Antimatéria Sete

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Sétima edição do Antimatéria

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2 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

de ensino e investigação é um dos factores de identidade dos nossos cursos. Com bastante frequência, os nossos alunos podem envolver--se, desde cedo, nas actividades de investiga-ção, muitas vezes beneficiando de bolsas. O Departamento de Física, tal como vários ou-tros sectores da Universidade de Coimbra, aco-lhe neste ano lectivo um número significativo de alunos oriundos do Brasil, que lutaram e conquistaram uma oportunidade de vir efectu-ar connosco parte dos seus cursos já iniciados em universidades brasileiras. Dirijo-lhes uma saudação especial, esperando que tenham o su-cesso que almejam e dizendo-lhes que é para nós – membros da comunidade universitária de Coimbra − uma honra terem escolhido a nossa Universidade.

A Direcção do Departamento de Física, os seus professores, investigadores e funcionários, bem como os alunos que já cá estudam − em parti-cular os do Núcleo dos Estudantes do Depar-tamento de Física −, acolhem de braços aber-tos os estudantes recém-chegados. À Direcção cabe assegurar o regular funcionamento de toda a vida do Departamento, competindo-lhe pois, nesta fase de início do ano lectivo, prestar toda a colaboração para que os mais novos membros da comunidade se integrem com naturalidade, comodidade e tranquilidade. As portas da Di-recção estão sempre abertas para a resolução de quaisquer dificuldades. A todos os que agora a nós se juntam, uma vez mais, parabéns e votos dos maiores sucessos. São esses sucessos, tanto durante os cursos como já na vida profissional, que ajudam a construir a imagem de prestígio de que o Departamento de Física desfruta, e que a todos compete manter e incrementar.

Bem-Vindos

Uma calorosa saudação de boas-vindas aos novos estudantes de Física, de Engenha-

ria Física e de Engenharia Biomédica! A estas palavras de acolhimento junto duas outras: parabéns e felicidades! Votos das maiores fe-licidades em todas as etapas desta fase da vida académica que agora principia, e muitos para-béns porque acabam de entrar na prestigiada Universidade de Coimbra. O Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia será a vossa segunda casa e os laços que com ele agora estabelecem perdurarão, estou certo, para toda a vida.

No Departamento de Física ensina-se e inves-tiga-se, transmite-se e cria-se conhecimento. É neste ambiente de criatividade científica e tecnológica, e de grande dedicação ao ensino, que vão viver os próximos anos. O Departa-mento de Física é herdeiro do pombalino Ga-binete de Física Experimental e esse passado orgulha-nos e responsabiliza-nos. Somos hoje um Departamento moderno e dinâmico. Pode-mos afirmar que a investigação que se realiza no Departamento cobre praticamente todas as áreas da física e várias tecnologias sobretudo com ligação directa à medicina. Para além dos cursos de licenciatura em Física e Engenharia Física, e do mestrado integrado em Engenharia Biomédica, o Departamento é responsável por mais nove cursos de segundo e terceiro ciclos. Os próximos três anos, para a maior parte dos estudantes que agora chegam, serão de forma-ção básica. Durante esse período irão conhecer a variada e atractiva oferta pedagógico-cientí-fica do Departamento para que possam, escla-recidamente, prosseguir estudos em cursos de mestrado e, eventualmente, de doutoramento. Os quatro centros de investigação que desen-volvem a sua actividade no Departamento são o Centro de Física Computacional, o Centro de Estudos de Materiais por Difracção de Raios X, o Centro de Instrumentação e o Laboratório de Instrumentação e Partículas. A forte ligação

Manuel Fiolhais

Director do Dept. de Física

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3 Anti-Matéria :: Novembro 2010

Iniciação das funções do NEDFpara os mais desfavorecidos. Da mesma forma, para colmatar falhas existentes no passado, sur-giram dois outros novos pelouros: Acção Forma-ção/Saídas Profissionais e Relações Externas.

Contando também com os restantes pelouros ad-jacentes ao núcleo, várias serão as actividades e o apoio fornecido ao estudantes do departamen-to. Desde diversas tertúlias com ex-alunos, in-formatização da CENA, passando por torneios das mais diversas modalidades, esperamos con-seguir aproximar o NEDF/AAC da comunidade estudantil do departamento e proporcionar bons e proveitosos momentos.Caso estejam interessados em integrar a equipa, fazer sugestões ou tirar algumas dúvidas, não he-sitem em contactar-nos ou até mesmo passar na sala B13.

Nuno Lopes

Presidente do NEDF/AAC

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NS,

LEVANTA

JÁ O TEU

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ALA DO NEDF!

Foi no passado dia 28 de Junho que a ac-tual direcção do NEDF/AAC tomou posse

e iniciou oficialmente as suas funções. Depois da reestruturação dos pelouros, a nova equipa apresentou-se cheia de vontade de “fazer o que ainda não foi feito”, e de aproximar os estudan-tes do departamento ao seu núcleo.

O mandato iniciou-se da melhor forma, com a abertura da sala de estudo do Departamento durante a noite, de forma a apoiar os estudan-tes no estudo nocturno inerente à época de exa-mes. Já o pelouro da informática / divulgação reestruturou o site do NEDF (http://nedf.org) tornando-o mais prático e acessível a toda a co-munidade.

Prosseguindo as actividades e aliando-as à che-gada dos novos alunos, o NEDF participou a recepção que ocorreu no Pólo 2 da FCTUC (or-ganizada pela DG/AAC). Do kit do novo aluno, fazia parte informação e documentação neces-sária às suas primeiras semanas na UC.

Depois do sucesso do projecto Aprender a Brincar no ano lectivo anterior, de forma a con-tinuar, surgiu um novo pelouro: Intervenção Cívica, que para além de continuar com este projecto, irá realizar diversas campanhas de sensibilização, como forma de angariar fundos

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Experiência Ex-Caloiros Contudo, existe uma mudança drástica no que toca a métodos de ensino e a conteúdos com-parativamente ao secundário. Enquanto no secundário as disciplinas eram dadas de uma forma mais contínua, na faculdade é aliciante a hipótese de podermos “baldar-nos” às aulas e aparecer apenas no dia do exame. É obvio que esta não deve ser uma prática recorrente em prejuízo de sermos mal sucedidos. Além disso é como uma droga, pode criar dependência. Em suma, a vida académica é uma delícia para quem a sabe viver, o essencial é regrar a intensa farra e hora de “marrar”. A praxe apesar de ser

um pouco franzina neste departamento, deve ser encarada como um meio de integração. Jul-go que o ano de caloiro é o mais divertido, de-vemos aproveitar cada momento, pois o rótulo de “besta” proporciona-nos oportunidades úni-cas de extravasar a criança que há em nós.

Sou estudante de Engenharia Física movido pela paixão às novas tecnologias e à com-

preensão das leis que regem a natureza. Vim de uma pacata aldeia onde Judas perdeu as botas (Cartim, Vale de Cambra). Como podem dedu-zir a minha vida até então não passava a de um “electrão livre” por entre verdejantes vales. To-davia, tudo mudou naquele dia 21 de Setembro, quando o ardor fulminante do típico bagaço do Pintos me lubrificou do esófago ao esfíncter. A partir de então a boémia e as praxes tornaram--se uma constante da minha vida. Apesar de conturbada, a tradicional praxe coimbrã mos-trou-se a mais enriquecedora experiência da

Carlos Henriques

Aluno de Engenharia Física

minha existência, tanto na sua vertente dionisí-aca, como geográfica e até mesmo no conheci-mento de pessoas e novas amizades.

O curso, ou pelo menos este primeiro ano, foi ao encontro das minhas expectativas. O famoso alto grau de exigência deste curso não passa de um mito facilmente desconstruído quando há empenho e estudo. É certo que as condições do Departamento de Física não primam pela mo-dernidade, no entanto, a experiência e a compe-tência da equipa docente dar-nos-á com certeza uma boa bagagem científica.

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5 Anti-Matéria :: Novembro 2010

Emanuel Barata

Aluno de Física

A Primeira Página De Um Novo Capítulo

Com a entrada na universidade virei uma página na minha vida e fiquei extasiado

com as novas personagens e enredos que se impuseram triunfantes neste novo capítulo.

Há uma enorme diferença no ritmo das aulas no ensino superior face ao ensino secundário a que nos vamos adaptando gradualmente. Eu escolhi física porque me fascina a demanda incansável do ser humano para desvendar os segredos do Universo. O trabalho é intensivo mas é fundamental como preparação para a jornada profissional que se aproxima. De fac-to, por mais esforço e sacrifício a que nos su-jeitemos, quando gostamos realmente do que fazemos, tudo pode ser ultrapassado. Citan-do o excelso Fernando Pessoa “Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena”.

A praxe é um assunto algo controverso por-que tem o objectivo de aproximar os alunos que acabam de aceder ao ensino superior à nova vida académica, mas são recorrente-mente reportados alguns abusos. Eu parti para a praxe de forma receptiva e, devo dizer, que nunca fui vítima de algum tipo de proble-ma. Aliás, considero mesmo que esta teve um papel preponderante na minha inclusão neste novo meio. Desta forma, penso que está nas mãos do caloiro saber comportar-se, aceitar ou negar as condições que lhe são impostas de acordo com os princípios em que fundamente a sua personalidade. O momento alto da pra-xe, na minha opinião, aconteceu no botânico,

onde nos propuseram algumas “actividades” que estimularam o nosso sentido de humildade. Afinal de contas, é fundamental para qualquer relação que tenhamos.

Narro agora uma experiência que ilustra na perfeição os “riscos” de não se cumprirem os términos do código de praxe. Estava a entrar na rua Padre António Viera, junto ao elevador, quando eu e uns colegas que me ladeavam avis-támos uma trupe. Consequentemente, vejo to-dos a fugir enquanto eu, inebriado pelo espírito académico, recolho-me num gesto de coragem e grito: “Eu sou caloiro!” Devo admitir que os membros da trupe me pareceram simpáticos, embora não me recorde do conteúdo da con-versa enquanto sentia o meu cabelo ser dilace-rado e queimado naquela colher de pau. Qual-quer ego que pudesse possuir, desvaneceu-se totalmente perante o meu reflexo. De qualquer forma, não foi nada que não se resolvesse com recurso a um cabeleireiro profissional. O primeiro ano da universidade é especial e está repleto de experiências que nos marcam intensamente e dão o seu contributo na edifica-ção da nossa personalidade. Torná-lo aprazível e profícuo só depende de nós, por isso, ponham a mão na consciência e, sobretudo, sejam vocês próprios!

Experiência Ex-Caloiros

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Mariana Santos

Aluna de Eng. Biomédica

PRIMEIRO ANO EM COIMBRA

Depois de umas férias em que aproveitá-mos tudo ao máximo e as “borboletas” na

barriga eram uma constante chegámos à cida-de dos Estudantes. No nosso caso, ao Departa-mento de Física.Coimbra é uma nova cidade e Setembro é o mês em que esta se enche de estudantes. Para muitos será uma nova experiência, uma nova cidade, um novo mundo e para outros o reco-meçar de tudo.

Com o passar de algum tempo e com a ajuda da tão temida praxe, passamos a conhecer este e aquele com quem nos cruzamos, a ir jantar a casa de um e de outro, começamos a ter os nossos amigos! Sentimo-nos cada vez melhor na nova “casa” e começamos a formar aquela que será a nossa “família”, aqueles que nos irão ajudar, nos bons e nos maus momentos que ire-mos viver por aqui.Depois de muitos dias de praxe, de jantares, sa-ídas e de algum estudo à mistura chega a Festa das Latas. Entre concerto e a tenda dos núcleos, entre um copo e outro, nesta semana, doutores e caloiros divertem-se em conjunto. O grande momento da Festa das Latas, é sem dúvida o dia do cortejo, onde os padrinhos caracterizam os seus caloiros que desfilam pela cidade até ao Mondego, para aí serem baptizados.

E o tempo corre rápido e chegam as férias de Na-tal, quase não há tempo para descansar. Há que organizar cadernos, capas e apontamentos, pois muitas horas de estudo nos esperam para a pri-meira época de exames. Depois da uma época de exames atribulada, em que algumas cadeiras ficam feitas e outras ficam para o ano seguinte, é a altura de regressarmos todos às aulas. Mais estudo, mais jantares, saídas às terças e quintas-feiras e alguma praxe à mis-

tura: chegou o segundo semestre. É também altura em que os ca-loiros encontram as longas filas de espera da Toga, para comprar a tão aguardada Capa e a Batina, usada pela primeira vez no dia da Monumental Serenata, com a qual se inicia a Queima das Fitas.Nesta semana, todos os estudantes de Coimbra deixam os livros de lado e trazem as Ca-pas Negras até às ruas da cidade. Durante o dia poucos são aque-

les que são vistos, porém à noite todos se juntam para aproveitar aquela semana que todos falam e ansiosamente esperam desde o início do ano.O tempo voa novamente, e o ano parece estar a acabar. É com algumas horas de estudo para os exames e com todas as recordações que nos des-pedimos da cidade e dos amigos. E no final de mais um ano, olhamos para trás e recordamo-nos de todos os momentos que aqui vivemos. Porque só mesmo quem aqui passa é que poderá perce-ber o que é ser estudante de e em Coimbra.

Experiência Ex-Caloiros

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7 Anti-Matéria :: Novembro 2010

Inscrevi-me na escola de Verão de Física da Universidade de Coimbra pelo meu gosto

pela ciência e vontade de me cultivar nessa área, ao mesmo tempo que quis conhecer outras pessoas que partilhavam os mesmos interesses.

Não só consegui isso, como foram excedidas as expectativas que levava. Consegui conhecer professores do Departamento de Física, e ain-da fazer amizade com vários estudantes que já frequentavam a Universidade de Coimbra. Fui bem acolhido e juntamente com os restantes participantes tive uma semana espectacular.

Durante as manhãs, assistíamos todos a pales-tras sobre temas recentes de investigação em física, tais como os dados distribuídos por re-sultados de experiências no LHC, as estrelas de neutrões e a sua composição. Nas tardes desen-volvíamos um projecto que apresentámos no último dia, sendo eu premiado por fazer parte do grupo que apresentou um dos melhores pro-jectos.

Pude conhecer o Departamento de Física atra-vés de uma visita guiada por alguns professores e experimentar a vida nocturna em Coimbra através dos estudantes monitores responsáveis por nós durante os cinco dias.

É uma experiência insubstituível, e que repete-ria se a oportunidade surgisse.

Universidade de Verão

Samuel Marques

Aluno de Física

Este verão realizou-se mais uma Escola de Verão Física@UC, direccionada a alunos

do ensino secundário. Os alunos participaram em diversas actividades, desde a descida do rio Mondego em canoa, observação nocturna, conheceram alguns pontos fulcrais da Univer-sidade de Coimbra e não menos importante, participaram muito intensivamente dentro do nosso Departamento. Durante toda a semana, por iniciativa própria, auxiliei os alunos dentro do Departamento ten-do mesmo assistido com eles às palestras que foram dadas e além disso participei com eles num dos projectos que decorriam. Na minha opinião, foram os projectos que mais incentiva-ram os alunos e que os tornaram cada vez mais próximos, de tal forma que os alunos criaram no Facebook o grupo Física UVC 2010. Claro que a semana não se resumiu apenas a isto; os alunos ainda tiveram várias oportunidades de se lançarem à descoberta da vida nocturna de Coimbra que, claro está, adoraram.

Da minha parte posso dizer que gostei muito da experiência, espero no próximo ano voltar a repeti-la e no caso do meu irmão, que era um dos alunos participantes, esta experiência aju-dou-o no caminho que deve escolher quando se candidatar ao ensino superior.

Muito obrigado a todos os Professores do De-partamento que tornaram isto possível para os alunos.

Marta Henriques

Aluna de Física

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8 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

Como é recorrente, todos os anos a certa altura chega o afamado mês de Setembro.

Mas afinal o que tem ele de tão especial e úni-co? É altura em que a maior parte dos petizes, com tenras idades a rondar os 18 anos, iniciam uma etapa que os marcará para o resto das suas vidas… É a entrada no inesquecível Mundo Universitário.

Decorria o ano de 2005 e sendo eu um garoto como tantos outros: acne no rosto, barba rala, gel no cabelo, algo ingénuo, um pouco imaturo e com uma enorme determinação para ingres-sar no ensino superior…e foi com alguma sur-presa, uma vez que não tinha sido a primeira opção, que recebi a noticia de que Coimbra se-ria o meu destino durante “pelo” menos 5 anos da minha vida.

Acompanhado pela ansiedade de iniciar um ob-jectivo desde sempre perseguido, e com a de-sorientação e inquietação natural de um caloi-ro que cai de pára-quedas num local onde não possui qualquer tipo de referências, lá fui pas-so-a-passo para o meu primeiro dia como es-tudante universitário. Enquanto caminhava em direcção ao Departamento de Física, que não fazia a mais pequena ideia de onde se situava, ia pensando se aquela seria realmente a cidade onde eu me enquadraria na perfeição. Pois bem, esta incerteza foi-se esvanecendo rapidamente durante a primeira semana. Desde logo percebi que não é à toa que esta é apelidada de “Cidade dos Estudantes”. Era ali que se encontrava toda a essência do que é ser estudante , era ali que se vivia e sentia todo o peso histórico de cerca de 700 anos de existência dedicados ao ensino e à

cultura, era ali que o espírito e tradições acadé-micas transbordavam. Uma semana volvida e estava eu completamente rendido aos encantos desta minha nova realidade, aqui nascia uma memorável história de completa cumplicidade entre um pequeno e inocente miúdo do norte e a mui nobre Cidade de Coimbra.

Todo o meu fascínio foi catapultado inicial-mente pelas tradições académicas que envol-vem a Universidade, nomeadamente através da praxe académica que possibilitou uma rápida e muito afável integração no seio do meu cur-so e do próprio Departamento de Física em si. Nostalgicamente recordo-me de quando entoá-vamos cânticos até a voz faltar, sempre em prol da defesa do curso, de todas as brincadeiras que decorriam enquanto estávamos em locais tão únicos e característicos como o Pintos ou o Couraça e até das diversas rodas de conversas que nos proporcionavam os mais velhos com o intuito de nos ajudar a perceber e desfrutar de todo o esplendor que a vida académica em Coimbra proporciona. Enfim, tudo boas vivên-cias que eram sempre pautadas com um senti-mento inesquecível de união e companheiris-mo entre todos os intervenientes. Durante toda a semana essas pessoas eram a minha família e Coimbra a minha aconchegada casa.

À medida que o tempo passava os papeis in-vertiam-se e aqueles que outrora foram caloiros tornavam-se doutores e sobre eles incidia a res-ponsabilidade de bem receber e orientar todos os que ali de novo chegavam. Guardo como a mais notável memória da minha vida acadé-mica o facto de apesar de haver uma constante

Coimbra...

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9 Anti-Matéria :: Novembro 2010

...um passado, presente e futuro!

renovação de gerações: todos os valores, prin-cípios, histórias, conhecimentos e cultura que servem de base à riquíssima história de Coim-bra são sempre transmitidos aos mais novos, o que faz com que esta seja a Cidade Universitá-ria por excelência.

Sem sombra de dúvida, esta é uma cidade de sensações indescritíveis e inesquecíveis. Momentos como o bater da velha Cabra, as imensamente difíceis aulas da manhã em que os olhos pesam toneladas, as fatídicas subi-das pelas escadas monumentais, o baptismo no rio Mondego na Latada, o vestir a capa e batina pela primeira vez na Monumental Sere-nata onde um mar de estudantes se juntam em frente à Sé Velha de capa traçada para ouvir o

fado de Coimbra, o presenciar uma serenata feita pela Estudantina a uma menina que está na varanda, percorrer as ruas labirínticas da baixa de tasca em tasca parando no Diligência para ouvir fado, receber dolorosas bengaladas na cartola no último cortejo da Queima quan-do se é finalista, ser rasgado no final de toda a caminhada por aqueles que acompanharam todos os teus passos durante o curso, são ina-balavelmente vivencias únicas e memoráveis que acompanham qualquer estudante que por esta cidade passa. Por tudo isto Coimbra é como um amor que nasce no interior de cada estudante, que o aju-da a tornar-se alguém perante o mundo e que o acompanha durante toda a vida, afinal como tão bem expressa a balada da despedida do V ano jurídico: “Segredos desta cidade levo co-migo para a vida”.

Numa palavra unicamente portuguesa se des-creve toda a vida académica Coimbrã: Sauda-de.

André Santos

Mestre em Eng. Biomédica

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10 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

Aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto, 4h da manhã e parte da comitiva de Coim-

bra encontrava-se já na fila do check-in. A par-tir daqui esperavam-nos cerca de 9h de viagens, compassos de espera, e escalas até atingirmos o nosso destino: GRAZ!

Chegados, com paragem pelo meio em Lon-dres para almoçar, constatámos que não havia cangurus na pista nem nas redondezas do ae-roporto. Que desilusão! Depois da noite mal dormida, fomos directos ao hotel, já que ain-da faltava ainda um dia para começar o ICPS e darmos entrada na residência. Cansados mas motivados, fizemos uma pequena visita ao cen-tro histórico da cidade (nada de especial), mas nas nossas cabeças apenas ecoavam os 5 dias de “ramboiada” que se avizinhavam.

Ao dia seguinte, depois de um bom pequeno al-moço, seguimos finalmente para o check-in do ICPS. Iniciámos assim uma enorme epopeia, acompanhado de uma bela cerveja austríaca (quentinha!) e já na companhia de alguns dos nossos companheiros de ICPS de muitos paí-ses.

Depois de um pequeno passeio e de uma visi-ta aos quartos e casas de banho, que por sinal eram muito bons, partimos à aventura do que seria o mais “LEGENDARY” ICPS de sempre (e por sinal o 1º para nós).

No primeiro dia reunimo-nos no quarto do cos-tume para começar a noite e atingiu-se o apogeu com a “Welcome Party”. A cerveja, de meio li-tro, caía que nem ginjas nos nossos estômagos

quentes. Logo aqui se notava o espirito inter-cultural do ICPS, onde pessoas de todos os paí-ses, da Índia ao México, passando pelo Brasil e pela Finlândia, confraternizavam e bebiam uns copos num espirito completamente diferente. O segundo dia começou com sessões de pales-tras durante a manhã e a tarde. Disseram que foram altamente, visto que nós acordámos à hora de almoço e passámos a tarde na relva a descansar para nos prepararmos para mais uma noite de folia. Neste dia tivemos a “Costume Party”, onde alguns de nós se mascararam e mais uma vez bebemos e confraternizámos com os nossos companheiros. No dia seguinte após acordarmos à hora de almoço, começámos os preparativos para a “Nations Party”, onde as nações participantes apresentam alguns dos seus pratos típicos e oferecem-nos em conjunto com bebidas tradi-cionais do seu pais.

Esta é uma das festas mais famosas do ICPS, visto que existe muita variedade e podemos ter um pequeno contacto com muitas culturas de todo o mundo. Cada pais tem ainda uma pequena apresentação de músicas e coreogra-fias. De salientar a apresentação dos britânicos

I C P S : Internation Conference of Physicians Students

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11 Anti-Matéria :: Novembro 2010

comer kebabs para o centro de Graz e procurar cangurus. Depois da cerimónia de encerramento tirámos a habitual fotografia de todo o grupo que participou no ICPS, exceptuando aqueles que es-tavam a comer kebabs e à procura de cangurus, fazendo assim todos a sua parte. Após isto realizou-se a “Farewell Party”, a última e derradeira festa do ICPS, que encerrou uma se-mana única de convívio multi-cultural, de enorme enriquecimento interpessoal devido ao enorme nú-mero de pessoas que conhecemos e com os quais partilhámos experiências únicas. Na verdade, este texto acaba por ser pouco para descrever a verda-deira essência e experiência que é o ICPS.

E assim terminou, com uma sensação de alegria por dias tão bem passados. Aconselhamos todos a participarem pelo menos um vez, pois é uma expe-riência única e indescritível.

Até para o ano na Romenia! Até lá um grande abraço a todos aqueles que connosco lá estiveram!

PS: Não há mesmo cangurus na Áustria.

I C P S : Internation Conference of Physicians Studentssempre despida de preconceitos. Nós optamos por mostrar aos nossos companheiros a famosa francesinha, a aguardente, o vinho do Porto e o arroz doce que tanto nos caracterizam. Nas músicas mostramos um pouco do que se faz em Portugal, desde o fado de Coimbra até Buraka Som Sistema, passando pelo grandioso Quim Barreiros.

No quarto dia tivémos de acordar cedo, para a visita a um local por nós escolhido. Uns foram ao lago e alguns a Viena. Houve ainda quem fosse ao glaciar e quem optasse por visitar uma fabrica de chocolate. No final do dia, fomos re-cebidos pelo governador da Styria, província da qual Graz é capital. Acabámos a noite nos bares da cidade.

Ao quinto dia houve torneio de futebol no qual nós, Portugueses, saímos vitoriosos! A malta do Porto joga bem, mas o nosso apoio deitados no relvado a beber foi fulcral. À noite comemo-ramos na residência os 25 anos de existência do ICPS.

Finalmente no ultimo dia realizou-se a palestra do tão esperado John Ellis, físico muito concei-tuado que trabalha actualmente no CERN, ao qual metade das pessoas que estão a escrever este artigo foram assistir, a outra metade foi

João Nogueira

Aluno de Eng. Física

Pedro Silva

Aluno de Eng. Física

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12 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

CCVRC

O Centro Ciência Viva Rómulo de Carva-lho, a funcionar no Departamento de Fí-

sica da Universidade de Coimbra como centro de recursos para o ensino e aprendizagem das

ciências e difusão da cultura científica, não só proporciona conteúdos ou permite obter infor-mação sobre documentos através da página electrónica, www.rc.mocho.pt, mas também é um espaço aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, no rés-do-chão do Departamento de Física, da Faculdade de Ci-ências e Tecnologia da Universidade de Coim-bra. Numa visita pela página damos conta de que, na primeira quinta-feira do mês, pelas 18h, acontece o lançamento ou a apresentação dum livro, quando se espreita o evento Café, livros e ciência. As temáticas dão para todos os gostos, ou quase, desde “Ciência da treta” de Ben Goldacre, até “História da luz e das cores” de Luís Miguel Bernardo, passando por “Porquê Deus se temos a ciência?” organizado por Manuel Curado. Na verdade esta é uma actividade do Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho que poderá acontecer também no Museu da Ciência da Universidade de Coim-bra ou, de três em três meses, em Aveiro, na Fábrica Centro Ciência Viva, em virtude de se tratar duma parceria das três estruturas dedi-cadas à divulgação e promoção da ciência e da cultura científica e tecnológica.

Na última sexta-feira de cada mês, pelas 21h15, voltam as palestras da escola Quark:

escola de física para jovens dirigida a alunos do 11º e 12º anos de escolaridade, provenien-tes de todo o país. Após Ciência e ficção, este ano as palestras abordam temáticas fronteira da ciência. É bom registar na agenda já dia 28 de Janeiro de 2011 - Robótica, por Joaquim Norberto Pires; segue-se 25 de Fevereiro - In-teligência artificial, por Ernesto Costa; 29 de Abril – Clonagem por João Ramalho-Santos; em 20 de Maio Carlos Fiolhais falará sobre o Universo. A divulgação estará actualizada em www.rc.mocho.pt. Estes são eventos de entra-da livre, tal como todos os que acontecem no Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho, e destinados a todos os públicos.

Para aliciar ainda a mais leituras, em www.rc.mocho.pt encontram-se apontamentos ví-deo sobre as actividades e, ainda, a rubrica “Escolhas de livros de Carlos Fiolhais”, que já conta com mais de uma dezena de propostas e estão a surgir num ritmo de dois por mês.

O Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho completou 2 anos de existência contando com a colaboração de uma equipa que lhe deu e dá corpo, muitos são alunos do Departamento de Física: aqui fica o brinde para todos os que colaboram ou vêm a este centro.

Helena Rodrigues

CCVRC

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13 Anti-Matéria :: Novembro 2010

jeKnowledge

Há mais de 700 anos que Coimbra tem vin-do a formar na sua Universidade, a elite

Portuguesa, sendo pela sua história e legado, uma das universidades com maior visibilidade no estrangeiro.

Actualmente, uma das principais forças motri-zes desta demanda pela excelência e procura do conhecimento é realizada na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC). Estas quali-dades são amplamente reconhecidas pelo teci-do empresarial e pela sociedade em geral.

É expectável, assim, que um número conside-rável de empresas bem sucedidas tenham as suas raízes nesta Universidade. É necessário continuar a fomentar o espirito empreende-dor e a apoiar as novas ideias que são fruto da formação na Universidade. É esta a premissa sobre a qual o Instituto Pedro Nunes (IPN) as-senta. A Universidade tem no IPN a mais bem sucedida incubadora de empresas em Portu-gal, sendo um caso de estudo no estrangeiro pela sua elevada taxa de sucesso.

Num momento em que se noticiam cons-

tantemente os números do desemprego em Portugal e no Mundo, é necessária a renova-ção desta vontade de lutar pela inovação em Coimbra e em Portugal. Não deverá, e não po-derá cair toda esta responsabilidade somente sobre a instituição. É necessária a intervenção estudantil para que desde o início se fomente o espírito empreendedor e inovador dos estu-dantes da FCTUC. Deste modo pretende-se que a transição para o mundo do trabalho seja imediata e sobretudo que os estudantes, quan-do deixarem de o ser, tenham na sua posse as ferramentas necessárias para avançar numa aventura empreendedora.

A jeKnowledge pretende, deste modo, dotar os seus colaboradores destas ferramentas, e colocar-se em conjunto com a FCTUC e com o IPN na linha da frente pela inovação e cria-ção de excelência em Coimbra.

Rafael Jegundo

Aluno Eng. Física

CCVRC

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14 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

CEMDRX

A Bolsa de Integração à Investigação oferece uma experiência bastante motivante e

enriquecedora, servindo de complemento à formação académica. Permite um primeiro contacto com a vertente de investigação e todo um manancial de actividades que podem ser desenvolvidas a esse nível.

Tomei conhecimento da existência dos projectos de investigação através do site www.eracareers.pt. Elaborei um Curriculum Vitae e uma carta de motivação de modo a poder concorrer de acordo com o regulamento, tendo sido seleccionado pelo CEMDRX (Centro de Estudos de Materiais por Difracção de Raios-X) e ficando sob a orientação do professor José António Paixão. O projecto tem a duração de 12 meses, tendo no final do mesmo de ser elaborado um relatório e de ser feita uma apresentação final.

Carlos Pereira

Aluno de Eng. Biomédica

O projecto de investigação em que estou a trabalhar tem como objectivo elaborar os cálculos ab-initio da conformação molecular e estrutura cristalina de polimorfos orgânicos. Os dados recolhidos poderão ser usados para testar a afinidade de moléculas, com posterior aplicação farmacológica/médica. Este projecto permite ainda um primeiro contacto com o modo de elaborar e publicar artigos científicos.

A nível pessoal, a experiência está a revelar-se bastante gratificante, permitindo desenvolver o espírito crítico e constituindo uma mais valia curricular e profissional.

O Centro de Estudos de Materiais por Di-fracção de Raios-X (CEMDRX) é um

centro de investigação financiado pela Funda-ção para a Ciência e Tecnologia que alberga cerca de 20 investigadores que utilizam a di-fracção de raios-X como técnica principal para estudos das propriedades de uma variada gama de materiais, dos semicondutores aos cristais orgânicos supramoleculares, incluindo também materiais nanoestruturados e outros desenhados para aplicações específicas em farmacologia, engenharia mecânica e noutros domínios. A di-fracção de raios-X é complementada com ou-tras técnicas tais como a difracção de neutrões, radiação de sincrotrão, espectroscopia µSR, Mössbauer e Raman. Para além dos modernos meios experimentais de que o grupo dispõe no Departamento de Física, os investigadores do CEMDRX participam em experiências realiza-das em grandes instrumentos que estão dispo-níveis em institutos de investigação europeus tais como o ESRF (radiação de sincrotrão), ILL (neutrões), PSI (µSR) e ISIS-RAL (µSR e neu-trões).De entre os projectos actualmente em curso destacam-se os relacionados com o desenvol-vimento de novos magnetes moleculares, ma-

teriais com propriedades ópticas não lineares, desenho de novas moléculas com propriedades anticancerígenas, materiais piezo e ferroeléc-tricos com aplicações na indústria electrónica, caracterização por RX das propriedades mecâ-nicas de ligas metálicas de alto desempenho e desenvolvimento de novos materiais semicon-dutores, supercondutores e magnéticos. A in-vestigação cobre não só aspectos de Física da Matéria Condensada, mas também de Ciências de Materiais, Química-Física e Física Aplicada, muitas vezes em contextos interdisciplinares, de que é exemplo um projecto recente da aplicação de técnicas espectroscópicas e de difracção no estudo de obras de arte e de preservação do pa-trimónio. Cabe também realçar as colaborações dos investigadores do CEMDRX com inúmeros grupos de investigação nacionais e estrangeiros e, em particular, a colaboração estreita com o grupo de Física da Matéria Condensada do Cen-tro de Física Computacional do DF.

José António Paixão

Professor do Dep. Física

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15 Anti-Matéria :: Novembro 2010

É interessante observar como algumas experiencias nos fazem crescer. Esta pequena passagem pelo Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) surgiu como uma oportunidade única, onde foi possível conhecer um outro lado da ciência.

O meu trabalho neste projecto consistiu na simulação de detectores de partículas e vários phantoms no âmbito da física médica.

No começo, a incerteza era algo assente e a bagagem curta para aquilo que me esperava. As novas linguagens de programação, bem como determinados conceitos revelaram-se um entrave.

Longas foram as horas de programação e várias as vezes em que as coisas não se desenrolavam da melhor forma, fazendo com que um certo sentimento de incapacidade e até mesmo de angústia se instalassem. Contudo determinação, persistência, pesquisa e devida orientação foram fundamentais para a conclusão de cada etapa que me fora proposta.

Esta experiencia, enquanto bolseiro, permitiu-

me de igual modo evoluir a nível pessoal. Enquanto estudante, a gestão do tempo foi uma constante, sendo esta uma característica fulcral para o desenvolvimento da capacidade autodidacta.

Um aspecto também importante e por vezes esquecido é ter bom senso e reconhecer os nossos erros quando é necessário.

O importante a reter deste breve testemunho é para aqueles a quem as oportunidades surjam, não as deixem escapar, não tenham receio de encarar os desafios, pois são novas oportunidades de seguir em frente.

“Dez mil dificuldades não constituem uma dúvida”

LIP

O LIP é uma associação científica e técnica de utilidade pública que tem por objectivos a inves-tigação no campo da Física Experimental de Altas Energias e da Instrumentação Associada.

Os domínios de investigação do LIP têm crescido por forma a englobar a Física Experimental de Altas Energias e Astropartículas, Instrumentação de Detecção de Radiação, Aquisição de Dados e Processa-mento de Dados, Computação Avançada e aplicações em outros campos, em particular a Física Médica. As atividades de pesquisa principais do laboratório são desenvolvidas no âmbito de gran-de colaborações no CERN e em outras organizações internacionais e grandes infraes-truturas dentro e fora da Europa, como o ESA, o SNOLAB, o GSI, a NASA e AUGER. O LIP é “um laboratório associado” avaliado como “Excelente” em três avaliações sucessivas pelos painéis internacionais.

Mario Ribeiro

Aluno de Eng. Biomédica

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16 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

Um mês em África...Lembro-me que quando me foram buscar ao aeroporto, enquanto ia no jipe do grupo pela cidade de São Tomé em direcção a Neves (lo-calidade onde o meu grupo ficou) só pensava “Bem… Isto é mesmo pobre… A televisão re-almente não exagera…” Mas como tinha sido preparada e tinha tido formações pensei: “Ok calma, eu estou preparada para isto.”… Mas á medida que avançámos naquelas horas de ca-minho e saíamos da cidade, as casas em ruínas que eu achava más começaram a ser substitu-ídas por barracas com tábuas e chapas a fazer de tecto, deixou de haver estrada com buracos e passou a haver só um caminho de terra batida e pedras que mal nos deixavam passar, come-çaram a aparecer crianças na berma das ruas a

pedir coisas, idosos moribundos sentados no chão, animais á solta por todo o lado… Aí pos-so admitir que comecei a tremer por dentro e dei por mim a pensar: “Eu não fui preparada para isto…” e só olhávamos uns para os ou-tros completamente aterrorizados e aí sim pude

O pelouro da Intervenção Cívica visa pro-mover a necessidade de todos dedicarem

alguns dos momentos livres aos outros. Na ver-dade, o voluntario é definido como o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de actividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos…

No contexto da sua estadia no arquipélago de São Tomé e Príncipe nas férias passadas, o Antimatéria pediu à Ana Margarida (3º ano de Engenharia Biomédica) que nos falasse da sua experiência no continente Africano.

Como surgiu a oportunidade desta experiên-cia?

Bem, eu faço parte do FAS (Farol de Acção So-cial) em Espinho há 5 anos, fazemos activida-des com crianças, idosos e pessoas com neces-sidades educativas especiais… Desde sempre tivemos o sonho de ter uma missão no conti-nente africano, mas como sabem nem sempre é fácil… Em primeiro lugar é preciso formação, disponibilidade, financiamento, etc. Este ano, a convite de um grupo de Carregosa (perto de Oliveira de Azeméis), que já tinha projecto em São Tomé há uns anos, surgiu a oportunidade de 5 de nós integrarmos a missão com eles. Fi-zemos formação e selecção de pessoas e tive a sorte de ser uma das 5 que a ter esta opor-tunidade. Apesar de sermos só 5 a ir, o grupo e a cidade uniram-se todos para que isto fosse possível. E não teria sido não fossem os patro-cínios, formadores e apoios que tivemos.

Qual foi o primeiro impacto?

Nem sei dizer bem qual foi o primeiro impac-to porque cada vez que achamos que não va-mos ver nada pior, aparece algo que nos deixa boquiabertos… Daí as missões terem tempo mínimo de estadia de um mês porque, na rea-lidade, isso é o mínimo que podemos ter para nos adaptarmos e fazer qualquer coisa lá…

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17 Anti-Matéria :: Novembro 2010

dizer “A televisão realmente não exagera… A televisão simplesmente não mostra um terço da miséria que isto é…”.

Achas que se todos os cidadãos tivessem tido a tua oportunidade, a nossa sociedade seria diferente? Porquê?

Tenho a certeza que sim… Costumo dizer que lá levamos uma grande sova psicológica que nos vira completamente do avesso. Lá tudo aquilo que somos e achamos rotineiro é absolu-tamente anormal e ridículo. Os hábitos são ou-tros, a educação, a natureza… Tudo é diferen-te. No primeiro dia que cheguei, um rapaz que estava em missão lá há um ano foi nos receber,

lembro-me que lhe disse “Onde é que posso tomar um banho? Não vou conseguir começar a trabalhar sem despertar com um bocado de agua fria…” Ele riu-se e disse-me “Margarida não há agua há 6 dias e sim tu vais conseguir trabalhar sem ela porque simplesmente TENS

que trabalhar sem ela..” E assim foi… Embo-ra acredite que nem todos conseguissem reagir bem a uma missão deste género, acredito que se todos se vissem numa situação destas perce-beriam como somos insignificantes e, acima de tudo, perceberiam como a felicidade pode estar nas pequenas coisas e na simplicidade de não ter nada. Posso afirmar que recebi muito mais do que aquilo que dei. Fui lá para ensinar, mas quem aprendeu fui eu. Acima de tudo aprendi que não sei nada e que se não fosse a ajuda de muitas das pessoas que lá encontrei eu nunca teria sobrevivido durante aquele mês. Aprendi que a nossa arrogância e certeza de que vamos para lá mudar o mundo são fruto da nossa in-genuidade, pois na realidade nós vamos lá e só queremos agradecer por tudo o que temos…E chegamos cá…e de repente quem não se con-forma com o que vê e ouve aqui somos nós…e descobrimos que estaríamos tão melhor se não houvesse tanta coisa que há aqui... E sim, a so-ciedade seria diferente. Arrisco dizer que seria melhor.

Quais os três acontecimentos que mais te marcaram?

Como disse, foi um mês repleto de “aconteci-mentos” e coisas que me marcaram… Cada dia em São Tomé é uma luta… Houve várias si-tuações que me marcaram… Uma delas foi no fim da primeira semana que cheguei… Foi no fim desta semana que nos começaram a aceitar como amigos… Antes disso há sempre alguma desconfiança. O povo São Tomense é um povo revoltado, não gostam de turistas brancos que lá vão tirar fotografias e dar doces aos miúdos e ao fim do dia regressam ao conforto do seu hotel. Quando perceberam que lá estávamos a viver como eles e com as mesmas condições começaram a deixar de nos chamar “brancos” e a chamar-nos amigos. Uma das situações que me marcou foi quando estava com um aluno a ler um texto… Era perto do meio-dia e a ultima vez que eu tinha comido tinha sido um pão ás 6 da manhã… Enquanto estava a ler com ele comecei a sentir-me fraca e tive que me sentar,

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18 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

o miúdo percebeu e disse-me “Margarida tens fome não tens? Eu vou apanhar uma banana e divido contigo…” e assim foi, dividimos e em tom de desabafo saiu-me algo como “Obriga-da…Estava mesmo com fome, já não comia desde as 6…” o miúdo olhou para mim e disse “Ah… Eu também não comia desde o meio dia de ontem…” Posso dizer que foi um dos mo-mentos que me senti mais ridícula e lembro-me que a custo evitei chorar á frente dele e disse “Desculpa...” mas o miúdo só sorriu e foi-me buscar mais fruta…E esse sorriso aparece á minha frente cada vez que aqui me queixo ou

ouço alguém queixar-se do que quer que seja…Outra das situações difíceis para mim foi a vi-sita que fazia aos idosos que estavam abando-nados no meio da floresta em barracas… Um dia fui levar umas roupas a uma senhora que estava doente. Quando lá cheguei, ela disse--me que não queria as roupas pois em breve ia morrer e pediu-me ajuda…Senti-me impotente, estava numa barraca minúscula sem luz, com uma senhora deitada num estrado a pedir-me ajuda e eu não tinha absolutamente nada que a pudesse ajudar…Perguntei-lhe o que podia fazer…Ela disse-me “Há 30 anos que não sei o que é ter um familiar que goste de mim…”e eu fiquei ali, perto de 2 horas a falar com ela, não fiz absolutamente nada, só lhe dei a mão e contei-lhe episódios da minha vida enquanto ela se ria como se fossem dela… Já regressei de São Tomé há mais de um mês e ainda não

Ana Cortez

Aluna de Eng. Biomédica

houve uma noite aqui em que eu adormecesse sem ver o rosto dela á minha frente.

Podia escrever paginas e paginas de marcas que São Tomé me deixou… A sensação que ti-nha quando passava na rua e chamavam o meu nome, só para me dizer adeus ou apresentar-me um filho, um neto, um irmão… Não há nada que consiga descrever o que é fazer parte duma comunidade daquelas, festejar com eles, cantar com eles e trabalhar com eles. Não é possível enumerar momentos porque cada minuto foi um momento único, cada sorriso uma dádiva que me deixou marcas para sempre.

Quais são as principais ajudas que São Tomé e Príncipe necessita?

O grande problema de África é ter ajudas erra-das a mais… E passo a explicar, ali há a men-talidade de que tudo aparece… Se não há co-mida alguém a leva, se não há roupa alguém a leva… Do que eles precisam é de formação, de método… De pessoas que lhes mostrem valo-res de amizade, de trabalho e de esforço… Há uma grande desorganização social que acaba por levar á pobreza e miséria. Por isso diria que além de alimentos, o que eles precisam mais é de formadores, de amigos e de pessoas que os incentivem e acreditem neles.

Voltavas a ser voluntária em São Tomé?

Nem sequer ponho em questão não voltar!

Em três palavras, qual seria a definição desta aventura?

Definir esta aventura assim é impossível… Mas quando penso no mês que tive só me lembro duma palavra “Obrigada.” Pelo que tenho aqui, pelo que sou aqui e pelo que recebi lá...

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19 Anti-Matéria :: Novembro 2010

Mestrado em Psicoacústica

Para além dos demais, um dos grandes ob-jectivo do NEDF passa por manter os Estu-

dantes do Departamento de Física informados das variadas possibilidades e oportunidades existentes no mundo universitário, de forma a poderem dar o melhor seguimento à sua carrei-ra académica, de acordo com aquilo que são os seus objectivos pessoais e profissionais.Dessa forma, surge neste espaço a divulgação de um novo Mestrado, que poderá ser deveras interessante, principalmente para os alunos de Engenharia Física e Biomédica.

Qual é o objectivo deste mestrado, e o que é a Psicoacústica? O ciclo de estudos conducente ao grau de Mes-tre em Psicoacústica criado pela Escola Su-perior de Tecnologia da Saúde de Coimbra é uma oferta única, que responde directamente à necessidade de formação específica em Psico-acústica existente presentemente em Portugal. A Psicoacústica é uma área multi-disciplinar, que conjuga a Biologia, a Física, a Engenharia e a Audiologia no estudo da percepção auditi-va e no desenvolvimento de instrumentação de apoio auditivo e não só. A Psicoacústica é res-ponsável por imensas coisas que influenciam directamente a nossa qualidade de vida, desde as próteses auditivas e os implantes cocleares, até ao formato mp3. No final do curso, os alunos terão um conheci-mento profundo sobre a percepção auditiva, a forma como esta é explicada do ponto de vista físico e biológico, e as técnicas e mecanismos instrumentais utilizados para manipular e opti-mizar essa percepção. Um mestre em Psicoa-cústica será assim comparável a um “engenhei-ro da audição”. Há vantagens efectivas em realizar este mes-trado? Sim, particularmente em termos de mercado de trabalho nas áreas: - da saúde, onde a Psicoacústica apresenta um

grande potencial de crescimento; o mercado das empresas de próteses auditivas encontra-se em franca expansão, bem como a constituição de equipas hospitalares dedicadas a implantes co-cleares. - da investigação e desenvolvimento, ao abrir portas no desenvolvimento de instrumentação auditiva, uma área igualmente florescente no âmbito da investigação nacional e europeia, tan-to no meio empresarial, como institucional. Por fim, para quem já trabalha ou não mora em Coimbra, a componente curricular do mestrado apresenta a grande vantagem de se realizar em horário pós-laboral, condensado às sextas-feiras e sábados. Como e quando é que se realizam as candida-turas? Há mais informação disponível? As candidaturas destinam-se a quem possua uma licenciatura em ciência, engenharia ou saú-de, e encontram-se abertas até ao próximo dia 22 de Outubro. Para realizar a candidatura e ob-ter mais informações, por favor consulte o site da ESTeSC dedicado a este mestrado, http://www.estescoimbra.pt/cursos/curso/id/35/idioma/PT/ ou, em alternativa, contacte o coordenador do ciclo de estudos: João PirotoEscola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbrat. +351 239 802 430f. +351 239 813 395 e. [email protected]

David Bento

Aluno de Eng. Biomédica

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20 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

Saídas Profissionais DG/AAC

Sérgio Pinto

Aluno de Eng. Biomédica

O Gabinete das Saídas Profissionais (GSP) tem como principal papel auxiliar o recém-licenciado a ingressar no mercado de trabalho. Para tal promove não só o recrutamento através de sessões

com diversas empresas regionais e internacionais, mas também possibilita um enriquecimento pro-fissional dos sócios da Associação Académica de Coimbra através de palestras, workshops e cursos.

O GSP possui ainda bastantes parcerias com bastantes entidades de modo a oferecer oportunidades únicas aos seus associados. Convidamos assim todos os estudantes a conhecer estas parcerias e a visitar o GSP para esclarecer quaisquer dúvidas existentes.

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21 Anti-Matéria :: Novembro 2010

Música

Formados no início da década de 80, os ir-landeses My Bloody Valentine são consi-

derados uns dos pioneiros do shoegazing, estilo musical resultante de uma fusão (teoricamente improvável) do alternativo com o rock pós – moderno, e que começou a dar os primeiros passos no final da mesma década. É um estilo caracterizado pelo uso (por ve-zes extremo) da distorção e dos efeitos da pedaleira, de modo a criar paredes sonoras que têm tanto de belo como de caótico. Embora não fosse tão marcante no mainstream como o grunge, estilo musical que partilha o iní-cio da década de 90 com o sho-egazing, é um estilo que ainda hoje é influência para muitas bandas que estão a dar os pri-meiros passos (um bom exem-plo são os excelentes The Pains Of Being Pure At Heart).

Loveless é um álbum que data de 1991, e foi repleto de inter-mitências na sua gravação e lançamento, principalmente de-vido à falta de apoios e de orçamento. É antes de mais, um álbum que caracteriza na perfei-ção o shoegaze e os sentimentos que este estilo evoca. Contudo, acaba por ser muito mais que isso, no meio de uma aparente desorganização pseudo – masoquista durante a primeira, talvez segunda e até terceira audição.

“Only Shallow” é um exemplo flagrante, pelo modo como os instrumentos entram em con-flito com vozes suaves mas obscuras, criando um ambiente sonoro caoticamente belo. Algo que se repete ao longo do disco de uma forma consistente, com elevada nota artística e sem autorização para desligar o botão da distor-ção (“Loomer”, “Come In Alone”, “What You Want”). Já “I Only Said”, a peça central de Lo-

veless, é um momento único, inovador e quase hipnótico com o decorrer da música. “Blown A Wish” e “To Here Knows When” são baladas fora do contexto e que conseguem ser assus-tadoramente arrepiantes. “Sometimes” (quem

já viu o Lost In Translation vai-se lembrar!) é o momento mais cheesy do álbum, sem deixar de ser brilhante. “Soon” acaba em grande, num loop de bateria “ridículo” e que esconde o ro-mantismo dentro da guitarra em chamas. Nem teria sentido se assim não fosse.

My Bloody Valentine – loVeless

João Borba

Aluno de Eng. Biomédica

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22 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

O jovem saxofonista e com-positor Steve Lehman tem

dado que falar. Considerado su-cessivamente pelo painel de crí-ticos da revista de Jazz “Down-beat” como “rising star” em todas as votações anuais que ocorreram desde 2006, Steve Lehman tem conseguido surpreender-nos com a qualidade e carácter inovador dos seus trabalhos, sendo justa-mente reconhecido como uma das vozes mais originais da actu-al música improvisada. Em 2009 lança um trabalho que foi consi-derado um dos melhores álbuns de Jazz do ano, com o curioso título “Travail, Transformation and Flow” (Pi recordings). Nele, um octeto dirigido por Lehman interpreta um conjunto de originais de “música espectral”, onde a física do som tem um papel predominante. Recorrendo a sofisticada instru-mentação e técnicas de análise de sinal (FFTs), o jovem músico (que tem formação académica e sabe física e matemática) harmoniza as suas

composições tendo em conta não apenas o tom fundamental tocado pelos instrumentos mas também os seus harmónicos. Assim, os har-mónicos superiores de uma nota tocada pelo trompete podem reforçar, fundindo-se, com os da tuba ou do vibrafone, conferindo um colo-rido muito particular à música. Se isto parece muito técnico, não deixa de ser verdade que a música “espectral” de “Travail, transformation and flow” com as suas harmonias microtonais subtis não deixa de nos surpreender pela sua vi-vacidade e carácter “orgânico”.

Steve Lehman já actuou por diversas vezes em Portugal, tendo até registado em Coimbra duas actuações no festival Jazz ao Centro, editadas pela label portuguesa, de projecção mundial, “Clean Feed”. A mesma editora lançou este ano um registo verdadeiramente empolgante da actuação Steve Lehman com um outro grande saxofonista, Rudresh Mahanthappa, de título “Dual Identity”. A não perder!

Jazz

José António Paixão

Professor do Dep. Física

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23 Anti-Matéria :: Novembro 2010

aqueles papelinhos dos sinais de trânsito quan-do reparei no seguinte anúncio:“Alugam-se quartos a estudantes, preferencial-mente madeirenses.”

Olha o esquisito! Depois venham-me falar de crise, quer alugar um quarto e ainda se arma em picuinhas. A úni-ca desculpa que vejo é que queria alguém que entendesse o seu dialecto. E depois, que raio é “preferencialmente”? É como um vegetariano “preferir” uma saladinha, mas se vier um bife ele “mama-o” na mesma.

Analisando isto mais ao pormenor, quão capri-chosa pode uma pessoa ser? “Alugam-se quartos a estudantes, preferencial-mente a Vietcongs leprosos que gostem de pas-seios na praia e de cangurus. E botas. Da tropa. Verdes. Com aquele camuflado, mas sem ser aquele branco e cinzento, porque esse é para a neve e eu não gosto de neve. Agora que me lembro, preferencialmente o estudante deve não gostar de neve. Quem gosta de neve não pode ser boa pessoa. Boas pessoas são os ma-deirenses!”.

Furo Jornalístico

Alexandre Sousa

Aluno de Eng. Biomédica

Quem casa…

Agora trabalho.

Na verdade estou a estagiar, é tipo um traba-lho só que em vez de receber pago propinas. De qualquer maneira a minha vida de estudante tradicional acabou, para mal dos meus pecados.Crises existenciais à parte, agora que tenho um horário laboral decidi procurar casa. Uma coisa calminha e confortável, que me permita dor-mir sossegado evitando aquelas noites típicas de um estudante que acorda ao lado de 30 cer-vejas, um sinal de trânsito, e um texugo meio morto.Tudo isto para vos revelar a minha teoria: To-dos os senhorios em Coimbra são loucos. É um pré-requisito. Quem nunca entrou numa casa daquelas cheias de bibelots, crucifixos e ima-gens de santos por todo o lado!? Aparentemen-te estes crentes apesar de viverem a vida pelas regras do cristianismo acham que Deus não se importa que eles aluguem um quarto por uma exorbitância que tem a insignificante peculia-ridade de em vez de mesinha de cabeceira ter uma sanita. Se virmos bem até é útil. Com o tampo fechado cumpre as funções perfeitamen-te, e quando o abrimos, surpresa! Abre-se toda uma nova panóplia funcional.

A meio desta minha jornada épica, estava a tirar

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24 Novembro 2010 :: Anti-Matéria

Ficha Técnica

Redactores: Manuel Fiolhais, Nuno Lopes, Carlos Henriques, Manuel Barata, Mariana Santos, André Santos, João Nogueira, Pedro Silva, Samuel Marques, Marta Henriques, Rafael Jegundo, José António Paixão, Carlos Pereira, Mário Ribeiro, Ana Cortez, David Bento, Sergio Pinto, João Borba, Alexandre Sousa.Grafismo e Paginação: Vítor Alves, Rui Venâncio.Produção: Pelouro da Informática/Divulgação do NEDF/AAC - Vítor Alves, Rui Venâncio, João Borba.Revisão: João Borba, Ana Margarida Matos, Nuno Lopes, Vítor Alves.Propriedade: NEDF/AACEmail: [email protected], [email protected]: Rua Larga, Departamento de Física, Sala B13, 3004-516 Coimbra

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