Antologia de Poesia Evangélica · “Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém...

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ÁGUAS VIVAS Antologia de Poesia Evangélica Brissos Lino Gilberto Celeti Giovanni C. A. de Araújo Israel Belo de Azevedo J. T. Parreira Josué Ebenézer Luiz Flor dos Santos Noélio Duarte Sammis Reachers Wolodymir Boruszewski (Wolô) Org. Sammis Reachers 1

Transcript of Antologia de Poesia Evangélica · “Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém...

ÁGUAS VIVAS  

Antologia de Poesia Evangélica 

 

Brissos Lino Gilberto Celeti Giovanni C. A. de Araújo Israel Belo de Azevedo J. T. Parreira 

Josué Ebenézer Luiz Flor dos Santos 

Noélio Duarte Sammis Reachers 

Wolodymir  Boruszewski (Wolô)  

Org. Sammis Reachers  

 1 

 

“Naquele dia  também acontecerá que  sairão  de  Jerusalém  águas vivas,  metade  delas  para  o  mar oriental,  e  metade  delas  para  o mar  ocidental;  no  verão  e  no inverno sucederá isto.” Zacarias 14.8    

“Quem  crê  em mim,  como  diz  a Escritura,  rios  de  água  viva correrão do seu ventre.” João 7.38  

 

 

2  

ÍNDICE  

UMA PALAVRA AO LEITOR ______ 8  

Brissos Lino ____________________ 10 Salmo 23 ................................................................................... 11 

A FORÇA DAS PALAVRAS ........................................................... 12 

NOÉ SABIA DE DEUS ................................................................. 14 

EL – pequenino ......................................................................... 17 

NATUREZA MORTA ................................................................... 18 

IGREJA VIVA COM UM REPARO ................................................. 19  

OLHOS TRISTES ......................................................................... 22 

O CÉU DE AUSCHWITZ ............................................................... 23 

Gilberto Celeti ____________________ 25 EM NOVIDADE DE VIDA ............................................................. 26 

FAZER O OUTRO FELIZ ............................................................... 28 

CICATRIZES OU MEDALHAS? ...................................................... 29 

DE JOELHOS EM SECRETO .......................................................... 30 

FÉ CORRETA .............................................................................. 33 

UMA ORAÇÃO ........................................................................... 34 

3  

AÇÃO OU ORAÇÃO .................................................................... 35 

 

Giovanni C. A. de Araújo __________ 36 Sim, virá! .................................................................................. 37 

Quem é este? ........................................................................... 38 

Há de vir ................................................................................... 39 

Concreto na flor ........................................................................ 40 

Nesta mesa nos encontramos ................................................... 41 

Elementos ................................................................................ 42 

Perdoados ................................................................................ 43 

 

Israel Belo de Azevedo___________ 44 

A riqueza que eu quero ............................................................ 45 

O Único .................................................................................... 46 

Confissão de Natal ................................................................... 48 

Coragem do Casamento ........................................................... 49 

Isaías 53 ou a história da paixão ............................................... 50 

Lamentos ................................................................................ 53 

O jejum de Deus ...................................................................... 57 

 

J. T. Parreira ___________________ 58 PASSAGEM .............................................................................. 59 

ARTE MUSICAL ......................................................................... 61 

4  

Explicação do Salmo I ............................................................... 62 

O beijo de Caravaggio ............................................................... 63 

Anunciação .............................................................................. 64 

O não ter Senhor começado uma rua ........................................ 65 

A Segunda Vinda ...................................................................... 66 

A Segunda Vinda (II) ................................................................ 67 

A Lição de Música .................................................................... 68  

O Bom Samaritano ................................................................... 69 

   

Josué Ebenézer _________________ 70 As Janelas dos Céus Que Abrem ............................................... 71 

Sentimento Cristão .................................................................. 81 

Amor ....................................................................................... 84 

SALMO 23 ................................................................................ 88 

TRÍPTICO DA VIDA ................................................................... 89 

ORAÇÃO DA FAMÍLIA .............................................................. 92 

ONDE A GLÓRIA DO POETA? .................................................... 95  

Luiz Flor dos Santos _____________ 96 

José ........................................................................................ 97 

A LUTA DE UM HOMEM COM UMA ALMA (TÉDIO) ................. 100 

Crítica ................................................................................... 102 

5  

A MORTE ROUBA OS PLANOS ................................................ 104 

O CINZA DESSES DIAS CINZAS ................................................ 105 

O BEIJO ................................................................................. 107 

HISTÓRIA DE UMA AMIZADE ................................................. 109  

Noélio Duarte _________________ 110 PESSOAS ............................................................................... 111  DISPONIBILIDADE ................................................................. 114  DESCULPAS .......................................................................... 117  NECESSIDADE ....................................................................... 121  PERDI O TOM...  ................................................................... 125  MADURO ............................................................................. 129  DECLARAÇÃO ....................................................................... 132  

Sammis Reachers ______________ 136 Portas do engodo .................................................................. 137  

Cantiga de ninar .................................................................... 138  

A Blindagem Azul I ................................................................. 139  

Diretrizes ............................................................................... 140  

Paz Verde .............................................................................. 142  

APOSTASIA ADVINDA ............................................................ 143 

Há uns 5 anos, numa igrejinha em Itaboraí ............................ 146 

 

6  

Wolodymir  Boruszewski (Wolô) __ 149 O tempo e o TEMPO ............................................................. 150  

Guerra e paz ......................................................................... 151  

Adeus heroínas: ‐ Há Deus! ................................................... 152  

Algo mais .............................................................................. 155  

Restaurando o contrito ......................................................... 156  

SONHO DE UM SONHO ......................................................... 157  

Obra‐prima? Eu? ................................................................... 159   

Links para o Download de outros e‐books ____ 160  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7  

UMA PALAVRA AO LEITOR  

Águas  Vivas, mais  que  uma  simples  antologia  poética,  nasce  como  um oportuno  projeto,  que  visa  a  aproximar  ainda  mais  leitores  e  poetas evangélicos contemporâneos. Por um lado divulgando a poesia evangélica e incentivando a produção de bons autores, e por outro, apresentando ao leitor um breve, mas significativo panorama da obra destes bravos bardos que têm na fé evangélica e no manejo das palavras o traço de sua união. E projeto  ainda  porque  meu  objetivo,  se  o  Senhor  assim  o  permitir,  é organizar  de  tempos  em  tempos  novos  volumes  desta  antologia, contemplando a obra de muitos outros autores.  

Os poetas aqui antologiados foram de certa forma congregados a partir do blog  Poesia  Evangélica  (http://poesiaevanglica.blogspot.com/),  aonde desde  2006  temos  nos  empenhando  no  resgate  e  divulgação  da  poesia evangélica,  seja  ela  antiga  ou  atual,  dando  voz  a,  até  aqui, mais  de  80 autores. 

 

São  dez  os  poetas  aqui  presentes,  de  diferentes  gerações  e  variados fazeres  poéticos, mas  unificados  por  uma  só  inspiração:  a  presenteada pelo Poeta Maior, cuja poesia está espalhada por todo o Universo. 

 

Poetas  imersos  em  seu  tempo,  que  usam  a  internet  e  suas  variadas ferramentas para divulgar sua produção,  já que a Poesia segue (ainda ou sempre?)  sendo objeto de  certo desprezo por parte das editoras,  sob a eterna alegação de que ‘poesia não vende’. Bem, se poesia não vende, má vontade não  ajuda.  E que não  venda:  Isso nunca  a  impediu de existir e cumprir seu papel. Que seja ofertada de graça como este livro eletrônico, que  esteja  livre  destes  grilhões  do  lucro,  que  a  tanto  e  a  tantos circunscrevem, ou mesmo aprisionam. Liberdade assim para a poesia, que existe para vivificar, e para louvor de Deus. 

 

8  

Que ela vivifique os homens, que os embale, console, constranja: que nos faça refletir com beleza e profundidade nas coisas da vida e nas coisas  lá do  alto;  que  dê  consistência  verbal  à  substância  prima  de  seus  (dos poetas) corações, isso e para isso é a Poesia. 

E ela se realiza, nos versos destes poetas. 

 

Convido  você,  caro  leitor,  a  ser  vivificado,  embalado,  consolado  e constrangido pela Verdade que  liberta, expressa com perfeição na Bíblia Sagrada, e que ecoa poderosamente nas estrofes destes versos. 

Tenha  uma  boa  leitura,  e  sinta‐se  livre  para  compartilhar  este  livro eletrônico com seus amigos, irmãos e contatos, mas lembre‐se: a obra não pode ser comercializada de nenhuma maneira, estando liberada sob uma licença  Creative  Commons  (http://creativecommons.org/licenses/by‐nc‐nd/2.5/br/). 

 

Sammis Reachers, organizador 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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10  

Brissos Lino  Dr.  Brissos  Lino,  português,  é  Docente  universitário, Mestre  em  Psicologia  e  Psicoterapeuta  formador. Autor de diversos  livros,  como Salmo Presente, Procurar Deus, além  de  participar  em  diversas  antologias.  Um  dos signatários  do  Manifesto  pela  Nova  Poesia  Evangélica, juntamente  com  os  poetas  Joanyr  de  Oliveira  e  J.  T. Parreira. 

Mantém os blogs A Ovelha Perdida ‐ http://ovelhaperdida.wordpress.com 

e Brissos Lino ‐ http://brissoslino.wordpress.com 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Salmo 23 

“O Senhor é o meu pastor”.  

Escuto. Mas o uivar dos lobos não me assusta. Nem o rumor do vento porque o meu olhar se me alonga para os pastos verdejantes e as águas tranqüilas. 

O bardo onde vivo refrigera‐me (já nem sei o que sejam veredas errantes). A lã de que sou vestido é branca, e só de alegria o peito me salta porque a mesa em que me sento é farta e os meus inimigos se espantam comigo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

12  

A FORÇA DAS PALAVRAS 

“Guardo no coração as tuas palavras”. Salmo 119:11 

As Tuas palavras são olhos rasgados navios ancorados em mim 

as Tuas palavras são punhos fechados martelo a teimar na pedra rebelde 

são feitas de espanto bordadas de encanto 

palavras que não hesitam nascer 

látego ou afago lágrima rolante enfado 

palavras que ardem na carne e ficam mel no caminho 

que choram e aproximam 

13  

palavras que aguardam uma bússola convicta. 

As Tuas palavras perfazem a esperança ressuscitando a memória 

as Tuas palavras Senhor constroem a História. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14  

NOÉ SABIA DE DEUS 

ou: o Dilúvio, para crianças 

Noé varão justo e recto rejeitou o conselho dos ímpios não parou no caminho dos pecadores nem se assentou na roda dos escarnecedores antes obtendo prazer no Senhor 

Noé andava com Deus Noé achou graça aos olhos de Deus Noé sabia de Deus 

um dia lindo e quente o Divino cansado de sofrer a desobediência dos homens avisou Noé de que abriria as janelas dos céus e chuvas torrenciais cobririam a Terra ‐ salário do pecado daquela geração ‐ e o varão justo e recto creu completamente 

Noé andava com Deus Noé achou graça aos olhos de Deus Noé sabia de Deus 

nos dias seguintes lindos e quentes Noé e seus filhos obedeciam construindo a arca da salvação uma embarcação fechada segundo as medidas o modelo e os materiais que o Divino havia feito 

15  

gargalharam e troçaram de escárnio os vizinhos e conhecidos da família as vozes confundiam‐se com o ruído dos martelos e batiam duras na cabeça de Noé com força 

o céu estava seco o tempo era quente o mar era longe mas o homem justo e recto não parou 

Noé andava com Deus Noé achou graça aos olhos de Deus Noé sabia de Deus 

depois de acabada a arca da salvação betumada e calafetada equipada e abastecida o homem justo e recto reuniu um casal de cada espécie de animais leões, tigres e girafas elefantes, ratos e corvos pombas, aranhas, camelos pardais, macacos, galinhas burros e outros mais 

e depois entrou o homem justo e recto com a família e fechou a porta 

Noé andava com Deus Noé achou graça aos olhos de Deus Noé sabia de Deus 

16  

sete dias zombeteiros suportou o homem justo e recto e depois vieram as águas em catadupas loucas cobrindo a face da terra num lençol silencioso e líquido de morte e destruição de toda a carne 

porém os viajantes do Senhor escaparam na arca da salvação 

Noé andava com Deus Noé achou graça aos olhos de Deus Noé sabia de Deus 

e eu?… 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

17  

EL ‐ pequenino 

Gerado no útero morno da Promessa venha a nós um Menino recém‐descido da glória 

Na barca bela dos cânticos por entre a neblina do sonho vigiam anjos e o clarão celeste da vitória se faz pequenino 

Logos divino, incriado ‐ ah! Jesus ressuscitado! ‐ que plantas um madeiro em cada colina deixando cair vinte mágoas ao câmbio diário da rejeição junto aos pés imundos dos sacerdotes da noite no chão pétreo do templo sem ruído 

Pilatos acaricia o crepúsculo lavando as águas 

e ainda outra vez o clarão celeste da vitória se faz pequenino 

EL ‐ SHADDAI! 

 

 

 

 

18  

NATUREZA MORTA 

 

“Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Tornem‐se semelhantes a eles os que os fazem, e quantos neles confiam”. do Salmo 115  

 

Um pássaro a entornar manhãs já podres na boca ansiosa e muda dos adoradores 

uma lágrima a ansiar o fim corda ou veneno na garganta desesperada e muda dos adoradores 

uma estátua a amarrar os olhos dos cegos. 

 

 

 

 

 

 

 

19  

IGREJA VIVA COM UM REPARO 

“Tenho, porém, contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor”. Apocalipse 2:4 

Suponho em ti corpo ataviado essa renúncia absoluta perfeita 

a espera paciente do Amado 

desvendo assim a palavra Amor que te enforma as mãos que te aviva a boca que te anima os pés castigados da jornada 

e por ela o espanto da tua imagem fustiga o mundo e a janela 

estes adornos bastantes 

este rosto altissonante que conhece toda a terra 

este arado declarado rasgando a palmos o chão de Oriente a Ocidente 

este viver o presente a cavalgar o passado com a alma com os braços 

20  

e a fé amealhando o porvir 

importa uma luz acesa na noite despida e alta 

e azeite que baste 

noiva milenar noiva boreal guardando nas malas um enxoval de manhãs 

tricotando a custo o prestígio do céu 

quem procura confundir os claros limites da formosa silhueta com a penumbra do entardecer? 

Casca de noz navegante mastro feito de fé e beleza velas brancas de esperança remendadas 

a alegria é uma mesa arredondada onde se come o pão da incerteza 

no limiar cinzento das águas neste anseio p’las nuvens o mar corrupto e revolto o mar adulto blasfema 

oceano de medos e solidão em que um barquinho dormita à sombra de Deus 

21  

a alegria é uma cama onde se acolhem os sonhos mais maduros 

e contudo saltas os muros para ir ver o pôr‐do‐sol 

contra ti apenas um reparo do Senhor 

oh Éfeso eleita e amada que fizeste tu do primeiro amor? 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

22  

OLHOS TRISTES 

“Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”. Provérbios 7:3 

os meus olhos tristes são vasos quebrados contra o vento debaixo da sombra diurna do meu corpo indiferentemente aceso 

vêde‐os os cravos do meu rosto num pedido indefeso. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

23  

O CÉU DE AUSCHWITZ 

Os gritos, o medo a força da vida nos barracões de Auschwitz 

metralhadoras miram corpos nús 

homens e mulheres velhos crianças quatro milhões de inocentes no espanto da igualdade 

russos, judeus e polacos franceses e outros metralha e “Zyclon B” 

a besta nazi rumina 

vinte mil mortes por dia nas câmaras de Auschwitz 

toneladas de cabelo milhares de óculos roupas dentes postiços brinquedos e chupetas 

o stock ignominioso da besta 

satanás desmascarado no carnaval carioca da morte 

………………………………….. 

24  

o céu é cinzento e húmido hoje em Auschwitz. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 25 

 

Gilberto Celeti Gilberto Celeti nasceu em 18/3/1949 em São Paulo‐SP. É Bacharel em Teologia, e serve como missionário na APEC (Aliança  Pró  Evangelização  de  Crianças  ‐ http://www.apec.com.br/),  desde  1973.  Em  1999,  foi nomeado Superintendente Nacional da APEC, e coordena o  trabalho  da  APEC  em  todo  o  Brasil.  Casou‐se  em 29/12/1979, com Eneida Rangel Celeti. O casal  tem  três filhos, todos nascidos em São Paulo‐SP: Débora, Queila e Filipe.  A  Débora  casou‐se  com  Ricardo  em  2005  mas Gilberto e Eneida ainda não são avós. 

Mantém o blog Gilberto Celeti ‐ http://www.gilbertoceleti.com/ 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

26  

EM NOVIDADE DE VIDA 

 

Quando sou contrariado Ou então sou contestado; Quando eu não sou aceito Ou tratado com despeito; Quando eu sou preterido Ou até mesmo ofendido; Quando não há elogio Ou acabam com meu brio.  Eu preciso estar atento Pra não ter o sentimento Que revela o pecado Lá no íntimo guardado. A amargura lanço fora, E a ira que aflora; A indignação elimino E os gritos que abomino.  Abandono o insulto; A maldade eu sepulto. Quero usar palavra boa Que edifica e que abençoa. Por Jesus fui libertado, Pelo Espírito marcado, Sou de Deus a propriedade, Agirei só com bondade.  Dando a todos, atenção; 

27  

Liberando o perdão; Sempre usar de gentileza, Nunca, nunca de aspereza. Deus criou‐me à sua imagem Usarei, pois, de coragem, Pra ficar no seu padrão Com Jesus no coração!  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

28  

FAZER O OUTRO FELIZ 

 

Vou um dia prestar contas Do que fiz, do que não fiz; Negligenciar ajuda, Quando alguém diz: me acuda! Para um crente não condiz.  O serviço mais humilde Que é prestado a um infeliz, Há de ser recompensado, Quando for analisado, Pelo sábio e bom juiz.  E o critério está bem claro, Jesus mesmo é quem o diz: Eu, Jesus, sou atendido, Se ajudado ou preterido. Esta é a sua diretriz.  Vou fazer meu semelhante Entender que o bem lhe quis. Não serei jamais omisso Com amor farei o serviço Quero vê‐lo bem feliz.  

 

 

 

29  

CICATRIZES OU MEDALHAS? 

 

O que Deus quer ver num filho não é medalha, Pois toda a glória humana sempre atrapalha; Pra que buscar e exibir tanto diploma, Se a vida nunca muda e nunca se transforma?  De que vale ter um título importante, Se fizer de quem o possui um arrogante? De que vale ser no mundo tão famoso, E viver na impiedade e rancoroso?  Quando enfim chegar a hora da partida, O que vale é o bom combate nesta vida, É mostrar que há em nós certas feridas.  O amor de Cristo deu‐nos cicatrizes? Fomos sempre fiéis às suas diretrizes? Isto só é o que fará de nós felizes!  

 

 

 

 

 

 

30  

DE JOELHOS EM SECRETO 

 

De joelhos em secreto 

Sei que o Pai está bem perto, 

Com Seus olhos bem abertos. 

 

Ele dá o suprimento, 

Pra viver cada momento, 

Firme num só pensamento: 

 

Que é preciso vigilância, 

Pra enfrentar com tolerância, 

Toda e qualquer circunstância. 

 

Oração é contemplá‐lo, 

Sempre em tudo respeitá‐lo, 

E, de coração, amá‐lo. 

 

Somos fracos, pecadores, 

Enfrentando ofensores, 

Rodeados de temores. 

 

31  

Cada dia há perigo. 

Oração nos dá abrigo, 

Das ciladas do inimigo. 

 

Oração perseverante, 

Cada dia, cada instante, 

É deveras importante 

 

Para ter serenidade, 

Demonstrando só bondade, 

E viver pela verdade. 

 

Pai Celeste exaltado 

Com nome santificado 

O teu reino é esperado. 

 

 

Seja feita a Tua vontade 

Nesta terra de orfandade 

E no céu e na eternidade. 

 

32  

E o pão de cada dia 

Nos dá hoje, obsequia, 

E perdoa a quantia 

 

Elevada que devemos 

Por ofensas que fizemos, 

Assim também como temos 

 

Perdoado devedores 

Que foram, sim, ofensores, 

E que nos causaram dores. 

 

E não nos deixes, pois, cair 

Na tentação, que a rugir 

Nos leva sempre a transgredir. 

 

Livrar‐nos vem de todo mal. 

O teu poder é sem igual. 

A Tua glória é eternal! 

 

 

 

33  

FÉ CORRETA 

 

É preciso entender bem a diferença  

Entre a fé que é de fato consistente, 

E que na Palavra bem se alicerça, 

Doutra fé que tem na fé a sua crença, 

E que de maneira vã e prepotente 

Dando ordens para Deus é que começa. 

 

Saiba que toda atitude orgulhosa, 

Que a fé na fé ensina e incita, 

Só ofende a Deus e ignorância expressa. 

As promessas do Senhor são preciosas, 

Ele atende à oração que as solicita 

Do Seu modo, no Seu tempo e bem depressa. 

 

A mulher que com o juiz foi insistente 

Na parábola por Cristo transmitida 

Deixa claro a lição da fé correta, 

De ser sim, na oração, bem persistente, 

Pois que Deus justo juiz, Autor da vida, 

Bênçãos amorosas sempre aos Seus decreta. 

34  

UMA ORAÇÃO 

 

Sei que posso vir a ti em oração E pedir‐te qualquer coisa de tua mão; E que tudo quanto ao Pai tiver pedido, Em teu nome, sei que serei atendido.  Glorioso é o teu nome, ó Jesus! E perfeito o teu trabalho sobre a cruz, Que permite a Deus o Pai completo acesso, E o prazer de estar aí, neste recesso.  Quero então fazer a ti o meu pedido, Que eu seja com o Senhor mais parecido, Que eu saiba discernir a Tua vontade,  E andar sempre segundo a Tua verdade, Seja o tom da minha oração: a adoração, E o louvor, e a intercessão, e a gratidão!  

 

 

 

 

 

 

  

35  

AÇÃO OU ORAÇÃO 

 

Há momentos que exigem a ação, E não é mais tão saudável a oração. Quando a ordem já foi dada: avançar! Não é hora para orar, e sim marchar.  Se o mar na frente há de ser rompido, E caminho novo há pra ser seguido; Se a muralha alta será derrubada, Pra que eu possa prosseguir na caminhada;  É preciso agir com fé e obediência, Só orar disfarça só a negligência. Quando Cristo ordena: agora estenda a mão,  Ele a cura em resposta a esta ação. E a pesca abundante só acontece Quando a rede é lançada, não com prece.  

 

 

 

 

 

 

36  

Giovanni C. A. de Araújo  

Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo nasceu em Belo Horizonte,  MG,  viveu  um  tempo  em  Vandoevre‐les‐Nancy, na  França,  em Manaus, AM,  e,  atualmente,  vive em*São*Paulo,*SP. Conheceu o  seu grande amor, Tatiana, em  Ibiúna,  SP, e com  ela  se  casou  em  Sorocaba,  SP,  em  2005.  Para  ela publicou  seu primeiro  livro de poesia, Poemas para ela. É  formado em Teologia pelo Seminário Teológico de São Paulo  da  Igreja  Presbiteriana  Independente  do  Brasil. É  pastor  da  Igreja  Presbiteriana  Independente  do  Brasil desde*2006. Escreve  sermões,  meditações,  crônicas,  músicas  e poemas, além de manter no ar, desde 2002, o blog Café com Alecrim (http://cafecomalecrim.blogspot.com), onde escreve tudo isso e de tudo um pouco.    

37  

Sim, virá!  

Sim, virá! 

Pregar as boas novas, 

curar, libertar. 

 

Sim, virá! 

Resplandecente luz, 

alimento e fé. 

 

Sim, ele virá! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

38  

Quem é este?  

Quem é este, no peito materno 

acomodado em meio ao feno, 

A mamar suave e terno? 

 

Quem é este, na manjedoura acomodado, 

dorme manso e suave, 

sempre pelos pais observado? 

 

Quem é este, nos braços de um rude pastor, 

Não rejeita os humildes nem estranhos, 

tão pequeno e sereno, tão cercado de amor? 

 

Quem é este? 

 

 

 

 

 

 

 

39  

Há de vir  

Há de vir. 

Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte. 

 

Há de vir. 

Pai da eternidade, Príncipe da Paz, Rei dos reis. 

 

Esperar é alimentar dia‐a‐dia 

a fé, a esperança e o amor. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

40  

Concreto na flor  Concreto, asfalto, carros, pessoas. Todos assustados andam, violência por violência.  No meio da turbulência, da efervescência da cidade, rasgando o concreto e o asfalto, a natureza insiste em brotar apenas uma flor. Tudo para me fazer lembrar: não há barreiras para o Criador.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

41  

Nesta mesa nos encontramos 

 

Nesta mesa nos encontramos 

com pessoas de todo lugar. 

Não há raça, sexo ou idéias 

que nos possam separar. 

 

Nesta mesa nos encontramos 

com Jesus Cristo, o Salvador. 

Vinde comei! Vinde bebei! 

Esta é a mesa do Senhor. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

42  

Elementos 

 

Trigo, farinha, fermento. 

Suor de um povo 

renovado pelo pão. 

Pão da vida. 

 

Uva, fermento, 

cansaço de um povo 

renovado pela esperança. 

Vinho da vida. 

43  

Perdoados  

Apesar de tantos erros e tropeços. 

Apesar de tanta amargura e ressentimento. 

Apesar de tudo de ruim que vivemos até agora. 

Apesar de tudo isto, podemos nos alegrar. 

 

Somos direcionados, sim, pela vontade de Deus. 

Somos renovados, sim, pelo Espírito Santo. 

Somos perdoados, sim, pelo sangue de Jesus Cristo. 

Alegria! Tudo se faz novo em nossa vida! 

44  

Israel Belo de Azevedo Bacharel em Jornalismo, mestre em Teologia, doutor em Filosofia,  autor  de  diversos  livros,  como  O  Prazer  da Produção Científica e Olhar de Incerteza. Pastor da Igreja Batista  de  Itacuruçá,  no  Rio  de  Janeiro  e  ex‐diretor  do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. 

Mantém o site Prazer da Palavra ‐ http://www.prazerdapalavra.com.br 

E o blog Prazer de Ler ‐  http://israelbelo.blogspot.com/ 

 

 

 

 

 

 

 

 

 45 

 

A riqueza que eu quero 

(2Coríntios 6.3‐10)  Não seja por mim que o escândalo venha, mesmo que a circunstância toda a força tenha para açoitar com vigor a minha perseverança que tornei o meu fruto do Espírito predileto.  Não importa o que digam a meu respeito, farei da honra diante de Deus a minha senha, pois dEle quero estar sempre bem perto. É assim que eu oro com toda a confiança:  mesmo que triste, em mim se veja alegria, mesmo que pobre, a muitos eu enriqueça, como se eu tudo tivesse de noite e de dia,  por causa do Espírito, que comigo porfia para que, no meu corpo, pureza e bondade estejam como um farol para a humanidade. 

 

 

  

 

46  

O ÚNICO  

 

"Tu és digno de receber a gloria, a honra e o poder, porque todas as coisas por tua vontade vieram a existir e foram criadas" (Apocalipse 4.11)     Os outros eram como todos somos e se tornaram o que não somos. O Único era diferente de nós e se tornou o que somos. Quando nasceu, na linha máxima da pobreza, foi celebrado por vozes aos ouvidos estranhas e saudado por gente que se despreza e recebido por uma mãe toda surpresa e perfumado por reis de história rasa.   Os outros deixaram frases de revolução que trouxeram esperança de guerra ou paz. O Único viveu palavras de plena verdade, poesia vivida e roteiro claro para a eternidade. Quando falou, a muitos pareceu em vão, porque seus ouvintes preferiam sinais que o tempo com o tempo desfaz.   Os outros buscaram corajosamente a santidade e acertaram e erraram no trajeto. O Único não trilhou um sequer desvio, não porque já soubesse o caminho, mas porque era o próprio Itinerário. Quando viveu, não teve um travesseiro 

47  

mas serviu de ombro ao companheiro que com um beijo renunciaria ao projeto.   Os outros chegaram ao fim como pó, que é o destino de todo humano. O Único ia tendo o mesmo destino, mas dias depois de ter na cruz pendido ainda partilhou um peixe com os amigos antes de regressar para Onde veio. Quando morreu, como parte do seu mistério a história se rasgou bem no meio como um relâmpago que o céu divide como se uma saída para o retorno abrisse.   Os outros deixaram de viver conosco, mas o Único me escolta todo dia no percurso do deserto ao oásis desejado, digno, pelo que fará e agora faz, de escutar de mim a melodia da honra e do louvor e da glória, que me traz à memória o que sou: amado. 

  

 

 

 

 

48  

Confissão de natal 

Amo o Deus que em Jesus se prostra, inclinando‐se para escutar quem não crê, para encontrar aquele que ainda não tem fé, por amar completamente ‐‐ eis a sua proposta. 

Amo o Deus que em Jesus se mostra como aquilo que amorosamente, plenamente é: até para quem não queira se deixar por Ele escolher, para o vazio do seu coração, Ele é a única e completa resposta 

Amo o Deus de braços pregados na cruz e cujas solenes palavras finais são longos gemidos de gracioso perdão para os que do seu sangue fizeram pus. 

Amo o Deus de corpo cortado ao ritmo dos cravos batidos e cujo silêncio no túmulo não teve companheiros conhecidos até que a história, no terceiro dia, conhecesse a plenitude da sua luz. 

 

 

 

 

 

 

49  

Coragem do casamento 

Das decisões, casar é delas a maior. Compartilhar todas noites a mesma cama  na promessa de trocas tecidas de amor é coragem para quem profundamente ama. 

Das decisões, ficar casado é a melhor, porque é querer para o outro toda a estima, ver defeitos, mas as virtudes no alto pôr. É baixar a voz quando tenso está o clima. 

O amor é de Deus, como o mais belo poema, dele e nosso, que juntos criamos com paixão se o cultivo das diferenças for um lema... 

que aqueça a todo instante o nosso coração. O casamento, ainda que a razão trema, é plano de Deus para a nossa salvação. 

 

 

 

 

 

  

50  

Isaías 53 ou a história da paixão 

Esta é a história de Jesus, mas quem nela acredita? Nele sorriu toda a graça de Deus, mas quem a solicita? Esta é a mensagem que Seu amor a anunciar nos suscita. 

Não estávamos lá naqueles dias de histórias vivas, mas ouvimos os testemunhos fiéis que nos chegaram como dádivas. 

Ele não se destacava como um cedro que, alto e forte, parece alcançar a celeste morada, porque não passava de um galho vedro correndo de uma raiz pelo sol queimada. 

Não tinha gesto de rei, com beleza e bondade, crescido em família comum ao lado da carpintaria de quem, de tão simples, ninguém se orgulhar podia, exceto a mãe para quem todo filho é pleno de majestade. 

Estivéssemos, veríamos seu corpo se retorcendo de aflição, a face, outrora doce, pelo sofrimento desfigurada. Estivéssemos, nós o deixaríamos na desolação, esconderíamos nossos rostos, negando‐lhe nossa amizade. Riscaríamos seu nome de nossas lista de convidados, para não freqüentar nossas casas, participar de nossos folguedos, para ficar longe de nossas alegrias e distante de nossos segredos, a fim de não sermos entre os seus seguidores contados. 

Saberíamos que naquela cruz real de muita dor, Deus o alcançava, fustigava, traspassava, castigava e esmagava por causa do meu pecado que Ele tomou como se fosse seu, por causa das minhas maldades que se tornaram suas, para que o meu castigo deixasse de ser meu. Agora plenamente eu enxergo como cristalinas águas, Tanta oferta só tem um nome: amor. 

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Ah como alegro de ter sido perdoado. Pena que tanto lhe tenha custado! 

Minha história está no Calvário. Como o cego que curou com um feixe de luz, como o paralítico que levantou sem olhar para seu triste status, como a prostituta que perdoou como se fizesse jus, como a mulher que curou estancando‐lhe o pus, como o possuído que libertou tirando‐lhe o medo do simbólico capuz 

eu me desviei, achando que minha escuridão brilhava, certo que o meu caminho para o alvo certo me levava. 

Até que eu vi, com os olhos que a graça operou, o Pai desferindo sobre Ele a seta da minha iniqüidade, oprimindo‐o, para que eu encontrasse a liberdade, afligindo‐o, para que eu recebesse seu amor. 

até que eu vi que Ele não quebrou o silêncio, quando o Pai permitiu a farsa do seu julgamento, quando o Pai o afligiu, para que eu vivesse, quando o Pai o tosquiou, para o meu livramento. 

Nele não havia violência nem mentira. Para a todos trazer toda paz e verdade, Ele derramou sua vida completamente, morrendo a morte que era nossa propriedade. Ele mesmo se entregou como presente para que conhecêssemos o brilho da graça que nos antecipa agora a glória da eternidade. 

52  

Então, a noite se fez como um tapete sobre a terra, guardada por uma pedra na boca do seu corpo morto de verdade e dado como morto. Mas: a noite, aos olhos da esperança, era luz, que da morte real a vida plena produz. A pedra a palavra silenciosa do Pai ouviu e o corpo do Filho da tumba selada saiu. 

Durante a vida de Jesus, a luz como noite soou; agora, na morte sua noite brilhou como a mais clara luz. 

Então, como o cego que curou com um feixe de luz, como o paralítico que levantou sem olhar para seu triste status, como a prostituta que perdoou como se fizesse jus, como a mulher que curou estancando‐lhe o pus, como o possuído que libertou tirando‐lhe o medo do simbólico capuz, 

fui curado pelas feridas que minha culpa no seu corpo gravou. 

Gritemos, com todas as forças, então: Seu sofrimento não foi em vão. Podemos ver a luz, que para sempre nos basta; estamos livres do castigo que não mais nos vergasta; podemos conhecer a justiça, que nos santifica podemos experimentar a graça, que nos purifica. 

 

 

 

53  

Lamentos 

"Como está deserta a cidade,  antes tão cheia de gente!"  (Lamentações 1.1) 

Quero de volta a minha cidade um dia sorridente, cheia de gente em toda praça e em toda esquina, borbulhando de crianças correndo para baixo e para cima coalhada de colegiais encostados nos muros em frente. Não quero esta cidade pelo tráfico controlada. Não quero esta cidade pela corrupção construída. Não quero esta cidade pelo desespero possuída. Não quero esta cidade pelo medo comprada. 

 2 

"É por isso que eu choro". (Lamentações 1.16) 

 Choro quando vejo que em nossa cidade nos foi roubada, com a violência, a liberdade. Choro quando vejo uma pessoa desconhecida perder, por causa de um celular ou carro, a sua vida. Choro porque, sendo tanta a maldade, ela nos vai acompanhar pela eternidade. Choro porque, além de chorar, chorar, chorar é como se pudéssemos apenas chorar, chorar, chorar. 

"Levante‐se, grite no meio da noite,  quando começam as vigílias noturnas;  

54  

derrame o seu coração como água na presença do Senhor.  Levante para ele as mãos em favor da vida de seus filhos." (Lamentações 2.19) 

 Não, Senhor, não são noturnas as vigílias, não há manhãs, nem tardes tranqüilas: Tenho que tecer o tempo em total tensão. É por isto que derramo em Ti o meu coração, por mim e também por nossos filhos e filhas, que querem trabalhar mas só encontram estágios que querem brincar sem ter ao lado maus presságios A Ti levanto a minha mão, confiante na tua promessa cuja realização, sei com fé, nada há que impeça. 

 4 

"O Senhor é bom para com aqueles  cuja esperança está nele". (Lamentações 3.25) 

 Meu amigo que, parece, está morrendo me diz, convicto, que o Senhor é bom. O poeta que, parece, está sofrendo me diz seguro que o Senhor é bom. Que direi, eu que não estou padecendo, se não que o Senhor é bom? Que lhe pedirei, já que é bom,' se não que me ensine a nele ter a esperança que preciso para viver? 

 

 

55  

"Não é da boca do Altíssimo que vêm tanto as desgraças como as bênçãos?" (Lamentações 3.38) 

 Se vêm de ti, Senhor, as desgraças, do modo como descem as graças, não devo lutar para que haja paz não devo lutar contra o crime voraz? Esta é uma pergunta que não posso calar, à espera da resposta que preciso escutar, para minha alma na posição certa colocar, para minha voz com conteúdo certo alçar. Então, me dizes que enquanto forças tenho devo pelo bem dedicar todo o meu empenho. Quando, no entanto, toda a minha parte fiz, só esperando, descansado em Ti, serei feliz. 

 6 

"Nossos olhos estão cansados  de buscar ajuda em vão". (Lamentações 4.17) 

 Quem busca na política busca em vão, mas a política é a via para a vida em comunidade. Quem busca nos homens busca em vão mas Deus usa homens como canais de felicidade. Com coragem, que treme, apresento‐me então para servir a Deus com toda a disponibilidade. 

  

56  

"Por que haverias de desamparar‐nos por tanto tempo?" (Lamentações 5.20) 

 Se não abandonaste para sempre, Senhor teu Filho no Calvário da cruz, embora contra Ele estivesses irado por causa do nosso pecado, como vais nos desamparar, agora que Jesus para sempre amigos nos tornou? 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

57  

O jejum de Deus 

(Lucas 5.33‐39) 

Não está no rosto o jejum. Está no coração onde só o Pai penetra. Não está na palavra o jejum. Está no silêncio de quem com o Pai se acerta. Não está no cântico o jejum. Está no gemido solitário da alma aberta. Não está na auto‐exaltação o jejum. Está na autonegação de fato completa 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

58  

J. T. Parreira João  Tomaz  (do  Nascimento)  Parreira,  Lisboa,  1947. Colaborador  da  imprensa  religiosa  evangélica.  Poeta. Escreve  na  revista  «Novas  de  Alegria»  e  no  Portal  da Aliança  Evangélica Portuguesa.  E no «Diário de Aveiro». Na  juventude  escreveu  poesia  e  artigos  juvenis  no "República",  entre  1970‐1972,  sob  a  direção  de  Raul Rego. Tendo começado em 1965 no Juvenil do "Diário de Lisboa", de Mário Castrim. Está representado no Projecto Vercial, a maior base de dados da  literatura portuguesa. Entrada na Wikipédia. Tem publicados 5  livros de poesia (o  último  "Os  Sapatos  de  Auschwitz"  em  2008,  editado por  El  Taller  del  Poeta,  Pontevedra)  e  um  ensaio teológico.  Participa  em  várias  antologias  de  poesia moderna  e  cristã  contemporânea,  em  Portugal  e  no Brasil.Integra  o  Grupo  Poético  de  Aveiro.  Um  dos signatários  do  Manifesto  pela  Nova  Poesia  Evangélica, juntamente com Joanyr de Oliveira e Brissos Lino. 

Mantém os blogs Papéis na Gaveta – http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/   

e Poeta Salutor ‐ http://www.poetasalutor.blogspot.com/   

 

 59 

 

PASSAGEM 

 

Dorme o mar nos olhos de Jesus, 

uma nuvem 

passa o seu volume sobre o lago 

e deixa uma sombra no lugar da luz  

 

O vento nos Seus dedos 

ainda dorme, a noite 

nos sonhos infantis 

 

o silêncio, 

mas um trovão se ergue 

e de repente um raio risca 

um fósforo pelos ares 

 

o mar parte‐se como um espelho 

do terrível céu 

 

Porém conhece a criadora voz 

o arcano das águas 

60  

e tudo volta ao que estava  

a repousar. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 61 

 

ARTE MUSICAL 

 

Debaixo dos seus dedos a água corre 

 

Pássaros acendem raios  

multicolores, sob os dedos de David 

 

Pendem flores da mesa 

na presença dos inimigos 

e nos lábios os cálices 

transbordam 

 

Pastor de cordas no vento 

quando os seus dedos tocam 

até que à harpa regressem 

os silêncios. 

 

 

 

62  

Explicação do Salmo I   

Os ribeiros do salmo de David têm tanta luz que a nudez das raízes que se vêem são tanto cristais como água pura  As raízes dos justos de David seguram o interior da terra  

 

 

 

 

 

 

 

 

63  

O beijo de Caravaggio   E um beijo rompeu as cordas  do silêncio caiu na noite, caiu no rosto como uma mentira, como uma estrela cai no rotundo deserto  Um beijo soa do fundo, com pressa um beijo astuto dissimulando a lâmina que vem do coração   nessa noite o ar amacia a face de Cristo, confiante daquele beijo triste. 

 

 

 

 

 

 

64  

Anunciação   

O que estava dentro dela a Alegria, o Nome escrito da direita para a esquerda, Maria não O via ainda com seus olhos.  Um anjo imune  ao calor de dia, ao frio  do fundo das almas desertas,  desceria do tecto do céu para anunciar a passagem de Deus no mundo. 

 

 

 

 

 

 

65  

O não ter Senhor começado uma rua   

O não ter havido Senhor para ti lugar na cidade, nas mãos que deveriam ungir‐te, até lugar na voz que prometera do fundo dos dias cantar‐te  O não ter havido Senhor uma porta uma casa cheia para receber‐te um espaço entre os peitos de todas as mães, um olhar onde morasses com ternura  O não ter Senhor começado uma rua à espera do teu Nome nem ainda hoje quando passas Senhor no rosto de um homem ou uma mulher feliz por te acolher.   

 

 

 

 

 

 

66  

A Segunda Vinda  

Ele levará os nossos medos como um ladrão a meio da noite como um rio que porfia pelas suas águas entre a rude matéria da vida A chave é o perfume que destila dos seus dedos e a escuridão gota a gota cairá dos nossos olhos algures na areia do deserto a forma de um meteoro  apontará para um céu remoto e as pedras acordarão do sono no interior das grutas as coisas caem ao lado, o centro já não as atrai Este mundo já não será para nós. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

67  

A Segunda Vinda (II)  

À espera do Amado como uma casa que espera um ladrão gentil  que saltará  na casa como um perfume  Ele verá esta pálida casa  Ele tomará este bocado de nada   Ele moverá meus pensamentos dobrará as sombras das coisas ignóbeis. 

 

 

 

 

 

 68 

 

A Lição de Música   

Mas quando David enviava os sons da harpa para os céus, a harpa seduzida pelos seus dedos, um sorriso assomava aos olhos de Saul. Os olhos baixavam ao coração sanguíneo via dentro de si o tranqüilo rio que a música fazia, como água que traz o cheiro dos jardins. Ao mesmo tempo que as pombas voavam das cordas assim velava a harpa de David. 

69  

O Bom Samaritano   

Tive fome de pão e puseste a minha mesa numa toalha em linho derramada a sede, tive‐a como um dia quente a ondular entre os lábios e a água e ungiste meu corpo com um óleo quando a noite oxidou as minhas chagas estive ao frio e teus vestidos coloriram a palidez da minha carne nua e na tua cama inclinei os meus ouvidos os teus móveis abriram gavetas para os meus cristais de chuva. 

70  

Josué Ebenézer Josué  Ebenézer  de  Sousa  Soares.  Poeta,  escritor, jornalista,  pastor  batista,  membro  da  Academia Evangélica  de  Letras  do  Brasil,  AELB,  e  pastor  da  Igreja Batista do Prado (Nova Friburgo, RJ). É casado com Katia Cardoso  Soares  e  pai  de  Lucas  (1992), Murilo  (1996)  e Noemi  (2000).  Líder  batista,  tem  atuação  destacada  na Convenção Batista Fluminense e é autor de várias revistas de  estudo  bíblico.  Articulista,  possui  vários  textos  seus publicados  em  sítios  da  Internet.  E‐mail: [email protected]

Mantém o blog Tabuinha e Escrever - http://www.tabuinhadeescrever.blogspot.com/

71  

As Janelas dos Céus Que Abrem 

   

As janelas dos céus que abrem 

manhãs. Penso eu: o que são? 

São o chorar de Deus pelo esconderijo dos  

homens. O cadeado se arrebenta: 

Abas largas e treliçadas se abrem sobre a  

Terra: Engolem trevas, 

dissipam nuvens carregadas, 

reduzem o vento tempestuoso 

à uma brisa mansa. 

Uma criança com uma colorida 

bola na mão, grita: É a paz! 

E tudo se acalma. 

Ao redor os raios que 

atravessam as frestas do horizonte 

se fazem bonança. 

 

O sol escancara de vez 

as janelas dos céus que abrem 

manhãs de verão. E o céu? 

É azul, penso eu. Tão azul 

72  

como um manto suave a cobrir o 

firmamento. Mas, no momento, 

o que se ouve é a voz 

do menino moreno de pés descalços: 

‐ O céu é espelho do mar! 

Reparei. 

Havia uma lágrima no seu olhar. 

A voz do menino moreno falou de um 

sonho: “Toda criança que desaparece 

no mar é encontrada no céu.” 

Sua irmãzinha se fora, 

tragada pelas ondas, 

e ele acreditava que o céu 

era o Paraíso dos Afogados. 

 

Formiguinhas humanas perambulavam 

entrecaminhos, 

bem abaixo das janelas dos céus que abrem 

manhãs de trabalho. 

É o azáfama da vida, penso eu. 

E os homens e mulheres 

73  

mandam seus pequeninos pra escola, 

distraem‐nos com babás que jogam bola, 

enquanto paramentados de profissionais e 

perfumados de aparência, 

carregam na pasta o ofício 

e na consciência o desperdício 

de vidas que não voltam mais. 

 

As janelas dos céus que abrem 

tardes. Penso eu: o que são? 

São o pensar de Deus acerca dos caminhos da 

humanidade. Alguém diz: 

metamorfose ‐ 

e as lágrimas de Deus se transformam no suor dos 

homens. Deus pensa no futuro de sua 

Criação, mas o homem apenas guarda, 

no bolso, o lenço já sujo da poluição. 

Um adolescente com um caderno 

escolar na mão, rasga folhas ao vento: 

É a poesia! 

E as páginas brancas daquela vida 

74  

clamam com paixão por uma 

escrita qualquer. 

 

As nuvens grávidas atravessam 

as janelas dos céus que abrem 

tardes de outono. E o céu? 

É o salão de baile das simpáticas gestantes, 

cujos filhos regarão a terra e  

aparecerão nas árvores em formas e cores 

multifacetadas. 

Mas, naquele instante, o que se ouve 

é apenas o farfalhar das folhas secas no chão, 

açuladas pelos animaizinhos 

que se divertem sem culpa. 

Na copa das árvores, balouçam aves, 

sibilam sons. 

E o vento se encarrega de espalhar a música. 

É o prazer! ‐ Alguém disse alegre. 

Não se viu, porém, o homem.  

Estava na mesa do escritório 

olhando o ar‐condicionado desligado. 

75  

 

Blocos de concreto armado se empilham 

nos espaços, 

bem abaixo das janelas dos céus que abrem 

tardes de embromação. 

São as cidades ‐ o arquiteto se apressa em dizer. 

Mas as tardes que trazem a janela de Deus, 

transportam também seu refletir. 

‐ Não foi pra isso! A voz tonitruante sacode 

as gentes. 

Deus não está satisfeito com os rumos da humanidade. 

Alguém falou: Liberdade! 

Mas o homem, aprisionado pelo mercado, 

já não consegue entender. 

 

As janelas dos céus que abrem 

noites. Penso eu: o que são? 

São o cantar de Deus em seu grande amor 

pela vida. O piano espalha teclas pelo 

ar: pretas e brancas. 

E os sustenidos e bemóis vão tocando a 

76  

noite. Luzes se acendem. 

Fluorescentes cores crepitam no ar 

fazendo palpitar nos corações a emoção. 

Um jovem com uma raquete de 

tênis na mão, joga bolinhas 

amarelas ao vento. É o sonho. 

E a pequena rede vibra aquelas 

sensações, enquanto as 

luzes da quadra se apagam 

findando mais um treino de  

esperança no futuro. 

 

As estrelas risonhas saltam divertidas 

por entre as janelas dos céus que abrem 

noites de inverno. E o céu? 

É um infinito misterioso onde 

mergulham os olhares vindos, 

qual setas, de corações apaixonados. 

No momento, porém, o som é perturbador. 

Faz‐se ouvir o ronco das guitarras 

produzidos nos bailes funks. 

77  

De há muito o romantismo desapareceu, 

e amor virou sinônimo de sexo e  

agressividade. 

O volume de som atinge o ápice 

enquanto no muro do clube 

enfileirados rapazes urinam. 

Um adolescente careca passa correndo 

entre os carros. Pensa que é astro, 

mas o crack que consumiu 

faz dele um molambo sem rumo definido. 

 

Pontos luminosos aproximam‐se ligeiros 

acompanhados de sons cada vez mais fortes, 

bem abaixo das janelas dos céus que abrem 

noites de diversão. 

São as sirenes da Polícia em sua 

blitz sobre a garotada do subúrbio. 

Ninguém sai; ninguém se mexe. 

Alguns eleitos são “premiados” com uma 

carona até o Departamento. 

Quem não é do ramo se petrifica 

78  

com os sons da noite, 

que pecam por falta de musicalidade. 

Engoli em seco: 

‐ O homem tapou os ouvidos ao canto de Deus... 

 

As janelas dos céus que abrem 

madrugadas. Penso eu: O que são? 

São o salvar de Deus do que restou da  

humanidade. O Planeta se encolhe. 

Toda energia se volta para sua gênese: 

É Deus dando um tempo de restauração. 

Ouço um lamento prolongado de bebê 

de colo. Calo‐me para ouvir o 

movimento da madrugada. 

Um adulto sai à rua, envolto num cobertor. 

São passos lentos, 

que parecem não ter rumo, 

até que chegam à casa azul. 

Coloca um embrulho de jornal no portão: 

pode ser uma bomba, pode ser doação. 

 

79  

A lua prateada serve porções de 

esperança, através das janelas dos céus que abrem 

madrugadas de primavera. E o céu? 

Acompanha o cardápio da lua, possibilitando 

ao que busca um novo amanhecer 

saciar‐se de luz. 

As árvores e plantas, do orvalho molhadas, 

preparam‐se para o novo dia. 

Reparei nas cores. 

Havia estilo nas flores, 

mas uma me chamou atenção: 

Amor‐perfeito. 

Como seria bom que os homens fossem assim. 

Que as madrugadas de Deus se tornassem 

laboratório de ações positivas, 

substituindo a maquinação do mal 

pela tal da oração. 

 

Nos leitos, encolhidos, todos estão a dormir, 

bem abaixo das janelas dos céus que abrem 

madrugadas de restauração. 

80  

Quando o ser descansa no relógio 

biológico do seu Criador, 

dá chances à natureza de torná‐lo melhor. 

Um sorriso aparece no rosto daquele que dorme. 

É o carinho de Deus em quem tem o coração em paz. 

Mas as madrugadas também trazem sonhos, 

comunicam mensagens. 

‐ É a cruz! Alguém diz. 

E no silêncio do Calvário, bem como 

na madrugada das mulheres que foram ao Sepulcro, 

o anjo de Deus a dizer: 

As janelas dos céus sempre abrem‐se 

para a salvação de todo o que crê. 

81  

Sentimento Cristão 

   

Cristão deste século 

de tempo tão triste 

de gente tão pobre 

de espírito e amor. 

É feio espetáculo 

de gente que insiste 

tornar o que é nobre 

sem qualquer valor. 

 

E agora, cristão? 

Sua grande tarefa, 

sua forte promessa, 

seu bom coração. 

É fazer a seu tempo 

um reino de glória 

mudando a história 

em cada momento. 

 

Cristão destes dias 

82  

o tempo é pesado 

o apego ao pecado 

não traz melodias. 

As notas sucumbem 

partituras já fecham 

tons que enfecham 

canções que se inibem. 

 

E agora, cristão? 

Seu amor é forte 

mas qual é a sorte 

pra ter salvação? 

O povo perdido 

que vive e sonha 

que ama e estranha 

está esquecido. 

 

Cristão atual 

do tempo de agora 

que ri e que chora 

pro bem e pro mal. 

83  

Seu gesto profundo 

na vida que encerra 

é ser sal da terra 

e ser luz do mundo. 

 

E agora, cristão? 

O grande desafio 

de vidas por um fio 

está em sua mão. 

Seu Deus é tremendo 

na Palavra há poder 

você se envolvendo 

não há o que temer. 

 

E agora, cristão? 

 

Nova Friburgo, 03/06/2000 (6h10m) 

84  

Amor 

(1Coríntios 13) 

 

Ainda que dos homens a língua eu falasse, 

que dos anjos o idioma angélico escutasse,  

e até pudesse com as miríades conversar. 

De que me adiantariam os torneios literários 

se as belas palavras desses versos temerários 

não ousassem forte na conjugação do amar? 

 

Se os homens todos me levassem a sério, 

das profecias findas conhecesse o mistério, 

de que me valeria tal grande sapiência? 

Se nos lábios o canto do amor não vibrar, 

estas cordas bambas que aprenderam a amar 

matariam a emoção em nome da ciência. 

 

Em mim toda ação seria mero ativismo 

barulho sem música dos sinos que dobram 

se o amor não tangesse minha vida e oração. 

Pois no tempo de Deus, do amor o batismo 

não é como dos homens em que sinos repicam: 

85  

no tempo de Deus palpita o som do coração. 

 

Ainda que tivesse toda a fé em mim reunida 

de maneira tal que transportasse os montes 

de maneira intensa, jorrando como as fontes. 

Ainda assim ‐ na plena razão da minha vida ‐, 

não sendo fé no fogo do amor forjada, mas fria 

como o zero na soma do amor, nada ela seria. 

 

Se estivesse disposto ao meu maior sacrifício 

da morte cruel em vorazes chamas de fogueira 

ou mesmo abrisse mão do que é grande vício: 

na terra ajuntar tesouros sem eira nem beira. 

Mesmo a morte sacrifical e fortuna dada à pobres 

na ausência de amor, não seriam atos nobres. 

 

Que devo, então, fazer se quiser dar amor, 

se quiser expressar algo bom através de mim? 

Devo primeiro descobrir que ele é sofredor. 

O amor é benigno, não é invejoso ou algo assim. 

Ele não é egoísta, indecente e não se irrita. 

O amor é justo, verdadeiro e de nada suspeita. 

86  

 

Mas que amor é esse, assim intenso e exigente? 

Será que há no mundo alguém que possa vivê‐lo? 

Esse amor é de anjos e não tem cara de gente? 

De um amor que tudo sofre, como pode este desvelo 

‐ e ainda tudo crê, e tudo espera, e tudo suporta ‐, 

encontrar‐se em seres que se acham em vida torta? 

 

O amor nunca falha e onde ele se faz bem presente: 

havendo alguma profecia de pronto será aniquilada; 

e havendo qualquer glossolalia, logo logo cessará; 

também havendo ciência, em breve se fará ausente. 

Porque conhecendo em parte, com a ciência abalada, 

e em parte profetizando, a tudo o amor mudará. 

 

 

 

Mas espero o grande dia da chegada do Perfeito 

quando todas incompletudes serão exterminadas 

e o tempo de menino será coisa só do passado. 

Verei Deus face a face e se quebrará o espelho 

pra ser reconhecido dentre as emoções continuadas: 

87  

fé, esperança e amor. Este, meu maior legado! 

 

Nova Friburgo, 12 de outubro de 2001 (17h45m). 

88  

SALMO 23 

 

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. 

Deitar‐me faz em verdejantes e lindos pastos 

e guia‐me manso a águas tranqüilas e faustos 

onde o refrigério d’alma, em Deus, me alegrará. 

 

Guia‐me nas veredas da justiça por amor 

do nome que é sobre todo nome na terra. 

Inda que ande em vale de sombra ou guerra 

não temerei mal algum. Estás comigo Senhor! 

 

Tua vara e cajado me consolam à mesa, 

que diante dos inimigos preparada está. 

O óleo na cabeça e o cálice a transbordar 

 

mostram, certos, que misericórdia e gentileza 

me seguirão em todos os dias da minha vida, 

até habitar na Casa do Senhor ao fim da lida. 

 

 

Nova Friburgo, 13/01/2005 (7h01m). 

89  

TRÍPTICO DA VIDA 

 

      1 

 

Se existe dom supremo, só pode vir de Deus. 

E que nome ele recebe, senão algo sublime? 

Amor! É o próprio Deus vendo os filhos seus 

que foram alvo na Terra da ação que redime. 

 

Esse dom sublime, em suprema excelência, 

amor que brota de Deus e logo dele emana. 

Pois só nele tal sentimento é parte da essência 

que na terra aos homens une e todos irmana. 

 

Ah, amor! Vens de Deus e para onde vais agora? 

Se não ficas em mim, sinto o moer de uma dor. 

Se não ficares comigo, Deus presente da aurora 

 

ao por do sol de uma vida que se abre em flor! 

Amor, amor! Sentirei longo pesar e, abatido, 

prosseguirei meu caminhar, triste e sofrido... 

 

90  

      2 

 

Por que? Por que estás abatida ó minha alma 

e é triste o teu caminhar na face desta Terra? 

Se o coração pede alívio e também a calma 

em Deus encontras bálsamo que dor encerra. 

 

Exercita‐te naquela ‐ que de todas as expressões 

que o homem pode fazer ‐, o leva a se pôr em pé! 

E que acende uma chama, brasa nos corações. 

E que atende pelo nome; singelo nome de fé! 

 

A fé é um remédio que levanta qualquer enfermo. 

É força a animar o corpo e o coração cansado. 

Que traz para o caminho o que se acha no ermo 

 

e faz do oprimido um ser novo, revigorado. 

A fé é alimento para sempre e todo instante 

e na vida do crente se faz presença constante. 

 

 

91  

      3 

 

Além do amor e da fé, de que precisa o homem? 

Que sentimento necessita para atravessar a vida? 

Se os dias são frios, duros, áridos e já consomem 

o que ele tem de melhor que é o motor de partida? 

 

 

Então não fiques parado, esperando acontecer. 

Quem sabe faz o tempo, faz a hora, e o momento. 

A vida é pra ser vivida, tu nascestes para crescer. 

A esperança é o motor que te põe em movimento. 

 

Porque tens sonhos, caminhas; a estrada está aberta! 

E a esperança que aninhas não está pra ti deserta. 

É um oásis de vida, com sombra, água e amor. 

 

Por isso desperta e prossiga com garra no coração. 

Saboreie da árvore o fruto que tu vistes como flor. 

E ao que achares no caminho, chame logo de irmão. 

 

Nova Friburgo, 12 de Março de 2005. (7h34m). 

92  

ORAÇÃO DA FAMÍLIA 

 

Senhor! 

Que a chaleira sempre apite 

Uma água fervendo; 

Enquanto houver um amigo 

Para tomar um café preto com a gente. 

 

Que a brisa do vento 

Sempre encontre uma janela aberta 

Para atravessar toda a casa e espalhar 

O perfume da esposa após o banho da noite. 

 

Que haja sempre brinquedos 

Espalhados pelos corredores 

A indicar que filhos, netos e bisnetos 

(ou ainda alguma criança amiga) 

Povoam nosso lar de irreverência infantil. 

 

Que o forno tenha a chance de ser 

Aquecido de tempos em tempos 

93  

Para produzir uma gostosa broa de milho, 

Fruto da criatividade culinária 

De quem tem junto um sorriso para oferecer fora do pires. 

 

Que haja sempre um sofá, 

Mesmo que velho e recoberto de um pano rejuvenescedor, 

Para abrigar nossos corpos e nossas vozes 

Em um diálogo franco e criativo, 

Tendo a televisão desligada. 

 

Que a falta de água do verão 

Não impeça de se produzir beijos molhados 

E se dar abraços apertados 

Multiplicando afeto por todas as estações. 

 

E que, acima de tudo, haja sempre canções 

A serem entoadas por corações agradecidos 

Pela vida e pelo amor 

Que começou em ti e que tocou os que 

Simplesmente acreditaram no Eterno. 

 

94  

Amém! 

 

Rio de Janeiro, 11 de Janeiro de 2007 (15h43min). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

95  

 

ONDE A GLÓRIA DO POETA?  

A formiga altiva, a folha levanta, 

Mas não se verga ao peso de seu labor. 

No pedreiro, o tijolo, é esboço de planta 

Que ergue o imaginário do construtor.  Quem sou eu com meus poemas e palavras, 

Canções que ergo sem sequer usar as mãos? 

Onde a glória dos poemas que são lavras, 

Pepitas de ouro, não sentimentos vãos? 

 Hei de cantar meus versos, proferir canções.  

Dedilhar arpejos dest’alma efervescente, 

Erguendo mansões ou choupanas nos corações.  Só não desistirei de ser poeta nunca, 

Pois a glória do poeta é dessa gente 

Que a poesia põe sorriso em alma adunca. 

 

                              São Gonçalo, 06 de Janeiro de 2008. (8h10min). 

 

 

 

96  

Luiz Flor dos Santos Luiz  Flor  dos  Santos  é  pastor  da  Igreja  Batista Fundamentalista  em  São  Gonçalo  do  Amarante,  Ceará. Cultor  da  poesia  quando  jovem,  re‐descobriu  a  pouco tempo  a  lira  ‘guardada no  fundo da gaveta’, e  voltou  a dedicar‐se à poesia. 

Mantém os blogs Poesia de Graça ‐ http://poesiadegraca.blogspot.com/, 

Blog do Pastor Flor ‐ http://pulpito.blog.terra.com.br/ 

e Recanto da Alma ‐ http://luizflor.wordpress.com/ 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

97  

José 

 

Elevo os olhos para os montes: De onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Ele não 

permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará Aquele que te guarda. (Salmo 121.1‐3). 

  

* Uma releitura de José, de Carlos Drummond de Andrade 

 

  

Para cima, José! 

Para cima! 

Por que teu olhar insiste em ficar cá em baixo, José? 

José, para cima a saída é mais fácil. Pode pôr fé. 

  

Para diante, José! 

Para diante! 

Por que você insiste em olhar para trás? 

Para trás ficam os perdidos e nada mais, José. 

  

José, amigo, aceite um conselho: 

Não olhe no espelho. 

98  

Nele as imagens ficam distorcidas,  

Muito distantes ou muito perto. 

José, não hesite em subir o monte 

De lá se vê tudo melhor. 

  

Ai, amigo 

Por que tanta depressão em teu semblante? 

Para cima! Para diante! 

Eleva teu coração, José. 

  

José, não ouviste dizer, não: 

Os que choram serão consolados? 

Os que têm fome serão fartos? 

Então, José, por que não olhas para cima? 

Por que não deixas de ser tão turrão? 

  

José, já ouvi alguém dizer com precisão: 

Está alegre, cante, 

Está triste faça uma prece. 

Alegra esse teu coração, José 

  

99  

Não cesses, José! 

Não cesse! 

Há uma mão para te amparar. 

Um ombro para chorares. 

Um coração para te escutar. 

Uma Providência para de ti cuidar. 

  

Não desista, José. Nunca! 

Não cesses, José. Jamais! 

Para cima, José, sempre! 

A providência nunca  

Nem a ti nem a mim abandonará jamais! 

  

Para cima, José! 

Tira a tristeza do olhar. 

Tira a desilusão do coração. 

Liberta tua alma e anda firme, então! 

  

 

 

 

100  

A LUTA DE UM HOMEM COM UMA ALMA 

(TÉDIO) 

  

Há dias em que a alma enfastia.  

Tudo principia com um gosto sem gosto. 

Dia sem Fim alma fica meio assim assim. 

  

Alma marota! 

Em dias assim quer mesmo é um dengo pra si. 

  

Alma, o que come? 

Queria fazer‐te um prato gostoso. 

Mas ela não diz. 

Fica assim que nem que nem 

Menino trombudo tinhoso amargoso. 

  

Alma, sossega! 

Parece menino... 

Fuxicando, mexendo, caindo em pranto. 

Melenta no canto, andando, catucando 

Procurado por quê? 

101  

  

Alma, alma menina peralta! 

Paciência saiu mas não tarda chegar. 

Se te pega tão alta te toma no rei. 

Alma, alma depois não diga que não avisei. 

  

... 

  

O que que me deu? 

Meu Deus... Meu Deus! 

 

 

 

 

 

 

 

102  

Crítica 

  

Lança pontiaguda 

Fera trombuda 

Espada cortante  

Flecha de ponta flamejante 

Presas inoculadoras de peçonha 

É melhor ter‐te como amiga 

E não fazer cerimônia. 

  

Desespero da fome 

Golpe desferido à traição. 

Dizem ter um lado teu que constrói 

Estranho, só conheço o que destrói. 

  

Quem te criou, crítica? 

O raciocínio ou o amor? 

Se o amor, deverias chamar‐te CONSELHO. 

Doutro jeito tens o nome certo. 

  

Tu possuis os homens  

103  

E os faze pensar que têm sempre razão. 

Dragão alado 

Por que não voas para terras gélidas 

E lá não espirras teu hálito quente? 

Farias um favor para todas as gentes da terra. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 104 

 

A MORTE ROUBA OS PLANOS 

 

Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; Digo‐vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida?  É  um  vapor  que  aparece  por  um  pouco,  e  depois  se desvanece. (Tiago 4.13‐14) 

   

  

Pensam muitos que são seguramente donos de sua sorte 

Falam com toda arrogância de planos pra lhes trazer fama. 

Ignoram que se Deus não quer não adianta tanta gana. 

Um pequeno detalhe faz tudo desandar: o fato da morte. 

  

II 

  

Pra esses que pensam tudo saber fica um sério aviso 

O que é a vida? É um vapor que aparece e logo desvanece. 

É bom prestar atenção quem quer ser homem bem sucedido. 

Senhor permita fazer isso ou aquilo. Deve ser a nossa prece. 

 

 

105  

O CINZA DESTES DIAS CINZAS 

  

Os dias nestes dias  

Estão de um brilho cinza.  

Estão de um brilho fosco. 

Exigem mais esforço da pupila. 

O brilho não brilha. 

  

Nestes dias cinza 

A poesia não rima. 

A poesia não canta. 

Quase estanca. 

A retina retém só os fatos. 

E não se refina a rima. 

  

Nestes dias cinza 

A alma maior 

Abriga amiga a dó dos amigos 

Prosando em versos sem rima 

Verdades tão suas 

Recitadas de cór. 

106  

  

Enfim no fim de um dia tão cinza  

Ouvi compungido gritar a ciência. 

Falou‐me alguém do nobre Conselho  

Citando a fala da Divina Providência: 

  

Melhor a boa fama do que o melhor ungüento,  

E o dia da morte ao do nascimento. 

Melhor ir à casa do luto a do banquete,  

Naquela está o fim de todos os homens,  

E os vivos aprimoram de si o conhecimento. 

  

Melhor é a mágoa do que o riso,  

Com a tristeza do rosto  

Faz‐se melhor o espírito. 

Melhor o fim das coisas do que seu princípio. 

  

 

 

 107 

 

Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos (Provérbios 27.6). 

  

  

O BEIJO 

  

O lábio 

A intenção 

O contato 

O beijo. 

  

Beijo na mão: honra, cortesia. 

Beijo no filho: enche a mãe de alegria. 

Beijo de pai no filho: ao filho honra. 

Beijo de filho no pai: ao pai lisonja. 

  

Beijo na mão soprado: desejo de estar perto. 

Esperança de logo voltar. 

Ósculo cristão: antiga e boa tradição 

(não seria bom restaurar?). 

Beijo falado: distância, agrado. 

108  

  

Beijo ardente, colado, molhado: patrimônio 

Dos apaixonados. 

Para os de compromisso firmado 

(não é dos ficantes). 

Desses é o beijo descompromissado. Malvado. 

  

Beijo de Judas: traição. 

Traição à esposa. 

Traição ao marido. 

Traição ao próximo. 

Traição dos fundamentos morais. 

Da lei de Cristo, o amor. 

De Cristo, o bom Senhor. 

  

Esse não espalhe não. Não distribua não. 

 

 

  

109  

HISTÓRIA DE UMA AMIZADE À irmã Audilene Rodrigues Garcia  No principio só escuridão. Eu não conseguia vê‐la como você era. Você a mim também não.  Não era caos. Havia ordem. Estudar uma ao outro era o imperativo. Cada um. Cada qual.  Mas Deus disse: Trevas, dêem lugar á luz! Assim houve muitas boas tardes e manhãs. Seguiram‐se muitos bons dias a nossos dias.  Deus nos pôs em seu jardim. Havia nele a árvore que dava vida. E a árvore que nos mataria.  Muitas vezes comemos o fruto amargo Da árvore da morte. Que destrói o melhor entre amigos. Ma Deus nos deu de comer o fruto da vida. Vivemos bons dias de novo.  E Deus viu tudo que tinha feito. E tudo era muito bom. Um anjo soou: Como é bom que vivam os irmãos em união!  Dissipou‐se entre nós a escuridão. 

 110 

 

NOÉLIO DUARTE Noélio Duarte é Fonoaudiólogo (Com pós‐graduações em Voz  e  Comunicação  Empresarial),  Fisioterapeuta  (Pós‐graduações  em  Eletroterapia  e  Dor  Crônica), Neurolinguista (Especialização em Motivação e gestão de pessoas), Teólogo, Escritor (autor de 21 títulos, sendo 10 já publicados,  incluindo: VOCE PODE FALAR MELHOR e O INCRÍVEL  PODER  DA  MOTIVAÇÃO,  Conferencista Motivacional  Nacional  e  Internacional  (África Portuguesa), Membro Titular da Academia Evangélica de Letras  do  Brasil  (cadeira  no.  13)  e  Apresentador  do programa  televisivo  REENCONTRO  (TV  BRASIL,  aos sábados). 

 

 

 

 

 

111  

PESSOAS 

 

E pela vida nós encontramos 

Pessoas que até admiramos 

Ou aquelas menos agradáveis... 

Há gente que vive triste, sofrendo 

Outras vão alegres vivendo... 

Pessoas são assim admiráveis! 

 

Algumas pessoas cultivam animais, 

Outras vivem as causas sociais; 

Muitas defendem a natureza... 

Há os promotores da cultura, 

Outros incentivam a leitura 

Várias, lutam com toda delicadeza... 

 

Como eu admiro essa gente! 

Pessoas são bem atraentes 

E bem intrigantes em seu viver! 

Há tipos interessantes, variados, 

Há rostos alegres ou fechados 

Há gente difícil de se entender... 

112  

 

Pessoas... 

Grandes e pequenas, 

Extravagantes e amenas, 

Irritadas ou brincalhonas, 

Servis ou bem mandonas; 

Faladeiras ou pensativas, 

Paradas ou sempre ativas, 

Analfabetas ou escritoras, 

Desenhistas ou escultoras, 

Muito alegres ou inibidas 

Limitadas ou esclarecidas... 

 

Gosto de pessoas, festivamente, 

Gosto de estar perto de gente! 

 

É bom promover novas ações 

É maravilhoso mudar situações: 

Encontros, passeios, festivais, 

Concursos, festas, chás literários, 

Reuniões, estudos, seminários 

113  

E belos encontros de corais 

 

Sabe o que vale a pena na vida? 

Aquelas pequenas cenas esquecidas: 

O gesto simples de um abraço, 

O carinho de estender a mão, 

A palavra amiga, uma bela canção, 

O estar pertinho, estreitando o espaço! 

 

Ah! Pessoas! 

 

Há sempre uma precisando de você! 

Há sempre algo bom a se fazer 

Par dar‐lhes alegria e esperança! 

E quando a vida chegar lá na frente 

Você vai se sentir feliz, intensamente 

E se emocionar com cada lembrança! 

 

Ah! Pessoas... Aproxime‐se mais 

Um abraço silencioso é mensagem de paz! 

 

114  

DISPONIBILIDADE 

 

Se uma nota musical refletisse: 

“Eu sou apenas uma nota sozinha...” 

E nisto intensamente insistisse... 

Não haveria a bela sinfonia! 

 

Se a palavra, séria, anunciasse: 

“O que uma palavra pode fazer?” 

E se nessa atitude continuasse... 

O livro não iria acontecer! 

 

Se o tijolo, indiferente, proferisse: 

“Sou um tijolo... Posso algo construir?” 

Se isto continuamente repetisse... 

Uma construção nunca iria surgir! 

 

Se a gota d’água, triste declarasse: 

“Sou mera gota, eu não me engano...” 

E se ela isto diariamente argumentasse... 

Claro, nunca haveria o belo oceano! 

115  

 

Se um grão de trigo bradasse: 

“Um grão não faz semeadura perfeita...” 

E se esta idéia nele se perpetuasse, 

Jamais haveria a bela colheita! 

 

Se cada cristão aqui pensasse: 

“Que valor tem a minha oração?” 

Se nisto intensamente acreditasse... 

Cristo não traria a salvação! 

 

Assim, 

A sinfonia, da nota precisa, agora; 

O livro, à cada palavra revigora; 

A casa, com cada tijolo veio acontecer 

O oceano, cada gota aclama, 

A colheita ao grão proclama... 

Pessoas, também precisam de você! 

 

Portanto, 

Repense isto e mostre o seu melhor; 

116  

Envolva‐se, faça o bem ao redor, 

Seja um vaso que brilha e reluz! 

Você é um instrumento importante 

E Deus conta com você neste instante: 

Proclame a vida Plena que há em Jesus! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

117  

DESCULPAS 

 

Deus nos chama para uma ação, 

Um propósito, uma missão! 

Mas, desculpas nós arranjamos 

E o tempo nós consumimos 

Para a vida aqui construirmos 

E a Causa, não abraçamos... 

 

Através de nós, certamente, 

Deus espera pacientemente 

Que saibamos observar e ver, 

Que nossos ouvidos saibam escutar 

Que nossas mãos, possam ajudar 

E que o coração possa socorrer... 

 

E na Bíblia, nós observamos 

Servos de Deus que admiramos 

Apresentando desculpas, sem valor: 

Argumentos frágeis, contestados; 

Lamentos fúteis, não considerados; 

118  

Afirmações sem qualquer vigor... 

 

Abraão, disse ser velho e fraco 

‐ Seu olhar estava turvo e opaco; 

 

Jacó, relatou sua insegurança 

‐ vivia fugindo de uma vingança; 

 

José, alegou ter sido vendido 

‐ ressentia de ter sido traído; 

 

Moisés, alegou que gaguejava 

‐ Esperança não lhe restava; 

 

Lia, disse não ter atrativos 

‐ Não tinha aspectos positivos; 

 

Sansão era incorrigível mulherengo 

‐ Vivia procurando um dengo; 

 

Davi, teve uma atraente amante 

119  

‐ Uma falha séria, triste, gritante! 

 

Elias, era um quase suicida 

‐ Tinha desprezo por sua vida; 

 

Jeremias, era um servo depressivo 

‐ Chorava muito e vivia cativo; 

 

Jonas, era um pregador relutante 

‐ Sua atitude foi decepcionante! 

 

Pedro, era um homem muito impulsivo 

‐ Seu comportamento era muito negativo; 

 

Zaqueu, era um fiscal indesejado 

‐ Explorador, insensível, indelicado; 

 

Tomé, coitado, era dúvida pura 

‐ Não tinha a convicção que perdura; 

 

Paulo, tinha uma frágil saúde 

120  

‐ Isto interferia em sua atitude! 

 

Timóteo, era tímido até demais 

‐ Falar em público e liderar? Jamais! 

 

Mas a esses servos o Senhor utilizou: 

Desajustados, fracos, sem vigor... 

Deus vê sempre o melhor em nós! 

E promoveu tremenda mudança 

Trazendo ao povo a bela esperança 

E Eles foram o Seu Porta‐voz! 

 

Ainda hoje, insistentemente, Deus clama 

Para uma Missão Ele nos conclama: 

A Sua Palavra libertadora semear. 

Não dê mais desculpas ao Senhor, 

Confie plenamente em Seu amor 

E o mais, tudo mais, Ele o fará 

 

 

121  

NECESSIDADE  

O mundo vasto e imenso, 

Populoso, complicado, denso 

Chegou a um grave limite: 

Foi aniquilada a são moral, 

Prevalece o que é anormal, 

A corrupção tem forte apetite! 

 

O que mais pode acontecer? 

Como isto mudar, o que fazer? 

Ainda existe uma esperança? 

De que o mundo está precisando? 

De que estamos necessitando? 

Como deter o mal que avança? 

 

Para uma mudança acontecer, 

Deus precisa de mim e de você! 

 

Deus precisa de pessoas inteligentes 

Que lhe sejam fiéis e tementes; 

 

122  

Deus precisa de pessoas ativas, 

Alegres, resolvidas e comunicativas; 

 

Deus precisa de pessoas equilibradas, 

Honestas, íntegras e empenhadas; 

 

Deus precisa de pessoas amáveis, 

Firmes, fortes, amorosas, estáveis; 

 

Deus precisa de pessoas envolvidas, 

Decididas, éticas, comprometidas; 

 

Deus precisa de pessoas que avancem, 

Motivadas, corajosas, que se lancem... 

 

Deus precisa de pessoas com coragem, 

Resistentes e que tenham Sua mensagem. 

 

Deus precisa de pessoas ousadas, 

Que tenha fé e sejam determinadas. 

 

123  

Deus precisa de pessoas com ações 

Que saibam cumprir suas atribuições. 

 

Deus precisa de pessoas especiais, 

Verdadeiras que não mintam, jamais! 

 

Deus precisa de pessoas visionárias, 

Trabalhadoras, servas, missionárias. 

 

Deus precisa de pessoas idealizadoras, 

Sem orgulho, tranqüilas, servidoras... 

 

Deus precisa de pessoas! 

 

Sim, a missão é grande demais  

E Ele convoca os simples e especiais 

Para um trabalho intenso realizar. 

Deus está intensamente preocupado 

Com o mundo perdido e errado 

E Ele tem a solução, Ele pode mudar! 

 

124  

Deus precisa de Pessoas! 

 

Bem, 

Podemos deixar tudo como está 

E ver o inimigo ativo prosperar 

Ou pregar a liberdade que reluz... 

Então, se você tem de Deus o temor, 

Apresente‐se para a Missão de Amor: 

Proclamar a Vida que há em Jesus! 

 

 

 

 

 

 

 

 

125  

PERDI O TOM... 

 

Eu Perdi o tom... Ainda agora Tento, Procuro, Insisto, Mas não harmonizo... Estou desafinado, Lentificado Meio parado... 

 

Perdi o tom... Na minha pauta Sinto falta Dos alegres sons Das melodias, Das sinfonias, Dos harpejos, Dos solfejos... 

 

Perdi o tom... Onde estão os compassos Terciários e quaternários E mesmo os binários? Sinto‐me lento Sem alento... Eu até tento! 

126  

Eu perdi o tom... 

 

Onde estão as notas Hoje tão remotas Que compunham minha canção? Onde estão? 

 

Os sons de agora Incomodam‐me nesta hora: Dó – doem‐me as lembranças; Ré – remoem‐me as cobranças; Mi – mistérios me rondam; Fá – fantasias me sondam; Sol – soluções... Onde estão? Lá – lamentos vem e se vão; Si – Sim, esta é a situação: 

 

Eu perdi o tom... 

 

Mas eu vou viver assim Neste silêncio sem fim? Mas que vida é essa Cujo movimento é nulo E então eu me anulo ‐ Esta situação me estressa! 

 

127  

Eu perdi o tom! 

 

E foi que eu olhei para o céu E recebi a benção, o troféu De ter comigo o Santo Deus! Foi um encontro maravilhoso, Foi um momento grandioso: Ele perdoou todos erros meus! 

 

Que harmonia! 

 

Encontrei meu novo tom, Novo compasso, outro som, Novas notas foram colocadas, Ritmo novo, configurado, Majestoso, alegre, acelerado: Outra melodia bem tocada! 

 

Achei meu novo tom! 

 

É tão bom ter esperança Ter apagadas as lembranças... Vivo feliz, Alguém me conduz. E se vivo esta nova melodia Afirmo com intensa alegria: ‐ Meu maestro hoje se chama JESUS! 

128  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

129  

MADURO 

 

O amor, quando maduro, 

É gentil, maleável, seguro... 

Não é menor em intensidade, 

É silencioso, definido, colorido, 

Poético, criativo, até atrevido, 

É sensível e cheio de verdade! 

 

O amor, quando maduro, 

E alegre, claro e nunca obscuro 

É sincero e tem nobre sentimento. 

Não carece daquelas demonstrações, 

Presenteia com ternas ações 

E resolve os conflitos de momento! 

 

Ah! Amor maduro... 

 

Vive daquilo que não morreu, 

É sério, forte, pois cresceu 

E cultiva o que jamais fermentou.. 

130  

Cria dimensões novas, revigora, 

Planta a comunhão que aflora 

E semeia a alegria com vigor... 

 

Fica feliz com um simples encontrar, 

Compreende, gosta se emocionar 

Vive a emoção sem disfarce... 

Nunca foge dos problemas 

Ajuda a quebrar as algemas 

E a palavra que conjuga é dar‐se! 

 

O amor, o verdadeiro amor, 

Quando maduro tem mais ardor... 

Não pede, aquilo que quer, 

Não reivindica, mas consegue, 

Atrai sempre e nunca persegue 

Porque não é um amor qualquer! 

 

Amor, que se considera amor 

Tem sempre um novo sabor, 

E tem certeza daquilo que diz. 

131  

É maravilhoso viver e valorizar, 

É lindo ter alguém para cuidar, 

Vive para tornar a vida feliz! 

 

Amor maduro é mais que amizade, 

É a vida a dois vivida com intensidade! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

132  

DECLARAÇÃO 

 

Quando nasce uma criança, 

Vejo ali terna esperança 

de algo novo acontecer; 

É uma linda expectativa, 

É uma visão pró‐ativa 

É um sono pra se viver... 

 

Quando nasce uma criança, 

É Deus que à terra lança 

uma semente promissora: 

sinal que é possível a paz, 

símbolo este que nos traz 

alegria terna e alentadora... 

 

Quando nasce uma criança, 

a minha alma não se cansa 

de pensar bem objetivamente 

que essa vida construtora, 

essa mensagem redentora 

133  

devolve‐nos a crença, novamente. 

 

Quando nasce uma criança, 

a minha alma não alcança 

aquilo que ela se tornará: 

uma pessoa bem abastada? 

Uma vida fútil, necessitada? 

Não posso prever como será! 

 

Mas eu sei, também, algo sério 

que para mim é doce mistério: 

o molde do futuro são seus pais 

que podem torná‐la bondosa 

ou transformá‐la em maldosa: 

comprova‐se isso cada vez mais! 

 

E se os pais doarem mais tempo, 

mesmo passando por contratempos 

e implementarem os bons valores, 

será uma pessoa bem vitoriosa, 

terá uma vida serena, dadivosa 

134  

e desfrutará os doces sabores. 

 

 

Portanto, 

É uma questão de investimento, 

Não descuidar, um só momento 

e em todo tempo administrar: 

‐ do que ela irá se nutrir? 

‐ o que vai aprender e ouvir? 

‐ que literatura cultivará? 

 

Então, pais, 

comecem a moldar essa vida 

com uma estrutura definida: 

‐ para o coração, muito amor; 

‐ para a inteligência, informação; 

‐ para o espírito, Bíblia e oração; 

‐ para o corpo, saúde e valor! 

 

Pois é... 

Quando nasce uma criança, 

135  

É uma autêntica aliança 

Com um Deus grandioso: 

é que a vida vai continuar! 

E, agradecido, posso declarar: 

Obrigado pelo projeto maravilhoso 

que o Senhor veio à terra doar! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

136  

Sammis Reachers Sammis  Reachers  Cristence  Silva  é  um  simples colaborador  do  Evangelho  e  poeta,  além  pesquisador  e promotor da Poesia Evangélica. Autor* de “Uma Abertura na  Noite”  e  “A  Blindagem  Azul”,  ambos  e‐books  de poesia.  E  também organizador dos  e‐books  “3  Irmãos  – Antologia”  (reunindo poemas de Gióia  Júnior,  Joanyr de Oliveira e  J. T. Parreira);  “Antologia de Poesia Cristã em Língua  Portuguesa”  (um  apanhado  desde  a  era camoniana aos dias atuais, reunindo textos de mais de 80 autores  lusófonos);  e  “SABEDORIA:  Breve  Manual  do Usuário”  (antologia  de  frases,  citações,  trechos  de poemas, provérbios e versículos bíblicos).  

É  editor  ou  colaborador  de  diversos  blogs  de  temática evangélica  variada,  entre  os  quais:  Poesia  Evangélica  – http://www.poesiaevanglica.blogspot.com/   

Veredas Missionárias – http://veredasmissionarias.blogspot.com  

Arsenal do Crente – http://arsenaldocrente.blogspot.com 

Criador  também  do  blog  Liricoletivo,  que  reúne coletivamente  diversos  poetas  evangélicos  ‐ http://liricoletivo.blogspot.com/ 

 

*Saiba, ao fim deste livro, como baixar gratuitamente os demais e‐books que escrevi ou organizei. 

137  

Portas do engodo  O inferno tem 666 portas; O Céu apenas uma.  Ave é lindo o alçapão de Satã, e dulcíssimo seu alpiste, e mimosas suas guirlandas de adorno. 666 portas, de altos pórticos em arco e boa largura, feitas em mármore, ouro e prata, com soleiras de esmeralda e berilo.  Dura é a prisão, e as Chamas do forno lá dentro, ó ave. E o canto de dor, ali, será pela eternidade.  No Céu há uma pequena porta apenas, Humilde e escavada na rocha.  Mas é Viva esta Rocha onde se abre a Porta.  Saia da terra, ave; salte E voe por sobre os laços.  Não temas o vento; Peça força, e ser‐lhe‐á dado Poder.  Voe para os céus Enquanto ainda é aberta a porta, Enquanto ainda lhe há  As asas.  

Do livro Uma Abertura na Noite 

138  

Cantiga de ninar  Há uma ciranda de crianças e luz; E a luz é dessas crianças, E as crianças são dessa luz.  Tudo em derredor tudo canta E um Rei que é uma Rocha rege O coro de todas as coisas.  Há provisão De sorriso e perdão.  Não há precisão Do sol ou das estrelas, Dos planetas ou do luar: Um que é a Rocha Ilumina o lugar, E o lugar que ilumina Tem o nome de TUDO.  E o amor de Deus é aqui Um tão grande estrondo Que ensurdeceu para sempre Tudo que era vazio.           

139  

A Blindagem Azul  

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para 

oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.”  1Pe 2.5 

I Meu toque recambiado É o da pedra viva Que ensina o Caminho ao errante, Pega o ladrão pela mão, Dá‐lhe perdão e mapa Amor e direção. Meu toque, É o toque vulcanicorrosivo De rochas igneovertidas e pulsantes, Que rompem muros e fronteiras, E criam ilhas de Amor, onde antes havia o nada.  Rocha de vida lançada à Vida Ululante em seu vôo Ofereço‐me Como preceptor para o que tropeça Como Azul Blindagem Ao que é perseguido de morte, Como estalagem sempre azul Para todo aquele do azul desabrigado.   

 

 

Do livro A Blindagem Azul 

 

140  

Diretrizes  Importa que as palavras lúgubres fiquem no front, onde é feita a morte, do suor rubro das artérias e veias  Importa que sejam despedaçadas as agruras ‐ os grilhões da timidez e do medo –  Importa saber que o Deus que põe a rapina no coração da águia é o mesmo que põe o Amor no coração do justo  Importa ainda suportar esta verdade: Se há homens mais miseráveis que nós, há miseráveis mais homens do que nós; Vaidade das vaidades, TUDO É VAIDADE.  Importa, urge soterrar os precipícios inaugurar a cada dia mil novas pontes, mil novas naves entre Deus e os homens ‐ sempre a estreitar pela Única Porta ‐ e morrer por alcançar aquele que ainda morre fora de nosso raio de alcance. 

141  

 No mais, “de tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” *  * Eclesiastes 12.13‐14  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Do livro A Blindagem Azul 

 

 

142  

Paz Verde  Criança amiga do sol, sozinha no mato, feita soldado do verde sob as insígnias dos girassóis...  Corre, vigia, ri, exulta (seu corpo é nau anil alada por 7.000 asas) nos campos criados por Cristo.  Sua avó lhe instruiu em todo o Evangelho e sua imaginação hoje voa, só porque o pastor lhe disse: “O melhor de Deus ainda está por vir.”  Seu sorriso e inocência são uma afronta, eles bradam ao mundo e seu Satã, num silêncio de supereloquências: “Consumam vocês suas ba(le)las e logros. EU NÃO ESTOU SOB O JUGO DO TEU JOGO.”  Corre, criança verde de sol.  

 

 

 

Do livro A Blindagem Azul 

 

143  

APOSTASIA ADVINDA  Apostasia, Rainha do Hoje, Reino (des)Encantado das Aparências... 

 

Ninfa Bacante da Hipocrisia, a apostasia avança: Lépida bailarina, Semi‐nua, semi‐deusa, sereia De canto fractal, fraturante, fraudulento, Vestida com um talieur feito De lâminas de Gillette (Apostasia uma menininha rodopiante quase ao gosto de todos) & ela Baila & retalha,                         Baila & retalha,                                                 Baila & retalha...  Apostasia,  prostituta de desfraldado cio Com uma auréola na cabeça De doce mordedura Porém letal incontornável peçonha  Camaleônica, Camuflada na multidão que responde em uníssono Ao apelo da moda: ‐ “Oh, hoje sou evangélico”, Mas se recusa a nascer de novo, E fazem‐me lembrar Como todos se diziam cristãos Sob Constantino, Constantino que almejou expandir a Porta Estreita (que‐sempre‐será‐estreita), Constantino que quase (?) ferrou com tudo.  

144  

Sob o bafo de sua influência Vejo irmãos deixando de pregar e orar para cantar, E cantar e cantar E cantar mais um pouquinho, Pânica metralha... Consumidores de bênçãos, Consumidores de Deus Mas Surdos ao som do shofar, À trombeta do atalaia Que clama por santidade E rasga suas vestes em arrependimento  Irmãos a amontoar doutores, doutrinas, Bandeiras de igrejas E torrentes (hoje até em bits) de amor fingido Consumidores de bênçãos, Consumidores de Deus (forçoso é repetir este refrão)  Eis a Apostasia que viria, Linda e já chegada, Nova Luz Advinda Fogosa & fagueira, & faceira Te convidando para ver Mutantes na TV, Aí no teu sofá teleologicamente assentada. A Bíblia segue o único veneno para erradicá‐la, Contanto que não esteja espada cega, Com certos & fundamentais versículos apagados...  Apostasia, a menina dos olhos de Satanás Globalizada cortesã que veio oferecer (distorcer a Bíblia, eis seu dever) O melhor desta terra O melhor desta terra O melhor desta terra 

145  

 Heroína, cocaína advinda para arrancar A cruz de nossas costas.  Salve, Rainha!  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

146  

Há uns 5 anos, numa igrejinha em Itaboraí  Setembrino dia, severa manhã O sol vem em seu crescente. Um diácono abre janelas e portas E inicia a oração.   Após vai aos fundos, À casa de obreiros Lá sete varões despertos E sobre quatro camas, dois colchões No chão deitados, no velho sofá os restos de uma madrugada Em orações despedaçada  Sete,  sete de pó E quando há só arroz Comem arroz Se rara carne, carne  Sete de pó Sete sem casa, Abrigados na CASA única que existe, A dAquele que é mais alto do que os altos. Sete escapados do tráfico, da bebida, Da vida escrava e inútil...  Sete de pó,  de monte, oração e jejum 

147  

Negros, sim, e dois deles Deixaram o analfabetismo Em cima de uma Bíblia Invariavelmente doada, surrada... (Mas blindada por aquele azul do amor de Cristo, Que não me canso de citar)  Sete que o mundo não quis por soldados Desertores, cães Agregados para baixo da mesa do Sol da Justiça E a quem Ele houve por bem Patentear como Brigadeiros, Almirantes e Generais  Sete refugos do mundo Singularmente sete, 15, 16, 16, 17, 25, 23, 18 anos Generalíssimos  Sete do mais puro pó Desempregados, de aparência desprezível (oh quão desprezível!) Sete a catar latinhas, serventes de obra, Vivendo de biscate, sete a trilhar O trigo no lagar, sem se importar Com o que você irá pensar  Sete de pó, sete eles, Vá São só pó Ou talvez não  

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Sete ignorantes de Agostinho, Erasmo, Bultmann E de toda a multidão e compêndios desta nobre casta, A dos teologais Sete que jamais poderiam conceber O horror das sedições de Pelágio, Ário, Maniqueu Sete que nunca ouviram o som de um shofar Sete incultos, mas que do dia À noite falavam línguas desconhecidas, Com a tranqüilidade da criança Que sorri  Eram apenas sete, Sete de pó A esmigalhar os discursos do mundo, A cada dia franqueando e abaixo pondo As muralhas e os medos de uma nova Jericó  Sete cujo único moto, Contínuo moto Era louvar e dar plena execução À Obra dAquele que preside desde a antiguidade  Sete cadáveres que um dia ancoraram na Rocha, A Rocha das Ressurreições Que os fez e faz Pássaros para sempre.   Inspirado em fatos reais. Dedicado ao meu amigo de infância, de hoje e de sempre, Wilson Apolinário. Sim, um dos sete. 

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WOLÔ Wolodymir    Boruszewski,  ou Wolô  (15  Jun  51)  nasceu em  São  Paulo‐SP,  é  violonista,  compositor,  Engenheiro Aeronáutico  formado  pelo  Instituto  Tecnológico  da Aeronáutica  (ITA,  turma  74),  e  possui  Mestrado  em Meteorologia  pelo  INPE  e  Doutorado  em  Estruturas  e Mecânica dos  Sólidos pelo  ITA. Participou da  equipe do Instituto  de  Pesquisas  Espaciais  que  desenvolveu  e colocou  em  órbita  o  primeiro  satélite  brasileiro. Atualmente  trabalha  como  Engenheiro de  Estruturas no desenvolvimento  de  turbogeradores  e  é  presbítero  da Comunidade de Jesus, em São Paulo, além de fazer parte do ministério de música.  

Discografia:  

LP “O que alua não pôde, não pode, nem poderá” (1974);  

LP “Cristal” (1979);  

LP “Pai Nosso, de Verdade!”(1985),  

CD “Espiritualmente” (1999).  

Contato: [email protected] 

 

 

 

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O tempo e o TEMPO  O passado é relembrado Entre medos sem prazer O presente a gente sente Entre os dedos escorrer O futuro é uma constante ameaça E cada instante que passa É um escuro que se acende E que transcende o meu querer Mas a planta que a gente planta Dá o fruto que a gente colhe E o canto que a gente canta Tem o tom que a gente escolhe   O passado é perdoado Se o perdão se pede ao Pai O presente, de repente, Passa e não dá medo mais O porvir um canto inteiro de esperança E enquanto o ponteiro avança É sentir que lá de cima Se aproxima a eterna paz Mas a planta que a gente planta Dá o fruto que a gente colhe  E o canto que a gente canta  Tem o tom que a gente escolhe  

 

 

 

 

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Guerra e paz   Gritos, conflitos, avalanche,  Mitos, atritos, tanto nó;  Canto antes que eu desmanche em pó   Que existe amor, paz interior, Que transcende e independe do chão; Que existe paz que dá muito mais Que um contrato barato e padrão.   Naves, entraves, bombardeio,  Aves suaves dizem não  Dizem antes num gorjeio bom   Que existe Deus nos gorjeios seus Que uma pomba é uma bomba de paz; Que existe paz que não se desfaz Que o amor do Senhor é demais      Que existe paz que não se desfaz    No amor do Senhor que é demais.             

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Adeus heroínas: ‐ Há Deus!   

Era a melancolia  Do cotidiano morno,  Que torneava o torno,  Que só se repetia;  E a sede de amor ardia  Até incendiar o forno;  E a aridez era tanta  Que um simples vapor na garganta,  Gerava a miragem feliz  De mil transbordantes cantis.   Veio o degrau do fumo,  Do cotidiano tonto,  Do embalo sempre pronto  Nos becos do consumo,  E o consumidor sem rumo  Voltava pro mesmo ponto;  E a ilusão era tanta  Que a droga tragando a garganta  Soprava a imagem fugaz  De um minutinho de paz.   Veio uma vida tola,  De cotidiano asco,  Pois no pequeno frasco,  No bulbo da papoula,  No tubo daquela ampola  Reinava o seu carrasco,  E a dependência era tanta  Que o mínimo nó na garganta  Forçava na veia as poções,  Cadeias de suas prisões   

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Veio o inconformismo  Do cotidiano drama,  Atrás a pobre fama,  Na frente só o abismo  No chão movediço a lama,  No interior pessimismo,  E a solidão era tanta  Que o mundo apertando a garganta  Gritava que ele cedeu,  Berrava que ele se deu.           No beco sem saída  Deitou‐se a céu aberto,  A morte já por perto,  A vista escurecida,  Mas num lampejo de vida  Olhou para o lado certo,  E a luz do céu era tanta,  Que o gritou jorrou da garganta:  ‐ Senhor, não se esqueça de mim,  ‐ Senhor tenha pena de mim.   O peito arrependido  Tomou a dose certa,  E numa Bíblia aberta  Achou o amor perdido  Pois Cristo Jesus liberta  O coração oprimido  E a libertação é tanta  Que arranca de vez da garganta,  O vício, o resquício, o pó,  

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O trago, o estrago e o nó.   Pois foi crucificado  O homem sem defeito  Que amava Deus no peito  E o pecador do lado  Que abominava o pecado  – Pecado por nós foi feito –  E a morte na cruz era tanta  Que Cristo o Senhor da garganta,  Doou seu Espírito são,  Semente da ressurreição.   Veio uma vida eterna,  Ressuscitada e nova,  E a cotidiana prova  É essa fonte interna  Na vida que Deus governa  E ternamente renova;  E a transformação é tanta  Que o próprio Senhor na garganta  Transborda a mensagem da cruz,  Convida a beber de Jesus.            

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Algo mais   Antes mesmo que eu fosse alguém Tu me amaste e me disseste: ‐ Vem! Mesmo sendo eu tão rebelde e vão Tu me amaste e me estendeste a mão   Já me deste tanto amor e paz Que eu só te peço uma coisinha mais Pra que eu possa cumprir a minha parte Ensina‐me Senhor a amar‐te  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Restaurando o contrito   Enquanto minha alma derramo Diante do trono da graça Escuto uma voz que me abraça: ‐ Sossega, meu filho, eu te amo   ‐ Acalma o soluço sofrido,   Que manso chegou ao ouvido   Daquele que ama o contrito   No dia da paz ou do grito  

  ‐ A lágrima limpa que brota   Denota um espírito santo   O pranto que Cristo desperta   Liberta o fiel da derrota   ‐ E agora, passado o assombro,   Repousa tranqüilo em meu ombro;   Do amor deste instante sagrado   Escreve em teu peito um recado:   

‐ Por amor a meu Pai amoroso   Abandono esse andar cambaleante   Enxugando meus olhos, com gozo,   Posso ver o meu alvo adiante   ‐ Sem olhar para trás eu prossigo   Pois Jesus leva o fardo comigo   E em erguendo meus olhos avisto   O encontro perfeito com Cristo. 

 

 

 

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SONHO DE UM SONHO   Quem quer sair na contramão da pressa  e num suspiro desacelerar;  fechar os olhos, descobrir o olhar  e decolar pra onde o Amor começa?...   Silenciosamente,  doce docemente,  a semente adormecer...   Silenciosamente,  pura e simplesmente,  broto em flor amanhecer...   Sentir sumir aquele chão miúdo,  deixar o peito renovar o ar;  na luz do azul nascente se deitar  e despertar aonde o Amor é tudo?...   Silenciosamente,  doce docemente,  doce fruto florescer...   Silenciosamente,  pura e simplesmente,  berço de semente ser...   Suavemente a solidão termina  quando a ternura chega devagar  e inspira sonhos, sonhos de acordar...   Pra que fugir de onde o Amor germina  e sufocar a planta pequenina  e a oração jamais desabrochar?...  

158  

 Silenciosamente,  doce docemente,  a semente adormecer...   Silenciosamente,  pura e simplesmente,  a semente adormecer...   Pra que fugir de onde o Amor germina?  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

159  

Obra‐prima? Eu?   Quando olhar pra si mesmo E não vir nada mais Do que um pássaro a esmo Contra mil vendavais   Debatendo‐se em penas Tanta pena de si Perguntando‐se apenas: ‐ Porque foi que eu nasci?   Quando a própria certeza  Não passar de um talvez Cada enzima, cada osso, Só um fosso De porquês... E a mais pura beleza For igual aos balões Cada pêlo, cada nervo Um acervo De ilusões   Saiba, nem um cabelo Cairá se não for Sob o vivo desvelo De um Deus Criador   Seu mais lindo poema Se reflete em você ‐ Filho, venha, não tema;   Eu Sou o seu porquê   Você é um manifesto Da verdade vital 

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Cada nervo, cada pelo Um modelo  Original   Você mesmo é um gesto Desmassificador Cada osso, cada enzima Obra‐prima Do Senhor.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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 3 Irmãos Antologia 

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Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa http://www.4shared.com/file/77846340/c40ab5ce/Antologia_Poesia_Crista_em_Portugues.ht

ml  

SABEDORIA: Breve Manual do Usuário http://www.4shared.com/file/39919001/5a8dc721/Sabedoria_manualdousuario.html 

 A Blindagem Azul 

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 Uma Abertura na Noite 

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 FIM