Anuário Monarquia Já - Ano I

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  188 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL : Primeiro discurso que Dom Pedro I profe- riu como Imperador do Brasil, na Abertura da Ass embléia Constituinte Brasileira. Pág. 34 Dom Luiz de Bragança, um Príncipe Perfeito 90º ano de falecimento  Bra sil, 1878 Fra n a, 192 0  *  Dom Bertrand de Orleans e Bragança: defensor das garantias individuais O Príncipe Imperial Dom Bertrand tem cada vez mais se destacado como defensor das garantias individu- ais de cada cidadão, com respeito a propriedade privada, a tradição e a família. Dom Bertrand reúne todos os predicados para gerir uma nação. Conferencista de grandes multidões, o Príncipe cativa a todos quando fala sobre temas polêmicos como o PNDH 3 e o aborto. Pág. 42 Pág. 23 Pág. 10  Príncipe Dom Rafael: o futuro da Monarquia no Brasil Com 24 anos, formado em Engenharia de Produção, altamente politizado, Dom Rafael, assim como nas palavras de seu pai, tem sido para todos os monarquistas, a esperança da Restauração Monárquica no Brasil. O Príncipe tem um grande senso de dever e sabe o que representa. Centenário de Morte de Joaquim Nabuco Joaquim Nabuco hoje é nome de fundação, de instituição de ensino, de ruas e até de cidade, mas pouca gente sabe quem foi este homem. É no Centenário de sua morte que devemos trazer a biografia de Joaquim Nabu- co, e nele nos inspirarmos. Trazer à discussão o patriotismo e as ações deste grande monar- quista. Pág. 3 

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188 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: Primeiro discurso que Dom Pedro I profe-

riu como Imperador do Brasil, na Abertura da Assembléia Constituinte Brasileira.Pág. 34

Dom Luiz de Bragança,um Príncipe Perfeito

90º ano de falecimento Brasil, 1878 Fran a, 1920  *  

Dom Bertrand de Orleans e Bragança: defensor das garantias individuaisO Príncipe Imperial Dom Bertrand tem cada vez mais se destacado como defensor das garantias individu-ais de cada cidadão, com respeito a propriedade privada, a tradição e a família. Dom Bertrand reúne

todos os predicados para gerir uma nação. Conferencista de grandes multidões, o Príncipe cativa a todosquando fala sobre temas polêmicos como o PNDH 3 e o aborto. Pág. 42 

Pág. 23 

Pág. 10 

 

Príncipe Dom Rafael:o futuro da Monarquia no Brasil

Com 24 anos, formado em Engenharia deProdução, altamente politizado, DomRafael, assim como nas palavras de seupai, tem sido para todos os monarquistas,a esperança da Restauração Monárquicano Brasil. O Príncipe tem um grande sensode dever e sabe o que representa.

Centenário de Morte de Joaquim NabucoJoaquim Nabuco hoje é nome de fundação,de instituição de ensino, de ruas e até decidade, mas pouca gente sabe quem foi estehomem. É no Centenário de sua morte quedevemos trazer a biografia de Joaquim Nabu-co, e nele nos inspirarmos. Trazer à discussão opatriotismo e as ações deste grande monar-quista. Pág. 3 

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O Blog Monarquia Já lança a 1ª Edi-ção do Anuário de mesmo nome, tra-

ta-se de uma retrospectiva do anoMonárquico. Procuramos trazer nestaedição uma amostra do que noticia-mos durante o ano no Blog. Fatos,fotos, momentos e eventos que mar-caram o ano de 2010 e, ainda, artigose textos inéditos.

O   Anuário Monarquia Já evidência aFamília Imperial Brasileira, notícia oseventos monárquicos e propaga aMonarquia Constitucional Parlamen-

tar.

Acompanhe!

O  Anuário Monarquia Já é uma publi-cação do Blog Monarquia Já – http://imperiobrasileiro-rs.blogspot.com. 

Sugestões, reclamações, retificaçõesdevem ser feitas pelo e-mail:[email protected].

Os textos aqui transcritos são de res-ponsabilidade de seus autores, osdemais são de responsabilidade eexclusividade do   Anuário Monarquia Já.

A impressão deste informativo deveser feita em papel A4 de mesma cor da edição, sendo preservadas as ca-racterísticas e as imagens dispostasnesta obra.

Dedicamos esta edição do  Anuário

  Monarquia Já, ao Príncipe Dom Luiz,Chefe da Casa Imperial do Brasil, aPrincesa Dona Maria, de jure Impera-triz Mãe do Brasil e a Princesa DonaTeresa de Orleans e Bragança, últimaneta viva da Princesa Isabel, a Reden-tora.

Canhão El Cristiano: governo federal quer

devolver relíquia secularPág. 6

Museu Imperial completa 70 anosPág. 7

 XXI Encontro Monárquico do Rio de JaneiroPág. 15

Os 72 anos de S.A.I.R. Dom LuizPág. 15

A Imperatriz Dona Amélia é destaque deexposição em Munique

Pág. 14

88 anos do Falecimento do Marechal Conde d’EuPág. 22

Na data de seu aniversário, Dom Antonio éinvestido como Cavaleiro de Honra e Devoção daOrdem de MaltaPág. 17 

Coroação e Sagração de S.M., o Imperador D

 

omPedro IIPág. 25

Casamento de Dona Isabel de Orleans e Bragançacom o Conde Alexander de Stolberg-Stolberg

UM ANOUM ANOUM ANOUM ANO Pág. 41

Internacional Sociedade História FalecimentosPág. 43 Pág. 46 Pág. 16 Pág. 43

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Do Blog Monarquia Já

Joaquim Nabuco hoje é nomede fundação, de instituição deensino, de ruas e até de cidade,mas pouca gente sabe quem foieste homem. É no Centenário desua morte que devemos trazer abiografia de Joaquim Nabuco, enele nos inspirarmos. Trazer àdiscussão o patriotismo e as a-ções deste grande monarquista.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco

de Araújo nasceu no Recife,Pernambuco, no dia 19 de agos-to de 1849; era membro de umaimportante família do Império,tendo antepassados que paira-ram na vida pública do Brasil.Era filho de José Tomás Nabucode Araújo Filho, jurista, Senador do Império e Presidente da Pro-víncia de São Paulo, e de AnaBenigna de Sá Barreto Nabucode Araújo, sendo de tal forma,

neto de José Tomás Nabuco deAraújo, Deputado Geral, Ministrode Justiça e Senador do Império.Era sobrinho, por parte materna,do Marquês do Recife, FranciscoPaes Barreto. Descendência,pois, de grandes famílias do nor-deste brasileiro, os Nabuco deAraújo, da Bahia, que desde oPrimeiro Reinado contribuíamcom Senadores ao Império, mastambém descendência dos Pa-

es Barreto, que tinham grandeinfluência e poderio desde oséculo XVI em Pernambuco.

Nabuco teve formação sólida.

Em 1857 mudou-se para o Rio de

Janeiro, onde estudou humani-dades no prestigiado ColégioPedro II, bacharelando-se emLetras. Aos 15 anos publicouOde à Política, obra com queobteve elogios de Machado deAssis ; aos 18 anos apresentou odrama O destino, que teve co-mo espectador Dom Pedro II.Em São Paulo, no ano de 1865,iniciou os três primeiros anos deDireito, formando-se, mais tarde,

em 1870, no Recife. De retornoao Rio, publicou seu primeirolivro, Camões e Lusíadas. Publi-cou anteriormente entre 1864 e1869, três obras, O gigante da

Polônia, O povo e o trono e Ledroit du meurtre.

Em 1872, Joaquim Nabuco her-dou da madrinha, dona AnaRosa Falcão de Carvalho, o En-genho Serraria, o qual vendeu

para viajar à Europa, buscando“instrução”; na viagem, aprovei-tou para entrar em contato comintelectuais e políticos. Indo aLondres, apaixonou-se pelo po-vo inglês, pela geografia daque-la terra, e mais ainda pela mo-narquia parlamentar daquelepaís. Em 1876, foi enviado a Wa-shington, como adido de primei-ra classe, incorporando-se aoServiço Diplomático do Brasil e lá

permaneceu de 1876 a 1878.Joaquim Nabuco, por veia famí-

liar e por personalidade própria,sempre teve gosto pela política,atração que o encaminhou pa-

ra a eleição, em 1878, comodeputado-geral por províncianatal, quando então passou aresidir no Rio de Janeiro. A en-trada de Joaquim Nabuco napolítica foi o marco inicial de sualuta pela Abolição, luta esta quetinha o apoio da Família Imperi-al, sobretudo de Dona Isabel. Em1880, Nabuco funda em suacasa — esquina da atual RuaCorrea Dutra com Praia do Fla-

mengo —, a Sociedade BrasileiraContra a Escravidão. Em 1882,muda-se para Londres, pois ha-via perdido a reeleição. Na ca-pital inglesa vive do exercício daadvocacia e do jornalismo, sen-do representante do   Jornal doCommercio,, do Rio de Janeiro.Em Londres, no ano de 1884,escreveu O abolicionismo, tidocomo uma de suas grandes o-bras.

De volta ao Brasil em 1884, Na-buco fez campanha para seuretorno à Câmara dos Deputa-dos, defendendo mais uma vezo abolicionismo. Sua campanhaapaixonada e seus discursoseloqüentes deram origem aolivro   A campanha abolicionista,publicado em 1885, no mesmoano saiu vitorioso nas eleições,mais foi expurgado pela Casa

para a qual havia sido eleito,

 Joaquim NabucoCentenário de Morte

Como vê, sou um homem de uma só idéia, mas não me envergonho dessa estreitezamental porque essa idéia é o centro e a circunferência do progresso brasileiro.

 Joaquim Nabuco

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 Joaquim Nabuco: político, diplomata, jornalista, escritor, jurista. Monarquista.

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 fato que causou comoção gerale indignação aos pernambuca-nos. Erminio Coutinho e Francis-co Cavalcanti renunciaram aosseus mandatos de deputado,

colocando Nabuco novamentena Câmara. Lá defendeu a Leidos Sexagenários e o federalis-mo. Em 1886 perdeu as eleiçõese passou a dedicar-se ao jorna-lismo, escrevendo e publi-cando compi-lações: O Erro doImperador , O Eclipsedo Abolicionismo eEleições liberais eeleições conserva-

doras, todos publicadosem 1886.

Joaquim Nabuco, em1887, volta à Câmaranovamente, elegendo-se histori-camente por Pernambuco. Noano seguinte vai a Roma, en-contrar o Santo Padre Leão XIII,ocasião em que relatou a lutapela abolição da escravaturano Brasil, as ações dos abolicio-

nistas, as ações de Dona Isabel.Atribui-se a Nabuco a influênciapossivelmente exercida sobre oSumo Pontífice para que elabo-rasse a encíclica In Plurimis, diri-gida aos Bispos do Brasil, pedin-do-lhes que apóias-sem o Impe-rador, a Princesa Imperial e aDinastia, na luta contra a escra-vidão, contra as oligarquias e naabolição da escravidão de for-ma definitiva.

Em 1888 é composto o Gabinetede João Alfredo Corrêa de Oli-veira, com vistas à aprovaçãoda lei que colocaria fim à escra-vidão no Brasil. A este Gabinetee aos projetos abolicionistas deJoão Alfredo, Nabuco deu totalapoio, chegando ao augequando da sanção da PrincesaDona Isabel à Lei Áurea (13 deMaio de 1888). 

Disse Nabuco: “No dia em que aPrincesa Imperial se decidiu aoseu grande golpe de humani-dade, sabia tudo o que arrisca-va. A raça que ia libertar não

tinha para lhe dar senão o seusangue, e ela não o quererianunca para cimentar o trono deseu filho. A classe proprietáriaameaçava passar-se toda para

a República, seu pai pareciaestar moribundo em Milão, eraprovável a mudança dereinado durante a crise, e elanão hesitou; uma voz interior 

disse-lheque desempenhassesua missão, a voz divinaque se faz ouvir sempreque um grande dever tem que ser cumpridoou um grande sacrifício queser aceito. Se a Monarquia

pudesse sobreviver àabolição, esta seria o seuapanágio. Se sucumbisse,

seria o seu testamento.Quando se tem, sobretudo umamulher, a faculdade de fazer umbem universal, como era a e-man-cipação, não se deve pa-rar diante dos presságios; o de-ver é entregar-se inteiramentenas mãos de Deus.”

Em 1888, Joaquim Nabuco pro-

feriu seus maiores discursos naCâmara dos Deputados. Saiuem defesa de João Alfredo, deDona Isabel e da Abolição, comtra os escravagistas. Em abril de1889, casou-se com dona Eveli-

na Torres Soares Ribeiro, filha doBarão de Inoã, sobrinha do Vis-conde de Itaboraí e neta doBarão de Itambi, de família influ-

ente de fazendeiros fluminenses.

Tiveram cinco filhos:Mauricio, Joaquim,

Carolina, Mariana eJosé Tomás.

Ainda no fatídico anode 1889, Nabuco foi

eleito para mais umalegislatura, quando

manifestou o medo deum golpe contra a

Monarquia brasileira. Em

15 de novembro daquele ano,Nabuco estava fora da Corte.Quando soube do ocorrido,amargou a data, mas perma-neceu firme em suas convic-ções, estas arraigadas em seuíntimo e desde tão cedo culti-vadas. 

Em 1890, de Londres, antevendosua convocação para a Consti-tuinte de 1891, publica a compi-

lação Por que continuo a ser monarchista, carta ao Diário doCommércio, a qual repro-duzimos no Blog  Monarquia Já eque agora grifamos uma parte: 

“A história recordará como umadas mais originais essa monar-quia brasileira que não era mili-tar, nem clerical, nem aristocrá-tica, e por isso derribada peloexército, depois da revolta do

escravismo, entre a indiferençada igreja. Se o Brasil fosse umadas grandes nações do mundo,seria uma grande casa reinanteessa curta dinastia que deu ametade do seu trono para fazer a Independência e a outra fazer a Abolição. 

Estou pronto a dizer-me republi-cano, mesmo com a certeza darestauração diante de mim, se 

se modificar em meu espírito aconvicção de que a repúblicano Brasil há de ser fatalmenteuma forma inferior de despotis-mo, desde que não pode ser 

A entrada de Joaquim Nabuco napolítica foi o marco inicial de sualuta pela Abolição, luta esta quetinha o apoio da Família Imperial,sobretudo de Dona Isabel.

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 uma forma superior de anarquia;não basta, porém, a certezaque tem todos de que a monar-quia não voltará mais, para eudeixar de ser monarquista. Mo-

narquista sem esperança demonarquia, para que serve? 

Serve para não ser republicanosem esperança de liberdade. ”

Fundado o   Jornal do Brasil em1891, por Rodolpho de SouzaDantas, o diário contava com acolaboração de grandes no-mes, como José Veríssimo, JoséMaria da Silva Paranhos Jr., Aris-tides Spínola e Joaquim Nabuco.

O jornal era reduto monarquistae defendia a volta do RegimeImperial. No mesmo ano, Joa-quim Nabuco abriu escritório deadvocacia em sociedade como Conselheiro João Alfredo, an-tigo presidente do conselho deministros do gabinete da Aboli-ção. O dever dos monarquistas,escrito por Joaquim Nabuco em1895, serviu como resposta aoAlmirante Jaceguai, que havia

escrito O dever do momento,defendendo a adesão à Repú-blica. Este monarquismo de Na-buco foi reforçado em 1896,com a publicação, no  Jornal doCommercio, do   Manifesto doPartido Monarquista, que havi-am recém fundado, os Conse-lheiros Visconde de Ouro Preto,João Alfredo, Laffayette Rodri-gues Pereira, Candido de Olivei-ra, Andrade Figueira e os antigos

deputados juniores do Império:Joaquim Nabuco, Affonso Celso,Candido Mendes e outros. 

Sem aceitar os cargos que lheofereciam na República, entreos anos 1893 a 1899, JoaquimNabuco dedicou-se a escrever artigos para revistas e jornais,destacando-se sobremaneira.Em 1895 publica Balmaceda,sobre a guerra cível chilena, e A

intervenção estrangeira na Re-volta de 1893. Em 1896, publicao clássico Um estadista do Impe- rio, misto de biografia do Sena-dor Nabuco de Araújo, seu pai,e teoria política sobre a obra da

monarquia brasileira no II Reina-do. Joaquim Nabuco tornou-sede fato “imortal” em 1896,quando junto de grandes nomesda literatura, fundou a  Acade-

mia Brasileira de  Letras, sendoNabuco, o secretário perpétuodesta honrosa instituição. Fun-dador da cadeira de número 27.No mesmo ano é convidado aosquadros do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro.

Ufanista brasileiro, mesmo naRepública, no ano de 1899, Jo-aquim Nabuco aceitou defen-der seu país frente à Guiana

Inglesa, questão internacionalque teve como árbitro o Rei deItália, Vittorio Emanuelle II. Em1900, dizendo-se apenas pleni-potenciário em missão especial,por causa da morte de SousaCorrea em Londres, Nabucoaceitou de fato o seu primeirocargo na República, mais tardetornando-se o legatário do Brasilna Inglaterra.

Mesmo sendo funcionário daRepública, não encarou suatarefa como sendo de governo,mas sim de Estado, notada-mente depois de 1889, não maisse candidatou a cargos no par-lamento, mas agiu somente nadiplomacia, tarefa genuína-mente de Estado, de serviço ànação, apartidária e essen-cialmente patriótica. Segundo olivro   Joaquim Nabuco - Diários

1873-1910, da editora cariocaBem te vi, (2006), em 1900, es-tando Nabuco em Paris, encon-trou-se com a exilada PrincesaDona Isabel, num Congressoanti-escravagista. Em 1903 repe-te o feito de 1900, enviando no13 de maio, flores à PrincesaRedentora, ao que ela agra-dece com um telegrama.

Enfim, em 1900, lança  Minha

formação, pioneira autobiogra-fia brasileira. Em 1905, a repre-sentação diplomática do Brasilna capital norte-americana éelevada a Embaixada e Joa-quim Nabuco é nomeado como

primeiro embaixador do Brasil,sendo recebido pelo PresidenteTheodore Roosevelt. Muito pres-tigiado, Nabuco palestrou nasmais diversas instituições de en-

sino dos Estados Unidos, che-gando em 1906, a organizar a IIIConferência Pan-americana, noRio de Janeiro.

Joaquim Aurélio Barreto Nabucode Araújo faleceu aos 17 dias domês de janeiro de 1910, na con-dição de embaixador em seuposto de Washington.

Sua descendência enaltece sua

ilustre ascendência, vindo seutrineto, Bernardo Nabuco deAlmeida Braga Ratto, a casar-secom uma descendente do fun-dador do Império do Brasil, sen-do ela Dona Maria Francisca deOrleans e Bragança, filha deDom Eudes e Dona Mercedes,por conseqüência neta de DomPedro Henrique, Chefe da CasaImperial do Brasil, de 1921 a1981, este, o neto de Dona Isa-

bel a Redentora e bisneto doImperador Dom Pedro II. Bernar-do Ratto é descendente de Jo-aquim Nabuco por sua mãe,Maria do Carmo Nabuco deAlmeida Braga, esta, filha deSylvia Maria da Glória de MelloFranco Nabuco, que é a filha deJosé Tomás Nabuco de Araújo, ocaçula de Joaquim Nabuco.

Joaquim Nabuco: político, di-

plomata, jornalista, escritor, juris-ta. Monarquista.

2010: no ano do centenário desua morte, saudamos e reveren-ciamos este grande homempúblico, este monarquista in-compreendido, este homemque desafiou suas origens, sau-damos o abolicionista JoaquimNabuco. Este que não é apenasImortal pela Academia Brasileira

de Letras, mas Imortal por seusfeitos, suas ações, suas obras esuas lições.

Saudamos Joaquim Nabuco! 

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Do Blog Monarquia Já

Passados 140 anos da morte docaudilho ditador paraguaioFrancisco Solano López (*1827+1870), que lutou contra Brasil,

Argentina e Uruguai, na célebreGuerra do Paraguai, em 1864, oatual vice-presidente paraguaio,Frederico Franco solicitou a de-volução dos chamados Troféusde Guerra, ao Paraguai. Veja areportagem da “Folha de SãoPaulo”, por Fabiano Maisonna-ve: "Em discurso comemorativoaos 140 anos do fim da Guerrado Paraguai, o vice-presidentedo país, Federico Franco, afir-

mou que a "cicatrização do po-vo paraguaio" só começarádepois que o Brasil devolva umsuposto arquivo militar e o ca-nhão "Cristão", hoje em exibiçãono Museu Histórico Nacional, noRio de Janeiro.

‘O meu país nunca vai cicatrizar a ferida da epopéia de 1865 a1870 se o Brasil não devolver oarquivo militar que injusta e injus-

tificadamente retém hoje, comotambém retém o canhão Cris-tão, que devem retornar ao Pa-raguai para que se inicie a cica-trização do povo paraguaio’,disse Franco, em discurso elo-qüente.

O vice paraguaio disse esperar ‘que essa mensagem chegueao presidente Lula’ para que adevolução seja feita ‘antes ce-

do do que tarde’.

Para ele, é ‘incrível’ que o Brasilainda mantenha troféus daguerra.

Franco participou na condiçãode presidente em exercício deato na cidade de Cerro Corá,onde o ditador paraguaio Fran-cisco Solano López foi morto por tropas brasileiras, dando fim àguerra. O presidente do Para-

guai, Fernando Lugo, estava noUruguai anteontem.

Em exibição no Museu HistóricoNacional, o ‘Cristão’ recebeuesse nome porque foi construídoa partir de sinos de igreja. A ar-ma foi apreendida em fevereirode 1868, quando o Brasil tomoua fortaleza de Humaitá, no rioParaguai.

Já um arquivo militar paraguaioprovavelmente não existe, afir-ma o historiador Francisco Dora-tioto, autor do livro ‘MalditaGuerra’ (ed. Cia. das Letras), umdos estudos mais importantessobre o período. Ele acreditaque, no máximo, existam docu-mentos ainda desconhecidos,mas não de uma forma organi-zada."

Lula da Silva, simpatizante dasditaduras esquerdistas, socialis-tas-comunistas do mundo (muitoespecialmente da América Lati-na), resolveu ceder aos pedidosde Frederico Franco, mas aindanão efetivou a entrega ao paísvizinho. Os paraguaios aindareivindicam a devolução dearquivos sobre a guerra mantidopelo governo brasileiro.

A devolução do canhão El Cris-tiano, é mais uma prova do de-sapego histórico e cultural por parte do sistema político brasilei-ro. Uma afronta a SoberaniaNacional, à 50 mil pessoas, “Vo-

luntários da Pátria”, que morre-ram para defender o Brasil doditador paraguaio. A Guerra doParaguai foi uma das maioresdemonstrações do poderio daSoberania Nacional, nela, o Im-perador Dom Pedro II, o Mare-

chal Conde d’Eu, estiveram pre-sentes, lutando, crédulos nosideais brasileiros. Foi, na época,a luta da Democracia Brasileiracontra a ditadura anti-democrática paraguaia. Hoje, opresidente brasileiro retifica estaluta, pondo-se ao lado dos pa-raguaios “pela ditadura socialis-ta-comunista”, deixando o povobrasileiro sem memória, sem His-tória.

Oaté mesmo o muito digno Exérci-to Brasileiro, através do presiden-te do Clube Militar, general Gil-berto Barbosa Figueiredo, pes-soa que deveria, por suas atribu-ições e por seu alto conheci-mento dos fatos, defender aPátria, mas que no entanto faz ocontrário, um episodio frustrante,tanto para os civis, quanto paraos militares, ainda mais pela

memória dos lutadores daquelaépoca, que como já foi dito,morreram em nome de um ide-al. Hoje, o referido general a-plaude as insanidades, os a-chincal

Governo brasileiro planeja devolver canhão histórico daGuerra do Paraguai

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MONARQUISTAS LANÇAM SITECONTRA A DEVOLUÇÃO DO CANHÃO

Monarquistas, membros do Círcu-lo Monárquico do Rio de Janeiro,lançaram um site que visa impe-dir a devolução do Canhão.

 Visite o site e assine o manifestocontra mais esta ação arbitráriado governo brasileiro.

http://www.ocanhaoenosso.com.br

Canhão El Cristiano

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Do Blog Monarquia Já

A bela residência de verão dos

Imperadores, outrora chamadade Palácio Imperial de Petrópo-lis, situada na Serra Fluminense,tornou-se Museu Imperial pelodecreto de Getulio Vargas, con-servando e recebendo objetospessoais da Família Imperial e doáureo período monárquico brasi-leiro. O Palácio, que por mais de50 anos (anteriores a fundaçãodo Museu) ficou no ostracismo,foi reformado e teve seus ambi-

entes recompostos tal qual oImperador conservou por maisde 40 anos. Mais tarde o Museupôde contar com peças quehoje são símbolos de nossa na-cionalidade, representando per-sonagens e épocas que demar-caram nossa identidade. A Co-roa que pertenceu a Dom PedroI e outra que pertenceu a DomPedro II são duas dessas peçasde destaque absoluto. Comple-

tam o quadro, o Cetro e objetospessoais de nossos Monarcas. Apena com que a Princesa DonaIsabel assinou a Lei Áurea estáno Museu, foi adquirida há pou-cos anos e é uma das peçasque mais chamam a atenção.Os visitantes, quase 350 mil por ano, além de se encantaremcom as peças raríssimas, tam-bém podem desfrutar dos cô-modos onde o Imperador Dom

Pedro II viveu com a Imperatriz,as filhas e os netos. Cômodosonde Dom Pedro II despachou erecebeu várias autoridades. Asala do Trono, copiada confor-me a sala de mesmo nome do

Palácio de São Cristóvão, temna majestade da cadeira doImperador, seu maior charme,elegância e pompa. Em visita aoMuseu, pode-se ver o violinoStradiVarius de Dom Pedro II,

além de seus objetos tecnológi-cos, incluindo o primeiro telefonedo Brasil, e outros de pesquisa,como uma luneta. É de se des-tacar que além do acervo dequadros, tapetes, mobílias, obje-tos pessoais e do arquivo deimagens, o Museu Imperial con-serva os jardins de Dona TeresaCristina, este composto por árvo-res centenárias, flores belíssimase peculiaridades da época Im-

perial, espaço que hoje é palcodos eventos de Som e Luz pro-movidos pelo Museu, além doSarau Imperial, uma encenaçãorelembrando a época em que oMuseu era Palácio, trazendo aosespectadores a oportunidadede reviver o século XIX.

No dia 29 de março de 2010,numa cerimônia que contoucom a presença de autoridades

civis, militares e eclesiásticas, oDiretor do Museu, Senhor Maurí-cio Vicente Ferreira Junior, fezdiscurso elogioso, citando osbenfeitores, os que ajudaram oMuseu desde seu início, reafir-mando o compromisso da insti-tuição e conclamando os brasi-leiros a irem visitar o Museu Impe-rial de Petrópolis. Destaca-separte do discurso, que pode ser acessado na íntegra através do

site, http://www.museuimperial.gov.br : “E todos que hoje comparecema esta celebração o fazem,porque acreditam na importân-cia do Museu Imperial no cená-rio nacional. É por isso que aqui

estão. Desde a sua criação, oMuseu Imperial tem como fun-ções básicas a preservação, apesquisa e a comunicação depeças relativas ao período impe-rial brasileiro e à formação histó-

rica de Petrópolis. E as equipesdo Museu têm sido fiéis ao com-promisso, desenvolvendo suasatividades em consonância comessas duas dimensões: a nacio-nal e a local. A nacional é amais evidente, uma vez que oMuseu preserva objetos-símboloda monarquia e da fundaçãodo Estado Nacional brasileiroque, como sabemos, foi criadosob a égide do regime monár-

quico. E a memória produzidasobre o eterno idealizador eproprietário desta casa muitocontribui para que entendamoso Museu como um polo irradia-dor de princípios éticos e moraisválidos para a nossa nação. Maso palácio deu origem a umacidade; Petrópolis nasceu comodestino da vilegiatura do impe-rador, de sua corte e dos gruposmédios urbanos beneficiados

pelo advento das vias de pene-tração que transformaram aregião em um ponto de cone-

  xão entre o centro (representa-do pela capital do Império) e ointerior do país. São modelos deocupação que produziram obje-tos, formas e práticas específicasque passaram a integrar o coti-diano de gerações de brasileirose cuja preponderância superouaté mesmo uma mudança de

regime político. E esse caráter regional (e mesmo local) tam-bém está representado no acer-vo da instituição, fazendo delaum museu de pluralidades temá-ticas.

Museu Imperial: 70 anosO Museu Imperial de Petrópolis foi criado em 1940, com o objetivo inicialde acumular a História do Brasil Império. Passados 70 anos o Museu é o

mais visitado do Brasil

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 [...]

O Museu Imperial registra em suatrajetória incrível número de a-tendimentos e serviços prestados

a grupos de estudantes duranteas visitas monitoradas ou nosprojetos educativos de média elonga duração; espetacular visi-tação, com média de 300.000pessoas ao ano, que se deslo-cam para a cidade de Petrópo-lis a fim de conhecer o Museu eseus acervos histórico, artístico epaisagístico; cursos e seminárioscom conteúdo programáticopara a reciclagem de profissio-

nais de áreas afins e temas deinteresse para formação de es-tudantes de diversos segmentos;doações, com destaque para aColeção Carlos Gomes, doadapela filha do compositor, ÍtalaGomes Vaz de Carvalho em1946, o Arquivo da Casa Imperi-al, doado pelo príncipe d. Pedrode Orleans e Bragança em 1948,o legado Cláudio de Sousa, en-tregue ao Museu Imperial pela

viúva do ex-presidente da Aca-demia Brasileira de Letras em1956, a Coleção Maria Cecília ePaulo Fontainha Geyer, doadapelo casal em 1999; as confe-rências, como a ministrada peloacadêmico francês André Mau-rois em 1950 e a do Secretáriode Cultura Aloísio Magalhãessobre o decreto presidencial,concedendo a Petrópolis o títulode “Cidade Imperial” em 1981;

eventos, como as comemora-ções do Sesquicentenário daIndependência em 1972; proje-tos culturais, como o espetáculoSom e Luz que se notabilizoucomo um instrumento de estímu-lo à economia local, especial-mente os setores de serviços e osegmento do turismo; os catálo-gos de exposições, as publica-ções seriadas, os guias e instru-mentos de pesquisa que conso-

lidaram o Museu Imperial comouma marca editorial respeitável;o oferecimento do jardim doMuseu como um espaço paraatividades educativas e de re-creação por parte de diversos

segmentos da sociedade petro-politana; e a ação da Socieda-de de Amigos do Museu Imperi-al, criada para auxiliar o Museuno desempenho de suas fun-

ções institucionais.

[...]

E para finalizar, gostaríamos deanunciar a disponibilização doacervo do Museu Imperial comoparte do esforço representadopelo projeto DAMI – Digitaliza-ção do Acervo do Museu Impe-rial, patrocinado pela IBM Brasil.O projeto prevê a disponibiliza-

ção, via portal do Museu na in-ternet, de todo o acervo da insti-tuição; ou seja, 250 mil docu-mentos, 55 mil livros e folhetos emais de 7 mil objetos de arte ehistória em um período de 10anos. Os primeiros conjuntos depeças constituem coleções do-adas ao Museu em diferentesmomentos da história da institui-ção. Com o projeto DAMI, oMuseu Imperial consolida a sua

posição como um museu doséculo XXI, na medida em queaprimora a preservação de seuacervo, cria novos instrumentosde gestão de suas coleções eoferece a totalidade das infor-mações que produz, sobre osbens históricos e artísticos, paraa população em um ambientefavorável à participação detodos os cidadãos.

Nós, do Museu Imperial, costu-mamos repetir a seguinte frase:

NOSSO MUSEU, NOSSA HISTÓRIA.

Muito obrigado!

Maurício Vicente Ferreira Júnior 

29 de março de 2010”

Nas palavras do Diretor da insti-

tuição tem-se certeza da conti-nuidade do serviço prestado apopulação, que também garan-te o futuro acesso ao Museu,através da digitalização de todoo acervo, quando então todos

os brasileiros terão a chanceconhecer nosso passado. O jor-nal “O Estado de São Paulo”, em4 de abril, traz a reportagem“Símbolo nacional, Museu Impe-

rial chega aos 70 anos”, ondetransfere ao grande público aimportância dos 70 anos da Insti-tuição.

Assim é este patrimônio nacio-nal, criado para guardar asmemórias de um país-continente, trazendo às novasgerações a História de um paísrico, grande, monárquico. EmPetrópolis, na Rua da Imperatriz,

pode-se retornar aos tempos doImpério, com "NOSSO MUSEU,com NOSSA HISTÓRIA".

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O jornal “O Globo”, em sua edição impressa do dia 23 de janeiro de 2010, no caderno “Ela”, página 4, traz umareportagem sobre Dona Maritza, esposa do Príncipe Dom Alberto de Orleans e Bragança, portanto cunhada doChefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança. A reportagem de Suzete Aché fala da profis-são que Dona Maritza escolheu, o paisagismo. Recentemente ela esteve à frente das reformas dos jardins do Pa-lácio Guanabara, antiga residência da Princesa Dona Isabel e do Conde d’Eu, bisavôs de seu marido. Transcre-vemos abaixo, parte da matéria:

“PAISAGEM REAL

Suzete Aché

Até a proclamação da República, o Palácio Guanabara serviu de residência à Princesa Isabel e ao Conde d´Eu e,ironia do destino, apesar da Família Real ter tentado, inutilmente, retomar a posse do imóvel, um de seus integran-tes deixou agora sua marca no jardim do anexo.

A paisagista Maritza, casada com Alberto de Orleans e Bragança, foi escolhida através de uma concorrência pa-ra refazer o paisagismo desse jardim, que acaba de passar por reformas. É um de seus trabalhos mais recentes.Mas a suave princesa, mãe de quatro filhos - de 12 a 22 anos - apesar da curta carreira, tem uma lista de clientesde peso "real" (sem trocadilhos). Foi ela, por exemplo, quem projetou os jardins da Casa França-Brasil.

- Fiz faculdade de arquitetura e parei antes de me formar. Desde aquela época eu já gostava de paisagismo, masnão existia uma cadeira específica - conta ela.

Um ano depois de casada, Maritza foi morar em Londres com o marido e aproveitou para fazer cursos, visitar os

castelos e os jardins da cidade e dos arredores. No Rio, freqüentou todos os cursos que abriam no Jardim Botânicoe trabalhou um ano na Floresta da Tijuca.

- Chegava às oito horas da manhã e gostava muito da bruma que se formava - diz Maritza, que chegou a fazer estágio com Sérgio Bernardes e com Burle Marx.”

Dona Maritza de Orleans e Bragança

reconstrói os jardins do antigo Palácio daPrincesa Dona Isabel

Em fevereiro de 2010, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Bra-sil, visitou os escritórios da redação da revista Crusade, nos Estados Unidos. A revista éuma publicação em defesa da tradição, da família e da propriedade. 

Dom Bertrand em visita aos EUA

   

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No transcurso dos 90 anos damorte de Dom Luiz de Bragança,cognominado O Príncipe Perfeito,

cabe uma reflexão sobre suavida e obra. Não se trata de a-penas relembrar sua morte, massim de reavivar seus idealismos,seu Patriotismo. Trata-se, pois, derelembrar esta grande figura debrasileiro.

Mas o que dizer de Dom Luiz? UmPríncipe tão admirado e amado,motivo de grande honra e alegri-a. O orgulho dos pais. O orgulho

de uma nação. O que dizer deum Príncipe que ainda tão jovemperdeu a vida? “Homem comopoucos, Príncipe como nenhum”.Morto em nome de seus idealis-mos, de sua coragem. O quedizer de um Príncipe Perfeito?

Talvez nunca se diga tudo. Maspara relembrá-lo, uso o artigo doilustríssimo Doutor Sebastião Mo-reira de Azevedo, transcrito pela

“Revista Genealógica Latina”, em1949 e, originalmente escrito parao “Diário de Belo Horizonte”, pu-blicado a 3 de abril de 1948. 

O PRÍNCIPE PERFEITO

*Por Sebastião Moreira de Azeve-do

Na aristocrática cidade de Petró-polis, a 26 de janeiro de 1878,

nasceu um dos mais ilustresmembros da Família Imperial Bra-sileira: o Príncipe Dom Luiz de Bra-gança, filho de Dona Isabel, a

Redentora e do marechal Conded’Eu.

A educação dêsse neto de DomPedro II foi feita sob as vistas vigi-lantes de seus pais. “Foram seuspreceptores o militar Manuel Cur-sino Peixoto Amarante, antigocompanheiro de armas do Con-de d’Eu no Paraguai, e o Barãode Ramiz Galvão. Êste, trinta etantos anos depois, ao fazer oelogio fúnebre do antigo discípu-lo, no Instituto Histórico, havia derelembrar a sua clara Inteligência,

ao lado de um caráter reservado,isto contràriamente ao que suce-dia com o irmão mais velho” (He-lio Viana, in revista “Espelhos”, doRio, setembro de 1935).

Em 1889, caindo pela fôrça aMonarquia, Dom Luiz acompa-nhou os seus pais ao exílio. Na

França, o jovem Príncipe terminouos seus estudos secundários, e,em 1895, matriculou-se na EscolaMilitar Técnica de Viena, dondesaiu com a patente de segundo-tenente da artilharia. Mas demo-rou pouco tempo no exército deFrancisco José, pois não desejavafazer carreira militar no estrangei-ro.

Abandonando a farda, Dom Luiz

percorreu várias terras, que des-creveu em seus livros: “Dans lesAlpes”, “Tour d’Afrique” e “A tra-vers Indu-Kush”.

O seu trabalho mais importante é“Sous La Croix-Du-Sud”, 1912, tra-duzido por êle para o portuguêscom título de “Sob o Cruzeiro doSul” (edição do Centro de Mo-narquista do Amazonas), no qual“narra a viagem que fez, em

1907, à America do Sul, sem pó-der, por causa da lei do banimen-to, rever a “Pátria feérica e lon-gínqua”, que êle tão entusiásticae calorosamente descrevera aoMaarajá de Cachemira”.

O govêrno republicano não per-mitiu que o Príncipe Prefeito de-sembarcasse no solo pátrio, poissó a sua presença ameaçou oregime que Floriano “consolidá-

ra...”

A Academia Francesa e a Socie-dade de Geografia da Françapremiaram o Príncipe-escritor pe-

Dom Luiz de Bragança: virtuoso, valente, piedoso. Perfeito.

2010: Ano do 90º ano de falecimentode S.A.I.R., o Príncipe Senhor Dom Luiz de Orleans e Bragança, o Príncipe Perfeito

Dom Luiz na infância: o prodígio jádenunciava o grande espírito de estadista

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 la publicação de suas obras, quemereceram grandes elogios dacrítica literária do Brasil e do es-trangeiro.

Como era justo, Dom Luiz quisingressar na Academia Brasileirade Letras, mas não o conseguiu,em virtude da violenta oposiçãodo caudilho Pinheiro Machado, aquem o povo chamava, significa-tivamente, de “general pentefino” ...

“Dom Luiz, que era o segundofilho da Princesa Dona Isabel, em30 de outubro de 1908, tornou-se

o Pretendente ao Trono do Brasil,por renúncia do seu irmão maisvelho” (Guilherme Auler, in “As-pectos da vida de Dom Luiz deBragança” p. 10).

Esse importante acontecimentofoi comunicado aos ConselheirosLafayette Rodrigues Pereira, Cân-dido de Oliveira e Visconde deOuro Preto, chefes do PartidoMonarquista, pela Princesa Dona

Isabel, que lhes enviou a seguintecarta, datada do Castelo d’Euem novembro de 1908:

“Exmos. Srs. Membros do DiretórioMonárquico

De todo coração agradeço-lhesas felicitações pelos consórciosde meus queridos filhos Pedro eLuís. O do Luís teve lugar em Can-nes no dia 4 com todo o brilho

que desejava para ato tão soleneda vida de meu sucessor no Tronodo Brasil. Fiquei satisfeitíssima.

O do Pedro deve ter lugar no dia14 próximo. Antes do casamentodo Luís assinou ele sua renúncia àcoroa do Brasil, e aqui lha envio,guardando eu papel idêntico.Acho que deve ser publicadaessa notícia o quanto antes (ossenhores quererão fazê-lo da

forma que julgarem mais ade-quada) a fim de evitar-se a for-mação de partidos que seriamum grande mal para nosso país.Pedro continuará a amar sua pá-tria, e prestará a seu irmão todo o

apoio que for necessário e estiver ao seu alcance. Graças a Deussão muito unidos. Luís ocupar-se-áativamente de tudo o que disser a respeito à monarquia e qual-

quer bem para nossa terra.

Sem desistir por ora de meus direi-tos quero que ele esteja ao fatode tudo a fim de preparar-se pa-ra a posição à qual de todo co-ração desejo que um dia elechegue. Queiram pois escrever-lhe todas as vezes que julgaremnecessário pondo-o ao par detudo o que for dando.

Minhas fôrças já não são o queeram, mas meu coração é omesmo para amar minha pátria etodos aqueles que nos são tãodedicados.

Tôda a minha amizade e confi-ança”.

Qual o monarquista, nobre ouplebeu, que duvida da palavrada Redentora, profanado, assim,a sua memória?

Desde essa época, Dom Luiz as-sumiu o comando das hostes mo-narquistas, lançando ao país doismanifestos, famosos, nos quais

traçou o programa da Restaura-ção e fez uma crítica serena eobjetiva da realidade brasileira. Osegundo manifesto – o de Mon-treux (1913) – foi transcrito nosanais do Congresso, por proposta

de Martin Francisco, e obrigou oApostolado Positivista do Brasil,com Teixeira Mendes à frente, asair a campo com uma “respos-ta” ao Príncipe, que apontara as

mazelas da República.

Ao rebentar a guerra de 1914-18,Dom Luiz “pretendeu alistar-se noexército francês, mas o presiden-te Poincaré, ponderando-lhe aimpossibilidade de o aceitar, de-vido a lei que proibia a presençano exército dos descendentesdas antigas famílias reinantes,aconselhou-o a que o fizesse noexército inglês, onde efetivamen-

te serviu de 23 de agôsto de 1914a 15 de junho de 1915”.

Pelos serviços prestados à causaaliada, Dom Luiz foi condecoradopela França com a Cruz de Guer-ra e, a título póstumo, nomeadoCavaleiro da Legião de Honra.De Alberto I, da Bélgica, recebeua medalha militar do Yser. E ogôverno inglês lhe deu o posto decapitão honorário do exército

britânico e o agraciou com a“British War Medal”, “Victory Me-dal” e “Star”.

Dom Luiz casou-se com a Prince-sa Dona Maria Pia de Bourbon-Sicília, da Casa Real das Duas-Sicílias, nascendo dêsse enlacetrês filhos: Dom Pedro Henrique deOrleans e Bragança, atual Chefeda Casa Imperial do Brasil e Her-deiro do trono do Brasil, residente

no Rio de Janeiro; Dom Luiz Gas-tão, falecido em 1931, e Dona PiaMaria de Orleans e Bragança.

Em virtude de doença contraídano “front” europeu, Dom Luiz fa-leceu em 26 de março de 1920,“depois de ter recebido, comprofunda piedade, os Santos Sa-cramentos, tendo, então, dito asua espôsa: “quero que meusfilhos me vejam receber os últimos

sacramentos, a fim de conserva-rem sempre a recordação dêssegrande dever cumprido por seupai”. Como é belo e tocante êsseespetáculo de fé. Que lição dig-na dos tempos de Cavalaria!

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 Evocando a figura de Dom Luizde Bragança, para que nos seusexemplos e no seu caráter a mo-cidade brasileira encontre umalição de amor à Pátria, transcrevo

as palavras que de sua pessoaescreveu o historiador Luiz daCâmara Cascudo: “Príncipe Per-feito, impecável de graça, deelegância, de polidez, nele sereuniam virtudes altíssimas de co-ração, de cultura e de caráter.Nasceu para um trono que esta-va cada dia mais próximo de si.De redor de sua figura moça ealtiva, de sua palavra ardente ealta, agrupavam-se as expressões

moças de sua pátria. De redor desua fisionomia admirável de bele-za moral, de honestidade, depatriotismo vibrante, de alegriavitoriosa, havia uma perpétua ecrescente curiosidade por todosos conhecimentos. Seu nome eraum orgulho para a mocidade desua pátria. Havia em sua vidasadia e luminosa um sinal de irre-sistibilidade, de arrancada para aglória. Jornalistas, escritores, indus-

triais, poetas, soldados e marinhei-ros voltavam fascinados por a-quele moço de olhos azuis, aque-le brasileiro exilado, que falavado Brasil sabendo tudo, prevendotudo, amando tôdas as coisas,todos os homens de sua terra ma-ravilhosa. Diante de seus olhosclaros o Destino desdobravaperspectivas inesperadas e riden-tes. Aos seus passos as simpatiasmultiplicavam-se como por mila-

gre de fé e de esperança nasreservas morais de sua personali-dade”.

Sensatas as palavras do Dr. Se-bastião, mais ainda as do Profes-sor Luiz da Câmara Cascudo. Eraverdadeiramente um “PríncipePerfeito, impecável de graça, deelegância, de polidez, nele sereuniam virtudes altíssimas decoração, de cultura e de cará-

ter”, seria nosso grande Chefe deEstado.

Neste tocante, cabe-nos relem-brar os celebres manifestos queDom Luiz lançou a todos brasilei-

ros, numa prova indizível do amor que nutria por sua Pátria, pode-seler na carta de 1909: “O progres-so seguro e persistente que a Na-ção apresentou entre sua inde-

pendência e a hora em que de-sapareceu o império, demonstra-ria que a mais favorável das for-mas de governo para ela, era aque lhe permitiu um frutuoso epacífico progredir em tão largoperíodo de fecundas evoluções;mas, assim como o benéfico re-gime com que se tornou bene-mérito o Sr. Dom João VI foi mister substituir o da Constituição Impe-rial e do Ato Adicional, quando

as condições da existência dopaís foram outras, também agorauma restauração monárquica,conservando as linhas gerais da-quelas duas cartas constitucio-nais, deverá atender circunstân-cias novas que tornam forçosasmodificações na estrutura dasinstituições políticas brasileiras”.Manifesto em que discorreu bri-lhantemente sobre seus desejospara o Brasil. Já em 1913, no seu

último manifesto, defendeu seusideais com argumentos irrefutá-veis: “O Brasil não precisa somen-te de homens que compreendema situação dos grandes proble-mas que se impõem ao nossoestudo. Precisa, sobretudo, deinstituições que permitam a esteshomens realizar os seus progra-mas. Não necessitamos de esté-reis lutas políticas, mas sim deidéias claras, lógicas, definitivas e

proveitosas, que importam nasatisfação exata de nossas con-veniências atuais e futuras. O quenos importa não é a vitória de talou tal grupo, mas a formação deum Brasil grande, forte e próspe-ro, de um Brasil onde tornem adesabrochar a honestidade odesinteresse pessoal, a justiça e aimparcialidade, onde se consor-ciem a ordem com a liberdade, ocapital com o trabalho, as classes

armadas com o elemento civil, oprogresso com a probidade, orespeito ao Governo, com a in-violabilidade de todos os direitosgarantidos pela Constituição”. Ecompleta: “Quanto a mim, colo

cado por minha mãe, à testa donosso partido, representante, de-pois dela, do principio monárqui-co do Brasil, estarei à disposiçãode nossa Pátria para desempe-

nhar o papel que, por aclama-ção do povo, nos foi outrora atri-buído. Para cumprir a meu dever,dever que resulta da própria his-tória brasileira, que justificou, justi-fica e justificará os nossos direitosdinásticos, estou pronto a todosos sacrifícios, inclusive ao da pró-pria vida”.

Dom Luiz recebeu o dom de bus-car e por vezes conseguir a per-

feição. Era impecável em tudo oque se propunha a fazer. Por isso,recebeu muitas deferências dosaltos comandantes do exércitoem que lutou, é o que atesta orecordatório fúnebre distribuídopela Família Imperial em 1920,embasado em um documento-carta do tenente-coronel A. Ja-mer, da Missão Militar Francesaadida ao Corpo ExpedicionárioBritânico: “Agregado como te-

nente ao E. M. do 1º Corpo Britâ-nico desde 25 de agosto de 1914,S.A.R. o Príncipe Dom Luiz de Or-leans e Bragança contribuiu coma máxima eficácia para assegu-rar a comunicação com os cor-pos franceses vizinhos, notada-mente no combate de Landreci-es a 25 de agosto, e depois aretirada por zonas expostas àsincursões de patrulhas alemãs eparticularmente a 3 de setembronos arredores de Château-Thyerry. Depois da batalha doMarne, assistiu com o 18º Corpoao ataque de Montereau-les-Provins a 7 de setembro; no dia 8ao combate de Treloire e final-mente de 13 de setembro a 15de outubro à primeira batalha doAisne no setor de Bourg-et-Comin,onde assegurou muitas vezes re-petidas, em zonas dominadaspelo fogo da artilharia, a comu-nicação com os setores vizinhosdo 18º Corpo”. E os comentárioselogiosos seguem: “Durante astrágicas jornadas da primeirabatalha de Ypres de 20 de outu-bro, em que a linha inglesa esca-pou de ser rompida várias vezes,

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 ele prestou serviços dos mais assi-nalados contribuindo dia e noite,com inalterável dedicação eenergia a toda a prova, paraassegurar a comunicação com

os Corpos Franceses vizinhos emum setor que, formando umasaliência para dentro da linhainimiga, sofria tiros intensos de suaartilharia; especialmente a 22 deoutubro no combate de Bischoo-te, em Zonnebeckc, com a 18ºDivisão, no combate de Vel-dhock com os Zuavos do CoronelEychéne, e a 31 de outubro”. “Adatar de 1º de janeiro de 1915, oPríncipe acompanhando o Gene-

ral Douglas Hatg passou para o E.M. do 1º Exército e ali continuou aprestar serviços igualmente rele-vantes, particularmente a 10 demarço por ocasião da tomadade Neuve-Chapelle, em Cambrin,em Fosse-Calonne, no setor do10º Exército. Nessas diferentesmissões nunca deixou de mostrar-se de uma dedicação a todaprova, de uma animação comu-nicativa, de um sangue-frio notá-

vel nas mais árduas conjunturas,de uma coragem inalterável nofogo, e de uma compreensãomuito para notar-se das situaçõestáticas. Sua saúde, gravementealterada pela rude campanhado Yser, obrigou-o a retirar-seprematuramente do seu EstadoMaior, no qual só deixou amiza-des, elevado apreço de suas be-las qualidades militares e pesar unânime de sua partida”. Dom

Luiz foi citado na “Ordem do Diado Exército Francês”, a 27 de ju-lho de 1920, desta forma: “Agre-gado sucessivamente ao EstadoMaior do 1º Corpo do ExércitoBritânico, distingui-se como oficialde Ligação entre as topas fran-cesas e inglesas, particularmenteem outubro de 1914 e no correr dos primeiros meses do ano de1915, desempenhando as missõesque lhe eram confiadas, com o

maior sangue-frio, na zona avan-çada e sob o bombardeio daartilharia inimiga. Faleceu emconseqüência da moléstia con-traída na linha de batalha”.

Está moléstia, que o deixou gra-vemente debilitado por cincoanos, levou-o a morte a 26 demarço de 1920, aos 42 anos deidade, deixando uma viúva da

mesma idade, e órfão de pai, 3filhos, Dom Pedro Henrique com 11anos, Dom Luiz Gastão com 9Dona Maria Pia com  a idade  de 7anos. Dona Isabel, mãe amorosa,faleceu no ano seguinte. Ascen-deu a Chefia da Casa Imperialdo Brasil, tomando o lugar quedeveria ser do pai Dom Luiz, ofilho, o Príncipe Dom Pedro Henri-que. Não seria salutar salientar atristeza da Família Imperial na

data do falecimento do Príncipe,nem descrever as lágrimas darealeza européia na época, mui-to menos a dor dos brasileiros edemais enlutados. O momento éde rememorar, lembrar com revê-rência. Não é justo que se fale damorte, perante a pujante vida doPríncipe Dom Luiz.

Fica a todos as belas palavras,

certeza das virtudes do PríncipeDom Luiz, verdadeira prova doamor ao Brasil e aos brasileiros,em carta a Martim Afonso deAndrada, em 11 de setembro de1913: “não imagina quanto me

custa ficar aqui de braços cruza-dos, quando penso que um pu-nhado de homens decididos bas-taria para arrancar a Pátria dasgarras dos aventureiros que a

exploram... Se for para o bem doBrasil, estou pronto a arriscar apele na primeira ocasião que seapresentar. Quando precisaremde mim, bastará um simples tele-grama.”

2010 é o ano do nonagésimoaniversário de morte do PríncipeDom Luiz. Em 120 anos passadosnão tivemos a honra de recep-cionar o Príncipe, nem em vida,

nem em morte. O Príncipe repou-sa no Mausoléu dos Orleans, emDreux, quando é de direito detodos os brasileiros, tê-lo sepulta-do no solo que ele tanto defen-deu. Seria, pois, um desejo para ocentenário da morte do Príncipe,vê-lo honrosamente ser transla-dado para o Brasil, juntamentecom sua esposa e filho, numMausoléu erguido para a FamíliaImperial e sua descendência.

Reafirmando o que disse o Aba-de Emérito do Mosteiro de SãoBento do Rio de Janeiro, DomJosé Palmeiro Mendes, na homiliada missa por ocasião dos 180anos do casamento de Dom Pe-dro I com Dona Amélia, no Rio deJaneiro, na Igreja de Nossa Se-nhora do Carmo da Antiga Sé(outubro de 2009): “Será um so-nho, imaginar a construção deuma grande Necrópole Imperial,talvez no Rio de Janeiro ou emPetrópolis, onde repousariammais dignamente do que hoje(em S. Paulo, Petrópolis, no Con-vento de Santo Antonio e emVassouras, em Dreux na França eem Coburgo na Alemanha) nos-sos Imperadores e todos os de-mais membros da Família ImperialBrasileira?”

Enfim, Dom Luiz foi para todos osque o conheceram e ouviramdele falar, um receptáculo deesperança, um espelho das virtu-des do homem. Dom Luiz foi re-almente um Príncipe que buscoua perfeição.

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 Um ano sem Dom Pedro LuizEm 1º de junho de 2010 completou-seum ano do trágico acidente com o aviãoda Air France, que vitimou 228 pessoasentre o trajeto Rio – Paris.

O Príncipe Dom Pedro Luiz, filho de DomAntonio e Dona Christine de Orleans eBragança, 4º na linha de sucessão aoTrono do Brasil, estava no vôo. Ele volta-va a Europa, onde estudava e traba-lhava, depois de passar alguns diascom a Família no Brasil.

A notícia da morte do Príncipe chocou a Família Imperial, os parentes na Europae os monarquistas de todo o Brasil.

Dom Pedro Luís Maria José Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragan-ça nasceu em 12 de janeiro de 1983, desempenhando, desde muito cedo, papelfundamental nas ações monárquicas, inclusive no plebiscito de 1993, pois simboli-zava o processo de continuidade da monarquia, traduzia a juventude do movi-mento e toda a capacidade do sistema perante uma sociedade tão carente degrandes líderes. Era o símbolo de um sistema de governo atual, que em longoprazo possibilitaria a vivência de um terceiro Reinado, espelhado em seu ante-passado, Dom Pedro II. Para tanto, coube ao Príncipe buscar formação à altura.

Era formado em Administração de Empresas pela Ibmec e pós-graduado emEconomia pela FGV. Em 2005, Dom Pedro Luiz foi viver no Luxemburgo, Grão-Ducado governado por seu primo, o Grão-Duque Henri. Lá trabalhava no impor-tante Banco Paribas, tendo, atestado por seu chefe, trajetória profissional invejá-vel e promissora. Aos monarquistas representava a esperança do futuro monár-quico do Brasil.

O Príncipe foi sepultado em Vassouras, Rio de Janeiro.

Em 1º junho de 2010, Dom Antonio mandou celebrar missa por Dom Pedro Luiz noMosteiro São Bento do Rio de Janeiro, presidida por Dom José Palmeiro Mendes,Abade Emérito daquele Mosteiro. A celebração lotou o templo com membros daFamília Imperial, da Família dos Condes de Nicolay e com a presença de muitosmonarquistas e amigos do saudoso Príncipe Dom Pedro Luiz. 

Fotos de Luis Mendes

“Penso que meu filho era bom demais, e talvez por isso Deus tenha ochamado para perto mais cedo. O problema é a saudade, que é muita.”

Dom Antonio de Orleans e Bragança, à revista Época – 04/06/09

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   XXI Encontro Monárquico

do Rio de JaneiroHá 21 anos o Encontro Monárquico do Rio de Janeiro reúne monarquistas do Brasil inteiro,para juntos discutir a política, preservar a memória e cultivar as tradições

O vigésimo primeiro Encontro Monárquico do Rio de Janeiro, ocorrido em5 de junho de 2010, foi um grande sucesso.

Presentes grande número de participantes. Monarquistas do Rio de Janeiro,São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná comparecerama este grande evento monárquico.

Dom Luiz não pôde comparecer, substituindo-o o Príncipe Imperial, S.A.I.R.Dom Bertrand, que em suas palavras iniciais saudou os presentes, falandotambém da “Vocação Providencial do Brasil”. O Príncipe fez o encerramentodos trabalhos no início da noite.

O programa transcorreu normalmente. O Prof. Rogério Tjader, em suas considerações sobre o nonagésimo ano defalecimento do Príncipe Perfeito, aproveitou para lançar um pequeno livro, com cerca de 50 páginas, com o título“O que é Monarquia?”

Dom Rafael, no lugar de seu pai, discursou a respeito das eleições 2010, fazendo retificações a respeito da políticaadotada pelo atual governo federal.

Dona Maria Gabriela também compareceu ao Encontro Monárquico.

Foto Brasil Imperial 

Dia 6 de junho de 2010, completou 72 anos o Imperador de direito do Brasil,S.A.I.R., o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança.

S.A.I.R. Dom Luiz assumiu a Chefia da Casa Imperial do Brasil, em 5 de julho de1981, quando seu Augusto pai, o Príncipe Dom Pedro Henrique, faleceu.

O aniversário foi comemorado no Rio de Janeiro, com Santa Missa na Igreja daImperial Irmandade de Nossa Senhora da Gloria do Outeiro, às 12h15mim. Seguin-do-se, no Hotel Windsor Florida, almoço festivo. Dom Luiz, acometido por uma do-ença, não pôde comparecer, representado-o os Príncipes Dom Bertrand e DomAntonio.

72º Aniversário de S.A.I.R.,

o Príncipe Senhor Dom Luiz,Chefe da Casa Imperial do Brasil

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 Sob a curadoria da Baronesa

Suzane von Seckendorff e doConde Heinrich Von Spreti acon-teceu até 30 de setembro de2010, no Palácio de Leuchten-berg, em Munique, na Alemanha,a exposição “Estritamente Confi-dencial! – Munique, Rio de Janei-ro, Amélia Von Leuchtenbergtorna-se Imperatriz do Brasil”. Amostra tem como base o diáriodo Conde Friedrich Von Spreti,que em 1829 foi responsável pela

administração financeira da via-gem nupcial da futura Imperatrizao Brasil. O diário já havia sidoeditado e transformado em livroem 2008 sobre o título “Das Reise-tagebuch des Grafen Friedrichvon Spreti: brasilianische Kaise-rhochzeit 1829” e agora é perso-nificado através da exposição,como afirma a Baronesa vonSeckendorff: "O livro é o cerne daexposição. Transformamos quase

400 páginas em banners e vitri-nes". O Conde Friedrich von Spre-ti, em 1829, além de registrar todaa negociação do casamento e aviagem de Dona Amélia, que foitratada na época como sigilosa,registrou fatos da Corte do Rio deJaneiro. A exposição atesta queantes da vinda para o Brasil, Do-na Amélia teve aulas de portu-guês e de cultura brasileira.

 Sobre a Imperatriz Dona Amélia

Nascida Amélie Auguste Eugéniede Leuchtenberg, Princesa deLeuchtenberg, em Milão, a 31de

 julho de 1812, a segunda Impera-

triz do Brasil era filha de Eugêniode Beauharnais, Príncipe daFrança, Vice-Rei da Itália, Prínci-pe de Veneza, Grão Duque de

Frankfurt, Duque de Leuchten-berg, Príncipe de Eichstätt e Ar-quichanceler de Estado do Impé-rio Francês, filho dos Viscondes deBeauharnais, Josefina e Alexan-dre de Beauharnais, que maistarde, com o falecimento do paie o novo casamento da mãe foi,pelas circunstâncias, enteado ehomem de extrema confiançade Napoleão Bonaparte. A mãede Dona Amélia era a Princesa

Augusta Amélia da Baviera, filhado Rei Maximiliano I José da Ba-viera e da Rainha Augusta Gui-lhermina, nascida Prince-sa de Hesse-Darmstadt.Tinha como irmãos a Prin-cesa Carolina Clotilde;nascida e falecida em1806, a Rainha Josefina(1807-1876); casada como Rei Oscar I da Suécia eda Noruega, a Princesa

Eugênia (1808-1847); ca-sada com o PríncipeConstantino Hohenzollern-Hechingen, o PríncipeAugusto (1810 – 1835);casado com sua enteadaD. Maria II, filha de DomPedro I, Rainha de Portu-gal, a Duquesa Teodolin-da (1814 – 1857); casadacom o Duque Guilhermevon Urach e Maximiliano

(1817 – 1852); casadocom a Grã-Duquesa Ma-ria Nikolaievna, filha deNicolau I da Rússia.

Educada privativamente

nos Palácios da Família, DonaAmélia teve sua apresentaçãoformal a Corte da Baviera em1828.

Em 1826, no Brasil, faleceu a Im-peratriz Dona Leopoldina, primei-ra esposa do Imperador DomPedro I, mãe de seus sucessores.Esteve então, a partir de 1827, oMarquês de Barbacena, em via-gem para encontrar uma segun-da esposa para o Imperador.Chegando a Europa, muitos eramos nomes para possíveis alianças,mas a Princesa Amélia de Leuch-

tenberg chamava a atençãopela juventude e beleza, sendoela a escolhida. Em 30 de junho

Imperatriz Dona Amélia:

Destaque de exposição na AlemanhaDesconhecida de muitos brasileiros, a Imperatriz Dona

Amélia é destaque de exposição em Munique

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 de 1829, sua mãe, a DuquesaAugusta Amélia, assinou o contra-to de casamento, que um mêsmais tarde foi confirmado no Bra-sil. Em 2 de agosto, foi celebrado

na Capela do Palácio de Leuch-tenberg a cerimônia de casa-mento, sendo o procurador doImperador Dom Pedro I, o próprioMarquês de Barbacena. A vindade Dona Amélia para Brasil deu-sê em meio as turbulências dausurpação do trono de Portugalpor Dom Miguel, Trono que DomPedro I havia herdado e abdica-do em favor da Princesa DonaMaria da Glória, tendo, o navio

que trazia a Imperatriz, de passar por portos da Bélgica e Inglaterra,chegando ao Brasil em 16 deoutubro de 1829. A bordo do na-vio também estava o 2º Duquede Leuchtenberg, Príncipe Augus-to de Beauharnais, condecoradopelo Imperador como Duque deSanta Cruz, a quem deu a mãode sua filha, a Rainha Dona MariaII de Portugal, em casamento.

Em 17 de outubro daquele ano ocasal recebeu as bênçãos naCapela Imperial. O Imperador criou a Imperial Ordem da Rosapara homenagear a esposa ecomemorar o casamento.

A trajetória de Dona Amélia co-mo Imperatriz foi bastante curta,dada a abdicação de Dom Pe-dro I em 7 de abril 1831, esteve noTrono efetivamente por apenas 2

anos. Resignada, estudiosa ecomprometida, chegou ao Brasilentendendo o português e fa-lando quase perfeitamente oidioma. Aos filhos do marido re-presentou a mãe que haviamperdido, inclusive à filha ilegítimado Imperador, a Duquesa deGoiás, que adotou pra si. Organi-zou os protocolos do Palácio deSão Cristovão, configurando aolugar, ares da Corte européia.

Em 1831, com a abdicação doImperador ao Trono do Brasil,embarcaram para a Europa es-tando ela grávida de 4 meses.Passaram então pelos Açores e

França, onde a Imperatriz deu àluz a única filha do casal, DonaMaria Amélia de Bragança, látambém aguardavam por DomPedro I que estava liderando as

lutas contra o usurpador DomMiguel, que havia roubado o Tro-no de Dona Maria da Gloria. Emagosto de 1834, as Cortes de Por-tugal confirmam a vitória de DomPedro I nas batalhas contra osmiguelistas, ao conceder o títulode Rainha a Dona Maria da Glo-ria. O Imperador passou a residir com a Imperatriz Dona Amélia eas filhas, Dona Maria Amélia e aDuquesa de Goiás, no Palácio de

Queluz, em Lisboa, onde faleceuem 24 de setembro de 1834. Apósa morte do marido, Dona Améliase dedicou a caridade, ao auxíliodos desprovidos e aos cuidadoscom a filha e a enteada, retor-nando a Baviera em 1850. Poucotempo depois, pelas evoluçõesda tuberculose da Princesa DonaMaria Amélia, a Imperatriz viu-seobrigada a rumar com a filhapara a Ilha da Madeira, em bus-

ca de ares favoráveis ao seu tra-tamento, não obtendo êxito, aPrincesa faleceu aos 22 anos deidade em 4 de fevereiro de 1853.A Imperatriz retornou a Lisboa,onde faleceu em 26 de janeirode 1876. Atualmente Dona Amé-lia jaz na Cripta Imperial do Mo-numento à Independência doBrasil, em São Paulo, ao lado doImperador Dom Pedro I e da Im-peratriz Dona Leopoldina.

A exposição “Estritamente Confi-dencial! – Munique, Rio de Janei-ro, Amélia Von Leuchtenbergtorna-se Imperatriz do Brasil”, foiorganizada pela Sociedade Bra-sil-Alemanha, que completa 50anos em 2010, com o apoio doGoverno do Estado da Baviera eda Fundação Karl Graf Spreti.

Ao lado direito, a Impe-

ratriz Dona Amélia em  várias fases da vida. Nolado esquerdo, a insígniada Imperial Ordem daRosa

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 As exéquias de Dona Leopoldina:

[...] Foi vestida de grande gala, ecom ornamentos competentes,foi reposta no seu leito sobre umariquíssima colcha da China cor de pérola, encostada em duas

almofadas de seda verde e ouro.Neste camarim, forrado de sedabranca e verde, com portas develudo verde e galões de ouro,deu Sua Majestade a Imperatriz,pelo meio dia solene Beija-mão,sendo o primeiro, que cumpriuesse doloroso dever Sua AltezaImperial, o Príncipe Imperial.

Ali o corpo foi colocado, sendovelado por dois longos dias,quando oradores oficiais reveza-vam-se de duas em duas horasnessa árdua tarefa. Após 18 horasde vigília, foi iniciado o beija-mão. Toda a preparação do ca-dáver tinha como objetivo deixar o máximo possível a presençadaquele corpo morto entre seussúditos, de modo que eles pudes-sem venerá-lo antes da separa-ção final. Mas não se poderiadeixá-lo por muito tempo sem ocuidado devido, uma vez que a

decomposição natural afastariatodos. [...]

Assim, o corpo foi sendo velado,onde as Damas de Honra da Im-peratriz, os viadores, bem como afamília composta pelo restantedos filhos revezavam-se nas ora-ções. Até o dia 13 às 23 horas, ocadáver permaneceu no leitoimperial. Logo depois, o corpo foicolocado dentro de um caixão

de chumbo que foi fechado den-tro de um outro de madeira sim-ples, sendo exposto para receber as honras da Corte e do povo, erecebendo as orações dos dife-

rentes religiosos que para ali sedirigiam. Somente no dia do cor-tejo é que o corpo foi colocadoem um terceiro caixão tambémde madeira, mas fechado à cha-ve e coberto de veludo pretoagaloado de ouro. Era o monu-mento funerário feito em 1817

para colocar os restos mortais deD. Maria I, que aí ficaram até1821, quando foram traslados

  juntamente com os ossos do In-fante D. Carlos, seu neto, paraPortugal. Depois de todos cuida-dos, o corpo envolto nesses cai-

 xões foi colocado sobre uma me-sa na sala do Paço Imperial, cer-cado de 22 tocheiros de prata,coberto com rico pano de velu-do preto bordado, agaloado de

ouro. Aos pés dos caixões, foramrespeitosamente colocados emduas almofadas o cetro e a co-roa, sendo todo ambiente deco-rado em verde, amarelo, preto eroxo.

Ao amanhecer do dia 14 come-çaram as cerimônias religiosasfeitas pelos cleros regular e secu-lar, onde destacaram-se o Ofíciode Defuntos, os responsos canta-

dos e a presença das ordens reli-giosas que findaram a encomen-dação da alma. Somente às 20horas foi dado início aos prepara-tivos para a procissão que levariao corpo até seu destino final. Ocorpo saiu do Palácio de SãoCristóvão para sua última mora-da somente às 20h30min do dia14 de dezembro de 1826, seguin-do riquíssimo cortejo atrás. Pelasruas por onde passava, via-se

uma fila dupla de monges e ecle-siásticos. Após seguir por váriosbairros fluminenses de modo adar oportunidade aos súditos dedespedirem-se da Imperatriz, a

procissão finalmente chegou às23 horas ao seu destino, a Igrejado Convento da Ajuda, termi-nando a cerimônia somente àsduas horas da madrugada.

A rica decoração da igreja inclu-ía até mesmo magnífica tapeça-

ria que forrava suas paredes, tu-do ocorrendo ao som de umaimponente orquestra. Nela nota-vam-se três pousos preparadoscom riqueza, o primeiro tinha umdegrau e seis tocheiros, o segun-do com dois degraus e dez to-cheiros; e finalmente o terceiro,com três degraus e dez tocheiros.Havia outro pouso próximo aoCoro das Religiosas, e a um ladoduas lanças cobertas de veludo

verde, sobre as quais estavamquatro castiçais de prata. Nopouso mais simples e mais baixo,situado próximo à porta, é que ocorpo foi depositado. Neste mo-mento, o clero da irmandadedeu início ao ofício dos mortos,enquanto os irmãos carregavamo caixão até o segundo pedestal,mais elevado e ornamentado,onde estava o senado da Câma-ra do Rio de Janeiro. Após esta

segunda etapa, os membros daCâmara levaram o corpo ao ter-ceiro ponto, ainda mais rico queos precedentes.

Todo o espetáculo era aumenta-do com os efeitos produzidos pe-la música, enquanto a nobrezatransportava o corpo por umaporta lateral da grade claustral,aberta para receber os restosmortais da soberana. Deposita-ram então uma coroa dourada eo pano mortuário no esquife. Àsduas horas, findando-se o funeral,as salvas da artilharia avisaramque as portas do claustro esta-vam sendo fechadas.

A morte da Imperatriz Dona LeopoldinaGisele Marques da Revista Radiante recorda as cerimônias fúnebres da mortede Dona Leopoldina. Esta mulher que foi grande esposa, mãe e política e quedesenvolveu papel fundamental no processo de Independência do Brasil

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A Família Imperial Brasileira sempre manteve vínculos com a Ordemde Malta, continuando a tradição da Família Real Portuguesa (o 11ºGrão-Mestre foi um Príncipe Português, Dom Afonso de Portugal,possivelmente filho do Rei Dom Afonso Henriques).”

Justamente no dia de seus 60anos, o Príncipe Dom Antonioingressou na Ordem Soberana deMalta, que festejou no dia 24 de

 junho de 2010 seu padroeiro, SãoJoão Batista, com Missa solene noMosteiro de São Bento, presidida

por Dom Abade Roberto Lopes,que é também Capelão Conven-tual da Ordem. A celebração foiàs 18h, seguindo-se uma recep-ção na Casa Julieta de Serpa,com jantar em benefício das o-bras assistenciais da Ordem nacidade.

Dom Antonio ingressa na Ordemdentro da alta categoria de Ca-valeiro de Honra e Devoção, que

é reservada a nobres católicos(no Brasil a maior parte dosmembros da Ordem são Cavalei-ros de Graça Magistral, o quenão exige prova de nobreza).

A Ordem de São João de Jerusa-lém, dita Ordem de Malta, nas-ceu pelo ano 1048, como comu-nidade monástica, que tratavados peregrinos e enfermos e aco-lhia os indi-centes. Sob o Beato

Gerardo e por uma Bula do PapaPascoal II de 1113, converteu-senuma Ordem isenta da Igreja.

Diante da responsabilidade deter que assumir a defesa militar 

dos enfermos e dos territórios cris-tãos na Terra Santa, assumiu ocaráter de Ordem de Cavalaria,religiosa e militar ao mesmo tem-po.

Em 1291, depois da perda de SãoJoão d´Acre, último baluarte daCristandade na Terra Santa, aOrdem estabeleceu-se em Chi-pre e em 1310 ocupou a ilha deRodes, ali adquirindo uma sobe-rania territorial. Para defender omundo cristão, constituiu umapoderosa frota. Governada por um Grão-Mestre, Príncipe sobera-

no de Rodes, e por um SoberanoConselho, cunhava moeda emantinha relações diplomáticascom os demais Estados. Os cava-leiros rechaçaram com êxito nu-merosos assaltos dos otomanos,mas diante do ataque do SultãoSolimão o Magnífico, com umagrande frota e um poderoso e-

  xército, tiveram que capitular edeixaram a ilha em 1523. O Impe-rador Carlos V, então, cedeu àOrdem as ilhas de Malta, Gozo eComino, assim como a cidade deTrípoli, como feudo soberano. Em1530 a Ordem tomou posse deMalta, com a aprovação do Pa-pa Clemente VII. Durante oGrande Assédio, em 1565, os o-tomanos foram derrotados pelosCavaleiros. A frota da Ordem de

São João (ou de Malta, comocomeçou a chamar-se) foi umadas mais poderosas do Mediter-râneo e contribuiu para a destru-ição definitiva dos otomanos nacélebre batalha de Lepanto de1571. Em 1798 Napoleão Bona-parte, durante a campanha doEgito, ocupou a ilha de Malta eos cavaleiros, por causa da Regrada Ordem que lhes proíbe lutar contra outros cristãos, não resisti-

ram e se viram obrigados a a-bandonar a ilha, que em 1802começou a ser ocupada pelosingleses. A Ordem se estabeleceudefinitivamente em Roma em1834, aí possuindo nos dias de

O Príncipe Dom Antonioingressa na Ordem de Malta

Dom Antonio ingressa na Ordemdentro da alta categoria de Cavaleirode Honra e Devoção, que é reservadaa nobres católicos.

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 hoje o Palácio de Malta, na viaCondotti, e a Villa Magistral, noAventino, que gozam do privilé-gio de extraterritorialidade. Amissão original da Ordem, a ser-

viço dos pobres e dos enfermos,voltou a ser sua missão principal.

Por tradição os cavaleiros de Mal-ta provinham, no passado, emgrande maioria, de famílias danobreza católica da Europa. Ain-da hoje é uma Ordem cavalhei-resca, tendo mantido os valoresda cavalaria e da nobreza. NaEuropa boa parte de seus mem-bros provém ainda dos círculos

da nobreza. Mas tanto na Europacomo, mais ainda, em outrosContinentes, são também admi-tidas pessoas da todas as classessociais, mas com especiais méri-tos e com espírito altruístico.

Graças a uma história ininterruptade quase nove séculos, a Sobe-rana Militar Ordem de Malta éhoje a única sucessora da OrdemHospitalar de São João de Jerusa-

lém, reconhecida pela Igreja Ca-tólica em 1113. É a única a ser aomesmo tempo Ordem religiosa eOrdem de cavalaria. Possui cava-leiros professos, que emitem votosreligiosos. Deles sai o Príncipe eGrão-Mestre e a maioria dosmembros do Soberano Conselho,o órgão Dirigente máximo daOrdem. Sujeito do direito interna-cional público, a Ordem nuncadeixou de ser reconhecida como

soberana. O Grão-Mestre (FreiMatthew Festing, inglês, é desde2008 o 79º Grão-Mestre) governaa Ordem como Príncipe Sobera-no – sendo reconhecido comoChefe de Estado por muitos paí-ses – e como superior religioso.Tem o tratamento único de Alte-za Eminentíssima, tendo uma ca-tegoria na Igreja equivalente ados Cardeais.

A Ordem mantém relações di-plomáticas com 104 países e 17organizações internacionais (co-mo a FAO e a UNESCO e temuma representação permanentena ONU). Está presente em 54

países, entre os quais o Brasil. Emnosso país houve alguns cavalei-ros e damas no tempo do Império(cf. João Hermes Pereira da Araú-

  jo, “A Ordem de Malta e o Brasil

Imperial” in “Anuário do MuseuImperial”, vol. XVIII, 1957). A ver-dadeira organização, porém,começou em 1957 com a funda-ção da Associação Brasileira doRio de Janeiro e da Associaçãode São Paulo e do Brasil Meridio-nal. Em 1984 foi criada uma ter-ceira Associação, a de Brasília edo Brasil Setentrional.

A Família Imperial Brasileira sem-

pre manteve vínculos com a Or-dem de Malta, continuando atradição da Família Real Portu-guesa (o 11º Grão-Mestre foi umPríncipe Português, Dom Afonsode Portugal, possivelmente filhodo Rei Dom Afonso Henriques).Reinando a dinastia de Avis, por várias vezes Príncipes da CasaReal ocuparam a sede Prioradodo Crato. O Priorado do Crato éum extenso e

valioso senhorioque abrangiavasta extensãode território e quefoi cedido em1232 pelo ReiDom Sancho IIaos cavaleiros daOrdem de SãoJoão de Jerusa-lém, em recom-pensa dos servi-

ços prestados por eles na luta con-tra os mouros. Emmeados do sec.XIV, a vila do Cra-to passou a ser asede dos Cavalei-ros de São Joãoem Portugal. Oprimeiro Grão-Prior foi Dom Luisde Portugal, filho

do Rei Dom Ma-nuel I, o Venturo-so, tão ligado àHistória do Brasil.Sob a dinastia deBragança, as re-

lações da Família Real com oPriorado do Crato se tornarampermanentes. Em 1789 o Papa PioVI publicou um breve, determi-nando que um Príncipe da Famí-

lia Real fosse sempre o Grão-Prior do Crato. D. Pedro III e depois seufilho D. João VI sempre manifesta-ram afeição pela Ordem de SãoJoão. Nosso Imperador D. Pedro Ifoi Grão-Prior do Crato desde1799. Vários retratos do Soberanomostram o uso constante quefazia, colocando o hábito pen-dente de Malta sob as insígniasda Ordem do Tosão de Ouro. AImperatriz Dona Leopoldina foi

admitida também na Ordem, em1817, na condição de Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção. I-gualmente o Imperador DomPedro II entrou na Ordem, em1846, como Bailio Grã-Cruz deHonra e Devoção, a mais altagraduação da Ordem; a impera-triz Dona Teresa Cris-tina foi, apartir de 1878, Dama Grã-Cruz deHonra e Devoção (como retribui

O Chefe da Casa Imperial portando, entre outras distinções,o colar de Bailio Grão-Cruz de Honra e Devoção da Ordemde Malta.

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Nascido no Rio de Janeiro a 24 de junho de 1950, sendo o séti-mo dos doze filhos do Príncipe Dom Pedro Henrique, Chefe daFamília Imperial e Herdeiro do Trono do Brasil, e da Princesa

Dona Maria, nascida Princesa Real da Baviera, o Príncipe recebeuno batismo o nome de Antonio em homenagem ao tio avô, filhomais moço da Princesa Isabel; João por ter nascido justamente nodia de São João Batista; Maria José pela devoção dos pais à Nossa Senhora e seu espo-so; Jorge é o nome de seu padrinho, o Arquiduque Jorge da Áustria (ramo da Tosca-na), primo-irmão de seu pai; Miguel Gabriel Rafael Gonzaga são os nomes dos trêsSantos Arcanjos e são tradicionais na Casa de Bragança desde Dom João VI.

Em sua infância, Dom Antonio viveu em Jacarezinho, Paraná, no período em que seuspais lá moravam como fazendeiros. Mais tarde mudou-se com a Família para Vassou-ras. Formou-se em 1976 em Engenharia Civil pela Universidade de Barra do Pirai,ligada ao complexo da Companhia Siderúrgica Nacional. Fez um estágio na Alemanha,na área da Engenharia Nuclear e trabalhou em várias empresas no Rio de Janeiro.

Como seu pai, é conceituado pintor aquarelista, tendo realizado exposições em váriascidades do Brasil e também no exterior. Retrata geralmente em suas telas igrejas,antigas fazendas, prédios históricos, visões, enfim, de um Brasil tradicional.

Dom Antonio é o único dos Príncipes homens de sua geração – bisnetos da PrincesaDona Isabel e do Conde d’Eu – a realizar um casamento Principesco. Daí ficar emterceiro lugar na linha da Sucessão do Trono, tendo a ele renunciado seus irmãosmais velhos, Dom Eudes, Dom Pedro de Alcântara, Dom Fernando. Casou no Castelode Beloeil, na Bélgica, a 26 de setembro de 1981, com S.A. a Princesa Christine MariaElisabeth de Ligne, nascida no mesmo Castelo a 11 de agosto de 1955, filha de Antoni-o, 14º Príncipe de Ligne, Príncipe d´Amblise e d´Epinoy, e de Alix, Princesa do Lu-xemburgo, de Nassau e de Bourbon Parma. Os Ligne constituem uma das primeirasFamílias do Reino da Bélgica, sendo uma Casa nobre de origem feudal, conhecida jáno século XI. É Dona Christine neta materna da Grã-Duquesa Carlota do Luxemburgo(e prima irmã do atual Grão-Duque, Henri). Alguns meses antes do matrimônio deDom Antonio e Dona Christine, no mês de março, casaram no Outeiro da Glória, noRio de Janeiro, a Princesa Dona Eleonora, irmã de Dom Antonio, com o irmão deDona Christina, o Príncipe Michel de Ligne, que com a morte do pai, Antonio, em2005, é o 15º Príncipe de Ligne.

Do casamento de Dom Antonio e Dona Christine nasceram quatro filhos, sendo omais velho o saudoso Príncipe Dom Pedro Luiz, falecido em 2009, com 26 anos, notrágico acidente do vôo 447 da Air France, em pleno Oceano Atlântico. Os outrosfilhos do casal são a princesa Dona Amélia, 26 anos, arquiteta, trabalhando atualmen-te em Madri, o Príncipe Dom Rafael, 24 anos, que é formando em Engenharia deProdução e já trabalha numa grande empresa no Rio de Janeiro; e a princesa DonaMaria Gabriela, 21 anos, estudando Comunicação Social na PUC/RJ.

Dom Antonio reside no Rio e em Petrópolis, estando bem integrado nesta cidadeImperial. É, por exemplo, membro do Conselho Consultivo da Associação dos Amigosdo Museu Imperial (seu primo Dom Pedro Carlos é presidente de honra da entidade).

ção,  o  Grão-Mestre  Ceschi,   foi fei-to Grão-Cruz da Ordem de Cristo).

Interessante que nem a PrincesaDona Isabel, nem seu marido, o

Conde d’Eu, e também nenhumde seus filhos, ingressaram naOrdem de Malta. A Família Impe-rial voltou a integrar a Ordem emnosso tempo. Primeiro foi admi-tido, em 1972, como Bailio Grão-Cruz de Honra e Devoção o Prín-cipe Dom Pedro Gastão, o qualem 1966 recepcionou no PalácioGrão-Pará, em Petrópolis, o Prín-cipe e Grão-Mestre da Ordem,Frei Ângelo de Mojana di Colog-

na, em visita oficial ao Brasil. Em1974 foi a vez do próprio Chefeda Família Imperial, Dom PedroHenrique, ser admitido, igualmen-te na condição de Bailio Grão-Cruz de Honra e Devoção, o graumáximo da Ordem. Ele recebeudepois a Cruz de Profissão. Váriasvezes participou da anual Missada Ordem, no Mosteiro de SãoBento, ao lado do Presidente Jus-celino Kubits-chek de Oliveira. Em

2002 foi a vez de entrarem naOrdem Dom Luiz e Dom Bertrand,sempre como Bailios Grão-Cruzesde Honra e Devoção. O ingressodos dois ocorreu numa cerimôniasingular: foi diretamente em Ro-ma, na sede da Ordem, presidin-do a cerimônia o próprio Grão-Mestre, na época Frei AndrewBertie. É de se lembrar que tam-bém outro descendente de DomPedro II é membro proeminente

da Ordem: Dom Carlos Tasso deSaxe-Coburgo e Bragança é nãosó Cavaleiro Grão-Cruz de Obe-diência da Ordem, mas um dospresidentes de honra da Associa-ção de São Paulo e Brasil Meridi-onal, depois de ter sido seu presi-dente efetivo de 1960 a 1965. Dom Antonio e Dom Bertrand

em visita ao Arcebispo do RJNo dia 24 de julho de 2010, os Príncipes Dom Antonio e Dom Bertrand de Orleans e Bragança

visitaram o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João tempesta. Acompanhados domonarquista Mario de Oliveira, os Príncipes foram agradecer o apoio de Sua Reverendíssimana ocasião do fatídico acidente com o avião da Air France, que acabou por vitimar o Prín-cipe Dom Pedro Luiz. Durante a visita, Dom Bertrand e Dom Antonio discutiram com o Arce-bispo a respeito do aborto e outros temas de interesses sociais.

Sobre Dom Antonio

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Já antes eu a conhecia, peloexcepcional prestigio de seu illus-tre nome, evocado na phraseimaginosa e colorida de umadevotada amiga, minha venera-da e saudosa tia Dona AliciaO’Connor de Camargo Dauntre,que se comprazia em deslum-brar-me, exaltando suas aprimo-radas feições espirituaes. E com-

tudo, sómente muito depois, éque tive o privilegio de conhecer esta fidalga senhora, quando ali,na formosa Petropolis e em suatranquila vivenda, fui levar-lheminha commovida homenagem.

Sua affabilidade aristocratica e afinura de conversação estavam arealçar, nella, uma figura patricia.

Toda absorta pelas recordações

do passado, proporcionou-me oensejo de conhecer alguma re-miniscencia de sua vida de Da-ma do Paço, fidelissimamenteconsagrada á Família Imperial doBrasil.

Nesses momentos, a sua physio-nomia intelligente e illuminadadeixava expandir os mais eleva-dos sentimentos de uma almaescól.

Em sua honrosa companhia e aseu convite desvanecedor, visiteienternecido antigos solares impe-riaes, distribuidos na paizagemserrana, bem como me inclinei

reverente ante os despojos dosMagnanimos Imperadores, atéhoje depositados na inacabadaCathedral de Petropolis, a esperade que a Nação lhes dê condig-no mausoléo.

Em 7 de Agosto de 1851, na cha-cara de Joana, mais tarde pala-cete do Duque de Saxe, na cor-te, então residencia de seus avósmaternos, nasceu a gracil Dona

Maria José, mais tarde Baronezade Muritiba.

Veiu ao mundo afagada pelodestino. Nas veias corria-lhe osangue de casas illustres. Brazõesda mais esclarecida estirpe en-

 xertavam-se-lhe no tronco de suaarvore genealogica.

Era filha de Joaquim Ribeiro Avel-lar, importante agricultor, tenen-

te-coronel da Guarda Nacional,da I. Ordem da Rosa, fidalgo ecavalleiro da Casa Imperial, e desua esposa DonaMarianna Velhoda Silva, tituladoscom grandezaViscondes deUbá, em 14 deMarço de 1887.

Teve por avô pa-

terno o Barão deCapivary, Grandedo Imperio, con-decorado com aImperial Ordemda Rosa, tio dos

Barões de S. Luiz, de Guaribú,Baroneza de Paty do Alferes e doVisconde da Parahyba, e, por avós maternos, o ConselheiroJosé Maria Velho da Silva, Veador da Casa Imperial, e sua esposaDona Leonarda Maria Motta,Dama de Honra deS. M. a Impe-ratriz e senhora de notaveis pre-dicados culturaes.

Aos 8 anos de idade, Dona Maria

José passava a residir com seuspaes, Viscondes de Ubá, em Pe-tropolis, onde lhe foi dado por mestre o educador Padre NicolauGermaine, seu primeiro vigario.

Instruida nas rigidas tradições dafamilia, com o maior esmero,cercada do esplendor que sóemdar a virtude christan, a nobreza,a posição, a graça e a distincção

  juvenil e a fortuna, ia com fre-

qüência durante o verão, ao Pa-ço Imperial, levada pelas mãosda austera Dona Leonarda, sua

Baroneza de Muritiba

Uma grande Dama do PaçoArtigo de Ricardo Gumbleton Daunt, extraído da Revista do Instituto de Estudos Genea-

lógicos, ano III, nº5, 1º semestre de 1939. Esta brilhante compilação traz um pequenoretrato da Baronesa de Muritiba, Dama de Companhia da Imperatriz Dona Teresa Cris-tina e das Princesas Dona Isabel e Dona Leopoldina, que tinha na fidelidade a Família

Imperial, o sentido de sua vida

Na casa da Princesa Dona Isabel: a Baronesa de MurNa casa da Princesa Dona Isabel: a Baronesa de MurNa casa da Princesa Dona Isabel: a Baronesa de MurNa casa da Princesa Dona Isabel: a Baronesa de Muri-i-i-i-tiba, a Princesa Dona Isabel etiba, a Princesa Dona Isabel etiba, a Princesa Dona Isabel etiba, a Princesa Dona Isabel e a Ba Ba Ba Baaaaronesa de Loreto.ronesa de Loreto.ronesa de Loreto.ronesa de Loreto.

PetrópolisPetrópolisPetrópolisPetrópolis ---- 1866186618661866

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 avó, para entreter-se em folgue-dos com as Princezas Izabel eLeopoldina, ambas mais velhasdo que ella.

Herdára, á imitação de sua mãe,Dona Marianna, e de sua avó,Dona Leonarda, o viço intellec-tual e o culto das boas letras eartes, que se passavam por cons-tituir prenda de familia, assimcomo nella tambem já se mani-festava o nobre e jamais desmen-tido sentimento de dedicação áFamilia Imperial.

Desde jovem, Dona Maria José

votou ás Princezas Imperiaes, emuito particularmente á S. A. I. eR. a Princeza Izabel, uma amiza-de firmada em respeitosa ternuraque cirscumstancias futuras devi-am evidenciar.

Casam-n’a, aos 17 de Novembrode 1869, com um varão cuja no-breza de nascimento e de almacondizia bem com a de sua jo-vem esposa.

Foi um casamento venturoso.

O Dr. Manoel Vieira Tosta, diplo-mado pela Faculdade de Direitode S. Paulo, depois Barão de Mu-ritiba, nessa ocasião Chefe dePolicia do Desterro (Santa Catha-rina), era um homem de carac-ter, de rara distincção e de apri-morada cultura.

Primogenito do Marquez de Muri-tiba, grande dignitario do Imperi-o, integro e energico magistradoa quem Nabuco rendeu justiçadizendo em “Um Estadista do

Imperio”: “Tosta era um conser-vador, dos raros, que tinha a Reli-gião, a Monarchia, a Ordem Pu-blica, a Lei, como dogmas indis-cutiveis”. O filho era do mesmoquilate e, cioso de sua nobre es-tirpe, adoptava as armas de seupae, que eram: “Em campo deblau, um chaveirão de ouro, en-tre tres estrelinhas de prata, decinco pontas; chefe de ouro, car-regado de tres vieiras de góles,

alinhadas em faxa. Divisa: TiveSanto Amor á Lei ”.

Os Barões de Muritiba gozaramde ininterrupta felicidade.

A quéda da Monarchia pôz fim ácarreira do Barão de Muritiba,que occupou os cargos de De-zembargador da Relação daCôrte, ultimo Procurador da Co-rôa, Soberania e Fazenda Nacio-

nal, Veador de S. M. a Imperatriz,Grande do Imperio, Gran Cruz daOrdem de S. Gregorio Magno (deRoma), Dignatario da OrdemRomana de São Pio IX, MembroHonorario do Instituto Historico eGeographico Brasileiro e do de S.Paulo.

Dona Maria José, Baroneza deMuritiba, era então Dama deHonra de S. M. a Imperatriz e da

Princeza Imperial, Dona Izabel, aRedemptora.

Ambos, consultando apenas oseu desinteressado devotamento,decidiram acompanhar no exilioa Familia Imperial.

Os Barões de Muritiba encontra-ram no exilio, durante 32 annos,na Familia Imperial, os seus maiscarinhosos affectos, partilhando

de todas as alegrias e soffrimen-tos.

Os tres Principes D. Pedro, D. Luiz

e D. Antonio de Orleans e Bra-gança cresceram cercados deseus carinhos; as festas dos ca-samentos dos dois primeiros e dosnascimentos dos principes consti-

tuiram, para os Barões de Muriti-ba, verdadeiras festas de familia.

Foi a Baroneza que teve a honrade apresentar na pia baptismal oneto primogenito da PrincezaIzabel, o Principe D. Pedro Henri-que, nascido em Cannes, em1909.

Quando a dôr pungente veiunovamente ferir por duas vezes o

coração dos Condes d’Eu, arre-batando-lhe em curto espaço detempo dois filhos estremecidos, osPrincipes D. Antonio e Dom Luiz,cheios de vida e de virtudes, áslagrimas de S. S. A. A. se mistura-ram ás dos Barões de Muritiba.Dir-se-ia que tambem elles perdi-am seus filhos estremecidos. Mas,uma das dores mais cruciantespor elles experimentada, foi amorte de S. A. a Princeza Izabel. A

vida dos Barões de Muritiba lhetinha sido consagrada, por assimdizer. Jamais se consolaram destaperda irreparavel.

Depois do fallecimento da Prin-ceza Izabel, em 1921, os Barõesde Muritiba voltaram ao Brasil, novapor Bagé, quando a 15 de A-gosto de 1922, ainda em aguasdo Espirito Santo, o Barão de Muri-tiba entregou a Deus sua alma

piedosa, deixando inconsolavelsua viuva.

A Baroneza, profundamente aba-lada pela separação de seucompanheiro fidelissimo de 52anos, achou na sua piedade aresignação perfeita, o completoabandono á vontade de Deus.Quem teve a ventura de conhe-ce-la de perto e de admirar suaserenidade constante, seu des-

prendimento completo, sua in-comparavel modestia, sua cari-dade discreta, jamais olvidará aphysionomia dessa grande chris-tã, dessa fidalga raça, dessa bra-

Baronesa de MuritibaBaronesa de MuritibaBaronesa de MuritibaBaronesa de Muritiba

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sileira, que tanto amou a Deus, áPatria e a seus Principes.

Confortada pelos sacramentos

da Igreja e rodeado dos carinho-sos afecctos dos sobrinhos, quemuito lhe queriam, falleceu namadrugada de 13 de Julho de1932.

Teve então muitas desillusões, oque lhe abalou a saúde já precá-ria. Poucos mezes antes de falle-cer, ajudada por seu sobrinho eafilhado Dr. Paulo Avellar Figueirade Mello, fez um appelo aos ami-

gos de S. S. M. M. Imperaes, afimde concorrerem para o acaba-mento da capella do mausoléode S. S. M. M. na cathedral dePetropolis. Encontrou, da partede poucos amigos, o melhor aco-lhimento.

A Baroneza de Muritiba despojá-ra-se de todas as suas joias parao acabamento do mausoléo,dando assim, até o fim de sua

vida, provas inolvidaveis do seugrande devotamento á FamiliaImperial.

Com os donativos dos amigos daFamilia Imperial, obtidos por inici-ativa daquella Dama Illustre, foiadquirido, depois de sua morte, oaltar que deve ser collocado nacapella do mausoléo de S. S. M.M.

“Fiel até a morte!”, parece ter sido sua divisa. Entretanto, se obrazão d’armas de seu dignoesposo ostentava a divisa “TiveSanto Amor á Lei”, o coração daIllustre Dama, Baroneza de Muriti-ba, trazia o seu “Santo Amor áFamília Imperial”.

Em 33 anos de exílio o PríncipeLouis Philippe Marie FerdinandGaston, Conde d’Eu, marido deda Princesa Isabel, amargou ador da perda da sogra, a Impera-triz Dona Teresa Cristina, em 1889;do sogro, o Imperador Dom Pedro II, em 1891;dos filhos, o Príncipe

Dom Antonio, em 1918e o Príncipe ImperialDom Luiz, em 1920 eda esposa, em 1921.Foram perdas irrepará-veis ao Conde, que jáacumulava 80 anos devida. O retorno a Fran-ça natal, a vida no Castelo d’Eu,as recepções no Palacete deBologne-sur-Seine, não minimiza-vam a falta dos sogros e do Brasil

Imperial, mais tarde, quando ofilho Dom Luiz se foi, o pai estre-meceu, numa tristeza que umano depois o deixaria ainda maisdebilitado, com a morte da espo-sa.

Em 1922, o governo republicanoBrasileiro convidou a Família Im-perial exilada para as comemo-rações do Centenário da Inde-pendência do Brasil, quando en-

tão Dona Maria Pia, Dom PedroHenrique; Chefe da Casa Imperialdo Brasil, Dom Luiz Gastão e oConde d’Eu, rumaram a bordodo navio Massília e Dom Pedro deAlcântara, a Condessa Maria

Elisabeth e Dom PedroGastão a bordo donavio Curvelo, ruma-

ram para o Brasil. Nanoite de 28 de agosto,ainda no navio emdireção ao Brasil, a-companhado de suanora, Dona Maria Pia, oConde d’Eu jantava

com o comandante do Massília,quando, de um mal súbito, veioabraçar-se em sua nora, que,evitando a queda do sogro, oamparou. Mais tarde constata-

ram que o Conde, naquele mo-mento, havia perdido a vida.Alguns dias depois, desembarcouno Rio de Janeiro, a Princesa Do-na Maria Pia, trazendo consigo atriste notícia da morte do sogro. OConde d’Eu foi velado no Brasil edepois levado ao mausoléu fran-cês de Dreux, para ser enterradona Cripta da Família de Orleans,de onde saiu para ser translada-do para o Brasil em 1953.

O mausoléu Imperial

No texto, a grafia da época foi conservada.

Conde d’Eu,

88 anos de falecimento

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Dom Rafael Antonio Maria JoséFrancisco Miguel Gabriel Gonzaga,Príncipe de Orleans e Bragança,nasceu no Rio de Janeiro a 24 deabril de 1986, sendo filho do Prínci-pe Dom Antonio de Orleans e Bra-gança e da Princesa Dona Christi-ne, nascida Princesa de Ligne. DomRafael estudou em escolas de Pe-trópolis (ensino fundamental noInstituto Social São José e ensinomédio no Colégio Ipiranga). Atu-almente reside no Rio, com a famí-lia e acaba de concluir o Curso de

Engenharia da Produção naPUC/RJ. Três anos mais moço queDom Pedro Luiz, tem ainda umairmã mais velha, Dona Amélia, 26anos, arquiteta, trabalhando numgrande escritório de arquitetura emMadri, e uma irmã mais moça, Do-na Maria Gabriela, com 21 anos,estudante de Comunicação Socialtambém da PUC/RJ.

Ocupando, desde a morte de seuirmão Dom Pedro Luiz, num trágico

acidente de avião no passado, o4º lugar na linha da sucessão aotrono do Brasil, sendo de esperar que um dia seja ele o Herdeiro doTrono e Chefe da Família Imperial,pois seus tios Dom Luiz e Dom Ber-trand são solteiros, Dom Rafael temse feito presente, desde menino,em companhia dos pais ou dostios, em eventos monarquistas.

Como futuro Herdeiro da CoroaImperial deve agora preparar-sede forma especial para assumir talresponsabilidade, sendo ele o últi-mo Orleans e Bragança dinasta.

De fato, não é fácil ser príncipe narepública e no ambiente de gran-

de relaxamento em várias áreasem que se vive hoje. A condiçãode príncipe tem certamente algumprestígio social em muitos ambien-tes, mas na verdade não dá ne-nhum direito, só deveres. Os mo-narquistas brasileiros esperam queDom Rafael tenha consciência damissão histórica da Família ImperialBrasileira e saiba manter as tradi-

ções de seus antepassados. Umponto particularmente significativoé o do casamento, que no seucaso de Príncipe Herdeiro, não éuma questão particular sua, masuma questão de interesse de todaa causa monárquica, pode-se dizer mesmo uma questão de Estado.Parece que os monarquistas emgeral esperam que ele mantenha ocostume de um matrimônio comuma Princesa ou uma aristocrataeuropéia, podendo talvez ser admi-

tida nos dias atuais uma aliançamatrimonial com uma jovem brasi-leira descendente de alguma famí-lia tradicional, de alguma figuraimportante da História do Brasil,talvez de algum titular do Império,além de ser católica praticante emonarquista convicta, podendoassim melhor coadjuvar a atividadedo Príncipe.

Na realidade, cabe a Dom Rafaeldecidir este importante passo de

sua vida, desde que mantenha aconsciência histórica de seu dever e leve em consideração o que suacondição representa a todos osque defendem a volta da Monar-quia como forma de governo.

Destaca-se, a propósito disto tudoque se disse, o que escreveuS.A.I.R., o Príncipe Dom Luiz, Chefeda Família Imperial, na nota quepublicou a 5 de junho do ano pas-sado, por ocasião da morte deDom Pedro Luiz: “Se o momento éde apreensão e de tristeza, nãopode ele ser desprovido de espe-rança. Esperança que se volta, de

modo particular, para D. Rafael -irmão do desaparecido - a quemauguro ânimo e determinaçãodiante do infortúnio, e exorto a queseja, na sua geração, um exemplode verdadeiro Príncipe, voltadopara o bem do Brasil e exemplo devirtudes cristãs.”

E no ano em que se celebra 90anos da morte do Príncipe ImperialDom Luiz, Herdeiro de Dona Isabel,é de se recordar também as pala-

vras do seu Manifesto de 1913:“Quanto a mim, colocado por mi-nha mãe à testa do nosso partido,representante, depois dela, doprincipio monárquico do Brasil, es-tarei à disposição de nossa Pátriapara desempenhar o papel que,por aclamação do povo, nos foioutrora atribuído. Para cumprir ameu dever, dever que resulta daprópria história brasileira, que justifi-cou, justifica e justificará os nossosdireitos dinásticos, estou pronto a

todos os sacrifícios, inclusive ao daprópria vida.” Dom Rafael tem emseu bisavô um exemplo de vida.

O Príncipe Dom Antonio em recen-te entrevista ao Instituto Brasil Impe-rial (Gazeta Imperial, ano XV, nº.176, junho 2010), relata: “estoutranquilo quanto ao futuro do mo-vimento monárquico. D. Rafael, namissa em memória do irmão, assu-miu o compromisso de seguir os

mesmos passos. Ele está se prepa-rando para liderar e ser um grandeChefe de Estado.” Nas palavras deDom Antonio têm-se a esperançados monarquistas brasileiros paracontinuarem lutando por um paísmelhor. 

Príncipe Dom Rafael,

o futuro da Monarquia no Brasil

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Livro “Eu, Maria Pia”, de Dona Dia-na, Duquesa de Cadaval e d’Anjou

O livro conta a história da RainhaMaria Pia de Portugal, nascida Prin-cesa da Itália, que se casou em1864 com o Rei Dom Luiz I de Portu-gal.

Figura conhecida e admirada dosmonarquistas, a autora, Dona Dianaé a 11º Duquesa de Cadaval (titu-lar) e d’Anjou (por casamento). ACasa Ducal de Cadaval tem suasorigens em São Nuno de Santa Ma-ria.

O livro pode ser adquirido pelo siteda editora “Esfera dos Livros”.

Livro “O que é Monarquia?”, doprofessor Rogério da Silva Tjader 

Reedição e atualização das compi-lações sobre estudos monárquicosdo Prof. Rogério da Silva Tjader, olivro “O que é Monarquia?”, é leitu-ra obrigatória não só a todos quedesejam entender da organizaçãodo Estado.

O livro “O que é Monarquia?” foipublicado originalmente em 1991

para esclarecer a população sobrea Monarquia, no plebiscito de 1993.Esta reedição é prefaciada por S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bra-gança, que em suas palavras rea-firma a necessidade desta compo-sição e homenageia o autor.

LançamentosDurante o ano de 2010, o meio monárquico foi premiado com lançamentos de

muitos livros. Entre os destaques estão o recente livro “Dom Pedro II em Viena”;de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, o esperado livro “Dom Luís deOrleans e Bragança – peregrino de impérios”; de Teresa Malatian, “Eu, Maria Pia”;de Dona Diana, Duquesa do Cadaval e “O que é Monarquia?”; de Rogério Tjader.

Livro “Dom Pedro II em Viena – 1871 e 1877”, de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo eBragança

Nesta obra, Dom Carlos Tasso conta com minúcias dignas de um descendente dos Sa-  xe-Coburgo e dos Bragança, respaldado em fontes familiares e arquivos pessoais, asviagens do Imperador Dom Pedro II a Viena, de 1871 a 1877.

Dados sobre a comitiva do Imperador, bem como fatos ocorridos durante a viagem,passando pela morte da Princesa Dona Leopoldina, bisavó do autor, são objeto destabela composição.

Esta obra foi lançada em 5 de outubro de 2010, no Instituto Histórico e Geográfico doRio de Janeiro, sendo editado pelo IHGB-SC e junta-se aos outros imperdíveis livros deDom Carlos.

Livro “Dom Luís de Orleans e Bragança – peregrino de impérios”, de Teresa Malatian

Aguardado como grande promessa de 2010, o livro que biografa o Príncipe Perfeito,depois de lançado, não frustra as expectativas iniciais, pelo contrário, traz ao leitor umrelatório de qualidade sobre a vida de Dom Luiz, que no presente ano completa 90anos de falecimento.

A autora, Teresa Malatian, é professora titular da UNESP, Campos de Franca, já lançouinúmeros livros, entre eles “Os Cruzados do Império” e “Império e Missão: um monar-quismo brasileiro”.

Lançado em São Paulo e no Rio de Janeiro, a Família Imperial esteve presente ou foirepresentada nos eventos. Dom Antonio e Dom Francisco de Orleans e Bragança, por exemplo, estiveram presentes na Livraria da Travessa no Rio.

O livro já é comercializado nas melhores livrarias do Brasil.

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Coroação e Sagração de S. M.,

o Imperador Dom Pedro II

“Às 11 horas da manhãdo dia 18 de Julho S. M. I.determinou que seguisseo Cortejo para a CapelaImperial, na forma doprograma n.º 2. O CorpoDiplomático aguardavaa passagem e chegadade S. M. I. no passadiço,que comunica o Paláciocom a Capela Imperial.Um quarto de hora de-pois chegou S. M., tendoao lado esquerdo suasAugustas Irmãs, e rece-bido o cortejo do CorpoDiplomático, ao qual S.M. se dignou correspon-der com a maior afabili-dade, despediu-se delas,e esperou de capacetena mão que passassemtodas as senhoras, queformavam o cortejo deSS. AA. A este tempo játinha aparecido na va-randa o manto do Fun-dador do Império e aespada Imperial do Ipi-ranga, e já as tropas es-tavam em continênciatocando o hino da inde-pendência, cujas recor-dações tornavam o atomais solene. ApenasS.M.I. apareceu na va-randa, foi saudado por um viva entusiástico detopo o povo que se a-chava na praça, ao qualS. M. se dignou corres-

ponder; e assim foi sau-dado até entrar na Ca-pela Imperial.

S. M. foi recebido à por-tada Igreja pelo Exm.º

Bispo Capelão-Mor eCabido, e descobertorecebeu a aspersão domesmo Bispo, e, pondodepois na cabeça ocapacete de cavaleiro,dirigiu-se à Capela doSacramento onde, tiran-do-o, fez oração, e re-pondo-o dirigiu-se aoscancelos, onde foi rece-bido por uma deputa-ção de seis Bispos, comseus assistentes, manda-da pelo Exm.º ArcebispoMetropolitano, que emfaldistório o esperava nopresbitério.

S. M., saudando estadeputação, tirou o ca-pacete, saudou SS. AA.Irmãs que já se achavamna tribuna, a cruz e osagrante; subiu ao Trono,onde se sentou. Revesti-dos os seis Bispos, vieramem deputação buscar S.M., que subiu ao presbi-tério, levando à direita oCondestável, à deste oMordomo-Mor, à deste oReposteiro-Mor, e à des-te o Mestre de Cerimô-nias da Corte, e à es-querda o Camarista-mor,à deste o Camarista desemana, à deste o Capi-tão da guarda, e à desteo Mestre de Cerimôniado Sólio. Aproximando-seS. M. ao sagrante, tirou ocapacete, fez uma reve-rência. e o Exm.º Ministro

da Fazenda o recebeuem uma rica salva, quetinha levado a coroa, eo fez colocar na cre-dência. Sentado o Impe-rador em uma rica ca-

deira fronteira ao sa-grante, a qual foi minis-trada pelo Reposteiro-Mor, que a recebeu doGuarda-tapeçarias, ou-viu o discurso do mesmocelebrante, e levantan-do-se, ajoelhou em umaalmofada ministradapelo Reposteiro-Mor, e oExm.º Ministro da Justiçaleu a protestação de fé.Tendo o Exm.º celebran-te o missal aberto no seuregaço, S. M. I. pôs am-bas as mãos sobre ele edisse: - Sie me Deus adju-vet, et haec sancta Deievangelia. - E fechandoo missal, beijou a mãodo celebrante. Levan-tando-se S. M. ajoelhousegunda vez, o ouviu aoração do celebrante,finda a qual levantando-se foi ajoelhar ao ladodo Evangelho, prostran-do-se sobre o genuflexó-rio em duas almofadas,uma para os joelhos eoutra para encostar acabeça, e ouviu asladainhas, versos e duasorações.

Findo este ato, S. M.levantou-se, aeio paradiante do celebrante, edespiu os Colares doTosão de Ouro, da Torree Espada, e de SantoAndré da Rússia, queforam recebidos peloExm.º Visconde de S.

Leopoldo; entregou aespada de cavaleiro aoExm.º Ministro da Guerra,e o Camareiro-Mor tirou-lhe o manto de cavaleiroe as luvas,

entregando o primeiroao Exm.º Visconde deBaependi, e a segundaao Exm.º Conde de Va-lenna. Depostas estasinsígnias, foi S. M. I. ungi-do no pulso do braçodireito, e esta unção foipurificada pelo Exm.ºBispo de Crisópolis comglobos de algodão emicapanis ministradospor um moço fidalgo. S.M. I. inclinou-se depoissobre o regaço do cele-brante, e foi ungido nasespáduas por uma aber-tura praticada na vesteimperial, e depois depurificada a unção pelomesmo Exm.º Bispo, oExm.º Camareiro–Mor fechou novamente aveste por meio de colhe-tes para isto destinados.Terminadas as unções, oMestre de Cerimônias dosólio, conduzindo o Dia-

 Jornal do Commercio20 de julho de 1841

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 cono ao altar, entregou-lhe o manto imperial,este o deu ao celebran-te, que o vestiu a S. M. I.,ajudado pelo Camarei-

ro-Mor. O mesmo Mestrede Cerimônias entregouao Diácono a murça,este a ofereceu ao ce-lebrante, que revestiu S.M. com ela. Feito isto, S.M. I. subiu ao Trono, a-companhado pelos qua-tro Bispos mais antigos, epor toda a sua comitiva.

Seguiu-se a Missa até o

último verso do gradualexclusive, e então S. M. I.,tendo sido avisado peloMestre de Cerimônias daCorte, dirigiu-se ao altar,acompanhado das pes-soas acima menciona-das, e dos quatro Bispose assistentes para rece-ber as insígnias imperiais.Chegado defronte docelebrante, e feitas as

vênias do costume, ajoe-lhou em uma almofadaministrada pelo Repostei-ro-Mor. O Diácono foientão ao altar, trouxe aespada embainhada, echegando ao pé docelebrante, desembai-nhou-a, e dando a bai-nha ao Ministro da Guer-ra, que foi chamadopara esse ministério, ofe-

receu a mesma espadapela extremidade dafolha ao Exm.º celebran-te, o qual tomando-apela mesma extremida-de, ofereceu-a a S. M.pelos copos, dizendo aoração - accipe gladiumetc.

Acabada a oração, oExm.º celebrante rece-

beu outra vez, a espadada mão de S. M. I., eentregou-a ao Diácono;este deu-a ao Ministroda Guerra que a meteuna bainha, e tornando a

oferecê-la ao Diácono,este apresentou-a denovo ao celebrante, quea meteu no cinturão deS. M., dizendo as pala-

vras - Accingere gladiumetc. - Finda esta cerimô-nia, S. M. I. levantouse, edesembanhando a es-pada, fez com ela al-guns movimentos ouvibrações, e correndo-a

pelo braço esquerdocomo quem a limpava,meteu-a na bainha, etornou a ajoelhar.

O Exm.º celebrante le-vantando-se foi ao altar buscar a Coroa Imperial,

e chegando defronte deS. M., lha ofereceu; S. M.pós a Coroa na cabeça,e tanto o Arcebispoce-lebrante como os Bispos,pondo a mão direita

sobre ela disseram aomesmo tempo as pala-vras - Accipe coronamimperii etc. Depois distoo Diácono foi ao altar 

buscar o anel e as luvascândidas na mesmasalva em que estavam, eofereceu estas insígniasao Exm.º celebrante, oqual calçou as luvas emambas as mãos a S. M., e

lhe meteu o anel no de-do anular da mão direi-ta. O mesmo Diáconovoltou ao altar a buscar o globo Imperial, e ofe-receu-o ao celebrante, eeste o ofereceu a S. M.,que o entregou ao Exm.º

Ministro dos NegóciosEstrangeiros. O Diáconofoi novamente ao altar buscar a mão da justiça,e a entregou ao cele-brante; este a ofereceu

a S. M., que a entregouao Exm.º Ministro da Jus-tiça. Finalmente o Diá-cono foi ao altar, e tra-zendo o cetro, ofereceu-

o ao celebrante: este oapresentou a S. M. namão direita, dizendo aspalavras: Accipe virgamvirtutis.

Acabada esta cerimô-nia, levantou-se S. M., eacompanhado peloExm.º Celebrante à direi-ta, pelo Exm.º Bispo Ca-pelão-Mor à esquerda, e

pelos mais Bispos assis-tentes no altar e maiscomitivas, subiu ao Tro-no, sentou-se, e o cele-brante disse as palavras.- Sta. etc.

S.M.I. conservou-se sen-tado em todo o tempodo Te Deum, versos eduas orações cantadaspelo Exm.º Arcebispo,

que ficou em pé à suadireita e descoberto, eem seguimento deles osministros do altar. Noprimeiro degrau do Tro-no, junto ao Capitão daguarda, estava o Exm.ºMinistro da Justiça com asua insígnia; adiante oExm.º Ministro dos Estran-geiros com o globo; oCondestável no seu lu-

gar, assim como toda amais comitiva.

Findo o Te Deum e asorações, seguiu-se a Mis-sa, assistindo S.M.I. aoEvangelho, sem coroa, ebeijou-o no fim no livroapresentado pelo Exm.ºBispo Capelão-Mor.

Acabado o ofertório,

S.M.I., seguido pelas pes-soas que já referimos,dos quatro Bispos maisantigos, do Bispo Esmo-ler-Mor e do Copeiro-Menor, sustentando na

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 mão esquerda os dois-pães em uma salva, e nadireita o círio acesa, su-biu ao altar, e ajoelhan-do em uma almofada

ministrada pelo Repostei-ro-Mor, recebeu dasmãos do Bispo Esmoler-Mor, e ofereceu ao ce-lebrante o pão de prata,o de ouro, e o círio ace-so, no qual estavam en-crustadas treze peças de10$ rs. em ouro. Isto feito,S.M.I. retirou-se ao Tronocom as vênias do cos-tume. Continuou a Missa,

sendo S.M.I. incensadode cetro e coroa peloExm.º Bispo Capelão-Mor. S.M.I. esteve semcoroa desde o Sanctusaté ao Communio, ex-clusive, recebendo uni-camente a paz por am-plexo ao Exm.º Bispo Ca-pelão-Mor. S.M.I. esteveigualmente sem coroaenquanto se recitaram

as orações e evangelhodo fim da Missa.

Acabada a bênção, oExm.º Bispo Capelão-Mor concedeu duzentos equarenta dias de indul-gências aos assistentes,que foram publicadaspelo Cônego Mestre deCerimônias do Sólio.

Acabada a Missa, S. M. I.sentou-se sem coroapara ouvir o sermão, quefoi pregado pelo Reve-rendíssimo D. AbadeGeral dos Bentos, quetomou por tema Sadocsacerdos ... unxit Salo-monem... Salomonautem sedit super thronum patris sui, etfirmatum est regnum ejus

nimis. O Pontífice Sadocsagrou a Salomão; estetomou posse do trono deseu pai, e seu reino sefirmou em sólidas bases.

Findo o sermão, o Mestrede Cerimônia da Corte,tendo recebido as or-dens de S. M., mandoudesfilar o cortejo para a

varanda, o qual partiuna ordem seguinte:

A Câmara Municipal e osJuizes de Paz, que secolocaram no pavilhãodo Prata; os indivíduosque vieram em deputa-ções assistir ao ato daSagração; os membrosdos tribunais da Corte; ostitulares; os membros da

Assembléia Geral Legisla-tiva; a Corte, tendo emfrente o Rei de Armas,Arauto e Passavante; osPorteiros da maça e dacana; os moços da câ-mara; o Porteiro da Im-perial Câmara; os Ofici-ais da Câmara em exer-cício; os moços fidalgos;os Grandes do Império, eos que de Grandeza têm

as honras, indo em alas aestes os porta-insígnias.Logo que o Mestre deCerimônias da Corteavisou a S.M.I. que o cor-tejo tinha desfilado, des-filou o Cabido com asduas cruzes, a arquiepis-copal e a catedrática,assim como os Bispos eArcebispo. Feita a ora-ção ao SS. Sacramento,

S.M.I., de coroa e cetro,debaixo do pálio, tendoà direita o condestável,à deste o Exm.º Ministroda Justiça com a mãoalçada, e ÈL deste oExm.º Ministro dos Negó-cios Estrangeiros com oglobo imperial, em frenteo Alferes-Mor e o Mestre-de-Cerimônias, e depoiso Camareiro-Mor pe-

gando na cauda domanto, o Capitão daguarda, o Camarista desemana, o Reposteiro-Mor, desceu até a portaprincipal da igreja, e, ao

sair do adro, foi saudadopor entusiásticos vivas daImensa população, que,ávida, aguardava a vistado seu Monarca, e S.M.I.

graciosamente agrade-ceu esta primeira sau-dação.

Subiu S. M. ao pavilhãodo Prata, onde os Gran-des do Império largaramo pálio aos moços dacâmara, que ali lho ti-nham entregue., e estesaos porteiros que esta-vam no mesmo pavilhão.

S.M. dirigiu-se à sala doTrono da varanda, e emcírculo formado pelaRepresentação Nacio-nal, pelo Cabido, Gran-des do Império, GrandesDignitários da Corte,Câmara Municipal, Tri-bunais, e Oficiais-Moresda Casa, subiu ao Trono,acompanhando peloExm.º Arcebispo Sagran-

te, fazendo uma reve-rência a SS. AA. II., queestavam com todas asDamas na sua respectivatribuna, e outra ao Cor-po Diplomático, que jáse achava na tribunafronteira, e recebendo amão da justiça do Exm.ºMinistro respectivo, comela na esquerda, e como cetro na direita, foi

saudado pelo Cabido,indo dois a dois até oprimeiro degrau do Tronofazer sua profunda reve-rência, dizendo - Per mul-tos annos. - Feito Isto por todos, e pelos Exmos.Bispos e ReverendíssimoSagrante, desfilou o Ca-bido pelo pavilhão doPrata. Imediatamente S.M. I., descendo do Trono,

velo apresentar-se aoseu fiel povo pela manei-ra seguinte:

O Condestável tomavaa direita do Imperador, à

daquele o Exm.º Ministrodo Império com a Consti-tuição na mão, à desteo Exm.º Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros com

o globo Imperial, à desteo Exm.º Mordomo-Mor, eà esquerda de Sua Ma-

  jestade o Alferes-Mor, osExm.08 Ministros da Justi-ça, da Fazenda e daGuarda. Assim em linhamarchou Sua Majestadeaté em frente às colunasdo grande templo davaranda, e no centro daRepresentação Nacio-

nal, e de todos os quelevamos referidos, man-dou ao Mestre-de-Cerimônias da Corte quefizesse funcionar o Rei deArmas, o qual estava emum degrau próprio, den-tro de um maciço for-mado por uma seção daguarda de Arqueiros,porteiros da cana e damaça, e moços da câ-

mara, o pelos charame-leiros imperiais. Então oRei de Armas, alçando amão direita, na qual ti-nha um rico chapéu deplumas, disse em altavoz: - Ouvide, ouvide,estai atentos! - A estetempo o Exm.º Alferes-Mor saindo da linha a-vançou em frente aoperistilo do templo, o

desenrolando a bandei-ra disse:

Está sagrado o muito altoe muito poderoso Prínci-pe o Senhor D. Pedro IIpor graça de Deus, eunânime aclamação dospovos. Imperador Consti-tucional e Defensor Per-pétuo do Brasil. - Viva oImperador!

O Alferes-Mor não pôderepetir três vezes, comolhe cumpria, os vivas aS.M.I., porque os do I-menso concurso do pó

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 vo lhe não deram lugar,nem a emoção que to-dos possuíam poderiadeixar de tocar tambémo Alferes-Mor. Então

S.M.I. determinou aoMestre-de-Cerimôniasque dissesse ao Generalque mandasse começar as descargas, e a latonão ter sido assim, o en-tusiasmo do imenso con-curso do povo, que eratanto quanto na praça,cabia, não dava lugar aesperar-se ocasião.

S.M.I. não pôde assistir senão a 1.ª descarga,porque o sol, que estavabastante forte, lho nãopermitiu, ainda que oExm.º Alferes-Mor, com abandeira, o garantia deseus raios. O Imperador,fazendo três reverênciasao seu povo, uma à di-reita, outra ao centro, eoutra à esquerda, reti-

rou-se ao Trono entrevivas e aclamações, esubindo a este sentou-se,colocou a coroa em umbufete que estava aolado da cadeira imperi-al, e sentado recebeu ocortejo de todos aquelescidadãos, que estavamno pavilhão do Amazo-nas, findo o qual con-tramarcharam a fazer-

lho os que estavam nopavilhão do Prata, e odos Representantes daNação. Logo que todosos que estavam no salãocumpriram este dever,S.M.I. ordenou que desfi-lasse a Corte, e, descen-do do Trono, saudou asuas Augustas Irmãs, queestavam na tribuna, e aoCorpo Diplomático, que

se achava na outra fron-teira, e retirou-se à salado Trono do Palácio,encontrando-se no pas-sadiço com SS. AA. Ir 

mãs, e com elas incorpo-rado, recebeu ali as Se-nhoras de distinção, aquem as Janelas do Pa-ço foram oferecidas pa-

ra verem a aclamaçãodo seu Monarca.

É impossível descrever abeleza, que apresenta-vam estas janelas orna-das todas de damasricamente vestidas, quea porfia se disputavam apreferência do entusias-mo.

Concluída a felicitaçãodas damas, S.M.I. se diri-giu ao seu aposento pe-la galeria maior do Paço,e ordenou que o ban-quete fosse servido às 6horas. Um Imenso con-curso de pessoas distin-tas assistiu ao banquetede S.M.I., que foi servidosegundo o programa(A). Duas ricas bandas

de música tocaram du-rante este festim.

Retirado o Imperador aos seus aposentos, ser-viu-se uma mesa de no-venta e seis talheres atodos os funcionários daCorte. As 8 horas da noi-te, franqueou-se a va-randa e o Paço paraserem visitados pelaspessoas decentementevestidas, que se apresen-tassem com este intuito.

Supõe-se que de doze aquinze mil pessoas osvisitaram. As 10 horas danoite anunciou-se queacabava a visita, e obom povo que não tinhapodido entrar paciente-esperou o dia seguinte.Se o concurso for tantocomo na primeira noite,os cinco dias destinadospara tais visitas serãopoucos para satisfazer aavidez e curiosidade

pública. Tanto a mesado banquete como acredência das insígniastêm estado expostas nonovo salão que tem de

servir para o Trono.

COROA CÍVICA QUE AGUARDA NACIONAL DORIO DE JANEIRO OFERE-CEU AO SENHOR D. PE-DRO II NO DIA 19 DE JU-LHO, IMEDIATO AO DASUA COROAÇÃO

Ontem, 10 de julho, S.M.I.

recebeu, na sala em queestão as insígnias Imperi-ais, perante toda a Cor-te, o Comandante Supe-rior da Guarda Nacional,acompanhado dos Co-mandantes de Legião edos Corpos que tiverama honra de lhe apresen-

tar a Coroa Cívica, queS.M. se tinha dignadoaceitar; e a um discursorrecitado pelo Coman-dante Superior, S.M. res-

pondeu que agradeciamuito o testemunho defidelidade que lhe davaa Guarda Nacional doMunicípio da Corte. ACoroa foi colocada, por ordem de S.M., entre asInsígnias Imperiais.

Passando S.M. meia horadepois à sala do Trono,

recebeu as felicitaçõesdo Senado, da Câmarados Deputados, do Cor-po Diplomático, das As-sembléias LegislativasProvinciais, dos Presiden-tes de Províncias dasAcademias e Socieda-des Científicas, das Câ-

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maras Municipais, dosCabidos, Ordens Religio-sas e outras sociedades,e depois todos os cida-dãos que concorreram

ao Paço, cujo númeroexcedeu a seiscentos.

Retirou-se a seus aposen-tos às 4 horas da tarde, eàs 7:30 h honrou com suapresença o Teatro de S.Pedro de Alcântara.

DESCRIÇÃO DA COROACÍVICA

A Coroa Cívica, que aGuarda Nacional daCorte ofereceu a S.M. oImperador, o cuja pronti-ficação foi confiada aosSrs. J.J.P. de Faro Filho,Manoel Antônio Airoza,João Batista Lopes e J.P.Darrigue Faro, com-põem-se de dois ramosde carvalho, feitos deouro, com os seus com-

petentes frutos, a quedão o nome de landes.Estes ramas são presospor uma fita de brilhan-tes em forma de um per-feito laço; esta fita érendada com diferentesflores no centro, forman-do-lhes debrum recorta-do, limitando a folha dasalsa. No centro do laçotremula um fiarão. Todo

este trabalho é transpa-rente, feito de brilhantescravados a filete, comgrampas nos lugarescompetentes. As duaspontas das fitas traba-lham sobre dois cilindrosde ouro, por onde pas-sam duas molas que lhesimprimem o movimentologo que sofre o maispequeno abalo. A fita

prende os dois ramosque unidos formam acoroa, brotando de ca-da um deles quatro ra-mos mais pequenos dequatro folhas. Do tronco

rebentam seis hastescom três folhinhas lavra-das de cada uma dasquais pendem três frutoscom seus cazulos de

brilhantes, abertos trans-parentemente. Esta pe-ça tem de ouro de lei 1marco 28 oitavas, e con-tém de brilhantes dediferentes tamanhos 114quilates.

Está posta em uma caixade feitio oitavado, forra-da por dentro de veludocarmesim, com as armas

do Império gravadas nocentro, e por fora forra-da de marroquim verde,com diferentes lavradosde ouro, contendo nocentro o seguinte letreiroem letras douradas: AS.M.I. o Senhor D. Pedro IIoferece a Guarda Na-cional do Município daCorte, 18 de julho de1841.

A Coroa é feita pelo ar-tista Fortunato Rodriguesda Silva, Guarda Nacio-nal, e a caixa é obra deM. Duplanil.

DESCRIÇÃO DA VARAN-DA DO PAÇO, QUE SER-VIU PARA O MAJESTOSOATO DA COROAÇÃO DOSENHOR D. PEDRO II

A varanda Imperial, queo Governo mandouconstruir para a coroa-ção do Sr. D. Pedro II,ocupa uma superfície dequase quatorze mil pal-mos quadrados.

Este monumento provisó-rio difere em tudo daquele que foi construído

no Rio de Janeiro para acoroação del'Rei D. Jo-ão VI em 1818; quádru-pla mão-de-obra, trípliceriqueza, brevidade naexecução, e a quarta

parte do custo, sem apotente mão de um go-verno absoluto, provamque a civilização no Bra-sil tem feito grandes pro-

gressos.

O diretor, arquiteto epintor da obra foi o Sr.Araújo Porto Alegre; omestre carpinteiro, ofalecido Serafim dos An-

  jos, cuja inteligência,probidade e atividadelhe granjearam a afei-ção do Exm.º Mordomodo Paço, de quem re-

cebeu as maiores provasde estima e considera-ção.

Esta grande obra foi e-  xecutada no espaço desete meses, e principia-remos a descrevê-la peloseu externo antes depassarmos ao Interior.

Do adro da Capela Im-

perial ao passadiço seestende a varanda, ten-do de extensão trezentose dez palmos; uma es-cada de quarenta e doispalmos, ornada de qua-tro soberbos leões, dáingresso ao pavilhão doAmazonas; mas o quefere mais a vista é otemplo do centro, cujoperistilo é de seis colunas

coríntias de trinta palmosde altura, bem digno deser imitado nos monu-mentos públicos destaCapital.

O templo, desde a baseaté a cabeça do gêniodo Brasil tem noventa eseis palmos de alto. Umaescada de cinqüenta-palmos de largo desce

do peristilo à praça; noalto tem um corpo sali-ente semicircular ondeaparece S.M.I., e na ba-se tem duas estátuascolossais representando

a Justiça e a sabedoria,atributos do trono.

O fastígio do templo temum baixo-relevo repre-

sentando as Armas Impe-riais, e no friso a seguinteinscrição: - Deus protegeo Imperador e o Brasil. - oático é coroado por uma quadriga, em cujocarro triunfante está oGênio do Brasil, tendo riamão esquerda as rédeasdos ginetes, e na direitao cetro Imperial.

Da parte do Norte, enum gradim inferior, estáa estátua do rio Amazo-nas, sentada, com osatributos que lhe sãopróprios, assim como naesquerda a do rio daPrata.

As estátuas, os rios e oscapitéis coríntios são deuma rara perfeição o de

um ultra-acabado, queatestam o talento e apresteza do Sr. MarcosFerrez.

As galerias laterais quese ligam aos pavilhõessão da ordem dórica:nota-se nelas a perfei-ção das bases e capitéis,e a fineza de contornosno entablamento.

O ático que as coroas,decorado de ornatos debronze e de palmetasnas pilastras, é acabadopor um renque de trípo-das, onde a mão-de-obra ainda brilha peloacabado dos ornatos edas pinhas que fazem opingete do globo queserve de perfumador.

Grandes baixos-relevosservem de friso a umintercolúnio dórico gre-go, que, indo de nível aogrande soco do templo,

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produzem um efeitoadmirável: estes baixos-relevos representam tro-féus de armas antigas, eo que há de mais no-

tável, além da composi-ção variada e fidelidadedo caráter, é a perfeitailusão que causam, vistosà certa distância; honraseja dada ao Sr. Profes-sor José dos Reis Carva-lho, e honra a M. Debret,que deu ao Brasil umartista tão distinto.

Os pavilhões, tanto o do

Prata como o do Ama-zonas, fazem uma conti-nuação da ordem dasgalerias; o arco de vinteum palmos, que abran-ge o Intervalo das quatro

colunas dóricas; é pre-enchido por um arabes-co realçado de prata,de uma ilusão perfeita;estes pavilhões são co-

roados por duas bigas,em cujo carro triunfalestão duas vitórias naatitude de voar, comduas coroas na mão.

Riquíssimas lâmpadas debronze com globos ba-ços pendem do centrodo intercolúnio, forman-

do harmonia com finíssi-

mos festões de flores,atados por bandeletas,obra de Mme. Finot.

O aspecto geral do mo-numento, chamado va-

randa, parece simplespela razão de sua exten-são; a multiplicidade deornatos no exterior dosedifícios é nociva quan-

do sua distribuição não écalculada na razãoharmônica das grandesmassas; é preciso, se-gundo as regras dosmestres, que o olho a-branja de um só golpe oaspecto geral, e nãoseja entrecortado pelachamada de pequenos

datalhes.

O Brasil é a primeiravez que vê umaquadriga execu-tada em relevo eem ponto colossal;a reunião do temploe do triunfo éprópria para estassolenidades, e ates-ta a majestade doalto destino paraque fora edificada

semelhante obra.

Para descrevermoso interior énecessário co-meçarmos pelopavilhão doAmazonas, que é odestinado para aentrada do público.

O teto do pavilhão

é ornado de flores earabescos, e delependem cinco lus-tres. sendo o docentro de uma di-mensão soberba;em grandes letras selê o pomposo nomedo rei dos rios sobreum fundo verde, eno friso da colunata

interna estão gravados

os nomes de todas ascidades principais doNorte, assim como dosrios principais. As cidadessão designadas por umacoroa mural por cima do

nome, e os rios por duaspás no mesmo lugar; ascidades capitais da pro-víncia têm por cima dacoroa mural uma estrela;

e o Rio de Janeiro, queestá no pavilhão do Pra-ta, distingue-se de todasas outras por três estrelasde ouro, como a maior,a mais bela e a Capitaldo Império.

Rios. - Amazonas, Madei-ra, Tocantins, Xingu, S.Francisco, Araguai, Ta-pajós e o Negro.

Cidades. - Recife, Olin-da, Sergipe, Bahia, Ca-choeira, Cuiabá, Vitória,Belém, S. Luiz, Oeiras,Ceará, Maceió, Natal eParaíba.

As paredes do pavilhãoestão adornadas de sil-vados pintados, e o fun-doé é forrado de nobre-

za cor-de-rosa, comgrandes listões de alto abaixo, brancos, que pro-duzem um efeito agra-dável à vista.

A galeria que se segue, edá ingresso ao grandetemplo, tem de notávelalém da variedade decores do teto, duas cou-sas: a 1.ª é o nome dos

ilustres mortos que foramúteis e fizeram serviçosreais à civilização doBrasil; ali se acham osnomes de muitas ilustra-ções brasileiras que ire-mos numerando, notan-do de passagem os do-cumentos que as torna-ram dignas de aparece-rem neste lugar no dia omais solene do Brasil.

Fr. S. Carlos, poeta e o-rador distinto, autor dopoema da Assunção daVirgem; Caldas, orador elírico ilustre; Fr. Gaspar da

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Madre de Deus, historia-dor; Rocha Pita, conhe-cido de todos os que seocupam da história pá-tria; José Bonifácio de

Andrada e Silva, cujonome basta; Prudênciodo Amaral, conhecidodos literatos; o Capitão-Mor Clemente Pereira,célebre na guerra contraos Emboabas; o famosoRodovaldo, Bispo deAngola; o Bispo Desterro,criador de monumentos;Paraguassu, a Princesado Brasil, e seu marido

Caramuru; Valentim, oarquiteto da igreja daCruz, de S. Francisco dePaula, do antigo Passeio,do Parto, e de quasetodos os maiores monu-mentos da cidade; oConde de Linhares, cujanobreza é a fundaçãoda escola militar, e osbens que fez ao Brasil; J.Manço Pereira, o primei-

ro que fez porcelana noBrasil; e a quem seus tra-balhos químicos celebri-zaram; Estácio Gulart eMello Franco, célebresmédicos; A. P. da SilvaPontes, o que marcou oslimites do Brasil com tra-balhos indizíveis; Fr. Le-andro, botânico célebree fundador do pitorescoe ameno jardim da La-

goa; Alvarenga, poeta;José Leandro, pintor dis-tinto, autor do quadroda Capela Imperial; Ma-noel da Cunha, que pin-tou o descimento dacruz da sacristia da Ca-pela, e o retrato doConde de Bobadellaque está na Câmara; oConde de Bobadella,que toda a cidade ve-

nera, porque bebe todosos dias os seus benefí-cios, as águas que cor-rem pelos aquedutos daCarioca; os apóstolosNóbrega e Anchieta; o

célebre mestre MarcosPortugal; Antonio Joa-quim Velasques, pintor baiano, célebre pela suavalentia e imaginação;

Leandro Joaquim, cujosquadros ornam o Parto emuitas outras igrejas des-ta cidade e província; J.M. de Noronha, conhe-cido pelos literatos; Ara-ribóia, Tibiriçá, tão co-nhecidos como J. Basílioda Gama e o seu Poema

do Uruguai; Antônio Joséda Silva, que, além de

suas engraçadas comé-dias que dominarammais de cinqüenta anosPortugal e o Brasil, setornou mais interessantepela tragédia do seuilustre compatriota o Sr.Dr. Magalhães; Mem deSá, o fundador do Rio deJaneiro; João FernandesVieira, o Castrioto lusita-no, o restaurador de Per-

nambuco; J. Pereira Ra-mos, o reformador doscódigos portugueses eSecretário do Marquêsde Pombal.Depois de recordações

tão gratas, excitadas por homens tão ilustres; de-pois de se atravessaremduas galerias semeadasde lustres, lâmpadas e

globos, de pinturas, se-das, tapetes e ouro, umasensação insólita se a-podera quando se entrana majestosa sala doTrono, alta de cinqüentae sete palmos e larga desessenta e quatro. A pri-meira coisa que fere a

vista nesta vasta salarégia é o aspecto gran-

dioso, que dá uma sóordem de colunas corín-tias; a mesma dimensão,mesmo acabado, omesmo estrilado do pe-ristilo aqui se observa.

O Trono Imperial é o pri-meiro que o Brasil vêcom tanta majestade,riqueza e elegância; estapeça, que custou quase

vinte e cinco contos deréis, é verdadeiramentedigna do alto empregoa que é destinada; pa-rece prognosticar gran-deza e riqueza para o

Império do Brasil.

Tem de altura quarentae dois palmos; sete de-graus forrados de veludo

dão acesso ao Trono por uma tela de ouro finoorlada de uma largafranja. A forma da cadei-ra é suntuosa, tudo éouro, e no meio de tantoesplendor brilham nosbraços da cadeira duasesferas de marfim cinta-das por duas zonas deouro esmaltadas de azule semeadas de estrelas.

A franja, que custouquase onze contos deréis, é uma obra de finís-simo lavor, e o manto develudo verde está orladode um largo galão deouro e todo semeado deestrelas; o forro é delhama de ouro fino, e ofundo da cúpula de umgosto raro, pela harmo-

nia do cetim azul comuma estrela no centro,arraiada de canotõesentrançados de verde eouro.

A cúpula arremata coma forma esférica, forradade cetim azul, semeadade estrelas: representauma esfera armilar coro-ada pela cruz. As plumas

e os ornatos, que circu-lam a base, fazem umaharmonia perfeita.

Dos lados do Trono e dascredências estão doisleões alados, símbolo deforça e de inteligência,sustentando um cande-labro que arremata naparte superior com umacoroa de louro, sobre a

qual pousa um dragãoalado, timbre da ilustrecasa de Bragança; nes-tas coroas se ligam, por magníficas bordas, asabas do manto, deixan-

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 do cair para os lados emamplas pregas a ricafranja, e deixando ver ariqueza interna.

O Sr. Leger compreen-deu otimamente o riscodo Sr. Porto Alegre.

No arco que acoberta oTrono está à direita ummedalhão representan-do o perfil do Imperador D. Pedro I, e à esquerdao do Imperador D. JoãoVI.

Sobre o fundo do mesmo

arco vê-se um Gênio,conduzido por uma á-guia, símbolo da realeza,descendo com um ramode palma em uma mãoe uma coroa na outra, eolhando para o Impera-dor.

No lado fronteiro ao Tro-no, o espaço compre-endido pelo arqueamen-to do teto e pela cima-

lha interior é ocupadopor um quadro de ses-senta palmos de com-prido, o qual representaalegoricamente os faus-tíssimos resultados daascensão do Monarcaao Trono, e a glória doseu reinado.

Os quadros laterais por cima das galerias repre-sentam os dois maioresfatos da Independênciado Brasil. O quadro dagaleria do Amazonasrepresenta o grito de -Independência ou Morte- no Ipiranga; é compos-to pelo Sr. Porto Alegre eexecutado pelo Sr. ReisCarvalho e Motta. Ooutro, que representa odia 9 de Janeiro é tododo pincel do Sr. PortoAlegre. Passando à galé

ria do Prata, nela se re-nova a sensação quetivemos na do Amazonaspela continuação daleitura de mais outras

notabilidades do país. Alise encontram: PedroÁlvares Cabral, o desco-bridor do Brasil; o guerrei-ro e político fluminenseSalvador Correia de Sá;B.L. de Gusmão, o inven-tor dos balões aerostáti-cos, e seu grande irmãoAlexandre de Gusmão,ambos ilustrados pelasábia pena do Exm.º

Visconde de S. Leopoldo;Amador Bueno, que re-cusou a Coroa do Brasil;o mavioso lírico Gonza-ga; Hipólito, o escritor doCorreio Braziliense, e ir-mão de uma nossa no-tabilidade científica;Antônio José de Morais,o mestre da língua por-tuguesa; o Índio Mane-co, e seu colega Abreu,

ambos o terror de Arti-gas; o General Câmara;o famoso Visconde deCairu, e seu ilustre irmãoBaltazar da Silva Lisboa;Monsenhor Pizarro, quetanto ilustrou a históriada Pátria; o General Cu-rado; Rafael Pinto Ban-deira, cujos prodígios ofizeram passar por ter pacto com o diabo;

Camarão; o autor doCaramuru, Santa RitaDurão; Padre Ângelo;Paes Leme, o descobri-dor de Minas; M.A. deSousa; José de Oliveira, omaior dos pintores brasei-ros, autor do teto daigreja de S. Francisco; D.Marcos Teixeira; AlmeidaSerra, companheiro deSilva Pontes, assim como

Lacerda; Calderon, e oinsigne e melancólico

José Maurício; AzeredoCoutinho, o Conde Bispode Coimbra; o fecundoorador Sampaio, e oPadre Antônio Vieira;

Cláudio Manoel da Cos-ta, esse infeliz gênio,companheiro de infortú-nio de Gonzaga e outros.

O pavilhão do Prata seassemelha ao do Ama-zonas, exceto no teto enas cores das paredes:nota-se nele uma grinal-da de flores da mão doSr. Carvalho, que o colo-

ca no número dos bonsfloristas.

No friso se acham gra-vados os nomes dos riose cidades principais doSul com os mesmos atri-butos que notamos nopavilhão do Amazonas.

Rios: - Tietê, Paraíba, Pa-ranapanema, Guaíba,

Paraná, Doce, S. Francis-co, Negro.

Cidades: - Rio Pardo, Riode Janeiro, S. Paulo, Pe-lotas, Desterro, Barbace-na, Mariana, Campos,Cabo Frio, Porto Alegre,Angra, Ouro Preto.

Na pequena galeria quedá ingresso à varandado passadiço, e que unea este o pavilhão doPrata, lê-se no meio dofriso, em letras de outro,esta sublime inscrição -Deus salve o Imperador -,e dos lados ainda se en-contram oito nomes bemilustres e bem caros aoBrasil! O Conde da Bar-ca, o Marquês do Lavra-dio, João Pereira Ramos,o Desembargador Mos-queira a quem o Brasildeve a sua elevação à

categoria de reino: Can-to, o conquistador dasMissões: o Marquês deAguiar, que abriu os por-tos aos estrangeiros, o

introdutor da pimenta daÍndia e mais plantas exó-ticas no Brasil; e, final-mente, Luiz de Vascon-celos, cujo nome bastapara uma recordaçãosaudosa. Quarenta e trêslustres, duzentas arande-las, vinte e cinco lâmpa-das e uma infinidade deglobos pendem do tetodesta vasta galeria: ricas

alcatifas se estendempor toda a sua superfícieaté às escadas, comuma observação parti-cular, que a estrada doImperador, do Trono aoperistilo, é marcada so-bre a alcatifa por umafiníssima tela de prata,orlada de galão de es-teira de ouro.

O Governo Imperialcomprou tudo, e a des-pesa do edifício nãomonta a cem contos deréis.

Transcrevendo a descri-ção deste magníficomonumento, não pode-mos deixar de tributar osmaiores elogios ao distin-to artista brasileiro o Sr.Manoel de Araújo PortoAlegre, pintor da Câma-ra, diretor arquiteto epintor deste suntuosoedifício.

Todas as pinturas sãocompostas por ele e e-

  xecutadas por seus dis-cípulos, à exceção dosquadros alegóricos doteto e do quadro desessenta palmos da ar-quivolta.”

   

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“”

Internet ajuda a alavancara luta pela Restauração daMonarquia no Brasil

Com o auxílio da internet, blogs, revistas virtuais e sites de relacionamento ajudam a alavan-

car o Movimento Monárquico no Brasil.O blog Monarquia Já, surgido para esclarecer as dúvidas dos gaúchosem relação à Monarquia, a Família Imperial e a História do Brasil, com-pletou em 3 de agosto de 2010, 1 ano. O blog alcançou em curta traje-tória, todos os cantos do Brasil e mais de 80 países do exterior.

Os blogs Diretório Monárquico do Brasil, Monarquia em Ação, A RealDemocracia, Matutando, Rede Imperial, entre outros, endossam a listade sítios virtuais que atraem os leitores que buscam esclarecer suas dú-vidas sobre o regime monárquico.

Estes blogs, que contam com atualização diária, semanal ou mensal,são um instrumento de informação de fácil manuseio, alcançadogrande número de pessoas, democratizando e facilitando o acesso asnotícias na propagação do ideário monárquico no Brasil e no mundo.

Difundindo os ideais daMonarquia Parlamentar eevidenciando a FamíliaImperial, a rede mundialde computadores temservido de veículo de

propagação do ideáriomonárquico no país, ofe-recendo acesso fácil e rá-pido a grande número depessoas. Leitor Paulo Azevedo em

comentário ao blog Monarquia Já 

O Instituto Brasil Imperial, com anos de luta pela Restauração da Monarquiano Brasil, foi remodelado para melhor atender os interessados no assunto eangariar novos monarquistas. O Instituto teve seu quadro diretivo mudado,remodelou também seu site e virtualizou a Gazeta Imperial, seu antigo in-formativo. A Associação Causa Imperial passa por processo similar e embreve anunciará seu novo formato.

Ainda na grande demanda para atender os internautas, osite do Pró Monarquia também repaginou o site oficial da

Casa Imperial do Brasil. Lá a população pode ter acesso asnotícias, fotos da Casa Imperial e também entrar em conta-to com os Príncipes Dom Luiz, Dom Bertrand e Dom Antonio.A instituição ainda inaugurou um canal no twitter, onde pos-tam conteúdos sobre a atualidade do Movimento Monár-quico Brasileiro.

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Longe de ter “criado” voluntari-amente o Brasil, Portugal comba-teu com todas as forças militaresde que pôde dispor a Indepen-dência do seu território na Améri-ca. Só depois de muitas expedi-ções militares contra a antigacolônia, proclamada estado In-dependente em 1815, e que as

Cortes Constituintes queriam fazer voltar à situação de Colônia, eda constatação da impossi-bilidade de reconquistar aquele imenso território, a-pós a declaração de Inde-pendência, é que Portugalaceitou, por intermédio deDom João VI, e da fortepressão diplomática da Grã-Bretanha, reconhecer a in-dependência do Brasil, em1825.

E, de fato, à data do discur-so, a Baía ainda estava o-cupada por tropas portu-guesas, comandadas pelogeneral Madeira de Melo, eapoiadas pela esquadra dePereira de Campos. As for-ças militares portuguesas sóabandonaram aquela ci-dade brasileira em 2 de Ju-lho.

Este discurso de Dom Pedro expli-ca bem, do ponto de vista brasi-leiro, a sequência de aconteci-mentos que levaram à declara-ção da independência, da de-claração do “Fico!”, passando

pelo “Grito do Ipiranga”, até àreunião da Assembléia Constituin-te, que tendo redigido um projetode Constituição foi dissolvida,como o imperador já mostravapoder vir a acontecer neste dis-curso, sem ter aprovado umaConstituição, que acabou por ser outorgada por Dom Pedro em 25

de Março de 1824.

O Portugal vintista não tinha

compreendido que não poderiavoltar atrás no tempo, e que nãoconseguiria realizar no Brasil oque a Grã-Bretanha não tinhatambém conseguido fazer 30anos antes na América do Norte.

Segue o discurso de S. M. na oca-sião:

DIGNOS REPRESENTANTES DA NA-ÇÃO BRASILEIRA.

É hoje o dia maior, que o Brasiltem tido; dia, em que ele pelaprimeira vez começa a mostrar ao Mundo, que é Império, e Im-

pério livre. Quão grande é Meuprazer, Vendo juntos Repre-sentantes de quase todas asProvíncias fazerem conhecer umas às outras seus interes-ses, e sobre eles basearemuma justa e liberal Constitui-ção, que as seja. Deveríamos

  já ter gozado de uma Repre-sentação Nacional: mas aNação não conhecendo àmais tempo seus verdadeiros

interesses, ou conhecendo-os, e não os podendo paten-tear, vista a força, e predo-mínio do partido Português,que sabendo muito bem aque ponto de fraqueza, pe-quenez, e pobreza Portugal

 já estava reduzido, e ao mai-or grau a que podia chegar de decadência, nunca quisconsentir (sem embargo de

proclamar Liberdade , temendoa separação) que os Povos doBrasil gozassem de uma Repre-sentação igual aquela, que elesentão tinham. Enganaram-se nosseus planos conquistadores, edesse engano nos provem toda anossa fortuna.

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O Brasil, que por espaço de tre-zentos, e tantos anos sofreu oindigno nome de Colónia, e i-gualmente todos os males prove-

nientes do sistema destruidor en-tão adoptado, logo que o Senhor D. João VI, Rei de Portugal, e Al-garve, Meu Augusto Pai o elevouà categoria de Reino pelo Decre-to de 16 de Dezembro de 1815,exultou de prazer; Portugal bra-miu de raiva, tremeu de medo. Ocontentamento, que os Povosdeste vasto Continente mostra-ram nessa ocasião, foi inaudito:mas atrás desta medida política

não veio, como devia ter vindo,outra, qual era a convocação deuma Assembleia, que organizasseo novo Reino.

O Brasil sempre sincero no seumodo de obrar, e mortificado por haver sofrido o jugo de ferro por tanto tempo antes, e mesmo de-pois de tal medida, imediatamen-te, que em Portugal se procla-mou a Liberdade, o Brasil gritouConstituição Portuguesa; assen-

tando, que por esta prova, quedava de confiança a seus pseu-do Irmãos, seria por eles ajudadoa livrar-se dos imensos vermes,que lhe roíam suas entranhas;não esperando nunca ser enga-nado.

Os Brasileiros que verdadeiramen-te amavam seu País jamais tive-ram a intenção de se sujeitarema Constituição, em que todosnão tivessem parte, e cujas vistas

eram de os converter repentina-mente de homens livres, em visescravos. Contudo, os obstáculos,que antes de 26 de Abril de 1821se opunham à Liberdade Brasilei-ra, e que depois continuaram aexistir sustentados peta Tropa Eu-ropeia, fizeram com que estesPovos temendo que não pudes-sem gozar de uma Assembleiasua, fossem pelo amor da Liber-dade, arrastados a seguir as in-

fames Cortes de Portugal, paraver se, fazendo, tais sacrifícios,poderiam deixar de ser insultadospelo seu partido demagógico,que predominava nesse Hemisfé-rio.

Nada disto valeu: fomos maltra-tados pela Tropa Europeia de talmodo, que Eu Fui obrigado a fa-zê-la passar há outra banda do

Rio; pu-la em sitio, mandá-la em-barcar, e sair barra fora, parasalvar a honra do Brasil, e poder-mos gozar daquela Liberdade,que devíamos, e queríamos ter,para a qual debalde trabalharí-amos por possui-la, se entre nósconsentíssemos um partido hete-rogéneo à verdadeira Causa.

Ainda bem não estávamos livresdestes inimigos quando poucosdias depois aportou outra Expe-

dição, que de Lisboa nos era en-viada para nos proteger; Eu To-mei sobre Mim proteger este Im-pério, e não a Recebi. Pernam-buco fez o mesmo e a Baía, quefoi a primeira em aderir a Portu-gal, em prémio da sua boa fé , ede ter conhecido tarde qual erao verdadeiro trilho, que deviaseguir, sofre hoje crua guerra dosVândalos, e sua Cidade, só por eles ocupada, está a ponto de

ser arrasada quando nela se nãopossam manter.

Eis em suma a Liberdade, quePortugal apetecia dar ao Brasil;ela se convertia para nós em es-cravidão, e faria a nossa ruínatotal, se continuássemos a execu-tar suas ordens, o que acontece-ria, a não serem os heróicos es-forços, que por meio de represen-tação fizeram primeiro que todos,a Junta do Governo de S. Paulo,

depois a Câmara desta Capital,e após destas todas as mais Jun-tas de Governos, e Câmaras;implorando a Minha ficada. Pa-rece-Me, que o Brasil seria des-graçado, se Eu as não Atendesse,como Atendi: bem Sei, que esteera Meu dever, ainda que expu-sesse Minha Vida; mas como eraem defesa deste Império, estavapronto, assim como hoje, e sem-pre se for preciso.

Mal unira acabado de Proferir estas Palavras: «Como é para obem de todos, e felicidade geralda Nação, diga ao Povo queFico:» recomendando-lhe ao

mesmo tempo «União e Tranquili-dade.» Comecei imediatamentea tratar de Nos pormos em esta-do de sofrer os ataques de nossosinimigos até aquela época en-

cobertos, depois desmacarados,uns entre nós existentes, outrosnas Democráticas Cortes Portu-guesas; providenciando por to-das as Secretarias, especialmentepela do Império e Negócios Es-trangeiros as medidas, que dita aprudência, que Eu cale agora,para vos serem participadas pe-los diferentes Secretários de Esta-do em tempo conveniente.

As circunstâncias do Tesouro Pú-blico eram as piores, pelo estadoa que ficou reduzido, e muitoprincipalmente, porque até aquatro, ou cinco meses foi so-mente Provincial. Visto isto, nãoera possível repartir o dinheiro,para tudo quanto era necessário,por ser pouco, para se pagar aCredores, a Empregados em e-fectivo serviço, e para sustenta-ção da Minha Casa, que des-pendia uma quarta parte da doRei, Meu Augusto Pai. A dele ex-cedia quatro milhões; e a Minhanão chegava a um. Apesar dadiminuição ser tão considerável,assim mesmo Eu não Estava acontente, quando Via, que adespesa, que Fazia, era muitodesproporcionada à Receita, aque o Tesouro estava reduzido, epor isso Me limitei a viver comoum simples particular, perceben-do tão somente quantia de110.000$000 reis para todas asdespesas da Minha Casa, excep-tuando a mesada da Imperatriz,Minha muito Amada, e prezadaEsposa, que Lhe era dada emconsequência de ajustes de Ca-samento.

Não satisfeito com fazer só estaspequenas economias na MinhaCasa, por onde Comecei, Vigia-va sobre todas as Repartições,

como era Minha Obrigação,Querendo modificar tambémsuas despesas, e obstar seus ex-travios. Sem embargo de tudo, asrendas não chegavam; mas compequenas mudanças de indiví-

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 duos não afectos à Causa desteImpério, e só ao infame partidoPortuguês, que continuamentenos estavam atraiçoando, por outros, que de todo o seu cora-

ção amavam o Brasil, uns por nascimento, e princípios outrospor estarem intimamente con-vencidos, que a Causa era a daRazão. Consegui, (e com quantaglória o Digo ) que o Banco, quetinha chegado a ponto de ter quase perdido a fé pública, eestar por momentos a fazer ban-carrota, tendo ficado no dia, emque o Senhor D. João VI saiu abarra duzentos contos em moe-

da, única quantia para troco desuas Notas, restabelecesse seucrédito de tal forma, que nãopassa pela imaginação a indiví-duo algum, que ele um dia possavoltar ao triste estado, a que ohaviam reduzido: que o TesouroPúblico, apesar de suas demasi-adas despesas, as quais deviampertencer a todas as Províncias, eque ele só fazia, tendo ficadodesacreditado, e exausto total-

mente, adquirisse um crédito tal,que já soa na Europa, e tantodinheiro, que a maior parte dosseus Credores, que não erampoucos, nem de pequenas quan-tias, tenham sido satisfeitos de talforma, que suas casas não te-nham padecido: que os Empre-gados Públicos estejam em dia,assim como os Militares em efec-tivo serviço: que as mais Provín-cias, que têm aderido à Causa

Santa, não por força, mas por convicção (que Eu amo a justaliberdade) tenham sido forneci-das de todos os apetrechos deguerra para sua defesa, grandeparte deles comprados, e outrosdo que existiam nos Arsenais. A-lém disto têm sido socorridas comdinheiro, por não chegarem suasrendas para as despesas, quedeviam fazer.

Em suma Consegui, que a Provín-cia rendesse onze para doze mi-lhões, sendo o seu rendimentoanterior à saída de Meu AugustoPai de seis a sete, quando muito.

Nestas despesas extraordinárias

entram também fretes de naviosdas diferentes Expedições, quedeste Porto regressaram para ode Lisboa, compras de algumasEmbarcações, e concertos de

outras, pagamentos a todos osEmpregados Civis, e Militares, queem Serviço aqui tem vindo, e aosexpulsos das Províncias, por pai-

 xões particulares, e tumultos, quenelas tem havido.

Grandes foram sem dúvida asdespesas; mas contudo , ainda senão lançou mão da Caixa dosDons gratuitos, e Sequestros daspropriedades dos ausentes por 

opiniões políticas, da Caixa doEmpréstimo que se contraiu de400.000$000 reis para compra deVasos de guerra, que se faziamurgentemente necessários paradefesa deste Império, o que tudoexiste em ser, e da Caixa da Ad-ministração dos Diamantes.

Em todas as Administrações se fazsumamente precisa uma grandereforma: mas nesta da Fazenda,ainda muito mais por ser a princi-

pal mola do Estado.O Exército não tinha nem arma-mento capaz, nem gente, nemdisciplina: de armamento estápronto perfeitamente; de gentevai-se completando, conforme opermite a população: e de disci-plina em breve chegará ao au-ge, já sendo em obediência omais exemplar do mundo. Por duas vezes tenho Mandado so-corros à Província da Baía, um de

210 homem, outro de 735 com-pondo um Batalhão com o nomede «Batalhão do Imperador» oqual em oito dias foi escolhido, seaprontou, e partiu.

Além disto foram criados um Re-gimento de Estrangeiros, e umBatalhão de Artilharia de Libertos,que em breve estarão completos.

No Arsenal do Exército tem setrabalhado com toda actividade,

preparando-se tudo quanto temsido preciso para defesa das dife-rentes Províncias, e todas desde aParaíba do Norte até Montevideureceberam os socorros, que pedi-ram.

Todos os reparos de Artilharia dasFortalezas desta Corte, estavamtotalmente arruinados; hoje a-cham-se prontos; imensas obrasde que se carecia dentro do

mesmo Arsenal, se fizeram.

Pelo que toca a Obras militares;repararam-se as muralhas detodas as Fortalezas; e fizeram-sealgumas totalmente novas. Cons-truíram-se em diferentes pontos osmais apropriados para neles, seobstar a qualquer desembarque,e mesmo em gargantas de serra,a qualquer passagem do inimigono caso de haver desembarcado

[o que não será fácil ] entrinchei-ramentos, fortins, redutos, abati-zes, e baterias rasas. Fez-se mais oQuartel da Carioca; prepararam-se todos os mais Quartéis; estáquase concluído o da Praça daAclamação, e em breve se aca-bará, o que se mandou fazer pa-ra Granadeiros.

A Armada constava somente daFragata Piranga, então chamadaUnião, mal pronta; da Corveta

Liberal só em casco; e de algu-mas muito pequenas, e insignifi-cantes Embarcações. Hoje acha-se composta da Nau D. Pedro I,Fragatas Piranga, Carolina, e Ni-terói – Corvetas Maria da Glória eLiberal prontas; e de uma Corve-ta nas Alagoas, que em breveaqui aparecerá com o nome deMassaió; e dos Brigues de guerraGuanari pronta, Cacique, e Ca-boclo em concerto, – diferentes

em Comissões; assim como tam-bém várias Escunas.

Espero seis Fragatas de 50 peçasprontas de gente, e armamento,e de tudo quanto é necessáriopara combate, para cuja com-pra já Mandei Ordem. Parece-Meque o custo não excederá muitoa trezentos contos de reis, segun-do o que Me foi participado.

Obras no Arsenal da Marinhafizeram-se as seguintes. Concerta-ram-se todas as Embarcações,que actualmente estão em servi-ço. Fizeram-se Barcas Canhonei-ras, e muitas mais, que não Enu-mero por pequenas; mas que

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 com tudo somadas montam agrande número, e importância.

Pretendo, que este ano no mes-mo lugar, em que se não fez por 

espaço de treze, mais do quecalafetar, tingar e atamancar Embarcações, enterrando somasconsiderabilíssimas, de que o Go-verno podia muito bem dispor com suma utilidade Nacional, seponha a quilha de uma Fragatade 40 peças, que a não faltaremos cálculos, que Tenho feito, asOrdens, que Tenho dado, e asmedidas, que para isso Tenhotomado, Espero seja concluída

por todo este ano, ou meados doque vem, pondo-lhe o nome deCampista.

Quanto a Obras públicas muitasse têm feito. Pela Polícia reedifi-cou-se o Palacete da Praça daAclamação; privou-se esta exten-sa Praça de inundações, tornan-do-se um passeio agradável, ha-vendo-se calçado por todos oslados, além das diferentes traves-sas que se vão fazendo para mais

embelezá-la. Concertou-se amaior parte dos Aquedutos daCarioca e Maracanã. Repara-ram-se imensas pontes, umas demadeira, outras de pedra; e alémdisto tem-se feito muitas total-mente novas; também se concer-taram grande parte das estradas

Apesar do exposto, e de muitomais em que não Toco, seu cofre,que estava em Abril de 1821 de-vedor de 60 contos de reis hoje

não só não deve; mas tem em ser sessenta, e tantos mil cruzados.

Por diferentes Repartições fize-ram-se as seguintes Obras. Au-mentou-se muito a TipografiaNacional. Concertou-se grandeparte do Passeio Público. Repa-rou-se se e Casa do Museu, enri-queceu-se muito com minerais, efez-se uma Galeria com excelen-tes pinturas, umas que se com-praram, outras, que havia no Te-souro Público, e outras, Minhas,que lá Mandei colocar.

Tem-se trabalhado com toda aforça no cais da Praça do Co-mércio, de modo que esta quase

concluído. As calçadas de todasas ruas da Cidade foram feitas denovo, e em breve tempo fez-seesta Casa da Assembleia, e todasas mais que a ela estão juntas,

foram prontificadas pare estemesmo fim.

Imensas Obras, que uno silo dotoque destas, se tem empreendi-do, começado, e acabado, queEu Omito, para não fazer o Dis-curso nimiamente longo.

Tenho promovido os estudos pú-blicos, quanto é possível, porémnecessita-se para isto de umaLegislação particular. Fez-se oseguinte – Comprou-se para en-grandecimento da BibliotecaPública uma grande colecçãode livros dos de melhor escolha:aumentou-se o número das Esco-las, e algum tanto o Ordenadode seus Mestres permitindo-sealém disto haver um sem númerodelas particulares: Conhecendoa vantagem do Ensino Mútuotambém Fiz abrir uma Escola pelométodo Lancasteriano.

O Seminário de S. Joaquim, queseus fundadores tinham criando

para educação da mocidade,achei-o servindo de Hospital daTropa Europeia: Fi-lo abrir na for-ma de sua Instituição, e havendoEu Concedido à Casa da Miseri-córdia, e roda dos Expostos (de

que abaixo Falarei) uma Lotariapara melhor se puderem manter Estabelecimentos de tão grandeutilidade, Determinei ao mesmotempo, que uma quota parte

desta mesma Lotaria fosse dadaao Seminário de S. Joaquim, paraque melhor se pudesse conseguir o útil fim, para que fora destinadopor seus honrados fundadores.Acha-se hoje com imensos Estu-dantes.

A primeira vez, que Fui à roda dosExpostos Achei (parece impossí-vel) 7 crianças com 2 amas; nemberços, nem vestuário, Pedi o

mapa, e Vi, que em 13 anos, ti-nham entrado perto de 12$, eapenas tinham vingado 1$, nãosabendo a Misericórdia verdadei-ramente, aonde elas se acha-vam. Agora com a concessão daLotaria; edificou-se uma Casaprópria para tal Estabelecimento,aonde há trinta, e tantos berços,quase tantas amas, quantos Ex-postos; e tudo em muito melhor administração. Todas estas coi-sas, de que acima Acabei deFalar, devem merecer-vos sumaconsideração.

Depois de ter arranjado esta Pro-víncia, e Dado imensas providên-cias para as outras, Entendi, quedevia Convocar, e Convoqueipor Decreto de 16 de Fevereirodo ano próximo passadoum Conselho ele Estado compos-to de Procuradores Gerais, eleitospelos Povos, Desejando que eles

tivessem quem os representasse junto de Mim, e ao mesmo tempoquem Me aconselhasse, e

Me requeresse, o que fosse abem de cada uma das respecti-vas Províncias. Não foi somenteeste o fim, e motivo, por que Fizsemelhante convocação, o prin-cipal foi, para que os Brasileirosmelhor conhecessem a MinhaConstitucionalidade, quanto EuMe lisonjearia Governando a

contento dos Povos, e quantoDesejava em Meu Paternal Cora-ção (escondidamente, porque otempo não permitia, que tais i-deias se patenteassem de outromodo) que esta leal, grata, brio-

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 sa, e heróica Nação fosse repre-sentada numa Assembleia Geral,Constituinte e Legislativa, o quegraças a Deus, se efectuou emconsequência do Decreto de 3

de Junho do ano presente, a re-querimento dos Povos, por meiode suas Câmaras, seus Procura-dores Gerais e Meus Conselheirosde Estado.

Bem custoso seguramente Metem sido, que o Brasil até agoranão gozasse de RepresentaçãoNacional; e Ver-Me Eu por forçade circunstâncias Obrigado aTomar algumas medidas legislati-

vas; elas nunca parecerão, queforam tomadas por ambição delegislar, arrogando um poder, emo qual somente Devo Ter parte;mas sim, que foram tornadas pa-ra salvar o Brasil, visto que a As-sembleia, quanto a umas nãoestava convocada quanto a ou-tras, não estava ainda junta, eresidiam então de facto, e dedireito, vista a Independênciatotal do Brasil de Portugal, os trêsPoderes no Chefe Supremo daNação, muito mais sendo Ele SeuDefensor Perpétuo.

Embora algumas medidas pare-cessem demasiadamente fortes,como o perigo era iminente, osinimigos, que Nos rodeavam i-mensos (e provera a Deus queentre Nós ainda não existissemtantos) cumpria serem proporcio-nadas.

Não Me Tenho poupado, nem

pouparei a trabalho algum, por maior que seja, contanto quedele provenha um ceitil de felici-dade para a Nação.

Quando os Povos da Rica, e Ma-  jestosa Província de Minas esta-vam sofrendo o férreo jugo doseu deslumbrado Governo, que aseu arbítrio dispunha dela, e obri-gava seus pacíficos, e mansoshabitantes a desobedecerem-Me, Marchei para lá com os MeusCriados somente. Convenci oGoverno, e seus sequazes do cri-me, que tinham perpetrado, e doerro, em que pareciam querer persistir; Perdoei-lhes, porque o

crime era mais em ofensa a Mim,do que mesmo à Nação, por estarmos ainda naquele tempounidos a Portugal.

Quando em S. Paulo surgiu dentreo brioso Povo daquela Agradá-vel, e Encantadora Província, umpartido de Portugueses, e Brasilei-ros degenerados, totalmente a-feitos às Cortes do desgraçado, eencanecido Portugal, Parti ime-diatamente para a Província,Entrei sem, receio porque Co-nheço; que todo o Povo Me a-ma, Dei as providencias, que Mepareceram convenientes, a pon-

to que a nossa Independência láfoi primeiro, que em parte algu-ma, proclamada no sempre me-morável sítio do Piranga. [sic]

Foi na Pátria do fidelíssimo, enunca assaz louvado Amador Bueno de Ribeira aonde pelaprimeira vez Fui Aclamado Impe-rador.

Grande tem sido seguramente osentimento, que enluta MinhaAlma, por não Puder Ir à Baía,

como já Quis, a não Executei,Cedendo às Representações deMeu Conselho de Estado, misturar Meu sangue com o daquelesguerreiros, que tão denodada-mente tem pelejado pela Pátria.

A todo o custo, até arriscando aVida, se preciso for, Desempe-nharei o Título, com que os Povosdeste Vasto, e Rico Continenteem 13 de Maio do ano pretérito,

Me honraram de Defensor Perpé-tuo do Brasil. Este Título penhoroumuito mais Meu Coração, do quequanta glória Alcancei com aespontânea, e unânime Aclama-ção de Imperador deste invejadoImpério.

Graças sejam dadas à Providên-cia, que vemos hoje a Naçãorepresentada por tão dignos De-putados. Oxalá, que a mais tem-po pudesse ter sido; mas as cir-

cunstâncias anteriores, ao Decre-to de 3 de Junho não o permiti-am, assim como depois as gran-des distâncias, a falta de amor da Pátria em alguns , e tolos a-queles incómodos, que em lon-

gas viagens se sofrem , principal-mente num País tão novo, e ex-tenso, como o Brasil, são quemtem retardado esta apetecida, enecessária junção apesar de to-

das as recomendações, que Fizde brevidade por diferentes ve-zes.

Afinal raiou o grande Dia paraeste vasto Império, que fará épo-ca na sua história. Está junta aAssembleia para constituir a Na-ção. Que prazer! Que fortunapara todos Nós!

Como Imperador Constitucional,e muito especialmente como

Defensor Perpétuo deste Império,Disse ao Povo no Dia 1.º de De-zembro do ano próximo passado,em que, Fui Coroado, e Sagrado,«Que com a Minha Espada De-fenderia a Pátria, a Nação, e aConstituição, se fosse digna doBrasil, e de Mim» Ratifico hojemuito solenemente perante vósesta promessa, e Espero, que Meajudeis a desempenhá-la, fazen-do uma Constituição sábia, justa,

adequada, e executável, ditadapela Razão, e não pelo caprichoque tenha em vista somente afelicidade geral, que nunca podeser grande, sem que esta Consti-tuição tenha bases sólidas , ba-ses, que a sabedoria dos séculostenha mostrado, que são as ver-dadeiras, para darem uma justaliberdade aos Povos, e toda aforça necessária ao Poder execu-tivo. Uma Constituição, em que

os três Poderes sejam bem dividi-dos de forma; que não possamarrogar direitos, que lhe nãocompitam, mas que sejam de talmodo organizados, e harmoniza-dos, que se lhes torne impossível,ainda pelo decurso do tempo,fazerem-se inimigos, e cada vaimais concorram de mãos dadaspara a felicidade geral do Esta-do. A final uma Constituição, quepondo barreiras inacessíveis ao

despotismo, quer Real, quer Aris-tocrático, quer Democrático,afugente a anarquia, e plante aárvore daquela liberdade, a cujasombra deve crescer a União,Tranquilidade, e lndependência

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 deste Império, que será o assom-bro do Mundo novo, e velho.

Todas as Constituições, que àmaneira das de 1791, e 92 têm

estabelecido suas bases, e se temquerido organizar, a experiêncianos tem mostrado, que são to-talmente teoréticas e metafísicas,e por isso inexequíveis, assim oprova a França, Espanha, e ulti-mamente Portugal. Elas não temfeito, como deviam, a felicidadegeral; mas sim, depois de umalicenciosa liberdade, ventos, queem uns Países já apareceu, e emoutros ainda não tarda a apare-

cer o Despotismo em um, depoisde ter sido exercitado por muitos,sendo consequência necessária,ficarem os Povos reduzidos à tristesituação de presenciarem, e so-frerem todos os horrores da Anar-quia.

Longe de nós tão melancólicasrecordações; elas enlutariam aalegria, e júbilo de tão fausto Dia.Vós não as ignorais, e Eu certo,que a firmeza dos verdadeiros

princípios Constitucionais, quetêm sido sancionados; pela expe-riência, caracteriza cada um dosDeputados, que compõe estaIlustre Assembleia, Espero, que aConstituição, que façais, mereçaa Minha Imperial Aceitação, sejatão sábia, e tão justa, quantoapropriada à localidade, e civili-zação do Povo Brasileiro; igual-mente, que haja de ser louvadapor todas as Nações; que até os

nossos inimigos venham a imitar asantidade, e sabedoria de seusprincípios, e que por fim a execu-tem.

Uma Assembleia tão Ilustrada, etão patriótica, olhará só a fazer prosperar o Império, e cobri-lo defelicidades; quererá, que seu Im-perador seja respeitado, Não sópela Sua, mas pelas mais Nações:e que o Seu Defensor Perpétuo,Cumpra Exactamente a Promes-

sa feita no 1.º de Dezembro doano passado, e ratificada hojesolenissimamente perante a Na-ção legalmente representada.

,2.ª ed., Ouro Preto, Na Typogra-phia de Silva, 1836,págs. 288 a 300

 

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 Um ano do casamento de Dona Isabel de

Orleans e Bragança com o Conde Alexander de

Stolberg-StolbergCelebrou-se em 16 de outubro de 2010, o primeiro ano de casamento da Princesa Do-na Isabel de Orleans e Bragança com o Conde Alexander de Stolberg-Stolberg.

Ela, filha do Príncipe Dom Fernando e de Dona Maria da Graça de Orleans e Bragança,neta do Chefe da Casa Imperial do Brasil de 1922 a 1981, Dom Pedro Henrique e deDona Maria de Orleans e Bragança, sendo bisneta, por isso, de Dom Luiz de Bragançae trineta da Redentora, a Princesa Dona Isabel. Ele, de Família Condal mediatizada daAlemanha, filho do Conde Franz Joseph e da Condessa Jacqueline de Stolberg-Stolberg, tendo antepassados que já permeavam a história desde 1200.

O casamento trouxe ao Rio grande número de estrangeiros, nobres e aristocratas daEuropa. Destacava-se ainda a presença de Dom Duarte Pio, Duque da Bragança, Che-fe da Casa Real Portuguesa (primo da noiva), do Duque de Vendôme, o Príncipe Jeande Orleans, Herdeiro do atual Chefe da Casa Real de França (primo da noiva e grandeamigo do noivo), o Príncipe Jost Cristian, 4º Príncipe e Conde de Stolberg-Stolberg, Che-fe Casa de Stolberg-Stolberg, que vieram exclusivamente para a data. Compareceramtambém os Príncipes de Bourbon Duas-Sícilias, notadamente os filhos de Dom Casimiro,entre eles o concelebrante, Padre Alessandro, da Ordem de Cristo, e, também mem-bros da Família dos Condes de Nicolay, dos Condes de Gambá, dos Condes d’Ursel, daFamília Principesca de Merode, de Arenberg, de Looz-Corwaren e de Erbach-Fürstenau.Em evidência, é claro, os Príncipes de Ligne, tios da noiva, e os Príncipes da Baviera,primos de Dona Isabel. Os dias que antecederam o casamento, em que os convidadoseuropeus chegavam ao Brasil, foram de grande festa, oscilando entre passeios por pontos turísticos e históricos, como o Mosteiro de São Bento, e jantares e festas, como aagradável reunião nos salões do Copacabana Palace, oferecida pelo Conde Franz etambém o jantar na casa de Dom Alberto no Itanhangá, oferecido por aquele Príncipe.

A belíssima cerimônia de casamento se deu na Igreja de Nossa Senhora da Gloria, on-de nobres europeus, monarquistas de toda parte e a Família Imperial se reuniram paraassistir a celebração presidida pelo Abade Emérito do Mosteiro de São Bento do Rio deJaneiro, Dom José Palmeiro Mendes OSB, concelebrada pelo primo da noiva, o PadreAlessandro, também pelo Capelão daquele templo, Monsenhor Sergio da Costa Coutoe pelo Padre Jorjão.

A festa que se precedeu no Paço Imperial, onde a Redentora havia assinado a Lei Áu-rea, onde Dom Pedro I foi aclamado como primeiro Imperador do Brasil, onde a históriada Família da noiva havia sido exaltada, foi grandiosa.

O Conde e a Condessa de Stolberg-Stolberg vivem atualmente na Bélgica, onde Tam-bém trabalham.

 

 Fotos: Revista Caras, Instituto Dona Isabel I (IDII),Arquivo pessoal Dionatan da Silveira Cunha

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Dom Bertrand,defensor dos direitos do homem

Dom Bertrand assume posiçõesem defesa das tradições, da instituição familiar

e do direito a propriedade

Dom Bertrand Maria José Pio Januá-rio, nasceu em Mandelieu, na França,a 2 de fevereiro de 1941, sendo oterceiro dos doze filhos do PríncipeDom Pedro Henrique, Herdeiro doTrono Imperial do Brasil ede Dona Maria, nascidaPrincesa Real da Baviera.Veio com sua família parao Brasil em 1945, estudan-do em escolas do Rio deJaneiro e de Jacarezinho,

no Paraná. É bacharel emDireito pela Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo (1964).Com a morte do pai, em 1981, seuirmão mais velho, Dom Luiz, passou aser o representante dos princípiosmonárquicos brasileiros e Chefe deFamília Imperial, e ele (tendo em vistaa renúncia Príncipe Dom Eudes aotrono do em 1966) passou a usar otítulo de Príncipe Imperial do Brasilque a Constituição Imperial de 1824dá ao Príncipe Herdeiro do Trono

brasileiro. Não só é o Príncipe Herdei-ro, mas de fato é o braço direito deDom Luiz, sendo seu principal conse-lheiro e estando ao seu lado ou orepresentando várias vezes (o que fezparticularmente em 2009 e 2010 emvários eventos). É excelente orador econferencista. Reside com Dom Luizna capital paulista.

Já antes de Dom Luiz, pelo final dosanos 50, passou Dom Bertrand a inte-grar em São Paulo o Grupo de “Ca-tolicismo”, grupo católico em tornodo conhecido Prof. Plínio Corrêa de

Oliveira, que em 1960 passou a de-nominar-se Sociedade Brasileira deDefesa da Tradição, Família e Propri-edade (TFP), hoje Associação dosFundadores. Dom Bertrand é figurade relevo da entidade, tendo viaja-do, a seu serviço, ano passado, váriasvezes ao exterior (Alemanha, EstadosUnidos, Argentina). Em janeiro passa-do esteve em Roma para participar de um congresso no auditório doPontifício Instituto Augustinianum, ao

lado da Praça de São Pedro, quecomemorou o cinqüentenário dolivro “Revolução e Contra-Revolução”, obra fundamental doProf. Plínio Corrêa de Oliveira.

Coordena a campanha “Paz noCampo”, tendo um blog atualizado

constantemente, onde deposita suasopiniões. Neste espaço, o Príncipedivulga artigos sobre temas como areforma agrária, o aquecimento glo-bal, as reservas indígenas, o MST, os

quilombos, entre outros assuntos po-lêmicos. Dom Bertrand assume posi-ções em defesa das tradições, dainstituição familiar e do direito a pro-priedade. As opiniões do Príncipenem sempre vão de encontro com ade grandes empresários, políticos ou

dos meios assistencialistas,paternalistas ou socialistasque estão instituídos. DomBertrand, sempre isento domedo da verdade, reagecontra conceitos prematu-ros, pensados por aspecto

único. Dedicado como seuavô, Dom Luiz de Bragança, O Prínci-pe reúne predicados que o qualifi-cam para assumir a Chefia de Estadodo Brasil aliados a sóbria educaçãoque recebeu e a magnífica culturaque lhe é característica.

Dom Bertrand recebeu em abril de2009, a Ordem do Mérito JudiciárioMilitar, no grau de Alta Distinção; noDia de Caxias, em Brasília, recebeu aMedalha do Pacificador, a mais alta

comenda do Exército Brasileiro. OPríncipe é Grão-cruz das Ordens Im-periais brasileiras, da Rosa e de PedroI. É Bailio honorário e Grão-cruz daOrdem Soberana de Malta e Grão-Cruz da Ordem Contantiniana deSão Jorge, da Casa Real das Duas-Sicílias. 

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A Monarquia no mundoFatos, eventos. Nascimentos, casamentos e falecimentos que marcaramo ano no mundo monárquico internacional.

Faleceu dia 3 de fevereirode 2010, a Arquiduquesa Re-gina, esposa do ArquiduqueOtto de Habsburgo, Chefe daCasa dinástica de Habsburgo(da Áustria e Hungria). Aos 85anos, deixou 7 filhos e 22 ne-tos.

Faleceu no dia 14 de abril de2010, em Innsbruck, o PríncipeJoão Henrique de Saxe-Coburgo-Gotha. O Príncipe, nascido naÁustria em 1931, era descenden-

te de Dona Leopoldina de Bra-gança, filha do Imperador DomPedro II. Era filho do Príncipe Rai-nier (1900 - 1945), neto do Prínci-pe Augusto Leopoldo (1867 -1922), bisneto da Princesa DonaLeopoldina (1847 - 1871) e trinetodo Imperador Dom Pedro II.

O Príncipe deixou dois filhos.

Em 18 de agosto de 2010, oPríncipe Carlos Hugo deBourbon – Parma, Duque deParma e Piacenza, faleceuvitimado por um câncer que

  já lhe abatia desde 2008. OChefe da Casa Ducal deBourbon-Parma deixou 4 fi-lhos, entre eles seu Herdeiro eSucessor, o Príncipe CarlosXavier.

Em 16 de setembro de 2010faleceu o Príncipe FriedrichWilhelm de Hohenzollern,Chefe da Casa Principescade Hohenzollern-Sigmaringen.Aos 96 anos, o Príncipe eraviúvo da Princesa Margaridade Leiningen (1932-1996),deixou três filhos, entre osquais o Príncipe Karl Friedrichque lhe sucedeu como dinasta. 

Faleceu em Madri no dia 24

de maio de 2010, a Grã-Duquesa Leonida da Rússia.

Nascida Princesa BragationMoukhranski a 23 de setem-bro de 1914, em Tiflis. Casou-se com o Grão-Duque Vlad-mir da Rússia, bisneto do Czar Alexandre II e pretendenteao Trono Russo, em Lausan-ne, em 1948, tendo destematrimônio uma filha, a Grã-Duquesa Maria Vladmirovna,atual pretende ao Trono daRússia.

A Grã-Duquesa foi enterradana mesma sepultura do ma-rido, no Forte de São Pedro eSão Paulo, em São Peters-burgo.

A Grão-Duquesa Leonidacom sua filha, Maria e, oneto, George.

Os Príncipes Irmingard eLudwig da Baviera.

Em 23 de outubro de 2010,

aos 87 anos de idade, fale-ceu a Princesa Irmingard daBaviera.

A Princesa era viúva do Prín-cipe Ludwig da Baviera, filhodo Príncipe Franz e da Prin-cesa Isabele, sendo de talforma, irmão da PrincesaDona Maria, esposa de DomPedro Henrique, Chefe daCasa Imperial do Brasil. APrincesa Irmingard era prima

e cunhada da Princesa Mãedo Brasil.

O casal teve três filhos: oPríncipe Luipold (1951), e asPrincesas Marie-Irmingard ePhilippa (ambas natimortas).

Fotos: Divulgação

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Também em 2010, precisamente em abril, foi noticiado o noivadoentre o Conde Carlos Antonio de Liedekerke e Maria Adelaide deNicolay. A noiva é neta do Conde René de Nicolay e de Dona PiaMaria de Orleans e Bragança, condessa de Nicolay por casamen-to, nascida Princesa de Orleans e Bragança, (filha de Dom Luiz, oPríncipe Perfeito e irmã de Dom Pedro Henrique, sendo Dona PiaMaria, tia do atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz). Ocasamento de Marie-Adelaide de Nicolay será o primeiro casa-mento de um dos sete netos de Dona Pia Maria.

Noivado Liedekerke –––– 

Nicolay

No ano em que a Casa Real da Suécia comemora os 200 anosde Soberania da Dinastia Bernadotte, o Rei Carl XVI Gustavo ea Rainha Silvia da Suécia casaram a Herdeira do Trono numadas mais belas cerimônias da monarquia moderna. A Catedralde Estocolmo, palco do enlace, recebeu cerca de 1.100 con-vidados, muitos membros da nobreza e da realeza mundial,entre eles, pode-se citar, por parte da Espanha, a Rainha Sofia,os Príncipes Filipe e Letizia, da Família Real da Holanda compa-receram a Rainha Beatriz, também o Príncipe Guilherme e a

Princesa Máxima, por parte da Família Real Britânica compa-receu o Príncipe Edward e sua esposa, Sophie. Por parte daDinamarca, a Rainha Margareth II e o Príncipe Henrik, acom-panhados dos Príncipes Herdeiros, Frederico e Mary. Presentesainda os Reis da Noruega, os Príncipes Hereditários Haakon eMette-Marit. A Família Imperial do Japão foi representada peloPríncipe Herdeiro Naruhito. Da Jordânia compareceram os ReiAbdullah II e a Rainha Rania. Por parte do Luxemburgo, o GrãoDuque Henri e a Grã-Duquesa Maria Teresa, o Príncipe HerdeiroGuilherme, por parte da Iugoslávia, o Príncipe Alexandre e aPrincesa Catherine, por parte do Liechtenstein, os PríncipesHerdeiros Alois e Sofia, ainda, por parte da Grécia, o Rei Cons-tantino e a Rainha Ana Maria, e, de Mônaco, o Príncipe Albert.  

Casamento Real

CasamentoLippe  Wittelsbach

Fotos: Casa Real da Suécia

Em 8 de junho de 2010, na Abadia de Andechs, perto de Munique, a Prince-sa Augusta da Baviera, filha de Príncipe Luitpold e da Princesa Beatrix daBaviera, neta do príncipe Ludwig e da Princesa Irmingard da Baviera, trinetado Rei Luís III da Baviera, casou com o Príncipe Ferdinand de Lippe-

Weissenfeld.Após a cerimônia religiosa, celebrou-se a festa no Castelo de Leutstetten,próximo a Starnberg, onde os pais da Princesa Augusta residem. O PríncipeFranz, O Duque Max e a Duquesa Elisabeth da Baviera, o Príncipe Emich Karl,a Princesa Isabel de Leiningen e vários membros de Famílias Principescasalemãs assistiram ao casamento.

A Princesa Augusta é sobrinha-neta de Dona Maria da Baviera, de jure Imperatriz do Brasil.

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 O Sumo Pontífice chegou a Lisboa em 11 de maio de 2010 sendo recebido pela multidão quese aglomerava nas ruas. Junto ao povo, os Duques de Bragança, acompanhados dos Infantes,aguardavam a passagem do Papa.

Logo após os protocolos, seguiu-se missa no Terreiro do Paço, contando com incrível númerode expectadores. A Família Real Portuguesa e a Princesa Senhora Dona Teresa, nascida Prin-cesa de Orleans e Bragança, estavam presentes na primeira fila, em lugar de destaque, se-guidos dos ilustres membros da Ordem de Malta em Portugal.

No dia 13 de maio, o Santo Padre rumou para Fátima, destino original de sua visita. Lá cele-brou missa para fiéis de todas as partes da Europa. Os Duques de Bragança foram mais umavez ao encontro do Papa, pois naquela data celebravam 15 anos de casamento. Em Fátima,os Duques presentearam o Papa com uma imagem em bronze de Nossa Senhora do Rosário.

A visita que o Sumo Pontífice empreendeu a Portugal foi definitiva para o reconhecimento dafirme postura adotada pelos portugueses diante das tentativas de difamação da Igreja e doSanto Padre. Portugal se vestiu de amarelo, branco e azul para recepcionar o Papa. Prova de

toda devoção por parte daquele povo, pôde ser acompanhado no blog “Família Real Portu-guesa”, que acompanhou intensamente as atividades dos Duques de Bragança durante avisita do Papa a Portugal.

O Pa aem Portugal

 

   

  

Declaração de Fidelidade aDom Duarte, Duque de Bragança 

Fotos: Maria Menezes, Blog Família Real Portuguesa

“No dia em que Portugal assinalou o centenário da república, o Her-deiro do Trono foi a Guimarães para realizar uma Proclamação deLealdade. Depois de colocar uma coroa de flores na estátua de D.Afonso Henriques, Dom Duarte fez uma alocução perante membrosde diversas Reais Associações e simpatizantes da Causa Monárquica,citando diversos escritores portugueses para realçar as virtualidadesda Monarquia. No final e em declarações aos jornalistas, Dom Duartede Bragança sublinhou que a Monarquia pode ser útil à DemocraciaPortuguesa e que a actual situação do país desacredita a democra-cia.”

Por Guimarães Digital: http://www.guimaraesdigital.com/index.php?a=noticias&id=42060

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 Dona Lily recebe os Príncipes da Dinamarca

em resença de Prínc i es brasi le iros

Em 15 de setembro de 2010, Dona Lily Marinho recebeupara um jantar em sua mansão do Cosme Velho, no Rio deJaneiro, o Príncipe Joachim e, sua esposa, a Princesa Marieda Dinamarca que passaram em visita pelo Brasil.

Nesta oportunidade, Dona Lily recebeu amigos e grandesnomes da alta sociedade brasileira. Estavam presentesCarlos e Celia Giesta, Gilberto Chateaubriand, Gérard

Larragoiti, as Embaixatrizes Thereza Castelo Branco e Ma-ria Elisa Amarante, a colunista Hildegard Angel e EmitaLarragoiti; Condessa de Pourtalés, entre outros.

Estiveram presentes também, o Príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança com sua esposa, Dona Fátima, quesão respectivamente, irmão e cunhada do Chefe da Casa Imperial do Brasil, S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bra-gança.

Abaixo, Dona Fátima rodeada pelas amigas Celia Giesta e Thereza Castelo Branco, seguidas de Dom Pedro emagradável conversa com Yves Saint – Geours, Embaixador da França.

Fotos: Sebastião Marinho, Blog da Hildegard Angel

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De 11 a 16 de novembro de 2010,o nordeste brasileiro recebeu avisita de membros da Família Im-perial brasileira.

 

Brasil   do país...

A   monarquia  em  cada  canto

Há momentos na vida de um povo em que, apesar da fraude e da

 tirania, a vontade nacional surge impetuosa, invencível, triunfadora.Para cumprir a meu dever, dever que resulta da própria história  brasileira, que justificou, justifica e justificará os nossos direitos di- násticos, estou pronto a todos os sacrifícios, inclusive ao da própria

 vida.Dom Luiz de Bragança, Manifesto aos Brasileiros, 1919.

2010: 90º Ano de Falecimento do Príncipe Perfeito.

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O Príncipe Dom Antonio e seufilho, Dom Rafael, estiveram emvisita a pontos turísticos, em en-contros com autoridades políticase religiosas e em eventos monár-quicos. Dom Antonio passou por Sergipe, onde visitou Laranjeiras eAracaju, acompanhado de umacomitiva numerosa, o Príncipe

participou do I Encontro Monár-quico de Sergipe, celebrandotambém a criação de núcleosmunicipais do Instituto Brasil Impe-rial naquele estado.

Dom Antonio foi recebido comfesta, ao som de bandas marciaise solenidades honrosas por todaa parte percorrida, vivenciando ahistória e passando por caminhosanteriormente feitos pelo Impe-

rador Dom Pedro II, seu antepas-sado. Em todos os lugares, o Prín-cipe foi reverenciado com respei-to e com manifestos de grandecarinho e admiração.

Na mesma semana (13/11), che-gou à Bahia, o Príncipe Dom Ra-fael para sua primeira viagemoficial como Príncipe da CasaImperial brasileira e Herdeiro pre-suntivo dos Imperadores do Brasil.

A convite dos membros da Asso-ciação da Nobreza Histórica do

Brasil, Dom Rafael foi conhecer aBahia de Todos os Santos e seuprincipais pontos turísticos, sendorecebido pelo Arcebispo de SãoSalvador da Bahia e Primaz doBrasil, Dom Geraldo Majella. NoInstituto Feminino, o Príncipe pô-de conhecer o vestido usado por sua tetravó, a Princesa Dona Isa-bel, no juramento feito pela oca-sião de uma de suas regênciasem nome do Imperador. Na Igre-

  ja de São Pedro, Dom Rafaeltambém pôde conferir a belaimagem de São Pedro de Alcân-tara, Santo de devoção da Famí-lia Imperial. No dia 13 de novem-bro, os membros da Associaçãoda Nobreza Histórica do Brasilreuniram-se em torno de DomRafael para um jantar em suahonra no Yacht Clube da Bahia.

Dom Antonio e Dom Rafael de Orleans e Bragança 

 visitam o nordeste brasileiro

Dom Antonio participou de cerimôniasreligiosas e eventos políticos.

Fotos: Flávio Antunes e Jadilson Simões

Ao lado, Dom Rafael com Dom Geral-do Majela e nas outras imagens, ovestido usado por Dona Isabel.

Fotos: Tarso Marketing

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  Dom Antonio visita Colégio

no Rio de JaneiroO Príncipe é recebido com festa em

colégio de Jacarepaguá, no Estado do Rio de Janeiro

A formação de Jovens Monarquistas

A convite da pequena monarquista Ana Luí-za Bertoloso Benício, o Príncipe Dom Antoniode Orleans e Bragança, acompanhado pelaAlta Gestão do Diretório Monárquico do Bra-

sil, foi a Jacarepaguá visitar o Colégio Cruzei-ro.

No Colégio, o Príncipe palestrou sobre assun-tos monárquicos e debateu com alunos eprofessores o sistema em questão. Durante avisita, o Diretório Monárquico do Brasil sorteoubroches e camisetas com as Armas do Impé-rio. O passeio terminou com almoço junta-mente com os alunos, ocasião em que DomAntonio declarou sua franca crença no futu-ro da Monarquia no Brasil, comovendo a to-dos os presentes.

A Chanceler Maria da Gloria, Charles VanHombeeck Júnior; Secretário-Geral, e Marce-lo Roberto Ferreira; Diretor Jurídico do Diretó-rio Monárquico do Brasil, acompanharamDom Antonio na emblemática visita ao Co-légio.

Fonte: Diretório Monárquico do Brasil

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 A reviravolta imposta pelo eleito-rado ao mundo político-publicitário, nas eleições presi-denciais, é tema que se impõe.

Não me atenho ao palco eleito-ral, onde os figurantes desenro-lam seus papéis para convencer o público e arrastá-lo auma escolha. Chamo aatenção para a larga evigorosa fatia da opiniãopública capaz de rees-crever o roteiro do pleitoeleitoral.

A falta de idéias, de prin-

cípios e de debates sobreproblemas nacionais,marcou a campanha do1º turno. Prognosticou-o oex-presidente FernandoHenrique Cardoso aoafirmar que o teatro elei-toral se organizava paraesconder o que verda-deiramente estava emdiscussão.

Coube à revista “Veja”sintetizar graficamente afrustração do públicoante tal vácuo, com umacapa em branco, a sim-bolizar as “grandes pro-postas para o Brasil feitasna campanha presiden-cial”.

A falta de autenticidade somou-se à falta de representatividade

dos principais candidatos – todoseles de esquerda – deixando oamplo setor conservador do elei-torado sem legítimo porta-voz.

O quadro eleitoral, segundo

dogmatizavam inúmeros “espe-cialistas”, caminhava para a vitó-ria arrasadora do lulo-petismo,com uma população indiferentea princípios e valores e embaída

pelos benefícios de uma situaçãosócio-econômica favorável.

O mundo publicitário e político – mais precisamente, preponderan-tes setores da esquerda – enga-nou-se com relação ao País. Detanto prestar atenção ao Brasiloficial, acreditou que a Nação secinge a essa minoria frenética e

aparatosa, mas superficial. Igno-rou os brasileiros, silenciados nos

seus anelos mais autênticos – par-ticularmente nos morais e religio-sos – que se moviam e prepara-vam uma “vingança”.

À margem das estruturas partidá-rias e políticas, esse Brasil fez ir-romper como um géiser, no pa-norama artificialmente inexpressi-vo, as preocupações que assom-bram a maioria silenciosa, paca-ta e conservadora de nossa po-

pulação.

O tema do aborto despontoucom ímpeto chamativo.Mas foi a panóplia de me-tas radicais do PNDH 3 oque maior apreensão cau-sou em vastos setores dasociedade. As ameaçasdo PNDH3 – cavilosamenteadjetivadas de “boataria”

  – fizeram vislumbrar o gér-

men da perseguição reli-giosa, ao pretenderemsubverter os fundamentoscristãos que ainda pautama sociedade e tutelar sec-tariamente os indivíduos.

O mundo político-partidário e as potentestubas publicitárias tenta-ram celeremente adaptar-se à realidade a tanto cus-

to abafada. Sinal inequí-voco da crescente fraque-za desse Brasil de superfí-cie, que tenta relegar aoanonimato o Brasil autênti-co, o qual se quer manter fiel a si mesmo, à suas tra-dições, ao seu modo depensar e de viver.

Assistimos a uma verdadeira insur-reição eleitoral. Qualquer que

seja o resultado do presente plei-to, sirva ela de lição para o gravedivórcio que se vai estabelecen-do entre o Brasil oficial e o Brasilprofundo. Outras surpresas sobre-virão.

Folha de São Paulo publica artigo de Dom Bertrand deOrleans e Bragança, sobre as eleições 2010.

Insurreição

EleitoralPublicado na Folha de S. Paulo, dia 28/10/10, seção Tendências/Debates

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Monarqui  a

A continuidade, a honestidade,

 a transparência e os valores que a república não oferece.

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