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Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003 Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003 A vitalidade marista Capitulares refletem sobre o documento “Escolhamos a vida” Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado Queimar a vida para a nova humanidade A vitalidade marista Capitulares refletem sobre o documento “Escolhamos a vida” Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado Queimar a vida para a nova humanidade

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Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003

A vitalidade maristaCapitulares refletem sobre o documento “Escolhamos a vida”

Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado

Queimar a vidapara a nova humanidade

A vitalidade maristaCapitulares refletem sobre o documento “Escolhamos a vida”

Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado

Queimar a vidapara a nova humanidade

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pagína ÍNDICE3 Mãos à obra!

Lluís Serra

4 Carta a meus irmãosSeán Sammon

6 Queimar a vida para a nova humanidadeEntrevista com Luis García Sobrado

10 Acertamos a transmissão?Juan Miquel Anaya

11 Um rio com cinco afluentesLibardo Garzón

art. 1-5 “Você deve ser a mudança que você deseja no mundo”Ronnie McEwan

12 art. 6-16 Fidelidade criativaThéoneste Kalisa

14 art. 17-21 1. Na fonte de água vivaAntonio Ramalho

16 art. 22-25 2. Atrair e preservar vocaçõesPeter Rodney

18 art. 26-30 3. Alarga o espaço de tua tendaPedro Herreros

20 art. 31-36 4. Lutando com DeusEmili Turú

22 art. 37-40 5. Lavai-vos os pés uns aos outrosMaurice Berquet

24 art. 41.a Meios práticos para a vivência do CapítuloCarlos Wielganczuk

25 art. 41.b Recomendações e pedidos (decisões)Antonio Giménez

art. 41.c Co-responsabilidadeMichael Hill

26 art. 42.1 Prática pessoal do discernimentoJoaquim Clotet

art. 42.2 Comunicação de vidaJosé Luis Ampudia

27 art. 42.3 Proclamar a “Boa Nova” de modo criativoRobert Clark

art. 42.4 Estar com os jovens para ter vidaRaúl Figuera

28 art. 42.5 Promoção Vocacional. As vocações e a vitalidade do InstitutoLawrence Ndawala

art. 43.1 Comunidade de sonho!Bernard Beaudin

29 art. 43.2 A espiritualidade apostólica marista no contexto católico asiáticoTed Fernandez

art. 43.3 Maria, mestra de vidaRenato Guisleni

30 art. 43.4 Trabalhando com a Igreja localChristian Mbam

31 art. 43.5 Relações entre católicos e outras religiõesSunanda Alwis

art. 43.6 O projeto da tu vidaÁngel Medina

34 art. 43.7 Projetos de vida socialDemetrio Espinosa

art. 43.8 Um estilo de vida simplesMichael de Waas

35 art. 43.9 Pobre entre os pobresDomingos dos Santos Lopes

art. 43.10 MChFM, sinal de vitalidadeAfonso Lewis

36 art. 44.1 Conhecer a fundo: Dom, tarefa e encontroHilario Schwab

37 art. 44.2 Irmãos, discípulos de Emaús!Maurice Goutagny

art. 44.3 Como Marcelino: com ternura e exigênciaErnesto Sánchez

38 art. 44.4 Atitude de discernimento comunitárioLauro Hochscheidt

art. 44.5 Comunidade espaço de formação e de consolidaçaõ vocacionalAtaide José de Lima

Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003

Diretor:Ir. Lluís Serra

Comissão de Publicações:II. Emili Turú, Maurice Berquet e Lluís Serra.

Colaboradores: II. Séan Sammon, Luis García Sobrado, Théoneste Kalisa, Antonio Ramalho,Peter Rodney, Pedro Herreros, Emili Turú, Maurice Berquet e 57 irmãos capitulares mais.

Tradutores:Português: II. João Fagherazzi,Roque Fritzen e Virgílio Balestro.Francês: II. Lucien Labelle, Aimé Maillet e Ernest Censi.Inglês: II. Joseph Belanger, Gerard Brereton, Mario Colussi,Eugene Dwyer, Patrick Sheils eDouglas Welsh.Espanhol: II. Miguel Ángel Sancha e Francisco Castellanos.

Fotografia: II. Lluís Serra, Emili Turúe Maurice Berquet, Arquivo da Casa geral e deProvíncias, Distritos e Setores.

Registro e estatística:Ir. Henri Réocreux.

Diagramação e Fotolitos:TIPOCROM, s.r.l.Via G.G. Arrivabene, 24 - 00159Roma (Itália)

Redação e Administração:Piazzale Marcellino Champagnat, 2C.P. 1025000144 ROMATel. (39) 06 54 51 71Fax (39) 06 54 517 217E-mail: [email protected] Web: www.champagnat.org

Edita:Istituto dei Fratelli Maristi.Casa Generalizia – Roma.

Imprime:C.S.C. GRAFICA, s.r.l.Via G.G. Arrivabene, 40 00159 Roma ( Itália)

Foto da capa: grupo escultórico deChampagnat com crianças, do ColégioMarista Santa Maria de Curitiba, Brasil.

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CARTA A MEUS IRMÃOSEscreve o Irmão Seán Sammon,Superior geralP

ÁG

INA

4

pagína ÍNDICE39 art. 44.6 Programas de Formação

André Thizyart. 44.7 Dar o salto da co-responsabilidade

Pablo González

40 art. 44.8 Quanta vida pela frente!Samuel Holguín

art. 44.9 Experiência de comunidade: Irmãos-LeigosHenri Catteau

41 art. 44.10 Opção preferencial pelos pobresAdolfo Cermeño

art. 44.11 Semeadores de esperança, com sentido claroGonzalo Santa Coloma

42 art. 45.1 Missão marista: um espírito, um documentoRéal Cloutier

art. 45.2 Avaliem-se as obras apostólicas! Por que não o fazemos?Laurentino Albalá

art. 46.1 Novos caminhos de educação, de evangelização e de solidariedadeRichard Mutumwa

44 art. 46.2 Novas presençasClaudino Falchetto

art. 46.3 Disponibilidade dos IrmãosPedro J. Wolter

45 art. 47.1 Integração pessoal e sentido comunitárioNicolás García

art. 47.2 Identidade MaristaÓscar Martín

46 art. 47.3 Imagine...Leo Shea

art. 47.4 Formação compartilhadaJosep Maria Soteras

47 art. 47.5 No pensamento e ação: a reciprocidadeGilles Ouimet

48 art. 47.6 Comunicar vidaAntonio Martínez

art. 48.1 Reflexões sobre a espiritualidadeAndré Lanfrey

49 art. 48.2 Aposta para gerar vidaMariano Varona

art. 48.3 Formação de animadoresPrimitivo Mendoza

50 art. 48.4 Escolhendo a vida em oraçãoHenry Spinks

art. 48.5 Uso evangélico dos bensJohn Thompson

51 art. 48.6 Encontrar o seu equilíbrio caminhandoMaurice Taildeman

52 art. 48.7 Deslocamento e novas presençasMiquel Cubeles

54 art. 54 Caminhar com esperança Thomas Chin

55 art. 50 Sejamos criativos para sermos mais fiéis Rodrigo Cuesta

art. 51 Tenha um sonhoOnorino Rota

56 Reviver a experiência capitular em nossas unidades administrativasEduardo Navarro

57 Para aprofundar o documentoAfonso MuradUma palavra de Deus para mim hojeJean Ronzon

58 “Fazei tudo o que ele vos disser” – “Sim, mãe!”Fergus Garrett

59 Estatística geral do Instituto a 31 de dezembro de 2001

60 Irmãos que fizeram a primeira profissãono ano 2001

62 Irmãos que fizeram a profissão perpétuano ano 2001

63 Irmãos falecidosdurante o ano 2001

QUEIMAR A VIDA PARA A NOVA HUMANIDADE

Entrevista com o IrmãoLuis García Sobrado PÁ

GIN

A 6

OS CINCO APELOS DO CAPÍTULOOs Irmãos Conselheiros geraisrefletem sobre os cinco eixos da vida marista nos tempos atuaisP

ÁG

INA

12

AVANCEMOS JUNTOSTodas as decisões e

recomendações do 20.º Capítulogeral são comentadas pelos

Irmãos capitulares PÁ

GIN

A 2

4

PAUTAS PARAAPROFUNDAR O DOCUMENTO DO CAPÍTULOP

ÁG

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SUMÁRIO

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Os presentes não se merecem, seaceitam. A criança, acolhidaamorosamente nos braços de sua mãe,

salpicada por um repuxo de água, acaba dereceber o dom da vida.

Entendendo-se a vida como conquista, a luta e acompetitividade aparecem de imediato. A falta desolidariedade é sua primeira conseqüência. Sendoa vida um presente, buscaremos ser dignos do domrecebido e saberemos dar gratuitamente o querecebemos gratuitamente

Temos em nossas mãos o dom da vida marista,iniciada por são Marcelino e continuada por tantosmilhares de Irmãos, e mais recentemente pornumerosos leigos, homens e mulheres. Vivê-lo afundo é nossa prova de reconhecimento e entrega.

Muitas crianças e jovens, especialmente pobres enecessitados, estão esperando a mão deeducadores e apóstolos para receber em sua vida opresente do amor. Como Jesus, nosso caminho,verdade e vida, poderemos dizer “vim para quetenham vida e para que a tenham emabundância” (Jo. 10, 10).

Escolher a vida significa descobrir em nossainterioridade o presente do amor de Deus e quererpartilhá-lo com fraternidade, implica comprometer-se em dar acolhida a todos os sinais de vida, demaneira especial ás pessoas, nos impulsiona a darsentido à nossa existência e a encontrar respostasconcretas a necessidades reais. Como Jesus, comoMaria, como Marcelino.

AA vviiddaa ccoommoo pprreesseennttee

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O documento do 20.º Capítulo geral “Es-colhamos a vida” é objeto de reflexão mo-nográfica deste número da FMS Mensa-gem. O tempo da novidade transitou eagora nos adentramos no aprofundamento

e aplicação da referida mensagem capitular. A novidade consistiu em apresentar umúnico documento, que integra as diferentes linhas capitulares; um documento bre-ve, que concentra a mensagem na simplicidade do essencial sem esquecer que o ca-risma marista é vivido em complexos cenários; um documento chave, que aponta onó górdio da vida consagrada, isto é, a Jesus Cristo como fonte de água viva, e nãose deixar levar pela preocupação urgente da sobrevivência da instrução marista; umdocumento vital, que não dá as costas ao clamor das crianças e jovens, especialmenteos pobres e excluídos; um documento programático, que faz descer ao terreno da re-alidade dos apelos ouvidos e propõe avançar juntos na hora de oferecer respostas au-dazes; um documento marista, que aprofunda suas raízes nas fontes da espirituali-dade apostólica e enfrenta o desafio de uma missão sempre atual.A transformação da realidade depende, com o auxílio da graça, de pessoas que agemem função de profundas convicções e que se lançam na vida por elas. A pessoa de Cris-to é o referencial básico sem o qual o Instituto Marista seria apenas uma multina-cional da educação ou uma ONG de amplo alcance. Ler e interpretar o documento fo-ra desta perspectiva o afasta da intenção de seus autores, já que se trata de uma op-ção pela vida a partir da consagração religiosa no sentido de comunidades renova-das. O olvido deste elemento específico nos levaria a pensar na referência evangéli-ca sobre o sabor insípido do sal (Mc 9, 50). O futuro da vida marista pode oferecersegurança se edificado sobre rocha (Mt 7, 24), isto é, se sua espiritualidade se fun-damenta no seguimento de Cristo do jeito de Maria e se sua missão, assumida emcomunidade, se orienta para o serviço às crianças e jovens, especialmente pobres eexcluídos. Todo o resto, como obras educativas, novas presenças, planejamentos com-plexos, tecnologia de qualidade, recursos informáticos...são realidades adjetivas. Suafunção é acompanhar o substantivo para torná-lo mais acessível mas não para o con-tradizer.A atitude chave para levar a bom termo esta tarefa subjacente no documento capi-tular é o discernimento. Hoje os campos de nossa atuação apresentam tal complexi-dade que para nada servem as respostas simplistas. A diversidade de situações e deculturas justificam uma ponderação na inculturação das mensagens, sempre que secombine em nosso caso com a unidade do carisma de são Marcelino, um coração semfronteiras. Um carisma que não reduz seu espaço às comunidades maristas mas quese abra aos leigos, homens e mulheres que sentem e vivem as intuições espirituais,

pedagógicas e pastorais de Champagnat. Por isso, os capitularespropõem que caminhemos juntos para o futuro, cuja garantia es-tá principalmente na Palavra de Deus.Todas as colaborações estão a cargo dos Irmãos capitulares. Suascontribuições integram um amplo espetro temporal, já que da pri-meira à última transcorreram vários meses. Repassa-se assim in-tegralmente o documento dando particular importância aos cin-co apelos, desenvolvidos cada um por um Conselheiro geral, e asmedidas práticas. Para a leitura desta revista, convém dispor aolado do documento capitular, que não incluímos para não sobre-carregar esta publicação que o leitor tem em mãos.O documento conclui com esta frase de ressonâncias bíblicas e doNovo Millennio Ineunte: “Irmãos, depressa, mãos à obra, lance-mos as redes!” Nela se vê o espírito de Maria de Nazaré que, de-pois do anúncio do anjo, “foi à montanha apressadamente, a umacidade de Judá” (Lc 1, 39) para ajudar sua prima Isabel. O dis-cernimento necessita tempo mas não justifica dilação. ✦

MÃOS ÀOBRA!

Ed

ito

ria

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Maio 2003 3

A PESSOA DECRISTO É OREFERENCIALBÁSICO SEM OQUAL O INSTITUTOMARISTA SERIAAPENAS UMAMULTINACIONALDA EDUCAÇÃO OUUMA ONG DEAMPLO ALCANCE.

Ir. Lluís SerraDiretor

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Sem dúvida, vocês já fi-zeram o caminho de vol-ta, tornando a ler algumlivro pela segunda vez.Por certo não tardaramem reencontrar o prazerda história, com as suaspersonagens, rememoran-do tantos detalhes da fic-

ção ou da biografia em tela. Ainda que um anoou mais tenham passado desde a primeira lei-tura, à medida que o seu olhar rastreia as pá-ginas do livro, a memória para logo retoma oprazer que o livro lhes deu na sua leitura ini-cial.Ademais da satisfação de tornar a gastar tem-po com a história favorita ou o desfile das per-sonagens, que algo mais motivaria algum de nósa ler um livro pela segunda ou terceira vez? Asurpresa vem com o reencontro de algo novo,algum detalhe que antes não se notou ou as-pectos da história antes não percebidos e queagora dão nova dimensão à narrativa. Se vocêsaboreou esta experiência, há de perguntar-se:Como foi que perdi este ponto da história na pri-meira leitura?Esta edição de Mensagem visa a que nós, IrmãosMaristas, retornemos ao nosso XX Capítulo ge-ral. Visitemos de novo o encontro de Roma,ocorrido em setembro e começo de outubro de2001, com mais de uma centena de Irmãos e um

Prezados Irmãos etodos os que amam ocarisma de Marcelino

Champagnat

4 FMS Mensagem 32

CARTA a meus irmgrupo de leigos como observadores. Um pro-cesso de discernimento foi utilizado para con-duzir o encontro. Os membros do Capítulo emi-tiram uma Mensagem escrita, no término dosseus dias de oração e deliberação.Na presente edição de Mensagem, voltamos avisitar aquela reunião exatamente pelas mes-mas razões pelas quais, na comparação acima,retomaríamos a leitura do livro. Apreciar tudoo que havíamos aprendido então, mas tambémdescobrir muita coisa que nos passou desper-cebida. O Capítulo Geral é tempo especial de graça pa-ra qualquer Instituto. O nosso XX Capítulo ge-ral marista não seria exceção à regra. Natural-mente, este Capítulo se parece com outrosprecedentes, de muitos modos. As eleições dosdeputados ao Capítulo, por exemplo, transcor-reram como no passado. Durante o própriodesenrolar dele, Comissões foram formados,orações foram organizadas e rezadas, conver-sações mantidas, debates conduzidos, votos to-mados, a nova Administração geral eleita e, noseu final, uma Mensagem escrita foi difundida.Sim, houve tantos aspectos do nosso XX Capí-tulo geral que se parecem com aqueles que jáse foram.Ainda assim, o nosso XX Capítulo geral não dei-xou de diferençar-se dos precedentes encontrosda sua espécie, em número significativo deaspectos. E este fato tem a sua razão de ser. Nãochega a representar surpresa para ninguémque a vida religiosa está enfrentando momen-tos difíceis em muitas partes do mundo ho-dierno. Em alguns países, as vocações escas-seiam. Em outros, escândalos na Igreja abala-ram a confiança de muitas pessoas. Em outros,a identidade da vida religiosa não se mostra tãonítida como no passado. Muitos jovens que olham para a vida religiosahoje dizem-nos que as crises profundas que elaenfrenta dizem respeito ao sentido e à espiri-tualidade. Eles nos confessam que nos torna-mos invisíveis na sociedade em que vivemos eformulam esta perturbadora pergunta: Hoje avida religiosa faria alguma diferença? O nosso XX Capítulo geral enfrentou tais preo-cupações seriamente. Na sua Mensagem final,aqueles que participaram timbraram por afirmarTestemunhos do amor incondicional de Deus

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Maio 2003 5

mãosisto: Tomem Jesus como centroda sua vida. Ele constitui a ba-se sobre a qual tudo o mais de-ve ser construído. Esclareçam asua identidade como Irmãos ecomo leigos maristas, de modoque possam partilhar melhor,mais honestamente e commaior profundeza a sua expe-riência da espiritualidade deMarcelino, isto é, a nossa Mis-são marista, para trabalharmosjuntos na formação em marcha.Coloquem-se entre os Montag-nes de hoje. Sim, vocês devemestar presentes entre os maispobres e os mais marginalizadosdos jovens. E formem comuni-dades, onde o perdão seja um hábito e a re-conciliação não constitua estranheza. E façamtudo isso nas pegadas de Maria.O nosso XX Capítulo geral Marista convida-nostodos a unirmo-nos numa revolução do coração.Caso nos tenhamos afastado da primeira for-mulação do convite, esta edição de Mensagemtorna a fazê-lo uma vez mais.Abençôo-os afetuosamente.

Ir. Seán Sammon, Superior Geral

Sup

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O Irmão Seán com Irmãos jovens, em Manila.

Depressa! Mãos à obra! Lancemos as redes! DC, 51

TOMEM JESUS COMOCENTRO DA SUA VIDA.

ELE CONSTITUI A BASESOBRE A QUAL TUDO O

MAIS DEVE SERCONSTRUÍDO.

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Há aproximadamente umano, deu-se o encerramen-

to do 20.º Capítulo geralque apostou na vitalidade.Que avaliação fazes desteprimeiro ano do InstitutoMarista?

Terminamos o Capítulo no dia 13 deoutubro de 2001. Outubro e novem-bro foram meses de transição para osmembros do Conselho geral: algunseram provinciais, outros responsá-veis por obras ou projetos. Necessi-tamos de uns dois meses para en-contrar os novos responsáveis. Em se-

se tratando de 118 capitu-lares que trabalharam du-rante 40 dias de encontros?

A idéia de produzir um só documen-to capitular foi decisão do próprio Ca-pítulo. Qualquer um que tenha lido osboletins que descreviam o trabalhodos capitulares, dia-a-dia, ser-lhe-áfácil dar-se conta do tipo de reflexãoe a atividade intensa desses quaren-ta dias. O livro das Atas do próprio Ca-pítulo tem163 páginas de conteúdoprofundo, com muitos subsídios ereflexões das comissões, dos gruposde trabalho, dos grupos de discerni-mento e também de diversos Irmãos,como o discurso profundo e equili-brado de inauguração de Benito e odiscurso tão rico em intuições e emanálises da experiência do Capítuloque nos deu Seán.Foram 40 dias intensos. O documento capitular quis ser umamensagem clara, cheia do calor dafraternidade; procura tocar o coraçãodos Irmãos e, por meio deles, o dosleigos maristas; é um claro chamadoà santidade, a uma transformaçãopessoal, como também o de nossascomunidades e obras apostólicas, apartir do encontro profundo e apai-xonado de Jesus Cristo. Era importante que esta mensagemnão se diluísse em muitos outros pa-péis, mas aparecesse claramente co-mo “ o documento do 20.º Capítulogeral”.

guida iniciá-los em suas novas tare-fas. Dezembro de 2001 e janeiro e fe-vereiro de 2002 foram meses de aper-feiçoamento de línguas, uns apren-dendo o inglês e outros o espanhol.Quando nos reunimos em março paraas primeiras plenárias do novo Con-selho geral todos entendíamos o in-glês e o espanhol, e todos nos comu-nicávamos em inglês ou em espanhol.Durante a primeira sessão plenária demarço e abril de 2002, fizemos um es-forço deliberado para desenvolverum espírito forte de comunidade.Elaboramos um Plano de Vida Comu-nitária de uma dezena de páginas. Es-tá funcionando.Partimos desta plenária com planoclaro de ação e um calendário deta-lhado, até a Conferência geral de se-tembro de 2005. Fizemos a primeiravisita a todas as Unidades Adminis-trativas e a primeira visita ‘’forte’’ atodas as unidades da África. Entre-tanto acompanhamos os processos dereestruturação, assistindo a reuniõese capítulos que julgamos particular-mente significativos. Já temos a pri-meira circular rascunhada e poderiaacrescentar um longo adendo. Foium ano muito bem empregado.

Odocumento capitular “Es-colhamos a vida’’ foi a he-rança que o Capítulo nosdeixou. Não te parece que éresultado muito pobre em

Queimar a vida para a nova humanidade

Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado, Vigário geral

Os jovens buscam um centro em sua vida

LUIS GARCÍA SOBRADO

O 20.º Capítulo geral é já um fato histórico. Suas conclusões constituem um desafio paraque os Irmãos maristas e seus colaboradores as traduzam em realidade aqui e agora. Com uma perspectiva de tempo, se analisam nesta entrevista os temas principais do

documento “Escolhamos a vida”.Ir. Lluís Serra

6 FMS Mensagem 32

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Momento da entrevista no gabinete do Vigário geral

De acordo com o que dizes,parece que, na vida reli-giosa e na própria Igreja,existe uma inflação de tex-tos e normas. Trata-se, en-tão, de criar pautas míni-mas e pôr em destaque a vi-da e a transformação da re-alidade? É assim?

Não estou de acordo com esta ava-liação. Minha mãe escrevia-me umacarta cada semana. Às vezes me con-trariava, pois me obrigava a encon-trar tempo para responder-lhe. Ago-ra revejo aquelas cartas como ex-pressão de ternura e de amor. Muitasvezes motivaram minha reação, emmais de uma palestra que dava aos es-colásticos. Elas me ajudaram a supe-rar alguma crise.Qualquer texto, inspirado numa ne-cessidade concreta e no amor frater-no, produz bons frutos. Já estão che-gando repercussões da carta que Se-án acaba de escrever aos seus Ir-mãos. Ajudou a mais de um a encon-trar a paz e sabedoria numa situaçãode discernimento.Por trás deste tipo de escritos hámuitas horas de oração, de reflexão,de cansaço, horas tardias da noite ehoras matutinas desde a aurora. Sãoum exercício concreto do amor fra-terno. Enfim, não creio que a produ-ção de textos nos traga prejuízo. Oimportante é que este texto se inspirena sabedoria e no amor que provém

procuram ansiosamente um modomais feliz de viver e um sentido pa-ra suas vidas. Esta deslocação globalde massas nos remete necessaria-mente à multiculturalidade e à in-ternacionalidade, com nova visão derealidades tão profundas, como são asrelações interpessoais, as religiões, oecumenismo, a família, a própria ma-neira de ser homem ou de ser mulher.

Ante a diversidade de cam-pos e tarefas apontadas,não é possível que se ate-nue o perfil da missão ma-rista aqui e agora, de talmaneira que não se saibabem para que servirá umIrmão marista?

Tua pergunta toca um tema central denosso último Capítulo, isto é, a mis-são. Para que servimos nós, maristas,hoje? As origens da AT & T (uma dasCompanhias de maior êxito na histó-ria da telecomunicação) começam comuna nova visão sobre o futuro dasferrovias da América do Norte. O Con-selho dividiu-se em dois: os que vis-lumbravam o futuro da sociedade co-mo uma produção sempre maior emelhor de ferrovias e de trens; e os queviam o futuro como um salto de qua-lidade: “o futuro não é questão detransportes, é questão de comunica-ções”. Os transportes nada mais sãoque um meio entre muitos outros decomunicar pessoas e cidades. A mis-são marista é a educação dos jovens.A escola e a forma de trabalhar nestaescola são um meio, entre muitos ou-tros. O importante é empregar toda avida para contribuir, de modo signifi-cativo, na educação da nova humani-dade, a nova sociedade, sociedadefundamentalmente urbana, global ,profundamente secularizada. O 20.º Capítulo geral foi além, naminha opinião: identificou a educa-ção marista como uma missão deevangelização. Desta identidade re-sulta a diversidade como um ele-mento importante da procura maris-ta de nossa forma corporativa de serevangelho para os jovens e para a so-ciedade do século XXI.

de Deus. Então são como brasas, quedespertam o fogo adormecido de nos-so fervor. O documento do Capítuloencerra muito amor e responde a ne-cessidades concretas do coração domarista de hoje.

Quando olhas para o mundode hoje, que vês?

Na minha opinião, o fenômeno maistransformador deste começo de sé-culo é a urbanização-emigração. É umfenômeno composto. Estamos nosestágios finais do processo de urba-nização da humanidade. A África, oúltimo continente rural, urbaniza-seem um ritmo jamais experimentadoantes na História. Este fenômeno deurbanização prolonga-se num fenô-meno socialmente inquieto e inexo-rável de emigração que apenas co-meçou. É continuação e, até certoponto, conseqüência da formaçãodas megápoles dos anos 60, 70 e 80;junto com a revolução da tecnologiadas comunicações nos põe a todosnum novo modo de ser e obriga-nosa múltiplos relacionamentos. Nasceentão o jovem global: em Mwanza,junto ao lago Vitória, na Tanzânia, ouem Fidji, ou em São Paulo, ou em No-va Iorque, ou em Madri ou em Seul.Os jovens utilizam os mesmos víde-os, vestem-se da mesma maneira eacabam por não confiar nem nos po-líticos, nem nas autoridades. E todos

Maio 2003 7 ENTREVISTA

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OCapítulo define o primei-ro apelo assim: “Centrarapaixonadamente nossasvidas e nossas comunida-des em Jesus Cristo, comoMaria. E, para isto, pôr emprática processos de cres-cimento humano e de con-versão”. Quais os processosque podem facilitar queJesus Cristo seja verdadei-ramente o centro da vidade um irmão, já que pare-ce ser um ideal muito ele-vado?

Considero esta pergunta, uma vezmais, voltada para a necessidade decrescer em nossa identidade. Se apergunta anterior procurava definir o“para que servimos nós, os maris-tas, hoje?”, esta nos convida a res-ponder à pergunta: “que é que dásentido, hoje, a nossas vidas?”, e re-fere-se tanto aos indivíduos quantoàs comunidades maristas. Encanta-mea autodefinição de Jesus no Evan-gelho de Mateus: “Vinde a mim. Soumanso e humilde de coração”. Seánnos está repetindo continuamenteque nossas comunidades não se re-novarão a não ser que entremos pro-fundamente num processo de recon-ciliação e de conversão pessoal einstitucional. Estamos no coração daespiritualidade marista, necessaria-mente apostólica. Acredito que, co-mo instituição, estamos entrandolentamente neste processo de crescerna bondade profunda do coração e nahumildade de quem se sente radical-mente dependente de Deus. Maria éo caminho e a inspiração para chegara esta experiência de Jesus bom e hu-milde. Esta experiência transforma-dora vai-se realizando no serviço mo-desto dos mais necessitados – delesaprendemos a humildade e o sentidoda providência. Ao mesmo tempo va-mos-nos transformando em diálogohumilde – compartilhando nossas fe-ridas – com os irmãos. Não há cura,nem conversão sem esta interaçãoprofunda da comunidade, na aproxi-mação dos necessitados, na comuni-cação humilde de nossa experiênciade Jesus.

posta de leigos – apareceu no proje-to de fundação dos fundadores ma-ristas. Os Irmãos maristas não: nãocomeçaram a partir de um grupo deleigos, não foram contemplados co-mo parte da fundação marista. A Mar-celino, finalmente, lhe disseram: “jáque te parecem tão importantes, ocu-pa-te tu de fundar Irmãos”. Nascemoscomo um instituto religioso, com vo-tos religiosos, desde o começo. Nãotemos raízes “seculares”. Então, es-tamos dando os primeiros passos,tratando de encontrar nosso caminhoneste apelo profundo que ouvimos detodas as partes, para partilhar o ca-risma marista com os leigos. Há mui-tas experiências. O jeito do Irmão ma-rista sempre cativou muitos profes-sores, muitas pessoas que colabora-ram ou estão colaborando conosco. Ofenômeno das “irmãzinhas” creio queé ilustrativo: sentem-se cativadaspor nosso carisma e não conseguemidentificar-se com o carisma das Ir-mãs maristas, por exemplo. As formasque estão sendo ensaiadas um pou-co por toda a parte vão desde o viverem comunidade com um grupo dejovens, de partilhar a vida e a missãocom casais cheios de zelo apostólico,até muitas outras formas de grupa-mento e colaboração mais ou menos

Há muita literatura e muitosdiscursos sobre a espiri-

tualidade e a missão par-tilhadas com os leigos. Deconcreto, existem realiza-ções que nos indiquem queestamos indo por caminhoseguro?

Nós, os maristas, temos nossa forma,que eu chamaria de carismática, defuncionar. Creio que se deve respei-tar esta “natureza” marista; do con-trário, corremos o risco do “recusa ca-rismática”, como o corpo que rejei-ta um membro transplantado. Comomembro do Conselho geral, encontrei-me pelo menos em três ocasiões di-ferentes, tanto com os Irmãos de LaSalle, como com os Marianistas etambém com os outros Institutosmaristas. Sempre acabamos falandodos seculares lassalistas, dos secula-res marianistas, dos seculares da Or-dem Terceira Marista. Os Irmãos de LaSalle, assim como os Marianistas,evoluíram para o que são agora apartir de um grupo inicial de funda-ção puramente secular: um grupo deseculares animados por um sacerdo-te e a serviço da educação e da evan-gelização, de preferência dos jovens.A Terceira Ordem – associação com-

Abrir o Instituto à multiculturalidade e à internacionalidade

LUIS GARCÍA SOBRADO

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Maio 2003 9formal. É importante criar canais departicipação na espiritualidade e mis-são do Irmão marista. Deixar que aprática nos vá ajudando a encontraro que Deus quer que sejamos para osleigos e com eles.

Muitos irmãos, por idade,estão afastados das crian-

ças e dos jovens. Como po-demos vencer esta distânciaexistente para que se pro-duza aproximação e diálo-go?

A idade não é obstáculo ao relacio-namento com Jesus, é convicção mi-nha e profunda. Quando eu era dire-tor do Escolasticado de Nairóbi, o ir-mão José Ronzon, de Beaucamps e S.Genis, com seus setenta e tantosanos, veio para ajudar-nos por al-guns meses e para aperfeiçoar seufrancês. Depois ficou por mais doisanos, atendendo a um pedido dosescolásticos, O irmão José Ronzontornou-se um dos irmãos de maior in-fluência positiva nos escolásticos:escutava-os com grande compaixão eajudava-os a superar suas dificulda-des. Ao mesmo tempo, vinha ter co-migo regularmente, para ter certezade que o que estava fazendo não in-terferia nos processos de formação.Um irmão de idade, bom e sábio, éuma jóia em qualquer lugar. Fre-qüentemente um irmão de idadeavançada já conseguiu desenvolver aarte da relação interpessoal. Os jo-vens sentem tais presenças como umdom enriquecedor, para o qual seabrem com confiança. Pergunto-mese não é isso que os irmãos jovens,os professores e professoras, os alu-nos e as alunas, os meninos de rua emmuitas de nossas instituições e aspessoas procuram com maior anseio:pessoas boas e sábias que lhes façamsentir a presença de Deus.

Acredita que a reestrutura-ção vá beneficiar a vitali-dade do Instituto, levandoem conta que as áreas geo-gráficas são maiores e que

Onde porias o acento naação de animação e de go-verno que compondes? Quepodemos esperar de vósnestes próximos anos?

Uma de minhas crescentes convicçõesé que a Virgem nos dará os líderes deque necessitamos em cada momentohistórico de nosso caminhar institu-cional. Seán chega na hora certa pa-ra este começo de século XXI. É ummestre na arte das relações inter-pessoais, escritor de qualidade, gran-de comunicador, com capacidade detrabalho que parece inesgotável. Tra-balhar com ele é desafio constante;porém, ao mesmo tempo, representaconvite ao diálogo respeitoso, aotrabalho de equipe ou, melhor ainda,ao trabalho comunitário. Está aju-dando-nos, tanto a mim quanto aosconselheiros, a formarmos comuni-dade e a realizar nosso trabalho deanimação e governo em comunidade.Talvez seja isto o que o Instituto es-pera de nós, isto é, que sejamos umConselho unido, que trabalha emequipe, e feliz por sermos Irmãosentre Irmãos.Quanto ao resto, que Jesus, Maria eMarcelino nos inspirem a fidelidadecriativa de cada hora.

este fato pode ameaçar a in-culturação e provocar dis-persão de energias?

A reestruturação, tal como foi orga-nizada entre nós, já produziu um fa-to evidente: ajudou a muitos Irmãose a muitos leigos maristas a encararnossa vida e missão além das fron-teiras provinciais e, na maioria doscasos, mais além das fronteiras na-cionais. Esta realidade, em si, já éexercício de conversão que facilita avitalidade. Preparar o Instituto Ma-rista para o século XXI significa, en-tre outras coisas, abri-lo estrutural-mente à multiculturalidade e à in-ternacionalidade. A Antropologia cul-tural mostra-nos que não se dá ver-dadeira inculturação, que é o enri-quecimento e desenvolvimento daprópria cultura, sem correr o risco deentrar num diálogo vital com outrasculturas: é o princípio das “missõesculturais”. Estou convencido de queum elemento necessário para a esta-bilidade é esta abertura da comuni-dade marista para a multiculturali-dade na vida diária.

Seán e tu formais boa du-pla, complementada pelaequipe do Conselho geral.

Seán e Luis, uma dupla ao serviço do Instituto

ENTREVISTA

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Ir. Juan Miguel AnayaProvíncia de Bética, Espanha

Acertamos atransmissão?

Desde o início o 20.º Capítulogeral mostrou-se preocupado emcomo transmitir e partilhar comtodo o mundo marista a ricaexperiência da fraternidade,discernimento e presença doEspírito que se vivia em Roma. Aresposta óbvia era manter umacomunicação freqüente (épreciso agradecer a comissão decomunicação e os responsáveisda página web) e a redação dealguns documentos oficiaispróprios do Capítulo.Numeroso grupo de pessoasmanifestou nas pesquisas préviasseu desejo de que osdocumentos produzidos pelo 20.ºCapítulo fossem simples,estimulantes e poucos. OCapítulo votou, atendendo estepedido e outras razões, aelaboração de uma únicamensagem. A mensagem foi redigida pelosIrmãos Fergus Garrett, EduardoNavarro, Jean Ronzon e AfonsoMurad, integrando ascontribuições das cincocomissões criadas pelo Capítulogeral.Os critérios que orientaram aredação foram a adoção de umestilo epistolar, o estímulo àcoragem e esperança, a vontadede estimular a vida e acontinuação da linha dasmensagens dirigidas ao mundomarista pelos outros Capítulos.A redação dirige-se aos Irmãos,ainda que os conteúdos afetem atodos que se sentem herdeirosA

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da experiência espiritual deChampagnat. O Irmão ÓscarMartín redigiu, por incumbênciado Capítulo, uma mensagem bemmais breve dirigida aos leigosque partilham o carisma deMarcelino.Estes meses foram um momentode perguntar-se se “Escolhamosa vida” está contribuindo paragerar nova vida e celebrar,partilhar e acolher a vida que jáexiste nas pessoas,comunidades, grupos.

Ir. Libardo Garzón DuqueProvíncia de Nor-Andina

Um rio com cincoafluentes

O acontecimento capitular foium dom do Espírito Santo paranosso Instituto e para todosaqueles com quem partilhamosnossa vida e missão. Um domnão só pela multiplicidade deprocedências e de culturas, masfundamentalmente pelo espíritode fraternidade, de oração e dediscernimento que impregnou avida cotidiana desses dias naCasa geral. O método de trabalho adotadopermitiu sentirmo-nos na buscasincera da fidelidade aos apelosdo Senhor, de são Marcelino edos destinatários de nossamissão. Assim surgiu a propostade aprofundar cinco núcleosfundamentais, para ondeconvergiram as inquietudes eexpectativas do Institutorepresentado pelos Irmãos eleigos participantes.

As cinco comissões responsáveispelos temas foram elaborandoum único documento repassadode vigor e desafios, simples emsua expressão, mas profundo emseu conteúdo, o qual nosconvida a centrar nossa vida emJesus Cristo como fonte de águaviva, vivendo em comunidadesrenovadas e criando espaços defraternidade; a ampliar nossoshorizontes, ao mesmo tempo quenos alicerçamos em nossaidentidade de leigos e deIrmãos; a caminhar juntos naproximidade das crianças ejovens mais pobres, sendoaudaciosos em nossas respostas;e por fim, a consolidarestruturas de animação egoverno em todos os níveis. Como os rios, que sãoalimentados por seus váriosafluentes, assim a vitalidade doInstituto será possível graças àforça com que cada um de nósassumir estas opçõesapresentadas pelo 20.º Capítulogeral, expressão do amor de Deus para conoscohoje.

Ir. Ronnie McEwanProvíncia da Europa Centro Oeste

“Você deve ser amudança que vocêdeseja no mundo”

Mahatma Gandi

Um Capítulo geral é tempo pararecordar que não estamos apenascolocando tijolos ou construindoparedes. Recorda-nos que

devemos construir catedrais.Com o objetivo de assumir amensagem do 20.º Capítulogeral: “Escolhamos a vida”, noscomprometemos com aconstrução da “comunhão deMaristas santos”. É esta a nossacatedral. Ao referir-me àcomunhão de Maristas santos, euestou falando da comunhão desantos vivos, que são agraciadoscom o espírito marista vindo deDeus. Isto não diferencia umIrmão Marista ou uma pessoaleiga marista.Considero-me um colocador detijolos, um construtor de paredesou alguém que constrói umacatedral? O Capítulo me desafiaa procurar vida nas coisassagradas. Isso significa: escutaverdadeira sem permitir-medistração alguma. Escolhemos oslogan “um coração semfronteiras” como tema daCanonização. Estamos nóspreparados para ir além dasfronteiras da nossa compreensãode comunidade? O que significaescolher vida na maneira derezar? Nossas maneiras de rezardevem continuar assim?Construir catedrais e escolhervida pode parecer fantasioso,impossível e por demaisambicioso. Consolo-me com aspalavras de um poeta persa,Rumi, dizendo que é uma honraser gota no oceano. Permaneceruma gota é permanecervulnerável a toda espécie deperigos; ser oceano é adquirir aforça final da junção. Minhaesperança é de que o Capítuloserá uma inspiração e um passopara frente, para cada um denós, deixando passar nossa“gota” graciosamente, demaneira que possamos nostornar um oceano demaristas santos.

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A espiritualidade queChampagnat nos legouapresenta Maria como mo-delo no seguimento de Je-sus. Esta espiritualidadenos dá um ponto de vistaa partir do qual observa-mos o mundo. Constitui oconteúdo a partir do qualcriticamos e avaliamosnossa vida hoje. É tambéma fonte que renova o viçoe permite que sejamosfiéis e criativos para re-formular e transformar

nossa vida e apostolado.Champagnat chegou a Jesus imitando Maria ecaminhando com ela. Os incidentes de sua his-tória pessoal e a atualidade de seu caminho es-piritual reavivam nosso entusiasmo.

CONTRADIÇÃOAs contradições de nosso mundo são numero-sas e profundas. Com elas nos deparamos coti-dianamente na prática do nosso apostolado. En-tretanto não nos detenhamos sobre elas. Pro-curemos ver o que Deus nos quer dizer pormeio delas.Ser marista consagrado hoje significa transfor-mar as contradições do mundo em apelos deDeus. Jesus é o nosso paradigma perfeito. Elepassou neste mundo para nos dar um sentido no-vo à realidade que encontrou. Seu sermão dasbem-aventuranças é o exemplo flagrante de

“Seguir Jesus comoMaria o fez” constitui o

centro da primeira parteda Mensagem do 20.oº

Capítulo geral. Estapequena seção ilumina e

dá sentido a todo odocumento.

12 FMS Mensagem 32

Fidelidade criativasua visão. Ser Irmão marista hoje é adotar es-te novo olhar que Jesus tinha do mundo. As con-tradições que ora percebemos devem ser paranós como lugares onde Deus se manifesta e nosconvida a participar de seu plano sobre o mun-do. A vida de Jesus e de sua Mãe nos mostramque é nas distorções deste mundo que Deus semanifesta.Revelando certo número de contradições denosso tempo, a mensagem do Capítulo geral nosmostra os lugares onde Deus nos chama e nosinterpela.Neste tempo pós-capitular, a resposta consis-tirá em ter uma atitude de discernimento con-tínuo na atualização das decisões e orientações.

SINAIS DE ESPERANÇAA Igreja hoje muito enfatiza a virtude da espe-rança. Nosso Capítulo geral soube ler este sinaldos tempos e partilhá-lo com todo o Instituto.A sua mensagem é mensagem de esperança.Confirma-o a ordem: ”Escolhamos a vida”.Na mensagem, os sinais de esperança surgem co-mo indicativos que Deus põe em nosso caminhopara nos mostrar sua presença. Eles nos enco-rajam, alicerçam nossos esforços e enriquecemnossa reflexão.Os sinais de esperança que a Mensagem do Ca-pítulo geral apresenta nos comprometem comum discernimento profundo. Sua natureza éprópria para nos ajudar a nos questionar, amanter o olhar dirigido para o futuro e agir comconfiança e otimismo. Entretanto, para seremluzes em nosso caminho, estes sinais devem serevangelizados e purificados de suas ambigüi-dades que os podem acompanhar. O Capítulo ge-ral é ponto de partida de um trabalho sério e es-tafante.

QUANDO OS SINAIS DE ESPERANÇA SE ENTRECRUZAM COM ASCONTRADIÇÕES DO MUNDOQuando os sinais de esperança se entrecruzamcom as contradições deste mundo, a ação evan-gelizadora do consagrado tem papel insubsti-tuível. Ela intervém para que o bem adquira suadimensão total, isto é, o cumprimento do pla-no de Deus. O consagrado testemunha que omundo não pode ser construído, desenvolver-

Sigamos a Jesuscomo Maria e

com ela

FIDELIDADE CRIATIVA

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Ir. Théoneste KalisaConselheiro geral

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se e estruturar-se sem Deus. Seria uma contra-dição. Por exemplo, a resposta do mundo de hoje às in-justiças e des-igualdades é asolidariedade in-ternacional. Nes-ta resposta, oconsagrado in-tervém em váriosníveis. Ele afir-ma a dignidadehumana em no-me de Jesus, elecontribui no es-forço da solida-riedade materiale, de forma in-substituível, tra-balha para hu-manizar a solida-riedade, dando-lhe a dimensão evangélica.A Mensagem do Capítulo geral nos recorda tam-bém que 110 milhões de crianças não têmacesso à educação de base. É uma desafiante in-terpelação para nós. Porém esclareçamos nos-sa ação específica. Existem grupos internacio-nais de ação em favor da educação e que são si-nais de esperança. Nós os integramos e neles co-laboramos. Contudo recordemos que nossa fun-ção específica nos vem de um carisma do Espí-rito Santo. Assim nenhum aspeto particular, se-ja qual for sua urgência ou importância, podeexaurir nosso objetivo. Nosso desafio educati-vo será sempre o projeto de Deus sobre a pes-soa por educar.Nossa ação apostólica traz a marca de nossaidentidade. Trata-se de vislumbrar o mundo co-mo Maria o viu, com olhar renovado, com o o-lhar de Jesus.

SEGUIR A JESUS COMO MARIA E COM ELAUm aspecto da pessoa de Maria nos fala hoje.Trata-se de sua abertura e entusiasmo diante dodesconhecido, vindo de Deus: “Como é que vaiser isso? Faça-se em mim segundo tua palavra!Meu espírito exulta em Deus”.Ante os desafios do Instituto nós nos pergun-

tamos também: como se fará isso?Jesus quer a colaboração de cada

Irmão para realizar as maravilhas no Institutoe por meio dele. O olhar com que ele fita cadaum é penetrante e cheio de amor. É vivificantepara os corações abertos, simples e generosos;mas ele pede uma resposta livre, e nós podemoslhe opor a resistência de nosso egoísmo.O Capítulo geral nos convida a responder comoMaria: dizer “Sim” a Deus, olhar o futuro comfé e otimismo e comprometer-nos com entu-siasmo na transformação do Instituto tanto nasua vida e suas estruturas internas como na suamissão ad gentes.

CONCLUSÃOEste tempo pós-capitular é tempo de graças pa-ra o Instituto. A visão que temos do mundo, daIgreja e do Instituto deve ser uma visão commarcas de renascimento. A palavra de ordem doCapítulo geral “Escolhamos a vida” é profética.A vida nova é sempre novidade radical. É in-cógnita cheia de esperança. Pode-se crer que asquestões novas surgirão e que exigirão respos-tas inéditas. Constitui mudança de paradigma.Transformemo-nos para nos ajustar. Para vinhonovo, odres novos.Maria da Anunciação e da Encarnação é nossomodelo nestes tempos novos que enfrenta-mos. ✦

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Presença dos Irmãos entre os jovens

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Significava estar aten-tos e disponíveis aosmovimentos do Espírito.O Espírito de Deus estásempre em ação. Suaação é vivificadora, faznovas todas as coisas,constrói a comunhão,enche de coragem e pro-fecia. Nós é que podemos

nos distrair e não reconhecer os seus sinais.Procuramos atender ao convite do SuperiorGeral de então e afirmamos em nosso docu-mento final: “Com Maria, vivemos verdadei-ro Pentecostes: muitas línguas, um só cora-ção” (3). Junto com a excepcional experiên-cia de fraternidade, tocamos de perto na pre-sença do Espírito através da prática do pro-cesso de discernimento. E um sopro de vidaanimou nossa comunidade capitular e levou-nos aos cinco apelos que partilhamos com to-do o Instituto na mensagem-convite “Esco-lhamos a Vida”.O número 18 desse documento capitular noscoloca, como a Samaritana, junto com Jesus,no poço de Jacó. Se conhecêssemos o dom deDeus… (cfr Jo 4, 10) Aliás, o documento fazvárias referências a experiências de encontrocom Jesus (n.º 12), como uma chave de lei-tura que nos ajuda a perceber o primeiro

Na abertura do 20.oº Capítulo geral, o

Ir. Benito nos convidou aviver esse acontecimento

como um Pentecostes.

14 FMS Mensagem 32

Na fonte de água apelo do Capítulo como um ato de fé : “Cen-trar apaixonadamente nossas vidas e nossascomunidades em Jesus Cristo, como Maria…”Em tempos de mudança e de crise, urge rea-firmar o essencial, o absoluto que nos faz vi-ver. Por buscarmos cisternas rachadas, dei-xamos de lado os mananciais de água viva; emorremos de sede, ao lado do poço… Comoo profeta Elias, precisamos despertar e nos re-alimentar de esperança, para sermos pere-grinos capazes de atravessar desertos e ca-minhar até a montanha de Deus (cfr 1 R 19).E seremos aqueles adoradores em espírito everdade, conforme a palavra de Jesus à Sa-maritana. E, impregnados do amor do Pai, nostornaremos nós também fontes de água cor-rente, que jorram vida em abundância.“Queremos ser Irmãos” (n.º 19). Apenas issoe tudo isso. Religiosos irmãos, na expressãoda exortação apostólica “Vita Consecrata”, deJoão Paulo II. Diz o texto, no n.º 60: “A pro-posta é significativa, sobretudo se se consi-dera que a qualificação de irmãos evoca umarica espiritualidade”. E o Papa acrescenta:“Estes religiosos são chamados a ser irmãosde Cristo, profundamente unidos a Ele, ‘pri-mogênito de muitos irmãos’; irmãos entre si,no amor recíproco e na cooperação para omesmo serviço de bem-fazer na Igreja; irmãosde todos os homens, no testemunho da cari-dade de Cristo para com todos, especialmen-te os mais pequeninos, os mais necessitados;irmãos para uma maior fraternidade na Igre-ja”. Sermos consagrados-leigos não é um proble-ma ou dificuldade para nós, mas justamentea força e a riqueza de nossa identidade vo-cacional. Torna mais visível a originalidade davocação religiosa masculina. Com toda a vi-da consagrada, vivemos também esse tempode transição como uma oportunidade de re-fundação. Somos peregrinos, “pelos caminhosde Emaús”. Marcados por dúvidas e frustrações,sabemos que só na escuta da Palavra e no re-conhecimento dos sinais da presença centraldo Cristo, poderemos reler a história, enxer-gar os acontecimentos com o olhar de Deuse voltar a ser, em comunidades “escolas de fé”,testemunhas irradiantes do Ressuscitado.

Acheguemo-nos àfonte da água

vida paraconverter-nos em

manancial

1. CENTRADOS EM JESUS CRISTO

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Ir. Antonio RamalhoConselheiro geral

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viva A vida consagrada, “memóriaviva da forma de existir e atuarde Jesus, como Verbo encar-nado face ao Pai e aos irmãos”(VC 22), tem sua melhor ex-plicação na gratuidade do dome na confiança da fé. “Aquiloque pode parecer aos olhosdos homens um desperdício,para a pessoa fascinada no se-gredo do coração pela beleza ebondade do Senhor é uma ób-via resposta de amor” (VC104). Bonito exemplo dessarealidade deu-nos o Ir. AlvaroEcheverría, superior geral FSC,em sua conferência no nossoCapítulo, ao citar um Irmãolassalista, falecido jovem naGuatemala, que afirmava sóser possível a fidelidade e per-severança na vida religiosa para quem vive suaprofissão com um coração enamorado.Mas, viver apaixonadamente a consagração,não é algo romântico ou ingênuo. É muitomais uma luta, vivida com muito ardor, hu-mildade e gratidão; pela consciência de nos-sa miséria e pela descoberta da misericórdia.Não por acaso, o nosso documento capitularem seus números 18 a 21 insiste tanto naidéia de processo, de busca, de amadureci-mento passo a passo, de conversão. É preci-so respeitar a dinâmica de todo crescimentohumano, dando a essa palavra “humano” to-da a sua consistência e valor, lembrando-nosque o próprio Deus quis humanizar-se, pelomistério da Encarnação.Sentimos aqui a grande importância do pro-cesso formativo para o cultivo de uma vida re-ligiosa com saúde e credibilidade, assumidapor pessoas de coração reconciliado e soli-dário. É oportuno lembrar o precioso docu-mento “A vida fraterna em comunidade”, daCIVCSVA, que diz no seu n.º 35: “A comuni-dade religiosa, pelo fato de ser uma ‘Scholaamoris’ (escola de amor), que ajuda a crescerno amor para com Deus e para com os irmãos,torna-se também lugar de crescimento hu-mano. (…) O caminho para a maturidade hu-

mana, premissa para uma vida de irradiaçãoevangélica, é um processo que não conhecelimites, porque comporta um contínuo ‘enri-quecimento’ não somente dos valores espiri-tuais, mas também dos de ordem psicológica,cultural e social”.Afirmamos a centralidade de Jesus Cristo emnossas vidas, como religiosos-irmãos, comodiscípulos de Champagnat, com o selo do ca-risma. Por isso o fazemos ao modo de Maria.Ela, melhor do que ninguém, centrou toda asua vida no projeto de Deus e na pessoa de seufilho, Jesus. Ela nos educa na experiência doamor de Deus, a saber acolher, viver e parti-lhar esse amor. Mãe da Igreja, ela acompanhae inspira a todos nós, membros da grande Fa-mília Marista, para encarnarmos o seu modode ser na Igreja e no mundo. Comunidade reunida em torno de Maria, que-remos completar e continuar esse novo Pen-tecostes capitular, abrindo as portas do Ce-náculo, para proclamar nossa profissão defé, para renovar nosso ‘credo’ marista, para di-rigir, especialmente às crianças e aos jovensmais necessitados, um anúncio de alegria e desentido para suas existências: Jesus Cristo,que nos oferece seu amor e vida em plenitu-de. ✦

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Os jovens estão sedentos de saber e de amar

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A resposta é a seguinte: otema vocações nunca es-teve muito longe dos es-píritos dos capitulares. OCapítulo expressou a suapreocupação com as vo-cações, sublinhando a es-colha consciente de ques-tões que tinham impactodireto no modo de atrairos jovens para o nossomodo de vida e nele retê-los. Será que a nossa co-munidade atrai a juven-tude? A nossa vida tendeou não a conservar os Ir-

mãos que temos?A preocupação pela vida das nossas comuni-dades é partilhada em continentes e culturas.Desde 1970, a qualidade da vida comunitáriatornou-se o crescente motivo pelo qual os ho-mens nos deixam. No momento o celibatoconsta como a principal razão de todos aque-les que solicitam indulto. Parece que à medi-da que os homens atingem certo patamar da vi-da, onde os primeiros desafios do ministériotêm sido enfrentados com entusiasmo e são su-perados com confiança, a necessidade de apoioda comunidade é sentida com mais agudeza. Aexperiência de ministério de muitos Irmãos ca-da vez mais é uma das mais esperadas nos seusprogramas educacionais e deles pessoalmente.Com freqüência, o número de Irmãos num mi-nistério particular já não é o que foi no pas-sado. Assim, é menor o sentimento fraterno dosIrmãos que trabalham numa equipe maior,unificada e enérgica. Portanto a comunidade,cada vez mais, se torna o lugar em que a co-nexão de cada um tem necessidade de expri-mir-se.No preciso momento em que a necessidade demaior apoio pessoal se faz sentir para cada um,achamos que muitas vezes temos deficiência dehabilidade para provê-lo (Constituições, 51). Es-tou intrigado em saber se o único modo de ascomunidades serem lugar de relacionamento in-terpessoal sadio e espírito familiar não é quan-do cada um de nós, consciente e deliberada-mente, decide trabalhar na aquisição de tais ha-

“Se o Capítulo geral sepreocupou com a

vitalidade do Instituto,por que o tema das

vocações não constituiumatéria dos seus apelos?

Esta pergunta foiformulada por muitos

Irmãos, desde o Capítulo.

16 FMS Mensagem 32

Atrair e preservar bilidades para assegurar tal resultado. Estas sãohabilidades adquiridas com esforço e prática, napaciente aprendizagem de tentativa e erro,qualificações cujo aperfeiçoamento requer to-da a vida.Conversações no Capítulo geral trouxeram à luzos desafios enfrentados pela liderança Provin-cial. Alguns líderes, no desejo de assistir os jo-vens no discernimento da sua vocação, pes-quisaram com cuidado e empenho na sua Pro-víncia um tipo de comunidade que vive uma vi-da que seja atraente para o jovem de hoje, cha-memo-lo de jovem em busca de discernimento.Outros Provinciais, com jovens Irmãos quedeixam as comunidades de formação para o seuprimeiro emprego ou ministério, olham compreocupação a sua Província, na procura de umacomunidade que apóie e enriqueça esta novavida.Provavelmente tanto o jovem em busca de dis-cernimento, como o jovem Irmão estão à catade coisas semelhantes. Tem a comunidade o sen-tido de quanto isso é vital, com tais caracte-rísticas como mudança, adaptação e cresci-mento? Percebe o visitante que o foco da co-munidade está fora dela e não no seu interior,preocupada com a sua preservação e cuidadopróprio? O ministério, em qualquer das suas mo-dalidades, está abarcando parcela importante detempo e de conversação na comunidade? Ou acomunidade se sente como sólida e auto-sufi-ciente instituição, a repetir os padrões do úl-timo ano ou do penúltimo? Não devemos per-mitir que as nossas escolas e ministérios semantenham e se fixem em rotinas e currículos

2. COMUNIDADES RENOVADAS

A comunidade como espaço de fraternidade

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Ir. Peter RodneyConselheiro geral

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vocações

do ano passado ou do passado decênio. Esta-mos contentes com o que as nossas comunida-des fazem? Daqui se infere o valor crítico do Pla-no anual de vida da comunidade. Assim, cada um de nós deve bem ponderar ascoisas; cada comunidade pode questionar-seacerca do jovem em busca de discernimentoque nos procura; igualmente acerca do jovem Ir-mão que começa a sua vida de apóstolo maris-ta. Os ministérios deles são apoiados e sus-tentados pelo nosso relacionamento com um eoutro? A oração pessoal deles é ou não ali-mentada e encorajada pela prece comunitá-ria? Muito atento ao problema das vocações, es-tava certo o Capítulo em preocupar-se primei-ro com o relacionamento e com a oração da co-munidade?Em face dessa preocupação, que fazer? Não hácópia heliográfica do Instituto; mas, felizmen-te, cada comunidade tem a liberdade de encar-regar-se da própria vitalidade. Líderes habili-tados podem encorajar a mudança, ser pacien-tes com a lentidão do progresso, enquanto a boavontade seja evidente; por outra, cuidar com co-ração pastoral daqueles que temem a mudançae agir com firmeza com aqueles que perturbama comunidade com o seu desespero. Bons líde-res hão de ter espírito crítico. O Capítulo esta-va preocupado com isso. Estamos preparando osnossos líderes de comunidade como preparamosos líderes dos nossos ministérios?Em algumas Províncias, talvez os Irmãos, emconjunto, possam averiguar que a estrutura eo ritmo da comunidade não são benéficos pa-ra todos nem apóiam os ministérios de todos.Esta realidade pode ser enfrentada com um o-lho fixo na vitalidade da Província. É a Provín-

cia assaz confiante e assaz ousada para permi-tir e mesmo encorajar diferentes tipos de co-munidades dentro da Província? Cumpre havervariedade de comunidades dentro da Província,para que mais criteriosamente reflitam as di-ferenças de ministério, de formação e de espi-ritualidade pessoal. Isso dará maior complexi-dade à vida da Província, já muito complexa,mas vai testemunhar a riqueza variegada da Ir-mandade Marista. Uma coisa parece certa: para haver vitalidadena Província, as suas comunidades, algumas pe-lo menos, necessitam ser lugares de vitalidade.Essa vitalidade, sob a guia de líderes habilita-dos, leva a comunidade a perceber que a vidacomunitária é importante para todos. É vital,porque individualmente e em conjunto estamosadquirindo as qualificações necessárias para fa-zê-la humana e espiritualmente apoiadora. Se-rá vital no sentido de que vai ter o ar do rea-lismo. Dito realismo implica que em face do queé necessário, o progresso é lento e demanda pa-ciência e perdão; por outra, o realismo refletetambém a ligação da comunidade com a co-munidade de vida fora da Capela e do ministé-rio, algo factível para quase todos os Irmãos.A Irmandade experimentada em tal caminhoproduzirá importantes conseqüências para oshomens com quem eu vivo a jornada espiritual;eu próprio sou encorajado a perseverar na mi-nha consagração. Trabalhando pela vitalidadede modo concreto e paciente, a vida do Irmãoserá atraente para o jovem em busca de discer-nimento; de igual forma, ela vai constituirapoio para o Irmão de qualquer idade. E tudoisso vamos ficar devendo um ao outro, reci-procadamente. ✦

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Neste contexto bíbliconos situamos para enten-der o convite que nos fazo 20.º Capítulo geral.Três situações diferentesem distintos lugares domundo marista:❖ Rosinha descobriu suavocação de educadora. Es-te é o segundo grupo decrianças que formam “suafamília” há três meses.Ela e sua filha de 14 anossão as líderes dos oito me-ninos e meninas que for-mam o lar-família La Va-lla. Com carinho e exigên-cia, eles estão aprenden-do hábitos de asseio, con-vivência e responsabilida-de que em suas própriasfamílias (um tanto de-

sintegradas) ninguém lhes ensinou. O projeto decuidado de menores em situação irregular vai to-mando forma a bordo do carisma marista.❖ Há um mês, Rob foi afiliado à Província, du-rante uma Missa a qual estavam presentes suaesposa e seus dois filhos, quase quarenta Ir-mãos, vários colegas e alguns alunos do colé-gio onde atua há mais de vinte anos. “Renovoa opção de dedi-car minha vida àeducação destesjovens, especial-mente os maisabandonados”,expressou comsimplicidade aoagradecer a afi-liação. Outros oi-tenta leigos e lei-gas são, comoele, membros afi-liados desta Pro-víncia marista.❖ O grupo é for-mado por uma dezena de pessoas, homens esenhoras. Já celebraram 25 anos de vida co-munitária: cada semana se reúnem para com-

A expressão do profetaIsaías (54,2), que o

documento capitularutiliza para abordar

nossa relação com osleigos, está repleta de

referências àfecundidade recuperada

pelo povo (esposa) deDeus, graças a renovada

iniciativa de seu amorque o devolveu à casa

depois do exílio.

18 FMS Mensagem 32

Alarga o espaço de partilhar o Evangelho e a vida; cada ano parti-cipam de um ou dois retiros de final de sema-na; tomaram parte de muitas iniciativas soli-dárias, não obstante, nasceram como grupo deoração. Há seis anos se incorporaram comofraternidade ao Movimento Champagnat.Efetivamente, o carisma marista, ao longo dasúltimas décadas, foi manifestando sua fecun-didade na vida de muitas pessoas leigas que vi-vem sua fé cristã com os traços e caracterís-ticas que são Marcelino legou aos Irmãos. O Ca-pítulo nos convida a reconhecer na vida des-tes leigos e leigas, jovens e adultos, sua per-tença legítima ao projeto de Champagnat. É oEspírito de Deus quem nos conduziu por estescaminhos de enriquecimento mútuo e quem noslevará a aprofundar nossa identidade maristade Irmãos e leigos.Por um lado estão os educadores maristas lei-gos, transitando da profissão à vocação, na en-trega à missão evangelizadora. Participandocom eles lado a lado na escola marista, os Ir-mãos enriquecem-se com seus dons. Em mui-tos lugares, necessitamos continuar crescen-do em reciprocidade, revertendo a antiga ver-ticalidade. A vivência conjunta de processos deformação na espiritualidade apostólica maris-ta vai tecendo novos laços de fraternidadeentre Irmãos e leigos. Uns e outros aprofun-damos nossa própria identidade no diálogo e

no trabalho conjunto. A missãovai assim se fortalecendo. Em cer-

3. COM OS LEIGOS

Partilhar com os leigos, um novo sinal de vida

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Ir. Pedro HerrerosConselheiro geral

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tua tendatas culturas, a presença dos Ir-mãos num meio escolar plura-lista os põem em contato comeducadores de outras crenças.No diálogo que aflora, Deus sefaz ouvir e seu Reino vai ger-minando. A pessoa de são Mar-celino desperta, muitas vezes,uma profunda sintonia espiri-tual.Por outro lado, muitas famíliasencontraram-se com o carismamarista nas instituições edu-cativas que os filhos freqüen-tam. Foram agraciadas pela sim-plicidade do trato, ou da proxi-midade afetuosa e desinteres-sada, ou da disciplina motiva-da e carinhosa mas exigente. Descobriram oapelo para viver a fraternidade, a partir doEvangelho de Jesus. Identificaram-se com ostraços marianos descobertos ou encontraramum novo espaço para Maria em suas vidas. Al-guns vincularam-se de algum modo ao caris-ma, a partir de sua identidade laical. O Capí-tulo nos pede para acompanhar estes proces-sos e explorar novos caminhos.Estão também os jovens animadores e os vo-luntários que entregam parte de seu tempo pa-ra acompanhar outras crianças e jovens em seuamadurecimento como pessoas e cristãos oupara desenvolver projetos de solidariedade.Em seu coração vibram também feições deChampagnat. Sua pessoa os cativa e inspira. Osalenta à generosidade e à entrega desinteres-sada. Desperta neles iniciativas diversas. Al-guns compartilham a vida de comunidade comos Irmãos, durante algum tempo (e a frater-nidade adquire um novo sentido, mais univer-sal).Que nos preparará o futuro? Numa Igreja queé comunhão e participação, nossa identidadede Irmãos – religiosos leigos – vai-se perfilandona interação com a hierarquia e com os fiéis lei-gos. O mistério da Igreja se reflete na variedadede vocações que o Senhor suscita para a vidado mundo. O dom de nossa vocação de Irmãosmaristas continuará sendo indispensável. Norosto fraterno do Irmão brilhará a profundidade

de sua experiência de Deus, a graça da frater-nidade e sua loucura pelo Reino na educaçãodas crianças e jovens. Quanto melhor se inte-gre no conjunto da Igreja, melhor se delinea-rá sua identidade própria.No contexto eclesial atual, em que os movi-mentos leigos de diversas espiritualidades pa-recem um novo Pentecostes, o laicato maris-ta tem uma oportunidade (é tempo de graça:kairós). Acompanhados pelos Irmãos, os leigosmaristas irão delineando sua própria identi-dade, das raízes da espiritualidade mariana eapostólica que nos legou Marcelino Champag-nat. Como adultos na fé irão discernindo porsi mesmos ou conjuntamente com os Irmãos,novas presenças educativas junto aos jovensmais abandonadosA tenda ampliada do carisma marista, na fi-delidade ao Espírito que foi derramado emnossos corações, será expressão e fonte de no-va vitalidade. Juntos, Irmãos e leigos, atuali-zamos o carisma de Marcelino Champagnat.Nossas vidas são chamadas a converter-se,para aqueles a quem somos enviados, espe-cialmente os jovens, num convite para encar-nar o Evangelho, do jeito de Maria. E nossoFundador poderá reconhecer em cada um deseus filhos (leigos e Irmãos) um operário doReino, eleito pelo Pai e animado pelo Espíri-to para dar a conhecer a Jesus Cristo e fazê-lo amar. ✦

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Um novo lugar disponível para um amigo mas…

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Há anos (1996), BarbaraFiand publicou um livrono qual comparava o mo-mento atual da vida reli-giosa com a luta de Jacócom Deus que é narradano livro do Gênesis (32,22-31). “Lutando comDeus” é o título do livro.

DEUS NOS ASSALTAO relato bíblico situa-seno meio da noite. Não nosreferimos seguidamente aimagem da noite paradescrever a vivência demuitos de nós, imersosnuma época de mudan-ças profundas que nos

desorientam e confundem? Não nos sentimosfreqüentemente envoltos pela escuridão e sempontos de referência claros? Por que demoratanto a aurora do novo dia? Para onde devemosorientar os passos, quando as seguranças sãoescassas?...E no meio da noite, Jacó é assaltado por “al-guém”, cujo rosto não pode ver. Somente nofinal, depois de resistir durante toda a noite,consegue descobrir que havia lutado com DeusTransferindo as imagens bíblicas para nossa

“Deixai-vos assaltar porDeus, não penseis que

Jacó estejadistante...Tudo nos

chama à luta com Deus epor Deus, para que Deus

se torne visível, para osol de Deus possa

amanhecer em nós epossamos receber um

novo nome”. (Dorothee Sölle)

20 FMS Mensagem 32

Lutando com Deusprópria vida, talvez reconheçamos que muitasvezes a vivência da “noite” provocou em nóso cansaço e o desalento, fechando os olhos edeixando-nos vencer pelo sono. Porém nossacômoda tranqüilidade se vê surpreendida pe-lo assalto do “desconhecido”, em cujo rostoconseguimos intuir, como Jacó, o rosto deDeus.Como Jacó, somos convidados a agüentar anoite toda e enfrentar corajosamente o en-contro com Deus. E para nós, maristas, que ros-to pode assumir Deus, senão o das crianças ejovens?Sua voz ecoou clara e forte por três dias na se-de da ONU no passado mês de maio: “Somos ascrianças da rua. Somos as crianças da guerra.Somos as vítimas e os órfãos da HIV-AIDS. Que-remos um mundo próprio para as crianças,porque um mundo próprio para nós é um mun-do próprio para todos” (Gabriela, Bolívia, 13anos e Audrey, Mônaco, 17). “Hoje, as crian-ças da Libéria sofrem pela guerra, somos osdesnutridos da guerra, morremos na guerra”(Wilmont, Libéria, 16). “O melhor que podemfazer é terminar as guerras. Aqui estão tomandodecisões que podem afetar o mundo. Esperoque me escutem” (Eliza, Bósnia-Herzegovina,13) “Alguns nascem só para sofrer, e sofrem coi-sas que não motivaram. O que precisamos devocês é paz” (José, Timor Oriental, 17).Ao testemunho dessas crianças e adolescentes,ratificado por outras 380 que haviam partici-pado no “Foro Mundial das Crianças”, somou-se a voz de Carol Bellamy, diretora geral da UNI-CEF: “Estamos falando às crianças. No planetahá 2.100 milhões de menores. Cada 24 segun-dos nascem cem bebês e muitos deles morremantes dos 5 anos em conseqüência de enfer-midades que se podem prevenir; muitas nuncaentraram numa sala de aula; serão aterroriza-das pela violência social ou a guerra, e serãoforçadas a trabalhar em condições abusivas”.

NÃO TE DEIXAREI SE NÃO MEABENÇOARDESLaura Hannant, canadense de 16 anos, tambémparticipante do “Foro Mundial”, comentou an-te a Assembléia da ONU: “Agora que estamosaqui nos estão escutando. Continuarão a fazê-

Jesus viveu suamissão até o

extremo

4. MISSÃO E SOLIDARIEDADE

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Ir. Emili TurúConselheiro geral

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lo depois? Isso é outra coisa”.Assaltados por Deus através dourgente clamor de crianças e jo-vens, a pergunta de Laura éimplacável: Além de emocio-nar-nos agora, fareis algo nofuturo?” Temos a eleição dian-te de nós: podemos dedicar-nos a elaborar um novo docu-mento sobre nossa “Missão eSolidariedade”; consumir nos-sas energias em discutir sobreque tipo de apostolado é o maiscondizente com nosso carisma;justificar nossas escassas pos-sibilidades de compromisso jáque, de acordo com as semprenecessárias estatísticas, é pre-ciso ser “realistas”...ou pode-mos caminhar, oferecendo res-postas rápidas ante situaçõesdramaticamente urgentes. Podemos imaginar-nos a resposta do coração compassivo deChampagnat ante essa mesma interpelação?...Jacó resiste obstinadamente em sua luta to-da a noite. “Não te deixarei se não me aben-çoardes”, disse-lhe com atrevimento. E assimaconteceu: sua constância converteu-se em suabênção.

NOSSO DEUS QUER ABRASARConta uma poesia mística sufi que um diaMoisés ouviu um pastor rezar de maneira sim-ples e familiar, como quem fala com um ami-go: disse a Deus que quando pensava nele, sósabia dizer “Ah!”. Moisés irritou-se muito coma aparente falta de respeito do pastor, e pe-diu-lhe que usasse uma linguagem mais cor-reta.Conforme o conto, Moisés teve uma revelaçãorepentina de Deus, o qual lhe reprovou a ati-tude: “Não escuto as palavras que dizem” dis-se Deus, “só me fixo na humildade. Esse cora-ção contrito e submisso é a realidade, não aspalavras. Precisa esquecer as grandes frases.Fogo, fogo é o que quero!” Deus sugeriu a Moi-sés que os que prestam atenção à maneira defalar são de um tipo. Os que se abrasam em seuamor pertencem a outro.

Marcelino Champagnat não foi exatamente umapessoa de grandes palavras, senão alguém que,abrasado pelo amor de Deus, foi capaz, em seunome, de grande audácia: “Não posso ver umacriança sem que me assalte o desejo de dizer-lhe quanto a ama o bom Deus!”Quando o 20.º Capítulo geral decidiu publicarum só documento final, queria sublinhar quejá passou o tempo das grandes declarações en-tre nós. Que agora é tempo da “paixão”: umconvite a cada um de nós para que nos deixe-mos abrasar pela ternura de um Deus que de-seja manifestar-se como irmão achegado àscrianças e jovens cujo clamor se torna sempremais evidente. “Deus nos concedeu os dons ne-cessários para levar o fogo ao nosso mundo eaos que nos cercam.” (20.º Cap. geral, 31); fa-zemos frutificar adequadamente estes donsrecebidos?A conhecida Joan Chittister dizia num artigo(1994): “A única questão para este tempo é:continuará a vida religiosa conosco ou deve-rão vir outros para reanimá-la? Duas coisas sãocertas. Primeira, é impossível que os gruposque não se ocupam das questões de hoje pos-sam servir de fermento para esta época. Se-gunda, onde não há paixão, a vida está mor-ta”. ✦

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Que rosto pode assumir Deus, senão o de crianças e jovens?

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Nada mais normal, dir-se-ia, pois o Senhor mes-mo deu o exemplo, con-vidando os discípulos pa-ra fazer outro tanto. “Se,portanto, eu, o Mestre eo Senhor, vos lavei ospés, também deveis la-var-vos os pés uns aosoutros” (Jo. 13, 14) Aexplicação do gesto está

exatamente no início da frase. Aquele a quemtodo o poder foi dado no céu e sobre a terrafez-se servidor de seus apóstolos. É uma in-versão total de perspectiva, uma atitude an-típoda da prática corrente do tempo de Jesuscomo do nosso. O que tem o poder o faz sen-tir e dele se serve para proveito próprio. Nãoé assim para os que se comprometem a seguirCristo. Esta atitude de servir seus irmãos sótem um fundamento: o amor, e somente istojustifica a aceitação de uma função de supe-rior em qualquer nível que seja. Nas linhas que seguem gostaria de partilhar,brevemente, a partir de três elementos pre-sentes no documento capitular. (n.os 37 à 40)

GOVERNO PASTORALNo número 38, o documento capitular adicionaeste qualificativo para descrever o modelo degoverno desejado. Se a palavra em si mesmafaz a unanimidade, não é certo que tenhamos

Na quinta-feira santaem Roma, nosso Superior

geral lavou os pés de alguns Irmãos da

Casa geral.

22 FMS Mensagem 32

Lavai-vos os pés uns todos a mesma concepção do que é um go-verno pastoral. De minha parte, parece-me quesua caraterística essencial é de colocar oamor de Deus e dos irmãos no centro de suaação. Uma das manifestações deste amor se-rá a atenção dispensada a cada pessoa, oacompanhamento da mesma, em suas neces-sidades. Não significando isto complacên-cia. Um provincial “pastoral” não aceita to-das situações, todos pedidos...especialmen-te se criam dificuldades, talvez mesmo peri-go para as pessoas. Ele não pode afiançarcomportamentos irresponsáveis. Ocorreu-me,sendo provincial, de ter sido exigente com umirmão, porque via que sua saúde estava em pe-rigo. Dois ou três anos depois, este mesmo ir-mão me escrevia: não poderei te agradecerbastante pelo que fizeste por mim... Estaspoucas palavras recompensaram-me pelos es-forços despendidos, esforços talvez mal com-preendidos de início. Penso que um governopastoral sabe tomar decisões que se impõemmesmo que dolorosas. Amar seu irmão exige,por vezes, coragem para ajudar o crescimen-to na vocação. Isto também é um governopastoral.

SERVIÇO CRIATIVO DE ANIMAÇÃO E GOVERNOO processo de reestruturação fez emergir no-vas idéias em matéria de estruturas de ani-mação e governo. Aqui vimos surgirem regiões

5. ANIMAÇÃO E GOVERNO

Superioresgerais: um

patrimônio deserviço

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Ir. Maurice BerquetConselheiro geral

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aos outrosou setores no seio da nova província. Ali a re-flexão desenvolveu-se sobre uma proposiçãodo Capítulo geral que a aceitou: a possibili-dade de nomear vigários provinciais, supe-riores maiores. Em alguns destes casos, creioque a fonte primordial foi favorecer a vida, depermitir um vínculo fácil com o provincial ouseu representante pondo em comum nossos re-cursos para além das antigas fronteiras pro-vinciais. Por outra, o processo mesmo con-duziu à organização deencontros múltiplos emvista de um discerni-mento que não se res-tringia somente aosconselhos provinciais.Contudo, parece-meque não exploramos tu-do em matéria de re-novação das estruturasde animação e governo.Por exemplo, nos capí-tulos provinciais temosum papel deliberativomuito reduzido; não se-ria necessário avançarna pesquisa de novasresponsabilidades nes-ta instância importan-te? Participando da comissão “estruturação”feita nas províncias da França e Catalunha, fi-quei admirado pela observação de um cano-nista que consultamos sobre este tema. Sequeremos um governo que priorize a co-res-ponsabilidade e a subsidiariedade, que favo-reça a comunhão entre os Irmãos, não pode-mos ignorar ou minimizar esta pesquisa.

CO-RESPONSABILIDADEQuando se fala de animação e de governo étentador deter-se sobre os irmãos que estãoinvestidos de responsabilidade: o superiorde minha comunidade, o provincial, o supe-rior geral. Nem sempre está isento de segun-das intenções. Posso me instalar na confor-tável atitude de observador mais ou menos crí-tico do funcionamento da autoridade. Pode-se esquecer facilmente que todos estamoscomprometidos com tal serviço, mesmo que

não tenhamos o título de superior. O serviçode governo é um binômio: aquele que assu-me a decisão e aquele que é condicionado porela. Neste sentido este serviço é essencial-mente de ordem relacional. A ausência deuma destas duas partes torna a coisa sem efei-to.Mais precisamente gostaria de sublinhar umaspecto que concerne a cada um de nós. Re-fere-se ao procedimento previsto em nossas

Constituições para adesignação daqueleque assumirá o gover-no e animação de mi-nha comunidade, deminha província. Aconsulta a cada Irmão,através de um cédulade votação não é tãoanódina como parece.Posso questionar-mesobre minha própriaatitude quando souconsultado. Que pro-curo ao escrever umnome na cédula deconsulta? A pessoa queconsidero capaz, aque-le que assegurará mi-

nha tranqüilidade, aquele que inovará...? Nomomento em que a idade média do Institutoaumenta, no momento em que as novas pro-víncias resultantes da reestruturação nas-cem, que irmão proporei como provincial? Atentação não será de privilegiar a segurançaindicando os nomes? Esta atitude muito com-preensível poderá ter conseqüências sérias alongo prazo. Renovar a liderança é essencialpara a vida de minha província, é por ela quenovas idéias, novos projetos podem vir à luz.Esperar que os jovens envelheçam para lhesconfiar responsabilidade não é prejudicar se-riamente o futuro? Devo conscientizar-meque com minha cédula posso também res-ponder ao apelo do Capítulo para um serviçocriativo de animação e governo...Lavai-vos os pés uns aos outros. Este convitenão nos sugere que todos estamos compro-missados no serviço de animação e governo? ✦

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Ir. Carlos WielganczukProvíncia Brasil Centro-Sul

Meios práticospara a vivência doCapítuloImpulsionado pela ação doEspírito Santo e pela presençamaterna de Maria, o InstitutoMarista viveu a graça do 20.ºCapítulo geral. Dele nasceramcinco apelos tendo como fiocondutor a centralidade emJesus Cristo do jeito de Maria.Todas as instâncias do Instituto– Conselho geral, ConselhoProvincial, UnidadesAdministrativas, Comunidades eIrmãos – estão comprometidasna realização concreta doCapítulo.Provincial e seu Conselho: Porocasião dos retiros, CapítulosProvinciais, AssembléiasProvinciais, encontros porgrupos de Irmãos, de superiores,encontros de Leigos, Circulares,boletins da Província, visitas àsComunidades e às obras,incentivem, orientem, animem eofereçam meios adequados epessoas qualificadas paraacompanhar Irmãos,Comunidades e Leigos na suaformação à missão àsolidariedade e à espiritualidade.Tendo sempre como horizontedas atitudes e ações os apelosdo 20.º Capítulo geral.Comunidades: É nasComunidades onde se podemelhor concretizar os apelos doCapítulo geral, onde hápossibilidade de utilizar meiosadequados como: o Projeto deVida Comunitária, os encontroscomunitários semanais, apartilha da vida e da fé, ondeL

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podemos avaliar nossacapacidade de perceber no nossoIrmão um Ícone de Deus, amissão partilhada com os Leigos(MCHFM e outros)e os pais dosalunos, a revisão diária. Na Comunidade os Irmãos terãoa oportunidade de se avaliaremno seu crescimento e nos seusdesafios e colocar em açãoprocessos de crescimentohumano e de conversão,encontrar espaços defraternidade, de simplicidade ede vida evangélica, a serviço damissão. O Projeto Pessoal de Vida,redigido a partir dos apelosprofundos e das aspirações doser pode ser um instrumentoatravés do qual se pode avaliar o processo dacaminhada.

Ir. Antonio Giménez de BagüésProvíncia do Levante, Espanha

Recomendações epedidos(decisões)

“Juntos, entramos em processode discernimento. Escolhemoscinco apelos que nos incentivama agir e que se concretizam emlinhas práticas de ação. Essesapelos dão continuidade ao 19.ºCapítulo geral”. (Escolhamos avida, n.º 4) Este número é umasíntese do que foi o 20.ºCapítulo geral.A atitude de escuta, dediscernimento dos apelos, foi onúcleo do Capítulo. O ver, julgare agir, foi o método seguidopara discernir. Por que ver,julgar e agir? Porque discernidos

os apelos, o urgente eimperativo é responder, atuar. Ométodo refletia e favorecia osentimento majoritário de que éo momento para o “compromissoda ação”, das “linhas de ação”,não tanto da documentação.E o 20.º Capítulo geral nos dáum extenso elenco de linhas deação em forma derecomendações e pedidos(decisões) para responder aoscinco apelos.Muitas são as recomendações e,a todos: Irmãos, comunidades,Conselhos provinciais, grupos deProvíncias e Conselho geral. Sãomuito poucos os pedidos e, apoucos: seis ao Conselho geral, edois aos Conselhos provinciais.Qual é o selo, a carta deapresentação dos pedidos? ❖ A urgência do “já, do now, domaintenant, do agora”, do“caminhar em paz masdepressa” (Ir. Benito) porcaminhos iniciados no 19.ºCapítulo geral.❖ A convicção de que “osprimeiros raios da auroradespontaram para todo oInstituto se, como Maria fazmuito tempo, abrimos o nossocoração à graça de Deus e sefazemos algumas coisas quenos propusera, há anos”(Ir. Seán)

Ir. Michael Hill Provincia de Sydney, Austrália

Co-responsabilidadeTodos os Irmãos sãoresponsáveis pela implementação

das decisões do Capítulo.Algumas se dirigem a gruposespecíficos, como os superioresde Províncias e Distritos; outrassão da alçada do Conselho geral;mas o futuro da vitalidade doInstituto depende da boavontade de cada Irmãoindividualmente, no sentido deler e incorporar, como oração, amensagem do Capítulo e entãolevá-la a bom termo na sua vidapessoal. Aí teremos credibilidadepara inspirar e encorajar tambémos nossos parceiros leigos. No encerramento do Capítulo, oIrmão Superior geral Seán, noseu discurso, fez notar que areal função do Capítulo estavapor começar tão logo osdelegados retornavam às suasProvíncias e Distritos. Comodelegados, havíamos chegado aofim de seis semanas de partilhase deliberações. Isso representouuma experiência vivaz etransformadora, em que apalpável presença do EspíritoSanto era muito real. Aindaassim, sempre há riscos de que obom trabalho efetivado numevento como o Capítulo geralpossa permanecer na entrada dacasa do Capítulo, depois que osdelegados partiram. Sabemos quea implementação das decisões doCapítulo e a sua incorporação noespírito não constituemprocessos automáticos,porquanto demandam muito eduro trabalho. Tudo isso leva tempo. Os nossospassos ao longo do caminho, porvezes, serão falhos; em outrasocasiões, poderão ser, a um sótempo, ousados e fortes. O querealmente conta é a combina doespírito e do coração. Se nosincumbe “optar pela vida”, entãocumpre-nos agir ativamente ecom entusiasmo. Este foi o temado Capítulo e continua como oprimacial apelo para cada Irmãono decorrer dos próximossete anos. L

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42.1 Ir. Joaquim ClotetProvincia do Rio Grande do Sul, Brasil

Prática pessoal dodiscernimento

O documento Escolhamos a vidafaz-me um apelo desafiador nasua conclusão: “Coloquemo-nos,cada dia, em atitude dediscernimento diante daquilo queo Senhor espera de nós“. Éimpossível pensar e viver aminha realidade de religiosoconsagrado marista sem arelação amorosa diária comDeus, através da oração pessoale comunitária. Não posso,contudo, deter-me aí. O esforçoe a vontade em ser fiel àsexigências do seu chamadodevem pautar o meu dia-a-dia.Uma ajuda para colocar-me pertodo coração paternal e maternalde Deus para este exercício é otrecho da Carta aos Efésiosconhecido como a prece dailuminação: que Deus “vos dê umespírito de sabedoria que vo-lorevele e faça verdadeiramenteconhecer. Que Ele abra o vossocoração à sua luz”. (Ef 1, 17)Constitui um apelo da minhavida religiosa marista, marcada,às vezes, lamentavelmente poruma atividade febril, “discernirqual é a vontade de Deus, o queé bom, o que lhe agrada, o que éperfeito”. (Rom 12,2) Estedesafio, posso realizá-lo sozinhoou com a ajuda de uma outrapessoa. As Constituiçõesindicam o Superior Provincial e oSuperior de Comunidade. Quebom seria que eles estivessempreparados para isso e eu prontopara solicitar este auxílio. Emdeterminados momentos da vidaa presença do diretor espiritual

para ajudar na prática dodiscernimento pessoal podetornar-se imprescindível. Oexercício do discernimentopessoal, necessário para arenovação individual e a práticada fidelidade criativa, produzirãoconfiança em Deus, liberdade deespírito, simplicidade e vontadede se apaixonar por Jesus Cristo,quer dizer, ser presença viva de Champagnat no dia de hoje.

42.2 Ir. José Luis AmpudiaProvíncia de León, Espanha

Comunicação devida

“Nossas comunidades encontramdificuldade para favorecer opartilhar a vida, ossentimentos...” (Relatório doConselho geral ao Capítulo).Ante esta constatação o 20.ºCapítulo nos pede “ intensificarem comunidade a comunicaçãode vida, especialmente nossascarências e vulnerabilidade”.Imagino-me que as dificuldadespermaneçam depois doencerramento do Capítulo.A incomunicabilidade é sintoma,não é causa, não é a raiz. Ficarno sintoma, atacá-lo, podeconduzir à frustração e àculpabilidade. O sintoma –aincomunicabilidade- escondeuma profunda e incômodarealidade: baixa auto-estima,ausência de autonomia, fédebilitada. No Capítulo optamos pela vida. Epara isso nos oferece linhas de

ação: “efetivar processos decrescimento humano e deconversão” (n.º 18). Processo,caminho, movimento, algo quese inicia com anseios de chegarao fim.O processo pedeacompanhamento; permiteparadas, inclusive retrocessos;cura feridas e abre portas;ilumina e ajuda a integrar fé evida; identidade e missão.“Sentimos necessidade decrescimento e de conversão, afim de integrar as diferentesdimensões de nossa pessoa e deacolher o amor incondicional deDeus” (19). Conversões radicaisnão se dão de um dia paraoutro; tampouco mudançassignificativas. Passar do medo àliberdade, da heteronomia àautonomia, do temor à ternura,do egoísmo à compaixão, requerum longo caminho; exige umprocesso.Sem este itinerário decrescimento será muito difícilavançar na comunicação a que se referem estaslinhas.

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42.3 Ir. Robert ClarkProvíncia de Esopus - U.S.A.

Proclamar a “Boa Nova” demodo criativoQual é a “Boa Nova” que nós,maristas, temos para oferecer aosjovens do século XXI? Este mundorepleto de violências, abusos,famílias fragmentadas e ameaçasde terrorismo têm profundanecessidade da mensagem deJesus. Nós Maristas tivemos agraça de contar com um carismaque nos convoca para estarmospresentes junto aos jovens, paraajudá-los “a tornar Jesusconhecido e amado”, para levar-lhes a “Boa Nova”.Uma das caraterísticas maristas éa presença entre os jovens.Champagnat queria que seusIrmãos estivessem no meio dascrianças para amá-las e instrui-las. Hoje, quase duzentos anospassados, este apelo ainda temsentido. O desafio é levar estesdons da presença, do amor e dainstrução das crianças aosdiversos países servidos pelonosso sonho marista. Nos EstadosUnidos, a maioria dos Irmãosestão empenhados na instruçãosecundária. Nossas escolas têmprogramas para as mais variadaspastorais. Há cinco anos, asProvíncias dos Estados Unidosestabeleceram maneiras decongregar as quinze escolasmaristas de sete Estados. Omovimento chama-se: Juventudemarista.A Juventude marista “ajudatornar Jesus conhecido e amado”,segundo o espírito de Marcelino edos Irmãos Maristas.” Nossa casade retiros e toda a propriedade

de Esopus, NY, têm sido umabênção para os jovens, para oseducadores maristas, para osIrmãos e para os leigos que nosajudam.A Juventude marista 2001constituiu uma reunião deduzentos jovens desejosos departilhar a “Boa Nova”. Napróxima primavera, acontecerá aconvocação das Liderançasmaristas jovens, que será feitapara treinar líderes estudantis decada uma de nossas escolas paraque se tornem evangelizadoresdos colegas.O desafio para cada um de nós éde prestar atenção aos sinais dostempos, firmar-nos em nossavocação e bem aproveitar nossosrecursos. Assim, poderemos naverdade tornar-nos “fogosobre a terra”.

42.4 Ir. Raúl Figuera JuárezProvincia de León, Espanha

Estar com osjovens para ter vida

O Capítulo me fez um convite tãoelementar que há uns anos teriaparecido supérfluo. Hoje, porém,o percebo atual e necessário. Porque não estou com os jovens?Será somente porque “não posso”pois estou com outros trabalhosou há algo mais? Conhecerei este“algo mais” se examinar ossentimentos que influíram noprogressivo afastamento:• O cansaço pelo permanente

esforço de criatividade queexige a adaptação;

• a frustração e sensação deinutilidade de um trabalho

contra a maré;• e o sentimento de inadequação

e inutilidade que experimentoao utilizar uma linguagemdesconetada e uma expressãoreligiosa sem vida.

Com estes sentimentos deinsatisfação não será estranhoque “sucumba no perigo deenclausurar-me em tarefasadministrativas” onde me sintaútil, com recursos eexistencialmente nãoquestionado. Onde buscarei energia pararesponder ao convite do art. 42.4? Agradar-me-ia dizer que “o amorde Deus derramado em meucoração...” mobiliza entranhas demisericórdia ao serviçocompassivo dos jovens. Nestecaso seria supérfluo também oprimeiro apelo do Capítulo.Somente o desejo de minha

própria revitalização terá forçasuficiente para mobilizar-me.Preciso estar com os jovens para“despertar” para a vida. Não seise poderei ajudá-los a descobrirsua vocação, mas estar com elesme ajudará a renovar a minha.Não sei se poderei acompanhá-los, porém apreenderei a deixar-me acompanhar e a ficar semassumir o papel do que tudosabe. Não sei se poderei sercatequista, porém terei aoportunidade de escutar meusquestionamentos mais profundosexpressos com clarividência nosseus. Nisso passei a VIDA.

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OLHAMOSMARCELINO COMO UM

PEREGRINO DE FÉ EUM CORAÇÃO

APAIXONADO PORDEUS.

DC, 15

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42.5 Ir. Lawrence NdawalaProvíncia da África Austral, Malauí

PromoçãoVocacional.As vocações e avitalidade doInstituto

IntroduçãoTemos um papel a desempenharna promoção vocacional (cf. C94). Pedimos ao Senhor damesse coragem e humildade,segundo o espírito de Maria,para aceitar o que não podemosfazer por nós próprios.

A. Espiritualidade evangélicaO promotor vocacional deve:• Viver permanentemente

apoiado em Cristo, enviadopelo Pai.

• Viver a disponibilidade total deCristo ao Pai.

• Viver a resposta humilde eincondicional de Maria a Deus.

• Desta maneira, poderá ajudaros jovens a ouvir o apelo deDeus.

Vamos aos jovens onde elesestão.Deveríamos recordar nosso papelde animadores vocacionais.Deveríamos saber empregarnosso tempo com os jovens edesafiá-los mediante nossa vida(cf. C 82).

B. Colaboradores1.A importância da família é

fundamental. Temos queenvolver a família. O promotorvocacional conhecerá melhor opassado dos jovens. A famíliaconhecerá os Irmãos.

2.A comunidade cristã tem um

papel a desempenhar navocação do jovem,especialmente seuenvolvimento em atividades nacomunidade e sua vida cristãem geral.

3.A comunidade de Irmãos éindispensável para o jovem.Ele chega a ver como vivem osIrmãos.

4.A vida de cada um dos Irmãosé outra oportunidade; o jovempoderá ver por si mesmo o queele se tornará.

C. Algumas qualidades dosjovens• Deve haver desejo de rezar.• O jovem deverá estar disposto

a fazer sacrifícios.• O jovem deve ter capacidade

de receber e dar perdão.

1.O amor à Igreja é um aspetoque o jovem deve manifestar.

2.Um bom padrão intelectual é importante.

43.1 Ir. Bernard BeaudinProvíncia do Canadá

Comunidade desonho!

Quando o Capítulo geral propôsa cada comunidade que seja“criativa” (N.º 43.1), quepretendia dizer? Trata-se de umconvite para “escolher a vida”dando uma nova existência àrealidade comunitária a partir desua pobreza e de sua

vulnerabilidade, mas também esobretudo levando emconsideração suas forças e suasituação particular. Criar édiscernir, elaborar, inventar,conceber. Depois de tudo, umacomunidade criativa naorganização de seus momentosde partilha de vida e de fé,assume o perigo de abrir mão eproceder diferentemente paraque o costume não impeça deprovar o vinho novo dacomunhão. O risco é evangélico,no sentido que ele impõe a faltade segurança e exige fé naqueleque tudo arriscou por nós. Avida surge sempre ao final doperigo assumido em nome docarisma do Fundador.Uma comunidade criativa écapaz de identificar os lugares eos momentos que lhe trazemvida e seus estimulantes. Umacomunidade de sonho não sefecha no conforto individualista.Pelo contrário, seus membrostêm a intuição de novoshorizontes que podem levar acomunidade a ser uma presençasignificativa no seio de umasociedade em constantetransformação. Assim, a novacomunidade, fiel àespiritualidade e à missão que afizeram nascer, se tornarácriativa em suas atitudes deacolhida e de adaptação paraque os de fora, jovens ecompanheiros leigos, participemfácil e generosamente daherança espiritual e apostólicaque nos legou Marcelino. Estacomunidade será proféticae não anacrônica!

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A EDUCAÇÃO É UMÂMBITO

PRIVILEGIADO DEEVANGELIZAÇÃO E DEPROMOÇÃO HUMANA.

DC, 33

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43.2 Ir. Ted FernandezProvincia de Filipinas

A espiritualidadeapostólica maristano contextocatólico asiático

A comissão do Capítulo geralsobre a “EspiritualidadeApostólica Marista” deparou-secom esta pergunta: “Porquevocês são ainda Irmãos Maristasneste momento? O que os fazprosseguir como Maristas?”Surgiu toda uma gama deexperiências enriquecedoras,servindo como expressão de umaespiritualidade que foi formada,uma cultura Marista oriunda dosensinamentos práticos deChampagnat.Para mim, essa espiritualidadenão começou quando ingresseino Instituto Marista, mas desdeminha infância, medianteprofunda devoção à Maria, sendoo rosário a principal oraçãocristã, legado dos missionáriosespanhóis nas Filipinas, que épaís mariano. Isso éparticularmente significativopara os Maristas das Filipinas doSul, onde Maria é tida em granderespeito entre os muçulmanos eas tribos indígenas. A espiritualidade de Maria nãorepousa simplesmente noambiente religioso constatado naregião, permeia toda a sociedadetanto no campo político quantosocial embora em meio aperigos. O zelo amoroso de Mariadurante a “visitação”, suapreocupação real pelos pobresno “Magnificat” e o suave“acompanhamento” dosdiscípulos de Jesus são sinais

certos do seu amor.Nós, Maristas, embora fechadospelos acontecimentos perigososnas Filipinas do Sul, esperamosconservar viva a fortaleza deânimo. Podemos conseguir issotendo a mente e o coração deMaria que avivavam o ideal deChampagnat. O Capítulo geraldesafiou nossa Província “aescolher vida” e trazer a idéia deMaria em nossos esforços para apaz, educação, serviço aosmenos favorecidos junto com os parceiros leigos eacompanhar os jovens em sua jornada difícil para aidade adulta.

43.3 Ir. Renato GuisleniProvíncia do Brasil Centro-Sul

Maria, mestra devida

O mundo carente de sonhos, deverdades, de valores, e por issotemos razão de existir. A nós,maristas, cabe vivermos esermos portadores destasverdades de um jeito peculiar,próprio. É o 20.º Capítulo geralque nos recorda: ”Em Mariareconhecemos os traços de nossaidentidade marista: Ela nosensina a dar a Deus um simgeneroso; a ser peregrinos na fée discípulos de Jesus; adesenvolver a atitude de escuta;a discernir os apelos de Deus,meditando os acontecimentos econservando-os no coração; anos alegrar e reconhecer com

gratidão as maravilhas que oSenhor faz em nós.”(13).Este artigo é claro em nosrecordar que as atitudes mariaisde escuta, disponibilidade,acolhida, serviço, solidariedade,oração, são fundamentais noseguimento de Jesus. Mariaencarnou o espírito de seu Filhoe por isso tornou-se sinal. Soubeviver o amor e nos ensina que osegredo para sermos amados éamar, é doar-se sem reservas. Sóo coração que ama sabe doar-se,acolher, ser solidário. Nela houvea capacidade de receber aPalavra de Deus e por isso Deusa escolheu. Maria abre-nos nãosó os caminhos, mas ensina-nosa caminhar.Na vida comunitária Ela noseduca. Ensina-nos a agir nadelicadeza, a estar atentos àsnecessidades dos outros. Com Elaaprende-se a compreenderamorosamente a paciência deDeus. Aprende-se na “pequenaNazaré” o clima de harmoniapobre, simples, austero. Mesmona pobreza, lá tudo é colocadocom arte e amor. Maria é pobreporque se sente profundamentenecessitada de Deus e dosIrmãos.“Neste momento de nossa

história, voltamo-nos para Maria.Pedimos-lhe a graça necessáriapara realizar a refundação doInstituto. Confiamos a Ela, umavez mais, a obra marista da qualsomos pedras vivas”(20.ºC.G.N.º 14).

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A ABERTURA AOS MAISPOBRES SE CONVERTE

NUMA CHAMADA AUMA VIDA PROFÉTICA

PESSOAL ECOMUNITÁRIA.

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43.4 Ir. Christian MbamProvíncia da Nigéria

Trabalhando com aIgreja local

O Vigésimo Capítulo geral assazdiscorreu sobre o ministério decolaboração com a Igrejauniversal ou local, convencendotodo o mundo acerca da ênfaseposta pela Congregação nesteaspecto do nosso carisma. “Ofogo de Pentecostes nosimpulsiona a avançar para amissão ad gentes de toda aIgreja” (Mensagem, 36). “Dojeito de Maria, somos membrosde uma Igreja-comunhão,

estabelecendo com os leigos(as)relações mais fraternas do quehierárquicas.” (Mensagem, 13).“Ser criativo na organização deseus momentos de partilha devida e de fé, e convidar os jovense os leigos para participaremdeles. Transmitam seu carátermarial, na colaboração com aIgreja local.” (43.3).Cristo apaixonadamente rezou:Possam eles ser um conosco. Eainda: “Por meio disso o mundoconhecerá que vós sois os meusdiscípulos”. Por outra, issofavorece o processo da formaçãodos candidatos. Trabalhando coma Igreja local ou com outrosgrupos reduz-se a tentação deexagerada autonomia e datendência triunfalista de outrostempos.

A nossa experiência decolaboração com a Igreja local.Há muitos exemplos em que os

Irmãos trabalham com a Igrejalocal e terminam em fracasso ouferidas ou mesmo em partidos.Por causa dessas realidades,algumas Províncias, infelizmente,optam por não colaborar.Isto é regressão. “Não importaonde jaz a culpa, da nossa partecumpre que nunca sejamosincriminados de não trabalhar comempenho para desenvolver oespírito de cooperação. Marcelinoamou a Igreja profundamente, masele também suportou momentosdifíceis no trato com asautoridades eclesiásticas. Sigamoso seu exemplo de oração, reflexão,consulta e diálogo, em taiscircunstâncias” (EspiritualidadeApostólica Marista, p. 508). Estouconvencido de que aquilo queganhamos trabalhando com aIgreja ultrapassa de muito o queperdemos em assimprocedendo.

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43.5 Ir. Sunanda AlwisProvincia de Sri Lanka

Relações entrecatólicos e outrasreligiõesAs relações com outras religiõesse desenvolvem melhor numcontexto de abertura a outroscrentes, a vontade de escutar e odesejo de respeitar ecompreender os outros em suasdiferenças. O resultado disto seráa colaboração, a harmonia e oenriquecimento mútuo.O diálogo marista poderiaseguir quatro claras direções(1) Somente os cristãos que

estejam profundamenteimersos no mistério de Cristoe que são felizes em sua fé, acomunidade pode sem perigoe com a esperança deresultados positivosempreender o diálogo entre asreligiões. (João Paulo II,“Ecclesia in Asia” (1999),Propositio 41.

(2) A revitalização da importânciada oração e da contemplaçãono processo do diálogo.Muitas pessoas, especialmenteos jovens, experimentam umasede profunda dos valoresespirituais, como demonstramos novos movimentosreligiosos. (João Paulo II PostSynodal ExhortaciónApostólica “Vita Consecrata”,25 de março de 1996, N.º 8).

(3) Ação comum para umdesenvolvimento integralhumano e a defesa dosdireitos humanos e dosvalores religiosos (BalasuriyaTissa, Mary and HumamLiberation, 1990, p. 127).

(4) As instituições educativas

maristas podem assumir umpapel importante nainculturação da fé, ensinandoos caminhos de abertura e derespeito, apoiando acompreensão entre asreligiões (João Paulo II,“Ecclesia in Asia”, 1999,Propositio 21).

Certamente Maria seria nossoponto referencial em nossoesforço marista de trabalhar paramelhorar as relações entre oscatólicos e as outras religiões.Com pulso firme, mas suavemente,Maria nos guia, mais uma vez, “aexperimentar Deus, não como umconceito, mas como umarealidade”. Ela nos convida paraque integremos e encarnemosnossa espiritualidade. Ela seguiuCristo em sua vida pública decontestação contra os poderososde seu tempo e esteve com eledurante sua agonia na cruz. Apóssua morte ela esteve com a jovemIgreja perseguida, dando-lheânimo como a Mãe de seulíder crucificado.

43.6 Ir. Ángel MedinaDistrito do Paraguai

O projetoda tua vida

O fruto mais apreciado do Capítuloé dinamizar a vida, em particulara de cada Irmão: viver de verdade,com “guarda-chuva” na mão(mamãe ensinou-me que era inútilirritar-se contra a chuva. Nunca oesqueço) para ocasiões que nãofaltarão em harmonia com a Vida. O documento capitular convidapara projetos novos; a própria

vida: o melhor.– Ser marista hoje, quem como

ontem, segue a Jesus como ecom Maria, neste mundo vistocom os olhos de Marcelino, comestilo novo.

– Em espírito de discernimento,buscar a vida, viver. A melhormaneira, como Deus quer.

– Como pessoas, muitas vezessedentas, em terra seca.• Jesus: autêntica água viva

para quem merece adentrar-seem processos de crescimentohumano e de conversão.

• A forma que Deus tem deamar-nos é dom queimpulsiona para caminhosnovos, simples e reais, para aexperimentar.

• Peregrinos em busca deplenitude do ser “adulto” namedida de Cristo, num mundoformoso, fascinante econtraditório.

• O sentido da vida e oencontro com Deusconstituem saboroso pão parapartilhar.

– Os Maristas foram intuídos porMarcelino como experiência defraternidade.• Chamados a viver relações de

pessoa a pessoa, com esse“alguém” humano e irmão.

• Em comunidades “escolas” defé e de experiência de Deus,na vida com suas surpresas eseu cotidiano, aprendendo aver a Deus em tudo o queacontece.

• Viver a presença do outro:irmão jovem e débil, sob osigno da acolhida; há tantavida para celebrar e partilhar!

O Capítulo tem a sua continuidadeem ti. Dirige-se a cada Irmão.Deseja, como o evangelho, que“se tenha vida e vida emabundância”. Para isso nadamelhor que te ocupes da tua vida.“Por certo... não esqueças o teu guarda-chuva”. L

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AMERIQUE

AMÉRICA CENTRAL: Costa Rica, El Salvador,Guatemala, Nicarágua e Porto Rico

BRASIL CENTRO-SUL: BrasilCANADÁ: Canadá e Haiti

CRUZ DO SUL: Argentina, UruguaiDISTRITO DO PARAGUAI

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: USA e JapãoMÉXICO CENTRAL

MÉXICO OCIDENTALNOR-ANDINA: Colômbia, Venezuela, Equador

RIO GRANDE DO SUL: Brasil DISTRITO DA AMAZÔNIA: BrasilSANTA MARIA DOS ANDES:

Bolívia, Chile e PeruPENDENTE DE NOME: Brasil

(Brasil Norte e Rio de Janeiro)Cuba

EUROPEUROP

EUROPA, EU

COMPOSTEEspanha (Castilla

Portugal e Hon

EUROPA CENTROAlemanha, Bélgica,

Irlanda e Hol

IBÉRICAEspanha (Madri e Nort

L’HERMITAEspanha (Catalunha), F

Suíça, Hungria e

MEDITERRÂEspanha (Bética e

Itália, Síria e

ÁFÁFÁFÁF

AMÉRICA,AMÉRICA,AMERICA,AMERICA,AMÉRICA,AMÉRICA,

AMERIQUEAMERIQUE

MARISTAS, UNA FRATERNIDAD SIN FRONTERASMARISTAS, UNA FRATERNIDAD SIN FRONTERAS

EUROPEUROPEUROPEUROP

EUROPEUROPA, A, EE

MARIST, A BROTHERHOOD WITHOUT BORDERSMARIST, A BROTHERHOOD WITHOUT BORDERS

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ASIA, ASIA, ÁSIA, ASIE

CHINAChina, Malásia e Cingapura

FILIPINAS

SRI LANKASri Lanka e Paquistão

DISTRITO DA CORÉIA(PROVÍNCIA MÉXICO CENTRAL)

Coréia

Índia, Síria, Líbano, Japão,Camboja, Timor Leste

OCEANÍA, OCEANIA, OCEANIA,OCEANIE

MELBOURNEAustrália, Índia e Timor Leste

NOVA ZELÂNDIANova Zelândia, Fiji, Kiribati,

Samoa e Tonga

DISTRITO DA MELANÉSIAPapua N.G., Ilhas de Salomão

e Nova Caledônia-Vanuatu

SYDNEYAustrália e Camboja

ÁFRICA, AFRICA, FRICA, AFRIQUE

ÁFRICA AUSTRAL Sul, Angola, Malauí, Moçambique,

Zâmbia e Zimbábue

ÁFRICA CENTRO LESTEngo, República Centro-Africana,

Quênia, Ruanda e Tanzânia

MADAGÁSCAR

NIGÉRIA

DISTRITO DA ÁFRICA DO OESTE(PROVÍNCIA MEDITERRÂNEA)

a de Marfim, Gana, Camarões,é Equatorial, Chade e Libéria

Argélia

PA, PE, UROPE

ELAa e León),nduras

O-OESTE Inglaterra, landa

Ate) e Romênia

AGEFrança, Grécia,e Argélia.

NEAe Levante), Líbano

ASIA, ASIA, ASIA,ASIA,ÁSIA,ÁSIA, ASIEASIE

OCEANÍA, OCEANÍA, OCEANIA,OCEANIA,OCEANIA,OCEANIA,OCEANIEOCEANIE

FRICA, FRICA, AFRICA, AFRICA, RICA, RICA, AFRIQUEAFRIQUE

MARISTES, UNE FRATERNITE SANS FRONTIERESMARISTES, UNE FRATERNITE SANS FRONTIERESPPA, A, PE,PE,UROPEUROPE

MARISTAS, UMA FRATERNIDADE SEM FRONTEIRASMARISTAS, UMA FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS

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43.7 Ir. Demetrio EspinosaProvíncia de Córdoba, Argentina

Projetos de vidasocial

Falar das contradições domundo, já é um lugar comum.Comprometer-nos na superaçãode tantas injustiças e violênciasé o imperativo do momento.O próprio da “organização”marista é a educação cristã decrianças e jovens,particularmente os maisabandonados. Trata-se deaproveitar esta poderosaferramenta para os quefreqüentam nossas escolas egrupos.Por isso, na nossa educação aformação à solidariedade deveocupar lugar primordial. Porém,não uma formação abstratasenão de experiências concretasque implica sensibilizar-se antea realidade e contemplá-la comos olhos misericordiosos deJesus fazendo própria a causa davida, da justiça, do pobre.Surgem então inúmerasiniciativas e compromissosconcretos:– Aderir a campanhas de

organizações eclesiais e civisdo lugar.

– Criar estruturas próprias quepermitam o compromissoatravés de diferentes formasde voluntariado: fundações,ONGs, associações locais comforte liderança juvenil.

– Utilizar com inteligência ecriatividade os meios que atecnologia põe ao nossoalcance: apoio ou criação de“redes solidárias” através deinternet, utilização dosespaços das “cartas do leitor”

que oferecem os meiosgráficos, participação emprogramas de rádio outelevisos etc.

Em cada Província marista, ocompromisso pela justiça e pelapaz passa indubitavelmente porbrindar crianças e jovens maispobres, possibilidades que lhespermitam superar suamarginalidade... E nissoestamos.

43.8 Ir. Michael De WaasProvincia de Sri Lanka

Um estilo de vidasimples

O Art. 43.8 da MensagemCapitular é o fruto do trabalhofeito pela Comissão sobre a VidaComunitária do 20.º Capítulogeral. Muito tempo e energia foidispendido no tema parapermitir que nossas comunidadessejam vitais e viáveis. Lendo oartigo chega-se a conclusão deque não há nada novo se ocompararmos com o que játemos em nossas Constituições.Certo. Nada novo, mas há umforte apoio à necessidade de pôrem prática em nossas vidas oque já temos nas Constituições.Estava bastante claro que todosos delegados capitulares tinhamos mesmos pontos de vista sobrenosso estilo de vida marista quedevia refletir o estilo de vida deMaria em Nazaré. O sentidosobre isto era quase unânime.Hoje, num mundotecnologicamente avançado

nossa chamada, como IrmãosMaristas, é viver uma vidaprofunda de simplicidade. O Ir.Benito em sua circular APROPÓSITO DE NOSSOS BENSdisse: “Tenho a impressão de quegeralmente em todo mundo, ascomunidades religiosas gozam deuns padrões de vida equivalentesaos da classe média alta do paísem que nos encontramos”.Pergunto-me o que se passa emnossas mentes quando lemosessa citação. Kofi Annan,Secretário Geral das NaçõesUnidas, em seu discurso nareunião de Joanesburgo 2002dizia: “Não podemos imaginarque mais de um quinto dahumanidade pode gozarindefinidamente a prosperidadeenquanto um número maior depessoas vive com privações e namiséria”. Onde nos situamos tu eeu? Num mundo onde asimplicidade está perdendo o seusignificado e valor;comprometámo-nos a “adotarum padrão de vidaultrapassada nas áreas como: aresidência, as viagens, asatividades de lazer, o uso dedinheiro, as tarefasdomésticas”… Irmãospensemos com “simplicidade”,atuemos com simplicidade e vivamos uma vidasimples.

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43.9 Ir. Domingos dos Santos LopesProvincia de Portugal

Pobre entre ospobres

Após o 20.º Capítulo geral, fuienviado para o Lar Marista deErmesinde, uma InstituiçãoParticular de Solidariedade Social.Pouco tempo depois de lidar comestas crianças, cheguei a umaconclusão muito simples: ospobres, descritos em documentosdo magistério, não coincidemexactamente com os pobres comnome próprio, de carne e osso.Os primeiros chegam até nósinócuos e assépticos; ossegundos reagem, questionam,têm cheiro, incomodam.Na medida em que sou capaz dedistanciar-me de tudo aquilo queacumulei através da educação eda cultura em que cresci, acabopor aperceber-me que averdadeira deslocação começadentro, acontece no coração,exige uma atitude dedesprendimento e de acolhimentointerior do outro. Depois, possoaproximar-me, cada dia um poucomais, sem forçar, para o conhecermelhor e assim começar a gostardele como ele é. Há-de chegar odia em que ele vai reparar naminha presença e mequestionará. Só então lhe podereidizer que a razão da minha vida eda minha deslocação é Jesus.“Somos testemunhas de Jesus queanuncia a boa nova aos pobres”.(Mensagem do 20.º Capítulogeral, n.º 12, § 2.º). Desde que comecei a confiar aMaria os rapazes deste Lar,encontro-me mais adaptado aeste ambiente e descubro belezaonde antes só via agressividade.

Nisso tem-me ajudado também oprocedimento do Director do Lar,um leigo marista que, àsemelhança do nosso grandepedagogo Sebastião da Gama,sabe que educar é oferecer-secomo modelo e que a educaçãomais do que uma ciência é umaarte.O 20.º Capítulo geral pede-nospara avançarmos juntos, Irmãos eleigos. Às vezes, chego a pensarque, nesta deslocação, os leigospartem com vantagem sobre nós.Com o Ir. Benito, diria queprecisamos deslocar-nos paraambientes pobres “em paz, masdepressa”, não por questões desobrevivência mas de fidelidadeao nosso carisma e aomundo.

43.10 Ir. Afonso LevisProvincia do Brasil Centro-Sul

MChFM, sinal devitalidade

Vários são os aspectos a levar emconta para que as “Fraternidadesdo MChFM, sinal de vitalidadereconhecido pelo Instituto, ououtras possíveis formas deassociações de Leigos” possamimpulsionar a escolha da vida noInstituto.a) Conhecer a evolução histórica

da Fraternidade, tanto naIgreja, quanto no Instituto.Neste: a nova compreensão eo novo caminho apontado paraas pessoas atraídas pelaespiritualidade de M.Champagnat, inserido noCapítulo das Constituições quetratam da vitalidade

(C 164.4.). O reconhecimentodo último Conselho geral, deque o MChFM é um dos sinaisde esperança que suscitadinamismo em muitos Irmãos;que encontra, porém,resistências em outros, nahora da participação e dapartilha de responsabilidadescom os parceiros leigos.

b) Perceber o novo apelo doCapítulo geral a partir de umavisão de Igreja de Comunhão ede Participação.

c) Aprofundar a consciência deque é o Espírito Santo quemmove o coração das pessoas aabraçar o movimento e avalorizar o carisma deChampagnat sob suas diversasconcretizações.

d) Com abertura de coração ediscernimento, dar atençãocontínua aos sinais dostempos, a qual facilita aadesão ao caminhar dahistória e o compromisso coma dinamicidade do carisma.

e) Levar em conta a sensibilidadedo ser humano atual e suasnecessidades na mudança deépoca e dentro de novosparadigmas. Uma dessascaracterísticas é a busca oencontro inter-pessoal. E esteencontra ambiente favorávelpara seu desenvolvimento nafraternidade.

f) Sentir-se chamado a viver afraternidade não apenas nomais profundo do coração masaté a ousadia de mudar asestruturas que dificultam a vivência e o testemunho dessafraternidade.

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44.1 Ir. Hilario SchwabProvíncia de Córdoba, Argentina

Conhecer a fundo:Dom, tarefa eencontroA “oportunidade de conhecer afundo para estar mais disposto afazer a experiência de Jesuscomo centro da vida”, é domsempre oferecido, tarefa eencontro. É fazer memória, comajuda do outro, da vida inteira,da história pessoal, das alegriase da dor..., com os olhos de DeusPai bondoso. Experimentar que

nele tudo se encontra,fundamenta e redime, é o domda água viva no empenho deconhecer-se a fundo como Ele nosconhece, de aceitar-se como Elenos aceita, de amar a Jesuscomo Ele o ama. Sentir edesfrutar o sentido místico desteencontro, nos torna fortes nadebilidade e agradecidos nasegurança, e predispõe a umaresposta humana e vocacionalplena na integração afetiva, afidelidade criativa, a relaçãofraterna, a sensibilidade para osque sofrem, o amor a verdade, acoerência entre dizer e fazer; acentrar a vida e comunidade emJesus; e para uma maiorvitalidade do Instituto em suamissão de educar e evangelizar.Esta memória bíblico-afetiva doDeus de Jesus presente na vida,passa por algum obscuro vale

interior, necessário para renascertransformado, e gera a paz dareconciliação consigo mesmo,com o Pai, com os Irmãos, como mundo; a gratidão pelo domrecebido; o amor e paixão pelopresente, e a profecia humilde doanúncio de Jesus, como emtantos Irmãos.Mantidos pela graça feitaPalavra, sacramento, oração,acontecimentos diários, apresença de Maria e Marcelino, ea experiência de um irmãocompanheiro de luta, seremostestemunhas da presençafraterna e pobre de Jesus entreas crianças e jovensnecessitados.

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44.2 Ir. Maurice GoutagnyProvíncia de M.C.- Notre Dame del’Hermitage, França

Irmãos, discípulosde Emaús!

“Jesus caminha conosco. QuandoJesus nos alcança no caminho,transforma-nos a existência”(Mensagem n.º 12; 44.2) ParaEmaús, com Cristo, figura centraldo animador.No Guia de formação tudo nosrecorda o desenvolvimento dapessoa. Sou convidado a crescerem meu relacionamento comCristo, com os outros, comigomesmo e com o mundo. Crescernuma relação significa aceitar aspenas que o encontro com ooutro me faz viver. Crescer numahistória onde o passado é aceitocomo um memorial e o presenteaceito na fé. Por fim, devosempre esperar algo para umfuturo suspirado na esperança.“O acompanhamento pessoal éimportante para nossocrescimento na vida espiritual.(C 73), para ser mais objetivocomigo mesmo e sobretudo paraser mais fiel a Deus e poder darfrutos” (GF 368). Acolher ooutro como uma ajudanecessária. Aprender a falar de simesmo para poder expressar ossentimentos. Conhecer suaprópria realidade, para continuarna verdade, chegar a ser umhomem livre no espírito deJesus. Por que estespensamentos em nosso coração?Voltemos ao essencial: conhecera direção de minha vida! Paraonde vai meu caminhar? Qual éo meu projeto? Dar um novosentido à minha vida. Aceitarque alguém me acompanhe. Um

gesto, uma voz, um sinal sãosuficientes para despertar emmim o que está oculto. Possoaceitar, decidir, mudar. Como osdiscípulos ir ao encontro; abrir-me para crescer; compreenderpara comunicar. A caminhada élonga; há os que caminhamcomigo em minha comunidade.Estou acompanhado, acompanhoa meus irmãos.Deixar-se acompanhar é avaliar a coerência de minha vida no discernimento e na fidelidade aberta aoEvangelho.

44.3 Ir. Ernesto Sánchez BarbaProvincia do México Ocidental

Como Marcelino:com ternura eexigência

Quando passei por situaçõesdifíceis em minha vida e, apesarde minhas resistências, aceiteifazer-me acompanhar por algumirmão ou sacerdote, experimenteifortemente a misericórdia deDeus através da escuta eaceitação incondicional. Estaexperiência me ajudou a avançare também me permitiu tentarviver estas atitudes para commeus irmãos, sentindo-me comeles no caminho. A dificuldadeque encontramos por vezes comoanimadores para levar a sérioeste serviço de acompanhar anossos irmãos é pensar quedeveríamos ser modelos deperfeição como condição prévia.Aprendi o contrário.Acompanhar, é “caminhar com”

meu irmão, ao mesmo nível,partilhando vida, interpelando edeixando-me interpelar,fortalecendo-nos mutuamente.Com a pedagogia de Marcelino,que sabia aliar a ternura e aexigência. É uma arte, umaaprendizagem, um compromissoque, de maneira particular, estãochamados a oferecer aos queprestam um serviço de animação.Acompanhar a cada um, com ofim de fortalecer a estruturapessoal e de consolidar osvalores que pretendemos viver.Creio que muitos de nossosirmãos não teriam chegado asituações limite se antestivessem tido e aceito aaproximação e oacompanhamento de um irmão.Acompanhar também todacomunidade para que seja espaçode crescimento e escola de fé.Como Instituto, primamos cadavez mais dito acompanhamentopessoal e comunitário nas etapasda formação inicial, mas creioque atualmente representa umgrande desafio para nossosIrmãos e comunidades naformação permanente. Eis porqueo Capítulo propôs a formação deanimadores neste campo tãoimportante doacompanhamento.

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44.4 Ir. Lauro Francisco HochscheidtProvíncia do Rio Grande do Sul, Brasil

Atitude dediscernimentocomunitárioO 20.º Capítulo geral, em suamensagem aos Irmãos doInstituto, recomenda ao IrmãoProvincial e a seu Conselho, noponto 44.4: “Ajudar ascomunidades a criar a atitude dediscernimento comunitário,promovendo processos concretosque desenvolvam o hábito deescutar Deus na vida cotidiana ea partilhar esta experiência”.Este artigo pretende apresentaralgumas linhas que possamajudar os Irmãos a exercitar aatitude de discernimento, emâmbito comunitário, para quetenhamos comunidadesrenovadas, com maior co-responsabilidade e vitalidade.Mas o que vem a ser uma atitudede discernimento comunitário? Éuma predisposição natural para aação, onde se procura garantirque o modo de ser, conviver,agir e o ideal de vida estejamem harmonia com a ação viva deDeus em nossa vida, nacomunidade e no mundo. É umabusca incessante da vontade deDeus, movida pelo EspíritoSanto. É colocar sob o olhar deDeus as relações interpessoais, avida de oração, o apostolado, asdecisões que precisam sertomadas e toda a nossa vidapara ver se estamos unidos aele, ou se somos impelidos poroutras motivações que nosafastariam dele.Se a comunidade tiver o hábitodo discernimento comunitário,nas decisões que deve tomar,

procura sempre escutar osIrmãos e permanecer ligada aoplano de Deus.O discernimento, segundo nossasConstituições, “exige espírito defé, escuta da Palavra, fidelidadeao carisma do Instituto,interpretação adequada dossinais dos tempos e renúncia ainteresses particulares depessoas ou de grupos”(C. 43)

44.5 Ir. Ataide José de LimaProvíncia do Rio de Janeiro, Brasil

Comunidadeespaço deformação e deconsolidaçãovocacional

O 20.º Capítulo geral, atento àqualidade do testemunho de vidafraterna dos irmãos e conscientede que através da vidacomunitária externamos osvalores do seguimento de JesusCristo, como projeto de vida,lançou para todo o InstitutoMarista um apelo questionadorexpresso no número 22 damensagem capitular:“Escolhamos a vida”. Este apelodesdobrou-se em várias pistas deação. Entre elas destaco a quediz: “Promover comunidadesque confirmem a vocação dosjovens Irmãos, acolham jovense leigos (as) e acompanhemaqueles que estão em buscavocacional.” (44.5). Istosignifica dizer que acomunidade, através das suas

relações, da sua missão e daspessoas que a compõem, temsignificativa importância naconsolidação vocacional dosjovens Irmãos. A comunidademarista é espaço privilegiado departilha, de crescimentohumano, profissional evocacional. Mas o apelo nãodeixa de fora os jovens e leigossimpatizantes do ideal deChampagnat, que devem tambémmerecer a atenção dacomunidade marista. Assim, oCapítulo pediu muita atençãoaos provinciais na composiçãodas comunidades que deverãoreceber os neo professos. Einsistiu também que estasmesmas comunidades ou outras,acolham os jovens e leigos quedesejam partilhar um pouco denossa vida. Desta forma, todacomunidade que recebe umjovem Irmão deve ser preparadapara tal e ter suficiente clarezada sua missão formativa, sendouma instância de crescimento,um espaço de descoberta,amadurecimento, confirmação econsolidação vocacional, atravésdo diálogo e daconvivência fraterna.

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44.6 Ir. André ThizyProvíncia de M.C.- Notre Dame del’Hermitage, França.

Programas deFormação

Ser Marista, que quer dizer?Talvez em outros tempos isso secompreendia por si mesmo, hoje,porém, não é fácil encontrarpalavras para o expressar. Muitospontos de referênciadesapareceram. A aproximaçãocom as outras Congregaçõesmaristas fez nascer uma certaconfusão. E, sobretudo esteapelativo não está reservadosomente aos religiosos. Será amesma coisa ser Irmão marista ouLeigo marista? O que é específicode cada um: o que os aproxima, oque os diferencia? Ser educadormarista e viver sua vida cristãcomo marista, é a mesma coisa?O Capítulo insistiu sobre anecessidade de estabelecer umaFormação que permita a cada umidentificar-se melhor.Se o essencial desta formação odevemos conseguir de nossasfontes, de nossa história, estáclaro que deve também ser ofruto de uma confrontação entre

o que vivem os Irmãos e osLeigos; que tentem, uns comooutros, cada um em seu lugar, serhoje testemunhos desta vidamarista. Por isso, o Capítulo pedeque esta Formação sejaverdadeiramente umainvestigação comum; assim, cadaum poderá enriquecer-se do queo outro vive de maneira diferente.Construir uma Igreja decomunhão. Já o Concílio há quase40 anos no-lo pedia; ainda quenos fiquem muitos pontos pararealizar. Viver este modo deFormação, tal como o pede oCapítulo, pode ser uma excelenteocasião para realizá-lo, não comouma formação que “cai do céu”,mas uma realização que leva emconta as vivências de cada um,para elaborar as muitasproposições que correspondem acada um. Então sim teremos feito a“opção pela vida”.

44.7 Ir. Pablo GonzálezProvíncia de Santa Maria dos Andes,Peru

Dar o salto da co-responsabilidade

Nossa identidade de Irmãos nosrecorda que somos, indissolúvele permanentemente, “homenspara os demais” e “homens comos demais”. Esta condiçãomanifesta-se no “partilhar vida:espiritualidade, missão,formação…” com outros. (n°26)A recomendação capitular propõedar um salto da teoria à praxe,das reflexões às realidades

concretas, da reflexão à vida, demaneira que o “partilhar missão”se possa expressar em dinâmicase estruturas concretas, comoexercício real de co-responsabilidade. Os leigos,segundo suas capacidades enível de compromisso, devemacessar também a cargos deresponsabilidade e preparar-separa isso. Não se trata só dedelegar tarefas senão deassumir juntos projetoseducativos e apostólicos.Champagnat é fonte deinspiração pois “encarna um zeloevangélico que acerta darrespostas adequadas a problemasconcretos” (C 81)Esta transformação enriquecerá aqualidade integral de nossasobras e acentuará seu caráterevangelizador e marista. Não setrata de uma mera distribuiçãode cargos no planejamento,animação ou gestão de obras,senão de assumir alegres a co-responsabilidade plena, alegre ecriativa, na missão de acolher oReino. Nossa missão terá assimum caráter inclusivo, como umaautêntica fraternidade maristade leigos e Irmãos, onde cadaum viverá de acordo com suaprópria vocação. Nosso serviço tornar-se-á maishumilde e simples, e por sua vezmais incentivador e animador,mais em sintonia com a graça dolaicato, cuja atualizaçãomostrará com mais claridade agraça de nossa própria vocação.Este chamado capitular torna-seainda mais urgente “narealização de projetosapostólicos novos”.

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44.8 Ir. Samuel HolguínProvíncia do Norte, Espanha.

Quanta vida pelafrente!

Que admirável riqueza! Homense mulheres leigas que partilhamconosco, os Irmãos, o que têmde mais valioso: sua vida, suaexperiência de Deus e suaconsagração batismal, daperspectiva do Pe. Champagnat.Nova esperança despertou. Avida comprometida dos leigos naIgreja é uma realidade palpávele brotou como diminuta sementede mostarda que dormia e que oEspírito Santo quis regar eacolher para este momento dahistória e da vida marista.Quantos passos para dar! Acaminhada é longa e por vezessurgem sombras. O grão demostarda que brotou e que estácrescendo pode nos parecer umaárvore excessivamente grande eque está deformando a estruturade nosso jardim.Quanta vida pela frente! Asexperiências vividas de partilhar,irmãos e leigos, são uma graça euma revitalização vocacional. Aexperiência está me dizendo queas comunidades religiosas queabrem suas portas aos leigostornam-se mais vivas e maisacolhedoras, que os irmãos quevivem sua consagração religiosapartillhando intensamente amissão com os leigos sentem-semais apóstolos e mais irmãos. Ea nova realidade na Igreja passapela comunhão das vocaçõesespecíficas. Eu mesmo vejo emminha vida novas esperançasquando olho para um futuropartilhado, e a vocação maristacom visão multicor.

Um irmão me dizia que tevedificuldades para participar deuma fraternidade do MovimentoChampagnat, mas que agora,depois de vivida a experiência,não troca esta vivência pessoal emarista por nada. Como se sentefeliz quando escuta e fala entreos leigos e sente que a vidamarista é atual e ele émais IRMÃO.

44.9 Ir. Henri CatteauProvíncia de Beaucamps-Saint-Genis, França

Experiência decomunidade:Irmãos-Leigos

“. . . a caminhada de Irmãos eLeigos juntos é uma de nossaspreocupações e um desafio ondevosso papel será decisivo.” (Cf.Carta do 20.º Capítulo geral atoda a Família Marista.)“ . . . associações de leigosmaristas . . . até aqueles quepartilham a vida. . . .Encorajamos uma maior . . .reciprocidade entre Irmãos eLeigos . . . em novas presenças”(Cf. Documento N.º 28 e 30).O 20.º Capítulo geral nos pede etive a felicidade de trabalharnum grupo que desenvolveu estanoção de parceria. Não foisimples constatação dediferentes mentalidades e deriquezas de nosso grupo dereflexão.Pertencendo a uma Província

onde depois de quase seis anosvive-se esta parceria de um casalcom dois Irmãos na mesmaresidência, partilhando a oração,a vida de todos os dias e tendoum mesmo objetivo: acolherjovens, testemunho estainovação e esta experiência.É realmente uma comunidademarista, tendo uma missãocomunitária, com uma presençade 74 adultos e jovens que osacompanham, exercendo-se em:releitura de vida,acompanhamento individual,grupo de acolhida e entreajudaaos compromissos, grupos desolidariedade, acompanhamentodos responsáveis de movimentosde jovens, catequese, preparaçãopara o crisma, etc.“Escolhamos a vida!” Não asufocamos em seus germens eencorajamos as experiência quese realizam um pouco em todaparte. Todos os apelos deste20.º Capítulo orientam-se nestesentido: progredir juntos . . .afim de responder àsnecessidades da juventude,sobretudo a mais abandonada.Que ali onde é possível acolheros leigos em nossascomunidades: eles são, muitasvezes, mas realistas e poderãonos ajudar a viver nossasConstituições: ir aos jovens e emparticular aos maisabandonados.

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ESTAMOS VENDOAVANÇOS

IMPORTANTES NOCAMPO DA

SOLIDARIEDADE.DC, 10

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44.10 Ir. Adolfo CermeñoProvíncia da América Central

Opção preferencialpelos pobres

Querida família marista: vivonuma região da terra onde seevidencia com toda clareza queos ricos cada dia o são mais e ospobres cada dia o são mais emais pobres. Diante destarealidade o que dizer? Que fazer?A resposta não é fácil,entretanto creio que todos asabemos teoricamente mastorna-se difícil a pôr em prática.Penso que a resposta para umcristão e muito mais para umreligioso é questão de fidelidade.As famílias religiosas, entre elasa nossa, nascem para ser sinal,pergunta, resposta anecessidades urgentes queninguém atende. Com o passardo tempo nos aburguesamos einstalamos e nossas decisões,projetos, estilos de vida nãorespondem ao fundamental. Porque e para que existimos?No ano passado vivemos aexperiência do 20.º Capítulogeral e nele tornou-se a fazer oapelo para avançar juntos,irmãos e leigos, decidida einequivocamente, naaproximação às crianças e jovensmais pobres e excluídos.Convido-os e convido-me alançar um olhar sincero ao nossoderredor: nossos estilos de vidase diferenciam de alguma formados que fazem o jogo da culturadominante? Nossas instalações,recursos, que dizem às pessoas?Quem são os destinatários denossa missão? Tudo éjustificável, mas enquanto ascrianças e os jovens mais pobres

não ocupem o primeiro lugar emnossas opções, não seremossignificativos e até ousoperguntar se há motivo ou razãopara continuar existindo oInstituto Marista.Lembremos novamente: a vidareligiosa deve ser sinal,pergunta, evocação; somoschamados a dar vida, a promovera vida para nós mesmos e paraas crianças e jovens, onde nosencontremos.O caminho está indicado, a metanão alcançada; caminhemosnesta direção com paz masdecididamente ainda que nosexija renúncias econversão.

44.11 Ir. Gonzalo Santa ColomaProvíncia do Rio da Prata, Argentina

Semeadores deesperança, comsentido claro

Sabemos que a educação é achave do desenvolvimentopessoal e social, e a escola é ocadeado onde normalmente seinsere a chave. Porém hácrianças que nunca terão acessoa ela e Marcelino nos anima deforma insistente para que não asabandonemos, inventando milartefícios para nos aproximarmoscom serviços úteis para elas.Mas tendo escolas, contamoscom um capital que representahipoteca social (Paulo VI) se nãoas utilizamos evangelicamente. Oparágrafo 44.11 insiste para queaproveitemos esse espaço tãoapetecido por todos líderespolíticos e sociais. E alerta-nos

como fazê-lo com seis pontoschave, que requerem uma leituralúcida – e não ingênua – sequeremos ser semeadores deesperança.A escola, para ser interlocutoraválida das crianças, jovens efamílias de hoje, deve aceitarquestionar-se, em fidelidadecriativa a sua vocação de formarbons cidadãos e cristãoscomprometidos.Pensemos: buscar a harmoniaentre fé, cultura e vida nosquestiona sobre que fé, quecultura e que vida queremos porem jogo. É a FÉ que garante asalvação só com práticassacramentais e piedosas, ou aque ademais se interessa pelasituação de nossos irmãos (Gen.4,9)? É a CULTURA que deixoutantos homens e mulheres forado sistema, esquecendo-nos quea mensagem de Jesus foiabertamente contracultural? É aVIDA que se desprende destacultura? A honestidade nosimpede afirmar que, nisto, fomoseficientes e significativos nofinal do século XX.Como maristas, não somoschamados a dar novo significadoà escola ao serviço domundo moderno?

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45.1 Ir. Real Cloutier Província do Canadá

Missão marista: umespírito, umdocumentoUm dos momentos fortes doCapítulo, após a eleição doIrmão Superior geral e de seuConselho foi a sessão detrabalho, vivida na Assembléiageral, sobre o impacto dodocumento “a Missão EducativaMarista” nos vários setores doInstituto. Durante algumas horasrecebemos testemunhos muitoeloqüentes e quase unânimessobre a riqueza deste novodocumento elaborado por umgrupo de Irmãos e Leigosdurante o último mandato doConselho geral. Irmãos de váriasProvíncias tiveram aoportunidade de estudar odocumento, de pô-lo em práticaem suas escolas e de adotá-locomo base de trabalho naelaboração de seu projetoeducativo.Ao longo desta sessão detrabalho, percebi que os Irmãossentiam-se orgulhosos de ter emmãos um instrumento detrabalho que descrevia comprecisão e clareza o que é oespírito marista de que todossomos beneficiários, mas quenunca havíamos sabidodescrever.Uns dias depois, senti-me felizao aprovar a seguinteproposição: “Que em todos ospaíses, nos ambientes da missãodo Instituto, o estudo, a reflexãoe a aplicação do documento “AMissão Apostólica Marista” sejaefetiva”.“Além de oferecer os elementos

para ajudar os Irmãos e osLeigos, a discernir nossa missãocom fidelidade ao carisma deChampagnat, o Ir. Benito Arbuésnos lembrava que estedocumento poderia tornar-se uminstrumento para avaliar afecundidade humana eevangélica de nossas obras, a transformá-las, senecessário, ou a transferi-las”.

45.2 Ir. Laurentino Albalá MedinaProvíncia Nor-Andina

Avaliem-se asobras apostólicas!Por que não ofazemos?Avaliar nossas obras apostólicasnão é algo que nasce no 20.ºCapítulo geral. Já no-lo pedia oCapítulo anterior e, na América-latina, era um dos apelos da IXCLAP.Não estaríamos agindo bem? Asociedade não aprecia nossotrabalho? Nosso colégio não ésuficientemente valorizado portodos? Por que então mudar?Toda obra humana temdeficiências e, com os anos,surge o perigo de que se possamesquecer os mais nobresobjetivos e origens com bemdefinida orientação.Seria interessante relembrar “ossonhos” que os pioneirostiveram ao iniciar uma obra

marista em determinado lugar:prioridades, estilo de vida, tipode relações, destinatários...Somos herdeiros de uma belatradição e continuadores deaudaciosas instituições. Não setrata de repetir fielmenteestilos, formas e mecanismos,senão de responder comcriatividade ao “sonho” denossos antecessores, quecoincide com o nosso, e que nãoé outro que plasmar na realidadeatual , as intuições e intençõesde Marcelino Champagnat.Por isso, é preciso perguntar-sese a obra apostólica na qualcomprometemos nossa vida estána linha da evangelização e daopção preferencial pelos pobrese excluídos. A avaliação podeapontar pistas para reorganizá-laou, em alguns casos, teremosque ter a audácia de abandoná-la, como o mesmo Capítuloassinala.Não podemos esquecer quefomos fundados para ser sinaisdo amor de Deus, Irmãos dascrianças e jovens maisnecessitados. O importante nãoé conservar as instituições,senão manter vivo o fogo docarisma que nos fez nascer.Estamos convictos de que os“Montagne” de hoje nosnecessitam muito mais que ascrianças e jovens queatendemos?

46.1 Ir. Richard MutumwaDistrito de R.D. do Congo

Novos caminhos deeducação, de

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evangelização e desolidariedade

Optar pela vida, é optar pelamudança. A mudança nos deveconduzir por novos caminhos deeducação, de evangelização e desolidariedade num projetomissionário. É umarecomendação do 20.º Capítulogeral que províncias se unampara começar ou continuar umprojeto missionário “ad gentes”.Esta recomendação não deve serletra morta. Que algumasProvíncias se unam, isto é, quealgumas Províncias escolhamrespetivamente Irmãos para umprojeto missionário comum.Unir-se para começar oucontinuar um projeto consisteem superar-se uns aos outrospelo bem de um ideal comum.Esse superar-se exige uma féviva, e uma fé viva leva a umavisão e a visão leva a coragem.Isto quer dizer que os irmãosescolhidos pelas Provínciasdevem ser homens de oração,preparados para pessoal ecomunitariamente escolher odiscernimento, a formar umacomunidade unida e reunida,capaz de melhorar sua relaçãocom as outras religiões atravésde uma atitude mariana deescuta.As Unidades Administrativas daÁfrica e de Madagáscaragrupadas na Conferência deSuperiores da África e deMadagáscar o estão pensandoseriamente.Gostaria de concluir este artigoagradecendo às Províncias que já se uniram e que realizamesse nobre projetomissionário.

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46.2 Ir. Claudino FalchettoProvíncia do Rio de Janeiro, Brasil

Novas presenças

Recomenda o Capítulo: “Quegrupos de Províncias, de comumacordo com o Conselho geral,possam iniciar projetos demissão marista com estruturaspróprias” (46.2).Uma das mais freqüentesinsistências nos últimos anos, arespeito da renovação docarisma marista, sempre girouem torno de nossa presença emambientes que as Constituiçõeschamam de “inexplorados” (C85). Há muitos espaços, lugarese grupos humanos que anseiampelo carisma marista. Tantasvezes as estruturas queconstruímos no passado pesam enão nos permitem maiormobilidade. As estruturascondicionam. Sabemos que ébem mais fácil abrir uma novaobra do que fechar ou mudar oobjetivo de outra quase secular.Por que não “iniciar projetos demissão marista com estruturaspróprias”? “Estruturas próprias”seriam aquelas que, de formaágil e imediata, respondessem aum apelo da realidade; seria,criar comunidades, formadas porIrmãos e Leigos de diferentesProvíncias, legitimadas peloConselho geral, que asacompanharia com desvelo; seriaencontrar aquelas estruturasleves e práticas quedespertassem entusiasmo eatraíssem novas vocações; seriapensar num Distrito, ou mesmonuma Província, sem vinculaçãodireta com as estruturaexistentes nas Unidades deorigem.

A idéia não é nova. Já existemmodelos neste sentido. Nareflexão sobre a formação doDistrito da Amazônia, haviaProvíncias dispostas a cederColégios ou obras, a fim de queos Irmãos daquela regiãopudessem mais facilmente provera suas necessidades e sustento.Em assembléia, contrariamente,todos assumiram o compromissode subsistir com o fruto dopróprio trabalho. Seria utópico sonhar juntosalgum projeto de missãoleve de estruturas?

46.3 Ir. Pedro João WolterProvíncia do Brasil Centro-Sul

Disponibilidadedos Irmãos

A Mensagem Capitular, item 46.3assim diz: “Que se facilite amobilidade de Irmãos de umaProvíncia para outra com oobjetivo de impulsionar projetosde solidariedade, evangelizaçãoe educação”. Para que isso possaacontecer, deve haver disposiçãoda parte dos Irmãos que sãotransferidos, como, dosSuperiores das Províncias que seprontificam a ceder tais Irmãos.O Irmão disponível é aquele quetem uma espiritualidademissionária que o leva aabandonar suas seguranças, o jáconquistado e a falsa prudência.Imita Jesus em suadisponibilidade: “Eis-me aqui, óPai, para fazer tua vontade” (Hb10,7).Os superiores Provinciais queirão disponibilizar Irmãos para

Províncias mais necessitadasdeverão ter um coração semfronteiras, como São Marcelino,pois, desde o início do Instituto,apesar das necessidades daFrança, enviou Irmãos àsmissões da Oceania.As fronteiras das Provínciasprecisam ser relativizadas e nãoimpedir a realização de projetoscomuns a várias Províncias,como a instalação de umauniversidade ou de uma Casa deFormação, ou mesmo de umprojeto missionário. As obras sãoda Igreja, do Instituto, e nãotanto da Província.Ainda que nossas Constituições,em seu artigo 126, digam que asProvíncias são constituídas porpessoal e recursos materiaissuficientes para garantir vidaautônoma, muitas vezes têmdeficiência de pessoal em algumsetor ou área, e abundância, emoutros. Nada mais natural, pois,dentro do espírito defraternidade, que a Provínciacom recursos humanos socorrauma outra, carente dessesrecursos. Tal colaboração interprovincialserá saudável para todos etestemunhará nossafraternidade.

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47.1 Ir. Nicolás García MartínezProvíncia de Castilla, Espanha

Integração pessoale sentidocomunitárioO Capítulo sente que aintegração pessoal e a renovaçãode nossa vida comunitária sãoelementos essenciais na vidamarista e que requerem umaatenção urgente. Ressalta-secerta insatisfação tanto na faltade harmonia em nossa vidaquanto na vivência comunitária.O documento capitular apresentaem alguns momentos aconvicção, que deseja sejacompromisso, de revitalizar avida comunitária e de trabalharpara obter uma maior integraçãode nossa pessoa. De qualquerforma se percebe com clarezaque estes são elementos chaveem “nossa opção pela vida”.Ao recomendar ao Conselho geralque na formação inicial e napermanente sejam favorecidasestas realidades, se está pedindoalgo substancial.Experimentamos a insatisfaçãoda vida comunitária e odilaceramento de vidas divididas.Diz-se: O Documento pede aoConselho geral que ajude a criareste microclima, que promovaestudos e ações para levar acabo planos que ajudem aconstruir este ser integrado eprofundamente comunitário quenos é indispensável hoje. Pensoque se necessita uma mudançaimportante que requeira um“nascer de novo”: abandonarcostumes, estilos de vida, eexercitar-nos naquela forma deviver dos apóstolos quesouberam deixar-se fazer

comunidade em torno de Jesusenquanto se dedicavam ao queera primordial para o Reino.Hoje também necessitamosformar animadores que ajudem acriar estas novas comunidadesque como a de Jesus sejamprofundamente vivenciais.

47.2 Ir. Óscar Martín Província de Castilla, Espanha

Identidade MaristaIdentidade. Busca. Processo.Criar redes, comissões . . . emuitos meios mais para relercomo somos. Quem. O quepartilhamos e o que nosdistingue. Identidade.Detrás desse meio há não só umplanejamento senão, esobretudo, uma “opção pelavida”. Podemos hoje, com osalmista, proclamar “coube-meum terreno lindo, sou feliz comminha herança”?Quando Marcelino, em seu leitode morte, nos fez seus herdeiros,recebemos um tesouro, porém,também uma tarefa. Ser Irmãosde evangelho, simples, emfamília com Maria, trabalhandoentre crianças e jovenssobretudo os mais pobres.Mas, deste legado somos co-herdeiros. Hoje muitos Irmãos eleigos, em todo o mundo,sentimos como nossa estaproposta. E por isso avançamosjuntos, com diferentes ritmos e

diferentes identidades.Somos complementares masdiferentes. E há (a ricadiversidade do mundo marista opatenteia) diferentes níveis decompromisso e vinculação nestesonho comum.Para isso, todos os processos.Para ver mais claro. E paracrescer em identidade. Oxaláesses secretariados, reuniões,grupos, sejam meios úteis.Urgentes. Porém oxalá que,sobretudo, releiamos aidentidade a partir da vida.“Vejamos, se desta vez, definisque é ser marista hoje”, dizia-me um Irmão antes do Capítulo.Será nossa maneira de agir?Nosso estilo? O próprio caminhoque andamos?Como um perfume, a identidadeé algo que nos envolve e nãosabemos definir. Como o sangue,é algo íntimo e profundo quetudo anima. Finalmente, é aprópria vida.Busquemos, Irmãos. Comquantos partilham a herança deMarcelino. E redescubramos quenos coube uma partemaravilhosa. Que nossa herançaé felicidade, Identidade,Vida

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47.3 Ir. Leo SheaProvíncia de Esopus - U.S.A.

Imagine…

“Onde seja conveniente,encorajamos a fundação decomunidades abertas aos leigos,ou em que vivam leigos, paratrabalhar com os jovens,especialmente os maisnegligenciados” (20.º Capítulogeral).IMAGINE um novo estilo decomunidade para algum novoprojeto marista, com membrosde diferentes congregaçõesreligiosas, com pessoas leigas,todos oferecendo às criançasuma educação cristã, numaescola católica gratuita.NOVO PROJETO. Administrado ecoordenado por Irmãos Maristas,Irmãos das Escolas Cristãs,mulheres e homens leigos. Umestabelecimento foi aberto emBrownsville, Texas, EUA, em 19de fevereiro de 2002. A escolamatriculou trinta e seis alunosna primeira série. No ano quevem outro tanto serámatriculado; depois vamosatingir noventa matrículas. Osestudantes provêm das famíliasmais pobres nesta muito pobrecidade de Brownsville, nafronteira mexicana.

Constitui enorme dificuldadeestabelecer dito projeto. NosEUA não recebemos subvenção,porque a nossa Constituiçãosepara a Igreja do Estado. Cadaestudante custa mais de US$3.500; a soma é alta, porquetemos de pagar justo salário aosprofessores leigos. NOVA COMUNIDADE. A escolagratuita é agora uma realidade.

Com apenas trinta alunos, vamosprecisar de mais ajuda no anoque vem. Voluntários graduadosensinam na escola e partilham avida de comunidade. Doze alunosnossos, que completaram osecundário instruem, amparam emonitoram os alunos. AntigosMaristas e suas esposasentusiasmam-se em tomar partenisso. Uma nova comunidademarista há de estar nos planosde são Marcelino. Como John Lennon escreveu e osBeatles cantaram háquarenta anos: IMAGINE.

47.4 Ir. Josep Maria SoterasProvíncia da Catalunha

Formaçãocompartilhada

No processo de aproximação eintegração de Irmãos e leigos, asiniciativas formativas conjuntassão provavelmente um dosmecanismos mais adequados eeficazes para vive-las a fundo epreparar os passos subseqüentes.Neste sentido seria bom começara pensar num projeto deformação partilhada (algo comoum Guia de formação conjunta)no qual seriam abordados osmeios formativos quenormalmente são comuns e quejá estamos partilhando de umaou outra forma (pedagógico,pastoral, solidário, e sempre

mais o espiritual), além dosmeios que são específicos dosIrmãos e leigos, mas elaboradocom a participação de ambos.O apoio que o Conselho geralpode oferecer às UA respeitantea estes programas de formaçãopode efetivar-se em dois níveis,temporalmente consecutivos:• REFLEXÃO: para determinar as

necessidades já presentes e amaneira de atende-las, e paradiscernir o futuro para o qualse caminha e se forma, o qualengendrará outras exigências,talvez não percebidas comonecessidades imediatas.

• APOIO: para empreenderiniciativas a nível regional ouinstitucional, sabendo que acada nível corresponde umaorientação peculiar (p.e. ainculturação e encarnação aomeio regional, enquanto queao universal, ainterculturalidade, o diálogointer-religioso, oecumenismo...etc). Igualmenteserá preciso prever um limitetemporal à oferta formativapara se proceder sua avaliaçãoe adaptação correspondente.Estas ofertas formativas devemintegrar-se aos projetosformativos das várias UA aserviço das quais estão e quepor si só não podem porem andamento.

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BUSQUEMOS NOVASPRESENÇAS QUE

EXPRESSEM NOSSAOPÇÃO PREFERENCIAL

PELOS POBRES.

DC, 34

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47.5 Ir. Gilles OuimetProvíncia do Canadá

No pensamento eação: areciprocidadeEnquanto permanecemostimidamente passivos ante aeventualidade de umaparticipação mais efetiva denossos auxiliares leigos emnossas estruturas, não nosarriscamos a empreender açõesviáveis e projetos audaciosos. Émuito fácil abrir apenas nossosbares e nossas capelas.O verdadeiro partilhar começará

quando estivermos preparados aassumir riscos. Antes destaetapa, apenas se trata de umacolaboração de palavra que porvezes parece rebuscada.Entretanto, como condiçãoprévia, devemos visar umasimbiose real na formação deirmãos-leigos.Como objetivo, façamos umainvestigação para articular nossafé, oração e compromisso comvistas no desenvolvimento dadireção de nossa presença nomundo. Então chegaremos emnossas linhas de ação amanifestar a solidariedadeinequívoca com os excluídos dequalquer forma que seja.Animaremos o encontro coletivode Jesus Cristo e ajudaremos adar à Igreja um bemsignificativo para a vida dapessoa comprometida ao serviçode outros.

Sempre que mantivermos umaaproximação espiritual, fraternae comunitária unilateral, ospassos dados ficarão limitadospelas duas entidades. O que elese elas têm a oferecer-nos éprimordial. Rendemo-nos a fasede um carisma comprometedorque os deixará e lhes permitirátodo o espaço que eles e elasdesejarem ocupar comoauxiliares leigos.Lembremos que este carisma nãonos pertence exclusivamente.Local e provincialmente,ampliemos o quadro de nossasConstituições. No planointernacional, um organismodeve elaborar uma estruturageral flexível, adaptada egeradora de compromissos emtodas as regiões domundo.

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47.6 Ir. Antonio MartínezProvíncia do Norte, Espanha

Comunicar vida

O parágrafo 47.6 da Mensagemdo 20.º Capítulo geralrecomenda ao Conselho geralque favoreça o intercâmbio deexperiências significativas entreos vários grupos maristas,através de meios adequados decomunicação. O Instituto dispõejá de uns determinados meiosque considero bem administradose distribuídos mas que não sãotalvez adequados para estacomunicação de experiênciassignificativas.Não estou pensando agora nopapel deste intercâmbio deexperiências. A dinâmica querequer a vida tem um empregoágil na Internet. A Web“Champagnat .org” ou outrapágina suficientemente provistade meios e pessoal podem serum veículo para esteintercâmbio de experiências. Neste esforço comunicativo, o

mais importante, evidentemente,são as experiências de vida emsi mesmas, como base dacomunicação. Sem experiênciaspara comunicar nada do quedizemos aqui tem sentido. Masnem sequer isto é suficiente.Precisamos estimular aconsciência de que estasexperiências, são comunicáveis eque vale a pena partilhá-las comos outros Irmãos e leigos.Superada a etapa anteriorpoderia parecer tudo solucionadoe que se produzirá um fluxo vivoe abundante de comunicações.Mas não. Falta a últimaarrancada: escrever o quevivemos e como o vivemos e

mandá-lo através do mundomarista. E não imagineis istofácil entre nós. Penso que não éatrevimento dizer quepreferimos, em geral, o trabalhode professor, trabalho doméstico,de ajuda, de estender umamão… ao trabalho apostólico doanúncio escrito.A vida é para comunicá-la e nãosomente para a viver. Ousimplesmente a vida sevive comunicando-a.

48.1 Ir. André LanfreyProvíncia de Beaucamps – St. Genis-Laval, França.

Reflexões sobre aespiritualidade

Segundo meus conhecimentos apalavra “espiritualidade” aparecetarde entre nós (nos anos de1970?) e é consagrada nascirculares do Ir. Charles Howardsobre a EspiritualidadeApostólica Marista de 1992-1993. Nas origens do Instituto ena maior parte de sua históriafala-se de santidade, deperfeição, de virtude, deascética.

A adoção de um termorelativamente novo não foiquestão de moda que segue auma crise de identidade. Pelocontrário, significa a vontade dereinterpretar a tradição maristacom uns instrumentosconceituais dos que nãodispunha quando esta tradiçãofoi elaborada.A palavra “espiritualidade” tem avantagem de lembrar-nos que sea ascese é fundamental na vidacristã, sem mística ela não passade um estoicismo cristianizado.E, sem nenhuma teologiaespiritual que se relacione comesta experiência de união comDeus, não surge aespiritualidade.Porém a teologia espiritualmarista foi expressa numvocabulário ascético que velauma autêntica experiênciamística, ou a formulam numalinguagem alusiva. A tradiçãomarista não pode servir-nos hojese não a interpretarmos comuma visão crítica e mística.Isso significa que ser maristahoje, não é primeiramente serreligioso ou professor, mas aderirde coração e espírito umaespiritualidade mariana eapostólica reconhecida pelaIgreja universal como destinada a todos cristãos.

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48.2 Ir. Mariano VaronaProvíncia Santa Maria dos Andes

Aposta para gerarvida

É curioso o que se passa com aEspiritualidade Apostólica Maristano Instituto. No rol dasnecessidades, ocupa o primeirolugar indiscutível nas pesquisas.A última Conferência geral disseque “era o coração darefundação”. Entretanto, emgrande parte do Instituto existedesorientação sobre suacompreensão e não são muitos osfrutos sazonados nos últimos oitoanos. Ainda que, para sermosjustos, em certas regiões foi fatorde renovação, entusiasmoapostólico, vigor vocacional. Nãoapenas para os Irmãos, massobretudo para os leigos.O 20.º Capítulo geral não esteveisento desta ambigüidade. De umlado, apareceu muito nítidocomo primeiro apelo acentralidade de Jesus Cristo,elemento medular de todaespiritualidade cristã.Centralidade, creio, que deveriaentender-se como condiçãoindispensável para ser homemcom espiritualidade, isto é,pessoa de discernimento, guiadapelo Espírito, e religiosos comespiritualidade apostólica quedescobrem, adoram, amam eservem a Deus sobretudo nasrealidades temporais. Tenhominhas dúvidas de que tenhasido entendida assim. Aexpressão “EspiritualidadeApostólica Marista” só aparecequatro vezes no texto capitular,três delas para pedir que secontinue com seu cultivo eaprofundamento.

Uma delas é a deste número. Éuma proposta capitular. Solicitacontinuar com a REDE para quese acredite na sua validade:onde ela funcionou, a vida eespiritualidade dos Irmãos eleigos não é a mesma. Mostraque a EAM não perdeu seu perfil,senão que continua sendo agrande tarefa do futuro, uma dasopções em que apostar para queo Instituto tenha maisvida.

48.3 Ir. Primitivo MendozaProvincial de Léon, Espanha

Formação deanimadores

Há um axioma na formação deanimadores: “Ninguém dá o quenão tem”. Assim, para formar épreciso ser bem formado.A formação de animadores évital para o perfil das futurasgerações. Por isso a suaformação deve ser sistemática,completa e alicerçada em fontessólidas e confiáveis. Para nãoser simples e portantodeficitária, deve abranger asáreas sociocultural, humano-psicológica, teológica-bíblica einstitucional (carisma, história eespiritualidade do próprioInstituto religioso).O animador deve ser:• Um Testemunho, que fez

inicialmente a experiência doencontro e do seguimento deJesus e do serviço aos demais.Sua ação começa pelo exemplode vida.

• Um Apóstolo, isto é, umapessoa que evangeliza e crê noque faz. No acompanhamento

pessoal e grupal comunicaexpectativas de esperança e dásentido à vida. Dágratuitamente seu tempo epessoa. Não se promove a simesmo, senão a Jesus.

• Um Educador, que põe suasaptidões ao serviço dacomunidade, dos irmãos, dosjovens. O marco educativo é oâmbito natural para suamissão. Sabe-se limitado eprecisa do trabalho em equipe.Esforça-se por adquirir umaformação sistemática epermanente.

• Um Marista, um homem de féque procura irradiar aespiritualidade e os valoresherdados de Champagnat, taiscomo simplicidade, trabalho,espírito de família e amor àMaria.

Identifico-me com um processode formação orientado a viverhoje a vida religiosa de ummodo novo, gerando humanidadee esperança aqui e agora. Jesus nos convoca para criar erecriar comunidades de fé quetenham a habilidade de se situarna realidade complexa epluralista trazendo sentido àsnossas vidas e a dosdemais.

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48.4 Ir. Henry Spinks Provincia de Nova Zelândia

Escolhendo a vidaem oração

Um Irmão disse-me certa vez:“Nós daríamos bons judeus;rezamos contra a muralha,alternando salmos com osconfrades”.Gostei da imagem empregada,ponderando o que eleexpressava. Afinal, muito danossa experiência de oraçãocomunitária é assim. Outrorarezava-se o Pequeno Ofício emlatim, não compreendido pelamaioria, que foi interrompidocom o uso do vernáculo, depoisdo Vaticano II; mas para muitoscontinua uma recitaçãoestruturada do Ofício Divino,recitação maquinal de palavras.Nos últimos anos, ocorreu umaexperiência maravilhosa deliberdade, quando muitascomunidades começaram aexpressar a viva realidade dassuas vidas em oração dialogada.A faina desenxabida de ensinarjovens estudantes, imersos nosdesequilíbrios da adolescência;as preocupações dos colegas edas suas famílias; as freqüentesnecessidades e desamparos dosnossos vizinhos; os eventospolíticos das nações; asmaravilhas da criação queexperimentamos no nossoentorno; a inspiração das artes;tudo isso e muito mais, eis oveículo da nossa reflexãocompartilhada e oração de vida.O mistério e a maravilha de Deustão amiúde se refletem na nossaexperiência educativa dajuventude.Tenho refletido nabeleza e no maravilhoso espírito

criador de Deus que opera nodesabrochar do crescimento deconfiança de um aluno inseguroe no apaziguamento de umadolescente indomável, o qualvem tomando consciência de quea confiança no outro é possível.Eis o estofo dos salmos da vidadiária; eles conclamam-nos parauma reflexão profunda de Deusna nossa vida e na construçãodo nosso relacionamento eintimidade com Jesus Cristo.O nosso entendimento eexpressão da espiritualidadeapostólica marista têm brotadodas nossas Constituições ecumpre que nelas sereflitam.

48.5 Ir. John ThompsonProvíncia de Sydney, Austrália

Uso evangélico dosbens

Nenhuma circular debateuperguntas como “A propósito denossos bens” (vol. XXX, n.º 4 –31 de outubro de 2000). Apremissa básica da circular é quenão há respostas simples equando se faz o discernimentodeve ser grupal e não individual.“Vejo difícil que tudo isso possatornar-se realidade se oInstituto como tal, se asProvíncias, os distritos e ascomunidades não assumematitudes evangélicas de pobreza,isto é, de simplicidade de vida,de sobriedade e inclusive de

austeridade”, (p. 130).Pessoalmente penso que o artigo48.5 de nosso documentocapitular que “estabelecer umplano de discernimento sobre ouso evangélico dos bens noInstituto e acompanhar suarealização em cada UnidadeAdministrativa” é uma tarefaimpossível. Este foi um assuntoque realmente não se lhe deumuita atenção no Capítulo, nãoporque não seja importante, masporque não se pode definir emtermos universais. Seu futuronão está morto, mas necessitaser ressuscitado de maneiracriativa. Por exemplo, estespontos poderiam ser a base deum modelo de discernimentopara uma comunidade quando seinvestiga o começo de um novoapostolado:– Definir o projeto em termos

evangélicos.– Identificar e dar um perfil aos

grupos que se vão beneficiar.– Lista dos objetivos esperados.– Estar conforme os padrões

para os recursos e estilo devida da comunidade e doapostolado.

– Determinar o número depessoal necessário.

– Buscar a disponibilidade dopessoal para sua continuidade.

– Prever os custos no início e asfontes dos recursosnecessários.

– Estipular os custos correntes esuas fontes.

– Propor métodos para assegurara viabilidade a longo prazo.

– Identificar as oportunidadespara a implicação econômicaprovincial e outrasimplicações.

– Planejar a avaliação daefetividade do trabalho nosentido dos valoresevangélicos.

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48.6 Ir. Maurice TaildemanProvíncia da Europa Centro-Oeste

Encontrar o seuequilíbriocaminhandoO artigo 48.6 pede que se crie esustente, se coordene epromova, se encaminhe erepresente, o que significa umconvite ao serviço. Constituimesmo uma ordem, a do amor.Ordem paradoxal, porqueconstitui contágio, conivência econfidência : o que aprendi doPai. Não podemos procederdiferentemente do Servidor que

nos chama amigos. No lugar aque somos enviados, vamospartilhar o que Marcelino nostransmitiu. Isso provoca areciprocidade por parte daquelesa quem pretendemos servir. Elesentram na partilha. Idéias novas,audácias originais e realizaçõessurpreendentes vão nos obrigar acrescer em sabedoria e em graçasob o olhar de Maria que, porprimeira, nos impulsiona. Comoficam as estruturas em tudoisso? Por certo as estruturaspodem ser cimentadas napaciência, no humor e norespeito. Elas também serãoportadoras de vida. Se foremleves, vão permitir aantecipação do capítulo XXV deMateus, isto é, os gritos domundo que nos provocam semcessar. Famílias, comunidades ecada um e cada uma de nós,todos vamos encontrar

facilmente o que nos convém. Asestruturas não serão merocaderno de cargos, no qual éproibido tocar. Confrontadas comas experiências, elas seadaptarão sem muito protesto,porquanto Jesus Cristo nos pedeque deixemos ao Espírito ocuidado de dizer o que énecessário. No concernente à vida e aomovimento, cumpre avançar, oque é perder e reencontrar oequilíbrio constantemente. Comalgum impulso, nos vamosacomodar. Ficaremos surpresoscom o resultado. Será grandedescoberta. Combinando asnossas ações com a oração, apromessa de Jesus irrompe :Fareis coisas ainda maiores. Porque temer, pequeno rebanho ? Oseu jugo é fácil decarregar.

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48.7 Ir. Miquel CubelesProvíncia da Catalunha

Deslocamento enovas presenças

O apelo para nos deslocarmos eviver novas presenças é umaconseqüência de nossa opçãopor Jesus e seu Reino, de nossaopção pelos pobres. Ele noschama para sermos Irmãos,comprometidos, audazes, justos,solidários, sensíveis. Irmãos,sim, para as crianças e jovens alionde estejam e acolhendo-oscomo são, apostando por opções

corajosas e às vezes, inéditas. Avida de Marcelino e a de muitosIrmãos e leigos ao longo dahistória de nossa famíliareligiosa foi uma respostagenerosa a este apelo. Arealidade atual nos pede novasformas e outros lugares. Nossapresença deve ser profética,arriscada, evangélica, que rompacom os interesses e as formas deviver dos ricos, do poder e doprestígio, que nos permitapartilhar com os excluídos e osempobrecidos, que nos permitaser povo simples e Irmãos, quenos permita construir uma Igrejacom rosto novo, que nos permitaencontrar os homens e asmulheres, que nos permitaencontrar Deus.Todos, Irmãos do Conselho geralincluídos, devemos dizer comgestos concretos no lugar e com

quem vivemos que estamos aoserviços dos pobres. As novaspresenças devem ser referência einspiração da vida religiosa novaque queremos viver juntos aosleigos, com e como a gentesimples e pobre, trabalhandopela defesa da vida, dos direitoshumanos, dos direitos dascrianças, da paz, do sofrimentodos excluídos, da solidariedadeentre os povos, de uma educaçãopara todos, das esperanças e dosmúltiplos problemas dos jovens,através de novas formas deeducação, evangelização esolidariedade. E Maria aíestará conosco.

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Acheguemo-nos dos jovens e os ajudemos a formar, a partir de suas existências fragmentadas, um formoso mosaico e a descobrir o sentido da vida.

Documento capitular, 31

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Ir. Thomas ChinProvíncia da China

Caminhar comesperança

O 20.º Capítulo geral foi ummomento de graças para oInstituto, e de maneiraparticular o foi para osprivilegiados que participaramativamente nele.Queremos caminhar nestaexperiência única com umespírito de urgência e vontadede atuar. Mas ao mesmo tempo,queremos fazê-lo com um grandesentido de esperança. Para mim,a esperança implica fé, umarelação de confiança na bondadede Deus e a nossa – apesar dasmuitas debilidades que sofremos,como indivíduos e comocoletividade. Crendo que ocarisma de MarcelinoChampagnat é um dom para todaa Igreja, continuamoscaminhando com confiança efazendo tudo o que podemoscom alegria e amor. Surgirãodificuldades e decisões que nosdesafiarão no futuro. Talveztenhamos que sofrer o processode “morrer” para conseguir umanova vida. Com tudo isso,seremos guiados pelos apelos doCapítulo e estamos certos quecom a ajuda de Deus, nossosesforços chegarão a um bomtermo.Temos todos uma visão de umfuturo melhor, e assim odesejamos. Ao mesmo tempo,existem fatos e realidadesdifíceis que nos mostram asdificuldades da tarefa quetemos. É com um grande sentidode ESPERANÇA que somosanimados a continuar NOSSAC

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CAMINHADA. Ficar passivos oucaminhar às cegas é uma loucurae contra producente.O amor de Deus para com toda ahumanidade, como o expressouna Encarnação, nos confere umabase sólida para esta esperança.Depende de nós, então,responder generosamente aos apelos do Capítulogeral.

Ir. Rodrigo Cuesta GuerraProvíncia da América Central

Sejamos criativospara sermos maisfiéis

Quando era menor, chamava-mea atenção a fidelidade de nossosIrmãos a todos os detalhes daregra. Quantos santos nosanimaram com este modo deviver e entender as coisas!Contudo, com o passar do tempotambém me dei conta queperdíamos vitalidade aoenfrentarmos um mundo tãomutante, íamos ficando paratraz, já não enfrentávamos avida como antes. Chegara otempo de entender as coisas demaneira diversa e de ser maiscriativos e mais que os Irmãosdas origens. É preciso entenderChampagnat em toda suaintuição de vida abundante, maisque tentar imitar ao pé da letrao que ele fez. É preciso serChampagnat hoje, comprometidocom o hoje, dando respostas aohoje, abrindo caminhos de vidano dia de hoje. Começava aentender que a fidelidade deveser criativa ou então não seriacapaz de ser fiel ao ontem, ao

hoje e ao amanhã.Surgiu então a força dostestemunhos, dos fiéis até amorte, dos que abrem novoscaminhos e assumem todas suasconseqüências. Uma força que éforte quando nasce dacomunidade. Nossos mártires nosdespertaram, animaram,disseram que devemos sercriativos em nossa fidelidade.Ele leram a originalidade deChampagnat no mais profundode seu coração e abriram novoscaminhos onde sempre nos quisMarcelino, onde estão ospequenos, os marginalizados, osesquecidos.Ao chegar ao 20.º Capítulogeral, todos estamos convictosque para responder hoje aosdesafios novos, precisamos, coma graça que jamais falta, umatremenda dose de criatividade,assim nossa fidelidade já nãoproduzirá marasmos eestagnação senão o novoque é próprio do espírito.

Ir. Onorino RotaProvíncia da Itália

Tenho um sonhoPara um chefe de tribo éhumilhante chamar sua tribopara anunciar uma saída semmotivar a decisão e semespecificar a finalidade daviagem.Para um pescador experimentadoé frustrante trabalhar toda noitesem nada pescar, e conseguirbons resultados seguindo asinstruções de uma pessoa nãoprofissional.É ridículo para uma jovem

pensar em ser mãe sem oconcurso de um homem. Para um sacerdote no início deseu apostolado é uma loucurasonhar em fundar um Institutoque lance raízes em todas asdioceses do mundo.Sim, são coisas humilhantes,deprimentes, ridículas, loucas...para nós acostumados apequenos projetos. Mas Abraão se tornou pai de umpovo, Pedro transborda a barcade peixes, Maria dá à luz umFilho, Marcelino chega a serfundador...Os sonhos de Deus nosdesorientam, não oferecemgarantias, deixam os seusprogramadores hesitantes, mastornam-se realidade.A nós, que nos sentimos sósquando o horizonte em que nosmovimentamos está definido, asintervenções programadas, aexperiência aprovada, asmudanças que nos impõe ahistória abalam nossasseguranças e os “sonhos deDeus” nos parecem paradoxaisainda que seja Ele a conduzir ahistória.Estamos afeitos aos cruzeiros eo “faze-te ao largo” converte-senum desafio! A l.º de abril de 1903 o Senhorserviu-se do Ministro do Interiorfrancês para fazer-nos zarpar esalvar o Instituto.Sobre a nau, hoje, estamos nóse conosco o Senhor, entre ospassageiros não falta Aquela“que tudo fez entre nós” e nocomando está nossoFundador...Pedem-nos paramudar o trajeto habitual,orientar-nos para novoshorizontes, escutar novasproposições, assumir o risco daaventura.Utopia? Melhor a utopiaque a resignação.

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Ir. Eduardo Navarro Província do México Ocidental

Reviver aexperiênciacapitular em nossas unidadesadministrativas

Ao terminar o 20.º Capítulogeral, os Provinciais e Delegadoscapitulares das Províncias doMéxico dedicamos uns dias paraplanejar a comunicação àsnossas Províncias do que foi oCapítulo. Proponho-me adescrever o que juntos decidimos

e o que realizamos nos váriosambientes onde o fizemos.

“O que vimos e ouvimos”:Nos parece imprescindivel otestemunho direto de Irmãos eleigos que usufruimos deste domdo Espìrito. Assim, cada um dosparticipantes comunicou suasalegrias e esperanças, assimcomo seus própriosquestionamentos pessoais edesafios que experimentou.Numa de nossas reuniões deDiretores contamos com ovalioso testemunho de CathérineDémougin. Utilizamo-nostambém do rico material gráficopara explicar as várias etapas emomentos vividos.

Uma intuição da experiênciacapitular.Pareceu-nos pedagógico ajudaros Irmãos e leigos a reviver a

intuição do porquê dos apelosdo Capítulo em relação àvitalidade. Para isso projetamosum esquema onde osparticipantes conheciam osdocumentos mais importantesque fundamentaram a etapa doVer-Julgar. Então realizaram elesmesmos o processo dediscernimento vivido noCapítulo. As conclusões dosapelos mais importantes foramassombrosamente semelhantesentre os grupos provinciais enosso discernimento capitular. Só depois desta etapa,apresentamos o documento“Escolhamos a vida” convidando cada um a assumirum primeiro compromisso inicialpara torná-lo vida naprópria vida.

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Ir. Afonso MuradProvincial do Rio de Janeiro, Brasil.

Para aprofundar odocumento

Sugiro algumas perguntas parareuniões de Irmãos e leigos.Inicialmente, faz-se uma leiturado texto capitular. Em seguida,tempo pessoal para responder asperguntas, por escrito. Por fim,partilham-se as respostas.Conclui-se com oração.

❖ *Que sinais negativos e sinaisde vida você percebe, no localonde vive, atingindo sobretudocrianças e jovens?❖ Qual é a nossa participaçãopara democratizar a informaçãoe ampliar a educação até aosmais pobres?❖ Que aspectos preocupantes equais sinais de vida, sinalizadosno Capítulo, estão presentes nanossa comunidade e Província?❖ Qual atitude de discípulo,apontado pelo documento,expressa melhor sua experiênciado seguimento de Jesus?❖ Quais traços marianos sãomais fortes na nossa identidade?Quais precisamos desenvolver?❖ Que característica do coraçãodo Padre Champagnat é maissignificativa para você? Quefatos da vida do fundador lherecordam esta característica?❖ Recorde o testemunho de umIrmão, vivo ou falecido, quetestemunha uma grande paixãopor Jesus Cristo. ❖ Qual foi sua melhorexperiência de comunidade? Porque?❖ Em que aspectos você senteque a sua comunidade deve serrevitalizada?

❖ Leia as sugestões do Capítulopara integração pessoal ecrescimento espiritual, nº 42-44,e comente.❖ Como você percebeu ocrescimento da parceria com osleigos na sua província, nosúltimos anos? Que passos foramdados?❖ Leia as sugestões paraestreitar as relações com osleigos, nos nº 43, 44 e 47. Comosua comunidade pode colaborar?❖ Relate uma experiência deevangelização que ajuda o jovema “formar um belo mosaico, apartir de sua existênciafragmentada”.❖ O que você e sua comunidadepodem fazer para que asresponsabilidades sejam cada vezmais compartilhadas e nãorecaiam somente sobre os“superiores”?

Ir. Jean RonzonProvíncia de N.D. de l’Hermitage,França

Uma palavra deDeus para mimhoje

Todo texto tem múltiplasinterpretações. Entre estas,quero convidar todo Irmão afazer uma leitura rezada segundoo método tradicional da LectioDivina. Posso ler este textocomo um palavra de amor queDeus me oferece neste momento

da história marista.A atitude inicial é uma atitudede fé: creio que Deus querdirigir-se a mim e quer meoferecer uma palavra de vida. Eo faz através da palavra de meusIrmãos que elaboraram estamensagem. Sem este ato de fé,posso ficar num nível de leitura.A leitura meditada convida-me aviver a leitura na escuta interiorde uma palavra.Depois, tomo uma passagem dodocumento e o leio calmamente.Esta passagem. Pode sersomente um artigo de algumaslinhas. Após uma primeiraleitura, detenho-me. Deixoressoar uma palavra, umaexpressão; saboreio-a. Releio apassagem. Pergunto-me como acompreendo pessoalmente, o queesta palavra, esta expressão mediz neste momento.Posso eventualmente ampliarmeu olhar buscando referênciasna Bíblia e nas Constituições.Entretanto é bom tambémcentrar-se sobre o texto dado,aprender a saboreá-lointeriormente. Há uma palavraparticular que o Senhor meconvida a descobrir hoje nestetexto.Sugiro também a seguir estemétodo de leitura meditada empequenas doses, diariamentedurante uns quinze dias porexemplo. Cabe a cada umencontrar o momento oportunopara este oásis de silêncio emmeio às atividades rotineiras ede sintonizar com o 20.º Capítulo geral.

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Ir. Fergus GarrettProvincia de Nova Zelândia, Fiji

“Fazei tudo o queele vos disser”.–“Sim, mãe!”Jesus nos convoca a queescolhamos a vida com Deus eem relação às pessoas, vida decomunhão com o Senhor e comos nossos irmãos e irmãs.Cada dia, na oração comunitária,renovamos a nossa opção pelavida.Saudamos Maria e, com ela,ingressamos na presença dogrande Doador de vida.Abrimos as nossas mãos,espíritos e corações para o domdo novo dia.Dizemos: “Sim, Senhor, sim, paraas desconhecidas alegrias e lutas

do dia.Com a Igreja, louvamos o Senhorda vida e lhe agradecemos. Elenos fez pessoas atenciosas,inteligentes, razoáveis,responsáveis e amáveis(Lonergan).Escutamos a palavra de Deus quenos encoraja, inspira e desafiapara a conversão, para a ação emissão. Com Jesus, dizemos: “Este é omeu corpo, dado por vós; esta aminha irmã, e este o meu irmão”.Permitimos que ele nos ensine,nos toque, nos cure e restaureem nós a vida divina.Levamos conosco, ao longo dodia, a vida divina. Tocamos asvidas dos outros e por eles somostocados em palavras e obras.Prestamos atenção à plácida vozde Maria: “Veja, eles estão semvinho, sem paz, sem alegria esem vida”.E ele diz: “Dai-lhes vós mesmosalgo de comer; dai-lhes overdadeiro pão do céu, Espíritoque dá vida”.No fim do dia, estamos prontos a

reconhecer a sua presença naserenidade.Mostra-nos onde ele esteve maisativo nas pessoas, nas palavras eacontecimentos.Enquanto partilhamos essespreciosos momentos, damos vidauns aos outros.Partilhamos a nossa fé na suapresença ativa, enquanto olouvamos e lhe agradecemos.Rezamos por aqueles queentraram nas nossas vidas nestedia, e pela nossa fraquezaredescoberta.Caso assim rezemos,provavelmente necessitamosmudar as nossas formas deoração:• O nosso oferecimento da

manhã torna-se um sim à vida.• A nossa revisão do dia torna-

nos atentos às grandes coisasque ele fez, e podemos, em verdade, fazer causa comum com o canto deMaria.

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ESTATÍSTICA GERAL DO INSTITUTOA 31 DE DEZEMBRO DE 2001

SEGUNDO OS DADOS DO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL

P R O V Í N C I A SNOVIÇOS IR. ATUAIS DIMINUIÇÃO AUMENTO

1ºNov 2ºNov Total Temp Perp TOT DIF SAL TOT 1ª Prof P.Perp

1. ÁFRICA AUSTRAL 12 5 17 36 65 101 3 2 5 5 52. AMÉRICA CENTRAL 2 3 5 12 133 145 1 1 3 23. BEAUCAMPS-ST.GENIS 1 0 1 4 170 174 8 1 9 14. BÉTICA 3 0 3 12 156 168 3 4 7 3 15. BRASIL NORTE 0 4 4 23 65 88 2 2 76. CASTILLA 0 2 2 0 133 133 3 4 7 17. CATALUNHA 2 1 3 9 198 207 2 6 8 18. CHILE 0 0 0 3 76 79 2 2 29. CHINA 0 0 0 0 38 38 1 1

10. COLÔMBIA 0 0 0 17 60 77 3 6 9 611. CONGO 3 1 4 8 28 36 1 1 2 212. CÓRDOBA 0 2 2 4 71 75 2 2 113. EQUADOR 0 0 0 1 32 33 1 1 114. ESOPUS 0 0 0 7 124 131 2 1 315. EUROPA CENTRO-OESTE 1 0 1 6 219 225 7 2 9 2 116. FILIPINAS 2 8 10 14 34 48 1 1 517. IBERVILLE 0 0 0 3 126 129 4 1 518. ITÁLIA 0 0 0 1 72 73 1 1 119. LEÓN 0 0 0 2 136 138 3 320. LEVANTE 5 3 8 21 103 124 4 4 8 3 121. M.C.O. DE L'HERMITAGE 0 1 1 0 170 170 10 1022. MADAGÁSCAR 2 2 4 13 50 63 2 3 5 223. MADRI 0 0 0 2 109 111 1 1 124. MELBOURNE 8 3 11 5 113 118 3 325. MÉXICO CENTRAL 10 5 15 16 137 153 3 3 6 5 826. MÉXICO OCIDENTAL 2 1 3 17 148 165 2 1 3 5 127. NIGÉRIA 2 1 3 21 66 87 1 1 2 428. NORTE 0 3 3 4 117 121 2 229. NOVA ZELÂNDIA 1 0 1 7 133 140 3 6 9 130. PERU 0 0 0 0 45 45 2 3 5 131. PORTO ALEGRE 0 9 9 21 130 151 6 1 7 2 232. PORTUGAL 0 0 0 2 36 38 1 1 233. POUGKEEPSIE 0 0 0 2 101 103 3 334. QUEBEC 0 0 0 0 81 81 3 335. RIO DE JANEIRO 0 3 3 10 52 62 2 3 536. RIO DA PRATA 2 0 2 3 98 101 4 2 6 137. RUANDA 4 2 6 8 24 32 1 1 238. SANTA CATARINA 1 0 1 14 58 72 1 1 3 239. SANTA MARIA 5 3 8 14 73 87 2 2 3 140. SÃO PAULO 5 0 5 8 72 80 2 2 1 441. SRI LANKA 0 0 0 5 35 40 2 2 142. SYDNEY 7 0 7 22 240 262 1 4 5 743. VENEZUELA 0 0 0 2 56 58 1 3 4

TOTAL 80 62 142 379 4183 4562 104 71 175 77 35

ESTATÍSTICA

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60 FMS Mensagem 32ESTATÍSTICA

IRMÃOS QUE FIZERAM A PRIMEIRA PROFISSÃO NO ANO 2001

SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL

SOBRENOME NOME PROVÍNCIA PAÍS DE ORIGEM DAT.PROF

1. Chinchilla Villalobos Ricardo Enrique América Central Guatemala 2001-10-282. Sánchez Kopper Jorge América Central Costa Rica 2001-10-283. Sandoval Martínez Juan Antonio América Central El Salvador 2001-10-284. Wado Michel Christian Beaucamps - Saint-Genis Rep. Centro-Africana 2001-06-105. Colomo Zaballos Javier Bética Espanha 2001-07-016. Sánchez Domínguez Javier Bética Espanha 2001-07-017. Hobeika Miled Bética Líbano 2001-07-018. Pissolato Márcio José Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-089. Moreira Emerson Almeida Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-08

10. Begnini Sergio Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-0811. Cecatto Adriano Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-0812. Santos José Antônio Dos Brasil Norte Brasil 2001-12-2213. Ferreira Júnior Rafael Brasil Norte Brasil 2001-12-2214. Menezes José Cicero De Brasil Norte Brasil 2001-12-2215. Oliveira Francisco De Assis Lucas De Brasil Norte Brasil 2001-12-2216. Costa José Edvan Da Silva Brasil Norte Brasil 2001-12-2217. Lima Erisvaldo Ferreira De Brasil Norte Brasil 2001-12-2218. Simões Marilson Da Costa Brasil Norte Brasil 2001-12-2219. Kifala Munyilongo Joseph Congo Congo R.D. 2001-06-1020. Baindekeli Beimoyato Vencelas Congo Congo R.D. 2001-06-1021. Mugera Hosea Munene Europa Centro-Oeste Quênia 2001-06-3022. Lusenaka Eric Silali Europa Centro-Oeste Quênia 2001-06-3023. Pardo Daniele Itália Itália 2001-07-0124. Sarfo Prince Patrick Goly Levante Gana 2001-06-1625. Ngek Elijah Ngum Levante Camarões 2001-06-1626. Kouassi N'guessan Vincent De Paul Levante Costa de Marfim 2001-06-1627. Razanandro Maurice Paul Madagáscar Madagáscar 2001-06-1028. Rakotonirina Olivier Tovo Heriniaina Madagáscar Madagáscar 2001-06-1029. Arriero Perantón Fernando Madri Espanha 2001-07-0130. Franco Hernández Juan Jesús México Central México 2001-06-2331. Yu Pio (Woan Hee) México Central Coréia 2001-12-1932. Kim John (Byeong Chae) México Central Coréia 2001-12-1933. Ocejo Lambert Mauricio México Central México 2001-06-2334. Olivera Nava Humberto Adolfo México Central México 2001-06-2335. Vázquez Zarazua Hugo Pablo México Ocidental México 2001-06-2336. Rivero Flota Juan Pablo México Ocidental México 2001-06-2337. Medina Lugo Antonio México Ocidental México 2001-06-2338. Salazar Rivera Marco Antonio México Ocidental México 2001-06-2339. Chiquini Méndez Alfonso Junior México Ocidental México 2001-06-2340. Talivaa Fifita Nova Zelândia Samoa 2001-11-2441. Iwu Elias Odinaka Nigéria Nigéria 2001-06-1642. Umoh Benedict Nigéria Nigéria 2001-06-1643. Eke David Onyemaechi Nigéria Nigéria 2001-06-1644. Anani Ebinum Jude Nigéria Nigéria 2001-06-1645. Manzano Plaza Jesús Yobang Nor-Andina Colômbia 2001-12-0846. Echeverry Velásquez Javier Alfonso Nor-Andina Colômbia 2001-12-08

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Maio 2003 61

SOBRENOME NOME PROVÍNCIA PAÍS DE ORIGEM DAT.PROF

47. Vélez Rojas Juan Diego Nor-Andina Colômbia 2001-12-0848. Santacruz Moncayo Benedicto Nor-Andina Colômbia 2001-12-0849. Ropero Sánchez Oscar Eduardo Nor-Andina Colômbia 2001-12-0850. Marín Esparza Juan Pablo Nor-Andina Colômbia 2001-12-0851. Alo Johmel Filipinas Filipinas 2001-05-2052. Bantilan Freddie Filipinas Filipinas 2001-05-2053. Selayro Jerry Filipinas Filipinas 2001-05-2054. Rafaila Riel Filipinas Filipinas 2001-05-2055. Calabria Demosthenes Filipinas Filipinas 2001-05-2056. Walder Bonomi Jorge Horacio Rio da Prata Argentina 2001-01-0257. Rocha Jaires Santos Da Rio Grande do Sul Brasil 2001-12-0858. Freisleben Inácio Rio Grande do Sul Brasil 2001-12-0859. Mafalda Genésio Rodrigues Rio Grande do Sul Brasil 2001-12-0860. Malfatti Vivicios Meneguzzi Rio Grande do Sul Brasil 2001-12-0861. Silva Joseney Castilho Da Rio Grande do Sul Brasil 2001-12-0862. Mazimpaka Désiré Ruanda Ruanda 2001-06-1063. Nsabimana Egide Ruanda Ruanda 2001-06-1064. Sepúlveda Romero Álvaro Danilo Sª. Maria dos Andes Chile 2001-01-0665. Moreno Bovet Francisco José Sª. Maria dos Andes Chile 2001-12-3066. Chilombo Justine África do Sul Zâmbia 2001-06-3067. Hanjoomo Charles Wilyjay África do Sul Zâmbia 2001-06-3068. Mudubai Arcanjo Domingos África do Sul Moçambique 2001-06-3069. Chakasara Francis Fortune Chiedzo África do Sul Zimbábue 2001-06-3070. Mushitu Maurice Ackim África do Sul Zâmbia 2001-06-3071. Epa Gerard Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2472. Kelets Cornelius Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2473. Lasin Ken Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2474. Maetaoha (Maehvara) Stanley Sydney Ilhas Salomão 2001-11-2475. Sagolo Alfred Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2476. Tsibuen Dominic Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2477. Warao Elias Sydney Papua Nova Guiné 2001-11-2478. Robertson Anthony Sydney Austrália 2001-12-13

ESTATÍSTICA

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62 FMS Mensagem 32

IRMÃOS QUE FIZERAM A PROFISSÃO PERPÉTUA NO ANO 2001

SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL

SOBRENOME NOME PROVÍNCIA PAÍS DE ORIGEM DATA

1. August Salazar Pablo Daniel América Central Guatemala 2001-03-252. Vielba Infante Miguel América Central Espanha 2001-03-253. Rodríguez Marín Evaristo Bética Espanha 2001-09-224. Squersato Nilto Brasil Centro-Sul Brasil 2001-01-185. Fontana Francisco Brasil Centro-Sul Brasil 2001-05-206. Gaio Jorge Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-157. Lovato Mauro Rogério Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-158. Dias José Pereira Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-159. Siqueira De Oliveira Luiz Brasil Centro-Sul Brasil 2001-12-15

10. Sánchez Lozano Antonio Castilla Espanha 2001-08-1511. Giménez González José Catalunha Paraguai 2001-08-2512. Nzabanita Charles Congo Congo R.D. 2001-11-0413. Mautino Guillermo José Córdoba Argentina 2001-10-2714. Kenagwa Patrick Otwori Europa Centro-Oeste Quênia 2001-05-2015. Fuertes Mari Juan Carlos Levante Espanha 2001-12-0816. Espinosa Barrera Miguel Ángel México Central México 2001-05-1917. Lee He Dong Agustín México Central Coréia 2001-06-0618. Oh Seon-Keun John Baptist México Central Coréia 2001-06-0619. Conde González Francisco Javier México Central México 2001-05-1920. Espinosa Larracoechea Rodrigo México Central México 2001-05-1921. González Ruiz Luis Felipe México Central México 2001-05-1922. Soto Sánchez Marco Antonio México Central México 2001-05-1923. Gómez Preciado Paul Gustavo México Central México 2001-07-0724. García Blackaller Sergio México Ocidental México 2001-06-0925. Hazelman John Mattew Nova Zelândia Samoa 2001-01-2026. Amaro Solimar Dos Santos Rio Grande do Sul Brasil 2001-08-1127. Seibert Clóvis Inácio Rio Grande do Sul Brasil 2001-10-2828. Faqui Genuir Civa Rio Grande do Sul Brasil 2001-08-1129. García López Juan Manuel Sª. Maria dos Andes Peru 2001-06-0630. Masekesa Felix David África do Sul Malauí 2001-08-1131. Bwalya Virgilio África do Sul Zâmbia 2001-08-1832. Mwanalirenji Emmanuel Gundul África do Sul Zimbábue 2001-08-2533. Chirambo Boniface África do Sul Malauí 2001-08-1134. Mwambucha Franck Lackwell África do Sul Malauí 2001-08-1135. Wijesuriya Benedict Hemasi Sri Lanka Sri Lanka 2001-02-03

ESTATÍSTICA

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Maio 2003 63

IRMÃOS FALECIDOS DURANTE O ANO 2001

SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL

SOBRENOME NOME NOME DE IRMÃO DATA FAL. ID PROVÍNCIA

1. Portal Jean Privat 2001-01-05 78 M.C.O. N.D. de l'Hermitage2. Castrillo Arribas Evasio Pablo Isidoro 2001-01-07 88 Levante3. Morin Rosaire Donat 2001-01-08 85 Quebec4. López Campillo Plácido Bernardino Rafael 2001-01-17 78 Levante5. Aguiar José De Abilio José 2001-01-18 90 Rio De Janeiro6. García Fernández Ignacio Ignacio Javier 2001-01-24 65 Castilla7. Martínez Rodríguez Saturnino Saturnino Dato 2001-02-01 72 León8. Tyrrell Edward P. Patrick Francis 2001-02-02 70 Poughkeepsie9. Cadoná Mansueto Teófilo María 2001-02-02 71 Porto Alegre

10. Dufour Marcel Pierre Justin 2001-02-07 90 Beaucamps - Saint-Genis11. Rachor Blasius Florenciano 2001-02-09 75 Porto Alegre12. Calvo Sánchez Teódulo Víctor Teódulo 2001-02-10 86 Chile13. Bringmans Marcel Gerbert 2001-02-12 95 Europa Centro-Oeste14. Foscolos Pierre Petros 2001-02-13 74 M.C.O. N.D. de l'Hermitage15. Regul Hermann Blasius 2001-02-21 88 Sri Lanka16. Houben Albert Dominique Jérôme 2001-02-23 84 Europa Centro-Oeste17. Geissler Anton Gamelbert 2001-03-01 79 Europa Centro-Oeste18. Audet Jean-Louis Marie Euthyme 2001-03-04 76 Iberville19. Mathieu Henri Henri Louis 2001-03-11 96 Quebec20. Jiménez Enríquez Paulino Pablo Eliseo 2001-03-15 85 Castilla21. Lakomy Jean Basile Stanislas 2001-03-23 79 Beaucamps - Saint-Genis22. Ozenda Salvatore Ilarione 2001-03-27 93 Itália23. Mc Beath Nicholas Adrian 2001-03-27 52 Melbourne24. Pereira Da Silva Miguel Miguel Alipio 2001-03-27 79 Portugal25. Naouna Célestin 2001-03-28 79 Beaucamps - Saint-Genis26. Jackson Thomas Henry 2001-03-31 72 Europa Centro-Oeste27. Voegtle Kenneth J. Leonard Alphonse 2001-03-31 68 Esopus28. Boudreault Maurice Yvon Maurice 2001-04-08 70 Iberville29. Roughana Maxwell John Evin 2001-04-09 74 Melbourne30. Rueda Herreros Jenaro Silvio Marcelino 2001-04-10 74 León31. Geble Kunz Franz Josef Paschalis 2001-04-13 85 Rio da Prata32. Rakotozafy Laurent Hilarion 2001-04-13 82 Madagáscar33. Chambonnière Daniel Daniel Marie 2001-04-18 60 M.C.O. N.D. de l'Hermitage34. Ramaromanana René Martial 2001-04-24 51 Madagáscar35. Díez Alonso Julián Eladio Ángel 2001-04-25 92 Rio da Prata36. González García Jesús María Cipriano Vidal 2001-04-27 93 Colômbia37. Antón Merino Calixto Ramón Eusebio 2001-04-27 81 Norte38. Hennache Marcel Paul Vincent 2001-04-27 75 Beaucamps - Saint-Genis39. Aguiar Delphino Cardoso De Dimas João 2001-04-29 71 Santa Maria40. Urién Marcos Lorenzo 2001-05-09 55 Norte41. Saint-Laurent Pierre Pierre Laurent 2001-05-14 87 Quebec42. Meis Joseph Balduin 2001-05-17 87 África do Sul43. Labonté Adolph Adolphe Leo 2001-05-19 76 Poughkeepsie44. Daly John Joseph Casimir John 2001-06-02 95 Europa Centro-Oeste45. Huot Aurèle (Onil) Léon Ignace 2001-06-10 90 Iberville46. Beunza Alecha Jesús Luis Graciano 2001-06-12 84 Catalunha

ESTATÍSTICA

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64 FMS Mensagem 32ESTATÍSTICA

SOBRENOME NOME NOME DE IRMÃO DATA FAL. ID PROVÍNCIA

47. Kim (Soo Hun) Anselmo 2001-06-13 56 México Central48. Ryan Desmond T. Gregory Vincent 2001-06-16 72 Nova Zelândia49. Baiotto Virgilio Luiz Zeferino Miguel 2001-06-17 75 Porto Alegre50. Caballero Carrera Jesús 2001-06-18 42 Venezuela51. Mediavilla Madina José Moisés Pedro 2001-06-19 86 Rio da Prata52. Long Patrick J. Ronald Bernard 2001-06-21 74 Esopus53. Van De Velde Roger Ange Aloys 2001-06-22 80 Europa Centro-Oeste54. Tanyi Anthony 2001-06-27 69 Levante55. Anthony Felician 2001-07-02 58 Sri Lanka56. Hartmann José Antenor Justino María 2001-07-03 73 África do Sul57. Lauler Jean Paul Victor 2001-07-04 74 M.C.O. N.D. de l'Hermitage58. Saez San Miguel Geraldo Esteban 2001-07-08 90 Rio de Janeiro59. Echeverri Murillo Miguel Ángel Miguel Ramón 2001-07-15 65 Catalunha60. García González Benjamin Dit Garfield Fabio Vicente 2001-07-19 81 África do Sul61. François Jean-Marie Jean Félix 2001-07-30 63 Congo62. Pradella Albino Olavo José 2001-07-30 80 Santa Maria63. Cermelj Baic Vladimiro Damaso Corrado 2001-08-05 72 Peru64. Meresinihinua Isaac Edwin Edwin Peter 2001-08-07 69 Sydney65. Castañon Hernández Francisco Javier Benigno 2001-08-08 75 León66. Venables William 2001-08-09 89 Melbourne67. Perret Joseph-Louis Joseph Régis 2001-08-10 72 M.C.O. N.D. de l'Hermitage68. Magand Gabriel-Marie Didier 2001-08-10 92 M.C.O. N.D. de l'Hermitage69. Vadillo Robredo Cándido Cirilo 2001-08-13 95 Bética70. Martim Ireneu Jorge Cristiano 2001-08-15 70 São Paulo71. Rodríguez Pastrana Crescencio Jorge Arturo 2001-08-17 75 Equador72. Mc Kiernan Thomas Columba John 2001-08-28 85 Nova Zelândia73. Jacquat Clément Louis Valéry 2001-08-29 88 M.C.O. N.D. de l'Hermitage74. Pandolfo Hermes João Hermes 2001-09-05 84 Porto Alegre75. Bernardi Forcellini Eugenio Andrés Michaelis 2001-09-05 85 Peru76. Poirier Laurent Lawrence Joseph 2001-09-06 94 Poughkeepsie77. Fuente Rojo Agustín De La Clemente María 2001-09-06 75 Levante78. Sarraillé Pierre Louis Césaire 2001-09-10 73 M.C.O. N.D. de l'Hermitage79. Rodolfi Luiz Attilio Luiz Berchmans 2001-09-15 83 Porto Alegre80. Luna González Luis Luis Ramón 2001-09-16 92 México Ocidental81. Orjikwe Oliver Chukwuma 2001-09-21 47 Nigéria82. Borne Raymond Jules Laurent 2001-09-25 78 M.C.O. N.D. de l'Hermitage83. Vincent Maurice 2001-10-02 59 Beaucamps - Saint-Genis84. Droguett Miranda Rodolfo Rodolfo Vicente 2001-10-07 83 Chile85. Noll Alfred Gérard Alfred 2001-10-07 67 Beaucamps - Saint-Genis86. Bentley Sydney Felix Therese 2001-10-09 71 Nova Zelândia87. Buitrago Aguirre Gonzalo Agustín Carlos 2001-10-11 78 Colômbia88. Marc (Saballail) Paul Paul Marc 2001-10-13 97 M.C.O. N.D. de l'Hermitage89. Mocellin Marius Marius Anselme 2001-10-14 78 Beaucamps - Saint-Genis90. Marotzki Edgar Joaquím André 2001-10-18 82 Porto Alegre91. Laramée Aurèle Aurèle Eugène 2001-10-21 74 Iberville92. Moors Alphonse Alphonse Michael 2001-10-26 83 Europa Centro-Oeste93. Leone Carlos Fortunato Cruz 2001-11-10 84 São Paulo94. Martínez Erazo Gerardo María Guido María 2001-11-13 64 Colômbia95. Krenz Kloster Victorio Víctor Alfredo 2001-11-16 63 Rio da Prata96. Ronzon Joseph Jean Stanislas 2001-12-03 83 Beaucamps - Saint-Genis97. Sargolini Rinaldo Domenico Bruno 2001-12-08 73 Bética98. Robla González Urbano Urbano León 2001-12-08 93 Castilla99. Sanial Marius Régis Chanel Joseph 2001-12-09 100 Brasil Norte

100. Preciado Morales Pablo Pablo Máximo 2001-12-13 88 México Central101. Rodríguez Rodríguez Emiliano 2001-12-17 58 México Central102. Chanal Régis Pierre Joseph Aimé 2001-12-19 89 Brasil Norte103. Boukheir Rafic Elie Stanislas 2001-12-23 80 Bética104. Pedroza Pardo Ramón María Ramón 2001-12-28 96 México Ocidental

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RESTRUTURAÇÃODO INSTITUTO MARISTA

RESTRUTURAÇÃODO INSTITUTO MARISTA

UNIDADES DATA DEADMINISTRATIVAS P A Í S E S CRIAÇÃO

1. África Austral África do Sul, Angola, Malauí, Moçambique, Zâmbia e Zimbábue. 1999, abril2. África Centro-Este R.D. Congo, República Centro-Africana, Quênia, Ruanda e Tanzânia. 2003, abril3. América Central Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Porto Rico —4. Brasil Centro-Sul Brasil (Santa Catarina e São Paulo) 2002, julho5. Canadá Canadá e Haiti 2002, julho6. China China, Malásia e Cingapura —7. Compostela Espanha (Castilla e León), Portugal e Honduras 2003, dezembro8. Cruz do Sul Argentina, Uruguai. 2003, julho

Distrito do Paraguai Paraguai9. Estados Unidos da América USA (Esopus e Poughkeepsie) e Japão 2003, junho-julho

10. Europa Centro-Oeste Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Irlanda e Holanda. 2000, abril11. Filipinas Filipinas —12. Ibérica Espanha (Madri e Norte) e Romênia. 2003, novembro13. L’Hermitage Espanha (Catalunha), França, Grécia, Suíça, Hungria e Argélia. 2003, julho14. Madagáscar Madagáscar —15. Mediterrânea Espanha (Bética e Levante), Itália, Síria e Líbano. 2003, setembro

Distrito da África do Oeste Costa de Marfim, Gana, Camarões, Guiné Equatorial, Chade e Libéria 2000, agosto16. Melbourne Austrália, Índia e Timor Leste —17. México Central México —

Distrito da Coréia Coréia —18. México Ocidental México —19. Nigéria Nigéria —20. Nor-Andina Colômbia, Venezuela, Equador 2003, janeiro21. Nova Zelândia Nova Zelândia, Fiji, Kiribati, Samoa e Tonga —22. Río Grande do Sul Brasil (Porto Alegre e Santa Maria). 2002, julho

Distrito da Amazônia Brasil.23. Santa Maria dos Andes Bolívia, Chile e Peru 2002, agosto24. Sri Lanka Sri Lanka e Paquistão —25. Sydney Austrália e Camboja. —

Distrito da Melanésia Papua N.G., Ilhas Salomão e Nova Caledônia-Vanuatu26. Pendente de nome Brasil (Brasil Norte e Rio de Janeiro) Sem data

Administração geral Cuba —

“O desafío da vitalidade é o fio condutor da restruturação do Instituto” – Documento capitular, 37

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MARIANOS ENSINA A ESTAR

EFETIVAMENTEPRÓXIMOS ÀSCRIANÇAS E AOS

JOVENS, COMO ELAO ESTEVE COM

JESUS…

SIGAMOSJESUS COMO

MARIA E COM ELA.

Documento capitular, 12

… E APROCLAMAR

A PREFERÊNCIA DE DEUS PELOS

PEQUENOS. Documento capitular, 13