Aplicabilidade Teórico-Prática Da Terapia Cognitiva Na Psicologia Hospitalar

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  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    ARTIGOS

    Aplicabilidade Terico-Prtica da Terapia Cognitivo

    Comportamental na Psicologia Hospitalar

    Theorical Practice Applicability of Cognitive Behavior

    Therapy in Hospital Psychology

    Fernanda Martins Pereira 1; Maria Amlia Penido 2

    1-Doutoranda em Psicologia pela UFRJ, Mestre em Cincias pela Fiocruz e Especialista

    em Psicologia Hospitalar pelo CFP

    2-Doutora e Mestre em Psicologia pela UFRJ e Professora da Universidade Veiga de

    Almeida

    Correspondncia

    Avenida Rio Branco 277 sala 1603 Centro Rio de Janeiro- RJ CEP: 20040-009 Tel: (21)

    2210-2899 [email protected] ou [email protected]

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    RESUMO

    Um dos objetivos da Psicologia da Sade conhecer e compreender os fatores que

    influenciam os comportamentos das pessoas em relao sade e a enfermidade para,

    a partir da, desenvolver estratgias adequadas de interveno. Com tal propsito, a

    terapia cognitivo-comportamental utiliza uma variedade de estratgias. Um nmero

    cada vez maior de estudos tem investigado a aplicao de conhecimentos psicolgicos

    a problemas relacionados sade dos indivduos. A teoria cognitivo-comportamental

    vem mostrando sua aplicabilidade nesse campo, atravs de pesquisas que analisam a

    influncia dos processos cognitivos nos comportamentos de sade e doena dos

    sujeitos. Algumas tcnicas cognitivo-comportamentais que so utilizadas no

    consultrio podem ser aplicadas para a compreenso e manejo de problemas de

    sade, como o exerccio de formulao de casos, dessensibilizao sistemtica,

    relaxamento muscular, respirao diafragmtica, distrao cognitiva e treinamento em

    habilidades sociais. O objetivo desse artigo apresentar e discutir a aplicabilidade da

    teoria cognitivo-comportamental na compreenso do processo sade-doena,

    especialmente no contexto hospitalar. Para isto, sero apresentadas algumas tcnicas

    e pesquisas descritas na literatura cientfica, assim como casos clnicos para ilustrar

    possveis aplicaes prticas. importante que o psiclogo tenha um amplo domnio

    dos aspectos tericos da terapia cognitivo-comportamental para que consiga entender

    quando e como aplicar as tcnicas, tornando esse tema relevante para a prtica dos

    psiclogos.

    Palavras-chave: terapia cognitivo comportamental, psicologia da sade, psicologia

    hospitalar

    Abstract:

    Health psychology has as one of its objectives the knowledge and understanding of

    variables that influence peoples health and illness behavior to, from this point, develop

    appropriate interventions. Cognitive behavior therapy, with that same interest, uses a

    range of strategies. A number of growing studies are investigating the applicability of

    psychological knowledge to health problems. Cognitive behavior theory is showing

    improved applicability to this field through researches that investigate cognitive

    processing in health and illness. Some clinical cognitive behavior interventions can be

    used for coping and understanding health problems, as case formulation, systematic

    desensitization, progressive muscular relaxation, diaphragmatic breathing, cognitive

    distraction and social skills training. The objective of this article is to present and

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    discuss cognitive behavior therapy applicability to the understanding of the health and

    illness process, especially in the hospital context. With this purpose some techniques

    and studies found in the current scientific literature and clinical cases are presented to

    illustrate practice applicability. It is important that psychologists have knowledge of the

    cognitive behavior theory for proper understanding and use of the techniques.

    Keywords: cognitive behavior therapy, health psychology, hospital psychology

    INTRODUO

    A Psicologia da Sade uma rea que utiliza conhecimentos da cincia

    psicolgica para obter uma melhor compreenso do processo sade-doena e

    aumentar a eficcia das aes de sade (Straub, 2005). Os psiclogos da sade esto

    preocupados com a investigao de aes que objetivam desde a promoo e

    preveno da sade at o tratamento e reabilitao de doenas. O comportamento de

    sade / doena deve ser visto como algo complexo e dinmico. Diferentes variveis

    (biolgicas, psicolgicas, culturais, sociais e econmicas) esto em constante

    interao, podendo influenciar todo o processo de sade do indivduo, desde sua

    tomada de deciso em relao adeso a determinado tipo de tratamento at a real

    eficcia deste.

    Embora o termo Psicologia da Sade seja utilizado internacionalmente, Castro &

    Bornholdt (2004) ressaltam que no Brasil muito comum o uso do termo Psicologia

    Hospitalar. Na verdade, trata-se de dois campos complementares: o primeiro refere-se

    aplicao da psicologia no nvel primrio, secundrio e tercirio e o segundo envolve

    prioritariamente intervenes secundrias e tercirias1.

    A atuao dos psiclogos nos hospitais gerais brasileiros um fato

    historicamente recente. H registros de que os primeiros psiclogos ingressaram nos

    hospitais de forma lenta e gradual, a partir da dcada de 50 (Lamosa, 1987). Eram

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    contratados, inicialmente, para a aplicao de testes psicolgicos para a realizao de

    psicodiagnsticos ou ainda para a rea de recrutamento e seleo. Progressivamente,

    os psiclogos foram se aproximando da rea clnica, sendo chamados para trabalhar

    com o que veio a ser um dos objetivos principais desse campo de conhecimento: o

    suporte aos pacientes, suas famlias e s equipes de sade.

    De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2007), Psicologia Hospitalar

    uma especialidade que, dentre outras funes, oferece e desenvolve atividades em

    diferentes nveis de tratamento.

    Sua principal tarefa () a avaliao e o acompanhamento de intercorrncias

    psquicas dos pacientes que esto ou sero submetidos a procedimentos

    mdicos, visando basicamente a promoo e/ou recuperao da sade fsica

    e mental. Promove intervenes direcionadas relao mdico/paciente e do

    paciente, paciente/famlia e paciente/paciente e do paciente em relao ao

    processo do adoecer, hospitalizao e repercusses emocionais que emergem

    neste processo. (Conselho Federal de Psicologia, 2007, p. 21)

    A definio do Conselho Federal de Psicologia no exclui aes de promoo

    sade. No entanto, o que ocorre na prtica que os psiclogos hospitalares no Brasil

    esto envolvidos basicamente em aes secundrias, ou seja, oferecendo suporte aos

    familiares, pacientes ou equipes de sade. Isso acontece porque as aes dos hospitais

    concentram-se basicamente nas intervenes curativas, o que pode ser explicado pela

    histria da sade pblica do pas. No Brasil, as polticas de sade esto centradas no

    modelo clnico/assistencialista desde a dcada de 40, priorizando aes curativas e

    deixando, em segundo plano, aes ligadas sade coletiva. Dentro desse modelo, o

    hospital assumiu fundamental importncia, pois passou a ser o smbolo das aes de

    sade (Sebastiani, 1999).

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    Ainda que o nmero de psiclogos que trabalham nos hospitais brasileiros

    venha crescendo a cada ano, parece que nem sempre estes profissionais esto aptos a

    trabalhar nesse campo (Pereira, 2003). Muitos destes, motivados mais pelo emprego

    do que pelo campo de conhecimento, ingressam no hospital sem saber ao certo quais

    so suas verdadeiras funes. De acordo com Chiattone (2000), a mera transposio

    do mtodo de atendimento no consultrio para o mbito hospitalar pode ser

    desastrosa, uma vez que a especificidade de cada um desses contextos delimita

    objetivos e metodologias diferentes de atuao do psiclogo.

    Uma das diferenas em relao ao setting teraputico. Em geral, os servios

    podem estar referenciados a enfermarias, ambulatrios e centros cirrgicos. Cada um

    desses espaos oferecer ao psiclogo um contexto de atuao totalmente diferente

    em relao ao tipo de demanda, objetivos e forma de trabalhar em equipe.

    Outro fator que delimita o atendimento hospitalar o tempo. Este, no hospital,

    refere-se ao aqui-agora, ao urgente. necessrio no deixar questes em aberto, no

    explorar aspectos passados que mobilizem questes que, embora possam ser

    importantes para o sujeito, dificilmente podero ser trabalhadas com qualidade

    suficiente durante um curto perodo de internao. necessrio privilegiar

    atendimentos objetivos, que explorem questes relativas ao adoecimento e

    hospitalizao.

    A atuao em hospitais no est vinculada a nenhuma teoria especfica da

    psicologia. Podem atuar nesse espao profissionais das mais diferentes abordagens,

    como gestalt-terapeutas, lacanianos, freudianos, comportamentais, entre outros.

    Nesse sentido, o hospital caracteriza-se como um rico campo de pesquisa e atuao

    psicolgica, independente do referencial terico utilizado. No entanto, as

    caractersticas que o prprio contexto hospitalar impe, j anteriormente citadas,

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    parecem privilegiar aes mais objetivas e diretivas, como as intervenes cognitivo-

    comportamentais.

    Existem vrios estudos que investigam a eficcia da terapia cognitivo-

    comportamental (TCC) individual e em grupo em relao a problemas de sade.

    Pesquisas investigam a TCC no tratamento de vrias doenas como na sndrome do

    clon irritvel (Taylor, Read & Hills 2004; Tkachuk, Graff, Martin & Bernstein, 2003);

    doena obstrutiva pulmonar crnica (Livermore, 2008; Cully, Graham, Stanley &

    Kunik, 2007); cncer (Antoni et al., 2006); doena de Parkinson (Macht, Pasqualini &

    Taba, 2007); fadiga crnica (Saxty & Hansen 2005; Wittkowski, 2004) e artrite

    reumatide (Sharpe, Sensky, Timberlake, Allard & Brewin, 2001), para citar alguns

    exemplos.

    O objetivo desse artigo apresentar e discutir a aplicabilidade da teoria

    cognitivo-comportamental na compreenso do processo sade-doena, especialmente

    no contexto hospitalar. Para isto, sero apresentadas algumas tcnicas e pesquisas

    descritas na literatura cientfica, assim como casos clnicos para ilustrar possveis

    aplicaes prticas.

    O Modelo Cognitivo-Comportamental

    A Terapia Cognitiva, criada por Aaron Beck na dcada de 60, consiste em uma

    abordagem diretiva, objetiva, focada no aqui-agora, de tempo limitado e baseada no

    mtodo cientfico (Beck, Rush, Shaw & Gary, 1997). Adota o modelo biopsicossocial e

    considera a influncia de fatores psicolgicos, ambientais, biolgicos e sociais como

    fundamentais para o entendimento do comportamento humano. De acordo com a

    Terapia Cognitiva, os transtornos psicolgicos decorrem de um modo distorcido ou

    disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando o afeto e o comportamento.

    No entanto, relevante ressaltar que isso no significa que os pensamentos causam os

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    problemas emocionais, mas sim que modulam e mantm as emoes disfuncionais,

    independente de suas origens (Falcone, 2001). A maneira como um indivduo

    interpreta situaes especficas (e no as situaes em si) influencia seus sentimentos,

    motivaes e aes. Portanto, o foco do modelo cognitivo est na interao entre

    pensamentos, sentimentos e comportamentos. O objetivo fundamental desta terapia

    a mudana do comportamento do indivduo atravs da modificao de seus

    pensamentos.

    Os estudos e pesquisas no campo da psicologia da sade e da psicologia

    hospitalar vo ao encontro dessa proposta. A aplicao dessa abordagem na psicologia

    da sade recente e tem crescido nas ltimas dcadas, principalmente no que se

    refere ao reconhecimento da importncia das crenas dos pacientes em relao ao

    processo sade/doena.

    A maneira como os indivduos reagem aos sintomas tambm bastante

    influenciada por suas percepes de sade e doena, chamadas de

    representaes da doena (ou esquemas). As representaes da doena

    influenciam a sade de vrias maneiras, seja influenciando os

    comportamentos preventivos das pessoas, seja afetando a maneira como elas

    reagem ao surgimento de sintomas. (Straub, 2005, p. 430)

    Pacientes com problemas mdicos muitas vezes se vem buscando um delicado

    equilbrio entre manter e abrir mo do controle de suas vidas, principalmente em

    situaes onde passam a precisar da ajuda dos outros, como nos casos de internao.

    Na hospitalizao ocorre um processo de despersonalizao, em que a pessoa perde o

    controle de muitos aspectos de sua vida. A maneira como um paciente se adapta a

    uma experincia de hospitalizao depende de muitos fatores, como a natureza do

    problema de sade, a idade, presena de apoio emocional, estilo cognitivo e

    estratgias de enfrentamento (coping). O psiclogo pode atuar facilitando essa

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    experincia, e muitos aspectos da terapia cognitiva so favorveis a esse propsito.

    Podem ser listadas, pelo menos, cinco vantagens: (1) o fato de ser uma abordagem

    diretiva, estruturada e focada no aqui-agora, faz com que se torne adequada ao

    setting hospitalar; (2) a atitude emptica, adotada como um de seus elementos

    fundamentais, favorece o suporte emocional ao paciente; (3) a adoo de uma

    linguagem clara e objetiva e a tcnica da psicoeducao auxiliam a diminuir a

    ansiedade e a melhorar a comunicao entre paciente, equipe e famlia; (4) o uso de

    tcnicas especficas para manejo da dor, ansiedade e depresso, ajuda a preparao

    do paciente para o pr e ps-operatrio; e (5) a identificao e correo de crenas

    disfuncionais do indivduo em relao a sua sade/doena, que podem prejudicar sua

    recuperao contribui para uma boa adeso ao tratamento. Enfim, existem vrios

    procedimentos adotados pela TCC que podem contribuir para a diminuio do

    sofrimento inerente a uma internao hospitalar. Sero vistos, a seguir, a aplicao de

    alguns desses recursos de forma mais detalhada.

    Tcnicas Cognitivo-Comportamentais Aplicadas Psicologia da Sade

    Um dos objetivos da Psicologia da Sade conhecer e compreender os fatores

    que influenciam os comportamentos das pessoas em relao sade e a enfermidade

    para, a partir da, desenvolver estratgias adequadas de interveno. Com tal

    propsito, a TCC utiliza uma variedade de estratgias.

    Vale ressaltar que o papel das tcnicas em terapia no reduzir o ser humano a

    uma concepo de realidade, e sim instrumentar o processo teraputico. Cabe ao

    terapeuta selecionar de forma adequada o uso das intervenes, exigindo-se para isso

    uma postura cautelosa. As escolhas dos procedimentos na abordagem cognitivo-

    comportamental no so de simples manejo, como aparentam em um primeiro

    momento. So bem fundamentadas pela abordagem e exigem conhecimento dos

    princpios da terapia para sua utilizao.

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    Uma terapia a mistura da cincia e da arte, o terapeuta assume um papel

    duplo: o de cientista e o de artista. Considera-se ento, que as tcnicas so

    possveis caminhos de transio nessa tarefa dupla do terapeuta. ( Jasnow,

    1978 citado por Silva, 2004)

    As variveis cognitivas podem agir no sentido de promover a modificao de

    comportamentos, estimulando a adoo de padres de enfrentamento mais

    adaptativos, tanto por parte dos pacientes como dos profissionais envolvidos. Isso

    significa dizer que a forma como o paciente interpreta sua doena, sintomas,

    tratamento e prognstico ir influenciar seus sentimentos e sua reao

    comportamental. Essas interpretaes podero facilitar ou dificultar a adeso ao

    tratamento, tanto na enfermaria como no ambulatrio. Portanto, um dos primeiros

    objetivos do psiclogo cognitivo-comportamental no hospital identificar as

    interpretaes do paciente acerca de seu processo sade-doena para iniciar um

    trabalho de reestruturao de pensamentos disfuncionais, adotando interpretaes que

    tenham base em evidncias existentes na realidade ao invs da considerao de

    premissas irracionais.

    1. Conceituao e Formulao de Problemas Mdicos em TCC

    Uma formulao delineia como um problema, queixa ou sintoma surgiu, como

    se manifesta e o que o mantm. o elo entre teoria e prtica, onde uma explicao

    formada, a partir da integrao de aspectos fsicos, psicolgicos e sociais que norteiam

    a interveno. Essa explicao sempre considerada como uma hiptese, podendo ser

    reformulada em funo de elementos novos ou mal compreendidos. Toda formulao

    deve ser devolvida e discutida com o paciente, de forma que ambos, terapeuta e

    paciente, possam entender o que est acontecendo. A formulao ajuda o paciente a

    sentir maior controle, aumentando sua auto-eficcia e diminuir sua ansiedade. Alm

    disso, forma uma aliana colaborativa com o terapeuta, que incentiva uma postura

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    ativa para a resoluo ou melhoria do quadro. Atravs da formulao, tambm fica

    mais claro para o paciente a relao entre pensamento - sentimento - comportamento

    e como esses fatores podem influenciar no problema mdico e vice-versa.

    De acordo com White (2000) podemos fazer uma diferenciao entre dois nveis

    de formulao: um nvel de formulao de caso e um nvel de formulao de problema.

    No nvel da formulao de problemas ocorre a aplicao dos princpios da teoria

    cognitiva para a compreenso dos fatores que contriburam para a ocorrncia,

    severidade e natureza de um problema especfico, por exemplo, um paciente se

    queixando de dor lombar crnica pode ter uma conceituao do problema,

    identificando pensamentos, sentimentos e comportamentos envolvidos nessa queixa

    especfica. A interveno delimitada queixa apresentada naquele momento. Essa

    interveno muito til em situaes ambulatoriais em que a interveno do psiclogo

    no hospital precisa ser focal. Algumas perguntas podem ser teis nesse nvel de

    interveno, como descritas na figura 1.

    O nvel de formulao de caso uma interveno mais profunda e abrangente

    que busca integrar todos os aspectos possveis da vida do paciente, incluindo

    informaes sobre experincias prvias com doena, informaes sobre crenas

    pessoais e acerca do problema mdico.

    Figura 1. Perguntas teis para formulao de problemas (White, 2000)

    Quais pensamentos, comportamentos ou fatos fazem esse problema piorar ou melhorar?

    Qual o ponto central que est influenciando as mudanas na intensidade dos sintomas?

    O que precisaria mudar para que os pensamentos, comportamentos e sentimentos causassem menos problema?

    O que faz disso um problema para o paciente?

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    importante analisar como todas essas variveis interferem na vida da pessoa

    naquele momento, como influenciam seus comportamentos e sentimentos. Nesse

    nvel, monta-se uma folha de conceituao cognitiva do caso, essa conceituao

    resumindo os aspectos mais importantes ativados no problema mdico atual,

    relacionando o modo de funcionar antes e aps a doena. Essa conceituao inclui os

    aspectos do modelo cognitivo descrito por Beck et al. (1997), como situaes,

    sentimentos, pensamentos automticos, comportamentos recorrentes. Com base no

    significado desses pensamentos automticos e os dados relevantes da histria de vida

    chega-se hiptese de uma crena central, das suposies condicionais usadas para

    lidar com essa crena (uma positiva e outra negativa) e as estratgias

    comportamentais que a pessoa utiliza para lidar com a crena sem a doena, no incio

    da doena e atualmente. Algumas perguntas so teis nesse nvel, como mostra a

    figura 2.

    Figura2. Perguntas teis para a formulao de caso (White, 2000)

    Porque esse problema especfico aconteceu com essa pessoa nesse momento de sua vida?

    Quais componentes esto interligados ao problema?

    Quais eventos da vida dessa pessoa so mais importantes para entender o que est acontecendo agora?

    Existem momentos ou existiram momentos em que isso no foi um problema para esse paciente? Por qu?

    Existem elementos cognitivos, comportamentais ou emocionais que explicam o problema?

    Quais os eventos mais importantes que influenciam as crenas dessa pessoa sobre seu problema mdico?

    Quais so as crenas dessa pessoa quanto a seu problema, o tratamento, os mdicos e outros profissionais envolvidos que podem estar influenciando em seu enfrentamento?

    Como o passado dessa pessoa pode estar relacionado a maneira como ela est lidando com o problema mdico?

    Essa pessoa desenvolveu estratgias para lidar com esse problema mdico? Quais? So efetivas? E como se relacionam com o curso da doena e com sua histria de vida?

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    Abaixo segue o exemplo de um caso e sua formulao nos dois nveis,

    formulao ao nvel de caso (figura 3) e formulao ao nvel de problema (figura 4).

    Exemplo de Caso:

    J.A, sexo feminino, tem 45 anos, casada h 20 anos e tem dois filhos (menino

    de oito e menina de 10). Seu pai falecido e sua me tem mal de Alzheimer, vivendo

    atualmente em instituio particular para idosos. Possui um irmo de 35 anos que

    mora fora do Brasil. Relata sentir-se sobrecarregada com os problemas da me, a

    quem visita todos os dias e exige que os filhos e marido a acompanhem no final de

    semana. Muitas vezes isso motivo de briga. Relata que sua infncia foi comum

    embora sentisse cimes do irmo. Diz que os pais tinham preferncia por ele, tecendo

    inmeros elogios e considerando-o brilhante, opinio compartilhada por J.A. Os pais

    cobravam que tomasse conta dele, dando um bom exemplo. Considera que na escola

    apresentava desempenho mdio, ficando sempre por volta da mdia oito. Nunca

    repetiu nem ficou de recuperao. Os seus pais sempre acharam que isso era

    obrigao e no mrito. A famlia de J.A era bastante exigente, seu pai cobrava

    sempre comportamentos considerados bons, como notas altas, dedicao a casa,

    arrumao e organizao. Relata que quando criana, ao se machucar, o pai sempre

    lhe dizia para engolir o choro pois ela era forte e que no precisava chorar. Sua me

    era mais afetuosa porm jamais enfrentava o pai. Costumava dizer que mulher deve

    sempre agradar o marido.

    J.A se considera dedicada, formou-se em engenharia qumica e trabalha em

    empresa do setor pblico. Gosta de seu trabalho e considera-se exigente, sempre

    buscando a perfeio. Sua dedicao ao trabalho grande, ficando na empresa por

    volta de 12 horas dirias, muitas vezes se alimentando e dormindo mal. Est acima do

    peso e faz dietas rpidas, como uma semana de sopa, mas sempre volta a engordar.

    No tem tempo para atividade fsica. Quando chega do trabalho cobra dos filhos

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    estudo (tarefas de casa do colgio) e prepara o jantar. A famlia tem o hbito de jantar

    unida. Seu marido trabalha como engenheiro em outra empresa, tambm o

    equivalente a ela em horas. Quando sai do trabalho vai sempre a academia, J.A. relata

    que ele vaidoso, faz questo de fazer atividade fsica e alimentar-se bem. Ela o

    estimula, s fazendo questo de sempre saber onde ele est. Age assim tambm com

    os filhos. Considera sua responsabilidade cuidar da casa e da rotina dos filhos. Por ficar

    preocupada com o futuro deles, acha importante ser exigente para prepar-los melhor

    para a vida, considerada por ela como difcil.

    H 1 ano J.A recebeu o diagnstico de cncer de mama e fez sua 1 cirurgia.

    Relata estar h 2 anos sem tempo de ir ao ginecologista, e quando foi diagnosticada o

    tumor estava avanado, teve de fazer retirada total do seio e atualmente est fazendo

    quimioterapia.

    Em um primeiro momento sua reao foi otimista (fui forte), enfrentou a

    cirurgia, ia ao mdico sozinha e resolvia tudo. Porm, aps receber a notcia da

    necessidade de quimioterapia, J.A passou a ficar irritada, agredindo verbalmente

    marido, filhos e mdicos. Procura se isolar, no conversa sobre o problema com a

    famlia e sempre que tocam no assunto ela agressiva. No dorme mais no mesmo

    quarto do marido, sentindo-se aleijada, imperfeita e apresentando os seguintes

    pensamentos: ele no pode ver isso, horrvel; no preciso dele, nem de ningum,

    sempre me virei sozinha e posso continuar assim, eu que sei da minha vida.

    Est recebendo acompanhamento de uma terapeuta quando vai a clinica para

    receber a quimioterapia. Aceitou conversar com ela somente por achar que no tem

    nada para fazer mesmo, tanto faz, meu mdico faz questo e para ele no me encher

    eu aceito. Em uma conversa com a terapeuta J.A. disse sentir raiva da doena, sente-

    se culpada por no ter visto antes ( culpa minha e vou sofrer sozinha, ningum pode

    sofrer por minha estupidez e descuido; Como pude ser to burra!; Sou um fracasso

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    total, me descuidei; No tem mais jeito; Essa doena uma punio porque nunca

    me esforcei o suficiente na vida; Agora tenho mais que sofrer; No posso parar de

    cuidar da casa e dos filhos e no posso parar de visitar minha me... mas me sinto

    cansada e muitas vezes enjoada para fazer as coisas... isso me arrasa). Atualmente

    J.A no segue as recomendaes mdicas de dieta e repouso, muitas vezes fazendo

    coisas alm do limite fsico e prejudicando-se com isso.

    No nvel de formulao de caso, deve ocorrer a identificao de estruturas mais

    profundas do modelo cognitivo, as crenas centrais, suposies condicionais e

    estratgias comportamentais. As interpretaes que um indivduo faz do mundo

    estruturam-se progressivamente, durante seu desenvolvimento, formando crenas,

    regras ou esquemas. Estes ajudam a orientar, organizar, selecionar suas novas

    interpretaes, bem como ajudam a estabelecer critrios de avaliao de eficcia ou

    adequao de sua ao no mundo (Rang, 2001).

    Figura 3. Exemplo de formulao de caso

    Situao 1

    Aproximao do marido para sexo

    Situao 2

    Pensando na doena

    Situao 3

    No conseguindo visitar a me

    Pensamentos Automticos

    Ele no pode ver isso, horrvel!

    Pensamentos Automticos

    culpa minha como pude no me cuidar

    Pensamentos Automticos

    culpa minha, essa doena um castigo

    Significado

    Sou imperfeita

    Significado

    Sou um fracasso

    Significado

    Fracassei

    Emoo

    Tristeza;Vergonha

    Emoo

    Tristeza

    Emoo

    Raiva; Desespero

    Comportamento

    Dormir em outro quarto

    Comportamento

    Se isolar

    Comportamento

    Ir mesmo sem foras

    Dados relevantes da infncia Dados da vida atual

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

    203

    Cimes do irmo, considerado como brilhante

    Dar bom exemplo por ser mais velha

    Pai exigente e cobrador

    Me afetuosa mas submissa ao pai

    Criticada ao expressar sentimentos, p.ex.,chorar pois devia ser forte

    Profissional reconhecida

    Casamento estvel h 20 anos

    Dois filhos (8 e 10 anos)

    Me doente

    Diagnstico de cncer de mama

    Retirada do seio

    Quimioterapia

    Crena central

    Sou um fracasso

    Suposies condicionais

    + Se me esforar conseguirei vencer e ter sucesso

    - Se erro porque no me esforcei o suficiente e sou um fracasso

    Comportamentos

    Sem doena Incio da doena Atualmente, no hospital

    Responsvel por tudo da casa e filhos / Cobra comportamentos de excelncia deles / Visita a me todos os dias

    Trabalho intenso 12 hs/dia

    Alimentao ruim e corrida

    Sedentarismo

    Pouco cuidado com a sade

    Procura dar conta de tudo que sempre fez, com a mesma eficincia

    Se esfora no tratamento indo a mdicos sempre sozinha; no pede ajuda

    Comportamento agressivo com famlia e equipe

    Isolamento

    Insiste em fazer tudo como antes mas muitas vezes no consegue. Ultrapassa seu limite prejudicando sua sade; no segue recomendao de repouso/dieta

    Pensamentos ou regras

    Sem doena Incio da doena Atualmente, no hospital

    Devo trabalhar duro e dar conta de tudo.

    Essa doena no nada; vou resolver.

    A culpa minha porque no me esforcei o suficiente.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    Preciso exigir dos meus filhos para que eles sejam fortes e tenham sucesso na vida.

    Demorei para descobrir e agravou. Agora problema meu e devo resolver sozinha.

    No preciso de ajuda.

    No tem mais jeito: essa doena uma punio por no ter me cuidado.

    Preciso continuar dando conta de tudo.

    Figura 4. Exemplo de formulao de problema

    Ao receber a quimioterapia, pensando na doena:

    Entre os esquemas de um indivduo, um ou alguns deles tendem a se estruturar

    como mais centrais, funcionando como condensador (es) das experincias recorrentes

    e/ou marcantes da relao com as pessoas significativas de sua formao. Uma crena

    central funciona como uma matriz das interpretaes momentneas das relaes de

    um indivduo com o mundo e dispara pensamentos automticos que vo influenciar

    sentimentos e comportamentos. As suposies condicionais ajudam o indivduo a

    funcionar cognitivamente em resposta crena central, sendo uma suposio mais

    positiva e outra mais negativa, modulando sua ao e interpretao dos

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    acontecimentos. As estratgias comportamentais se referem ao como, ou seja, quais

    comportamentos o indivduo desenvolve em resposta crena central. A identificao

    e modificao dessas estruturas mais complexas fundamental para uma resposta

    teraputica duradoura em terapia cognitiva. J a abordagem ao nvel do problema

    focal, objetivando a soluo de problemas imediatos.

    2. Distores Cognitivas

    Um dos objetivos da terapia cognitivo-comportamental identificar e modificar

    distores do pensamento que possam estar trazendo sofrimento ao indivduo. As

    distores cognitivas, como so chamadas, representam formas de interpretao que,

    em geral, privilegiam somente parte das informaes disponveis no meio em que a

    pessoa est inserida. Como no correspondem a uma forma de pensar baseada na

    anlise completa das evidncias, podem fazer com que o indivduo chegue a

    concluses falhas, limitando a percepo da situao e disparando sentimentos,

    reaes fsicas e comportamentos disfuncionais.

    Embora todos os indivduos possam apresentar distores cognitivas, elas se

    apresentam com mais freqncia nos transtornos psicolgicos. De acordo com Beck et

    al. (1997) cada transtorno emocional teria uma temtica especfica. Nos quadros

    depressivos, o contedo dos pensamentos giraria em torno da desvalorizao e perda;

    nos ansiosos estariam presentes interpretaes de perigo e ameaa e nas fobias, as

    preocupaes sobre perigos situacionais.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    Figura 5. Tipos de distores cognitivas

    Tipo de distoro cognitiva Definio Exemplo

    Catastrofizao Pensar que ir acontecer a pior possibilidade no futuro, excluindo outros possveis desfechos.

    Vou ter que amputar minha perna (aps receber o diagnstico de diabetes)

    Pensamento tudo ou nada Interpretar a situao de forma polarizada, em dois extremos ao invs de um continuum. como se a pessoa enxergasse o preto ou o branco, sem considerar escalas de cinza.

    Ou fico bom com esse tratamento ou no terei mais jeito.

    Pra que adianta controlar a doena? Ou ela tem cura ou no tem!.

    No adiantou nada eu tentar prevenir, foi uma total perda de tempo.

    Adivinhao Achar que sabe o que ir acontecer no futuro, antecipando situaes que talvez no cheguem a ocorrer.

    A cirurgia no dar certo.

    Leitura Mental Tentar adivinhar, e tomar como verdade, o pensamento de outras pessoas sem evidncias suficientes.

    Ele no gostou dos meus exames.

    O mdico me olhou estranho....ele est me escondendo algo srio.

    A enfermeira ainda no veio aqui no meu leito. Ela no deve agentar mais minhas reclamaes de dor.

    Hipergeneralizao Criar um padro a partir de um dado especfico.

    O resultado do meu exame atrasou. Sempre acontece algum tipo de problema comigo.

    J acordei com dor. Ela nunca vai terminar, vai arruinar toda minha semana.

    Tudo o que doena ruim aparece em mim.

    Desqualificao do Positivo Tendncia a no considerar as evidncias positivas de uma situao, priorizando, ao invs disso, as negativas.

    O mdico estou reagindo bem ao tratamento mas tenho certeza de que ele s est falando isso pra no me deixar preocupada. Na verdade, minha situao deve ser mesmo muito grave.

    Rotulao Criar um rtulo inflexvel e absoluto ao invs de avaliar a especificidade da situao.

    Estou sempre doente. Sou uma pessoa intil, as pessoas no podem contar comigo.

    Cncer no tem jeito: sinal de dias contados.

    Questionalizao (e se?) Pensar em atitudes que poderiam ter sido tomadas no passado e culpar-se por isto, como se pudesse ter controle total sobre o futuro.

    Se eu tivesse consultado outro mdico talvez tivesse diagnosticado a doena mais cedo;

    Se eu tivesse feito o exame talvez no estivesse to doente agora;

    Como fui burro! Se eu tivesse ido para um hospital particular eu no teria pego essa infeco.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    Existem vrios tipos de distores. Apresentaremos, a seguir, exemplos de

    pensamentos comuns presentes nos pacientes hospitalares (Figura 5).

    3. Treinamento de Habilidades Sociais

    O treinamento em habilidades sociais (THS) no pode ser considerado uma

    tcnica e sim um campo de estudo abrangente, porm est colocado aqui de forma

    resumida por usar diversas tcnicas cognitivas e por ter uma contribuio rica na

    psicologia da sade.

    O campo de estudo das habilidades sociais um campo recente que vem

    recebendo cada vez mais ateno, principalmente pela relao existente entre o

    repertrio de habilidades sociais e a sade, a satisfao pessoal, a realizao

    profissional e a qualidade de vida (Del Prette e Del Prette, 2001).

    Um exemplo de aplicao do THS na psicologia da sade sua utilizao com

    pacientes com dor crnica. Na literatura cientfica, muitos estudos tm includo o treino

    assertivo e de habilidades de comunicao no tratamento de pacientes com dor crnica

    (Cowan e Lovasike,1991; Corbin, Hanson, Hopp e Whitley ,1988; Philips, 1998; Caudill

    1998; Winterowd, Beck e Gruener ,2003 e Penido, Rang e Fortes, 2005).

    Os resultados de um estudo sobre habilidades sociais em pacientes com

    fibromialgia e artrite reumatide indicaram que, em comparao com um grupo

    controle sem dor crnica, os grupos com dor apresentaram um repertrio de

    habilidades sociais mais comprometido, e, especificamente o grupo com fibromialgia,

    apresentou maior dificuldade nas habilidades assertivas dizer no e pedir mudana de

    comportamento (Penido, 2004).

    Um exemplo do Treinamento de Habilidades Sociais com dor crnica em

    relao ao tpico responsabilidade, uma forma de lidar com os problemas

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    responsabilizar os outros, normalmente isso aparece em frases iniciadas por voc.

    Em geral, esse tipo de comunicao gera uma resposta defensiva no outro, uma vez

    que o foco da comunicao est no outro. Afirmativas do tipo: Voc no liga para o

    meu problema!; A culpa sua, est sempre me pressionando! so exemplos disto.

    Os pacientes podem aprender a identificar quando esto usando frases que comeam

    por voc e tentar modificar para frases que comeam com eu.

    Outra forma de responsabilizar os outros iniciar frases perguntando por que.

    Geralmente o objetivo de iniciar uma frase com por que entender os motivos do

    outro para ter agido de uma determinada forma, porm tende a colocar o outro na

    defensiva com a sensao de ter de se explicar. Esse tipo de pergunta tende a ter um

    efeito negativo. Exemplos: Por que voc no me ajuda mais?; Por que voc

    sempre to impaciente comigo?; Por que voc grita comigo?; Por que voc no liga

    para minha dor?. Em terapia, os pacientes podem aprender a transformar essa

    comunicao em um modo mais positivo, uma vez que eles j aprenderam a

    compreender a si mesmo e ao outros, identificando pensamentos, sentimentos e

    objetivos (Figura 6).

    Programas para desenvolvimento de habilidades sociais so amplamente usados

    para melhorar a comunicao, sendo aplicado em trabalhos com enfermeiros, mdicos

    e pacientes.

    4. Relaxamento

    O relaxamento pode ser definido com um esforo geral para se diminuir a

    excitabilidade do organismo. Podem ser usadas diferentes tcnicas com esse objetivo,

    como a respirao diafragmtica, imagem mental relaxante e relaxamento muscular

    progressivo, descritas a seguir.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    Uma forma de relaxar atravs da respirao. Um exemplo de respirao

    profunda a diafragmtica, cujo procedimento o de encher o pulmo todo de ar,

    inclusive a parte inferior do pulmo, geralmente no utilizada na respirao pois a

    musculatura diafragmtica comprime essa regio, fazendo com que essa pequena rea

    no seja aproveitada. Ao movimentarmos o diafragma para baixo, ou seja, "enchendo

    a barriga", promovemos a inspirao. O vcuo existente entre o diafragma e os

    pulmes faz com que esses se encham de ar, resultando em uma boa oxigenao.

    Movimentando-se o diafragma para cima, ou seja, "encolhendo a barriga",

    promovemos o total esvaziamento dos pulmes, com ausncia de resduos de CO2.

    Esse tipo de respirao calmante.

    Figura 6. Exemplos de comunicao assertiva

    No eficaz Eficaz

    Por que voc no me ajuda mais? Eu gostaria muito que voc me ajudasse mais nas tarefas domsticas. Tenho me sentido sobrecarregada. Entendo que deve ser difcil tambm para voc, ser que poderamos tentar entrar em acordo? Isso me faria muito bem.

    Por que voc sempre to impaciente comigo?

    Ultimamente eu tenho percebido que voc anda um pouco irritado e impaciente comigo. Eu estava pensando se poderamos conversar sobre isso.

    Por que voc grita comigo?. Eu gostaria que voc me ajudasse a entender o que est acontecendo com voc, fico magoada quando voc grita comigo.

    Por que voc no liga para minha dor? s vezes eu fico pensando que o meu problema da dor est tambm te fazendo sofrer... gostaria muito de entender como voc se sente em relao a isso. Podemos sentar para conversar?

    Pode-se aliar a respirao diafragmtica a uma imagem mental relaxante. Neste

    caso, pede-se ao paciente para deixar vir mente uma imagem bem tranqila,

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    ocorrida em algum momento de sua vida. Aps identificar a cena, o terapeuta explora

    os detalhes mais relaxantes e as sensaes. A descrio da cena deve incluir os

    elementos emocionais (sinais visuais, sons, sensaes de movimento, temperatura)

    que induzem a uma sensao de tranqilidade. Posteriormente, o paciente deve

    utilizar a cena como recurso de relaxamento

    Um tipo de relaxamento muito utilizado, principalmente no manejo da dor

    crnica e ansiedade, o muscular progressivo. Esse relaxamento, proposto por

    Jacobson, ajuda o paciente a identificar diferentes nveis de tenso do organismo e

    livrar os msculos de tenso (Rang, 2001). Nesta tcnica utilizada a contrao

    muscular seguida de relaxamento, de diversos grupos musculares, iniciando pelos

    membros, depois o tronco e a cabea. Atravs desse treino, a pessoa aprende a

    identificar e diferenciar nveis de tenso muscular podendo relaxar a musculatura

    quando ainda est se iniciando a tenso.

    Alguns estudos apontam a eficcia do uso de tcnicas de relaxamento em

    problemas mdicos. Um estudo realizado por Aivazyan, Zaitsev, Salenko, Yurenev &

    Patrusheva (1988), investigando o uso do relaxamento em pacientes hipertensos,

    concluiu que o uso de tcnicas de relaxamento produziu uma diminuio da presso

    arterial em comparao a um grupo controle. Burish e Jenkins (1992) pesquisaram o

    uso de tcnicas de relaxamento na diminuio dos efeitos colaterais de pacientes

    submetidos quimioterapia. Este estudo, envolvendo 81 sujeitos, concluiu a eficcia

    da tcnica. McCain et al. (2008) realizaram um estudo randomizado com 252

    indivduos HIV positivo, avaliando o uso de tcnicas de relaxamento no aumento da

    resposta imunolgica desses pacientes. Tambm nessa pesquisa foi encontrada uma

    resposta positiva da tcnica em comparao a um grupo controle. Dessa forma, o uso

    de tcnicas de relaxamento no setting hospitalar pode ser considerado uma forma de

    interveno muito til e variada.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

    211

    5. Dessensibilizao Sistemtica

    A dessensibilizao sistemtica, criada por Wolpe na dcada de 40, das

    principais tcnicas utilizadas no tratamento de fobias (Choy, Fyer & Lipsitiz, 2007). Ela

    consiste em treinar o indivduo para que permanea relaxado ao se expor s situaes

    que lhe causem ansiedade. Para isto, primeiramente o paciente submetido ao ensino

    e treino de tcnicas de relaxamento. Depois uma escala crescente de ansiedade

    construda, junto com o terapeuta, onde todas as situaes temidas so listadas e

    organizadas hierarquicamente de acordo com o grau de medo que provoca no

    indivduo. Pode-se utilizar uma escala de 0 a 100, onde 0 so as situaes de nenhuma

    ansiedade e 100 as que provocam maior ansiedade.

    Aps a construo da hierarquia, o paciente exposto a cada uma dessas

    situaes, comeando pela que dispare menor nvel de ansiedade. Ao perceber que

    est ficando ansioso, estimulado a utilizar a tcnica de relaxamento at que se

    acalme e possa prosseguir com outra situao temida. Assim feito progressivamente,

    at alcanar a de grau mais forte. Partindo do pressuposto de que relaxamento e

    ansiedade sejam respostas incompatveis, onde uma no pode ocorrer junto com a

    outra, o objetivo condicionar a sensao de relaxamento s situaes fbicas.

    Para ilustrar a aplicao dessa tcnica no ambiente hospitalar, podem ser

    citados estudos que investigam a eficcia da dessensibilizao sistemtica em

    pacientes com cncer que estejam sendo submetidos quimioterapia (Carey & Burish,

    1988; Redd & Andrykowski, 1982). Vrios pacientes associam os sintomas da

    quimioterapia (estmulos incondicionados) a cheiros, sons e ao ambiente do

    procedimento (estmulos condicionados), disparando sintomas de nusea e vmito

    antes mesmo das sesses de quimioterapia. Esse processo torna o tratamento ainda

    mais estressante, fazendo com que alguns pacientes desistam de prossegui-lo.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

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    A aplicao da tcnica de dessensibilizao sistemtica a esses casos consiste

    em 1) treino em relaxamento; 2) construo de uma hierarquia de medos (ver figura

    7); 3) visualizao pelo paciente de cada uma das situaes, sendo que ao sentir que

    est ficando ansioso, a imagem mental paralisada e o relaxamento iniciado at que

    o indivduo volte a ficar calmo o suficiente para passar para a prxima situao da

    hierarquia.

    Uma variao dessa tcnica pode ser aplicada em casos peditricos. No

    cotidiano hospitalar, comum que crianas fiquem muito ansiosas em relao aos

    instrumentos e procedimentos mdicos. Agulhas, injees, sangue e at mesmo o

    prprio setting hospitalar muitas vezes so tidos como ameaadores. Isto pode

    desencadear comportamentos contraproducentes ao tratamento infantil, como recusa

    em tomar medicaes, colaborar com exames, etc. Com o objetivo de diminuir essa

    ansiedade, os psiclogos podem organizar atividades ldicas com as crianas cujo

    tema seja o prprio hospital. Podem ser utilizadas, por exemplo, seringas de plstico e

    fantasias de mdico nas brincadeiras, para que se sintam mais relaxadas quando

    expostas a essa realidade.

    6. Distrao Cognitiva

    A distrao consiste na mudana do foco de ateno para outras

    situaes que podem ser agradveis e muitas vezes encontram-se disponveis no

    prprio ambiente. Um exemplo o uso dessa tcnica em pacientes com dor crnica. A

    influncia da ateno na amplificao da dor um processo bastante estudado.

    Diversos autores concordam que a ateno dirigida para dor aumenta a intensidade da

    experincia dolorosa e que distrair a ateno da dor diminui a intensidade da

    experincia dolorosa (Barsky, 1979,1992; Turk e Gatchel, 1996; McCracken, 1997;

    Keefe, Dunsmore & Burnett, 1992; Angelotti,1999; Pincus e Morley, 2001).

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    Figura 7. Exemplo de uma hierarquia de medos para pacientes com nusea e vmitos antecipatrios em decorrncia da quimioterapia

    Situao Grau de ansiedade (0 a 100)

    Um dia antes da sesso de quimioterapia, em casa. 20

    No dia, vestindo-se para ir ao hospital 40

    Entrando no hospital e vendo outros pacientes com cncer

    70

    Entrando na sala e cumprimentando a equipe de enfermagem

    90

    Sentado na cadeira, iniciando a quimioterapia 100

    Com base na idia de que a ateno influencia a percepo de dor, surgiu uma

    rea recente de pesquisa que investiga o uso de programas de realidade virtual no

    tratamento de pacientes que sofreram queimaduras graves. De acordo com Hoffman,

    Patterson, Carrougher e Furness (2000), pacientes que sofreram queimaduras graves

    ao estarem em repouso reportam pouca ou nenhuma dor. No entanto, ao receberem

    cuidados mdicos, como asseio das queimaduras e troca de bandagem, relatam nveis

    muito altos de dor. Esse dado se torna ainda mais relevante ao se pensar nas crianas

    vtimas de queimaduras graves. Uma alternativa para ajudar a diminuir o sofrimento

    desses pacientes tem sido o uso de programas de realidade virtual no tratamento. A

    idia bsica usar esses programas para criar uma realidade virtual que prenda a

    ateno do paciente, distraindo-o da sensao dolorosa. O estudo supracitrado de

    Hoffman e colaboradores teve como objetivo comparar o efeito do uso de um

    programa de realidade virtual ao uso de vdeo-game na intensidade da dor relatada

    por dois pacientes que sofreram queimaduras graves ao trocarem as bandagens. Os

    dois pacientes relataram nveis menores de dor na troca das bandagens quando em

    uso do programa de realidade virtual em comparao a mesma situao jogando

    vdeo-game.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

    214

    Um outro estudo piloto, realizado na Austrlia, investigou o uso de programas

    de realidade virtual no tratamento de pacientes que sofreram queimaduras graves.

    Foram comparados dois grupos: o primeiro recebeu apenas medicao para aliviar a

    dor no momento da troca das bandagens e o segundo recebeu medicao e utilizou o

    programa de realidade virtual. O segundo grupo apresentou nveis menores de dor e

    ansiedade (Dunn, 2004).

    Como foi visto, uma variedade de tcnicas pode ser aplicada para potencializar

    o tratamento dos pacientes com problemas mdicos. Foi objetivo dessa sesso

    discorrer sobre algumas tcnicas cognitivo-comportamentais utilizadas na prtica

    hospitalar. A apresentao dos resultados de pesquisas recentes teve o intuito de

    mostrar a importncia e aplicabilidade crescente da TCC na psicologia da sade.

    CONCLUSO

    Um nmero cada vez maior de estudos tem investigado a aplicao de

    conhecimentos psicolgicos a problemas relacionados sade dos indivduos. A teoria

    cognitivo-comportamental vem mostrando sua aplicabilidade nesse campo, atravs de

    pesquisas que analisam a influncia dos processos cognitivos nos comportamentos de

    sade e doena dos sujeitos.

    O contexto hospitalar exige que o psiclogo realize um trabalho objetivo,

    diretivo, com nfase no aqui-agora e pautado na utilizao de tcnicas cientificamente

    comprovadas. Algumas tcnicas cognitivo-comportamentais que so utilizadas no

    consultrio podem ser aplicadas para a compreenso e manejo de problemas de sade

    como o exerccio de formulao de casos, dessensibilizao sistemtica, relaxamento

    muscular, respirao diafragmtica, distrao cognitiva e treinamento em habilidades

    sociais.

  • REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010 VOLUME 6 N2

    215

    importante, no entanto, que o psiclogo tenha um amplo domnio dos

    aspectos tericos da terapia cognitivo-comportamental para que consiga entender

    quando e como aplicar as tcnicas supracitadas. Do contrrio, as intervenes podem

    ser feitas de forma desastrosa, representando um prejuzo tanto para o trabalho do

    psiclogo como, principalmente, para o bem-estar do paciente hospitalizado.

    REFERNCIAS

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    NOTA:

    Essa distino refere-se aos nveis de ateno em sade. As aes no nvel primrio correspondem prioritariamente a intervenes preventivas em sade, como ocorrem nas Unidades Bsicas de Sade; as do secundrio correspondem prioritariamente s aes curativas, como as desenvolvidas em ambulatrios especializados e hospitais de pequeno porte; e, finalmente, as aes em nvel tercirio so aquelas de alta complexidade, oferecidas em grandes hospitais gerais e especializados.

    I - Todos os nomes utilizados neste trabalho para exemplificar e caracterizar pacientes

    so fictcios.