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REUNIÃO DETALHAAÇÃO DA PESQUISANO PROJETONORDESTE

Convocada pelo diretor da EMBRAPApara o Nordeste, Raymundo Fonseca deSouza, foi realizada de 14 a 16 de agosto,em Petrolina,PE, uma reunião com diri-gentes de todas as unidades integrantesdo sistema cooperativo de pesquisa agro-pecuária da região. Na oportunidade, fo-ram discutidos detalhe! referentes à parti-cipação do sistema no segmento de gera-ção de tecnologia do Projeto Nordeste,principalmente a metodologia de pesqui-sa a nívelde produtor a ser implementada.

Raymundo Fonseca explicou quenesse segmento a pesquisa não terá cará-ter analítico, e sim operacional. e serádesenvolvidano meio real. Nesseenfoque,acrescentou, "o agricultor é compo-nente relevante do processo e de preferên-cia deveremos trabalhar em seus próprioscampos".

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Diretor Raymundo Fonseca: a pesquisa deveir aos agricultores

Na abertura da reunião, o dirigentefez uma retrospectiva dos programasespeciais implantados na região, enfati-zando sua esperança de que o ProjetoNordeste venha corrigir as distorçõesverificadas nas intervenções anteriores,em particular no tocante aos pequenosagricultores.

Ismar Cardona, um dos ganhadores do prêmio Ciência & Informação.

§ EMBRAPAEmpresa Brasileira de Pesquisa Agr::>pecuária

Jornal do

€]&lf1)O.c}f2000Centro de Pesquisa Agropecuária

do Trópico Sem i-ÁridoJornal do Sem i-Árido

Chefe.Renival Alves de Souza

Editor:Levy Soares de Lima

Assessoria de Imprensa eRelações PúblicasCaixa Postal, 23

Fone: (081) 961-0122Telex: (081) 1878

56.300 - Petrolina-PEColaboração:Francisco Zuza de Oliveira

José de Souza SilvaNorma Possldio

Pedra Gama da SilvaChefe Adjunto Técnico

Edson Lustosa de Possldio

Chefe Adjunto de Apoio.Pedra Maia e Silva

Impressão:Polikromia do NordesteRua Dois de Julho, 128Fone: (081) 231-5667

Composição e Arte-Final.M. Magalhães - Composições Gráficas

Rua Belarmino Carneiro, 22050000 - Recife PE

Tiragem:10.000 exemplares

2 JORNAL DO SEMI-ÁRIDO

T~CNICOS DO INCRA VISITAM O CPATSA

Técnicos da Austrãlia, Brasil, Canadã, Esta-dos Unidos, França, Ingraterra e Tailândialigados ao setor fundiario, visitaram as instala-ções e campos experimentais do CPATSA, dia28 de agosto, quando conheceram "in loco"vãrias das pesquisas e tecnologias desenvolvi-das pelo Centro para o semi-ãrido brasileiro.

A comitiva, chefiada pelo presidente doINCRA, Paulo Yokota, participara de seminã-rio internacional em Salvador, durante o qualforam relatadas e discutidas experiências naadministração fundiãria em seus respectivosparses. Depois, estivere em GaranhtJns, em visi-ta a ãreas do Projeto Fundiario Agreste Meri-dional de Pernambuco.

O vica-presidente e diretor do Departa-mento de Desenvolvimento Rural do INCRA,Clãudio Ribeiro, declarou-se entusiasmado comas pesquisas do CPATSA e defendeu uma com-binação coerente das ações nos campos tun-diãrio e tecnol6gico, dar o interesse do 6rgãoem conhecer também trabalhos desenvolvi-dos pela pesquisa agropecuaria na região.

A coordenação técnica do segmentode geração de tecnologia do Projeto fica-rá a cargo do CPATSA e contará com aparticipação de centros nacionais de pes-quisa de produtos, unidades estaduaisde pesquisa agropecuária, universidades edemais órgãos vinculados aos sistemaregional de geração de tecnologia.

EMBRAPA PREMIACIENTISTAS E

COMUNICADORES

Anualmente, a EMBRAPAconcede oprêmio Frederico de Menezes Veiga acientistas que contribuiram decisivamentepara o desenvolvimento científico e tec-nológico no setor agropecuario. Ao mes-mo tempo, confere o premio Ciência &Informação a jornalistas que se destaca-ram na divulgação científica relacionadaao meio rural. Neste ano, foram agra-ciados quatro pesquisadores e três jorna-listà!>,que receberam seus respectivosprê-mios em Petrolina, por ocasião do 119aniversárioda Empresa.

o premio Frederico de MenezesVeigafoi entregue aos pesquisadores LuizJorge da Gama Wanderley, da EmpresaPernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA (melhoramento genetico de horta-liças); Anne Sitarama Prabhu (melhora-mento genético de arroz). do Centro Na-cional de Pesquisa de Arroz e Feijão,órgão da Embrapa situado em Goiânia,GO; Cyro Teixeira (destilarias de álcool),do Centro Nacional de Tecnologia Agrl-cola e Alimentar, sediado no Rio de Ja-neiro, e Júlio César de Souza (nutriçãoanimal), do Centro Nacional de Pesquisade Gado de Corte, localizado em Cuiabá.

Os jornalistas contemplados com oprêmio Ciência & Informação em 1984foram Humberto Pereira, editor-chefe doprograma Globo Rural. da Rede Globode Televisão, Ismar Cardona, criador eeditor do jornal O Indicador Rural, doRio de Janeiro, e Jorge Rosa, jornalistaagrícolado jornal O Estado de São Pauloe da revista Ra(zes.

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PresidenteFigueiredo

noSemi-ãrido

Pela primeira vez em sua história, aEMBRAPA decidiu comemorar seu ani-versário longe de Brasflia. Neste ano, oSemi-Arido foi escolhido e o evento reali-zou-se na sede do CPATSA, em Petro-lina, no dia 12 de julho, com a presençado presidente da República, JoiToFiguei-redo. No dia anterior, a vizinha cidadedeJuazeiro-BA sediara a reuniiToanual dedirigentes do Sistema Cooperativo dePesquisa Agropecuária, coordenada pelopresidente da Empresa,EliseuAlves.

Além do presidente Figueiredo,a sole-nidade comemorativa do 11Q ano de ati-vidades da EMBRAPA trouxe ao sertiToos ministros da Agricultura, Nestor Jost,de Assuntos Fundiários, Danilo Venturi-ni, os chefes do Gabinete Militar,RubemLudwig, e do SNI, Octávio de Medeiros,o governador de Pernambuco, RobertoMagalhiTes,entre váriasoutras autoridadese convidados.

Na oportunidade foi entregue o prê-mio Frederico de Menezes Veiga a cientis-tas que se destacaram na pesquisa agro-pecuária o prêmio Ciência &Informação,

concedido a jornalistas que contribuiramdecisivamente no ano passado para adivulgação cientffica no setor agropecuá-rio (pág. 2).

Após a entrega dos pmmios, discursa-ram o ministro Nestor Jost e o governa-dor Roberto MagalhiTese, em seguida, foiexibido um audiovisual sobre as ativida-des e tecnologias desenvolvidas pela

o presidente Figueiredo informou-se como o CPATSA utiliza a teledetecção espacial para estu-dar recursos e fenômenos do semi-érido.

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Inauguração da unidade de beneficiamento do SPSB: 69 t de sementes bésicas/dia.

EMBRAPA no Nordeste. Por fim, o presi-dente Figueiredo e comitiva visitaramoslaboratórios, de Tecnologiade Sementese de Teledetecção Espacial e a bibliote-ca do CPATSA quando receberam infor-mações sobre algumas pesquisas do Cen-tro.

SPSB, da EMBRAPA onde inaugurou aUnidade de Beneficiamento de Sementes,com capacidadepara processar69 tonela-das/dia. A unidade está instaladano Pro-jeto Petrolina, a três quilômetros doCPATSA' e em funcionamento desde oano passado,prevendo-seatingir uma pro-duçiToanual de aproximadamente 3 miltoneladas de sementes de diversas cultu-ras, como feijiTo,milho, sorgo, algodiTo,soja, entre outras.

Conclurda a programaçiTo no CPA TSA ~

o presidente Figueiredo deslocou-se até oServiço de Produção de Sementes Básicas-

Dirigentes da Embrapa na reunião anual do Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuéria, realizada em Juazeiro,BA.

JORNAL DO SEMI-ARIDO 3

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Ceifadeiraa Iracão animal:prolóliposencomendadosUma ceifadeira a tração animal, desen-

volvida no CPATSA é a novidade que bre-vemente poderá estar no mercado à dispo-sição dos plantadores de arroz, trigo, ce-vada, sorgo, gram(neas forrageiras e ou-tras culturas. A máquina foi projetadacom o objetivo inicial de atender aos agri-cultores do Nordeste, mas há uma expec-tativa otimista quanto ao seu uso nas de-mais regiões do Pa(s, nas quais é comum ouso de ceifadeiras automotrizes de grandeporte (no mercado na'tional existe apenasum modelo de pequeno porte, equipadocom motor a gasolina de 3,5 HP).

Fruto de pesquisas realizadas atravésde convênio entre EMBRAPA, EMBRA-TER E CEEMAT (Centro de Estudos eExperimentação em Mecanização Agr(co-Ia Tropical, da França), a ceifadeira foitestada no corte de capim buffel, forra-geira muito resistente à seca e largamentecultivada no Sem i-Árido nordestino. Se-gundo os pesquisadores Serge Bertaux,Vincent Baron, ambos do CEEMAT, eJosé Barbosa dos Anjos, do CPATSA, osresultados foram bastante positivos: foiposs(vel ceifar um hectare de capim emmenos de 5 horas, absorvendo-se uma po-tência de 1,35 HP com uma junta de bois.O esforço de tração necessário, 116,92kgf (quilograma força). equivalente a umaaração. foi dispendido pela junta, quepesa 1.200 kg (cada bovino traciona cercade 10 por cento do seu peso).

Outros êxitos for"am obtidos nos testescom as culturas de sorgo, guandu (forra-geira bianual, rica em prote(na e resisten-te à seca) e algodão herbáceo, todas plan-tas que possuem caules mais r(gidos emais grossos que o arroz, e o próprio ca-pim buffel.

Prot6tipos - A ceifadeira consistenum chassi metálico, equipado com umdiferencial de automóvel (nos testes utili-zou-se o de um Fusca), acionado com ogiro das rodas de ferro."O movimento cir-cular é multipilicado através de um jogode polias, que aumentam a rotação e acio-nam uma biela, onde o movimento passaa ser linear. A rapidez desse movimentopermite à lâmina de corte, que tem 1 me-tro de largura, dar 13,2 golpes por metrolinear percorrido pelo conjunto, que pesaapenas 250 kg.

Ainda neste ano, a ceifadeira será tes-

tada pelos próprios agricultores. Paratan-to, a EMBRATER já solicitou aoCPATSA a fabricação de protótipos, a se-rem lançados no campo pelo Serviço deExtensão Rural no Nordeste e nos Esta-dos do Rio Grande do Sul, Santa Catad-na, Paraná e Minas Gerais. Simultanea-mente aos testes nas propriedades Turais,EMBRATER e EMBRAPAvão se articu-lar com a iniciativa privada, através dereuniões e demonstrações do funciona-mento da máquina, visando despertar ointeresse de industriais brasileirospara fa-bricá-Iaem escalacomercial.

Testada inicialmente em capim buffel, a ceifadeira também funciona em vArias outras planta-ções.

Alface

Novo método aumenta produCão de sementesUm novo método de colheita de se- utilizar suasreservasparanovaprodução,

mentesde alface,associadoà irrigaçãoe não apresentaproblemasna germmaçaoadubaçãodecoberturanitrogenada(30 kg e vigor dassementescolhidase, por fim,de N) podeaumentarem maisde65%a permite produçãoadicionala um baixoproduçãodesementes,com umasegunda custo (o incremento de custo refere-secolheita no mesmocultivo. Este tOI o apenasa duas irrigaçõesadicionaise àresultado a que chegou o pesquisador adubaçãonitrogenada).PaulO' Anselmo Andrade Aguiar, do Num campode'produçãodesementesePATSA, ao experimentar alternativas de alface,é comum constatarsementesparaessacultura, atualmenteem expan- completamentemaduras,sementesimatu-são nas áreasirrigadasdo Vale do São ras e flores ainda em polinização,fatoFrancisco a exemplo de outras horta- que tem causadosérios problemasnaliças(verTabela). determinaçãodo ponto ótimo decolhei-

O método consisteno corte manual ta. Osmétodostradicionais,como coletadasramificaçõesflorais, quandoasplan- manual(normalmenteempregadono Mé-tasapresentamde60 a700AJdeplumagem xico e Rodésiado Sul) e corte total dasbranca,ou seja,apresentamaindafolhas ~Iantas (usado nos Estados Unidos everdesno pendãofloral. Esseprocedi- Europa) embora eficientes em algunsmento permite uma segundaemissãode aspectos,apresentamsérias limitações,inflorescência,reduzao mínimo a queda principalmentequanto às perdasde se-de sementesno solo, permite à planta mentesnosoloeaoscustos.

4 JORNAL DO SEMI-ÁRIDO

Alface: 65% a mais num 56 cultivo

TABELA 1. Influência do corte manual da inOorescênClaantes do fmal do ciclo da cultura na produ-ção de sementes de alface.

Produção (kg/ha)Aumento daproduçãocoma~

colheita (%)

Cultivar1~ colheita 2~ colheita Total

Bab1l 399 1.005 65,84

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ALGODÃO HERBACEO

Umplantio.quatrosafras

Plantar algodão herbáceotodo anopara colher apenasuma safra de cadaplantio estásetornandocoisado passado,desdequandoo CentroNacionalde Pes-quisa do Algodão-CNPA)da Embrapa,comprovou que essacultura, podadaaum mêsdo per(odochuvososubseqüen-te à primeira colheita, pode produzireconomicamenteno segundoano.Atual-mente,isto já é praticadopor grandenú-mero de agricuItores nordestinos, tantono agreste,áreamaistradicionaldeculti-vo, comono sertão,ondesórecentemen-te foi introduzido.

Agora surgem novas surpesas:noscamposexperimentaisdo CPATSA, emPetrolina,PE,o algodoeiroherbáceo,sub-metido a podasdrásticas(10 a 15 cen-tl'metrosacimado solo)estáproduzindono quarto ano consecutivoéomproduti-vidadesmuito boas,emboraa médiadechuvaslocal (400mil(metros)sejaa meta-de da registradanasáreasdo sertcioondea espéciepassouaserexplorada.

o primeiroa sesurf.lreender.foio pes-quisador Severino Pessoa de AQuiarFilho, do CPATSA,queiniciaratrabalho,em 1981,visandoverificarapenaso com-portamento de cultivaresdesenvolvidaspelo CNPA, quando submetidasà podano sertãopernambucanodo SãoFrancis-co, onde o algodãoherbáceoé poucocultivado. Ao constatar o bom estadoda lavourano campoexperimental,apósa colheita do segundoano, resolveutes-tar uma nova poda, realizadaum mêsantes.do per(odo chuvososeguinte.Osucessorepetiu-se,obtendo-sealtas pro-duçõesem 1983e 1984,o queestálevan-do o pesquisadora acreditarter-seabertouma perspectivaimportanteparaa coto-nicultura nordestina,na qual o algodãoherbáceotem participaçãoexpressiva:éplantado em aproximadamente800 milhectarestotalizandocercade380 mil to-neladas/ano.Entretanto,a produtividademédia na regiãoé baixa, cerca de 475kg/ha, muito inferior à médianacional,quechegaa 1.000hg/ha.

CICLO REDUZIDO

Um beneficio imediato,proporciona-do pelapoda,é reduçãodeaproximada-mente30 diasnociclo produtivodaplan-ta. Das primeiraschuvasaté a floraçãodo algodoeiro,sãonecessáriosaproxima-damente60 diasno primeiroano decul-tivo, masessetempoé reduzidoparaape-nasum mêsa partir do segundoano.Istoé de grandeimportânciano sertão,ondeas chuvassãomaisescassase irregulares,e têm contribu(do decisivamenteparaau-mentar a produtividade da cultura(verTabela).

contra270, 110e 127kgdealgod~1Omo-cá,o algodãoperenevariedadeBulk C-71,do qualfalta colherasafradesteano.Pro-dutividadesaindamaiselevadasestãosen-do registradasem plantios de segundoano, c.1m as variedadesSU-0450/8909(2.172 kg/ha).BR-l (1.967 kg/ha)e PR-4139 (2.036 kg/ha). todas provenientesdoCentroNacionaldeAlgodão.

Com a variedadeReba B.50 foramobtidos, nos quatroanos,respectivamen-te 993, 809, 1.400 e 1.929 kg/hectare,

Por trás do entusiasmodos pesquisa-dorescoma possibilidadede prolongaroper(odo de produçãodo algodoeiroher-báceo,existe uma preocupação:é comabrocp, praga que ataca severamenteoalgodoeiroperene.Sua ocorrênciacerta-mente limitaria as chancesde sucessivascolheitas,ou, no m(nimo,reduziriaa pro-dutividadedaculturaemcadaano.

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TABELA 1. Produtividade de cinco cultivares de algodlo herbáceo,submetidas ã poda, e uma de algodlo arb6reo, no cam-po experimental da Caatinga. CPATSA, Petrolina, 1984.

Produtividade(kg/ha)Cultivares Total

1981 1982 1983 1984

IAC-17 1.000 730 94 1.338 4.062RebaB.50 993 809 1.400 1.929 5.131SU-0450/8909 - - 1.252 2.172 3.424BR-l - - 1.409 1.967 3.376PR4139 - - 1.249 2.036 3.285

Bulk C-71(Arbóreo) 270 117 140(emcolheita) 527

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Luz & sombrano túnel sertanejoInstalado há oito anos, no coração da caatinga sertaneja, o CPA TSA mostraque, se depender de tecnologia, já é poss(vel conviver com a seca. E revela,também, porque nem só de chuva e de tecnologia pnrle sobreviver a esperançanordestina.

LEVY SOARES DE LIMAJornalista, assessorde Imprensado CPATSA.

Todo ano chove no sertão nordestino.Uns anos mais, outros menos, numa mé-dia de 400 mil(metros anuais, ou cerca de700 bilhões de metros cúbicos, dos quais90% são consumidos por evapotranspira-ção. Mas toda essa chuva é mal distribu(-da, concentrada praticamente em apenastrês meses do ano. E mesmo dentro des-se per(odo, a irregularidade é bastanteacentuada, com efeitos drásticos: num diavem a enxurrada, a chuva forte em poucashoras, dificultando a infiltração da águanos solos rasos do Semi-Árido; depois, pá-ra de chover por vários dias e o agricultorperde sua lavoura. !: a chamada "seca ver-de", a eterna loteria na qual o sertanejojoga todo ano, pelo "v(cio" da necessida-de. E quase sempre perde.

A caatinga, tantas vezes verde, rica eprodutiva, tantas vezes seca, desolada, dádiferentes tonalidades à vida no sertão.Uma vida diUcil, sofrida, desses mais de20 milhões de sertanejos (zonas urbana erural), não s6 pelas secas que assolam a re-gião, mas também devido a fatores sócio-econômicos que determinam o estado depobreza em que vive a maior parte da po-pulação nordestina.

Nesse drama secular, que a (quase) to-dos atinge, o sertanejo é antes de tudo ca-minhada e comunhão: o pão e a fome re-partidos na terra do sol. O sertanejo tam-bém reparte sua esperança a todo custo,até o momento de retirar, largar seu chão,

muitas vezes sua fam(lia, e pôr o pé na es-trada, sem saber se vai voltar.

Viver neste sertão não é fácil. Enten-dê-Io, muito menos - tarefa pra muitasvidas. E muitas pesquisas também. !: oque vem fazendo o Centro de PesquisaAgropecuária do Tr6pico Semi-Árido(CPATSA), que no dia 18 de junho com-pletou oito anos de atividades. Através deseus três programas de pesquisa~ o Centrovem abordando sob uma 6tica interdisci-plinar, sistêmica, os problemas e potencia-lidades do Semi-Árido, culminando em in-formações, métodos e tecnologias que po-dem contribuir para transformar a realida-de sertaneja e arrancar sua população ru-ral do atual estado de pobreza e depen-dência.

Exemplos concretos - A comprovaçãodessa possibilidade já não está apenas noscampos experimentais. Em pequenas emédias propriedades espalhadas pelos ser-tões nordestinos, em oito estados, tecno-logias desenvolvidas pelo CPATSA e poroutros órgãos de pesquisa que atuam naregião têm sido testadas com sucesso.Mesmo nos anos mais cr(ticos de seca,neste. in(cio de década, foi poss(vel produ-zir não s6 alimentos (feijão, milho, sorgo)como forragem para os rebanhos e garan-tir água potável para as famnias.

Um exemplo atual é a Fazenda Tabo-leiro, em Ouricuri, sertão de Pernambuco.Ali, José Caetano, um agricultor de 46anos de idade, está obtendo neste ano suamelhor safra de milho e feijão desde 1959,

Depois de feijão, Tiago colhe a safra de milho. . .

6 JORNAL DO SEMI-ÁRlDO

quando se instalou na propriedade. Emáreas distintas - uma com barreiro para"irrigações de salvação" e outra com o sis-tema de captação de água de chuva "in si-tu" (no local do plantio) - ele colheu umtotal de 35 sacos de feijão-de-corda, ou2.100 kg, suficientes para alimentar ~ua fa-m(lia de 12 pessoas e proporcionar exce-dente. Além disso, na área com irrigaçãode salvação ainda foi poss(vel um segun-do plantio, que deve resultar em mais de800 kg de feijão aproximadamente. Nes-sas mesmas áreas está garantida a safra demilho, com cerca de 1.200 kg prestes aserem colhidos. A propriedade dispõe, ho-je, de forragem para os animais, com a im-plantação de pastagem de capim buffel,palma forrageira e sorgo.

Existem exemplos anteriores com igualêxito: em Petrolina, PE, Felipe Santiago,um sexagenário da Fazenda Alto do Angi-co - "dada por um amigo" - também es-tá garantindo o sustento de sua famnia denove pessoas, utilizando, desde 1983, osmesmos sistemas de manejo de solo eágua da Fazenda Taboleiro.

Nas duas propriedades foram constru(-das cisternas rurais que asseguram o arma-zenamento de água de boa qualidade, evi-tando o drama da sede na época seca e agrande quantidade de trabalho dispendidoprincipalmente pelas mulheres, para bus-car água em locais distantes.

Preço nao compensa -- José Caetano eFelipe Santiago (Tiago, como é conheci-do) estão contentes com o resultado dascolheitas. E contam para os vizinhos asvantagens das novas tecnologias. Mas naoescondem sua preocupaçao com outrosproblemas que a técnica não resolve, co-mo o da comercialização: "assim nao dá,não há técnica que dê jeito", diz JoséCaetano. E com razão: em março desteano ele comprou feijão por Cr$ 120 mila sacà de 60 kg para poder plantar - "enão era semente de boa qualidade, não;

(*) Programa de Avaliaça'o de Recursos Natu-rais e Sócio-Econômicos do Trópico Semi-Arido(TSA). Programa de Aproveitamento de Recur.sos Naturais e S6cio-EconOmicos do TSA. Pro-grama Sistemas de Produça'o para o TSA.

. . . garantida com "irrigações de salvaçilo"

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o secretário de Agricultura de Pernambuco, Airson L6cio, viu o exemplo e ouviu as queixas deJosé Caetano.

era vendida na feira para consumo",esclarece. "Agora, para vender, o preçomlnimo não compensa", ressente-se oagricultor (em junho eram exatos Cr$21.292,20 para feijão-de-corda ou macas-sar), e não é preciso muito cálculo paraver que ele teve de produzir seis sacospara pagar apenas um que plantou, semcontar a depreciação do dinheiro emquatro meses.

Mas nem sempre esses problemas decomercialização advêm apenas do jogodo mercado. Há outros mais sutis, emborade conseqüências ainda piores: em 1982foi aberto um posto de compra na coope-rativa de Ouricuri, cujo preço de garantiaera de Cr$ 4 mil para a saca de 60 kg(feijão-de-corda) enquanto os atravessa-dores pagavam Cr$ 2 mil e 800 a saca,na fazenda. Os agricultores levaram oproduto à cooperativa, mas não puderamcomercializá-Io por problemas burocráti-cos (exigia-se apresentação de CPF, car-teira de identidade e outros documentos).Foi a vez dos intermediários lucraremmais: compraram à vista aos agricultores,por apenas Cr$ 2 mil e 500, menos doque estavam pagando na fazenda, com avantagem de terem a mercadoria concen-trada num só ponto, sem custos de trans-porte, pois revenderam à própria coope-rativa. Exemplo idêntico ocorreu no nor-deste da Bahia e possivelmente em outrasregiões sertanejas (1).

Nã() podem pagar - As deficiências dosistema de comercialização (armazena-mento, transporte e sistema de comprado-res) são apenas algumas pontas de um ice-berg no mar de problemas sertanejos. Re-nival Alves de Souza, chefe do CPATSA,e Angel Gabriel 'Vivallo, especialista emeconomia agr(cola, co-autores de trabalhosobre crédito agr(cola na região de Ouri-curi,PE (2), apontam outras dificuldades:

"O conjunto de pesquisas do CPATSAem pequenas propriedades do Semi-Aridotem revelado um complexo de problemasque limitam o desenvolvimento das po-

tencialidades desta região, entre eles afalta de planificação rural, irregularida-des nos 'preços, estrutura fundiária, fal-ta de organização sólida e respeitável dospequenos e médios agricultores e outrosproblemas ligados ao modelo de desen-volvimento econômico e social, queimpedem maior participação dos agri-cultores aos n(veis de progresso e bem-estar das regiões desenvolvidas do Brasil(saúde, educação, lazer. . .1..

Dentro desse conjunto, o crédito agr(-cola é um dos exemplos mais significa-tivos para análise da situação, como re-vela o estudo realizado em Ouricuri. Apesquisa foi feita numa amostra de 32fazendas, representativas das condiçõessócio-econômicas e agroecológicas daspropriedades atendidas pelo Projeto Ser-tanejo na região. Através de um acompa-nhamento diário, durante 365 dias, pro-curou-se saber quais dessas propriedadespoderiam gerar uma taxa de rendimentoeconômico e financeiro superior aos ju-ros cobrados pelo Projeto em 1982 (12%,investimento, e 35%, custeio, ambos semcorreção monetária), e que propriedadesgerariam um saldo financeiro para repro-duzir a força de trabalho do agricultore de sua famflia, reproduzir a fazenda egerar um saldo para pagar as d(vidas.

Um resultado desastroso: das 32 pe-quenas e médias propriedades estudadas,pass(veis de soluções agr(colas para osseus problemas, apenas quatro teriamcondições de pagar os investimeotos comjuros reais do mercado. Do total, seispropriedades tinham taxa interna de re-torno negativa, sendo importante desta-car que o cálculo não incluiu, nos custostotais, os valores referentes à deprecia-ção, mão-de-obra e consumo familiar,demonstrando a gravidade da situaçãoeconômica dessas propriedades, pois nãosão capazes de reproduzir nem seu capi-tal, nem a força de trabalho dispendidosna produção.

Acrescentando-seaoscustos totais a de-preciação e o consumo familiar, que nocaso representou o próprio pagamentoda mão-de-obra familiar, nenhuma pro-priedade apresentou condições de pagarjuros reais. Trinta e uma apresentaramtaxa interna de retorno negativa e apenasuma saiu do vermelho, com taxa de ren-tabilidade positiva baixa.

Apesar de tudo, essas 32 propriedadesoperavam um verdadeiro milagre de so-brevivência: nelas trabalhavam, de formapermanente, 328 pessoas, inclu(dos 54menores que quinze anos e 115 mulheres,isto é, 10 trabalhadores por propriedade(3), média de emprego que causaria in-veja (ou dor-de-cabeça) a qualquer em-presário urbano que recebesse tratamentoigual ao dispensado a esses pequenosagricultores.

Distorções do crédito - O fato dessaspropriedades não terem capacidade depagar seus empréstimos não refletemuma incapacidade pessoal dos agriculto-res. Na verdade, está mais relacionado aaspectos técnicos do próprio crédito(oportunidade, quantidades, constância eadequação), considerados "relevantes pa-ra que o crédito seja realmente um ins-trumento de apoio ao desenvolvimento".Mas no caso das propriedades estudadas,significativo para uma projeção das con-seqüências numa escala regional, o cré-dito não desempenhou este papel, comoexplicam os pesquisadores:

"Com relação ao aspecto oportuni-dade, o que se constatou foi a não libe-ração do crédito em tempo hábil para arealização das atividades, acontecendomuitos casos de agricultores não reali-

Captação "in situ"; tecnologia eficiente, masnão suficiente.

JORNAL DO SEMI-ARIDO 7

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zarem práticas importantes, como a capi-na, ou as realizarem m~l, única e exclu-sivamente por não terem recebido a par-cela destinada a essa operação, o quecompromete de maneira decisiva o ren-dimento das culturas e o resultado eco-nômico do empreendimento".

"Outro problema sério provocado peloatraso do crédito.agr(cola", acrescenta. 0,"está relacionado com o crédito de in-vestimento: é a insuficiência da quanti-dade recebida pelo agricultor para efeti-vação do projeto proposto para sua pro-priedade, por exemplo: o agricultor aoreceber empréstimo para construir umacasa, um estábulo e/ou uma cerca, vê-se obrigado o lançat mão do seu capitalde operação (bovinos, caprinos, ovinos,máquinas etc) para cobrir o restante doscustos do investimento projetado. Istoporque o volume de investimento é de-finido com antecedência, ficando o agri-cultor obrigado a efetuar a obra com asdimensões pré-estabelecidas, mesmo semhaver uma correção nos valores na épocada liberação 'do crédito. Em alguns ca-sos, para concluir as obras de.investimen-to, o agricultor utiliza parcelas do custeioagr(cola, que tem juros mais altos (35%em vez de 12% do crédito de investimen-to sem correção), além de ser obrigatórioseu pagamento logo após a colheita dacultura a que foi destinado.

Náo participa - Quanto à constânciado crédito, constatou-se o não planeja-mento dos investimentos feitos nas pro-priedades, visto que esses investimentosnão se baseiam num projeto de desen-volvimento global da propriedade, e simnuma tentativa de aumentar a produção,principalmente pecuária, fazendo comque o crédito não seja planificado paramais de um ano. Exemplo: ao financiaranimais de raça para as propriedades,não são feitos cálculos para mantê-Ios,sendo os agricultores obrigados a arcarcom estes custos até obter alguma produ-ção daquele investimento.

Na análise da adequação do crédito,observam os pesquisadores, "há uma com-pleta falta de participação do agricultorna definição dos investimentos a seremfeitos na propriedade. Isto fica patentequando, por exemplo, faz-se um projetode construção de uma casa; o projeto de

8 JORNAL DOSEMI-ÁRIDO

Firmo Lima vendeu a propriedade para pagar ao banco e agora só possui uma vaca.

casa do agricultor não é levado em conta;ele recebe apenas as informações de comovai ser feita a casa, não havendo, portan-to, uma discussão a fundo e detalhada doprojeto com o agricultor".

Assim foi o caso de Firmo Jo:é de li-ma, ex-proprietário da Fazenda Passagem,em Ouricuri. Ano passado ele foi obriga-do a vender sua propriedade, onde viviadesde 1960, para pagar ao banco o fi-nanciamento de uma casa planejadapelo Projeto Sertanejo, uma casa quenão combinava com suas pretensões eia além das necessidades da famrlia eda capacidade de pagamento da proprie-dade. Hoje, seu único capital é uma va-ca, e ele vive como "morador" numa pro-priedade alheia, ao lado da mulher edois filhos adotivos.

"Há também falta de informação pre-cisa, por parte do agricultor, sobre comofunciona o crédito, no que diz respeitoaos serviços do crédito pagos por ele,às taxas de juro, aos prazos; e prestações.Aos agricultores, cabe apenas o conheci-mento dos seus números nos dossiêsondeestão cadastrados os dados de suas pro-priedades", revelao documento.

"OS juros do créditO nãopodem ser o coveiro da

pequena e média empresaagdco1a"

Coveiro dos pequenos - Renival Alvese GabrielVivalloentendem que "historica-mente, os créditos do Nordeste provisio-nam o sul do Pa(s. As colocações de cré-ditos subsidiados no Nordeste se realizampreferencialmente no litoral ou pertodos grandes centros e não favorecem ospequenos agricultores. E como os cfedi-tos agr(colas subsidiados não são seleti-vos, isto é, favorecem a quem precisa ea quem não precisa, em lugarde financia-rem a pequena agricultura, financiam aindústria e outras atividades (por exem-plo, (!)"caso da mandioca", em Pernam-buco)."

Eles argumentam ainda ser importan-te definir o que subsidiar, "se o crédito ououtras atividades, ou componentes econô-micos como insumos, investimentostecnologias, pesquisa, preços. mercados.Outro aspecto a definir numa pol(tica desubs(dios aos juros do crédito agr(colareside em determinar, com precisão, emque época subsidiar ou durante quantotempo, para poder programar com segu-rança os empreendimentos". Afinal, con-cluem, "os juros do crédito nao podemser um elemento para fabricar empre-sários ineficientes, tampouco podem ser ocoveiro da pequena e média empresaagr(cola".

Secular novidade - Coveiro ou não, ocrédito, na verdade, tem sido algo inaces-s(vel à quase totalidade dos camponesesnordestinos, particularmente os sertane-jos. Para estes, em vez de crédito, tem-secom mais facilidade e freqüência a "emer-gência", a ponto de se imaginar que aseca é sempre uma surpresa. De fato, éuma "novidade secular", porque se sabe

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que o fenômeno é mais comum que osanos considerados bons de inverno nosertão (os estudos indicam que de cadadez anos, apenas dois têm chuvas regu-lares), Tal constatação bastaria para jus-tificar um alto investimento na região,aliado a outras medidas, capazes de do-tar as propriedades de uma infra-estrutu-ra de resistência à seca e oferecer condi-ções suficientes para o."sertanejo, o "for-te" de Euclides da Cunha, ser realmenteforte e não apenas mais um dos milhõesde flagelados atendidos pelos programasde emergência (em fevereiro de 1984,eram cerca de 2,7 milhões),

programa de emergência, de 1979 a1983: nada menos que Cr$ 2 trilhões,sendo Cr$ 1,75 trilhão sob forma não-reembolsável e o restante sob forma decrédito especial (4),

o Projeto Sertanejo é bastante repre-sentativo desse tratamento aos progra-mas ditos especiais:a partir de 1980 vemsofrendo um verdadeiro esvaziamento fi-nanceiro, espelhado na drástica reduçãodos números de projetos contratados,devido principalmente à falta de disponibilidade de recursos para empréstimoaos agricultores, em particular para cus-teio agr(cola. Numa amostragem reali-zada em dez nucleos do Projeto, emnove estados, pode se constatar o de-cI(nio (ver quadro), Tanto no caso deinvestimento como no de custeio, o valorabsoluto financiado em 1983 nesses nu-cleos, foi inferior ao volume contratadoem 1981. Considerando a depreciação

do cruzeiro em relação ao dólar - per(o.do 1978-83 -, constata-se o quanto égrave a situação (Figuras 1 e 2).

Atualmente estão desativadas as fren-tes de trabalho nos sertões do Nordeste.Aparentemente, com as chuvas, está vol-tando o tempo das vacas gordas. Massóaparentemente. Nem todos tiveram, se-quer, sementes para plantar, por faltadesse insumo no mercado ou por faltade dinheiro para adquiri-Io.Outra vez osertanejo fica sem estrutura m(nima paraaproveitar os beneUcios da Natureza, queneste ano propriciou chuvas mais abun-dantes e regulares na região. O que, emsuma, vem confirmar as palavras do agri-cultor Manoel Jerõnimo, presidente doSindicato dos Trabalhadores Rurais deIguaraci, Pernambuco, durante o I Sim-pósio Brasileiro do Trópico Semi-Arido,em 1982: "culpar a Natureza pela misériado Semi-Arido é um crime contra a pró-pria Natureza e contra Deus". 1:,sobretu-do, um crime contra o próprio sertanejo.

Mas os números indicam uma tendên- Fontesconsultadas:cia diferente, o emergencial sobrepondo-se às soluções efetivas: em seis principais 1) VIVALLOPINARE A. G. & WILlAMSFUENTES,C. O. Pequenos AgricultoresI. Métodos deprogramas especiais em execução no Nor- pesquisa em sistemas sócioeconômicos. Petrolina, PE, EMBRAPA.ICPATSA/SUDENE,deste (POLONORDESTE PROJETO 1984.213 p. il (EMBRAPA.CPATSA.Documentos,24).SERTANEJO PROHIDR'O PROGRA- 2) SOUZA' R.A;VIVALLOPINARE, A.G.;WILLlAMSFUENTES.C.O. &FINSHI, R.P. AlgumasMA DE IRRIGAÇAO PROCANOR E consideraçõessobre cnldito: o casode Ouricuri.Petrolina,PE,EMBRAPA.CPATSA,1984. n.p., _ 3) VIVALLO PINARE, A. G. coord. Elementos descritivos da força de trabalho nas pequenasPROGRA~A DE AG ROINDUSTRIA), propriedades do Sertão. s.n.t. 22p. il. Trabalho apresentado do I Simpósio Brasileirodoforam aplicados, no per(odo 1971-83, TrópicoSemi.Árido, Olinda,PE, 1982cerca de Cr$ 1,5 trilhão, a preços de 4) COMISSAo INTERMINISTERIALDO PROJETO NODESTE.Projeto Nordeste; novos rumos1983, soma inferior ao que se gastou no para o desenvolvimentoregional.Brasflia,s.oo, 1984. 73p.

Quantidade de projetos e volume de financiamentos por ano,em dez nCacleosdo Projeto Sertanejo, de 1978 a 1983

PRQJETOS ELABORADOS

PRQJETOSCONTRATADOS

INVESTIMENTO (CR$I

CUSTEIO (CR$)

Preço do dólar em Cr$(junho de cada ano computado)

Inclui projetos elaborados no ano anterior.

Fonte; dez núcleos do Projeto Sertanejo.em cruzeiros

em dólares _/"'"

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1978 1979 1980 1981 1982 1983

Evolução do crédito de investimento em dez nClcleosdo ProjetoSertanejo, de 1978 a 1983.

- --

1978 1979

Evolução do crédito de custeio em dez nClcleos do Projeto Serta-nejo, de 1978 a 1983.

1980

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1981 1982 1983

JORNAL DO SEMl-ÁRIDO 9

1978 1979 1980 1981 1982 1983

96 431 1.096 1.006 805 492

50 456!.é 732 693 554 260

19.284.143 259.332.765 658.052.575 956.279.910 1.323.437,110 898.735.340

314.000 26.091.876 155.367.726 530.246.340 295.656.988 285.465.055-

18.41 26,11 53.88 96,88 182,71 611,92

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CAATINGA

FACHEIRO:

O CANDELABRO

SERTANEJO

Pilosocereusglaucescens (Lab.) Byl etRowl. - ou simplesmente facheiro, paraos sertanejos. Árvore cujo aspecto lembraum facho, o que levou Q nordestino adar-lhe essenome,o facheirDé maisumdos cactos que contracenam com o man-dacaru no teatro da seca. Muitas vezesesses dois símbolos de resistência vegetalsão confundidos no nome e na aparência,até mesmo por gente da região menosafeita ao campo.

o facheiro crescepor toda zona semi-árida nordestina, principalmente nos tre-

revela'" intensiVOuso dessa espécie.

chos mais secos e agrestes, em solos pe-dregosos. E encontrado sempre próximoa áreas de mandacaru e, junto com este,forma verdadeiras matas de cactáceas.Nesses aglomerados, o facheiro destaca-se com suas hastes cilíndricas elevadasebem visíveis (o mandacaru possui ramosde quatro a cinco ângulos).

Na época das secas, os sertanejos cor-tam os ramos da planta, queimam seusespinhos e aproveitam a massaverde parasalvar os rebanhos. Maso aproveitamentode facheiros ocorre não somente nesseperíodo crítico e com essa finalidade:o caule, com madeira branca e leve, édesdobrado em tábuas e ripas enquantoos ramos longos são transformados emcaibros para residências.São obtidos cai-bros e ripas de até 2,20m de compri-mento, usados diretamente nas proprie-dades rurais ou vendidos em diversasfeiras livres: os camponeses têm conse-guido preços baixos, em torno de Cr$5 mil (cinco dúzias de ripas) e de Cr$3 mil (uma dúzia de caibros).

o facheiro é robusto e pode atingiraté 10 metros de altura ou mais.Seu cau-le chega a cerca de 2.50 metros de alturae logo após ramifica-semuito. A cor variade verde-azulada a verde-escurae as floresalvas, isoladas, constrastam com os nu-merosose longosespinhos.

Ilustração corriqueira em centenas depostais e publicações sobre o sertão, pre-sença marcante na caatinga, matéria útilnas mãos do sertanejo, o facheiro estáa merecer estudos sistemáticos sobremelhoramento genético (aumento' do fus-te, precocidade, melhoramento de outrasespécies), fisiologiae aproveitamento. As-sim como outras cactáceas e tantas espé-cies nativas do Semi-Arido, a maioriatão esquecida quanto os próprios serta-nejos.

As informações referentes ao facheiro e às dezespécies do quadro abaixo foram fornecidaspelo botânico José Luciano Santos de Lima,pesquisador do CPATSA-EMBRAPA.

10 JORNAL DO SEMI-ARIDO

PRINCIPAIS USOS

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'< .y ,fJ ú"r.::; "r ú"r ..0..0 ..,fJ 0° i" ú"r ú"r "i1.CAMARATUBA - Cratvlia mollis Mart.

Xfam. Leg. Papo X

2.MOCUNÃ VERDE Cratvlia floribunda Benth.XFam. Leg. Papo X

3.0RELHA DE ONÇA MacfODtillium martii Urb.XFam. Leg. Papo

4.MORORO Bauhinia cheilantha 800g. Steud. X X XFam. Leg. Caes. x

5.FACHEIRO Pilosocereus Qlaucescens (Lab.l BVI. at Rowl.X XFam. Cactaceae X X

6.TAMBORIL Enterolobium contortisiliQuum Morang.X

Fam. Leg. Mim. X X X

7.PAU D'ARCO Tabebuia imoetiainosa IMart.) Standl.X X X XFam. Bignoniaceae X X X X X X X X X X

8. SETE CASCAS Tabebuia sooOQiosa Aizzini.X XFam. Bignoniaceae X X X

9.GONÇALO ALVES Astronium franxinifolium Schott.X X X XFam. Anacardiaceae X

10.JUREMA VERMELHA Mimosa sp.X X X

Fam. Leg. Mim. X X X

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, '-,] ~ 111 i' ~,; jo Brasilem busca de soluções

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A Universidade descobre o sertloCinqüenta dias no campo; 7.700 km

percorridos e 6.320 pessoas contatada:..Estes dados, exibidos num grande painel eno "Relatório de viagem ao sertão", tra-duziram em números o resultauo da se-gunda fase do projeto "NORDESTINOS,o Brasil em busca de soluções", lideradopela Rede Globo de Televisão.

o relatório elaborado por represen-tantes de dez universidades do Nordesteque participam do projeto, serviude panode fundo para os debates no semináriofinal dessa fase, realizado dias 22 e 23de agosto, no Centro de Convenções dePernambuco, em Olinda. Reitores, profes-sores, agricultores,.representantes tia Igre-ja e outros convidados relataram suas ex-periências e expuseram suas opiniões paraum público que não chegou a lotar oauditório Beberibe,de 400 lugares.

Nos dois dias de debates e no relatóriorevelou-se um saldo positivo não traduzi-do pelos números e que po<;legerar frutosmuito importantes: o ind(cio de ummaior engajamento da universidadena lu-ta sertaneja, distanciando-se da condiçãode "mera fábrica de capatazes da burgue-sia", como foi definida pelo educadorLauro de Oliveira Lima, no último dia doseminário.

!: assim que, logo na apresentação dorelatório, vem a advertência de que "auniversidadenão pode e não deve jamaisse comprazer apenas com sua funçãoprimordial de produzir e ensinar ciênciae cultura; muito menos quando, ao seuredor, e talvez graças à sua omissão econivência, um' povo morre lentamente,v(tima não do 'destino' nem dos des(g-nios divinos, mas da ação dos homens".Morte lenta e silenciosa que, de acordocom'o relatório, extinguiu em seisanos deseca nada menos que 3 milhõese 500 milpessoas, principalmente crianças, vrtimasde desnutrição, fome, sede e epidemias.

Impressõesde Viagem- Para muitosdos participantes do seminário o conteú-do do relatório, embora não tenha ultra-passado em muito os limites do óbvio -denunciado e analisado em tantos outrosdocumentos -, revelou pelo menos umdespojamento das universidadesao confir-marem seu próprio espanto diante derealidades tão antigas e tão próximas dos

seus muros. E para expressá-Io, preferiuum documento simples a um complexotratado de última hora, mesmo porqueseu objetivo era estimular o debate. Mastal preferência não conquistou unani-midade: o representante da UniversidadeFederal de Pernambuco recusou-sea subs-crevê-Io, por julgar necessário dar-lhe umtratamento cienHfico e metodológico.Posição aliás corroborada pelo ReitorGeorge Brawn Rego, da UFPE, para quem"0 Semi-Árido precisa de soluções e nãode impressõesde viagem".

Menos interessado na forma e no con.téudo de documentos, o agricultor LuizHenrique de Oliveira, um dos painelistasdo seminário, expôs sua preocupação comas atitudes e intenções dos que vêem osefeitos e olvidam as causas do drama ser-tanejo. "Só se busca o superficial paraserenizar as coisas", disse Luiz para oauditório surpreso com sua explanaçãosegura, reforçada por reflexões históricas:

"Canudos tinha suas causas", lembrouLuiz, "mas em vez de procurá-Ias prefe-riram destrui-Io. E o que dizer do Canga-ço? Era um produto do meio, mas foimais cômodo combatê-Io sem combateras causas. Não é por acaso que OlavoBilac é o Pr(ncipe dos Poetas neste pa(s -ele só cantava belezas e sonhos. . ."

Proferidas por um camponês sem-terrados confins de Quixadá, CE, estas pala-vras podem nHodeterminar como será abusca de soluções para o semi-árido, masnão deixam de ser um alerta. Solteiro aos39 anos, meeiro, plantador de milho, fei-jão e algodão em terra alheia, Luiz Hen-rique conseguiu a duras penas concluir ocurso supletivo, segundo grau. Mas é nocampo que aprende suas mais duras lições.

Uma delas é que "0 agricultor não temcrédito; quem tem é a propriedade", d~(porque ele e tantos sem-terra ou peque-nos proprietários não têm acesso a em-préstimos oficiais. Outra lição ele come-çou a estudar mais recentemente: "naseca, começamos a pensar como ajudarmenos aos grandes proprietários". Apren-dizagem ditrcil, que certamente combinacom a proposta da professora Alda Pepe,da Universidade Federal da Bahia, feitano primeiro dia do seminário: "é precisoeducar para erradicar o medo, como pri-meiro passo para erradicar a miséria".

Sonho X Realidade - A terceira fasede "NORDESTlNOS, o Brasil em buscade soluções" serábaseada em projetos quecada universidade envolvida vai elaborar.E nessa fase, como conclui o "Relatóriode viagem ao sertão", a Universidade

"precisa abandonar sua postura isolacio-nista confortável, acabar com seu mime-tismo cultural e cienHfico e se lançar defato, no seu ensino, na sua pesquisa ena sua extensão, em busca do universalpelo regional". Mudançaque, certamente,conduzirá ao envolvimento de outros ór-gãos e instituições do Nordeste, pois"quando sonhamos sozinhos é apenasum sonho, mas quando sonhamos juntosé o começo da realidade", como lembrouo Bispo Diocesano de Juazeiro-BA, DomJosé Rodrigues, citando Dom Hélder Câ.mara no encerramento de sua participa-ção no seminário. Bem articulada, essamobilização ampla poderá desfrutar me-.Ihor do talvez mais importante instrumen-to da campanha. o milionário espaço daTV, na multiplicação das vozes nordesti-nas.

IIAgricultor Luiz Henrique: "6 preciso buscar as causas e nio o superficial".

JORNAL DO SEMI-ARIDO 11

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DESSALlNIZACAo DE ÁGUA

o solajudaamatara sede

Mais uma ironia da Natureza: o mesmo solque contribui para a evapotranspiração de 91 %

de toda a chuva que ~ai no Semi-Arido (cercade 700 bilhões de m/ano) está ajudando amatar a sede de centenas de pessoas, principalmente menores, num recanto do sertão de Per-nambuco. Em Rajada, distrito de Petrolina,já t!stá em pleno funcionamento um sistemaque utiliza o calor solar para dessalinizar água,tornando possível fornecer, diariamente, águapotável para 400 alunos da escola "José Cíce-ro de Amorim", onde foi perfurado um poçoartesiano. O poço tem vazão média de 1.500litros/hora" com 3,2 gramas de sais/litro, enquanto o sistema dessalinfza de 1.500 a 1.800litros/dia, o suficiente para abastecer a escola e,brevemente, uma creche com 120 crianças.

Construído pela Secretaria. de Desenvolvi-mento Rural, órgão da Prefeitura de Petrolina,a partir de informações da Universidade Federalda Paraíba, o sistema abre novas perspectivasem termos de abastecimento de água no ser-tão: dos mais de 20 mil poços profundos doNordeste, 85% encontram -Ise em terrenos cris-talinos, com vazão média de 4 mil litros deágua/hora e salinidade de 0,5 a 4 gramas/litro;a formação cristalina que abrange 45% da re-gião, apresenta um potencial de águas sub-terrâneas avaliado em até 250 bilhões de litros/ano. Contudo, devido à qualidade da água, ape-nas uma pequena parte desse potencial é apro-veitada, mesmo asssim quase que exclusivamente para o consumo animal.

VIDRO, AREIA E SOL

O sistema é todo muito simples e aproveitarecursos da região, a começar pela energia eóli-ca, para movimentar o catavento que permitebombear a água do poço. A água é elevada atéum reservatório com capacidade para três millitros e dali distribu ída, por gravidade, paraseis módulos cobertos com placas de vidro detrês mil ímetros. onde ocorre a dessalinização.

No interior dos mOdulos, mantém-se umnível de três centímetros de água, depositadasobre uma lona plástica; abaixo dessa lona háuma camada de 30 centímetros de areia grossa,que ajuda a manter o calor absorvido atravésdas placas de vidro. Com a alta temperaturaconseguida nesse ambiente fechado a água eva-pora, condensa.se na superfície interna. do vidroe desliza para as canaletas instaladas interna-mente, nas partes laterais dos módulos, de ondeé canalizada para fora, pronta para consumo. O

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Bombeada através de catavento, a égua. . .

reabastecimento do sistema é controlado auto-maticamente, através de bóias instaladas nosmódulos.

Cada módulo do sistema implantado emRajada tem 50 m:l de cobertura de vidro, sen.do possível obter de cinco a seis litros por me-tro quadrado diariamente, totalizando, nosseis módulos de 1.500 a 1.200 litros de águadessalinizada/dia. Como grande quantidade desais deposita-se no interior do módulo, é ne-cessário lavá-Io a cada dois dias, o que se fazrapidamente, sem prejudicar a obtenção normaldovolume de água diário.

Segundo o engenheiro civil Marco Aurélio'de Abreu, secretário de Desenvolvimento Ruralde Petrolina, o custo dos módulos é de apro-ximadamente Cr$ 30 mil por metro quadrado,sendo 60 a 70% desse custo referentes à aquisi-ção do vidro, além do custo de perfuração dopoço, em torno de Cr$ 5 milhOes.

MÚDULOS INDIVIDUAIS

Na opinião do secretário, esses custos po-dem ser bastante diluídos com a construçãode módulos individuais e explica: "de um poço,poderiam .ser transportados determinados volu-mes de água e colocados em módulos de 10 m2,que permitiriam dessalinizar de 50 a 60 litrosde água por dia. Já seria um volume significa-tivo para quem não tem água potável e, alémdisso, tem de buscá-Ia a quilômetros de distân.cia".

Pelos cálculos atuais, cada módulo custariaem torno de Cr$ 300 mil, considerando que aprópria mão-de-obra local poderia realizar o

é dessalinizada nos mOdulas, com o calor

trabalho em mutirão, como aconteceu em Raja-da. Um custo certamente inferior ao que segastou I nosúltimosanosde secaem caminhões-pipa para abastecer os 2.800 habitantes do dis-trito, a 73 km da sede do município (só demaio de 1983 a janeiro de 84 o distrito foiabstecido 840 vezes por carros-pipa, oque hojerepresentaria um custo aproximado de Cr$ 60milhOesl.

BEBER PARA CRER

O sistema de dessalinização de água instala.do em Rajada está despertando o interesse deoutras prefeituras do sertão de Pernambuco ede estados vizinhos, tal a simplicidade de cons-trução e manejo, bem como a eficiência. Mas,logo que foi implantado nllo mereceu o créditoda população daquele distrito, principalmentede pais de alunos que iriam utilizar a água, como revela Benedito Narciso de Amorim, respon-sável pelo funcionamento e vigilância do siste-ma:

"Os pais do alunos não acreditavam que aágua desse poço pudesse ser bebida por gente.Eu tive de encher garrafas com água dessalini-zadai e ir de casa em casa para que cada umprovasse. Só assim permitiram que seus filhosbebessem da água". Sorte dos garotos, pois,do contrário, teriam de ser contentar com aágua suja de um barreiro, partilhada comanimais (foto), como ocorria até o ano passado,ou esperar a chegada de um carro-pipa, comseus nove mil litros de água afoitamente consu.midos pela população.

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O sistema é suficiente para abastecer a esco Ia

12 JORNAL DO SEMI-ARIDO

J. . . que até o ano passado dependia da égua deste barreira.