ANTOFILITA – {Mg 2 }{Mg 5 }(Si 8 O 22 )(OH) 22. Geologia e depósitos: A antofilita é encontrada...

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ANTOFILITA – {Mg2}{Mg5}(Si8O22)(OH)2 A antofilita é um inosilicato do Supergrupo dos Anfibólios. É um anfibólio mais raro, típico de rochas metamórficas de grau médio a alto. Antofilita de hábito fibroso é um dos seis minerais conhecidos por “asbesto” e foi minerada em algumas localidades até a década de 1970, quando as minas foram fechadas devido aos problemas causados pela poeira de asbesto. Forma uma série com a cummingtonita, outra com a magnésio-antofilita e mais uma com a ferro- antofilita. É fácil de confundir com a proto-antofilita. Pode conter Ca, Na, Al, Mn e Ti. Quando com Cr, constitui a variedade Kupfferita. No manuseio do mineral deve-se evitar a produção de poeira, porque as fibras de antofilita são altamente carcinogênicas quando aspiradas. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico bipiramidal Cinza até verde, pode ser marrom a bege. Normalmente ocorre como cristais lamelares ou fibrosos, asbestiformes. Prismático longo, até 25 cm. {210} perfeita {010} imperfeita {100} imperfeita Tenacidade Quebradiço. Fibras são elásticas Maclas Fratura Dureza Mohs Partição {} Conchoidal 5,5 - 6 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Branco até cinza Vítreo, nas clivagens é perláceo. Transparente 2,95 – 3,2 2. Geologia e depósitos: A antofilita é encontrada apenas em rochas metamórficas de grau médio a alto e ricas em magnésio. A reação é olivina + tremolita + talco = olivina + tremolita + antofilita. É típica de rochas ígneas ultrabásicas, pela reação olivina + tremolita + talco = olivina + tremolita + antofilita. Em folhelhos dolomíticos impuros a reação é talco + tremolita + magnesita = tremolita + antofilita + magnesita. Ocorre em anfibolitos, antofilita-cordierita-gnaisses, metaquartzitos, formações de ferro (BIFs), granulitos, antofilita-talco-xistos derivados de sedimentos argilosos, cornubianitos, rochas ígneas máficas a ultramáficas. Também se forma como produto de reação retrometamórfica em rochas ultramáficas, associado a serpentinitos. Neste caso forma cristais pequenos, mal desenvolvidos. É um processo frequente em zonas cisalhadas, onde as fraturas abrem espaço para a passagem de fluidos. 3. Associações Minerais: Associa-se a quartzo, granada (almandina), actinolita, gedrita, rutilo, flogopita (e vermiculita), cordierita, sillimanita, tremolita, olivina, plagioclásio, estaurolita e micas do Grupo da Clorita.

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ANTOFILITA – ☐{Mg2}{Mg5}(Si8O22)(OH)2 A antofilita é um inosilicato do Supergrupo dos Anfibólios. É um anfibólio mais raro, típico de rochas metamórficas de grau médio a alto. Antofilita de hábito fibroso é um dos seis minerais conhecidos por “asbesto” e foi minerada em algumas localidades até a década de 1970, quando as minas foram fechadas devido aos problemas causados pela poeira de asbesto. Forma uma série com a cummingtonita, outra com a magnésio-antofilita e mais uma com a ferro-antofilita. É fácil de confundir com a proto-antofilita. Pode conter Ca, Na, Al, Mn e Ti. Quando com Cr, constitui a variedade Kupfferita. No manuseio do mineral deve-se evitar a produção de poeira, porque as fibras de antofilita são altamente carcinogênicas quando aspiradas.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Ortorrômbico bipiramidal

Cinza até verde, pode ser marrom a bege.

Normalmente ocorre como cristais lamelares

ou fibrosos, asbestiformes.

Prismático longo, até 25 cm.

{210} perfeita {010} imperfeita {100} imperfeita Tenacidade

Quebradiço. Fibras são elásticas

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

{} Conchoidal 5,5 - 6 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Branco até cinza Vítreo, nas clivagens é perláceo.

Transparente 2,95 – 3,2

2. Geologia e depósitos:

A antofilita é encontrada apenas em rochas metamórficas de grau médio a alto e ricas em magnésio. A reação é olivina + tremolita + talco = olivina + tremolita + antofilita. É típica de rochas ígneas ultrabásicas, pela reação olivina + tremolita + talco = olivina + tremolita + antofilita. Em folhelhos dolomíticos impuros a reação é talco + tremolita + magnesita = tremolita + antofilita + magnesita.

Ocorre em anfibolitos, antofilita-cordierita-gnaisses, metaquartzitos, formações de ferro (BIFs), granulitos, antofilita-talco-xistos derivados de sedimentos argilosos, cornubianitos, rochas ígneas máficas a ultramáficas.

Também se forma como produto de reação retrometamórfica em rochas ultramáficas, associado a serpentinitos. Neste caso forma cristais pequenos, mal desenvolvidos. É um processo frequente em zonas cisalhadas, onde as fraturas abrem espaço para a passagem de fluidos.

3. Associações Minerais:

Associa-se a quartzo, granada (almandina), actinolita, gedrita, rutilo, flogopita (e vermiculita), cordierita, sillimanita, tremolita, olivina, plagioclásio, estaurolita e micas do Grupo da Clorita.

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4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: nα: 1.598 – 1,674 nβ: 1,605 – 1,685 nγ: 1,615 – 1,697

ND Cor / pleocroísmo: normalmente incolor, mais raramente verde pálida ou amarelo pálida. Se rica em Fe, pleocroísmo moderado em cores marrons, marrom-amareladas, marrom-acinzentadas, azul-acinzentadas a verde e lilás.

Relevo: médio

Clivagem: perfeita segundo {210}, gerando duas clivagens nas seções basais com ângulos de 54,5º e 125,5º entre si. Nas seções prismáticas apenas uma clivagem. Outras clivagens em {010} e {100}, ambas distintas.

Hábitos: normalmente lamelar ou fibroso, asbestiforme (por isso o nome de “asbesto-cinza). Também como agregados de cristais prismáticos sem terminações bem desenvolvidas.

NC Birrefringência e cores de interferência:

birrefringência média, variando de 0,017 a 0,023, resultando em cores até o final de 1ª ordem e início da segunda ordem: amarelo, laranja, vermelho intenso, roxo até azul.

Extinção: paralela nas seções longitudinais (diagnóstica!), simétrica nas seções basais.

Sinal de Elongação: SE(+)

Maclas: não apresenta maclas.

Zonação: não apresenta zonação.

LC Caráter: B(+) ou B(-) Ângulo 2V: 57 - 80º

Alterações: sem informações.

Pode ser confundida com: actinolita e tremolita podem apresentar hábitos idênticos, mas possuem extinção oblíqua.

Antofilita a Nicóis Descruzados: cores pálidas, hábito acicular, relevo médio.

Antofilita a Nicóis Cruzados: cores de final de 1ª ordem, extinção paralela e Sinal de Elongação positivo.

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5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação da antofilita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à antofilita.

Preparação da amostra: o polimento da antofilita acompanha o polimento de outros silicatos, apesar da excelente clivagem e do hábito fibroso. Não ocorrem os problemas de estilhaçamento da cianita e da wollastonita e a qualidade final de polimento é obtida sem problemas.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro a cinza claro, dependendo da orientação das clivagens. Às vezes os cristais parecem muito mais escuros que silicatos comuns (quartzo) e às vezes apresentam a mesma tonalidade que silicatos comuns.

Pleocroísmo: Não.

Refletividade: Muito baixa (<10%) Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Não é possível observar anisotropia, apenas extinção paralela.

Reflexões internas: Há muitas reflexões internas, generalizadas, muito luminosas, brancas e fortes, mescladas com algumas reflexões multicoloridas.

Pode ser confundida com: o hábito da actinolita é semelhante, mas as reflexões internas são diferentes. Outros anfibólios de hábito fibroso podem ser semelhantes, como gedrita.

Hábito fibroso bem desenvolvido é fácil de observar e bastante diagnóstico, com agregados radiados de cristais aciculares formando feixes em meio aos outros minerais da rocha.

Clivagem paralela ao comprimento, bem desenvolvida, fica muito nítida a ND e a NC.

Extinção paralela pode ser observada a NC.

A NC e com a objetiva de 4x, feixes de antofilita com reflexões internas brancas e muito luminosas em meio a magnetitas (isótropas – pretas) e outros silicatos com reflexões claras.

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Versão de novembro de 2019

Esquerda: a ND, antofilita (cinza clara, na diagonal da imagem), outros silicatos (cinza escuro) e magnetita (cinza rosado claro, em grãos à direita). Direita: a mesma área a NC. Magnetitas são pretas (isótropas), os outros silicatos possuem reflexões variadas e os feixes de antofilita apresentam-se com reflexões brancas muito luminosas, com algumas porções multicoloridas.