Aplicação do método da linha de balanço em obras industriais
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APLICAÇÃO DO MÉTODO DA LINHA DE BALANÇO EM OBRAS
INDUSTRIAIS: ESTUDO DE CASO NA PETROBRAS/LUBNOR
CARNEIRO, Juliana Quinderé (1); CÂNDIDO, Luis Felipe (2); BARROS NETO,
José de Paula (3)
(1) AVAL Engenharia, e-mail: [email protected] (2) PEC/UFC, e-mail:
[email protected], (3) GERCON/UFC, e-mail: [email protected]
RESUMO
O planejamento de obras de grande porte vem se tornando cada vez mais importante com o intuito de
diminuir os desperdícios e cumprir os prazos e os custos estimados. O objetivo desse trabalho é analisar a
aplicação do método da Linha de Balanço em obras da indústria do petróleo. Para isso, utilizou-se do
estudo de caso para análise de uma construção de um tanque de armazenamento de Cimento Asfáltico de
Petróleo (CAP), da refinaria Petrobras/Lubnor. Foram elaborados dois cronogramas com a utilização da
ferramenta de Linha de Balanço. O primeiro foi chamado de LB 1T, englobando a construção de 1 tanque
de armazenamento de CAP, onde é retratado o caso da Petrobras/Lubnor. O segundo cronograma foi feito
como sugestão para comparação. Trata-se da simulação da construção de 3 tanques e foi nomeado de LB
3T. Com os resultados da pesquisa foi concluído que a aplicação dessa técnica pode ser viável, desde que
se encontre uma unidade de repetição que justifique a sua escolha.
Palavras-chave: Linha de Balanço, Estrutura Analítica de Projeto, Refinaria, Tanque de Armazenamento
de Cimento Asfático de Petróleo, Planejamento.
ABSTRACT
The planning of major projects is becoming more important in order of decreasing waste and attending
time and costs. The aim of this study is to analyze the application of the method of the Line of Balance
(LOB) in projects in the petroleum industry. For this, it was chosen the case study methodology in a
project of Petrobras/Lubnor Refinery. The selected project was the construction of a Asphalt Cement
Storage Tank. Two schedules were prepared using the LOB tool. The first is called the LOB 1T,
comprising the construction of one storage tank, where it is describe the case of Petrobras/Lubnor. The
second schedule was done as a suggestion for comparison. It is the construction of 3 tanks and it was
identified LOB 3T. With the survey results it was concluded that the application of this technique may be
usable, provided that there is a repeating unit that justifies its choice.
Keywords: Line of Balance, Work Breakdown Structure, Refinery, Asphalt Cement Storage Tank,
Planning.
1 INTRODUÇÃO
Com o cenário de um mundo globalizado e o aumento significativo da concorrência, o
gerenciamento de projetos ganhou importância significativa. A utilização apropriada de
boas práticas, de ferramentas e de técnicas de gerenciamento de projetos vem trazendo
resultados positivos na busca dos objetivos das organizações (CARNEIRO, 2009).
Neste cenário, empreendimentos de grande porte, principalmente aqueles realizados
com a aplicação de dinheiro público, merecem uma maior atenção quando o tema é
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planejamento. Além do alto custo, esses projetos trazem uma complexidade operacional
inerente, devido à sua magnitude, em termos de quantidade de serviços, recursos
financeiros aplicados e quantidade de stakeholders.
No Brasil, dentre os principais empreendimentos de grande porte, pode-se destacar
aqueles realizados pela indústria petroquímica cuja principal empresa do mercado
nacional é a Petrobras. Em entrevista à Rydlewski (2012), a atual presidente da
Petrobras menciona que atrasos estão sendo frequentes nas obras da empresa citando o
como exemplo a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, que durou três anos além do
prazo e custou nove vezes mais do que o previsto.
Especificamente em Fortaleza, CE a Petrobras possui uma planta de refino: a
Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Petrobras/Lubnor). No ano de 2012,
a Petrobras/Lubnor processou 7,8 mil barris/dia (ANP, 2013) estando entre os maiores
contribuintes do Estado em recolhimento de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS).
Além da Petrobras/Lubnor, uma nova refinaria será instalada no estado do Ceará,
denominada Refinaria Premium II, e terá capacidade para processar 300.000 barris de
petróleo por dia. Segundo a Petrobras, a Premium II receberá investimento de US$ 8,5
bilhões e será uma das maiores refinarias de petróleo do mundo, com previsão de início
de operação para dezembro de 2017.
Assim, observado a situação e a importância do tema abordado, o presente trabalho tem
como objetivo verificar, por meio de um estudo de caso, o potencial da utilização da
ferramenta Linha de Balanço (LB) para o planejamento de obras da indústria do
petróleo, o que não é fato comum no Brasil, já que há uma predominância de aplicações
desta ferramenta para o planejamento de edificações.
2 LINHA DE BALANÇO
A LB é uma técnica utilizada para o planejamento e programação de projetos repetitivos
que tem por objetivo realizar uma programação de trabalho com a utilização contínua e
ininterrupta dos seus recursos (DAMCI; ARDITI; POLAT, 2013).
Sua origem encontra-se na indústria manufatureira da década de 1940. Sua criação é
atribuída a Goodyear Tire and Rubber Company tendo sido desenvolvida intensamente
pela marinha americana durante a segunda guerra mundial (AL SARRAJ, 1990;
SUHAIL; NEALE, 1994).
A respeito de sua utilização na construção, Suhail e Neale (1994) relatam que suas
primeiras aplicações deram-se no Reino Unido, aplicadas à projetos habitacionais
repetitivos pela Agência Nacional de Habitação. Outras versões de suas origens são
encontradas na literatura, sendo a mais divergente delas a apresentada por Sousa e
Monteiro (2011) que relatam que a primeira utilização de uma técnica semelhante ao
que hoje é definido como LB foi na década de 30, na construção do Empire State
Building. No Brasil, a LB vem sendo aplicada desde a década de 1980, tornando-se
comum nos canteiros de obra a partir da década de 1990 (HEINECK, 1996).
A LB destaca-se por ser uma ferramenta visual que permite a visualização do fluxo e
outras características relevantes de um projeto repetitivo, tais como: tempo, local de
trabalho, tipo de atividade, lead time, tempo de ciclo, sincronia, paralelismo, trabalho
em progresso, sequência, trajetória, buffer, interferências e trabalho completo (LUCKO;
ALVES; ANGELIM, 2013).
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Ademais, Monteiro et al. (2011) acrescentam outros detalhes que a programação por LB
oferece, que são o inventário, o 5W2H e os pacotes de trabalho, identificando-as
graficamente conforme a Figura 1.
Figura 1 – Identificação dos principais elementos da LB.
Fonte: Monteiro et al. (2011)
Diversos autores têm empreendido esforços na análise de suas implicações e
desdobramentos para a programação de edifícios verticais, tais como Mendes Júnior e
Heineck (1998), Mendes Júnior (1999), Lucko, Alves e Angelim (2013), dentre outros.
Outras utilizações como a aplicação da LB em projetos de construção de rodovias,
podem ser observadas nos trabalhos de Chrzanowski e Johnston (1986), Arditi e
Albulak (1986), Harmelink e Yamin (2001).
Em comum, estes trabalhos relatam principalmente sobre a estabilidade da aplicação
dos recursos, nivelamento da produção e facilidade para o gerenciamento visual da
construção. Outras vantagens, como o efeito aprendizado, também são apresentadas
devido à definição de um lote de produção que pode se repetir, proporcionando a
oportunidade de aprendizado contínuo, aumento da qualidade e da produtividade na
construção, mostrando como útil a aplicação desta técnica de planejamento.
3 METODOLOGIA
O presente estudo classifica-se como qualitativo cujos objetivos foram explorar e
descrever (COLLIS; HUSSEY, 2005) a aplicação do método da LB em uma obra
industrial. Para tal, utilizou-se do estudo de caso como estratégia de pesquisa (YIN,
2010) no qual o objeto de estudo é uma obra de um tanque de uma refinaria da
Petrobras.
Primeiramente, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o planejamento de processos
de produção, tanto para a construção de edifícios como para a construção de obras
industriais. Conduziu-se, então, uma análise comparativa entre os elementos de
planejamento das duas áreas pesquisadas.
Foram realizadas visitas ao setor de planejamento da refinaria Petrobras/Lubnor. O
objetivo da primeira visita foi a coleta de dados e informações sobre a metodologia
aplicada, atualmente, para o planejamento de obras internas da Petrobras/Lubnor. Já em
um segundo momento, o objetivo foi a escolha da obra para a aplicação do estudo de
caso. Após a escolha da obra, foram analisados os projetos e foi feita uma revisão
bibliográfica sobre o tipo de obra, as suas etapas e a sua forma de execução. Para cada
visita foi elaborado um questionário para a coleta de informações.
1370
Nesse estudo, a obra escolhida para a análise foi a construção de um tanque de
armazenamento de CAP. Foram analisados os projetos, de forma que, primeiramente,
fosse entendido a rede lógica de predecessoras desse tipo de obra.
Em seguida, partiu-se para a montagem da LB. Foi necessária a definição de um modelo
simplificado para a obra, determinando as atividades que seriam consideradas para o
modelo. Juntamente com a definição dos pacotes de trabalho, foram analisadas as
restrições do projeto (ordem de execução e limitações construtivas), de forma que a
elaboração da LB chegasse próxima da realidade.
4 RESULTADOS
4.1 Caracterização do estudo de caso
O projeto consiste na construção de um tanque de armazenamento da Petrobras/Lubnor,
de teto fixo, com estrutura autoportante para o armazenamento de CAP (Cimento
Asfáltico de Petróleo). A capacidade do tanque é de 3.400m³ e possui dimensões de
17,17m de diâmetro e 14,64m de altura.
Segundo Barros (1998), tanques de armazenamento são equipamentos de caldeiraria
pesada, sujeitos à pressão, aproximadamente atmosférica, destinados, principalmente,
ao armazenamento de petróleo e de seus derivados. Estes são utilizados para armazenar
vários tipos de produtos (matérias primas, insumos e produtos finais) em grandes
quantidades. Os tanques podem ter variadas dimensões, formas, tipos, e podem ser
constituídos por diversos materiais, sendo o mais comum o aço-carbono.
Os componentes típicos de um tanque de armazenamento convencional são: base,
fundação, fundo, costado e teto, conforme a Figura 2.
Figura 2 – Descrição dos componentes de um tanque de armazenamento
Fonte: Costa (2011).
Os tanques são classificados de acordo com o tipo construtivo do seu teto e a definição
do tipo de teto é feita a partir do produto que será armazenado.
Para esse trabalho, algumas simplificações foram adotadas para a LB da construção do
tanque. As atividades consideradas no modelo foram: fundação, montagem das chapas
do fundo, montagem, pintura e isolamento térmico dos anéis do costado, montagem do
teto, teste hidrostático. Atividades como bases para a tubulação, dique de contenção,
proteção catódica, bases para plataformas, aterramento e colocação dos assessórios do
tanque não foram consideradas para o modelo.
4.2 Componentes do Tanque
A Figura 3 apresenta as etapas executivas da edificação estudada.
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Figura 3 - Construção do Tanque de CAP
Fonte: Arquivo Petrobras/Lubnor (2013)
A etapa de execução da base do tanque refere-se à movimentação de terra inicial,
conforme Figura 3, quadro 1. É nesta etapa que ocorreram as atividades de bota fora,
reaterro e compactação do solo.
As fundações são compostas por uma cinta circunferencial em concreto armado sob o
costado, de acordo com a Figura 3, quadro 2. Foram consideradas as seguintes tarefas
resumidas: escavação, compactação de base e lastro de concreto magro, execução de
formas e montagem da armadura, concretagem da estrutura de concreto, execução de
sete sapatas para suporte do teto (escavação, formas, armaduras e concretagem).
O fundo é formado por tiras de chapas de aço superpostas, unidas através de soldas de
filete, conforme Figura 3, quadro 3. Foram consideradas as seguintes tarefas resumidas:
posicionamento, soldagem das chapas, inspeções e ensaios.
A próxima etapa de execução é a do costado, composto de chapas unidas por solda. A
Figura 3, quadro 5, mostra a montagem dos anéis com a utilização de macacos
hidráulicos. O costado é constituído por 6 anéis, cujas tarefas consideradas foram:
posicionamento das chapas, soldas verticais, soldas horizontais e inspeções e ensaios.
A estrutura interna é formada por coluna central, coluna intermediária, coroa central,
vigas radiais principais, vigas radiais secundárias, vigas transversais, cantoneira de
apoio, conforme mostrada na Figura 3, quadro 4. Foram consideradas as seguintes
tarefas resumidas: montagem de estrutura, montagem de chapas de teto, soldagem,
inspeções e ensaios.
O tanque foi testado com coluna d’água após execução de todos os serviços de
manutenção, soldagem e pintura. A finalidade do teste hidrostático é avaliar o tanque
quanto a sua resistência estrutural e a sua estanqueidade. As atividades para esse teste
englobam o enchimento em quatro etapas do tanque, sendo as etapas de
25%/50%/75%/100% de água. Aguardou-se 24hs em cada etapa e esvaziou-se o tanque.
De acordo com dados coletados na Petrobras/Lubnor, a média de duração para o teste é
de 10 dias.
No tanque em estudo não houve pintura externa completa, pois este possui isolamento
térmico. Nesse caso, a pintura é feita apenas nos locais aonde foram executadas as
soldas. Foram consideradas as seguintes tarefas resumidas: montagem de andaimes,
jateamento, pintura interna e externa nas soldas do tanque e desmontagem de andaimes.
Esse serviço abrange além da aplicação da tinta, as operações de inspeção visual,
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limpeza, tratamento da superfície, aplicação da tinta de fundo, aplicação de tinta de
acabamento e controle de continuidade de película. O seu interior não precisa de
proteção, salvo as estruturas de suporte e as chapas no teto, onde é aplicada uma pintura
primária com a função de evitar a sua degradação com acabamento em tinta de esmalte
acrílico branco.
A finalidade do isolamento térmico é diminuir a perda de calor nos tanques de produtos
aquecidos. O tanque em estudo contempla essa etapa, por conta do tipo de material
armazenado, de acordo com o quadro 6 da Figura 3.
4.3 Montagem do Tanque de Armazenamento
A montagem do tanque de armazenamento é feita “de cima para baixo”, utilizando
macacos hidráulicos, conforme ilustrado na Figura 4. Primeiro é feita a fundação,
depois monta-se o fundo do tanque. Monta-se, no solo, o teto e o anel superior do
costado (conforme quadros 1, 2 e 3 da Figura 4). Com a ajuda de macacos hidráulicos,
posicionados em torno do perímetro do costado do tanque, suspende-se o anel superior e
o teto até que a altura permita a montagem do próximo anel (quadros 4 e 5 da Figura 4).
Assim é feita a montagem de forma sucessiva até o anel 1, que é o último a ser montado
(conforme quadro 6 da Figura 4). Dessa forma, a operação de soldagem é sempre
realizada a uma altura baixa em relação ao solo, correspondente à largura da chapa do
costado. Assim, evita-se a necessidade de andaime e de trabalho em altura.
Figura 4 - Montagem do Tanque de Armazenamento
Fonte: Apostila Montagem (2013)
4.4 Aplicação do método da Linha de Balanço na execução do projeto
Para esse trabalho foram elaboradas duas LB. O primeiro estudo foi preparado supondo-
se a construção de 1 tanque de armazenamento. Dessa forma, retrata-se o caso da
Petrobras/Lubnor. Em seguida, foi feito um segundo estudo simulando a construção de
3 tanques de armazenamento. Dessa forma, pode-se avaliar a eficiência do método para
a construção de mais de 1 tanque.
Para efeito de estudo, a construção do tanque foi separada em seis etapas: (1) Fundação;
(2) Fundo; (3) Costado; (4) Teto; (5) Pintura; (6) Teste Hidrostático. Tentou-se definir
uma unidade repetitiva para cada etapa, porém não foi possível definir esta unidade
repetitiva para o teto e para o teste hidrostático. Em seguida, foram definidos os pacotes
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de trabalho e a elaboração da EAP (Estrutura Analítica de Projeto), conforme a Figura
5.
Figura 5 – Estrutura Analítica do Projeto
Fonte: dos autores.
A unidade de repetição para a Fundação foram os blocos de pacotes que possuem as
mesmas atividades: o Anel e a Sapata. A Nomenclatura “Sapata 1/3” significa que serão
feitos três pacotes de sapatas iguais. O fundo foi dividido em 3 partes, onde cada parte
possui as atividades de posicionamento de chapas, soldagem e inspeção, que são suas
unidades de repetição. Para o Costado a unidade de repetição adotada foi o anel. Os
anéis, primeiramente foram divididos ao meio (conforme nomenclatura “Anel 1 1/2” e
“Anel 1 2/2”). Em seguida, foram feitos seis pacotes com a nomenclatura “Anel 1/6”,
sendo a fração “1/6” referente à posição da altura do anel no tanque.
Para a determinação da duração dos pacotes de trabalho, foi necessário identificar os
índices de produtividades para cada atividade. Por falta de informação, alguns índices
tiveram que ser estimados e/ou pesquisados na literatura. Para a etapa de trabalhos em
aço, foram considerados os índices publicados por Almeida (2006) e Simonsen (2004).
Os índices de produtividade referentes à etapa civil foram coletados no mercado em
empresas de planejamento de obras. A Tabela 1 apresenta as produtividades para cada
etapa da obra, de acordo com as fontes indicadas.
Tabela 1 - Tabela de índices de produtividade
Etapa Produtividade Fonte
Montagem/Soldagem do Anel 90 Hh / T SIMONSEN (2004)
Montagem Base – Chapas 64 Hh / T ALMEIDA (2006)
Montagem Teto – Estrutura (colunas e vigas) 300 Hh / T ALMEIDA (2006)
Montagem Teto – Chapa Lisa 0,214 Hh / kg ALMEIDA (2006)
Pintura Interna / Externa 2 Hh / m² ALMEIDA (2006)
Escavação 5,6 m³ / dia AVAL
Formas / Aço 6,4 m² / dia AVAL
Fonte: dos autores.
Segundo Simonsen (2004), em torno de 35% dos homens-horas são consumidos no
manuseio, na montagem e no ajuste das chapas e 65% na sua soldagem. Assim, a
produtividade para o isolamento térmico foi estimada em 4 dias por anel.
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Com esses índices e quantidades de serviço, as durações foram calculadas para cada
atividade bem como a mão-de-obra necessária para a sua execução e logo em seguida
foi montada a LB para as duas situações propostas.
A Figura 6 representa a LB completa para 1 tanque de armazenamento. Pode-se
observar que todas as atividades foram programadas em fluxo contínuo.
Figura 6 – LB 1T
Fonte: dos autores.
Pode-se observar também, a trajetória não tradicional da construção do tanque. Nas
etapas de pintura e de isolamento térmico os anéis também foram separados em 2
partes. Dessa forma, foi preciso montar os andaimes para executar o serviço apenas uma
vez simplificando o processo de produção e proporcionando economia de tempo para
atividade.
Para a LB 3T, o aproveitamento de equipes é mais intenso. A Figura 7 exibe a LB
completa para 3 tanques. Nesse caso, é possível aproveitar as equipes de um tanque para
o outro. Por exemplo, a montagem do teto, que antes não era uma unidade de repetição,
passou a ser.
Figura 7 – LB 3T
Fonte: dos autores.
Outra atividade importante que passou a ser contínua foi o teste hidrostático, que, dessa
forma, traz o aproveitamento da equipe, como também da água utilizada nos testes para
os 3 tanques. Dessa forma, percebeu-se que o fluxo contínuo é mantido por mais tempo
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multiplicando-se, desta forma, os benefícios evidenciados por essa técnica de
planejamento. Assim, conseguiu-se simular várias estratégias dos serviços adotados, de
forma a analisar as melhores possibilidades para a execução da obra.
Observa-se a reutilização da equipe de montagem dos anéis (representados pelos
quadrados em amarelo). Para essa análise, pode-se observar, por exemplo, a alteração
na quantidade de equipes, possibilitando o aproveitamento da mão de obra. É possível
perceber o aproveitamento completo de equipes. Diferente do que seria, caso a
construção fosse realizada em série.
5 CONCLUSÕES
O presente trabalho apresentou a aplicação da técnica de LB em uma obra de uma
Indústria Petroquímica possibilitando uma análise de sua pertinência. Como resultado,
foi possível realizar uma caracterização do processo construtivo, a proposição de uma
estrutura analítica de projeto, o levantamento de índices de produtividades e a aplicação
do método no caso estudado.
A maior dificuldade encontrada foi a definição do lote de produção repetitivo o que
pode inviabilizar a utilização desta técnica. Encontrada a unidade de repetição, os
autores acreditam que o uso da Linha de Balanço para obra estudada agregou relevantes
melhorias para o planejamento da mesma. O gerenciamento da obra também pode ser
facilitado pela forma visual que a Linha de Balanço oferece, proporcionando uma
interpretação fácil e rápida do planejamento da obra, além de aumentar a transparência
do processo de construção.
Com a LB, a continuidade das tarefas é estimulada. Além de que, pode-se proporcionar
um aumento na produtividade, por conta do efeito aprendizado, devido à repetição da
execução de lotes semelhantes pelas equipes. Assim, o entendimento do serviço torna-se
cada vez mais claro impactando positivamente, também, na qualidade dos serviços.
Por fim, destaca-se que a técnica de Linha de Balanço pode ser viável em obras
industriais, desde que se encontre uma unidade de repetição que justifique sua
utilização. Encontrada a unidade de repetição, a elaboração da EAP se torna simples e
trará mais benefícios na execução de mais tanques.
Como sugestão para próximos trabalhos, recomenda-se analisar se o método adotado é
viável financeiramente no quesito quantidade de equipamentos solicitados para a
execução do projeto, ou seja, se a estratégia de ataque proporcionada pelo
aproveitamento das equipes, que irá aumentar o prazo do projeto, é viável contra a
redução da mobilização de equipamentos; Ampliar o número de atividades da LB desse
estudo de caso, ou seja, incluir etapas de construção de acessórios dos tanques; Coletar
a produtividade real dos trabalhadores da construção da indústria do petróleo; Testar a
aplicabilidade do método da LB em outras obras industriais presentes em refinarias;
Testar a aplicabilidade do método da LB em outros tipos de tanques ou com outro
método construtivo; Comparar quantitativamente o método da LB com o método do
Gráfico de Gantt.
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