Antologia poética
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Antologia Poética
Amores Realizados
Ana Carolina Santos Deodato n 02
Sabrina Cássia n 31
2 ° Ano C
Professora : Maria Piedade Teodoro da Silva
Disciplina: Português
Jacareí
2014
I. INTRODUÇÂO
O Romantismo foi marcado por dois acontecimentos históricos importantes: as Revoluções Industrial e Francesa. A vida social estava dividida entre a burguesia industrial e o surgimento da classe operária, os proletariados. A burguesia ganhava poder e o capitalismo se desenvolvia cada vez mais, enquanto os impérios feudais e a aristocracia que dependia deles encontrava-se em situação de calamidade. Era o fim do absolutismo na Europa (causado pelos dois movimentos revolucionários citados anteriormente) e o início da industrialização (que se espalhou por toda Europa).O ideal da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade alcançou a América Latina e foi um marco para um período de independência nas colônias da Espanha e Portugal. Assim, houve a independência de: Paraguai, Argentina, Venezuela, Chile, Equador, Peru, México, Brasil, América Central, Bolívia e Uruguai.Já na literatura, a fase romântica rompeu com a tradição clássica, imposta pelo período árcade, e apresentou novas concepções literárias, dentre as quais podemos apontar: a observação das condições do estado de alma, das emoções, da liberdade, desabafos sentimentais, valorização do índio, a manifestação do poder de Deus através da natureza acolhedora ao homem, a temática voltada para o amor, para a saudade, o subjetivismo.
I. POEMAS E POETAS ROMÂNTICOS
GONÇALVES DIAS
(Caxias-MA,1823 - São Luís-MA, 1864)
ANTÔNIO GONÇALVES DIAS nasceu em 1823, em Caxias, no Maranhão e morreu no naufrágio do Ville Boulogne, em 1864. Filho de um comerciante portu"guês e de uma cafuza (mestiça de negro e índio), pois o poeta se dizia descendente de três raças que formaram a etnia brasileira. Gonçalves Dias transmite em sua obra a marca dessa origem. Na obra de Gonçalves Dias são frequentes os poemas líricos em que a figura da mulher idealizada e perfeita é motivo de sofrimento por parte do poeta.
SEUS OLHOS
"Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, - mais doce que o nauta
De noite cantando, - mais doce que a frauta
Quebrando a solidão.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir.
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; - causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor do momento,
Com modo gentil.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são:
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão.
II. ÁLVARES DE AZEVEDO
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo (1831) e morreu no Rio de Janeiro (1852). Fez o curso secundário no Colégio Pedro II e a Faculdade de Direito em São Paulo. De vida boêmia e agitada, morreu aos 21 anos, sem completar sua formação literária. Dado seu interesse pela cultura européia, lia avidamente os mais famosos poetas românticos, tanto os da língua portuguesa como os de língua francesa, inglesa e alemã: Byron, Shelley, Goethe, Musset, Lamartine e outros. Desses autores herdou o que mais lhe conveio à sensibilidade: o sentimentalismo doentio.
LEMBRANÇA DE MORRER
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem defolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poente caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia;
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida.
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha,
Que minh'alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa...
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!
ÁLVARES DE AZEVEDO. Lembrança de morrer. In: ---. Poesia.
5. ed. Rio de Janeiro, Agir,1977.p.43-5.(Col.Nossos Clássicos.)
Anjos do Céu
As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar.
AZEVEDO DE.ÀLVARES.Anjos do Ceú.
SE SE MORRE DE AMOR
Se se morre de amor! - Não, não se se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Ao somfinal da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração - abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!
III. CASIMIRO DE ABREU
CASIMIRO José Marques DE ABREU nasceu em Barra se São João (RJ), em 1839, e morreu em Nova Friburgo, também no Rio, em 1860. Era filho de pai português e mãe brasileira. Encaminhado para o comércio a contragosto, divide suas atividades entre a literatura e o comércio. De saúde fraca e vida boêmia, morreu muito jovem (21 anos), vítima de tuberculose. Na sua curta existência, Casimiro de Abreu foi também acometido, como Álvares de Azevedo, do "mal do século" e criou poemas que refletem em parte sua vida agitada e de fantasias.Seus temas preferidos foram o amor lírico e a saudade.
Viveu algum tempo em Portugal, longe de sua Pátria e de seus amigos, e este fato o levou a criar poemas saudosistas.
AMOR E MEDO
Ai! se eu te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas!...
Ai! se eu te visse, Madalena pura;
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos - palpitantes o seio!...
Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!
IV. CASTRO ALVES
Antônio Frederico CASTRO ALVES nasceu em Curralinho, na Bahia, em 1847. Filho de médico, fez seus estudos secundários no Ginásio Baiano de Abílio César Borges. Cursou Direito em Recife e São Paulo, onde suas ideias de liberdade tomaram consistência. Vítima de um acidente de caça, sofreu amputação num pé. Depois, atacado de tuberculose, morreu em pleno fulgor da vida e da carreira, em 1871, em Salvador.
Castro Alves , através de sua eloquente poética, destacou-se como:
* POETA SOCIAL - intérprete da liberdade, da justiça e do progresso. Defendeu sobretudo os escravos, como em "Vozes d'África", "Navio Negreiro", "A Mãe do Cativo", "A Cruz da Estrada", "A Canção do Africano" e "Saudação a Palmares", entre outros poemas.
* POETA LÍRICO-AMOROSO - sem o sentimentalismo dos poetas do "mal do século", escreveu inspirado em sua experiência amorosa. É esse
essencialmente o caráter de "Espumas Flutuantes", único livro que publicou em sua vida.
* POETA DA NATUREZA - pintando e cantando a paisagem brasileira, como em "A Cachoeira de Paulo Afonso".
O ADEUS DE TERESA
A vez primeira que eu Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
- Adeus! - eu disse-lhe a tremer co'a fala...
E ela, corando, murmurou-me: "Adeus".
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
- Adeus! - lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me: "Adeus".
Passaram-se tempos... séc'los de delírio,
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse: - "Voltarei!... descansa!..."
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "Adeus"!
Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: "Adeus"!
(CASTRO ALVES, Antônio Frederico de. Poesias completas. São Paulo. Nacional,1959.p.63.)
V. ANTÔNIO MANUEL DE ALMEIDA
Manuel Antônio de Almeida é lembrado na literatura brasileira pelo livro “Memórias de um Sargento de Milícias”. A obra foi publicada no “Correio
Mercantil”, entre os anos de 1852 e 1853, sem a assinatura do autor. Manuel Antônio era conhecido apenas como “Um brasileiro” nessa edição distribuída semanalmente no suplemento do jornal, “Pacotilha”. A edição em livro só foi publicada em 1854 e a assinatura do autor só apareceu em 1863, depois de
sua morte. O autor é colocado no romantismo, mas sua obra é bem diferente dos escritos românticos da época. Pode-se perceber características do
realismo em seu texto.O estilo apresentado em seu único livro é bem direto, coloquial e com características jornalísticas. O narrador conseguiu colocar na obra um tom de humor e ironia ao retratar os costumes urbanos da sociedade
do Rio de Janeiro da época.
Arte de Amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
DE ALMEIDA,ANTÔNIO MANUEL. ARTE DE AMAR
Coisa Amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
DE ALMEIDA,ANTÔNIO MANUEL. COISA AMAR
VI. MACHADO DE ASSIS
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O garoto pobre, filho de um operário mestiço chamado Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória de
Machado de Assis não o conduziu naturalmente para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem “Machadinho”, como era carinhosamente chamado, perdeu sua mãe. Ao analisar psicologicamente as personagens, entra na alma de cada um deles, trazendo todos os defeitos da conduta humana (egoísmo, luxúria, vaidade, etc).As atitudes boas e honestas, no fundo, nada mais são do que uma máscara que esconde as verdadeiras intenções das personagens (orgulho, cobiça, etc), revelando toda a hipocrisia que existe nos seres humanos.O humor machadiano é repleto de pessimismo e ironia. A vida nada mais é do que um palco onde os homens lutam entre si para realizar seus desejos de riqueza e ostentação e a religião não passa de uma máscara para esconder as podridões das pessoas.Outra característica importante da obra machadiana é a não-linearidade da narrativa. Somente a análise da consciência dará sentido aos fatos.
Livros e flores
Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
VII. VINÍCIUS DE MORAIS
Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes nasceu em 19 de Outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro - RJ, e pertenceu à segunda geração do Modernismo no Brasil. Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da prefeitura, poeta, violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista também amadora. Nos anos seguintes publicou ainda muitos poemas e ficou conhecido como um dos poetas brasileiros que mais conseguiu traduzir em palavras o sentimento do amor, tornando-se assim um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. Atuou também no campo musical, fazendo parceria com cantores e compositores brasileiros, e por fim tornou-se também cronista. Produziu os sonetos mais conhecidos da Literatura Brasileira, e escreveu ainda alguns poemas infantis em meados de 1970.Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.
VIII. CONCLUSÂO
A conclusão que se pode tirar da leitura dessas poesias, é que passamos a refletir mais sobre nossas atitudes, nosso comportamento e compreender o que dizemos quando nos referimos ao amor. Que ele não é so um sentimento , e sim um estado de espírito em que, nos entregamos a outra pessoa e ela se entrega a nós, com todos os seus defeitos e qualidades.
IX. REFERÊNCIAS BIBILHOGRÁFICAS
http://romantismo-21b.blogspot.com.br/p/alguns-poemas-do-romantismo.html
http://gladislangaro.comunidades.net/index.php?pagina=1624196415
http://www.brasilescola.com/literatura/romantismo.htm
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/manuel-antonio-de-almeida.html
http://www.infoescola.com/literatura/machado-de-assis/
http://www.brasilescola.com/literatura/biografia-machado-assis.htm