

OTIMIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS REACIONAIS NO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA (OPTIMIZATION OF REACTION VARIABLES FOR MODELING FACTOR IN SOYBEAN BIODIESEL PROCESS OF OBTAINING) .................................................................................. 7Jullyana da Silva BernardoWellington Pereira de Oliveira JuniorFábio Pereira Fagundes

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE PETROLEIROS DA BACIA POTIGUAR (TANKERS’ ENVIRONMENTAL PERCEPTION OF POTIGUAR BASIN) ................18João Soares de AzevedoCarlos Enrique de Medeiros Jerônimo

A UTILIZAÇÃO DE PIG`S NA INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE DUTOS (USE OF PIG`S IN MAINTENANCE AND INSPECTION OF PIPELINES) ...................... 38Aldemir M SilvaLuzia Patrícia Fernandes de Carvalho Galvão

SUMÁRIO

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OTIMIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO FENOL EM ÁGUA PRODUZIDA POR RADIAÇÃO UV – EFEITO SINERGÉTICO DA CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE POLUENTES EM SiO (OPTIMIZATION OF PHENOL DEGRADATION IN PRODUCED WATER BY UV IRRADIATION – SYNERGISTIC EFFECT OF PHENOL /SIO2 ADSORPTION KINETIC) ................................. 53Dulcimara Alves Pereira da SilvaSilas de Freitas RochaVictor Hugo DelgadoFabio Pereira Fagundes

A IMPORTÂNCIA DE CATALISADORES NO SEGMENTO DE REFINO NA CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO PARA O APROVEITAMENTO DE SEUS RESÍDUOS (THE IMPORTANCE OF CATALYSTS ON THE SEGMENT OF REFINING THE PRODUCTION CHAIN OIL FOR EXPLOITATION OF ITS WASTE) ...... 62Fábyo Santana CarvalhoPriscilla Marianne Guimarães de Melo

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA ......................................................................... 77

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A edição de número 1, ano 2, da Revista Tecnologia & Informação é exclusiva e especial; trata-se de uma seleção de artigos que tiveram menção honrosa no Workshop da Escola de Engenharias e Exatas da Universidade Potiguar - UnP.

Os estudos foram apresentados na Mostra de Trabalhos Acadêmicos e selecionados por uma banca composta de cinco professores.

A edição traz discussões que agregam conceitos da Engenharia Química, Engenha-ria Ambiental, Engenharia Mecânica e Engenharia de Petróleo e Gás.

O primeiro artigo discorre sobre a otimização das variáveis reacionais por modela-gem fatorial no processo de obtenção de biodiesel de soja, sendo o trabalho premiado como melhor artigo apresentado no referido workshop.

Na sequência, apresenta-se o segundo colocado no evento: Percepção ambiental de petroleiros da bacia potiguar. Os autores reúnem os conceitos estatísticos, am-bientais e a gestão da informação para compor uma avaliação desse importante ramo industrial.

Os demais trabalhos consistem em descrever a utilização de Pig`s na inspeção e manutenção de dutos; em avaliar a otimização da degradação do fenol em água pro-duzida por radiação UV – efeito sinergético da cinética de adsorção de poluentes em SiO2; e em abordar a importância de catalisadores no segmento de refino na cadeia produtiva de petróleo para o aproveitamento de seus resíduos.

O fluxo de submissão de novas contribuições continua aberto e aguardamos seu trabalho para vinculação nas próximas edições.

À todos uma ótima leitura.

Os Editores.

EDITORIAL

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1OTIMIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS REACIONAIS NO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA

Jullyana da Silva BernardoGraduanda em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Wellington Pereira de Oliveira JuniorGraduando em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar E-mail: [email protected]

Fábio Pereira FagundesDoutor em Química. Professor da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

EnviO Em: Novembro de 2013AcEitE Em: Novembro de 2013

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RESUmO: A crescente demanda de energia no mundo industrializado e no setor do-méstico, assim como os problemas de poluição causados devido ao uso e à produção dos combustíveis a diesel têm sido fatores que justificam a necessidade de desenvol-ver fontes de energias renováveis e de menor impacto, estimulando, assim, a produ-ção de biocombustíveis, em especial o biodiesel. Nesse contexto, existem inúmeras variáveis que influenciam o rendimento desse processo, tais como: catalisador, tempo de reação, razão molar álcool:óleo e temperatura. Dessa forma, este trabalho visa a otimizar o processo de produção do biodiesel de soja via rota metílica, avaliando as principais variáveis que ditam os mecanismos da reação. De acordo com os resultados obtidos, observa-se, claramente, uma maior influência da quantidade de catalisador no processo de transesterificação; nisso, em concentrações acima de 1.2%, foi ob-servada uma redução no rendimento do processo, justificado pelo favorecimento de reações paralelas.

Palavras-chave: Biodiesel de soja. Transesterificação. Temperatura. Concentração de catalisador. Razão Álcool: Óleo.

OPtimiZAtiOn OF REActiOn vARiABLES FOR mODELinG FActOR in SOYBEAn BiO-DiESEL PROcESS OF OBtAininG

ABStRAct: The growing demand for energy in the industrialized world and the do-mestic sector as well as the pollution problems caused due to the use and produc-tion of diesel fuels have been the factors that justify the need to develop renewable and low-impact resources, thereby stimulating the production of biofuels, in special biodiesel. In this context, there are several variables that influence the yield of this process, such as: catalyst, reaction time, alcohol: oil molar ratio and temperature. Therefore, this work aims to optimize the process of biodiesel production derived from soybean oil by methyl route, evaluating the mechanisms inherent for each reaction. According to results, clearly it is observed the huge influence of amount of catalyst in the transesterification process, where concentrations above 1.2% provoked reduction in process yield, justified by facilities of parallels reactions (Saponification).

Keywords: Soybean Biodiesel. Transesterification. Temperature. Catalyst concentra-tion. oil: alcohol ratio.

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1 intRODUÇÃO

A utilização de biodiesel como combustível alternativo vem apresentando um po-tencial promissor no mundo inteiro, sendo um mercado que cresce aceleradamente, devido a sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental - diminuição do efeito estufa e chuva ácida (DAROCH et al. 2013), bem como devido ao fato de ser uma fonte estratégica de energia renovável em substituição ao diesel e a outros derivados de petróleo. Esse tipo de combustível é fabricado a partir de um processo de transesterificação, que consiste em transformar o óleo vegetal ou a gordura em um produto bifásico, gliceri-na e ésteres, em que, posteriormente, é realizada sua purificação para adequar suas propriedades físicas e químicas dentro das normas regulamentadoras (AMARO et al, 2011). Além disso, existem inúmeras variáveis que influenciam o processo de tran-sesterificação, tais como: temperatura, razão molar álcool: óleo, tipo e quantidade de catalisador.

Nesse contexto, o presente artigo tem como finalidade demonstrar, em escala pilo-to, o processo de transesterificação e purificação do biodiesel de soja, bem como rea-lizar um estudo das variáveis reacionais envolvidas e a otimização das mesmas através de um planejamento fatorial, para que se possam obter as melhores condições ope-racionais que conduzam a uma maior conversão em ésteres oriundos do óleo de soja.

2 FUnDAmEntAÇÃO tEÓRicA

Segundo a literatura, quase todos os óleos vegetais podem ser misturados ao diesel ou diluídos em outros solventes, como álcoois, para redução de sua viscosidade e sua posterior utilização em motores do ciclo diesel (PRAMANIK, 2003). A blenda de óleos vegetais com diesel foi testada com sucesso em meados dos anos 80, quando foram misturados 95% de óleo de fritura (filtrado) a 5% de diesel, obtendo-se resultados satisfatórios de eficiência do motor. Em 1982, Caterpiller Brazil Company usou a mis-tura de 10% de óleo vegetal a 90% de diesel, em uma câmara de pré-combustão do motor, sem haver necessidade de modificação. Outros trabalhos relatam que a mistura 20:80 (óleo vegetal:diesel) se mostrou bastante eficiente (RAMADHAS et al., 2004). Mesmo diante de todas essas evidências, o uso de blendas de óleo vegetal:diesel vai depender de inúmeras variáveis, como: viscosidade do óleo, proporção de óleo na mistura, temperatura e o uso de cosolventes, para se obter resultados satisfatórios de miscibilidade.

Consideráveis esforços têm sido realizados a fim de desenvolver melhorias na qua-lidade do “bio-óleo”, de maneira a se obter um combustível com propriedades si-milares ao diesel. A literatura descreve, basicamente, alguns tratamentos possíveis (LEUNG et al., 2006): craqueamento catalítico, pirólise, microemulsificação e tran-sesterificação.Dentre os processos destacados acima, a reação de transesterificação vem se apresentando como a melhor alternativa para o desenvolvimento de novos combustíveis alternativos a partir de óleos vegetais (MEHER et al., 2006), princi-palmente, devido à simplicidade do processo e a uma menor demanda de energia (FERRARI et al., 2005).

A transesterificação (alcoólise) é um tipo de reação de interesterificação, que en-volve a reação de óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool, geralmente de cadeia curta, em presença de um catalisador adequado, para a formação de ésteres alquílicos de ácidos graxos (biodiesel) e glicerol como subproduto (NDIAYE et al., 2006). Este último, o glicerol, inicialmente recuperado em sua forma bruta por pro-

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cessos de decantação, deve ser considerado um coproduto de alto valor agregado, pois existem importantes aplicações comerciais para seu uso nas indústrias química, farmacêutica e de cosméticos (DAROCH et al., 2013; QI et al., 2009; VICENTE et al., 2004). A estequiometria da reação requer a razão molar álcool:triacilglicerol de 3:1, como mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Modelo ilustrativo da reação geral de transesterificação.

Fonte: WESLLEY PEREIRA, 2009.

Esse processo é conduzido por três reações consecutivas e reversíveis, em que os diglicerídeos e monoglicerídeos constituem os produtos intermediários (MEHEL et al., 2006; KARMEE; CHADHA, 2005), como ilustrado na Figura 2.

Figura 2 – Ilustração das etapas de reação de transesterificação.

Fonte: Ma & Hanna, 1999.

As etapas da reação são reversíveis, por isso, uma quantidade maior de álcool é utilizada, favorecendo o deslocamento da reação para direita (formação de produ-tos), sendo considerada de 1º ordem, enquanto que, no sentido inverso, de 2º ordem (MEHER et al., 2006).

2.1 VARIÁVEIS QUE AFETAM A REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

2.1.1 Influência do catalisadorOs catalisadores responsáveis pela reação de transesterificação podem ser homo-

gêneos ou heterogêneos. Os homogêneos incluem os álcalis e os ácidos. De acordo com a literatura, os álcalis são os mais empregados, em virtude de condições reacio-

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nais mais amenas (MEHER et al., 2006; SRIVASTAVAS; PRASAD, 2000), em que são incluídos os hidróxidos e metóxidos de sódio e potássio. Enquanto que os cata-lisadores ácidos mais utilizados são: ácido sulfúrico, sulfônico, clorídrico e fosfórico (MEHER et al., 2006). Finalmente, os catalisadores heterogêneos, representados pe-las lipases (CASTRO et al., 2005), silicatos de titânio, resina de traça iônica, dentre outros (VICENTE et al., 2004).

A catálise alcalina, mesmo apresentando condições reacionais mais favoráveis que as demais, possui algumas desvantagens relacionadas à emulsificação do éster e do glicerol produzido, interferência dos ácidos graxos livres e presença de água na reação, além de requerer etapas de purificação para os produtos finais, fatores esses que afetam, diretamente, o rendimento da reação (VICENTE et al., 2004). A Tabela 1 ilustra a influência de diferentes catalisadores em função de diferentes parâmetros.

Tabela 1 – Efeito dos catalisadores nas variáveis reacionais.Álcalis Ácidos Lipases

temperaturade reação 60-70 ºC 55-80 30-40 ºC

Ácidos graxosLivres

Produtos saponificados

Ésteres Ésteres

Água Interferência no rendimento

Interferência no rendimento

Não interfere

Rendimentode ésteres Normal Normal Alta

RecuperaçãoGlicerol Difícil Difícil Fácil

Purificaçãodos ésteres Lavagens repetidas Lavagens repetidas Produtos purificados

custo de produção do catalisador Baixo custo Baixo custo Relativamente caro

Fonte: Autor.

2.1.2 Razão molar dos reagentes (álcool:triacilglicerol)A razão molar álcool:triacilglicerol constitui-se uma das mais importantes variáveis

que influenciam no rendimento da reação (MEHER et al., 2006). A estequiometria da reação requer 3 mols do álcool utilizado para 1 mol do triacilglicerol, obtendo-se, como produto, 3 mols de ésteres alquílicos de ácidos graxos, além de 1 mol do gli-cerol como subproduto (VICENTEet al., 2004). A transesterificação é uma reação de equilíbrio, em virtude disso, um excesso de álcool é utilizado para o deslocamento da reação para direita (produtos); em parte, o aumento da razão molar álcool:triacilglice-rol não afeta as propriedades físico-químicas, como: índice de acidez, saponificação, índice de iodo e teor de peróxido dos ésteres produzidos. Contudo, uma alta concen-tração molar de álcool influencia diretamente na separação das fases (fase superior – ésteres/ fase inferior – glicerina), devido ao aumento de solubilidade dos produtos no meio reacional (MEHER et al., 2006).

Os álcoois primários e secundários de cadeia alifática (1-8 carbonos) usados no processo de transesterificação são: metanol, etanol, propanol e butanol; dentre esses, o metanol e o etanol são os mais utilizados. De acordo com inúmeros pesquisadores, o metanol apresenta-se como a alternativa mais viável (DEMIRBAS, 2005; FERRARI et al., 2005), devido, principalmente, à polaridade de sua cadeia, menor massa molar, melhor solubilidade do catalisador, além de reagir mais rapidamente com o triacil-

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glicerol (DEMIRBAS, 2005). Em relação à rota etílica, inúmeros estudos relatam a utilização do etanol como a melhor rota, em virtude de ser um produto completamente agrícola, representando um recurso biorenovável e de um menor impacto ambiental, comparado ao metanol (o etanol é facilmente oxidado pelo CO2, em contraste ao me-tanol), consequentemente, tornando o processo totalmente independente do petróleo (DEMIRBAS, 2005).

2.1.3 Efeito do tempo de reação e temperaturaA taxa de conversão aumenta com o tempo da reação. De acordo com a literatura,

em condições ótimas de reação, a conversão do triacilglicerol em ésteres de ácidos graxos, através de catálise alcalina ocorre, em geral, após 1 hora, com rendimentos em torno de 90-98% (MEHER et al., 2006; DEMIRBAS, 2005). No primeiro minuto, a reação é muito lenta, devido ao processo de mistura dos reagentes, entretanto, no período de 1-5 minutos, a transesterificação ocorre rapidamente (FERRARI et al., 2005), em que, após 15 minutos, têm-se taxas de conversão bastante satisfatórias (MEHER et al., 2006; MADRAS et al., 2004).

Em relação à temperatura, essa influencia diretamente o rendimento dos ésteres alquílicos, estando correlacionada com o tempo de reação, em que, normalmente, em temperaturas próximas do ponto de ebulição do álcool na pressão atmosférica, têm-se resultados mais expressivos de rendimento (MEHER et al., 2006). Entretanto, na catálise alcalina, alguns autores afirmam que temperatura acima de 60 ºC deve ser evitada, pois esta tende a acelerar a saponificação dos glicerídeos pelo catalisa-dor alcalino antes da completa alcoólise e que a transesterificação pode ser realiza-da, satisfatoriamente, à temperatura ambiente (AMARO et al., 2011; SRISVASTAVA; PRASAD, 2000).

2.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

As reações de transesterificação foram realizadas em sistemas reacionais, sendo cada um composto por um balão de uma boca de fundo chato, termômetro, condensa-dor de refluxo com válvulas de entrada e saída de ar e um banho de óleo. Sendo 40g de óleo de soja adicionados ao balão de fundo chato e mantido à temperatura de aná-lise sob agitação constante, a partir de então, foi adicionado ao meio reacional uma solução, contendo álcool metílico P.A/catalisador KOH, estabelecendo o tempo zero de reação (tempo reacional – 1 hora). Dessa forma, serão averiguadas as possíveis in-fluências da razão molar álcool/óleo vegetal, o tipo e a quantidade do catalisador, além do efeito do tipo de álcool utilizado, seguindo o planejamento experimental adotado, como mostra a Tabela 2. Posteriormente, será utilizado um planejamento fatorial para otimizar a produção do biodiesel.

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Tabela 2 – Planejamento Experimental adotado para determinação do rendimento mássico da reação.

Planejamento Experimental Temperatura (ºC) Álcool volume de

Álcool (g)tipo de

catalisador (%) Catalisador massa KOH (g)

111

255070

CH3OHCH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

0,50,50,5

0,0750,0750,075

222

255070

CH3OHCH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,01,01,0

0,1500,1500,150

333

255070

CH3OHCH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,21,21,2

0,1800,1800,180

444

255070

CH3OHCH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,41,41,4

0,2100.2100,210

555

255070

CH3OHCH3OH CH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,51,51,5

0,2250,2250,225

666

255070

CH3OHCH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,61,61,6

0,2400,2400,240

777

255070

CH3OH CH3OHCH3OH

151515

KOHKOHKOH

1,81,81,8

0,2700,2700,270

Fonte: Autor.

2.2.1 Determinação do rendimento mássico da reação

Partindo do pressuposto que o óleo é constituído principalmente de triglicerídeos, e, considerando a estequiometria da reação de transesterificação, pode-se estimar o rendimento teórico médio da reação nos diferentes ensaios realizados. O rendimento (Y1) será definido como o valor que expressa a massa da fração superior (MFS), de-pois do processo de purificação, em relação à massa de óleo de partida (40 g).

2.2.2 Purificação dos ésteres metílicos

A fase éster será submetida a lavagens intercaladas com água destilada a 80 ºC e solução aquosa de HCl 0,5%, com o intuito de ajudar na quebra da emulsão e na neutralização de possíveis traços do álcalis. Em seguida, serão adicionados 5% em massa de sulfato de sódio anidro P.A (em relação massa de óleo de partida) à fase éster, para a retirada de traços de umidade presentes, em que, posteriormente, será centrifugada a 4000 rpm. A eficiência da lavagem será indicada, qualitativamente, através da determinação do grau de alcalinidade da água do produto de lavagem (pH).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para cada um dos planejamentos experimentais adotados, foi avaliada a cinética da reação de transesterifi cação. A fi gura 3 sintetiza a cinética da reação de transeste-rifi cação em função do rendimento para o planejamento experimental na temperatura de 50 ºC.

Figura 3 – Rendimento mássico em relação ao tempo de reação.

Fonte: Autor.

Claramente, de acordo com a Figura 3, o tempo em que foi observado um maior percentual de produção de ésteres metílicos foi a partir de 45 minutos. Esse resultado também foi comprovado em relação aos demais experimentos, justifi cando, assim, o tempo reacional utilizado (60 minutos).

A fi gura 4 mostra o rendimento das reações de transesterifi cação em função do percentual de catalisador utilizado.

Figura 4 – Rendimento em função da concentração do catalisador.

Fonte: Autor.

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De acordo com os dados apresentados na Figura 4, fica evidenciado que concen-tração ótima de catalisador está em torno de 1.2% à temperatura de 25 ºC e sob o planejamento experimental adotado. Acima desse patamar, ocorre a redução da efici-ência da reação, devido a uma maior formação de sabão no meio, que compete com a formação dos ésteres metílicos formados.

A figura 5 mostra o rendimento das reações de transesterificação em função da temperatura.

Figura 5 – Rendimento em função da temperatura.

Fonte: Autor.

A temperatura, por sua vez, foi responsável pelo aumento da energia cinética das moléculas e, consequentemente, pelo aumento na cinética da reação e no rendi-mento dos ésteres metílicos formados, atingindo um ponto ótimo em torno de 50 ºC. Entretanto, em temperaturas próximas de 70 ºC, foi observado um efeito negativo, justificado, provavelmente, devido à formação de sabão no meio.

A figura 6 mostra o rendimento das reações de transesterificação em função da razão molar álcool:óleo.

Figura 6 – Rendimento em função da razão molar álcool:óleo vegetal.

Fonte: Autor.

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Em relação ao efeito da razão molar álcool-óleo, praticamente não foi observado um ganho significativo de rendimento com o aumento da quantidade de álcool na rea-ção acima de 10:1, tornando-se evidente que não há necessidade de uma quantidade maior de álcool.

4 cOnSiDERAÇÕES FinAiS

O processo de transesterificação do óleo de soja refinado, empregando o catali-sador hidróxido de potássio mostrou-se eficiente. Os resultados foram satisfatórios e permitiram as seguintes conclusões:

A concentração de catalisador ótima foi de 1,2%, obtendo um rendimento mássico de 94%.

A partir da razão molar álcool:óleo (10:1), o rendimento da reação praticamente não sofreu alteração, enfatizando, assim, o ponto ótimo.

A temperatura, por sua vez, apresentou um máximo de rendimento por volta de 50 ºC com 96%, ao passo que 70 ºC, 89 %.

Pelo fato de ser usado um catalisador homogêneo e básico (KOH), ocorre a presen-ça de água no produto da reação de transesterificação, promovendo, assim, reações paralelas com a formação de ácido graxo e sabão. Além da saponificação dos triglice-rídeos, verificou-se uma perda de rendimento decorrente da solubilidade dos ésteres metílicos na fase glicerínica. Isso ocorre devido à presença de sabão no meio reacio-nal, que se dissolve na glicerina durante a separação de fases (VICENTE et al., 2004).

Finalmente, é importante ressaltar que este trabalho vem sendo avaliado através das iterações das variáveis reacionais pelo uso de planejamentos fatoriais, a fim de encontrar um ponto ótimo para a produção do biodiesel derivado do óleo de soja.

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2PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE PETROLEIROS DA BACIA POTIGUAR

João Soares de AzevedoGraduando em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Carlos Enrique de Medeiros JerônimoDoutor em Engenharia Química. Professor da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Envio EM: Novembro de 2014ACEitE EM: Novembro de 2014

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RESUMo: A Bacia Potiguar, situada no Estado do Rio Grande do Norte, é exemplo de bacia sedimentar de grande importância para a produção de petróleo no território nacional e é originada de depressão da crosta terrestre por subsidência e consequente preenchimento sedimentar pelo processo de litificação. O presente artigo buscou es-tudar a percepção dos sentidos e mente daqueles que trabalham in loco na indústria do petróleo, obtendo, como resultado, uma fonte de informação empírica, de natureza quantitativa, sobre a interpretação dos vários aspectos da Bacia Potiguar, ao analisar e avaliar o impacto das atividades de Exploração e Produção em paralelo às concepções da realidade por parte dos entrevistados. Para tal, utilizou-se o domínio de técnicas de coleta e interpretação de dados, com o fomento da ferramenta virtual Google Drive para efetivar a pesquisa de percepção no formato de formulário concedido aos petroleiros, como questionário de múltipla-escolha enviado por e-mail. Com base em cadastro profissional de engenheiros fornecido pelo CREA/RN, foram enviados 450 (quatrocentos e cinquenta) e-mails, contendo o formulário de percepção ambiental, dos quais, obteve-se retorno de exatos 45 (quarenta e cinco) petroleiros. A partir des-sa amostragem e de uma extensa pesquisa bibliográfica, foram desenvolvidas inter-pretações da percepção de petroleiros com o paradigma real da situação de aumento na intensidade das atividades petrolíferas na Bacia Potiguar, potencialização de riscos ambientais, vulnerabilidade ambiental das zonas de exploração e produção e preocu-pação governamental no enfoque socioambiental do Estado.

Palavras-chave: Percepção. Ambiental. Petroleiros.

tAnKERS’ EnviRonMEntAL PERCEPtion oF PotiGUAR BASin

ABStRACt: The Potiguar Basin located in the state of Rio Grande do Norte is example of sedimentary basin of great importance for petroleum production in the country and is originated from crustal depression by subsidence and consequent sedimentary fill by lithification process. This article aims to study the perception of the senses and minds of those who work in loco in the petroleum industry obtaining as result a source of empirical information of quantitative nature about the interpretation of the various aspects of Potiguar Basin when analyzing and evaluating the impact of activities of Exploration and Production in parallel to the conceptions of reality on the part of in-terviewers. To this end, it was used the mastery in techniques of collection and data interpretation with the virtual tool Google Drive to perform the perception research in form format given to tankers as multiple-choice questionnaire sent by email. Based on professional registration of engineers supplied by CREA/RN, were sent 450 (four hundred and fifty) e-mails containing the environmental perception form, which ob-tained return of exact 45 (forty five) tankers. From this sampling and an extensive literature research were developed interpretations of tankers’ perception with the real paradigm situation of increased intensity of petroleum activities in the Potiguar Basin, enhancement of environmental risks, environmental vulnerability of the exploration and production zones and governmental concern in State’s socio-environmental focus.

Keywords: Perception. Environmental. Tankers.

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1 intRoDUÇÃo

A Bacia Potiguar, como exemplo de bacia sedimentar de grande importância para a produção de petróleo no território nacional, é fruto de uma depressão da crosta terres-tre, onde ocorre subsidência e consequente preenchimento sedimentar pelo processo de litificação (FERNÁNDEZ Y FERNÁNDEZ; PEDROSA JUNIOR; PINHO, 2009). Sua região está situada no Estado do Rio Grande do Norte e tem sua origem geológica, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) (BRA-SIL, 2003A), a partir do fraturamento do supercontinente Gondwana, que resultou num Rift Neocomiano NE-SW, coberto por sedimentos neocretáceos e terciários.

No determinado momento que um campo de petróleo é descoberto, deseja-se es-timar o volume de óleo e/ou gás que poderá ser recuperado desse campo. De modo similar, ao longo de toda a vida produtiva do campo, há o grande interesse em se conhecer os volumes possíveis de serem produzidos até o momento de abandono (ROSA; CARVALHO; XAVIER, 2006). Nesse sentido, há sempre um enorme interesse no conhecimento das características do reservatório de petróleo presente na bacia, visando a dar maior confiabilidade à previsão do comportamento ao longo da vida útil de produção.

Em se tratando da Bacia Potiguar, dados da ANP, na 11ª Rodada de Licitações de Petróleo e Gás, confirmam que a sua porção terrestre, atualmente, é a maior produto-ra brasileira de petróleo, com 54.489 bbl/dia, sendo a porção marítima classificada como fronteira exploratória e bastante promissora, devido aos vários campos petrolí-feros produtores em águas rasas de óleo leve. A ANP define, ainda, que correlações estabelecidas com a costa oeste africana e com a própria margem equatorial sul-ame-ricana (Prospecto de Zaedyus) corroboram o potencial petrolífero da porção marítima da Bacia Potiguar. Para essas oportunidades exploratórias mapeadas na porção mar da bacia, estima-se volume in situ da ordem de 4,2 bilhões de barris de petróleo (BRASIL, 2013).

Um fato notório que envolve esse crescente enfoque no conhecimento das zonas aptas à geração de energia fóssil no Brasil e no mundo é a questão dos riscos ambien-tais inerentes às atividades das operadoras e prestadoras de serviço que atuam em território nacional. A despeito de todo esse esforço da Engenharia de Reservatórios para conhecer e controlar o potencial econômico presente nas bacias reconhecida-mente exploráveis, o que se vê, atualmente, é o crescimento exponencial de desastres ambientais decorrentes de falhas no processo exploratório e o desrespeito ao fator de compensação ambiental presente na legislação brasileira e Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Frente a essa situação, diversas são as abordagens sobre a importância e a res-tituição ambiental no Rio Grande do Norte, exemplo: no âmbito dos impactos de extração do petróleo e a utilização do gás retirado dos poços da usina termoelétrica de cogeração do Vale do Açu, Jesus Soares Pereira (UTE JSP), localizada em Alto do Rodrigues, havendo a preocupação com a não emissão de gases tóxicos ou estufa da empresa (GURGEL et al., 2013); sob outro enfoque, existem as Cartas de Sensibili-dade Ambiental ao derramamento de óleo, essenciais para o planejamento de contin-gência e avaliação de danos em casos de derramamento de óleo, elaboradas para a área entre Guamaré e Macau-RN, objetivando observar o grau de vulnerabilidade ou sensibilidade estabelecida para a área costeira em questão, refletindo as condições de fragilidade das unidades ambientais estudadas (SILVEIRA et al., 2003). Ainda importa, como exemplo, o estudo do Panorama geral da Bacia Potiguar quanto à compensação ambiental, instrumento de grande relevância, no sentido de possibilitar

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o desenvolvimento econômico sem deixar de lado a responsabilidade ambiental (AL-MEIDA, 2011).

É com essa preocupação majoritária dos riscos ambientais inerentes às atividades de empresas petrolíferas nacionais e internacionais, que o presente trabalho visa a analisar e discutir a percepção ambiental dos petroleiros que trabalham na região da Bacia Potiguar, em sua extensa área total de 94.043km2, sendo 31.354km2 de área emersa e 62.690km2 de área submersa (até 3.000m de profundidade) (BRASIL 2013B).

No decorrer deste estudo, serão tratados os conceitos e noções ambientais dos petroleiros, bem como o treinamento de pessoal especializado das empresas que atu-am no Rio Grande do Norte, a implantação de políticas e programas de preservação e defesa ambiental e, ainda, será dado um breve enfoque ao desenvolvimento de novas tecnologias de proteção ambiental aliadas aos riscos observados pontualmente no Estado.

2 MEtoDoLoGiA

A metodologia utilizada seguiu o rigorismo de um trabalho científico, com o domí-nio de técnicas de coleta e interpretação de dados, manipulação de fontes de infor-mação, conhecimento demonstrado na apresentação do referencial teórico e apresen-tação escrita em conformidade com os ritos acadêmicos (SILVA; MENEZES, 2005).

Nesse sentido, foi implementada uma extensa pesquisa bibliográfica de artigos científicos; dissertações de mestrado; teses de doutorado; consulta nos sítios virtuais do Ministério do Meio Ambiente do Brasil e Agência Nacional do Petróleo; busca nas bases legislativas nacionais; e elaboração de senso/estudo de caso/pesquisa sobre a percepção ambiental de petroleiros da nossa Bacia Potiguar, a qual é a ênfase do presente artigo.

Pela atividade de pesquisa, qualificada como processo permanente de transações e mediações comunicativas (SILVA; MENEZES, 2005), com petroleiros, objetivou-se uma base de dados de profissionais que realmente laboram na área da exploração e produção e aptos a fornecerem uma percepção in loco sobre o caso da Bacia Potiguar.

A pesquisa de percepção ambiental, representada na Tabela 1, utilizou a ferramen-ta virtual Google Drive para fomentar a obtenção de dados em tempo real, à medida que os questionários de múltipla-escolha enviados eram respondidos. Com base em cadastro profissional de engenheiros fornecido pelo CREA/RN, foram enviados 450 (quatrocentos e cinquenta) e-mails, contendo o formulário de percepção ambiental, dos quais, obteve-se retorno de exatos 45 (quarenta e cinco) petroleiros.

A partir dos dados cadastrados, foi possível a geração de gráficos e comparação com os reais paradigmas ambientais evidenciados na região petrolífera inserida den-tro do Estado do Rio Grande do Norte. Ainda, os dados obtidos foram analisados, utilizando-se de análise gráfica percentual e escalar. Esta última vem acompanhada de comentários com análise dos dados; as escalas de 1 a 4 são definidas como “grau baixo”; 5 a 6, definidas como “posição indefinida”; e 7 a 10, como “grau alto”, em referência à vulnerabilidade ambiental ou preocupação atual dos órgãos governamen-tais.

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tabela 1 - Questionário de percepção ambiental da Bacia Potiguar.Pergunta Resposta

1. Idade?

20 a 3031 a 4041 a 5051 a 60

2. Nível de Escolaridade?

MédioSuperior

EspecializaçãoMestradoDoutorado

3. Qual a principal forma pela qual se mantem informado sobre a situação ambiental da Bacia Potiguar atualmente?

RevistasTelejornais

Artigos CientíficosTrabalho

4. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de vulnerabilidade ambiental ao impacto por óleo da zona de

exploração/produção em terra do Município de Mossoró-RN?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

5. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com um

possível desastre nesta área?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

6. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de emissão de gases tóxicos/estufa na utilização do gás retirado dos

poços da usina termoelétrica de cogeração do Vale do Açu, Jesus Soares Pereira (UTE JSP), localizada em Alto do

Rodrigues?

(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

7. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com a

emissão de gases tóxicos/estufa na usina?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

8. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de vulnerabilidade ambiental da área de exploração/produção compreendida entre os municípios de Guamaré e Macau?

(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

9. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com um

possível desastre nessa área?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

10. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de vulnerabilidade ambiental ao impacto por óleo da zona

costeira entre Rio Grande do Norte e Ceará?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

11. Em uma escala de 1 a 10, qual seria o grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com um

possível desastre nessa área?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

12. Você trabalha atualmente em alguma zona de grande risco ambiental no RN?

SimNão

13. Existe um plano de contingência e avaliação de danos em casos de derramamento de óleo na empresa em que

trabalha?

SimNão

14. Em uma escala de 1 a 10, qual o nível de treinamento para prevenção de desastres ambientais dos profissionais de

empresas que atuam no RN?(baixo) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (alto)

15. Em um panorama geral, existe um plano de compensação ambiental do governo desenvolvido

especialmente para a Bacia Potiguar?

SimNão

Desconheço

16. Você acredita que a Indústria do Petróleo está comprometida com a questão ambiental no âmbito da Bacia

Potiguar?

SimNão

Fonte: Autor.

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Sendo assim, no decorrer da constituição do artigo, buscou-se fornecer ao leitor: a situação ambiental da Bacia Potiguar; levantamento e descrição da compensação ambiental; principais desafi os e entraves; difi culdades de equilíbrio entre geração de riqueza e sustentabilidade ambiental no setor de petróleo e gás; um estudo de caso para analisar conhecimentos de quem labora na área; proporcionar uma base para aperfeiçoamento da concepção do setor de petróleo e gás sobre a bacia sedimentar do RN.

3 RESULtADoS E DiSCUSSÕES

O dom da percepção é caracterizado pela “capacidade de apreender por meio dos sentidos ou da mente” (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2004, p. 562). É baseado em sua noção interpretativa que cada ser humano percebe, reage e responde diferente-mente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto, resultados das percepções de cada indivíduo. Assim, o estudo da percepção ambien-tal é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as inter--relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, julgamentos e condutas (CANABRAVA et al., 2007). Pautado nesse conceito, a pesquisa empírica de natureza quantitativa deste artigo possibilita um momento de avaliação da capacidade dos pe-troleiros envolvidos em perceber a realidade ambiental, além de propiciar uma visão crítica acerca do foco em estudo.

A partir da ordenação dos dados do questionário aplicado e análise esquemática, pode-se aferir que 69% dos entrevistados estão na faixa de 20 até 40 anos de idade, sendo grande parte formada por profi ssionais em início de carreira, haja vista que 29% dos petroleiros possuem de 20 a 30 anos, segundo observa-se pela Figura 1.

Figura 1 - Faixa etária dos entrevistados.

Fonte: Autor.

Outrossim, a Figura 2 mostra que 38% (maioria) têm o nível de escolaridade supe-rior, 22% adicionaram ao curriculum um curso de especialização, seguidos por 22% de profi ssionais de nível médio (técnicos) e apenas uma pequena parte, com 18% do total, de níveis de mestrado e doutorado.

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Figura 2 - nível de Escolaridade dos petroleiros.

Fonte: Autor.

O trabalho na indústria do petróleo está, fortemente, ligado à questão ambiental e, quando se trata do caso específi co da Bacia Potiguar, o principal meio de informa-ção ainda continua sendo dentro do próprio serviço. A informação sobre a condição do meio ambiente está situada in loco, haja vista que a Figura 3 manifesta a pouca publicidade da situação ambiental petrolífera potiguar por meios de informação de massa, quais sejam, revistas e jornais, representando apenas 18% do total. Se consi-derarmos que a leitura de trabalhos científi cos específi cos sobre ambiente e petróleo está inserida no dia a dia de quem labora na área, pode-se dizer que 82% da realidade ambiental originada da exploração de hidrocarbonetos no Estado do Rio Grande do Norte são de acesso exclusivo dos petroleiros, o que resulta em um défi cit enorme na comunicação ambiental da região.

Figura 3 - Principal forma pela qual os petroleiros se mantem informadossobre a situação ambiental da Bacia Potiguar atualmente.

Fonte: Autor.A zona de exploração/produção mais importante da Bacia Potiguar está situada no

Município de Mossoró-RN, de onde há um histórico exploratório de reservas com volu-me in situ onshore na ordem de 4,67 bilhões de barris de petróleo e cerca de 28,85 bilhões de m3 de gás (BRASIL, 2013B). A Agência Nacional do Petróleo confi rma, ainda, que essa porção terrestre é a maior produtora brasileira onshore, com seus 54.489 bbl/dia e, se basearmos a estatística em uma progressão histórica, o recorde em terra de produção nacional é mantido incólume desde meados do ano de 2003 (BRASIL, 2013).

A partir do foco dado à região, a questão 4 do questionário aplicado buscou frisar o impacto que um desastre ambiental teria em uma região onde acredita-se que dispõe de completa infraestrutura para exploração e produção de petróleo e gás natural. Nes-se sentido, a Figura 4 realça a preocupação dos petroleiros com a zona que, apesar de sua enorme importância na produção nacional, apresenta alto grau de vulnerabilida-de, em caso de um impacto por óleo.

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Figura 4 - Percepção do grau de vulnerabilidade ambiental ao impacto por óleo da zona de exploração/produção em terra do Município de Mossoró-Rn.

Fonte: Autor.

Se considerados os 71,1% de profi ssionais que optaram por responder à pesquisa de vulnerabilidade da região nas escalas 7, 8, 9 e 10 (grau alto), a análise é mais que preocupante. Por outro lado, apesar de apresentar-se vulnerável, há uma crença, por parte de 68,9% dos entrevistados, de que a zona de exploração/produção em terra desse Município é foco constante de preocupação e atenção governamental, com re-lação a um possível desastre. A Figura 5 corrobora a presença na área de programas públicos de prevenção a desastres ambientais.

Figura 5 - Percepção do grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com um possível desastre da zona de exploração/produção em terra do

Município de Mossoró-Rn.

Fonte: Autor.

Ademais, tendo em vista a emissão de gases tóxicos e o efeito estufa serem con-siderados grandes vilões no processo de aquecimento global, esta pesquisa buscou retratar o impacto gerado pela usina termoelétrica de cogeração do Vale do Açu (UTE JSP), frente a constar como protagonista no manuseio de gás retirado de poços do RN. Tal usina foi inaugurada no dia 19 de setembro de 2008, com investimentos da Pe-trobras (80%) e do grupo Iberdrola (20%), sendo que, atualmente, essa última parte está alugada para a primeira empresa. Dispõe de uma capacidade de suprir mais da

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metade da necessidade energética do Estado potiguar e exporta energia para atender a clientes da Companhia Elétrica da Bahia (Coelba) e Argentina.

Mesmo com a grandiosidade de estrutura e geração energética apresentada, 26,7% dos petroleiros entrevistados acreditam ser esta uma usina termoelétrica lim-pa no aspecto de emissão gasosa, em contrapartida aos 66,7% que afi rmam ser esta uma grande emissora de poluentes em nossa atmosfera, em um fenômeno claramente proposto na Figura 6, principalmente quando se observam os picos ultrapassados nas escalas 9 e 10 de gravidade ambiental.

É fato notório e bem reconhecido pelos petroleiros pesquisados que todo processo de geração de energia que tem como base um hidrocarboneto gera efl uentes que variam conforme a tecnologia utilizada. Neste caso, bem como nas demais usinas termoelétricas presentes no país, a principal consequência impactante vem das emis-sões aéreas, pela descarga de materiais particulados e gases que resultam da queima do combustível utilizado. Emissões de Compostos sulfurosos (H2S, SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), dióxido de carbono (CO2), e ácidos (HCL e HF) são os grandes vi-lões na provisão de energia para o mundo moderno, caso típico da geração situada no município de Alto do Rodrigues. Assim, apesar da tecnologia empregada reduzir boa parte da produção de gases nocivos, a UTE JSP constitui fonte geradora de problemas ambientais, como o efeito estufa, a poluição do ar, a destruição da camada de ozônio e, até mesmo, contribui para precipitações ácidas.

Figura 6 - Percepção do grau de emissão de gases tóxicos/estufa na utilização do gás retirado dos poços da usina termoelétrica de cogeração do Vale do Açu,

Jesus Soares Pereira (UTE JSP), localizada em Alto do Rodrigues.

Fonte: Autor.

A questão seguinte a ser respondida seria se a percepção dos petroleiros represen-ta a intensidade do enfoque dado pelos órgãos públicos à zona de possível emissão de gases tóxicos/estufa. A partir dessa preocupação, obteve-se que a escala tendeu para um alto grau de preocupação, com 66,7% dos profi ssionais convencidos de que o go-verno fornece atenção correta à questão da não emissão de gases na área, a despeito dos 17,8% contrários.

Quanto à questão dos poluentes atmosféricos na indústria do petróleo, a perspecti-va de utilização do gás extraído junto com o óleo para a produção de energia elétrica exemplifi ca como a atividade petrolífera é impactante para o meio ambiente, mas, em contrapartida, não descarta o petróleo como valioso recurso, uma vez que são enormes os benefícios (GURGEL et al., 2013) trazidos para a região do Alto do Rodrigues, em termos de produção e consumo de bens e serviços nas pequenas economias regionais.

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A constante busca governamental com relação à consciência ambiental praticada por meio da educação da população e das empresas de petróleo e gás, entre outros, é salutar para a população dessa zona como um todo.

Figura 7 - Percepção do grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com a emissão de gases tóxicos/estufa na usina termoelétrica de cogeração do vale do

Açu, Jesus Soares Pereira (UtE JSP), localizada em Alto do Rodrigues.

Fonte: Autor.

O litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, principalmente entre os municípios de Guamaré e Macau, vem se notabilizando através do grande potencial de produção de petróleo e gás explorado pela Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS, a partir dos campos marítimos e terrestres, os quais fazem parte do Sistema de Pro-dução e Escoamento da Bacia Potiguar. A área costeira em estudo é constituída por sistemas ecológicos importantes para o equilíbrio da vida marinha, como manguezais, estuários, praias e o próprio meio marinho, tratando-se de regiões que concentram uma parcela signifi cativa da população, que a utiliza, intensivamente, para diversos fi ns, tais como: pesca, turismo, lazer, terminais portuários, descarte de efl uentes ur-banos, entre outros (SILVEIRA et al., 2003).

Neste sentido, 24,4% dos entrevistados determinam baixo o grau de vulnerabili-dade ou sensibilidade de áreas localizadas no Município de Guamaré e parte do Mu-nicípio de Macau, na Microrregião Salineira Norte-Rio-Grandense, em contrapartida aos 62,2% que diagnosticam, conforme Figura 8, como alto o grau de sensibilidade ambiental dos compartimentos de relevo, em função de possíveis incidentes que, porventura, venham a ocorrer em detrimento de atividades petrolíferas (derrame de óleo) na região.

Esse resultado coaduna com a Carta de Sensibilidade desenvolvida nessa zona, que identifi ca áreas com Índice de Sensibilidade Ambiental (ISL) 10, em uma es-cala de sensibilidade dos ambientes litorâneos especifi camente na planície de maré da região, incluídas as zonas de inframaré, intermaré e supramaré, assim como as planícies de manguezais e lagoas. Por se tratar de uma área ligada à atividade pe-trolífera, possui um risco potencial de ocorrência de acidentes inerentes a esse tipo de atividade. Em caso de acidentes, os danos causados à área de infl uência tendem a ser bastante ampliados, não apenas por consequência estética e econômica, mas, principalmente, pela fragilidade dos ambientes apresentados - praias, manguezais e estuários (SILVEIRA et al., 2003).

Assim, em consonância com a opinião majoritária dos petroleiros, os mapas de vulnerabilidade a diferentes acidentes para o entorno das instalações da indústria

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petrolífera defi nem as áreas que foram mais destacadas e que merecem especial aten-ção, como Polo petrolífero de Guamaré, lagoas de Cajarana e De Baixo, de atividades de carcinicultura próxima do Polo, Assentamento De Baixo, todas as áreas dentro do limite de 200m a cada lado das pistas de dutos (GRIGIO, 2003).

Figura 8 - Percepção do grau de vulnerabilidade ambiental da área de exploração/produção compreendida entre os municípios de Guamaré e Macau.

Fonte: Autor.

Foi possível perceber, neste ponto, que a operacionalização das atividades econô-micas em áreas costeiras compreendidas entre os municípios de Guamaré e Macau merecem atenção, pois estão subordinadas a critérios dentro de um contexto de de-senvolvimento sustentável, entrando, aí, a necessidade de uma preocupação pública constante. O fato é que as atividades desenvolvidas pela indústria petrolífera na área compreendida entre os municípios de Guamaré e Macau são de grande risco para o meio ambiente e para a população que vive no entorno de suas instalações (GRIGIO, 2003). Pela percepção dos pesquisados, 62,2% acreditam que o Poder Público tem uma atenção especial para com essa realidade, como é visto na Figura 9, mas, apa-rentemente, a população local não está ciente dos riscos e não está preparada para enfrentá-los (GRIGIO, 2003).

Apesar de caber à indústria petrolífera a responsabilidade pela adoção de medidas necessárias para prevenir, evitar e remediar acidentes que possam vir a danifi car o es-paço que todos necessitam, direta ou indiretamente, para viver, a criação de um plano de contingência por parte de órgãos públicos é de extrema importância. Os 20,0% de petroleiros que afi rmam ser baixo o grau de preocupação do Poder Público com a região estariam mais esclarecidos em relação à realidade da área de exploração/produção e, mesmo representando uma estatística maior com relação aos 17,8% de posição indefi nida, ainda são minoria e contrastantes frente aos que vislumbram um grau de preocupação especial com essa importante região.

Neste sentido, é válido, ainda, exaltar que, em termos de uso e ocupação do solo, no município de Guamaré, a presença do Polo Petrolífero de Guamaré não demonstra infl uência direta sobre a dinâmica municipal. A economia local parece ser mais afe-tada por variáveis macroeconômicas (estaduais e federais), apesar dos royalties pagos pela Petrobras à prefeitura municipal (GRIGIO, 2003), o que nos leva a crer que o foco de entes públicos regionais e federais não é proporcional à importância da região.

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Figura 9 - Percepção do grau de preocupação atual dos órgãos governamentais com um possível desastre na área de exploração/produção compreendida

entre os municípios de Guamaré e Macau.

Fonte: Autor.

Dentre as áreas de exploração/produção mapeadas, que compreendem a zona cos-teira entre Rio Grande do Norte e Ceará, o litoral setentrional do RN apresenta regiões com intensa atividade da indústria petrolífera, tanto em áreas emersas como em áreas submersas. Um destaque é a área próxima ao Polo petrolífero de Guamaré, confor-me já citado, a qual apresenta uma faixa onde algumas instalações costeiras foram construídas, desde o início dos anos oitenta, para atender à exploração de óleo e gás, como o canal de acesso ao porto de Guamaré, seis oleodutos e gasodutos, ligando as instalações em terras aos campos de Agulha e Ubarana, e dois emissários submarinos (SOUZA; AMARO; CASTRO, 2005).

Para garantir um mapeamento dessa grande zona de exploração que se expande fora dos limites fronteiriços do Estado do RN, o Sistema de Informações Geográfi cas (SIG) é uma tecnologia fi scalizatória que dá suporte ao desenvolvimento dos tra-balhos de geoprocessamento, chegando a ser considerado, até mesmo, como uma ciência e não como uma ferramenta. Em suma, o SIG é um conjunto de ferramentas computacionais compostas por softwares, hardwares, dados e pessoas no auxílio à manipulação, análise e apresentação de informações especializadas, o que permite explorar os dados armazenados em um Banco de Dados, como o Banco de Dados Ambientais Georreferenciados (BDAG), desenvolvido pelo GEOPRO, transformando--os em conhecimento e informação. A aplicação dessas técnicas na área em questão possibilita a otimização e implantação de novas atividades socioeconômicas, gerando impacto ambiental de menor proporção, resguardando áreas de proteção ambiental e benefi ciando os investidores com uma melhor produtividade e segurança em áreas bem escolhidas para exploração de suas atividades (SOUTO, 2009).

Essa complexa técnica foi originada por consequência lógica da elevada vulnerabi-lidade costeira, muito bem observada pelos petroleiros questionados, conforme esta-tística da Figura 10, haja vista os 66,7% que corroboram o fato com suas opiniões. Os 24,4% que responderam não haver uma grande vulnerabilidade estão completamente equivocados, fato este que tem um reforço histórico, se considerarmos que o mapea-mento do Índice de Vulnerabilidade Ambiental (IVA) da zona costeira ao impacto cau-sado por manchas de óleo foi desenvolvido na década de 70 como um componente imprescindível no desenvolvimento de planos de contingência e de resposta emergen-cial aos desastres causados pelo derramamento de óleo na zona costeira (GHERARDI; BRAGA; EICHENBERGER, 2001).

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Figura 10 - Percepção do grau de vulnerabilidade ambiental ao impacto por óleoda zona costeira entre Rio Grande do norte e Ceará.

Fonte: Autor.

O litoral setentrional em foco possui importantes atividades socioeconômicas e altamente relevantes no balanço econômico do Estado do RN, principalmente entre os municípios de Porto do Mangue e Galinhos, com o Polo Industrial Petrolífero de Guamaré, a indústria salineira e a carcinicultura, além das atividades de pesca, fru-ticultura e agricultura em menor escala, que têm características de algum modo con-fl itantes entre si e com o meio ambiente (SOUTO, 2009). Ainda dentro dessa zona, as feições ambientais mapeadas mais importantes são áreas efetivamente ocupadas por mangues; o banco arenoso/lamoso; a planície intermareal; os bancos de vegetação submersa; os esporões arenosos e ilhas-barreira; os deltas de maré; e a delta domina-do por onda (GHERARDI; BRAGA; EICHENBERGER, 2001).

Em consideração a essa relevância ambiental/socioeconômica offshore, 64,4% dos entrevistados deixam claro que a zona costeira entre Rio Grande do Norte e Ceará de-tém um intenso cuidado por parte da iniciativa pública e, por outro lado, 20,0% dos petroleiros afi rmam baixo grau ou pouca preocupação pública na área, conforme cita-do na Figura 11. Sem embargos, a realidade é que há, realmente, uma atenção gover-namental diferenciada, devido ao risco eminente para o meio ambiente, que envolve o derramamento de óleo na plataforma continental e na região litorânea, fazendo com que os pesquisadores e administradores responsáveis pelas tarefas de planejamento e monitoramento ambiental dessas áreas necessitem de ferramentas efi cientes para efetuar importantes análises dos impactos ambientais provocados pelas atividades da indústria petrolífera (SOUZA; AMARO; CASTRO, 2005).

Nesse ponto de vista, justifi ca-se o monitoramento público ambiental da região do Estuário Galinhos-Guamaré, por exemplo, com a fi nalidade de prevenir e minimizar acidentes com óleo e gás (SOUZA; AMARO; CASTRO, 2005) e o mapeamento de ban-cos de algas submersos, crucial para a delimitação de áreas ecologicamente críticas, que espécies ameaçadas de extinção, como o peixe-boi, utilizam para a alimentação (GHERARDI; BRAGA; EICHENBERGER, 2001).

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Figura 11 - Percepção do grau de preocupação atual dos órgãos governamentaiscom um possível desastre na zona costeira entre Rio Grande do norte e Ceará.

Fonte: Autor.

Outrossim, foi de suma importância compor o âmbito da pesquisa de percepção com um esclarecimento ao leitor se o petroleiro trabalha de fato em alguma zona de grande risco ambiental no RN. Obteve-se, então, uma representação condizente com a Figura 12: uma esmagadora maioria de 91% de respostas positivas afi rmando que realmente labora em zona de alto risco ambiental dentro do Rio Grande do Norte. Esse resultado corrobora com o senso popular de que toda área de exploração petrolífera constituiria uma zona de risco elevado ao meio ambiente.

Figura 12 - Petroleiros que, atualmente, laboram em alguma zona de grande risco ambiental no Rn.

Fonte: Autor.

Em sequência lógica à pergunta que deu origem à fi gura supracitada, buscou-se, perante a Figura 13, esclarecer se as empresas seguem a risca as normas públicas de segurança (Resoluções do CONAMA) e se possuiriam um plano de contingência e avaliação de danos, em casos de derramamento de óleo. Estatisticamente, 67% responderam positivamente e os demais 33% disseram que não.

Em esclarecimento ao contexto geral exposto, pode-se dizer que, atualmente, os mapas de Índice de Vulnerabilidade Ambiental (IVA) estão sendo utilizados de forma efi caz para coordenar as ações de resposta à poluição por óleo e para auxiliar o geren-ciamento dos projetos de contenção. A utilização de produtos orbitais e Sistemas de Informações Geográfi cas (SIG) para o mapeamento do IVA da zona costeira também são cruciais em países como o Brasil, onde a base planimétrica disponível é, em ge-

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ral, desatualizada e em uma escala inadequada para a representação das principais características ambientais (GHERARDI; BRAGA; EICHENBERGER, 2001).

Figura 13 - Existência de um plano de contingência e avaliação de Danos em casos de derramamento de óleo na empresa em que o petroleiro trabalha.

Fonte: Autor.

Ademais, a Figura 14 manifesta um elevado índice de treinamento para prevenção de desastres ambientais, já que 68,9% dos petroleiros alegaram que os profi ssionais das empresas atuantes no Rio Grande do Norte possuem um treinamento de grau adequado à prevenção de desastres ambientais, sendo que 15,6% creem que tal treinamento não é sufi cientemente adequado. Importa ressaltar, nesse caso, que, nas empresas que representam a indústria petrolífera, o processo de conscientização ambiental dos seus colaboradores deve ser constante, para formar um senso comum de que uma resposta efi ciente a desastres não só visa a reduzir as consequências ambientais de um possível vazamento, mas, também, à proteção da vida humana, na medida em que há um esforço efi ciente de contenção, limpeza e remoção, em casos de vazamento.

Tal resultado é melhor obtido, quando são usadas cartas de sensibilidade para iden-tifi car e mapear as localizações de recursos sensíveis antes que ocorra um acidente, de modo que as prioridades de proteção possam ser estabelecidas e as estratégias de prevenção delineadas, antecipadamente a qualquer problema (SILVEIRA et al., 2003).

Figura 14 - nível de treinamento para prevenção de desastres ambientais dosprofi ssionais de empresas que atuam no RN.

Fonte: Autor.

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Outro ponto focado na pesquisa de percepção foi com relação à noção dos entre-vistados se existiria um plano de compensação ambiental do governo desenvolvido especialmente para a Bacia Potiguar. A Figura 15 esboça que 58% responderam que sim, 31% que não, havendo um desconhecimento específi co por parte de 11% dos petroleiros. Assim, nota-se que há certa falta de publicidade, por parte da administra-ção pública regional, difundindo esse tipo de informação, haja vista que 11% são sig-nifi cativos, isto é, não é uma parcela tão ínfi ma a ponto de ser desconsiderada como alarmante. Considerando que os dados são representativos de quem trabalha no meio petrolífero, tal fato ensejaria uma proporção maior, caso o mesmo questionamento fosse feito a um cidadão comum.

Não obstante a isso, cabe ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), como autarquia regional, impor que a compensação esteja deli-neada e seja assumida pelas empresas no momento de obtenção do Licenciamento Ambiental, sendo órgão hábil a promover a política ambiental do Rio Grande do Norte, visando ao desenvolvimento sustentável e aproveitando as potencialidades regionais em busca da melhoria da qualidade de vida da população.

Figura 15 - Percepção sobre a existência de um plano de compensação ambientaldo governo desenvolvido especialmente para a Bacia Potiguar.

Fonte: Autor.

Por fi m, em um panorama geral de comprometimento da Indústria do Petróleo com a questão ambiental no âmbito da Bacia Potiguar, 62% dos profi ssionais defi niram que há uma responsabilidade ambiental por parte das empresas e 38% dos petrolei-ros negam que haja um real envolvimento da indústria petrolífera nessa importante questão de sustentabilidade, de acordo com a Figura 16.

No decorrer deste trabalho científi co, pode-se observar que, na maioria das ques-tões pontuais que afetam o ecossistema inserido na Bacia Potiguar, há uma preocupa-ção acerca da sustentabilidade ambiental. Se considerado como exemplo majoritário de empresa atuante no Estado potiguar, citem-se alguns programas de sustentabilida-de ambientais desenvolvidos pela Petrobras, como a Usina Eólica Piloto de Macau e a Estação Coletora de Macau, situadas em área de restinga no Rio Grande do Norte; e na zona da Caatinga, onde as sementes fl orestais são utilizadas para a recuperação da vegetação. Ainda, onde a Petrobras atua na produção de petróleo onshore há mais de 30 anos, foram desenvolvidos uma metodologia e um programa de coleta, bene-fi ciamento e armazenamento de sementes fl orestais de essências nativas do bioma Caatinga, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e instituições locais.

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Figura 16 - Petroleiros que acreditam que a indústria do Petróleo está comprometi-da com a questão ambiental no âmbito da Bacia Potiguar.

Fonte: Autor.

Assim, para que exista uma responsabilidade ambiental duradoura da indústria do petróleo no Brasil, há que se ter uma real compreensão da vulnerabilidade natural e o mapeamento dos recursos naturais das regiões observadas para monitorar impactos ambientais, visando ao planejamento para a proteção ambiental e para a recuperação de áreas afetadas pela intervenção humana.

4 ConSiDERAÇÕES FinAiS

No presente trabalho acerca da Bacia Potiguar, foi possível formar uma percepção geral dos profi ssionais que atuam na zona de exploração/produção de petróleo nacio-nal e concluir que a análise dos resultados de um questionário e de entrevistas es-truturadas contribui, de forma grandiosa, para uma percepção ambiental dos acadê-micos, quando posta em paradigma a realidade empírica de cada região estudada. A indústria, cada vez mais, exige um alto nível de conhecimento e força os profi ssionais, tutores e estudantes a estarem interessados e envolvidos pelas questões ambientais e pela infl uência das mesmas na saúde humana, como qualidade de vida.

Neste ponto de vista, o panorama geral de dados e resultados obtidos demonstra um bom grau de comprometimento dos petroleiros com a questão ambiental, com o impacto da atividade petrolífera na Bacia Potiguar, e que o enfoque governamental quanto aos riscos ambientais, desenvolvido metodicamente, é de alta efi cácia na atenuação de desastres, para que haja a preservação da fauna e fl ora local. O meio ambiente onde está inserido a Bacia Potiguar é constituído de interações entre todos os seres vivos e tem a fi gura do petroleiro como seu principal protetor e manipulador.

Portanto, o maior fruto que se tem deste trabalho científi co é a perspectiva de que a atividade petrolífera sempre demandará uma percepção apurada, a fi m de diminuir ou mitigar os danos ambientais confi gurados em cadeia na indústria petrolífera, sendo de extrema importância que haja uma continuidade regulatória e fi scalizatória dos representantes públicos para que o desenvolvimento do país caminhe em conjunto com esse recurso tão valioso e almejado no mundo capitalista.

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Agradecimentos

À minha família, por constituir inspiração e base de apoio moral em toda a minha lon-ga caminhada acadêmica; e ao professor Carlos Enrique de Medeiros Jerônimo, pela atenção e compreensão que contribuíram decisivamente para o êxito desse trabalho.

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3A UTILIZAÇÃO DE PIG`S NA INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE DUTOS

Aldemir M SilvaMestrando em Engenharia de Petróleo e Gás. Universidade Potiguar (UnP).E-mail: [email protected]

Luzia Patrícia Fernandes de Carvalho GalvãoDoutora em Química. Universidade Potiguar (UnP).E-mail: [email protected]

Envio EM: Novembro de 2014ACEitE EM: Novembro de 2014

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RESUMo: Na indústria do petróleo, a passagem de pigs em dutos tem sido larga-mente aplicada com diferentes propósitos: limpeza do tubo, inspeção, remoção de líquido e separação de produtos, entre outros. Em algumas situações, durante a vida de um duto, é necessário remover o produto de seu interior. A primeira é logo após a sua construção, na fase de condicionamento, quando é mandatório para gasodutos e prática usual para oleodutos, o seu esvaziamento e secagem após a execução do teste hidrostático. Em outros momentos, como durante períodos de manutenção, pode ser necessário o esvaziamento do duto para permitir a execução de reparos e troca de trechos.

Palavras-chave: Indústria do petróleo. Pigs. Dutos. Gasodutos. Oleodutos.

USE oF PiG`S in MAintEnAnCE AnD inSPECtion oF PiPELinES

ABStRACt: In the petroleum industry, the passage of pipeline pigs has been widely applied for different purposes: tube cleaning, inspection, removal and separation of liquid products, among others. In some situations during the life of a pipeline is necessary to remove the product inside. The first is right after its construction, the conditioning phase, when it is mandatory for pipeline and usual practice for pipelines, emptying and drying after running the hydrostatic test. At other times, such as during periods of maintenance, emptying the pipeline may be needed to allow the execution of repairs and replacement of sections.

Keywords: the oil industry. Pigs. Pipelines. Gas pipelines. Oil pipelines.

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1 intRoDUÇÃo

Dutos podem falhar por ação de um ou de uma combinação de mecanismos de falha de material. Alguns desses mecanismos levam a perdas de espessura de suas paredes, entre os quais estão corrosão, erosão e abrasão. Tais perdas de espessura em paredes ocorrem na superfície interna ou externa e, dependendo da magnitude destas, podem levar a vazamento ou a rompimento.

Devido à crescente preocupação com o meio ambiente, as operadoras de dutos têm investido em programas de reabilitação e de gerenciamento da integridade, com o objetivo de estender a vida útil de seus dutos.

A melhoria na qualidade das ferramentas de inspeção interna, tais como pigs ins-trumentados de alta resolução, tem colaborado para se obter um retrato mais fiel da existência de corrosão, trincas, defeitos de fabricação, amassamentos, etc.

Se, por um lado, a informação mais precisa vinda da inspeção permite uma avalia-ção mais precisa dos defeitos, evitando reparos desnecessários, por outro lado, mostra um retrato crítico das condições de integridade do duto.

2 PiGS Os pigs são dispositivos deslocados no interior do duto, impulsionados pelo próprio

fluido, tendo por finalidade serem usados desde para uma simples limpeza do duto a uma inspeção detalhada de seu interior. Os pigs destinados à inspeção, também conhecidos como in-line inspection tools (ferramentas de inspeção em linha/produ-ção) ou pigs inteligentes, são dispositivos robóticos que possuem a função de avaliar o interior do duto. Esse tipo de inspeção teve sua origem em torno de 45 anos atrás, e já evoluiu muito até os dias de hoje, utilizando diversos princípios de medição e sistemas extremamente especializados e complexos. Os pigs são capazes de verificar a espessura, geometria (detectar amassamentos), sinais de corrosão, vazamentos, e outros defeitos ao longo do duto que possam prejudicar seu escoamento e/ou colocar em risco sua operação.

Antes de um pig de inspeção ser inserido na tubulação, por ser uma ferramenta muito cara e devido ao grande risco de que ele fique “entalado”, são necessárias eta-pas de limpeza e verificação da geometria interna do duto:

• Limpeza do duto: são utilizados pigs de limpeza para remoção de resíduos da tubulação.

• Remoção de pedaços de metal soltos no duto: uso de pig magnético de limpeza, o qual possui poderosos eletroímãs que atraem qualquer resíduo metálico solto na tubulação.

• Verificação do estado do duto: visa a detectar ovalizações, a presença de válvu-las mal fechadas ou qualquer outro agente que possa trancar e/ou danificar o pig na passagem pela tubulação. Geralmente, são utilizados pigs com um corpo fino e com uma chapa de alumínio de diâmetro próximo ao da tubulação. Verifi-cando o estado dessa chapa após a passagem do pig, pode-se ter uma ideia da situação interna da tubulação.

• Medição da geometria interna do duto: uso de pigs geométricos que, efetiva-mente, medem a geometria interna do duto, os quais são sensíveis o suficiente para detectar amassamentos.

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Após a realização desses procedimentos e a garantia de que a tubulação está apta para a inspeção detalhada, o pig de inspeção é inserido.

A origem do nome pig possui algumas versões, sendo as mais aceitas as que re-lacionam o dispositivo ao animal de mesmo nome, tanto pela semelhança entre o grunhido dos porcos e o som emitido pelo dispositivo ao se deslocar na linha, como pela estreita relação entre pig e detritos. Conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Pig em deslocamento no interior do duto.

3 inSPEÇÃo HUMAnA

A inspeção humana pode ser utilizada na detecção de vazamentos. Percorrer pe-riodicamente a faixa do duto, seja a pé, de carro, seja de avião, é considerado um recurso para detectar sinais de vazamentos. Podemos visualizar solos descolorados, bolhas emergindo da água, distorções com imagens térmicas etc. Um inspetor bem treinado pode sentir o odor de gás em misturas com baixos níveis de partes por milhão (PPM). O som do vazamento também pode ser escutado, quando o inspetor chega perto o suficiente do vazamento.

Porém, como percorrer a faixa do duto não é um procedimento simples de ser rea-lizado, essa técnica é pouco utilizada. Conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 – inspeção humana de dutos.

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4 inSPEÇÃo PoR PiGs inStRUMEntADoS

Pig é um dispositivo sólido, introduzido em tubulações e dutos, deslocado pela vazão do fluido. Pig instrumentado pode ser definido como um pig com instrumentos para exercer alguma função ou medição em um duto. Conforme Figura 3.

Figura 3 – tubulação em corte com pig em deslocamento.

Os pigs instrumentados são equipamentos amplamente utilizados para realização de diferentes tipos de inspeção interna de dutos. Eles são introduzidos no duto e se deslocam por toda sua extensão, impulsionados pela pressão de bombeio do fluído, seja ele óleo, seja gás. Normalmente, são constituídos por vasos de pressão sustenta-dos por copos de poliuretano em suas extremidades. São equipados com eletrônica, bateria e sensores, que identificam anomalias geométricas e perdas de espessura por corrosão. Os métodos de detecção de corrosão mais utilizados são baseados em mag-netismo e ondas ultrassônicas. Conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 – Pig instrumentado.

Os pigs de inspeção fornecem informações que podem subsidiar a avaliação da integridade de dutos.

A escolha para o uso de uma tecnologia de pigs de inspeção é de acordo com o objetivo da inspeção. Entre os pigs de inspeção, os mais comuns são os geométricos e os de perda de espessura. Os geométricos medem os desvios de circularidade da secção transversal ao longo do duto, sendo que alguns medem, também, raio de cur-vatura nas curvas do duto. Os de perda de espessura realizam medições na superfície interna dos dutos. Conforme Figura 5.

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Figura 5 – Pig geométrico.

Figura 5 – Pig de inspeção para perda de espessura.

Também são usados pigs de inspeção de trincas e pigs inerciais. Os de trinca as detectam na parede do duto e os inerciais registram coordenadas geográficas tridi-mensionais do eixo do duto ao longo dele. Existem, ainda, pigs especiais de inspeção, alguns dos quais combinam tecnologias de inspeção e outros com tecnologias pouco experimentadas. Conforme Figura 6.

Figura 6 – Pig inercial transmissão por coordenadas geográficas.

Figura 6 – Pig especial inspeção de trincas.

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5 PRinCiPAiS tECnoLoGiAS UtiLiZADAS PARA inSPEÇÃo DEtA-LHADA DE DUtoS

Pig Magnético (MFL)Sem sombra de dúvidas, o pig MFL, do inglês Magnetic Flux Leakage (Fuga de

Fluxo Magnético), é a ferramenta mais difundida para inspeção de corrosão de dutos. Utiliza alterações no campo magnético para detectar mudanças na espessura do duto. Pode ser usado tanto em dutos de óleo como de gás. No entanto, sua sensibilidade diminui com o aumento da espessura do duto. Possui pouca tolerância à variação do diâmetro interno, sendo que ovalizações e amassamentos porventura existentes na linha podem impossibilitar a sua passagem. Conforme Figura 7.

Figura 7 – Pig Magnético (MFL).

Princípio de funcionamento do sensor MFL

O sensor é equipado de um sistema de bobinas que produz um potente campo magnético paralelo à parede do duto. Um sensor de efeito Hall detecta a variação das linhas de fluxo magnético, quando este passa por uma parte do duto com defeito interno e/ou externo. Geralmente esses sistemas possuem um segundo sensor, co-nhecido como sensor de discriminação, cuja função é indicar se o defeito é interno ou externo. Isso é possível, pois o segundo sensor apenas detecta defeitos internos. Conforme Figura 8 (esquema de funcionamento).

Figura 8 - Princípio de medição mfl: sensor de detecção de perda de material.

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Figura 8 - Princípio de medição MFL: o sensor de discriminação apenas detecta defeitos internos.

Principais características Pig Magnético (MFL)

• Medições indiretas: a interpretação dos resultados depende da experiência do técnico.

• Pode ser usado tanto em dutos de gás como de óleo. • Detecta defeitos internos e externos. • A perda de material é fornecida de forma relativamente grosseira, em termos do

comprimento, largura e profundidade.• Dificilmente, detecta rachaduras (trincas).• Deixa magnetização residual no duto.• Extremamente pesado.

Pig de Ultrassom

Outro sistema muito utilizado para inspeção de corrosão de dutos é o pig equipado com sensores ultrassônicos. Esses pigs podem medir tanto corrosão externa quanto interna, com excelente nível de detalhes, além disso, possuem a grande vantagem de detectar trincas. No entanto, esses sistemas possuem uma limitação importante, pois, para esse tipo de sensor, é necessário um fluido homogêneo para o acoplamento acústico, o que dificulta muito sua aplicação em gasodutos. Quando a inspeção por ultrassom em uma linha de gás é extremamente necessária, pode-se preencher uma secção da tubulação com água, permitindo, assim, que a inspeção seja realizada. Todavia, esse tipo de procedimento é altamente indesejado, pois necessita cessar o transporte do insumo, gerando enormes prejuízos à empresa. Conforme Figura 9.

Figura 9 – Pig ultrassom em corte.

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Princípio de funcionamento do sensor

Transdutores são utilizados para medir a distância entre eles e a parede interna da tubulação, usando a técnica de pulso-eco. Um transdutor emite um pulso de ul-trassom, que se propaga pelo fluido dentro da tubulação até ser refletido na parede interna do duto. Após emitir o pulso, o transdutor passa a funcionar como receptor para transformar o eco que retorna a ele em um sinal elétrico. Pode-se, assim, medir o tempo de voo do pulso de ultrassom, ou seja, o tempo transcorrido entre o disparo do transdutor e a chegada do primeiro eco.

A especificação do transdutor de ultrassom deve levar em conta a resolução axial desejada e a atenuação acústica do meio. Quanto maior a frequência do transdutor, menor o comprimento de onda e, portanto, melhor a resolução axial. Por outro lado, a atenuação acústica aumenta, exponencialmente, com a frequência.

Principais Características:

• Fornece uma medição detalhada do formato e dimensão do defeito. • Requer líquido para fazer o acoplamento acústico entre o sensor de ultrassom

e a parede do duto. • Para ser usado em dutos de gás, o pig pode ser imerso em um fluido entre

membranas. Caso seja um duto de gás em alta pressão, isso não é necessário. • Detecta defeitos internos e externos. • Pode detectar trincas (rachaduras). Pig de Contato Mecânico

O pig de contato mecânico, também conhecido como “pig espinho” ou “pig pali-to”, utiliza o contato mecânico como meio de medição. Em uma linguagem simples, o pig possui algumas dezenas de hastes, que são arrastadas ao longo da superfície interna do duto e, assim, descrevem seu interior.

Esse sistema vem sendo desenvolvido pelo CENPES, em conjunto com a PUC-Rio. Tem como motivação produzir uma ferramenta de baixo custo, que seja capaz de superar as limitações encontradas em pigs MFL e de ultrassom, como a tolerância a grandes variações de diâmetro e a necessidade de fluído de acoplamento. Conforme Figura 10.

Figura 10 – Pig contato mecânico tipo “palito”.

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Princípio de funcionamento do sensor de contato mecânico

A medição do ângulo da haste é feita através de um sensor de campo magnético, do tipo Hall, posicionado entre dois ímãs de polaridades opostas. O conjunto é posi-cionado no eixo do sensor e qualquer mudança de inclinação decorrente de alterações no perfil da superfície significa uma alteração no campo magnético estabelecido pelos ímãs, o que é prontamente detectado pelo sensor Hall e convertido em ângulo.

Principais Características

• Adapta-se a uma grande faixa de diâmetros, permitindo a inspeção de dutos multi-diâmetros.

• Possui um grande espectro de medições, permitindo o uso em dutos com gran-des espessuras.

• É independente do líquido que está sendo transportado, podendo inspecionar tanto oleodutos como gasodutos.

• É robusto, sendo menos exigente em relação à limpeza. • O método de medição é simples, podendo atingir elevada precisão sob as con-

dições de trabalho. • Sistema relativamente simples e de menor custo. • Não detecta trincas (rachaduras). • Limitado à inspeção da parede interna do duto.

Pig Óptico

Pigs com sensores ópticos, também conhecidos como Optopigs, ainda são pouco utilizados na inspeção de dutos. Devido à necessidade de um meio com certa visi-bilidade (pequena turbidez), seu uso se limita aos dutos que transportam gases ou líquidos transparentes. Por ser uma medição simplesmente visual, que usa apenas a luz como método de medição, os pigs ópticos possuem vantagens, como medição mais detalhada e que não deixa magnetização residual, como no caso dos pigs MFL.

Durante a presente pesquisa, encontrou-se, apenas, um fornecedor de pigs ópti-cos, a Pipecare. A eletrônica do pig foi desenvolvida pela empresa Norueguesa Norsk Elektro Optikk AS. O projeto mecânico e a estrutura multi-diâmetro, pela Statoil e suas sub-contratadas: FTL Seal Ltd e Pipeline Pigging Technology Ltd.

Princípio de funcionamento do sensor

A partir da triangulação da posição dos planos de luz emitidos pelo laser que são capturados no CCD da câmera, é possível calcular a distância da câmera à parede duto. O sistema é dotado de oito sensores ópticos por triangulação laser, que estão dispostos ao redor do pig. A fusão dos dados obtidos por esses sensores gera o resul-tado de medição de cada secção do duto em 360°.

O esquema do corpo do pig, com os sensores, baterias e disco rígido pode ser visto nas figuras abaixo. As figuras dão uma noção de como os sensores estão dispostos ao redor do pig e de como se dá sua passagem ao longo do duto. Conforme Figura 11

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Figura 11 – Pig óptico.

Principais Características Possibilita visualização do defeito, o que ajuda na interpretação de irregularidades. Capaz de fornecer as dimensões do defeito com boa exatidão. Requer fluído transparente, liquido ou gasoso. Limitado à inspeção da geometria interna do duto.

6 LAnÇADoRES E RECEBEDoRES DE PiG

Equipamento lançador e recebedor de pig é um método de operação descrito em um equipamento destinado a receber e lançar pigs, que apresenta suas funções con-troladas por uma pluralidade de atuadores de uma forma remota, por ação de um operador ou por um microprocessador.

Os lançadores e recebedores de pigs devem atender às normas internacionais, como ASME, API ou outras aplicáveis para as operações de lançamento e recebimen-to. Conforme Figura 12.

Figura 12 – Lançador e Recebedor de Pigs.

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Sequência de operação para Lançadores e Receptores de PiGsA sequência de operação descrita a seguir é informativa de uso geral. Não está

direcionada, e muito menos deverá ser utilizada para treinamento de operadores de sistemas.

LançadoresCondição de operação: o canhão está pressurizado e carregado completamente

com gás. As válvulas A, B e C estão abertas. A válvula D está fechada. Conforme Figura 13.

Figura 13 – Esquema de operação canhão lançador.

• 1. Fechar as válvulas A e C.• 2. Abrir a válvula D para despressurizar o canhão até a pressão atmosférica.• 3. Quando o canhão está completamente despressurizado (0 bar) com a válvula

D ainda aberta, abrir a tampa de abertura rápida e inserir o PIG, ajustando, na redução anterior, a válvula ao primeiro corpo da ferramenta.

• 4. Fechar e travar a tampa de abertura rápida. Drenar o ar dentro da tampa, através da válvula D, abrindo completamente a válvula C. Quando o lançador es-tiver completamente purgado, fechar a válvula D, para permitir uma equalização de pressão, então, fecha-se a válvula C.

• 5. Abrir a válvula A e, após, a válvula C. O PIG está em condições de ser lan-çado.

• 6. Fechar, parcialmente, a válvula B. A vazão de gás aumentará através da vál-vula C e atrás do corpo do PIG. Continuar fechando a válvula B até que o PIG introduzido até o duto verifique o sinal do detector “PIG-SIG”.

• 7. Quando o PIG for lançado do canhão e seguir na tubulação, abrir totalmente a válvula B.

RecebedoresCondições de operação: o canhão está vazio em pressão atmosférica. As Válvulas

B, D e E estão abertas; as válvulas A e C estão fechadas. A tampa de abertura rápida está fechada e travada. Conforme Figura 14.

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Figura 14 – Esquema de operação canhão recebedor.

• 1. Despressurizar o canhão, fechar a válvula E, e abrir, lentamente, a válvula C.• 2. Depois de despressurizado, começar a equalizar a pressão na tampa, fechan-

do a válvula D com a válvula C aberta.• 3. Com a válvula C aberta, abrir a válvula A. O canhão está, agora, em condições

de receber o PIG.• 4. Quando o PIG chegar, este se prenderá entre a válvula A e o T de entrada do

canhão.• 5. Fechar a válvula B parcialmente. Forçando o PIG a entrar na tampa, incre-

mentando o fluxo de gás através da válvula C.• 6. Depois que o PIG estiver no canhão, indicado pelo sinal do “PIG-SIG”, abrir

a válvula B e fechar as válvulas A e C.• 7. Abrir as válvulas D e E, e despressurizar o canhão até a pressão atmosférica.• 8. Depois que o canhão estiver despressurizado (0 barg) e drenado, com as vál-

vulas D e E abertas, abrir a tampa de fechamento rápido e tirar o PIG.• 9. Fechar e travar a tampa de abertura rápida.

7 AvALiAÇÃo E intEGRiDADE DoS DUtoS

A integridade de dutos depende de muitos fatores. Isso decorre da natureza da operação de dutos e, principalmente, da característica de dutos que os diferencia de tubulações: dutos são extramuros das unidades produtivas. Essa característica impli-ca em maior complexidade na avaliação da integridade de dutos do que na avaliação de tubulações e vasos de pressão em geral, decorrente do fato de dutos atravessarem áreas mais extensas e sob influência de fatores que afetam a integridade e que variam ao longo da extensão do duto e do tempo.

Para fazer a avaliação local da integridade do duto para uma grande quantidade de áreas com perdas de espessura de parede na superfície interna, são mais indicados métodos para os quais as informações de dimensões fornecidas pela inspeção por pig, comprimento, largura e profundidade, sejam suficientes para uma avaliação mais precisa.

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As áreas com perdas de espessura de parede nas superfícies internas de dutos normalmente resultam de um ou de uma combinação dos mecanismos de falha, cor-rosão, erosão ou abrasão. Conforme Figura 15.

Figura 15 – Mecanismos de falhas em dutos.

8 tiPoS DE DEFEitoS EM LinHAS DE PEtRÓLEo E GÁS

Inúmeros defeitos podem causar a ruptura e/ou o mau funcionamento de uma linha de P&G. Os mais importantes são:

Corrosão (Externa e interna)Ocorre devido a agentes orgânicos, químicos e eletroquímicos. A corrosão interna

também pode ter como agente o próprio insumo transportado pelo duto, como exem-plo, pode-se citar os dutos de petróleo, os quais são afetados pela água salgada que acaba sendo carregada junto com o óleo. Além disso, por ocorrer no interior do duto, a corrosão interna pode ser considerada como um “inimigo invisível”, principalmente em dutos expostos, em que é possível ver a superfície externa, transmitindo uma falsa impressão de que a parede da tubulação está “sadia”, uma vez que a mesma não apresenta danos por corrosão externa e/ou amassamentos.

AmassamentosPodem ocorrer devido a choques com máquinas de escavação, máquinas de perfu-

ração “bate-estaca”, deslizamentos de terra, rochas, etc. Prejudicam o escoamento, geram tensões concentradas e fragilizam a parede do duto.

Defeitos de soldagemDeixam as conexões entre os dutos frágeis, atuando como ponto concentrador de

tensões e de maior chance de rompimento.

9 ConSiDERAÇÕES FinAiS

O transporte e a distribuição do petróleo, gás natural e derivados é feito, em sua grande parte, por dutos metálicos, que operam dia e noite, incessantemente, interli-gando regiões produtoras, unidades de refino e consumidores. Esses dutos podem ser aéreos, subterrâneos ou marítimos, enfrentando as mais diversas ações do meio e do próprio insumo sobre sua estrutura.

Por serem ambientes extremamente agressivos, exigindo o uso de materiais com alto grau de confiabilidade e segurança, garantir a integridade da rede de dutos de transporte e distribuição é um fator de extrema importância na indústria do petróleo e gás.

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A eficiência e a segurança da rede de dutos fazem com que as empresas respon-sáveis por esse modal necessitem realizar inspeções periódicas à procura de sinais de corrosão e defeitos. Isso é feito mediante a utilização de sofisticados equipamentos, dentre eles os pigs, que são ferramentas altamente especializadas para detecção de defeitos na tubulação, o que tem colaborado para se obter um retrato mais fiel da existência de corrosão, trincas, defeitos de fabricação, amassamentos, etc.

Os pigs se deslocam pelo interior dos dutos, frequentemente impulsionados pelo próprio fluido que está sendo transportado, o que viabiliza a inspeção com os dutos em operação, tendo em vista que o corte do transporte do insumo geraria enormes prejuízos aos operadores, daí a importância da inspeção regular da malha dutoviária, que é reconhecida por toda indústria do petróleo como forma de proteger os ativos e prevenir acidentes, pois estes poderiam causar elevados custos econômicos e am-bientais.

REFERÊnCiAS

APOSTILA. tubulações e Acessórios. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Reno-váveis. Natal/RN: CTGAS, 2009.

BENJAMIN, A. C. Avaliação estrutural de dutos corroídos. Rio de Janeiro:Universida-de Corporativa Petrobras, 2004.

CAMERINI, C. et al. Comparação do resultado de 3 técnicas de inspeção com pigs instrumentados em um mesmo oleoduto da bacia de campos. Rio PiPELinE ConFE-REnCE, 2005, Rio de Janeiro.

FOGLIATTI, Maria Cristina; FILIPPO, Sandro; GOUDARD, Beatriz. Avaliação de im-pactos ambientais. Rio de Janeiro, 2004. Editora Interciência

FURUKAWA, Celso Massatoshi; ADAMOWSKI, Julio Cezar; CAMERINI, Claudio S. Pig de inspeção. Disponível em: <http://www.poli.usp.br/Pig/index.html>. Acesso em: 05 nov. 2010.

TELLES, Pedro C. Silva. tubulações industriais: materiais, projeto, montagem. 10.ed. – reimpr. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

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4OTIMIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO FENOL EM ÁGUA PRODUZIDA POR RADIAÇÃO UV – EFEITO SINERGÉTICO DA CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE POLUENTES EM SiO

Dulcimara Alves Pereira da SilvaGraduanda em Engenharia do Petróleo e Gás, Universidade Potiguar (UnP). E-mail: [email protected]

Silas de Freitas RochaGraduando em Engenharia do Petróleo e Gás, Universidade Potiguar (UnP). E-mail: [email protected]

Victor Hugo DelgadoGraduando em Engenharia do Petróleo e Gás, Universidade Potiguar (UnP). E-mail: [email protected]

Fabio Pereira FagundesDoutor em Química. Professor da Universidade Potiguar (UnP). E-mail: [email protected]

EnVio Em: Novembro de 2014AcEitE Em: Novembro de 2014

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RESUmo: Devido ao crescente volume de resíduos em todo o mundo, o resultado e o efeito da descarga de água produzida no ambiente ultimamente tem se tornado uma preocupação ambiental. Nos últimos anos, os processos oxidativos avançados (POAs) têm sido amplamente utilizados para degradar poluentes orgânicos em água produzida. Ba-sicamente, POAs são definidos como processos que geram radicais hidroxila (-OH) e de ataque posterior sobre os compostos poluentes, consequentemente, melhorando as taxas de degradação. Entre os vários poluentes nocivos e tóxicos derivados de água produzida, a concentração de fenol representa um dos mais importantes a serem eliminados do meio ambiente. Por essa razão, o uso de radiações UV tem sido considerado como uma das principais alternativas para o tratamento da água produzida. Além disso, a literatura re-fere-se à utilização de materiais porosos para remover o fenol a partir de águas residuais. Os porosos mais comuns são polímeros sintéticos, nanoesferas de carbono e de carbono activado, no entanto, algumas desvantagens foram observadas, tais como: baixa capaci-dade de adsorção e custo elevado. Nesse contexto, uma alternativa seria a utilização de sílica (SiO2) como material adsorvente, devido à sua distribuição de tamanho de poro; à presença de grupos funcionais de superfície; e a um custo mais baixo, em comparação com outros materiais. Assim, um desafio-chave refere-se à otimização e à compreensão dos principais fatores que afetam os mecanismos de degradação de fenol em água produ-zida em associação à sílica como material adsorvente - efeito sinérgico. Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo otimizar o processo para a degradação de fenol em água produzida pela radiação UV, avaliando as principais variáveis: temperatura, salinidade, concentração de sílica e fenol.

Palavras-chave: Degradação do Fenol. Superfície de resposta fenol/SiO2 Cinética de ab-sorção. Água Produzida.

oPtimiZAtion oF PHEnoL DEGRADAtion in PRoDUcED WAtER BY UV iRRADiAtion – SYnERGiStic EFFEct oF PHEnoL /Sio2 ADSoRPtion KinEtic

ABStRAct: Due to the increasing volume of waste all over the world, the outcome and effect of discharging produced water on the environment has lately become an environ-mental concern. In recent years, advanced oxidation processes (AOPs) have been extensi-vely used to degrade organic pollutants in produced water. Basically, AOPs are defined as the processes to generate hydroxyl radicals (-OH) and subsequent attack on the pollutant compounds, consequently, improving the rates of degradation. Among several harmful and toxic pollutants derived from produced water, concentration of phenol represents one of the most important pollutants to be eliminated from environment. For this reason, the use of UV radiations has been considered as one of the main alternatives for produced water treatment. Besides, the literature has reported the use of porous materials to remo-ve phenol from wastewater. The most common porous adsorbents are synthetic polymers, carbon nanospheres and activated carbon, although, some disadvantages have been ob-served, such as: low adsorption capacity and high cost. In this context, an alternative would be the use of silica (SiO2) as adsorbent material, due to its pore size distribution, presence of surface functional groups and lower cost compared to others materials. So, one key challenge refers to optimization and understanding of main factors that affect the degradation mechanisms of phenol, benzene and toluene in produced water in as-sociation to silica as adsorbent material – Synergistic effect. In this context, this study aims to optimize the process for degradation of phenol in produced water by UV radiation, evaluating the main variables: Temperature, salinity, concentration of silica and phenol.

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Keywords: Degradation of Phenol. phenol/SiO2 adsorption kinetic and response surfa-ce methodology. Water Produced.

1 intRoDUÇÃo

Desde que ocorreu a implementação e consolidação do petróleo como matriz ener-gética mundial, a indústria do petróleo procura otimizar os seus processos com obje-tivo de manutenção do lucro e do meio ambiente. Apesar dos imensos avanços ocor-ridos no setor petrolífero, quanto à inovação de seus processos tecnológicos, ainda existem alguns gargalos preocupantes, um exemplo disso é a água produzida (AHMA-DUN et al, 2013). Esta consiste em toda água presente na exploração e produção de hidrocarbonetos contaminada por metais pesados, óleo e gás emulsionado além de outros compostos. O tratamento/descarte da água produzida tem se tornado um dos maiores desafios da indústria do petróleo atual. A problemática consiste na dificulda-de de degradação de todos os compostos presentes na água produzida até a um nível adequado que permita o descarte seguro dessa água no meio ambiente.

A caracterização da água produzida acarreta uma problemática; isso se deve ao fato de que a natureza dessa água muda de um poço de petróleo para outro (ZHANG et al, 2013). Diversos estudos se mostraram extremamente consistentes na metodolo-gia utilizada para a degradação de água produzida por um determinado poço de petró-leo, no entanto, essa metodologia se revelou igualmente ineficiente, quando aplicada a outra água produzida por outro poço.

Nos últimos anos, os processos oxidativos avançados (POAs) têm sido amplamente utilizados para degradar poluentes orgânicos em água produzida (NEJMEDDINE et al, 2013). Nesses processos, radicais livres hidroxilas são gerados, objetivando a de-gradação dos poluentes orgânicos presentes na água produzida. Além da geração de radicais livres, existe a implementação de adsorventes porosos sólidos que permitem a otimização da degradação dos poluentes presentes na água produzida.

Dos diversos poluentes presentes na água produzida, o Fenol é o mais preocupante, por causa de sua natureza altamente tóxica. Devido a isso, encontra-se, na literatura, uma busca no desenvolvimento de metodologias que permitam a degradação otimiza-da do Fenol; a maior parte dessa literatura enfatiza a análise dessa degradação frente a alguns parâmetros, tais como: temperatura; quantidade de suporte sólido; tempo de exposição da matéria orgânica à luz; porosidade do adsorvente sólido; e quantidade de sais em solução, em relação à natureza do sal (AHMADUN et al, 2009).

A metodologia deste trabalho consiste em otimizar os parâmetros para que haja uma degradação “ideal” do fenol presente na água produzida.

2 PRocEDimEnto EXPERimEntAL

O fluxograma, a seguir, mostra a metodologia a ser utilizada durante o desenvolvi-mento deste trabalho.

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Figura 1 - Fluxograma da metodologia utilizada no trabalho.

  Preparação  das  curvas  de  calibração  

(Benzeno/tolueno/fenol)  

Espectrofotômetro  na  região  do  UV-­visível  

Determinação  da  estabilidade  das  

soluções    

Efeito  da  temperatura  

Efeito  da  luz  e  do  ar  

atmosférico  

Efeito  da  presença  de  sal  

Efeito  da  presença  de  adsorventes  sólidos  

Cinética  de  adsorção:  Sílica,  argila  ativada  e  bagaço  de  

cana  de  açúcar.      

Fonte: Autor

2.1 conStRUÇÃo DAS cURVAS DE cALiBRAÇÃo

Soluções com diferentes concentrações de benzeno em álcool metílico e etílico fo-ram utilizadas para a preparação das curvas de calibração. De acordo com a literatura, a absorção máxima do benzeno em meio alcóolico ocorre em torno de 222 nm. Os ensaios foram realizados em um espectrofotômetro de absorção na região do UV-visí-vel. A Tabela 1, a seguir, mostra a metodologia utilizada na preparação das soluções para a determinação da absorbância.

tabela 1 - Procedimento experimental adotado para construção dascurvas de calibração do benzeno em álcool metílico e etílico.

Volume de benzeno a ser

adicionado (µL)

Volume total (mL)

– benzeno + Álcool

metílico/etílico

concentração de

benzeno na solução (%)

0.01 (10 µL) 5 0.2

0.02 (20 µL) 5 0.4

0.03 (30 µL) 5 0.6

0.04 (40 µL) 5 0.8

0.05 (50 µL) 5 1

0.06 (60 µL) 5 1.2

0.07 (70 µL) 5 1.4

0.08 (80 µL) 5 1.6

0.09 (90 µL) 5 1.8

0.10 (100 µL) 5 2

0.15 (150 µL) 5 3

0.20 (200 µL) 5 4

Fonte: Autor - Fabio Pereira Fagundes.

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2.2 DEtERminAÇÃo DA EStABiLiDADE DAS SoLUÇÕES A BASE DE BEnZEno

Os testes de estabilidade foram realizados com base na cinética de degradação da amostra ao longo de tempos pré-estabelecidos, em presença do ar atmosférico e da luz, inicialmente. Alíquotas de 3 ml eram removidas da solução inicial (Benzeno/álcool) e avaliadas no espectrofotômetro de UV (222 nm) por um período de 24 horas.

tabela 2 – Valores de concentração do Benzeno e suas respectivas absorbâncias.

concentração

de benzeno na

solução (%)

Absorbância

(222 nm)

cH3oH

Absorbância

(222 nm)

cH3cH2oH

0.2 0.141 0.218

0.4 0.282 0.380

0.6 0.578 0.493

0.8 0.744 0.631

1 0.824 0.764

1.2 1.094 1.092

1.4 1.250 1.190

1.6 1.390 1.354

1.8 1.500 1.485

2 1.777 1.611

Fonte: Autores

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3 RESULtADoS PARciAiS

Figura 2- curvas de calibração do Benzeno em presença do álcool metílico e etílico.

 

(a)  

(b)  

Y= 0, 8818x-0, 0119 R²=0, 9916

Y=0, 8055x-0, 0357 R²= 0, 9903  

Fonte: Autores - Silas Freitas e Dulcimara Alves.

De acordo com os resultados, as curvas de calibração de absorbância versus con-centração de benzeno mostraram coefi cientes de correlação de regressão linear (R²) próximos de 1 para ambos os meios (Álcool metílico e etílico). Evidenciou, portanto, a possibilidade de quantifi cação desse poluente durante o processo de degradação.

3.1 EStABiLiDADE DAS SoLUÇÕES A BASE DE BEnZEno E FEnoL

Os resultados apontam que a taxa de degradação do benzeno foi infl uenciada pelo ar atmosférico e pela luz. Esse fato pode ser atribuído ao maior número de sítios ativos disponíveis para a indução de luz e dos gases atmosféricos, o que resulta na reação efi caz entre as moléculas do benzeno e a de radicais hidroxila gerados.

A Figura 3 mostra o efeito da luz e do ar atmosférico na degradação do benzeno ao longo do tempo.

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Figura 3 - Absorbância em função do tempo para diferentes constituintes.

Fonte: Autores

O fenol apresentou uma maior estabilidade à degradação, comparado ao benzeno, quando ambos foram submetidos à mesma variação de tempo, temperatura e inci-dência de luz. Esse efeito pode ser justifi cado em decorrência das 3 estruturas de ressonância possíveis para estabilizar a molécula. Logo, quanto maior o número de estruturas possíveis e a acidez da molécula, maior será sua estabilidade. A Figura 4 ilustra a estrutura de ressonância do fenol e como a mesma se comporta.

Figura 4- Estrutura de Ressonância do Fenol.

 

Fenol    

Fonte: site (www.angelo.edu/faculity/kboudrea/molecule_galle).

O fenômeno de adsorção é simplesmente uma transferência física de um ou mais componentes, chamado de soluto, presente em fase fl uida, em que o mesmo, através de força de interação molecular de um determinado sólido (adsorvente), é atraído, mi-grando para a superfície desse sólido. Devido aos sítios ativos presentes no adsorven-te, as moléculas do soluto fi cam, espontaneamente, aderidas à superfície do sólido, conforme as interações microscópicas entre as moléculas do soluto e os componentes que formam o adsorvente em busca da estabilização energética. O mecanismo inverso à adsorção é adessorção, em que os componentes retidos na superfície do sólido irão migrar de forma espontânea para a fase fl uida. A fi gura 5 ilustra esse mecanismo.

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Figura 5- Fenômeno de adsorção de moléculas em superfícies porosas.

Fonte: Autores

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REFERÊnciAS

AHMADUN, Fakhru’l-Razia, et al. Review of technologies for oil and gas produced water treatment. Journal of Hazardous materials, 530–551, 2009.

NEJMEDDINE, Rabaaoui, et al.; Anodic oxidation of nitrobenzene on BDD electrode: Variable effects and mechanisms of degradation. Separation and Purification techno-logy, 318-323, 2013

ZHANG, Thao, et al. Preparation of hydrophobic granular silica aerogels and adsorp-tion of phenol from water. Applied Surface Science, 806– 811, 2013.

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5A IMPORTÂNCIA DE CATALISADORES NO SEGMENTO DE REFINO NA CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO PARA O APROVEITAMENTO DE SEUS RESÍDUOS

Fábyo Santana CarvalhoGraduando em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Priscilla Marianne Guimarães de MeloGraduanda em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar.E-mail:[email protected]

Ana Catarina Fernandes CoriolanoDoutora em Geodinâmica e Geofísica. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Envio EM: Novembro de 2014ACEitE EM: Novembro de 2014

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RESUMo: A indústria do petróleo é um tema que está em constante discursão, e uma das questões que motiva isso é a emissão de resíduos gerados nas etapas de produ-ção, refino, transporte e armazenamento do petróleo, causando inúmeros impactos so-cioambientais. Com todo o avanço em pesquisas que buscam minimizar essa poluição ambiental, surge a utilização de materiais mesoporosos como uma alternativa para a obtenção de produtos de alto valor agregado, na faixa do diesel e gasolina. Este artigo mostra a produção dos materiais mesoporosos SBA 15 e do Al SBA 15 e seu resultado junto aos resíduos de petróleo, buscando-se um reaproveitamento do mesmo, ou seja, que se é possível obter esses materiais de alto valor agregado.

Palavras-Chave: Resíduos de petróleo. SBA 15. Al SBA 15. Materiais Mesoporosos.

tHE iMPoRtAnCE oF CAtALYStS on tHE SEGMEnt oF REFininG tHE PRoDUCtion CHAin oiL FoR EXPLoitAtion oF itS WAStE

ABStRACt: The oil industry is a topic that is in constant discussion, since one of the problems that can be observed is the emission of wastes that are generated at all stages of production, refining, transportation and storage of oil, causing numerous environmental impacts. With all the advancement in research, we seek to minimize the environmental pollution, the use of mesoporous materials as an alternative to ob-tain products with high added value, in the range of diesel and gas rises. This article shows the production of mesoporous materials SBA 15 and Al 15 SBA and its result with the waste oil, the search for a reuse of the same, that is, it is possible to obtain those high value materials.

Keywords: Waste oil. 15. Al 15 SBA SBA mesoporous materials.

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1 intRoDUÇÃo

O petróleo é um combustível fóssil de grande significado para a economia mundial, porém, apresenta um grave problema devido à sua frequente introdução no meio am-biente, não apenas pelas atividades de transporte desse combustível, como, também, pela sua larga utilização industrial (NASCIMENTO, 2003).

A indústria petrolífera é um tema que está em constante discursão, pois a geração de resíduos, que são tóxicos e poluentes, por essa indústria em todas suas etapas de exploração, produção, refino, transporte e armazenamento, é uma grande causadora de impactos socioambientais, sendo apontada como um dos grandes desafios para as áreas responsáveis pelas pesquisas em planejamento e operação do sistema de desti-no final de resíduos sólidos (PIRES et al., 2004).

Desde o século XIX, o homem tem desenvolvido e aperfeiçoado várias técnicas e atividades industriais, visando a aumentar o seu potencial na produção, se possível, com melhor qualidade. Desde a década de 60, começaram a surgir as primeiras pre-ocupações com a questão da disposição final dos resíduos industriais, haja vista que o ritmo de exploração dos recursos naturais exigidos pelo desenvolvimento econômico não correspondia ao tempo que a natureza necessitava para decompor partes destes, contribuindo, assim, gradativamente, com a degradação ambiental e para um colapso dos recursos naturais em curto período. Medidas foram estudadas para contornar essa situação (GUIMARÃES, 2007).

Souza e Holanda (2003) afirmam que, diariamente, a indústria petrolífera produz enormes quantidades de resíduos, sendo o mais abundante o oleoso, o qual apre-senta capacidade abrasiva de aglomerar areia ou pó de pedra, podendo formar uma massa de resíduo final entre 10-20 vezes maior que o resíduo inicial (SANTOS et al.,2002). Durante anos, o material oleoso era descartado em diques sobre o solo, valas, trincheiras ou em tambores para posterior aterro. A acumulação desse resíduo pode vir a contaminar os corpos hídricos adjacentes, provocando o assoreamento dos rios, mortandade de peixes, contaminação pela presença de metais pesados, substân-cias tóxicas, degradação do solo devido à alta salinidade presente na água produzida e comprometer áreas de preservação ambiental (GUIMARÃES, 2007). Percebe-se, assim, que, por muitos anos, a maior preocupação com os resíduos da indústria do petróleo situou-se, apenas, na redução do teor de óleos contidos nestes. Esse procedi-mento visava a recuperar a parcela com valor comercial, porém, diante de toda a pre-ocupação com o meio ambiente, em 1979, surgiu um maior cuidado com a deposição desses resíduos sólidos, criando-se, assim, em 2010, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que, em seu artigo 13, define “resíduos industriais” como aqueles gerados nos processos produtivos e instalações industriais. Entre os resíduos indus-triais, inclui-se, também, grande quantidade de material perigoso, que necessita de tratamento especial devido ao seu alto potencial de impacto ao ambiente e à saúde.

Diante de toda essa problemática e com os avanços das pesquisas, observou-se que os materiais mesoporosos podem ser promissores para o processo de degradação catalítica de resíduos sólidos de petróleo, para obtenção de produtos de alto valor agregado, na faixa da gasolina e diesel. Existe um interesse particular na escolha des-se material, não apenas pela sua importância nas aplicações industriais (adsorventes, catalisadores e suportes catalíticos), mas também, pela sua grande potencialidade tecnológica em materiais avançados, tais como: fotossensores de transferência de elétrons, semicondutores, fibras de carbono, clusters, materiais com propriedades ópticas não lineares, entre outros. Sabe-se que a degradação de resíduos sólidos de hidrocarbonetos utilizando testes catalíticos é um processo ainda muito pouco explo-rado, mas pode ser muito promissor no reaproveitamento desses resíduos.

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O objetivo deste trabalho foi mostrar a produção dos materiais mesoporosos SBA 15 e do Al SBA 15 e a importância deles nos resíduos gerados pela indústria petro-lífera.

2 RESÍDUoS DE PEtRÓLEo

A poluição ambiental por derivados de petróleo, óleos e graxas é um problema de escala mundial e, a cada ano, a quantidade de resíduos oleosos emitidos por indús-trias de diversos ramos aumenta bruscamente (FASANELLA, 2005).

Por definição, resíduos são substâncias, produtos ou objetos que ficaram incapazes de utilização para os fins para que foram produzidos, ou são restos de um processo de produção, transformação ou utilização e, em ambos os casos, pressupõem-se que o detentor tenha que se desfazer deles (PIO et al., 2000).

Qualquer que seja o tipo de classificação que se considere, há resíduos banais e há os que podem ser nocivos ou perigosos para o homem e outros seres vivos. Estes últimos designam-se, genericamente, por resíduos perigosos, em função do seu carác-ter tóxico, corrosivo, explosivo, radioativo, etc., e do modo como são manipulados no meio ambiente durante o seu ciclo de vida como produto útil ou como resíduo (PIO et al., 2000).

Os materiais sólidos oleosos da indústria de petróleo, em sua maioria, são chama-dos, tradicionalmente, de borra oleosa (oil sludge), por suas características físico-quí-micas. A Norma N-2622 (PETROBRAS, 1998) define borra oleosa como um resíduo constituído pela mistura de óleo, sólidos e água, com eventual presença de outros contaminantes, normalmente classificados como Classe I (resíduos perigosos). Entre-tanto, recentes estudos envolvendo este resíduo oleoso, assim como outros compostos orgânicos alifáticos e aromáticos submetidos a processos de inertização ou encapsu-lamento têm conduzido para uma reclassificação. Em tais processos, são utilizados adsorventes industriais, especialmente desenvolvidos para adsorção e encapsulamen-to desse tipo de resíduo de forma irreversível, tornando-se estáveis às condições de li-xiviação e solubilização. Desses processos, resulta o material adsorvente formalmente saturado, o qual, de acordo com os órgãos ambientais, pode ser disposto em aterros sanitários, sendo classificado como resíduo classe IIA (SILVA et al., 2006).

Conforme já citado, o artigo 13 do PNRS (2010) define “resíduos industriais” como aqueles gerados nos processos produtivos e instalações industriais; e que, entre os resíduos industriais, inclui-se, também, grande quantidade de material perigoso, que necessita de tratamento especial devido ao seu alto potencial de impacto ao ambiente e à saúde.

De acordo com a Resolução CONAMA n° 313/2002, “resíduo sólido industrial” é todo aquele que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sóli-do, semi-sólido, gasoso – quando contido, e líquido – cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam, para isso, soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecno-logia disponível. Ficam incluídos, nessa definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição.

Em 1998, foi publicada a Resolução CONAMA n° 06, que obrigava as empresas a apresentarem informações sobre os resíduos gerados e delegava responsabilidades aos órgãos estaduais de meio ambiente para a consolidação das informações recebi-das das indústrias. Com base nessas informações, seria produzido o Inventário Nacio-nal de Resíduos Sólidos.

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Em 1999, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Instituto Bra-sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), lançou edital de demanda espontânea para os estados interessados em apresentar projetos, visando à elaboração de inventários estaduais de resíduos industriais.

Em 2002, com a publicação da Resolução CONAMA n° 313, que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais (RSI), a Resolução n° 06/1988 foi revogada.

As obrigações impostas pela Resolução CONAMA n° 313/02 serviriam como subsí-dio à elaboração de diretrizes nacionais, programas estaduais e o Plano Nacional para Gerenciamento de RSI, uma vez que o inventário é um instrumento fundamental de política, visando ao controle e à gestão de resíduos industriais no país.

De acordo com o Art. 4º da Resolução CONAMA nº 313/02, os seguintes setores industriais deveriam apresentar ao órgão estadual de meio ambiente, no máximo um ano após a publicação dessa Resolução, informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação de seus resíduos sólidos: indústrias de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro; fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool; fabricação de produtos químicos; metalurgia básica; fabricação de produtos de metal; fabricação de máquinas e equipamentos, máquinas para escritório e equipamentos de informática; fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias; e fabricação de outros equipamentos de transporte.

Segundo o Art. 8º da Resolução CONAMA nº 313/02, as indústrias, dois meses após a publicação dessa Resolução, estavam obrigadas a registrar mensalmente e a manter, na unidade industrial, os dados de geração, características, armazenamento, tratamento, transporte e destinação dos resíduos gerados, para efeito de obtenção dos dados para o Inventário Nacional dos Resíduos Industriais.

Essas informações deveriam ser repassadas pelos órgãos ambientais estaduais ao IBAMA em até dois anos após a publicação da Resolução, ocorrida em novembro de 2004, e atualizadas a cada dois anos.

Para o registro da geração dos resíduos, as empresas costumam utilizar o Cadastro de Atividades Geradoras de Resíduos ou Inventário de Resíduos, que traz informações técnicas sobre a quantidade gerada, a caracterização e os sistemas de destinação adotados pelas empresas. Entretanto, esse instrumento é um documento confidencial e estratégico das empresas, restringindo-se ao coorporativo e aos órgãos ambientais, quando as fiscalizam para quantificação do volume de seus resíduos, como, por exem-plo, a borra oleosa, gerado nas refinarias e oleodutos no Brasil (GUIMARÃES, 2007).

Alves (1998) comenta que o gerenciamento dos resíduos sólidos industriais foi apontado, no IV Simpósio Nacional de Gerenciamento Ambiental na Indústria, como um dos principais problemas vivenciados pelas empresas na área de meio ambiente.

3 MAtERiAiS MESoPoRoSoS

McBain (1932) introduziu o termo “peneira molecular” para designar um grupo de zeólitas naturais que tinham a capacidade de separar grupos de moléculas em função do seu diâmetro cinético inferior ou superior aos diâmetros dos poros das zeólitas. Essa propriedade, também definida como seletividade de forma, foi, então, tida como a base da arquitetura de novos tipos de matérias zeolíticos.

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De acordo com a definição da IUPAC (ROUQUEROL et al., 1994), os materiais porosos são divididos em três classes:

• Microporosos (dp ≤ 2 nm) • Mesoporosos (2 < dp < 50 nm) • Macroporosos (dp ≥ 50 nm)

Na classe dos microporos, já bem conhecida, estão as zeólitas, que apresentam excelentes propriedades catalíticas, em virtude da rede cristalina de aluminosilicato. Porém, suas aplicações são limitadas, pela abertura do poro ser relativamente peque-na (0,3-0,72 nm). Portanto, o alargamento do poro foi um dos primeiros aspectos principais na química das zeólitas.

Na década de 60, Donald W. Breck (1964) sintetizou a zeólita do tipo Y (NaY) e revolucionou a indústria de refino de petróleo, utilizando, até os dias de hoje, esse material como suporte para catalisadores de craqueamento catalítico (FCC) (COUTI-NHO, 2006).

Na década seguinte, Argauer e Landolt (1972) sintetizaram a zeólita do tipo ZSM-5, utilizada em vários processos da indústria petroquímica, como isomerização de xilenos, alquilação etc. Schlenker e colaboradores (1978) sintetizaram a ZSM-48 (COUTINHO, 2006).

Mas foi na década de 80 e 90, que várias companhias multinacionais e grupos de pesquisas começaram a direcionar seus esforços no sentido de sintetizar materiais com poros maiores, visando a atender as exigências ambientais nos processos de pu-rificação de petróleo, cujos compostos contendo heteroátomos de enxofre, nitrogênio e oxigênio apresentavam diâmetros cinéticos elevados (COUTINHO, 2006).

Nos anos 80, Wilson e colaboradores (1982) descobriram os aluminosfosfatos (ALPO´s), enquanto que Lok e colaboradores (1984) sintetizaram os silicoalumino-fosfatos (SAPO´s), com diâmetros de poros de 0,8 nm. Mais tarde, em 1988, Davis e colaboradores (1988) relataram a síntese do VPI-5, uma peneira molecular tipo AlPO, com 1,3 nm de diâmetro de poro. Desde então, diversos materiais microporosos com essa faixa de abertura de poro têm sido sintetizados, dentre eles estão: o ALPO-8 com diâmetro de poros (dp) de 0,9 nm (DESSAU, 1990), a cloverita com 1,3 nm de dp (ESTERMANN et al., 1991) e JDF-20 com dp de 1,5 nm (JONES, 1993).

No início dos anos 90, pesquisadores do grupo Mobil Oil Corporation descobriram a preparação de silicatos e aluminosilicatos mesoporosos do tipo MCM-41 (KRESGE et al., 1992; BECK et al., 1992), com a distribuição do tamanho dos poros uniforme. A novidade desse trabalho foi a utilização de moléculas surfactantes como direciona-doras de estrutura, em vez de espécies catiônicas (VARTULI et al., 1994).

De acordo com os pesquisadores do grupo Mobil Oil Corporation, existem três tipos de fases estruturais pertencentes à família M41S:

• Fase hexagonal (MCM-41);• Fase cúbica (MCM-48);• Fase lamelar não estável (MCM-50).

No final da década de 90, pesquisadores da Universidade da Califórnia – Santa Bárbara – EUA (ZHAO et al, 1998 a e b) - sintetizaram um material mesoporoso com diâmetro de poros entre 2 e 30 nm, altas áreas superficiais, largas espessuras de paredes e maior estabilidade térmica do que as obtidas pelos materiais MCM-41. Esse material foi chamado de SBA-15 (Santa Bárbara Amorphous) e empregou-se o copolímero tribloco Pluronic P123 não iônico como agente direcionador de estrutura.

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Devido aos seus poros mais largos, foi possível a utilização desses materiais em pro-cessos com moléculas maiores (COUTINHO, 2006).

4 MAtERiAiS E MÉtoDoS

Foram preparados dois tipos de materiais mesoporosos, sendo um contendo Alumí-nio e Silício (Al SBA 15) e outro apenas Silício na sua estrutura (SBA 15).

No processo de síntese desses materiais, empregou-se o copolímero tribloco Plu-ronic P123 não iônico como agente direcionador de estrutura, como mostra a figura 1. Nesse mesmo processo, adicionou-se água destilada, como mostra a figura 2, e um diluente ácido para esse direcionador, que foi o HCL, figura 3.

Figura 1 - Coopolímero tribloco pluronic P123.

Fonte: Autor.

Figura 2 - Água Destilada.

Fonte: Autor.

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Figura 3 - Diluente Áciido (HCL).

Fonte: Autor.

Passado esse tempo, foi adicionado a pseudobohenita, que é uma fonte de alumi-na (Al2O3), que serviu para melhorar a estrutura do material mesoporoso, figura 4; e, junto a essa mistura, também foi adicionado o TEOS, figura 5, que é a fonte de sílica utilizada, deve-se verificar o PH dessa mistura, que deve estar ácido, como mostra a figura 6; depois disso, ficou por mais 24 horas em constante agitação, como mostra a figura 7.

Figura 4 - Pseudobohemita (AL2o3).

Fonte: Autor.

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Figura 5 – tEoS.

Fonte: Autor.

Figura 6 - Verificação do PH.

Fonte: Autor.

Após as 24 horas, foi observada uma mudança de cor na solução e, novamente, seu PH foi verificado, figura 8, pois tem que estar entre 0-1, ou seja, ácido; após isso, essa solução foi colocada em um autoclave a 100°C por 48 horas, como pode ser observado na figura 9.

Figura 7 - Após 24 horas, em constante agitação.

Fonte: Autor.

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Figura 8 - Medição do PH.

Fonte: Autor.

Figura 9 - Colocação do material no autoclave.

Fonte: Autor.

Após todo esse processo, foi feita uma lavagem a vácuo, usando um compressor e uma solução de ácido clorídrico em etanol, como mostrado na figura 10. Segundo Araújo e Jaroniec (2000), esse procedimento facilita a remoção do direcionador or-gânico dos poros do material, diminuindo o tempo de calcinação. Após esse procedi-mento, cada material foi colocado para secar a temperatura ambiente por 24 horas, observado na figura 11.

Figura 10- Lavagem do material mesoporoso

Fonte: Autor.

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Figura 11 - Material mesoporoso produzido.

Fonte: Autor.

O processo para a obtenção do SBA-15 foi feito exatamente do mesmo jeito, po-rém, não foi adicionada, em sua composição, a pseudobohenita.

Em seguida, são mostrados os fl uxogramas de como foi feito todo o processo de obtenção do AL SBA 15 e do SBA 15.

Fluxograma 1- Preparação do ALSBA 15.

Fonte: Autor.

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Fluxograma 2 - Preparação do SBA 15.

Fonte: Autor.

4.1 CALCinAÇÃo

Após a obtenção do material mesoporoso com função catalítica, para que ele, posteriormente, possa ser utilizado junto a qualquer resíduo gerado na indústria pe-trolífera, faz-se necessária a sua calcinação.

Nesse processo, inicialmente, fez-se uma pesagem do material mesoporoso, para se obter uma massa de aproximadamente 1g da amostra. Após isso, o material foi colocado em uma mufl a, onde foi aquecido até atingir a temperatura de 550°C, com uma rampa de aquecimento igual a 10°C/min-1 a gás nitrogênio (N2), com um volu-me de 100 mL/min-1. Após ter atingido a temperatura pré-estabelecida, deixou-se por mais uma hora nessa mesma atmosfera de N2. Passado esse tempo, o gás nitrogênio foi trocado por ar sintético com volume também de 100 mL/min1, fi cando sob essa atmosfera por mais quatro horas. Com o término, a mufl a foi desligada, esperou-se o material esfriar (rampa de resfriamento) e o material calcinado foi coletado e pesado novamente, para se saber o rendimento desse novo material agora livre do direciona-dor orgânico. Todo o processo de calcinação do material mesoporoso Al SBA-15 está representado nas fi guras 12 e 13a, 13b, 13c e 13d.

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Figura 12 - Gráfico representando o processo de calcinação do material mesoporoso Al SBA-15, mostrando a temperatura inicial final, as mudanças de gás e o fim do

processo com a rampa de esfriamento.

Fonte: Autor.

Figura 13 - Esquema mostrando o processo de calcinação no laboratório de catálise e petroquímica da UFRn. (a) Pesagem do material mesoporoso; (b) material dentro da mufla para iniciar a calcinação; (c) temperatura ideal atingida (550°C) e (d) ma-

terial mesoporoso final, sem material orgânico, final do processo de calcinação.

Fonte: Autor.

ConSiDERAÇÕES FinAiS Reconhecendo-se que a indústria petrolífera é causadora de impactos ambientais,

sendo estes os de maior significância entre os associados à liberação de resíduos para o meio ambiente, começaram a surgir as primeiras preocupações com a questão da disposição final dos resíduos industriais. Diante de toda essa problemática e com os avanços das pesquisas, observou-se que os materiais mesoporosos são de interesse particular, não apenas pela sua importância nas aplicações industriais (adsorventes, catalisadores e suportes catalíticos), mas, também, pela sua grande potencialidade tecnológica em materiais avançados, tais como: fotossensores de transferência de elétrons, semicondutores, fibras de carbono, clusters, materiais com propriedades ópticas não lineares, entre outros (COUTINHO, 2006), e podem ser promissores para o processo de degradação catalítica de resíduos sólidos de petróleo para obtenção de

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produtos de alto valor agregado, na faixa da gasolina e diesel. O material mesoporoso produzido foi o Al SBA 15, e o SBA 15, um com uma fonte de Alumínio e Sílica em sua estrutura e outro apenas com a sílica, o catalisador foi produzido com sucesso, como mostra o artigo, a sua calcinação foi perfeita.

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______; HOU, Q.; FENG, J.; CHMELKA, B. F.; STUCKY, G. D., Nonionic triblock and star diblock copolymer and oligomeric surfactant syntheses of highly ordered, hydro-thermally stable, mesoporous silica structures. J. Am. Chem. Soc., v. 120, . 6024p, 1998a.

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1 Da finalidade: A Revista de Tecnologia & Informação publica trabalhos inéditos sob a forma de artigo.

2 Dos textos: Os artigos devem ser inéditos, de responsabilidade de seus autores, e enviados conforme normas estabelecidas pela revista.

As contribuições para a publicação serão de fluxo contínuo, não havendo data limite para a submissão de artigos.

Para os colaboradores estrangeiros, somente serão aceitos originais em espanhol e inglês.

Os alunos de graduação poderão apresentar textos para apreciação.

3 Da Quantidade de páginas

A revista contempla artigos científicos com um mínimo de 08 (oito) e o máximo de 12 (doze) páginas.

OBS: Em cada edição quadrimestral, no máximo 10 artigos serão publicados, totali-zando a publicação de 30 artigos por ano (mínimo).

4 Do formato dos artigos: Os artigos devem ser submetidos por meio do Repositório Científico da UnP (www.repositorio.unp.br) e configurados para papel A4, observando as seguintes indicações:

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA CIENTÍFICA

ELETRÔNICA

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REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO - ISSN 2318-9622 78ano 2, n.1, p.77-81, noV.2014/FEV.2015

• margens esquerda e superior, 3 cm; direita e inferior, 2 cm;• os parágrafos devem ser justificados;• recuo da primeira linha em 2 cm da margem esquerda;• espaçamento um e meio (1,5 linha) entre linhas, exceto nas notas de fim;• a fonte a ser utilizada é a Arial, tamanho 12, exceto nas notas de fim (Arial, 10).

5 Da estrutura textual: A estrutura do artigo deve obedecer às orientações do estilo ABNT e deve conter os seguintes elementos:

O texto de estudos observacionais e experimentais é em geral (mas não necessaria-mente) dividido em seções: Introdução, Métodos, Resultados e Discussão. Os artigos extensos podem necessitar de subtítulos em algumas seções (em especial nas seções Resultados e Discussão) para tornar mais claro o seu conteúdo.

5.1 Página de título

A página de título deverá incluir:

• O título do artigo, que deve ser conciso, mas esclarecedor;• O nome pelo qual cada um dos autores é conhecido, com o seu grau acadêmico

mais elevado e a sua filiação institucional;• O nome do departamento e a instituição ao qual o trabalho deve ser atribuído;• Renúncia a direitos legais, se tal for necessário;• Nome e endereço do autor responsável pela correspondência acerca do manus-

crito;• O nome e endereço do autor a quem devem ser dirigidos pedidos de separatas

ou declaração de que não é possível obter separatas por meio dos autores.

5.2 Autoria

Todas as pessoas designadas como autores deverão preencher corretamente os requi-sitos de autoria.

Cada um dos autores deve ter participado nos trabalhos de tal modo que possa assu-mir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo.

A qualificação como autor deverá ser baseada apenas em contribuições substantivas para:

• A concepção e o delineamento ou a análise e interpretação dos dados;• A redação do artigo ou a sua revisão crítica no respeitante a conteúdos concei-

tuais importantes; e a aprovação final da versão a publicar.

Todos os membros do grupo que são referidos como autores, quer os seus nomes sejam designados sob o título quer em nota de rodapé, devem preencher todos os requisitos de autoria acima indicados. Os nomes dos membros do grupo que não cum-prirem esses critérios devem ser listados, com a sua autorização, nos agradecimentos ou num apêndice.

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5.3 Resumo e Palavras-Chave

A segunda página deve incluir um resumo (não ultrapassando 150 palavras para re-sumos não estruturados ou 250 palavras para resumos estruturados). O resumo deve explicitar os objetivos do estudo ou investigação, a metodologia básica (seleção da população a estudar ou dos animais de laboratório, métodos de observação e de análi-se), os resultados principais (fornecendo dados específicos e, se possível, a respectiva significância estatística), e as principais conclusões. Deve realçar os aspectos novos e importantes do estudo ou das observações.

Abaixo do resumo os autores devem indicar, de 3 a 5 palavras-chave ou frases curtas que possam auxiliar a indexação múltipla do artigo e possam ser publicadas com o resumo.

5.4 Introdução

Indicar o objetivo do artigo e resumir a fundamentação do estudo ou da observação. Fornecer apenas referências rigorosamente pertinentes e não incluir dados ou conclu-sões do trabalho a que se refere o artigo.

5.5 Métodos

Descrever com clareza o modo de seleção das unidades de observação ou experimen-tação. Identificar os métodos, os aparelhos (indicar entre parêntesis o nome e morada dos fabricantes), e os procedimentos usados com o pormenor suficiente para permitir a outros investigadores reproduzir os resultados. Fornecer referências para os méto-dos consagrados, incluindo os métodos estatísticos; fornecer referências e fazer uma breve descrição dos métodos que foram publicados, mas não são muito conhecidos; descrever os métodos novos ou substancialmente modificados, indicar as razões pelas quais se utilizam e avaliar as suas limitações.

Os autores que apresentam para publicação manuscritos de revisão deverão incluir uma seção descrevendo os métodos usados para localizar, selecionar, deduzir e se-lecionar os dados. Estes métodos deverão também ser indicados sumariamente no resumo.

Os modelos matemáticos devem ser pormenorizados, detalhando padrões de alimen-tação de dados e critérios de corte. Estudos com dados experimentais deverão apre-sentar forte tratamento estatístico, com métodos apropriados.

5.5.1 Ética

Quando se relata experimentação com pessoas, indicar se os procedimentos seguidos estiveram de acordo com os padrões éticos da entidade (institucional ou regional) res-ponsável pela experimentação humana e com a Declaração. Não mencionar nomes, iniciais ou números de processos de pacientes, particularmente em qualquer tipo de ilustração.

Quando se relata experimentação com animais, indicar se, no respeitante aos cuida-dos e utilização de animais de laboratório, foram seguidas as indicações da instituição ou de uma autoridade nacional de investigação, ou de alguma legislação nacional.

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Incluir na seção Métodos uma descrição geral da metodologia. Quando os dados são resumidos na seção Resultados, especificar os métodos estatísticos usa dos para os analisar. Restringir quadros e figuras aos necessários para explicitar a fundamentação do artigo e avaliar da sua solidez. Usar gráficos em vez de quadros com muitas entra-das; não duplicar os dados em gráficos e quadros. Definir os termos estatísticos, as abreviaturas e a maioria dos símbolos.

5.6 Resultados e Discussão

Apresentar os resultados em sequência lógica através de texto, quadros e figuras. Não repetir no texto todos os dados incluídos nos quadros ou figuras; realçar ou resumir apenas as observações importantes.

Realçar os aspectos novos ou importantes do estudo e as conclusões deles decorren-tes.

Não repetir em pormenor dados ou outro material incluído nas seções Introdução ou Resultados. Incluir na seção Discussão as implicações e limitações dos resultados, incluindo as suas implicações para a investigação futura. Relacionar as observações com outros estudos importantes.

Relacionar as conclusões com os objetivos do estudo, mas evitar afirmações não fundamentadas e conclusões que não se baseiem totalmente nos dados. Os autores devem fazer correlações sobre benefícios econômicos e custos. Evitar reclamar prio-ridade para, ou fazer alusão a trabalhos não completados. Enunciar novas hipóteses quando tal é possível, mas assinalá-las claramente como tal. Quando for apropriado, podem incluir-se recomendações.

5.8 Agradecimentos

Num local apropriado do artigo (rodapé da página de título ou apêndice ao texto; ver as normas da revista) deverão incluir-se uma ou mais frases especificando as con-tribuições que justifiquem um agradecimento, seja por apoio ou auxílio técnico, ou mesmo por apoio financeiro e material, cuja natureza deve ser especificada;

6 Das citações e referências: O pesquisador deve citar em seu trabalho a autoridade em que se baseia cada afirmação, opinião ou fato. Qualquer omissão pode tirar o mé-rito ou seriedade da investigação. A citação é a menção no texto de uma informação obtida de outra fonte. É utilizada para enfatizar e/ou comprovar as idéias desenvolvi-das pelo autor.

As citações podem ser extraídas de publicações formais (livros, artigos de periódicos, anais, teses, material disponibilizado na internet) e informais (cartas, e-mails, listas de discussão, comunicação pessoal, artigos apenas submetidos para publicação), po-dendo ser diretas e indiretas.

Os exemplos de citações devem cumprir critério de citações Autor (data).

7 Da Normalização: Os artigos que não se ativerem a estas Normas serão devolvidos a seus autores que poderão reenviá-los, desde que efetuadas as modificações necessá-rias. Caso deseje, o autor poderá consultar as normas técnicas da ABNT necessárias

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à elaboração dos artigos, quais sejam, NBR 10520, NBR 6022, NBR 6023, NBR 6024, NBR 6027, NBR 6028, ou entrar em contato com os editores responsáveis pela publicação da revista, cujos endereços eletrônicos encontram-se indicados no Expediente da revista.

8 Dos Direitos Autorais: Não haverá pagamento a título de direitos autorais ou qual-quer outra remuneração em espécie pela publicação de trabalhos na revista.

9 Da apreciação dos textos: Os artigos enviados aos Editores da Revista serão subme-tidos à apreciação do Conselho de Consultores, a quem cabe o parecer recomendando ou não a publicação. Os artigos não aceitos para publicação serão devolvidos aos respectivos autores.

10 Do Processo de Avaliação: Os textos são avaliados em duas etapas, segundo os critérios de originalidade, relevância do tema, consistência teórica/metodológica e contribuição para o conhecimento na área.

1 – Realização de uma análise prévia pelo editor da revista para verificar se o texto se enquadra dentro das linhas editoriais da mesma.

2 – Envio do texto para, no mínimo, dois avaliadores que, utilizando o sistema blind review, procederão à análise. Depois de aprovado, o texto passará por aconselhamento editorial, revisão ortográfica e gramatical.

11 Do Endereço da Revista: O e-mail para contato é [email protected]. Não sendo esse o endereço de submissão de textos para a revista.

12 Da disponibilização dos artigos científicos no repositório institucional da Univer-sidade Potiguar: Os artigos selecionados e publicados na Revista serão disponibiliza-dos no Repositório Científico da Universidade Potiguar, dando acesso à produção da informação publicada pelos pesquisadores aos membros da comunidade acadêmica interna e externa para a gestão e disseminação da sua produção técnico-científica em meio digital.

Os autores concedem a todos os usuários do Repositório UnP o acesso livre a sua obra. A licença permite a cópia, uso, distribuição, transmissão e exibição pública, e ainda de produzir e distribuir trabalhos dele derivados, em qualquer meio digital, para produção de uma pequena quantidade de cópias impressas para seu uso pessoal e com fins acadêmicos, desde que citado a fonte.