Apascenta as Minhas Ovelhas Jeffrey R. Holland

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Apascenta As Minhas Ovelhas – Discurso no CTM – Elder Jeffery R. Holland Um discurso feito pelo Elder Holland no Cento de Treinameto Missionário (CTM) a 11 de Janeiro de 2011, intitulado ‘Apascenta as Minhas Ovelhas’. Este discurso foi o percursor do discurso feito na Conferência Geral. É realmente um previlégio estar aqui no CTM com vocês, posso dizer mesmo que eu amo este lugar. Há pouco ao jantar disse num tom informal que não havia nenhum sítio ou alguém com quem eu gostasse mais de estar do que com missionários, em serviço Missionário, e a fazer trabalho Missionário e envolvido no departamento Missionário. O mecanismo e a estrutura de ter sido chamado por um profeta para servir uma missão, guia-vos enquanto na missão e vai de mão em mão com os vossos Presidentes de Missão. Quero que tenham uma boa experiência e dar-vos instrumentos como Pregar Meu Evangelho e outras ajudas que vos podemos dar. Já dei a volta ao mundo, já devo ter falado deste assunto em todas as congregações em que participei, de certeza, em congregações de missionários, o que neste momento, acho que devem ter sido muitas depois destes anos todos. Eu acho, na realidade, que já prestei testemunho a missionários como vocês em todos os continentes e em muitas nações desses mesmos continentes - A importância da minha missão na minha vida, a minha missão fez toda a diferença. Não houve jovem algum a quem a missão tenha afetado tanto quanto a mim. Espero que vocês sintam o mesmo. Aquilo que eu vou dizer aqui hoje parte do princípio que vocês vão sentir isso também, e, se por acaso não sentirem, vou de certo modo, ficar muito desapontado. Quero que a vossa missão tenha tanto significado para vocês como a minha teve para mim. Não houve missionários na minha família mais próxima, talvez um dos meus antepassados tenha feito missão. Eu na realidade nunca tive muitos exemplos neste campo, nem sabia exactamente o que era uma missão. Nem sabia que

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Apascenta As Minhas Ovelhas – Discurso no CTM – Elder Jeffery R. Holland

Um discurso feito pelo Elder Holland no Cento de Treinameto Missionário (CTM) a 11 de Janeiro de 2011, intitulado ‘Apascenta as Minhas Ovelhas’. Este discurso foi o percursor do discurso feito na Conferência Geral.

É realmente um previlégio estar aqui no CTM com vocês, posso dizer mesmo que eu amo este lugar. Há pouco ao jantar disse num tom informal que não havia nenhum sítio ou alguém com quem eu gostasse mais de estar do que com missionários, em serviço Missionário, e a fazer trabalho Missionário e envolvido no departamento Missionário. O mecanismo e a estrutura de ter sido chamado por um profeta para servir uma missão, guia-vos enquanto na missão e vai de mão em mão com os vossos Presidentes de Missão. Quero que tenham uma boa experiência e dar-vos instrumentos como Pregar Meu Evangelho e outras ajudas que vos podemos dar.

Já dei a volta ao mundo, já devo ter falado deste assunto em todas as congregações em que participei, de certeza, em congregações de missionários, o que neste momento, acho que devem ter sido muitas depois destes anos todos. Eu acho, na realidade, que já prestei testemunho a missionários como vocês em todos os continentes e em muitas nações desses mesmos continentes - A importância da minha missão na minha vida, a minha missão fez toda a diferença. Não houve jovem algum a quem a missão tenha afetado tanto quanto a mim.

Espero que vocês sintam o mesmo. Aquilo que eu vou dizer aqui hoje parte do princípio que vocês vão sentir isso também, e, se por acaso não sentirem, vou de certo modo, ficar muito desapontado. Quero que a vossa missão tenha tanto significado para vocês como a minha teve para mim. Não houve missionários na minha família mais próxima, talvez um dos meus antepassados tenha feito missão. Eu na realidade nunca tive muitos exemplos neste campo, nem sabia exactamente o que era uma missão. Nem sabia que tipo de roupa havia de levar, naquela altura não eramos tão estruturados nem organizados. Isto já foi há muito tempo. A arca de Noé tinha acabado de atracar quando recebi o meu chamado.

Eu nem sei se quer se tinhamos uma lista para as roupas que tinhamos que levar. Não sei, e naquela altura também não tinha ninguém a quem pudesse perguntar. Não tinha nem irmão, nem irmã mais velhos, nem pai nem mãe que tivessem servido uma missão. É incrivel ter tido a experiência que tive naqueles 2 anos, isto para quem foi para a missão tão ignorante tão inocente e confuso como eu fui. Nem sei como agradecer ao meu Pai Celestial por esta experiência que me afetou tão profundamente e que me vai afetar por toda a eternidade. Entre as inúmeras benções que o Evangelho e a Igreja me trazem, não há nada que eu possa fazer para mostrar o meu agradecimento sobretudo e acima de tudo pelo Sacrifício Expiatório de Seu Filho tão amado Jesus Cristo.

Mais intimamente relacionado com isto foi realmente a oportunidade de poder ir falar sobre o Evangelho e a Expiação de Cristo. Poder ir e apender mais, ir e começar a ter

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sentimentos sobre isso pela primeira vez na minha vida. Eu passei pela Primária, recebi o Sacerdódio Aarónico, participei no Seminário, fiz o que era esperado, não sabia mais do que vocês, e já é dizer muito ou talvez não. Mas entrar naquele período tão intenso da minha vida, sentir o que senti e voltar para casa e ter toda essa experiência ditar todo o momento importante da minha vida. Eu realmento testifico disto com todo a sinceridade. Tudo o que me aconteceu de bom nestes últimos 50 anos – 49 desde a minha missão – tudo de bom que me aconteceu, veio, de certo modo, pelo portal daqueles 24 curtos meses da minha vida.

Sou muito grato pela vossa intensão de querer servir desta forma, e deixar que a missão influêncie o vosso casamento, as vossas escolhas de carreira, a vossa postura na vida, o modo como educar os vossos filhos, de como participar na sociedade e os chamados na Igreja. Quero que vocês sintam o mesmo que eu senti. Eu vou falar sobre isso mais tarde, por isso não quero adiantar mais agora, obrigado, no entanto, por representarem esses momentos formativos tão poderosos na minha vida. Tanto mudou, tanto aconteceu, coisas permanentes e interiorizadas para sempre. Sou grato. Sou grato pelo programa missionário da Igreja e quero que sintam como eu e que venham para casa a sentirem-se como eu.

Quero-vos falar um pouco desta altura em que vocês vão servir missão. O progresso que a Igreja tem feito, o crescimento que a Igreja fez no programa missionário, nas regras, nos materiais, e porque é que vocês são tão afortunados. Quero particularmente focar que vocês vêm para a missão na era do Pregar Meu Evangelho.

Vocês devem estar absolutamente familiarizados com ele desde o momento em que entraram neste edifício e devem certamente continuar essa familiarização ao ir para o Campo Missionário. Quero falar-vos um pouco do que está por trás da criação do Pregar o Meu Evangelho e por isso estou muito grato porque tanto o Elder Hinckley como a sua irmã, irmã Kathlene Hinckley Walker estão aqui presentes. Este processo levou muito tempo. Acho que muita gente tinha ideias e sentimentos sobre o assunto. O programa atual de Pregar Meu Evangelho nasceu no preciso momento em que o Presidente Hinckley estava diante de um grupo de futuros Presidentes de Missão (presidente Hinckley o pai destes dois irmãos que acabei de mencionar), e disse muito mais subtilmente que eu agora aqui, mas disse ‘ Algo está errado com no nosso Programa Missionário, muito errado mesmo’.

E o que o levou a dizer isto foi ver missionários regressar a casa, e a não conseguir ficar activos na Igreja. E quando ele disse isso foi como um dardo no meu coração, porque isso era exactamente o que eu sentia, mas nunca tinha nem comentado nem focado nisso, ou até mesmo ter essa consciência que também sentia o mesmo. Mas quando ele falou dessa tragédia, e note-se aqui, que o vosso pai não era homem de se dar muito a emoções, mas quando ele falou assim com tanta emoção acerca de um Missionário que serve uma missão ensina o que se lhe é pedido, e vem para casa e não consegue ser fiel a essa mesma doutrina, a esses mesmos convénios, princípios e ordenanças que ensinou, alguma coisa

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está radicalmente errada. E claro que demorou muito tempo, muito trabalho e dedicação de um maravilhoso departamento, que está bem representado aqui hoje na audiência. Muitos começos e recomeços, revisões, trocas de impressão e ensaios, mas de toda essa experiência nasceu Pregar Meu Evangelho.

Esta proposta fundamental, bem explicada no livro Pregar Meu Evangelho, e talvez possivelmente melhor apresentada por outra Autoridade Geral que não eu, é, essencialmente a maneira como fazer Trabalho Missionário. A ideia é a necessidade de vos converter primeiro ao evangelho, e então, depois vocês realmente irem descobrir uma maneira como converter o investigador. Nestes últimos cem anos ou mais, temos ido diretamente para o investigador. A pergunta tem sido sempre ‘ O que é que o investigador precisa? O que é que o investigador precisa de ter?’ E continua a ser. A pergunta ainda é a mesma. Ainda precisamos de saber o que é que o investigador precisa de saber, o que é que o investigador precisa de sentir e o que o investigador precisa de fazer para ser batizado e para nós termos uma Missão com sucesso. Mas nós estavamos a omitir passos. Estavamos como que a saltar barreiras para chegar aí, e falhamos em reconhecer a barreira que o Presidente Hinckley, e concerteza como muitas outras pessoas antes dele que ajudaram no processo, a dizer ‘ Há qualquer coisa que temos que conseguir antes de chegar ao investigador. Temos que converter o Missionário primeiro’.

Naquela altura nasceu a ideia das palestras memorizadas, palestras escritas mecanicamente, elas não eram más. Foi o que eu usei na minha Missão. Memorizei-as. Memorizei tudo tintim por tintim. Tinham, sem dúvida a sua eficácia, era o melhor que havia, tinhamos um foco, era um número razoável e conseguiamos assim uma certa uniformidade na Igreja. Chamávamos-lhe ‘ O Plano Uniforme para Ensinar o Evangelho’. Mas, mesmo assim não era o suficiente, porque nos casos que eram identificados, e acho que havia muitos casos, vocês conheceram, eu também conheci alguns, em que nós ligavamos o interruptor e as palavras saíam, entravam por um ouvido e saíam pelo outro, ou pelos dois ouvidos e saíam pela boca, mas de certo modo nunca chegavam bem dentro de nós. O Evangelho não estava realmente no coração do Missionário.

O que nós estavamos a dizer na realidade aos investigadores era, ‘ Sentem-se aqui e estejam calados. Eu vou dizer o que tenho para dizer. Não importa se a vossa mãe morreu ou se o vosso filho é drogado. Não quero saber se estão no meio de um divórcio, ou se acabaram de ter um acidente de viação. Sentem-se! Tenho uma mensagem para dar e vou dá-la. Já descobrimos que isso tanto pode resultar como não. E, na realidade, a maior parte do tempo não resultava. Temos que ir ao encontro do investigador antes de podermos querer que o investigador venha até nós. Temos primeiro que ver em que ponto o investigador está, em relação à família, ao casamento, à infância, à educação ou à frustração económica. Têm que encontrar um ponto de empatia de amor com essa pessoa para poder dizer, ‘Venham comigo ao Bosque Sagrado’. E depois dizer ‘Venham comigo ao Jardim do

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Getesêmani’. E finalmente dizer, ‘venham comigo ao Calvário’. Mas nós suposemos, demasiado, que as pessoas nos iam seguir ou se converterem com ou sem o nosso interesse e identificação com os sentimentos deles, ou sem nos importarmos com o que eles estavam a passar.

Elder Allen, o irmão Steve Allen, que é o nosso diretor e que está aqui na audiência hoje, uma das mentes mais brilhantes desta nossa Igreja, conseguiu bastante com a sua equipe. Aliás muitos deles estão aqui na audiência também, fizeram estudos ao longo de muitos anos. E descobrimos verdades horríveis. Nós empregámos pessoas. Nós empregámo-las para escutar os Missionários. Pagámos a uma firma para fazer de investigadores, para saber o que é que eles achavam que os nossos Missionários estavão a fazer, se estavão a conseguir transmitir a mensagem ou se não estavão. E sabem o que é que a maior parte disse? A maior parte disse, ‘ Se eu não tivesse sido pago para os ouvir, eu tinha-os posto na rua’. E é o que acontece muitas vezes, quando os investigadores não estão a ser pagos.

Com este tipo de investigador fabricado, contratado para atuar e se comportar como investigador com histórias inventadas, quando os missionários começavam, eles diziam “ Sabe, hoje não vai dar, acabei de saber que o meu pai não está melhor e que se calhar não passa desta noite, vai realmente  ter que ser noutra altura”  ou qualquer coisa do género. E o teste aqui é, o que é que os Missionários vão fazer com esta informação? Será que ouviram o que foi dito? Será que compreenderam que há alguém com o pai às portas da morte?

Ou é apenas: "Bem, isso é bom. Agora,  irmão Brown... " e vocês começam com a primeira palestra como tinham planejado? Tanto faz. Ou, então alguém diria: " Agora não é uma boa altura para falar, esta semana não é muito boa para falar com vocês.  O meu filho foi expulso da escola, ele tem 15 anos e eu não sei o que hei-de fazer com ele, sou mãe solteira, para dizer com franqueza  não sei mesmo o que fazer com este rapaz, esta semana não é, realmente uma boa altura para Missionários ".

Bem, e porque não é uma boa altura para Missionários? Certamente, pode ser um momento para Missionários, como todas as outras situações poderiam ter sido uma situação para missionários, como qualquer situação deve ser um momento para Missionários, se tivermos ouvidos para ouvir e olhos para ver. Mas essa é a parte que, já há a algum tempo estava a faltar e esta é a parte em que o Presidente Hinckley pegou e comissionou, em seguida, ao Concelho Executivo Missionário, e seu departamento missionário, para começar a pensar nisso e dizer: " Como podemos melhorar? "

E assim, nasceu Pregar Meu Evangelho, com esta premissa - que estou repetindo, comoênfase - Elders e Sisteres, nós sentimos que se vocês interiorizassem isso, se vocês pudessem pôr isso no vosso coração, e vocês pudessem ouvir essas pessoas com o vosso coração, vocês poderiam vê-los não como objetos para batismo, ou como um relatório de

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zona no domingo à noite. Se vocês os pudessem ver como filhos de Deus com uma vida real, com necessidades reais, com sonhos reais, com  mágoas verdadeiras, e ouvir, e orar, e serem conduzido pelo Espírito para saber o que dizer... Se vocês estudassem o suficiente para conhecer o evangelho e saber o que dizer, iríamos ver a obra missionária começar a ser - e certamente na vida do Missionário - veríamos o trabalho missionário começar a  ser o que Deus queria que realmente fosse.

Há uma história maravilhosa. Eu vou dar uma sinopse de 30 segundos de uma  história sobre Wallas Toronto, quando em proselitismo na Checoslováquia - Eu ia dizer a República Checa, que era a então Checoslováquia. O seu proselitismo foi feito na Checoslováquia, entre as duas grandes guerras, depois da Primeira  e antes da ascensão de Hitler na Segunda Guerra Mundial. Estes dois missionários bateram a uma porta, que abriu só uma frexa, uma mulher olhou para eles, viu quem eles eram, e fechou-lhes a porta na cara. Sem exito, tentaram abilmente pôr o pé na porta, foram mais hábeis, pelo menos de coração, pois eles recusaram-se a ir embora.

A propósito, sejam um pouco persistentes! No entanto, sejam cortêses e atenciosos, não sejam insensíveis, a irmã Holland tem uma senhora que vende Avon que é mais persistente que vocês! Ela aparece todas as semanas, e ela só está a vender rímel! Está bom? Sejam um pouco persistentes! Não aceitem o "não" como resposta. Quantas vezes o Salvador teve que visitar os nefitas? Quantas vezes veio Ele o templo em Bountiful para anunciar quem Ele era  e o advento que ele iria fazer e aparecer diante deles? Ele teve que os visitar três vezes. Vocês podem ter que voltar à mesma porta. Vocês podem ter que  visitar um investigador outra vez. Vocês podem ter que arranjar outra maneira de entrar no coração deles. Não desistam tão fácilmente.

Bem, então, estes Elderes não iam desistir fácilmente. Eles bateram à porta, bateram outa vez e bateram mais uma vez. Finalmente, ela abriu novamente. E disse-lhes  em Checo - e o Checo dela não era muito bom - mas ela disse-lhes para se irem embora. E eles responderam: " O que é que nós fizemos? Somos jovens e inocentes. Somos apenas visitantes aqui. O que fizemos? Estamos aqui para dar uma mensagem. Vimos em paz. O que é que  fizemos? " E ela disse: "Vocês são ministros de Deus, não são? " E eles responderam: "Sim, nós somos ministros de Deus. “ Então ela disse: " Isso é o suficiente. Isso é o suficiente para mim. Chega. " E começou a fechar a porta novamente. Desta vez, eles conseguiram pôr um pé na porta. "Porquê? O que há de errado com os ministros de Deus? O que há de errado connosco? Diga-nos o quê. Diga-nos porquê. "

Bem, algo tocou o coração desta mulher. Tenho a certeza  que foi o Espírito do Senhor além da persistência destes missionários. Ela, então, começou a contar uma história longa, a versão rápida de que ela tinha tido uma filha, e perdido essa filha. Eu não sei onde se encontrava o pai, acho que devia haver um Pai, se ele tinha morrido na guerra ou não, não

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sei, mas naquele momento o pai não se encontrava em casa. E ela tinha tido uma menina, uma menina com cerca de 3 anos de idade, e ela perdeu o bebê. E numa tristeza e aflição total - e, novamente, se  isto é no contexto da guerra ou não, não sei - mas ela foi ter com o seu padre local a pedir ajuda, pediu consolo, pediu conselho, pediu o que se costuma pedir a um padre, quando se tem um momento de luto, dor ou tragédia.

E o padre disse - bem este é o relatório que os Missionários deram, e eu estou deixando para vocês quanto à exatidão deste relatório. Parece um pouco duro, mas foi o que eles disseram e do jeito que ela contou - que ele se virou para ela zangado e disse: " Eu não tenho nada a ver com você. Eu não tenho nada para lhe dar ou dizer. A sua filha está no inferno, e você também vai para o inferno, porque não a batizou. Você nunca pôs os pés nesta Igreja, e agora você vem cambaleando aqui no seu momento de perda, à espera de consolo? Bem, você não vai encontrar consolo aqui. " E mandou-a embora.

Não consigo imaginar uma história assim, mas foi assim que ma contaram. Mas foi suficientemente grave e honesto, pelo menos verdadeiro o suficiente para que ela dissesse duas coisas: "Eu nunca nunca nunca mais vou pôr os pés nesta Igreja " Dois, " Eu nunca mais vou falar com um ministro de Deus novamente, quer eu precise ou não. Quer eu esteja contente ou triste. Eu nunca mais vou ter com um padre, nunca”. Então foi por isso que ela perguntou, " Vocês são ministros de Deus? " E eles responderam: " Sim ", e ela fechou-lhes a porta na cara.

Bem, o que vocês fariam, Elderes, Sisteres, o que vocês fariam se fossem o Élder Holland e tivessem seis palestras memorizadas, e só as soubessem em ordem, e tivessem que ensinar a primeira antes da segunda, ensinar a segunda antes da terceira e tivessem que ter o vosso companheiro pronto para fazer a parte dele, porque vocês só sabiam a vossa parte quando você é um missionário acabado de chegar, e assim por diante. O que vocês fariam? Bem, eu vou vos dizer o que Wallas Toronto fez em 1928 muito tempo antes de meu plano missionário ou do vosso. Ele disse num Checo mal falado, " Gostaria de saber onde a sua filha está? "

E mais tarde, esta mulher disse: " Pela primeira vez na minha vida, senti o Espírito do Senhor. " E ela abriu a porta – no entanto, não os deixou entrar logo, isto é ainda uma conversa à porta, estes Missionários eram persistentes. Esta ainda é uma troca de palavras à porta - ela abre a porta um pouco mais e diz: " Eu daria tudo para saber onde a minha filha está. " E Wallas Toronto, com mais ou menos 21 anos, hesitante, fraco, no seu Checo quebrado, abriu o Livro de Mórmon e na porta lê para ela, no melhor Checo que foi capaz, do oitavo capítulo de Moroni. A  maravilhosa carta que Mórmon escreve a seu filho, sobre a maldição do batismo infantil, e como as crianças são salvas pela graça de Deus na Expiação de Cristo, em sua inocência e levadas para o Reino do Céu em misericórdia e majestade na Expiação do Senhor Jesus Cristo.

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Cinquenta anos depois, quando o meu filho e o filho do Élder Hinckley  foram companheiros na República Checa, ainda se ouvia falar sobre esta irmã, ela já tinha morrido, pelo que me parece. Mas havia uma tradição ainda, na terra onde tinha vivido, que falava de como esta mulher tinha sido uma enorme benção entre os Santos, pelo menos alguns dos Missionários tinham ouvido falar dela, da experiência de sair da Primeira Guerra Mundial, de se tornar membro da Igreja, da perda da independencia da Checoslováquia novamente, porque, como vocês se devem lembrar da história, a Checoslováquia foi um dos primeiros paises a cair na ascensão do nazismo na década dos anos 30 e depois da entrada na Segunda Guerra Mundial. E, em seguida, no rescaldo da II Guerra Mundial, do comunismo e da divisão da Europa, entre guerras, de ocupação -a- ocupação, e tudo isto num periodo de cerca de 75 anos, esta pequena irmã e um punhado de irmãs como ela, como não havia muito Sacerdócio, mantiveram a Igreja viva e a pequena centelha de uma chama de fé ardente na Checoslováquia. Até que finalmente, em nossos dias, a Missão pudesse ser reaberta, e os nossos filhos e alguns de vocês - alguns nesta sala devem estar indo para a República Checa, ou para a Eslováquia, ou lá por aqueles lados - e um novo dia amanheceu e a Igreja iria crescer de novo com a força destas irmãzinhas que guardaram seu dízimo num pequeno frasco de vidro. Que oravam, desejavam e ansiavam pelo dia em que um líder do sacerdócio, vindo de qualquer lugar perto, pudesse vir e administrar o Sacramento e oravam, cumpriam o dever delas o melhor possível, mesmo em circunstâncias severamente restritas de liberdade religiosa.

Eu não sei quem esta irmã é, nem sequer sei o nome dela. Eu não sei quanto desta história é lenda e como esta história será vista nos próximos 40, 50 ou 60 anos, mas eu sei que estas histórias são repetidas em todo mundo, da força de um Missionário que teve o bom senso de saber o que estava em Moroni 8.

É por isso que o evangelho  tem que estar no coração dos Missionários. Esse era o salto que temos estado a tentar fazer, mas esse salto era de alguma forma inadequado, dizer: "Vamos dar-vos estas palestras pré-embaladas para que as possam dar imediatamente ao investigador”. Bem, nós nem sempre sabemos as necessidades do investigador. Pelo menos a partir da sede da Igreja, não sabemos. Vocês vão saber, mas nós não. Então, Pregar Meu Evangelho é uma tentativa de trazer o Evangelho de Jesus Cristo à vossa vida. E vocês nem pensem voltar para casa e não aplicar o que foram lá ensinar.

Como é que vão poder olhar um investigador nos olhos novamente? Como é que vão poder olhar para um companheiro nos olhos de novo? Como é que vão poder olhar para um membro, ou um líder do sacerdócio ou um professor da primária, ou um novo converto tentando agarrar-se ao evangelho... Como é possível ir fazer isso, e dizer isso, e dizer que vocês acreditam, e dizer que vocês são emissários do Senhor Jesus Cristo?

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Você são testemunhas chamadas para servir, chamadas para servir! Já cantei este hino dez mil vezes! E vocês são! E eu tenho que dizer: " E daí? Então, quando? Por quanto tempo? Por quanto? "Eu ainda vou falar disto antes de terminar.

Mas para mim, esta é a única lição que eu quero que aprendam. Além dos detalhes, além da instrução que vão ter, aqui no CTM e no campo missionário;  a coisa fundamental que eu quero que levem para o campo missionário, do CTM, e para o vosso trabalho; é que é suposto vocês compreenderem isto antes de haver alguma esperança que o investigador compreenda. E que esse conceito esteja no vosso coração, e vocês se importem o suficiente para aprender o evangelho e seguir o espírito, e estarem preparados para ir onde quer que o investigador esteja.

Encontrar o investigador aqui e conseguir isso,  encontrar o investigador acolá e conseguir isso, e para fazer as coisas funcionarem como os Antigos faziam. Isso é trabalho missionário a sério. Isso é Pedro, Tiago e João. Isso é Alma e Amuleque. Isso é Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Essa é a maneira como os Antigos fizeram. E eu acredito com todo o meu coração, nestes Últimos Dias, na maior de todas as dispensações, que cada vez estamos mais perto de conseguir fazê-lo da mesma forma como os Antigos fizeram. E eu oro para que vocês possam ter sucesso a conseguir isso.

Há três coisas - bem, há um montão de coisas, há um montão de coisas que aprendemos na área em que os missionários não são muito bem sucedidos. Na verdade, os Missionerários fazem milagres maravilhosos. É uma das maravilhas do mundo o pedirmos que façam uma coisa e vocês fazerem-na tão bem. Mas à medida que tentamos ensinar estes princípios, e à medida que tentamos enfatizar duas ou três coisas , deixe-me vos dizer , há um par de coisas , três coisas para hoje, que eu gostaria que vocês prestassem atenção nas próximas semanas, nos próximos meses e tentarem aproveitar enquanto vocês estiverem aqui, e aproveitar para quando vocês começarem no campo missionário.

Número um , aprendemos que os missionários não estudam muito bem. Isso não significa que vocês não leiam  páginas, isso não significa que vocês não estejam a cumprir as regras, espero que sim, que estejam a obedecer às regras da missão,  a estudar Pregar meu Evangelho, vocês vão ter um periodo de estudo. Vocês vão ter um periodo de tempo para estudar sozinhos e um periodo de tempo para estudar com vossos companheiros. Mas nesta nova era, Elderes e Sisteres estudar assume um novo significado, certamente um significado, um impacto, uma missão, e uma mensagem maior do que quando eu era um missionário. Vocês têm que ser infinitamente melhores missionários do que eu ou os meus companheiros fomos ou do que qualquer pessoa foi nestas últimas décadas na Igreja.

Se vocês vão ser receptivos ou sensíveis, pessoas preparadas , cultos, professores poderosos, vocês vão ter que fazer por isso, quer dizer estudar. É por isso que nós queremos que vocês se levantem cedo de manhã. Eu detesto falar em obediência, mas como

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obediência é a primeira lei dos céus, quero que vocês se lembrem da vossa experiência no Templo, quero que se lembrem da vossa vida, quero que pensem , no que certamente vai ser a vossa experiência na Missão. Digam-me se vocês são obedientes e eu dir-vos-ei como vai ser a vossa Missão. É tão eterno como qualquer coisa que vos possa dizer.

E uma coisa tão simples como levantar cedo de manhã, não estamos aqui só para ser mais chatos que as vossas mães ou fazer a vossa vida mais difícil. Não vos vamos levar chá e bolinhos à cama, quer dizer, nem posso levar chá, não é? Se estamos a pedir para se levantarem cedo e estudar é porque há uma boa razão para isso – é porque vocês precisam de estudar.

No quorum dos dozes há dois Russells, se a vossa mãe precisasse de fazer uma operação ao coração, quem é que vocês escolheriam, Elder Nelson ou Elder Ballard? Os dois são Russell e ambos são pessoas extraordinárias, mas para este efeito qual dos dois é que vocês escolheriam? Alguém tem alguma ideia? Não é necessário ir a votos aqui....mas acho que se alguém tem algum conhecimento de causa vai dizer “Se tenho poder de escolha, prefiro o Elder Nelson”. Com isto não estamos a menosprezar Elder Ballard, ele também deve ter um canivete suiço, e pode usá-lo, ele sabe cortar, não sabe? Mas vocês vão de certeza dizer, obrigado na mesma, mas preferimos, sem dúvida nenhuma, preferimos o Elder Nelson”. Porquê? Por uma simples razão, ambos grandes homens, ambos sumo sacerdótes, ambos extraordinários – lembrem-se estamos a falar de ministério de Deus, estou a tentar fazer uma parábola aqui – vocês preferem o Elder Nelson porque ele sabe o que está a fazer, ele tem prática, ele fez 10.000 operações, antes de ir operar na vossa mãe. Ele sabe distinguir entre um coracão saudável e um que não é saudável, ele sabe ver se a aorta ou as vávulas estáo a funcionar bem ou mal. Ele já viu de tudo, estudou o coração e vivenciou tudo isso. Ele passou horas fechado no quarto com a cabeça entre os livros, e tudo isto para saber exatamente o que fazer quando a vossa mãe estiver na sala de oprações. É este tipo de pessoa que os vossos investigadores merecem.

Não estamos a pedir desculpa por vos pedir para estudar, e certamente não estamos a pedir desculpa numa altura como esta comoPregar Meu Evangelho, porque não há maneira de saber o que o investigador precisa. Não posso, na realidade, prever se vai ser Moroni 8 ou não, afinal de contas, Moroni 8 não estava no programa. É obvio, que vocês vão ter que saber muito mais que isso, saber aplicar esses conhecimentos, ter realmente isso interiorizado no coração. Não há nada que possa substituir esse conhecimento. Vocês vão ter que ter, sem dúvida nenhuma, estudo em conjunto. Sabem, quando vocês são desobidientes, e perdem o tempo precioso de manhã, quando não seguem as regras, a primeira coisa a ir janela fora é o estudo em conjunto. Acreditem quando vos digo isso. Eu sei, eu sei, eu sei o que são Missões. Eu sei o que é ser Missionário. Vão proválvente tomar o café da manhã, vão provávelmente ter estudo individual, vão provavelmente orar, mas

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aposto que não vão ter tempo para se sentarem os dois, praticar juntos, estudar juntos, o que vocês vão fazer como dupla.

Ensinamos o evangelho em duplas, não vai haver altura nenhuma em que possa ser ensinado sozinho, por isso vocês vão mesmo ter que estudar juntos. Digo-vos, vai ser mais difícil do que pôr a cabeça dentro do livro de medicina. Vamos ter que ter duas pessoas, dois Elderes, duas Sisteres, ambos com a cabeça no livro de medicina, a tentar descobrir como atingir os melhores resultados.

Nesta época de Pregar Meu Evangelho, estudar adquire um significado novo, um significado mais profundo, porque o que pretendemos é que vocês saibam e conheçam o evangelho. Vocês vão ter que saber e lidar com situações diversas. Vocês têm os planos das lições, o que é uma boa base, há uma boa sequência de lições e de princípios a cobrir, no entanto estejam alerta. O que a família X precisa não é necessariamente o que a família Z precisa e o mesmo sucede com a família Y. E isso vai acontecer durante o dia a alturas diferentes uns às 2 da tarde outros às 6 e os outros às 8 e tudo vai acontecer no mesmo dia.

Não era assim no meu tempo, naquela altura toda a gente tinha tido a mesma aula. O mesmo botão, a mesma mensagem, pôr tudo em auto-piloto e deixar ir. Não admira que vocês vão ser muito melhores do que nós. E, realmente não é de admirar que o mundo precise mais do vosso sucesso, do que alguma vez precisou de qualquer outra geração de Missionários.

Outra coisa que descobrimos, sobre missionários é que não sabem como preparar. Sabem como nós preparávamos quando eu era missionário? Sabem o que queria dizer preparar? Todos os dias preparar era decidir onde é que íamos bater portas. Era essa a totalidade do nosso plano. Escolher a rua onde íamos bater portas. Caramba, isso requeria….tinhamos que ser génios para dominar isso, sabem? Requeria poder olhar para um mapa e saber ler os nomes das ruas.

O que preparação quer dizer para vocês, e o que planejar quer dizer para vocês? Quer dizer tudo isso que estou dizendo para vocês sobre estudar e mais. O que é que a família Jones precisa? O que é que a família Gonzalez precisa? O que é que a família Kawaski precisa? O que é que essas pessoas precisam? Onde estão a progredir? Como correu a última palestra? O que é que vamos ensinar na próxima palestra? O que vamos fazer? Qual a parte que eu vou fazer? É melhor ajoelharmo-nos para saber o que o Pai Celestial tem para nos dizer a respeito desse processo. Isso é planejar com “P” maiúsculo, isso é planejar a sério nesta altura do programa Pregar Meu Evangelho. Rever como correram as palestras que deram, tomar notas, e rever quando chegarem a casa todas as noites, e rever antes de sair de casa todos os dias, e um planejamento mais abrangente. Isso faz com que as reuniões de distrito sejam mais significantes, e conferências de zona mais significantes. Estamos a falar de

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pessoas, pessoas com necessidades reais, e o desafio de converter e batizar essas pessoas no mundo de hoje que está cada vez mais afastado dos princípios Cristãos.

Vocês precisam de ser muito melhores que eu. Planejamento tem que mudar significativamente a maneira como usam o vosso tempo e onde vão todos os dias. E como vão usar o vosso tempo livre. Como está o vosso livro de área? E o que fazem se algo não corre como esperavam? Estas coisas eram mais abstractas para mim. Falava-se sobre essas coisas mas não eram muito importantes. Digo-vos... agora têm que ser importantes para vocês.

A última coisa e a mais grave que aprendemos que missionários não fazem muito bem é ensinar os investigadores a aceitar o desafio do batismo. Não têm muita experiência a ensinar. Não vos damos muita experiência. Nesta igreja os jovens não têm muitas oportunidades para ensinar. Talvez tivessem dado algumas aulas na primária ou talvez numa reunião de sacerdócio ou algo assim, mas foi pouco. E agora, de um dia para outro, queremos que sejam mestres em ensinar e compartilhar a mensagem mais importante que as pessoas vão ouvir durante toda a vida delas.

Estamos, no departamento missionário e no concelho executivo, a trabalhar este ano para que quando chegarem às vossas missões possamos ajudar-vos a ser melhores professores. Este programa também vai estar em todos os CTMs este verão. Não vamos requerer que sejam só bons estudantes, não vamos só requerer que estudem muito melhor mas que tenham um muito melhor planejamento. Acima de tudo, finalmente quando estiverem frente a frente com um investigador vocês vão ter mesmo que vender o vosso peixe. E aquilo que eles vão sentir e aprender vai ser tal que eles vão querer ser membros desta Igreja e vão querer guardar os convênios que fizeram com Deus desde o Templo até à vida eterna.

Que milagre! Que milagre isso poder acontecer. E isso só vai ser possível com este novo tipo de Missionário que vive pelo Espírito do Espírito, que implora e dá tudo o que tem. Um novo esforço a estudar, a preparar-se, a ensinar com sabedoria, poder e autoridade; poder e autoridade são frases muito usadas e repetidas no Livro de Mormon “e quando ensinavam, faziam-no com poder e autoridade”. Raramente ensinamos com poder ou autoridade e certamente não agimos como se tivessemos autoridade e acima de tudo nem conseguimos um pingo de entusiasmo que pelo menos sugira que temos qualquer tipo de autoridade. E depois ficamos muito admirados porque o Mar Vermelho não se divide. Sabem “Amon, onde estão os 8.000?”

Podemos melhorar. Podemo-nos realmente adaptar, mas vamos necessitar de um Missionário moderno e poderoso, do secúlo XXI nesta última e grandiosa dispensação para atingir esse fim. Nós amamos vocês por aceitarem este chamado, nós amamos vocês por acreditarem em vocês mesmos, de que vocês vão ser capazes porque isto é realmente o

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trabalho de Deus. O Espírito do Senhor é a chave essencial e o ingrediente final. É por isso que a analogia da escola de medicina não é lá muito boa, porque neste caso vocês vão precisar de ser exclentes cirurgiões no primeiro dia da Missão. E isso é possível se desde o momento em que chegarem vocês tiverem o Espírito do Senhor convosco, se se dedicarem de corpo e alma e se se tornarem o tipo de Missionários que sabem que poderão ser, incluindo um claro esforço para estudar, planejar e um desejo enorme para ensinar com entusiasmo e convicção e um coração honesto.

Para isso não é preciso nem uma certidão de habilitações, nem um diploma de uma entidade institucional. Desde o primeiro dia da vossa Missão o Espírito do Senhor doará essa benção sobre vossas cabeças e extenderá o seu manto de autoridade sobre os vossos ombros. É quem vocês vão ser, é o que vocês vão atingir, se forem tão honestos como vos estamos a pedir que sejam, num dia em que vocês necessitam ser os melhores Missionários que a Igreja já alguma vez teve. É quem vocês vão ser.

Vivemos num mundo conturbado, mas se compreendermos bem as escrituras, sabemos que o mundo ainda não acabou. Os últimos dias na sua grandeza e nesta dispensação na Igreja, não vão ser muito agradáveis para o mundo em geral. Todos nós seremos afetados, nós todos somos afetados , pois fazemos parte do mundo. Vocês são a resposta de Deus para o mundo, vocês são a esperança de Israel. Vocês são a esperança de Israel, e vocês têm 19 anos, ou 20, ou 21, ou 22 ou não importa. Fico realmente admirado do que é um Missionário nesta Igreja e em como Deus sabe e tem a confiança para acreditar que o trabalho pode ser feito por pessoas como eu e vocês. É uma obra maravilhosa e um assombro.

Deixem-me terminar com o mesmo assunto que comecei – vocês. Contrariamente ao que se diz isto é sobre vocês. Tenho pensado muito sobre o apostolado, não vou falar sobre isso agora, mas às vezes falamos sobre o chamado para o apostolado sentados na sala a comer pipocas ou a beber chocolate quente à lareira, e pondo isso de lado, levou-me a ler tudo sobre os apóstolos, dos antigos e modernos , só para tentar aprender, só para tentar compreender o chamado, mas essa parte vou deixar para outro dia.

Estudar este assunto trás-me sempre, sempre , sempre a Pedro, o chefe Apóstolo, ainda hoje o chefe apostolo. O apostolo que trouxe o sacerdócio de Mequezideque e as chaves do apostolado à terra nesta última dispensação. Pedro tem um papel primordial no apostolado e no sacerdócio de Melquezideque neste mundo.

Depois do Savador ter vivido, ministrado e morrido, Pedro sentui-se tão abandonado quanto vocês neste momento. E se vocês não se sentirem desolados ou abandonados neste momento, esperem pelas primeiras 24 hora na Missão. Nessa altura, dêem um toque, vocês vão saber exatamente o que eu estou a dizer, okay? E naquele momento, ele soube, que era o lidere agora. Ele soube que era o presidente da Igreja, por assim dizer. Mas Jesus já não

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está na terra, foi crucificado, o túmulo está vazio, João e ele já verificaram isso, e toda esta tragédia caiu sobre eles como uma cascata naquelas poucas horas, ou dias.

E as pessoas agora estão a perguntar “e agora o que vamos fazer”? Até ali ninguém tinha feito essa pergunta , acho que na realidade ninguém compreendia a imensidade da situação. Afinal de contas é como se tivessem estado na igreja por volta de 36 meses. Estão a imaginar juntar um quorum dos 12 com recém convertidos , com menos de 36 meses na Igreja? Temos que lhes dar o desconto e admirar o pouco ou muito que estavam a fazer.

Era difícil para eles entenderem, Cristo dizia, e descrevia o que ia acontecer, falava em parábolas, falava de como as pessoas iam destruir o Templo e que em 3 dias Ele o reconstruiria. Eles não compreenderam nem mais nem menos que os Fariseus o que Ele queria dizer com isso. Todos achavam que Ele estava a falar do Templo em si e pensavam “ tudo bem, Ele pode reconstruir o Tempo sem problema” e não compreendiam mesmo. E Ele tentava ser suave, gentil e profético, mas eles tinham pouco conhecimento e expreiência, por isso, continuavam a dizer “E, quando você se converter, fortaleça os seus irmãos". E agora estavam dispersos, e as pessoas iam ter com Pedro o novo décimo primeiro e diziam, “Então, que fazemos agora?

E agora, o que é que ele vai dizer? ”Bem, foi bom enquanto durou, foram 36 meses incriviveis, excetionais, grandes ensinamentos, milagres maravilhosos, vimos curas, assistimos ao sermão da montanha, vimo-lo andar sobre a água” – Pedro concerteza não teve coragem de dizer que também andou durante um segundo ou dois, mas tinham todas aquelas maravilhosas memórias. E depois disse, “ Foi tão bom, não foi? Foi impressionante! Agora vamos pescar.”

Ele não sabia o que fazer , Cristo já não estava no meio deles. Acabou tudo. Quem sabe talvez tenham pensado que Cristo se tornaria num Messias político. Ou talvez como bons ortodoxos que já tinham sido, pensavam, “ Bem , independentemente do que nós pensamos que este Messianismo ia ser, não importa o que vai ser agora. Vamos pescar, vamos fazer o que sempre fizemos, afinal de contas era o que eramos quando Ele nos encontrou, então vamos embora.” E foram. Voltaram à Galileia, e pescaram. E parecia que a vida ia continuar.

Mas uma coisa aconteceu, era de manhãzinha, tinham pescado toda a noite, sem apanhar nada. No mar da Galileia pesca-se de noite. Não apanharam nada, zero, nada. Há distância, porque tanto o som como a vista são claros através do lago, eles vêem uma figura a fazer uma fogueira, que lhes pergunta “Como vai a pescaria?” e eles respondem, “horrível, simplesmente terrível, um desastre, não apanhamos nada”

Então Ele disse, “Atirem a rede para o lado direito do barco”. Aposto que alguém deve ter comentado “Pois, concerteza, quem é este cara, que vem com estas ideias inovadoras de como pescar, já aqui estamos há que tempos e não pescamos nada, e agora vem ele a querer

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ensinar.....” Não sei se alguém disse alguma coisa ou não, mas não me admiro nada se tivessem dito alguma coisa.

Com alguma relutância, talvez vinda do desespero e precisando de peixe - afinal de contas estavam de volta à profissão deles, e se iam voltar a ser pescadores, tinham que apanhar peixe – eles atiraram a rede do lado direito do barco, e não a conseguiram puxar por estar tão cheia. O barco começa a afundar, o milagre aqui é a rede não rebentar, havia tanto peixe, que nem conseguiram pôr o peixe no barco. E João diz “É Ele, é Ele”.

E Pedro, querido Pedro, que não sabia o que dizer senão “ Vamos fazer aquilo que sabemos fazer.” Querido Pedro, que corta as orelhas dos outros e depois têm que ser postas de volta, e…..Querido Pedro, fiel e dedicado, olhou para João, ouviu o que ele disse, olhou para a margem, viu o Mestre, e saltou para a água e disse aos outros, “Vocês podem remar se quiserem, eu vou indo.” E foi.

Então chegaram. O Salvador, num acto maravilhoso, tinha-lhes preparado o café da manhã. Tinha grelhado alguns peixes sobre uma pequena fogueira. Queria só comentar sobre a incrível bondade Dele….Cristo deve ter pensado: estão com fome, passaram uma noite difícil, vou-lhes fazer o café da manhã….. Então seguiram-no, e Jesus começa uma pequena entrevista, e é com isso que quero terminar o meu discurso.

Pedro, amas-me mais do que a estes peixes, e a estes barcos e estes remos?

E Pedro respondeu, “Sim, amo-Te mais que tudo isso.”

E Jesus pergunta pela segunda vez, Pedro, amas-me mais do que estes peixes e estas redes e o teu velho barco?”

E Pedro, um pouco frustrado, disse, “ Sim, amo-Te, Já disse que sim. Amo-Te.”

E o Salvador deve ter respirado fundo, e com um sorriso olhou Pedro nos olhos. E em pensamento, estava a transmitir a Pedro o seguinte…”Posso agora perguntar-te pela terceira vez, amas-me………e Pedro estava muito sensibilizado com o número três naquele momento…….E Jesus pergunta, “Ok, pela última vez, amas-me mais do que a tudo isto?” Mais do que a tua profissão, mais do que estavas mesmo agora a fazer?”

E Pedro diz, “Amo-te. Amo-te acima de tudo.”

E foi nesse momento que Pedro se tornou o grande apóstolo. Esquece que me negaste, seja lá a razão. Esquece as orelhas cortadas. Esquece a impetuosidade. Esquece a confusão. Esquece que não sabias o que fazer senão pescar. E naquele momento, face a face, com um coração sincero, disse “Amo-te, acima de tudo.”

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E a resposta do Salvador do mundo foi “Então, apascenta as minhas ovelhas! Já te tinha pedido para deixares a tua profissão e estou a pedir-te outra vez, e não te quero pedir uma terceira vez. Quando te pedi para deixares a tua profissão, era para sempre. Quando te pedi para me seguires, era para sempre. Quando te pedi para seres um apóstolo, era para sempre. Quando te pedi para seres um missionário, era para sempre. Quando te pedi para perseverares até ao fim, era para todo o sempre. Esquece as redes, e os peixes, esvazia o teu barco, e deita fora os remos pela segunda vez, e apascenta as minhas ovelhas. Estamos neste trabalho até ao fim.”

Este foi o momento em que Pedro se tornou um verdadeiro discípulo de Cristo, ele se tornou no homem amado pelo povo como diz em Atos 5:15 “a ponto de transportarem os enfermos para as ruas e os porem em leitos e macas para que ao passar Pedro ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles.”

Esse é o Pedro que ele veio a ser depois daquela entrevista nas margens na praia. E a questão para toda a eternidade é “AMAS-ME??? Amas-me?”

Elderes e sisteres aqui no CTM, amam Cristo? Vocês não vão conseguiro que precisam de ser. Não podem dizer o que têm que dizer. Não podem ser os missionários, as testemunhas, os emissários, as fortalezas e sentinelas da verdade que devem ser….não podem se não amam Cristo. “É o primeiro e o maior de todos os mandamentos….é o mandamento mais importante, o primeiro.

Têm que decidir aqui hoje, agora neste momento, se estão comprometidos com a ideia de que realmente amam Deus, se amom o Salvador. E se vocês Os amam, e eu sei que sim, e oro que sim, vamos, então fazer isto juntos, vamos todos avante para o futuro juntos, mas quando o fizerem, e quando o disserem, e quando o crerem, então o vosso chamado será para apascentar as Suas ovelhas, para a eternidade.

Agora percebem porque não podem nem devem voltar para trás? Tudo vai mudar. Pedro, não podes voltar para casa, não podes voltar a pescar. Não podes voltar para Galileia. Não podes voltar aos barcos. Acabou-se. É uma vida nova, um dia novo, uma nova era. Esta missão delineia aquela hora, aquele momento, nas vossas vidas. Não podem voltar para trás. E se o fizerem, quebrarão o meu coração, e quebrarão o coração de Deus. Se virarem as costas ao evangelho de Jesus Cristo ao qual prometeram ensinar para o resto da vida, ou pelo menos durante os próximos dois anos ou dezoito meses. Mas o que eu quero enfatizaraqui é que não são somente dezoito meses nem dois anos. E estou aqui depois de 49 anos e eu proclamo, eu oro, que para mim nunca, mas nunca acabe e que nunca acabe para vocês.

E se alguma vez forem tentados durante a missão, ou depois, a deixar o evangelho, ou a cometer uma transgressão, ou virar as costas aos convénios que fizeram, e à honestidade

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dos vossos corações, e não estou a pensar que vão ser perfeitos, e sabendo que vamos todos nos arrepender todos os dias das nossas vidas por alguma coisa….mas o vosso caminho tem que ser reto. Não podem desistir da luta. Têm que perseverar até ao fim. Não podem voltar para trás. Deixaram as vossas redes, vão apascentar ovelhas. Vão ser discípulos do nosso Senhor, Jesus Cristo, por todo o tempo e para toda a eternidade.

Caramba, isso é muito peso para pôr nos ombros de um jovem com 19 ou 21 anos ou o que quer eu seja, em Provo, Utah. Mas isto é que é a soma de tudo. “Amam-me?” Então apascentem as minhas ovelhas. E façam-no para toda a eternidade.

Que tenham sucesso e com o amor de Deus e com o meu, que o Espirito Santo vos acompanhe, porque não podem de modo algum, ter sucesso sem a ajuda Dele. Que Deus vos abençoe na maior aventura das vossas vidas, que deve e vai, moldar, se o deixarem, todas as experiências maravilhosas que vão ter para o resto desta vida e para a próxima. No sagrado nome de Jesus Cristo, amem.