Ano XXX Nº 371 julho de 2020 OLGA SAVARY: TELURISMO E ... · precisa de tempo para apresentar...

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Ano XXX Nº 371 julho de 2020 E mbora só a conheces se em pessoa de poucos anos, acom- panhei de longe o trabalho de Olga Savary desde muito tempo, lendo publicações de sua auto- ria e a respeito do que produziu na poesia e na ficção. Minha ati- tude em relação a ela sempre foi de respeito intelectual, não ape- nas pela qualidade de sua obra, – de resto notória, – mas também em virtude de outros fatores, em especial de três: a solidarieda- de, o amor à terra e o arrojo na composição da obra. Sempre disposta a ajudar colegas de ofício, ainda mais quando se tratava de iniciantes, desde que revelassem talento, nunca se furtou a divulgá-los, pu- blicando seus trabalhos em an- tologias, enviando livros a rese- nhistas e críticos, recomendando a escritores amigos. Eu próprio recebi indicações de poetas e escritores que ela julgou merece- dores, sempre de forma acerta- da, revelando aquele “faro” típi- co das pessoas sensíveis e que não se entregam à contemplação única do próprio umbigo. Mais de uma vez escrevi a respeito de escritores e poetas por ela indi- cados e minhas palavras, nessas ocasiões, mereceram a confir- mação de outros juízos. É claro que nesse afã de ajudar, alguns desgostos e decepções foram inevitáveis, não fosse o ser hu- mano feito do barro que é. Isso, porém, só engrandeceu essa postura solidária, quase extinta nos dias bicudos que vivemos. Quanto ao corajoso arrojo de suas posições, é fato conhecido e decantado. Todos recordam de seu pioneirismo na publicação da antologia “Carne Viva” (1984), a única que reúne apenas poemas OLGA SAVARY: TELURISMO E SENSUALIDADE Enéas Athanázio eróticos, por ela organizada. Foi também a primeira mulher em nossa história literária a escrever um livro sobre temas eróticos no país e que recebeu o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras – “Magma” (1982). Para ela, sem liberdade e inde- pendência não poderia haver poesia. Como disse num de seus poemas inéditos, poeta é tudo, “é mulher e homem, demô- nio e anjo, pedra também, e ár- vore, selva e semente, grama e montanha, lava e água...” Livre, enfim. Além disso, há na sua obra algo que me toca de forma es- pecial, talvez porque esse senti- mento também seja muito forte em mim – o amor à terra. Em toda sua produção, de forma ex- plícita ou não, o chão natal ama- zônico é uma constante. O ver- dor da selva, os mananciais imensos de água, o clima abra- sador, os mistérios indecifráveis, a alma do povo, o sotaque carac- terístico – tudo é subjacente na sua escrita como um visgo im- pregnado de amor, saudade, ins- piração. Por urbano que seja o tema abordado, sinto por debai- xo dele o fundo telúrico. Mesmo quando é universal e cosmopoli- ta, nunca deixa de ser a mais bra- sileira de nossas poetas, como bem observou Gilberto Freyre, sempre arguto nas análises que fazia: “A poesia de Olga Savary é das coisas mais brasileiras que eu já vi. O Brasil respira na sua poesia, no seu texto. Viva o Brasil através de Olga Savary!” Para concluir, tomo a liberdade de lembrar o genial Câmara Cascudo, provinciano incurável e emérito fazedor de frases, numa das melhores que produziu: “Não rezo e nem ofereço a escritor que não tem o pó da terra natal de- baixo dos pés da alma!” Savary já está fazendo falta. divulga ção Olga Savary Enéas Athanázio é escritor, advogado e Promotor de Justiça (aposentado). Reside em Balneário Camboriú (SC).

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Ano XXX Nº 371 julho de 2020

Embora só a conhecesse em pessoa depoucos anos, acom-

panhei de longe o trabalho deOlga Savary desde muito tempo,lendo publicações de sua auto-ria e a respeito do que produziuna poesia e na ficção. Minha ati-tude em relação a ela sempre foide respeito intelectual, não ape-nas pela qualidade de sua obra,– de resto notória, – mas tambémem virtude de outros fatores, emespecial de três: a solidarieda-de, o amor à terra e o arrojo nacomposição da obra.

Sempre disposta a ajudarcolegas de ofício, ainda maisquando se tratava de iniciantes,desde que revelassem talento,nunca se furtou a divulgá-los, pu-blicando seus trabalhos em an-tologias, enviando livros a rese-nhistas e críticos, recomendandoa escritores amigos. Eu própriorecebi indicações de poetas eescritores que ela julgou merece-dores, sempre de forma acerta-da, revelando aquele “faro” típi-co das pessoas sensíveis e quenão se entregam à contemplaçãoúnica do próprio umbigo. Mais deuma vez escrevi a respeito deescritores e poetas por ela indi-cados e minhas palavras, nessasocasiões, mereceram a confir-mação de outros juízos. É claroque nesse afã de ajudar, algunsdesgostos e decepções foraminevitáveis, não fosse o ser hu-mano feito do barro que é. Isso,porém, só engrandeceu essapostura solidária, quase extintanos dias bicudos que vivemos.

Quanto ao corajoso arrojo desuas posições, é fato conhecidoe decantado. Todos recordam deseu pioneirismo na publicação daantologia “Carne Viva” (1984), aúnica que reúne apenas poemas

OLGA SAVARY: TELURISMO E SENSUALIDADE Enéas Athanázio

eróticos, por ela organizada. Foitambém a primeira mulher emnossa história literária a escreverum livro sobre temas eróticos nopaís e que recebeu o Prêmio dePoesia da Academia Brasileirade Letras – “Magma” (1982).Para ela, sem liberdade e inde-pendência não poderia haverpoesia. Como disse num deseus poemas inéditos, poeta étudo, “é mulher e homem, demô-nio e anjo, pedra também, e ár-vore, selva e semente, grama emontanha, lava e água...” Livre,enfim.

Além disso, há na sua obraalgo que me toca de forma es-pecial, talvez porque esse senti-

mento também seja muito forteem mim – o amor à terra. Emtoda sua produção, de forma ex-plícita ou não, o chão natal ama-zônico é uma constante. O ver-dor da selva, os mananciaisimensos de água, o clima abra-sador, os mistérios indecifráveis,a alma do povo, o sotaque carac-terístico – tudo é subjacente nasua escrita como um visgo im-pregnado de amor, saudade, ins-piração. Por urbano que seja otema abordado, sinto por debai-xo dele o fundo telúrico. Mesmoquando é universal e cosmopoli-ta, nunca deixa de ser a mais bra-sileira de nossas poetas, comobem observou Gilberto Freyre,

sempre arguto nas análises quefazia: “A poesia de Olga Savaryé das coisas mais brasileirasque eu já vi. O Brasil respira nasua poesia, no seu texto. Viva oBrasil através de Olga Savary!”Para concluir, tomo a liberdadede lembrar o genial CâmaraCascudo, provinciano incurável eemérito fazedor de frases, numadas melhores que produziu: “Nãorezo e nem ofereço a escritor quenão tem o pó da terra natal de-baixo dos pés da alma!”

Savary já está fazendo falta.

divulga

ção

Olga Savary

Enéas Athanázio é escritor,advogado e Promotor de

Justiça (aposentado). Resideem Balneário Camboriú (SC).

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Página 2 - julho de 2020

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Há em mim uma veia lusitana que faz com que me sin-

ta uma criatura vinda do mar. Tal-vez porque tudo sai do mar e a eleretorne. Talvez porque o mar estejaentre mim e Deus neste século. Tal-vez porque atravesso o mar da vidaem um navio frágil.

Sou fascinada pelas viagensde descoberta de Vasco da Gama,Cristóvão Colombo, Fernão de Ma-galhães. Os primeiros exploradoresque enfrentaram os terrores do oce-ano ensanguentado, as tempesta-des, o fogo dos raios etrovões, as fúrias dovento, as ondas agita-das. A ânsia de encon-trar novas terras, rique-zas, oportunidades; no-vos problemas e manei-ras de pensar. O nave-gador não sabia paraonde ia, nem tinha es-perança de voltar. O im-portante era desafiar odesconhecido, com ini-ciativa e coragem. Den-sos nevoeiros infeccio-sos escondiam recifes eilhas. Shakespeare com-parou as brumas a uma“suja e contagiosa escuridão no ar.”

Monstros marinhos eram paraos exploradores uma realidade con-creta. Estavam nos desenhos dosmapas; nos bestiários medievais,um tipo de literatura comum entreos monges, que descrevia as bes-tas fantásticas do mundo animal,que povoavam a imaginação dosmarinheiros. Esses monstros degrandes bocas, dragões com den-tes e caudas, rondavam ao largo ese alimentavam dos mastros do na-vio, esmigalhavam a galera, os ca-nhões, os barris de vinho, os botesa remo. Formavam-se depois rede-moinhos. Baleias e tripulantes afo-gavam-se aos gritos.

A poetisa argentina, AlfonsinaStorni (1892-1938), emigrou com afamília da Suíça para Santa Fé,onde modestamente trabalhoucomo costureira, operária, atriz eprofessora. Quando soube que eraportadora de um câncer de mama,suicidou-se, lançando-se ao mar deum penhasco. Tinha 46 anos. A tra-gédia foi registrada na canção “Al-fonsina Y El Mar”, gravada na voztornitruante de Mercedes Sosa(1935-2009). Alfonsina, com sua

CRIATURAS DO MAR

Raquel Naveira é escritora, críticaliterária, professora universitária,vice-presidente da Academia Sul-

Mato-Grossense de Letras eMestre em Comunicação e Letraspela Universidade Presbiteriana

Mackenzie, de São Paulo.

Raquel Naveira

div

ulga

ção

Alfonsina Storni

A luta antirracista, antifascista, por justiça social precisa continuar. É

uma resposta objetiva a um siste-ma que exclui milhões de pessoasno mundo a uma vida digna, prin-cipalmente os negros.

As consequências devastado-ras da pandemia do coronavírus,deve provocar uma batalha ferre-nha por distribuição de renda e oefetivo acesso a direitos. Eticamen-te, não é legítimo que uma minoriacontinue se apropriando da maiorparte da riqueza produzida pelamaioria.

Se não houver uma mudança,poderemos ter uma convulsão so-cial jamais vista. O assassinato deGeorge Floyd nos EUA é o estopimde uma revolta antirracista que seavizinha também no Brasil, com asrecentes e inadmissíveis mortes deJoão Pedro de 14 anos e MiguelOtávio de 5 anos.

Como nos lembra o ativistaNino Brown, isso têm raízes profun-das: "os Estados Unidos são bem

O RESPIRO DA PELE

Dinovaldo Gilioli é escritor,ativista cultural e poeta.

Dinovaldo Gilioli similar ao Brasil. Ambos temos presi-dentes cruéis, que estimulam essesracistas contra as pessoas negras,contra indígenas. Não é um proble-ma isolado. É um problema de um sis-tema capitalista global".

Mesmo diante dos limites impos-tos por uma pandemia e os seus efei-tos por causa das aglomerações, quejá vem ocorrendo no Brasil com osapoiadores de Bolsonaro, a mobiliza-ção protagonizada pela juventudedos EUA começa a ecoar em váriaspartes do mundo, ganhando contor-nos inimagináveis.

Há um apelo de que nenhum tipode atrocidade e de opressão deveser tolerada, em nome da ordem quevem garantindo os privilégios parauma casta que se considera superi-or e dona do mundo.

A frase, "eu não estou conse-guindo respirar", dita por Floyd, emtom baixo, quando estava sendo su-focado, se transformou num grito deliberdade, de apreço e apego a vida.Os que ousam calar esse grito, namarra, devem preparar os seus ou-vidos e aprender a escutar!

solidão, foi buscar poemas novosnas espumas de sal. Angústias edores a calaram. Ela se recostounuma rocha forrada de conchas.Cinco sereias a levaram por cami-nhos de algas e de corais. Cava-los-marinhos fizeram uma ronda aseu lado com outros habitantes daágua como enguias, lagostas e gol-finhos, esses delfins que conhecemuma linguagem cifrada de códigosancestrais. Alfonsina vestiu-se demar...

Também eu mergulhei emáguas abissais profundas do ocea-no do meu inconsciente. Aprendi a

sobreviver em con-dições difíceis, ex-tremas, com poucooxigênio, muitapressão, nua e comfrio. Meu corpo setornou elástico. Meuesqueleto ficouleve, quebrado eminha carne gelati-nosa. Coloquei umahaste de luz na pon-ta da minha cabeçacomo um espinho.Meus olhos se tor-naram enormescomo lâmpadas. Natreva verde, vejo

esponjas, peixes de vidro, ogroscom longos caninos, plânctons, ca-ranguejos gigantes, pentes deáguas-vivas, filamentos de seresclonados e chumbados em colôni-as luminescentes.

Requer esforço voltar à tona,à superfície do planeta. Sair dessaviagem, dessa vertigem. Começodevagar a seguir os bandos de pás-saros-contramestres no céu. Ob-servo boiarem cascas de palmeiras,galhos de árvore. Saio aos poucosdaquele pântano inavegável e cheiode monstros. Já não estou à mercêdos elementos e dos perigos do mar,como o apóstolo Paulo, que sofreunaufrágios durante dias e noites noabismo. Os perigos foram afastadospor um clarão de eletricidade queme salvou. Posso discernir entreinstinto e intelecto. Nado no nada.Contra a corrente. Sou criatura domar.

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Tels.: (11) 3214-3325 - 3214-3647 - 3214-3646 [email protected] - Face: Sebo Brandão São Paulo

https://www.estantevirtual.com.br/brandaojr

Rua Conde do Pinhal, 92 -ao lado do Fórum João Mendes

Sebo Brandão São Paulo

Fazemos encadernações

N este ano de 2020,atípico, tomado pelomedo e absurdo pela

fragilidade do conhecimento huma-no diante do desconhecido, nadamelhor que receber um livro de po-esia de fé, esperança e apreço pelavida, da renomadíssima poetaCyroba Cecy, lá da encantadora ci-dade sorriso, paraíso dos pinheirais.

É um livro de quintas, essanova forma poética criada emMariana, cidade mãe de Minas Ge-rais e capital da Capitania de SãoPaulo e Minas do Ouro até 02 dedezembro de 1720, que abrangiatambém o território paranaense, esteque se emancipou, dividindo-se deSão Paulo somente em 19 de dezem-bro de 1853. Como se vê, somos li-gados pela história, e nos mantemosunidos pelos laços da poesia; tantoque a poesia simbolista, introduzidano Brasil por Emiliano Perneta,paranaense, tem em Mariana um dosseus grandes expoentes, Alphonsusde Guimaraens.

As formas contemporâneas dapoesia de Minas Gerais também têmespaço entre poetas paranaenses,com destaque a Cyroba Cecy, exí-mia construtora de aldravias e ago-ra mostrando para o Brasil suaexpertise na produção de quintas.Poesia que acrescenta itens positi-vos em tempos negativos é o queeste livro nos traz. Já que a ciênciaprecisa de tempo para apresentarresultados, resta-nos o apego à fé,o despertamento da esperança e aretomada da capacidade de enfren-tar o medo. As quintas de CyrobaCecy trazem todos esses ingredien-tes, por isso é, além de deliciosa lei-tura, este livro se torna essencial novencer do tempo de isolamento so-cial no enfrentamento da pandemiado novo coranavírus.

Parabéns, Cyroba Cecy, e obri-gada por nos acolher nesse seu colosuave de poesia. Nós, leitores, é queganhamos com seu carinho e abne-gação.

EM TEMPO: vale ressaltar quea QUINTA foi proposta e publicadana rede social, em 23 de dezembrode 2019. É forma poética, poemaautônomo, variante da quintilha.

QUINTA é “poema autônomo” (enão apenas estrofe de poema) decinco versos, sendo que os quatro

Andreia Donadon Leal

As Quintas de Cyroba Cecy

primeiros são compostos cada umcom duas palavras e o quinto versocom uma única palavra, com o se-gundo verso rimando com o quinto;primeiro, terceiro e quarto versos noestilo verso livre. Não importa o nú-mero de sílabas na composição mé-trica dos versos. Importa que cadaverso tenha o número de palavrasdeterminado na composição poéti-ca que, no caso da quinta, é

0202020201.Essa composição alcança tam-

bém um outro espírito aldravista –o da liberdade. O exercício da liber-dade está na utilização da palavraplena e farta de significação, semas amarras métricas. Mas, como osconceitos de liberdade ao longo dahistória da filosofia e do direito sem-pre esbarrou em sua relatividade,obrigações sempre acompanham,compulsoriamente, o exercício daliberdade. No caso da composiçãoda quinta, a obrigação de usar doisvocábulos nos quatro primeiros ver-sos, e um único vocábulo no quintoverso; além de ter que ter um jogode rimas: o segundo verso deverárimar com o quinto e os demais ver-sos no estilo de versos livres, istoé, sem obrigação de métrica e semjogos de rimas. (DONADON-LEAL,José Benedito, 2019)

Hoje não vou,que é dia ruim de decisão:o ninho apareceu cheio de ovos,o vaso me presenteou com botões novos, a lua fez alongamentos verdes sobre o mar.Dia de emoção não é dia de ir.Quem sabe, amanhã amanhece chovendoe eu fico matemática?

Bom sensoFlora Figueiredo

Flora Figueiredo é escritora, jornalista, cronista, tradutora, poetae compositora. Autora de Chão de Vento, Florescência, Limão

Rosa, entre outras obras. Exerceu o cargo de Vice-presidenteda Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil.

divulga

ção

Cyroba Cecy

Andreia Donadon Leal époeta, escritora criadora da

aldravia, Mestre em Literaturapela UFV e membro da

Academia Municipalista deLetras de Minas, da Academia

Marianense de Letras e daALACIB-MARIANA.

Espinhos brotam no ventre da terra.Erva desértica, sinal de vida.

Gado sem pasto,rio sem leito.

Homens colhem miragens.Nenhum fruto se hospeda

nos galhos fatigados.Animais famintos,nada para comer.

Almas raquíticas em buscade um futuro farto.

Crianças descalças correme gritam frases anêmicas.

Uma luz brotana terra seca.

Pássaro codificao eco da fome.

Rosani Abou Adal

Almas Raquíticas

Rosani Abou Adal é jornalista, poeta, publicitária, membro daAcademia de Letras de Campos do Jordão e vice-presidente do

Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo. Autora deManchetes em Versos. www.poetarosani.com.br

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Capa e o projeto gráfico de Xavier

Prefácio de Raquel Naveira

Sebo Brandão: https://www.estantevirtual.com.br/brandaojr/rosani-abou-adal-manchetes-em-versos-1920679020

Manchetes em versos

Rosani Abou Adal

Cel.: (11) 97382-6294 - [email protected]

Revisão -

Aulas Particulares

Profa. Sonia Adal da Costa

A TERCEIRA MARGEM DE BRASÍLIARonaldo Cagiano

Em seu mais recente livro, As margens do paraíso, o escritor brasili-

ense radicado em Salvador, LimaTrindade, mapeia o imaginário daconstrução de Brasília a partir deuma visão crítica e não idealizadada utopia que se insinuava com amudança da Capital.

Trata-se de uma obra indis-pensável para se perceber as nu-ances e mazelas que delimitaramos mil dias da construção de Bra-sília na ótica de um autor que fazparte da geração da cidade. Umavisão não edulcorada, porém rea-lista do projeto de JK, Niemeyer eLúcio Costa, sobretudo nesse mo-mento distópico, de perda das ilu-

sões e revogação de conquistas eavanços, quando é urgente repen-sar o passado e o presente, paranão deslocarmos o futuro para amarginalização da História.

O romance de Lima estrutu-ra-se numa delicada concepçãonarrativa que alterna vozes, cujosprotagonistas viveram intensamen-te o processo de construção da ci-dade, seja como integrantes dascúpulas político-administrativas ou,literalmente, colocando a mão namassa e vivenciando as experiên-cias dramáticas de seu contexto.Essa imensa legião de trabalhado-res, os candangos, gente anônimae sem voz, convocados para levar,a toque de caixa, o empreendimen-to, que precisava ser concluído

antes do término do mandado pre-sidencial, é visitada nesse livro querastreia um ambiente recente danossa história, aqui enfrentadocom honestidade pelo autor.

O relato desdobra-se em inú-meras camadas, como se cadapersonagem desvelasse palimp-sestos, percebendo-se as peculi-aridades, diatribes e condiciona-mentos que integravam um sonhoque se tornou coletivo a partir deum sentimento nacional que gras-sava na efervescência dos anossessenta. Era o apogeu de umaconsciência renovadora, pois o paísdespertava de sua letargia por umpresidente bossa nova que arregi-mentava todas as forças para aconcretização da chamada “Mar-cha para o Oeste” e no bojo do slo-gan “50 anos em 5”, que pretendiainteriorizar verdadeiramente o pro-gresso e a civilização num país atéentão confinado ao litoral, anacrô-nico e sem perspectivas.

O autor constrói um verdadei-ro caleidoscópio ao panoramizaros diversos aspectos da constru-ção de uma cidade – desde as mo-tivações políticas e as crises gera-das no seio de um plano de metasque, para a oposição era megalo-maníaco e motivo de constantebombardeio por parlamentares (porexemplo Carlos Lacerda) contrári-os à transferência da Capital parao centro oeste - até os arranjos dosresponsáveis diretos pela constru-ção. A história viaja até o comumdo dia-a-dia na vida dos trabalha-dores das obras em curso, onde acondição humana é exercida emtoda sua plenitude, para o bem epara o mal, esboçando-se os es-caninhos das relações que prolife-ravam nos espaços público e pri-vado, com as pressões que surgi-

am e alimentavam tanto as hostesdo executivo, como a ganância dosempreiteiros, em meio às deman-das, dilemas e conflitos peculiaresdaquele período.

Se o leitmotiv da obra é aconstrução de Brasília, Lima sou-be com destreza e habilidade, etambém por conta de um mergu-lho nos documentos históricos eem pesquisas sobre a época, tra-çar um perfil não apenas da cida-de que se erguia no meio da poeirado cerrado, mas um roteiro psico-lógico e profundamente humano daheterogênea população. Naquelaterra de promessas, migrantesaportaram no seio do planalto cen-tral, com suas esperanças, dese-jos e frustrações, motivados pelaonda otimista que varria o país eparecia representar um divisor deáguas em nossa História, num ce-nário onde digladiavam-se interes-ses e forças, muitas vezes anta-gônicas, mas que naquele momen-to ousava-se superar.

Leda, Zaqueu, Rubem, Mauro,Sílvio são personagens arquetípi-cos que simbolizam a diversidadedas vidas que habitavam os can-teiros de obras e acampamentose fazem parte de um certo incons-ciente coletivo que ainda frequentaa memória dos que participaramdaquela cruzada, verdadeiros qui-xotes no coração agreste do cer-rado, testemunhas dos aconteci-

mentos e outras metamorfosesnessas quase seis décadas daCapital da República. Ainda quesob o pálio da ficção, em que in-venção e memória se alternam,fatos e personagens convivemnuma simbiótica relação, represen-tados com veracidade nesse rela-to que reverbera com sua forçasemântica todas as suas faces efacetas. Como por exemplo a re-volta dos peões com a precarieda-de das condições de trabalho e amá qualidade da comida servidaaos operários, que desaguaria numconflito com a GEB-Guarda Espe-cial de Brasília (episódio conheci-do como o massacre da PachecoFernandes Dantas, imortalizado napelícula “Conterrâneos velhos deguerra”, de Vladimir Carvalho); apresença de Israel Pinheiro, comoo tocador de obras da Novacap; osmíticos escritores Samuel Rawete Joaquim Cardozo (engenheiros

Livro: As margens do paraísoAutor: Lima Trindade.Editora Cepe, 2019,269 páginas. R$ 15

Trecho:“Um ínfimo inseto. É assim que me sinto. Desfilei hoje de

jipe pelo Eixo Central, Esplanada dos Ministérios e o buraco ondeserá construída a rodoviária da nova capital. A emoção foi tantaque, não fosse pela presença de tantos candangos ao redor,choraria. (...) Na praça, soaram sinos. Eram os mesmos sinosque anunciaram a morte de Tiradentes. A banda dos fuzileirosexecutou o Hino Nacional e a cidade se acendeu por inteiro,iluminada por centenas de refletores.”

Lima Trindade

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que integraram a equipe de cal-culistas de Niemeyer); a faltade segurança que levava a víti-mas fatais, cujos corpos pre-cisavam ser evacuados, paranão gerar pânico e “atrapalhar”o fluxo dos empreendimentosou atrasar a inauguração; osacólitos e subservientes dasempreiteiras, que propunhamarranjos e negociatas a seussubordinados e enriqueceramcom a manipulação no forne-cimento de matéria prima nasrespectivas obras; a mitologiada cidade de tábuas, o NúcleoBandeirante, conhecida comoCidade Livre, em cujas biros-cas ou bordeis os trabalhado-res cansados da rotina extenu-ante, iam desfrutar os fins desemana e traçar novos rumosem meio àquela solidão, dis-tante de suas famílias.

Os personagens deam-bulam por seus territórios geo-gráficos e íntimos, cada qual comsuas singularidades, linguagens,atmosferas, motivações e idiossin-crasias, na linha de um périplo nar-rativo de profunda densidade, ten-são e verossimilhança, caracterís-ticas exploradas com sensibilida-de, riqueza metafórica e preciosi-dade estilística por um observadoratento, que soube capturar os de-talhes, os bastidores e a alma deum Brasília que nascia da pranche-ta. Nesse sentido esse livro tam-bém pode ser lido simbolicamentecomo um romance de formação,tanto da nova capital, em sua gê-nese até os dias que correm, quan-to dos homens e mulheres envol-vidos no projeto, o autor penetra asvísceras da grande epopeia que vi-sava à transformação definitiva-mente a cara do País. E tambémé um encontro de contas do autorcom sua identidade e com suaslembranças, marcas que introje-tou a partir do próprio meio em queviveu e onde ainda se percebecomo parte integrante de sua his-tória, e sofre.

As margens do paraíso tra-duz-se numa prosa sofisticada,cuja tessitura poética realiza umaapreensão fotogênica, sincera enão caricatural ou estereotipada,pois penetra a poeira e o cipoal dagrande maratona de gente, máqui-nas e ideias que forjou um grandesurto desenvolvimentista nacional.Expõe as dores e delícias desseperíodo recente, mas crucial, da

vida brasileira, que tem na constru-ção de Brasília um divisor de águas.Um livro-cinema, uma obra-docu-mento sobre uma utopia que, ape-sar de seus desvios, ainda está porse realizar, pois o sentido de suaconstrução, entre outros, de tornaro Brasil menos desigual e mais in-tegrado, mais inclusivo e humano,reclama por completar-se.

Lima Trindade conta e decan-ta essa Brasília que André Malrauxepitetou de ‘A capital da esperan-ça”, porém, ela aguarda a plenaconcretização desse desiderato, omesmo que estimulou gerações alargar seus estados e adentrar nagrande viagem rumo ao futuro,como cantou Cassiano Ricardo:“Vou-me embora pra Brasília,/ solnascido em solo agreste./ Comoquem vai para uma ilha,/ a espe-rança mora a Oeste.”

Ainda que, entre a promessado paraíso e a sua real concretiza-ção, continuamos a patinar, insu-larizados na periferia de qualquerparaíso, seja como Estado ou comoNação, persistimos em nosso ina-balável esforço de Sísifo, a tercei-ra margem, que tanto ansiamos eque permanece a nos desafiarcomo uma esfinge.

Ronaldo Cagiano, escritorbrasileiro residente em

Portugal, autor, dentre outros,de Eles não moram mais aqui(Ed. Patuá, SP/Ed. Gato Bravo,Lisboa”), Prêmio Jabuti 2016.

No caminho traçadoEm meio ao dourado azule branco irisado, alaranjado...Brilha felizimensa bola amarela.Ora amarelo intensoOra verde musgo, douradoPaira no horizonte marrom, esfumado.Em chamas, capta o meu olhar.Paro..sigo e sinto seu revolutar.No infinito,O sol pairaPor entre árvoresE nuvens esparsas,A brincar.

Imensa bola amarelaEle corre, ao meu olhar.E, em segundos,No canto da tarde

Cai alegre, sorrindovermelho, intenso, vivo,Na barra do fimda tarde!

BrincadeiraRoseli B. De Camargo

Roseli Batista de Camargo é escritora, professora, coordenadorado Curso de Letras - FESL Jaboticabal/SP e diretora do Núcleo

Docente Estruturante. Doutora em Estudos Literários e Mestra emLetras na área de Estudos Literários, pela UNESP- Araraquara.

No profundo silêncioda tarde vaziao vento cochichava com as folhasno vasto arvoredo da praça.Passarinhos festeirosgargalhavam sem parar...Não sei o que o vento lhes confidenciavanaquele momentomas desconfio que riam de mimRiam dos meus sonhosRiam de minha nostalgiaRiam de meus versos livresEntão vi minha rua antigavestida de belo calçamento.Mas não se ouvia maiso longo apito do trem alegre.Tudo tão diferente...E a menina do meu tempotinha ido embora!

RETORNO

Raymundo Farias de Oliveira é escritor, poeta, contista,cronista e Procurador do Estado aposentado.

Raymundo Farias de Oliveira

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Integrante da AcademiaParaibana de Letras Jurídicas renova seus votos de

Imortalidade ao lançar para o pú-blico “Discursos Marcantes”. Suaverve marcou sua trajetória de vidae este trabalho vem ampliar o co-nhecimento dos leitores em maisuma construção literária que con-tribui com a consolidação da suaImortalidade.

A APLJ reúne bacharéis emdireito que cultuam as letras, de-vendo, estes, buscarem os assun-tos relativos às letras jurídicas semo distanciamento da Literatura emsua contextualização. Neste traba-lho o “Discurso” já e uma atividadeinerente ao bacharel em direito e,principalmente, para quem, literari-amente, desfruta do exercício dasletras jurídicas.

Everaldo Dantas da Nobregafoi eleito para a APLJ que é uma“Sociedade ou agremiação, comcaráter científico, literário ou artís-tico” e alcançou com sua eleição,assim, a postulação à Imortalidade.Esta citação de Imortalidade, comesteio neste novo trabalho oraapresentado, pode ser uma com-

Imortalidade Acadêmica de Everaldo Dantas da Nóbregapreensão através do livro “IMORTA-LIDADE É LIBERDADE” do EscritorAstênio Cesar Fernandes, da Aca-demia Paraibana de Letras, EditoraIdeia, 2010, pág. 16 a 18, que: “So-mente a partir do século XVII, quan-do foi criada a Academia Francesa,o termo passou a ser empregadopara designar sociedades de escri-tores, artistas e cientistas, denomi-nados imortais por terem sua pro-dução perenizada na memóriadas futuras gerações”. No referi-do trabalho o texto considera, ain-da, que a mesma era como “refúgiode agentes da cidadania libertária”e que estas “habilitavam os homensà luta cívica”. Assim, ao grifar a re-ferida citação é porque entendo queo conjunto da obra de EveraldoDantas da Nóbrega já alcançou apretensão da perenidade.

A Imortalidade é vista pelo Es-critor José Américo de Almeida como“arbusto na busca da luz, insinuan-do-se, afilado e trêmulo, ao fugir doguarda-sol da folhagem protetora,inconformado com a condição ras-teira”. Reflito e considero que a bus-ca pela imortalidade é esta fresta deluz e que só conseguimos ultrapas-sar os obstáculos naturais na insis-tente e permanente busca da plena

vida social e cultural dentro da APLJquando alimentamos a perenida-de anteriormente citada, onde, noexercício constante forma de cultuara escrita literária, como o fazEVERALDO NÓBREGA, atingire-mos a verdadeira Imortalidade,condicionando-a a liberdade.

A pretensão de EveraldoDantas da Nobrega como Escritorpassou a ser a de alcançar a IMOR-TALIDADE. A Imortalidade é de du-ração perpétua. Neste conceito deperpetuidade defino que o Acadê-mico enquanto vivo detém apenasa qualidade de imortal e não a imor-talidade. Assim, ao ter sido eleito eapós devidamente empossado pas-sou a usufruir da pretensão daimortalidade, que nunca terá fim,jamais será esquecido pela “produ-ção perenizada na memória dasfuturas gerações”, através doconjunto de sua obra.

Esta eternização encontro ci-tando o amigo e Pe. MarinaldoSerafim, do Estado do Espírito San-to, que assim se expressou em cor-respondência pessoal com osubscritor:

“A imortalidade, de acordo coma evolução histórica dos estatutospara as associações, reclama ocomprometimento afetivo e efetivodaquele que deseja ingressar naacademia a ser reconhecido comoimortal.”

Em “Os retratos da Imortalida-de”, artigo do Escritor CarlosRomero, da Academia Paraibanade Letras, Jornal A UNIÃO de 6/8/13, pág. 2 – Opinião, aborda a imor-talidade como uma coisa boa, mes-

mo que seja pela imortalidade aca-dêmica. Nesta sua reflexão conside-ra que “ninguém deseja ser esque-cido” e uma das formas de não o sê-lo é compor a Galeria dos Imortais,já que o retrato foi “inventado paramatar o esquecimento”. Observa-seem seu texto que mesmo na contem-plação do retrato, algo estático, épreciso que se participe da vida so-cial da entidade para que o “espíritode solidariedade entre os imortaisesteja sempre aceso” para que nãoseja a Instituição vista como “entida-de de manequins” porque estes nãose comunicam e tornam a Instituiçãoum ser estático, improdutivo einstalador do processo degenerativocom perda de suas funçõesestatutárias. Assim, os “DiscursosMarcantes” que são, também,memorialistas, contribuindo para oacervo de pesquisa dos Historiado-res, comprova a participação efetivado Acadêmico na vida social da Ins-tituição pela qual jamais será esque-cido.

EVERALDO NÓBREGA possuium compromisso social e culturalfortalecedor do corpo da Academiapelo conjunto da sua obra e agoraampliada quando nos brinda com“Discursos Marcantes”.

Ricardo Bezerra é escritor,advogado, membro da Academia

Paraibana de Letras Jurídicas,do Instituto Histórico e GeográficoParaibano, da Academia de Letrase Artes do Nordeste – Paraíba, da

União Brasileira de Escritoresda Paraíba e da Academia

Paraibana de [email protected]

Ricardo Bezerra

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Débora Novaes de Castro

Antologias:

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL -MOMENTOS - CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO -

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Opções de compra: 1.www.deboranovaesdecastro.com.br, LIVROS.2. E-mail: [email protected] 3. Correio: Rua Ática, 119

- ap. 122 - Jd. Brasil - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

CONCURSO LITERÁRIO DA ACADEMIA LUSO-BRASILEIRA DE LETRAS 2020 está com inscriçõesabertas, até o dia 15 de setembro, para ensaios iné-ditos com o tema Clarice Lispector - Tributo ao seucentenário de nascimento. Os trabalhos não poderãoultrapassar 10 páginas A4. Deverão ser enviados emtrês cópias sob uso de pseudônimo. Em envelope menor, com o pseudôni-mo e título do trabalho na frente, anexar os dados, e-mail e breve curricu-lum.

Premiação: Troféu, Diploma e Publicação na Revista 2020 da Aca-demia - 1º lugar; Medalhas de Prata e Bronze - 2º e 3º colocados. Men-ções Honrosas a critério da Comissão Julgadora.

Informações: Maria Amélia Palladino pelo telefone (21) 2252-7705.Inscrições: CONCURSO LITERÁRIO DA ACADEMIA LUSO-BRASILEI-

RA DE LETRAS/ 2020 - Rua Teixeira de Freitas, 5 – sala 303 - Lapa - Riode Janeiro - RJ - 20021- 040

1º Prêmio Machado DarkSide de Literatura, Quadrinhos e Ou-tras Narrativas, edição de 2020, está com inscrições abertas até o dia 29de setembro de 2020. Autores poderão inscrever originais inéditos noBrasil e no exterior, em língua portuguesa, em cinco categorias. Os traba-lhos deverão ser enviados em formato PDF, impresso ou digital, acompa-nhados de informações sobre o autor (minibiografia), sinopse da propos-ta e anatomia da criação da obra.

Formatação dos originais: Espaçamento 1,5, fonte Times New Ro-man, corpo 12. As páginas finalizadas com imagem deverão ser entre-gues em PDF com qualidade de 300 dpi. Os interessados poderão inscre-ver uma obra na referida categoria. Cópias de comprovante de residênciae identidade deverão ser anexadas no ato da inscrição.

Para Romance/Contos: Mínimo de 40 mil palavras; Categoria Quadri-nhos: Mínimo de 60 páginas; Categoria Não Ficção: Biografias, documen-tos históricos, pesquisas/monografias acompanhadas de perfil do autor(minibiografia), sinopse e anatomia da criação da obra. Categoria OutrasNarrativas: Serão aceitas as mais diversas linguagens, como audiovisual,podcasts, poesia, prosa, teatro, música, roteiros, exposições virtuais, re-portagens, ensaios, jogos, sem se limitar a estas categorias. Incentiva-seo envio de imagens, gráficos, vídeos ou quaisquer materiais que ajudem adefinir a proposta e justificar a escolha daquela linguagem específica.Categoria Desenvolvimento de projeto: Exclusiva para receber a MentoriaDarkSide em projetos não finalizados.

Premiação: O primeiro colocado de cada categoria, contratos deedição no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). As obras serão publica-das pela Dark-Side Books.

Inscrições: www.premiomachado.com.br

Concursos

No decorrer de vinte anos decirculação, a revista Di-

mensão suscitou inumeráveis mani-festações de escritores e intelectu-ais em geral por meio de correspon-dência, notas e registros em jornaise periódicos e artigos analíticos pu-blicados na imprensa, compondosignificativo e precioso acervo da re-ceptividade alcançada e das rea-ções provocadas por suas edições,constituindo patrimônio cultural deinestimável valor, refletindo a ambi-ência e as tendências culturais daépoca, tanto no Brasil quanto noexterior.

O presente levantamento darepercussão da revista abrange, ini-cialmente, apenas as demonstra-ções epistolares que expressaramopiniões sobre ela, exprimindo jul-gamentos.

À evidência que esse projetoeditorial, despretensioso e desam-parado de todo e qualquer apoiomaterial e institucional, não objeti-vou e nem previu o acolhimento queteria por parte de poetas e escrito-res que valorizam a poesia, a maisdifícil das manifestações artísticaspor processar-se pela palavra, fa-culdade utilizada pelos seres huma-nos para a comunicação e para amaterialização do pensamento (sema qual este não existiria, já que so-mente se configura por meio da pa-lavra).

Toda repercussão ora expostae a que ainda vai ser divulgada, naintensidade e profundidade ocorri-das, só foi possível por ainda pre-dominar as tradicionais tipografia eimpressão em papel, só pouco apouco surgindo e se desenvolven-do a computação e a edição eletrô-nica, a caminho de substituir, comovem fazendo desde o início do sé-culo XXI, a impressão em papel.

Pode-se afirmar diante disso,que Dimensão sintetizou e encerrouna área de periódicos culturais operíodo cinco vezes secular da in-venção de Guttenberg, que lhe per-mitiu circular como ainda um dospoucos suportes então existentesde publicação e divulgação poética,que, hoje em dia, não é mais neces-sário face aos espaços ilimitados,gratuitos e universais disponíveis,

DIMENSÃO, REVISTA INTERNACIONALDE POESIA – REPERCUSSÃO

Guido Bilharinho propiciatórios e incentivadores daproliferação de periódicos culturaiseletrônicos.

Em suas vinte e seis edições etrinta números, visto duplas algumasdelas, a revista, distribuída em todoo Brasil e remetida ao exterior, atin-gindo aproximadamente 60 (sessen-ta) países, publicou poemas, textos,visuais, ensaios e artigos de nadamenos de 635 (seiscentos e trinta ecinco) colaboradores de 31 (trinta eum) países, como se verifica nosíndices onomásticos constantes deseu blog exclusivo https://revistadepoesiadimensao.blogspot.com.

Além da coleção completa deDimensão estar disponibilizada nocitado blog, atualmente acessadoem aproximadamente 30 (trinta) pa-íses, acompanhada dos referidosíndices, a partir de agora contarátambém com a companhia do notá-vel acervo de opiniões, críticas, re-ações e manifestações que provo-cou em sua trajetória.

Por medida de racionalidade emetodologia, esse acervo é dividi-do pelos espaços ou suportes utili-zados para sua veiculação: corres-pondência; notas e registros em jor-nais e periódicos; e artigos na im-prensa, publicando-se, por ora, asmanifestações veiculadas pela cor-respondência remetida do Brasil àeditoria da revista, devendo ser com-pletada paulatinamente, nos próxi-mos meses, a publicação das de-mais veiculadas pelos modos indi-cados, inicialmente finalizando emjulho próximo a presente etapa coma inserção das manifestações ex-pressadas nas correspondênciasoriundas do exterior.

Tanto por se referir à revistacomo por sê-la produto editorial egráfico uberabense, todo entusias-mo que despertou e a larga resso-nância que obteve são publicadostanto no blog exclusivo, indicadosupra, quanto no blog https://bibliografiasobreuberaba.blogspot.com.

Guido Bilharinho é advogadoem Uberaba e autor de livros

de literatura, cinema,fotografia, estudos brasileiros,

História do Brasil e regionaleditados em papel e, desdesetembro/2017, um livro por

mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

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Notícias

Roberto Scarano

R. Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11 - Mooca - São PauloTel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

TrabalhistaCível

Família OAB - SP 47239

Advogado

Antônio Bivar (BattistettiLima), escritor e dramaturgo, fale-ceu no dia 5 de julho, vítima deCovid-19, em São Paulo, aos 81anos. Foi agraciado com o PrêmioMolière de 1970 com a peça Cor-délia Brasil. Publicou Aos quatroventos, Contos Atrevidos, Verdesvales do fim do mundo, entre ou-tras importantes obras. Autor daspeças Alzira Power e Abre a janelae deixa entrar o ar puro e o sol damanhã. Foi organizador do festivalde música punk “O Começo doFim do Mundo”, realizado nosdias 27 e 28 de novembro de 1982,no SESC Pompeia (SP).

Jorge Claudio Ribeiro, es-critor, professor universitário e edi-tor, com a obra O Assassinato doJornalista Suicida, foi agraciadocom o PRÊMIO LITTERAE SÃOPAULO, promovido pela PlanetaAzul Editora, na categoria MelhorEscritor de São Paulo. Sua obraserá publicada pela editora.

Guilherme Semionato SilvaAlves, com a obra A Bicicleta Azul,foi agraciado com o Prêmio Barcoa Vapor (Premio El Barco de Va-por) que é promovido pela Funda-ção SM. O Prêmio tem como obje-tivo revelar novos autores, estimu-lar a criação literária nacional vol-tada à Literatura Infantil e Juvenil.Guilherme será agraciado com R$40.000,00 (quarenta mil reais) eterá seu livro publicado na coleçãoBarco a Vapor, da SM.

Raul Wassermann, editor,fundador do Grupo Editorial Sum-mus e ex-presidente da CâmaraBrasileira do Livro, faleceu no dia10 de julho, em São Paulo, em de-corrência de complicações do tra-tamento contra um câncer.

O Projeto Retomada das Li-vrarias, iniciativa da Câmera Bra-sileira do Livro, Associação Nacio-nal de Livrarias e do Sindicato Na-cional dos Editores de Livros, temcomo objetivo arrecadar fundos paraajudar financeiramente as micro epequenas livrarias do país.projetoretomada.org.br/

A Saraiva, em assembleia ge-ral ordinária realizada no dia 6 dejulho, elegeu novos membros doConselho de Administração queserá presidido por Olga Maria Bar-bosa Saraiva e terá Jorge SaraivaNeto como vice-presidente.

A Câmara Brasileira do Livro,o Sindicato Nacional dos Editores deLivros e a Nielsen Book apresenta-ram os resultados da Pesquisa Pro-dução e Vendas do Setor EditorialBrasileiro, realizada desde 2006,que indicou um decréscimo de 20%no faturamento total de 2006 a2019.

A Coleção Monteiro Lobatofoi lançada pela SESI-SP Editora naversão em e-book, por meio de umaparceria com a Amazon Brasil. Ostítulos editados são Aventuras deHans Staden, O poço do Visconde, A reforma da natureza, Reinaçõesde Narizinho (vol.1 e vol.2), Viagemao céu, O saci e Dom Quixote dascrianças.

A III Feira do Livro da UNESPestá marcada para acontecer de 7e 11 de abril de 2021, no campusda UNESP de São Paulo, ao ladoda estação Palmeiras - Barra Fun-da do Metrô. http://feiradolivrodaunesp.com.br/

O Flipoços está realizando li-ves que são transmitidas nos canaisdo Facebook e YouTube do Flipo-ços. www.flipocos.com

José Roberto de CastroNeves, escritor e advogado, lan-çou O mundo pós-pandemia pelaEditora Nova Fronteira.

Formação de educadores -Inovação e tradição: preservare criar na formação docente,coletânea de artigos organizadapor Iraíde Marques de Freitas Bar-reiro e Raquel Lazzari Leite Bar-bosa, foi lançada pela EditoraUNESP e está disponível para do-wnload gratuito em http://editoraunesp.com.br/catalogo/9788595463868,formacao-de-educadores-inovacao-e-tradicao

Raquel Naveira realizou, nodia 3 de julho, a live uma conver-sa sobre Literatura, Educação,Poesia na Escola, Obras de Joséde Alencar, Mário de Andrade, Gui-marães Rosa e muito mais. Oevento contou com a mediação daProfa.Thais Maciel da EscolaEmidgio Vidal, criadora - com seusalunos do ensino médio - da Aca-demia Estudantil de Letras quetem como patrona a autora deMenina dos Olhos.

Pablo Vinicius lançou Háuma luz no início do túnel, pela Edi-tora Kiron. A obra desmistifica osmitos e tabus da doença depres-são e está disponível gratuitamen-te. materiais.pablovinicius.com.br/ebook-ha-uma-luz-no-inicio-do-tu-nel

A Editora Panini inaugurou,no dia 1 de julho, um quiosque noAeroporto Internacional de SãoPaulo, próximo ao embarque doterminal 2 Oeste, com títulos daMarvel, da DC Comics, mangás egibis da Turma da Mônica. O ho-rário de funcionamento é das 6 às23 horas.

A Secretaria de Cultura eEconomia Criativa do Estado deSão Paulo investirá R$ 177,18 mi-lhões em cerca de 4,8 mil projetosde artistas, produtores culturais eprefeituras com o objetivo de esti-mular a retomada das atividadesculturais e criativas abaladas como coronavírus. São três programascomplementares: ProAC ExpressoEditais, ProAC Expresso ICMS eJuntos pela Cultura. O ProAC Ex-presso ICMS é a Lei Estadual deIncentivo à Cultura de São Paulo.http://proac-icms.cultura.sp.gov.br/

O Flipoços - Festival Literá-rio Internacional de Poços deCaldas - e a Feira do Livro serãorealizados de 7 a 15 de novembro,pela Lei de Incentivo a Cultura doEstado de Minas Gerais e Code-mge, com o patrocínio máster doDME, e com o patrocínio da Nutri-re. Contará com o apoio Cultural daKindle (Amazon) e TAG Experiên-cias Literárias e com a parceriaCultural do SESC MG e SENACMG.

Candice Carty-Williams, como romance Queenie, foi agraciadana categoria Livro de Ficção deEstreia do Prêmio Booker Prize. Aobra também foi laureada comoLivro do Ano. Candice é a primeiramulher negra a receber o prêmio.

O Livres Livros é um movi-mento de articulação social atravésdo acesso à leitura de forma gra-tuita, realizado em Salvador (BA).Mais de 100 mil livros são distribu-ídos gratuitamente. Também estãolançando a campanha “Adote umLeitor”. Os interessados em parti-cipar podem entrar em contato peloe-mail [email protected]. www.livreslivros.com.br

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lga

ção

Antônio Bivarn