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Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 3 | N.1 | julho-dezembro de 2015 | p. 128-158
Análise das cunhagens do Revista Reino Unido de Portugal,
Tempo Brasil e Algarves na coleção Amazônico do Museu Histórico Nacional
Paula Moura Aranha* Pedro Colares Heringer**
Resumo: as moedas são excelentes fontes para a compreensão de um determinado período histórico, pois carregam consigo um valioso conjunto de informações acerca de aspectos econômicos, políticos e culturais do corpo social que as gerou e consumiu. Neste artigo, os autores analisam um conjunto de moedas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), presentes na Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional, sob o ponto de vista do objeto enquanto fonte documental. Através da consulta a catálogos especializados, levantamento de acervo em reserva técnica e análise de atributos instrínsecos e extrínsecos do material selecionado, e com base nos conceitos de cultura material e musealização, pretendeu-se entender o significado e o contexto da simbologia presente na numária desse Reino Unido. Palavras-chaves: Numismática; Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves; Museu Histórico Nacional; cultura material
Abstract: coins are excellent sources for understanding a particular historical period because they carry a rich set of information about economical, political and cultural aspects of the society that generated and consumed them. In this article, the authors analyze a set of coins of the United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves period (1815-1822), present in the Numismatic Collection of the National History Museum, from the point of view of the object as a documentary source. Through consultation with specialized catalogs, collection survey in storage, analysis of the intrinsic and extrinsic attributes of the selected material, and based on the concepts of material culture and musealization, we sought to understand the meaning and the context of the simbolic aspects present in the coins of this United Kingdom. Keywords: Numismatic; United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves; National History Museum; material culture
* Mestranda em História pela Uerj, especializada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e graduada em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Museóloga do Ibram, lotada no Museu Histórico Nacional. Responsável pelo setor de Numismática do mesmo museu. Pesquisadora em Museologia, Numismática e seus desdobramentos. ** Museólogo do setor de Numismática do Museu Histórico Nacional/Instituto Brasileiro de Museus/Ministério da Cultura. Graduado em Museologia pela UNIRIO, Mestre em Arqueologia pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional/UFRJ. Áreas principais de interesse: Numismática; Conservação de acervos; Arqueologia e Patrimônio.
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Introdução
Neste trabalho analisaremos a imagética do Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves utilizada na produção monetária da época, com intuito de reunirmos exemplos do
que o poder real intencionava transmitir à sociedade neste contexto histórico específico. Para
tanto, foram selecionados exemplares pertencentes às coleções de moedas portuguesas e
brasileiras do acervo de numismática do Museu Histórico Nacional, localizado no Rio de
Janeiro, Brasil.
Acreditamos que este artigo possa ajudar o leitor a conhecer um pouco melhor esse
período histórico tão importante para o desenrolar dos acontecimentos que, menos de uma
década mais tarde, levariam o Brasil à sua independência. Entendendo a moeda como uma
eficiente plataforma de controle social e afirmação do poder real, o estudo das mensagens
contidas na produção monetária, através da análise dos elementos imagéticos que nela
constam, nos ajudam a reconhecer o que, para o Estado, deveria ser considerado como o
conjunto de símbolos oficiais do período e seu significado.
A Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional
A Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional é a maior do gênero
existente na América Latina e uma das mais importantes do mundo. Atualmente está
distribuída em diversas tipologias: moedas, valores impressos, medalhas, ordens honoríficas,
filatelia e sigilografia, contabilizando mais de cento e quarenta e cinco mil objetos. O núcleo
original desta coleção foi formado a partir de 1880, na Biblioteca Nacional, e transferido, em
1923, para o recém-fundado Museu Histórico Nacional. A este núcleo agregou-se inúmeras e
valiosas doações tanto de instituições, como Casa da Moeda, Arquivo Nacional, Museu
Nacional e Museu da Marinha, quanto feita por particulares, como Pedro Massena, Guilherme
Guinle, Eugênio Vergara Caffarelli, entre muitos outros. Dentre as doações feitas por
particulares, destaca-se aquela realizada pelo colecionador português, Comendador Antônio
Pedro de Andrade, que, devido à qualidade, volume e antiguidade dos objetos ̶ dentre eles
moedas e medalhas brasileiras e estrangeiras, principalmente portuguesas, assim como
exemplares da Antiguidade, como moedas gregas e romanas ̶ é considerada por muitos como
a mais importante doação particular já feita ao Setor de Numismática do Museu Histórico
Nacional.
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Destacam-se no acervo do museu três núcleos de grande importância: a Coleção de
moedas do Brasil ̶ desde o período colonial até o meio circulante atual ̶ incluindo moedas
comemorativas, provas de cunho e ensaios; coleção de moedas de Portugal e colônias, que
conta com cunhagens desde Afonso I até a república, além das colônias portuguesas da Ásia e
África; e por último, a coleção de moedas da Antiguidade, desde a criação da moeda metálica
até o império bizantino.
A musealização das moedas na coleção do Museu Histórico Nacional
É importante fazer uma breve apresentação do processo de musealização das moedas
que serão analisadas neste trabalho e de como as práticas que envolvem esse processo são
essenciais tanto para a preservação, quanto para a ampliação de informações acerca desses
objetos.
De acordo com André Desvallées e François Mairesse “a musealização é a operação
de extração, física e conceitual, de uma coisa de seu meio natural ou cultural de origem,
conferindo a ela um estatuto museal – isto é, transformando-a em musealium ou musealia, em
um ‘objeto de museu’ que se integre no campo museal”.1 A partir desta ideia verificamos que
o objeto retirado do seu contexto original e transferido para o museu recebe um novo papel,
de documento material, que traz consigo o testemunho autêntico do seu meio social, de sua
realidade original, ou seja, torna-se fonte de estudo e referência “a outros espaços, tempos e
significados”.2
No entanto, o processo de musealização não diz respeito apenas à ação de retirar o
objeto do seu uso cotidiano e transforma-lo em “objeto de museu”. As práticas exercidas após
uma criteriosa seleção são um importante fator de sua preservação. Segundo Marília Cury, a
musealização é entendida como “uma série de ações sobre os objetos, quais sejam: aquisição,
pesquisa, conservação, documentação e comunicação”.3
Essas ações são extremamente importantes e devem ser seguidas criteriosamente e de
acordo com a política da instituição. Antes da aquisição das peças devemos realizar uma
1 DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Ed.). Conceitos-chave de Museologia. Tradução e comentários de Bruno Brulon Soares e Marília Xavier Cury. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2013, p. 57. 2 MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática contemporânea. Ciências em Museu. Belém, n. 4, 1992, p.111. 3 CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005, p. 26.
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investigação sobre seu histórico, autenticidade e capacidade de testemunho. Essa triagem se
faz essencial para que possamos formar um conjunto documental representativo do
determinado assunto, escolhendo quais objetos farão ou não parte desse seleto conjunto.
Lembramos que “todo objeto não preservado e não registrado é condenado à inacessibilidade
e à perda”.4 O processamento técnico do acervo, que envolve as atividades ligadas à
preservação e documentação dos bens, é, portanto, uma prática que objetiva assegurar o
acesso.
A procedência de grande parte das moedas que formam a coleção do museu histórico
nacional são coleções particulares ou institucionais. Por isso, esses objetos já haviam sido
retirados de circulação e de seus meios originais, sendo rearranjados de acordo com os
critérios de seus possuidores. Ao serem incorporados à coleção do museu, receberam um
status de bem cultural musealizado e passaram pelas etapas de processamento técnico, para
que pudessem ser reorganizadas de acordo com os métodos de trabalho utilizados no período
de sua aquisição, onde se formou um sistema documental coerente e expressivo. Essas
atividades constroem gradativa e constantemente o conjunto de dados acerca da coleção de
numismática do MHN de modo a transformá-la em suporte informacional e garantir o acesso
aos pesquisadores e visitantes. Assim, entendemos que a musealização das moedas que
circularam no período do denominado como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
possibilitou, além da preservação dos objetos, em si, novas perspectivas de estudo baseadas
no seu uso como elemento de transmissão de ideias.
A moeda como fonte documental
A moeda é fundamental para a dinâmica das sociedades urbanizadas e pode ser
entendida como um objeto de grande valor patrimonial devido às informações obtidas através
da análise de seus atributos intrínsecos e extrínsecos. Deve ser considerada como um
documento primário. Justamente por sua capacidade de permanecer quase completamente
inalterada frente à ação do tempo, graças à natureza durável do seu material, ela nos
possibilita o contato com uma realidade passada tornando-se importante suporte
informacional de caráter histórico, artístico, geográfico e econômico acerca do corpo social
4 LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus; LOUREIRO, José Mauro Matheus. Documento e musealização: entretecendo conceitos. Midas [Online], 1, 2013. Disponível em: http://midas.revues.org/78 ; DOI : 10.4000/midas.78.
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que a gerou e consumiu. Nela podemos ver imagens e legendas escolhidas pelos governantes
de sua época que chegaram até os nossos dias mantendo seu caráter original, possibilitando a
identificação de sua data e local de produção. Toda moeda possui informações sobre a língua,
a forma de governo, a cultura e a situação econômica, que nos ajudam a entender o tempo de
sua criação, emissão e circulação. Por tratar-se de um item cotidiano, usado como forma de
medida e valoração de atividades comerciais, que, por sua vez, são relações elementares da
vida urbana, a moeda, para além de sua função primeira, pode ser entendida como um
dispositivo informacional do Estado, pois: “na antiguidade constituía o único suporte móvel
para fazer propaganda e enviar mensagens de maneira rápida à população que estava perto e à
que estava longe, posto que a moeda, por seu valor intrínseco, era querida em qualquer
âmbito”.5
Neste sentido, feitos, faces, expressões e palavras de afirmação eram transmitidas à
população de modo geral colaborando para a afirmação da identidade de um grupo e o
consequente reconhecimento da figura de autoridade que os regula e representa.
Cada vez mais observamos o diálogo da História com a Arqueologia, através dos
estudos de cultura material, como um olhar alternativo à tradição da documentação textual,
pois “a tendência das ciências humanas tem sido privilegiar a multiplicação de objetos, de
abordagens e, consequentemente, de fontes de informação”.6 A perspectiva histórica
tradicional tem sua metodologia limitada pela tipologia de fontes escritas comumente
utilizadas, que tendem a relatar pontos de vista específicos e carregados de subjetividade
acerca de um determinado assunto.
A documentação clássica, escrita ou visual, pode englobar amplos sectores da cultura material, mas só dá deles uma imagem reflectida, subjectiva e já interpretada, necessitando, portanto, de certa prudência. Com o próprio material, que se pode tocar, examinar e interpretar sem o perigo de erro devido à subjectividade da documentação.7
5 GARCÍA-BELLIDO, Maria Paz. La moneda, libro en imágenes de la ciudad. In: Olmos, Romera (ed.). La
sociedad ibérica a través de la imagen. Madrid: Ministerio de Cultura, 1992, p. 237 (tradução nossa). 6 FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes
Históricas. 2.e.d., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010, p. 25. 7 BUCAILLE, Richard ; PESEZ, Jean-Marie. Cultura material. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa, IN-CM, 1989,
vol.16. Homo — Domesticação — Cultura Material, p. 11.
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Portanto, a análise de outras fontes documentais, através da perspectiva dos estudos de
cultura material, pode servir como metodologia de pesquisa para que seja possível almejar
outra forma de compreensão sobre o passado.
De acordo com Ulpiano Menezes, “o que importa é se temos elementos suficientes
para compor, instaurar, definir um sistema documental, que é produzido pela operação de
conhecimento do historiador [...] um sistema orgânico, passível de leitura”.8 Deste modo, as
cunhagens podem ser interpretadas como instrumentos passíveis de análise multidisciplinar
visando o entendimento de diferentes esferas de um determinado contexto histórico de modo a nos
permitir inferir padrões de comportamento social e econômico. Munidos com este pensamento,
encontramos no estudo da imagética contida nas moedas portuguesas e brasileiras do período
compreendido entre 1815 e 1822, um meio paralelo de estudo da ideologia de Estado durante
o contexto de existência do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves.
O meio circulante do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves
As primeiras cunhagens portuguesas foram feitas no reinado de D. Afonso I (1128-
1185) e a partir de então as moedas passariam a ser um dos atributos indispensáveis da
soberania. A partir da publicação das Ordenações Afonsinas, no século XV, foi assegurado o
direito régio exclusivo da cunhagem, considerando falsas as moedas feitas sem ordenação do
governante. Já no Brasil, eram encontradas diferentes moedas em seu território até a
inauguração da primeira Casa da Moeda da Bahia, em 1694, criada com a finalidade da
emissão da moeda provincial e regida pelo mesmo regime monetário da Casa da Moeda de
Lisboa.
No século XIX, após a transferência da corte portuguesa para o Brasil, D. João, ainda
como Príncipe Regente, alterou as relações existentes entre as duas regiões, elevando o Brasil
à mesma categoria de Reino e criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Não
trataremos dos detalhes desta ação, mas deixamos claro que este feito modificou não apenas a
vida cotidiana no Brasil, mas de um modo geral, de todo o novo reino, pois reconheceu a
importância do Brasil como um centro de suas decisões políticas. No ano seguinte à elevação,
o Príncipe Regente deixou clara sua intenção de oficializar simbolicamente a união dos
8 MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática
contemporânea. Ciências em Museus, Belém, n. 4, 1992, p. 109.
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Reinos através da Carta de Lei emitida em 13 de maio de 1816, em que foram criadas as
armas ao Reino do Brasil incorporando-as ao escudo real existente anteriormente, formando
assim o as Armas de Portugal, Brasil e Algarves:
Faço saber aos que a presente carta lei virem, que tendo sido servido unir os meus Reinos de Portugal Brazil e Algarves, para que juntos constituissem, como effectivamente constituem um só e mesmo Reino, é regular e consequente o incorporar em um sí Escudo Real as Armas de todos os tres Reinos (...) e occorrendo que para este effeito o meu Reino do Brazil ainda não tam Armas que caracterisem a bem merecida preeminencia a que me aprouve exaltal-o: Hei por bem, e me praz ordenar o seguinte. I. Que o Reino do Brazil tenha por Armas uma esphera armillar de ouro em campo azul. II. Que o escudo real Portugues, incripto na dita esphera armillar de ouro em campo azul, com uma Corôa sobreposta, fique sendo de hoje em diante as armas do Reino Unido de Portugal e do Brazil e Algarves, e das mais partes integrantes da minha Monarchia. III. Que estas novas armas sejam por conseguinte as que uniformemente se hajam de empregar em todos os estandartes, bandeiras, sellos reaes e cunhos de moedas, assim como em tudo mais em que até agora se tenha feito uso das armas precedentes [...].9
Em Portugal, os tipos monetários passam por alterações assim que D. João VI é
aclamado rei, em 1818. Na cunhagem brasileira, a legenda com o título “Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves”, substitui a anterior em uma emissão especial de 1816, formada
por somente cinco moedas (20, 40, 960, 4.000 e 6.400 réis). No entanto, seria apenas em 1818
que se padronizariam as emissões com a imagética estabelecida para o novo Reino, que
permaneceriam assim até a independência do Brasil, em 1822. Para demonstrar a utilização
destes elementos, escolhemos exemplares representantes das três casas que emitiram moedas
neste período em território brasileiro: Casa da Moeda da Bahia, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, além disso, ainda selecionamos exemplares portugueses emitidos pela casa da moeda
de Lisboa.
Tanto no Brasil quanto em Portugal, a unidade básica de valor era o “real”, com o
plural “reais”, comumente chamado de “réis”. O “real” entrou em vigor em Portugal
substituindo o “dinheiro” no início do século XV. Foi estabelecido no Brasil, ainda no período
de dominação portuguesa, com sua denominação alterada definitivamente para “réis”.
No período do Reino Unido, os metais escolhidos para a produção monetária seguiam
o padrão dos metais utilizados nas cunhagens mundiais. O ouro, metal abundante no Brasil no
9 PORTUGAL, Carta de Lei de 13 de maio de 1816.
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século XVIII e responsável pelo período de riqueza para Portugal, foi utilizado nas moedas de
maiores valores. A prata foi outro metal importante nos períodos anteriores em todo o mundo
e com grande circulação no Brasil, graças as moedas de colônias espanholas que entravam no
território brasileiro devido ao comércio. O cobre e o bronze, utilizados em moedas de menor
valor, tornaram-se extremamente necessários para o comércio local e transações rotineiras,
pois não havia uma maneira do comércio se manter apenas com as moedas de grandes
valores.
A produção de moedas em Portugal possuía um padrão de valores diferenciado
daquele utilizado em território brasileiro. O quadro abaixo apresenta os valores praticados no
Brasil e em Portugal durante o período em questão, assim como os metais associados às
moedas.
Quadro 1 - Valores das amoedações utilizadas durante o período do Reino Unido
Brasil Portugal
Moedas de Ouro
Moedas de Ouro
• 6.400 réis (Peça) réis • 4.000 réis
• 6.400 réis (Peça) • 3.200 réis (Meia Peça) • 1.600 réis (Escudo) • 1.200 réis (Quartinho) • 800 réis (Meio Escudo) • 480 réis (Cruzado Novo – Pinto)
Moedas de Prata Moedas de Prata
• 960 réis (3 Patacas) • 640 réis (2 Patacas) • 320 réis (Pataca) • 160 réis • 80 réis
• 480 réis (Cruzado Novo) • 240 réis (12 Vinténs) • 120 réis (6 Vinténs) • 100 réis (Tostão) • 60 réis (3 Vinténs) • 50 réis (Meio Tostão)
Moedas de Cobre e Bronze Moedas de Cobre e Bronze
• 80 réis (LXXX) • 75 réis, • 40 réis (XL) • 37 ½ réis, • 20 réis (XX) • 10 réis (X)
• 40 réis (Pataco)* • 10 réis (X) • 5 réis (V) • 3 réis (III)
* Dentre as moedas listadas, a de 40 réis, o “Pataco”, é a única feita de bronze.
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Metodologia de seleção do acervo
A seleção dos exemplares constantes deste trabalho de pesquisa seguiu as seguintes
etapas metodológicas: consulta à referência bibliográfica; consulta ao inventário do Setor de
Numismática do Museu Histórico Nacional; checagem das peças do acervo; documentação
fotográfica das peças selecionadas e realização de ficha descritiva das mesmas.
Em primeiro lugar foi feita uma consulta aos catálogos numismáticos com o intuito de
levantar todos os tipos monetários que circularam no Brasil e em Portugal durante o período
compreendido entre 1815 e 1822, quando ambos faziam parte do contexto político do Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Após o levantamento bibliográfico, procedeu-se à consulta ao inventário de acervo do
Setor de Numismática do MHN com objetivo de verificar se havia exemplares dos tipos
monetários reconhecidos nas consultas aos catálogos.
Uma vez levantadas as peças do período citado constantes no inventário do Setor,
iniciou-se a conferência dos itens selecionados com o objetivo de escolher, dentre às
duplicatas, aquelas em melhor estado de conservação para facilitar os trabalhos de fotografia e
descrição das moedas.
As moedas em melhor estado de conservação foram higienizadas, fotografadas e
posteriormente agrupadas por material e data. Como algumas séries mantiveram-se
praticamente inalteradas durante o período de duração do Reino Unido, optou-se por não
repetir fotografias de exemplares que, apesar de apresentarem datas diferentes, utilizaram
modelo de cunho muito similar, conhecidas como variantes. Para cada um dos exemplares
selecionados foi feita uma ficha contendo as fotografias, descrição do anverso e reverso, o
valor da moeda, seu peso e diâmetro, bem como a indicação de seu material constituinte.
Análise das moedas
Após a análise das moedas selecionadas notamos a predominância de três elementos
imagéticos: a Cruz, as Armas do Reino e a Esfera Armilar. Ainda percebemos a alteração da
legenda, em que o nome “Brasil” foi inserido onde antes apareciam apenas Portugal e
Algarves. Pode-se perceber, ainda, a mudança na titulação de D. João, que figurava
anteriormente como Príncipe Regente e é apresentado na nova legenda como Rei D. João VI.
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O uso da Cruz de Cristo deveu-se à forte atuação da Ordem de Cristo durante o
período da expansão portuguesa. Em reconhecimento às ações da Ordem, D. Duarte ordenou
que as armadas levassem estandartes com as Armas Reais sobre a Cruz de Cristo em suas
velas, deste modo, essa cruz tornou-se um símbolo sagrado dos navegantes de Portugal.
Assim, quando os portugueses chegaram ao que seria o território do Brasil, trouxeram consigo
uma bandeira branca com a imagem da Cruz de Cristo vermelha em seu centro e, ao pisarem
em terra firme, nomearam as terras recém-descobertas Terra de Vera Cruz, ou Terra de Santa
Cruz.
A Cruz de Cristo, portanto, está associada ao território brasileiro desde o primeiro
momento da chegada dos portugueses e viria a figurar na emissão nacional desde o fim do
século XVII, nas primeiras cunhagens da Casa da Moeda da Bahia, em 1695. Durante o
período de existência do Reino Unido, este símbolo figura no reverso das moedas de 60(Ar),
120(Ar), 240(Ar), 480(Ar), 480 (Au) e 1200(Au) réis. Nas moedas cunhadas em solo
brasileiro, a Cruz de Cristo está presente no reverso de todas as nossas moedas de prata (80,
160, 320, 640 e 960 réis) posicionada sob as armas do Reino Unido (escudo português sobre
esfera armilar, encimado por coroa real). As moedas de 50 e 100 réis – cunhadas em Portugal
– mantiveram os campos do anverso e reverso com a mesma estrutura desde 1688, portanto,
as amoedações deste valor utilizam um modelo de cruz diferente, a cruz de São Jorge. Este
modelo de cruz pode ser visto também nas moedas brasileiras de 4.000 réis.
A esfera armilar, originalmente, foi um instrumento de astronomia amplamente
utilizado nas navegações. Trata-se de um complexo sistema de ilustração do movimento dos
astros em que as armilas – aros de metal que formam a esfera – indicam importantes marcos
referenciais como os trópicos e o Equador. O início da utilização deste instrumento como
símbolo remonta aos tempos do reinado de D. Manuel I, que o adotou como empresa ou
emblema pessoal. O rei utilizava a esfera armilar em todos os meios possíveis de divulgação,
como cartas, mapas, artes, arquitetura, entre outros. Os sucessores de D. Manuel mantiveram
o uso da esfera que, por ter sido empregada intensamente, acabou por tornar-se um símbolo
nacional de Portugal. Alguns domínios ultramarinos portugueses foram marcados com este
elemento e no Brasil não foi diferente. Podemos confirmar este uso observando a primeira
série de moedas cunhadas sob ordem de D. Pedro II de Portugal, entre 1695 e 1702, na Casa
da Moeda da Bahia, onde a esfera armilar é representada sobre uma cruz de Cristo nos
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reversos de todas as moedas produzidas em prata. O mesmo aconteceu em grande parte da
produção monetária de colônias portuguesas do Oriente.
Como já mencionado, as Armas do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves foram
criadas logo após a elevação do Brasil à categoria de reino. Formou-se por união das Armas
do reino de Portugal e Algarves com as recém-criadas Armas do Brasil, que tomaram a forma
de “uma esfera armilar de ouro em um campo azul”, conforme apontado anteriormente
através do trecho da Carta de Lei de 13 de maio de 1816. As Armas do novo reino ficaram,
portanto, identificadas por um escudo com 5 escudetes no campo (representação original de
Portugal) e 7 castelos na bordadura (representando o território de Algarves), sobre uma esfera
armilar, encimados por uma coroa real fechada.
Para obtermos uma melhor compreensão sobre as mensagens transmitidas pelo poder
real através das moedas é preciso voltar nossa atenção para além dos símbolos ali constantes e
mapearmos, ainda, as inscrições contidas nas legendas. Dentre as trinta e uma moedas que
compõe nosso universo de pesquisa, existem somente cinco variações do texto contido nas
legendas, conforme podemos observar no quadro abaixo:
Quadro 2 - Legendas e significados presentes no meio circulante do Reino Unido
Inscrição conforme
moeda
Inscrição sem
abreviações
Significado
“JOANNES. VI. D. G.
PORTUG.BRASIL. ET.
ALGARB. REX” 10
JOANNES SEXTUS DEI GRATIA PORTUGALIÆ
BRASILIÆ ET ALGARBIORUM REX
D. João sexto, por graça de Deus, Rei de Portugal e do
Brasil e Algarves
“IN HOC SIGNO
VINCES” IN HOC SIGNO VINCES Por este sinal vencerás
“SUBQ SIGN NATA
STAB”
SUBQUO SIGNO NATA STABILI
Sob esse sinal nasceu e permanecerá
“PECUNIA. TOTUM
CIRCUMIT. ORBEM”
PECUNIA TOTUM CIRCUMIT ORBEM
O dinheiro circula pelo mundo todo
“UTILITATI PUBLICÆ” UTILITATI PUBLICÆ Utilidade pública
Em primeiro lugar, podemos observar que a inscrição “JOANNES SEXTUS DEI
GRATIA PORTUGALIÆ BRASILIÆ ET ALGARBIORUM REX” está presente no anverso
de praticamente11 todas as moedas do período estudado. A face principal das moedas da época
cumpria o papel de informar aos cidadãos que “JOANNES SEXTUS” (D. João VI), por “DEI 10 As moedas analisadas apresentam breves alterações no modo de abreviação desta legenda. 11 Com excessão do Cruzado Novo (Pinto) português.
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GRATIA” (por graça de Deus), era o “REX” (Rei) dos territórios de “PORTUGALIÆ
BRASILIÆ ET ALGARBIORUM” (Portugal, Brasil e Algarves). Em outras palavras, nas
práticas comerciais cotidianas todos os usuários da moeda – ferramenta criada e regulada pelo
Estado – eram constantemente lembrados da figura da autoridade real, da extensão de seus
domínios e de sua associação com o poder divino. Associação esta, que pode ter suas raízes
traçadas até a idade média, e que tem, no século XVII, através das teorias do direito divino de
Bodin e Bussoet e da figura de Luís XIV, o “Rei Sol” francês, seu exemplo mais conhecido.
A inscrição “IN HOC SIGNO VINCES”, presente na grande maioria das moedas
cunhadas em Portugal no período, tem o papel de fortalecer a conexão entre o poder real e a
religião. O signo ao qual a inscrição – cuja tradução é: “Por este sinal vencerás” – se refere é a
Cruz de Cristo, que segundo a tradição teria aparecido, em sonho, ao imperador romano
Constantino I, no início do século quarto, na noite anterior à sua vitória sobre Magêncio na
disputa pelo controle do império romano do ocidente, no episódio que ficou conhecido como
Batalha da Ponte Mílvia. É interessante notar que a cruz, referência divina, figura somente nas
moedas de prata e ouro, o que torna possível inferirmos que o cobre, por ser um metal de
valor inferior, não fosse considerado material digno de carregar o símbolo máximo do
catolicismo.
A inscrição “SUBQUO SIGNO NATA STABILI” está presente no reverso da série de
moedas de prata conhecidas como “Patacas”. O signo ao qual a inscrição – cuja tradução é:
“Sob esse sinal nasceu e permanecerá” – se refere é a Cruz de Cristo sobreposta por uma
esfera armilar e escudo de armas de Portugal. Antes da criação do reino unido, as primeiras
moedas fabricadas em solo brasileiro – a mando da coroa portuguesa – na casa da moeda da
Bahia, em 1695, carregavam em seu reverso somente a Cruz de Cristo sobreposta por esfera
armilar acompanhadas da mesma legenda. O sinal, ao qual às inscrições dizem respeito, é o
conjunto composto, originalmente, pela cruz e pela esfera, e tem seu significado diretamente
relacionado ao conteúdo simbólico desses dois elementos conforme nos aponta Seixas:
A moeda provincial de prata, cunhada na oficina monetária da Baía entre 1695 e 1702, abrangia seis espécies, cujos valores de circulação eram de 640, 320, 160, 80, 40 e 20 réis. No reverso de todas estas espécies, figurava um tipo uniforme, tendo uma cruz de Cristo (comum à moeda da Metrópole) sotoposta a uma esfera armilar, cantonada pela legenda “SVBQ. SIGN. NATA. STAB.”. A legenda remete, num complexo jogo de palavras, para o nascimento do Brasil sob o signo da cruz (tanto pela introdução do Cristianismo como pelo próprio topónimo fundacional) e da
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esfera armilar (tomada portanto como símbolo dos reinados de D.Manuel I e, talvez, de D. João III).12
Dentre todas as amoedações analisadas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil
e Algarves, apenas a moeda portuguesa de 40 réis, conhecida como “Pataco”, apresenta uma
legenda única, cujo uso não se repete em nenhum outro valor: “UTILITATI PUBLICÆ”.
Estas palavras, que podem ser traduzidas como “utilidade pública” ou “para utilidade
pública”, tem relação direta com o propósito de criação da moeda. Esta pesada moeda de
bronze foi um recurso utilizado desde 1811, pelo Estado português, para sanar problemas
econômicos de ordens variadas.
As amoedações com valores de 10, 20, 37 ½, 40, 75 e 80 réis, cunhadas em cobre, a
partir de 1818 no Brasil, apresentavam no reverso a legenda: “PECUNIA TOTUM
CIRCUMIT ORBEM”, que pode ser traduzida como “o dinheiro circula pelo mundo todo”.
Por possuírem menor valor comercial, essas moedas eram, certamente, as mais vistas pela
grande maioria da população. Não há uma explicação definitiva para a seleção dos dizeres
destes valores, mas a questão da circulação do dinheiro pode, entretanto, ser associada à
intenção do Estado sob duas óticas diferentes: a primeira diz respeito à afirmação frente aos
súditos acerca da grandiosidade dos domínios da Coroa que, à época, espalhavam-se por 4
continentes; em segundo lugar, a legenda em questão pode ser encarada como uma orientação
para a dinamização da economia através da circulação da moeda, haja visto que em diferentes
ocasiões tanto a capital quanto as colônias passaram por dificuldades devido à escassez de
meio circulante.
Uma questão que foge ao teor das legendas, mas é de importante compreensão para o
pesquisador que se depara com as moedas produzidas em território Português, durante o
período em questão, é o acréscimo percentual dos seus valores. Algumas amoedações da
época – como mostra o quadro abaixo – apresentavam valores diferentes dos praticados.
12 SEIXAS, Miguel Metelo. As Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Olisipo, Lisboa, II série, n.º 14, 2001, p. 116.
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Quadro 3 - Conversão de valores das moedas cunhadas em Portugal
Valor constante na moeda Valor praticado
“XXXX” 50 réis
“LXXX” 100 réis
“200” 240 réis
“400” (prata) 480 réis
“400” (ouro) 480 réis
“1000” 1200 réis
Essa diferença, entre o que consta na moeda e seu valor de mercado, deve-se a uma
legislação expedida pelo Rei Pedro II de Portugal mais de um século antes de nosso período
de estudo. Em 4 de agosto de 1688, o então rei português levantou em 20% o valor das
moedas de prata e ouro correntes do reinado. O objetivo desta mudança conta no próprio
conteúdo da lei: “desejando dar remedio aos damnos, que actualmente padecem meus
vassallos na reducção das moedas de prata cerceadas, & nas de ouro das fabricas antiguas, que
mandei correr a pezo, emquanto senaõ reduziaõ”.13
Não cabe aqui discutir as questões econômicas que levaram à criação da supracitada
legislação que alterou o valor corrente das moedas14, tampouco discutir os motivos de sua
longa vigência. Cabe-nos tentar minimizar a confusão causada, em consequência da mesma,
no momento de apreciação das moedas.
Considerações finais
Em um contexto em que a grande maioria da população era analfabeta e os
domínios vastos, distantes e, portanto, habitados por grupos com referenciais culturais
totalmente distintas, os símbolos adotados pelo Estado certamente tiveram papel de destaque
na afirmação do Poder Real e na configuração de um sentimento – ainda que frágil – de
unidade entre os territórios. Neste sentido, a moeda, talvez o mais cotidiano dos itens da vida
13 PORTUGAL, Lei monetária de 4 de agosto de 1688. 14 Para melhor compreensão destes aspectos, consultar: LIMA, Fernando Carlos Greenhalgh de Cerqueira. A lei de cunhagem de 4 de agosto de 1688 e a emissão de moeda provincial no Brasil (1695-1702): um episódio da história monetária do Brasil. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, n. 9(2), maio/agosto, 2005, p. 385-410.
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urbana, tornou-se o veículo ideal para a comunicação da ideologia da Coroa, ou pelo menos,
para impor o reconhecimento de seu poder a seus súditos às vezes tão distantes.
Encarar a moeda – especialmente as anteriores ao século XX – como um simples
instrumento destinado a facilitar a troca comercial é, portanto, observar um mero aspecto
utilitário do objeto, frente ao amplo leque de informações ali dispostas. Uma análise histórica
orientada a problematização do objeto – no caso, as moedas – como fonte documental nos
permite perceber características cruciais do contexto sociopolítico do Reino Unido, tais como:
a proximidade entre o Estado e a Igreja, a necessidade de difusão da imagem do regente, a
escassez das cunhagens e a afirmação dos domínios territoriais.
Aliar documento e objeto, forma e uso, contexto e informação, de modo a
construir um discurso baseado em evidências e o mais distante possível da subjetividade,
assim como tornar este produto acessível e palatável para o público geral, é um compromisso
que deve estar sempre regendo as atividades das instituições de cultura e aqueles que ali
prestam serviços.
O período histórico do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves já foi
amplamente estudado e debatido com base nas fontes historiográficas tradicionais. Porém,
acreditamos que ainda há muito a muito a ser construído – ou desconstruído – sobre esse
momento de nossa história. Nesse capítulo, intencionamos encarar a moeda como fonte
primária de informação de modo a fornecer dados que julgamos ser de grande importância
para futuras pesquisas.
Referências bibliográficas
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BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Museologia: algumas ideias para a sua organização disciplinar. Cadernos de Sociomuseologia. Lisboa, ULHT, Nº 9, 1996, p. 9-33.
CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005.
DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Ed.). Conceitos-chave de Museologia. Tradução e comentários de Bruno Brulon Soares e Marília Xavier Cury. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2013.
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FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2.e.d., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010.
GARCÍA-BELLIDO, Maria Paz. La moneda, libro en imágenes de la ciudad. In: Olmos, Romera (ed.). La sociedad ibérica a través de la imagen. Madrid: Ministerio de Cultura, p. 237-249, 1992.
GUARNIERI, Waldisa Russio Camargo. Conceito de cultura e sua inter-relação com o patrimônio cultural e a preservação. Cadernos Museológicos, Rio de Janeiro, n. 3, p. 7-12, 1990.
LIMA, Fernando Carlos Greenhalgh de Cerqueira. A lei de cunhagem de 4 de agosto de 1688 e a emissão de moeda provincial no Brasil (1695-1702): um episódio da história monetária do Brasil. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, n. 9(2), 385-410, maio/agosto, 2005.
LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus; LOUREIRO, José Mauro Matheus. Documento e musealização: entretecendo conceitos. Midas [Online], 1, 2013. Disponível em: URL: http://midas.revues.org/78 ; DOI: 10.4000/midas.78 .
MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática contemporânea. Ciências em Museus, Belém, n. 4, p. 103-120, 1992.
NASCIMENTO, Rosana. O objeto museal como objeto de conhecimento. Cadernos de
sociomuseologia. Vol. 11, nº 11, 1998, p. 21-35.
SEIXAS, Miguel Metelo. As Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Olisipo, Lisboa, II série, n. 14, 2001, p. 110-127.
SOUSA, Rita Martins de. Moeda e Estado: políticas monetárias e determinantes da procura (1688-1797). Instituto Superior de Economia e Gestão. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa: Iseg, 2001.
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ANEXO
1805-1817, Casa da Moeda do Rio - Ouro
Anverso
Reverso
6400 Réis 1816 Ouro Ø32,14mm Peso 14,34g
Anverso:
No campo Busto do Príncipe
Regente D. João VI, orientado à
direita, orlado pela legenda
JOANNES. D. G. PORT. BRAS. ET.
ALG. P. REGENS, e letra
monetária “R”.
* Série especial com inclusão do
Brasil na legenda
Reverso:
Escudo nacional português encimado
por Coroa Real
1818-1824, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro
Anverso
Reverso
6400 Réis 1819 Ouro Ø31,5mm Peso 14,34g
Anverso:
No campo Busto do Príncipe
Regente D. João VI, orientado à
direita, orlado pela legenda
JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.
ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, Brasão do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves, encimado
pela Coroa Real, ladeado por ramos de
café e tabaco entrelaçados nas
extremidades inferiores.
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1805-1817, Casa da Moeda do Rio de Janeiro - Ouro
Anverso
Reverso
4000 Réis 1816 Ouro Ø35,01mm Peso 8,06g
Anverso:
No campo, escudo nacional
português encimado por Coroa
Real e ladeado, à esquerda, pelo
valor 4000 entre pontos e, à
direita, por três florões entre
pontos. Na orla, a legenda
JOANNES. D. G. PORT. BRAS. ET.
ALG
* Série especial com inclusão do
Brasil na legenda
Reverso:
No campo, cruz grega vazada envolta
por caderna de crescentes
entrelaçadas. Na orla, o ano, 1816,
ladeador por florões, e a legenda
PRINCEPS. REGENS. ANNO
1818-1822, Reino Unido, Casa da Moeda do Rio de Janeiro - Ouro
Anverso
Reverso
4000 Réis 1819 Ouro Ø27mm Peso 8,06g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real, ladeado por ramos de café
e tabaco que se cruzam nas
extremidades inferiores sobre o
valor 4000.
Reverso:
No campo, cruz grega vazada envolta
por caderna de crescentes
entrelaçadas. Na orla, o ano, 1819,
ladeado por florões, e a legenda
JOANNES.VI.D.G.PORT.BRAS.ET.ALG.REX
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1818-1821, Quartinho, Reino Unido, Casa da Moeda de lisboa - Ouro
Anverso
Reverso
1200 Réis 1819 Ouro Ø18mm Peso 2,69g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real que dividem a disposição
do valor, 1000, de modo que os
dois primeiros algarismos
estejam à esquerda das armas e
da coroa e os dois últimos, à
direita. Na orla a inscrição
JOANNES. VI. D. G. PORT.
BRASIL. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, o ano,
1819, ladeado por florões, e a legenda
IN.HOC.SIGNO.VINCES
1818-1821, ½ Escudo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro
Anverso
Reverso
800 Réis 1818 Ouro Ø17mm Peso 1,79g
Anverso:
No campo, busto laureado de D.
João VI, orientado à direita. Na
legenda a inscrição JOANNES.
VI. D. G. PORT. BRASIL. ET. ALG.
REX.
Reverso:
No campo, Brasão do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves, encimado
pela Coroa Real, ladeado por ramos de
café e tabaco que se cruzam nas
extremidades inferiores.
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1818, 1819 e 1821, Escudo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro
Anverso
Reverso
1600 Réis 1821 Ouro Ø20mm Peso3,58g
Anverso:
No campo, busto laureado de D.
João VI, orientado à direita. Na
legenda a inscrição JOANNES. VI.
D. G. PORT. BRASIL. ET. ALG.
REX.
Reverso:
No campo, Brasão do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves, encimado
pela Coroa Real, ladeado por ramos de
café e tabaco que se cruzam nas
extremidades inferiores.
1818-1821, Cruzado Novo (Pinto), Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro
Anverso
Reverso
480 Réis 1821 Ouro Ø14mm Peso 1,07g
Anverso:
No campo, a inscrição JOAN VI,
encimada por Coroa Real e
ladeada por ramos de louro que
se cruzam na extremidade
inferior. No exergo, abaixo dos
ramos, o valor, “400”.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, o ano,
1821, ladeado por florões, e a legenda
IN.HOC.SIGNO.VINCES
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S/D, Meio Tostão, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
50 réis S/D Prata Ø17mm Peso 1,53g
Anverso:
No campo, o valor XXXX,
encimado por Coroa Real e dois
florões posicionados na altura
do diadema. Um florão entre
pontos abaixo do valor. Na orla
a inscrição JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRASIL. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz grega com florões nas
angulações. Na orla, um florão entre
pontos na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
S/D, Três Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
60 Réis S/D Prata Ø18mm Peso 1,84g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real. Na orla a inscrição
JOANNES. VI. D. G. PORT.
BRASIL. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, três
florões na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
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S/D, Tostão, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
100 réis S/D Prata Ø22mm Peso 3,06g
Anverso:
No campo, o valor LXXX,
encimado por Coroa Real e dois
florões posicionados na altura
do diadema. Um florão entre
pontos abaixo do valor. Na orla
a inscrição JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRASIL. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz grega com florões nas
angulações. Na orla, um florão entre
pontos na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
S/D, Seis Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
120 Réis S/D Prata Ø23,5mm Peso 3,67g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real. Na orla a inscrição
JOANNES. VI. D. G. PORT.
BRASIL. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, três
florões na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
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1818, 1820 e 1821, 12 Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
240 Réis 1818 Prata Ø29,5mm Peso 7,34g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real e ladeado, à esquerda, pelo
valor, 200, entre florões e, à
direita, pela data, 1818, também
entre florões. Na orla a
inscrição JOANNES. VI. D. G.
PORTUG. BRASIL. ET. ALGARB.
REX.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, três
florões na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
1818-1825, Cruzado Novo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata
Anverso
Reverso
480 Réis 1820 Prata Ø35mm Peso 14,68g
Anverso:
No campo, Brasão do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, encimado pela Coroa
Real e ladeado, à esquerda, pelo
valor, 400, entre florões e, à
direita, pela data, 1820,
também entre florões. Na orla a
inscrição JOANNES. VI. D. G.
PORTUG. BRASIL. ET. ALGARB.
REX.
Reverso:
No campo, Cruz de Jerusalém com
florões nas angulações. Na orla, três
florões na parte superior e a legenda IN
HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras
separadas por florões.
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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata
Anverso
Reverso
960 Réis 1818 Prata Ø40mm Peso26,80g
Anverso:
No campo o valor, 960,
encimado por coroa real
arrematada de cruz latina
singela, ladeado por dois ramos
frutificados de louro que se
cruzam na parte inferior. Abaixo
do valor constam a data, 1818, e
a letra “R”, que remete à casa
da moeda do Rio de Janeiro,
ladeada por dois florões.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz pátea sobreposta por
esfera armilar e escudo de portugal
(armas do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves). Apresenta a legenda
“SUBQ. SIGN. NATA. STAB.” com as
expressões posicionadas entre os
braços da cruz
1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata
Anverso
Reverso
640 Réis 1818 Prata Ø37mm Peso 17,92g
Anverso:
No campo o valor, 640,
encimado por coroa real
arrematada de cruz latina
singela, ladeado por dois ramos
frutificados de louro que se
cruzam na parte inferior. Abaixo
do valor constam a data, 1818, e
a letra “R”, que remete à casa
da moeda do Rio de Janeiro,
ladeada por dois florões.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz pátea sobreposta por
esfera armilar e escudo de portugal.
Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.
NATA. STAB.” com as expressões
posicionadas entre os braços da cruz
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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata
Anverso
Reverso
320 Réis 1819 Prata Ø31mm Peso 8,96g
Anverso:
No campo o valor, 320,
encimado por coroa real
arrematada de cruz latina
singela, ladeado por dois ramos
frutificados de louro que se
cruzam na parte inferior. Abaixo
do valor constam a data, 1818, e
a letra “R”, que remete à casa da
moeda do Rio de Janeiro,
ladeada por dois florões.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz pátea sobreposta por
esfera armilar e escudo de portugal.
Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.
NATA. STAB.” com as expressões
posicionadas entre os braços da cruz
1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata
Anverso
Reverso
160 Réis 1818 Prata Ø25mm Peso 4,48g
Anverso:
No campo o valor, 160,
encimado por coroa real
arrematada de cruz latina
singela, ladeado por dois ramos
frutificados de louro que se
cruzam na parte inferior. Abaixo
do valor constam a data, 1818, e
a letra “R”, que remete à casa
da moeda do Rio de Janeiro,
ladeada por dois florões.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz pátea sobreposta por
esfera armilar e escudo de portugal.
Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.
NATA. STAB.” com as expressões
posicionadas entre os braços da cruz
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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata
Anverso
Reverso
80 Réis 1818 Prata Ø20mm Peso 2,24g
Anverso:
No campo o valor, 80, encimado
por coroa real arrematada de
cruz latina singela, ladeado por
dois ramos frutificados de louro
que se cruzam na parte inferior.
Abaixo do valor constam a data,
1818, e a letra “R”, que remete
à casa da moeda do Rio de
Janeiro, ladeada por dois
florões. Legenda: JOANNES. VI.
D. G. PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, cruz pátea sobreposta por
esfera armilar e escudo de portugal.
Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.
NATA. STAB.” com as expressões
posicionadas entre os braços da cruz
1820-1823, Casa da Moeda da Bahia, Cobre
Anverso
Reverso
80 Réis 1820 Cobre Ø41mm Peso 28,68g
Anverso:
No campo o valor, LXXX,
encimado por coroa real. Abaixo
do valor constam a data, 1820,
ladeada por florões, e a letra
“B”, que remete à casa da
moeda da Bahia, ladeada por
dois pontos. O valor, a data e a
letra monetária encontram-se
envoltos por colar de pérolas
cuja parte superior é sobreposta
pela coroa real. Legenda:
JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.
ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
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1818, 1819 e 1821, Casa da Moeda de Minas Gerais, Cobre
Anverso
Reverso
37,5 Réis 1819 Cobre Ø30mm Peso 7,17g
Anverso:
No campo o valor, 37 e 1/2 ,
ladeado por florões e encimado
por coroa real. Abaixo do valor
constam a data, 1819, e a letra
“M”, que remete à casa da
moeda de Minas Gerais, ambos
entre pontos. O valor, a data e a
letra monetária encontram-se
envoltos por colar de pérolas
cuja parte superior é sobreposta
pela coroa real. Legenda:
JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.
ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
* Reverso Invertido
1818, 1819 e 1821, Casa da Moeda de Minas Gerais, Cobre
Anverso
Reverso
75 Réis 1819 Cobre Ø35mm Peso 14,34g
Anverso:
No campo o valor, 75, ladeado
por florões e encimado por
coroa real. Abaixo do valor
constam a data, 1819, ladeada
por florões, e a letra “M”, que
remete à casa da moeda de
Minas Gerais, entre pontos. O
valor, a data e a letra monetária
encontram-se envoltos por colar
de pérolas cuja parte superior é
sobreposta pela coroa real.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
Revista Tempo Amazônico
Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 3 | N.1 | julho-dezembro de 2015 | p. 128-158
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1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre
Anverso
Reverso
10 Réis 1818 Cobre Ø25mm Peso 3,58g
Anverso:
No campo o valor, X, ladeado
por florões e encimado por
coroa real. Abaixo do valor
constam a data, 1818, ladeada
por florões, e a letra “M”, que
remete à casa da moeda de
Minas Gerais, entre pontos. O
valor, a data e a letra monetária
encontram-se envoltos por colar
de pérolas cuja parte superior é
sobreposta pela coroa real.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre
Anverso
Reverso
XL Réis 1818 Cobre Ø35mm Peso 14,34g
Anverso:
No campo o valor, XL, ladeado e
entremeado por florões e
encimado por coroa real. Abaixo
do valor constam a data, 1818,
ladeada por florões, e a letra
“R”, que remete à casa da
moeda do Rio de Janeiro, entre
pontos. O valor, a data e a letra
monetária encontram-se
envoltos por colar de pérolas
cuja parte superior é sobreposta
pela coroa real. Legenda:
JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.
ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
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1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre
Anverso
Reverso
XX Réis 1818 Cobre Ø30mm Peso 7,17g
Anverso:
No campo o valor, XX, ladeado e
entremeado por florões e
encimado por coroa real. Abaixo
do valor constam a data, 1818, e
a letra “R”, que remete à casa
da moeda do Rio de Janeiro,
com ponto à esquerda. O valor,
a data e a letra monetária
encontram-se envoltos por colar
de pérolas cuja parte superior é
sobreposta pela coroa real.
Legenda: JOANNES. VI. D. G.
PORT. BRAS. ET. ALG. REX.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a
legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.
ORBEM”
1818, Casa da Moeda de Lisboa, Cobre
Anverso
Reverso
III Réis 1818 Cobre Ø25mm Peso 4,30g
Anverso:
No campo, as armas do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves encimada por Coroa
Real. Apresenta a legenda
“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”
Reverso:
No campo o valor, III, encimado por florão,
e a data 1818, arrematada por florão,
ambos entre ramos de louro entrelaçados
na extremidade inferior. Na orla a legenda
“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”
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1818, 1819,1820, 1823 e 1824, Casa da Moeda de Lisboa, Cobre
Anverso
Reverso
V Réis 1820 Cobre Ø30mm Peso 5,7g
Anverso:
No campo, as armas do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves encimada por Coroa
Real. Apresenta a legenda
“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”
Reverso:
No campo o valor, V, e a data 1820 - sendo
os dois primeiro algarismos posicionados à
esquerda do valor e os dois últimos, à
direita -, entre ramos de louro entrelaçados
na extremidade inferior. Na orla a legenda
“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”
1818, 1819,1820, 1822, 1823 e 1824 Casa da Moeda de Lisboa, Cobre
Anverso
Reverso
X Réis 1819 Cobre Ø35mm Peso 12g
Anverso:
No campo, as armas do Reino
Unido de Portugal, Brasil e
Algarves encimada por Coroa
Real. Apresenta a legenda
“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”
Reverso:
No campo o valor, X, e a data 1819 - sendo
os dois primeiro algarismos posicionados à
esquerda do valor e os dois últimos, à
direita -, entre ramos de louro entrelaçados
na extremidade inferior. Na orla a legenda
“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”
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1819-1825, Pataco, Casa da Moeda de Lisboa, Bronze
Anverso
Reverso
40 Réis 1820 Cobre Ø36mm Peso 38,40 g
Anverso:
No campo, busto laureado de
D. João VI, orientado à direita.
No exergo, a data, 1820. Na
orla, a inscrição
JOANNES.VI.D.G. PORT. BR.
ET. ALG. R.
Reverso:
No campo, as armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves encimada por
Coroa Real. No exergo, o valor, 40. Na orla, a
inscrição “UTILITATI PUBLICAE”