Aplicação de Agentes Inteligentes Afetivos em Ambientes Virtuais de Educação
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1, 2, 3,4 Graduando do Curso de Sistemas de Informação da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST. E-mail: (ronnie.gd, cleyton.vanut, klebia.alves, andresa.sobreira) @gmail.com
5 Professor Assistente da Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife.
E-mail: [email protected]
APLICAÇÃO DE AGENTES PEDAGÓGICOS E
COMPUTAÇÃO AFETIVA EM AMBIENTES
VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Ronnie Edson de Souza Santos 1, Cleyton Vanut Cordeiro de Magalhães
2, Andrêsa Cibelly dos Santos Sobreira³,
Clébia Alves Beserra4 e Jorge da Silva Correia Neto
5
Introdução
O cenário educacional da última década sofreu
grandes alterações e importantes mudanças
impulsionadas principalmente pela Inclusão Digital,
fator de grande importância no início do século XXI. A
partir do momento em que os computadores e as novas
tecnologias de comunicação passaram a mediar
significativamente as relações sociais, e a fazer parte
do cotidiano das diversas instituições e domicílios, os
processos educacionais passaram a ter forte incentivo
com o surgimento cada vez maior de novas ferramentas
para as mais diversas aplicações [1].
Com o crescimento das pesquisas na área da
Informática aplicada à Educação os ambientes virtuais
de aprendizagem passaram por melhorias, onde os
novos recursos permitiram o alcance de metas nunca
atingidas antes. Neste sentido, as técnicas da
Inteligência Artificial (IA) se tornaram muito comuns
na construção dos chamados Sistemas Tutores
Inteligentes. Segundo Vicarri (1990), a grande
característica desses aplicativos é sua capacidade de
interagir com o aluno, percebendo as interferências do
aprendiz, e a partir disto, modificando suas bases de
conhecimento a fim de adaptar as estratégias de ensino
de acordo com o desempenho particular de cada
indivíduo [3].
O desenvolvimento desses ambientes de
aprendizagem está tipicamente relacionado com os
Agentes Inteligentes, um tópico de estudo comum no
contexto da IA que são a base para a construção dos
chamados Agentes Pedagógicos de Aprendizagem.
Pela definição de Frozza et al. (2009), os agentes
pedagógicos de aprendizagem são agentes
desenvolvidos para fins educacionais, com o objetivo
de auxiliar os estudantes no processo de ensino-
aprendizagem, fornecendo uma melhor interação e
dinamismo para os ambientes, e isso ganhou destaque
como forma de auxílio e motivação aos usuários [4].
Observando o desenvolvimento das pesquisas
em Informática na Educação na última década é
possível perceber a evolução do uso de agentes
pedagógicos para que os objetivos educacionais
pudessem ser atingidos, dentre eles podem-se citar:
interação aluno-professor, melhoria do processo de
avaliação e adaptação do aprendiz no ambiente, dentre
outros. No entanto, a partir de 2008 diversos estudos se
caracterizaram por buscar maneiras de adicionar aos
agentes pedagógicos características mais humanas, ou em
outras palavras, emoções, através da Computação Afetiva.
Picard (1997) define computação afetiva como a área da
computação que está relacionada com os aspectos que
influenciam as emoções. Este campo da Inteligência
Artificial está dividido em dois ramos: um em que são
estudados mecanismos para reconhecimento de emoções
em máquina através da interação homem-computador e,
outro, em que é feita a síntese de emoções através da
simulação de emoções em máquina [5].
Para estudar a aplicação da computação afetiva
associada ao uso de agentes pedagógicos inteligentes, esta
pesquisa tem o objetivo analisar e descrever os ambientes
desenvolvidos nos últimos dois anos e apresentados à
comunidade científica nos anais do Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação, devido sua importância para a
academia.
Materiais e métodos
O presente estudo teve caráter exploratório-
descritivo, construindo, através de uma análise reflexiva
dos artigos, uma síntese acerca dos ambientes virtuais de
aprendizagem que utilizaram os agentes inteligentes para
trabalhar a computação afetiva e que foram apresentados
no Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE)
em 2008 e 2009, período em que os trabalhos sobre o tema
foram intensificados entre os pesquisadores da área
educacional.
O universo inicial de trabalhos utilizados na
pesquisa foi composto por 160 artigos. Este total passou,
posteriormente, por um processo de filtragem, buscando
selecionar os artigos relacionados com o propósito deste
trabalho, através dos termos: agente e afetividade.
Por fim, foi montada uma tabela (quadro 1),
composta pelo total de 10 artigos resultantes do processo
de filtragem. Através do objetivo específico e das
conclusões de cada uma das publicações selecionadas foi
realizada a análise reflexiva de onde os resultados desta
pesquisa bibliográfica foram extraídos.
Resultados As pesquisas sobre computação afetiva trabalham
em um importante fator para a melhoria do processo de
ensino-aprendizagem apoiado por computador, que é a
inclusão das características afetivas do educador
(humano) no ambiente de aprendizagem.
No decorrer dos últimos dois anos as principais
pesquisas publicadas na área trabalharam a capacidade
interativa dos ambientes virtuais de aprendizagem
através da incorporação de características afetivas
pelos agentes pedagógicos. Neste contexto, encontram-
se agentes como o Dóris 3D (FROZZA et. al., 2009)
(figura 1) e o Cal (SILVA, BERNARDI, 2009),
construídos com a finalidade de expressar reações de
felicidade em momentos que o usuário desempenhe um
bom trabalho, tristeza quando passe pelo conteúdo
despercebido o não produza um bom rendimento, além
de outras emoções e de um repertório de
comportamentos [4] [6]. Além disto, os dois agentes
são capazes de inferir sobre as ações e emoções dos
alunos de forma afetiva através de artifícios como: (a)
comportamento verbal, exibido por meio de um balão
de fala com frases de incentivo, encorajamento,
congratulação, ajuda, dica e saudação; e (b)
comportamento físico exibido por meio de sequências
de animações.
Outra pesquisa identificada utilizou agentes
pedagógicos com características afetivas para o
reconhecimento dos estados de ânimo de aprendizes
em ambientes de comunicação assíncrona, ou seja, os
registros disponíveis em fóruns que compõem os
ambientes [2]. O estudo demonstrou que se pode
recorrer às técnicas e algoritmos usados na mineração
de texto para a construção de uma ferramenta apta a
inferir subjetividade afetiva para tratar
computacionalmente opiniões e sentimentos expressos
no conteúdo, possibilitando assim, constatar como o
aluno se exprime, favoravelmente ou não, sobre
determinada disciplina ou conteúdo.
Técnicas para a definição do perfil dos usuários
de sistema que possibilitasse adaptação das
características do ambiente de acordo com este perfil
foram apoiadas pelos estudos que buscaram analisar as
dimensões afetivas dos Sistemas Tutores Inteligentes
[7].
Na área da Educação à Distância (EaD),
discutiu-se a utilização de técnicas e metodologias para
identificar, analisar e apresentar a aplicação dos fatores
afetivos nos sistemas tutores desta modalidade.
Buscou-se encontrar e discutir alguns atributos afetivos
necessários ao professor (biológico ou virtual) que atua
junto aos ambientes virtuais de EaD para que dessa
forma pudesse exemplificar como a tecnologia
computacional pode auxiliar no reconhecimento dos
aspectos afetivos, demonstrando a viabilidade destes
serem identificados.
Conclusão
Atualmente, o crescimento das diversas
tecnologias, principalmente aquelas ligadas à
informática, têm proporcionado grandes e importantes
avanços na área educacional. Essa situação possibilitou
uma revolução e novos métodos de ensino, tendo em
conta o atual estágio destas tecnologias.
No entanto, os diversos estudos mostram que
ainda são elementares os meios disponíveis para o
tratamento da afetividade em ambientes educacionais
virtuais. Por isso, faz-se necessária a integração de estudos
realizados nas Ciências Cognitivas, na Educação, e na
Informática com o objetivo de determinar modelos que
possam ser aplicados computacionalmente.
O uso de agentes pedagógicos em ambientes de
aprendizagem provê a interação do aluno com o sistema,
principalmente em se tratando de agentes que possuem
características afetivas, que possibilitam maior
aproximação com o aluno, aumentando o seu envolvimento
com o ambiente interativo. Deve-se destacar ainda que o
reconhecimento de aspectos afetivos favorece as ações
pedagógicas, ao auxiliar o professor na tomada de decisão
e na intervenção, sempre que necessária.
Desta forma, pode-se inferir que durante o processo
de ensino-aprendizagem as emoções que envolvem o aluno
podem ser consideradas impactantes em seu
desenvolvimento, inclusive em situações que sejam
intermediadas pelo computador. Sendo um dos objetivos
principais da aplicação da computação afetiva através dos
agentes pedagógicos inteligentes a diminuição da distância
da comunicação entre o ambiente e o aluno, deve-se
sempre buscar uma interação mais “amigável” e cordial, e
esse tipo de tecnologia tem demonstrado grande potencial.
Referências
[1] Longhi, M. T.; Behar P. A.; Bercht M. O Desafio de
Reconhecer a Dimensão Afetiva em Ambientes
Virtuais de Aprendizagem. XIX Simpósio Brasileiro
de Informática na Educação, SBIE 2008.
[2] Longhi, M. T.; Behar P. A.; Bercht M.; Simonato G.
Investigando a subjetividade afetiva na
comunicação assíncrona de ambientes virtuais de
aprendizagem. XX Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação, SBIE 2009.
[3] Viccari, R. Um Tutor Inteligente para a
programação em Lógica–Idealização, Projeto e
Desenvolvimento. Coimbra: Universidade de
Coimbra, 1990. (Tese de Doutorado).
[4] Frozza, R; Silva K. A.; Lux, B.; Cruz, M. E. J. K.;
Borin, M. Dóris 3D: Agente Pedagógico baseado em
Emoções. XX Simpósio Brasileiro de Informática na
Educação, Florianópolis, 2009.
[5] Picard, R. Affective Computing. Cambridge: MIT
Press, 1997.
[6] Silva, T. G.; Bernardi, G. Cal: um Agente
Pedagógico Animado para Apoio em um Objeto de
Aprendizagem para o Ensino de Matemática. XX
Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, SBIE
2009.
[7] Cunha, F. O.; Silva, J. M. C. Análise das Dimensões
Afetivas do Tutor em Turmas de EaD no Ambiente
Virtual Moodle. XX Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação, Florianópolis, 2009.
ANEXOS
Quadro 1: Estrutura para Análise dos Artigos Selecionados
Artigo Autores Ano Objetivos
... ... … ...
O Desafio de Reconhecer a
Dimensão Afetiva em
Ambientes Virtuais de
Aprendizagem
Magalí Teresinha Longhi,
Patricia Alejandra Behar,
Magda Bercht 2008
Dimensões afetivas em
ambientes virtuais de
aprendizagem e
identificação dos estados
de ânimo do aluno.
Proposta de um Modelo de
Atributos para o
Aprimoramento da
Comunicação Afetiva para
Professores que atuam na
Educação a Distância
Cláudio Rodrigues da
Cunha, Júlia Marques
Carvalho da Silva, Magda
Bercht
2008
Proposta para modelo
afetivo de tutores EaD e
identificados atributos
afetivos
Dóris 3D: Agente
Pedagógico baseado em
Emoções
Rejane Frozza, Andréa
Konzen da Silva, Beatriz
Lux, Marcia E. J.
Kniphoff da Cruz, Mirceia
Borin
2009
Proposta de modelagem e
desenvolvimento do
agente pedagógico
expressando emoções.
Uma ferramenta de análise
do desempenho de
estudantes baseada em
SMA e lógica Fuzzy
Gustavo Pereira Mateus,
Beatriz Wilges, Silvia
Nassar, Ricardo Silveira
2009
Implementação de
agentes BDI para análise
do desempenho dos
estudantes.
... ... … ...
Fonte: os autores.
Figura 1. Agente Dóris demostrando interação com o estudante
Fonte: FROZZA et. al., 2009