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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA Laboratório de Geoprocessamento Aplicado (LGA) /UFRRJ “Geologia do Arquipélago de Santana, Macaé (RJ)” Isabele Henrique da Silva (200204013-1) ORIENTADOR Alexis Rosa Nummer (UFRRJ) CO-ORIENTADOR Renata da Silva Schmitt (UERJ) Abril 2007 Obra para Consulta

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA

Laboratório de Geoprocessamento Aplicado (LGA) /UFRRJ

“Geologia do Arquipélago de Santana, Macaé (RJ)”

Isabele Henrique da Silva (200204013-1)

ORIENTADOR

Alexis Rosa Nummer (UFRRJ)

CO-ORIENTADOR

Renata da Silva Schmitt (UERJ)

Abril

2007

Obra para Consulta

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Sumário

Resumo...............................................................................................................................................8 Abstract ...............................................................................................................................................9 Introdução.........................................................................................................................................10 Breve Histórico do Arquipélago de Santana ...............................................................................10 1. Localização geográfica ..............................................................................................................11 2. Aspectos Gerais..........................................................................................................................12 2.1. Flora e Fauna ...........................................................................................................................12 2.1.1. Vegetação .............................................................................................................................12 2.1.2. Fauna .....................................................................................................................................13 2.2. Atividades antrópicas..............................................................................................................14 2.3. Dados arqueológicos ..............................................................................................................14 3. Caracterização do Tema e Justificativa do Estudo ...............................................................15 4. Objetivos da Pesquisa ...............................................................................................................16 5. Método de Trabalho ...................................................................................................................17 5.1. Etapa preliminar.......................................................................................................................17 5.1.1. Levantamento Bibliográfico ................................................................................................17 5.1.2. Logística para trabalhos de geologia em áreas oceânicas ...........................................17 5.1.3 Logística de campanha ........................................................................................................18 5.2. Etapa de execução..................................................................................................................18 5.2.1. Mapeamento .........................................................................................................................18 5.2.2. Tratamento das amostras em laboratório (UFRuralRJ e UERJ)..................................19 5.2.3 Descrição petrográfica das amostras ................................................................................19 5.2.4. Nomenclaturas utilizadas:...................................................................................................19 .3. Etapa de finalização ..................................................................................................................19 6. Geologia regional........................................................................................................................20 7. Geologia local..............................................................................................................................25 7.1. Unidades Litológicas...............................................................................................................25 7.1.1. Hornblenda-Biotita Metasienogranito ................................................................................25 7.1.2. Metadiorito e Metatonalito ..................................................................................................28 7.1.3.Ortoanfibolito Homogêneo...................................................................................................30 7.1.4. Veios Pegmatíticos e Aplíticos...........................................................................................32 7.1.5. Diques de Diabásio..............................................................................................................33 7.2. Geologia Estrutural..................................................................................................................35 7.2.1. Estruturas primárias.............................................................................................................35 7.2.2. Estruturas Dúcteis................................................................................................................36 7.2.3. Estruturas rúpteis .................................................................................................................39 7.3. Metamorfismo ..........................................................................................................................40 Conclusões e Recomendações ....................................................................................................41 Referências Bibliográficas .............................................................................................................43

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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, por ser presente em minha vida, agradeço aos meus

Pais que confiaram no meu potencial, por me ensinarem respeito, confiança, amor e

liberdade, pois devo boa parte do que sou a eles. Agradeço especialmente ao professor

Alexis Rosa Nummer, pela paciência, amizade, dedicação e atenção. A colaboração da

bióloga Andrea, pela luz e amizade, aos colaboradores de campo e a geóloga doutoranda

da UERJ, Valéria. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por contribuir para o

meu amadurecimento pessoal e profissional, com festas, paisagens, e a diversidade de

pessoas que convivi no decorrer do curso. Aos professores que contribuíram com a minha

formação intelectual e profissional. Aos novos amigos que adquiri durante a vida

acadêmica, que fazem parte da minha vida. Ao orkut e msn pelo atraso, distração e perda

de tempo.

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Índice de Figuras, Tabelas e Anexos

Figura 1. Imagem de satélite do Arquipélago de Santana, extraída do software Google Earth,

disponível no site: http://earth.google.com/.A porção sudoeste do arquipélago não está inclusa no

polígono de amplitude do satélite......................................................................................................9

Figura 2. Visualização da área de estudos e perspectiva da distância a partir do continente, em

primeiro plano o Município de Macaé e estuário do Rio Macaé.......................................................10

Figura 3. Carta de navegação da enseada de Macaé e proximidades, Brasil costa leste, escala

natural 1: 25.000 na Latitude de 22°23’52, altitudes em metros acima do nível do mar, marcação das

curvas de níveis topográficos, levantamento efetuado pela Marinha do Brasil em

1974....................................................................................................................................................11

Figura 4. Vista panorâmica da vegetação do Costão SW da Ilha de Santana. Observar o detalhe

da encosta dissecada como feição geomorfológica marcante no arquipélago.................................12

Figura 5. Voçorocas na praia do barro vermelho, leste da Ilha do Francês, em detalhe o perfil do

solo....................................................................................................................................................12

Figura 6. Exemplar de Atobá no ninho com filhote, espécime predominante no Arquipélago de

Santana.............................................................................................................................................13

Figura 7. Alojamento Sede da Marinha, ponto de manutenção do Farol (local de maior altitude no

arquipélago). Em primeiro plano observa-se a praia principal da Ilha de Santana com a face frontal

para o continente.............................................................................................................................17

Figura 8. Localização e mapa geológico com principais lineamentos tectônicos da Faixa Ribeira e

seu entorno (modificada de Trouw et al, 2000; Schmitt et al., 2004). No detalhe, traço A-B do perfil

geológico descrito na Figura 9..........................................................................................................22

Figura 9. Perfil estrutural composto do Orógeno Ribeira com a relação entre os diferentes

terrenos e domínios estruturais. Legenda: Terreno Ocidental (1-6): 1 a 3 - Megasseqüência

Andrelândia nos domínios Autóctone, Andrelândia e Juiz de Fora, Terreno Ocidental; 4 a 6 -

Associações do embasamento (Complexo Barbacena, Mantiqueira e Juiz de Fora); Terreno

Paraíba do Sul (7-8): 7-Grupo Paraíba do Sul; 8-Complexo Quirino; Terreno Oriental (9-13): 9-

Seqüência Cambuci; 10-Seqüência Italva; 11- Seqüência Costeiro; 12-Arco Magmático Rio Negro;

13-Granitos colisionais; Terreno Cabo Frio (14-15): 14-Seqüência Búzios e Palmital; 15- Complexo

Região dos Lagos (Heilbron et al., 2004b).......................................................................................23

Figura 10. Mapa de localização da região do estado do Rio de Janeiro e Mapa geológico do

D.T.C.F. e parte do “terreno Oriental”, em destaque no circulo vermelho, a área de estudo

(modificado de Reis, 1995; Fonseca, 1998; Schmitt et al., 2004)....................................................25

Figura 11. Lajedos de hornblenda-biotita metasienogranito, litotipo predominante no Costão SW da

Ilha de Santana, Afloramento IS-02..................................................................................................27

Figura 12. Hornblenda-biotita metasienogranito exibe megacristais de microclina, deformados, com

lineação de estiramento mineral de biotita marcante, orientação 230/27 (Afloramento IS-05). A

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orientação preferencial é paralela à orientação da bússola. Escala da foto: Bússola

Brunton.............................................................................................................................................28

Figura 13. Fotomicrografia em lâmina delgada da Amostra IS-06 (hornblenda-biotita

metasienogranito). Em detalhe, observa-se um grão de zircão, mineral acessório, próximo a uma

junção tríplice, entre cristais de microclina plagioclásio saussuritizado e quartzo próximo ao maior

ângulo de extinção..........................................................................................................................28

Figura 14. Fotomicrografias em lâminas delgadas da amostra IS-01(hornblenda-biotita

metasienogranito) Apresenta duas gerações de microclina em A: uma de porfiroblastos bem

cristalizado e outra com granulação fina a média de geminação bem difusa e grãos

hipidioblásticos. Nota-se inclusão de quartzo e plagioclásio em alguns minerais, os grãos mais

finos como matriz, os cristais xenoblásticos pertencem a uma geração mais tardia. O plagioclásio

está saussuritizado em alguns pontos; em B, observa-se nos grãos maiores de quartzo estrutura

de recuperação de grãos................................................................................................................29

Figura 15. Enclave diorítico de forma lenticular no hornblenda-biotita metasienogranito do

Complexo Região dos Lagos (Afloramento IS- 02).........................................................................30

Figura 16. O metadiorito em lâmina delgada apresenta, é inequigranular fino a média com

texturas granoblástica (quartzo e plágioclasio) e lepidoblástica (biotita), e estruturas do tipo

mirmequítica, pertítica e saussurita.Os cristais de hornblenda estão alinhados preferencialmente

segundo os plano de biotita. O plagioclásio (oligoclásio) perfaz em torno de 45% da lâmina

(Amostra IS-01B).............................................................................................................................31

Figura 17. Hornblenda-biotita metasienogranito de granulação grossa e não homogênea,

pontualmente leucossomas (veios) e porções meso a melanocráticas representadas por enclaves

de metadiorito de granulação media/fina homogênea. (Afloramentos IS-01 e IF-

01).....................................................................................................................................................31

Figura 18. Aspectos do metatonalito próximo a uma zona de cisalhamento, em A no costão SW da

ilha de Santana (Afloramento IS-11), em B face NW do Ilhote Sul (Afloramento Sul-02).................32

Figura 19. Contato brusco entre o anfibolito e o ortognaisse. O ortoanfibolito é homogêneo e de

granulação fina a média de aproximadamente 2m de espessura. A presença de lineação de

estiramento com concentração de minerais máficos na borda com a encaixante, sugerem um

reflexo distinto da deformação em diferentes reologias. As medidas das estruturas observadas em

dobras recumbentes com Plano Axial 148/12, Eixo 230/09, na encaixante L1/2 200/08 e S1/2 260/20

(Afloramento IS-12)..........................................................................................................................32

Figura 20. Fotomicrografia em lâmina delgada da Amostra IS-04 (Anfibolito). Rocha equigranular

média onde se observam duas gerações de hornblenda, uma bem formada de cor verde oliva

forte e outra mais alterada de cor verde clara. Algumas biotitas apresentam bordas de reação e

minerais opacos associados............................................................................................................33

Figura 21. Contato definido entre o anfibolito e hornblenda-biotita metasienogranito encaixante.

Em A, observa-se a presença de enclaves próximos à zona de contato. Presença de blocos de

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rochas, erodidos e intemperizados. Preenchimento de veios de material fundido nos contato

tectônico. O contato é brusco com o gnaisse e espessura de aproximadamente 7m. Em B detalhe

do anfibolito com granulação fina e homogênea com variação composicional em torno de 50 a 70

% de hornblenda. Presença de veios aplíticos. Localização: Costão SW da Ilha de Santana

(Afloramento IS-04) . Escala da foto: marreta e mochila azul..........................................................33

Figura 22. Grande acúmulo de enclaves anfibolíticos próximos à zona de contato com o

hornblenda-biotita metasienogranito encaixante. Localização: Costão SW da Ilha de Santana

(Afloramento IS-04) . Escala da foto: lápis azul...............................................................................34

Figura 23. Afloramento de hornblenda-biotita metasienogranito com veio pegmatítico de direção

170/55 apresentando concentração maior de biotita próximo à zona de contato. Localização:

Costão SW da Ilha de Santana (Afloramento IS-02). Escala: martelo..............................................34

Figura 24. Bloco de hornblenda-biotita metasienogranito de granulação grossa, com megacristais

de microclina, observa-se veio aplítico dobrado. Localização: Costão SW da Ilha de Santana

(Afloramento IS-01). Escala da foto: martelo....................................................................................35

Figura 25. Detalhe de veios pegmatíticos, em A veio de quartzo constricto, em B fenocristais de

turmalina e anfibólio. Localização: Ilha de Santana (Afloramento IS-06 e IS-12)............................35

Figura 26. Dique de diabásio, ATITUDE 238/58, exibe padrões de fraturas tipo Riedel (1929),

ângulos de 120° e 60° entre fraturas. Escala da foto: Bússola Brunton. Legenda: marcando

ângulos entre as fraturas.................................................................................................................36

Figura 27. Detalhe do dique de diabásio localizado na face SW da Ilha de Santana, zonamento

composicional e textural centro e borda, com sistemas de fraturas ortogonais e obliquas ao corpo

principal de direção 060, definindo feições fisiográficas marcantes (Afloramento IS-14)................36

Figura 28. Afloramento de dique de diabásio no lado SW da Ilha de Santana. Observam-se

estruturas do tipo Ponte (A) e Toco (B), de direção SW/NE com movimento sinistral (Afloramento

IS-13)...............................................................................................................................................37

Figura 29. Contato brusco entre a encaixante hornblenda-biotita metasienogranito e o

ortoanfibolito, a foliação envoltória está orientada em S1/2 173/53. O ortoanfibolito demonstra ser

intrudido pela hospedeira, destacando a relação temporal entre eles, onde o ortoanfibolito é mais

antigo que o hornblenda-biotita metasienogranito..........................................................................37

Figura 30. Foliação metamórfica com orientação S1/2 220/12, com lineação de estiramento e

bandas leucocráticas intercaladas. Afloramento localizado na Ilha do Francês (IF-03)..................38

Figura 31. Ocorrência de nível de ortoanfibolito no hornblenda-biotita metasienogranito, boudinado

com veios de fusão “in situ” associados, paralelo à foliação, em A e em detalhe B. Localizado no

costão E da Ilha de Santana (Afloramento IS-08)............................................................................38

Figura 32. (a) Diagrama de Equiárea de Schimidt, Hemisfério Inferior das foliações S ½ e Planos

Axiais S3, (b) Diagrama de Equiárea de Schimidt , hemisfério Inferior das lineações L1/2 e Eixos de

Dobras D3 ........................................................................................................................................39

Figura 33. Hornblenda-biotita metasienogranito com foliação S1/2 184/10, as lineações de

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estiramento de microclina estão orientadas Le1/2 245/10. Localizado no costão E da Ilha de

Santana (Afloramento IS-05)...........................................................................................................39

Figura 34. Hornblenda-biotita metasienogranito intensamente deformado, em A, foliação

penetrativa associada a processo de milonitização em Zona de Cisalhamento Dúctil. Escala: óculos

de sol. Legenda: linha vermelha indicando dobra assimétrica em Z, eixo com caimento suave para

S. Em B, foliação transposta para direção 123/59, eixo orientado em 179/10. Localização: Costão

SW da Ilha de Santana......................................................................................................................40

Figura 35. Sinforme com caimento de eixo para 180/05 e plano axial 270/50, sem espessamento

apical, charneira arredondada, com dobras parasíticas em Z e S nos flancos, concentração de

quartzo-diorito na charneira, seus flancos são intecalados por material aplitico, quartzo-diorito e

hornblenda-biotita metasienogranito. Pode configurar em planta um padrão de interferência de

dobras cogumelo...............................................................................................................................40

Figura 36. Em A, plano de falha com movimento sinistral, sistema aberto, zona de cisalhamento

rúptil lineação quase horizontal, direção NE-SW, com dique de diabásio preenchendo a estrutura,

com espessura de aproximadamente um metro.Em B sistema de juntas segundo padrão de

Riedel, Localizado na face SW da Ilha de Santana.........................................................................41

Figura 37. Plano de falha destral com orientação 284/83, próximo a zona cisalhamento

rúptil/dúctil, com foliação S1/2 horizontal...........................................................................................41

Tabelas Tabela 1. Cronograma descritivo das atividades de campo............................................................18

Tabela 2. Dados geocronológicos do embasamento do DTCF compilados de trabalhos anteriores

(modificada de Schmitt, 2001).........................................................................................................24

Tabela 3. Tabela de nomenclatura das unidades litológicas do Domínio Tectônico Cabo Frio

(Schmitt, 2001).................................................................................................................................26

Anexos

Anexo 1. Mapa geológico do Arquipélago de Santana, Macaé (RJ). Na escala1: 25.000

Anexo 2. Mapa geológico estrutural do Arquipélago de Santana, Macaé (RJ). Na escala1: 25.000

Anexo 3. Mapa de Afloramentos

Anexo 4. Tabela de Afloramentos

Anexo 5. Zoom de imagens de satélite imagem de satélite do Arquipélago de Santana, extraída do software

Google Earth , disponível no site: http://earth.google.com/. Em detalhe Ilha de Santana e Ilha do Francês

respectivamente.

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Resumo O arquipélago de Santana, Município de Macaé, é formado pelas ilhas de Santana,

Francês, Ilhote Sul e Ponta da Cavala. É constituído predominantemente por ortognaisses

félsicos do embasamento Paleoproterozóico do Domínio Tectônico de Cabo Frio, porção

sudeste da Faixa Ribeira. Foram reconhecidos quatro litotipos principais no

embasamento: hornblenda-biotita metasienogranito, metadiorito, ortoanfibolito e veios

leucocráticos. O hornblenda-biotita metasienogranito é a unidade predominante e

apresenta uma grande variação textural e composicional. Possui porções com

porfiroblastos de K-feldspato e porções com textura homogênea fina a média. Esta

variação composicional pode marcar também um bandamento paralelo à foliação

tectônica. O metadiorito aparece especificamente sob forma de enclaves, muitas vezes

rompido no hornblenda-biotita metasienogranito. O ortoanfibolito é maciço, homogêneo

com textura grossa. Ocorre na forma de lentes centimétricas a métricas dentro do

ortognaisse, com contatos bruscos, muitas vezes boudinados. Os veios leucocráticos

podem ser classificados como aplíticos ou pegmatíticos. Os aplitos têm espessuras

centimétricas e sistematicamente dobrados e/ou cisalhados, enquanto os pegmatitos

cortam as demais estruturas dúcteis, são mais espessos e podem ser relacionados a

fusão. A foliação metamórfica predominante tem baixo ângulo (em torno de 10 a 25o) com

mergulhos para sudoeste e sudeste. A lineação de estiramento é marcada pelos cristais

de K-Feldspato, plagioclásio e quartzo têm orientação N-S, subhorizontal. Os cristais de

anfibólio marcam uma lineação de mineral paralela ao estiramento. Além das rochas do

embasamento, foram reconhecidos diques de diabásio, com orientação NE-SW, extensos

e de espessuras métricas, associados aos sistemas de juntas com direções NE-SW e N-

S. Foram identificados lineamentos com direções E-W e NW-SE, que condicionam a

orientação dos costões rochosos, enquanto que o conjunto de ilhas está orientado NE-

SW. Estes dados geológicos concordam com os dados obtidos na porção continental em

Macaé, extremo NE do Domínio Tectônico de Cabo Frio. A ocorrência em porções ou

cumulados com reologia mais plástica, mais espessos ou restritos, geralmente na mesma

cota topográfica inferior ao longo do arquipélago, associados à marcante lineação de

estiramento mineral, down dip com a foliação penetrativa S1/2 sugerem a presença de

uma rampa frontal de uma nappe de cavalgamento. A alta plasticidade de todo o pacote

aflorante no arquipélago com intensos dobramentos apertados a isoclinais, com vergência

sistemática para o continente pode definir uma superfície de decollement.

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Abstract The Santana archipelago, Macaé special district, is formed by Santana, Francês, Ilhote Sul and Ponta da Cavala islands. It is constituted predominantly by orthogneisses felsics of the Paleoproterozóic embasement of Cabo Frio Tectonic Domain, southeast portion of Ribeira Belt. Four main lithotipes were recognized in the embasement: hornblende-biotite metasienogranite, metadiorite, orthoamphybollite and leucocratics veins. The hornblende-biotite metasienogranite is predominant unit with a great textural variation and compositional. This portions show K-feldspar porphyroblasts and others portions with homogeneous granular texture in the average. This compositional variation can also mark a parallel banded to tectonic foliation. The metadiorite specifically appears under enclaves forms, a lot of times broken in the hornblende-biotite metasienogranite. The ortoamphybollite is solid, homogeneous with thick texture. It happens inside in the form of lenses centimeters the meters of the ortognaisse, with abrupt contacts, a lot of times boudinage. The leucocratics veins can be classified as aplite or pegmatite. The aplite have thickness centimeters and systematically bent in the shear zones, while the pegmatite’s cut the others ductile structures, they are thicker and can be related the tectonic collision. The metamorphic foliation predominant has low angle (around 10 to 25 degrees) with southwest and southeast dip. The stretching lineation is marked by the k-feldspar, plagioclase and quartz crystals have N-S orientation and low angle dip. The amphybolles crystals mark a mineral lineation parallel to the stretching. Besides the rocks of the embasement, diabase dikes were recognized, with NE-SW orientation, extensive and metric thickness, associates to the systems with NE-SW and N-S directions. Were identified lineaments with E-W and NW-SE directions, with orientation on dip slope, while the islands group is orientated NE-SW. These geological data agree with the geological data obtained in the continental portion in Macaé, particularly to the Cabo Frio Tectonic Domain. The occurrence in cumulated portions or with more plastic rheology, thicker or restricted, generally in the same inferior topographical quota throughout the archipelago, associates to the marcante of mineral stretching lineation, down dip with the penetrativa foliação S1/2 suggest the presence of a slope one frontal nappe of cavalgamento. The high plasticity of all the aflorante package in the archipelago with intense pressed dobramentos the isoclinais, with systematic vergência for the continent can define a surface of decollement.

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Introdução

O Arquipélago de Santana situa-se no município de Macaé, sendo formado pelas

seguintes ilhas: de Santana, Francês, Ilhote do Sul e Ponta das Cavalas. A Ilha de

Santana possui a maior dimensão no arquipélago, e localiza-se entre a Ilha do Francês

(ao Norte) e o Ilhote do Sul. A Ponta das Cavalas é uma laje de rochas de menor

dimensão e de acesso restrito, à leste da ilha do Francês.

O conjunto de ilhas está orientado segundo direção NE-SW, observado por imagens

de satélite, com lineamentos estruturais de direções preferenciais E-W e NW-SE, que

condicionam a orientação dos costões rochosos (Fig. 1).

Figura 1. Imagem de satélite do Arquipélago de Santana, extraída do software Google Earth, disponível no site: http://earth.google.com/.A porção sudoeste do arquipélago não está inclusa no polígono de

amplitude do satélite.

Breve Histórico do Arquipélago de Santana

O Arquipélago de Santana perpetuou-se como referencial geográfico e histórico da

costa oceânica brasileira. Devido a Ilha de Santana ser dotada de árvores, água potável e

servir de abrigo à embarcações até de alto bordo, entre os séculos XVIII e XIX, a ilha foi

de “grande utilidade para aventureiros estrangeiros que faziam o comércio fraudulento do

pau-brasil” (Saint-Hilaire, 1817). E de acordo com Lamego em 1913 os piratas utilizavam

Ilha de Santana

Ilha do Francês

Ilha Ponta das Cavalas

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a Ilha de Santana como um centro de suas operações na região. E anteriormente “Havia

alguns moradores; mas tendo o governo percebido que eles se aproveitavam das

vantagens da posição da ilha para favorecer o contrabando de pau-brasil e de escravos,

ordenou-lhes que abandonassem a ilha, e, desde então não foi concedida permissão a

nenhuma pessoa para aí residir”, in Coisas e Gente da Velha Macaé - 1958. Através

desse contexto histórico pode-se perceber a importância histórica do Arquipélago de

Santana para o município de Macaé, e também demonstra que já existia atividade

antrópicas no Arquipélago durante os últimos séculos.

1. Localização geográfica

A área de estudo está localizada na região leste do Município de Macaé, nordeste

do Estado do Rio de Janeiro. O arquipélago situa-se próximo à foz do rio Macaé (Fig. 2),

com aproximadamente 26,4 Km2 de área (Fig. 3) e está a aproximadamente 8,3 Km da

costa do município de Macaé.

Figura 2. Visualização da área de estudos e perspectiva da distância a partir do continente,

em primeiro plano o Município de Macaé e estuário do Rio Macaé.

A ilha de Santana (22º 24’ S – 041º42’ W) é possui maior dimensão com

aproximadamente 1,29 Km2 de área, e altura de 156 m no ponto mais alto. A ilha do

Francês (22º 23’ S – 041º41’ W) tem uma área aproximada de 350 m² e altura máxima em

torno de 60m. O Ilhote do Sul (22º 25’S – 041º43’W) tem área de120 m² e altura máxima

também de 60m. Por ser o único arquipélago em todo o litoral da região pode ser

visualizado a grandes distâncias.

O Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ)

realizou na década de oitenta, um mapeamento geológico básico do Estado do Rio de

Janeiro na escala de 1: 50.000, onde foi primeiramente descrita os aspectos geologia do

NE SW I.do Francês

I.de Santana Ilhote do Sul

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Arquipélago de Santana (DRM-RJ, 1982).

Figura 3. Carta de navegação da Enseada de Macaé e proximidades, Brasil costa leste, escala

natural 1: 25.000 na Latitude de 22°23’52, altitudes em metros acima do nível do mar, marcação

das curvas de níveis topográficos, levantamento efetuado pela Marinha do Brasil em 1974.

2. Aspectos Gerais

2.1. Flora e Fauna

Esses dados foram obtidos com base no parecer preliminar sobre o Parque

Municipal e APA do Arquipélago de Santana, Secretária de Meio Ambiente Macaé e

contribuição de biólogos segundo observações de campo.

2.1.1. Vegetação

A cobertura vegetal das ilhas de Santana e do Francês é considerada parte do

Bioma de Mata Atlântica (Fig. 4). Esse é caracterizado como um ecossistema misto entre

plantas de restinga localizada nas encostas rochosas, tendo as Bromeliáceas e as

Cactáceas mais evidentes, e floresta secundária que ocorrem nas partes mais altas (onde

há presença de solos argilosos). Apesar da vegetação ainda estar bastante preservada,

em alguns pontos próximos às praias da Ilha do Francês, nota-se erosão do solo

(voçorocas) expondo o horizonte B, chegando a níveis do horizonte C (Regolíto) (Fig. 5).

O Ilhote do Sul apresenta apenas vegetação em níveis topográficos mais elevados.

N

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Figura 4. Vista panorâmica da vegetação do Costão SW da Ilha de

Santana. Observar o detalhe da encosta dissecada como feição

geomorfológica marcante no arquipélago.

Figura 5. Voçorocas na praia do barro vermelho, leste da Ilha do Francês, em detalhe o perfil do solo.

2.1.2. Fauna

Alguns estudos demonstram que o Arquipélago é utilizado como recurso natural

para reprodução por uma diversidade de aves marinhas migratórias, como gaivotas,

atobás e fragatas (e. g. Alves, 1993; Alves & Cerqueira, 2001) (Fig. 6). Apresenta também

uma grande biodiversidade de outros animais que residem na ilha, entre pequenos

mamíferos, pequenos répteis e anfíbios, além de uma grande variedade relacionada a

animais invertebrados que habitam as encostas e áreas de intramaré (e. g. Carvalho et

al., 2001). A ilha ainda possui uma fauna exótica introduzida através de solturas

inadequadas, como animais domésticos.

Horizonte B

Horizonte C

Horizonte A

N S

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Figura 6. Exemplar de Atobá no ninho com filhote, espécime predominante

no Arquipélago de Santana.

2.2. Atividades antrópicas

O arquipélago tem apenas duas praias principais, uma maior, na parte noroeste da

ilha de Santana e outra bem menor, na parte oeste da ilha do Francês. Ambas são bem

protegidas dos ventos e, por isso, propícias para banho, e apresentam areias claras e

água transparente, que ressaltam o interesse turístico da área. Além destes locais,

existem percursos com interesse para a visitação como praias menores, o farol da ilha de

Santana, pontos de mergulho e espetaculares rochedos situados ao longo das margens

ilhas com deslumbrantes paisagens cênicas.

A ilha do Francês é desabitada, e ilha de Santana possui uma pequena vila com

casas da Marinha onde residem temporariamente as famílias que fazem a manutenção do

farol. A infra-estrutura básica da ilha de Santana apresenta apenas uma base de

gerenciamento de faróis da Marinha, um gerador de eletricidade, água captada por um

reservatório pluviométrico e um pequeno lago no seu interior sem condições ideais de

uso.

2.3. Dados arqueológicos

No Arquipélago de Santana ocorrem sítios científicos com base em pesquisas

arqueológicas, situados nas ilhas de Santana e do Francês. O estudo da área foi iniciado

graças a um comunicado da Petrobras ao IPHAN, em 1981, referente a uma ossada

humana encontrada na Ilha de Santana, durante as obras de abertura de Dutos. Após

rápida inspeção por parte dos técnicos do IPHAN, constatou-se a existência do sítio, para

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15

o qual se elaborou imediatamente um programa de salvamento arqueológico.

O sítio da Ilha do Francês vem sendo estudado recentemente pelos pesquisadores

Fausto Luiz S. Cunha, do Departamento de Arqueologia da UFRJ, Arnaldo Campos dos

Santos Coelho, do setor de Malacologia do Departamento de Invertebrados da UFRJ e

Cândido Simões Ferreira do Departamento de Paleontologia da UFRJ, num trabalho

intitulado: “Restos de Gastrópodes pulmonados terrestres e cetáceos, associados a um

depósito Holocênico da Ilha do Francês – Macaé, Rio de Janeiro”.

Segundo a subsecretaria do IPHAN, a Ilha do Francês tem apresentado relevante

interesse científico, principalmente na área de malacologia e possivelmente arqueologia.

A datação realizada nos Estados Unidos, pelo método do Carbono 14, com amostras de

carvão extraídas sob a tíbia direita do esqueleto, revelou um resultado surpreendente

segundo o IPHAN: 1260 +/- 300 anos; o que significa que o conjunto, na hipótese mais

remota, pertenceria ao século IV.

A importância desta descoberta não se resume, porém, na sua idade ou nas suas

características peculiares, já que não é comum descobrir um sepultamento no fundo e

uma fogueira, principalmente no contexto em que a ossada se encontrava. Ele é especial

por ser a primeira datação de material arqueológico descrito em ilhas oceânicas

brasileiras, e que também remete ao forte indício do uso de embarcações marítimas na

pré-história brasileira, em função da distância e das condições em que a ilha se encontra.

As grutas vazias e o contexto geral do sítio vêm sugerindo que a ilha de Santana

não foi habitada, mas sim, ocupada, temporariamente, por um grupo de nativos que

enfrentaram, não se sabe quantas vezes, a travessia de um mar violento, que exige,

inclusive, bons conhecimentos de navegação (EMBRATUR / Flumitur – 1984).

3. Caracterização do Tema e Justificativa do Estudo

A região que compreende o Arquipélago de Santana faz parte do Domínio

Tectônico de Cabo Frio (DTCF), localizado no extremo sudeste do Segmento Central da

Faixa Ribeira (Schmitt et al., 2004; Heilbron & Machado, 2003), no Estado do Rio de

Janeiro. Este domínio foi formado durante os períodos Cambriano e Ordoviciano e

registra um dos últimos episódios da colagem brasiliana, denominada Orogenia Búzios

(Schmitt et al., 2004).

Atualmente grande parte do DTCF integra o Alto de Cabo Frio, uma mega-estrutura

formada no estágio pré-rifte de abertura do Atlântico Sul, há mais de 130 Ma, que limita

estruturalmente as duas bacias costeiras petrolíferas de Campos e Santos (Mohriak,

2004).

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As rochas mais antigas da área foram cristalizadas no Paleoproterozóico (2,0 Ga),

e compõem o embasamento com ortognaisses félsicos (metagranitóides da Unidade

Região dos Lagos) e ortoanfibolitos (metagabros da Unidade Forte de São Mateus)

(Schmitt op.cit.).

Há cerca de 520 milhões de anos, todas as unidades acima descritas foram

submetidas a condições de alta pressão e temperatura, deformadas durante o evento

colisional Brasiliano, e amalgamação subseqüente na construção do Paleocontinente

Gondwana.

Apesar da complexa história geológica, as ilhas oceânicas da região de Macaé não

apresentam mapas geológicos na escala de detalhe 1 : 25.000, portanto é de grande

importância a realização de uma pesquisa detalhada no local através de mapeamento

geológico de detalhe.

Cabe ainda ressaltar, que a região de Macaé é pólo da exploração de

Hidrocarbonetos e as ilhas apresentam informações importantes sobre o embasamento

da Bacia de Campos, bem como sua estruturação, através dos Diques e estruturas

rúpteis relacionadas ao processo de rifteamento do Atlântico Sul.

Assim os capítulos desta monografia consistem em correlacionar a área de estudo

com os aspectos geológicos regionais e a caracterização detalhada da geologia local,

descrevendo as principais unidades litológicas e suas respectivas estruturas.

4. Objetivos da Pesquisa

Esta monografia tem como objetivo geral a discussão da evolução geológica do

Arquipélago de Santana, dentro do Domínio Tectônico Cabo Frio, através da confecção

de mapa geológico de detalhe (em escala 1: 25.000), dando ênfase à caracterização

petrográfica e estrutural dos litotipos que compõem o embasamento Paleoproterozóico,

dos diques máficos Mesozóicos e as suas relações estruturais representativas.

Os objetivos específicos deste trabalho são:

• Caracterizar as unidades litológicas das ilhas e suas estruturas

deformacionais dúcteis (caráter plástico), relacionadas aos eventos

tectônicos de idade Brasiliana; e rúpteis (caráter rígido) relacionadas ao

episódio de rifteamento e abertura do Oceano Atlântico.

• Descrever as estruturas deformacionais dúcteis e rúpteis ordenando-as

cronologicamente em fases deformacionais e relacionando-as à evolução

tectônica do Domínio Tectônico de Cabo Frio e Alto Estrutural de Cabo Frio

no continente.

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Deste modo, tem-se a intenção de integrar os dados obtidos e divulgar à

comunidade local, onde a pesquisa possa incentivar a preservação ambiental e valorizar o

potencial geoecoturístico do arquipélago, apresentando-o como proposta final ao “Projeto

Caminhos Geológicos” elaborado pelo DRM/RJ.

5. Método de Trabalho

O método de trabalho executado no Arquipélago de Santana, Macaé, compreendeu

três etapas básicas aplicadas a esta região oceânica de complexidade geológica: etapa

preliminar, etapa de execução e e tapa de finalização.

5.1. Etapa preliminar

5.1.1. Levantamento Bibliográfico

A pesquisa bibliográfica teve como objetivo adquirir informações quanto ao avanço

dos conhecimentos sobre a geologia da área em questão, mais especificamente sobre o

embasamento Paleoproterozóico (aproximadamente 2.0 Ga) e diques máficos

Mesozóicos (com idades em torno de 130 Ma). Pesquisas complementares envolveram

trabalhos de cunho regional sobre a geologia e estruturação tectônica da região de Macaé

e sua evolução abordando sua importância pela relação com o processo de rifteamento

do Gondwana e abertura do Atlântico Sul.

5.1.2. Logística para trabalhos de geologia em áreas oceânicas

O acesso para o mapeamento geológico compreendeu no planejamento e em função

das condições climáticas e autorização da marinha.

O acesso à área é realizado por meios de embarcações, que saem do cais do

Mercado Municipal de Peixes de Macaé. Os desembarques na Ilha de Santana ocorrem

somente com a autorização antecipada da Marinha, o que contribui para a preservação de

seu ecossistema e controle de acesso à ilha, mas dificulta o planejamento de datas para

atividades de campo associado as condições climáticas favoráveis. Este trabalho de

pesquisa obteve apoio logístico parcial da Marinha Brasileira (Fig. 7), e em especial, do

Sr. Vicente Gomes da Silva, para efetivo translado de barco as ilhas para as atividades de

campo.

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Figura 7. Alojamento Sede da Marinha, ponto de manutenção do Farol (local de maior altitude no

arquipélago).Em primeiro plano observa-se a praia principal da Ilha de Santana com a face frontal para o

continente.

5.1.3 Logística de campanha

Para realização dos trabalhos de campo em ilhas oceânicas, sem infra-estrutura

básica deve-se fazer um planejamento quanto à alimentação e hospedagem. Devem ser

considerados itens de alimentação básica e água potável, e atenção especial aos

primeiros socorros. Todas as pesquisas científicas realizadas em áreas de segurança da

marinha são previamente programadas e realizadas com acompanhamento militar.

5.2. Etapa de execução

5.2.1. Mapeamento

O mapeamento geológico foi elaborado na escala de 1 : 25.000, no período de 10

dias (Tab. 1) e as atividades de escritório - laboratório tiveram a disponibilidade de tempo

semanal no decorrer do trabalho.

O mapeamento consiste em considerar o espectro global de atividades de campo

envolvendo a análise de afloramentos e estimativa das condições metamórficas; o

estabelecimento de um esquema regional de eventos e quaisquer desvios locais ou

gradientes regionais; e a instituição da distribuição geométrica tridimensional regional das

unidades litológicas, principais estruturas e minerais específicos. O trabalho se resume

em extrair a maior quantidade possível de dados da área de estudo (Passchier et al.,

1993).

Para execução do trabalho de campo, utilizaram-se equipamentos como: bússola,

GPS (Geographic Position Sistem ), marreta, martelo, canivete, lupa, saco plástico, fita

crepe, caneta, lapiseira, régua, caderneta de anotações de campo, maquina fotográfica,

gravador, fotocópias da carta náutica para esboço e marcação de pontos.

Os pontos de marcação de dados foram caracterizados segundo as abreviaturas no

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qual ficaram definidos, para a Ilha de Santana as marcações foram de IS-01 a IS-14, para

a Ilha do Francês as marcações foram de IF-01 a IF-06 e no Ilhote Sul as marcações

foram de ISul-01 a ISul-04. A tabela de pontos segue em anexo ao trabalho. Tabela 1. Cronograma descritivo das atividades de campo.

DIAS ATIVIDADES DE CAMPO

1° Reconhecimento da área (contornar o arquipélago com barco)

2° Marcação dos pontos de observações no lado oeste da Ilha de Santana

3° Marcação dos pontos de observações no lado leste da Ilha de Santana

4° Caminhamento na trilha do farol de Santana

5° Marcação dos pontos de observações no lado sudeste da Ilha do Francês

6° Marcação dos pontos de observações no lado noroeste da Ilha do Francês

7° Percorrer áreas de acesso restrito na Ilha de Santana

8° Percorrer áreas de acesso restrito na Ilha do Francês

9° Marcação de pontos no Ilhote Sul

10° Fechar mapa da área

5.2.2. Tratamento das amostras em laboratório (UFRuralRJ e UERJ)

• Confecção de lâminas

As amostras coletadas no campo serão previamente classificadas e selecionadas

para serem encaminhadas à laminação.

As análises laboratoriais foram desenvolvidas com o apoio da infra-estrutura da

Faculdade de Geologia da UFRuralRJ e UERJ.

5.2.3 Descrição petrográfica das amostras

Para a caracterização dos litotipos mapeados, depois de realizada a descrição em

escala mesoscópica, foi realizado uma descrição petrográfica microscópica. E

executando-se também fotomicrografias das melhores estruturas e texturas.

5.3. Etapa de finalização

Confecção do mapa geológico e tratamento dos dados estruturais

O mapa geológico foi gerado com o auxílio do software Corel Draw 12.0 , enquanto

que as medidas estruturais foram plotadas em redes estereográficas no software

Stereonett 2.0.

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6. Geologia regional

A área de estudo está inserida no Domínio Tectônico de Cabo Frio (DTCF) (Schmitt,

2001) aflorante no ext remo sudeste da Faixa Ribeira, um cinturão orogênico com trend

NE-SW, que se estende ao longo da margem atlântica formado durante o

Neoproterozóico-Eo-Paleozóico (Heilbron & Machado, 2003).

A Faixa Ribeira é limitada ao sul pelo Cráton Luís Alves e ao norte existe uma

transição gradacional para a Faixa Araçuaí Neoproterozóica onde o orógeno assume,

predominantemente, um trend N-S (Heilbron & Machado, 2003). O limite NW, a sul do

Estado de Minas Gerais, é caracterizado pelo trend estrutural NE-SW da Faixa Ribeira

que superimpõe a orientação NNW da Faixa Brasília Neoproterozóica anteriormente

desenvolvido, resultando em uma complexa zona de interferência entre as duas faixas

(Peternel et al., 2005) (Fig. 8).

Figura 8 – Localização e mapa geológico com principais lineamentos tectônicos da Faixa

Ribeira e seu entorno (modificada de Trouw et al, 2000; Schmitt et al., 2004). No detalhe, traço

A-B do perfil geológico descrito na Figura 9.

A Faixa Ribeira se estende por mais de 1400 km, e está inserida na Província

Tectônica Mantiqueira, incluindo uma série de fragmentos crustais de diferentes idades

e evolução tectônica que resultaram da aglutinação do Supercontinente Gondwana. A

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reconstrução deste paleocontinente mostra que a Faixa Ribeira é parte de um grande

sistema orogênico desenvolvido em resposta à convergência entre os crátons São

Francisco, Congo e um suposto terceiro bloco cratônico (Brito Neves e Cordani, 1991;

Campos Neto e Figueiredo, 1995; Heilbron et al. 2000).

A subdivisão mais recente para a Faixa Ribeira foi proposta por Heilbron et al.

(2004b), delimitando-a em cinco terrenos tectono-estratigráficos separados ora por

falhas de empurrão, ora por zonas de cisalhamento oblíquas transpressivas. Estes

terrenos são denominados de Ocidental, Paraíba do Sul, Embu (aflora apenas na

porção sul da faixa), Oriental e Cabo Frio. A colisão destes terrenos é caracterizada

pelo imbricamento de escamas crustais com vergência para oeste, em direção à

margem do Cráton São Francisco (Fig. 9).

Figura 9 - Perfil estrutural composto do Orógeno Ribeira com a relação entre os diferentes terrenos e

domínios estruturais. Legenda: Terreno Ocidental (1-6): 1 a 3 - Megasseqüência Andrelândia nos domínios Autóctone, Andrelândia e Juiz de Fora, Terreno Ocidental; 4 a 6 - Associações do embasamento (Complexo Barbacena, Mantiqueira e Juiz de Fora); Terreno Paraíba do Sul (7-8): 7-Grupo Paraíba do Sul; 8-Complexo Quirino; Terreno Oriental (9-13): 9- Seqüência Cambuci; 10-Seqüência Italva; 11- Seqüência Costeiro; 12-

Arco Magmático Rio Negro; 13-Granitos colisionais; Terreno Cabo Frio (14-15): 14-Seqüência Búzios e Palmital; 15- Complexo Região dos Lagos (Heilbron et al., 2004b).

O DTCF é formado por um embasamento Paleoproterozóico com idades entre 2,03 e

1,96 Ga (Tab. 2), e por uma seqüência supracrustal Neoproterozóica, Sucessão Búzios-

Palmital (Schmitt, 2001). Estas duas unidades estão tectonicamente intercaladas e

metamorfizadas em alto grau em decorrência da Orogenia Búzios, ocorrida durante o

Cambriano (Schmitt et.al., 2004), onde foram deformadas ductilmente e metamorfizadas

em alto grau.

O DTCF faz contato apenas com o terreno Oriental através de uma falha de

empurrão com mergulho para sudeste. Com relação a este terreno, o DTCF apresenta

uma série de diferenças, tais como: orientações de estruturas deformacionais brasilianas

NW-SE (Fonseca et al.,1984), não apresenta plútons brasilianos, possui uma assembléia

mineralógica de alta pressão e temperatura e apresenta idades metamórficas brasilianas

30 milhões de anos mais novas (Schmitt et al., 2004).

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22

Tabela 2 - Dados geocronológicos do embasamento do DTCF compilados de trabalhos anteriores (modificada de Schmitt, 2001).

Rocha

analisada

Amostra/

Localização

Método Idade Autor

Ortognaisse

Félsico

BUZ-52-8

Macaé

U-Pb em

zircão

1946±9.9Ma

(I.S.)

86±46 Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Ortognaisse

Félsico

BUZ-52-14

Macaé

U-Pb em

zircão

1993±13 Ma

(I.S.)

523±28Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Ortognaisse

Félsico

BUZ-52-17

Macaé

U-Pb em

zircão

1979±5,5 (I.S.)

531±23Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Ortognaisse

Félsico

BUZ-37

Macaé

U-Pb em

zircão

1986±16Ma (I.S.)

677±130Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Ortognaisse

Félsico

BUZ-48

Macaé

U-Pb em

zircão

1960±5,8Ma

(I.S.)

465±52Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Ortognaisse

Félsico

BUZ-62

Rio das Ostras

U-Pb em

zircão

1971,1±5,1Ma

(I.S.)

525±37Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Veio

Leucocrático

deformado

BUZ-62-4

Rio das Ostras

U-Pb em

zircão

Herdados

1976,6±9,5Ma

(I.S.)

519±11Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Veio

Leucocrático

deformado

BUZ-62-4

Rio das Ostras

U-Pb em

zircão

Originais

517,7±5,2Ma

(I.S.)

67±110Ma (I.I.)

Schmitt, 2001

Veio

Leucocrático

deformado

BUZ-52-13

Macaé

U-Pb em

monazitas

627±9Ma e

512±5Ma (conc.)

Schmitt, 2001

O embasamento é dividido em duas unidades litoestratigráficas, denominadas de

ortognaisses félsicos Região dos Lagos (Ferrari et al., 1982) e ortoanfibolitos Forte São

Mateus (Schmitt et al., 1999). Os ortognaisses félsicos Região dos Lagos são formados

principalmente por metagranitóides e, secundariamente, por meta-quartzo dioritos, com

diferentes graus de deformação, sendo que em ambos os casos existem evidências de

recristalização metamórfica. Possuem quatro grupos de litotipos: meta -quartzo dioritos e

metatonalitos, enclaves microdioríticos, metagranitóides e veios quartzo-feldspáticos

(Schmitt, 2001) (Fig. 10).

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Figura 10. Mapa de localização da região do estado do Rio de Janeiro e Mapa geológico do Domínio

Tectônico de Cabo Frio e parte do “Terreno Oriental”, em destaque no circulo vermelho, a área de estudo(modificado de Reis, 1995; Fonseca, 1998; Schmitt et al.

Os ortoanfibolitos Forte de São Mateus ocorrem de duas formas, como

ortoanfibolitos bandados formando espessos pacotes de granada-anfibolitos com níveis

calcissilicáticos e como diques anfibolíticos.

Entretanto, nesta monografia a Seqüência Supracrustal não será discutida, apenas

as unidades do embasamento representado pelos ortognaisses félsicos da Região dos

Lagos e Ortoanfibolitos Forte São Mateus.

O DTCF, considerado um bloco de rochas Paleoproterozóicas, é pouco afetado

pelos eventos termo-tectônico brasilianos (Zimbres et al., 1990; A.C. Fonseca 1993;

Machado & Demange, 1990), porém várias evidências demonstram que as unidades

foram efetivamente afetadas pelos eventos Pan-Africanos-Brasilianos (Trouw et al., 2000;

Schmitt et al., 2004) (Tab. 3).

As rochas ígneas mais jovens da região são relacionadas com o processo de

rifteamento do Gondwana e abertura do Atlântico Sul. Estas rochas são representadas

por duas unidades principais ígneas: diques máficos Mesozóicos (com idades em torno de

130 Ma) e diques e plugs alcalinos do Terciário (com idades que variam de 80 a 50 Ma).

Os diques máficos apresentam composição diorítica e têm orientação preferencial NE-SW

(Teztner & Almeida, 2003). Estes cortam as estruturas mais antigas e, em alguns casos,

estão encaixados em falhas normais de mesma orientação. São basaltos toleíticos de

baixo-TiO2, considerados por alguns autores como os dutos alimentadores do

magmatismo toleítico da Bacia de Campos (Dutra et al., 2005; Valente et al., 2005).

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24

Tabela 3. Tabela de nomenclatura das unidades litológicas do Domínio Tectônico Cabo Frio (Schmitt, 2001).

Denominações para o Domínio Tectônico Cabo Frio e suas unidades Autores

Unidade Tectônica Ortognaisses Ortoanfibolitos Supracrustais

Schmitt (2001) Domínio Tectônico

Cabo Frio

Complexo

Região dos Lagos

Ortoanfibolito Forte

de S.Mateus

Seqüência Supracrustal: Sucessão Búzios

e Palmital

Rosier (1957, 1965) Faixa Saquarema-Cabo

Frio-Macaé

Gnaisses granitóides e

Gnaisses migmatizados

Biotita gnaisses pouco migmatizado

Oliveira et. al. (1976) Complexo do Litoral

Fluminense

Fonseca et al. (1979) Faixa Costeira Seqüência Búzios

Reis et al. (1980) Unidade Região dos Lagos Unidade Búzios e Palmital

Heilbron et al. (1982) Seqüência Inferior (na

região de Búzios)

Seqüência Superior (região de Búzios)

Hasui & Fonseca (1982) Complexo Costeiro

Fonseca et al. (1984) Cráton de Cabo Frio

Fonseca (1989) Bloco de Cabo Frio Complexo Região dos Lagos

Machado & Demange (1990) Domínio Litorâneo Batólito de Araruama (Suítes

Araruama e São P. da Aldeia)

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Cabo Frio

Ortognaisses Paragnaisses

Campos Neto & Figueiredo (1995) Janela estrutural de Cabo

Frio

Fonseca A. (1998) Faixa Búzios

Schmitt et al. (1999) Unidade Forte São

Mateus

Heilbron et al. (1999) e Campos Neto (2000) Terreno de Cabo Frio

Schmitt (2001) Domínio Tectônico de

Cabo Frio

Ortognaisses félsicos

Região dos Lagos

Ortoanfibolitos F.

de São Mateus

Seqüência supracrustal: Sucessão Búzios e

Palmital

Obra para Consulta

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25

7. Geologia local

7.1. Unidades Litológicas

A partir da realização do mapeamento geológico básico (escala 1:25.000), foram

identificadas e classificadas cinco unidades denominadas: hornblenda-biotita

metasienogranito, metadiorito, ortoanfibolito, diques de diabásio e veios leucocráticos

(pegmatíticos ou aplíticos).

7.1.1. Hornblenda-Biotita Metasienogranito

O hornblenda-biotita metasienogranito é o litotipo principal e mais abundante no

Arquipélago de Santana e representa em torno de 80 % da área de estudo (Fig. 11). Este

se enquadra no grupo dos metagranitóides entre os ortognaisses félsicos que compõem o

embasamento do DTCF.

Figura 11. Lajedos de hornblenda-biotita metasienogranito, litotipo

predominante no Costão SW da Ilha de Santana, Afloramento IS-02.

Esta unidade apresenta coloração cinza clara amarelada, granulação média a

grossa, domínios francamente porfiroblásticos, com lineações de estiramento evidentes

(Fig. 12) e foliação incipiente ou compondo estrutura predominantemente migmatítica

estromática, surreítica e schilieren, próximo a zonas de cisalhamento.

Com base em critérios texturais e mineralógicos, são caracterizados dois litotipos

principais: metagranitóides porfiríticos e metagranitóides equigranulares. Existe uma

tendência geral para os termos porfiríticos apresentarem composições mais ricas em K-

feldspato, enquanto que os termos equigranulares tendem mais para o campo do

granodiorítico. Estes ocorrem intercalados com contatos concordantes com a foliação

subhorizontal, não sendo clara a determinação da relação temporal entre eles.

Apresentam freqüentemente enclaves microdioríticas.

NW SE

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Figura 12. Hornblenda-biotita metasienogranito exibe megacristais de

microclina, deformados, com lineação de estiramento mineral de biotita

marcante, orientação 230/27 (Afloramento IS-05). A orientação preferencial é

paralela à orientação da bússola. Escala da foto: Bússola Brunton.

Entretanto, petrograficamente, ambos são classificados, na sua maioria, como

sienogranito, contendo biotita e anfibólio, como minerais essenciais, e uma porcentagem

de quartzo entre 15 e 30%.

O metagranitóide equigranular varia composicionalmente de sienogranito a

granodiorito. A textura é equigranular de granulação média a grossa, podendo chegar a

ser fina em domínios mais deformados. Localmente ocorre próximo a zonas de

cisalhamento e de maior metamorfismo, e constituído essencialmente, por microclina (15

a 40%), plagioclásio (10 a 40%), quartzo (15 a 30%), biotita e anfibólio (hornblenda). Em

alguns casos, biotita e anfibólio aparecem como acessórios, com menos de 5%, além de

titanita, apatita, zircão, ilmenita e/ou magnetita (Fig. 13).

Figura 13. Fotomicrografia de lâmina delgada da

Amostra IS-06 (hornblenda-biotita metasienogranito).

Em detalhe, observa-se um grão de zircão, mineral

acessório, próximo a uma junção tríplice, entre cristais

de microclina plagioclásio saussuritizado e quartzo

próximo ao maior ângulo de extinção.

NE SW

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O teor de anortita do plagioclásio varia de 21 a 36%, correspondendo ao

oligoclásio. A microclina pode se apresentar como fitas entre os cristais de plagioclásio. O

quartzo exibe extinção ondulante. A muscovita e clorita ocorrem como minerais

secundários de alteração da biotita, enquanto a titanita está associada sistematicamente à

ilmenita e/ou magnetita.

O metagranitóide porfirítico é formado por megacristais de microclina e, em

alguns casos plagioclásio (oligoclásio), imersos em uma matriz com textura média a

grossa. A composição varia de monzogranito a granodiorito. Apresenta textura

granoblástica, lepidoblástica (biotita) e estrutura mirmequítica e antipertítica. É composto

por microclina (20 a 50%), plagioclásio (15 a 40%), quartzo (15 a 30%), biotita e anfibólio

(hornblenda)(em torno de 10%). Os minerais acessórios compreendem titanita, apatita,

muscovita, ilmenita e/ou magnetita e zircão (Fig. 14).

A B

A hornblenda encontra-se associada à biotita com contatos retos, sugerindo

equilíbrio entre estes minerais, porém pontualmente a hornblenda apresenta-se alterada

com relação à biotita, demonstrando uma substituição pela queda do grau metamórfico. A

titanita cresce invariavelmente nas bordas da ilmenita, sugerindo também a ocorrência de

um processo retrometamórfico.

Figura 14. Fotomicrografias em lâminas delgadas da Amostra IS-01 (hornblenda-biotita metasienogranito). Apresenta duas gerações de microclina em A: uma de porfiroblastos bem cristalizado e outra com granulação fina a média de geminação bem difusa e grãos hipidioblásticos. Nota-se inclusão de quartzo e plagioclásio em alguns minerais, os grãos mais finos como matriz, os cristais xenoblásticos pertencem a uma geração mais tardia. O plagioclásio está saussuritizado em alguns pontos; em B, observa-se nos grãos maiores de quartzo estrutura de recuperação de grãos.

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O plagioclásio encontra-se muito alterado devido o processo de saussuritização,

apresentando-se zonado. A muscovita pode preencher as microfraturas e contatos entre

os grãos. Filmes de quartzo, K-feldspato e albita são observados nos limites intergrãos.

Pontualmente exibe bandamento gnáissico de origem eminentemente tectônica, no

qual imprime divisões em porções félsicas e máficas. A textura é fanerítica média,

granoblástica nas bandas félsicas e nematoblástica nas bandas máficas.

7.1.2. Metadiorito e Metatonalito

O metadiorito ocorre sob forma de enclaves presentes no hornblenda-biotita

metasienogranito e se apresenta sob várias geometrias, entre elas: arredondado e

lenticular (Fig.15), sendo que o padrão é condicionado pela intensidade da deformação

local, no qual podem ser estirados e até mesmo dobrados, com foliação interna sub-

paralela à encaixante. Raramente, a orientação dos enclaves é discordante com a

foliação.

Figura 15. Enclave diorítico de forma lenticular no hornblenda-biotita metasienogranito

do Complexo Região dos Lagos (Afloramento IS - 02).

Esta rocha apresenta textura equigranular fina (Fig.16), em alguns casos exibe

fenocristais de K-feldspato (~1cm) semelhantes aos da encaixante. Nestes casos, o

contato não é brusco e pode indicar uma assimilação parcial do próprio enclave. São

constituídos por plagioclásio (51 a 75%), quartzo (5 a 14%), anfibólio (14 a 40%), biotita

(10%), e como acessórios, titanita, ilmenita, muscovita, apatita e zircão, correspondendo a

uma composição diorítica a quartzo-diorítica. Localmente apresentam texturas

granoblástica, lepidoblástica e estruturas do tipo simplectítica (mirmequítica) e

saussuritização.

NE SW

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Na escala mesoscópica o metadiorito localmente ocorrem sob forma de enclaves

com enriquecimento máficos, especificamente aumento de biotita, com ocorrência de

leucossomas associados e no contato com a encaixante há uma concentração acentuada

de máficos. A mineralogia essencial dos enclaves é similar às rochas encaixantes, e

sugere uma assimilação e concentração pontual (Fig 17).

Figura 17. Hornblenda-biotita metasienogranito de granulação grossa e não homogênea, pontualmente

leucossomas (veios) e porções meso a melanocráticas representadas por enclaves de metadiorito de

granulação media/fina homogênea.(Afloramentos IS-01e IF-01).

Próximo ao contato do hornblenda-biotita metasienogranito com o ortoanfibolito, nota-

se que existe uma concentração maior de rochas de caráter mais básico, junto também a

zona de cisalhamento, pode-se deduzir que ocorreram fusões parciais, onde esta dividiu

composicionalmente porções mais leucocráticas e melanocráticas, que possivelmente

geraram um material híbrido, possivelmente metadioritico e/ou metatonalito.

Figura 16. O metadiorito em lâmina delgada

apresenta, é inequigranular fino a média com texturas

granoblástica (quartzo e plágioclasio) e lepidoblástica

(biotita), e estruturas do tipo mirmequítica, pertítica e

saussurita.Os cristais de hornblenda estão alinhados

preferencialmente segundo os plano de biotita. O

plagioclásio (oligoclásio) perfaz em torno de 45% da

lâmina (Amostra IS-01B).

N S SW NE

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O metaquartzo-diorito e/ou metatonalito ocorre como subunidade dentro do

hornblenda-biotita metasienogranito. Apresenta-se, predominantemente deformado e

exibe bandamento composicional marcado por bandas máficas compostas por anfibólios

e biotitas, e bandas félsicas representadas por quartzo e microclina em zonas de

cisalhamento (Fig.18).

A B

Figura 18. Aspectos do metatonalito próximo a uma zona de cisalhamento, em A no costão

SW da ilha de Santana (Afloramento IS-11), em B face NW do Ilhote Sul (Afloramento ISul-02).

7.1.3.Ortoanfibolito Homogêneo

O ortoanfibolito homogêneo ocorre como níveis intercalados no hornblenda-biotita

metasienogranito, entretanto, devido à intensidade da deformação imposta na área estes

corpos podem ser encontrados boudinados e até dobrados (Fig. 19).

A B

Figura 19. Contato brusco entre o anfibolito e o ortognaisse. O ortoanfibolito é homogêneo e de

granulação fina a média de aproximadamente 2m de espessura. A presença de lineação de estiramento

com concentração de minerais máficos na borda com a encaixante sugerem um reflexo distinto da

deformação em diferentes reologias. As medidas das estruturas observadas em dobras recumbentes com

Plano Axial 148/12, Eixo 230/09, na encaixante L1/2 200/08 e S1/2 260/20 (Afloramento IS -12).

O ortoanfibolito pode ocorrer também como xenólito, sugerindo que estes corpos

são mais antigos do que o hornblenda-biotita metasienogranito. Entretanto, em alguns

casos, é possível observar que alguns xenólitos são diques boudinados.

SE NW SE NW

E W SE NW Obra para Consulta

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Apresenta granulometria média e composicisionalmente é constituído por anfibólio,

biotita e plagioclásio, como minerais essenciais e como acessórios, quartzo, apatita e/ou

titanita. As texturas observadas são granoblástica (plagioclásio) e lepidoblástica

(anfibólio). O plagioclásio apresenta estrutura mirmequítica e filmes de quartzo no contato

entre os grãos (Fig. 20).

A hornblenda apresenta duas clivagens a 120°, bem definidas nas seções basais,

mostra contatos geralmente retilíneos. Nota-se inclusões de titanita e/ou apatita em

alguns grãos.

No aspecto mesoscópico, o ortoanfibolito tem veios remobilizados quartzo-

feldspáticos, concentrados predominantemente nos contatos com as rochas encaixantes

(Fig.21). Destaca-se a ocorrência em porções ou cumulados mais espessos ou restritos,

às porções basais das unidades aflorantes geralmente na mesma cota topográfica no

arquipélago. Observa-se que estes materiais de reologia mais plástica, concentrados em

níveis topográficos e estruturais podem ter atuado como catalisador de rampa de

cavalgamento tectônico.

A B

Figura 21. Contato definido entre o anfibolito e hornblenda-biotita metasienogranito. Em A, observa-se a presença de enclaves próximos à zona de contato. Presença de blocos de rochas, erodidos e

intemperizados. Preenchimento de veios de material fundido nos contato tectônico. O contato é brusco com o gnaisse e espessura de aproximadamente 7m. Em B detalhe do anfibolito com granulação fina e homogênea com variação composicional em torno de 50 a 70 % de hornblenda. Presença de veios aplíticos. Localização: Costão SW da Ilha de Santana (Afloramento IS-04). Escala da foto: marreta e

mochila azul.

Figura 20. Fotomicrografia em lâmina delgada

da Amostra IS-04 (Anfibolito). Rocha

equigranular média onde se observam duas

gerações de hornblenda, uma bem formada de

cor verde oliva forte e outra mais alterada de cor

verde clara. Algumas biotitas apresentam bordas

de reação e minerais opacos associados.

NW SE NW SE

Obra para Consulta

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32

Ortoanfibolito pode ocorrer com espessura média em torno de dois metros,

concordante com a foliação penetrativa da rocha encaixante de textura média a grossa,

nos contatos observa-se concentrações de minerais máficos, enclaves (Fig.22) e outros

aspectos minerais que sugerem uma cinemática destral.

Figura 22. Grande acúmulo de enclaves anfibolíticos próximos à zona de contato com o hornblenda-biotita

metasienogranito. Localização: Costão SW da Ilha de Santana (Afloramento IS -04). Escala da foto: lápis

azul.

7.1.4. Veios Pegmatíticos e Aplíticos

Os veios leucocráticos cortam as unidades principais descritas anteriormente

(Fig.23), e apresentam texturas que variam de equigranular aplítica (Fig.24) a pegmatítica,

podendo ocorrer como megacristais de microclina e quartzo. Ocorrem mais de uma

geração de veios, dobrados e/ou estirados devido às diferentes relações com as fases

deformacionais.

Figura 23. Afloramento de hornblenda-biotita metasienogranito com veio pegmatít ico

de direção 170/55 apresentando concentração maior de biotita próximo à zona de

contato. Localização: Costão SW da Ilha de Santana (Afloramento IS-02).

NW SE

NW SE

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Observou-se no campo, ocorrência de veios também associados a planos de

fraqueza preexistentes, que pode sugerir uma relação com fusão parcial e/ou fluxos

hidrotermais, e na encaixante ocorrem concentrações de minerais máficos próximo ao

contato com o veio leucocrático. Os veios possuem mineralogia similar à hospedeira, e os

cristais bem formados e de maior dimensão concentram-se no centro dos veios e os

minerais máficos e mal cristalizados (Fig. 25).

Figura 24. Bloco de hornblenda-biotita metasienogranito de granulação grossa, com

megacristais de microclina, observa-se veio aplítico dobrado. Localização: Costão

SW da Ilha de Santana (Afloramento IS-01). Escala da foto: martelo.

A B

Figura 25. Detalhe de veios pegmatíticos, em A veio de quartzo constricto, em B fenocristais de turmalina e

anfibólio. Localização: Ilha de Santana (Afloramento IS-06 e IS-12).

7.1.5. Diques de Diabásio

Os diques de diabásio afloram de maneira irregular aproveitando sistemas de

juntas principais e secundários escalonados de Riedel (Fig.26), estes com cinemática

predominantemente destral. O contato com as rochas hospedeiras é invariavelmente

abrupto e localmente ocorrem reações de borda.

NE SW

E W SE NW

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Apresenta sistemas de fraturas oblíquas oriundas de esforços tectônicos e/ou

resfriamento, com orientação preferencial N/S. As espessuras são métricas, e possuem

grande extensão (Fig.26), onde os diabásios podem ter continuidade de uma ilha à outra

no arquipélago, conservando sistematicamente as mesmas orientações.

Diques com aparente zonamento composicional centro e borda (Fig.27),

aproveitam planos de falhas, encaixados em lineamentos que condicionam alguns

costões rochosos. Estas estruturas podem gerar feições estruturais em ponte e toco

(Fig.28), observadas nos escalonamentos próximos aos contatos com as rochas

hospedeiras, associadas às juntas de alivio e tectônismo.

Figura 26. Dique de diabásio, ATITUDE 238/58, exibe padrões de fraturas tipo Riedel (1929), ângulos de

120° e 60° entre fraturas. Escala da foto: Bússola Brunton. Legenda: marcando ângulos entre as fraturas.

Figura 27. Detalhe do dique de diabásio localizado na

face SW da Ilha de Santana, zonamento composicional e

textural centro e borda, com sistemas de fraturas

ortogonais e obliquas ao corpo principal de direção 060,

definindo feições fisiográficas marcantes.

(Afloramento IS-14).

NW SE SW NE

SE NW

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35

A B

Figura 28. Afloramento de dique de diabásio no lado SW da Ilha de Santana. Observam-se estruturas do

tipo Ponte (A) e Toco (B), de direção SW/NE com movimento sinistral (Afloramento IS-13).

7.2. Geologia Estrutural

7.2.1. Estruturas primárias

Os ortognaisses e ortoanfibolitos ocorrem intercalados com contatos concordantes

com uma foliação penetrativa subhorizontal, não sendo clara a relação temporal pré-

deformacional entre eles. O grau de fusão parcial elevado também dificulta o

reconhecimento de estruturas primárias. Contudo, foi identificada uma lente de anfibolito

cortada por um veio do metasienogranito, sugerindo que os ortoanfibolitos são mais

antigos do que os metagranitóides (Fig.29).

Figura 29. Contato brusco entre a encaixante hornblenda-biotita metasienogranito e o

ortoanfibolito, a foliação envoltória está orientada em S1/2 173/53. O ortoanfibolito

demonstra ser intrudido pela hospedeira, destacando a relação temporal entre eles,

onde o ortoanfibolito é mais antigo que o hornblenda-biotita metasienogranito.

SE NW SE NW

SE NW

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7.2.2. Estruturas Dúcteis

A foliação metamórfica predominante é de baixo ângulo (entre 10 a 30o) com mergulhos para os quadrantes sudeste e sudoeste (Figs.30 e 32a). Esta foliação é definida pela disposição planar de biotitas, pela intercalação das bandas composicionais nos ortognaisses e dos ortoanfibolitos, sendo paralela e subparalela aos veios leucocráticos.

Figura 30. Foliação metamórfica com orientação S1/2 220/12,

com lineação de estiramento e bandas leucocráticas

intercaladas. Afloramento localizado na Ilha do Francês

(IF-03).

Neste bandamento gnáissico, em geral o nível máfico é mais fino. Os pacotes

leucocráticos são mais espessos e mais evidentes, próximos a zonas de cisalhamento

dúcteis.

Os ortoanfibolitos, com espessuras menores do que um metro, formam níveis

boudinados paralelos a esta foliação com preenchimento de leucossomas nos necks

(Fig.31). Na foliação principal, aqui designada S1/2, são reconhecidas dobras intrafoliais

sem raiz, provavelmente associadas à fase D1.

A B Figura 31. Ocorrência de nível de ortoanfibolito no hornblenda-biotita metasienogranito, boudinado

com veios de fusão “in situ” associados, paralelo à foliação, em A e ampliado em B. Localizado no

costão E da Ilha de Santana (Afloramento IS-08).

Todos os litotipos apresentam uma lineação de estiramento, definida como L1/2 e

marcada por cristais de K-feldspato (Fig. 33), plagioclásio e quartzo com trend principal N-

S, sub-horizontais (Fig. 32 b). Os cristais de anfibólio marcam uma lineação de mineral

paralela ao estiramento.

NE SW

SE NW

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Figura 32. (a) Diagrama de Equiárea de Schimidt, Hemisfério Inferior das foliações S ½ e Planos Axiais S3,

(b) Diagrama de Equiárea de Schimidt , hemisfério Inferior das lineações L1/2 e Eixos de Dobras D3 .

A foliação S1/2 está dobrada por dobras recumbentes a inclinadas com eixos

predominantemente com trend NE-SW, com caimento para SE. Estas dobras apresentam

uma foliação plano-axial, denominada S3, marcada pela orientação de biotita, penetrativa

nos flancos das dobras e charneiras atribuídas à fase D3 (Fig.35). Ocorrem alguns veios

leucossomáticos preenchendo a S3, menos abundantes do que aquele grupo concordante

com a S1/2 (Fig.33).

Figura 33. Hornblenda-biotita metasienogranito com foliação S1/2 184/10, as lineações de estiramento de microclina estão orientadas Le1/2 245/10. Localizado no costão E da Ilha de Santana (Afloramento IS-05).

NW SE

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38

A B Figura 34. Hornblenda-biotita metasienogranito intensamente deformado, em A, foliação penetrativa

associada a processo de milonitização em Zona de Cisalhamento Dúctil. Escala: óculos de sol. Legenda:

linha vermelha indicando dobra assimétrica em Z, eixo com caimento suave para S. Em B, foliação

transposta para direção 123/59, eixo orientado em 179/10. Localização: Costão NW da Ilha de Santana.

Figura 35. Sinforme com caimento de eixo para 180/05 e

plano axial 270/50, sem espessamento apical, charneira

arredondada, com dobras parasíticas em Z e S nos flancos,

concentração de quartzo-diorito na charneira, seus flancos são

intecalados por material aplítico, quartzo-diorito e hornblenda-

biotita metasienogranito. Pode configurar em planta um padrão de

interferência de dobras cogumelo.

NW SE SE NW

S N

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7.2.3. Estruturas rúpteis

O embasamento apresenta ainda uma série de estruturas rúpteis, juntamente com

os diques de diabásio (Fig.36). Estas estruturas são marcantes e claras em imagens de

satélite e de atitudes predominantemente NE-SW.

Foram constatadas na escala mesoscópica, dois padrões ou sistemas preferenciais

de juntas: o primeiro padrão apresenta características que seguem os padrões de Riedel,

sendo que um o tensor principal s1 está orientado N/S, como falhas de menor

envergadura. O segundo padrão, s1 está orientado na direção E/W quase ortogonal ao

anterior, provavelmente como resultado de uma reativação no pré-Cambriano,

aproveitando a descontinuidade pré-existente, o N/S provavelmente está associado a

atividades neotectônica no Terciário.

A B Figura 36. Em A plano de falha com movimento sinistral, sistema aberto, zona de cisalhamento

rúptil lineação quase horizontal, direção NE-SW, com dique de diabásio preenchendo a estrutura, com

espessura de aproximadamente um metro.Em B sistema de juntas segundo padrão de Riedel, Localizado

na face SW da Ilha de Santana.

Alguns planos de falha ocorrem próximos a zonas de cisalhamento rúptil/dúctil,

condicionando lineamentos estruturais e feições geomorfológica (Fig.37).

Figura 37. Plano de falha destral com orientação 284/83, próximo à zona cisalhamento rúptil/dúctil,

com foliação S1/2 horizontal.

NW SE

NE SW

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7.3. Metamorfismo

O metamorfismo da área de estudo ocorre entre as facies metamórficas anfibolito e

granulito, caracterizado por feições e estruturas submetidas a um evento de médio a alto

grau metamórfico (Miyashiro, 1973).

A associação mineral mais comum é k-feldspato + plagioclásio (oligoclásio /

andesina) + quartzo + hornblenda + biotita no hornblenda-biotita metasienogranito. Os

minerais principais afloram, em muitos locais, alinhados e marcados por uma lineação de

estiramento e foliação penetrativa. A lineação (L1/2) e foliação (S1/2) são interpretadas

como sintectônicas às fases deformacionais D1, D2 (Schmitt, 2001), enquanto que a fase

D3 é melhor representada no arquipélago por dobras recumbentes e abertas com plano

axial subparalelo a S1/2.

Os minerais alongados formam bandas recristalizadas com textura granoblástica

predominantes. Caso ocorram microestruturas deformacionais pretéritas podem estar

encobertas pela recristalização estática. Alguns cristais de quartzo e plagioclásio

granoblástico apresentam extinção ondulante mostrando a ocorrência de deformação

tardia mesmo após a recristalização.

O retrometamorfismo pode ser identificado ainda em condições de altas

temperaturas, pelo aparecimento de estruturas do tipo mirmequita entre feldspato alcalino

e plagioclásio. Observaram-se duas gerações de biotita: uma com cristais bem formados

e em equilíbrio com a associação do pico metamórfico deformacional representado pela

mineralogia microclina + plagioclásio (oligoclásio) + hornblenda, e a outra os cristais estão

em desequilíbrio em virtude de substituição do anfibólio. A evidência do

retrometamorfismo também pode ser observada em presença de coronas de titanita em

torno de cristais de minerais opacos, provavelmente ilmenita.

A presença de leucossomas quartzo-feldspáticos deformados, pode ser

interpretada como derivados da migmatização por fusão parcial “in situ” dos ortognaisses.

Apesar de não ser observado uma associação mineral diagnostica de condições mais

específicas de metamorfismo, as feições de fusão parcial “in situ” e estruturas

deformacionais apresentadas, corroboram com a hipótese de um pico metamórfico na

transição da fácies anfibolito e granulito com a presença pontual de hiperstênio na porção

continental de Macaé (Schmitt, 2001).

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Conclusões e Recomendações

O Arquipélago de Santana é constituído predominantemente por ortognaisses

félsicos do embasamento Paleoproterozóico do Domínio Tectônico de Cabo Frio, porção

sudeste da Faixa Ribeira. Foram individualizados quatro litotipos principais no

embasamento: hornblenda-biotita metasienogranito, metadiorito, ortoanfibolito e veios

leucocráticos.

De acordo com os resultados O hornblenda-biotita ortognaisse é a unidade

predominante e apresenta uma grande variação textural e composicional. O metadiorito

fino aparece especificamente sob forma de enclaves, muitas vezes rompido no

hornblenda-biotita metasienogranito. O ortoanfibolito é maciço, homogêneo e ocorre na

forma de lentes dentro do ortognaisse. Os veios leucocráticos podem ser classificados

como aplíticos ou pegmatíticos, disseminados das unidades aflorantes.

A foliação metamórfica predominante S ½ tem baixo ângulo, caimento para sudoeste

e sudeste. A lineação de estiramento é marcada pelos cristais de k-feldspato, plagioclásio

e quartzo de direção ora para N, ora para S, subhorizontais. Os cristais de anfibólio

marcam uma lineação de mineral paralela ao estiramento.

Diques de diabásio, com orientação NE-SW, subverticais, extensos e de espessuras

métricas, estão associados aos sistemas de juntas com direções NE-SW e N-S.

Estes dados concordam com os dados obtidos na porção continental de Macaé,

extremo NE do Domínio Tectônico de Cabo Frio, e podem ser relacionados a uma rampa

frontal de um empurrão com transporte tectônico para NW, relacionada à Orogenia

Búzios. A direção de mergulho preferencial das estruturas dúcteis lineares são

subparalelas às planares.

A ocorrência de um nível de lentes descontínuas de anfibolitos dispostas sub-

horizontalmente nas cotas mais baixas das ilhas, associado à concentração de zonas de

maior deformação (cisalhamento e dobras redobradas) e a presença de abundantes

bolsões e veios leucocráticos neste nível, podem indicar que o arquipélago preserva uma

zona de descolamento crustal, como uma porção basal de uma nappe de cavalgamento.

Ressalta-se ainda que, a ocorrência em porções ou cumulados de reologia mais

plástica, mais espessos ou restritos, geralmente na mesma cota topográfica inferior ao

longo do arquipélago, associados à marcante lineação de estiramento mineral, down dip

com a foliação penetrativa S1/2 sugerem a presença de uma rampa frontal de uma nappe

de cavalgamento. A alta plasticidade de todo o pacote aflorante no arquipélago com

intensos dobramentos apertados a isoclinais, com vergência sistemática para o continente

pode definir uma superfície de decollement.

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As porções topograficamente superiores das ilhas preservam domínios menos

deformados do embasamento onde claramente o protólito ígneo é diagnosticado.

Portanto, o marcante contraste reológico entre o ortoanfibolito e o hornblenda-biotita

metasienogranito propiciou uma zona de intenso movimento onde se concentraram a

deformação e a fusão durante o evento tectônico pré-Cambriano.

O Arquipélago de Santana representa um pequeno exemplar da história geológica

da porção sudeste do litoral do Estado do Rio de Janeiro, um ângulo de perspectiva do

tectonismo e magmatismo relacionado ao Domínio Tectônico Cabo Frio. Os afloramentos

apresentam uma diversidade significante, que possibilitam aos pesquisadores a

oportunidade de exibirem, em uma pequena fração de rochas, ampliar a visão do

conhecimento científico adquirido, tornando tanto acessível à população em geral, quanto

a comunidade cientifica, em especial alunos graduandos em geologia.

Em adição, os dados serão integrados para a elaboração do manejo dos recursos

naturais do Arquipélago de Santana, que atualmente está sendo elaborado pela

Secretaria de Meio Ambiente e Turismo da Prefeitura Municipal de Macaé. Ressaltar-se o

valor do conhecimento geológico e importância da preservação do arquipélago como um

monumento geológico, e em especial, ao apelo pela conscientização geoambiental.

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