Apostila 03 / Fundamentos: Branding e Marketing Digital
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Segundo o dicionário Oxford de língua Inglesa, o temo brand (marca)
deriva do inglês antigo burn, ou seja, queimar,
marcar com fogo. Também pelo mesmo dicio-
nário, temos uma definição mais contemporâ-
nea para o termo: 1 sm. uma marca que identifique
animais com um ferro aquecido. 2 nome de uma marca.
3. um tipo de produto fabricado por uma empresa com
um nome específico.
Ou seja, inicialmente o termo era usado para a
identificação de animais à ferro quente, o que os
tornavam únicos dentro de uma certa criação.
Foi apenas na década de 90 do século XX que
a expressão passou ser usada na indústria de
comunicação.
E, obviamente, ela ganhou muito mais signifi-
cados e sentidos do que apenas o nome de uma
marca ou o seu desenho gráfico. Por isso a difi-
culdade em se chegar a um consenso conceitu-
al sobre uma única definição do termo.
Hoje o conceito de branding mais aceito tanto
pela indústria da comunição quanto pela acade-
mia diz que “branding é uma impressão de um
produto ou serviço deixada na mente do consu-
midor. É a soma de todos elementos tangíveis
e intangíveis, que faz daquele produto único.”
(MOILANEN, 2009). Ou seja, brand não é apenas um
símbolo ou uma marca que diferencia um pro-
duto do outro e sim todos os valores, atributos e
conceitos que surgem na cabeça do consumidor
ao pensar sobre determinada marca.
Já Matthew Healy em seu What is a Branding,
resume de forma bastante clara e elucidativa
que: 1.0
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“Branding é uma promessa de satisfação. É um sinal, uma metáfora operando como um contra-to não escrito entre o produtor e o consumidor, o vendedor e o comprador, o artista e a platéia, um ambiente e todos aqueles que habitam nele, um evento e aqueles que o experenciam”. (HEALEY, 2008)
Por brand ainda podemos identificar três gran-
des idéias fundamentais. Segundo Moilanen,
“identidade, imagem e comunicação são os
conceitos essenciais para a definição do que é
brand”. (MOILANEN, 2008), sendo que por identi-
dade entendemos aquilo que o produto ou ser-
viço realmente é, enquanto imagem é a per-
cepção desenvolvida na mente do consumidor
e, por fim, a comunicção, que é o meio pelo
qual esta identidade vai ser transmitida como
imagem para o interlocutor.
Pois bem, um dos grandes desafios de um pro-
cesso de branding é como identificar a verda-
deira identidade deste produto e comunicá-la
de forma correta para que a imagem que se
crie na cabeça do consumidor seja a esperada.
Mas qual o processo correto para conseguir
criar a imagem perfeita?
Segundo o professor de Branding, Antônio Ro-
berto de Olveira, cordenador do curso de MBA
em Gestão de Marca da Universidade Rio Bran-
co, em São Paulo, o processo é formado pelas
seguintes fases:
1. Conhecimento ou investigação
2. Diagnóstico
3. Estratégia da marca / Promessa
4. Expressão da Marca
5. Ativação / Entrega
6. Avaliação / Manutenção
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1. CONHECIMENTO
Antes de determinar qual estratégia seguir,
seja no mundo online ou offline, é fundamental
conhecermos os valores e a essência da marca
da qual vamos falar. Por isso o objetivo dessa
fase nada mais é do que uma profunda imer-
são no mundo da marca em questão para que a
estratégia de comunicação seja coerente com
tudo aquilo que a marca criou até então.
É preciso entender qual a relevância da marca
para o seu público e, o mais importante, quais
são os anseios, necessidades, desejos e ex-
pectativas desse público em relação a comuni-
cação que a marca vai difundir.
Uma marca só existe se for desejada. E para
torná-la desejada, é preciso que ela tenha o
discurso e o tom de voz correto. E para isso,
é necessário o profundo conhecimento de sua
essência.
2. DIAGNÓSTICO
Após o conhecimento da marca, são feitas aná-
lises dos resultados das pesquisas e definidos
os atributos que serão os pilares de sustenta-
ção da marca.
3. ESTRATÉGIA
Posteriormente ao diagnostico da marca cons-
truído a partir da imersão em seu universo, é
nesta fase que se estabelece qual será a es-
tratégia de comunicação que a marca deverá
seguir para atingir seus objetivos e, conside-
rando que a comunicação digital é apenas um
canal de contato com o consumidor da mar-
ca mas um dos mais importantes nos dias de
hoje, é fundamental que o porta-voz da marca
para essa mídia tenha o pleno conhecimento
da estratégia que foi desenhada.
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4. EXPRESSÃO DA MARCA
É nesta fase do processo de construção que a
marca se torna tangível, ganha vida. É neste
momento em que a marca é definida pelo de-
sign e pelo seu sistema de identidade visual,
composto basicamente pelo logo (símbolo grá-
fico), tipografia corporativa, grid estrutural e
demais elementos gráficos.
Com o protagonismo da tecnologia nos dias
atuais, a marca deve se expressar adequada-
mente em cada mídia na qual ela estiver in-
serida, mas sem perder nunca sua essência.
Com os meios digitais, a marca precisa ser di-
nâmica tanto visualmente quanto verbalmen-
te, através do diálogo com seus interlocutores.
Hoje a marca não pode mais simplesmente
falar. Ela precisa escutar e se adaptar as mu-
danças desse rico ecossistema que é o mundo
digital.
5. ATIVAÇÃO / ENTREGA
Antes de tudo, um processo de branding é ba-
sicamente uma promessa. Hoje as marcas não
só vendem produtos ou serviços mas elas pro-
metem algo mais intangível, como uma experi-
ência, uma estilo de vida, uma personalidade.
Essa promessa é feita durante a estratégia da
marca e entregue em sua expressão. Se a mar-
ca promete algo (como sabor, por exemplo) e
não entrega, ela fatalmente estará fadada a
ser jogada aos leões em praça pública.
E é nesta fase em quem a entrega da promessa
da marca será vivenciada pelos públicos atra-
vés de todos os pontos de contato, que devem
respeitar a sua essência. Somente assim a en-
trega será uniforme e consistente, conforme
explica o professor Antônio Roberto de Olivei-
ra:
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“Cada marca deve construir a sua história que deve ser contada de maneira consistente para que os vínculos emocionais entre ela e as pessoas se-jam estabelecidos. Essa história será transmitida através da narrativa da marca ou storytelling.”
(OLIVEIRA 2006)
O fundamental nesta fase é que essas expres-
sões da marca estejam perfeitamente alinha-
das em todos seus pontos, sem esquecer que
as pessoas são os principais pontos de conta-
tos de uma marca.
Por isso é importante que todos os envolvidos
nesse processo acreditem profundamente e se
comprometam com os valores e que sejam tal
como embaixadores da marca em todos os ca-
nais onde ela se comunicar.
6. AVALIAÇÃO / MANUTENÇÃO
Após este momento, normalmente se retorna
a fase 1 e reinicia todo o processo. Esse ciclo é
chamada de gestão de marca.
Já o Marketing digital são ações de comuni-
cação que as empresas utilizam, por meio da
Internet, da telefonia celular e outras mídias
digitais, para divulgar e comercializar seus
produtos, conquistar novos clientes e melhorar
a sua rede de relacionamentos. O marketing
digital engloba a prática de promover produtos
ou serviços através da utilização de canais de
distribuição electônicos para chegar aos con-
sumidores rapidamente, de forma relevante,
personalizada e com mais eficiência.
O trabalho de gestão de marca, ou branding, é
fundamental mas muitas vezes o profissional
responsável pela comunicação digital de uma
empresa não participa de todo esse ciclo. En-
tão, por mais importante que seja a compreen-
são de todo esse processo para que o discurso
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da marca esteja perfeitamente alinhado com
sua essência e seus objetivos, no dia a dia esse
profissional irá lidar com metdologias próprias
do marketing, mais especificamente do ma-
rketing digital.
Então, por marketing digital entendemos por
ações de Marketing (estratégicas, econômicas
e operacionais) adaptadas e pensadadas ex-
clusivamente aos meios digitais, para conse-
guir nestas mídias a mesma eficiência do cha-
mado marketing tradicional.
Assim, podemos classificar o marketing digi-
tal como os esforços das marcas em informar,
comunicar, promover e vender seus produtos
e serviços pela internet, nos mais diversos
canais e ferramentas digitais. A utilização de
ações de marketing digital se tornou uma es-
tratégia altamente relevante, principalmente
pelo seu baixo custo – em comparação às mí-
dias tradicionais – e pelo seu alto poder de en-
gajamento do público alvo, desde que a marca
compreenda a linguagem desse novo universo
de possibilidades
Algumas características importantes para um
bem sucedido plano de ações de marketing di-
gital são:
1.Efeito imediato – permite uma enorme rapidez na implementação das campanhas promocionais e apre-sentação de novos produtos/serviços.
2. Personalização – é a chave para passar do tradicional marketing para um marketing one-to-one.
3. Quantificação – a Internet permite
mensurar as visitas, pesquisas, etc.
4. Envolvimento do utilizador – no-
vas formas de envolvimento do clien-
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te uma vez que este é inevitavelmen-
te interativo.
5. Efeito de rede – a comunicação en-
tre cliente é importante. Os clientes
tem maior capacidade de construir
ou destruir a reputação de empresas
ou marcas1.
Ou seja, estamos em um caminho sem re-
torno para difusão de ideias numa rede de
bilhões de usuários ávidos por informa-
ções a cada segundo. Para se diferenciar
nessa constelação onde todos falam com
todos num caos organizado, as marcas
precisam construir ‘pontes’ fortes e segu-
ras o suficiente para atender essa deman-
da sem precedentes.
É o que o estudioso norte-americano de
branding Martin Neumeier diz sobre a
relevância das marcas em um ambiente
altamente competitivo. Para o autor, são
5 passos para a sobrevivência no mundo
digital: 1. diferenciar - seja pelo discurso,
pela sua expressão ou pela relevância de
seu conteúdo -; 2. colaborar – o mundo
não é mais um monólogo e sim um diálo-
go de milhões. É preciso escutar, partici-
par e incorporar para fazer parte do jogo
-; 3. Inovar – se reinventar em cada mídia,
em cada tecnologia como se fosse nativo
dela -; 4. validar – absorver os feedbacks
de seus interlocutores e ser legitimado
por eles – e, 5. cultivar - hoje as pessoas
não querem mais ser consumidoras das
marcas. Querem ser amigas, confidentes.
Para Neumeier, sem esses 5 passos pro-
fundamente encarnado no DNA da marca,
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1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_de_Internet (acesso out. 2012)
ela provavelmente estará morta, virtual-
mente falando.
Mas, com todo esse conhecimento das
técnicas e metodologias de construção de
marca e marketing digital adquirido, uma
ferramenta específica dentre todo esse
arcabouço técnico é fundamental para o
profissional que irá trabalhar com mídias
digitais, principalmente aquele responsá-
vel pelo tom que a marca irá ter no am-
biente digital: o branded content, ou co-
municação por conteúdo.
Com o fenômeno da comunicação digital,
as marcas não só precisam estar pre-
sentes nessas novas mídias mas, prin-
cipalmente, conversar com seus con-
sumidores/públicos alvos, levando sua
mensagem de maneira mais natural pos-
sível, pois já vimos que o consumidor na-
tivo do ambiente digital não está disposto
à receber informação passivamente como
nas mídias tradicionais.
Então, a marca precisa TER o que falar
com esse publico extremamente critico e
seletivo. No mundo digital, as marcas pre-
cisam se tornar relevantes para seus in-
terlocutores. E é exatamente esse o papel
do branded content.
Em suma, branded content é quando se
transforma a comunicação de uma mar-
ca em atração, tornando-a útil, relevante
e/ou divertida. E é uma ferramenta tão
poderosa que, quando aplicada correta-
mente, não se precebe mais as frontei-
ras entre o que é comercial ou conteúdo
e entretenimento. E esse é o cenário ideal
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para qualquer marca ser desejada.
Basicamente, branded content se sustenta
em uma outra técnica – essa mais antiga
mas bastante eficaz - que é o storytelling,
ou seja, a arte de contar histórias. Para
que a mensagem das marcas se perpe-
tuem em um universo saturado de infor-
mações é preciso que ela contem histó-
rias, pois são essas ficam na memória do
consumidor.
Mas para que a marca tenha repertório e
que seja verdadeira e relevante para seus
públicos, ela precisa entender profun-
damente a essência de cada mídia onde
ela irá transitar e com qual linguagem
essa história será contada. Ela precisa
ser transmídia, ou seja, direcionar a sua
história e seu conteúdo em um mundo de
audiência fragmentada, constituído por
diversas plataformas e canais de comuni-
cação.
E é nesse ponto que o profissional de mí-
dias sociais precisa entender profunda-
mente os valores e os pilares da marca,
conhecer as linguagens de cada mídia e,
principalmente, saber filtrar as informa-
ções disponíveis para transformá-las em
histórias que envolvam seus consmumi-
dores/interlocutores.
Com o branded content, as marcas tem
uma grande possibilidade de diferencia-
ção em um universo extremamente ba-
rulhento, onde todos falam muito e ao
mesmo tempo. Só aquelas com conteúdo
relevantes, que saibam transitar com na-
turalmente entre as diversas mídias e que
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consigam contar histórias que vão conse-
guir se distinguir em mundo onde a audi-
ência nunca foi tão difícil de ser cativada.
Mas as marcas não falam por sí só. Ape-
sar de toda a estrutura metodológica que
as norteam, são pessoas que irão dar vo-
zes à elas e, principalmente, serão ou-
tras pessoas que estarão aptas à escutar
essas vozes. Então, e, mais uma vez, não
basta apenas conhecer a técnica das mí-
dias sociais e sim quais os conteúdos e
linguagens irão emocionar e envolver es-
ses públicos.
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Vivemos em mundo complexo. Rico mas complexo. Quantidade de informação
não significa qualidade. Neste mundo de des-
carte imediato, tornar-se relevante é uma ta-
refa árdua que poucos conseguem em um ce-
nário com bilhões de ‘concorrentes’. Prender a
atenção de uma pessoa por mais de 2 minutos
em um úncio conteúdo não é um trabalho fácil,
por isso a necessidade da presença de profis-
sionais que entendam profundamente o am-
biente digital, suas linguagem, seus atalhos
e suas características, é extremamente valo-
rizada. Hoje a demanda do mercado por esse
tipo de profissional é muito maior que a ofer-
ta oferecida pois, quem se diz especialista no
mundo digital muitas vezes não passa de um
generalista, com um conhecimento tal com um
rio: comprido e raso.
Para que esse rio se transforme em um oce-
ano, com camadas de profundidade e riqueza
cultural, é preciso também se desconectar.
Desconectar significa refletir, característica
rara no mundo em alta velocidade. É preciso
parar para entender o processo e não simples-
mente embarcar em qualquer novidade consi-
derando-a definitiva. Sabemos pouco ou nada
do mundo digital, mas temos certeza que a im-
permanência é sua principal característica.
Então, as marcas enfrentam o grande desa-
fio de eliminar o abismo que existe entre a
administração tradicional e a forma como os
negócios são gerenciados no universo digital,
que possuem dinâmicas essencialmente dife-
rentes. Muitas marcas precisarão alterar pro-
fundamente as bases que as consolidaram no
mercado consumidor, repensando seus con-
ceitos e sobre sua participação no mundo di-
gital. Não só as marcas, mas principalmente
seus gestores.
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2.0
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anto
s
A revolução da comunicação digital está trans-
formando o mundo dos negócios e naquele no
qual estamos acostumados a viver, obrigando
as empresas e pessoas esquecerem tudo que
aprenderam até então para entrar em um uni-
verso onde não existem mais fronteiras nem
distância entre as pessoas e as marcas, trans-
mutando tudo em um mundo só.
Hoje se consome informação corporativa junto
com dicas de seus amigos.
E quem vai guiar essas marcas, empresas,
instituições, organizações, etc neste admirável
mundo novo é este profissional do século XXI,
que possui as antenas captando as transfor-
mações e que vivem profundamente o ‘espírito
do nosso tempo’ mas com um alicerce concei-
tual, cultural e conhecimento histórico sólido,
para que com senso crítico, discernimento,
compreensão e alta carga de refllexão consiga
acompanhar as mudanças a apontar o norte
sem se perder no caminho.
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CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet. Reflexões sobre a Internet, os negócios e a Sociedade.
São Paulo: Jorge Zahar Editor, 2003
CHATFIELD, Tom. Como Viver na Era Digital. São Paulo: Objetiva, 2012
HEALEY, Matthew. What is Branding. Zurique: Rotovision, 2008
GIARDELLI, Gil. Você é o que Você Compartilha. São Paulo: Gente Editora, 2012
LANGEFORDS, Börge. Os Computadores. Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979
LIPOVETSKY, Gilles. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática.
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NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995
NEUMEIER, Martin. O Abismo da Marca. São Paulo: Bookman, 2008
OLLINS, Wally. On Brand. Londres: Thames & Hudson, 2003
RADFAHRER, Luli. Enciclopédia da Nuvem. São Paulo: Campus Editora, 2012.
BIB
LIO
GR
AFI
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