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1 Editorial LENA E JORGE FONTAÍNHAS (CASAL RESPONSÁVEL PELA COMUNICAÇÃO) AO CORRER DOS DIAS Ainda mal refeitos da azáfama natalícia e das festas do ano novo, celebrámos os Reis, de- pois o Carnaval e, sem quase haver tempo para respirar, damos connosco na Quaresma. Chega de correr. É tempo de parar. Olhemos um pouco para trás antes de nos debruçarmos so- bre o presente e, logicamente, sobre os planos para o futuro próximo ou longínquo, como é de bom tom no princípio dos anos. O novo ano começou há pouco. Ainda é altura. Se lançarmos um olhar, mesmo rápido, sobre o Encontro Nacional de Novembro, em Fátima, havemos de concordar que foi uma experiên- cia muito importante na nossa vida no Movimento. Nem é preciso que recordemos tudo. Só o facto de dois mil equipistas terem convivido em espírito de verdadeira fraternidade durante dois dias, cantando e re- zando e escutando a Palavra, embo- ra não seja acontecimento inédito, é sempre daqueles que enche e acon- chega a alma, num bom sentimento que perdura. A Eucaristia do Do- mingo na nova Igreja da Santíssima Trindade, a primeira Eucaristia pública celebrada nessa Igreja, foi um deslumbramento. E o Dever de se Sentar. ODSS, na tarde de sábado, como ele foi, transformou-se num testemunho do amor conjugal e do Movimento, na sociedade. Houve mais, claro. Mas o Dever de se Sentar. O casais debaixo de chapéus-de-chuva de di- ferentes cores, espalhados pelas es- cadarias da Basílica e pela Esplana- da, paulatinamente conversando sob o olhar do Senhor, os mais novos correndo, de vez em quando, atrás dos filhos pequenos, interpelou e fez surgir muitas perguntas às pessoas que circulavam e se espantavam.

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Editorial

LENA E JORGE FONTAÍNHAS (CASAL RESPONSÁVEL PELA COMUNICAÇÃO)

AO CORRERDOS DIAS

Ainda mal refeitos da azáfamanatalícia e das festas do anonovo, celebrámos os Reis, de-pois o Carnaval e, sem quasehaver tempo para respirar,damos connosco na Quaresma.Chega de correr. É tempo deparar.

Olhemos um pouco para trásantes de nos debruçarmos so-bre o presente e, logicamente,sobre os planos para o futuropróximo ou longínquo, como éde bom tom no princípio dosanos. O novo ano começou há pouco.Ainda é altura.

Se lançarmos um olhar, mesmorápido, sobre o Encontro Nacionalde Novembro, em Fátima, havemosde concordar que foi uma experiên-cia muito importante na nossa vidano Movimento. Nem é preciso querecordemos tudo. Só o facto de doismil equipistas terem convivido emespírito de verdadeira fraternidadedurante dois dias, cantando e re-zando e escutando a Palavra, embo-ra não seja acontecimento inédito, ésempre daqueles que enche e acon-chega a alma, num bom sentimentoque perdura. A Eucaristia do Do-mingo na nova Igreja da Santíssima

Trindade, a primeira Eucaristiapública celebrada nessa Igreja, foium deslumbramento. E o Dever dese Sentar. ODSS, na tarde de sábado,como ele foi, transformou-se numtestemunho do amor conjugal e doMovimento, na sociedade. Houvemais, claro.

Mas o Dever de se Sentar. O casaisdebaixo de chapéus-de-chuva de di-ferentes cores, espalhados pelas es-cadarias da Basílica e pela Esplana-da, paulatinamente conversando sobo olhar do Senhor, os mais novoscorrendo, de vez em quando, atrásdos filhos pequenos, interpelou e fezsurgir muitas perguntas às pessoasque circulavam e se espantavam.

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Editorial

Visto donde quer que se visse, o es-pectáculo era singular e bonito.

A esta distância, já de três meses,recordamos ainda a serenidade dospares que conversavam, misturadosos recém-casados com os já há umajá longa vida casados, muitos senta-dos no chão da esplanada. Pensa-mos em tantos que não conseguemcomu-nicar ou tentam comunicarmas não convidam Deus, nas difi-culdades que fazem muitos abando-nar o esforço e desistirem do Deverde Se Sentar.

Na realidade, a comunhão no amornão é possível se não for comunica-ção. Porque é difícil expormo-nos,negamos ao outro um coração que oacolha. Tantos são os preconceitosque impedem que nos esvaziemos,que não nos deixamos encher peloque ele nos pede. Do mesmo modo, astensões que nos bloqueiam, frutos emmau estado das memórias de cenaspassadas, de longos silêncios queconsentimos que se fossem, pouco apouco, instalando entre nós. Quantossão aqueles que se sentem melhoresesposos/as porque não partilham oque pensam e sentem? Quantos nãotemem que o diálogo vá desaguarnuma discussão donde não sai a luze que, fatalmente, vai conduzir àguerra? Mas o conflito pode ser resol-vido pela negociação, de maneira aque ganhem os dois. Não é precisoque um ganhe e o outro perca. Istoaté é fácil para aquele que tem maisrecursos. Porque só o mais forte po-de, voluntariamente, fazer-se fraco esó o que tem pode renunciar a ter. Sóo que pode, pode decidir não poder,

assim como fez Cristo pregado nacruz. Condição de Ressurreição.

E estamos na Quaresma. Tempo dereflexão, tempo de doação para osque vivem juntos, mesmo quandonão apetece. O que é sempre possívelporque continuamos a amar-nos aonível da vontade profunda. Tambémo casal, como a pessoa, só existe narelação e a relação tem que sercuidada. Não será fácil mas o que éfácil empobrece-me e empobrece arelação. Se o esforço custa tambémconstrói. Ofereçamos ao Senhor,nesta Quaresma, o nosso tempo paraque seja um longo Dever de Se Sentar.Aceitemos ser desinstalados peladiferença do outro, única maneira deo conhecermos. Não dispensemos aspequenas cumplicidades nem ascomunicações não verbais. Não nosdeixemos embrulhar nas nossascomplicações. Atravessandoconstrangimentos e aparências, semacordar fantasmas, sejamos capazesde escutar e confidenciar tudo o quevive em nós. Isto, com Cristocrucificado e Cristo ressuscitado nocoração de cada casal. Aleluia.

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Conselheiro Espiritual

“SPES SALVI”PREPARANDOA PÁSCOA 2008

PADRE ANTÓNIO JANELA (CONSELHEIRO ESPIRITUAL DA SUPRA-REGIÃO)

Aproximando-se a Páscoa, é nosdado agora viver este tempo de pre-paração que é a Quaresma. Porquenão tomar como objecto de reflexão ediálogo a recente encíclica de BentoXVI, “Spes Salvi”?

Bento XVI assume o que constituiuum dos propósitos fundamentais deseu antecessor imediato, João PauloII. Com toda a energia de seu caráctere de homem de acção, o Papa Wojtylapropôs-se responder ao desafio dasecularização. Fê-lo com as suasenormes capacidades e, sobretudo,no campo da acção. Bento XVI assu-me este mesmo desafio, mas a umnível mais profundo, em diálogo so-bretudo com os humanismos hodier-nos, situando o diálogo onde, na opi-nião de alguns, são decididas muitas

das questões mais graves de nossotempo: ao nível da visão do homem,no âmbito da antropologia. BentoXVI continua neste mesmo empenhoconvidando a um diálogo e a umaautocrítica tanto à modernidadecomo à fé cristã,

Sempre com um estilo amável e po-sitivo, o Papa dirige sua análise àsituação da cultura actual, em diálo-go especialmente com o âmbito ale-mão – filosófico e teológico – ao qualele pertence e que tanta influênciateve na Europa. Propondo uma re-flexão a crentes e não crentes, apre-senta uma pergunta radical: Queespera o homem de hoje? Neste sen-tido, a encíclica distingue entre “asesperanças” e “a grande esperança”.“Nós - afirma o Papa - necessitamos

“Como cristãos, não basta perguntarmo-nos:como posso salvar-me a mim mesmo? Devemosantes perguntar-nos: o que posso fazer a fim deque os outros sejam salvos e nasça também paraeles a estrela da esperança? Então terei feitotambém o máximo pela minha salvação pessoal”Spes Salvi n.º 48.

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Conselheiro Espiritual

das esperanças – menores ou maio-res – que, dia após dia, nos mantêm acaminho. Mas sem a grande espe-rança, que deve superar tudo o resto,aquelas não bastam”. Nas ciênciashumanas - filosofia, psicologia, an-tropologia - a esperança está unidaao sentido da existência, à comu-nicação e à felicidade, de tal maneiraque a falta de motivação - por não terninguém e nada esperar - leva con-sigo um aumento da depressão ou datristeza profunda que pode desem-bocar num suicídio físico ou numamorte vital prematura. “Não é aciência que redime o homem. O ho-mem é redimido pelo amor” assinalaBento XVI, numa crítica às preten-sões do pensamento moderno.

É possível viver e aceitar o presente,afirma o Papa, se houver “uma es-perança fidedigna”, destacando aimportância da eternidade, não nomundo actual – “a eliminação damorte ou o seu adiamento quase ili-mitado deixaria a terra e a humani-dade numa condição impossível” –mas como “um instante repleto desatisfação, onde a totalidade nosabraça e nós abraçamos a totali-dade”.

“A verdadeira e grande esperança doser humano, que resiste apesar de to-das as desilusões, só pode ser Deus,que abraça o universo e nos podepropor e dar aquilo que, sozinhos,não podemos conseguir”. Deus é, as-sim, o fundamento da esperança, nãoum deus qualquer, mas aquele Deusque possui um rosto humano e quenos amou até ao fim, cada indivíduoe a humanidade no seu conjunto.

Numa linha de continuidade com asua primeira encíclica, o Papa su-blinha a dimensão comunitária daesperança e refuta as críticas de quea salvação proposta pela fé cristãseja “fuga da responsabilidade ge-ral”. “O amor de Deus revela-se naresponsabilidade pelo outro”, des-taca.

A segunda parte deste documentoteológico apresenta uma série de li-ções, considerações práticas sobrea oração como escola da esperança;o agir e o sofrer como lugares daaprendizagem da esperança; o Juízocomo lugar de aprendizagem e deexercício da esperança.

Bento XVI indica que rezar “não é re-tirar-se para o canto da própria feli-cidade” e que “o nosso agir não é in-diferente diante de Deus” nem para“o desenrolar da história”. “O modocorrecto de rezar é um processo depurificação interior que nos tornaaptos para Deus e, precisamentedesta forma, aptos também para oshomens”. “Assim tornamo-nos capa-zes da grande esperança e ministrosda esperança para os outros: a espe-rança em sentido cristão é sempreesperança também para os outros. Eé esperança activa, que nos faz lutarpara que as coisas não caminhempara o “fim perverso”. É esperançaactiva precisamente também no sen-tido de mantermos o mundo aberto aDeus. Somente assim, ela permanecetambém uma esperança verdadeira-mente humana”.

“A capacidade de sofrer por amor daverdade é medida de humanidade”,

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afirma o Papa. No entanto, “esta ca-pacidade de sofrer depende do géne-ro e da grandeza da esperança quetrazemos dentro de nós e sobre aqual construímos”. Neste ponto, Ben-to XVI advertindo quem optou pelaindiferença perante o amor, a verda-de e o bem, assinala que “não é a fugadiante da dor” que cura o homem. Anova encíclica acaba por fazer refe-rência ao ateísmo e a quantos que-rem ”um mundo que deve criar a jus-tiça por sua conta”, esquecendo que“Deus sabe criar a justiça”. Um mun-do que deve criar a justiça por suaconta é um mundo sem esperança.

O chamado “juízo final” surge comoum “apelo à responsabilidade e comouma resposta “à impossibilidade dea justiça da história ter a última pa-lavra”. Por isso o Papa afasta a ideiade uma restauração universal e falade inferno e purgatório, porque “coma morte a opção de vida feita pelohomem torna-se definitiva”. “Comocristãos, não basta perguntar-noscomo posso salvar-me. Devemos an-tes perguntar: o que posso fazer paraque os outros sejam salvos e nasça,

também para eles a estrela da espe-rança? Então, terei feito o máximopela minha salvação pessoal”, con-clui o Papa.

A Igreja, num hino com mais de milanos, saúda Maria, a Mãe de Deus,como “estrela-do-mar”: Ave marisstella. “As verdadeiras estrelas danossa vida são as pessoas que sou-beram viver com rectidão. Elas sãoluzes de esperança. Certamente, Je-sus Cristo é a luz por antonomásia, osol erguido sobre todas as trevas dahistória. Mas para chegarmos até Eleprecisamos também de luzes vizi-nhas, de pessoas que dão luz rece-bida da luz d’Ele e oferecem, assim,orientação para a nossa travessia.E quem mais do que Maria poderiaser para nós estrela de esperança?”.Por isso o Santo Padre termina asua encíclica com uma belíssima pre-ce evocando Maria como Mãe da es-perança: “Santa Maria, Mãe de Deus,Mãe nossa, ensinai-nos a crer, espe-rar e amar convosco. Indicai-nos ocaminho para o seu reino! Estrela--do-mar, brilhai sobre nós e guiai--nos no caminho!”

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Dado o elevado número de traduções que cada vez mais são necessárias, estamos a precisar de maistradutores de (e para) inglês, francês, espanhol e italiano.

Oferecemos :. Oportunidade para se dedicarem ainda mais ao Movimento.. Possibilidade de devolverem uma parte do que dele já receberam .... Actualização constante, pois serão os primeiros a ler os textos que traduzirem (!).. Integração na Equipa Tradutores do Movimento (sem obrigação de presença às reuniões).. Trabalho de acordo com o vosso tempo livre.

Quem se disponibilizar para este serviço ao Movimento muito agradecemos que envie os seus contactos parao Secretariado (21 842 93 40 ou [email protected] ).

Bem hajam.

ESTAMOS A PRECISAR DE MAIS TRADUTORES

ANA E VASCO

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Queridos amigos,

A todos vós, casais e ConselheirosEspirituais da África do Sul, CaboVerde, S. Tomé e Príncipe, Moçam-bique, Angola e Portugal, enviamosuma saudação calorosa e votos deBom Ano de 2008. E já somos muitos,pois como mostra a contagem efec-tuada neste início de ano, já ultra-passámos as mil equipas integradasna Supra-Região Portugal, o que cor-responde a cerca de 6.000 casais.

Por sermos de dois continentes e porcausa da língua que nos une a outrospaíses onde se fala ou vivem portu-gueses, temos consultas ao nosso site([email protected]) oriundas das mais di-versas paragens (ver mapa mundoapresentado nesta Carta).

Tem sido o espírito do Segundo Fô-lego, bem presente hoje em todo oMovimento, que nos tem levado aaliar a nossa formação, como casaiscristãos, ao empenhamento apostó-lico e missionário. E vamos conti-nuar esse caminho não só fora dasfronteiras de Portugal, com a recentedecisão de nos dedicarmos também àGuiné, mas também nas dioceses deBragança e Beja, prosseguindo os es-forços já iniciados no passado.

Esta acção missionária também jáestá a produzir frutos para os equi-pistas de Portugal, que muito bene-ficiaram com os testemunhos ver-dadeiramente cristãos dos casais eConselheiros Espirituais de Angola,Moçambique, Cabo Verde e S. Tomée Príncipe, que participaram, pelaprimeira vez, num painel no Encon-tro Nacional de 2007 (17 e 18 No-vembro).

Neste Encontro tivemos oportunida-de de apresentar os resultados doinquérito sobre o “Discurso de Chan-tilly” (cujo resumo incluímos nestaCarta), e verificámos a grande ape-tência do Movimento por conhecermelhor a obra do fundador (foramvendidos os 500 livros que tínhamoslevado para Fátima). Mas, ao mes-mo tempo houve uma fraca adesão àAssociação dos Amigos do PadreCaffarel (apenas 10 inscrições!), queinterpretamos também como faltade motivação pelo desconhecimentoque existe, ninguém ama o que nãoconhece...

Constatamos pois a necessidade dedar a conhecer melhor o pensamentoe a obra do Padre Henri Caffarel, fun-

DAR A CONHECERA VIDA E A OBRADO PADRE HENRI CAFFAREL

Supra-Região

ANA E VASCO VARELA (CASAL RESPONSÁVEL SUPRA-REGIONAL)

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dador das ENS, o que nos levou a de-finir uma nova prioridade e a tomardiversas medidas na última reuniãoda Equipa da Supra-Região (Fátima,11 a 13 Janeiro 2008):

- Divulgar a biografia do Padre Caf-farel através do livro já editado emPortuguês: “Henri Caffarel, um ho-mem cativado por Deus”;

- Divulgar os 18 Editoriais do PadreCaffarel publicados nas CartasVerdes iniciais;

- Incluir estes editoriais nos Cader-nos de Pilotagem, conforme pro-posta do 2º Encontro Nacional deFormadores (Fátima, 12 de Janeirode 2008);

- Divulgar um texto fundamentaldo Padre Caffarel (de 1958), ondeapresenta um novo conceito deespiritualidade, a espiritualidadeconjugal, revelando as graças e asexigências do Sacramento do Ma-trimónio, documento essencialpara a compreensão do seu pensa-mento sobre este Sacramento: “Poruma Espiritualidade do CristãoCasado”;

- Abrir uma nova secção “HenriCaffarel” na Carta periódica, comtextos seus, começando já nestaCarta de Fevereiro com este textofundamental sobre a Espirituali-dade Conjugal;

- Editar, em parceria com a EditoraPrincipia, mais dois livros do Pa-dre Caffarel: “Aux Carrefours del’Amour” (Fevereiro 2008) e “Pré-sence à Dieu” (Novembro 2008);

- Adoptar para tema do próximo ano(2008/2009) um tema preparado emFrança com base em textos do Pa-dre Caffarel;

- Incluir este tema do Padre Caffarelno conjunto de temas propostospelo Movimento às equipas queterminam a pilotagem;

- Introduzir textos do Padre Caffarelnas diversas sessões de formaçãoorganizadas pelo Movimento, con-forme proposta do 2º Encontro Na-cional de Formadores (Fátima, 12de Janeiro de 2008);

- Traduzir para Português, logo queesteja disponível, o livrinho sobreo Padre Caffarel que está a ser ela-borado pela Equipa Satélite res-pectiva.

Que estas leituras nos reconduzamàs fontes do nosso Movimento e se-jam ajuda e estímulo para cami-nharmos, a dois, mais e melhor paraa Santidade, desenvolvendo o quenos é próprio: A EspiritualidadeConjugal.

Um abraço em Cristo.

Supra-Região

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Aproveitando a estadia em Portugal da Equipa Responsável Internacional(ERI), por ocasião do Colégio Internacional de 2008, estamos a organizar umEncontro com a ERI, oportunidade única para os equipistas de Portugal. Seráno dia 26 de Julho de 2008, em Fátima, no Centro Pastoral Paulo VI (Sala doBom Pastor).

Será um Encontro onde iremos conhecer em detalhe a organização do Movi-mento a nível Internacional, a realidade das Zonas apresentada pelos respec-tivos casais responsáveis membros da ERI e as novas Equipas Satélite, que sãoda responsabilidade da Tó e Zé Moura Soares.

A presença de muitos equipistas, todos estão naturalmente convidados, seráuma manifestação da vitalidade do Movimento em Portugal, mostrando queestamos activos e actuantes não só dentro das nossas fronteiras mas tambémnos países africanos de língua oficial portuguesa. Estarão também presentestodos os regionais, incluindo os de Angola e Moçambique.

Uma presença significativa será um sinal do nosso bom acolhimento, já que aERI é nossa convidada. De facto, este Colégio Internacional realiza-se em Por-tugal a convite da Supra-Região. Contamos pois com a vossa presença, sabe-mos que a hospitalidade não é palavra vã na nossa terra.

AO ENCONTRODA ERI

PROGRAMA DO ENCONTRO COM A ERI

TODOS OS EQUIPISTAS ESTÃO CONVIDADOS PARA ESTE ENCONTRO COM A ERI

Supra-Região

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14:30 h - Acolhimento15:00 h - Oração15:15 h – Abertura pelo Casal SR de Portugal (Ana e Vasco)15:30 h – Mensagem do CR ERI (Maria Carla e Carlo)15:45 h - Apresentação das 4 Zonas e do Projecto Equipas Satélite16:45 h – Diálogo com a ERI17:00 h – Missa (concelebrada pelos CE ERI e CE SR Portugal)18:00 h – Magnificat

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Quem visita o site das ENS?

Em 24 de Dezembro de 2007 colocá-mos no site das Equipas um contadorque identifica a origem dos visitantesdo site. A apresentação gráfica é bas-tante elucidativa e os mapas mos-tram-nos onde vive quem nos visita.Desde a data de início da contagem eaté ao final de Janeiro, cerca de cincosemanas portanto, foram registadasmais de 3.000 visitas.

Este novo contador peca, noentanto, por defeito pois ocontador original, que aindafunciona, dá-nos resultadosbastante mais fiáveis embo-ra sem o pormenor geográfi-co e indica uma média que seestabilizou em cerca de 300visitas diárias, com uma du-ração média de 10 a 18 mi-nutos cada. O gráfico mostraos resultados de uma sema-na típica.

www.ens.pt

Estes números levam-nos a meditarno alcançe que o nosso Movimentotem em todo o mundo e na responsa-bilidade que todos temos para comos amigos que nos fazem confiançae que lêm aquilo que publicamos. Aatenção de todos os equipistas, a to-dos os níveis da estrutura do Movi-mento, é fundamental para que o sitese mantenha actualizado e que cor-responda à expectativa daqueles ovisitam.

JORGE FONTAÍNHAS

Supra-Região

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EQUIPAS CRESCEM 12%(SR Portugal, Jan 2008)

Em 2007, na Supra-Região Portugal, o Movimento cresceu 11,7% , graças sobretudo a Angola e Moçambique.

Em 1 de Janeiro de 2008 as estatísticas do Movimento eram as seguintes:

- 1053 equipas (haviam 943 equipas em 1 Janeiro 2007)- 188 equipas em pilotagem (143 em 2007)- 5620 casais (4.940 em 2007)- 226 viúvas (206)- 36 viúvos (33)- 684 conselheiros espirituais (665)

188 EQUIPAS EM PILOTAGEM

As 188 equipas que estão em pilotagem, pertencem a:

- Províncias Norte e Centro, e Sul — 68- Angola — 89- Moçambique — 17- S. Tomé e Príncipe — 10- Cabo Verde — 4

Supra-Região

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ENCONTRO EQUIPAS SECTORFátima, 23 e 24 Fevereiro 2008

ENVIADOS PARA SERVIR

«Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas paraservir e dar a sua vida em resgate de todos.» Mc. 10, 45

A Equip a de Sector , à semelhança da equipa de base, reúne-se emnome de Cristo, aprofunda o conhecimento mútuo, reza e medita a Palavrade Deus, reflecte e celebra as alegrias da sua caminhada em conjunto. Aspropostas são analisadas conjuntamente e as decisões tomadas e assumidascolegialmente. A ela cabe unir , ligar , formar , animar e difundir oMovimento, propondo aos casais um Caminho de Amor , Felicidade eSantidade . É em função destas missões que a Equipa de Sector orientaas suas actividades. Por tudo isto dizemos que ela é a comunidade maisessencial à vida das equipas

«O Sector é uma comunidade de equipas que querem caminhar juntase ajudar-se mutuamente nessa caminhada.» (Guia das ENS)

OBJECTIVOS

* Rezar juntos.

* Reflectir sobre a missão e as responsabilidades das equipas de sector.

* Ganhar forças para O servir melhor.

* Reforçar a unidade.

DESTINATÁRIOS

* Casais e Conselheiros Espirituais , membros das Equipas de Sector.

* Casais e Conselheiros Espirituais convidados para o Serviço.

Supra-Região

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Correio da ERI

EQUIPISTAS,HOMENS E MULHERESFIÉIS A UM CARISMAPADRE ANGELO EPIS (CONSELHEIRO ESPIRITUAL DA ERI)

Enquanto escrevo este editorial, asEquipas de Nossa Senhora prepa-ram-se para celebrar o 60.º Aniver-sário da “Carta das Equipas de Nos-sa Senhora” por todo o mundo ondeelas existem. Procuro deixar-me ilu-minar pela experiência vivida peloPadre Caffarel no seguimento de Je-sus, para repetir certos desafios so-bre “A Equipa comunidade da Igre-ja”. Com efeito, nós não fazemosunicamente parte da Igreja mas so-mos, também, os guardiães dum ca-risma que o Espírito Santo nos deu.O itinerário proposto pela Carta nãoé um acessório mas um dom a rece-ber, para viver e para enriquecer notempo através da história de cadaum de nós.

Lemos no Evangelho de Marcos (3,13-15) “Jesus subiu depois a ummonte, chamou os que Ele queria eforam ter com Ele. Estabeleceu dozepara estarem com Ele e para os en-

viar a pregar...”. A união com Cristo,fim primeiro dos equipistas, comodizia o Padre Caffarel, permite a ca-da um entrar na profundidade darelação com Ele, base e fonte do ca-minho de cada cristão e, portanto, decada casal chamado a viver a espiri-tualidade ao longo dos caminhos doshomens.

Numa sociedade caracterizada pelatendência para o individualismo,para a cultura do sucesso, para o “fa-ça você mesmo”, o bem-estar e o su-cesso frequentemente seduzem-nosaté colocarmos neles a nossa segu-rança. Convido cada um de nós, ca-sais e conselheiros espirituais a refa-zer o caminho do “deserto”, a fim deverificar em quem pomos a nossaesperança, libertos dos numerososou raros ídolos, dos numerosos ouraros falsos casais em que nos torná-mos e, sobretudo, a redescobrir que“se vem para as Equipas por Deus e

A partilha ajuda-nos a verificar quando Deus passa nanossa vida e a tornarmo-nos autênticos e exigentescompanheiros de viagem a fim de descobrirmos osplanos de Deus na vida dos outros equipistas.

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Correio da ERI

que aí se permanece por Deus”. Fre-quentemente, o Padre Caffarel insis-tiu sobre a necessidade de redesco-brir a espiritualidade como um cha-mamento para todos.

“A espiritualidade é a ciência quetrata da vida cristã e dos caminhosque conduzem ao seu pleno desabro-char”. Não se trata de nos afastar-mos do mundo, mas de aprender,com o exemplo de Cristo, como ser-vir Deus na vida e no mundo. A espi-ritualidade não é apenas feita de cer-tos aspectos como a oração ou a as-cese, mas conduz ao serviço de Deusonde vivemos: na família, no traba-lho, na cidade.

No cerne do percurso espiritual doscasais, o Padre Caffarel baseia a suareflexão sobre o amor, sobre as es-treitas relações entre o amor de Deuse o amor humano. A chave: “O amorhumano é a referência que nos ajudaa compreender o amor divino. Por-que pode fazer de dois seres um só,salvaguardando a personalidade decada um, o amor permite-nos adqui-rir a compreensão da misteriosaunião de Cristo com a humanidade edo casamento espiritual da alma como seu Deus” (sobre o amor e a graça,p. 44). Atingimos o coração da re-flexão: partindo da experiência doamor do casal, pode descobrir-se oamor de Deus, a sua fidelidade, o seudesejo do nosso bem; simultanea-mente os esposos desejam a felicida-de um do outro, tanto no plano hu-mano como no do seu crescimentoreligioso; sem estas dimensões, o seuamor quedar-se-ia imperfeito e, diz oPadre Caffarel, “mesmo mutilado”.

É por tudo isto que é importante fa-zer a experiência do deserto parachegar a um grande amor, a umapaixão que conduza a uma identifi-cação com Cristo, o Deus feito ho-mem, a experimentar os seus senti-mentos e a seguir os seus passos. Aolongo deste caminho descobre-seDeus como o valor supremo da vida.

Temos consciência da nossa fragili-dade e de todas as tentações às quaisestamos expostos; percebemos, emcada momento da nossa vida, quantonecessitamos do outro, do nosso côn-juge, da nossa equipa, da comuni-dade social e eclesial para que este-jam ao nosso lado a estimular-nos, ailuminar-nos, a revelar-nos as esco-lhas erradas a que a nossa fraquezanos podia conduzir.

Sublinho dois aspectos do nosso ca-minho em equipa: a partilha e a pi-lotagem. A partilha é o resultadodum caminho pessoal e dum deverde se sentar bem vivido no interiordo casal. Assim, na reunião de equi-pa, manifesta-se a ajuda recíproca,seja como comunicação espiritual,seja como o assumir da responsa-bilidade em direcção à comum voca-ção para a santidade.

A partilha ajuda-nos a verificarquando Deus passa na nossa vida e atornarmo-nos autênticos e exigentescompanheiros de viagem a fim dedescobrirmos os planos de Deus navida dos outros equipistas.

A pilotagem tem uma função delica-da na equipa. Os casais, hoje, de restocomo sempre, são capazes, dotados,têm possibilidades, mas para liber-

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tar todas as suas forças têm necessi-dade de alguém que os ajude a reco-nhecê-las, a cultivá-las, a fazê-lasfrutificar. No princípio, a vida dumaequipe depende muito das ocasiõesque se lhe oferecem e das pessoasque encontra. Um acompanhamentoexige pilotos “mestres e guias”, quesaibam estimular, apoiar, iluminar.Devem disponibilizar-se para umcaminho sereno e aprofundado de“discernimento” sobre a sua vidaconjugal. A pilotagem tem que le-var para a reunião, de forma clara etransparente, o Cristo vivo do Evan-gelho que se manifesta na Palavra,nos Sacramentos e especialmente naEucaristia e nas relações humanas.

As motivações humanas e espirituaisque levam um casal a comprometer-se nas Equipas de Nossa Senhora,devem ser, sobretudo hoje, purifica-das e filtradas à luz da radicalidadeevangélica para evitar o risco deconstruir, ao longo dos anos, falsasmotivações. Num dado momentoelas acabam necessariamente numacrise de identidade e de escolha, pro-vocando cansaços e dificuldadespara viver a vida em equipa. “A leal-dade exige que os membros dumMovimento adiram a ele ou nele per-maneçam, unicamente se as suas in-tenções corresponderem ao idealproposto pelo movimento. O casalpiloto, que acompanha a nova equipano seu discernimento, deve ter bemclaro que o primeiro objectivo a atin-gir é meta comum a cada pessoa:“humanizar a vida”.

É neste processo, que se relacionacom Cristo, que se instaura a desco-

berta do método proposto pela Equi-pas de Nossa Senhora. Não é a quan-tidade de equipas que nos preocupa!É o “interesse” por cada pessoa, odesejo que cada casal possa crescer etornar-se livre, isto é, capaz de amare desejoso de percorrer o caminho dasantidade. A escolha foi feita e temfuturo quando o casal descobre a suavocação para o amor, aprendendo aviver bem inserido na sua realidade,a aceitar as pessoas sem preconceitosnem classificações, a cultivar emprofundidade o desejo de viver e defazer crescer a vida em qualquer cir-cunstância.

Assim como a sua pertença, as di-nâmicas da equipa onde o casal seintroduz para viver, não têm umaimportância menor. A equipa de baseé o lugar onde se integram harmo-niosamente a liberdade e o método, afantasia e a disciplina, a inovação e oserviço. O casal deve compreenderque estar juntos, trocar experiências,conhecer-se, criar coisas confrontar--se com os outros faz parte da vidaquotidiana a partir da qual começa ocaminho da santidade. O conselheiroespiritual é o “companheiro de via-gem” que, tomando a sua experiênciade Deus pela sua diferente vocação,enriquece a equipa e é enriquecidopor ela, através duma relação quemergulha no amor e no encontro comCristo presente na sua vida e na dosoutros.

8 de Dezembro, solenidade da Ima-culada Conceição de Maria, reveste-se para nós duma importância par-ticular. Não foi por acaso que o PadreCaffarel escolheu a denominação de

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Equipas de Nossa Senhora. A ligaçãocom a Mãe do Senhor é profunda esignificativa. Escrevia ele: “este amorde Nossa Senhora não é um senti-mento frouxo: ele é um deslumbra-mento face à mais radiosa e santadas criaturas, é reconhecimento fi-lial dirigido à mais Mãe de todas asmães, é vontade activa de lhe agra-dar, de a ajudar na sua missão, que éprecisamente de maternidade juntode todos os homens...” (Maio 1952).

Maria é o modelo daquilo que Deusrealiza na pessoa que permanente-mente escuta, totalmente disponível,aberta a caminhos desconhecidos.Maria, por outro lado, está presente eactiva nos momentos chave da vidado seu Filho e da primeira comuni-

dade cristã. Pelo exemplo de Maria, oequipistas aprende a reconhecer asua própria pobreza, a cantar agrandeza do Senhor e as maravilhasque Ele realiza nas criaturas.

O Magnificat, rezado e vivido diaapós dia, conduz a uma fé forte ecorajosa, que nos permite dizer onosso “aqui estou” e que nos leva aseguir fielmente o Mestre, fazendoressoar em nós as palavras de Mariaem Caná: “Façam o que Ele vos dis-ser” /Jn 2, 5). Deste modo somos ca-pazes de conservar a coragem comesperança e amor aos pés da Cruz, decada cruz, e junto dos crucifixos que,mesmo hoje, achamos no mundo eque encontramos no nosso caminhode testemunhas do Ressuscitado.

NOTÍCIASDA ZONA EURÁSIA

JAN E PETER RALTON (CASAL DE LIGAÇÃO PARA A ZONA EURÁSIA)

UM NOVO CASAL RESPONSÁVELDA ZONA EURÁSIA

Em primeiro lugar queremos agra-decer a Elaine e John Cogavin a suadedicação às Equipas de Nossa Se-nhora e a sua amizade ao longo des-tes últimos seis anos. É com uma

viva emoção (e um certo grau de in-quietude) que começámos em Julho onosso mandato como Responsáveisda Zona Eurásia na Equipa Respon-sável Internacional. È enorme a nos-

Apresentação de Jan e Peter Ralton

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sa admiração face à energia, sabedo-ria e dedicação que Elaine e John de-monstraram durante o seu mandatoe ser-nos-á difícil atingir o mesmonível. Sabemos, contudo, que nos de-vemos empenhar com todas as nos-sas aptidões e tentar contornar asnossas fraquezas e esperamos, du-rante esta caminhada, aprendermuito e contribuir para o desenvol-vimento e para o bem estar das Equi-pas da Zona Eurásia.

A NOSSO RESPEITO

Somos Jan e Peter Ralton. Nascemosambos na Austrália e vivemos emMelbourne, no sudeste do continente.Peter é um especialista em avaliaçõesde bens mobiliários. Trabalhou parao governo do Estado de Vitória du-rante vários anos e especializou-sena análise de bens mobiliários e ava-liações por computador. Neste últi-mos anos, reformou-se em parte etrabalhava alguns dias por semanaem casa. Isto permitiu-lhe dedicarmais tempo à sua função de Respon-sável da Supra-Região Oceânia queassumíramos dezoito meses antes.Mais recentemente foi convidadopara Director da Divisão do Institu-to Australiano dos Bens Imobiliáriosde Vitória. Jan deixou o trabalho aseguir ao nascimento dos nossos fi-lhos e trabalhou, desde então, essen-cialmente a partir de casa. Ambosfizemos parte de várias associações ededicámo-nos aos nossos interessespessoais. O de Peter é o desporto e,em particular, o cricket, o de Jan oacompanhamento das crianças e dasfamílias socialmente desprotegidas.

Temos três filhos e dois netos. Osnossos filhos e as suas famílias sãouma fonte de grande felicidade e deinteresse para nós. Dois dos nossosfilhos (e a nossa nova neta) vivemlonge de Vitória (a mais de 800 km)e por isso a nossa conta telefónica éexcessiva e gostamos sempre queapareça uma razão para os visitar.Felizmente, o nosso neto e os paisvivem muito perto.

AS EQUIPAS NA NOSSA VIDA

A nossa vida de equipa sempre foimuito importante para nós. Mesmono princípio, havia apenas a nossaequipa e o Encontro Anual. Festejá-mos o 30.º aniversário da nossaequipa e muitos dos equipistas doinício ainda se mantêm. Quandoconvidámos os casais e os conselhei-ros espirituais a juntarem-se-nos,achámos que íamos despertar e apro-fundar a nossa espiritualidade e a dogrupo inteiro.

A nossa primeira experiência paraalém da nossa própria equipa levou--nos a aceitar a pilotagem dumanova equipa, já lá vão muitos anos.Isso forçou-nos a aprofundar o queeram as Equipas assim como as ques-tões mais importantes relacionadascom os Equipistas. Admiramos ex-traordinariamente e temos em altaestima os membros dos diferentesgrupos ao nível do Sector, Região eSupra-Região com quem trabalhá-mos durante onze anos. Apreciámosenormemente os numerosos amigosque encontrámos durante a nossaparticipação no Colégio Internacio-

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nal nos cinco últimos anos. Todas es-tas pessoas nos mostraram a grandealegria do Movimento das Equipas, oque muito enriqueceu a nossa vida.

OS SEIS ANOS QUE SE SEGUEM

O ponto a atingir no nosso futuroserá apoiar activamente a Zona Eu-rásia e, em particular, as Supra-Re-giões Transatlântica e Oceânia e aRegião da Índia. Prevemos que, du-rante estes anos, a Índia se tornaráuma Supra-Região dado o seu cresci-mento actual. Também assumimos amissão de partilhar com os outros,na Zona, tudo o que as Equipas nosderam tão generosamente. Espera-

mos ver crescer novas equipas isola-das e sectores como a Nova Zelândia,as Filipinas, o Malawi e a Coreia e desermos, assim, capazes de suscitarum maior número de equipas nosseus países.

O sudeste da Ásia e os países angló-fonos de África merecerão a nossaprincipal atenção durante os próxi-mos anos. Temos, neste momento,vários casais que viajam na Zona,em regiões onde as Equipas não exis-tem ainda. Através destas missõeseles vão tentar formar novas equi-pas. O nosso papel será encorajá-lose apoiá-los nos seus esforços. Agra-decer-vos-íamos se vos lembrásseisdeles nas vossas orações.

GENEVIÈVE E HERVÉ DE CORN

ASSOCIAÇÃODOS“AMIGOSDOPADRE CAFFAREL”

PORQUE QUEREMOS PEDIR ABEATIFICAÇÃO DO PADRE CAFFAREL?:

Monsenhor Lustiger, arcebispo deParis, dizia do padre Caffarel que eleera um profeta! Hoje, todos estão deacordo para afirmar que o padre Caf-farel sempre soube ver os sinais dostempos e os antecipar. Reconhece-se,hoje, a plena actualidade da sua Pa-lavra.

A sua vida foi marcada por numero-

sas conversões na origem das quaisele esteve, e pela sua irradiação es-piritual.

As suas intuições, a sua perseve-rança e a sua humildade perante avontade divina, estão na origem demuitos Movimentos que respondemhoje às necessidades do nosso tempo.

Por isso é importante tornar conhe-cida a sua irradiação, a sua espiri-tualidade.

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Dar a conhecer e a reconhecer o pa-dre Caffarel, também é uma maneirade dar a conhecer os Movimento queo têm na sua origem, dos quais as“Equipas de Nossa Senhora”

“Qualquer beatificação é, ao mesmotempo, um dom e um reconhecimentodum dom de Deus à Sua Igreja. Comefeito, a Igreja tem por missão essencialser a mestra da Santidade para todos osCristãos”.

Padre Grendene – Brasil

1) FUNÇÃO DA ASSOCIAÇÃODOS “AMIGOS DO PADRE CAFFAREL”:

Como para qualquer beatificação, foicriada uma associação para apoiar aacção em seu favor.

Ela visa apoiar o pa-dre Marcovits, padrepostulador da causado Padre Caffarel eprover às necessida-des materiais neces-sárias para:

- Reunir o conjunto dos documentosproduzidos pelo padre Caffarel.

- Assegurar a leitura crítica de histo-riadores e de teólogos

- etc...

Marie-Cristine Gé-nillon, vice-postu-ladora, ocupa-se emreunir o conjuntodos documentos,publicações ou ou-tros sobre o PadreCaffarel.

O padre François Fleischmann, ex--Conselheiro Espiritual da ERI prestaigualmente um apoio precioso.

A pedido dum editor, Gérard e Ma-rie-Cristine de Roberty, antigos Res-ponsáveis da ERI, produziram umpequeno fascículo de 60 páginas, emformato A6, sobre a vida e a perso-nalidade do padre Caffarel. O prefá-cio foi redigido por Monsenhor GuyThomazeau.

Qualquer publicação sobre o padreCaffarel é bem-vinda e serve paracompletar o dossier de beatificação.

2) BALANÇO DO TRABALHO EM CURSO(FONTE: PADRE MARCOVITS, BALANÇODE JULHO DE 2007):

O postulador e a vice postuladora daCausa da beatificação encontraram,até esta data, 37 testemunhas fran-cófonas e 7 testemunhas não francó-fonas. Receberam 8 testemunhos es-critos, francófonos e 15 testemunhosescritos, não francófonos. Enfim, umcerto número de testemunhos escri-tos mais curtos, foram enviados ouanunciados.

A bibliografia (datas do aparecimen-to e traduções) dos livros do PadreCaffarel foi estabelecida e os diver-sos artigos escritos por ele em dife-rentes revistas foram reportoriados.Também o inventário de todos osfascículos e brochuras das Ediçõesfundadas pelo Padre Caffarel, as“Editions du “Feu nouveau”, foi feito.

Estão em curso (graças à participa-ção eficaz de Mgr. Fleischmann) oinventário e a dactilografia de todos

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os editoriais e artigos escritos peloPadre Caffarel, nas revistas que elefundou: “L’Anneau d’Or” (1945-1967),“Cahiers sur l’Oraison (1957-1989),“La Chambre Haute” (1973-1978),bem como os da Carta das Equipasde Nossa Senhora, de 1942 até 1973,sob os seus diversos títulos. Foi co-meçada a pesquisa parcial (não ten-do a totalidade ainda sido reunida)da revista do movimento das viúvas,“Offertoire” cujo primeiro númerodata de 1947.

Foram recebidos e inventariados oitodossiers de arquivos de pessoas quetrabalharam com o Padre Caffarel(entre os quais arquivos de famíliados membros da primeira equipa).

Está em curso (com a preciosa ajudaduma equipista) o trabalho de gran-de fôlego que representa a pesquisados arquivos das Equipas de NossaSenhora, até 1973.

3) UMA EQUIPA “SATÉLITE”PARA RECOLHER OS ESCRITOSDO PADRE CAFFAREL:

Em seguimento às decisões do Colé-gio de Durham 2007, uma Equipa Sa-télite (Internacional) foi criada. Écomposta por um casal do Congo,um casal da Argentina, e um casalfrancês encarregado de animar estaequipa.

A tarefa desta equipa consiste emelaborar um documento sintéticode40 páginas sobre a vida e o pensa-mento do Padre Caffarel. Este do-cumento será posto à disposição detodas as regiões e supra-regiões na

altura do Colégio de Fátima, em Ju-lho de 2008.

4) QUE DEVEMOS FAZER PARA AJUDARNESTE ESFORÇO?:

Aquando do Colégio de Durham, foidito claramente que os equipistasnão conhecem ou não conhecem bemo Padre Caffarel. Antes de se falar debeatificação, é necessário conhecer oPadre Caffarel dando a conhecer asua vida, o seu papel fundamental nacriação do movimento, as suas ins-tituições e o seu pensamento.

As acções para aí se chegar são nu-merosas e não vamos enumerá-lasaqui. Cada Supra-Região ou Regiãoisolada nomeou um correspondenteda associação para animar a comu-nicação.

Como casais das ENS, a melhor ma-neira de ajudar consiste em que cadaum se informe sobre a personalidadee o pensamento do Padre Caffarelpela leitura das suas obras, pela con-sulta do “site” da Internet, pela es-colha dum tema sobre o Padre Caffa-rel, etc... e dá-lo a conhecer.

Uma maneira eficaz de ajudar a cau-sa da beatificação consiste tambémem se inscreverem como membrosda associação. É importante que se-jamos numerosos para demonstrarclaramente a nossa vontade de ir atéao fim... Obrigado, pois, a todos vós...

E-mail:[email protected]

Site: “Os Amigos do Padre Caffarel”:http://www.henri-caffarel.org

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Vaticano, 20 de Novembro 2007

Queridos amigos,

Não deixei de informar o SantoPadre dos encontros que terãolugar em mais de 70 países domundo para celebrar os 60anos da Carta que o PadreCaffarel deu às Equipas deNossa Senhora para estruturaro movimento nascido demaneira informal à volta dele,a pedido de alguns casais quedesejavam ajudar-se uns aosoutros a viver o sacramentodo matrimónio recebido, nafidelidade ao Evangelho. Comalegria, o Papa une-se à vossa acção de graças.A Carta dá ao vosso Movimento uma pedagogia própria, que tende na totalidadepara uma procura efectiva da santidade. Com efeito, para o fundador dasEquipas, tratava-se em primeiro lugar de permitir aos esposos viver o seu amorcomo “um louvor a Deus”. Daí, uma regra exigente que visa objectivos elevados,com “pontos concretos de esforço” para os atingir. Esta sabedoria profundapermanece plena de actualidade, convidando a colocar no coração de toda a vidaespiritual e apostólica dos lares a preocupação duma oração verdadeira,desdobrada em todas as suas dimensões: pessoal, em família, em equipa e emIgreja, assim como o diálogo conjugal com o “dever de se sentar”. Possam osequipistas assim como os conselheiros espirituais permanecer fiéis à Carta edêem a conhecer os seus tesouros para além mesmo do Movimento!Neste 60.º aniversário, o Papa pede ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora,que derrame com prodigalidade os seus dons sobre os casais que se esforçamcom coragem e generosidade por consolidar a sua vida conjugal e familiartomando a Carta como guia, assim como sobre os seus filhos e os antigosequipistas. Sua Santidade concede a todos uma afectuosa Bênção apostólica.Recordando com alegria os quase vinte anos passados como conselheiroespiritual duma equipa de Roma, associo-me pela oração a todos os membros doMovimento e asseguro a todos a minha cordial dedicação em Cristo.

Secretário de Estado da Santa Sé

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MENSAGEMDO VATICANOPELOS 60 ANOS

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POR UMA ESPIRITUALIDADE DO CRISTÃO CASADO

PADRE HENRI CAFFAREL(L’Anneau d’Or, Nº 84, 1958)

Convidaram-me para vos falar daquilo a que costumamos chamar “espi-ritualidade dos cristãos casados” 1. Alguns teólogos recusam esta expressão, ou-tros defendem-na. O Padre Congar, no seu livro “Balizas para uma teologia dolaicado” 2, escreve para justificar este termo, que ele mesmo emprega: “Não se en-trará aqui no debate há pouco instituído em redor da palavra espiritualidade.Os que, dando à palavra toda a sua precisão e toda a sua densidade teológica,afastaram a ideia de uma espiritualidade do clero diocesano ou do laicado, reco-lheriam facilmente a nossa aprovação. Mas os que, tomando a palavra num sen-tido concreto, descritivo, se esforçam por recolher os elementos duma espiri-tualidade do clero diocesano, do apostolado ou do laicado, encontrar-me-iamacolhedor e simpaticamente atento.”

A “TENTAÇÃO DA SANTIDADE”

Proponho-me pois dar-vos uma introdução à “espiritualidade do cristãocasado”. Mas, desde o início, reafirmemos que: não há várias santidades, há apenasuma perfeição cristã. São Tomás de Aquino definiu-a assim: «Todo o ser é perfeitodesde que atinja a sua finalidade, que é a sua última perfeição; ora, a última fina-lidade da vida humana é Deus e é a caridade que nos une a Ele, segundo as pa-lavras de S. João: “Aquele que permanece na caridade está em Deus e Deus nele.”É pois especialmente na caridade que consiste a perfeição da vida cristã.» Para oleigo, para o religioso, a santidade é a mesma, define-se do mesmo modo.

Todo o cristão – e portanto também todo o cristão casado – é chamado àperfeição.

No entanto, é necessário reconhecer que quando tomam consciência disso,os leigos entram por vezes em pânico diante desta perspectiva da santidade. Na-da é tão impressionante como esta confissão de Jacques Rivière: «Meu Deus afastade mim a tentação da santidade. Não é para mim. Contentai-vos com uma vidapura e paciente que eu farei todos os esforços para vos dar. Não me priveis das

1 Estas páginas reproduzem as notas tomadas numa conferência feita há uns meses peloPadre Caffarel numa reunião de preceptoras de noviças de diversos Institutos religiosos da regiãode Paris.

2 Título em Francês: “Jalons pour une théologie du laïcat”.

Henri Caffarel

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alegrias deliciosas que conheci, que tanto amei, que tanto aspiro a reencontrar.Não confundais. Eu não sou da espécie que precisas. Eu sou casado e pai, souescritor. Não me tenteis com coisas impossíveis. Perderia o meu tempo nisso, –tempo que posso empregar de outra forma ao teu serviço!»

NECESSIDADE DE UMA ESPIRITUALIDADE DO CRISTÃO CASADO

Portanto, uma só santidade à qual todos são chamados e da qual se devedizer aos cristãos que são feitos para ela.

Mas espiritualidades? Espiritualidades, ou seja, caminhos para atingir estasantidade? Que têm de específico, o que caracteriza estes diversos caminhos? Pri-meiro, como sugere o Padre Congar, o estado de vida. É bem evidente, a doutrinacristã, que é a mesma para todos, não pode ser vivida da mesma maneira por ummonge, por uma religiosa que ensina, por um membro de um Instituto secular,por um homem ou uma mulher casados. Podemos desde já definir uma espi-ritualidade particular para cada um destes estados.

O que especifica igualmente as espiritualidades, são as grandes orientaçõesdadas pelos fundadores das diferentes Ordens: o louvor de um lado, a reparaçãode outro, ou ainda a tónica colocada na pobreza: aspectos diversos que apresen-tam, na Igreja, santos com fisionomias extraordinariamente variadas. Dois cris-tãos medíocres assemelham-se, enquanto que dois santos são sempre muito dife-rentes, embora habitados os dois por uma caridade heróica. Tipos de santidadevariados, caminhos variados, tudo isso para realizar esta única santidade e ofe-recer à nossa admiração uma face múltipla de Cristo, que permanece contudo omesmo: a única face de Cristo.

Em que consiste a espiritualidade do cristão casado? Poder-se-ia dizer, dir-se-á talvez um dia, que há espiritualidades do cristão casado. De resto, actualmentenão se vêm tipos de casais diferentes? Seria interessante e instrutivo possuiruma série de estudos sobre os casais ligando-se, pelas ordens terceiras ou outrovínculo, às grandes ordens religiosas. Mas deixemos isto, não é o nosso assunto.Tentemos apenas ver o que vale para todos os casais.

NÃO É PLÁGIO

Em primeiro lugar, em poucas palavras, o que não é a espiritualidade docristão casado. Não é um plágio da espiritualidade monástica. Fiquei com umaconsciência aguda disso no dia em que, após uma conferência, se me dirigiu umamulher de certa idade, muito entusiasta, que me disse que a tinha profundamenteinteressado; incomodado por tal demonstração disse-lhe: “Mas minha senhora,porquê essas felicitações inesperadas? – Eu vou dizer-lhe tudo, Senhor Padre.»Preparo-me para ouvir uma confidência, que parecia ter alguma dificuldade em

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sair! «O Senhor sabe, o Coronel (era assim que ela designava o seu marido, sóhavia um coronel no mundo!), quando casámos, evidentemente nessa altura eraapenas um pequeno tenente, mas já era profundamente cristão, era mesmo oblatode… (esqueci-me de que abadia); tinha um grande sentido da abnegação e da pe-nitência, e mesmo, Senhor padre, posso dizer-lhe que ele usava um cilício 3, masacrescentaria que era eu que sofria com isso!» Compreendi então porque mefelicitava tão calorosamente de preconizar uma espiritualidade conjugal: paraque os maridos aprendam que não lhe é recomendado usar um cilício se é a suamulher que se quer mortificar.

Portanto, primeiro conceito a eliminar: uma espiritualidade conjugal puroplágio da vida religiosa.

NEM EVASÃO, NEM INDIVIDUALISMO

Segundo erro a afastar: a espiritualidade de evasão. Uma mãe de famíliaprofundamente cristã, que tivesse recebido certamente grandes graças da oração,estava relacionada com todos os religiosos e religiosas da sua região; fazia muitosretiros nos seus mosteiros. Cada dia da sua vida, entre as 9 e as 11 horas da ma-nhã, ninguém – nem os empregados, nem as crianças, e mesmo o marido – deviaentrar no seu quarto. Ora, um dia chegou em que este homem foi procurarconsolação junto de outra, ligeiramente menos mística. E a família provavelmenteter-se-ia quebrado se Deus não tivesse chamado a si a esposa, o que permitiu aomarido contrair, em paz com a sua consciência, um novo casamento. Sem dúvida,seguidamente, ao encontrar o caderno espiritual da sua primeira mulher, elecompreendeu melhor aquela que tinha sido a sua companheira durante longosanos, e ele mesmo se converteu a uma vida mais cristã. Mas aí está bem o tipo deuma vida espiritual de evasão que não tem em conta as responsabilidades con-jugais e sociais.

Outro erro: uma vida espiritual individualista. Em muitos domínios, oscônjuges seguem uma unidade de visão e de acção que é habitual no plano docasal. Mas não fazem questão de comunicar no plano espiritual. Vive-se comDeus cada um por si. Cada um segue o seu pequeno caminho pessoal, afastado eabrigado do outro. Como um solteiro. Cada um diz: «eu», sem pensar no «nós»criado pelo Sacramento.

NÃO HÁ CONFUSÃO

Quarto erro – eliminando os erros desbrava-se o caminho! Uma vida espiri-tual que seria uma confusão. Que confessor não viu chegar, um dia, um jovemcasal: «Senhor padre, queremos confessar-nos os dois juntos. – Mas não, meu

3 Pano áspero usado por algumas ordens religiosas para mortificação.

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caro amigo, gostava mais de vos confessar um após o outro. – Mas, o padre UnteIconfessa-nos os dois juntos! – Bem, pode ser, mas… se assim querem, faremos ascoisas sucessivamente!» Evidentemente este desejo é tocante, parte de um bemnatural e traduz uma orientação verdadeira, mas que vai um pouco longe… Oscônjuges têm razão de pedir aos seus padres que sejam tratados como homem ecomo mulher casados, como cônjuges. Qual não foi a minha surpresa, um dia, aoler aquela carta de um camponês da Savoia - ele não tinha feito o curso de teologiamas via singularmente bem: «Após o casamento, a nossa vida espiritual tambémmuda, somos dois em um; doravante, as nossas almas não devem ser mais oumenos vizinhas, nem mesmo justapostas, mas duas almas intimamente unidas,duas almas que não devem caminhar para Deus separadamente, paralelamente,mas bem juntas. Os esposos não sabem geralmente exprimir isto, mas sentem--no mais ou menos nitidamente; eles desejam meios espirituais adaptados ao seunovo estado. Se estão habituados a uma direcção espiritual, sentem ainda maisesta necessidade; esperam, a partir do seu casamento, ser dirigidos em função dasua nova vida, em função da outra alma que não deve ser mais a alma-irmã, masa alma-esposa. De facto, geralmente nada é alterado. Continuamos, certamente,a fazer caminhar as duas almas o melhor possível, mas como se cada uma delasfosse a única a dever santificar-se independentemente da outra. Este problemaque acabamos de referir também afecta o padre; os esposos têm a impressão queeste não os segue tanto na sua nova vida, impressão geralmente agravada pelasua atitude mais reservada, mais facilmente distante. Com as dificuldades deadaptação e a ajuda do diabo, muitos entre eles acabam por acreditar que o seucasamento os põe à parte, um pouco à margem, quase fora da religião. Para osque tinham, antes da sua união, uma vida espiritual fervorosa, isto provocamuitas vezes verdadeiras crises de vida interior, que se traduzem por um abran-damento da vida religiosa e quase sempre por redução do apostolado. Ora duasalmas que se unem deveriam fazer mais que somar o seu potencial espiritual,elas deveriam multiplicá-lo. Na realidade acontece o contrário: este potencialdiminui, quando não cai mesmo a zero.»

«Podemos encontrar muitas causas da baixa da irradiação e da acção nestesjovens casais de elite. A mais grave é, quase sempre, a falta de unidade espiritualentre os esposos. Unimos os corpos, os corações, mas não unimos as almas. Naprática é necessário orientar os esposos para uma espiritualidade adaptada aoseu estado de casados, a toda a sua vida; para uma espiritualidade do casal. Isto exigetoda uma mística e toda uma ascese. (O nosso jovem camponês tinha pensado deforma bem singular neste problema!) Vós, os padres, trabalhais para renunciar,para se ultrapassarem, para se separarem de vós próprios para irem directamentepara Deus, e isso é difícil. Nós, os esposos, a nossa vocação é caminhar para Cris-to juntos, um e o outro, um com o outro, um pelo outro. As imperfeições do nossocônjuge podem impedir-nos de caminhar para Deus, assim como as nossas podemfazer abrandar a sua velocidade; é pois menos simples, não é certamente mais fá-

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cil, e compreendeis, com certeza, como a vossa direcção e a vossa ajuda nos sãoindispensáveis.»

Vejam como ele coloca admiravelmente a questão. Tentemos então descreveresta espiritualidade que os casais reclamam e da qual têm grande necessidadepara salvaguardar a sua vida conjugal.

- O matrimónio oferece aos esposos ajudas e comporta perigos próprios;

- A espiritualidade conjugal deve convidá-los a cristianizar toda a sua vidae a fazer resplandecer a Redenção do seu casal.

AS AJUDAS DO MATRIMÓNIO

O CÔNJUGE

Que ajudas são propostas aos cristãos casados? Pois eles têm ajudas próprias,que são um bem para si – ajudas de ordem natural e de ordem sobrenatural.

Primeiro, esta ajuda que deve ser a união conjugal, o facto de serem dois juntos,para caminharem juntos para esta palavra para a qual Deus os chama: santidade.Não falamos daqueles casais em que o cônjuge se arrisca a ser um obstáculo. Cer-tamente, por toda a parte o melhor pode tornar-se o pior. Mas há casais em que osdois cônjuges compreenderam, no dia do casamento, que se devem ajudar um aooutro, e que são cônjuges com uma finalidade. O fim sobrenatural do casamentoé educar para Deus os filhos gerados e entre ajudar-se, marido e mulher, a pro-gredir no caminho para a santidade.

Em que é que vai consistir esta ajuda entre marido e mulher? Primeiro nocontrole mútuo. Talvez a palavra «controle» tenha uma ressonância um pouco de-sagradável, mas tem a vantagem de ser clara; vemo-nos com os olhos de outro. Éuma observação que me fizeram os viúvos: «antigamente, eu via-me no olhar domeu marido, e nesse olhar eu descobria o que, no meu comportamento, não eraconveniente; hoje, estou só, e nunca compreendi tão bem como agora até queponto ter um companheiro é uma ajuda preciosa.»

Controle, olhar de outro, e também conselho desse outro. A mulher pode en-contrar grande enriquecimento na forma de ver e viver a fé cristã, pois que noplano espiritual também é válida a lei da complementaridade. Não se trata decopiar o homem, e ainda menos que o homem não deva copiar a sua mulher, mascada um deve encontrar no outro elementos que irão equilibrar, estabilizar e de-sabrochar a sua vida espiritual.

Um controle, um conselho, um apoio; eventualmente um guia. Os jovens ma-ridos convencem-se facilmente que podem prover tudo à sua mulher: o amor éuma dessas riquezas! Mas atenção para não chegar ao que seria uma desordem:

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um marido – ou uma mulher – fazendo de director de consciência! Em tal matéria,as mulheres são em geral mais imperialistas que os homens. Isso não impede quecada um possa ser para o outro um guia extremamente precioso, sem no entantosuplantar o padre. O pobre padre! Que sabe ele daquela esposa que se lhe confessa?Certamente, ele sabe o que ela lhe diz, mas ele conhece bem mal a sua vida! O ma-rido, ele, apercebe-se que os cozinhados se queimaram, que a mesa não está posta,que há pó por todo o lado… Mesmo se ele reconhece que a sua mulher é umagrande mística, ele achará desejável que ela junte aos seus dons, alguns maispráticos para executar as suas tarefas. De tudo isto o padre, ele, nem sonha. Nósnão sabemos grande coisa dos nossos penitentes, no confessionário, enquantoque o marido é o realista, os filhos têm exigências, e a mulher pode encontrar aopé deles ajudas infinitamente preciosas para se orientar para uma vida espiritualautêntica.

Um homem dizia-me um dia: «Odette, é a minha consciência!» Com estassimples palavras, ele exprimia uma realidade própria do matrimónio. Tendo ca-sado com uma mulher profundamente cristã, ele andava com ela por todo o ladocomo a sua própria consciência; mesmo longe, ela lembrava-lhe o que ele deviafazer ou o que ele devia evitar.

O AMOR HUMANO

A primeira ajuda que a vida conjugal oferece: o cônjuge. Juntemos – não é detodo a mesma óptica – o amor humano. O amor é uma realidade muito grande,muito santa, que se enraíza no mais carnal do ser, mas que se deve desabrocharno mais espiritual. Este amor humano de um homem e de uma mulher um pelooutro, ainda que se situe em zonas exteriores, é uma introdução a um amor todointerior. Nós somos feitos assim, o sensível desperta o espírito. A sexualidade, daqual facilmente dizemos mal, é incitação a sair do egoísmo, orientação de umpara o outro de dois seres que se arriscavam a morar cada um na sua torre demarfim. Essa atracção carnal – bem vivida entenda-se – faz com que as pessoasse juntem e, pouco a pouco, acedam a um amor de um nível cada vez mais elevado,até esse amor completamente banhado no amor de Deus a que chamamos caridadeconjugal.

Quando de repente emerge o amor na vida de um rapaz ou de uma rapariga,é realmente «a grande oportunidade». Nós padres, vemos isso frequentementenestes rapazes ou nestas raparigas, que já estão como que prisioneiros de si mes-mos; é como se a sua alma estivesse dentro de uma carapaça que se fosse pe-trificando ao longo dos anos; O apelo do amor, o encontro do amor, é como, de umsó golpe, uma fissura nesta carapaça; é a possibilidade, para estes seres, de umaentrega, e para as suas almas, de aceder finalmente à luz e de viver em plenitudea sua vida. «Esta força que nos chama de fora de nós mesmos, diz-nos uma he-roína de Claude I, porque não confiar nela e segui-la? Porque não acreditar e

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entregar-nos a ela?» Digamos-lhe pois, a este jovem homem e a esta jovem mulher:tenham confiança no amor, mas tenham confiança prometendo a vós própriosresponder a todas as suas exigências. Se forem leais com o amor, o amor levar--vos-á muito longe e muito alto; ele vos mostrará um amor de Deus sempre maisprofundo; ele far-vos-á ver em Cristo o Esposo da alma cristã. Uma mulher casadadizia-me um dia: «Compreendo cada vez melhor que o verdadeiro casamento é oda alma com o seu Deus.» Precisamente, foi o seu casamento humano que lhe fezdescobrir que ele é encarregado, com efeito, de representar e preparar: a união daalma com Deus. A união do homem e da mulher, toda a Bíblia nos diz, todos osautores espirituais o declaram, é a imagem da união de Cristo e da Igreja, daunião do Cristo e de cada alma. E é vivendo com lealdade o seu casamento, es-tudando as leis que regulam o amor do homem e da mulher, que podemos des-cobrir gradualmente o que deve ser a intimidade da alma com Cristo. Quando osfilhos vêm, à sua volta, trazem um imensa riqueza, mas exigem também um des-pojamento formidável. Formidável e necessário, porque o nosso caminho para asantidade é feito ao mesmo tempo de morte e ressurreição, de abnegação e cres-cimento na caridade. Os filhos, esse fardo do qual não nos livramos… os filhos,que fazem com que um homem e uma mulher não possam mais viver limitadosa si. Uma mãe de família escrevia: «Não creio que haja um estado que exija maiso dom de si que a vida de mãe de família! Este dom, com efeito, é único, insubs-tituível. Se uma religiosa que se ocupa de uma obra fica doente, prossegue estamãe, ela sabe muito bem que, substituída por uma religiosa de igual valor, a obracontinuará como antes – ou mesmo melhor. Nós, ao contrário, sabemos que nin-guém nos pode verdadeiramente substituir se não cumprimos a nossa tarefa; es-tamos presas na engrenagem do dom de si. Talvez seja aí, nesta tensão, neste so-frimento do dom de si constante, absoluto, que encontraremos o que outrosprocuraram no exercício dos três votos.» Sim, esta vida é terrivelmente penosa:acaba a independência, trata-se de depender: depender do cônjuge e dos filhos,depender de todas as necessidades de uns e dos outros.

O MATRIMÓNIO, SÍMBOLO DAS REALIDADES DIVINAS

Uma outra ajuda oferecida pelo matrimónio, é precisamente o seu valor desímbolo do mundo divino e das realidades divinas. Eis uma página viva, cheia deinteresse: «Posto perante a obrigação de rezar, escreve uma correspondente dasEquipas de Nossa Senhora, lancei-me à água sem saber bem como nadar, e depois,de repente, fez-se luz; era necessário sem dúvida, e antes de tudo, criar-se um es-tado de alma de intimidade com Deus; mas então, é muito simples, estou treinadanesta ginástica pela nossa vida conjugal! Quando quero contribuir para fazerdas nossas noites passadas juntos momentos de intimidade verdadeira, calo emmim todo o peso das preocupações domésticas, preocupações com as crianças,de trabalhos a fazer; procuro colocar-me, coração, inteligência e alma, liberta detudo isso, disponível ao meu marido, à escuta das suas preocupações, dos seus

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pensamentos, das suas fraquezas; e seguidamente, talvez, falemos dos nossosfilhos, das minhas próprias preocupações, do meu trabalho, mas num clima pu-rificado. A referência à nossa vida conjugal terá sido, para mim, a primeira ini-ciação à oração, à preparação da oração. Parece-me que para nos ensinar a rezar,os padres deveriam dizer-nos: vivam intensamente a vossa vida conjugal, pu-rificai-a, ou pelo menos, esforcem-se por fazê-lo com todos os meios que tenham.É que compreendi. Várias vezes, tendo tido a impressão de bater com os pés, ti-nha tido desejo de mergulhar-me em Santa Teresa d’Ávila, por exemplo, e depois,algo me parava e dizia que há outra biografia a consultar: a que nós escrevemoscada dia os dois.» Esta confiança está cheia de verdade: é mesmo isso, com efeito,que os casais devem descobrir no seu amor humano: uma iniciação ao amorcristão, ao amor de Cristo.

AS AJUDAS SOBRENA TURAIS

Mas se o matrimónio traz ajudas naturais já preciosas, é sobretudo umarealidade sobrenatural. O matrimónio cristão completo, em todas as suas reali-dades, é sobrenatural e sacramental.

É um sacramento. Falamos do sacramento do matrimónio, mas é melhordizer: o matrimónio é um sacramento, quer dizer que o sacramento não é umtítulo, não é algo que se acrescenta; é este dom, de um ao outro, do homem e damulher, que é matrimónio, que é sacramento. Poder-se-ia conceber que um homeme uma mulher se unissem, e que o padre, com uma bênção, lhes conferisse umsacramento; mas este sacramento, vê-se logo, seria como algo de acessório, elenão estaria interiorizado no seu amor. Com efeito é o seu dom mútuo que é sa-cramento, e é toda a sua vida de dom mútuo que é esta fonte de graças. Se Cristodisse: «Quando dois ou três se reunirem em meu nome, eu estarei no meio deles»,por maioria de razão isto é verdade quando os que estão unidos, o estão por umsacramento. E por um sacramento que dura, e por um sacramento que é uma fon-te de graças que nunca seca.

Mas precisemos bem: Quando dizemos que o matrimónio é um sacramento,isto quer dizer que todas as realidades do casal são portadoras de graças para osesposos que o vivem segundo a vontade divina. É na e pelo contexto da vida con-jugal que Cristo comunica a sua graça a cada um dos esposos.

Como para os outros sacramentos, a acção de Cristo só é eficaz na medidaem que o acolhemos. Por conseguinte, é necessário abrir-se a ela pela fé, pela I’ hu-mildade, pela cooperação que ela exige. E isto não apenas um dia, mas sempre.Porque o casamento não é como o vestido de noiva, que se coloca uma noite, de-votamente, numa caixa, em cima de um armário, e que se acaba por esquecer. Osacramento do matrimónio é uma realidade viva, que está sempre lá, e à qual sedeve constantemente fazer apelo. Os cônjuges deveriam fazer muitas vezes um

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acto de fé, nomeadamente na sua oração conjugal, neste sacramento que só lhespede para agirem, para os unir, para os purificar, para os livrar do mal.

Fé, humildade, espera também: os sacramentos operam na medida em quetenhamos fome dos dons que nos oferecem. E depois, cooperação, com certeza. Senão nos esforçamos a amar, se não trabalhamos para tornar a união mais pro-funda, se não desempenhamos as tarefas, a acção do sacramento fica como quetravada. Mas se, pelo contrário, as desempenhamos verdadeiramente como con-vém, então o sacramento é realmente este dom maravilhoso de Deus aos cristãoscasados que faz do seu casal uma célula da Igreja, uma parte integrante do mistériode Cristo – mistério de morte e de ressurreição. Este mistério que se vive na gran-de Igreja, vive-se também nesta «Igreja em miniatura», segundo a expressão deS. João Crisóstomo, que é o casal cristão.

OS PERIGOS DO MATRIMÓNIO

O matrimónio oferece pois ajudas inestimáveis para o caminho para a santi-dade, mas incontestavelmente comporta perigos, os mesmos dos quais se res-guardam os religiosos pelos três votos: perigos dos bens materiais, pelo voto depobreza; dos amores humanos, pelo voto de castidade; da fantasia e da indepen-dência, pelo voto de obediência. Os nossos cristão casados não têm estes três vo-tos, e com razão! É que seria enganar-se estranhamente convidá-los a assemelha-rem-se o mais possível com os religiosos. Quem não o vê? Seria barrar-lhes ocaminho para a santidade. Isso seria votá-los a um perpétuo complexo de inferio-ridade. Como poderiam assemelhar-se aos religiosos que pelos votos se despojamdo dinheiro, da vida sexual, da independência, enquanto que a sua vida quotidiana,dos casados, os conduz sem cessar a estas realidades? Não é por conseguinterenunciando a estas realidades mas em se esforçarem por vivê-las cristãmente,que eles farão resplandecer a Redenção de Cristo neste triplo domínio. Mais pre-cisamente, o uso cristão dos bens deste mundo oferece sérias dificuldades. Falemosum pouco delas.

OS BENS MATERIAIS

Primeiro os bens materiais. A preocupação pelo pão de cada dia é em geraluma obsessão do pai de família. E quando ele trabalha dez horas por dia, às quaisse podem acrescentar duas horas de trajecto, ida e volta, não lhe resta muitotempo para os exercícios religiosos. A preocupação e a procura dos bens materiaissuprimem a liberdade de tempo, que poderia ser infinitamente precioso parauma vida mais humana e mais cristã.

É não apenas o tempo, mas a liberdade de espírito que é devorada pelas ta-refas profissionais, por todas as exigências desta vida de trabalho, tanto o trabalho

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fora das tarefas do casal como as actividades domésticas da mãe de família. Eestas exigências impõem-se a todos.

Além disso, quando chegamos a um certo conforto, os bens materiais dis-pensam o esforço e uma certa austeridade de vida, e aí temos outro perigo, nãomenos grave. É sobretudo uma coisa da qual a riqueza afasta: é a humilhação.Um inspector das finanças, homem pouco habituado à miséria, morava em Parisdurante a “ocupação”; tinha muitos filhos; como todos os outros parisienses, ti-nha de ter muita habilidade 4 para se abastecer dos alimentos necessários; saíaaos Domingos, de bicicleta, para os campos circundantes; e apesar de inspectordas finanças que era, quando entrava na quinta, o cão atirava-se aos seus pés; equando batia à porta da casa da quinta, era despachado por um empregado do-méstico que não se deixava nada impressionar pelo Senhor Inspector das Finanças.“Nunca me tinha dado conta, disse-me ele um dia, a que ponto o nosso dinheiro,a nossa situação social, nos põe ao abrigo da humilhação.»

Os bens materiais não dispensam apenas da humilhação; dispensam tam-bém do abandono a Deus. Pierre Dupouey escrevia à sua mulher, algum tempoantes de morrer: «Se vier a desaparecer, não te preocupe demais o amanhã; nãoesqueças que um pouco de incerteza do futuro é o melhor aguilhão da confiança,do abandono a Deus. O grande mal dos ricos, é que o seu ouro os põe ao abrigo daProvidência, das suas maravilhosas, ternas e paternais delicadezas; eles progra-mam toda a sua vida no seu cérebro e não têm, como nós, uma parte ligada aDeus.» Sim, os pobres têm uma parte ligada a Deus, e eis porque toda a Bíblia can-ta a glória dos «anavim» 5, porque Cristo disse: «Felizes os pobres».

É preciso por conseguinte mostrar às pessoas casadas o desfile de todas es-tas dificuldades. Convidá-las a poupar tempo, sabendo de resto que não lhes éfácil; exortar ao espírito de pobreza, que consiste em usar cristãmente os bensmateriais - e é às vezes mais difícil que despojar-se de todos os bens; ensiná-lostambém a passar à prática este espírito de pobreza, que não deve permanecerapenas um espírito. Actualmente, facto característico, cristãos laicos têm estainquietação da pobreza evangélica. Por exemplo, este casal provido de uma boasituação e de numerosos filhos. Frequentemente me perguntavam: «Temos razãoem manter a nossa situação? Não deveríamos ir viver pobres entre os pobres?»Mas isso colocava grandes problemas: educação dos filhos, família… Procuravame não encontrando, eram infelizes. Ora um dia, disseram-me o seguinte: «Nãopodemos deixar de ter um salão, uma sala de jantar para receber conveniente-mente os nossos convidados, mas oferecemo-nos, no nosso casamento, um quartoextremamente luxuoso; pois bem, decidimos, se não desaprovar, vender essesmóveis. Procuraremos uns mais modestos, e com o valor da venda, poderemos

4 No original «il lui fallait user de ruses de Sioux».5 Os pobres da Bíblia, os «anavim» são os humildes, os que procuram Deus : Sofonias 2,3.

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procurar para duas famílias alojadas num só quarto, um alojamento mais con-forme com as suas necessidades.»

O AMOR HUMANO

Uma segunda série de obstáculos pode ser encontrada no amor humano.Ao dizer amor humano, não falo apenas da vida carnal, mas também do amorespiritual dos cônjuges um pelo outro – e entendo espiritual, primeiro no sentidohumano do termo. Esta ligação de dois seres um pelo outro, se não é corrigidasem cessar, curada, transfigurada pela caridade de Deus, é muitas vezes umverdadeiro obstáculo ao desabrochar da vida cristã. Menos liberdade de espírito,menos liberdade de coração, uma espécie de rede que se tece, que se fecha poucoa pouco… São Paulo disse: «O que é casado é partilhado» Sim, ele é partilhado,tem-se de fazer um esforço muito grande, muitas vezes, para que o amor docônjuge não relegue o amor de Deus para um segundo plano. O mesmo se passacom os filhos. Sabemos a que ponto as mães de família podem tornar-se pos-sessivas, e a que ponto tudo o que há nelas de egoísmo se pode precisamente fixarnos seus filhos.

Por pouco que tenhamos estado em contacto com casais, também sabemostodos os problemas que se colocam com a limitação dos nascimentos, a obrigaçãode uma continência frequentemente muito dura de respeitar.

A INDEPENDÊNCIA

Terceiro perigo. Que por vezes dizemos aos casais que confiam em nós: Hápara vós algo de mais perigoso que os bens materiais, mais perigoso que a carne:é a vossa independência, é o espírito de independência, o espírito de insubmissão.Insubmissão da mulher face ao marido, insubmissão do casal face ao clero, face àIgreja. Estamos alarmados, actualmente, com esta «espiritualidade da insubmis-são», se podemos dizer, de muitos leigos: vontade própria, ideias pessoais, críticasacérrimas… Que fazer? Convidá-los primeiro a uma submissão mútua. Quandoamamos um ser, submetemo-nos a ele, abdicamos da vontade – no entanto, bementendido, tudo se passa em ordem. O amor é uma grande escola de dependência,com a condição que seja verdadeiro e justo. Submissão ao outro, submissão àsexigências do casal. Duma certa maneira, não podem evitar esta submissão; maisainda eles devem aceitá-la como uma dependência amada e escolhida; então, nãohá nada mais benéfico, mais purificante como esta dependência de todos os dias,de manhã até à tarde, e de dia e de noite.

E também submissão, abandono, à vontade de Deus. Numa vida de família,este abandono não tem o carácter metódico, pontual, uniforme, da obediência re-ligiosa, mas não é menos meritório, e muitas vezes inesperado… Testemunha

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esta mãe de família da qual me contaram recentemente uma aventura pitoresca:Ela dispunha-se a fazer devotamente a sua oração da manhã quando, de repente,ele ouve barulhos no quarto ao lado; precipita-se… e finalmente encontramo-lano metro, com o seu filhinho nos braços; ele tinha um enorme penso na testa: aci-dente grave, sem dúvida… cedemos-lhe o lugar. Ao fim de dois minutos, ela dáuma bofetada no filho. Indignamo-nos em silêncio. O pequeno começa a brincarde novo com o chapéu da sua mãe: nova bofetada! Então uma senhora idosa,discretamente, aborda esta jovem mulher: «Escute, minha senhora, compreende…quando um pequeno sofre muito, temos de ser indulgentes… Seja mais doce comele. – Ah! sim, ah! você pensa, eh bem, vai ver!» Então, pouco a pouco, ela desfazo enorme penso, e que vemos? O miúdo tinha colocado um certo instrumento nacabeça, pouco glorioso, que não pomos lá habitualmente… E a sua mãe, não otendo conseguido retirar, levava o seu filho ao médico para extrair este instru-mento! E mesmo na altura em que ela ia fazer as suas orações! Eis um caso paranos lembrarmos das palavras de Pascal: «Se Deus nos desse mestres seus, oh!como era necessário obedecer-lhes de boa vontade; a necessidade e os aconteci-mentos são assim, infalivelmente!» «E sim, a vontade de Deus, minha senhora,manifestou-se assim! – Não me vai fazer crer que Deus quis que o meu filho me-tesse este instrumento na cabeça? – Claro que não, mas a vontade de Deus é, es-tando o miúdo assim, que renunciais à oração e o conduzais ao homem que teráa arte de o retirar!»

Submissão à vida, submissão aos acontecimentos, e também submissão aopadre, ao conselheiro espiritual.

FALTA DE FORMAÇÃO

Entre os perigos, realçamos o mais grave: falta de formação para uma verda-deira vida cristã. Para eles, não há noviciado! «Se o casamento tivesse um novi-ciado, dizia São Francisco de Sales, não haveria muitos professos!» É possível,mas de facto esta formação sobre a espiritualidade dos cristãos casados faltagravemente aos que enveredam pela via do matrimónio. Para esta formação nãotêm nem tempo, nem professores, nem escola! Embarcamo-los numa vida es-pantosamente difícil, sem os preparar para ela: há aí algo de singularmente grave!

O l’Anneau d’Or, pelo seu lado, estabeleceu como missão trazer aos noivose aos casais esta espiritualidade do cristão casado. Com alguns casais pusemosde pé um Centro de Preparação para o Matrimónio, em Paris (16e), 17, rua Dufrénoy. Asiniciativas multiplicam-se. Isso não impede que estejamos ainda longe do fim.

Um dos grandes meios de formação, são os retiros fechados de noivos e ca-sais. Os mais benéficos, são os de cinco dias, onde os esposos vêem juntos. Cadaum no seu quarto, e vive no silêncio completo, excepto numa longa troca de pon-tos de vista entre marido e mulher, no 4.º dia, para procurarem juntos como vi-

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ver mais perfeitamente a sua vida de família. Não fomos nós quem impôs estasexigências: foram os próprios casais que chegaram ao ponto de as desejar. Elesdescobriram que se fica extraordinariamente unido e que a união é singularmentereforçada quando, durante cinco dias, se recebem os mesmos ensinamentos, sereza juntos, sem no entanto falar entre si.

Enfim, para os casais como para os religiosos, é bem difícil viver a vida cris-tã se não a vivemos em comum. O exemplo que nos deram os primeiros cristãosdeve ser seguido. Os nossos grupos de casais, as Equipas de Nossa Senhora, sãoestas pequenas comunidades, a que eu chamaria um «ambiente de alimento so-brenatural» onde, precisamente, encontramos esta entre ajuda que permite aoscasais abrirem-se e desabrocharem para a graça de Cristo.

* * *

Faltaria mostrar agora o rosto dos casais que se esforçam por viver segundoesta espiritualidade conjugal. Contentar-me-ei com umas breves ideias.

Trata-se de cristianizar toda a vida familiar. E primeiro, de voltar a procuraro sentido cristão de todas as realidades familiares, e de se colocar a questão: «Ba-sicamente, qual é o pensamento de Deus sobre o amor, sobre a paternidade e amaternidade, a sexualidade, a educação, sobre todas as grandes realidades docasal?» E não somente descobrir, mas ainda querer realizar a ideia de Deus sobretodos estes assuntos.

Falta ainda voltar a procurar o que chamamos de bom grado um estilo cris-tão do casal: o estilo cristão das relações entre pessoas: entre os esposos, entrepais e filhos, entre pais e avós, entre o casal e os amigos; um estilo cristão da en-volvente: da casa, do mobiliário, do vestuário, das refeições, das despesas; umestilo cristão das actividades quotidianas: o trabalho, o lazer, o levantar, o deitar,as insónias, a hospitalidade. Como fazer para que tudo isso seja cristão, pareçacristão, que tudo isso resplandeça da graça de Cristo? Um estilo cristão dos dias:o Domingo não se vive como o Sábado, o Sábado como a 6.ª feira, a 6.ª feira comoos outros dias da semana; um estilo cristão dos grandes acontecimentos: onascimento, a doença, as dificuldades, o matrimónio, a morte… Viver cristãmenteestes acontecimentos. E tudo isso, «para que Deus seja glorificado em todas ascoisas», como dizem os beneditinos.

Por último, não estando o casal isolado na cidade e na Igreja, esta espiritua-lidade conjugal e familiar é também espiritualidade do empenhamento do casalnas tarefas humanas e nas tarefas da Igreja. Mas isso é matéria para outra con-ferência.

Henry Caffarel

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A ORAÇÃODO MAGNIFICATPADRE HILARY HAYDEN *

UMA ORAÇÃO?

Muita gente considera o Magnificatdifícil de rezar. Não se dirige a Deusde forma pessoal. Jesus não é mencio-nado. Ao falar do que Deus fez numpassado aparentemente distante, nãocontém petições para o presente.Como é que eu posso rezar isso?

É uma oração tão difícil que nos sur-preende que seja usada diariamentena Liturgia das Horas, a oração daIgreja. É o ponto alto da oração deVésperas. Por que é que esta oraçãotem um lugar tão proeminente desdehá tantos séculos?

A resposta está em perceber de ondeé que o Magnificat surge na Bíblia eem ver como é usado nela. Se conse-guirmos ajustar as nossas “visõesespirituais” a essa perspectiva bíbli-ca, podemos encontrar riqueza e ins-piração nesta difícil oração.

DÊ A SI PRÓPRIOUM PRESENTE DE NATAL!

A História do Natal encontra-se nosEvangelhos de S. Lucas e de S. Ma-teus. Vamos centrar-nos nos doisprimeiros capítulos de S. Lucas. Dê asi próprio o presente de ler estes doiscapítulos com toda a atenção. Será de

grande ajuda ler na Bíblia as notasrelativas a estes dois capítulos. Podedar trabalho, mas que belo presentenão será aprofundar o significado donascimento de Jesus nas nossas vi-das! A familiaridade com o texto é oprimeiro passo para rezar a partirda Escritura. Coragem!

O CONTEXTODO MAGNIFICAT

Todos nós temos a experiência de in-terpretar mal uma coisa dita quandoesta está desligada da conversa deque faz ou fez parte. É a esse todo quechamamos “contexto”. O evangelistaLucas é um artista, como podemosver na forma como ele conta, no ca-pítulo 1 do seu Evangelho, os preli-minares do nascimento de Jesus.Temos de ver como o Magnificat en-caixa na história.

Podemos entender o “contexto” numsentido muito mais amplo. Por umlado, Lucas escreve numa tradição, atradição das relações entre Deus eIsrael, a cuja forma escrita chama-mos Antigo Testamento. O seu espí-rito está impregnado dessa tradição,desses escritos. Por outro lado, escre-ve cerca de 70 anos após o nascimen-to de Jesus. Ele olha para esses acon-

Reflectindo...

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tecimentos como um crente cristão;com uma fé e uma visão só possíveisdepois da morte e da ressurreição deJesus e do envio do Espírito Santo atodos os que acreditam. Não tinhanada que se parecesse com a docu-mentação de que George Weigel dis-pôs para a sua recente biografia deJoão Paulo II. Os Evangelhos eramdocumentos de fé, escritos com fépara proclamar o mistério de Jesus.São históricos na medida em quedescrevem acontecimentos reais emdeterminados momentos no espaço eno tempo. Mas o objectivo religiosodos Evangelhos dá-lhes a sua formaúnica. Temos que conhecer as con-venções utilizadas pelos escritoressagrados. Em muitos aspectos, dife-rem dos métodos muito precisos uti-lizados hoje pelos historiadores.

A HISTÓRIADE DOIS NASCIMENTOS

No capítulo 1, S. Lucas entretece ashistórias de como aconteceram osnascimentos de João Baptista e de Je-sus. “No tempo de Herodes, rei daJudeia” (v. 5), o sacerdote Zacariasestava no exercício das suas funçõessacerdotais no santuário do Templo.Apareceu-lhe o anjo Gabriel, que lhedisse que ele tinha achado graçadiante de Deus. Ele e a sua mulher,Isabel, que era estéril, vão ter um fi-lho na sua velhice, a quem darão onome de João. Zacarias não acreditae Gabriel diz-lhe que ele vai ficar sempoder falar até que as suas palavrasse realizem. Zacarias volta para casae Isabel concebe.

No sexto mês de Isabel, Gabriel apa-rece a Maria, “uma virgem desposa-da com um homem chamado José”(v. 26), dizendo-lhe que o Senhor estácom ela. Maria ficou muito pertur-bada com a saudação do anjo, masGabriel diz-lhe que não tenha receioporque ela achou graça diante deDeus. Terá um filho que será chama-do Jesus. Gabriel dá-lhe a conhecer ogrande destino desse filho. Mariapergunta-lhe como pode ser isso umavez que é virgem. Gabriel responde:“O Espírito Santo virá sobre ti e aforça do Altíssimo estenderá sobre tia sua sombra” (v. 35). Além disso, asua parente Isabel também concebeuum filho, “porque nada é impossívela Deus” (v. 37). Maria declara o seuassentimento: “Eis a serva do Se-nhor, faça-se em mim segundo a tuapalavra”

Maria vai visitar Isabel a uma cidadenão longe de Jerusalém. Quando Ma-ria saúda Isabel, o filho desta salta-lhe no ventre. Isabel responde: “Ben-dita és tu entre as mulheres e bendi-to é o fruto do teu ventre… Feliz de tique acreditaste, porque se vai cum-prir tudo o que te foi dito da parte doSenhor” (vv 45.45).

A resposta de Maria a Isabel é umcântico, a que chamamos Magnificat.O capítulo prossegue com a históriado nascimento de João Baptista. Aoser circuncidado, recebe o nome de“João”. Zacarias recupera a fala epronuncia o cântico a que chamamos“Benedictus”, a primeira palavra dasua versão latina. O segundo capí-tulo conta a conhecida história donascimento de Jesus em Belém.

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O CÂNTICO DE LOUVORDE MARIA

O contexto imediato deste cântico é oencontro entre Maria e Isabel. Isabelsabe (como?) o que aconteceu a Mariae dá-lhe a tripla bênção. Esperáva-mos que, a seguir, Maria abençoasseIsabel? Ela não o faz, antes bendiz oSenhor e agradece-Lhe. Porquê estaalteração no desenrolar da história?Já voltamos a isso, mas, primeiro, ve-jamos o objectivo de Lucas ao colo-car este texto neste lugar.

Este cântico de louvor é um reflexodo significado da Encarnação paraMaria e para nós. Liga este aconteci-mento à realidade do Evangelho se-gundo a perspectiva de Lucas. Como?

Maria começa por exprimir alegria elouvor a “Deus, meu Salvador” (vv.46.47). Continua dando as razões dasua alegria. Nos versículos 48 e 49descreve a inversão da sua situação,de humildade a exaltação. O versí-culo 50 inicia uma reflexão sobre osignificado do acontecimento numcontexto mais amplo, a misericórdiade Deus “sobre aqueles que O te-mem”. Os versículos 51 a 53 narrama misericordiosa inversão da situa-ção de pessoas no passado e no pre-sente. Nos versículos finais (54 e 55),a vinda de Jesus é vista como Deus“que toma Israel pela mão” realizan-do as promessas feitas a Abraão.

Vejamos uma interpretação feita porLuke Timothy Johnson 1:

«Aqui Maria torna-se a representan-te, se não a personificação, de Israel.A misericórdia que lhe é mostrada

reflecte e exemplifica a misericórdiamostrada para com o povo… Vemosque os epítetos aplicados a Deus nocântico são também atributos do Fi-lho que ela espera. Deus é chamado“Senhor”, “Salvador” e “Santo”.Também Jesus já foi chamado “San-to” (v. 34) e “Senhor” (v. 43), e embreve será chamado “Salvador”(2,11).

O que se disse para o nome tambémé válido para a acção. Deus inverteo estatuto e a percepção humanos:num movimento descendente, dis-persa os soberbos, derruba os po-derosos, despede os ricos de mãosvazias. Mas, num movimento ascen-dente, Deus também exalta os hu-mildes, enche de bens os famintos eacolhe Israel. É justamente esta in-versão que Jesus anuncia nas suasBem-aventuranças e imprecações(6, 20-26) e põe em prática no minis-tério narrativo».

Os grandes temas presentes no Mag-nificat são a “misericórdia” (ver ver-sículos 50 e 54) e a “inversão”. A mi-sericórdia é um aspecto importanteda revelação de Deus na Aliança doSinai. Deus entra numa relação pes-soal com o povo, relação que é mar-cada pelas virtudes da aliança deamor e fidelidade inquebrantáveis.A “misericórdia” traduz a palavrahebraica para o inquebrantávelamor de aliança de Deus. Esse amorrealiza-se de forma deslumbrante navinda de Jesus e na salvação que Eletraz.

A inversão é mais difícil de entender.Como veremos, a inversão é domi-

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nante nas fontes do Antigo Testa-mento do Magnificat. Significa que amaneira de Deus nos tratar é surpre-endente e muitas vezes vira de per-nas para o ar o nosso civilizado sen-tido dos valores humanos. A inver-são tem a ver com a presença, com opoder e com os desígnios de Deus nasnossas vidas. O Magnificat diz-nosque Deus não tem uma actuação di-recta. A inversão é expressa nas for-tes imagens de derrubar os podero-sos dos seus tronos e de exaltar oshumildes; de encher de bens os fa-mintos e de despedir os ricos demãos vazias. Tendo presente que setrata de poesia, que significam paranós estas imagens? A citação acimasugere que o Magnificat antecipa aapresentação das Bem-aventurançaspor Lucas, uma bênção sobre “vós,os pobres” e uma imprecação sobre“vós, os ricos”. Teria Lucas um pre-conceito contra a riqueza em si? Cer-tamente que não, mas é forte o ensi-namento de que a riqueza e o poderpodem ser ídolos, fins em si mesmos,de forma que Deus não possa serDeus para nós.

A intenção de Deus é expressa pelosverbos no passado nos versículos51-54. Estará Deus menos activo nopresente do que no tempo de Moisése da Aliança, ou no tempo de Jesus?Se Deus é Deus, a resposta só podeser não. A nossa fé chama-nos a par-ticipar na preocupação de Deus paracom os pobres. E isto não vem de ummero sentimento humanitário; fazparte do plano de Deus para actuarno presente para a salvação da hu-manidade.

O MAGNIFICAT:FORMA E FONTE

O Magnificat é um hino de louvor.Não se dirige a Deus na segunda pes-soa nem contém petições. Na forma,é muito semelhante àqueles salmosque louvam o Senhor. Por exemplo, oSalmo 145 começa assim:

Exaltarei a tua grandeza, ó meu reie meu Deus;hei-de bendizer o teu nome parasempre

Todo o salmo é, no seu conteúdo, se-melhante ao Magnificat.

Deveremos pensar que, depois dasaudação de Isabel, Maria respiroufundo e pronunciou esta oração? Naobra citada acima, Johnson sugereque Lucas usa uma convenção co-mum aos historiadores antigos. Paratornar mais evidente o significado deuma situação, o escritor põe um dis-curso na boca de uma pessoa. Sabe-mos pelo Magistério da Igreja queessa convenção não contradiz de for-ma alguma a inspiração divina dapassagem ou do Evangelho.

Vimos que o Magnificat não pareceresultar directamente do encontro deMaria com Isabel. Se examinarmos osdois textos que se seguem, vemosuma comparação do Magnificat como cântico de Ana no Primeiro Livrode Samuel. Outras frases do Magni-ficat são citações de ou alusões aoutros textos do Antigo Testamento.Pode dizer-se que constitui um mo-saico dessas citações. Parece que Lu-cas, a partir da tradição, compôs umnovo hino que expressa a nova rea-

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lidade revelada por Jesus. O Magni-ficat está, pois, na continuidade doAntigo Testamento. Jesus é a realiza-ção das promessas “a nossos pais, aAbraão e à sua descendência, parasempre” (v. 55).

REZAR O MAGNIFICAT

Comparada com Zacarias, o sacer-dote com funções oficiais no Templo,Maria era uma pessoa insignificante,uma jovem noiva que vivia numaaldeia insignificante. Como Johnsondiz, “ela está entre as pessoas maisfracas da sua sociedade: é jovemnum mundo que valoriza a idade;mulher num mundo governado porhomens; pobre numa economia es-tratificada” 2.

O facto de ter achado “graça diantedo Senhor” e de ser “cheia de graça”mostra que Lucas compreende que aacção de Deus é surpreendente emuitas vezes paradoxal, quase sem-pre invertendo as expectativas hu-manas. “Então, e nós?”. Maria é aPrimeira Discípula do seu Filho, nos-so Senhor. Podemos considerar-nosmembros insignificantes da Igreja deDeus. Se levamos o Evangelho a sério,

todos somos chamados a ser discí-pulos como Maria foi e é. Como dis-cípulos, o nosso papel na Igreja temuma qualidade surpreendente e ines-perada. Pelo baptismo, somos umcom Cristo, como Maria também é.Recebemos o Espírito Santo para nosguiar no nosso caminho, sejam quaisforem os nossos dons, seja qual for anossa situação.

Os verdadeiros discípulos estão pre-parados para a inversão provocadapor Jesus. Rezar o Magnificat lem-bra-nos as grandes coisas que o Se-nhor fez por nós. Encoraja-nos a se-guir, como membros do seu Corpo, ocaminho de Jesus que leva, atravésda cruz e da ressurreição, à vidaeterna que nos está prometida. Nasituação do mundo hoje, que pode-mos fazer para nele descobrir o po-der, a presença e o desígnio de Deus?Pensemos nas idolatrias de hoje: ga-nância, injustiça e opressão. O Mag-nificat ajuda-nos a encontrar umaresposta. Rezemos o Magnificat!

1 Luke Timothy Johnson, The Gospel of Luke(Collegeville: The Liturgical Press, 1991),pp. 43-44.2 Ibid., p. 39.

* Capelão no Estado de Virgínia, Estados Unidos da América.

Nota. — O calendário de meditação (pág. 51) é da autoria de Michael Leavy, membro dasEquipas de Nossa Senhora, nos EUA.

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1 Samuel 2, 1-8 Ana diz:

Exulta o meu coração de júbilo noSENHOR.

N’Ele se ergue a minha fronte,a minha boca desafia os meus

adversários,porque me alegro na tua salvação.

Ninguém é santo como o SENHOR.Não há outro Deus fora de Ti,ninguém é tão forte como o nosso

Deus.

Não multipliqueis as vossas palavrasorgulhosas.

Não saia da vossa boca a arrogância,porque o SENHOR é um Deus de

sabedoria.Só Ele sabe descobrir as vossas

acções.O arco dos fortes foi quebradoe os fracos foram revestidos de vigor.Os saciados tiveram que ganhar o pãoe os famintos foram saciados.Até a estéril foi mãe de sete filhose a mulher que os tinha numerosos,

ficou estéril.

O SENHOR é que dá a morte e a vida,leva à habitação dos mortos e tira de

lá.O SENHOR despoja e enriquece,

humilha e exalta.Levanta do pó o mendigo e tira da

imundície o pobre,para os sentar com os príncipes e

ocupar um trono de glória;porque são do SENHOR as colunas da

terrae sobre elas assentou o mundo.

Lucas 1, 46-55 Maria diz:

A minha alma glorifica o Senhore o meu espírito se alegra em Deus,

meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade dasua serva.

De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.

O Todo-poderoso fez em mimmaravilhas.

Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende degeração em geração

sobre aqueles que O temem.

Manifestou o poder do seu braçoe dispersou os soberbos.

Derrubou os poderosos de seus tronose exaltou os humildes.

Aos famintos encheu de bense aos ricos despediu de mãosvazias.

Acolheu a Israel, seu servo,lembrado da sua misericórdia,

como tinha prometido a nossos pais,a Abraão e à sua descendência,para sempre.

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DomingoA minha alma glorifica o Senhor

e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.Hoje é dia de descanso. Que eu possa empregar o meu tempo na reflexão sobre a “grandeza do Senhor” e sobre tudo o que Ele tem feito por mim.

Quando entrar na presença de Deus, que a minha alma se alegre realmente n’Ele!

Segunda-feiraPorque pôs os olhos na humildade da sua serva.

De hoje em diante, me chamarão bem-aventuradatodas as gerações.

Ao iniciar a semana, recordo que, independentemente da minha posição na vida, sou realmente a humilde serva de Deus. Uma vida de serviçoe de humildade é uma vida de santidade.

Terça-feiraO Todo-poderoso fez em mim maravilhas.

Santo é o seu nome.Que fez Deus por mim? Durante o dia, reflicto nos talentos que Ele me deu, nos desafios que pôs diante de mim. Que eu veja ambos como dons

de Deus, dons que me hão-de fazer santo.

Quarta-feiraA sua misericórdia se estende de geração em geração

sobre aqueles que O temem.Manifestou o poder do seu braço,

e dispersou os soberbos.Durante o dia, reflicto no que significa temer a Deus. Será ter medo, ou respeitar ou reverenciar o meu Deus? Paradoxalmente, quando me ponhohumildemente diante de Deus com um sentimento de reverência, quando me reconheço fraco, sou forte. Que eu hoje me lembre da importância

de ser fraco e humilde, para poder pôr para trás o meu orgulho. Só então poderei de facto amar o meu próximo.

Quinta-feiraDerrubou os poderosos de seus tronos,

e exaltou os humildes.A nossa sociedade dá tanto valor ao poder. Durante o dia, ajuda-me, Senhor, a lembrar-me de que ser poderoso não é coisa a que se aspire.

Que eu seja humilde em todas as minhas relações com os amigos, com a família, com os colegas de trabalho. Assim é que serei elevado,e comigo todos aqueles com quem eu contactar.

Sexta-feiraAos famintos encheu de bens

e aos ricos despediu de mãos vazias.Hoje lembro-me dos que têm fome. Talvez possa dar um pequeno passo para me associar a eles comendo um pouco menos ou contribuindo

para um abrigo para os sem-abrigo ou participando em alguma distribuição de alimentos. Possa eu hoje tornar-me um com os famintose apreciar as suas dificuldades.

SábadoAcolheu a Israel, seu servo,

lembrado da sua misericórdia,como tinha prometido a nossos pais,

a Abraão e à sua descendência, para sempre.Reflectindo no cântico de Maria, lembro-me de que ele foi o “Sim” de Maria a Ti, Senhor. Olhando para a semana que passou, disse “Sim”

quando me chamaste?Como é que fui “servo” em vez de “rei”? Dá-me, Senhor, a força de repetir este exercício na semana que vai entrar.

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Queridos irmãos e irmãs!

1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasiãopara aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, pornossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal,a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos queajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: taissão a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quares-mal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma formaconcreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo,uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. Jesusdeclara, de maneira peremptória, quão forte é a atracção das riquezas ma-teriais e como deve ser clara a nossa decisão de não as idolatrar, quandoafirma: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 13). A esmola aju-da-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontrodas necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, porbondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das colectas especiais paraos pobres, que são promovidas em muitas partes do mundo durante aQuaresma. Desta forma, a purificação interior é corroborada por um gestode comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva. São Paulofala disto mesmo quando, nas suas Cartas, se refere à colecta para a co-munidade de Jerusalém (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27).

MENSAGEM DO PAPAPARA A QUARESMA 2008

«Cristo fez-Se pobre por vós»(cf. 2 Cor 8, 9)

Reflectindo...

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2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários masadministradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser consi-derados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhorchama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência juntodo próximo. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, os bens materiaispossuem um valor social, exigido pelo princípio do seu destino universal(cf. n. 2403).

É evidente, no Evangelho, a admoestação que Jesus faz a quem possuie usa só para si as riquezas terrenas. À vista das multidões carentes de tu-do, que passam fome, adquirem o tom de forte reprovação estas palavrasde São João: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrernecessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor deDeus?» (1 Jo 3, 17). Entretanto, este apelo à partilha ressoa, com maior elo-quência, nos Países cuja população é composta, na sua maioria, por cristãos,porque é ainda mais grave a sua responsabilidade face às multidões quepenam na indigência e no abandono. Socorrê-las é um dever de justiça,ainda antes de ser um gesto de caridade.

3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã:deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita»,diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4).E, pouco antes, tinha dito que não devemos vangloriar-nos das nossasboas acções, para não corrermos o risco de ficar privados da recompensaceleste (cf. Mt 6, 1-2). A preocupação do discípulo é que tudo seja para amaior glória de Deus. Jesus admoesta: «Brilhe a vossa luz diante dos homensde modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que estános Céus» (Mt 5, 16). Portanto, tudo deve ser realizado para glória de Deus,e não nossa. Queridos irmãos e irmãs, que esta consciência acompanhecada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nospormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermoscomo finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas vi-sarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente delouvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. Na moderna sociedade daimagem, é preciso redobrar de atenção, dado que esta tentação é frequente.A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma ex-pressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão inte-rior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao mor-rer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deuspor tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade me-

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diática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximoem dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coraçãose ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhe-cimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe queDeus «vê no segredo» e no segredo recompensará.

4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo quetranscenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos quehá mais alegria em dar do que em receber (cf. Act 20, 35). Quando agimoscom amor, exprimimos a verdade do nosso ser: de facto, fomos criados afim de vivermos não para nós próprios, mas para Deus e para os irmãos(cf. 2 Cor 5, 15). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nos-sos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude devida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz,satisfação interior e alegria. O Pai celeste recompensa as nossas esmolascom a sua alegria. Mais ainda: São Pedro cita, entre os frutos espirituais daesmola, o perdão dos pecados. «A caridade – escreve ele – cobre a multidãodos pecados» (1 Pd 4, 8). Como se repete com frequência na liturgia qua-resmal, Deus oferece-nos, a nós pecadores, a possibilidade de sermos per-doados. O facto de partilhar com os pobres o que possuímos, predispõe--nos para recebermos tal dom. Penso, neste momento, em quantos expe-rimentam o peso do mal praticado e, por isso mesmo, se sentem longe deDeus, receosos e quase incapazes de recorrer a Ele. A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instru-mento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.

5. A esmola educa para a generosidade do amor. São José Bento Cot-tolengo costumava recomendar: «Nunca conteis as moedas que dais, porqueeu sempre digo: se ao dar a esmola a mão esquerda não há de saber o quefaz a direita, também a direita não deve saber ela mesma o que faz» (Dettie pensieri, Edilibri, n. 201). A este propósito, é muito significativo o episódioevangélico da viúva que, da sua pobreza, lança no tesouro do templo «tudoo que tinha para viver» (Mc 12, 44). A sua pequena e insignificante moedatornou-se um símbolo eloquente: esta viúva dá a Deus não o supérfluo,não tanto o que tem como sobretudo aquilo que é; entrega-se totalmente asi mesma.

Este episódio comovedor está inserido na descrição dos dias que prece-dem imediatamente a paixão e morte de Jesus, o Qual, como observa SãoPaulo, fez-Se pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9);

Reflectindo...

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entregou-Se totalmente por nós. A Quaresma, nomeadamente através daprática da esmola, impele-nos a seguir o seu exemplo. Na sua escola, pode-mos aprender a fazer da nossa vida um dom total; imitando-O, consegui-mos tornar-nos disponíveis para dar não tanto algo do que possuímos,mas darmo-nos a nós próprios. Não se resume porventura todo o Evange-lho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmolatorna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quan-do se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é ariqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, oque dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, se-gundo as possibilidades e as condições de cada um.

6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos»espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para cres-cermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. Nos Ac-tos dos Apóstolos, conta-se que o apóstolo Pedro disse ao coxo que pediaesmola à porta do templo: «Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te oque tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda» (Act 3,6). Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior quepodemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, emcujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, por-tanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermostestemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os cren-tes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração,o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das FestasPascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo atodos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2007.

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LIVROSRECOMENDADOS PELO MOVIMENTO

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Autor: Henri CaffarelEditora: Lucerna (Fevereiro de 2008)

Preço: 8,06 •

NAS ENCRUZILHADAS DO AMOR

Um conjunto de instantâneos que mostram aonatural, na vida de cerca de 30 casais, um gesto,um olhar, um impulso ou uma fuga. Quase sem-pre num momento em que o casal, seguindo oseu caminho sem se interrogar, chega inespera-damente a uma encruzilhada uma encruzilhadado casamento.

«Não se sai incólume da leitura deste livro. OPadre Caffarel trabalha contra a corrente de umaconcepção romântica do amor. Estes textos con-vidam-nos ao realismo. Neles, trata-se de modosingular dos combates, dos sofrimentos, dosescolhos e até mesmo da dimensão trágica tantoda “conjugalidade” como de qualquer relaçãoentre seres humanos.

Num tempo em que há quem se decida pela pre-cariedade, em que há muito quem esteja dispostoa abandonar-se aos determinismos psicológicos,é bom lembrar e lembrar-se das vicissitudes pro-priamente espirituais do casal e do amor, dessaespantosa aventura em que se trata não só darelação com o outro, mas também da relaçãoconsigo próprio, com Deus e com os outros.

Que os leitores deste livro possam compreender em toda a sua verdade este apelo liberta-dor: “Ousai ser felizes!”».

Xavier Lacroix, no «Prefácio».

Nascido em 1903, Henri Caffarel foi ordenado padre em 1930. Exerceu o seu ministério sa-cerdotal junto dos jovens da Jeunesse Ouvrière Chrétienne e, depois, dos casais (1935), paraquem e com quem fundou a revista de espiritualidade conjugal e familiar L’Anneau d’Or(1945) e as Equipas de Nossa Senhora (1947). Em 1960, tendo sido nomeado consultor parao Concílio Vatícano II, redigiu para a Comissão para o Apostolado dos Leigos várias comu-nicações sobre o matrimónio cristão e a missão apostólica do casal e da família. Em 1965,fundou a casa de oração de Troussures, a norte de Paris, onde, durante 30 anos, animou se-manas de oração abertas a todos que constituíram oportunidades de formação para a oração ea meditação.

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Durante os quatro primeiros anos do seupontificado, João Paulo II consagrou as suasaudiências gerais de quarta-feira ao mais de-senvolvido ensinamento que um Papa algu-

Autor: Yves SemenEditora: Principia (Outubro de 2006)

Preço: 10,71 •

A SEXUALIDADE SEGUNDO JOÃO PAULO II

HENRI CAFFAREL - Um homem cativado por Deus

Henri Caffarel (1903-1996), em quem o car-deal Lustiger viu «um profeta do século XX»,sentiu-se cativado por Deus desde a juven-tude e disse «sim» ao apelo divino.A sua vida tomou rumo em Março de 1923,quando «encontrou» Cristo: seria padre paralevar os homens e as mulheres do seu tem-po a sentirem a experiência de Deus tal co-mo ele a sentia. Fundou as Equipas de NossaSenhora e a revista L’Anneau d’Or para aju-dar os casais a caminharem para a santidadeno e pelo seu casamento, e o MovimentoEspiritual de Viúvas para lhes mostrar que oamor é mais forte que a morte. Lançou osCahiers sur l’Oraison e animou semanas deoração em Troussures para ensinar a todos aciência e a arte da oração interior que pre-para para entrar totalmente nos desígnios deDeus e trabalhar para o seu Reino. Além dos

movimentos que fundou, Caffarel deixouinúmeras obras com o propósito de suscitar«gente que procura Deus», o Deus que eleapaixonadamente amou e serviu.

Jean Allemand é membro das Equipas deNossa Senhora em França, trabalhou direc-tamente com o Padre Caffarel desde 1968 eé membro honorário da associação Os Ami-gos do Padre Caffarel.

Autor: Jean AllemandEditora: Lucerna (Novembro de 2007)

Preço: 11,21 •

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ma vez produziu sobre um único tema – a«teologia do corpo». A abordagem que en-tão fez de aspectos como o corpo, a sexuali-dade e o casamento viria a revelar-se tão ori-ginal quanto desconhecida, constituindo umponto de viragem quer na teologia católica,quer na história do pensamento moderno.Tendo em conta o facto de este ensinamentocontinuar a ser ignorado não só pelo grandepúblico, mas também pelos casais cristãos epor uma grande parte dos sacerdotes e reli-giosos, o objectivo deste livro é facilitar e

O DESPERTAR RELIGIOSO Porque a fé é um Dom, desde tenra idade acriança é capaz de estabelecer uma relaçãode intimidade com Deus, Uma abertura dia-logante e criativa com o transcendente, de-senvolvendo, assim, uma dimensão espiri-tual que deve ser valorizada, acompanhadae educada, pois constitui um dos pilares fun-damentais da sua identidade.

Neste sentido, o departamento da Cateque-se do Patriarcado de Lisboa tem vindo, nosúltimos anos, a desenvolver várias inicia-tivas de apoio ao despertar religioso dascrianças dos 0 aos 6 anos de idade, cons-ciente de que esta etapa da vida que antece-de a catequese é decisiva na formação dapersonalidade da criança e no lançamentodas raízes cristãs.

O Despertar Religioso reúne textos de di-versos autores que têm dedicado a sua refle-xão à problemática do despertar religioso nainfância.

É um contributo precioso para todos os quetêm em mãos a mais bela e decisiva das mis-sões: ajudar um coração de criança a desper-tar para a vida e para Deus.

tornar acessível a todos a descoberta de umpensamento cuja riqueza afasta definitiva-mente da moral católica qualquer condena-ção ou desconfiança em relação à sexuali-dade humana.

Yves Semen, doutorado em Filosofia, é paide sete filhos e director do instituto europeude estudos antropológicos Philanthropos,em Friburgo, na Suíça. Lecciona na FacultéLibre de Philosophie (IPC) de Paris e traba-lha como conferencista e formador em ÉticaSocial em França e na Suíça.

O Secretariado Nacional implementou um serviço de envio destes três livros, aos equipistas que o solicitem.

Pedidos:

Telef.: 21 842 9340E-mail: [email protected]: Av. Roma, 96, 4.º, esquerdo - 1700-352 LISBOA.

Pagamento por cheque ou transferência bancária NIB: 001800002088965300164.

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NOTICIÁRIODAS ENS

Tem sido actualizado e está recheado de informações úteis. O guia sobre a Liturgiadas Horas foi actualizado com o Calendário Litúrgico completo do ano 2007-2008. Po-demos ainda ver num mapa mundo, de que partes do mundo o site é mais acedido.

A Missão a S. Tomé e Príncipe, realizou-se de 27 de Outubro a 8 de Novembro de 2007para dar tempo à Donzília para recuperar da queda que deu e do braço que partiu. Se-gundo a conversa que tivemos com a Donzília e Felisberto, consideramos que osobjectivos foram atingidos. O relatório que eles prepararam está publicado nestaCarta.

A Missão a Angola realizar-se-á em Agosto de 2008, conforme planeado, e o seu pro-grama será elaborado pelo Regional de Angola e discutido por e-mail.

SITE DAS ENS WWW.ENS.PT

MISSÃO A S. TOMÉ E PRÍNCIPE

Notícias

CARTÃO DA REUNIÃO DA EQUIPA

O “cartão da reunião de equipa”, em formato tipo BI, com os diversos pontos da reu-nião, a oração da partilha e o Magnificat, foi distribuído com a Carta de Novembro.

MISSÃO A ANGOLA

MISSÃO AO ALENTEJO

No seguimento dos recentes esforços de divulgação do Movimento, em territórios dePortugal onde ainda não há equipas, iniciamos uma missão no Litoral Alentejano, porindicação do Senhor Bispo de Beja. Com o Senhor Cónego Janela identificámos os pá-rocos de Santo André, Sines, Melides e Santiago do Cacém, com quem nos reunimosna noite de 18 de Janeiro acompanhados pela Equipa Santiago do Cacém 1, para lhesapresentar o Movimento e solicitar apoio para o seu lançamento nas suas paróquias.Também esteve presente o Vigário Geral da Diocese de Beja, Senhor Cónego Domin-gos. Ficaram marcadas sessões de informação para os dias 14 e 17 de Fevereiro paradar início a algumas equipas com casais piloto da Santiago do Cacém 1 e das Regiõesmais próximas. Dois casais da equipa de Santiago disponibilizaram-se para este serviçoao Movimento.

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RITMO DE CRIAÇÃO DE EQUIPAS

O ritmo de criação de equipas caiu para metade nos últimos três anos. Temos de cui-dar também da expansão, um dos objectivos fixados para este ano. A preocupaçãopela evangelização não se pode ficar pelos esforços em África, Bragança e Alentejo.Às Regiões e Sectores cabe uma responsabilidade importante pela difusão do espíritodo Movimento e pela sua expansão. O Tema do ES2008 “Enviados Para Servir” é umalerta para todos nós.

ENCONTRO DE EQUIPAS DE SECTOR (ES2008)

Será já no próximo mês de Fevereiro de 2008 (23 e 24). Estes encontros realizam-se de4 em 4 anos (o último foi em 2004) pelo que esta é uma oportunidade a não perder.Será também uma oportunidade de formação e testemunho para os casais convidadospara integrarem uma equipa de Sector. Foi enviada uma comunicação, a todos osresponsáveis de sector, com questões preparatórias para reflexão em equipa de Sec-tor, e decorre agora o período de inscrições.

DOCUMENTOS DO PADRE CAFFAREL

EDIÇÃO ESPECIAL DA CARTA FUNDADORA

No Encontro Nacional de 2007 constatou-se a necessidade urgente de dar a conhecera obra do Padre Caffarel. Para tal temos de avançar em diversas direcções e em si-multâneo, pois o assunto é urgente. Na reunião da Supra-Região de Janeiro foi pro-posta, e aceite, a edição de mais dois livros (Aux Carrefours de l’Amour e Présence àDieu). Foram já distribuídos por e-mail os 18 editoriais das cartas verdes francesas ini-ciais (traduzidos pela equipa Porto 2), foi tomada a decisão de passar a incluir textosdo Padre Caffarel em todas os números da Carta periódica e foi adoptado um tema daSR França com textos do Padre Caffarel para Tema do próximo ano (2008/2009).

Para comemorar os seus 60 anos e para se poder distribuir aos casais em pilotagem,foi produzida uma versão especial, a preto e dourado, da CARTA Fundadora. NoEN2007 foi oferecida a todos os participantes, que muito a elogiaram.

DOCUMENTO “O MÉTODO DAS ENS”

Este documento, constituído por 8 cadernos: A Equipa - Comunidade Cristã, A Reuniãode Equipa, Os PCE e a Partilha, O Retiro Espiritual, O Dever de se Sentar, A Regra deVida, A Palavra de Deus e A Oração nas ENS, foi distribuído no EN2007 e foi muito bemacolhido e elogiado.

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LIGAÇÃO DA ZONA EURÁFRICA

No final do mês de Novembro foi enviado o habitual relato das actividades da Supra--Região à Maru y Paco, que estiveram connosco em Setembro e em Novembro. Nareunião da ERI do início de Dezembro, e após a apresentação efectuada pela Maru yPaco sobre as actividades em Portugal, apresentação essa esclarecida pela informaçãoque recolheram ao vivo nas visitas que nos fizeram, a ERI fez uma referência especiale elogiosa ao trabalho desenvolvido na Supra-Região Portugal.

A ERI COMEMOROU OS 60 ANOS DA CARTA EM PARIS

A ERI organizou um encontro em Paris em 8 de Dezembro de 2007, com todos os an-teriores membros da Equipa Responsável Internacional. Este encontro, que teve comolema: “Memórias e Perspectivas”, correu muito bem e as conclusões finais serãoapresentadas no Colégio 2008, em Fátima.

SR PORTUGAL EM SINTONIA COM A ERI NA COMEMORAÇÃO OS 60 ANOS DA CARTA

A 8 de Dezembro de 2007, ou em data próxima, realizaram-se Eucaristias em váriospontos do país, a nível de Sector ou de Região, para comemorar os 60 anos da CartaFundadora, em união com o encontro promovido pela ERI em Paris. Para apoiar estascelebrações foi traduzido e enviado a todas as Regiões o documento recebido da ERIpara a Acção de Graças pelos 60 anos da CARTA Fundadora.

ENCONTRO COM OS CASAIS DE ÁFRICA E AS EJNS

Realizou-se em 20 de Novembro, com todos os casais e CEs de África que participaramno EN 2007, com a presença dos casais que integraram as missões a África, os pro-vinciais (excepto o do Norte e Centro dada a distância), o casal responsável pelo Se-cretariado, os responsáveis internacionais das Equipas de Jovens de Nossa Senhorae o seu Conselheiro Espiritual Internacional, o Senhor Padre José Manuel Pereira deAlmeida.

AS EQUIPAS RECEBEM O BISPO DO MINDELO (CABO VERDE)

Foi num jantar em casa do casal Supra-Regional, em 21 Novembro, com o Bispo doMindelo (Cabo Verde), que estava de passagem por Lisboa, e que congregou ainda oSr. Padre Ildo Fortes (que lançou as Equipas em Cabo Verde) e o Senhor Cónego An-tónio Janela, CE da Equipa da SR. Foi uma excelente oportunidade para reforçar aconvicção do Senhor Bispo no Movimento das ENS e no bem que pode fazer pelos ca-sais de Cabo Verde.

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COLÉGIO DE 2008

O Colégio de 2008 terá lugar em Fátima, de 20 a 26 de Julho de 2008, antecedido pelareunião da ERI, de 16 a 20 de Julho. No final de Novembro de 2007 foi efectuada a or-ganização das diversas reuniões (ERI, Colégio, Zona, Encontros da ERI com os equi-pistas de Portugal e com a Equipa da SR) e elaborado o respectivo documento de pre-paração, que foi enviado à ERI para decisão na sua reunião do início de Dezembro. AERI aprovou em Dezembro todo o programa proposto. A nosso cargo fica: toda a lo-gística e apoio de secretariado, transportes, acolhimento e partidas, equipamento in-cluindo o de tradução simultânea, a celebração de abertura, apresentação de um te-ma, organização da visita do dia 23 (Batalha, Óbidos e Nazaré), o encontro com osequipistas e a reunião com a SR. A SR organizará ainda para os membros da ERI, umavisita a Lisboa com almoço no dia 16.

REUNIÃO DA ERI COM EQUIPISTAS PORTUGUESES

A ERI também se encontrará com Equipistas de Portugal no Sábado 26 de Julho, àtarde, e com a Equipa da Supra-Região no Domingo 27, de manhã. Para os equipistasportugueses, será um momento histórico e uma oportunidade para um encontrodirecto com a ERI e para conhecerem melhor o Movimento nas diversas zonas doMundo.

AS EQUIPAS NO ENCONTRO NACIONAL DA PASTORAL FAMILIAR

O Casal SR esteve presente em Fátima dia 19 de Janeiro no Encontro dos secretaria-dos Diocesanos de Pastoral Familiar e dos Movimentos Nacionais ligados a estapastoral.

REUNIÃO DA SUPRA-REGIÃO DE JANEIRO (11 A 13)

Realizou-se em Fátima, na Residencial Santo Amaro, a reunião da SR, que acolheu oscasais Formadores para o seu 2.º Encontro Nacional com o tema: “Conhecer Caffarelpara o dar a Conhecer”. Outros pontos fortes foram a avaliação do EN2007 (17 e 18Novembro), bem como a preparação do Encontro de Equipas de Sector de Fevereirode 2008 (23 e 24). O tempo de formação esteve a cargo do Padre Janela sob o tema“Salvos na Esperança”.

O GRUPO DA FAMÍLIA (CNMO) CONTINUA A REUNIR

Foi em 29 de Janeiro de 2008 e as Equipas estiveram lá.

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AS EQUIPAS NAS JORNADAS DO CNMO (CONSELHO NACIONAL DE MOVIMENTOS E OBRAS)

O Casal SR estará presente em Fátima entre 8 e 10 de Fevereiro de 2008, nas Jornadasdo Conselho Nacional de Movimentos e Obras

PRESENÇA NA REGIÃO PORTO

A convite da Região o Casal SR e o Casal Provincial participaram na homenagem rea-lizada às equipas Porto 1 e Porto 2 por ocasião do 50.º aniversário da criação da pri-meira e da pilotagem da segunda.No seguimento deste evento a SR está a preparar um fim-de-semana de aprofunda-mento, com o tema: “A Beleza e a Grandeza do Amor Humano”, baseado em textos doPadre Caffarel, cuja primeira realização será no Porto (casa de Vilar) para casais doPorto. Pretende-se com esta acção entusiasmar e ajudar a animar a Região que, ape-sar dos esforços do regional e provincial, tem estado algo adormecida.

DESDOBRAMENTO DOS SECTORES DA REGIÃO LISBOA

Após a multiplicação da Região Lisboa em Setembro de 2007, dando origem às novasRegiões Lisboa 1 e Lisboa 2, procedeu-se ao desdobramento dos seus Sectores. Estetrabalho foi coordenado pela Rita e Pedro (regional) com o apoio da Rita e Gastão(provincial) e dos responsáveis dos Sectores das Regiões Lisboa 1 e Lisboa 2, tendopara tal sido feito levantamento dos anos de formação de todas as equipas, dividindocada sector em quatro grupos: Equipas criadas antes de 1975, antes de 1985, antes de1995 e depois de 1995.Feito este levantamento, desdobraram-se todos os sectores, para que, de quatro sec-tores surgissem seis, de forma a que em cada um dos novos sectores existam apro-ximadamente o mesmo número de equipas criadas antes de 1975, antes de 1985,antes de 1995 e depois de 1995.O único sector que não sofreu alterações foi o sector I. Constituído maioritariamentepor equipas que se encontram geograficamente fora da cidade de Lisboa (Famões, S.João da Talha, Loures, Odivelas, Ramada, Póvoa de Santa Iria e Vialonga), tenderá aformar uma nova Região. Para já, e enquanto durar o processo de formação da novaregião, o sector I fica, de pleno direito e com todo o gosto, na Região Lisboa 2.

PADRE PORTUGUÊS ESTUDA ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

O Padre José Augusto da diocese de Leiria-Fátima, que está a estudar o tema daEspiritualidade Conjugal para uma tese de Doutoramento em Roma, esteve no passadodia 14 de Dezembro no Secretariado, por sugestão do Senhor Padre Janela, a consultara revista L’Anneau d’Or.

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DA IGREJA

«SALVOS PELA ESPERANÇA», NOVA ENCÍCLICA DO PAPA

No dia 30 de Novembro foi publicada a nova encíclica de Bento XVI em váriosidiomas: latim, espanhol, italiano, francês, inglês, português, polonês e alemão. Estasegunda encíclica medita sobre a carta de São Paulo aos Romanos (8, 24): «De facto,foi na esperança que fomos salvos. Ora uma esperança naquilo que se vê não é es-perança. Quem é que vai esperar aquilo que já está a ver?».

CELEBRAÇÕES NA IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Na nova igreja do Santuário de Fátima, no período do Inverno, serão celebradasmissas, aos sábados às 11 h, e nos domingos e dias santos, às 11, 15 e 16:30 h, e asVésperas serão cantadas às 17:30 h. Diariamente, o horário para visita à Igreja daSantíssima Trindade mantém-se, das 11 h às 18 h, fora do tempo de celebração.

O arquitecto Alexandros Tombazis, autor do projecto arquitectónico da nova igrejada Santíssima Trindade, tomou a decisão de publicar um livro de esboços com ima-gens da nova igreja e de outros espaços do Santuário de Fátima. Intitulada «Fátima»,a publicação explica, nas primeiras páginas, a razão de ser deste trabalho, essencial-mente visual: «Partilhar memórias comuns, uma experiência maravilhosa, o espíritode um lugar muito especial».A edição de 1.000 exemplares, com o arranjo dos designers «Metropolis S.A.», en-contrar-se-á à venda na Livraria do Santuário de Fátima.

PROJECTISTA DA IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADEPUBLICA LIVRO COM ESBOÇOS DO SANTUÁRIO

Os Responsáveis dos santuários portugueses reuniram-se na Casa de Nossa Senhorado Carmo, em Fátima, nos dias 14 e 15 de Janeiro, naquele que foi o II Encontro deReitores de Santuários de Portugal.Trata-se de uma iniciativa nascida após um primeiro encontro ocorrido à margemdo congresso anual da Associação de Reitores de Santuários (ARS) de França, quedecorreu no Santuário de Fátima, a 16 de Janeiro de 2007. De acordo com o PadreJosé Melo, da Comissão Organizadora, este II Encontro tem como objectivo «reflectirsobre a pastoral dos santuários em Portugal e a sua relação com a vivência da fé nanossa Igreja, tendo em conta que os santuários ocupam um espaço importante navida dos cristãos».

REITORES DE SANTUÁRIOS REÚNEM-SE EM FÁTIMA

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NOVO ARCEBISPO DE ÉVORA

O Papa Bento XVI, nomeou D. José Francisco Sanches Alves, até ao momento bispode Portalegre-Castelo Branco, como novo arcebispo de Évora (Portugal). O pontíficeaceitou a renúncia do arcebispo D. Maurílio Jorge Quintal Gouveia, que esteve àfrente da arquidiocese portuguesa nos últimos 26 anos, por razões de idade.O novo Arcebispo de Évora é natural da Diocese da Guarda. Nasceu a 20 de Abril de1941, na freguesia de Lageosa (Sabugal). Estudou Filosofia e Teologia nos semináriosda Diocese da Guarda. Em 1966, a 3 de Julho, foi ordenado presbítero na Catedral deÉvora. Em Roma fez o Curso de Ciências da Educação, na Pontifícia UniversidadeSalesiana, onde obteve o doutoramento em Psicologia. A sua actividade pastoralpassou, primeiro, pela Arquidiocese de Évora, onde foi pároco, professor, reitor, en-tre outras atribuições. A 7 de Março de 1998 foi nomeado Bispo auxiliar de Lisboa,com o título de Gerpiniana. A ordenação episcopal celebrou-se em Évora, a 31 deMaio de 1998. Desde essa data, o seu trabalho pastoral decorreu no Patriarcado deLisboa onde, além de outras actividades, era Vigário Geral e Moderador da Cúria. A22 de Abril de 2004 foi nomeado por João Paulo II como Bispo da Diocese dePortalegre-Castelo Branco. É vogal do Conselho Permanente da Conferência Epis-copal Portuguesa e, desde 11 de Abril de 2002, preside à Comissão Episcopal deAcção Social e Caritativa, hoje Comissão Episcopal para a Pastoral Social.

NOVO BISPO COADJUTOR DE VILA REAL

D. Amândio Tomás, novo Bispo coadjutor de Vila Real, ordenado Bispo em Roma porJoão Paulo II, a 6 de Janeiro de 2002, é oriundo de Cimo de Vila da Castanheira, emChaves, onde nasceu em 1943. Natural da Diocese de Vila Real é nela que fica in-cardinado ao ser ordenado presbítero em 15 de Agosto de 1967. O seu percursoacadémico leva-o até Roma à Universidade Gregoriana e ao Instituto Bíblico, locaisonde se licencia em Teologia e em Ciências Bíblicas respectivamente. As novas ha-bilitações académicas fazem com que passe pela docência no seminário de Lamegoe na Faculdade de Teologia na Universidade Católica no Porto. Porém é em Romaque D. Amândio acaba por desenvolver a maior parte da sua actividade. Vice-Rei-tor do Colégio Português em 1976 e Reitor daquela Instituição desde 1982, permaneceem Roma até 5 de Outubro de 2001, o dia em que João Paulo II publicou a sua no-meação para Auxiliar da Arquidiocese de Évora.No actual triénio, D. Amândio Tomás é o delegado da Conferência Episcopal Portu-guesa (CEP) na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE).

A preparação do próximo Sínodo dos Bispos está a desencadear várias iniciativaspara a promoção da Palavra de Deus. Vários bispos e as próprias conferências epis-copais escolheram como programa pastoral temas relacionados com a Bíblia.

SÍNODO DOS BISPOS

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“Cada um de nós e a Igreja, dentro dos diversos movimentos que se ocupam da fa-mília, nas áreas sociais e educativas, se temos valores não os podemos calar”. Estefoi o apelo que D. António Carrilho, Presidente da Comissão Episcopal do Laicado eFamília fez a todos os participantes, entusiasmando-os a anunciar os valores de queestão convictos e deixando para trás o “medo ou a vergonha de apresentar os seusprincípios e valores” e acrescentou “não podemos deixar de propor um projectoque consideramos ser importante e ser fonte de alegria, paz e felicidade para as fa-mílias… não se pode desistir, mas antes avaliar e perceber o que se pode ir fazendo,com a criatividade que é exigida em tempos novos que nós vivemos”.Este caminho passa por uma “concertação e entendimento entre os movimentos eos responsáveis”, aponta. Daí a importância de, todos os anos, congregar todas aspessoas responsáveis no campo da pastoral familiar, seja nas dioceses, ou nos mo-vimentos de âmbito nacional.“Cada movimento tem o seu objectivo, carisma próprio e finalidade específica, masé bom haver uma articulação com a actividade territorial, que neste caso é a dioce-sana”, apresentou o Bispo. Muitos movimentos têm assento nos conselhos dio-cesanos de pastoral familiar, “mas é importante que a nível nacional exista uma sin-tonia quer de perspectivas quer de projectos”.

ENCONTRO DE RESPONSÁVEIS DA PASTORAL FAMILIAR, FÁTIMA 19 DE JANEIRO

“A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” é o tema da XII Assembleia GeralOrdinária do Sínodo dos Bispos, que vai reunir, no Vaticano, entre os dias 5 e 26 domês de Outubro, o episcopado mundial.O tema para o Sínodo, está estreitamente relacionado com o do precedente, “A Eu-caristia: fonte e cume da vida e da missão da Igreja”, porque a Palavra de Deus éum dos “dois banquetes” da celebração eucarística.Todo o material recolhido será examinado pelo Conselho Ordinário da SecretariaGeral do Sínodo, formado por quinze membros, dos quais doze são eleitos peloanterior Sínodo e três nomeados pelo Papa, entre os dias 22 e 23 de Janeiro, visandoà redacção do Instrumentum Laboris, que servirá como documento de aprofunda-mento e reflexão para toda a Igreja.O Papa nomeou relator geral o cardeal Marc Ouellet, arcebispo de Quebec (Canadá),

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Arco-íris

MAPUTOLUÍSA E LUÍS SANTOS PEREIRA

Desta vez, Maputo. Uma visita emdiferido, com a Luísa lá, para umSeminário sobre Língua Portuguesa,e não só, como se verá, e o Luís naregularidade da sua vida irregular,com trabalho em Lisboa e pelo mun-do fora.

Duas particularidades: uma, ocasio-nal – o nosso filho Tiago estava lá aterminar uma semana de trabalho –e outra, prevista, o reencontro com anossa filha Ana, para uma primeira vi-sita à terra onde nasceu.

Em resultado, vem a correspondên-cia (a facilidade da internet e dosmails...), que foi a maneira de estar

um com o outro, de viver esta expe-riência em conjunto.

– Cheguei agora de jantar com o Tia-go. Fomos à Costa do Sol. As amêi-joas de entrada e um prato misto demariscos com camarão, lagostim,lulas e peixe, tudo grelhado. O hotelé bom e simpático, não muito grandee dá para estar à vontade e trabalharbem.

Regressar 40 anos depois! Para mim,já é tudo pouco mais que bruma...Está mesmo muito longe!

– Tudo é bruma num reencontro.Nada é como era e tudo parece ser o

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Viver a memória do passado para ajudar a fazer feliz o presente!

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que era. Recordo tudo, a nossa aveni-da, o luna park, os estádios das tra-seiras, as acácias vermelhas, a Igrejada Polana, o jardim, a praça da Cate-dral, o comando naval, a 7 de Março,o porto, a marginal e a praia, masfica tudo sem se perceber bem ondeera em relação à nossa casa. Estalembro-a bem, as divisões. os mó-veis, as decorações (poucas mas al-gumas), as pessoas, tu em particular,o Luís e a Ana, as nossas conversas ediscussões, as sestas, sei lá.

Ainda bem que começaste com oTiago. É um conforto imenso estarnum sítio novo, ou de novo, comquem se ama. O Tiago não faz partedas recordações de há 40 anos mas

faz parte da nossa vida desde háquase 40 anos e é como se já existisseentão.

– Dizes muito bem o que se sente!É isso mesmo!

Já dei umas pequenas e poucas voltaspela cidade. Percebi palpavelmenteque, para além da guerra colonial,que não teve grande impacto no as-pecto da cidade (pelo menos do queme lembro, que, aliás foi no princípioda guerra), a guerra civil só acabouhá 12 anos e que durante esse tempoa cidade estava mesmo sitiada. Sópodiam ir a outro ponto do país deavião! E as condições chegaram aníveis mínimos de subsistência. Dasduas situações, aparece uma cidadeagradável e arejada pela sua situa-ção à beira-mar e pelo seu traçado,mas bastante, para não dizer muito,degradada.

É essa a expectativa possível. Não sepode esperar mais. As pessoas que cáficaram ou as que cá vivem desde háalguns anos dizem que é substanciala evolução mais recente.

A minha impressão geral é de mesentir bem, não tenho medo de an-dar na cidade, de dia, claro, e poronde anda gente. É agradável, porqueanda muita gente nas ruas e umapessoa sente-se no meio da vida daterra. E é essa a maior diferença queencontro: uma cidade de moçambi-canos, quando antes era uma cidadede europeus.

A nossa casa ainda existe, com omesmo 1020. Mais estragada, claro.Hoje dei uma voltinha com o Tiago

Arco-íris

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ao fim da tarde, desde o hotel dele,pela beira-mar, traseiras do coman-do naval, esquina do Scala e volta.As impressões são muitas, tudo temmuita diferença. Mas é muito bonitover a vida da cidade. Tem magia!

– Que pena não fazeres fotografias.Daria para ver como está hoje. Maso Tiago algumas terá feito e a Anamuitas fará. De qualquer forma nãose consegue fotografar a memória. e éna memória que está a cidade que foinossa por dois anos. A cidade que láestá hoje é outra, as pessoas são ou-tras, não se lhe reconhecem os can-tos. Essa cidade mudou forçosamentee 40 anos são muitos anos, duas ge-rações. Deixou de ser uma cidade eu-ropeia em África para passar a seruma cidade africana.

Engraçado é falares de magia! Certa-mente há a magia da cor, dos cheiros,dos sons. Há a magia das gentes, dascapulanas, das cores garridas comque elas se vestiam e certamente ain-da se vestem. Mas sobretudo há amagia dos nossos tempos aí, que aju-daram a construir-nos uma vidacom mais 40 anos felizes e de ultra-passagem das dificuldades. Há amagia de um bebé que aí chegou ecresceu, irrequieto e feliz, a correrpasseios com pé acima, pé abaixo, adescobrir o mundo e a fazer-nos des-cobrir outro mundo. Há a magia dafilha que aí nasceu e foi crescendo, edaí saiu ainda bebé querida. Há amagia dos amigos, o Luís em parti-cular. Há a magia das pessoas queconnosco conviveram, o Domingos ea sua Elisa Luísa, o Alfredo que que-ria crescer ainda, o Alberto que to-

mava distâncias. Esta magia é o quete faz enlaçar o passado e o presentee, talvez, olhar um pouco para longe.

Ontem veio cá jantar a Marta e co-memorámos o contrato do Afonso.Soube muito bem! Lembrámos-te! Eàs tuas/nossas preocupações pelofuturo dos filhos! Naqueles temposesse futuro não saltava à vista, só oimediato das tosses, gripes, saram-pos, braços partidos. Era um futuromuito próximo. É engraçado como otempo nos vai apresentando um fu-turo sempre mais alargado!

– Fazes chorar as pedras da calçada,quanto mais uma mulher!

Realmente a magia é o enlaçar o pas-sado e o presente, tens razão. E aindapara mais com o Tiago aqui no meiodisto tudo! Encontrar um filho dooutro lado do mundo! E eu que o dei-xei no aeroporto uma semana antes.O que sentirão as pessoas que só sereencontram com os filhos ou paisou... anos e anos depois?!!!...

Mas a magia também vem de ver acidade cheia de africanos, no seu mo-vimento de pessoas que têm o seutrabalho de profissões de todos ostipos, pessoas que passeiam, quenamoram, que estudam, que andamnos chapas ou nos seus carros, queestão nos restaurantes, pessoas comquem nos cruzamos e ouvimos a fa-larem português entre eles. Um por-tuguês, aliás, bem próximo do nosso.

A magia vem também de saltar logoa comparação com o desejo que osfilhos têm e nós já tivemos de nosemanciparmos, de vivermos a nossa

Arco-íris

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vida, orientada por nós próprios,mesmo que muitas vezes com sacri-fício do bem-estar do “ninho” da in-fância.

Ainda bem que festejaram o contratodo Afonso! É sempre muito bom tercom quem partilhar a celebração dedatas! Agora há-de aproximar-se aconclusão do curso! Que Deus osacompanhe!

– Mais um dia. Desta vez sem bomdia. Vai uma boa noite.

A nossa troca de e-mail já me deu adeixa para a próxima Carta. Mas sódepois de S. Paulo. Preciso que mecontes, preciso de imagens, precisode pôr a memória em ordem! Precisode viver recordações!

– Tem graça que também achei que oe-mail que me enviaste estava mes-mo uma boa base para a Carta. Na-turalmente não é por acaso...

Ontem deu-me a ideia de ter falhadoa tua partida para o Brasil, mas hojelá me lembrei de que só irás ama-nhã, portanto, ainda vou a horas.Boa viagem, que te corra tudo bem eque encontres bem a família! Dá-lhesa todos muitos beijinhos! E muitosparabéns ao Frederiquinho pelo diada sua Primeira Comunhão! A Avóvai lembrá-lo na Missa do próximoDomingo e vai rezar em especial porele nesse dia! Até pode ser que seja àmesma hora! Desejo que o Frederi-quinho passe o dia da Primeira Co-munhão muito bem e muito feliz eque seja uma data que marque na suavida! Espero que ele fique contentecom a presença do Avô!

– Estou de volta. Estranha sensaçãoesta da tua ausência! Todos estesdias pensei muito em ti, muito mes-mo. Foi excelente! O Frederiquinhogostou imenso que eu estivesse pre-sente, a ajudar a fazer festa! Ele nãosó sabia muito bem o que era fazer aPrimeira Comunhão como viveu odia em festa! Que bom e que bom euter conseguido estar.

A estas horas já a Ana está contigo ejá te terá contado como foi. Depoiscontas-me como foi esse encontro daAna com a sua terra! Estou “em pul-gas” por saber. Divirtam-se e gozemestes poucos dias como dias únicos.Único é único!

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– Realmente foi uma excitação! Avéspera, a manhã, a hora da chega-da! Outra emoção! Fui no carro dohotel ao aeroporto e dou com a “va-randa” a funcionar! Diferente, masparece-me que na base é a que lá es-tava. Pareceu-me reconhecer a esca-da por onde o Luís descia e subia.Com o espaço exterior magnífico, ca-lor mas vento, uma pista limpa earranjada, uns cinco aviões distan-tes, em pontos circundantes, como sefossem para museu.

Desci e já a Ana estava no guichet dopassaporte! Lá nos encontrámos! Osbeijinhos, os abraços! A lágrima noolho foi a aterragem, vê lá!

De facto, o momento mágico é a che-gada, o reencontro! É quase como setivesse havido um vazio entre Se-tembro de 1968 e Novembro de 2007e nos rencontrássemos agora! Real-mente, em relação a este espaço, foiassim! E vê-la pisar a terra ondenasceu é especial! Foi das primeirascoisas que disse, foi agradecer isso!...E também a ti, claro!

Os dias estão bonitos, com bom sol, edeu para entrar na cidade com umaluminosidade muito boa, de umatransparência rara e magnífica. OÍndico, pela primeira vez, disse logoa Ana! Começámos pela igreja da Po-lana, onde a Ana foi baptizada, ummonte de fotografias, depois já o solestava mesmo a pôr-se (nas núvensde fim de tarde, sobre o horizonte) e

fomos tomar um refresco ao jardimdo hotel Cardoso. É espantosa a vis-ta, muito ampla, a cidade centro,porto, estuário, baía... Chegámos àhora certa, com sol, com meio sol,sem sol, já noite... e para conversarcom tempo, sobre a nossa passagemaqui, sobre cada um de nós, tu, eu,o Luís, a Ana, a Avó, o Domingos, oAlfredo, o Alberto, a Marinha, osnão fins-de-semana, os passeios... emais... porque a hora era igual paraver a cidade de noite.

Foi um sonho!

– Que bom! Fico tão contente, emo-cionado!

Como em sonho, vivi isso tudo delonge, sobretudo vivi a vossa emo-ção, alegria, contentamento, quasesurpresa. Agora fico à espera, deva-garinho, dessa reportagem de amor.É tão bom!

Gozem bem estes dias curtos masfaçam-nos longos!

Adorei a viagem a Moçambique...foi únicosentir onde tinha nascido... quem sabe se osdestinos não ficam meio definidos logo ànascença? Meio errante, mas muito enrai-zado naquilo que é mais forte, a família, oambiente que nos rodeia, sem deixar de abriros olhos para o mundo, que é grande e di-ferente, e pelo menos tentar aprender al-guma coisa com isso???

Viver a memória do passado paraajudar a fazer feliz o presente!

Arco-íris

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Rostos do Movimento

50 ANOSDA PORTO 1E DA PILOTAGEMDA PORTO 2TERESA E JOSÉ MANUEL RAMOS

No dia 1 de Dezembro, na Casa Dio-cesana de Vilar, equipistas da RegiãoPorto reuniram-se para festejar os50 Anos da Porto 1 e da pilotagemda Porto 2.

Foi um grande momento de celebra-ção e acção de graças. Como é bonito

poder olhar a evolução do Movimen-to e ver como a acção de Deus podedesenvolver e dar um sentido novo atantas pequenas (ou grandes?) acçõeshumanas marcadas pela fé.

Depois de o Casal Regional ter aco-lhido e dado as boas-vindas aos par-

Como é bonito poder olhar a evolução do Movimento e vercomo a acção de Deus pode desenvolver e dar um sentidonovo a tantas pequenas (ou grandes?) acções humanasmarcadas pela fé.

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ticipantes, a sessão começou com otestemunho da Porto 1, apresentadopelo casal Susana e Carlos SousaGuedes, do qualsublinhamos: o iní-cio do Movimento ea sua difusão, a pi-lotagem da Porto 2 ede outras equipas, ocontacto e apoio doSr. D. António Fer-reira Gomes, as pi-lotagens fora doPorto, a criação daRegião de Portugalem 1964, de queforam os responsá-veis e o empenha-mento no serviço ao Movimento atéaos dias de hoje.

O Padre Agostinho Leal, ConselheiroEspiritual da Equipa, enalteceu asqualidades invulgares desta que serásempre a “sua” equipa.

A história da Porto 2 foi apresentadapelo casal Maria José e Rui Cunha. AEquipa dedicou-se especialmente adois projectos fortes: pilotagens noPorto e fora do Porto e CPM em qua-tro dioceses. Participou na ECIP e nosEncontros de Equipas Novas e ini-ciou a Equipa de Apoio Familiar e oTempo de Esperança. Muitos casaisforam quadros do Movimento e aEquipa está na origem da repilota-gem. Foi destacada a importância damística do Movimento no serviço àsEquipas e à Igreja.

O CE da Porto 2 é o Frei BernardoDomingues, no Movimento em Por-tugal, há cerca de 40 anos. Referiuuma novidade na Igreja nos anos 50:

o apelo à acção dos leigos casados. Éem França, em 1953-1954, que tem osprimeiros contactos com o Movimen-

to, em funções de CE. Em Portugal asua acção nas ENS começou a esten-der-se, sobretudo após um retirocom a Porto 1, em que lhe pedirampara falar sobre amor e casamento.Desde então tem acompanhado mui-tos casais e Equipas e produzido nu-merosos textos sobre a construçãoda felicidade/santidade em casal. Foicurioso saber ter sido ele a redigir odocumento de base das EJNS, depoistraduzido em França para o Movi-mento a nível internacional.

Nesta festa estiveram o Casal Supra--Regional e o Casal da ProvínciaNorte Centro.

A Ana e o Vasco Varela exprimiramo seu regozijo por esta merecida ho-menagem e falaram no actual estadode cansaço espiritual da Região Por-to, que se manifesta de várias manei-ras: presença pouco numerosa dosequipistas do Porto naquela come-moração e dificuldade em se arranjar

PPPPPorororororto 1to 1to 1to 1to 1

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responsáveis de sector. Abordaram ariqueza dos textos do Padre Caffarel,que muitos actualmente desconhe-cem, e fizeram um apelo forte a quesejamos construtores do Movimentoe não inquilinos.

A Donzília e o Felisberto Eira sauda-ram as duas equipas festejadas e dis-seram acreditar numa mudança pos-sível na Região Porto.

O Senhor Bispo D. António Taipaparticipou em toda a festa, tendo en-cerrado a sessão e celebrado a Euca-ristia final.

Na sua riquíssima homilia, o SenhorD. António referiu-se ao tempo emque vivemos como o espaço entre aprimeira vinda de Jesus e a defini-tiva e como este Jesus quer cami-nhar connosco dando pleno sentidoa todos os nossos passos. Das suaspalavras permitimo-nos destacar:“… queremos entender as ENS comoum grande dom de Deus, como umagraça do Espírito Santo concedida

em favor da Igreja epor ela à humani-dade, na sua cami-nhada para o encon-tro definitivo com oFilho de Deus.

Esta é a razão da nos-sa presença aqui.Viemos agradecer aoSenhor essa graça.Significar a nossagratidão por tãogrande dom. Cin-quenta anos de vida.Cinquenta anos ao

serviço da sua vocação e da suamissão.”

A Eucaristia foi concelebrada peloPadre Agostinho Leal e pelo Frei Ber-nardo Domingues. Apareceu ummaior número de equipistas, sendoum momento forte de acção de gra-ças, preparado pelas Equipas home-nageadas, com a ajuda das EJNS noscânticos.

No intervalo da sessão houve umlanche com convívio animado, assimcomo uma exposição de fotografias edocumentos relacionados com a vidadas duas Equipas.

Tal como referimos na abertura dasessão, e face a tudo o que o Movi-mento hoje é em Portugal e se podeligar com o arranque e dedicação dasduas Equipas, Porto 1 e Porto 2, te-mos bem consciência da modéstia dahomenagem prestada, superada, écerto, pela admiração e sentimentode gratidão que nos vai na alma enos irmana a todos.

PPPPPorororororto 2to 2to 2to 2to 2

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Prezados amigos,

A nossa Equipa - Porto H 12 - existe há perto de 46 anos, pois nasceu emFevereiro de 1962, tendo ainda, a funcionar em pleno, três casais da primi-tiva. Constituímos, portanto, uma equipa suficientemente rodada.

Plenamente inteirados das “obrigações” que nos eram propostas, procurá-mos cumpri-las desde o início, embora com os normais altos e baixos. Masuma obrigação que sempre foi “sagrada” para nós e a do pagamento da coti-zação anual. Compreendemos perfeitamente que só assim o Movimento podeexistir e sobreviver - e ser útil - pois e necessária a organização de todos osseus serviços de apoio, divulgação, distribuição de documentos (com a cor-respondente tradução e ou feitura de textos, artigos e doutrina, nas paginasdas suas publicações), a preparação de retiros, jornadas, encontros e outrasactividades, etc., etc.

Porque considerámos sempre a indispensabilidade da nossa contribuição -da qual todos usufruímos - nunca deixámos de a cumprir. Até aconteceu que,uma vez ou outra, um casal com momentâneas dificuldades económicas, nãotenha contribuído pessoalmente, mas a Equipa lá esteve para suprir essa de-ficiência. De tal modo tem sido forte este sentido de responsabilidade, quechegou a haver um de nós que prescindiu das suas (mínimas) férias para nãodeixar de pagar aquilo que entendia ser sua dívida para com o Movimento.

Situado deste modo o problema, não nos podemos conformar, (e revoltamo--nos até), repudiando com veemência a posição das “172 equipas com do-nativo zero em 2006” (sic), pois é preciso que elas entendam que estão a de-fraudar-nos, a todos os que cumprem, obrigando-nos por vezes a esforçossuplementares para eles beneficiarem da sua integração no Movimento, “semmexerem uma palha”. Apetece perguntar: Quantos, dessas muitas centenasde casais, não fazem gastos supérfluos ou sumptuários? Quantos não deixa-ram de ir de férias? E quantos sentem remorsos por isso?

Ainda uma palavra, a terminar. É que também não nos conformamos coma leveza ou a prudência com que este facto é relatado na “Carta de Início doAno”, de 1 de Setembro passado. É preciso denunciar com vigor. Exigir, mes-

Porto, Outubro de 2007

Às Equip as de Nossa SenhoraLisboa

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mo, o pagamento devido, e publicitá-lo, se for necessário. Depois, agir emconformidade e sem tergiversações, caso não haja eco da parte dos faltosos.Não é no Apocalipse que nos é dito “Porque não és quente nem frio, te vo-mitarei da minha boca”? Então, por que se espera por sermos quentes asério?!

Um abraço da Equipa Porto 12.Padre João Santos, S.J.

Rosa e Vitorino Fonseca,Maria Helena Cardoso,

Maria Luísa e Damião Aguiar,Paulina e José Domingues dos Santos,Maria da Graça e Carlos Carvalho Dias

Queridos amigos,

Recebemos a vossa carta de Outubro e como já não foi a tempo da Cartaperiódica de Novembro, respondemos na Carta de Fevereiro.Bem hajam pelo vosso testemunho de fidelidade ao espírito do Movimento.Compreendemos bem a vossa indignação, que é também a de muitos outroscasais aos quais deram voz. De facto, embora seja um problema que está amelhorar, não é assunto resolvido pois ainda há muitas equipas que não sequotizam. No final do ano, ainda faltava receber no Secretariado a quotiza-ção de 138 equipas …Ora “é importante que os membros das ENS contribuamcom uma quantia anual (quotização) … a fim de que o Movimento possa cumprira sua missão junto dos casais … sugere-se que se contribua, por ano, com oequivalente a um dia de trabalho do casal… a ausência de meios financeiros não devejamais ser um impedimento à participação de quem quer que seja nas actividades do Movi-mento.” (Guia das ENS). Também na CARTA Fundadora (1947) e no Comple-mento à CARTA (1976), o mesmo princípio já era afirmado.É importante que se saiba que a verdadeira dimensão deste problema se tor-nou mais evidente este ano, quando o Secretariado Nacional começou a terdados históricos provenientes do novo sistema de controlo de quotizações.Ficámos despertos para este problema das equipas com quotização zero emanos seguidos dado podermos saber com exactidão, equipa a equipa, qual asituação. Evidentemente, a necessidade pelo controlo rigoroso das quotiza-ções é indispensável, para podermos assegurar uma completa transparência

CARTA ABERTADE RESPOSTAÀ EQUIPA PORTO 12

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aos equipistas que contribuem com os seus donativos. Claro que tratamosesta informação com a máxima discrição e que temos a natural preocupaçãopela boa gestão daquilo que é de todos. O orçamento anual, o relatório e con-tas, são aprovados no plenário da Equipa da Supra-Região e são publicadosna Carta periódica.Para além das despesas normais que o Movimento sempre teve, foi decidido,em 2005, reforçar dois projectos: Formação África e Produção de Documenta-ção. São dois projectos que têm consumido muitos recursos, mas que temospodido desenvolver graças à generosidade dos que contribuem. E, felizmente,os primeiros resultados já estão à vista: Em três anos as Equipas de línguaPortuguesa em África voltaram a duplicar (ultrapassam hoje as 200 equipas)e foram produzidos cinco novos manuais, oito cadernos do método das ENS,uma edição especial da Carta Fundadora, para além das Cartas periódicas(três por ano) e suas separatas, dos temas do ano distribuídos a todos osequipistas, do novo Cartaz e Folhetos promocionais do Movimento e do novoCartão da Reunião de Equipa.É claro que muito mais se podia fazer se todos fossem como a Porto 12. Entãoporquê ser tão brando?Em primeiro lugar temos de nos interrogar sobre a culpa dos responsáveisdo Movimento neste estado de coisas. Começando pela Pilotagem, será que ospilotos dessas equipas souberam explicar bem o problema ou por “pudor” oaligeiraram ou mesmo o escamotearam? Será que os responsáveis de Sector,de Região e da Supra Região fizeram o que deviam na informação, sensibili-zação e exigência? Temos que assumir uma parte da culpa e pelo que nos toca“mea culpa”.Há que sensibilizar as equipas e os equipistas para o problema. Temos de fa-zer a pedagogia da partilha, em todas as suas dimensões, ajudando os casaisa crescer para Cristo, a caminhar para a Santidade, a ser mais casal cristão.Esta é a principal missão do Movimento. Mas quem caminha terão de ser oscasais, o esforço terá de ser seu. Como ajuda que somos, lembramo-nos sem-pre das palavras de S. Paulo: “A caridade é paciente, é bondosa…tudo descul-pa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor. 13).Mas, porque tudo cremos e esperamos, também temos de ser uma ajuda con-creta, um alerta, um estar atento, não nos demitindo da nossa missão paracom as equipas e discernindo a cada momento o sentido profundo do que nosé dado observar.Só então será dado o passo seguinte, directamente com cada uma dessasequipas: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreende-o a sós…” (Mt. 18,15-16). Nada mais cristão que o face a face.Um abraço muito amigo,

ANA E VASCO

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Temos a certeza que Deus esteveconnosco na responsabilidade daRegião Douro Sul. Não que Ele o te-nha dito, mas porque o sentimos nonosso coração. Sentimos a paz e atranquilidade, que se sente, quandoas coisas são agradáveis a Deus. Ti-vemos altos e baixos, acertos a fazerentre o casal, tentações, desilusões,mas no fim sentimos alegria e felici-dade. Assim, não resistimos a contara “história de Deus connosco” (comlicença do Padre António Vaz Pinto)aceitando que também as nossasfraquezas fazem parte do Seu plano.

Acabámos a responsabilidade doSector de Gaia em Julho de 2002 quemuito nos agradou e engrandeceu e oMartins recebeu a notícia de que te-ria de ser novamente operado ao co-ração. Fez a operação em Dezembroe, em Janeiro, recebemos a “prenda”,em forma de convite, pelos queridosAcácia e José Coelho para assumir-mos a responsabilidade da RegiãoDouro Sul. Sentimos um misto dealegria e medo. O nosso entusiasmo

pelas equipas era e é muito grande,mas o desafio era enorme e poucas asenergias. A capacidade para a tarefanão nos assustou porque sabíamosque Deus capacita os escolhidos… seestivermos abertos a Ele e à tarefa!Após um período de reflexão, fomosimpelidos a aceitar porque quería-mos com o nosso trabalho agradecer

A EXPERIÊNCIADE DEUS CONNOSCONA DOURO SUL

SÓNIA E MANUEL MARTINS

Rostos do Movimento

Em favor da união da Região, o Senhordeu-nos o caminho, indicando-nos queme quando convidar e para o que fazer.

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a Deus o facto de estarmos nas equi-pas e o quanto elas nos valorizarame iriam valorizar. A um nível maisíntimo acreditávamos que duranteesse tempo o Senhor não permitiriaque algo de mal na nossa saúdeacontecesse, em especial ao Martins.

Como responsáveis do Sector deGaia, estivemos na Equipa da Regiãodurante 3 anos até 2002. A realidadeda Região num ano não se alteroumuito, logo não gastámos muito tem-po com o seu conhecimento. No Sec-tor podemos escolher os casais deligação e os outros com quem parti-lhamos as tarefas. Na Região não. Oscasais da equipa mudam à medidaque acaba a sua responsabilidade.Mas quis Deus que todos os RS queconnosco trabalharam fossem muitoqueridos, com muito amor ao Movi-mento e com vontade de fazerem omelhor pelo seu Sector e pela Região.Não tínhamos um projecto, mas li-nhas mestras para lhes propor: unira Região onde ainda se notavam al-gumas sequelas e isolamento, ligarvertical e horizontalmente (conside-ramos a ligação tarefa essencial, on-de todos se possam conhecer e co-nheçam o “pulsar” e a intensidadedo Movimento), formar sempre paranão estagnar e expandir.

Nos anos anteriores já se tinham for-mado várias equipas novas, mas eranecessário expandir ainda mais oMovimento para manter a vitalidadee o crescimento. Nós pensamos quese difundirmos a alegria de perten-cermos às equipas, estas expandir-se-ão com facilidade. A Cidália e oManuel Domingos aceitaram com ge-

nerosidade trabalhar na equipa decoordenação e informação e, desbra-vando caminhos desconhecidos, commuita dificuldade, à qual juntámos agraça de Deus e o trabalho dos RIP eRS, as equipas foram-se formando.

No início do ano fazíamos a agendade actividades dos Sectores, ondepropúnhamos que algumas, aí umasduas ou três por ano, se mantives-sem de âmbito regional. Era bompara os casais conhecerem outros dediferentes Sectores e era bom tam-bém para os RS porque, com as tare-fas da elaboração da actividade, for-mavam equipa uns com os outros.No início da responsabilidade todosnós sentimos medo mas fomo-lo per-dendo à medida que fomos cami-nhando, fazendo e fazendo fazer. Per-demos o temor e ganhámos o amor.Ainda hoje nos sentimos todos comose fôssemos da mesma equipa (fa-mília) e, não podemos esquecer que,alguns só trabalharam em conjuntoum, dois ou três anos. Foi muito bomver a entreajuda e a partilha de co-nhecimentos e preocupações entre oscasais. No tempo dedicado à análiseda vida das equipas e do Sector, foiagradável sentir os casais a viveremos problemas dos outros Sectorescomo se fossem deles próprios. As-sim se formaram equipas novas comcasais de diferentes áreas geográficasdas originais e assim vimos, tam-bém, casais a pilotarem em Sectoresque não eram os seus. Graças a Deus.

Demos muita importância à ligação,porque achamos que uma equipa malligada só tem dois caminhos: ou ficasó como um grupo de bons amigos e

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ou acaba. Sem ligação as equipas nãoparticipam em actividades de qual-quer âmbito e também não expõemas suas dificuldades ou carências. Aolongo dos anos da nossa responsa-bilidade fomos propondo aos RSpara implementarem o novo modelode ligação que é sem dúvida o melhormeio de ligar. A mensagem passacom mais clareza e há partilha e co-nhecimentos entre os casais das vá-rias equipas que estão a ser ligadas.Temos a percepção que à medida queeste meio de ligação se foi propa-gando o número de casais partici-pantes nas actividades de Sector, daRegião e da Supra-Região foi aumen-tando. Pode não ter sido só pelaligação, mas foi-o em grande medida.

Em favor da união da Região, o Se-nhor deu-nos o caminho, indicando--nos quem e quando convidar e parao que fazer. Havia união, mas falta-va a plena comunhão. Com a luz deDeus deu-se um grande incrementoneste campo.

Foram muitos os acontecimentos vi-vidos em casal e na equipa que guar-damos com muita satisfação. Há, noentanto, dois momentos que quere-mos destacar que foram os encontroscom os Conselheiros Espirituais, quefizemos em nossa casa e onde emcada uma das vezes estiveram cercade vinte (50% da Região). A eles agra-decemos muito, pois desde a nossaresponsabilidade no Sector de Gaia,que todos nos acolheram e deram edão o seu contributo às ENS. A ex-cepção, foram aqueles que reconheci-damente não podiam mesmo. Que oSenhor os mantenha motivados para

a espiritualidade conjugal. Rezamospor isso, por eles e pelo resto da suaobra.

O nosso Conselheiro Espiritual, Pa-dreJosé Manuel, foi para nós um con-selheiro activo, participativo e “pro-vocativo”, um entusiasta, um alfobrede novos casais para informar, sem-pre presente nas reuniões, nas acti-vidades e nas preocupações. Quandocomeçou a sua tarefa de CE na Regiãoera CE duma equipa, mas quandoacabou já era CE de mais duas! Agra-decemos a Deus as maravilhas quenele operou e que nós sentimos commuita felicidade. Bem-haja.

Os nove casais que estiveram con-nosco deram-nos a conhecer comosão variados e ricos os caminhospara Deus. Havia diferenças entre osmembros do casal, mas que eramaproveitadas para enriquecer o tra-balho. Havia diferenças entre os ca-sais, mas que sempre foram encami-nhadas voluntariamente para bemda equipa e da Região. O Movimentosaiu mais rico com estes casais, masestes também saíram mais fortes efelizes. Foi maravilhoso para nósvermos os casais, à medida que otempo corria, cada vez mais entu-siasmados com a tarefa que aceita-ram. Tal como nós!

No arranque deste último ano, emque foi apresentado o novo RR, “coma casa cheia”, quisemos despedir-nosde toda esta grande família que leva-mos no coração e agradecemos ao Se-nhor, com eles, todo o trabalho feito.Através do Magnificat louvamos oSenhor pelas maravilhas que nos fez

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sentir nestes quatro anos. Aprovei-támos também e oferecemos, a cadacasal da Região, um CD com algunscânticos que animaram as celebra-ções realizadas. Damos graças a Deuspelas maravilhas que fez na Sílvia ePedro (RS Esmoriz) e na Fernanda ePaulo Mota… que ainda não são dasENS, mas que estiveram na maioriadas celebrações e gravaram o CD.Que Deus os recompense.

Para comemorarmos e deixar nocoração os anos de trabalho (?) emconjunto na Região fomos em pere-grinação (?) a Nossa Senhora de Gua-dalupe em Espanha. Todos num au-tocarro, aí fomos nós fortalecer aamizade, o casal e equipa e dar gra-ças a Nossa Senhora pelos momentosvividos em conjunto. Deu para tudo:para oração, diversão, revisão devida (como começou o namoro e en-trada no Movimento) e até para sa-borear a doçura com que o novo ca-sal responsável da Região aceitou a“sacanagem” da praxe que os “vete-ranos” lhe fizeram no hotel!

Ser RR é também fazer parte dumaoutra equipa de âmbito nacional: aSupra Região. Vivemos nela momen-tos inesquecíveis: pelos casais, pelastarefas, pela formação recebida epelo conhecimento mais profundo doMovimento que esta equipa nos pro-porcionou. Durante a nossa perma-

nência tivemos dois casais respon-sáveis pela SR: o casal Moura Soares(Tó e Zé) e o casal Varela (Ana e Vas-co). Diferentes no estilo, mas ambosmuito empenhados com as EquipasNossa Senhora. Bons responsáveis ebons “chefes”. Sempre solícitos… so-licitadores e carinhosos!

Assistimos à criação das Províncias(Norte e Centro, Sul e África) e comelas sentimos o inevitável efeito docrescimento do número de equipas ea consequente mudança de orienta-ção com vista a uma maior eficácia.Diminuiu a coesão sentida quandotodo o trabalho da SR era elaboradosó por uma equipa, o que agora é di-vidido. Mas, não havia outro cami-nho. Reconhecemos que estivemos (eestamos) ao serviço, não só para nossentirmos alegres com os amigosmas, sobretudo, com o fruto do tra-balho que prestamos. A todos os ca-sais que connosco partilharam a ex-periência chamada Supra Região onosso obrigado. Que o Senhor man-tenha neles a alegria do serviço e daamizade.

Agradecemos a Deus a luz que nosenviou (a nós e ao CE) na escolha eaceitação do casal nosso sucessor(com nada para herdar). Agradece-mos a sua disponibilidade e conti-nuamos a rezar por eles para que Eleos ilumine. Bem-haja.

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5 de Janeiro. Dia de Reis e de Festa.Houve Eucaristia e Convívio. O En-contro foi em Vilar.

À chegada, os casais e as pessoasiam-se cumprimentando, extrava-sando a satisfação de se voltarem aver depois de passado mais um ano ese começar uma nova etapa com aestrela da vinda do Menino que seanuncia em cada minuto da nossavida.

A sala foi-se enchendo, foi-se enchen-do. Não havia lugares vazios. E a ale-gria embelezava o rosto de todos osparticipantes. Havia uns mais ata-refados, porque tinham a seu cargo aanimação e o cuidado de ver que na-da faltasse. E muito entusiasmo.

A pontualidade do início da Eucaris-tia fez-se sentir pelo sacerdote pre-sidente, o Frei Bernardo, acompa-nhado pelo senhor Padre Cabral,duas presenças serenas, simpáticas eprofundamente comprometidas.

Os cânticos foram da responsabili-dade de uma equipa coral da Maia,presidida pelo Nuno, conceituado

maestro. Harmonizaram a cerimóniae contribuíram para a união festiva.

As crianças sentiram-se à vontade eparticiparam felizes.

A homilia, além de nos informartambém nos formou e convidou àcontinuação do empenhamento, dapartilha, da generosidade e da dis-ponibilidade para servirmos nosdesafios que nos forem solicitados enecessários nos cargos da estruturado Movimento.

Soube-nos muito bem a referência àMaia: é uma nação. É que a Maiatambém foi a dinamizadora da Eu-caristia e do convívio.

A sabedoria, a familiaridade, o hu-mor pedagógico são sinais constan-tes que nos marcam e nos ensinam.

Houve a passagem de testemunho dealguns Sectores, aguardando-se parabreve o preenchimento para os queainda não têm ninguém e agradecen-do a disponibilidade aos que saíram.

FESTA DE REISREGIÃO PORTOLARURA E AROSO MAIA (MAIA 1)

Rostos do Movimento

A sabedoria, a familiaridade, o humor pedagógico sãosinais constantes que nos marcam e nos ensinam.

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No fim, no momento da Acção deGraças, a Teresa Mandim proferiuuma bela oração à Mãe do Menino e aLaura, em nome do casal, pediu tam-bém ao Menino que enviasse, a nívelpessoal e dos sectores, casais parapertencerem a este Movimento deEspiritualidade Conjugal, de Felici-dade e Santidade. É preciso rezar epedir ao Padre Caffarel para que, aoestar bem mais perto de Nossa Se-nhora, lhe segrede o nosso desejo enos ensine a ser orantes como ele eexigentes.

Foi muito bonito, aquando da leitura,confirmar a sala completamentecheia e colorida pelos rostos aten-ciosos, risonhos e contentes.

A concelebração com o Sr. Padre Ca-bral foi muito acarinhada.

Todos os presentes e participantesmerecem votos de um Ano cheio deesperança e de boa semente com boacolheita nas suas actividades e de-sempenhos.

E deste nosso jeito entregamos aoMenino ouro, incenso e mirra.

A Lisboa 3 das Equipas de Nossa Se-nhora conta com mais de 50 anos deactividade continuada, sendo algunsdos seus membros elos da cadeia dosIntercessores, os quais mostraramaos outros um pequeno testemunhoinserido na página dos Intercessoresde Julho passado, que a todos muitoagradou e quisemos fazer vosso.Assim, a Lisboa 3 composta de umConselheiro Espiritual, 3 viúvas e 3casais, tendo os 9 leigos a idade mé-dia de 87 aos, continua a reunir men-salmente, com Missa, partilhandocom grande amizade, os vários per-cursos vividos no mês que passou.Temos sempre presentes as 14 pes-soas que pertenceram à Lisboa 3 eque já partiram para o Pai, bemcomo aqueles que conduzem os des-

tinos das queridas Equipas de NossaSenhora.Não tendo já o fôlego de outros tem-pos, nem a possibilidade de nos des-locarmos, iremos fixar a nossa acçãona Oração e na Carta das Equipas, aqual nos traz a alegria de saber que oMovimento continua vivo e em es-cala ascendente.Somos pois uma Equipa muito antigae um tanto especial, que não podendo“sair do seu cantinho”, se dedicaráde alma e coração à oração, basean-do-se não só no Movimento das ENS,mas também nas Cartas aos Inter-cessores.Gratos pelo muito que recebemos eaté quando Deus queira.

TESTEMUNHOLISBOA 3

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2.º

O 2.º Encontro Nacional de Formadores realizou-se em Fátima, em 12 de Ja-neiro de 2008, durante a reunião da Equipa da Supra-Região (SR), com inícioàs 11horas.

O tema do Encontro corresponde à preocupação: Conhecer Caffarel para odar a conhecer, ou seja, como podemos dar a conhecer aos casais o pensa-mento e a obra do Fundador?

Após o acolhimento e umas palavras de enquadramento do casal Supra-Re-gional, os participantes dividiram-se em Equipas Mistas por tipo de Forma-ção em que estão integrados.

Os trabalhos desenvolveram-se em três encruzilhadas à volta dos temas:“Conhecer Caffarel”, “A Formação que damos” e “Dar a Conhecer Caffarel”.

Ao fim da tarde celebrou-se a Eucaristia em conjunto com a Supra-Região.Também nas pausas e refeições ainda houve tempo para a partilha e apro-fundamento do conhecimento entre formadores e os membros da Equipa daSupra-Região.

As conclusões do Encontro foram de várias ordem:

1. Recomenda-se que:

- Se aposte na qualidade das formações;- Se organizem sessões de formação de formadores;- Se dê a conhecer os textos do Padre Caffarel aos casais formadores;- Se organizem Encontros de Formadores também a nível das Províncias;- Se dê mais tempo à parte testemunhal das apresentações do que à “teórica”;- Sejam introduzidos os Editoriais do Padre Caffarel nos Cadernos de

Pilotagem;

ENCONTRO NACIONALDE FORMADORESANA E VASCO VARELA

“CONHECER CAFF ARELPARA O DAR A CONHECER”

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- Sejam introduzidos textos do Padre Caffarel nas diversas sessões de forma-ção organizadas pelo Movimento;

- Seja equacionada a problemática da formação cristã de base dos casais no-vos e procuradas respostas adequadas;

- Se repense o Babysitting como actividade para os filhos, contribuindo paraos integrar com as actividades dos pais;

- Se continue a apostar no novo método de pilotagem que tem tido bons re-sultados, pois tem-se sentido que as pilotagens têm melhorado em quali-dade desde a sua implementação em 2001;

- O período de serviço das Equipas Formadoras seja de 4 anos em vez de 3.

2. Sobre os Encontros de Equipas Novas, recomenda-se:

- A realização de reuniões prévias com os casais piloto com bastante antece-dência, pois são muito benéficas;

- Que se dê mais tempo às reuniões de equipas mistas, que devem ser inicia-das por uma explicação cuidada já que são uma experiência nova para estescasais.

3. Sobre as Sessões de Formação I, recomenda-se que:

- As Sessões de Formação I mantenham a duração de 4 dias, para permitirum clima propício à produção dos resultados esperados;

- Reuniões de equipas mistas sejam iniciadas por uma explicação cuidada jáque são uma experiência ainda pouco habitual para estes casais.

Foi um dia cheio para o qual contámos com a presença tanto de casais ao ser-viço como de casais cessantes, tendo saído todos mais ricos em experiência emais preparados para a Missão.

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Correspondendo ao desafio propostopela Supra Região, a Região Sintrarealizou no dia 8 de Dezembro, pelas17 horas, na Igreja de Rio de Mouro,Nossa Senhora da Paz, uma Euca-ris-tia presidida pelo Conselheiro Espi-ritual da Região, Sr. Padre MárioPais.

Mais de 50 casais viveram um fortemomento de unidade e de comunhãodo nosso movimento, evocando edando graças a Deus pelos 60 anosda Carta.

Sábiamente o Padre Mário fez a li-gação entre a carta de S. Paulo aosRomanos “Tudo o que outrora foi escrito,foi escrito para nossa instrução, para que,pela nossa constância e pelo conforto espi-ritual das Escrituras, tenhamos firme es-perança”, com o Discurso do PadreCaffarel, feito em Roma em Maio de1959, para 1.000 casais, destacandoe citando mesmo alguns dos seupontos.

Citando Henri Caffarel, “Então per-guntei a mim mesmo porque não proporuma regra aos cristãos casados desejosos

de progredirem espiritualmente? Não umaregra de monges, mas uma regra para osleigos casados.

Que orientações devia ter essa regra? Maismística... mais jurídica... estabelecendo obri-gações? Teríamos, sem dúvida, que abran-ger os dois aspectos. É por esse motivo quea vossa regra – a CARTA das Equipas deNossa Senhora – numa primeira parte fixao objectivo que pretendemos alcançar e,numa segunda parte, os meios – método eobrigações – para os atingir”.

RITA E DAVID DUQUE (CASAL REGIONAL DE SINTRA)

EVOCANDOOS 60 ANOSDA CARTA

8-Dezembro-2007

Rostos do Movimento

Mais de 50 casais viveram um fortemomento de unidade e de comunhãodo nosso movimento.

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Dentro destas obrigações, des-tacou a relevância da oraçãoconjugal e familiar, a oraçãona equipa, o grande momentoda reunião, salientando tam-bém, para além do dever de sesentar, a entreajuda no casal, aentreajuda na equipa, entre oscasais, que segundo o nossofundador, é uma das razões deser das Equipas.

Para nós casais ali presentes,foi um momento para agrade-cer a Deus este profeta que nosfoi dado, a quem o Espírito so-prou e fez intuir esta dinâmi-ca da espiritualidade conjugal, estagraça de sermos casais ENS, mastambém relembrar-nos a propostade exigência contida na carta funda-dora, exigência que foi também o“pano de fundo” do Encontro Nacio-nal em Fátima no passado mês deNovembro, exigência a ser vivida

Rostos do Movimento

nos vários domínios da nossa vida.Certamente se a vivermos na nossavida em casal, mais facilmente aaplicaremos ou a viveremos tambémnos vários domínios da nossa vida,como pais, como profissionais, comocidadãos.

SANTIAGO DO CACÉM 1APOIA A MISSÃO ALENTEJOISAURA E MANUEL CRUZ (SANTIAGO DO CACÉM 1)

No dia 18 de Janeiro de 2008 deslo-caram-se ao Alentejo – Santiago doCacém – o casal Supra-Regional Anae Vasco Varela, acompanhados do Sr.Padre António Janela (ConselheiroEspiritual da Supra-Região) e do Sr.Padre Vasco Pedrinho.

Foram recebidos pela ENS Santiagodo Cacém 1, pelos Sr. Padre Maga-lhães (Conselheiro Espiritual), Sr. Pa-dre Manuel (pároco de Vila Nova de

É reconhecido pela Igreja que o Alentejoé uma “Terra de Missão”.

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Santo André), Sr. PadrePereira (pároco de Sines),Sr. Padre Dário (párocode Alvalade do Sado eErmidas do Sado), e tam-bém pelo Sr. Padre Do-mingos (Vigário Geral daDiocese de Beja).

Esta visita inseriu-sedentro dos planos que ocasal Ana e Vasco se ti-nham proposto efectuar,conforme anunciaram noEncontro de Aberturadas actividades, no San-tuário de Nossa Senhorada Atalaia – Montijo – em 27 Outu-bro de 2007. Os seus planos consis-tem em ajudar a lançar (o máximoque lhes for possível) mais Equipasno Sector de Setúbal.

Todas as ENS ficaram contentes comtal anúncio.

Desta vez, tocou-nos a nós, Santiagodo Cacém 1, apoiar este projecto naparte ocidental da diocese de Beja.

A visita estava apelidada de “visitainformal”, mas foi muito proveitosapor vários motivos:

- Jantar convívio entre todos os ele-mentos que não se conheciam entresi.

- Os Srs. padres inteiraram-se me-lhor da realidade do Movimentodas ENS, pelo que todos esperamosmais empenho de sua parte.

- Ficaram calendarizadas para 14 e17 de Fevereiro, outras visitas parareunião de Divulgação/Informação

a casais das paróquias de Santiagodo Cacém e Vila Nova de Santo An-dré, respectivamente, num esforçopara entusiasmar casais para for-mar mais Equipas.

- Ficaram indigitados dois casaispara fazerem uma “Acção de For-mação de Casais Piloto” em regimeintensivo, para poderem Pilotar aspossíveis Equipas que se venham aconseguir formar.

… e era apenas uma “reunião infor-mal”… estamos a imaginar se fosseuma reunião de trabalho!!!

É reconhecido pela Igreja que o Alen-tejo é uma “Terra de Missão”. O ter-reno é árido, é verdade, mas tambémsabemos que o produto final, umavez obtido, é de boa qualidade (co-nhecemos bem o produto final dasvinhas alentejanas).

A disponibilidade foi manifestada.

O Espírito Santo fará o resto!

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Integrado no programa de apoio daSupra-Região de Portugal às equipasde África, fomos convidados para,com o Sr. Padre Mário Pais, integrar-mos a Missão S. Tomé e Príncipe.

A missão visava os seguintes objec-tivos: consolidação das equipas exis-tentes e formação às mesmas; estru-turação do Movimento; formação aoscasais convidados para as estruturasa criar; informação a novos casais;sensibilização de Sacerdotes e “Ir-mãs” para a mística e carisma dasENS e consequente adesão como CEou acompanhante de equipa.

Nesse sentido propusemo-nos efec-tuar: contactos com o Sr. Bispo D. Ma-nuel António Santos e com os Sacer-dotes e Comunidades Religiosas Fe-mininas; encontros com todas asequipas ou grupos de equipas e infor-mação a novos casais.

Ao integrar a missão, o Sr. Padre Má-rio Pais, amigo do Senhor Bispo D.Manuel António e conhecedor já darealidade santomense, transmitia-nos segurança e confiança.

O programa da nossa visita foi ela-borado pelo Sr. Padre João Nazaré,com conhecimento do Senhor Bispo,o qual havia recebido já uma mensa-gem do Casal Responsável Supra--Regional, Ana e Vasco Varela, infor-mando-o da nossa deslocação e dosseus objectivos.

Tudo a postos para a partida, queestava marcada para 15 de Setembrocom regresso a 22 do mesmo mês.Mas “o futuro a Deus pertence”. Nanoite do dia 10 a Donzília fracturouum braço em resultado de uma que-da, impossibilitando-a de viajar. OEspírito apelava à nossa simplici-dade e humildade. E como nas ENSnão há trabalho individual, teríamosque ser substituídos ou adiar a via-gem para mais tarde. Prevaleceu asegunda hipótese: partida a 27/10com regresso a 08/11.

Não conhecíamos S. Tomé, mas numaconversa havida em Portugal com oSr. Bispo Resignatário D. Abílio Ri-bas foi-nos dada uma panorâmicabastante detalhada da realidade fa-miliar naquele país, situando-nos

DONZÍLIA E FELISBERTO EIRA (CASAL RESPONSÁVEL DA PROVÍNCIA NORTE E CENTRO)

MISSÃOA S. TOMÉ E PRÍNCIPE

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Estamos seguros de que as ENS vão representar um marco de mudançano conceito de família em S. Tomé e Príncipe. A Igreja virá a reconhecereste contributo num futuro muito próximo.

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ainda no meio, na cultura e na espiri-tualidade daquele povo.

Às 00h45 do dia 27 de Outubro em-barcámos em Lisboa na companhiado Sr. Padre Mário. Tínhamos pro-curado fortalecer a nossa oração e,por isso, partimos confiantes.

Chegámos a S. Tomé às 06h40. Éra-mos aguardados pelo Senhor BispoD. Manuel António Santos, pela IrmãLúcia e por dois casais. E surgiu aprimeira surpresa: o Senhor Bispoajudou a desalfandegar a bagagem(como seria se ele não estivesse lá!?),e a carregar as malas para o seu jeep!Ficámos sensibilizados. Seguimosdepois na sua viatura até ao PaçoEpiscopal onde tomámos o pequenoalmoço. De seguida levou-nos à casaque as Irmãs Canossianas nos ti-nham reservado, tendo o Sr. PadreMário ficado na residência do SenhorBispo. Esta simplicidade e disponi-bilidade despertou-nos para umanova realidade que começávamos aviver. O espírito de ajuda e colabo-ração é próprio de quem, no meio dassuas dificuldades, tem sempre algopara repartir.

Sentíamo-nos cansados, mas a nossamissão não era turística. Por isso ti-vemos logo nessa manhã o primeiroencontro com o Senhor Bispo, comquem almoçámos também. A partede tarde foi ocupada com o Sr. PadreJoão Nazaré, com quem conversámoslongamente, colhendo informaçõessobre a realidade das ENS em S. To-mé, analisando o programa e prepa-rando o Encontro Geral do dia se-guinte.

Demo-nos conta logo nesse dia dasdificuldades da nossa missão, princi-palmente no respeitante a: transpor-tes, meios de comunicação (nem otelemóvel, mesmo que caro, era ummeio eficaz por falta de rede em di-versos pontos), vias de acesso e re-cursos logísticos. E porque os impre-vistos acontecem, nesse mesmo diaficámos sem máquina fotográfica emresultado da sua queda do jeep.Adquirir outra? Onde?

Num gesto de amizade e estima peloPadre Mário, as Irmãs Hospitaleirasdispensaram-lhe um jeep para asdeslocações. Como foi grande estecontributo e como foi útil também oconhecimento que o Sr. Padre Máriotem de S. Tomé, bem como a sua pe-rícia na condução!

Condicionados pelo tempo de quedispúnhamos, tivemos dificuldadeem nos adaptar ao ritmo santo-mense: “leve, leve”. Mas confiávamosno Espírito Santo. Fortalecidos poresta confiança fomos procurando pôrem prática as estratégias que tínha-mos definido. Havia que atingir osobjectivos que nos levaram àquelePaís. Logo no dia 28 participamosnum Encontro Geral das Equipas deS. Tomé realizado nas Neves. Apren-demos mais do que transmitimos. Ostestemunhos ouvidos vinham bemdo fundo do coração e reflectiam aspreocupações vividas por muitoscasais. Fomos despertos para umarealidade que desconhecíamos: a ge-neralidade dos casais celebrou o seucasamento depois de muitos anos devida em comum. Agora, apesar deapenas há sete meses nas ENS, as

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suas vidas têm sofrido uma mudan-ça muito positiva. Há hábitos, resul-tantes da cultura local, que requeremtempo para irem sendo alterados:diálogo em casal, oração conjugal, vi-vência familiar, etc. A mudança estáa realizar-se, lenta mas significativa-mente. As quedas são naturais. O seureconhecimento e o recomeço sãouma vitória.

Tivemos mais dois encontros com oSenhor Bispo, a quem fomos transmi-tindo alguns testemunhos dos casais.Reunimos com todas as equipas. Fa-lámos do espírito, carisma e metodo-logia das ENS. Ouvimos muitas in-terrogações e esclarecemos muitasdúvidas. Registámos as suas reac-ções pela expectativa da visita de umcasal de Portugal. E gravámos tam-bém o entusiasmo e determinaçãodaqueles casais em se deixarem im-buir da mística das ENS. Estas eramvistas talvez mais como uma activi-dade paroquial, muito relacionadacom o casamento e com a família doque como um Movimento estrutu-rado internacionalmente. A estrutu-ração, foi, aliás, uma das perguntasmais frequentes.

Contactámos com alguns sacerdotese Irmãs Religiosas, realçando a im-portância deste Movimento na estru-turação da família em S. Tomé. Ficá-mos com a impressão de que a Hie-rarquia, apesar der acolhedora, seencontra expectante, algo ainda in-crédula perante a realidade familiarexistente. Mas manifestámos sempreo nosso optimismo e total confiançano trabalho porque o trabalho que oSr. Padre João Nazaré tem vindo a

desenvolver é um trabalho de fundo,estabeleceu, desde o início, a famíliacomo objectivo prioritário da suaactividade pastoral. Mesmo semqualquer experiência prática nasENS, mas pelos contactos estabele-cidos aquando da sua estadia no Se-minário dos Olivais, acreditou nasua mística, carisma e metodologia,sensibilizou e conquistou casais emdiversos pontos da Ilha e constituiualgumas equipas.

No dia 5 de Novembro partimospara o Príncipe. Se há dificuldadesem S. Tomé, que dizer do Príncipe?!Mas falemos só das ENS. Há aqui trêsequipas, cujo grande obreiro temsido o Sr. Padre Manuel Árias, Co-lombiano, que numa passagem porLisboa teve contacto com o Movi-mento. A Ilha é muito pequena, semrecursos, e os hábitos familiares tra-dicionais são muito influentes nosseus habitantes, pelo que procuracaminhar com prudência. Há, pri-meiro, que alicerçar as equipas exis-tentes, na perspectiva de serem estescasais a testemunharem, com a vida,a alegria e felicidade da mudança.

Também ali nos reunimos com todasas equipas, encontrando nos casais omesmo estado de espírito que já re-ferimos de S. Tomé. Registámos ariqueza de muitos testemunhos, es-pecialmente no que respeita às mu-danças de relação em casal e à evo-lução do conceito de igualdade dedireitos do homem e da mulher.

O trabalho apostólico só pode ser aliexercido com um grande espírito demissão e de desprendimento, devido

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ao isolamento e às enormes carên-cias. Há 30 anos que se mantêm ali 3Irmãs da Congregação da SagradaFamília, todas açoreanas e com maisde 65 anos. São os “Anjos da Guarda”da população e de quantos sedeslocam ao Príncipe no cumprimen-to de qualquer missão. Foi em suacasa que também nós nos “abri-gámos”.

O Sr. Padre João Nazaré, em S. Tomé,e o Sr. Padre Manuel Árias, no Prín-cipe, têm desenvolvido uma activi-dade altamente meritória. Desempe-nhando as missões de Casal Piloto eCE, têm sido fiéis transmissores damística e do carisma do Movimento.O baixo grau cultural de alguns ca-sais obrigou-os ao recurso a resumodos temas de estudo, tornando-osmais acessíveis.

Estruturação

Existiam 5 equipas em S. Tomé e 3 noPríncipe. É, no entanto, grande a dis-tância entre estas duas Ilhas. Háavião duas vezes por semana. Porém,se um casal de S. Tomé quiser deslo-car-se ao Príncipe, ou vice-versa, te-rá de reservar o ordenado de 7 mesesde um professor para suportar oscustos das passagens. Impraticável,portanto, a formação de um Sectorúnico. Tendo em conta esta realidade,formou-se um Sector em S. Tomé eum Pré-Sector no Príncipe, autóno-mos, integrados na Província África.

Baseados nas sugestões do Sr. PadreJoão Nazaré e do Sr. Padre ManuelÁrias, foram convidados os casaispara estas duas estruturas: Casais

Responsáveis de Sector e Casais deLigação, sendo pedido também a es-tes a pilotagem de quaisquer novasequipas.

Procurámos preparar estes casaisparas as diversas missões, distri-buindo-lhes depois a documentaçãorespectiva. Todas as equipas seencontravam ainda no 7.º Caderno,portanto ainda em pilotagem. Dequalquer forma, foi pedido a doisCasais para acompanharem, comoCasais Piloto e com a colaboraçãodos respectivos CE, duas novasequipas que estavam a ser prepara-das. Apesar das dificuldades pró-prias da inexperiência, estes casaismanifestaram-se dispostos a dar oseu melhor, não só em ordem à ex-pansão do Movimento como tam-bém, e principalmente, à dinami-zação das equipas existentes.

Em qualquer dos Sectores vai tor-nar-se indispensável a colaboraçãodos respectivos CE, Padre João Na-zaré e Padre Manuel Árias, não só nocampo espiritual como também noapoio logístico e de transporte.

Por tudo o que nos foi dado observaré indispensável continuar a apoiaras ENS nas duas Ilhas de S. Tomé ePríncipe. Os casais e CE necessitamde sentir o calor humano dos equi-pistas portugueses. Os casais sen-tiram-se honrados com a presença deum casal de Portugal que viveu noseu meio, comeu e conviveu com elese entrou em sua casa. Ao falar-se daquotização foi manifesto o grandeapreço pelos equipistas portugueses,que com a sua generosidade possi-

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bilitam o apoio aos países de África,suportando os encargos com as des-locações a esses países e ainda a des-locação de casais desses países aPortugal.

Estamos seguros de que as ENS vãorepresentar um marco de mudançano conceito de família em S. Tomé ePríncipe. A Igreja virá a reconhecereste contributo num futuro muitopróximo. A Hierarquia não pode fi-car, por isso, simplesmente numaposição expectante. Os casais e CEnecessitam de sentir o seu apoio.

E para terminar:

- A nossa gratidão ao Senhor BispoD. Manuel António Santos pelaforma simples e generosa com quenos aco-lheu e pela simpatia quenele sempre encontramos. Jamaisesqueceremos a sua disponibilidadede transporte do e para o aeroportoe a inestimável ajuda na Alfândega.

- Um agradecimento ao Sr. PadreMário Pais, nosso companheiro depercurso, pelo apoio que dele rece-bemos e pela inestimável colabo-ração na disponibilização de trans-porte. As nossas dificuldadesaumentaram com o seu regressoantecipado a Portugal.

- A expressão do nosso apreço e sim-patia pelo trabalho desenvolvidopelo Sr. Padre João Nazaré em prolda família. Seguro nas suas convic-ções, consegue, no meio de tanta di-ficuldade, encontrar ânimo para,com alegria, simplicidade e deter-

minação, realizar um projecto emque acredita profundamente. Tam-bém nós acreditamos no seu traba-lho e nos frutos que dele irão sercolhidos.

- Igual sentimento de apreço paracom o Sr. Padre Manuel Árias, noPríncipe. São enormes as dificulda-des no exercício do seu munus pas-toral: carências de todo o género,total falta de meios materiais e eco-nómicos, isolamento e solidão, obs-táculos de uma cultura tradicional,etc. Mas, alimentado pela fé e espe-rança, mantém-se persistente nasua missão, apostando na famíliacomo forma de ir contagiando osambi-entes, dar dignidade ao meiofamiliar e assim caminhar para oconceito de família estruturada.Acredita e aposta nas ENS. Con-fessou que não conhecia este Movi-mento mas que, a partir de agora,irá ser um arauto do mesmo, pro-curando implantar ou apoiar asENS em qualquer ponto onde sejacolocado dado estar a completar aliquatro anos, mas vai acompanhar oseu substituto durante cerca de 3meses, garantindo que não vaifaltar apoio aos casais das ENS.

- O nosso agradecimento também àsIrmãs das Ordens Religiosas Femi-ninas pela sua simpatia e disponi-bilidade para apoiar os casais dasENS e para acompanhar as equipas,já existentes ou a formar. Bem “im-plantadas no terreno”, as suas Ca-sas são autênticos centros de cris-tandade e de apoio social.

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Somos, Rosalina Mbayeta e o Pedro Ndjamba, casados a 19 anos. Vivemosnos arredores de Luanda na localidade chamada Benfica.

Temos 6 filhos que crescem muito perto de nós, o que nos da uma grandealegria.

Ás 16h05 do dia 15 de Novembro de 2007 chegamos ao aeroporto Internacio-nal de Lisboa abordo da aeronave da TAP.

Fomos calorosamente recebidos pelo casal Fernando Marques, que se mos-trou muito satisfeito com a nossa presença sendo claramente um homem deDeus pela sua simplicidade pela sua capacidade de  acolhimento pela ma-neira como se apresentou.

Não temos palavras para o descrever.

De imediato fomos levados para casa de retiros da Buraca onde nos juntamosaos casais:

- Osvaldina e Danilson – S. Tomé- Elisa e Afonso  - Moçambique

Padres:

- Eugénio – Moçambique- Mário – Cabo- Verde- João – S.Tomé

No dia 16 de Novembro de 2007, as 20h16, partimos de Lisboa para Fátimade autocarro, por sinal muito confortável onde não faltou o ar condicionado,em sintonia com a nossa senhora de Fátima começamos com as orações ini-ciais do movimento, invocando o espírito de santo, bem como a reza do santoterço.

Ao:

Casal Responsável para a Provìncia de África

LISBOA

ASSUNTO: TESTEMUNHO AO ENCONTRO NACIONAL DAS ENS

TESTEMUNHORRRRReeeeegiãogiãogiãogiãogião

AngolaAngolaAngolaAngolaAngola

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Chegamos a Fátima as 22h05 minutos seguindo-se do jantar no hotel Cató-lica e consequentemente a  recepção das chaves dos quartos para hospeda-gem e o respectivo descanso.

No dia 17 após o pequeno almoço seguiu-se a recepção do material didácticopara a formação tendo obedecido o programa do encontro.

- 16:30 – Partida de Fátima.

Fomos bem hospedados e a hospitalidade que nos reservaram foi mas do quegenerosa.

As sessões de estudo que tivemos em Fátima, bem como a reunião de despe-dida após o jantar de confraternização com a Equipa da supra região permi-tiram em nós aprofundar os conhecimentos sobre o movimento seu carismae sua estrutura, assim como as graças que podemos receber pelo facto de per-tencermos a este movimento.

Para nós foi uma honra e um enorme prazer termos estado em Lisboa  pro-priamente em Fátima ao serviço do senhor, através de movimento partici-pando no encontro nacional das ENS, onde fizemos novos amigos sobretudoa grande família da região da madeira que connosco viajou de Lisboa para aFátima. O nosso muito obrigado.

Consideramos como pontos mais alto do encontro nacional das ENS que tevelugar em Fátima de 17 á 18 de Novembro de 2007.

- Painel I - Uma vida equipa- Dever de se Sentar- Painel II - (2.º parte) – Pontos concretos de esforço.

Os agradecimentos ao casal Lai e Fernando Marques, pelos passeios que nosproporcionaram da visita a sítios e monumentos históricos de Lisboa bemcomo ao estado da Luz, ficámos maravilhados por tudo aquilo que nos teste-munharam.

Voltamos de Lisboa com o dever cumprido e a ânsia de um dia voltarmos nagraça de Deus pai.A região de Angola e ao sector Luanda D, das ENS muito obrigado por te-rem confiado em nós. Deus vos proteja e vos dê a sua benção celestial nestamissão.  Luanda aos 28 de Janeiro de 2008.

 

   O Casal Responsável, 

Rosalina Mbayeta e Pedro Ndjamba

 

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Caros amigos!

A minha partici-pação no encon-tro das ENS foiuma oportuni-dade para conhe-cer um poucomais de perto estemovimento, comoera o desejo da Diocese de Mindelo,na pessoa do seu Bispo, Dom Arlin-do. Pareceu-me que o movimento foimuito bem concebido pelo fundador,padre Caffarel, com objectivos emétodos muito claros. A capacidadede reunir, de fazer reflectir, de con-viver e de rezar centenas de casais,com os seus conselheiros espirituaisfoi, sem dúvida, momentos de graçae de partilha muito interessantespara aqueles que procuram fortale-cer a sua vocação de vida conjugal.O movimento está de parabéns, oxa-lá que ganhe impulso novo a partirdesta magma experiência!

Eu, como tive a oportunidade de vosmanifestar, na qualidade de párocode duas freguesias, vindo de ambi-ente com baixo índice de Matrimó-nio, registo boas impressões do mo-

vimento e acredito que este poderádar um forte impulso para levantarcasais desavindos e sensibilizar pes-soas a procurarem e comprometeremno Matrimónio. Nesta linha, queiramsaber que fiz já alguns contactos emordem a dar a conhecer as Equipas.

Aproveito esta oportunidade paramanifestar, em nome pessoal, aminha gratidão pela possibilidadeque me deram de tomar parte nesteEncontro. Creio ser também, de igualmodo, o sentimento de gratidão daparte do Bispo da Diocese deMindelo. Nosso sincero obrigado!

Unidos a Cristo, o Bom Pastor.

TESTEMUNHOPADRE JOSÉ CARLOS

Rostos do Movimento

RRRRReeeeegiãogiãogiãogiãogiãoCaCaCaCaCabo bo bo bo bo VVVVVerererererdedededede

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Rostos do Movimento

O Encontro Nacional das Equipas deNossa Senhora (Fátima, 17 e 18 deNovembro de 2007) decorreu sob ainspiração das comemorações dos 60anos da Carta Fundadora. Foi umaoportunidade para se reflectir sobreo caminho percorrido e sobre os pro-jectos para o futuro, pautados pelosentido cristão da exigência.

O Movimento das Equipas de NossaSenhora celebrou nos dias 17 e 18 deNovembro no Santuário de Fátima,os 60 anos da CARTA Fundadora. Foihá 60 anos que um grupo de Casais eo Padre Caffarel se propuseram fazeruma caminhada juntos para apro-fundarem o sentido do Sacramentodo Matrimónio. Surgiu então a Cartadas ENS que é o documento que nosajuda a compreender a mística domovimento e a sua exigência. Comonos ensinava o Padre Caffarel, asEquipas de Nossa Senhora são umMovimento de Iniciação e Aprofun-damento, ou seja, um caminho a per-correr pelo casal em direcção à San-tidade.

Participaram neste encontro mais de1.000 casais, vindos de todo o país(continente e ilhas), bem como al-

guns membros das Equipas de Ango-la, Moçambique, S. Tomé e Príncipe eCabo Verde, que representaram asequipas de expressão portuguesa emÁfrica.

Do Sector de Torres Vedras, estive-ram presentes 36 casais.

O encontro começou no sábado coma recitação do terço na Capelinha dasAparições. Durante esse dia, os te-mas focados interpelaram os casaispara que tanto na vida de equipacomo no seu crescimento espiritual aexigência fosse uma constante nassuas vidas.

Animado por vários casais e conse-lheiros espirituais das Equipas, o diaterminou com um Serão de Festa,onde não faltou animação e alegria.

No Domingo foi celebrada a Eucaris-tia na nova Igreja da SantíssimaTrindade, tendo sido encerrado o en-contro com as Orientações de Vidado Movimento das ENS até ao ano de2012.

ENCONTRO NACIONALREUNIU MAIS DE 2000 PESSOAS

CÂNDIDA E JORGE MORAIS (TORRES VEDRAS 2)

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Foi com muita alegria que estivemospresentes no Encontro Nacional dasENS em Fátima nos dias 17 e 18 deNovembro. Vamos sempre na expec-tativa de podermos conhecer melhoro nosso movimento e assim enrique-cermos a nossa vida em casal.

Foi para nós muito enriquecedor opainel apresentado pelo padre VascoPinto de Magalhães cujo tema era“as alegrias e exigências de uma vidade equipa”, o qual nos fez meditarbastante na palavra exigência, nãono sentido de obrigação, mas comocaminho de alegria. A nossa maiorexigência é manter a alegria, o âni-mo, o entusiasmo, é ter dentro de nóso amor de Deus, um amor que nosenaltece e nos ajuda a descobrir nofundo de nós mesmos o que de me-lhor temos. Exigência que nos apare-ce como geradora de uma missão,por vezes com altos e baixos, desola-ções, falta de fé, como se no fundo nosfechássemos dentro de nós próprios.

Temos de encontrar o caminho daverdadeira alegria na amizade, nafamília, crescer na espiritualidade, e,principalmente, estarmos dispostosa servir. Por vezes o que se contrapõeà alegria não é a tristeza mas sim opessimismo (a desolação espiritual).Por isso, a nossa grande exigência érecriar a alegria.

Temos de estar atentos às falsas ale-grias. Não podemos ter uma equipade casais onde até parece que tudofunciona bem, mas onde, no fundo,pode existir um engano de “estar afazer bem”. A superstição da espon-taneidade é uma armadilha onde nãopodemos cair.

Temos que estar decididos a reinven-tar com um amor que está na ordemdo querer, sendo o essencial a oração.Juntando alegria e exigência, estamosdeterminados a construir um futurocheio de esperança e com uma enor-me força de criar o amanhã!

UM TESTEMUNHOSOBRE O PAINEL I

CARMEN E HUMBERTO SILVA (TORRES VEDRAS 12)

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“Os V eladores” – Intercessores

Em 1960, o Padre Caffarel, certa-mente inspirado pelo Espírito Santofaz um apelo para que se oferecessemvoluntários como “Veladores” pararezarem juntos pelos casais cristãos.E é em 1966/7 que, em Portugal, al-guns aderem a esta iniciativa. Eramcasais das ENS que da meia-noite àsseis horas da manhã, em equipa sesucediam na oração pelo Movimento,por cada uma das famílias, especial-mente por aqueles que mais precisa-vam. Era uma oração de uma hora.Uma vez por mês. Cada casal telefo-nava ao seguinte, em cadeia combi-nada não só para lhe recordar a ora-ção mas para que o elo não fossequebrado e todos se sentissem uni-dos nesta oração. E procurava-se quetodas as equipas participassem demodo que existisse como que umaoração contínua, dada a dispersãodas equipas por tantos países e con-tinentes.

Mas nem sempre foi possível ao Mo-vimento organizar e acompanhar

esta iniciativa. Por isso em 1968 sur-gem os “Intercessores” que vão subs-tituir de uma forma um pouco dife-rente e mais ampla o âmbito dos“Veladores”.

Em 1968 passaram a chamar-se “In-tercessores”.

A primeira missão que receberam foide rezarem, especialmente:

• Pelos noivos que se preparam parao matrimónio

• Pelos casais felizes para que irra-diem a graça do seu sacramento

• Por aqueles que são separados pelaviuvez

• Pelos casais em dificuldades, expe-rimentados pela doença ou pelo de-semprego.

• Por aqueles cujo amor está doente epor aqueles que se separam.

O que distingue os intercessores deoutros grupos de oração é exacta-mente a sua especificidade de oração

Transcrevemos aqui um extracto de um texto do Casal Abranches Pinto publi-cado no Livro “Origens e Percurso das ENS em Portugal”, editado em 2005, anode comemoração dos 50 anos da chegada do espírito do Movimento a Portugal. Étambém uma forma de homenagear o Manuel Abranches Pinto, que já partiu parao Pai, pela forma empenhada como desempenhou nos seus últimos anos de vida,em casal, a responsabilidade pelos Intercessores em Portugal.

INTERCESSORES

Lisboa, 14 de Março de 2004

CASAL ABRANCHES PINTO

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pelos casais cristãos. Ora estas inten-ções não são hoje ainda mais preocu-pantes e necessárias?

Também recebemos muitas intençõesparticulares, tantas tão dramáticas eangustiantes e que são igualmenteatendidas.

Quem são hoje os intercessores?

São cerca de 2000 homens e mulhe-res de todas as idades, condições,raças, estados de vida e de cerca de30 países.

Em Portugal somos 131, o que é mui-to pouco, mas temos esperança deque esse número aumente substan-cialmente...Estamos em Lisboa, Por-to, Coimbra, Covilhã, Caldas da Rai-nha, Gouveia, Valadares, Ourém,Mem Martins, Parede, Carvalhos,Queluz, Oeiras, Charneca da Capa-rica, etc.

Une-nos o mesmo compromisso deassegurar uma cadeia de orações,rezando, cada um de nós, uma vezpor mês – uma hora, que escolhemose escrevemos num boletim de inscri-ção juntamente com o nosso nome edirecção e que fica no Secretariadodas Equipas de Nossa Senhora. Istopara podermos receber, de três emtrês meses, a “Carta aos Intercesso-res” juntamente com duas intençõesde orações para esse trimestre.

Esta carta vem de França, é traduzi-do nos países para onde é enviada e ésempre muito rica de doutrina e aju-da-nos muito a perseverar na nossamissão livremente aceite.

Nos intercessores, além dos orantes(os que rezam uma vez por mês, pelomenos) há os oferentes – os que ofere-cem as suas “cruzes” e os jejuadores(os que jejuam uma vez por mês). Ehá os que acumulam as três modali-dades. É interessante reparar no lo-gótipo da carta aos intercessores –um orante reza diante de uma velaacesa. Ora isto faz-nos lembrar umtestemunho de um casal francês nacarta aos intercessores n.º 87, de Ju-lho de 99 em que afirmam: “Ser in-tercessor na Igreja, hoje, é crer e ma-nifestar de que tudo é possível aDeus”, é ocupar um lugar – certa-mente oculto – ser uma lâmpadaacesa. É entrar nessa grande correntede homens e mulheres de oração querezam para glória de Deus e para asalvação do mundo.

Gostamos de pensar que esta peque-na chama da nossa humilde oraçãopercorre assim o mundo, passandode mão em mão, acesa e mantida pelamão do próprio Espírito Santo. Vive-mos assim o mistério da comunhãodos santos. Somos um elo da enormecadeia daqueles que nos precederame daqueles que virão depois de nós.

Mais informação em www.ens.pt (Secção Intercessores).Inscrições pelo tel: 21 842 93 40 ou por e-mail:[email protected].

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Carlos Humberto SantosEquipa Torres Vedras 6

Partiram

o Paipara

“Quem me segue nãoandará nas trevas,mas terá a luz da vida.”

Jo 8, 12b