ANTONIO CLEISON BARBOSA ÉRICA TÂNIA DA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ANTONIO CLEISON BARBOSA ÉRICA TÂNIA DA SILVA LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS: Um estudo sobre ensino da leitura e da escrita Igarapé-Açu/PA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ANTONIO CLEISON BARBOSA

ÉRICA TÂNIA DA SILVA

LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS: Um estudo sobre ensino da leitura e da escrita

Igarapé-Açu/PA 2015

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ANTONIO CLEISON BARBOSA

ÉRICA TÂNIA DA SILVA

LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS: Um estudo sobre ensino da leitura e da escrita

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Rural da Amazônia como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado Pleno em Pedagogia, para orientado pela Profª MSc. Syane Sheila Costa de Paula Lago.

Igarapé-Açu/PA 2015

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ANTONIO CLEISON BARBOSA

ÉRICA TÂNIA DA SILVA

LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS:

Um estudo sobre ensino da leitura e da escrita

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito obrigatório para obtenção do grau em Licenciatura em Pedagogia.

Data da Defesa: 02/07/2015. Nota: ____________

Banca Avaliadora

__________________________________ Prof. MSc José de Ribamar Oliveira Costa - UFRA

Examinador 1

___________________________________ Profª M Sc. Rosanny do Perpetuo Socorro de Souza Lima - UFRA

Examinador 2

___________________________________ Profª M Sc. Syane Sheila Costa de Paula Lago

Orientadora

Igarapé-Açu/PA 2015

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Barbosa, Antonio Cleison

Letramento nas séries iniciais: Um estudo sobre ensino da leitura e da escrita / Antonio Cleison Barbosa, Érica Tânia da Silva. – Igarapé-Açu, 2015.

37 f.:Il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em

Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores,

Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.

Orientadora: Syane Sheila Costa de Paula Lago

1. Letramento – Leitura 2. Escrita - ensino - método 3. Educação – ensino - método 4. Alfabetização I. Silva, Érica Tânia da II. Lago, Syane Sheila Costa de Paula, Orient. III. Título

CDD – 372.416

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AGRADECIMENTOS DE

ÉRICA TÂNIA DA SILVA

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou meu caminho durante

esta caminhada, dando saúde e força para superar as dificuldades. Caminho esse

que irá me levar a realização dos meus sonhos.

A minha orientadora Syane Costa pelo suporte no pouco tempo que lhe

coube, pelas suas correções e incentivos.

A todos os professores que contribuíram no meu aprendizado.

Aos meus pais, filhos, irmãs, obrigado pelos carinhos apoio, incentivos e

compreensão. Essa vitória não é só minha é nossa!

As minhas cunhadas, a minha sogra pela ajuda e apoio no decorrer do

meu curso.

A prefeita Sandra, a coordenadora Lili e a secretaria de educação. Tereza

de Igarapé-Açu que deu uma grande ajuda com transporte.

A todos aqueles que fizeram o meu sonho real, me proporcionando forças

para que não desistisse de ir atrás do que eu buscava na minha vida. Muitos

obstáculos foram impostos durante esses últimos anos, mas graças à vocês eu não

fraquejei.

Obrigado por tudo, família, professores, amigas e colegas de sala de aula,

com certeza plantaram um pedaço de sim em meu coração.

E a todos que direto ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o

meu muito obrigado!!!

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Dedico este trabalho a Deus, por que me deu forças nos

momentos difíceis dessa trajetória.

Especialmente a todos meus familiares, amigos, filhos, e minha

orientadora, que me ajudaram de certa forma para conquistar

os meus objetivos almejados.

Enfim todos que de alguma forma tornaram este cominho mais

fácil de ser percorrido e conquistado.

ÉRICA TÂNIA DA SILVA

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AGRADECIMENTOS

DE ANTONIO CLEISON BARBOSA

Agradeço em primeiramente a Deus, por ter me dado força, coragem e

determinação por te conseguido chegado até aqui, pois sem ele nada pode ser

realizado.

Agradeço minha família, em especial minha esposa Ana Cléia, por ter

acreditado em mim. Pela compreensão da minha ausência em varias ocasiões. Por

ter aguentado meu mau humor, minhas queixas e meus medos. Pelo apoio e

compreensão nos dias que tive que sair e cumprir com minha obrigação. E especial

aos meus filhos, Ariane Karoline e Allan Kayc, pelo incentivo, apoio e compreensão,

que foram muito importantes nesta caminhada.

Em especial duas pessoas muito importantes que me ensinaram a ser a

pessoa que sou hoje, meus pais adotivos Maria do Carmo e Sebastião Miguel, e

todos seus filhos.

Agradeço em especialmente meu sogro Benedito Marrreiro, e minha

sogra Deuza Maria e todos seus filhos, que foram e são muito importante desde

começo da minha vida profissional.

Agradeço em especial a minha orientadora Profª M Sc. Syane Sheila, que

me incentivou muito para conclusão desse trabalho.

As responsáveis de escola, Zilma do Carmo e Nair de Brito, pelo apoio

nas horas em que mais precisei.

A todos os professores que durante todo o curso me auxiliaram de

diversas formas, me orientando e servindo de inspiração para que pudesse

continuar firme e forte.

A todos meus colegas de turma que além dos momentos de estudo

proporcionaram bons momentos de agradável convivência durante todo esse tempo

que ficamos juntos, lutando pelos nossos objetivos.

Quero agradecer à prefeita Sandra, a secretária de educação Prefª. Tereza, coordenadora Lili e a auxiliar Berenice todos de Igarapé-Açu, pelo apoio e ajuda que nos deram.

Por fim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão deste trabalho. E realização de meus sonhos.

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Dedico em primeiro lugar a Deus, e a todos meus familiares,

amigos, professores, que nos ajudaram de certa forma para

conquistar o meu objetivo almejado.

Dedico em especial a minha orientadora Profª M Sc. Syane

Sheila Costa, a qual se dedicou muito para a conclusão desse

trabalho.

Pelo apoio e incentivos incondicionais, aos meus alunos e às

professoras e aos professores da minha vida: da escola básica,

da universidade e todos os companheiros de trabalho.

ANTONIO CLEISON BARBOSA

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Não nasci para ser um professor assim (como sou). Vim me tornando desta forma no corpo das tramas, na reflexão sobre a ação, na observação atenta a outras práticas, na leitura persistente e crítica. Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social de que tomamos parte,

Paulo Freire.

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RESUMO

A presente pesquisa tem por tema central alfabetização e letramento. É de extrema importância para o professor que trabalha nos anos inicias do Ensino Fundamental dominar os conceitos de alfabetização e letramento, e entender como o letramento acontece nas atividades em sala de aula com seus alunos na medida em que estes alfabetizam, um é dar condições ao sujeito de ser capaz de ler (decodificar) e escrever (codificar), além de fazer uso adequado da língua escrita, significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita. O outro é resultado da ação de ensinar ou de aprender ler e escrever, levando ao aluno ao exercício das práticas sócias de leitura e escrita, o objetivo geral da pesquisa é identificar as diferenças entre alfabetização e letramento compreendendo o desenvolvimento dos alunos e as práticas de leitura e escrita. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização que tem levado a uma inadequada e imprópria síntese dos procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre alfabetização. Não podemos separá-los, pois a principio o estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita nas praticas sociais que envolvem a língua escrita, letramento. Definir hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita. Atualmente sociedades inteiras estão cada vez mais centradas na escrita. Ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever tem se revelado em condições insuficiente para responder adequadamente as demandas contemporâneas. É preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano. Palavras-Chaves: Letramento, Leitura, Escrita.

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Abstract

This research has as its central theme literacy and literacy. Is extremely important for the professor who works in the initial years of elementary school master the concepts of literacy and literacy, and understand how it happens in literacy activities in the classroom with his students insofar as these alfabetizam, one is to give the subject to conditions to be able to read (decode) and write (code), in addition to making proper use of the written language Orient the child means to the field of technology of writing. The other is the result of the action to teach or to learn to read and write, leading the student to perform the practices of reading and writing partners, the general objective of the research is to identify the differences between literacy and literacy understanding the development of the students and the practices of reading and writing. The literacy discussion arises always involved the concept of literacy that has led to an inadequate and inappropriate synthesis procedures, with prevalence of the concept of literacy on literacy. We cannot separate them, because at first the student's study in the universe of writing takes place concurrently through these two processes: literacy and the development of skills of reading and writing in social practices that involve written language, literacy.Define today the literacy as a set of social practices that use writing. Currently entire societies are increasingly focused on writing. Be literate, that is, knowing how to read and write has proved insufficient to respond adequately in the contemporary demands. We must make use of reading and writing in everyday life. Keywords: Literacy, Reading, Writing.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................12

1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO LETRAMENTO....................................14

2 CONCEITUAÇÃO DE LETRAMENTO...................................................................18

3 O LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS..............................................................25

3.1 O ensino da Escrita e da Leitura..........................................................................28

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34

REFERÊNCIAS..........................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

A alfabetização é o processo de ensino e de aprendizado do sistema

alfabético de escrita, de modo que os educandos devem ser capazes de interpretar

os sinais gráficos da escrita, com capacidade também de transformar os sons da

fala em sinais gráficos.

Val (2004, p.19) define alfabetização como,

O processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitem ao aluno ler e escrever com autonomia. Noutras palavras, alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código” escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e outras convenções) usadas para representá-la, a pauta na escrita.

Podemos afirmar que são importantes os conhecimentos linguísticos para

a alfabetização, ou seja, o processo de desenvolvimento das habilidades de

codificação e decodificação da escrita, porém sabe-se também que é preciso

desenvolver as habilidades da criança de fazer uso da leitura e da escrita no

cotidiano, desenvolver a capacidade de se interar diante da leitura de textos novos.

Em resumo, é preciso letra-se. É nesse contexto que esses dois processos

alfabetização e letramento assegurando aos alunos tanto a apropriação do sistema

alfabético ortográficos da língua, quanto o domínio das práticas de leitura e de

escrita.

Não podemos esquecer, por outro lado que são processos diferentes,

cada um com suas especificidades, exigindo metodologias e procedimentos

didáticos diferenciados. É diante do conhecimento dessas diferenças metodológicas

que deve ser usado como foco alguns aspectos voltado para o domínio dos

conhecimentos linguísticos envolvidos no processo de alfabetização.

Também é importante que as redes de ensino definam quais

conhecimentos serão ensinados e quais são as capacidades e habilidades mínimas

a serem atingidas pelos alunos em cada etapa de sua escolarização. É fundamental

também que as escolas possuam instrumentos compartilhados para diagnosticar e

avaliar os alunos e o trabalho que realizam. Isso é necessário porque as crianças,

antes de chegarem à escola, vivenciam experiências múltiplas e diferentes no

mundo letrado.

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Deste modo, este estudo tem como objetivo geral conhecer o processo de

letramento nas séries iniciais. Como objetivos específicos pretende-se identificar as

metodologias de ensino aplicadas no ensino da leitura e da escrita e verificar a

importância do letramento no ensino fundamental.

Assim, questiona-se: o que é letramento? Como vem sendo aplicado o ensino

do letramento nas séries iniciais? Qual importância do letramento para o ensino da

leitura dos sujeitos nas séries iniciais?

A metodologia de pesquisa adotada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica,

baseada na fundamentação do pensamento dos principais autores que se dedicam

ao estudo do letramento.

Este trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro esboçamos a

contextualização histórica do letramento, mostrando seu surgimento no cenário da

educação. No segundo capítulo abordamos o conceito de letramento. No terceiro e

último capítulo mostramos como o letramento se apresenta nas series iniciais, no

ensino da leitura e da escrita.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO LETRAMENTO

O termo letramento integra há pouco tempo o discurso de especialistas

das áreas de educação e de linguística. Foi na segunda metade do século passado,

mais especificamente em 1986, que o termo letramento surgia no cenário

educacional brasileiro. Sendo razoavelmente novo e técnico, surgiu da palavra

inglesa “literacy” (letrado) em decorrência de uma nova realidade social na qual não

bastava somente saber ler e escrever, mas responder efetivamente às práticas

sociais que usam a leitura e a escrita (SILVA, 2004).

Soares (1998 apud SILVA, 2004, p.3), “afirma que a denominação

letramento é uma versão, em português, da palavra inglesa “literacy”. Palavra essa

que quer dizer pessoa educada, especialmente capaz de ler e escrever”.

Inicialmente a palavra letramento, quando a mesma integrou o

vocabulário da Educação e das Ciências Linguísticas, logo gerou discussão acerca

do termo. Segundo Silva (2004), o Dicionário Houaiss (2001) atribui três significados

ao termo: 1. Representação da linguagem falada por meio de sinais; escrita. 2.

Alfabetização (‘processo’). 3. (década de 1980) conjunto de práticas que denotam a

capacidade de uso de diferentes tipos de materiais escritos (Dicionário Houaiss,

2001, p.1474).

Assim, pode-se dizer que letramento é uma palavra recente, que surgiu

no fim do século XX. Essa expressão se tornou necessária para definir novas ideias,

à medida que o analfabetismo foi sendo superado em uma sociedade que estava

mais centrada na leitura e na escrita.

Nas duas últimas décadas do século passado a maneira de pensar em relação à leitura e à escrita vem transformando enormemente. Estudiosos têm mudado suas visões no que se refere à linguagem e ela passa a ser vista como um processo dinâmico em contextos significativos da atividade social em todos os seus aspectos, quer sejam eles: familiares, comunitários profissionais, religiosos etc. (SILVA, 2004, p. 1).

Atualmente, vários paradigmas abordam sobre o letramento no Brasil, no

contexto atual, e na maioria das vezes, continua sendo um conceito que causa

muitas discussões entre os mais conceituados teóricos Brasileiros que discutem

sobre o tema.

Na realidade, definir a palavra letramento não é uma tarefa muito fácil. O

que podemos ver que é um tema muito discutido e complexo com varias opiniões de

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autores e especialista que estudam sobre o termo letramento, e que as conclusões

são variadas.

Em meados de 1980 se dá a invenção do termo letramento no Brasil,

tornando-se foco de discussão nas áreas da educação e da linguagem o que se

evidência pelo no grande número de artigos e livros voltados para o tema. Além da

alfabetização, este conceito interdisciplinar no âmbito social, cognitivo e linguístico,

faz do letramento, um processo amplo que torna o indivíduo capaz de utilizar a

escrita de forma deliberada nas situações sociais. Deste modo,

Letramento é a palavra e conceito recente, introduzido na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassam o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível da aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização (SOARES, 2004, p.20).

Porém, na concepção da autora o surgimento do letramento veio para suprir

as necessidades do domínio da língua oral e escrita referindo-se às capacidades de

ler e de escrever, de fazer uso do objeto de escrita e de leitura, tanto na dimensão

da alfabetização como no âmbito do letramento. Sendo que esses dois processos se

mesclam e coexistem na experiência de leitura escrita nas práticas sócias, apesar

de serem conceitos distintos.

Para melhor compreensão da diferença entre a concepção do individuo

letrado e alfabetizado, verifica-se a necessidade de uma proposta que valorize o uso

da língua nas diferentes situações sociais e a importância de alfabetização como

processo indispensável na aquisição dos fundamentos alfabéticos e ortográficos que

possibilitem a leitura e escrita, ultrapassando esses processos para construir melhor

o raciocínio logico, e não por repetição e memorização dos conceitos. Portanto, o

processo ensino aprendizagem da leitura e escrita deve privilegiar a reflexão do

individuo, facilitando como aprende e constrói as suas hipóteses de conhecimentos.

Este novo assunto de pesquisa sobre essas práticas sociais, refletia as

transformações nas práticas letradas tanto dentro ou fora da escola, havendo a

necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais

avançadas e complexas que as práticas de ler e de escrever resultantes da

aprendizagem do sistema de escrita.

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Deste modo, o termo letramento se deu por caminhos diferentes daqueles

que explicam a invenção do termo em outros países. No Brasil, a discussão do

letramento surge sempre enraizada ao conceito de alfabetização, concebidos como

processos que devem caminhar juntos.

Através do Letramento, passou-se a entender que nas sociedades

contemporâneas, era insuficiente o mero aprendizado das “primeiras letras”, e que

integrar-se socialmente, envolve também “saber utilizar a língua escrita nas

situações em que esta é necessária, lendo e produzindo textos”. Assim o letramento

veio para designar essa nova dimensão da entrada no mundo da escrita, que se

constitui de um “conjunto dos conhecimentos”.

Todavia, os motivos pelo qual foi incorporado mais esse termo no campo

educativo, estiveram ligados à ausência de uma palavra que explicasse o sentido do

fenômeno. Sendo neste contexto que surgiu o termo letramento. Durante a década

de 80 emergiram discussões sobre as altas taxas de repetência e analfabetismo no

Brasil. Ao proporem uma nova perspectiva sobre o processo que a criança percorre

para aprender a ler e a escrever, Ferreiro e Teberosky (1979) contribuíram muito

para a reflexão sobre a problemática da alfabetização.

Diante de toda a reflexão que ocorreu nesta época sobre o analfabetismo, foi

necessário encontrar uma palavra que se referisse à condição ou ao estado

contrário daquele expresso pela palavra analfabetismo, ou seja, uma palavra que

representasse o estado ou condição de quem está alfabetizado, de quem domina o

uso da leitura e da escrita.

Se até aquele momento só se falava em analfabetismo, pois era essa a

condição em que grande parte da população brasileira se encontrava, no momento

em que essa realidade começou a se modificar, foi preciso incorporar uma nova

palavra para nomear a nova condição que o povo passou a ocupar. Essa nova

condição, para além do saber ler e escrever compreendia a incorporação desses

saberes no viver de cada indivíduo, ou seja, estava relativo a uma demanda social.

Refletindo sobre o surgimento do termo letramento, Kleiman (2008, p. 294)

argumenta que o conceito de letramento “começou a ser usado nos meios

acadêmicos como tentativa de separar os estudos sobre o impacto social da escrita,

dos estudos sobre a alfabetização, cujas conotações destacam as competências

individuais no uso e na prática da escrita”.

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De acordo com Soares (2004, p.90) “embora correndo o risco de uma

excessiva simplificação, pode-se dizer que a inserção no mundo da escrita se dá por

meio da aquisição de uma tecnologia – a alfabetização, e por meio do

desenvolvimento de competências (habilidades, conhecimentos e atitudes) de uso

efetivo dessa tecnologia em práticas sociais que envolvam a língua escrita–

letramento”.

Porém, na concepção da autora para combinar, alfabetização e o letramento,

o educador precisa então, criar oportunidade em que o educando possa vivenciar,

intensamente, atos de leitura e de escrita. O ambiente escolar precisa ser,

concretamente, um ambiente alfabetizador, o educando será estimulado não só a

desejar descobrir o significado de cada texto, como, ainda, a produzir seu próprio

texto. Para isso, é fundamental observar outras pessoas lendo e escrevendo, como

também manipulando matérias de leitura que fazem parte de sua experiência

cotidiana, tendo oportunidade de interagir com texto e seus significados.

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2 CONCEITUAÇÃO DE LETRAMENTO

O conceito de alfabetização que vigorou até o censo de 1990. Alfabetizado,

era aquele que declarava saber ler e escrever, sendo aquele que exerce a prática de

leitura e escrita ainda que trivial. Todavia, a partir do conceito de letramento, a

criança nas séries iniciais, mesmo sem ser alfabetizada, pode-se letrar antes de

alfabetizar ou o contrário, essa compreensão é o grande problema das salas de aula

e explica o fracasso do sistema de alfabetização na progressão continuada. Assim

as alterações no conceito de alfabetização nos censos demográficos ao longo das

décadas permitiram identificar uma progressiva extensão desse conceito.

A entrada da criança no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a

complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e de escrever. O

educando, portanto, precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e

de escrita apropriar-se do hábito do sistema de escrita.

O educando pode ser considerado letrado mesmo que não seja alfabetizado,

na medida em que ao participar de contextos de letramento utiliza estratégias orais

dos conhecimentos construídos sobre a língua que escreve, mesmo sem saber ler e

escrever conhece a estrutura da língua escrita.

Para Ferreiro (1988, p. 11), letramento é:

O resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado de ação de usar essas habilidades em práticas sociais, é o estado ou condições que adquire em um grupo social ou um indivíduo, como consequência de ter-se inserido num mundo organizado diferente: a cultura escrita.

Segundo a autora os resultados de ensinar a leitura e a escrita é um meio

fundamental importância, porque é constitui um objetivo de aprendizagem, é

necessário que as informações façam sentido ao aluno, diversificando os textos com

diferentes formas de leitura em função de diferentes objetivos, buscando

informações, relevantes ou dados para a solução de um problema. Possibilitando,

também a participação ativa do sujeito como leitor fazendo dele um ser crítico,

reflexível, capaz de elaborar suas próprias interpretações, levando à criança a

capacidade de sonhar e imaginar, sendo que a leitura e a escrita faz uso competente

e frequente de ambas. O letramento é um conceito enraizado na alfabetização e

frequentemente são confundidos com entendimento de uma aprendizagem

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complexa, mais não solitária, porque exige, ao mesmo tempo, troca de informações,

estímulos e motivação.

Assim, “entendemos que uma pessoa não aprende unicamente pelo que tem

de individual, mas também pelo contexto que a cerca, incluindo significados e usos

produzidos em suas redes de relações com o outro” (SILVA, 2004, p.1).

Na concepção do autor o letramento representa uma possibilidade efetiva de

participação ativa na realidade social e cultural do grupo. Tendo maior condição de

compreender e transformar suas realidades sociais e pessoais, tornando-se capaz

de compreender a cultura no meio em que vive (...)

Para Soares (2009 p.18), portanto:

O conceito de letramento amplia-se no sentido de levar em consideração o desenvolvimento do processo, ou seja, trata-se da utilização da escrita no cotidiano dos indivíduos, através das diversas práticas sociais, considerado um conceito de natureza complexa.

Na concepção da autora, acredita-se que o letramento é um processo

eficiente de ensino-aprendizagem da escrita e da leitura, e deve tomar como ponto

de partida e como eixo organizador, é a compreensão de que cada tipo de situação

social demanda o uso da leitura e escrita relativamente.

Deste modo, a adoção do vocábulo "letramento" vem atender a uma nova

realidade, já que só recentemente a sociedade brasileira passou a preocupar-se

com o desenvolvimento de habilidades para utilizar a leitura e a escrita nas práticas

sociais e não somente com o saber ler e escrever mecanicamente. Contudo, essa

transformação traz consigo problemas de delimitação de sentido, de definição e

também de mensuração. Para Soares (1999, p.21):

Dentre outras habilidades\capacidades, a leitura inclui as de fazer previsões sobre o texto, de construir significado combinando conhecimento prévio e informações textuais, de refletir sobre o significado do que foi lido e tirar conclusões sobre o assunto enfocado. Por outro lado, essas habilidades\capacidades são desenvolvidas à medida que o leitor no ato de ler, faz uso das chamadas estratégias de leituras têm no processo de construção de sentido do texto e a necessidade de o (a) professor (a) desenvolver uma prática em que elas sejam contempladas.

A autora comenta ainda que, os educadores devem ter habilidades e

capacidades para desenvolver um trabalho docente. Tendo objetivo no momento de

formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com as quais se

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defrontam, é preciso organizar o trabalho que experimente e aprendam isso na

escola. Principalmente quando os alunos não têm contato sistemático com bons

materiais de leitura e com adultos leitores, com isso o educador deve colocar-se no

ponto de vista do aluno que aprende, para saber verificar como e por que ele pensa

e faz a sua escrita, procurando compreender também o que é essencial e o que é

importante na leitura, para decidir o que deve ser trabalhado e o que é apenas

complementar em seu trabalho pedagógico.

Então diante do exposto, o educador passa ser visto como um profissional

dotado de competência técnica permite à criança apropria-se do processo de

letramento. Mas, o letramento sozinho não garante a autoria e a autonomia

necessárias para a mudança de postura frente às realidades. Para que haja uma

ação efetiva, é necessário também que este cidadão sinta-se capaz de estabelecer

desta forma uma cadeia em que letramento é o desenvolvimento que se tornam

interdependentes. Porém cabe ressaltar que a conquista de um não leva

imediatamente ao outro.

A partir da concepção de Soares (1998 apud SILVA, 2004) entendemos que

existe uma estreita relação entre alfabetização e letramento. Passando a atuar como

ferramenta para que a escola assuma a função de trabalhar lado a lado com as

necessidades enfrentadas pelo aluno enquanto cidadão. Na escola não se forma

unicamente o trabalhador fabril, o profissional especializado, mas o cidadão

autônomo e crítico, capaz de transformar sua própria sociedade. Não basta saber

falar, escrever e ler, mas é preciso: compreender os textos lidos no cotidiano.

a alfabetização (aquisição do código da leitura e da escrita pelo sujeito) como pré-requisito para o letramento (apropriação e uso social da leitura e da escrita pelo sujeito). Subjacente a essa concepção de letramento está a ideia de que a escrita pode trazer consequências de ordem social, cultural, políticas, econômicas e linguísticas, “quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduo que aprende a usá-la” (SOARES, 1998, p.17).

A autora ressalta que se deve incentivar o educando a ler com o interesse de

descobrir o mundo que o rodeia e a que tema social esta ligado, enfim uma leitura

que realmente lhe dê prazer. Nesse sentido, a escola deve possibilitar com

sensibilidade e afeto a adaptação e inserção deste sujeito na cultura letrada para

não causar traumas e bloqueios que impediriam o desenvolvimento da criança nos

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vários aspectos inerentes ao ser humano.

Partindo do princípio de afirmar que um sujeito, para ser considerado letrado ou estar em processo inicial de letramento, precisa ser no mínimo alfabetizado, ou seja, ter adquirido a tecnologia da leitura e da escrita, equivale a afirmar, também, que pessoas que não adquiriram a tecnologia da leitura e da escrita, portanto pessoas “analfabetas”, pois não “sabem” codificar/decodificar letras e palavras, são consideradas iletradas (SOARES, 1998).

Para a autora além da competência leitora e escritora e do próprio processo

de letramento é preciso ampliarmos também a busca de outras razões para

trabalhar com literatura, que diz respeito ao fazer que a leitura possa nos dar e à

nossa condição não só de professores mais leitores. Sendo preciso alimentar a

imaginação de nossos alunos, compartilhando leitura com eles e oferecendo lhes

oportunidades para que descubram os encantos da leitura e da escrita como uma

forma de arte que possibilita conhecer melhor a si, para que se tornem pessoas

criticas e mais criativas.

Nesse sentido, é importante que o professor, consciente de que o acesso ao

mundo da escrita é em grande parte responsabilidade da escola, e que a

alfabetização e letramento são fenômenos complexos percebendo que são múltiplas

as possibilidades de uso da leitura e da escrita da sociedade.

Para melhor compreender como se dá a construção do conhecimento da

leitura e da escrita, o professor deve colocar-se no ponto de vista do aluno que

aprende, para saber verificar como e por que ele pensa e faz a sua escrita,

procurando ainda, compreender também o que é essencial e o que é importante na

leitura, para decidir o que deve ser central e o que é apenas complementa no seu

trabalho pedagógico.

É importante explicitar que a alfabetização é concebida, ao sentido

convencional, ou seja, é entendida como o modo pelo qual o sujeito ou grupo de

sujeitos adquiriu a habilidade de ler e de escrever, sendo considerado alfabetizado.

A dimensão individual do letramento parte do pressuposto de que letramento

é um atributo pessoal, que está relacionado simples posse individual das tecnologias

mentais complementares de ler e de escrever

de cada indivíduo.

Kleiman (1995) considera que a leitura e a escrita fazem parte de atividades

sociais, tais como ler um manual ou pagar contas. Daí a importância de se encarar a

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leitura e a escrita não só como atividades com um fim em si mesmas, como propõe o

modelo autônomo de letramento, mas como atividades que servem a um propósito.

Para o autor o letramento não constitui um novo método de alfabetização, é

um processo que consiste na utilização de textos variados no ambiente escolar e no

meio social, melhorando assim a prática de somente alfabetizar, sendo essa uma

perspectiva pedagógica com metodologias relacionadas à aquisição da leitura e da

escrita. Aos poucos o letramento vem sendo diferenciado de alfabetização e tendo

um nível de aprendizagem no individuo muito mais amplo do que o que pensávamos

antes.

Assim, pode-se dizer que o letramento é muito importante para a conquista da

cidadania, pois o indivíduo letrado é capaz de se instruir por meio da leitura e da

escrita e selecionar, entre muitas informações aquela que mais interessa a ele.

Os estudos que contemplam a dimensão do letramento surgem no âmbito

acadêmico na tentativa, por parte de alguns estudiosos, de separar os estudos sobre

alfabetização dos estudos que examinam os impactos sociais dos usos da escrita

(KLEIMAN, 1995).

Para Kleiman (2004, p.11), letramento é considerado conjunto de práticas

sociais, cujos modos específicos de funcionamento têm implicações importantes

para as formas pelas as quais os sujeitos envolvidos constroem relações de

identidade e de poder. Então, para essa concepção letramento esta envolvido as

práticas sociais de leitura e escrita, os eventos em que essas práticas são postas em

ação, bem como as consequências dela sobre a sociedade.

É a partir deste contexto que a sociedade se caracteriza pelo acesso da

leitura e da escrita, buscando ação em que através do letramento o indivíduo pode

ser apresentado ao mundo da reflexão da realidade e de suas possibilidades de

mudança, sendo através da reflexão crítica que o homem poderá gerar ações de

transformação da sociedade.

Porém, na concepção é preciso levar o sujeito a desenvolver a formação,

possibilitando a participação ativa fazendo dele um ser critico e reflexivo, capaz de

elaborar suas próprias interpretações, além de auxiliar na construção dos símbolos,

das crenças e dos valores. Sendo também importante o desenvolvimento do mundo

imaginário e cultural, pois facilita o aprendizado do educando. Estas atividades

podem favorecer o desenvolvimento das consciências fonêmicas, levando a

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perceber a relação dos fonemas com os grafemas em percepção que buscam

implementar em salas de aula um trabalho de alfabetização na perspectiva do

letramento. Portanto, é necessário que a escola seja um espaço privilegiado de

aprendizagem, e isso ocorrerá de fato, quando a sala de aula se abrir às

manifestações de cultura, e no caso das salas de alfabetização, às diversas

manifestações linguísticas.

Deste modo, percebe-se que o letramento passou a ser concebido como o

processo que abrange o desenvolvimento e o uso dos sistemas de leitura e de

escrita na sociedade e refere-se a um conjunto de práticas, que vem modificando a

sociedade. Letrar, portanto é mais que alfabetizar, é ensinar o sujeito leitor a

perceber o texto, compreender, dialogar e discutir aquilo que leu. O leitor não deve

ser um passivo diante da leitura, mas necessita estabelecer uma relação de troca,

uma experiência que o leve a se questionar, duvidar, crer diante do que leu.

E ainda podemos firmar que esses processos interdependentes e

indissociáveis, a aquisição do sistema convencional de escrita, sendo esse a

alfabetização e o letramento que se refere ao uso da língua escrita nas práticas

sociais e conhecido como um estudo de quem exerce a leitura e escrita de quem

participa de eventos em que a escrita é integrante nos processos de interpretações,

interações, atitudes e competências discursivas e cognitivas que trás um

diferenciado estado de inserção em uma sociedade letrada.

Para compreendermos as práticas de leitura e escrita é necessária a ação

educativa de desenvolvimento do seu uso, para ir além do apenas ensinar ler e

escrever. Assim a criança começará a entender qual é a função que os diferentes

gêneros textuais irão tratar e compreendê-los através da leitura, compreensão e

interpretação. É a partir deste pressuposto, que o educador trata o educando como

sujeito pensante, capaz, inteligente ativo, valorizando e acreditando que ela é capaz

de aprender. E essa interação quanto maior for os modelos convencionais de

escrita, maior será também a influencia no seu processo de construção do

conhecimento. E isso ocorre na medida em que a criança tem oportunidades,

estímulos e motivação para vivenciar atos de leitura. Ela pode assim, comparar e

confrontar cada vez mais seus conceitos, suas ideias ou hipóteses com as situações

convencionais de leitura e de escrita que o adulto lhe oferece, buscando a iteração

do aluno com o texto e condicionando aos estímulos do ambiente e às

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oportunidades de vivenciar situações reais e concretas de leitura e de escrita.

Diante do exposto é importante reconhecer a especificidade de cada um

desses processos, é preciso combinar a alfabetização e letramento, assegurando

aos alunos tanto a apropriação do sistema de escrita, como o domínio das praticas

sócias de leitura escrita. Como consequência, o desafio que se coloca é “alfabetizar

letrando”, ou seja, possibilitar que a alfabetização se desenvolva em um ambiente

onde a criança conviva com variados portadores de textos ao mesmo tempo em que

constrói a base alfabética. Nesse sentido, existe uma relação muito estreita entre,

alfabetização e letramento, uma vez que é a educação formal, a principal agência

responsável pelo processo de alfabetização da maioria das pessoas, principalmente

daquelas pertencentes às classes economicamente desfavorecidas.

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3 O LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS

Alfabetizar letrando é desenvolver ações significativas de aprendizagem

sobre a língua, de modo a proporcionar situações onde a criança possa interagir

com a escrita a partir de usos reais expressos nas diferentes situações

comunicativas, sendo este algo possível desde a educação infantil. Isto implica levar

para a sala de aula uma diversidade textual que possibilite às crianças refletirem

sobre a língua que se escreve a norma culta ou padrão.

Assumir esta responsabilidade significa ensinar de fato a língua escrita, e

para isto é necessário que os educadores alfabetizem letrando desde as séries

iniciais, começando o ensino da língua escrita em contextos de letramento.

O processo de alfabetização ocorre na perspectiva do letramento, sendo

este usado para atender as demandas sociais em que não basta aprender ler e

escrever, mas faz-se necessário utilizar, de maneira competente, compreendendo a

função de ambas em contextos sociais.

Neste sentido, Soares (2004) realça as especificidades inerentes aos

processos educativos de alfabetizar e letrar, evidenciando que ambos são processos

distintos, porém indissociáveis, considerando que o acesso ao mundo da escrita

ocorre de maneira simultânea pelos caminhos da alfabetização e do letramento. É

importante que as crianças se interajam com os adultos alfabetizados, com a leitura

e a produção de textos, mesmo antes de estarem alfabetizados convencionalmente.

Crianças cujos pais leem regularmente e exploram com elas os textos narrativos,

não só aprendem a ler com mais facilidade como se revelaram bons escritores no

término de sua trajetória escolar, ler e escrever textos significativos, onde o

educador possa criar um ambiente letrado, considerando o conhecimento prévio,

embora pequenas, as crianças levam para a escola o conhecimento que advém da

vida.

O trabalho com textos na alfabetização é necessário para enfocar os dois

aspectos da aprendizagem da língua escrita, assim o aluno alfabetizado e letrado

tem possibilidade de utilizar a escrita nas diferentes situações do cotidiano.

Participar de práticas sociais de leitura e escrita é importante não só para o processo

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de alfabetização, mas também para a apropriação da língua escrita em situações

reais de uso.

Desse modo, a alfabetização na perspectiva do letramento deve

evidenciar a importância do trabalho com os diversos gêneros textuais, com base

nos diferentes suportes de leitura.

É necessária uma proposta pedagógica que dê suporte ao pleno

desenvolvimento desses aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da

escrita desde o início da escolaridade, tendo em vista proporcionar ao aluno as

formas de utilização da escrita para diferentes finalidades.

A partir das situações de letramento presentes em seu cotidiano, uma vez

que os textos apresentam situações comunicativas diferenciadas, é possível o aluno

compreender que a estrutura e a organização dos textos estão relacionadas a

diferentes funções que exercem nas práticas cotidianas da realidade.

Desta forma, aprender a ler e escrever envolve a apropriação do sistema

alfabético e ortográfico e o desenvolvimento das habilidades textuais, percebendo

que cada gênero tem uma forma diferente quanto à estrutura e organização.

Cabe ao educador desenvolver neste conceito práticas significativas de

desenvolvimento para o aluno acerca do funcionamento e utilização desse ensino,

seu papel é, portanto intervir de forma a tornar mais efetiva esta reflexão, através de

uma profunda imersão das crianças nas práticas sociais de leitura e escrita, só a

partir da descoberta do princípio alfabético e das convenções ortográficas formaram

um leitor e escritor autônomo.

Concebendo o professor como um ser que interage com o saber, sendo a

escola um espaço permanente de produção de conhecimento. É preciso, portanto,

desenvolver práticas sociais de leitura e escrita, a partir de seus diferentes usos e

funções requeridos pela sociedade, de modo a compreender o letramento enquanto

um novo conceito de compreensão acerca da função social da escrita.

Deste modo, é necessária reflexão em torno das práticas de letramento

desenvolvidas no processo de alfabetização, pois encontramos a escrita em

diferentes ambientes sociais, essa que faz parte do nosso cotidiano, sobretudo com

o advento da sociedade do conhecimento.

Segundo Weisz, (2000, p.62) “o ensinar a língua escrita em contextos

letrados, a função do professor é observar a ação das crianças, acolher ou

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problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a

reflexão dos alunos sobre a escrita”.

As reflexões acerca da alfabetização e do letramento nos revelam a

necessidade da vinculação dos dois termos na prática pedagógica alfabetizadora, de

modo que o trabalho pedagógico desenvolvido na escola contemple uma proposta

de “alfabetizar letrando”, onde o ensino e a aprendizagem do código estejam

associados pelas práticas sociais de utilização da escrita. Contudo, em uma

sociedade letrada, não basta apenas aprender ler e escrever, é preciso praticar

socialmente a leitura e a escrita, compreendendo as finalidades entre os diversos

contextos de letramento.

Alfabetizar Letrando não constitui um novo método de alfabetização,

consiste na utilização de textos variados no ambiente escolar, melhorando assim a

prática de somente alfabetizar, sendo essa uma perspectiva pedagógica com

metodologias relacionadas à aquisição da leitura e da escrita.

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3.1 O ensino da Escrita e da Leitura

Como sabemos ensinar os alunos a ler e escrever é uma das principais

tarefas da escola. A leitura e a escrita são muito importantes para que as pessoas

exerçam seus direitos, possam trabalhar e participar da sociedade com cidadania,

informar e aprender coisas novas ao longo de toda a vida. Na escola, crianças e

adolescentes precisam ter contato com diferentes textos, ouvir histórias, observar

adultos lendo e escrevendo. Precisam participar de uma rotina de trabalho variada e

estimulante e, além disso, receber muito incentivo dos professores e da família para

que, na idade adequada, aprendam a ler e escrever.

Desta forma, todos os professores podem coordenar seus esforços para

conseguir os melhores resultados. Todas as crianças são capazes de aprender. Por

isso, a escola precisa organizar suas aulas e suas atividades pensando em todos os

alunos, garantindo que todos eles possam se desenvolver na leitura e na escrita.

Este compromisso com a aprendizagem de todos os estudantes deve ser

assumido como uma das principais responsabilidades da equipe de gestão da

escola, formada pela direção e pela coordenação pedagógica ou supervisão de

ensino.

Por essa razão, é muito importante que a escola tenha a preocupação de

cuidar e melhorar seu acervo, de ter um profissional para atender o público e,

principalmente de que a biblioteca ou sala de leitura seja de fato usada pelos alunos

no horário das aulas e fora dele.

Levar ao alcance dos alunos diferentes portadores de texto, pode ser uma

forma de incentivar a leitura e a escrita na fase de alfabetização. Cartas, listas,

histórias, poesias, bilhetes, etc. Poderão mostrar aos alunos a amplitude do mundo

letrado e despertará a curiosidade para explorar cada vez mais este mundo.

E desta forma o trabalho com contas de água, de luz e de telefone,

dinheiro (notas e moedas) e cheques ou documentos pessoais como carteira de

trabalho, de identidade, título de eleitor também é um ótimo suporte para que o

aluno saiba a utilidade da escrita e da leitura, são instrumentos utilizados no dia-a-

dia das pessoas próximas e nas brincadeiras de faz-de-conta das próprias crianças.

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Algumas atividades com os portadores de textos dirigem a atenção da

turma para aspectos formais da escrita, ao mesmo tempo em que ampliam as

noções dos alunos sobre os diversos usos da leitura.

Para ajudar aos alunos a ultrapassarem as dificuldades no processo de

alfabetização, o professor deverá trabalhar as diferenças entre números e letras em

diferentes contextos.

Segundo Carvalho (2002), trabalhar com o nome dos alunos é muito

importante porque toda criança atribui estima especial ao próprio nome e se

interessa por aprendê-lo e aqueles que já sabem “desenhar” a assinatura

descobrem coisas novas observando a escrita dos nomes dos colegas.

O ideal é que o professor desenvolva um projeto pedagógico que trabalhe

a escrita do nome como suporte para a alfabetização, que envolva atividades

lúdicas, de escrita e leitura, bem organizadas e esquematizadas para que os alunos

comecem a fazer as algumas comparações como: existem nomes com poucas e

com muitas letras; existem nomes que começam ou que acabam com a mesma

letra; os nomes mais extensos nem sempre são aqueles das pessoas mais altas; o

tamanho das pessoas não tem relação com o tamanho de seu nome; os nomes dos

alunos da turma podem ser classificados em vários grupos ou conjuntos: nomes que

iniciem com a mesma letra, nomes que terminem com a mesma letra, nomes iguais,

nomes que contém o mesmo número de letras.

Para ter bons resultados no processo de alfabetização, é importante

tornar esse período como uma fase de alegria, de fantasias e de realizações. Os

alunos por si só tendem a desenvolver a linguagem escrita sem muita complicação e

muitas vezes, o próprio professor censura e limita-os de desenvolver etapas

importantes para o desenvolvimento da alfabetização.

Deixar que os alunos brincassem mais, façam mais jogos de faz-de-conta,

fantasiem, é importante para que desenvolvam a capacidade de simbolizar. As

atividades de desenho livre também devem ser valorizadas, pois são os primeiros

registros da representação da fala que os alunos apresentam na vida escolar.

Deste modo, a competência leitora se dá quando:

Um leitor competente [...] é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade. Formar um leitor competente supõe

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formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos. Um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler

convencionalmente. (BRASIL, 2001, p. 54).

Segundo os parâmetros Curriculares um leitor competente é aquele que

se dedica completamente a um trabalho organizado com diversidade imensa,

circulando socialmente podendo atender as necessidades de todos os alunos e

principalmente aqueles com mais dificuldade de ler e compreender o que tentam ler.

Esta premissa não é nova, pois,

No início da década de 1980, o ensino de Língua Portuguesa na escola tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade da educação no País. No ensino fundamental, o eixo da discussão, no que se refere ao fracasso escolar tem sido a questão da leitura e da escrita. Sabe-se que os índices Brasileiros de repetências nas séries iniciais – inaceitáveis mesmo em países muito mais pobres – estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. (BRASIL, 1997, p. 19)

Esta dificuldade se expressa, com clareza, nos dois gargalos em que se

concentra a maior parte da repetência: no fim da primeira série (ou mesmo das duas

primeiras) e na quinta série. No primeiro, por dificuldade em alfabetizar; no segundo,

por não conseguir garantir o uso eficaz da linguagem, condições para que os alunos

possam continuar a progredir até, até pelo menos, o fim da oitava série. Assim,

O que temos no Brasil é um problema com os letramentos do alunado e não com sua alfabetização. E nenhum método de alfabetização – fônica ou global- pode dar jeito nisso, mas, sim, eventos escolares de letramento que provoquem a inserção do alunado em práticas letradas contemporâneas e, com isso, de desenvolvam as competências\capacidades de leitura e escrita requeridas na atualidade. Temos isso sim, indicadores das insuficiências dos letramentos escolares, em especial na escola pública, para a inserção da população em práticas letradas exigidas na contemporaneidade (BRASÍLIA, 2010, p.19). .

Isso ocorre porque, nos últimos vinte anos, a população escola mudou: as

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camadas populares finalmente tiveram acesso à educação pública e trouxeram para

as salas de aula práticas de letramento que nem sempre a escola valorizava e que

dialogam com dificuldade com os letramentos dominantes das esferas literárias,

jornalísticos, da divulgação científica e da própria escola.

Logo, a questão esta em outro lugar que não na alfabetização: nas práticas

de letramento em que os Brasileiros se envolvem (e nas capacidades de leitura e

escrita que o envolvimento nessas práticas acarreta níveis de analfabetismo), com

as quais parece, a escola não está conseguindo se confrontar (BRASÍLIA, 2010. p.

22).

Para Solé (1998, p.72 a 82):

As Metodologias de leitura são “como um tipo particular de procedimentos” que necessitam ser ensinados na perspectiva de formação de leitores autônomos. Além de oportunizar a interação com vários textos, será preciso explicitar as estratégias necessárias à sua compreensão as estratégias que utilizamos para ler e diversificam e adaptam em função do texto que queremos abordar e planejar propostas voltadas ao seu desenvolvimento, numa perspectiva de “construção conjunta em que se estabelece uma prática guiada através da qual o professor proporciona aos alunos os ‘andaimes’ necessários para que possam dominar progressivamente essas estratégias e utilizá-las depois da retirada das ajudas inicias.”.

Na visão da autora a metodologia habilita o professor a uma prática mais

eficiente eficaz com leitura mais clara, sendo desenvolvida através do

acompanhamento sistemático, bem como da aceitação e discussão das sugestões

trazidas por ele para a melhoria dos roteiros de leitura, visando a formação do leitor,

e o encantamento pela leitura.

Sendo que o resultado deste estímulo positivo do educador face à leitura

demonstrado pelo educando, deve ser complementado pelas qualidades pessoais e

técnicas e pelo domínio conceitual, que torne sua prática pedagógica mais eficiente,

e, sobretudo que tenha conceitos fundamentais possibilitando o aprendizado: o

aluno, o professor e o conteúdo que se quer transmitir.

Para Freire (1991 p.20):

Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma critica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade. Ler é procurar ou buscar criar a compreensão do lido; a importância do ensino correto da leitura e escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão e da comunicação. Um

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exercício crítico sempre exigido pela leitura e necessariamente pela escrita.

Segundo o autor a leitura tem como finalidade a formação de leitores

competentes, que possibilita a produção de textos eficazes tendo sua origem na

prática de leitura, por outro lado fornece também a matéria-prima para a escrita. Por

outro lado a construção de modelo: como escrever.

Portanto, para aprender escrever, é necessário ter acesso a diversidade de

escritos, testemunhando a utilização que se faz da escrita em diferentes

circunstâncias.

Para Martins (1994, p. 22)

A leitura esta geralmente restrita à decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do individuo, a sua capacitação para o convívio e atuação social e política, econômica e cultural. De fato ao lermos, entramos em contato com a informação. É um processo que inicia a fantasia a qual leva o leitor à mentalizar as informações ali descritas, desencadeando todo um processo psicossensorial que viabilizará a experiência do leitor com aquilo que ele está lendo, seja um clássico de literatura mundial ou uma fotonovela da banca de jornal.

Segundo o autor a leitura contribui para a construção do significado envolvendo

a sua história de leitor de suas experiências e que o objetivo é subsidiar o leitor as

principais questões da oralidade e da escrita, oferecendo-lhe o conhecimento e o

interesse pelo campo da linguagem verbal, despertando a valorização para analisar,

discutir e descobrir, o que permitem ao aluno construir seus conhecimentos sobre os

diferentes gêneros e sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-

los sobre o uso da escrita.

Para Solé (1998, p. 89),

Muitas das estratégias são passiveis de trocas, e outras estarão presentes antes, durante e depois da leitura. Acrescenta ainda que a primeira condição é despertar o interesse da leitura de um determinado material, referem-se aos objetivos fundamentais da leitura, fatos que contribui para o interesse da leitura em que o mesmo ofereça ao leitor certos desafios. Para aprender a ler e escrever é preciso pensar sobre a escrita, pensar sobre o que escrita representa e como ela representa graficamente a linguagem.

Segundo a autora a estratégia de leitura e escrita favorece uma análise e

reflexão o sistema alfabético de escrita correspondente à fonográfica. Em que essas

atividades exigem muita atenção e análise tanto qualitativas quanto quantitativas

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correspondendo os segmentos falados e escritos. Sendo que as crianças aprendam

a ler participando com uso da leitura escrita, com ajuda de alguém que dominam

esse conhecimento.

Para Lerner (2002, p.27),

O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o sistema de escrita. E já o disse: formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro.

Para a autora o desafio de formar leitores é fazer com que os alunos exerçam

práticas sociais de leitura e escrita, envolvendo um processo de compreensão e

interpretação de textos, tendo também ação reflexiva onde possibilite um bom

funcionamento intelectual, auxiliando a estratégia sociocognitivas ao longo do

processo ensino/aprendizagem.

Para Antunes (2007, p.122),

Perdemos a capacidade de perceber que só se aprende a ler lendo, analisando o que se lê, tirando conclusões, levando hipóteses etc: só se aprende a escrever, escrevendo, revisando, escrevendo de novo, cortando palavras, substituindo ou acrescentando outros: fazendo e refazendo, enfim.

Segundo o autor é importante que faça uma reflexão sobre o ensino-

aprendizagem da leitura e da escrita nas séries inicias para que se compreenda que

tipo de saberes os alunos precisa desenvolver afim de que se tornem sujeitos

críticos e reflexivos, capazes de compreender, interpretar e produzir um texto

autentico. Levando sujeito leitor a perceber o texto, compreender, dialogar e discutir

aquilo que leu. O leitor não deve ser um sujeito passivo diante da leitura, mas

necessita estabelecer ume relação de troca, uma experiência que o leve a ser

questionar, duvidar, crer e tecer novas concepções a cerca do que leu.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou conhecer o processo de letramento nas séries iniciais o

que é de grande valia para nosso trabalho acadêmico, que resultou aquisição de

conhecimento acerca da necessidade de rever o letramento nas séries inicias: Um

estudo sobre ensino da leitura e da escrita.

A experiência adquirida ao longo deste trabalho foi gratificante em todos os

aspectos relacionados à educação principalmente quando procuramos respostas

para hipóteses levantadas referentes ao tema em questão.

Identificou-se que as metodologias de ensino aplicadas no ensino da leitura e

da escrita possibilitou a necessidade de uma mudança nas propostas pedagógicas

onde se possa alfabetizar/letrando, pois o processo de ensino aprendizagem da

leitura e da escrita na escola, não pode ser visto como um mundo à parte e não ter a

finalidade de preparar o sujeito para a realidade na qual se insere.

Verificou-se que a importância do letramento no ensino fundamental

inicia-se muito antes da alfabetização, ou seja, quando uma pessoa começa a

interagir socialmente com as práticas sociais que fazem uso da leitura e da escrita,

provando que não existe um nível zero de letramento, já que uma pessoa pode não

ser alfabetizada, e ser letrada, trazendo consigo uma bagagem social de

conhecimentos.

No entanto, só recentemente passou-se a enfrentar esta nova realidade

social em que não basta apenas saber ler e escrever, é preciso também saber fazer

uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a

sociedade faz continuamente.

Daí a necessidade urgente de desenvolver no aluno através da leitura,

interpretação e produção de diferentes gêneros de textos, habilidades de leitura e

escrita que funcionem dentro da sociedade.

Para viabilizar o trabalho com o letramento se faz necessário um conceito

de ensino de leitura/ escrita como prática social, que dê conta dos vários tipos de

conhecimento que interagem nos processos interpretativos: conhecimento linguístico

textual, conhecimento prévio de mundo, de práticas sociais gerais e discursivas; ou

seja, é preciso ver o processo de leitura e escrita na sua abrangência social e não

apenas na sua dimensão cognitiva.

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Ao finalizar este trabalho, pode-se dizer que a leitura e a escrita tem um

papel muito importante na vida do aluno. Portanto a formação de bons leitores e

escritores precisa ser um compromisso de todas as instituições de ensino, em

especial os educadores.

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