Aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós...

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1 __________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Pós graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapia manual. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão Elaine Neves de Macêdo 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais _ Faculdade de Faipe Resumo A pesquisa refere-se à aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, pois a entorse de tornozelo é uma das lesões de maior acometimento, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou lacera as fibras ligamentares. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de evidenciar nesse contexto, a aplicabilidade da bandagem funcional. O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos, monografias, dissertações e livros no idioma Português. No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi realizada nos meses de março até dezembro de 2014. A presente pesquisa constatou por meio desta revisão a aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, pois, a bandagem funcional baseia-se no princípio de promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem limitar suas funções fisiológicas, constitui na aplicação de uma fita, feita de um material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal objetivo dessa atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir à funcionalidade da articulação, desta forma, dando maior estabilidade na articulação. Palavras-chave: Bandagem Funcional; Entorse; Tornozelo. 1. Introdução O tornozelo é uma articulação frequentemente lesada. As lesões ocorrem principalmente por força de impacto ou torsões, a entorse de tornozelo é a lesão de maior acometimento na prática esportiva, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou lacera as fibras ligamentares (INGHAM et al, 2007). Henning (2009), relata que essas lesões ligamentares são causadas por pisadas em terrenos irregulares ao caminhar ou ocorrer, na prática de esporte, acidente de trabalho ou trânsito. Segundo Baroni et al (2010), a entorse de tornozelo pode ser classificada em três tipos: grau I- ocorre apenas um estiramento ligamentar; grau II- ocorre uma lesão ligamentar parcial e grau III- a lesão ligamentar é total, dentre os quais o grau I será abordado nesse estudo. A lesão grau I, caracteriza-se por uma lesão leve, com ruptura mínima de fibras, mantendo assim a integridade do ligamento. Geralmente apenas o ligamento talofibular é lesado neste tipo de entorse (LOPES, 2008). Almeida et al (2011), relata que as lesões mais comuns no tornozelo são decorrentes do mecanismo por inversão, acometendo cerca de 80 a 90% e Moreira e Antunes (2008), relatam que 10 a 20% são ocasionadas por eversão. O mecanismo por inversão ocorre quando o complexo do pé se encontra em flexão plantar, invertido e aduzido, desenvolvendo instabilidade funcional (CONCEIÇÃO E SILVA, 2007;

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__________________________________________________________________________________________________________________________________

1 Pós graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapia manual. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.

Aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse

de tornozelo grau I por inversão

Elaine Neves de Macêdo 1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais _ Faculdade de

Faipe

Resumo

A pesquisa refere-se à aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de

tornozelo grau I por inversão, pois a entorse de tornozelo é uma das lesões de maior

acometimento, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou

lacera as fibras ligamentares. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de

evidenciar nesse contexto, a aplicabilidade da bandagem funcional. O presente estudo

caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. Foi realizado um

levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos, monografias,

dissertações e livros no idioma Português. No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi

realizada nos meses de março até dezembro de 2014. A presente pesquisa constatou por meio

desta revisão a aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de

tornozelo grau I por inversão, pois, a bandagem funcional baseia-se no princípio de

promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem

limitar suas funções fisiológicas, constitui na aplicação de uma fita, feita de um material que

se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal objetivo dessa atadura é dar

proteção mecânica para os tecidos, sem impedir à funcionalidade da articulação, desta

forma, dando maior estabilidade na articulação.

Palavras-chave: Bandagem Funcional; Entorse; Tornozelo.

1. Introdução

O tornozelo é uma articulação frequentemente lesada. As lesões ocorrem principalmente por

força de impacto ou torsões, a entorse de tornozelo é a lesão de maior acometimento na

prática esportiva, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou

lacera as fibras ligamentares (INGHAM et al, 2007).

Henning (2009), relata que essas lesões ligamentares são causadas por pisadas em terrenos

irregulares ao caminhar ou ocorrer, na prática de esporte, acidente de trabalho ou trânsito.

Segundo Baroni et al (2010), a entorse de tornozelo pode ser classificada em três tipos: grau I-

ocorre apenas um estiramento ligamentar; grau II- ocorre uma lesão ligamentar parcial e grau

III- a lesão ligamentar é total, dentre os quais o grau I será abordado nesse estudo.

A lesão grau I, caracteriza-se por uma lesão leve, com ruptura mínima de fibras, mantendo

assim a integridade do ligamento. Geralmente apenas o ligamento talofibular é lesado neste

tipo de entorse (LOPES, 2008).

Almeida et al (2011), relata que as lesões mais comuns no tornozelo são decorrentes do

mecanismo por inversão, acometendo cerca de 80 a 90% e Moreira e Antunes (2008), relatam

que 10 a 20% são ocasionadas por eversão.

O mecanismo por inversão ocorre quando o complexo do pé se encontra em flexão plantar,

invertido e aduzido, desenvolvendo instabilidade funcional (CONCEIÇÃO E SILVA, 2007;

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RODRIGUES E DIEFENTHAELER, 2008; BELANGERO et al, 2010; BARRETO et al,

2010).

Silva (2007), também relata que a lesão por inversão provoca danos às estruturas laterais do

tornozelo, que abrangem os ligamentos laterais, as cápsulas das articulações subtalar e

talocrural e o nervo fibular superficial.

O quadro clínico dessa disfunção é caracterizado por dor, edema, equimose, incapacidade

funcional e instabilidade mecânica e/ou funcional (SILVA, 2011).

O diagnóstico nas entorses de tornozelo é feito através de exames radiológicos e testes de

instabilidades. O exame físico é muitas vezes difícil por causa da dor à palpação (LEITE,

2010).

Segundo Brum et al (2012), a bandagem funcional tem sido amplamente utilizada na área da

reabilitação. A utilização dessa técnica pode estar relacionada com diversos objetivos como,

por exemplo: melhora da estabilização articular facilitação ou inibição da ativação muscular.

O autor relata ainda que a bandagem funcional constitui na aplicação de uma fita, feita de um

material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal objetivo dessa

atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir a funcionalidade da articulação.

Diante do exposto acima, o presente estudo tem como objetivo, verificar a aplicabilidade da

bandagem funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Anatomia do Pé

O pé e o tornozelo associam flexibilidade com estabilidade devido à grande quantidade de

estrutura óssea, fixações ligamentares e musculares. A perna, o tornozelo e o pé apresentam

duas funções principais, quais sejam propulsão e suporte. Para a propulsão, eles agem como

uma estrutura flexível que se molda às irregularidades do terreno. A mobilidade dessa

articulação depende do arranjo anatômico de ossos (tíbia, fíbula e tálus), ligamentos

(talofibular anterior, talofibular posterior e calcâneo fibular) e músculos (fibulares longo e

curto, tibial anterior e tibial posterior) (TIMI et al, 2009).

Fonte: http://tecnologiadotenis.com.br/nutricao-e-saude/

Figura 1: Anatomia do pé

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O tornozelo é uma articulação do tipo gínglimo, imprescindível para o desempenho funcional

da marcha e do suporte do peso corporal (VIANNA E GREVE, 2006; VENTURINI et al,

2006).

As articulações do tornozelo e do pé incorporam as seguintes funções: a) fornecem uma base

estável para a posição ereta; b) fornecem uma alavanca rígida, na fase do impulso da marcha;

c) absorvem as cargas; d) adaptam-se as irregularidades do solo; e) transforma a torção

através da articulação inferior e da pelve; f) substituem a função das mãos em indivíduos com

amputações ou paralisia muscular dos membros superiores (QUEIROZ, 2012).

2.1.1 Estrutura muscular

A parte do membro inferior entre o joelho e a articulação do tornozelo é o local de origem

para os músculos que produzem movimento do tornozelo. Dos 23 músculos associados ao

tornozelo e pé, 12 são extrínsecos ao pé e 19 intrínsecos. Os músculos extrínsecos são aqueles

que cruzam o tornozelo, e os músculos intrínsecos possuem ambas as inserções dentro do pé.

Portanto o suporte extrínseco é dado pelos músculos da perna e o intrínseco pelos ligamentos

e musculatura do pé [...]

[...] Os músculos extrínsecos são classificados em três grupos: crural anterior,

crural posterior e crural lateral. Todos os músculos extrínsecos, exceto o

gastrocnêmio, sóleo e plantar atuam nas articulações subtalar e mediotársica.

Entre os músculos intrínsecos que se originam e se inserem no próprio pé,

encontram-se os músculos extensores e flexores dos artelhos, totalizando 16

pequenos músculos. Os flexores dos artelhos incluem o flexor longo dos

dedos, o flexor curto dos dedos, o quadrado plantar, os lumbricais e os

interósseos. Os flexores longo e curto do hálux produzem flexão deste

último. Inversamente o extensor longo do hálux, o extensor longo dos dedos

e o extensor curto dos dedos são responsáveis pela extensão dos artelhos

(GUBIANI, 2004).

Fonte: http://tecnologiadotenis.com.br/nutricao-e-saude/

Figura 2: Estrutura muscular

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2.2 Biomecânica Em virtude dos estabilizadores e de sua arquitetura óssea a articulação do tornozelo é

classificada como uma articulação sinovial em dobradiça, permitindo apenas movimentos

uniaxiais. Os movimentos envolvidos na articulação do tornozelo são:

-Flexão Plantar: movimento pelo qual a planta do pé é voltada para o chão,

formando um ângulo agudo entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos

envolvidos neste movimento são: gastrocnêmio e sóleo, e a amplitude de

movimento é de 0-50°, podendo ocorrer variações de 10º; -Flexão Dorsal:

movimento no qual o dorso do pé é voltado para a cabeça, formando um

ângulo obtuso entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos envolvidos neste

movimento são: tibial anterior e extensor longo dos dedos, e a amplitude de

movimento é de 0-20°, podendo ocorrer uma variação de 20º. -Inversão:

movimento no qual se vira a planta do pé para a perna, os músculos

envolvidos são: tibial anterior e posterior, com assistência dos flexores longo

dos dedos e do hálux, a amplitude de movimento é de 0-45°; -Eversão:

movimento no qual se vira a planta do pé para a parte lateral da perna, os

músculos envolvidos são: extensor longo dos dedos e fibular longo e curto, a

amplitude de movimento é de 0-30° (SENA, 2008).

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/termos.htm

Figura 3: Biomecânica do tornozelo

2.3 Entorse de tornozelo

A entorse é um movimento violento, com estiramento ou ruptura de ligamentos de uma

articulação. A entorse de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas mais

frequentemente encontradas na população ativa, que geralmente envolve lesão dos ligamentos

laterais. Ocorre com maior frequência nos atletas de futebol, basquete e vôlei, correspondendo

a cerca de 10% a 15% de todas as lesões do esporte. No Reino Unido, ela acontece em uma a

cada 10.000 pessoas da população geral, isto é, cerca de 5.000 lesões por dia. A entorse do

tornozelo pode evoluir com complicações (SENA, 2008).

2.3.1 Mecanismo de Lesão

A estabilidade lateral do tornozelo é dada pelo mecanismo contensor dos ligamentos talfibular

anterior, posterior e talocalcâneo, associada ao terço distal da fíbula. O mecanismo de lesão

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habitual é a inversão do pé com flexão plantar do tornozelo, numa intensidade além do

normal, que acontece geralmente ao pisar em terreno irregular ou degrau. Este movimento

anômalo proporciona uma lesão que se inicia no ligamento talofibular anterior e pode

progredir para uma lesão do ligamento calcâneo-fibular, com o aumento da energia do trauma.

A lesão do ligamento talofibular posterior é rara, ocorrendo apenas na luxação franca do

tornozelo (RODRIGUES e WAISBERG, 2008).

Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html

Figura 4: Entorse de tornozelo

2.3.2 Classificação das Entorses

Classicamente classificam-se as entorses externas da tíbio-társica em três graus, a saber:

• Grau I – lesão minor com dor e edema localizado dos tecidos moles,

algumas das fibras do PAA estão estiradas, mas continua competente. Sem

instabilidade mecânica. • Grau II – envolve um traumatismo mais violento,

com ruptura do PAA e ruptura parcial do PC. Implica já perda funcional

parcial, com limitação álgica para a carga e instabilidade moderada. • Grau

III – ruptura completa do PAA e do PC. Acompanhada de edema exuberante,

equimose, grande instabilidade e impotência funcional total. II e III muitas

vezes têm vulgarmente lesões coexistentes de estruturas periarticulares

(MOREIRA e ANTUNES, 2008).

Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html

Figura 5: Classificação das entorses de tornozelo

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2.3.3 Quadro clínico

As inflamações agudas na articulação possuem as mesmas características das respostas

celulares de inflamação vistas em outras cavidades ou tecidos do corpo. Mudanças químicas,

metabólicas e vasculares ocorrem acompanhadas de alterações na permeabilidade, seguidas

por algum tipo de reparo (GUBIANI, 2004).

O autor relata ainda que os sinais e sintomas das lesões ligamentares do tornozelo variam de

acordo com a gravidade da lesão, os tecidos acometidos e a extensão de seu acometimento.

Em geral são evidentes graus variáveis de dor, tumefação, hipersensibilidade localizada e

incapacidade funcional.

Fonte: http://www.pompeumg.com.br/portal/index.php/direito

Figura 6: Quadro clínico

2.4 Diagnóstico

A história clínica e o exame físico minucioso são muito importantes, podendo-se chegar a um

diagnóstico bastante preciso avaliando o mecanismo do trauma, o ponto doloroso, o ponto e o

momento em que se iniciou o edema, e a capacidade funcional logo em seguida o acidente e

durante o exame (HENNING e HENNING, 2004).

O autor acima relata que quando o exame físico é realizado pouco tempo após a lesão, antes

que o edema aumente e a dor se torne mais difusa, há maior precisão, pois a dor é mais

localizada. Deve- se determinar se o paciente tem uma história de entorse do tornozelo e de

sensações de instabilidade, por que essa informação ajudará a diferenciar um a lesão aguda

superposta à instabilidade crônica de uma lesão ligamentar aguda.

2.5 Exame físico

Frequentemente o exame revela equimose e edema em torno da articulação do tornozelo e não

apenas na parte lateral do tornozelo. A dor localizada devido a palpação dos ligamentos

talofibular anterior, talofibular posterior e calcaneofibular pode aju dar na identificação dos

ligamentos lesados . Dever ser realizada a palpação dos maléolos lateral e medial, bem como

a base do 5º metatarsiano, observando se há crepitação e sensibilidade causadas por uma

fratura (GUBIANI, 2004).

2.6 Exames Complementares

A necessidade de exames complementares para entorse de tornozelo baseia-se na suspeita de

fraturas associadas. Das radiografias realizadas em doentes com lesão de tornozelo, 85% são

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normais. Com intuito de evitar radiografias desnecessárias, foram criadas regras (regras de

Ottawa para tornozelo) que indicam a realização de radiografias apenas quando houver dor

em pontos ósseos específicos ou na impossibilidade do apoio de marcha (pelo menos quatro

passos). Esta regra mostrou sensibilidade de 99,7%, porém com especificidade variável (10%

a 70%) (RODRIGUES e WAISBERG, 2008).

Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html

Figura 7: Radiografia do tornozelo

A ressonância magnética pode ser indicada nos casos de persistência da dor após três meses

da lesão inicial, com o objetivo de investigar lesões associadas, como osteocondral, do

impacto ântero-lateral e identificar lesões ligamentares crônicas (RODRIGUES e

WAISBERG, 2008).

Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html

Figura 8: Ressonância do tornozelo

2.7 Testes Especiais na Entorse de Tornozelo

Os testes de movimentação passiva também servem para estressar os ligamentos do complexo

do tornozelo. Os testes para estabilidade ligamentar do tornozelo, de forma passiva, servem

para enfatizar a folga nos movimentos das articulações, na dor localizada e na sensação de do

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r específica para cada ligamento [...]

[...] O teste da gaveta anterior, utilizado para testar a integridade do

ligamento talofibular anterior e da porção anterior da cápsula articular. No

teste clínico, o examinador apóia uma das mãos sofre a face anterior da tíbia,

e com a outra mão, envolve o calcanhar do membro a ser examinado. Então

aplica-se uma força no sentido de deslocar anteriormente o pé, enquanto a

perna permanece fixa; Estresse em varo do tornozelo, usado para testar a

integridade do ligamento calcaneofibular e da cápsula lateral do tornozelo.

Este teste também estressa os ligamentos talofibulares anterior e posterior. O

examinador aplica com uma das mãos, uma força na região do calcanhar do

paciente, mantendo a extremidade distal da perna fixa com aoutra mão;

Estresse em valgo do tornozelo, sua positividade é bastante difícil de ser

diagnosticada, mesmo quando realizado o teste sob radiologia, comparando o

lado lesionado com o normal. O examinador, aplica com uma das mãos, uma

força valgizante na, região do calcanhar, enquanto mantém fixa a

extremidade inferior da perna com a outra mão; Teste da compressão lateral

da fíbula, realizado comprimindo-se firmemente, no terço médio da perna, a

fíbula contra a tíbia. O teste acaba solicitando a ação dos ligamentos e da

articulação tibiofibular distal, desencadeando dor aguda na face antero lateral

do tornozelo (CONTI, 2011).

2.8 Tratamento

Segundo Santos (2008), o objetivo principal da bandagem funcional é fornecer apoio e

proteção para os tecidos moles, sem limitar suas funções e aumentando a estabilidade

articular. As bandagens funcionais são um instrumento terapêutico muito utilizado pelos

Fisioterapeutas de todo o mundo, devido aos seus benefícios no auxilio de técnicas de

reabilitação em lesões articulares, ligamentares, musculares, posturais entre outras das

atividades dentro de uma amplitude articular normal.

A bandagem funcional pode ser aplicada tanto antes (prevenção) quanto depois da ocorrência

de lesões. A prevenção ocorre pela sustentação ouapoio as áreas submetidas a estresse

excessivo, então assim, reduz a frequência e gravidade de lesões devido o aumento da

estabilidade articular ou pela maior estabilidade às articulações que apresentam históricos de

lesões, reduzindo reincindivas (GUIMARÃES, 2005).

Fonte: http://desportiva.facafisioterapia.net/2012_10_01_archive.html

Figura 9: Bandagem Funcional

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3. Metodologia

O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. A

seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana

e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online (ScieLo),

publicados entre 2004 a 2014.

Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos,

monografias, dissertações e livros no idioma Português. Os descritores utilizados para a busca

das referências foram: “Bandagem Funcional”; “Entorse”; “Tornozelo”.

Como critério de inclusão as referências deveriam verificar a aplicabilidade da bandagem

funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, ou que contribuíssem

para o objetivo da pesquisa. Foram excluídas as referências publicadas antes de 2004 e que

não se enquadraram no ponto de vista do presente estudo.

No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi realizada nos meses de março até dezembro

de 2014.

4. Resultados e Discussão

O objetivo deste estudo foi demonstrar a aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento

pós-entorse de tornozelo grau I por inversão. Os dados obtidos se configuraram por meio de

artigos que respeitavam a metodologia proposta.

Podemos observar quatro artigos científicos abordando a temática proposto no presente

estudo (Tabela 1).

Segundo Meurer et al., (2005) a entorse por inversão do tornozelo ocorre em três eixos de

movimento (adução, flexão plantar e supinação), diante disto é importante que a bandagem

seja capaz de limitá-los. Por este motivo a aplicação da bandagem funcional de tornozelo tipo

bota fechada, é descrita na literatura como a técnica mais eficiente na estabilização articular.

A bandagem funcional de tornozelo, conforme fonte de programas de reabilitação é uma das

técnicas usadas para prevenir as recidivas de entorse. Numerosas pesquisas avaliaram a

capacidade de contenção mecânica excessiva que afita adesiva tem de fornecer aos

movimentos do tornozelo.

Carrasco et al., (2006) expõem que a bandagem funcional baseia-se no princípio de promover

o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem limitar

suas funções fisiológicas. Esta proteção oferece também maior estabilização das articulações

e pode ser utilizada tanto antes, como após a ocorrência de lesões. A aplicação de bandagem

funcional, através da esparadrapagem, refere-se à colocação de um tipo de fita protetora que

adere à pele de determinada articulação ou membro. Esta forma de estabilização apresentou

um maior número de estudos nos últimos anos, mas seus benefícios ainda estão sob discussão.

Ferrer et al., (2010) relatam que a entorse no tornozelo é uma das lesões mais frequente no

futsal devido as movimentações em quadra em alta velocidade. Para tal, um dos principais

recursos fisioterapêuticos, na prevenção ou na reabilitação, é a bandagem funcional. Foi

calculado o tempo de passada e a variabilidade do tempo de passada dos dois sujeitos, em

Autor / Ano

Resultados

Meurer et al., (2005) Capacidade de contenção mecânica

Carrasco et al., (2006) Maior estabilização das articulações

Ferrer et al., (2010) Aumenta a estabilidade dinâmica

Brum et al., (2012) Dar proteção mecânica para os tecidos

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cada situação de bandagem (sem bandagem, bandagem não funcional e bandagem funcional)

durante uma corrida sobre uma esteira em duas velocidades, 10 km/h e 14 km/h. neste estudo,

o tempo de passada diminui com o uso de bandagem funcional e com o aumento da

velocidade de corrida, e o coeficiente da variabilidade do tempo de passada diminui na corrida

com bandagem funcional e aumenta com o aumento da velocidade de corrida com uso de

bandagens. Portanto, para os dois sujeitos analisados evidencia-se que a bandagem funcional

aumenta a estabilidade dinâmica, sendo esta menor com o acréscimo de velocidade.

De acordo com Brum et al., (2012) uma técnica utilizada para a prevenção e tratamento de

entorse é a bandagem rígida funcional. Diante disto realizou um estudo com o objetivo de

analisar a influência da bandagem rígida funcional na estabilidade articular do tornozelo em

atletas de basquetebol. Onde avaliaram 11 atletas do sexo masculino da categoria sub-15 de

basquetebol com e sem a utilização bandagem funcional rígida na articulação do tornozelo.

Foi demonstrado que há um aumento da estabilidade nessa articulação com o uso da

bandagem, auxiliando na resposta muscular, fornecendo maior sustentação biomecânica e,

assim, possivelmente prevenindo as lesões. Quando utilizaram a bandagem rígida funcional,

os atletas apresentaram maior estabilidade na articulação do tornozelo na posição ortostática.

O autor citado acima relata ainda que, as bandagens funcionais são constantemente utilizados

para diminuir a ocorrência de danos nos esportes multidirecionais, sobretudo em atletas que já

sofreram entorse de tornozelo. A bandagem rígida funcional constitui na aplicação de uma

fita, feita de um material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal

objetivo dessa atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir a funcionalidade

da articulação.

5. Conclusão

Após a entorse de tornozelo, algumas complicações podem evoluir com complicações, com

vários graus de limitação funcional. A entorse por inversão do tornozelo ocorre em três eixos

de movimento (adução, flexão plantar e supinação), diante disto é importante que a bandagem

seja capaz de limitá-los, pois possui uma contenção mecânica excessiva.

A presente pesquisa constatou por meio desta revisão a aplicabilidade da bandagem funcional

no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, pois, a bandagem funcional

baseia-se no princípio de promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo,

inibindo ações específicas, sem limitar suas funções fisiológicas, constitui na aplicação de

uma fita, feita de um material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal

objetivo dessa atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir à funcionalidade

da articulação, desta forma, dando maior estabilidade na articulação. Sugere-se que novos

estudos sejam realizados a partir da temática do presente estudo com o objetivo de fornecer

tratamento individualizado as pacientes com entorse de tornozelo.

6. Referências

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11

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