Aos ex, atuais e futuros acampantes, monitores eabae.org.br/download/livro ACAMPAMENTOS...
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Aos ex, atuais e futuros acampantes, monitores e
funcionrios da Cia do Lazer, amigos que de
variadas formas contriburam para a
concretizao deste trabalho.
Ao meu filho Joo que apesar da pouca idade
soube entender minha ausncia.
Ao meu amor Pedroca pelo carinho e incentivo
em todos os momentos.
-
Motivada pela paixo do seu trabalho o mestrado foi a porta para aprofundar e conhecer cientificamente os benefcios que os acampamentos de frias trazem para vida das crianas e jovens. Pesquisa de concluso do Mestrado Profissional em Gesto empresarial realizado por Rose Jarocki com os acompanhamentos da Prof Sonia Maria Rodrigues Calado Dias, Phd. Acampantes, ex-monitores, monitores e ex-monitores participaram da pesquisa.
Esta pesquisa nos trs uma grande inovao a favor da educao onde a Cultura da Perfformance (desempenho) e deixada em segundo plano trazendo tona a importncia da Cultura do Acampamento (o ser, o conviver) como uma excelente ferramenta pedaggica para transformar nossas crianas em profissionais bem sucedidos e felizes.
O aprender fazendo tem sido identificado como uma maneira eficaz de provocar mudanas significativas, pois a aprendizagem pela ao traz tona a importncia nos processos, no individuo, no saber como, na facilitao, no ativo gerativo, no trabalho em grupo, na independncia, na cooperao, na capacidade de mudar, no aprender com os outros e com os erros, na prtica em teoria e nos resultados qualificados.
O ciclo de aprendizado, crescimento e desenvolvimento acontece
de forma sistmica onde deixamos de nos ver isoladamente no mundo e nos percebemos parte integrante do mesmo, aprendendo com uma organizao onde as pessoas conseguem criar sua prpria realidade e reconhecer a sua responsabilidade pessoal pelos seus atos, aes e comportamentos vendo alm dos limites de suas perspectivas. Este o nosso compromisso
CIA DO LAZER
-
ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS
A CULTURA DA EXPERINCIA A FAVOR DA FORMAO
ROSE JAROCKI
-
PREFCIO
Ao longo de 21 anos tive o privilgio de acompanhar como famlia,
me de trs ex-acampantes e colega de mestrado a dedicao e o
profissionalismo do trabalho exercido por Rose frente da Cia do Lazer ao
lado do seu fiel e sonhador marido, Pedroca.
Durante vrias temporadas de frias nos perguntvamos quando da
volta das crianas aps quatro ou cinco dias no acampamento educativo da
Cia do Lazer em Porto de Galinhas, que mgica era aquela que acontecia
naqueles dias que trazia de volta crianas exaustas, mas extremamente
felizes; queimadas de sol, mas com mil histrias para contar e amigos para
abraar; com roupas esquecidas para trs, mas extremamente confiantes
na sua capacidade de independncia. Quando perguntvamos aos nossos
filhos e sobrinhos em busca de uma resposta sobre a experincia,
simplesmente nos respondiam com brilho nos olhos: Foi legal, brincamos
muito! E nada mais saia daquelas boquinhas, apenas um sorriso no
semblante afirmando e confirmando a felicidade. A Cia do Lazer evoca este
tipo de lembranas e recordaes que ficam cravadas no corao e mente
dos acampantes, ex-acampantes e seus pais.
E so estas provas do brincar experienciando um acampamento
educativo que podem ser apreciadas desde o primeiro captulo do livro.
-
Para Rose, brincar um exerccio do educar, uma ferramenta para se
frequentar o universo dos sonhos destas crianas que um dia brincaram e
conviveram nos campos, alojamentos e fogueiras de um acapamento de
frias. De acordo com o educador Lev Vigotski, O brincar uma atividade
humana criadora, na qual imaginao, fantasia e realidade interagem na
produo de novas possibilidades de interpretao, de expresso e de ao
pelas crianas, assim como de novas formas de construir relaes sociais
com outros sujeitos, crianas e adultos.
E foi pensando justamente nesta relao entre brincar e o
significado dos acampamentos na vida adulta de ex-acampantes, bem como
entender o papel dos recreadores, os tios nesta relao, que Rose voltou
seus estudos de mestrado para a mentoria. Juntando suas inquietaes
vontade de transformar suas suposies em resultados cientificamente
comprovados, o trabalho seguiu baseado nas pesquisas da American Camp
Association ACA e nos estudos de mentoria. Os resultados que podem
ser apreciados integralmente na leitura deste livro revelaram o que se
esperava: que os acampamentos contribuem para a formao de adultos
em relao s habilidades sociais como fazer amigos, liderana e conforto
social.
Acredito que este livro ser um marco para os estudos e pesquisas
da vida em acampamentos educativos, portanto uma leitura recomendvel
-
para pais e para aqueles que trabalham com crianas, jovens e com todas
as reas do conhecimento que se preocupam com a relao do homem
com o sonho, a emoo e o futuro.
Isabella Jarocki
Educadora na rea da Hospitalidade
-
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1- Gnero de Ex-acampantes............................................
Grfico 2 - Idade Atual ..................................................................
Grfico 3 - Idade quando participou do Acampamento..................
Grfico 4 - Quantos Acampamentos j participou .........................
Grfico 5 - Quando foi o seu ltimo acampamento........................
Grfico 6 Gnero II .....................................................................
Grfico 7 - Situao Atual do Monitor em relao a Cia do Lazer .
Grfico 8 - Resultados do Constructo Liderana ...........................
Grfico 9 - Liderana .....................................................................
Grfico 10 - Liderana na percepo do monitor/ex-monitor.........
Grfico 11 - Resultados do Constructo Fazer Amigos...................
Grfico 12 - Fazer Amigos..............................................................
Grfico 13 - Fazer Amigos na percepo do monitor/ex-monitor...
Grfico 14 - Resultados do Constructo Conforto Social ................
Grfico 15 - Conforto Social ..........................................................
Grfico 16 - Conforto Social na percepo do monitor/ex-monitor
Grfico 17 - Resultados do Constructo Relao de Pares ............
Grfico 18 - Relao de Pares.......................................................
Grfico 19 - Relao de Pares na percepo do monitor/ex-
monitor............................................................................................
Grfico 20 - Relao das Habilidades Sociais................................
119
120
124
127
129
132
134
136
137
140
142
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146
148
150
150
154
155
157
159
-
Grfico 21 - Lembra-se de algum que, durante o acampamento,
marcou positivamente sua vida ......................................................
Grfico 22 - Lembra-se de algum acontecimento, que durante o
acampamento, tenha marcado sua vida ........................................
Grfico 23 - Acampamento ajudou na sua vida profissional na
percepo do Ex-acampante .........................................................
Grfico 24 - Classifique sua experincia no acampamento Cia do
Lazer ..............................................................................................
Grfico 25 - Classificao na percepo dos monitores/ex-
monitores.........................................................................................
Grfico 26 - Aprendeu algo novo ...................................................
Grfico 27 - Melhorou em habilidades............................................
164
167
172
177
178
181
182
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Domnios e Constructos ..............................................
Quadro 2 - Mentoria para Jovens ..................................................
Quadro 3 - Habilidades Sociais - Liderana ..................................
Quadro 4 - Habilidades Sociais Fazer Amigos...............................
Quadro 5 - Habilidades Sociais Conforto Social ............................
Quadro 6 - Habilidades Sociais Relao de Pares ........................
Quadro 7 - Mentoria .......................................................................
Quadro 8 - Benefcios no Mundo Organizacional ..........................
Quadro 9 - Percepo do Monitores ..............................................
21
83
101
101
102
102
103
103
104
-
15
SUMRIO
Introduo ................................................................................... 18
Justificativa.................................................................................. 26
Acampamentos educativos de frias.............................................. 31
Acampamentos no Mundo ............................................................. 32
American Camp Association - ACA ............................................. 36
Acampamentos no Brasil ............................................................... 39
Acampamentos no nordeste do Brasil ........................................... 43
Mundo Organizacional e o Aprendizado......................................... 45
Habilidades Sociais no mbito do Modelo da ACA ..................... 49
Habilidades Sociais ....................................................................... 58
Habilidade social Liderana ........................................................ 59
Habilidade social Fazer amigos .................................................. 61
Habilidade social Conforto social................................................ 64
Habilidade social Relao de pares ........................................... 67
Mentoria ......................................................................................... 70
Funes de mentoria ..................................................................... 74
Mentoria para Jovens .................................................................... 80
Mentoria, acampamentos educativos de frias e o mundo
organizacional ................................................................................
85
Metodologia ................................................................................... 88
Delineamento da Pesquisa ............................................................ 90
-
16
Locus de estudo Cia do Lazer .................................................... 91
Populao ..................................................................................... 96
Instrumentao das Variveis ...................................................... 98
Coleta de Dados ............................................................................ 106
Instrumento .................................................................................... 107
Processo......................................................................................... 107
Mtodo de Anlise ........................................................................ 109
Limites e limitaes da pesquisa .................................................. 112
Limites .......................................................................................... 113
Limitaes ...................................................................................... 114
Anlise e discusso dos achados ................................................. 116
Amostra - Ex-acampantes ............................................................. 118
Gnero ........................................................................................... 119
Idade atual ..................................................................................... 120
Idade que participou do Acampamento ......................................... 124
Quantidade de acampamentos que participaram .......................... 127
Quando foi a ltima temporada ..................................................... 128
Amostra Monitores/Ex-Monitores ............................................... 131
Gnero ........................................................................................... 132
Idade atual ..................................................................................... 133
Situao atual do monitor em relao a Cia do Lazer ................... 133
Formao Acadmica dos Monitores/Ex-Monitores ...................... 134
Habilidades Sociais na percepo dos ex-acampantes,
-
17
monitores e ex-monitores .............................................................. 135
Liderana dentro do contexto do Acampamento ........................... 136
Fazer Amigos dentro do contexto do Acampamento ..................... 141
Conforto social dentro do contexto do acampamento ................... 147
Relao de Pares dentro do contexto do Acampamento .............. 153
Mentoria dentro do contexto do Acampamento ............................. 161
Acampamento e benefcios para a vida profissional ..................... 170
Outros achados relevantes............................................................ 175
Concluses .................................................................................... 186
Sugestes de pesquisas e Aes.................................................. 190
Sugestes de Pesquisas................................................................ 191
Sugestes de aes ...................................................................... 194
Fotos do Acampamento.................................................................. 197
Referncias ................................................................................... 201
-
18
INTRODUO
-
19
Nos Estados Unidos, todo vero, mais de 10 milhes de crianas
pernoitam ou passam o dia em acampamentos de frias. So espaos
patrocinados por igrejas, agencias sem fins lucrativos para jovens e
pela iniciativa privadas de acordo com o Journal of Family Issues
(2007). O volume de instituies com o propsito de acolher essas
crianas tem despertado o interesse dos estudiosos em identificar o
impacto destes acampamentos no desenvolvimento dos jovens e
crianas. Smith (2002) ressalta que os lderes e defensores dos
acampamentos de frias organizados acreditam ter criado um
ambiente nico para a socializao das crianas.
[...]acampar concede oportunidades para que as crianas se desenvolvam como pessoas e como membros de grupos, fornecendo experincias no encontradas comum e facilmente durante as reunies e nas atividades na cidade. O acampar auxilia no desenvolvimento da engenhosidade, autoconfiana, apreciao e responsabilidade pelos arredores naturais de uma localidade (EELLS, 1998, p.71).
Muitas pesquisas tm sido desenvolvidas nos Estados Unidos por
uma srie de instituies e associaes para identificar a importncia deste
movimento a favor da formao de jovens e crianas (THE JORNAL OF
EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006). A American Camp Association
ACA - anteriormente conhecida como American Camping Association uma
comunidade de profissionais de acampamentos, fundada em 1910 com
intuito de partilhar o conhecimento e experincia garantindo a qualidade dos
-
20
programas de acampamento. Reconhecida como uma das maiores
autoridades no desenvolvimento da juventude, a ACA trabalha para
preservar, promover e melhorar a experincia do acampamento (ACA,
2011).
Recentemente a ACA realizou uma pesquisa, conduzida pela
Philliber Research Associaties e com o suporte da Lilly Endowment Inc.,
denominada Development and Application of a Camper Growth Index for
youth (CGI-C) Desenvolvimento e aplicao do ndice de crescimento nos
acampantes (2000 a 2006) com objetivo principal: 1) medir os resultados de
desenvolvimento na percepo dos acampantes, pais e equipe de trabalho;
2) saber ainda quais elementos do programa do acampamento foi
relacionado ao resultado apresentado; 3)desenvolver um instrumento de
medio e materiais de treinamento para uso nas avaliaes futuras e; 4)
utilizar os dados que promove o papel dos acampamentos no
desenvolvimento da juventude positiva.
O resultado apontou a existncia de quatro domnios que podem
ser desenvolvidos nos Acampamentos de Frias. Estes foram classificados
como: Identidade Positiva (IP), Habilidades Sociais(HS), Habilidades Fsicas
e Cognitivas(HFC), Valores Positivos e Espirituais(VPE). Ainda dentro desta
linha, identificou-se mais dez constructos que foram identificados e
reconhecidos como: Liderana(LID), Auto Estima(AE), Valores e
Decises(VD), Fazer Amigos(FA), Espiritualidade(E), Conscincia
Ambiental(CA), Conforto Social(CS), Independncia(IND), Relao de
-
21
Pares(RP), Aventura e Explorao(AE) - (THE JORNAL OF
EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006).
No entanto, esse estudo ir investigar e avaliar o domnio
habilidades sociais e seus constructos: liderana, fazer amigos, conforto
social e relao de pares conforme quadro 01 abaixo. Todo o detalhamento
da pesquisa para esse estudo ser apresentado na metodologia. Sobre a
pesquisa realizada pela Philliber Research Associates (2006) afirma-se que
este estudo ir contribuir em muito para os acampamentos e outros tantos
programas que visam o desenvolvimento dos jovens e dar mais suporte
tcnico para melhorar os programas de liderana e oportunidades
existentes em todo o mundo.
Quadro 1 - Domnios e Constructos
Pesquisa American Camp Association CGI-C (2005)
DOMNIOS CONSTRUCTOS
HABILIDADES
SOCIAIS Liderana Fazer Amigos Conforto Social
Relao de
Pares
Fonte: Adaptado pela autora da Pesquisa American Camp Association
No Brasil h pouca, ou nenhuma, bibliografia que retrate a
importncia dos Acampamentos de Frias. Em 1999 foi fundada a
Associao Brasileira de Acampamentos Educativos (ABAE), com sede em
So Paulo, tendo como finalidade agrupar, trocar informaes e
compartilhar experincias entre os acampamentos associados. De acordo
-
22
com esta instituio dos 400 acampamentos organizados em todo o pas,
apenas 15 fazem parte do seu quadro de associados e nesse perodo
nenhuma pesquisa foi realizada para identificar os benefcios dos
acampamentos para os acampantes (ABAE, 2011).
Considerando esta lacuna o presente estudo pretende pesquisar no
Brasil um dos quinze acampamentos associados ABAE, o nico
acampamento educativo de frias da regio nordeste que no tem como
foco a religio. O Acampamento Companhia do Lazer, localizado no
municpio de Ipojuca, na Praia de Porto de Galinhas em Pernambuco tem
em sua proposta uma preocupao com a formao verdadeiramente
integral, onde corpo e mente possibilitam movimentos contnuos e
sistmicos buscando intencionalmente o aprendizado em grupo,
autoconhecimento, bem estar, construo de amizade, liderana, disciplina,
respeito, experimentao, participao, reflexo, estimulo s relaes,
criatividade e responsabilidade (CIA DO LAZER, 2011).
Dentro desta perspectiva as Habilidades Sociais esto presentes e
Freitas (2006) aponta a infncia como o perodo mais importante para a
aprendizagem de habilidades interpessoais. H evidncias segundo o autor
que se a criana amplia o seu repertrio de comportamentos sociais ter
mais possibilidades de desenvolver, futuramente, relaes sociais mais
saudveis e com menor risco de rejeio por seus pares. Acreditando nisto
que estudos sugerem que o desenvolvimento de habilidades sociais na
infncia possam constituir um fator de proteo contra a ocorrncia de
-
23
dificuldades de aprendizagem e de comportamentos anti-sociais j que as
prticas e valores parentais servem como background cultural e
socioeconmico importantes para a competncia social da criana (DEL
PRETTE, DEL PRETTE, Z. A. P, 2006).
Acreditando ainda que as habilidades sociais, por meio de seus
constructos, contribuam para o crescimento pessoal destes jovens que se
pode caracterizar, numa relao entre pares, a presena de mentoria,
possibilitando um relacionamento capaz de alterar vidas e de inspirar o
crescimento, o aprendizado, e o desenvolvimento mutuo. Seus efeitos
podem ser inesquecveis, profundos e duradouros (RAGINS; KRAM, 1985).
As experincias nos acampamentos so diferentes para cada criana, no entanto evidente que para muitos jovens essa experincia esta na maioria das vezes associada ao crescimento pessoal dentro dos quatro domnios, identidade positiva, habilidades sociais, habilidades fsicas e cognitivas, valores positivos e espirituais (CHENERY, 1990, p.3).
Para Druker (2002) o desenvolvimento pessoal est na busca da
excelncia, pois isto ir trazer a satisfao pessoal e far a diferena na
qualidade do trabalho e no mundo dos negcios, pois sem habilidade no
se faz um bom trabalho. Druker (2002) ainda ressalta a importncia da
aquisio das habilidades bsicas que a de proporcionar autoconfiana e
competncia aos iniciantes, para dar-lhes condies, daqui uns anos de ter
um bom desempenho na sociedade ps-capitalista. A sociedade do
conhecimento, onde, as pessoas precisam aprender a aprender est indo
-
24
ao encontro de quebras de paradigmas onde, possivelmente em um futuro
bem prximo as matrias tenham menos importncia do que a capacidade
do aluno em continuar a aprender e motivar-se para enfrentar durante toda
a sua vida o mundo dos negcios. Ainda necessrio que os alunos
adquiram um mnimo de competncia em habilidades essenciais e
transformem-se em alunos que realizam e no apenas em alunos que
obedecem (DRUKER, 2002).
Decerto parte dessa pesquisa cientifica da ACA - CGI-C ser
reaplicada, de forma adaptada, para os ex-acampantes da Cia do Lazer
buscando identificar se houve o desenvolvimento do domnio habilidade
social e seus constructos - liderana, fazer amigos, conforto social e relao
de pares e se houve ocorrncia de mentoria durante este processo e se
esta experincia trouxe algum benefcio para a vida profissional do mesmo.
vlido ressaltar que esta pesquisa realizada pelo Philliber Research
Associaties j foi validada corroborando assim para este estudo. Diante a
um resultado excelente e uma pesquisa de alto nvel, esta ferramenta vem
reafirmar a importncia dos acampamentos como uma oportunidade de
aprendizagem experimental visando o desenvolvimento positivo dos jovens
(THE JORNAL OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006).
Com bases nessas premissas, foi definida a seguinte pergunta de
pesquisa: At que ponto os acampamentos educativos de frias da
Companhia do Lazer desenvolvem habilidades sociais, mentoria e os
benefcios para mundo organizacional a partir da percepo dos ex-
-
25
acampantes, monitores e ex-monitores?
-
26
JUSTIFICATIVAS
-
27
Os Acampamentos de Frias so espaos propcios para
pesquisas, pois so, no mnimo, ambientes curiosos para profissionais das
mais diversas reas. Considerando as contribuies tericas, este estudo
trar novos conhecimentos no campo das habilidades sociais para jovens e
crianas dentro dos acampamentos. Na viso de Henderson, Thunder,
Whitaker, Bialeschki, Scanlin (2006) muitas pessoas acreditam no valor da
experincia dos acampamentos como uma oportunidade educacional, mas
existem poucos instrumentos desenvolvidos para avaliar esse desempenho.
Alm disso, contribuir com o ambiente acadmico brasileiro, fornecendo
dados sobre mentoria nos programas de acampamentos com o foco na
funo psicossocial considerando ainda a pouca literatura existente sobre o
tema proposto.
Diante do exposto torna-se importante identificar o significado deste
estudo para novos campos de pesquisa. Segundo Chandler e Kram (2007)
existe uma necessidade de ao se discutirem as pesquisas o cenrio
nacional deve ser respeitado. Existe ainda um fato interessante que o
grande volume de estudos sobre mentoria natural para jovens sendo o foco
corretivo, a exemplo de programas desenvolvidos em comunidades com
jovens em situao de vulnerabilidade social como Big Brothers, Big Sisters,
onde fica estabelecida uma relao de pares voluntrios (RHODES, SIPE,
2002).
Vislumbrando ainda o mundo organizacional fundamental
identificar que no mundo industrializado de hoje, a produo de bens e
-
28
servios no pode ser desenvolvida por pessoas que trabalhem
individualmente (CHIAVENATO, 2004). As organizaes so feitas de
pessoas e o impacto que estas organizaes criam sobre a vida das
mesmas enorme, pois as pessoas nascem, crescem, vivem, so
educadas, trabalham e se divertem dentro das organizaes que dependem
das pessoas para atingir suas metas e misses (CHIAVENATO, 2004, p.
17). Portanto, fica claro mais uma vez a importncia das relaes dentro
das organizaes, pois o ser humano eminentemente social e interativo,
trazendo assim a importncia de incentivar e motivar essas relaes desde
pequeno.
Este estudo torna-se, portanto, relevante diante da ampliao dos
conhecimentos acadmicos no Brasil despertando novos interesses nas
reas de Educao, Mentoria e Habilidades Sociais dentro dos
Acampamentos Educativos de Frias e sua contribuio para o mundo
organizacional como ferramenta de desenvolvimento dos jovens e crianas.
Cada projeto surge de uma idia que nasce na cabea e no corao
de quem a pensa. concebido da observao da realidade/necessidade e
se abastece da viso de um futuro. Na opinio de Minayo (1996, p. 90):
nada pode ser intelectualmente um problema, se no tiver sido, em
primeira instncia, um problema na vida prtica.
Dessa forma, as justificativas a seguir podem sugerir maneiras
inovadoras de desenvolver pessoas e suas habilidades sociais. Na primeira
fase da vida, segundo Del Prette. A, Del Prette. Z. A. P (1999) se faz
-
29
necessrio a ateno para esta habilidade. A possibilidade de enxergar
como melhorar os programas extracurriculares, pois na opinio de Silva
(1993), a educao de boa qualidade deve ser oferecida por educadores de
boa qualidade, pois, alm de um simples produto, a educao uma
relao entre pessoas. Perante esta realidade torna-se imprescindvel ao
educador ter presente que a influncia que possa vir a exercer sobre o
educando ser aquela que atinja a identidade dele, a qual, de fato, o que
garante um sentido organizador do eu, do mundo, das relaes. a
resposta que se d pergunta: Quem sou eu? o critrio com que
julgamos o mundo e nossas aes, considerando-as necessrias e
possveis (SILVA, 2003).
De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais para a
Educao Infantil (PCN, 1998, p. 23):
[...]educar significa propiciar situaes de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relao interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude bsica de aceitao, respeito e confiana, e o acesso, pelas crianas, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
No entanto no existem programas efetivos de incentivos pblicos
ou privados que vislumbrem o desenvolvimento pessoal dos jovens.
No contexto do mundo organizacional a grande contribuio prtica
perpassa pelo olhar empreendedor que a corporao exige como perfil para
-
30
as pessoas que a compe, pois para Morris (1998), o empreendedorismo
trata de sete diferentes tipos de criao no excludentes entre si: criao de
riqueza, de empresas, de inovao, de mudanas, de empregos, de valor e
de crescimento. J para Lopes (1999) empreendedor um indivduo que
identifica oportunidades e toma iniciativa de reunir, organizar recursos,
assumindo uma quantidade de riscos, envolvendo-se e comprometendo-se
com os resultados. Afirma Dornellas (2000) o empreendedorismo significa
fazer algo novo, diferente, mudar a situao atual e buscar de forma
interessante, novas oportunidades de negcio, tendo como foco a inovao
e a criao de valor. Por qualquer dos prismas vale salientar que so as
pessoas que se destacam onde quer que trabalhem e dediquem sua
persistncia e capacidade de reconhecer, avaliar e explorar uma
oportunidade para fazer a diferena no mundo dos negcios.
Assim sendo, dentro de uma perspectiva prtica, ser vinculada
possibilidade de ampliar o mercado de trabalho para profissionais da rea
de educao fsica, lazer, turismo, pedagogia, psicologia, dentre outras.
Certamente tambm dar subsdios acadmicos para a Associao
Brasileira de Acampamentos Educativos (ABAE). Por sua vez a Companhia
do Lazer estar alicerada com elementos para fortalecer e ampliar seu
empreendimento e, por conseguinte, atuar como catalisadora contribuindo
para o mundo dos negcios.
-
31
ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS
-
32
ACAMPAMENTOS NO MUNDO
A vida ao ar livre por jovens em pequenos grupos dentro de
comunidades maiores de acampamentos, isolados da distrao da cidade,
especialmente selecionadas por suas habilidades de compreenso e
liderana o conceito americano de acampamento (CARLSON, 1986).
O acampamento americano ideal fornece um ambiente educativo que um dos meios mais favorveis possveis para ajudar a juventude a crescer, desenvolver e alcanar a compreenso de si mesmo e um senso de responsabilidade pelos outros e pelo meio ambiente (CARLSON, 1986, p. 4).
O mesmo autor ainda ressalta a herana vinda dos ndios, pois
aqueles que exploraram, colonizaram e tiraram proveito da antiga Amrica
tinham uma atitude ambivalente quanto aos ndios americanos. Temiam e,
por vezes, os detestavam. Diante dos sentimentos que os ndios
americanos haviam sido mal compreendidos e subestimados na poca da
colonizao Ernest Thompson (1986) incluiu vrios aspectos teis e
pitorescos da vida indgena em sua organizao para meninos. Ele
enfatizou as virtudes da honestidade e franqueza, da vida ao ar livre,
conselhos ao redor de fogueiras e danas indgenas. Esta herana vinda
dos ndios persiste em muitos programas de acampamentos at hoje. [...]os
acampamentos de vero so a maior contribuio para a educao que a
Amrica do Norte tem dado ao mundo. (ELLIOT, 1916, p. 91).
-
33
Este movimento espalhou-se rapidamente pela Europa, sia,
Amrica do Sul, Pacfico Sul e frica e em cada local. Segundo Carlson
(1986) com o passar do tempo, percebeu-se que os acampamentos
organizados poderiam tambm servir para propostas diferenciadas e
especificas. Nos pases comunistas, por exemplo, este tipo de atividade era
utilizado como forma de doutrinar o comunismo: j em alguns pases
usavam o mesmo a favor da religio para captarem novos fiis; tambm foi
usado com fins polticos, visando propagao de ideais (EELLS, 1986).
Entretanto, deve-se ainda destacar nomes que fizeram a histria
dos acampamentos que so citados no livro Histria de Acampamento
Organizado: os primeiros cem anos de Eleanor P. EElls como Frederick
Willian Gunn, educador norte-americano, nascido em Washington em 1816,
falecido em 1881, que com seus mtodos diferentes e acolhedores realizou
a primeira experincia registrada em acampamentos juntamente com a sua
mulher, em 1861, levando toda a escola a uma viagem de duas semanas
em Long Island Sound. Gunn conhecido como o pai do acampamento
organizado (EELLS, 1986).
To importante quanto seus antecessores, Ernest Balch, com suas
fortes convices missionrias desenvolveu acampamentos organizados e
em 1881 precedeu regras e objetivos escritos, conhecido tambm como pai
do movimento de acampamentos organizados. Balch escreveu que o seu
acampamento existia para: 1) o desenvolvimento de um senso de
responsabilidade no menino, tanto para si como para os outros e 2) uma
-
34
apreciao pelo valor do trabalho (BENSON; GOLDBERG, 1951).
O movimento de Escoteiros conhecido como Escotismo teve grande
contribuio na histria dos acampamentos com suas metodologias
diferenciadas que utilizavam a forma humana circular do incio da reunio.
Assim como a disposio circular das barracas nos acampamentos
escoteiros de todo o mundo, se repete h mais de 100 anos, desde 1907,
quando o general ingls Robert Baden-Pawell, ou simplesmente B-P, como
chamado pelos escoteiros, reuniu um grupo de 21 jovens e alguns
auxiliares na pequena Ilha de Brownsea, que fica na costa da Inglaterra, no
Canal da Mancha onde organizou o primeiro acampamento escoteiro, em
agosto 1907 (EELLS, 1986).
Baseado no pensamento de que a ocasio seria ideal para pr em
prtica um mtodo de atividades ao ar livre que contribuiriam para a
educao de jovens, B-P enviou, ento, uma carta para alguns pais e mes
conhecidos seus: "Me proponho a realizar um acampamento com meninos
selecionados, para que aprendam Escotismo durante uma semana, nas
prximas frias de agosto" (BP apud EELS, 1986, p. 34). O primeiro
acampamento escoteiro foi um sucesso e Baden-Powell percebeu que as
atividades ao ar livre exerciam forte atrao sobre os jovens de todas as
classes sociais, que aprendiam tcnicas e, ao mesmo tempo, eram
educados para uma vida futura como cidados dignos (EELLS, 1986).
Resumindo ento, a trajetria dos primeiros cem anos de
acampamentos segundo Phyllis M.Ford (1986) conclui-se que os
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35
acampamentos ao longo destes cem anos vieram atender uma serie de
necessidades da sociedade e em sua primeira fase teve como proposta
fundamental a preocupao em atender a realidade educativa, ociosidade
das frias de vero e necessidade de um retorno a natureza, respondendo
assim aos movimentos da educao progressista.
No entanto, os acampamentos firmados durante a Primeira Guerra
Mundial (1914 a 1918) ofereciam programas baseados no patriotismo. J os
acampamentos na poca da Grande Depresso (1929) se tornaram
acampamentos de trabalho simples, custo baixo e ensinamentos de
trabalhos teis. Os acampamentos nascidos na Segunda Guerra Mundial
(1939 a 1945) viraram jardins de vitria e acolhiam refugiados da Europa,
ensinado a fazer sabo e aulas de primeiros socorros. Com a chegada dos
anos 50 e a preocupao com a forma fsica, trouxeram programas fsicos,
iniciados os anos 60 e a preocupao ambiental foram desenvolvidos
programas ecolgicos.
Lamentavelmente, durante estes cem primeiros anos nenhuma
pesquisa documentou satisfatoriamente o valor do acampamento
organizado, mesmo tendo trazido para os Estados Unidos e, por
conseguinte, ao mundo, um enigma nico e de difcil compreenso, mas
tambm forte e poderoso, o qual persiste como fora social transformadora (
EELLS, 1986).
A seguir breve histrico sobre a American Camp Association (ACA),
sua importncia para o mundo dos acampamentos e sua pesquisa.
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36
AMERICAN CAMP ASSOCIATION - ACA
Nos Estados Unidos existe uma instituio, sem fins lucrativos,
denominada American Camp Association (Associao Americana de
Acampamentos). uma comunidade de profissionais da rea de
acampamentos que, h cem anos, se uniu para partilhar o conhecimento e
a experincia e garantir a qualidade dos programas de acampamento (ACA,
2011). Como uma das maiores autoridades no desenvolvimento da
juventude a ACA trabalha para preservar, promover e melhorar a
experincia do acampamento.
A associao tem como misso: atender os acampamentos
comprometidos com a segurana, carinho ao ambiente; cuidar e criar
modelos competentes de adultos; experincias adequadas e saudveis ao
desenvolvimento; servio comunidade e ao mundo natural; oportunidades
de liderana e crescimento pessoal; descoberta a educao experiencial, e
oportunidades de aprendizagem; excelncia e a melhoria contnua de
autoconhecimentos; ACA Programa de Acreditao (ACA, 2011).
No que concerne ao significado que estas instituies tm diante
deste movimento vlido dizer que ultrapassa geraes e barreiras
culturais. Chenery (1999) alega de forma muito simples a importncia
destas instituies utilizando a seguinte argumentao:
O que estou dizendo para voc e para os tomadores de deciso entre voc e ao seu redor que o que voc faz
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muito importante, e claramente algo para comemorar. Em face de crises de coragem, esperana e amor, acampamentos ensinam coragem, esperana e amor. A comunidade, o programa, a beleza da paisagem natural nos acampamentos capacita e inspira os jovens a fazer uma diferena positiva no seu prprio futuro e o de seus semelhantes. Certamente esse o objetivo da educao (CHENERY, 1999, p. 6).
A American Camp Association (ACA) por meio de suas aes
apresentou uma pesquisa independente realizada em 2004 (THE JOURNAL
OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006). Este estudo de investigao
resultou na maior pesquisa j realizada nos Estados Unidos at ento. Os
resultados confirmaram que os acampamentos constroem muitas das
habilidades necessrias para preparar os acampantes para assumir papis
de adultos bem sucedidos. Os pais, acampantes, e os monitores,
independentemente registraram crescimento em reas como a
autoconfiana, aprender novas habilidades, conviver com os outros, fazer
amigos, e tomar decises saudveis. Na verdade, o acampamento oferece
experincias de crescimento para os jovens que podem colher resultados
com a idade adulta (THE JORNAL OF EXPERIMENTIAL EDUCATION,
2006).
A pesquisa da ACA aps toda a reviso de literatura e de todos as
escalas e teorias revisadas, foi aplicada em 92 acampamentos em mais de
50 localidades dos Estados Unidos, mais de 3 mil famlias participaram
desta pesquisa e cerca de 2 mil acampantes entre 08 a 14 anos
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responderam os questionrios. A ferramenta final da ACA ficou com 52 itens
sendo 47 relacionados com os domnios e a diferena com dados
demogrficos. A pesquisa optou tambm por utilizar apenas uma escala
Likert de 4 pontos, porque partiram do princpio que uma escala de 4 pontos
seria mais visvel e mais fcil para as crianas responderem. Essa tarefa foi
realizada por pesquisadores associados com a ACA. O Camper Frowth
Index for Youth (CGC-I) ou o ndice de Crescimento do Acampantes, foi
projetado em pr, durante e aps seis meses da primeira entrevista. A Lilly
Endowment, Inc. recebeu a concesso e a empresa independente Philliber
Research Associates foi assegurada de realizar a coleta de dados e anlise.
(DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX
FOR YOUTH, 2006).
Existem outras entidades e estudiosos responsveis pela
acreditao de todos os tipos de acampamentos nos Estados Unidos. A
American Camp Associates (ACA), j acreditou mais de 2.300
acampamentos em todo o pas que visam fornecer ambientes seguros,
modelos positivos de adultos, educao experencial e experincias de
crescimento humano. Por consequncia desta chancela existe atualmente
mais de 7.000 programas para crianas e jovens que tm a oportunidade de
aprender lies poderosas em comunidade, construo do carter,
desenvolvimento de competncias, e uma vida saudvel - lies que no
podem ser aprendidas em nenhum outro lugar (ACA, 2011).
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39
ACAMPAMENTOS NO BRASIL
No Brasil, o Movimento Escoteiro chegou em 1910, mesmo ano em
que Baden-Powell decidiu pedir afastamento do exrcito ingls para se
dedicar exclusivamente ao Escotismo. Baden-Pawell percebeu que poderia
ser mais til ao seu pas instruindo a nova gerao para uma boa cidadania,
ao invs de preparar homens adultos para uma futura guerra. Ele faleceu
em 1941 (JAROCKI, 2007)
Os acampamentos no Brasil tm seu primeiro registro por volta de
1927, segundo dados da Associao Crist de Moos, (ACM, 2003) que o
nome da ramificao brasileira da The Young Men's Christian Association
(YMCA), uma organizao fundada em 6 de junho de 1844, em Londres,
por um jovem chamado George Williams. Na ocasio, o objetivo era
oferecer aos jovens que chegavam para trabalhar em Londre, uma opo
de vida, incentivando a prtica de princpios cristos, atravs de estudos
bblicos e oraes. A proposta da YMCA era incomum poca, pois
propunha uma ruptura nas rgidas separaes entre denominaes crists e
classes sociais que delineava a sociedade inglesa do momento. Com uma
proposta diferenciada disposta incluso de qualquer homem, mulher, ou
criana, independentemente de raa, religio ou nacionalidade. A nfase no
contato social tambm foi, desde o incio, uma caracterstica da associao
(ACM, 2011).
Atualmente a ACM adota uma abordagem multidisciplinar, visando
http://pt.wikipedia.org/wiki/Londreshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_Crist%C3%A3_de_Mo%C3%A7os#O_fundador#O_fundadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%A3o
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40
ao desenvolvimento espiritual, intelectual e fsico. Esta abordagem
representada na marca da ACM/YMCA pelo tringulo vermelho,
simbolizando a misso de construir um esprito, corpo e mente saudveis
(ACM, 2011). De acordo com Silva (2003), essa associao sem fins
lucrativos, guiava-se pelos modelos americanos, onde se trabalhavam
valores advindos do cristianismo, juntamente a educao integral e a
recreao.
Por volta dos anos 40 surgia uma instituio de muita importncia, o
Acampamento Paiol Grande SP, que representou um marco. um dos
mais antigos acampamentos do Brasil, considerada uma escola de
referncia para todos que atuam nesta rea. O Paiol Grande surgiu em
1946 como o primeiro acampamento tcnico educacional do Brasil, atravs
de seus idealizadores Luiz Dumont Villares, Erico Stickel, Job Lane, Alfredo
Veloso, Otvio Lotufo, dentre outros. Suas primeiras instalaes foram
construdas entre as dcadas de 40 e 50. Desde o incio, a espiritualidade
era componente integral da programao, importante legado dos Padres
Oblatos de Maria Imaculada. H registros do primeiro Acampamento no
Paiol Grande no ano de 1948 (PAIOL GRANDE, 2011).
Foi introduzido no acampamento um modelo educacional onde,
alm de estarem em contato com a natureza, os jovens encontravam um
ambiente sadio e um clima de fraternidade e amizade. O lema do
acampamento, desde a sua concepo, Educar Brincando e desde
ento, os jovens no aprendem as coisas atravs de palestras ou aulas,
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41
mas sim pela vivncia com outros jovens no dia-a-dia, pelas brincadeiras,
prticas desportivas, atividades culturais, entre outras. Esse trabalho
desenvolvido pelo Paiol Grande visa colaborar na formao dos jovens,
auxiliando-os a valorizar o equilbrio entre o comunitrio e o individual. Em
1960 o Acampamento Paiol Grande tornou-se uma Fundao (PAIOL
GRANDE, 2011). De acordo com Pereira (1998), antes mesmo da dcada
de 40, as igrejas evanglicas utilizavam-se de atividade semelhante na qual
o contedo era apenas espiritual visando manter os jovens longe dos
folguedos carnavalescos.
Entre as dcadas de 60 e 80 muitos movimentos espalharam-se
pelo Brasil. Uma serie de organizaes que tinham como proposta os
acampamentos, multiplicaram-se: A Mocidade para Cristo ligada Youth
Christ (YFC), de origem americana instalou-se em Belo Horizonte/MG,
Palavra da Vida, ligada Word of Life (WOL), tambm de origem
americana, se fixou em Atibaia/SP, Janz Team, de origem Alem, se
instalou em Gramado/RS e o Acampamento MAB, de origem sua,
localizado em Cosmpolis/SP alm de outros organizaes de menor porte
(PEREIRA, 1998). relevante registrar que todas as organizaes
supracitadas encontram-se em pleno funcionamento (JANZTEAM;
PVNORDESTE; MPC; MAB, 2011).
Corroborando com Baden Powell (1941) que afirma se queremos
que nossos jovens sejam felizes, devemos lev-los a praticar o bem ao
prximo e cultivar as relaes, a apreciao da natureza, sendo assim as
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42
historias e sonhos de alguns idealizadores de acampamentos perpassam
por esta ideologia de vida (RIBEIRO, 2007), o Acampamento Nosso
Recanto, conhecido como NR, fundado em julho de 1953, nasceu em meio
a um lugar aconchegante, cheio de rvores frutferas e apenas uma
pequena casa e alguns galpes. Uma ideia feliz de um idealista que jamais
poderia imaginar, naquela poca, o quo importante o NR seria na vida de
tantos jovens, que durante todos esses anos vm frequentando o espao.
Assim, o Professor Affonso Maurcio Vivolo, o Safo para os mais prximos,
deu incio a esse que seria tambm um dos mais importantes lugares de
formao de jovens lderes do Brasil (ACAMPAMENTO NOSSO RECANTO,
2011).
Ao longo de 30 anos de existncia muitas conquistas foram
alcanadas e desafios foram superados at que em 1988 era inaugurado o
NR2 (MG), a Fazenda, um lugar mgico que marcou geraes de
acampantes. Abriga at hoje, nas frias, a turma maiores, para jovens de 11
a 16 anos. O NR2 cresceu tendo em sua filosofia a formao fsica e
espiritual dos jovens. Desenvolve a convivncia social, o esprito de
cooperao, a independncia e o amor natureza. Oferece oportunidades
para o desenvolvimento de suas potencialidades e um treinamento de
liderana. Exercita-os no cumprimento dos deveres e na defesa de seus
direitos (ACAMPAMENTO NOSSO RECANTO, 2011).
Na opinio de Stoppa (2001), o olhar diferenciado para este negcio
impulsionou uma dezena de novos espaos, ampliando sua atuao atravs
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de uma proposta e filosofia voltadas para a educao atravs do lazer.
H em todo o Brasil, principalmente na Regio Sudeste do Pas, a presena de uma centena de espaos de lazer chamados de acampamentos de frias e, em alguns casos, de acantonamentos de frias, que so locais destinados a receber grupos de crianas e adolescentes nos perodos de frias escolares ou, ainda, grupos de escolas, igrejas, famlias e empresas em outras pocas do ano (STOPPA, 2004, p. 9).
At onde ento, os acampamentos chegaram e qual a realidade
deste projeto no nordeste do pas?
ACAMPAMENTOS NO NORDESTE DO BRASIL
Ao passo que no Sul e Sudeste do pas j existiam organizaes
estabelecidas o primeiro registro no Nordeste foi datado em 1971 com o
Acampamento Palavra da Vida Nordeste (Word of Life - WOL), iniciado o
ento seminarista Abner Assis, convidou George Theis e Steve Peterson
(missionrios americanos que trabalhavam na Orao pela Vida - OPV em
So Paulo) que aceitaram e vieram a Recife para comear o primeiro
acampamento no Nordeste do Brasil (PALAVRA DA VIDA, 2011).
Em 1973, foram doadas Palavra da Vida as terras de um orfanato,
onde hoje funciona toda a estrutura do acampamento e da organizao.
Naquele ano, oficialmente, iniciou-se o Ministrio Palavra da Vida Nordeste,
cuja proposta resulta numa ferramenta eficaz na vida de jovens,
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44
adolescentes, crianas e famlias. Em um ambiente de contato com a
natureza e infraestrutura mpar no Nordeste, este ministrio tem sido
instrumento de grande importncia para novos seguidores do Evangelho de
Cristo na regio (PALAVRA DA VIDA, 2011).
H ainda outra importante referncia no Nordeste que o
Acampamento Ministrio Centralizado na Bblia (MCB) que surgiu com
trabalho de acampamentos semestrais voltados para Adolescentes e
Jovens. Hoje, alm desse ministrio, outros esto em pleno funcionamento
como: Ministrio Clube Bblico, Acampamento Criana Carente e
Evangelismo no Interior. O objetivo desse ministrio o alcance de
Crianas e Adolescentes nas escolas pblicas e municipais de
Pernambuco. Atinge crianas e adolescentes carentes, cerca de 5.423
pessoas, com a ajuda de voluntrios, alguns em tempo integral e outros,
parcial (MINISTERIO CRISTO DA BBLA, 2011).
Existe ainda registro do primeiro acampamento privado do
Nordeste, sem vinculo com nenhum credo religioso, localizado em
Pernambuco, que tem desenvolvido aes desde 1989. Este acampamento
conhecido como Acampamento Companhia do Lazer ser o instrumento
deste estudo e ser abordado com mais detalhes na metodologia (CIA DO
LAZER, 2011).
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45
MUNDO ORGANIZACIONAL E O
APRENDIZADO
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Notria velocidade das mudanas organizacionais ocorridas nas
ltimas dcadas tem deixado o mundo acadmico e os empreendedores
atentos a seus impactos. De acordo com Honrio e S (2010) as constantes
mudanas e inovaes tm exigido dos membros envolvidos uma
necessidade frequente de aprendizagem com uma perspectiva no campo
acadmico assim como na prxis organizacional. Os autores ainda afirmam
que as interaes sociais encontram novas possibilidades de
desenvolvimento, vislumbrando caminhos diferentes para os indivduos e
construindo conhecimentos, mudando a si e aos outros em termos de
habilidades, conhecimentos e atitudes a partir do encontro com a
diversidade de concepes.
Se uma organizao constituda por pessoas, o seu sucesso
perpassa pelo conjunto de sucesso de seus integrantes. Corroborando com
S, Oliveira e Honrio (2004) o sucesso de uma organizao depende
tanto do seu projeto, quanto de suas qualidades tcnicas e humanas.
Entretanto, so estas ltimas as responsveis pelo carisma, dinamismo,
intuio, ideias e inovaes. Diante desta realidade percebe-se o valor da
construo das relaes para o crescimento das organizaes e enxerga-se
claramente a essencial contribuio que Ragins e Kram (1988) trouxeram
para o mundo corporativo quando afirmaram que o processo de mentoria
dentro das empresas desenvolvido por meio de relaes e capaz de
provocar mudanas na vida e transformar grupos, despertando o mesmo
para o aprendizado e o desenvolvimento dos envolvidos, tornando esta
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47
experincia marcante, consistente e duradoura.
Uma organizao moderna no pode mais acreditar que possa
funcionar apenas com pessoas que pensam e outras que s fazem o que
lhes mandam. Atualmente as organizaes e as comunidades onde quer
que estejam inseridas no s necessitam de um nvel de conhecimento e
habilidades de todos os seus integrantes como tambm o desenvolvimento
da independncia, autoconfiana, segurana pessoal e capacidade de
exercitar a liderana de forma empreendedora. Todos so desafiados a
serem empreendedores e a produzir novos significados, novos valores,
conquistando resultados efetivos para as empresas (SEBRAE, 2011).
De acordo com Jarocki (2007) se a educao a chave que abre
possibilidades de se transformar o homem annimo, sem rosto, naquele que
sabe que pode escolher, que ele sujeito participante de sua reflexo, da
reflexo do mundo e da sua prpria histria, assumindo a responsabilidade
dos seus atos e das mudanas que fizer acontecer, entende-se a
importncia da preocupao de educar para a vida logo da infncia, pois
para Freire (1979) as relaes no se do apenas com os outros, mas se
do no mundo e pelo mundo.
Dentro deste contexto, os acampamentos podem contribuir no
desenvolvimento das capacidades de apropriao e conhecimento das
potencialidades corporais, afetivas, emocionais e ticas, para a formao de
crianas felizes e saudveis. Assim, uma das misses dos acampamentos
construir um cidado pleno, a fim de que ele se reconhea como tal e
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prepar-lo para a vida. Druker (2002) afirma que o mais importante dentro
das empresas so as pessoas e para que a verdadeira liderana acontea
no necessrio estar pautada em traos comuns de personalidade e muito
menos em carisma, preciso estar pautada em responsabilidade, trabalho e
confiana.
Nesse vis percebe-se a relevncia do aprender sempre e das
relaes como fator preponderante do sucesso do profissional e das
empresas. Ento, se a educao pode ser encarada como uma proposta
vivida e uma grande aventura, os acampamentos tornam-se ambientes
perfeitos para essa experincia, desenvolvendo habilidades, valores,
conhecimentos, aprendizado, criatividade, comprometimento e uma
diversidade de atividades, construdas pelo prazer e pela brincadeira, que
sua principal linguagem para adquirir novas situaes e criar outras regras,
desenvolvendo vrios aspectos sociais, emocionais, cognitivos, motores e
trazendo o mundo simblico para bem perto, ao mesmo tempo no se
desfazendo do real (JAROCKI, 2007).
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49
HABILIDADES SOCIAIS NO MBITO DO
MODELO DA ACA
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A American Camp Association (ACA) atravs de suas aes para o
crescimento da juventude com a experincia do acampamento veio
apresentar uma pesquisa independente realizada em 2004. O estudo
concluiu a maior investigao dos resultados dos acampantes j realizados
nos Estados Unidos, com mais de 5.000 famlias entre pais e acampantes e
92 acampamentos em todos os Estados Unidos (DEVELOPMENT AND
APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
Essa pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores e
estudiosos. Publicada no The Journal of Experiential Education; 2006; 29, 1;
ProQuest Central recebendo o nome original de Development and
Application of a Camper Growth Index for Youth. Grandes
pesquisadores participaram deste trabalho como: Henderson, Karla
A;Thurber, Christopher A;Leslie Schueler Whitaker;Bialeschki, M
Deborah;Scanlin, (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER
GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
No incio de 2000 um grupo de profissionais com experincias em
pesquisa de campo no tema desenvolvimento da juventude, formou a
Comisso de Pesquisa da ACA. A equipe da ACA iniciou 20 visitas
informais nos acampamentos e conversou com funcionrios e acampantes
aps esta visita foi documentado o resultado encontrado em campo (ACA
Research Interim Report, 2000). A comisso de investigao analisou uma
serie de instrumentos como, por exemplo, autoconceitos, escalas,
avaliaes e controle de raiva, mas no conseguiu encontrar parmetros
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especficos que fossem comuns aos acampamentos.
Com base em uma reviso dos dados da ACA e literatura
examinada, quatro domnios principais evoluram e representaram os
resultados dos programas mais procurados para os acampamentos. Quatro
domnios foram identificados: Identidade Positiva; Habilidades Sociais;
Valores Positivos e Crescimento Espiritual e Habilidades Fsicas e
Cognitivas (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER
GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
A pesquisa da ACA aps toda a reviso de literatura e de todas as
escalas e teorias revisadas foi aplicada em 92 acampamentos em mais de
50 localidades dos Estados Unidos, mais de 3 mil famlias participaram
desta pesquisa e mais de 2 mil acampantes entre 08 a 14 anos
responderam aos questionrios. A ferramenta final da ACA ficou com 52
itens sendo 47 relacionados com os domnios e a diferena com dados
demogrficos. Os pesquisadores optaram por utilizar apenas a escala Likert
de 4 pontos porque partiram do princpio que uma escala de 4 pontos seria
mais visvel e mais fcil para as crianas responderem. Essa tarefa foi
realizada por pesquisadores associados com a ACA. O Camper Frowth
Index for Youth (CGC-I) ou o ndice de Crescimento do Acampantes, foi
projetado antes, durante e aps seis meses da primeira entrevista. A Lilly
Endowment, Inc. recebeu a concesso e a empresa independente Philliber
Research Associates foi assegurada a realizar a coleta de dados e anlise.
(DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX
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52
FOR YOUTH, 2006).
O modelo tambm forneceu uma maneira de analisar vrios
elementos do desenvolvimento da juventude positiva. O trabalho do instituto
de pesquisa tem sido amplamente utilizado pela organizao de outros
jovens que veem a experincia nos acampamentos fonte eficaz de
contribuio para formao de adultos bem sucedidos (CAMPING
MAGAZINE, 2001).
Portanto, esta pesquisa da ACA analisou o processo de
desenvolvimento e as propriedades psicomtricas do instrumento ndice de
Crescimento dos Acampantes (CGC-I). Esta medida foi destinada a medir
os resultados de experincias nos acampamentos entre os jovens
(DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX
FOR YOUTH, 2006).
Diante a um resultado excelente e uma pesquisa de alto nvel esta
ferramenta, vem reafirmar a importncia dos acampamentos como uma
oportunidade de aprendizagem experimental visando o desenvolvimento
positivo dos jovens (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER
GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
Para os acampamentos organizados este momento foi de
fundamental importncia. At ento no existia um instrumento de largura e
comprimento suficientemente adequado para fazer esta mensurao de
forma clara e objetiva. Este instrumento nico, personalizado, confivel e
vlido media os constructos para desenvolvimento dos jovens de forma
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jamais vista at ento (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A
CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
Os resultados confirmaram que os acampamentos constrem
muitas das habilidades necessrias para preparar os acampantes para
assumir papis de adultos bem sucedidos. Os pais, acampantes, e os
monitores, independentemente registraram crescimento em reas como a
autoconfiana, aprender novas habilidades, conviver com os outros, fazer
amigos, e tomar decises saudveis. Na verdade, o acampamento oferece
experincias de crescimento para os jovens que podem colher resultados
com a idade adulta (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER
GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
O desenvolvimento da juventude engloba esforos para criar
organizaes e comunidades que suportem a oferta e a oportunidade
necessria para ir alm da preveno e uma juventude capaz de mover-se
em direo a vida adulta. Especialistas em desenvolvimento da juventude
tm indicado que, alm de uma escola competente, os jovens precisam
experimentar oportunidades para crescer fisicamente, emocionalmente,
civicamente e desenvolver competncias sociais atravs do suporte da
famlia, comunidade e outras instituies incluindo os programas de
acampamentos. H evidncias que projetos bem implementados e uma
juventude centrada em programas conscientes usando o modelo de
desenvolvimento de juventude resulta em frutos positivos tanto para os
jovens como para as suas comunidades (DEVELOPMENT AND
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54
APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
As habilidades sociais e seus constructos que sero abordados
nesta pesquisa tm sido considerados como fatores determinantes para a
qualidade de vida de muitas pessoas. Por conseguinte o indivduo pode
desenvolver relaes interpessoais mais satisfatrias, maior realizao
pessoal, sucesso profissional, alm de melhor sade fsica e mental.
Habilidades Sociais (HS) o domnio que rene nossas
competncias e formas de nos comportar perante as situaes do cotidiano.
O campo terico-prtico das habilidades sociais teve origem na Psicologia
Clnica e do Trabalho como afirma Del Prette. A, Del Prette.Z.A.P (2006) e
na base do desenvolvimento desse campo encontram-se os conceitos de
habilidades sociais e competncia social. No Manual de avaliao e
treinamento das habilidades sociais, Vicente Caballo (2003) afirma que
habilidades sociais so comportamentos que ajudam o indivduo a lidar com
situaes em que: a) ele deve interagir com ao menos um outro indivduo;
b) para chegar a um resultado desejado e c) cumprir os itens anteriores
mantendo sua autoestima e uma boa relao com quem interage.
O desempenho social refere-se emisso de um comportamento ou sequncia de comportamentos em uma situao qualquer. J o termo habilidades sociais aplica-se noo de existncia de diferentes classes de comportamentos sociais no repertrio do individuo para lidar com as demandas das situaes interpessoais. A competncia social tem sentido avaliativo que remete aos efeitos do desempenho das habilidades nas situaes vividas pelo individuo (DEL PRETTE, Z, A, P; DEL PRETT, A, 2001, p. 31).
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Em suma podemos concluir com a exemplificao de Jos
Humberto da Silva sobre a resenha Psicologia das Habilidades Sociais
(2003), que as habilidades sociais esto diretamente ligadas s conexes
com o cotidiano. Esta habilidade facilmente percebida quando um amigo
lhe pede algo emprestado e voc se sente constrangido em negar o pedido
ou disfarando sua pouca vontade, cede solicitao emprestando.
Quando ainda algum entra na sua frente naquele fila em que voc j
aguarda a sua vez h muito tempo, e voc se sente na obrigao de se
defender. So situaes do cotidiano que atravs de seu comportamento
estabelecem-se as habilidades sociais (SILVA, 2003).
Muitos problemas humanos poderiam ser evitados, segundo
Caballo (2006) se as habilidades sociais fossem percebidas e tratadas na
infncia. Dentro da perspectiva da juventude importante perceber alguns
aspectos que podem contribuir de forma positiva para a construo das
relaes com o seu eu, com a famlia, com a sociedade civil e com as
relaes de pares.
Diante do mundo globalizado e cheio de influncias fica claro que
no s a famlia e a escola so responsveis pela educao das crianas e
jovens, mas tambm a percepo do mundo e dos outros ir influenciar
suas relaes e sentimentos. Para Druker (2002) a percepo o ponto de
partida dentro das organizaes, pois a preocupao com os cenrios vai
ao encontro da percepo que temos do mundo e do outro.
vlido enfatizar que a percepo entendida por meio de vrios
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olhares e dentro de muitas reas. A psicologia social que um ramo da
psicologia que se preocupa com a maneira pela qual os pensamentos,
sentimentos e comportamentos dos indivduos so inlfuenciados por outras
pessoas, um deles. A percepo perpassa por vrios processos que
podem interferir na formao de impresses sobre o outro e sobre o mundo,
como: defeitos com aparncia fsica, onde claro que no se deve julgar
um livro por sua capa, esquemas cognitivos que so estruturas que
orientam o processamento das informaes e que as pessoas usam estes
esquemas para se organizarem no mundo social, esteretipos, que so
convices amplamente sustentadas de que as pessoas tm certas
caractersticas porque fazem parte de um determinado grupo e ainda a
subjetividade na percepo da pessoa, que ocorre quando as pessoas
estimam que encontraram mais caractersticas sociais do que aquilo que
realmente viram e por fim a perspectiva evolucionista sobre a
tendenciosidade na percepo da pessoa, onde afirmam que os seres
humanos so programados pela evoluo para classificar as pessoas como
membro do mesmo grupo o qual se identifica ou de um grupo externo com o
qual no identifica-se (WEITEN, 2010).
Provalvemente, para se entender o sentido da percepo vrios
fatores devero ser ponderados. Tuan (1980) afirma que: a percepo
uma atividade, um estender-se para o mundo. Os orgos dos sentidos
pouco eficazes quando no ativamente usados (TUAN, 1980, p. 75).
Portanto, fica claro que a percepo um processo em que as pessoas
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tomam conhecimento de si e do mundo a sua volta. Robbins (1943) define
ainda como sendo um processo pelo qual os indivduos se organizam e
interpretam suas impresses sensoriais com finalidade de dar sentido ao
meio ambiente.
Assim, se habilidades sociais tm uma relao com
comportamentos e atitudes, ento a forma como a percepo se manifesta
no indivduo implicar em todo este processo de reconhecimento de
habilidades sociais, sendo uma ferramenta fundamental nos
relacionamentos, pois agua a interpretao de sinais interiores e
exteriores, provoca reflexes crticas gerando nas pessoas a necessidade
de reavaliar suas prprias crenas como mecanismo de preservao da
qualidade de vida e da sua identidade humana. A famlia sendo
caracterizada como um sistema onde todos os seus membros se
influenciam reciprocamente pertence ao mais amplo sistema da sociedade e
suas mltiplas influncias. De acordo com Del Prette. A. e Del Prette (2001)
a criana expressa emoes e emite comportamentos deste o nascimento
at a mais tenra idade que so gradativamente modelados por seus pais.
Todavia para efeitos do atual estudo sero utilizados os quatro
constructos estabelecidos pela pesquisa da ACA, por meio da percepo
dos acampantes e dos monitores para avaliar as habilidades sociais que
so: liderana, fazer amigos, conforto social e relao de pares e ainda a
sua percepo em relao ocorrncia de mentoria e os benefcios que
esta relao causou dentro de sua vida profissional.
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HABILIDADES SOCIAIS
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HABILIDADE SOCIAL LIDERANA
Liderana tem sido um tema de muito investigado no campo da
psicologia social e comportamental. Com o passar do tempo, a pesquisa e a
literatura sobre liderana evoluram muito, no entanto boa parte buscou
explicar os comportamentos dos lderes em face de seus subordinados, ao
invs de examin-los no contexto maior de suas organizaes. (BOWDITH,
BUONO, 2004). Para os autores a chave est nas definies de liderana,
pois uma relao entre pessoas s quais a influncia faz parte do
processo e a liderana s possvel quando existem liderados, ou seja, no
h lderes sem seguidores.
Ainda para Bowdith e Buono (2006) as pesquisas sobre liderana
podem ser agrupadas em trs categorias: a abordagem do trao, a
perspectiva comportamental ou funcional, e o ponto de vista situacional ou
contigencial. Este constructo vem sendo estudado desde a antiguidade.
Hoje o mundo acadmico est repleto das mais diversas definies e
teorias e apesar destas estarem bem disseminadas, nenhuma delas parece
explicar, por si s, toda a dinmica subjacente liderana.
De acordo com Minicucci (1995) pesquisas iniciais sobre liderana
focalizavam o prprio lder com a sua personalidade, e tinha-se a impresso
que a eficcia de sua liderana poderia ser explicada isolando suas
caractersticas psicolgicas e fsicas. Isto o diferenciava dos demais
membros do grupo, todavia, estes estudos no produziram os resultados
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esperados e no existe prova confivel quanto existncia de
caractersticas universais de liderana j que os lderes no funcionam
isoladamente e esto dentro do contexto social, cultural e fsico.
A liderana tem vrias facetas e para cada situao existe um
determinado tipo de papel a ser exercido. Petterson e Seligman (2004)
reconhecem a liderana enquanto qualidade pessoal e referem-se a uma
constelao de atributos cognitivos integrados a temperamentos que
promovam uma orientao para influenciar e ajudar os outros com direes
e motivaes para se obter o sucesso coletivo. Desta forma, os indivduos
com esta predisposio almejam atuar como dominantes por meio de
relacionamentos e situaes sociais ressaltando ainda, que liderana
intrisicamente um fenmeno social.
Um lder atento com sculo XXI deve estabelecer novos
paradigmas e criar diferentes habilidades para ser reconhecido como tal. De
acordo com Robbins (2005) liderana a capacidade de influenciar um
grupo para alcanar uma meta. O autor tambm ressalta que necessrio
incorporar alguns elementos da inteligncia emocional como a
autoconscincia, autogerenciamento, automotivao, empatia, habilidades
sociais e que o conjunto destes elementos potencializar o desempenho
deste profissional para uma forma satisfatria.
A falta de consenso sobre o assunto desperta para o
aprofundamento da discusso, mas para efeito do estudo que hora se
apresenta ser considerado que liderana : ... o carter evolutivo das
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ideias mais aceitas; algo situacional, dinmico e profundamente ligado
natureza humana (FIORELLE, 2007, p. 200).
Dentro desta perspectiva concluiremos que liderana no
concedida conquistada atravs de atitudes e comportamentos positivos.
Carnegie (1981) caracteriza alguns princpios de uma boa liderana que so
facilmente percebidas nos acampamentos como uma apreciao sincera,
conversar sobre erros, falar sobre suas falhas antes de falar das outras,
perguntar ao invs de dar ordens, permitir que cada indivduo se defenda,
elogiar todo e qualquer progresso, ser sincero em seus elogios e
proporcionar uma boa reputao para a pessoa. No existem receitas para
que a liderana acontea e sim comportamentos e atitudes transformadas
em aes.
Os acampamentos neste aspecto desenvolvem a liderana a partir
do momento em que estabelecem responsabilidades, confiana, respeito e
obrigaes para as crianas e jovens assim como feito pelos familiares
em casa. O comportamento de cada um que ir diferenci-lo dos outros
sendo um lder ou no (YOUTH DEVELOPMENT OUTCOMES OF THE
CAMP EXPERIENCE, 2006).
HABILIDADE SOCIAL FAZER AMIGOS
Cientistas sociais tm analisado a amizade entre crianas e
adolescentes durante um sculo ou mais. Hartup, Bukowski e Newcomb
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(1998) acreditam que a relao social de crianas e adolescentes est
centrada em seua amigos, bem como em seus familiares. E ainda
importante estar ciente de que a amizade deve ser considerada com um
olhar multidimensional, pois h na amizade mais do que ter amigos e que
todas as amizades no so iguais; que a amizade envolve a interao social
que so, por vezes, afirmando, mas s vezes contrapondo, para que
diferentes benefcios e responsabilidades possam derivar de ter que seus
amigos esto, e que a amizade pode ser descrita em diversas maneiras
alm do tempo que as crianas passam juntas ou a intimidade de suas
trocas sociais (HARTUP; BUKOWSKI; NEWCOMB, 1998, p. 2).
Portanto o significado de fazer amigos extremamente valioso na
infncia. Estas relaes na primeira fase da vida so fatos marcantes no
desenvolvimento de habilidades sociais na vida adulta e que ter amigos
geralmente uma boa coisa na experincia da criana (HARTUP,
BUKOWSKI E NEWCOMB, 1998, pg 05).
Porque amigos so importantes para as crianas e adolescentes?
Mooney e Laursen (2005) afirmam que essa estima durante a infncia
possibilita experincias que so cruciais e normativas para a cognio,
emoo e para o desenvolvimento de habilidades sociais. Primeiramente a
amizade se faz importante porque atravs dos amigos que acontece o
suporte social, pois grande parte do tempo das crianas acontece fora do
ambiente familiar.
Esses laos tambm permitem uma possibilidade de explorar as
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emoes do mundo e por fim, a amizade nesta fase da vida o primeiro
relacionamento em que a criana comea a preocupar-se e entender o
outro respondendo e entendendo os sentimentos e problemas do outro. De
acordo com Hartup (1992) a essncia da amizade est associada
reciprocidade, comprometimento e a interao que existe na relao.
Algumas pesquisas apontam que a amizade exerce uma srie de funes
na vida das crianas, tais como recursos emocionais, cognitivos,
habilidades sociais bsicas e percussoras de uma relao subsequente.
A amizade enquanto recurso emocional favorece a criana a
possibilidade de conhecer novas pessoas, enfrentar problemas e explorar
um ambiente diferente do qual j se encontra inserida, essas relaes
apoiam o processo de diverso e podem proteger as crianas diante de
problemas adversos como conflitos familiares, fracasso escolar, doenas,
dentre outros. Amigos quanto recurso cognitivo para a resoluo de
problemas e aquisio de conhecimento. Como habilidade social bsica a
comunicao social, a cooperao e a gesto de conflitos so mais
facilmente resolvidas no ambiente entre amigos. Ainda como uma relao
subsequente as amizades so pensadas para serem modelos para as
relaes posteriores (HARTUP, 1992).
Os relacionamentos construdos nos acampamentos ajudam a
minar os esteretipos e contribui com a verdade, respeito e ajudam as
pessoas sentirem-se melhores com elas mesmas. Ideologicamente os
acampamentos criam uma cultura de fazer amigos independentemente de
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panelinhas, bulling e materialismos (YOUTH DEVELOPMENT OUTCOMES
OF THE CAMP EXPERIENCE, 2006). Para Furnman (1998) em qualquer
caso, as percepes das crianas tendem a moldar o curso das relaes,
tanto por interferir no seu prprio comportamento e nas suas interpretaes
do comportamento de seus parceiros.
Os acampamentos de frias favorecem a criao da harmonia e de
novas amizades e valorizam vrios destes comportamentos supracitados.
Desta forma positiva, se constri o desenvolvimento das crianas e
adolescentes, pois estudos correlatos mostraram que as crianas que tm
amigos so mais competentes socialmente do que crianas que no tm.
As crianas com muitos amigos desenvolvem caractersticas desejveis,
incluindo a amizade, cooperativismo, o altrusmo, a boa perspectiva de
resultados e a autoestima (NEWCOMB; BAGWELL, 1998).
Valores, comportamentos, atitudes e aes efetivas contemplam o
sucesso de uma amizade. A essncia da comunicao bem sucedida pode
ser o incio de uma grande amizade e essa harmonia a habilidade de
entrar no mundo de algum para fazer esse algum sentir que voc o
entende.
HABILIDADE SOCIAL CONFORTO SOCIAL
A convenincia e conforto social um dos mais interessantes
campos da vida. A histria da humanidade a histria da produo de
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regras de convvio coletivo. Segundo Maputo (2011) os indivduos
inscrevem-se em limites suportveis, limites supostos, retiram-se
ou escondem-se da sua periculosidade. O desconforto individual gerado em
mltiplas situaes tem como contrapartida o conforto social, que esto de
acordo com as regras do viver coletivo e de acordo com o particular de
grupos e estatutos.
A competncia de utilizar as habilidades sociais no cotidiano a favor
de um bem comum uma tarefa aparentemente simples, mas nem sempre
conquistada e utilizada de forma adequada. Del Prette. A e Del Prette. Z. A.
P. (2011) destacam as habilidades sociais da seguinte forma: habilidades
de comunicao (fazer e responder perguntas, dar e pedir feedback, elogiar,
iniciar, manter e encerrar conversao); habilidades de civilidade (dizer por
favor, agradecer, apresentar-se, cumprimentar); habilidades assertivas de
enfrentamento ou defesa de direitos e de cidadania (expressar opinio,
discordar, fazer e recusar pedidos, interagir com autoridades, lidar com
crticas, expressar desagrado, lidar com a raiva do outro, pedir mudana de
comportamento, etc.); habilidades empticas e de expresso de sentimento
positivo e outras duas mais abrangentes que foram nomeadas como
habilidades sociais profissionais ou de trabalho (coordenao de grupo,
falar em pblico), e as habilidades sociais educativas de pais, professores e
outros agentes envolvidos na educao ou treinamento. Na base de
qualquer desempenho socialmente competente, destaca-se a automonitoria,
enquanto habilidade geral de observar, descrever, interpretar e regular
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pensamento, sentimentos e comportamentos em situaes sociais (DEL
PRETTE.A, DEL PRETTE, Z, A, P, 2001).
De acordo com Tasa Grn (2008), habilidades sociais (HS) so
comportamentos que os indivduos precisam aprender para conviver bem
em sociedade, incluindo as habilidades de comunicao, resoluo de
problemas e cooperao. No prestar ateno, ou melhor, no valorizar
esse desenvolvimento e no corrigi-los a tempo podem gerar obstculos
para a interao social produtiva do individuo e valorizar a importncia
destas experincias para as crianas em acampamentos pode fortalecer e
aflorar esta habilidade, pois Silva (2003) recomenda que toda e qualquer
ao educativa subsista de uma viso de homem que fruto de uma
escolha fundada em valores, contribuindo para que se formem cidados
participativos, crticos, atuantes.
Isto exposto, percebe-se a relao com este constructo dentro dos
acampamentos. Por meio de uma ao intencional, estas relaes so
favorecidas nestes programas e comum escutar dos acampantes que eles
se sentem melhores nestes ambientes do que na escola ou na vizinhana
sendo um grande indicador que sentir-se bem consigo, com o seu corpo e
com os amigos faz parte do constructo conforto social (YOUTH
DEVELOPMENT OUTCOMES OF THE CAMP EXPERIENCE, 2006).
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HABILIDADE SOCIAL RELAO DE PARES
Criana e adolescente dedicam a um tempo significativo do seu dia
na companhia de amigos. As habilidades e interaes sociais so
consolidadas atravs da manuteno dos diferentes tipos de
relacionamento de pares. Principalmente em momentos de conflitos com
colegas que as crianas comeam a adquirir o conhecimento de si e de
suas relaes. Em consequncia as crianas comeam a aprender e
identificar os diferentes tipos de amizade, esta seleo comea na escola,
no bairro, em casa. (ODEN, 1987).
O poder destas relaes ultrapassa as idades e pode alcanar a
idade adulta e ir alm de ambientes formais. Os colegas so vistos como
poderosos agentes de socializao, contribuindo alm das influncias da
famlia, escola e vizinhana, de forma social, emocional, cognitiva
vislumbrando ainda o bem-estar (RUBIN; BUKOWSKI; LAURSEN, 2009).
Conviver com crianas de idades diferentes contribui para o
desenvolvimento scio-cognitivo e de linguagem da criana mais nova,
melhorando as habilidades instrutivas da criana mais velha (HARTUP,
1983).
As relaes de pares podem ser grandes aliadas para o
desenvolvimento das habilidades sociais e os relacionamentos ntimos
podem apoiar este desenvolvimento. As crianas com essa competncia
estabelecem melhores vnculos afetivos. Nem todas as amizades so
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iguais, algumas so seguras, outras so rochosas quando se trata de
desacordos e conflitos. As relaes prximas so susceptveis para
contribuir com tudo, no entanto, no seguro evidenciar que desenvolver
relaes sadias de pares garantia de resultado de um bom
desenvolvimento (HARTUP, 1992).
Pelo contrrio, a amizade pode contribuir mais para algumas
adaptaes, como uma auto atitude ou a autoestima, que com as
habilidades sociais amplamente concebidas. A relao de pares tambm
pode contribuir mais para o funcionamento do relacionamento que para o
bem-estar geral. Se esta relao contribui no desenvolvimento de crianas e
adolescentes isto permanece incerto, porm crianas com amigos so
melhores que crianas sem amigos, contudo se necessrio, outras relaes
podem ser substitudas por amizades. Consequentemente, as amizades so
mais vistas como vantagens que necessidades de desenvolvimento, e as
evidncias atuais sobre amizades como contextos educativos devem ser
lidas a essa luz (HARTUP, 1992).
importante para as crianas que estabeleam amizade com um
ou mais adultos e nos acampamentos estes ltimos dedicam um tempo
para cultivar e manter estas relaes de pares de amizade, pois alm de
serem bons exemplos podem mediar, ajudar, contribuir, facilitar as outras
relaes que esto sendo construdas e desenhadas naquele momento
(YOUTH DEVELOPMENT OUTCOMES OF THE CAMP EXPERIENCE,
2006). Os acampamentos de frias so espaos propcios para esta
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relao, pois a convivncia e as relaes so estimuladas a todo o
momento por meio de atividades sociais. Para Hay, Caplan e Nash (2009) as crianas esto biologicamente preparadas para as relaes sociais em
geral, e podem desenvolver capacidades para interagir com diversas
pessoas, incluindo seus colegas.
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MENTORIA
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Abordar mentoria nos dias atuais abrir um enorme leque de
possibilidades para decifrar e entender este constructo. Os acadmicos
passaram vinte anos trabalhando com o mito e com o significado de
mentoria (RAGINS; KRAM, 1988). O tema relativamente jovem, mas um
antigo arqutipo da mitologia grega. Na Odissia de Homero, Mentor era um
conselheiro sbio e confivel que protegia o filho de Odisseus, Telemachus,
enquanto Odisseus navegava contra Tria. interessante notar que o
arqutipo original de mentoria abrangia tanto os atributos masculinos quanto
femininos (RAGINS; KRAM, 1988).
Os nobres e reis desde a antiguidade, contratavam mentores para
cuidar do aprendizado de seus protegidos e a mentoria sempre esteve
presente por meio de seus conselheiros, educadores, orientadores e
modeladores de conduta (SANTOS, 2007). Dentro deste contexto, o mentor
era reconhecido como um pai adotivo, onde era o responsvel pelo
crescimento fsico, social, intelectual e espiritual de jovens (CARR, 1999).
Uma relao cheia de significado pessoal para ambas as partes e
com um olhar para uma relao transparente, cheia de aprendizado e
segura pode ser considerada mentoria. Para Ragins e Kram (1988) pode
ser uma relao capaz de provocar mudanas na vida, transformar grupos,
organizaes, comunidades e despertar para o crescimento por meio do
aprendizado e do desenvolvimento dos envolvidos. Torna-se uma
experincia marcante, consistente e duradoura.
Diante desta afirmao, possvel entender que mentoria pertence
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esfera das relaes, ou seja, da interao entre pessoas. Allen (1988)
afirma que uma relao de mentoria um processo inerentemente
complexo e cada um tm diferentes papis e responsabilidades na relao
e todo e qualquer sucesso da orientao contingente ao comportamento
de ambos. Ainda dentro de uma leitura tradicional, a mentoria pode ser
entendida como um processo de desenvolvimento e para Kram e Ragins
(1988), este relacionamento pode ser considerado como transformacional
independentemente da rea em que seja investigada.
Estes relacionamentos que fazem a diferena na vida de algum,
so marcantes, significativos e do coragem para que o indivduo realize
algo alm do que pudesse imaginar. Essa leitura vai ao encontro de Klasen
e Clutterbuck (2007) ao afirmarem que: mentoria um dos melhores
mtodos para aprimorar o aprendizado e o desenvolvimento do indivduo
em todos os caminhos da vida. Portanto, ainda com uma viso tradicional
pode-se entender mentoria como um relacionamento entre um adulto
jovem e um mais velho e mais experiente que ajuda o mais novo a aprender
a navegar no mundo adulto e no mundo do trabalho (KRAM, 1988, p. 5).
O modelo tradicional de Kram (1988) prev ainda uma relao
biunvoca, entre mentor e mentorado, pois a autora sustenta que a pessoa
pode ter, ao longo da vida e carreira, um conjunto de relaes que a mesma
denominou de constelao de relacionamentos, que vo lhe provendo
vrios suportes distintos em pocas diferentes de sua vida. Mantendo este
vis, Kram (1988) inclui as relaes sociais, familiares, amigos, dentro e
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fora do trabalho. Higgins e Thomas (2001) utilizaram a expresso
constelao de relacionamentos para identificar este movimento e
posteriormente Higgins e Kram (2001) utilizaram a expresso rede de
desenvolvimento. Para as autoras essa rede constituda pelo conjunto de
pessoas que, em algum momento, foi importante e que deu suporte para a
carreira ou ainda o suporte psicossocial.
Dentro desta nova viso de mentoria alguns autores afirmam que o
mentor no precisa, necessariamente, ser uma pessoa mais velha e o que
importa que o mentor tenha conhecimento e experincia confivel e
relevante para compartilhar (PHILIP; HENDRY, 2000). Ainda dentro das
inovaes que abordam o fenmeno mentoria Fletcher e Rangins (2007)
trazem o conceito de episdio de mentoria como interaes de curto prazo
que ocorrem em pontos determinados de tempo. As autoras ainda trazem a
possibilidade de novas perspectivas de anlise, que contribuem para o
entendimento deste relacionamento quando ressalta que um fato isolado
pode acontecer sem ainda estarem vivenciando efetivamente um
relacionamento de mentoria. A frequncia e a qualidade dos episdios so
os responsveis pela conexo, profundidade e comprometimento entre as
partes e ao longo do tempo a frequncia de episdios de boa qualidade
podem gerar um relacionamento a um nvel que possa ser considerado de
mentoria.
Ensher e Murphy (2005) tambm fazem aluso a mentores de
momento. P