Apontamentos 10º e 11º ano

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    A diversidade de poderes na Europa Medieval

    Aps a queda de Roma, o poder fraccionou-se numa multiplicidade de clulas deextenso e de estruturas variadas, tais como os senhorios, as comunas, os reinos e atum Imprio que tentava, a todo o custo, manter vivo o glorioso legado romano.

    Os senhorios eram as terras dos senhores. Territorialmente, um senhoriocorrespondia a uma propriedade fundiria cuja dimenso variava muito. Podiam formarum todo contnuo (como em certas zonas de Inglaterra ou no Norte de Frana - mas estaera uma situao rara) e eram constitudos pelo castelo do senhor, terras arveis,

    bosques e um ou mais aglomerados populacionais. Nestes territrios o seu proprietrioexercia um duplo poder: sobre a terra, pois cobrava rendas e servios populao pelaexplorao desta, e autoridade sobre os homens que nesta habitavam, podendo assim

    julg-los, aplicar penas, cobrar impostos, levantar homens para o exrcito, , ou seja,exercia um conjunto de poderes polticos ao qual se chamava ban ou bannus e que,teoricamente, eram prprios de ser exercidos pelo Rei.

    Este duplo poder senhorial uma das caractersticas mais marcantes dos temposmedievais.

    Os reinos eram constitudos por dois elementos essenciais: o reconhecimento daautoridade suprema de um homem (o rei), ao qual compete exercer a realeza em regimehereditrio e que dever utilizar a sua superioridade total para garantir o bem comum, ea delimitao de um territrio, base do vnculo entre o rei e os seus sbditos, isto , ocritrio de subordinao ao rei territorial, ou seja, o facto de ter nascido no reinocoloca, independentemente da sua vontade, todo o homem na dependncia do rei. Nosculo XIII, na zona ocidental da Europa, os reinos constituem j unidades polticas

    estveis, tais como Portugal, Castela e Frana por outro lado, no oriente existiam reinosainda embrionrios, como a Polnia, Hungria ou Bulgria.

    Tal como foi dito anteriormente, a queda de Roma no foi suficiente para fazeresquecer o ideal de uma autoridade comum. Assim, houve duas tentativas de recriar umnovo imprio.

    A primeira vez deu-se no natal de 800 quando o Papa coroou, em Roma, CarlosMagno (o rei dos Francos), Imperador do Ocidente. No entanto este imprio foi efmeroe, aps a sua morte, no tardou a dividir-se.

    A segunda teve incio com a coroao de Oto I (rei da Germnia, o maispoderoso monarca do ocidente da poca), que, tal como Carlos Magno, se aliou ao Papa.Como tal, e por englobar territrios germnicos e italianos, este Imprio recebeu o nomede Sacro Imprio RomanoGermnico.

    No entanto, esta derradeira tentativa de erguer um novo Imprio tambm falhou:por um lado, na Europa Ocidental, afirmavam-se os reinos organizados e fortalecidos, epor outro lado, o poder interno ia-se enfraquecendo pelas constantes disputas entre oPapa e o Imperador (que aspirava chefia da Cristandade) e a constante afirmao dosgrandes senhores. Com isto, no sculo XIII, constitua um conjunto de territriosgovernados por prncipes locais que escolhiam um Imperador entre sicargo honrosomas intil pois no constitua nenhum poder efectivo.

    As comunas resultavam de uma associao dos habitantes de uma cidade com oobjectivo de libert-la da sujeio dos grandes senhores.

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    Tudo comeou no sculo XI, quando a cidade renasce e anima-se, deixando deaceitar o domnio que os grandes senhores sobre elas exerciam. Ento, no norte deItlia, onde as tradies citadinas nunca se perderam, iniciou-se um movimento de luta

    pela liberdade, encabeado pelos mercadores mais ricos, que constituam o grupo maisactivo, mais rico e mais influente, que obrigou coeso de todos os habitantes dacidade, a um juramento solene de entreajudaa comuna, que apresenta ao senhor asreivindicaes e, se o senhor resistir, luta por elas. As lutas comunais espalharam-se portoda a Europa, sendo, por vezes, origem de episdios violentos ou, normalmente,terminando de forma simples e pacfica em que o senhor aceitava receber uma grandequantia monetria por perder os seus direitos. De uma forma ou de outra, no sculo XII,uma boa parte dos burgos j+a tinham recebido (por parte dos senhores ou do rei) a cartacomunal, onde esto estipulados os estatutos e privilgios que variavam de regio pararegio e de cidade para cidade, tendo sido, sobretudo, nos territrios alemo e italianoem que se conseguiu mais privilgios administrativos.

    As comunas eram governadas por um corpo de magistrados prprio, aos quaiscompetia a definio de normas, a cobrana de impostos, a aplicao da justia,

    portanto, a regulao de todos os aspectos polticos e econmicos de uma comuna.As comunas italianas tornaram-se lugares de destaque nos circuitos econmicos

    europeus.Depois de tudo isto, podemos ento concluir que na Europa Medieval possvel

    identificar trs grandes reas politicamente distintas: a oeste (onde se afirmavam osreinos como Inglaterra, Castela e Portugal), constituindo o Estado Moderno; no centro(um Imprio constitudo por uma extensa rea que agrupava um conglomerado de

    principados territoriais e de cidades autnomas); e a leste (uma zona muito instvel dereinos muito recentes onde a autoridade real tem dificuldade em afirmar-se face aopoder dos grandes senhores).

    As religies em confronto no mundo medieval

    As religies em confronto no mundo medieval so:A Igreja Catlica Romana: no sculo XIII , sem dvida, a instituio mais

    poderosa e organizada do Ocidente (tinha um centro reconhecido: Roma), um chefeSupremo (o Papa), dominar um vasto territrio e vincular todos os seus habitantes(nesta poca era impensvel no ter religio e no Ocidente, salvo os pequenos grupos de

    judeus e mouros, todos so cristos), possuir meios humanos e materiais (dado que umnumeroso corpo de clrigos, bem organizado, representa-a junto dos fiis), a cobranade variadas taxas (como a dzima) assegurava-lhe a riqueza, que se completava comgenerosas ddivas e extensas propriedades, e reger-se por um cdigo de leis prprio(Direito Cannico), que individualiza os seus membros face restante da populao.

    A Igreja Ortodoxa Grega (conjunto de Igrejas do Oriente que, no sculo XI, sesepararam da Igreja de Roma por considerarem que esta se desviava dos genunosdogmas do Cristianismo, definidos nos 7 primeiros conclios. Da a designao que a simesmo atribuem de ortodoxas (doutrina certa).

    Os ortodoxos no reconheciam como catlicos a autoridade superior de qualquerbispo, embora o primado de honra pertencesse ao Patriarca do Constantinopla. Para

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    alm disso, as duas igrejas eram separadas por alguns pontos doutrinais e litrgicos,nomeadamente no que toca ao dogma da Santssima Trindade e lngua religiosa que,no Oriente era o Grego e no Ocidente, o latim. Da o nome de Igreja Grega IgrejaOrtodoxa.

    O Islo ou Islamismo: religio monotesta fundada por Maomet, na segundadcada do sculo VII. O vocbulo islo significa em rabe submisso total a Deus.

    Inicialmente o termo foi pouco usado no sentido que tem hoje, j que os rabesdesignam a sua religio por Muslen e Mussulman os seus crentes. O termo hoje tanto

    pode ser utilizado com um sentido estritamente religioso como por designar acomunidade islmica.

    A expanso agrria, o crescimento demogrfico e o ressurgimento das

    cidades

    No ano 1000 e nos sculos que se seguiram, os homens dedicaram-se ao desbravamento

    de bosques, assim como amanharar baldios e secar pntanos, transformando-os emterras de lavoura. Estes arroteamentos ficaram a dever-se principalmente iniciativaconjunta de reis, senhores lacaios, ordens monsticas e at cidades, pois eram aquelesque tinham mais capacidades para atrair camponeses, fornecerem as sementes, osinstrumentos e todos os materiais necessrios ao trabalho no campo.exemplo, fazendo com que fosse possvel abrir mais profundamente o solo e fixar maisas sementes), o melhor aproveitamento da fora animal com a utilizao da congafrontal para os bois e a coalheira rgida para os cavalos), o afolheamento trienal deculturas (o que, ao contrrio da tradicional diviso do terreno em duas folhjas, permitiugranjear uma maior parcela de terreno) e a utilizao de estrume animal, cinzas e marga,que melhorou a qualidade dos solos.vo as grandes pestes. Assim, nesta poca a populao sofreu um aumento acentuado e,assim, as cidades aumentaram em nmero e tamanho, transformando-se tambm, poisantes eram, sobretudo, centros polticos, militares ou religiosos e a partir do sculo XIIassumem uma funo essencialmente econmica. Nelas se estabeleceu uma nova classesociala burguesia - alguns nobres, peregrinos e pobres. A cidade era, ento, um plode atraco e atingiu o seu auge no inicio do sculo XIV. Temos, no entanto, de ter emconta que o conceito de cidade desta altura muito diferente, abrangindo somentealguns milhares de habitantes.

    Os plos mais dinmicos da economia

    europeia

    Nos sculos XII e XIII o comrcio organiza-se em dois conjuntos econmicos quecoincidem, basicamente, com as zonas industriais mais activas: o norte, flamengo ealemo, navega a mercadoria no Atlntico, no Mar do Norte e no Bltico; o sul, liderado

    pelos mercadores italianos, utiliza o Mediterrnico.mercadorias que se desenvolve um terceiro plo econmico: as feiras de Champanhe.

    As principais rotas e os produtos transaccionados

    As rotas comerciais eram de Hansa e Flandres (e os produtos transaccionadoseram vinho bltico, ferro e ao russos), das cidades italianas a Flandres (produtos

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    mediterrneos e especiarias orientais), da Prssia e Polnia para a Hansa (cereais),Rssia e Noruega para a Hansa (madeiras, ceras, gorduras e peles), da Frana para aHansa (vinho e sal), de Inglaterra para a Hansa (ls), das cidades italianas para a Hansa(vinho e azeite).

    A trilogia negra do sculo XIV: fome, peste, guerra

    Durante a Idade mdia a morte era uma presena permanente. Odesconhecimento dos princpios bsicos da puericultura, a falta mais elementar dehigiene, o atraso da medicina, as fomes e as pestes eram os principais responsveis pelofrgil equilbrio demogrfico.

    Nesta poca, um mau ano agrcola fazia subir o preo do po, condenando fome os mais pobres. Por fim, quando as reservas realmente se esgotavam, a fometornava-se catastrfica, qual se seguiam as epidemias que se alastravam facilmente,aliado ainda aos efeitos devastadores da guerra.

    Comecemos ento pela fome: No final do sculo XIII j no era possvelproduzir alimentos suficientes para toda a populao porque, por um lado, tinhaocorrido um aumento acentuado da mesma, e portanto a lavra intensa tinha esgotado ossolos. Estes factores, associados s alteraes climticas (desde o inicio do sculo XIV,a temperatura mdia baixou e as chuvas aumentaram) que fez com que todas ascolheitas se perdessem conduziu a populao a uma fome generalizada da qual ningumestava livre.

    Passemos agora para a peste: trazida do Oriente por marinheiros genoveses, aPeste Negra era transmitida ao Homem pelas picadas das pulgas alojadas nos ratos efaziam nascer tumefaces nas virilhas, axilas e pescoo. Alm disso, era pulmonar, oque explica a rpida propagao, j para no falar da sua fatalidade.

    Devemos tambm ter em conta a falta de higiene extrema que se vivia na altura,assim como a medicina primitiva e a sua impotncia perante tal catstrofe.

    Por fim, temos a guerra: guerras civis, conflitos entre estados e revoltaspopulares devastavam o quotidiano dos Europeus.

    O crescimento das cidades portuguesas

    Os factores que possibilitaram o crescimento das cidades portuguesas so vrios.Em primeiro lugar, os ncleos urbanos do Norte portugus revitalizaram-se

    graas aos peregrinos que se dirigem a Santiago de Compostela.Em segundo lugar, a presena da corte nas cidades do Centro e Sul contribuiu,por seu turno, para a consolidao das estruturas do reino.

    Em terceiro lugar, e se a presena rgia prestigiava uma urbe, no menorengrandecimento derivava das suas funes eclesisticas, ou seja, as sedes de bispado.

    Em quarto lugar est a necessidade de atrair moradores a zonas que era precisopovoar, explorar economicamente e defender.

    Por ltimo, o surgimento de novas cidades perto dos grandes eixos decomunicao, atraindo mercadores e estimulando o comrcio.

    As cidades medievaisAs cidades medievais compreendiam um centro, um arrabalde e um termo,

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    Quanto ao centro, podemos dizer que se caracterizava por uma construodesorganizada, acidentes de relevo, cujas ruas eram tortuosas, estreitas, escuras, sujas ecom muitos becos sem sada; era rodeado por muralhas que lhe conferia beleza,segurana e benefcios financeiros; era a localizao dos edifcios de poder (como ocastelo ou o pao episcopal); os mestres organizavam-se em ruas especficas cujosnomes ainda se mantm; os judeus viviam em bairros prprios (as judiarias), comfuncionamento e hierarquia independente. No arrabalde encontravam-se as mourarias,as hortas, ofcios poluentes ou barulhentos, oficinas e lojas que conduziam cidade, osdoentes e as ordens mendicantes que os assistiam.

    O termo corresponde a um espao circundante com olivais, vinhas, , sobre o

    qual a cidade tinha jurisdio, domnio fiscal e poder militar.

    O funcionamento da monarquia feudal.A monarquia feudal aquela onde figura do rei cabia o importante papel de

    unificar os particularismos e conferir aos habitantes dos concelhos e senhorios umaidentidade nacional. O reino era possudo como um bem pessoal que se herdava emtestamento juntamente com a funo rgia. Havia uma hierarquia: o rei era, portanto, aautoridade mxima, qual se submetiam os vassalosdevendo fidelidade e apoio nadefesa e administrao do reino e, em troca, o rei doava-lhes terras, concedendo-lhes

    poderes judiciais e fiscais. Estes monarcas fundamentaram os seus poderes no direitodivino, considerando-se os representantes de Deus na Terra.

    Tradicionalmente os poderes do rei eram: a chefia militar, a manuteno da paze justia maior e cunhar a moeda.

    A interveno do rei na administrao localO reforo da autoridade rgia repercutiu-se tambm na administrao local.D. Afonso III, monarca das primeiras grandes reformas centralizadoras,

    estabeleceu uma nova organizao administrativa nas regies sob a dependncia daCoroa.

    Nas reas concelhias no deixou de se intrometer ao longo dos sculos XIII eXIV. Nos concelhos, o rei fazia-se representar pelo alcaide-mor, pelo almoxarife e pelomordomo, pelo corregedor e pelos juzes de fora e pelos vereadores.

    A afirmao de Portugal no quadro poltico ibrico

    Vrios factores contriburam para a afirmao de Portugal no quadro polticoibrico. De feio administrativa, temos: a fixao definitiva das fronteiras terrestres;fortificao de vilas; as construes ou reconstrues de castelos; atribuio de forais;

    proteco dos concelhos; organizao de uma marinha de guerra.Ao nvel econmico, podemos referir que: na agricultura, se expandiu a

    superfcie cultivada; se incrementaram as feiras e o comrcio externo; organizou-se umamarinha de guerra (intrinsecamente ligada actividade mercantil); a moeda ganhoufirmeza atestando a riqueza material e financeira do reino.

    No que diz respeito cultura, as letras foram dignificadas, a lngua portuguesa

    tornou-se a lngua oficial dos documentos de chancelaria rgia, criou-se a primeiraUniversidade Portuguesa (em Coimbra) e fomentou-se a arte gtica.

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    As diferentes representaes cartogrficas anteriores Expanso.Inicialmente, a cartografia medieval mostrava-se incipiente e simplista, por

    exemplo, nos chamados planisfrios T-0, a Terra apresentava-se como um disco plano,constitudo por trs continentes e rodeado de oceano.

    Um outro planisfrio corrente no sculo XV decompunha a Terra em zonas,considerando inabitveis as zonas equatoriais e polares, sendo estas representaes

    puramente simblicas, no existindo critrios cientficos nas formas, nas dimenses ouna disposio relativa das terras, dos mares e dos rios.

    Outras concepes de representao cartogrfica derivavam da obra do gegrafogrego Ptolomeu (que, entre vrias incorreces, no admitiam a comunicabilidade entreos oceanos atlntico e Indico)

    No entanto, a cartografia europeia registou um aperfeioamento notvel graas expanso martima que se verificou nos sculos XV e XVI: em 1489 o cartgrafoalemo Henricus Martellus produziu um curioso planisfrio onde, pela primeira vez, se

    representava o cabo da Boa Esperana e, um ano mais tarde, as edies de Geografia dePtolomeu foram interrompidas por nelas no se encontrarem a real configurao defrica e do Oriente, constatada pelas recentes navegaes.

    Um outro exemplo de evoluo ao nvel cartogrfico o planisfrio de Cantino(um dos mais famosos mapas da coleco de cartas portuguesas de Quinhentos, na qualse representava frica com bastante exactido e onde consta um esboo do largo trechodo litoral brasileiro, tendo sido, portanto, um modelo seguido por vrios cartgrafoseuropeus na primeira metade do sculo XVIapesar dos seus erros na representao daIndochina).

    Numa poca em que a descoberta da Terra proporcionava poder econmico eprestgio poltico, os cartgrafos portugueses eram, na verdade, os mais aptos paratraduzirem o mundo conhecido, atravs de grficos e de desenhos de pequenas reasterrestres, assim como a introduo de escalas de latitudes, de planos hidrogrficos comvistas de costas e dos registos de sondas (as sondas pesquisavam a profundidade dasguas e a natureza dos fundos), acompanhas por inmeras informaes sobre etnias,faunas e floras, representadas atravs de ricas iluminuras.

    O pioneirismo dos Portugueses na Expanso

    Como ser de esperar o pioneirismo no foi fruto do acaso e sim da conjuno

    de uma srie de condies favorveis, sendo elas do frum geogrfico, poltico, humanoe tcnico.

    Em primeiro lugar, Portugal usufrua de uma excelente localizao geogrfica(no extremo Ocidente da Europa), o que lhe proporcionava uma extensa costa martimae, portanto, portos naturais excelentes.

    Em segundo lugar, e ao nvel poltico, temos o facto de, aps a Revoluo de1383/85, o pas ter entrado num perodo pacfico e, desde o reinado de D. Dinis, que osmonarcas lusitanos apoiavam a construo naval e as actividades martimas.

    De seguida, temos de ter em conta que, com uma tradicional actividade

    piscatria, os portugueses estavam familiarizados com o mar e tinham experinciatcnica.

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    Por ltimo, mas no menos importante, sabemos que o incrvel avano tcnicoque os portugueses possuam relativamente ao resto da Europa tinha origem em rabes e

    judeus. Entre estes conhecimentos podemos salientar o leme montado no cadeste e abssola, que permitiram o traado de rumos na navegao, que se traduziram nas linhasde rumo das cartasportulano.

    Por outro lado, o desejo de navegar bolina (em vez de por rumo e estima)levou a uma reestruturao na construo medieval, assim como forma como osmarinheiros se orientavam. Desta feita, novas embarcaes nascerama caravela(embarcao fcil de manobrar devido ao leme fixo popa e capaz de bolinar graas svelas triangularesum navio veloz, com 15 toneladas de capacidade) a nau e o galeo(embarcaes mais resistentes e com mais capacidade de carga, fortemente artilhadascom canhes)e, graas astcia dos lusitanos, foram aplicadas novas tcnicas quemarcaram a histria da nutica, fazendo nascer a navegao astronmica (tcnica denavegao martima que recorre observao da altura dos astros e ao clculo da

    latitude e longitude para orientar os marinheiros), s quais se iniciaram com asimplificao do astrolbio e do quadrante, e da inveno da balestilha (os quais, maistarde, auxiliaram na descoberta da latitude).

    Podemos ento concluir que aos portugueses se deve a criao de um imenso eprecioso banco de dados cientficos que tornou possvel o conhecimento fsico da Terra.

    Os instrumentos nuticos utilizados pelos portugueses

    Os instrumentos nuticos utilizados pelos portugueses eram: a bssola, oastrolbio, o quadrante e a balestilha.

    Os principais momentos de ampliao do conhecimento do mundo empreendidospelos Europeus nos sculos XV e XVI.

    Nos sculos XV e XVI, a ampliao do conhecimento do mundo foi iniciada noreinado do Infante D. Henrique com a conquista de Ceuta em 1415, seguindo-se-lheuma srie de conquistas e descobertas ao longo da costa africana, sendo a conquista defrica o primeiro interesse dos portugueses.

    No entanto, dos principais momentos da Expanso deu-se em 1487-88, quandoBartolomeu Dias dobrou bravamente o Cabo das Tormentas (actual Cabo da BoaEsperana), abrindo assim a possibilidade de alcanar a ndia por mar (facto

    efectivamente ocorrido em 1498 graas a Vasco da Gama).Em 1493, Cristvo Colombo pediu apoio monetrio ao rei portugus paraalcanar a ndia seguindo para Oeste. Dado que este lho negou, Cristvo Colombosocorreu-se do rei castelhano, e, em lugar de contornar o globo e chegar ndia,conduziu a Espanha glria da descoberta de um continente desconhecidoa Amrica

    no qual, dois anos mais tarde, Pedro lvares Cabral veio a dar a conhecer ao mundoum pas repleto de pau-brasil.

    Dezanove anos mais tarde, Ferno Magalhes realizou a primeira viagem decircum-navegao que veio a terminar em 1522.

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    Os contributos da Expanso Martima na Botnica e na Zoologia.

    A Expanso Martima dos sculos XV e XVI proporcionou aos portugueses umaatenta observao da Natureza, que ps em causa muitas das concluses dos Antigosalargaram-se os registos tnicos, botnicos, zoolgicos e cosmogrficos. Sob estamesma anlise realista e pormenorizada foram descritas as faunas e as floras de frica,Oriente e Brasil, sendo, pela primeira vez, dados ao conhecimento dos europeus animaiscomo a girafa, o elefante, o rinoceronte, o leopardo, a preguia, pelicano, o papagaio, e

    plantas ou frutos como lrios, malagueta, pimenta, papaia, anans, bolota, coco

    A atitude dos Ibricos face aos povos que encontraram, e a prtica de escravatura

    O desconhecimento, antes dos descobrimentos, em relao aos povos quehabitavam o Mundo, levou criao de mitos sobre seres monstruosos, ideias que foramdesmistificadas graas s Descobertas martimas de Portugueses e Espanhis, dandolugar ao espanto e curiosidade.

    No entanto, a crena generalizada na Europa, na superioridade da raa branca eda religio crist, foi o fundamento para as atitudes de preconceito e de discriminao,que desde cedo envolveram o contacto entre culturas; deste modo, ora se elogiava ainocncia de alguns povos, numa atitude claramente paternalista, ora se desprezavam astradies, consideradas selvagens, numa atitude de racismoatitudes que muitas vezesse misturavam na apreciao de um mesmo povo.

    Para alm desta desconfiana pela diferena (que muitas vezes era mtua), umoutro factor que entravou o encontro de culturas foi o desnvel entre o poder doEuropeu, baseado nas armas de fogo, e do poder do indgena, assegurado apenas pelasarmas tradicionais.

    A partir de 1448 inicia-se o trfico de escravos africanos destinados aostrabalhos mais duros nas colnias americanas e na Europa, a necessidade de mo-de-obra e a justificao de que os negros no eram descendentes de Ado constituram as

    bases da escravizao e do completo desrespeito pelos direitos humanos que aacompanhoudepois de capturados, os escravos realizavam a longa viagem de barcoat s Amricas em condies infrahumanas.

    A brutalidade com que os detentores de terra espanhis tratavam os amerndios,sujeitando-os a trabalhos forados, massacrando-os e desrespeitando a sua imensariqueza cultural, levantou a questo da legitimidade, ou no de se condenar os ndios

    escravizao, sendo a liberdade destes defendida por sacerdotes da Igreja Catlica.

    Miscigenao e missionao.

    A missionao a expanso da f crista entre povos no crentes, mediante oenvio de catequistas e pregadores, tanto do clero secular como das ordens religiosas. Aaco catequtica , de um modo geral, reforada com o exerccio, pelos missionrios,do ensino e da assistncia social. A miscigenao a mistura de grupos tnicosdiferenciados.

    O cosmopolitismo de Lisboa e de Sevilha.

    Foi pelo afluxo das mercadorias ultramarinas, pelos conhecimentos geogrficose pelo saber tcnico forjado na experincia das mars que os reinos ibricos se

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    projectaram na Europa do tempo, e Lisboa e Sevilha fascinavam pelas riquezas queacolhiam e pelas muitas e variadas gentes que as demandavam.

    Comecemos por Lisboa:Merc das navegaes portuguesas para os arquiplagos atlnticos, a frica, a

    ndia e o Brasil, Lisboa transformou-se, nos primeiros anos de Quinhentos, nametrpole comercia do Mundo. Qual placa giratria na comunicao ente a Europa, asia e a frica (via rota do Cabo) e a Amrica, o porto de Lisboa espantava pelaconcentrao de navios que o visitavam. Nele se cruzavam as tripulaes das armadas,os soldados, missionrios, mercadores e aventureiros que partiam ou chegavam doImprio; os funcionrios da Alfndega, casas de Ceuta, da Mina e da ndia; osmercadores e banqueiros europeus; os humildes carregadores, tantos deles escravosnegros.

    Bem prximo, nos grandes estaleiros da Ribeira das Naus, vigorosos calafetesconstruam e reparavam muitos dos navios portugueses que percorriam os mares do

    Globo. Pairava no ar o cheiro da canela e da pimenta; os bazares da Rua Nova dosMercadores ou os armazns da Coroa beira-rio, que eram as j referidas Casas daMina e da ndia, abarrotavam, tambm, de marfim e ouro africanos, de sedas,

    porcelanas, tapetes, mbar prolas, rubis e diamantes orientais; de madeiras exticas,acar e plantas tintureiras do Brasil; de prata e cobre da Alemanha; de tecidos de Itlia;de trigo dos Aores e da Europa Oriental. Lisboa assumia, desde o sculo XV, o lugarde metrpole poltica. Nela se instalara a alta administrao do Reino e do Ultramar e

    permaneciam, por perodos cada vez mais largos, o rei e o seu squito. D. Manuel, nafaixa ribeirinha, mandou erguer uma nova morada, o Pao da Ribeira, para cujo rs-do-

    cho se transferiram os armazns da Casa da Mina e da ndia. Como convinha,naturalmente, a um monarca de poder forte e centralizado, que organizava os trficosultramarinos pela via do monoplio rgio.

    D. Manuel deixou memria do seu reinado na reconstruo urbanstica deLisboa. Alm do Pao da Ribeira, o Armazm do Trigo, a Alfndega, a Casa dos Bicos,o Mosteiro dos Jernimos, etc, atestavam a poca urea dos DescobrimentosPortugueses. Testemunho da grandeza da capotal do reino foi o seu dinamismodemogrfico: de 1527 a meados do sculo, Lisboa passou de 70000 ara 1000000,

    nmero que se elevou a 165000 em Seiscentos.Relativamente a Sevilha:Cristvo Colombo conduziu a Espanha, nos finais do sculo XV, glria da

    descoberta da Amrica. Assim, a Espanha Ergueria, no sculo XVI, um imenso Imprioterritorial. A articulao entre Espanha e os territrios americanos efectuou-se pelaCarreira das ndias. A Sevilha coube o papel de capital econmica da Espanha, nosculo XVI, disputando com Lisboa o domnio mundial das tocas ocenicas. Duas vezes

    por ano largava de Sevilha a Carreira das ndias. Em Abril/Maio o destino era VeraCruz, no Mxico. Em Agosto, a frota dirigia-se para Cartagena das ndias, na Colmbia.Eram estes dois portos que drenavam as riquezas da Amrica Central e do Sul, para elestransportados de barco e em dorso de mulas: o ouro e a prata, o acar, os couros, as

    plantas tintureiras. A Vera Cruz afluam, ainda, carregamentos de prolas e especiariasdas Filipinas, transportados de barco; de Manila para Acapulco, seguiam desta, por

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    terra, para Vera Cruz.Tal como Lisboa, Sevilha acolhe os representantes das grandes firmas

    comerciais estrangeiras. Camavam-lhe mapa geogrfico de todas as naes, com assuas colnias de genoveses, franceses e portugueses.

    tambm de realar que, como as demais metrpoles europeias, Sevilha erauma idade de contrastes, de grandezas (como a arquitectura rica e talentosos artistas) emisrias (as fomes, terramotos, delinquncia e prostituio).

    Itlia, o bero do Renascimento.

    A Itlia tinha a seu favor, no papel precursor que ocupou no Renascimento,quatro factores importantes: por um lado, a herana, em solo prprio, dos vestgios dacultura clssica (que serviu como modelo ao novo movimento cultural); por outro lado,a grande rivalidade existente entre as cidades, pois todos pretendiam usufruir dosartistas mais talentosos e dos monumentos mais belos, assim como o prestgio que estes

    proporcionavam; a presena de famlias ricas (por exemplo, os Mdicis), muitas vezesligadas ao poder religioso (como o Papa Leo X, tambm um Mdicis) que apoiaramfinanceiramente e protegiam os artistasmecenato; por ltimo, a Itlia foi refgio dehumanistas bizantinos depois da tomada de Constantinopla pelos turcos, ondeensinavam a lngua e culturas clssicas.

    de referir que das cidades italianas se destacam como importantes plosculturais as seguintes: Florena, Roma, Veneza

    Os meios de difuso das ideias renascentistasO Renascimento italiano contagiou a Europa; por um lado, temos os estudantes

    bolseiros, intelectuais e que demandavam a Itlia em busca de novidades, regressandoaos seus reinos e pases com outros saberes literrios, filosficos, morais e artsticos.Deram-nos a conhecer nas universidades, nas cortes rgias e principescas, nos crculosaristocrticos e burgueses. Assim germinou e se desenvolveu o Renascimento europeu,que fundiu a lio italiana com as tradies locais, dando origem a curiosas snteses ereinterpretaes. Mas mais importante do que isto foi a inveno da imprensa, (melhordizendo, os caracteres metlicos e a prensa de impresso inventados pelo alemoGutenberg (1394-1468), tornando assim os livros, e os saberes por estes

    proporcionados, mais acessveis a todos.

    Os principais centros culturais do Renascimento

    As cidades italianas podem ser consideradas o primeiro centro cultural doRenascimento. Nos Pases Baixos, sob o impulso dos duques de Borgonha, foiestimulada a criatividade de numerosos pintores. J no sculo XV existia ummovimento europeu de circulao de pintores flamengos entre a Itlia (onde quase todosiam aprender a arte e a cultura), os Pases Baixos e os mais diversos pases europeus.Em Frana destacaram-se Paris e Leo como lugares centrais do dinamismorenascentista.

    O Imprio Germnico, bero da inveno da imprensa, desenvolveu centros de

    humanismo em vrias cidades e universidades.A Inglaterra mobilizou-se pelas universidades de Oxford e Cambridge.

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    A Pennsula Ibrica no foi alheia ao movimento humanista, destacando-se,nomeadamente, o Colgio das Artes e Humanidades, criado por D. Joo III emCoimbra.

    Na Hungria, a Biblioteca Corviana deu-se aco impulsionada do monarcaMatias Corvino.

    Na Polnia, o rei Casimiro IV estimulou a difuso cultural, cabendo Universidade de Cracvia um importante papel.

    A sociedade renascentista

    Na Idade Moderna, o ambiente de desafogo econmico e de optimismo vividopelas elites cortess e burguesas levava-as a exibir a sua condio privilegiada: vestesluxuosas, jias, banquetes, palcios decorados com pinturas e esculturas, bibliotecas,eram algumas das expresses dessa ostentao. Para a burguesia de negcios, em

    particular a demonstrao da riqueza servia o propsito de reforar a sua ascenso

    social. Neste contexto, a cultura foi incentivada e apoiada pelas elites, transformando-senum smbolo de refinamento e de riqueza material.

    As relaes sociais entre as elites renascentistas desenvolviam-se no mbito dascortes (grupos privilegiados que acompanhavam, na via quotidiana, um elemento da alta

    burguesia, nobreza ou um rei). A vida cortes era preenchida com grandes festas (nasquais a dana ocupava um lugar central) e com eventos culturais onde brilhavam oshumanistas. O frequentador destes crculos de sociabilidade tomava o nome de corteso,o qual, pelo seu estatuto privilegiado, estava sujeito a regras pr-definidas quanto ao seucomportamento: as regras de civilidade.

    As principais caractersticas do Renascimento

    As principais caractersticas do Renascimento so: classicismo (nova concepode representao do Homem e do Mundo inspirada nos modelos clssicos greco-romanosos humanistas traduziram muitas obras clssicas e imitavam o gnero dasmesmas), humanismo (partindo do estudo das obras dos autores clssicos, valorizavamo Homem e as suas capacidades, tornando-se este o centro do Universoantropocentrismoe, desta forma, o seu bem-estar constitu a principal preocupaodos humanistas), individualismo (o Homem renascentista procura viver intensamente a

    sua vida terrena, buscando atingir a fama e a glria, interessando-se cada vez mais por siprprio), e, por ltimo, o racionalismo (o Homem baseava-se na observao daNatureza, dispensando o saber livresco e o dogmatismo, desenvolvendo, assim um forteesprito crtico e dando mais valor razo).

    A pintura, a escultura e a arquitectura

    A par com toda a renovao ao nvel scio -intelectual que nascera em Itlia e sevivia um pouco por toda a Europa, tambm a arquitectura, a pintura e a escultura foramabalados por esta onda de inovao. Ora vejamos:

    Ao nvel da arquitectura, verificamos caractersticas como o classicismo (isto ,

    elementos arquitectnicos clssicos foram recuperados), o racionalismo (poisverificamos simetria e equilbrio geomtrico nas obras renascentistas), a sensao de

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    horizontalidade.No que toca pintura, podemos verificar a presena de naturalismo e de

    realismo, pois as figuras so representadas de forma natural e semelhante; o equilbrio,j que as figuras se organizam em composies de forma geomtrica, assim como umanova tcnica: a pintura a leo. Quanto ao tema, estes geralmente variam entre paisagens,representaes religiosas ou mitolgicas clssicas, assim tambm como o retrato,devido ao individualismo, to presente neste movimento humanista.

    No que diz respeito escultura, podemos verificar igualmente o naturalismo, orealismo, assim bem como uma acentua expressividade das figuras e damonumentalidade e a composio piramidal.

    No que diz respeito a Portugal e forma como este foi influenciado peloRenascimento. Ser de referir que este s chegou ao nosso pas alguns anos mais tarderelativamente ao resto da Europa e, relativamente s Artes, nomeadamente arquitectura, havia um outro estilo bem portugus que se encontrava primeiro plano aos

    olhos dos artistas lusitanos: o manuelino.

    A questo das indulgncias

    Nos sculos XV e XVI a Igreja Catlica Viveu um perodo conturbado devidoao Cisma entre dois Papas do Ocidente: o de Roma e o de Avinho. Consequentementeos catlicos encontram-se divididos: certos territrios mantinham-se fiis a Roma (entreos quais o reino de Portugal, de Inglaterra e os principados alemes) enquanto outrosobedeciam ao Papa de Avinho (como os reinos de rana, Arago e Castela).

    A juntar a esta dissidncia, a conduta moral do clero encontrava-se afastada dosprincpios do cristianismo: o luxo havia substitudo o voto de pobreza; papas e clrigostinham filhos, apesar do voto de castidade; a corrupo era prtica comum entre osrepresentantes da Igreja.

    Neste contexto, vrios fiis atentos exprimiam publicamente as suas crticas corrupo, hipocrisia e ignorncia dos clrigos, tendo muitos perdido a vida por talfrontalidade.

    Os princpios doutrinrios das Igrejas protestantes

    O Luteranismo, ao procurar resolver os problemas que minavam a IgrejaCatlica, estabeleceu novos princpios, sendo eles a justificao pela f, a teoria da

    predestinao, o primado das Escrituras, os ritos simplificados, o sacerdcio universal,as Igrejas Nacionais Evanglicas, os dois sacramentos.O Luteranismo influenciou os estados alemes, a Sucia, a Dinamarca a Noruega

    e a Finlndia.Calvino abandonou o seu pas de origem (Frana) em virtude das perseguies

    contra os ideais reformistas. Foi na Sua que divulgou a sua doutrina. Esta aproximava-se do luteranismo em vrios princpios. Porm, o Calvinismo levava a um ponto maisextremo a reforma religiosa: s a interpretao da bblia de Calvino eram consideradascorrecta, a abolio da hierarquia sujeitava o Estado Igreja, na eucaristia no seadmitia que Cristo estivesse efectivamente presente, mas apenas em esprito. E a teoria

    da predestinao assumia um carcter absoluto: Deus ordena uns vida eterna e outros

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    eterna condenao.Na Inglaterra foi o desejo de divrcio d o rei Henrique VIII que encetou a

    procura de reformavendo o seu pedido de divrcio de Catarina de Arago recusadopor Clemente VII. Os princpios do Anglicanismo so: justificao pela f, a primaziadas escrituras, os dois sacramentos, a abolio do celibato dos padres, o culto da lnguainglesa, a abolio do culto dos santos, imagens e da doutrina do purgatrio e a rejeiodo da predestinao do Calvinismo.

    A revoluo francesa e expanso das ideias liberais.

    A Revoluo Francesa foi o principal veculo da expanso das ideias liberais, deduas formas: uma, intencional, atravs da guerra iniciada em 1792, que serviu paraexportar os ideais revolucionrios para os territrios conquistados; a outra j ter sido

    nointencional, ocorreu pela aplicao prtica, na legislao francesa, das ideiasiluministas (numa sucesso de actos revolucionrios que ecoavam pela Europa.)

    As vagas revolucionrias da era ps-napolenica.

    possvel distinguir trs vagas de revolues liberais.A primeira (1820-24) abrangeu a Pennsula Ibrica, Npoles, Grcia e

    respectivas colnias americanas.A segunda (1829-39) abrangeu Frana, Blgica, Polnia, Itlia, Alemanha e

    novamente Portugal e Espanha.A terceira (1848) abrangeu Frana, Alemanha, Itlia e Imprio Austro-Hngaro.

    A coexistncia do Antigo Regime com foras predispostas mudana.

    No sculo XIX ainda vigorava em Portugal o Antigo Regimedesta forma, asociedade lusitana ainda se encontrava hierarquizada em ordens, privilegiandoacentuadamente o clero e a nobreza; a economia agrcola era fraca, na qual persistia adependncia dos camponeses dos senhores das terras; o sistema poltico era absolutistae regido pelo (futuro) D. Joo VI, e constrangido pela Inquisio, pela Real MesaCensria e pela Intendncia Geral da Polcia.

    As invases francesas

    Em 1806, Napoleo Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia asnaes europeias de comerciar com Inglaterra. Portugal, aliado histrico desta ltima,

    desrespeitou o bloqueio, e, em consequncia, sofreu 3 invases francesas:A primeira, liderada pelo general Junot em 1807-08 (at Lisboa); a segunda

    liderada pelo marechal Soult em 1809 (at ao porto); a terceira, liderada por Massenaem 1810-11 (graas s linhas de Torres Vedras, a passagem do exercito interceptada,retirando-se em 1811).

    A conjuntura poltica, econmica e social decorrente das invases francesasAs Invases Francesas so a causa, ainda que indirecta da Revoluo Liberal de

    1820, tendo interferido em trs frentes. Primeiramente, a um nvel poltico temos: a fugada Corte para o Brasil (atitude que, apesar de necessria independncia de Portugal e

    no - dissoluo da dinastia de Bragana, foi vista pelos portugueses como uma fugaque descredibilizava a monarquia absoluta), o domnio do Marechal William Baresford,

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    na ausncia do Rei. Presidente da Junta Governativa, o militar organizou a defesa contraos franceses, controlou a economia portuguesa e reprimiu o crescente liberalismo. Destaforma, odiado, tanto pelos militares, que perdiam os seus cargos para os ingleses, como

    pela generalidade da populao, que o considerava prepotente. A Revoluo de 1820desencadeou-se na sua ausncia (sendo de referir que o mesmo se teria deslocado aoBrasil com o intuito de solicitar ao rei poderes acrescidos); permanncia dos francesesem territrio portugus, assim como o exemplo da revoluo liberal espanhola, tambmde 1820.

    De seguida, economicamente est: a desorganizao econmica, o dficefinanceiro e a destruio material causada pelas invases; a situao do Brasil comosede do reino, assim como os benefcios atribudos pelo monarca a este territrio, sendode salientar e abertura dos portos do Brasil (1808) e o tratado do comrcio com aInglaterra (1820).

    Por ltimo, em termos sociais est o descontentamento da burguesia, traduzido

    na fundao do Sindrio (associao secreta fundada por Fernandes Toms) que baseoua revolta.

    A Revoluo de 1820

    A 24 de Agosto de 1820, saiu vitoriosa a Revoluo Liberal Portuguesa, queobjectivava: a convocao das Cortes para a elaborao de uma constituio, umagovernao justa e o regresso do Rei, tendo-se fundado assim a Junta Provisional doSupremo Governo do Reino, que organizou as eleies para as Cortes Constituintes(Cortes Gerais Extraordinrias e Constituintes da Nao Portuguesa). Da reunio destasresultou a elaborao da Constituio de 1822, de acordo com a vontade dos deputadosmais radicais.

    Para alm da elaborao da constituio, tambm a instaurao doparlamentarismo, da liberdade de expresso (abolio da Inquisio e da Censura) e daeliminao dos privilgios nobres e clrigos (abolio do pagamento da dzima, dos

    privilgios de julgamento, reduo e abolio de uma srie de rendas e penses pagaspelos camponeses aos seus senhores).

    A independncia do Brasil: um dos factores do fracasso vintista

    O fracasso vintista foi baseado em trs factores. Ora vejamos:

    Primeiramente, est a oposio das ordens privilegiadas, que no desejavamdeixar de o ser; em seguida encontramos o descontentamento dos populares, j que osinteresses das Cortes burguesas se reflectiam nas suas aces, que apenas beneficiavamos burgueses, deixando de parte o pequeno campons; por ltimo encontra-se a actuaoanti-brasileira das Cortes, pois: o regresso de D. Joo VI a Portugal em 1821interrompeu a obra de desenvolvimento que este iniciara no Brasil; as leis, aprovadas

    pelas Cortes, que tornavam o Brasil directamente dependentes de Lisboa (judicial,militar e comercialmente); o chamamento de D. Pedro, com o argumento da necessidadede uma educao europeia.

    A Constituio de 1822 e a Carta ConstitucionalA comparao entre estes dois documentos, poder ser feita a vrios nveis.

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    Vejamos:Em traos gerais e resumidos a constituio de 1822 um documento avanado

    para o seu tempo, enquanto a Carta constitucional um diploma bem mais moderno.No que concerne os direitos individuais, podemos verificar que, no primeiro

    diploma, estes so indubitavelmente assegurados (artigo 1 - A Constituio da naoportuguesa tem por objectivo manter a liberdade, a segurana e a propriedade de todosos Portugueses.), ainda que na ausncia de representao do campesinato nas cortes se

    ter repercutido na afirmao do sufrgio no universal (Ttulo III, captulo I, item 33Na eleio dos deputados tm voto os portugueses que estiverem no exerccio dosdireitos de cidado () da presente disposio se exceptuam os seguintes () ). Em

    contrapartida, na Carta Constitucional, estes mesmos direitos aparecem no fim damesma (Ttulo III, artigo 45() a liberdade, a segurana individual e a propriedade() ) e o sufrgio era censitrio e indirecto.

    Na Constituio, o poder do rei fora tambm limitado (Ttulo II, item 26a

    soberania reside essencialmente em a nao), enquanto que, na Carta Constitucional, omesmo foi alargado (Ttulo III, artigo 59o rei dar, ou negar, a sano em cadadecreto () e Ttulo V, artigo 71 o poder moderador a chave de toda a organizao

    poltica e compete privativamente ao rei ())

    Relativamente sociedade de ordens, esta foi abolida no primeiro documento,no se reconhecendo privilgios a ningum (Ttulo I, Item 9A lei igual paratodos), enquanto que a mesma foi afirmada no segundo diploma (ttulo VIII, artigo 45,

    item 31Garante a nobreza hereditria e suas regalias)Em seguida, ser de referir que, no primeiro diploma, a responsabilidade de

    elaborao das leis foi entregue s Cortes legislativas, o que retirava s ordenssuperiores a possibilidade de terem um rgo de representao prprio (Ttulo III,Captulo V, item 105A iniciativa direta das leis somente compete aos representantesda nao juntos em Cortes.). Em contrapartida, no segundo documento as Cortes

    legislativas passaram a ser compostas por 2 Camaras: a cmara dos deputados, eleita porsufrgio indirecto e censitrio, e a cmara dos pares, reservada a elementos das ordenssuperiores, nomeados a ttulo vitalcio e hereditrio (Ttulo III, artigo 14As Cortescompe-se de duas cmaras () ).

    Por ltimo, no que concerne liberdade religiosa, no primeiro documento ocatolicismo entendido como a religio oficial, e no segundo, esta liberdade descartada.

    A guerra civil de 1832-34 e a resistncia ao Liberalismo

    Entre 1832-34 desenrolou-se uma guerra civil entre absolutistas e liberalistas.A implementao do liberalismo revelou-se muito difcil, pois D. Pedro

    dispunha de um exrcito muito reduzido, organizando a sua resistncia a partir da ilhaTerceira dos Aores. Em 1832 desembarcou no Mindelo, dirigindo-se para a cidade do

    porto, onde foi cercado. A vitria liberalista s se deu em 1834 com a Conveno devora Monte.

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    Os princpios mercantilistasOs princpios mercantilistas so: uma balana comercial positiva,

    proteccionismo econmico, fomento da produo industrial, regulamentao docomrcio externo.

    O Iluminismo

    Iluminismo o conceito que evoca a luz da Razo (inteligncia e

    esclarecimento), dando assim primazia racionalidade humana como forma de resolverproblemas de ndole cientfica, social, poltica, moral, ; desta forma, era contrapostacom as trevas da ignorncia.

    Pontos-chave do Iluminismo

    Tal como John Locke, os filsofos iluministas defendiam um conjunto dedireitos naturais que se aplicavam a todos os homens: a igualdade, a liberdade, o direito posse de bens, o direito a um julgamento justo, a liberdade de conscincia,

    Para o luminismo, estes direitos estavam acima das leis estatais, que apenasdeveriam ser utilizadas para os garantir, assim como o individualismo de cada um.

    Os principais pensadores do Iluminismo

    Jean-Jacques Rosseau defendia a soberania popular: o povo, de livre vontade,transfere o seu poder para o Governo, atravs de um contrato social. Em troca, osgovernantes devem respeitar a vontade da maioria, a liberdade do seu povo e actuar deforma justa, sob a pena de serem depostos. A sua principal obra foi O Contrato

    Social.

    Montesquieu defende a doutrina de separao de poderes (executivo, legislativoe judicial) como forma de garantir a liberdade popular. A sua principal obra foi OEsprito das Leis

    Voltaire defende a liberdade de conscincia e de religio, criando assim odesmo, que defende a existncia de um Deus bom, justo, poderoso e criador doUniverso, e rejeita todas as religies institudasa sua principal obra foi Tratado sobrea Tolerncia.

    Os meios de difuso

    O Iluminismo difundiu-se graas a uma srie de importantes apoios como: sales

    aristocratas, cafs, Maonaria, Enciclopdias, clubes privados e Academias.

    O Iluminismo e o fim do Antigo Regime

    O Iluminismo contribuiu em muito para o fim do Antigo Regime, pois:Em primeiro lugar, a defesa do contrato social transforma sbdito passivo e

    obediente em cidado interventivo.Em segundo lugar, a separao de poderes termina o poder arbitrrio exercido no

    antigo Regime.Em terceiro lugar, a tolerncia o principal factor da laicizao do Estado,

    presente nos regimes liberais.

    A crena da existncia no direito natural, conduz rejeio de todas as formasde desrespeito pela vida humana, alterando-se assim a legislao em diversos pases.

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    1Reconhecer a unidade e a diversidade das colnias inglesas.

    No sculo XVIII, as 13 colnias inglesas localizadas na costa oriental norte-americana estavam unidas por uma lngua nica (ingls), por uma religio nica(protestante), pela luta contra ndios e franceses e pela submisso coroa e

    parlamento ingleses.

    Por outro lado, os factores de diversidade tambm eram fortes. So eles: a baseeconmica (que, no Norte, se apoiava na agricultura, na pesca, na criao de gado,no comrcio e na indstria, enquanto que o sul estava especializado na plantao detabaco e algodo) e a mentalidade (os primeiros constituam uma comunidadeaberta, empreendedora e iluminista, enquanto que os sulistas eram fechados,aristocratas e esclavagistas).

    2Explicar o conflito econmico surgido entre a Inglaterra e as suas colnias

    americanas aps 1763.

    Este conflito teve por base trs factores econmicos. So eles:

    Primeiramente, os conflitos anglo-franceses que se fizeram sentir na Amrica,graas Guerra dos Sete Anos, que terminou com a vitria inglesa (tratado deParis); os colonos pagaram um preo demasiado alto pela sua proteco: a Inglaterrasobrecarregou-os com impostos para compensar os esforos da guerraentre 1764 e1767 foram decretadas taxas aduaneiras sobre a imposto de selo.

    De seguida, est o facto de que os territrios de oeste reivindicados pelos colonos,eram considerados, pelo governo britnico, como propriedade dos ndios.

    Por ltimo, est a falta de liberdade comercial sentida pelos colonos, pois s podiamexportar os seus produtos para Inglaterra (ou outras colnias inglesas) e asimportaes de produtos europeus teriam de ser efectuadas por intermdio deLondres (teoria do exclusivo comercial).

    3Explicar o carcter poltico do conflito entre os colonos e a Inglaterra.

    O conflito anglo-americano, que se iniciou como econmico, ganhou propores

    polticas quando os colonos se aperceberam que, apesar de serem cidadosbritnicos, no se encontravam representados em Parlamento; desta forma, osimpostos cobrados eram ilegais. Assim:

    Em 1765 realizou-se um congresso em Nova Iorque contra a imposio de leis e, 5anos depois, os impostos foram abolidos (com a excepo dos respeitantes ao ch,cujo monoplio estava entregue Companhia das ndias); em 1773 os colonosrevoltaram-se contra o dito imposto, atirando ao mar carregamentos da Companhiadas ndias (Boston Tea Party), atitude qual o rei Jorge III reagiu com medidasrepressivas, em 1774, no primeiro congresso da Filadlfia, deu-se uma tentativa de

    soluo negocial, em contraposio com a revolta armada que se desenrolava nas

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    ruas e, assim, um ano mais tarde, em Lexington, confrontaram-se as tropas inglesase americanas, e tornando-se clara a impossibilidade de uma negociao. Por ltimo,e a 4 de Julho de 1776, os delegados de todos as colnias aprovam a Declarao deIndependncia no segundo congresso de Filadlfia.

    4Identificar os princpios iluministas na Declarao da Independncia e na

    Constituio.

    Os pressupostos iluministas presentes na Declarao da Independncia dos EstadosUnidos da Amrica so: o direito liberdade e igualdade, defendidas como Leida Natureza; considera como inalienveis e divinos os direitos a Vida, a

    Liberdade e a procura de Felicidade, a soberania popular baseada por governos,

    cujo justo poder emana do consentimento dos governados; o direito popular dedepois um governo injusto e de instituir um novo governo, a rejeio do

    despotismo absoluto.

    No que concerne ao iluminismo relativamente Constituio americana, podemosdizer que esta representa a primeira e verdadeira aplicao prtica destes princpios.

    Assim: a diviso tripartida dos poderes, de Montesquieu realizou-se(o poderlegislativo foi entregue ao Congresso, o poder executivo coube ao Presidente dosE.U.A e o poder judicial est nas mos do Tribunal Supremo e de tribunaismenores); as liberdades populares foram consagradas e garantidas, assim como asoberania nacional, atravs da possibilidade de exercer direito de voto.

    5Caracterizar a sociedade francesa nas vsperas da Revoluo.

    A sociedade francesa encontrava-se intrinsecamente ligada s estruturas do AntigoRegime: o clero possua terras, recebia rendas e dzimas e estava isento de

    pagamento de impostos; a nobreza mantinha-se ociosa, detinha a maioria daspropriedades fundirias, os postos mais altos e estava isenta de impostos; ostrabalhadores citadinos recebiam baixos salrios; os camponeses continuavammiserveis, trabalhando em terras que no eram suas e ainda pagando impostos; a

    burguesia era econmica e academicamente superior s ordens privilegiadas, masno acedia a altos cargos pblicos, militares ou religiosos, que exigiam sangue

    nobre. Esta situao social to injusta foi um motivo para a Revoluo.

    6Analisar a situao econmico-financeira deste perodo.

    Neste perodo, a Frana foi confrontada por uma grava crise econmica, originadapor: aumento do preo do po (causado por mais anos agrcolas); a quebra daproduo txtil (causada sobretudo pelo Tratado de den que impunha a livretroca de vinho francs pelos txteis ingleses) ; as despesas do Estado com o exrcito,as obras pblicas e o luxo da Corte, que originavam um dfice constante, j que o

    povo era o nico que contribua para o aumento das receitas estatais.

    Esta crise foi um segundo agente motivador para a Revoluo.

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    7Explicar o fracasso das tentativas para solucionar a crise.

    Para solucionar tamanha crise, o rei Lus XVI, rodeou-se de ministros para oauxiliarem (Turgot, Necker, Calonne e Brianne) que, por muitas tentativas quefizessem, a concluso que encontravam eram sempre as mesmas: para aumentar as

    receitas, era necessrio que as ordens privilegiadas tambm pagassem impostosmedidas que foram, obviamente, rejeitadas por essas ordens, e os ministros foramdespedidos.

    Neste clima de agitao, o monarca decidiu convocar os Estados Gerais, enquanto seelaboraram os Cadernos de Queixas.

    8Analisar a transformao dos Estados Gerais em Assembleias Gerais

    Constituintes.

    A reunio dos Estados Gerais iniciou-se com uma questo controversa: a votaodas propostas deveria fazer-se por cabeao que levaria vitoria do TerceiroEstadoou por ordem social ?se assim fosse, as ordens privilegiadas poderiamunir-se e ganhar.

    Perante este impasse os deputados do Terceiro Estado (e alguns dos restantes)reuniram-se aparte e realizaram o Juramento da Sala de Jogo da Pelia, no qual secomprometeram a no se separar at que estivesse elaborada uma Constituio.

    Assim, os Estados Gerais transformaram-se em Assembleia Nacional Constituinteera o fim do Absolutismo e o inicio da Nao soberana.

    9Relacionar a abolio dos direitos feudais com a destruio da sociedade de

    Antigo Regime.

    A 14 de Julho de 1789, em Paris, a Bastilha foi destruda pelo povo e pela GuardaNacionalacontecimento que simboliza a Revoluo Francesa. Simultaneamente,por todo o pas, camponeses revoltavam-se contra os senhores e os encargos feudais.

    Um ms depois foram produzidos, pela Assembleia Nacional Constituinte, diplomaslegais que aboliam os direitos feudaisao instaurar a liberdade de todas perante a

    lei, estes decretos destruram a Sociedade de Ordens, assim como a ConstituioCivil do Clero (1790) que transformava os membros do clero secular emfuncionrios pblicos, extinguia o clero regular e confiscava os bens Igreja queconstituam a garantia dos novos papis meda, de forma a salvar a economiafrancesa.

    1Situar no tempo e no espao a expanso da Revoluo Industrial.

    A expanso da segunda Revoluo Industrial aconteceu na segunda metade do sculoXIX, na Europa, no Japo e nos E.U.A.

    2Justificar a ligao entre cincia e tcnica.

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    A cincia e a tcnica influenciaram-se mutuamente, resultando numa srie de inovaesque se foram acumulando e sobrepondoprocessos cumulativos; por um lado a cincia

    permitiu o desenvolvimento tcnico, pois as empresas criaram laboratrios econvidaram equipas de engenheiros a debruarem-se sobre novas descobertas; por outrolado, a tcnica, ao criar produtos e mquinas cada vez mais complexas, exigiu cinciao seu progresso.

    3 - Referir os principais progressos tcnicos.

    Nesta Revoluo Industrial, os principais progressos deram-se ao nvel da siderurgia,indstria qumica, indstria petroqumica, energia elctrica e transportes. Ora vejamos:

    Ao nvel da siderurgia: a inveno de um conversor que transformava o ferro em aomuito mais rapidamente do que o processo de pudelagem; a recuperao de ferragens,que permitiam produzir uma grande quantidade de ao; a eliminao do fsforo, que

    permitia a recuperao de minrio. Assim o ao substituiu o ferro na construo demquinas industriais, meios e vias de transporte e construo civil, tornando-sefundamental para a segunda revoluo industrial.

    No que concerne industria qumica: a utilizao dos corantes artificiais na indstriatxtil; a criao de novos medicamentos (como a aspirina); a introduo de pesticidas efertilizantes qumicos na agricultura; o processo de vulcanizao da borracha, queoriginou a indstria de pneus automveis e de bicicletas.

    Na petroqumica: explorao do primeiro poo de petrleo; a inveno do motor de

    exploso alimentado a petrleo; a inveno do motor movido a gasleo.

    Relativamente energia elctrica, de referir que esta foi revolucionria pois, sendoaplicada aos mais variados mecanismos, deu luz o comboio elctrico (ainda que oscomboios a vapor se mantivessem activos), o telefone, o cinema, a radiofonia, osmetropolitanos e os carros elctricos. Para alm disto a lmpada elctrica modificouradicalmente a vida dos cidados, pois, para alm de prolongar os dias pelas noites(tornando-os mais rentveis), era mais segura, cmoda e de contagem mais fcil do queo anterior mtodo de iluminao a gs.

    Por ltimo, no que relativo aos transportes, a aplicao da energia a vapor no comboioe no navio, assim como a utilizao do motor de exploso no carro e no avio,facilitaram a circulao de matrias, produtos e pessoas, encurtando para sempre asdistncias; tambm de referir a bicicleta, que no s serviu de um meio de transporteutilizado por todos, como originou uma modalidade desportiva, ainda hoje sobejamenteconhecida.

    4Justificar a concentrao monopolista.

    Sumariamente, dizvel que a concentrao monopolista se justifica pelo sistema

    econmico do capitalismo industrial que caracterizou o sculo XIX: a pequena oficinacede lugar empresa concentrada, dando-se a concentrao geogrfica (a produo

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    executa-se a partir de grandes fbricas), que renem avultados capitais por aces(concentrao financeira), onde se d a concentrao de mo-de-obra e a concentraotcnica (nmero igualmente avultado de mquinas e pessoas); assim, este gigantismo,exigido pela natureza de alguns sectores econmicos (que demandavam a concentraotcnica e de mo de obra), como pelos imperativos econmicos que tornavam maisrentvel a grande fbrica, eliminando a concorrncia das pequenas empresas atravs dacriao de monoplios de produo.

    5Distinguir concentraes verticais e horizontais.

    Entende-se por concentrao vertical a associao de indstrias cujas produes,distintas, concorrem para o mesmo produto final. Estas concentraes eram comuns naindstria siderrgica e txtil. O seu objectivo era a monopolizao da produo e acomercializao de um determinado produto na regio. Relativamente gesto, podiamassumir a forma de trust(gesto e sociedade nicas) ou holding(cada um mantinha asua autonomia, controlada superiormente por uma gesto centralizada).

    Entende-se por concentrao horizontal a associao de indstrias similares que seencarregavam da mesma fase de produo (geralmente a ltima) de um produtoacabado. Visavam anular a concorrncia e estabilizar os mercados. Relativamente gesto, podiam assumir a forma de trust(gesto e sociedade nicas) ou cartel(cada ummantinha a sua autonomia controlada superiormente por uma gesto centralizada quefixa o preo de venda e a diviso pelas empresas do mercado de escoamento.).

    6Explicar os mtodos de racionalizao do trabalho.

    Frederick Taylor o pai da racionalizao do trabalho, mais conhecida por taylorismo.Os procedimentos so os seguintes: 1Dividir a produo de um objecto numa sriede movimentos essenciais que cada um dos operrios tem de executar;

    2Predefinir o tempomnimo necessrio para a realizao de cada um desses gestos simples;

    3Produo de objectos iguaisestandardizao.

    Henry Ford aplicou o taylorismo produo automvel de forma a levar o trabalho ao

    operrio, em vez de levar o operrio ao trabalho (fordismo) resultando num

    extraordinrio aumento da produtividade. Ford aumentou os salrios aos funcionrios, evendeu-lhes at mesmo alguns automveis, de modo a incentiv-los.

    No entanto, ainda que eficaz do ponto de vista do patro, o fordismo foi consideradodesumano para o operrio, que, anteriormente se via como o arteso orgulhoso do seutrabalho, num proletrio que de seu apenas tem um salrio.

    Assim foi consumada a diviso entre trabalho e capital.

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    7Evidenciar a hegemonia britnica.

    Em meados do sculo XIX, a Inglaterra detinha a hegemonia sobre os restantespases. Tal se verificava devido a inmeros factores: era a primeira na produo txtil emetalrgica; utilizava intensamente a energia a vapor, possua a maior extenso decaminhos-de-ferro; detinha um grande controlo do comrcio internacional graas vastafrota mercante e ao seu sistema financeiro avanado; registava o maior crescimentodemogrfico e urbano.

    Como seria de esperar, os ingleses no se coibiam de mostrar ao mundoeste seu poderio, nomeadamente atravs da Exposio Universal de 1851.

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    Mostrar os particularismos do processo de industrializao das principaispotncias industriais.

    Podemos considerar como principais potncias industriais os seguintes pases:Inglaterra, Frana, Alemanha, E.U.A. e Japo. Relativamente aInglaterra, podemos dizer que o seu processo de industrializao se iniciou em meadosdo sculo XVIII e que teve como sectores de ponta os txteis, a metalurgia e os bens deequipamento. Visou as colnias britnicas, a Amrica Latina e a sia. Teve comocaractersticas o facto de ser mecanizada, bem servida por uma grande extenso decaminhos-de-ferro, que assegurava o abastecimento interno de matrias e produtos; a

    acumulao de capitais constante (a libra torna-se a moeda -padro); no entanto, nofinal do sculo o equipamento industrial britnico torna-se desactualizadoaps 150anos de supremacia, v-se ultrapassada pelos E.U.A.

    A Frana iniciou a sua industrializao porvolta de 1830/40, tendo atingido o perodo de maior dinamismo entre 1901 e 1913; osseus pontos fortes eram a electricidade, o automvel, o cinema e a construo;objectivava o mercado nacional e colonial; entre processo foi lento e contnuo,dificultado pelo pobre fornecimento em carvo e pela larga base agrcola da economiafrancesa. Tambm a

    Alemanha progrediu industrialmente durante o sculo XIx, com sectores de pontadiferenciados ao longo do mesmo. Assim, na dcada de 90 os sectores: qumico, daconstruo naval e electricidade; visou alcanar, tanto os pases europeus como os dosrestantes continentes e, graas ao grande dinamismo que caracterizou este processo. O

    pas germnico foi um grande rival de Inglaterra.No que concerne aos Estados Unidos, sabemos que foi no ano de 1830 que

    iniciou o seu processo de industrializao, que pretendeu, sobretudo, abranger o seumercado interno e que foi impelido por uma srie de factores tais como: ricas matrias-

    primas, gigantescas concentraes de empresas, uma poltica econmica proteccionistae uma excelente rede ferroviria. Desta forma, os E.U.A. tornaram-se a primeira

    potncia mundial no inicio do sculo XX.Relativamente ao processo de industrializao japons, este foi mais incomum:

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    teve o seu inicio na dcada de 70, focalizou-se na siderurgia, construo naval eindustria txtil e abrangeu o mercado nacional e toda a sia, e apenas ocorreu graas aco de Mutso-Hito (imperador responsvel pela era meiji) que se caracterizou pelaentrada de capitais e tcnicas estrangeiras, pelo financiamento e privilgios para aindustria. Esta situao que culminou num intenso crescimento demogrfico e orgulhonacional.

    9Reconhecer, no mundo industrializado, a persistncia das formas de economia

    tradicional.

    Em contraste com a crescente industrializao que se fez sentir no sculo XIX htambm a referir que grande parte do mundo se encontrava mais atrasado

    industrialmente, tendo o seu arranque mais tardiamente; foi o caso dos Imprios Austro-Hngaro e Russo, da Pennsula Ibrica, da Itlia e Grcia, que arrastavam consigo assuas colnias (pases da Amrica Latina e frica). Tal acontecia porque, nestes pasesvivia-se um clima tradicionalista , cuja agricultura arcaica era de subsistncia (emdetrimento da agricultura mecanizada e produtiva dos pases industrializados) e o

    pequeno arteso trabalhava na sua oficina (em contraposio com as macro -indstriasdas grandes potncias), assim como os seus regimes polticos (aristocracias) e o climade grande instabilidade social (ou at mesmo de guerra), que se verificava nos pases emestado de desenvolvimento estacionrio.

    Podemos ento concluir que o processo de industrializao esteve intrinsecamenteligado s condicionantes vigentes em cada pas, dando assim a impresso que o tempo

    passou a diferentes ritmos.

    10 - Conhecer os princpios do livrecambismo e do liberalismo.

    O livrecambismo e o liberalismo esto intrinsecamente ligados. O primeirocorresponde ao sistema econmico que liberaliza as trocas internacionais, defendendo-se a no interferncia do Estado no comrcio (direitos alfandegrios, fixao decontingentes e proibio de entradas ou sadas, devem ser abolidas ou pelo menos,reduzidos o mximo que se puder)

    O liberalismo econmico a doutrina baseada na liberdadeindividual absoluta, segundo a qual a iniciativa privada deve ser absoluta, de forma acontribuir para o bem de todos. Assim contra qualquer interveno estatal a nveleconmico, so tendo o Estado qualquer funo a no ser a de garantir a liberdade deiniciativa privada ao nvel comercial e de produo.

    A revoluo francesa e expanso das ideias liberais

    A Revoluo Francesa foi o principal veculo da expanso das ideias liberais, deduas formas: uma, intencional, atravs da guerra iniciada em 1792, que serviu paraexportar os ideais revolucionrios para os territrios conquistados; a outra j ter sido

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    nointencional, ocorreu pela aplicao prtica, na legislao francesa, das ideiasiluministas (numa sucesso de actos revolucionrios que ecoavam pela Europa.)

    As vagas revolucionrias da era ps-napolenica

    possvel distinguir trs vagas de revolues liberais.

    A primeira (1820-24) abrangeu a Pennsula Ibrica, Npoles, Grcia erespectivas colnias americanas.

    A segunda (1829-39) abrangeu Frana, Blgica, Polnia, Itlia, Alemanha enovamente Portugal e Espanha.

    A terceira (1848) abrangeu Frana, Alemanha, Itlia e Imprio Austro-Hngaro.

    A coexistncia do Antigo Regime com foras predispostas mudana

    No sculo XIX ainda vigorava em Portugal o Antigo Regimedesta forma, asociedade lusitana ainda se encontrava hierarquizada em ordens, privilegiandoacentuadamente o clero e a nobreza; a economia agrcola era fraca, na qual persistia adependncia dos camponeses dos senhores das terras; o sistema poltico era absolutistae regido pelo (futuro) D. Joo VI, e constrangido pela Inquisio, pela Real MesaCensria e pela Intendncia Geral da Polcia.

    As invases francesas

    Em 1806, Napoleo Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia asnaes europeias de comerciar com Inglaterra. Portugal, aliado histrico desta ltima,desrespeitou o bloqueio, e, em consequncia, sofreu 3 invases francesas:

    A primeira, liderada pelo general Junot em 1807-08 (at Lisboa); a segunda

    liderada pelo marechal Soult em 1809 (at ao porto); a terceira, liderada por Massenaem 1810-11 (graas s linhas de Torres Vedras, a passagem do exercito interceptada,retirando-se em 1811).

    A conjuntura poltica, econmica e social decorrente das invases francesasAs Invases Francesas so a causa, ainda que indirecta da Revoluo Liberal de

    1820, tendo interferido em trs frentes. Primeiramente, a um nvel poltico temos: a fugada Corte para o Brasil (atitude que, apesar de necessria independncia de Portugal e no - dissoluo da dinastia de Bragana, foi vista pelos portugueses como uma fugaque descredibilizava a monarquia absoluta), o domnio do Marechal William Baresford,

    na ausncia do Rei. Presidente da Junta Governativa, o militar organizou a defesa contraos franceses, controlou a economia portuguesa e reprimiu o crescente liberalismo. Destaforma, odiado, tanto pelos militares, que perdiam os seus cargos para os ingleses, como

    pela generalidade da populao, que o considerava prepotente. A Revoluo de 1820desencadeou-se na sua ausncia (sendo de referir que o mesmo se teria deslocado aoBrasil com o intuito de solicitar ao rei poderes acrescidos); permanncia dos francesesem territrio portugus, assim como o exemplo da revoluo liberal espanhola, tambmde 1820.

    De seguida, economicamente est: a desorganizao econmica, o dfice

    financeiro e a destruio material causada pelas invases; a situao do Brasil comosede do reino, assim como os benefcios atribudos pelo monarca a este territrio, sendo

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    de salientar e abertura dos portos do Brasil (1808) e o tratado do comrcio com aInglaterra (1820).

    Por ltimo, em termos sociais est o descontentamento da burguesia, traduzidona fundao do Sindrio (associao secreta fundada por Fernandes Toms) que baseoua revolta.

    A Revoluo de 1820

    A 24 de Agosto de 1820, saiu vitoriosa a Revoluo Liberal Portuguesa, queobjectivava: a convocao das Cortes para a elaborao de uma constituio, umagovernao justa e o regresso do Rei, tendo-se fundado assim a Junta Provisional doSupremo Governo do Reino, que organizou as eleies para as Cortes Constituintes(Cortes Gerais Extraordinrias e Constituintes da Nao Portuguesa). Da reunio destasresultou a elaborao da Constituio de 1822, de acordo com a vontade dos deputadosmais radicais.

    Para alm da elaborao da constituio, tambm a instaurao doparlamentarismo, da liberdade de expresso (abolio da Inquisio e da Censura) e daeliminao dos privilgios nobres e clrigos (abolio do pagamento da dzima, dos

    privilgios de julgamento, reduo e abolio de uma srie de rendas e penses pagaspelos camponeses aos seus senhores).

    A independncia do Brasil: um dos factores do fracasso vintista

    O fracasso vintista foi baseado em trs factores. Ora vejamos:Primeiramente, est a oposio das ordens privilegiadas, que no desejavam

    deixar de o ser; em seguida encontramos o descontentamento dos populares, j que os

    interesses das Cortes burguesas se reflectiam nas suas aces, que apenas beneficiavamos burgueses, deixando de parte o pequeno campons; por ltimo encontra-se a actuaoanti-brasileira das Cortes, pois: o regresso de D. Joo VI a Portugal em 1821interrompeu a obra de desenvolvimento que este iniciara no Brasil; as leis, aprovadas

    pelas Cortes, que tornavam o Brasil directamente dependentes de Lisboa (judicial,militar e comercialmente); o chamamento de D. Pedro, com o argumento da necessidadede uma educao europeia.

    A Constituio de 1822 e a Carta Constitucional

    A comparao entre estes dois documentos, poder ser feita a vrios nveis.

    Vejamos:Em traos gerais e resumidos a constituio de 1822 um documento avanado

    para o seu tempo, enquanto a Carta constitucional um diploma bem mais moderno.No que concerne os direitos individuais, podemos verificar que, no primeiro

    diploma, estes so indubitavelmente assegurados (artigo 1 - A Constituio da naoportuguesa tem por objectivo manter a liberdade, a segurana e a propriedade de todosos Portugueses.), ainda que na ausncia de representao do campesinato nas cortes se

    ter repercutido na afirmao do sufrgio no universal (Ttulo III, captulo I, item 33Na eleio dos deputados tm voto os portugueses que estiverem no exerccio dos

    direitos de cidado () da presente disposio se exceptuam os seguintes () ). Emcontrapartida, na Carta Constitucional, estes mesmos direitos aparecem no fim da

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    mesma (Ttulo III, artigo 45() a liberdade, a segurana individual e a propriedade() ) e o sufrgio era censitrio e indirecto.

    Na Constituio, o poder do rei fora tambm limitado (Ttulo II, item 26asoberania reside essencialmente em a nao), enquanto que, na Carta Constitucional, omesmo foi alargado (Ttulo III, artigo 59o rei dar, ou negar, a sano em cadadecreto () e Ttulo V, artigo 71 o poder moderador a chave de toda a organizao

    poltica e compete privativamente ao rei ())Relativamente sociedade de ordens, esta foi abolida no primeiro documento,

    no se reconhecendo privilgios a ningum (Ttulo I, Item 9A lei igual paratodos), enquanto que a mesma foi afirmada no segundo diploma (ttulo VIII, artigo 45,item 31Garante a nobreza hereditria e suas regalias)

    Em seguida, ser de referir que, no primeiro diploma, a responsabilidade deelaborao das leis foi entregue s Cortes legislativas, o que retirava s ordenssuperiores a possibilidade de terem um rgo de representao prprio (Ttulo III,

    Captulo V, item 105A iniciativa direta das leis somente compete aos representantesda nao juntos em Cortes.). Em contrapartida, no segundo documento as Cortes

    legislativas passaram a ser compostas por 2 Camaras: a cmara dos deputados, eleita porsufrgio indirecto e censitrio, e a cmara dos pares, reservada a elementos das ordenssuperiores, nomeados a ttulo vitalcio e hereditrio (Ttulo III, artigo 14As Cortescompe-se de duas cmaras () ).

    Por ltimo, no que concerne liberdade religiosa, no primeiro documento ocatolicismo entendido como a religio oficial, e no segundo, esta liberdade descartada.

    A guerra civil de 1832-34 e a resistncia ao Liberalismo

    Entre 1832-34 desenrolou-se uma guerra civil entre absolutistas e liberalistas.A implementao do liberalismo revelou-se muito difcil, pois D. Pedro

    dispunha de um exrcito muito reduzido, organizando a sua resistncia a partir da ilhaTerceira dos Aores. Em 1832 desembarcou no Mindelo, dirigindo-se para a cidade do

    porto, onde foi cercado. A vitria liberalista s se deu em 1834 com a Conveno devora Monte.

    Os princpios mercantilistas

    Os princpios mercantilistas so: uma balana comercial positiva,proteccionismo econmico, fomento da produo industrial, regulamentao docomrcio externo.

    O Iluminismo

    Iluminismo o conceito que evoca a luz da Razo (inteligncia e

    esclarecimento), dando assim primazia racionalidade humana como forma de resolverproblemas de ndole cientfica, social, poltica, moral, ; desta forma, era contraposta

    com as trevas da ignorncia.

    Pontos-chave do IluminismoTal como John Locke, os filsofos iluministas defendiam um conjunto de

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    direitos naturais que se aplicavam a todos os homens: a igualdade, a liberdade, o direito posse de bens, o direito a um julgamento justo, a liberdade de conscincia,

    Para o luminismo, estes direitos estavam acima das leis estatais, que apenasdeveriam ser utilizadas para os garantir, assim como o individualismo de cada um.

    Os principais pensadores do Iluminismo

    Jean-Jacques Rosseau defendia a soberania popular: o povo, de livre vontade,transfere o seu poder para o Governo, atravs de um contrato social. Em troca, osgovernantes devem respeitar a vontade da maioria, a liberdade do seu povo e actuar deforma justa, sob a pena de serem depostos. A sua principal obra foi O Contrato

    Social.

    Montesquieu defende a doutrina de separao de poderes (executivo, legislativoe judicial) como forma de garantir a liberdade popular. A sua principal obra foi O

    Esprito das Leis

    Voltaire defende a liberdade de conscincia e de religio, criando assim odesmo, que defende a existncia de um Deus bom, justo, poderoso e criador doUniverso, e rejeita todas as religies institudasa sua principal obra foi Tratado sobrea Tolerncia.

    Os meios de difuso

    O Iluminismo difundiu-se graas a uma srie de importantes apoios como: salesaristocratas, cafs, Maonaria, Enciclopdias, clubes privados e Academias.

    O Iluminismo e o fim do Antigo Regime

    O Iluminismo contribuiu em muito para o fim do Antigo Regime, pois:Em primeiro lugar, a defesa do contrato social transforma sbdito passivo eobediente em cidado interventivo.

    Em segundo lugar, a separao de poderes termina o poder arbitrrio exercido noantigo Regime.

    Em terceiro lugar, a tolerncia o principal factor da laicizao do Estado,presente nos regimes liberais.

    A crena da existncia no direito natural, conduz rejeio de todas asformas de desrespeito pela vida humana, alterando-se assim a legislao em diversos

    pases.

    As colnias inglesas

    No sculo XVIII, as 13 colnias inglesas localizadas na costa oriental norte-americana estavam unidas por uma lngua nica (ingls), por uma religio nica(protestante), pela luta contra ndios e franceses e pela submisso coroa e

    parlamento ingleses.Por outro lado, os factores de diversidade tambm eram fortes. So eles: a base

    econmica (que, no Norte, se apoiava na agricultura, na pesca, na criao de gado,no comrcio e na indstria, enquanto que o sul estava especializado na plantao de

    tabaco e algodo) e a mentalidade (os primeiros constituam uma comunidade

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    aberta, empreendedora e iluminista, enquanto que os sulistas eram fechados,aristocratas e esclavagistas).

    O conflito econmico entre a Inglaterra e as suas colnias americanas

    Este conflito teve por base trs factores econmicos. So eles:

    Primeiramente, os conflitos anglo-franceses que se fizeram sentir na Amrica,graas Guerra dos Sete Anos, que terminou com a vitria inglesa (tratado deParis); os colonos pagaram um preo demasiado alto pela sua proteco: a Inglaterrasobrecarregou-os com impostos para compensar os esforos da guerraentre 1764 e1767 foram decretadas taxas aduaneiras sobre o imposto de selo.

    De seguida, est o facto de que os territrios de oeste reivindicados peloscolonos, eram considerados, pelo governo britnico, como propriedade dos ndios.

    Por ltimo, est a falta de liberdade comercial sentida pelos colonos, pois spodiam exportar os seus produtos para Inglaterra (ou outras colnias inglesas) e as

    importaes de produtos europeus teriam de ser efectuadas por intermdio deLondres (teoria do exclusivo comercial).O conflito anglo-americano, que se iniciou como econmico, ganhou propores

    polticas quando os colonos se aperceberam que, apesar de serem cidadosbritnicos, no se encontravam representados em Parlamento; desta forma, osimpostos cobrados eram ilegais. Assim:

    Em 1765 realizou-se um congresso em Nova Iorque contra a imposio de leis e,5 anos depois, os impostos foram abolidos (com a excepo dos respeitantes ao ch,cujo monoplio estava entregue Companhia das ndias); em 1773 os colonosrevoltaram-se contra o dito imposto, atirando ao mar carregamentos da Companhiadas ndias (Boston Tea Party), atitude qual o rei Jorge III reagiu com medidasrepressivas, em 1774, no primeiro congresso da Filadlfia, deu-se uma tentativa desoluo negocial, em contraposio com a revolta armada que se desenrolava nasruas e, assim, um ano mais tarde, em Lexington, confrontaram-se as tropas inglesase americanas, e tornando-se clara a impossibilidade de uma negociao. Por ltimo,e a 4 de Julho de 1776, os delegados de todos as colnias aprovam a Declarao deIndependncia no segundo congresso de Filadlfia.

    Os princpios iluministas na Declarao da Independncia e na Constituio

    Os pressupostos iluministas presentes na Declarao da Independncia dosEstados Unidos da Amrica so: o direito liberdade e igualdade, defendidascomo Lei da Natureza; considera como inalienveis e divinos os direitos a

    Vida, a Liberdade e a procura de Felicidade, a soberania popular baseada porgovernos, cujo justo poder emana do consentimento dos governados; o direito

    popular de depois um governo injusto e de instituir um novo governo, a rejeio

    do despotismo absoluto.

    No que concerne ao iluminismo relativamente Constituio americana,podemos dizer que esta representa a primeira e verdadeira aplicao prtica destesprincpios.

    Assim: a diviso tripartida dos poderes, de Montesquieu realizou-se (o poder

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    legislativo foi entregue ao Congresso, o poder executivo coube ao Presidente dosE.U.A e o poder judicial est nas mos do Tribunal Supremo e de tribunaismenores); as liberdades populares foram consagradas e garantidas, assim como asoberania nacional, atravs da possibilidade de exercer direito de voto.

    A sociedade francesa nas vsperas da Revoluo

    A sociedade francesa encontrava-se intrinsecamente ligada s estruturas doAntigo Regime: o clero possua terras, recebia rendas e dzimas e estava isento de

    pagamento de impostos; a nobreza mantinha-se ociosa, detinha a maioria daspropriedades fundirias, os postos mais altos e estava isenta de impostos; ostrabalhadores citadinos recebiam baixos salrios; os camponeses continuavammiserveis, trabalhando em terras que no eram suas e ainda pagando impostos; a

    burguesia era econmica e academicamente superior s ordens privilegiadas, mas noacedia a altos cargos pblicos, militares ou religiosos, que exigiam sangue nobre. Esta

    situao social to injusta foi um motivo para a Revoluo.Neste perodo, a Frana foi confrontada por uma grava crise econmica,originada por: aumento do preo do po (causado por mais anos agrcolas); a quebra da

    produo txtil (causada sobretudo pelo Tratado de den que impunha a livretroca devinho francs pelos txteis ingleses) ; as despesas do Estado com o exrcito, as obras

    pblicas e o luxo da Corte, que originavam um dfice constante, j que o povo era onico que contribua para o aumento das receitas estatais.

    Esta crise foi um segundo agente motivador para a Revoluo.Para solucionar tamanha crise, o rei Lus XVI, rodeou-se de ministros para o

    auxiliarem (Turgot, Necker, Calonne e Brianne) que, por muitas tentativas quefizessem, a concluso que encontravam eram sempre as mesmas: para aumentar asreceitas, era necessrio que as ordens privilegiadas tambm pagassem impostosmedidas que foram, obviamente, rejeitadas por essas ordens, e os ministros foramdespedidos.

    Neste clima de agitao, o monarca decidiu convocar os Estados Gerais,enquanto se elaboraram os Cadernos de Queixas.

    Os Estados Gerais e as Assembleias Gerais Constituintes

    A reunio dos Estados Gerais iniciou-se com uma questo controversa: a

    votao das propostas deveria fazer-se por cabeao que levaria vitoria do TerceiroEstadoou por ordem social?se assim fosse, as ordens privilegiadas poderiam unir-se e ganhar.

    Perante este impasse os deputados do Terceiro Estado (e alguns dos restantes)reuniram-se aparte e realizaram o Juramento da Sala de Jogo da Pelia, no qual secomprometeram a no se separar at que estivesse elaborada uma Constituio. Assim,os Estados Gerais transformaram-se em Assembleia Nacional Constituinteera o fimdo Absolutismo e o inicio da Nao soberana.

    A abolio dos direitos feudais e a destruio da sociedade de Antigo Regime

    A 14 de Julho de 1789, em Paris, a Bastilha foi destruda pelo povo e pelaGuarda Nacionalacontecimento que simboliza a Revoluo Francesa.

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    Simultaneamente, por todo o pas, camponeses revoltavam-se contra os senhores e osencargos feudais. Um ms depois foram produzidos, pela Assembleia NacionalConstituinte, diplomas legais que aboliam os direitos feudaisao instaurar a liberdadede todas perante a lei, estes decretos destruram a Sociedade de Ordens, assim como aConstituio Civil do Clero (1790) que transformava os membros do clero secular emfuncionrios pblicos, extinguia o clero regular e confiscava os bens Igreja queconstituam a garantia dos novos papis meda, de forma a salvar a economia francesa.

    A Revoluo Industrial.

    A expanso da segunda Revoluo Industrial aconteceu na segunda metade dosculo XIX, na Europa, no Japo e nos E.U.A.

    A cincia e a tcnica influenciaram-se mutuamente, resultando numa srie deinovaes que se foram acumulando e sobrepondoprocessos cumulativos; por umlado a cincia permitiu o desenvolvimento tcnico, pois as empresas criaram

    laboratrios e convidaram equipas de engenheiros a debruarem-se sobre novasdescobertas; por outro lado, a tcnica, ao criar produtos e mquinas cada vez maiscomplexas, exigiu cincia o seu progresso.

    Nesta Revoluo Industrial, os principais progressos deram-se ao nvel dasiderurgia, indstria qumica, indstria petroqumica, energia elctrica e transportes. Oravejamos:

    Ao nvel da siderurgia: a inveno de um conversor que transformava o ferro emao muito mais rapidamente do que o processo de pudelagem; a recuperao deferragens, que permitiam produzir uma grande quantidade de ao; a eliminao dofsforo, que permitia a recuperao de minrio. Assim o ao substituiu o ferro naconstruo de mquinas industriais, meios e vias de transporte e construo civil,tornando-se fundamental para a segunda revoluo industrial.

    No que concerne industria qumica: a utilizao dos corantes artificiais naindstria txtil; a criao de novos medicamentos (como a aspirina); a introduo de

    pesticidas e fertilizantes qumicos na agricultura; o processo de vulcanizao daborracha, que originou a indstria de pneus automveis e de bicicletas.

    Na petroqumica: explorao do primeiro poo de petrleo; a inveno do motorde exploso alimentado a petrleo; a inveno do motor movido a gasleo.

    Relativamente energia elctrica, de referir que esta foi revolucionria pois,

    sendo aplicada aos mais variados mecanismos, deu luz o comboio elctrico (aindaque os comboios a vapor se mantivessem activos), o telefone, o cinema, a radiofonia, osmetropolitanos e os carros elctricos. Para alm disto a lmpada elctrica modificouradicalmente a vida dos cidados, pois, para alm de prolongar os dias pelas noites(tornando-os mais rentveis), era mais segura, cmoda e de contagem mais fcil do queo anterior mtodo de iluminao a gs.

    Por ltimo, no que relativo aos transportes, a aplicao da energia a vapor nocomboio e no navio, assim como a utilizao do motor de exploso no carro e no avio,facilitaram a circulao de matrias, produtos e pessoas, encurtando para sempre as

    distncias; tambm de referir a bicicleta, que no s serviu de um meio de transporte

  • 7/30/2019 Apontamentos 10 e 11 ano

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    utilizado por todos, como originou uma modalidade desportiva, ainda hoje sobejamenteconhecida.

    A concentrao monopolista

    Sumariamente, dizvel que a concentrao monopolista se justifica pelo

    sistema econmico do capitalismo industrial que caracterizou o sculo XIX: a pequenaoficina cede lugar empresa concentrada, dando-se a concentrao geogrfica (a

    produo executa-se a partir de grandes fbricas), que renem avultados capitais poraces (concentrao financeira), onde se d a concentrao de mo-de-obra e aconcentrao tcnica (nmero igualmente avultado de mquinas e pessoas); assim, estegigantismo, exigido pela natureza de alguns sectores econmicos (que demandavam aconcentrao tcnica e de mo de obra), como pelos imperativos econmicos quetornavam mais rentvel a grande fbrica, eliminando a concorrncia das pequenasempresas atravs da criao de monoplios de produo.

    Concentraes verticais e horizontais

    Entende-se por concentrao vertical a associao de indstrias cujas produes,distintas, concorrem para o mesmo produto final. Estas concentraes eram comuns naindstria siderrgica e txtil. O seu objectivo era a monopolizao da produo e acomercializao de um determinado produto na regio. Relativamente gesto, podiamassumir a forma de trust(gesto e sociedade nicas) ou holding(cada um mantinha asua autonomia, controlada superiormente por uma gesto centralizada).

    Entende-se por concentrao horizontal a associao de indstrias similares quese encarregavam da mesma fase de produo (geralmente a ltima) de um produto

    acabado. Visavam anular a concorrncia e estabilizar os mercados. Relativamente gesto, podiam assumir a forma de trust(gesto e sociedade nicas) ou cartel(cada ummantinha a sua autonomia controlada superiormente por uma gesto centralizada quefixa o preo de venda e a diviso pelas empresas do mercado de escoamento.).

    Os mtodos de racionalizao do trabalho

    Frederi