Aplicação do Espiritismo Encontro 15 Como programar a nossa reforma intima.
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Aplicação do Espiritismo
Encontro 15
Como programar a nossa reforma intima
Como programar as transformações
“Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o seu caminho! E
como são poucos os que a encontram!”.
(Mateus 7:13/14)
“Larga é a porta que leva aos desregramentos, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal eh o
mais concorrido. É estreita a da redenção, porque o homem que deseja
transpô-la deve envidar grandes esforços a fim de vencer suas más
inclinações, e poucos se resignam a isso. Completa-se a máxima: São muitos os chamados e poucos os Escolhidos”.
(ESSE, Cap XVIII. Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos. A Porta Estreita)
Fizemos no último encontro uma sugestão para aplicação de um processo
em que fosse obtido o conhecimento dos nossos impulsos, reações,
sentimentos, ações. Chagamos, então, a identificar as causas provocadoras
daqueles efeitos que se manifestam no nosso intimo e compreendemos, pela
analise, os motivos e as consequências dos impulsos interiores. E desse momento em diante? O que vai
acontecer?
Efetivamente, esse é o ponto inicial para realizarmos nossas transformações, isto
é, pelo “conhecimento de si mesmo”, mas o trabalho de mudança
propriamente dos hábitos, da maneira de agir, da conduta que estamos
acostumados prossegue com o esforço da vontade, e em seguida, no transcorrer do tempo, sem limitações ou previsões
de prazo.
Embora possamos conhecer nossos vícios e defeitos, as mudanças só se fazem com
um trabalho perseverante e muita paciência. Aí está a nossa grande dificuldade: fazer das intenções,
realizações efetivas. O procedimento esperado seria aquele da disposição firme e constante no rumo certo aos propósitos
que tenhamos decidido tomar de auto reformar-se, e então se dará inicio a uma luta corajosa de auto modificações que nem todos pretendem realizar ou estão
decididamente preparados para realizar.
A maioria tende a abandonar, logo nos primeiros impedimentos, o objetivo formulado de inicio sempre com as melhores das promessas. Existem,
naturalmente, aquelas predominâncias da nossa natureza corpórea, ou seja, o
comodismo, o desanimo, a preguiça, o “corpo mole”. Quando surgem as
dificuldades, elas aparecem, principalmente porque esperamos
resultados apressados e então achamos que o método não funciona, não serve, não
produz efeito.
Perdemos o interesse, afastamo-nos dos propósitos admitindo que a falha esta no processo, no método aplicado e não em nós. É quase sempre
assim. Dizemos para nós mesmos: ah! Comigo não deu
certo! Não vi resultados!
Outras vezes, nossos esforços vão um pouco alem das intenções mas não estão
suficientemente fortalecidos, seguem altos e baixos e os efeitos igualmente flutuam: em
alguns momentos estamos animados e firmes, conseguimos mudar certas atitudes
nos testes que defrontamos; em outras acasiões caímos num desanimo total,
balançamos e somos derrubados, falta-nos resistência e firmeza. E assim lá vamos nós, mais uma vez nos reerguendo na vontade,
nos propósitos, retomando os rumos, firmando as disposições para reiniciar tudo
novamente.
Esses desfalecimentos realmente podem chegar a abalar nossa auto confiança e nos
deixar deprimidos. Entendamos, porém, que autopunição não ajuda e nem oferece
estimulo a alguém. O jeito é levantar o animo, erguer a vontade e continuar a batalha, tantas vezes quantas forem as
quedas ou fracassos. Na própria luta, no cair e levantar, vamos aumentando nossa
tenacidade e nos fortalecendo. Diminui com o tempo o número das quedas e assim os resultados práticos, embora
demorados, vão se obtendo.
Vejamos, no entanto, de que maneira o nosso esforço, ou o
nosso desejo de auto aprimoramento, pode ser canalizado com o fito de
conseguir maior aproveitamento e melhores
resultados.
Estabelecendo Metas
Comecemos por definir o que deve e precisa ser modificado em nós:
estabeleçamos nossas metas. Analisemos o que queremos modificar.
Começar enfrentando os vícios comuns
Vamos, então, fazer um levantamento e relacionar o que desejamos reformar intimamente. Um caminho sugerido é
começar pelos hábitos ou vícios que ainda nos condicionam a satisfações ou
necessidades prejudiciais ao nosso corpo e ao nosso espírito.
Para percebermos melhor a nossa condição, vamos atribuir notas que colocaremos no quadro, dentro dos
seguintes valores:
Irresistível Nota 00
Predominante Nota 03
Moderado Nota 05
Fraco Nota 07
Não Praticado Nota 10
O valor das notas atribuídas é indicativo do nível de esforço que precisaremos
desenvolver para libertarmo-nos dos vícios relacionados, isto é, notas 0 a 3: grande esforço; nota 5: esforço médio; nota 7:
pequeno esforço.
Desse modo chegamos a uma lista dos vícios que queremos eliminar e já
avaliamos o trabalho que deveremos desenvolver para cada um deles.
Fixando resultados progressivos
Os resultados progressivos tem sido causa de muito desanimo, motivos pelo quais
abandonamos nossos propósitos, pelo fato de, ao estabelecer nossas metas,
acharmos que as mudanças precisam ser drásticas e grandes. Mas, como quase
sempre não conseguimos cumpri-las da noite para o dia, desiludimo-nos conosco,
perdendo até a vontade e a coragem de continuar
As nossas possibilidades de sucesso, nas mudanças pretendidas, crescem quando especificamos com clareza os resultados numéricos, definidos dentro de condições
razoáveis ao nosso alcance, em escala decrescente e proporcional. Desse modo, podemos medir nossos progressos, o que
aumenta a motivação e o entusiasmo próprio, fazendo crescer, com a força interior, a autoconfiança nas nossas
conquistas e sentir as alegrias ao vencer cada etapa programada.
Fazendo uma programação geral
Uma questão poderá ser indagada: como distribuir o tempo entre os vícios? Atacar
todos ao mesmo tempo?
Dependendo do número deles poderemos dividi-los em etapas compreendidas num período de doze, quatorze ou dezesseis meses. Isso porque a concentração de esforços em cada um dos resultados
fixados é fator de progresso nos nossos propósitos de libertação deles.
É recomendável que os interessados mais descontraídos, não preocupados com o segredo dos seus vícios, tracem
uma tabela em tamanho grande e afixem em local bem visível, no quarto, por
exemplo, para reafirmar mentalmente os seus propósitos, repetindo, varias vezes, se desejar, algumas auto sugestões, que também podem ser escritas no mesmo
quadro:
Abandonarei o cigarro decididamente...
Evitarei a bebida corajosamente...
Deixarei o jogo firmemente...
Controlarei os excessos alimentares tranquilamente...
Empregarei responsavelmente minhas energias sexuais...
A prática do orar no propósito de vigiar
Nesse ato de reafirmação diária, que precisamos praticar, por alguns minutos que seja, ao renovar-mos o desejo de conseguir vencer no transcorrer
daquele dia os nossos condicionamentos, procuremos a sintonia com os Amigos Espirituais, abrindo o nosso coração a Jesus, na intenção de
recorrer ao apoio maior da Espiritualidade, no esforço que estamos fazendo de libertação das nossas fraquezas. Oremos, com a melhor das
nossas intenções, com toda emoção, e recebamos o influxo das energias suaves que nos serão dirigidas
em sustentação aos nossos propósitos.
Prosseguir removendo defeitos
Nosso empenho prossegue, agora, no terreno dos defeitos, como meta seguinte, na abordagem que
continuamos fazendo do que deve ser transformado interiormente.
A experiência que já acumulamos na libertação dos vícios comuns nos fortalecem enormemente na ati-
vidade de conduzir praticamente a força de vontade. Sentimos que somos capazes de vencer condiciona-mentos que antes acreditávamos ser insuperáveis. A autoconfiança cresceu, as nossas possibilidades de êxito aumentaram; andamos sobre terreno já co-nhecido e até certo ponto dominado, mas não para-mos aí; precisamos continuar o trabalho já iniciado.
O cultivo das virtudes
Pode parecer que devamos nos preocupar apenas com o nosso lado
inferior, com os vícios e os defeitos, que na nossa relativa condição evolutiva são
ainda predominantes em relação às virtudes. Não se trata de realçarmos os nossos aspectos negativos, como se
poderia supor, até como um processo de culpar-se a si mesmo, que não ajuda
ninguém a melhorar.
“Encerra a virtude, no seu mais elevado grau, o conjunto das qualidades
essenciais que caracterizam o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio e modesto são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, tais qualidades são, com frequência,
acompanhadas de pequenas fraquezas morais, que as emperram e lhe tiram o
brilho”
(ESE, Cap XVII. Sede Perfeitos. A virtude)
O que nos motiva é proporcionar, a quem esteja inte-ressado em mudar seu comportamento e fazer algum esforço serio em melhorar, o encontro de alguns me-ios que o auxiliem a encetar por essa trilha, até mes-mo sozinho. Desse modo, aqueles que estão muito satisfeitos com a vida que levam, sem problemas
pessoais, familiares, sem angustias, sofrimentos ou ansiedades, sem distúrbios emocionais que os
incomodem, ou seja, acomodados dos seus hábitos, dando vazão ao que sentem e querem, continuar
seguindo os seus impulsos, indiferentes ao sofrimento alheio, circunscritos ao seu mundo e ao
dos seus imediatamente próximos, esses certamente não tem com que se preocupar e nem sentem
necessidade de mudar, nem mesmo suas pequenas fraquezas morais com frequência manifestadas.
Quem, então, chegou ao ponto de querer fazer transformações para sair dos
estados íntimos de conflito e insatisfação, desejando, portanto, tomar atitudes renovadoras, precisa começar tomando conhecimento e agindo sobre as causas seculares dos nossos males,
as torpezas e fraquezas que tem desviado sucessivamente a
Humanidade, e contra as quais apontamos nossas armas de combate.
Mostramos “o que mudar” e “como mudar”. Agora, vamos enfeixar, num esquema
inteligível, “para onde mudar”. Em outras palavras, fazer um confronto dos padrões ou
caracteres essenciais que constituem virtudes, e que deve tomar o lugar dos já citados defeitos a elas oposto. É como o lavrador: começa por prepara o terreno,
desmatando, destocando, limpando, removendo as ervas daninhas, os espinhos,
os pedregulhos, para depois revolver, adubar, semear e irrigar sempre. A partir disso é que
o cultivo germinará, crescerá, florescerá, frutificará e reproduzirá.
Aquele nosso trabalho inicial de enfrentar os vícios comuns e depois prosseguir removendo os defeitos
humanos mais evidentes equivale à limpeza e à preparação do nosso terreno
intimo para o cultivo das virtudes, que corresponde à adubação, semeadura e
irrigação constantes. Devem-se acrescentar os cuidados permanentes
na lavoura de não deixar crescer o mato em volta e de espantar os pássaros que
picam as tenras folhas.
Assim comparados às frequentes pequenas fraquezas morais que muitas vezes podem empanar e tirar o brilho das virtudes, isto é,
a ostentação, a exaltação das obras, a exteriorização da satisfação intima no bem
praticado, para provocar elogios, sentimentos de orgulho, de vaidade, de
amor próprio, que deslustram sempre as mais belas qualidades e anulam o mérito
real de quem as tenha praticado, pois, “mais vale menos virtude com modéstia, que muita
com orgulho”.
(ESE, Cap XVII. Sede Perfeitos. A Virtude)
Desse modo, vamos aplicar ao serviço já iniciado o nosso adubo e a nossa irrigação à semeadura que estamos
fazendo em nosso espírito carente de renovação.
As virtudes já estudadas nos são apresentadas como os modelos a
seguir, na substituição que procuraremos efetuar dos nossos modos de agir. Isto é, em lugar:
De orgulho – humildade,
De vaidade – modéstia, sobriedade,
De inveja – resignação,
De ciúme – sensatez, piedade,
De avareza – generosidade, beneficência,
De ódio – afabilidade, doçura,
De remorsos – compreensão, tolerância,
De vingança – perdão,
de agressividade – brandura, pacificação,
De personalismo – companheirismo, renuncia
De maledicência – indulgência
De intolerância – misericórdia,
De impaciência – paciência, mansuetude,
De negligencia – vigilância, abnegação,
De ociosidade – dedicação, devotamento.
Como substituir defeitos por virtudes?
Em decorrência do trabalho já desenvolvido na prática da auto análise e da auto observação, com
os esforços empregados na eliminação dos vícios e na diminuição dos defeitos, certamente chegamos a
intensificar interiormente aqueles diálogos com a própria consciência, desse modo substancialmente
dinamizada. Resta-nos conduzir agora as nossas reflexões, dosando e abastecendo a consciência
com os conhecimentos característicos das virtudes, como modelos de comportamento a atingir. Assim
canalizamos a vontade, o interesse, o empenho, com nossa energia, para conseguirmos mudar, ou
substituir, a reação ou o impulso deletério, pela correspondente virtude que se procura antepor.
Veremos adiante, quando estudarmos Como trabalhar intimamente, alguns
recursos que poderemos usar nesses diálogos ou solilóquios, como sejam:
as pausas, as conversas conosco mesmo, as afirmações, as auto
sugestões.