ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

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Centro Universitário Bacharelado em Farmácia ELCILAYNE DÓRIA ROCHA ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA CIRCULATÓRIO: uma revisão integrativa Paripiranga 2021

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Centro Universitário

Bacharelado em Farmácia

ELCILAYNE DÓRIA ROCHA

ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA

CIRCULATÓRIO: uma revisão integrativa

Paripiranga

2021

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ELCILAYNE DÓRIA ROCHA

ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA

CIRCULATÓRIO: uma revisão integrativa

Monografia apresentada no curso de graduação do

Centro Universitário AGES como um dos pré-

requisitos para obtenção do título de bacharel em

Farmácia.

Orientador: Prof. Me. Professor Fábio Kovacevic

Pacheco.

Paripiranga

2021

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ELCILAYNE DÓRIA ROCHA

ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA

CIRCULATÓRIO: uma revisão integrativa

Monografia apresentada como exigência parcial para

obtenção do título de bacharel em Farmácia, à Comissão

Julgadora designada pela Coordenação de Trabalhos de

Conclusão de Curso do UniAGES.

Paripiranga, 06 de Dezembro de 2021.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. Me. Professor Fábio Kovacevic Pacheco

UniAGES

__________________________________________

EXAMINADOR (A)

UniAGES

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, por me iluminar, conseguindo concluir essa batalha, por

sempre ouvir minhas preces e acalmar meu coração em dias de desespero. Deus, obrigada por

estar comigo em todos os momentos.

Aos meus pais, Elson e Laucide, por todo apoio que sempre deram e, por nunca me

deixarem desistir. Vocês são meus exemplos de vida, devo tudo a vocês, essa vitória é nossa!

Ao meu noivo, Weverton, por entender que a vida de estudante não é fácil, por

entender a minha ausência nos últimos meses e, por nunca me deixar desistir. Obrigada por

todo incentivo, você foi essencial para chegar até aqui.

As minhas irmãs, Vaininha, Cleinha, Mary e Laynara, por estarem comigo sempre,

vocês são os pilares da minha vida, “aqui ninguém solta à mão de ninguém”. Amo vocês!

As minhas irmãs pretas, Ceissa e Márcia, por cada compartilhamento de vida e cada

momento vivido, vocês são especiais na minha história.

Aos meus irmãos, Edson e Jobelson, que mesmo de longe, sempre me apoiaram.

Aos meus cunhados e cunhadas, Fernando, Elber, Anderson, Ivan e Karol, por alegrar

meus dias mais difíceis com cada sorriso e palhaçada.

As minhas sobrinhas, Maria, Ana e Lícia, por cada sorriso que me fizeram dar e por

serem o brilho da minha vida, tia “Inhai” ama vocês.

A minha sogrinha, por toda confiança depositada em mim, todos esses anos, e pelas

palavras de carinho que sempre foram dadas.

As minhas madrinhas, Geruza e Evilene, por se importarem tanto comigo e me

incentivarem a lutar pelos meus sonhos.

As minhas melhores amigas e companheiras de luta, Milena e Gleide, por me

entenderem e apoiarem durante toda a nossa jornada, por cada “puxão de orelha” que foi

dado, vocês foram essenciais para conseguir tudo isso. Quero levar essa nossa amizade para o

resto da vida pessoal e profissional, amo vocês.

Aos meus parceiros de sala, João Paulo, Paulo Henrique, Heloísa, Natália, Nilo, Kecia,

Emília e Gustavo, que sempre me ajudaram quando precisei, muito obrigada por tudo. Vou

sentir falta de vocês.

A minha amiga, Cinthia, por me socorrer sempre que chamo. Obrigada por toda a

ajuda!

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Ao meu coorientador, professor Dr. Carlos Adriano, que me ajudou desde o início,

animando em todos os nossos encontros e incentivando a nunca desistir. Você lutou comigo

até o fim, muito obrigada.

Ao meu orientador, e eterno coordenador, Fábio Kovacevic, por sempre buscar o

melhor para a turma, mesmo quando não está mais ao seu alcance.

As minhas professoras, maravilhosas, Ana Angélica, Daniela, Gabriela e Valléria, por

tamanha compreensão e paciência. Vocês têm o dom de ensinar e vou levar cada uma comigo

pra sempre.

A todos os campos de estágio, Farmácia Boa Saúde, Maternidade Zacarias Júnior,

CliAges, Central Farma e EMED, pelo espaço cedido e pela oportunidade de adquirir

tamanho conhecimento.

A todos os amigos e familiares, que estiveram sempre ao meu lado, cada palavra de

apoio foi crucial para vencer essa batalha, que não foi fácil. Eu amo cada um de vocês, de um

jeito especial e inexplicável. Obrigada por tudo!

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RESUMO

Introdução: A pílula anticoncepcional foi posta no mercado por volta de 1960 e, a partir de

então, seu uso se espalhou pela população mundial, crescendo cada vez mais. Esses são

divididos em gerações de acordo com a dosagem do estrogênio na formulação. Como todo

medicamento, os anticoncepcionais possuem riscos, enfatizando o sistema circulatório, como:

DVE, IAM, HA e tromboembolismo. O objetivo desta pesquisa é caracterizar o risco

circulatório a partir do uso de anticoncepcionais orais. Metodologia: Trata-se de uma revisão

integrativa da literatura, em que teve como base de coleta de dados: Scielo, Lilacs e Google

Acadêmico, utilizando como descritores “anticoncepcionais orais”, “contraceptivo oral”,

“riscos” e “sistema circulatório”, harmonizados com os operadores boleanos (AND e OR).

Resultados: Inicialmente, 119 manuscritos foram identificados na busca e apenas 19 foram

incluídos na pesquisa. As exclusões foram feitas devido a fuga do tema, indisponibilidade na

íntegra e no idioma português. Das pesquisas selecionadas, 58% são revisões da literatura,

21% revisão integrativa, 5% revisão sistemática, 5% relato de caso e 11% estudo transversal.

Conclusão: A partir do que foi discutido, conclui-se que, o uso de AOC aumenta o risco do

desenvolvimento de problemas circulatórios, mesmo em mulheres sadias. A quarta geração,

mesmo com poucos estudos relacionados, é a mais segura para utilização e a terceira geração

a que mais causa riscos ao sistema circulatório, devendo ser utilizada sob a orientação e com

cautela.

PALAVRAS-CHAVE: Anticoncepcionais orais. Estrogênio. Riscos. Sistema circulatório.

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ABSTRACT

Introduction: The contraceptive pill was put on the market around 1960 and, then on its use

spread throughout the world population and is growing more and more. These are divided into

generations according to the dosage of estrogen in the formulation. Like all medications,

contraceptives have risks, emphasizing the circulatory system, such as VED, AMI, AH and

thromboembolism. The aim of this research is to characterize circulatory risk from the use of

oral contraceptives. Methodology: This is an integrative review of the literature, in which it

was based on data collection Scielo, Lilacs and Google Scholar, using as descriptors "oral

contraceptives," "oral contraceptive,", "risks" and "circulatory system," harmonized with the

Boolean logic. Results: Initially, 119 manuscripts were identified in the search and only 19

were included in the search. Exclusions were made due to the escape of the theme,

unavailability in full and in the Portuguese. Of the selected studies, 58% is literature reviews,

21% integrative review, 5% systematic review, 5% case report and 11% cross-sectional study.

Conclusion: From what was discussed, it is concluded that the use of AOC increases the risk

of developing circulatory problems, even in healthy women. The fourth generation, even with

few related studies, is the safest for use. The third generation that most causes risk to the

circulatory system, and should be used under guidance and with caution.

Keywords: Oral contraceptives. Estrogen. Risks. Circulatory system.

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LISTAS

LISTA DE FIGURAS

1: Fluxograma de dados coletados ..................................................................................... 17

2: Mecanismo de ação dos contraceptivos orais ................................................................ 19

3: Molécula de estrogênio .................................................................................................. 20

4: Molécula de Progesterona ............................................................................................... 20

5: Anticoncepcional de segunda geração (Ciclo 21®) ......................................................... 21

6: Anticoncepcional de terceira geração (Tâmisa®) ............................................................ 22

7: Anticoncepcional de quarta geração (Yaz®) ................................................................... 22

8: Fatores determinantes para elevação da pressão arterial ................................................. 24

9: Paciente hipertenso .......................................................................................................... 25

10: Esquema da cascata de coagulação ............................................................................... 27

11: Tríade de Virchow – fatores para formação de trombos ............................................... 28

12: Coágulos presentes na trombose ................................................................................... 29

LISTA DE GRÁFICOS

1: Linha temporal dos artigos incluídos .............................................................................. 15

2: Delineamento dos estudos inclusos na revisão ............................................................... 16

LISTA DE QUADROS

1: Efeito dos anticoncepcionais orais na cascata de coagulação ......................................... 30

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LISTA DE TABELAS

1: Gerações dos anticoncepcionais .................................................................................... 22-3

LISTA DE SIGLAS

AOC Anticoncepcional Oral Combinado

AT Antitrombina

AVC Acidente Vascular Cerebral

DVE Doença Vascular Encefálica

EE Etinilestradiol

FSH Hormônio folículo-estimulante

FT Fator Tecidual

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofina

HÁ Hipertensão Arterial

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

LH Hormônio Luteinizante

SUS Sistema Único de Saúde

TFPI Inibidor da Via Tecidual

LISTA DE SÍMBOLOS

® Marca registrada

µg Micrograma

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2 METODOLOGIA ................................................................................................ 13

2.1 Método ........................................................................................................................ 13

2.2 Estratégia de busca ...................................................................................................... 13

2.3 Critérios de inclusão e exclusão .................................................................................. 13

2.4 Análises de dados ........................................................................................................ 14

3 RESULTADOS .................................................................................................... 15

4 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 18

4.1 Anticoncepcionais orais .............................................................................................. 18

4.2 Riscos associados ao sistema circulatório .................................................................. 23

4.2.1 Doença Vascular Encefálica (DVE).................................................................... 23

4.2.2 Hipertensão Arterial (HA)................................................................................... 24

4.2.3 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) .................................................................... 25

4.2.4 Tromboembolismo .............................................................................................. 26

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 32

ANEXOS

ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Dias e colaboradores (2018), a primeira pílula anticoncepcional surgiu

nos Estados Unidos, por volta de 1960, e em poucos anos foi se expandindo pelo resto do

mundo. No Brasil, seu uso era restrito devido a Lei de Contravenções Penais, de 1941, que

proibia o estímulo ao aborto, além de algumas religiões serem contra essa prática. Apesar

disso, seu desenvolvimento foi acelerado e foi sendo utilizado, cada vez mais, pelas mulheres

para evitar uma gravidez.

Esses medicamentos possuem quatro gerações, os de primeira geração são os mais

antigos e, não são mais comercializados, devido à alta dosagem de estrogênio, apresentavam

na sua formulação o mestranol como estrogênio e noretisterona como progestógeno.

Enquanto, as pílulas de segunda geração, apresentam etinilestradiol (EE) com doses de 30 a

50 µg e tem como progestógeno o levonorgestrel, seus principais nomes comerciais são Ciclo

21®, Level® e Microvlar®, ainda possui elevada incidência de uso devido à acessibilidade pelo

Sistema Único de Saúde (SUS) (FERREIRA; PAIXÃO, 2021).

Os anticoncepcionais orais de terceira geração apresentam o estrógeno EE com doses

menores que 30 µg e seus progestogênios incluem gestodeno, desogestrel e o norgestimato, o

medicamento de referência mais conhecido é Tâmisa®. A quarta geração é mais recente e foi

introduzida no mercado por volta dos anos 2000, tendo como o progestogênio a drospirenona,

e EE menor que 20 µg, os quais são referenciados no mercado pelo Yaz® e Yasmin®

(COSTA, 2011; SCHNEIDER, 2016; FERREIRA; D’ÁVILA; SAFATLE, 2019).

Os anticoncepcionais orais, assim como qualquer outro medicamento, causam

inúmeros efeitos adversos, como por exemplo: alterações metabólicas, vasculares e distúrbios

do sistema reprodutor. Com relação aos problemas circulatórios, mulheres que tem

predisposição ao desenvolvimento dessas patologias e utilizam os anticoncepcionais

hormonais aumentam a probabilidade do seu desenvolvimento (COUTO et al., 2020).

Dentre os problemas no sistema circulatório, o uso de anticoncepcionais orais pode

desencadear patologias, como: Doença Vascular Encefálica (DVE), Infarto Agudo do

Miocárdio (IAM), Hipertensão Arterial (HA) e tromboembolismo. Esses fatores são mais

comuns em usuárias com tendência genética ou que apresentem alguns sintomas antes do uso

desse medicamento (SENA; GONÇALVES, 2019).

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Nesse sentido, o presente estudo se justifica pela necessidade de avaliar os

anticoncepcionais orais, sua efetividade e segurança durante o seu uso. Logo, o objetivo geral

desta revisão, é caracterizar o risco circulatório a partir do uso de anticoncepcionais orais. No

que tange aos objetivos específicos, envolvem: descrever os tipos de anticoncepcionais orais;

correlacionar os riscos circulatórios com a classe de anticoncepcional oral; avaliar o risco do

uso dos anticoncepcionais orais no sistema circulatório.

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2 METODOLOGIA

2.1 Método

O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa, sobre possíveis riscos do uso

de anticoncepcionais orais. De acordo com De Sousa e colaboradores (2018), a revisão

integrativa é um método de investigação que, abrange estudos experimentais e não

experimentais com o objetivo de compreender amplamente um fenômeno.

2.2 Estratégia de busca

A coleta de dados foi realizada com limite temporal de 10 anos (de 2011 a 2021). A

busca dos estudos foi realizada com base nos bancos de dados: Scielo (Scientific Electronic

Library Online), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e

Google Acadêmico, utilizando como descritores do DeCS (Descritores em Ciência de Saúde):

“anticoncepcionais orais”, “contraceptivo oral”, “sistema circulatório” e “riscos”. Ademais,

foi realizada uma busca manual por meio da análise das referências dos artigos incluídos.

2.3 Critérios de inclusão e exclusão

A inclusão de artigos, teses e monografias foi feita com base nos seguintes critérios:

(i) artigos científicos publicados na língua portuguesa brasileira; (ii) artigos que tratassem

sobre o uso de anticoncepcionais orais e riscos do seu uso; (iii) teses e monografias que

discorressem sobre o tema proposto. No que diz respeito aos critérios de exclusão: (i)

comentários, editoriais; (ii) artigos não disponíveis na íntegra.

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2.4 Análises de dados

Os dados foram analisados por meio de análises descritivas, utilizando o programa

Excel. As variáveis coletadas serão analisadas por meio de gráficos e tabelas.

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3 RESULTADOS

Com relação as bases de dados a maioria dos artigos fizeram parte da base de dados

Google Acadêmico 88,24% (n=17). Lilacs 5,88% (n=1) e Scielo 5,88% (n=1). Com relação a

série temporal, as publicações maiores parte são referentes aos anos de 2017 e 2021 (FIGURA

1).

Gráfico 1: Linha temporal dos artigos incluídos.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).

Com relação aos delineamentos dos estudos, a maior parte dos estudos 58 % (n=11)

foram revisões da literatura, destas 5% (n=2), era revisão sistemática e integrativa e 21%

(n=4) (FIGURA 2).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022

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Gráfico 2: Delineamento dos estudos inclusos na revisão.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).

No que tange aos principais resultados, 65% (n=12) dos periódicos avaliados relatam

que o uso de anticoncepcionais orais ocasiona uma maior probabilidade de desenvolver

trombose venosa ou arterial. Fatores de risco descritos foram problemas circulatórios 100%

(n=19) e doenças crônicas como a hipertensão arterial.

Ademais, os estudos concluíram que os anticoncepcionais orais podem causar eventos

trombóticos, principalmente, em pacientes com algum tipo de predisposição genética e a

necessidade que os profissionais de saúde estejam atentos quanto à prescrição e dispensação;

além da individualização da prescrição para cada paciente.

58%21%

11%

5%5%

Revisão da literatura

Revisão Integrativa

Estudo Transversal

Relato de Caso

Revisão Sistemática

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Figura 1: Fluxograma de dados coletados.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).

Artigos incluídos (n=19)

Total de resumos avaliados (n=60)

Número de títulos identificados na pesquisa (n=119)

Exclusões:

• resumos

indisponíveis

(n=10)

• artigos que não

associavam o

risco do uso

com problemas

circulatórios

(n=15)

• Idioma (n=5)

Artigos avaliados na íntegra (n=30)

Fluxograma adaptado do Prisma, 2009

Número de resumos (n=90)

IDEN

TIFI

CA

ÇÃ

O

TRIA

GEM

EL

IGIB

ILID

AD

E

INC

LUSÃ

O

Exclusões:

artigos que não associavam o risco do uso com problemas circulatórios (n=11)

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4 DISCUSSÃO

Com relação ao delineamento dos estudos, apesar dos estudos desta revisão constatar o

risco da ocorrência de trombose, a maior parte dos manuscritos não é a maior evidência em

saúde. Apesar da maioria dos artigos não estarem no topo das evidências, Shaneyfelt (2016),

relata a necessidade de uma análise crítica da pirâmide de evidências e que, outros tipos de

estudo, são importantes e podem possuir melhor qualidade, visto o risco de viés que pode

apresentar o artigo.

4.1 Anticoncepcionais orais

Os estudos relatam o crescimento do uso de anticoncepcionais orais, com o intuito

principal de evitar gravidez indesejada. A primeira pílula anticoncepcional surgiu no mercado,

por volta de 1960, nos Estados Unidos e, a partir de então, se espalhou por todos os

continentes. No Brasil, cerca de 75% das mulheres utilizam o anticoncepcional hormonal

como método contraceptivo (SANTOS et al., 2021; MORAIS, SANTOS, CARVALHO,

2019).

No que tange ao mecanismo de ação dessa classe de fármacos, estes, possuem

estrogênios e progestógenos sintéticos que, atingem o hipotálamo e a hipófise, causando uma

redução da liberação hormonal de GnRH (Hormônio liberador de Gonadotrofina) pelo

hipotálamo e do LH (Hormônio Luteinizante) e FSH (Hormônio folículo-estimulante) pela

hipófise. O nível de FSH reduzido causará inibição do crescimento folicular, dificultando o

aumento natural de estrogênios, impedindo o desenvolvimento do endométrio (Figura 4)

(COSTA, 2011).

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Figura 2: Mecanismo de ação dos contraceptivos orais.

Fonte: COSTA, 2011.

Segundo Siqueira, Sato e Santiago (2017), muitas mulheres relatam apresentar

sintomas, como: alteração de humor, náuseas e dores de cabeça após o início do uso do

medicamento. Além disso, outras reações adversas como ganho de peso e sangramento

anormal também foram descritos.

Ademais, constatou-se nesta revisão que os anticoncepcionais orais isolados, são

chamadas de “minipílulas”, as quais contém apenas progestógeno na sua composição. Sua

dose hormonal é baixa. Porém, possui efetividade de 96 a 97,5%, agindo sobre o endométrio,

promovendo o espessamento da parede muco cervical, inviabilizando a penetração dos

espermatozóides (LIMA, 2017).

Entre as formulações, existe os anticoncepcionais orais anti-andrógenos, que atuam no

bloqueio dos receptores de androgênios em órgãos alvo e reduzem a função da 5α-redutase na

pele, a qual é a enzima responsável por converter testosterona em androgênios mais potentes,

em folículos capilares e glândulas sebáceas. Esses contraceptivos são indicados no tratamento

de doenças andrógeno-dependentes em mulheres, como a acne por exemplo, exceto na

puberdade. Além disso, possui uma efetiva contracepção com um ótimo controle do ciclo

(COSTA, 2011).

Com relação aos tipos de contraceptivos orais, eles apresentam dois hormônios

diferentes: estrogênio (Figura 5) e progestógeno (Figura 6). São os contraceptivos orais mais

utilizados e mais eficazes, inibindo a ovulação em torno de 90 a 95% dos ciclos menstruais,

com falha relatada de apenas 0,3% após o primeiro ano do uso, se usado corretamente. Além

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da interdição desse ciclo de ovulação, esse medicamento também causa o espessamento do

muco cervical, dificultando o trajeto habitual dos espermatozoides para a Trompa de Falópio

(COSTA, 2011).

Figura 3: Molécula de estrogênio.

Fonte: PubChem. Disponível em:

<https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/substance/103726448#section=2D-Structure>.

Figura 4: Molécula de Progesterona.

Fonte: Tramontano, 2017.

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No tocante, entre as formulações de anticoncepcional hormonal combinado,

diferenciam-se conforme a distribuição do estrogênio e progestógeno. O método monofásico,

é o anticoncepcional que apresenta baixa e fixa associação de estrogênio durante todo o ciclo,

ou seja, a mesma concentração de estrogênio e progestógeno em toda a cartela de

comprimidos (COSTA, 2011; GUIMARÃES, 2016). Assim, como o método citado

anteriormente, no método bifásico, todos os comprimidos tem a mesma composição

(progestógeno associado ao etinilestradiol), com diferentes dosagens hormonais no decorrer

do ciclo (FERREIRA; D’ÁVILA; SAFATLE, 2019).

Com relação ao método trifásico, retrata níveis hormonais variados durante todo o

ciclo; durante a primeira fase, há predominância do estrogênio, enquanto a dosagem de

progestógeno aumenta gradativamente durante a segunda parte do ciclo, ou seja, divide-se em

três blocos com dosagens hormonais diferentes (SOUSA; ALVARES, 2018).

No que diz respeito à classificação dos anticoncepcionais orais, estes podem ser

classificados enquanto a geração a partir da dose de estrogênio, em primeira, segunda, terceira

e quarta geração, conforme a TABELA 1. Os contraceptivos, de primeira geração são os mais

antigos no mercado e compostas por mestranol (estrogênio) e noretisterona (progestogênio),

aos quais não são mais utilizadas no mercado. As pílulas de segunda geração contêm o

etinilestradiol, em doses de 30 a 50 µg, e o levonorgestrel, seus nomes comerciais mais

conhecidos são Ciclo 21® (Figura 7), Level® e Microvlar® e, é possível a sua aquisição através

do Sistema Único de Saúde (SUS) (SOUZA; ÁLVARES, 2018; FERREIRA; PAIXÃO,

2021).

Figura 5: Anticoncepcional segunda geração (Ciclo 21®).

Fonte: Drogaria Menezes. Disponível em: <https://www.drogariamenezes.com.br/comprar/ciclo-

21levonorgestrel-015mgetinilestradiol-003mg-c-21comp/direto/665>.

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As de terceira geração trazem na composição o etinilestradiol, em doses menores que

30 µg, e progestogênios como gestodeno, desogestrel e norgestimato, o mais comum no

mercado é Tâmisa® (FIGURA 8). A geração mais recente, quarta geração, foi introduzida no

mercado nos anos 2000 e tem como progestógeno a drospirenona, e seus nomes de referência

no mercado são Yaz® (FIGURA 9) e Yasmin® (FERREIRA; PAIXÃO, 2021; COSTA, 2011;

SCHNEIDER, 2016).

Figura 6: anticoncepcional terceira geração (Tâmisa®).

Fonte: eurofarma.com.br. Disponível em: <https://eurofarma.com.br/produtos/tamisa-30>.

Figura 7: anticoncepcional quarta geração (Yaz®).

Fonte: Disponível em:

<http://www.cerhfac.com.br/imagens/artigos/Diag%203%20Parte%201%20YAZ%20(04-

02)%20Definitivo%20Corrigido.pdf>.

Geração Estrogênio Progestogênio Nome

Comercial ®

Primeira

Geração Mestranol noretisterona

Indisponível

Segunda

Geração Etinilestradiol Levonorgestrel

Ciclo 21®

Level®

Microvlar®

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Terceira

Geração Etinilestradiol

Gestodeno,

Desogestrel e

Norgestimato

Tâmisa®

Quarta Geração Etinilestradiol Drospirenona Yaz®

Yasmin® Tabela 1: Gerações dos Anticoncepcionais.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).

4.2 Riscos associados ao sistema circulatório

Segundo Lima (2017), o uso dos anticoncepcionais orais pode acarretar alterações

metabólicas e vasculares, comprometendo o sistema circulatório sanguíneo, podendo

desencadear sérias consequências para as pacientes.

4.2.1 Doença Vascular Encefálica (DVE)

A doença vascular encefálica (DVE), popularmente conhecida como acidente vascular

cerebral (AVC) é caracterizado como uma patologia repentina que ocorre na região

encefálica, causando um déficit neurológico e lesão cerebral, ocasionado a partir de uma

interrupção do fluxo sanguíneo para a região afetada; pode ser provocada por ruptura ou

obstrução vascular (CARVALHO; DEODATO, 2016).

De acordo com Araújo e colaboradores (2017), essa patologia é a terceira maior causa

de morte mundial, ficando atrás apenas do câncer e do infarto agudo do miocárdio (IAM). A

DVE pode ser classificada como hemorrágico ou isquêmico. O primeiro sucede a partir do

rompimento do vaso extravasamento sanguíneo para áreas estruturais do sistema nervoso,

enquanto o isquêmico ocorre pelo bloqueio do fluxo de sangue no vaso, impedindo a nutrição

e oxigenação.

Além das informações citadas, é importante destacar os riscos causados pelo uso dessa

classe de medicamentos. O uso de contraceptivos orais aumenta o risco de desencadear uma

DVE, principalmente devido a doses de estrógenos presentes na formulação. O risco é

raramente notado, mas há casos positivos com relação a sua associação (LIMA, 2017). De

acordo com Pietczak e Gomes (2020), essa patologia ocorre, principalmente, quando há

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formação de trombos, impedindo o fluxo sanguíneo adequado ou por fatores predisponentes,

como histórico de hipertensão arterial ou tabagismo.

Alguns estudos apontam que o risco de morte por DVE é quase o dobro com o uso

frequente dos anticoncepcionais hormonais, principalmente em mulheres acima de 35 anos,

hipertensas e fumantes; as pílulas com baixa dosagem hormonal diminuem esse risco e algum

tempos após a descontinuação desse medicamento, o risco é quase nulo (COSTA, 2011).

4.2.2 Hipertensão Arterial (HA)

A hipertensão arterial é uma patologia crônica, delineada a partir dos altos níveis

pressóricos, podendo ser ocasionada por inúmeros fatores (figura 10) sejam eles genéticos,

sociais ou ambientais. Um paciente é caracterizado como hipertenso quando sua pressão

sistólica permanece igual ou maior a 140 mmHg e sua pressão diastólica maior ou igual a 90

mmHg, medida em horários diferentes, sem uso de medicamento para controle (BARROSO et

al, 2021).

Figura 8: Fatores determinantes para elevação da pressão arterial.

Fonte: BARROSO et al., 2021.

Page 25: ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

De acordo com Oliveira e Trevisan (2021), é evidenciado cientificamente em

literaturas a alteração dos níveis pressóricos em pacientes que fazem o uso de contraceptivos

orais, na qual o Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona pode ser ativado e ocasionar a

retenção de sódio e água. Isso ocorre devido à alta potência do etinilestradiol que é

administrado a partir do uso da pílula, no qual irá intensificar a produção do

angiotensinogênio hepático, elevando a pressão arterial através do sistema citado

anteriormente (FIGURA 11) (RIBEIRO et al., 2018).

Oliveira (2018) relata que, o uso do medicamento em questão pode elevar os níveis da

pressão arterial e trazer maiores complicações, como o infarto agudo do miocárdio (IAM) e a

DVE. Quando a paciente é hipertensa, e faz o uso dos contraceptivos orais, o risco é ainda

maior, contudo, há indícios de que mulheres previamente normotensas podem sofrer alteração

dos níveis pressóricos (SANTOS et al., 2021).

Figura 9: Paciente Hipertenso.

Fonte: g1.globo.com; Disponível em:

<https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/12/saiba-por-que-hipertensos-estao-entre-

os-grupos-mais-vulneraveis-ao-novo-coronavirus-e-quais-sao-os-riscos.ghtml>.

4.2.3 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)

O IAM é uma das maiores causas de morbimortalidade no mundo, dados da

Organização Mundial da Saúde em 2008 mostram que 30% das mortes por doenças

Page 26: ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

cardiovasculares foram por IAM. Essa patologia ocorre devido a interrupção do fluxo

sanguíneo para indeterminadas áreas do coração, mas geralmente está associado ao influxo

por artérias coronárias. Inúmeros fatores podem estar associados ao IAM, os principais

incluem hereditariedade, hipertensão arterial, sedentarismo, dislipidemia e estresse

(CASCALDI et al., 2014).

Habitualmente, essa patologia inicia devido a mudança da placa aterosclerótica estável

em uma lesão aterotrombótica, podendo ocasionar a ruptura, erosão superficial ou em casos

mais severos, hemorragia profunda. Em grande parte dos casos, a modificação da placa

ocasiona a formação de trombos que fecham a artéria, impedindo o fluxo de sangue.

(CAVALCANTE; FERNANDES; AMARANTES, 2020).

Em sequência das alterações circulatórias, causadas pelo uso dos contraceptivos orais,

foi citado nos manuscritos que fizeram parte desta coletânea, o infarto agudo do miocárdio.

Costa (2011) enfatiza que, essa enfermidade clínica pode ser associada ao uso de

anticoncepcionais orais principalmente em mulheres com mais de 35 anos e tendo o

tabagismo, hipertensão ou diabetes mellitus como fatores de risco.

4.2.4 Tromboembolismo

Entre as anormalidades já citadas, a formação de trombos a partir do uso de

contraceptivos orais hormonais é citada por quase todos os autores. O desenvolvimento do

trombo pode ser compreendido a partir da cascata de coagulação, onde essa obtém estímulos

das vias extrínsecas, intrínsecas e comum (SANTOS, 2017).

A iniciação da via intrínseca ocorre pela comunicação do coágulo sanguíneo com o

fator XII; na via extrínseca, é iniciada pelo fator III (fator tissular) a partir do tecido lesado,

ativando o fator VII, o qual recebe estímulos do fator Xa, atuando na via da protrombina (II) e

trombina (IIa). A cascata de coagulação, converte-se em uma via única, chamada de via

comum, a partir da o fator X é transformado em Xa; esse é o fator fundamental para a

formação do coágulo. (SANTOS, 2017; SILVA, 2017).

A cascata de coagulação (FIGURA 12) é dividida em quatro estágios: iniciação,

amplificação, propagação e finalização. A iniciação ocorre quando o endotélio vascular e

células do sangue são importunadas e o fator tecidual (FT) se liga ao fator VII existente na

corrente sanguínea, onde o mesmo é ativado e ocorre a formação do complexo FVIIa/FT, o

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qual é responsável pela ativação dos fatores IX e X. A associação do fator Xa e Va,

transformam a protrombina (II) em trombina (IIa) (OLIVEIRA, 2018).

A fase de amplificação, inicia quando há o dano vascular, permitindo o acesso das

plaquetas ao fator VIII para a divisão extravascular, onde interagem com a trombina e ativa os

fatores V, VIII e XI na superfície das plaquetas ativadas. A fase de propagação é determinada

pelo engajamento de inúmeras plaquetas no local da adesão; o fator IXa liga-se ao fator VIIIa

e forma o complexo tenase, o qual produz o fator Xa e liga-se ao fator Va, formando o

complexo protrombinase (o qual converte a protrombina em trombina) e quebra o

fibrinogênio em moléculas de fibrina, formando o tampão plaquetário inicial (SILVA, 2017;

OLIVEIRA, 2018).

Por último, a fase de finalização controla a propagação ao sítio da lesão mediante a

ação dos anticoagulantes naturais: inibidor da via tecidual (TFPI), Proteína C, Proteína S e

antitrombina (AT), evitando o fechamento do vaso por meio de trombos. A partir disso, as

proteínas S e C inativas os fatores pró-coagulantes Va e VIIIa e a antitrombina inibe a ação da

trombina (SANTOS, 2017; OLIVEIRA, 2018).

Figura 10: Esquema da cascata de coagulação.

Fonte: SILVA, 2017.

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De acordo com Silva (2017), a trombose venosa ou arterial é caracterizada quando há

formação de coágulos (trombos) nos vasos sanguíneos, podendo ser formados por trauma ou

espontaneamente por algum fator predisponente como histórico familiar de trombose,

tabagismo ou associado a medicamentos que possam levar a causa.

Segundo Pinto (2020), para que haja formação de um trombo, é necessário que haja

pelo menos dois fatores da Tríade de Virchow: hipercoagulabilidade, estase sanguínea e lesão

endotelial, conforme mostra a FIGURA 13.

Figura 11: Tríade de Virchow – fatores para formação de trombos.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2021).

O sangue precisa estar em homeostasia, para que haja fluxo adequado, caso contrário

há um favorecimento para coagulação sanguínea, na qual haverá agregação plaquetária de

forma desordenada e a formação de fibrina. Com isso, o sangue irá enrijecer no vaso,

formando o trombo e impedindo o fluxo parcial ou total do sangue (ALMEIDA, 2021).

Oliveira e Arruda (2012) evidenciam, com clareza que a associação de

anticoncepcionais orais combinados (AOC) aumenta o risco do desenvolvimento de

tromboembolismo venoso e arterial. O etinilestradiol provoca o aumento nos fatores de

coagulação (como o fibrinogênio) e a diminuição dos inibidores naturais da coagulação

(antitrombina e proteína S), isso faz com que haja um efeito pró-coagulante.

Consequentemente, quanto maior a dosagem do etinilestradiol, maior o risco de

desenvolvimento de tromboembolismo venoso e arterial (Figura 14) (BRITO; NOBRE;

VIEIRA, 2011).

Page 29: ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

Figura 12: Coágulos presentes na trombose.

Fonte: SILVA, 2017.

Segundo Sena e Gonçalves (2019), a deficiência de proteínas anticoagulantes e

mutações protrombóticas estão associadas a trombose conhecida como trombofilia

hereditária, que, associada com o uso de contraceptivos orais aumenta a probabilidade do

desenvolvimento de eventos trombóticos.

Conforme Siqueira, Sato e Santiago (2017) o risco de trombose com anticoncepcionais

que contém gestodeno é 5,6 vezes maior, o desogestrel é 7,3 vezes; o acetato de ciproterona é

6,8 vezes; e a drospirenona é 6,3 vezes. Além disso, os anticoncepcionais antiandrogênicos

apontam risco de quatro vezes maior para trombose venosa com relação às outras pílulas.

De acordo com Almeida (2021), os anticoncepcionais de terceira geração aumentam o

risco em duas vezes para o desenvolvimento de trombose, com relação aos de segunda

geração. Foi comprovado que a concentração acima de 50 µg de etinilestradiol aumenta em

até duas vezes o risco de desenvolvimento de eventos trombóticos. Por isso, foram

desenvolvidas gerações de anticoncepcionais com menor concentração desse estrogênio

(SILVA, 2017).

A redução da concentração de estrógenos foi necessária para melhora dos efeitos

colaterais das pacientes, principalmente com relação à trombose. Anticoncepcionais

hormonais com doses de até 20 µg tem efeito muito baixo ou nulo nos parâmetros de

coagulantes (ALMEIDA, 2021; FERREIRA; PAIXÃO, 2021).

Ademais, o uso de anticoncepcionais orais hormonais está relacionado com a

ocorrência de tromboembolismo, devido aos hormônios presentes no medicamento. Esses

podem contribuir com o aumento dos fatores presentes na cascata de coagulação e reduzir os

anticoagulantes naturais, assim como podem alterar a viscosidade do sangue e a parede do

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vaso, além de causar aumento da produção de fibrinogênio e trombina (Quadro 1) (MORAIS,

SANTOS e CARVALHO, 2019).

Quadro 1: Efeitos dos anticoncepcionais orais na cascata de coagulação.

Fonte: OLIVEIRA (2018).

Diante das informações obtidas, é notória, a importância da avaliação médica com

relação à prescrição dos anticoncepcionais orais para cada mulher. Essa deve levar em

consideração: o histórico médico da paciente, os fatores de risco e também fatores

socioeconômicos, para que a mesma não faça a descontinuação do uso por conta própria

(OLIVEIRA, 2018). O exame de sangue para avaliar a mutação da protrombina, também

conhecida como resistência à Proteína C ativa, é indicado para avaliar se há risco de trombose

(SENA; GONÇALVES, 2019).

Page 31: ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

5 CONCLUSÃO

A partir da análise dos manuscritos, pode-se inferir que o uso prolongado dos

anticoncepcionais orais pode causar danos ao sistema circulatório, como tromboembolismo,

infarto do miocárdio, além de aumentar os riscos de comorbidades, com destaque para a

hipertensão arterial. De acordo com os manuscritos abordados, o uso dos anticoncepcionais

orais de terceira geração são os mais propícios ao desenvolvimento de trombose. Apesar da

literatura e a mídia relatarem a segurança no uso de medicamentos de 4ª geração, é incipiente

o número de estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados que analisem os efeitos a

longo prazo no uso dessa classe de fármacos.

Ademais, é importante destacar que todas as pacientes, antes de fazer uso de qualquer

tipo de anticoncepcional devem passar por uma avaliação clínica adequada para considerar os

riscos-benefícios quanto ao seu uso. Nesse sentido, é necessário maior acompanhamento no

uso pelos profissionais de saúde, médicos e farmacêuticos que estão diretamente ligados à

parte logística e clínica dos medicamentos.

Esta pesquisa possui limitações quanto à escolha de apenas um idioma e as bases de

dados, que podem corroborar com a ausência de manuscritos sobre o tema. Todavia, esta

revisão é um instrumento para a prática clínica dos profissionais de saúde e para a construção

de outras pesquisas relacionadas ao tema.

Page 32: ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E OS RISCOS NO SISTEMA ...

REFERÊNCIAS

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Orientador (a): Profº. MScº. Fábio Kovacevic Pacheco

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1. Anticoncepcionais orais. 2. Estrogênio. 3. Riscos. 4. Sistema Circulatório Título. II. UniAGES