Antes Do Café (Eugene O'Neill)

4
14 ANTES DO CAFÉ de Eug êne O 'Nsill Tradução de Sylvia Mendes Cajado Cenário: Uma sala pequena, servindo ao mesmo tempo de cozinha e sala de jantar, em Cristoper Street , No va Y ork, bairro vulgar. Ao fundo à di- reita, uma porta que para o corre- dor e xterno , À esquerda da porta, u ma pia de cozinha e um fogão de dois bicos, Em cima do fogão e con- tinuando pela parede um armário de madeira para louças, etc, À e squerda duas janelas que dão para fora , com vasos de plantas mal cuida- das ou mortas, Diante das janelas, umc mesa coberta com oleado, Duas cadeiras de palhinha junto à mesa . Uma outra encostada à parede, à di- reita da porta do fundo. Na parede da direita , ao fundo, uma porta para o quarto de dormir. Mais para a frente , di versas peças de roupas de homem e de mulher, dependuradas em cábides suspensos por uma corda presa no canto esquerdo do fundo , à parede da direita, mais para a frente, São oito horas da manhã, de um lindo dia de sol nascente. Mrs, Rowland sai do quarto de do rmir, bocejando , as mãos ocupadas em ultimar a desa - linhada toilete; enfia as mãos nos ca- belos castanhos, pre sos lUJ alto da cabeça. É de estatura mediana pro- pensa à gordura, acentuada por um desel egante vesti do a zul andrajoso e g asto, sem personalida de. Traços re- gulares e olhos de um azul indescrití- vel, E xpress ão de a vare za nos o lhos, no nari ze na boca rancoro sa .C om p ouco mais de liinte a nos, mas parece bem m ais velha, Vem até o da sa la b oce jando, espregu an do os bra- ços em todo o comprime nto, Seus o lhos sono lentos p assam a sala emr e- vista, como olhar irri tado , de a lguém cu ja n oite não serviu de longo r ep o u- so . Caminha aborrecida at é onde as r oupas estão d ependuradas, à d ireita, e tira umavental de umgancho , Pro- cura abotoá- lo na cin tura e exaspe- rada diz um palavrão , quando o botão n ão lhe obedece aos dedos desajeita- do s, Abotoa-o a fina l, e dirige-se 1m.. tam ente ao f ogão de gás, acende U 11l dos bicos. Enche uma chaleira na pia e coloca-a no fogão , sobre a chama. Deixa-se cair na cadeira junto à mesa, e passa a mão na testa como se e sti- vesse com enxaqueca. Súbito, ilumi- na-se-lhe o rosto , como se tivesse lembrado de alguma coisa, com um rápido olhar para a prateleira, de pois olhos penetrantes, voltados para a porta do quarto, ouve atentamente um momento. MRS. ROWLAND - (Em v oz baixa ) Alfredo! Alfredo! (Não vem resposta do quarto contíguo. Ela continua sus- peitosa, em v oz mais alta ) Alfredo , não precisa fingir que está dormindo! No quarto de dormir ninguém re- truca e, traJ1qüili zada , ela le vanta- se da cadeira e ante ,v ai a a pra- teleira, abre a porta devagarinho, com o maior cuidado para não fa ter baru- lho e tira fora do esconderijo, atrás dos pratos uma garrafa de gin e um copo; ao faz ê- lo empurra o prato para cima que range um pouco. À esse ruído ela estaca como criminosa e fita desconfiada a porta do quarto de dor- mir.

description

peça do oneill

Transcript of Antes Do Café (Eugene O'Neill)

Page 1: Antes Do Café (Eugene O'Neill)

14

ANTES DO CAFÉde Eugêne O'Nsill

Tradução de Sylvia Mendes Cajado

Cenário:

Uma sala pequena, servindo aomesmo tempo de cozinha e sala dejantar, em Cristoper Street, NovaYork, bairro vulgar. Ao fundo àdi­reita, uma porta que dá para ocorre­dor externo , À esquerda da porta,uma pia de cozinha e um fogão dedois bicos, Em cima do fogão e con­tinuando pela parede esqu~rda, umarmário de madeira para louças, etc,À esquerda duas janelas que dão parafora, com vasos de plantas mal cuida­das ou mortas, Diante das janelas,umc mesa coberta com oleado, Duascadeiras de palhinha junto à mesa .Uma outra encostada à parede, à di­reita da porta do fundo. Na parededa direita, ao fundo, uma porta parao quarto de dormir. Mais para afrente, diversas peças de roupas dehomem e de mulher, dependuradasem cábides suspensos por uma cordapresa no canto esquerdo do fundo, àparede da direita, mais para a frente,São oito horasda manhã, de um lindodia de sol nascente. Mrs, Rowlandsai do quarto de dormir, bocejando,as mãos ocupadas em ultimar adesa­linhada toilete; enfiaas mãos nos ca­belos castanhos, presos lUJ alto dacabeça. É de estatura mediana pro­pensa à gordura, acentuada por um

deselegante vestido azul andrajoso egasto, sem personalidade. Traços re­gulares e olhos de um azul indescrití­vel, Expressão de avareza nos olhos,no nariz e na boca rancorosa . Compouco maisdeliinteanos, mas parecebem mais velha, Vem até o m~io dasala bocejando, espreguiçando os bra­ços em todo o comprimento, Seusolhos sonolentos passam asalaemre­vista, comoolhar irritado, de alguémcuja noitenão serviude longorepou­so . Caminha aborrecida até onde asroupas estão dependuradas, àdireita,e tira umavental de umgancho , Pro­cura abotoá-lo na cintura e exaspe­rada diz um palavrão, quando obotãonão lhe obedece aos dedos desajeita­dos, Abotoa-o afinal, e dirige-se 1m..tamente ao fogão de gás, acende U11l

dos bicos. Enche uma chaleira na piae coloca-a no fogão, sobre achama.Deixa-se cair na cadeira junto àmesa,e passa a mão na testa como se esti­vesse com enxaqueca. Súbito, ilumi­na-se-lhe o rosto, como se tivesselembrado de alguma coisa, com umrápido olhar para a prateleira, depoisolhos penetrantes, voltados para aporta do quarto, ouve atentamente ummomento.

MRS. ROWLAND - (Em voz baixa)Alfredo! Alfredo! (Não vem respostado quarto contíguo. Ela continua sus­peitosa, em voz mais alta) Alfredo,não precisa fingir que está dormindo!

No quarto de dormir ninguém re­truca e, traJ1qüilizada, ela levanta-seda cadeira epé ante pé, vai até apra­teleira, abre aporta devagarinho, como maior cuidado para não fater baru­lho e tira fora do esconderijo, atrásdos pratos uma garrafa de gin e umcopo; ao fazê-lo empurra o prato paracima que range um pouco. À esseruído ela estaca como criminosa e fitadesconfiada aporta do quarto de dor­mir.

Page 2: Antes Do Café (Eugene O'Neill)

MRS. ROWLAND - (Com voz trê·mula) Alfredo!

Após uma pausa, durante a qualestá atenta ao menor ruído, pega ocopo, prepara um vasto drink e sor­ve-o de um trago, então rapidamente,recoloca o copo e a garrafa em Seuesconderijo. Fecha a portinhola doarmário com o mesmo cuidado que aabriu. Exala um longo suspiro de alí­vio e torna a escarranchar-se na ca­deira. A enorme dose de álcool quetomou tem efeito quase imediato.Seus tragos animam-na, ela parecerecobrar aenergia :e olha para aportado quarto com um duro sorriso vinga­tivo nos lábios, perpassa os olhos pelasala e fixa um paletó de homem e umcolete que pendem de um cabide, àdireita. Caminha furtivamente até aporta aberta e posta-se alí, sem serpercebida por ninguém lá dentro.Atenta ao menor movimento, escu­tando.

MRS. ROWLAND - (Chamandoquase num murmúrio) Alfredo!

Novamente não há resposta. Numríspido movimento, ela tira o paletó eo colete do cabide e volta com eles àcadeira. Senta-se, tira tudo o que en­controu em cada bolso, mas torna a

~colocá-lo depressa no lugar. Final­mente no bolso do colete descobreuma carta. Observa a caligrafia len­tamente.

MRS. ROWLAND - (À si mesma)Hum! Eu sabia.

Abre e lê acarta. Primeiro sua ex­pressão é de ódio. Mas, ao continuara leitura, transforma-se em triunfanteperversidade. Medita profundamenteum momento, olhos esbugalhados, acarta nas mãos, um sorriso llOS lábios.Então torna a enfiar a carta no bolsodo colete, e espreita ainda para nãodespertar omarido que está dormindo.Dependura novamente as roupas no

metmo cabide. Dirige-se ao quarto de I nhum. Tudo o que você sabe fazerdormir e examina-o. é vagabundear por aí o dia todo, es-

MRS. ROWLAND - (Em voz alta) crevendo poesia idiota e contos queAlfredo! (Mais alto ainda) Alfredo! ninguém compra. E não admira que(Ouve-se um surdo lamento bocejan- ninguém compre. Eu sendo quem sou,to no quarto) Não acha que está na sempre acho serviço, e é a única coi­hora de levantar? Quer ficar na cama sa que nos impede de morrer de fome.o dia inteiro? (Dá lima volta e torna Levanta-se e vai até o fogão, olhaà sua cadeira) Não que eu tenha dú- achaleira para ver se aágua está ferovidas sobre a sua preguiça. Ela ébem vendo. Volta etorna asentar-se.grande para prendê-lo na cama avida MRS. ROWLAND - Mas, hoje, nãotoda. (Senta-se enervada e olha a ja· quero saber, você tem que arranjar di.nela) Deus sabe que horas são. Não nheiro. Não posso fazer tudo e can­se tem nem mais como saber as ho- sei de ser sua criada. Pense um poucoras nessa casa, desde que o cretino e veja se compreende; vá mendigar,que você é penhorou o relógio. Você pedir ou roubar, se for preciso. (Nu­sabia que era a última coisa de va- ma risada de escárnio) Mas onde? Eulor que se tinha. Mas, só pensa em gostaria de saber: É orgulhoso de­penhorar, penhorar, penhorar, tudo mais. Já mendigou tudo quanto podepara não procurar serviço, tudo para enão tem coragem para roubar. (De·não trabalhar como homem (Bate pois de uma pausa, enraivecendo)nervosamente com o pé, mordendo os Ainda não se levantou? Pelo amor delábios. Vai até o quarto. Após uma Deus! '" Você é muito capaz debreve pausa) Alfredo! Levanta, está tomar a dormir. (Vai à porta doouvindo? Quero arrumar a cama an- quarto e olha no interior) Ah! Já setes de sair, Estou cansada de ter isto levantou. Jé era tempo. Não precisasempre em desordem por sua causa. olhar para mim com essa cara. Os(Com vingativa satisfação) Não que seus ares superiores não me impres­a gente continue aqui por muito tem- sionam, não. Conheço você demais,po, não. À menos que você se mexa mais do que você julga, você e seuspara arranjar dinheiro em algum lu- casos lá fora. (Afasta-se da porta in­gar. (Vai até o armário e apanha tencionalmente) Sei de muita coisaum pires e uma chícara) Sabe Deus meu caro, mas o que eu sei não im­que eu faço o que posso. E mais porta agora. Vou lhe contar antes deque posso, costurando o dia inteiro, sair, não se preocupe. (Vem para oenquanto você vegeta pelos bares com meio da sala e estaca. Senha catte­aqueles artistas vagabundos. (Curta gado, irritada) Huml Acho bom irpausa, durante a qual ela mexe ner- aprontando ocafé, não que haja mui­vosamente com o pires eachícara em to o que preparar. (Perguntando) Acima da mesa) E onde vai arranjar o menos que você tenha algum dinheiro?dinheiro? Diga! Eu gostaria muito que (Espera aresposta do quarto vizinho,você me dissesse. Oaluguel vence es- esta não vem) Pergunta idiota. (Tenta semana e você sabe como é a se- um riso breve, duro) Hoje eu já de­nhoria, não vai nos deixar ficar nem via conhecê-lo melhor. Quando vocêmais um minuto aqui. "Não consigo saiu bufando de raiva ontem à noite,arranjar emprego". É mentira! Nunca sabia tudo o que ia acontecer . Nãose interessou honestamente por ne- merece confiança nem por um segun- 15

Page 3: Antes Do Café (Eugene O'Neill)

do. Em que belas condições voltou,hein?Abriga serviu de pretexto paravocê tornar-se apenas uma fera . Deque adiantou penhorar o relógio, setudo o que queria era jogar fora odinheiro. Bebendo.

Volta ao guarda-louças e tira ospratos, chícaras, etc. ~nquanto fala .

MRS. ROWLANO'- Ande depressa!Graçasavocê, não se leva muito tem­po para preparar o café agora; tudoo que a gente tem hoje é pão, man­teiga e café, e nem isso você teria seeu não estivese estragaqdo minhasmãos na costura. Opão é dormido.Espero que lhe sirva. Você não me­rece mais, mas não vejo porque eudevia também comer esse pão. (Vaiaté o fogão) Ocafé está quase pron­to. E não se iluda porque não vouficar à sua espera. (Súbito, enraive­cida) Que diabo está você fazendoesse tempo todo? (Vai até a porta eolha para dentro) Bom, pelo menosestá quase vestido. Esperava encon­trá-lo outra vez na cama. Seria bemvocê! Ih! Que cara! Pelo amor deDeus faça abarba! Você está nojento!Parece um mendigo É evidente queninguém lhe dá trabalho! Sua aparên­cia não énem um pouquinho decente.(Vai ao fogão) Olha a água quente.Não tem desculpa, não. (Pega umatigela ederrama nesta aágua da cafe­teira) Pega aqui.

Ele estende a mão para receber atigela. E uma mão delicada, de dedoslongos e débeis. Está tremendo, umpouco de água derrama pelo chão .

MRS. ROWLAND - (Num insulto)Olha a tremedeira da sua mão! Vocêtem que deixar de beber! Não suportoisso! Está no ponto de alcançar oD. T. sabe o que é, não é? DeliriumTremens! Eisso seria oúltimo degrau!(Olhando para o chão) Veja a por-

16 caria que você fez no chão! Ponta de

cigarro efósforos por toda parte. Não que todo mundo ficasse com pena depodia usar um pires? Não, não teria a vocêpor ser obrigado acasar comigo,consideração de fazer isso. Você nun- não é?Não demorou muito paradizerca pensa em mim. Não tem ,que var- que me amava; não se fez crer emrer oquarto. Por isso não liga . mentiras antes de me fazer mal, não

Toma de uma vassoura ecomeça a é? Me fez acreditar que não queriavarrer raivosamente, levantando uma que o seu pai me indenizasse, comonuvem de poeira. Do quarto chega o ele tentou fazer. Como compreendoruído de uma navalha que está sendo tudo agora. Não vivi com você todoafiada . este tempo, à tôa, não . (Sombria)

Ainda bem que o coitadinho nasceuMRS . ROWLAND - (Varrendo) morto . Opai que ele teria tido!

Ande com isso! Deve estar na horade eu sair, se chegar atrasada arrisco Silencia. Cogita tristemente um ins-meu lugar; então éque não daria para tante. Continua com uma espécie deagüentar você por mais tempo. (Pensa selvagemalegria .ummomento e acrescenta sarcastica- MRS. ROWLAND - Mas eu nãomente) AÍ, então, éque você teria que sou aúnica que deve agredecer avocêtrabalhar! (Varrendoem baixo da me- por ser desgraçada. Há uma outra esa) Oque eu quero saber é se você ela não pode querer casar-se com vo­vai procurar serviço hoje ou não. Sua cêagora. (Enfiaacabeça no quartofamília não nos ajuda mais nem com contíguo) E Helena? Oque acha deum centavo, estão fartos. (Depois de .Heleaa? (Mas recua da porta meiovarrer algum tempo em silêncio Es- aterrizado) Nãoolhe assim para mim!touenjoada desta vida. Teria um bom Pois é. Li a carta e que tem isso?pretexto para voltar para casa, se não Tenho direito . Sou sua mulher. Eseifosse orgulhosa demais para contar de tudo, por isso não minta. Não pre­aos velhos o malogro que você tem cisa olhar para mim desse modo, nãosido. Você - o filho do milionário tenho mais medo dos seus ares supe­Rowland diplomado em Harvard. O riores. Não fosse eu, você teria quepoeta dodói de toda Nova York - sair hoje sem café. (Deixa avassou­Hee! He! (Com amargura) Se soubes- ra num canto. Lastimando-se) Nuncasem da verdade, não haveria o meu demonstrou a mínima gratidão pelododói. Oque tem sido o nosso casa- que tenho feito. (Vai ao fogão e põemento, eu gostaria de saber... Mes- ocafé na cafeteira) Ocafé está pron­mo antes do milionário do seu pai to. Não vou esperar você. (Torna amorrer, devendo dinheiro atodo mun- sentar-sena cadeira . (Depois de umado, você já não ligava pra sua mu- pausa, põe a mão na testa) de maulher. Acho que você imaginou que eu humor.) Que dor de cabeça! É umairia felicitar por você ser honesto bas- vergonha eu ter que trabalhar o diatante para casar comigo, depois do inteiro num quarto abafado, nas con­mal que me fez. Você se envergonha- dições em que me encontro. Se vocêva de mim, perto de seus amigos da fosse um pouco homem, eu não pre­alta. Por meu pai ser um vendeiro. cisava ir. O justo seria eu ficar naAverdade era esta. Ele pelo menos cama, em vez de você. Sabe como te­éhonesto, oque não se pode dizer do nho estado doente ultimamente e ain­seu! (Colltinua avarrer na direção da da reclama quando bebo um pouqui­porta. Curva-se na porta) Esperava nho, para me animar. Não queria

Page 4: Antes Do Café (Eugene O'Neill)

FIM

nem que eu tomasse um fortificante Vai esfriar. Que é que você está Ia- dizer mais: acho que essa Helena nãoque eu trouxe da farmácia. (Com um zendo, se barbeando ainda? É melhor passa de uma mulher da rua, isso sim!sorriso duro).Sei que havia de gostar desistir. Um dia ainda vai fazer um (Ouve-se um gemido sufocado de dor,de me ver morta, fora de seu caminho. corte sério. no quarto contíguo) Você tomou aEstaria livre, então, para correr atrás DuratUe as palavras que se seguem, se cortar? (Mais alto, de mau humor)das idiotinhas que o julgam amaravi- ela come pão e bebe café. Muito bonito! (Levama-se e tira olhosa criatura incompreendida - a avental) Bem, tenho que ir embora.Helena e as outras. MRs. ROWUND - Tenho de sair (Mal humorada) Vida maravilhosa a

logo depois de comer. Um de nós que estou levando! Olha, não vou meOuve-se lima profunda exclamação b Ih (R' ) V 'tem que tra a ar. Qlvosa oce prestar mais àsua vadiagem, ouviu?

de dor, no quarto ao lado. vai procurar serviço, ou não vai? Era (AI ih h. .. . .. .. .. . .. go e c ega aosMRs. ROWLAND - Ah! Sabia que de se esperar que um dos seus belos ouvidos e ela estaca, ouvindo atenta.

você ia se ferir! Que lhe sirva de amigos desse ajuda, se têm você em mente) Ah! Derramou a água! Estálição! Você sabe que não deve peram- tamanha consideração. Mas acho que molhando tudo! Não negue! Está pin­bular à noite, bebendo? Cem esses só gostam do seu papo, de ouvir você gando no chão! (Sobe-lhe uma vaganervos miseráveis que você tem. (Vai falar, não é? (Senta-5e um momento, expressão de medo) Alfredo! Respon­até a porta e olha para dentro do em silêncio) Tenho pena de Helena, da! Por que não responde? (Move-sequarto) Você está tão pálido! Porque seja ela quem for. Você já se apai- devagar pqra asala. Ouve.se o ruídoestá me olhando dessa maneira no .xonou por alguma outra? Que será da queda de uma cadeira e algo caiespelho? Pelo amor de ·Deus, enxu- que afamília dela vai dizer? Ela men- no chão pesadamente. Ela estarrece,gue o sangue do rosto! (Estremecen- cionou a família na carta. Que éque . trêmula de pavor) Alfredo! Alfredo!do) É horrível! (Mais aliviada) Isso, .ela vai fazer? Ter a criança ou pro- Responda, que foi que caiu? Vocêmelhorou, nunca suportei ver sangue. curar um desses médicos? Eonde vai está bêbado? (Incapaz de resistir a(Recua um pouco da porta) É melhor arranjar dinheiro? Ela érica? (Espera tensão nervosa, corre até a porta dodesistir. Vá à um barbeiro, sua mão por algllma resposta à descarga de quarto de dormir) Alfredo! (Continuatreme demais. Por que olha assim perguntas) Hum! Não quer contar àporta, olhos fitos no chão do quarto,para mim? (Desafiando) Pois é, era nada sobre ela. Devia saber o que trespassada de terror. Então dá umum direito meu e li a carta. Sou sua estava fazendo, pelo que diz na carta grito selvagem e corre para a outramulher. (Volta à cabeceira e senta- não énenhuma menina de escola, co- porta, mexe o trinco e abre-a freneti­se. Após uma pausa) Eu tinha acer- mo eu. Sabe que você é casado? De- camente, correndo e gritaJldocomoteza que você andava com alguém. ve saber. Todos os seus amigos sabem demente, pelo corredor externo). .As explicações estropiadas de passar do seu desgraçado casamento. Eu seio tempo todo na biblioteca, nunca me que eles têm pena de você, mas éque .convenceram. Quem é essa Helena não conhecem a minha parte, seafinal de contas? Uma dessas artistas? conhecessem mudariam de opinião.Ou também escreve poesia? Pela car- (Cuida de comer, por um segundo outa parece. Aposto, como ela mesma mais) Essa Helena deve ser uma ordi-escreve que as suas eram sempre me- nária, se sabia que você era casado,lhores, e você naturalmente acredi- o que espera ela, então? Que eu metou, um imbecil que é. E jovem? divorcie, para que vocês possam ca­Bonita? Também eu era jovem e bo- sar? Ela me julga alguma cretina, é?nita, quando você me iludiu com belas Afinal de contas, foi você que a con-palavras poéticas, mas viver com você venceu disto? Não! Você sabe que nãoémorrer afogo lento. Oque eu tenho vai conseguir se divorciar de mim.passado! (Levanta-se e tira ocafé do Ninguém pode dizer que eu fiz algu-Jogo) Ocafé está pronto. (Com olhar ma vez uma coisa errada. (Bebe ode desdém) Café! (Derrama uma chí- resto da chícara de café) Ela merececaa para si epõe acafeteira na mesa) sofrer, isso é o que eu sei; e vou lhe 17